ensino médio

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ensino médio
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ENSINO MÉDIO
www.ceejamax.com
U. E. 10
Elaborado pelos professores:
Elisabete Céu Fernandes
Magda Sant’Ana Lima
Maria Dirce Vilela
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Finalidade:
Nesta Unidade de Estudo você dará continuidade aos seus estudos sobre a
ocupação da América — civilizações: maia, asteca e inca —, e a colonização
espanhola.
Objetivos:
Ao final desta unidade de estudo você deverá ser capaz de:
 Identificar as civilizações pré-colombianas
 Caracterizar a organização cultural, política e social dos maias, astecas e
incas
 Comparar a economia dos três povos apresentados
 Identificar os pontos em comum da religião dos três povos
 Identificar o grande desenvolvimento científico dos maias
 Identificar as diferentes escritas das primeiras civilizações da
Mesoamérica
 Caracterizar a colonização espanhola
 Reconhecer a divisão social das colônias espanholas
 Perceber o motivo da utilização da mão de obra negra
 Compreender o processo de independência mexicana
 Reconhecer as novas nações Américas do século XIX
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A VIDA NA AMÉRICA ANTES DA CONQUISTA EUROPÉIA
AS SOCIEDADES MAIA, ASTECA E INCA
AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS
Quando Colombo chegou à América, em 1492, encontrou o
continente habitado há muito tempo por várias civilizações e povos. Os
povos pré-colombianos apresentavam diferentes estágios de
desenvolvimento cultural e material, classificados em: sociedades de
coletores/caçadores e sociedades agrárias.
Dentro desse segundo grupo, três culturas merecem maior destaque:
os maias e os astecas, no México e América Central, e os incas na
Cordilheira dos Andes, na América do Sul. Alcançaram notáveis
conhecimentos de astronomia e matemática, além de dominar técnicas
complexas de construção, metalurgia e cerâmica. Não conheciam a roda e
o cavalo, mas desenvolveram técnicas eficientes de agricultura. Enquanto
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o fim da cultura maia é até hoje um mistério, sabemos que os povos
astecas e incas decaíram perante a conquista espanhola.
Se podemos associar a civilização européia ao cultivo do trigo e a oriental
ao cultivo de arroz, a civilização americana era vinculada ao cultivo do milho. O
milho (ou choclo) constituía o alimento básico da população.
No vale mexicano, também se plantavam tomates, vagens, algodão,
feijão, melão, pimenta, pimentão, baunilha, abacate, amendoim e tabaco. O
cacau era por vezes utilizado como moeda. A batata é originária de zonas
temperadas; a expansão do seu cultivo se deve aos incas. Os povos da
Mesoamérica construíram canais para a irrigação, porém desconheciam o
arado e a roda.
O milho, a batata, a vagem, o pimentão e a abóbora são alimentos
originários da América.
OS POVOS DA MESOAMÉRICA
No princípio os olmecas
As primeiras sociedades pré-colombianas a apresentar uma organização
socieconômica e política e complexa foram a dos olmecas e a dos maias. Os
dois povos viveram próximos, na Mesoamérica, durante séculos. Os olmecas se
situavam na parte sul do atual México, próximo ao litoral do Golfo do México.
Alguns indícios permitem supor que eles ocuparam um pouco mais ao sul, onde
parecem ter se estabelecido cerca de quinhentos anos depois. Ocupavam a
Península de Yucatán e áreas pertencentes aos atuais Guatemala e Honduras,
além do oeste da Nicarágua e do nororeste da Costa Rica.
Ambos os grupos se fixaram beneficiando-se dos solos bem irrigados da
região que, originalmente, era coberta por floresta tropical e cortada por rios
caudalosos que inundavam constantemente o plantio e o cultivo de alimentos.
Uma das marcas mais antigas da presença olmeca são pirâmides
edificadas cerca de 1200 a.C. em San Lorenzo, no atual México. Outro registro
da fixação dos olmecas na área são as famosas cabeças gigantes, construídas
entre 800 e 500 a.C., e localizadas em La Venta, outro núcleo olmeca
importante. A primeira notícia desse povo foi a descoberta casual de uma
dessas cabeças, na década de 1860. Até então, eles eram desconhecidos e se
supunha que os maias tivessem sido os habitantes remotos da Mesoamérica.
Os motivos do fim da sociedade olmeca são desconhecidos. Alguns
monumentos de San Lorenzo foram atacados, parcialmente destruídos ou
queimados por volta de 700 a.C. No século IV a.C. a população olmeca
decresceu bastante. Para alguns estudiosos, o declínio foi provocado por faores
ambientais. Para outros, os olmecas teriam entrado em conflito com outros
grupos (talvez, os maias) e sofrido perdas humanos e territoriais significativas.
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A CIVILIZAÇÃO MAIA
A civilização maia foi uma cultura mesoamericana pré-colombiana,
notável por sua língua escrita (único sistema de escrita do novo mundo précolombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo
grau de eficiência que o idioma escrito no velho mundo), pela sua arte,
arquitetura, matemática e sistemas astronômicos.
A península do Yucatán foi o centro da cultura maia, a mais desenvolvida
da América Central. Os diversos grupos étnicos que formaram o povo maia
chegaram à América Central em 1500 a.C., vindos do norte, talvez procedentes
do nordeste da Ásia, pelo estreito de Bering. A civilização maia estendeu-se até
os atuais territórios de Belize, os planaltos da Guatemala e Honduras e parte
dos estados mexicanos de Chiapas e Tabasco. Acredita-se que, no fim do século
XV e início do XVI, as lutas internas entre as várias cidades maias provocaram
sua rápida decadência.
Muitas línguas maias continuam a ser faladas como línguas primárias
ainda hoje; o Rabinal Achí, uma obra literária na língua achi, declarada uma
obra-prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO em
2005.
Sociedade maia
A sociedade começou a desenvolver-se com destaque para três cidades:
Chichen-Itzá, Mayapan e Uxmal. Em 1004 foi criado a Confederação Maia, que
reuniu essas três grandes cidades. Dezenas de cidades e povoados foram
criados ao longo dos duzentos anos seguintes, expandindo seu poder político
na região. Após o período de união (entre os séculos X e XI), as cidades da
Confederação entram em confronto, sendo Mayapan a vitoriosa.
A hegemonia política dessa cidade foi sustentada por uma forte base
guerreira. Inúmeras revoltas explodem na região, e em 1441 Mayapan é
incendiada; As grandes cidades são abandonadas por causa das guerras.
As lutas internas, as catástrofes naturais (terremotos e epidemias), as
guerras externas e principalmente, o declínio da agricultura levaram a
sociedade maia à decadência. Quando os europeus chegaram à região (1559),
os sinais de enfraquecimento dos maias eram evidentes, tornando a conquista
mais fácil. Em 1697, a última cidade maia (Tayasal) é conquistada e destruída
pelos colonizadores.
Cada cidade tinha um chefe supremo (halach uinc), e o cargo era hereditário.
Os camponeses e artesãos compunham a maioria da população
(mazehualob) e eram obrigados a pagar tributos, a trabalhar nas grandes obras
e moravam nos bairros mais distantes dos centros. Os escravos, geralmente
por conquista serviam a um senhor, mas não trabalhavam na produção.
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Os templos maias tinham forma de pirâmide, com base retangular.
Subia-se até a porta de entrada por escadarias muito íngremes. Junto ao
templo, quase sempre havia um campo para o jogo de pelota. As pirâmides,
embora semelhantes às do Egito, não serviam de tumbas. Com freqüência,
eram utilizadas como observatórios astronômicos.
Economia maia
A economia dos maias baseava-se na agricultura. A tecnologia
empregada nas atividades agrícolas era bastante primitiva. Contudo, eles
conseguiam uma extraordinária produtividade, principalmente do milho. É
justamente em virtude dessa produção do milho, gerando excedentes, que um
grande contingente de mão-de-obra podia ser liberado das atividades agrícolas
para a construção de templos, pirâmides e reservatórios de água.
