Confluências - Escola Secundária de Camões

Transcrição

Confluências - Escola Secundária de Camões
B OL E T I M E SC OL A R
Confluências
Confluências
(2ª Série)
set-dez 2015
Mudam-se os tempos, movem-se as pontes
Um início de ano
letivo em
ambiente
convivial e
cultural pela
Vila de
Sintra!
Fotos de Lurdes Fernandes
XI PRÉMIO
LITERÁRIO CAMÕES
PARTICIPA !
Uma simpática receção nos Paços do Concelho e uma
agradável
visita à
Quinta da
Regaleira!
Nesta edição:
Scriptomanias …..…….
Scriptomanias
‘Trovadorescas’ & .…...
Iniciativas ………….….
“Circunstanciais” …....
Outros Espaços ……....
Nepal - um País Imenso …………………….…...
Encontros ……………...
Cidadania Ambiental .
Camões English Theatre ………………………...
Cursos Profissionais um Projeto ……………..
Breves …………………...
Envio de trabalhos para: [email protected]
pp. 2-4
pp. 5-6
p. 7
p. 8
p. 9
p. 10
p. 11
pp. 12-13
p. 14
p. 15
p. 16
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Confluências
SCRIPTOMANIAS
Antes que as luzes se apaguem
Vou parecer fria, no entanto tens que ver a realidade, ninguém
vai ficar aqui na terra para contar a história, chegará o dia em
que todos partimos.
Uns partem, outros nascem, é a lei da vida, ninguém a pode
mudar. Sinto muito pela tua perda, mas só te posso dar as
minhas palavras, para teres força, seguires a tua vida, concretizares os teus desejos e alcançares os teus objetivos.
Ninguém parte por nada, o mundo existe. Por algum motivo desconhecido as pessoas arrendaram o planeta Terra por alguns anos, depois cabe a cada um cumprir a sua missão, e, quando ela estiver concluída, parte-se para um outro lugar, quem sabe se para realizar uma outra
missão.
Se ela partiu foi porque completou com êxito a sua missão na terra. Agora, onde quer que ela
esteja, estará a ver-te, a ti e à tua família, decerto com o mesmo sorriso que vias no seu rosto.
E, acredita, duvido que ela gostasse de te ver triste. A vida é demasiado curta para nos lamentarmos e tentarmos voltar atrás para consertar algo que será irreparável. O tempo é uma ilusão. Todos nós somos pequenos robôs, com uma pilha a prazo, o prazo necessário para sermos
felizes.
Tudo isto é psicológico, tudo o que sentimos é falso. Há quem consiga dominar o corpo, há
quem desista, a decisão está agora nas tuas mãos, ou lutas ou desistes. Do pouco que conheço
de ti, não me pareces do tipo de pessoas que desistem. Pensa na vida como se fosse uma peça
de teatro, esquece os erros que cometeste ou que irás ainda cometer, diverte-te antes que as
luzes se apaguem e as cortinas se fechem.
Valéria Brites, 12º I
Título: Confluências
Iniciativa: Departamento
de Estudos Portugueses
Coordenação de edição:
António Souto, Manuel
Gomes e Lurdes Fernandes
Periodicidade: Trimestral
Impressão: GDCBP
Tiragem: 250 exemplares
Depósito Legal: 323233/11
Propriedade: Escola
Secundária de Camões
Praça José Fontana
1050-129 Lisboa
Telefs. 21 319 03 80
21 319 03 87/88
Fax. 21 319 03 81
Foto de Mafalda Gomes
Amor Perfeito
amor?
talvez algo desconhecido
um sonho perdido
aquele
que se mantém contigo
que te não deixa ir
que te segura a mão
e
te não deixa cair
a esperança
de um dia o ver entrar
de o abraçar
e os ponteiros parar
parar o tempo
numa ilusão eterna
ou numa paixão
PERFEITA
…………………………………..
e cada um dos vossos fios
magoados
feridos
quebrados
se unem
e nasce um único amor
e permanece
para sempre
Maria Madalena
Oliveira, 12º I
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Confluências
SCRIPTOMANIAS
A pessoa certa
A pessoa certa é aquela que mesmo em silêncio faz o teu sorriso
ganhar vida, é aquela que só sossega quando te vê bem, que fica
ansiosa por ti, que torce pelos teus sonhos e que vibra quanto tu os
consegues alcançar. A pessoa certa é aquela que tem sentimentos
sinceros, que está sempre disposta a ensinar-te e a aprender contigo,
é aquela que aceita as tuas escolhas sem fazer cara feia, que compreende que as tuas manias e os teus defeitos fazem parte de ti e
querer mudar isso é como pedir-te para que te ajustes a expetativas
que não te pertencem. A pessoa certa é aquele que compreende que és
diferente e é por isso que as coisas são mais interessantes. A pessoa
certa é aquela que entende que tu tens outros sonhos e vontades pessoais, que tu, apesar de gostares de cinema a dois, às vezes precisarás
de tempo sozinho para te realizares. A pessoa certa é aquela que te
acrescenta, que faz o teu tempo valer a pena quando está contigo, que
aproveita cada desenho do teu sorriso e jamais desejaria tirá-lo do teu
rosto.
A pessoa certa é aquela que te deixa saudade e que, principalmente, mata a saudade, que te faz sentir importante, único e verdadeiramente inteiro. A pessoa certa é aquela que está sempre disposta a
descobrir-te, aquela que acha que cada dia ao teu lado é um novo dia
para te conhecer melhor, é aquela que te acha extremamente interessante e mesmo quando ninguém te acha assim, olha-te como ninguém
te olha. A pessoa certa é aquela que te liga quando o teu saldo acaba,
aquela que te vem ver quando menos esperas, aquela que te abraça
até tu soltares ar pela boca, aquela que te beija como se não te tivesse
visto há anos, aquela que te oferece o peito para dormires, que entrelaça os dedos no teu cabelo, que vê até nas coisas mais simples um
Também pessoas
Senti necessidade de me expressar
nesta pequena reflexão por estar farta
de ser discriminada pelo que vivo.
Hoje em dia, viver num país que não
é o teu ‘país de origem’ pode não ser
bom, mas é seguramente pior quando
a cor da pele não é a mesma que a
tua. O racismo mais expressivo é o
que envolve a cor da pele, e não é
somente por ser africana que falo disto.
O racismo associa-se a pessoas de
cor, e as pessoas de cor estão associa-
motivo para continuar contigo, porque são essas pessoas que conseguem ver as coisas mais simples, que não costumam complicar as
coisas e problematizar a vida.
A pessoa certa é aquela que se vai apaixonar pelos teus pequenos
detalhes. A pessoa certa é aquela que acredita em ti quando ninguém
acredita e até mesmo quando tu não acreditavas em ti, é aquela que
te observa enquanto dormes, que troca magia num só olhar, aquela
que se conecta a ti quando está distante.
A pessoa certa é aquela que reconhece os próprios erros, que se
desculpa, é madura, entende que nem sempre está correto quando há
discussões, é aquela que não usa o sentimento como motivo para justificação de um erro, que não provoca ciúmes e atitudes desnecessárias.
A pessoa certa é aquela que te tira o sono por preocupação, que te
irrita com cócegas na barriga, é aquela que não te vai privar das coisas que tu sempre fizeste, que não te vai tirar os teus amigos, é aquela que te apresenta novas pessoas e novos lugares, que te inclui no
mundo dela, que te dá a mão além do peito, a alma além do corpo e a
mente além do coração.
A pessoa certa vai errar várias vezes, vai-te irritar até te tirar do
sério, mas nunca vai deixar que duvides de vocês, nunca vai deixar
que te arrependas de a ter conhecido.
É aquela que te dá coragem em vez de medo, que te dá certezas em
vez de dúvidas e flores em vez de preocupações.
