Relatório de atividades para o CNPq UFRPE

Transcrição

Relatório de atividades para o CNPq UFRPE
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE ASSOCIATIVISMO PARA O ENSINO, PESQUISA E
EXTENSÃO – PAPE
INCUBADORA TECNOLÓGICA DE COOPERATIVAS POPULARES
COMITÊ DE ENTIDADES NO COMBATE A FOME E PELA VIDA - COEP
UNIVERSIDADES CIDADÃS : encontro de olhares e
saberes na direção do desenvolvimento rural sustentável
RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES PARA O CNPq
Profa. Ana Maria Dubeux Gervais
Alunas participantes da equipe
Alcidézia Almeida
Carolina Amazonas
Edjane Fragoso
Márcia Gabriel
Sandra Maria
Joseilda Maria
Edla Monteiro
Zoraide Firmino
RECIFE
Outubro / 2006
1. INTRODUÇÃO
O Comitê de Entidade no Combate à Fome e Pela Vida (COEP) foi criado em
1993, pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, a partir do Movimento Nacional pela
Ética na Política. Atua como uma rede nacional de articulação e mobilização social do
qual gera ações como programas de desenvolvimento local, projetos de geração de
trabalho e renda; iniciativas de educação e capacitação.
É nesta perspectiva que o comitê vem promovendo vários benefícios as
comunidades envolvidas no projeto Universidades Cidadãs objeto do presente relatório.
As ações implementadas pelo COEP nas comunidades, estão relacionadas à um primeiro
projeto desenvolvido pelo COEP: “Algodão: Tecnologia e Cidadania”. O princípio
básico norteador das atividades neste projeto, cujo objetivo era a efetivação de ações que
propiciassem às comunidades ferramentas para construção de estratégias de
desenvolvimento local, “foi o de trabalhar os componentes de forma individual e, ao longo do tempo,
agregar demais fatores, concentrando as ações em cinco pontos principais: desenvolvimento de um produto
gerador de renda (no caso, o algodão); garantia de alimento; garantia de água potável; assistência técnica;
e, gestão”.
Do “Projeto do Algodão”, surge a necessidade de ampliação das ações do COEP
nas comunidades, o que origina um outro projeto que foi o “Programa Pólos de
Desenvolvimento Comunitário Integrado” que tem por objetivo “a implementação de
iniciativas de referência de desenvolvimento econômico e social para a população de baixa renda de oito
localidades do semi-árido nordestino, a partir da conjugação de diferentes variáveis.” (...) No processo
percebe-se a necessidade de ampliar o espectro de atuação das comunidades iniciais e
considera-se que, não só as comunidades originais, englobando cerca de 350 famílias,
sejam beneficiárias mas, que os benefícios obtidos por estas se irradiem às populações
vizinhas através do compromisso de repasse das tecnologias adquiridas, da utilização da
capacidade excedente dos equipamentos instalados, da facilitação de acesso a excedente
da produção, entre outros pontos.
Mais do que disponibilizar tecnologias e recursos, em áreas como "Água",
"Energia" e "Segurança Alimentar" o programa visava investir na capacitação técnica e
gerencial das comunidades, criando condições para que os beneficiários se tornem
protagonistas de seu próprio desenvolvimento e tenham condições de obter a
sustentabilidade dos processos e tecnologias implantados podendo melhor conviver com
as condições locais.
Em primeiro lugar, gostaríamos de destacar que dentre as comunidades
acompanhadas em Pernambuco, duas delas são mais antigas (Furnas e Boi Torto) e as
outras quatro são mais recentes, à partir da criação do programa de desenvolvimento
comunitário integrado. Assim, as intervenções do COEP nas referidas comunidades não
são homogêneas, mas gostaríamos de destacar algumas das principais ações realizadas:
caprinocultura, apriscos para reprodutores, viveiros de mudas, cisternas, barragens
subterrâneas, plantio de forragens, fogões de queima limpa, implantação de telecentros
comunitários, de plantio e beneficiamento do algodão através da implantação de miniusinas, de gestão e comercialização, de incentivo ao associativismo, dentre outras. É a
partir deste ponto que surge o envolvimento das universidades através do projeto
“Universidades Cidadãs”. A idéia é que as universidades possam contribuir para os
projetos anteriores fortalecendo as estratégias de desenvolvimento local integrado e
sustentável. O foco principal do Projeto Universidades Cidadãs, são as mulheres e os
jovens, tem como principal objetivo desenvolver ações estratégicas de desenvolvimento
comunitário e local através de capacitações dos grupos envolvidos na comunidade. Mas,
não se pode organizar uma comunidade sem que esta possua os recursos necessários de
desenvolvimento que estão em primeiro lugar: a educação que faz parte de um processo
pedagógico de ações.
O presente relatório tem por objetivo descrever e analisar as atividades realizadas
na UFRPE a partir do projeto Universidades Cidadãs que em nossa universidade
intitulamos : “UNIVERSIDADES CIDADÃS : encontro de olhares e saberes na
direção do desenvolvimento rural sustentável”. Resumindo então, o projeto em
Pernambuco foi desenvolvido pela equipe da UFRPE junto às comunidades de Furnas
em Surubim, São João do Ferraz em Vertentes, Algodão do Manso em Frei Miguelinho,
Pilões e Pedra Branca em Cumaru.
As linhas de ação definidas no projeto, foram resultado de um diagnóstico
realizado com as comunidades citadas que indicaram no fim do mesmo as demandas de
capacitação prioritárias eleitas pelo coletivo de pessoas das mesmas. O foco principal do
projeto foi o desenvolvimento de ações que pudessem contribuir para o
desenvolvimento sócio-econômico das comunidades e principalmente propiciar uma
melhor qualidade de vida para a população com base em trabalhos artesanais e
conhecimentos empíricos. Nossa meta principal no entanto foi a de ampliar o universo
de conhecimentos dos integrantes das comunidades numa proposta de construção
associativista de maneira que seus potenciais criativos e produtivos sejam melhor
aproveitados.
É importante salientar que as comunidades rurais com as quais estamos
trabalhando no presente projeto têm uma característica peculiar de buscar formas
alternativas de resistir às precárias condições do semi-árido. A descrença com as políticas
públicas estaduais tem tornado estas comunidades incrédulas de mudanças positivas. A
ação climática desfavorável impõe às comunidades rurais a definição de estratégias para a
sobrevivência uma vez que, naturalmente, os recursos tornam-se raros e as opções de
trabalho remunerado são quase inexistentes. Por estas razões, apontamos a articulação
feita pelo COEP com a UFRPE através do projeto “Universidades Cidadãs” como uma
alternativa de proposição de ações estratégicas que possam vislumbrar o
desenvolvimento integral da comunidade.
O relatório será composto dos seguintes aspectos:
1. Caracterização das comunidades
2. Metodologia
2.1. p/ diagnóstico
2.2. p/ capacitações
3. Descrição e análise das atividades
3.1. do diagnóstico
3.2. das capacitações
4. Resultados
4.1. nas comunidades
4.2. nas universidades
4.3. perspectivas (nas comunidades e nas universidades)
5. Considerações finais
6. Bibliografia
1. CARACTERIZAÇÃO DAS COMUNIDADES
A região onde desenvolvemos o nosso trabalho é a do Agreste Pernambucano,
destacada no mapa pernambucano que visualizamos abaixo:
É importante lembrar que esta é uma das maiores regiões do Estado e que ela
subdivide-se em seis outras, quais sejam, Microrregião do Vale do Ipanema (1),
Microrregião do Vale do ipojuca (2), Microrregião do Alto Capibaribe (3), Microrregião
de Garanhuns(4), Microrregião do Brejo Pernambucano (5) e Microrregião do Médio
Capibaribe (6), destacadas abaixo:
Nossas comunidades localizam-se nas seguintes microrregiões:
Microrregião do Médio
Capibaribe (6)
Comunidade Município
Pedra
Branca
Cumaru
Pilões
Microrregião do Alto
Microrregião do Vale do
Capibaribe (3)
Ipojuca (2)
Comunidade Município Comunidade Município
Algodão do Frei
Boi Torto
Bezerros
Manso
Miguelinho
São João do Vertentes
Ferraz
Furnas
Surubim
Toritama e
Sta Cruz
Esta caracterização é importante para percebemos o grau de influência que há o
contexto regional no encaminhamento dos trabalhos que desenvolveremos. Assim,
consideramos importante destacar uma pequena caracterização das microrregiões onde
encontram-se as nossas comunidades.
Em primeiro lugar, destacaremos a microrregião do Alto Capibaribe, formada
por 09 municípios com uma área de 1.608 km2, equivalente a 1,63% do território
estadual. A economia da maioria dos municípios depende de atividades rurais, com
exceção de Santa Cruz do Capibaribe e Surubim que, juntos, detém quase 70% da taxa
de urbanização da microrregião. A cidade de Santa Cruz do Capibaribe desenvolveu, a
partir dos anos 1970, uma atividade que nada tem a ver com a base econômica regional:
é a confecção de vestuário, produzida através de inúmeras microempresas que geram
renda e emprego para a maioria da população da cidade. Na seqüência, destacamos a
microrregião do Médio Capibaribe, com área de 1.781 km2, onde estão situados 10
municípios, sendo Limoeiro o mais populoso. A atividade econômica de maior peso na
microrregião é a pecuária mista, predominando em alguns municípios a pecuária de
corte. Na agricultura, prevalecem as lavouras de subsistência, como feijão, milho e
mandioca. O município de Passira tem uma atividade produtiva diferenciada: são os
bordados artesanais confeccionados pelas mulheres da cidade e que têm grande valor
comercial no mercado pernambucano. Finalmente, uma pequena caracterização da
microrregião do Vale do Ipojuca composta por 16 municípios, e dentre as
microrregiões do Agreste pernambucano é a que possui estrutura urbana mais
consolidada, com razoável dinamismo no setor industrial e comercial, sobressaindo-se a
cidade de Caruaru, que é a maior cidade do interior do Estado e um centro comercial de
importância interregional. As maiores indústrias, com destaque para os setores de
alimentos e confecções, estão nos municípios de Caruaru, Pesqueira e Belo Jardim. A
microrregião tem atividades agrícolas diversificadas, destacando-se as culturas de tomate,
beterraba, cenoura, repolho, alface, pimentão e outras, sobretudo nas áreas de brejo,
onde se sobressaem os municípios de Brejo da Madre de Deus e Gravatá.
Um aspecto preocupante diagnosticado nas comunidades em geral são os altos
índices de desemprego, exclusão social e a baixa renda da população. Esta parece ser
uma conseqüência da forte crise econômica e social provocada pelo processo da
globalização e da estagnação econômica, principalmente na zona rural, caracterizada por
uma economia de subsistência baseada na agricultura e na pecuária, que por serem
atividades que exigem mais resistência, geralmente apenas os homens as realizam,
ficando as mulheres, no geral, restritas ao ambiente doméstico, sem oportunidade de
ajudar na renda familiar, o que agrava a situação.
Em relação ao quadro sócio-econômico, é importante destacar uma situação em
particular. É o caso das mulheres que trabalham no setor têxtil, em atividades as mais
variadas tais como: bordado, costura, customização, etc. Estas mulheres, estão inseridas
dentro de um contexto mais amplo da região, que vale a pena ser destacado pois,
algumas delas, atuam no Pólo de confecções do agreste, um dos maiores do país.
Integrado pelos municípios de Santa Cruz, Toritama e Caruaru, no semi-árido
pernambucano, o pólo já foi conhecido como “pólo da sulanca”, pois compravam no
Sul (São Paulo), retalhos de helanca (daí a palavra) e outros tecidos trazidos por
caminhoneiros, para fazer roupas baratas, vendidas em barracas ao ar livre, as “feiras da
sulanca”.
O termo não mais se ajusta à realidade do pólo e à sua meta, investimento e
esforço visando à profissionalização, formalização, controle de qualidade, expansão e
exportação. A sulanca ainda existe, incluindo as feiras. Oitenta por cento da produção do
pólo é consumida pelas classes D e E, no Nordeste, mas a cara mudou.
Artigos de qualidade, a preços de fábrica, são ofertados em centros comerciais e
vitrines nos três municípios. Roupas produzidas no pólo também são fornecidas com
exclusividade para grandes magazines do País com as marcas Marisa, Pernambucanas, ou
Riachuelo.
Mensalmente o pólo fabrica 55 milhões de peças de roupa, de calças jeans a
calcinhas, e ocupa 78 mil pessoas em 12 mil empresas de confecções e serviços, a
maioria ainda de fundo de quintal, de acordo com os dados fornecidos pelo Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Sindicato da Indústria
do Vestuário de Pernambuco (Sindivest-PE).
Os números relativos às atividades do pólo impressionam: 12 mil
empreendimentos, que respondem por 73% da produção de vestuário no Estado e
faturam cerca de R$ 180 milhões mensais ou R$ 2,1 bilhões por ano. A produção anual
gira em torno de 693 milhões de peças (de um total de 850 milhões fabricadas no
Estado) e ocupo algo em torno de 77 mil pessoas. Cerca de 45 mil pessoas – entre
lojistas, sacoleiros e consumidores - visitam o pólo semanalmente. Tem mais: a região é a
segunda maior consumidora de matéria-prima para confecções do Brasil e também
ocupa o segundo lugar na produção de vestuário no País.
