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HISTÓRIA
L E GA D O
DESAFIOS
EXPEDIENTE
REVISTA COMEMORATIVA AOS 70 ANOS DA
SOCIEDADE RURAL DO PARANÁ
DIRETORIA EXECUTIVA
Moacir Norberto Sgarioni
Diretor Presidente
Octávio Cesário Pereira Neto
Diretor Vice-Presidente
Wanderley Batista da Silva
Diretor Secretário
Roberta Meneghel Vilela
Diretora Administrativo-Financeira
Paulo Afonso Magalhães Nolasco
Diretor Jurídico
Nivaldo Benvenho
Diretor Comercial
Adauto Quintanilha
Diretor de Manutenção e Obras
Bernardo Garcia de Araújo Jorge
Diretor de Pecuária de Leite
José Henrique Cavicchioli
Diretor de Equinocultura e Melhoramento
Genético
Luiz Fernando Coelho da Cunha Filho
Diretor de Ovinocultura, Caprinocultura e
Melhoramento Genético
Luly Barbero Turquino
Diretora de Relação Internacional
Luigi Carrer Filho
Diretor de Atividade Agroindustrial
Ricardo Neukirchner
Diretor de Aquicultura e Melhoramento
Genético
Silvana Kantor
Diretora de Relação Social
Luiz Roberto Ferrari
Diretor de Fomento
Alcides Spoladore Filho
Diretor de Avicultura e Melhoramento
Genético
José Luiz Vicente da Silva
Diretor de Suinocultura
Pedro Favoreto Filho
Diretor de Atividade Agrícola
Gilberto Martins
Diretor de Horticultura
Humberto de Almeida Barros Junior
Diretor de Atividade Pecuária
Osmar Ceolin Alves
Diretor de Patrimônio
CONSELHO SUPERIOR
Afrânio Eduardo Rossi Brandão, Antonio de
Oliveira Sampaio, Eloy Spagnolo Junior, Ilson
Romanelli, José Tavares de Paiva Junior,
Luiz Roberto Neme, Oezir Marcello Kantor,
Oswaldo Pitol, Paulo Bento, Paulo Roberto
de Oliveira Vilela Filho, Pedro Garcia Pagan,
Ricardo Hoefel Rezende
CONSELHO FISCAL
Jadir Fernandes de Miranda, Bruno Ribas
Bonalumi, João Massarutti, Ademar Ajimura,
Alvino Aparecido Filho, José Edson Baggio
CONSELHO TÉCNICO
Célio Arantes Heim, Luis Guilherme Braga
Gimenez, Guilherme da Motta Torres,
Fernando Humberto Mesquita de A. Barros,
Flavio Antonio Baccarin Costa, Gil Abelin, Dr.
Juarez José de Santana (representante no
Ministério da Agricultura), Antonio Carlos
Barreto (representante na SEAB)
DIRETORIA JOVEM
Mário Vanzela Bonalumi
João Inocente
Valéria Melo Nogueira
Guilherme Neme
Textos: Beatriz Pozzobon (MTb 10547-PR) e
Rogério Fischer (MTb 2492-PR)
Pesquisa e produção fotográfica: Elvira Alegre
(MTb 2218-PR), com acervos SRP, Museu Pe.
Carlos Weiss e assessorias de imprensa
Edição: Rogério Fischer
Diagramação: Egg Comunicação
Impressão: Midiograf
Tiragem: 4 mil exemplares
A rica história da SRP
Assim como me sinto honrado de ter presidido a Sociedade Rural do Paraná por dois mandatos consecutivos (2012-2016),
me sinto orgulhoso de a ela ser associado desde outubro de
1969 e de tê-la vivido intensamente nas últimas cinco décadas. Neste período, pude comprovar o esforço desprendido
pelos associados – em especial os diretores, conselheiros,
presidentes – para construir a rica história de uma entidade
politicamente forte e tecnicamente moderna.
Neste junho de 2016, editamos o Jornal da Rural com os excelentes resultados da última ExpoLondrina e a revista comemorativa aos 70 anos da SRP, data histórica que enseja homenagens. Justamente para render homenagens a sócios, pessoas,
entidades e parceiros que ajudaram nesta longa caminhada
que oferecemos esta edição especial da revista, que traz um
pouco dos feitos, lutas e conquistas da classe que mantém o
Brasil de pé, o agronegócio.
Obrigado a todos e um grande abraço.
Moacir Norberto Sgarioni
Presidente
ÍNDICE
a rural
a EXPO
08
12
16
18
20
22
50
54
58
62
Tempos Pioneiros
O Legado Político
O Legado Econômico
Grande Conquista
Grandes bandeiras
Solidariedade
O PARQUE
26
30
32
46
A Grande Casa da Agropecuária Brasileira
Bustos
Monumentos
História Preservada
Nossa maior Festa Popular
Shows Mostram a Cara do Brasil
Universidade a Céu Aberto
Uma Paixão
Os DESAFIOS
66
Força, União e Credibilidade
EM JUNHO DE 1946, Londrina tinha 11 anos
de idade, 70 mil habitantes e 1.300 estabelecimentos agrícolas.
A cidade era uma clareira em meio a um imenso cafezal. Não havia
as grandes avenidas, empresas, universidades de hoje. Não tinha
o Cine Teatro Ouro Verde, o Estádio do Café nem o Lago Igapó.
Mas havia um grupo de pessoas dispostas a unir forças contra
as dificuldades impostas à produção agropecuária daquela
época. Liderados por Hugo Cabral, um intelectual cearense com
estudos na França, 50 produtores fundaram a Associação Rural
de Londrina (ARL). Nas décadas seguintes, a entidade mudou
de nome, defendeu causas, organizou eventos. E deixou um
legado político e econômico que, 70 anos depois, imprime uma
marca indelével no desenvolvimento do agronegócio e na própria
História do Brasil. Um legado que compreende três grandes
capítulos – e muitos desafios.
a
rural
vocação:
liderança
NO ANO EM QUE COMEÇOU a Guerra Fria entre as duas superpotências que emergiram da Segunda
Grande Guerra e em que a FIFA escolheu o Brasil para sediar a 4ª Copa do Mundo, nascia em Londrina uma das mais importantes entidades de classe do País. Para a Capital Mundial do Café, o cenário
era de dificuldades no plano nacional e internacional. Mas nada que fosse obstáculo para que um
grupo de homens determinados, pioneiros da SRP, ajudasse a escrever a história de Londrina e
revolucionasse a agropecuária paranaense e brasileira.
A RURAL
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
Em uma época difícil para a cafeicultura, produtores se uniram para fundar uma entidade que
os defendesse
Dezenove e 25 de junho de 1946 são datas históricas para
Londrina. Naqueles dias, um grupo de agricultores – com o
objetivo de defender seus interesses econômicos e promover
o progresso da cidade e da região – criou a Associação Rural
de Londrina (ARL), hoje Sociedade Rural do Paraná. O ato de
fundação e a eleição de uma diretoria provisória ocorreram no
dia 19, em um escritório na Praça Willie Davids. Na tarde do dia
25, em assembleia na sede da Associação Comercial, também
no centro da cidade, foram aprovados os estatutos e eleita a
primeira diretoria da entidade, presidida por Hugo Cabral.
Eram tempos de incerteza para a agricultura local, dominada pelo café. As divisas estrangeiras que o Brasil acumulara
durante as duas grandes guerras mundiais se esvaíram por
conta de políticas equivocadas do governo de Eurico Gaspar
Dutra, anota a socióloga Maria Lúcia Victor Barbosa no livro “A
Colheita da Vida”. Para fazer frente às dificuldades, o governo
fixou uma taxa rígida de câmbio que favoreceu as importações, o que prejudicou a indústria nacional e os produtores,
EXPOSIÇÃO/1965: DIANTE DE CASTELO, À FRENTE DE DOM GERALDO FERNANDES, OMAR MAZZEI DISCURSA EM FAVOR DO PRODUTOR COM CRÍTICAS AO
GOVERNO FEDERAL
8
para os quais o aumento dos custos de produção e comercialização era superior às receitas cambiais engessadas na taxa fixa.
Em 1946, o preço do café foi liberado nos EUA ao mesmo tempo em que caiu a cotação do produto naquele país. O ano em
que a ARL foi criada coincide com um difícil panorama nacional
e internacional. Além de defender seus interesses econômicos, a entidade – destaca a autora do livro – teve de estabelecer uma estratégia que a fortalecesse no meio político, o
que ressaltou, desde então, a vocação dos cafeicultores para
a política.
Da primeira diretoria da ARL fizeram parte, além do presidente Hugo Cabral, o vice-presidente Manoel Gonçalves Garcia, o
primeiro secretário Ruy Cunha, o segundo secretário Aníbal
Veloso de Almeida, o primeiro tesoureiro Celso Garcia Cid, o
segundo tesoureiro Silval Leme e a Comissão Fiscal formada
por Justiniano Clímaco da Silva, Arthur Thomas e Álvaro Godoy,
com Euzébio Barbosa de Menezes, Carlos Aldiguieri e Ângelo
Decâneo como suplentes.
Os 23 presidentes que até hoje comandaram a Rural contribuíram
para a grandeza da SRP, auxiliados por muitos associados que influenciaram decisivamente os rumos da entidade. Depois de Hugo
Cabral assumiu Nicolau Lunardelli, sucedido por Nelson Antunes
Egas e depois por Raphael Ferreira Rezende. Em 1954 Antônio Fernandes Sobrinho iniciou seu primeiro mandato – o outro foi em
1978-1980. A década de 50 termina com as gestões de Nelson
Maculan e Américo Ugolini.
A década de 60 teve apenas dois presidentes: a era Omar Mazzei Guimarães (1960 a 1969) e Francisco Antônio Sciarra, em
cuja gestão foi inaugurado o Iapar. Manoel Campinha Garcia Cid,
o Neco, administrou a Rural por mais de meia década, de 1970
a 1976. Depois dele, Luiz Roberto Neme assumiu o primeiro de
três mandatos intercalados.
A década de 80, de grandes avanços, teve Jamil Janene, Brazílio de Araújo Neto duas vezes e, entre elas, Luizinho Neme. Já
a década de 90 trouxe Luiz Meneghel Neto, José Carlos Tibúrcio duas vezes, Neco e Luizinho Neme novamente e Francisco
Galli, que foi de 1998 a 2002. Em 1994, Samir Cury Eide assumiu a presidência com a licença de Tibúrcio, nomeado secretá-
rio da Agricultura do Paraná.
Na virada do século, depois de Galli assumiu outro membro da
família Neme, Edson Ruiz, sucedido pelos dois mandatos de
Alexandre Kireeff. A década terminou com a gestão de Fernando
Prochet, substituto de Kireeff, que deixou a presidência para
candidatar-se a deputado federal. A década atual teve um
mandato de Gustavo Lopes e dois de Moacir Sgarioni.
A defesa intransigente dos interesses dos agricultores – e,
mais tarde, também dos pecuaristas – marcou toda a trajetória da Rural, com posicionamentos firmes, em iniciativas
coletivas e atuação em cargos públicos de relevância. Houve
momentos tensos como no fim da década de 1950, quando os
produtores, com apoio da sociedade, organizaram a Marcha da
Produção para levar reivindicações ao governo federal e foram
barrados por soldados armados do Exército.
Ou quando o então presidente da Rural, Omar Mazzei Guimarães, durante a abertura da Exposição de 1965, em discurso
diante do primeiro general presidente do ciclo militar, Humberto de Alencar Castelo Branco, criticou duramente o governo federal e o Ministério da Agricultura, provocando um mal
estar preocupante. Desde 2012, a Rural vem lutando contra
o risco do Paraná se tornar área livre de aftosa sem vacinação
isoladamente.
Sem perder a calma, Castelo rebateu dizendo que preferia a
franqueza à descortesia e aos elogios. E acrescentou: “O orador afirmou que o Ministério da Agricultura está, aqui, plenamente ausente. Eu concordo que Londrina tem razão em
assim se manifestar. Mas é preciso assinalar que há um ano
o governo trabalha para desemperrá-lo e entregá-lo a rendimento pleno”. E encerrou o discurso de forma diplomática,
dissipando os temores de alguma represália.
O posicionamento firme da SRP acerca dos grandes temas nacionais marcou também o discurso do presidente da entidade,
Moacir Sgarioni, na abertura da Expo-2016. Segundo ele, a corrupção sistêmica na maioria dos poderes constituídos somou-se
à incompetência na gestão do País. “Não há nada pior que essa
combinação de desonestidade e incompetência”, declarou, para
um auditório Milton Alcover completamente lotado.
OS 50 SÓCIOS FUNDADORES
São considerados sócios fundadores da Rural os 50 produtores que assinaram as atas de fundação e instalação da ARL,
em 19 e 25 de junho de 1946. São eles: Hugo Cabral • Horácio
Sabino Coimbra • Ruy Cunha • Celso Garcia Cid • José Procópio
Lima Azevedo • Leopoldo Meyer • Olavo Ferreira da Silva • Synval
Leme • Severo Rudin Canziani • Urbano Lunardelli • Rui Alves de
Camargo • Dario Ferreira Junior • Humberto de Barros • Ulisses
Xavier da Silva • Joaquim Figueira Junior • Sebastião Carneiro
Lobo • Orlando Vilela Bittencourt • Antônio Vendrame • Carlos
Aldiguieri • Saturnino Teixeira • Pedro Vendrame Filho • Arnoldo Bulle Filho • Antonio Panchone . Lúcio Pereira Borba • Remo
Massi • Vespertino Ferreira Pimpão • Angelo Decâneo • Augusto
Junqueira • Humberto Piccinin. João Silveira Camargo • João Figueiredo • Euzébio Barbosa Menezes • Justiniano Clímaco da
Silva • Raimundo Durães • Arthur Thomas • Aníbal Veloso de
Almeida • Manoel Gonçalves Garcia • Joaquim Nogueira Azevedo
• Agenor Paes de Mello • Antonio de Almeida Barros • Albano
de Almeida Barros . Álvaro Godoy • Roberto Junqueira • Antonio Jacinto Junior • Nicolau Lunardelli • Joaquim Toledo Pisa •
Gualter Pinto Walvy • Romão Saborido • Nicolau Achy • Aristides
Souza Mello.