Por fim, a pessoa certa é aquela que te atrai e não te trai, porque se
for para ser igual a tantas por aí, se não for para fazer o bem, é
melhor tu nunca a conheceres.
Catarina Carvalho, 11º G
das ao que há de mau. Por exemplo,
se fores de cor, pensam que és ladrão,
que não tens passe,
podem até pensar que
não tomas banho, que
cheiras mal, ou que
vives numa barraca
sem água e sem televisão…
Em certo sentido até pode ser verdade, até pode mesmo haver pessoas
que vivam assim, mas basta de pensar nas coisas generalizando, chega
de presumir que somos todos iguais,
Pobreza legalizada
que não temos estudos, que não temos
educação… Há pessoas diferentes, há
pessoas educadas, há pessoas com
boas condições de vida, há pessoas
sérias, pessoas que apenas se preocupam em ganhar dinheiro de forma
justa e em sustentar a família de
maneira honesta. Também pessoas.
Frustra-me sentar-me num autocarro e haver quem se levante e olhe
para mim de lado por eu ser de cor…
Basta!
Pelcia P. G. da Rosa, 12º I
das altas taxas de desemprego.
Dizem que "os velhos são demasiado velhos para trabalhar", que não têm "tantas ideias e tanto empenho como
um jovem", pois claro, mas também vos digo: são os mais
sabedores!
Porém, qual a solução? Deixá-los sem emprego e, deste
modo, sem forma de sustento?
A pobreza não é o fim, mas um processo que, infelizmente, nos vai levando aos poucos. E nada nos assusta tanto
do que a pobreza neste mundo capitalista.
Moro num país em que a pobreza está legalizada de tal forma que passou a ser uma banalidade social. Vê-se um pedinte na rua e já
nem sequer o olhamos nos olhos, ou por outra,
o mais provável é tropeçarmos nele, visto ele
fazer já parte do ritual de o termos de encarar todos os
dias no mesmo sítio.
Um pobre, verdadeiramente pobre, passou a assustar as
pessoas de tal forma que já ninguém sequer se chega per- Certo dia, dei uns trocos a um mendigo do metro. Ele
to. Cheira mal?... Dorme no chão?...
encarou-me, com olhos de quem já não comia há mais de
O ser humano tem o dever de melhorar o que está mal, uma semana, e desabafou: "Trabalhei demasiado para
ou então, pelo menos, esforçar-se por fazê-lo. Ignorar não aceitar viver de esmolas...".
pode ser uma opção.
A pobreza passou a ser uma das maiores consequências
Ivânia Machado, 12º I
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Confluências
SCRIPTOMANIAS
O dia em que ganhei o Nobel
Acordei às 7h00 nesse dia 29 de outubro de
2015. Levantei-me, tomei banho, fiz a barba e o
bigode. Tirei do armário o que normalmente vestia: umas meias rotas (a minha casa tinha sido
invadida por implacáveis exércitos de traças, pelo
que ainda eram notórios os sinais da sua passagem), as calças de corte direito (as calças justas
faziam-me andar à cowboy) e as camisolas confortáveis com que sempre me habituei a andar. E os
meus boxers que, apesar de não terem nada de
especial, faziam parte do meu vestuário. Tomei o
pequeno-almoço e arranjei-me (penteado à cavalheiro e dentes à pedigree, mesmo sabendo que o
penteado não iria para além da porta de casa).
Apanhei o autocarro às 7h43 e, como de costume, cheguei à escola às 8h00. Qual não foi o meu
espanto quando vi, em frente à imponente fachada da escola, um aparato digno de receber o mais
ilustre dos convidados: cinco majestosas cadeiras
guardavam, em sentido, uma daquelas monstruosas caixas onde falam os políticos. E para quem
seria aquela festa? O silêncio invadiu o local. As
pessoas que ali se encontravam em pé abriram
um largo corredor que se estendia desde a entrada
ao sítio onde me encontrava. Na esperança de
perceber o que se passava, olhei para trás. Ninguém ousava aparecer na ponta daquele tapete...
exceto eu. Aquela festa era para mim! Mas, espera
um bocadinho... Que há mais magro, há, mas
tenho a certeza de que não sou gordo ao ponto de
ocupar cinco cadeiras! E não era. Por detrás das
cadeiras apareceram o Presidente da República, o
Primeiro-Ministro, o diretor da escola e um
homem pálido, alto, de feições insensíveis e vestido a rigor. Via-se mesmo que era estrangeiro!
Todos se dirigiram na minha direção e precipitaram-me para o palco.
− A presidência da República, o governo de Portugal e a Academia Sueca, entidades aqui representadas por ... têm a honra de atribuir o prémio
Nobel 2015 da Física ao aluno Francisco Monteiro, da Escola Secundária de Camões, aqui representada por... Peço desculpa aos leitores por não
referir os nomes das individualidades, mas estava
tão perplexo que a minha memória não me permitiu recordá-los. Onde é que eu ia? Sim, finalmente
estava a perceber o que se estava a passar. Eu,
Francisco Monteiro, acabava de ser galardoado
com o prémio máximo da ciência do mundo! Que
emoção! Que honra! Que vergonha... Apesar de
muito mais novo do que todos aqueles que já
tinham sido galardoados, era o único que alguma
vez se apresentara de meias rotas... Como era
possível? Uma cerimónia tão chique em meu nome
e nem as meias me deixavam trocar? E de quem
foi a brilhante ideia de me anunciar tal privilégio
uma hora antes de partir para Estocolmo? Estava
eu a questionar-me quando dei por mim enfiado
no mesmo carro que o estrangeiro. Era óbvio que o
homem não deveria saber falar português, pois eu
tenho a certeza de que pensei em alta voz. Mas
nada disso adiantava, porque eu estava numa
limusina a caminho da Suécia quando, numa
outra semana qualquer, estaria a ter uma aula de
Filosofia.
Cheguei ao aeroporto por volta das 9h00 e, tal
como na escola, tive de cumprimentar aquela
gente toda com um aperto de mão:
− Parabéns! Ensaio brilhante, Sr. Francisco!
Deve estar orgulhoso! − diziam todos como se
sempre tivessem estado ao meu lado, a apoiar-me.
E depois apareceram os media (nunca mais saio
daqui!) artilhados com as suas câmaras, microfones, gravadores e toda aquela parafernália de
dispositivos com que todos os jornalistas andam
hoje. Mas eu mantive-me firme na minha posição
de bom orador e disse-lhes, como qualquer treinador de futebol, que todas as minhas declarações
seriam feitas no intimidante discurso do Nobel
que eu, saliente-se, não tinha tido tempo de escrever.
Fiz o check-in e entrei no jato privado que me
estava destinado para a ocasião. From zero to hero
em apenas uma hora! Escrevi o meu discurso
durante metade da viagem, pois os galardoados
costumam falar dos seus quarenta anos de vida e
eu só tinha dezasseis. Seria mais um recorde: o
discurso do Nobel mais pequeno de sempre! Aproveitei o resto da viagem para tentar esclarecer os
meus pais, os meus colegas e os meus professores
de que não iria estar com eles para receber essa
distinção. Claro que eles devem ter pensado que
eu tinha enlouquecido de vez, mas iriam perceber
quando vissem as notícias.
Cheguei às 13h20 à capital sueca, onde tive
novamente de cumprimentar toda aquela gente.
Depois, e tal como em Lisboa, evitei os tabloides
da zona com um charme típico de qualquer político e fui-me embora. Entrei para a limusina e lá
fui eu almoçar, eu que não comia desde as 7h20 e
costumava comer a cada hora e meia. Mas desengane-se quem pensa que comi bem. Lá, os restaurantes finos (onde um futuro Nobel teria inevitavelmente de comer) serviam a comida em doses
muito pequenas! E nem pratos de carne faziam!