Cada cidade tem a sua especialidade. Em Toritama, a indústria de vendas e confecção do
jeans ocupa 91,7% da população. Até o final dos anos 80, o forte da cidade eram os
calçados e a opção pelo jeans foi para garantir que não haveria concorrência com a
vizinha Santa Cruz do Capibaribe. Ao todo, a cidade tem cerca de 70 lavanderias e 900
pequenas indústrias, que produzem 200 mil peças semanalmente. Toritama adquire 15%
de todo jeans fabricado no País, produzindo 14% das peças comercializadas em
território nacional. Lá a profissão de costureira é uma das mais disputadas do mercado.
A base econômica de Santa Cruz era outra, até meados do século XX: pecuária, cultura
do algodão e calçados. Agora, no comércio, encontram-se malha, surfwear, streetwear,
moda íntima e moda praia. O Pólo de Confecções abriga quase 15 mil empresas, que
geram 140 mil empregos diretos, na cadeia de moda em todo o Estado de Pernambuco,
que fica atrás apenas de São Paulo em volume de produção.
É importante destacar a importância que tem este contexto regional em relação às
comunidades investigadas. Em todas as comunidades envolvidas neste projeto, há uma
ou mais atividades relacionadas à costura ou ao bordado. Estas atividades, manifestam-se
através das mais diferentes formas, seja, por exemplo, na pequena confecção que
encontramos em Algodão do Manso que emprega em torno de 6 pessoas, seja através
dos grupos informais de bordados, seja através dos trabalhadores individuais que
terceirizam serviços às grandes confecções.
No entanto, nesta realidade, devemos destacar a relação de exploração que existe
entre os grandes empreendimentos e esta espécie de economia marginal que “ronda” em
torno destes grandes no agreste pernambucano. São centenas de trabalhadores que
trabalham com facção ou terceirização de serviços aos “donos de fabrico” (como são
chamados os intermediários entre as grandes indústrias de confecção e os pequenos
produtores desorganizados) que acabam vendendo sua mão de obra por um preço
irrisório agregando valor às peças por eles trabalhadas que vendidas no atacado
representam um percentual avantajado de lucro para os que sublocam a mão de obra dos
trabalhadores que prestam serviços nesta área.
Estas questões nos indicaram a necessidade de, nestas comunidades, encaminhar
um trabalho de estímulo à organização destes trabalhadores, na perspectiva da
constituição de grupos associativos que possam, pelo menos, inserir-se de maneira
menos injusta no mercado em questão.
A seguir apresentaremos uma caracterização resumida das comunidades
envolvidas:
1.1 Comunidade de Furnas ( Surubim )
Na oficina de diagnóstico que realizamos, descobrimos que a história de Furnas
começa antes do princípio do século XX. Como, mesmo os indivíduos mais velhos
presentes na reunião afirmavam que, ao nascerem, a comunidade já tinha este nome,
decidimos usar como marco referencial inicial da história de vida o ano de 1900. Os
participantes não sabiam afirmar com certeza quando isto aconteceu, mas sabiam que o
nome Furnas é originário da existência de uma onça que morava numa Furna de Pedra
nas redondezas e depois que ela foi morta começou a se chamar a localidade inicialmente
de “furna de pedra” e depois Furnas. Vejamos os marcos mais importantes na história
da comunidade:
1900 - Onça que foi morta na Furna de Pedra
1952 - Ano muito seco
1960 - Fundação da Escola
1964 - Frentes de emergência (até 1969)
1972 - Chegada da Energia Elétrica
1974 - Construção da Casa de Farinha
1978 - Construção da primeira Capela
1993 - Frentes de emergência até 2003 (Grande Seca)
1997 - Associação de Agricultores
2000 - Água encanada e a igreja nova
2002 - Telefone Público
2005 - Posto de Saúde / Coep / Telesala / Mini-usina
a) Lideranças Locais
Existe uma associação cuja presidente é a filha da principal liderança local, que
substitui a mãe há dois meses. O Vereador José da Silva Reis seu pai, mais conhecido
como seu Dedé é o principal articulador das ações comunitárias implementadas. A
família de Seu Dedé é extremamente ativa e vêm já há algum tempo realizando ações do
tipo : pressionar o poder público para obtenção de serviços públicos tais como o PSF
por exemplo, a construção da igreja local em forma de mutirão, o atendimento
obstétrico às parturientes da comunidade, a organização de grupos de jovens na igreja,
dentre outras.
b) ONG’s ou outras instituições que trabalhem no local
IPA, RENASCER, PRORURAL
c) Formas de Sobrevivência
Com um total de aproximadamente 140 famílias, a comunidade de Furnas aderiu
ao projeto do algodão, onde o produto é desenvolvido e vendido. Há também outras
plantações de subsistência como o feijão, o milho, a batata, o jerimum, a beterraba, a
mandioca, etc. Na Fruticultura temos várias espécie tais como: banana, goiaba, acerola,
manga, abacaxi, caju, entre outras. Quanto à vegetação nativa temos principalmente a
palma e o capim. O Comércio na comunidade não existe, sendo preciso deslocar-se à
cidade vizinha (Surubim), com exceção de uma pequena mercearia que vende apenas
alguns produtos de primeira necessidade. A maioria das pessoas trabalha “alugado”, isto
é, para outras pessoas. A aposentadoria é um dos grandes meios de sobrevivência, além
da agricultura; pois a maioria dos moradores não possui terras e são obrigados a arrendar
ou emprestar terras para plantar. Observamos que uma boa parte dos agricultores que
não aderiu ao projeto algodão justifica esta opção pela não propriedade da terra. Na
Pecuária os criatórios são formados por caprinos, ovinos, bovinos, porcos e aves
(galinha, peru, pato e guiné) e alguns moradores criam abelhas para a produção do mel.
d) Ambiente Físico
Foi observado na comunidade que todas as casas são de alvenaria, porém algumas
não possuem banheiros e nem fossas, tornando mais precário o saneamento. Existem
açudes, barreiros e cisternas em todas as casas, que também possuem água encanada e
energia elétrica.
As estradas são precárias, por serem de barro, e precisam que máquinas da
prefeitura estejam sempre passando, para fazer a sua manutenção.
Na interpretação dos moradores, o clima é tropical (seco e úmido), mesorregião
do agreste, microrregião do médio Capibaribe. Existem muitas variações de solo como
arenoso que dar para plantar mandioca, pois o solo é de terra fofa e plana, onde é
utilizado adubo como fertilizante. Argiloso onde é utilizado para a fabricação de tijolos
para construção de casas. E pedra em algumas partes.
e) Serviços Públicos
No que diz respeito à saúde, há um posto de saúde próximo que funciona quatro
vezes por semana. Dois agentes da área de saúde visitam a comunidade pelo menos duas
vezes por semana. Em casos mais graves, o individuo é encaminhado para a cidade
vizinha. Em termos dos serviços educacionais, existe uma escola que oferece de 1ª. à 4ª.
Séries do Ensino fundamental; o restante é desenvolvido em Lagoa da Vaca ou Surubim
(cidades vizinhas). A comunidade também possui orelhão. O transporte em geral é feito
em carro de lotação e ônibus.
Outro aspecto considerado importante é o telecentro comunitário Miguel Arraes,
fundado em 26 de agosto de 2005, e possuindo cinco computadores com boa
capacitação promovida pela associação. Temos ainda o projeto do algodão, e a
construção de 500 cisternas promovida pelo projeto Renascer, juntamente com o Pró –
Rural.
f) Cultura
Na comunidade é tradição comemorar o dia do santo padroeiro (Dom Bosco), as
novenas no mês de maio, o São João e a vaquejada em Surubim. Foi construída uma
igreja pela própria comunidade e o catolicismo é a religião que predomina na região. A
comunidade ainda cultiva a prática dos remédios caseiros como lambedor, xarope, chá,
etc. Existe também uma rezadeira, que todos fazem questão de reafirmar sua opção
católica, mas que utiliza práticas antigas de cura.
1.2 Comunidade de Boi Torto (Bezerros)
a) Infra-estrutura
O assentamento Boi Torto tem uma área de aproximadamente 480 hectares
contendo pastagem nativa, reserva natural, silvicultura de algaroba. Conta-se que por ser
um local para pasto de gado existia um boi muito valente que todos chamavam de boi
torto, devido ser um boi ‘brabo’. O assentamento originou-se da compra da fazenda
pelos seus trabalhadores, com um pagamento anual de R$551,00 por pessoa que agora
são (22) assentados donos da terra. Atualmente apresenta 17 casas construídas todas em
alvenaria com 2 quartos, sala, cozinha, banheiro, todas casas possuem fossas, 12 com
cisterna com capacidade para 18 mil litros. O assentamento é bem servido de estradas,
com vias dando acesso a cidades vizinhas. Estradas de terra em estado de conservação
de bom a regular. Existem currais para bovinos com cocheiras e depósitos. Há silos
trincheiras. Toda essa infra-estrutura está subutilizada ou não utilizada. O Silo com
capacidade de 275 a 300 Toneladas, (não utilizado), o curral em uso, depósito de ração
em uso, cocho com quatro divisórias. Existe um grande açude que acumula atualmente
boa quantidade de água. As cercas de divisória do assentamento estão sem manutenção,
(arriadas).
Na oficina de diagnóstico, os aspectos levantados na escrita da linha da vida do
grupo como marcos importantes em sua história foram os que se seguem:
1995 – Começo da História. Registro da associação
1997 – Um fazendeiro perguntou aos agricultores se eles estariam interessados na
compra da terra. Reuniões para organização do financiamento
1999 – Compra da fazenda a partir da Cédula da Terra
2000 – O Pró-Rural financiou o Custeio-Gado, dando 107 vacas leiteiras e 3
reprodutores (R$3.300 para cada). Também deu uma ajuda de custo de
aproximadamente R$1.600 para cada agricultor. (Total – 4.900). Compra de forrageiras,
canos e bomba.
2001 – Construção de 12 casas e 12 cisternas
2003 – Construção de mais 5 casas; Eletrificação; 1º Pagamento do Investimento;
Chegada do Coep; Plantio fracassado do Algodão; Falta de Chuva
2004 – Mutirão da Palma; Tentativa de instalar um orelhão; Chuva (enchimento dos
açudes)
2005 – Telecentro; Eleição na Associação; Compra de 15 vacas e reforma do curral.
Principais Dificuldades enfrentadas
Fev/Mar de 2001 – Falta de Chuva
Sobrevivência
Financeira
Momentos Felizes
Chegada do Coep
Compra da terra
Computadores
Doação das cabras
Construção das casas
Enchimento dos açudes
b) Recursos Naturais
Solos e relevo
As informações secundárias levantadas tiveram como fontes o zoneamento
agroecológico de Pernambuco – ZAPE, da EMBRAPA e estudos realizados pela
SUDENE no estado de Pernambuco para caracterização dos solos. Este estudo
identifica o solo da área do assentamento como sendo do tipo planossolo e planossolo
solenetz solodizado. A caracterização desses tipos de solos indicam sérias limitações para
manejo intensivo face apresentar-se pouco profundo e muito suscetível a erosão.
Quanto a prática de irrigação não é recomendado, pois apresenta também limitações de
drenagem e baixa permealibilidade, além de que apresentam forte tendência natural à
salinização. Constatamos algumas dessas características em campo, realizando
escavações de 50 cm de profundidade, verificando a pouca profundidade e a existência
de camadas duras nos horizontes abaixo (horizonte b textural). Nesses momentos
discutimos com os agricultores essas características do solo relacionando-as com as
práticas agrícolas que eles fazem e também as limitações que o solo apresenta para certas
atividades e prática produtivas, como por exemplo, a irrigação e o uso intenso de trator
para gradagem e aração do terreno. Embora o solo apresente uma fertilidade natural de
razoável a boa, sua características físicas limita-o ao revolvimento e a exploração mais
intensiva. Os estudos existentes o recomendam para uso de pastagem e uso da vegetação
nativa. A topografia do terreno é levemente ondulada, porém quase sem áreas planas, o
que exige medidas de contenção das enxurradas das chuvas para controle da erosão com
plantios em linha de nível.
Vegetação natural
O assentamento possui uma área com aproximadamente 120 hectares de reserva
natural, com flora arbórea e arbustiva bem diversificada e relativamente preservada.
Entretanto, verificamos que alguns assentados derrubam madeira para fazer carvão o
que é proibido por lei. Esta reserva pode ser importante economicamente se for
explorada corretamente, direcionando seu potencial produtivo com atividades
sustentáveis, como apicultura, por exemplo.
Clima
A mesorregião do agreste embora seja uma região de transição entre zona da mata
úmida e o semi-árido seco, é também uma região que apresenta irregularidades de
chuvas, sendo o período chuvoso de março a julho. O município de Bezerros apresenta
elevações naturais como a serra Negra e de Sapucarana com clima úmido, típico das
áreas de Brejo. O assentamento Boi Torto fica no sopé da Serra Negra na porção seca
do município não se beneficia das chuvas que nessa serra são mais freqüentes.
Entretanto, a temperatura no período citado é amena com variação no período diurno e
noturno. Em geral as temperaturas noturnas são amenas durante todo ano e quentes
durante o dia.
c) Produção
Cultivos, criatórios e outros.
