Deixe de fumar

Transcrição

Deixe de fumar
Deixe de fumar
Um cigarro de cada vez
Paul Rallion
Escrito e traduzido por Paul Rallion
Revisado por Doriane Gaia
Ilustrado por Robert Henry
iii
Deixe de fumar
Um cigarro de cada vez
Copyright © 2015 por Paul Rallion
Escrito y traduzido por Paul Rallion
Revisado por Doriane Gaia
Ilustrado por Robert Henry
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada
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ISBN: 978-1-329-19915-6
ISBN: 978-1-329-27846-2
(sc)
(ebk)
Impresso nos EUA. Data de revisão: 14 de julho de 2015
iv
Dedicatórias
A todos aqueles que me incentivaram a parar de fumar
Meu pai, que sempre vai morar no meu coração. Ele não me
forçou a parar de fumar, mas me disse que eu saberia quando
parar. Para a minha mãe, que me incomodava quase todos os
dias para deixar de fumar. Além disso, eu dedico este livro à
minha esposa Mary, e à minha filha Anaïs, que me trazem
felicidade que não pode ser expressa em palavras. Aos meus
irmãos: André, por seus esforços para me convencer a parar
de fumar; Jay, por sua orientação em meus anos de faculdade;
e Marie-France, por seu amor e apoio.
Agradeço a minha esposa, Mary, e minha filha Anaïs, por seu
apoio a este projeto, que levou muitas horas de tempo da
família. Agradeço também Robert Henry pelas ilustrações e
trabalho de capa deste livro. Obrigado igualmente a Doriane
Gaia por melhorar a tradução deste texto.
v
Índice
Introdução ...................................................................... ix
Parte I
Por que você fuma?
Capítulo 1 Como eu comecei a fumar ..................................... 3
Capítulo 2 Por que você fuma? .............................................. 16
Parte II
Decidir parar de fumar
Capítulo 3 Não posso parar de fumar ................................... 33
Capítulo 4 Como fumar ainda me afeta ................................ 49
Capítulo 5 Decidir parar de fumar ......................................... 63
Parte III
Desenvolver um plano para deixar de fumar
Capítulo 6 Reais e cigarros ...................................................... 81
Capítulo 7 Deixe de fumar, um cigarro de cada vez ........... 99
Conclusão ..................................................................... 128
Notas de discussão ....................................................... 133
Nota do autor ............................................................... 135
Sobre o autor ................................................................ 137
vii
Nota Preliminar
Ao deixar um hábito gostoso, a gente pode sentir que perdeu
uma coisa de valor. No entanto, quando se trata do hábito de
fumar, poucas coisas estão mais longe da verdade. Na verdade,
quando você se torna um não fumador, você ganha uma série
de benefícios: você recupera anos de vida, vive uma vida mais
saudável, fica em melhor forma física, consegue respirar
melhor, o seu coração torna-se mais saudável, etc.
Parar de fumar cigarro é um feito muito difícil, e eu acho que
aqueles que tem alcançado isso podem atestar. Este livro
sozinho não vai livrá-lo de seu hábito de fumar. Você é o
único que tem que deixar de fumar. Estas páginas vão
mostrar-lhe como eu o fiz, e como você também pode.
Meu irmão mais velho, André, me lembrava sobre os efeitos
do consumo de cigarros. Ajuda de alguma forma se você tiver
um amigo ou parente para motivá-lo a parar de fumar. Depois
de determinar que você quer parar, você pode desenvolver e
implementar um plano para reduzir e eliminar, como o plano
descrito neste livro.
Eu modifiquei a história neste livro com o propósito de ajudar
as pessoas a parar de fumar de forma gradual. Escrevi este
livro para compartilhar com as pessoas o método que eu
desenvolvi e segui para deixar de fumar. Este método, que não
envolve o uso de drogas ou produtos químicos, funcionou a
ix
primeira vez que eu usei. Tenho sido livre de cigarros por mais
de vinte anos (a partir da data de publicação deste livro). Meu
único arrependimento é não ter publicado este livro antes.
Deixe de fumar, um cigarro de cada vez, também está
disponível nos seguintes idiomas:
- Inglês: «Kick Smokin’, One Butt at a Time».
- Francês: «Arrête de fumer, une cigarette à la fois».
- Espanhol: «Deja de fumar, un cigarrillo a la vez».
Este livro está dividido em três partes:
I. Por que você fuma?
A maioria dos fumadores que eu conheço não tem uma
resposta concreta a esta pergunta. Antes que um fumador
esteja convencido a parar de fumar, ele/ela tem que encontrar
uma razão por que ele/ela fumar. Não ter encontrado nenhum
benefício real de fumar, é mais fácil para iniciar o processo de
parar de fumar.
