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Jornal/Revista/Site Caderno/Coluna/Link Data Diario de Pernambuco Opinião 25.07.2016 Jornal/Revista/Site Caderno/Coluna/Link Data Folha de Pernambuco Cotidiano 25.07.2016 Jornal/Revista/Site Caderno/Coluna/Link Data Portal Folha de Pernambuco Cotidiano 25.07.2016 Instituto Arqueológico aponta transformações no Recife Entre os elementos mais significativos que saíram de cena está a Igreja do Corpo Santo Foi por meio das águas que banham o Porto do Recife que a Cidade cresceu. Junto aos navios cargueiros, abarrotados de açúcar, pedras preciosas e pau-brasil, chegou também um desenvolvimento que se estendeu a todo o Estado. O bairro antigo, que hoje carrega com orgulho o mesmo nome da cidade, sofreu transformações físicas e culturais, dilatadas a partir do século 17. Um estudo do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) aponta que a faixa de terra onde foi iniciada a ocupação era dez vezes menor que a sua área atual. Sob a bandeira do progresso, o velho casario, portais, igrejas e outros marcos históricos foram demolidos para dar lugar à nova metrópole. “Naquele tempo, a área era conhecida apenas como Cais da Lingueta, conseguindo reunir diversos recortes da sociedade junto à região da alfândega. Eram ricos, pobres, escravos e meretrizes. A Cidade era minúscula, mas já alvo de grande ambição”, explicou o pesquisador José Luiz Mota Menezes, autor da pesquisa. Segundo ele, foi nesse cenário que foram erguidos armazéns de estocagem, seguidos de casarões para moradias e propriedades comerciais. “Na antiga rua da Cadeia saltou a avenida Marquês de Olinda. E a Rio Branco, por onde passavam os bondes, necessitou de muito aterramento”, comentou Menezes. O processo estendeu o território de 73 para 90 hectares, estimando-se que cerca de 500 imóveis foram destruídos. E a beleza dos sobrados e palacetes se preparava para a realidade de degradação dos dias atuais. Entre os elementos mais significativos que saíram de cena está a Igreja do Corpo Santo. O templo católico ficava próximo à atual praça Rio Branco, popularmente chamada de Marco Zero. As portas eram voltadas para o mar. Após a invasão batava, em 1630, a Matriz serviu também de cemitério para condes e senhores de engenho. Uma torre sineira chegou a ser acrescentada ao prédio, antes de vir ao chão, em 1913. No panorama do passado também estavam imensas portas em madeira, instaladas nas cabeceiras da ponte Maurício de Nassau, antes apenas ponte da Ilha do Recife. “Serviam de segurança, mas também como instrumento de cobrança para quem circulava. À noite, ambas eram fechadas”, ressaltou Menezes. Mais tarde, as portas foram convertidas em arcos. Do lado do Recife Antigo foi construída uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Conceição. Já na outra extremidade, precedendo a atual rua Primeiro de Março, o arco reverenciava Santo Antônio. Tudo desapareceu até 1917. De acordo com o pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) Cristiano Borba, as mudanças estruturais foram inevitáveis, porém desregradas. “Cidades são artefatos dinâmicos, transformando-se ao longo do tempo. Contudo, a falta de pertencimento da população, assim como a inexistência de regras patrimoniais claras, levaram ao fim de peças importantes, guardiãs de memórias”, ressaltou. Até mesmo nos arrecifes, foi abatido também o Forte São Francisco, conhecido popularmente como Picão. Segundo o professor do departamento de História da UFPE Severino Vicente, os quase 500 anos de alterações urbanísticas no velho Recife refletem princípios iniciados pelos holandeses. “Tinham um conceito tolo de terra devastada, enxergando apenas a guerra. Para que os inimigos não se apoderassem de qualquer herança construtiva, à medida que perdiam os combates, os pelotões iam destruindo tudo” explicou. Conforme Vicente, a influência