a seleção de um serviço de descoberta na web a

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a seleção de um serviço de descoberta na web a
A SELEÇÃO DE UM SERVIÇO DE DESCOBERTA NA WEB
A EXPERIÊNCIA DA PUC-RIO
Ana Maria Neves Maranhão
Mestre, PUC-Rio, Rio de Janeiro, RJ
Resumo
A proliferação continua de fontes de informação em meio digital em conjunto com
usuários familiarizados com sistemas de pesquisa como Google contribuem para
que as bibliotecas busquem, constantemente, melhores ferramentas para gerenciar
e disponibilizar seus ricos acervos – tanto digitais, quanto físicos. São apresentadas
as metodologias dos serviços de descoberta na web disponíveis atualmente no
mercado. É apresentada a Divisão de Bibliotecas e Documentação (DBD), da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), infraestrutura, serviços
e público que atende e seu processo para selecionar uma ferramenta de descoberta.
São apresentadas informações gerais sobre as empresas analisadas e algumas
considerações importantes a serem observadas quando em um processo de
avaliação.
Palavras-chave: serviço de descoberta na web; metabusca; avaliação de serviços;
biblioteca universitária.
Abstract
The continued proliferation of information sources in digital media, in conjunction with
users familiar with search engines like Google, makes libraries look for better tools,
continuously, to manage and make available their rich collections - digital and
physical. Discovery services methodologies are presented. The Division of Libraries
and Documentation (DBD), of the Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro
(PUC-Rio), infrastructure and services are also presented and its process to select a
discovery service. General information about the companies analyzed and some
important considerations to be observed are placed.
Keywords: discovery service; metasearch; evaluating services; academic library.
1
1 Introdução
O grande desafio hoje das bibliotecas é descobrir a melhor maneira de disponibilizar,
disseminar e tornar acessível um número crescente de documentos que estão em
formas e meios heterogêneos (PRADHAN, 2011).
Hoje, além de continuarem a adquirir livros e outros materiais em papel ou outro
meio físico, adquirem ebooks, periódicos on-line, assinam bases de dados com
milhares de periódicos e/ou livros eletrônicos com texto completo e/ou de conteúdo
referencial, além de estarem, também, produzindo e desenvolvendo seus próprios
conteúdos em meio eletrônico, disponibilizados em seus repositórios institucionais,
com artigos, teses, dissertações, imagens, entre outros.
A literatura, por outro lado, nos indica que a maneira como os usuários procuram
informação, hoje, é definida pelo “padrão” Google de busca – caixa única, busca em
índice, respostas rápidas.
Nesse contexto, as bibliotecas precisam repensar seus sistemas de consulta ao
catálogo, de navegação complexa, e a dispersão de fontes, que gera informações
fragmentadas, para pensar em formas dinâmicas que reúnam em um só ambiente
informações e recursos de qualidade para o usuário final.
Para Breeding (2010), há uma grande quantidade de provedores de informação e,
se as bibliotecas não se posicionarem, os usuários irão, cada vez mais, utilizar
provedores comerciais para responder a suas necessidades de informação. No
entanto, são as bibliotecas que possuem os melhores recursos no universo de
possibilidades disponível na internet. As bibliotecas precisam de sistemas que deem
conta da complexidade de suas coleções, dos variados formatos e da dispersão das
mesmas.
O surgimento da busca federada, que prevê a consulta simultânea a várias fontes
através de uma única interface, apresentou um grande avanço nesse sentido, uma
vez que permite uma experiência de pesquisa similar a realizada em ambientes
como Google. Não havia mais a necessidade de se conhecer dezenas de interfaces.
No entanto, a demanda por maior rapidez e maior relevância nos resultados obtidos
levou ao desenvolvimento de novas ferramentas, baseadas em conceitos já
aplicados nos buscadores comerciais, mas agora trabalhando com conteúdo
acadêmico das bibliotecas - surgem os serviços de descoberta na web.
