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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ASSESSORIA DE PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA Estudo Qualitativo Ad hoc – Olimpíadas (06/2015) RELATÓRIO FINAL EMPRESA RESPONSÁVEL: BRASILIA – DF 18/07/2015 Sumário 1 Apresentação .............................................................................................................................. 3 2 Escopo da Pesquisa ..................................................................................................................... 5 3 Métodos e Técnicas de Pesquisa ................................................................................................ 8 4 Detalhamento do Roteiro de Pesquisa ..................................................................................... 10 5 Detalhamento do Plano de Recrutamento ............................................................................... 12 6 Detalhamento dos Procedimentos Adotados nos Trabalhos de Campo .................................. 13 7 Análise dos Resultados da Pesquisa ......................................................................................... 14 8 Conclusões / Considerações Finais ........................................................................................... 53 9 Recomendações ........................................................................................................................ 56 Anexo I – Roteiro.............................................................................................................................. 57 Anexo II – Cronograma e Perfil – DG’s ............................................................................................ 63 2 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Apresentação 1 1.1 Base Legal De acordo com a legislação brasileira em vigor (Lei nº 10.683/2003, art. 2ºB, III), a Secretaria de Comunicação Social (SECOM) tem entre suas missões institucionais a atribuição de organizar e desenvolver um sistema de informação e pesquisa de opinião pública, cujos principais objetivos devem ser monitorar as demandas da sociedade por políticas e serviços públicos bem como a avaliação que a sociedade faz dessa oferta de políticas e serviços públicos. Nesse sentido, o Decreto nº 6.555/2008 sugere alguns objetivos para esse sistema de informação e pesquisa de opinião pública. Com base nos incisos I, II e IV do artigo 1º e nos incisos VIII e XI do artigo 2º do referido decreto, podem ser indicados como objetivos do sistema de informação e pesquisa de opinião pública a realização de atividades destinadas a: I. Avaliar o conhecimento da sociedade sobre políticas e programas federais; II. Avaliar o conhecimento do cidadão sobre direitos e serviços colocados à sua disposição; III. Identificar assuntos de interesse público que orientem o conteúdo das informações a serem disseminadas; IV. Avaliar a adequação de mensagens, linguagens e canais aos diferentes segmentos de público; V. Avaliar a eficiência e racionalidade na aplicação dos recursos públicos. No campo da avaliação de programas e ações governamentais, a pesquisa de opinião pública é uma forma amplamente aceita de conhecer como os cidadãos percebem os efeitos das políticas públicas em suas vidas. Além disso, oferece aos tomadores de decisão subsídios importantes para sua atuação e permite fazer com que as ações governamentais sejam responsivas às prioridades e expectativas da população. Por isso, a SECOM realiza uma série de levantamentos e análises que objetivam compreender a percepção da população sobre as ações governamentais e, por conseguinte, contribuir para a tomada de decisão no âmbito do Governo Federal e, principalmente, para o planejamento das ações de formulação e articulação das iniciativas de comunicação do Poder Executivo Federal. Essas pesquisas constituem importante instrumento de gestão e maximização de recursos, pois, ao aplicarem métodos e técnicas cientificamente válidas, permitem a construção de parâmetros para campanhas de comunicação institucional e de utilidade pública com foco e meios mais precisos, proporcionando assim a realização de resultados mais tangíveis e maior efetividade em relação aos objetivos propostos na política pública de comunicação. 3 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Além disso, as pesquisas realizadas pela SECOM oferecem um canal adicional de manifestação cidadã, pois oferecem à população a oportunidade de se expressar sobre o desempenho do Poder Executivo e sobre suas demandas mais prementes, o que confere uma aplicação vertical da noção de prestação de contas política (accountability), essencial ao funcionamento da democracia. A Legislação pertinente e informações adicionais podem ser consultadas na página da SECOM na Internet: www.secom.gov.br 1.2 Contrato da Pesquisa Contrato nº 001/2013. 1.3 Ordem de Serviço da Pesquisa Ordem de serviço 013/2015. 4 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa 2 Escopo da Pesquisa 2.1 Contexto Estapesquisa temcomopropósitodar seguimentoàsanálisesqualitativas iniciadas pela Assessoria de Pesquisa de Opinião Pública da SECOM/PR em 2013 acerca de temas da conjuntura brasileira, sob a ótica dedeterminados segmentosdasociedade,definidosporcritériosaplicadosnafasede recrutamento dos participantes. Nesta edição, a pesquisa concentrar-se-á nas percepções e expectativas dos participantes acerca da realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Brasil, seus prós e contras e o legado que este grande evento poderá deixar para o País; além de abordar outros temas da conjuntura nacional. Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos são o maior evento esportivo do planeta e ocorrem a cada quatro anos. Em sua próxima edição, ocorrendo pela primeira vez na América do Sul, os Jogos Olímpicos Rio 2016 reunirão cerca de 10.500 atletas de 205 países, disputando 306 provas com medalhas em 17 dias, de 5 a 21 de agosto. Na sequência, de 7 a 18 de setembro, a cidade do Rio de Janeiro sediará os Jogos Paralímpicos, que reunirão outros 4.350 atletas de 178 países, disputando 528 provas. Durante esse período de quase 1 mês de competição esportiva, os olhos do mundo irão se voltar para o Brasil e, em especial, para o Rio de Janeiro, que se tornará mais uma vez a vitrine do País. Além de estimular a difusão País afora de um espectro bastante diversificado de práticas desportivas, o que poderá inclusive incentivar a formação de novos atletas, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 deixarão um legado positivo não apenas para o Rio de Janeiro, mas para todo o País, ao promover a imagem do Brasil no mundo de modo semelhante ao que ocorreu em 2014 com a Copa do Mundo. Há agora uma nova oportunidade para dar visibilidade às nossas riquezas materiais e culturais. Faltando pouco mais de 400 dias para a abertura dos Jogos, é fundamental que o Governo Federal prepare uma estratégia de comunicação a tempo de sensibilizar os brasileiros para a importância deste evento. Para tanto, esta pesquisa tem o objetivo de colher sugestões e pistas que ajudarão a compor o tom, o formato e a linguagem a ser empregados em campanhas de divulgação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos dentro do Brasil, explorando alguns temas como: Qual a imagem que os brasileiros têm do seu próprio País? Sentem que o Brasil, e o Rio de Janeiro em particular, estão preparados para sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos? Quem são os responsáveis pela organização? A quem devem prestar contas? Como? Qual o significado/importância de cada uma dessas competições? Qual a expectativa/sentimento que possuem desse megaevento? Qual a sua relação com o Governo Federal? Como irão vivenciar esse 1 mês de competições? O que mudará em suas vidas? E na do País? Quais seus impactos econômicos? Qual será o legado da realização das Olimpíadas no Brasil, no médio e longo prazo? Em suma, esta pesquisa deve trazer subsídios para aprimorar a comunicação do Governo Federal em questões associadas aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, no momento em que é possível colher prospecções acerca dos cenários antes, durante e depois da realização desse megaevento. E fará isto levando em conta a visão não apenas dos residentes da cidade do Rio de Janeiro, mas de outras capitais do País; e sem deixar de relacionar as 5 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa opiniões à experiência recém vivenciada de sediar a Copa do Mundo em 2014, que, afinal, poderá contaminar algumas percepções. Além de tratar deste tema, serão pinçados assuntos que afetam o dia-a-dia dos cidadãos e que são centrais na agenda do Governo Federal, como a conjuntura econômica e a proposta de redução da maioridade penal. 2.2 Indicador de referência Não há. 2.3 Objetivo Geral Avaliar a percepção e as expectativas dos participantes com relação aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016e seu significado para o Brasil. 2.4 Objetivos Específicos Explorar as percepções acerca da imagem do Brasil, dentro e fora do País; do fato de o Brasil ser sede de uma Olimpíada; e de como o Brasil deve “vender-se” para atrair apoio dentro do País e mais turistas de fora; Compreender como os participantes avaliam o clima que antecede o início dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Brasil e prospectam o clima durante o evento; e se percebem o Brasil de agora igual ou diferente ao de 2016; Explorar se há diferença de percepções entre os Jogos Olímpicos e os Paralímpicos, em termos de seus legados para o País; Realizar discussão sobre as responsabilidades na preparação dos Jogos e na prestação de contas dos gastos, avaliando como os participantes creem que isto deve ser feito; Conhecer o modo como diferentes segmentos de público pretendem vivenciar as Olimpíadas, para além de assistirem às atividades desportivas; Explorar o entendimento da relação entre Olimpíadas e Governo Federal; Detectar a percepção dos participantes sobre potenciais impactos (benefícios e prejuízos) na sua vida e na do País e sua economia durante e após as Olimpíadas; Explorar as percepções dos participantes sobre a atual conjuntura econômica, relacionando-as com os cenários antes, durante e depois das Olimpíadas; Explorar a percepção dos participantes sobre a proposta de redução da maioridade penal, seu significado (prós/contras) e os efeitos sobre a segurança pública nas cidades em tempos de Olimpíadas; Elaborar subsídios para a comunicação de utilidade pública do Governo Federal com relação aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. 6 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa 2.5 Público Alvo Pessoas com mais de 18 anos; Ambos os sexos; Composição multirracial; Todas as classes econômicas (ABCDE); Localidades: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Recife, Salvador e Manaus. 7 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa 3 Métodos e Técnicas de Pesquisa 3.1 Técnicas de Pesquisa Pesquisa Qualitativa com grupos de discussão. Os grupos de discussão, mediados por um especialista, buscam estimular a livre manifestação associativa e a troca de opiniões de indivíduos que apresentam características relativamente homogêneas. O objetivo central do grupo focal é identificar percepções, sentimentos, atitudes e ideias dos participantes a respeito de um determinado assunto. 3.2 Plano Amostral A proposta de desenho metodológico foi a seguinte: Realização de 32 grupos focais nas cidades São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Recife, Salvador e Manaus com cerca de 8 participantes de perfis similares e orientados por um moderador, seguindo um roteiro não diretivo previamente discutido e aprovado pelo cliente. CIDADE SÃO PAULO BELO HORIZONTE RIO DE JANEIRO BRASÍLIA PORTO ALEGRE FAIXA ETÁRIA 18 a 25 26 a 39 40 a 55 26 a 39 18 a 25 26 a 39 40 a 55 40 a 55 18 a 25 26 a 39 40 a 55 18 a 25 18 a 25 26 a 39 40 a 55 26 a 39 18 a 25 26 a 39 40 a 55 26 a 39 CLASSE GÊNERO AB CD AB CD CD AB CD AB AB CD AB CD CD AB CD AB AB CD AB CD HOMEM MULHER MULHER HOMEM MULHER HOMEM MULHER HOMEM MULHER MULHER HOMEM HOMEM MULHER MULHER HOMEM HOMEM HOMEM HOMEM MULHER MULHER AVALIAÇÃO DAS OLIMPÍADAS A FAVOR A FAVOR CONTRA CONTRA A FAVOR A FAVOR CONTRA CONTRA CONTRA A FAVOR A FAVOR CONTRA A FAVOR CONTRA CONTRA A FAVOR CONTRA A FAVOR A FAVOR CONTRA Nº GRUPOS 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa SALVADOR RECIFE MANAUS TOTAL 18 a 25 26 a 39 40 a 55 18 a 25 18 a 25 26 a 39 40 a 55 40 a 55 18 a 25 26 a 39 40 a 55 18 a 25 CD AB CD AB AB CD AB CD CD AB CD AB HOMEM MULHER HOMEM MULHER HOMEM HOMEM MULHER MULHER MULHER HOMEM HOMEM MULHER A FAVOR A FAVOR CONTRA CONTRA CONTRA A FAVOR A FAVOR CONTRA CONTRA CONTRA A FAVOR A FAVOR 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 32 GRUPOS A composição dos grupos considerou as variáveis: classificação socioeconômica, gênero e idade para assegurar grupos homogêneos para que a dinâmica fluísse da melhor maneira possível. O planejamento levou em conta um desenho que permitia captar pontos mais ou menos divergentes e consensuais através das opiniões pró e contra a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Brasil, evidenciando possíveis diferenças segundo classe econômica, gênero e idade. 9 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa 4 Detalhamento do Roteiro de Pesquisa O roteiro de pesquisa foi elaborado pela equipe técnica do Instituto Análise em diálogo com os representantes da SECOM para troca de conhecimento e experiências. Buscou-se desenvolver um roteiro que pudesse responder às questões levantadas durante a descrição do problema. O roteiro foi preparado a partir de uma lista de questões a serem respondidas, as quais foram organizadas em grupos de tópicos e ordenadas em uma sequência lógica, conforme apresentado a seguir: Introdução: apresentação do(a) moderador(a) e dos participantes e explicação da dinâmica. Olimpíadas 2016: percepção acerca da imagem do Brasil, dentro e fora do País, do fato de o Brasil ser sede de uma Olimpíada; vantagens e desvantagens para o Brasil, benefícios e preocupações em relação ao evento. Clima que antecede as Olimpíadas: avaliação sobre o clima que antecede o início dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Brasil; percepção de como será o clima durante o evento; possíveis diferenças entre o Brasil de agora e o de 2016; como pretendem vivenciar as Olimpíadas; Ações empreendidas e atores envolvidos no evento: entendimento da relação entre Olimpíadas e Governo Federal; responsabilidades na preparação dos Jogos e na prestação de contas dos gastos, avaliando como os participantes creem que isto deve ser feito; Percepções sobre ganhos e perdas com as Olimpíadas: percepção sobre a atual conjuntura econômica, relacionando-as com os cenários antes, durante e depois das Olimpíadas; potenciais impactos (benefícios e prejuízos) na vida dos participantes e no País e sua economia durante e após as Olimpíadas; As Olimpíadas 2016 e a comunicação do Governo Federal:como deveria ser a comunicação sobre os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, o que precisaria ser informado; avaliar o modo como as informações devem sertransmitidas (quem deve anunciar, por quais meios de comunicação, de que forma); como o Brasil deve “vender-se” para atrair apoio dentro do País e mais turistas de fora; colher sugestões; Redução da maioridade penal:percepção dos participantes sobre a proposta de redução da maioridade penal, seu significado (prós/contras) e os efeitos sobre a segurança pública nas cidades em tempos de Olimpíadas; As primeiras versões do roteiro foram apresentadas pela equipe da SECOM, depois de discutidas internamente com os setores interessados. O teste para a aprovação do roteiro se deu no primeiro grupo de discussão e esse teste avaliou: 10 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Compreensão técnica; Tempo necessário para aplicação; Adequação das perguntas/provocações. O roteiro mostrou-se adequado aos objetivos pretendidos pela pesquisa. 11 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa 5 Detalhamento do Plano de Recrutamento O recrutamento dos grupos de discussão foi realizado mediante aplicação de um questionário estruturado contendo os filtros da pesquisa. Não foram recrutadas pessoas que tivessem participado de pesquisa qualitativa no último ano, assim como pessoas que trabalhem em atividades relacionadas com pesquisa e dinâmicas de grupo, tais como marketing, sociologia, psicologia, trabalho em agências de publicidade e propaganda, que atuem na área de comunicação e que sejam consideradas formadoras de opinião, dentre outras. Além disso, por se tratar de uma pesquisa para o Governo Federal, também não foram recrutados funcionários/servidores públicos e ocupantes de cargos administrativos e/ou de confiança de nenhuma esfera de governo. O recrutamento foi realizado utilizando duas técnicas: 1) Telefônica utilizando listagem e 2) Pessoal em pontos de fluxo nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Recife, Salvador e Manauscom equipes de profissionais experientes e qualificados. O Instituto Análise realiza regularmente pesquisas qualitativas nessas praças, utilizando-se de equipes de recrutadores e supervisores locais acompanhados por um supervisor do Instituto Análise para garantir que a metodologia da pesquisa seja aplicada uniformemente em todas as praças. Foram recrutados 12 participantes a fim de garantir a presença de no mínimo 8 pesquisados por discussão. Osgrupos aconteceram em locais equipados para este fim, com salas de espelho a fim de permitirem o acompanhamento do trabalho pelo cliente. Todas as reuniões foram gravadas em DVD, sendo que o recrutamento dos participantes esteve sob a responsabilidade do Instituto Análise. 