Não admira que a Suécia seja dos países com
menor taxa de obesidade! Como seria suposto
discursar perante a ilustre plateia do Nobel quando se tem fome? E pior ainda, como seria suposto
falar aos convidados do famoso banquete real
enquanto os empregados lhes serviam a comida?
Tinha de fazer alguma coisa, que um prémio
Nobel não se poderia dar ao luxo de deixar por
resolver um problema destes! Após muito pensar,
cheguei à distinta desculpa de que não falava
português há demasiado tempo e, para que o
discurso me saísse bem, teria de praticar mais um
bocado.
Levaram-me então a um restaurante português,
que já é sabido que os portugueses gostam de
estar uns com os outros. E seria desagradável ir lá
sem comer qualquer coisita, não é? Bife da vazia e
batatas fritas! Toma lá, que já almoçaste! Pelo
menos, já não és o primeiro a saltar do atril para
devorar o jantar da rainha!
Com as deslocações e o almoço, mais um jogo de
futebol na televisão, dirigimo-nos para a câmara
de Estocolmo, onde todos esses recordes iam, na
verdade, concretizar-se. Sentei-me numa das
cadeiras do anfiteatro e esperei. Estavam já todos
sentados e foi para o meio da plateia o estranho
senhor que me acompanhara todo o dia, iniciando
o discurso:
− Excelentíssimas senhoras e senhores aqui
presentes. É com grande honra que anuncio a
presença de Vossas Majestades, o rei e a rainha
da Suécia − e entraram pelo meio da sala um
homem e uma mulher, também vestidos a rigor,
que se sentaram nos tronos instalados perto do
centro da sala. E o senhor prosseguiu:
− Homenageamos hoje um estudante que, ape-
sar da sua tenra idade, não deixou de se questionar sobre o que podia fazer para melhorar a sociedade em que vive. Foi com base nessa curiosidade
que o nosso homenageado descobriu como se pode
teletransportar um corpo. Sem mais demoras,
chamo aqui Francisco Monteiro.
E foi muito envergonhado que me levantei e me
dirigi, lentamente, ao centro daquele espetáculo.
A partir daí, o silêncio invadiu a câmara. Era
notório na cara dos reis da Suécia o seu desagrado
pela forma como eu estava vestido, o que não
contribuiu em nada para me acalmar. E assim
comecei o meu discurso:
− Majestades, excelentíssimos convidados aqui
presentes, não menos ilustres pessoas que nos
acompanham pelos meios de comunicação social,
agradeço desde já a atribuição deste prémio, reconhecimento de um trabalho por mim desenvolvido
ao longo de alguns anos. Considero, no entanto,
que nada consegui fazer se não abrir uma janela
de oportunidade para aqueles que conseguirem
aplicar a minha descoberta a algo de útil. O meu
trabalho teve como objetivo, como sabem, a descoberta das condições que tornam possível a deslocação quase instantânea de um corpo de um lado
para o outro. Cheguei à conclusão de que um
corpo, para se deslocar desta forma, teria de atingir uma velocidade de, aproximadamente, 1000
km/h. Por isso, considero que em mais nada contribuí, dado não ter conseguido atingir tal velocidade, tornando a minha hipótese apenas matematicamente correta. Devido à minha tenra idade,
nada fiz de grandioso para além do motivo que
aqui me traz. Agradeço agora a todos aqueles que
me apoiaram, nomeadamente os professores das
áreas científicas e os meus verdadeiros amigos
que, nos bons e maus momentos, não deixaram de
me mostrar apoio. Obrigado pela atenção!
Ouviu-se silêncio, e depois palmas. Fiz uma
vénia aos reis e aos demais presentes, e virei-me
para o estrangeiro. Ele empunhava em suas mãos
uma caixa de madeira grande, que continha o tão
esperado prémio. E no preciso momento em que
ma deu, soou um galo. Um galo? Em plena entrega do Nobel? Começou então o apocalipse. Desapareceu o prémio, desapareceram os reis, desapareceu a audiência, desapareceram os media, e
desapareceu o senhor esquisito... Até a câmara se
consumira! Só restava o galo que eu não via, mas
ouvia.
Acordei às 7h00, nesse dia 29 de outubro de
2015. Levantei-me, tomei banho, fiz a barba e o
bigode. Tirei do armário o que normalmente vestia: umas meias rotas (a minha casa tinha sido
invadida por implacáveis exércitos de traças, pelo
que ainda eram notórios os sinais da sua passagem), as calças de corte direito (as calças justas
faziam-me andar à cowboy) e as camisolas confortáveis com que sempre me habituei a andar. E os
meus boxers que, apesar de não terem nada de
especial, faziam parte do meu vestuário. Tomei o
pequeno-almoço e arranjei-me (penteado à cavalheiro e dentes à pedigree, mesmo sabendo que o
penteado não iria para além da porta de casa).
Apanhei o autocarro às 7h43 e, como de costume, cheguei à escola às 8h00. Na escola, só a
imponente fachada restava do aparato que dera
origem a toda esta confusão.
Sem fama, sem fortuna, sem prémio. Da minha
aventura restavam as meias rotas que eu usara
nesse dia. Fico com os meus amigos, as minhas
aulas e o meu almoço de quinta-feira!
Francisco Monteiro, 11º C
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Confluências
SCRIPTOMANIAS ‘TROVADORESCAS’
Na serra do Marão a tua sombra paira
Na serra do Marão a tua sombra paira
Zelando lá por mim d’alma sã e inteira
E o vento Norte afasta-me de ti
Tua sombra paira na serra do Marão
Zelando lá por mim d’alma e de coração
E o vento Norte afasta-me de ti
Zelando lá por mim d’alma sã e inteira
A saudade que levo em mim não tem fronteira
E o vento Norte afasta-me de ti
Zelando lá por mim d’alma e de coração
A saudade que levo em mim, minha prisão
E o vento Norte afasta-me de ti
A saudade que levo em mim não tem fronteira
E ao voltar p’ra ti minh’alma será solteira
E o vento Norte afasta-me de ti
A saudade que levo em mim, minha prisão
E ao voltar p’ra ti minh’alma irá em oração
E o vento Norte afasta-me de ti
Thomas Maurício Childs, 10º C
Como posso eu viver com este espaço...
Como posso eu viver com este espaço por
[preencher,
Ajudai-me, minha irmã, a o conhecer.
Sem o ter morro eu!
Como posso eu viver com este espaço no peito,
Ajudai-me, minha irmã, a ter esse direito.
Sem o ter morro eu!
Ajudai-me, minha irmã, a o conhecer,
Meu amigo está longe, p’ra lá do amanhecer.
Sem o ter morro eu!
Ajudai-me, minha irmã, a ter esse direito,
Meu amado está longe, p’ra lá deste leito.
Sem o ter morro eu!
Helena Tello, 10º C
Estava ali,
[a me aperaltar
A minha cabeça, à roda começou a andar.
Será meu amigo?
Quando algo passou e me fez acordar,
Levou-me a segui-lo sem mais parar.
Será meu amigo?
Estava ali, a me
[aperaltar,
Quando algo passou
[e me fez despertar. A minha cabeça, à roda começou a andar,
E logo de seguida, parei, para não m’atrapalhar.
Será meu
Será meu amigo?
[amigo?
Estava ali, a sonhar, Levou-me a segui-lo sem mais parar
Porque um novo amado quis arranjar.
Quando algo passou e me fez acordar.
Será meu amigo?
Será meu amigo?
Quando algo passou e me fez despertar,
Paulo Miguel Silva, 10ºC
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Confluências
SCRIPTOMANIAS ‘TROVADORESCAS’ &
Não chegou, madr’, o dinheiro
Para comprar um casaco da Prada!
Porque é tão poupada?
Ai, madre, preciso de mais!
Não chegou, madr’, o dinheiro
para m’aguentar o mês inteiro.