2 Serviços de descoberta na web
De maneira geral, serviços de descoberta utilizam a tecnologia de harvesting,
coletando e reunindo em um índice único metadados e, às vezes, texto completo de
diversas fontes.
Reúne informações dos diversos silos de informação disponibilizados pelas
bibliotecas em um único silo central, permitindo o uso de interface única para
2
pergunta e resposta - reunida e classificada, ranqueada, de acordo com critérios préestabelecidos de relevância, através do uso de algoritmos próprios.
A Figura 1 ilustra esta metodologia:
PERGUNTA
ÍNDICE
ÚNICO/
CENTRAL
RESPOSTA
CATÁLOGO
(OPAC)
REPOSITÓRIO
INSTITUCIONAL
Bases Dados
COMERCIAIS
Bases Dados
ACESSO LIVRE
Figura 1 - Criação de índice único – serviço de descoberta
A vantagem primeira e inicial em relação à busca federada, que pesquisa
simultaneamente, em tempo real, em várias bases de dados, é que a existência de
uma base de dados com todos os metadados já reunidos assegura que sempre será
oferecida uma resposta ao usuário final, retornando resultados mais rapidamente,
pois não depende de tempo de conexão, nem de possibilidade de acesso às
diversas fontes.
Além de rapidez na recuperação, essa metodologia apresentaria redução na
apresentação de itens duplicados e melhoria considerável na relevância dos
resultados, uma vez que os metadados recuperados podem ser normalizados, préindexados e enriquecidos, além da possibilidade de indexação do texto completo,
oferecido por alguns serviços.
Para Vaughan (2011), os mecanismos por trás dos chamados web scale discovery
services, serviços de descoberta em escala na internet, não são novos, embora a
aplicação comercial dessa abordagem no contexto de bibliotecas seja recente. O
princípio seria o mesmo de serviços como Google.
As interfaces disponibilizam recursos similares aos que os usuários estão
acostumados quando utilizam mecanismos de busca na internet, como caixa única
de pesquisa, tela simples, sem muitas opções iniciais para seleção, sugestão de
grafia (spell checking), entre outros.
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Os serviços de descoberta disponíveis atualmente no mercado trabalham
basicamente de três formas: com índices únicos - onde reúnem todas as
informações, metadados, texto completo, arquivos multimídia, entre outras
informações de interesse da biblioteca; com índices e busca federada simultânea; e
com índices e web services, tecnologia que permite a comunicação entre aplicações,
utilizando XML.
Os modelos que trabalham com índices únicos, como já estão com todos os dados
reunidos em um único banco de dados, possibilitam reorganizar e, até mesmo,
enriquecer as informações, dados, utilizando, por exemplo, recursos de FRBR,
possibilitando que o usuário encontre todas as manifestações de ou sobre um
determinado item ou assunto. Esse modelo retorna resultados de forma rápida,
tendo em vista sua própria filosofia e tecnologia utilizada (BRUBAKER, 2011).
Os outros dois modelos – busca federada e web services – irão conjugar a busca no
índice único com a busca, em tempo real, em bases e repositórios, o que gera
tempos diferentes de resposta, sendo os resultados disponibilizados conforme o
retorno de cada base ou web service.
Atualmente, no mercado internacional, e, mais recentemente, no Brasil, destacam-se
cinco ferramentas, desenvolvidas por empresas já estabelecidas na área de
informação e serviços para bibliotecas:
a) EBSCO Discovery Service http://www.ebscohost.com/discovery?ad=discovery2;
b) ENCORE, da empresa Innovative - http://www.iii.com/products/encore.shtml ;
c) Primo Central da Ex Libris,
http://www.exlibrisgroup.com/category/PrimoCentral;
d) Summon da Serials Solutions - http://www.serialssolutions.com/summon/,
empresa do grupo ProQuest;
e) WorldCat Local, da OCLC – http://www.oclc.org/worldcat/ .
