O Lar Cristão - Publicadora Menonita

Transcrição

O Lar Cristão - Publicadora Menonita
O
Lar
Cristão
1999
2007
O
Lar
Cristão
Por
Reuben Koehn
Tradução
Charles David Becker
Publicado originalmente no inglês sob o título
The Christian Home
Por Gospel Publishers
Esta obra foi traduzida para a língua portuguesa e publicada pela Publicadora
Menonita, com autorização expressa da Gospel Publishers (EUA). Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida em qualquer meio ou forma, sem a
expressa autorização de:
Publicadora Menonita
Caixa Postal 105
75901-970 Rio Verde – GO (Brasil)
e-mail: [email protected]
Dedicado a
Alice
uma inesquecível esposa e mãe
que diariamente
me mostrou como amar
e cuidar
dos nossos filhos.
Índice
Introdução
O lar
Os pais
A família
A criança
Saúde física
Desenvolvimento mental
Desenvolvimento social
Desenvolvimento espiritual
Imaginações infantis
Obediência
Hábitos
Quando a criança dá birra
Ensinando a criança a aceitar responsabilidade
Consciência
Temores
A criança na escola
Rejeição
Educação sexual
A importância da disciplina
Como disciplinar uma criança
O uso correto do dinheiro
Temperamento
Temperamento sanguíneo
Temperamento melancólico
Temperamento colérico
Temperamento fleumático
Algumas observações finais sobre os temperamentos
Adolescência
A juventude
Namoro
Casamento
Os dias seguintes
Epílogo
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Introdução
N
estes tempos perigosos, estamos vendo uma nova geração – uma
geração que quer mudanças, que se rebela contra os costumes
tradicionais, contra a moralidade e contra a ordem civil e eclesiástica. A
culpa principal cai sobre os responsáveis pelo ensino e a educação dos
filhos no lar. Muitos pais jovens na igreja, e até pessoas que não são da
igreja, estão assustados e perplexos com o que estão vendo. Não devemos
ficar desesperados com esta geração, embora a nossa esperança deva estar
numa nova geração – uma geração que honre e ame a Deus, aos pais e
ao próximo, e que respeite as leis e a autoridade.
Este livro foi escrito para auxiliar estes pais jovens que sentem o
peso da responsabilidade de conduzir seus filhos à maturidade, para
ajudá-los a terem um coração sábio, de modo a obter o favor de Deus
e dos homens.
Muito já foi falado e escrito sobre esse assunto, e isso com boas
intenções. Porém, nem sempre esses conselhos têm sido recebido de
braços abertos. Esta pequena obra não deve ser uma exceção à regra. É
o nosso desejo ajudar os pais a enxergarem os recursos existentes que
possam ajudá-los a orientar seus filhos a escolherem o caminho certo
na vida, o caminho que trará para eles as bênçãos de Deus e prepará-los
para uma vida cheia de bons frutos aqui na terra.
Este livro não nasceu de uma convicção pessoal, e sim de um pedido
feito em 1967 pela Reunião Anual da igreja de Deus em Cristo – Menonita. Desejo frisar, contudo, que seu conteúdo reflete as crenças e
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O Lar Cristão
convicções deste autor. Fui criado num lar com mais seis irmãos e meu
pai era pastor. Na formação da minha própria família, eu e minha esposa
tivemos o privilégio de criar oito filhos em nosso lar. Esta experiência,
juntamente com 30 anos de ministério, durante os quais muitos lares
foram visitados, resultou na formulação de certos ideais e diretrizes
sobre este assunto.
O nosso objetivo nesta obra é estimular o desenvolvimento físico,
mental, social e espiritual da criança. Devemos lembrar que existe uma
diferença entre crescimento e desenvolvimento. Mede-se o crescimento com uma fita métrica, mas o desenvolvimento pelas capacidades
adquiridas.
Este livro é dirigido a pais normais com crianças normais. Crianças
problemáticas, bem como pais problemáticos, são outro assunto. Esta
obra tampouco se destina ao resgate daqueles que fracassaram na vida
familiar, sendo antes preventiva. O nosso objetivo é ajudar as crianças
a se desenvolverem para a honra e glória de seu Criador. Partimos do
ponto de vista de que os pais têm a obrigação de encaminhar seus filhos
nas veredas certas da vida enquanto estes ainda são novos, sensíveis e
receptíveis. É justamente nesta fase que os pais precisam empenhar-se
com mais fervor.
