CARACTERÍSTICAS DE UM AUTÊNTICO LÍDER

Transcrição

CARACTERÍSTICAS DE UM AUTÊNTICO LÍDER
Subsídios para Escola Bíblica Dominical
Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo
A ORAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO
Resumo
O subsídio desta semana (Lição 02 – 4º Trimestre 2010 de 10/10/2010) da Revista “Lições
Bíblicas” de Jovens e Adultos, que está abordando o tema “O Poder e o Ministério da Oração
– O Relacionamento do Cristão com Deus”, traz o assunto acerca da oração no antigo pacto,
com o título “A Oração no Antigo Testamento”. O texto áureo desta lição está registrado no
2º Livro de Crônicas 30.27, que diz: ―Então, os sacerdotes e os levitas se levantaram e
abençoaram o povo; e a sua voz foi ouvida, porque a sua oração chegou até à sua santa
habitação, aos céus‖. O Pr. Eliezer de Lira e Silva extraiu a seguinte verdade prática do texto
base da aula (1 Reis 18.31-39): ―Assim como hoje, a oração no Antigo Testamento era um
canal permanente de comunicação entre Deus e o seu povo”. Este subsídio tem como
objetivo explorar profunda e exaustivamente este assunto; não sendo, de forma alguma, a
última palavra em um assunto tão amplo. Espera-se contribuir assim com os objetivos da lição
que diz: ―descrever a oração no Pentateuco, e nos livros Proféticos e Poéticos; explicar o
desenvolvimento da oração no Antigo Testamento; e, conscientizar-se de que a oração é o elo
entre Deus e o homem‖.1 Bons estudos!!!
Palavras-Chaves: Oração; Antigo Testamento; Pentateuco; Monarquia; Profetas
Introdução
Na lição anterior, fora dado destaque ao significado da oração. Nesta semana,
abordaremos histórica e teologicamente o entendimento que as pessoas possuíam nos tempos
bíblicos da História Antiga registrada nas páginas do Antigo Testamento, ou seja, no
Pentateuco, na Monarquia e nos Profetas.
Qual era a forma de interpretação do ato de orar naquela época? Será que, também,
havia interpretações errôneas desse significado? Será que só pediam? Ou falavam sem cessar?
1
LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 4º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. 11 p.
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Ou exigiam, decretavam, determinavam?? Ou será que repetiam frases iguais continuamente e
várias vezes?? Ou pensavam que orar é sacrificar, é uma penitência, é um castigo. Bem, vamos
tentar apresentar um quadro que, na verdade, para um remanescente fiel, era um canal
permanente de comunicação entre Deus e seu povo.
Relembrando a história da prática da oração
O Pastor Luis Carlos Gomes, procurou relatar quando começou a prática da oração.
Veja:
Quando o ser humano começou a orar? Quem fez a primeira oração?A última
frase de Gênesis 4 registra que, logo após o nascimento de Enos, começou-se
“a invocar o nome do Senhor” (Gn 4.26). Embora o verbo “invocar” pareça
sinônimo de cultuar ou adorar, em outros textos ele é sinônimo de clamar ou
orar. Numa de suas orações, Davi escreve: “Na minha angústia, “invoquei” o
Senhor, “clamei” a meu Deus; ele, do seu templo, ouviu a minha voz” (2Sm
22.7). No Salmo 50, Deus diz: “Invoca-me no dia da angústia: eu te livrarei, e
tu me glorificarás” (Sl 50.15). As mesmas palavras são proferidas pela boca
do profeta Jeremias: “Invoca-me, e te responderei” (Jr 33.3). A expressão
“invocar o nome do Senhor” aparece seis vezes no primeiro livro da Bíblia.
Abraão (12.8; 13.4; 21.33), sua escrava Agar (16.13) e seu filho Isaque
(26.25) invocam o nome do Senhor. A esta altura da história humana tal ato
já seria um exercício religioso habitual. As outras orações de Gênesis não são
meras invocações da presença de Deus, mas súplicas bem elaboradas e mais
explícitas. A primeira é um modelo de oração intercessória. As outras são
“pedidos” em favor da interferência da misericórdia e do poder de Deus para
resolver situações difíceis (a oração do servo de Abraão), situações ligadas a
problemas de saúde (a oração de Isaque) e situações de perigo (as orações de
Jacó). Abraão demora-se na presença de Deus e insiste o quanto pode em
favor da não-destruição de Sodoma e Gomorra, em benefício de alguns
poucos justos porventura ali residentes. E ele consegue o favor de Deus vez
após vez: Deus não destruiria as cidades da campina caso houvesse ali
cinquenta, 45, quarenta, trinta, vinte ou dez justos. Como não havia nem
sequer dez, as cidades foram destruídas (Gn 18.22-33). O mesmo Abraão
orou em favor da saúde de Abimeleque, sua mulher e servas (Gn 20.17). O
filho de Abraão e Agar, ao ser mandado embora junto com a mãe, não tendo
mais água para beber, clamou e “Deus ouviu a voz do menino” (Gn 21.17). O
servo de Abraão não sabia como cumprir a delicada missão de conseguir uma
esposa para o filho solteirão de seu senhor. Então apelou à oração e foi
plenamente atendido. A primeira moça com a qual se encontrou na
Mesopotâmia tornou-se esposa de Isaque. O servo fez questão de contar essa
experiência de oração à família da jovem (Gn 24.10-50). Como Rebeca não
engravidava, “Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril”.
