E-textiles

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E-textiles
Informação e Representação de PME Projecto nº 17068 - AAC nº 01/SIAC/2010
DL 1.2-1-005
Informação e Representação de PME
Projecto SIAC nº 17068
Deliverable N.º:
DL 1.2-1-005
Tarefa:
T 1.2
Nome do Deliverable
E-textiles
Nome da Tarefa
1.2 - Reporting tecnológico
Data do documento:
15-11-2013
Mês de entrega
M 33
Autores
Sérgio Oliveira (PEM)
Susana Mendes (AAV)
Nível de disseminação (PU = público, RE = restrito aos participantes, CO = PU
confidencial, PO = apenas para o POFC/QREN)
Projecto Co-Financiado pelo QREN e pela União Europeia, Fundo de Desenvolvimento Regional
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Índice
Introdução ................................................................................................ 3
E-têxteis .................................................................................................... 4
Tecnologias têxteis electrónicas interactivas ................................................................. 4
Tecnologia de integração dos componentes .................................................................. 7
Aplicações ......................................................................................................................... 8
Impacto .............................................................................................................................. 9
Mercado ........................................................................................................................... 10
Oportunidades ........................................................................................................ 11
Referências ............................................................................................ 13
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Introdução
Este relatório, no âmbito da tarefa 1.2 - Reporting tecnológico do Projecto PEMAS SIAC, foca-se nos
designados tecidos inteligentes ou e-têxteis (podem ainda ser designados por têxteis electrónicos).
De uma forma simplista podemos definir estes tecidos como electrónica para vestir, embora estes tecidos
não sejam de uso exclusivo em roupas, sendo também utilizados no design, por exemplo.
A particularidade destes tecidos, o que os define, é a integração dos têxteis com elementos electrónicos,
como microcontroladores, sensores ou actuadores.
Os componentes electrónicos fazem parte do tecido e dado que são pouco visíveis e destacáveis não são
susceptíveis de interferirem entre si ou de se degradarem pelo ambiente.
Consequentemente, os e-têxteis podem ser utilizados em situações do quotidiano dado que têm uma maior
flexibilidade à mudança nos requisitos computacionais e sensoriais de uma aplicação.
O número e a localização dos sensores e o processamento podem ser adaptados dinamicamente às
necessidades actuais do utilizador e aplicação, ao invés de ser fixo aquando do design.
O presente relatório analisa a tecnologia e alguns casos de utilização destes tecidos, seguindo-se uma
análise ao potencial impacto e mercado, com alguns casos de possíveis oportunidades de
empreendedorismo relacionadas com esta tecnologia.
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E-têxteis
Tal como referido acima e-têxtil designa uma base em tecido que inclui capacidades como detecção
(biométrica ou externa), comunicação (geralmente sem fios) e tecnologia que permite sensores ou
dispositivos de processamento de informação estarem ligados em rede dentro de um tecido.
Existem ainda os designados têxteis inteligentes que apresentam avanços científicos na pesquisa de
materiais e incluem funcionalidades como melhoria de isolamento ou tecidos que resistem a manchas.
Os têxteis electrónicos permitem que programas de computação sejam integrados em vestuário.
Normalmente contêm fios condutores, quem incluem uma certa quantidade de material condutor (por
exemplo, fios de prata ou de aço inoxidável), para permitir a condutividade eléctrica.
Tecnologias têxteis electrónicas interactivas
Fibras metálicas e óptica
As chamadas fibras condutoras ou fibras metálicas são desenvolvidas a partir de metais electricamente
condutores, tais como ligas de ferro, níquel, aço inoxidável, titânio, alumínio, cobre e carbono.
Estas fibras de metal são filamentos de metal muito fino, com diâmetros que variam entre 1 a 80 microns
(µm).
Comparação entre os diâmetros de
fibras metálicas e o cabelo humano
As fibras metálicas são produzidas através de um processo de bundle-drawing ou por um processo de
shaving.
As fibras metálicas são altamente condutoras, contudo devido ao seu elevado custo e às suas características
de fácil danificação, nomeadamente a quebra, ao longo do tempo podem ser responsáveis por danos nas
máquinas de fiação. Para além disso, estas fibras são mais pesadas do que a maioria das fibras têxteis,
tornando difícil conseguir um tecido homogéneo.