A vida de hoje apresenta muitos problemas para a criança, e muitos
pais, sabendo disso, estão solicitando informações sobre a maneira correta de ajudar e orientar seus filhos a se desenvolverem de uma forma
correta dentro de uma orientação certa. A igreja também está ciente da
deficiência na educação dos filhos em muitos lares. Ela não tem achado
por bem estabelecer um educandário pré-escolar para as nossas crianças,
preferindo antes insistir para que os pais aceitem sua responsabilidade na
ordem estabelecida por Deus. Mesmo assim, a igreja oferece seu auxílio
aos pais jovens através da escola dominical e a escola bíblica de verão.
Deus sabia que a educação dos nossos filhos no caminho certo iria
exigir um esforço máximo dos pais. Ele também sabia que não haveria
ninguém mais indicado para essa tarefa do que aqueles que geraram os
filhos. Nesta grande obra Deus não se esquece de ajudar os pais. Todo
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Introdução
esforço sincero receberá uma recompensa justa de Deus – e do filho
maduro que obedece e honra a seus pais.
Haverá momentos em que os pais se sentirão cansados e com vontade
de desistirem, mas sabem que os filhos são seus, a responsabilidade é sua,
e por isso terão que continuar lutando. Haverá também os dias em que os
pais se sentirão recompensados quando a criança, respondendo à atenção
e aos cuidados especiais de seus pais, se molda aos seus ensinamentos.
Desejamos que esta obra dê esperança e coragem aos pais cujos filhos
ainda são maleáveis. Não haverá outro tempo oportuno como o dia de
hoje, pois dentro de pouco tempo, estes anos preciosos terão fugido e se
tornará mais difícil esta tarefa. Que Deus lhes abençoe neste esforço!
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O lar
O
lar moderno está sendo afligido por muitos males: maridos e
esposas infiéis, pais irresponsáveis que negligenciam os filhos, e
filhos irreverentes que não obedecem a seus pais. Estes são apenas alguns
dos resultados que vêm em conseqüência de uma falta de objetivos bem
definidos, ideais negligenciados e uma indefinição geral na vida, fazendo
com que o lar seja reduzido a um simples lugar para comer, dormir e gratificar a carne. Apesar de o lar proporcionar muitos privilégios e prazeres
individuais, estes nunca devem atrapalhar a harmonia e felicidade que
são necessárias para o seu desempenho como uma unidade.
O lar foi a primeira instituição criada com a responsabilidade de
preparar os filhos para enfrentarem a vida. Não se deve esquecer que essa
é a ordem de Deus. Os lares que funcionam apenas com a finalidade
de satisfazer os desejos individuais, acabam descumprindo seu papel
primordial. Os lares que foram criados ou existem em conseqüência
da concupiscência ou do egoísmo, não têm um alicerce firme. Quando
os pais foram criados num ambiente de egoísmo, prazeres mundanos e
ostentação, dificilmente terão lares felizes e produtivos. Cada vez mais
a sociedade moderna e as igrejas estão deixando de ensinar o outro
caminho. É responsabilidade dos pais prover a base para a felicidade e a
utilidade. Isso é impossível sem uma aplicação das normas de moralidade
que a Bíblia ensina. Os pais precisam levar este assunto a sério. Seus lares,
como uma instituição, devem proporcionar as primeiras lições a seus
filhos sobre a maneira de terem vidas úteis.
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O Lar Cristão
Um bom lar é um lugar onde a vida tem prazer e os filhos se desenvolvem normalmente. Uma parte deste desenvolvimento é o pensamento
construtivo, algo que se torna muito difícil quando o ambiente do lar é
destrutivo. Crianças criadas em lares organizados e construtivos não se
esquecerão dos valores e das riquezas espirituais adquiridos. Para muitas,
estas primeiras recordações do lar não passam de uma simples noção de
ter passado um tempo neste lugar. Deve ser a meta dos pais transformar o
lar no lugar mais feliz do mundo para os seus filhos, um lugar que sempre
será lembrado por todos pelas bênçãos recebidas.