Depois de completar bodas de porcelana, aos 60 anos, nasceram os gêmeos
Esaú e Jacó (Gn 25.19-26). Depois de casar-se com quatro mulheres, de se
tornar pai de doze rapazes e de Diná, e de ficar muito rico, Jacó resolveu
voltar para sua terra. Porém, logo soube que o irmão ainda alimentava
vingança contra ele e vinha ao seu encalço com quatrocentos homens
armados. Ao perceber que ele e sua família estavam em perigo, Jacó orou ao
Senhor: “Livra-me das mãos de meu irmão Esaú, porque eu o temo, para que
não venha ele matar-me e as mães com os filhos”. Foi uma oração
perseverante e audaciosa, pois do lado de cá do Jaboque ele disse ao Senhor:
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“Não te deixarei ir se não me abençoares”. A emoção desarmou Esaú, os dois
inimigos choraram um no ombro do outro e a guerra acabou (Gn 32.3-32). O
que mais se aprende com esta história de oração é a humildade com que elas
foram feitas. Na intercessão por Sodoma, Abraão declarou: “Eis que me
atrevo a falar ao Senhor, eu que sou pó e cinza” (Gn 18.27). Jacó também
confessou o que de fato era ao começar sua oração com as seguintes palavras:
“Sou indigno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade que tens usado
para com teu servo” (Gn 32.10). Bom seria se todas as nossas orações
começassem com essa confissão de Jacó e a do publicano: “Ó Deus, sê
propício a mim, pecador!” (Lc 18.13).2
A questão da oração no Antigo Testamento é importante
Estudar acerca da Oração no Antigo Testamento é pertinente, pois existe certo
despreparo para lidar com respeito à compreensão do Antigo Testamento na atualidade. Será
que ela produz uma mensagem para hoje? Será que tem relevância? Veja o pensamento de
Juan F. Martínez3, sobre o assunto:
Para muitos cristãos o Antigo Testamento (AT) é algo assim como o
apêndice do corpo humano. Suspeita-se que em algum tempo passado
tivesse certa importância, porém, no dia de hoje a sua utilidade é marginal.
A parte de alguns salmos e uma série de histórias e biografias, o AT tende a
ser um livro fechado para a margem da vida da igreja. Esta tendência
obedece a toda uma série de fatores, muitos dos quais estão fora do alcance
deste artigo. Porém se temos de “desmarginalizar” o AT, é vital entender a
importância de sua mensagem para a vida e ensino da igreja. Neste artigo
veremos: 1) algumas das formas como a igreja têm entendido o lugar e a
autoridade da mensagem do AT ao longo da história; 2) As formas como se
utilizam a mensagem do AT na igreja, e 3) alguns pontos chaves da
mensagem do AT para os cristãos. Ao ler o AT alguém enfrenta a realidade
de que sua ética e moral nem sempre são as do evangelho de Cristo. Se a
mensagem do AT reflete um entendimento anterior à revelação completa
em Cristo, como se deve utilizar essa mensagem na igreja hoje? Qual é o
valor da mensagem veterotestamentária para os cristãos? A atitude da igreja
sobre estas perguntas tem sido afetada pelas polêmicas e problemáticas que
cada geração tem enfrentado. As respostas que se têm elaborado através da
história nos têm delimitado os marcos para o uso que damos ao AT nos dias
atuais. Por isso, é fundamental entender a história do uso que a igreja tem
feito desta mensagem do AT. Os primeiros crentes, por serem todos judeus,
entendiam que Jesus era o cumprimento, que Ele era o Messias anunciado
no AT. Eles aceitavam as Escrituras judaicas como suas, dando-lhes uma
interpretação decididamente messiânica. As Escrituras que Paulo
recomenda a Timóteo que o pode tornar sábio para a salvação (2 Timóteo
3.15) são o texto inspirado do povo judeu. Os escritores do Novo
Testamento (NT) fazem um uso extenso do texto judeu. O AT forma o
marco e o pano de fundo teológico para o NT e se faz muitas citações
2
Disponível em http://mensageirodapazluizbq.blogspot.com/2009/08/historia-da-oracao.html, acessado em
25/09/2010, às 20h50
3
Comentario Biblico Mundo Hispano Tomo 13 Oseas—Malaquias, Alabama: 2003 p.9-22. Tradução: João
Ricardo Ferreira de França. Disponível em http://www.eleitosdedeus.org/antigo-testamento/mensagem-doantigo-testamento-para-igreja-de-hoje-juan-f-martinez.html#ixzz11UI1l9R5, acessado em 05/10/2010, às 09h40.