O Quadro 1 a seguir, com informações extraídas de Breeding (2012), mostra a
quantidade de ferramentas instaladas, por produto, no mundo, nos últimos três anos:
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QUADRO 1
PRODUTO
WorldCat Local
2009
2010
2011
INSTALADO
-
-
178
1578
Primo
53
506
111
914
Summon
50
164
214
407
109
56
72
326
Encore
Fonte: BREEDING, Marshall. Automation Marketplace 2012: Agents of Change.
Library Journal, The Digital Shift, 29 mar. 2012. Disponível em:
<http://www.thedigitalshift.com/2012/03/ils/automation-marketplace-2012-agents-of-change/>.
Acesso em: 09 abr. 2012.
Não foram apresentadas informações para o EDS, da empresa EBSCO.
3 A Divisão de Bibliotecas e Documentação da PUC-Rio
A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) é uma instituição de
direito privado sem fins lucrativos que prima pela produção e transmissão do saber,
buscando a excelência na pesquisa, no ensino e na extensão para a formação de
profissionais competentes, habilitados ao pleno desempenho de suas funções.
Atende 41 cursos de graduação e 27 programas de pós-graduação stricto senso,
com 12.600 e 2.280 alunos respectivamente e um corpo docente com 1.320
professores, além de oferecer cursos de especialização e extensão em todas as
áreas do conhecimento.
É considerada uma das principais instituições de excelência em ensino de pósgraduação e pesquisa no país.
Está estruturada em 4 Centros Acadêmicos e seus respectivos departamentos, e
dispõe de unidades complementares e órgãos de apoio como a Divisão de
Bibliotecas e Documentação (DBD).
A DBD é o órgão coordenador do Sistema de Bibliotecas, composto por uma
biblioteca central e quatro bibliotecas setoriais, voltadas, principalmente, para a pósgraduação. Tem como objetivo fornecer apoio ao ensino e à pesquisa, facilitando o
acesso e a difusão dos recursos de informação e colaborar com os processos de
criação do conhecimento, a fim de contribuir na consecução dos objetivos da
Universidade.
Oferece salões de leitura/estudo individual, salas para estudo em grupo, sala de
treinamento, sala multimídia – equipada com computadores, impressoras, scanners,
televisão, DVD players para uso da comunidade.
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Disponibiliza os serviços básicos, como consulta, empréstimo, renovação e reserva,
via web, empréstimos entre bibliotecas em nível nacional e serviço de comutação
em nível internacional.
Oferece ainda serviços de referência virtual, como atendimento via chat, solicitação,
acompanhamento e recebimento de artigos com transação via site, rede wi-fi em
todas as suas dependências e serviço de acesso remoto, permitindo a alunos e
professores acesso a todos os recursos, mesmo estando fora do Campus.
São oferecidas orientações individualizadas para pesquisa e treinamentos nos
recursos disponíveis, com uma programação já estabelecida de capacitação de
usuários.
Disponibiliza recursos de interação e web 2.0 como Twitter, Facebook, blog e um
canal no YouTube.
Conta com um relevante acervo de livros, dissertações/teses e periódicos, com
aproximadamente 450.000 itens físicos. Tem acesso completo ao Portal de
Periódicos CAPES, desde a sua criação, com acesso a mais de 200 bases de dados
referenciais e com texto completo, além de assinar diretamente outras bases de
dados, complementando o conteúdo não disponibilizado no Portal Periódicos.
Atualmente, assina 11 bases, entre referenciais e com texto completo de periódicos
e 2 bases de ebooks. Desde 2011, vem, também, adquirindo títulos individuais de
ebooks, na modalidade de acesso perpétuo.
Toda a coleção de teses e dissertações da Universidade está disponível para
consulta em texto completo na internet, com acesso através do catálogo da
Biblioteca.
Utiliza o Sistema Pergamum para catalogação e gerenciamento.