Ai, madre, preciso de mais!
Porque me deixa o bolso tão ligeiro?
Entristece-me, tão pouco dinheiro.
Ai, madre, preciso de mais!
Não chegou, madr’, a mesada
para comprar um casaco da Prada.
Ai, madre, preciso de mais!
Porque é tão poupada?
Entristece-me, tão parca mesada.
Ai, madre, preciso de mais!
Para m’aguentar o mês inteiro!
Porque me deixa o bolso tão ligeiro?
Ai, madre, preciso de mais!
Trovas na internet
Quando liguei o computador,
Tal foi o meu ardor!
Nem mil “Gosto” se comparam!
Quando li o teu artigo,
Logo quis estar contigo!
Nem mil “Gosto” se comparam!
Cantiga desparalelística
− Veado meu, e meu abrigo,
Sabedes novas do meu amigo?
Como bailarei só?
Meu amigo e meu amado,
Foi-se cedo e tanto me tarda.
Como bailarei só?
José Antunes, 10º K
Tal foi o meu ardor!
Pois encontrei meu amor!
Nem mil “Gosto” se comparam!
Logo quis estar contigo,
Pois encontrei meu amigo!
Nem mil “Gosto” se comparam!
Pois encontrei meu amor!
Parecias um trovador!
Nem mil “Gosto” se comparam!
Pois encontrei meu amigo!
P’ra sempre estás comigo!
Nem mil “Gosto” se comparam!
Pedro Rosendo, 10º C
Emigrado e eu abandonada,
Por ele vivo coitada.
Como bailarei só?
Contigo me sinto bem,
Semelhante a quem não vem,
Como bailarei só?
− Não bailarás só,
Teu amigo voltará veloz.
Como bailarei só?
Deixa as saudades aquém,
Que teu amigo está bem.
Como bailarei só?
Teu amado regressará,
E mais felicidade trará.
Como bailarei só?
João Castro, 10º I
Um livro aberto, um mundo aberto
Por onde começar? Desde que aprendi a ler, que todos os dias carrego na minha mala um livro, isto porque não
importa se o dia está a correr bem ou mal, se estou triste ou contente, porque quando abro um livro todas as preocupações desaparecem…
Quando era mais pequena, a minha mãe escondeu todas as lanternas da casa, porque descobriu que eu ficava
acordada à noite a ler, debaixo dos lençóis… A verdade é que nessas noites eu não estava deitada na minha cama,
eu estava a viver aventuras gloriosas, a visitar cidades incríveis, a escalar montanhas com os meus heróis favoritos, a voar pela minha imaginação! Eu adorava, ainda adoro, viajar no tempo, conhecer os costumes e tradições das
sociedades antigas, visitar os castelos onde eles moravam e as pequenas aldeias onde tantas histórias tiveram
lugar, mas para conhecer todos estes maravilhosos lugares não precisava de sair de casa, apenas precisava de um
bom livro e de uma lanterna! Hoje, olho para trás e reconheço a importância da leitura, não só para a minha formação como pessoa mas também para a minha maneira de escrever.
É realmente extraordinário, como é possível, através dos livros, entrarmos no nosso próprio mundo, vivermos com
as personagens e esquecer as nossas vidas, durante algum tempo, esquecemos tudo,
“recarregamos baterias” para enfrentar o mundo real de novo e por esta simples razão eu estou
eternamente grata pela presença dos livros na minha vida!
Beatriz Santos, 11º C
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Confluências
INICIATIVAS
JÁ ARRANCOU A CAMPANHA COASTWATCH 2015/2016
No passado mês de setembro, na sala “O Século” do Ministério do Ambiente,
Ordenamento do Território e Energia, a Escola participou, como exemplo de boas
práticas pedagógicas, no seminário Internacional Coastwatch “25 anos do Projeto
Coastwatch: perspetivando a educação ambiental sobre o litoral”.
Seminário Internacional
Este projeto promove a cidadania ativa e consiste na monotorização e caracteri(setembro 2015)
zação ambiental do litoral. Ao longo dos seus 25 anos de existência, este projeto
conta com a participação de milhares de voluntários e é um importante instrumento de educação para a cidadania ambiental. Os alunos desta Escola, que lhe irão dar continuidade, renovam o seu papel de voluntários.
No seminário internacional, onde estivemos presentes em representação dos alunos que participaram na campanha anterior, intervieram oradores de renome, como por exemplo representantes
nacionais e internacionais de estruturas públicas do ambiente, do mar e de ONGs de ambiente.
Os temas em debate foram os seguintes: Ameaças e desafios futuros das áreas litorais; Litoral e
educação para a sustentabilidade; Política europeia para o mar; Novos instrumentos digitais para
as campanhas CW e boas práticas pedagógicas. Os temas foram apresentados por especialistas
neste domínios. Entre os oradores, salientamos a participação de Karin Dubsky (Coordenadora
Internacional do Coastwatch Europe e fundador deste projeto, há 25 anos, na
Karin Dubski Irlanda) e do velejador Ricardo Diniz, que partilhou a sua expedição transatlântica, dando evidência das suas aventuras e problemas ambientais observados na travessia.
Na campanha deste ano “Vamos Devolver os Rios às Praias”.
Nós participamos, participe também!
Ricardo Diniz
Bruno Cardoso
Miguel Neves
(Curso Profissional de Técnico de Informático de Gestão, 2º ano)
Não basta ser, é preciso parecer!
Foi um evento bastante dinâmico e muito bem
conduzido pelas moderadoras Raquel Almendra
Torres, especialista em Marketing, e Júlia Infante
Silva, da ONG Dress For Success Lisbon.
Raquel Torres faz trabalho de voluntariado na
ONG, preparando mulheres desempregadas para
entrevistas de emprego;
Júlia Silva é coordenadora
do Projeto “Vestir para
Vencer” na Dress For Success, que visa a reabilitação da imagem (Como se
vestir para uma entrevista de emprego?) de mulheres candidatas a um
emprego, um dos objetivos
desta ONG americana.
A sessão iniciou-se com a
moderação da aluna Bruna Nito (3º O), que fez a
apresentação dos intervenientes no Workshop.
Seguiu-se a comunicação dos alunos Bruno Cardoso e Miguel Esteves (2º O) que apresentaram os
resultados do estudo “Representações de Alunos
sobre os Comportamentos numa Entrevista de
Emprego”, um trabalho a que responderam, a
uma entrevista por questionário, 37 alunos de
cursos profissionais da escola. A análise de conteúdo das respostas permitiu identificar comportamentos, formas de estar
e de se apresentar numa
entrevista de emprego.
Assim, os alunos consideraram que a aparência
(roupa, higiene, acessórios de moda…), postura
corporal, saudações ao
entrevistador e as atitudes/comportamentos
(educação, respeito, segurança, cordialidade…) são
aspetos importantes a ter em conta numa entrevista de emprego.
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Confluências
Três notas sobre o nosso património institucional
CIRCUNSTANCIAIS
(Eu sou eu e a minha circunstância – ORTEGA Y GASSET)
Quando no Verão p.p. estava a preparar
a exposição temporária intitulada 2015 –
CEUTA, 1415, a conquista / Antes –
Durante – Depois, juntei a alguns materiais meus (fotocópias de mapas, bibliografia, medalhística e numária comemorativas) outros provenientes do espólio da
escola. Isto permitiu-me reencontrar peças
que, na década de 1990, pela sua qualidade, eu e outros colegas do gabinete de História tínhamos trazido não só para o grupo
mas também para a instituição em geral
mas que, agora, me deixaram simultaneamente satisfeito e indignado. Explico porquê:
1ª nota – Ao procurar as duas séries de
«posters» (formato grande) sobre as viagens dos portugueses pelo mundo (séculos
XV – XVI) e a descoberta e colonização do
Brasil (ambas entradas cerca de 19992000) felicitei-me por encontrar a primeira completa e em muito bom estado (ela
foi fundamental para estruturar a 3ª parte
da referida exposição) mas, infelizmente,
com muita tristeza, deparei-me com a
segunda série muitíssimo deteriorada,
abandonada, quase toda ela inutilizada e
inutilizável…Uma lástima! Isto ocorreu
por desconhecimento? Por desinteresse?
