Colégio Marista Santa Maria - Marista Online
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2º Semestre • 2014 | 14ª edição CURIOSIDADE Games podem ser fortes aliados no desenvolvimento cognitivo e emocional de crianças e adolescentes, basta usá-los da forma adequada. DIA A DIA Saiba como as aulas imersivas transformam teoria em prática, potencializando o aprendizado do aluno. BAGAGEM CHEIA A um passo da universidade e do mercado de trabalho, Ensino Médio Marista foca nos processos seletivos e na formação do cidadão. 2 Combinação única de bons valores e excelência. O Grupo Marista conta com milhares de pessoas que, diariamente, vivenciam e disseminam importantes valores humanos e cristãos com o compromisso de promover e defender os direitos das crianças e dos jovens. Faz parte do jeito Marista a busca constante por excelência. Na área da educação, da escola à universidade, formamos pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades nas áreas de saúde e comunicação, levamos sempre a melhor qualidade para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas áreas, a ação social está presente BRASÍLIA Colégio Marista de Brasília - Ensino Fundamental SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400 Superior Provincial Ir. Joaquim Sperandio Presidente do Grupo Marista Ir. Delcio Afonso Balestrin Superintendente Executivo do Grupo Marista Paulo Serino Diretor da Rede de Colégios Ir. Vanderlei Siqueira dos Santos Diretor de Marketing E COMUNICAÇÃO Stephan Younes Rua Imaculada Conceição, 1155, Prado Velho Curitiba-PR | Prédio Administrativo PUCPR 8º andar - CEP: 80215-901 | Tel.: (41)3271-6500 www.colegiosmaristas.com.br Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-750 | (61) 3445-6900 Colégio Maristinha Pio XII - Educação Infantil e 1º Ano do Ensino Fundamental SGAS 609, Módulo C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400 SÃO PAULO Colégio Marista de Ribeirão Preto Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis Ribeirão Preto-SP - CEP 14015-130 | (16) 3977-1400 Colégio Marista Arquidiocesano Rua Domingos de Moraes, 2565 - Vila Mariana São Paulo-SP - CEP 04035-000 | (11) 5081-8444 Colégio Marista Nossa Senhora da Glória Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci - São Paulo-SP CEP 01518-000 | (11) 3207-5866 PARANÁ Colégio Marista Paranaense Rua Bispo Dom José, 2674 - Seminário - Curitiba-PR (41) 3016-2552 Colégio Marista Santa Maria Rua Prof. Joaquim de M. Barreto, 98 - São Lourenço Curitiba-PR CEP 82200-210 | (41) 3074-2500 14ª Edição | 2º Semestre 2014 Periodicidade Semestral EDIÇÃO Diretoria de Marketing e Comunicação do Grupo Marista Eduardo Correa e Vivian Lemos REDAÇÃO Jornalista responsável: Rulian Maftum / DRT Nº 4646 Supervisão: Maria Fernanda Rocha (Lumen Comunicação) Edição de arte: Julyana Werneck PROJETO GRÁFICO Estúdio Sem Dublê | semduble.com com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também atuamos diretamente, por meio de uma ampla rede de solidariedade. Bons valores e excelência. Nossa missão é proporcionar essa combinação única para a construção de um mundo melhor. Colégio Marista de Cascavel Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel-PR CEP 85812-011 | (45) 3036-6000 Colégio Marista de Londrina Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - Londrina-PR CEP 86060-000 | (43) 3374-3600 Colégio Marista de Maringá Rua São Marcelino Champagnat, 130 - Centro Maringá-PR - CEP 87010-430 | (44) 3220-4224 Colégio Marista Pio XII Rua Rodrigues Alves, 701 - Jardim Carvalho Ponta Grossa-PR - CEP 84015-440 | (42) 3224-0374 SANTA CATARINA Colégio Marista São Francisco Rua Marechal F. Peixoto, 550L - Chapecó- SC CEP 89801-500 | (49) 3322-3332 Colégio Marista de Criciúma Rua Antonio de Lucca, 334 - Criciúma-SC CEP 88811-503 | (48) 3437-9122 Colégio Marista São Luís Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 520 - Centro Jaraguá do Sul-SC - CEP 89251-700 | (47) 3371-0313 Colégio Marista Frei Rogério Rua Frei Rogério, 596 - Joaçaba-SC - CEP 89600-000 (49) 3522-1144 GOIÂNIA Colégio Marista de Goiânia Avenida Oitenta e Cinco, 1440 - Santa Marista Goiânia-GO - CEP 74.160-010 | (62) 4009-5875 Revisão Lumos | Bureau de Traduções Envie comentários, críticas e sugestões sobre a revista para o email [email protected] Capa Débora Gouveia, estudante PUBLICIDADE R. Amauri Lange Silvério, 270 Pilarzinho Curitiba-PR – CEP: 82120-000 Para anunciar, ligue: (41) 3271-4700 www.grupolumen.com.br FOTO DE CAPA Gilberto do Rosário do Colégio Marista João Paulo II, de Brasília (DF) © Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores. 3 índice capa 8 nos Colégios Maristas os alunos recebem, além do preparo para o vestibular, subsídios para o ingresso na vida universitária e no mercado de trabalho com pensamento crítico. 1ª impressão dia a dia entrevista 5 6 14 Atenta aos novos anseios e pensamentos dos jovens de hoje, a educação Marista foca em formação integral, de forma a contribuir para as futuras decisões dessa geração. Conheça algumas iniciativas de atividades práticas que enriquecem a construção do conhecimento e tornam visível a integração entre os aprendizados de dentro e de fora da sala de aula. essência solidariedade 38 Irmãos Maristas comentam sobre a formação integral, cujo objetivo é formar cidadãos preparados para todas as provas da vida. 40 Na tentativa de assegurar os direitos da criança, Rede Marista de Solidariedade assume creche da Penitenciária Feminina do Paraná. índice como fazer compartilhar 42 44 17 diversão olhar curiosidade 46 48 50 Saiba o que fazer quando o temido vilão bullying está à nossa volta. Além de muito divertida, a arte circense pode proporcionar aos alunos o desenvolvimento motor, a convivência e o trabalho em equipe. 4 Fabio Viviurka Correia nos conta como o Circuito Projeto de Vida está acontecendo nos Colégios Maristas e quais são os benefícios que o projeto pode trazer aos alunos envolvidos. Confira dicas de sites, revistas, filmes e programas de TV indicados pelos professores dos Colégios Maristas. A psicóloga Marina Vasconcellos propõe a reflexão de um assunto polêmico. Para que serve, afinal, a Lei da Palmada? seu colégio Confira as matérias elaboradas exclusivamente para o seu Colégio. Antes considerados ameaçadores e perigosos, games se revelam eficientes ferramentas para estudo e desenvolvimento de habilidades. 1ª impressão Educação Marista, formação integral para a vida atividades que contribuam com a formação acadêmica, mas também humanista, social e transcendental. No Ensino Médio, esse trabalho continua. A excelência na aprendizagem, que iniciou na Educação Infantil e prolongou-se no Ensino Fundamental, é continuada nesse segmento. A preparação dos alunos para os testes e as provas que precisarão enfrentar, já iniciada nas séries anteriores, agora recebe novos contornos, sem que, no entanto, se deixe de lado o justo equilíbrio entre excelência acadêmica e formação de valores. Essas duas tarefas tão importantes são o tema de capa desta edição da revista Em Família Marista. As boas notas obtidas por nossos alunos anualmente no Exame Nacional do Ensino Médio e os altos índices de aprovação nos principais vestibulares mostram que estamos estruturados para prepará-los para esses desafios. Porém, prepará-los para obter o sucesso almejado somente nessa fase não representaria nosso jeito Marista de educar. O que esperamos é formar cidadãos éticos e íntegros que alcancem seus objetivos por toda a vida. E nessa perspectiva de formação integral, estamos cada vez mais preocupados em trabalhar com nossos alunos não somente a profissão que querem seguir, mas ajudá-los na construção de um projeto maior. Um meio para isso, é “Circuito Projeto de Vida”. No site circuitoprojetodevida.com.br, os estudantes encontram um conteúdo com a linguagem deles, que tem o objetivo de ajudar os jovens a descobrir o que eles realmente esperam da vida e como podem caminhar rumo à conquista de seus objetivos. Ao pensar o estudante na sua inteireza e propor aprendizagens conectadas com a vida, a Educação Marista quer formar cidadãos éticos, justos e solidários para a transformação da sociedade, por meio de processos educacionais fundamentados nos valores do Evangelho. [...] é papel da escola estar atenta às novas expectativas dos jovens e pensar na melhor forma de ajudá-los a tomar as melhores decisões para as suas vidas. ir. vanderlei Siqueira dos Santos Diretor Executivo da Rede Marista de Colégios © Foto: João Borges Quem nunca perguntou a uma criança o que ela quer ser quando crescer? Muitas, espontaneamente, nos falam sobre as diversas possibilidades que surgem em suas mentes criativas: bailarinas, bombeiros, mágicos, astronautas e tudo mais que a imaginação fértil permitir. Quando nossos jovens entram no Ensino Médio, talvez um pouco antes, a mesma pergunta ganha uma roupagem mais adulta: “Você já escolheu a profissão que vai seguir?”. É nessa fase que uma grande responsabilidade recai sobre os ombros dos estudantes – a escolha da carreira. Como se não bastasse essa dúvida, ainda acumula-se a pressão pelos bons resultados em provas como Enem e aprovação nos vestibulares mais concorridos. O que por si só já parecia complicado, agora ganha novos elementos com a mudança de perfil das novas gerações. Os nascidos a partir da década de 1990 não enxergam o futuro como um cenário de escolhas únicas, em que precisam se decidir entre uma profissão ou outra. A lógica mudou e, agora, eles pensam em atividades paralelas, em fazer uma coisa e muitas outras simultaneamente. Com esse novo comportamento, é papel da escola estar atenta às novas expectativas dos jovens e pensar na melhor forma de ajudá-los a tomar as melhores decisões para as suas vidas. Os professores e gestores dos Colégios Maristas têm essa preocupação em todas as fases da educação, promovendo 5 dia a dia visita à cidade de Santos preparou os alunos da 3ª série do ensino Médio do Marista nossa Senhora da Glória para o vestibular. alunos do Marista Paranaense têm diversas aulas com atividades práticas e tarefas nada convencionais. Mão na massa Atividades práticas auxiliam o aprendizado e oferecem diversas vantagens para as mais variadas faixas etárias de estudantes Por Mahani Siqueira 6 Qual é o aluno que não gosta de sair de sala por algumas horas e participar de atividades práticas em ambientes diferentes daquele em que passa a maior parte do tempo? No entanto, mais do que simplesmente oferecer novos ares e – muitas vezes – oportunidades de relaxar um pouco do conteúdo das disciplinas, as aulas externas e atividades práticas são uma excelente forma de reforçar o aprendizado e proporcionar novas experiências aos estudantes das mais variadas faixas etárias. Na Rede Marista, são várias as iniciativas que propõem tirar os alunos da sala de aula sem afastá-los dos conteúdos previstos. O Colégio Marista Glória, de São Paulo (SP), organiza um projeto que envolve quase todas as turmas – até a 3ª série do Ensino Médio –, e levando os alunos para saídas pedagógicas com atividades interdisciplinares relacionadas aos assuntos abordados dentro de sala. Cada turma (à exceção do Infantil 3 e da 3ª série do Ensino Médio, que fazem apenas uma saída) vai a dois locais por ano e nenhuma série repete o destino visitado. Em 2014, alguns dos roteiros envolveram o Museu da Língua Portuguesa, o Instituto Butantan, o Teatro Municipal de São Paulo, o MASP e a fábrica da Volkswagen, entre vários outros. Batizado de Estudo do Meio, o projeto passa por três etapas. Primeiro, os alunos são contextualizados sobre o local que será visitado. Depois, já no destino, eles recebem uma aula prática e, para finalizar, preparam um trabalho apostilado sobre o conteúdo aprendido na visita, sendo que o tema também pode ser utilizado em questões de provas. Segundo Keila Castro, coordenadora do Núcleo Cultural do Marista Glória, a vivência é o principal ponto positivo ofertado pelas atividades práticas. “Ver, ouvir e presenciar fixa muito mais o conteúdo do que somente ler sobre aquilo. As experiências vividas nas aulas práticas, fora da sala de aula, são momentos de grande aprendizado e que os alunos poderão levar para a vida inteira. Essas aulas práticas não são apenas passeios, mas sim parte fundamental do aprendizado, em que são cobradas até presença e nota. Mas o mais importante é que os estudantes têm uma grande oportunidade de enriquecimento cultural em cada uma dessas saídas”, opina Keila. A declaração da coordenadora é validada pelos alunos da 3ª série do Marista Glória. Mariana Alves Dainese e os irmãos gêmeos Eduardo e Fábio Rodrigues Murad Cassiano se preparam para o vestibular no fim do ano e © Fotos: Acervo dos Colégios Viagens ao litoral são alguns dos programas mais aguardados pelos estudantes do Marista Paranaense. asseguram que a experiência de ter visitado a cidade de Santos fez muita diferença na hora dos estudos e, principalmente, caso o assunto esteja presente nas temidas provas. “Eu acho importante sair um pouco de sala para poder ver de perto tudo aquilo que os professores e os livros nos contam. Em Santos, fomos a museus, conhecemos o bondinho da cidade e pudemos presenciar vários detalhes de um assunto que estávamos estudando no Colégio”, comenta Mariana, seguida por Fábio, que não hesita quando perguntado sobre a confiança no tema para o vestibular. “Se cair algo relacionado a Santos, eu já tenho grandes chances de acertar, porque vou me lembrar da viagem e de tudo que aprendemos”, completa o estudante. Coordenadora pedagógica do Colégio Marista São Luís, em Santa Cruz (RS), Marta Gonzatto vê as experiências práticas como fundamentais no processo educacional. Segundo