O lar é um lugar onde a pessoa sente prazer em estar, e quando
sai, sente vontade de voltar. Quem encontra a verdadeira felicidade,
encontra-a num lar piedoso onde o amor, a confiança e a compreensão
aumentam com o decorrer dos anos.
Deus precisa estar presente em todos os lares e ser o núcleo da
vida cotidiana. A verdadeira cristandade nasce dentro do coração do
marido e da esposa, ou seja, do pai e da mãe. É aqui onde a Bíblia é
lida e as orações são feitas. É aqui onde se aprende a perdoar e receber
perdão. E é aqui onde se constrói o caráter dos filhos. Seu comportamento depois de adultos dependerá em grande parte do ambiente e
da educação do lar.
O lar é a melhor sala de aula. Gasta-se pouco tempo “dando aula”. Os
alunos aprendem através de exercícios informais. Através de pequenas
tarefas bons hábitos são adquiridos no lar.
As mudanças rápidas da vida moderna estão exercendo uma influência negativa nos lares nestes últimos anos. Sua infra-estrutura está deteriorando. Parece que cada geração produz um lar um pouco diferente da
anterior. A família está assumindo um aspecto cada vez mais transitório.
O lar não está sendo mais um centro educativo como antigamente.
Uma das maiores mudanças no lar do último meio século tem sido
uma inversão de valores e responsabilidades entre pai e mãe. Em parte
isso se deve ao fato de o pai sair de casa cedo, indo para o seu local de
trabalho. Em muitos casos esta mudança resulta numa disciplina menos
rigorosa. No lado positivo, é possível que contribua para uma melhora
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O lar
na maneira de agir com os filhos, pois muitas vezes a mãe é mais compreensível do que o pai.
Em sua marcha avante, o mundo tem sofrido uma série de revoluções,
atingindo também a vida familiar. Hoje existe a vida nas metrópoles,
nas pequenas cidades, na zona rural, e ainda a vida comunal. Em todos
estes casos a vida familiar está sendo provada.
No princípio cada família constituía uma unidade em si. Cada unidade familiar se encarregava de produzir os seus alimentos e de fiar a lã
das ovelhas que criavam para confeccionar suas roupas. Praticamente a
única atividade que fugia da rotina do lar era a igreja. Com o advento da
era industrial, houve uma mudança dramática no lar. O pai de família
começou a trabalhar fora de casa. Até nas zonas agrícolas, muitos pequenos produtores têm seguido essa mudança. Freqüentemente os filhos,
depois de adultos, seguem o exemplo do pai, procurando emprego nas
indústrias e no comércio. Ganhar o sustento para a família, na maioria
das vezes, acontece longe de casa. Em virtude disso, o lar tem perdido,
até certo ponto, a sua função básica na educação dos filhos. Os rapazes
que outrora aprendiam trabalhando ao lado do pai, hoje não recebem
mais essa disciplina e direção. O lar moderno fica sem o pai durante nove
a doze horas diárias, o que resulta no rompimento das relações entre
pai e filho. Com a ausência do pai estes lares têm perdido uma grande
parte da sua eficácia na criação dos filhos. Quando a oficina caseira
foi abandonada, a primeira e melhor escola perdeu-se. É nesta escola
que a criança aprende melhor, pois aprende através da prática, para
depois aprender com os livros. Quando o pai sai para o emprego e a
mãe se dedica a outras tarefas, a criança perde a parte prática da sua
educação. Nessas circunstâncias ela acaba sendo vítima da indolência
e outros males.
Através de um ensino metódico, a escola está assumindo algumas das
responsabilidades dos pais. É no lar onde mais se nota esta mudança, pois
além de o pai ficar fora de casa nove horas por dia, as crianças também
estão ficando fora de seis a oito horas, deixando a mãe sozinha com as
crianças mais novas. A família agora está dividida entre o emprego do
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O Lar Cristão
pai e a escola onde os filhos estudam, simplesmente eliminando muitas
horas preciosas que outrora passavam juntos. Aquilo que se fazia em
casa agora está sendo feito na escola. Antes o pai fazia em casa muitos
dos produtos consumidos, mas agora compra-os e traz para casa. A
criança, por sua vez, vai para a escola e aprende coisas que antes poderia
ter aprendido em casa.
