"NEGOCIAÇÃO", HABILIDADE IMPRESCINDÍVEL NA FORMAÇÃO
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"NEGOCIAÇÃO", HABILIDADE IMPRESCINDÍVEL NA FORMAÇÃO
1 "NEGOCIAÇÃO", HABILIDADE IMPRESCINDÍVEL NA FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR 1 - INTRODUÇÃO A origem do termo negociação remonta ao latim negocium, palavra formada pela junção dos termos nec (nem, não) + ocium (ócio, repouso), cujo significado estrito é o de atividade difícil, trabalhosa. Seu uso mais freqüente, porém, tanto no latim no latim quanto no português, gira em torno de comércio, tráfico, relações comerciais, transação, combinação, ajuste. Num sentido secundário, que é exatamente o oposto do que se ve rifica na morfologia da palavra e que também se manifesta no português, o termo está associado também a estratagema ou truque para ganhar dinheiro com facilidade, oportunidade. No inglês, o termo equivalente negociate tem apenas o significado de transação comercial. Neste sentido, negociação é o ato de negociar, transacionar. OLIVEIRA (1994). Acreditamos que cabe, no entanto, uma critica à perspectiva meramente econômica freqüentemente associada ao termo negociação. Na realidade, numa perspectiva ampliada, o termo negociação representa um processo a ser considerado tanto do ponto de vista social quanto econômico. O aspecto social é representado pela necessidade de solução pacífica dos conflitos de relacionamento gerados no âmbito da organização social, inclusas aí as relações familiares, políticas e diplomáticas. O aspecto econômico refere-se à realização de transações que envolvem produtos, serviços ou idéias. 2 - A NEGOCIAÇÃO NO CONTEXTO ATUAL O ambiente das organizações contemporâneas apresenta -se cada vez mais desafiador. Uma importante característica ambiental é o fenômeno da globalização, o qual parece acelerar o movimento das empresas em todos os sentidos. Desta forma, o ambiente organizacional toma dimensões globais e demanda respostas dinâmicas. Saber negociar neste ambiente global passa a ser uma característica essencial, uma vez que as mudanças organizacionais advindas da globalização modificam as estruturas, os processos e a cultura das organizações. A negociação neste contexto globalizado vem a ser um fenômeno organizacional presente em todos os momentos, na organização e na vida, seja na relações de compra/venda, entre patrão/empregado, entre sindicatos, entre chefe/subordinado, entre gerentes, entre aluno/professor ou entre duas pessoas de uma mesma família. Assim, parece conveniente adotar uma definição de negociação que traduza a amplitude de possibilidades que o termo encerra: “Toda relação humana é, de certo modo, uma negociação, pois envolve compromissos e são estabelecidas condições. Qualquer que seja a situação, alguém está assumindo uma responsabilidade em função de determinadas condições, o que importa em negociação.” MATOS (1983, p.11). Dentro dessa perspectiva, parece necessário superar o modelo de ensino de negociação cuja perspectiva enfatiza o conhecimento de técnicas e o desenvolvimento de habilidades para 2 realizar operações de compra e venda, migrando para um modelo que privilegie um espectro amplo de relações interpessoais e inter-organizacionais. Um exemplo disso é que as novas configurações organizacionais já não podem valer-se apenas do rigor da autoridade para solucionar os conflitos. FREITAS (1994, p. 13) observa que “A medida que as sociedades se tornam mais abertas; o poder mais questionável; as pessoas, mais reivindicativas, a participação das pessoas passa a ser considerada como um direito, não só dos cidadãos, mas também dos membros organizacionais.” Uma decorrência desse novo arranjo social é que as empresas, cada vez mais comumente, estão selecionando profissionais cujas habilidades e conhecimentos permitam que a negociação se torne uma atividade cotidiana bem-sucedida. 