5.1 Definição dos Participantes da Pesquisa O universo de estudo e composição dos grupos de discussão foram descritos no Briefing e confirmados no projeto de pesquisa apresentado à SECOM que requeria um mínimo de6 grupos de discussão. Tabela 1 – Distribuição do total de grupos por região e classificação socioeconômica Região Sudeste Nordeste Sul Centro- oeste Norte Brasil Grupos Classe AB Classe CD Perfil 12 8 4 4 4 32 6 4 2 2 2 16 6 4 2 2 2 16 Grupos segmentados por faixa etária, classificação econômica, gêneroe avaliação das olimpíadas. 12 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa 6 Detalhamento dos Procedimentos Adotados nos Trabalhos de Campo Os trabalhos de campo iniciaram após a aprovação do roteiro e perfil dos entrevistados. 6.1 Estrutura de Campo e Equipe Técnica Profissional Recrutador Função Recrutar os participantes. Coordenador de campo Realizar treinamento e supervisionar todo o trabalho de campo. Verificador Avaliar meta de produção e checagem do perfil dos participantes. Fazer o CRQ – Controle de Qualidade no Recrutamento junto a ABEP. Perfil Quantidade 8 2 Profissionais com conhecimento, experiência, sensibilidade e critério. 2 6.2 Conclusões dos Trabalhos de Campo A logística do projeto levou em consideração equipes de recrutadores e supervisores locais acompanhados por um supervisor do Instituto Análise para garantir que a metodologia da pesquisa fosse aplicada uniformemente em todas as cidades. O recrutamento e a seleção dos entrevistados foi um processo cuidadoso e rigoroso. Para garantir a qualidade do recrutamento, antes da realização dos grupos foram adotados os seguintes procedimentos: Consulta do participante no CRQ – Controle de Qualidade no Recrutamento; Conferência do documento de identidade original com foto (RG, Carteira Nacional de Habilitação) do participante; Logo após a realização dos grupos, as informações do CRQ foram completadas, assim como o status de participação do candidato. No dia da realização dos grupos, os participantes passaram por uma nova checagem dos filtros para confirmação do perfil. O processo de recrutamento transcorreu sem prejuízo ao objetivo final da pesquisa. 13 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa 7 Análise dos Resultados da Pesquisa 7.1 Olimpíadas: Associações e Significados O tema “Olimpíadas”, quando explorado de forma genérica, desperta associações predominantemente positivas, que remetem ao repertório que as pessoas possuem do histórico do evento em suas vidas. Esse olhar muda de prisma quando as discussões se voltam para as Olimpíadas Rio 2016 que, como veremos posteriormente, aparece envolta por opiniões e significados mais complexos, totalmente vinculados ao contexto atual que o país vive. Dessa forma, parece que há duas Olimpíadas na cabeça dos cidadãos: Uma que pertence ao passado, que faz parte de um imaginário revestido de entusiasmo e apreço pelo universo esportivo. São as Olimpíadas com sua simbologia original: a união dos povos em torno do esporte; A outra se refere ao evento a ser realizado no Brasil, ainda vista de forma extremamente distanciada e permeada pelo sentimento de desmotivação. Pensando na primeira, nas Olimpíadas em sua concepção geral, foram apreendidas associações bastante positivas: “Ela surgiu como uma competição para ver quem são os melhores de cada país, depois ela veio contribuir em termos de união. Uma festa onde se une todas as nações. O mais bacana em tudo isso é a confraternização.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Manaus) “Significa felicidade, união, as diferenças deixadas de lado. Todo mundo vira uma nação.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, AB, São Paulo) 14 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “Eu acho que é o momento pra você parar de prestar atenção em muitas coisas que estão acontecendo e focar num evento que traz essa questão da união, da solidariedade, de você estar, na época, lutando por algo. Era um momento de paz enquanto haviam muitas guerras, então trazia um pouquinho mais de esperança.” (Favorável às Olimpíadas, 18 a 25 anos, feminino, CD, Brasília) “Pra mim simboliza a união dos povos. Porque é onde as diferenças são deixadas de lado. Todo torcedor em prol do esporte.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Um evento que une mais de 200 países, culturas. O próprio símbolo da Olimpíada fala isso, aqueles arcos. São os 5 continentes. O circulo é o sinal do equilíbrio. Os 5 círculos unidos um ao outro quer dizer que cada continente está em equilíbrio exato com o outro continente. O esporte faz isso.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, CD, Rio de Janeiro) “Eu penso na aliança entre os continentes através do esporte, algo construtivo.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Salvador) 7.1.1 O Olhar sobre as Olimpíadas no Brasil Já o olhar sobre as Olimpíadas Rio 2016 é composto por diversos espectros, que se mesclam e se diferenciam conforme o segmento investigado: Perfil Aprovam as Olimpíadas no Brasil: Independente dos problemas conjunturais percebidos no presente e muitas vezes também projetados para o momento das Olimpíadas, os participantes enxergam o evento como promovedor de oportunidades para o país e para o incremento do esporte nacional. Contudo, essa visão notadamente mais favorável aparece condicionada à forma pela qual o Brasil irá conduzir e se apropriar dessa oportunidade: “Não deixar faltar nada, deixar tudo perfeito: transporte, segurança, tudo. Vai ter que ter uma estrutura bem formada para atender a demanda.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, São Paulo) Quanto à condução, esperam um país-sede “preparado”, bem organizado e, sobretudo, inclusivo. Ressaltam a importância de integrar brasileiros, estrangeiros e pessoas com deficiênciaem igual medida e rejeitam profundamente a imagem de “evento para os gringos”, sendo esse um residual negativo deixado pela Copa do Mundo de 2014. No que diz respeito à apropriação projetada, as expectativas são de que o Governo Federal, juntamente às demais esferas governamentais e à iniciativa privada, utilizem o evento como mola propulsora para o incentivo ao esporte nacional. Esperam investimentos e ações de incremento esportivo contínuas, duradouras e solidificadas, como afirmam acontecer em outros países. 15 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “Se o governo souber aproveitar, fizer um incentivo, um programa ou projeto que faça projetos de incentivo aos esportes nas favelas, nos locais mais escassos. Não somos o país do futebol há uns 10 anos, vem decaindo muito. Essa identidade que o brasileiro tem com o futebol é muito boa, mas vem decaindo. Incentivar outros esportes é muito válido.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, AB, São Paulo) Além disso, para os favoráveis ao evento, as Olimpíadas no Brasil têm boa receptividade, porque há a oportunidade de melhorias para o Brasil, principalmente em infraestrutura. Porém, compartilham com aqueles desfavoráveis ao evento, a preocupação de que possa haver desvio de dinheiro, superfaturamento nas obras e ausência de retorno para a população. Ou seja, a Olimpíada no país pode ser positiva desde que o Governo Federal faça os investimentos necessários de forma idônea e deixe, efetivamente, um legado para os brasileiros. “Vai ter bastante investimento para o Rio. Vai ter investimento, propaganda para os outros países, atrair investimentos. Vai ser uma propaganda boa.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, São Paulo) “Traz uma imagem melhor para o Brasil, contanto que tudo seja bem organizado.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, São Paulo) Embora hoje se manifestem distanciados do evento, são entusiastas esportivos e declaram que, no momento próximo ao início dos jogos olímpicos, irão acompanhar aquelas modalidades preferidas e torcer pelo Brasil. Lamentam o alto valor dos ingressos que impede de acompanhar as competições/jogos de perto, mesmo nas cidades que sediarão apenas jogos de futebol, sendo esse um dos pontos bastante criticados em todos os segmentos e em todas as praças investigadas; Observa-se que, concretamente, os pesquisados não possuem informação sobre os preços dos ingressos ou sobre o sistema de sorteios de lotes com preços mais acessíveis. A ideia de que os valores praticados não serão permissivos para a grande maioria da população brasileira ancora-se na imagem de preços “abusivos” da Copa do Mundo, mas não há conhecimento real de como serão nas Olimpíadas. Apesar da contrariedade com esse ponto, mostram-se dispostos a assistir as modalidades preferidas pela TV. A “paixão pelo esporte” parece falar mais alto para uma boa parcela dos entrevistados desse segmento (comportamento esse compartilhado por parcela do segmento que ‘Desaprova as Olimpíadas’). “Todos aqui na mesa não estão satisfeitos com o cenário do governo, mas todo mundo é a favor do Brasil ter um evento como esse e torcer. Todo mundo vai torcer. A comoção do esporte. Então não vai misturar as duas coisas.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) 16 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “Essa alegria que eu acho interessante do povo brasileiro, mesmo em situação difícil o povo pára e assiste, eles gostam. A gente tem interesse em ver as medalhas. Quando tem brasileiro a gente assiste. O brasileiro torce junto.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Manaus) “Pelo que o Brasil está vivendo atualmente na economia, está um pouco pensando “que crise é essa?”, mas começa os jogos e todo mundo esquece e vai torcer mesmo, não vai ter jeito.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) Os pesquisados da capital carioca, favoráveis ao evento, demonstram entusiasmo ao pensar nas Olimpíadas. Acreditam que o evento trará ainda maior visibilidade para o Rio de Janeiro e fará sua economia girar, sendo essa expectativa permeada por algumas nuances: As mulheres das classes C e D são as maiores defensoras, pois veem uma oportunidade de melhoria não só para a cidade, mas para elas próprias a partir da geração de empregos e possibilidade de qualificação profissional. Além disso, ressaltam a oportunidade de haver interação com pessoas de outros países e culturas; Entre parcela dos pesquisados das classes A e B e também algumas mulheres das classes C e D, existe a opinião de que as Olimpíadas têm tudo a ver com o Rio de Janeiro, pois a cidade tem a geografia propícia para sediá-las. Além disso, o evento gerou a oportunidade de realizar obras de mobilidade urbana que não teriam sido feitas sem este “fator motivador” – reconhecendo que lhes deixará um legado. “No Rio de Janeiro acredito que vai deixar alguma estrutura que será aproveitada futuramente.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Tenho dois filhos, eles vão assistir às Olimpíadas agora para aprender alguma coisa no futuro.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, CD, Recife) “Apesar da crise, vai ser bom. Vai ser bom porque as pessoas vão valorizar mais o esporte. Eles estão trabalhando muito no Rio, está ficando muito bonito.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Manaus) “Eles estão preparando a cidade para o evento. É uma questão de arrumar a casa, porque o Brasil não tem o hábito de arrumar sem motivo, a gente só arruma a casa quando vem uma visita.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Rio de Janeiro) “Acho que abre os olhos de muitos jovens para o esporte. Eles participam, mesmo que indiretamente, vão assistir, acompanhar; aquilo o estimula que pode chegar a algum lugar, mesmo que não chegue. Isso é uma forma de orientação, pena que eu ache que falta incentivo para o 17 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa pessoal daqui.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, AB, Salvador) “Eu acho ótimo, eu acho que vai gerar muito emprego. Muito turista. A parte de hotelaria vai gerar muito emprego, principalmente na minha área, cozinheira, serviços gerais, camareira.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Rio de Janeiro) “Vai gerar novos empregos na hotelaria e diversas outras atividades. E a divulgação da cidade do Rio lá fora.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Rio de Janeiro) Perfil Desaprovam as Olimpíadas no Brasil: Esse segmento demonstra baixíssimo envolvimento com o evento, bem como baixíssima predisposição a um olhar mais amistoso acerca de qualquer tema que envolva a sua realização no país. O tom é de críticas, negativismo e pessimismo. Há um forte sentimento de insatisfação com a situação econômica atual. As queixas se direcionam aos aumentos da energia, dos combustíveis, dos alimentos e do custo de vida em geral; além da manifesta indignação com os escândalos de corrupção na Petrobrás. Esse conjunto de problemas faz com que todos considerem o momento muito inoportuno para a realização do evento, sendo recorrentemente verbalizada a opinião de que “essa não era a hora para se fazer as Olimpíadas no Brasil”. A frustração com o atual estado de problemas do país, que acreditam ter, em parte, sido acarretados pelos gastos excessivos com a Copa do Mundo, é uma constante no discurso desses participantes. A crença predominante é de que “muito se gastou”, pouco se obteve de retorno e, hoje, a crise vivenciada no país é, ainda que parcialmente, fruto dos gastos e supostas corrupções relacionadas ao evento futebolístico de 2014. Além de o momento ser considerado inadequado, há muita preocupação com os gastos que estão sendo feitos. Há uma opinião quase unânime de que o país não poderia estar fazendo estes investimentos agora, deveria sim estar investindo este dinheiro em áreas prioritárias como saúde e educação. Na visão desse segmento, o “Brasil das Olimpíadas” é um país “maquiado”, um país que deveria investir em serviços públicos de qualidade, ao invés de gastar tanto com instalações esportivas. Mostram-se indignados ao levantar suspeitas quanto ao superfaturamento das obras para realização do evento, o que potencializa a rejeição ao acontecimento olímpico de 2016. “Com a crise você não tem incentivo. O que vai mudar em minha vida? Vai continuar aumentando tudo. Que prazer terei em assistir sabendo que foi investido o dinheiro, quando poderiam ter feito outra coisa com ele. Não tem graça, não tem motivação de dizer: ‘Bah! Legal, vai ter Olimpíadas!’sabendo que no mês que vem a luz vai aumentar, porque gastaram um monte.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a39 anos, CD, Porto Alegre) 18 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “Tantas coisas em que pode se investir dinheiro como educação, saúde pública, que está um caos. Deveriam investir o dinheiro nisso, não nas Olimpíadas.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Porto Alegre) “A Olimpíada não será solução para nada. Se esses investimentos nas Olimpíadas fossem para outras áreas, seria uma solução muito melhor do que investir em estádios.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Rio de Janeiro) “O dinheiro que poderia ser usado para outra coisa fica sendo utilizado para isso. O Brasil está em um momento péssimo, não acho que agora seja o momento de fazer essas coisas. Estamos em uma crise, a saúde está um caos. Agora eu acho que não é o momento.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a39 anos, CD, Porto Alegre) “É um investimento que não tem retorno. O retorno que tem vai pro bolso dos políticos e para o bolso das empresas que estão investindo, mas não pra nação brasileira. Para quem precisa, esse dinheiro não vai.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, CD, Recife) “Eu acho que o maior legado da Copa foi a corrupção, desvio de dinheiro, uso do dinheiro público para bens particulares de empreiteiras e políticos. As Olimpíadas é como se aproveitassem esse know-how para mais corrupção.