A necessidade de otimizar a busca em tantas e diversas fontes de informação fez
com que a DBD, já em 2007, começasse a procurar por serviços que viessem suprir
esta necessidade. Em 2008, junto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e o Laboratório
Nacional de Computação Científica (LNCC) lança a Pesquisa Integrada, utilizando o
serviço de busca federada 360Search, da empresa Serials Solutions. O serviço,
além de permitir a pesquisa simultânea em centenas de bases de dados, do Portal
CAPES e bases assinadas individualmente pelas instituições, reunia os catálogos
das três instituições.
Em 2009, a CAPES lança seu novo Portal, também utilizando serviço de busca
federada, o MetaLib da empresa Ex Libris. A PUC-Rio, UFRJ e UNIRIO decidem
permanecer utilizando a Pesquisa Integrada em suas instituições, uma vez que os
recursos assinados individualmente (em número crescente ano a ano) não poderiam
ser integrados ao metabuscador do Portal. Desta forma, o serviço oferecido por
essas bibliotecas era mais abrangente que o próprio Portal CAPES.
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Em 2010 o LNCC sai do grupo, informando não haver interesse em continuar
participando do projeto.
A Pesquisa Integrada foi rapidamente incorporada ao dia a dia da pesquisa na
Universidade, com reflexo no aumento no número de downloads de texto completo
das bases de dados e no empréstimo entre bibliotecas, principalmente entre UFRJ e
PUC-Rio.
No entanto, o crescente número de bases de dados agregadas ao metabuscador, o
que tornava o sistema lento, a incapacidade de realizar pesquisas em determinadas
bases por dificuldades de conexão, além da necessidade de revisão dos conectores,
que permitem a comunicação entre a interface e as bases de dados, demandando
solicitações constantes ao suporte técnico da empresa, fizeram com que a partir de
2010 a PUC-Rio começasse a acompanhar o lançamento dos serviços e
ferramentas que estavam sendo lançados no mercado internacional e que se
propunham exatamente a corrigir as deficiências dos serviços de busca federada.
Em agosto de 2011, decide analisar as ferramentas disponíveis no mercado visando
a substituição do 360Search por uma ferramenta com as características de um
serviço de descoberta.
4 O processo de seleção
Durante o XXIV CBBD – Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação,
realizado em agosto de 2011, em Maceió, AL, é apresentado um trabalho, pela
PUC-Rio, fruto do acompanhamento das novas tecnologias, mostrando as
diferenças básicas entre a busca federada e os serviços de descoberta e a
necessidade de se partir para novas alternativas – MARANHÃO (2011).
São realizados contatos com os representantes comerciais presentes ao evento e
são agendadas apresentações no Rio de Janeiro, para o grupo formado pelas
bibliotecas da UFRJ, UNIRIO e PUC-Rio, que gostariam de mudar de ferramenta,
mas mantendo os catálogos reunidos.
Foram apresentados os sistemas:
EBSCO Discovery Service (EDS), EBSCO, http://www.ebscohost.com/discovery
Encore, Innovative - http://www.iii.com/products/encore.shtml
Primo, Ex-Libris - http://www.exlibrisgroup.com/category/PrimoOverview
Summon, Serials Solutions, http://www.serialssolutions.com/en/services/summon/
WorldCat Local, OCLC - http://www.oclc.org/americalatina/pt/worldcat/default.htm,
via web conference.
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Após vários contatos com os representantes comerciais, verificou-se a necessidade
de se criar um instrumento que permitisse obter de forma uniformizada informações
sobre os sistemas.
Foi elaborado um questionário, com 40 perguntas (Figuras 2 e 3), abrangendo os
pontos que as bibliotecas envolvidas consideravam relevantes, como quantas e
quais bibliotecas já utilizavam o sistema e seus endereços de websites, para que
pudessem ser realizadas pesquisas, a natureza do serviço, se funcionavam somente
com índice ou com índice e busca federada, cobertura em relação ao Portal
Periódicos da CAPES, custo, suporte, carga dos dados do catálogo das bibliotecas,
dos repositórios institucionais, critérios de relevância, customização de interface,
recursos de web 2.0, entre outros. Os dois últimos itens do questionário eram
abertos para que o desenvolvedor, a empresa, ressaltasse os principais
diferenciadores do seu produto no mercado e uma área para as observações que
achassem necessárias.