Estas fibras podem também ser produzidas através do revestimento das fibras com metais, substâncias
galvânicas ou sais metálicos tais como sulfureto de cobre e iodeto de cobre.
Os revestimentos de fibras metálicas produzem fibras altamente condutoras, no entanto a adesão entre o
metal e fibras e a resistência à corrosão podem originar problemas.
Por outro lado os revestimentos galvânicos só podem ser aplicados a bases condutoras, limitando estes
revestimentos galvânicos a grafite e fibras de carbono para além que método é complexo e dispendioso.
Devido a estas limitações, os revestimentos galvânicos não são geralmente utilizados para produtos têxteis.
Tal como já referimos, as fibras podem ser ainda revestidas com sais metálicos e o processo de
revestimento pode ser realizado numa máquina têxtil tradicional. Os revestimentos com sais metálicos só
alcançam baixa condutividade e as fibras perdem condutividade durante a lavagem.
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Comentário [NC1]: Colocar footnotes
com links para referências sobre estes
processos
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Alterar os procedimentos de revestimento pode melhorar essas limitações e assim incrementar o uso deste
método.
As fibras electricamente condutoras podem ser produzidas em filamentos ou descontínuas e podem ser
tecidas, com diferentes proporções de fibras não condutoras tradicionais para criar fios que possuem
diferentes graus de condutividade.
São funcionalmente compatíveis como material de base, de modo que podem ser utilizadas para
desenvolver uma estrutura resistente à lavagem e desgaste comportando-se como um tecido vulgar.
O têxtil electrónico pode ser completado com microelectrónicas ligadas ao tecido.
A microelectrónica fornece funções analógicas e digitais em resposta a inputs, por exemplo a activação
através de som e voz, de forma a incluir controlo remoto para sinais, guias e controlo do têxtil electrónico.
As fibras ópticas também podem ser utilizadas para produção de tecido electronicamente condutores, têm
um diâmetro de cerca de 120 µm, são geralmente utilizadas para comunicações através de grandes
distâncias sem haver necessidade de repetidores.
A fibra óptica é utilizada para diferentes aplicações que incluem: compósitos, telecomunicações, LAN’s,
sensores e têxteis condutores.
As fibras ópticas oferecem excelente resistência não sendo afectadas pela exposição à luz solar. No
entanto, são relativamente rígidas, com pouca flexibilidade, elasticidade e resistência à erosão.
Fios e linhas condutores
Fibras condutoras e fibras ópticas são apenas dois materiais que podem ser usados para desenvolver fios
condutores e consequentemente têxteis electrónicos interactivos.
Existem também os fios metálicos, estes são produzidos ao envolver um fio não-condutor com fio metálico
de cobre, prata, ou folha de ouro para proporcionar condutividade.
Linhas condutoras são semelhantes a fios condutores, devido à sua composição de fibras condutoras. No
entanto, há uma diferença importante entre os dois, o diâmetro.
As linhas condutoras têm diâmetros menores e portanto são melhor processados por máquina de costurar
ou fiação.
Fibras condutoras, fios e linhas podem ser processados em máquinas têxteis vulgares ou sendo cosidas.
Os fios condutores podem ser cosidos em camadas únicas ou múltiplas de tecido ou podem ser aplicadas
em vários tipos de produtos têxteis e roupas. Além disso, o layout do circuito e padrões de pontos pode ser
desenhado com precisão com um programa de design assistido por computador (CAD).
Revestimentos condutores
Têxteis tradicionais também podem ser transformados em materiais condutores usando revestimentos
condutores.
Estes revestimentos são adequados para utilização com vários tipos de fibra, sem alterar significativamente
as propriedades da base existente, tais como densidade, flexibilidade e facilidade de manuseamento. Os
revestimentos podem ser aplicados à superfície das fibras, fios, ou tecidos de forma a criar um tecido
condutor.
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Os processos de revestimento de têxteis comuns incluem electroless plating, deposição por evaporação,
deposição catódica, revestimento e o têxtil com um polímero condutor.
O revestimento por electroless plating (não é necessário para passar uma corrente eléctrica através da
solução para formar um depósito) envolve a imersão da base (tecido) numa solução, as reacções químicas
entre o agente redutor na solução e os iões metálicos formam o revestimento de metal sobre o têxtil.