Por desleixo? Pergunto: - Acaso não será
possível (nunca) conservar melhor (para
posteriores reutilizações) este tipo de espólio (que jamais voltaremos a ter) como
acontece, por exemplo, com os de outros
gabinetes da escola – Geografia, Educação
Visual ou Museu de Ciências?!
2ª nota – Desde há muito (década de
1990, quando me tornei professor efectivo
da escola) que, através do nosso antigo e
malogrado colega prof. Alves de Azevedo,
eu sabia da existência na biblioteca da
magnífica série documental Monumenta
Henricina, em 15 volumes. Facilitado o
seu reencontro pela Drª Teresa Saborida,
profª bibliotecária, verifiquei que lhe faltam dois volumes, mas tive a sorte de dispor do 2º, precisamente aquele cujo âmbito
cronológico (1411-1421) abrangia a problemática da conquista de Ceuta. Além disto,
aproveitando o facto de a busca incidir nos
«baixos» da estantaria da sala anexa, em
boa-hora resolvi arrumar sistematicamente (e também conhecer melhor) todo o precioso espólio ali encontrado, do qual destaco, por exemplo, estes títulos incontornáveis: Historia dos estabelecimentos
scientíficos, litterários e artísticos de
Portugal, 1871-1914, 19 volumes investigados e escritos por José Silvestre Ribeiro
(1807-1891) e prefaciados por Álvaro
Neves; Marrocos e três Mestres da
Ordem de Cristo, 1916, de José Vieira
da Silva Guimarães (1864-1939), professor
do Lyceu de Camões que, explicitamente,
ofereceu a obra à biblioteca da sua escola;
Correspondência do 2º visconde de
Santarém (1791-1856: foi o nosso primeiro «historiador moderno» dos Descobrimentos portugueses), 8 volumes publicados pelo 3º visconde em 1918-19; D. Carlos e o seu reinado, edição de luxo de
1926, de Rocha Martins (1879-1952); etc.,
etc., etc.. Muitas das obras encontradas
(algumas em fascículos deterioradíssimos…) tinham no seu interior os respectivos verbetes bibliográficos do ficheiro
geral, o que quer dizer que foram
«abatidas» (por falta de espaço? por anacrónicas? por serem consideradas «escolar
e programaticamente» ultrapassadas e
inúteis?...) e assim, estando «guardadas»
nos baixos da estantaria, tinham praticamente desaparecido do conhecimento e da
vista de possíveis, futuros, interessados
leitores…
Pergunto: - Será que a escola (para
além das suas funções e competências
essenciais de ensinar – ensinar a aprender
– avaliar) se considera incapaz de encontrar soluções para «salvar» estas e muitas
outras preciosidades bibliográficas ainda
existentes no seu antigo espólio? Sugiro: Quiçá renovando o «arquivo sul» (no sótão
da reprografia), ou mandando restaurar e
reforçar certos armários dispersos pelas
suas salas de aula, muitos dos quais não
se sabe o que têm dentro ou apenas servem para guardar panos, vassouras e baldes para as limpezas quotidianas, ou
então comprar armários novos para neles
não só preservar mas comodamente disponibilizar bibliografias específicas…
3ª nota – Contudo, no último Verão,
quanto ao património institucional, nem
tudo o que encontrei e vi me deixou
inquieto e angustiado: - Exactamente nos
mesmos «baixos» da estantaria da sala
anexa à biblioteca, misturados / perdidos
no meio dos livros, opúsculos e separatas,
tomei conta de dois testemunhos documentais de particular interesse para a
história centenária do Lyceu de Camões
em geral e da sua excepcional «livraria»
em particular (documentos que, neste
momento, estou a transcrever e estudar).
O primeiro é um pequeno volume de 150
requisições e pagamentos de livros, objectos e serviços da biblioteca entre 1919 e
1929, sendo director o prof. Alberto Rica e
reitor do liceu o engº. Claro da Ricca. Através dele fica-se a saber que obras e materiais foram adquiridos, a que fornecedores
e a que preços: livros (manualística, ficção,
história, etc.) comprados à Livraria Ferin,
no Chiado; múltiplas encadernações realizadas por um tal Paulo de Carvalho;
material de escritório à Papelaria da
Moda ou à Gomes & Rodrigues (depois
estabelecida no largo D. Estefânia, onde
hoje está a pastelaria Tarantela) e até à
«chegada» à escola dos bustos de Camilo e
Eça de Queirós (este está hoje no gabinete
de Biologia). (*) O segundo testemunho é
o registo (2º e 3º cadernos) da correspondência assinada pelos reitores e expedida
pela directoria da biblioteca entre 1941 e
1953, incluindo 3 breves relatórios da sua
actividade anual, todos datados de 31 de
Julho de 1942,1943 e 1944.
Para finalizar: - Sei que «ninguém é
profeta na sua terra», mas, mesmo assim,
gostaria que estas notas, sobretudo as
duas primeiras, fossem mais do que as de
uma «vox clamantis in deserto»…
P.S. – Um voto a propósito da época das
«generosidades» que se aproxima: - Que na
escola, quem quiser e puder, contribua
com alguns euros para os serviços da
biblioteca poderem mandar encadernar
alguns livros brochados mais antigos ou
restaurar aqueles cujas encadernações,
muito envelhecidas e secas, se estão completamente a desfazer…
PROF. JOSÉ LUÍS VASCONCELLOS
(ap.), escrito na ortografia antiga e ouvindo
o magnífico concerto para violoncelo de
Offenbach.
(*) A seu tempo será interessante
«cruzar» estes dados, sobretudo os referentes aos livros comprados, com outros que
se encontram num libro de registos das
Leituras dos Professores entre 1912 e
1949, o qual a Profª Teresa Saborida gentilmente pôs a minha disposição, e que
também está a ser sistematicamente lido e
transcrito.
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Confluências
OUTROS ESPAÇOS
2015 – CEUTA, 1415, a conquista / Antes – Durante – Depois
(Exposição preparada pelo Prof. José Luís Vasconcellos e que esteve patente no átrio da Biblioteca)
ESTE ESPAÇO É TEU!
A TUA PARTICIPAÇÃO, PARA ALÉM DA PARTILHA, SERÁ UM ÓTIMO
CONTRIBUTO PARA A HISTÓRIA DA
ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES.
PEQUENAS HISTÓRIAS DE LISBOA
(Exposição, por alunos dos 10º J, K e L, no átrio da Biblioteca)
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Confluências
NEPAL - UM PAÍS IMENSO
1963) continua a ser praticado, sobrepondo-se à lei em
vigor, o que me fez muita confusão. Basicamente, quem tem
Vinte dias num país imenso onde a cordilheira dos Hima- o azar de nascer numa casta inferior tem o seu destino traçado até ao final da vida, designadamente onde vai trabalaias nos acompanha sempre a norte.
lhar, com quem vai casar e
As monções não são a
quem vai ser o seu círculo
melhor altura para lá ir,
de amigos. Se cumprir bem
pois o calor intenso e as chuo seu papel nesta vida, podevas frequentes não deixam
rá ascender à casta supevislumbrar a grandiosidade
rior, se entretanto compleda alta montanha. Nesta
tar um ciclo de reencarnaminha estadia, faço uma
ções de 8 milhões de anos!
divisão do Nepal em 4 temas
Basta cumprir bem o seu
que espelham a minha visão
papel sem o questionar!
de um país no seu todo.
