Revista Frutas e derivados - Edição 05
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Revista Frutas e derivados - Edição 05
CAPA SUMÁRIO MARÇO 2007 PRODUÇÃO: PerformanceCG FOTO: Banco de Imagens do Ibraf 07 ENTREVISTA 27 14 38 07 À FRENTE DE DESAFIOS Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, João de Almeida Sampaio Filho, fala sobre fruticultura paulista. FRUTAS FRESCAS SEÇÕES 14 FRUTAS FINAS 04 editorial 06 espaço do leitor 10 campo de notícias Frutas finas ainda têm produção limitada por causa do alto custo de produção. Panorama dos principais acontecimentos do trimestre. CERTIFICAÇÃO 12 no pomar 18 PASSAPORTE PARA EXPORTAÇÃO 30 tecnologia Comércio internacional exige certificação e segurança do alimento. Projeto Fruta Paulista segue as normas. AGROINDÚSTRIA 27 TENDÊNCIA MUNDIAL Frutas minimamente processadas começam a fazer parte do cotidiano das redes de varejo. MEIO AMBIENTE 33 PERIGO VIAJANTE A introdução de espécies exóticas altera o ambiente e traz perigos ao homem do campo. Lançamentos, dicas, normas e leis do setor. Pesquisador desenvolve processo inovador que garante mais sabor e aroma no processamento de sucos. 36 opinião Osvaldo Dias: a força do associativismo mudou a história de Junqueirópolis/SP. 37 agenda Acontecimentos do trimestre. 38 eventos Fechamento de negócios e divulgação no país europeu que mais consome frutas brasileiras e no mercado promissor dos Emirados Árabes. 41 artigo técnico Abacaxi minimamente processado requer cuidados para manter qualidade e sabor. 48 campo & culturap 44 produtos e serviços 46 fruta na mesa Delicadeza do figo. editorial CUIDANDO DO FUTURO DIRETOR PRESIDENTE Moacyr Saraiva Fernandes Na vida de uma cultura perene, o primeiro ano é determinante para sua produção futura. Muito há para se fazer até colher os primeiros frutos. Os cuidados com solo, fertilização, controle de pragas e doenças e a correta irrigação para a pequena árvore precisam ser constantes. Traçando um paralelo, assim é com o ‘plantio’ de uma publicação. Seu primeiro ano é de cuidados intensos para que não se perca a semente da informação plantada. Foi assim que caminhamos nos primeiros 365 dias da Frutas e Derivados, que se completam em março: cuidando da ‘fruteira’ da notícia para que, no seu devido tempo, dê frutos abundantes de informação. O seu retorno, leitor, nos dá a segurança de que o tratamento está certo. E é, para você, que preparamos uma edição apontando caminhos para maior rentabilidade. VICE PRESIDENTE Aristeu Chaves Filho O passaporte para exportar está na certificação, que ampliam mercados à sua colheita, além de ajudá-lo na organização da propriedade. O processamento mínimo de frutas, tendência mundial, começa a ganhar espaço no País, principalmente, nos grandes centros urbanos, devido à procura do consumidor por produtos que ofereçam praticidade e sejam saudáveis. Para que esse consumidor tenha praticidade, sem perder a delícia do sabor, a pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolveu método inovador de processamento de sucos de frutas, outro segmento em crescimento contínuo na cadeia frutícola. Em se tratando de crescimento, as frutas no Estado de São Paulo são o maior exemplo. O Estado mais industrial da Nação é também a maior plataforma frutícola e, para valorizar esse fruticultor e sua colheita, o Instituto Brasileiro de Frutas, em parceria com o Sebrae-SP, lançou o programa Fruta Paulista. Vale ressaltar que todos os esforços para o aprimoramento do setor cairão por terra, se não houver os devidos cuidados ambientais e os bioinvasores continuarem entrando no País. Hoje, a fruticultura luta para manter sob controle e erradicar as espécies exóticas invasoras cydia pomonella, mosca-dafruta, sigatoka negra e a mosca-da-carambola, um desafio atual. O setor e as autoridades do País precisam estar alertas: a questão ambiental, mais do que uma bandeira, é questão de sobrevivência econômica e das espécies. Uma ótima leitura e obrigada pelo apoio em nosso primeiro ano! TESOUREIRO José Benedito de Barros DIRETORES Carlos Prado (Superintendente Nordeste) Roland Brandes (Superintendente Sul) Etélio de Carvalho Prado, Jean Paul Gayet, Paulo Policarpo Mello Gonçalves, Waldyr S. Promicia. CONSELHEIROS Luiz Borges Jr., André Luiz Grabois Gadelha, Américo Tavares, Carla Castro Salomão, Dirceu Colares, Fernando Brendaglia de Almeida, Francisco Cipriano de Paula Segundo, James C. Bryon, Sylvio Luiz Honório, Washington Dias. COMITÊ TÉCNICO-CIENTÍFICO Antônio Ambrósio Amaro (Presidente) Admilson B. Chitarra, Alberto Carlos de Queiroz Pinto, Aldo Malavasi, Anita Gutierrez, Carlos Ruggiero, Fernando Mendes Pereira, Geraldo Ferreguetti, Heloísa Helena Barreto de Toledo, José Carlos Fachinello, José Fernando Durigan, José Luiz Petri, José Rozalvo Andrigueto, Josivan Barbosa de Menezes, Juliano Aires, Lincoln C. Neves Filho, Luiz Carlos Donadio, Osvaldo Kiyoshi Yamanishi, Rose Mary Pio, Tales Wanderley Vital. COMITÊ DE MARKETING Jean Paul Gayet (Presidente) Paulo Policarpo Mendes Gonçalves, Pedro Carvalho Burnier, Waldyr S. Promicia, Elis Simone Ferreira Fernandes, Fabio Nino, James Howard Beeny, Angela Maria Maciel da Rocha, Sergio Abreu, Rogério de Marchi. CONSELHO EDITORIAL Moacyr Saraiva Fernandes Maurício de Sá Ferraz Valeska de Oliveira COORDENAÇÃO Luciana Pacheco [email protected] EDIÇÃO Marlene Simarelli MTb 13.593 [email protected] REDAÇÃO Beth Pereira, Marlene Simarelli REVISÂO Vera Bison COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Luciana Pacheco (texto). Marlene Simarelli Editora [email protected] fale conosco REDAÇÃO para enviar sugestões, comentários, críticas e dúvidas [email protected] PUBLICIDADE José Carlos Pimenta Telefone (11) 3223-8766 [email protected] DIREÇÃO E PRODUÇÃO DE CONTEÚDO ArtCom Assessoria de Comunicação R. Reginaldo Sales, 186 - sala 2 - Vila Maria CEP 13041-780 - Campinas - SP Telefone (19) 3237-2099 [email protected] DIREÇÃO DE ARTE E PRODUÇÃO GRÁFICA Performance Design Gráfico S/C Ltda. Rua Tobias Monteiro, 160 - Sala 02 - Jd. Aeroporto CEP 04355-010 - São Paulo - SP Telefones (11) 5034.8806 / 5034.7806 [email protected] CIRCULAÇÃO Distribuição gratuita do IBRAF - Instituto Brasileiro de Frutas Telefone: (11) 3223-8766 [email protected] IMPRESSÃO E ACABAMENTO Copypress ASSINATURA a assinatura é gratuita e para solicitar seu exemplar [email protected] ou pelo telefone (11) 3223-8766 Distribuição: nacional. Tiragem: 6.000 exemplares. ANUNCIOS para anunciar na Frutas e Derivados [email protected] ou pelo telefone (11) 3223-8766 Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do Instituto. Para a reprodução do artigo técnico e do artigo opinião, é necessário solicitar autorização dos autores. A reprodução das demais matérias publicadas pela revista é permitida, desde que citados os nomes dos autores, a fonte e a devida data de publicação. Frutas e Derivados é uma publicação trimestral do IBRAF - Instituto Brasileiro de Frutas, distribuída a profissionais ligados ao setor. ESPAÇO DO LEITOR “ A revista é ótima, supera as expectativas, com temas atuais e dinâmicos. Deixo uma sugestão para que vocês aumentem o espaço que traz publicações sobre a fruticultura e os endereços de onde adquiri-las.” Waldemar Domingos de Santana Júnior Produtor Rural, Itumbiara – GO “Gostaria de parabenizá-los pela excelente qualidade da revista e seu conteúdo técnico. Sem sombra de dúvidas, a revista é de grande importância para o desenvolvimento da fruticultura nacional.” Fernando Augusto de Souza Gerente Geral da Korin Agricultura Natural “ S ou pesquisadora-científica do Fruthotec/Ital na área de tecnologia de frutas. Acho as reportagens da Revista Frutas e Derivados muito esclarecedoras e bem acessíveis ao público leigo.” Ms. Silvia Cristina Sobottka Rolim de Moura Campinas - SP “Ao visitar a empresa Frutas Boutim, de Porto Amazonas/PR, minha esposa, Suzana M. R. Gorniski, encontrou um exemplar da revista Frutas e Derivados e elogiou as matérias abordadas e as bemelaboradas composição e arte, além de uma impressão sofisticada. Parabéns à equipe.” Aramis Gorniski Editor do jornal “A Tribuna Regional” e da revista “Informação”, Lapa - PR “Foi uma satisfação receber a revista Frutas e Derivados e deparar com artigos que atendam diferenciados segmentos da cadeia frutícola. Assim como o amigo Professor Pesquisador Dr. Rafael Pio, concordamos que existam muitos entraves para podermos conquistar recursos públicos para fins científicos. Como opção, buscamos os produtores como parceiros, que nos apoiam e se beneficiam diretamente de nossas pesquisas.” Prof. Adjunto Fabio del Monte Cocozza Universidade Estadual da Bahia Campus IX - Barreiras ERRATA Na matéria de capa Altos e Baixos, publicada na edição 4, de dezembro de 2006, a informação sobre o volume de exportação de figos está errada. Onde se lê “no acumulado de janeiro a outubro, o Brasil exportou 482 mil toneladas da fruta”, leia-se 482 toneladas. Agradecemos o alerta sobre os números referentes à exportação, enviado pelo produtor e exportador Maurício Brotto, de Campinas/SP. ESCREVA PARA Endereço: Avenida Ipiranga, 952 • 12º andar • CEP 01040-906 • São Paulo • SP Fax: (11) 3223-8766 E-mail: [email protected] 6 JOÃO SAMPAIO JOÃO LUIZ - SAA/COMUNICAÇÃO ENTREVISTA À FRENTE DE DESAFIOS João de Almeida Sampaio Filho, 41 anos, nasceu na capital paulista, cidade onde a zona rural praticamente acabou, mas sua história de vida está associada à agricultura. Economista e produtor rural nos Estados de São Paulo, Mato Grosso e Paraná, esteve à frente de diversas entidades ligadas ao agronegócio. Foi presidente da Associação dos Produtores de Borracha do Estado do Mato Grosso e vice-presidente da Associação Paulista do Setor. Ocupou, também, a presidência da Câmara Setorial Nacional de Borracha e da Comissão Na- cional da Borracha da CNA (Confederação Nacional da Agricultura). Foi vice-presidente na Associação Comercial do Estado de São Paulo, conselheiro da Associação Brasileira do Agronegócio de Ribeirão Preto e, a partir de 2002, ocupou a presidência da Sociedade Rural Brasileira, função que deixou para assumir a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. À frente do Estado, detentor da maior plataforma agrícola do País, ele fala de projetos para sua gestão, iniciada este ano. 7 ENTREVISTA JOÃO SAMPAIO Frutas e Derivados - Qual é plano de governo para a agricultura nesta nova gestão? João Sampaio - São Paulo, apesar de pouco sabido, é a maior plataforma agrícola do País, responsável por 17% do valor bruto da produção agropecuária brasileira. No entanto, nosso maior trunfo não está tão somente dentro da porteira, e, sim, em nossa capacidade de multiplicar o valor da produção fora das fazendas. Agregamos valor aos produtos, graças à infra-estrutura de industrialização, à logística de exportação e ao grande mercado consumidor. Nosso plano está concentrado em ampliar e melhorar a renda do produtor, apostando na agregação de valor aos produtos. “A fruticultura paulista é das mais diversificadas e das mais fortes.” Frutas e Derivados - O novo governo implica em direcionamento de novos projetos da Secretaria focados na agricultura do Estado mais industrial da Nação? Quais? Por quê? João Sampaio - Como disse anteriormente, o Estado de São Paulo sintetiza esta capacidade de unir a indústria e a agricultura; processamos os produtos agrícolas com eficiência industrial. Trabalhar as cadeias produtivas e apostar nas vocações agrícolas e agroindustriais de cada região é o caminho para otimizar recursos e ampliar a renda. Frutas e Derivados - Investir em programas para melhorar a renda e a vida do produtor rural paulista está entre os planos do governo? O que pretende? Como acredita ser possível? João Sampaio - O governador José Serra, quando me chamou para a Secretaria de Agricultura, disse-me exatamente o objetivo número 1 deste governo: o crescimento econômico.Precisamos gerar trabalho e renda e como podemos fazer isto? Por meio de programas e parcerias com a iniciativa privada, que trabalhem na direção de unir o produtor e o consumidor. Entre estas duas pontas é onde está a chance de crescermos. A Secretaria de Agricultura possui seis institutos de pesquisa, alguns deles centenários, com larga experiência em pes8 quisa, desenvolvimento e produção de novas variedades agrícolas e na adaptação de tecnologias. Temos uma rede de extensionistas, que está à disposição do produtor e do empreendedor rural e precisa ser melhor utilizada. A melhor integração entre a pesquisa, a extensão e a iniciativa privada pode render ótimos frutos, com o perdão do trocadilho. A agricultura tem mostrado, pelos consecutivos superávits da balança comercial, que é a vocação do nosso País. E mais que agricultura, o agronegócio, esta rede, que envolve produção, industrialização, comercialização e serviços, geradora de 37% dos empregos no País, será a responsável pelo crescimento econômico tão esperado e prometido nos últimos anos. Frutas e Derivados - Quais são os projetos para a fruticultura no Estado, cuja atividade gera muitos postos de trabalho por hectare no campo? João Sampaio - A fruticultura paulista é das mais diversificadas. Por incrível que pareça, não produzimos somente laranja para indústria, onde somos os maiores produtores e exportadores de suco de laranja do mundo. Essa atividade importante é nosso terceiro item na pauta de exportações do agronegócio; perde apenas para cana (açúcar e álcool) e carne bovina. São Paulo produz frutas frescas com alto valor agregado e baseado na pequena propriedade – reside nestas características o grande potencial de crescimento econômico. Regiões, como a do Circuito das Frutas, compreendendo municípios de Valinhos, Jundiaí, Louveira, Vinhedo, entre outros; Jales, com uva e parte do sudoeste do Estado de São Paulo são pólos de produção que precisam de uma concentração de atendimento e, assim, ampliaremos o poder de geração de empregos. A Secretaria de Agricultura possui o Centro Apta de Frutas, em Jundiaí/SP, um centro de pesquisa totalmente dedicado à fruticultura, onde foram geradas as principais variedades desenvolvidas no Estado. Temos o Instituto de Tecnologia dos Alimentos (Ital), que se dedica a novas embalagens, rotulagens, conservação dos alimentos e frutas processadas. E ainda temos o Instituto Agronômico, onde a última novidade é o desenvolvimento de variedades de tangerinas sem semente, já com fazendas em produção no sudoeste do Estado. Estas oportunidades estão aí para serem aproveitadas. A Câmara Setorial de Frutas, da Secretaria, tem estas ferramentas à mão. Precisamos melhor aproveitá-las ENTREVISTA e utilizá-las, conjuntamente, com empresas do setor em projetos diferenciados e adequados a cada região. Frutas e Derivados - Quanto ao seguro rural, haverá alguma subvenção do Estado? João Sampaio - Já temos um projeto de 50% de subvenção ao prêmio do seguro rural no Estado de São Paulo. Começamos em 2003 com um projeto piloto e estamos no quarto ciclo agrícola. São 23 culturas envolvidas no projeto e grande parte delas é de frutas. É um projeto voltado para o pequeno produtor com renda bruta anual de até R$ 215 mil. Nele, o produtor faz o seguro junto a uma das seguradoras credenciadas. De posse da apólice, e dentro das especificações técnicas do projeto, ele pleiteia a subvenção. Se aprovada, em menos de um mês, ele recebe metade do valor que pagou do prêmio do seguro por intermédio do Banco Nossa Caixa. Este projeto é um sucesso, principalmente entre os fruticultores, por se tratar de culturas mais susceptíveis às intempéries climáticas. Nossos maiores beneficiados são produtores de uva, caqui e figo, nas regiões de Campinas. Queremos que produtores de todo o Estado participem. Para isso, basta procurar a Casa de Agricultura local e se informar mais detalhadamente sobre o projeto. É um instrumento de proteção à disposição do produtor. E mais: é um projeto pioneiro em todo o País. Frutas e Derivados - Sebrae-SP e Ibraf acabam de lançar o Projeto Fruta Paulista. Como analisa essa parceria para os fruticultores de São Paulo? João Sampaio - Este é o caminho para a fruticultura paulista: unir a cadeia produtiva desde o produtor até o consumidor, apostando na capacidade destas instituições de agregar valor aos produtos. A Secretaria não só apóia como é co-participante deste projeto. A Câmara Setorial de Frutas participa de todo o processo. A nossa estrutura, enquanto instituição de pesquisa e assistência técnica, adaptadora de tecnologia, vai participar ativamente deste projeto, colaborando na certificação e normatização da produção até a mesa do consumidor, seja ele paulista, brasileiro ou dos países importadores. Frutas e Derivados - Em sua opinião, quais as maiores necessidades da fruticultura paulista? João Sampaio - O mercado consumidor é dinâmico e alcançar sucesso junto ao consumidor de- JOÃO SAMPAIO pende da capacidade de leitura destas mudanças e o poder de adaptação e incorporação de novas tecnologias. A fruticultura paulista passa pelos mesmos desafios que outros setores. A seleção e o processamento das frutas com embalagens apropriadas que dêem durabilidade e frescor às frutas, assim como o desenvolvimento de variedades agrícolas, cada vez mais condizentes com as demandas de consumo, são as principais necessidades da fruticultura paulista. A certificação, sanidade e adequação aos mercados são os grandes desafios. “Trabalhar a imagem da fruta paulista passa por certificação na produção, padronização dos processos, combinado com campanha de marketing.” Frutas e Derivados - Como a Secretaria pode contribuir para saná-las? João Sampaio - A Secretaria de Agricultura, como enumerado anteriormente, possui várias das ferramentas necessárias para que estas dificuldades possam ser superadas. A articulação dentro da cadeia produtiva é um dos caminhos e, para isto, a Câmara Setorial de Frutas é o foro adequado. Frutas e Derivados - Mesmo produzindo quase metade das frutas nacionais (47% do total nacional), e sendo exportador, São Paulo é pouco reconhecido como pólo de fruticultura. A Secretaria tem algum plano para reverter essa imagem? João Sampaio - A fruticultura paulista é das mais fortes do País. Com grande rentabilidade, é responsável por uma distribuição e ampliação de renda nos seus pólos de produção. Trabalhar a imagem da fruta paulista passa pela certificação na produção, padronização dos processos e da embalagem, combinado com uma campanha de marketing. O caminho já foi iniciado pelo Projeto Fruta Paulista, que é criar a marca e o selo do produto de São Paulo. Isto deve ser ampliado para que alcancemos maior visibilidade e consolidação da marca fruta paulista. 