around - Tunísia Tur

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around - Tunísia Tur
AROUND
UM PAÍS
Percorrendo 500 km
entre as cidades de Túnis
e Douz, é possível descobrir
a diversidade em um só país.
Paisagens distintas, arquitetura marcante e a assimilação
de costumes ocidentais à
sua cultura fazem da Tunísia
um país para todos os estilos
e religiões
por RENATA ZANONI
PLURAL
Foto Latinstock/© Jose Fuste Raga/Corbis/Corbis (DC)
O som do muezzin ecoa dos imensos alto-falantes espalhados pela cidade, convocando os fiéis às preces.
Assim é anunciada a hora da oração cinco vezes ao
dia. Homens param o que quer que estejam fazendo,
dirigem-se à mesquita mais próxima e voltam os tapetes para Meca para iniciar o ritual. No mesmo cenário, jovens munidos de iPhones desfilam pelas ruas
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Ao lado, a charmosa Sidi
Bou Said. Na página ao lado,
as ruínas de Cartago
de forma descontraída enquanto
artesãos tecem a jebba (vestimenta
típica usada em casamentos) aplicando
suas técnicas milenares em lojas do
souk e vendem sua arte às tunisianas
que, embora ainda conservem suas
cabeças cobertas pelo hijab, ostentam
roupas ocidentais, mais um indício
de que as coisas vêm mudando, e
muito, por aqui.
A rotina de Túnis, capital do país,
mudou mesmo desde 14 de janeiro de
2011, data da chamada Revolução de
Jasmin (ou de Revolução da Dignidade), que culminou na queda do ditador Zine el-Abidine Ben Ali e marcou
o início da Primavera Árabe com levantes em países como Líbia e Egito.
A partir desse momento, a Tunísia
passou a ser um país democrático.
A internet foi liberada – vale lembrar
que a revolução foi impulsionada por
jovens e teve o Facebook como instrumento – e a liberdade tornou-se
um direito do cidadão, grande avanço
para um país de maioria absoluta muçulmana (crença de 90% da população), onde até pouco tempo a tirania
funcionava como forma de governo.
Intrigante, exótica e emocionante
sob vários aspectos, uma viagem à
Tunísia serve também para revelar
um novo lado do Oriente. Seu roteiro deve começar pela capital.
No centro de Túnis, a avenida Habib
Bourguiba é prova de que a cidade
SIDI BOU SAID TEM
CHARME MEDITERRÂNEO
E VALE SER DESCOBERTA
O PASSEIO PELA MEDINA DE
TÚNIS É UMA DAS ETAPAS
MAIS MARCANTES DA VIAGEM
já assimilou muito da cultura ocidental: lojas de grife e redes fast-food se
enfileiram no lugar. Nada, no entanto, substituiu a mítica tradição de
frequentar a medina. Pelas ruas labirínticas, lojas de todos os tipos de
produtos e comidas vão sendo descobertas. A experiência de fazer negociação com um árabe é marcante e
um pingente da mão de Fátima pode
começar custando 50 TND (dinar,
moeda tunisiana) e terminar em 5.
Logo na entrada da medina está também um dos mais celebrados restaurantes. O Dar El Jeld tem decoração
com pinturas e mosaicos arabescos
e aposta na gastronomia local com
mais de 30 variações de cuscuz. A
primeira mesquita da cidade, a EzZitouna, vale ser admirada, assim
como a porta de saída do Casco
Velho do século 13.
Para se ter uma amostra do grande
legado arqueológico, inclua uma visita ao museu do Bardo, com coleções de mosaicos bizantinos e
romanos. Um dos mais famosos é o
que representa o triunfo de Netuno.
Depois, siga para a vila de Sidi Bou
Said, uma das partes mais charmosas
da capital. As construções tipicamente mediterrâneas dão o tom ao
lugar com portas e janelas pintadas
de azul, esculpidas com cravos de
ferro e paredes brancas, que formam
um lindo espetáculo com o Mediterrâneo ao fundo. Caminhe sem pressa
pelas ruas de paralelepípedo com parada nas lojinhas de artesanato e de
doces típicos, em restaurantes celebrados como o Dar Zarrouk para
provar o kabkabou – prato feito com
peixe refogado, tomate e especiarias
– ou para descobrir o hotel de sua
próxima estadia, o Dar Said.
De cima para baixo, o prédio da Prefeitura de Túnis e Porte de France na entrada da medina. Na página ao lado, o muro da mesquita de Kairouan
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Foto Latinstock/© Frans Lemmens/Corbis/Corbis (DC)
Túnel do Tempo
Um piscar de olhos e o passado se apresenta implacável. Essa é a sensação que se tem ao chegar
às ruínas de Cartago. A apenas 15 km da capital,
a cidade-estado fundada em 814 a.C. pelos fenícios foi uma potência na Antiguidade. Lutou contra Roma em três Guerras Púnicas e acabou
perdendo, sendo assim destruída.
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Suas ruínas, no entanto, ainda revelam
pontos importantes,
como as Termas de Antonino. Não deixe de
apreciar a vista panorâmica de Túnis. Um bom
exemplo de que em
Cartago, assim como
no restante do país, a
modernidade está sendo assimilada com
naturalidade é o hotelbutique Villa Didon.
Sua construção utilizou
as ruínas em seu favor e
ele é um dos mais descolados da região.
Fotos Istockphoto
Parta para outras descobertas, como em Kairouan e
El Jem. Kairouan guarda um dos símbolos máximos
da religião no país, a Grande Mesquita de Kairouan,
que é a maior e mais famosa da Tunísia e a quarta
mais sagrada para o islã. As portas talhadas em madeira, o pórtico com colunas da época romano-bizantina e detalhes como os tapetes e lustres da sala
de oração integram o espaço.