Trazer para casa o produto já acabado tem facilitado a carga para
o pai e diminuído o serviço da mãe. As moças têm procurado serviço
fora de casa também. Com o pai no emprego, e os filhos mais velhos na
escola, a mãe procura um lugar para deixar os filhos mais novos, para
poder ausentar-se durante algumas horas. O lar acaba se convertendo
numa instituição vazia. Daí surge a necessidade de comidas enlatadas e
congeladas, ou como costuma acontecer, de tomar as refeições em restaurantes. O tempo destinado à vida familiar está se reduzindo e o lar
está sendo um lugar para descanso e repouso. Em muitos casos, alguns
membros da família passeiam fora à noite, crescendo sem sentir qualquer
intimidade com seus entes amados.
Em outros casos, considera-se mais prático morar mais perto do seu
emprego. Com isso a família se desloca do campo e vai para as pequenas
e grandes cidades. No fim, a grande vantagem do lar é apenas o fato de
ser o lugar mais econômico para seus integrantes pousarem.
O modelo econômico atual, em virtude de vários fatores, está afastando as famílias da vivência da zona rural, bem como das pequenas cidades.
É um fato consumado que esta mudança não traz bons resultados. Por
outro lado, existem aqueles que estão voltando à zona rural e mantendo
seu emprego na cidade.
É difícil entender como a disciplina pode ser ministrada quando
os pais trabalham fora do lar e chegam em casa cansados demais para
passar algumas horas junto com a família. Os pais que colocam o aspecto
econômico da vida acima dos valores morais e espirituais, encontrarão
uma grande dificuldade em voltar à ordem anterior de ganhar a vida.
Parece que é justamente quando os filhos são menores que as pressões
econômicas são maiores. Os pais guardam a esperança de, depois de
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O lar
uns poucos anos quando a situação econômico-financeiro se equilibrar,
poderem passar mais tempo com seus filhos. Existe uma grande falha
nesse raciocínio, pois chegando lá os filhos já serão mais velhos e não
serão tão maleáveis como antes e sua educação se tornará muito mais
difícil, se não impossível.
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Os pais
Q
ual é a finalidade da família? Ou não tem finalidade? Desde a
antigüidade, uma das suas finalidades tem sido a de fazer uma
contribuição positiva para uma sociedade decadente. E se no passado
houve necessidade disso, quanto mais hoje, nestes tempos derradeiros e
angustiantes? Os lares cristãos não são incumbidos de produzirem “super-filhos”, e sim filhos que sejam obedientes, respeitosos e honestos.
A maioria dos pais deseja que seus filhos sejam saudáveis, ver seu
filho ocupando o seu devido lugar e que seja obediente, honesto e trabalhador, utilizando bem as suas capacidades, para assim enfrentar a vida
corajosamente. O mesmo é verdade entre mãe e filha.
Mas quantas vezes o casal não quer nem saber de filhos? Maridos
e esposas jovens encaram os filhos como um estorvo à sua liberdade e
propositadamente procuram evitar a sua presença durante alguns anos.
Tal raciocínio não está de acordo com o plano de Deus. E quando, com
o passar do tempo, os filhos aparecerem, freqüentemente serão aceitos
quase como um mal necessário. Ouve-se falar de como os filhos saem
caro e que o pouco serviço que fazem dificilmente pagará as despesas
oriundas de sua criação ao longo do tempo. A finalidade de ter filhos não
deve ser de enriquecer os pais monetariamente, mas sim de enriquecer
os filhos de conhecimentos suficientes que os prepare para os embates
através dos devidos cuidados paternais.
Ana, uma mulher dos tempos bíblicos, orou a Deus pedindo um
filho (leia 1 Samuel 1:11). Deus ouviu a sua oração e quando seu filho
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Os pais
tinha apenas quatro anos, ela o entregou a Eli, o sumo sacerdote, para
ser utilizado no serviço de Deus. Este acontecimento não é algo tão
extraordinário como podemos imaginar. Os pais não podem permitir
que o egoísmo os domine. Ter filhos é uma bênção de Deus que se deve
transformar numa bênção para os outros. Essa é uma das maiores contribuições que os pais fazem para a sociedade, sendo uma obra que deve
ter início bem cedo na vida da criança.