9 CAMPO DE NOTÍCIAS Luciana Pacheco Brasil Recupera Registro da Marca Açaí O açaí, que desde 2003 estava registrado no Japão como marca de propriedade da empresa K.K. Eyela Corporation, é de novo brasileiro. O Departamento de Patrimônio Genético, do Ministério do Meio Ambiente, informou, em fevereiro, que o registro da marca “açaí” foi cancelado por ordem do Japan Patent Office, o escritório de registro de marcas do Japão. Porém, a empresa ainda tem 30 dias para recorrer da decisão. Para coibir o registro indevido de componentes da biodiversidade nacional, o governo formulou lista com 3 mil nomes científicos de plantas brasileiras e distribuiu para escritórios de registro de marcas no mundo inteiro. Produtos típicos, como cupuaçu, rapadura e até escapulário já foram registrados indevidamente como marcas fora do País. Embrapa Lança Processo Agroindustrial de Passas de Mamão A Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz das Almas/BA) lançou em dezembro o processo agroindustrial “passas de mamão”, sem o uso de conservantes, que demanda baixo investimento em equipamentos - basta um secador para que a temperatura durante o processo de secagem seja controlada. O aspecto do produto é um grande diferencial, pois possui textura e cor brilhantes, diferente dos produtos disponíveis no mercado, que são geralmente escuros, cristalizados na superfície e com textura rígida. Esta tecnologia, segundo a Embrapa, terá impactos significati- 10 vos no aproveitamento do mamão, além de gerar receitas para a agroindústria de pequena escala, pois requer baixo investimento. Mais informações: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, telefone (75) 3621-8076, fax (75) 3621-8015, e-mail: leacunha@ cnpmf.embrapa.br. Usos Sustentáveis da Casca de Coco Segundo dados da Embrapa Agroindústria Tropical, cerca de 70% do lixo gerado na orla das grandes cidades brasileiras é composto por cascas de coco verde, material de difícil degradação e foco de proliferação de doenças, que diminui a vida útil de aterros sanitários e lixões. Em Fortaleza/CE, nos meses de alta estação, só a Avenida Beira-Mar e a Praia do Futuro recebem 40 toneladas por dia do resíduo. Para reduzir este efeito e aproveitar a matéria-prima, a Embrapa Agroindústria Tropical desenvolveu uma tecnologia e um conjunto de equipamentos para processamento da casca de coco verde, transformando o resíduo em pó e fibra. O trabalho viabilizou a implantação de uma unidade de beneficiamento no bairro do Jangurussu, em Fortaleza, com recursos do Banco Mundial, em parceria com diversas instituições públicas e privadas. O projeto pretende instalar cercas verticais de contenção, feitas a partir das mantas de coco verde. As mantas ajudarão a barrar a ação do vento, evitando que as partículas de areia invadam as residências dos moradores da Praia do Serviluz. Elas também serão usadas como cobertura de solo para a plantação de espécies adaptadas ao ambiente, como cactáceas (palma forrageira), arbustivas (murici, guajiru e nim), frutíferas (cajueiro e goiabeira) e herbáceas (salsa e amendoim), além de canteiros com 14 espécies de plantas medicinais, como, por exemplo, alecrim-pimenta, malvarisco, confrei, chambá, capim-santo, hortelã japonesa e alfavaca. A casca do coco também está sendo transformada em vasos e placas por uma empresa de Fortaleza/CE. Confeccionados à base de fibra de coco, os produtos atendem ao critério de similaridade ao xaxim, espécie em extinção, devido à sua extração para paisagismo. A fibra de coco consegue reter umidade e deixa as plantas ultrapassarem as paredes dos vasos e das placas, permitindo, assim, que se desenvolvam conforme suas necessidades e funções. Embalagens de Madeira Ganham Novas Regras O Brasil passará a exigir dos seus parceiros comerciais mercadorias acondicionadas em embalagens de madeiras certificadas. A medida objetiva reduzir o risco de introdução de pragas exóticas no Brasil e manter o País livre das principais pragas quarentenárias florestais com ocorrência em países da Ásia, Europa e dos Estados Unidos. Nesse sentido, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou Portaria, que coloca em consulta pública por um prazo de 60 dias o projeto da Instrução Normativa, que visa adotar diretrizes e recomendações para certificação fitossanitária das embalagens e dos suportes de madeira, usados no acondicionamento e transporte de quaisquer mercadorias destinadas ao comércio internacional. A nova norma estabelecerá critérios de rastreabilidade, emissão de certificados, exportação, inspeção e fiscalização, e medidas fitossanitárias cabíveis para essas embalagens e os suportes de madeira. A madeira deverá, por exemplo, estar livre de insetos vivos e sem sinal de infestação de pragas. A responsabilidade de cumprimento das regras recairá sobre a empresa exportadora e importadora, que deve estar em concordância com as regras da Instrução Normativa. A certificação será necessária para embalagens e suportes de madeira em bruto - aqueles que não sofreram processamento, nem foram submetidos a tratamento -, que inclui caixas, engradados, paletes, madeira de estiva, lastros e calços. Estão isentos das exigências de certificação, as embalagens e os suportes de madeira industrializados, processados ou que, no processo de fabricação, tenham sido submetidos ao calor, colagem ou pressão, a exemplo de compensados e aglomerados de partículas, fibras orientadas ou folhas com espessura de 6 mm ou menos. Para mais informações, consulte a Portaria de nº 7, publicada na edição de 17/01/07 no Diário Oficial da União, disponível no site da Imprensa Nacional, no endereço eletrônico www.in.gov.br. Castanhas do Rio Grande do Norte Acessam o Mercado Externo Exportação para Europa e preços de venda melhores, com aumen- to da rentabilidade do negócio são os resultados das ações, promovidas pelo Sebrae, há três anos, para fortalecer e desenvolver a cultura empreendedora entre os produtores de castanha de caju, organizados em 11 municípios do Rio Grande do Norte. No ano passado, foi criado um projeto para promover a ocupação e o aumento das vendas das castanhas de forma competitiva e sustentável, fundamentadas na cultura de cooperação. Desde então, foram construídas e revitalizadas dezenas de indústrias que, juntas, são responsáveis por quase 20% da produção de castanhas de caju de todo o Brasil. Nos períodos de safra, entre os meses de outubro e janeiro, as indústrias chegam a empregar 280 famílias, beneficiando 600 pessoas diretamente e 3 mil indiretamente. De acordo com o gestor do projeto no Estado, Lecy Carlos Gadelha Júnior, em 2006, as minifábricas produziram 90 toneladas de castanhas de caju, das quais 75 foram enviadas para Itália e Alemanha e 15 toneladas foram vendidas para o mercado interno. Além disso, os produtores aumentaram o preço do quilo das castanhas de R$ 0,70 para R$ 1,10, melhorando sua rentabilidade. Com a implantação das unidades familiares nas minifábricas e acompanhamento do Sebrae, os produtores se organizaram, investiram em embalagens novas e mais modernas, reduziram a sua dependência sobre os atravessadores na comercialização e aumentaram a oferta para os mercados interno e externo da castanha e dos subprodutos do caju, inclusive o orgânico. Fazenda de Goiaba Conquista Certificação Rainforest Alliance O Sítio São Nicolau, da empresa Val Frutas, produtora e processadora de goiaba de Vista Alegre do Alto/SP, foi a primeira fazenda de goiaba do mundo a receber autorização para utilizar o selo Rainforest Alliance Certified em seus produtos. Roberto Rossi, supervisor de Marketing da empresa, explica que “este é um selo reconhecido internacionalmente e, no intuito da melhoria contínua de suas práticas agrícolas, a Val Frutas encontrou nesta certificação os requisitos ideais para a promoção da agricultura sustentável”. A certificação garante que a empresa respeita o meio ambiente, os trabalhadores e a região onde está inserida. Para conquistar a certificação, a propriedade se comprometeu com as regras da Rede de Agricultura Sustentável, rede internacional de organizações sem fins lucrativos, que estabelece, entre outras normas, a conservação dos rios, dos solos e do meio ambiente. Além disso, as propriedades devem garantir que os trabalhadores e suas famílias sejam respeitados, recebendo um salário digno e tendo acesso à saúde e à educação. Para o Imaflora, organização sem fins lucrativos,responsável pelo processo de certificação Rainforest Alliance no Brasil, a conquista da Val Frutas representa o primeiro passo para a ampliação do segmmento de certificação para frutas. Além da goiaba, outros cultivos possuem o selo Rainforest Alliance, como café, banana, laranja e flores, em diversos países da América Latina e mais recentemente na África. 11 NO POMAR Marlene Simarelli BANANA RESISTENTE EMBRAPA CNPMF A SIGATOKA NEGRA Quando o fungo Mycosphaerella fijiensis Morelet, causador da Sigatoka negra, atinge os bananais, com variedades suscetíveis em condições de clima quente e úmido, as perdas chegam a 100% da produção. Para ajudar na solução do problema, a Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical lançou as novas cultivares de bananeira Japira e Pacovan Ken, resistentes à doença. O pesquisador Sebastião de Oliveira e Silva, responsável pelo melhoramento de bananeira, afirma que “o uso das duas variedades evita a aplicação de fungicidas no controle das sigatokas amarela e negra, prática de elevado custo e com implicações ambientais”. A cultivar Japira produz 25 toneladas por hectare; apresenta a maioria das características de desenvolvimento e de rendimento superior à Prata e bastante semelhante a Pacovan. Mas é superior na reação às doenças, sendo resistente a Sigatoka amarela, a Sigatoka negra e ao mal-do-Panamá. Foi lançada no Espírito Santo e avaliada em diferentes ecossistemas na Bahia, no Amazonas e no Acre. A Pacovan Ken tem porte de médio a alto, ciclo médio e se destaca das demais por apresentar produção de 30 toneladas por hectare. Os cachos, de frutos mais doces, podem chegar a 28 quilos, com sete a dez pencas por unidade. Apresenta também resistência a Sigatoka amarela e ao mal-do-Panamá. Lançada na Bahia, a Pacovan Ken foi testada e recomendada para outros estados da região Norte. Informações sobre as mudas das novas variedades podem ser obtidas na Campo Biotecnologia, telefone (75) 3621-2584, email: [email protected]. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ CUIDADOS COM O MAMOEIRO A partir de março, quando diminuem as chuvas e a temperatura cai, a cultura do mamoeiro, de produção contínua, exige que os produtores fiquem atentos, principalmente para os problemas fitossanitários, como o ácaro-rajado e as doenças viróticas meleira e mosaico do mamoeiro. Isto porque sua ocorrência fica favorecida com a entrada do período da seca. O pesquisador David Martins, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper –, explica que “os ácaros-rajados (Tetranychus urticae) surgem com o início da seca. São pequenos indivíduos, pouco perceptíveis a olho nu, encontrados associados às folhas mais velhas do mamoeiro, geralmente na parte inferior do limbo, formando colônias entre as nervuras mais próximas do pecíolo, onde tecem teias e depositam seus ovos. Quando as folhas são intensamente atacadas, secam e caem, prematuramente, provocando redução da área foliar. A queda das folhas afeta o desenvolvimento e a produtividade da planta e deprecia a qualidade dos frutos pela sua exposição à ação direta dos raios solares”. O ataque do ácaro-rajado aos pés de mamoeiro normalmente surge em reboleiras. “E é nas reboleiras que a praga deve ser combatida antes que se disseminem pela lavoura”, enfatiza Martins. As duas doenças viróticas meleira e mosaico do mamoeiro aparecem com o final do verão, em condições de temperaturas mais amenas. Essas condições climáticas favorecem o aparecimento dos sintomas com maior rapidez, ou seja, ficam mais evidentes. Como para essas doenças não há controle, o pesquisador recomenda que O clima mais ameno e seco as plantas atacadas sejam erradicadas, tão logo aparefavorece o aparecimento de pragas çam os primeiros sintomas, para evitar que se dissemie doenças como ácaro rajado nem pela lavoura. (acima) e meleira (ao lado). FOTOS INCAPER/ES ○ Japira (acima) e Pacovan Ken são resistentes a sigatoka negra. 12 ○ ○ ○ ○ ○ EM CÂMARA FRIA As mudas de morango da cultivar Camarosa, uma das mais plantadas no País e a mais importante no Rio Grande do Sul, produzem mais quando vernalizadas em câmara fria. A vernalização, técnica que consiste em colocar as mudas em câmara fria durante uma fase de seu crescimento, fez com que a produtividade fosse de 1,07 kg por planta por ano, o equivalente a 117% superior em relação a muda sem vernalização. As mudas oriundas do Chile, também usadas para comparação, tiveram produção semelhante a muda nacional vernalizada. “Os resultados da pesquisa tornam competitivas as mudas produzidas no Brasil, sendo possível reduzir a importação e oferecer uma alternativa de renda aos produtores nacionais”, afirma Roberto Pedroso de Oliveira, da Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, coordenador do estudo. Para se ter uma idéia do mercado, mais de 80% das mudas de morango utilizadas no Rio Grande do Sul, provêm do Chile e da Argentina. O pesquisador explica que “a vernalização das mudas foi feita por 24 dias em câmara fria, sob condições de temperatura de 4±1oC e umidade relativa de 94±2%”. A produção e a qualidade dos frutos do morangueiro estão diretamente relacionadas ao número de horas de frio que as mudas recebem no viveiro. Em sua maioria, as mudas produzidas no País não atingem o padrão de certificação, apresentando produtividade inferior às importadas dos Estados Unidos, do Chile e da Argentina. O experimento foi realizaProdutor de mudas Pedro Signorini tesdo no sítio Simon, município de Pelotas/RS, utilizando sistema de produção sob túneis com tou e aprovou a tecnologia desenvolvida. mudas de morango da cultivar Camarosa, produzidas em viveiro da região de Pelotas. Para a vernalização, as folhas foram removidas, mantendo-se as raízes intactas, sendo realizado um tratamento preventivo com fungicida tiofanato metil. Em seguida, as mudas foram dispostas em câmara fria no interior de sacos plásticos transparentes de 0,05 mm de espessura, contendo 20 plantas cada. O transplantio das mudas foi realizado de acordo com as técnicas de produção em uso no País. Mais informações sobre a pesquisa com Roberto Pedroso de Oliveira, email: [email protected], telefone (53) 3275-8100. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ABACAXI VITÓRIA PARA ENFRENTAR FUSARIOSE ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO/INCAPER ○ EMBRAPA CPACT MUDAS DE MORANGO Resistência a fusariose é a principal característica do abacaxi Vitória, nova cultivar lançada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper -, em parceria com a Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. A doença, causada pelo fungo Fusarium subglutinans f.sp. ananás, é o problema fitossanitário que mais ataca a cultura. A nova cultivar, com folhas sem espinhos, é destinada ao consumo in natura e à agroindústria. Seus frutos têm polpa branca, boa suculência, eixo central de tamanho reduzido e elevado teor de açúcares (média de 15,8 °Brix). Outras características favoráveis para produção são a cor amarela da casca, o formato cilíndrico e o peso dos frutos, em torno de 1,5 kg. De acordo com as instituições, o abacaxi Vitória é 30% mais produtivo, dispensa o uso de fungicidas para controle da doença, possibilitando a redução do impacto ambiental e dos custos de produção. Apresenta, tamVitória chega ao mercado depois de bém, maior resistência ao transporte e ao pós-colheita. As recomendações técnicas uma década de pesquisa. de cultivo são as mesmas usadas para as cultivares Pérola e Smooth Cayenne. O Programa de Melhoramento Genético do Abacaxizeiro da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical começou em 1984. Os híbridos gerados passaram por avaliações e seleção em diferentes regiões produtoras. Deles, três híbridos foram introduzidos nas fazendas experimentais do Incaper, onde, nos últimos 10 anos, realizou-se a seleção, que originou o Vitória. Para outras informações e locais de aquisição de mudas, contatar Aureliano Nogueira da Costa, na coordenação do Programa Estadual de Fruticultura do Incaper, telefone (27)3137-9887, email: [email protected]. 13 ○ ○ NICEBERRY FRUTAS FRESCAS FRUTAS FINAS Empresas apostam na produção e comercialização de frutas finas e delicadas como mirtilo e physalis, exigentes em cultivo, colheita e transporte, cujo alto valor agregado é o principal diferencial. Beth Pereira 14 Embora representem um grande potencial econômico, frutas finas como mirtilo, framboesa, cereja, amora, pitaya e physalis, têm consumo restrito por causa do alto valor agregado, em decorrência da produção limitada, do manejo da difícil colheita, da exigência em mão-de-obra, dos cuidados no transporte e armazenagem e por serem altamente perecíveis. Os preços elevados fazem com que seu consumo fique praticamente restrito às pessoas com maior poder aquisitivo. Júlio Cesar Zanardi, gerente de importação da Irmãos Benassi, concorda que a demanda por frutas finas no País ainda é bastante limitada às pessoas da classe A. “Apenas no pico da safra, quando os preços caem, elas ficam mais acessíveis também às classes B, C e D”, observa. Ele lembra que a amora é a que apresenta maior produção e preço mais reduzido, principalmente no pico da safra. Segundo Zanardi, as frutas finas são muito sensíveis, apresentando bastante dificuldade de manuseio. Isso faz que o preço do mirtilo, por exemplo, seja muito alto, tornando praticamente impossível consumi-lo fresco. No geral, essa fruta é comercializada congelada, sob a forma de polpa ou utilizada no preparo de doces e geléias. Outra fruta difícil de ser comercializada fresca, na opinião de Zanardi, é a framboesa. “É muito sensível para ser comercializada fresca, exige cuidados na colheita e na pós-colheita, além de uma estrutura muito boa de armazenagem e refrigeração”, explica. Já a pitaya, embora seja uma fruta nova no mercado, tem tido o consumo aumentado aos poucos, mas os preços ainda estão elevados. “Se aumentar a produção, a tendência é o preço cair e o consumo ampliar”, analisa. Enquanto isso, para a physalis, a demanda é reprimida, por ser uma fruta pouco divulgada e pouco conhecida. “A venda é quase irrisória. O consumo tem aumentado, porém de forma insignificante.” EXCLUSIVO FOTOS NICEBERRY A empresa Irmãos Benassi é distribuidora de frutas finas para o Brasil da italiana Italbras, com sede em Vacaria/RS. São Paulo responde pelo maior consumo dessas frutas, por uma questão de logística. Na safra, a empresa recebe remessas de frutas diariamente. Agora, porém, com a colheita chegando ao fim, o recebimento ocorre apenas duas vezes por semana. Para Zanardi, a forma de tornar essas frutas acessíveis ao consumidor brasileiro é reduzir o valor agregado, o que ele considera difícil, por causa do alto custo de produção e da alta exigência em mão-de-obra. “Daí a preferência por congelar a fruta”, observa. “Um quilo de framboe- sa vale mais do que o quilo de filé mignon”, compara, lembrando que, atualmente, na Ceasa, o quilo chega a R$ 35,00, o mesmo vale para a physalis. Enquanto isso, o preço do quilo da amora é R$ 30,00, atualmente, e, na safra, R$ 10,00; e da pitaya, R$ 10,00. Há algumas frutas, porém, as quais o Brasil importa praticamente toda a necessidade de consumo. É o caso da cereja e da pêra, porque o clima não favorece o cultivo. Zanardi afirma que há testes em andamento, mas ainda não foram encontradas variedades que se adaptem ao nosso clima, até porque muitas delas precisam de muito frio. O Brasil produz uma ou outra variedade de pêra, mas, para atender à demanda, importa a fruta dos Estados Unidos, Chile, Espanha, Argentina, Itália e Portugal. “É uma fruta produzida e importada em escala, portanto, de preço barato”, diz Zanardi. INCENTIVO Há três anos, a Nice Berry, empresa do Grupo Hathor, está incentivando o cultivo de frutas finas no Brasil. Possui pomares de physalis, blue berry (mirtilo), framboesa e amora nos municípios catarinenses de Itá e Bom Retiro, e nas cidades argentinas de Santa Isabel e Concórdia. Segundo Débora Schäfer, responsável pela área de Marketing de empresa, os 22 hectares cultivados no País com frutas finas produzem 60 toneladas, sendo a maior produção de amora e framboesa, cuja colheita se concentra de outubro a janeiro, com exceção do physalis, que produz o ano todo, cerca de 17 toneladas. Na Argentina, onde a produção é maior, 90% da colheita é exportada para os Estados Unidos e a Europa. Débora diz que o maior mercado de frutas finas é São Paulo, mas a idéia é trabalhar o Brasil como um todo. “O consumidor brasileiro aprecia frutas e acreditamos que a divulgação das propriedades e do sabor das frutas finas vai aumentar a demanda e, ao mesmo tempo, baixar Physalis e mirtilo têm alto valor agregado e são acessíveis apenas aos consumidores de maior poder aquisitivo. 15 FRUTAS FRESCAS os preços, tornando-as mais acessíveis”, observa. “Já existe uma demanda, embora pequena. Temos realizado ações promocionais, que incluem degustação nos pontos-de-vendas, anúncios em revista e folders.” As frutas finas exigem cuidados na colheita, e estrutura de armazenagem e refrigeração. ROBERTO PEDROSO DE OLIVEIRA/EMBRAPA CLIMA TEMPERADO Débora aponta uma demanda mundial crescente por mirtilo. Ela conta que a Argentina deve produzir 140 toneladas este ano. Outra fruta com bom potencial de mercado é a framboesa, muito procurada pelo sabor e pela cor. “Grandes empresas a têm utilizado para enriquecer outros alimentos, principalmente sobremesas e lácteos”, afirma e acrescenta que a demanda por amora também vai aumentar bastante. “A oferta está crescendo e o preço está ficando mais acessível para as empresas industrializarem os produtos.” A venda da produção da Nice Berry no Brasil é feita por meio de distribuidores nas Ceasas e no Ceagesp, em São Paulo, principalmente. A empresa vende as frutas in natura, em embalagens de 125 gramas, e também congeladas (IQF), visando à produção de geléias, iogurtes, tortas e sucos. Conhecido como fonte da juventude, pelo seu poder antioxidante, além de propriedades nutricionais, o blue berry (mirtilo) é comercializado em embalagens de 125 gramas, por cerca de R$ 8,00. “O mirtilo exige muita mão-de-obra porque os frutos têm de ser colhidos com bastante cuidado, para não se romperem, vão direto na embalagem com gelo no fundo.” Segundo Débora, no ano passado, foram colhidas seis toneladas da fruta. “A idéia é dobrar a produção de mirtilo este ano”, planeja e acrescenta que os pomares são novos e a planta entra no seu pico de produção a partir do quinto ano, produzindo até 15 anos. A embalagem de amora é comercializada por R$ 4,00. “Além de maior produtividade, comparada a outras frutas finas, é mais fácil de conduzir.” A framboesa é vendida por R$ 7,00 a embalagem de 125 gramas, o mesmo preço da sofisticada physalis, de sabor único e incomparável, que une o ácido e o adocicado, e é apreciada pelos grandes chefs da cozinha internacional. “Tem sido muito utilizada na decoração de pratos e na elaboração de bombons”, diz Débora. Também, é consumida na forma de doces, sucos, sorvetes, geléias ou como acompanhamento de vinhos. Originária da Amazônia e dos Andes, possui alto teor de vitaminas A, C, fósforo e ferro, licopeno e betacaroteno, que tem efeito antioxidante. De olho no mercado internacional, a produção já está em fase de certificação. “A idéia é ter o EurepGap para exportar para o mercado europeu”, diz Débora. Por enquanto, o foco da empresa é consolidar o mercado interno. “Apenas quando a oferta for maior do que a demanda, passaremos a exportar.” Embora não seja orgânica, a produção não utiliza agrotóxicos. “Como as frutas são colhidas direto na embalagem, que vai para o processo de refrigeração, o consumidor tem à sua disposição uma fruta de excelente qualidade”, diz. POTENCIAL O Programa Estadual de Fruticultura do Rio Grande do Sul tem estimulado o cultivo de frutas finas. Na região, as mais importantes são morango, amora e framboesa, mas já começam a despontar espécies como physalis e mirtilo. Mercado existe, há o interesse de compradores estrangeiros, mas ainda não há uma estrutura de logística no aeroporto, segundo o coordenador do programa, Paulo Lipp João. “Falta estrutura de câmara fria para o embarque dessas frutas congeladas via aérea. O aeroporto não está preparado para essa finalidade”, afirma João. Ele acrescenta que, por essa razão, o fruticultor tem de preparar a carga e levar na hora País já dominou tecnologia para produção e comercialização do delicado morango. 16 para o aeroporto. “Além disso, muitas vezes, é preciso disputar lugar com outros produtos. Quando tem lugar no avião, a fruta é embarcada, caso contrário, volta para a propriedade. Por essa razão, a produção tem sido direcionada principalmente ao mercado de São Paulo, em especial para os sacolões de frutas finas.” Entre as frutas finas, a mais popular, segundo João, é o morango, com produção anual de 12 mil toneladas, direcionada basicamente para o mercado interno e muito pouco para exportação à Europa. Ele conta que “há cerca de cinco anos, produtores da Serra Gaúcha começaram a exportar a fruta, mas as vendas não avançaram mais por causa da baixa taxa cambial”. Segundo ele, são 450 hectares cultivados com morango, cuja produtividade tem aumentado, graças ao uso da fertirrigação. Além disso, ele conta que há variedades americanas e espanholas que podem ser plantadas e colhidas o ano inteiro. De amora, são 120 hectares e produção anual de 1.000 toneladas e, de framboesa, cerca de 10 hectares e produção de 50 toneladas. O cultivo da framboesa vem crescendo na região de Va- caria, visando à exportação – principalmente para a Itália, por meio de empresas italianas sediadas na região, como a Italbras – e também para o mercado interno, principalmente São Paulo. De acordo com João, a argentina Nice Berry tem fomentado o physalis, de forma ainda incipiente; além de mirtilo, na Serra Gaúcha, em Vacaria e Caxias do Sul, e no Alto Uruguai, em Erechim, onde está surgindo um novo pólo de cultivo de mirtilo. ”Graças ao incentivo da Nice Berry, são 22 hectares de frutas finas e produção de 60 toneladas. Ele também lembra que “na região de Farroupilha está começando o cultivo de pitaia.” 17 PASSAPORTE PARA EXPORTAR Sistema garante a qualidade e a procedência da fruta, facilitando a entrada e a abertura de novos mercados para o produto brasileiro no Exterior, mas não é garantia de preços melhores. Beth Pereira 18 CERTIFICAÇÃO Segurança alimentar é uma das maiores preocupações mundiais, tanto que países e blocos comerciais têm criado legislações especiais para proteger o consumidor, que, a cada dia, aumenta o nível de exigências em relação a rastreabilidade dos alimentos. Com as frutas não é diferente. Na Europa, a maioria das grandes redes de varejo exige o EurepGap (Euro Retailer Produce Working Group), criado por grandes grupos varejistas desse continente. Mas há outros protocolos de certificação voltados para a fruticultura, como o GAP (Good Agricultural Practices), para o mercado americano; o TNC (Tesco Nature’s Choice) para os países onde a rede atua, mas principalmente para a Inglaterra; e o HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points), sendo este último recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), além do programa brasileiro Produção Integrada de Frutas (PIF). “Enquanto no sudeste asiático o alvará para a entrada de frutas é a declaração de boas práticas agrícolas, nos Estados Unidos, além da legislação sobre contaminações microbiológicas (Lei Clinton), os exportadores têm de cumprir as determinações da Lei Antiterror do presidente Bush”, destaca o presidente do Conselho do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) e da Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Borges Junior. De acordo com Borges, o cerco está se fechando e a União Européia (UE) está se estruturando para implementar as normas de produção integrada de frutas em todos os países do bloco. Ele lembra que a Itália, Espanha, Alemanha, França e Bélgica já se adequaram ao programa, porém, os novos integrantes dos blocos da União Européia (UE) ainda estão se preparando para essa finalidade. “Quando esses novos países estiveram adequados, eles vão exigir que todos os exportadores estejam dentro das premissas do PIF”, diz. Neste mês de março, uma missão da UE virá ao Brasil para vistoriar a produção de melão, manga e outras frutas da pauta de exportação. “Certamente vão exigir a análise de resíduos, como já ocorre com a maçã e o mamão”, acredita Borges Junior. Ele conta que o País está se estruturando com laboratórios para atender a essa nova demanda. Além disso, laboratórios internacionais estão se instalando no território nacional para essa finalidade. Segundo Borges Junior, vale a pena adotar a certificação, até porque no futuro todos os mercados vão exigir rastreabilidade. “A pressão será maior e as exigências, também”, salienta. Ele acrescenta que “a segurança do alimento é o princípio básico para acesso aos mercados internacionais, inclusive para o mercado interno”. CONSUMO CONSCIENTE Gustavo Sanches Bacchi, da certificadora BCS Öko-Garantie - Brasil, considera que há vários tipos de exigências dos mercados importadores, entre elas as relacionadas às preferências do consumidor, como tamanho, cor, sabor; e as que se referem ao atendimento das mais diversas legislações vigentes no Brasil e nos países para os quais são exportadas as frutas brasileiras. “Além disso, há normas decorrentes do ‘consumo consciente’, que exige garantias sobre o cumprimento de padrões sociais e ambientais mínimos por parte dos fruticultores e distribuidores”, destaca. Bacchi lembra que um exemplo bastante importante de exigência do consumo consciente, que ganha cada vez mais relevância em muitos países, é a certificação orgânica. “O consumo dos produtos orgânicos ampliou-se nas últimas décadas na mesma proporção em que aumentou a consciência do consumidor sobre os benefícios da produção e do consumo das frutas orgânicas”, observa. Embora reconheça a necessidade e as vantagens da certificação, Bacchi afirma que há alguns mitos em torno do assunto. Um deles é a crença de que a certificação de uma propriedade, uma vez obtida, resolve todos os problemas de comercialização do produto em questão, o que não é verdade. “Muita gente também acredita que o esforço necessário para conseguir o certificado termina quando o mesmo é emitido pela certificadora. Isso, porém, não é real, até porque a maioria dos programas de certificação demanda uma melhoria contínua do produtor”, 1919 CERTIFICAÇÃO OG AG R C OE OL IA ressalta. “Na prática, isso significa que o produtor precisa se organizar para conquistar a certificação e