TCC – Revising and Editing for Translators – Guia de Estudo
Transcrição
TCC – Revising and Editing for Translators – Guia de Estudo
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CURSO DE TRADUTOR/INTÉRPRETE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO REVISING AND EDITING FOR TRANSLATORS: GUIA DE ESTUDO MEIKO MARIANA NOGUEIRA NASCIMENTO MIHARA ENGENHEIRO COELHO – SP 2007 2 Resumo Este trabalho move-se em três direções: 1) apresentar uma visão panorâmica do livro Revising and Editing for Translators; 2) apresentar as aplicações da prática da edição, a da revisão e auto-revisão de traduções ao incorporar os parâmetros tradicionais em revisão uma nova categoria, a dos parâmetros de apresentação, em concordância com as exigências atuais do mercado de trabalho; 3) apresentar a importância prática desta obra para os três tipos de usuários: estudantes de tradução, profissionais ativos que pretendam adquirir conhecimentos sobre como revisar as traduções realizadas por outras pessoas e/ou melhorar sua técnica de auto-revisão, e para professores, como ferramenta didática. Abstract This paper moves towards three directions: 1) to present a panoramic view about the book Revising and Editing for Translators; 2) to present the practical application of editing, revision, and the self –revision of translations when incorporating the traditional parameters in revisioning a new category, of the presentation parameters, in agreement with the current requirements of the work market; 3) to present the practical importance of this book for the three types of users: translation students, active professionals whom intend to acquire knowledge on as to revise the translations for others and/or improving their auto-revision ability, and for instructors, as didactic tools. 3 1. Introdução A obra Revising and Editing for Translators, de Brian Mossop, tradutor, revisor e professor do Departamento de Tradução do Governo Canadense é um livro de imenso valor a todos os que direta ou indiretamente trabalham com a linguagem, seja por meio da tradução, revisão ou editoração. É o terceiro volume da coleção Translation Practices Explained, da Editora St. Jerome Publishing, UK. A obra é um guia não apenas para estudantes, mas também para tradutores profissionais que pretendem aperfeiçoar suas técnicas de auto-revisão e/ou aprender a revisar traduções realizadas por outras pessoas. Agrupa uma gama de informações, incluindo muitos exemplos que se tornam de fácil compreensão graças à didática e à metodologia na apresentação dos assuntos. A princípio, parece redundante se falar em revisão, visto ser uma prática que vem sendo realizada há centenas de anos, não tendo, por essa razão novidade alguma a oferecer. Entretanto, a institucionalização da figura do revisor, como agente da mesma, investido de competências exclusivas para exercício da atividade, bem como de quaisquer outras funções, é relativamente recente. O caráter oficial institucionalizado do revisor tem uma origem dupla: por um lado, deve-se ao grande aumento dos volumes de traduções de textos técnicos e científicos frente aos literários; e por outro, pela importância cada vez mais acentuada de entidades, organizações e instituições de caráter internacional. Em seu artigo “L’auto-révision – Contexte d’une formation en révision”, Brunette e Horguelin1, autores de um dos poucos manuais de revisão existentes, afirmam que tanto a literatura sobre revisão quanto a de auto-revisão são escassas. A porcentagem de artigos que versa sobre o tema revisão, seja de forma direta, seja indireta, representa menos de 1% na área da tradutologia. Possivelmente, uma das razões seja por não se saber exatamente onde incluir o estudo da revisão bilíngüe, considerada já por determinados autores como um ramo, uma subdisciplina da Tradutologia. No âmbito acadêmico, o número de pesquisadores e professores interessados no tópico revisão ainda é pequeno, o que se reflete no número reduzido de centros de formação de tradutores que integrem a revisão em seus planos de curso. Em Gouadec, Daniel. Formation dês traducteurs. Actes Du culloque international Rennes 2 (24-25 Septembre 1999). Paris: La Maison Du Dictionnaire(173-179) 1 4 De modo geral, parece ser possível