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diretas, majoritariamente da versão grega conhecida como Septuaginta
(LXX). Também se encontra toda uma série de alusões ao texto e ao ensino
do AT. Suas interpretações refletem um grande respeito para com o texto e
é claro que o aceitam como Palavra de Deus. A novidade que traz a igreja
primitiva para a interpretação do texto é o enfoque cristológico. Usa-se o
AT para provar, primeiramente para os judeus, que Jesus é o Messias, o
Filho de Deus. As escrituras judaicas se cumprido na pessoa e obra de
Cristo. Ao distanciar-se de suas raízes judaicas, a igreja começou a
enfrentar vários dilemas relacionados com a mensagem do AT. Por um lado
teve que começar a explicar o lugar, na mensagem cristã, daquelas partes
do AT que não se enquadravam com revelação completa do evangelho em
Cristo Jesus (p.e. as guerras destrutivas, a vingança, a poligamia, o
exclusivismo judaico, etc.). Por outro lado, a obra missionária começou a
trabalhar entre pessoas que não conheciam o judaísmo e que não aceitariam
automaticamente que a Bíblia judaica fosse Palavra de Deus. A igreja já
não podia usar o AT como comprovante, mas tinha que justificar seu uso
diante de um mundo incrédulo. Próximo do ano 150 Marcião, filho de um
bispo, chegou a conclusão de que o Deus vingativo do AT não podia ser o
mesmo Pai amoroso do NT. Segundo Marcião o AT era um livro inferior
que não tinha mensagem alguma para a igreja de Cristo Jesus. Para ele
somente o Evangelho de Lucas e as epístolas de Paulo refletiam a
verdadeira mensagem cristã. O ataque de Marcião obrigou a igreja a
considerar os limites e a autoridade do AT. Rejeitou-se a solução proposta
por Marcião e se afirmou claramente que a fé cristã não era algo novo, mas
que Deus havia preparado o caminho para o advento de Cristo. Se afirmou
que o AT dava testemunho desta preparação. Por isso, seguiu-se
defendendo o Cânon bíblico, e o AT foi uma parte íntegra com os
Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e as epístolas, do Canon aceito pela
igreja, passou a ser conhecido como Bíblia (MARTÍNEZ, JUAN F., 2010)4
O estudo do Antigo Testamento testifica acerca do Deus que sempre esteve atento às
necessidades de Seu povo. O Deus do Novo Testamento é o mesmo do Antigo Testamento.
Os fiéis do Antigo Testamento bem o souberam disso, pois, aprenderam a se relacionar com
Ele na dimensão do amor, e do coração, e, portanto, aguardavam a redenção futura na pessoa
de Cristo Jesus.
Concepção de Deus no Antigo Testamento5
A concepção de Deus no Antigo Testamento revela o relacionamento que o ser
humano estabelecia com seu Criador. Assim, sua percepção de Deus revela a forma como o
ser humano buscava ao Senhor. Para os escritores do Antigo Testamento não surgiram
dúvidas sobre a existência de Deus. Não julgaram necessária a apresentação de argumentos
para estabelecer a prova da existência de Deus.6 No Antigo Testamento Deus se apresenta nas
4
Comentario Biblico Mundo Hispano Tomo 13 Oseas—Malaquias, Alabama: 2003 p.9-22. Tradução: João
Ricardo Ferreira de França. Disponível em http://www.eleitosdedeus.org/antigo-testamento/mensagem-doantigo-testamento-para-igreja-de-hoje-juan-f-martinez.html#ixzz11UI1l9R5, acessado em 05/10/2010, às 09h40.
5
Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro:
JUERP, 1991. 57 -211p.
6
Idem 57p.
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experiências religiosas dos homens, e não nas suas especulações filosóficas. Os profetas
baseiam todos os seus ensinos na certeza inabalável do conhecimento que Deus lhes
transmitiu nas suas comunicações com o homem. A premissa básica de todos os escritores da
Bíblia é que Deus pode ser conhecido.
O conhecimento de Deus revelado aos homens é justamente aquele que
satisfaz à fome da sua natureza espiritual. A palavra hebraica “Yadha´”
significa “conhecer pessoalmente” (Gn. 12.11); “conhecer por experiência”
(Js. 23.14); “ganhar conhecimento” (Sl. 119.152); “conhecer o caráter de
uma pessoa” (2 Sm. 3.25); “ter relações amistosas com alguém” (Gn. 29.5;
Ex. 1.8; Jó 42.11); “conhecer a Deus” (Ex. 5.2). A palavra também
descreve o profundo conhecimento que Deus tem de pessoas (Os. 5.3; Jó
11.11; Sl. 1.6). O conhecimento de Deus resulta em adoração e obediência
inteligente à sua vontade (Jz. 2.10; Sl. 79.6). Segundo os profetas, o
conhecimento de Deus é o discernimento da natureza divina por parte do
conhecedor que fica habilitado a reconhecer as verdadeiras manifestações
ou revelações da natureza e da vontade do Senhor. Este conhecimento de
Deus, da parte do homem, é o seu intercurso com Deus. É tão real, tão
verdadeiro como o seu intercurso pessoal com qualquer outra pessoa. É a
qualidade de conhecimento que resulta de relações intelectuais da
consciência de uma pessoa com qualquer outra consciência pessoal. A
experiência de Isaías com Deus transformou a sua vida, e determinou o
caráter do seu serviço na direção da história do seu povo (Is. 6.1, 5-7). Não
há outra palavra que, no seu pleno sentido bíblico, descreva mais
perfeitamente a natureza de Deus do que o termo santidade. É a tradução da
palavra hebraica “qodesh”, que tem uma longa e complicada história, e que
tem sido usada em vários sentidos, mas exclusivamente para expressar
idéias religiosas.7 A história do conceito de santidade é longa e complicada,
variando na sua significação entre as nações antigas. Entre os hebreus a
santidade se referia primeiramente ao mysterium tremendum, ao numious,
ou aos característicos da Divindade que a separa de tudo que é comum,
tudo que é o mundo físico ou da humanidade. 8 Na religião dos hebreus a
diferença entre o homem e Deus ficava cada vez mais claramente
apreendida. Os hebreus progrediam na distinção entre o sagrado e o secular.