As terras pouco férteis da região obrigavam os maias a realizar um
rodízio, que geralmente mantinha a terra boa durante oito a dez anos. Após
esse período era necessário procurar novas terras, cada vez mais distantes das
aldeias e cidades. O esgotamento das terras, as distâncias cada vez maiores
entre elas e as cidades e o aumento da população impuseram à civilização maia
uma dura realidade. A fome, um dos fatores que a levaram à decadência.
Sistema de escrita
O sistema de escrita maia (geralmente chamada hieroglífica por uma
vaga semelhança com a escrita do antigo Egito, com o qual não se relaciona)
era uma combinação de símbolos fonéticos e ideogramas. É o único sistema de
escrita do novo mundo pré-colombiano que podia representar completamente
o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito no velho
mundo.
As decifrações da escrita maia têm sido
um longo e trabalhoso processo. Algumas
partes foram decifradas no final do século XIX
e início do século XX (em sua maioria, partes
relacionadas com números, calendário e
astronomia), mas os maiores avanços se
fizeram nas décadas de 1960 e 1970 e se
aceleraram daí em diante de maneira que
Glifos maias em estuque no museu de
atualmente a maioria dos textos maias
Palenque, México.
podem ser lidos quase completamente em
seus idiomas originais. Lamentavelmente, os sacerdotes espanhóis, em sua luta
pela conversão religiosa, ordenaram a queima de todos os códices maias logo
após a conquista.
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Assim, a maioria das inscrições que
sobreviveram são as que foram gravadas em
pedra e isto porque a grande maioria estava
situada em cidades já abandonadas quando
os espanhóis chegaram.
Os livros maias, normalmente tinham
páginas semelhantes a um cartão, feitas de Página do chamado códice de Madrid.
um tecido sobre o qual aplicavam uma
película de cal branca sobre a qual eram pintados os caracteres e desenhadas
ilustrações. Os cartões ou páginas eram atadas entre si pelas laterais de
maneira a formar uma longa fita que era dobrada em zigue-zague para guardar
e desdobrada para a leitura.
Atualmente restam apenas três destes livros e algumas outras páginas de um
quarto, de todas as grandes bibliotecas então existentes. Frequentemente são
encontrados, nas escavações arqueológicas, torrões retangulares de gesso que
parecem ser restos do que fora um livro depois da decomposição do material
orgânico.
Relativamente aos poucos escritos maias existentes, Michael D. Coe, um
proeminente arqueólogo da Universidade de Yale disse:
“Nosso conhecimento do pensamento maia antigo representa só uma
minúscula fração do panorama completo, pois dos milhares de livros nos quais
toda a extensão dos seus rituais e conhecimentos foram registrados, só quatro
sobreviveram até os tempos modernos (como se toda a posteridade soubesse
de nós, baseados apenas em três livros de orações e "El Progreso del
Peregrino).”
Matemática e o Calendário
Os maias (ou seus predecessores olmecas) desenvolveram
independentemente o conceito de zero (de fato, parece que estiveram usando
o conceito muitos séculos antes do velho mundo), e usavam um sistema de
numeração de base 20.
As inscrições nos mostram, em certas ocasiões, que
trabalhavam com somas de até centena de milhões.
Produziram observações astronômicas extremamente
precisas; seus diagramas dos movimentos da Lua e dos
planetas se não são iguais, são superiores aos de
qualquer outra civilização que tenha trabalhado sem
instrumentos óticos. Ao encontro desta civilização com
os conquistadores espanhóis, o sistema de calendários
Grafia dos números maias
dos maias já era estável e preciso, notavelmente
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superior ao calendário gregoriano, muitas vezes reformado depois disto. Na
realidade, são dois calendários sobrepostos: o tzolkin, de 260 dias, e o haab de
365. O haab era dividido em dezoito meses de vinte dias, mais cinco dias livres.
Para datar os acontecimentos utilizavam a "conta curta", de 256 anos, ou então
a "conta longa" que principiava no início da era maia. Além disso,
determinaram com notável exatidão o ano lunar, a trajetória de Vênus e o ano
solar (365, 242 dias).
Cultura (Artes)
A arte maia se expressa, sobretudo, na arquitetura e na escultura. Suas
monumentais construções — como a torre de Palenque, o observatório
astronômico de El Caracol ou os palácios e pirâmides de Chichén Itzá,
Palenque, Copán e Quiriguá — eram adornadas com elegantes esculturas,
estuques e relevos. Podemos contemplar sua pintura nos grandes murais
coloridos dos palácios. Utilizavam várias cores. As cenas tinham motivos
religiosos ou históricos. Destacam-se os afrescos de Bonampak e Chichén Itzá.
Também realizavam representações teatrais em que participavam homens e
mulheres com máscaras, representando animais.
Também existe uma construção em Bonampak que tem murais antigos e
que, afortunadamente, sobreviveram a um acidente desconhecido até hoje.
Com as decifrações da escrita maia se descobriu que essa civilização foi
uma das poucas nas quais os artistas escreviam seu nome em seus trabalhos.
Religião
Pouco se sabe a respeito das
tradições religiosas dos maias, a religião
ainda não é completamente entendida por
estudiosos. Assim como os astecas e os
incas, os maias acreditavam na contagem
cíclica natural do tempo. Os rituais e
cerimônias eram associados a ciclos
terrestres e celestiais que eram observados
e registrados em calendários separados. Os
sacerdotes maias tinham a tarefa de
interpretar esses ciclos e fazer um
panorama profético sobre o futuro ou
passado com base no número de relações
de todos os calendários. A purificação
incluia jejum, abstenção sexual e confissão. Cerimônia maia - Bênção de uma criança.
A purificação era normalmente praticada antes de grandes eventos religiosos.
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Os maias acreditavam na existência de três planos principais no cosmo: a Terra,
o céu e o submundo.
Os maias sacrificavam humanos e animais como forma de renovar ou
estabelecer relações com o mundo dos deuses. Esses rituais obedeciam
diversas regras. Normalmente, eram sacrificados pequenos animais, como
perus e codornas, mas nas ocasiões muito excepcionais (tais como adesão ao
trono, falecimento do monarca, enterro de algum membro da família real ou
períodos de seca) aconteciam sacrifícios de humanos. Acredita-se que crianças
eram muitas vezes oferecidas como vítimas sacrificiais porque os maias
acreditavam que essas eram mais puras.
Os deuses maias não eram entidades separadas como os deuses gregos.
Também não existia a separação entre o bem e o mal e nem a adoração de
somente um deus regular, mas sim a adoração de vários deuses conforme a
época e situação que melhor se aplicava para aquele deus.
Arquitetura
A acrópole era o núcleo da cidade e desempenhava funções religiosas e
políticas. A praça central tinha forma retangular e era rodeada de templos e
palácios de pedra. No início, os palácios tinham o teto plano, sustentado por
vigas de madeira. As vigas foram depois substituídas pela chamada "meiaabóbada maia".
Um aspecto surpreendente das grandes estruturas maias é a carência de
muitas das tecnologias incas avançadas que poderiam parecer necessárias a
tais construções. Não há notícia do uso de ferramentas de metal, polias ou
veículos com rodas. A construção maia requeria um elemento com abundância,
muita força humana, embora contasse com abundância dos materiais
restantes, facilmente disponíveis.
Toda a pedra usada nas construções maias parece ter sido extraída de
pedreiras locais; com maior freqüência era usada pedra calcária, que, ainda que
extraída e exposta, permanecia adequada
para ser trabalhada e polida com
ferramentas de pedra, só endurecendo
muito tempo depois.
Além do uso estrutural de pedra
calcária, esta era usada em argamassas feitas
do calcário queimado e moído, com
propriedades muito semelhantes às do atual
cimento,
geralmente
usada
para
Pirâmide de Kukulcán, em Chichén Itzá.
revestimentos, tetos e acabamentos e para
unir as pedras apesar de, com o passar do tempo e da melhoria do acabamento
das pedras, reduzirem esta última técnica, já que as pedras passaram a se
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encaixar quase perfeitamente. Ainda assim o uso da argamassa permaneceu
crucial em alguns tetos de postes e vergas sobre portas e janelas (dintel).
