pêssach decodificado

Transcrição

pêssach decodificado
INTRODUÇÃO A HAGADÁ DE PÊSSACH
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PÊSSACH DECODIFICADO
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INTRODUÇÃO | RAV BERG
Não é necessário estar na prisão para ser um prisioneiro. O caos é a verdadeira prisão. De acordo com o Ari,
a palavra “liberdade” tem apenas um significado: liberdade do caos ou bila hamavet laNetsach. Durante
milhares de anos, a consciência negativa fez com que a sociedade acreditasse que a Festa da Liberdade
tivesse a ver com emigração – o Êxodo dos israelitas do Egito. Essa consciência impediu que as pessoas
descobrissem o verdadeiro significado da noite do Seder e da Festa de Pêssach (Páscoa).
A Kabbalah ensina que todo evento no Universo é resultado da ação humana. Quando somos bons ou maus,
criamos uma energia positiva ou negativa, que é a causa de todos os fenômenos. É isso exatamente o que a
Kabbalah afirma, mesmo que nem sempre percebamos a correlação entre eventos cosmológicos e as ações
humanas.
Se quisermos controlar eventos futuros, temos que controlar o CD que estamos transmitindo com o filme
das nossas vidas, e podemos decidir a partir de uma série interminável de possibilidades o que será
realizado. A partir do momento que inserimos o CD e ligamos o vídeo cósmico, os eventos subsequentes
ocorrem sob a forma prescrita, sem nenhum livre arbítrio de nossa parte. Mas usando a restrição, podemos
ejetar o CD, escolher um CD diferente dentre uma variedade infinita, e inserir o novo CD no lugar do
antigo.
Na noite do Seder (Refeição da Ordem), podemos mudar o nosso filme para o ano seguinte, até o próximo
Pêssach. Cada CD inicial de cada pessoa é determinado de acordo com os atos de suas vidas passadas.
Enquanto as pessoas não realizarem ações para mudar esse CD inicial, seu roteiro permanecerá o mesmo
ano após ano, e seu futuro será previsível. Mas na noite do Seder, nos é dada a oportunidade de mudar o
futuro. O Zohar afirma que toda pessoa que se conectar com a Luz revelada na noite do Seder será
transportada para um Universo Paralelo, e se conectará com um vídeo de onde todos os julgamentos de
vidas passadas terão sido apagados. Essa é a oportunidade que a festa de Pêssach nos oferece, e devemos
aproveitá-la.
Em Pêssach, existe um paradoxo. Nissan pode ser um mês negativo se não nos conectarmos com a energia
que é transmitida na noite do Seder e se não a revelarmos no mundo com a consciência correta, da forma
como a Kabbalah nos ensina. Se não estivermos em harmonia com o Universo, então estaremos sujeitos ao
aspecto negativo do mês. A Torá nos diz (Deuteronômio 30:19): “E Eu lhes dou vida e morte — escolham
vida”.
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BEM-VINDO À HAGADÁ DE PÊSSACH | YEHUDA BERG
Se você está lendo esta Hagadá agora, significa que já está no caminho para a liberdade – liberdade do caos,
sofrimento, ego, morte. Mas essa liberdade é uma oferta com data de início e data de expiração; ela envolve
tirar partido de uma energia especial apenas num determinado momento do ano.
Às vezes pode parecer que estamos estagnados e que não há jeito de mudar. Todos no mundo sofrem com
alguma coisa. Há momentos em que achamos que nossos dilemas não podem ser resolvidos, que temos
problemas tão grandes que não podem ser acertados. Mas Pêssach nos dá a Luz para dissolver e preencher
todos os lugares onde tenhamos escuridão – em cada um dos aspectos da nossa vida: pessoal, espiritual,
físico, financeiro.
O negócio de auto-ajuda é um dos mais influentes no mundo atual. Há tanta conversa sobre depressão,
raiva, baixa auto-estima. A verdade é que não existe informação que, sozinha, resolva nossos problemas.
Ninguém achou a fórmula vencedora. O ingrediente que falta é sempre a Luz. Conhecer o problema e ter
uma solução lógica, linear, não é suficiente. É assim que funcionamos durante todo o ano. Temos que ter a
Luz para resolver o problema. Mas nunca conseguimos fazer o bastante para garantir uma conexão
constante com a Luz.
Em Pêssach, podemos receber a Luz para resolver todos os nossos problemas. O jogo que o Oponente
(Satán,em hebraico) joga conosco pode ter um fim. Não temos que sentir que existem coisas que não
possam ser resolvidas. Toda pergunta possui uma resposta. Toda situação possui um resultado potencial
positivo. A Luz para isso encontra-se disponível para nós em Pêssach.
Pior do que não saber que essa abertura existe – não saber que em Rosh Hashaná obtemos vida, não saber
que em Pêssach obtemos a Luz para remover nossos problemas – é tentar estabelecer uma conexão com
Pêssach sem realmente entender a tecnologia, sem compreender o que acontece durante o processo do
Seder. Fazemos um esforço para nos conectar; separamos tempo do nosso dia caótico para melhorar nossa
vida, mas não necessariamente o fazemos da forma adequada, e aí perdemos nosso foco, nossas prioridades,
e tudo isso porque não fazemos o esforço necessário para aprender o que realmente é esse processo.
Temos que entrar em nós mesmos e descobrir quais são nossos problemas, que questões temos, e onde
queremos que a Luz remova a escuridão. Temos que identificar nossa escuridão, para que quando chegue
Pêssach, saibamos para onde direcionar a Luz. A Luz não penetrará em um lugar onde nós próprios temos
medo de entrar.
Muitas vezes, temos medo de admitir que existe um problema, medo de prosseguir e perceber como o
problema é grande, medo de sentir o vazio, sentir a essência e a verdadeira magnitude de qualquer que seja
o problema ou questão que esteja nos atormentando. O que nos faz perder o sono, nos fechar, ficar
deprimidos e nos impede de ser quem queremos ser? Se não fizermos essas perguntas, se ficarmos parados
nesse caminho, então a Luz também estacionará. A Luz só entrará onde permitirmos que Ela entre.