Níquel e cobre são os metais mais utilizados neste método, no entanto outros metais também podem ser
usados.
Este método apresenta várias vantagens: produz um revestimento condutor uniforme, qualquer base que
permanece estável na solução de revestimento electroless pode ser revestido desta maneira e é possível
obter revestimentos que possuem propriedades mecânicas, magnéticas e químicas únicas.
A principal desvantagem deste método é ser dispendioso, o qual se deve ao custo elevado do agente de
redução utilizado na solução de revestimento.
Deposição por evaporação ocorre numa câmara de vácuo. À medida que o tecido entra na câmara de
vácuo, a pressão no interior da câmara é ajustada. O metal de revestimento é, em seguida, aquecido a uma
temperatura abaixo do ponto de ebulição para permitir que o metal evapore substancialmente.
O tecido é exposto ao metal vaporizado, onde se condensa sobre a superfície passando a formar um
revestimento sólido.
O alumínio é frequentemente utilizado para este revestimento no entanto, vários tipos de metais que
podem ser utilizados.
Este processo pode produzir revestimentos extremamente finos para os níveis mais baixos de
condutividade ou revestimentos relativamente espessos, quando é necessária maior condutividade.
Os principais mercados para os revestimentos por evaporação incluem revestimentos de parede, persianas
e cortinas, forros, películas de geradores solares e roupas de protecção.
Existe investigação a decorrer com o objectivo de desenvolver finas camadas para criar tecidos mais leves
altamente condutores.
O processo de pulverização também tem lugar numa câmara de vácuo. O material de revestimento é
ejectado átomo por átomo e é recolhido na superfície do tecido criando uma fina camada.
Metais, ligas ou óxidos diferentes podem ser misturados ou em camadas de forma a criar revestimentos
especializados para aplicações específicas.
Este processo pode conseguir um revestimento uniforme com uma boa adesão à base. O processo de
revestimento por pulverização é lento, cerca de 1 /10 da velocidade de deposição por evaporação.
Isto é devido à baixa taxa de deposição do material de revestimento, para além de ser dispendioso devido à
limitação da velocidade. Actualmente, as principais aplicações para este processo de revestimento são os
têxteis para aplicações militares e aeroespaciais.
Os revestimentos condutores podem também ser conseguidos através do revestimento de têxtil com um
polímero condutor.
Um processo designado por doping desenvolve polímeros condutores. É um processo de oxidação ou de
redução que mobiliza os electrões na criação de uma estrutura de polímero intra ou intermolecular.
Esta nova estrutura permite assim o surgimento de um polímero condutor.
Revestimentos de polímero condutor são mais vantajosos que os revestimentos de metal, porque têm uma
excelente aderência e propriedades anticorrosivas.
Numerosos polímeros condutores têm sido desenvolvidos até à data e novas patentes nesta área surgem
amiúde.
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Polianilina e polipirrol são polímeros condutores comuns, os quais são utilizados para bases têxteis de
casacos.
Revestimentos condutores também podem ser conseguidos através de preencher fibras têxteis com
carbono ou sais metálicos tais como sulfureto de cobre.
Fibras carregadas de carbono possuem uma boa condutividade e são facilmente transformadas em
sistemas convencionais de têxteis.
Fibras carregadas de sal metálico têm comparativamente baixa condutividade e são geralmente utilizadas
quando se deseja condutividade inferior.
No presente, estes revestimentos condutores são principalmente utilizados para aplicações têxteis e
industriais de mobiliário, no entanto novas aplicações e oportunidades na área de desenvolvimento da
interacção têxtil - electrónico estão a surgir.
Tintas condutoras
A tecnologia de tinta condutiva é outro método utilizado para criar têxteis electrónicos interactivos.
Este consiste na adição de metais, tais como o carbono, cobre, prata, níquel, ouro para as tintas de
impressão tradicionais, criando tintas condutoras.
Estas tintas especializadas podem ser impressas em várias bases tais como papel, plástico, têxteis. De forma
a criar padrões electricamente activos e por este meio têxteis electrónicos.
Esta tecnologia foi originalmente desenvolvido para a produção de cartões inteligentes ou placas de circuito
impresso, mas tem sido usado em diversas aplicações de mercado.