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A RURAL
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
NOTÍCIAS DE 1946
COMO ERA LONDRINA
Como era a cidade, em números, na época da fundação da ARL?
Baseado no Censo do IBGE de 1950, estima-se que Londrina
abrigava aproximadamente 70 mil habitantes; destes, quatro
mil eram estrangeiros. Em 1950, o número exato é de 71.412
– curiosamente, menor que a população registrada no Censo-1940, que foi de 75.296. O Censo de 1950 aponta 1.303
estabelecimentos agrícolas ocupando 193.339 hectares. Do
total, 995 eram ocupados pelos próprios donos. Havia ainda
158 arrendatários e 137 administradores, além de 131 ocupantes. Dos 1.303 estabelecimentos, 1.162 tinham menos de
100 ha, 501 menos de 50 ha e 370 menos de 20 ha. A pecuária bovina era composta de 9.972 bezerros, 9.837 vacas,
6.077 bois e garrotes, 1.832 novilhos e 585 touros.
UTILIDADE PÚBLICA
Registrada no Ministério da Agricultura sob o número 689, a
Associação Rural de Londrina foi reconhecida como de utilidade
pública municipal em 26 de junho de 1954, pela lei 233. Trinta
anos depois, em 6 de agosto de 1984, já como Sociedade Rural
do Paraná, foi reconhecida como entidade – sem fins lucrativos
– de utilidade pública estadual, pela lei 7.888.
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Na época em que a ARL nasceu, Londrina tinha sete jornais
(Paraná Norte, Paraná Jornal, Gazeta do Norte, Gazeta de Londrina, Correio do Norte, O Povo, O Estudante) e uma revista
(Terra Roxa). Na semana em que a ARL foi fundada e oficialmente instalada, os veículos se queixavam do abandono da
Praça Rocha Pombo, do abuso dos motoristas contra pedestres e da falta de serviço telefônico, de uma banda de música
e do Tiro de Guerra. Traziam anúncios publicitários da Empresa
Rodoviária Garcia, Garcia e Cia Ltda, da Pan-Am Combustíveis
e do Cartório do dr. Macedo. A Irmãos Fuganti oferecia seus
produtos e anunciava a construção da Casa Fuganti. O Instituto Mãe de Deus informava que abrigava 40 alunos internos,
onze semi-internos e 330 externos. E a Companhia de Terras
Norte do Paraná ainda propagandeava a “Terra da Promissão”,
com solos de alta qualidade, onde não havia saúvas. A Folha de
Londrina – único jornal diário numa cidade com mais de meio
milhão de moradores – nasceria em novembro de 1948.
CONEXÃO PAULISTA
Se até hoje todo o Norte do PR mantém estreitas ligações com
São Paulo, antigamente essa relação era ainda maior. Tanto
que a ARL, ao nascer, era filiada à Federação das Associações
Rurais do Estado de São Paulo. Já naquela época Londrina reclamava de abandono por parte da capital Curitiba. O comércio
era quase todo feito com os vizinhos paulistas. Vinham de lá
as estradas e ferrovias que abasteciam a cidade. Essa ligação
foi importante para que a Rural obtivesse o Departamento de
Registro Genealógico de Raças Zebuínas, cuja articulação envolveu a Sociedade Rural Brasileira, sediada em SP.
REVOLUÇÕES MUNDO AFORA
No mês em que a ARL nasceu surgiram outros dois modelos revolucionários no mundo. No dia 6 foi criada a Liga Norte-Americana de
Basquete (NBA), até hoje um dos mais rentáveis e consolidados formatos do showbusiness e do entretenimento globais. E no dia 26
foi lançada, na França, pelo estilista Louis Réard, uma peça que iria revolucionar a moda e os costumes: o biquíni. O nome veio do atol
onde foram realizados testes nucleares. Por isso, o biquíni foi logo batizado de “bomba anatômica”.
DE ASSOCIAÇÃO À SOCIEDADE
No decorrer da sua história, a entidade mudou de nome duas vezes.
Em 18/09/1965, em Assembleia Geral, os sócios decidiram nominar a
então Associação Rural de Londrina como Sociedade Rural do Norte do
Paraná. A entidade, que já abrigava produtores de muitos outros municípios, passa então a carregar uma abrangência regional no próprio
nome. A partir do momento em
que o Setor de Registros Genealógicos passou a atender criadores
de outras regiões do Estado, em especial do Sul e do Sudoeste, a
entidade torna-se Sociedade Rural do Paraná, mudança efetuada em
12/12/1970. É dessa época também a iniciativa de se elaborar uma
logomarca para a Rural. A logo da SRP foi inspirada na marca da exposição agropecuária de Houston, no Texas (EUA).
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A RURAL
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
PARQUE NEY BRAGA DURANTE A 8a EXPOLONDRINA, EM 1971
DA RURAL SAÍRAM NOMES QUE OCUPARAM CARGOS RELEVANTES NA GESTÃO PÚBLICA E NA
DEFESA DO AGRONEGÓCIO
Nestes 70 anos de vida, a Sociedade Rural do Paraná deixa um legado
político absolutamente incomum. Não há registro de outra entidade,
em Londrina ou no Norte do Estado, que tenha gerado tantas lideranças
políticas, para as três esferas – municipal, estadual e federal. Desde a
sua fundação, a entidade mostrou força política, ao liderar ações em
defesa do agronegócio e ao revelar nomes que ocuparam cargos importantes na administração pública.
Raphael Ferreira Rezende, presidente da Rural de 1952 a 1954, foi deputado federal e secretário estadual da Agricultura. Nelson Maculan,
que presidiu a gestão 1956-58, elegeu-se vereador, deputado federal e
senador. Nelson Ferreira Brandão, diretor financeiro da SRP, foi convidado a assumir a Secretaria de Agricultura no governo de Parigot de Souza. Manoel Campinha Garcia Cid, presidente da SRP entre 1970 e 1976
e em 1996-1997, ocupou a presidência do Banestado no governo de
Jaime Lerner.
Presidente da Rural em dois mandatos (1986-1990), Brasílio de Araújo
Neto comandou a Secretaria de Agricultura do Paraná no governo de
João Elísio e, na gestão de Fernando Henrique Cardoso como presidente
da República, foi diretor da Itaipu Binacional e presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Presidente em 1992-1993
e 1995-1996, José Carlos Tibúrcio comandou a Secretaria Estadual de
Agricultura e Abastecimento (Seab).
A vocação para liderança vem desde os sócios pioneiros. Horácio Sabino
Coimbra presidiu o Instituto Brasileiro do Café (IBC). Ruy Cunha, promotor e professor universitário, elegeu-se deputado estadual, assim
como Olavo Garcia Ferreira da Silva, que também foi vereador. Também
foram vereadores Ulisses Xavier da Silva, Raimundo Durães, Euzébio
Barbosa de Menezes e Aníbal Veloso Rezende. O médico Justianiano Clímaco da Silva também ocupou uma cadeira na Assembleia Legislativa.
Poucas pessoas podem exibir um currículo como o do associado Octávio Cesário Pereira Júnior, que foi diretor jurídico (1968-1970) e conselheiro (1970-1984) da SRP. Cesário elegeu-se deputado federal por
três vezes nas décadas de 60, 70 e 80. Comandou três secretarias estaduais (a de Trabalho e Assistência Social no Governo Ney Braga, a do
Interior e Justiça no Governo Emílio Gomes e a da Justiça no 2º Governo
Ney Braga). Foi chefe de Gabinete do Ministério da Agricultura, senador
em 1974 e vice-governador do Paraná entre 1975 e 1979, tendo governado o Estado interinamente em três ocasiões em substituição ao
titular, Jayme Canet.
TRÊS PREFEITOS
DE LONDRINA
A vocação de liderança da Sociedade Rural do Paraná manifesta-se, sobretudo, na galeria de prefeitos
de Londrina. Três presidentes da Rural comandaram os destinos da segunda maior cidade do Estado, em diferentes épocas. O primeiro presidente da
entidade, Hugo Cabral, que liderou a criação da antiga Associação Rural, foi eleito prefeito de Londrina
para a gestão 1947-1951. Antônio Fernandes Sobrinho tornou-se, aos 32 anos de idade, o prefeito
mais jovem da cidade, até hoje, ao ser eleito para a
gestão 1955-1959. Detalhe: ambos comandavam
a Rural quando foram eleitos. E o atual prefeito, Alexandre Kireeff, cujo mandato termina em dezembro
deste ano, presidiu a SRP de 2006 a 2010.
Hugo Cabral – que dá nome a uma das principais
ruas do centro de Londrina – nasceu em Fortaleza
e diplomou-se pela Academia de Comércio do Rio
de Janeiro. Instalou-se em Londrina em 1941, para
formar a Fazenda Remancinho, de 500 alqueires.
Como prefeito, melhorou radicalmente as estradas
do município e construiu um considerável número
de escolas. Como político e administrador, deixou
uma imagem de homem dinâmico e diligente.
Natural de Guará-SP, Antonio Fernandes Sobrinho
cursou a Escola Técnica do Comércio José Bonifácio, em Santos. Em sua gestão na prefeitura foram
construídas a Praça Primeiro de Maio com a Concha Acústica, a Praça Rocha Pombo e a estação de
passageiros no Aeroporto, criada a Caixa de Assis-
13
A RURAL
ENTRE OSWALDO PALHARES
E ADRIANO JOSÉ VALENTE,
ANTONIO FERNANDES SOBRINHO
ASSINA TERMO DE POSSE
COMO PREFEITO DE LONDRINA,
EM SUBSTITUIÇÃO A MILTON
MENEZES.
O PREFEITO HUGO
CABRAL PROVAVELMENTE
NA INAUGURAÇÃO DE
UMA ESCOLA RURAL;
INVESTIMENTO NA
EDUCAÇÃO FOI UMA DAS
MARCAS DE SUA GESTÃO
tência, Aposentadoria e Pensões dos Servidores
Municipais de Londrina (Caapsml) e o calendário
específico para a zona rural, ampliado o serviço de
água e esgoto e iniciada a pavimentação nos bairros.
A obra mais marcante e visível de Fernandes Sobrinho é hoje o principal cartão postal de Londrina: o
Lago Igapó, que começou no primeiro ano de sua
gestão e foi entregue no dia do aniversário da cidade, 10 de dezembro de 1959, poucos dias antes de
deixar a administração.
Médico veterinário formado pela UEL, Alexandre Lopes Kireeff nasceu em Marília-SP em 30 de setembro de 1966. Eleito no final de 2012 com 141.027
votos, Kireeff chega ao último ano de sua gestão,
em 2016, contabilizando ao menos cinco projetos
de grande relevância, como o Passe Livre Estudantil, que confere gratuidade no transporte coletivo a
alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental e a
estudantes matriculados em cursos pré vestibular,
em instituições de ensino superior e também de
pós graduação.
Outro destaque é a lei que criou o Programa Municipal de Incentivo à Inovação, que apoia financeiramente projetos tecnológicos e científicos para
transformar empresas de Londrina em referência
no Brasil e no mercado exterior. Já o Proverde financia a execução de projetos ambientais com recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente.
Também houve a equalização do déficit atuarial da
Caapsml (que construiu uma política de investimentos e gestão dos benefícios dos servidores),
a renovação do contrato com a Sanepar com a
rediscussão de metas e obrigações por parte da
concessionária e a desapropriação de terreno para
a construção da Cidade Industrial de Londrina, que
vai implicar na geração de empregos e arrecadação
de impostos para o município.
KIREEFF PREFEITO EM SEU
GABINETE DURANTE ENTREGA DE
COLHEDEIRA PARA A AGRICULTURA
FAMILIAR EM LONDRINA
14
TRÊS REITORES
DA UEL
Dentre as 14 pessoas que comandaram a UEL nos
primeiros 46 anos de vida da mais importante
instituição educacional de Londrina encontram-se
dois associados da Rural.
O médico Ascênsio Garcia Lopes foi o escolhido
para comandar o nascedouro da universidade, os
primeiros anos de cinco faculdades reunidas. Foi
o primeiro reitor da UEL (1970-1974), numa época em que Londrina era tida como um importante
centro de oposição política. No período mais duro
do regime militar, o Conselho de Administração, na
gestão de Ascênsio, autorizou a criação do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
O economista Jackson Proença Testa (1994-2001)
foi o único reitor reeleito da história da UEL. No final
de seu segundo mandato, foi substituído pelo diretor do Centro de Ciências da Saúde, Pedro Gordan.
Em seu período frente à reitoria, Testa instalou núcleos de extensão na periferia, criou novos cursos
de graduação e implantou cursinho pré vestibular
gratuito.
Na gestão do médico veterinário Wilmar Marçal
(2006-2010), sobrinho de sócio da SRP, a frota
da universidade foi renovada, foram retomadas as
diretrizes do Plano Diretor para organizar o crescimento do campus e foram construídas cerca de
70 salas de aula. A UEL também obteve o domínio
sobre um grande imóvel fora do campus, que havia sido desapropriado pelo Governo do Estado por
conta de dívidas fiscais.
WILMAR SACHETIN MARÇAL
ASCÊNCIO GARCIA LOPES
JACKSON PROENÇA TESTA
15
A RURAL
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
MELHORAMENTO GENÉTICO, REGISTRO GENEALÓGICO, SANIDADE, INICIATIVAS INSPIRADORAS:
RURAL DEMONSTRA QUE TEM O DNA DO AGRONEGÓCIO
Muitos presidentes, diretores ou associados da Rural ocuparam cargos relevantes em todas as esferas da administração
pública. Tão importante quanto o legado político, porém, é o
legado econômico que a Sociedade Rural trouxe a Londrina, ao
Paraná e ao Brasil através de ações – institucionais ou iniciativas próprias de integrantes da entidade – que envolveram
desde a sanidade até o registro genealógico dos animais, com
destaque, sobretudo, para o melhoramento genético do gado
de corte nacional.