ela, as atividades enriquecem a construção do conhecimento e tornam visível a integração entre os aprendizados de dentro e de fora da sala de aula. Ela reforça, ainda, que a compreensão de diferentes temas pode ser facilitada com a elaboração de aulas que não se limitam às salas e aos quadros negros. “O aprendizado é um todo que abarca o que está fora da sala de aula e o que se deseja ensinar em classe, tudo faz parte do processo de conhecer o mundo. Assim, os estudantes podem ver na realidade as coisas que estudam, facilitando o entendi- O Museu da Língua Portuguesa foi o destino escolhido para as atividades da 2ª série do Ensino Médio do Marista Nossa Senhora da Glória. mento. O professor pode estimular a curiosidade proporcionando a construção do conhecimento de maneira descontraída e momentos de socialização. Assim, a compreensão e o estabelecimento de relações são potencializados”, afirma Marta. A coordenadora pedagógica ressalta, no entanto, que o professor deve ter bem definido o objetivo e o planejamento pedagógico para que qualquer atividade prática seja coerente com os estudos que pretende desenvolver. Ela também indica que é importante preparar experiências condizentes com as habilidades exigidas na disciplina e que estejam de acordo com a faixa etária dos estudantes. “É importante que o professor conheça o espaço e as possibilidades que ele pode gerar, levando em consideração o fator segurança. Esses cuidados poderão permitir que a prática faça maior sentido e traga resultados mais significativos para os estudantes”, completa. No Colégio Marista Paranaense, de Curitiba (PR), são várias as atividades práticas oferecidas aos alunos, tanto dentro quanto fora da escola. Além de visitas a museus, usinas de reciclagem, aterros sanitários e cidades do litoral paranaense e catarinense, os estudantes podem fabricar sabonetes, vivenciar experiências sensoriais de degustação e manipulação de alimentos e até participar da produção de queijo e achocolatados. Para a coordenadora psicopedagógica do Colégio, Neiva Pinel, as práticas só têm vantagens a oferecer. “São experiências muito significativas para os alunos. Nelas, além de aprenderem conteúdos acadêmicos e de terem acesso à tecnologia de última geração, eles interagem com o meio, atuam com mais autonomia e responsabilidade, amadurecem as relações sociais, aprendem a fazer uma leitura mais ampla dos contextos culturais e, por meio da observação, constroem conhecimento, senso crítico e posicionamento político diante das realidades encontradas”, finaliza Neiva. O aprendizado é um todo que abarca o que está fora da sala de aula e o que se deseja ensinar em classe, tudo faz parte do processo de conhecer o mundo. Assim, os estudantes podem ver na realidade as coisas que estudam, facilitando o entendimento. Marta Gonzatto Coordenadora pedagógica do Colégio Marista São Luís, em Santa Cruz (RS) 7 capa Eu me vejo como uma cidadã que se preocupa com o próximo, acho que esse é o maior legado Marista que levo. Atualmente, gosto do trabalho de liderança da turma e de representar meus colegas. débora Gouveia Aluna da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Marista João Paulo II, de Brasília (DF) 8 Ensino Médio focado nas provas da vida Mais que preparar o jovem para o vestibular, é preciso ampará-lo para a escolha certa da carreira e lhe dar subsídios para o ingresso na vida universitária e no mercado de trabalho com pensamento crítico © Foto: Gilberto do Rosário Por Michele Bravos Até parece que o cérebro dos jovens nascidos na década de 1990 funciona de um jeito diferente dos demais. E talvez seja isso mesmo. Essa geração, chamada de Geração Z, nasceu conectada e sua consciência foi influenciada, desde a maternidade, pela velocidade da tecnologia. Segundo dados do Ibope, para a maioria dos jovens Z, o estudo é prioridade e sete em cada dez deles desejam ingressar em uma universidade. O desafio atual da educação, principalmente nos anos do Ensino Médio – fase de transição –, é como trabalhar o ensino-aprendizagem em novos formatos, atendendo às expectativas desses jovens e do mercado de trabalho que os espera. Lucca Roth, do Terceirão do Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre (RS), faz parte desse núcleo de pessoas multitarefas, questionadoras, curiosas, ávidas por tecnologia. Ele sonha em ser professor e atribui a vontade aos exemplos que teve. “Essa convicção nasceu da grande admiração que tenho pelo papel fundamental do professor na sociedade e dos ótimos exemplos que vejo no Colégio e na minha família”. Em um mundo que não é cartesiano, Flávio Sandi, diretor-educacional da Rede de Colégios Maristas, lembra que preparar essa e as gerações futuras para a vida não é treiná-las para uma prova de vestibular. O foco deve estar além. “Não é na lógica que encontro tudo com o que me relaciono no mundo. Precisamos falar de transcendência, desenvolvendo sensibilidade estética, olhando o mundo por meio da dança, por exemplo, trabalhando as dimensões espiritual, corporal e social de forma interligada”. 9 Lucca Roth, do Terceirão do Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre (RS), e a mãe Carla Domingues. Para a fisioterapeuta Carla Domingues, 42 anos, mãe de Lucca, a partir do momento em que a escola se propõe a formar um cidadão, ela, junto com a família, deve ter como objetivo a busca pela plenitude da realização pessoal tanto na sua individualidade quanto como parte da sociedade. A consciência de que ter uma formação cidadã caminha paralelamente ao sonho de ser biomédica da aluna Débora Figueiredo, da 2ª série do Ensino Médio, do Colégio Marista João Paulo II, de Brasília (DF). “Eu me vejo como uma cidadã que se preocupa com o próximo, acho que esse é o maior legado Marista que levo. Atualmente, gosto do trabalho de liderança da turma e de representar meus colegas”. Os sonhos profissionais não ficam tão distantes das carreiras já conhecidas. O que muda é a forma como tudo tem se desenrolado. No artigo A chegada da Geração Z no mercado de trabalho, de Caio Lauer, o autor reforça que esses jovens esperam que o mundo ao seu redor – aí se inclui o mercado de trabalho – seja 10 semelhante ao seu próprio mundo: “conectado, aberto ao diálogo, veloz e global”. Diante dos muitos anseios e sonhos, como os de Lucca e Débora, é preciso um esforço em torno dos Zs, lembrando-os de que é necessário ter foco para atingir o que se almeja. Os caminhos, mesmo que múltiplos, devem ter um objetivo. A diretora educacional Márcia Rosa, do Colégio Marista São Francisco, de Chapecó (SC), afirma que as formas de se relacionar, de socializar, estudar e aprender mudaram e que o Ensino Médio (período em que essa geração se encontra no momento) deve proporcionar “vivências favoráveis ao espírito decidido e questionador da idade como caminho à composição de diferentes olhares sobre o mundo”. Foram esses aspectos, que vão além de ensinar um conteúdo, que fizeram com que a pesquisadora associada da Universidade de Brasília Adelaide Figueiredo, 57 anos, e mãe de Débora, escolhesse o Colégio Marista para a filha. “Sei que ela não está só aprendendo o conteúdo necessário para seu acesso à universidade, mas também está valorizando o respeito pelas diferenças e pelas pessoas, o esporte, os conceitos de disciplina e de ordem. Tudo isso em um ambiente saudável”. Os novos formatos de socialização mostram jovens que interagem com tudo e com todos muito bem intermediados pela tecnologia, mas que se subestimam nas relações presenciais. O diretor-educacional Flávio Sandi pontua o quanto é importante que o jovem seja instigado sobre as relações pessoais e a sua presença no meio, para que tenha sucesso no mercado de trabalho. “No mercado de trabalho, certamente contratamos pela competência do indivíduo, mas demitimos pelo relacional”. A proposta Marista é mediar todas essas facetas com plataformas digitais, que instigam o aprendizado dessa geração por meio da linguagem que mais faz sentido para ela, mas também desafiando o aluno a vivências que desenvolvam outras habilidades e formas de relacionamento. “Olhar o mundo sob a ótica das relações, das conexões e das interações de fato permite aos jovens novas possibilidades de inclusão e desenvolvimento integral”, afirma Márcia. A diretora ainda complementa que reconhecer a diversidade como campo de atuação e de identificação é fundamental. “É importante permitir aos jovens experiências colaborativas, inovadoras, o reconhecimento dos resultados e seu valor. Os alunos devem ser entendidos como fundamentos da autonomia e da criticidade”. Não é na lógica que encontro tudo com o que me relaciono no mundo. Precisamos falar de transcendência. Flávio Sandi Diretor-educacional da Rede Marista de Colégios © Foto: Gilberto do Rosário © Foto: Acervo pessoal capa © Foto: Gilberto do Rosário PreParaÇÃo Lucca entende que os processos seletivos representam uma pequena fração do que os exames, de fato, significam. Ele ainda afirma que o cotidiano da vida escolar Marista compreende uma verdadeira gama de valores sendo transmitidos, auxiliando na formação do caráter. O professor diz que a 3ª série Marista não é um cursinho, uma vez que mantém seu foco no aprendizado, mas os professores empenham seus esforços para garantir que o aluno ingresse em uma universidade e possa fazer valer o conhecimento adquirido durante os anos no Colégio. “Quero ser lembrado como o professor que contribuiu para que essa nova fase fosse possível”. Pipoca, professor no Colégio Marista arquidiocesano, em São Paulo (SP). © Foto: Divulgação A construção de um raciocínio crítico passa pelo aprendizado individual. “Aprender é internalizar algo, é atribuir significado pessoal ao externo”, diz Sandi. Esse processo se inicia nas séries do Fundamental e segue até o Ensino Médio. O diretor questiona a postura de pais que ainda acham que os filhos precisam de respostas prontas para perguntas prontas. “Isso é cópia e não ensinar a aprender. Quem acerta mais respostas em uma prova não é aquele que aprendeu mais. Memorizar fórmulas não é aprender, uma vez que esse ato exige construir caminhos”. É o aprendizado que vai tornar esse jovem um cidadão transformador. O professor Celso de Miranda Junior, conhecido entre os alunos como Pipoca, estudou dez anos em Colégios Maristas – Santa Maria, em Curitiba (PR), e Arquidiocesano, em São Paulo (SP). Depois, ingressou como professor no Colégio paulista. Entre idas e vindas, como estudante e professor, são mais de 40 anos de envolvimento com a Instituição. Formado em Física e Engenharia Eletrônica e com passagem pelo cursinho mais visado de São Paulo, ele garante que sua especialidade é o vestibular e a revisão de conteúdos. “Por tudo o que já vivi, percebo que a pessoa que faz cursinho tem foco em acertar questões de uma prova. Normalmente, ela já fez o Terceirão e agora precisa revisar alguns pontos”. Achar que a 3ª série pode ser substituída por um cursinho é um engano. “Toda a diferença está no desenvolvimento do aluno ao longo dos anos anteriores. A parte conceitual é a mais importante de todas e isso é a base. Na fase de vestibular, a decoreba, com músicas e esquemas, só fará sentido se houver embasamento”. O professor lembra que mais importante que saber uma fórmula é saber utilizá-la e entender o sentido dela aplicada no mundo. No Colégio Marista de Brasília, o projeto Conexão Universidade apresenta o conteúdo do Enem e do vestibular da Universidade de Brasília em aulas preparatórias que têm como objetivo trazer mais clareza para o estudante, além de capacitá-lo para a tomada de decisões. eSCoLha CerTa A fase que sucede o Ensino Médio é a preparação mais avançada para o mercado de trabalho. A orientação para essas novas fases faz parte da formação do jovem e também deve ser amparada pelo Colégio. No Colégio Marista São Francisco (SC), durante a disciplina de Orientação Profissional, os jovens discutem suas afinidades e seus interesses, conhecendo um pouco mais sobre os desafios de diferentes profissões. A farmacêutica Yara Battazza, 48 anos, mãe de Bianca Batazza, da 3ª série do Colégio Marista Arquidiocesano, acredita que esse formato de educação influencia na busca da carreira a ser seguida. “Acho que com essa formação, o aluno busca uma profissão em que possa ser importante e útil na vida de alguém, de maneira justa”. Outra ação implantada em todos os Colégios e que contribui para as escolhas nessa fase é o Circuito Projeto de Vida, lançado neste ano (saiba mais sobre o projeto na página 14). Por meio de várias linguagens, entre elas a tecnológica, com uso de aplicativos, os alunos são incentivados a pensar sobre seus interesses e suas escolhas. A diretora Márcia explica que o projeto propõe temáticas como solidariedade, protagonismo, amizade, afeto entre outros que sugerem aos jovens analisar suas relações e seus sentimentos, suas inquietações e aspirações. 