Estudos Espíritas

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Estudos Espíritas
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o
Congresso de
Estudos Espíritas
– ESPIRITISMO E UFOLOGIA –
TEMA: “A Vida Universal”
– VIDA E OBRA DE DEOLINDO AMORIM –
TEMA: “O Estado e as Obras Sociais”
– MULHERES ESPÍRITAS –
TEMA 1: “Vida e Obra de Yvonne Pereira”
Tema 2: “Reminiscências de Vidas Passadas”
– ESPIRITISMO E MEIO AMBIENTE –
TEMA: “Solidariedade – Comunhão Universal”
– ESPIRITISMO E A TECNOLOGIA –
TEMA: “Provas da Imortalidade da Alma pela Experiência”
– ESPIRITISMO E PSICOLOGIA –
TEMA: “Como o Perispírito Pode Adquirir Propriedades Funcionais”
– GRUPO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA –
TEMA: “Cooperação”
Coordenação Geral: Mônica Pimenta
SUMÁRIO
Espiritismo e Ufologia .................................................................. 3
Vida e Obra de Deolindo Amorim .............................................. 13
Mulheres Espíritas ..................................................................... 22
Espiritismo e Meio Ambiente ..................................................... 32
Espiritismo e a Tecnologia ......................................................... 44
Espiritismo e Psicologia ............................................................. 54
Grupo de Valorização da Vida ................................................... 66
CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS
7o Congresso de Estudos Espíritas
Espiritismo e Ufologia
Tema: “A Vida Universal”
Patrono: Camille Flammarion
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Ufologia —
OS EXOPLANETAS
“Tendo o Espírito que passar por muitas encarnações, segue-se que todos nós temos
tido muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer na
Terra, quer em outros mundos."
(O Livro dos Espíritos, Introdução).
Um exoplaneta (ou planeta extrassolar) é um planeta que orbita uma estrela que
não seja o Sol e, desta forma, pertence a um sistema planetário distinto do nosso.
Embora a existência de sistemas planetários há muito tem sido aventada, até a
década de 1990 nenhum planeta ao redor de estrelas da sequência principal havia sido
descoberto. Todavia, desde então, algumas perturbações, em torno da estrela, atribuídas
a exoplanetas gigantes, vêm sendo descobertas com telescópios mais possantes.
Mesmo por estimativas, as observações cada vez mais frequentes de exoplanetas
gigantes reforçam a possibilidade de que alguns desses sistemas planetários possam
conter planetas menores e, consequentemente, abrigar vida extraterrestre.
Até 2008, já haviam sido catalogados mais de 200 planetas extrassolares,
mas a maioria indicou sempre condições inóspitas à existência de vida tal como é
concebida em nosso planeta. Os planetas detectados são, em sua maioria, do
tamanho ou maior do que Júpiter, e giram na maioria das vezes em órbitas muito
próximas da estrela-mãe.
O Telescópio Espacial Hubble (em inglês Hubble Space Telescope — HST) é
um satélite astronômico artificial não tripulado, que transporta um grande telescópio
para a luz visível e infravermelha. Foi lançado pela agência espacial estadunidense
– NASA – em 24 de abril de 1990, a bordo do ônibus espacial Discovery (missão
STS-31). Este telescópio já recebeu várias visitas espaciais da NASA para a
manutenção e para a substituição de equipamentos obsoletos ou inoperantes.
O Telescópio Espacial Hubble é um dos mais produtivos instrumentos
científicos jamais desenvolvidos. Desde o seu lançamento, a bordo do vaivém
espacial Discovery, em 24 de abril de 1990, o Hubble acumulou cerca de 50 terabytes
de dados (mais de 10 mil DVDs) que se encontram disponíveis num arquivo online
para a comunidade científica e para o público em geral. Os cientistas responsáveis
por uma determinada observação só têm acesso exclusivo aos dados dela resultantes
durante um ano, e durante o qual podem publicar artigos relativos à sua análise. Ao
fim desse ano, os dados passam a ser de domínio público e são arquivados.
A Sonda Kepler consiste em um observatório espacial projetado pela NASA que
deverá procurar por planetas extrassolares. Para esta finalidade, a sonda deverá
observar as 100.000 estrelas mais brilhantes do céu por um período de quatro anos, a
fim de detectar alguma ocultação periódica de uma estrela por um de seus planetas.
Kepler não deverá permanecer em órbita da Terra, mas sim em uma órbita de
perseguição à órbita solar da Terra, a fim de que a Terra não oculte estrelas que
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— Espiritismo e Ufologia —
estejam sendo observadas pelo observatório, além de este ficar distante das luzes
da Terra. O observatório foi lançado em 6 de março de 2009.
Uma descoberta feita pelo Telescópio Espacial (Sonda) Kepler pode se tornar
um novo marco no estudo dos exoplanetas. A nova missão do equipamento da
agência espacial norte-americana, apresentou ao mundo três novos planetas de
tamanho similar ao da Terra e possivelmente rochosos, um deles na zona habitável
de sua estrela. A grande diferença desta para outras descobertas recentes, porém,
é a proximidade desses astros com nosso sistema: os novos planetas estão a
“apenas” 150 anos-luz daqui, perto o suficiente para que possamos começar a
estudar sua atmosfera com as tecnologias atuais.
Já são mais de 1.800 exoplanetas conhecidos até setembro de 2015, tendo
este número a tendência de aumentar significativamente.
Existem vários tipos diferentes de exoplanetas, a título de exemplo podemos
falar dos planetas de dimensões equivalentes ou maiores que o planeta Júpiter;
outros de dimensões equivalentes ao do planeta Netuno; outros de dimensões
equivalentes à da Terra ou um pouco maior, entre outros tipos.
É de se esperar que muitos outros exoplanetas venham a ser descobertos,
sendo este um campo muito interessante e promissor para a astronomia moderna.
A PRESENÇA EXTRATERRESTRE
“Joanna de Ângelis reporta: Há vida fora da vida. Mas não somente no mundo
espiritual. Ela informa que visita outros mundos materiais onde a vida tem as suas específicas manifestações.” (Divaldo Franco)
É comum afirmar que a chamada Era Moderna dos discos voadores que se
iniciou após o relato de Kenneth Arnold, que avistou uma esquadrilha de OVNIs
bem próximo ao Monte Rainier, em 1947, nos Estados Unidos, foi o marco inicial
para o registro da presença extraterrestre na Terra. Mas desde quando existem
evidências desta presença? Quando foram observadas naves e seres extraterrestres pela primeira vez?
Em julho de 2014, arqueólogos indianos especularam que o território que
pertence hoje em dia a esse país pode ter sido visitado por extraterrestres milhões de
anos atrás. Tal é o resultado da análise de uma série de desenhos antigos achados
em umas cavernas no distrito de Kanker do estado indiano de Chhattisgarh.
O Departamento de Arqueologia e Cultura Estadual planeja solicitar apoio à
NASA e à ISRO (Organização de Estudos Espaciais da Índia) para estudar os
petróglifos que têm mais de 10 mil anos.
Segundo o arqueólogo JR. Bhagat, citado pelo jornal The Times of India, os
desenhos sobre pedra representam uma raça de extraterrestres.
Há mais: parecem com os extraterrestres “clássicos” de Hollywood e
Bollywood. Os transportes imaginados (ou vistos?) pelos nossos ancestrais também
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— Espiritismo e Ufologia —
são parecidos com os míticos “discos voadores”. “As figuras são desenhadas de
uma maneira estranha e têm nas mãos objetos que parecem armas; não têm
aspecto claro. Particularmente, não têm nariz nem boca. Em uns desenhos, até
vestem trajes espaciais”, afirma o cientista.
Em 1900, mergulhadores encontraram os destroços de um navio romano na
costa da ilha grega de Antikythera. Entre os outros tesouros detidos pelo governo da
Grécia estava um bloco irreconhecível de metal corroído. Algum tempo mais tarde o
bloco se desmontou, revelando um mecanismo danificado de propósito desconhecido, que possuía grandes engrenagens com muitos dentes pequenos e
algumas palavras gravadas em grego no metal. Estudos anteriores sugeriram que o
mecanismo era algum tipo de dispositivo utilizado para estudos astronômicos.
As descobertas, publicadas na Revista Nature, são provavelmente melhor
descritas como “alucinantes”. Aparelhos com este nível de complexidade não foram
vistos novamente por quase 1500 anos, e a forma com que o mecanismo de
Antikythera é compacto supera às dos projetos mais recentes. Provavelmente construído em 150 A.C., o mecanismo de Antikythera pode resolver números e funções
somente pelo movimento de sua manivela lateral.
Através do uso de nada além de um sistema engenhoso de engrenagens, o
mecanismo podia ser usado para predizer o mês, o dia e a hora de um eclipse, e até
mesmo contabilizava anos bissextos. Ele também podia prever as posições do Sol e
da Lua no zodíaco, possui uma engrenagem com uma pedra preta e branca para
mostrar as fases da Lua em determinadas datas.
Embora este achado de Antikythera seja um dos únicos mecanismos sofisticados da antiguidade cuja autenticidade não é contestada pela comunidade
científica.
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— Espiritismo e Ufologia —
O mecanismo de Antikythera
Uma das mais surpreendentes descobertas ocorreu em 3 de junho de 1968.
William Meister e Francis Shape descobriram pegadas calçadas em Antelope
Springs, próximo a Delta, no estado de Utah, (EUA). Elas mediam 32,5 x 11,25 cm.
O interessante destas pegadas é que elas esmagaram dois trilobites no momento
em que foram impressas. O trilobite está extinto a 240 milhões de anos. A imagem
abaixo mostra as pegadas. No retângulo, está assinalado um dos trilobites
fossilizado juntamente com as pegadas.
Naves espaciais estão em diversas culturas, desde as vimanas nos escritos
Mahabharata, na visão de Ezequiel às margens do rio quebar, relatada na Bíblia, as
representações de seres espalhadas pelo planeta, em aparências de veículos voando,
após a Segunda Guerra Mundial e com o famoso Caso Roswell e a proliferação dos
casos nos anos seguintes até os dias de hoje.
ENCARNAÇÃO EM OUTROS MUNDOS
As nossas diversas existências corporais se verificam todas na Terra?
“Não; vivemo-las em diferentes mundos. As que aqui passamos não são as primeiras
nem as últimas; são, porém, das mais materiais e das mais distantes da perfeição.” (O Livro
dos Espíritos, q. 172.)
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Ufologia —
A pluralidade dos mundos habitados é, como já se disse tantas vezes, um dos
princípios fundamentais do Espiritismo.
Na obra da Criação divina, entre os mundos destinados à encarnação de
Espíritos em estágio probatório ou expiatório, encontra-se a Terra, uma das inumeráveis habitações do ser humano.
Evidentemente existem muitos outros mundos que abrigam humanidades
semelhantes à nossa, não sendo o homem terreno o único ser corpóreo dotado de
inteligência, racionalidade e senso moral no Universo imenso.
Criado simples e ignorante, dotado de livre-arbítrio, inclinado tanto para o bem
quanto para o mal, falível portanto, o Espírito sujeita-se a encarnar e reencarnar,
experimentando múltiplas existências corporais na Terra ou em outros planetas,
tantas quantas forem necessárias para ultimar sua depuração e seu progresso.
Esse processo admirável realiza-se por meio das emigrações e imigrações de
Espíritos, ou seja, da alternância sucessiva e múltipla das existências humanas nos
dois planos da vida: o corpóreo e o espiritual. Todo Espírito encarnado, enquanto
seu corpo vive, está vinculado ao mundo em que encarnou. Desencarnado, passa
ele à condição de Espírito errante, que é exatamente o indivíduo que necessita
reencarnar para depurar-se e progredir.
No estado de erraticidade o Espírito continua a pertencer ao mundo onde tem
de encarnar, mas, não estando a ele fixado pelo corpo, é mais livre e pode, se for
permitido, até mesmo visitar outros mundos, com a finalidade de instruir-se.
As emigrações e imigrações de Espíritos ocorrem também entre mundos
diferentes, isto é, podem os Espíritos migrar de uns para outros planetas.
Uns emigram por força do progresso realizado, que os habilita a ingressar em
um mundo mais adiantado, o que é um prêmio para eles; outros, ao contrário, são
banidos do mundo a que pertencem, por não haverem acompanhado o progresso
moral atingido pela humanidade desse mundo. O exílio que lhes é imposto constitui
verdadeiro castigo, que a lei de Justiça impõe aos recalcitrantes no mal, escravizados ao orgulho e à sensualidade.
Além disso, os habitantes de mundos mais adiantados, como Júpiter por
exemplo, procuram auxiliar os mundos mais atrasados, o que assegura um intercâmbio intenso entre eles.
L.E. 181. Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos?
É fora de dúvida que têm corpos, porque o Espírito precisa estar revestido de
matéria para atuar sobre a matéria. Esse envoltório, porém, é mais ou menos
material, conforme o grau de pureza a que chegaram os Espíritos. É isso o que
assinala a diferença entre os mundos que temos de percorrer, porquanto muitas
moradas há na casa de nosso Pai, sendo, conseguintemente, de muitos graus
essas moradas. Alguns o sabem e desse fato têm consciência na Terra: com outros,
no entanto, o mesmo não se dá.
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Ufologia —
Em primeiro lugar, invoca-se na resposta a necessidade do envoltório material
para propiciar a encarnação. Espírito, perispírito e corpo material são três ingredientes gerais que entram na composição de um "encarnado" com descrito pelos
princípios do L.E. A pergunta feita por Kardec usa a palavra "corpo". Portanto, a
resposta afirma que é possível existir corpos diferenciados do nosso, e que isso é
imposto pela existência de uma escala de progresso (pureza) dos Espíritos. Além
disso, a resposta caracteriza a diferença entre os mundos muito mais do que
simplesmente pelo estado físico deles, é uma diferença entre "densidades".
Muito além do que comentamos acima, essa resposta leva a uma conclusão
muito mais importante: a de que a matéria pode ser encontrada em diferentes graus
— não se trata aqui da densidade ordinária da física ou da química. Existiria,
portanto, um tipo de matéria invisível, não acessível aos nossos sentidos ordinários
(e nem a dispositivos ou equipamentos que usam esses sentidos).
A VIDA UNIVERSAL
Camille Flammarion
Quando em meio a uma noite profunda e silenciosa nossa alma solitária se
eleva para esses mundos longínquos que brilham acima de nossas cabeças,
instintivamente procuramos interpretar os raios que nos chegam das estrelas,
porque sentimos que esses raios são outros tantos laços fluídicos, ligando os astros
entre si na imensa rede da solidariedade. Agora que as estrelas já não são para nós
cravos de ouro fixadas na abóbada celeste; agora que sabemos que essas estrelas
são outros tantos sóis análogos ao nosso, centros de sistemas planetários variados
e disseminados a incríveis distâncias através do infinito dos Espaços; agora que a
noite não é mais para nós um fenômeno que se estende ao Universo inteiro, mas
simplesmente uma sombra passageira situada por detrás do globo terrestre
relativamente ao Sol, sombra que se estende a uma certa distância, mas não até às
estrelas, e que atravessamos todos os dias durante algumas horas por força da
rotação diurna do globo; — aplicamos esses conhecimentos físicos à explicação
filosófica de nossa situação no Universo, e constatamos que habitamos a superfície
de um planeta que, longe de ser o centro e a base da Criação, não passa de uma
ilha flutuante do grande arquipélago, arrastado, ao mesmo tempo que miríades de
outros análogos, pelas forças diretivas do Universo, não tendo sido marcado pelo
Criador com nenhum privilégio especial.
Imaginemos que o globo sobre o qual nos encontramos avance no vazio à
razão de 660.000 léguas por dia, ou 27.500 léguas por hora! 30.550 metros por
segundo: é uma velocidade mais de cinquenta vezes mais rápida que a de uma bala
de canhão (550 metros). Por certo não podemos simbolizar exatamente essa
rapidez inaudita, mas dela podemos formar uma ideia, representando uma linha de
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— Espiritismo e Ufologia —
458 léguas de extensão e imaginando que o globo terrestre a percorra num minuto.
Perpetuamente, sem parar, sem trégua, a Terra voa assim. Supondo-nos colocados
no espaço, ao lado de seu caminho, na expectativa de vê-la passar diante de nós
como um trem expresso, nós a veríamos chegar de longe sob a forma de uma
estrela brilhante. Quando não estivesse a mais do que 600 ou 700.000 léguas de
nós, isto é, 24 horas antes de chegar, pareceria maior do que qualquer estrela
conhecida, menor do que nos parece a Lua: como uma grande bólide, semelhante
às que, por vezes, atravessam o espaço. Quatro horas antes de sua chegada,
parece cerca de 14 vezes mais volumosa que a Lua e, continuando a inflar-se
desmesuradamente, logo ocupará um quarto do céu. Já distinguimos em sua
superfície os continentes e os mares, os polos carregados de neve, as faixas de
nuvens tropicais, a Europa com as bordas recortadas... mas, aumentando, aumentando sempre, de repente o globo se desdobra como uma sombra gigantesca sobre
o céu inteiro, levando seis minutos e meio para passar, o que talvez nos permita
ouvir os gritos dos animais selvagens nas florestas equatoriais e o canhão dos
povos humanos, para, em seguida, afastando-se com majestade nas profundezas
do espaço, mergulhar no vazio e encolher-se na imensidade sem-fim, não deixando
outro traço de sua passagem, senão um misto de espanto e de terror em nosso
olhar apavorado.
É nesta bola colossal que estamos disseminados, pequenos seres imperceptíveis, arrastados com uma energia indescritível por seus diversos movimentos de
translação, de rotação, de oscilação, e por suas inclinações alternativas, mais ou
menos como os grãos de poeira aderem a uma bala de canhão lançada no espaço.
Conhecer e sentir esta marcha da Terra é possuir uma das primeiras e mais
importantes condições do saber cosmográfico.
Assim voa a Terra no céu. A descrição desse movimento pode parecer
puramente do domínio da Astronomia. Logo constataremos que a filosofia religiosa
é altamente interessada nesses fatos e que, na realidade, o conhecimento do
universo físico dá as bases da religião do futuro.
A Terra é um astro do céu, da mesma forma que Júpiter ou Sírius, e que
circula no espaço eterno por meio de movimentos que nos dão uma medida do
tempo: os anos e os dias – medidas de tempo que esses movimentos criam por si
mesmos e que não existe no espaço eterno.
Por outro lado, observamos que os seres vivos, particularmente os homens,
são formados por uma alma organizadora, que é o princípio imaterial, independente
das condições de espaço e de tempo e das propriedades físicas que caracterizam a
matéria, e que as existências humanas não são o fim da Criação, mas, antes, dão
ideia de passagens, de meios.