3 - A NECESSIDADE DO ENSINO DA NEGOCIAÇÃO NA FORMAÇÃO DE ADMINISTRADORES A perspectiva de que os conhecimentos e habilidades para ser um bom negociador transcendem as meras operações de compra e venda, parece justificar a inclusão de disciplinas dedicadas a esse assunto nos currículos de graduação em Administração. Considerada como uma das melhores escolas de Administração do país, a FEA/USP, contempla o assunto em seu currículo de graduação desde 1989, sob justificativa que os administradores terão que praticar a negociação diariamente, em função de a sociedade atual estar baseada em trocas de toda natureza. Além disso, é clara a tendência para uma força de trabalho mais móvel e diversificada, maior ênfase na reestruturação empresarial e a crescente importância do setor de serviços. MATHIAS et all (1994). A multiplicidade de habilidades e conhecimentos específicos relacionados ao tema também parece contribuir com os argumentos a favor da inclusão de disciplinas específicas de negociação no currículo do administrador. Segundo JUNQUEIRA (1990), o desenvolvimento de habilidades de negociação pressupõe a abordagem de pelo menos três áreas: • Habilidades de relacionamento: - Conhecer e mostrar suas forças; - Administrar (não mostrar suas fraquezas); - Solucionar conflitos; - Conhecer a outra parte e suas necessidades; - Apresentar argumentos de forma diferenciada, de acordo com as características comportamentais do outro negociador; - Desenvolver comportamentos que gerem confiança, evitando aqueles que causem desconfiança; - Saber ouvir, comunicar; - Criar um clima de cooperação entre os negociadores; - Buscar o aumento do seu grau de flexibilidade (capacidade de se colocar no lugar do outro) de aceitar mudanças etc. • Tecnologia da negociação 3 - Planejar, executar e controlar a negociação dentro de uma seqüência lógica e prédeterminada; - Utilizar certas idéias que possam tornar sua argumentação mais atraente e sensibilizar a outra parte (estratégias/táticas); - Desenvolver a habilidade de fazer concessões e superar impasses. • Conhecimento do “seu negócio” - Maiores informações sobre o que será objeto de negociação (características e soluções do produto, serviço ou idéia); - Dados relativos a mercado, concorrência, ações governamentais, aspectos financeiros que possam afetar o que está sendo negociado; - Benefícios potenciais à clientela. É possível identificar, também, similaridades entre as habilidades a serem desenvolvidas durante a formação do administrador e do empreendedor (ênfase cada vez mais presente no direcionamento dos cursos de administração) e as necessárias para que um negociador possa desempenhar bem suas atividades, conforme podemos observar no quadro nº 1. Quadro nº 1 COMPARAÇÃO ENTRE HABILIDADES CARACTERÍSTICAS DO ADMINISTRADOR, NEGOCIADOR E EMPREENDEDOR Administrador Negociador Empreendedor Comunicação Comunicação Relacionamento humano, habilidade de comunicação Raciocínio lógico, crítico e Avaliador de riscos Período de braistorming analítico (momentos informais para discutir idéias, raciocínios) Compreensão do todo Compreender o interesse da Controlador administrativo outra parte e do negócio Capacidade de inovação Ser criativo Inovador, criativo Capacidade de ser flexível Flexível Flexível Capacidade de ordenação Eficácia Eficaz Capacidade de selecionar Elaborar e implementar Orientado por metas estratégias estratégias Fonte: Relatório INEP -MEC Fonte: HSM Management nº 5, (1996). p.24, 1997. Fonte: Adaptado por Ricardo R. Behr. Academy Management Review, nº 2, 1984. A similaridade das características e habilidades básicas entre administradores, negociadores e empreendedores pode facilitar a tarefa de criar disciplinas na área de negociação nos cursos de graduação em administração, visto que muitos conteúdos poderiam ser adaptados às especificidades de uma pedagogia específica para a negociação. A esse respeito, é possível fazer algumas digressões sobre o que a literatura preconiza a respeito dos estilos dos negociadores e a Teoria Geral da Administração. Os estilos de negociadores, muitos semelhantes aos estilos de administradores, estilos de líderes, tão discutidos na literatura de administração e de psicologia organizacional, são como 4 modismos. Para cada teoria de administração temos um modelo de homem e toda vez que surge uma nova abordagem de uma velha teoria de administração, surge um novo estilo de administrador, de gestor, de líder. MATOS (1983) apresenta os estilos básicos do negociador, como se pode ver no quadro nº 2. ESTILOS ð Centrado Características Riscos Táticas Quadro nº 2 ESTILOS BÁSICOS DO NEGOCIADOR RACIONAL S OCIÁVEL M ETÓDICO D ECIDIDO Em idéias No esforço em No processo da Na solução mais equipe discussão rápida possível Preocupado Motivado para Atento para os Não quer perder em orientar-se relacionamento, deseja regulamentos, a tempo em detapara os estabelecer legislação lhes e quesobjetivos previamente laços específica, os tiúnculas, ataestabelecidos. afetivos, métodos