Quando se tratava das casas comuns, os materiais mais usados eram as
estruturas de madeira, adobe nas paredes e cobertura de palha, embora
tenham sido descobertas casas comuns feitas de pedra calcária, senão total
mas parcialmente. Embora não muito comum, na cidade de Comalcalco, foram
encontrados ladrilhos de barro cozido, possivelmente solução encontrada para
o acabamento em virtude da falta de depósitos substanciais de boa pedra.
Observatórios astronômicos
Os maias foram excepcionais astrônomos e mapearam as fases e cursos
de diversos corpos celestes, especialmente
da Lua e de Vênus.
Muitos de seus templos tinham
janelas e miras demarcatórias (e
provavelmente outros aparatos) para
acompanhar e medir o progresso das rotas
dos objetos observados.
Templos
arredondados, quase sempre relacionados
com Kukulcán, são talvez os mais descritos
Kukulkán é o
como observatórios pelos mais modernos
nome maia de Quetzalcóatl, aqui
guias turísticos de ruínas, mas não há
desenhado a partir de um baixorelevo de Yaxchilan.
evidências que o seu uso tinha
exclusivamente esta finalidade.
Em vários templos sobre pirâmides foram encontradas marcações de
miras que indicam que observações astronômicas também foram feitas dali.
Campos de jogo de bola
Um aspecto do estilo de vida mesoamericano é o seu jogo de bola ritual e seus
campos ou estádios, que foram construídos por todo o império maia em
grande escala.
Estes estádios normalmente situavam-se nos
centros das cidades. Tratava-se de espaços
amplos entre duas laterais de plataformas ou
rampas escalonadas paralelas, em forma de
"I" maiúsculo direcionado para uma
plataforma cerimonial ou templo menor. Tais
campos foram encontrados na maioria das
cidades maias, exceto nas menores.
Grande estádio em Chichén Itzá.
Jogo de bola mesoamericano
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A CIVILIZAÇÃO ASTECA
A cultura asteca estendia-se pelo vale do México, o litoral do Golfo do
México e do Pacífico, a península de Tehuantec e parte da Guatemala. Os
astecas são herdeiros da cultura tolteca. Segundo a história, reconstruída a
partir dos códices que foram encontrados, sete tribos astecas procedentes do
nordeste do México estabeleceram-se em Coatepec e perto do lago Pátzcuaro.
No século XII, dirigiram-se até o vale do México. Em sua fuga pelo lago Texcoco,
depois de um enfrentamento de tribos, viram, numa ilha, uma águia comendo
uma serpente. Foi esse o lugar que escolheram para fundar, em 1325, a sua
capital: Tenochtitlán, a atual cidade do
México.
Ao estudar a cultura asteca, deve-se
prestar especial atenção a três aspectos: a
religião, que demandava sacrifícios humanos
em larga escala, particularmente ao Deus da
guerra, Huitzilopochtli; a tecnologia avançada,
como a utilização eficiente das chinampas
(ilhas artificiais construídas no lago, com
canais divisórios) e a vasta rede de comércio e Brasão de armas mexicano mostrando o
sinal para a fundação da capital asteca.
sistema de administração tributária.
Organização Política - A formação do Império Asteca
A formação do Império asteca baseou-se na aliança de três grandes
cidades, Texcoco, Tlacopán e a capital, Tenochtitlán, estendendo seu poder por
toda a região. As relações políticas que se estabeleceram entre elas e as regiões
que controlavam ainda não são muito claras. Contudo, pode-se afirmar que
não era uma estrutura rigorosamente centralizada, como ocorreria entre os
incas.
Na confederação Asteca conviviam inúmeras comunidades com
idiomas, costumes e culturas diferentes (zapotecas, mixtecas e totonacas). A
unidade entre elas dava-se em torno de aspectos religiosos e, principalmente,
através da centralização militar dos astecas e da arrecadação dos impostos em
Tenochtitlán. As diversas províncias da região que, além dos tributos, elas
deveriam fornecer contingentes militares e submeter-se aos tribunais da
capital.
O Império asteca atingiu seu apogeu entre 1440 e 1520, quando foi
inteiramente destruído pelos colonizadores espanhóis liderados por Cortés.
Após diversas incursões colonizadoras em agosto de 1521 o Império Asteca foi
inteiramente conquistado.
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Diversas razões levaram à derrota asteca a primeira é propriamente
militar: a guerra, para os astecas, tinha como objetivo a dominação políticomilitar, para os espanhóis a guerra era de conquista e extermínio. Além disso,
as estratégias militares e, principalmente, o armamento bélico dos
colonizadores eram bem mais avançados.
Outro motivo importante foi a proliferação de várias doenças e
epidemias entre os astecas (a mais forte foi a varíola). Um fato adicional que
contribuiu muito para a derrota asteca foi a aliança estabelecida entre alguns
povos da região (tlaxcaltecas e totonecas) e os espanhóis. A intenção imediata
desses povos era derrotar a hegemonia dos astecas na região, e os espanhóis
eram fortes aliados para alcançar esse objetivo. Todavia, eles não puderam
prever o que lhes aconteceria após a derrota asteca, com a consolidação da
colonização européia.
Economia Asteca
A sustentação da economia do Império estava baseada justamente no
pagamento dos tributos em mercadorias. A não-destruição das cidades
submetidas e a manutenção relativa do poder local incluíam-se nessa lógica de
arrecadação dos tributos, que variavam muito. Estima-se que, no final do
Império, Tenochtitlán recebia toneladas de milho, feijão, cacau, pimenta seca;
centenas de litros de mel, milhares de fardos de algodão, manufaturados
têxteis, cerâmicas, armas, além de animais, aves, perfumes, papel.
A produção agrícola estava baseada essencialmente nos cereais,
sobretudo no milho que, na verdade, foi a base da alimentação das civilizações
pré-colombianas. É bem provável que essas sociedades não teriam se
desenvolvido sem o milho, pois ele as sustentava e possibilitava o crescimento
de suas populações.
A posse das terras tinha uma característica muito interessante: o Estado
asteca era proprietário de todas as terras e as distribuía aos templos, cidades e
bairros (calpulli). Já nas cidades e bairros, a exploração da terra tinha um
caráter coletivo, todo adulto tinha direito de cultivar um pedaço de terra para
sobreviver e o dever de trabalhá-la. Na fase final do Império, essa relação foi se
modificando, pois sacerdotes, comerciantes e chefes militares se desobrigaram
de trabalhar na terra, criando uma forma de diferenciação social.
Sociedade
A sociedade foi fundada em aspectos religiosos e na guerra, aqueles que
detinham mais poder eram os sacerdotes, seguidos dos chefes militares e dos
altos funcionários do Império. Os altos funcionários militares e do Estado
recebiam a denominação tecuhtli (dignitário), eram escolhidos pelo soberano e
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tinham uma série de privilégios (não pagavam impostos e viviam em grandes
residências).
Logo abaixo estavam os calpullec, espécies de administradores dos
bairros (calpulli). Inicialmente eles eram escolhidos pelos habitantes dos
bairros, mas com o tempo passaram a ser indicados pelo soberano.
O comércio externo era realizado por poderosas corporações de comerciantes,
os pochtecas. O comércio de luxo entre as cidades era monopolizado por eles.
Em razão do rápido enriquecimento desse setor da sociedade, ele foi ganhando
gradativamente poder e distinção.
A maioria dos artesãos trabalhava vinculada a algum senhor (tecuhtli), e
muitos mantinham oficinas em palácios e templos. O imposto era pago em
artigos de sua especialidade e não eram obrigados ao trabalho coletivo.
A maior parte da população estava entre os macehualli, que eram
homens livres com direito a cultivar um pedaço de terra para sua
sobrevivência, embora devessem obrigações como pagamento de impostos em
mercadorias (a maior fonte de arrecadação), prestar o serviço militar e o
trabalho coletivo (construir, conservar e limpar estradas, pontes e templos).