Por si só, a vida na Terra carece de objetivo. É o que ressalta incontestavelmente da própria organização da vida e da morte neste mundo. Aliás, a vida
terrena nem é um começo nem um fim.
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— Espiritismo e Ufologia —
A Terra é um astro habitado, planando no céu em companhia de miríades de
outros astros, habitados como ela. Nossa atual vida terrestre faz parte da vida
universal e eterna, dando-se o mesmo com a vida atual dos habitantes dos outros
mundos. O espaço é povoado de colônias humanas vivendo, ao mesmo tempo, em
globos afastados uns dos outros e ligados entre si por leis, das quais sem dúvida
ainda não conhecemos senão as mais patentes.
O esboço geral de nossa fé na vida eterna compõe-se, portanto, dos seguintes
pontos:
1o – a Terra é um astro do céu;
2o – os outros astros são habitados como ela;
3o – a vida da humanidade terrestre é um departamento da vida universal;
4o – a existência atual de cada um de nós é uma fase de sua vida eterna –
eterna no passado como no futuro.
Que provas se podem obter de que a nossa existência atual seja uma fase de
uma pretensa vida eterna?
Se a alma sobrevive ao corpo, como pode existir sem matéria e privada dos
sentidos que poriam-na em relação com a Natureza?
Se preexiste, de que maneira encarnou em nosso corpo e em que momento?
O que é uma alma?
Em que consiste esse ser?
Ocupa um lugar?
Como age sobre a matéria?
Se já vivemos, por que em geral não temos qualquer lembrança? Como a
personalidade de um ser pode existir sem a memória?
Nossas lembranças estão em nosso cérebro ou na nossa alma?
Se reencarnamos sucessivamente de mundo em mundo quando terminará
essa transmigração e para que serve?
Em vez de afastar as objeções ou parecer desdenhá-las, nosso dever, o dos
que buscamos a verdade e não cremos obtê-la senão pelo trabalho, é, ao contrário,
de as provocar e não nos deixar iludir, imaginando que nossas crenças já se tenham
estabelecido e sejam inatacáveis. A Ciência marcha lentamente, progressivamente,
e é sondando a profundeza dos problemas e atacando as questões de frente que
aplicaremos a esses estudos filosóficos a severidade e o rigor necessários para
assegurar aos nossos argumentos a solidez que lhes convém. A revelação moderna
não provém da boca de um Deus encarnado, mas dos esforços da inteligência
humana para o conhecimento da verdade.
Que esta certeza física inspire às nossas almas uma simpatia mais direta,
mais humana para com os mundos que resplandecem na noite, e que até então
olhávamos como se nos fossem estranhos! São as residências de nossas
humanidades irmãs, as residências menos distantes!
Olhando uma estrela que se eleva no horizonte, estamos na mesma situação
de um observador que, de seu balcão, contempla as árvores de uma paisagem
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Ufologia —
distante, ou que se inclina sobre o parapeito do navio ou do aeróstato para examinar
um barco no mar ou uma nuvem na atmosfera; porque a Terra é uma nau celeste
que vaga no espaço e olhamos ao seu redor quando nossos olhos se voltam para
os outros mundos que aparecem e desaparecem seguindo o seu rastro. Sim, esses
outros mundos são outras tantas terras análogas à nossa, movimentando na
amplidão sob os raios do mesmo Sol, e todas essas estrelas cintilantes são sóis ao
redor dos quais gravitam planetas habitados.
Em tais mundos, como no nosso, há paisagens silenciosas e solitárias. Em
sua superfície também se disseminam cidades populosas e ativas. Lá também há
poentes de nuvens purpurinas e deslumbrantes auroras mágicas; mares de cantos
melancólicos, regatos de doces murmúrios, pequenas flores de tenras corolas,
banhando na água limpada suas cabeças perfumadas. Lá também há bosques
sombrios, sob os quais reside a inalterável paz da Natureza; lagos, suaves espelhos
que parecem sorrir aos céus e montanhas formidáveis, que levantam seus cumes
sublimes acima das nuvens carregadas de relâmpago e que, do alto dos ares
tranquilos, olham tudo o que está em baixo.
Mas nesses mundos variados há mais desses panoramas inenarráveis,
desconhecidos na Terra, esta inimaginável variedade de coisas e de seres que a
Natureza desenvolveu em profusão em seu império sem limites. Quem nos revelará
o espetáculo da Criação sobre os anéis de Saturno? Quem nos revelará as
metamorfoses maravilhosas do mundo dos cometas? Quem nos desvendará os
sistemas mágicos dos sóis múltiplos e coloridos, oferecendo aos seus mundos as
mais singulares variedades de estações, de dias, de luzes e de calor?
As metamorfoses da mitologia antiga não passam de um sonho, comparadas
às obras universais da natureza celeste.
Referências Bibliográficas:
— Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, 1. ed. — CELD, 2010.
— Kardec, Allan. A Gênese, 3. ed. — CELD, 2010.
— Kardec, Allan. Revista Espírita — Jornal de Estudos Psicológicos, Ano 12o. 1869.
— FEB, 2005.
— Site:
www.ufologialivre.webnode.com.br
www.siteastronomia.com
www.br.sputniknews.com
www.hypescienc.com
www.fenomenum.com.br
www.forumespirita.net
www.oconsolador.com.br
www.eradoespirito.blogspot.com.br
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CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS
7o CONGRESSO DE ESTUDOS ESPÍRITAS
VIDA E OBRA DE DEOLINDO AMORIM
TEMA CENTRAL
O Espiritismo e os Problemas Humanos – 2a Parte
Capítulo IV – O Estado e as Obras Sociais
Caridade e Amor ao Próximo
886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, assim como a
entendia Jesus?
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos
outros, perdão das ofensas.” (O
O Livro dos Espíritos
Espíritos)
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Vida e Obra de Deolindo Amorim
Amorim—
OBJETIVO GERAL
Compreender que a presença do Poder Público não é suficiente para
preencher todas as lacunas, principalmente quanto às carências de espiri
espiritualidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Compreender a distinção conceitual entre assistência social e servi
serviço social.
Entender que a necessidade pode estar no corpo como pode estar na alma
alma.
Entender o conceito de Assistência Integral
Integral.
Humildade e caridade,, eis o que não cessa de recomendar, e do que ele
mesmo dá o exemplo; orgulho e egoísmo, eis o que não cessa de combater.
Jesus,, porém, faz mais do que recomendar a caridade, ele a coloca claramente,
e em termos bem definidos, como a condição absoluta da felicidade futura.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo,
cap. XV – “Fora
Fora da Caridade não há Salvação”, item 3.)
Vamos ao Estudo?
Já se disse, com alguma ênfase, que "obra social é função do Estado" e,
por isso, o movimento espírita não deveria interessar
interessar-se por esse campo de
trabalho. É uma afirmativa à primeira vista ponderável, mas discutível quando
confrontada com os fatos.. Nas condições em que vivemos hoje são tais e tão
gritantes as deficiências em matéria assistencial que chegam a dar a impressão de
uma patologia social generalizada. Não queremos dizer que a ação do Estado
seja desnecessária. Não. (...)
(Parágrafo 1.)
(...) Mas a presença do Poder Público não é
suficiente para preencher todas as lacunas, princi
principalmente quanto às carências de espiritualidade.
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Vida e Obra de Deolindo Amorim
Amorim—
Podemos anotar claramente duas posições exageradas: de um lado, a dos
que advogam totalmente a gerência do Estado por entenderem que somente a
este compete os empreendimentos assistenciais
assistenciais, como a criação e manutenção
de orfanatos, abrigos, creches, etc; do outro lado, os que, unilateralmente, embora
bem-intencionados, acham que os objetivos ou as metas do trabalho espírita
devem situar-se na assistência social, como se o ser humano não tivesse outras
necessidades e aspirações. (Parágrafo 1.)
E você, o que pensa? De que lado está?
Uma caridade assistencialista – filantrópica?
Uma caridade que deve transcender o assistencialismo?
Há oportunidade, aqui, para uma repetição: assistência social é um meio,
não é o fim último a que se propõe o programa espírita. Entretanto, existe uma
distinção conceitual entre assistência social e serviço social. A Seara Espírita
engloba muitas formas de trabalho em benefício dos sofredores do corpo e da
alma, o que provoca muitas vezes iniciativas momentâneas ou de eme
emergência
pela gravidade ou premência das circunstâncias. (Parágrafo 2.)
Mas a necessidade pode estar no corpo
(doença, fome ou debilidade) como pode estar na
alma (depressão, desespero ou perturbação obses
obsessiva), o que exige, às vezes, conforme a natureza dos
casos, mais desvelo ou mais amor do que propria
propriamente técnica.
Sob este ponto de vista, o trabalho
rabalho espírita presta inestimável serviço à
coletividade e ao próprio Estado,, embora as suas realizações assistenciais,
muitas delas impregnadas de verdadeiro espírito missionário
missionário, não tenham todas
as características do Serviço Social no conceito específico.
(Parágrafo 2.)
Serviço Social não é assistência pura e simples, é uma forma de ação
racionalizada, com técnicas, princípios e meios próprios. O Serviço Social utiliza
inquérito, pesquisa de campo, levantamentos grupais.
Conquanto não obedeça inteiramente aos princípios e às técnicas ensinadas
nos cursos de Serviço Social, a assistência que se pratica no meio espírita,
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Vida e Obra de Deolindo Amorim
Amorim—
cuidando do corpo e da alma, é obra de altruísmo e, por isso mesmo, reclama
sempre umas tantas condições individuais
individuais:
Vocação para servir por amor.
Coragem moral para superar preconceitos.
Paciência e tenacidade.
Uma sociedade egoísta, segundo Kardec em Viagem Espírita de 1862:
Com o egoísmo, prevalece o interesse pessoal
pessoal, cada um vive para si,
vendo no semelhante apenas um antagonista, um rival que pode concorrer
conosco, que podemos explorar ou que pode nos explorar; aquele que fará o
possível para chegar antes de nós: a vitória é do mais esperto e a sociedade
— coisa triste
iste de dizer, muitas vezes consagra essa vitória, o que faz com
que ela se divida em duas classes principais: os exploradores e os explo
explorados.
Kardec nos afirma que: “A questão social depende inteiramente do melhora
melhoramento moral do indivíduo e das massas...”. (Obras Póstumas – “Credo Espírita”.)
E uma sociedade baseada na Caridade,
aridade, segundo Kardec em Viagem
Espírita de 1862:
Substituí o egoísmo pela caridade e tudo se modificará
modificará; ninguém procurará fazer o mal ao seu vizinho; os ódios e os ciúmes se extinguirão por falta
de combustível, e os homens viverão em paz, ajudando
ajudando-se mutuamente em
vez de se dilacerarem. Se a caridade substituir o egoísmo, todas as insti
instituições sociais serão fundadas so
sobre o princípio da solidariedade e da
reciprocidade;; o forte protegerá o fraco, em vez de o explorar.
Toda obra humana
umana para ser Bela, Grandiosa, Duradoura, deve ser como um
reflexo, como uma imagem reduzida da Obra Eterna. As Instituições, as Regras, as
Leis Sociais devem se inspirar no Plano Geral, na Ordem do Universo. (Socialismo e
Espiritismo, Léon Denis.)
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Vida e Obra de Deolindo Amorim
Amorim—
Estaria, realmente
realmente, o mecanismo do Estado com a
sua engrenagem burocrática bem aparelhada para
preencher os requisitos de uma Assistência Integral?
Assistência
ssistência Integral?
Não se encerra na distribuição de alimentos e roupas,
mas envolve outros aspectos
aspectos, aliás, mais delicados e
profundos, porque concernentes ao reerguimento moral e
ao tratamento espiritual, que não depende dos recursos
médicos usuais.Temos
Temos que dizer, portanto, que a noção
de assistência, no entendimento espírita, vai além das
providências exteriores. (Parágrafo 3.)
O Espiritismo, com Allan Kardec, traz nova luz à tarefa assistencial.
Realçando a responsabilidade dos seus seguidores pelo preceito “Fora da caridade
não há salvação”, fundamenta a prática da fraternidade no Evangelho do Cristo.
Destacam-se
se os capítulos X, XI, XII, XIII e XV de O Evangelho Segundo o Espiritismo
sobre o assunto. (Serviço
Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita
Espírita.)
A cobertura do Estado é necessária, mas os seus instrumentos não têm a
indispensável adequação aos problemas dos desajustamentos de ordem interior
interior.
Há instituições meritórias, com pessoal muito solícito e responsável, porém, são
exemplos muito especiais, não constituem a generalidade. (Parágrafo 3.)
Não basta construir abrigos ou "casas de recolhi
recolhimento" sem a base da educação e dos valores
espirituais.
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Vida e Obra de Deolindo Amorim—
“Numa sociedade organizada segundo a Lei do Cristo, ninguém deve morrer
de fome.” (O Livro dos Espíritos, q. 930.)
“Quando o homem praticar a Lei de Deus, terá uma ordem social baseada na
justiça e na solidariedade e ele próprio também será melhor”. (Comentários de
Kardec, O Livro dos Espíritos, q. 930.)
Muitos (...) que saíram de estabelecimentos assistenciais ou simples
"depósitos de meninos" trazem hábitos e vícios perigosos, o que prova, lamentavelmente, que não foram educados, mas foram corrompidos na inexperiência e na
miséria! (...) Outros, que formam, a bem dizer, uma legião de deformados psicologicamente, são desajustados para a vida prática porque foram maltratados, não
receberam a mínima consideração, como se não tivessem direito pelo menos ao
respeito humano. Apenas vestidos e alimentados, sem nenhuma transformação.
Passam então para a sociedade uma carga de problemas que se agravam de dia
para dia. (Parágrafo 3.)
Há um elemento que quase não se faz pesar na balança e sem o qual a
ciência econômica não passa de uma teoria: é a educação; não, a educação
intelectual, mas a educação moral; tampouco a educação moral, através dos livros,
mas a que consiste na arte de formar os caracteres, a que incute hábitos, pois a
educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. Quando se considera a massa de
indivíduos, lançados, todos os dias, na torrente da população, sem princípios, sem
freio e entregues aos seus próprios instintos, devemos nos espantar com as
consequências desastrosas que daí resultam?
(Comentários de Kardec, O Livro dos Espíritos, 685a.)
Para conviver com internados (assistidos)(...) Três predicados deveriam ser a
recomendação essencial: amor, paciência e capacidade natural de ouvir e
dialogar para compreender e ajudar.
Quem trabalha apenas no cumprimento de uma obrigação funcional ou
adstrita aos regulamentos, sob a rigidez dos horários, não tem como extravasar o
sentimento e descer à intimidade dos conflitos mais profundos e às confidências aliviadoras.
Quem está segregado de seu meio social, na prisão, no hospital ou no
asilo, suponhamos, sente necessidade muitas vezes de confiar em alguém ou
de se “abrir" a respeito de seus problemas. E se todos passam indiferentes, se
ninguém lhe dá atenção, a vida transforma-se de tal modo que tudo parece um
deserto de frieza e desumanidade.
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Vida e Obra de Deolindo Amorim
Amorim—
Então os justos lhe perguntarão:: Senhor, quando foi que nós te vimos com
fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando foi que te
vimos sem teto e te abrigamos, sem roupas e te vestimos, ou enfermo, ou no
cárcere, e te fomos visitar? E o rei lhes responderá
responderá: Em verdade vos digo, todas
as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais humildes, foi a mim que o
fizestes. (Mateus, XXV:31 a 46, O Evangelho Segundo o Espiritismo
Espiritismo, cap. XV, item 1.)
E quem é meu próximo?Jesus, tomando a palavra,
respondeu: (Parábola do Bom Samaritano
Samaritano).
A administração pública por natureza é formal e pragmática, não se
subordina a critérios sentimentais.
Por isso mesmo, há muita diferença entre função e missão.
A função é inerente aos regulamentos e estatutos, é rotina, (...) A função
pública tem as suas ordenações: horário de expediente livro de "ponto",
prescrições regimentais, etc. Fora disto ou, além disto, nada mais se pode
exigir.
Mas a missão é doação de alma para alma, é permuta de sentimentos,
com alto espírito de renúncia. A missão é escolha voluntária, porque sente
felicidade em servir. (...) Há muitos casos em que o trabalho missionário
se prende a compromissos do passado, isto é a responsabilidade
assumida noutras existências,
s, à luz da reencarnação.
Espíritos que passaram a vida inutilmente
inutilmente, noutros tempos, muitas vezes
voltam à Terra com a missão de redimir-se,
se, trabalhando pelos outros.
(Parágrafo 5.)
Necessidade da Encarnação
25. A encarnação é uma punição, e só os espíritos culpados estão sujeitos a ela?
A passagem dos espíritos pela vida corporal é necessária para que possam realizar,
com a ajuda de uma ação material, os desígnios dos quais Deus lhes confiou a
execução. (O
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Espiritismo, cap. IV, item 25. São Luís. Paris, 1859.)
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Vida e Obra de Deolindo Amorim
Amorim—
Reafirmamos, pois, que as obras de assistên
assistência à pobreza abandonada: assim como à orfandade
desprotegida ou à velhice desamparada, por exemplo,
necessitam de verdadeiras vocações missionárias,
antes de tudo.
O movimento espírita ainda tem muito que realizar, além das obras já conso
consolidadas. (...) Justamente este ponto é que nos leva a repetir que "não podemos
esperar que o Estado venha realizar aquilo que o Espiritismo está realizando
nas obras de assistência", porque o Estado não pode penetrar nas feridas da
alma para localizar a origem de muitos males sociais. (Parágrafo 7.)
Os Infortúnios Ocultos
4. Nas grandes calamidades, a caridade se manifesta, e surgem generosos movi
movimentos para reparar os desastres; porém, ao lado desses desastres gerais,
existem milhares de desastres particulares que passam despercebidos, como
o de pessoas em seus leitos de dor, sem se queixarem. São esses infortúnios
discretos e ocultos, que a verdadeira
deira generosidade sabe descobrir, sem esperar que
venham procurar ajuda. (O
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Espiritismo, cap. XIII, item 4.)
Embora o Estado seja neutro em matéria religiosa, segundo a letra da
Constituição Federal,, a participação direta do elemento oficial nas instituições
assistenciais — principalmente em casas espíritas — abriria caminho para
interferências na orientação essencial. Que o Estado, finalmente, cumpra a sua
função no âmbito administrativo, mas que fi
fique livre o campo das iniciativas
impulsionadas e realizadas por sentimento de solidariedade humana, (...)
(Parágrafo 8.)