11 capa ConheCiMenTo na PrÁTiCa A dinâmica em tempos atuais é de mesclar o saber com o fazer, a reflexão com a prática. “A memorização nesse contexto é substituída pelas memórias; a decoreba, por reflexões e repertórios de conhecimentos assegurados no domínio de habilidades e competências”, diz Márcia. Adelaide acredita que, hoje, conteúdo já não é “o mais relevante”, por- 12 que isso está disponível facilmente na internet, por exemplo. “Analisar e criticar esse conteúdo é que é o grande desafio do professor atual. Por isso, acho que o diferencial do Marista está em contribuir com a educação continuada de um estudante, mostrando-lhe como aprender a aprender e não apenas como passar no vestibular”. A diretora afirma que o próprio Enem aponta para esse caminho de compreensão conceitual e técnica aplicada à prática da realidade. “É sabido que, há um tempo, a ênfase era nas práticas de domínio de conteúdo. Neste momento, temos o desafio de dar sentido e utilidade aos conteúdos trabalhados”, diz. Nesse contexto, potencializam-se as diversas formas de aprendizado e a visão ampla sobre o ensino e a formação do jovem. O professor Junior enfatiza: “Os pais devem almejar que o filho se torne um cidadão e não o primeiro lugar em uma universidade”. Ele, que também é pai Marista, conta que estava ciente de que se os filhos não passassem no vestibular mais concorrido do país, isso não os diminuiria. “A minha filha escolheu uma profissão para ajudar as pessoas, ela é terapeuta ocupacional em uma comunidade vulnerável. O meu filho tem um derança, de articulação espírito de liderança, de pessoas muito forte. Eles são cidadãos e muito disso é por conta do Marista”. É sabido que, há um tempo, a ênfase era nas práticas de domínio de conteúdo. Neste momento, temos o desafio de dar sentido e utilidade aos conteúdos trabalhados. Márcia Maria rosa Diretora educacional do Colégio Marista São Francisco, de Chapecó (SC) © Foto: Gilberto do Rosário Débora conta que o Colégio teve papel fundamental na escolha do curso de Biomedicina. “Ele me deu várias oportunidades, como palestras e semanas vocacionais, para eu chegar a essa conclusão do curso”. “Sabemos que é um momento de dúvidas e que elas são naturais. Nosso maior desafio está em auxiliar os jovens a se reconhecer nos processos e desafios vividos. A disciplina de Orientação Profissional, juntamente com a equipe de Pastoral e o Núcleo Psicopedagógico, faz o acompanhamento das reflexões com estudos dirigidos, palestras com diferentes profissionais, teste vocacionais, entre outras atividades. Esse trabalho contribui no processo de amadurecimento dos jovens e na compreensão das suas escolhas, minimizando a ansiedade e estabelecendo uma relação mais segura de expectativas sobre os desafios da vida profissional e do futuro”, afirma Márcia. A professora universitária Maria Teresa Trevisol, mãe de Gabriel Trevisol, da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Marista São Francisco, de Chapecó (SC), analisa que com um conjunto de conhecimentos e competências construídos, o aluno terá melhores condições de se posicionar diante das inquietações e dos desafios do cotidiano, seja na opção pelo curso superior ou nos encaminhamentos do cotidiano profissional. o TerCeirÃo MariSTa A 3ª série Marista está envolta por muitas emoções, que nem as fórmulas explicam. O professor Junior lembra que o perfil do aluno Marista dessa etapa é majoritariamente de jovens que estudaram anos no Colégio. Portanto, esse é um ano de passagem, de despedida. Quem pratica dança ou esporte sabe que é o último ano que fará aquilo pelo Colégio. Dessa forma, o ritmo de aula também precisa estar adequado a esse momento. “Isso precisa ser respeitado e vivido por eles”, diz o professor. Já se o aluno tem expectativa de entrar em uma universidade extremamente concorrida, é preciso estar ciente de que o ritmo nos estudos deve ser mais puxado. UMa vaGa na USP À procura de emprego, certa vez o pai de Allan Deusdará, 24 anos, deixou seu currículo no Colégio Arquidiocesano. “Eu me lembro de estar andando com o meu pai pela cidade, entregando currículos. Lembro quando passamos no Arqui”. Nem pai nem filho poderiam imaginar o que esse currículo renderia no futuro. O pai de Allan foi chamado para trabalhar na portaria do Colégio. Tempos depois, Allan conseguiu uma bolsa integral para estudar o Ensino Médio no Marista. “Eu estudei toda a minha vida em escola pública. Quando comecei a estudar no Arqui, foi bem puxado. Eu não tinha base e alguns assuntos do 7º ou 8º ano eu nunca nem tinha visto”. Allan conta que foi só na 2ª série que ele conseguiu acompanhar melhor o ensino. Nesses três anos de Ensino Médio, ele conta que se dedicou bastante aos estudos e quando decidiu prestar vestibular somente na USP e na Unicamp, os esforços redobraram. “Eu dedicava boa parte do meu tempo para os estudos. Fazia simulados, revia o conteúdo nos fins de semana”. O esforço não foi em vão. Allan passou nos dois vestibulares que prestou e, hoje, exerce a profissão de engenheiro químico em uma empresa do segmento, em São Paulo. O legado Marista que ele traz consigo até hoje é o valor da amizade. “Eu me tornei amigo de muitos professores do Arqui. Foram eles que me ajudaram a superar as falhas que eu tinha, devido ao ensino público. Percebia que eles ficavam felizes em ver o meu progresso. Quando disse que queria fazer USP ou Unicamp, muitos me alertaram que seria difícil, mas me apoiaram dizendo que se era o que eu queria, eu deveria me esforçar e eu poderia conseguir”. Os pais devem almejar que o filho se torne um cidadão e não o primeiro lugar em uma universidade. Celso de Miranda Jr. Professor do Terceirão do Colégio Marista Arquidiocesano, de São Paulo (SP) © Foto: Gilberto do Rosário 13 © Foto: Gilberto do Rosário entrevista Projeto de vida baseado em valores Por Janaína Fogaça 14 nessa nova época, torna-se cada vez mais difícil escolher uma coisa só ou assumir um compromisso para a vida toda. O projeto é pessoal e intransferível e tem como base o registro das memórias vividas com base em pequenas experiências que são fundamentais para cultivar as lembranças do ser humano. Por isso, vale a pena registrar cada momento, pensando nos próximos passos. Importa mais a O Circuito é um instrumento para que os jovens se permitam projetar sua vida de forma não-linear, descolada e com propósito. Em um mundo com tantas possibilidades e escolhas diárias, é necessário ir além do vestibular, da profissão e do senso comum. Acreditamos que pensar continuamente nas escolhas que vão sendo feitas ao longo do caminho contribui para a formação dos nossos jovens. Nos Colégios Maristas, além de preparar os alunos para os conteúdos curriculares, preparamos para a vida. E a vida é a referência. Como diz Sêneca, "para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve". Dessa forma, o conceito principal do projeto é: conecte-se com sua memória histórica e pense nos próximos passos. O Grupo Marista ajuda! Resumidamente, o Circuito Projeto de Vida propõe aos jovens e adolescentes a construção de projetos pessoais de vida. Para quem o projeto é direcionado? A princípio, ele é direcionado aos jovens em geral. Qualquer pessoa pode acessar o aplicativo do Circuito. Nos Colégios e nas Unidades Sociais Maristas, estão sendo realizados pilotos que envolvem os alunos do Ensino Médio e a comunidade educativa. Serão dedicados tempo, espaço e subsídios para inspirar os jovens a construir seu projeto de vida. Onde o projeto já foi implantado e está acontecendo efetivamente? O piloto do Circuito está acontecendo em três Colégios, quatro Unidades Sociais, no TECPUC e na PUCPR. Estima-se que 5 mil pessoas sejam atingidas diretamente nesse primeiro ano, sem contar as que terão acesso pela web. O público-alvo são jovens de 15 a 18 anos. © Foto: Gilberto do Rosário O que é o Circuito Projeto de Vida e a que ele se propõe? distância percorrida em direção aos nossos sonhos do que o próprio destino de chegada. Afinal, projetar a vida é uma arte. Em entrevista para a revista Em Família Marista, Fabio Viviurka Correia, um dos responsáveis pela implantação do projeto, falou sobre como ele está acontecendo na prática nos Colégios do Grupo Marista e os benefícios que ele pode trazer aos envolvidos. © Foto: Elaine Cezaro | Colégio Marista São Francisco Ter um projeto de vida e mantê-lo a longo prazo não é tão simples, mas quando uma reflexão mais ampla é proposta, o que era um projeto torna-se rotina. E é dessa forma que o Circuito Projeto de Vida, lançado pelo Grupo Marista, propõe uma reflexão acerca de questões sobre o que as pessoas estão vivenciando, norteada por “o que quero ser aqui e agora”. Diante de tantas possibilidades oferecidas 15 © Foto: Gilberto do Rosário entrevista Como o projeto funciona na prática? 16 Na prática, o site (aplicativo) está no ar: circuitoprojetodevida.com.br. Nas unidades Maristas, os Núcleos Pedagógicos e professores estão sendo capacitados e instrumentalizados para aplicar o projeto em sala de aula. Cada aluno receberá um kit com uma caixa de memórias, adesivos, um livreto impresso chamado scrapbook com inspirações, revistas didáticas e brindes. Com esse material, vamos estimular os jovens a anotar suas memórias e queremos rechear suas vidas com atividades que os ajudem a pensar nas suas escolhas, nos próximos passos. Ao receber o kit, os alunos receberão também uma tarefa que deverá ser cumprida em 24 horas. Essas tarefas foram batizadas de “nanoatitudes”, que são ações para tornar a sociedade melhor. Entre as nanoatitudes incentivadas estão: ficar 24 horas sem celular, para fortalecer as relações off-line; elogiar uma pessoa em público; e pagar um lanche para um colega. No total, são 31 nanoatitudes. Com isso, queremos estimular comportamentos positivos entre nossos alunos. Em seguida, o professor motiva um bate-papo sobre temas específicos e, depois, indica o site para que os alunos compartilhem as nanoatitudes nas redes sociais, por meio de hashtags, e continuem suas reflexões durante o ano. A Pastoral retomará as reflexões em momentos específicos. Vamos estimular os jovens a anotar suas memórias e queremos rechear suas vidas com atividades que os ajudem a pensar nas suas escolhas, nos próximos passos. Quais as temáticas abrangidas como projetos de vida? De que forma o aplicativo está dividido? O Circuito Projeto de Vida propõe reflexões aos educandos em 16 temáticas, chamadas de “inspirações”, entre elas o afeto, a amizade, a carreira, o consumo, a família, o futuro, o protagonismo, a solidariedade e os sonhos. Em sala de aula, o professor titular de cada turma apresentará os conteúdos relacionados à temática escolhida pelos alunos e, por meio do aplicativo, eles continuarão a refletir a respeito do tema e a trocar experiências. O aplicativo possui uma área para que o usuário crie listas por tema. Entre os temas estão: profissional, afeto, interrogações, sonho de consumo, sonho coletivo, super-sonho, futuro, entre outros. Nesse espaço, o usuário vai anotando seus sentimentos mais significativos, criando, assim, a sua memória histórica. O aplicativo traz, ainda, testes vocacionais e uma área dedicada a compartilhar histórias de pessoas que, com seus projetos de vida, fazem a diferença na sociedade. índice POR ThaSSia PireS e FLÁvia BriTo 30 Grêmio infantil propicia o exercício da liderança e o entendimento, na prática, de questões como cidadania e processo político do país. destaque com a palavra ed. infantil ens. fundamental 18 20 Com atividades lúdicas, alunos de 4 a 5 anos já trabalharam a personalidade, a ajuda ao próximo, o companheirismo e o respeito às regras. 22 O aprendizado do inglês ficou muito mais lúdico com o projeto Magic Week. Saiba como foi. ens. médio diz aí caleidoscópio 24 O que pensa a Diretoria. Alunos realizaram debates e desenvolveram jogos para aprofundar os conhecimentos sobre política. 26 “O que eu quero ser quando crescer?”. Saiba o que seu filho pensa sobre isso. 28 você sabia? gente nossa ser melhor 34 35 36 Mais do que proporcionar a união de alunos, professores e familiares, eventos esportivos, culturais e recreativos estão ligados ao ensinoaprendizagem. Ex-aluno André Ribeiro Giamberardino, hoje Defensor Público do Estado do Paraná, dá um depoimento emocionante sobre a sua vivência no Colégio Relembre os principais acontecimentos do Colégio. Conheça algumas ações da Pastoral. com a palavra Os nos papéis da escola tempos atuais 18 Tornaram-se comuns nas redes sociais algumas frases de efeito como “a escola ensina, a família educa”. Essa fronteira entre o ensinar e o educar não é e não pode ser tão nítida quanto pode parecer. A família e a escola têm suas responsabilidades, mas a obrigação de uma não isenta a da outra. Ambas educam, ensinam e formam. Se uma família ensina princípios éticos para seus filhos, a escola está proibida de abordar esse assunto? É nessa perspectiva, a título de exemplo, que incentivamos os estudantes, crianças ainda na tenra idade, alunos de 4º e 5º anos, a participar do Grêmio Infantil. Um espaço de escuta e de debates. Exercitam-se ali o protagonismo, a liderança e a busca de soluções para as dificuldades cotidianas. Na campanha de trânsito, focada no exemplo e nas atitudes, o engajamento do Grêmio Infantil superou as expectativas e sensibilizou os motoristas que circulam pelo Colégio. Uma lição de cidadania. Nas aulas de Sociologia, na 2ª série do Ensino Médio, para citar outro exemplo, ao debater sobre o tema Políticas Públicas e a Função do Estado os estudantes foram instigados a visitar órgãos públicos, como escolas e postos de saúde. Além de avaliar a qualidade do serviço prestado, os alunos tiveram que aprofundar as discussões sobre política, orçamento, estruturas de Estado, divisão dos três poderes e ética. Enfim, são aprendizados que vão além dos estudos acadêmicos, pois são para a vida. Colégio Marista Santa Maria Uma escola que não se preocupa com uma formação humana integral, ancorada em valores e princípios éticos sólidos e elevados, sem preterir ou negligenciar suas obrigações acadêmicas, não cumpre a sua função social, que é formar cidadãos íntegros, atuantes e transformadores. everson Caleff ramos Diretor educacional © Foto: Caio Cruz Historicamente, quando falamos em educação formal, em educação escolar, pensamos quase que automaticamente nos componentes curriculares clássicos, como matemática, geografia, filosofia e ciências. A abordagem