Lacas
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Lacas
CHINA Interior de uma loja com objetos chineses de exportação. Holanda (?), 1680-1700. 26.3x43.6x35cm. Londres, Victoria & Albert (P.35-1926). Pintura de um leque, emoldurada para servir como pintura. Mais do que uma loja chinesa, poderá representar um armazém holandês com bens chineses (na China, os 3 tipos de produtos existiam em lojas separadas),, Interior de uma carpintaria com móveis chineses de exportação. Cantão, c.1820. Aguarela opaca sobre cartão. Peabody Essex Museum. NB – estes móveis de exportação seguem todos um modelo ocidental. Damas do Palácio jogando (detalhe) c.1180-1250 Cópia de obra de Zhou Fang (c.730-c.800) Song do Sul Tinta e cor sobre seda. 30.5x47.6cm Freer Art Gallery (Wash.) F1939.37 Encontro amoroso c.1750-1800 Rolo de pendurar Cópia de pintura de Zhou Wenju (séc. X) Tinta e cor sobre seda. 242,4x150,3cm Freer Art Gallery (Wash.) F1916.517 Mesa baixa. Madeira, laca, ouro. China, c.1410. 28.3x94x41.2 cm. Londres, Victoria & Albert (FE.1913-1993). Mesa baixa. Madeira, laca. China, séc. XVI (?). 14.2x51.7x28.9 cm. Washington, Freer Art Gallery (S1997.36 ). Mesa. China, 1425-36 (produção do Palácio Imperial). 79,2x119,5cm. Londres, Victoria & Albert (FE.6:1 to 4-1973). Uma das mais importantes peças de mobiliário chinês lacado. Data de c.14251436 (imperador Xuande) e foi feita numa oficina imperial em Pequim. Não existe nenhuma outra obra de laca esculpida datada do séc. XV. Deveria ser um tipo de produção muito escassa, devido ao minucioso e demorado trabalho que implicava. Nesta obra, calcula-se que existam perto de 100 camadas de laca, sendo depois escavadas para criar os padrões decorativos. Como era necessário pelo menos um dia de secagem por cada camada de laca, só neste processo demorou-se 100 dias. Cadeiras só passaram a ser utilizadas com frequência a partir da dinastia Song do norte Cadeira desdobrável, lacada. China, meados séc. XVI. 114,5cm alt. (marca apócrifa do reinado de Xuande). Produção do Palácio Imperial. Victoria & Albert (FE.8-1976). Cadeira Quanli (redonda). China, séc. XVII. 100cm alt.. Londres, Victoria & Albert (FE.66-1983 FE.66-1983). Cadeira. China, c.1730. Madeira, laca negra e decoração a ouro. 100cm alt.. Londres, Victoria & Albert (FE.116-1978). Cadeira. China, c.1740. Madeira. 100x56x59cm. Peabody Essex Museum (E81830). Cadeira. China, c.1759. Madeira. Pequim, Museu do Palácio Imperial. Lavatório e toalheiro. China, 1550-1620. 183,5cm alt.. Londres, Victoria & Albert (FE.28-1989). Trono. China, c.1780 (Qianlong). 119.3x125.7x91.4cm. Londres, Victoria & Albert (W.399:1, 2-1922). Trono imperial chinês. Madeira e laca esculpida. Realizado c.1780 para o Palácio de Tuanhe, situado num parque de caça com 210km2 nos arredores de Pequim. Este parque, e suas estruturas, foram saqueados em 190001 pelos russos, na sequência da Revolta dos Boxers. Foi levado da Rússia para Inglaterra em 1917. Altar portátil sobre base desdobrável China, c.1700. Madeira lacada a negro e vermelho, decoração a ouro. 59x77x47cm. Coleção privada, Porto. Contador com 2 portas “Lacado Coromandel”. China, c.1700. Madeira lacada a negro com laca pintada e gravada. Base: Inglaterra (c.1800) V&A (FE.39-1981). Escritório-contador. China, c.1730. Madeira lacada a negro, decoração a ouro. 237,7x112x66,5cm. V&A (W.28-1935) Caixa para decantadores. China, Guangzhou, c.1780 (Qianlong). 30,3x16,5x20cm. Londres, Victoria & Albert (FE.48 to F/2-1976). Caixa para 6 decantadores e esculpida para se assemelhar madeira de raízes naturais (similitude muito em voga no séc. XVIII na China). Cadeira. China, Qianlong. Coleção do Palácio Imperial. Trono e repousa-pés. China, Qianlong. Coleção do Palácio Imperial. O confisco dos bens da casa jesuíta de Nanjing (1617) • Casa adquirida por Matteo Ricci em 1599. • Confisco após os padres Alfonso Vagnone e Álvaro Semedo terem sido presos em 1616, junto com 17 chineses convertidos, todos acusados de insurreição. • Casa acumulou, portanto, durante 17 anos mobiliário necessário para c.10-12 pessoas aí viverem em permanência além de receberem visitantes a espaços. • Bens não-chineses: 67 objetos, entre