A qualidade do rebanho bovino brasileiro não seria a mesma
sem a façanha histórica de um dos sócios pioneiros da SRP.
Natural da aldeia de Tamaguelos, Celso Garcia Cid deixou a
Espanha aos 18 anos de idade. Em 1928, chegou a Santos,
onde trabalhou como ajudante de cozinha e garçom. Atraído
pelas maravilhas que se propagandeava do Norte do Paraná,
instalou-se em Cambará e depois em Cornélio Procópio. Com
um caminhão Ford 29, passou a transportar cargas. Trouxe
o primeiro carregamento de telhas de barro para Londrina. O
caminhão virou uma “jardineira”, a Catita, da qual nasceu, no
início da década de 30, a Viação Garcia, uma das maiores em-
AO LADO DO MARAJÁ DE BHAVNAGAR, CELSO GARCIA SEGURA O TOURO GIR PUSH PANO-IMP 6505, IMPORTADO EM 1960
16
presas de transporte rodoviário de passageiros do País.
Em 1940, Garcia Cid entrou na atividade agropecuária. Duas
décadas depois, protagonizaria a célebre importação de gado
indiano que revolucionou a pecuária nacional. Lidar com gado
era uma obsessão desde a adolescência, na Espanha. Com o
objetivo de aprimorar as raças zebuínas existentes no Brasil,
empenhou-se numa batalha que começou em 1957 e terminou apenas em 1960.
No fim daquele ano, 112 touros gir, nelore e guzerá foram
desembarcados na Fazenda Cachoeira, em Sertanópolis. Era o
final feliz de uma epopeia que envolveu guerra aberta contra
organismos burocráticos e interesses escusos. Escolhido a
dedo pelo próprio Celso Garcia Cid e por Ildefonso dos Santos,
um de seus principais colaboradores, o gado adquirido na Índia enfrentou uma viagem cinematográfica, descrita minuciosamente pelo escritor Domingos Pellegrini em “O Tempo de Seo
Celso” com base, principalmente, no diário de Garcia Cid.
A façanha, que se repetiria em 1962, rendeu muito mais do que
um livro histórico. Com a importação, o agora selecionador Celso
Garcia Cid formou um plantel de alta qualidade cuja linhagem se
CELSO GARCIA COM O TOURO GUZERÁ PAREV-IMP 860, IMPORTADO EM 1962
O LEGADO, PAÍS AFORA
espalhou pelo Paraná e outros Estados. Em 1964, por sugestão da
Sociedade Rural, a Secretaria Estadual de Agricultura, comandada
por Paulo Pimentel, criou o Programa de Melhoramento Genético,
que, em termos de eficiência, revelou-se o melhor das Américas.
Pecuaristas trocavam seus reprodutores de baixa qualidade por
outros de alto valor genético, financiados pelo governo.
No ano seguinte, a família Garcia Cid inaugurou, na Fazenda Cachoeira, o primeiro Laboratório de Industrialização e Comercialização
de Sêmen do Brasil, para preservação, multiplicação e distribuição
de sêmen de reprodutores importados, através do uso pioneiro da
inseminação artificial. A partir de 1968, o Paraná se tornaria exportador de animais e de sêmen para as Américas do Sul e Central.
Em junho daquele ano, um fato histórico: a primeira exportação
de zebuínos do Paraná, para o governo e criadores da Venezuela.
A Rural envolveu-se ainda em um grande programa, o GE COFE,
destinado a combater os altos surtos de febre aftosa que prejudicava, em muito, os bovinos do Paraná.
As marcas da SRP no desenvolvimento do agronegócio estão
em toda parte. Em 1989 e 1992, a Sociedade Rural promoveu
as duas edições da ExpoDinâmica, nas fazendas Cachoeira 2C
e Couro do Boi. Idealizada por um grupo de agrônomos, a ExpoDinâmica era um evento específico para demonstração de
máquinas agrícolas e cultivares. A ideia inspirou a realização de
feiras similares de repercussão internacional, como a Agrishow,
em Ribeirão Preto, e a Show Rural Coopavel, em Cascavel, assim
como eventos em RS, MS e BA.
Em 1990, a Rural promoveu a 1ª ExpoLeite, uma exposição de
animais de todas as raças leiteiras e técnicas de produção de
rendimentos. O modelo que passou pelo Parque Ney Braga se
fixou na região de Castro, maior produtora de leite do Brasil, por
conta do clima apropriado às raças europeias. Em abril de 1970,
a SRP sediou a Expoinel (Exposição Internacional do Nelore), em
parceria com a ABCZ, com criadores do Brasil e do exterior. A
Expoinel era itinerante. A partir de 1985 passou a ter como sede
Uberaba (MG).
O EXTRAORDINÁRIO KRISHNA
O melhoramento genético de muitos rebanhos do Brasil e da
América do Sul é resultado dos filhos do touro Krishna, da raça
gir, trazido ao Brasil pela primeira importação de zebuínos da
Índia pelo pioneiro de Londrina e fundador da SRP Celso Garcia
Cid, em 1960. Krishna foi registrado dia 6 de julho de 1961 e
morreu no fim do ano seguinte. A perda, considerada irreparável, motivou Celso Garcia a construir o primeiro laboratório, no
Brasil, para industrialização, conservação e comercialização de
sêmen de reprodutores melhoradores de plantéis zebuínos,
em 1965. São descendentes dele o touro Krishnan Sakina, que
viveu na Fazenda Cachoeira, em Sertanópolis; e a vaca Virbay
III, que tornou-se símbolo da Associação Nacional de Criadores
da Raça Gir do México.
AUTOR DA AUTORIZAÇÃO DECISIVA PARA A ENTRADA DO GADO INDIANO TRAZIDO POR CELSO GARCIA CID AO BRASIL, O PRESIDENTE JK MARCA UM BEZERRO
QUE GANHOU DE PRESENTE DURANTE VISITA À FAZENDA CACHOEIRA, EM SERTANÓPOLIS
CELSO GARCIA CID COM KRISHNA SAKINA DC-6666
A RURAL
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
REGISTRO GENEALÓGICO DAS RAÇAS ZEBUÍNAS TAMBÉM CONTRIBUIU PARA A MELHORIA DO
REBANHO NACIONAL
Além da importação de gado indiano, do programa governamental
de melhoramento genético e do laboratório de Industrialização e
Comercialização de Sêmen, outra iniciativa oriunda da Sociedade
Rural contribuiu significativamente para a melhoria da qualidade
do rebanho bovino nacional: o Setor de Registro Genealógico das
Raças Zebuínas.
Instalado no Parque Ney Braga em 1962, o Setor de Registro é fruto
de um convênio – homologado pelo Ministério da Agricultura – da Sociedade Rural com a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ),
maior associação de criadores do mundo. O convênio funcionou até
agosto de 2013 especificamente para os serviços de Registro Geral de
Nascimento (RGN) e Registro Geral Definitivo (RGD) das raças Brahman,
Guzerá, Gir, Indibrasil, Sindi, Nelore e Tabapuã.
Neste período, técnicos realizaram 1.025.008 registros para cria-
dores do Paraná e de todo o território nacional. A primeira Comunicação de Nascimento (CDN no 0001) é de 18 de abril de 1962. É de
um animal da raça Gir, do pecuarista Harry Prochet, sócio pioneiro
da Sociedade Rural, o registro de número 1.
Seria o Registro Genealógico – que ainda funciona no Parque Ney
Braga, agora sob coordenação da ABCZ – um departamento meramente burocrático? Qual seria, afinal, a importância dele para a
qualidade do rebanho bovino nacional?
Uma grande conquista: assim pode ser encarada a instalação do
setor em Londrina. A atuação do Registro Genealógico está diretamente ligada à evolução do melhoramento genético do gado no
Paraná. O registro do animal é a garantia da origem da combinação
genética. Programas de melhoramento mensuram o valor de herdabilidade de um reprodutor ou de uma matriz.
INAUGURAÇÃO DO SETOR DE
REGISTROS DA SRP-ABCZ, COM A
PRESENÇA DO ENTÃO DEPUTADO
FEDERAL JOSÉ RICHA, DO
PRESIDENTE DA RURAL JAMIL
JANENE E DE JOÃO GUIMARÃES
COSTA, QUE HOJE DÁ NOME AO
DEPARTAMENTO
18
A IMPORTÂNCIA, EM NÚMEROS
Nosso registro de nascimento, dos humanos, é único. Já o
de um boi, não. No caso da raça zebuína, além do registro de
nascimento, o animal passa por vistoria técnica com um ano
e meio de idade, para se checar se não adquiriu algum defeito que possa ser desclassificatório. O nelore, por exemplo, se
tiver o rabo branco é desclassificado.
O registro atesta a qualidade de um animal. E suas características. O que impede o cruzamento com consaguinidade,
inadequada para melhoramento genético. O importante é ter
características e herdabilidades positivas diferentes. No melhoramento, soma-se qualidades e evita-se defeitos.
O resultado prático do melhoramento genético é um gado
capaz de produzir mais carne comendo menos e em menos
tempo. Antes, os animais eram abatidos com quatro ou cinco
anos. Agora, uma grande percentagem deles vai para o abate
com três, às vezes dois anos de idade. Com cruzamento industrial, muitos chegam a ser abatidos com um ano e meio.
Há também a taxa de desfrute, que mede a eficiência da exploração da atividade pecuária: maior índice de nascimentos,
menor índice de mortes, idade cada vez mais precoce para
abate.
Até o melhoramento genético propiciado pela importação de
zebu da Índia, o pecuarista paranaense vendia para abate um
tucura de 5/6 anos com 12/13 arrobas. Anos depois, comercializava bois de dois anos com 17/18 arrobas.
Os ganhos genéticos proporcionados por iniciativas
nascidas dentro da SRP ganham relevância ainda
maior se levarmos em conta que o Brasil possui o
2º maior rebanho bovino do mundo, atrás apenas
da Índia, mas lá não há a característica comercial
que se tem aqui. Dados de 2014 do IBGE indicam
que, naquele ano, o País contabilizava 212,3 milhões de cabeças. No primeiro quadrimestre de
2016, o Brasil exportou 479 mil toneladas de carne
bovina, 12% a mais que no mesmo período do ano
anterior, com faturamento de
US$ 1,8 bilhão. Segundo o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, o País lidera o ranking de
maior exportador mundial desde 2008.
1.304.521
É o total de escriturações de animais realizadas pelo
Setor de Registro Genealógico das Raças Zebuínas
nos 51 anos em que funcionou sob a coordenação
da SRP. Neste número estão incluídos os registros de
nascimentos e definitivos de 26.359 animais da raça
Gir, 900.186 Nelore, 25.553 Guzerá, 55.930 Tabapuã,
5.634 Indubrasil, 19 Sindi e 11.346 Brahman, além
de 21.239 transferências, 1.314 segundas vias e
274.349 outros serviços.
19
A RURAL
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
RURAL EMPENHOU-SE NA LUTA POR INSTITUIÇÕES QUE PUDESSEM PROPICIAR DESENVOLVIMENTO DE LONDRINA E DO AGRONEGÓCIO – COMO O IAPAR
Ter convidado o presidente do Instituto Brasileiro do Café (IBC),
João Ribeiro Júnior, para a Exposição de abril de 1970 revelou-se
um tremendo acerto por parte da Sociedade Rural, então presidida
por Francisco Sciarra, que substituíra Omar Mazzei Guimarães. Em
conversas com diretores da Rural, João Ribeiro contou que o IBC
dispunha de recursos suficientes para criação de um instituto de
pesquisas agronômicas, uma vez que o projeto da Universidade
do Café havia naufragado e o dinheiro, portanto, estava disponível.
O sonho de um instituto
agronômico vinha sendo
acalentado havia alguns
anos por entidades
de Londrina, principalmente pela Sociedade
Rural, que via, com isso,
a necessidade de uma
instituição que, com
pesquisas, desse suporte à diversificação da
Francisco Sciarra, então presidente da SRP,
agricultura paranaense.
ao presidente do IBC, João Ribeiro
O café já andava mal das
pernas por conta da geada de 1955 – e sofreria
um golpe fatal com a geada negra de 1975.
Na Expo-70, o presidente do IBC perguntou a Sciarra o que ele reivindicaria ao ministro da Indústria e Comércio, Pratini de Moraes,
que chegaria no dia seguinte. Sciarra respondeu de pronto: “O que
todos os presidentes da Sociedade Rural vêm desejando: o instituto agronômico”. Previamente informado, o ministro anunciou,
durante jantar em sua homenagem, a criação do instituto.
Nascia, ali, o Iapar, uma das mais importantes instituições da história de Londrina. No dia seguinte ao anúncio de Pratini de Moraes,
foi formada uma comissão para estudar a compra de um terreno,
“O que queremos? O que
todos os presidentes da
Sociedade Rural vêm desejando: o instituto agronômico”.
20
COMISSÃO PELA CRIAÇÃO DO IAPAR
(CELSO GARCIA CID, FRANCISCO
SCIARRA, NECO GARCIA E JOÃO MILANEZ) REÚNE-SE COM O MINISTRO
DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E TURISMO, PRATINI DE MORAES, EM 13 DE
JULHO DE 1970
PESQUISAS DO IAPAR EM LABORATÓRIO E NO CAMPO DESENVOLVERAM MAIS DE 200
CULTIVARES DE VÁRIAS ESPÉCIES PARA MUITAS REGIÕES PRODUTORAS DO BRASIL
presidida por Sciarra. Concluiu-se pela aquisição de 80 alqueires
próximos à rodovia Londrina-Mauá. Na sequência, foram adquiridos lotes menores até a área chegar à margem da rodovia, totalizando 105 alqueires.
Criado em junho de 1972, o Instituto Agronômico do Paraná desenvolveu, até hoje, mais de 200 cultivares aos produtores do
Paraná e do Brasil de várias espécies, com destaque para aveia,
café, feijão, maçã, mandioca e trigo, adotadas por agricultores
de diversas regiões produtoras do País. Além do melhoramento
genético, o instituto é referência mundial em manejo do solo e
da água, com pesquisas importantes sobre microbacias, plantio
direto e rotação de culturas.