Figura 2 – Questionário parte 1
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Figura 3 – Questionário parte 2
O questionário foi enviado as 5 empresas para que fosse respondido e devolvido,
dentro de um prazo estipulado.
Todo o material foi analisado e discutido entre as equipes das três Universidades em
diversas reuniões, possibilitando não só conhecer melhor as ferramentas, mas a
própria tecnologia subjacente.
Após a devolução do questionário, foi criada uma planilha (Figura 4), de forma que
fosse possível visualizar de forma rápida algumas características, consideradas mais
relevantes, como criação somente de índice único, cobertura do Portal CAPES,
suporte em português, possibilidade da biblioteca interferir no critério de relevância
da ferramenta, entre outras, e diferenças básicas entre os produtos, incluindo custo.
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Figura 4 – Modelo de Planilha
Paralelamente, foram postadas mensagens em listas de discussão internacionais,
visando obter feedback de universidades que já utilizam serviços de descoberta, e
realizado acompanhamento da literatura internacional sobre a avaliação dos
serviços e suas evoluções, já que são ferramentas que estão ainda em pleno
desenvolvimento e com pouco tempo de uso nas instituições que já as adotaram.
A seguir, são apresentadas, de forma resumida, características básicas de cada
serviço, extraídas das respostas ao questionário. Ressalta-se que novas
implementações são lançadas em curto espaço de tempo, portanto algumas
ferramentas podem já apresentar novas funcionalidades:
a) EBSCO Discovery Service (EDS), desenvolvido pela EBSCO, utiliza o sistema
de índice central combinado com busca federada; utiliza interface
EBSCOHost já conhecida no mercado; tempo de implantação em torno de 3
meses; suporte em português e inglês; “de-duplica” registros, mostrando o
que reúne mais informações sobre o item; faz pesquisa no texto completo; a
compatibilidade com o OPAC da biblioteca através do Z39.50, MARC21
protocolos OAI para repositórios; cobertura do Portal CAPES feita
parcialmente via índice central e via busca federada; é possível a biblioteca
influenciar no critério de relevância; possui recursos para criação de conta,
através do EBSCOHost, para salvar resultados de pesquisa, artigos, etc. e
serviço de alerta; o principal diferencial apresentado pelo desenvolvedor foi a
relevância dos resultados, uma vez que tem os melhores e mais completos
metadados indexados. A EBSCO foi a única empresa que ofereceu criar um
índice para um período de avaliação;
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b) ENCORE, desenvolvido pela empresa Innovative, utiliza índice central para
descoberta de itens locais e web services e busca federada para recuperar
artigos; implantação em torno de 3 meses; quanto ao suporte, foi informado
que português é um dos idiomas suportados pela Innovative; de-duplica
registros, mas não cria super metadados; faz pesquisa no texto completo; os
dados do catálogo devem ser compatíveis, preferencialmente, com ISO 2709
e MARC e protocolos OAI; cobertura do Portal CAPES e outras bases – só é
possível fornecer acesso a até 150 recursos; são utilizadas abas diferentes
para apresentar itens do catálogo e itens de bases de dados; grande
possibilidade de customização da interface; vários recursos de Web 2.0, como
tagueamento, ratings, resenhas, entre outros; é possível criar contas e utilizar
serviços de alerta; os principais diferenciadores foram neutralidade em
relação ao conteúdo, destaque para os itens do catálogo local,
funcionalidades de web 2.0, flexibilidade na personalização da interface,
atendimento ao cliente;
c) PRIMO, da Ex Libris, trabalha com índice central e busca federada;
implantação em torno de 6 meses, variando quanto ao porte e a natureza da
instituição; suporte em português, no Brasil, e, quando necessário, suporte da
matriz, a equipe no Brasil faz a intermediação; de-duplica registros, criando