afirmar segundo Mossop, que no transcurso dos estudos de formação de tradutores, muito poucos são os já familiarizados com os princípios gerais da revisão e muito menos com a aplicação sistemática dos procedimentos de autorevisão. Entretanto, é preciso que nos lembremos do extraordinário avanço tecnológico dos últimos vinte anos e, acima de tudo, do uso generalizado, na última década, de ferramentas de informática e de comunicação; entre eles, os processadores de textos, a internet, as bases de dados on-line e os programas de edição e auto-edição, os quais têm proporcionado uma troca benéfica no âmbito da tradutologia. Por essa razão, contexto abordado na obra de Mossop busca ajudar leitores a responderem ou ao menos refletirem sobre os procedimentos que são adotados para a edição, revisão e auto-revisão de traduções. 2. A revisão no âmbito da tradutologia A revisão é uma atividade com uma história institucional específica, constituindo um aspecto da profissão de tradutor, uma vez que os mesmos têm desenvolvido essa tarefa independentemente de serem editores ou não. Essa é razão suficiente para justificar a inclusão do assunto “edição” na obra de Mossop, e que, sem dúvida, se deve à relação indissociável da “edição” e da “revisão”. Ainda que estas duas atividades apresentem muitas diferenças, não podemos evitar a coincidência parcial que existe entre ambas em determinadas questões. A prática e os objetivos da revisão bilíngüe se igualam aos da edição, pois ambas auxiliam no controle da linguagem e no estilo utilizado na tradução; contudo, elas também apresentam diferenças básicas quanto à prática: a edição, por exemplo, a partir do processo de produção textual como tradução (reprodução textual), não é a mesma que do processo de revisão (no caso da produção primeira de um texto). Todavia, os benefícios, segundo Mossop são muitos. Entre eles, o autor apresenta três razões pelas quais os estudantes de tradução podem se beneficiar da aquisição de conhecimentos básicos sobre edição: a) Por razões econômicas, visto que os profissionais da tradução terão mais lucro, caso, além de traduzirem, também se responsabilizem pela edição do material traduzido; 5 b) Os conhecimentos sobre edição facilitam o trabalho de revisão de quem faz traduções, das traduções de outras pessoas e também contribui para o processo de pós-edição do produto de traduções automáticas; c) Eles auxiliam na tradução de textos de baixa qualidade ou mal escritos. É importante mencionar que a obra não pretende de modo algum ser um manual de edição. De fato, os temas e aspectos relacionados com a edição tratam única e exclusivamente de mecanismos práticos tanto para tradutores quanto para revisores de tradução. Da mesma forma, o título da obra não pretende se colocar como indicativo de um manual de estilos ou uma compilação de problemas de tradução. Mas Mossop se propõe a apresentar uma série de idéias direcionadas à tarefa do revisor e do tradutor. Como o autor indica, a aplicação dos princípios de revisão propostos são, provavelmente, mais gerais que os relativos à edição. 3 Estrutura da Obra Quanto à sua composição estrutural, a obra consta de duas introduções, quatorze capítulos e cinco apêndices; merece destaque entre os apêndices, o cinco por ser um glossário de revisão e edição, além da bibliografia concisa e do índice analítico. A obra Revising and Editing for Translators é eminentemente prática e didática o que pode ser comprovado pela sábia decisão do autor de apresentá-la com duas introduções: uma dirigida aos estudantes de tradução e leitores interessados no assunto, em geral, e outra aos profissionais da área de tradutologia. O propósito do material didático é fornecer subsídios em forma de exercícios práticos e de perguntas que levem à reflexão, o que constitui um guia para os dois tipos de usuários supracitados. 3.1. Capítulo 1: Edição e Revisão O primeiro capítulo aborda considerações que justificam a importância e a necessidade da edição e da revisão para todo estudante da área e para os profissionais já no mercado editorial; discute a relação das técnicas de revisão e edição com o conceito genérico de qualidade e as limitações implícitas na edição e revisão de traduções. São apresentadas algumas das muitas dificuldades que um texto pode trazer ao revisor e ao processo de edição. 