O Sínodo Sudeste

Transcrição

O Sínodo Sudeste
Jorev Luterano - Junho - 2010
2
Editorial
O Sínodo Sudeste
No Sínodo
Sudeste,
aprendemos
a anunciar
a vida,
a esperança,
a comunhão
e o olhar de
Deus
O
Sínodo Sudeste participa da
missão de Deus em contextos urbanos, onde a pluralidade cultural, religiosa e
social está marcada por violência e injustiças, uma realidade em que a
pobreza e a riqueza convivem e brigam no
palco da indiferença, da omissão, do medo,
da angústia e da fatalidade. Neste cenário,
aprendemos a anunciar a vida, a esperança, a comunhão e o olhar de Deus.
A presença da IECLB nesses contextos interage com o clamor pela vida. Com
gratidão e confiança, o Sínodo Sudeste
apoia Paróquias, Comunidades, Obreiros
e Obreiras na construção de espaços de comunhão, promovendo a paixão pela missão
de Deus e assegurando a proposta profética de transformação que, pela fé no Deus
da vida, aproxima pessoas e as chama para
a cultura de paz, solidariedade e amor de
Deus, revelado em Jesus Cristo.
As lideranças e Ministros com ordenação no Sínodo Sudeste conhecem os
desafios da presença da IECLB na região
geográfica que hospeda as três maiores metrópoles do país. Somos uma minoria com
identidade confessional, com um ‘jeito’ de
viver e testemunhar a fé baseado em um
modelo eclesiológico próprio e específico.
Encorajados por Deus, insistimos em
acolher crianças, adolescentes, jovens, homens e mulheres em espaços consagrados
e comunitários para viver a fé, proclamar
o amor incondicional de Deus, participar
dos Sacramentos, servir para a edificação
da integridade do ser humano, buscar bênçãos, orientação e socorro. Deus tem sido
generoso com os membros, Ministros com
Guilherme Lieven
ordenação, lideranças e Comunidades da
IECLB no Sínodo Sudeste.
Nessa realidade desafiadora, o Sínodo
Sudeste celebra a graça de ser Igreja de Jesus
Cristo em comunhão com todas as Comunidades e lideranças da IECLB constituídas
em todas as regiões do nosso Brasil.
Acompanhe alguns testemunhos do
Sínodo Sudeste nesta edição do Jorev
Luterano.
Pastor Sinodal
Atendimento ao leitor
Juciane Wilsmann
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Capa
De autoria do P. em. Arteno
Spellmeier, a foto é da ponte
pênsil, na Transamazônica km 300 (1975), retratando as
novas áreas de colonização
da IECLB. Leia matéria especial sobre os processos migratórios na nossa Igreja na Editoria
Comportamento, página 13.
Ação missionária
A respeito dos exemplares que recebi
por ocasião do centenário da Obra Gustavo Adolfo (OGA), edição de março/2010,
que dedica um espaço muito especial e
carinhoso à nossa querida OGA, é correto
afirmar que o Jornal Evangélico e a OGA
são instrumentos a serviço da ação missionária da IECLB, por isso mesmo ambos se
constituem em um bem da IECLB que (realmente) deve ser cuidado bem!
Voltando à edição de março do Jorev,
congratulo-me com todas as matérias, muito boas, como costumeiramente vem acontecendo. Faço referência especial à prestação de contas da Campanha de Ofertas
para a Missão da IECLB – Vai e Vem 2009
(página 12), pois a exposição dos dados
é muito didática e dá margens, inclusive,
para aprofundarmos a nossa reflexão sobre a questão se (já) somos uma Igreja Missionária ou não, quero dizer, se somos, de
fato, uma Igreja de Diaconia ou não.
No final da prestação de contas, consta
uma afirmação bem animadora: ‘a arrecadação de 2009 mostra que podemos avançar ainda mais’. Dentro dessa expectativa,
diria que não só podemos como devemos
ainda melhorar!
Saudações fraternas,
P. em. Albino Vortmann
Pastor Presidente
P. Dr. Walter Altmann
Secretário Geral
P. Dr. Nestor Friedrich
Jornalista
Letícia Montanet
Reg. Prof. 10925
Administrativo
Juciane Wilsmann
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Instalação em Vale do Iguaçu
Com grande alegria, a Comunidade Centro de Porto União da
Vitória celebrou em 28 de março a instalação da Pastora Claurete
Saueressig, que assumiu o segundo pastorado de tempo parcial neste novo campo de atividade ministerial, em culto oficiado
pelo Pastor Sinodal do Sínodo
Norte Catarinense, P. Manfredo
Siegle, e pelos assistentes, Pastor
Vice-Sinodal, P. Inácio Lemke, e
Pa. Cristina Scherer.
Pa. Claurete, gaúcha de Dr.
Mauricio Cardoso, casada com
o P. Mauri T. Perkowski e mãe
de Tobias, formou-se na EST em
1999, fez intercâmbio em Munique, na Alemanha, realizou o PPHM
em Marques de Souza/RS e atuou nas Paróquias de Três Passos/RS
e Erval Seco/RS.
IECLB no nordeste mineiro
No Domingo da Páscoa, com a instalação do P. Armin Andreas
Hollas, a equipe de Obreiros na Comunidade em Teófilo Otoni/MG
ficou completa: Pa. Elisabet Lieven e P. Armin Hollas (na Comunidade), P. Charles Werlich (Projeto Missionário com sede em Serra
dos Airmorés), Diác. Edna Ramlow Beling e Diác. Jose Marcos Beling (Associação Educacional Evangélica Luterana).
A Comunidade de Teófilo Otoni, com mais de 4.500 membros
batizados, marca a presença da IECLB também em Divisópolis,
Serra dos Aimorés, Nanuque, Governador Valadares, Itaipé, Poté
e Ouro Verde. O Sínodo Sudeste agradece a Deus pela história do
testemunho evangélico luterano no nordeste mineiro.
Centenário com novo templo
A Comunidade Ramos, integrante da Paróquia de Cerrito Alegre, em Pelotas/RS, viveu um momento especial no dia 11 de abril:
um culto festivo que contou com a
presença do Pastor Sinodal do Sínodo Sul Rio-Grandense, P. Dietmar
Teske, da Pastora local, Pa. Roili
Borchardt, e do estudante de Teologia Éder Weber inaugurou o novo
templo da Comunidade e comemorou os seus 100 anos de existência.
Em fevereiro de 1910, a Comunidade Ramos foi legalmente constituída pela aprovação do seu
Estatuto e passou a ser denominada
Comunidade Escolar da Colônia
Ramos, pois, junto à Igreja, funcionava a escola.
Liderança na Comunidade
Entre os dias 10 e 11 de abril, aconteceu mais um Retiro
e Seminário Sinodal da JE na área norte do Sínodo Brasil
Central. A Paróquia Martin Luther, com sede em Luis Eduardo Magalhães/BA, sediou o evento, que reuniu 45 jovens
das Comunidades de Balsas/MA, Bom Jesus do Piauí/PI,
Cascudeiro/BA, Cristalina/GO e Luis Eduardo Magalhães.
O Seminário foi conduzido pelo Missionário Klaus Stange, Professor da Faculdade Luterana de Teologia (FLT), em
São Bento do Sul/SC, com o tema Liderança na Comunidade,
direcionado especialmente aos jovens: seu grupo e participação na Comunidade.
Protestantismo
e Educação
Com o objetivo de proporcionar
uma reflexão atualizada sobre os
desafios do Protestantismo brasileiro no cenário educacional, a Faculdades EST estará promovendo, nos
dias 1 e 2 de junho, o VIII Simpósio
de Identidade Luterana.
Coordenado pela Professora Dra.
Laude Brandenburg, o encontro de
São Leopoldo/RS
reunirá Pastores,
Professores, Educadores e demais
pessoas interessadas na área do
Protestantismo e
da Educação.
A palestra de
abertura do Simpósio será proferida
pelo Dr. Wilhelm Wachholz, Professor da Faculdades EST, que dissertará sobre o tema Protestantismo e Educação – um olhar para a História.
As inscrições para o VIII Simpósio
de Identidade Luterana podem ser realizadas pelo site da Faculdades EST
(www.est.edu.br).
Primeiros
imigrantes
Borger, Justin, Schmitt e outras famílias de origem germânica é o segundo
livro de Rodrigo Trespach, pesquisador da história da imigração alemã
para o Rio Grande do Sul, membro
da Comunidade Martin Luther de
Osório, Paróquia da Trindade/RS, e
pertencente a uma das famílias fundadoras da Comunidade.
“A maioria dessas famílias é de
origem evangélica (luterana ou reformada) na Alemanha e tem os
seus ancestrais ‘resgatados’ do esquecimento.
Boa
parte
desses imigrantes veio
no bergantim
Carolina,
o
costeiro que
o Historiador Carlos H.
Hunsche chamou de ‘o barco rondado pela fome e pela morte’, um
árduo começo que mostra as dificuldades dos pioneiros da Igreja no
Rio Grande do Sul”, explica Rodrigo
Trespach, também autor de Passageiros no Kranich.
Jorev Luterano - Junho - 2010
Curtas
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OFERTAS
NACIONAIS
6 de junho
2º Domingo após Pentecostes
Projetos Desenvolvidos pela PPL
Uma das características da Pastoral Popular
Luterana (PPL) é a formação de lideranças comunitárias. Refletindo o Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI) 2008-2012, a PPL volta
a sua atenção para os eixos evangelização e diaconia, pois é necessário sermos instrumentos de
Deus para que justiça e paz, vida plena e abundante, venham como sinais do Reino de Deus.
27 de junho
5º Domingo após Pentecostes
Projeto Missionário no Brasil – Missão Zero
Desde o anúncio do nascimento de Jesus
Eis que vos trago boa nova (Evangelho) de grande
alegria (Lc 2.10b), até as palavras de Jesus na
Grande Comissão Ide por todo o mundo e pregai
o Evangelho (Mc 16.15), somos desafiados, como
discípulos, a divulgarmos esta grande notícia
até os confins da terra (At 1.8c), por isso a Missão
Zero procura ir onde as pessoas ainda não ouviram, pois como crerão naquele que nunca ouviram
falar? (Rm 10.14).