os quais um órgão e um relógio nas respetivas caixas de madeira. • Bens chineses: 1330 objetos de mobiliário e recheio da casa. • Bens apreendidos: 1370 objetos associados à acusação de sedição, entre os quais 850 livros (europeus?), blocos de impressão, documentos, mapas, instrumentos astronómicos, crucifixos [encarados como bonecos de vodoo] e objetos decorados com dragões. O confisco dos bens da casa jesuíta de Nanjing (1617) • • • • • • • • • • • 40 mesas 61 cadeiras 34 bancos e tamboretes 5 armários 11 estantes 13 armários 9 leitos desmontáveis 3 leitos normais 2 camas de dossel diversas caixas, contadores e escritórios 328 peças de porcelana JAPÃO Cadeira dobrável MNAA Biombos atribuídos a Kano-Naizen, 1570-1616 Tabuleiro namban. Detalhe de biombo namban. MNAA ARTE NAMBAN • Arte que surgiu do contacto entre os primeiros europeus no Japão durante a época cristã. • Produzida entre 1580 e 1639, é marcada pela portabilidade. • Mobiliário e objetos lacados com a técnica de incrustação de madrepérola (influência das lacas coreanas). • Objetos japoneses lacados são mais abundantes que os chineses. • Após a expulsão dos portugueses do Japão, alguns japoneses mudaram-se para Macau, continuando a produção namban, pelo que cronologias e geografias são mais complexas do que aparentam. ARTE NAMBAN • Madeiras mais usadas: – cipestre do Japão (hinoki) e, em menor grau, a criptoméria (sugi) para estruturas de mobiliário – a zelkova serrata (keyaki) para objectos mais pequenos como caixas para hóstias. • O cobre dourado, o latão tratado a ouro fino, e a prata branca eram o mais utilizado para as fechaduras, cantoneiras, dobradiças, puxadores e outras aplicações metálicas no mobiliário namban de exportação. Lacas Totalmente desconhecidas na Europa até aos “Descobrimentos” As primeiras peças chegaram à Europa como exotica. Só com o comércio direto dos portugueses com os japoneses, em 1543, se iniciou o comércio organizado de bens lacados com o ocidente. Nunca alcançaram o ocidente em grandes números, porque o seu tamanho tornava o transporte demasiado caro. Ex: em 1664 a VOC exportou 45.000 peças de porcelana japonesa e apenas 101 peças em laca. 1ª fase: lacas namban, com técnicas mais simples (sobretudo nas camadas inferiores, não colocando a base têxtil), motivos híbridos e adaptados ao gosto europeu , em produção desde c.1570. Maioritariamente baús, cofres, escritórios, contadores. 2ª fase: lacas para o mercado holandês, a partir de 1634, com peças de muito mais elevada qualidade, com tipologias de móveis europeus (maneiristas). ARTE NAMBAN • A laca japonesa, urushi, da seiva extraída da árvore Uroshinoki (família Rhus vernicifera), é diferente das suas principais concorrentes na época, as lacas chinesas, devido à sua extrema dureza e dificuldade acrescida em ser trabalhada. • A alta qualidade e o brilho resultante das lacas urushi contribuiu para a valorização destas lacas no mercado. • Lacar uma peça de boa qualidade (para mercado japonês) podia levar um ano. As peças destinadas à exportação eram menos demoradas. Quase só para o mercado interno é que se produziam peças com técnicas mais sofisticadas, como o hirame (técnica que consiste em raspar lascas de ouro sobre laca negra, obtendo um efeito semelhante às escamas do linguado - hirame). ARTE NAMBAN • O fundo preto, urushi ro-iro, seguido do fundo vermelho urushi shu-nurí, dominam a decoração das lacas do período Momoyama. • A cor negra resulta de um processo químico (urushi cru em água com hidróxido de ferro ou acetato de ferro – ex. água de afiar ferramentas) e a cor vermelha era obtida misturando cinábrio (sulfeto de mercúrio). • A laca vermelha era mais utilizada para o revestimento interior, e mais comum em objetos para consumo nipónico do que em objetos para consumo europeu, sendo nestes mais comum o revestimento interior com laca negra. ARTE NAMBAN - LACAGEM • Aplicação de uma pasta kokuso (enchimento de pedaços de tecido ou tela misturados com laca crua ou transparente) sobre a superfície de madeira (ou cartão) preparada. • Cobertura da superfície por um fino tecido embebido em laca crua, que iria consolidar as camadas posteriores. • Cada peça