Os agricultores do assentamento Boi Torto são pequenos, descapitalizados e
praticam uma agropecuária de subsistência. Existe atualmente o cultivo de palma, milho,
capim, feijão, alface, cebolinha, mamão, maracujá, maxixe, algodão, batata, coentro,
pimentão, tomate, macaxeira, quiabo, pinha, jerimum e melancia. Suas práticas no
manejo das lavouras e criação seguem os preceitos tradicionais, com uso de alguma
tecnologia diferenciada aplicada de forma isolada e sem coerência técnica, usam por
exemplo, trator para preparo de terreno e algumas vezes sementes melhoradas doadas
pelo estado. Mas, aplicam de forma aleatória e sem seguir critérios técnicos defensivos
agrícolas. Esses sistemas de cultivos não são eficientes e muito danosos ao meio
ambiente. A criação é bem diversificada com bovinos, caprinos, ovinos, suínos, aves,
abelhas, cavalos, mulas e peixes, porém ocorre de maneira individualizada.
d) Lideranças locais
A associação do assentamento é atualmente presidida por José Ailton que foi
conduzido ao cargo após dois mandatos sob o controle da principal liderança
articuladora da compra das terras. Atualmente, temos ainda algumas lideranças de
mulheres e jovens que começam a despontar na comunidade como sendo fundamentais
na reorganização comunitária e o grupo gestor desponta como importante não apenas na
gestão do telecentro como nas atividades coletivas em geral.
e) Ambiente físico
As 17 casas construídas no assentamento foram feitas em alvenaria com 2quartos,
sala, cozinha e banheiro. Todas as casas possuem fossas apesar do assentamento não
estar ligado à uma rede de esgoto. Das 17 casas, 12 possuem cisternas com capacidade
para 18 mil litros e o restante da água é proveniente de um açude que no momento está
com água, mas que em épocas de grandes secas já chegou a secar quase que totalmente.
O assentamento possui eletrificação rural o que permite inclusive o funcionamento do
telecentro.
f) Condições de acesso aos serviços públicos
Em termos do acesso aos serviços de saúde, os assentados utilizam
principalmente o PSF de Sítio dos Remédios, vilarejo vizinho. O agente de saúde visita o
assentamento em média uma vez por mês, mas as urgências são resolvidas em Bezerros.
Um aspecto observado em nossa visita é o uso de defensivos agrícolas pelos assentados
sem nenhum tipo de proteção. No que se refere aos aspectos educacionais, é também
em Sítio dos Remédios que as crianças do assentamento frqüentam a escola de 1ª. à 4ª.
Séries do Ensino Fundamental, mas à partir da 5ª. Série são obrigadas a se dirigirem a
Bezerros. A comunidade não é servida por um transporte regular. A locomoção para os
centros urbanos mais próximos (Bezerros e Riacho das Almas) é feita através de
mototaxi, bicicleta e carro de aluguel.
g) Manifestações culturais mais importantes
Uma observação importante no que se refere aos aspectos culturais é que tivemos
uma certa dificuldade de identificar quais as questões mais relevantes em relação à
identidade cultural da comunidade. Nas reuniões realizadas, eles destacaram como
principal ponto de encontro da população a feira em Bezerros aos sábados. É
importante salientar no entanto que, nesta comunidade, nos pareceu importante termos
um tempo maior de trabalho para identificar este tipo de questão.
h) Formas de organização
A única forma de organização existente no assentamento é a Associação dos
Pequenos Produtores dos Sítios Boi Torto e Ramada. Porém, a telesala parece ter
despertado uma necessidade de criarem uma nova forma de organização para efetivar a
gestão, bem como a gestão dos animais doados pelo COEP. Aparentemente o trabalho
dos técnicos do COEP, vem provocando mudanças significativas no processo de
organização comunitária do assentamento. Algumas novas práticas foram introduzidas,
como por exemplo, a rotatividade no Grupo gestor e na presidência da associação, as
reuniões coletivas que acontecem no início de cada mês e a realização de trabalhos
coletivos, tais como a construção de cercas e as reformas dos espaços coletivos de
trabalho.
1.3 Comunidade de Pilões (Cumaru)
A comunidade de Pilões localizada no município de Cumaru surge à partir de uma
propriedade única de uma sófamília, o que se reflete na forma de organização social
encontrada na comunidade. No trabalho de reconstrução da linha da vida da
comunidade, eis os principais marcos apontados pelos jovens, principal público das
reuniões realizadas:
1930 - havia a fabricação de pilão. Foi desse fato que surgiu o nome da fazenda. Eles
dizem que tudo começou com uma família, logo a maioria é parente.
1995 - formação da Associação dos criadores (60 pessoas participaram). Na época foi
chamado de Centro de Assistência Social. O que os levou a se juntarem foi a
insatisfação. Começaram criando cabras.
2003 - formação da Associação dos jovens que, espelhados nos agricultores, resolveram
se juntar para procurar alternativas de geração de renda e também busscar mais
informações.
1999 - O projeto do BIRD/ Pró-Rural, trouxe a fábrica de laticínios (que ainda não
funciona por falta de recursos)
"Instalaram a fábrica mas não deram um acompanhamento para que a comunidade
pudesse começar e caminhar sozinha"
Obs.: Está marcada para breve uma capacitação com a comunidade para que possam
utilizar as máquinas.
2002 - Surge o assentamento, com 18 famílias
Fora isso, a maioria das outras terras é conseguida através de herança.
"Antigamente as condições naturais eram bem ‘melhores’. Além de chover mais, o índice
de estudo era menor. As crianças iam para o roçado com os pais. Era mais difícil ter
seca"
"O processo de mudança do clima afasta os jovens da roça."
Principais dificuldades enfrentadas
2006 - Falta de chuva
Falta de trabalho (pois, apesar de ninguém querer participar da
agricultura, não há mais nenhuma opção de ganho de renda).
Falta de alternativas para os jovens
O individualismo da maiorida.
Momentos Felizes
Festas na Cidade
Reunião de Amigos
Chegada do Telecentro (26-08-2005)
Construção da associação (26-28-2005)
a) Lideranças Locais
A comunidade apresenta duas associações, a Associação dos Criadores, cuja
Presidente é Ladjane de Albuquerque, e a Associação dos jovens, liderada por Lidiane,
irmã da primeira.
Além disso, também foi observada a atuação de Lucilo Feitosa (tio das jovens
citadas acima), que financia a realização de grande parte das ações na comunidade, como
a construção do galpão onde fica a máquina de tear e o fornecimento de mesas para os
computadores, aumentando, desse modo, a sua influência na comunidade.
b) ONG’s ou outras instituições que trabalhem no local
Fora o Coep, realizam trabalhos com a comunidade o SERTA e o Pró-Rural que,
com o apoio da Fundação Xingó e do Ministro da Tecnologia, instalou uma usina de
beneficiamento do leite. Importante salientar que a usina nunca funcionou desde a sua
instalação há sete anos.
c) Formas de Sobrevivência
Os moradores da comunidade vivem basicamente da agricultura, plantando milho,
feijão, batata, macaxeira, etc., tanto para a sua subsistência, como para comercializar o
excedente. Alguns cultivam pequenas hortas em suas casas.
Além disso, algumas pessoas procuram outras atividades para aumentar a renda,
como Crochê, Bordado Manual, Costura, além de trabalhos como Pedreiros,
Revendedores e Motoristas.
O Comércio na cidade é representado por um Mercadinho. A feira existe somente
nos municípios vizinhos de maior porte.
Atualmente muitos homens têm procurado trabalho na construção civil e muitos
dos jovens vão a Recife tentar outro tipo de vida diferente da agricultura.
Na Pecuária os criatórios são representados por caprinos, ovinos, suínos, bovinos
e aves.
d) Ambiente Físico
Conforme observado na comunidade, a maioria das casas é de alvenaria, têm
banheiro e fossa, mas não há um saneamento eficiente, nem água encanada, embora já
exista um projeto nesse sentido. Através de projetos e parcerias, foram construídas 31
cisternas, poços artesianos e açudes. A comunidade dispõe também de alguns barreiros.
Todas as casas têm acesso à energia, sendo ela de dois tipos: monofásica e trifásica.
O clima é seco e úmido, havendo algumas variações de solo como areia, barro,
pedra e alagados. Observa-se um desgaste do solo, devido a sua uma má utilização e a
falta de prática de rotação de cultivo.
e) Serviços Públicos
Em relação à saúde, pode-se dizer que as condições na comunidade são precárias,
pois não existe um Posto de Saúde, e para serem atendidas, as pessoas devem se deslocar
até Cumaru. Um agente de saúde visita a comunidade uma vez por semana.
Já sobre a educação, a comunidade possui uma escola de primeira a quarta série.
Para estudar nas séries subseqüentes a população dirige-se a Cumaru. Vale salientar que
entre os jovens presentes na reunião existem mesmo um pequeno grupo que faz a
faculdade em Vitória de Santo Antão.
Para se locomover, utilizam-se lotações, moto, etc. Há também um transporte
escolar para os estudantes.
f) Cultura
A maioria dos moradores é católica e devota de São José. Apesar de bastante
religiosos, só realizam uma missa por mês, devido a uma falta de mobilização das
pessoas e por questão de costume.
Comemoram o dia do santo padroeiro (São João), as novenas no mês de maio,
quaresma e via sacra. A comunidade também mantém a prática da medicina popular,
cultivando remédios caseiros, como lambedor, xarope, chá, etc.
1.4 - Comunidade de Pedra Branca (Cumaru)
A comunidade de Pedra Branca tem uma relação direta com a comunidade de
Pilões, uma vez que a principal liderança desta comunidade (Dona Luzenira) é irmã de
Seu Lucílio de Pilões. Na oficina de diagnóstico, os principais marcos históricos
apontados pelos participantes foram os que se seguem:
1983 – Construção do prédio do clube
1995 – Criação da associação
Curso de curtimento do couro
Curso de batatinha
Curso de gestão de algodão
Fábrica de confecção
Principais dificuldades enfrentadas
Seca
Antes da construção
Falta de terra
Falta de semente
Falta de uma quadra esportiva para os jovens
Término do grupo jovem
Momentos Felizes
Casamento de Matuto
Chegada de dona Luzenira (1987)
Cursos de Cadeia produtiva
Implantação dos orelhões
Chegada do Coep
Cisternas
Poços artesianos
a) Lideranças Locais
Existe uma associação presidida por Luzenira, que, além de professora, também
está sempre organizando e trabalhando pela comunidade. Ela nos pareceu ser uma
liderança isolada que não descentraliza o poder e em quem a comunidade confia
cegamente. Claro que devemos relativizar estas informações em função do poucotempo
de trabalho com o grupo.
b) ONG’s ou outras instituições que trabalhem no local
Projeto Renascer
c) Formas de Sobrevivências
Apesar da falta de apoio na agricultura, a comunidade de Pedra Branca aderiu ao
projeto do algodão. Porém hoje apenas nove agricultores cultivam o produto, contando
um total de 9 hectares. Existem também outras plantações de subsistência como o feijão,
milho, batata, palma etc. Existem pequenas reservas ecológicas no município de
Cumaru. De vegetação nativa, temos a jurema, o angico, a catingueira, a barcaúna, o
mororó, o velame, etc. O Comércio na comunidade não existe e é preciso deslocar-se
até cidades vizinhas, como Ameixa e Cumaru. A maioria dos homens trabalham na
construção civil e muitos dos jovens a Recife para fazer bico. Na Pecuária os criatórios
são formados por caprinos, ovinos, bovinos, porcos e aves (galinha, peru, pato) e alguns
moradores criam abelhas para a produção do mel. Na estrutura fundiária 90% das terras
são minifúndios (de 0,5 a 1,5ha), dificultando o plantio e a criação.
d) Ambiente Físico
Foi observado na comunidade que todas as casas são de alvenaria, porém algumas
não possuem banheiros e não existe saneamento e nem água encanada. Existem na
comunidade dois poços artesianos e cisternas em cada casa. Os moradores receberam
um curso de capacitação sobre a utilização da água que serve apenas para cozinhar e
beber. Existe um açude construído pela prefeitura na propriedade de D. Luzenira, que é
disponibilizado para a comunidade lavar as roupas e para o uso dos animais, Todas as
casas possuem energia elétrica. O clima é tropical, mesorregião do agreste, microrregião
do médio Capibaribe. Existem muitas variações de solo como areia, barro, pedra e
alagados. Na maior parte contém solo raso e profundo, a cada dia as terras ficam mais
‘fracas’, devido à sua má utilização e a falta de prática de rotação de cultivo.
e) Serviços Públicos
No que diz respeito à saúde dois agentes visitam a comunidade pelo menos duas
vezes por semana, pois o posto médico está desativado e em casos mais graves, o
individuo deve ser encaminhado para a cidade vizinha. Na educação, existe uma escola
que só ensina o primário. O restante é desenvolvido em Ameixa ou Cumaru (cidades
vizinhas). A comunidade possui dois orelhões. O transporte em geral é feito em carro
de lotação, três por dia (manhã, meio dia e à noite). Existindo também o transporte
escolar para os estudantes.
f) Cultura
Na comunidade é tradição comemorar o dia do santo padroeiro (São João), as
novenas no mês de maio, quaresma e via sacra. Não esquecendo que o catolicismo
predomina a região, porém existem algumas congregações protestantes. A comunidade
ainda cultiva a prática dos remédios caseiros como lambedor, xarope, chá, etc.
1.5 – Comunidade de Algodão do Manso (Frei Miguelinho)
a) Lideranças locais
Esta comunidade nos pareceu a que está num estágio mais inicial de organização
comunitária. Ainda não possuem uma associação formada (estão em processo) o que de
um lado é um fato positivo pois ainda não existem lideranças muito cristalizadas, porém
do outro apresenta-se a necessidade de realizar um trabalho mais intenso nos aspectos
referentes à mobilização dos habitantes do lugar. O Deputado Geraldo Barbosa parece
uma pessoa de extrema importância par a a comunidade uma vez que é ele quem
empresta a terra para grande parte das pessoas plantarem e ao mesmo tempo troca
influências no que pode com os habitantes do lugar.
b) Principais formas de sobrevivência
• Agricultura; Milho, Feijão e Algodão;
• Pecuária; Cabra, Ovelha, Porco, Boi, Galinha e Peru;
• Serviços; Costura e Facção (5 Pessoas)
• Comércio; Existem algumas vendas. Feira somente em Surubim e Frei
Miguelinho.