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Vida e Obra de Deolindo Amorim—
Conclusão
793. Através de que sinais pode-se reconhecer uma civilização completa?
“Vós a reconhecereis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito
adiantados, porque fizestes grandes descobertas e invenções maravilhosas; porque
vos alojais e vos vestis melhor do que os selvagens; mas só tereis verdadeiramente
o direito de vos considerar civilizados, quando tiverdes banido de vossa sociedade
os vícios que a desonram e quando viverdes, entre vós, como irmãos, praticando a
caridade cristã; até lá, sereis apenas povos instruídos, tendo percorrido somente a
primeira fase da civilização.” A civilização, como todas as coisas, tem suas
gradações. Uma civilização incompleta é um estado de transição que gera males
específicos, desconhecidos no estado primitivo; mas, nem por isso, ela deixa de
constituir um progresso natural, necessário, que traz consigo o remédio para o mal
que causa. À medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males
que gerou e esses males desaparecerão com o progresso moral. De dois povos que
tenham chegado ao topo da escala social, só pode considerar-se o mais civilizado,
na verdadeira acepção da palavra, aquele em que se encontre menos egoísmo,
cobiça e orgulho; onde os hábitos sejam mais intelectuais e morais do que materiais; onde a inteligência possa desenvolver-se com maior liberdade; onde haja mais
bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíprocas; onde os preconceitos de
casta e de nascimento estejam menos enraizados, pois esses preconceitos são
incompatíveis com o verdadeiro amor do próximo; onde as leis nenhum privilégio
consagrem e sejam as mesmas, para o último como para o primeiro; onde a justiça
se exerça com menos parcialidade; onde o fraco sempre encontre apoio contra o
forte; onde a vida do homem, suas crenças e suas opiniões sejam mais respeitadas;
onde existam menos desgraçados e, finalmente, onde todo homem de boa vontade
esteja sempre seguro de não lhe faltar o necessário.
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7º Congresso de Estudos Espíritas
— Mulheres Espíritas —
Centro Espírita Léon Denis
7o Congresso de Estudos Espíritas
Mulheres Espíritas
Yvonne do Amaral Pereira
Tema 1: "Sua Vida e sua Obra"
Tema 2: "Reminiscências de Vidas Passadas"
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7º Congresso de Estudos Espíritas
— Mulheres Espíritas —
Patronesse Maria de Nazaré
Orientadora Espiritual Zilda Gama
Nasceu Zilda Gama, em 11 de março de 1878, em Três Ilhas, município de
Juiz de Fora. Por volta de 1912, Zilda Gama já era adepta da Doutrina Espírita.
Após receber uma mensagem consoladora de seu pai através da psicografia, pouco
depois, passava, ela a psicografar mensagens de “Mercedes” entidade que lhe foi
de inexcedível dedicação e consorcia de todos os seus instantes de dor e de raras
alegrias, enfim, um dos seus mais desvelados guias espirituais e que lhe revelara a
importante missão que o Alto lhe reservava no Espiritismo, surpresa, ainda no ano
de 1912, Zilda Gama psicografava a primeira mensagem assinada por Allan Kardec.
Sob a tutela do Espírito Victor Hugo, escritor francês do século 19, escreveu
vários romances. Desencarnou em 11 de janeiro de 1969, no Rio de Janeiro, com
91 anos de idade, vítima de acidente vascular cerebral.
INTRODUÇÃO:
Para Yvonne Pereira foi necessário que as lembranças de vidas passadas não
fossem banidas de sua consciência por Misericórdia Divina, para o resgate de faltas
pretéritas e sua redenção espiritual graças ao amparo e à proteção da Doutrina dos
Espíritos e do Evangelho de Jesus Cristo.
Se em nossas relações, e mesmo em nossa família, houvesse um indivíduo
que nos deu, outrora, motivos reais de queixa, que talvez nos tenha arruinado ou
desonrado, e que, arrependido, reencarnou em nosso meio, a fim de reparar suas
faltas, é evidente que a lembrança do passado em nada contribuiria para a renovação de nossas atitudes, igual raciocínio aplica-se na situação oposta, quando nós,
por hipótese, tenhamos sido o verdugo de nossos próprios familiares. Basta essa
ordem de raciocínios para entendermos que a reminiscência das existências anteriores perturbaria nossas relações sociais e constituiria um tropeço real à marcha
do progresso e a nossa evolução espiritual.
Coordenação de Encontro: Nadir C. de Souza e Mônica Caires Alves
Organização de Conteúdo: Todos os componentes do Grupo de Estudos Espíritas
sobre as Mulheres Espíritas
Diagramação Finalização: Setor Editorial CELD
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7º Congresso de Estudos Espíritas
— Mulheres Espíritas —
OBJETIVOS GERAIS PARA TODOS OS ENCONTROS:
♦ Resgatar a contribuição das mulheres espíritas na consolidação do movimento espírita.
♦ Destacar a vida das várias personalidades espíritas femininas, suas obras no
campo político, socioeconômico e suas atividades mediúnicas.
♦ Valorizar o papel da mulher espírita dentro da sociedade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
♦ Conhecer a vida e a obra de Yvonne do Amaral Pereira e o seu papel como
médium dentro do movimento espírita.
♦ Aprender com Yvonne que é possível conciliar as tarefas como cidadã com
as tarefas da casa espírita.
♦ Mostrar Yvonne como exemplo de superação das dificuldades quando se
tem fé e confiança na proteção espiritual.
♦ Aprender com Yvonne as diretrizes para o nosso melhor desempenho no
campo mediúnico, sempre com o propósito de orientar e esclarecer.
♦ Identificar a contribuição da obra de Yvonne no entendimento da mediunidade a partir das lembranças de vidas passadas como oportunidade de
resgates.
TEMA 1 — VIDA E OBRA DE YVONNE DO AMARAL PEREIRA
“A obra de Yvonne é marcada por uma autenticidade ímpar. Ela possuía um
modo muito próprio de fazer abordagens. E tinha muita propriedade naquilo que
afirmava. Considerando a sua pouca escolaridade, podemos dizê-la possuidora
de uma vasta cultura. Seu autodidatismo lhe permitiu a conquista de uma visão
crítica da realidade, assumindo posturas sempre coerentes com o conteúdo ético-moral da Doutrina Espírita.”
(Camilo, Pedro. Yvonne Pereira, uma Heroína Silenciosa, p. 34.)
Uma médium respeitável
Yvonne nasceu na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, atual Rio das Flores,
no Sul fluminense, no dia 24 de dezembro de 1900. Aos cinco anos, não somente
via, mas conversava com os espíritos. Aos 12 anos, colocaram-lhe nas mãos a obra
O Evangelho Segundo o Espiritismo, que ela passaria a ler diariamente. Aos 13
anos, escrevia com desenvoltura e estudava sozinha. Lia autores nacionais e internacionais, como Bernardo Guimarães, José de Alencar, Goethe e Conan Doyle. Os
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7º Congresso de Estudos Espíritas
— Mulheres Espíritas —
trabalhos em prosa e verso que escreveu, sob a tutela espiritual de Roberto de
Canallejas (espírito).
Yvonne, além de médium psicofônica e psicógrafa, gozava das faculdades mediúnicas de desdobramento, materialização, de curas. Nas seis cidades em que
viveu, sempre deu a sua contribuição nos centros espíritas, como bibliotecária, secretária, vice-presidente, evangelizadora, palestrante, ao longo de 84 anos, retornou
ao mundo espiritual Yvonne do Amaral Pereira, às 22 horas do dia 9 de março, após
um longo período de atividades na causa espírita.
Esquecimento do passado:
REFLEXÃO:
Podemos ter algumas revelações a respeito de
nossas vidas anteriores?
O Livro dos Espíritos, q. 399. Nota de Kardec — “Tendo retornado à vida
corporal, o Espírito perde, momentaneamente, a lembrança de suas existências
anteriores, como se um véu as ocultasse; todavia, algumas vezes, delas possui
uma vaga consciência, e estas podem até ser-lhe reveladas, em certas circunstâncias; mas, então, isto só se dá pela vontade dos Espíritos superiores,
que o fazem espontaneamente, com um fim útil, nunca para satisfazer uma vã
curiosidade.”
Superação:
“...A Doutrina do Senhor, a esperança na sua justiça,
a fé e a paciência que sempre me impeliram para o Espiritismo, a par do cultivo dos dons mediúnicos que espontaneamente me impuseram desde a minha infância, me
tornaram bastante forte para dominar e superar, até agora,
as dificuldades que comigo vieram para a reencarnação
expiatória, como resultado inapelável de um passado espiritual desarmonizado com
o bem.”
a
(Pereira, Yvonne A. Recordações da Mediunidade. Capítulo 2, 10 ed. FEB.)
Yvonne viveu para servir ao plano espiritual e sua biografia é uma verdadeira
lição de superação e reconquistas da honra espiritual. Escreveu diversas obras citando seus testemunhos de vidas passadas,vivendo intensamente paixões e quedas
morais, ferindo espíritos amigos e enveredando pelo suicídio por duas encarnações
seguidas. Ao longo de suas obras vamos encontrar um espírito amigo que conviveu
várias encarnações com ela, Roberto de Canallejas.
Eis o trecho em que ele mostra a Camilo a sua esposa espiritual, ainda
criança.
“Deve estar entardecendo no hemisfério sul ocidental... Não haverá indiscrição
e procurar vê-la neste momento...” Com efeito! Pouco a pouco a figura de uma
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7º Congresso de Estudos Espíritas
— Mulheres Espíritas —
criança destacava-se da penumbra de um aposento de família
paupérrima. Tudo indicava tratar-se de um lar brasileiro dos mais
modestos, conquanto não miserável.
Uma menina aparentando cinco anos de idade, cujas feições concentradas e tristes indicavam a violência das tempestades que lhe tumultuavam o espírito, entretinha-se com seus
modestos brinquedos de criança pobre, parecendo mentalmente
preocupada com reminiscências que se embaralhavam aos fatos presentes, pois
falava às bonecas como se conversasse com personagens cujas imagens se desenhavam quais contornos a crayon em suas vibrações mentais.”
Roberto contemplou-a tristemente (...). “Aí esta! Reencarnada na terra de
Santa Cruz... Onde palmilhará seu doloroso calvário de expiações... vive agora fora
dos ambientes que tanto amava desamparada pela ausência daqueles que tão
devotadamente a estremeciam, mas cujos corações espezinhou com a mais cruel
ingratidão! Leila desapareceu para sempre na voragem do pretérito!!... Para o
mundo terrestre será linda e graciosa criança, inocente e cândida como os anjos do
céu! Perante a consciência dela própria, porém, e o julgamento da lei sacrossanta
que infringiu, é grande infratora que cumprirá merecida pena, é a adultera, a perjura,
a infiel, blasfema e suicida, pois Leila foi também suicida que renegou pais, esposo,
filhos, a família, a honra, o dever, pelas funestas atrações das paixões inferiores”.
(...) e assim sempre — exclamou tristemente não tem coragem de enfrentar-me...
No entanto,pensa em mim e deseja voltar a meu convívio...”
A história de Roberto sempre entrelaçada à de Yvonne, em Recordações da
Mediunidade percebemos os fortes laços que os uniu séculos a fio, vejamos:
Reencarnações de Roberto com Yvonne:
No livro Nas Voragens do Pecado
Luiz de Narbone
No livro O Cavaleiro de Numiers
Henri de Numiers
No livro O Drama de Bretanha
Arthur de Guzman
No livro Um Caso de Reencarnação, eu e Roberto de Canallejas
(Iniciais do nome não revelado).
Z.P.
Em “Um caso de Reencarnação, Eu e Roberto de
Canallejas” nessas poucas páginas Yvonne nos surpreende
com o relato da reencarnação de Roberto, na Polônia, quando
ela já em idade madura o localizava através de um grupo que
trocava postais usando o esperanto (idioma que os espíritos utilizam para ditar alguns de seus livros).
Nesta narrativa comovente, a relação entre a médium e
Roberto é detalhada, desvelada. Yvonne nos revela a presença de Roberto desde
sua infância, passando pela adolescência, quando a seguia como espírito, a
despedida ao retornar a Terra, até o vínculo “desconhecido” Z.P. (ela não revela o
nome), que é o próprio Roberto, vivendo na Polônia distante. A transmutação do
amor humano, carnal e amor espiritual, profundo, abrangente é para ela uma luta
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7º Congresso de Estudos Espíritas
— Mulheres Espíritas —
diária consigo mesma. O sofrimento ao sabê-lo encarnado, ao visitá-lo espiritualmente, sem poder vê-lo foi sua “prova de fogo” que lhe exigiu renúncia extrema.
Mostrando-nos que o maior desafio do ser humano é vencer a si mesmo, superar o
passado e construir um futuro de luz. Imaginamos os ex-suicidas como pessoas
com deficiências, alquebrados fisicamente, como “castigo”. Mas nem sempre é
assim. Para o espírito os sofrimentos e limitações físicas nem sempre são as
situações mais difíceis. As limitações físicas de certo modo limitam a ação do
mundo, porém, ter as condições de agir de modo leviano e não o fazer, renunciar a
prazeres e tentações diversas em plena saúde e sã consciência exige um esforço
imenso. A saúde do corpo, tão necessária para os enfrentamentos das tendências
às quedas morais, para a resistência às recaídas nos mesmos equívocos do passado, juntamente com a oportunidade de trabalho no Bem podem ser ferramentas que
constroem as asas, com as quais a alma alça seu voo transcendente.”
(Pereira, Yvonne A. Um Caso de Reencarnação, eu e Roberto de Canallejas.
Editora Associo Lorenz-2004.)
“O espírito não readquire a lembrança do seu passado somente
após a morte. Pode-se dizer que ele não a perde jamais, pois a experiência prova que, mesmo encarnado, durante o sono do corpo, o espírito
desfruta de uma certa liberdade e tem consciência de seus atos anteriores; sabe por que sofre, e que sofre justamente.”
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 11.)
TEMA2 — REMINISCÊNCIAS DE VIDAS PASSADAS
O Livro dos Espíritos, q. 395 — “Podemos ter algumas revelações a
respeito de nossas vidas anteriores” “Nem sempre. Contudo, muitos sabem
o que foram e o que faziam. Se se lhes permitisse dizê-lo abertamente,
extraordinárias revelações fariam sobre o passado.”
“Se, como ficou dito, a lei da Criação encobriu o nosso passado espiritual,
será porque o seu conhecimento não traria vantagem para o nosso progresso, antes
poderia prejudicá-lo...”
a
(Pereira, Yvonne A. Recordações da Mediunidade, p. 34; 10 ed. FEB.)
(...) Já sumariamente, indicamos a causa fisiológica deste esquecimento, esta
causa é o próprio renascimento, isto é o revestimento de um novo organismo, de um
invólucro material que, sobrepondo-se ao invólucro fluídico, faz a seu respeito as
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7º Congresso de Estudos Espíritas
— Mulheres Espíritas —
vezes de um apagador. Em consequência da diminuição
do seu estado vibratório, o espírito cada vez que toma
posse de um corpo novo, de um cérebro virgem de toda a
imagem acha-se na impossibilidade de exprimir as recordações acumuladas das vidas precedentes (...)
(...) Não existindo já os cérebros que registraram essas percepções é preciso
procurá-las na consciência profunda, mas esta se conserva calada, enquanto o
Espírito esta encerrado na carne. Para recuperar a plenitude das suas vibrações e
reaver o fio das lembranças em si ocultas, é necessário que ela saia e se separe do
corpo, então percebe o passado e pode reconstituí-lo nos menores fatos. É isso que
se dá nos fenômenos do sonambulismo e do transe.
a
(Léon Denis. O Problema do Ser e do Destino. 2 parte. Cap. XIV.)
“Alma e perispírito não fazem mais que um todo indissolúvel, e, se nós os
distinguimos, é porque só a alma é inteligente, quer e sente. O invólucro é a sua
parte material, o que vale dizer passiva: é a sede dos estados conscienciais pretéritos, o armazém das lembranças, a retorta em que se processa a memória de
fixação, e é nele que o espírito se abastece, quando necessita de cabedais intelectuais para raciocinar, imaginar, comparar, deduzir, etc. Também receptáculo de imagens mentais, é nele que reside, finalmente, a memória orgânica e inconsciente”.
“O perispírito tudo registrou e para sempre. São recodações
que dormitam dentro de nós. Estas investigações permitem compreender nitidamente que o esquecimento das passadas vidas é
apenas passageiro, temporário, limitado a uma etapa terrena e que,
uma vez restituída à sua verdadeira pátria, liberta das peias carnais, a alma recupera a plenitude do seu eu (...)”
(Gabriel Delanne. A Evolução Anímica. O Papel Psicológico do Perispírito.)
“O Espírito Dr. Bezerra de Menezes, observou que nos manicômios terrestres
existem muitos casos de suposta loucura que mais não são que estados agudos de
excitação da subconsciência recordando existências passadas tumultuosas ou criminosas."
a
(Pereira, Yvonne A. Recordações da Mediunidade, p. 34. 10 ed. FEB.)
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 10 — “Quanto mais
grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio. Aquele, pois, que
muito sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve regozijar-se à
ideia da sua próxima cura. Dela depende, pela resignação, tornar proveitoso o
A lei
divina, que
rege lhe
a condição
encarnado
na Terra,
estabeleceu
o
seu
sofrimento
e não
estragardo
o ser
fruto
com as suas
impaciências,
visto
que, do contrário, terá de recomeçar.”
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7º Congresso de Estudos Espíritas
— Mulheres Espíritas —
esquecimento das migrações pretéritas, por se tratar do que mais convém ao
comum das criaturas, sendo mesmo essa a situação normal de cada ser, e,
assim sendo, o fato de recordar produzirá choques morais por vezes intensos na
personalidade que assim se destaca, acarretando anormalidades que variam de
grau, conforme a situação moral ou consciencial de cada um (...)”
a
(Pereira, Yvonne A. Pereira, Recordações da Mediunidade, p. 35. 10 ed. FEB.)
O Livro dos Espíritos, q. 392 — Por que o espírito encarnado perde a
lembrança do passado?
“O homem não pode, nem deve saber tudo, Deus na sua sabedoria,
assim o quer. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, o homem ficaria
ofuscado, como aquele que passa sem transição, da escuridão para a luz.
Com o esquecimento do passado, ele se sente mais senhor de si.”
(...) “Ao que parece, o fato de recordar existências passadas constitui
provação para as criaturas comuns, ainda pouco evolvidas, ou concessão ao mérito,
nas de ordem mais elevada na escala moral.
Nas criaturas, ainda pouco evolvidas, verifica-se não raro, uma espécie de
obsessão, havendo ou não a interferência do inimigo do passado, o indivíduo que
recorda, sente uma grande tristeza e um grande desânimo. Aquele que recorda
pressentirá apenas espinhos e lágrimas no decorrer da existência.”
a
(Pereira, Yvonne A. Recordações da Mediunidade, p. 35. 10 ed. FEB.)
