Luis Fraga da Silva - Campo Arqueológico de Tavira
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Luis Fraga da Silva - Campo Arqueológico de Tavira
Uma colecção numismática de invulgar interesse científico. Locais Localização regional de achados (até 1433) B Introdução ao seu estudo histórico-geográfico. Luis Fraga da Silva* Compilação, sistematização, análise, apresentação Eduardo Mendonça Vargues** Localização, triagem, classificação preliminar A grande maioria das colecções de moedas antigas provenientes de múltiplos locais tem um valor científico limitado ao seu interesse numismático. Perderam-se as referências aos sítios originais, excepto porventura em escalas demasiado genéricas e imprecisas. Desapareceu também a composição das amostras de cada sítio, sendo as moedas reagrupadas posteriormente apenas pela sua tipologia. Perdeu-se assim, irremediavelmente, a informação do contexto locacional e grupal dos objectos e, consequentemente, perdeu-se o valor das colecções como indicadores de “estratigrafia planimétrica” dos agregados; da distribuição espáciotemporal do habitat; e da evolução e diversidade deste em termos de dimensão, especialização e relacionamentos regionais, apenas para citar os temas mais comuns em estudos de Geografia Histórica. A colecção Vargues A colecção particular aqui sumariamente apresentada, constitui uma excepção extraordinária a essa situação. A quase totalidade dos muitos milhares de moedas que a constituem foi reunida pessoalmente durante vinte anos pelo coleccionador, que anotou e separou os achados segundo os locais de origem. A informação registada e a memória dos sítios permitiu a sua geo-referenciação e delimitação numa escala topográfica (com um erro linear estimado ≤10m), com uma identificação baseada em unidades correspondente a prédios rústicos ou núcleos de densidade com áreas típicas entre 400 e 4000 m2. A colecção contém exemplares desde a Antiguidade até à Idade Contemporânea, com a singular omissão da Antiguidade Tardia. Consideram-se aqui apenas os sítios e as moedas mais antigas, entre o fim do domínio cartaginês (representado por uma só moeda) e o final do reinado de D. João I. Os sítios distribuem-se pelo Algarve e Baixo Alentejo, num total de 156 núcleos de localização, no âmbito temporal acima referido [MAPA A]. A grande maioria desses núcleos (146) localiza-se porém numa zona restrita do Algarve Oriental, que corresponde incidentalmente a uma área radial de 12 km em redor da antiga cidade romana de Balsa, e que abrange portanto as zonas de Tavira e Moncarapacho [MAPA B]. Contabilizam-se assim 3 212 moedas no contexto acima referido, das quais 2 384 já catalogadas e 828 triadas, em pior Evolução da localização e do nº de moedas por grandes épocas histórico-numismáticas 1. ROMANAS REPUBLICANAS- Séc. II e I a.n.E. Republicanas estado ou apenas referidas. Para a apresentação estatística quantificam-se as catalogadas e apenas metade das restantes, o que dá um total de 2 798 moedas. [GRÁFICO C] Republicanas O seu interesse científico 1 Está-se assim na presença de um repositório único de informação histórica que, convenientemente estudado, poderá contribuir decisivamente para o conhecimento regional em três disciplinas principais: Numismática, Arqueologia e História Territorial. 