e os objetivos de cada área de conhecimento eram, salvo raras exceções, exclusivamente acadêmicos, cognitivos e técnicos. O objetivo principal era oferecer ao estudante um arcabouço de conteúdos para que ele dominasse, com certa maestria, determinados campos do saber científico. Nessa linha, a quantidade de conteúdos a serem ensinados era mais importante do que a sua real contribuição para a formação dos sujeitos. Compreender o mundo era confundido com dominar os saberes estabelecidos e tidos como científicos. Foi nessa escola que estudou Brás Cubas, personagem ímpar na obra de Machado de Assis. “A enfadonha escola, onde aprendi a ler, escrever, contar [...] e ir fazer diabruras”, dizia ele. Esse modelo de escola, felizmente, não pode mais ter espaço na atualidade. Uma escola que não se preocupa com uma formação humana integral, ancorada em valores e princípios éticos sólidos e elevados, sem preterir ou negligenciar suas obrigações acadêmicas, não cumpre a sua função social, que é formar cidadãos íntegros, atuantes e transformadores. Para muito além dos componentes curriculares, é, sim, obrigação da escola discutir ética, cidadania, solidariedade, política, diversidade, protagonismo, respeito, intervenção social e estética. ed. infantil Senta que lá vem a história... Quem nunca ouviu essa frase não sabe o quanto é bom ser criança 20 Colégio Marista Santa Maria Usar a imaginação e a criatividade inventando histórias, personagens e brincadeiras faz com que a criança viaje num mundo imaginário, recriando, muitas vezes, o mundo real em que ela vive, pois os brinquedos são meios intermediários entre a realidade da vida e a sua natural fragilidade. Ao brincar e jogar, a criança constrói o conhecimento. Para isso, uma das qualidades mais importante das brincadeiras é a confiança que a criança tem quanto à própria capacidade de encontrar soluções. Confiantes, elas podem chegar às suas próprias conclusões de forma autônoma. É a partir dessa premissa que a Educação Infantil é trabalhada no Colégio Santa Maria. “Nosso papel como educadores é tentar preservar a infância, trazendo brincadeiras verdadeiramente infantis, e fazer com que as crianças se movimentem, usem a dança, o teatro, a expressão corporal. Elas precisam ser criativas também nas brincadeiras. Temos que ensinar a elas como brincar, mostrar o quão prazeroso pode ser uma brincadeira”, revela a professora da Educação Infantil Eliane Piran. No primeiro semestre, foi trabalhado o projeto Contos de Fadas e Super-heróis, no qual as crianças entre quatro e cinco anos foram incentivadas a criar seus próprios personagens, explorando também o lado dos “super-heróis de verdade”, como bombeiros, médicos, entre outros. “Primeiro, eles criaram o personagem de massinha; depois, deram vida a esse personagem nas aulas de movimento. Trabalha- © Fotos: Larissa Oksana mos, assim, com outras linguagens, como expressão corporal, dança, movimento do corpo, fala e escrita, pois foram eles que criaram a história, então, nessa etapa, conseguimos trabalhar as letras e o valor sonoro de cada uma”, conta a professora. O próximo passo foi criar as fantasias. “O bacana é que não surgiram só princesas e super-heróis, mas também fantasias de cachorrinho, empregada doméstica, ou seja, eles trouxeram coisas reais. Depois, organizamos um festival de animação com a participação dos pais, no qual aconteceram os desfiles e uma apresentação em stop motion com as massinhas; teve até uma mesa de jurados e premiação. Foi uma festa, eles gostaram muito”, comemora Eliane. O resultado do projeto mostra o quanto isso despertou a criatividade dos alunos, o quanto eles conseguiram trazer o conto de fadas para a realidade. “Eles aprenderam a separar o real do imaginário, o lado bom do ruim. Conseguimos também trabalhar a personalidade, a ajuda ao próximo, o companheirismo, o respeito às regras, entre outras situações importantes. É muito mais fácil conseguir trabalhar com as crianças essas questões de regras e comportamentos por meio de uma história. Assim, elas vão incorporando as responsabilidades de uma maneira mais lúdica, mais prazerosa. É o ensinar por meio da brincadeira”, afirma a professora. É por meio do lúdico que a criança realiza a aprendizagem significativa. O jogo e a brincadeira propõem à criança um mundo do tamanho de sua compreensão, no qual ela experimenta várias situações. A ação de brincar é fonte de prazer e, ao mesmo tempo, de conhecimento. É por meio da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, a ele se integrando, se adaptando às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir e/ou cooperar com seus semelhantes e, ainda, a conviver como um ser social. “Trabalhamos muito com a pedagogia da escuta, de dar o tempo para a criança falar, explorar os ambientes da escola, da sala de aula. Em sala, temos muitos espaços com fantasias, com jogos simbólicos, para estimular a brincadeira. É importante que elas se movimentem, explorem vários ambientes educadores; observamos o quanto isso trabalha a oralidade, o vocabulário, a expressão, o jeito como a criança se comporta. Conseguimos trabalhar toda essa questão da fantasia, da criatividade, depois ela vai conseguir transferir isso para produções de textos mais criativos quando chegar no 1º ano, por exemplo. Além disso, utilizamos muito os contos para ajudar as crianças a enfrentar seus medos, ansiedades e dúvidas”, conclui a professora Eliane. Nosso papel como educadores é tentar preservar a infância, trazendo brincadeiras verdadeiramente infantis, e fazer com que as crianças se movimentem, usem a dança, o teatro, a expressão corporal. Elas precisam ser criativas também nas brincadeiras. Eliane Piran Professora da Educação Infantil Colégio Marista Santa Maria 21 KEEP CALM e entre na SEMANA DA MAGIA Conheça um pouco mais do projeto Magic Week, que vem encantando os alunos Maristas com muita diversão e aprendizagem 22 Colégio Marista Santa Maria Seja em nome de lojas e de produtos, nas músicas que tocam nas rádios, nos programas a que assistimos na televisão ou, claro, na internet. Não podemos negar que o inglês está em todo lugar. E isso não acontece só no Brasil. O mundo atual está conectado por meio da língua inglesa, e é por isso que saber se comunicar nesse idioma pode ser decisivo para a vida profissional – e até pessoal – de seu filho no futuro. O inglês tornou-se a língua de referência para a comunicação, tanto para negócios, quanto para lazer. É um instrumento indispensável para ultrapassar fronteiras. Um estudo feito pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, concluiu que falar uma segunda língua aumenta o poder de inteligência do cérebro. A pesquisa aponta ainda que os benefícios independem da idade, ou seja, as pessoas podem aprender uma segunda língua depois de adultas e mesmo assim aumentar o poder de inteligência do cérebro. O aprendizado de novas línguas faz parte da formação integral Marista. No Colégio Santa Maria, os alunos aprendem o idioma desde pequenos, permitindo-os explorar essa imensa capacidade de aprendizado. “Ao serem expostos precoce e continuamente a uma língua estrangeira, as crianças deixam de se intimidar e têm mais facilidade de pensar naquele idioma. O aprendizado flui naturalmente, uma vez que o cérebro da criança está em contínua transformação, estabelecendo sempre novas conexões baseadas nos estímulos recebidos. O mesmo acontece com a capacidade de reproduzir os mais diversos sons. À medida que a criança cresce, essa facilidade tende a diminuir e se restringe a reproduzir apenas os sons da língua materna”, explica a professora e coordenadora da área de Língua Inglesa, Juliana Lopes Monteiro. As crianças nascem prontas para desenvolver muitas habilidades, entre elas a linguagem. As que começam cedo têm mais facilidade de aprender inglês sem sotaque, dominando a língua com fluência e desenvoltura. Essa aprendizagem ajuda também a desenvolver a criatividade e o raciocínio, melhora a concentração e as habilidades de memória. E para que todo esse aprendizado, que se estende até o Ensino Médio, seja ainda mais divertido, prazeroso e estimulante, o Colégio Santa Maria conta com o projeto Magic Week, que acontece sempre no mês de maio. “São duas semanas nas quais só é permitido falar em inglês. Na primeira semana acontecem as gincanas, com jogos e apresentações musicais. Cada © Fotos: Acervo do Colégio sala representa um país e os alunos são estimulados a pesquisar sobre a região, como as cores da bandeira, a cultura, os costumes, entre outras informações. Nessa época, o Colégio fica todo colorido, os alunos vêm com os rostos e cabelos pintados nas cores dos países, é uma festa. Aqui entram também as apresentações, nas quais eles escolhem uma música para apresentar aos demais alunos, com coreografia, instrumentos musicais e fantasias”, conta a professora. A segunda semana conta com a participação dos alunos do Ensino Médio que já vivenciaram uma experiência de intercâmbio. “Esses alunos preparam uma apresentação para mostrar aos menores, sendo professores por um dia, explorando a cultura que eles aprenderam em outro país, tudo em inglês, dando foco na importância da língua para se comunicar com o mundo. O bacana é que esse contato dos alunos mais velhos com os mais novos não fica só na semana do Magic Week, ele se estende durante os intervalos, eventos e demais atividades nas quais eles têm contato”, revela Juliana. O resultado é tão positivo que o projeto que antes tinha duração de apenas uma semana passou a ser duas e já acontece há cinco anos. “A Magic Week está no coração da equipe de Língua Inglesa, pois integrou os alunos do Ensino Médio com os mais novos da maneira mais positiva possível. É um jeito de tirar o aprendizado do papel e mostrar como ele está inserido no mundo. Queremos repassar aos alunos a importância dessa língua universal, por isso eles começam a ter aulas desde o 1º ano, com o foco no lúdico, com música, brincadeiras, para que eles tenham uma afetividade com o inglês”, afirma a educadora. A cada ano os professores se organizam para trazer uma novidade ao projeto. “Já trouxemos contadores de histórias e agora estamos pensan- do em novas propostas para tirar da cartola. O maior privilégio do aluno é a possibilidade de ter contato com as experiências de outros colegas e se comunicar em outra língua. Tudo isso sem a necessidade de viajar”, conclui a professora Juliana. Perguntamos aos alunos sobre essa vivência Já que os envolvidos são eles, convidamos quatro alunos do 7º ano para contarem suas experiências durante o Magic Week. “Foi realmente muito legal, além de treinarmos a nossa fluência em inglês, aprendemos a trabalhar em grupo, pois tínhamos que aceitar as ideias dos outros colegas e não só as nossas. Quando eu era pequena, os outros alunos apresentavam pra mim e eu não via a hora de chegar a minha vez. Quando chegou, deu um frio na barriga. Cantamos uma música em inglês para os alunos mais novos, fizemos até uma coreografia. Foi incrível”, conta a aluna Ana Luisa de Palma. Quem também sempre quis participar dessa atividade foi a aluna Gabriela Fontana. “Minha fluência em inglês ficou muito melhor, foi muito divertido, é um jeito bem mais gostoso de aprender uma nova língua. Agora, queremos fazer uma peça de teatro em inglês. Será um grande desafio”. Para o aluno Germano Gaedi, a diversão já começou durante os ensaios para a apresentação musical. “Todo o processo de escolha da música e ensaios foi muito contagiante. Tem que ter Magic Week sempre”. O aluno Felipe Cruz completou contando sobre a reação dos pequenos durante a apresentação. “As crianças cantaram junto, conseguimos fazer com que elas se divertissem e nós também. Foi uma experiência incrível”. A Magic Week está no coração da equipe de Língua Inglesa, pois integrou os alunos do Ensino Médio com os mais novos da maneira mais positiva possível. É um jeito de tirar o aprendizado do papel e mostrar como ele está inserido no mundo. Juliana Lopes Monteiro Professora e coordenadora da área de Língua Inglesa Colégio Marista Santa Maria 23 política com Debatendo seu filho 24 O projeto na opinião do aluno Marista Família, cotas, saúde, etc. “Eles conseguiram entender a função da política tão criticada por todos, buscaram assuntos com que não concordavam num primeiro momento para ter uma visão mais ampla e poder opinar sobre aquele tema. Quando trazemos tanto o contato histórico quanto sociológico, vemos o quanto avançamos em democracia e que o nosso país tem aspectos de destaques, como o sistema eleitoral, que é referência mundial”, afirma Marcia. O resultado do projeto foi tão satisfatório que continuou no segundo semestre, durante o qual os alunos criaram jogos políticos, como o Super Trunfo, um jogo de cartas que traz informações com os nomes dos candidatos, partidos políticos, bandeiras, ministérios, entre outros. “Eles precisam de muito recheio para poder argumentar, ter embasamento quando forem opinar sobre política”, diz a professora. Colégio Marista Santa Maria “Depois do projeto, mudei completamente a minha visão. Não conhecia muito bem sobre os programas políticos, não sabia o que ofereciam e como eram executados. Quando a professora pediu para que a gente fosse a campo, achei que daria para fazer uma pesquisa pela internet. Mas percebi que era algo bem mais complexo. Eu e meu grupo escolhemos o assunto Bolsa Família, entrevistei uma responsável do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) para levantar as informações. Agora sei exatamente o conceito desse projeto. Achei muito legal esse trabalho, acrescentou muito nos estudos. O Marista nos dá esse apoio para descobrirmos coisas