(...) “Os médiuns positivos, ou seja, que possuam grandes
forças intermediárias (eletromagnetismo, vitalidade, intensidade vibratória, sensibilidade superior, vigor mental em diapasão harmônico com as forças físico-cerebrais), serão mais aptos do que o
normal das criaturas ao fenômeno de reminiscências do passado
por disposições particulares...”
a
(Pereira, Yvonne A. Recordações da Mediunidade, p. 35. 10 ed. FEB.)
O Livro dos Médiuns, 193, item 3 — Médiuns positivos: suas comunicações têm, em geral, um caráter de nitidez e precisão que se presta, de
boa vontade, aos detalhes circunstanciais, às informações exatas. Bastante
raros.
(...) “o fato de recordar o próprio passado reencarnatório é uma faculdade que
bem poderá ser mediúnica, que, se bem desenvolvida e equilibrada, não alterará o
curso da vida do seu possuidor (...)”
a
(Pereira, Yvonne A. Recordações da Mediunidade, p. 36. 10 ed. FEB.)
“Por que então tais fatos se enquadram na vida organizada pelas leis superiores do plano divino? Serão tais casos acontecimentos normais da evolução?”
a
(Pereira, Yvonne A. Recordações da Mediunidade, p. 36. 10 ed. FEB.)
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7º Congresso de Estudos Espíritas
— Mulheres Espíritas —
“Certamente, é muito provável que assim seja visto que, tratando-se de uma
faculdade que tende a atingir a plenitude das próprias funções, haverá o trabalho de
evolução(...), não é o espírito encarnado ou não, o artífice da própria glória? Daí as
lutas tremendas do roteiro a vencer...
“Ou tratar-se-á, por ventura, de punição?
De qualquer forma será o trabalho de evolução...”
a
(Pereira, Yvonne A. Recordações da Mediunidade, p. 36. 10 ed. FEB.)
O Livro dos Espíritos, q. 393. Nota de Kardec — “Se não temos, durante
a vida corporal, uma lembrança precisa do que fomos e do que fizemos de
bem e de mal, nas nossas existências anteriores, temos disto a intuição, e
nossas tendências instintivas são uma reminiscência de nosso passado, às
quais nossa consciência, que é o desejo que experimentamos de não mais
cometer as mesmas faltas, nos adverte para resistir.”
UM CASO DE REMINISCÊNCIA
Caso relatado por Gabriel Delanne em seu livro ”Reencarnação”. Este caso foi
vivido e descrito pela Sra. Matilde de Krapkof, dama francesa, casada com um
nobre russo no ano de 1893, a quem o próprio Sr. Delanne conheceu pessoalmente.
“(...) nesse caso a recordação se expande no momento preciso; a subconsciência expulsa, momentaneamente, ao calor de uma emoção forte, as ondas das
lembranças calcadas nos seus refolhos, há choque emocional e sofrimento indefinível, pois não é com facilidade que semelhante operação se realiza nos sagrados
repositórios da alma humana.”
a
(Pereira, Yvonne A. Recordações da Mediunidade, p. 42. 10 ed. FEB.)
“(...) chegaremos à conclusão de que o fato é mais comum do que se supunha
e que nem sempre ocasionará a citada pseudo-loucura, senão quando aí existam
fatores consciências muito graves ou quando o cérebro físico e o sistema nervoso,
por muito frágeis, não suportarem os choques emocionais advindos do fato, embora,
de um modo geral, comova e aturda o paciente.”
a
(Pereira, Yvonne A. Recordações da Mediunidade, p. 42. 10 ed. FEB.)
“(...) Para nós, no entanto, esse fato constituiu duríssima provação, e certamente teríamos sucumbido a uma loucura total, ou mesmo ao suicídio, se não
tivéramos a felicidade de, desde muito cedo, ser amparada pela grandiosa proteção
da Doutrina dos Espíritos e do Evangelho de Jesus Cristo, que com efeito, possuem recursos para remediar todos os impasses da vida humana...”
a
(Pereira, Yvonne A. Recordações da Mediunidade, p. 43. 10 ed. FEB.)
30
7º Congresso de Estudos Espíritas
— Mulheres Espíritas —
“(...) Eu, aliás, não poderia esquecer facilmente certos detalhes de minha
passada existência, porque as entidades Charles e Roberto pareciam interessadas
em conservá-los. De certa feita, Charles declarou mesmo veemente e autoritário
qual enérgico pai:
'— Não deixarei que esqueças certos episódios por ti vividos na anterior
existência, porque será o único meio de te fazer refletir para a emenda definitiva.
Não te pouparei os sofrimentos daí advindos. O que poderei fazer é ajudar-te a
suportá-los com firmeza de ânimo, e isso eu o farei'." (Charles)
a
(Pereira, Yvonne A. Recordações da Mediunidade, p. 51, 10 ed. FEB.)
CONCLUSÃO:
Nenhum outro interesse, a não ser o desejo de servir à Doutrina do Consolador enviado por Jesus, sob cuja proteção venho operando a minha reabilitação
moral-espiritual, me impeliu de publicar estas páginas. Meu desejo único é testemunhar a veracidade da Doutrina dos Espíritos, e quem sabe? Consolar e reanimar
corações que se viram colocados em situações dolorosas como as que me atingiram, transmitir-lhes a segurança, a fé e a esperança com que fui socorrida pela Misericórdia de Deus e a proteção dos bons espíritos, e dizer-lhes da realidade da
mensagem que o Alto concedeu à humanidade através da Terceira Revelação, o
Espiritismo. Estas páginas encerram, portanto, um testemunho, talvez o último que
me foi necessário dar à Lei de Deus nesta existência que tive, tão fértil em testemunhos de gêneros diferentes. Que o leitor me compreenda e jamais me acuse de
vaidade por escrever este laboratório. Em verdade, nesta minha vida, tão longa e
atribulada, apenas fortalecida e consolada pela Doutrina Espírita, não tive tempo
nem razões para alimentar vaidades de qualquer espécie.
Bibliografia
PEREIRA, Yvonne do Amaral. Recordações da Mediunidade. Obra mediúnica orientada pelo Espírito Adolfo Bezerra de Menezes, 10a ed., Rio de Janeiro, FEB, 2002.
PEREIRA, Yvonne do Amaral. Um Caso de Reencarnação — Eu e Roberto de
Canallejas. Editora Associo Lorenz, 2004.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1a ed., Rio de Janeiro, CELD, 2010.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1a ed., Rio de Janeiro, CELD,
2003.
Jornal Mundo Espírita. FEP. Março, 2004.
Jornal Correio Fraterno. Maio-junho, 2014.
CAMILO, Pedro. Yvonne Pereira: uma Heroína Silenciosa. Bragança Paulista, SP,
Lachâtre, 2014.
DELANNE, Gabriel. A Evolução Anímica. O Papel Psicológico do Perispírito.
DENIS, Léon. O Problema do Ser e do Destino. 2a parte, cap. XIV. CELD.
31
7o Congresso de Estudos Espíritas sobre
O Meio Ambiente e Espiritismo
Tema: "Solidariedade; Comunhão Universal"
Eurípedes Barsanulfo, nasceu em 1o de maio de 1880, na cidade de
Sacramento, no Estado de Minas Gerais. Desde de criança muito inteligente e dedicado. Em todos os seus trabalhos era muito amoroso, e levava
sua prática onde estivesse. Grande Educador, “Em cada coração, lançava
a semente da responsabilidade dos deveres perante Jesus, imprimindo
nova conceituação ao sentido cristianizar.” (trecho do livro: Eurípedes — o
Homem e a Missão). Auxiliou muito aos pobres materialmente, aos doentes
físicos ou espirituais e ainda levava jovens para atividades de ajuda, ensinando sempre a prática do bem. Desencarnou em 1o de novembro 1918.
Coordenação Geral: Rosângela Ferreira
Coordenação Imediata: Silvia Michelle Bezerra Camargo
Organização do Conteúdo: Equipe de Estudo do Encontro
Diagramação e Finalização: Setor Editorial do CELD
7o Congresso de Estudos Espíritas
— O Meio Ambiente e Espiritismo —
Temas estudados até a presente data
Ano
Tema
2010
Reencarnação e Aquecimento Global
2011
Reencarnação, Aquecimento Global e Sustentabilidade
2012
A Floresta: — A Floresta em sua grandeza, riqueza e mistério.
— A Floresta: o Equilíbrio entre o Ter e o Usar.
2013
Água: A importância da água como fator de conservação,
sustentação e renovação da vida
2014
O Grande Enigma
2015
Unidade Substancial do Universo
Objetivo Geral:
Reconhecer a paternidade de Deus, a fraternidade humana e a
solidariedade universal entre os seres, e como esta relação influencia o
ambiente em que vivemos.
Objetivos Específicos:
− refletir sobre a comunhão universal dos seres: animados e
inanimados, encarnados e desencarnados;
− desenvolver valores pessoais com consciência coletiva;
− identificar a solidariedade na Natureza e suas consequências;
− amar a Deus, amar a si mesmo, e amar ao próximo.
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— O Meio Ambiente e Espiritismo —
Introdução
Diz Léon Denis: "Era uma tarde de inverno, uma tarde de passeio na costa
azulada da Provence. O sol se punha no mar do Pacífico. Seus raios de ouro,
deslizando sobre a vaga adormecida, iluminavam com tons ardentes o topo das
rochas e dos promontórios; enquanto o delgado crescente lunar subia no céu sem
nuvens". Com esta visão, ele, em seus pensamentos, nos escreveu esta obra (O
Grande Enigma) que nos inspira todos os anos com temas tão atuais sobre Meio
Ambiente, na visão espírita.
Em 2014 iniciamos o estudo deste livro, utilizando o capítulo I — O Grande
Enigma, que falava sobre o Universo. Ele nos lança uma pergunta: "Há um objetivo,
Há uma lei no Universo?". Ele nos faz repensar a nossa posição em relação ao
Universo, na grandeza de Deus e em nossa responsabilidade com este planeta.
Iniciamos o estudo no entendimento do Universo, sua constituição e nosso papel em
sua conservação.
Em 2015 utilizamos o capítulo II — Unidade Substancial do Universo, onde foi
estabelecido um elo entre a Substância Universal e o Fluido Cósmico Universal.
Neste momento, surge a pergunta: De onde viemos? Para onde vamos? Por que
caminhos seguiremos?
Em 2016 estudaremos o capítulo III — A Solidariedade como o caminho para
o crescimento espiritual. Este tema nos orientou o estudo durante o ano de 2015
para que pudéssemos entender a solidariedade humana em relação à solidariedade
ambiental.
Surge a pergunta: Qual a minha influência no planeta e qual a ligação entre
todos para a melhoria do ambiente em que vivemos?
Com a resposta a esta pergunta, poderemos entender melhor o nosso papel
no planeta e na obra de Deus.
Bom estudo a todos.
−
−
−
−
Solidariedade: qualidade de solidário.
Estado ou condição de duas ou mais pessoas que repartem entre si
igualmente as responsabilidades de uma ação, respondendo todas por uma
e cada uma por todas.
Mutualidade de interesses e deveres.
Laço ou ligação mútua entre duas ou muitas coisas dependentes umas das
outras.
Condição grupal resultante da comunhão de atitudes e sentimentos.
http://michaelis.uol.com.br/
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— O Meio Ambiente e Espiritismo —
Refletir sobre a comunhão universal dos seres:
animados e inanimados, encarnados e desencarnados
“Deus é o espírito de sabedoria, de amor e de vida, o poder infinito que
governa o mundo.”
Léon Denis
Antonio de Aquino, nos fala: “Cada vez que nos reportemos a Deus, pensemos..., na grandiosidade da própria Natureza, das estrelas, das constelações, no
Universo.”
“Deus criou a Terra à maneira de um paraíso repleto de fontes e de flores,
para as criaturas em evolução.”
Emmanuel
“Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as
coisas.”
O Livro dos Espíritos, q.1.
Do ponto de vista espiritual
(Natureza)
Do ponto de vista científico
(Natureza)
Natureza é a manifestação
de Deus
Refere-se a fenômenos do mundo
físico e a vida em geral.
“O homem é finito, mas tem a intuição do infinito.”
Léon Denis
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— O Meio Ambiente e Espiritismo —
Do ponto de vista espiritual
Do ponto de vista biológico
(Espécie Humana)
(Espécie Humana)
O homem é, sobre a Terra, a
mais alta expressão dessa
Natureza (…)
A espécie humana é só mais uma. Nem a mais
forte, nem a mais complexa. Apenas por uma
combinação de acasos e mudanças evolutivas
chegou onde está.
“Todos os seres estão ligados uns aos outros e se influenciam reciprocamente. O Universo inteiro está submetido à lei da Solidariedade.”
“Todos os espíritos em marcha são ajudados pelos seus irmãos mais
adiantados e devem auxiliar, por sua vez, àqueles que estão colocados abaixo
deles.”
Léon Denis
Relembrando nosso estudo em 2012: — Vemos desde os organismos mais
simples como bactérias, protozoários, fungos, até os mais complexos, vegetais,
animais e nós.
“Para se ter uma ideia da grandiosidade da biodiversidade no
mundo, basta saber que o homem compartilha o planeta com cerca de 10
a 100 milhões de espécies vivas distintas, entre plantas, animais e bactérias, das quais apenas uma parte foi identificada e classificada pelos
cientistas, sendo a maior parcela desconhecida da Ciência.”
o
Revista Com Ciência Ambiental – Ano 5, 2010, n 32.
“A Natureza é sempre o livro divino, onde as mãos de Deus escrevem a
história de sua sabedoria, livro da vida constitui a escola de progresso espiritual do
homem(...)”
Quetão 41 – O Consolador. 26 ed.– Emmanuel — Psicografia Francisco Xavier.
“O Progresso é uma das leis da Natureza; todos os seres da Criação,
animados e inanimados, a ela estão submetidos pela bondade de Deus, que deseja
que tudo se engrandeça e prospere.”
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. III, item 19.
Se pensarmos em sucessão ecológica, onde ocorrem alterações, mudanças,
ajustes num ecossistema.
Ecossistema, segundo Odum, os organismos e os seres inertes (abióticos)
estão inseparavelmente ligados e interagem entre si.
36
7o Congresso de Estudos Espíritas
— O Meio Ambiente e Espiritismo —
E nós contribuímos ou não para estes progressos? Quais
as alterações e mudanças? São sustentáveis?
Relembrando 2012: Somos nós responsáveis pelo progresso geral, nosso e de tudo
e todos à nossa volta, lembremos:
“O homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente; nem todos,
porém, progridem ao mesmo tempo e da mesma maneira; é, então, que
os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, através do contato
social”.
O Livro dos Espíritos, q.779.
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Desenvolver valores pessoais com consciência coletiva
“Saídas de Deus, todas as almas são irmãs; todos
os filhos da raça humana estão unidos através de laços
estreitos de fraternidade e solidariedade. Assim, os progressos de um de nós são sentidos por todos, assim
como o rebaixamento de um único afeta o conjunto.”
“A solidariedade que os une pode bem restringir
um pouco a liberdade de cada um deles, mas se essa
liberdade é limitada em extensão, ela não o é em
intensidade.”
Léon Denis
Exemplos motivadores:
Débora Seabra: Onde seus pais, incentivaram aos estudos e seu desenvolvimento. Ela trabalha como Auxiliar de desenvolvimento infantil, e já escreveu
um livro de histórias infantis: “Débora conta história”. E recebeu um convite para
fazer uma palestra na ONU, do Dia Internacional da Síndrome de Down.
Video: https://www.youtube.com/watch?v=mgDoIYf_2HA
37
7o Congresso de Estudos Espíritas
— O Meio Ambiente e Espiritismo —
Oscar Gardiano: Médico pediatra, ao ver a tragédia em Mariana (MG). Saiu de
Ipiguá (SP) e foi de carro, ajudar às vítimas na cidade mineira. Palavras dele na
reportagem: "— Temos de fazer escolhas na vida, fiz a escolha que para mim foi a
mais consciente”.
“O dever é a obrigação moral, diante de si mesmo em primeiro lugar, e, depois, dos outros.”
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 7.
“O homem tem o livre-arbítrio de seus atos? Visto que tem a liberdade de
pensar, tem a de agir. Sem o livre-arbítrio, o homem seria uma máquina.”
O Livro dos Espíritos, q. 843.
“Caridade, palavra sublime que resume todas as virtudes, és tu que deves
conduzir os povos à felicidade; ao te praticarem, eles criarão infinitas alegrias para o
seu próprio futuro, e, durante o exílio desses povos na Terra, serás para eles a
consolação, a antecipação das alegrias que gozarão mais tarde, quando todos juntos se abraçarem no seio do Deus de Amor.”
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.XIII, item 11.
“O homem de bem é humano, é bom e benevolente para todo mundo, sem
distinção de raças* nem de crenças, porque vê irmãos em todos os homens.”
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 3.
“Na lenta ascensão que conduz o ser para Deus, o que buscamos antes de
tudo, é a felicidade, a ventura.”
“Em todos os tempos, o pensamento elevado irradiou no cérebro humano.”
“A alma humana não pode, realmente, progredir senão na vida coletiva, trabalhando em proveito de todos.”
Léon Denis
Relembrando 2013:
Declaração Universal dos Direitos da Água
— 22 de março de 1992 — Ditado pela ONU
“A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada
nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos
olhos de todos.”
“O dever é a lei da vida; (...)”
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 7.
“Onde está escrita a Lei da Deus? “Na consciência.”
O Livro dos Espíritos, q. 621.
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— O Meio Ambiente e Espiritismo —
Identificar a Solidariedade na Natureza e suas consequências
“A alma pura comunga com a Natureza inteira(...) tudo lhe fala uma linguagem
harmoniosa.”
Léon Denis
“Torna-se o teatro da vida e da comunhão universais, comunhão dos seres
uns com os outros e de todos os seres com Deus, seu Pai.”
Léon Denis
Usando exemplo da Floresta: Podemos concluir que a Floresta é um importante habitat (ou casa) de muitas espécies. Onde cada ser que a habita encontra as
condições adequadas para viver. (Apostila 2012.)
“Segundo dados do Pnuma, Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, as florestas representam 31% da cobertura terrestre do planeta, servindo
de abrigo para 300 milhões de pessoas de todo o mundo e, ainda, garantindo,
de forma direta, a sobrevivência de 1,6 bilhões de seres humanos e 80% da
biodiversidade terrestre. Em pé, as florestas são capazes de movimentar cerca de
$327 bilhões todos os anos, mas infelizmente as atividades que se baseiam na
derrubada das matas ainda são bastante comuns em todo o mundo.”
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/2011
A Floresta é solidária?
Quantos animais adotam outros: Cachorras que adotam gatos, porcos, e
outros. Quantos agem com cuidados mesmo não sendo de sua espécie, porém
cuida e protege.