O primeiro passo é internalizar o fato de que a Luz não faz nada que não façamos. No Salmo 121, o Rei Davi
escreveu HaShem Tsilchá (Deus é sua sombra). A Luz faz o que fazemos. E o que não queremos fazer, a Luz
não faz. Não porque não queira, mas porque não pode. Quaisquer que sejam nossas limitações
auto-impostas, temos que entender que essas limitações também limitam a Luz. Nada – nem mesmo Deus,
nosso padre ou nosso rabino – pode fazer a Luz trabalhar por nós. Temos que penetrar na escuridão, admitir
que ela está presente, e senti-la, para o bem ou para o mal. Temos que dar uma olhada fria, dura em nós
mesmos. Ver os problemas, as características que nos levam aos relacionamentos destrutivos e ao nosso
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BEM-VINDO À HAGADÁ DE PÊSSACH | YEHUDA BERG
comportamento destrutivo. Encontrar os lugares escuros dentro de nós já é meia batalha vencida. E até que
façamos isso, a Luz não pode remover esses lugares escuros.
O segundo passo é trazer essa escuridão “à Luz” com outra pessoa. Quando finalmente abrimos nossos
olhos e encontramos as coisas que não são tão boas em nós, as coisas de que não nos orgulhamos, aquelas
de até mesmo sentimos vergonha, temos que abrir nossa escuridão para outra pessoa. Quando somos fortes
o suficiente para compartilhar nossas iniquidades – o que quer que não seja perfeito, que nos faça andar por
caminhos onde não deveríamos, lugares onde sabemos que não poderíamos estar – quando encontramos a
força para compartilhar esses lugares escuros com outra pessoa, então a Luz flui. A Luz preencherá e
iluminará esses lugares escuros. Não pode existir qualquer escuridão onde a Luz estiver presente.
Assim, temos que fazer essas duas coisas: encontrar a escuridão interna e depois ser capazes de encontrar a
coragem de compartilhar tudo isso com outra pessoa. Quando obtemos a Luz, quase não existem
obstáculos em nossas vidas. Quando não temos a Luz em nossas vidas, porém, é como se usássemos uma
camisa de força numa prisão de segurança máxima. Com a Luz, tudo está ao nosso alcance. Sem a Luz, as
barreiras entre nós e o que desejamos são infinitas.
E quando finalmente abrimos espaço para a Luz e Ela entra, ainda há trabalho a ser feito. Não é fácil.
Quando os bloqueios surgirem – e eles surgirão – se não tivermos a Luz, não teremos a tecnologia para
superar nossos obstáculos.
É simples. Com a Luz em nossas vidas, qualquer coisa é possível. Sem a Luz, nenhuma forma duradoura de
plenitude é possível. Só precisamos dar o primeiro passo.
Pêssach gira muito em torno da escravidão; você constatará isso nas páginas que seguem. O que nos torna
escravos? Colocado de forma simples, um escravo não tem escolha, e consequentemente não tem Luz, nem
liberdade. Em nossas vidas, quando nos fechamos para a Luz, quando bloqueamos aqueles pensamentos de
Luz e só comparecemos para recolher o contracheque, fazer o que nos interessa, sem tentar injetar Luz no
dia e nas coisas que fazemos, aí somos escravos. E isso não acontece apenas em relação ao trabalho. Somos
escravizados pelo que achamos que nosso caminho deva ser: pelo prognóstico do médico, pelo conselho do
advogado. Sempre que abrimos mão do controle, sempre que dizemos “Não vou confiar na Luz”, estamos
nos trancando dentro da prisão e jogando a chave fora. Temos que nos perguntar constantemente “Como
posso injetar Luz na situação?”. Quando não injetamos Luz, significa que somos escravos. E quando não
existe Luz, não existe escolha. Se não deixamos a Luz entrar, desligamos nosso próprio poder.
Cada um de nós é escravo em um ou outro aspecto da vida. Assegurar que vamos parar de ser escravos é o
trabalho que precisamos fazer durante Pêssach. Não é que Pêssach nos dê a Luz ou o poder de terminar com
a própria escravidão em si. Pêssach é um momento para perceber que somos escravos; que temos escuridão,
e que não estamos deixando a Luz entrar. Mas quando compreendemos que somos escravos e dizemos a nós
mesmos para parar e deixar a Luz entrar, aí está o verdadeiro poder de Pêssach: colocar a Luz naqueles
lugares onde somos escravos.
Se apenas seguirmos cegamente, sem procurar a oportunidade ou o ensinamento, como poderemos
compartilhar ou nos afastar da situação, de forma a enxergar o melhor resultado possível para nós? Será que
acreditamos de verdade que a situação pode desaparecer em cinco segundos, como aquelas pessoas que são
mal diagnosticadas? Por que uma coisa acontece com uma pessoa e não com outra? Como podemos
garantir que tenhamos o melhor filme possível? Injete Luz.
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BEM-VINDO À HAGADÁ DE PÊSSACH | YEHUDA BERG
Pegue um pedaço de papel e descreva a escuridão, aquele lugar onde você sente que está fechado, em que
tenha se tornado escravo ou se sinta vazio. Que parte da sua vida precisa de Luz? Existem muitas coisas
diferentes em nossas vidas que nos atormentam – inveja, sentimento de menos valia, finanças, raiva,
depressão – todas obviamente ligadas ao ego. Todos nós temos compartimentos internos. Olhe para dentro
de cada um e identifique a escuridão, aqueles lugares onde você quer que a Luz penetre. Esse exercício nos
leva a um conceito kabalístico ainda maior: se não nos prepararmos, não podemos nos conectar
completamente.
Se uma pessoa passa por uma cirurgia, tem que fazer um pré-operatório. Quando você faz um teste na
escola, você estuda. Você não pode simplesmente aparecer e esperar que o trabalho seja feito. O trabalho
acontece antes de cada um dos eventos. Assim, quanto mais escuridão você identificar com antecedência,
tanto mais escuridão poderá remover em Pêssach.
A vida não é fácil. Todos nós passamos por situações de dor. Eu sei que não é um mero interruptor que faz
a escuridão virar Luz. Existe um processo e ele exige trabalho. A questão é: de quanta escuridão você deseja
abrir mão?
Enquanto você não estiver no lugar em que deseja, significa que existe escuridão em sua vida. Temos que
descobrir quem somos e quem queremos ser, onde estamos e onde queremos estar. Faça uma lista,
detalhando onde você se encontra atualmente e seus objetivos. Para nos tornarmos essa pessoa e chegar a
esse lugar, temos que remover a escuridão.
A lista que você elaborou – deixe-a de lado; pegue-a novamente amanhã ou depois de amanhã, e continue
adicionando itens. E se você for participar do Seder, a principal conexão em Pêssach, leve a lista com você.