Tecnologia de integração dos componentes
Independentemente dos materiais utilizados para desenvolver a tecnologia, os componentes electrónicos e
respectiva fonte de energia/alimentação devem ser integradas no têxtil para criar o tecido inteligente que
seja interactivo. Soldadura, bounding ou joining são alguns dos métodos utilizados.
Soldadura
Este método consiste na montagem dos componentes directamente sobre a superfície têxtil.
As soldaduras implicam a utilização de ligas leves de chumbo (Pb), estanho (Sn), ou às vezes de prata (Ag),
que são utilizadas para unir os componentes eléctricos metálicos dentro do têxtil.
No entanto, este processo não pode ser utilizado em aplicações que os componentes soldados podem
potencialmente, entrar em contacto com o corpo do utilizador, devido à sua toxicidade. Além disso, a
flexibilidade do tecido é muitas vezes comprometida.
Bonding
Este processo envolve a utilização de adesivos condutores para integrar componentes em diferentes
camadas têxteis. Estes adesivos condutores podem ser desenvolvidos de acordo com a aplicação final.
Assim, este método apresenta vantagens em relação à soldadura no que concerne a confecção de
vestuário.
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Os adesivos não são tóxicos, são altamente duradouros e condutores e moderadamente flexíveis, logo têm
potencial para ser utilizados para integração de componentes rígidos em têxteis flexíveis.
Ainda dentro deste método podemos incluir o agrafamento de circuitos condutores em tecidos de forma a
criar circuitos têxteis electrónicos.
Este processo envolve a formação de um componente de pressão para segurar um fio condutor dentro do
têxtil.
Assim, quando o têxtil é dobrado (sofre flexão) o fio condutor é livre para se mover dentro do componente
de pressão formado.
No entanto, frequentemente ocorrem desfasamentos quando a pressão exercida pela forma dos
componentes rígidos em relação aos tecidos flexíveis, o que pode limitar a flexibilidade têxtil.
Além disso, a flexão normal do têxtil alonga os pinos que prendem o componente no tecido, acelerando o
desgaste no têxtil.
Joining
Este método consiste em integrar um componente electrónico através do anexar de uma grelha de fios
directamente a um circuito de tecido.
Segmentos que fiquem do componente electrónico podem
ser cosidos, através do tecido ou podem ser ligados a outros
componentes.
Este método fixa os componentes em localizações específicas
A figura ao lado mostra a integração de um componente
electrónico num tecido utilizando este método
Aplicações
A electrónica têxtil ou e-têxtil é uma disciplina relativamente recente no campo da investigação mas que
tem gerado múltiplos interesses dado que combina especialistas em tecnologia da informação, micro
sistemas, materiais e têxteis.
O foco desta área é desenvolver as tecnologias facilitadoras e técnicas de produção de baixo custo de
têxteis, que integrem sistemas de informação e sejam adaptáveis a múltiplas aplicações desde a electrónica
de consumo até à indústria militar.
Assim, a área dos têxteis electrónicos combina as áreas dos têxteis e electrónica, para além de explorar
técnicas que redefinem os processos de produção e agilização dos mesmos, em estreita colaboração com a
computação. Esta interacção define ao mesmo tempo várias direcções de investigação/pesquisa.
Por um lado temos as aplicações mais práticas e pragmáticas como a investigação militar em termos de
camuflagem ou até mesmo têxteis interactivos com capacidades curativas para soldados.
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Por outro lado temos todo o trabalho que está a ser desenvolvido por artistas e designers na área de roupas
reactivas, que funcionam como uma “segunda pele”, que se adaptam ao indivíduo e ao ambiente em que
este se insere.
Moda, saúde, telecomunicações e indústria estão envolvidas na pesquisa de têxteis que podem expressar
aspectos da personalidade, necessidades e desejos do individuo ou até aumentar a dinâmica social através
da utilização e exibição de informação social.
A investigação ao nível da electrónica têxtil está intimamente relacionada com a investigação em
computação de vestuário (wearable ou “vestível”) mas forma, por várias razões uma área distinta.
Computação de vestuário explora tecnologias que são portáteis e integradas ou transportados no corpo
mas a pesquisa ao nível do e-têxtil tem um foco diferente: investiga a tecnologia electrónica e computação
embebida/integrada nos têxteis.