INDICADORES FINANCEIROS
UPM Abril/2010
2,5687
Índice Março/2010
- 1,18%
Acumulado do ano
2,54%
XIV Assembleia Sinodal
Desde o início do ano, as lideranças e o Pastor Sinodal do Sínodo Sudeste, P. Guilherme
Lieven, preparam a XIV Assembleia Sinodal,
que tem início nas Comunidades e Paróquias,
quando elas indicam os candidatos a Pastor e
Vice-Pastor Sinodal, Presidente da Assembleia,
membro do Conselho da Igreja, representantes do Sínodo no Concílio, Comissão Jurídicodoutrinária, além de outras funções e cargos
também em nível de IECLB.
Em 2010, as eleições serão destaque nas
18 Assembleias Sinodais: é tempo de eleições
gerais na IECLB.
A Assembleia do
Sínodo Sudeste reúne representantes
de 39 Comunidades, 59 Pontos de
Pregação, 5 Áreas
Missionárias, bem
como grupos e instituições diaconais de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Além de ser a instância maior do Sínodo,
a Assembleia Sinodal constitui-se também no
maior fórum, o que possibilita partilha de informações, experiências comunitárias de fé e
integração dos representantes da presença da
IECLB no sudeste brasileiro.
Jorev Luterano - Junho - 2010
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Atualidade
Casados e felizes
P. DR. ONEIDE BOBSIN
Pastor da IECLB
e Reitor da Faculdades EST
Creio,
mas do meu jeito
Uma pesquisa realizada pela Igreja Católica Apostólica Romana brasileira nas maiores regiões metropolitanas revela dados inquietantes sobre o número
de pessoas que creem em Deus e até participam da
Igreja, mas da sua maneira, ou seja, não seguem os
credos das Igrejas. Nessas regiões, apenas 2,9% dos
entrevistados procuram a religião porque acreditam que
ela contenha uma verdade de fé. Entre os católicos, mais
de 15% não acreditam na ressurreição e mais de 35%
acreditam na reencarnação. Logo, o centro da fé está
em baixa. Já dizia o apóstolo Paulo que sem ressurreição nossa fé é vã.
Aproximadamente, 20% dos católicos seguem
as orientações dos horóscopos, 45% participam de
outros cultos e 31% fazem consultas a cartomantes.
Mais de 77% dos católicos contrariam a posição da
hierarquia católica quanto ao planejamento familiar,
73,2% são a favor do sexo antes do casamento, 62,7%
do segundo casamento e 60% do divórcio. Mesmo
assim, se dizem católicos.
Então, crendo do seu jeito pessoal, o que as pessoas
esperam da Igreja Católica? Segundo uma Teóloga
católica que interpreta os
dados, o cidadão urbano
moderno não quer uma
Igreja dogmática, que impõe normas e condutas,
mas uma orientação de fé
que dialoga com as pessoas nos diversos momentos
vitais. Nas palavras dela, a
Igreja precisa ser uma Pedagoga, uma Professora
que orienta. O Teólogo católico José Comblin vai em
outra direção: os católicos veneram o Papa, mas não
o obedecem.
Em razão de não existir pesquisa em nosso meio
eclesial, vamos dar uma olhada nos dados da Suécia, oficialmente luterana, talvez como o catolicismo
ainda aqui, pelo menos de fato e não de direito. Também lá parece que a Igreja não regulamenta a vida
das pessoas, pois a participação efetiva na Igreja é
inferior a 5%. Naquele país, 9% se declaram praticantes e 26% se dizem não cristãos, mas 63% se dizem
cristãos, certamente luteranos, da sua maneira.
Que resultados uma pesquisa como esta poderia trazer para a IECLB? Assumo o risco de manifestar duas
opiniões: não fazemos pesquisa porque não queremos ver a realidade. É mais fácil criticar a maioria
que não participa do que olhar para dentro da instituição. Além disso, os fundamentos da Igreja devem
permanecer, mas a roupagem em anunciá-los deve
ser outra.
Portanto, quanto mais uma instituição se conforma com esta sociedade, tanto mais ela joga água no
moinho do individualismo religioso. Não podemos
conter sozinhos o rumo da sociedade, mas não precisamos continuar dando tiros no próprio pé.
Os mesmos
fundamentos,
mas com
uma nova
roupagem
O casamento é uma ordem divina
E
stá tão triste,
parece casado
– Casaram e
viveram felizes
para sempre. Essas
duas expressões pautam a vida matrimonial da maioria dos
casais. Pessoas casadas há mais tempo
pautam-na pela primeira expressão. Recém-casados ou em
vias de se casar acreditam na frase que
encerra muitos contos
de fadas.
Quem partilha a
vida matrimonial há
alguns anos, aprende
que o seu relacionamento é ameaçado pelo desgaste natural e pode entristecer-se. Nem só triste
por ser casado, nem só feliz para sempre. Casamento tem as duas coisas: preocupação e felicidade. Importante é administrar os dois momentos e
usá-los para o crescimento dos cônjuges.
O mês de junho tem no seu calendário duas
datas importantes: o Dia dos Namorados, dia 12,
e o aniversário de casamento de Martim Lutero,
dia 13. O reformador da Igreja pleiteia que todas
as pessoas deveriam casar, ao contrário da
Teologia oficial da sua época. Na Idade Média tardia, entendia-se que
o celibato era uma obra meritória a serviço da salvação. O resultado dessa concepção foi
a oficialização do celibato
obrigatório para sacerdotes.
A melhor forma, se não
a única, de servir a Deus,
era entrar em um convento de freiras ou de monges.
Supervalorizava-se o ideal da
virgindade o que, naturalmente, levou a uma desvalorização do
casamento e acarretou muita insegurança e incerteza em relação a este assunto.
Por meio do estudo da Sagrada Escritura, Lutero
descobriu que, com a encarnação do Pai em Jesus Cristo, isto é, pelo fato de Deus ter-se tornado
gente, desapareceu toda e qualquer discriminação entre homem e mulher. Com essa descoberta,
caiu por terra a inferioridade do sexo feminino,
defendida pela Igreja na Idade Média tardia.
A partir dessa nova visão, surgiu outra concepção de matrimônio. Passou-se a valorizar a corporalidade. Deus criou o ser humano para que houvesse
um homenzinho e uma mulherzinha, defendia Lutero. Ele não apenas justificou o casamento, mas
passou a entendê-lo como uma ordem divina.
Propunha que só não devem casar aquelas pessoas que têm uma vocação muito especial para o
celibato, mas dessas não se encontra uma entre mil.
As primeiras manifestações de Lutero sobre o
matrimônio são teológicas e teóricas, nas quais se
defronta com a Teologia oficial da Idade Média.
Um dos seus primeiros escritos a respeito ocorreu em 1522. Não sabemos o que se passava em
sua cabeça. Talvez nem imaginasse que um dia
se casasse. Casou três anos depois, em 13 de ju-
nho de 1525, com Catarina von Bora, uma freira
que, junto com outras, deixara clandestinamente
o convento, escondida na carroça do leiteiro. A
partir dessa data, transferiu para a prática toda a
sua teoria do casamento, principalmente na valorização da mulher. Com Catarina, que, afetuosamente, chamava de Kaete, cultivava um relacionamento muito carinhoso.
Tinha nela uma fiel companheira que, nas
cartas, tratava por ‘meu amável e querido senhor
Catarina, doutora e pregadora em Wittenberg’, expressando o apreço que tinha
por ela, equiparando-a a um companheiro de luta na vida ministerial. Comparação rara, senão
única, em uma época na qual
predominavam o machismo
e a superioridade masculina. Com Catarina, Lutero
partilhava as suas tristezas
e as suas alegrias, os seus
sucessos e os seus fracassos,
o nascimento dos seus filhos
e a morte prematura de um
deles.
O casamento de Lutero certamente não foi perfeito. Nem só tristeza, nem só felicidade. As duas coisas. No
entanto, o casamento durou até que a morte os
separasse, em 1546. Ele, sem ela, não teria sido o
que foi. O mesmo pode-se dizer de Catarina.
Quem quer manter o seu casamento precisa
investir nele. Não convém inspirar-se em relacionamentos fracassados, mas espelhar-se em pessoas que, às vezes, estão tristes por serem casadas,
outras vezes não cabem em si de felicidade, e que,
em momento nenhum, deixam de valorizar o cônjuge, ajudando-o a crescer como ser humano.
Darci Drehmer
é Bacharel em Teologia,
Capelão Militar
da Reserva, Editor da
Comissão Interluterana de
Literatura (CIL) e
Coordenador do
Reencontro de Casais
da Comunidade de São
Leopoldo/RS há 29 anos
Jorev Luterano - Junho - 2010
Presidência
5
Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor
Cremos na ressurreição
E
screvo essa Mensagem da Presidência com o coração ainda pesado
pela perda do Pastor Homero Severo Pinto. Na última edição do
Jorev Luterano, preparei uma nota para
essa mesma página, dizendo que, durante a sua enfermidade assumiríamos,
P. Carlos Möller e eu, as Mensagens da sua
responsabilidade. Tínhamos esperança.
A sua morte, na madrugada do dia 23
de abril, deixou todas e todos desconsolados. Foram 40 dias na UTI do Hospital
São Lucas, da PUC, em Porto Alegre, que
nos fazem recordar os 40 dias da tentação
de Jesus no deserto. Lembram-nos também os 40 anos em que o povo de Israel
peregrinou pelo deserto, em direção à
terra prometida.
Qual Moisés, que do alto do Monte
divisou a terra prometida em toda a sua
extensão, mas lhe foi vedado adentrá-la,
também Homero, em seus tão poucos 57
anos, divisou o futuro, sonhando e lutando por uma IECLB comprometida com
a missão, cuidadora dos seus Ministros
e Ministras, e pastoral e espiritualmente
dedicada a seus membros e Comunidades, mas veio a falecer no limiar de uma
nova fase na história da IECLB.
Para mim, como Pastor Presidente,
foi um companheiro de notável lealdade, sempre disposto a assumir tarefas,
sem medir se eram atribuições suas ou
a ele delegadas. Em todos os embates internos da IECLB, que também os temos,
colocava sempre o bem da IECLB como
um todo acima de qualquer interesse
particular ou de grupo. Farão tanta falta
suas ponderações, suas sugestões, também suas perguntas, que as tinha muitas,
P. WALTER ALTMANN
Pastor
Presidente da IECLB
Vocacionado para o Ministério
Unidade, firmeza e
visão pastoral
Muitas foram as mensagens recebidas
em função da morte do Pastor 1º VicePresidente da IECLB, P. Homero Severo
Pinto. Diversas causaram profunda emoção, entre
as quais o
texto escrito pelo
Pastor Dr.