Com proibições e leis cerimoniais, eles governavam a vida religiosa do
povo santo, ou separado, no esforço de orientá-lo no cumprimento das
responsabilidades sagradas e seculares. A Santidade não é propriamente um
atributo de Deus. Descreve antes a própria natureza de Deus. Assim, a
Santidade abrange, ou compreende, todos os atributos de Deus. É na
santidade que Deus é transcendente, ficando, na sua Divindade, por cima de
tudo e independente de toda a sua criação. Tomando este conceito da
santidade do Senhor como seu ponto de partida, os escritores bíblicos
chegaram a reconhecer a claridade e a pureza do Deus Santo que exclui a
comunhão com tudo que é mau e perverso. Então como se relacionar com
esse Deus Santo, sendo o homem pecador. Quando Isaías recebeu a visão
da santidade do Senhor (Is. 6.1-5), foi-lhe revelado o terrível abismo que o
separava, juntamente com o seu povo, de Deus. O abismo separador foi o
pecado de Israel, manifestado pela ignorância, ingratidão, injustiça,
formalismo e rebelião (Is. 1.1-23). Com o desenvolvimento do conceito da
santidade do Senhor, os profetas entenderam cada vez mais claramente a
7
Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro:
JUERP, 1991. 101 p.
8
Idem. 103 p.
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pureza moral do seu caráter, a justiça absoluta em todos os seus
pensamentos, propósitos e planos, e em todas as suas relações com o povo
de Israel, com os povos das outras nações. 9
Temos, portanto que a concepção dos hebreus, no Antigo Testamento, acerca de Deus
é que Ele é pessoal e santo. Como, portanto, relacionar com esse Deus Pessoal e Santo, sendo
que o homem é pessoal, ímpio e pecador? Através de sua justiça e amor, que implica em sua
atitude redentora com Israel.
À luz da santidade do Senhor, Israel certamente não era justo, e não podia
justificar-se, ou salvar-se a si mesmo. Os profetas Jeremias, Ezequiel e
Isaías reconheceram a necessidade imperiosa da transformação espiritual do
seu povo. Jeremias pergunta: “Pode o etíope mudar a sua pele, ou o
leopardo as suas malhas?” (Jr. 13.23.). Estes profetas chegaram a
reconhecer que a natureza humana é pecaminosa, e que o pecador não pode
mudar a sua natureza, sem o auxílio da graça poderosa de Deus. Um ato
pecaminoso contra Deus não tem tanta significação como o fato de que
todos os pecados de Israel resultam da sua perversidade moral, da sua
natureza pecaminosa. Jeremias apresentou o novo conceito da religião
espiritual que justiça o homem. A salvação espiritual de Israel, bem como o
seu livramento político, é conseguida pela justiça de Deus. Sendo Santo,
Justo e Soberano, Deus exige a retidão e a justiça do homem. Ele se
interessa em ver que a justiça seja feita entre os homens de toda a terra. A
justiça deriva-se dEle. Portanto, não pode haver justiça à parte dele. Na sua
soberania, ele é o único que pode decidir o que é, ou não, justo de acordo
com a norma da verdadeira justiça. 10
O amor de Deus é a força operativa no estabelecimento da justiça no mundo. O Deus
do Velho Testamento é o Deus de amor, o mesmo que se apresenta no Novo Testamento.
O amor de Deus exigia de Israel obediência fiel, e a responsabilidade de
cumprir as condições co concerto generoso que Deus fez com ele. 11 Deus
estabeleceu seu concerto com seu povo, na base da santidade, justiça e
amor. Os elementos fundamentais do concerto foram preservados desde o
tempo de Moisés, mas os grandes profetas, à luz de Deuteronômio,
esclareceram a sua importância na vida e na história de Israel, e na
amorável beneficência de Deus, eles fundaram e firmaram as esperanças
para o futuro do povo escolhido do Senhor. No estudo da história de Israel,
os profetas entenderam cada vez mais claramente as fraquezas, a
desobediência, e as vacilações do seu povo, em contraste com amor firme,
fiel, constante e persistente do Senhor, “o Santo de Israel”. 12
Assim, que, Deus ao estabelecer o Concerto com Israel, o fez de forma a aceitá-Lo no
seu relacionamento.
Há certas verdades subentendidas no Velho Testamento que nem todos os
teólogos entendem. Primeiro de tudo, o povo de Israel, libertado e
escolhido pelo Senhor, apresenta-se, desde o Monte Sinai, como povo salvo
9
Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro:
JUERP, 1991. 57 a 105 p.
10
Idem 113 - 116p.
11
Ibidem. 117 p.
12
Ibidem. 118 p.
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pela graça de Deus, separado, escolhido ou eleito e dedicado, segundo o
concerto, ao serviço do Senhor. Mas nem o amor imutável do Senhor
poderia prender qualquer israelita contra a sua própria vontade. Assim,
qualquer israelita, ou grupo de israelitas, poderia perder o seu lugar, entre o
povo escolhido, pela revolta contra o Senhor, como no caso dos mais
culpados, que fizeram e adoraram o bezerro de ouro. Outro fato
subentendido no Velho Testamento é que o sistema sacrificial nunca se
apresenta em qualquer lugar como meio de salvação. Koehler trata os
sacrifícios como “expediente do homem para a sua própria redenção”.13
A.B. Davidson explica, em termos bem claros, o significado das ofertas no sistema
sacrificial, como praticados pelos israelitas.