55 Romanas República e Augusto 54.5 Nº de Sítios c/ Moedas 50 48.0 7.1 40 35 → Sobre a Numismática destaca-se a possibilidade de, pela primeira vez, se poder constituir um catálogo metrológico das espécies de Balsa, Ossonoba e Baesuris, graças ao grande número de exemplares reunidos, de várias tipologias menos conhecidas. → Relativamente à Arqueologia, a informação geográfica e tipológica da parte triada da colecção permite já definir 111 sítios de interesse arqueológico: quer pelos seus achados numismáticos; quer de outros objectos que nem sempre correspondem às épocas das moedas; quer ainda pela notícia de vestígios de superfície atribuídos às épocas Romana, Islâmica e Medieval Cristã. Destes sítios menos de 10 estarão catalogados como arqueológicos, sendo portanto inéditos mais de 90%. 92.9 30 % 24.0 25 % Sítios c/ moedas 18.2 20 18.2 16.0 15 12.0 9.1 10 5 0 1 2 3-4 100 e + 3 28 3 9 3 2 1 13 2 18 28 45 3 Ibéricas 5 Nº de Sítios c/ Moedas 40 30 36.5 63.5 Nº de Moedas 31.6 % Sítios c/ moedas 26.5 26.3 25.0 25 18.3 % 20 15.8 15.6 15 12.3 10 7.0 6.4 4.5 3.7 5 5.3 1.8 0.0 0.0 0 1 2 3-4 5-9 10-19 20-49 50 -99 100 e + Nº de Moedas por Sítio 3. ROMANAS ALTO E MÉDIO IMPÉRIO - Do séc. I a 235 Alto-Império 2 Alto-Império 1 1 2 4 3 1 2 1 4 4 Romanas Alto-Império 45 • A ocupação dos agri balsenses e da área urbana de Balsa em três períodos da Antiguidade, em que se destaca a distinção entre os tipos numismáticos do ópido do Cerro do Cavaco e os da cidade Romana Imperial. 44.0 Nº de Sítios c/ Moedas Nº de Moedas 40 35 32.1 31.1 30 67.9 28.1 25 24.0 22.0 % 20 16.3 % Sítios c/ moedas 16.3 15 10 8.1 6.0 4.0 5 0 1 2 3-4 5-9 10-19 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 20-49 50 -99 100 e + Nº de Moedas por Sítio Ambos os estudos se baseiam primariamente em amostras espacializadas de monetarização residual, havendo um caso singular de entesouramento na Época Islâmica. 4. ROMANAS BAIXO-IMPÉRIO - De 236 a 476 Baixo-Império 9 Baixo-Império 4 6 4 Serão apresentados na versão escrita do poster, juntamente com a metodologia de abordagem e sistematização dos dados da colecção, e o faseamento e perspectivas do seu estudo. 4 13 28 18 13 13 11 6 4 28 9 45 45 Romanas Baixo-Império 40 Nº de Sítios c/ Moedas 44.9 35 Nº de Moedas 55.1 30 31.4 28.4 % Sítios c/ moedas 25 % 20 25.6 13.0 12.8 11.1 10.5 Triadas e incertas 17.7 17.4 16.3 15 10 8.1 3.5 3.2 5 1.0 0.0 0.0 0 378 Catalogadas 1000 0.0 0.0 50 -99 3 13 • A história geral da monetarização e do povoamento regionais até 1433, por grandes épocas histórico-numismáticas. A 0.0 0.0 20-49 6 3 → Finalmente, relativamente à História Territorial, os gráficos e mapas que ilustram este poster pertencem a dois estudos preliminares, exemplificativos do valor informativo da colecção: C 0.0 0.0 10-19 18 Abre-se deste modo uma oportunidade única de completação e estudo da carta arqueológica do Algarve Oriental – nomeadamente dos concelhos de Tavira e Olhão – com localizações e delimitações rigorosas dadas á partida, para além da descrição sumária de vestígios perspectivados e do registo sistemático dos achados já conhecidos. Localização geral de achados (até 1433) 0.0 0.0 2. PENINSULARES NATIVAS E ROMANAS - Do II a.n.E. ao séc. I (ou