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Belo Horizonte) Como já mencionado, a memória recente da Copa do Mundo contribui bastante para a rejeição aos Jogos Olímpicos. Remontam à lembrança de que, para a Copa, foram feitos investimentos exagerados, supostamente superfaturados e, hoje, alguns dos estádios construídos estariam ociosos ou subaproveitados. Da mesma forma, muitos dos investimentos prometidos como legado da Copa não teriam se concretizado: Em Recife, citam o BRT, que estaria até hoje com estações inacabadas e funcionando em condições precárias. A própria Arena Pernambuco é vista como uma obra desnecessária, de difícil acesso para a população e que, hoje, estaria ociosa; Em Belo Horizonte, apontam as obras inacabadas no aeroporto de Confins e em algumas avenidas/viadutos de acesso à Arena Mineirão; Em São Paulo, citam a não conclusão da Arena Itaquera dentro do prazo estipulado; Em Brasília, em Porto Alegre e em Salvador, alguns pesquisados tecem críticas referentes ao subaproveitamento dos estádios Mané Garrincha e Arena Manaus; No Rio de Janeiro, há insatisfação quanto às instalações feitas para a Copa do Mundo em todo o Brasil, consideradas subaproveitadas atualmente, bem como quanto às instalações abandonadas feitas para o Pan realizado na capital carioca; 19 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Em Porto Alegre, há relatos de que muitas obras prometidas para a Copa estão, até hoje, inacabadas, prejudicando a mobilidade urbana na capital gaúcha. Dessa forma, junto a esse segmento, o legado da Copa do Mundo foi predominantemente negativo e, na atual conjuntura, se mostra determinante na definição dos ânimos nitidamente contrários à realização dos Jogos Olímpicos no Brasil. “A gente está na maior decepção com o nosso país com relação às coisas que vem acontecendo, então quando vem algo que poderia ser o auge da nossa alegria, não é. A gente olha várias coisas faltando. Como se alegrar com o esporte se tem tanta coisa faltando no nosso país?” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) “É muito investimento numa área que não tem que ser nosso foco hoje. Não vai ter um retorno, vai vir turista, vai aumentar preço, fica tudo caro, às vezes vai ter que aumentar imposto pra cobrir o que gastou construindo, reformando. É um investimento que não tem retorno.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Construíram um estádio em Brasília, mas lá não tem time de futebol. Eles fazem elefantes brancos que não são utilizados para nada. Obras superfaturadas.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Porto Alegre) “A cidade ainda está toda parada, não terminaram nada que seria para a Copa, daí já vêm as Olimpíadas no ano que vem, não vão terminar tudo de novo. Fizeram tudo correndo, algumas coisas deixaram pela metade, agora terão que gastar muito mais do que o previsto. Antes eu era a favor da Olimpíada, depois da Copa sou totalmente contra. Agora temos engarrafamentos em todos os horários.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Porto Alegre) “Nós já tivemos uma amostra com a Copa, que deixou uma crise que a gente está pagando por ela. A gente nem esperava tanto, a gente esperava sucesso, a economia melhorar, mas não foi isso que a Copa deixou para a gente. Teve muito gasto e com isso nossa saúde ficou precária. Abriram as portas para a corrupção.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, CD, Belo Horizonte) Mesmo que taxativos aos afirmar que a situação do país impeça maior entusiasmo, também aqueles que ‘Desaprovam as Olimpíadas’ entendem que, já que não é possível voltar atrás, o melhor é aproveitar o que o evento trará de positivo. Embora desmotivados, admitem que, quando chegado o momento dos Jogos Olímpicos, entrarão no clima e acompanharão as suas modalidades preferidas pela TV. “Já que vai acontecer, já que não temos opção é melhor abraçar a causa e tentar que saia da melhor maneira possível.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, CD, Belo Horizonte) “Apesar de ser contra, achar absurdo os gastos, quando está em jogo e o pessoal está lá disputando medalha, você acaba que se envolve também 20 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa e acaba torcendo e entrando na festa.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Eu acho que quando chegar mais perto todo mundo se contagia. A gente está preocupado no momento com a crise mas ainda falta muito tempo. Todo mundo se anima quando chega na época.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Eu já vejo que em agosto vai estar todo mundo no oba-oba, em festa, naquela alegria. O brasileiro gosta disso, de festa. Então eu acho que o Brasil vai estar alegre, pode estar ferrado, sem dinheiro, sem nada, mas vai estar alegre.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Brasília) “Eu acho que ainda existe o patriotismo, na hora você vai se empolgar. A seleção brasileira está péssima, mas todo mundo quer ver. Ainda existe um restinho de patriotismo.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Belo Horizonte) “Quando chegar as Olimpíadas, a gente esquece que a luz aumentou não sei quantas vezes, que a água aumentou e todo mundo vai entrar no clima. Porque isso é do Brasil.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, CD, Recife) “Quando começar, você entra no clima, fazer o quê? É tanta coisa focada naquilo, você acaba decorando o nome dos atletas. Quando tiver mais perto o pessoal vai começar a se ligar mais.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, AB, São Paulo) “A Olimpíada é um momento. O brasileiro vive aquele momento. Enquanto está tendo as Olimpíadas, está passando todos os esportes, há todo aquele entusiasmo. Depois que acaba ninguém lembra que medalhas o Brasil ganhou. É uma coisa só do momento. Todos os brasileiros vivem só aquele momento. Acabou, passou.“ (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) 7.2 O Clima que Antecede as Olimpíadas Em todas as praças pesquisadas, o clima que antecede à realização dos Jogos Olímpicos de 2016 é de enorme distanciamento. Os pesquisados declaram que, diante de inúmeras preocupações do dia-a-dia, diante das incertezas com a situação econômica do país, não existe “cabeça” para se pensar em Olimpíadas, tampouco para se comemorar o Brasil com o título de país-sede. Além do distanciamento pessoal relatado pela maioria dos participantes, eles afirmam não estarem ouvindo comentários acerca do evento no seu entorno. Também não estão vendo por parte da mídia uma cobertura, mesmo que inicial, minimamente entusiasmada ou com caráter mobilizador. Entre todos os segmentos e em todas as praças estudadas, não foi apreendida a intenção de acompanhar presencialmente os jogos de futebol que acontecerão nas capitais-sede. O 21 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa preço dos ingressos é tido como impeditivo e não há intenção de obter maiores informações sobre o sistema de sorteios de ingressos mais acessíveis no presente momento. (A única exceção se deu em Brasília, onde apenas um dos pesquisados do grupo masculino AB relatou já estar com ingressos comprados para acompanhar algumas provas olímpicas na capital carioca). Também entre os moradores da cidade do Rio de Janeiro, ainda há distanciamento entre a maioria dos pesquisados. Compartilham com os moradores das demais praças investigadas o sentimento de não haver clima para pensar no acontecimento olímpico no momento, dada a crise econômica que assola o país. Além disso, a impossibilidade de acesso às competições, considerando-se o preço alto dos ingressos, colabora significativamente para o baixo envolvimento. “Os ambientes reformados deveriam ser para o uso da população, mas isso não acontece. É uma coisa feita para fora, o valor dos ingressos é absurdo, não é possível para o brasileiro. Não vai ser uma coisa acessível para a maioria da população.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Rio de Janeiro) “Na Copa todo mundo se preparava um tempo atrás, saía para comprar camiseta, ingresso, isso tudo... Como a Olimpíada vai ser no Rio, acho que aqui em Brasília ninguém está dando essa importância para o evento agora. Próximo é claro que vai ter a galera mais agitada.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “O evento não é pra todos. Se tivesse condições de todo mundo participar, seria uma grande festa. Mas você não tem condições de pagar 300, 400 reais num ingresso. Eu estou falando das condições não só minhas, mas eu acredito da maioria aqui.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Brasília) “Eles não fazem ingressos para o povo do Brasil, mas para os turistas, para eles gastarem. Os ingressos são caríssimos e, por mais que você queira prestigiar, não vai gastar. Você tem que comer, tem que se vestir, tem a saúde. Com tudo aumentando, com o desemprego, você não vai comprar ingresso de 300, 400 reais.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Porto Alegre) “Um fato que ficou claro na Copa: a maioria das pessoas que foram aos estádios não foram brasileiros porque o preço dos ingressos foram altíssimos. Então acaba sendo um evento que abrange muito mais turistas do que nós brasileiros, pois os preços são um absurdo. O que adianta ter um evento na sua cidade, mas não poder participar? Assim também vai ser nas Olimpíadas.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) Em todas as praças, excetuando-se o Rio de Janeiro onde o leque de preocupações é maior, os únicos receios quanto aos riscos de “algo dar errado” no evento dizem respeito à segurança pública e à mobilidade urbana na capital carioca durante o período de provas/jogos olímpicos. Contudo, passado um primeiro momento, esses temores são 22 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa rapidamente dissolvidos ao serem lembradas as soluções bem sucedidas apresentadas na Copa do Mundo. Creem que, assim como na Copa, haverá maior efetivopolicial e que haverá uma organização do trânsito capaz de assegurar eficazmente o fluxo de visitantes até as arenas ou outros locais onde ocorrerão as provas olímpicas. “Quando chegar lá vão ter de colocar exército nas ruas, polícia, mascarar ao máximo a nossa realidade... Fica uma coisa bem mascarada, eles escondem andarilhos, pedintes. Quando acaba tudo volta ao normal e até pior.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Belo Horizonte) Particularmente em Brasília, o público masculino AB favorável às Olimpíadas ressalta a experiência da cidade do Rio de Janeiro em recepcionar grandes eventos. Citam os Jogos Pan-Americanos e a Jornada Mundial da Juventude como exemplos da capacidade da cidade “entregar” um belo espetáculo. Para esse público, esse referencial de eventos bem-sucedidos funciona como aval balizador das expectativas de sucesso das Olimpíadas 2016. “Eu acho que a sede das Olimpíadas, que foi o Rio de Janeiro, foi bem escolhida, porque o Rio de Janeiro é uma cidade acostumada a fazer grandes eventos. Além das Olimpíadas, teve o Pan-Americano, teve a Jornada Mundial da Juventude, 1 milhão e pouco de jovens em Copacabana. Então é uma cidade que sabe preparar eventos. Se fosse, por exemplo, uma cidade como São Paulo que não é acostumada a fazer megaeventos como o Rio de Janeiro, a gente ficava preocupado, se fosse Brasília... Mas o Rio de Janeiro é calejado pra esses eventos.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) Já os pesquisados da capital carioca, quando questionados a respeito do que os preocupa no que concerne à realização do evento, compartilham alguns temores apreendidos nas demais praças, embora possuam um leque maior de receios e preocupações: A priori, apontam a segurança pública como questão mais preocupante. Estão bastante assustados com a criminalidade e, apesar de reconhecerem que haverá reforço do policiamento durante o evento, acreditam que as atenções estarão voltadas somente para o entorno das instalações onde acontecerão os jogos/provas, ficando os outros bairros desassistidos; A mobilidade urbana também é mencionada, creem que a demanda aumentará muito e algumas obras não ficarão prontas a tempo, como o metrô até a Barra da Tijuca, citado pelos participantes das classes A e B. Por outro lado, acreditam que o movimento de carros poderá ser menor, pois muitos não trabalharão no período, o que minimizará o impacto sobre a mobilidade; Alguns apontam que os serviços de saúde, já precários, tenderão a ficar ainda piores diante do aumento da demanda (o que não é consensual, pois muitos acreditam que haverá um esforço redobrado para que tudo dê certo); 23 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa A lentidão em algumas obras e programas não cumpridos, como a despoluição da Baia de Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas, assim como as obras de extensão do metrô, são frustrantes e envergonham; Em geral, há, entre os cariocas, uma grande preocupação com a imagem que o Brasil e sua cidade transmitirão ao mundo. “Está bem devagar. Tem que melhorar muito. O ritmo das obras está lento. Falta só um ano e tem muita coisa para ser feita ainda. Eu acho que só a partir de Janeiro que eles vão acelerar.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Rio de Janeiro) “O metrô não ficará pronto, nem a despoluição. A despoluição não vai ficar mesmo, está decretado. A Lagoa Rodrigo de Freitas não vão conseguir também. O vôlei será no Maracanãzinho, mas ainda não fizeram nada lá.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Rio de Janeiro) “Preocupo com o que as pessoas vão achar. A minha preocupação maior é a violência. Tem muita criança de rua, morador de rua, isso é uma imagem negativa. Os viciados em crack.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Rio de Janeiro) “A única coisa que eu espero muito do Rio de Janeiro é que a segurança esteja explodindo e que isso permaneça depois das Olimpíadas. A fase atual assusta, está complicado. Nos bairros onde vão acontecer as Olimpíadas, há pouco tempo aconteceram casos ruins. Quando tiver próximo com certeza a segurança vai estar maior.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Rio de Janeiro) “A maior preocupação é a violência. Mas vai funcionar para esse evento. Lembra da ECO 92? Nunca vi tanto policial na rua.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Rio de Janeiro) “Sou a favor da Olimpíada, mas nossa limpeza da Baía de Guanabara foi planejada, já depositaram dinheiro novamente e a roubalheira começou de novo. Isso foi há 6 anos, mas não fizeram nada. E nem vão fazer.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Rio de Janeiro) 7.2.1 Projeção Conjuntural para o Período do Evento A opinião no que diz respeito à situação que o Brasil estará na época das Olimpíadas também é diferenciada entre os grupos que são favoráveis e os que são contrários ao evento: Há uma visão mais otimista sobre o futuro do país entre aqueles que ‘Aprovam as Olimpíadas’. Manifestam a esperança de que o país saia da crise, mesmo que não totalmente, e volte a crescer em 2016. Ou ainda, há expectativa de que o evento sirva para elevar a autoestima do brasileiro que, devido às dificuldades econômicas e incertezas enfrentadas no presente, apresenta-se em baixa; 24 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Entre aqueles que ‘Desaprovam as Olimpíadas’, a visão é nitidamente pessimista. Acham que a situação do país estará pior, com a deflagração de mais escândalos de corrupção, aumento no número de desempregados, aumento na tarifa de energia elétrica e crescimento da inflação. Não veem a perspectiva dos Jogos Olímpicos acenarem com algum tipo de solução, apenas como um alento paliativo para os estados de ânimos indignados de parcela significativa dos cidadãos brasileiros. “Eu acho que a gente vai estar bem melhor, porque o desemprego hoje está horrível, os comércios não estão vendendo. Acho que pode melhorar no período das Olimpíadas.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Rio de Janeiro) “Até lá a economia vai estar melhor, o país com situação melhor. Se tiver que acontecer alguma obra, com certeza, o brasileiro vai dar um jeitinho de fazer aquilo dar certo, pois é o nosso jeito de ser.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Belo Horizonte) “Estamos num período de transição, mas eu acredito muito que vai melhorar.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, AB, Recife) “Talvez a Olimpíada sirva para amenizar isso tudo. Amenizar a situação financeira do país trazendo mais lucros.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, AB, Porto Alegre) “Acho que vai ser muito bom para o Brasil. Vai melhorar a crise, a inflação. Acho que o país todo melhora. Vai ser um Brasil de cara nova, é o que esperamos.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, São Paulo) “Eu acho que o espírito do brasileiro vai melhorar, porque a gente está cabisbaixo com tudo que vem acontecendo, e quando a gente vê uma competição a nível mundial, a gente acaba se envolvendo e levando a vida de uma forma mais leve.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Rio de Janeiro) “O Brasil não vai querer mostrar a cara feia dele, já que o mundo inteiro estará vendo. Até lá eles vão melhorar, mas depois que acabar as Olimpíadas vai voltar ao normal.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Belo Horizonte) “Vai tirar a população do foco da crise, mas assim que acabar os festejos volta tudo de novo, até pior. Estava passando uma reportagem, outro dia, falando que a economia só iria melhorar no início de 2018.