novas por nós mesmos”, conta a aluna Giovana Cassales, 16 anos, da 2ª série do Ensino Médio. Pesquisa revela que 54% dos jovens de 15 a 29 anos consideram a participação política muito importante Perguntas como “quais são os problemas que mais preocupam os jovens atualmente, “o que os jovens valorizam no Brasil?” e “como eles avaliam a importância da política?” foram feitas para jovens brasileiros entre abril e maio de 2013. Os resultados gerais da pesquisa Agenda Juventude Brasil 2013 foram apresentados no mês de agosto em Brasília. O estudo sobre perfil e opinião dos jovens brasileiros revela haver interesse dos jovens pela política. Quando convidados a apontar duas formas de atuação que podem ajudar a mudar ou a melhorar as coisas no Brasil, 45% acreditam que a “participação em mobilizações de rua e outras ações diretas” seja uma delas. A esse dado se somam 44% de menções à “atuação em coletivos que se organizam em torno de uma causa” e 35% à “atuação em conselhos, conferências, audiências e outros canais de participação desse tipo”. Outros 34% incluem a atuação via “internet, opinando e cobrando políticos e governantes”. © Foto: Caio Cruz Proporcionar aos jovens um espaço para reflexão sobre políticas públicas e o papel do Estado, incentivando o envolvimento dos estudantes em situações práticas de pesquisa e debate no contexto político. Foi essa a proposta apresentada durante as aulas de Sociologia pela professora e coordenadora da área de História e Sociologia, Marcia Oliveira. “O mais interessante é que esse projeto surgiu por meio de uma demanda dos próprios alunos. Eles só entenderam que faltava uma discussão política dentro da Escola porque, em algum momento, se depararam com o assunto nesse ambiente. Não podíamos perder a oportunidade. Elaboramos um projeto que visa conscientizar a juventude sobre a importância da política com ética, moral e comprometimento, proporcionando aos jovens da 2ª série do Ensino Médio realizar debates sobre temas de interesse político e social”, explica Marcia. A primeira etapa foi uma leitura mais conceitual sobre o que é política, como se organiza, entre outros assuntos. “Depois, incentivamos os alunos a sair a campo e contrapor aquilo que eles veem na mídia com o que viram em sala de aula. Eles tinham que selecionar uma instituição que oferecesse um serviço público para visitar e, assim, comparar aquilo que é função do Estado”, conta a professora. Isso gerou um trabalho de mapeamento, que revelou se o Estado cumpria ou não a sua função e quais eram os entraves. “Eles descobriram que existe toda uma organização para que as políticas sejam de fato efetivadas”, acrescenta Marcia. Segundo ela, o objetivo era tirar a ideia que muitos têm de que política pública é compra de votos, principalmente ligada a Bolsa Mas esteja preparado, porque eles têm argumentos na ponta da língua ? diz aí Qual é a profissão dos seus © Fotos: Caio Cruz sonhos Mariana karaS zeLLa 2ª série do EM BeaTriz aTanazio 2ª série do EM JULiano M. PieTrUk 2ª série do EM “A minha profissão dos sonhos tem que estar ligada com o meio da criação, que é algo de que gosto muito. É a partir desse ponto que vou escolher qual carreira seguir. Sei que este é o momento de acertar na escolha, por isso preciso avaliar todos os pontos positivos e negativos.” “Não tenho uma profissão dos sonhos. Antes, achava que iria fazer Jornalismo, pois sou muito comunicativa, gosto de me relacionar com as pessoas. Mas há uma diferença entre lidar com pessoas ou apenas comunicar algo. Ao participar do grupo vocacional, consegui me autoavaliar melhor e isso me incentivou a conhecer outras profissões. Neste momento, estou desvendando a área de terapia educacional. Meus pais dão o suporte necessário para que eu consiga chegar no que acredito ser o melhor para mim.” “Sempre quis fazer Relações Internacionais ou Comércio Exterior. Era algo que pensava desde que tinha dez anos. Então, investi em cursos de línguas, comecei a me preparar para isso. Mas depois do grupo vocacional, abri os olhos para outras profissões e percebi que aquilo que eu tinha escolhido já não era bem o que quero agora. Hoje, estou tendendo para o Direito.” 26 Colégio Marista Santa Maria Beatriz S. Sarnowski 3ª série do EM Alexandre Gomes Vaz 2ª série do EM Luiz Gustavo E. Franco 3ª série do EM “Talvez a profissão dos meus sonhos seja arquitetura, sempre me identifiquei muito com a área de arte e urbanismo. Acredito que seria feliz trabalhando com isso. Mas antes de chegar nessa opção, eu estava cheia de dúvidas.” “Sempre quis ser jogador de futebol, jogo desde pequeno. Mas é difícil seguir essa carreira, tem que treinar muito e conciliar com os estudos. Então, ainda estou pensando em outra opção. Busco inspiração nas pessoas que estão mais próximas a mim.” “Gosto muito de aviões, mas não é só por isso que vou ser piloto. Estou na dúvida entre Medicina e Engenharia Mecânica, dois cursos voltados para o lado de ajudar as pessoas. Leio muito a respeito. Apesar de ter médicos na família, não fui influenciado na escolha.” Opinião da psicóloga O Santa Maria conta com um Centro de Orientação Vocacional e Profissional que atua junto aos alunos do Ensino Médio. Comandado pela psicóloga e especialista em desenvolvimento de carreira Selena Maria Garcia Greca, o projeto existe há 17 anos. “Além dos encontros em grupo, organizamos um Seminário de Profissões com palestrantes de fora”, conta Selena. Já na 1ª série do Ensino Médio, são realizados trabalhos sobre a escolha da profissão e da carreira a ser construída. Na 2ª série, é ofertado o grupo de orientação vocacional, com duração de três meses. “Trabalhamos o autoconhecimento, fazendo com que eles reflitam sobre o que gostam e não gostam, suas habilidades, seus interesses, valores, etc. Organizamos visitas a empresas e laboratórios de universidades para que eles tenham um pouco dessa vivência, desmistificando aquilo que idealizam. Eles precisam esquecer o sonho de criança e ter a informação real. Todo esse processo é para que eles cheguem mais maduros, conscientes e responsáveis pela escolha que vão tomar. Queremos fazer com que reconheçam que a carreira é um projeto em desenvolvimento ao longo da vida”, conclui a psicóloga. Selena Maria Garcia Greca Psicóloga e especialista em desenvolvimento de carreira do Centro de Orientação Vocacional e Profissional Colégio Marista Santa Maria 27 Mesmo com chuva, as famílias prestigiaram a Festa Junina, que teve as tradicionais quadrilhas com música ao vivo da banda Areia Branca. EVENTOS Mensalmente, o Círculo de Reflexões traz temas atuais para ajudar as famílias no importante papel de educar seus filhos. Na foto, os palestrantes Daniel Seifert e Meire Fava com o diretor educacional, Everson Caleff Ramos. © Fotos: Larissa Oksana | Maiara Prestes | Daniel Jara 2014 Por meio do XI Seminário de Profissões Marista, o Colégio abriu suas portas à comunidade e aos alunos, com informações privilegiadas sobre as mais diversas carreiras. © Fotos: Larissa Oksana caleidoscópio Em abril, os XVII Jogos Marcelino Champagnat reuniram alunos do Santa Maria, do Marista de Maringá e do Paranaense, além de outros colégios de Curitiba. Na abertura, destaque para a apresentação de circo. Nos momentos das Acolhidas, a experiência de ser Marista. 28 Colégio Marista Santa Maria © Fotos: Daniel Jara | Acervo do Colégio Os alunos do 1º ano B participaram, no mês de junho, do Projeto de Educação Ambiental de Reflorestamento, plantando mudas de árvores em uma área situada às margens do Rio Belém. A Fadinha das Mãos ensinou, de forma lúdica, os alunos do Infantil 3 até o 1º ano do Ensino Fundamental e do Ampliado como lavar corretamente as mãos e, assim, evitar doenças. DIA DAS MÃES Estudo de Meio no Museu Paranaense com os alunos do 6º ano dentro do Componente História. NA PRÁTICA © Fotos: Caio Cruz Dia das Mães celebrado em diferentes linguagens, o amor materno lembrado no palco da Escola. Participação da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. A Big Time Orchestra animou as famílias que prestigiaram o show em homenagem às mães. Colégio Marista Santa Maria 29 © Foto: Caio Cruz destaque Formando líderes mirins No Santa Maria, o Grêmio Infantil propicia na prática o exercício da liderança e o entendimento de questões como cidadania e processo político do país 30 Apesar da pouca idade, eles têm, sim, muito a dizer e a contribuir com inúmeras possibilidades de ações dentro do ambiente escolar e para a comunidade. É por isso que o Colégio Santa Maria dá voz aos pequenos alunos por meio do Grêmio Infantil, voltado para os alunos dos 4º e 5º anos do Ensino Fundamental. O Grêmio constitui um meio de participação dos alunos na vida escolar, o que favorece a formação para a cidadania, tornando-se um espaço de discussão, criação e tomada de decisão acerca do processo escolar, bem como fortalecendo noções a respeito de direitos, deveres e convivência comunitária. “Quando os alunos chegam no 4º ano, já querem expressar suas opiniões, já estão desenvolvendo uma maior autonomia. Por isso, essa é a fase ideal para começarmos a trabalhar com o Grêmio. Percebemos que existem algumas lideranças dentro da sala de aula e o Grêmio é uma forma de desenvolvermos isso, além de trabalhar outras questões, como a autonomia”, explica a Colégio Marista Santa Maria professora titular do 4º ano e coordenadora do projeto, Aline Yuki. O Grêmio é o órgão máximo de representação dos estudantes na escola. Atuando nele, os alunos podem defender seus direitos e interesses e aprender ética e cidadania na prática. Ele permite que os alunos discutam, criem e fortaleçam as possibilidades de ação tanto no próprio ambiente escolar quanto na comunidade. Sem contar que também é um importante espaço de aprendizagem, convivência e responsabilidade. Portanto, ao criar tal espaço de participação, o Colégio Santa Maria dá aos alunos a possibilidade de transformar a sua realidade, propor alternativas, lutar por seus direitos e, o mais importante, exercer o papel de cidadãos. Para a formação do Grêmio, os alunos passam por um processo de eleição no qual os candidatos apresentam suas propostas e como as atividades serão desenvolvidas por meio do Grêmio. Depois, eles mesmos elegem o representante. “Queremos que os candidatos mostrem a O bom exemplo é decisivo na eleição de um representante Durante esses anos do Grêmio Infantil, a professora Aline tem notado que nem sempre os alunos escolhidos como representantes são os líderes da turma. “Temos tido perfis bem diferentes de escolha, não somente daqueles estudantes que são considerados bons comunicadores. Podemos citar como exemplo os alunos que são muito estudiosos, com boas notas, que não faltam e que acabam sendo uma referência para a turma. Temos os dois perfis dentro do Grêmio, porém, cada vez mais o que aparece é o aluno que dá o bom exemplo”, revela Aline. O mais interessante é ver o quanto essas crianças se desenvolvem como líderes. “Muitas vezes, eles são eleitos mas não têm facilidade de se comunicar com os demais. Então, com o Grêmio, os alunos começam a se questionar sobre como vão se expressar e aprendem, da melhor maneira possível, como representar a turma. O Grêmio tem um efeito diferente para cada um, trazendo muitos ensinamentos”, frisa a coordenadora do projeto. Durante os encontros semanais, além dos assuntos voltados para a formação cidadã, os alunos também têm um espaço para apresentar os problemas percebidos na Escola e debater em busca de soluções. “Problemas como o ‘empurra-empurra’ na escada e a desordem no banheiro foram alguns dos temas levantados por eles. No fundo, eles estão percebendo que apesar de todos saberem o que é certo na teoria, eles não o fazem. Por isso, estamos sempre conversando muito com eles sobre isso, pesquisando sobre o problema, buscando ações de melhorias e coletando sugestões para que ele seja solucionado. E são eles que estão fazendo isso, o meu papel ali é apenas de mediadora”, diz Aline. O assunto é realmente levado a sério no Marista, e para apresentar tudo o que é debatido no Grêmio, são organizados encontros entre os diretores do Colégio e os alunos, para que eles possam conversar sobre os problemas e ver como a Escola pode contribuir para as melhorias. “O Marista está sempre disposto a ouvi-los. Afinal, se resolvemos ter um Grêmio, temos que acolher o que eles trazem e levar adiante. Todos sabemos que isso é essencial para a formação de um cidadão. Queremos que a participação do estudante no Grêmio Estudantil torne o ambiente escolar mais prazeroso, ativo e seja para ele um despertar para a sua responsabilidade na construção de uma sociedade mais justa e humana. Que essa participação, além de ajudar a Escola a se tornar mais ativa e democrática, seja uma verdadeira aula de cidadania. Fica bem claro o quanto eles se desenvolvem”, ressalta a professora. A importância do Grêmio O Grêmio representa uma importante entidade de democratização da gestão escolar na medida em que constitui um espaço de participação política dos alunos na vida do Colégio, favorecendo a formação para a cidadania. Por isso, seus principais objetivos são contribuir para aumentar a participação dos alunos nas atividades da Escola, organizando projetos e discussões e fazendo com que eles tenham voz ativa e participem, junto com pais, funcionários, professores, coordenadores e diretores, da programação e da construção das regras do Colégio. O Grêmio tem também um estatuto, que é construído pelas crianças junto com o mediador. As dificuldades existem para desenvolver as atividades no ensino, mas a motivação dos estudantes está fazendo a diferença na realização do trabalho. “Já