“Os sacrifícios foram assim oferecidos a Deus, que estava em relações de
graça com o seu povo. Não foram oferecidos para alcançar a sua graça, mas
para retê-la, ou para evitar que a comunhão existente entre Deus e o seu
povo fosse interrompida ou terminada pelas imperfeições ainda inevitáveis
do seu povo, quer seja de indivíduos, quer seja do povo inteiro”.14
Reconhecendo que o povo, na sua enfermidade moral, poderia cair em
várias qualidades de erros, o Senhor estabeleceu o sistema de sacrifícios e
ofertas para fazer expiação dos pecados de enfermidade e ignorância.
Assim o sistema ritual foi instituído para tratar de pecados cometidos dentro
do concerto. Deste modo ofereceu ao povo meio de livrar-se do sentimento
de culpa de uma qualidade limitada de pecados. Para os pecados cometidos
com alta mão (yadh rama), pecados de rebelião contra Deus, não havia
expiação, porque tais pecados eliminavam o pecador do povo do concerto.
Convém lembrar, mais uma vez, a longa história dos israelitas, e o
desenvolvimento da sua teologia, através das experiências históricas, em
harmonia com a revelação progressiva da santidade e da justiça de Deus.
Esta advertência é especialmente importante no estudo da influência do
sistema sacrificial na história antiga de Israel. Quando os profetas
receberam uma revelação mais completa do caráter de Deus, entenderam
mais claramente a natureza do pecado. Reconheceram a tendência e o
perigo de atribuir eficácia ao próprio sacrifício, ao invés de lembrar que era
apenas um símbolo de arrependimento e da fé do ofertante, e que nestas
condições Deus perdoa o pecado. A lei cerimonial servia para ensinar,
treinar e preparar o povo para entender o que o Deus santo e justo requer do
homem. 15
Todas as pessoas dentro do povo escolhido tinham a responsabilidade de cumprir
todas as condições do concerto. Quando uma pessoa cometia um pecado de fraqueza, embora
involuntariamente, tinha que apresentar a oferta ordenada pela lei.
No curso do desenvolvimento da religião de Israel manifestou-se a
tendência de estabelecer duas opiniões a respeito da eficácia do sacrifício.
Persistia a idéia tradicional, fortemente combatida pelos profetas, de que o
próprio sacrifício tinha o efeito de cancelar o pecado do ofertante. Com o
conhecimento mais claro do caráter de Deus, e da dignidade do homem,
13
Ludwig Koehler, op. Cit., 181 – 198. Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R.
Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro: JUERP, 1991. 196 p.
14
A. B. Davidson, The Theology of The Old Testament, p. 316. Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do
Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro: JUERP, 1991. 196 p.
15
Idem 197 p.
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desenvolveu-se um entendimento mais profundo da natureza do pecado. O
pecado interrompe a comunhão entre o homem e Deus, e afasta o pecador
da presença de Deus. Chegou-se finalmente a entender que o verdadeiro
arrependimento do pecador, que envolve o ódio ao seu pecado e a firme
determinação de abandoná-lo, era necessário no preparo do coração para
receber o perdão divino e regozijar-se de novo na comunhão com Deus.
Assim os profetas entendiam que o sacrifício era apenas simbólico do
espírito reto que devia acompanhar a oferta. Com a interpretação profética
do significado do arrependimento e o entendimento mais profundo da graça
de Deus, os profetas ensinavam que o motivo do perdão do pecado está
sempre no amor eterno e fiel do Senhor. Mas, apesar de seus defeitos, o
sistema sacrificial servia ao propósito do Senhor no treinamento espiritual
do povo escolhido no período primitivo da sua história. A graça de Deus
operava por intermédio do sacrifício para aliviar o pecador do sentido da
culpa e manter a comunhão com o Senhor. Gradualmente esclareceu e
aprofundou o conhecimento da santidade e da justiça de Deus. Servia
também para acentuar a gravidade do pecado, que separa o homem da
presença de Deus, e para mostrar o amor imutável do Senhor na salvação
do pecador. Os profetas e os salmistas têm muito a dizer sobre o perdão
divino dos pecados humanos. Os profetas apresentam novas revelações
sobre a santidade, a justiça e o amor do Senhor. Sendo justo, o Senhor exige
a prática da justiça entre o seu povo. Com o conhecimento mais profundo
do caráter de Deus, aumentou-se o entendimento do valor e da dignidade
moral do homem individual e da vida humana em geral. Assim o perdão do
pecado e a pureza do coração tinham valor essencial e dignidade própria.
Os profetas e salmistas tinham também um entendimento mais claro do
amor persistente e imutável do Senhor, da sua amorável benignidade e do
poder transformador da sua graça. A salvação não era simplesmente o
livramento das conseqüências do pecado, mas a liberdade do poder do
pecado. Reconhecendo a natureza pecaminosa do seu próprio coração, o
profeta Jeremias exclamou: “Sara-me, Senhor, e serei sarado; salva-me, e
serei salvo” (17.14). Evidentemente ele desejava a verdadeira regeneração,
tal como descreve o novo concerto, a revelação no interior, escrita no
coração (31.33). “Perdoarei a sua iniqüidade, e nunca mais me lembrarei do
seu pecado” (31.34).16
Essas informações são necessárias devido ao fato de muitos pensarem que o
relacionamento de Deus no Antigo Testamento era pautado no cumprimento exclusivo de leis
e cerimoniais. Aqueles que compreenderam o Deus como pessoal, santo, justo e amoroso;
também, conseguiram manter um relacionamento santo, de intimidade e amizade. Deus
sempre foi, é, e, será o mesmo. Quando encontra um coração quebrantado e desejoso de
converter, arrependido, Deus o perdoa e restabelece a comunhão com o ser humano. O
problema é que muitos não entenderam nada acerca do seu relacionamento com Deus e
pautou sua relação com na esfera do legalismo e obrigações.
