Genograma e Mapa de Redes

Transcrição

Genograma e Mapa de Redes
Autora: Fábia Letiane Teixeira
Orientadora: Carolina Duarte de Souza
Genograma e Mapa de Redes: instrumentos facilitadores da clínica ampliada
Na prática clínica o psicólogo se utiliza de alguns instrumentos para a investigação e
intervenção nos processos de sofrimento psicológico. Dentre esses instrumentos destacam-se
aqui o genograma e o mapa de redes por sua contribuição para a realização de uma clínica
ampliada. Entende-se clínica ampliada como a possibilidade de uma intervenção que
considera a pessoa em sua singularidade, portanto faz um trabalho de rede potencializando
seus aspectos saudáveis na construção de soluções de suas dificuldades. (Ministério da Saúde,
2004).
O genograma ou genetograma é um instrumento muito utilizado na terapia familiar.
“Trata-se de um mapa que revela a estrutura e a dinâmica familiar de forma gráfica e,
portanto, de fácil visualização” (Barreto, 2010, p. 8). Segundo Wendt e Crepaldi (2008) o
genograma é empregado para rever a composição familiar, investigar relações familiares bem
como engajar a família e destravar o sistema. Krüger e Werlang (2008) salientam que o trabalho
com o genograma possibilita a criação de um espaço de diálogo que proporciona transformação das
histórias familiares. Nesse sentido Barreto (2010) complementa que este é um recurso auxiliar na
prática clínica, o instrumento pode contribuir no processo psicoterapêutico para o
esclarecimento da demanda e da dinâmica familiar.
Nesse sentido o genograma pode ser usado em diversas intervenções, como na terapia
familiar, de casal, e até mesmo na pesquisa qualitativa. Wendt e Crepaldi (2008) ressaltam a
complexidade de se trabalhar com pesquisa em famílias e nesse caso o genograma pode ser
um instrumento que auxilia a família a expressar-se. “O Genograma representa o mapeamento
gráfico da história e do padrão familiar, mostrando a estrutura básica, a demografia, o
funcionamento e os relacionamentos da família”, tornando-se um gráfico das informações
coletadas (McGoldrick & Gerson, 1995, p. 145). De acordo com os mesmos autores o
genograma é construído de modo que os padrões e composições familiares fiquem
representados de forma clara que ofereça uma visão compreensiva da família em questão. Já
na sua confecção é possível criar uma série de hipóteses sobre o problema clínico da família,
bem como visualizar a evolução da mesma ao longo do tempo.
Segundo Krüger e Werlang (2008) o genograma é definido como um desenho gráfico
da família com o objetivo de levantar informações sobre os seus membros e suas relações,
estas também expressas de forma gráfica, sendo assim possível investigar os padrões de
relacionamento dos membros do sistema.
Assim como o genograma outro instrumento muito utilizado na prática sistêmica é o
mapa de redes. Este, segundo Moré e Crepaldi (2012), é um instrumento que evidencia as
relações do individuo com a rede, o que possibilita uma análise dos padrões de
relacionamento do sujeito, tem como objetivo principal mapear a qualidade e o compromisso
relacional da rede com o indivíduo.
Segundo Sluzki (1997), pode ser representado graficamente assim como o genograma.
Há uma rede social mínima que pode ser registrada e que inclui todos os indivíduos com os
quais uma pessoa pode interagir. “O mapa mínimo pode ser sistematizado por um diagrama
formado por três círculos concêntricos (interno, intermediário, externo), divididos em quatro
quadrantes: (a) Família, (b) Amizades, (c) Relações de trabalho ou escolares, (companheiros
de trabalho e ou de estudos) e (d) Relações comunitárias, de serviços (exemplo, serviços de
saúde) ou de credos.” (Sluzki, 1997, p.41). Este mesmo autor ainda discorre sobre a
disposição dos círculos, o interno representa as relações mais íntimas consideradas pelo
indivíduo. O intermediário registra as relações com menos grau de compromisso relacional, e
o círculo externo registra as relações ocasionais, aquelas eu ocorrem com pouca frequência.
Nesse sentido Moré e Crepaldi (2012) ressaltam que dessa forma é possível observar
através da representação gráfica o tamanho da rede, ou seja, quantas pessoas fazem parte da
mesma, a densidade que se dá em função da qualidade das relações apresentadas, a
distribuição, ou em que quadrantes estão as pessoas mencionadas, a dispersão que é referente
a distância que a pessoa tem dos membros de sua rede e a homogeneidade ou heterogeneidade
que refere-se a variáveis como idade, sexo, cultura, etc.
Desse modo tanto o genograma quanto o mapa de redes são instrumentos que auxiliam
muito na prática familiar, pois revelam a estrutura familiar e as relações com a rede de uma
forma gráfica e portanto de fácil visualização, porém de complexos significados. É um meio
de coleta de dados referentes à família ou ao casal, que investiga as relações entre os mesmos
e com a rede, como se dão essas relações, como é a estrutura familiar, bem como ter uma
ideia do histórico daquela família, deste modo podendo resgatar ou entender os motivos para
a demanda da terapia. Auxilia também no processo de familiarização de terapeuta e paciente,
tornando-se mais simples a compreensão das relações familiares existentes.
Referências Bibliográficas
Barreto, M. (2010). A construção do genograma na terapia de casal. Trabalho apresentado ao
Familiare Instituto Sistêmico como requisito parcial para a conclusão do curso de
Especialização em Terapia Relacional Sistêmica, Florianópolis/SC.
Kruger, L. L & Werlang, B. S. G. (2008). O genograma como recurso no espaço
conversacional terapêutico. Avaliação Psicológica 7(3), 415-426.
McGoldrick, M., & Gerson, R. (1995). Genetogramas e o ciclo de vida familiar, As mudanças
no ciclo de vida familiar: Uma estrutura para a terapia familiar (2. ed.). Porto Alegre, RS:
Artes Médicas.
Ministério da Saúde. (2004). HumanizaSUS: A Clínica Ampliada. Brasília: Ministério da
Saúde.
Moré, C. L. O. O., & Crepaldi. M. A. (2012). O mapa de rede social significativa como
instrumento de investigação no contexto da pesquisa qualitativa. Nova Perspectiva
Sistêmica 43, 84-98.
Sluzki, C. E. (1997). A rede social na prática sistêmica. (C. Berliner, Trad.). São Paulo: Casa
do Psicólogo.

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