6 A primeira de uma série de dificuldades refere-se à escrita, pois segundo Mossop (p. 2), escrever corretamente é uma habilidade que exige muitos anos de prática e infelizmente muitos passam pelos bancos de uma graduação e nunca, de fato, dominaram as técnicas do escrever e expressar-se bem na língua de chegada. Um aspecto que chama atenção do leitor dessa obra é que o autor reconhece as dificuldades da escrita e segundo ele, o bom pesquisador e escritor é quem mais reconhece essa dificuldade, pois está habituado a lutar com as palavras. Em seguida, Mossop apresenta os procedimentos para minimizar os erros; para ele, é preciso lançar mão de algumas combinações entre o esboço e a auto-edição e estas se transformam em estratégias de escrita. As estratégias básicas elaboradas por Chandler (1993, op. cit Mossop, p. 3) são quatro: arquitetar um plano de ação; assentamento das idéias (como o pedreiro); preparar a base para a pintura e por último a pintura final, isto é, o texto bem elaborado se colore de nuanças que expressam a beleza da obra escrita. Para Mossop (idem), os tradutores também precisam elaborar suas estratégias de tradução que podem variar de um para o outro. O importante, segundo ele, é que haja um plano de ação, uma seqüência lógica de trabalho; que haja reflexão entre as diferentes etapas organizadas da tarefa de tradução. Na seção onde o autor fala sobre empregar e fazer valer as regras, os revisores, editores e tradutores são considerados guardiões dos textos que necessitam ser corrigidos e melhorados. Neste ponto, Mossop esboça a diferença entre a oralidade e a escrita, entre escrever segundo a norma padrão e segundo a oralidade. É de suma importância que os profissionais que olharão para o texto tenham objetivos em mente; isto é, a comunidade a quem o texto se destina e o comprometimento com a editora que vai publicar o texto. Tudo isso, considerando-se sempre uma grande audiência, já que não há necessidade de revisões tão apuradas quando o texto só é divulgado em grupos pequenos. Ao falar sobre as diferentes exigências que os editores e revisores enfrentam, o autor levanta a questão do conflito que se coloca aos profissionais. Há exigências do cliente, da companhia, da casa publicadora, enfim, de quem solicitou a tarefa. Por isso há padrões préestabelecidos por associações profissionais que determinam as terminologias, o padrão lingüístico; cabe ao profissional responsável pela tarefa estar em dia com todas essas normatizações. Assim, é preciso cautela e conhecimento para que os profissionais busquem o equilíbrio entre os vários interesses que perpassam a tarefa de revisão e edição. 7 A seguir, o tópico qualidade é abordado sob a ótica da Organização Internacional de Padronização (ISO 8402 intitulada Gerenciamento e Avaliação de qualidade). Segundo o autor, a qualidade sempre é relativa às necessidades, não havendo para ele, qualidade absoluta. Tarefas diferentes têm padrões também diferentes de qualidade; o segundo aspecto a se observar na definição da ISO é que as necessidades de qualidade não são as que estão declaradas, mas as implícitas; a necessidade implícita mais importante é a da precisão, pois quem solicita um trabalho de tradução, não pede a precisão, mas supõe que esta seja uma qualidade inerente da boa tradução. Ao concluir o capítulo, Mossop expõe as limitações da edição e da revisão. Para ele, há textos que não compensam um trabalho de revisão, pois estão escritos ou traduzidos de forma tão ruim que levaria muito tempo para edição ou revisão e o custo aumentaria demasiadamente. Entretanto, o autor enfatiza que pode acontecer de algumas editoras desejarem, mesmo com as péssimas qualidades do texto traduzido, revisar e editar o texto por questões financeiras. Nesse caso, é provável que questões ideológicas ou políticas sejam mais importantes que os custos: por exemplo, quando se está diante de um autor considerado uma pessoa muito importante. No capítulo seguinte, a tarefa do editor é posta em discussão e algumas distinções serão feitas com o objetivo de didaticamente situar o leitor, estudante de tradução e profissional da área de edição e revisão. 