II. Decidir parar de fumar
Se alguém não está convencido de deixar de fumar e não
tomou a decisão de parar de fumar, a pessoa simplesmente
não vai parar. Uma pessoa doente que vai ao médico não irá se
curar se não está convencida de que a prescrição do médico
vai ajudá-la a se curar.
III. Desenvolver um plano para parar de fumar
Ter um plano para parar de fumar é como uma viagem
para ir de férias. A gente não apenas prepara a bagagem para
três dias e monta no carro para ver aonde vai. Você deve ter
planejado um destino de férias, com base no tempo e dentro
do orçamento. Além disso, antes de parar de fumar, é essencial
ter um plano e depois executá-lo.
x
Ao ler este livro, considere isto:
- Se você é um adolescente:
Alguns estudantes do ensino médio experimentam cigarros
pela primeira vez. Se eles se tornarem fumadores regulares,
pode ser muito difícil no futuro parar. Meu conselho para
vocês é: não começar a fumar! Se seus amigos(as) lhe
empurram para começar a fumar, aprenda a dizer “não”. Não
há necessidade de ser grosseiro(a), simplesmente seja firme. O
cigarro é uma droga altamente viciante; eu sei por experiência
própria. Comecei a fumar quando eu estava no ensino médio.
Uma vez que eu me viciei a fumar cigarros, foi muito difícil
parar. No entanto, minha determinação e plano de redução me
ajudaram a parar de fumar, um cigarro de cada vez.
- Se você é um adulto e você fuma:
Enquanto ainda fuma, evite fumar perto de pessoas jovens,
pois elas podem começar a fumar por admiração, ou apenas
por curiosidade. A menos que você esteja convencido(a) e
determinado(a) a parar de fumar, você tem chances de não
deixar o cigarro. No entanto, não importa quantas vezes você
tentou parar ou já tentou muitos métodos, há esperança.
Considere o uso de meu plano, que é um condicionamento
mental de longo prazo, lenta mas segura.
- Se você conhece alguém que fuma:
É importante entender que um fumador não vai parar de
fumar a menos que esteja convencido de que deseja deixar de
fumar. A chave para ajudar o fumante é focá-lo no
compromisso de deixar de fumar a médio e longo prazo, em
vez de empurrá-lo (a) para deixar imediatamente. Partindo
desta premissa, de que é importante que o fumador construa
xi
lentamente a determinação de parar, seguindo o plano descrito
aqui.
xii
Renúncia da responsabilidade:
Este livro não é a garantia de que você vai parar de fumar. Na
verdade, se você não está completamente convencido(a) e
determinado(a) a deixar o hábito, nenhum livro pode fazer isso
por você. Além disso, ajudar o leitor com outros vícios que
não sejam de cigarro está além do escopo deste livro. Nada
apresentado aqui deve ser interpretado como aconselhamento
médico ou personalizado. Nada neste livro é garantido como
sendo correto, e tudo escrito aqui deve ser considerado sujeito
a uma verificação independente. O autor não se responsabiliza
pelas opiniões ou ideias expressas neste livro. O autor não
assume qualquer responsabilidade pelo resultado do uso da
informação apresentada neste livro. Sob nenhuma
circunstância é o autor responsável por danos acidentais ou
consequentes, diretos ou indiretos, decorrentes do uso das
informações contidas neste livro. Baseado em situações reais,
muitos eventos foram modificados para melhorar o fluxo da
história.
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Deixe de fumar
PARTE I
Por que você fuma?
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Deixe de fumar
Capítulo 1
Como eu comecei a fumar
—Ei Paul, você se lembra quando costumávamos sair para um
passeio de bicicleta? —perguntou meu primo Peter, entre
tosses, mostrando os dentes amarelados, manchados de
nicotina.
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Paul Rallion
—Como eu poderia esquecer? —eu disse, com um olhar
melancólico no meu rosto, sufocando as lágrimas. Eu senti
pena do meu primo. Ele tentou parar de fumar algumas vezes,
mas nunca superou sua dependência de cigarros.
—Agora eu não posso nem respirar por conta própria—,
Peter disse ajustando sua máscara de oxigênio, observando os
monitores de sua respiração no quarto do hospital frio, onde
ele foi internado. As paredes estavam cobertas com papel de
parede amarelo. O som de seus equipamentos de
monitoramento médico e sinal sonoro periódico serviu como
um lembrete de que Peter estava com problemas, tudo por
não deixar de fumar.