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) “Eu acho que pelo tamanho do rombo, o Brasil não vai estar bem. O Brasil deu uma parada. Eu acho que um ano é muito pouco para o tamanho do rombo.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Manaus) 25 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “A tendência é piorar. A gente já vem pagando os gastos da Copa, está saindo tudo do nosso bolso. Eles precisam de mais dinheiro para terminar as coisas para as Olimpíadas e vai sair do nosso bolso de novo.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, CD, Belo Horizonte) “Não estou conseguindo ver uma melhora do jeito que está o Brasil. Lógico que eu gostaria que estivesse melhor, mas a crise está forte. Não vejo como eles vão conseguir ajeitar as coisas nesse tempo: diminuir inflação e tudo. Acho que o governo continuará nessa mesma bola de neve.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Porto Alegre) “O que está acontecendo hoje faz a gente pensar que vai estar pior... Eu acho que a gente está só no começo da crise, crise econômica, política. Daqui um ano vai estar bem pior.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Belo Horizonte) “O pessoal já foi iludido com a Copa, não será com as Olimpíadas. As pessoas só vão mudar de opinião se tiverem um ótimo motivo: mudar a política, a inflação abaixar. Mas tem pouco tempo para isso.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Porto Alegre) 7.3 Ações Empreendidas e Atores Envolvidos no Evento 7.3.1 A Escolha do Brasil como País-Sede A escolha do Brasil para sediar o grande evento desperta diferentes olhares, ora mais pragmáticos, ora mais especulativos: Entre alguns entrevistados de todos os perfis pesquisados, a escolha se deu por sorteio, tendo o Brasil apresentado os pré-requisitos necessários para disputar o título de país-sede; Entre o público das classes A e B, a crença é de que a escolha se deu por “forças políticas”, estando o Brasil àquela altura da escolha numa situação consideravelmente melhor projetada aos olhos externos do que se encontra na atualidade; Já para os participantes das classes C e D, o país estava em uma fase econômica muito boa na época em que foi escolhido como sede, o que teria justificado a sua eleição. 7.3.2 Ações Empreendidas e Atores Envolvidos Há baixíssimo conhecimento acerca das ações empreendidas para a realização dos Jogos Olímpicos. Em geral, as informações se restringem à construção da Vila Olímpica, à reforma de alguns estádios no Rio de Janeiro e, em algumas praças, à limpeza da Baía da Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas e à construção de algumas arenas/pistas para esportes específicos. 26 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Em Recife, Salvador, Manaus e em Brasília, um assunto citado de forma recorrente foi o projeto de despoluição da Baía da Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas, que não ficaria pronto a tempo e estaria comprometendo a realização das provas náuticas. Em São Paulo, onde o grau de conhecimento sobre as ações realizadas para as Olimpíadas também se mostrou bastante reduzido, foram citadas melhorias no metrô do Rio de Janeiro, a construção de alojamentos que provavelmente virarão moradias populares e a despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas, que talvez não seja concluída a tempo do evento. “Na época em que o Brasil foi escolhido tanto para a Copa e depois para as Olimpíadas, o Brasil estava crescendo, se desenvolvendo muito rápido, teve uma abertura no mercado econômico, estava bem. O cenário político era diferente.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Manaus) “Na época que o Brasil foi eleito tinha a Copa do Mundo a ser realizada, a economia estava boa. O Brasil era o país do momento. Acabou não se revelando isso, andamos para trás. Um monte de crise estourou.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, CD, Rio de Janeiro) “Eu acho que a divulgação das Olimpíadas é péssima. Não tem marketing. O único marketing que tem é negativo, tipo a obra tal do metrô, ou do estádio lá está sendo superfaturado, está atrasada.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Eu acho que pelo momento que o Brasil estava vivendo, teve um pouco de força política. Quando o Brasil se candidatou, na economia estava tudo certo, todo mundo olhando com outros olhos.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Não se fala nem da quantidade de empregos que as Olimpíadas estão gerando, pode até gerar mesmo, mas você não ouve comentários.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Belo Horizonte) “Onde vai ser a competição de canoagem tem de despoluir, até agora eles nem começaram. Eles fizeram um projeto bom, mas ainda nem começou.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Manaus) “A despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas, eles não vão conseguir fazer. Uma coisa que era pra ser positiva acaba sendo negativa.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) Quanto aos atores envolvidos na realização do evento, também há conhecimento vago e difuso. O maior conhecimento se dá acerca da participação do Governo Federal e do Comitê Olímpico Internacional. De forma mais isolada e pontual, são mencionados o Ministério dos Esportes, o Comitê Olímpico Brasileiro e os Governos Estadual e Municipal do Rio de Janeiro. 27 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “Acho que o Governo Federal faz o alicerce. O Comitê Olímpico vem nessa demanda de cobrar do governo essa realização perfeita. O Ministério estará agindo junto ao governo, claro que mais focado na situação do esporte. Acho que eles promovem o esporte e a cultura através da divulgação, da propaganda propriamente dita.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, AB, Salvador) “Acho que o Governo Federal é responsável por captar recursos para que seja naquele local que foi determinado. Foi ele que trouxe e fez a candidatura. Acho também que é responsável por mostrar que tem a capacidade de fazer.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, CD, Recife) O Governo Federal é visto como principal responsável pela realização do evento, mas os participantes também atribuem papel importante aos governos estadual e municipal do Rio de Janeiro e ao Comitê Olímpico Internacional e, em última instância, ao Comitê Olímpico Brasileiro. Mesmo sem muita clareza, os pesquisados assim imaginam a atribuição dos papéis: Governo Federal: o Responsável pela candidatura e por tudo o que diz respeito ao financiamento do evento; o Alguns também citam como responsabilidade do Governo Federal a garantia da segurança. Comitê Olímpico Internacional: o Responsável pela: - Avaliação da aptidão do país para recepcionar as Olimpíadas; - Organização, divulgação, normatização do evento; - Fiscalização das obras de infraestrutura que estão sendo realizadas. Governos Estadual e Municipal do Rio de Janeiro: o Responsáveis por dividir com o Governo Federal a realização de algumas obras de infraestrutura; o No caso específico do Governo Estadual, responsável por promover a segurança pública para o evento. Comitê Olímpico Brasileiro o Foi citado pontualmente e apreendido baixíssimo conhecimento sobre suas atribuições: 28 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa - Alguns imaginam ter responsabilidade sobre a equipe olímpica brasileira. “O Governo Federal financia as obras. Mas para isso tudo vai precisar da assinatura da Presidente, sem o alvará dela não tem investimento. Isso tudo foi lá atrás, antes da Copa. Grande parte do financiamento vem do Governo Federal, também tem a parte do Governo Estadual e Municipal, mas esses dois últimos ficam mais com a parte da execução.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Rio de Janeiro) “O Governo Federal que contrata, que faz a licitação pra fazer o investimento, então eu acho que eles visam mais preparar o país, garantir a preparação.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) “Eu acho que a Prefeitura toma conta das obras. O investimento vem de cima, do Governo Federal, e a Prefeitura fiscaliza.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Rio de Janeiro) “O papel do Comitê Olímpico Internacional é fiscalizar o que o país se propôs fazer, tanto na questão de mobilidade urbana, quanto na de estrutura para os atletas. Eles vão fiscalizar se os atletas terão condições que foram oferecidas na candidatura.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Rio de Janeiro) “O Governo Estadual cuida mais da parte de transporte, comércio, marketing, essas coisas. O Governo Municipal acho que a mesma coisa. Acho que segurança também.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, São Paulo) “O Comitê Olímpico Internacional vem monitorar as obras, ver se está tudo certo. Fiscalizar as obras.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Rio de Janeiro) Quando questionados sobre a importância de uma prestação de contas por parte dos atores envolvidos, os participantes de todas as praças pesquisadas são enfáticos ao ressaltar a necessidade e relevância de uma conduta como essa, especialmente se estiver respaldada pela “verdade” e se for dotada de absoluta transparência. Entre todas as classes sociais e segmentos investigados, ocorreram demonstrações de interesse no acesso a esse tipo de informação, acreditando ser a internet um caminho viável, através de um “portal da transparência” destinado exclusivamente à prestação de contas de todos os recursos gastos com as Olimpíadas. Além disso, os entrevistados ressaltam a importância da linguagem a ser adotada nesse tipo de informação: fácil, acessível a toda a população, objetiva e “sem termos técnicos”. “Eu acho que a obrigação inicial do governo é explicar tudo, cada centavo que ele vai investir. Porque qualquer notícia que sair assim: “tal obra custou tanto” vai ser negativo, não adianta. Ninguém vai falar:“nossa, que legal, gastou mais de 1 milhão num evento, isso é 29 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa bom”. Então se ele não esclarecer muito detalhadamente como aquilo vai ficar para a cidade, vai ser muito ruim pra imagem dele. Tem que vir a público e prestar contas, não tem outra forma.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Está gastando X, a gente investiu X, temos X em caixa pra isso e isso. Tem que ser transparente.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, CD, Recife) “Transparência, prestar todas as contas que nós devemos saber o que foi gasto, quanto foi gasto, e para quê, qual finalidade.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) “Mostrar realmente o que está sendo investido, mostrar o que está sendo gasto com aquilo. Mas eu acho que infelizmente não é da política brasileira. Se tivesse uma forma de fazer isso transparente e chamasse atenção para algo bom.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Salvador) “Divulgar o que vai retornar para nós brasileiros, os benefícios: melhoria urbana? O que o país vai ganhar com o tanto de turista? Então tudo isso é transparência do que está sendo feito.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, CD, Porto Alegre) “Deveriam divulgar para onde vai o dinheiro, se alguma parte será revertida para algo. A pessoa pelo menos fica sabendo que parte do dinheiro será investido para melhorias.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, São Paulo) 7.3.3 Perspectivas quanto ao desempenho olímpico dos atletas brasileiros Segundo a maioria dos investigados, o esforço dos atletas brasileiros é muito reconhecido e valorizado, mas o Brasil não pode ser considerado uma potência olímpica. Acreditam que o país terá um desempenho razoável no quadro de medalhas semelhante ao das últimas edições dos jogos. A percepção geral é de que em determinados esportes, como vôlei, judô, natação e ginástica olímpica, o Brasil apresenta melhor performance e desperta maiores “apostas”, mas ainda assim o país parece longe de figurar no rol de países recordistas olímpicos. A visão é de que falta investimento e uma cultura voltada para o incentivo aos esportes desde a infância - seja nas escolas públicas, no ensino particular, nos grandes centros urbanos, nas cidades do interior ou nas comunidades. “No Brasil, ninguém vê o esporte como algo bom. Só vê o esporte na hora de ver os jogos. Tirando isso, não há um incentivo para os jovens saírem das ruas e praticarem algum esporte. Isso valorizaria o nosso passe nas Olimpíadas. Fora do Brasil, as universidades abrem bolsas para estudantes para qualquer tipo de esporte, natação, basquete, ginástica rítmica.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) 30 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa De uma maneira geral, tem-se a imagem de que o Brasil não é um país com tradição no apoio/incentivo ao esporte (que não o futebol) – uma característica histórica da nação, independente do governo ou dos governantes. Essa percepção também se aplica ao atual Governo Federal, mas sem resvalar para um tom de crítica, pois se trata de uma constatação geral e cultural, destituída de qualquer atribuição de responsabilidade específica. Partindo desse prisma, parece pouco provável ao país ter um desempenho acima da sua média nas Olimpíadas Rio 2016. A hipótese de figurar entre os 10 países medalhistas soa utópica, distanciada de uma realidade onde poucos são os nomes de atletas que despontam como uma aposta olímpica. Apesar disso, indubitavelmente, seria um marco importante para a história do país, principalmente por trazer à tona o potencial do esportista brasileiro. “Em alguns esportes o Brasil se destaca e em outros esportes é quase que zero. Não tem patrocínio. O que a gente tem é futebol, vôlei, uma coisa ou outra. Comparado a outros países que investem muito nos esportes, que já vem de colégio, faculdade, bolsas de faculdade para esportes e tal, o Brasil fica para trás.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “O Brasil nunca esteve lá em cima no quadro de medalhas nas Olimpíadas. Uma medalha de ouro é sempre chorada. Vai continuar a mesma coisa.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Porto Alegre) “Os atletas brasileiros poderiam ter sido preparados melhor para as olimpíadas, mas a gente não tem muita cultura de investimento no esporte.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Rio de Janeiro) “Acho que tem gente que vai se destacar, que está se esforçando e tal. Mas os de outros países estão muito mais preparados. Em relação aos outros acho que o Brasil vai ficar para trás. Como um atleta vive sem patrocínio, ele vive de quê? Às vezes ele treina muito, ama o esporte e que chega uma época da vida que ele tem que escolher: ou esporte ou trabalhar.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Rio de Janeiro) “Temos que ter uma preparação em longo prazo, não basta chegar dois anos antes e investir em alguma coisa. Temos que ter um investimento prévio no esporte para você conseguir desenvolver aquele atleta para a Olimpíada.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Rio de Janeiro) “O que falta para a gente estar no quadro de medalhas é cultura e educação. Não tem atleta para conseguir medalha porque não tem patrocínio. O atleta não pode se dedicar totalmente ao esporte, tem que trabalhar.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, CD, Belo Horizonte) 31 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa 7.3.4 Programa Bolsa Atleta e Plano Brasil Medalhas Quando questionados sobre os programas Bolsa Atleta e Plano Brasil Medalhas, participantes declararam um alto nível de desconhecimento. De forma isolada, um outro participante já havia ouvido falar do Bolsa Atleta, sem contudo saber detalhes efeitos práticos do programa. O conhecimento sobre o Plano Brasil Medalhas totalmente nulo. os ou ou foi Enquanto iniciativa de incentivar o esporte, os dois programas são válidos e necessários, mas os pesquisados defendem que este deveria ser um trabalho iniciado nas escolas e contínuo – e não pontual e emergencial, não apenas nesse momento pré-Olimpíadas. Particularmente no Rio de Janeiro, entre alguns jovens das classes C e D com maior familiaridade com o Bolsa Atleta, houve relatos de que as bolsas não são supervisionadas ou são insuficientes para a preparação dos atletas, havendo o comprometimento da eficácia da iniciativa. Em Manaus, foram emitidas críticas quanto ao número de trinta e uma mil bolsas concedidas pelo Bolsa Atleta, sendo considerado insuficiente dada a proporção do país e a diversidade de modalidades esportivas a serem contempladas. Em São Paulo, alguns pesquisados duvidam que o programa Bolsa Atleta de fato exista e que dê resultados, pois não percebem comentários a seu respeito nas falas dos atletas que, quando se manifestam na mídia, apenas reclamam da falta de incentivo financeiro, seja público ou privado, para treinar. Para os mais jovens pertencentes às classes A e B de São Paulo, tanto o Bolsa Atleta quanto o Plano Brasil Medalhas são vistos como programas assistencialistas e que funcionam apenas como paliativos, sem representarem um avanço significativo para o esporte nacional. “E o pós 2016 o que será? Eu já escutei falar sobre Bolsa Atleta, não é muito divulgado, não sei qual critério, qual parâmetro utiliza pra uma pessoa entrar, participar. Só que o que me preocupa nessas bolsas é o pós-evento. Pós 2016 o que acontece?” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Isso é bom, mas falta mais incentivo. A maioria dos esportes não tem incentivo. Eles se ligam muito no futebol e se esquecem dos outros. Tem muita gente boa, mas eles não conseguem evoluir no esporte porque não têm incentivo.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Rio de Janeiro) “Uma Bolsa Atleta de 2005 a 2013, que tipo de atleta vai formar nesse prazo? Isso tem de ser feito agora para ter uma Olimpíada aqui em 2060. Em oito anos não forma ninguém.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Belo Horizonte) “31 mil é muito pouco. Para você ter uma ideia, nós temos quatro divisões no futebol brasileiro, são mais de 100 mil profissionais só no 32 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa futebol. Então uma gama para atingir todo o esporte e não só o futebol não é isso. É muito pouco. Isso não dá nem para São Paulo.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Manaus) “As medidas são interessantes, mas só elas não são suficientes, pois deveria existir muito mais investimento em estrutura, escolas públicas com esportes, ginásios. A gente não tem centros esportivos. Se você quiser praticar um esporte desse, não tem o que fazer. Então deveria ter mais investimentos.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) “Eu não vejo outras perspectivas para os atletas, a longo prazo. Você começou um projeto em 2005, mas você não vê uma perspectiva de continuidade pós 2016.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) Excetuando-se esse olhar mais crítico apreendido em São Paulo, sob a perspectiva predominante em todas as praças, a iniciativa de implementação dos dois programas obtém avaliação positiva, acenando como “um bom começo”, uma boa intenção por parte do Governo Federal. Entretanto, dado o desconhecimento de maiores detalhes acerca do funcionamento e dos resultados de ambos, muitos questionam se os programas, de fato, têm tido ou já apresentaram algum resultado prático. Dessa forma, surge a opinião de que, “já que esses programas existem”, torna-se importante divulgá-los por duas razões: Para que a opinião pública tenha conhecimento e reconheça ações governamentais em prol do esporte; Para que os atletas, diante de tantas dificuldades de sobreviver do esporte, possam recorrer a essas duas alternativas. “Se eles realmente estão investindo nisso, seria uma boa porque a criança vai pra aula num período, por exemplo, matutino, e vai estar na Vila Olímpica se dedicando a uma coisa que, no futuro, ela pode ser realmente grande naquilo. Com certeza seria um bom investimento. Porque é um retorno, tira a criança das ruas.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) “Muito boa essa iniciativa. Tem gente que vem de classe baixa, com talento, mas não tem condições de investir. Essa bolsa é um incentivo. Isso é uma forma a mais dele seguir seu sonho.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, São Paulo) “Mas nem o governo divulga. Se tivesse divulgação muita gente participaria mais.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Manaus) “Acho ótimo, mas onde está? Eu nunca ouvi isso na TV. Eles não divulgam. Como a criança e o adolescente vão saber dessas bolsas se eles não divulgam? É bom para tirar o menino de rua que não tem 33 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa oportunidade.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, CD, Belo Horizonte) “O Brasil de hoje está muito carente de estrutura, de incentivo aos esportes. O que você vê são coisas muito isoladas, diferente de outros países.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Manaus) “Eu acho que a falta de divulgação está sendo um problema. Porque eu acredito que se é uma coisa mais bem divulgada, mais bem repassada, até teria mais jovens interessados.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) 7.3.5 Projeções sobre o Sucesso das Olimpíadas no Brasil Apesar das críticas direcionadas ao que os entrevistados classificam como “desvio de prioridades” ou “hora errada” para realização do evento, existe a percepção praticamente consensual de que o país irá fazer uma boa Olimpíada, tendo já demonstrado sua capacidade e boa performance no que tange à organização de um grande evento através da Copa do Mundo 2014. Entre parcela majoritária dos entrevistados da cidade do Rio de Janeiro, existe a visão de que, assim como na Copa do Mundo, as Olimpíadas 2016 serão um sucesso graças ao “jeitinho brasileiro”, à capacidade dos envolvidos na organização do evento “maquiarem” a realidade do país e mostrarem “um belo espetáculo”. Em geral, considerando-se os resultados colhidos em todas as praças, não há preocupações relevantes com algo que possa dar errado. A apreensão não é com o evento em si, mas com as consequências para o país antes e depois de sua realização: “O governo vai fazer questão de deixar tudo em ordem durante as Olimpíadas. O problema vem após as Olimpíadas.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) “No final tudo dará certo. Não tem o jeitinho brasileiro? Tudo vai funcionar para gringo ver. Como foi na Copa.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Rio de Janeiro) “Vão deslocar policiais de outros locais que precisam para colocar ao redor, para que nada aconteça, para que tudo dê certo naquele momento, naquele mês. Só para fazer bonito enquanto os turistas estão aí. Para mostrar que é o que não é. Não é a nossa realidade.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Porto Alegre) “Vão mascarar os problemas. Vão fingir que não existem para parecer que o Brasil está bom durante as Olimpíadas, depois os problemas continuam os mesmos. Vai continuar a mesma coisa.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Rio de Janeiro) “Eles devem mascarar um pouco o que acontece, a questão da violência, dos transportes públicos. Eles dizem que vai melhorar, mas é 34 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa momentâneo, depois volta ao normal e é pior.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Rio de Janeiro) “O brasileiro é um povo receptivo, é da nossa cultura... Vão fazer de tudo para dar certo. Vai dar certo por conta da organização, receptividade. As pessoas que vieram de fora vão amar a receptividade, pois o brasileiro é muito receptivo.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) “O Brasil das Olimpíadas é um Brasil maquiado. Vai mostrar tudo de bom que ele tem por um certo tempo que ele consegue sustentar, não a realidade que a gente aqui conhece.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) 7.3.6 Os Jogos Paralímpicos Todos têm conhecimento da realização dos Jogos Paralímpicos pouco após as Olimpíadas e, entre alguns, há maior “aposta” no potencial de o Brasil se destacar nesse segmento, bem como é depositada maior “emoção” na performance dos atletas paralímpicos. Unanimemente, os pesquisados ressaltam a importância de ambos os eventos receberem o mesmo tratamento: infraestrutura adequada para as provas e para acesso aos estádios, divulgação por parte do Governo Federal, cobertura pela mídia e destaque/visibilidade concedido aos atletas. Defendem ainda a importância de que a comunicação realizada pelo Governo Federal destinada aos dois eventos tenha uma ênfase e uma intensidade totalmente equânimes no mesmo tom e em igual medida. “Eu aposto mais nas Paralimpíadas, na proporção os brasileiros fazem muito mais bonito nas Paralimpíadas. Dá mais emoção, parece que eles têm mais garra, eles querem mostrar melhores resultados. Me dá muito mais emoção as Paralimpíadas. Nós temos mais competitividade com relação aos outros países.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Belo Horizonte) “Tem que continuar com o apoio e dar suporte. Eles têm que participar como os outros, igual.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, São Paulo) “O governo mostrando aquele evento Paraolímpico, mostrando aquela superação de vida, que o esporte vai tirar você dessa cadeira e motivar você a fazer alguma coisa para você mesmo. A pessoa vai se animar e vai melhorar.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Tem que divulgar juntos para chamar a atenção.São similares. Não tratar como algo diferente, é tudo esporte. Se a intenção é unir, não tem porque limitar.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) 35 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “Divulgar, deixar os atletas paralímpicos falarem porque a mídia abafa. Só se fala do Bolt, atletas que virão para cá... E aquele cara que tem deficiência física e é um grande campeão, não vem para cá?.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, AB, São Paulo) “Muito louvável porque é outra competição com cunho social, as Paralimpíadas te toca mais. Um atleta perfeito passa por todas as agruras, sem dinheiro para treinar, para se alimentar, sem centro de treinamento. Imagine um deficiente? É motivação total. Eu acho que é louvável.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Manaus) 7.3.7 A Questão da Igualdade de Direitos no Brasil A grande maioria dos entrevistados acredita que o Brasil tem apresentado evolução na questão dos direitos dos deficientes e que os Jogos Olímpicos serão uma boa oportunidade de dar mais visibilidade à causa. Como avanços, citam as obras e instalações urbanas que permitem maior acessibilidade aos cadeirantes e à construção de calçadas com pisos táteis para deficientes visuais. Mais pontualmente, mencionam medidas como o incentivo para as empresas contratarem deficientes e o benefício da isenção de impostos na compra de alguns bens de consumo destinado aos deficientes físicos. Acreditam que para a Olimpíada Rio 2016, é responsabilidade do Brasil apresentar uma estrutura adequada para os Jogos Paralímpicos e, caso o país cumpra esse requisito a contento, poderá atrair olhares mais atentos à questão, tanto por parte da população quanto das iniciativas pública e privada. Na questão da promoção da igualdade racial, há percepção de alguns indícios de avanço, como a medida referente ao sistema de cotas para universidades e concursos públicos – sendo essa medida alvo de polêmica, porém capaz de ter jogado luz sobre a questão racial. Ademais, embora seja percebida uma maior repressão por parte da sociedade como um todo perante casos de discriminação racial, prevalece a opinião de que continua a existir, de forma velada ou não, muitos casos de preconceito racial no país. Em se tratando dos Jogos Olímpicos, o número expressivo de atletas negros não acena como um instrumento capaz de dar maior visibilidade à questão da igualdade racial no país, pois a crença predominante é de que, historicamente, o esporte nacional sempre teve atletas negros como grandes expoentes. No que tange à igualdade entre homens e mulheres, a opinião predominante é de que o país tem apresentado alguma melhora, ainda que incipiente. São citadas ações como a Lei Maria da Penha, a criação do vagão exclusivo para mulheres em trens e metrôs (menção no Rio de Janeiro) e a presença cada vez maior de mulheres em cargos de alto escalão. 36 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Já no que diz respeito ao potencial dessa questão ganhar mais atenção dada a presença expressiva de atletas do sexo feminino nas Olimpíadas, as opiniões reproduzem a percepção referente à presença de atletas negros: não há, na visão da maioria dos pesquisados, correlação entre o grande número de atletas mulheres e maior visibilidade à questão da igualdade de direito entre os sexos. O desempenho de atletas mulheres e principalmente de negros nos esportes já é diferenciado e seu sucesso nas Olimpíadas não deverá impulsionar mudanças como as que podem ocorrer em relação aos deficientes. “Está dando mais oportunidades de emprego. Agora sempre tem vaga para deficiente.Agora é obrigatório as empresas contratarem deficientes.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, São Paulo) “Com as Paralimpíadas o mundo inteiro se volta para os deficientes para melhorar alguma coisa nesse sentido. Chama atenção ao problema, mas em relação aos direitos de mulheres e negros eu acho que não vai fazer diferença não.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, CD, Manaus) “A maioria dos atletas que se destacam são negros. Acredito que a Olimpíada não faz diferença pelo histórico do país.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “O esporte não está relacionado à raça, até porque os negros se destacam mais nos esportes, têm mais força, correm mais. Você tem um domínio negro nas Olimpíadas e sempre foi assim.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Belo Horizonte) “Eu acho que na questão dos negros avançou pouco. A questão das cotas é o princípio porque os negros continuam tendo os piores cargos, os piores salários. Então, se você oferecer uma cota para ele é uma oportunidade. Não quer dizer que você deve ficar nas cotas o resto da vida.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Eu convivo com pessoas que têm deficiência e sei que o governo dá isenção fiscal para determinadas compras que essas pessoas fazem. Acho que é um começo.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) 7.4 Percepções sobre Ganhos e Perdas com as Olimpíadas Em quase todas as praças e segmentos investigados (à exceção de Manaus), a maioria dos pesquisados manifesta ainda sentir uma espécie de “ressaca”pós-Copa do Mundo no Brasil. Avaliam a Copa 2014 como um dos componentes do rol de gastos excessivos por parte do Governo Federal que culminou na crise atual. Além disso, sentem dificuldade em reconhecer o legado deixado. A priori, centram suas críticas nos “gastos desnecessários” com estádios subutilizados como o de Manaus e o Mané Garrincha de Brasília, nos recentes escândalos de corrupção envolvendo os dirigentes da FIFA e na sensação de, passado pouco mais de um ano do evento futebolístico, “as coisas no país só pioraram”. 37 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Nesse sentido, a frustração com a Copa do Mundo reflete diretamente no olhar sobre as Olimpíadas Rio 2016. Prevalece a crença de que, assim como na Copa, para as Olimpíadas está sendo direcionado um enorme investimento totalmente desfocado das demandas mais urgentes e prioritárias da população. E, assim como na Copa, pouquíssimos serão os brasileiros beneficiados com as Olimpíadas, enquanto que, para a grande maioria da população, não haverá qualquer reflexo positivo. Diferentemente das demais praças pesquisadas, os cidadãos de Manaus e de Brasília parecem ter uma impressão muito mais positiva sobre a Copa do Mundo 2014. Ambas as cidades foram bem-sucedidas em termos de organização e os moradores demonstram se orgulhar disso. Consequentemente, transportam este sentimento positivo para as Olimpíadas, quando também sediarão alguns jogos de futebol. Também há, entre os participantes de Manaus e de Brasília, o sentimento de segurança quanto à capacidade do país de realizar o evento de forma apropriada. As maiores preocupações são com relação à violência no Rio de Janeiro, muito embora acreditem que haverá maiores reforços no policiamento e tudo funcionará bem. Veem ganhos para o turismo, comércio e para a economia local. Assim como apreendido nas demais praças, entendem que são ganhos temporários, centralizados na capital carioca e, no cômputo final, não haverá um legado significativo para o país. Apesar de haver diferentes receptividades entre aqueles que ‘Aprovam as Olimpíadas’ e os que ‘Desaprovam’, as opiniões sobre os ganhos e perdas com o evento se apresentam semelhantes. Os aspectos positivos do evento esportivo no país são assim projetados: Configuram-se como beneficiados apenas aqueles que estão diretamente ligados à organização e à locação do evento, como empresários do setor hoteleiro e turístico do Rio de Janeiro, empresas patrocinadoras, Governo Federal e, em última instância, são citados os atletas. Ademais, em geral, tem-se a opinião de que o principal ganhocom o evento seria: Aquecimento da economia no comércio, serviços - como o turismo - e outras atividades diretamente relacionadas ao evento esportivo; o Ressalte-se que a opinião geral é de que esses ganhos se concentrariam no Rio de Janeiro e seriam temporários - somente durante a realização do evento. (Observa-se que a experiência com a Copa parece ter prejudicadoa 38 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa ideia de que um evento como esse pode trazer ganhos permanentes para o país); o Contudo, também os moradores da cidade do Rio de Janeiro não se sentem beneficiados, pois acreditam que apenas aqueles diretamente envolvidos, como empreiteiros e hoteleiros, ganharão com o evento. “Tem muita gente boa treinando, querendo e correndo atrás. Tem muita gente querendo se destacar para ter maior visibilidade. Vai ser a hora dessas pessoas poderem se mostrar.