Roberto
Zwetsch,
que pode
ser lido na
íntegra no
Portal Luteranos.
“Aquele sábado ficará registrado por muito
tempo na memória de quem compareceu
à Comunidade de Portão/RS. Lá, estiveram o povo da Comunidade, mulheres
e homens, jovens, estudantes, o grupo
Ânima, pessoas de idade, Pastoras e Pastores, Catequistas, Diáconos e Diáconas,
lideranças sinodais, a Direção da Igreja,
colegas da Secretaria Geral e, de modo
muito particular, a família do Pastor Homero Severo Pinto, a esposa, a filha, o filho, o genro, a nora e outros familiares.
Junto com a família, vamos sentir a
perda desse colega por muito tempo. Vamos lembrar com especial atenção as suas
ponderações e a sua lealdade ao Evangelho e à Igreja da qual decidiu participar
já adulto por livre e espontânea vontade
e à qual serviu com firmeza e visão pastoral, como recordou o Pastor Presidente
Walter Altmann em sua pungente alocução. Homero se tornou em sua morte um
símbolo de unidade!
suas palavras de apoio e encorajamento,
igualmente seus conselhos, enfim sua
amizade, seu companheirismo e sua comunhão fraterna.
No entanto, a palavra ‘perda’ não é
totalmente apropriada. As sementes que
lançou continuarão germinando e, no
seu tempo, dando abençoado fruto. Os
serviços que prestou nos são, assim, motivo de gratidão a Deus. Obrigado por
sua dedicação, por seu serviço, seu testemunho, obrigado – por sua vida!
Os caminhos de Deus são, muitas vezes, insondáveis, mas suas maravilhas,
sempre grandiosas! Esta é a boa nova da
ressurreição em que cremos.
Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos.
Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do
Senhor (Romanos 14.8).
Junho
2-6/6
100 anos da Conferência
Internacional de Missão
Edimburgo/Escócia
P. Walter Altmann
4-6/6
Assembleia do Sínodo
Mato Grosso
Chapada dos Guimarães/MT
P. Mauro de Souza
Assembleia do Sínodo
Brasil Central
Luziânia/GO
P. Mauro de Souza
8/6
Comissão Bilateral
Episcopal-Luterana
São Paulo/SP
P. Rolf Schünemann
P. Jorge Schieferdecker
Pa. Neusa Tetzner
8-10/6
Diretoria do CMI (Officers)
Genebra/Suíça
P. Walter Altmann
21-23/6
Cúpula de
líderes religiosos mundiais
(junto à Conferência do G8)
Winnipeg/Canadá
P. Walter Altmann
25-26/6
14ª Assembleia do Sínodo
Vale do Itajaí
Rodeio 12/SC
P. Walter Altmann
Hospitalizado na Unidade de Tratamento Intensivo
(UTI) do Hospital São Lucas,
em Porto Alegre/RS, desde o
dia 14 de março, o Pastor 1º
Vice-Presidente da IECLB,
Homero Severo Pinto, 57
anos, morreu na madrugada
do dia 23 de abril, de falência múltipla de órgãos. O
velório ocorreu nos dias 23 e
24, na Igreja da Comunidade
Evangélica de Portão/RS, e o sepultamento, no Cemitério de Taquara/RS.
Em viagem pastoral a Moçambique, na África, em fevereiro, P. Homero
contraiu malária cerebral, do tipo plasmodium falciparum. Desde a sua internação hospitalar, lutou com bravura pela vida, sofrendo paradas cardíacas,
além de acidente vascular cerebral e convulsões, consequências da malária,
que desorganizaram o seu sistema imunológico, afetando rins e pulmões.
Natural de Sobradinho, a 232 km de Porto Alegre, P. Homero, nascido em 8 de
julho de 1952, ingressou na Faculdade de Teologia, em São Leopoldo/RS, em 1972,
concluindo o curso cinco anos depois. Foi Pastor Sinodal e Secretário de Educação
do município de Portão, pelo período de três anos. Assumiu a primeira Vice-Presidência da IECLB em 2002 e a Coordenação de Missão Global da Igreja em 2007,
tarefa na qual mantinha contatos com Obreiros da IECLB que assumem atividades
em Igrejas e instituições do exterior e com Igrejas parceiras e irmãs na ecumene.
A respeito de Moçambique
“Moçambique é um nome que nos evoca experiências dolorosas”, disse o
Pastor Presidente da IECLB, P. Dr. Walter Altmann. Lá, P. Homero contraiu
a enfermidade que veio a vitimá-lo e lá também, há seis anos, a irmã Doraci
Edinger foi brutalmente assassinada. “Entretanto, Moçambique
é um nome que queremos colocar
na perspectiva de Deus. Tenho a
esperança e a convicção de que
estes dois exemplos dolorosos
não foram em vão. As sementes
deixadas pelos dois haverão de
brotar no seu tempo e dar bons
frutos”, afirmou P. Altmann.
Jorev Luterano - Junho - 2010
6
Ministério
O Evangelho e a missão de
Deus vivida neste mundo
luteranos do Estado. Além disso, nesta
Paróquia pude ver como o desenvolver
do trabalho pastoral traz grandes consequências. Quando assumi, a Paróquia
estava saindo de uma crise que afastou
muitas pessoas, entristeceu outras e
desanimou a maioria. Pouco a pouco,
a notícia de que outro Pastor estava assumindo foi chegando aos ouvidos dos
membros. Alguns voltaram e outros
continuam ‘olhando de longe’.
Como foi o seu início no Pastorado?
Cresci na Igreja católica, mas comecei a participar da Juventude na Igreja
luterana e a vida eclesial tornou-se uma
parte importante da minha vida, por
isso, ainda na Faculdade de Química,
decidi estudar Teologia. Na Venezuela,
não existia uma Faculdade reconhecida
pela Igreja. Como o estudo na Argentina era mais caro que no Brasil, as opções
na época, iniciei na EST em 1994 e terminei em 1999. Fiz o equivalente ao
PPHM na Venezuela até 2002, quando
fui ordenado pelo Pastor Presidente da
Igreja Evangélica Luterana na Venezuela, P. João Willig, hoje Pastor Sinodal do
Sínodo Planalto Rio-grandense.
Que caminhos o fizeram retornar ao
Brasil?
Estar casado com uma brasileira e
A Paróquia Rio de Janeiro – Norte é autossustentável?
Uma Paróquia pequena (111 membros segundo os dados de 2008) faz com
que a autossustentabilidade seja uma
pergunta constante. Com a desmobilização, muitos deixaram de contribuir
com a Igreja. Precisamos pensar em soluções financeiras e uma delas foi pedir
aos membros que tivessem condições
para aumentar o valor da contribuição,
um trabalho conjunto entre Presbíteros
e Pastor. Hoje, a Paróquia está em melhor saúde financeira e sem precisar da
ajuda sinodal.
as amizades fizeram com que tivéssemos várias viagens ao Brasil. Também,
em 2004, iniciei o Mestrado Profissionalizante em Teologia na EST - Liturgia.
Depois de nove anos na mesma Comunidade, em família decidimos que o melhor seria ir para outro país. O Brasil foi
a escolha, pois poderia servir na Igreja O que lhe dá satisfação no Pastorado?
luterana. Após trabalhar na Paróquia de
Ainda que lidar com pessoas sempre
XV de Novembro/RS, assumi como Pas- foi e será complicado, sou Pastor e contor na Cidade Maravilhosa.
tinuarei sendo porque posso ver que, na
lágrima existe lugar para o abraço, nas
Na Paróquia Rio de Janeiro – Norte, brigas pelo poder ganha o serviço, na
quais são as suas atividades?
discriminação a inclusão é vencedora,
São as tradicionais atividades no no mundo de múltiplas escolhas criancontexto da IECLB, mas com os desafios ças de berço são levadas ao Batismo e
que uma cidade como o Rio de Janeiro como os diferentes são iguais diante da
nos traz: violência, demora nos trasla- Ceia do Senhor! Ver o Evangelho sendo
dos e sermos uma pequena Paróquia na carne e a missão de Deus vivida neste
multidão. Uma coisa diferente é o Dia mundo é o melhor que me traz o Pasda Igreja, que busca reunir a cada ano os torado.
Luterprev Responde
ajudando a planejar o seu futuro
Depois de passar anos contribuindo
para um plano de previdência complementar, como posso estar seguro
que receberei a aposentadoria?
Escolhendo uma organização que,
além de sólida, esteja comprometida
eticamente com a sua atividade. Na
Luterprev, trabalhamos exclusivamente com previdência complementar. Isso significa que conhecemos a
fundo os riscos, as oportunidades do
negócio e as necessidades dos clientes. Nossa missão é prover renda às
pessoas e essa é a maior garantia que
podemos dar a elas, já que existimos
e trabalhamos para isso. Nossos associados sabem, também, que, como
qualquer outra empresa que esteja
nesse mercado, somos constantemen-
Como os
diferentes
são iguais
diante da
Ceia do
Senhor!
te fiscalizados e avaliados por entidades oficiais ou de classe, como a
Susepe e a Fenaprevi, entre outras, o
que é um aval a mais.
Como avaliar a solidez de quem se
propõe a cuidar do meu futuro?
Informando-se a respeito antes
de contratar um plano. O desempenho da empresa no mercado e a sua
lisura podem dar uma ideia da sua
situação. A Luterprev, por exemplo,
se encaminha para completar duas
décadas de existência, com seu nome
e configuração atuais, e vem desenvolvendo uma linha sempre ascendente, tanto em participação como
em ativos. No seu segmento de atuação, de 2006 a 2009, ela cresceu mais
que o dobro do mercado e, hoje, lidera o mercado de planos PRGP no
Brasil. É um claro sinal que cada vez
mais pessoas confiam na Luterprev e
têm a certeza que, com ela, o planejamento do seu futuro está em boas
mãos. Atualmente, em torno de 70
pessoas estão aposentadas pela Luterprev e recebem regularmente as
suas aposentadorias, de acordo com
os seus planos. Aconteça o que acontecer, todos os meses, no dia combinado, contam com a sua renda, que
é vitalícia e lhes garante dignidade
e autonomia para desfrutar da sua
aposentadoria.