Quando o Senhor, na sua compaixão, redimiu os filhos de Israel, e lhes deu o
seu concerto no Monte Sinai, assim estabeleceu a base das suas relações com
eles em todas as atividades históricas que prepararam o caminho para a
fundação do reino de Deus no mundo inteiro. No sistema sacrificial dos
israelitas, as ofertas apresentadas ao Senhor representaram apenas o espírito
16
Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro:
JUERP, 1991. 197 - 200 p.
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de arrependimento do ofertante, enquanto o amor imutável do Senhor
operava persistentemente no perdão do pecador desviado que desejava o
restabelecimento da comunhão com o seu Deus.17
O pouco conhecimento de Deus nos leva a termos imagens negativas e distorcidas
d’Ele. A realidade de um pai terreno, muitas vezes insensível, violento, egocêntrico, exigente
que não dá o valor que merecemos, nos dificulta a compreensão de Deus como Pai amoroso,
misericordioso, valorizador e perdoador. Podemos conhecer melhor a Deus como Pai? Há
uma pessoa que se identifique melhor com o amor do Pai celestial?
Muitos teólogos não dizem nada sobre o amor paterno do Deus do Velho
Testamento. Pregadores do evangelho exageram demais o contraste entre os
ensinos do Novo Testamento sobre o amor paterno de Deus e a ênfase do
Antigo Testamento na autoridade severa do Deus de Israel. É verdade que
os termos marido e pai, entre os povos antigos, incluindo semitas,
acentuavam tanto a autoridade como o amor do pai. Mas na religião do
povo de Deus, no Velho Testamento, o amor de Deus, como pai, recebe
muito mais ênfase do que a sua autoridade paterna, especialmente entre os
grandes profetas que receberam a mais ampla revelação do caráter de Deus.
Entre as onze passagens que se referem diretamente a Deus, como pai, nove
delas dão ênfase ao seu amor, enquanto as outras duas falam da honra e o
temor que lhe é devido, como pai de seu povo (Mt. 1.6; 2.10). Há também
várias passagens que falam figuradamente do Senhor como pai, e Israel
como seu filho, ou os israelitas como seus filhos (Sl. 103.13; Os. 11.1; 2
Sm. 7.14; Jr. 3.4). Nestas passagens o Senhor é reconhecido como o pai do
seu povo. Oséias é o primeiro pregador da graça de Deus, o primeiro
profeta que descreve o amor do Senhor nos termos íntimos de ternura e
compaixão nas mais profundas relações humanas. Despertou a consciência
do seu povo pela exibição do amor do Senhor como o mais poderoso
atributo divino na redenção do homem. 18
Assim, a concepção que o israelita tinha de Deus demarcava sua forma de relacionar
com o Senhor. Para aqueles que confiavam nos sacrifícios, seu relacionamento era na forma
de legalismo e cumprimento frio dos preceitos do Antigo Concerto, entendendo que deveria
aplacar a ira de um Deus iracundo e irado. Assim sua relação com o divino era de
estranhamento e distanciamento. Para outros, um remanescente fiel, que confiavam na graça e
misericórdia do Senhor, entendiam que sua relação com o divino devia ser pautada no amor
imensurável de Deus, mantinham um relacionamento pessoal, íntimo e respeitoso com o Deus
Pai. Assim, este era recebido diante de Deus.
Assim aconteceu com Elias. Esse profeta era um homem a frente de seu tempo no
tocante ao conhecimento e relacionamento com Deus. Ele desafiou o povo a fazer a escolha
definitiva entre seguir a Deus ou a Baal. Segundo a Bíblia de Estudos Pentecostais (CPAD,
552 p.),
...os israelitas achavam que podiam adorar o Deus verdadeiro e também
Baal. O pecado deles era o de terem o coração dividido, querendo servir a
dois senhores. O próprio Cristo advertiu contra essa atitude fatal. O coração
17
Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro:
JUERP, 1991. 202 p.
18
Idem. 211 p.
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e a fé patentes em Elias não têm paralelo em toda a história da redenção.
Seu desafio ao rei, sua repreensão a todo Israel, e seu confronto com os 450
profetas de Baal foram embates que ele os enfrentou dispondo apenas das
armas da oração e da fé em Deus. Vemos sua confiança em Deus na
brevidade e simplicidade da sua oração. O propósito de Elias no seu
confronto com os profetas de Baal, e a oração que se seguiu, foi revelar a
graça de Deus para com seu povo. Elias queria que o povo voltasse para
Deus. 19
A oração de Elias demonstrou sua singela intimidade com o Senhor Deus, longe dos
sistemas sacrificiais, mas perto do coração de Deus. Veja a intimidade: ―Ó Senhor, Deus de
Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, manifesta-se hoje
que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra fiz todas estas
coisas. Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo reconheça que tu, Senhor, és
Deus e que tu fizeste tornar o seu coração atrás‖(I Rs. 18.36-37).