Durante toda sua trajetória, em maior ou menor grau, a Sociedade
Rural envolveu-se na luta para a instalação, em Londrina, de instituições que fomentassem o desenvolvimento econômico, cultural
e tecnológico. As grandes bandeiras da sociedade local tiveram a
participação ativa de presidentes, diretores e associados da SRP.
Assim foi com a criação da Universidade Estadual de Londrina, hoje
ranqueada como a 23ª entre as 100 melhores do Brasil, com 54
cursos presenciais de graduação e 236 de pós graduação, distribuídos em nove centros de estudos instalados em um campus de
235 hectares. Fundada em 1971, a UEL tem aproximadamente
17 mil alunos, 1.650 professores e 3,4 mil agentes universitários
– e, sobretudo, uma participação na vida de Londrina de altíssima
relevância.
Assim foi também com a vinda da Embrapa, cuja contribuição
histórica ao agronegócio da soja coloca a unidade londrinense
como referência mundial no desenvolvimento de tecnologias para
a cultura em regiões tropicais. Instalada em uma fazenda experimental de 350 hectares no distrito da Warta, a Embrapa Soja,
nascida em 1975, tem contribuição decisiva no desenvolvimento
de cultivares adaptadas a regiões de baixas latitudes, controle
biológico de pragas e técnicas de manejo e conservação de solos.
21
A RURAL
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DESDE O INÍCIO A RURAL DESENVOLVE AÇÕES EM PROL DE INSTITUIÇÕES E DA COMUNIDADE
Durante a Exposição, a Sociedade Rural abre os portões do Parque
Ney Braga para que cerca de 40 mil pessoas, gratuitamente, visitem a maior feira agropecuária e industrial da América Latina. É,
muitas vezes, uma oportunidade única para grupos de escolares,
de creches, cadeirantes, para o pessoal das APAE’s (Associação de
Pais e Amigos dos Excepcionais) e do ILECE (Instituto Londrinense
de Educação para Crianças Excepcionais).
Nas provas de laço, dentro da Expo, o dinheiro arrecadado com as
inscrições é revertido para o Hospital do Câncer. Em 2015, arrecadou-se R$ 75 mil. Estes são alguns exemplos de uma das marcas
da Rural nestes 70 anos: a responsabilidade social. Ao longo do
tempo, a SRP sempre prestou auxílio a entidades beneficentes. ‘
Na virada do século, esta ação ganhou corpo: por iniciativa da Diretoria Feminina, a Rural promoveu durante alguns anos a Primasol
(Primavera Solidária). Visitas a empresas e eventos no Parque Ney
Braga arrecadaram dinheiro e alimentos para mais de 50 creches
e instituições.
Realizada nos meses de setembro, a Primasol reunia milhares de
22
adultos e crianças no Parque Ney Braga, com leilões e atividades
de recreação. Em 2003, houve uma atração extra: um jogo de futebol no Estádio do Café entre o time do cantor Daniel e o time da
Primasol.
Da Primavera para o Leilão Solidário: já faz uma década que a Rural
participa diretamente em uma iniciativa em prol do Hospital do
Câncer de Londrina. Trata-se do Leilão Solidário Aravet, que envolve
alunos e professores do curso de Medicina Veterinária da Unopar,
sediado em Arapongas.
Nos meses de outubro, estudantes percorrem cidades da região
pedindo doações a produtores rurais. Arrecada-se de tudo: bovinos, eqüinos, suínos, ovinos, aves. De uns anos para cá, a indústria moveleira de Arapongas também tem contribuído.
Tudo que é arrecadado é leiloado em um grande evento no Parque
Ney Braga, para o qual a SRP convida todos os sócios e pecuaristas da região. O dinheiro vai para o Hospital do Câncer. A empresa
leiloeira também atua gratuitamente. Nas dez primeiras edições,
o Leilão Solidário Aravet arrecadou R$ 1,6 milhão.
PROMOVIDO HÁ UMA DÉCADA, O LEILÃO SOLIDÁRIO ARAVET JÁ ARRECADOU R$ 1,6 MILHÃO PARA O HOSPITAL DO CÂNCER DE LONDRINA
“A Rural sempre disponibilizou sua estrutura para que
entidades possam realizar
eventos e angariar recursos”
Luiz Fernando Coelho da Cunha Filho, diretor da SRP
PONTE COM A COMUNIDADE
TRÊS MOMENTOS DA PRIMAVERA SOLIDÁRIA, QUE REUNIU MILHARES DE PESSOAS NO PARQUE NEY BRAGA: EVENTO ANUAL COLABORAVA COM MAIS DE
50 ENTIDADES DE LONDRINA
A Rural desenvolve ainda iniciativas em prol da comunidade que fica em torno do Parque Ney Braga. Uma
das ações mais contundentes foi a negociação junto ao
Governo do Estado e à concessionária Econorte que resultou na construção da passarela na Avenida Tiradentes, trecho urbano da BR-369. Com design londrino (as
colunas são réplicas do Big Ben), a passarela custou R$
1,9 milhão e é uma homenagem aos ingleses da Companhia de Terras Norte do Paraná. Serve também como
portal de entrada da cidade. No período da Expo, mais
de 120 mil pessoas a utilizam para ter acesso ao parque. Durante o ano todo, é uma travessia segura para
os moradores.
A PASSARELA COM DESIGN LONDRINO SOBRE A BR-369: SEGURANÇA PARA OS MORADORES
DO ENTORNO DO PARQUE NEY BRAGA
A ECOTERAPIA, que desde de 2007 FUNCIONA NAS INSTALAÇÕES DO
PARQUE, TAMBÉM RECEBE FORTE APOIO DA SOCIEDADE RURAL
23
O
parque
Uma
referência
nacional
AVENIDA TIRADENTES, 6.275. Oficialmente, este é o endereço. Mas não há taxista, carteiro ou qualquer
outro profissional em Londrina que necessite dos dados postais para chegar lá. O Parque Ney Braga é
uma referência física da cidade, da região, do Norte do Paraná. No plano nacional, ele deixa de ser uma
referência geográfica para ganhar uma dimensão político-econômica. Em todo o País, agricultores, pecuaristas, lideranças partidárias e empresariais, gestores públicos, profissionais do campo e do showbiz o
conhecem como sede de uma das mais representativas entidades de classe do Brasil e da maior exposição agropecuária e industrial da América Latina. Uma história repleta de nomes, esforço e dedicação que
começou em agosto de 1958 – e não tem data para terminar.
O PARQUE
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COM SEUS 450 MIL METROS QUADRADOS, O ‘NEY BRAGA’ É MUITO MAIS DO QUE A SEDE DA
RURAL E DA EXPOLONDRINA
Se no decorrer da história o nome da entidade que a
mantém pulou do plano municipal para o regional e
depois para o estadual, nada mais lógico que a sede
da SRP extrapolasse, fisicamente, os limites de Londrina. Encravado na divisa com Cambé, a menos de
um quilômetro do trevo que dá acesso a Curitiba, ao
Noroeste e Oeste do Paraná e ao Oeste e ao Sul de
São Paulo, o Parque de Exposições Governador Ney
Braga tem 450 mil metros quadrados e uma estrutura física que o credencia como um dos três maiores do Brasil.
O parque abriga a Sociedade Rural e a ExpoLondrina,
mas seu aparato vai muito além da sede administrativa e prédios de apoio. Pavilhões, recintos, auditórios, arena de shows e rodeios, estacionamento
e grandes áreas descobertas o tornam um grande
centro de eventos, capaz de abrigar leilões, encontros, palestras, seminários e festas de grande porte.
A localização estratégica é um diferencial.
O “Ney Braga” de hoje é resultado de um sonho iniciado há 70 anos. E do suor de muitos associados
que, dentro ou fora das diretorias, dedicaram tempo
e esforços para construí-lo e, hoje, têm seus nomes
marcados em cada uma das ruas e edificações.
Ruas? Sim! O Parque Ney Braga tem números de uma
cidade. São 417,8 mil metros quadrados de área total, 61,5 mil m2 de área construída, 110 obras edificadas em alvenaria, 32.949 m2 de área asfaltada
e de calçamento, 4.836 metros de rede hidráulica,
9.354 metros de rede elétrica de alta e baixa tensão.
A equipe de manutenção tem doze funcionários.
GADO GIR, GUZERÁ E NELORE É JULGADO NA PISTA CENTRAL DURANTE A EXPOSIÇÃO DE
1974: PARQUE DA SRP ABRIGA NÚCLEOS E ASSOCIAÇÕES DE CRIADORES DAS PRINCIPAIS
RAÇAS BOVINAS ZEBUÍNAS E EUROPEIAS
ARQUIBANCADA LOTADA DA PISTA CENTRAL ACOMPANHA JULGAMENTO DE RAÇAS EM 1966
27
O PARQUE
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JULGAMENTO DE LIMOUSIN (ACIMA) E SIMENTAL (ABAIXO COM O CRIADOR
Rudolf Reich): PISTA CENTRAL ABRIGA EVENTOS DAS MAIS DIVERSAS RAÇAS
BOVINAS
CONSTRUÇÃO DA ARQUIBANCADA EM 1961 E A PISTA CENTRAL SUPERLOTADA
EM 1965: ESPAÇO SEMPRE SEDIOU GRANDES EVENTOS, TÉCNICOS E ARTÍSTICOS
28
4
etapas foram cumpridas até a formação atu-
al do Parque Ney Braga, desde a aquisição
dos primeiros 8 hectares em 1958 até os
últimos 10 ha, em 1997, passando pelos 7,8
ha de 1969 e os 15 ha de 1972. Somadas as
quantias em dólares, convertidas pelo câmbio
da época, o parque só de terra nua custou
US$ 2,85 milhões ou, pelo mesmo parâmetro,
129.187 arrobas de boi. Mais detalhes podem
ser conferidos na Linha do Tempo que ocupa as
páginas centrais desta revista.
O NORTE-AMERICANO MARCK J.
FORGASON INAUGURA, EM 12 DE
ABRIL DE 1994, NO PARQUE NEY
BRAGA, A SEDE DA ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DOS CRIADORES DE
BRAHMAN, FUNDADA UM ANO ANTES,
IDEALIZADA PELO IMPORTADOR
PIONEIRO NECO GARCIA CID
ALMOÇO AO AR LIVRE COMEMORA A INAUGURAÇÃO, EM 1990, DA CASA
DA ASSOCIAÇÃO DOS NELORISTAS DO PARANÁ (ANEL)
NÚCLEOS E ASSOCIAÇÕES
Além da SRP, o Parque Ney Braga é sede de vários núcleos
e associações de criadores. Mais precisamente desde 5
de abril de 1984, quando foi inaugurada a Casa do Chianina, idealizada por Anselmo Maseli, selecionador da raça.
A iniciativa de Maseli permitiu a criadores de diversas
outras raças – como Marchegiana, Limousin, Gelbvieh,
Brahman, Simental, Pardo Suíço, Caracu, Angus, Gersey,
Brangus, Cavalo Crioulo e Quarto de Milha – instalarem a
sede de suas associações nacionais dentro do parque,
para a guarda de seus acervos e bem estar de expositores e selecionadores. Em 12 de abril de 1994, por exemplo, foi inaugurada a casa sede da raça Brahman, cuja
associação brasileira havia sido criada um ano antes, por
iniciativa do selecionador e ex-presidente da SRP Manoel
Campinha Garcia Cid, primeiro importador da raça. O parque abriga até hoje núcleos e associações estaduais de
diversas raças.
O PARQUE
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Bustos
QUEM PASSEIA PELO PARQUE SE DEPARA COM HOMENAGENS DA RURAL A TRÊS GRANDES NOMES
NEY
BRAGA
Ney Aminthas de Barros Braga era governador do Estado na época da consolidação do parque de exposições da Sociedade Rural. O busto em
sua homenagem foi instalado em 16 de fevereiro de 1964, por conta da inauguração oficial do parque, no dia da abertura da exposição que
foi um marco histórico, a 1ª Agropecuária e Industrial. Nascido na Lapa em 1917, Ney Braga construiu carreira militar e política. Foi prefeito
de Curitiba, deputado federal, senador e governador em dois mandatos (1961-64, 1979-82). Foi ministro da Agricultura e presidente da
Itaipu Binacional. Morreu em outubro de 2000. A homenagem da Rural se deve ao forte apoio que, como governador, Ney Braga prestou ao
agronegócio e à construção do parque que leva seu nome.
30
CELSO
GARCIA CID
Imigrante espanhol que chegou ao Brasil no Natal de 1928 e morreu três dias antes do Natal de
1972. É pioneiro de Londrina – onde fundou uma das maiores empresas brasileiras de transporte
rodoviário de passageiros – e sócio fundador da Rural. Tornou-se pecuarista a partir de 1940 –
tinha paixão por gado desde a adolescência, na Espanha. Convicto de que o gado puro de origem
indiano se adaptaria facilmente às condições daqui e melhoraria em muito a performance do rebanho nacional, realizou duas importantes importações de zebuínos e bubalinos da Índia, em 1960
e em 1962. Instalado no parque em março de 1975, o busto de Celso Garcia Cid traz outras três
placas fixadas a posteriori: da própria SRP, em homenagem aos 30 anos da importação, com imagens dos touros Krishna e Arjun; da Associação Brasileira dos Criadores de Gir (Assogir), da qual foi
o fundador, “nosso reconhecimento como sustentáculo da pecuária brasileira”; e da Associação dos
Criadores de Guzerá do Brasil, “por acreditar no desenvolvimento da raça guzerá” no País.