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=tt3AfUoD0XM
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— O Meio Ambiente e Espiritismo —
“O instinto de conservação é uma lei da Natureza? Resposta: Sem dúvida; é
dado a todos os seres vivos, qualquer que seja o grau de sua inteligência; em uns,
ele é puramente maquinal, em outros, ele é raciocinado.”
O Livro dos Espíritos, q. 702.
O Planeta Terra é Solidário?
Somos Solidários?
Relembrando 2011:
“(...) não há mágica no processo evolutivo: nós somos os construtores do
mundo de regeneração, se não corrigirmos o rumo na direção de uma sociedade
sustentável, prorrogaremos situações de desconforto já amplamente diagnosticadas.
(Trigueiro, André. Espiritismo e Ecologia. Rio de Janeiro, FEB, 2009.)
“Nas almas evoluídas, o sentimento da solidariedade torna-se bastante intenso para se transformar em comunhão perpétua com todos os seres e com Deus.”
“Não há distância para as almas que se simpatizam.”
Léon Denis
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Amar a Deus, amar a si mesmo, e amar ao próximo.
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— O Meio Ambiente e Espiritismo —
“Da paternidade de Deus decorre a fraternidade humana.”
Léon Denis
“Amar, no sentido mais profundo da palavra, é ser leal, honesto, consciencioso, para fazer aos outros o que se deseja para si mesmo.”
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item 10.
“O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de Justiça, de amor e
de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga sua consciência sobre seus
próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o
bem que podia, se desperdiçou voluntariamente uma ocasião de ser útil, se
ninguém tem do que se queixar dele, pergunta, enfim, se fez aos outros tudo o que
desejava que os outros fizessem por ele.”
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 3.
Video: https://www.youtube.com/watch?v=uH7UVdLzxpI
"O Amor é a única força capaz de transformar um inimigo num amigo."
Martin Luther King
“É assim que a máxima: “Amai os vossos inimigos” não está destinada
unicamente à Terra e à vida atual, ela está inserida na grande lei da Solidariedade e
fraternidade universais.”
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XII, item 6.
“(...) não há mágica no processo evolutivo: nós somos os construtores do
mundo de regeneração, se não corrigirmos o rumo na direção de uma sociedade sustentável, prorrogaremos situações de desconforto já amplamente diagnosticadas.”
(Trigueiro, André. Espiritismo e Ecologia. Rio de Janeiro, FEB, 2009.)
SAWABONA, é um cumprimento usado na África do Sul e quer dizer:
"Eu te respeito, eu te valorizo. Você é importante pra mim".
Em resposta, as pessoas dizem SHIKOBA, que é:
"Então, eu existo pra você".
“A obra que a cada um de nós cabe realizar resume-se em três palavras:
saber, crer, querer; quer dizer: saber que temos em nós recursos incalculáveis; crer
na eficácia de nossa ação sobre os dois mundos, o da matéria e o do espírito;
querer o bem dirigindo nossos pensamentos para o que é belo e grande, conformando nossas ações às leis eternas do trabalho, da justiça e do amor.”
Léon Denis
“Trabalhar com um sentimento elevado, perseguindo um objetivo útil e generoso, ainda é orar. O trabalho é a prece ativa desses milhões de homens que lutam e
penam na Terra, em proveito da Humanidade.”
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— O Meio Ambiente e Espiritismo —
“A vida do homem de bem é uma prece contínua, uma comunhão perpétua com
seus semelhantes e com Deus.”
Léon Denis
“Deus responde à prece à sua própria maneira.”
Mahatma Gandhi
“A prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento,
em comunicação com o ser a quem se dirige.”
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVII, item 9.
“A prece é a expressão mais elevada dessa comunhão das almas.”
Léon Denis
“De pé sobre a Terra, meu sustentáculo, minha nutriz e minha mãe, elevo o
meu olhar para o Infinito, sinto-me envolvido na imensa comunhão da vida; os
eflúvios da Alma Universal penetram em mim e fazem vibrar meu pensamento e
meu coração; forças poderosas me sustentam, avivam em mim a existência. Por
toda a parte onde minha vista se estende, por toda a parte onde minha inteligência
alcança, vejo, distingo, contemplo a grande harmonia que rege os seres e, através
de caminhos diversos, guia-os para um objetivo único e sublime. Por toda a parte,
vejo irradiar a Bondade, o Amor, a Justiça!”
“Ó meu Deus! Ó meu Pai! fonte de toda a sabedoria e de todo o amor, espírito
supremo cujo nome é Luz, ofereço-te minhas louvações e minhas aspirações!...”
Léon Denis
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Conclusões
“Vemos em Deus a essência virtual que sustenta o mundo em cada uma de
suas partes microscópicas, daí resultando ser o mundo como que por Ele banhado,
embebido em todas as suas partes, e que Deus está presente na composição
mesma de cada corpo.”
Camille Flammarion
“Natureza — Todos os seres, inorgânicos, orgânicos e espirituais, que
constituem o Universo, mantidos sob o domínio e ordem da força ativa de uma ideia
central, vinda da “Inteligência Suprema e causa primária de todas as coisas —
Deus.”
Palhando Jr., Dicionário de Filosofia Espírita.
“Ser Solidário implica, em primeiro lugar, o respeito à dignidade individual.”
Hammed
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— O Meio Ambiente e Espiritismo —
“Todos os seres estão ligados uns aos outros e se influenciam reciprocamente. O Universo inteiro está submetido à lei de Solidariedade.”
Em prece
“Que tua luz suave e, com ela, os sentimentos de concórdia e de paz se
espalhem sobre todos os seres!”
Léon Denis
Referências Bibliográficas
a
Denis, Léon. O Grande Enigma, Ed. CELD, 1 Edição/2003.
Hammed (Espírito), Neto, F. do E. S. - Estamos Prontos, Ed. Boa Nova, 2012.
a
Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Ed. CELD, 1 Edição/2008.
a
Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Ed. CELD, 1 Edição/2008.
a
Novelino, Corina. Eurípedes — O Homem e a Missão, Ed. IDE, 18 Edição/2007.
a
Palhando, L. Jr. Dicionário de Filosofia Espírita, Ed. CELD, 4 Edição/2011
a
Trigueiro, André. Espiritismo e Ecologia, Ed. FEB, 1 Edição/2009.
a
Vasconcellos, Azuil. História do Espiritismo, Resumidamente. Ed. CELD. 1 Edição/2009.
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=solidariedade
https://i.ytimg.com/vi/T0tcjljYsj8/maxresdefault.jpg
http://4.bp.blogspot.com/VYUryFowzNg/Uf_A4D7kK3I/AAAAAAABZfc/x3VHD2RV_9M/s640/roda.jpg
https://terragaia.files.wordpress.com/2011/01/terra-da-biodiversidade.jpg
http://www.modaeafins.com.br/wp-content/uploads/2014/10/Photo-175.jpeg
http://ajudaroproximo.com.br/wp-content/uploads/2014/11/solidariedade.jpg
http://www1.informativo.com.br/blogs/ambiente/wpcontent/uploads/2012/11/arvores.jpg
http://tvbrasil.ebc.com.br/programaespecial/episodio/a-trajetoria-da-professoradebora-seabra
http://g1.globo.com/sao-paulo/sao-jose-do-rio-pretoaracatuba/noticia/2015/11/pediatra-de-ipigua-viaja-800-km-de-carro-para-ajudarvitimas-em-mariana.html
http://ambientalsustentavel.org/wp-content/uploads/2012/01/Multir%C3%A3o-emCopacabana.jpg
43
CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS
7o Congresso de Estudos Espíritas
Espiritismo e a Tecnologia
Patrono: Cairbar Schutel
TEMA CENTRAL:
Provas da Imortalidade da Alma pela
Experiência
7O CONGRESSO DE ESTUDOS ESPÍRITAS
— Espiritismo e a Tecnologia —
Objetivos Gerais
1) Divulgar e aprofundar o estudo da Doutrina Espírita no seu aspecto
científico, analisando os fundamentos contidos nas obras básicas do Espiritismo à
luz do conhecimento científico e tecnológico atual, adequando a linguagem científica
à forma popular para torná-la acessível a todos os participantes do estudo.
2) Formar grupos de estudo sobre o tema “aspectos científicos e tecnológicos
do Espiritismo” e promover o relacionamento fraternal entre os integrantes dos grupos de estudo.
3) Estudar os artigos e as obras de personalidades notáveis (e obras complementares do Espiritismo) que contribuíram para o desenvolvimento da ciência espírita.
Objetivos Específicos
1) Estudar fatos bíblicos e históricos que sugerem a ação de espíritos comunicantes — provas da imortalidade.
2) Estudar os relatos de experiências realizadas por notáveis cientistas, sob
alto grau de controle, que sugerem a ação de espíritos comunicantes — provas da
imortalidade.
3) Estudar fenômenos mediúnicos, como mesas girantes, escrita direta, transporte e materializações que sugerem a ação direta de espíritos comunicantes —
provas da imortalidade.
4) Estudar a teoria dos incrédulos sobre os fatos, relatos e conclusões acerca
da imortalidade dos espíritos.
5) Estudar as objeções.
Biografia do Patrono
Cairbar de Souza Schutel foi um importante vulto do Espiritismo brasileiro.
Encarnado em 22 de setembro de 1868 na cidade do Rio de Janeiro, filho do
negociante Anthero de Souza Schutel e de Rita Tavares Schutel, e desencarnado
na cidade de Matão, estado de São Paulo, no dia 30 de janeiro de 1938, tornou-se
incansável propagador da Doutrina Espírita, conseguindo realizar uma obra das
mais admiráveis, revelando uma operosidade sem par e uma fé inquebrantável nos
ideais reencarnacionistas.
Órfão de pai e de mãe antes dos 10 anos, Cairbar estudou até o segundo ano.
Não desejando continuar os estudos, abandonou a casa do avô, e se tornou independente, trabalhando como prático de farmácia, de de manhã até tarde da noite.
Aos 17 anos, Cairbar Schutel abandonou o Rio de Janeiro e rumou para o
estado de São Paulo. Localizou-se primeiramente na cidade de Piracicaba, onde
dirigiu a Farmácia Neves, e posteriormente em Araraquara e Matão.
Naquela época a cidade de Matão era um lugarejo de roça, com mataria
grossa a enfeitá-la com algumas poucas casas. Lutando para que a cidade se
emancipasse do município de Araraquara, Cairbar Schutel contribuiu de modo decisivo para que Matão subisse à categoria de município, tendo sido o primeiro presidente de sua Câmara Municipal (1889).
45
7O CONGRESSO DE ESTUDOS ESPÍRITAS
— Espiritismo e a Tecnologia —
Havia em Matão um amigo seu de nome Manuel Pereira do Prado, mais
conhecido por Manuel Calixto, cujo pai era o espírita da localidade. Cairbar fez
questão de assistir a um trabalho mediúnico, no qual Calixto recebeu uma mensagem de elevado cunho espiritual que muito agradou ao futuro missionário.
Tempos depois, surgiram nele diversas mediunidades, sobressaindo a da
psicografia, por meio da qual o pai se manifestou, provando a sua sobrevivência. Foi
então que Cairbar resolveu aprofundar-se no conhecimento doutrinário, estudando
as obras básicas de Allan Kardec e todas as outras publicadas em português.
Convertido ao Espiritismo, Cairbar Schutel fundou, no dia 15 de julho de 1905,
o Centro Espírita Amantes da Pobreza, o primeiro em toda aquela zona paulista.
Não satisfeito com isso, fundou em 15 de agosto de 1905 o jornal O Clarim, e, no
dia 15 de fevereiro de 1925, de colaboração com o grande idealista Luís Carlos de
Oliveira Borges, que lhe franqueou os meios materiais, lançava a Revista Internacional do Espiritismo. Esses órgãos circulam até hoje, representando exemplo vivo
de luta e de persistência.
Sempre feliz no seu receituário, transformou-se em autêntico Médico dos
Pobres e Pai da Pobreza de Matão, pois receitava e dava gratuitamente os remédios. Sua residência tornou-se numa espécie de Casa dos Pobres.
Casou-se, em Itápolis, com D. Maria Elvira da Silva (Mariquinhas). Dessa
união não houve filhos, tendo a consorte precedido o velho Schutel na vida de alémtúmulo.
Cairbar Schutel é conhecido nos meios espíritas como o Apóstolo de Matão, e
o Espiritismo teve nele zeloso e esforçado propagador e um dos mais ardentes
idealistas.
1. Introdução
Essa apostila tem por finalidade a reflexão sobre a terceira parte do livro O
Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne. Seu pensamento e visão de
como provar que a alma sobrevive à morte biológica do corpo físico.
Em todas as partes do globo e por todos os tempos ouvem-se relatos de
fantasmas. Em tempos afastados ou agora, em culturas distintas, afastadas e sem
contato uma com as outras, ou mesmo dentro de um mesmo povo, esses relatos
são muito similares em suas principais características. Será isso uma invenção
coletiva? Mas como provar que os fatos narrados são verdadeiros?
Gabriel Delanne descreve na terceira parte da sua obra1 diversas experiências
realizadas por pesquisadores sérios e eminentes cientistas, sob condições de grande controle — para se evitar fraudes, com testemunhas dos fatos para aumentar a
vigilância, credibilidade e o controle da realização dos experimentos.
Após narrar as experiências com o testemunho dos fatos, Gabriel Delanne
colhe a teoria dos incrédulos, analisa os experimentos e esboça a teoria espírita
sobre os mesmos; além disso, ele registra as objeções dos materialistas ao ponto
de vista espírita. Analisando todas essas considerações — teoria, réplica e tréplica
— é fácil chegar-se à conclusão da imortalidade da alma de forma incontestável,
sob a ótica da razão, mostrando-se que a sobrevivência da alma à morte pode ser
provada empregando-se o método científico.
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7O CONGRESSO DE ESTUDOS ESPÍRITAS
— Espiritismo e a Tecnologia —
2. Provas da Imortalidade da Alma pela Experiência
À pergunta — existe a alma? — a Ciência responde talvez, o Espiritismo diz
certamente. São tantas as evidências que nos deixa até constrangidos em considerar outra alternativa. Agora perguntamos — a alma sobrevive à morte biológica do
corpo físico?
a. Fatos Históricos
A busca de provas relacionadas à imortalidade da alma é um assunto recente
na história humana como pesquisa científica, mas há relatos e diversos registros em
livros religiosos há milhares de anos. Como pesquisa científica, surge com o advento do método científico. Antes disso a proposição "a alma sobrevive à morte" era
alvo da pura crença, objeto de uma aceitação prévia do que deveria ser verdade.
As primeiras tentativas de provar a imortalidade da alma baseavam-se no
argumento seguinte: (1) A alma é imaterial, não pode ser decomposta e é indestrutível; (2) A morte é destruição ou decomposição de uma substância; logo (3) a
alma sobrevive à morte, é imortal.
A busca de experiências que pudessem demonstrar este argumento marca o
início das provas científicas da imortalidade da alma. Principalmente as aparições
de pessoas mortas eram tomadas como provas da imortalidade da alma. A Bíblia e
outros livros sagrados estão repletos de relatos dessas aparições.
b. Experiências do Século 19
O advento do positivismo, o esforço de apresentar provas através de experiências positivas (seguras ou definitivas), fez surgir igualmente a ansiedade de
provas positivas para a imortalidade da alma. No século 19, destacam-se os
trabalhos de Hipollyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec), Gabriel Delanne, William
Crookes, Albert de Rochas, Cesare Lombroso, entre outros nomes famosos de
pesquisadores.
Ocorre que as experiências pretendiam demonstrar, pela qualidade dos fenômenos observados, que o fato das manifestações da alma após a morte era por si
prova da imortalidade, mas o faziam — em sua grande maioria — sem o conjunto
de argumentos que sustentasse as experiências e com metodologias baseadas na
observação pessoal do experimentador. A grande dificuldade da aceitação científica
das provas produzidas é relativa à dificuldade de reproduzir-se, controladamente, as
experiências.
Uma notável exceção neste cenário é o trabalho de Allan Kardec, o qual
desenvolveu um conjunto de elementos teóricos sobre os quais as experiências se
baseavam. Neste sentido, O Livro dos Médiuns continua sendo um guia efetivo de
experimentação dos fenômenos de manifestações da alma após a morte. Kardec
dividiu os fenômenos em duas categorias: (a) efeitos físicos e (b) efeitos inteligentes. E concentrou-se nos últimos por argumentar que as manifestações inteligentes são as melhores evidências da sobrevivência da alma.
c. Experiências do Século 20
O século 20 marcou-se por experimentações em torno das materializações da
alma após a morte, a análise da produção literária dos espíritos após a sua morte —
nos fenômenos de psicografia; os estudos sobre as evidências da reencarnação,
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7O CONGRESSO DE ESTUDOS ESPÍRITAS
— Espiritismo e a Tecnologia —
mostrando que se a reencarnação é um fato, então a imortalidade da alma também
o é. Estudos sobre as experiências de quase morte também foram desenvolvidos
com o propósito de compreender-se o que ocorre com o ser depois da morte.
O interesse da pesquisa sobre a imortalidade da alma ainda mantém o interesse de alguns pesquisadores. As evidências modernas de que a matéria não é
mais um composto de substâncias concretas, mas uma transformação da energia
fez uma profunda mudança no conceito do materialismo. A alma deixa de ser um
efeito mecânico do funcionamento do corpo e isto abriu espaço para novas noções
e novas investigações.
d. Experiências nos Tempos Atuais
O advento da neurociência, de equipamentos sofisticados que permitem a
observação do cérebro vivo em funcionamento abriram novos horizontes para responder à pergunta "O que é a alma?"
Antes que se possa provar a imortalidade da alma é preciso definir o que seja
a alma. E esta é a principal linha de investigação da Ciência no século 21. Cientistas
de 135 instituições — na maioria, europeias — estão participando do Human Brain
Project (Projeto Cérebro Humano, ou HBP). O Objetivo é recriar o cérebro humano
através do uso de tecnologias digitais. A pretensão é explicar todo o funcionamento
do cérebro humano e decifrar o enigma da alma. Até lá, o problema da imortalidade
ficou adiado, ao menos no interesse do movimento científico moderno.
3. As Teorias dos Incrédulos e o Testemunho dos Fatos
Ao testemunharem os fatos decorrentes de fenômenos espíritas, os incrédulos
atribuíram-lhes as mais diversas, confusas, complexas e fantasiosas explicações,
que nos surpreende ter vindo de fontes tão elevadas nos conceitos da Academia.
e. Mesas Girantes e o Movimento de Corpos Pesados com Contato
Das mesas girantes, e do Espiritismo a reboque, os incrédulos teceram as
mais indignas teorias. Entre os mais severos, encontra-se Bersot1, que das mesas
girantes e do Espiritismo disse que se explicam por causas muito naturais: ilusão,
trapaçaria, credulidade. “Como se não fosse bastante a fraqueza da razão, opuseram-lhe o coração humano, e aqui nos dividimos entre a indignação contra os que
zombam desses sagrados sentimentos e a simpatia pelos que assim se deixam
enganar.” Segundo os incrédulos, o fenômeno das mesas girantes pode ser reproduzido facilmente por um mágico habilidoso e se torna tão extraordinário pela credulidade dos observadores com fraqueza de razão.