3.2. Capítulo 2: O Trabalho do Editor O segundo capítulo é dedicado às pessoas que trabalham como editores. O mesmo aponta as diferenças entre edição, reescritura e adaptação. Tanto a edição quanto a reescritura apontam para a criação de um texto, pois um texto mal escrito tem a necessidade de se aplicar uma reexpressão, isto é, uma reescritura. Aborda ainda os graus e procedimentos de edição. 3.3. Capítulo 3: Publicação Neste capítulo o autor trata as diferentes modalidades de edição de textos, sendo este um trabalho minucioso que requer atenção em pequenos detalhes do texto. O autor aborda a importância das regras de estilos das editoras, os erros tipográficos e ortográficos, a sintaxe e os idiomatismos, pontuação e o emprego correto das regras gramaticais. 8 3.4. Capítulo 4-6: Edição Estilística e Edição de conteúdo Nestes capítulos são tratados os tipos de trabalho de edição que não requerem regras específicas e sim adaptações de estruturas para leitores de um texto. A edição de conteúdo consiste na apresentação de erros fatuais como endereços de rua, endereços de sites, nomes de organizações incorretos. Ou erros lógicos que incluem contradições, contra-senso, redundância, seqüência de tempo impossível e confusões de causa e efeito, o que muitas vezes podem ser consertados apenas perguntando ao autor o que significa ou em outros casos, você mesmo pode ser capaz de resolver. Existem também os erros matemáticos como, por exemplo, um ponto errado em um número decimal, todos esses tipos de erros são tratados neste capítulo. 3.5. Capítulo 7: Coerência Este capítulo esta relacionado à coerência e seus graus, mostrando que um fator importante a ser considerado pelo revisor é que provavelmente ninguém mais irá revisar o texto depois dele. 3.6. Capítulo 8: Ferramentas de Informática Trata sobre as ferramentas de informática que auxiliam nos trabalho tanto dos editores como dos revisores. Os capítulos restantes, em minha opinião, são os que merecem destaque, pois abordam o tema de revisão, a ligação entre revisão, edição, tradução automática e a autorevisão, oferecendo, portanto, as ferramentas essenciais para a reflexão sobre assunto e de suas variáveis. 3.7. Capítulo 9: O trabalho de um revisor No capítulo nove Mossop descreve o enfoque prático da função do revisor no âmbito profissional, ou seja, a estrutura, organização desta função e as agências de tradução. Também descreve as especificações que guiam o trabalho do revisor, como as obrigações da tradução, a relação interpessoal (com autores, clientes e destinatários) e a relação qualidade-tempo. Neste capítulo também se explica as diferenças entre a revisão e outras atividades relacionadas com esta função como a avaliação da qualidade (quality asseement) e a garantia de qualidade (quality assurance). 9 3.8. Capítulo 10: Os parâmetros de revisão Mossop propõe uma classificação de quatro grupos distintos capazes de abranger os doze parâmetros de revisão, feitos em formas de perguntas, utilizados na revisão bilíngüe, nas funções dos problemas identificados na tradução. Os parâmetros utilizados são os seguintes: Grupo A (parâmetros de transferência) – os problemas de transferência de sentido como a exatidão (accuracy) e a integridade (completeness); Grupo B (parâmetros de conteúdo) – os problemas de conteúdo como a lógica (logic) e os fatos (facts); Grupo C (parâmetros de linguagem) – os problemas de linguagem e estilo como a fluidez (smoothness), a adequação (tailoring), a terminologia (sub-linguagem), o idiomatismo (idiom) e as normas (mechanics); Grupo D (parâmetros de apresentação) – os problemas de apresentação como a disposição de página (layout), a tipografia (typography) e a composição do texto (organization). 3.9. Capítulo 11: Os graus de revisão São abordados os fatores que determinam os diferentes graus de revisão, as conseqüências de uma revisão parcial e a importância da revisão dos parâmetros de transferência e linguagem. 3.10. Capítulo 12: Os procedimentos de revisão Discute-se sobre os procedimentos da revisão, com os quais se realizam as diferentes operações inerentes à revisão, os princípios para fazer correções, como resolver os problemas que parecem sem solução, o tratamento dado a mudanças realizadas e a revisão de apresentação. 