para mantê-la (ou seja aprimorá-la) nos anos seguintes. Além disso, também precisa atender às demais exigências dos mercados em questão.” Para Bacchi, outro aspecto interessante da certificação de propriedades agrícolas é o fato de que os produtores foram apresentados a esse tipo de serviço muito recentemente e, por esse motivo, ainda não há uma cultura de certificação bem consolidada no meio rural. “Conceitos fundamentais para uma certificação de alto nível, como por exemplo, conflito de interesses, independência, imparcialidade, transparência são, em muitos casos, completamente desconhecidos por parte dos produtores”, enfatiza. Ele acrescenta que pouco se sabe, também, sobre o rigor dos processos de acreditação aos quais são submetidas as certificadoras. “Nos processos de acreditação, as certificadoras são fiscalizadas constantemente, demandando, de forma permanente, a capacitação técnica dos seus funcionários, organização e muitas outras exigências que são pouco conhecidas pelos produtores rurais e pelos consumidores das suas frutas certificadas.” Soma-se a isso o fato de que cada país possui uma legislação própria, com variações conforme as diferentes espécies de frutas. “A própria União Européia, que tem realizado um grande esforço para harmonizar a legislação entre os países-membros, ainda possui diferenças na legislação de produtos fitossanitários referentes a produtos agroquímicos banidos e/ou limites máximos de resíduos”, analisa. Embora acredite que vale a pena investir na certificação, Bacchi destaca a importância de um bom plano de negócio, no qual todas as variáveis são estimadas e projetadas. “Os projetos de fruticultura certificados com a maior longevidade que conheço estão bem apoiados num bom planejamento”, salienta. Ele lembra que alguns aspectos relacionados à certificação tornam-se cada vez mais evidentes. “O enriquecimento da experiência dos produtores em conhecimento, organização, capacitação e outros quesitos exigidos pelos diferentes programas de certificação são bastante significativos”, afirma. “Talvez a avaliação econômica de curto prazo da relação entre os investimentos e os benefícios de um processo de certificação não consigam captar os ganhos em termos de produtividade, de eficiência administrativa, de redução de passivos ambientais, de saúde do consumidor e de tantos outros aspectos requeri- 20 Daniel Velloso, Agroecologia. dos pelos diferentes programas de certificação e que se mantêm no longo prazo.” SEGURIDADE E BOAS PRÁTICAS O presidente do Instituto Agroecologia, Daniel Velloso, afirma que as principais premissas dos importadores de frutas são a comprovação da seguridade alimentar e a adoção das boas práticas agrícolas. Além de protocolos internacionais como EurepGap, US GAP e Tesco Natures Choice, ele afirma que outros países exportadores estão definindo legislações próprias. Caso do Chile, que criou o Chilegap, com benchmarking - técnica que consiste em acompanhar processos de organizações que sejam reconhecidas como representantes das melhores práticas administrativas. “Outros países exportadores estão buscando o benchmarking, ou seja, a equivalência e o reconhecimento com o EurepGap, a exemplo do México, China GAP, Kenia, Japão (J-GAP) e outros”, explica. Como representante do oficial da EurepGap no Brasil, Velloso destaca como as principais exigências desse selo requisitos da rastreabilidade, de sustentabilidade ambiental, seguridade alimentar e viabilidade econômica, mediante a aplicação das boas práticas agrícolas. Nessas práticas, está proibida a utilização de tecnologias agressivas ao ambiente e à saúde humana, segurança e bem-estar dos trabalhadores. “Isso implica em uso racional e exclusivo de produtos oficialmente registrados para Principais Pontos para Obter Certificação Fazer controle de agroquímicos; Cuidar da higiene na colheita e pós-colheita; Oferecer condições de trabalho adequadas à legislação trabalhista; Proteger o Meio Ambiente; Uma vez conquistada a certificação é necessário fazer uma melhoria contínua da propriedade para mantê-la; O tempo e o preço da certificação variam de acordo com o estágio em que se encontra a propriedade e tempo que o produtor leva para corrigir os pontos não conformes. SGS DO BRASIL Compradores preocupam-se com questões ambientais e bem estar dos trabalhadores Katia Leal Nogueira, SGS do Brasil. cada cultivo, respeitando-se os intervalos de segurança; conservação do solo, aplicação de fertilizantes, recursos hídricos, recursos naturais de maneira geral, análise de resíduos, colheita, pós-colheita”, detalha. PREOCUPAÇÃO DOS COMPRADORES Katia Leal Nogueira, gerente comercial da SGS do Brasil, também ressalta que há, atualmente, por parte dos compradores, uma preocupação muito grande com as questões relacionadas a resíduos químicos, ambiente e bem-estar dos trabalhadores. “O reflexo dessas preocupações está nas principais normas de certificação que, na maioria das vezes, são elaboradas pelas próprias redes varejistas ou entidades criadas por eles, caso do EurepGap e Tesco Natures Choice”, cita. “As exigências estabelecidas nessas normas visam a garantir a produção de fruta sustentável, de qualidade, livre de resíduos, respeitando o ambiente e os trabalhadores.” Ela chama a atenção para as questões relacionadas ao cumprimento do limite máximo de resíduo (LMR) permitido e a não-utilização de produtos proi- bidos, o que, na sua opinião, é de suma importância e pode comprometer a aceitação da fruta. Além disso, lembra que alguns países estabelecem regras de produção e empacotamento para o controle da mosca-dafruta. “Dentro desse contexto, percebe-se que a certificação pode ser um fator determinante para alguns compradores e mercados, aliada ao atendimento às especificações estabelecidas por cada importador (cor, tamanho, etc.).” Na opinião de Katia, vale a pena investir na certificação de frutas, principalmente porque pode facilitar o acesso do produtor certificado a mercados mais exigentes e, em alguns casos, que melhor remuneram. “O investimen- 21 to em certificação é rapidamente recuperado, haja vista o aumento da produtividade e a melhora da qualidade dos frutos”, pondera. Katia destaca como vantagens da certificação de frutas a redução do uso de agroquímicos, melhora do controle da produção, adequação à legislação quanto ao armazenamento, uso e descarte de agrotóxicos e maior qualificação dos funcionários. “Com a diminuição da necessidade de ações corretivas no solo e de controle de pragas e doenças, há uma economia de até 40% no uso de insumos agrícolas, diante da menor necessidade de ações corretivas no solo e do controle de pragas e doenças”, salienta. “Na parte administrativa, há uma melhor gestão da propriedade, entre outras vantagens.” PREOCUPAÇÕES RELEVANTES O engenheiro agrônomo da certificadora OIA (Organização Internacional Agropecuária) Edegar de Oliveira Rosa, destaca que, quem está comprando a fruta, quer ter a certeza de não estar trazendo nenhuma praga. “Para exportar limão para a Europa, é necessário dar um banho de hipoclorito na fruta, para evitar o tráfego de patógenos”, exemplifica. “Outra exigência é com a segurança do alimento (que não faça mal para quem o consome). As legislações começam a ser mais rígidas em relação a isso”, diz. A condição ambiental é outra preocupação, principalmente, no sentido de reduzir o risco de contaminação do ambiente e garantir um nível de justiça social, o que passa pela proibição do trabalho escravo e do uso de mão-de-obra infantil, além de garantias de condições mínimas para os funci- onários ligados à produção da fruta. “Essa exigência está vindo de duas formas: por meio dos protocolos da iniciativa privada e dos governos, que prevê boas práticas agrícolas, e, ao mesmo tempo, está crescendo as legislações de orgânicos, cuja diferença principal é a proibição de uso de agrotóxicos”, enfatiza. Ele lembra que, no pólo brasileiro de Mossoró, exportador de melão, além das certificações exigidas pelos importadores, já há um movimento em torno da certificação orgânica. De acordo com Oliveira Rosa, atualmente, a primeira questão levantada na mesa de negociação com um produtor, que pensa em exportar frutas, é sobre a certificação que ele tem. Segundo ele, no passado alguns produtores aderiam à certificação de forma equivocada, acreditando que isso seria garantia de venda da produção, o que não é verdade. “É uma ferramenta comercial, mas não é salvação da lavoura, não é uma garantia de venda”, observa e lembra que o papel da certificação é garantir qualidade ou por produto ou por processo de produção. “Hoje, isso já está mais claro”, pondera. “Outro ponto é a melhoria no sistema de gestão da propriedade, muitas vezes até acompanhada de uma redução do custo de produção.” Ele aponta também um ganho financeiro, por dois motivos: é possível vender melhor o produto e obter mais lucro ou ter acesso a mercados antes restritos. “No caso da certificação orgânica, indiscutivelmente, há uma vantagem com relação ao preço.” LIMITES MÍNIMOS DOS RESÍDUOS Quando se pensa em exportações de frutas, um dos assuntos mais preocupantes para o produto brasileiro é a questão dos limites mínimos de resíduos (LMR) de pesticidas. Segundo o coordenador do Comitê de Defensivos Agrícolas do Fundecitrus, Eliseu Nonino, atualmente, existem, apenas normas relativa a limites de resíduos para produtos in natura. “O Codex ainda não definiu sobre limites de resíduos para alimentos processados”, explica e acrescenta que esse assunto será discutido, na China, em maio, durante reunião. Em relação às frutas in natura, Nonino observa que cada país define quais são os defensivos permitidos e tem sua legislação sobre esse assunto. “Caso um produto seja aprovado para determinada cultura, é estabelecido um mínimo permitido de resíduos”, diz. No Brasil, ele lembra que são três os órgãos reguladores: o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento); a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) e o Ministério do Meio Ambiente. 22 Em nível internacional, Nonino lembra que há o Codex Alimentarius, programa conjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), que tem instâncias para cada tipo de alimento na comercialização internacional entre países. “Dentre essas instâncias alimentares, há também os limites de resíduos de pesticidas permitidos, válidos para o comércio internacional. Hoje há uma lista composta por 52 substâncias, que são aprovadas no Brasil, pelos importadores e pelo Codex”, explica. “No âmbito da citricultura brasileira há um comitê ligado ao Fundecitrus com a participação de vários órgãos. Trabalhamos com uma lista de defensivos apro-vados para uso no Brasil e pelos países que importam produtos cítricos brasileiros”, observa e acrescenta que “no País há 108 substâncias permitidas pelos mercados externos”. NYKLAURITZENCOOL DO BRASIL - PORTO DE NATAL/RN Produtos certificados têm maior aceitação no Exterior. PROGRAMA BRASILEIRO Atualmente, o Brasil tem 40,4 mil hectares de frutas cultivados dentro do programa Produção Integrada de Frutas (PIF), cerca de cinco mil hectares a mais do que 2005. O PIF tem como meta a produção de frutas de qualidade, de maneira segura para alimentação, sem resíduos danosos à saúde humana. Desta maneira, as frutas são produzidas sem insumos poluentes, com monitoramento dos procedimentos e rastreabilidade do campo à mesa do consumidor, em condições socialmente e ecologicamente justas e sustentáveis. Instrução Normativa, publicada em outubro de 2006 pelo Mapa, criou novas regras para a exportação de frutas. Segundo a medida, os produtores devem fazer parte do Plano Nacional de Segurança e Qualidade dos Produtos de Origem Vegetal (PNSQV), do Mapa. De acordo com o coordenador-geral do Sistema de Produção Integrada e Rastreabilidade do Mapa, José Rosalvo Andrigueto, além de garantir a qualidade dos alimentos, o programa tem a preocupação de produzir sem agredir o ambiente. “É uma melhoria do processo produtivo para se obter um alimento seguro, que não tenha contaminações. O sistema também é econômico, pois reduz o custo da produção ao usar menos agrotóxicos e fertilizantes.” LIVRO DE CAMPO Há três anos, a Daros-BR, de Mogi Mirim (SP), iniciou as exportações de papaia, limão, mamão formosa, figo, goiaba, manga, banana e abacaxi para a Europa. Na época, apenas um dos produtores que entrega frutas tinha o pomar certificado com o EurepGap. Segundo o diretor da empresa, Marcio Eduardo Bertin, nesse período, muitos conseguiram o selo, outros, porém, estão em fase de validação. Embora o selo não signifique valor agregado, mas apenas o atendimento a uma barreira, Bertim garante que o mesmo favorece a conscientização no meio em que a pessoa trabalha. “O produtor visualiza problemas que ele não percebia anteriormente, como, por exemplo, o uso de defensivos”, afirma e acrescenta que a empresa recebe frutas da região e de outros Estados, de produtores e packing houses certificados ou em validação. A Andrad Sun Farms, também de Mogi Mirim, tem o EurepGap e o selo orgânico americano NOP. A certificação orgânica foi conquistada há sete anos e segundo a gerente comercial e administradora da empresa, Aline Fátima Andrade Rosai, a principal mudança foi a adoção dos procedimentos de descrição de tudo que é realizado na lavoura, até porque a propriedade já não utilizava defensivos químicos. “Depois do selo, começamos a anotar e a descrever no livro de campo o dia-a-dia do sítio; os funcionários foram treinados para não cometer erros no manuseio de produtos autorizados pelo protocolo e passamos a fazer a rastreabilidade do pomar”, enumera. A Sun Farm vende a produção para empresas parceiras que fazem o processamento de suco e do óleo de limão orgânico, exportados para os Estados Unidos e, em pequena quantidade, para a Europa. No entanto, não consegue vender a fruta in natura, como orgânica, para o mercado europeu, por causa do banho de hipoclorito de sódio, que é uma barreira para aquele mercado. “Exportamos limão orgânico como convencional para a Europa.” Segundo Aline, as principais adaptações da propriedade para atender ao EurepGap foram a construção de sanitários e de depósito de defensivos; a adequação do packing house; o plantio de cercas-vivas; a realização periódica de análises de resíduos; o treinamento da equipe de trabalho e a implementação de uso de EPI. “Com o selo, não conseguimos vantagem com relação aos preços, mas ajudou bastante no cotidiano da propriedade. Além de reduzir custos, melhorou a qualidade da fruta.” CARTA DE CONFORMIDADE A Associação Paulista dos Produtores de Caqui (APPC) exporta a fruta para a Europa desde 2001. Todos os associados estão em fase de certificação da produção como o EurepGap. Segundo o assistente administrativo da APPC, Fábio Válio de Camargo, o único problema é que não há, no País, uma lista de defensivos autorizados para a cultura. Por essa razão, ele afirma que a certificadora vai dar uma carta de conformidade, informando sobre o cumprimento de todos os itens, com exceção do que trata de defensivos autorizados. “O governo precisa ter defensivos autorizados, afinal, esse é um dos itens principais do EurepGap”, afirma o produtor de caqui, Paulo Shigueru Toyoda, de Pilar do Sul (SP), que considera essa a principal dificuldade para receber o selo para a fruta. Ele não espera vantagens econômicas ou de preços com o selo. “É apenas uma forma de garantir mercado”, resume o dono do Sítio Toyoda, que cultiva caqui há 10 anos. Desde 2004, exporta a fruta para a Europa, via APCC, e está adequando a propriedade às normas EurepGap. Para ele, as principais mudanças em função da adequação à certi ficação são as anotações sobre defensivos, o uso correto e o respeito à carência dos produtos. 