de cando os pontos Quer discutir confraternizadores discussão, a sensíveis da quesa filosofia das tradição, os usos e tão na esperança questões os costumes. Sem- de solucioná-la colocadas, do pouco flexível às prontamente levantar e mudanças, quer a discutir idéias observância es-trita e colocar das “regras do fatos como jogo” elemento de convicção Risco maior é Há o risco de a A discussão pode O excesso de o de cair em conversação desviar- se desviar dos o- objetividade pode pragmatismos se para assuntos a- bjetivos e dos re- induzir ao risco da que limitam a leatórios, com perda sultados para a omissão de pontos visão mais de tempo, ameaça de estrutura formal da importan-tes, por ampla dos saturação e desgaste comunicação e falta de adequado problemas ou para os aspectos dimen-sionamento em subjetivisrigorosamente le- do problema, permos que le galistas da matéria cepção truncada e vam a divernegociada. Ë o diagnóstico, comgências pucomportamento seqüentemente, ramente setípico do imperfeito mânticas tecnocrata Estar atento à Há o risco de a Preservar o tempo Recomenda-se, já fixação de conversação desviarinicial, no início da pontos comse para assuntos cronometrado, conversação, a vergentes que aleatórios, com perda para a discussão apresentação de dêem objeti- de tempo, ameaça de dos aspectos um confiável vidade à saturação e desgaste formais, findo o quadrodiscussão e qual passa-se a diagnóstico da conduzam ao objetivar o pro- situação, com as acordo blema em essên- várias alternativas cia, com propos- solucionadoras. 5 tas claras e incisivas Fonte: Adaptado de MATOS(1983) Para as Teorias de Administração, Clássica de Fayol e Científica de Taylor, o homem é o "o homo economicus " visto como um ser indolente, vadio, avesso ao trabalho e motivado por incentivos materiais e financeiros. Neste caso o estilo de gerente é o autoritário. Já na Teoria da Burocracia de Weber "o homem organizacional" é visto como aquele que deve ter um comportamento padronizado, impessoal, que deve seguir as rotinas e características do cargo que ocupa. Neste caso o gerente deverá ser do estilo burocrático, o legalizador. Para a Teoria de Relações Humanas, onde "o homo social" é visto como àquele basta um ambiente feliz e harmonioso para satisfazer suas necessidades. O estilo de gerente para administrar este tipo de homem neste ambiente harmonioso é o humanista. Na Teoria comportamentalista (behaviorismo), "o homem administrativo" é visto como um ser participativo, que busca o desempenho satisfatório do trabalho que realiza. O Estilo de gerência é o democrático, participativo. Na Teoria de Sistemas "o homem funcional" é visto como um ser que se interrelaciona com as outras pessoas através de um sistema aberto. O estilo do gerente neste caso é o de gerente planejador-ambiental, que coordena os diversos papéis de diversos atores organizaciona is que se interrelacionam intra e entre os ambientes. E na Teoria Contingencial "o homem complexo" é visto como um homem que têm iniciativa, inteligência e criatividade e o estilo de gerência é o democrático, mediador, incentivador, que oferece condições para o desenvolvimento da criatividade. Nas abordagens de Administração, principalmente as que buscaram inspiração na Teoria Behaviorista vamos encontrar exemplos de estilos de gerência do tipo Grid Gerencial de Blacke e Mouton, e a Liderança Situacional de Hersey e Blanchard Na teoria sobre negociação, os estilos de negociadores apresentados pelos autores são semelhantes aos estilos de gerentes vistos ao longo da literatura sobre psicologia organizacional, tal qual os estilos apresentados por Blacke & Mouton e Hersey e Blanchard, Além do que todos os autores que tratam de negociação vão inspira-se em Maslow e MacGregor para justificando suas tipologias baseados nas teorias sobre necessidades e fatores higiênicos. Com esta base teórica os autores crêem ser possível identificar no negociador oponente um tipo de negociador, "catalizador, apoiador, controlador e analítico " conforme JUNQUEIRA (1990, p.56) ou "racional, sociável, metódico, decidido" conforme MATOS (1983). Quadro nº 3 ESTILOS DE GERENTES/NEGOCIADORES TEORIAS DE MODELOS ESTILO DE ESTILO DE ESTILO DE ADMININIS DE HOMEM GERENTE NEGOCIADOR NEGOCIADOR TRAÇÃO MATOS JUNQUEIRA Economicus Autoritário Decidido Controlador Clássica/cient. 