Os tlatlacotin formavam o estrato social mais baixo, composto
geralmente por prisioneiros de guerra, condenados, desterrados. Em troca de
casa, comida e trabalho, eles se vinculavam a um amo. Isso não significava que
eram escravos, pois podiam torna-se livres e possuir bens.
Hábitos e costumes
Os astecas cobriam a cabeça, os braços e as pernas com plumas e peles
de animais. Calçavam alpargatas. Tanto a pintura como os ornamentos
corporais serviam para distinguir as classes sociais. Faziam furos nas orelhas, no
nariz e no queixo, onde colocavam adornos de ouro ou de osso. Os homens
usavam um pano amarrado na cintura e uma manta quadrada presa com um
nó no ombro direito. As mulheres vestiam saia e uma ampla camisa com
mangas. O povo asteca, embora não possuísse escrita alfabética, utilizava um
sistema hieroglífico próximo ao sistema fonético.
A sociedade asteca era rigidamente dividida. O grupo social dos pipiltin
(nobreza) era formado pela família real, sacerdotes, chefes de grupos
guerreiros — como os Jaguares e as Águias — e chefes dos calpulli. Podiam
participar também alguns plebeus (macehualtin) que tivessem realizado algum
ato extraordinário. Tomar chocolate quente era um privilégio da nobreza. O
resto da população era constituída de lavradores e artesãos. Havia, também,
escravos (tlacotin).
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CURIOSIDADES: Plantas e técnicas
O tabaco e o incenso vegetal (copalli)
estava presente em suas práticas. Seus ticitl
(médicos feiticeiros) em nome dos deuses
realizavam ritos de cura com plantas que
contém substâncias enteógenas ( Lophophora
williamsii ou peiote; Psylocybe mexicana,
Stropharia cubensis - cogumelos com
psilocibina; Ipomoea violacea e Rivea
corymbosa - ololiuhqui) que ensinam a causa
das doenças, mostram a presença de tonal
(tonalli), e agressões infligidas ao duplo animal
ou nagual (naualli) os casos de enfeitiçamento
Imagem de Xipe Totec no calendário
Tonalamatl de 260 dias.
ou castigo dos deuses.
Entre os remédios mais conhecidos
estava a alimentação dos doentes com dietas a base de milho e ervas tais
como: passiflora (quanenepilli), o bálsamo-do-peru (Myroxylon peruiferum L.
f.), a raiz de jalapa, a salsaparrilha (iztacpatli / psoralea) a valeriana o
cihuapahtli
ou
zoapatle
(Montanoa
tomentosa), empregado como auxiliar do
trabalho de parto com seu pricípio ativo
análogo à ocitocina associado à purhépecha
(Manzanilla - Matricaria recutita L.) ou
equivalente, com suas propriedades sedativas,
entre centenas de outras registradas em
códices escritos dos quais nos sobraram
fragmentos.
A religião
Eram politeístas (acreditavam em vários
deuses) e acreditavam que se o sangue
humano não fosse oferecido ao Sol, a
engrenagem do mundo deixaria de funcionar.
Uma
página
do
Libellus
de
Medicinalibus Indorum Herbis, um
Os sacrifícios eram dedicados a:
herbário asteca composta em 1552 por
 Huitzilopochtli ou Tezcatlipoca: o Martín de la Cruz e traduzido para o
sacrificado era colocado em uma pedra latim por Juan Badianus.
por quatro sacerdotes, e um quinto
sacerdote extraía, com uma faca, o coração do guerreiro vivo para
alimentar seu Deus;
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 Tlaloc: anualmente eram sacrificadas
crianças no cume da montanha. Acreditavase que quanto mais as crianças chorassem,
mais chuva o Deus proveria.
No seu panteão havia centenas de
deuses. Os principais eram vinculados ao
ciclo solar e à atividade agrícola.
Observações astronômicas e estudo dos
calendários faziam parte do conhecimento
dos sacerdotes.
O Deus mais venerado era Quetzalcóatl, a
serpente emplumada. Os sacerdotes
formavam um poderoso grupo social,
encarregado de orientar a educação dos
Estátua de Tlaloc nas imediações do
nobres, fazer previsões e dirigir as
Museu Nacional de Antropologia e
História, na Cidade do México.
cerimônias rituais. A religiosidade asteca
incluía a prática de sacrifícios. Segundo o
divulgado pelos conquistadores o derramamento de sangue e a oferenda do
coração de animais e de seres humanos eram ritos imprescindíveis para
satisfazer os deuses, contudo se considerarmos a relação da religião com a
medicina encontraremos um sem número de ritos.
Há referências a um Deus sem face, invisível e impalpável, desprovido de
história mítica para quem o rei de Texoco, Nezaucoyoatl, mandou fazer um
templo sem ídolos, apenas uma torre. Esse rei o definia como "aquele, graças a
quem nós vivemos".
As atividades artísticas dos astecas foram muito influenciadas pelas
tradições olmecas e toltecas. A escultura em
jade e as grandes construções são exemplos
claros dessas influências. A arquitetura estava
ligada à vida religiosa, a forma mais
freqüentemente utilizada era a pirâmide com
escadarias, culminando em um santuário no
topo.
Os afrescos coloridos e as pinturas murais
também tinham destaque entre as artes
astecas. O escriba ostentava o título de
pintor,
pois
os
hieróglifos
eram
acompanhados por uma série de quadros
cuidadosamente desenhados.
Um guerreiro-jaguar do Codex
A música e a poesia estavam intimamente Magliabecchiano. O jaguar
ligadas. Quase sempre acompanhadas por desempenhava um papel cultural na
mitologia asteca.
instrumentos, danças e encenações, as
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músicas tinham caráter religioso.
Infelizmente, a violência da colonização espanhola acabou destruindo
grande parte dessa rica produção.
Os imperadores Astecas
Os imperadores astecas em língua Nahuatl
eram chamados Hueyi Tlatoani ("O Grande
Orador"), termo também usado para designar os
governantes das altepetl (cidades). Os
imperadores astecas foram os maiores
responsáveis tanto pelo crescimento do império,
como para a decadência do mesmo. Ahuizotl, por
exemplo, foi ao mesmo tempo o imperador mais
cruel e o responsável pela maior expansão do
império. Já Montezuma II (ou Moctezuma II),
tendo sido um imperador justo e pacifico, foi
também fraco em suas decisões, permitindo que
Moctezuma II.
os espanhóis entrassem em seus domínios,
mesmo após a circulação de histórias de que estes teriam massacrado tribos,
abalando fatalmente a solidez de seu império, e finalmente degenerando na
sua extinção.
A sucessão dos imperadores astecas não era hereditária de pai para filho,
sendo estes eleitos por um consenso entre os membros da nobreza.
A CIVILIZAÇÃO INCA
A civilização inca foi uma cultura andina précolombiana e um Estado-nação, o Império Inca (em
quíchua: Tawantinsuyu) que existiu na América do Sul
de cerca de 1200 até a invasão dos conquistadores
espanhóis e a execução do imperador Atahualpa em
1533.
O império incluía regiões desde o extremo norte
como o Equador e o sul da Colômbia, todo o Peru e a
Bolívia, até o noroeste da Argentina e o norte do
Chile. A capital do império era a atual cidade de Cusco
(em quíchua, "Umbigo do Mundo"). O império
abrangia diversas nações e mais de 700 idiomas
diferentes, sendo o mais falado o quíchua.
Antes da construção do Império incaico viviam
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nessa região povos com culturas e formações sociais avançadas, que se
costuma denominar pré-incaicos. Eles estavam distribuídos por toda a costa
leste do continente sul-americano, nas serras e no altiplano andino; os chavin
viviam nas serras peruanas; os manabi, no litoral do equador; os chimu, no
norte do Peru; e havia ainda os chinchas, mochicas, nazca, e outros.
Talvez grande demonstração do desenvolvimento desses povos préincaicos seja Tiahuanaco. Tratava-se de um grande centro cerimonial (hoje suas
ruínas estão a cerca de 100 Km de La Paz, capital da Bolívia) que recebia
periodicamente milhares de pessoas por Ano. Estima-se que essa civilização
que parece ter sido influenciada pelos chavin, estabeleceu-se na região por
volta do século X d. C..