23 CERTIFICAÇÃO FRUTA PAULISTA Projeto enriquecerá a experiência dos produtores em conhecimento, organização e capacitação exigidos pelos diferentes programas internacionais de certificação, levando maior rentabilidade ao campo. Marlene Simarelli Fotos Sebrae-SP Os pomares de acerola, caqui, figo, goiaba, laranja, limão, pêssego, uva, morango, entre outras, fazem do Estado de São Paulo o detentor de 47% da produção brasileira de 40 milhões de toneladas de frutas, distribuídas em 2,3 milhões de hectares. Mesmo com quase metade da produção nacional, e sendo exportador, São Paulo é pouco reconhecido como pólo nacional de fruticultura. Nesse contexto, foi lançado o projeto de Boas Práticas Agrícolas e promoção comercial Fruta Paulista, uma parceria entre o Instituto Brasileiro de Frutas – Ibraf, e o Sebrae–São Paulo, com a participação de cerca de 400 fruticultores das diversas regiões produtoras do Estado. O projeto pretende preparar os fruticultores para atender e superar as exigências dos mercados interno e externo quanto à rastreabilidade e à segurança dos alimentos. Assim como no restante do País, a fruticultura paulista está fundamentada em micro, pequena e média propriedades e gera de 2 a 5 postos de trabalho na cadeia. “O mercado das frutas nacionais, hoje, é o de longa distância, formado por países da Europa, sendo a Alemanha o maior consumidor. Emirados Árabes e outros do Oriente Médio surgem como nova alternativa”, afirma Moacyr Saraiva Fernandes, presidente do Ibraf. “Esse projeto é importante porque promove a integração dos pequenos agricultores. A grande vantagem do Brasil é produzir quase tudo e a grande força do País é o produtor”, ressalta o presidente do Sebrae-SP, Fábio Meirelles. O Fruta Paulista abrangerá as plantações das regiões de Araçatuba com abacaxi; de Araraquara, com goiaba, limão e manga; de Botucatu, com frutas de caroço; de Campinas, com figo e goiaba; de Itapeva, com caqui; de Presidente Prudente, com acerola e manga; e de 24 Frutas paulistas serão valorizadas com convênio entre Ibraf e Sebrae. Da esq. para dir. Paulo Arruda, diretor técnico do Sebrae, Moacyr Saraiva Fernandes, presidente do Ibraf, Fábio Meireles, presidente do Sebrae-SP e Ricardo Tortorella, diretor superintendente do Sebrae, assinam convênio. 25 CERTIFICAÇÃO Sorocaba, com caqui e uva. O projeto terá três grandes frentes de atuação: aumento da competitividade da fruta por meio da melhoria da qualidade na produção, realização de ações de divulgação no mercado interno e abertura de mercados externos. Para tanto, deverão ser promovidas ações de capacitação de produtores em Boas Práticas Agrícolas, de gestão da propriedade, implantação de novas tecnologias e de manejo sustentável, com o intuito de melhorar a qualidade da fruta. “Vamos preparar as cadeias produtivas das frutas paulistas selecionadas para atender às novas exigências de qualidade, agregando valor, garantindo os mercados atuais e possibilitando acesso a novos”, afirmou o gerente do Ibraf, Mauricio de Sá Ferraz, durante o lançamento, em fevereiro, em São Paulo/SP. Para atingir esse objetivo, os participantes receberão trei- As regiões Sudeste e Sul consomem 66,6% das frutas produzidas no País, sendo que São Paulo consome 25,53%. Fonte: Ibraf 26 namento e capacitação em Boas Práticas Agrícolas. “A meta é certificar produtores que atingirem as exigências dos protocolos internacionais de certificação, visando à exportação”, diz Sá Ferraz. “Desenvolveremos ferramentas para a rastreabilidade, importante para a comercialização, e para oferecer alimentos seguros, em respeito à sociedade”, assegura Saraiva Fernandes. Ele acrescenta que “os consumidores, a distribuição e as instituições públicas cada vez mostram mais preocupação pela qualidade e segurança das frutas e demais alimentos”. COMERCIALIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO O projeto não pára no campo, pois é preciso que a fruta paulista seja comercializada e valorizada. “Por isso, depois do campo, haverá ações de marketing, com abrangência nacional e internacional. Internamente, vamos fazer campanhas de degustação, decoração e distribuição de folhetos em parceria com supermercados para atrair os consumidores e aumentar as vendas das frutas paulistas”, explica Sá Ferraz. A campanha para o mercado internacional inclui, entre outras ações, a participação em feiras e eventos, além de campanhas de promoção com redes de supermercados dentro do programa Brazilian Fruit, de divulgação e valorização da fruta brasileira no exterior. As estratégias de marketing internacional e acesso a mercados também contam com o apoio da Apex-Brasil – Agência de Promoção de Exportação e Investimentos. Saraiva Fernandes lembra que o produtor precisa ser mais empresário e reduzir os custos de produção para ganhar competitividade. Segundo ele, a fruticultura rentável passa por diversificação, investimento em pós-colheita e logística, agroindustrialização, acesso dos pequenos ao crédito e à infra-estrutura; otimização dos custos controláveis, promoção e propaganda, etc. “É o que pretendemos com o projeto, que terá como juiz a D. Maria (consumidora). Se ela se convencer do que fizemos, a fruta será vendida e valorizada”, conclui Saraiva Fernandes. AGROINDÚSTRIA TENDÊNCIA MUNDIAL As frutas minimamente processadas começam a fazer parte do cotidiano nacional, principalmente dos grandes centros urbanos, e têm condições técnicas necessárias para desenvolver e ampliar o segmento. Beth Pereira A mudança nos hábitos, ocorrida nos últimos anos, está abrindo espaço para o consumo de alimentos frescos, dentro do conceito de produtos saudáveis. Neste cenário, surge um novo nicho para a comercialização de frutas minimamente processadas (fresh cut), prontas para consumo. Os Estados Unidos são o maior consumidor de frutas minimamente processadas, com venda anual destes itens na faixa de US$ 8 milhões a US$ 10 milhões, segundo a International Fresh-Cut Produce Association (IFPA - http://www.fresh-cuts.org/fcf.html). No Brasil, ainda não há estatísticas oficiais, porém, quando se fala em tecnologia, o País não fica atrás de nenhum outro nesse segmento. “Temos pesquisadores qualificados, técnicas apropriadas, laboratórios bem montados e todas as condições necessárias para ROGÉRIO LOPES VIEITES/UNESP BOTUCATU/SP Kiwi, manga, melão, melancia estão entre as frutas indicadas para processamento mínimo. desenvolver esses produtos”, afirma o pesquisador Murillo Freire Junior, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, de Guaratiba/RJ, que esteve em Montpellier, na França, em 2004, fazendo seu pósdoutorado em manga pré-cortada, embalada com revestimentos comestíveis. O professor José Fernando Durigan, do Departamento de Tecnologia da Unesp, campus de Jaboticabal/SP, considera que o potencial de venda de frutas minimamente processadas é grande no País, embora o consumo seja relativamente novo. “Seja em residências, em restaurantes ou em locais de refeições coletivas, essa tecnologia oferece praticidade por causa da economia de tempo e de trabalho”, diz. Durigan cita pesquisa do Instituto Nielsen, segundo a qual, desde 1996, o consumo desse tipo de produto tem aumentado 80% ao ano. Porém, ele aponta um desafio: a falta de conhecimento sobre o comportamento fisiológico, químico e bioquímico do produto. Um dos problemas, explica, é a curta vida útil desses produtos, de 3 a 4 dias. De acordo com o professor, o processamento mínimo de frutas tem contribuído para a diversificação das indústrias regionais, reduzindo as perdas pós-colheita, melhorando o manejo de resíduos dentro da propriedade, facilitando o 27 EMBRAPA CTAA AGROINDÚSTRIA transporte e eliminando problemas sanitários. “A tecnologia fresh cut permite maior aproveitamento da produção e agrega valor às frutas”, afirma. O professor, no entanto, observa que falta uma legislação sanitária sobre produtos minimamente processados, que, em sua opinião, deve abranger produção, colheita, preparo, manipulação, embalagem e transporte ao mercado e exposição em balcões para a venda. REDUÇÃO DE PERDAS O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, acredita que o consumo de frutas minimamente processadas pode ajudar a reduzir as perdas de frutas. “O Brasil produz um volume muito grande de frutas, mas perde muito também. Assim, nesse modelo, quando você tem operações adequadas, evita-se perdas”, observa. Na opinião de Honda, o consumo de frutas minimamente processadas é uma tendência mundial. “Atende aos requisitos de praticidade e de racionalização de tempo”, afirma e acrescenta que o mercado americano é gigantesco. “Lá, o consumidor tem um bom poder aquisitivo e pode pagar pelo produto, que tem valor agregado.” Lembra que nos aeroportos americanos, as frutas minimamente processadas estão à disposição, para consumo imediato. “Atende ao apelo de alimento mais saudável e substitui os fast-foods e outros alimentos processados.” Processamento mínimo deve seguir normas rigorosas de higiene e tecnologia apropriada, para garantir qualidade e seguridade no consumo. Ele lembra que nos Estados Unidos, a tecnologia de frutas minimamente processadas está bastante avançada. “No caso de maçã, que se oxida rapidamente, já há tecnologia para impedir o processo”, conta. Segundo Honda, os supermercados brasileiros começam a oferecer frutas preparadas - melão, mamão, melancia, uva, abacaxi, além de salada e até uma mix de frutas - prontas para consumo. “Nos grandes centros urbanos do País, isso já começa a se apresentar como tendência”, diz e lembra que há outra opção, com menor valor agregado, ideal para frutas grandes, que são cortadas pela metade, para atender às famílias menores, o que é uma forma de evitar o desperdício. O presidente da Abras, porém, observa que o processamento mínimo requer 28 uma manipulação cuidadosa. “O produto é fresco, pronto para consumo e tem vida de prateleira bastante curta. Além de cuidado na manipulação e no ambiente onde se faz o processamento, a questão de higiene e seguridade é fundamental”, afirma. Pesquisador Murilo Freire, tecnologia mantém gosto original da fruta. REALIDADE O consumo de frutas minimamente processadas não é mais uma tendência futura, mas uma realidade visível nas gôndolas dos supermercados, onde as áreas destinadas a esses itens estão cada vez maiores. A diversificação de produtos é grande, o volume de produção tem aumentado e o preço está baixando, analisa Freire Junior, da Embrapa Agroindústria de Alimentos. Em sua opinião, as frutas minimamente processadas apresentam a conveniência de não requerer qualquer preparação significativa por parte do consumidor, em termos de seleção, limpeza, lavagem ou cortes. “Além disto, o valor agregado ao produto, pelo processamento, aumenta a competitividade e propicia meios alternativos para a comercialização. O sucesso deste empreendimento depende do uso de matérias-primas de alta qualidade, manuseadas e processadas em condições adequadas de higiene”, explica o pesquisador. Freire Junior afirma que, atualmente, o consumidor tem à sua disposição uma boa variedade de frutas minimamente processadas, tais como abacaxi, melão, kiwi, melancia, manga, além de salada de frutas. São vários os tipos de apresentação, em pedaços pequenos ou em pedaços maiores, de acordo com as frutas, já prontos para consumo. As frutas selecionadas são previamente higienizadas, descascadas, pré-cortadas, embaladas em bandejas transparentes PET (polietileno tereftalato) e armazenadas sob refrigeração. “A proposta é atender à demanda da mulher moderna que cada vez mais está trabalhando fora”, afirma. E cita, como principais vantagens do consumo, a conveniência, a praticidade e a seguridade. LINHAS DE PESQUISA A Embrapa Agroindústria de Alimentos desenvolve algumas linhas de pesquisa relacionadas ao processamento mínimo de frutas. Em convênio com a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) está pesquisando a utilização de filmes comestíveis em mangas pré-cortadas e, em projeto financiado pela Embrapa, a aplicação da tecnologia em abacaxi e melão. Freire Junior afirma que a técnica consiste basicamente em imergir as frutas précortadas, por dois minutos, em algumas soluções refrigeradas de quitosana ou de alginato de sódio (obtidos de algas) ou de carboximetilcelulose (derivado da celulose). “Essas substâncias formam um filme protetor comestível”, explica. O abacaxi, por exemplo, é descascado, cortado em rodelas de dois centímetros de espessura, retirado o miolo, cortado em oito partes e levado à imersão. Depois, é embalado em bandejas PET. Também pode ser embalado em sacos plásticos a vácuo e armazenado sob refrigeração. Há também em andamento um outro projeto de nanotecnologia em parceria com a Embrapa Instrumentação Agropecuária (São Carlos/SP). Trata-se da utilização de embalagens ativas, que liberam uma substância com função antimicrobiana (que impede o crescimento de microrganismos) ou antioxidantes (que evitam o escurecimento da fruta). EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS “As frutas são processadas segundo as normas de higiene e com tecnologia apropriada, o que garante a qualidade e a seguridade no consumo do produto”, explica. “Graças à tecnologia, o gosto original da fruta se mantém.” Outros segmentos potenciais que podem ser beneficiados com essa tecnologia são os de refeições coletivas, catering, hospitais e restaurantes que não possuem grandes áreas de cozinha. O ponto crítico, porém, é a temperatura. De acordo com o pesquisador, a condição ideal para a conservação desses produtos, é em torno de 2°C, mas nem sempre os supermercados mantêm a cadeia do frio. Enquanto nas gôndolas dos supermercados, o tempo médio de vida útil é de três a quatro dias, com a aplicação de revestimentos naturais comestíveis pode-se chegar a sete dias, sem afetar a qualidade do produto. Demanda é crescente Nas lojas da OBA Hortifrúti, na capital e no interior de São Paulo, a procura por frutas minimamente processadas tem aumentado, segundo o gerente de Marketing da rede, Luciano Scherer. Ele acrescenta que a dona de casa adora comprar produtos já manipulados, graças ao apelo de praticidade. Contudo, ele considera que as opções ainda são poucas, por causa da perecibilidade das frutas. “Esse mercado está crescendo e existem algumas frutas que, atualmente, já são comercializadas com sucesso, como abacaxi, melancia e melão. No entanto, como as frutas são extremamente perecíveis, a manipulação pode prejudicar seu sabor”, acredita. “Apesar de a tecnologia ter avançado muito rapidamente, ainda é difícil encontrar algo no mercado que faça uma fruta ser conservada após a manipulação, sem perder seu principal atributo, o sabor”, avalia. Na opinião de Scherer, os produtos minimamente processados são um hábito dos grandes centros, onde há concentração de pessoas e a correria do dia-a-dia faz com que o consumidor busque a praticidade. No entanto, ele afirma que no Brasil o consumo ainda é baixo por vários fatores: alto custo na manipulação dos produtos, dificuldade no preparo aliado à alta perecibilidade dos produtos. “Isso torna o processo oneroso, refletindo no preço final ao consumidor, conseqüentemente, gerando dificuldades na comercialização dos mesmos.” A rede OBA possui 26 lojas, distribuídas na capital paulista e no interior do Estado, em Jundiaí, Campinas, Americana e Limeira, além de Brasília/DF e Belo Horizonte/MG. Scherer afirma que, nas lojas OBA, as frutas são abertas ou cortadas e embaladas com PVC. “Também há potes com os produtos descascados para degustação”, conta. 