6 Burocracia Relações Humanas Behaviorismo Sistemas Contingencial Organizacional Humanista Burocrático Humanista Administrativo Funcional Participativo Planejador Complexo Metódico Analítico Social Apoiador Racional Catalizador Situacional Fonte: Adaptado por Ricardo R. Behr A Comparação dos estilos de gerentes com os estilos de negociadores a partir dos modelos de homem, mostra que os tipos de negociador se assemelham muito aos tipos de gerentes encontrados na literatura sobre administração. Vários modelos de negociação são encontrados na literatura. 4 - A VARIEDADE DE MODELOS DISPONÍVEIS OLIVEIRA (1994) analisou as obras de inúmeros autores da área. Karras, Nieremberg, Schoonmaker, Junqueira, Cohen, Zajdsznajder, Matos, Laurent, Ury, Reck & Long, Maubert, Pinto, Sparks, Freund, Marcondes, Mills e Dias & Costa são alguns deles. Embora a variedade de abordagens seja praticamente igual ao número de autores que se possa encontrar, é possível depreender que todas elas, embora apresentado diversos níveis de aprofundamento e forma de apresentação, giram em torno de uma dicotomia básica: ORIENTAÇÃO DISTRIBUTIVA (win-lose) - o negociador quer encontrar, ou impor, uma solução que lhe seja favorável, sem respeito pelos interesses da parte contrária. No limite, estes não são levados em conta ou são totalmente negados. O problema é o da divisão pura e simples do bolo. Qualquer concessão vem em detrimento da parte que concede. A relação de forças é a principal alavanca para fazer o adversário ceder. ORIENTAÇÃO INTEGRATIVA (win-win) - cada negociador vê a outra parte como um parceiro legítimo que tem direito a trabalhar em prol de seus interesses, mesmo se eles não são convenientes para os seus próprios. Ë mais do que atitude conjuntural, tratando-se da adoção de uma tomada de postura ética, porque implica admitir a diferença de perspectiva, a diferença de pensamento e a diferença de interesses dos indivíduos, ao contrario da adoção do princípio totalitário que considera uma aberração tudo o que é diferente. Dentro dessa perspectiva, passase a considerar os conflitos como fatos inerentes à vida humana. Não é difícil, portanto, ao professor de administração, transmitir ao aluno os conteúdos da uma disciplina dedicada ao tema "negociação". É preciso logicamente, conhecer as teorias de administração, evoluir para a teoria que trata dos modelos de homem, de que trata RAMOS (1984), utilizar-se das abordagens que tratam dos estilos de gerente e relacioná-las com as habilidades necessárias para um negociador 1 e demonstrar os diversos modelos de negociação encontrados na literatura. A partir da apropriação teórica é preciso utilizar-se de técnicas de ensino que ultrapassem a forma expositiva de apresentação dos conteúdos programáticos. 1 Ver quadro nº 1 7 5 - TÉCNICAS APROPRIADAS AO ENSINO DA NEGOCIAÇÃO É possível encontrar facilmente na literatura da área de educação, referências ao baixo índice de assimilação de conteúdos quando a técnica de ensino utilizada é a exposição, pura e simplesmente. Considerando que a experiência ensina e a verificação das condições de oferta dos cursos de administração 2 nos têm mostrado que este é o método mais comumente utilizado para a transmissão de conteúdos nos cursos de administração, cabe recomendar que, no caso específico do ensino da negociação, seja adotada uma metodologia multitécnica. Tal cuidado se deve especialmente às características do conhecimento da negociação e das habilidades que se quer desenvolver nos alunos, que dizem respeito, principalmente, à mudança de comportamento. MATHIAS et all . (1994), sugerem um elenco de técnicas para facilitar a aprendizagem de negociação que, combinadas, podem surtir um efeito bem mais satisfatório que na prática convencional: • LEITURAS - A indicação de leituras prévias permitirá ao aluno, aos poucos, identificar e assimilar as variáveis e princípios relevantes para a construção de um modelo de negociação e participar criticamente das aulas expositivas; • AULAS EXPOSITIVAS - O método tradicional de ensino continua indispensável para fixar os conteúdos e esclarecer possíveis dúvidas; • ANÁLIS E DE FILMES - A análise de filmes sobre o tema tem a vantagem, a exemplo da leitura de textos especializados, de propiciar flexibilidade de tempo para o uso da técnica. Além disso, se considerarmos que os seres humanos são basicamente visuais, podemos esperar vantagens quanto à compreensão e fixação dos modelos de negociação. Além disso, a técnica permite ao aluno criticar os modelos, identificando