MARAJÁ DE
BHAVNAGAR
É uma justa homenagem ao homem que contribuiu com a melhoria da pecuária nacional. Era dele a maior parte dos zebuínos que Celso Garcia Cid trouxe da Índia. A placa em sua homenagem, datada de 4 de outubro de 1962,
cita-o como “grande criador e burilador da raça gyr”. O marajá de Bhavnagar
visitou Londrina, por conta dos laços de amizade firmados com seo Celso. A
contribuição do marajá
à pecuária brasileira
poderia ter sido ainda
maior: em testamento,
ele deixou para o amigo
seu rebanho extraordinário, mas que não pôde
ser trazido ao Brasil por,
mais uma vez, falta de
autorização oficial.
31
O PARQUE
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Monumentos
HOMENAGENS FEITAS PELA RURAL VÃO DO TRABALHADOR AO DESCOBRIMENTO
TRABALHADOR
RURAL
“Matuto, caipira, lavrador, agricultor, seja
o que for, para a Sociedade Rural do Paraná é o sustentáculo do Brasil”. É dessa
maneira que a SRP define o trabalhador
rural e sua importância para o País, conforme consta da placa que acompanha o
Monumento ao Trabalhador Rural. Localizada defronte o Museu Histórico da SRP,
a homenagem retrata um trabalhador
em lavoura de café – uma relação direta
à história de Londrina e da própria Sociedade Rural. O Brasil tem 15,7 milhões de
trabalhadores rurais, segundo o IBGE,
que inclui agricultores familiares, acampados e assentados da reforma agrária,
assalariados, meeiros, comodatários,
extrativistas, quilombolas, pescadores
artesanais e ribeirinhos. No Paraná, são
cerca de 1,2 milhão, segundo a Fetaep.
32
MONUMENTO AO TRABALHADOR RURAL, EM
FRENTE AO MUSEU HISTÓRICO, INAUGURADO EM
9 DE ABRIL DE 2015: HOMENAGEM AO “SUSTENTÁCULO DO BRASIL”
BOI
BANDIDO
Outro dos monumentos mais recentes está fixado na rampa de acesso à Arena de Shows e Rodeios João Milanez. Trata-se de uma réplica, em
tamanho natural, do Boi Bandido, o touro de rodeios mais famoso do Brasil, que se apresentou diversas vezes na ExpoLondrina. Temido por todos
os peões, virou astro da novela global “América”, de 2005. Pertencia ao tropeiro Paulo Emílio Marques e morava na Fazenda Santa Martha, em
Icém-SP, onde era tratado como atleta olímpico, com alimentação balanceada e exercícios diários. Chegou a pesar 1,1 tonelada. Teve 70 filhos e
quatro clones. Gerou duas mil doses de sêmen. Boi Bandido viveu 15 anos e encarou mais de 200 desafios. Fez a última apresentação em julho
de 2008, em São José do Rio Preto. Morreu (invicto!) em janeiro de 2009 e está enterrado no Parque do Peão, em Barretos.
DIRETORIA DA RURAL E CONVIDADOS À FRENTE DO BOI BANDIDO, EM 09/04/2015: TOURO VIVEU 15 ANOS E DEIXOU AS ARENAS INVICTO
33
O PARQUE
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CAVALEIRO
DAS AMÉRICAS
Quem desce a Rua Manoel Campinha Garcia Cid
rumo à Pista Equestre Família Romanelli passa
obrigatoriamente pelo monumento que, segundo
a placa, é uma reverência a “um verdadeiro herói
nacional”. A homenagem foi prestada a Filipe Masetti Leite, que empreendeu uma aventura que
lhe rendeu o apelido de Cavaleiro das Américas.
Durante 25 meses, Filipe – jornalista por formação – e seus cavalos Bruiser, Dude e Frenchie
percorreram 16 mil quilômetros por 12 nações,
em descampados e à margem de rodovias, enfrentando todo tipo de território, clima e perigos.
A jornada, de Calgary (Canadá) a Barretos-SP, terminou em agosto de 2014.
34
NO DIA 9 DE ABRIL DE 2015, MOACIR SGARIONI DESCERRA PANO QUE COBRIA O MONUMENTO EM
HOMENAGEM A FILIPE MASETTI LEITE (FOTO MENOR): JORNADA DE 25 MESES ENTRE CALGARY E BARRETOS
500 ANOS DE BRASIL
Em abril de 2000, por conta dos 500 anos de descobrimento do Brasil pelos portugueses, a diretoria da Rural instalou um monumento comemorativo, na esquina da Praça Luiz Antonio Mayrink Góes. A obra foi inaugurada pelo presidente da
Rural, Francisco Galli, e pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Pratini de Moraes.
50 ANOS DE
EXPOSIÇÃO
A Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina de
2010 teve uma atração extra: a inauguração de um monumento em homenagem à 50ª edição da Expo. Obra de
Henrique Aragão, o monumento está instalado ao lado da
Pista Central de Julgamento, próximo do Museu e da entrada principal do parque.
35
O PARQUE
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UMA CASA DE
MUITAS HISTÓRIAS
Um dos endereços mais nobres e requisitados do
Parque Ney Braga, a Casa do Criador abriga muitas
histórias em seus 55 anos de existência. O imóvel remonta aos primórdios do parque. Foi inaugurado no último dia de 1961 como alojamento
para os tratadores de gado que vinham de muito
longe para participar da Expo. Passou por reformas, desde então. Dotada de beliches e armários,
chegou a abrigar os peões que disputavam os rodeios. Com o tempo, foi perdendo a utilidade original, até ser transformada num ponto de encontro
dos associados. Foi reinaugurada, após obras, em
abril de 1967. Atualmente é dividida em dois pavimentos. O inferior, batizado de “Raul Noronha da
Silva”, tem uma sala de estar climatizada com 140
metros quadrados de área e uma varanda coberta
de 280 m2, além de um jardim com paisagismo. O
térreo abriga também o Painel de Marcas, homenagem aos criadores que apoiaram a revitalização
do espaço. A parte superior leva o nome de Celso
Garcia Cid e é formada por um salão de 350 m2.
Nas exposições, o piso térreo é administrado por
uma casa noturna e o salão de cima é reservado
para eventos da diretoria. Em seu conjunto, é um
prédio sobretudo charmoso, que lembra uma
casa de campo.
A CASA DO CRIADOR, QUE JÁ FOI CASA DO PEÃO, ABRIGA
O PAINEL DE MARCAS DOS CRIADORES (INAUGURADO POR
LUIZ MENEGHEL NETO E HUMBERTO BARROS JUNIOR),
O SALÃO NOBRE CELSO GARCIA CID (INAUGURADO POR
FRANCISCA CAMPINHA GARCIA E LÍGIA MENEGHEL EM
1991) E, NA VARANDA, A PLACA QUE MARCA A REINAUGURAÇÃO DO ESPAÇO, EM 01/04/1967
36
37
O PARQUE
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
OS
RECINTOS
Fazem parte da estrutura do Parque Ney Braga
três recintos – José Garcia Molina, Abdelkarim
Janene e Horácio Sabino Coimbra – que abrigam
todo tipo de evento, principalmente leilões de bovinos, equinos e ovinos, característica marcante
da Sociedade Rural e da ExpoLondrina. Neste
segmento, o recorde pertence ao ano de 2001,
quando foram realizados 110 leilões durante o
ano, com a comercialização de 55.086 animais.
Apenas durante a Expo foram realizados 31 leilões e comercializados 10.340 animais, com liquidez de 85,5%.
JOSÉ MASCARO DISCURSA NA INAUGURAÇÃO DO RECINTO DE LEILÕES QUE LEVOU O NOME
DE SEU PAI, JOSÉ GARCIA MOLINA, EM 31 DE MARÇO DE 1995
DOIS ANOS DEPOIS DE INAUGURADO, O RECINTO ABDELKARIM JANENE SEDIOU O 1º LEILÃO
NACIONAL DE CHIANINA, EM 5/4/1984. NAQUELE DIA TAMBÉM FOI INAUGURADA A CASA
DO CHIANINA NO PARQUE NEY BRAGA
38
INAUGURAÇÃO DO RECINTO HORÁRIO SABINO COIMBRA E BAIAS MICHEL NEME, EM 1º DE ABRIL DE 1976
OS PAVILHÕES
E SUA VARIEDADE
Dois grandes pavilhões abrigam um grande leque de
expositores durante as exposições da Rural – além de
sediar eventos no restante do ano. Inaugurado em 1º
de abril de 1986, próximo à sede administrativa, com o
nome de Carlos Pereira Paschoal, o Pavilhão Nacional tem
2.052 metros quadrados e, atualmente, reúne concessionárias de carros de luxo e exposição de carros antigos
durante a Expo. O Internacional, com nome de Octávio
Cesário Pereira Júnior, foi inaugurado em 1º de abril de
1994, na esteira da criação do Mercosul. Nas exposições,
abriga um grande número de estandes de varejo, em especial roupas em couro, cosméticos e acessórios. Está localizado próximo à Pista de Julgamento Roberto Requião.
FOTO GERAL DA INAUGURAÇÃO DO PAVILHÃO NACIONAL, QUE
HOJE ABRIGA UM LEQUE VARIADO DE EXPOSITORES VAREJISTAS
DURANTE AS EXPOSIÇÕES
JOSÉ CARLOS TIBÚRCIO FALA NA INAUGURAÇÃO DO PAVILHÃO INTERNACIONAL, NA PRESENÇA DO HOMENAGEADO
OCTÁVIO CESÁRIO, DO EX-PRESIDENTE
FRANCISCO SCIARRA E DO MINISTRO
DA AGRICULTURA ROBERTO RODRIGUES. ESPAÇO JÁ SEDIOU EMBAIXADAS
E ATUALMENTE ABRIGA A VEIRA DE
VAREJOS, ENTRE OUTROS EVENTOS
39
O PARQUE
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
ARENA
DE SHOWS
E RODEIOS
Foi-se o tempo dos shows musicais e dos rodeios em locais
improvisados. Os rodeios foram se profissionalizando. O
sertanejo de raiz foi dando lugar ao sertanejo universitário,
com público cada vez mais numeroso. Chegara a hora do
Parque Ney Braga contar com um local à altura da Exposição
de Londrina. As obras começaram em novembro de 2013.
Em abril do ano seguinte, com show de Daniela Mercury, foi
inaugurada a Arena de Shows e Rodeios João Milanez. E, como
em quase tudo que existe dentro do parque, contou com
a ajuda decisiva dos associados, que adquiriram 80 camarotes e, com o dinheiro arrecadado, a entidade deu início à
construção. Nas exposições, a arena recebe, em média, 130
mil pessoas, em oito dias de shows e três de rodeios. É um
espaço bastante requisitado no decorrer do ano, para shows
e outros eventos. O nome é uma homenagem ao catarinense
que, vindo de São Paulo, em 1948 fundou a Folha de Londrina. “O João Milanez sempre foi parceiro da Sociedade Rural
do Paraná. Ele via na SRP e na Exposição uma forma de divulgar Londrina”, conta o ex-presidente da Rural, José Carlos
Tibúrcio. “E era uma pessoa muito alegre. Então, o recinto de
shows e rodeios tem a cara dele.”
NA FOTO ABAIXO, O INÍCIO DA CONSTRUÇÃO, EM 1993. ACIMA,
A ARENA HOJE, PARA VINTE MIL PESSOAS
O MINISTRO DA CASA CIVIL, HENRIQUE HARGREAVES,
AJUDA O JORNALISTA JOÃO MILANEZ A DESATAR A
FITA DE INAUGURAÇÃO DA ARENA, EM 1º DE ABRIL
DE 1994
O RODEIO DA EXPO EM 1980, NA PISTA CENTRAL DE JULGAMENTO, E DE AGORA, NA ARENA: RODEIOS EM LONDRINA PASSARAM A TER EXPRESSÃO A PARTIR DO MOMENTO
EM QUE A SRP CONSTRUIU RECINTO ADEQUADO
20.456
PESSOAS: É A CAPACIDADE DA ARENA JOÃO MILANEZ,
AUTORIZADA PELO CORPO DE BOMBEIROS
41
O PARQUE
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
ESTÍMULO À
PISCICULTURA
A agropecuária presente no Parque Ney Braga não se
restringe a pastos e bois. A Rural incentiva fortemente a criação de peixes com a Casa do Piscicultor, dotada de um aquário gigante que, embora permanente,
atrai a atenção de milhares de visitantes durante a
ExpoLondrina. Com 18 mil litros de água, o aquário
abriga peixes nativos e exóticos. Na Expo-2016, havia tilápias do Nilo, um pirarucu da Bacia Amazônica
e outras espécies. Inaugurados em abril de 2014
pelo então ministro da Pesca e Aquicultura, Eduardo
Benedito Lopes, e pelo diretor de Piscicultura da SRP,
Ricardo Neukirchner, a Casa e o Aquário estimulam
produtores a investir na atividade de maneira correta
e sustentável. E funciona, também, como centro de
educação ambiental.
42
O PRÍNCIPE E
OS PRESIDENTES
O PRÍNCIPE FUMIHITO PASSOU PELO PARQUE NEY BRAGA DURANTE AS COMEMORAÇÕES PELOS 80 ANOS DA IMIGRAÇÃO
JAPONESA NO BRASIL, EM 1988
Não é apenas durante as exposições que o Parque Ney Braga recebe figuras ilustres. Nomes importantes da vida pública, do Brasil e do exterior,
visitaram o recinto da Rural em diferentes épocas. Em 1988, durante as
comemorações pelos 80 anos da imigração japonesa (Imin’80), o então
presidente da República, José Sarney, acompanhou o príncipe do Japão,
Fumihito, a uma visita ao Norte do Paraná, região que concentra grande
número de japoneses e descendentes. O príncipe Fumihito passou pelo
Parque Ney Braga, cuja entrada havia sido decorada com peças orientais.
Acompanhados também pelo empresário Iwao Miyamoto e o deputado federal Antônio Ueno, Sarney e Fumihito almoçaram na antiga churrascaria
Chopim, que funcionou durante muitos anos dentro do parque da Rural. O
“Ney Braga” sediou outro evento importante fora da Expo: o lançamento,
pelo governo federal, do Plano Agrícola e Pecuário 2009/2010. Vieram a
Londrina o presidente Luís Inácio Lula da Silva, a ministra-chefe da Casa
Civil, Dilma Rousseff, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e os senadores Roberto Requião
e Gleisi Hoffmann. Na solenidade, assistida por 1,5 mil agropecuaristas no
dia 22 de junho de 2009, Lula anunciou R$ 107,5 bilhões – recorde histórico na época – para financiar toda a cadeia produtiva do agronegócio.