Você poderá usá-la na “Queima do Chametz,” na manhã do Seder de Pêssach (você saberá mais sobre isso
mais adiante).
Para ter sucesso nessa jornada, mesmo que você não compre totalmente a Kabbalah ou a ideia de Pêssach,
deve estar preparado para dar 100 por cento. Se você decidir dar uma chance a Pêssach, vá com tudo. Esteja
presente. Faça os exercícios. Faça as conexões. Mas não os faça porque lhe disseram que deveria ou porque
é a coisa certa a fazer. Pelo menos saiba onde você está se metendo.
Esse livro contém o “porquê” do que fazemos em Pêssach. Quando sabemos o “porquê”, sentimos uma
conexão, e então podemos passar de meros observadores a verdadeiros contribuidores e participantes.
A palavra Seder significa “ordem.” A forma de alcançar liberdade é através da ordem. O Seder é uma forma
planejada, estruturada de alcançar a liberdade. Primeiro, precisamos de estrutura, depois obtemos
liberdade. Quando a liberdade vem primeiro, é como algo “grátis para todos” ou “vou fazer o que eu quiser”
– e isso leva ao caos. Isso é egoísmo. É o Oponente assumindo o controle.
O que você vai encontrar nessa Hagadá é um plano detalhado, estruturado para escapar das garras do ego.
Às vezes, as ações vão parecer estranhas, as explicações fora do comum. Mas saiba que essa tecnologia não
é uma invenção do mundo moderno. Trata-se de uma receita antiga para nos libertarmos realmente da
limitação e da escuridão. O caminho para essa liberdade está pavimentado por palavras, conexões, ações e
consciência, encontradas nessa Hagadá. Todos os “porquês” dessas conexões ou são coisas que me foram
ensinadas pelo meu pai e mestre, oRav Berg, ou são ensinamentos que coletei de muitos dos maiores
kabalistas da história.
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Esses segredos não são invenção minha, são tecnologias antigas, passadas de kabalista para kabalista, de
mestre para discípulo através dos tempos.
Desejo-lhe sucesso no uso desse guia de Pêssach e na sua busca pela liberdade duradoura.
Yehuda Berg
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PARTE 1
O PROPÓSITO DE PÊSSACH
Existe um significado espiritual e um código oculto dentro da história da escravidão dos israelitas no Egito.
“Egito” é uma palavra em código para o nosso ego e o nosso comportamento reativo. “Escravidão” refere-se
à completa dominação do Oponente sobre a humanidade. Durante o tempo em que os israelitas habitaram
o Egito, o Jogo da Vida e o papel do Oponente nesse jogo tinham atingido um ponto crítico. O Oponente
estava no controle completo, e não havia jeito da humanidade vencê-lo.
E foi aí que uma coisa extraordinária aconteceu: a Luz interveio em nosso nome. De repente, dez choques
massivos de energia espiritual, codificados sob o nome de “Dez Pragas”, foram lançados no nosso mundo. A
onda de choque fez com que o Oponente ficasse desnorteado. Sua garra de morte sobre nós foi quebrada, e
nos deparamos em pé de igualdade com nosso Adversário. E no instante em que o estrangulamento que o
Oponente exercia foi quebrado, o caos desapareceu, conforme ficou patente no Êxodo dos israelitas do
Egito e no estado de imortalidade que foi alcançado no Monte Sinai. Esse é o poder de Pêssach.
Os israelitas saíram do Egito durante a primavera, no 15º dia de Nissan, quando o signo astrológico de Áries
influencia o Universo. A cada primavera, desde a criação do mundo, a energia de liberdade sempre existiu
na forma de potencial. Assim como toda a energia que fica aprisionada durante os meses do inverno é
liberada na primavera, assim também nossas almas esperam ser libertadas da servidão do Egito.
O Rav Elimelech ensinou que aprendeu a forma de se conectar com o Criador com os cossacos. Ele tinha
escutado uma história sobre um jovem guarda que tinha pegado no sono durante seu horário de vigia. Os
cossacos bateram no jovem soldado para assegurar que ele não dormisse mais durante o trabalho. Rav
Elimelech explicou que quando se trata do nosso trabalho espiritual e da nossa conexão com o Criador, não
podemos pegar no sono durante o trabalho. Somos solicitados a estar conscientes e presentes em todos os
momentos. No Egito, os israelitas estavam adormecidos. Mesmo estando escravizados e apanhando dos
egípcios, isso não os despertou do seu sono.
Eles estavam tão ocupados com seu egoísmo e com o Desejo de Receber para Si Mesmos que se tivessem
ficado no Egito apenas mais um dia, nunca mais poderiam sair. O destino dos israelitas era sair do Egito
como parte do processo natural de tikun (correção espiritual). Mas eles estavam tão ocupados com a
negatividade que não tinham poder para sair por vontade própria. No entanto, eles (e até mesmo nós agora)
não “mereceram” a liberdade que lhes foi dada como um presente do Criador, e é por isso que a triste verdade
é que ainda estamos no Egito. Pense nisso. Alguma vez o mundo mereceu de verdade a liberdade em
qualquer ponto da história? O motivo pelo qual ainda nos encontramos no Egito hoje em dia é porque da
primeira vez, não merecemos ser resgatados.
Além disso, se tivéssemos escapado do Egito de verdade, será que ainda existiria caos? As pessoas
continuariam a sofrer? Essa ideia é tão importante que merece ser repetida: ainda estamos no Egito. Esse é
o motivo de todo o caos no mundo – e nas nossas vidas – hoje. Mas em Pêssach, e na noite do Seder em
particular, temos a chance de finalmente escapar para sempre.
Em nossa conexão desta noite, é importante lembrar que não estamos apenas trabalhando para sair do
nosso Egito pessoal – do nosso ego, vícios e comportamentos negativos – estamos trabalhando para sair do
Egito global, do qual o mundo até agora não mereceu ser libertado.
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PARTE 1
A noite do Seder nos leva da escravidão para a liberdade. Mas o que significa a escravidão para nós hoje? Um
escravo pode ter uma posição importante. Então, se ser um escravo não é uma descrição de cargo, então o
que é a escravidão? Escravidão é não ter liberdade de fazer nossas próprias escolhas. A verdadeira liberdade
é a capacidade de escolher. Na maioria das vezes, fazemos escolhas inconscientemente ou sem saber. Mas
Pêssach nos desperta para a consciência de que estamos fazendo escolhas a todo momento; e idealmente,
carregaremos essa consciência conosco durante o ano todo.