A organização política dos Incas
O Império Inca absorveu as diversas culturas das civilizações
preexistentes, colocando-as a serviço da expansão e manutenção do Império.
A vitória sobre os chancas, em 1438 d. C., liderada
pelo inca Yupanqui, marcou o início da formação do
Império. Ele ocupou quase todo o Peru, chegando até
a fronteira do Equador. Seus sucessores expandiram
o Império para o altiplano boliviano, norte da
Argentina, Chile (Tope Inca) e equador, até o sul da
Colômbia (Huayana capac, 1493-1528).
A expansão foi interrompida em razão da
Inca Ruca - Imperador.
disputa entre dois irmãos, filhos de Huayana:
Huascar, que centralizou seu Império em Cuzco, e
Atahualpa, sediado em Quito. A rivalidade entre os irmãos levou o Império a
uma verdadeira guerra civil, enfraquecendo-o. A vitória de Atahualpa não lhe
trouxe vantagens, pois, junto dela, chegaram os colonizadores, liderados por
Pizarro, que destruíram todo o Império Inca.
Para controlar seu Império o Estado inca mantinha um constante censo
populacional, um instrumento fundamental para o censo era o quipo, uma
espécie de elaborada calculadora manual feita de cordões coloridos e nós.
Quem realizava o levantamento e a leitura eram os funcionários chamados de
quipucamayucus.
Esse imenso Império inca, controlado de perto pelo Estado, precisou de
uma infra-estrutura que permitisse a circulação de funcionários, mensageiros,
impostos, populações, exércitos, etc. Para que isso ocorresse, foi construída
uma incrível rede de pontes e caminhos lajeados. Ao longo desses caminhos
havia os tambos, pequenas construções que continham alimentos e água,
servindo de alojamento para os viajantes.
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Sociedade inca
O Estado inca era imperial, capaz de controlar rigidamente tudo o que
ocorria em sua vasta extensão territorial. O chefe desse Estado era o Inca, um
imperador com poderes sagrados hereditários, reverenciado por todos.
Ao lado do inca havia uma rede de sacerdotes, escolhidos por ele entre a
nobreza.
Para manter o Império íntegro, criou-se uma complexa burocracia
administrativa e militar. Os cargos administrativos eram distribuídos entre
membros da nobreza e acabaram adquirindo hereditariedade. O caráter
guerreiro do Império privilegiava a formação e educação militar. Como os
burocratas, essa camada privilegiada era mantida graças aos tributos
arrecadados pelo Estado.
Os nobres foram chamados pelos espanhóis de "orelhões", devido à
impressão que tiveram de suas enormes orelhas, aumentadas pelos grandes
pendentes que usavam. Os "orelhões" eram educados em escolas especiais
durante quatro anos. Eles estudavam a língua quíchua, religião, quipos,
história, geometria, geografia e astronomia. Ao terminar os estudos, eles se
graduavam em uma cerimônia solene, onde demonstravam sua preparação
passando em algumas provas.
Eles se vestiam de branco e se reuniam na Praça de Cusco. Todos os
candidatos tinham o cabelo cortado e levavam na cabeça um llauto negro com
plumas. Depois de rezarem ao sol, lua e ao trovão, eles subiam a colina de
Huanacaui, onde ficavam em jejum, participavam de competições e dançavam.
Mais tarde, o Inca lhes entregava umas calças justas, um diadema de
plumas e um peitoral de metal. Finalmente ele perfurava a orelha de cada um
pessoalmente com uma agulha de ouro, para que pudessem usar seus
pendentes característicos, próprios de sua categoria.
Os "orelhões" tinham vários privilégios, entre eles a posse de terras e a
poligamia. Eles recebiam presentes do monarca, tais como mulheres, lhamas,
objetos preciosos, permissão para usar liteiras ou trono.
Os camponeses, chamados de llactaruna, em troca do direito de
trabalho nos ayllus, eram obrigados a cultivar as terras do Inca e dos curacas e
a pagar os impostos em mercadorias. Além disso, o Estado os obrigava a
trabalhar nas obras públicas, como as pirâmides, caminhos, pontes, canais de
irrigação e terraços.
Havia também os artesãos especializados, considerados artistas
(pintores, escultores, ceramistas, tapeceiros, ourives, etc.), e os curandeiros e
feiticeiros (cirurgiões, farmacêuticos, conhecedores de plantas medicinais).
Os yanaconas, originários da sublevação da cidade de Yanacu, eram
escravos. Às vezes, algum povo conquistado também se tornava escravo. Eles
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não trabalhavam na produção, e suas funções eram eminentemente
domésticas.
Economia inca
A base da economia inca estava nos ayllu, espécie de comunidade agrária.
Todas as terras do Império pertenciam ao Inca, logo, ao Estado. Através da
vasta rede de funcionários, essas terras eram doadas aos camponeses para a
sua sobrevivência. Os membros de cada ayllu deveriam, em troca, trabalhar nas
terras do Estado e dos funcionários, nas obras públicas e pagar impostos. Havia
três ordens de trabalhos agrícolas:
 realizados em benefício do Inca e da família real;
 destinados à subsistência da família, realizados no pedaço de terra que
lhe cabia;
 realizados no seio da comunidade aldeã, para responder às necessidades
dos mais desfavorecidos.
A base da produção agrícola era o milho, seguido pela batata, tomate,
abóbora, amendoim, batatas doce (batatas), milho, pimentas, algodão,
tomates, amendoim, mandioca, e um grão conhecido como quinua. Nas áreas
mais altas e com dificuldades de obtenção de água, o milho tinha de ser
plantado nos terraços feitos nas encostas das serras com canais de irrigação. O
plantio era feito em terraços e já usavam a adiantada técnica das curvas de
nível sendo os primeiros a usar o sistema de irrigação.
Os incas não usavam dinheiro propriamente dito. Eles faziam trocas ou
escambos nos quais mercadorias eram trocadas por outras e mesmo o trabalho
era remunerado com mercadorias e comida. Serviam como moedas sementes
de cacau e também conchas coloridas, que eram consideradas de grande
valor. O comércio era muito precário e restringia-se basicamente aos bens de
luxo destinados à corte.
A domesticação de lhamas, vicunhas e alpacas foi importante para o
fornecimento de lã, couro e transporte. Os cachorros-do-mato e porcos tinham
importância secundária. Todos os incas eram obrigados a trabalhar para o
Império e para os seus deuses domésticos (mita).
Calcula-se que os incas cultivavam cerca de setecentas espécies vegetais.
A chave do sucesso da agricultura inca era a existência de estradas e trilhas que
possibilitavam uma boa distribuição das colheitas numa vasta região.
Religião dos Incas
Os Incas eram extremamente religiosos e viam o Sol e a Lua como
entidades divinas às quais suplicavam suas bençãos, fosse para melhores
colheitas, fosse para o êxito em combates com grupos rivais. O deus Sol era o
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deus masculino e acreditavam que o Rei descendia dele. Atribuíam ao deus Sol
qualidades espirituais, transmitidas à mente pela mastigação da folha de coca,
daí as profecias que justificaram a criação de templos sagrados construídos nas
encostas íngremes das montanhas andinas.
Os incas construíram diversos tipos de casas consagradas às suas
divindades. Alguns dos mais famosos são o Templo do Sol em Cusco, o templo
de Vilkike, o templo do Aconcágua (a montanha mais alta da América do Sul) e
o Templo do Sol no Lago Titicaca. O Templo do Sol, em Cusco, foi construído
com pedras encaixadas de forma fascinante. Esta construção tinha uma
circunferência de mais de 360 metros. Dentro do templo havia uma grande
imagem do sol. Em algumas partes do templo havia incrustações douradas
representando espigas de milho, lhamas e punhados de terra. Porções das
terras incas eram dedicadas ao deus do sol e administradas por sacerdotes.