levaria cerca uma dezena de camadas de laca, intervaladas pelo tempo de secagem e polidas antes de se colocar a seguinte. • Processo dependente das condições atmosféricas, condicionado às alturas do ano propícias para o sangramento das árvores como às condições do tempo e secagem entre a aplicação de cada camada de laca. ARTE NAMBAN - LACAGEM • • • • • A profusão de técnicas decorativas em maki-e de laca que se encontra nas lacas namban já eram empregues no Japão aquando a chegada dos portugueses. As lacas namban eram maioritariamente decoradas em hiramaki-e, e, com menos frequência a takamaki-e, e o desenho decorativo era às vezes enriquecido com heidatsu ou kirikane. Maki-e: termo genérico que engloba uma variedade de técnicas de pintura usadas na decoração de lacas – hiramaki-e, takamaki-e, togidashie… Consiste em polvilhar uma superfície lacada (geralmente preta) ainda húmida com pós metálicos (ouro ou prata) ou coloridos. A superfície decorada a maki-e recebe novas camadas de laca transparente e é polida até atingir uma superfície completamente lisa (togidashi), ou de modo a que o desenho se destaque em baixorelevo (hiramaki-e) ou em alto-relevo (takamaki-e). Hiramaki-e: pintura em maki-e plana. O desenho é coberto com uma camada de laca transparente e polido.. Takamaki-e: pintura em maki-e com relevo. O desenho é relevado com adição de pó de carvão ou argila sob as camadas de lacas (Hutt, 2001). ARTE NAMBAN - LACAGEM • • • • • • • A técnica nashiji era também usada em revestimento de fundos, como no caso do polvorinho do Museu Nacional de Arte antiga, conferindo um efeito texturado à peça, e em menor instância, a técnica tsukegaki. Mesmo a técnica de incrustações de madrepérola (raden) não era desconhecida no Japão, mas tinha entrado em desuso desde o período Nara. Outra técnica usada nos móveis de exportação namban é o emprego de pele de raia ou de cação sobre superfícies de baús ou arcas, com urushi negro. Heidatsu: Adição de lâminas metálicas recortadas (ouro ou prata) a um desenho ou motivo decorativo a preencher. Kirikane: Adição de minúsculos quadradinhos metálicos recortados (ouro ou prata) a um desenho ou motivo decorativo a preeencher. Nashiji: Uso de pequenas lascas ou partículas irregulares metálicas (ouro) sobre superfície de laca transparente ou ligeiramente dourada, ainda húmida, em diversos ângulos. O efeito final resulta num manto texturado que lembra a casca de uma pêra japonesa (nashi). Tsukegaki: Técnica caracterizada pelo desenho de linhas finas relevadas sobre a superfície lacada com uma mistura de laca preta e óleo, as quais eram pulverizadas a ouro depois. Estante de Corão. Pérsia, 1360, assinada pelo carpinteiro Hasan ibn Sulaiman al-Isfahani. Teca (esculpida, pintada e embutida). 41x130,2 cm (fechada). MET (1910 10.218). Estantes de Corão. Iluminuras mogóis. Sécs. XVI-XVII. Estante de Missal Séc. XVI/XVII. Madeira entalhada e lacada a vermelho com dourados Índia. Cabral Moncada Leilões Estante de missal de decoração em estilo Kodaji maki-e, em hiramaki-e e incrustrações de madrepérola sobre laca negra. Período Edo. 31.8x26cm. Christie’s (Londres), leilão 90, lote 135 (18/06/2003). Estimativas: 8.000/12.000. Martelo: 8.963£. Estante de missal, Japão, Namban, Momoyama, c.1600. CML, leilão 90, lote 135 (2007). 137,5x96,5x52cm. Madeira lacada a negro e embutidos de madrepérola. Estimativas: 30.000 / 45.000. Martelo: 30.000€. Estante de missal com insígnia IHS. Base e reverso com decoração nanban karakusa rodeada por padrão geométrico. Séc. XVI. 31.5cm alt. Christie’s (Londres), leilão 90, lote 135 (19/06/1997). Estimativas: 40.000/50.000. Martelo: 87.300£ Par de estribos namban assinadas “Komura saku”, início do século XVII. 30,2cm (cada).. Christie’s (NI), leilão 1490, lote 67 (29/03/2005). Estimativas: 30.000/40.000. Martelo: 108.000$ “Namban boshi”, pertencente à coleção do Museu do Oriente. Séculos XVI/XVII. Sotheby’s (NI), leilão 7436, lote 85 (21/03/2000). Estimativas: 60.000/80.000. Martelo: 68.500$ Cofre, período Momoyama (1568-1615). Namban. Madeira, laca, embutidos em madrepérola, ouro, ferragens. 