43
O PARQUE
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
PARQUE NEY BRAGA ABRIGA, DESDE 2012, UMA DAS MAIS MODERNAS PISTAS DO BRASIL PARA PROVAS EQUESTRES
Nada é conquistado com facilidade. As verdadeiras conquistas
têm a marca da persistência e da determinação. Exemplo disso é
a pista equestre do Parque Ney Braga. Há décadas a ExpoLondrina
abriga certames envolvendo cavalos, cavaleiros e amazonas. No
início, porém, a Sociedade Rural apenas chancelava as disputas,
que eram promovidas fora do recinto do parque durante as exposições.
Desde que a SRP construiu uma adequada rede de esgoto, há cerca de dez anos, a antiga área de captação foi transformada em
uma pista eqüestre, de areia, com 120 metros de comprimento,
cercada, mas a céu aberto. Com isso, muitas vezes as provas eram
realizadas sob chuva ou sol forte. Essa situação melhorou a partir
do momento em que a entidade financiou recursos a médio prazo
para erguer a cobertura.
Assim é que, hoje, o parque da Rural abriga a melhor pista eqüestre do Paraná, e uma das mais modernas do Brasil. Inaugurada em
2012, a Pista de Atividades Equestres “Família Romanelli” tem 6,2
mil metros quadrados de área coberta, com os mesmos 120 m de
comprimento por 50 m de largura.
Desde a inauguração, a pista vem sediando diversas provas durante o ano todo e, nas exposições, a Prova de Laço, a Prova do
Tambor e o Freio de Ouro do Cavalo Crioulo. Também é utilizada
para aula de doma e exercícios da Polícia Montada, que possui
alojamento dentro do parque, com apoio da SRP.
A nova pista é de grande importância para os criadores de cavalos,
por uma questão de segurança: sabem que a cobertura não deixará a pista escorregadia, com riscos de lesões para animais que
às vezes custam até R$ 300 mil. A pista é apta a receber grandes
torneios eqüestres, abrindo o leque de captação de eventos do
Parque Ney Braga.
“Já realizamos campeonatos estaduais e nacionais. Agora estamos na luta para sediar o Campeonato Nacional do Quarto de
Milha”, diz o conselheiro da SRP Ilson Romanelli. “A pista eqüestre
é um ativo da Rural com muita oportunidade de levantar grandes
eventos para Londrina. É uma excelente ferramenta para trazer
benefícios para a cidade e toda a região”, ele ressalta. “Um torneio
como o Quarto de Milha, por exemplo, ocupa oito mil leitos da rede
hoteleira”, diz.
44
GUSTAVO LOPES, MOACIR SGARIONI E ILSON ROMANELLI DESCERRAM A PLACA NA INAUGURAÇÃO DA
PISTA EQUESTRE DA RURAL, EM SOLENIDADE QUE
CONTOU COM A PRESENÇA TAMBÉM DO
VICE-PREFEITO GUTO BELUCCI, CÉLIO ARANTES HEIM
E WELLINGTON FERREIRA
“A pista equestre é uma excelente ferramenta para trazer benefícios para toda a região. Um torneio como o Quarto de Milha,
por exemplo, ocupa oito mil leitos da rede hoteleira”
Ilson Romanelli, conselheiro da SRP
45
O PARQUE
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
NO MUSEU, OBJETOS, IMAGENS E DOCUMENTOS MOSTRAM A TRAJETÓRIA DA RURAL
O MUSEU, NA ÉPOCA DA INAUGURAÇÃO, COM O BUSTO DE NEY BRAGA: 194 M2 COM TODO O ACERVO DA SOCIEDADE RURAL DO PARANÁ
46
– Moça, aquele serrote grandão é o do Pica-pau?
– Foi naquele negócio ali que a Bela Adormecida espetou o dedo?
Essas são perguntas que a responsável do Museu da Sociedade
Rural do Paraná, Bruna Martins do Prado, sabe que terá de responder toda vez que o local recebe grupos de alunos de uma escola
de Londrina ou da região.
O traçador (ferramenta com a qual os pioneiros derrubaram gigantescas perobas para lavrar a terra e construir suas casas) e a
roca (utilizada para fiar a lã com a qual as mulheres de antigamente faziam as roupas da família) são os itens que mais chamam a
atenção da garotada.
Além deles, o Museu da Rural possui outros 225 objetos cuidadosamente expostos que instigam a imaginação dos visitantes.
Passar um tempo ali é viajar pela história da entidade e do modo
de vida dos pioneiros.
Inaugurado em abril de 2010, durante a gestão do presidente
Alexandre Kireeff, o Museu da Rural consumiu três anos de trabalho, desde o início de levantamento de recursos com os sócios,
elaboração do projeto – que contou com profissionais que ajudaram a construir o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo – e
execução da obra.
Havia o entendimento de que era necessário resguardar a história
da Sociedade Rural, que poderia se perder se não fosse feito um
esforço para organizar a documentação e garantir o registro de
fatos e acontecimentos vivenciados por muitos das pessoas que
protagonizaram a história da SRP e que ainda estavam vivas.
Assim, além de um grande levantamento do acervo documental,
foram feitas gravações, em áudio e vídeo, com depoimentos de
personalidades importantes na trajetória da entidade. Há milhares de fotos abrigadas em cofre climatizado para que não se percam com o tempo.
Nos 195 metros quadrados do Museu, existe também um acervo
de objetos típicos da atividade rural de época, registro dos eventos agropecuários promovidos, linha do tempo que apresenta
cronologicamente a ocupação dos cargos e principais fatos da história. E também uma apresentação das atividades agropecuárias
realizadas em Londrina de forma muito didática e compreensível
para leigos.
Nesse contexto, o Museu da Rural – que integra a Rota do Café
– é mais do que uma fonte de estudos. É obrigação estatutária
as diretorias produzirem seus relatórios de gestão, que ficam no
Museu. Ele resguarda a história para que a entidade não perca a
sua trajetória e seu sentido original, que é defender a atividade
agropecuária em Londrina, no Paraná e no Brasil.
O TRAÇADOR E A ROCA SÃO
OS QUE MAIS ATRAEM A
CURIOSIDADES DAS CRIANÇAS:
SÃO AO TODO 225 OBJETOS
HISTÓRICOS
CARTAZES DE CADA EDIÇÃO MOSTRA A TRAJETÓRIA DA EXPOLONDRINA: ACERVO DO MUSEU
REÚNE DOCUMENTOS, OBJETOS HISTÓRICOS E
GRAVAÇÕES COM DEPOIMENTOS DE PERSONALIDADES IMPORTANTES
38.553
É a quantidade de itens que formam o acervo do Museu da Rural. São 36.909 imagens: 18.194 fotografias
em 180 álbuns, 1.036 fotos guardadas em 43 pastas e 17.679 fotos arquivadas em 174 CD’s. Há ainda
162 documentos bibliográficos (livros, periódicos, revistas), 1.000 documentos textuais e 255 documentos audiovisuais, gravados em CD, DVD, VHS e até em fitas cassete. Os números do Museu impressionam também em relação à visitação. Em 2015, os dados de frequência registraram 4.828 pessoas,
entre adultos, adolescentes, crianças, grupos de alunos, idosos, estrangeiros, portadores de deficiência,
autoridades e universitários. Apenas na Expo-2106 houve 9.740 visitações durante os onze dias da
feira – incluindo 219 alunos de cinco escolas.
47
A
expo
A mais
completa
do País
ELA NÃO É ASSIM CONSIDERADA à toa. Durante onze dias, sempre nas primeiras semanas de abril,
em uma área de mais de 40 hectares, a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina reúne
meio milhão de pessoas que movimentam centenas de milhões de reais em alimentação e lazer,
na aquisição de veículos e equipamentos agrícolas, e em leilões de animais de alto valor genético.
Profissionais de diferentes áreas assistem a palestras, realizam seminários, integram simpósios.
Núcleos e associações de criadores abrem suas portas. Gente de todo o País faz negócios, se
diverte em brinquedos e shows musicais e tem contato direto com tecnologia de ponta. A ExpoLondrina é tudo isso e um pouco mais.
a expo
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
Genética, negócios, tecnologia, lazer, música, concursos, educação ambiental: números e diversidade fazem a Exposição de Londrina a mais completa do Brasil
Se há um evento que mexe com todo o Norte do Paraná é a
Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, promovida
pela Sociedade Rural, todos os anos, no Parque Governador
Ney Braga. É difícil apontar um setor da economia que direta
ou indiretamente não seja impactado pela maior festa popular
da região.
Nos onze dias de feira, sempre em abril, a Expo movimenta a
rede hoteleira, a cadeia de restaurantes, o setor de estacionamentos. Aumenta o consumo em postos de combustíveis
e o fluxo nas praças de pedágio. Descontos oferecidos pelas
revendedoras de veículos instaladas no parque são estendidos, em regra, à rede de concessionárias em toda a região.
O transporte coletivo urbano e intermunicipal, taxistas, motoristas, entregadores – todos têm trabalho e renda extras.
A ExpoLondrina gera milhares de empregos em atividades
internas e nas empresas prestadoras de serviços, em áreas
que vão da montagem de estandes à instalação elétrica, de
pintura e a serralheria, de buffet a segurança, de varejo a entretenimento, de higiene e a bebidas, de comunicação visual
e a destinação de resíduos e muitos outros. Toda essa movi-
50
mentação gera tributos aos municípios, ao Estado e à União.
No total, 522.069 pessoas – quase a população de Londrina
– passaram pelo sistema eletrônico das portarias do parque
durante a Expo-2016, cuja movimentação financeira ultrapassou R$ 400 milhões, o que significa praticamente 1/4 do
orçamento total de Londrina para o ano inteiro.
Não são apenas o número expressivo de visitantes e o grande
volume de recursos movimentados que justificam a fama da
ExpoLondrina como “a mais completa do Brasil”. Além de ser
realizada em um dos maiores parques de exposições do País,
a feira da Rural exibe aos produtores e ao público o que há de
melhor em genética animal.
Touros reprodutores de grande porte e alto valor, de raças zebuínas e europeias, encantam adultos e crianças nos vários
pavilhões do Parque Ney Braga, que abriga, durante a Expo, a
excelência genética e a moderna tecnologia animal, não só em
bovinos, como também em ovinos, caprinos, eqüinos, além de
peixes e pequenos animais. O certo é que a exposição anual
da SRP transforma a antiga Capital Mundial do Café na Capital
do Agronegócio no Brasil.
NÚMEROS DA EXPO/2016
R$ 400,21 milhões
em movimentação financeira
R$ 210 milhões
em volume de negócios financiados e
prospectados
6,8 mil
empregos gerados
522.069
Visitantes
13.720
produtores rurais
6.100
animais de 60 raças; 14 leilões
2.602
expositores
10
emissoras de TV contratadas
12
jornais (8) e revistas (4)
21
emissoras de rádios
13 milhões
de visualizações no Facebook, com 175 mil
seguidores, 78 mil comentários e 24 mil
compartilhamentos
1 milhão
de visualizações no site do evento, com
189.106 usuários
GENÉTICA, NEGÓCIOS E DIVERSÃO, CARACTERÍSTICAS QUE FAZEM DA EXPOLONDRINA A MAIS COMPLETA DO BRASIL
51
A expo
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
ORIGEM AGRÍCOLA: DO
SHANGRI-LÁ PARA O
JÓQUEI CLUBE
A ExpoLondrina tem 56 edições. A primeira exposição agropecuária ocorreu em 1955, no recinto do Jóquei Clube, durante a
gestão de Antônio Fernandes Sobrinho na presidência da então
Associação Rural de Londrina. Aberta no dia 23 de julho, contou
pela primeira vez com produtos agrícolas e de pecuária. Os expositores eram majoritariamente da colônia japonesa, reunida na
ACEL (Associação Cultural e Esportiva de Londrina), que no ano
anterior havia promovido a 1ª Exposição Agrícola da cidade, no
prédio do Mercado Municipal do Jardim Shangri-lá, como mostram
essas fotos históricas.
O MERCADO SHANGRI-LÁ SEDIOU A 1a EXPOSIÇÃO AGRÍCOLA DE LONDRINA (FOTOS MENORES) E O JÓQUEI, A 1a PECUÁRIA E 2a AGRÍCOLA (FOTO MAIOR)
52
O MARECHAL ARTUR DA COSTA E
SILVA, PRESIDENTE DA REPÚBLICA, NA EXPO DE 1967
VISITAS
ILUSTRES
O MARECHAL CASTELO BRANCO, COM DOM GERALDO FERNANDES E
OMAR MAZZEI GUIMARÃES, CAMINHA PELO PARQUE NA ABERTURA DA
EXPO-1965
Desde Getúlio Vargas, todos os governos eleitos estiveram presentes na ExpoLondrina, com o presidente
ou seu vice – a exceção foi Jânio Quadros/João Goulart
(1961-1964). Juscelino Kubitschek, que desempenhou papel importante na importação de gado indiano
em 1960, esteve na Fazenda Cachoeira, de Celso Garcia
Cid, como vimos no Capítulo I desta revista. José Sarney
(1985-1990), que exerceu a presidência devido à morte
de Tancredo Neves, acompanhou o príncipe japonês Fumihito durante a Imin’80, conforme vimos no Capítulo II.
Fernando Collor de Mello (1990-1992), Marco Maciel (vice
nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, de
1995 a 2002), Lula (2003-2010) e Michel Temer (vice de
Dilma Rousseff desde 2011 e agora presidente interino)
estiveram na Expo ou no Parque. Dois cinco presidentes
do regime militar, três – Castelo, Costa e Silva e Geisel –
participaram da feira agropecuária. O Parque e a Expo
receberam também, desde a década de 1960, um grande
número de ministros, governadores, secretários de Estado e embaixadores de diversos países.