Enfim, não há bela sem
Nepal/Montanha – Para
senão, e não há nenhuma
lá chegar é necessário pagar
religião que não tenha a sua
entrada na reserva natural.
face negra, cruel e impiedoAs condições são mínimas e
sa.
sentimos a dureza da natuAcabo com este expressivo poema de Gabriel García Márreza no seu estado mais puro (no melhor e no pior). As paisagens são de suster a respiração (que a estas altitudes já quez:
começa a faltar). Chegados à montanha, olhamos para trás
Viajar es marcharse de casa,
e todas as dificuldades sofridas valeram a pena só por aquees dejar los amigos
les momentos únicos. Viajar sozinho colocou-me o dilema de
es intentar volar
saber quais os meus limites. Ponderei sempre entre arrisvolar conociendo otras ramas
car e seguir em frente, ou jogar pelo seguro e voltar para
recorriendo caminos
trás. O problema ficou resolvido a partir do momento em
es intentar cambiar.
que encontrei o Manuel e a Ângela (casal de ciclistas a viajar no mesmo sentido que eu). Com eles, foi mais fácil deciViajar es vestirse de loco
dir e ultrapassar as muitas pedras e obstáculos que iam
es decir “no me importa”
aparecendo pelo caminho (convido-vos a visitar o seu blog:
es querer regresar.
ciclismolibre.blogspot.com). As fotos falam por si.
Regresar valorando lo poco
Nepal/cidades – Este país pertence ao continente asiátisaboreando una copa,
co que, do ponto de vista cultural, é completamente diferenes desear empezar.
te dos padrões europeus. As cidades são muito sujas, apenas com o mínimo de saneamento básico, e o lixo vai-se acuViajar es sentirse poeta,
mulando nas ruas até ser queimado a céu aberto. A densies escribir una carta,
dade populacional é enorme e as artérias transformam-se
es querer abrazar.
num complexo carreiro de formigas numa desorganização
Abrazar al llegar a una puerta
organizada, misturada com carros, motas, lama, poluição,
añorando la calma
lixo, cheiro maravilhoso a comida e especiarias, chuva,
es dejarse besar.
calor.
Nepal/Pessoas – Descobri neste país o valor humano. É
Viajar es volverse mundano
difícil generalizar e descrever padrões de comportamento,
es conocer otra gente
mas, regra geral, os nepaleses, devido às condições geográfies volver a empezar.
cas, são um povo muito resistente e adaptado às maiores
Empezar extendiendo la mano,
adversidades. As pessoas conviveram da forma mais inteliaprendiendo del fuerte,
gente com o grande terramoto e vivem o seu dia-a-dia com
es sentir soledad.
um sorriso sincero no rosto, sempre prontas a ajudar sem
pedir nada em troca. Contudo, qualquer informação que se
Viajar es marcharse de casa,
peça tem de ser sempre confirmada por mais cinco pessoas,
es vestirse de loco
senão corremos o risco de ter de andar mais 50 km ou prodiciendo todo y nada con una postal,
curar hotel noutras paragens.
Es dormir en otra cama,
Nepal/Religião – Tudo é discutível e tem de ser olhado à
sentir que el tiempo es corto,
luz de um contexto cultural. Para mim, europeu, nascido
viajar es regressar.
num país livre que respeita e luta pela igualdade de direitos do Homem, devo confessar que o sistema de castas
Ricardo Frias
imposto pela religião Hindu (abolido pelo estado desde
NEPAL EM 4 TEMPOS
(Prof. de Educ. Física)
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Confluências
ENCONTROS
Um debate quase debate
No dia 29 de setembro, alguns professores, alunos e pais compareceram no Auditório Camões
para assistir a um debate político sobre educação (vide foto).
As representantes do Bloco de Esquerda (Deolinda Martin, no lugar de Luís Fazenda, como
anunciado), da CDU (Rita Rato), do Partido Socialista (Graça Fonseca) e da coligação PàF (Ana
Sofia Bettencourt) estiveram presentes no debate moderado por Isabel Leiria, jornalista do
Expresso, e responderam também a algumas questões colocadas pelo público.
Na minha opinião, este debate fugiu um pouco ao seu objetivo, isto é, as representantes dos partidos presentes
dialogaram pouco entre si, tendo-se gerado, a dada altura, um clima mais tenso, sobretudo no momento em que
o público começou a expor as suas preocupações, nomeadamente sobre as obras na escola.
João Vieira de Castro, 10º I
REFUGIADOS: UMA EMERGÊNCIA HUMANITÁRIA. QUE FAZER?
Uma reflexão, dia 29 de outubro, no Auditório Camões, com a presença de Cristina
Santinho (antropóloga), Diaby Abdourahamane (refugiado da Costa do Marfim) e
Raul Ramires (Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio
Oriente). A sessão foi moderada por María Inacia Rezola (Associação Abril).
EPIFANIAS
Passo em frente, sem olhar
para trás
Sempre acreditei que podemos classificar as pessoas em duas categorias. Os
que desistem e os que prevalecem até ao
fim. Os que choram e os que engolem
em seco. Os que vivem no momento e os
que se antecipam, preparando cada
segundo da sua vida. Em qualquer um
dos casos, eu estava na segunda. Cada
passo à frente do seguinte. A lógica à
frente de tudo o resto. Que tipo de dor
pode sentir alguém que está preparado
para tudo? Acreditava plenamente que
dependia do fator surpresa. E eu estava
sempre preparada. Ou pelo menos era o
que eu dizia a mim própria.
Foi por isso, por esta filosofia de vida
que eu levava, que, quando dei por mim
perdida, o meu mundo desabou. Por um
segundo, desviei o olhar. Num só instante, baixei a guarda. E agora, aqui
estava, em terreno desconhecido. Os
meus passos eram longos. A minha respiração, cortada enquanto avançava
rumo ao desconhecido. Não podia desistir, tinha de continuar.
Não sei durante quanto tempo os meus
pés pisaram aquela relva seca até que
me doessem. É uma coisa engraçada, o
tempo. Por vezes, passa lentamente, por
outras corre e ainda por outras, é como
se não existisse. Era assim que o sentia
nesse momento. Estagnado, como se já
não houvesse hipótese de os meus olhos
verem mais que o nevoeiro. Caminhava
já sem me aperceber, sem verificar se
me encontrava na direção certa. Todos
os meus hábitos foram substituídos por
instintos, mas o cansaço estava a levar
a melhor de mim.
Foi só quando parei, para me sentar
numa rocha, que me apercebi que estava a chover. Passei as mãos pelos meus
cabelos e roupas encharcados e comecei
a chorar. Nunca me tinha sentido tão
só. De um momento para o outro, transitei em todas as categorias. Era, agora,
do grupo dos desistentes, dos que choram e dos desprevenidos. A vida tem
destas coisas. Às vezes, apanha-nos de
surpresa, e aí já é tarde demais.
Mas sabem o que é engraçado? Podemos procurar um objeto durante um
espaço de tempo que nos parece eterno,
mas é quando estamos prestes a desistir
que ele aparece mesmo debaixo do nosso
nariz.
Foi isso que me aconteceu. Quando me
sentei naquela rocha, todos os sentimentos acumulados desabaram sobre
mim e achei que não havia nada a fazer.
No entanto, foi nesse momento de
desespero, com as lágrimas a cobrir-me
a face que avistei uma luz ao longe. Era
a primeira coisa que eu via além do
nevoeiro e relva seca desde há algum
tempo. Foi então que se deu o clique.
Levantei-me de um salto e corri em
direção à luz, ignorando as trevas que
se erguiam atrás de mim.
A luz passou de um ponto a uma linha
que aumentava mais e mais e eu sentia
que voava. Já não controlava os meus
movimentos. Eles controlavam-me a
mim. A luz era, na verdade, uma ponte
que se erguia ao longe. Corri, ignorando
o cansaço, e senti-me como nunca antes.