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Rio de Janeiro) “Turismo, o Rio é lindo. Sempre mostram a melhor parte: Pão de Açúcar, Cristo. Vai ter um impacto financeiro positivo. Querendo ou não virá muita gente para o Rio.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, São Paulo) “Eu acho complicado pensar em ganhos para a economia do país. A Olimpíada está concentrada 70% no Rio de Janeiro, 30% em outras cidades. Vai ser uma coisa muito local.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Com os jogos olímpicos a gente pode acabar desenvolvendo esse amor por outras modalidades, mostrar que o Brasil não é só futebol.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, AB, São Paulo) “Vantagem é o desenvolvimento do esporte, o incentivo ao esporte, olhar as outras modalidades, não tem só o futebol aqui no Brasil, tem muitos esportes bons aqui que não são reconhecidos. Esse vai ser o momento de ter um destaque.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) “O turismo no Rio de Janeiro vai aumentar bastante. Ela já é uma cidade turística, trazendo um evento pra lá, a tendência é que, direta ou indiretamente, vai ter o crescimento não só na rede de hotelaria, como na rede de comércio também.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) Aqueles que ‘Desaprovam as Olimpíadas’ e também parcela daqueles que ‘Aprovam as Olimpíadas’ têm dificuldades de enxergar ganhos e projetam apenas prejuízos para o país e para a população em geral: Desvio de prioridades: ao invés de investir em saúde e educação, o país está investindo em obras que não são fundamentais para a população e que, com o passar do tempo, ficarão inutilizadas; Ausência de retorno para a população em geral: crença de que, assim como na Copa, o legado a ser deixado pelas Olimpíadas beneficiará a grupos restritos diretamente ligados ao evento e não à população como um todo; 39 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Crença de que o foco no turismo levará a um aumento dos preços no comércio e serviços na capital carioca, dificultando ainda mais a vida do cidadão comum; Ocorrência de manifestações nas cidades que sediarão os jogos (não apenas no Rio de Janeiro) e, consequentemente, atos de vandalismo que colocam em risco tanto a segurança pública quanto o patrimônio público urbano e causam prejuízos ao comércio do entorno; Aumento da violência / Criminalidade contra os turistas, prejudicando a imagem do país lá fora; Corrupção / Desvio de verbas nos investimentos destinados à realização do evento esportivo; Superfaturamento das obras; Uma possível piora na crise hídrica (menção apenas em São Paulo); Congestionamento ainda maior do sistema público de saúde da capital carioca; Risco da imagem do país ficar desgastada perante o mundo caso ocorram incidentes como manifestações, episódios de violência envolvendo turistas ou problemas na mobilidade urbana da cidade do Rio; Risco dos turistas estrangeiros trazerem doenças ou epidemias para o país; (menção no Rio de Janeiro, em Salvador e em Porto Alegre) Risco das obras não ficarem prontas até o início do evento (percepção mais forte em Porto Alegre e em São Paulo). “Eu acho que os atos políticos vão continuar. O povo vai colocar a cara na rua, vai ter panelaço, protestos estão aí. O governo está fraco, está mal.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “É um investimento muito grande para um retorno para poucos. Quem não está envolvido diretamente com turismo e esporte não tem benefício.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Belo Horizonte) “O turista vem pra cá e vê muita coisa ruim como a corrupção, a violência, principalmente no Rio de Janeiro onde vai ser sediado.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Não vai trazer benefício para ninguém, só para os grandes investidores, para quem está ali engajado naquilo. Mas para população é indiferente.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) “Inevitavelmente vão vir notícias assim: ‘tal obra vai custar 100 milhões de reais’. Aí a pessoa vai pensar: ‘esse hospital que eu levei minha família está caindo aos pedaços, a escola da minha filha está caindo aos 40 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa pedaços’.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Eu fico preocupada, o que pode vir com isso? Essa questão de desvio do dinheiro público e de deixar de investir em coisas importantes.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) “Querendo ou não, nós brasileiros já conhecemos que é o desvio de verbas. Por exemplo, uma obra que às vezes é orçada em valor X e acaba em valor Y. Um exemplo foi Estádio Nacional de Brasília que, para Copa do Mundo, antes de começarem as obras, estava orçado no valor 650 milhões de reais. Ele acabou sendo 1 bilhão e 400 mil reais.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) Os pesquisados do Rio de Janeiro apresentam um ponto de vista particularizado, baseado na perspectiva de que as Olimpíadas poderão impactar diretamente a vida dos cariocas e da cidade: Positivamente o Aquecimento da economia, aumento da oferta de trabalho, possibilidade de qualificação profissional (para a classe CD) e interação com pessoas de diferentes países durante o evento; revitalização de algumas áreas e mobilidade urbana como legado (pouco reconhecido pelo segmento que ‘Desaprova as Olimpíadas’); “Por mais que eu seja contra as Olimpíadas terem vindo para cá, pelo gasto e tudo, consigo ver os pontos positivos. Muitas empresas vão vir para cá por causa das Olimpíadas, o turismo será absurdo, não tem como negar. O Rio é uma cidade que atrai muita gente, com as Olimpíadas, com o envolvimento de 200 países, as pessoas virão para cá. Vai aumentar o número de turismo.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, CD, Rio de Janeiro) Negativamente o Aumento do custo de vida, cidade lotada, multidão nas ruas, dificuldade de locomoção, queda no volume de negócios não relacionados ao evento durante a sua realização (devido aos feriados); retrocesso de algumas conquistas após as Olimpíadas (principalmente no que diz respeito à segurança pública e à economia, já que as vagas de trabalho serão temporárias). - OBS: Os pesquisados cariocas acreditam que, próximo ao evento, haverá protestos não só contra os gastos públicos e a corrupção, mas também voltados a outros temas que são foco de insatisfação – como ocorreu na Copa do Mundo. Entre os participantes das classes A e B, entretanto, há percepção de que a intensidade das manifestações será menor. “Acho que eles estão tentando fazer o que sempre fizeram: um país para fora, para os turistas. Eles querem mostrar uma praia maravilhosa, uma 41 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa grande festa, sendo que não é só isso. A gente paga tão caro quanto eles, mas não temos nenhuma prioridade.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Rio de Janeiro) “É legal ter feriado, mas quando você tem um mês de feriado você percebe como isso prejudica, tanto nos estudos quanto no trabalho.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Rio de Janeiro) “Para nós daqui do Rio acho que a água estará mais cara, vai aumentar tudo. No resto do Brasil eu não sei. Os serviços já estão mais caros. A probabilidade é de aumentar mais.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Rio de Janeiro) “Infelizmente não ficou nenhum legado. Quando houve a proposta do Brasil para sediar a Copa, também havia investimento em infraestrutura: transporte, hospitais, escolas, urbanização. Não vimos isso.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, CD, Rio de Janeiro) “Vão fazer o mesmo que na Copa: vão triplicar o número de policiais na rua, vão dar aquela maquiada e vai parecer que deu para levar, depois tudo volta para o pior.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Rio de Janeiro) “Eu acho que o custo não compensa. Vai movimentar a economia, mas isso não vai refletir na população. Ela que está sofrendo muito com essa inflação toda.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Rio de Janeiro) 7.4.1 Sugestões para Incrementar a Atratividade do Evento Ainda entre os entrevistados do Rio de Janeiro, são feitas sugestões de alternativas para atrair os cidadãos cariocas para o evento: Sugerem facilitar seu acesso aos jogos, possibilitando a compra de ingressos mais baratos (como é feito com o programa Carioquinha nos pontos turísticos da cidade); Mulheres das classes C e D sugerem que o treinamento dos atletas possa ser acompanhado gratuitamente, o que geraria maior envolvimento e entusiasmo; Alguns pesquisados sugerem que sejam promovidos eventos paralelos, como o FIFA FanFest, embora receiem que a participação nesse tipo de festividade possa ser menor, vide que as Olimpíadas não possuem a mesma conotação de “paixão nacional” ostentada pelo futebol, segundo afirmam. “Nós, cariocas, deveríamos ter o privilégio de comprar ingresso mais barato. É uma dificuldade você se inscrever, ser sorteado.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Rio de Janeiro) 42 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “Pessoas com o CPF daqui deveriam ter descontos. Que vantagem nós teremos? Deveríamos ter acesso facilitado. Tipo o Projeto Carioquinha que existe para pontos turísticos. Pessoas carentes poderem ir ao Cristo apresentando o CPF, provar que é morador daqui.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Rio de Janeiro) “Se o governo desse acesso à população mais humilde. Pelo menos em um esporte.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, CD, Rio de Janeiro) “Eu acho que nessa época de treinamento, eles podiam mudar a gratuidade para que a gente possa estar lá para conhecer. Conhecer, acompanhar, ver o nado sincronizado, por exemplo. Eu nunca vi de perto. Eu acho que seria uma boa proposta.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Rio de Janeiro) “Seria legal se eles colocassem algumas promoções com ingressos mais baratos, para as pessoas terem acesso.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, CD, Rio de Janeiro) “Poderia ter uma oportunidade mais barata de compra. Para quem mora aqui, podiam fazer uma coisa diferente para a gente poder assistir.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, Rio de Janeiro) Olimpíadas 2016 e a Comunicação do Governo Federal 7.5 Independentemente da posição mais favorável ou contrária à realização das Olimpíadas no Brasil, a grande maioria dos pesquisados reconhece a importância do Governo Federal fazer um convite à nação visando uma maior mobilização em torno do evento. Uma iniciativa com esse caráter é considerada não só importante quanto necessária, pois todos os holofotes estarão voltados para o país e, embora muitos dos entrevistados desfavoráveis ao evento acreditem não ser o momento certo, compartilham com o público favorável a seguinte opinião: “Já que será aqui mesmo, vamos fazer bonito”. “Tem que melhorar, divulgar mais. Tem que fazer bastante propaganda, nas redes sociais e tudo.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, CD, São Paulo) “A gente não escuta falar sobre as Olimpíadas, escuta mais sobre a preparação dos atletas. De estrutura mesmo, de organização, não se ouve falar.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) Diante do reconhecimento da importância do Governo Federal desenvolver uma comunicação sobre o evento, inúmeras sugestões de temáticas para campanhas com caráter informativo ou mobilizador são apontadas,como: Informações básicas sobre o evento: o Planejamento / Ações / O que está sendo feito para receber o evento; 43 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa o Cidades envolvidas; o Modalidades esportivas que irão compor o quadro olímpico; o Atletas brasileiros que irão participar (muitos referem que conhecem as gerações passadas, mas não as atuais). Cases dos atletas: o Histórias de vida e de superação de atletas que “apesar das dificuldades, chegaram lá”; o Passagens “curiosas” de atletas da atualidade ou do passado; o Resgatar atletas que foram grandes referências no passado e, hoje, estão esquecidos. Linha de Depoimentos: o Depoimentos de ex-atletas, classificados como “heróis do esporte”, de diversas modalidades. Alguns citados: Zico, Daiane dos Santos, Guga, Diego Hipólito, Bernardinho, Marta, Oscar, Bernard, Maurren Maggi, Gustavo Borges, Joaquim Cruz, Hortência; o Depoimentos de atletas paralímpicos: Fernando Fernandes (ex-BBB) e a exginasta Laís Souza. Investimentos: o Investimentos do Governo Federal destinados ao evento vinculados ao retorno que poderá ser gerado para o país; o Mostrar obras que estão sendo realizadas, vinculando-as ao que se destinarão no evento, por exemplo, alojamentos, centros esportivos etc. Legado: o Resultados concretos esperados no que diz respeito ao legado deixado para o país; o Mostrar quais são as obras/melhorias realizadas para o evento e como, posteriormente, serão utilizadas ou aproveitadas; o Elucidar qual será o legado deixado para o esporte nacional. História / Curiosidades do mundo do esporte: o Mostras, contando um pouco da história e curiosidades das diferentes modalidades que irão compor o evento: das mais conhecidas às menos usuais ou “novatas”. 44 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Relação Esporte e Saúde: o Campanha informativa elucidando os benefícios da prática esportiva para a saúde e o bem-estar. Ações paralelas: o Campanha mostrando os projetos sociais de cunho esportivo desenvolvidos em comunidades carentes; o Desenvolvimento de projetos relacionados às Olimpíadas nas escolas; o Durante o período olímpico, promoção de eventos/shows em todas as capitais, como as FanFests realizadas na Copa do Mundo, buscando uma mobilização nacional, bem como a atração de turistas para outras cidades além do Rio de Janeiro; o Divulgação do Bolsa-Atleta e do Brasil Medalhas. “Deveriam ser mostrados os esportes inseridos nas comunidades carentes. Tem muito projeto social bacana nas comunidades carentes, que as pessoas estão vencendo as barreiras da pobreza. Isso seria muito legal ser divulgado. Mostrar que tem brasileiro lutando porque tem amor daquilo ali.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) “Pega aqueles irmãos Hipólito, já tiveram no auge, hoje quase ninguém ouve falar, mas eles são a referência. A Daiane dos Santos também ninguém mais ouve falar. Mas é uma referência. São ícones do esporte brasileiro.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “O governo deveria estimular o esporte. Se as escolas fizerem projetos voltados para as Olimpíadas, o pessoal passaria a ter mais conhecimento.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) “Eu acho que talvez da mesma forma que foi na Copa, criando os espaços, as FanFests que tinham pra galera poder se reunir, ir lá assistir. Dá mais empolgação.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) “Há muitas histórias interessantes de atletas que, no começo, não foi fácil. Histórias de superação.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Coloca os atletas novos que conseguiram chegar nas Olimpíadas que a gente ainda não conhece. Tem muita modalidade que o Brasil está participando pela primeira vez.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, CD, Belo Horizonte) 45 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “Tem de mostrar os benefícios das Olimpíadas, o que vão fazer com a Vila Olímpica depois, vai virar um hospital, uma creche.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 40 a 55 anos, AB, Belo Horizonte) “Falta muita divulgação pra esclarecer, se for o caso de o Brasil ter algum legado econômico.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Se o Governo souber aproveitar, fizer um incentivo, um programa ou projeto que faça nas favelas, nos locais mais escassos, projetos de incentivo aos esportes. Não somos o país do futebol há uns 10 anos, vem decaindo muito. Essa identidade que o brasileiro tem com o futebol é muito boa, mas vem decaindo. Incentivar outros esportes é muito válido.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, AB, São Paulo) “É o caso do FIFA FanFest. Eles criaram eventos para atrair todo mundo, dá uma sensação de participação. Colocam telões, música.” (Desfavorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, CD, Rio de Janeiro) “Mostrar valor do esporte, o que o esporte pode trazer pras crianças, para as pessoas menos favorecidas. Mostrar o valor de ser cidadão, acho que aí sim seria uma boa. Mostrar os atletas Paralímpicos, a superação, as dificuldades, isso traz olhares.