Depoimento
Solicitei a aposentadoria pela Luterprev
em 2003 e desde então
venho recebendo regularmente a renda vitalícia. Há garantias para a preservação da sua
integridade ética e operacional. Como Pastor
aposentado, atesto que a Luterprev é digna de
confiança por quem pensa em previdência.
Pastor Dr. Gottfried Brakemeier
Nova Petrópolis/RS
Visite o site da Luterprev (luterprev.com.br) e faça uma simulação para a sua
aposentadoria complementar. No site, você também encontra um link para
encaminhar a sua pergunta à coluna. Se preferir, envie-a diretamente para
[email protected], com o assunto Jorev Luterano.
Jorev Luterano - Junho - 2010
Presbitério
7
O discipulado de Jesus tem que
ser vivido na realidade do mundo
Se permitirmos
a injustiça,
estaremos
desmoralizando
a obra
do Criador
Qual é o seu compromisso de fé?
Fé é crer em um Deus único e supremo, criador do universo, que nos ofertou
a vida e nos ama. Tocado por Deus, Jesus nos concedeu a missão de trabalhar
com o próximo. A nossa fé está compromissada com a construção do Reino de
Deus na terra. Mesmo com pequenas
ações, podemos participar ativamente
na efetivação do nosso compromisso
assumido a partir da fé, respeitando o
próximo na sua dignidade humana e o
meio ambiente na sua plenitude.
Na IECLB, qual é a sua trajetória?
Batizada na Igreja luterana, minha
participação se limitava aos cultos dominicais, até que, em 1975, despertei
para a ação diaconal. Além de ter assumido atividades na Paróquia, primeiramente encontrei o meu lugar no
Centro Social Heliodor Hesse, em Santo
André/SP (Diretoria e Conselho Fiscal),
que desenvolve trabalhos psicossociais
e socioeducativos com crianças, adolescentes e famílias. Depois, no Centro Comunitário Casa Mateus (Diretoria) cuja
missão é promover junto à Comunidade
do Parque das Américas, em Mauá/SP, o
desenvolvimento de crianças e adolescentes, jovens e famílias em situação de
risco e vulnerabilidade econômica e social. Ambas as instituições foram fundadas pela Paróquia do ABCD/SP, da qual
sou Presidente.
Quais são as dificuldades e as alegrias
das suas atividades na Casa Mateus?
Se permitirmos a injustiça e não nos
interessarmos pelo bem dos irmãos,
estaremos desmoralizando a obra do
Criador. No mundo atual, tão individu-
alista, é difícil encontrar pessoas dispostas a doar um pouco do seu tempo para
o trabalho social cristão, o que faz a entidade carecer de um quadro de voluntários. Além disso, os meios financeiros
disponíveis já são escassos e insuficientes para financiar satisfatoriamente todo
o trabalho. O poder público contribui de
maneira irrisória para o custeio das atividades que caberiam a ele executar e o
que nos tem ajudado é o apoio recebido
de doadores do exterior, mas que tem
diminuído. Apesar das preocupações
financeiras, não são poucas as alegrias
vividas em relação à evolução da promoção da dignidade humana. Fonte de
ânimo são os funcionários, que vestem a
camisa da casa e se esforçam para superar as dificuldades. Outra grande satisfação é ver pessoas que passaram pela
casa e superaram as suas dificuldades.
Junto aos menos favorecidos, qual é o
papel da Igreja?
Missão é um conjunto de ações pelas quais o Reino de Deus é promovido
na Igreja e na sociedade. O trabalho social, cristão/diaconal na Casa Mateus,
portanto, insere-se na tradição da Paróquia do ABCD, marcada pelo engajamento social e pela visão diaconal da
sua ação missionária de ser Igreja no perímetro urbano, em especial, na grande metrópole. Sinto-me realizada como
cristã por fazer parte de uma Igreja não
meramente teórica, mas voltada para a
ação, sempre embasada na Palavra, e
dando testemunho da minha fé por meio
da vivência solidária, construindo a vida
do povo, a vida de toda a gente, pois,
como afirmou o Teólogo alemão Dietrich
Bonhoeffer, O discipulado de Jesus tem que
ser vivido na realidade do mundo.
Jorev Luterano - Junho - 2010
10 Mulheres
Servindo ao próximo seguindo
os ensinamentos de Jesus Cristo
Quem é o público do Centro Social
Heliodor Hesse (CSHH)?
O CSHH é uma associação civil sem
fins lucrativos fundada em 1970 pela
Paróquia do ABCD com o objetivo de
trabalhar com mulheres e famílias em
situação de risco e vulnerabilidade social. Os objetivos gerais dos três programas desenvolvidos são: acompanhar
crianças, jovens e adultos, orientando
para a criação de hábitos saudáveis,
realizar atendimento psicopedagógico
a crianças e adolescentes (7 a 16 anos)
matriculados nas escolas públicas de
Santo André e facilitar o processo de
fortalecimento da identidade familiar,
o desenvolvimento de vínculos afetivos, o exercício da cidadania e a construção de uma cultura de paz.
Qual é a sua caminhada na IECLB?
Ingressei na Casa Matriz de Diaconisas em 1978 para formação no Seminário
Bíblico Diaconal, na Irmandade em 1980
e na Comunhão Diaconal em 1994. Fui
Coordenadora da área de Assistência Social da Comunidade de Hamburgo Velho/RS, Docente no Seminário Bíblico
Diaconal, cursando Auxiliar em Desenvolvimento de Comunidade no Colégio
Sinodal e Serviço Social na Unisinos.Atualmente, sou Coordenadora do Centro
Social Heliodor Hesse e participo de vários eventos de Diaconia na IECLB.
Como é o seu trabalho no Centro
Social Heliodor Hesse?
O trabalho consiste basicamente no
desempenho de dois papeis: 1) Coordenadora Executiva, que inclui acompanhamento aos trabalhos da Diretoria
Executiva, equipe técnica e administrativa e das equipes de apoio (estágio e
serviços gerais), contemplando, ainda,
ações de articulação com a rede de serviços de áreas afins da região do Grande ABCD, além do trabalho integrado
com a equipe de Obreiros da Paróquia
e 2) Terapeuta com ação em atendimentos individuais e grupais, principalmente a mulheres, além de Supervisora
de equipes multidisciplinares femininas, que trabalham com mulheres em
outros projetos do ABCD Paulista.
De que forma as suas especializações
na área da saúde auxiliam na sua atividade como Diácona?
A opção pela Diaconia tem a ver
com o meu perfil pragmático. Gosto de
ação com propósitos de transformação.
Ao sentir a grandeza do desafio em São
Paulo, percebi que seria preciso muita
espiritualidade e muito profissionalismo. Busquei, então, os conhecimentos
necessários para uma boa prática diaconal. Considerando que Diaconia é
servir ao próximo seguindo os ensinamentos de Jesus Cristo, as especializações ajudaram a tornar mais eficiente
esse serviço. Entendo que Diaconia é
uma questão de atitude de vida, tornada mais eficaz pelo profissionalismo.
1) Centro Social Heliodor Hesse
2) Grupo terapêutico com mulheres
3) Formação profissional no CSHH
Respeito pelo idoso
Com o
intuito de
despertar e
sensibilizar
a sociedade
para um dos
mais graves
problemas
que muitos
idosos enfrentam e
sofrem, foi
instituído
pela Organização das Nações Unidas (ONU) o
dia 15 de junho como o Dia Mundial de
Conscientização da Violência contra a
Pessoa Idosa.
O objetivo principal é criar uma
consciência mundial, social e política
sobre a existência da violência contra a
pessoa idosa junto com a ideia de não
aceitá-la como sendo normal e apresentando formas da prevenção.
Desta forma, a ONU passou a reconhecer que a violência contra a pessoa idosa é uma violação dos direitos
humanos, sendo as principais formas:
violência física e maus tratos, violência
psicológica, abuso e violência sexual,
abandono, negligência, abuso financeiro e econômico e autonegligência.
Em 2025, seremos 32 milhões de
idosos no Brasil e não estamos prepa-
rados para enfrentar as demandas que
surgem em virtude desse fenômeno.
É evidente a necessidade de criação e
implementação de novas políticas públicas.
Como pessoas cristãs, cidadãos e cidadãs, somos chamados a nos unirmos
a esta causa, começando por conhecer
o Estatuto do Idoso. Outra forma bem
concreta é a participação nos Conselhos
de Direitos do Idoso, seja em âmbito
Municipal, Estadual ou Nacional.
Como Igreja diaconal que somos,
temos o compromisso de dar a nossa
resposta de fé em Jesus Cristo na forma
de serviço em favor da humanidade e
da criação.
Diácona Leila Schwingel
Coordenadora de Diaconia
Secretaria da Ação Comunitária
Secretaria Geral da IECLB
Jorev Luterano - Junho - 2010
Fé Luterana 11
Pecado e perdão I/II
Desobediência a Deus
Pastor
Gilciney Tetzner,
formado em Teologia
pela Faculdades EST,
membro do Conselho
Sinodal e do
Conselho de
Comunicação do
Sínodo
Vale do Taquari.
Atua na Paróquia
de Estrela/RS
Diácona Nádia
Mara Dal Castel
de Oliveira,
formada em
Teologia pela EST
e Psicologia pela
PUC/PR.
Atua na Paróquia
dos Apóstolos,
em Joinville/SC
Nos cultos da nossa Igreja, quase sempre temos
a oração de confissão de pecados e, não raro, usamos a seguinte frase do reformador Martim Lutero
Eu, pobre pessoa, miserável e pecadora, confesso-te todos
os meus pecados e injustiças que cometi em pensamentos, palavras e ações... Não somente as nossas ações
podem ser pecaminosas, mas também as nossas
omissões, pois ...quem sabe fazer o bem e não faz comete
pecado (Tg. 4.17).
Estes pecados praticados em atos concretos, somente com palavras ou mesmo pensamentos, são
consequência ou concretização do pecado - a desobediência a Deus. No entanto, pecado não é apenas
ação pecaminosa. A doutrina do pecado original
afirma que, enquanto ser humano, sou pecador, ou
seja, não me torno pecador apenas pela minha conduta individual. A Confissão de Augsburgo (Art.2)
afirma que, depois de Adão, todos os seres humanos nascem com pecado.