situações em que os preceitos teóricos não se aplicam. Após assistir a um filme previamente indicado, o aluno procede a uma análise embasada nos conhecimentos auferidos na leitura técnica e nas aulas expositivas; • FILMAGEM - Nesta técnica, os próprios alunos são filmados em situações de negociação, reais ou fictícias, o que permite um feedback valiosíssimo, que pode ser utilizado para análise pessoal ou grupal. Existe, ainda, a vantagem que os melhores filmes podem ser utilizados como modelos, positivos ou negativos; • ROLE PLAY - Os jogos de desempenho de papéis podem ser um excelente instrumento para testar modelo s e explorar as habilidades de negociação em ambiente simulado; • DISCUSSÕES EM CLASSE - A discussão em classe permite explorar mais profundamente os conhecimentos auferidos com as técnicas anteriores e, ainda, um importante compartilhamento de experiências; 2 A visita a 6 cursos de administração por um dos autores como consultor Ad hoc da Comissão de Especialistas do MEC e pela experiência dos autores como professores em 5 faculdades de administração e, bem como, pela troca de informações com professores também consultores, é possível afirmar que as práticas pedagógicas inovadoras são praticamente inexistentes na maioria dos cursos de administração. 8 • TREINO M ENTAL - Está técnica é inspirada no treinamento de atletas. O aluno é estimulado a simular mentalmente, com informações limitadas, todas as situações possíveis na negociação. Assim serão preparados vários cenários, o que pode aumentar a confiança do negociador; • OBSERVAÇÃO - Além da análise de filmes, o aluno é estimulado a identificar e observar situações de negociação na vida real. O aluno deverá anotar e analisar por escrito as situações observadas; • ESTUDO DE CASOS - Esta técnica, bastante utilizada no ensino da administração, estimula a capacidade de resolução de problemas e o raciocínio crítico. As variadas combinações possíveis de duas ou mais das técnicas propostas, dependendo dos recursos e do tempo disponíveis e do preparo do instrutor, produzirão resultados diferenciados, mas sempre melhores do que a abordagem monotécnica. 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Adaptando-se o conteúdo da literatura disponível, pode-se sugerir que uma disciplina básica sobre negociação poderia conter a seguinte estrutura mínima: • Uma revisão sobre os principais conceitos de necessidades humanas e motivação, buscando aplicá-los à prática da negociação; • Descrição e aprofundamento das características de personalidade de um negociador bemsucedido; • Planejamento cuidadoso da negociação, incluindo uma prospecção sobre as características do outro negociador, quando possível, antecipando suas manobras e argumentos; • Táticas e estratégias de negociação, configurando um arsenal de recursos a disposição do negociador, no sentido de dirigir o processo para um resultado favorável aos seus interesses; • Identificação e compreensão dos estilos básicos do negociador, aprofundando as características de cada estilo e as possíveis combinações; Aparentemente, não é viável que os cursos de administração do país pretendam formar administradores generalistas, empreendedores, voltados ao marketing, a gestão de pessoas, sistêmicos, estratégicos, holísticos e que não tenham em seus currículos disciplinas que abranjam conteúdos de negociação. Faz-se necessário que as práticas pedagógicas sejam inovadoras e busquem um equilíbrio entre a teoria e a prática, utilizando-se dos meios inovadores para o ensino. Além das técnicas propostas por MATHIAS et All (1994), é recomendável o uso de programas de computadores e de jogos empresariais que auxiliem na simulação de situações próximas da realidade. 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9 COHEN , Herb. Você pode negociar qualquer coisa. Rio de Janeiro: Record, 1980. COLAIÁCOVO, Juan Luis. Negociação moderna: teoria e prática. Blumenau: FURB, 1997. ERTEL, D.; SÁNCHES, F. J. A fase da preparação: diretrizes práticas para chegar em forma à reunião. HSM Management, São Paulo: n.8, p.62-68, mai./jun. 1998. FISHER, Roger. A arte de negociar. HSM Management, São Paulo: n.5, p.24-30, nov./dez. 1997. FREITAS, Maria Ester de. Organização: um espaço de negociação. São Paulo: v.34, n.5. p.13-20, set./out. 1994. FREUND, James C. A arte de negociação: como fechar bons negócios no mundo real. 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