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “O Brasil está muito ligado à superação. O povo brasileiro tem a característica de se superar em certos momentos. Ninguém acreditava na Copa do Mundo, ninguém acreditava no Pan e fizeram. E essas Olimpíadas ninguém está acreditando, está todo mundo descrente por tudo que está acontecendo no país. Mostrar que a gente pode fazer um evento de grande porte, independente do momento que estamos vivendo.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Mostrar como vai ser o legado para o esporte brasileiro. O que as Olimpíadas podem trazer de benefício para o esporte brasileiro.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Belo Horizonte) O uso de personalidades famosas ganha adesão apenas quando relacionadas ao universo esportivo, no caso, atletas, ex-atletas ou potenciais/futuros atletas. Artistas ou personalidades de outros segmentos são reprovados por não emprestarem nenhuma simbologia significativa ao esporte. Da mesma forma, qualquer comunicação que tenha conotação política é totalmente rejeitada, sendo considerada dissonante do espírito olímpico e, sobretudo, inoportuna dado o momento de dificuldades que o país enfrenta. Há um forte ambiente de rejeição a qualquer envolvimento político nas Olimpíadas, bem como a qualquer comunicação que soe como “autopromoção” governamental. 46 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “Artistas acho que não remete a nada. Olimpíadas tem que remeter apenas a esportistas.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Não quero ver aquelas propagandas que o governo utiliza pra se promover. Aquela da Copa: “Nossa Copa”, espera aí, não é assim também. Não quero ver o governo usando o evento para se promover, dizer que foi ele que fez .” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) Em relação à divulgação dos Jogos Paralímpicos, a opinião predominante é de que deva ser realizada juntamente com a Olimpíada. Abordar ambos na mesma comunicação, deixando claro que ocorrerão em momentos diferentes. Desse modo, os dois ficarão com o mesmo peso. Entre parcela minoritária, existe a opinião de que a diferença no calendário dos dois eventos impede uma comunicação única, sendo importante divulgá-los separadamente, contanto que sejam mantidos o mesmo destaque e tratamento a ambos. “Focar no mesmo marketing, na mesma propaganda, os dois grupos juntos, se unindo, Paralímpicos e Olímpicos juntos. Seria bacana.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Tem que ser divulgados juntos. Inclusão. Porque é Olimpíada do mesmo jeito, não importa a deficiência.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) “Paralimpíadas tem que mostrar muito mais. A gente sabe que tem Paralimpíadas porque é de praxe, mas não mostra nada, não mostra os atletas, não mostra eles treinando. Poderia olhar mais para o paraolímpico ou fazer um link de um determinado esporte com outro paraolímpico.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, CD, Porto Alegre) Para veiculação da comunicação sobre os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, TV, rádio e internet (redes sociais) são as mídias mais citadas. Secundariamente, apontam a grande visibilidade dos outdoors e, mais pontualmente, são citados os mobiliários urbanos e busdoor. Os participantes de São Paulo sugerem publicidade das Olimpíadas nos metrôs/trens/ônibus, em relógios de ruas e em telões em áreas de grande concentração como, por exemplo, na Avenida Paulista. Em Belo Horizonte, surge a sugestão de implantação de um relógio com a contagem regressiva dos dias faltantes para o início dos Jogos Olímpicos em pontos de grande fluxo, visando “criar alguma expectativa” em torno do evento. “Televisão, internet, que é hoje o grande canal de comunicação de todo o mundo. Todo mundo conectado na internet, nas redes sociais, na 47 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa televisão, pra chamar atenção.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Tem que fazer o país respirar aquilo. Colocar no reloginho da temperatura. Naquele prédio gigante da Paulista onde fica a bandeira do Brasil, coloca o quadro de medalhas lá.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, AB, São Paulo) “Outdoor está presente em nossas vidas, você sai daqui e vê um ali um outdoor, você se sente mais abraçado à campanha.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Eu acho que ficaria muito interessante colocar cartazes em ônibus, que é uma coisa que todo mundo usa, todo mundo vê passando.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) “É mais fácil você fazer a divulgação das Paralimpíadas nos mesmos meios das Olimpíadas. Se fizesse junto, tudo bem. Mas se por acaso fizessem separadamente, que dessem a mesma atenção.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, AB, São Paulo) “Uma linguagem mais popular. Claro e objetivo. Sem muito rodeio senão as pessoas não entendem.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, CD, Belo Horizonte) Do ponto de vista da divulgação para o público estrangeiro, os entrevistados creem que o Brasil seja praticamente “autovendável” nesse quesito, bastando uma comunicação que explore características natas e já reconhecidas do país e do povo brasileiro: Belezas naturais; Povo acolhedor, hospitaleiro, festeiro e caloroso; Mulheres bonitas; Clima tropical, “calor e praia”; Espírito de festa, “o país do Carnaval”. Particularmente em Salvador, uma parcela dos pesquisados defende a importância de se mostrar que o Brasil não é apenas “o país do futebol”, revelando também a sua potencialidade em outras modalidades esportivas. E ainda, destacam a importância de se criar eventos festivos em outras cidades do país, visando fomentar o turismo além das fronteiras da capital carioca. “Pode ser que os estrangeiros enxerguem bem o Brasil, porque tudo vai ser diferente, não vai ser igual a gente vive, vai estar tudo certo. Segurança vai estar bem, eles vão estar num lugar bonito, vão enxergar bem. Pra eles é tudo festa.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) 48 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “O Brasil é um país tropical, o brasileiro é um povo alegre, festeiro, aí Brasil e Olimpíadas têm tudo a ver pela comemoração, pela alegria, pela farra, pela festa.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Os estrangeiros sempre gostam do Brasil. O povo daqui faz com que eles se sintam em casa. Mulheres bonitas. Povo acolhedor. Vão achar os brasileiros bem receptivos, calorentos, eufóricos. Eles sabem que tem problema, mas entendem que o Brasil não é desenvolvido.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, CD, Salvador) “O Brasil tem que mostrar essa cultura de ser um povo alegre, nos convites, nas propagandas, mostrar que nós somos alegres, apesar das dificuldades estamos unidos, estamos juntos. A parte cultural também é importante, a famosa cordialidade brasileira que o pessoal vive falando no exterior. Chamar assim: “vem, participe que você vai ser bem recebido e terá uma ótima estrutura te esperando”.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “Mostrar as cidades, o Brasil. Criar eventos em outras cidades para eles se deslocarem, típica de cada lugar. Para a pessoa conhecer a cultura do nordeste, por exemplo.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 18 a 25 anos, CD, Salvador) “Com a nossa diversidade, nós temos muitas coisas bonitas para mostrar. O turista vai achar lindo maravilhoso, caloroso, regiões diversificadas.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, AB, Recife) 7.6 Redução da Maioridade Penal O tema ‘redução da Maioridade Penal’ desperta interesse entre todos os pesquisados. Acreditam que a discussão em torno do assunto tem ganhado notoriedade em virtude do número crescente de infrações cometidas por menores de idade. Além do aumento no sentimento de insegurança que aflige a todos, são as “estatísticas” que comprovam o aumento da criminalidade praticada por menores, segundo alguns entrevistados. Em todos os grupos, apreendeu-se o predomínio de posições favoráveis à medida. Em geral, os cidadãos pesquisados desconhecem, com precisão, a posição do Governo Federal com relação à questão. Em meio a suposições de que seria a favor, existem também informações de que seria contra, e também rumores de que estaria dividido acerca da proposta de lei. Em todas as praças pesquisadas, independente das posições favoráveis ou contrárias à proposta de lei, todos demonstram estar muito sensibilizados com o aumento da violência na sua cidade e no país como um todo. Foram comuns os relatos de participantes que foram vítimas, ou tiveram pessoas próximas vitimizadas pela violência praticada por menores. Trata-se de uma realidade próxima, alarmante e aflitiva, comum a todas as classes econômicas investigadas, mas 49 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa relatada com maior intensidade pelos pesquisados das classes C e D, moradores de regiões mais carentes. Esses cidadãos vivenciam a situação mais de perto e dizem ser comum casos de roubos, homicídios realizados por menores. Acreditam que se um menor pode usar uma arma, ele pode responder pelo seu ato e ser preso. As opiniões se dividem quanto à possibilidade de a redução da maioridade reduzir a criminalidade. Entretanto, o apoio majoritário à medida independe disso. O entendimento predominante é de que é preciso combater a impunidade dos menores infratores mesmo que isso não contribua para uma redução significativa da violência. Acredita-se que, hoje, os menores são usados como “escudo” pelos maiores na prática dos crimes já que ficam impunes e, com a nova lei, o temor pela punição poderia funcionar como uma forma de amedrontar os menores, coibir a sua ação, reduzindo assim, mesmo que minimamente, a violência. Para aqueles desfavoráveis à redução da maioridade penal, a medida não será uma solução, pois o problema da criminalidade é social e estrutural, devendo ser tratado com educação e oportunidades. Na esteira da discussão sobre a questão, os participantes foram convidados a avaliar as seguintes informações: O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê seis medidas educativas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação. Um adolescente pode ficar até 9 anos em medidas socioeducativas. Já existe lei para punir o infrator, o que falta é aplicar a lei. O Brasil tem a 4° maior população carcerária do mundo e um sistema prisional superlotado com 500 mil presos. O índice de reincidência nas penitenciárias é de 70% enquanto no sistema socioeducativo está abaixo de 20%. Botar os adultos na cadeia não tem resolvido o problema. Ao contrário, tem demonstrado ser uma “escola do crime”. Ambas as informações não foram capazes de alterar as opiniões prévias sobre a medida em discussão. Mostraram-se sim importantes para trazer mais luz sobre a questão, elucidando alguns aspectos desconhecidos pela quase totalidade dos pesquisados, como: As medidas socioeducativas previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente; A possibilidade de trabalhar com a ressocialização do menor infrator pelo período de até 9 anos; Os percentuais referentes aos índices de reincidência nas penitenciárias versus reincidência no sistema socioeducativo. Contudo, apesar de tais informações serem consideradas válidas, não parecem ter potencial para modificar a opinião daqueles favoráveis à redução da Maioridade Penal ou mesmo a motivá-los a repensarem a sua posição. Em alguns casos inclusive, esses pesquisados valem-se das informações obtidas para reforçar o seu posicionamento: “As medidas socioeducativas como o Estatuto prevê, não existem. Infelizmente, nosso sistema 50 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa é extremamente falho. Nossa lei é bonita, mas não é aplicada.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, AB, Salvador) Em geral, a percepção predominante é de que as leis existentes não estão funcionando e que, na prática, têm servido para garantir a impunidade dos menores infratores. Foram comuns os relatos de casos onde o menor que praticou algum crime não permaneceu mais do que algumas horas detido. Alguns pesquisados sentem falta de um estudo que avalie, mais a longo prazo, a situação daqueles menores que estiveram nos programas socioeducativos: se, por exemplo, ao completarem a maioridade, foram para a cadeia ou não; se, após o cumprimento das medidas educativas, “mudaram de vida” ou não. A hipótese* de aprovação da medida até o início dos Jogos Olímpicos provoca diferentes opiniões acerca dos possíveis efeitos da nova lei no que tange à contenção da violência durante o evento: Alguns acreditam que não fará diferença, pois o policiamento que imaginam que virá a ser providenciado para o evento será suficiente para coibira violência, tanto no Rio de Janeiro como nas demais cidades-sede; Outros creem que o fato de a nova lei incutir o temor pela punição entre os menores infratores ocasionará uma redução da ação criminosa por parte desses; Outros não creem que a nova lei venha a ser, efetivamente, aplicada. Acham que os menores infratores continuarão agindo, dentro e fora do período do evento olímpico. * Observa-se que, no período de realização da pesquisa, a proposta de lei ainda não havia sido votada. “Precisa da redução porque a lei existe e não resolveu nada ainda. Eu particularmente acho que a lei nossa está em total decadência. É só no papel mesmo. Isso pra mim nunca funcionou mesmo.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, CD, Recife) “Isso está bem legal nessa teoria, mas como falamos, não acontece. Acho que é uma lei muito bonita, romântica.”(Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) “Não mudo de opinião, mesmo tendo ali “prestação de serviços”, “liberdade assistida”... Porque não funciona, infelizmente não funciona.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) “O grande problema do Brasil é a impunidade. Está tudo ali no Estatuto, mas não funciona.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, AB, Salvador) 51 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “Eu confesso, não tinha conhecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, mas se já existe porque nunca foi aplicado?” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) 52 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa 8 Conclusões / Considerações Finais O tema Olimpíadas evoca diferente receptividade conforme o público investigado: Aqueles que ‘Aprovam as Olimpíadas’ são, em sua maioria, entusiastas esportivos e, embora muito desmotivados com o evento no momento presente, creem que ele possa funcionar como uma OPORTUNIDADE para o país evoluir no que diz respeito ao incentivo e ao incremento aos esportes; Aqueles que ‘Desaprovam as Olimpíadas’ são enfáticos ao criticar a realização dos Jogos Olímpicos no momento de dificuldades pelo qual o país atravessa. Não conseguem descontextualizar o evento esportivo do cenário problemático que, hoje, atinge toda a população e que creem que, no momento dos Jogos Olímpicos, não estará melhor. São nitidamente pessimistas em relação ao futuro e apresentam um discurso balizado por problemas e insatisfações com o Governo Federal, sendo recorrentemente citados: desemprego, aumento dos preços, inflação crescente, crise econômica e escândalos de corrupção. Em geral, o clima é de distanciamento frente ao acontecimento olímpico. Atribuem esse estado de desmotivação às preocupações maiores com os problemas econômicos e com o clima negativo que o Brasil está vivendo: "A gente não tem cabeça para pensar nisso, para comemorar, para participar. Tem muita coisa ruim acontecendo.” (Desfavorável às Olimpíadas, feminino, 40 a 55 anos, CD, Belo Horizonte) Dessa forma, todos, independentemente da posição favorável ou contrária ao evento, se preocupam com a situação do país e acham o momento inadequado. Os desfavoráveis ao evento são mais refratários e não acreditam em benfeitorias que as Olimpíadas possam propiciar para o país. Já partem do princípio de que as obras serão superfaturadas, haverá desvio de dinheiro, as instalações ficarão inacabadas, serão “maquiadas” para o evento e depois serão abandonadas, não servindo para outro propósito. Além do distanciamento próprio, muitos pesquisados ressaltam a falta de divulgação do acontecimento olímpico por parte dos meios de comunicação e da mídia em geral. Acreditam que isto se deva aos escândalos atuais, que, teoricamente, são mais “importantes” e atraem mais as atenções da mídia. Acreditam que ao começarem as divulgações e na proximidade das Olimpíadas, a população entrará no clima, torcerá e depois voltará para o seu dia-a-dia. “Eu acho que vai ser muito momentâneo. Vai ser lá na hora que está rolando, a gente assistindo, vai ficar eufórico, mas depois não muda nada.” (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) 53 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa “Quase nunca tem um evento tão grande no nosso país, então quando tem, mesmo que tenha coisas ruins acontecendo, a gente aceita.“ (Favorável às Olimpíadas, feminino, 18 a 25 anos, CD, Brasília) “No momento das Olimpíadas a população vai sair um pouco do foco da crise, da situação econômica do país. Elas vão chegar em uma hora excelente para o Governo Federal. Isso vai tirar o foco deles, vai entrar no foco das Olimpíadas.