Outra teoria para o mesmo fenômeno é que os deslocamentos da mesa são
produzidos por movimentos nascentes e inconscientes, isto é, que, involuntariamente, as pessoas reunidas em torno da mesa lhe comunicariam, de maneira automática, certos movimentos.
Esse fenômeno pode representar também os abalos num quarto e no seu
mobiliário até a ascensão de um corpo pesado, quando a mão está em cima.
Nesses casos os incrédulos afirmam que quando se toca um objeto em repouso ou
movimento, é possível puxá-lo, impeli-lo, ou levantá-lo com um toque de mão habilidoso ou utilizando-se de substâncias e ferramentas ocultas.
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7O CONGRESSO DE ESTUDOS ESPÍRITAS
— Espiritismo e a Tecnologia —
f. Fenômenos de Percussão e outros Sons
O nome popular de pancadas dá uma ideia muito falsa desse gênero de
fenômenos. Por diferentes vezes, o que se ouve são sons delicados como o toque
numa folha ou intensos como os de uma máquina de indução. Entre os incrédulos
que expuseram suas teorias acha-se Thury, professor da Academia de Genebra, e
Gasparin, que publicaram obras cheias de observações curiosas. Segundo eles, os
fatos e ruídos verificados são devidos à influência de uma força que ele chama
ectênica ou psíquica (telecinésia), exercida a distância, e que pode produzir, sob a
influência da vontade, ruídos e deslocamentos de objetos, e, por consequência,
manifestar inteligência. Podem dizer que, quando se deseja vivamente alguma coisa, projeta-se uma espécie de descarga nervosa que produz os ruídos desejados.
Seria como um pequeno papel atraído por uma barra com eletricidade estática.
Além disso, qualquer outra explicação violaria todas as leis naturais conhecidas.
A força psíquica aumenta quando mais de uma pessoa pensa a mesma coisa
com vontade. O pensamento de um operador do fenômeno pode se propagar aos
demais por telepatia e isso faria todos pensarem a mesma coisa, ter o mesmo
objetivo, e essa união de pensamentos proporcionaria mais força e pujança ao fenômeno.
g. Escrita Direta
A primeira teoria sobre o fenômeno é que se constitui numa fraude grosseira,
pois as sessões são realizadas com pouca iluminação e as mensagens recebidas
por esse processo são, na maior parte, insípidas. Além disso, o papel onde tais
escritas aparecem pode ter sido substituído por outro em que a escrita foi posta de
forma fraudulenta e escondido de forma a escamotear o fato.
Fenômenos como a psicografia são então embuste maior ainda, onde uma
pessoa dita médium escreve num papel mensagens de caráter geral e afirma ser a
de um morto. Nada pode provar realmente que o são, pois pode ser a lembrança
consciente ou inconsciente de fatos que o médium teve conhecimento pela observação direta ou lhe disseram (ou lhe foi informado por via telepática pelos presentes).
4. As Objeções
Ao tomar conhecimento das explicações exaradas pela Doutrina Espírita aos
fenômenos que eram tidos por muitos como sobrenaturais, os incrédulos trataram
de objetar essas explicações com argumentos extraordinários; não concebiam a
boa-fé nos seus adversários e declaravam que os fenômenos espiritistas são todos
devidos à mistificação ou à prestidigitação.
“Se o Espiritismo é uma falsidade, ele cairá por si mesmo; se, porém, é uma
verdade, não há diatribe que possa fazer dele uma mentira.”3
h. Mesas Girantes ou Corpos Pesados com Contato
As mesas girantes ou inteligentes foi um dos primeiros fenômenos espíritas
observados, desde os primórdios do Espiritismo em Hydesville — Estados Unidos.
Os espíritos se valiam das mesas para se comunicarem e responder perguntas
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7O CONGRESSO DE ESTUDOS ESPÍRITAS
— Espiritismo e a Tecnologia —
através de pancadas no móvel ou levantando um de seus pés, quando se pronuncia
a letra que o espírito quer designar.
A existência do espírito comunicante é negada pelos céticos e a objeção é a
da fraude, mesmo sem se provar como essa fraude ocorre. Ou seja, para os
incrédulos somos um rebanho de iludidos conduzidos por falsários e ilusionistas. Os
objetores consideram-se os únicos capazes de perceber esse embuste, sendo
assim detentores do bom senso e perspicácia da qual os espíritas não seriam
dotados. Para eles se trata de um truque de mágica de salão, e de fato algumas
técnicas de prestidigitação eram capazes naquele tempo de reproduzir esses fenômenos.
i. Transporte de Objetos sem Contato
Os espíritos sempre exerceram influência no mundo visível, por manifestações
físicas e inspirações dadas aos homens.2 Os pensamentos soprados no cérebro do
encarnado não deixam traços, mas, se os invisíveis querem mostrar sua presença
de maneira ostensiva, servem-se de um médium, que lhes empresta o fluido necessário, e põem em movimento o primeiro objeto que se lhes depara, mesa ou cadeira, de maneira a assinalar sua presença, sem qualquer tipo de contato por parte das
pessoas presentes ao fato, com o objeto movimentado.
Para os objetores isso não é possível, porque contraria as leis físicas conhecidas e os espíritos não respondem sempre quando os interrogam.
j. Fenômenos de Percussão e outros Sons
A produção de som também é uma das formas utilizadas pelos espíritos para
se comunicarem em um ambiente. As pancadas podem se dar nas paredes, móveis
ou serem produzidas por fontes não conhecidas, variar também em tipo e intensidade.
Para contestar essas explicações a Academia de Ciências admitiu, como
explicação desses fenômenos espíritas, os movimentos do longo peroneal. Parece
que esse músculo, vizinho ao tornozelo, tem a propriedade de estalar, o que fez
com que Schiff pedisse a Jobert de Lamballe que comunicasse à Academia esse
luminoso descobrimento. Os Drs. Velpeau e Cloquel aplaudiram imediatamente e
confirmaram o fato. Ficou demonstrado pela ciência oficial que, quando as pancadas respondem a uma pergunta mental, não são os Espíritos que produzem esses
ruídos, mas o longo peroneal que faz das suas.
k. Escrita Direta
O mais extraordinário entre os fenômenos espíritas é, indubitavelmente, o da
escrita direta. Segundo Crookes,1 “a escrita direta é a expressão empregada para
designar a escrita que não é produzida por nenhuma das pessoas presentes”.
Obteve-se, muitas vezes, palavras e mensagens escritas em papéis marcados com
brazões particulares e sob a mais rigorosa fiscalização. É verdade, a maioria das
seções com esse tipo de fenômeno se realiza com pouca luz, mas o resultado não é
menos satisfatório. Ora, para surgir a escrita, é necessário que alguém escreva, e
como nenhum dos presentes o pode fazer, segue-se que são aqueles a quem se
chama espíritos que o fazem.
Com esse fenômeno extraordinário, os objetores pintaram os adeptos do Espiritismo com tão absurdas cores, que muitas pessoas supõem tratar-se de doentes
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7O CONGRESSO DE ESTUDOS ESPÍRITAS
— Espiritismo e a Tecnologia —
ou alucinados. Um amigo incrédulo de Crookes escreve que não são razoáveis as
explicações dadas à escrita direta porque para a Academia eram necessárias
muitas provas, que o fato se repita tantas vezes, que a impressão pareça tornar-se
um hábito do espírito, um velho conhecimento, uma coisa conhecida há tanto
tempo, que dele não se possa mais duvidar.
O problema é que os incrédulos não admitem ou desconhecem que o espírito
comunicante é dotado de vontade própria e que nem sempre querem ou é possível
a sua comunicação.
l. Psicografia
Segundo o capítulo XV, de O Livro dos Médiuns,4 a psicografia é a escrita
manual dos espíritos pela mão do médium, é a mais simples, a mais cômoda, e
sobretudo a mais completa. Na maioria das vezes o médium está consciente e escreve segundo a comunicação mental entre o espírito e ele.
A objeção dos incrédulos é que a informação escrita pelo médium vem do seu
inconsciente ou subconsciente, ou seja, é uma informação que ele possui, mesmo
que não saiba disso. Outra hipótese bastante aventada é a da telepatia. Nela
afirma-se que os médiuns captam, de maneira inconsciente, informações dos
assistentes de uma reunião, de maneira que o que parece ser uma comunicação
mediúnica seria na verdade uma transmissão entre a mente do médium e a dos
participantes. Não devemos deixar de ressaltar que telepatia entre encarnados e
alucinações existem e puderam ser confirmadas em várias situações.
m. Materialização e Vidência
A vidência é a visualização direta dos espíritos.4 Delanne diz que a vidência é
uma das faculdades medianímicas menos sujeitas a suspeita inegavelmente, pois
quando um médium descrevia fisicamente e com precisão de detalhes a aparência,
as expressões, a fala e as ideias de um parente desencarnado de um consulente
desconhecido, isso descarta completamente a hipótese de fraude ou de embuste.
Mas a objeção dos incrédulos é que o médium sofre alucinações e por isso
eles apresentam o quadro de devaneios de uma mente febril ou desorientada, com
informações desconexas e sem nenhum sentido real. Entre os opositores, encontram-se também jornalistas sempre negando os fenômenos sem oferecer provas e
explicando o desarrazoamento dos pesquisadores espíritas por sua avançada idade. O estado de senectude desses pesquisadores espíritas favorece o crédito que
atribuem a essas alucinações.
5. Conclusão
Se os espíritas têm sido acusados, algumas vezes, de fantasistas, confessemos que os sábios, em assembleia, são capazes de imaginar gracejos mais chistosos que todos os que pudéssemos inventar. Os observadores sérios, desejosos
de saber o que há de verdade no Espiritismo, submeteram-se a todas as condições
indispensáveis para o bom êxito da experiência. Longe de exigirem, desde a primeira sessão, provas convincentes, lenta, metodicamente é que se familiarizaram com
todas as fases do fenômeno. Barkas esteve em expectativa 10 anos. Crookes 6,
Oxon 8. Foi pelo estudo atento dos fatos, quando se habituaram às singularidades
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7O CONGRESSO DE ESTUDOS ESPÍRITAS
— Espiritismo e a Tecnologia —
aparentes das manifestações, que procuraram as causas capazes de produzi-los;
depois de reunirem grande quantidade de observações, em diferentes meios, fizeram-lhes a síntese e concluíram finalmente pela existência e intervenção dos espíritos.
Nos fenômenos das mesas girantes, elas manifestavam sinais de inteligência,
às vezes acima das inteligências dos participantes na experiência, e podia-se estabelecer uma conversa com ela, entretanto ela não era indispensável, qualquer
objeto podia servir a esse gênero de fenômeno. Onde o objeto se move e se eleva
sem nenhum contato físico, quem então provocava os movimentos se não eram os
presentes?
Quando são produzidos ruídos respondendo a perguntas que nenhum dos
presentes conhece a resposta, não pode ser produzida pelos mesmos, e nem pelo
músculo longo peroneal como alguns da academia afirmavam. Se os ruídos respondem a uma pergunta mental, se obtiver como Crookes o nome de uma palavra
oculta pelo dedo, é porque ele não é somente um músculo estalador, senão ainda
dotado de dupla vista!
Nos fenômenos de escrita direta não é possível sustentar a tese da força
ectênica ou psíquica, porque a mão luminosa, que escreve diretamente, não tem
necessidade de nenhum intermediário. Quando o escrito surge embaixo de ardósia,
em caixas, armários ou quartos trancados e sob controle de acesso, em papel
escrupulosamente marcado e colocado em posição especial donde não podia ser
destacado, também fica difícil se alegar fraude, pois nenhum dos presentes teve
acesso ao papel ou material escrevente durante a sessão, mesmo que a luz
ambiente esteja fraca.
Nas psicografias, a tese de telepatia ou que a informação escrita é intrínseca
do médium pode ser rebatida com firmeza nos casos constatados em que o assunto
escrito está acima do conhecimento do médium e dos assistentes, quando vem por
exemplo descrever assuntos técnicos, específicos, alheios a todos e sobre os quais
não haveria nenhuma possibilidade de previamente conhecê-los. Não somente isso,
quando traz no bojo da mensagem uma caligrafia alheia ao médium, que por vezes
reproduz com exatidão a caligrafia e assinatura do ente desencarnado. Se por um
lado pode-se conhecer e reconhecer a caligrafia de um desencarnado, não é o
mesmo que ter a capacidade de reproduzi-la com exatidão e ainda menos de transmitir essa capacidade ao médium. Problema maior pode-se encarar quando se tenta
explicar com os argumentos dos incrédulos a psicografia especular ou numa língua
desconhecida pelo médium.
Por fim, o caso da vidência tido pelos objetores incrédulos como alucinação. A
alucinação é um fato anormal, que se produz, quase sempre, em consequência de
acidentes patológicos, ou nos momentos que precedem o sono ou a morte, enquanto que nos médiuns videntes, a vista dos espíritos é permanente. Neste caso,
não há dúvidas, porque se o médium descreve a figura, as vestes, os gestos habituais de um ser que nunca viu, se reconhece que essa descrição é precisamente a
da pessoa morta, em quem ninguém pensava, é preciso admitir que a visão é real, e
ainda, que a personalidade descrita existe, de maneira positiva, diante dos olhos do
médium.
Gabriel Delanne reuniu documentos notáveis, que provam que o homem é
duplo e que, em certas circunstâncias (como a morte do corpo biológico), se pode
produzir uma separação entre os dois princípios que o compõem. Um desses
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7O CONGRESSO DE ESTUDOS ESPÍRITAS
— Espiritismo e a Tecnologia —
princípios, a alma, é imortal e não de sobrevivência temporária como alguns sustentam, e para refutar isso, basta dizer que juntou milhares de comunicações que nos
afirmam o contrário, mas não se limita a expor sua maneira de ver, sem dar-se ao
incômodo de fornecer provas. Todo esse material reunido prova o progresso em
relação ao materialismo puro.
O Espiritismo ensina, em primeiro lugar, a existência de Deus, motor inicial e
único do Universo e em segundo lugar a existência da alma, isto é, do eu
consciente, imortal e criado por Deus. Concebe-se que nossas ideias e o valor das
nossas crenças nos coloquem muito acima dessas críticas indigentes, mas é
preciso que o sol da justiça se erga sobre nós e permita aos pensadores
apreciarem, em toda sua grandeza, esta nobre Doutrina.
Que nova luz traz o Espiritismo!
“Os incrédulos sistemáticos, os zombadores obstinados, os adversários
interessados não devem ser o foco principal dos espíritas, procurem, primeiramente,
fazer prosélitos entre os de boa vontade, entre os que desejam luz, nos quais um
gérmen fecundo se encontra e cujo número é grande, sem perderem tempo com os
que não querem ver, nem ouvir e tanto mais resistem, por orgulho, quanto maior for
a importância que se pareça ligar à sua conversão. Mais vale abrir os olhos a cem
cegos que desejam ver claro, do que a um só que se compraza na treva, porque,
assim procedendo, em maior proporção se aumentará o número dos sustentadores
da causa. Deixar tranquilos os outros não é dar mostra de indiferença, mas de boa
política. Chegar-lhes-á a vez, quando estiverem dominados pela opinião geral e
ouvirem a mesma coisa incessantemente repetida ao seu derredor. Aí, julgarão que
aceitam voluntariamente, por impulso próprio, a ideia, e não por pressão de outrem.
Depois, há ideias que são como as sementes: não podem germinar fora da
estação apropriada, nem em terreno que não tenha sido de antemão preparado, e
melhor é se espere o tempo propício e se cultivem primeiro as que germinem, para
não acontecer que abortem as outras, em virtude de um cultivo demasiado intenso.”5 – Não vades ter com os gentios.
6. Referências
1
O Espiritismo Perante a Ciência, de Gabriel Delanne, Paris, E. Dentu, 1885.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, Paris 1857.
3
O que é o Espiritismo, de Allan Kardec, Paris 1859.
4
O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, Paris 1861.
5
O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, Paris 1864.
2
53
CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS
7o Congresso de Estudos Espíritas
Patrono do Grupo de Espiritismo e Psicologia
Dr. Henrique Roxo de Brito Belford, nasceu na Capital Federal, em 4 de julho de
1877 e desencarnou no dia 16 de fevereiro de 1969.
Formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 4 de janeiro de 1901, e
tendo se especializado em Psiquiatria e Diretor da Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro.
A terapêutica das doenças mentais, um terreno ainda pouco explorado na época, foi
o grande interesse do Dr. Henrique Roxo, tendo ele investigado, com os poucos
recursos disponíveis nesse período, os princípios ativos das plantas brasileiras.
Coordenação do Encontro: Margarida Nunes Monteiro, Ana Cristina Araújo, Carla
S. O. Martins
Organização de Conteúdo: Todos os participantes do Grupo de Estudo EEEP.
Capa: Fonte desconhecida
Diagramação e Finalização: Setor Editorial CELD
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Psicologia —
COMO O PERISPÍRITO PÔDE ADQUIRIR
PROPRIEDADES FUNCIONAIS
“Cada plano do Universo, cada círculo da vida, corresponde a um número de
vibrações, que se acentuam e tornam mais rápidas, mais sutis, à medida que
se aproximam da vida perfeita.”
Léon Denis
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Psicologia —
OBJETIVO GERAL:
• Compreender o perispírito como um dos instrumentos de evolução do espírito.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
• Compreender a necessidade da existência do perispírito.
• Entender a função do perispírito como instrumento de progresso do espírito.
• Identificar as consequências das nossas ações sobre o corpo perispiritual.
• Refletir sobre a necessidade do esforço individual, promovendo o progresso da
humanidade.
Introdução
Caros irmãos,
Sejamos todos bem-vindos a mais um momento de reflexões sobre a Doutrina
Espírita em nossa Casa. A temática do Grupo para esse ano nos revela a
possibilidade de desdobrar o estudo do perispírito e suas reverberações no
progresso do Espírito imortal. Como nos anos anteriores nos baseamos na obra
Evolução Anímica de Gabriel Delanne, notadamente no capítulo três que se refere
ao perispírito. Primeiramente o estudo será dirigido à compreensão do perispírito,
sua importância, suas estruturas e funções. Na sequência o assunto se refere ao
perispírito como um instrumento de soerguimento e alicerce ao desenvolvimento
humano. Identificar que essa natureza irá de alguma forma indicar a importância do
entendimento das consequências de nossas ações sobre o corpo perispiritual. Sim,
nossas ações interferem no nosso corpo espiritual mais do que imaginamos. Daí a
importância de pensar sobre como somos capazes de, através do esforço individual,
fomentar o nosso progresso, contribuindo também com o progresso de toda a
humanidade.