O motor que abastece os milagres – para alcançar a Redenção Final – é a narração da história do Êxodo do
Egito. Só de falar de Moisés, somos despertados para a realidade de que estamos no Egito e de que podemos
nos conectar com Pêssach (liberdade do caos) agora. Existe uma abertura para nós hoje. Não temos que nos
ligar ao passado para nos conectar com essa abertura; temos só que ler a história.
Pêssach nos leva da escravidão para a redenção a qualquer instante, mas só se entendermos e aceitarmos que
podemos ser redimidos. Nos momentos em que sentimos que fizemos tantas coisas negativas que seria
impossível mudar, sempre podemos “voltar” ao Egito. A redenção começa com o Egito. Egito é o
reconhecimento de que o começo para se trazer o bem é enxergar o mal. Os israelitas no Egito tinham
atingido o nível mais baixo da humanidade, e ainda assim Deus os tirou de lá e 50 dias depois lhes deu a
imortalidade.
Galut (exílio) é que traz a gue’ulá (redenção). Por isso Jacó teve que ir para o Egito. Para alcançar a grandeza,
temos que enfrentar voluntariamente nossas fraquezas. Em outras palavras, entender a Galut significa
entender nosso caos; entender nosso caos é o que propicia a gue’ulá; entender a dor é o que traz a plenitude.
A Hagadá diz que o Criador viu nossa aflição. O que precisamos ver para ter o Criador em nossas vidas? Se
não enxergarmos o quanto somos errados, nunca mudaremos e nunca nos acertaremos.
PREPARAÇÃO FÍSICA E MENTAL ANTES DE PÊSSACH
Para maximizar nossa conexão com Pêssach e a Luz que recebemos, vale a pena preparar nosso Receptor,
para que possamos conter e manter essa energia durante o ano todo. Essa preparação envolve trabalho
espiritual que se relaciona a purificação espiritual. Olhamos para dentro, a fim de identificar nosso próprio
e específico Desejo de Receber para Nós Mesmos, nossa negatividade pessoal. Durante essa purificação,
descobrimos o que é real, em oposição ao que é ilusório em nossas vidas, o que nos permite distinguir e
reconhecer entre o nosso ser verdadeiro (nossa alma) e nossas máscaras (nosso ego).
E porque esse processo ocorre no mês de Áries, temos o suporte da energia cósmica que existe nesse
momento, e que torna evidentes todas aquelas coisas sobre nós que não queremos ver. Em termos simples,
podemos enxergar como somos egoístas, irritados e como podemos ser tão reativos. Essa consciência vem
automaticamente, porque essa é a natureza de Áries. Precisamos nos concentrar em um tipo específico de
lixo pessoal, porque toda a nossa negatividade virá à tona. A importância desta percepção é clara: se não
soubermos que a negatividade está presente, não podemos nos livrar dela. Assim, ao invés de temer esse
processo, ele se torna uma ‘faxina’ empolgante e revigorante da alma, que podemos abraçar!
O trabalho físico de Pêssach é externo e direto. Temos que expurgar tudo que esteja em nosso poder que seja
chametz (trigo, cevada, aveia, centeio e os grãos comuns usados para assar pão).
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PARTE 1
O que é tão único sobre esses grãos e os alimentos assados que deles derivam? Por que o pão é uma das coisas
mais básicas e comuns no mundo, se seu processo de criação é tão trabalhoso? Afinal de contas, podemos
pegar um peixe e cozinhá-lo ou pegar uma fruta e comê-la. Mas para fazer pão, temos que colher o trigo,
separá-lo, moê-lo, transformá-lo em farinha e depois em massa, deixá-lo crescer e finalmente assá-lo. É
realmente um processo longo e trabalhoso.
A resposta a essas perguntas pode ser encontrada na dimensão espiritual. Espiritualmente, pão é a energia
de desejo. Por isso ele requer um processo tão extenso e árduo para ser criado. Pão ou as coisas assadas se
expandem e crescem, da mesma forma que o nosso ego – nosso Desejo de Receber—se expande e incha.
Os kabalistas nos dizem para nos preparar para Pêssach fisicamente percorrendo nossos armários de roupa
ou de utensílios e nossas despensas e limpá-los de todo traço de grãos – ou seja, do Desejo de Receber. Limpe
a casa. Limpe o carro. Limpe qualquer objeto físico ou espaço que possa conter quaisquer migalhas do
Desejo de Receber. Mas para que cada ação física tenha um significado e uma conexão, é necessária intenção
espiritual. Temos que limpar nosso ambiente físico com a consciência de limpar nosso Desejo de Receber,
nossos interesses pessoais egoístas. Ao procurar pelas migalhas em nosso colchão, meditamos em procurar
migalhas de negatividade nos cantos da nossa alma. As migalhas em nossa alma são nossa inveja, ódio,
medo, julgamento, necessidade de aprovação, baixa auto-estima e a sensação de ter direito às coisas. A
limpeza física é uma ferramenta para ativar um processo espiritual. Não é só uma simples faxina; trata-se de
usar uma ação física para estimular uma transformação espiritual.
PROCURANDO E QUEIMANDO O CHAMETZ
Após o anoitecer do 14º dia de Nissan, quando pelo menos três estrelas estiverem visíveis no céu,
escondemos dez pedaços de pão em nossa casa; depois, apagamos as luzes e procuramos esses pedaços de
pão à luz de vela. Lembre-se de que essa busca não é só para encontrar e recolher os pedaços de pão
escondidos – o verdadeiro propósito da procura é encontrar a nossa negatividade.
Por que dez pedaços de pão? Cada pedaço nos conecta com as dez dimensões do sistema impuro. O sistema
impuro espelha a estrutura das Dez Sefirót da Árvore da Vida. Procurar e encontrar esses dez pedaços de pão
representa a purificação espiritual e metafísica da nossa negatividade e do nosso Desejo de Receber para Nós
Mesmos – os diferentes pedaços de Chametz que encontramos correspondem aos diferentes níveis de
energia negativa que estamos iluminando. Esse exercício faz parte da tecnologia que destrói o sistema
preciso de construção da energia negativa, substituindo-o pela estrutura perfeita da energia positiva do
Desejo de Compartilhar.