• Outros : A maioria das pessoas trabalha na fazenda do Deputado Geraldo
Barbosa
c) Ambiente físico
• Condições de moradia: A maioria das casas é de alvenaria, a rua principal é
calçada;
• Condições de saneamento básico; Algumas casas possuem banheiro;
• Acesso à água; Açude, barreiro e poucas casas possuem cisternas; não têm água
encanada.
• Acesso à energia; Possuem energia elétrica;
• Condições climáticas; Chove mais apenas no inverno
• Outros aspectos considerados como importantes. Muitos não têm casa própria
d) Condições de acesso aos serviços públicos
• Saúde; Há um posto de saúde na comunidade e o médico está disponível duas
vezes na semana (uma no Posto e uma passando de porta em porta), também tem
dois agentes de saúde; doenças mais sérias vão para Frei Miguelinho ou Surubim.
• Educação; Há uma escola (1ª A 4ª SÉRIE) com dois professores; de 5ª A 8ª e
Ensino médio é em Frei Miguelinho ou Surubim (o ônibus escolar municipal leva
e trás). Lazer; Futebol, sinuca, televisão, dominó
• Transporte; Quatro vezes por semana passa o ônibus normal. O ônibus escolar é
diário, e também dá carona a quem não é estudante, cobrando geralmente uma
taxa. Também têm as Toyotas.
• Outros 2 orelhões
e) Manifestações culturais mais importantes
• Forma de manifestação das tradições e costumes;
• Principais festas do ano; Festa de Santa Teresinha em Outubro. Em Maio tem a
Novena. (É considerado o mês mais animado do ano, pois é quando cada pessoa
tem um dia para dar uma festa em sua casa, recebendo as demais pessoas).
• Manifestações de aspectos importantes na caracterização dos traços culturais da
comunidade. Ex. Medicina popular, curandeiros, aspectos religiosos, etc) Dona
Darci (Senhora que faz chás e lambedor). Existe uma Igreja Católica construída
em 1931.
f) Formas de organização
A principal forma de organização está ligada à Associação dos Pequenos Produtores de
Algodão do Manso; Há também grupos de jovens e corais.
Observações: A falta de água é considerada uma das principais dificuldades da
comunidade. Preferem comprar verduras na Feira a gastar a sua água com uma horta. Há
também uma ausência de liderança na comunidade.
Gostariam de aprender: Costura, Crochê, Datilografia e informática.
1.6. – Comunidade de São João do Ferraz (Vertentes)
a) Lideranças locais
A comunidade de São João do Ferraz é junto com Algodão do Manso uma das
comunidades mais recentes incluídas no trabalho com o COEP. O assentamento só
existe há um ano aproximadamente mas algumas famílias só chegaram há seis meses. É
uma comunidade que têm lideranças, até em função do processo de luta pela terra,
porém estas lideranças não parecem apresentar alguns vícios observados nas demais
comunidades. No assentamento vivem cerca de 10 famílias com um número aproximado
de 50 pessoas.
b) Principais formas de sobrevivência
•
•
•
Agricultura: feijão, milho, batata e macaxeira;
Pecuária: caprinos, bovinos, aves, equinos e suinos;
Serviços: venda de mão de obra (“trabalho alugado”);
•
Comércio: Em Vertentes aos sábados existe um pequeno comércio local onde a
comunidade se abastece, mas no assentamento não existe nenhum comércio.
• Outros
c) Observar ambiente físico
•
•
•
•
•
Condições de moradia: 10 casas de alvenaria, banheiro e cisterna;
Condições de saneamento básico; FOSSAS;
Acesso à água: cisternas, açude e barreiros;
Acesso à energia: No início do trabalho ainda não tinham energia, mas atualmente
esta última já está instalada.
Condições climáticas: clima semi-arido;
d) Condições de acesso aos serviços públicos
•
•
•
•
•
Saúde: Posto de saúde próximo e a presença do agente de saúde que passa uma
vez por mês;
Educação: Escola de 1ª a 4ª na comunidade; 5ª a 8ª só em Vertentes;
Lazer: Banho de açude, futebol e forró;
Transporte: O transporte alternativo (moto taxi) é a única opção;
Outros: A maioria das famílias são beneficiárias do programa Bolsa Família do
Governo Federal, mas uma boa parte dela afirmou ter dificuldade para acessar os
programas do governo federal em geral.
e) Manifestações culturais mais importantes
•
Forma de manifestação das tradições e costumes; Religião predominante é a
católica
• Principais festas do ano: festa de São João do Ferraz
• Manifestações de aspectos importantes na caracterização dos traços culturais da
comunidade. Ex. Medicina popular, curandeiros, aspectos religiosos, etc) Novena
em Agosto
f) Formas de organização
A única forma de organização mais formal existente é a Associação dos
produtores rurais do assentamento. Porém, como é uma comunidade que não tem
muitos habitantes, é relativamente fácil o contato diário entre as pessoas.
2.METODOLOGIA
2.1 – Para o diagnóstico
Uma análise do perfil da então agricultura familiar no Brasil nos permite constatar
que, de maneira geral, agricultura camponesa, raiz dessa agricultura de base familiar,
nasceu no Brasil sob o signo de características tais como: a precariedade jurídica,
econômica e social do controle dos meios de trabalho e de produção e, especialmente,
da terra; o caráter extremamente rudimentar dos sistemas de cultura e das técnicas de
produção; a pobreza da população engajada nestas atividades, como demonstra a grande
mobilidade espacial e a dependência ante a grande propriedade.
A população rural historicamente vivia no interior das grandes propriedades ou
em pequenas aglomerações mais ou menos concentradas. Nos dois casos, a vida social
estava longe de corresponder à complexidade característica das aldeias camponesas dos
velhos países europeus ou do Novo Mundo. Na realidade, a população dos campos não
se constitui verdadeiramente em comunidade rural, no sentido antropológico do termo.
Trata-se antes, da associação do meio rural com o núcleo urbano que a integra.
A história do campesinato brasileiro apresenta também, desde sua origem, um
caráter regional bastante acentuado. Segundo Guilhermo Palacios, em seus documentos
históricos acerca do Nordeste, datam de 1700 as primeiras referências aos pobres livres
dos campos. Eles são considerados como "grupos diferenciados", que se caracterizam
por seu isolamento, sua pobreza e pela agricultura de subsistência. Em determinadas
ocasiões, essa população livre do Nordeste integrava-se na economia de mercado,
contribuía de modo significativo para a revitalização das populações locais e até mesmo
participava das atividades principais da colônia, tais como a produção de cana-de-açúcar,
de algodão e de tabaco. Entretanto, após a abolição dos escravos em 1888, foram eles os
mais absorvidos como trabalhadores "assujeitados" das grandes propriedades onde
conheceriam uma degradação de suas condições de vida, seguidas pelo aprofundamento
de seu isolamento, da marginalidade e do empobrecimento de suas comunidades.
Em pesquisa publicada pelo INCRA / FAO (2000) “Novo retrato da agricultura
familiar: o Brasil redescoberto”, alguns dados sobre a realidade da agricultura familiar na
região Nordeste precisam ser destacados. A pesquisa afirma que a região Nordeste é a
que apresenta o maior número de agricultores familiares, representados por 2.055.157
estabelecimentos (88,3%), os quais ocupam 43,5% da área regional, produzem 43% de
todo o valor bruto de produção da região e ficam com apenas 26,8% do valor dos
financiamentos agrícolas da região. Quanto à estrutura fundiária, a área média das
propriedades também é pequena, quando da sua existência, pois grande parte dos
agricultores trabalha em área ocupada ou cedida. Considerando a média para o Brasil,
com dados muito semelhantes para todas as regiões, a área média dos estabelecimentos
dessa região com menos de 5 ha é de apenas 1,9 ha por estabelecimento. Mesmo entre
os com área entre 5 e 20 ha, a média é de apenas 10,7 ha por estabelecimento. Além
disso, a região Nordeste é a que apresenta o maior número de minifúndios, com 58,8%
de seus estabelecimentos familiares com menos de 5 ha.
O acesso à tecnologia apresenta grande variação tanto entre familiares e patronais
quanto entre os agricultores de diferentes regiões, mesmo que de uma mesma categoria.
Dos familiares, apenas 16,7% utilizam assistência técnica, contra 43,5% dos patronais.
Entretanto, entre os familiares este percentual varia de 2,7% na região Nordeste a 47,2%
na região Sul. Mesmo considerando as diferenças no interior da agricultura familiar
nordestina, o número de agricultores com acesso a Assistência técnica é muito pequeno.
Finalmente, um outro dado a destacar é que a energia elétrica também é um privilégio
para poucos agricultores familiares das regiões Norte e Nordeste. Enquanto 36,6% dos
estabelecimentos familiares do Brasil têm acesso ao este serviço público, os percentuais
variam de 9,3% e 18,7% nas regiões Norte e Nordeste, respectivamente, a 73,5% na
região Sul.
Disso tudo, resulta que o quadro se agrava mais quando se considera a conjugação
de variáveis determinantes de uma sustentabilidade multidimensional. A
incompatibilidade da prática de uma agricultura com o perfil sócio-econômico
predominante dos agricultores familiares da região Nordeste e junto ainda a
incompatibilidade com a grande diversidade de micro-ambientes (clima, solo, recursos
hídricos etc.) da região conduz os agricultores a terem dificuldades de se estabelecer no
campo. A adoção desse modelo de agricultura demanda intensivamente capital (crédito,
insumos, máquinas, equipamentos etc.), isto é, eles precisam ter um movimento
contínuo de capital financeiro para dar conta de suas necessidades de aquisição de tais
materiais, pois sem isso não conseguem desencadear o processo produtivo. O quadro
então é, do ponto de vista econômico, de uma geral dependência externa, ao mesmo
tempo, do ponto de vista tecnológico, que não conseguem estabelecer vínculos com o
ambiente natural que assegurem longevidade produtiva.
O nosso trabalho junto às comunidades em Pernambuco reveste-se das
características aqui citadas e orientou o tempo todo a nossa ação em campo, mas teve
importância fundamental na definição do diagnóstico. Trabalhamos de forma coletiva
com os demais técnicos do COEP, na perspectiva de superar algumas das dificuldades
principalmente no que se refere à contribuição que podemos dar para a organização
comunitária.
O princípio metodológico geral adotado é que todo o processo ensino
aprendizagem se desenrolou a partir da construção/ reconstrução de saberes dos
participantes tendo como base os saberes inerentes à cultura popular assim como os
saberes científicos historicamente construídos pela humanidade. Nesta perspectiva como
princípios metodológicos específicos temos que não existem saberes, nem relação dos
sujeitos com os saberes, se não for numa perspectiva de compreender este processo,
numa relação com o contexto político, econômico e social onde tais sujeitos estão
inseridos. Assim, o ponto de partida do processo de transformação de lógica individual e
coletiva das famílias envolvidas, será o das relações que os sujeitos estabelecem com o
mundo de uma maneira geral, em especial com o mundo do trabalho. Deste princípio
decorre um outro que aponta na direção de que cada tema, conceito ou noção a ser
trabalhada nos processos de capacitação, deverão sempre partir das noções que os
sujeitos já construíram no seu ‘senso comum’, pois não há aprendizagem se os
indivíduos não conseguem estabelecer ligações entre os novos conhecimentos e os
conceitos intuitivos que eles formaram ao longo de sua vida.
Para sintetizar, a metodologia a ser utilizada deverá utilizar como princípios
metodológicos:
• A valorização dos saberes dos participantes: O trabalho pedagógico é baseado na
construção do saber a partir das experiências, do vivido e das percepções de cada
participante sobre os temas discutido;
• O estímulo à emissão de opiniões: Nosso trabalho será baseado na livre expressão de
idéias e opiniões de todos os integrantes do processo. Este princípio de trabalho
contribui para que estes mesmos participantes possam construir uma lógica de
reflexão e de tomadas de decisões tendo como princípio fundamental a participação
de todos os envolvidos;
• A criação de um ambiente lúdico e amigável: Nós utilizaremos técnicas, jogos e
dinâmicas de grupo que sirvam à descontração das pessoas e à aproximação
recíproca, de forma amigável. Desta maneira, nosso objetivo é de estimular a
construção coletiva dos saberes e das decisões tomadas durante os trabalhos
realizados; e,
• A prática interdisciplinar, necessária à superação da visão restrita de mundo, à
promoção de uma compreensão adequada da realidade e à produção de
conhecimento centrada no homem rompendo os “muros” que, freqüentemente, se
estabelecem entre as disciplinas integrando e engajando educadores num trabalho
conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade
de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos
alunos, a fim de que possam exercer criticamente a cidadania mediante uma visão
global de mundo e serem capazes de enfrentar os problemas complexos, amplos e
globais da realidade que os cerca.
Esta etapa de trabalho, que constitui o Diagnóstico Rural Participativo será
composta de três sub-etapas principais, quais sejam : a visita de observação, a oficina de
diagnóstico e a oficina de retorno dos resultados descritos no item 3.1.
2.2 – Para as capacitações
O projeto elaborado para as capacitações a partir do diagnóstico realizado teve como
objetivos os que se seguem:
Objetivo Geral:
Desenvolver um projeto de capacitação para mulheres e jovens nas comunidades COEP
de Pernambuco, de modo a criar novas fontes de renda, promover sua inserção sócioeconômica através do estímulo ao processo de construção da cidadania, na perspectiva
de que possam contribuir na renda familiar, melhorar a qualidade de vida, e gerar
desenvolvimento o local, evitando o Êxodo rural.