super registro e utiliza recursos do FRBR; dados dos catálogos em MARC
XML e UTF-8; cobertura do Portal CAPES via índice central e busca federada;
é possível influenciar nos critérios de relevância; é possível para o usuário
criar conta, salvar pesquisas, criar tags, entre outros recursos; a empresa
destacou 9 itens como diferenciais, entre eles agrupamento de títulos
utilizando recursos de FRBR, o serviço bX de recomendação de artigos,
classificação (ranking) de resultados;
d) Summon, desenvolvido pela Serials Solutions, ProQuest, trabalha somente
com índice central; implantação em 3 meses; de-duplica registros e cria
registros enriquecidos; suporte em português/inglês; carga dos metadados da
biblioteca em MARC21, UTF-8; 93% do conteúdo CAPES coberto no índice
central; é possível busca no texto completo; não oferece recursos de web 2.0;
é possível criar alertas via RSS; a empresa destacou 15 itens como
diferenciais, entre eles – ser o único que trabalha somente com índice
único/central, possuindo o maior índice unificado do mercado mundial,
recurso de recomendação de bases de dados, recebeu o prêmio CODiE
2011, como melhor ferramenta de busca, pela Software & Information Industry
Association, nos EUA;
e) WorldCat Local, da OCLC, combina índice central e busca federada;
implantação em torno de 3 meses; suporte em português e inglês; para carga
dos metadados da biblioteca – formato MARC; não pesquisa no texto
completo; é possível utilizar tags, rankings e criar conta para gerenciar suas
pesquisas, serviços de alerta ainda não estão disponíveis; como diferenciais
destacou neutralidade em relação ao conteúdo e a oportunidade da biblioteca
fazer parte da rede mundial da OCLC.
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Todos os serviços foram oferecidos dentro do conceito de computação em nuvem
(clouding computing), onde o acesso a programas, serviços e arquivos é remoto,
através da internet e, portanto, a partir de qualquer lugar, a qualquer hora, não
havendo necessidade de instalação de programas locais.
Na PUC-Rio procurou-se, também, verificar e conhecer o comportamento do usuário
em relação a algumas questões que até então não haviam sido consideradas, como,
por exemplo, quantos usuários da Universidade possuíam contas nas plataformas
das bases de dados para criação de pastas e utilização de recursos adicionais
oferecidos, como salvar expressões de busca, resultados de pesquisa, entre outros.
Foi realizado também um levantamento dos títulos de periódicos com maior número
de downloads para verificar se estariam cobertos pelas ferramentas.
O tempo de implantação da ferramenta – em torno de três meses e a necessidade
da DBD em substituir seu serviço de busca federada no período de sua renovação –
fez com que o grupo – UFRJ, UNRIO e PUC-Rio, que possuem naturezas jurídicas
distintas, as duas primeiras são universidades públicas federais, e a PUC-Rio uma
instituição privada, seguissem em ritmos diferentes, com a PUC-Rio concluindo seu
processo de seleção já em dezembro de 2011, prevendo a substituição da
ferramenta – 360Search, no início de 2012.
O produto escolhido foi o Summon, da Serials Solutions, pelas razões apresentadas
de forma resumida a seguir:
- empresa parceira da Instituição – PUC-Rio desde 2007/2008 com a ferramenta
360Search;
- apontada como uma das melhores soluções, top services, na literatura e por
usuários espalhados pelo mundo;
- única ferramenta que trabalha somente com índice unificado, central, não combina
busca no índice com busca federada;
- melhor relevância nos resultados em função do item anterior;
- cobre, em dezembro/2011, 93% do Portal CAPES e conteúdos assinados pela
PUC-Rio individualmente;
- simplicidade da interface – “Google like”, como os estudos mostram ser a demanda
dos usuários; as pesquisas realizadas com usuários PUC-Rio mostraram, também,
baixo uso ou interesse por recursos como criação de pastas, salvar pesquisas,
alertas, etc.