O ASPECTO INTERNO DO CHAMETZ
Os kabalistas nos ensinam que chametz se refere até à menor partícula de poeira. Essa é uma lição sobre a
importância de qualquer ação ou pensamento, não importa o quanto pequeno ou insignificante. Se
conhecermos a verdade, qualquer coisa e tudo que fazemos em Pêssach é mashu (algo) – é o pedacinho
insignificante de poeira que se torna significativo. Assim, qualquer coisa negativa que façamos em Pêssach
é muito mais perigosa. Se uma pessoa fica com raiva ou rouba durante Pêssach, a transgressão é muito mais
séria. Isso nos ensina que é a insignificante “particula de poeira” que arruína os relacionamentos.
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PARTE 1
Devido à natureza do signo zodiacal de Áries e à energia de Marte que controla Áries, tudo o que acontece
durante a semana de Pêssach é exagerado. Quando a janela cósmica de Pêssach se abre, nossas ações são
ampliadas. Portanto, precisamos ter um cuidado extra com nossas ações e palavras.
Durante os 7 dias de Pêssach não comemos pão. Embora a refeição do Seder nos ofereça a conexão com
Pêssach, se não pudermos seguir toda a tecnologia kabalistica durante a semana de Pêssach, faça apenas
uma coisa: Não coma os cinco grãos proibidos (trigo, cevada,aveia, centeio e espelta) durante todos os sete
dias. Essa é uma receita para nos proteger dos efeitos da negatividade – de guerras, distúrbios que vem do
ego, orgulho e raiva – durante o ano inteiro.
O Zohar nos diz que chametz é considerado ser como o Oponente (Satán, em hebraico), e é por esse motivo
que nos recomenda não comê-lo durante a semana de Pêssach. Mas se chametz é comparado à energia do
Oponente, por que o comemos durante o restante do ano? O que faz Pêssach diferente? A resposta se encontra no livro de Gênesis, que descreve a existência de duas realidades: a realidade da Árvore da Vida , e a realidade da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Durante o restante do ano, vivemos na realidade da
Árvore do Conhecimento onde somos influenciados pelas forças tanto do mal quanto do bem, uma realidade
onde o chametz não nos afeta. Entretanto, durante Pêssach, estamos conectados com a realidade da Árvore
da Vida. Durante sete dias virtualmente vivemos nessa realidade. Enquanto estamos na realidade perfeita
da Árvore da Vida, não queremos ter nenhuma conexão com o Oponente. Ao comer chametz em Pêssach
somos levados diretamente de volta à realidade da Árvore do Conhecimento, o que significa perdermos uma
grande oportunidade. Quem não gostaria de viver na realidade da Árvore da Vida nem que fosse por um dia
ou uma semana?
Quanto mais experimentarmos essa realidade, mais fácil será para nós mantermos essa consciência por nós
mesmos durante o ano inteiro.
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PARTE 2
O SEDER
A noite de Pêssach é conhecida com Laila Haseder, que significa “Noite de Ordem”. Nessa noite falamos de
milagres, apesar de Seder significar ordem. Isso revela a verdade kabalistica de que dentro do universo da
ordem, milagres são a regra e que dentro do universo do caos a destruição é a regra. Na Laila Haseder temos
a oportunidade de fazer a transferência do universo do caos e destruição para o universo da ordem e dos
milagres.
Na Laila HaSeder, começamos lendo a Hagadá como escravos, mas no final da noite somos mulheres e
homens livres. Não importa quem sejamos ao chegar, no final da conexão da noite seremos livres. Tudo o
que precisamos fazer é simplesmente nos desapegarmos.
Em Pêssach temos o poder de mudar o que os kabalistas nos dizem que são os destinos mais difíceis de
modificar: filhos, vida e sustento. As chaves para abrir a sorte nessas áreas nos são dadas em Pêssach.
O PRATO DO SEDER
Quando carregado com a energia de Pêssach o Prato do Seder por si mesmo e os alimentos que nele são
colocados se tornam uma ferramenta altamente sofisticada para nos conectar com as Dez Sefirót, a Árvore
da Vida kabalistica.
OSSO | ZERÔA | CHÉSSED
O osso, ou pescoço de galinha, queimado no prato do Seder é para nos lembrar do sacrifico do carneiro pelos
israelitas antes do evento de Pêssach. Devido à energia interna do carneiro ser o Desejo de Receber Apenas
para Si Mesmo, agora temos uma oportunidade de sacrificar nosso Desejo de Receber Apenas para Nós
Mesmos. Para realmente compartilhar, precisamos sacrificar nossas próprias características internas. Ter
essa consciência ativa a energia da Sefirá de Chéssed, trazendo misericórdia e o compartilhar para nossa
vida.
Abraão, pai de Isaac, disse ao Criador que ele podia prever, de acordo com as estrelas, que ele não estava
destinado a ter filhos, e o Criador respondeu “Você está acima dos mapas astrológicos e das estrelas”. O
nascimento de Isaac foi a primeira ocasião na história em que as leis dos astros não prevaleceram. A partir
daquele momento, temos a capacidade de nos elevarmos acima das influências dos astros. O nascimento de
Isaac é um marco, onde o jugo que os astros tinham sobre nós foi rompido. Na noite do Seder o carneiro nos
dá o controle sobre o zodíaco e sobre nosso mundo físico.
OVO | BEITSÁ | GUEVURÁ
Quanto mais cozinhamos um ovo, mais duro ele se torna. O ovo duro no prato do Seder nos desperta para
nossa própria teimosia. Quanto mais as pessoas se opõem a nós, mais duros e mais entrincheirados em
nossas próprias idéias ficamos. Nossa natureza é despender tanta energia quanto possível para provar nosso
ponto de vista, para mostrar que estamos certos a qualquer custo. Geralmente sacrificamos o que há de bom
em uma situação se isso serve para validar ou fortalecer nossa própria posição. A Kabbalah ensina que a
energia interna de um ovo duro é de julgamento, e assim nos conecta com a Sefirá Guevurá. A energia de
julgamento pode quebrar o padrão que temos de nos agarrarmos a nossas próprias idéias e opiniões.
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PARTE 2
Ao comer o ovo duro com a consciência de que essa conexão suaviza nossa teimosia, recebemos a capacidade
de realmente ouvir e aprender com as pessoas ao nosso redor, despertando, dessa forma, a força para nos
despegarmos de nossas próprias idéias e aceitar pontos de vista opostos.