O GENERAL ERNESTO GEISEL,
TERCEIRO PRESIDENTE MILITAR,
COM NECO GARCIA E JOÃO MILANEZ À SUA DIREITA, EM 1975
FERNANDO COLLOR DE MELLO EM
PASSAGEM PELA EXPO NA GESTÃO DE BRAZÍLIO ARAÚJO NETO
NA GESTÃO DE FRANCISCO GALLI,
HOUVE RECEPÇÃO E HOMENAGEM
A MARCO MACIEL, VICE-PRESIDENTE NO GOVERNO FHC
LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA NA
TRIBUNA DA SEDE ADMINISTRATIVA DA RURAL, NA EXPO/2003
MICHEL TEMER, ENTÃO VICE-PRESIDENTE DE DILMA ROUSSEFF, NA
EXPO/2011, DIA 16 DE ABRIL,
AO LADO DO PREFEITO BARBOSA
NETO E DO VICE-GOVERNADOR
ORLANDO PESSUTI E À FRENTE
DE GUSTAVO LOPES, PRESIDENTE
DA SRP
53
A expo
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
Tonico e Tinoco
Fagner
Nelson Gonçalves
Há décadas que a Exposição traz a Londrina os principais
artistas do cenário musical brasileiro
Eliana Pittman
Nas suas 56 edições, a Exposição da Rural trouxe a Londrina uma gama de artistas
que revela a riqueza musical do Brasil. Como ocorre hoje com o sertanejo universitário, antigamente a grade de shows também contemplava os principais artistas da
época. O frevo de Elba Ramalho. O acordeon de Dominguinhos. O reggae de Jimmy
Cliff. Tonico e Tinoco. Rolando Boldrin. O samba de Agepê, Luiz Airão, Alcione. O show
do Chacrinha. Fagner. O rock dos Titãs. Chitãozinho, Zezé di Camargo, Sérgio Reis, Milionário e Zé Rico. O talento singular de Sivuca. A Orquestra Sinfônica da UEL. Grupos
emergentes da cidade.
Longe das modernas instalações da Arena de Shows e Rodeios João Milanez, inaugurada em 1997, e que atualmente recebe 150 mil pessoas em média por Exposição,
os locais de apresentação ocuparam espaços improvisados. Roberto Carlos cantou a
partir das arquibancadas superiores da Pista Central de Julgamento. Também foram
muito utilizadas áreas próximas onde hoje ficam o setor de alimentação e a pista
equestre. Mudou o público – hoje muito mais jovem que antigamente – assim como
mudaram as exigências para os grandes shows, o que levou a Sociedade Rural a
construir a Arena João Milanez.
54
Zezé di Camargo e Luciano
Dominguinhos
Chitãozinho e Xororó
Roberta Miranda
Fernando e Sorocaba
Jorge e Matheus
Milionário e José Rico
Padre Reginaldo Manzotti
A paraguaia Perla
Arena lotada para o show
de Daniel, em 2000
Show do Chacrinha
Sérgio Reis
Sidney Magal
Galinha Pintadinha
Alcione
César Menotti e Fabiano
55
A expo
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
A QUAIS SHOWS VOCÊ ASSISTIU?
Abaixo, a relação completa de todos os artistas que se apresentaram na ExpoLondrina
R
Agepê • 1985, 1986
Alceu Valença • 1985
Alcione • 1980
Alex & Evandro • 2001, 2006, 2009
Almir Guineto • 1989
Almir Sater • 2000, 2001, 2004, 2006
Alvarenga e Ranchinho • 1972
Amado Batista • 1991
Ana e Banda • 1993
André Valadão • 2005, 2008
Ângela &Tizziane • 2014
Angélica • 1996
Anitta • 2016
Apollus Band • 1979, 1988
Ari Sanches • 1979
Art Popular • 1998
Asa de Águia • Década de 90
Balão Mágico e Roy • 1991
Banda Cheiro da Bahia • 1996
Banda Flotilha • 1988
Banda Mel• 1993
Banda Rojão • 1985
Barão Vermelho • 1989, 1998
Belchior • Década de 80
Biquíni Cavadão • 1996
Blitz • 1985
Branco Billy & Daniel • 2000, 2006
Bruno & Marrone • 2004, 2005, 2008,
2014, 2015
Bruninho & Davi • 2013
Caio & João Victor • 1999
Capital Inicial • 1987, 1990, 2002, 2005, 2007
Carlos César e Cristiano • 1984
Carrapicho • 1998
César & Roger • 2001, 2006
César Menotti e Fabiano • 2007, 2014
Chacrinha • 1977, 1978, 1984
Chaminé Batom • 1993
Chitãozinho e Xororó • 1984, 1985, 1988,
56
1989, 1992, 1993, 1999
Chrystian& Ralf • 1985, 1986, 1987
Cícero de Souza • 2001, 2006
Cidade Negra • 1993
Club do Choro • 1993
Conjunto Razão Brasileira • Década de 90
Conrado & Alekssandro • 2012, 2013, 2015
Coral Infantil e Adulto da UEL • 1993
Cravo e Canela • 1995
Cristiano Araújo • 2013
Daniel • 1998, 1999, 2000, 2001, 2002,
2003, 2005, 2006, 2007
Demônios da Garoa • 1988
Denis & Fabiano • 2002
Dino Franco & Mouraí • 2001, 2006
Dólar de Prata • 1989
Dominguinhos • 1980, 1986
É o Tchan • 2001, 2006
Edilson & Edvan • 2001, 2002, 2006
Edson e Hudson • 2004, 2005, 2007, 2008
Edu & Eduardo • 1992, 1999, 2001, 2002,
2006
Eduardo Araújo • 1993
Eduardo Costa • 2011
Edy & Eder • 2001, 2006
Elba Ramalho • 1985, 1992
Eliana • 1988, 1996
Eliane Pitman • 1973
Estúdio Som • 1993
Everton e Evandro • 1993
Exalta Samba • 2011
Fábio Júnior • 1990, 1991
Fabrício & Fernando • 2002
Face Oculta • 1999
Fafá de Belém • 1980, 1991
Fagner • 1987
Falamansa • 2002
Fernando & Sorocaba • 2001, 2009, 2011,
2014
Fiduma & Jeca • 2016
Gaúcho da Fronteira • 1988
Genival Lacerda • 1985
Gian & Giovani • 1993, 1996
Gilliard • 1998, década de 90
Gino e Geno • 2008
Gretchen • 1981/1984
Grupo Intermezzo • 1993
Grupo Molejo • 1999
Grupo Roupa Nova • 1992
Guilherme & Santiago • 2001, 2007, 2011
Gustavo Lima • 2011, 2012, 2013
Gustavo Mioto • 2015, 2016
Henrique e Diego • 2015
Henrique e Juliano • 2016
Hugo Pena & Gabriel • 2010
Humberto & Alencar • 2001, 2006
Humberto & Ronaldo • 2012
Inimigos da HP • 2007/2010
Inimigos do Rei • 1990
Israel & Rodolfo • 2013
Ivan Lins • 1985
Ivete Sangalo • 2001, 2003, 2006, 2012
Jads & Jadson • 2014, 2015
Jane e Herondy • 1975
Jair Rodrigues • 1974, 1980
JazzMania • 1993
Jean & Júlio • 2009, 2010, 2011
Jimmy Cliff • Década de 80, 1996
João Bosco & Vinícius • 2011, 2013, 2014,
2015
João Mineiro e Marciano • 1976, 1989,
1991, 1992
João Neto & Frederico • 2013
João Paulo & Daniel • 1996
João Victor & Ricardo • 2009
Jorge & Mateus • 2011, 2013, 2014, 2015,
2016
Jorge Aragão • 2002
ROBERTO CARLOS SE APRESENTOU
TRÊS VEZES NA EXPOLONDRINA, EM
1973, 1976 E 1980
Roberto Carlos
José Augusto • 1992
Jota Quest • 2001, 2004, 2006
Juliano e Jardel • 1986, 1988, 1990, 1992
Karametade • 1999
Kid Abelha • 1996
KLB • 2001, 2003, 2006
Leandro & João Paulo • 2001, 2006
Leandro & Leonardo • 1991, 1992, 1993,
1994
Leonardo • 2001, 2006
Lian & Adrianu • 2001, 2006
Los Hermanos • 2000
Loubet • 2015, 2016
Luan Santana • 2010, 2012, 2014, 2015,
2016
Lucas Lucco • 2014, 2015
Luís Caldas • 1987, 1990
Luís Fernando & Eduardo • 2001, 2006
Luiz Airão • 1979
Márcio Rogério & Luciano • 2001, 2002,
2006
Marco & Montenegro • 2009
Marcos & Belutti • 2011, 2014, 2015
Maria Cecília & Rodolfo • 2010
Mariana & Mateus • 2012
Mariana Fonseca • 2012
Marquinhos Diet • 2001, 2006
Matheus & Kauan • 2016
Mato Grosso & Mathias • 2015
Maurício e Mauri • 1993
Maurício Mattar • 1996
Meire Rose • 1979
Michel & Jefe • 1999, 2001, 2006
Michel Teló • 2012, 2013
Milionário e José Rico • 1981, 2003, 2013,
2014
Moacir Franco • 1980
Molejo • 1996
Moraes Moreira • 1993
Nando Reis • 2013
Negritude Júnior • 1996, 1998
Nelson Gonçalves • 1988
Nenhum de Nós • 1991
NX Zero • 2009
Oiga Tchê • 1989
O Rappa • 2015
OSUEL (Orquestra Sinfônica da Universidade
Estadual de Londrina) • 1993
Osvaldinho do Acordeão • 1976, 1985,
1986, 1987, 1990, 1992
Oswaldo Montenegro • 1989
Padre Silvio Andrei • 2001, 2002
Padre Silvio Andrei e Banda Diálogo
com Deus • 2006
Patrícia & Pâmela • 1999
Paula Fernandes • 2011, 2012
Paulo Santiago • 1986, 1990, 1992
Pedro Paulo & Alex • 2014, 2015, 2016
Perla • 1976, 1980
Pinheiro e Campeão • 1980
Praense & Peão do Vale • 1992
Preferido & Predileto • 1993
R2 • 2002
Raça Negra • 1996
Rádio Táxi• 1984, 1988
Renato Borghetti • 1987
Renato Teixeira • 2004
Rick & Renner • 1999, 2000, 2002
Rio Negro & Solimões • 1999, 2000, 2004
Roberto Carlos • 1973, 1976, 1980
Roberto Leal • 1976
Roberta Miranda • 1989
Rock & Ringo • 1979, 1984, 1988, 1990,
1993
Rodrigo & Rogério • 2001, 2002, 2006
Rolando Boldrin • 1986
Rosi Bueno • 1993
Rosemary • 1984
RPM • 1986
Sá & Guarabira • 1986
Sambô • 2103
Sandra & Denise • 2001, 2006
Sandy e Júnior • 1998
Sargentelli • 1976, 1987
Sérgio e Serginho • 1990, 1992
Sérgio Reis • 1976, 1979, 1980, 1987,
1988, 1989, 1992, 1996, 2002, 2004
Sidney Magal • 1978, 1979, 1984
Sivuca • 1986
Skank • 2004, 2007
Só Pra Contrariar (SPC) • 1996, 1998, 2014
Sula Miranda • 1989, 1990, 1991
Talita • 1999
Teodoro e Sampaio • 1976, 1986, 1988,
1999, 2000, 2003, 2004, 2005
Thalles Roberto • 2014
Thaeme & Thiago • 2016
Tibagi & Paraná • 2001, 2006
Titãs • 2003
Tonico e Tinoco • 1979, 1985
Tony & Renan • 2011
Tradição • 2003, 2005, 2007
Trio Los Angeles • 1976, 1988
Trio Parada Dura • 1988
Vanuza • Década de 90
Victor e Leo • 2008, 2009, 2010
Vieira e Vieirinha • 1964
Vilson & Valdir • 2001, 2002, 2006
Violonista João Carlos da Costa Barros • 1995
Vivian Lemos • 2002
Wanessa Camargo • 2008
Wesley Safadão • 2016
Wilson Simonal • 1980
Zé Ricardo & Thiago • 2013
Zezé di Camargo & Luciano • 1993,
1996, 1998, 2000, 2002, 2003, 2006,
2008, 2012
57
a expo
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
Todos os anos, há quatro décadas, a Exposição da Rural abriga eventos que difundem
tecnologia e melhoram a renda do produtor e do trabalhador rural
“Todas as diretorias da Rural primaram por trazer a
Londrina eventos significativos. A cidade tem o DNA
do agronegócio”
Toda a negociação para implantar um
instituto agronômico em Londrina, que
resultou na criação do Iapar, em 1972,
não foi um esforço isolado da Sociedade Rural em busca de tecnologia
para o produtor. Modalidades a serem
aplicadas no dia a dia da agropecuária,
exemplos práticos e bem próximos da
realidade de quem lida com a terra,
treinamento e capacitação de mão de
obra, enfim, o que é necessário para aumentar a produtividade e a renda no campo é uma meta trilhada todos os anos
pelos responsáveis pela grade técnica da Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina.
Em parceria com o Governo do Estado, instituições de ensino
e pesquisa e empresas voltadas à difusão de tecnologia, a ExpoLondrina programa para os onze dias da feira uma série de
eventos técnicos que, nos últimos dez anos, reuniram mais de
100 mil pessoas nos auditórios Milton Alcover, Horácio Sabino
Coimbra e José Garcia Molina.
“Uma das grandes tradições da Expo é a grade técnica, feita
sempre com muito cuidado para que seja realmente atrativa,
com temas perfeitamente aplicáveis na rotina do produtor
rural”, afirma o diretor de atividades
agroindustriais da SRP, Luigi Carrer
Filho. “Todas as diretorias da Rural
sempre primaram por trazer a Londrina eventos significativos ao agronegócio”, ele avalia. “A Rural, na época da
Exposição, se torna uma universidade
a céu aberto.”