Conclui-se que o relacionamento de Deus com o ser humano no Antigo Testamento,
embora no contexto de todo aparato sacrificial vigente naqueles tempos, era pautada no amor,
intimidade, do coração arrependido, limpo, contrito e quebrantado.
A Oração no Antigo Testamento20
Diante da compreensão desse quadro aqui retrato da pessoa bendita de Deus,
chegamos a conclusões maravilhosas que a relação de Deus com o ser humano é uma relação
afetuosa, amorosa, boa, santa e agradável. Então, longe do Deus vingativo que alguns querem
atrelar ao Pai Celestial, está a presença real do Deus que fala, ouve, salva, perdoa e santifica.
Esse mesmo Deus que empresta seus ouvidos para ouvir nossa oração, quando esta é feita
com disposição e verdade, com sinceridade, consciência e afetividade, procurando expor os
mais profundos sentimentos da alma, resultante de um coração derramado na presença do
Santo de Israel.
Na Bíblia, a oração é uma adoração que inclui todas as atitudes do espírito
humano em sua aproximação de Deus. O crente cristão presta culto a Deus
quando adora, confessa, louva e O suplica em oração. Essa, a mais alta
atividade da qual o espírito humano é capaz, também pode ser considerada
como comunhão com Deus, se a ênfase devida for posta sobre a iniciativa
divina. O homem ora porque Deus tocou no seu espírito. A oração, na
Bíblia, não é uma “reação natural”. “O que é nascido da carne, é carne” (Jo
4.24). Conseqüentemente, o Senhor não “ouve” qualquer oração. A
doutrina bíblica da oração destaca o caráter de Deus, a necessidade do
indivíduo se achar em relação de salvação ou de aliança com Ele, e a
necessidade de entrar plenamente em todos os privilégios e obrigações
dessa relação com Deus.21
19
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Pentecostal. Almeida Revista e Corrigida.CPAD, 1995. 552-553 p.
O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edição em 1 Volume. Organizado por J. D. Douglas. Editor da edição
em português: R. P. Shedd, M. A., B. D., Ph. D. Tradução João Bentes – São Paulo: Edições Vida Nova, 1997.
1146 – 1148 p.
21
Idem 1146 p.
20
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No período patriarcal a oração consiste em invocar o nome do Senhor, isto é, o nome
sagrado é usado em invocação ou apelo.
Em conseqüência disso, há uma oração inequivocamente direta e familiar
(Gn. 15.2). A oração também está intimamente associada com o sacrifício,
embora essa associação igualmente apareça em épocas posteriores. Esse
proferir de oração, num contexto de sacrifício, sugere uma união da vontade
do homem com a vontade de Deus. Isso se verifica especialmente no fato
que Jacó ligou sua oração com um voto ao Senhor. O voto, em si mesmo
uma oração, promete serviço e fidelidade se a bênção buscada for
concedida (Gn. 28.20).22
No período pré-exílico umas das principais ênfases da oração recaem sobre a
intercessão; embora a intercessão também tivesse sido um fator nos tempos patriarcais.
A intercessão se fez especialmente proeminente na oração de Moisés (Ex.
32.11 – 13, 31). Deuteronômio 30 é também principalmente uma oração de
intercessão, como também o são as orações de Arão (Nm. 6.22-27), de
Samuel (1 Sm. 7.5-13), de Salomão (1 Rs. 8.22-53), de Ezequias (3 Rs.
19.14-19). Em Deuteronômio 26.1-15, aparece uma fórmula de adoração. E
a ênfase não recai sobre a oração. Nos versículos 5-11 há ação de graças, e,
nos versos 13 e 14 há uma profissão de obediência passada, mas somente
no verso 15 é que há súplica. Entretanto, provavelmente temos razão ao
supor que os sacrifícios eram freqüentemente oferecidos acompanhados de
oração (Sl. 55.14).23
A oração deve ter sido indispensável no ministério dos profetas. A própria recepção da
Palavra revelatória de Deus envolvia o profeta numa relação de oração com Yahweh.
Nos Salmos há certa combinação de padronização e espontaneidade nas orações.
Juntamente com as mais formais orações do “santuário” (Sl. 24; 100; 150).
Há orações pessoais solicitando perdão (51); comunhão (63); proteção (57);
cura (6); vindicação (109); e orações que são repletas de louvor
m(103).Sacrifício e oração também são combinados nos Salmos (54.6;
66.13 e segs).24
No período do exílio o fator determinante da religião para os judeus foi a emergência
da sinagoga.
O Templo de Jerusalém fora arruinado, e ritos e sacrifícios sobre o altar não
podiam ser realizados na imunda Babilônia. O judeu, então, não era mais
aquele que nascera na comunidade e nela estava residindo, mas antes, era
alguém que escolhera a ser judeu. O centro da comunidade religiosa era a
sinagoga, e entre as obrigações religiosas aceitas como circuncisão, jejum e
a observância do sábado, a oração também era importante. Isso era
inevitável porque cada pequena comunidade em exílio agora dependia do
culto na sinagoga onde a Palavra era lida e exposta, e onde orações eram
22
O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edição em 1 Volume. Organizado por J. D. Douglas. Editor da edição
em português: R. P. Shedd, M. A., B. D., Ph. D. Tradução João Bentes – São Paulo: Edições Vida Nova,
1997.1146 p.
23
Idem. 1147 p.
24
Ibidem 1148 p.