—Mas você vai ficar bem, e vamos jogar basquete e
montar nossas bicicletas de novo—, eu disse com um sorriso
forçado. Eu não podia conceber como alguém que tinha uma
aparência física forte e era um cara de boa aparência aos vinte,
estava agora lutando para se salvar ao seus sessenta anos.
—Paul, só tenha cuidado, não vai quebrar outra costela—,
Peter disse com uma risada curta interrompida por outra tosse.
—Essa queda sim foi bárbara—, eu disse quando comecei
a lembrar: «Na nossa frente iam dois rapazes que montavam
suas bicicletas de montanha verde e cinza, ambos em plena
velocidade. Peter e eu estávamos em nossas bicicletas de
montanha de dezoito velocidades vermelha e azul e nossos
capacetes da mesma cor das bicicletas. Nossas bicicletas foram
equipadas com abafadores dianteiros e traseiros com apertos
de borracha preta no guidão. Peter e eu estávamos cansados,
ainda que as bicicletas fossem leves e não tínhamos andado de
bicicleta por muito tempo. Chegamos a uma estrada de terra
com um trilho enferrujado ao longo da estrada. Havia muitos
ciclistas e corredores. Uma mini montanha, cerca de dois
metros de altura, chamou a nossa atenção. Os dois rapazes que
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Deixe de fumar
iam à nossa frente escalaram a montanha em suas bicicletas.
Não só subiam como desciam sem muito esforço, Peter seguiu
e fez o mesmo, mas não parecia tão fácil para ele. Tentei subir
a mini montanha, mas eu tinha minhas dúvidas. Quando
cheguei ao topo, senti falta de ar e fiquei esbaforido. Eu estava
desesperado, pois queria continuar, mas não consegui. Eu
estava sem energia. Perdi o equilíbrio e comecei a cair de cima
da montanha. A sensação de impotência foi esmagadora. Não
havia nada em que agarrar para impedir a queda. Então eu fui
até ao chão, e depois a bicicleta. Caí com força de costas e
quebrei uma costela. Eu estava tão fora de forma (e sem ar)
que não pude chegar ao topo da mini montanha. Eu me
odiava por fumar».
—O que você estava pensando, Paul?
—Eu estava pensando sobre como eu caí da mini
montanha e quebrei uma costela.
—Sim, eu estava com medo ao vê-lo cair de costas de tal
altura.
—Na queda eu pensei que tinha perfurado um pulmão, ou
algo assim.
—É assim que eu sinto meus pulmões agora.
—Mas você vai ficar melhor. Seja forte, Peter. Eu tenho
que ir agora. Estou atrasado para uma aula que eu estou
ensinando online. Eu tenho muitas mensagens na sala de aula
virtual para a qual eu tenho que adicionar meus comentários, e
vários projetos para qualificar.— Fiz uma pausa de alguns
segundos para levantar a alça retrátil da minha mala para
laptops azul com rodas, e continuei: —Siga as instruções do
seu médico, OK? Eu vou estar de volta amanhã ou sexta-feira
depois do trabalho.
—Ontem eu estava pensando sobre como eu comecei a
fumar. E olhe para mim agora, depois de fumar por quarenta e
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Paul Rallion
cinco anos, eu estou deitado no meu leito de morte, porque eu
nunca deixei de fumar. Se tivesse ganhado a aposta com você,
provavelmente estaria em boa forma.
—Não diga isso, você vai melhorar—, eu disse a Peter ao
dar as mãos com um aperto forte como de costume. Ao sair
do hospital, comecei a lembrar quando eu fumei meu primeiro
cigarro.
Tudo começou há quarenta e dois anos, quando eu tinha
quinze anos e meu primo Peter tinha vinte. Peter era um
fumador regular, fumando um maço de cigarros por dia. Às
vezes, eu pedia um cigarro e pegava como as crianças fingem
fumar como adultos, mas apenas com um lápis. Às vezes, eu
inalava e soltava a fumaça de uma maneira boba.
—Só não morda o filtro—, Peter me pediu, balançando a
cabeça de um lado para o outro.
—Não—, eu disse enquanto imitava a maneira de soltar a
fumaça, mas mais como soprar velas em um bolo de
aniversário em movimento mais lento.
No final do verão, uma quinta-feira antes de anoitecer,
Peter e eu estávamos no meu jardim apreciando as longas
noites com muita luz solar. Tínhamos macieiras, laranjeiras e
limoeiros, entre outras plantas. A área verde e ar fresco
fizeram parecer o ambiente perfeito para fumar. Quanto mais
eu via Peter fumar, mais eu queria fumar. Eu adorava o cheiro
de fumaça de cigarro.