Os investigadores que se dedicam a e-têxteis têm como objectivo a produção de dispositivos suaves,
flexíveis e confortáveis tais como os tecidos que actualmente usamos no nosso vestuário. Mas os e-têxteis
são também utilizados em tapeçarias, colchas e outros itens que têm por base o tecido.
No caso da indústria têxtil, a investigação é muitas vezes motivada pela procura dos consumidores ao nível
da moda ou indústria de design de interiores. Enquanto a investigação académica continua a ser
fortemente influenciada pelas fontes de financiamento e consequentemente decisões políticas.
Os e-têxteis estão a gerar um considerável campo de investigação que terá implicações de longo alcance no
nosso quotidiano, mercado consumidor e múltiplas aplicações. Este campo de investigação exige a
investigação e desenvolvimento em campos como o uso de sensores remotos, processamento e actuação.
E-têxtil irá lançar novos desafios para o desenvolvimento de hardware e software de sistemas, devido às
suas necessidades específicas e individuais.
Gorros com sensores de temperatura
Impacto
Existem diversas vantagens na utilização de tecidos inteligentes ao invés de dispositivos, uma é a maior
superfície disponível para sensores, aliado ao facto de os tecidos serem flexíveis.
No presente, embora as aplicações variem, os e-têxteis existem principalmente em nichos especializados de
mercado, tais como cuidados de saúde e trabalho. Esta é a primeira geração de e-têxteis resultantes de
processos de inovação e desenvolvimento, no entanto a proliferação deste tipo de material até ao mercado
de consumo massivo deve demorar um pouco mais de tempo, sendo as perspectivas que tal aconteça na
próxima década [4], [5].
Principalmente no segmento de mercado de roupas desportivas, telemedicina e têxteis ligados ao estilo de
vida, tais como moda e design, contêm probabilidades de rápida entrada no mercado de massas.
A estimativa do possível tamanho do mercado depende da respectiva área de aplicação [3].
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Actualmente o desenvolvimento destes materiais centra-se na integração entre electrónicos e têxteis.
Ambos os materiais são produtos de consumo em massa relativamente recentes. Ao combina-los
intensificam-se as razões de preocupações na utilização deste tipo de material relativamente à sua pegada
ecológica, i.e. qual o seu impacto na quantidade de lixo produzido e como se pode processar a reciclagem
dos mesmos. A combinação de tecido e electrónica obsoleta tem vindo a designar-se por e-lixo que inclui os
problemas e questões associados à ecologia industrial.
Muito embora a manufactura ainda apresente custos elevados, a investigação e desenvolvimento feitos na
área cobrem também processos de manufactura e sua agilização, bem como redução dos custos.
Assim, existe um mercado emergente, bem suportado pela Investigação e financiamento, cujo
desenvolvimento abarca também a preocupação com o meio ambiente.
Este mercado, nos Estados Unidos, em 2012 gerou uma receita de US $2,7 biliões, perspectivando-se que
atinja os US $ 8,3 bilhões em 2018. Em termos de aplicações, o sector de aplicações para consumidor foi o
maior segmento, seguido de aplicações para companhias e só depois aparece o segmento industrial. No
entanto para estes dois últimos segmentos perspectiva-se um crescimento de 21.14% de 2013 a 2018 [9].
A América do Norte, liderada pelos Estados Unidos representa cerca de 80% do mercado e as previsões são
de que durante 2013-2018, mantenha a liderança. No entanto Asia-Pacífico com a China a liderar, será a
região com maior crescimento no mesmo intervalo de tempo [9].
Assim, é esperado que o mercado total para os e-têxteis represente mais de US $ 2 biliões em 2018. Este
crescimento de mercado é atribuído ao esforço da indústria no desenvolvimento de têxteis inteligentes
auto-suficiente (tecidos inteligentes) em termos energéticos ou até mesmo com melhorias no que respeita
a fontes de energia, nos próximos anos [9].
Mercado
Os têxteis electrónicos interactivos existentes no mercado actualmente usam ligações eléctricas integrada e
dispositivos que adicionam volume e peso às peças, tornando-os desconfortáveis e pouco práticas para uso
diário.