Os sumo-sacerdotes eram chamados Huillca-Humu, viviam uma vida
reclusa e monástica e profetizavam utilizando uma planta sagrada chamada
huillca ou vilca (Acácia cebil) com a qual preparavam uma chicha de
propriedades enteógenas que era bebida na "Festa do Sol", Inti Raymi. A
palavra quíchua Huillca significa, simplesmente, algo "santo", "sagrado".
Sacrifícios
Os incas ofereciam sacrifícios tanto humanos como de animais nas
ocasiões mais importantes, maioria das vezes em rituais ao nascer do sol.
Grandes ocasiões, como nas sucessões imperiais, exigiam grandes sacrifícios
que poderiam incluir até duzentas crianças. Não raro as mulheres a serviço dos
templos eram sacrificadas, mas a maioria das vezes os sacrifícios humanos
eram impostos a grupos recentemente conquistados ou derrotados em guerra,
como tributo à dominação. As vítimas sacrificiais deviam ser fisicamente
íntegras, sem marcas ou lesões e preferencialmente jovens e belas.
De acordo com uma lenda, uma menina de dez anos de idade chamada
Tanta Carhua foi escolhida pelo seu pai para ser sacrificada ao imperador inca.
A criança, supostamente perfeita fisicamente, foi enviada a Cusco onde foi
recebida com festas e honrarias para homenagear-lhe a coragem e depois foi
enterrada viva em uma tumba nas montanhas andinas. Esta lenda prescreve
que as vítimas sacrificiais deveriam ser perfeitas, e que havia grande honra em
conhecerem e serem escolhidas pelo imperador, tornando-se, depois da morte,
espíritos com caráter divino que passariam a oficiar junto aos sacerdotes. Antes
do sacrifício, os sacerdotes adornavam ricamente as vítimas e davam a ela uma
bebida chamada chicha, que é um fermentado de milho, até hoje apreciada.
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Cultura inca
Lembrando o que já foi dito, o Estado inca utilizou-se das inúmeras
conquistas das civilizações pré-incaicas para controlar e manter seu Império.
Eles faziam um uso abancado da matemática, conheciam inclusive o zero;
conheciam muito bem a astronomia, pois o Sol representava o deus mais
importante, podendo prever eclipses e fazer calendários; usavam pesos e
medidas padronizados.
Os trabalhos dos incas na manufatura do ouro, da prata e do cobre
maravilharam os espanhóis. Além disso, produziam cerâmica, tecidos coloridos,
esculturas e pinturas.
Machu Pichu
Talvez as maiores produções incaicas estejam relacionadas com a
arquitetura e a engenharia. Por meio delas foi possível construir pirâmides,
palácios, pontes e caminhos; cidades como Cuzco e Machu Pichu, que reuniam
milhares de pessoas e mantinham uma rica ordem urbanística. E os famosos
terraços irrigados nas serras e montanhas para a produção agrícola.
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Festivais
Os incas tinham um calendário de trinta dias, no qual cada mês tinha o
seu próprio festival.
Os meses e celebrações do calendário são os seguintes:
Mês Gregoriano Mês Inca
Tradução
Janeiro
Huchuy Pacoy Pequena colheita
Fevereiro
Hatun Pocoy
Grande colheita
Março
Pawqar Waraq Ramo de flores
Abril
Maio
Ayriwa
Aymuray
Dança do milho jovem
Canção da colheita
Junho
Inti Raymi
Festival do Sol
Julho
Anta Situwa
Purificação terrena
Agosto
Setembro
Qapaq Situwa Sacrifício de purificação geral
Qaya Raymi Festival da rainha
Outubro
Uma Raymi
Festival da água
Novembro
Ayamarqa
Procissão dos mortos
Dezembro
Qapaq Raymi Festival magnífico
Medicina
Os incas fizeram muitas descobertas farmacológicas. Usavam o quinino
no tratamento da malária com grande sucesso. As folhas da coca eram usadas
de modo geral como analgésicos, e para minorar a fome, embora os
mensageiros Chasqui as usassem para obter energia extra. Outra terapia
comum e eficiente era o banho de ferimentos com uma cocção de casca de
pimenteira ainda morna.
Entre as práticas médicas dessa civilização que ainda intrigam os
pesquisadores está o procedimento cirúrgico conhecido como trepanação
realizado com mais freqüência em homens adultos, (provavelmente para tratar
os ferimentos sofridos durante o combate). Ainda hoje, procedimento similar é
realizado para aliviar a pressão causada pelo acúmulo de fluidos após trauma
craniano grave.
Há evidências que as técnicas cirúrgicas foram padronizadas e
aperfeiçoadas ao longo do tempo, face ao fato de que os crânios mais antigos
não mostrarem nenhum sinal da consolidação óssea, após a operação,
sugerindo que o procedimento foi provavelmente fatal. Ao contrário dos
encontrados mais recentemente cujas taxas de sobrevivência se aproximaram
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de 90 por cento, com níveis de infecção muito baixos, segundo os
pesquisadores.
Texto complementar: Os quipos (tipo de registros)
O estado era muito centralizado e extremamente estruturado – e até,
pode dizer-se, burocrático –, porém, não havia um sistema de escrita. Para
gerir o império eram utilizados os quipus (quipus), cordões de lã ou outro
material onde são codificadas mensagens.
Destinavam-se os quipos a manterem estatísticas permanentemente
atualizadas. Regularmente procedia-se a recenseamentos da população
extremamente completos (por exemplo, número de habitantes por idade e
sexo). Registava-se ainda o número de cabeças de gado, os tributos pagos ou
devidos aos diversos povos, o conjunto de entradas e saídas dos armazéns
estatais. Mediante os registos procurava-se equilibrar a oferta e a procura,
numa tentativa de planificação da economia.
Mais concretamente, o quipo é constituído por um cordão a que se liga a
cordões menores de diferentes cores, tanto paralelamente como partindo de
um ponto comum. Os números eram dados pelos nós e as significações pelas
cores.
Os nós das extremidades inferiores representam as unidades. Acima
ficam as dezenas, mais acima as centenas e, por último, os milhares e as
dezenas de milhar. Saliente-se que, para além de utilizarem o sistema decimal,
os índios conceberam o equivalente do zero: um intervalo maior entre os nós,
ou seja, um sítio vazio. Ignora-se o significado dos nós complexos, porventura
reservados aos múltiplos.
Quanto às cores, indicavam os significados ou qualidades. Mas como o
número de cores e seus matizes é limitado, muito inferior ao número de
objetos a recensear, o significado das cores variava de acordo com a
significação geral do quipo. Era pois necessário conhecer a significação geral do
quipo para se poder interpretá-lo. Por exemplo: o amarelo referia-se ao ouro
nas estatísticas referentes aos despojos de guerra e ao milho referentes à
produção.
A fim de facilitar a leitura, as pessoas e coisas eram dispostas de acordo com
uma hierarquia imutável. Assim, nos quipos demográficos, os homens
ocupavam o primeiro lugar, seguidos das mulheres e, por fim, das crianças. Nos
recenseamentos de armas a ordem era a seguinte: lanças, flechas, arcos,
zagaias, clavas, achas e fundas.
A ausência de cordão secundário ao longo do principal, assim como a
falta de uma cor, possuía determinado significado, exatamente como acontecia
com a ausência de nó no cordão (zero).
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Os intérpretes dos quipus, os quipucamayucs (ou seja, "guardiães dos
quipos"), possuíam uma excelente memória, cuja fidelidade era assegurada por
um processo radical: qualquer erro ou omissão era punido com a pena de
morte. Cada quipucamayuc especializava-se na leitura de determinada
categoria de cordões: religiosos, militares, econômicos e demográficos. Cabialhes igualmente instruir os seus filhos, para que estes mais tarde lhes
sucedessem.
Para melhor fixar as narrativas, o quipucamayuc cantava-as, como uma
melopéia.
Os quipos serviam ainda para o registo de fatos históricos e ritos
mágicos. No entanto, ao contrário dos estatísticos, estes quipus ainda não
foram decifrados.