As lágrimas secaram e desenhava-se
agora um sorriso nos meus lábios.
Foi nesse instante que tudo mudou.
Ocorreu a verdadeira metamorfose.
Esta experiência levou-me a questionar
a minha mente, filosofia e vida. Dei
comigo a aceitar a dor, porque ela é inevitável. Mas mais que isso, ela é fundamental. É por a sentirmos nos momentos mais escuros, que os mais brilhantes
nos irradiam o pensamento. Se não houver maus momentos, os bons também se
perdem, e ficamos condenados a uma
vida de mediocridade. Eu estava saturada de viver assim.
Abandonei a minha teoria das categorias. Nem tudo é branco ou preto, há
uma infinidade de tonalidades de cinza.
Eu passei a alegrar-me com a minha.
Esta experiência mudou-me a níveis
inimagináveis. Quando cheguei à localidade que me esperava e acolhia para lá
do nevoeiro, e continuei a minha vida,
aquilo que permaneceu comigo foram as
epifanias do meu caminho. É mesmo
verdade o que se diz: a felicidade está
na jornada.
Ana Carolina Correia, 10º E
Praia da Sereia
Praia Fonte da Telha
25ª CAMPANHA COASTWATCH
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2014-2015
Objectivo: Divulgar os resultados da 25ª Campanha CW
Confluências
Passagem transversal do vento
CIDADANIA AMBIENTAL
COASTWATCH: MONITORIZAÇÃO DO LITORAL DA
PRAIA DA SEREIA À PRAIA DA FONTE DA TELHA
Trilhos de veículos
Convivio entre as duas escolas
Trajeto percorrido durante a visita de estudo .
Problemas encontrados :
Um Ecossistema a proteger!
Construção sobre a
duna
Detritos no arial
Nome cientifico: Carpobrotus
edulis
Nome vulgar: Chorão-das-praias
Habitat: Pode aparecer em todo
o sistema dunar
Local: praia da sereia
Preservação das
dunas
Metodologia:
(1) Seminário sobre o Coastwatch e Geota ;
(2) Inquirição no local em estudo;
(3) Tratamento e análise da informação recolhida;
(4) Estudo do nome científico e vulgar da fauna e da flora;
(5) Leitura e análise dos problemas identificados;
(6) Informação ao público através da publicação dos
resultados em páginas web e no Seminário Nacional
Escola Secundária de Camões - Lisboa
Curso de Ciências e Tecnologias -11º C
Professores: António Gabriel; Ângela
Lopes
Alunos: Ana Beatriz, Diogo Araújo,
Eduardo Pereira, Gonçalo Franco.
Coastwatch.
As turmas do 11º I, 11º C e o Instituto Espanhol de Lisboa monitorizaram o setor “Praia da Sereia –
Praia da Fonte da Telha” do litoral
de Almada.
O setor observado é constituído
por três sistemas: a praia, o cordão
dunar e uma formação vegetal
“acacial”.
O nosso olhar vai para as dunas e
os impactos negativos da ação
humana sobre estes frágeis ecossistemas, bem como para algumas
medidas implementadas para a
sua proteção.
As dunas são formações rochosas
móveis que resultam da acumulação de sedimentos transportadas
pelo vento. Neste caso, por transporte das areias da praia. Para
além da areia e do vento, a vegetação tem um papel fundamental no
seu processo de formação (foto 1).
As plantas das dunas estão adaptadas a estes ambientes extremos
de salinidade e secura, contribuindo para a fixação das areias
(dunas). As dunas são muito sensíveis ao pisoteio humano e animal,
daí a interdição à circulação
humana (a pé e motorizada) e ao
pastoreio de animais.
Os ecossistemas dunares estabelecem a transição entre o sistema
marinho e terrestre. Como? São
barreiras naturais contra fenómenos de galgamento marinho, inundações e erosão provocada por ventos marinhos. Também são sistemas de armazenamento (por acu-
mulação) natural de areia para a
compensação da perda de sedimento provocada pela erosão das
praias, nomeadamente, por ocasião de grandes temporais.
Nos últimos anos, sendo a Costa
de Caparica um caso mediático,
nos locais onde existiam dunas
fortalecidas, agora delapidadas,
ocorreram galgamentos oceânicos
para terra, colocando em risco os
bens económicos do Homem.
O sistema dunar é formado pela
duna primária, secundária e terciária (corte transversal litoralinterior). A duna terciária está
ocupada por um extensa formação
vegetal “acacial” (foto 2) e por
construções na localidade da Fonte
da Telha. A duna secundária é
extensa e encontra-se com sinais
de degradação, devido à circulação
humana. Observa-se uma rede de
trilhos, sem vegetação (foto 3).
Este fenómeno é ampliado pela
existência de uma linha férrea,
que está disposta, longitudinalmente, a todo o sistema dunar,
assegurando a ligação, entre a
Costa de Caparica e a Fonte da
Telha, aos veraneantes (foto 4). A
duna Frontal (a primeira de defesa contra as investidas do mar),
também, está muito afetada por
cortes provocados pela passagem
dos veraneantes. Nos trilhos, desprovidos de vegetação, formam-se
corredores eólicos, que contribuem
para o aumento da erosão.
O cordão dunar foi completamente
“Dunas, são como divãs,
Biombos indiscretos de alcatrão sujo
Rasgados por cactos e hortelãs,
Deitados nas Dunas, alheios a tudo,
Olhos penetrantes,
Pensamentos lavados”.
(GNR, 1985)
destruído no lugar da Fonte da
Telha, por construção de habitações, bares de praia, apoios à atividade piscatória, caminhos de acesso, parques de estacionamento
para automóveis e instalação em
terra de embarcações (fotos 5).
Observam-se a implementação de
algumas medidas de proteção dos
sistemas dunares, mas pouco eficazes no seu objetivo. A proibição
da circulação nas dunas é indicada
através de sinalética informativa,
com a indicação da coima legal
para os transgressores. As estruturas de condicionamento de acesso e controlo de pisoteio, como os
passadiços aéreos são reduzidos
(apenas dois em todo o setor observado). Na praia da Bela Vista foi
colocada uma paliçada para recuperação da duna, que se encontrava muito degradada. Parece que
esta intervenção teve algum sucesso, porque a duna está fortalecida
(foto 6). Todas estas medidas
garantem os processos de dinâmica costeira e a diversidade morfológica e ecológica destes ecossistemas.
Agora que vem aí a época estival,
cabe a todos os utentes das praias
zelar para que as dunas não sejam
usadas como “divãs”. Todos nós,
utilizadores das praias, deveremos
participar na manutenção destes
preciosos ecossistemas dunares.
TURMAS 11º I e 11º C
[Fotos na pág. ao lado.]
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Confluências
CIDADANIA AMBIENTAL
Foto 1– Povoamento por Estorno (planta) na base da duna
frontal. Um fator essencial na
formação das dunas, servindo
de obstáculo à circulação da
areia (duna embrionária).
Estas áreas deveriam ser
interditas à circulação humana. Todos os
invernos se formam estas dunas embrionárias, todos os verões os veraneantes as delapidam.
Foto 2 – Ocupação da duna terciária: Acácia,
planta invasora
(alógena ao sistema e introduzida
pelo homem, com
o objetivo de fixar
as areias).
Foto 4 – Linha de
caminho de ferro,
que assegura o
transporte de pessoas no verão. É
um importante
fator de contributo
à degradação do
ecossistema.
Foto 3 – Sistema
dunar com muitos trilhos devido à circulação
humana: impacto visual negativo e ampliação
da erosão eólica
do sistema.
Foto 5.1. – Bar
de praia instalado sobre a duna
frontal. Este cria
um obstáculo á
circulação natural das areias,
contribuindo
para o aumento da erosão em todo o sistema.