O pecado é a situação do ser humano diante de
Deus. Desta realidade, surge o pecado individual,
conforme descrito, e também o pecado estrutural,
em que a realidade do mundo e a nossa organização social nos levam ao pecado. Por exemplo: todos
sabem que não se pode beber e dirigir, mas nos postos de combustíveis das nossas cidades há lojas que
vendem bebidas alcoólicas. A quem se destina esta
bebida senão aos motoristas? Em resumo, pecado é
a situação humana diante de Deus e a sua desobediência ao Senhor.
Pecar em pensamento
Conforme Lutero, pecamos em pensamentos,
palavras e ações. Os pecados por palavras, ações e
omissões podemos detectar. Como perceber os pecados
em pensamentos?
Há um ditado que diz Os pensamentos são como os
pássaros. Não podemos impedir que eles sobrevoem nossas cabeças, mas podemos impedir que pousem e ali façam
seus ninhos. O mau pensamento é uma tentação que
busca ‘pousar’ em nossa mente. Pecado é permitir
que o mau pensamento ‘faça ninho’ em nosso coração. É aí que o pensamento se transforma em má
intenção. Citamos como exemplos entre muitos a
intenção de um candidato a cargo político dominado por ideias de corrupção e o olhar voluptuoso de
uma pessoa dominada pela pornografia.
Outro ditado afirma Uma mente vazia é oficina do
diabo. Portanto, não permitamos que maus pensamentos nos dominem. É preciso travar uma contínua batalha interior. O Apóstolo Paulo aponta para
esta preocupação, pois não faço o bem que quero, mas
o mal que não quero, esse faço (Rm 9.19). Façamos um
exame diário da nossa consciência. É preciso fugir
de tudo o que nos faz ter maus pensamentos (que tal
desligar certos programas de TV?). Ocupemos a nossa
mente com pensamentos orientados pela Palavra de
Deus, pelo exemplo de Jesus Cristo e pela oração.
Deus julgará também os nossos pensamentos,
por isso peçamos socorro a Ele para que o Espírito
Santo ‘faça ninho’ em nosso coração. É o que Deus
deseja para todos nós (Jr 29.11).
Para refletir, leia Hebreus 4.12-13
Para refletir, leia o Salmo 51
Pecando novamente
Como ser perdoado
João caminhava em direção à sua casa. Antes de
passar pela propriedade do vizinho, foi acometido
por uma dor imensa. A sua percepção o acusou de
ter feito o que não devia: novamente espalhar notícias maldosas sobre a filha do seu vizinho Roberto.
João esteve brigado por mais de dez anos com o
vizinho, após ter insinuado que a filha de Roberto
teria moral duvidosa. O pai da moça ficou furioso.
Os dois vizinhos, antes amigos, discutiram e se tornaram inimigos ao ponto de se ameaçarem de morte. O clima de guerra entre os vizinhos contaminou
a Comunidade, dividindo opiniões.
Depois de muita paciência, oração e diálogo,
João e Roberto se reconciliaram. A Comunidade ficou de bem com a vida e o perdão. No entanto, João,
após cinco anos, não resistiu e voltou a soltar o seu
veneno. O ódio de Roberto voltaria com força total.
João necessita de perdão, mas pensa que não há
perdão, porque já fora perdoado uma vez pelo mesmo pecado. Ele mesmo havia decretado Perdoar duas
vezes é burrice. Agora, ele vive em seu próprio coração a dor da realidade das palavras escritas pelo
apóstolo Paulo É infeliz, porque não faz o bem que quer,
mas o mal que detesta. O mais grave é que João é reincidente.
O perdão não é obra nossa. Não merecemos
perdão. Deus o dá gratuitamente. Perdão é
graça que não se despreza, devendo ser
valorizada. Não é justamente a graça de
Deus que possibilita ao fraco e pecador
reincidente e arrependido nova vida, nova chance? Certamente, isto é verdade.
Saber o que é perdão torna-se necessário para
compreender como podemos nos sentir perdoados.
Perdão significa cancelar a dívida, liquidar a conta
e não é algo merecido, mas um gesto de misericórdia,
amor e graça. É não manter algo contra outra pessoa,
apesar do dano que ela possa ter causado.
Como seres humanos, somos pecadores. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos
enganamos, e a verdade não está em nós (1 Jo 1.8). Lutero, no Catecismo maior, descreve com sabedoria
este assunto ao dizer que, embora tenhamos a Palavra
de Deus, creiamos, façamos sua vontade e a ela nos submetamos, e nos nutramos dos bens e da bênção de Deus,
nossa vida não está livre do pecado... pois diariamente
tropeçamos e nos excedemos, somos tomados pela impaciência, ira e vingança...
Conhecendo a nossa fragilidade, Deus vem em
nosso auxílio e nos concede o seu perdão. O perdão dos nossos pecados não é possível por meio das
nossas obras, mas daquilo que Deus faz por nós e
Deus o faz por amor e graça! Porque Deus amou ao
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não
para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse
salvo por Ele (João 3.16-17).
Acolher e crer em Deus como nosso Salvador nos
liberta das nossas amarras e nos transforma para
uma vida de amor e reconciliação. Que esta graça
de Deus não caia ‘na graça barata’, mas desperte os
corações a perdoar setenta vezes sete, se assim for
preciso.
Para refletir, leia Efésios 2.1-8
Pastor
Geraldo Graf,
formado em
Teologia pela EST
e em Letras
(licenciatura)
pela Faculdade
Castelo Branco/ES.
Atua na Paróquia
Belo Horizonte/MG
Para refletir, leia Romanos 7.14-25
Pastor
Teobaldo Witter,
Mestre em Teologia
pela EST, graduado
em Pedagogia e
especialista em
Psicologia da
Educação pela
UFMT, Professor
universitário e
Ouvidor do Detran.
Jorev Luterano - Junho - 2010
12 Geral
Educação cristã
vivendo, aprendendo
e ensinando
Quando se fala em educação,
geralmente somos invadidos pelas
lembranças que vêm das nossas experiências sobre o assunto e uma
cena que se repete é a de um Professor ensinando em uma escola. A partir dessa cena, quero fazer algumas
colocações sobre a Educação Cristã
Contínua (ECC) e o Sacerdócio Geral
de todos os Crentes. Essa cena sugere
que a aprendizagem acontece principalmente em um lugar específico - a
escola e os
centros de
formação e o
ensino tem
só um sentido - quem
sabe ensina
a quem não
sabe. Apesar dos esforços para
melhorar a
educação, a
cena e os comentários feitos até aqui
não podem ser apagados totalmente,
mesmo quando falamos da ECC.
A Igreja tem como referência a
Palavra, por isso as nossas experiências necessitam ser colocadas em
diálogo com essa Palavra para serem
reorientadas. Uma palavra que vem
até nós para moldar a ECC diz Um
só é o Mestre de vocês, e todos vocês são
irmãos (Mt 23.8b). Essas palavras de
Jesus estabelecem um conflito com
a cena descrita acima, pois, pelo Batismo, a relação fundamental dos
membros da Igreja é a de irmãos na
fé, ou seja, as diferenças de talentos
não podem levar à desigualdade e
ninguém pode se constituir em Mestre dos irmãos.
O que esta reflexão nos sugere acerca
da ECC em relação ao Sacerdócio Geral
de todos os Crentes? Pelo Batismo,
os irmãos são responsáveis uns pelos outros e todos estão na mesma
condição
perante
o
único Mestre. Sendo
assim, todas
as habilidades, como
ensinar, são
dons
de
Deus e servem
para
facilitar
a
aprendizagem (Ef 4.11-12). Nesse sentido, todas as atividades promovidas pela
Comunidade oportunizam uma
aprendizagem, pois não há lugar
único e exclusivo no qual aprender
a fé e somos todos responsáveis pela
aprendizagem de todos. Porque ensinamos e aprendemos em todos os
lugares, nosso agir se torna testemunho da nossa fé para além dos muros da nossa Igreja.
A IECLB, procurando ir ao en-
Pastor Pedro Puentes
Reyes, Mestre e Doutor
em Teologia pela
Faculdades EST,
membro do Grupo
Coordenador de
Educação Cristã
Contínua da IECLB e
Pastor na Paróquia no
Vale do Paraíba, em São
José dos Campos/SP
Juventudes, pelo que
bate o nosso coração?
Patrícia Hoffmann
Pedagoga e membro na
Paróquia Evangélica de Tapera/RS
Vice Presidente do Conaje
contro de uma ECC de responsabilidade de todos os batizados, motivou
uma série de Seminários dos quais
surgiu o Plano de Educação Cristã
Contínua (PECC). Nele, foram colocadas as bases para a organização
da ECC em diálogo com o Plano de
Ação Missionária da IECLB (PAMI),
a partir da realidade nacional e/ou
local. Desta forma, o diagnóstico dá
lugar ao planejamento e este último
viabiliza a elaboração de materiais
que atendam às necessidades locais,
sinodais ou nacionais e à capacitação de lideranças e formação básica
para os membros. Como um corpo
organizado, buscamos como Igreja responder ao chamado da ECC,
moldada pelo Sacerdócio Geral de
todos os Crentes. Tudo isto em fidelidade à palavra que diz Um só é o
Mestre de vocês, e todos vocês são irmãos
(Mt 23. 8b).
Comunidade: a base de trabalho da IECLB
A Comunidade é a base
de trabalho da
IECLB, o ponto
de encontro, a
referência para
a vivência da
fé, da escuta da
Palavra, da mensagem do perdão,
do chamado à prática do amor, da
justiça, da solidariedade e do serviço
ao próximo e à sociedade.
Agora, pergunto: você já vivenciou
ou imaginou o que significa ser membro
de uma Comunidade que, de uma extremidade a outra, totaliza 510 quilômetros
de distância? Para termos uma ideia,
é semelhante a uma viagem de Petrolina/PE a Salvador/BA. Esta é a
realidade da Paróquia de Matupá,
na qual é desenvolvido o projeto
missionário da Área Missionária
do Sul do Pará, apoiado com recursos arrecadados pela Vai e Vem. Este
auxílio possibilita a presença de uma Obreira com
a função de acompanhar e
desenvolver atividades articuladas com o seu Sínodo
e as Comunidades ‘mais
próximas’.