COLONIZAÇÃO ESPANHOLA
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Divisão administrativa
Na colonização espanhola, que ele se baseou na divisão entre quatro
Vice-reinos (divisão intrinsecamente ligada a aspectos econômicos), a saber:
Vice-Reino da Nova Espanha: no sul da América do Norte, correspondendo
principalmente aos modernos México e ao sul dos Estados Unidos. Rico em
ouro e prata caracteriza-se pela mineração. A colonização ganha impulso e se
inicia mais facilmente devido às complexas civilizações já ali existentes, com
base econômica formada;
Vice-Reino de Nova Granada: no noroeste da América do Sul, correspondendo
principalmente aos modernos Colômbia, Equador, Venezuela, e Panamá.
Baseada na agricultura;
Vice-Reino do Peru: no leste da América do Sul, que no momento da sua maior
extensão territorial englobava grande parte da própria América do Sul, sendo
reduzido o seu território correspondendo principalmente aos modernos Peru e
Bolívia: mineração aurífera e argêntea. Encontra-se, como no México, uma
complexa infra-estrutura e grande densidade populacional;
Vice-Reino do Rio da Prata: no sul da América do Sul, correspondendo
principalmente aos modernos Argentina, Uruguai, Paraguai. Economia baseada
na pecuária, mais tarde caracterizando-se por uma intensiva exploração da
prata na Argentina.
Criaram-se ainda oito capitanias-gerais: áreas bélicas de forte proteção, pois
eram regiões que podiam ser atacadas facilmente:
Capitania Geral da Guatemala (1540-1821): anexado ao Vice-Reino da Nova
Espanha. Na América Central, correspondendo principalmente aos modernos
Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e a estado mexicano
do Chiapas.
Capitania Geral do Chile (1541-1818): anexado ao Vice-Reino do Peru. No
sudoeste da América do Sul, correspondendo principalmente ao moderno
Chile.
Capitania Geral de Santo Domingo (1526-1867): anexado ao Vice-Reino da
Nova Espanha. Nas Antilhas, correspondendo principalmente aos modernos
República Dominicana e Haiti.
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Capitania Geral das Filipinas (1565-1898): anexado ao Vice-Reino da Nova
Espanha. No leste da Ásia e Micronésia, correspondendo principalmente aos
modernos Filipinas, Palau, Carolinas, Marianas e Guam.
Capitania Geral de Porto Rico (1592-1898): anexado ao Vice-Reino da Nova
Espanha. No Antilhas, correspondendo principalmente ao moderno Porto Rico.
Capitania Geral de Cuba (1607-1898): anexado ao Vice-Reino da Nova
Espanha. No leste da América do Norte e Antilhas, correspondendo
principalmente aos modernos Cuba, Flórida e Luisiana.
Capitania Geral de Yucatán (1617-1786): anexado ao Vice-Reino da Nova
Espanha. No sudeste da América do Norte, correspondendo principalmente aos
modernos estados mexicanos do Campeche, Tabasco, Yucatán e Quintana Roo.
Capitania Geral da Venezuela (1777-1821): anexado ao Vice-Reino do Peru. No
norte da América do Sul, correspondendo principalmente à moderna
Venezuela.
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Divisão social
Chapetones: espanhóis que habitam a América, têm em mãos os altos cargos
públicos, dominam a política;
Criollos: eram os brancos (europeu + europeu = filho americano) nascidos na
América, cuidam da economia (terras e minas) e ocupam os baixos cargos
públicos da administração local: cabildos;
Mestiços: são os bastardos (cor negra: Chapetones + índios, ou Criollos +
índios, sonho era embranquecer). É o elo entre os chapetones e os índios, é o
intermediário, é assalariado dos espanhóis, recrutam índios para a Mita;
Índios/negros: massa trabalhadora.
Sistema de trabalho




Mão de obra indígena: semi-servidão, trabalho compulsório;
Trabalho livre: assalariado e parceria (meieiro);
Trabalho compulsório: Mita e Encomienda;
Escravidão (em menor escala)
Mita (Peru) ou Cuatequil (México)
Os Incas e os Astecas já adquiriram no seu processo civilizatório o hábito
de escravizar outras tribos de índios e forçá-las a trabalhar e pagar impostos;
 É de criação americana (a mita e encomienda);
 Predomínio do trabalho na mineração;
 Baseada no sorteio de tribos para retirar os trabalhadores, que
trabalhavam de 4 a 6 meses e geralmente morriam ou adoeciam.
Recebiam um pequeno salário, mas endividavam-se, então, alugavam
mulheres e filhos para quitar dívidas e acabavam como semi-escravas;
 Conseqüências: Genocídio e Etnocídio (aculturação, destruição metódica
de uma etnia), hecatombe demográfica, ou seja, mortandade em larga
escala;
 Tinha cota de produção, isto é, uma quantidade de produto estipulada
para se retirar em certo tempo, é um tipo de ação violenta.
Encomienda
 Os europeus adquiriam índios nas tribos para supostamente recrutá-los
ao trabalho, oferecendo em troca a garantia de sua subsistência e o
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comprometimento com a catequese, no entanto, não raramente
submetia-os à compulsoriamente do trabalho nas minas;
 Baseava-se no recrutamento por meio da encomenda(agricultura e
pecuária), servindo de recurso acessório às insuficiências de mão-deobra no sistema de Mita;
 Cota de mão de obra: dever-se-ia dar uma quantidade de produto
estipulada dentro de um maior prazo de entrega, sendo, pois, menos
violento;
 Conseqüências: Genocídio e etnocídio.
Porque a América Espanhola utilizava índios como mão-de-obra e a América
Portuguesa usava a mão-de-obra negra?
 Na América Espanhola já existiam sociedades complexas, que já
conheciam sistemas de trabalho (Ex: mita ou cuatequil), enquanto na
América Portuguesa não havia sistemas de trabalho, o índio não era
habituado ao trabalho regular, porquanto era coletor, caçador, pescador
e nômade;
 Na América Espanhola, o elemento indígena estava concentrado em
centros urbanos de alta densidade demográfica. Na América Portuguesa,
os índios encontravam-se dispersos, isto é, aquém do processo
civilizatório e urbanístico empreendido nos Impérios Incas e Astecas;
 O Tratado de Tordesilhas literalmente cedeu a África ao Império
Português, o que incentivará o uso de negros como mão-de-obra pelos
lusitanos e dificultará o uso de negros pela Espanha. O próprio Estado
português administrará e executará o tráfico negreiro.
Espanha: saliente-se concessão feita à Nova Granada, pois, como os antigos
Maias não tinham civilizações tão complexas quanto às duas acima citadas
(Astecas e Incas), fator dificultoso ao processo escravizatório (motivo inclusive
do fracasso da tentativa de escravização de índios no Brasil), optar-se-á pela
utilização do elemento escravo negro;
Espanha: México: antigos Astecas;
Espanha: Peru: antigos Incas.
AMÉRICA ESPANHOLA: INDEPENDÊNCIA E FRAGMENTAÇÃO
As mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais ocorridas na
Europa no final do século XVIII e início do XIX estimularam os movimentos de
independência nas regiões coloniais, especialmente na América. Entre esses
fatores, destacam-se:
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- as propostas do iluminismo, que assumiram na América caráter de luta em
favor da liberdade comercial e do fim do pacto colonial;
- o exemplo dado pelos Estados Unidos, que em 1776 declararam sua
independência;
- a pressão exercida pela Inglaterra, que, a partir da Revolução Industrial,
desejava expandir seu mercado externo e via na América um excelente
potencial consumidor, mas encontrava os entraves impostos pela rigidez do
pacto colonial e dos monopólios metropolitanos;
- a ruptura do equilíbrio político das potências européias, desencadeada pela
Revolução Francesa e a expansão do Império de Napoleão. Essa
desestabilização levou a Inglaterra a apoiar os movimentos de independência
no continente americano.
A INDEPENDÊNCIA NO MÉXICO E NA AMÉRICA CENTRAL
O principal fator interno que estimulou as colônias americanas a
iniciarem seus movimentos pela independência foi o choque de interesses com
a metrópole, em razão dos entraves inerentes ao sistema colonial. Além
disso, quando Napoleão colocou seu irmão no trono da Espanha, os criollos (a
elite nascida na América) não aceitaram o novo governo e organizaram Juntas
para administrar suas regiões. Essas Juntas acabaram se convertendo em focos
de luta e resistência contra a opressão exercida pela metrópole.