—Empresta para mim—, eu disse a Peter, apontando o
cigarro.
—OK, mas não molhe o filtro com sua saliva—, Peter me
pediu, entregando-me o cigarro ao contrário, com o filtro em
minha direção.
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Deixe de fumar
—Não, eu não vou—, eu disse. O que eu estava pensando
era, «Eu realmente quero fumar como ele».
—Fume um cigarro sozinho, você vai aprender melhor.
—Tá falando sério?
—Sim, toma um—, Peter disse abrindo o maço de
cigarros. Ele abriu a tampa e deslizou um cigarro para mim.
Eu o puxei para fora da caixa e o coloquei na minha boca. Ele
me emprestou o seu cigarro para acender o meu. «Estou
fumando o meu próprio cigarro», pensei em descrença. Fechei
os olhos contra a fumaça, dei um puxão, e imediatamente o
tirei da minha boca molhado com saliva.
—Puxe a fumaça para a boca e depois a inspire —, Peter
me disse, para ver a minha reação.
Eu respirei, mas rapidamente expulsei com uma tosse
violenta. Meu rosto corou e fiquei ofegante. Eu estava muito
angustiado e coloquei minhas mãos em meus joelhos em uma
posição semi-agachada. Tossi um pouco mais então joguei o
cigarro no chão.
—Você vai se sentir melhor depois do primeiro cigarro—,
Peter disse, enquanto pegava o meu cigarro e limpava o filtro
com a parte inferior de sua camisa azul. Ele me deu o cigarro,
e apesar de eu terminar de fumar, a experiência não foi tão
boa.
—Você vai ficar bem—, disse Peter. Eu fiquei em silêncio.
Temendo que meus pais percebessem que minha respiração
cheirava a cigarros, eu peguei uma maçã da árvore, pois foi a
primeira coisa que me veio à mente. Eu dei uma mordida na
maçã vermelha e crocante, e comecei a mastigar.
—Eu me sinto estranho, Peter. Meu estômago dói e eu me
sinto tonto—. «Não, cara, isso não é bom», pensei, tentando
voltar o tempo, «Eu nunca deveria ter fumado». Eu sentia que
tudo girava em torno de mim, como os túneis na feira que
7
Paul Rallion
desafiam a gente a andar em linha reta e tudo que você vê é
uma espiral vertiginosa. Eu disse a mim mesmo: «Eu não vou
tentar fumar».
Sentei-me em um muro de meio metro de altura, que servia
de plantador ao longo da parede de trás. Eu agarrei a borda, e
um momento depois me virei para vomitar.
—O que está acontecendo com você? —Peter me
perguntou.
Eu comecei a sentir um nó no estômago e disse: —Que
porcaria, por que isso está acontecendo comigo? —Sacudindo
a cabeça de um lado para o outro em negação. Peter colocou a
mão no meu ombro para tentar me confortar, mas eu estava
irritado por ter tentado o tabaco. Depois de dois minutos, que
pareciam dez, levantei-me e caminhei até a mangueira de
jardim. Com o gosto podre na minha boca, eu desenrolei a
mangueira para lavar o vômito. Ao disparar um jato de água
no vômito, eu pensei, «Até aqui eu chego como fumante;
cigarros nunca mais».
Meu irmão mais velho, André, de 1,7 metros de altura,
alguns centímetros mais alto que eu e da mesma altura e idade
de Peter. Era magro e tinha cabelo preto. Me viu pela janela de
seu quarto, com vista para o quintal. Ele saiu e me disse:
—Ei Paul, por que é que você vai começar a fazer isso?
Você só tem 15 anos, e apenas terminou a oitava série. Até
acabou de vomitar! A minha mãe e meu pai vão te punir—,
disse enquanto passava os dedos no bigode preto.
—André, lembre-se que estou perto do ensino médio.
Olhe para Peter, ele parece cool. Eu acho que você deveria
fumar também.
—Nem um pouco. Eu não quero ter respiração de
cinzeiro—, André disse com uma risada curta.
—Vamos lá André, não seja um desmancha-prazeres. Vem
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Deixe de fumar
fumar conosco—, disse Peter.
—Não, eu estou bem sem fumar. Estou indo, está ficando
tarde—. André virou-se e começou a caminhar de volta para a
casa. Fiquei com Peter e disse:
—Fumar não é divertido. Agora eu tenho um gosto
desagradável de cigarros e vômitos.
—Não se preocupe, a mesma coisa aconteceu comigo
quando comecei a fumar, exceto que eu não comi uma maçã.
Eu masquei chiclete e escovei os dentes. Tudo estava bem
depois disso. Mas André está certo, você tem que dormir, e eu
tenho que ir. Amanhã é sábado e temos que ir para a festa de
Robert, você se lembra?