29 TECNOLOGIA MAIS SABOR Processo inovador permite a obtenção de suco concentrado de frutas, com teores de sabor e de aroma elevados, usando equipamentos mais compactos e de operação mais simples, que podem ser instalados em qualquer unidade industrial. Marlene Simarelli 30 Os sucos de frutas processados estão por toda parte: restaurantes, refeitórios, hospitais, cantinas de escola e até em carrinhos de lanches. A tendência do mercado é de crescimento, mas, mesmo deliciosos, alguns não guardam o sabor real da fruta, principalmente, quando o suco é de laranja. Essa realidade poderá ser diferente a partir das novas técnicas descobertas para recuperar aromas e concentrar sucos, resultado da tese de doutorado do engenheiro químico Cláudio Patrício Ribeiro Júnior, no Programa de Engenharia Química da Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia – COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Desenvolvido com foco no suco de laranja, devido a sua importância na economia nacional, o processo pode ser usado também para processar outras frutas tropicais. O Brasil é o segundo maior produtor de suco concentrado de laranja no mundo e possui grande potencial para produção de suco de outras. Ribeiro Júnior acredita que “a nova rota de processamento desenvolvida, ao minimizar as alterações de sabor, pode fornecer um diferencial de qualidade para o suco de laranja nacional, aumentando sua competitividade no mercado externo”. O país responde atualmente pela exportação de US$1,3 bilhões de suco de laranja. Para o pesquisador, “a melhoria na qualidade do produto pode possibilitar a abertura do mercado interno para o suco de laranja concentrado, que não é bem aceito pelo consumidor brasileiro, habituado ao consumo do suco fresco, com características organolépticas superiores. Além disso, um processo mais ameno de concentração pode ampliar a variedade de sucos produzidos, viabilizando a disseminação da grande gama de frutas tropicais cultivadas no País”. O processo, vencedor do grande prêmio Capes César Lates de 2006, já teve sua patente depositada. Poderá ser usado em qualquer unidade industrial de produção de suco concentrado, pois utiliza equipamentos mais compactos e de operação mais simples, aplicável a qualquer tipo de fruta. Os principais equipamentos usados são o evaporador por contato direto e o módulo de membranas seletivas. O pesquisador observa que “as duas técnicas que aplicamos são usadas em nível industrial para outras aplicações, de modo que ambos os equipamentos já existem no mercado. É só uma questão de dimensioná-los”. Em relação aos custos de operação e manutenção, tanto do módulo de membranas quanto do evaporador por contato direto, ele supõe que sejam mais baixos do que os associados aos equipamentos usados, mas ainda não se tem um valor exato para a montagem de montar uma nova unidade. A próxima etapa do processo, hoje restrita a laboratório, é um aumento de escala, com a construção de uma unidade piloto para avaliação do desempenho da técnica para maior capacidade de processamento e posterior aplicação industrial. Três empresas já estão em negociação para a implantação. NOVA ROTA O suco processado passa por duas etapas principais: a concentração e a recuperação de aromas. A concentração é uma fase primordial na produção, influindo diretamente na qualidade do suco e, consequentemente, na aceitação pelo mercado consumidor. Outro fator importante no processamento é a perda de aromas, compostos orgânicos responsáveis pelo sabor e odor de um suco, presentes em concentrações baixas e voláteis. O grande desafio é conseguir um suco processado com características superiores de paladar e de aroma. “Sabemos que o principal fator para a compra no setor alimentício é o 31 COPPE/UFRJ TECNOLOGIA gosto, principalmente, o suco cuja referência é o sabor natural das frutas”, explica o pesquisador. O processo de Ribeiro Júnior aplica uma nova rota para a produção de sucos de frutas concentrados envolvendo as técnicas de evaporação por contato direto e permeação de vapor com membranas seletivas. “Todo mundo que já tomou um suco de laranja reconstituído de caixinha sabe muito bem que o gosto é bem diferente do suco fresco. A técnica de evaporação por contato direto, aplicada na nossa rota, tem a grande vantagem de permitir a vaporização da água a temperaturas mais baixas, minimizando a degradação térmica dos compostos do suco, e garantindo um sabor mais próximo do suco real”, assegura o pesquisador. O equipamento do novo processo é considerado de fácil construção, constituído basicamente por uma coluna de líquido através da qual borbulha um gás superaquecido. O contato direto entre os fluidos, quente e frio, permite maior eficiência de transmissão de calor, possibilitando a utilização de temperaturas moderadas. O trabalho desenvolvido em Coppe/UFRJ possibilita a redução de custos no processo industrial. “A rota proposta envolve duas etapas: o arraste com gás inerte dos compostos responsáveis pelo aroma do suco, que são recuperados pela técnica de permeação de vapor empregando-se membranas de silicone, permitindo a passagem dos aromas, mas retendo a água e o gás inerte. Em seguida, o suco segue para concentração no evaporador por contato direto, onde faz-se basicamente o borbulhamento de um gás inerte 32 Cláudio Ribeiro Júnior, COPPE/UFRJ, desenvolveu processo inovador de processamento de sucos que preserva sabor e aromas. quente através do suco para remoção da água. Ao final da concentração, os aromas recuperados são re-adicionados ao suco concentrado”, detalha o pesquisador. O processo atual de concentração aplicado nas indústrias, segundo ele, “utilizam os chamados evaporadores de película descendente, com temperaturas de operação para a vaporização da água suficientemente altas para modificações químicas, em alguns compostos do suco, resultando em alterações indesejáveis de cor e sabor no produto final”. Além das modificações por degradação térmica, com a vaporização da água, são removidos os chamados aromas do suco, compostos orgânicos responsáveis pelo odor e sabor característicos do suco da fruta. Esses compostos devem ser recuperados para evitar alterações de sabor, mas estão presentes em concentrações muito baixas, dificultando a recuperação. CONCENTRADO DE AROMAS Ribeiro Júnior explica que “na indústria, a recuperação dos aromas é feita por destilação e/ou condensação parcial, em sistemas que, para serem eficientes, são relativamente complexos. Com a adoção das membranas seletivas, não só simplificamos esses sistemas, mas melhoramos sobremaneira a eficiência de recuperação dos aromas, o que também contribui positivamente para a obtenção de um suco concentrado com sabor mais próximo do suco natural”. Para se ter uma idéia, o suco de laranja tem mais de 200 substâncias na composição do aroma e o suco de morango, mais de 360.Outra grande vantagem no novo processo, segundo o pesquisador, é a obtenção de um concentrado de aromas do suco processado, produto de alto valor agregado, atualmente perdido em grande parte das indústrias de concentração de sucos. Os interessados em implantar a nova tecnologia desenvolvida no Coppe/UFRJ, que trabalha há mais de 10 anos com separação de aromas, devem entrar em contato com o pesquisador Cláudio Patrício Ribeiro Júnior, pelo telefone (21) 2562-7162 ou pelo e-mail: [email protected]. Para conhecer mais detalhes sobre o processo, pode ser feita uma consulta à tese de doutorado disponível na Internet no endereço http:// teses.ufrj.br/coppe_d/ ClaudioPatricioRibeiroJunior.pdf. MOSCAMED BRASIL MEIO AMBIENTE Plantas, insetos, flores e frutos fora de seu habitat podem se transformar num grande problema e trazer impactos econômicos e ambientais. Marlene Simarelli Quando se trata de biodiversidade, há o orgulho nacional latente por causa da riqueza brasileira na diversidade de espécies. Porém, desde os primórdios, espécies exóticas entram no País com conseqüências ao ambiente e reflexos econômicos na cadeia atingida. São os bioinvasores, que podem chegar na mala de um viajante, saudoso da terra natal ou encantado pela novidade; nas embalagens de importação e exportação ou até mesmo ser inserida propositalmente visando a um prejuízo econômico premeditado. As pragas e doenças vindas do Exterior causam danos nos mais variados setores como o bicudo, no algodão; o geminivirus, no tomate; o retorno da febre aftosa no gado, após erradicação, só para citar alguns. Na fruticultura, são conhecidos a Sigatoka Negra, nos bananais; o greening, nos laranjais e a mosca do Mediterrâneo Ceratitis capitata, que atinge várias fruteiras, cujo registro de invasão data de 1901, entre outros. A pesquisadora, Maria Regina Vilarinho, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, explica que “a entrada de pragas em áreas do sistema produtivo traz conseqüências dramáticas e muitas vezes irreversíveis para a agricultura, além de gastos da ordem de milhões de reais para controle e erradicação desses organismos, perdas na biodiversidade, nos recursos biológicos e genéticos, impacto na indústria alimentícia pela falta dos produtos primários e ainda desemprego na área rural. Nos últimos anos, mais de 11 mil espécies invasoras entraram no Brasil, de acordo com levantamentos de pesquisadores internacionais”. Olinda Maria Martins, pesquisadora da mesma unidade Embrapa, acrescenta que “a contenção de uma praga introduzida num país de extensão continental, como o Brasil, é muito difícil. As diferentes condições climáticas favorecem a adaptação de pragas exóticas, importantes para a fruticultura tropical e de clima temperado”. NO COTIDIANO DO CAMPO Para manter a competitividade, os produtores precisam estar atentos, pois o bioinvasor não tem predadores - elemento responsável pelo equilíbrio na natureza -, e, por isso, prolifera rapidamente. É o caso do caramujo gigante africano, símbolo de um problema que atinge vários Estados e se dispersa rapidamente mundo afora. Voraz, ele se alimenta de, pelo menos, 500 tipos de plantas, como frutapão, mandioca, cacau, mamão, amendoim, seringueira, feijão, ervilha, pepino, melão, abóbora, repolho, alface, batata, cebola, girassol, eucalipto, citros, plantas ornamentais, etc. O fruticultor deve manter-se informado sobre os perigos da introdução de pragas exóticas. Os fruticultores podem atuar para minimizar a bioinvasão. A pesquisadora Olinda sugere algumas medidas. “A adoção de sistemas de alerta, quando existente, é uma medida que auxilia na prognose de doenças e permite planejar o seu controle. A introdução de mudas deve ser rigorosamente inspecionada, pois por meio destas ocorre a introdução de pragas. A aquisição de mudas sadias é fundamental para garantir a exclusão de pragas do pomar. O fruticultor deve manter33 MEIO AMBIENTE se informado sobre os perigos da introdução de pragas exóticas. As importações de material vegetal para enxertia ou mudas devem obedecer rigorosamente às instruções normativas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).” A pesquisadora chama a atenção para o momento da compra de mudas. “Em caso da praga já se encontrar em determinadas regiões, os produtores não devem adquirir material vegetal proveniente dessas áreas infestadas, sem a devida quarentena.” Ela lembra que “as opções de utilização de cultivares resistentes são desfavoráveis ao estabelecimento de pragas e doenças e as substituições de portaenxertos suscetíveis pelos resistentes são importantes meios de evitar doenças. Para Olinda, “o diagnóstico rápido de pragas e doenças ajuda na tomada de decisões para erradicação e controle, antes de sua dispersão. Existem mapas de zonas de risco, zoneamento agroclimático, acoplados a modelos de simulação que podem ser úteis para indicar as áreas geográficas de maior probabilidade de ocorrência de doenças”. CONVIVENDO COM INIMIGOS FOTOS ABPM A exportação enfrenta exigências e restrições rigorosas dos importadores para frutas in natura e industrializadas. Os fruticultores têm aprimorado sistemas de produção e estabelecido regras para garantir a sanidade e qualidade das frutas frente a bioinvasores. “Haja vista a organização dos produtores de maçã, que fez do país um exportador,” observa Olinda. A organização dos pomicultores inclui ações no campo e na cidade com o desenvolvimento, inclusive, de campanhas de erradicação, como a da cidade de Lages/SC. Lá, folhetos ensinam a população a substituir fruteiras hospedeiras da mariposa e alertam para o perigo da praga para a fruticultura do Sul, hoje sob controle. Em 1998, constatou-se a ocorrência da Sigatoka Negra, causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis var. difformis, em plantios de banana no Amazonas e Acre. O fungo, originário da República de Fiji (Ásia), causa prejuízos em Rondônia, Mato Grosso e outras regiões produtoras. Para controlá-lo, Olinda sugere “a inspeção, o treinamento de técnicos para reconhecer os sintomas da doença, o controle cultural, os cuidados na aquisição e no transporte de mudas como medidas que auxiliam para que não atinja outros Estados. Ela destaca ainda a seleção de variedades resistentes feita pela pesquisa, mas, em sua opinião, “é um entrave impactante, pois as desenvolvidas atualmente não atendem o mercado consumidor”. Na citricultura, Olinda relata a ocorrência da mosca negra dos citros (Aleurocanthus woglumi), detectada no Pará em 2001, vinda do sudoeste da Ásia. Já dispersa em cinco Estados da região Norte, é praga quarentenária A2, sob controle oficial. Outra doença introduzida da China, é o Greening ou Huanglongbing, cujo vetor é a bactéria Candidatus Liberibacter. “Em todos os casos, na maioria das vezes, recorre-se ao controle químico das pragas e doenças. Além do alto custo dos agroquímicos, salientam-se os efeitos indesejáveis destes no meio ambiente, na saúde humana e animal”, observa a pesquisadora. De acordo com Vilarinho, “muitos organismos apresentam uma evolução lenta de crescimento e podem passar despercebidos por horas ou dias. É importante lembrar que os que atacam plantas e animais não atuam sobre os seres humanos, podendo, portanto, ser facilmente transportados junto ao corpo, em maletas ou malas”. Para a pesquisadora, “a segurança de áreas importantes de produção agrícola deve ser levada em consideração em qualquer país que depende do agronegócio. No Brasil, segundo ela, são considerados produtos de risco a soja, as frutas, a carne e seus derivados e todos os outros itens que compõem a pauta de exportação agrícola do mercado brasileiro”. A bioinvasora Cydia Pomonella, sob controle, é resultado da união dos pomicultores. 34 A mosca-da-carambola, Bactrocera carambolae, foi detectada em fevereiro na divisa do Pará e Amapá, saindo da região do Oiapoque/ AP, onde foi identificada há 10 anos. Considerando o risco para a economia brasileira, a Superintendência Federal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Pará publicou, em fevereiro, no Diário Oficial da União, a proibição da saída de frutas frescas de espécies hospedeiras da praga, em especial carambola, jambo, goiaba e acerola, do distrito de Monte Dourado, município de Almerin/PA, para quaisquer outras áreas onde não ocorra a praga. Os prejuízos causados, caso seja disseminada, vão desde perdas na produção, contaminação ambiental até a proibição de exportação de frutas. O diretor da Associação Brasileira das Empresas de Tratamento Fitossanitário e Quarentenário (Abrafit), João Luiz Duarte Alvarez, alerta: “se não houver inspeção de 100% das cargas que entram no País, o risco da introdução de novas pragas tão nocivas quanto essa é enorme”. A mosca-da-carambola entrou no Brasil vinda do Suriname, mas sua origem é a Indonésia. “É uma praga muito séria, pois ataca os frutos nos primeiros estágios de formação, tornando sem efeito o controle por meio de ensacamento, feito quando as frutas estão maiores”, comenta a pesquisadora Maria Regina Vilarinho. Ela ressalta que “os resultados da pesquisa apontam que a goiaba é o hospedeiro preferencial, no Amapá, quando se compara com a carambola, tornando ainda mais sério o problema, já que a goiabeira pode ser encontrada em quintais nas cidades brasileiras. De WILSON RODRIGUES DA SILVA Mosca-da-Carambola acordo com estudos de pesquisadores brasileiros, além das perdas no campo, a interrupção das exportações de frutas frescas, causada pela presença da mosca, pode levar o Brasil a prejuízos de US$60 milhões, apenas no primeiro ano de dispersão da praga, caso ela se estabeleça em áreas de produção de goiaba, carambola, manga, acerola, citros, banana, etc”. A praga ainda não se difundiu pelo País devido à ação do Programa de Erradicação da mosca-da-carambola, sob coordenação do Ministério da Agricultura. No final de 2006, o programa ganhou uma rede de pesquisa de apoio, a ser conduzida pela Embrapa Amapá, para avaliar riscos de difusão e impactos na exportação de frutas. O coordenador, Ricardo Adaime, explica que “durante os três anos do projeto haverá palestras sobre a mosca-da-carambola. Como se trata de uma rede regional, haverá campanhas de educação fitossanitária nos Estados do Amapá, Pará, Acre, Amazonas, Maranhão, Rondônia, Roraima e Tocantins”. Mais informações sobre a mosca-da-carambola podem ser obtidas pelo telefone (11) 5668-7444 ou www.abrafit.org.br. 35 OPINIÃO Nos anos 80, a economia de Junqueirópolis/SP era baseada no café, cultivado em sua maioria por pequenos agricultores. Quando a cultura entrou em declínio, no final daquela década, a cidade viveu uma crise sem precedentes e assistiu à migração para os grandes centros, de cerca de 13 mil dos seus 27 mil moradores. Alguns agricultores decidiram, então, cultivar maracujá. Por causa do preço pago para a fruta, optou-se por formar uma associação, cujo grande incentivador foi um padre espanhol. Em junho de 1990, nascia a Associação Agrícola Junqueirópolis – AAJ - com quarenta e quatro associados. investiu na formação técnica do produtor, necessária para a transição do plantio do café para frutas. Investiu, também, na formação humana com palestras sobre saúde, motivação, etc. O maior desafio para uma associação é a consciência da importância da soma de idéias, do capital de inteligência. Esse é um ponto chave. Outro ponto fundamental é a representatividade do grupo. Sendo representativo, passa a ser alvo de interesse dos órgãos de pesquisa. É o caso da AAJ, que tem um produto diferenciado: Junqueirópolis é a campeã da acerola