é um começo, para eles, entender como funciona o processo político do nosso país”, conclui a coordenadora Aline. © Foto: João Borges importância do Grêmio Infantil para os demais alunos e para a Escola e, ainda, reforcem projetos e propostas. A ideia do representante é muito forte para eles, os estudantes já têm um conceito formado sobre isso e o levam muito a sério. Quando entram no Grêmio, eles ainda não têm noção do que a organização faz, mas logo começam a perceber que não é só status, ser líder, mas sim representar um grupo, suas opiniões, seus interesses. Então, existe todo um trabalho para que eles já comecem a entender que existe um processo democrático, um processo de escolha. É muito bacana”, afirma a professora. Colégio Marista Santa Maria 31 www.colegiosmaristas.com.br O Colégio Marista Santa Maria, buscando proporcionar um ensino diferenciado de Língua Inglesa, implantará a partir de 2015 o Marista Idiomas, utilizando a metodologia Red Balloon. Com 45 anos de tradição, o Red Balloon é pioneiro no ensino para crianças a partir de 3 anos de idade. Além da metodologia pedagógica alinhada aos valores Maristas, haverá uma sede própria dentro do Colégio. Conheça o método que vai ajudar seu filho a alçar voos ainda mais altos na vida. Colégios Maristas. Preparação para todas as provas da vida. Nada mais atual do que um novo jeito de aprender inglês: o jeito Marista. .: Aulas com 2h de duração, duas vezes por semana .: Atividades especiais: Drama Class, Be a Chef, Farmer's Market e International Camp .: Professores especializados no ensino de inglês para crianças e jovens você sabia? Os eventos do Colégio e o ensino-aprendizagem Os acontecimentos organizados pela Escola vão muito além do relacionamento: agregam conteúdo 34 só se constrói quando conseguimos comunicar claramente o que fazemos”, afirma o diretor. De acordo com Carassai, os eventos da Educação Infantil são praticamente uma imersão da família na proposta Marista. Como exemplo, podemos citar a Acolhida, momento para os pais virem até o Colégio e desenvolverem junto com seus filhos o sentimento de coletividade, sentindo-se pertencentes à Comunidade Marista. PaiS inForMadoS SoBre o QUe aConTeCe no CoLéGio Outro momento significativo é o Círculo de Reflexões, que acontece mensalmente. “A proposta não se resume apenas à palestra proporcionada às famílias, mas também passa pelo processo pedagógico em sala. O tema é desenvolvido junto com os alunos e, depois, mostramos aos pais o que foi trabalhado”, explica Carassai. A Festa Junina é outro exemplo, voltada para o relacionamento, porém com o intuito de trabalhar em sala a questão cultural, da dança, dos instrumentos e dos costumes, os quais são explícitos no dia do evento. “Estamos sempre procurando a melhor maneira de comunicar aos pais sobre os acontecimentos do Santa Maria. Utilizamos muito o e-mail para enviar os convites e, recentemente, adotamos a comunicação por vídeos curtos que trazem os palestrantes convidando os pais. A nossa página no Facebook também está sendo um excelente canal de interação”, garante Carassai. Colégio Marista Santa Maria © Fotos: Acervo do Colégio Seja qual for a idade e a fase escolar do seu filho, interaja com a rotina de estudos e o processo de aprendizagem dele. A parceria da família com a escola sempre será fundamental para o sucesso da educação de qualquer indivíduo. Portanto, pais e educadores precisam ser grandes e fiéis companheiros nessa nobre caminhada da formação educacional do ser humano. Você, pai, já participou de algum evento realizado aqui no Santa Maria? A Acolhida, o Círculo de Reflexões, a Festa Junina, o InVento, entre outros são excelentes oportunidades para avaliar o aproveitamento e o desenvolvimento do seu filho, além de serem uma grande oportunidade para se aprofundar no conhecimento da Proposta Educativa Marista. Sabemos que o engajamento dos pais na vida escolar dos filhos só é 100% quando a Escola abre as portas, mostra o que espera deles e propicia formas de interação. “Fazemos os eventos pensando em criar espaços de relacionamentos, que ajudem a retratar o processo pedagógico e a criar proximidade com os pais. Queremos dar o tom daquilo que produzimos aqui no Colégio levando conteúdo para as famílias. A essência dos eventos está, exatamente, na relação de parceria”, explica o diretor-geral Gerson Luis Carassai. Ao participar dos eventos no Colégio, é possível também conhecer os pais de outras crianças e os educadores que interagem com o seu filho. “A relação entre escola e família gente nossa Ex-aluno Marista André Ribeiro Giamberardino, hoje defensor público do estado do Paraná e professor de Direito da UFPR e da Universidade Positivo, nos dá um depoimento emocionante sobre a sua vivência no Colégio Santa Maria e no Núcleo Pastoral Ontem, eu voltava a pé pra casa quando, perto de uma padaria, senti aquele forte cheiro de pão saindo do forno, misturado ao de café com leite. Havia muitas pessoas por perto, mas nenhuma sentiu o mesmo cheiro que eu senti. De algum modo, o cheiro de pão com café com leite, naquele momento, me fez voltar no tempo, lá pra casa de minha avó, no interior, quando eu era criança; a mesa posta para o lanche e toda a ternura que o mundo pode lhe oferecer. Para os demais ali presentes, até poderia ser só pão e café. Mas pra mim, naquele instante, era saudade, era amor. Acredito que a vida deva mesmo ser repleta dessa saudade que enche tudo de significado. Mais que meras lembranças, são o que nos faz ser o que somos. Sou muito feliz em poder reconhecer que a passagem pelo Colégio Marista Santa Maria, por 12 anos, e a convivência em seu Núcleo Pastoral deixaram marcas profundas em minha vida, dessas que, por vezes, me fazem parar o que estou fazendo, durante o dia, e simplesmente lembrar. Entrei com cinco anos, no Jardim 2, e saí aos 17. Por mais que a educação Marista tenha cumprido a missão esperada (preparar para o vestibular), © Fotos: Acervo pessoal Um passado que ainda vive nunca achei que isso fosse o mais importante. O que sempre me marcou, na educação Marista, foi sua profunda humanidade. Foi o Colégio disponibilizar um ônibus para a turma poder comparecer ao velório da mãe de um colega. As amizades. Perceber que os professores sabiam o nome dos colaboradores da limpeza. O incentivo à participação política no grêmio estudantil. A preocupação com uma sociedade mais justa. Lembro-me de, em pleno Terceirão, participar de inúmeras reuniões sobre ações de solidariedade junto aos catadores de papel que viviam no lixo. Isso nunca atrapalhou os estudos; pelo contrário, pois nada é mais útil, nesses momentos, do que motivação. A Pastoral Marista, da qual participava desde a 1ª série do Ensino Médio, foi e é o lugar mais acolhedor que já conheci. Nela, reaprendi o que, quando criança pequena, sabia, mas havia esquecido: que Deus está bem ao lado, nas pessoas e nos milagres cotidianos dos pequenos e imensos gestos de amor. Hoje, trabalho como professor e defensor público. Sei que o que a educação Marista me ensinou é muito mais do que sou capaz de viver no cotidiano. A gente tenta, nem sempre consegue. O que importa é que os caminhos continuarão ali, sempre abertos. Das lições mais árduas, uma andré ribeiro Giamberardino, 30 anos, formado em 2001 no Santa Maria. Possui graduação, mestrado e doutorado em direito pela UFPr, mestrado em Criminologia pela Università degli Studi di Padova e especialização em direito Penal e Criminologia pelo iCPC/UFPr. central parece ser aquela de que é possível, em qualquer campo de atuação profissional, construir a própria realização fazendo a vida dos outros ser um pouco melhor. O tempo tem passado rápido, e isso não deixa de ser um pouco assustador. Continuo com o mesmo apelido estranho, mas o escuto cada vez menos. Crescer é bom, mas não nego um profundo sentimento de saudade e gratidão que, como o cheiro de pão e café com leite que me levou junto à minha avó, transporta-me a outros lugares e sonhos. Vejo um céu azul e é como se escutasse um violão em um acampamento Marista. Sinto aquela fogueira próxima e isso me ajuda a, nesse mundo louco, silenciar e recuperar a fé. Não se trata, enfim, de falar no passado. Falar do Marista é falar de um passado que vive, intensamente, em meu presente e futuro. Colégio Marista Santa Maria 35 Ser e Conviver Alunos e ex-alunos Maristas colocam em prática os ensinamentos da PJM O Marista acredita em um mundo onde o bem comum deva estar em primeiro lugar. Todo dia somos convidados a transformar o ambiente em que vivemos. Tornar a relação em casa melhor, trazer mais harmonia para a sala de aula, e assim por diante. É com esse intuito que a Pastoral Juvenil Marista (PJM) trabalha todos os dias com os alunos. “Quando um aluno Marista entra em contato com outra realidade, ‘saindo dos muros da Escola’, entende que nem todas as pessoas vivem em condições de igualdade”, afirma o coordenador do Núcleo Pastoral, Felipe Ribas M. da Rocha. A PJM é dividida em quatro momentos, os três primeiros acontecem no Colégio, com os alunos dos 7º, 8º e 9º anos e o Ensino Médio. Já o quarto momento é voltado para os estudantes do Terceirão e ex-alunos. “No último momento, os alunos colocam em prática o aprendizado por meio de um trabalho social”, explica Rocha. E foi isso o que o ex-aluno Matheus Moraes fez. Depois de se formar em 2013 no Colégio, ele participou de diversas ações em comunidades carentes e, este ano, se envolveu como coordenador do projeto Ser e Conviver. 36 oS enCanToS deSSe GrandioSo ProJeTo Com a finalidade de estimular e fortalecer a autoimagem positiva das crianças e dos jovens que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade social, o projeto atua na entidade Meninos de 4 Pinheiros. “Queremos criar estratégias educativas que façam com que os meninos da chácara persistam em seus sonhos e projetos de vida, fortalecendo valores como união, fraternidade, solidariedade, escuta, respeito, amor e amizade”, explica Moraes. A Fundação Educacional Profeta Elias, mais conhecida como Chácara Meninos de 4 Pinheiros, é uma organização não governamental sem fins lucrativos que oferece assistência e educação integral a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, principalmente os que vivem nas ruas de Curitiba e Região Metropolitana. “Para transformar uma realidade, é preciso conhecê-la de perto”, afirma o coordenador da Pastoral, que também participa do projeto. Uma história muito marcante para o ex-aluno Matheus aconteceu durante as primeiras visitas na chácara. “Conheci um menino que queria fazer Direito, como eu faço faculdade nessa área, ficamos conversando muito sobre isso e ele me contou que estava lendo um livro. Quando ele me mostrou, vi que era o Código Civil, ele estava lendo inteiro, por curiosidade, Colégio Marista Santa Maria fiquei impressionado, é uma coisa que eu nunca fiz. Foi incrível ver que eles pensam no futuro”, revela Matheus. Uma das ações realizadas com os meninos foi a participação deles na última Festa Junina do Colégio Santa Maria. “Foi comovente ver a solidariedade entre eles e com a gente. A nossa formação Marista vai além de Física, Química, Biologia, entre outras disciplinas. Quando olhamos para a desigualdade do mundo, temos o compromisso de incluir essas pessoas na sociedade. Mais do que trazer respostas, é caminhar junto”, afirma Rocha. Moraes completa: “O que sempre vou levar comigo é essa formação diferenciada que o Marista me proporcionou. Isso é o que tem de mais especial”. © Fotos: Caio Cruz © Fotos: Acervo pessoal ser melhor Antecipe as compras de uniforme escolar do seu filho na Educastore. Afinal, nas férias escolares você também merece um descanso. É fácil, rápido e você nem precisa sair de casa. www.educastore.com.br Frete w wgrátis w . para e d compras u c a sdetqualquer o r e .valor c o até m 12/12/2014. .br www. educastore .com.br Pronto. 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Na própria memória do caro leitor devem haver diversas experiências inesquecíveis envolvendo estudantes e familiares nas escolas Maristas. São muitos os Irmãos e professores que têm orientado e desafiado os jovens a superar as próprias metas e a construir com dignidade a vida profissional e vocacional. Acima de tudo, como repetia São Marcelino Champagnat aos primeiros Irmãos: “Para bem educar uma criança é preciso antes de tudo amá-la!” – princípio este que precisa se tornar prática em cada época. Assim, continuamos hoje partícipes com a família, primeira educadora, na formação integral das crianças e dos jovens a nós confiados. Por isso, convido todos a repensarem, contarem e escreverem sua própria experiência de formação integral e seu significado para a vida. irmão onorino Moresco Diretor do Colégio Marista Rosário (RS) K © Foto: Acervo pessoal Num certo dia, há um ano e meio, entrou pela portaria do Colégio Marista Rosário um senhor de cabelos brancos. O ex-aluno foi recebido e acolhido como de costume. Aproximo-me, dizendo meu nome, e, com singeleza, ele me pede permissão para ver o pátio do Colégio. Eu o acompanho e quando chegamos ao destino, com um olhar longínquo, ele demonstra querer ficar só. Meia hora mais tarde, passo pelo local e o vejo sereno. Eis que o visitante diz: “Obrigado, Irmão, revivi a vida de estudante neste pátio pelo qual passei”. Em sua sabedoria e agradecido, foi saindo de mansinho após contemplar parte de sua trajetória. Esse e tantos outros relatos e vivências com que nos deparamos diariamente remetem à riqueza do jovem como protagonista de sua história. Os desafios em diferentes áreas do maristas 2017 um novo começo 2017 2017 maristas maristas um um novo novo começo começo “DEIXAR A PRÓPRIA COMODIDADE E ATREVER-SE A “DEIXAR “DEIXAR A PRÓPRIA A CHEGAR PRÓPRIA A TODAS AS PERIFERIAS COMODIDADE COMODIDADE E E QUE A NECESSITAM ATREVER-SE ATREVER-SE CHEGAR A CHEGAR DA LUZ DO A TODAS A TODAS AS PERIFERIAS AS PERIFERIAS EVANGELHO” (EG). QUE QUE NECESSITAM NECESSITAM DA LUZ DA LUZ DO DO EVANGELHO” EVANGELHO” (EG).