Além disso, esses itens são caros e apresentam problemas relacionados com cuidados a ter com o
vestuário, flexibilidade e segurança do utilizador. A primeira linha de vestuário electrónico com fio
electrónico integrado foi desenvolvida por dois dos principais responsáveis pelo desenvolvimento de
tecnologia vestível, Levi Strauss & Co. e Philips Research Laboratories.
Investigadores de todo o mundo estão a desenvolver uma miríade de novos têxteis, com capacidade de
conter explosões, proteger astronautas, tecidos antibacterianos e até mesmo capazes de manter um
edifício durante terramotos.
Estes novos tecidos são também utilizados em funções mais prosaicas, como ajudar a manter a pessoa
fresca quando está calor ou assegurar que a roupa se mantém limpa, com aroma fresco e agradável.
Existem já algumas ofertas ao nível de tecidos optimizados nas suas características, tais como cordas
utilizadas em redes de carga, que têm uma relação resistência-peso cerca de 15 vezes maior do que o aço,
produzidas no Reino Unido.
Embora ainda com um custo superior quando comparadas com as típicas redes de poliéster, têm um tempo
de vida mais longo e são mais leves. Esta diminuição significativa de peso permite, por exemplo aos
operadores de companhias aéreas pouparem em combustível reduzindo assim as emissões de dióxido de
carbono (este tipo de redes são actualmente utilizadas Japan Nippon airlaines, Tap Air Portugal Air FranceKLM) [10].
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Uma empresa japonesa desenvolveu um tipo de fibras que são comercializadas com o nome de Vectran que
têm a capacidade de suspenderem cerca de oito toneladas, sendo o seu diâmetro igual ao de um lápis.
A britânica Lindstrand Technologies, fabricante de dirigíveis, iniciou a utilização de Vectran em telas, sendo
que este material custa cerca de 10 vezes mais que o tradicional poliéster, é mais leve e resistente. Para
além de conseguir desviar fogo de armas leves em cerca de 200m.
O mesmo material é utilizado nos air-bags que amortizaram a aterragem do rover enviado para Marte pela
NASA.
Mais recentemente o Vectran foi utilizado na protecção dos veículos blindados britânicos contra granadas
de lança-granadas de fabrico russo [10].
Em Itália, o SENTEX 8300, produzido a partir do empilhamento de várias camadas de fios unidireccionais em
ângulos transversais, por exemplo, é um poderoso tecido "multi-axial".
Este envolveu um edifício perto de Veneza para evitar que ele colapsasse durante os terremotos. Para além
de proporcionar suporte, o tecido contém sensores embutidos que podem ser usados para controlar os
movimentos de um edifício durante e após abalos sísmicos [10].
Em Houston, Estado Unidos, é fabricado um têxtil, comercializado como Xtegra, produzido com base em
fibras sintéticas incluindo Kevla e Hytrel. Os estilhaços de explosivo fazem este tecido estender e engrossar,
de forma a absorver a energia cinética dos mesmos e em seguida volta à forma inicial [10].
Por outro lado um consórcio Europeu está envolvido no desenvolvimento de um tecido capaz de conter
uma explosão de bagagem no porão de um avião, o projecto é designado por Fly-Bag e é financiado pela
união Europeia [10].
Chapman Innovations com sede em Salt Lake City, fabrica roupas resistentes ao fogo. O tecido designado
por CarbonX, é usado para fazer roupas para operários, bombeiros, pilotos, soldados e polícias da SWAT
[10].
Estes são alguns exemplos de tecidos inteligentes que já chegaram ao mercado, outros exemplos podiam
seguir, entre outro destacamos [11]:



Somnus sleep night – camisa para dormir que analisa o padrão de respiração
“Intelligent” t-shirt – lavável, monitoriza ECG, temperatura corporal e posição. Desenvolvida na
Universidade de Madrid
Calças e-têxtil – avalia a estabilidade em idosos
Existem ainda projectos em teste, como os pijamas antibacterianos que estão a ser distribuídos a pacientes
internados no Hospital Pirov de Sofia, Bulgária. Ou ainda tecidos que reduzem o odor corporal ou até
mesmo com repelente de insectos.
Esta área está portanto em franco crescimento, não só no investimento em I&D mas também em produtos
já disponíveis no mercado. Com adaptações a serem feitas, por exemplo do sector da defesa ou saúde, para
produtos disponíveis para o consumidor em geral.