em São Paulo. A fruta segue para o Japão, Estados Unidos e Europa, onde os consumidores minhas. Quem participa de uma associação deve dar o melhor de si, da sua essência, do seu tempo, da sua experiência de vida. O dinheiro não é o diferencial, mas o capital da experiência à disposição de todos. Com a grande escola de vida no associativismo, nós associados aprendemos também a acreditar mais em Deus, pois nos propusemos a mobilizar a cidade inteira e a cidade se mobilizou, graças a Ele. As grandes mudanças vêm da base e não de A falta de sucesso das cooperativas é a falta de participação dos sócios. Quando se fala em associativismo, pensa-se que ele só funciona bem porque está ligado ao poder público. Em relação à AAJ, inicialmente, a Prefeitura Municipal cedeu um terreno e a mãode-obra para construção de um barracão. Posteriormente, houve dificuldades com a administração municipal. Mas essas dificuldades impulsionaram para o crescimento. Os sindicatos locais foram mobilizados e a Associação Comercial transformou-se numa grande parceira. A associação ganhou vida própria e se valorizou. Mais tarde, introduziu o cultivo da acerola no município. A partir de 97, a Prefeitura Municipal retomou o apoio inicial, porém, hoje, a associação tem receita e vida próprias. São 91 produtores, dos quais 65 de acerola, sendo os demais de uva e café. Há 6 câmaras frias, avaliadas em mais de um milhão de reais, financiadas e pagas pelos produtores. Há ainda salão para cursos e cozinha industrial onde as mulheres fazem licores, doces e geléias, que são comercializadas na feira livre da cidade e na própria sede. A associação 36 são exigentes. A produção atende às regras do mercado internacional. A associação têm contado com o apoio do Ibraf, Sebrae, Cati e universidades, que pesquisam e indicam os melhores caminhos. A política do governo atual também colabora com linhas de crédito a juros baixos e programas como o Venda Antecipada, da Conab, que adianta o valor da transação em conta exclusiva. O projeto da AAJ, de venda de polpa - que tem maior valor agregado -, é o sexto assinado no Estado. É um projeto que cria oportunidades para os produtores associados, pois a forma de ajudar através de grupos organizados é mais barata e mais eficiente. O atual governo tem enfatizado a importância do associativismo, cuja força o País ainda desconhece. À medida que as pessoas se organizam, todos ganham porque cada um coloca o seu conhecimento, o que tem de melhor, à disposição. Em meu caso, tenho somente 4 anos de escola. Para suprir as deficiências, há uma boa equipe, com qualidades e habilidades diferentes das cima. O associativismo ajudou, e muito, a cidade a se recuperar, inclusive, voltou a crescer, pois está hoje com 18 mil habitantes. A falta de sucesso das cooperativas decorre da falta de participação dos sócios, que, geralmente, abandonam a equipe eleita e, então, a cooperativa acaba. Associação é comprometimento; é participação. Não tem outra forma para melhorar as condições existentes. Quando sou convidado a fazer palestras, sempre digo: viver em comunidade é difícil, viver sozinho é impossível. Até em casa há dificuldade, quando se isola. Quando o homem descobrir a importância da comunidade se organizará em todas as áreas, não somente para produção. O associativismo ganhará força à medida que o homem evoluir no sentido humano, deixar do “eu” e tiver humildade para viver junto. Osvaldo Dias Presidente da Associação Agrícola Junqueirópolis/SP AGENDA nacionais internacionais 10 a 13 • ALIMENTARIA 2007 FIA - LISBOA (Lisboa/Portugal) Info: Conceito Congressos e Eventos - Tereza Rodrigues (34 93) 4520722 • (34 93) 451-6637 • [email protected] www.conceitobrazil.com.br 10 a 12 • III Workshop Internacional de Pós-Colheita de Citros e II Workshop Internacional de Pós-Colheita de Frutas Instituto Agronômico (IAC) - Av. Barão de Itapura, 1.481 (Campinas/SP) Info: Instituto Agronômico (19) 3231-5422 • [email protected] www.iac.sp.gov.br 11 a 14 • TECNOHORT Parque de Exposições de Teresópolis (Teresópolis/RJ) Info: Versão BR Comunicação e Marketing • [email protected] www.tecnohort.com.br 14 e 15 • Food Expo 2007 Centro de Convenções de Porto Rico (San Juan/Porto Rico) Info: Serviço Comercial dos Estados Unidos - Renato Sabaine (11) 5186-7300 • (11) 5186-7399 • [email protected] www.focusbrazil.org.br abr abr 01 a 30 • V FEPAGRI - Feira do Pq. Agricultor (Sind. Rural de Araraquara) CEAR - Centro de Eventos de Araraquara (Araraquara/SP) Info: Sindicato Rural Patronal de Araraquara (16) 3335-9100 [email protected] 30/04 a 05/05 • AGRISHOW Ribeirão Preto 2007 (Abimaq) Pólo de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do CentroLeste Anel Viário Km 321 (Ribeirão Preto/SP) Info: Publiê Publicações e Eventos (11) 5591-6300 [email protected] • www.agrishow.com.br 22 a 26 • Intervitis Interfructa Messe Stuttgart (Stuttgart/Alemanha) Info: Câmara Brasil-Alemanha (11) 5187-5215 • (11) 5181-7013 [email protected] • www.intervitis-interfructa.de 26 a 28 • Mac Frut Cesena Fiera (Cesena/Itália) Info: Ibraf - Paulo Passos (11) 3223-8766 • [email protected] www.brazilianfruit.com.br • www.macfrut.com.br 07 a 10 • Rebulid Iraq 2007 - 4 ª Feira Intl p/ Reconstrução do Iraque Al Abdali Project (Omã/Jordania) Info: Ibraf - Paulo Passos (11) 3223-8766 • [email protected] www.rebuild-iraq-expo.com 10 • 9º Dia da Tangerina (Centro Apta Citros Sylvio Moreira) Centro Apta Citros “Sylvio Moreira” - Inst Agronômico (Cordeirópolis/SP) Info: Centro Apta Citros Sylvio Moreira (19) 3546 -1399 [email protected] • www.centrodecitricultura.br 08 a 11 • SAL - Salón de la Alimentación Feira de Madrid (Madri/Espanha) Info: Expotrade Consultoria Ltda (11) 3284-0069 • (11) 3171-0736 [email protected] • www.sal.ifema.es mai mai 03 a 06 • Bio Brazil Fair 2007 - 3ª Feira Intl. de Prods. Orgânicos e Agroecologia (Assoc. de Prod. e Processadores de Orgânicos do Brasil) Pavilhão da Bienal - Parque Ibirapuera, portão 3 (São Paulo/SP) Info: Francal Feiras (11) 4689-3100 • [email protected] www.biobrasilfair.com.br 10 a 11 • ETECPONKAN (Centro Apta Citros Sylvio Moreira) Parque Municipal de Exposições(Teresópolis/SP) Info: Versão Br Comunicações e Marketing • [email protected] www.etecponkan.com.br 09 a 10 • Foodnews Juice Latin America Hotel Sofitel (São Paulo/Brasil) Info: IBC Brasil (11) 3017 6888 • customer.service@ ibcbrasil.com.br www.ibcbrasil.com.br/juice 21 a 23 • V Cong. Iberoamericano de Tec. Agroexportaciones Escuela Técnica Superior de Ingenierie Agronómica (Cartagena, Mucia/ Espanha) Info: Depto. Ing.de los Alimentos y del Equip. Agricola - Francisco Artés Calero (34 96) 832-5510 • (34 96) 832-5435 • [email protected] www.upct.es/gpostref/congresoAITEP/index.php 20 a 23 • FRUTAL Amazônia (Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria - Frutal) Hangar de Convenções (Belém/PR) Info: Inst Frutal (85) 3246-8126 • [email protected] • www.frutal.org.br 23 a 26 • Agrotecnologia 2007 (Instituto Agrotecnologia) Sítio Pavilhão de Eventos da Nova Sede do SENAI (Petrolina/PE) Info: Nelbe Assessoria (87) 3862-1892 • [email protected] www.agrotecnologia.org.br/evento2007 jun jun 13 a 16 • 14ª HORTITEC (RBB Promoções & Eventos e Flortec Consultoria) Recinto de Exposições de Holambra (Holambra/SP) Info: RBB Promoções & Eventos (19) 3802-4196 • [email protected] www.hortitec.com.br 28 e 29 • 6º Congresso Brasileiro de Agribusiness (ABAG – Associação Brasileira de Agribusiness) Hotel Transamérica (São Paulo/SP) Info: Wenter Eventos e ABAG (11) 5181-2905 • [email protected] www.abag.com.br 18 a 20 • Foodnews Juice Asia 2007 & Technical Seminar Shanghai Convention Center (Shanghai/China) Info: Agra Net 44 (0) 207 017 7496 • [email protected] www.agra-net.com/juiceasia 13 a 15 • 16ª Feira Internacional de Alimentos, Bebidas e Food Services China World trade Center (Beijimg/China) Info: Ferias Alimentarias - Irene Salazar (54 11) 4555-0195 • (54 11) 4554-7455 • [email protected] • www.feriasalimentarias.com 28 a 30 • Asia Natural & Organic Products Suntec City Hall 6 (Singapura/Singapura) Info: HQ Link Pte. Ltda. (65) 6534-3588 • (65) 6534-2330 [email protected]/ [email protected] • www.npoasia.com 37 EVENTOS COLHEITA FARTA Empresários brasileiros apostam em eventos para compradores e consumidores na Alemanha e Emirados Árabes, para aumentar as exportações diretas, e colhem resultados animadores para os próximos meses. Fotos Ibraf Na Semana Verde de Berlim consumidores conheceram os sucos do Brasil. 38 Quase cinco mil copos de sucos de frutas oferecidos para os visitantes e negócios da ordem de US$27,9 milhões são o balanço principal da participação brasileira na Semana Verde de Berlim e na Fruit Logística, realizadas na Alemanha, que é responsável pela importação de 13,3 milhões de toneladas frutas (FAO). Além disso, o consumo per capita de frutas frescas e processadas naquele país é de 122,5 quilos, segundo o GFK – organização alemã de pesquisa sobre o consumidor - sendo maçã, banana, laranja, tangerina e uva as frutas mais consumidas. A participação nos dois maiores eventos de alimentos alemães foi uma promoção do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), com o apoio da ApexBrasil (Agência de Promoção de Exportação e Investimentos), que contou com a presença do embaixador do Brasil em Berlim, Luiz Felipe de Seixas Corrêa. O objetivo do Ibraf foi atingir duas frentes ao mesmo tempo. Na Semana Verde, houve contato direto com consumidor final, que provou o suco brasileiro e participou de pesquisa qualitativa. Já, a Fruit Logística é uma das maiores vitrines para expor produtos a compradores do mundo inteiro, que conta com a participação brasileira desde 2003. Para Valeska Oliveira, gerente executiva do Ibraf, “as duas feiras têm focos distintos, mas são eventos-chave para entender e atender o mercado alemão. Na Semana EVENTOS Verde, foi possível traçar o perfil do consumidor diante do produto brasileiro e oferecer uma ferramenta às empresas, que permitirá estabelecer estratégias para acessar esse mercado. Por outro lado, os compradores precisam continuamente estar informados sobre o potencial de suprimento do Brasil, como fornecedor de frutas frescas e processadas”. A gerente executiva ressalta ainda que “os expositores brasileiros na Fruit Logística inovaram ao apresentar frutas menos conhecidas, como carambola, atemóia e goiaba, além de produtos conhecidos internacionalmente, mas pouco tradicionais no Brasil, como o mirtilo e a amora”. EFETIVAÇÃO DE NEGÓCIOS A Fruit Logística, realizada em fevereiro, gerou muitos frutos às 46 empresas brasileiras. Foram US$27,9 milhões em negócios contra US$2,4 milhões realizados no ano passado, o que gerará cerca de 4,4 mil novos postos de trabalho nas empresas exportadoras. A participação deve proporcionar, ainda, mais US$ 28,8 milhões em negócios nos próximos 12 meses, resultado dos 1251 contatos de 43 países, realizados durante o evento. Na edição deste ano, a feira inovou com a criação do Hall das Américas, onde ficou o Pavilhão brasileiro. O espaço foi criado especialmente para os países americanos, em função da importância das frutas provindas deste continente e do crescimento do evento, com 15% a mais no número de expositores. Houve um aumento também no número de compradores. Segundo dados da Messe Berlim, organizadora do evento, circularam no local 42 mil compradores de 120 países, um incremento de 12% comparado com o ano anterior. Abpel e Coex promoveram limão e melão na Feira Alemã. A Messe Berlim realiza, de 5 a 7 de setembro, a 1ª edição da Ásia Fruit Logística, feira de negócios, que acontecerá junto ao Congresso de mesmo nome, em Bangkok. Em 2008, Berlim também será palco para os produtos minimamente processados e de conveniência, no Freshconex, feira a ser realizada paralelamente à Fruit Logística, voltada para o setor de fresh cut e para as indústrias de produtos de conveniência. SUCO BRASILEIRO: PROVADO E APROVADO A degustação de 4.832 copos de sucos de goiaba, maracujá, caju, manga, limão e água de coco, além de marmelada, goiabada, geléia e caipirinha foi a principal ação dos brasileiros durante a Semana Verde de Berlim, ocorrida em janeiro. A feira recebeu 430 mil visitantes, 6% a mais do que no ano anterior, dentre eles 100 mil compradores. Nos dez dias de feira, foram realizadas 971 pesquisas de opinião para diagnosticar se o consumidor daquele país conhece os sucos brasileiros e se aprova o seu sabor. “O público gostou bastante dos produtos degustados e ficou interessado em saber quando e onde poderia encontrar os sucos brasileiros”, afirma Paulo Passos, representante do Ibraf no evento. O público entrevistado, em sua maioria, era adulto (88%) e do sexo feminino (77%). Foi constatado que 66% dos entrevistados não tinham conhecimento das frutas e nem dos sucos do Brasil, e 88% nunca tinham provado sucos ou bebidas à base de frutas nacionais, porém, ao degustar o produto, 90% dos entrevistados avaliaram como ótimo e bom. Fruit Logística é vitrine para as frutas nacionais na Alemanha. 39 EVENTOS LIMÃO E MELÃO Paralelamente à Fruit Logística, a Abpel (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Limão) e o Coex (Comitê Executivo de Fitossanidade do Rio Grande do Norte), em parceria com a Apex-Brasil, promoveram o limão taiti e melão brasileiros em Berlim. A promoção foi na Kadewe, uma das maiores lojas de departamento; no Aero- porto Tegel; numa escola de culinária para futuros formadores de opinião; e na Churrascaria Brazil, localizada na principal avenida da cidade. A ação compreendeu a degustação do melão e entrega de “kits limão”. Conforme Waldyr Promicia, presidente da Abpel, como o limão precisa ser preparado para degustação, “o consumidor levou o limão, acompanhado de folheto com informações nutricionais e de preparo, para poder prová-lo”, ressalta Promicia. Mercado Promissor mais países árabes, têm tido crescimento expressivo no Para acessar um mercado altamente demandante de alimenconsumo de frutas e sucos, por causa do clima quente, tos e aumentar as exportações de frutas e derivados, o alto poder aquisitivo e restrições governamentais para conInstituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), em parceria com a sumo de refrigerantes para combater a obesidade”. Apex-Brasil, levou cinco empresas brasileiras à Gulfood, feira de negócios para os segmentos de alimentação, bebidas, food service e equipamentos de hospitalidade que PARCERIAS abrange o Oriente Médio, África e Índia. Atlântica Foods, Itacitrus, Predilecta Alimentos, RBR Trading e ASTN (AssociO Ibraf também promoveu, em parceria com a Abiec (Asação das Indústrias Processadoras de Frutos Tropicais), efetisociação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), a divulgação dos sucos de frutas brasileiros a cerca de 240 varam negócios de US$400 mil e prevêem mais US$3 milhões convidados de redes de varejo, representantes do goverpara os próximos 12 meses. O evento, realizado em fevereiro, no, empresas de cattering, rede hoteleira e formadores de em Dubai, nos Emirados Árabes, gerou oportunidade de neopinião. A Abiec ofereceu aos convidados um workshop gociar com compradores de países não tradicionais, como com degustação de churrasco e sucos de goiaba, manga, Emirados Árabes, Paquistão, Síria, Jordânia, Somália, Índia, abacaxi e maracujá, além de goiabada, no Hotel Jumeirah Iraque, Irã, Palestina, Marrocos, Tanzânia, Malásia e Arábia Beach, em Dubai. Fernandes considera esta fórmula de parSaudita. Luis Curado, representante da ASTN no evento, acreceria muito interessante e planeja expandir o modelo com dita que “a região tem forte potencial para os sucos, sendo novas parcerias. que houve muita procura pelos sabores do Brasil, como o Foram realizados também encontros com redes de supercaju”. A goiaba vermelha, oferecida como suco, foi a grande mercados visando a promoção da fruta nacional e seus deatração para os compradores da região, que conhecem apenas rivados no varejo do Exterior por meio do projeto Brazilian Fruit Festival. Lívia Mara variedade branca. ques, coordenadora do A Gulfood é uma feira de Público presente saboreou sucos brasileiros em estande na Gulfood. projeto, comenta que negócios em plena evolu“não foram encontradas ção. Segundo dados dos nenhuma variedade de organizadores, houve aufrutas brasileiras nas mento de 40% no espaço principais lojas da região, de exposição comparado o que demonstra oportucom a edição anterior, renidades de novos negócifletindo o incremento do os para este mercado”. Os mercado de alimentos na frutos da visita já podem