- utiliza o modelo SaaS (software as a service) que soluciona algumas das
dificuldades e problemas do modelo de simples hospedagem, garantindo a
disponibilidade do serviço 99,9% do tempo, utilizando servidores redundantes
(mesmo durante o processo de manutenção do hardware ou atualização do
software, não há interrupção do serviço);
- custo.
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Foi feita assinatura por dois anos, uma vez que a experiência da DBD mostra que o
primeiro ano é utilizado para implantação e divulgação do novo serviço/ferramenta, o
segundo ano passa a ser o ano de uso “real” e efetivo, e, portanto, também, mais
adequado para avaliação.
Em dezembro de 2011, as Universidades Católica de Brasília, UNB e UNICAMP já
haviam também assinado o serviço da Serials Solutions.
No momento, abril de 2012, o Summon está em fase de implantação, com as bases
comerciais já reunidas no índice central e em uso interno pela equipe técnica do
Sistema de Bibliotecas. Algumas dificuldades, no entanto, foram encontradas para
incorporação dos dados do catálogo.
5 Algumas considerações
Para selecionar e avaliar produtos e serviços na área de informação, ou mesmo, em
qualquer área, é importante acompanhar o que está sendo dito sobre os mesmos,
ouvir a experiência de quem já utiliza e já passou pelo processo.
As empresas contatadas durante o processo de seleção foram extremamente
profissionais, mostrando que possuem não só interesse em trazer seus produtos
para o Brasil, como apresentam infraestrutura suficiente para atender o mercado. A
questão do suporte em português é muito importante e deve ser colocada como
ponto fundamental durante as negociações.
São apresentadas, a seguir, considerações relevantes de autores que acompanham
esses processos ou relatam suas experiências.
Para Breeding (2010), as ferramentas de descoberta estão ainda em seus estágios
iniciais e, embora o conceito seja bastante atraente, será somente através da
experiência positiva dos usuários que esses produtos irão provar seu valor. A
expectativa é de um contínuo desenvolvimento com o objetivo de melhorar a
cobertura de conteúdo, as possibilidades de refinamentos e as tecnologias de
recuperação.
Becher (2011) apresenta estudo realizado na American University no processo de
avaliação e seleção da ferramenta de descoberta. Eles partiram de um estudo das
preferências dos usuários para estabelecer os critérios necessários e fizeram
algumas constatações como a possibilidade de utilizar tags e fazer revisões como
características opcionais mais do que necessárias ou obrigatórias. Da mesma forma
como observamos o baixo uso pela comunidade PUC-Rio dos recursos de criação
de contas, pastas, etc., em bases de dados, apesar de amplamente divulgados e
apresentados nos treinamentos realizados, i.e., disponibilizar ou não esses recursos
não era um ponto importante na nossa avaliação.
Kenney (2011), comentando a experiência da Universidade de Liverpool e do
gerente de sistemas da biblioteca no processo de escolha de uma ferramenta de
descoberta, diz que não se trata de um produto ser melhor do que outro e sim do
que é mais adequado para sua biblioteca – é necessário observar, considerar, sua
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comunidade de usuários, sua coleção e sua missão. Cada instituição deverá fazer
sua própria escolha.
Na revisão apresentada por Thornton-Verna (2011), onde quatro bibliotecários falam
sobre quatro diferentes ferramentas adotas em suas instituições, vemos que para os
alunos de graduação das universidades americanas o serviço de descoberta
resolveu muito bem a necessidade de encontrar artigos relevantes sobre
determinado tópico para seus trabalhos acadêmicos, já para os alunos de mestrado,
o serviço de descoberta não funcionou como a solução mágica. Muitas vezes, as
bases de dados específicas em determinado assunto ainda atendem melhor as
necessidades de informação deste grupo. Por outro lado, parece que a ferramenta
atendeu muito bem as necessidades dos alunos de doutorado e professores que
tem familiaridade com pesquisas e tópicos bem específicos, mostrando-se útil para
localização de citações e interdisciplinaridade de temas que extrapolam a expertise
do professor, por exemplo.