Oportunidades
A computação baseada nos têxteis está actualmente a desenvolver tecidos que permitem ao utilizador
mover-se facilmente enquanto beneficia de serviços áudio, dados e energia em torno de uma peça de
vestuário ou têxtil. Estes tecidos especializados têm o potencial de manter o indivíduo conectado,
informado para além de permitirem o divertimento sem a necessidade de utilizar quaisquer dispositivos
electrónicos.
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Vestuário interactivo sensível ao toque, activado por voz e calor está a ser desenvolvido e está,
progressivamente, a chegar ao mercado. O desenvolvimento destes itens é alimentado pelo desejo
crescente de dispositivos móveis que nos permitem aceder a informação em qualquer lugar e a qualquer
hora.
No entanto ao nível da investigação, muitos dos projectos e aplicações actuais para e-têxteis reflectem as
estruturas e os interesses da indústria de electrónica de consumo, militar ou indústria da saúde.
Sendo os financiamentos baseadas nos avanços da monitorização ao nível da saúde ou utilização de
sensores biométricos, a necessidade de dispositivos de gestão de tempo e as crescentes preocupações com
segurança. O que muitas vezes é esquecido na pesquisa actual é a designada “intimidade têxtil”, a sua
proximidade com o corpo e consequentemente o seu potencial para a expressão pessoal e até mesmo
utilização lúdica.
De acordo com [7] e [8], existem três estágios que podem ser delineados no que se refere ao design de
conceito na integração de electrónica em tecidos, desde o início.
1. Os primeiros passos no desenvolvimento deste tipo de materiais:

Adopção – dispositivos electrónicos numa base de tecido, e.g. anexados a bolsos de vestuário. Estes
produtos foram introduzidos no mercado sob a forma de periféricos de telemóveis para um
público-alvo, normalmente interessados em novidades electrónicas e moda dentro desta área.
2. O que actualmente está em fase de investigação

Integração – os dispositivos electrónicos são incorporados ao longo de todo o tecido, anexados à
própria estrutura do tecido.
3. E a evolução provável

Combinação – material têxtil e estrutura com funções electrónicas inerentes.
Que vem responder ao aumento da procura por dispositivos móveis leves, práticos para o armazenamento,
acesso e transferência de informação, com consequente aumento da procura por dispositivos vestíveis
wireless. Bem como a recente noção de produtos “smart”, que passaram a designar a capacidade do
produto sentir e responder a estímulos externos [6].Assim, caminha-se para a integração de aparelhos
electrónicos, como telefones móveis, aparelhos de som e computadores pessoais, directamente em têxteis
e vestuário, utilizando materiais condutores, fornecendo assim ao utilizador recursos wireless de alta
mobilidade.
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Referências
[1] Ruchi Kholiya, Shahnaz Jahan, “Beginning of a new era with Electronic Textiles”, Technical textiles, 2011
[2] Anonymous, “Wearable Electronic & Smart Textiles”, 2008
[3] Andreas R. K¨ohler, Lorenz M. Hilty, and Conny Bakker, “Prospective Impacts of Electronic Textiles on Recycling and Disposal”, 2011
[4] Stork, W., “Intelligent clothes for higher comfort and safety”, 2008
[5] McWilliams, A., “Smart and interactive textiles”. Report AVM050B. Wellesley, MA: BCC Research, 2007
[6] Centexbel, “Definition of “smart” textiles”, 2011.
[7] Mecheels, S., B. Schroth, and C. Breckenfelder, “Smart clothes”. B¨onnigheim, Germany: Hohensteiner Institute, 2004
[8] Cho, G., S. Lee, and J. Cho, “Review and reappraisal of smart clothing”,Smart clothing technology and applications, 2010
[9] Market trend, “Wearable Electronics Market and Technology Analysis (2013 – 2018): By Components (Sensors, Battery, Display, Networking);
Applications (Consumer, Healthcare, Enterprise); Products (Smart -Textiles, Glasses, Watches);e-Materials & Geography”, 2013
[10] The economist, “High-tech fabrics. Material benefits”, 2013
[11] Carol Torgan, “Self-Tracking Meets Ready-To-Wear: Make Room in Your Closet for Smart Clothes”, 2011
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