A sede do projeto fica localizada no Distrito de Cachoeira da Serra, município
de Altamira/PA, e atende
mais três Pontos de Pregação: Novo Progresso, São
José e Castelo de Sonhos, que, em
2009, teve concluída a construção
do seu templo, fato possível graças à contribuição dos membros
da Comunidade e da Obra Gustavo Adolfo (OGA). Até 2007, a Comunidade de Castelo de Sonhos
recebia a visita pastoral e a celebração de cultos apenas uma vez
ao mês. Diante disso, a fala recorrente de membros era Vocês pode-
riam vir mais vezes. Só de ver a alegria
das crianças e a alegria que sinto!
Parafraseando o cantor, é a IECLB
indo lá onde o povo está, com a colaboração de todos e todas que participam da Vai e Vem.
Gisele Mello
Coordenação da Campanha Vai e Vem
Secretaria da Ação Comunitária
Secretaria Geral da IECLB
Alegria, ansiedade, dúvidas e expectativas são sentimentos que nos invadem nos momentos que antecedem
uma viagem e fazem o nosso coração
pulsar acelerado. Os preparativos são
muitos. Além de fazer a mala, é preciso também preparar-se para enfrentar
o desconhecido.
Quando nos colocamos a caminho,
temos algo em comum: um objetivo
claro e um local de chegada nos aproximam, tornando-nos uma grande família, um grande grupo proveniente
de diferentes Sínodos para, em comunhão, rever a caminhada da juventude, (re)construir horizontes, tomar
decisões e fortalecer o protagonismo
das juventudes.
Juventudes, pelo que bate o nosso coração? Essa pergunta inquietante será
tema do 20º Congresso Nacional da
Juventude Evangélica (Congrenaje) e
6º Fest’Art, que acontecerão nos dias
18 a 22 de julho de 2010, em Maripá/
PR, no Sínodo Rio Paraná.
Vamos, a partir do tema proposto,
olhar para a realidade por meio de
uma metodologia criativa, que desafie a refletir e agir na sociedade e na
Igreja de forma transformadora e inclusiva, à luz do Evangelho de Jesus
Cristo. Será um encontro para instrumentalizar jovens e também adultos
dispostos a construir uma Igreja acolhedora e sensível à diversidade do
povo de Deus.
Jovens de todo o Brasil, que possamos juntos no 20º Congrenaje e 6º
Fest’Art responder concretamente à
pergunta Juventudes, pelo que bate o nosso coração? e que possamos responder
principalmente ao amor de Deus pela
humanidade nos sensibilizando para
uma maior vivência comunitária e engajamento em atividades diaconais
como ação concreta ao testemunho
evangélico das pessoas batizadas.
E aí meu amigo, minha amiga, você
aceita este desafio? Vamos nos preparar,
pois Maripá espera por nós!
Jorev Luterano - Junho - 2010
Comportamento 13
Migração e missão: migrar é preciso
Dando sequência
à série de matérias
especiais em
comemoração aos 60
anos da IECLB, nesta
edição o P. Arteno
Ilson Spellmeier,
Pastor emérito da
IECLB desde 2008,
que atuou como
Pastor na Paróquia
Guarani/RS, foi
Coordenador das
Novas Áreas de
Colonização,
Secretário Geral
substituto da Obra
Gustavo Adolfo na
Alemanha e
Coordenador do
Comin, vai
apresentar os
processos migratórios
do século XX e as
suas consequências
para a IECLB
Em outubro de 1972, em seu VIII Comunidade no centro. A maioria não tro do totalmente diferente, da pessoa
Concílio, a IECLB decidiu que a Igre- procurou e não por não serem lutera- necessitada e carente de tudo, querenja como um todo iria acompanhar os seus nas convictas, mas por se envergonha- do partilhar a sua fé e o seu amor.
membros migrantes, tanto os que já ti- rem dos seus chinelos de dedo. Assim,
Ao longo dos anos, os nossos antenham ou ainda iriam mipassados construíram esgrar rumo ao Centro-oeste
colas e creches, edificaram
e Norte do país em busca
hospitais, asilos e lares de
de terra para plantar, como
idosos, criaram associaos que migravam rumo aos
ções e cooperativas, envolcentros urbanos em busca
veram-se cautelosamente,
de trabalho para sustentar
nas políticas locais e regioa família, orientando-os
nais, fundaram empresas
para que se tornassem sal
e indústrias, ajudaram a
da terra e luz do mundo, a
desenvolver a agricultura
convocação para missão
e a pecuária, auxiliaram a
feita por Jesus em Mateus
fundar vilarejos e cidades,
5.13-14.
organizaram-se em ComuEsta decisão conciliar foi
nidades e Paróquias com
necessária e útil para o futuro
estruturas bastante demoda IECLB como uma Igreja
cráticas. Que neste períoPrimeira casa pastoral em Rondônia, município de Pimenta Bueno (1978)
de Comunidades? Não tedo todo e nestas inúmeras
ria sido melhor a IECLB se concentrar no muitas cidades do Sul e Sudeste acaba- iniciativas não tenha acontecido missão
acompanhamento às suas Comunidades já ram virando ‘cemitérios’ da IECLB.
no sentido de pregar o Evangelho, de
constituídas no Sul e Sudeste? A questão
Como Igreja que se originou nos administrar responsavelmente os Sado atendimento pastoral aos membros do movimentos migratórios do século 19, cramentos, de viver de acordo com o
Mato Grosso, Transamazônica e Rorai- quando colonos, profissionais liberais, mandamento do amor, de consolar-se
ma, por exemplo, não iria se resolver pelo soldados e outros grupos sociais imigra- mutuamente, de reconciliar-se, de resmétodo tradicional, isto é, os Pastores das ram no Brasil à procura de oportunida- peitar a Criação de Deus e de nele crer
Paróquias de onde os membros saíam acom- des para garantir uma vida com futuro com todo o coração não corresponde à
panhavam os seus membros nas novas áreas para as suas famílias, as Comunidades verdade histórica.
até que constituíssem Comunidades e Paró- que vieram a constituir a IECLB tinham
Que a missão, muitas vezes, deixou a
quias autônomas?
experiência acumulada na preservação desejar, que era mais voltada para denDas famílias luteranas que mitro que para fora é verdade. Que a
graram para os centros urbanos só
forte corrente de água viva do Evanuma pequena parte foi integrada às
gelho, muitas vezes, era reduzida a
Comunidades luteranas já existental ponto que chegava à sociedade
tes. As causas foram muitas: falta de
do seu entorno em conta-gotas tampessoal, falta de visão e ímpeto misbém é verdade. Que o Evangelho foi,
sionários, atividade pastoral muito
muitas vezes, instrumentalizado por
voltada para o centro, estranhamenComunidades luteranas para justito, bloqueio ideológico, anomia,
ficar ideias e ideologias estranhas e
dispersão urbana etc. Solicitado a
defender interesses de grupos não
preencher um formulário, por meio
há dúvidas. Que tínhamos durante
do qual se procurava informar as
longos períodos como horizonte a
Jovens participando do Curso de Pregadores e Monitores
Comunidades de destino das famísustentação do nosso grupo cultural,
km 300 Transamazônica (1981)
lias migrantes, alguém argumentou
linguístico e étnico e a formação de
ser desnecessário, considerando que, se da sua cultura, língua e valores, mas Comunidades eclesiais homogêneas,
as famílias migrantes fossem boas famí- pouca, quase nenhuma, experiência no em primeiro lugar, e não o Reino de
lias luteranas, elas iriam procurar a sua trabalho missionário que vai ao encon- Deus também é verdade.
Comunidades engajadas e com o Reino de Deus no horizonte
Como cristãos de confissão luterana, éramos e ainda somos,
em grande medida, como as sementes da acácia que não brota
e não pode gerar árvores novas enquanto a casca que lhe serve
como invólucro e a protege da deterioração não for rompida
pelo fogo. Precisamos deixar o ‘fogo’ do Evangelho e da realidade social romper a ‘casquinha étnica e cultural’ para que
a semente possa brotar plenamente, o que não
significa abrir
mão da história
e cultura dos
nossos antepassados. Aí, reconheceremos
que a história
e a cultura dos
outros grupos
Culto em Cacoal/RO (1989)
Os
migrantes
criam
e viviam:
Jesus é
Senhor
étnicos do Brasil têm para eles a mesma função e necessitam
que também a sua ‘casquinha’ seja rompida e que podemos
repartir com eles a mesma tarefa para que a semente venha a
brotar: Comunidades ativas e engajadas e uma sociedade que
tenha no horizonte o Reino de Deus construído em conjunto.
Queimar a ‘casquinha étnica e cultural’ leva à construção
de uma nova identidade em que outras pessoas de histórias,
cores e origens diversas terão lugar e serão reconciliadas pelo
Evangelho, que continuará diverso e rico como aquele que nos
é transmitido pela Bíblia. As primeiras comunidades cristãs
sobreviveram, porque tiveram a coragem de romper a ‘casquinha étnica e cultural’ do mundo judeu e integraram em suas
identidades e confissões de fé outros mundos, outras culturas,
línguas, teologias e religiões e se abriram para todas as pessoas
que estavam dispostas a confessar ‘Jesus é Senhor’ (Rm 10.9).
As primeiras comunidades foram fundadas por missionários
e pregadores, mas em número muito maior por migrantes que
criam e viviam que Jesus é Senhor.
Jorev Luterano - Junho - 2010
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Drogen, die Verrücktmacher
Im Jahre 1957 verbrachte ich als Austauschpastor einige Monate in Texas, USA.
Auf der Farm eines Pferdezüchters wurde
mir eine wildwachsende Pflanze gezeigt,
die sie dort mit dem spanisch-englischen
Wort “Locoweed” bezeichneten, wörtlich:
“das Unkraut, das verrückt macht”.
Der Farmer erzählte mir, dass manche
seiner Pferde die Pflanze einmal fraßen,
und dann nichts anderes mehr fressen wollten. Sie wurden mager und schwach, und
man musste sie einsperren und im Stall
füttern. Die meisten Pferde jedoch, so sagte der Mann, rührten die Pflanze einmal an
und dann nie wieder. Sie hatten offenbar
den richtigen Pferdeverstand, sie spürten
instinktiv, dass es hier um ihr Leben ging.