3.11. Capítulo 13: A auto- revisão A auto-revisão é abordada como fase inerente ao processo de tradução e é salientada a importância de que o tradutor realize um auto-diagnóstico sobre seus pontos fortes e fracos. 10 3.12. Capítulo 14: A revisão dos trabalhos de outros Neste último capítulo aborda-se sobre os problemas da revisão de trabalhos realizado por outras pessoas, as relações revisor/revisado e suas implicações (diagnóstico e assessoria). O livro termina com cinco apêndices que se tratam, respectivamente, de um sumário dos princípios da revisão; os aspectos da avaliação da qualidade de traduções e o quadro profissional; um método de anotação e classificação quantitativa para avaliar os exercícios de edição; uma amostra de revisão unilíngüe e, finalmente, um glossário que contém sessenta e oito termos de edição e revisão, usados no livro pelo autor. 4. Considerações didáticas por parte do autor Na introdução destinada aos profissionais, Mossop menciona a utilidade de sua obra como ferramenta didática em determinados casos como: a) No quadro de cursos de edição ou cursos que contenham esta matéria, dirigidos a estudantes de tradução; b) Em quadros de oficinas de formação profissional contínua em revisão ou auto-revisão, direcionados à tradutores em exercício, assim como profissionais de tradução e/ou pessoas cuja missão consiste em supervisionar trabalhos de estudantes em prática no âmbito da tradução. Mais do que adquirir uma técnica, discute-se a aquisição de conhecimento necessária a um estudante. Enquanto que aos profissionais de tradução, o material visa ao oferecimento de princípios que possam ser postos em prática ao realizar seu trabalho. Mossop considera que durante os primeiros anos de formação, os estudantes devem centrar-se na língua de chegada como o maior método de adquirir uma competência crítica e compreender os problemas que aparecem no transcurso de uma redação/reescritura. Contudo, a auto-revisão deve ser praticada desde o início da formação em tradução, insistindo na importância de revisar o próprio trabalho e fazendo com que o estudante reflita sobre como fazê-lo. A melhor maneira de colocar na mente do estudante a importância da auto-revisão é praticando-a, sendo assim o estudante se sentirá mais livre ao fazer mudanças necessárias no texto. 11 No marco da formação de tradutores, o autor considera fundamental distinguir entre “o que os estudantes precisam saber e o que deveriam ser capazes de fazer uma vez formados2”(Mossop 2001:xii). O que os estudantes precisam é interiorizar princípios e procedimentos para editar e traduzir. Aqui está o que Mossop sugere aos profissionais: • O uso de exercícios cuja finalidade seja que o estudante se centre nos problemas, princípios e procedimentos de edição em lugar dos resultados (correto/incorreto); • Um uso muito moderado ou reduzido de ferramentas de informáticas e programas para editores, pois um uso adequado de corretores ortográficos nos processadores de textos requer conhecimentos ortográficos do profissional. Por outro lado, o enfoque pedagógico que se requer para formar estudantes em edição é muito diferente do requerido na formação de tradutores profissionais em revisão. Os tradutores profissionais que participam em cursos de pós-graduação ou em oficinas de formação contínua em revisão estão trabalhando no mercado da tradução, o que deriva uma provável familiarização com a atividade. Os tradutores cuja missão consiste em revisar o trabalho realizado por tradutores principiantes (Junior Translator) ou sem experiência, na opinião do autor, devem ter uma prática em revisão de no mínimo seis meses antes de participar de uma oficina sobre o tema. Este tipo de oficinas tem as finalidades de: a) Promover a confiança dos tradutores em si mesmos (é importante que o tradutor descubra que não é o único que tem que enfrentar problemas de tradução que não seja capaz de resolver); b) Conscientizar o tradutor, mediante a verbalização do procedimento de revisão ou auto-revisão, a importância de que considere pessoalmente se é mais apropriado. A explicação e o êxito das oficinas firmam-se em tratar aspectos que os participantes nunca haviam considerado de forma