RAIZ FORTE | MAROR | TIFÉRET
A Sefirá de Tiféret contém a energia da Coluna Central, o equilíbrio entre Direita e Esquerda. Maror, ou raiz
forte, é nossa conexão com essa energia de equilíbrio. Quando comemos Maror no Seder, experimentamos
um “sabor da morte” porque o Maror é muito amargo. Superficialmente, Maror parece uma dura ferramenta
de transformação devido ao seu forte cheiro e sabor imperdoável, mas quanto mais o mastigamos (sem
engolir muito rapidamente) mais doce ele se torna. Essa mudança de sabor, de amargo para doce, nos ensina
que quando experimentamos desafios e desconforto, podemos tanto encurtar como alongar o processo
através de nossos pensamentos e ações. Pêssach nos dá a oportunidade de corrigir nossos feitos negativos
do passado – de nossa vida atual e de vidas anteriores. Para alguns de nós esse processo de Tikun, ou
correção, é rápido, enquanto que para outros leva vidas inteiras. Se escolhermos reagir aos desafios e tentar
“engoli-los rapidamente demais sem mastigar”, estenderemos o processo, encontrando as mesmas
dificuldades continuamente, até que finalmente façamos a correção. Por outro lado, quando abraçamos
nosso Tikun e “mastigamos além do sabor da morte” , automaticamente encurtamos o processo, trazendo
mais equilíbrio espiritual para nossas vidas.
MISTURA DE FRUTAS | CHARÓSSET | NÉTSACH
Nossa conexão no prato do Seder com a Sefirá de Netsach é uma mistura especial de frutas e especiarias
chamada Charósset. Parece uma geléia e foi formulada pelo kabalista do século XVI Rav Isaac Luria (O Ari).
Os ingredientes do Charósset são: raiz de jacinto, gengibre, canela, uvas, figos, romã, tâmaras, nozes, maçãs
e marmelo.
Dentro do nome Charósset encontramos o nome Rute, bisavó do rei Davi. Moabe, um homem nascido de
uma relação incestuosa entre pai e filha foi um ancestral de Rute. Devido à sua ancestralidade, Rute poderia
facilmente ter escolhido um caminho onde não tivesse oportunidade de trazer qualquer luz espiritual ao
mundo. Em vez disso, ela fez escolhas que a tornaram ancestral do rei Davi, que é a semente do Messias. A
partir de Rute aprendemos que não importa quão sórdido ou vergonhoso nosso passado possa ter sido,
sempre podemos nos elevar a grandes alturas espirituais no momento em que tomamos a decisão de fazê-lo.
Quando comemos o Charósset, somos impregnados com a força de fazer essa escolha.
SALSINHA | CARPÁS | HOD
Carpás (salsinha) nos conecta com a Sefirá de Hod. As letras que formam a palavra Carpás podem ser
reagrupadas e formar a palavra Parech. A tradução livre de Parech é “trabalho duro em cativeiro”.
Tradicionalmente nos contam que a escravidão e trabalho duro a que os israelitas foram submetidos
envolvia chicotadas, correntes, e o Faraó que mantinha os israelitas prisioneiros no Egito. Entretanto, a Torá
afirma que os israelitas tinham uma boa vida no Egito, tanto assim que depois do Êxodo, toda vez que as
coisas ficavam difíceis no deserto eles imploravam a Moisés que os levasse de volta ao Egito. O Ari explica
que o exílio no Egito não era de natureza física. Era um exílio espiritual. Enquanto eram escravos no Egito,
os israelitas eram vitimas – não eram responsáveis por suas vidas. Se algum caos desabasse sobre eles, não
precisavam olhar no espelho e aceitar a responsabilidade. É mais fácil ser vitima (escravo) do que aceitar a
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PARTE 2
responsabilidade pelos problemas da vida. Esse estado mental de vitima era a verdadeira escravidão no
Egito.
O exílio dos israelitas os levou à verdadeira liberdade e controle sobre seu destino. Mas com liberdade e
controle vem a responsabilidade – e isso era desconfortável para os israelitas. Esse é o significado espiritual
por trás das constantes reclamações e desejo de voltar ao Egito. Os israelitas estavam tentando abdicar da
responsabilidade. Era muito mais fácil para eles serem escravizados por seus próprios egos e serem vitimas
das circunstâncias enquanto a natureza reativa deles jogava toda a culpa pelo seu caos nas pessoas e eventos
que estavam “fora de seu controle”.
A história de Pêssach é sobre nos libertamos da vitimização. A verdade é que nenhum evento foge de nosso
controle. Nossa natureza reativa nos torna cegos e não vemos a liberdade que é possível. É muito mais fácil
ser um escravo da ignorância e permanecer vitima. Preferimos não olhar no espelho e não aceitar a
responsabilidade por cada gota de caos e dificuldades que caem sobre nós. É irônico que depois que
aceitamos essa responsabilidade, passamos a ter o poder tanto da liberdade como do controle sobre o
cosmos na palma de nossas mãos.
Por meio de Carpás, ganhamos a capacidade de nos tornarmos senhores de nossos destinos. Ganhamos a
força de aceitar a verdade espiritual de que somos responsáveis tanto por nossa boa como por nossa má
sorte. Podemos nos perguntar: “Como pode um pedacinho de salsinha nos dar esse enorme poder de
liberdade?” Da mesma maneira que um átomo microscópico contém energia suficiente para vaporizar uma
cidade inteira, a energia espiritual da salsinha, nessa única noite, tem o poder de vaporizar nossa natureza
reativa através da energia contida nas letras aramaicas da palavra Carpás. Comer a salsinha é simplesmente
o ato físico exigido para permitir que essa energia se manifeste.
ALFACE ROMANA | CHAZÉRET | YESSOD
Chazéret ou alface romana no Prato do Seder nos conecta com a Sefirá de Yessod. Yessod é o reservatório que
coleta toda a energia da Sefirá acima dela – os Mundos Superiores – e é o funil que canaliza essa energia para
o nosso mundo de Malchut. A Kabbalah explica que José é a nossa conexão espiritual com a Sefirá de Yessod.
Quando era vivo, José acumulou no Egito toda a riqueza do mundo e a espalhou por toda a terra. Ao comer
Chazéret, podemos acessar esse mesmo poder para coletar todos os nossos traços negativos e todo o caos
que aparece em nossa vida, agrupá-los em um único alvo e acabar com todos eles com um único tiro.
O PRATO DO SEDER | HAKEARÁ | MALCHUT
O prato físico é nossa conexão com Malchut, nosso mundo material. A Kabbalah ensina que o rei Davi é
nossa ligação com a Sefirá de Malchut. Quando ele nasceu, ele veio a este mundo sem nenhuma Luz própria
e estava destinado a morrer ao nascer. Adão previu essa situação e deu 70 de seus 1000 anos de vida ao rei
Davi para que ele pudesse viver.