A responsabilidade de um pai ou de uma mãe é muito maior do que
imaginamos. Excede as capacidades do ser humano. “Se o Senhor não
edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam. Se o Senhor não
guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Salmo 127:1).
Desde o princípio, duas forças têm se manifestado – uma construtiva
e a outra destrutiva. Daí a necessidade de termos cuidado naquilo que
fazemos.
Muitos pais são escrupulosos, tendo como meta ensinar seus filhos
a agirem de uma forma correta, de acordo com o melhor conhecimento
que tiverem à sua disposição. Mesmo assim, os pais às vezes ficam perplexos ao verem certas falhas na educação de seus filhos.
Ao educarmos os nossos filhos, temos de lidar com três gerações: a
nossa, a dos nossos pais e a dos nossos filhos. A imagem que os filhos
terão da vida será intimamente ligada à vida dos pais. Os pais, por sua
vez, são influenciados pela vida dos seus pais. Se os nossos pais nos deram
o amor e a direção que precisávamos, será mais fácil dar aos nossos filhos
o amor e a direção de que eles precisam.
Alguns pais dão a seus filhos um legado de dúvidas, temores e conflitos. Ou às vezes ficam tão envolvidos com as coisas da vida que descuidam
da educação dos filhos. Este círculo vicioso pode ser quebrado se o lado
positivo do passado for aproveitado e as coisas negativas deixadas.
Os pais não devem descartar uma idéia apenas pelo fato de ser antiga.
Pelo contrário, estas idéias velhas devem ser cuidadosamente reexaminadas. As idéias velhas sobreviveram porque foram boas. Salomão
nos deixou um conselho impressionante sobre este assunto: “Instrui o
menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se
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O Lar Cristão
desviará dele” (Provérbios 22:6). É verdade que as idéias novas são úteis
para os pais, pois a vida é progressiva, mas é preciso que tomem cuidado
para não desprezarem os métodos antigos e provados.
O marido e a esposa se dedicam exclusivamente um ao outro até o
primeiro bebê chegar. Alguns maridos afirmam que a esta altura a esposa
se torna mais mãe do que esposa. Tais maridos precisam ter cuidado para
não transmitirem despercebidamente estes sentimentos aos filhos, com
resultados negativos. Como a chegada do bebê transforma a esposa em
mãe, assim o mesmo bebê deve transformar o marido em pai. Esta nova
responsabilidade não deve interferir no relacionamento entre marido e
esposa, e se cada um fizer a sua parte, não precisa diminuir o prazer do
casal. O marido pode achar que sua esposa está colocando a felicidade
do bebê acima da sua. E de fato, a esposa nunca pode esquecer que seu
amor não pode ser dirigido apenas ao filho. O marido também precisa
do seu amor. Quando os pais se amam e mostram este amor através de
sorrisos, o bebê perceberá este amor e sorrirá para o mundo, sentindo
maior segurança. A criança que não for amada na sua infância provavelmente terá um sentimento de insegurança. Freqüentemente tais
crianças, ao se tornarem adultas, esperam mais da vida do que devem,
por terem recebido tão pouco amor em sua infância.
Se os pais não fossem tão egoístas...
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Epílogo
A minha esposa, a mãe de meus filhos, mais uma vez foi na frente,
apontando o caminho para nós – desta vez para sua mansão eterna, onde
goza de alegria e descanso sem fim.
O seu falecimento se deu na cidade de Madrás, na Índia, depois de
uma curta doença, onde estava testemunhando sobre a graça de Deus
que a salvou.
Nos países vizinhos, bem como na Índia, as pessoas muitas vezes
pediam que ela fizesse palestras para as mães e crianças nos cultos religiosos. Gostava de falar sobre o dom divino de ser mãe. Animava as
crianças a amarem e obedecerem a seus pais, aceitando o Senhor Jesus
em seus corações, para assim terem uma vida abençoada aqui na terra e
um lar no céu depois.
Ela teve menos de um ano para refletir sobre “Os Dias Seguintes”.
Uma das suas últimas frases proferidas que tanto valorizamos é: “Tenho
feito tão pouquinho”.
“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam.
Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Salmo
127:1).
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