região. Para Moacyr Saraiser contabilizados. Seva Fernandes, presidente gundo a coordenadora, “o do Ibraf, “este é um evenprojeto será levado para to-chave para acesso e amuma rede de supermercapliação das exportações de frutas frescas e processados indiana de Dubai, no das a este mercado”. segundo semestre, e há Fernandes ressalta que “os outras negociações em andamento”. Emirados Árabes, e os de40 ABACAXI MINIMAMENTE PROCESSADO Considerada uma das melhores frutas para processamento mínimo, o abacaxi permite vários tipos de preparo. O abacaxi, também chamado de ananás, é nativo da América do Sul. Seu fruto é, na verdade, uma frutescência: cada gominho é um fruto independente, que se juntou com os demais durante o processo de crescimento. É rico em vitamina C, contém boas quantidades de sais minerais como cálcio, fósforo e ferro e vitamina A. O abacaxi facilita a digestão de produtos protéicos como carnes, peixes e aves pela alta porcentagem de celulose. Cem gramas de abacaxi fornecem 52 calorias. Nos últimos anos, tem-se enfatizado a necessidade do consumo de frutas e hortaliças frescas para uma dieta saudável. Ao mesmo tempo, há uma demanda crescente de alimentos mais convenientes, frescos, que sejam menos processados e prontos para o consumo. O abacaxi é considerado o “rei dos frutos” devido sua excelente qualidade sensorial. Os maiores problemas com abacaxi minimamente processado são a alteração de cor, perda de “flavor” (sabor e aroma) e textura. Isto acontece devido ao estresse das operações para o processamento mínimo (eliminação das partes não comestíveis, seguida de cortes em tamanhos menores). Esse estresse causa um aumento no metabolismo das frutas e hortaliças, levando à sua deterioração. Técnicas que retardam estes problemas incluem armazenamento em baixas temperaturas, atmosfera modificada, usando baixa concentração de O2 e alta concentração de CO2. A sanitização com cloro (100 ppm por no mínimo 5 minutos) é amplamente recomendada para as frutas minimamente processadas, entre elas o abacaxi. Também tem sido demonstrado que, em produtos que possam perder a quali41 ARTIGO TÉCNICO PATÓGENOS IMPORTANTES Na indústria, o manuseio impróprio, o uso de equipamentos mal-sanitizados e algumas etapas do processamento mínimo, como o fatiamento, geralmente, promovem aumento na população de microrganismos em frutas e hortaliças e podem comprometer a qualidade e a segurança do produto final ou diminuir o tempo de conservação. Por outro lado, as técnicas para estender a vida útil desses produtos podem aumentar o risco potencial de desenvolvimento de patógenos e, portanto, devem ser cuidadosamente avaliados. Durante o descascamento, corte e fatiamento, a superfície do abacaxi é exposta ao ar e, com isso, é possível a contaminação com bactérias, leveduras e mofos. A microbiota de produtos frescos consiste, em geral, de espécies de Enterobactérias e Pseudomonas, enquanto bactérias do ácido lático e fungos podem estar presentes em números relativamente baixos. Ocasionalmente, patógenos podem ocorrer em razão do uso de água para irrigação ou fertilizantes contaminados, durante o cultivo ou como consequência da falta de higiene durante o processamento. Embora o crescimento de microrganismos patogênicos e deterioradores, em produtos minimamente processados, possa ser inibido ou retardado pela combinação adequada de atmosfera modifica e temperatura. Dentre os patógenos psicotróficos encontrados em produtos minimamente processados destacam-se L. Bolhas de ar denigrem imagem e qualidade dos produtos minimamente processados. 42 monocytogenes, Yersinia enterocolitica e Aeromonas hydrophyla, que são capazes de crescer em certos produtos minimamente processados, mantidos sob refrigeração. Entretanto outros microrganismos patogênicos são de relevância nesses produtos e incluem: Salmonella, Shigella, Campylobacter, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, C. botulinium, Bacillus cereus, espécies de Vibrio, vírus da hepatite A e Norwalk, além de parasitas como Cryptosporidium e Cyclospora. O abacaxi minimamente processado deve ser mantido entre 3 e 6o C durante o processamento, o transporte e o armazenamento até o consumo. Temperaturas mais baixas, como 0 o C, durante o processamento podem causar injúrias no tecido das frutas. A compreensão dos efeitos que os principais gases presentes em embalagens sob atmosfera modificada exercem sobre a microbiota do produto é fundamental para prever o comportamento dessa microbota e, dessa forma, estimar o tempo de conservação do produto. O oxigênio, em geral, permite o crescimento de bactérias aeróbias e pode inibir o crescimento dos anaeróbios estritos, embora exista uma grande variação na sensibilidade dos aeróbios ao O2. A redução do oxigênio no interior da embalagem, inibe a proliferação da microbiota aeróbia presente mas vai estimular o crescimento de microaerófilos e anaeróbios. CONDIÇÕES ADEQUADAS O gás carbônico, solúvel em água e lipídeos, é o principal responsável pelo efeito bacteriostático observado em microrganismos nos produtos minimamente processados embalados sob atmosfera modificada. No entanto, concentrações altas possibilitam o estabelecimento de condições onde microrganismos patogênicos aeróbios, tais como Clostridium botulinum , possam crescer. Deve-se considerar também que a exposição de produtos frescos a concentrações de O2 e CO2, respectivamente, abaixo de 2,0 % e acima de 10 % , limites de tolerância, pode aumentar a respiração anaeróbia e acelerar o desenvolvimento de odores desagradáveis, pelo aumento de etanol e acetaldeído. As combinações requeridas de temperatura, concentrações de O2 e CO2 variam com o tipo de produto vegetal, variedade, origem, maturação e a estação em que foi colhido. O armazenamento do abacaxi minimamente processado em condições adequadas é um ponto fundamental para o sucesso dessa tecnologia. Temperatura, umidade relativa e composição atmosférica no interior da embalagem são condições ambientais que podem ser manipuladas para diminuir a respiração. TU/SP NESP BOTUCA PES VIEITES/U ROGÉRIO LO dade por escurecimento enzimático, tratamentos de lavagem com ácido ascórbico podem reduzir o escurecimento observado em fatias de maçã, batata e abacaxi. Com relação ao emprego de cloro como sanitizante em unidades de processamento mínimo do abacaxi, sugere-se para saladas cubetadas uma concentração ótima de cloro ativo de 100 ppm. Convém salientar entretanto que o cloro simplesmente retarda a alteração microbiana, porém não mostra nenhum efeito benéfico sobre as desordens bioquímicas e fisiológicas . ARTIGO TÉCNICO Depois da diminuição de temperatura dos produtos vegetais, considera-se que a embalagem em atmosfera modificada é o método mais eficaz para prolongar a vida útil de vegetais frescos e pré-processados. A aplicação efetiva de tecnologia para o processamento mínimo do abacaxi, depende, portanto, do conhecimento das características intrínsecas da fruta e das transformações bioquímicas específicas que ocorram nelas. O controle dessas transformações através do manuseio adequado do produto e das condições do ambiente (notadamente temperatura, umidade e concentração de gases) durante o processamento, armazenamento, distribuição e comercialização é a melhor forma para a obtenção de produtos com boa qualidade, maior tempo de vida útil e com segurança para o consumo. Prof. Dr. Rogério Lopes Vieites UNESP - Faculdade de Ciências Agronômicas - Botucatu/SP; Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial Tel (14) 3811-7172 • [email protected] Processamento passo-a-passo O abacaxi permite vários tipos de preparo, como cortado em cubos, em rodelas sem o cilindro central, em metades longitudinais com a casca ou em metades transversais. O processamento mínimo pode também ser feito para aproveitamento de partes de frutos que não estejam lesionados ou deformados. Seu processamento mínimo envolve várias etapas: Colheita e transporte: Os frutos de abacaxi devem ser colhidos ao atingirem o ponto de amadurecimento “pintado”, pois neste estádio apresentam as melhores características para o consumo. Os frutos devem ser transportados para o local de processamento em, no máximo, 24 horas após a colheita. Câmara fria: Em seguida os frutos devem ser mantidos em câmara fria a 10ºC, previamente lavada e higienizada com solução de cloro a 200 mg.L-1, por um período de 12 horas, para o abaixamento da temperatura. Processamento mínimo: Deve ser feito a 10ºC, com os utensílios (facas, baldes, escorredores etc.) previamente higienizados. Os operadores devem usar luvas, aventais, gorros e máscaras, procurando proteger ao máximo o produto de prováveis contaminações. Os frutos podem ser submetidos a vários tipos de preparo, com destaque para os descascados e cortados em rodelas de 1,5 cm de espessura ou descascados e cortados em metades longitudinais. Recepção: Os frutos, por ocasião do recebimento devem ser selecionados, para tornar o lote mais uniforme quanto ao grau de maturação e de danos mecânicos ou podridões. Em seguida, as coroas são cortadas, deixando-se um “talo” de aproximadamente 2,0 cm, para evitar a entrada de patógenos e minimizar o estresse. Enxágüe com água clorada: Para eliminar o suco celular extravasado, os pedaços devem ser enxaguados com água clorada, a 20 mg de cloro.L-1. Lavagem: Os frutos selecionados são então lavados em água corrente utilizando detergente neutro comum, que tem como ingrediente ativo o alquil benzeno sulfonato de sódio. Embalagem: Podem ser utilizadas embalagens de polietileno tereftalatado (PET), plásticas ou bandejas de isopor recobertas com filme de cloreto de polivinila (PVC) esticável. Enxágüe: Após a lavagem, os frutos são imersos por cinco minutos em água fria a 5ºC contendo 200 mg de cloro. L-1 (100 mL de água sanitária em 10 L de água), para desinfecção e remoção do calor de campo (Toda Fruta, 2003). Armazenamento: Os produtos devem ser armazenados em condições refrigeradas. Esta temperatura deve ser mantida durante o transporte e a comercialização. Indica-se temperaturas entre 3ºC e 6ºC. Escorrimento: Os pedaços devem ser escorridos por dois a três minutos, para se eliminar o excesso de umidade. artigos técnicos podem ser enviados para [email protected] 43 CAMPO & CULTURA FRUTAS BRASILEIRAS E EXÓTICAS CULTIVADAS POMAR DOMÉSTICO CASEIRO - FAMILIAR A publicação “Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas de consumo in natura” contempla 827 tipos diferentes de frutas nativas e exóticas e é resultado de ampla pesquisa sobre o assunto nos últimos cinco anos em todo o território brasileiro. O livro aborda principalmente o grupo das espécies nativas, no qual são discutidos vários aspectos do cultivo das plantas frutíferas, sua importância econômica, seu valor nutricional como alimento e detalhes sobre sua multiplicação. Na primeira parte do livro são apresentadas apenas espécies nativas no território brasileiro, tanto as cultivadas comercialmente, quanto as domésticas ou as encontradas na natureza. Na segunda parte são tratadas apenas as espécies exóticas ou as introduzidas de outros países e cultivadas comercialmente ou em pomar doméstico no Brasil. Dos 827 diferentes tipos de frutas abordados no livro, 312 são nativas e 515 exóticas. Cada fruta é apresentada em uma única página inteira, com indicações de sua origem ou habitat natural, descrição resumida de suas características morfológicas, época de floração e frutificação. Sob o título “Utilidades”, é descrito o modo de consumo dos frutos e, sob o título “Multiplicação”, é apresentada a forma de propagação da planta. Frutas de primeira qualidade na família 365 dias do ano, para você e sua família plantar e cuidar estão em Pomar Doméstico - Caseiro – Familiar. O livro orienta na escolha de mudas, local do pomar, preparo do solo, variedades, época e maneira correta de plantar, adubar, tratos culturais e ponto de colheita dos frutos maduros para o consumo da família. Aborda ainda a indicação para o controle de doenças e das pragas com o uso de produtos mais naturais para garantir a melhor qualidade na produção e no consumo de frutas de primeira qualidade. As frutas colhidas têm ótimo ponto de maturação, garantia de qualidade, sem a presença de produtos químicos prejudiciais à saúde, equilíbrio entre acidez, sólidos solúveis, muitas vitaminas, sais minerais e fibras. Estão disponíveis, diariamente, e permitem seu consumo ao natural, em receitas especiais, na forma de suco, no preparo de geléias, suco concentrado, doce de massa, cristalizados, polpa concentrada e congelada. As plantas frutíferas melhoram o visual, embelezam e valorizam a propriedade, além de absorver o excesso de água das chuvas, contribuir para diminuir a erosão, melhorar o microclima, regularizar as temperaturas extremas, aumentar a microflora e criar um ambiente saudável, contribuindo para a melhoria e manutenção da qualidade de vida dos seus moradores. Autores: Harri Lorenzi, Luis Bacher, Marco Lacerda e Sergio Sartori Editora: Plantarum Páginas: 627 Onde encontrar: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda. Avenida Brasil, 2.000 - Distrito Industrial CEP 13460-000 - Nova Odessa/SP Fone: (19) 3466-5587 Fax: (19) 3466-6160 Site: www.plantarum.com.br E-mail: [email protected] 44 Autores: Ivo Manica, Ivone M. Icuma, Keize P. Junqueira e Nilton T. V. Junqueira Editora: Cinco Continentes Editora Páginas: 112 Onde encontrar: Rua Buarque de Macedo, 480 - bairro São Geraldo Porto Alegre/RS - CEP 90.230-250 Fone: (51) 3264-1377 Fax: (51) 3019-8768 E-mail:[email protected] PRODUTOS E SERVIÇOS 45 FRUTA NA MESA DELICADEZA DO FIGO Marlene Simarelli O fruto carnoso da figueira (Fícus carica) é conhecido desde os primórdios da humanidade, com relatos na Bíblia. Pesquisadores estimam que sua procedência seja do sul da Arábia, de onde se espalhou para o mundo. No Brasil, chegou com os portugueses no século 16. A variedade Figo Roxo foi introduzida pelo italiano Lino Busato, em 1900, em Valinhos/SP. Imigrantes italianos ali radicados começaram a produção comercial no País. A cultura se tornou tão importante para o município que a variedade é conhecida, hoje, como “De Valinhos”. “Existem mais de 150 variedades de figos, com cores que vão do branco ao verde, marrom, vermelho, roxo e até o preto”, relata o professor Rogério Lopes Vieites, do Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Ciências Agronômicas, da Unesp, em Botucatu/SP. Seu cultivo se dá em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e, mais recentemente, nas serras do Ceará. O figo é consumido verde, na forma de doces, e maduro ao natural. Vieites explica que “o valor nutritivo muda conforme a variedade. É rico em açúcar, contém sais minerais, sendo um dos frutos de clima temperado que possui mais cálcio. Possui ainda cobre, potássio, magnésio, sódio e traços de zinco”. Uma curiosidade, segundo Vieites, “é o uso do látex do figo verde para coalhar o leite, sendo de 30 a 100 vezes mais potente do que outros coalhos”. 46 RECEITAS DA PRODUTORA ANTONIA BROTTO SORVETE DE FIGO Ingredientes: 10 figos maduros descascados, 2 xícaras (chá) de água, 2 xícaras (chá) de açúcar, 2 claras em neve e 1 lata de creme de leite. Modo de preparo: bata no liquidificador 8 figos e a água. Passe pela peneira, acrescente o açúcar, misture bem e leve ao fogo até formar uma calda grossa. Adicione a calda quente às claras em neve, aos poucos, mexendo sempre até misturar bem. Acrescente o creme de leite e os 2 figos restantes picadinhos, misturando bem até formar um creme homogêneo. Leve ao congelador. Remexa o sorvete de vez em quando para que gele por igual. DOCE RAMI Ingredientes: 2 ½ quilos de figo quase no ponto de comer, 2 copos de açúcar, 2 copos de água, algumas folhas novas da fruta. Modo de preparo: coloque os figos para aferventar durante uma hora, trocando a água duas vezes. À parte, prepare uma calda de espessura média com 2 copos de açúcar, 2 copos de água e as folhas do figo. Pegue os figos aferventados e passe para a calda, deixando apurar por 1 ½ hora. Retire, coloque numa assadeira e leve ao forno por mais 1 hora. Sirva as unidades uma a uma. Antonia Brotto é produtora de figo em Campinas/SP, onde clima e solo favorecem o cultivo. Sua família planta figos desde 1965. Para ela, o maior desafio da cultura é o controle da mosca-da-fruta na época de chuva, feita com armadilhas. Parte da produção de Brotto é exportada para a Europa, seguindo os princípios exigidos pelo EurepGap. Ela conta que “a colheita é manual, com pessoal treinado, pois o figo é uma fruta muito delicada”. 47 48