Objetivos Específicos:
 Realizar oficinas de capacitação em costura, artesanato, produção de bijouterias, entre
outras indicadas pelas comunidades no processo de priorização das demandas;
 Contribuir para o entendimento do valor da mulher dentro da realidade local, através
de conversas e debate sobre as relações de gênero;
 Contribuir para a conscientização do valor do trabalho coletivo, através de
capacitações que estimulem o desenvolvimento de práticas associativas;
 Contribuir para que mulheres e jovens possam criar estratégias de comercialização de
seus produtos, através de diálogos sobre associativismo, de modo que possam se
organizar e criar verdadeiros empreendimentos;
 Resgatar a importância da permanência na terra, desenvolvendo outras fontes de
renda e delas retirando tudo o que precisam,
 Enfocar os problemas causados pelo êxodo Rural mostrando a verdadeira realidade
nas cidades.
 Propiciar o conhecimento das políticas públicas existentes visando esclarecer os
membros das comunidades às diferentes formas de acesso às mesmas.
 Oferecer elementos para que os integrantes das comunidades possam fomentar um
processo endógeno de construção da cidadania
Em termos metodológicos, é essencial ressaltar que os princípios metodológicos
gerais utilizados no diagnóstico se repetem como princípios no decorrer do processo de
capacitação. Isto é, o princípio de que todo o processo de ensino e aprendizagem se
desenrolou a partir da construção e reconstrução de saberes dos participantes , tendo
como base os saberes inerentes à cultura assim como os saberes científicos
historicamente construídos pela humanidade.
Além, dos princípios metodológicos gerais é importante ressaltar que o nosso
trabalho foi organizado a partir do estabelecimento de alguns eixos e conteúdos
principais. Importante salientar que na execução estas questões não estavam muito
separadas pois o principal eixo utilizado que foi a organização de grupos produtivos
(associativismo) serviu de ponto de partida para discussão dos demais eixos. Os eixos
trabalhados foram:
EIXO 1: Associativismo e desenvolvimento local
• Mudanças recentes no mundo do trabalho e impactos no cotidiano do agricultor
familiar
• Mudanças de paradigma: Convicções básicas e regras inconscientes
• Os valores utilizados na construção do paradigma associativo
• Princípios e bases da organização do trabalho coletivo
• Definição de papéis individuais e coletivos no grupo associativo
• O papel das lideranças nos grupos associativos
• A importância da participação na construção do trabalho coletivo
• Relações de poder
• Gestão de Conflitos
• Cooperação e Competição interna e externa.
• Economia Solidária
• A importância do protagonismo comunitário para o desenvolvimento local
• Associativismo e agricultura familiar: o cotidiano do trabalho coletivo de jovens,
mulheres e agricultores
EIXO 2: Resgate da identidade campesina
• Agricultura familiar e identidade campesina: passado e presente.
• Os impactos da revolução verde na transformação da identidade camponesa
• Agroecologia e identidade camponesa
• O resgate da identidade camponesa numa perspectiva de desenvolvimento
sustentável
• Agricultura familiar e agroecologia
• Sítios e quintais produtivos: uma alternativa de segurança alimentar
EIXO 3: Formação de grupos produtivos de confecção, artesanato e bijouteria
• Realização de oficinas para capacitações de corte e costura, através das próprias
moradoras da comunidade, e a criação de detalhes com o sistema de
customização, com a participação das estagiarias da UFRPE do curso de
Economia Domestica, utilizando os próprios produtos da região como:
sementes, folhas,flor secas, etc;
• Oficinas diversas com as diferentes técnicas de costumização (Anexo 1),
artesanato e bijouteria a partir da escolha das comunidades
• O que é ser grupo
• Como dividimos tarefas no grupo (Papéis e responsabilidades)
• Formação de preço (custo fixo e viariável)
• Noções de registro contábil
• Prestação de contas e acompanhamento coletivo das finanças do grupo
• Organização de estoques
• Comercialização
• Relações com os clientes
• Compra coletiva de insumos
• Elaboração de projeto produtivo para crédito (PRONAF mulher)
OBS: As oficinas das técnicas no anexo 1 só serão ofertadas na medida em que
consigamos recursos para comprarmos a matéria prima para realizá-las
EIXO 4: Formação para a cidadania
•
•
•
•
•
O que é ser cidadão
Quais os direitos e deveres do cidadão
Como exercemos a cidadania
Como podemos contribuir para o exercício da cidadania dos que nos cercam
Casos concretos de exercício da cidadania : na educação, na saúde, no exercício
político
• O que são políticas públicas
• Como podemos acessar políticas públicas
EIXO 5: Relações de gênero
• O que são relações de gênero
• Direitos da mulher e direitos humanos
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Direito à comunicação
Direito à educação sexual
Direito a agir contra a violência em geral, particularmente à sexual
Direito á salário igual para trabalho igual
Direito á identidade
Direito à autonomia
Direito á não discriminação
Direito ao reconhecimento do trabalho doméstico
Direito a participar da política
Empoderamento a partir da participação nos orgãos de decisão locais
Estes eixos foram desenvolvidos com maior ou menor ênfase nas comunidades
participantes dependendo das necessidades apontadas em cada uma delas.
Além disto, estabelecemos algumas formas de monitoramento e avaliação
representadas principalmente pelos aspectos abaixo relacionados:
•
•
•
•
Relatórios das capacitações
Aplicação de questionários de avaliação
Avaliação de cada capacitação com os participantes
Fotos e registros visuais
3. Descrição e análise das atividades
3.1
Do diagnóstico
Como já indicado no item 2.1 foram realizadas no diagnóstico as seguintes
atividades :
Visita de observação : Esta etapa consiste numa visita onde, à partir de um roteiro préestabelecido (Anexo 1), caminhamos nas comunidades, conversamos com as lideranças e
fizemos uma reunião com as pessoas mobilizadas. Tínhamos como principais aspectos a
serem observados :
- Identificar lideranças locais;
- Estabelecer o número aproximado de pessoas (homens, mulheres e jovens) existentes;
- Identificar as principais formas de sobrevivência;
- Observar ambiente físico ( Condições de moradia, de saneamento básico, de acesso à
água e à energia,etc);
- Identificar as condições de acesso aos serviços públicos;
- Identificar as manifestações culturais e religiosas mais importantes;
- Levantar as formas de organização já existentes principalmente as que se referem aos
grupos de mulheres e jovens;
Oficina de diagnóstico : Esta oficina de 8 horas de trabalho foi realizada com o
objetivo de responder à três questões principais : Quem somos ? O que temos ? O que
queremos ? O planejamento da oficina (Anexo 2) esteve dividido em três momentos
principais na perspectiva de responder às questões citadas. Num primeiro momento para
responder à questão “Quem somos”, o trabalho centrou-se na elaboração da linha da
vida da comunidade para a seguir levantar os principais aspectos relativos à
potencialidades, dificuldades e problemas enfrentados pela mesma. No momento
seguinte para identificar “O que temos”, utilizamos as seguintes categorias como guia da
discussão realizada : Relevo / Solo / Vegetação, Posse da terra, Fonte d'água (poços,
barreiros, riachos e açudes), Cultivos (diversificação da produção), Criação, Trato
(controle de qualidade) no cultivo dos produtos e na criação dos animais, entre outros.
Finalmente, na última etapa, para trabalharmos “O que queremos”, projetamos
coletivamente os sonhos individuais e coletivos para a seguir estabelecer cruzamentos
entre sonhos e dificuldades na perspectiva de pensar coletivamente estratégias de ação
para aproximar os sonhos da realidade.
Oficina de retorno dos resultados: O Principal objetivo desta oficina foi o de
publicizar para as comunidades os resultados do diagnóstico a fim de priorizar
coletivamente as demandas de capacitação. No que se refere às demandas, seguiremos a
classificação adotada por nosso colega Prof. Deusimar da UFRN, quais sejam :
Demandas Estruturantes, Demandas de apoio às políticas públicas e Demandas de
capacitação. Nesta oficina entregamos às comunidades uma cópia do diagnóstico mais
completo e várias cópias (um para cada participante da reunião) de um resumo
preparado para este fim, e incluimos no Anexo 3 do presente relatório um exemplo
desta ficha de devolução do diagnóstico para as comunidades.
Demandas, desejos e sonhos...
A realização das atividades acima nos permitiu, além de obter informações mais
gerais das comunidades já apresentadas no item 1 deste relatório, de aprofundar alguns
aspectos mais subjetivos como os que se seguem. Os quadros que se seguem são
demonstrativos dos desejos e sonhos, alguns deles transformados em demandas, que as
comunidade expressaram durante o processo de diagnóstico.
b.1) Furnas
Sonhos
Ações para os Sonhos se tornarem realidade
MULHERES
•Desenvolvimento de Furnas;
•Ser feliz;
•Ter ambulância na comunidade,
•Que a comunidade cresça e se desenvolva;
•Emprego para os jovens;
•Ser ator de rádio;
•Crescer na vida;
•Publicar um livro;
•Construção de um galpão comunitário;
•Água encanada;
•Comunidade trabalhando no corte e
costura;
•Vida a dois melhor que a da minha mãe;
•Felicidade para a família,
•Curso de capacitação para unir a Costura e o
bordado;
•Costurar com máquina industrial;
•Alternativa de financiamento com os bancos;
•Cursos de: Confeitaria, Pintura em tecido,
Cabeleireiro, Artesanato, Panificação;
•Salão comunitário; construção do Posto de
saúde;
•Fazer abaixo assinado para prefeitura para
conseguir uma ambulância;
JOVENS
•Um futuro melhor para todos;
•Formação profissional;
•Arrumar emprego, ajudar família e a
comunidade;
•Ser feliz e ganhar muito dinheiro;
•Deus no coração de todos;
•Aprender a costurar;
•Melhorar a renda através do bordado;
bom futuro profissional;
•Emprego;
•Serviço;
•Saúde e projetos para todos;
•Tudo de bom para comunidade;
•Oficina de corte e costura;
•Oficina de artes, cultura, pintura, reciclados;
•Segurança para comunidade fazer abaixo
assinado e levar ao batalhão de polícia;
•Ensino fundamental completo na comunidade
promover abaixo assinado e encaminhar a
secretária de educação;
•Criação de uma horta comunitária, onde todos
tem a sua parcela de contribuição e
participação;
HOMENS
•Paz e alegria;
•Boa vida e paz no mundo;
•Emprego e Saúde a todos;
•Ser professora;
•Aprender a ler;
•Riqueza e felicidade;
•Bola de futebol;
•Curso profissionalizante;
•Escola para jovens e adultos;
•Capacitação com técnicos para recuperar o
solo;
•Equipamentos para recuperação do solo;
•Um banco de sementes de qualidade
b.2) Boi Torto
Sonhos
Ações para que os sonhos tornem-se realidade
•Ser veterinário
•Ter paz
•Saúde/felicidade
•Divisão dos lotes
•Mudar de vida
•Ficar rico
•Vida melhor
•Alimento p/ todos
•Costura
•Condição de vida melhor
•Criação de abelha
•Bicicleta/celular
•Trabalho, união e condições de viver no lugar
•Planejamento/cursos
•Criação de abelhas ( cursos )
•Pesca Curso/Material
•Facção: Máquinas
•Cursos
•Água tratada:
Parcerias, Associação, governo, prefeitura
•“orelhão / Telefone”
Parceria Telemar
•Construção de uma capela: Parceria com a igreja
•Açude: parceria com o governo do estado
•Um trator
•Construir mais reservatórios
•Construção
•Loteamento do assentamento
•Mais parcerias
•Zelar os atuais reservatórios
DEMANDAS ESPECÍFICAS DAS MULHERES
•Facção
•Capacitação
•Costura
•Gerenciamento
•Criação de galinha caipira
•Beneficiamento do leite
b.3) Pedra Branca
Sonhos
Ganhar na Mega-Sena
Bom emprego
Ter salário (renda)
Estudar na Universidade
Estudar bastante e me formar
Saúde e Paz
Ter banheiro
Máquina de lavar roupa
Casa própria na cidade
Reforma na casa, Possuir um terreno para trabalhar
Possuir uma moto, Carro
Ter um marido rico, Ser rica
Quadra esportiva
Deixar de beber
Boneca, celular
Fundar uma instituição Filantrópica para ajudar as
famílias carentes (Luzenira)
Ações para que os sonhos tornem-se realidade
Apostar na megasena
Cursos corte-e-costura, culinária, artesanatos diversos
(pintura, bordado...);
Capacitação
para:
Apicultura,
Avicultura,
Reflorestamento e Agricultura.
Conseguir material para trabalhar (arado, trator...).
Facilitar o acesso ao estudo, como ter ensino até o 2°
grau completo na comunidade;
Tele-salas
Ativar o Posto de Saúde (fazer um abaixo assinado e
encaminhar para a prefeitura do município);
Já está sendo encaminhado um projeto de construção
dos banheiros
Empréstimo/agricultura, ovinos/caprinos para as
famílias
Promover a educação de jovens e adultos
DEMANDAS DE CAPACITAÇÃO DA COMUNIDADE
ÁREAS
DEMANDAS
Corte-costura
Informática
Agricultura
Capacitação
Administração
Fornecimento
Mercado
Máquinas
Serigrafia
Capacitação
Equipamento
Fruticultura
Capacitação
Utilização de Adubo Orgânico
Terra
Sementes
Irrigação
Máquinas Agrícolas
Ferramentas
b.4) Algodão do Manso
“Ontem eu perdi o meu último sonho. Meu sonho velho e risonho que tanto tempo sonhei”.