Brubaker (2011), por outro lado, afirma que algumas bibliotecas estão coletando
informações do próprio site, como horário de funcionamento, localização, e reunindo
também no índice único, de forma que a ferramenta localize as informações, ou
ainda, todo tipo de informação que o usuário procura no site da biblioteca. Ele
apresenta, também, uma rápida revisão dos cinco sistemas citados nesse trabalho e
um modelo de planilha para ajudar na seleção e avaliação dos serviços.
Hawkins (2011) fornece uma visão geral do mercado dos serviços de descoberta
apresentados durante Simpósio realizado pela National Federation of Advanced
Information Services (NFAIS), em setembro de 2011, e afirma que os critérios de
seleção de um serviço de descoberta são praticamente os mesmos utilizados para
outros produtos de informação, quais sejam, abrangência e cobertura de conteúdo,
riqueza e consistência de metadados, freqüência das atualizações, facilidade em
incorporar informações do catálogo, simplicidade da interface, suporte para
plataformas móveis e custo.
A NFAIS lançou, em janeiro de 2012, esboço de um código de boas práticas para
serviços de descoberta, a ser revisto e desenvolvido pelas partes envolvidas. O
documento
pode
ser
consultado
em:
http://info.nfais.org/info/codedraftintroduction.pdf
A criação do índice central, único, com metadados das bases comercias não
apresenta dificuldade, apesar de ser necessário uma configuração precisa para que
o usuário não seja levado erradamente a uma página para acesso ao texto
completo, não tendo, no entanto, acesso ao mesmo.
A incorporação de metadados de sistemas brasileiros (OPACS) está sendo uma
nova experiência para essas empresas e, da mesma forma, para as empresas
nacionais está sendo um aprendizado, com algumas surpresas pelo caminho. O
período de implantação, por sua vez, pode se estender além do previsto.
Por fim, cabe ressaltar às instituições que pretendem oferecer uma ferramenta de
descoberta que as bibliotecas se diferenciam exatamente na prestação de serviços
que envolvem os conteúdos que oferecem, não só visando o acesso, mas auxiliando
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na pesquina, na indicação de fontes e na consulta a itens que extrapolam os limites
da coleção da biblioteca. A oferta de serviços como empréstimo entre bibliotecas e
comutação bibliográfica, entre vários outros, tornam-se fundamentais, adicionando
ainda mais valor ao serviço de descoberta.
Para Mathews (2012), estamos no momento ideal para lançar novos produtos,
programas e criar novas parcerias; a biblioteca não é um prédio, um site ou uma
pessoa - é uma plataforma para pesquisadores, professores, estudantes,
entusiastas da cultura e do saber que querem aprender e desenvolver novos
conhecimentos.
6 Referências
BECHER, Melissa; SCHMIDT, Kari. Taking Discovery Systems for a Test Drive.
Journal of Web Librarianship, v. 15, p.199-219, 2011.
BREEDING, Marshall. The state of the Art in Library Discovery 2010. Computer in
Libraries, v.30, n.1, jan/fev 2010. Disponível em: Academic OneFile, Gale. Acesso
em: 07 abr. 2012.
BREEDING, Marshall. Automation Marketplace 2012: Agents of Change. Library
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The
Digital
Shift,
29
mar.
2012.
Disponível
em:
<http://www.thedigitalshift.com/2012/03/ils/automation-marketplace-2012-agents-ofchange/>. Acesso em: 09 abr. 2012.
BRUBAKER, Noah et al. Shapes in the cloud: finding the right discovery layer.
Online, v.35, n.2, mar./abr. 2011.Disponível em: Academic OneFile, Gale. Acesso
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06 abr. 2012
KENNEY, Brian. Liverpool’s Discovery. A university library applies a new search tool
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