Ich sah kürzlich einen Film über Tiere – Wildschweine, Elefanten, Affen, die sich in Afrika an den abgefallenen, gärenden
Früchten der Marolabäume berauschen, und die regelrecht
süchtig auf die alkoholhaltigen Früchte geworden waren. Der
Film stimmte einen traurig. Man dachte an die vielen Menschen, die dieser primitiven Gier verfallen sind.
Ja, sagst du, in Afrika, das sind unvernünftige Tiere. Aber
der Mensch? Das einzige vernunftbegabte Wesen - warum
sollte er sich bewusst verrückt machen lassen? Ist das nicht
ein Widerspruch zu seinem tiefsten Menschsein? Ja, das ist es.
Ein Widerspruch zu seinem tiefsten Menschsein. Sollte Gott
den Menschen, sein Ebenbild, dazu geschaffen haben, sich
wie ein Irrer zu gebärden?
Man braucht kein Arzt zu sein, um den Mechanismus der
Drogen in unserem Körper zu verstehen. Drogen sind Schmarotzer . In unserem Organismus wirken Drüsen, die Hormone,
z.B. die Sexualhormone, (Wirkstoffe) erzeugen, die Leib und Se-
Die Droge
dient nicht
dem Leben,
wie die
Hormone.
Sie entfremdet
den Menschen,
macht ihn
“verrückt”
Eine starke Gemeinschaft
„Kleider machen Leute“ ist ein alltägliches Sprichwort. Der erste Anzug, zum
Beispiel zur Konfirmation oder zur Hochzeit:
Das macht was her, und derjenige, der in
dieser Kleidung steckt, scheint fast ein neuer
Mensch zu sein. Durch Kleidung kann aber
auch eine bestimmte Zugehörigkeit und eine
Funktion signalisiert werden: eine Uniform
oder eine bestimmte Berufsbekleidung wie
die des Arztes oder des Pfarrers.
Auch beim Fußball gibt es ein besonderes
Textil: das Trikot, „a camisa do time“. Wenn
sich zurzeit die Fußballmannschaften
aus vielen Ländern in Südafrika treffen,
unterscheiden sich ihre Trikots darin, dass
sie farblich anders sind. Ist es nicht der
Wunschtraum aller brasilianischen Fußballspieler, einmal das
Gelbe Trikot mit dem CBF-Emblem tragen zu dürfen?
Ein anderes Trikot trägt aber jeder von uns: das Trikot
der „Christus-Mannschaft“. Du und ich dürfen dieses Trikot
tragen, weil wir in diese Mannschaft berufen worden sind: „Ihr
alle, die Ihr in Christus getauft seid, habt Christus angezogen.“
So sagt es Paulus im Galaterbrief (3,27). Christ werden, getauft
werden, das ist wie neu eingekleidet zu werden, zu einem
neuen Team dazuzugehören und in ihm leben zu dürfen:
Christus anziehen, mit ihm überkleidet zu werden, zu ihm zu
gehören, mit ihm in Berührung zu stehen. Aus diesem PaulusWort und anderen biblischen Stellen entstand in der Kirche der
Brauch, nach der Taufe ein weißes Kleid, ein Kleid des Lichts
und der Reinheit, anzuziehen. So war es sichtbar, zu welchem
„Verein“ man gehörte. Wir kennen den Brauch, unseren
Kindern für die Taufe ein besonderes Taufkleid anzuziehen –
und denken daran, dass sie mit der Taufe Christus anziehen.
Durch die
Taufe leben
wir mit
Christus
in seiner
„Mannschaft“,
in seiner
Gemeinde
Pfarrer Lindolfo Weingärtner
ele dirigieren. Unser Körper produziert seine eigenen Schmerzmittel,
seine Kampfstoffe (das
Adrenalin), ja, sogar seine eigenen Schlafmittel.
Diese internen Wirkstoffe dienen dem
Leben, dem feinen Zusammenspiel von
Leib und Seele. Ohne sie wäre der Mensch
“ein Waschlappen”. Nun nimmt jemand
eine Droge. Der Schmarotzer will nun die
Stelle der Hormone einnehmen, erzeugt
kurzzeitig ein ähnliches Wohlbefinden,
aber die Droge dient nicht dem Leben, wie
die Hormone.
Sie macht den Menschen im wahrsten Sinne des Wortes
“verrückt”. Das feine Zusammenspiel von Leib und Seele ist
dahin. Der vernunftbegabte Mensch wird wie das kranke
Pferd des Texaners. Er hat sich verrückt machen lassen. Ist das
nicht ein Jammer, ein wahrer Jammer?
Ja, es ist ein Jammer. Was können wir tun, um einen Menschen
von seiner Sucht zu befreien? Ihn einsperren, wie das Pferd
des Texaners? Sanatorien und Entziehungskuren? Ja, aber
das muss die Ausnahme bleiben. Mit dem vernunftbegabten Wesen Mensch kann man nur über seine eigene Vernunft verhandeln – über die Vernunft, die zu ihrem Schöpfer
zurückgebracht werden muss.
Die “Grundverrücktheit” des Menschen, seine Gottlosigkeit, muss erst einmal geheilt werden, damit der drogenkranke Mensch die Kraft aufbringt, sein Locoweed aufzugeben. “Hilf, Menschen dieser Hölle zu entreissen”!
Theologe Jaime Jung
Nun ist dieser angezogene Jesus
Christus, im übertragenen Sinne, spirituell zu verstehen.
Das Trikot der Getauften ist, dass sie
zur Gemeinde Christi dazugehören, dass
sie einen besonderen Namen tragen:
CHRISTEN (Apostelgeschichte 11,26).
Wir heißen nach Christus. Und wir leben
nach Christus. Wir leben mit Christus in
seinem „Verein“, in seiner Gemeinde. Jeder
braucht diese Gemeinde, diese Mannschaft.
Ein Fußballer allein kann das Spiel nicht
gewinnen. So ist auch die Gemeinde nur
dann siegreich, wenn sie als Mannschaft
auftritt und sich von Christus leiten lässt.
Unsere Fußballvereine haben wir vielleicht schon öfter
gewechselt, haben Trikots getragen von verschiedenen Teams
und mit verschiedenen Nummern. Ein Trikot aber tragen wir
immer, das uns liebevoll geschenkt wurde: unser „ChristusTrikot“, denn wir sind getauft und gehören zu der Mannschaft
Christi. (Frei wiedergegeben nach Hans-G. Ulrichs)
Glücklich, wer seinen Sieg dankbar feiert, ihn annimmt wie
ein Geschenk.
Glücklich, wer verlieren kann, ohne den Kopf zu verlieren.
Glücklich, wer ein gutes Team erlebt – beim Spiel und im
Leben.
Glücklich, wer im anderen immer den Menschen sieht, nicht
nur den Gegner.
Glücklich, wer mit Körper und Seele Gott, den Schöpfer, lobt.
Jorev Luterano - Junho - 2010
Compartilhar 15
Neste espaço, a Comunidade pode compartilhar os momentos
significativos da vida cristã, como Nascimento, Batismo,
Confirmação, Bênção Matrimonial, Encontros Familiares,
Bodas e Sepultamento.
Entre em contato conosco!
Falecimento
Compartilhamos com muio pesar o falecimento do
PASTOR HOMERO SEVERO PINTO
Pastor 1º Vice-Presidente da IECLB
ocorrido na madrugada de sexta-feira,
dia 23 de abril de 2010, no hospital da
PUC, em Porto Alegre/RS, após 40 dias
de internação na Unidade de Tratamento
Intensiva.
O corpo foi velado na Igreja da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana
de Portão/RS. Às 9 horas de sábado, foi
realizado o culto na Igreja da Comunidade de Portão, de onde saiu o féretro para
o sepultamento, que ocorrido às 12 horas,
no Cemitério Municipal de Taquara/RS.
P. Homero Severo Pinto nasceu em Sobradinho/RS, no dia 8 de julho de 1952, filho de
Aristides Antunes Pinto e Eulina Severo Pinto,
ambos falecidos, casou com Denize Inez Volkart Pinto, em 24 de julho de 1976,
e da união matrimonial nasceram Catarina, em 1979, e Mateus, em 1982.
P. Homero ingressou na Faculdade de Teologia da Escola Superior de Teologia, em São Leopoldo/RS, em 1972, e concluiu o curso em 1977. A seguir, foi
enviado para a Paróquia de Igrejinha/RS, na qual iniciou a sua atuação em 5 de
fevereiro de 1978, permanecendo dez anos nesta Paróquia. Neste período, assumiu a função de Pastor Distrital do Distrito Eclesiástico Taquara/RS em duas
gestões e foi membro do Conselho Regional da 4ª Região Eclesiástica.
Ordenado para o Ministério Pastoral em 23 de setembro de 1984, na Comunidade de Igrejinha, P. Homero, em 1988, transferiu-se para a Paróquia de
Portão/RS, na qual também atuou por 10 anos. Foi cedido em tempo parcial
para a Prefeitura Municipal de Portão, na qual ocupou durante três anos o
cargo de Secretário de Educação. Neste período, exerceu a função de Vice-Pastor
Regional da 4ª Região Eclesiástica. Também foi o primeiro Pastor Sinodal do
Sínodo Nordeste Gaúcho, exercendo esta função de 1º de janeiro de 1998 até 10
de dezembro de 2006.
P. Homero foi Pastor 1º Vice-Presidente da IECLB desde o dia 20 de dezembro de 2002 até o momento. Foi membro do Conselho da Igreja da IECLB. Por
indicação e a pedido do Conselho da Igreja, integrou várias Comissões, Conselhos e Grupos de trabalho ao longo do exercício de seu Ministério Pastoral.
Desde 1º de fevereiro de 2007, P. Homero assumiu a Coordenação de Missão
Global (IECLB). Nesta tarefa, mantinha estreito contato com Obreiros e Obreiras da IECLB que assumem atividades em Igrejas e instituições do exterior. Era
constante o seu relacionamento com Igrejas parceiras da IECLB na ecumene.
No último destes contatos, no mês de fevereiro, visitou a Igreja Luterana de
Moçambique. Semanas após o retorno desta viagem, constatou-se que estava
com malária cerebral. A sua situação de saúde se agravou a ponto de ser internado na UTI do Hospital da PUC em 14 de março. Durante estes 40 dias
de internação, as notícias que anunciavam sinais de recuperação, por menores
que fossem, eram festejadas. Estas se alternavam com informações de que o seu
estado de saúde se debilitava, o que levava os seus familiares, amigos, colegas de
Ministério e membros de Comunidades a intensificar as suas orações a Deus.