(Reflexão de um dos participantes da oficina)
Sonhos
•Ser Vaqueiro
•Que Deus dê um trabalho para os meus filhos
•Ver a comunidade crescer com trabalho para todos
•Uma casa, uma boa esposa, um emprego e um casal
de filhos
•Ter um trabalho para ajudar os meus dois filhos e o
meu esposo
•Um trabalho
•Ganhar no bicho para comprar uma moto
•Que a comunidade Algodão do Manso se
desenvolva e que os jovens não tenham que sair
para trabalhar fora
•Um trabalho certo, ser mãe e ser feliz para sempre
•Ficar idoso com saúde
•Trabalho para o povo
•Emprego
•Ensinar Inglês
b.5) Pilões
Ações para que os sonhos tornem-se realidade
•“A primeira ação que deve ser feita é nos unirmos a
vocês e levar a sério esta oficina. Sempre trabalhar em
grupo, participar dos encontros com vocês, e fazer o
possível para ver o nosso curso de computação,
costura, etc. E vencermos!”
•Indústria para promover emprego, Um curso de
computação, Médicos, Mais professores, Mais
comércios (farmácia, padaria...)
•Centro de Informática – Articular com o Coep
•Criação de Cabras – Repasse através de alguma ONG
•Financiamento para desenvolvimento da agricultura
(cursos, capacitações...)
•Reunião com agricultores para discutir o
financiamento do PRONAF
•Formação de Associação
•Máquinas de costura
•Diversos cursos: Bordados, Pintura, Culinária,
Bijuterias...
•Aumento do nível de educação – Mais escolas
•Campo de futebol, quadra
•Reconstruir a Sede da associação (para também servir
para casamentos, festas...)
Sonhos
•Ser um jogador de Futebol
•Um futuro melhor para todos
•Ser feliz
•Passar de ano
•Ganhar um computador
•Que a comunidade cresça e se desenvolva
•Emprego para os jovens
•Formação profissional
•Arrumar emprego, ajudar família e a comunidade
•Crescer na vida
•Ser feliz e ganhar muito dinheiro
•Paz e alegria
•Que a fábrica funcione
•Ser professora
•Fazer Faculdade de informática
Ações para que os sonhos tornem-se realidade
•Profissionais na comunidade para nos auxiliar
(informática, tear, artesanato, laticínios...)
•Cursos para gerar renda para os jovens
•Trabalhar em união para atingir bons resultados
•Cursos de agricultura e criação
•Aumentar os rebanhos
•Estudar mais
•Se esforçar para viver melhor
•Realizar uma ação coletiva por semana
•Levantar os talentos na comunidade e organizá-los
para ensinar aos que não sabem.
b.6) São João do Ferraz
Sonhos
Ações para que os sonhos tornem-se realidade
•uma vida melhor
•Ser motorista
•Conseguir um investimento para comprar máquinas
de costuras para que juntas possamos trabalhar
•Construir casa para os filhos
•Aprender a ler
•Conviver tranqüilamente com as pessoas
•Sair um empréstimo para podermos trabalhar
•Ser cantador de viola
•Ser fazendeiro
•Comprar uma moto
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Capacitação para a criação de animais
Parceria para que um veterinário viesse uma vez
por mês
Limpeza do açude (através também de parceria)
Elaborar um projeto de financiamento para a
aquisição de um trator[
Criatório de peixe / camarão no açude
(financiamento, curso de manejamento e
acompanhamento do IBAMA)
Conseguir uma escola (com ajuda do Coep)
Uma professora capacitada para jovens e adultos
Cursos de capacitação para artesanato, costura,
tricô, crochê...
Uma voluntário que ocupasse a atenção das
crianças enquanto os adultos estivessem
trabalhando (creche)
Investimento para comprar máquinas, tecidos e
aviamentos para confeccionar roupas
O Coep fazer logo o repasse dos caprinos
Construir um chiqueiro organizado para o verão e
o inverno
Cursos:
Técnicas de solo
Costura
Para lecionar
Combater as pragas que atacam o algodão
Para fazer Hortas Orgânicas
Alfabetização
Eletricista /Encanador / Eletrônica
Culinária
Se organizar (através da associação) para ir na
prefeitura e pedir que o médico atenda mais vezes
na semana, e que o agente de saúde também passe
mais vezes na casa (atualmente só passa uma vez
no mês)
Telecentro
c) Classificação das demandas das comunidades
A partir dos desejos e sonhos apresentadas nos quadros acima, classificamos as demandas apontadas pela
comunidade em estruturantes, de acesso à política pública e de capacitação.
QUADRO DE DEMANDAS DAS COMUNIDADES
COMUNIDADES
Furnas
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Boi Torto
Pedra Branca
Algodão do Manso
Estruturantes
Adubação da terra
Segurança
Saneamento básico
Ensino do 2º grau
Melhorar as estradas
Ambulância
Construção de um galpão
Água encanada
Posto de Saúde
Banco de Sementes
•
•
•
•
•
•
•
Manutenção dos equipamentos
Creche
Um trator
Construir e zelar pelos reservatórios
Loteamento do assentamento
Água encanada e tratada
Posto de saúde, escola, orelhão,
capela, açude
• Eletrificação
• Água encanada e tratada
• Posto de saúde, escola, orelhão,
capela, açude
• Eletrificação
• Atendimento veterinário
• Asfaltar as estradas
• Quadra de Esportes
•Acesso à Informática
•Água Tratada e encanada (cisternas)
•Banheiro fora da residência
•Saneamento básico
•Ativação do Posto de Saúde
•Ambulância
• Apoio à Agricultura
• Promover a educação de jovens e
adultos
• Banco de Sementes
• Médicos
Capacitação
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Agricultura
Corte/Costura
Bordado
Alfabetização
Confeitaria
Pintura em tecido
Cabeleireiro
Artesanato
Panificação
Reciclagem
Horta comunitária
Técnicas de recuperação de solo
Associativismo
Facção
Costura
Gerenciamento
Criação de galinha caipira
Beneficiamento do leite
Apicultura
Pesca (Curso/Material)
Associativismo
•Corte-e-costura,
•culinária
• artesanatos
•Apicultura
•Avicultura
• Reflorestamento
•Agricultura.
•Administração
•Fornecimento
•Mercado
•Serigrafia
•Pintura
•Bordado
•Fruticultura
•Utilização de adubo orgânico
• Associativismo
•
•
•
•
•
•
São João do Ferraz
Pilões
Escolas
Farmácia, padaria
Acesso à informática (tele centro)
Máquinas de costura
Quadra esportiva
Reconstrução da Sede da Associação
• Máquinas de costura, tecidos e
aviamentos
• Escola (Educação para jovens e
adultos)
• Atendimento veterinário
• Limpeza do açude
• Trator
• Uma professora capacitada para
ensinar a jovens e adultos
• Creche
• Repasse de caprinos
• Construção de um chiqueiro
• Aumentar os rebanhos
• Funcionamento da fábrica
• Água encanada
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Informática
Costura
Criação de cabras
Bordado
Pintura
Culinária
Bijuterias
Criação de animais
Criação de peixe e camarão
Artesanato
Costura
Tricô, Crochê
Técnicas de solo (combate às pragas
que atacam o algodão)
•
•
•
•
•
•
Informática
Tear
Artesanato
Laticínios
Agricultura e criação
Associativismo
É importante salientar que nem 20 % das demandas apontadas e
priorizadas pelas comunidades foram efetivadas em termos de capacitação. Isto em
função do número de comunidades atendidas e também da dificuldade de termos
recursos para a realização das capacitações.
3.2
Das capacitações
Conforme já citado neste documento, estavam previstas a realização de
capacitações que envolviam os seguintes 5 eixos principais. No entanto, do
conteudo dos eixos só conseguimos abordar os aspectos que se seguem:
EIXO 1: Associativismo e desenvolvimento local
• Mudanças recentes no mundo do trabalho e impactos no cotidiano do agricultor
familiar
• Mudanças de paradigma: Convicções básicas e regras inconscientes
• Os valores utilizados na construção do paradigma associativo
• Princípios e bases da organização do trabalho coletivo
• Definição de papéis individuais e coletivos no grupo associativo (iniciado mas
não concluido)
EIXO 2: Resgate da identidade campesina
• Agricultura familiar e identidade campesina: passado e presente.
• Agricultura familiar e agroecologia
EIXO 3: Formação de grupos produtivos de confecção, artesanato e bijouteria
• Oficinas diversas com as diferentes técnicas de costumização (Anexo 4),
artesanato e bijouteria a partir da escolha das comunidades
• O que é ser grupo
• Como dividimos tarefas no grupo (Papéis e responsabilidades)
• Formação de preço (custo fixo e viariável)
EIXO 4: Formação para a cidadania
• O que é ser cidadão
• Quais os direitos e deveres do cidadão
• Como exercemos a cidadania
EIXO 5: Relações de gênero
• O que são relações de gênero
• Direitos da mulher e direitos humanos
Os eixos foram desenvolvidos com maior ou menor ênfase nas comunidades
participantes dependendo das necessidades apontadas em cada uma delas.
Número de horas de capacitações realizadas, incluindo observações participantes:
COMUNIDADE
Furnas
Pilões
Algodão do Manso
N° HORAS
40
16
16
8
40
16
16
8
40
16
16
CONTEÚDOS PRINCIPAIS
Area Textil
Associativismo
Cidadania e Gênero
Textil X Informática
Area Textil
Associativismo
Cidadania e Gênero
Textil X Informática
Area Textil
Associativismo
Cidadania e Gênero
Boi Torto
São João do Ferraz
Pedra Branca
TOTAL
40
16
16
8
8
40
16
16
40
16
16
456
Area Textil
Associativismo
Cidadania e Gênero
Agroecologia
Textil X Informática
Area Textil
Associativismo
Cidadania e Gênero
Area Textil
Associativismo
Cidadania e Gênero
Em termos das capacitações podemos analisar alguns aspectos como sendo
principais. Os aspectos privilegiados em termos das oficinas de customização
(Cores e Formas, entendendo a Customização, moda e consumo, História, função e
comunicação do vestuário, Tendência de moda, Empreendedorismo,
comercialização, custo da produção e cálculo de preço) foram o mote para a
realização das discussões de gênero e associativismo. No entanto, vale salientar que
tivemos principalmente a participação de mulheres sejam elas adultas ou jovens.
Poucas ou quase nenhuma das atividades desenvolvidas foram voltadas para os
homens jovens.
É importante ressaltar que ao longo desse tempo, foram enfrentadas algumas
dificuldades para o cumprimento dos trabalhos nas comunidades. Uma delas é o
tempo que se leva para volta às comunidades, chegando a demorar de 15 a 20 dias,
quando na verdade, para a obtenção de um resultado mais satisfatório, o retorno
deveria se dar a cada sete dias, pois, trata-se de um aprendizado baseado num
processo que é lento e a demora no retorno atrapalha bastante. Isto se deve
principalmente por serem seis comunidades acompanhadas num curto período de
tempo e com pouca disponibilidade de recursos.
O intuito do trabalho que vem sendo desenvolvido têm sido não só de
ensinar novas técnicas que permitam às comunidades uma geração de renda, mas,
sobretudo, aprender com essa experiência de extensão, enriquecer os
conhecimentos e desenvolver nas comunidades toda potencialidade da equipe com
formação acadêmica multidisciplinar cujo objeto de estudo é a melhoria da
qualidade de vida das famílias.
4. Resultados e impactos
4.1
Nas comunidades
De um modo geral, pode-se perceber resultados positivos como fruto da
implementação das oficinas de Découpage nas comunidades acompanhadas pelo
COEP nesse período de Julho a Novembro de 2006. Algumas evidências como o
fortalecimento da idéia do trabalho em grupo como uma forma produtiva, a
produção e comercialização de peças, o senso de organização e participação e
outras mudanças comportamentais como uma melhor desenvoltura de alguns
participantes durante as oficinas, demonstram a importância dessa ação de
intervenção para a promoção da qualidade de vida das famílias.
Mensalmente, foram feitas avaliações nas comunidades a fim de verificar o
índice de satisfação e aproveitamento das pessoas envolvidas no Projeto, cujo
resultado está expresso no gráfico abaixo:
100
Índice de apre ndizado
95
90
85
80
75
70
De s e m pe nho das
facilitadoras
Índice de participação
das pe s s oas da
com unidade
Observando a figura acima, pode-se perceber que para os participantes da
oficina, o aprendizado tem sido bastante satisfatório, atingindo um índice de 95%.
Já o desempenho das facilitadoras, para eles, foi avaliado em 93% e a participação
das pessoas da comunidade obteve um índice de 80%. Estes números confirmam
como o impacto do Projeto de Universidades Cidadãs está influenciando
construtivamente a vida dessas pessoas, pois, elas estão se apropriando de novos
conhecimentos e descobrindo como é importante unirem forças para o contorno
das adversidades e para conseguirem atingir um objetivo maior comum utilizando
esses novos saberes.
Além desses pontos já citados, pode-se destacar o início da produção e
comercialização de peças produzidas pelas próprias comunidades como uma forma
de promoção não só do desenvolvimento local, mas, sobretudo, da qualidade de
vida das famílias que participam do referido Projeto.
Não podermos deixar de citar que algumas comunidades estão buscando
sua própria autonomia no que diz respeito a obtenção de recursos para ampliar sua
produção, como financiamento para a compra de equipamento (máquinas de
costura, matérias-primas etc.). E também a sua própria história, sua identidade
como grupo, criando a sua própria marca que irá acompanhar cada peça produzida,
simbolizando aquele grupo.