explícita assim como em promover a reflexão sobre aspectos não conscientes durante o processo de revisão. Na prática da revisão e nas oficinas é “things they need to know about things they should actually be able to do upon graduation” (Mossop 2001:xii) 2 12 fundamental a justificativa de qualquer tipo de mudança. Mossop dá por suposto que os leitores de sua obra dispõem de uma base conceitual importante sobre gramática, mas considera crucial apresentar uma terminologia para falar sobre os diferentes tipos de câmbios que realizam os revisores (metalinguagem da revisão). Ainda que a atividade de traduzir seja individual, a revisão, por motivos pedagógicos, propõe que os exercícios sejam feitos em grupos com o objetivo de acelerar a aprendizagem tanto dos estudantes como dos participantes dos seminários. Na hora de selecionar o material de trabalho é importante considerar tanto o número quanto os tipos de erros contidos nos textos. Neste sentido o professor tem a possibilidade de trabalhar na correção de falhas. Aconselha-se evitar o uso de textos ou tradutores de péssima qualidade porque na prática seria pouco realista dado que no mercado serão inaceitáveis tanto para a sua edição quanto revisão. 5. Utilidade didática da obra Em termos gerais, este livro pode ser utilizado como livro de texto durante um curso de pós-graduação ou oficina sobre revisão. De forma mais específica, alguns dos capítulos deste livro se referem unicamente a revisão (9-14), outros apenas a edição (2-6). A partir desta estrutura metodológica Mossop realiza uma proposta de importante prática para os professores, posto que indica concretamente os capítulos que se podem utilizar em três tipos de formação. a) Para a formação de tradutores – Aconselha incorporar o tema da edição nas classes de tradução. Com os estudantes do primeiro ano podem se utilizar os capítulos 1,2 e 7, insistindo nos exercícios de edição de textos. Os capítulos restantes mais o referente à auto-revisão (capítulo 13) são apropriados para estudantes do segundo ano assim como para os que já disponham de certa experiência traduzindo. b) Para um seminário sobre auto-revisão – Aconselha-se utilizar os seguintes capítulos – 1,7,8 e 10 a 13. Neste caso o seminário requer, no mínimo, dois dias e no máximo 6 a 8 participantes. 13 c) Para um seminário sobre revisão de traduções realizadas por outras pessoas – os capítulos que se podem utilizar neste tipo de seminário são: a introdução para usuários e os capítulos 1,7,8,9 a 12 e 14. Finalmente, indica a possibilidade de incorporar ao seminário de revisão e/ou autorevisão os exercícios de textos, edição estilística, estrutural ou de conteúdo (capítulos 3-6), relacionando-os com a revisão unilíngüe, sempre e quando a tradução for revisada sem fazer referência ao texto de origem. 6. Bibliografia Quanto à bibliografia, surpreendentemente é moderada (trinta e sete referências, sem incluir a relação de manuais de estilo e obras de referência que aparecem ao final do capítulo 3) em comparação com as de obras similares, mas que justifica tendo em consideração a finalidade prática e o caráter elementar que o autor tem desejado publicar em sua obra. Mossop propõe uma série de leituras ao final de cada capítulo para aprofundar sobre o tema em questão. 7. Conclusão Em modo de conclusão posso dizer que Revising and Editing for Translators, vem preencher o vazio existente na literatura e na língua inglesa sobre revisão bilíngüe, em particular, preencher uma lacuna importante no âmbito da aplicação prática da edição, da revisão e auto-revisão de traduções. É uma obra de importância prática e muito recomendável para não só para os estudantes de tradução, mas também para os profissionais ativos que pretendam adquirir conhecimentos sobre como revisar as traduções realizadas por outras pessoas e/ou melhorar sua técnica de auto-revisão, e também para os professores, como ferramenta didática. Apresenta uma terminologia em inglês clara e concisa sobre a revisão e a edição aplicadas à tradução. Em resumo, esta obra veio responder a muitas necessidades, cumprindo com as pretensões de seu autor posto que responde às emergentes incertezas que afloram na hora de enfrentar o espinhoso tema da revisão de traduções.