Foto 5.2.
– Fonte
da
Telha,
sistema
dunar
completamente
erodido.
Foto 6 – Paliçada
para recuperação
do cordão dunar,
mas com marcas
de pisoteio pela
circulação de pessoas. O pisoteio
impede o povoamento pela vegetação e , consequentemente, a
fixação das areias.
Por último, o piquenique depois do trabalho de campo,
com alimentos muito saudáveis na sua
composição
(brócolos, cenouras,
tomate cherry e frutas).
Página 14
Confluências
CAMÕES ENGLISH THEATRE COMPANY
CAMÕES ENGLISH THEATRE COMPANY
is on youtube!
We have started to publish our
SOUNDBITES, an experience in reading.
ABOUT SOUNDBITES: The human voice is an
amazing sound with a wide range of registrations
and modulations, which make it unique and specific to each individual. The voice has weight, timbre and tessitura as basic characteristics but it
can be trained and used to convey a wide range of
emotions. Actors and singers learn to control tensions and blocks, experiment and use their voices
to express whatever they wish to an audience.
This requires not only training but the ability to
listen to other people’s voices as well. Understanding the human voice is part of an actor’s training. Actors learn to achieve a neutral state from
which to depart so they can create all sorts of different sounds. SOUNDBITES is an experience in
narration. It provides the opportunity for our
actors to analyse how their own voice works, to
think about diction, tone and musicality, and also
to listen to different types of voice. It is also an
occasion to browse through texts that we like.
Reading aloud to others, which in the past was a
daily habit and a much cultivated art, is now an
occupation most people have no time or patience
for.
Here's a passage from Jane Austen's "Mansfield
Park" on reading and seduction:
Henry Crawford is reading to Fanny Price while
Edmund watches.
"Edmund watched the progress of her attention,
and was amused and gratified by seeing how she
gradually slackened in the needle-work which, at
the beginning, seemed to occupy her totally; how
it fell from her hand while she sat motionless
over it-and at last, how the eyes which had
appeared so studiously to avoid him throughout
the day, were turned and fixed on Crawford, fixed
on him for minutes, fixed on him in short till the
attraction drew Crawford's upon her, and the
book was closed, and the charm was broken.
Then, she was shrinking again into herself, and
blushing and working as hard as ever."
The past is a different land. Still, reading small
texts, poems and bedtime stories is something
that many of us still cherish.
Some of our actors also chose to read texts of
their own. Visit our channel and listen to a
variety of texts from comedy to poetry.
Our voices so far: Alice Ruiz, David Larisch Frazer, Gonçalo Albergaria, Hugo Simões, Ilísio Boaventura, Inês Lima, Inês Proença, Luís Francisco
Sousa and Marta Sanches.
Here is a text written and narrated by Marta
Sanches:
The Angel of Rippers
Prologue
You all live with one inevitability- death. After
that, you all go to the same dark pit which is
Hell...if it exists...: rich and poor, young and old,
fathers and sons…
Therefore there is no reason to try to delay it.
You may try to scream, cry, live, say your prayers, laugh, wish, feel sorrow, commit heinous
acts, beg, feel, sin... you may even try to have a
proper burial, but remember you will always DIE.
Chapter One
What if I told you that there was a time, when
man would throw themselves into the Ocean with
nothing more than hope to find new lands? I
mean, it was just water- as far as they could see -,
but they were thinking way beyond it. Well... I
knew... I knew where to find the next lands, I had
the world at my feet, but I also knew that they
were not throwing themselves into the Ocean, but
rather into their certain death.
I did admire them, I have to say. For a few years
I thought it was an honourable risk to take. I
even spared some lives at the beginning, but I
started to notice that once they got there, to those
new lands all over the planisphere, all those
honourable risks were nothing more than greed.
Marta Sanches, 10º K
(Texto produzido no final do ano letivo transato)
CETC
at
‘5 para a meia noite’
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Confluências
CURSOS PROFISSIONAIS - UM PROJETO
Projeto Justiça para Tod@s
Simulação de um julgamento sobre
tráfico de seres humanos
2.º O – 2014-2015
No ano letivo de 2014-2015, a turma
O do 2.º ano (curso profissional de
Técnico de Serviços Jurídicos) participou no projeto "Justiça para Tod@s",
cuja grande linha de intervenção é a
Turma O do 2º Ano
promoção dos valores democráticos colocando a Educação para a Justiça e o Direito (em especial os Direitos Humanos, direitos das
minorias e não discriminação) como ferramenta cívica fundamental num Estado-de-Direito.
Desenrola-se através de ações de sensibilização, divulgação, workshops e jogos de simulação
de um caso em Tribunal, dirigidas a jovens, entre os 12 e os 25 anos.
A simulação do julgamento, na qual todos os alunos da turma desempenharam um papel
específico, foi realizada no dia 14 de maio de 2015, no Palácio da Justiça, tendo o desempenho dos alunos do 2.º O sido bastante elogiado pela juíza que presidiu à sessão – Dr.ª Paula
Rocha - e que, no final da mesma, dirigiu uma palavra a cada um salientando as suas capacidades e competências. A turma do 1.º O assistiu ao julgamento e apoiou os colegas.
Entre os 10 casos disponíveis para julgamento, a turma selecionou o caso de tráfico de
seres humanos, cuja história se desenrola em torno de Daree, uma rapariga de 20 anos,
natural da Tailândia, que decidiu tentar encontrar trabalho noutro país, a fim de melhorar
as suas condições de vida e ajudar a sua família. Daree conheceu Ricardo, um cidadão português, através de uma rede social, que lhe prometeu emprego, contrato de trabalho, um ordenado mensal e seguro de saúde. Contudo, à chegada a Portugal, ela foi levada para uma
pequena quinta, numa zona isolada, onde funcionava uma casa de prostituição.
Para a realização do projeto foi proporcionada, pelos parceiros (Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti e Centro de Estudos Judiciários, entre outros), formação aos professores envolvidos - Sílvia Lopes (coordenadora), Lina Marques e Magda Costa.
A terminar, de realçar duas ideias – o envolvimento de todos os alunos do 2.ºO e o excelente desempenho que tiveram no julgamento, com
a convicção de que estas são experiências muito
enriquecedoras para todos, sobretudo para
estes alunos, a quem, certamente ficará na
memória o "Justiça para tod@s"; e um modelo
de formação de professores (a nosso ver muito
bem conseguido), associado a projetos específicos.
Turma O do 1º Ano
Profªs. Lina Marques, Magda
Costa e Sílvia Lopes
ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES
http://www.escamoes.pt
BE/CRE
Página 16
Confluências
http://esccamoes.blogspot.com/
E
S
ATIVIDADES QUE VÃO CATIVANDO OLHARES E INTERESSES NA ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES
(O PROFESSOR LINO DAS NEVES REGISTA A MAIOR PARTE DELAS)
R
E
V
TRÍVIO, uma iniciativa
do Agrupamento de
Escolas das Laranjeiras, do Agrupamento
de Escolas de Santa
Maria dos Olivais e da
Escola Secundária de
Camões.
Um Jornal em linha que
pode ser ’folheado’ na
página da BE/CRE.
Aposentações
B
Professora Ana Maria Carvalho Cotrim (de Inglês e Alemão).
Assistente operacional Elisa Costa Lopes.
Transferência
Funcionária administrativa Ana Maria Pires Salvado – em exercício de funções na
Secretaria desde 2003, transitou para o ministério da Economia.
A Escola Secundária de Camões agradece reconhecidamente o trabalho
prestado e deseja a todas um futuro longo e feliz.
www.escamoes.pt
A todos quantos colaboraram com a cedência de fotos e trabalhos para este Boletim,
uma palavra de agradecimento.
Com o generoso apoio do
Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal

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