Na universidade
Em termos da universidade podemos destacar como principais impactos:
• Transformação na lógica dos estudantes envolvidos no processo enquanto
estagiários valorizando o trabalho com as comunidades populares;
• Inserção de 6 estudantes voluntárias que deram uma enorme contribuição
ao projeto;
4.2
• Produção de duas monografias (trabalho de conclusão de curso) uma
concluida e outra em fase de elaboração;
• Conhecimento do projeto pelas instâncias do departamento de educação e
da universidade;
• Publicação de trabalhos na I SEMEX (Semana de Extensão da Universidade
Federal Rural de Pernambuco), VI JEPEX (Jornadas de Ensino, pesquisa e
extensão da Universidade Federal Rural de Pernambuco), I Congresso
Nacional da Rede de ITCPs e na exposição de animais com stand montado;
4.3
Perspectivas (nas comunidades e nas universidades)
Temos como principais perspectiva a continuidade do trabalho nas
comunidades. È de fundamental importância que possamos finalizar o trabalho
previsto no plano original de capacitações pois muitos dos conteúdos previstos
ainda não foram trabalhados.
Além disso, vamos entrar numa fase mais estruturadora em relação aos
projetos nas comunidades e a nossa perspectiva é de poder organizar grupos
produtivos mesmo em cada comunidade visando a geração de trabalho e renda
através do processo de empoderamento de mulheres e jovens nas mesmas.
Temos ainda como perspectiva a possibilidade de poder estabelecer relações
mais próximas com os movimentos sociais na região no sentido de poder pouco a
pouco enraizar o trabalho no local para que a comunidade busque outros apoios de
forma autônoma.
Em termos da universidade, teríamos como principal objetivo ampliar o
processo de divulgação do trabalho, possibilitando a articulação de novas parcerias
em outros departamentos e dando visibilidade aos resultados do trabalho através de
publicações.
ANEXOS
ANEXO 1
Roteiro de observação
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
INCUBADORA TECNOLÓGICA DE COOPERATIVAS POPULARES
PROJETO : COEP Nacional / Universidades Cidadãs
Equipe :
Profa. Ana Maria Dubeux Gervais
Bolsistas:
Glaydson Santiago
Alcidézia Almeida
Carolina Amazonas
ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO
1) Identificar lideranças locais :
•
•
•
•
•
•
•
Presidente Associações;
Prefeito;
Lideranças clubes de mães;
Lideranças jovens;
Presidentes sindicatos rurais;
ONG’s ou outras instituições que trabalhem na localidade;
Outras lideranças consideradas importantes.
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
2) Estabelecer (se possível) o número de pessoas (homens, mulheres e jovens) que
participarão das oficinas;
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
3) Observar quais as principais formas de sobrevivência :
• Agricultura;
• Pecuária;
• Serviços;
• Comércio;
• Outros
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
4) Observar ambiente físico :
•
•
•
•
•
•
Condições de moradia
Condições de saneamento básico;
Acesso à água;
Acesso à energia;
Condições climáticas;
Outros aspectos considerados como importantes.
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
5) Condições de acesso aos serviços públicos:
•
•
•
•
•
Saúde;
Educação;
Lazer;
Transporte;
Outros
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
6) Manifestações culturais mais importantes:
• Forma de manifestação das tradições e costumes;
• Principais festas do ano;
• Manifestações de aspectos importantes na caracterização dos traços culturais
da comunidade. Ex. Medicina popular, curandeiros, aspectos religiosos, etc)
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
7) Levantar formas de organização:
• Identificar as diferentes formas de organização existentes, sejam elas formais
ou não. Observar principalmente as formas de organizações vinculadas à
jovens e mulheres. (Não se restringir às associações)
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
8) Levantar disponibilidade para realização da oficina de diagnóstico no final de
janeiro.
ANEXO 2
Planejamento da Oficina de diagnóstico
TEMP ETAPA
TEMA
O
9 :30 - OBJETI Apresentar ao grupo
9 :45
VOS os objetivos do
trabalho
9:45 – QUEM Registrar
a
10:20
SOMOS expectativa
do
?
Grupo
OFICINA DE DIAGNÓSTICO
METODOLOGIA
FOI FEITO ORALMENTE PELO PROFESSOR;
QUEM SOU EU?
O QUE ESTOU TRAZENDO PARA A OFICINA?
O QUE ESPERO DESTA OFICINA?

MATERIAL

.




As tarjetas com as perguntas acima foram coladas em folhas de
papeis krafts, o mediador pediu para q todos os presentes
respondessem as perguntas um dos estagiários anotava as
respostas;
10 :20 – QUEM Resgatar a história
11 :45
SOMOS do grupo através da
?
construção
da
"Linha da Vida".
-
Como começa a nossa história ?
Como o grupo se juntou ?
Como conseguiram a terra ?
Quais os fatos mais importantes da nossa história ?
Quais as dificuldades que já enfrentamos juntos ?
Quais os momentos felizes que já tivemos juntos ?
O que queremos hoje e no futuro ?
As perguntas foram apresentadas em tarjetas e os participantes
respondiam, a linha da vida era construída pelo mediador em um







Papel Kraft
Lápis Piloto
Fita Adesiva
Cola
Tarjetas
Papel “Kraft”
Fita crepe
Fita
para
empacotamen
to
Cartolina
Tarjetas
Piloto
painel de papel kraft construído para todos verem;
13 :30-14 O QUE Levantar
os
:30
TEMOS ? recursos
disponíveis (infraestrutura, naturais
e
mão-de-obra).
Sistematizando
mais
detalhadamente o
uso
atual
e
potencial
dos
solos,
recursos
naturais, relevos,
distâncias
etc.
Além de cultivos,
vegetação
e
problemas
existentes.
14 :40 –
O
Dinâmica das bolas
15 :00
QUE (bexigas) – O meu,
QUERE o seu, o nosso
MOS ? sonho....
INTERVALO PARA O ALMOÇO
Aspectos levantados:
 Relevo / Solo / Vegetação / Posse (proprietário)
 Fonte d'água (poços, barreiros, riachos e açudes)
 Cultivos (diversificação da produção)
 Criação
 Trato (controle de qualidade) no cultivo dos produtos
 Poluição ambiental/erosão
 Infra-estrutura (estradas, eletrificação etc.)
 Divisão do trabalho
 Tecnologia utilizada
 Problemas e dificuldades
Foram divididos 3 grupos (jovens, mulheres e agricultores),
tarjetas foram entregues com as fases/palavras acima e foi
pedido pra que os grupos construíssem painéis com frases e
palavras relacionadas com os recursos disponíveis na
comunidades;
Cada equipe apresentou o que foi construído;
 Encher a bexiga pensando num desejo (sonho) que vai estar ali
dentro, com registro dos sonhos de todos em um painel.
 Cada participante apresenta o seu sonho ao grupo.
 Cada um jogará com seus sonhos trocando as bexigas com a
pessoa da esquerda. Vai trocando de companheiro até o 3º da
esquerda. O moderador vai indicando o que fazer com as
bexigas (tocar com o pé, com o cotovelo, com a cabeça, etc.)
 Todos os participantes colocam seus “sonhos” no centro de um
Papel "Kraft"
Pincel
Lápis
hidrocor ou
de cera
Caneta ou
lápis
Bloco de
anotações
Fita crepe
Questões
orientadoras
escritas em
papel "Kraft"


Bexigas
coloridas
Fita
c/
música suave


15 :00-15 COMO
:40
CONSE
GUIR?
15:40-16 Avaliação
:00
círculo e jogam coletivamente com os sonhos de todos, com
cuidado para não estourar o sonho de ninguém.
O moderador pede que cada um pegue “um sonho” e abrace o
companheiro que está à sua frente, colocando seus “sonhos”
entre eles. Durante o abraço as bexigas estouram e os sonhos se
misturam.
Reflexão sobre a dinâmica.
Os grupos (jovens, mulheres e agricultores) reuniram-se para
estabelecer ações para alcançar os sonhos, o trabalho foi feito
em folhas de papel kraft,
 Todos os grupos apresentaram as ações;
Os participantes indicarão no painel suas avaliações
• Que bom...
• Que pena...
• Que tal....



Bolinhas
adesivas,
painel
ANEXO 3
Exemplo de ficha de devolução do diagnóstico para as comunidades
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE ASSOCIATIVISMO PARA O ENSINO, PESQUISA E
EXTENSÃO – PAPE
INCUBADORA TECNOLÓGICA DE COOPERATIVAS POPULARES
COEP NACIONAL
BOI TORTO-BEZERROS-PE
Principais potenciais da comunidade:
• Terra (481 hc)
• Tele-sala;
• Associação dos pequenos produtores dos sitios boi torto e ramada;
• 17 casas construídas todas em alvenaria com quartos, sala, cozinha,
banheiro;
• 12 com cisterna com capacidade para 18 mil litros e o açude;
• Existem três máquinas de costuras, onde um homem e algumas mulheres
já costuram.
• Agricultura plantio de: milho, feijão, tomate, pimentão e batata;
• Pecuária criação de: caprinos, bovinos, galinhas e perus;
Principais dificuldades:
• Falta de um trabalho coletivo;
• Não possuir assistência veterinária;
• Assentados utilizam defensivos agrícolas em lavoura sem proteção;
• Falta de geração de renda no assentamento;
• Não possuir escolas, posto de saúde, transporte regular e orelhão no
assentamento;
Desejos/Sonhos (demandas):
Estruturantes:
•Creche;
•Um trator;
•Construir mais reservatórios;
•Loteamento do assentamento;
•Zelar os atuais reservatórios;
Políticas Públicas:
•Água encanada e tratada;
• Posto de saúde, escola, orelhão, capela, açude;
Capacitação:
•Facção e Costura;
•Gerenciamento;
•Criação de galinha caipira;
•Beneficiamento do leite;
•Apicultura;
•Pesca (Curso/Material);
ANEXO 4
OFICINAS DE COSTUMIZAÇÃO
OFICINA
OFICINA
INSTRUTOR:
Evolução da indumentária
CH 2h
Edjane Fragoso, Edla Monteiro, Joseilda Maria, Márcia Gabriel, Sandra Adolpho, Zoraide Firmina
PLANO DE CURSO
Área Temática:
Mostrar as transformações do vestuário ao longo da história, desde a era primitiva até os dias de hoje, como também as
diferença entre as vestimentas feminina e masculina.
Objetivo(s):
Fornecer informação sobre a evolução das vestimentas em diferentes épocas da história.
Contextualização da A historia do vestuário é estudada a partir dos registros históricos, onde encontramos vestígios nos objetivos pessoais,
atividade:
nas pinturas, nas esculturas, etc. Inicialmente a vestimentas foi usada para a proteção contra o calor e o frio, com o uso
de peles de animais oriundos da caças. Todavia, foi a partir do momento em que o homem e a mulher deixaram de ser
nômades e passaram a desenvolver a agricultura e a pecuária, que se deu o desenvolvimento da tecelagem, com fibra
animais (carneiros/lã) e fibras vegetais (linho e algodão). Ao longo do tempo, verifica-se que no vestuário sempre houve
diferenciação de estilo nas distintas épocas da história, e também nas variadas posições geográficas. A vestimenta è um
marco importante na historia, ela pode influenciar comportamento, e também pode nos mostra em que épocas da história
certos estilos foram usados. Por este motivo, é de fundamental importância para quem trabalha com moda o estudo da
evolução da indumentária, e do conhecimento dos vários estilos, formas e cores de cada época.
Conteúdo
O vestuário na Pré-história, na Mesopotâmia, na Grécia; Roma, no Império Bizâncio, na Idade média, Renascimento,
Programático:
Século XVI e XVII na Europa e Brasil a partir século XVI até século XXI.
Forma de Avaliação
 Observação interesse dos participantes;
 Apresentação da síntese do assunto;
 Criação de uma peça de uma época da historia.
OFICINA
OFICINA
INSTRUTOR:
Área Temática:
Objetivo(s):
Contextualização
atividade:
Conteúdo
Programático:
Cores e Formas
CH 2h
Edjane Fragoso, Edla Monteiro, Joseilda Maria, Márcia Gabriel, Sandra Adolpho, Zoraide Firmina
PLANO DE CURSO
A funções das cores e as formas no vestuário.
Orientar os grupos produtivos sobre a importância da utilização das cores e formas no vestuário.
da Segundo o dicionário Aurélio, cor é impressão visual produzida pelos raios de luz decomposta. As cores têm um efeito
sobre nós com as sensações e reações. Também é utilizada como símbolos, por exemplos o verde simboliza a esperança,
o branco a paz, etc.; podem até determinar a que classe social que o individuo pertence. Também, pode transmitir a
aparência física, como engorda ou emagrece, aparência mais velha ou mais nova. No vestuário as cores são utilizadas
para dá harmonia e equilíbrio nas roupas.
Já as formas são, segundo o dicionário Aurélio, a configuração exterior dos corpos, maneira como as coisas se
manifestam, estilo, etc.
Conceito, função e significado de cor; Regra para uso das cores; Tipos de formas; Como observa as formas na natureza;
e Uso das formas no vestuário.
Forma de Avaliação
 Realizar práticas com a criação de cores, a partir das cores primarias;
 Efetuar práticas com o uso das formas;
 Criar peças com cores e formas diferenciadas.