(EG). 2014|2015 Montagne 2015|2016 Fourvière 2016|2017 La Valla solidariedade Crianças encarceradas © Fotos: João Borges e uma casa de direitos Na tentativa de assegurar os direitos da criança, Rede Marista de Solidariedade assume creche da Penitenciária Feminina do Paraná. Formação pautada em valores e amor é o foco dessa mudança Por Michele Bravos 40 Atrás do portão verde de ferro da Penitenciária Feminina do Paraná, em Piraquara, uma das penitenciárias estaduais de segurança máxima do país, estão em clausura, além de pouco mais de 400 presas, cerca de 40 crianças entre zero e 3 anos de idade. Em casos em que a mulher é presa grávida, seu bebê nasce em cárcere e, por lei, lá ele pode permanecer até os 6 anos de idade. A mesma justiça também prevê, por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), “o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas”, compreendendo-se que liberdade é poder ir e vir, conviver em ambiente familiar e comunitário sem discriminação, brincar, praticar esportes e se divertir. Com o objetivo de assegurar os direitos da criança, a Rede Marista de Solidariedade (RMS) assumiu, no segundo semestre de 2014, o espaço Cantinho Feliz, uma creche localizada dentro da penitenciária e que, até então, era mantida pelo Estado. Com a mudança, o espaço passa a se chamar Centro Social Marista Estação Casa. Viviane da Silva, gerente educacional das unidades da RMS, destaca a importância de projetos pautados em valores e, principalmente, no amor em locais de extrema vulnerabilidade, como é o caso da creche na penitenciária. Lá, a urgência é ainda maior por se tratarem de crianças na fase da primeira infância – período determinante para o desenvolvimento cognitivo e social do indi- víduo. É nessa fase também que a criança passa a ter consciência de sua existência. O novo nome do espaço não é à toa e faz jus ao que ele se propõe a ser: um espaço acolhedor, que promove o fortalecimento de vínculos entre mãe, criança e família, respeitando as culturas infantis e proporcionando às crianças acesso ao mundo que está além-muros. “É um espaço que se diferencia da instituição prisional, com dinâmicas e processos que respeitam as culturas infantis e a maternagem, garantindo a dignidade e promovendo a efetivação de direitos”, afirma Viviane. Parceria O projeto da RMS é uma consequência de um trabalho que já vem sendo realizado na penitenciária por meio do programa Ciência e Transcendência: Educação, Profissionalização e Inserção Social, idealizado por Fernando Arns e em execução desde 2012. O programa é coordenado pela Pastoral da PUCPR e está sob a coordenação de Cristiane Arns. Até o primeiro semestre de 2014, um dos projetos do programa era aplicado na creche, com foco no resgate do vínculo mãe e bebê, por se entender que uma educação com raízes no amor pode trazer transformações futuras. Cristiane conta o quanto é admirável presenciar a mudança de comportamento das mães com seus filhos. Antes do programa, não havia delicadeza no cuidado com o bebê. Hoje, ouve-se até música de ninar pelos corredores frios e cinzentos. A maioria das detentas mães verbaliza o quanto esse novo olhar para os filhos as fez ver uma nova perspectiva de futuro para elas próprias e poder sonhar um caminho diferente para seus filhos. Em um primeiro momento, atuarão na Estação Casa dois técnicos, sendo um coordenador e um assistente social, além de dois educado- res. Por ser uma iniciativa inovadora no país, Viviane ressalta a importância de um planejamento que pondera os riscos e desafios de tanta mudança. “É nosso desafio construir um espaço com uma dinâmica que respeite as culturas infantis no contexto complexo de uma penitenciária. Outro ponto de atenção é ampliar as ações que visam humanizar as relações com esse espaço, inclusive extrapolando o tempo da criança na penitenciária. Há de se pensar na saída da criança e na continuidade desse vínculo”, explica a gerente educacional. Segundo Viviane, “as crianças que nascem na penitenciária estão na fronteira da invisibilidade das políticas públicas, fragilizadas pela realidade do cárcere”, por isso, é também desafio para a RMS levar para discussão nacional políticas públicas que assistam às crianças em contexto prisional. Todo o planejamento do Centro Social foi respaldado pela experiência da equipe do Programa e da própria direção do presídio e contou com o auxílio de uma consultoria social. É nosso desafio construir um espaço com uma dinâmica que respeite as culturas infantis no contexto complexo de uma penitenciária. Viviane da Silva Gerente educacional das unidades da RMS 41 © Foto: 123rf.com como fazer De olho no Apesar de relativamente novo, o termo “bullying” apenas define uma série de comportamentos bem mais antigos. O que fazer quando esse temido vilão está à nossa volta? Por Mahani Siqueira Não faz muito tempo que o termo "bullying" ganhou os holofotes e passou a ser alvo de frequentes e intermináveis discussões por parte de professores, psicólogos e pais. Atos de agressão física ou verbal no ambiente escolar, no entanto, existem há muito mais tempo do que se possa calcular, ainda que sem uma denominação específica. Foi apenas no começo da década passada que a palavra originada de bully (valentão, em inglês) incorporou-se ao vocabulário de verbetes comuns nas conversas de educadores e definiu um nome para a preocupação de inúmeros pais em relação ao comportamento de seus filhos na escola. Muitas vezes, descobrir que as crianças estão praticando ou sendo vítimas de bullying é uma tarefa complicada e que exige atenção detalhada das pessoas à sua volta. Segundo a psicóloga clínica Juliana Potter, especializada em terapia familiar e parceira dos Colégios Maristas, são vários os sinais que os 42 filhos podem dar para demonstrar que estão sofrendo provocações ou algum tipo de agressão na escola ou em atividades paralelas. Em todos os casos, de acordo com a psicóloga, é fundamental que os adultos estejam com o radar em pleno funcionamento. “A criança pode se manifestar de diversas maneiras: por meio de dores psicossomáticas (sempre ter dor de barriga na hora de ir para a escola, por exemplo), evitando atividades relacionadas à escola (medo de pegar a van, medo de ser assaltado perto da escola, perder os trabalhos da escola e objetos importantes), diminuição do contato com os amigos, irritação, tristeza, pesadelos, choro frequente, cansaço extremo, abatimento, alterações de apetite, entre outros. É importante dizer que nenhum desses sintomas de forma isolada caracteriza o bullying. Por isso, os pais devem estar atentos sempre para agir com rapidez e de maneira assertiva”, avalia Juliana. Marilisa Fraga, psicóloga e psicanalista infantil, entende que é importante os pais prestarem atenção para não interpretarem os sinais dos filhos de maneira errada e, na pressa, já definir como bullying um comportamento que, se avaliado com mais calma e cuidado, pode se revelar apenas um episódio isolado ou até mesmo um apelo por mais carinho. Segundo Marilisa, a generalização é um perigo constante quando se trata desse tema. “Os pais devem tomar cuidado para não serem seduzidos pelos afetos direcionados aos filhos e ter a tendência natural de generalizar e tomar o bullying como verdade absoluta antes de uma investigação mais profunda. Uma queixa que o filho chama de bullying pode ter sido apenas uma crítica mais dura de um amigo irritado ou pode estar sendo hiperdimensionada pelo jovem. Outra possibilidade é que se trate de um pedido de atenção fraterna, que acaba simplesmente sendo nomea- Existem muitas maneiras de lidar com o bullying, mas todas elas envolvem o diálogo entre a criança agredida, a escola, a família e o agressor. Os pais precisam estar envolvidos na vida escolar do filho conversando diariamente e não apenas quando ocorrem problemas. bullying Juliana Potter Psicóloga É importante manter um bom contato com a escola para compreender o que acontece e buscar a melhor atitude a ser tomada de maneira conjunta”, comenta a psicóloga. De acordo com Marilisa, a investigação detalhada e a identificação precisa do que acontece com a criança ou com o jovem é o primeiro passo antes de definir qual a atitude mais correta a se tomar. “Nesses casos, os pais devem procurar a coordenação da escola e checar informações do atual comportamento e das atitudes do filho naquele ambiente. Essa é primeira providência a ser tomada pelos pais, pois determina muitas vezes se há ou não reais necessidades de encaminhamento terapêutico para o psicólogo”, complementa. Outra preocupação que deve ser levada em conta pelos responsáveis é saber que o filho pode ser, na verdade, o autor de atitudes consideradas bullying. Nesses casos, o diálogo também se faz fundamental, assim como a aceitação do fato e seu enfrentamento. É o que garante Juliana. “É importante não negar a situação ou tapar o sol com a peneira. Conversar com o filho sobre a responsabilidade e o impacto das atitudes na vida do agredido pode ser um bom começo. Se a agressão acontece pela internet, os pais devem estar mais atentos e supervisionar as ações do filho de perto. Buscar maneiras de reparação junto ao agredido e atividades que desenvolvam comportamentos mais empáticos. A ajuda de um profissional também pode ser muito importante”, finaliza a psicóloga. © Foto: Acervo pessoal do com clichês pela criança. É preciso ter muita atenção flutuante para captar o que está sendo dito e o que ele quer dizer simbolicamente com aquela queixa”, opina Marilisa. A partir do momento em que o bullying é constatado, a conversa torna-se uma ferramenta imprescindível para evitar maiores danos e prevenir que os temidos episódios voltem a acontecer. A psicóloga Juliana defende que qualquer solução ou resposta a agressões deve ser buscada em conjunto entre todas as partes envolvidas. Ela garante, ainda, que a comunicação, quando frequente no dia a dia, pode ser um excelente instrumento contra o bullying. “Existem muitas maneiras de lidar com o bullying, mas todas elas envolvem o diálogo entre a criança agredida, a escola, a família e o agressor. Os pais precisam estar envolvidos na vida escolar do filho conversando diariamente e não apenas quando ocorrem problemas. Marilisa Fraga, psicóliga e psicanalista infantil. 43 compartilhar CoMPanheiroS de viaGeM No livro “Pais e Filhos – Companheiros de Viagem, uma Educação Para a Felicidade”, Roberto Shinyashiki nos presenteia com um conselho ímpar: devemos, como professores e pais, ajudar nossos alunos e filhos a realizar suas próprias vocações, libertando-os de um sonho ou projeto de vida que não lhes pertença. É um livro para a família e os alunos, principalmente para aqueles que estão prestes a encarar os vestibulares e, consequentemente, para a família que vive tudo isso junto. Somos educados para o sucesso ou para a felicidade? Um problema filosófico bem pertinente para o momento de nossos alunos e filhos. Marciel Colonetti, professor de Filosofia no Ensino Médio do Colégio Marista Paranaense - Curitiba (PR) o QUe QUero Ser QUando CreSCer? A incômoda pergunta "o que quero ser quando crescer?" requer a busca constante pelo autoconhecimento e por informações sobre cursos e carreiras. A família tem papel importante no envolvimento, na preparação e na execução das atividades da escola e de exames externos. O Maristão oferece ações como Orientação de Estudos, Feira de Profissões e Conexão Universidade e demais projetos que buscam orientar a caminhada. Uma boa dica é o Guia do Estudante Abril, que traz sempre conteúdos atuais, que podem ser úteis nos concursos vestibulares de todo o país. © Fotos: Divulgação Matheus kaiser Cabral Brandão, assistente psicopedagógico do Colégio Marista de Brasília - EM (DF) CanaL do enSino Vivenciamos e demonstramos o nosso jeito Marista de ser e de educar por meio da autonomia no desenvolvimento acadêmico de cada estudante, enfatizando a pluralidade de conhecimentos e investindo na capacitação dos nossos jovens de maneira significativa e produtiva. É nossa missão cotidiana fazer com que eles desenvolvam habilidades e competências que os realizem plenamente. O portal Canal do Ensino é uma ótima ferramenta, que pode auxiliar os jovens na busca por capacitação e conteúdos relevantes, tendo a internet como aliada. Maira Bachmann wroblewski, coordenadora psicopedagógica do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio do Colégio Marista São Luís - Jaraguá (SC) 44 o eSTUdo e aS MÍdiaS diGiTaiS Com a liberação da rede wireless na escola, vários professores estão repensando suas aulas e projetos, integrando as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) em suas práticas docentes para facilitar o processo de ensino-aprendizagem e a avaliação por meio de aulas criativas, interativas e inovadoras. Por exemplo, produção de texto no Whatsapp, Plataforma Oxford para prática em Língua Inglesa, EDMODO para uma maior interação entre professor e aluno, ferramentas de autoria, dentre outros. nelson Luiz Felipe Coelho, coordenador psicopedagógico do Colégio Marista Londrina (PR) Treino Para a vida O filme “Coach Carter - Treino Para a Vida” traz a história de um treinador que decide mostrar os diversos aspectos dos valores de uma vida ao suspender seu time campeão por causa do desempenho acadêmico dos atletas. Dessa forma, Ken Carter recebe elogios e