II?) n.E. Ibéricas Peninsulares 35 Quantificação por grandes Épocas (até 1433) 5-9 Nº de Moedas por Sítio 9 1200 Nº de Moedas 45 28 Nº de moedas por grandes típos histórico-numismáticos ZONA URBANA DE BALSA 1 2 3-4 5-9 10-19 20-49 50 -99 100 e + Nº de Moedas por Sítio 5. MEDIEVAIS ISLÂMICAS - De 712 a c. 1250 Islâmicas 258 800 600 889 400 90 200 726 346 0 Islâmicas 55 107 21 Republicanas Ibéricas Não existem achados desta época na antiga zona urbana romana de Balsa 295 40 6 ALGARVE ORIENTAL 56 51.5 Nº de Sítios c/ Moedas Nº de Moedas 50 45 41.7 Alto-Império Baixo-Império Islâmicas Medievais Portuguesas 58.3 40 35.4 35 % 25 % Sítios c/ moedas 29.2 30 24.6 21.8 20 Circulação monetária de origem peninsular no sul da Lusitânia com destaque para a zona de Balsa COLONIA NEMAUSUS Consolidação temporal entre o Domínio Cartaginês e o Principado, com elementos referidos sobretudo ao séc. I a.n.E. TARRACONENSIS 15 Circulação monetária de origem local na Época Romana Nº de moedas por centro emissor 10.9 0 1 2 3-4 5-9 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 10-19 20-49 50 -99 1.5 100 e + Nº de Moedas por Sítio BALSA BALSA 9.2 4.7 5 Balsa Tipos Tardios Balsa Tipos Primitivos 11.2 10 6. MEDIEVAIS CRISTÃS - De c. 1223 a 1433 Medievais cristãs Medievais cristãs Tipos Tardios Tipos Iniciais BOLSKAN ILTIRTA 3 Baesuris Ossonoba LUSITANIA OSSONOBA 4 2 2 BAESURIS 2 4 4 4 EMERITA AUGUSTA KETOVION Entidade política responsável pela cunhagem, sob domínio Romano excepto se especificado em contrário: COLONIA PATRICIA 4 MYRTILIS LACCOBRIGA IPSES CASTULO 2 ILIPA ? BALSA 1 11 3 2 OSSET CAURA BÆTICA 17 GADES CARTEIA 3 IULIA TRADUCTA 35 Colonia/Município Romano (cunhagens hispano-romanas) 30 ** Numismata independente Nº de Moedas 16.0 % 20 Traço proporcional ao nº de moedas 84.0 24.3 20.9 origem da cunhagem e nº de moedas no sítio (>1). 19.8 % Sítios c/ moedas 16.6 15 10 17 GADES Origem da cunhagem e respectivo nº de moedas na colecção (>1), de todos os sítios de achamento 5 7.6 6.9 3.1 1.8 0.4 0 Sítio de achamento 1 BALSA Idem correspondente a centro urbano Compilação preliminar de exemplares da colecção Vargues, relacionando os sítios de achamento com os centros de cunhagem hispânicos e limítrofes. Consolidação temporal entre o Domínio Cartaginês e o Principado, com elementos referidos sobretudo ao séc. I a.n.e. Material preparatório a incluir num poster a apresentar no 9º Encontro de Arqueologia do Algarve (Silves, de 20 a 22 de Outubro de 2011). Conceito e realização de Luis Fraga da Silva. Haverá oportunamente mais elementos no blog http://imprompto.com © Luis Fraga da Silva 2011, [email protected]. Versões e actualizações no blog http://imprompto.blogspot.com 36.1 25 Relação geográfica entre sítio de achamento e monetária de origem penínsular no Sul da Lusitânia, com destaque para a zona de Balsa. *Circulação Geógrafo e analista de sistemas (Geografia Humana Histórica). Campo Arqueológico de Tavira Nº de Sítios c/ Moedas 36.6 26.0 Cunhagem durante o domínio Cartaginês 2 ILIBERRI Medievais Portuguesas 40 Centro indígena ou colonial CARTHAGO NOVA ITALICACARMO 2 3 2 2 2 3-4 5-9 10-19 Nº de Moedas por Sítio Sobre a forma urbana reconstituída de Em sítios do Algarve Oriental BALSA 20-49 0.0 0.0 0.0 0.0 50 -99 100 e +