“ (Favorável às Olimpíadas, feminino, 26 a 39 anos, AB, Salvador) Além dos fatores apontados para a desmotivação generalizada, tem-se como agravante a percepção de que “os poucos” benefícios e beneficiados com o evento estão ou estarão concentrados na cidade do Rio de Janeiro, não havendo ganhos extensivos a toda a nação ou a todos os brasileiros. Somado a isso, há a percepção predominante de que serão benefícios momentâneos, exclusivos ao período de duração do evento. Tem-se um grande descrédito quanto ao potencial do evento deixar um legado para o país. “Por mais que o Brasil se esforce para o evento ser o melhor, ele tem déficits que ele traz desde sempre e ele não vai conseguir solucionar do dia pra noite. Então ele vai fazer uma operação paliativa pra aparecer mais ou menos bem na realização do evento. Ele consegue maquiar, mas não é algo fixo porque ele não tem estrutura pra manter aquilo.” (Favorável às Olimpíadas, masculino, 26 a 39 anos, AB, Brasília) Esse agravante se mostra determinante para definir os ânimos frente ao evento: desânimo, descontentamento, indiferença e, especialmente entre aqueles que ‘Desaprovam as Olimpíadas’, uma certa indignação acompanhada de muitas críticas ao potencial do acontecimento esportivo vir a funcionar para tirar o foco dos problemas reais do país. Como saldo geral, em todas as praças investigadas, são percebidas mais perdas do que ganhos com as Olimpíadas no Brasil: Do ponto de vista financeiro, imagina-se que os possíveis ganhos ficarão centralizados na capital carioca. Muito escassamente, poderá haver uma extensão do turismo para outras cidades brasileiras, mas de forma inexpressiva e incapaz de promover um aquecimento da economia dessas cidades; Do ponto de vista do entretenimento, também não são percebidos ganhos na medida em que, diferentemente da Copa do Mundo, os trabalhadores não serão “dispensados” do expediente de trabalho. Nas cidades que sediarão alguns jogos de futebol, não há até o momento a predisposição de acompanhar os jogos de perto dada a ideia de que os preços dos ingressos serão restritivos a “ricos e gringos”. A percepção geral é de que, para o cidadão comum, a Olimpíada não trará ganhos, não haverá tampouco a possibilidade de acompanhá-la de perto. Os entrevistados declaram que a realização de jogos isolados de futebol em determinadas capitais do país também não trará impactos nas suas vidas ou mesmo nas rotinas das suas cidades. 54 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Somado aos preços “abusivos” dos ingressos, a centralização da quase totalidade dos jogos/provas olímpicas no Rio de Janeiro se torna um impeditivo determinante, segundo afirmam. Com suas rotinas inalteradas, os pesquisados imaginam que acompanharão as Olimpíadas Rio 2016 de forma seletiva e ocasional, ou seja, apenas as modalidades que apreciam ou apenas o que estiver passando na TV quando estiverem em casa. Assim, tem-se um conjunto de fatores que define e reforça o baixo envolvimento com o evento. Observa-se que não apenas a crise econômica do país é fator de desmotivação, existem também as questões circunstanciais apontadas que amplificam a desmotivação e o baixo interesse pelos Jogos Olímpicos. Diante desse contexto de enorme distanciamento frente ao acontecimento olímpico, a comunicação tem papel determinante para a criação de uma agenda positiva em torno do evento. À medida que inexiste uma comunicação oficial por parte do Governo Federal, o cidadão dá asas para especulações desfavoráveis ou abre espaço para absorção de notícias tendenciosas ou negativistas. Embora o clima seja de desmotivação, há interesse e abertura para saber como os recursos estão sendo destinados e, principalmente, o legado útil e perene que poderá ser deixado para o país. 55 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa 9 Recomendações Torna-se, portanto, recomendável estabelecer um convite para a sociedade, buscando criar um movimento de aproximação, engajamento e motivação frente ao evento. Nesse sentido, diversas são as temáticas que podem servir de subsídios para uma comunicação com esse fim: Informações básicas sobre as Olimpíadas Rio 2016: ações empreendidas para receber o evento, cidades participantes; modalidades esportivas que irão compor o quadro olímpico; atletas brasileiros que irão participar; Histórias de superação de atletas e ex-atletas olímpicos e paralímpicos; Depoimentos de ícones do esporte – atuais e do passado; História / Curiosidades do mundo do esporte; Investimentos realizados e destinos que terão após o término do evento; Legado que será deixado para o país; Divulgação de ações paralelas ao evento: projetos sociais de cunho esportivo, Bolsa-Atleta e Plano Brasil Medalhas. 56 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Anexo I – Roteiro Roteiro – Projeto Olimpíadas 1. INTRODUÇÃO – 05 MINUTOS Apresentação da dinâmica, importância da participação, papel do moderador. Breve apresentação dos participantes: nome, idade, estado civil/ se tem filhos(as), profissão/ o que faz. 2. OLIMPÍADAS 2016 – 25 MINUTOS De modo geral, quando eu falo em Olimpíadas, o que vêm à cabeça de vocês? Quais imagens, lembranças, expectativas e sentimentos são despertados em vocês com o tema “Olimpíadas”? Que mais? Na opinião de vocês, qual o significado das Olimpíadas, isto é, o que as Olimpíadas simbolizam? E o que vocês acham das Olimpíadas serem no Brasil? Por que vocês acham que o Brasil foi escolhido? Que Brasil é esse que vai sediar as Olimpíadas, melhor dizendo, qual a imagem que vocês fazem do “Brasil das Olimpíadas”? Vamos pensar nessas duas palavras, Brasil e Olimpíadas, o que elas têm a ver? Tem alguma relação (sim/não)? Qual? O Brasil é uma potência olímpica na opinião de vocês? Vocês acham que o Brasil vai se sair bem no quadro de medalhas, os nossos atletas vão fazer bonito? Se o Brasil ficar entre os dez países com maior número de medalhas, as pessoas vão se entusiasmar com as Olimpíadas ou isto não fará diferença? Por quê? Será bom para o país sediar as Olimpíadas? Por quê? o Quais as vantagens das Olimpíadas serem aqui no Brasil? o Quais benefícios trarão? o Quem serão os mais beneficiados? E existem desvantagens de as Olimpíadas serem no Brasil? Quais? 57 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa o Quais são as preocupações e receios que vocês têm com relação a esse evento estar acontecendo no Brasil? Hoje, faltando pouco mais de 1 ano para o início dos Jogos, vocês acham que, durante as Olimpíadas, que começam em agosto de 2016, o Brasil estará igual ou diferente do Brasil de hoje? (EXPLORAR AS PERCEPÇÕES DOS PARTICIPANTES SOB VÁRIAS DIMENSÕES: ECONOMIA, POLÍTICA E SOCIEDADE) o Em que aspectos vocês acham que o país estará igual? Por quê? o Em que estará diferente? Por quê? o E estará melhor ou pior do que está hoje? EXPLORAR RAZÕES Nesse cenário que vocês projetaram para agosto de 2016, as Olimpíadas serão um “problema a mais” ou poderão ser vistas mais como “uma solução”? 3. PERCEPÇÕES SOBRE O C LIMA QUE ANTECEDE AS OLIMPÍADAS – 15 MINUTOS Como vocês estão percebendo o clima que antecede as Olimpíadas? o As pessoas já estão comentando nas ruas, no trabalho, na vizinhança? O que? o Vocês e seus familiares e amigos estão animados de as Olimpíadas serem realizadas aqui no Brasil? o (EM CASO NEGATIVO): Por que estão desanimados? (PERCEBER O NÍVEL DE ENVOLVIMENTO E AS RAZÕES DA DESMOBILIZAÇÃO) Vocês costumam acompanhar as Olimpíadas? Como? E dessa vez, que será aqui no Brasil, vai ser diferente? SOMENTE PARA O RIO DE JANEIRO: E agora pensando na cidade de vocês, que vai sediar esse megaevento, como vocês estão percebendo o clima que antecede as Olimpíadas? o Como o Rio de Janeiro está se preparando para receber as Olimpíadas? Na opinião de vocês, a gente vai conseguir fazer uma boa Olimpíada? As Olimpíadas no Brasil serão um sucesso ou um fracasso? o O que vocês acham que vai funcionar? Por quê? o O que pode não funcionar? Por quê? Vamos pensar nessas duas palavras, Copa do Mundo no Brasil e Olimpíadas no Brasil, o que elas têm a ver? Tem alguma relação (sim/não)? Qual? 58 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Qual a avaliação que vocês fazem hoje da Copa do Mundo, foi melhor ou pior do que o esperado? Vocês mudaram de opinião sobre a Copa no Brasil, depois que o evento acabou? Vocês acham que a maioria da população é contra ou a favor das Olimpíadas? Vocês acham que pode acontecer de as pessoas que estão contra mudarem de opinião durante ou depois que acabar as Olimpíadas? 4. PERCEPÇÕES SOBRE AÇÕES EMPREENDIDAS E ATORES ENVOLVIDOS NO EVENTO – 15 MINUTOS Vocês sabem o que está sendo feito para a realização das Olimpíadas no Brasil? Quais são as ações, iniciativas que estão sendo realizadas para o evento? O que vocês acham dessas ações? Vamos pensar nessas duas palavras, Olimpíadas e Governo Federal, o que elas têm a ver? Tem alguma relação (sim/não)? Qual? Quem vocês acham que são os responsáveis pela realização das Olimpíadas no Brasil? o Qual o papel de cada um deles nessa tarefa? (AVALIAR SEPARADAMENTE PAPEL DOS DIFERENTES NÍVEIS DE GOVERNO [FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL] x COMITÊ OLÍMPICO INTERNACIONAL x DOS DEMAIS AGENTES CITADOS) o Como cada um deles está se saindo? Como eles devem prestar contas dos gastos com o evento? Eu tirei algumas informações do site do Ministério dos Esportes: O Governo Federal lançou o Bolsa Atleta, que distribuiu mais de 31 mil bolsas entre 2005 e 2013 para incentivar novos atletas e o Plano Brasil Medalhas que pretende investir mais de 1 bilhão de reais entre 2012 e 2016...(COLOCAR NO FLIPCHART PARA QUE FIQUE VISÍVEL) o Vocês tinham ouvido falar desses 2 programas? o O que vocês acham dessa iniciativa do Governo Federal de incentivar o esporte no Brasil? Vocês acham que ocorrerão novas manifestações? (SE SIM) Com que objetivo? 59 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa 5. PERCEPÇÕES SOBRE GANHOS E PERDAS COM AS OLIMPÍADAS - 20 MINUTOS Vamos pensar agora no que as Olimpíadas vão representar para o Brasil... O anúncio do Brasil para sediar as Olimpíadas de 2016 foi feito em outubro de 2009. Vocês lembram o que vocês sentiram naquela época? Vocês acham que esse sentimento mudou? Por quê? Quais impactos vocês acham que esse evento poderá trazer para o país? (ESPONTÂNEO) Vamos falar agora dos impactos das Olimpíadas, pensando: (DETECTAR A PERCEPÇÃO DOS PARTICIPANTES SOBRE POTENCIAIS IMPACTOS (BENEFÍCIOS E PREJUÍZOS) NA SUA VIDA E NA DO PAÍS E SUA ECONOMIA DURANTE E APÓS AS OLIMPÍADAS) o Na sua vida; o Para o país (geral); o Para a economia do país. O Brasil estará na mídia, os estrangeiros virão para cá, o mundo inteiro acompanhará as Olimpíadas pela TV. O Brasil estará com todos os olhares para ele. o O que vocês acham disso? o Como acham que os estrangeiros irão enxergar o Brasil? As Olimpíadas compreendem dois eventos esportivos, um que são os Jogos Olímpicos e outro que são os Jogos Paralímpicos... o Vocês sabiam disso? Sabem o que significa cada um deles? Vocês sentem que o Brasil está melhorando na promoção dos direitos das pessoas com deficiência? Vocês acham que a realização dos Jogos Paralímpicos aqui pode dar mais visibilidade a esta questão? Como? E qual o papel do Governo Federal nisso? Vocês sentem que o Brasil está melhorando na promoção dos direitos das mulheres? Vocês acham que a participação de tantas atletas mulheres nas Olimpíadas, muitas das quais ganhando medalhas, pode ajudar a dar mais visibilidade à igualdade entre homens e mulheres em outras áreas? Vocês sentem que o Brasil está melhorando na promoção dos direitos dos negros? Vocês acham que a participação de tantos atletas negros/as nas Olimpíadas, ganhando medalhas, pode ajudar a dar mais visibilidade à igualdade racial em outras áreas? 60 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa 6. AS OLIMPÍADAS 2016 E A COMUNICAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL – 20 MINUTOS Pensando nas Olimpíadas como uma grande festa, vamos imaginar que e o Governo Federal quer muito que todos os brasileiros e brasileiras participem e usufruam dessa festa, que tipo de convite vocês acham que seria mais atraente? o E para atrair vocês, qual a melhor forma? o E para atrair os estrangeiros? Suponhamos que o Governo Federal queira elaborar uma comunicação de utilidade pública para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. o Como vocês imaginam que deva ser essa campanha? (ESPONTÂNEO/ EXPLORAR AS LINGUAGENS, OS FORMATOS E OS MEIOS DE DIVULGAÇÃO PREFERENCIAIS) o O que é importante dizer? E o que é importante mostrar? o O que não pode faltar? o De que forma? (linguagem/tom/formato) o Qual o meio de comunicação vocês consideram mais adequado? Por quê? o Pensando em pessoas conhecidas, quem vocês gostariam de ver? E quem não gostariam de ver?(personagens, políticos, atletas, artistas etc.) o Que tipo/formato de campanha vocês não querem ver de jeito nenhum? o Pensando que tem os Jogos Olímpicos e os Jogos Paralímpicos, vocês acham melhor que eles sejam divulgados juntos ou separadamente? 7. REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL – 20 MINUTOS Antes de a gente finalizar, eu gostaria que a gente conversasse um pouco sobre outro tema que está sendo bastante debatido, a redução da maioridade penal... O que vocês conhecem ou já ouviram falar a esse respeito? O que está sendo discutido? Por que vocês acham que esse assunto está sendo discutido agora? 61 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Vocês sabem qual é a posição do Governo Federal com relação a esse tema? E vocês acham que uma lei dessas vai diminuir a violência? Por que sim/não? Eu trouxe aqui umas informações que eu retirei do site da Secretaria de Direitos Humanos para que a gente possa discutir esse tema. Vou ler cada trecho e daí a gente conversa... O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê seis medidas educativas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação. Um adolescente pode ficar até 9 anos em medidas socioeducativas. Já existe lei pra punir o menor infrator, o que falta é aplicar a lei. (USAR FLIPCHART OU OUTRO MÉTODO QUE DEIXE ESTA MENSAGEM VISÍVEL A TODOS) o Vocês sabiam disso? (Sim/Não) o O que acham disso que acabei de ler? (concordam/discordam) O Brasil tem a 4° maior população carcerária do mundo e um sistema prisional superlotado com 500 mil presos. O índice de reincidência nas penitenciárias é de 70% enquanto no sistema socioeducativo está abaixo de 20%. Botar os adultos na cadeia não tem resolvido o problema. Ao contrário, tem demonstrado ser uma “escola do crime”. (USAR FLIPCHART OU OUTRO MÉTODO QUE DEIXE ESTA MENSAGEM VISÍVEL A TODOS) o O que acham disso que acabei de ler? (concordam/discordam) Vocês acham que se as pessoas receberem mais informações, elas podem mudar de opinião sobre esse assunto?Vocês mudaram de opinião? Vocês acham que essa nossa discussão serviu para alguma coisa? (SE SIM) Pra quê? Vocês ficaram com vontade de se informar mais? Se a proposta for aprovada, vocês acham que terá algum impacto sobre a segurança pública nas cidades durante as Olimpíadas? (OCORRERÃO ALGUNS JOGOS DE FUTEBOL NAS CIDADES DE MANAUS, BRASÍLIA, SALVADOR, SÃO PAULO E BELO HORIZONTE). Para finalizar, algum outro comentário sobre tudo o que foi debatido? AGRADECIMENTO E ENCERRAMENTO 62 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa Anexo II – Cronograma e Perfil – DG’s CIDADE PORTO ALEGRE SALVADOR RECIFE BRASÍLIA SÃO PAULO MANAUS BELO HORIZONTE RIO DE JANEIRO IDADE CLASSE GÊNERO AVALIAÇÃO DAS OLIMPÍADAS DATA HORA 18 a 25 AB HOMEM CONTRA 18/jun 19:30 26 a 39 CD HOMEM A FAVOR 19/jun 19:30 40 a 55 AB MULHER A FAVOR 20/jun 10:30 26 a 39 CD MULHER CONTRA 20/jun 14:00 18 a 25 CD HOMEM A FAVOR 18/jun 18:30 26 a 39 AB MULHER A FAVOR 18/jun 20:30 40 a 55 CD HOMEM CONTRA 19/jun 18:30 18 a 25 AB MULHER CONTRA 19/jun 20:30 40 a 55 AB MULHER A FAVOR 18/jun 18:30 18 a 25 AB HOMEM CONTRA 18/jun 20:30 40 a 55 CD MULHER CONTRA 19/jun 18:30 26 a 39 CD HOMEM A FAVOR 19/jun 20:30 26 A 39 AB HOMEM A FAVOR 18/jun 18:30 40 A 55 CD HOMEM CONTRA 18/jun 20:30 18 A 25 CD MULHER A FAVOR 19/jun 18:30 26 A 39 AB MULHER CONTRA 19/jun 20:30 18 a 25 AB HOMEM A FAVOR 22/jun 18:30 26 a 39 CD MULHER A FAVOR 22/jun 20:30 40 a 55 AB MULHER CONTRA 23/jun 18:30 26 a 39 CD HOMEM CONTRA 23/jun 20:30 18 a 25 CD MULHER CONTRA 22/jun 18:00 26 a 39 AB HOMEM CONTRA 22/jun 20:00 18 a 25 AB MULHER A FAVOR 23/jun 18:00 40 a 55 CD HOMEM A FAVOR 23/jun 20:00 18 a 25 CD MULHER A FAVOR 24/jun 18:30 26 a 39 AB HOMEM A FAVOR 24/jun 20:30 40 a 55 CD MULHER CONTRA 25/jan 18:30 40 a 55 AB HOMEM CONTRA 25/jun 20:30 18 a 25 AB MULHER CONTRA 24/jun 18:30 40 a 55 AB HOMEM A FAVOR 24/jun 20:30 26 a 39 CD MULHER A FAVOR 25/jan 18:30 18 a 25 CD HOMEM CONTRA 25/jun 20:30 63 Obs.: as opiniões e julgamentos expressos neste documento são de exclusiva responsabilidade do Instituto de Pesquisa
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