—Claro que sim. Eu quero ir.
No dia seguinte, Peter veio à nossa casa. Abri a porta e lá
estava ele, um garoto durão com seu maço de cigarros em seu
ombro sob a manga. Parecia um jogador de futebol americano
em seu uniforme.
—O que diz cara? —Era a nossa saudação típica,
apertando as mãos e batendo os punhos.
—Você está pronto?
—Vem! —André disse, dando uma passada final de dedos
no seu cabelo.
—Ei, me dá um pouquinho de colônia—, Peter pediu a
André.
—Claro, volto agora, André disse, virando-se, para trazer a
colônia.
—Ei, não gaste muita colônia, André - disse Peter.
—Só um pouco mais, eu quero ter um cheiro bom para
Carol.
André, Peter e eu fomos para a festa de Robert dando
risadas. Robert morava a dois quarteirões, então caminhamos.
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Paul Rallion
Chegamos na casa de Robert, uma casa de um andar com duas
palmeiras no jardim da frente. Perto da porta estavam Robert
e sua irmã Carol. Robert estava comemorando treze anos de
idade naquele dia. Robert ainda estava no ensino médio,
medindo cerca de 1,6 metros de altura, tinha olhos escuros,
com sinais de um bigode. Sua mandíbula era um pouco
acentuada, por isso nós zombávamos dele.
—Robert, feche a sua gaveta—, nós dizíamos para ele de
vez em quando, mas ele não gostava, claro.
Carol acabou de fazer dezenove anos de idade, era de pele
clara, baixa, de cabelos pretos. Tinha muitos do rapazes no
bairro que eram atraídos por ela. Peter não era exceção.
—Feliz Aniversário, Robert! Tome, de nós três—, eu disse,
entregando-lhe o seu presente de aniversário.
—Obrigado, não deviam ter se incomodado!
Quando reunidos do lado de fora, Peter começou a fumar,
tentando impressionar Carol. Peter estava fumando com estilo
e disse:
—Vamos lá, Paul, você não vai morrer se fumar um
cigarro—. Eu percebi que Peter expelia a fumaça de sua boca e
nariz ao mesmo tempo, e fiquei impressionado. Eu fumei um
cigarro e não foi tão ruim, afinal. Na verdade, eu gostei. Desta
vez, ele não me fez vomitar.
—Como você expele a fumaça pela boca e nariz assim? —
Eu perguntei, esfregando os olhos pela fumaça.
—Não tão rápido, Paul. Você vai aprender um truque de
cada vez. Por enquanto você só controla a inalação do fumo—
, Peter disse, enquanto tragava outra vez seu cigarro.
—Peter, deixe-me dar um trago no seu cigarro—, pediu
Carol, estendendo a mão com o dedo indicador e o médio,
movendo-os como orelhas de coelho. Peter agarrou a mão de
Carol e lentamente colocou o cigarro entre os dedos que
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Deixe de fumar
tinham estado em movimento. Eu percebi que Peter estava
apaixonado, voando nas nuvens, mas um pouco nervoso.
—Vamos para dentro da casa—, Carol sugeriu, com o
cigarro na mão.
A música fazia tremer a casa de Robert. Alguns casais
dançavam lá dentro. Os pais de Robert estavam na sala
bebendo cerveja e comendo alguns petiscos com alguns
convidados. Eles riam e parecia que eles estavam se divertindo.
Eu olhei para o disc jockey com os fones de ouvido na cabeça.
O cara tinha cabelo castanho claro, um cavanhaque e vestia
uma camisa amarela florescente. Eu percebi que tinha um dos
fones atrás da orelha. Parecia que ele estava preparando a
próxima canção que ia tocar. Eu só estava olhando, e apreciei
o que ele fazia. Eu até esqueci meu cigarro. A maioria das
pessoas na festa estava dançando. Eles estavam todos felizes,
movendo-se como robôs. Pelo menos isso parecia com a luz
estroboscópica. Tudo o que eu conseguia pensar era: «Eu
gosto da música que está tocando. Eu quero ser um disc
jockey um dia».
—Ei Robert, não te chama a atenção o trabalho desse
amigo?
—O que, o trabalho de DJ?
—Sim, seria muito legal fazer isso, você não acha? Se
divertir na festa tocando boa música e ser pago por isso! Por
que nós não tentamos isso?
—Você realmente quer fazer isso? —Robert me
perguntou.
—Sim, devemos fazer isso, cara!
Cinco horas mais tarde, depois de beber e comer o
suficiente, era hora de ir para casa.
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