O Prato do Seder em si não tem Luz espiritual. Sua Luz espiritual vem dos itens nele colocados. Nós também
não temos sustento espiritual neste mundo físico, pois nossa Luz vem dos Mundos Superiores. É importante
lembrar que nada jamais ocorre neste mundo sem que haja primeiro uma abertura acontecendo nos
Mundos Superiores. Na noite do Seder, recebemos toda a nossa Luz espiritual das Sefirót superiores através
de nossa conexão com os itens contidos no Prato do Seder.
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PARTE 2
AS TRÊS MATZÓT | CHOCHMÁ, BINÁ E DA’AT
Quando o Prato do Seder estiver montado, três Matzót são colocadas diretamente abaixo dele. Essas Matsót
são nossa ligação com as Sefirot de Chochmá, Biná e Da’at. Da’at, é única pois não é considerada parte das
Dez Sefirot e em vez disso funciona como uma estação intermediaria coletando a energia bruta de Keter,
Chochmá e Biná – as três Sefirot superiores e fonte de toda a plenitude e coisas boas que aparecem em nossas
vidas. Da’at então combina essa energia coletada em uma única força e a transfere para as sete Sefirot
inferiores.
Moisés foi o único ser humano a atingir o nível de Da’at. Os kabalistas dizem que Moisés era uma carruagem,
meio homem e meio anjo, que alcançou o mesmo status dos maiores profetas que já viveram. E os kabalistas
também nos ensinam que a verdadeira grandeza de Moisés era a de ser um homem que se importava com
cada ser humano. Moisés estava disposto a dar de si mesmo e ajudar a todos. Embora fosse o líder de toda
uma nação, ele tinha o coração, a alma e o estado mental de consideração e preocupação com as
necessidades de todos. Não importa o quanto nos tornarmos elevados espiritualmente, nunca devemos nos
colocar em uma posição tão elevada que nos faça inacessíveis aos demais – independentemente do nível
espiritual que pensamos que eles estejam. Na verdade, quando uma pessoa atinge um alto nível de
espiritualidade, cuidado e consideração pelos demais são automáticos, pois foram essas características que
a elevou antes de tudo. Podemos empregar esse conhecimento para medir nosso próprio nível espiritual. Se
pensarmos que estamos acima ou que somos mais importantes do que outra pessoa, é porque não atingimos
um estado elevado de espiritualidade.
Matsá é feita de uma simples combinação de trigo e água, nos ensinando a simplicidade. Temos que nos
sentir felizes com tudo que temos. Geralmente a pessoa que tem 100 de alguma coisa quer 200, e depois 300,
ou seja, sempre quer mais. Matsá significa ficarmos felizes com o que temos, e ao mesmo tempo ter o desejo
de receber mais.
Há uma história de um homem que foi falar com seu professor a respeito de um problema que tinha. Ele
havia preparado Matsót durante seis meses, plantando o trigo, moendo o trigo manualmente, se
assegurando que nenhuma gota de água tocasse a farinha, contratando uma pessoa para vigiar o trigo, ou
seja, tomando todas as precauções, assim como seguindo todas as prescrições para fazer as Matsót. Quando
as Matsót estavam finalmente prontas, ele as colocou sobre uma mesa e alguém as roubou. Ele disse ao
kabalista: “Eu tive todo esse trabalho e agora as Matsót se foram”. E o kabalista respondeu: “Todo o trabalho
que você fez ainda está aqui. Mesmo que as Matsót que você fez tenham sido perdidas, você pode usar
qualquer Matsá para fazer a conexão.”
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PALAVRAS DO RAV
MUDANDO O ROTEIRO DO NOSSO FILME
Os israelitas foram para o Egito para se desligar da negatividade e remover o Pão da Vergonha. Essa remoção
é alcançada ao se exercer a restrição ou resistir ao comportamento reativo no momento em que a
oportunidade se apresenta. Os israelitas puderam então controlar o filme de suas vidas. Eles podiam dar
um fast forward, rewind ou até mesmo mudar totalmente o roteiro!
Sabemos que os roteiros podem ser reescritos e que existem outros filmes. Precisamos apenas ler as
etiquetas dos filmes para escolher algum desejável dentre os que se encontram disponíveis. Mas primeiro
precisamos saber que esta oportunidade existe e quando ela ocorre. O tempo ótimo para remover
negatividade é quando o Desejo de Receber Somente para Si Mesmo atinge seu ponto mais alto, o que
acontece durante o mês de Nissan, quando Marte, o planeta da guerra, influencia o mundo através do signo
de Áries. Áries simboliza o pioneiro que lidera o caminho, e Áries é fortalecido pelo poder que obtém de
Marte – o mesmo poder que também é responsável pela primavera. Ao controlar a força de Marte, nós
podemos controlar o poder de crescimento e rejuvenescimento em nossas vidas, assim como a natureza faz
na primavera. Viver no caos com falta de controle é como viver na prisão.
Podemos quebrar as paredes da cela em Pêssach e ficar livres, porque a ocasião nos permite uma
oportunidade de ativar a restrição sobre o Desejo de Receber para Si Mesmo.
Aviv é a palavra em aramaico para primavera. Essa palavra pode ser separada em duas sílabas: Av (pai) e iv
(de valor numérico igual a 12 em aramaico). A primavera é o primeiro dos 12 meses e o pai de todos os meses,
motivo pelo qual Áries é o primeiro signo do zodíaco. No primeiro dia do mês de Nissan, testemunhamos –
pela primeira vez na história da humanidade – uma nação inteira unida no entendimento e na prática do
Sistema das Três Colunas. O abate de um carneiro pelos israelitas representa a ativação do poder de restrição
do Desejo de Receber para Si Mesmo, sendo esse desejo a essência da cultura egípcia. Os israelitas obtiveram
a força de que necessitavam para essa ruptura, a partir dos aspectos positivos do signo de Áries e do planeta
de Marte. Esse ato mudou seu filme e tornou possível o Êxodo do Egito. Durante as festividades do mês
lunar de Tishrei, recebemos uma extensão de um ano de vida. No mês de Nissan, podemos mudar nossa
forma de vida e corrigir o resto do ano de acordo com essa correção.
O SIGNO DE ÁRIES E O PLANETA MARTE
Especificamente, em Pêssach podemos revelar o lado positivo de Marte, que é o poder do rejuvenecimento.