críticas, além de muita pressão para levar o time de volta às quadras. A história leva à reflexão além das quatro linhas e pode perfeitamente ser utilizada como suporte de orientação em busca do sucesso ou do acerto em decisões. Fábio acencio, professor do Colégio Marista de Maringá (PR) 45 diversão Arte circense que se aprende na escola Atividade extracurricular privilegia o contato com a arte do circo, proporcionado aos alunos o desenvolvimento motor, a convivência e o trabalho em equipe Por Janaína Fogaça Tatames, bolas, pratos de plástico, malabares, tecido. Os itens descritos bem podiam representar um legítimo picadeiro, e é exatamente isso que acontece no ginásio de esportes do Colégio Marista Santa Maria, em Curitiba (PR): aulas de circo. Há cerca de 3 anos, a unidade oferece aos seus alunos a modalidade como atividade extracurricular. "A aposta nas aulas de circo deu tão certo que, atualmente, além dos 45 alunos matriculados, temos outros 20 em fila de espera", diz o supervisor do Núcleo de Atividades Complementares, Anderson Retechuki. Atualmente, 45 alunos entre 7 e 17 anos participam das aulas que acontecem no contraturno escolar uma vez por semana, durante 50 minutos. a neCeSSidade de Ser CriaTivo Tudo começou em 2010, quando a professora Patrícia Dal Molin apresentou o projeto para a direção do Colégio. "Queria apresentar uma proposta nova, de algo que fosse criativo, interativo e diferente. Então, aliei duas paixões: o circo e as aulas", conta a professora, que traz consigo uma bagagem circense, pois a sua avó fazia apresentações no picadeiro quando jovem. Em 2001, Patrícia engravidou, e a rotina das aulas de Educação Física ficou comprometida. "Eu não podia mais exercer as atividades que exercia anteriormente, como a ginástica e a capoeira, foi um momento de adaptação para mim, então, aproveitei os sábados para praticar as atividades circenses e aos poucos ir retomando a rotina", diz a professora, que se orgulha ao mencionar que o filho, de apenas 3 anos, já está iniciando nas atividades circenses. Oferecida como opção de atividade extracurricular, as aulas circenses vêm ganhando espaço por engajarem crianças e adolescentes em exercícios físicos de forma lúdica e estimularem a concentração, a disciplina, a expressão corporal e o trabalho em equipe, incluindo a confiança em si mesmos e nos colegas. Em Curitiba, além do Colégio Santa Maria, o Marista Paranaense também oferece a atividade. A técnica circense trabalhada pela professora Patrícia durante as aulas foca a coordenação motora para crianças de 5 a 7 anos. A partir dos 10 anos, as crianças começam a ter um contato mais amplo com as técnicas. "Procuro trabalhar com as crianças menores os malabares, a cama elástica e o slackline, pois eles ajudam a desenvolver o equilíbrio, a coordenação motora e psicomotora, além da autoconfiança. Com os maiores, conseguimos ousar um pouco mais nas acrobacias em tecido", afirma Patrícia. Dentre os benefícios oferecidos pela prática estão o favorecimento da força e a valorização do trabalho em equipe, fazendo com que alguns alunos que antes eram tímidos comecem a se "soltar". "Temos relatos de pais e professores que dizem que o aluno era tímido, retraído, e que com as aulas de circo, começou a socializar mais com os colegas e também em casa", conta a professora. 46 © Fotos: Gilberto do Rosário FoCo no deSenvoLviMenTo Companheiras de acrobacia A estudante do 8º ano do Ensino Fundamental Larissa Serbena estava em busca de uma atividade complementar diferente quando soube das aulas de circo oferecidas pela Escola. "Eu quis saber o que exatamente a atividade oferecia. No início, achei que era mais voltada para a parte de clown (palhaços), mas quando eu vi que tinha atividades em tecido, eu achei muito legal e quis me inscrever", conta a estudante. Em seguida, Larissa convidou a melhor amiga e colega de classe, Giulia Pizzatto, a se inscrever. A relação de amizade e companheirismo entre as duas é nítida e fica mais evidente quando elas desenvolvem atividades juntas. O tecido é a paixão de ambas, e para chegar lá no alto, Larissa conta com a ajuda de Giulia e vice-versa. "Nós nos conhecemos desde os 3 anos de idade, e de um ano para cá, somos amigas inseparáveis. A atividade de circo é algo de que nós duas gostamos muito e costumamos nos ajudar nas acrobacias. Acho fundamental poder ter com quem contar na hora em que estamos desenvolvendo essas atividades", diz Giulia. Além do gosto pela atividade, as duas têm em comum a vontade de ir cada vez mais longe: "Cada vez que a gente consegue se sair bem em um exercício e consegue dominá-lo, tem vontade de partir para outros mais difíceis – inclusive, pesquisamos na internet exercícios que ainda não tenhamos feito e trazemos para a professora nos auxiliar", afirma Giulia. A disposição e o interesse das meninas chamou a atenção da professora. Patrícia conta que Giulia e Larissa pedem para treinar até mesmo depois que aulas acabam. "Normalmente, a aula delas acaba por volta de duas horas da tarde, mas elas pedem para ficar um pouco mais. É gratificante saber que consegui despertar nelas essa vontade e a paixão por esse esporte", conta, emocionada, a professora. No início, os pais ficaram um pouco preocupados com a ousadia das meninas e a vontade de ir cada vez mais fundo no esporte. "Meus pais achavam perigoso, mas hoje já estão mais confiantes. Toda vez que conto para a minha mãe que aprendi um exercício diferente, que envolve acrobacias no tecido, ela fica apreensiva", conta, entre risos, Giulia. Quando perguntadas se pretendem seguir carreira na ginástica ou em atividades relacionadas ao circo, as duas garotas são enfáticas: "Talvez como uma atividade paralela, mas meu sonho é ser médica", diz Giulia. "E o meu é ser arquiteta", completa Larissa. Investimento A modalidade tem custo simbólico para os participantes. O investimento maior se dá pela Instituição ao adquirir os equipamentos, mas para quem pratica a modalidade, além do interesse e da força de vontade, são necessários os seguintes itens: l l l l Calça legging Camiseta Colant para apresentações Sapatilha de ginástica rítmica desportiva Quanto aos acessórios a serem adquiridos pelas Instituições, são necessários malabares, que custam por volta de R$ 200; tecido, R$ 250; trapézio, R$ 600; e lira, R$ 250. 47 olhar Questionamentos sobre a © Fotos: Divulgação Lei da Palmada Assunto polêmico esse. Para que serve, afinal, a Lei da Palmada? Em primeiro lugar, temos que definir o que vem a ser uma palmada: como o próprio nome sugere, é o bater com a palma da mão. Quem já levou uma palmada quando criança de seus pais por algo de errado que tenha feito e sente-se “traumatizado” por isso? Difícil encontrar um exemplo. Estamos falando aqui daquela “palmada corretiva”, quando os argumentos verbais já foram explorados e esgotados sem efeito e os pais sentem-se “obrigados” a partir para uma intervenção física para que a criança entenda de uma vez por todas o que está sendo pedido ou ordenado. Existe sempre a “tática do 1... 2... 3!” antes de bater, que consiste em dizer para a criança que ela está fazendo algo errado e deve parar imediatamente. Você contará até três pausadamente: caso ela não tenha parado no três, levará uma palmada. Dessa forma, está sendo advertida verbalmente e tem a chance de evitar um possível castigo mais severo se não obedecer, tendo a escolha de parar o que está fazendo para não apanhar. Geralmente, elas param antes do três e não é preciso bater. Mas nem todas são tão fáceis de lidar. Há aquelas que insistem em provocar e testar os limites dos pais achando que não acontecerá nada demais, e quando levam a palmada, param instantaneamente, como se a ficha da autoridade dos pais caísse naquele momento, forçando-as a obedecê-los. Estamos falando, aqui, de crianças pequenas, até seus 5 ou 6 anos, algumas um pouco mais. E a palmada é pontual, funcionando como um “basta” ao comportamento a ser corrigido. Nada que deixe marcas no corpo, ou que seja humilhante (como tapa no rosto, inadmissível). Totalmente diferente de surras, em que os pais muitas vezes utilizam objetos para bater nos filhos, deixando, aí sim, marcas visíveis da violência empregada. 48 O Estatuto da Criança e do Adolescente condena o uso de maus tratos contra tais vítimas em sua educação, apenas não definindo se são físicos ou morais. A nova lei deixa expresso que não se pode usar “castigo corporal” contra crianças e adolescentes, embora a “palmada corretiva” ainda seja permitida, ao contrário da “palmada agressiva”. Mas quem definirá o limite entre o corretivo e o agressivo? Esse critério é extremamente subjetivo, o que, certamente, dará brecha para inúmeras interpretações. Aí pergunto: como ficam os maus tratos verbais e emocionais contra os menores, que podem ser de longe mais traumatizantes para os futuros adultos, que provavelmente crescerão com marcas psíquicas profundas e, por vezes, incuráveis? Quanto aos aspectos práticos e à eficácia, como prevenir os maus tratos ou o tratamento degradante e cruel quando a lei não prevê sequer pena ao infrator? Talvez essa lei seja útil apenas para trazer o assunto à baila e provocar discussões, forçando-nos a olhar para os inúmeros casos de violência doméstica que acontecem rotineiramente em grande parte das famílias brasileiras. Marina vasconcellos é psicóloga pela PUCSP; especialista em Psicodrama Terapêutico pelo Instituto Sedes Sapientiae; psicodramatista didata pela Federação Brasileira de Psicodrama (FEBRAP); e terapeuta familiar e de casais pela Unifesp. Encontre a MPB na internet. Acesse o novo site: www.lumenfm.com.br Aprendizado virtual Antes considerados ameaçadores e perigosos, games se revelam eficientes ferramentas para estudo e desenvolvimento de habilidades Por Mahani Siqueira Por muito tempo, eles foram vistos como inimigos da saúde, causadores de episódios frequentes de mau comportamento, incitadores de atos violentos e perigosos para a formação de qualquer criança ou adolescente. Hoje, os games assumiram um novo papel e, embora ainda despertem alguma desconfiança aqui ou ali, podem ser poderosos instrumentos no processo educativo. A NeuroGames é uma iniciativa que comprova as inúmeras utilidades que os jogos virtuais podem ter para trazer diferentes benefícios. A empresa, que tem como principal área de atuação o desenvolvimento de ferramentas para saúde com foco na educação, já elaborou jogos em parceria com universidades federais e internacionais e, atualmente, cria games capazes de detectar precocemente habilidades cognitivas e socioemocionais de crianças e adolescentes. Segundo Thiago Rivero, neuropsicólogo e um dos fundadores do projeto, são várias as habilidades necessárias na hora de comandar o joystick. “Todos os games exigem o desempenho de habilidades cognitivas e socioemocionais. Quando jogamos, 50 atenção, memória, controle do impulso, tomada de decisão, gerenciamento de habilidades sociais e outras tantas são requisitados. Por meio dos jogos, provocamos o uso dessas funções e, assim, podemos construir ferramentas de avaliação e estimulação das habilidades cognitivas. Com isso, podemos conhecer melhor as habilidades dos jogadores e, desse modo, construir, por meio da nossa plataforma e de nossa metodologia, intervenções que sejam ‘adaptadas’ e costuradas para as dificuldades e características individuais de cada um”, comenta Rivero. “Crianças e adolescentes entendem a linguagem simbólica e profunda dos games. Isso nos permite falar diretamente e, principalmente, negociar e explicar o que queremos. Com games, não é possível ser indulgente com as crianças. Elas sabem jogar e jogam bem; portanto, precisamos criar desafios e formas de avaliá-las que sejam motivadores e que tenham sentido. Os games são máquinas eficazes de aprendizado, e quando as crianças decifram seus códigos e suas formas de atuação, elas aprendem”, complementa o psicólogo da NeuroGames. Para a psicóloga Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática da PUCSP, a interação com os games pode despertar nas crianças uma série de habilidades, desde que sejam escolhidas as opções corretas e que os pais acompanhem o que os filhos têm em mãos. “Todos os games podem ser positivos de alguma maneira. As opções de guerra, por exemplo, exigem muita estratégia. Mas é importante ter sempre em mente qual é o interesse do jovem naquele jogo e saber como ele vê essa diversão”, analisa Luciana. Gerente de inovação e novas mídias da Editora FTD, Fernando Fonseca revela que a empresa já enxerga as plataformas digitais e os momentos de lazer como potenciais ferramentas de aprendizado que podem ser integradas com os livros. Segundo ele, assim também é possível fazer com que o estudo seja mais divertido e prazeroso. “Não há dúvida de que os jogos permitem criar uma experiência de ensino e de aprendizagem mais motivadora para todos, capaz de obter resultados superiores ao que, em geral, o professor consegue com outras estratégias”, finaliza Fonseca. www.colegiosmaristas.com.br , 1 1 0 2 EM O I C U L U E C L A O I G É L O C O D , L A LE A PARANAENSE, T S I R A M M 0 5 1 U E R R CO . S 1 , 1 2 EM E AÍ, QUE TAL SUPERAR ESSA CONQUISTA NO MARISTA DE LONDRINA? A OLIMAR 2015 ESTÁ CHEGANDO. Colégios Maristas. Preparação para todas as provas da vida. Coloque o talento do seu filho nas mãos de quem tem as ferramentas para lapidá-lo. As novas ferramentas de ensino integrado proporcionam ao aluno um aprendizado dinâmico e de qualidade. Em parceria com o FTD Sistema de Ensino, oferecemos soluções educacionais de ponta para os estudantes da Educação Infantil ao Ensino Médio. 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