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Outros elementos a tornam sagrada
como o Mausoléu do Barbeiro, a
casa onde viveu o barbeiro do profeta Mohamed e, dizem, onde também está enterrado junto com fios
da barba do profeta.
O lugar também é sede de uma das
poucas escolas Coranica, que ensinam a leitura do Alcorão para crianças. Há, ainda, as tecelagens
artesanais de tapetes como a Oficina
Nacional de Artesanato, que reúne
1.300 artesãs que produzem tapetes
com lã de cordeiro, seda ou cashmere. Já o coliseu de El Jem deixa
qualquer um boquiaberto. Tido
como o terceiro maior coliseu do
mundo, foi construído no século
3 d.C. e abrigava até 35 mil espectadores. Ele é menor do que o de
Roma, mas impressiona pela preservação da estrutura.
Para refrescar o corpo e a mente,
siga para Sousse. Esse balneário banhado pelo Mediterrâneo é perfeito
para conviver com a elite tunisiana e
com turistas italianos abonados que
buscam os resorts para relaxar. O
hotel Mövenpick oferece estadia repleta de confortos com cinco restaurantes, seis bares e um spa para
agradar todos os gostos e estilos.
Para conhecer algumas atrações turísticas, não deixe de ir ao Ribat,
monastério fortificado do século 8
d.C. que protegia a cidade contra
invasores, e adentrar a medina.
De cima para baixo, a vida nas casas
trogloditas em Matmata e o coliseu de
El Jem. Na página ao lado, a fachada
do Movenpick Resort & Marine Spa
Sousse. Na dupla anterior, especiarias típicas do país
O POVO BERBERE TEM
IMPORTANTE PAPEL NO
MODO DE VIDA DO PAÍS
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Heranças Berberes
O sul da Tunísia é marcado por cidadelas onde o modo de vida dos berberes ainda permanece preservado,
pelas paisagens da Ilha de Djerba e
pelas descobertas no deserto. A montanhosa Matmata pode ser um bom
começo. Ela na verdade é uma aldeia
berbere com casas trogloditas, que
significa encravadas na terra, datadas
do século 10 d.C. Hoje, existem 35
casas preservadas e habitadas e os turistas conseguem conhecer o modo
de vida dessas pessoas.
Na ilha de Djerba, localizada na península de Médenine e a cerca de
500 km de Túnis, há outros lugares
de beleza única. Mas o que mais
marca, e até emociona, é perceber a
harmonia do convívio de pessoas de
diferentes religiões. Judeus, muçulmanos e cristãos passeiam pelas ruas
vestidos com suas roupas típicas e
frequentam seus espaços sagrados
sem o menor temor. Só na ilha vivem
mais de 1.200 judeus, que frequentam a sinagoga Ghriba e dominam o
comércio de ouro no mercado. Enquanto judeus dominam esse comércio, os muçulmanos comercializam
itens locais como tapetes, artesanato
como os pratos de cerâmica e especiarias. Na região, o Radisson Blue
Resort & Thalasso Djerba é uma das
opções mais luxuosas.
HOTÉIS E RESORTS DE
LUXO JÁ SE INSTALARAM
NA TUNÍSIA HÁ ANOS
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De cima para baixo, o forte Ghazi
Mustapha em Djerba e a varanda
de uma das acomodações do Radisson
Blue Resort & Thalasso. Na página
ao lado, as tendas de luxo do Yadis
Ksar Ghilane
Seus quartos oferecem vista para o mar, espaço e
conforto, além de restaurantes com diferentes especialidades e o impecável Thalasso Spa. Para saborear
um típico prato de Djerba faça reserva no El Malouf
e prove um cozido feito por 1h30 dentro de uma ânfora de cerâmica que leva frango, legumes e batata.
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Partindo de Djerba rumo à região
montanhosa de Tataouine, a última
parte da Cordilheira do Atlas, com
2.400 km de extensão, a paisagem
começa a mudar e vai ficando mais
árida e desértica. Aqui você vai se deparar com outra marca arquitetônica:
o ksar, tipo de construção do século
10 d.C. feita pelo povo berbere para
armazenamento de alimentos para
consumo próprio. O Ksar Hadada é
um dos mais famosos e serviu de cenário para o filme Star Wars, assim
como a vila de Ong Jmel.
E o deserto que parecia tão distante
começa a surgir. Sua porta de entrada pode ser a cidade de Douz, de
onde se segue até um dos oásis mais
belos do país, o Ksar Ghilane. Se for
iniciante na experiência, faça um
passeio de dromedário para se sentir
de fato no Saara. Para superar qualquer expectativa, o acampamento de
luxo Yadis reserva estadia em tendas
privativas espalhadas pela propriedade com banheiro, ar-condicionado
e decoração refinada. A estrutura
dispõe de piscina, sala de leitura e
restaurante com comida típica.
GUIA TOP
Para fazer a conversão: R$1,00 =
TND 0,75 (dinar).
Pacote Tunísia com Estilo (aéreo +
terrestre): 8 noites a partir de
US$6.170 por pessoa em apto.
duplo. Reservas: (11) 3138 4888
ou newage.tur.br. A Alitalia oferece
voos de São Paulo / Tunísia / São
Paulo, com escala em Roma, a partir
de US$899 sem taxa de embarque e
sujeito a disponibilidade. Reservas:
(11) 2171 7610 ou alitalia.com
Mais informações: (11) 3937 6432
ou tunisiatur.com.br
De cima para baixo, um típico chá tunisiano servido
com pignolis, o ksar Hadada e a vila de Ong Jmel
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