Marte é o planeta da guerra. O Desejo de Receber Apenas para Si Mesmo é sempre a causa de qualquer
guerra. Marte é o canal para essa consciência, pois é o responsável pela ilusão da separação que impede as
pessoas de verem a conexão quântica entre as coisas. Essa consciência é responsável pela proximidade física
entre Marte e a Terra (Malchut).
O carneiro que apareceu para Abraão durante o sacrifício de Isaac é o carneiro revelado na primavera em
Pêssach – o símbolo do desejo egoísta. Por esse motivo, o Patriarca Abraão fez a conexão entre o signo de
Áries e o planeta Marte. Ambos representam a mesma consciência – a do Desejo de Receber para Si Mesmo
– e ambos nos conectam com a energia de julgamento.
O centro de julgamento do mundo é Egito. Foi por esse motivo que os egípcios escolheram o carneiro como
um de seus deuses. Os egípcios entenderam que a realidade espiritual determina os eventos no mundo
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PALAVRAS DO RAV
físico. Reconheceram o poder de Áries e sabiam que a consciência de Áries se manifesta no mundo físico por
meio do carneiro. Eles não veneravam o carneiro em si, mas a energia espiritual que esse animal representa.
Os egípcios sabiam se conectar por meio do carneiro com a energia do signo cósmico de Áries, e através de
Áries controlavam a revelação do julgamento no mundo.
VICIADOS EM LAMA
O Ari (Rav IIsaac Luria) explica que antes que qualquer forma de redenção possa ocorrer, é necessário
descer até a lama da dificuldade física para merecer a purificação. Essa era a situação dos israelitas no tempo
do Êxodo – com a diferença significativa que os israelitas tinham se tornado viciados na “lama”. Mesmo
quando Moisés lhes prometeu os 72 Nomes de Deus e a Torá – as ferramentas com as quais eles poderiam se
conectar com os poços de energia cósmica e atrair abundância infinita para si e para todo o mundo – eles
continuaram reclamando sobre o que tinham deixado no Egito. O sofrimento deles não era de proporções
físicas, assim como o nosso também não é.
O VERDADEIRO SIGNIFICADO DO CHAMETZ
Hoje, as pessoas geralmente confundem procurar pelo chametz com uma faxina comum. Isso espelha a
nossa confusão sobre a ordem espiritual interna e a limpeza física exterior. Procurar pelo chametz é uma
questão de limpeza espiritual interna, necessária como preparação para a festividade. Conquistar nosso
desejo egoísta, representado pela consciência de chametz, é necessário, a fim de assegurar que a Luz
revelada na noite do Seder promova nosso processo de correção e não seja transferida para o Lado Negativo.
Sabemos que é fisicamente impossível limpar todo o chametz físico da casa.
Na bênção que recitamos na hora da limpeza, declaramos que qualquer chametz que não tenhamos
identificado não seja considerado. O importante é a limpeza do nosso desejo interno egoísta, não a
eliminação das migalhas de pão. Ao remover o chametz na noite da véspera do Seder, despertamos o
processo espiritual interno de procura da alma. Lembramos de todas as vezes que nos comportamos de
forma a magoar os outros. Através dessa limpeza interna, preparamos nosso Receptor espiritual para baixar
o software que nos permitirá conectar com a Luz e corrigir todo o ano seguinte a partir do seu nível de raiz.
O Rabi Isaac Luria (o Ari) disse que aquele que se abstém até mesmo de um minúsculo pedaço de chametz
durante Pêssach tem a garantia de não pecar (sem intenção) durante o ano. O Ari também escreveu uma
oração especial para ser recitada durante o ritual da queima do chametz: “Que seja da Tua vontade, Deus,
que assim como estou destruindo o chametz da minha casa e dos meus domínios, assim também as forças
externas e o espírito de impureza sejam removidos da Terra, e que possas remover nossa Má Inclinação de
dentro de nós e nos dar um coração de carne para servir-Te em verdade, e que toda escuridão e maldade
possam ser consumidas em fumaça. Amém”.
A checagem do chametz acontece na noite anterior a Pêssach e a queima do chametz acontece na manhã de
Pêssach. A checagem do chametz e sua remoção são uma parte importante da tecnologia kabalistica. A
queima do chametz traz um fim ao nosso Desejo de Receber apenas para Si Mesmo e remove o Anjo da Morte
de dentro de nós.
A busca e a queima do chametz é a base sobre a qual instalamos o software da noite do Seder. Serve para
ressuscitar nossa alma (no nível de Neshamá) da prisão em que esteve confinada – uma prisão de consciên-
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PALAVRAS DO RAV
cia materialista e desejo egoísta. A queima do chametz apaga a consciência negativa do ego na preparação
para a leitura da Hagadá, e a instalação do software que pode produzir um novo “filme” em nossas vidas.
A PRIMEIRA NOITE DE PÊSSACH | O SEDER
Durante a primeira noite de Pêssach - e apenas durante a primeira noite – o Universo se encontra livre das
correntes do destino. Somente nessa noite podemos acessar a assistência cósmica necessária para mudar
nosso “filme” e substituí-lo por outro melhor, sem termos que ser pessoas totalmente justas. Qualquer um
pode utilizar essa oportunidade para ativar o software do livro de conexões, a Hagadá, para trazer
abundância espiritual do hardware que está disponível nesse momento no Universo. Qualquer pessoa pode
mudar seu “filme” como se fosse o toque de uma varinha mágica, e assim se libertar de um destino pré
estabelecido. Esse é todo o segredo de Pêssach.
Pêssach é para o Universo. Tudo o que fazemos em um nível físico também é feito pelos anjos. Quando
bebemos os quatro copos de vinho, os anjos estão fazendo as meditações. O Universo inteiro participa da
reverência e do poder de Pêssach.
A noite do Seder é aquele único momento do ano quando a noite é considerada dia e a escuridão é
considerada Luz. A palavra Pêssach se refere ao momento em que Deus veio abater o primogênito dos
egípcios e poupou as casas dos israelitas. Em vez de julgamento, naquela noite os israelitas receberam
misericórdia. De acordo com a Kabbalah, a noite progride a partir do julgamento para se tornar
misericórdia, mas na noite de Pêssach a noite progride a partir da misericórdia para se tornar julgamentoe a noite se torna dia. Todo nosso julgamento pode ser eliminado, porque a noite é dia em Pêssach.
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