P. Homero marcou muitas Comunidades, Obreiros e Obreiras, no país e no
exterior. As numerosas mensagens que nas últimas semanas foram enviadas a
ele e aos seus familiares atestam o quanto ele cativou pessoas em sua atividade
pastoral, em sua vida pessoal e na sua forma carinhosa de lidar com as pessoas.
Em carta datada de 2 de setembro de 1981, quando se inscrevia para
o exame pró-Ministério, Pastor Homero saudava o
então Pastor Presidente da IECLB com as palavras
do Salmo 90.14, que dizem Sacia-nos de manhã com
tua benignidade para que cantemos de júbilo e nos alegremos todos os nossos dias. Quem conheceu o P. Homero e conviveu com ele certamente foi tocado por
sua alegria que provém da fé e que ele demonstrava
todos os dias da sua vida. Rogamos que a fé na ressurreição fundamente e fortaleça a nossa esperança
em meio à dor da despedida e da saudade.
Missão de Deus - Nossa Paixão
Dá-nos hoje
o pão nosso de cada dia
Mateus 6.11
Presidência
IECLB nº 181618/10
Porto Alegre, 19 de abril de 2010
Às Instituições, Setores de Trabalho e Entidades com Vínculo
Confessional que atuam no âmbito
da IECLB
Ref.: Relatório ao XXVII Concílio da Igreja,
Foz do Iguaçu/PR,
20 a 24 de outubro de 2010
Como é de vosso conhecimento, a época para a realização do
XXVII Concílio da Igreja se aproxima. Estamos trabalhando para
colocar à disposição das pessoas delegadas os relatórios da Presidência, da Secretaria Geral e das Instituições, Setores de Trabalho e
Entidades vinculadas à IECLB.
Desta forma, vimos através da presente solicitar que sua Instituição, Setor de Trabalho ou Entidade envie um pequeno texto relatando um pouco das atividades desenvolvidas. Como guia para a
confecção desse texto, sugerimos o seguinte:
1. Que o texto apresente uma breve exposição do tipo de serviço
ou trabalho que a Instituição, Setor ou Entidade desempenha (informações sobre a finalidade da Instituição; alguns dados históricos
essenciais, se necessário; e alguns dados estatísticos mais gerais).
Além disso, gostaríamos de ouvir algo sobre as seguintes questões:
2. Quais as necessidades e os desafios específicos que a Instituição, Setor ou Entidade procura responder com sua atuação?
3. Como a Instituição, Setor ou Entidade define sua relação com
a IECLB e com a confessionalidade luterana?
4. De que forma a atuação da Instituição, Setor ou Entidade se
insere no PAMI (Plano de Ação Missionária da IECLB)?
Lembramos que o texto deve ser breve e ter, no máximo 2/3 de
página (dois terços de página, tamanho A4 do Word, fonte 12, espaço
1), ou 1 página (mesmo tamanho) com foto incluída. É muito importante que seu relatório chegue até a Presidência da IECLB ([email protected]) em tempo hábil para ser publicado. O prazo para
envio do mesmo via eletrônica, portanto, não deverá ultrapassar o
dia 30 de junho de 2010.
Contando com sua importante contribuição, coloco-me à disposição para eventuais dúvidas e esclarecimentos.
Fraternalmente, em Cristo Jesus,
P. Dr. Mauro B. de Souza
Assessor da Presidência
Cartas - Sugestões de pauta - Artigos - Anúncios
Rua Senhor dos Passos, 202/4º - 90.020-180 - Porto Alegre/RS
Fone: (51) 3284.5400 - Fax: (51) 3284.5419
E-mail: [email protected]
Site: www.jorevluterano.com.br
O Sínodo Sudeste, formado por 29 Paróquias, 39 Comunidades e 20 mil membros, cuja ênfase missionária é
a realização da missão de Deus em contextos urbanos sem esquecer os problemas da realidade rural, além de
formar lideranças que disponibilizem o seu tempo e os seus dons para a maior eficácia no trabalho, está representado nesta Editoria por nossa gente luterana Tatiana Karinya Rodrigues e Nelson Henrique Franco
de Oliveira
O ensinamento
cristão
Psicóloga com Especialização e Mestrado na área de
Educação, atualmente Tatiana é Diretora do Centro de
Atendimento Interdisciplinar, uma instituição de saúde
pertencente à Congregação de Santa Cruz e localizada
na favela do Jaguaré, em São Paulo, além de atuar como
Psicóloga Clínica em um consultório particular. Muitas
vezes, a Psicóloga é requisitada em diferentes trabalhos
da Igreja para prestar apoio à equipe de trabalho comunitário. No culto infantil, Tatiana já foi solicitada a
orientar quanto à forma de lidar com as crianças. Em
nível sinodal, já participou de um processo de avaliação
pastoral.
Tatiana optou pela confessionalidade luterana depois
de adulta. Estudando a constituição moral nas crianças
sob o ponto de vista de Jean Piaget para a monografia da
conclusão do curso de Psicologia (com foco nas crianças
de comunidade religiosa), a, então, formanda encantouse e passou a integrar os trabalhos da Comunidade analisada. Nessa caminhada, Tatiana já foi Orientadora e
Coordenadora do Culto Infantil e representante da Paróquia no Sínodo (reeleita), além de fazer parte do coral
da Comunidade.
Como grande tema do Sínodo Sudeste, a Presbítera
elege ‘missão’ - Como ser uma Igreja missionária em grandes centros e fazer com que os princípios cristãos sejam vividos
para além da Comunidade? questiona Tatiana, para quem
o maior desafio de ser IECLB na região do Sínodo Sudeste é compreender a diferente realidade em que vivemos “Boa parte dos luteranos da região sudeste não é de
origem alemã. A minha inserção na Igreja foi facilitada
pelo conhecimento da Língua Alemã, mas precisamos
valorizar a cultura brasileira no que ela tem de mais preciosa: a diversidade de origens e a miscigenação”.
O que poderia melhorar na nossa Igreja? “Gosto muito da maneira como a Igreja vem sendo conduzida. Ao
trabalhar Planejamento Estratégico com as lideranças, a
IECLB mostra que está preocupada em melhorar ainda
mais os seus trabalhos, pois investir em liderança é pensar no futuro. Nesse sentido, meu sonho, não só para
a IECLB mas para o mundo, é que os ensinamentos de
Jesus Amar a Deus sobre todas as coisas e Amar ao próximo
como a si mesmo possam ser amplamente compreendidos
e vividos por cada um de nós”, deseja Tatiana Rodrigues.
Palavra e
Nelson Henrique
Franco de Oliveira,
52 anos, paulista de Campinas,
Publicitário com Especialização
em Gerenciamento de Marketing
e Administração Hospitalar,
casado com Marilda Fernandes
Bull de Oliveira e pai de Bruno e
Vitor, é membro na Comunidade
em Campinas, Sínodo Sudeste “A
fé me direciona a Deus em todos
os momentos da minha vida.
No cotidiano, procuro agir de
forma cristã, sendo ponderado,
conciliador e um ponto de apoio
para os colegas de trabalho, os
amigos e a família”.
Precisamos valorizar
a cultura brasileira
na sua diversidade
perdão
Atualmente trabalhando como Gerente de Operações na empresa SOFTEX - MPS.BR - Melhoria de
Processo do Software Brasileiro, Nelson também já
atuou na área da saúde administrando clínicas e como
Gerente Financeiro do Hospital Samaritano em Campinas, uma entidade mantida por sete Igrejas protestantes da cidade “Na minha atividade, divulgo o ecumenismo, a importância de estarmos todos em torno
do único Cristo. Tenho a sorte de trabalhar com um
grupo que busca a ética, o trabalho honesto e age com
justiça perante os desafios de concorrência”.
Luterano desde que casou, há 26 anos, Nelson é de
origem católica “Nos preparativos para o casamento,
tivemos um desentendimento com o Padre, que se recusou a realizar uma celebração ecumênica e fez ofensas a Martim Lutero. A partir daquele momento, resolvi ser luterano. Desde então, me envolvi em quase
todos os grupos da Comunidade e da União Paroquial
de Campinas”. Presidente da Comunidade, o Presbítero é Coordenador do Coral da Comunidade, o Coral Carlos Cristovan Zink, que comemorou 100 anos
em 2009, e também participa do Grupo de Casais, dos
Tatiana Karinya Rodrigues,
34 anos, natural de São Paulo/
SP, Psicóloga, Psicoterapeuta,
Mestre em Educação, é membro na Paróquia Centro - São
Paulo, no Sínodo Sudeste “Em
1998, ganhei do meu pai o livro
do Lutero ‘Da liberdade do
cristão’, que contém o ‘Prefácio
à Epístola de São Paulo aos Romanos’, escrito em 1522. Nesse
texto, Lutero vai se referir à fé
como ‘obra divina em nós que
nos modifica e nos faz renascer
de Deus. [...] Fé é uma confiança viva e ousada na graça
de Deus [...] que dá alegria,
coragem e disposição perante
Deus e todas as criaturas’”.
ecumenismo - a importância
de estarmos todos em
torno do único Cristo
Grupos de Estudos Bíblicos e praticamente de todas
as atividades da Comunidade.
Em relação aos grandes temas do Sínodo Sudeste,
Nelson explica que são grandes as cidades e poucas as
Comunidades, levando a ‘vazios’ de presença luterana
entre uma cidade e outra “Vencer estes vazios e formar Comunidades é tema sempre recorrente. Outro
tema é o Plano de Educação Cristã Contínua (PECC)”.
Entre os desafios de ser IECLB, Nelson aponta a realização da missão de Deus em contextos urbanos, com
todas as implicações que surgem, tais como violência,
distâncias e diferenças culturais.
O que poderia melhorar na nossa Igreja? “Trabalhar novas formas de abordar o assunto fé e dinheiro. É necessário despertar uma oferta que seja espontânea, realmente de gratidão e que sustente as atividades da Igreja”, destaca Nelson, que sonha com o engajamento pleno das pessoas na IECLB, além da vivência do perdão
e da Palavra e apoio aos que passam por dificuldades.
“Também seria bom termos luteranos como representantes nas esferas políticas, desde associações de bairro até Governos”, completa Nelson de Oliveira.

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