Há eventos, segundo ele, que acontecem na Exposição há mais de 20
anos, como os simpósios sobre café, leite, pecuária de corte,
reprodução de matrizes e machos e, ainda, o simpósio sobre
Mulheres no Agronegócio, com a presença de mais de 600 participantes de todo Paraná.
Oferecer eventos ao produtor para que ele possa incrementar a rentabilidade e produtividade e capacitar a mão de obra,
para remunerar melhor o homem do campo: eis a importância
da grade técnica da Expo, que reúne agropecuaristas, estudantes e um grande número de profissionais de várias áreas.
“Londrina é muito bem servida em entidades de referência
mundial, como Iapar e Embrapa, universidades com cursos de
ciências agrárias, dois hospitais veterinários”, enumera Luigi
Carrer. “A cidade tem o DNA do agronegócio.”
QUESTÃO DE PRODUTIVIDADE
A importância do estimulo a pesquisas e da realização de eventos técnicos capazes de melhorar o desempenho da agricultura e
da pecuária pode ser facilmente traduzida em números. Há dez anos, o Brasil tinha 37 milhões de hectares cultivados e produzia
50 milhões de toneladas de grãos. Hoje, o País cultiva 41 milhões de hectares (10% a mais) para uma produção de 120 milhões de
toneladas de grãos (mais que o dobro). O agronegócio responde por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. “Efetivamente”,
diz Luigi Carrer, diretor da SRP, “o Brasil não quebrou por conta do agronegócio”.
58
DIFUSÃO DE TECNOLOGIA
Além dos simpósios, encontros e palestras realizados nos auditórios e recintos do Parque Ney
Braga, a difusão de tecnologia pela ExpoLondrina
é feita também pela Via Rural, administrada pela
Emater. Na Fazendinha, como é mais conhecida, 28
unidades didáticas exibem as principais atividades
econômicas da região, dos grãos às hortaliças, da
pecuária de corte ao cogumelo shitake. Em 22 anos
de existência, a Via Rural ultrapassou um milhão de
visitantes e 100 mil atendimentos. Fiel ao produtor
rural, a Fazendinha oferece soluções para melhoria
da renda e da qualidade de vida no campo. E, para
o público em geral, também educação ambiental,
com a Trilha da Biodiversidade, que em 2016 ofereceu aos mais de 30 mil visitantes – crianças,
idosos, jovens, mulheres, lideranças comunitárias
– abordagens sobre combate ao mosquito transmissor de doenças, reciclagem de produtos e interação prazerosa com o meio ambiente.
ONTEM E HOJE: INAUGURADA HÁ 22 ANOS, A FAZENDINHA EXIBE SOLUÇÕES PARA A VIDA
NO CAMPO E PROMOVE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM VISITA DE ALUNOS
59
a expo
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
CAVALGADA ANUNCIA FESTA
Desde 2008 que a Cavalgada, algumas semanas antes, anuncia a ExpoLondrina. Naquele ano, pouco mais de cem cavaleiros e amazonas participaram. Em 2016, foram perto de 2,2 mil pessoas de 174 comitivas de 29 localidades do Paraná.
Os nomes das comitivas (“Inté que um coice de mula nos separe”, “Os Mar falados”, “Quem não aguenta não frequenta”)
dão o tom do clima de confraternização. “Esta cavalgada já se tornou tradição e é considerada uma das maiores do
País”, afirma o diretor de Atividades Equestres da SRP, José Henrique Cavicchioli. A Cavalgada da Rural foi idealizada pelo
jornalista Paulo Ubiratan, morto em outubro de 2010.
60
61
62
Ao se deparar com algo grandioso demais, o matuto muitas vezes recorre a uma
expressão que já entrou para a lista dos provérbios nacionais:
“Daria para escrever uma enciclopédia”.
E precisaria ser uma baita enciclopédia para reunir tantos registros, balanços, números, causos, histórias de vida, de dedicação, trabalho e, sobretudo, tantas imagens proporcionadas por 56 anos de Exposição e 70 anos de Sociedade Rural.
Imagens de histórias nos pavilhões de gado, onde um valioso touro nelore se rende
a um afago de um garotinho.
Do parque de diversões, de ontem e de hoje, e seus brinquedos de tirar o fôlego.
Do concurso da abóbora.
Dos suntuosos tratores de hoje, com tecnologia embarcada de humilhar os equipamentos de antigamente.
Dos concursos de rainhas.
Das bilheterias lotadas, em colorido e em preto-e-branco.
Da suntuosa passarela que agora carreia os visitantes, com máxima segurança,
para o ‘Ney Braga’.
Imagens da formidável diversidade de animais, grandes e pequenos, comuns e exóticos, todos de excelente linhagem.
Dos grandes e dos Novos Talentos da nossa música.
Dos sabores do Paraná.
Da limpeza impecável das ruas do parque. E da correta destinação dos resíduos.
Do Aquário que exibe muitas espécies, encanta as pessoas e incentiva a piscicultura.
Imagens da Esquadrilha da Fumaça e suas acrobacias.
Da habilidade dos peões, cavaleiros e amazonas nas provas equestres, hipismo, rodeios.
Dos sorrisos, encontros, abraços, namoros.
A ExpoLondrina é sinônimo de alegria.
63
Os
desafios
A Esquadrilha da Fumaça, grupo de pilotos e mecânicos da Força Aérea Brasileira que fazem
acrobacias pelo Brasil e pelo mundo, participou da ExpoLondrina várias vezes - a primeira em 1965
União e fortalecimento
QUAIS SÃO, HOJE, OS MAIORES desafios da Sociedade Rural? Como você enxerga a entidade daqui
uma década, quando ela completar 80 anos? Essas duas questões foram colocadas para todos os
ex-presidentes da SRP. O resultado pode ser conferido nas próximas duas páginas: um posicionamento firme quanto à defesa intransigente dos interesses dos produtores, ações para união da
classe, necessário apoio às novas tecnologias – e fé inabalável nas novas gerações.
OS DESAFIOS
S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S
Força, união,
credibilidade
NA OPINIÃO DOS EX-PRESIDENTES, ESTAS DEVEM SER AS METAS A SEREM MANTIDAS OU ALCANÇADAS NA PRÓXIMA DÉCADA
Instigados a opinar sobre os maiores desafios da Sociedade
Rural do Paraná e como a enxergam daqui a dez anos, ex-presidentes da entidade se posicionaram firmemente em torno
de princípios que norteiam a atuação da SRP desde a fundação, em 1946. A defesa dos interesses dos produtores – objetivo ressaltado já pela primeira diretoria, presidida por Hugo
Cabral – é unanimidade.
Muitas outras questões também vieram à tona, como a excessiva
tributação. “O agricultor é penalizado. O governo consome recursos do trabalhador e do empregador rural, mas não dá retorno
do que é pago”, afirma Manoel Campinha Garcia Cid (1970-76,
1996-97). “O produto do setor agropecuário é transportado por
rodovias”, exemplifica Neco. “No entanto, as estradas não recebem a manutenção adequada. É preciso melhores estradas para o
adequado escoamento dos produtos.”
Outro ponto, acrescenta Neco, diz respeito às leis trabalhistas
que, segundo ele, penalizam o empregador pela quantidade
de tributos que lhe é imposta. E destaca que “a SRP precisa,
cada vez mais, buscar benefícios para as pesquisas, experimentos e investimentos na área agrícola, como foi o caso das
ações políticas em favor do Iapar e da Embrapa. Alta tecnologia aplicada no plantio e exploração de grãos, para melhorar
a produtividade”.
Luiz Roberto Neme (1976-78, 1986-88, 1997-98) sugere
que nos próximos anos as diretorias da SRP tomem iniciativas
para aumentar o quadro associativo “para fortalecer a união
e dar maior representatividade política à classe produtora”. E
prossegue: “Vejo a Rural, daqui dez anos, cada vez mais forte,
unida e atuante, com a participação expressiva dos mais jovens, que terão novos e maiores desafios pela frente”.
Para Jamil Janene (1980-84), o principal desafio da Sociedade
Rural, a curto e médio prazo, “é continuar a ter o prestígio que
sempre teve junto aos poderes políticos”. Na opinião de Jane-
66
ne, a entidade, quando comemorar seus 80 anos, “continuará
grande, com bastante importância na cidade e na região”. E
ressalta: “A Rural tem bastante peso e acredito que continuará tendo”.
“A entidade tem tradição que dá a ela uma grande capacidade de
convocação no setor perante todas as lideranças. Essa capacidade precisa ser usada nos momentos oportunos. É preciso também manter a correlação da Rural com as festas que promove”,
afirma Brazílio de Araújo Neto (1984-86, 1988-90), que vê “a SRP,
cada vez mais, assumindo o seu papel, não se distanciando da
questão da representatividade da classe e continuando patrocinadora do progresso e da tecnologia rural”.
São dois os grandes desafios da Rural, no entender de Luiz
Meneghel Neto (1990-92): consolidar a entidade como liderança no agronegócio e como realizadora da melhor feira do
segmento no País. “A SRP vai ter que se modernizar, visto que
a agricultura vai mudar muito nos próximos dez anos. E a
questão ambiental tem muita influência nisso. Por isso, precisa estar na vanguarda e transmitir isso aos associados, para
que eles estejam em conformidade com que os clientes vão
querer. Os consumidores estão cada vez mais exigentes no
que tange ao respeito ao meio ambiente”, analisa Meneghel.
José Carlos Tibúrcio (1992-93, 1995-96) diz não ter dúvida
de que o maior desafio da SRP é político. “É preciso crescer
na defesa dos interesses do produtor rural. Ainda mais agora
que o país enfrenta uma forte crise que deve prosseguir pelos próximos anos. É defender o produtor rural com unhas e
dentes”, declara Tibúrcio, para quem a entidade vai continuar
em ritmo crescente, mantendo a ExpoLondrina como a maior
do Brasil e uma das maiores da América Latina e prosseguindo
com suas ações de cunho social e político. “Nós sócios precisamos saber votar e saber escolher os dirigentes que possam
manter a qualidade da Sociedade Rural do Paraná.”
“A tendência é que a SRP continue sendo uma entidade de elevadíssima reputação, com credibilidade para representar o setor agropecuário e promotora de
um grande evento popular.”
Samir Cury Eide (1994) elege como maior desafio “a representação digna da classe ruralista na defesa de seus interesses,
lutando por suas causas, continuadamente, em todos os níveis, municipal, estadual e federal”. Ele defende a SRP “fortalecida em suas diretorias e departamentalizada a tal ponto que
possa prestar todos os serviços de demanda da classe ruralista, com seus respectivos custos pagos pelos produtores a
ponto de atrair novos sócios e manter-se como uma entidade
reconhecida pelos associados e pelos governos”. Para a próxima década, Samir Cury enxerga a Rural como “grande centro
de eventos inovador e com perfil de representação de classe
mais eficaz”.
Além de uma ação constante em defesa da política do agronegócio e do produtor rural, que garanta renda e mais tranqüilidade, Francisco Luiz Prando Galli (1998-2002) afirma que
o objetivo está em conquistar o acesso às novas tecnologias
desenvolvidas pelos institutos de pesquisa, e aos novos maquinários a juros compatíveis para a agricultura. “Tudo é uma
questão de coerência e perseverança”, opina Galli. “A entidade
vai continuar funcionando e existindo na exata proporção da
defesa dos interesses da classe.”
Arrebanhar mais sócios e se inter-relacionar com as demais
sociedades rurais do Estado é a proposta imediata de Edson
Neme Fernandes Ruiz (2002-2006). Os associados das outras entidades seriam sócios indiretos e não pagariam contribuição. O objetivo seria atraí-los para dentro da SRP para que
a entidade represente um número maior de sócios e tenha,
consequentemente, mais força política”, ele detalha. “Um dos
caminhos seria, por exemplo, a criação de um novo conselho
com os representantes das outras sociedades rurais.”
Edson Neme Ruiz diz também que “manter a ExpoLondrina é
uma necessidade, visto que a feira é a maior fonte de arrecadação” da entidade. “A SRP precisa continuar tendo participa-
ção ativa no município, no Estado e na Federação, na defesa
dos interesses da classe rural.”
Nesse momento de instabilidade política, destaca Fernando
Menezes Prochet (2010), a obrigação da SRP, em conjunto com
as demais entidades que representam o setor, é se posicionar
para que as necessidades da categoria sejam contempladas.
“A Sociedade Rural precisa continuar no processo de liderança
da categoria”, acredita Prochet. Para ele, “o segundo desafio é
continuar repensando e evoluindo como tem sido feito, com
sucesso, a execução da ExpoLondrina, que é a principal festa
da cidade e da região”.
Para Gustavo Andrade e Lopes (2010-2012), é preciso estabelecer mecanismos e canais eficientes de comunicação para
que a Rural esteja mais próxima ao produtor e consiga identificar suas necessidades de forma eficaz para representá-lo
perante os órgãos governamentais competentes e outros
ligados ao setor produtivo. “No futuro, além de uma entidade mais inserida e atuante nas questões da classe e nas
questões políticas que contribuam com o desenvolvimento da
sociedade, vejo a Rural com um perfil mais jovem de atuação,
uma renovação na gestão por meio dos jovens que atuam profissionalmente na área.”
Para Alexandre Kireeff (2006-2010), é necessário, sobretudo, não perder a identidade como representante da classe
agropecuária. Neste sentido, diz o atual prefeito de Londrina,
o desafio é manter o entendimento de que a festa popular, a
Expo, na verdade é uma ação que procura viabilizar economicamente o evento agropecuário e técnico, e não o contrário.
“A festa do entretenimento não pode virar um fim em si mesmo”, ele alerta. “E para daqui dez anos a tendência é que a SRP
continue sendo uma entidade de elevadíssima reputação, com
credibilidade para representar o setor agropecuário e promotora de um grande evento popular.”
67
Av. Tiradentes, 6275 • Londrina • PR • 86072-000 •Tel. (43) 3378-2000 - srp.com.br

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