OFICINA
INSTRUTOR:
Área Temática:
Objetivo(s):
Contextualização
atividade:
OFICINA
Moda e Tendência
CH 2h
Edjane Fragoso, Edla Monteiro, Joseilda Maria, Márcia Gabriel, Sandra Maria, Zoraide Firmina
PLANO DE CURSO
A moda e a tendência
Orientar os grupos produtivos sobre o que é a moda e sua influência no que diz respeito ás vestimentas;
Fornecer informações sobre o que quer dizer tendência e como ela influência o mercado consumidor;
da A moda pode ser definida como sendo as variações contínuas, relativamente transitórias e socialmente aceitas, ocorridas
nas vestimentas, na mobília, na música, na arte, na fala e noutras áreas da cultura. Em seu sentido corriqueiro, porém, a
noção de moda acha-se de forma espontânea associada ao vestuário e às decorações corporais e estilos ornamentais. Em
geral, os estudiosos costumam destacar o seu caráter paradoxal e aparentemente irracional: a moda de ontem tende a ser
considerada ridícula e feia; e a de amanhã é ainda estranha ou absurda; só a de hoje é boa, agradável ou adequada. A
tendência influência a moda de acordo com os acontecimentos que ocorre em determinado lugar ou país; um exemplo é a
realização da copa este ano, que faz com que a tendência aqui no Brasil seja roupas com as cores da bandeira brasileira.
São lançadas por ano quatro tendências de moda: inverno, outono, verão e primavera. Onde os estilistas criam suas
coleções para serem lançados nos grandes centros de moda com Milão, Nova York, Paris, Tóquio, e Brasil. Como
também os estilos, cores, formas, acessórios são mostrados e as confecções filtram as tendências lançadas e produzido as
roupas para o mercado consumidor. Por este motivo, é de fundamental importação o entendimento sobre o assunto moda
e tendência para quem lida com confecção, para compreender a exigência do mercado consumidor.
Conteúdo
Programático:
Forma de Avaliação
O que é moda?; Tipos de moda; Como os meios de comunicação influenciam na moda; O que é tendência?; Tipos de
tendência; A influência da tendência na moda; As tendências de 2006;
 Produção de peças de roupas nas tendências atual;
 Apresentação da síntese sobre o assunto;
 Curiosidades das participantes.
OFICINA
INSTRUTOR:
Área Temática:
Objetivo(s):
Contextualização
atividade:
OFICINA
Oficina de bordado, pedraria e fuxico
CH 48h
Edjane Fragoso, Edla Monteiro, Joseida Maria, Márcia Gabriel, Sandra Adolpho, Zoraide Firmino
PLANO DE CURSO
Aplicação de diversificadas técnicas de bordado tradicional , bordado com pedraria (miçanga. Vidrilho, lantejoula, etc.)
e a utilização de relhos para a confecção de fuxicos, criando detalhes inovadores para a renovação de peças do vestuário.
 Capacitar as participantes da oficina nas diversas técnicas do bordado tradicional e com pedraria (miçanga,
canutilho, vidrilho, etc.) para a inovação de peças do vestuário e acessórios como cintos, bolsas e sandálias;
 Ensinar a confecção de fuxico (retalho formando flores) e a sua aplicação para a transformação de peças mais
simples em algo mais sofisticado, alegre e criativo.
 Promover a geração de renda a partir da criação de peças exclusivas do vestuário e acessórios com o emprego das
técnicas ensinadas.
 Desenvolver a criatividade e despertar o interesse das pessoas pelos trabalhos manuais.
da O bordado é uma técnica utilizada desde muito tempo, aproximadamente 500 anos d.C, sendo ponto cruz foi o primeiro
ponto a ser utilizado. Espalhou-se pela Europa, Ásia e Estados Unidos, principalmente na Inglaterra, onde foram
encontrados os primeiros trabalhos, em 1598. Naquele tempo, o ponto cruz era para as mulheres a única escola que lhes
permitiu aprender junto à técnica dessa delicada arte: Letras do alfabeto, borboletas, flores, casas, bordas floridas e as
famosas amostras (samplers - na língua Inglesa). Nos motivos, apareciam a assinatura de quem realizava o trabalho, a
data e às vezes a idade da bordadeira. Desde a Idade Média até os dias atuais o prestígio do ponto cruz nunca diminuiu.
Os motivos ganharam novas inspirações e muita vitalidade, levando os trabalhos às possibilidades de enriquecer a
decoração, dar ares a criatividade e também valorizar a habilidade manual. Os pontos de bordados são: ponto cruz, ¼
ponto cruz, ¾ ponto cruz, ponto cruz duplo, ponto reto, etc. As técnicas do bordado em fazer os pontos são simples e
proporcionam uma atividade relaxante, que não sobrecarrega a mente. Enquanto se trabalha com os pontos podemos
ouvir música, conversar, etc.
Conteúdo
A importância das cores e formas no processo de customização; Pontos básicos de bordado; Pontos básicos de bordado
Programático:
com pedraria (lantejoula, miçanga, vidrilho), aplicação de renda e tecido formando bordados, motivos variados, flores,
folhas, borboletas; Aplicação de pedraria em sandálias; montagem do fuxico; Aplicação e formação de motivos variados
com fuxico, Produção de peças do vestuário e acessórios com a utilização das técnicas ensinadas; Elaboração de
orçamento e o custo da peça.
Forma de Avaliação
 Observação e desempenho dos participantes da oficina durante a execução das atividades práticas e participação
efetivas nas aulas como um todo;
 Avaliar as formas, a costura, o acabamento e customização das peças produzidas.
OFICINA
OFICINA
INSTRUTOR:
Oficia de Crochê e Macranê
CH 16h
Edjane Fragoso, Edla Monteiro, Joseilda Maria, Márcia Gabriel, Sandra Adolpho, Zoraide Firmino
PLANO DE CURSO
Área Temática:
Criação de peças com o emprego e combinação dos vários pontos do crochê e a técnica dos nozinhos (macramê).
Objetivo(s):
Capacitar as participantes da oficina nas técnicas do crochê e do macramê para a criação de peças do vestuário e
acessório como bolsas, cintos e sandálias;
Promover a geração de renda a partir da criação de peças exclusivas com o emprego das técnicas ensinadas;
Desenvolver a criatividade e despertar o interesse das pessoas por trabalho manuais.
Contextualização da A utilização do crochê e o macramê, com uma das técnicas na customização é também uma nova tendência da moda,
atividade:
que vem sendo muito usada em diversos artigos de vestuário e em acessórios. Diante do exposto, fazer uso destas
técnicas manuais em roupas vai proporciona a valorização da peças e conseqüentemente a elevação do preço de venda.
Conteúdo
Pontos Básicos do Croché; Combinação dos pontos de crochê; Pontos básicos de crochê filé; Pontos básicos de
Programático:
macramê; Combinação dos pontos de macramê; Confecção de cintos e sandálias, montagem e transformações de das
peças com as referidas técnicas.
Forma de Avaliação
 Observação do desempenho dos participantes da oficina durante a execução das atividades práticas e
participação efetiva nas aulas como um todo.
 Avaliar as formas, a costura, o acabamento e customização das peças produzidas.
OFICINA
Oficina de Montagem de Bolsas
CH 24 h
Edjane Fragoso, Edla Monteiro Joseilda Maria, Márcia Gabriel, Sandra Adolpho, Zoraide Firmino
PLANO DE CURSO
Área Temática:
Confecção de bolsas femininas de diversas formas e modelos, feitas em tecido, empregado algumas técnicas de bordado
em pedraria e fuxico, soutache, sianinha, crochê, macramê e trança-fitas.
Objetivo(s):
Capacitar os participantes da oficina na confecção de bolsas em tecidos;
Promover a geração de renda a partir da criação de bolsas exclusivas;
Desenvolver a criatividade e despertar o interesse das pessoas pelos trabalhos manuais.
Contextualização da As bolsas são acessórios fundamentais no vestuário, tanto no feminino quanto no masculino, é uma peça útil e que
atividade:
também pode apresentar uma característica pessoal e variar de acordo com a ocasião. Este é um acessório no qual têm se
utilizado vários materiais, modelos, formas e tecidos e que está em grande evidência no mercado da moda.
Conteúdo
Costura básica; Modelagem; Utilização de cores e formas na confecção das bolsas; Corte; Montagem; Costura;
Programático:
Acabamento; E customização de bolsas.
Forma de Avaliação
 Observação do desempenho dos participantes da oficina durante a execução das atividades práticas e
participantes efetiva nas aulas como um todo.
 Avaliar as formas, a costura, o acabamento e customização das peças produzidas.
Insumos Necessários*
OFICINA
INSTRUTOR:
OFICINA
OFICINA
INSTRUTOR:
Área Temática:
Objetivo(s):
Contextualização
atividade:
Oficiade Decoupage
CH 16h
Edjane Fragoso, Edla Monteiro, Joseilda Maria, Márcia Gabriel, Sandra Adolpho, Zoraide Firmino
PLANO DE CURSO
Elaboração de peças exclusivas com a utilização de motivos em retalhos de tecidos, colados nas peças a serem
produzidas.
Capacitar as participantes da oficina nas técnicas da decóupage (motivos de retalhos de tecidos colados nas peças) para a
criação de peças alegres, sofisticadas e criativas.
Promover a geração de renda a partir da criação de peças exclusivas do vestuário e acessórios com o emprego da técnica
ensinada.
Desenvolver a criatividade e despertar o interesse das pessoas por trabalho manuais.
da A utilização da decoupage é uma técnica na customização, que consiste na com colagem de tecidos com motivos
diversos. Aparasse também como uma nova tendência da moda, que vem sendo usada nas roupas e acessório, etc. Está
técnica valoriza a roupa, dando um toque de sofisticação, e certa sensualidade nas peças.
Utilização as estampas do tecido; Aplicação; Colagem; Acabamento; e Montagem das peças.
Conteúdo
Programático:
Forma de Avaliação
 Observação e desempenho dos participantes da oficina durante a execução das atividades práticas e participantes
efetiva nas aulas como um todo.
 Avaliar as formas, a costura, o acabamento e customização das peças produzidas.
OFICINA
INSTRUTOR:
Área Temática:
Objetivo(s):
Contextualização
atividade:
OFICINA
Oficina bordado com soutache, com fita, flores de sianinha
CH 48h
Edjane Fragoso, Edla Monteiro, Joseida Maria, Márcia Gabriel, Sandra Adolpho, Zoraide Firmina
PLANO DE CURSO
Aplicação de diversificadas técnicas de bordado com soutache e fita; e a utilização de sianinha para a confecção de
flores, criando detalhes inovadores para a renovação de peças do vestuário.
 Capacitar as participantes da oficina nas diversas técnicas do bordado com soutache e fita, para a inovação de peças
do vestuário como blusas, vestidos, saias e ect.; e acessórios como cintos, bolsas e sandálias;
 Ensinar a confecção de flores de sianinha e a sua aplicação para a transformação de peças mais simples em algo
mais sofisticado, alegre e criativo.
 Promover a geração de renda a partir da criação de peças exclusivas do vestuário e acessórios com o emprego das
técnicas ensinadas.
 Desenvolver a criatividade e despertar o interesse das pessoas pelos trabalhos manuais.
da A utilização de aviamentos de confecção (sianinha, fio de soutache e sianinha) na customização de roupas e acessório,
com propósito de agregar valor à peça, ou seja, valorizar o produto trabalhado. Fazer uso de técnicas com estes materiais
permite dar um toque peculiar regional com sofisticação em artesanato em geral. Além de proporcionar o resgate e a
valorização das atividades manuais e das costureiras e bordadeiras domésticas.
Conteúdo
Planejar e programar a customização de roupas determinando as operações e etapas a serem realizadas, recursos
Programático:
necessários e cronograma de execução; Elaborar orçamento de serviços; Elaborar pontos básicos de bordado com
soutache e aplicação de pedrarias; Realizar trançado com fita; Confeccionar e aplicar flores de sianinha; Utilizar as
técnicas citadas para agregar valor à peças do vestuário e à acessórios.
Forma de Avaliação
 Será feita através de observação e desempenho dos participantes da oficina durante a execução das atividades
práticas e participaçãos efetivas nas aulas como um todo.
 Avaliar as formas, a costura, o acabamento e customização das peças produzidas.
Insumos Necessários*
OFICINA
INSTRUTORAS:
Área Temática:
Objetivo(s):
Contextualização
atividade:
OFICINA
Reaproveitamento de Roupas
CH 32h
EdjanFragoso, Edla Monteiro, Joseilda Maria, Márcia Grabiel, Sandra Adolpho, Zoraide Firmino
PLANO DE CURSO
Reaproveitar roupas visando agregar valor às peças do vestuário.
Capacitar as participantes sobre a importância do reaproveitamento de roupas como uma forma de tornar peças mais
simples em algo mais elaborado e de acordo com a tendência atual.
da Em decorrência das oscilações das tendências da moda, algumas peças do vestuário tendem a cair em desuso. Uma das
formas de se reaproveitar essas peças consideradas “ultrapassadas” seria a aplicação de técnicas manuais para
transformar peças do vestuário, o que, tanto pode ser utilizado para a redução do orçamento familiar no tocante ao item
vestuário como para geração de renda.
Escolher as roupas a serem reaproveitadas. Cortar; Reformular as roupas ; Costura; acabamento; Customizar.
Conteúdo
Programático:
Forma de Avaliação

Será feita através de observação e desempenho dos participantes da oficina durante a execução das atividades
práticas e participantes efetiva nas aulas como um todo.
 Avaliar as formas, a costura, o acabamento e customização das peças produzidas.
LISTAS DE PRESENÇA
FOTOS
Oficinas de diagnóstico
Capacitações

Documentos relacionados