dos judeus efervesceu o comércio, como em mercearias instaladas na rua do Bom Jesus, a mais antiga da Cidade. Por lá chegou a funcionar um mercado de escravos. Com a modernização do Porto, o que não se perdeu foi modificado. O antigo convento dos padres Oratorianos, posteriormente transformado em Alfândega, se mantem de pé como centro de compras. A Igreja da Madre de Deus, o edifício Chanteclair e a Bolsa de Valores também são alguns dos remanescentes. O gerente de Pesquisa e Iconografia do Museu da Cidade do Recife, Sandro Vasconcelos, lembra que a vida movimentada da região se manteve até meados dos anos 1960, quando se iniciou um processo de decadência. “As transformações foram reflexos da queda do poder econômico, deixando-o no ostracismo por, pelo menos, duas décadas”, ressaltou. Conforme levantamento, a rua da Senzala Velha, atual rua da Guia, foi ocupada por estrangeiros, estabelecendo hospedarias e também muitos prostíbulos. “O ambiente não era bem visto pelas senhoras da sociedade e moça de famílias não podia nem passar”, brincou. Ele lembra que iniciativas tentam atualmente resgatar a convivência familiar e esportiva no bairro. “É a chance de reapresentar o lugar histórico para a população”, ressaltou. Jornal/Revista/Site Caderno/Coluna/Link Data Portal Diario de Pernambuco Opinião 25.07.2016 Assombrações do Recife Novo O Recife é uma cidade cheia de personagens de meter medo. Ao longo dos seus 190 anos de história, o Diario dePernambuco registrou muitas ocorrências sobrenaturais e até contribuiu para o surgimento de uma delas: a perna cabeluda. O membro peludo que atacava as pessoas com chutes e rasteiras apareceu pela primeira vez em uma crônica publicada na edição de 1º de fevereiro de 1976, assinada pelo jornalista e hoje escritor Raimundo Carrero. Em plena ditadura militar, a história saiu do papel para os programas policiais de rádio e de TV. Vinte anos antes deste fenômeno, o sociólogo Gilberto Freyre registrou no seu livro Assombrações do Recife Velho, publicado originalmente em 1955, histórias de lendas, fantasmas e aparições que remontam o passado colonial da capital pernambucana. A Praça Chora-Menino, na Boa Vista, tem fama de mal-assombrada desde a primeira metade do século 19 porque o grande descampado do Sítio Mondego foi cenário, em 1831, da execução de soldados encurralados do 14º Batalhão de Infantaria que haviam se rebelado no episódio militar conhecido como "Setembrizada". Desde então, à noite se ouve o choro das crianças que teriam morrido ou perdido os pais de forma tão cruel. Como não lembrar da história do frei José do Belmonte que, no século 18, jurou que havia beijado um fantasma, em episódio que resultou no surgimento da "Rua do Encantamento?". A pequena via do Bairro do Recife deixou de existir no período entre 1913 e 1916, por causa das obras de ampliação do Porto do Recife. O sobrado macabro da bela mulher morta foi posto abaixo, mas a lenda ficou. Falecido há 29 anos, Gilberto Freyre - colaborador do Diario - foi pioneiro ao destacar que estas histórias representam um diferencial para o Recife. Afinal, todos gostam de se arrepiar um pouco. Por isso é que um passeio de barco, intitulado Catamaran Assombrado, fez tanto sucesso nos fins de semana deste mês de julho que entrou de vez no calendário turístico da capital pernambucana. As histórias do Papa-figo, do Boca de Ouro e da Emparedada da Rua Nova, por exemplo, são apresentadas pela Companhia Pernambucana de Teatro entre passagens pelas pontes que ligam os bairros mais antigos da cidade. Neste momento em que o Recife se conecta cada vez mais com o mundo, através de voos diretos internacionais, também recupera o vínculo com seu lado mais estranho. O novo terror tem o intuito de divertir locais e turistas. E, como o velho-novo Diario, de informar também.
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