Assim queridos amigos, vamos rumo ao estudo e que essas ideias, sejam
novas ou renovadas, possam nos auxiliar nas estratégias e escolhas no cotidiano de
nossa existência.
Grupo de Psicologia e Espiritismo
56
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Psicologia —
Antes de adentrarmos sobre a importância do perispírito no processo de
evolução do espírito, façamos primeiramente esse questionamento.
O que vem a ser o perispírito?
É o elo que une Espírito à matéria do corpo;
ele é haurido do meio ambiente, do fluido universal;
participa, ao mesmo tempo, da eletricidade, do
fluido magnético e, até certo ponto, da matéria
inerte. (O Livro dos Espíritos, pergunta 257.)
Tema 1 - Compreender a necessidade da existência do perispírito
A indestrutibilidade e a estabilidade constitucional do perispírito fazem dele
conservador das formas orgânicas. Graças à sua mediação, compreendemos que os
tecidos possam renovar-se, e que moléculas novas ocupam o lugar das antigas,
conservando-se assim a forma física, tanto interna como externa, percebemos também,
claramente, que uma modificação interna, como a que resulta, para células nervosas da
comoção produzida pelas sensações, possa ser conservada e reproduzida, posto que
a nova célula se modelará, baseando-se na modificação registrada pelo invólucro
fluídico. O princípio vital, consumindo suas energias latentes é o motor do perispírito, e é
ele que, durante a vida lhe proporciona a atividade. Admitindo-se este princípio,
compreende-se a evolução dos seres: nascimento, crescimento, maturidade,
decrepitude e morte.” (DELANNE, Gabriel, Evolução Anímica.)
O perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa.
Pela sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia para o exterior e forma, em torno
do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamento e a força de vontade podem
dilatar mais ou menos. (KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Primeira parte: Manifestações dos Espíritos, item 11.)
57
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Psicologia —
“(...) É o princípio da vida orgânica, mas não o da vida intelectual: a vida
intelectual está no Espírito...” (Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 257.)
Qual a função do perispírito?
O perispírito é o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe, e
pelo qual ele transmite sua vontade ao exterior e age sobre os órgãos. Para servirnos de uma comparação material, é o fio elétrico condutor que serve para a
recepção e para a transmissão do pensamento. (Obra citada, item 54. O Consolador.)
Tema 2 – Entender a função do perispírito como instrumento de
progresso do espírito
“No momento de encarnar, o perispírito unese, molécula a molécula, à matéria do gérmen.
Possui este uma força vital, cuja energia mais ou
menos vigorosa, transformando-se em energia atual
durante a existência, determina a longevidade do
indivíduo (...). Esse gérmen está sujeito às leis da
genética, isto é, a força vital sofre as ações
modificadoras da herança dos pais, que lhe transmitem suas disposições orgânicas.
O gérmen recapitula, de modo rápido, no seu desenvolvimento, as várias
fases da evolução pelas quais a raça passou. Da mesma forma que o psicossoma1
traz o registro de todos os estados do Espírito desde sua origem, assim também o
gérmen material encerra as impressões de todas as etapas percorridas pelo
psicossoma¹. “(...)
O perispírito retém todos os estados de
consciência, de sensibilidade e de vontade; guarda
todos os conhecimentos adquiridos pelo ser. É a
sede da memória. “(...) É ele que armazena,
registra, conserva todas as percepções, todas as
volições e ideias da alma. E não somente incrusta
na substância todos os estados anímicos determinados pelo mundo exterior, como se constitui a
testemunha imutável, o detentor indefectível dos
mais fugidios pensamentos, dos sonhos apenas
1
psicossoma = perispírito.
58
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Psicologia —
entrevistos e formulados. (...) Todo o nosso passado nele fica armazenado. As várias
etapas de nosso desenvolvimento estão aí registradas.
É o conservador de nossa personalidade, dos elementos de nossa
identificação. Ao longo de sua imensa trajetória, desde quando a alma iniciou suas
peregrinações terrestres, sob as formas mais inferiores, vem o perispírito
registrando todas as experiências vividas pelo ser inteligente, incorporando uma
bagagem crescente.” (Evolução em Dois Mundos, André Luiz.)
Todas as nossas ações marcam o nosso perispírito?
Todas as ações que transgridem as Leis de Deus. Sendo que, o resgate no
corpo físico acontecerá quando o espírito estiver consciente do seu ato transgressor, onde lhe será dada uma nova oportunidade de reencarnar e se quitar com
a Lei, através das expiações e provas necessárias ao seu aprimoramento.
Tema 3 – Identificar as consequências das nossas ações sobre o corpo
perispiritual
Lembremos o que o autor espiritual
André Luiz relata no livro Nosso Lar, quando
é acusado de ter sido suicida por ter
provocado em seu organismo desequilíbrios
que culminaram com seu desencarne.
Sabemos que todo desequilíbrio provocado em nosso corpo devido à nossa conduta
inadequada, seja ela mental (irritabilidade,
cólera, tristeza) seja os maus hábitos (gula,
drogas, cigarro, alcoolismo, etc.) provocará
desarmonia em nosso perispírito, pois este
funciona como uma espécie de esponja,
absorvendo a lesão orgânica.
Portanto, as enfermidades provocadas ou agravadas pelo vício, permanecerão
em nosso corpo espiritual, por longos períodos após a morte, requerendo tratamento
no plano espiritual e muitas vezes só serão sanadas em outra encarnação, por um
processo inverso, onde o perispírito lesado plasmará no novo corpo uma falha, uma
fragilidade, vez que o perispírito é o molde do corpo físico.
A pessoa poderá apresentar no órgão correspondente uma enfermidade ou
uma pré-disposição mórbida resultado de sua própria conduta passada.
59
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Psicologia —
“Quando encarnado, há uma ligação estreita do Espírito ao corpo físico,
através do perispírito, razão por que, qualquer modificação doentia, nas células
nervosas do cérebro, importa uma alteração das faculdades espirituais. Em
condições normais, as sensações modificam a natureza das vibrações da força
psíquica. Se essas modificações forem, pela sua intensidade e duração, de molde a
ultrapassar um limite mínimo, as sensações serão registradas no perispírito de
maneira consciente, isto é, haverá percepção, o Espírito toma conhecimento do que
está ocorrendo. É a memória de fixação. Se esse limite mínimo não for atingido,
haverá registro da sensação, mas no inconsciente. Nem todas as sensações e
recordações podem existir simultaneamente; há um enfraquecimento de seu ritmo
que as leva a descer, gradativamente, abaixo do limite mínimo de percepção, pelo
que entram na faixa do subconsciente.
Todos os atos da vida vegetativa e orgânica hão sido conservados no
perispírito, por essa maneira, estão presentes em cada reencarnação da alma em
sua trajetória evolutiva. A repetição continuada de certos atos cria hábitos. No início,
esses atos eram conscientes, mas com a repetição constante, exigindo menos
tempo e esforço, foram-se tornando mecânicos até se fazerem automáticos e
inconscientes. A memória evocativa permite-nos lembrar dos conhecimentos,
através de pontos de referência, de localização no passado bem conhecido por nós.
Por associação de ideias, esses pontos de referência nos ligam aos acontecimentos
que se agrupam em seu redor, transportando-nos à época das ocorrências. Para
essa rememoração há que haver uma associação da vontade à atenção, donde
resulta trazerem-se à consciência as imagens recolhidas no arquivo perispiritual.”
(Evolução em Dois Mundos – “Corpo Espiritual”.)
Afinal, quem é o gerador dos pensamentos?
O Espírito.
Tema 4 – Refletir sobre a necessidade do esforço individual, promovendo o progresso da humanidade
“O grau de pureza de sua forma fluídica atesta a riqueza ou a indigência da
alma. Etérea, radiosa (...) O nosso estado psíquico é obra nossa.” Léon Denis –
a
No invisível, (Cap. III, 1 Parte).
60
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Psicologia —
Como podemos auxiliar no Progresso da humanidade?
Através do autoconhecimento e da prática das Leis de Deus.
De que forma isso é possível?
“Quando estiverdes indeciso sobre o valor de uma de vossas ações, perguntai
a vós, pois Deus não tem duas medidas de justiça. Procurai também saber o que
dela pensam os outros e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, pois estes
nenhum interesse têm em mascarar a verdade, e Deus frequentemente os coloca
ao vosso lado, como um espelho, para vos advertir, com mais franqueza, do que, o
faria um amigo.
Que aquele que tem vontade séria de melhorar-se, explore, portanto, a sua
consciência, a fim de arrancar dela os maus pendores, como arranca as ervas
daninhas do seu jardim; que faça o balanço do seu dia moral, como o comerciante
faz o de suas perdas e de seus lucros, e vos asseguro que um lhe renderá mais do
que o outro. Se puder dizer que o seu dia foi bom, poderá dormir em paz e aguardar
sem receio o despertar de uma outra vida.”
Através de que sinais, pode-se reconhecer, no homem, o progresso real que
deve elevar seu Espírito, na hierarquia espírita? (O Livro dos Espíritos, Perfeição
Moral, pergunta 918.)
“O Espírito prova sua elevação, quando todos os atos de sua vida corporal
representam a prática da Lei de Deus e quando compreende, antecipadamente, a
vida espiritual.”
Gabriel Delanne nos elucida
através de suas reflexões que “a
luta pela vida, necessária à eclosão do princípio espiritual, tinha a
sua razão de ser num mundo
brutal e instintivo...
Hoje, que a alma se manifesta sob as mais altas modalidades de sua natureza, essa luta
deve atenuar-se e desaparecer.
Assiste-nos o dever de reclamar uma distribuição mais equitativa dos encargos e benefícios da
comunidade. Importa nos sobreponhamos aos funestos ditames da ambição, que impelem povos contra povos. Que
reivindiquemos, finalmente, os imprescritíveis direitos da solidariedade e do amor.
61
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Psicologia —
Nossa Doutrina, evidenciando a igualdade perfeita, absoluta, do ponto de
partida de todos os homens, extingue as separações artificiais, alimentadas pelo
orgulho e pela ignorância.
Ela prova, à sociedade, que ninguém tem o direito de exigir o respeito alheio,
a não ser pela nobreza de sua própria conduta, e que nascimento e posição social
não passam de meros acidentes temporários, dos quais ninguém se pode
prevalecer, visto que todos podem auferi-los em dado momento de sua evolução(...)
só o esforço individual pode conduzir ao progresso geral, e a mesma potência que
nos trouxe ao estado animal abrir-nos-á as infinitas perspectivas da vida espiritual, a
desdobrar-se na ilimitada extensão do Cosmo.” (DELANNE, Gabriel – Evolução
Anímica – Resumo, cap. III.)
Mensagem Final:
Transição Planetária
“Meus filhos:
Que Jesus nos abençoe
A sociedade terrena vive, na atualidade, um grave momento mediúnico no
qual, de forma inconsciente, dá-se o intercâmbio entre as duas esferas da vida.
Entidades assinaladas pelo ódio, pelo ressentimento, e tomadas de amargura
cobram daqueles algozes de ontem o pesado ônus da aflição que lhes tenham
proporcionado. Espíritos nobres, voltados ao ideal de elevação humana sincronizam
com as potências espirituais na edificação de um mundo melhor. As obsessões
campeiam de forma pandêmica, confundindo-se com os transtornos psicopatológicos que trazem os processos afligentes e degenerativos.
Sucede que a Terra vivencia, neste período, a grande transição de mundo de
provas e expiações para mundo de regeneração.
Nunca houve tanta conquista da Ciência e da tecnologia, e tanta hediondez do
sentimento e das emoções. As glórias das conquistas do intelecto esmaecem diante
do abismo da crueldade, da dissolução dos costumes, da perda da ética, e da
decadência das conquistas da civilização e da cultura...
62
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Psicologia —
Não seja, pois, de estranhar que a dor, sob vários aspectos, espraia-se no
planeta terrestre não apenas como látego, mas, sobretudo, como convite à reflexão,
como análise à transitoriedade do corpo, como propósito de convocar as mentes e
os corações para o ser espiritual que todos somos.
Fala-se sobre a tragédia do cotidiano com razão.
As ameaças de natureza sísmica, a cada momento tornam-se realidade tanto
de um lado como de outro do planeta. O crime campeia à solta e a floração da
juventude entrega-se, com exceções compreensíveis, ao abastecimento do caráter,
às licenças morais e à agressividade.
Sucede meus filhos, que as regiões de sofrimento profundo estão liberando
que hóspedes que ali ficaram, em cárcere privado, por muitos séculos e agora, na
grande transição, recebem a oportunidade de voltarem-se para o bem ou de adaptar
pela loucura a que se têm entregado. E esses, que, teimosamente, permanecem no
mal, em benefício próprio e do planeta, irão ao exílio em orbes inferiores onde
lapidarão a alma auxiliando os seus irmãos de natureza primitiva, como nos
aconteceu no passado.
Por outro lado, os nobres promotores do progresso de todos os tempos
passados também se reencarnam nesta hora para acelerar conquistas, não só da
inteligência e da tecnologia de ponta, mas também dos valores morais e espirituais.
Ao lado deles, benfeitores de outra dimensão emboscam-se na matéria para
se tornarem os grandes líderes e sensibilizarem esses verdugos da sociedade.
Aos médiuns cabe a grande tarefa de ser ponte entre as dores e as
consolações.
Aos dialogadores cabe a honrosa tarefa de ser, cada um deles, psicoterapeutas de desencarnados, contribuindo para a saúde geral. Enquanto os médiuns se
entregam ao benefício caridoso com os irmãos em agonia, também têm as suas
dores diminuídas, o seu fardo de provas amenizado, as suas aflições contornadas,
porque o amor é o grande mensageiro da misericórdia que dilui todos os impedimentos ao progresso – é o sol da vida, meus filhos, que dissolve a névoa da
ignorância e que apaga a noite da impiedade.
Reencarnastes para contribuir em favor da Nova Era.
As vossas existências não aconteceram ao acaso, foram programadas.
Antes de mergulhardes na neblina carnal, lestes o programa que vos dizia
respeito e o firmastes, dando o assentimento para as provas e as glórias estelares.
O Espiritismo é Jesus que volta de braços abertos, descrucificado, ressurreto
e vivo, cantando a sinfonia gloriosa da solidariedade.
Dai-vos as mãos!
Que as diferenças opinativas e os ideais de concordância sejam praticados.
Que, quaisquer pontos de objeção tornem-se secundários diante das metas a
alcançar.
Sabemos das vossas dores, porque também passamos pela Terra e
compreendemos que a névoa da matéria empana o discernimento e, muitas vezes,
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Psicologia —
dificulta a lógica necessária para a ação correta. Mas ficais atentos: tendes
compromissos com Jesus...
Não é a primeira vez que vos comprometestes enganando, enganando-vos.
Mas esta é a oportunidade final, optativa para a glória da imortalidade ou para a
anestesia da ilusão.
Ser espírita é encontrar o tesouro da sabedoria.
Reconheceremos que na luta cotidiana, na disputa social, econômica,
financeira e humana do ganha-pão, esvai-se o entusiasmo, diminui a alegria do
serviço, mas se permanecerdes fiéis, orando com as antenas direcionadas ao Pai
Todo-Amor, não vos faltarão à inspiração, o apoio, as forças morais para vos
defenderdes das agressões do mal que muitas vezes vos alcança.
Tende coragem, meus filhos, unidos, porque somos os trabalhadores da
última hora, e o nosso será o salário igual ao do jornaleiro do primeiro momento.
Cantemos a alegria de servir e, ao sairmos daqui, levemos impresso no
relicário da alma tudo aquilo que ocorreu em nossa reunião de santas intenções: as
dores mais variadas, os rebeldes, os ignorantes, os aflitos, os infelizes, e também a
palavra gentil dos amigos que velam por todos nós.
Confiando em nosso Senhor Jesus Cristo, que nos delegou a honra de falar
em Seu nome, e em Seu nome ensinar, curar, levantar o ânimo e construir um
mundo novo, rogamos a Ele, nosso divino Benfeitor, que a todos nos abençoe e nos
dê a Sua paz.
São os votos do servidor e paternal de sempre, Bezerra”.
Mensagem psicofônica de Bezerra de Menezes (Espírito), transmitida por Divaldo Franco em
13/11/2010 – Los Angeles.
Glossário:
Fluido Cósmico Universal – Matéria, em seu estado mais puro, mais sutil. a) Este
fluido seria aquele que designamos sob o nome de eletricidade?
“Dissemos que ele é suscetível de inumeráveis combinações; o que chamais fluido
elétrico, fluido magnético são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão uma matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode
considerar como independente.”(O Livro dos Espíritos.)
Princípio Vital – O princípio geral da vida material comum a todos os seres
orgânicos; homens, animais e plantas; a alma vital, o princípio vital individualizado
num ser qualquer. É a causa da animalização da matéria. (Dicionário de Filosofia
Espírita.)
Princípio Inteligente – Gérmen do Espírito, individualiza-se a partir do elemento
espiritual do Universo, como os corpos são individualizações do elemento material.
Evolui sempre por ordem da lei do Progresso, sempre ligado à matéria,
complexando-a à medida que incorpora as aquisições de cada experiência.
(Dicionário de Filosofia Espírita.)
64
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Espiritismo e Psicologia —
“Conhecereis meus discípulos por muito se amarem uns aos
outros.” Jesus
Referências Bibliográficas
a
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Ed. CELD, 1 Edição / 2007.
a
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Ed. CELD, 2 Edição / 2004.
a
KARDEC, Allan. A Gênese, Ed. CELD, 2 Edição / 2008.
a
DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Ed. FEB, 1 Edição / 2007.
a
DENIS, Léon. Depois da Morte, Ed. CELD, 2 Edição / 2004.
Denis, Léon. No Invisível. Ed. CELD.
a
DELANNE, Gabriel. Evolução Anímica, Ed. FEB, 1 Edição / 2008.
a
XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Evolução em Dois Mundos, Ed. FEB, 5
Edição.
a
XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. No Mundo Maior, Ed. FEB, 9 Edição.
XAVIER, Francisco Cândido, Espírito Emmanuel. O Consolador. Ed. FEB.
a
PALHANO, Jr. L. Dicionário de Filosofia Espírita. Ed. CELD. 1 Edição.
65
7o Congresso de Estudos Espírita
Espíritas
— Valorização de Vida —
Centro Espírita Léon Denis
7º Congresso de Estudos Espíritas
“GRUPO
GRUPO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA
VIDA”
Tema Central:
Patronesse: Maria
Dolores
“Cooperação”
Como você COOPERA
com a sua família?