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feitas. E, depois do retorno a Jerusalém, assim como ao Templo não foi
permitido substituir a sinagoga, nem a sacerdote foi permitido substituir ao
escriba, nem ao sacrifício foi permitido substituir a Palavra viva,
semelhantemente o ritual não pôde substituir a oração. Tanto no Templo
como na sinagoga, tanto no ritual sacerdotal como nas exposições dos
escribas, o adorador devoto agora buscava a face de Yahweh. Sua presença
pessoal (Sl. 100.2) e recebia Suas bênçãos em termos da luz de Seu rosto a
brilhar sobre ele (Sl. 8.3, 7, 19).25
O período pós-exílio indubitavelmente havia um arcabouço de devoção, mas, dentro
disso o indivíduo tinha certa liberdade.
Isso é exemplificado em Esdras e Neemias, os quais, se por um lado
insistiam sobre o culto e a lei, como também sobre o ritual e o sacrifício, e,
por conseguinte, sobre os aspectos sociais da adoração, por outro lado,
todavia, salientavam igualmente o fator espiritual da verdadeira devoção
(Ed. 7.27; 8.22). No período pós-exílico, pois, encontramos uma
combinação de ordem, no ritual do Templo, com a simplicidade da reunião
da sinagoga e a espontaneidade de devoção pessoal.26
Dentro do Antigo Testamento certamente existem padrões de oração, porém, nenhum
regulamento obrigatório governa seu ritual ou seu conteúdo.
A oração mecânica, a oração limitada por prescrições coercivas, não
apareceu senão já no fim do período inter-testamental, conforme os
Evangelhos deixam claro. Então, infelizmente, tanto através dos sacrifícios
no Templo de Jerusalém, como através da diáspora espalhada por diversos
lugares mediante seu louvor, a oração e a exposição do culto da sinagoga, e,
através da circuncisão, a observância sabática, os dízimos, o jejum e os
feitos supérfluos, os adoradores, tanto no Templo como na sinagoga,
buscavam ser aceitos por Deus mediante o mérito próprio.27
Conclusão
A dificuldade da compreensão acerca da Teologia do Antigo Testamento esbarra nos
contextos históricos, culturais, sociais, bem diferentes do nosso contexto; e, principalmente,
no tocante à progressividade da revelação divina. Deus foi revelando seus mistérios aos
poucos dentro dos tempos bíblicos. E, à medida que sua Revelação foi tornando-se mais clara,
mais compreensível dentro da história do povo de Israel, passaram a compreender a
necessidade de buscar ao Senhor em espírito (ou seja, “disposição”) e verdade (isto é,
segundo os preceitos de Deus). Assim, fizeram Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Josué, Samuel,
David, Neemias, Esdras, Isaías, Jeremias, Oséias, dentre tanto outros homens de Deus, que
conseguiram ver além dos sacrifícios..., ver além do óbvio..., ver além do véu. Eles viram O
25
O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edição em 1 Volume. Organizado por J. D. Douglas. Editor da edição
em português: R. P. Shedd, M. A., B. D., Ph. D. Tradução João Bentes – São Paulo: Edições Vida Nova,
1997.1147 p.
26
Idem 1147 p.
27
Ibidem 1147 p.
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Deus Redentor, o Deus Pai, o Deus que sara, que salva, que se relaciona com seus filhos...
Aquele ouve a oração de todo aquele que n Ele crê.
Muito mais que a definição do significado da oração, é a sua prática. E que essa seja
mais qualitativa do que quantitativa. Pois muitos passam várias horas em oração, mas seus
corações estão distantes. Porém, ―se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e
orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei
o seu pecado e curarei a sua terra." (2 Crônicas 7:14)
Você pode estar se perguntando: Será que eu posso orar como Elias orou? Ora Elias
tinha uma fé enorme no Deus que ele servia, será que eu tenho essa mesma fé? Em Tiago
5:17, 18 diz: ―Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor para
que não chovesse, e por três anos e seis meses não choveu sobre a terra. E orou outra vez e o
céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.‖ Viram? Elias era como nós somos hoje, ou
seja, Elias tinha as mesmas características nossas, ele era carne como nós! E o que
aprendemos com essa informação? Aprendemos que sendo Elias, semelhante a eu e a você,
Deus o ouviu!! Então podemos, nos disponibilizar para Deus!!! E, essa é a hora! Oremos,
portanto, ao Senhor!
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Referências
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Pentecostal. Almeida Revista e Corrigida.CPAD, 1995.
BÍBLIA. Português. Novo Testamento King James – Edição de Estudo. Tradução King James
Atualizada (KJA). São Paulo, Sociedade Ibero-Americana.
CRABTREE, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed.
- Rio de janeiro: JUERP, 1991.
LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 4º Trimestre de 2010. CPAD, 2010.
O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edição em 1 Volume. Organizado por J. D. Douglas.
Editor da edição em português: R. P. Shedd, M. A., B. D., Ph. D. Tradução João Bentes – São
Paulo: Edições Vida Nova, 1997.
DICIONÁRIO DO MOVIMENTO PENTECOSTAL – 1ª Edição. Organizado por Isael de
Araújo – Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
TEOLOGIA SISTEMÁTICA: Uma Perspectiva Pentecostal. Título Original: Systematic
Theology: a Pentecostal Perspective. 1ª Edição. Editado por HORTON, S. M. Tradução para
o português: CHOWN, G. – Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
São Bernardo do Campo, 05 de outubro de 2010.
Valter Borges dos Santos28
28
Evangelista, pastor AD Thelma. E-mail: [email protected]
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