15,5 x 22,5 x 13,5 cm. CML, leilão 118, lote 331, 1 de Junho de 2010. Estimativas: 4.000 / 6.000. Martelo: 5.000€. Baú, com decoração lacada nanban karakusa em painéis dividos por bandas de madrepérola incrustrada, século XVI. 33x70,5x24cm. CML, leilão 90, lote 62, 24 de Novembro de 2004. Estimativas: 10.000/15.000. Martelo: 14.500€. Escritório, séc. XVII. Namban. Madeira, laca, embutidos em madrepérola, ouro, ferragens. 43x63x34cm. CML, leilão 64, lote 56 (2004). Estimativas: 6.000 / 9.000. Martelo: 28.000€ Contador, séc. XVIII. Namban. Madeira, laca, embutidos em madrepérola, ouro, prata, ferragens. Técnicas: hiramaki-e (baixo-relevo) e harigaki (incisões lineares). 43.8 x 34 x 62.2 cm. Museu de Brooklyn. Oratório portátil de pousar namban, com pintura a óleo representando Virgem e Menino. Século XVI. Dim.: 45,5x32x4,5cm. Christie’s (Nova Iorque), leilão 9472, lote 140 (19/09/2000). Estimativas: 100.000/150.000. Martelo: 127.000$. Oratório portátil de suspender com pintura representando São Domingos. Séculos XVI/XVII. 15,5x17x2,4 cm. PCV, leilão 9472, lote 140 (20/05/1998). Estimativas: 10.000/15.000. Martelo: 18.000€ Escritório de grandes dimensões com decoração lacada nanban karakusa e painel central com insígnia jesuíta (provavelmente proveniente de uma estante de missal), século XVI. Suporte provavelmente de fabrico chinês. Christie’s (Londres), leilão 64, lote 56 (5/11/2007). Estimativas: 15.000/20.000. Martelo: 38.900£. Biombos • A palavra byōbu deriva da aglutinação das palavras byo (protecção contra) e bu (vento). Os biombos podiam servir como páraventos em piqueniques, mas também como autênticas estruturas do lar, servindo de paredes “portáteis” usadas para dividir grandes áreas interiores • Os biombos dourados têm origem no século XIV. No período Momoyama, com a ascensão da classe militar e a necessidade dos daimyo exibirem o seu poder, os biombos tornaram-se sinónimos de riqueza e poder. Normalmente, eram feitos aos pares e tinham 6 folhas cada (altura média: 150cm). • Os artistas que produziam os melhores biombos, como os artistas da Escola de Tosa e da Escola de Kanō, tinham um estatuto equivalente ao artista de corte na Europa. Biombos • No período Momoyama a pintura de “género” sobre biombos dourados (shobyo-ga ou shoheki-ga) tornou-se popular. • Um dos temas mais comuns era o rakuchu rakugai (“cenas de vida”), com cenas mundanas como corridas de cavalos, festivais, casas de prostitutas, entre outros. • No final do século XVI aparece o tema nanban-jin. Conhecem-se cerca de 92 biombos namban em todo o mundo, estilisticamente, muito próximos. Os historiadores japoneses atribuem-nos à Escola de Kanō, e em menor escala, à Escola de Tosa. • O desenho das nuvens douradas era usado de forma a combinar diferentes planos e perspetivas horizontais. Biombos namban • kurofune ou Barco Negro, nome com origem na cor dos cascos das naus portuguesas. Tema “exótico” mas também ligado à simbologia do takara-bune, o barco majestoso carregado de tesouros e comandado pelos Sete Deuses da Sorte, pelo que era um símbolo de boa fortuna. • nanban-jin, onde os mercadores portugueses aparecem representados quase como caricaturas de desproporcionados traços fisionómicos (narizes muito grandes) e roupas exageradamente pomposas, em contraste com o modesto código de vestuário japonês. Estes são acompanhados por representações figurativas dos austeros jesuítas, franciscanos e dominicanos, e toda uma iconografia de mercadorias estrangeiras, escravos de pele escura de Goa ou África e animais exóticos. • E ainda: temas cartográficos; temas europeus; etc. Par de biombos de seis folhas, século XVI/XVII. A composição deste biombo é atribuível a Kanō Domi. 141,8x350,2cm (cada). Christie’s (NI), leilão 1410, lote 167 (22/09/2004). Estimativas: 300.000/400.000. Martelo: 589.900$ Par de biombos namban com os selos de “Kanō Naizen” e “Shigesato”. Início do século XVII. Dim.: 160 x 360,4cm (cada). Christie’s (NI), leilão 2426, lote 854 (23/03/2011). Martelo: $4.786.500 Par de biombos de seis folhas (painéis) representando a linha costeira de Nagasáqui a Osaka, século XVII. 134x564 cm (total). Christie’s (Londres), leilão 2426, lote 854 (13/07/2006). Estimativas: 35.000/45.000. Martelo: 66.000£.