A não COOPERAÇÃO
é o mesmo que COMPETIÇÃO?
Na nossa vida de relação, somos mais inclinados
a COOPERAR ou a COMPETIR?
Em que situações você se sente mais COMPETITIVO
e mais COOPERATIVO
COOPERATIVO?
“COOPERAÇÃO
“COOPERAÇÃO”
(PENSAMENTO E VIDA – Capítulo 3 – Emmanuel/Francisco C. Xavier.)
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Valorização de Vida —
OBJETIVO GERAL
Valorizar a importância de sermos cooperativos em sociedade, educando o
espírito imortal, despertando-o para o auxílio mútuo, formando uma sociedade
fraterna.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Compreender a importância da cooperação no convívio familiar, aprendendo
que auxiliamos ao mesmo tempo em que somos auxiliados, visando uma melhor
integração individual, social e espiritual.
COOPERAÇÃO
Definição do dicionário: Ação conjunta para uma finalidade ou objetivo em
comum, uma relação baseada entre indivíduos ou organizações, utilizando métodos
mais ou menos consensuais.– www.wikpedia.org
De acordo com Emmanuel, no livro PENSAMENTO E VIDA, o sentido de
cooperação se amplia: “A cooperação espontânea é o supremo ingrediente da
ordem. Da Glória Divina às balizas subatômicas, o Universo pode ser definido como
sendo uma cadeia de vidas que se entrosam na Grande Vida.”
COOPERAÇÃO E O OBJETIVO DA REENCARNAÇÃO
Questão 132 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?
“(...) Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições
de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em
cada mundo, toma o Espírito um instrumento de harmonia com a matéria essencial
desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. (...)”
PARA
REFLEXÃO
Deus reuniu os espíritos em grupos familiares para que
aprendessem a se amar, e amar é dar educação; não só a
educação intelectual, mas a educação moral, religiosa e social.
Dentro dessa educação, encontram-se o dever e o amor ao próximo. O dever e o amor ao próximo são cooperação Divina.
67
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Valorização de Vida —
INTRODUÇÃO
EMMANUEL ERA IMPLACÁVEL
Certa noite, ou melhor, já era uma hora da manhã, Chico voltava exausto de
mais uma sessão no Centro Luiz Gonzaga quando abriu a porta de casa e deu de
cara com uma cena nada agradável. Os dois gatos tinham sofrido uma indigestão. A
sala parecia um chiqueiro. O mau cheio estava insuportável. Chico sacudiu os
ombros. Pediria a uma das irmãs que fizesse a limpeza na manhã seguinte.
Quando estava a caminho do quarto, escutou a voz do guia:
— Você, que vem de uma reunião espírita, está fugindo da sua obrigação?
Está exigindo que uma pobre menina cansada de trabalhar nas panelas e no tanque
para que não lhe falte comida nem roupa lavada, limpe esta sujeira? Você vai pegar
um pano, vai trazer água, sabão e vamos lavar.
Chico acatou. Só ele lavou. Emmanuel, de braços cruzados, limitou-se a
“passar sabão” no coitado:
— No Espiritismo, a pessoa tem que começar estudando nos grandes livros e
também lavando as privadas, trabalhando, ajudando os que estão com fome,
lavando as feridas de nossos irmãos. Se não tivermos coragem de ajudar na
limpeza de um banheiro, de uma privada, nós estaremos estudando os grandes
livros da nossa doutrina em vão.
Durante toda sua vida, ele conservaria o hábito de varrer seu próprio quarto e
limpar o seu banheiro.
(AS VIDAS DE CHICO XAVIER – Marcel Souto Maior.)
COMO VOCÊ COOPERA COM SUA FAMÍLIA?
“A virtude, no seu mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades
essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caridoso, laborioso, sóbrio,
modesto são qualidades do homem virtuoso. Infelizmente são acompanhadas quase
sempre de pequenas falhas morais que as desmerecem e as enfraquecem. Aquele
que faz alarde de sua virtude não é virtuoso, pois lhe falta a principal qualidade: a
modéstia. E tem o vício mais oposto: o orgulho. A virtude realmente digna desse
nome não gosta de se exibir; ela é sentida, mas se esconde no anonimato e foge da
admiração das multidões. São Vicente de Paulo era virtuoso; o digno Cura de Ars
era virtuoso, e muitos outros não muito conhecidos do mundo, mas conhecidos de
Deus. Todos esses homens de bem ignoravam que eram virtuosos; deixavam-se ir
pela corrente de suas santas inspirações e praticavam o bem com total desinteresse
e completo esquecimento de si mesmos.”
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, cap. XVII, item 8, "A Virtude".)
“Para que alguém dirija com êxito e eficiência uma empresa importante, não
lhe basta a nomeação para o encargo. Exige-se-lhe um conjunto de qualidades
superiores para que a obra se consolide e prospere. Não apenas autoridade, mas
direção com discernimento.
Não só teoria e cultura, mas virtude e juízo claro de proporções.”
(PENSAMENTO E VIDA – Emmanuel/Francisco C. Xavier.)
68
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Valorização de Vida —
O EDUCADOR CONTURBADO
Comentava André, o apóstolo prestativo, as dificuldades para afeiçoar-se às
verdades novas, quando Jesus narrou para a edificação de todos: — Um homem, singularmente forte, que se especializara em variados serviços de reparação e reajustamento, foi convidado por um anjo a consertar um aleijado que aspirava ao ingresso no
paraíso e aceitou a tarefa. Avizinhou-se do enfermo, de martelo em punho, e, não
obstante os gritos e lágrimas que a sua obra arrancava do infeliz, aprimorando-o, dia a
dia, cumpriu o prometido. O mensageiro divino, satisfeito, rogou-lhe a contribuição no
aperfeiçoamento de uma velha coxa que desejava ardentemente a entrada na Corte
Celeste. O trabalhador robusto, indiferente aos gemidos da anciã, impôs-lhe a disciplina
curativa e, gradativamente, colocou-a em condições de subir às Esferas Sublimes. O
ministro do Alto, jubiloso, solicitou-lhe o concurso no refazimento de um homem
chagado e aflito que anelava a beatitude edênica. O consertador não hesitou. Absolutamente inacessível aos petitórios do infortunado, queimou-lhe as úlceras com atenção e
rigor, pondo-o em posição de elevar-se. Terminada a tarefa, o anjo retornou e requisitou-lhe a cooperação em benefício de um jovem perdido em maus costumes. O
restaurador tomou o rapaz à sua conta e deu-lhe trabalho e contenção, com tamanho
tirocínio, que, em tempo breve, a tarefa se fazia completa. E, assim, o emissário de
Cima pediu-lhe colaboração em diversos casos complexos de reestruturação física e
moral, até que, um dia, o emérito educador, entediado da existência imperfeita na Terra,
implorou ao administrador angélico a necessária permissão para seguir em companhia
dele, na direção do Céu. O embaixador sublime revistou-o, minuciosamente, e informou
que também ele devia preparar-se com vistas ao grande cometimento; mostrou-lhe os
pés irregulares, os braços deficientes e os olhos defeituosos e rogou, dessa vez, reajustasse ele a si mesmo, a fim de elevar-se. O disciplinador começou a obra de autoaprimoramento, esperançoso e otimista; entretanto, o seu antigo martelo lhe feria agora tão
rudemente a própria carne que ele, ao invés de consertar os pés, os braços e os olhos,
caiu a contorcer-se no chão, desditoso e revoltado, proferindo blasfêmias e vomitando
injúrias contra Deus e o mundo, quase paralítico e quase cego. Ele mesmo não suportara o regime de salvação que aplicara aos outros e o próprio anjo amigo, ao reencontrá-lo, com extrema dificuldade o identificou, tão diferente se achava. Findo o longo
exame a que submeteu o infortunado, o mensageiro do Eterno não teve outro recurso
senão confiá-lo a outros educadores para que o reajustamento necessário se fizesse,
com o mesmo rigor salutar com que funcionara para os outros, a fim de que o notável
consertador se aperfeiçoasse, convenientemente, para, então, ingressar no Paraíso.
Diante da estranheza que senhoreara o ânimo dos presentes, o Senhor concluiu: —
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7o Congresso de Estudos Espíritas
— Valorização de Vida —
Usemos de paciência e amor em todas as obras de corrigenda e aprendamos a
suportar as medidas com que buscamos melhorar a posição daqueles que nos cercam,
porque para cada espírito chega sempre um momento em que deve ser burilado, com
eficiência e segurança, para a Luz Divina.
(Lição 47 – JESUS NO LAR – pelo Espírito Neio Lúcio/Francisco Cândido Xavier.)
PARA BUSCARMOS O EQUILÍBRIO, LEMBREMOS O QUE FOI DITO NO
ESTUDO DO ANO PASSADO SOBRE A VONTADE.
Conhecimento de si mesmo
Questão 919, de O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar
nesta vida e de resistir à atração do mal?
“Um sábio da antiguidade vô-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.
PARA
REFLEXÃO
Para fazer nossas escolhas podemos ser influenciados,
mas as decisões são sempre particulares. Considerando que
nós recebemos influências boas e más, mas que não há
arrastamento irresistível, nos aproximamos ou nos afastamos
da Lei por escolha e decisão íntimas. A vontade é quem nos
impulsiona em movimento, em busca de nos motivar à ação. A
vontade, quando bem dirigida, nos impulsionará no caminho do
Bem, ainda que para isso exija de nós grandes esforços. Se é à
vontade que cabe o papel de mola propulsora na direção da
felicidade, ela não deve deixar jamais de atuar. Nós abrimos
mão desse recurso quando distraída ou preguiçosamente escolhemos simplesmente permitir que a vida nos leve para qualquer lugar. Emmanuel no texto diz: “(...) não pode relaxar no
mister que lhe é devido”, o que nos remete à importância de
refletir sobre o exercício consciente da vontade.
PARA
REFLEXÃO
O conhecimento de si mesmo vai viabilizar a reflexão
acerca do exercício da vontade. Para esse exercício e através
do autoconhecimento os recursos da ponderação e da lógica
são de fundamental importância para a tomada de decisões na
direção da paz. São de fundamental importância por serem
grandes representantes do equilíbrio e bom senso.
PRUDÊNCIA, REFLEXÃO, COERÊNCIA E RAZÃO
Nos remetem à autonomia e arbítrio, ou seja, à
liberdade e à responsabilidade.
70
7o Congresso de Estudos Espírita
Espíritas
— Valorização de Vida —
Na nossa vida de relação, somos
omos mais inclinados a COOPERAR
ou a COMPETIR?
PARA
REFLEXÃO
Considerando o estágio evolutivo predominante
predominante, a competição é um comportamento considerado aceitável pela maioria da sociedade e, em muitas situações, é até estimulado.
A educação deveria formar e desenvolver o caráter e os princípios espirituais
e morais, porém a gradação
dação dos valores e o desvio dos seus objetivos essenciais têm estimulado aspectos egoístas e orgulhosos da personalidade
infantil, os quais deveriam ser corrigidos e não acentuados.
Quando compreendemos tal realidade e promovemos a educação através da
espiritualização (evangelização), percebemos que o comportamento competitivo é uma distorção da visão humana em relação à vida
vida.
A competição pode ter um conteúdo destrutivo, pois leva o indivíduo a crer
que para obter êxito em qualquer empreendimento nec
necessita derrotar adversários externos.
Os seres espiritualmente mais maduros elegem o compartilhar e servir como
respostas às demandas da vida.
Cooperar significa trabalhar em comum, colaborar para o coletivo, retirando
o melhor de cada uma das partes pa
para o benefício de todos. Na cooperação
não há vencedores e derrotados, ganhos e perdas, pois todos se beneficiam
da colaboração de cada um. Amor e compreensão tornam o indivíduo espontaneamente cooperativo.
A cooperação desperta e aprimora a criatividade, permitindo o surgimento de
soluções impossíveis sem a participação colaborativa de todos.
O EXEMPLO DO CRISTO
A Espiritualidade Superior ensina que o isolamento é contrário à natureza
humana. Segundo ela, o homem é instintivamente gregário por motivos pr
providenciais.
Ele precisa progredir, e o progresso é sempre fruto da colaboração de muitos. Em
regra, o homem busca a vida em sociedade por razões pessoais. Ocorre que as criatu
criaturas possuem diferentes habilidades e caracteres. Mediante o convívio, elas se aproveitam dos talentos recíprocos e aprendem umas com as outras. Justamente por isso, a
força de uma sociedade advém da diversidade de seus integrantes. Quando a
diversidade é valorizada tem-se
se um organismo social dinâmico e eficiente. Ao contrário,
71
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Valorização de Vida —
toda tentativa de uniformização, com intolerância ao diferente, implica enfraquecimento.
Pode-se entender que vigora no âmbito humano uma Lei geral de Cooperação. Ela se
apresenta nos mais variados contextos, dos triviais aos sublimes. Por exemplo, Jesus
encarnou na Terra para ensinar e exemplificar a vivência do bem, na conformidade dos
desígnios Divinos. Dotado de extrema sabedoria e pureza, ainda assim buscou
companheiros para auxiliá-lo na tarefa. Escolheu 12 Apóstolos, aos quais ministrou os
mais variados ensinamentos. Orientou-os, burilou-os e amparou-os para que no tempo
devido sustentassem a vivência do Evangelho no mundo. Os Apóstolos eram diferentes
entre si. Havia os reflexivos, os exaltados, os emotivos e os práticos. Jesus a nenhum
desprezou. Antes, soube aproveitar suas diferentes habilidades para o sucesso da
empreitada evangélica. Certamente, ao assim agir, o Mestre Divino sinalizou a importância da cooperação e da tolerância. Dotado de poderes magnéticos desconhecidos e
de extraordinária sabedoria nem por isso quis fazer tudo sozinho. Soube dividir o peso
da tarefa com homens rudes e que não o compreendiam bem.
Esse eloquente exemplo demanda detida reflexão. A vida em sociedade nem sempre é
fácil. Entre pessoas de visões e habilidades diversas, por vezes surgem discussões e
desentendimentos. Ocorre que o bem pujante nunca é obra de um homem só. Toda
realização de importância é sempre fruto do esforço de incontáveis envolvidos. Apenas
é preciso ser tolerante para conviver com o diferente. A fim de que o melhor resultado
surja, importa aprender a admirar opiniões divergentes. Não apenas tolerá-las, mas
valorizá-las, no que apresentem de positivo. Sem dúvida, é possível agir sozinho na luta
por um ideal. Ocorre que, quando várias mãos se juntam, o bem se multiplica e
expande. Pense nisso. – Redação do Momento Espírita, de 10/2/2011.
“Preconiza-se na atualidade do mundo uma educação pela liberdade plena dos
instintos do homem, olvidando-se, pouco a pouco, os antigos ensinamentos quanto à
formação do caráter no lar; a coletividade, porém, cedo ou tarde, será compelida a
reajustar seus propósitos. Os pais humanos têm de ser os primeiros mentores da
criatura.”(...)
(CAMINHO, VERDADE E VIDA – Emmanuel/Francisco C. Xavier.)
EM QUE SITUAÇÕES VOCÊ SE SENTE MAIS COMPETITIVO E MAIS
COOPERATIVO?
72
7o Congresso de Estudos Espíritas
— Valorização de Vida —
Em todas as nossas relações sociais, nos relacionamentos com nossos semelhantes, é necessário constantemente nos lembrar disto: os homens são viajantes
em marcha, ocupando pontos diversos na escala evolutiva que todos nós galgamos.
Consequentemente, nada devemos exigir, nada devemos esperar deles, que não
esteja de acordo com seu grau de adiantamento. A todos devemos a tolerância, a
benevolência e mesmo o perdão, pois, se nos causam prejuízo, se nos ridicularizam
e nos ofendem, é, quase sempre, em consequência da falta de compreensão e de
saber que resulta de um desenvolvimento insuficiente. Deus só pede aos homens
aquilo que eles conseguiram adquirir com seus lentos e penosos trabalhos. Nós não
temos o direito de exigir mais deles. Não fomos semelhantes aos mais atrasados
dentre eles? Se cada um de nós pudesse ler, em seu passado, o que foi, o que fez,
como seríamos mais indulgentes com as faltas alheias! Às vezes, ainda temos
necessidade da mesma indulgência que lhes devemos. Sejamos severos com nós
mesmos e tolerantes com os outros. Instruamo-los, esclareçamo-los, guiemo-los
com doçura: é isto o que a lei de solidariedade nos determina.
(O PROBLEMA DO SER E DO DESTINO, cap. 24,
"A Disciplina do Pensamento e a Reforma do Caráter" — Léon Denis.)
“Cooperação significa obediência construtiva aos impositivos da frente e socorro implícito às privações da retaguarda. Quem ajuda é ajudado, encontrando, em
silêncio, a mais segura fórmula de ajuste aos processos da evolução.”
(PENSAMENTO E VIDA – Emmanuel, Francisco C. Xavier.)
Como nos diz Emmanuel, através do amigo Chico Xavier, no prefácio do livro
PAULO E ESTEVÃO, “sem cooperação não poderia existir amor; e o amor é a força
de Deus, que equilibra o Universo.”
CONCLUSÃO
A parte moral (do Evangelho) exige a reforma de cada um. Para os homens,
em particular, é uma regra de conduta, que abrange todas as circunstâncias da
vida privada e pública, o princípio de todas as relações sociais fundadas na mais
rigorosa justiça. É, por fim, e acima de tudo, o caminho infalível da felicidade a conquistar uma ponta do véu erguida sobre a vida futura.
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Introdução, item 1, primeiro
parágrafo.)
COOPERAÇÃO COM DEUS
ORIENTAÇÃO COM SEGURANÇA
REGRA DE CONDUTA
EVANGELHO
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— Valorização de Vida —
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENIS, Léon. — O PROBLEMA DO SER E DO DESTINO — CELD, RJ.
KARDEC, Allan. — O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO — CELD, RJ.
KARDEC, Allan. — O LIVRO DOS ESPÍRITOS — CELD, RJ.
SOUTO MAIOR, Marcel — AS VIDAS DE CHICO XAVIER.
XAVIER, Francisco Cândido — ENTRE A TERRA E O CÉU — pelo Espírito André
Luiz — Ed. FEB, RJ.
XAVIER, Francisco Cândido — PENSAMENTO E VIDA — pelo Espírito Emmanuel
— Ed. FEB, RJ.
XAVIER, Francisco Cândido — JESUS NO LAR, lição 47 — pelo Espírito Neio
Lúcio.
XAVIER, Francisco Cândido — CAMINHO, VERDADE E VIDA — pelo Espírito
Emmanuel.
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ANOTAÇÕES
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