As primeiras manifestações favoráveis á independência surgiram em
1814 no México e em algumas regiões sul-americanas. Elas resistiram com
relativo sucesso às investidas da Espanha para reforçar os laços coloniais. No
México, o padre Hidalgo foi o grande líder da resistência, organizada por
mestiços, índios e brancos pobres. Por isso, foi fuzilado em 1811. Outro padre,
Morellos, tentou por volta de 1813 organizar a população contra a opressão
metropolitana, escreveu um manifesto que deveria ser a primeira Constituição,
mas também acabou fuzilado.
A independência só ocorreria em 1821, sob o comando do general criollo
Itúrbide, enviado pela Espanha para conter os movimentos revolucionários. O
general auto proclamou-se imperador do México, mas em 1823 foi derrubado
pelos republicanos. Por influência do movimento mexicano, em 1821 a
América Central tornou-se independente, formando a Capitania Geral da
Guatemala. Um pouco mais tarde, ela originaria os países centro-americanos.
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AS ANTILHAS
Antiga colônia francesa, o atual Estado do Haiti corresponde à parte
ocidental da ilha de São Domingos (ex-Hispaniola)- na parte oriental constituiuse a República Dominicana. O processo de independência teve início em 1791,
e sua principal peculiaridade foi a ampla participação dos negros – que, na
ocasião, formavam mais de 80% do contingente populacional e em sua maioria
eram escravos. O líder da revolta foi o escravo liberto Toussaint Louverture.
Após a vitória popular, a escravidão foi abolida e estabeleceu-se um governo
constitucional. Mas as tropas de Napoleão invadiram a ilha em 1802 e o
confronto prosseguiu. Só em 1825 a França reconheceu a independência do
Haiti, em troca de indenização.
AS INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA DO SUL
Sob a liderança de Simón Bolívar, Sucre e San Martín, ocorreu uma
radicalização nos processos de independência dos países da América do Sul. À
frente de um exército poderoso, San Martín promoveu a independência da
Argentina (1816) e do Chile (1818). Bolívar libertou a Colômbia (1819) e a
Venezuela (1821). Para libertarem o Peru, San Martín e Bolívar uniram-se, mas
afastaram-se depois em razão de divergências políticas. Com isso, a libertação
peruana foi realizada por Bolívar, que também expulsou os espanhóis da
Equador e da Bolívia. Ele dedicou-se então à etapa seguinte de seu ambicioso
projeto político: unificar as áreas libertadas da antiga América espanhola
numa única e poderosa República.
Simón Bolívar
Sucre
San Martín
AS NOVAS NAÇÕES AMERICANAS NO SÉCULO XIX
É importante notar que, embora a população tenha participado dos
movimentos pela independência, quem de fato assumiu o poder nos países
recém-libertados foram os representantes das pequenas elites agrárias, que
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31
deram origem a governos oligárquicos. Estes se
transformaram numa constante ao longo da
história da América Central e do Sul, sempre
associados à corrupção eleitoral e ao
autoritarismo. O latifúndio continuou sendo à
base da produção agrária e um instrumento e
símbolo de poder nesses países. Além disso, a
independência política não significou autonomia
e progresso econômico para essas nações. Elas continuaram no papel de
exportadoras de matéria prima e consumidoras de produtos industrializados,
submetendo-se sempre às imposições políticas e econômicas dos países mais
fortes. Impedida de desenvolver seu parque industrial de forma efetiva, a
América Latina manteve-se longe dos benefícios materiais proporcionados pelo
capitalismo industrial. Assim, o passado colonial, as dificuldades internas e a
submissão ao capitalismo internacional impuseram aos países da América
Central e do Sul um processo de desenvolvimento marginal e dependente.
A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INDÍGENA
Antes da independência, a sociedade colonial era rigidamente estratificada,
privilegiando a elite de nascimento, homens brancos, nascidos na Espanha ou
América,porém, após a independência a situação não mudou:
 Chapetones - eram os homens brancos, nascidos na Espanha e que
vivendo na colônia representavam os interesses metropolitanos,
ocupando altos cargos administrativos, judiciais, militares e no comércio
externo.
 Criollos - Elite colonial, descendentes de espanhóis, nascidos na América,
grandes
proprietários
rurais
ou
arrendatários de minas, podiam ocupar
cargos administrativos ou militares
inferiores.
 Mestiços - , de brancos com índios,
eram homens livres, trabalhadores
braçais desqualificados e superexplorados
na cidade (oficinas) e no campo (
capatazes).
 Escravos negros - nas Antilhas
representavam a maioria da sociedade e
trabalhavam
principalmente
na
agricultura.
 Indígenas - grande maioria da
população, foram submetidos ao trabalho
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32
forçado através da mita ou da encomienda, que na prática eram formas
diferenciadas de escravidão, apesar da proibição oficial desta pela
metrópole.
AS TRANSFORMAÇÕES NAS COLÔNIAS
As mudanças efetuadas pela Espanha em sua política colonial
possibilitaram o aumento do lucro da elite criolla na América, no entanto, o
desenvolvimento econômico ainda estava muito limitado por várias restrições
ao comércio, pela proibição de instalação de manufaturas e pelos interesses da
burguesia espanhola, que dominava as atividades dos principais portos
coloniais. Os criollos enfrentavam ainda grande obstáculo à ascensão social, na
medida em que as leis garantiam privilégios aos nascidos na Espanha. Os cargos
políticos e administrativos , as patentes mais altas do exército e os principais
cargos eclesiásticos eram vetados à elite colonial.
Soma-se à situação sócio econômica, a influência das idéias iluministas,
difundidas na Europa no decorrer do século XVIII e que tiveram reflexos na
América, particularmente sobre a elite colonial, que adaptou-as a seus
interesses de classe, ou seja, a defesa da liberdade frente ao domínio espanhol
e a preservação das estruturas produtivas que lhes garantiriam a riqueza.
O MOVIMENTO DE INDEPENDÊNCIA
O elemento que destravou o processo de ruptura colonial foi a invasão
das tropas de Napoleão Bonaparte sobre a Espanha; no entanto é importante
considerar o conjunto de alterações ocorridas tanto nas colônias como na
metrópole, percebendo a crise do Antigo regime e do próprio sistema colonial,
como a Revolução Industrial e a revolução Francesa.
A resistência à ocupação francesa iniciou-se tanto na Espanha como nas
colônias; netas a elite criolla iniciaram a formação de Juntas Governativas, que
em várias cidades passaram a defender a idéia de ruptura definitiva com a
metrópole, como vimos, para essa elite a liberdade representava a
independência e foi essa visão liberal iluminista que predominou.
Assim como o movimento de independência das colônias espanholas é
tradicionalmente visto a partir dos interesses da elite, costuma-se compara-lo
com
o
movimento
que
ocorreu
no
Brasil,
destacando-se:
-a grande participação popular, porém sob liderança dos criollos;
-o caráter militar, envolvendo anos de conflito com a Espanha;
-a fragmentação territorial, processo caracterizado pela transformação de uma
colônia em vários países livres;
- a adoção do regime republicano - exceção feita ao México.
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BIBLIOGRAGIA
 História Série Novo Ensino Médio Divalte
Autor: Divalte Garcia Figueira, editora Ática 2ª edição
 EJA SUPLEGRAF 5ª Série, editora Didática Suplegraf
Sites:

www.passei.com.br/telecurso2000

http://educacao.uol.com.br/

PT.wikipedia/org/wiki/historia
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http://www.historiaimagem.com.br
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www.suapesquisa.com/historia

www.brasilescola.com/historia

www.portalsaofrancisco.com.br
 www.biblioteca.templodeapolo.net
 http://www.grupoescolar.com/materia/as_invasoes_barbaras__idade_media.html [Autor: Anselmo Jr - Lido: 48189 Vezes - Categoria:
História
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