AgCLIR MOÇAMBIQUE - Food Security Group
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AgCLIR MOÇAMBIQUE - Food Security Group
AgCLIR MOÇAMBIQUE REFORMA COMERCIAL, LEGAL E INSTITUCIONAL NO SECTOR AGRÍCOLA DE MOÇAMBIQUE AGENDA DE ACÇÃO AGOSTO DE 2011 AGOSTO DE 2011 {SEQ variable1 \h \r {SectionPages}} Esta publicação foi elaborada para revisão pela Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional. {SEQ variable2 \h \r0} Abt Associates Inc.|4550 Montgomery Avenue |Suite 800North |Bethesda, Maryland 20814|T. 301.347.5000 |F. 301.913.9061|www.abtassociates.com AgCLIR MOÇAMBIQUE REFORMA COMERCIAL, LEGAL, E INSTITUCIONAL NO SECTOR AGRÍCOLA DE MOÇAMBIQUE AGENDA DE ACÇÃO AGOSTO DE 2011 AVISO LEGAL As opiniões do autor expressas nesta publicação não refletem necessariamente a opinião da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional ou do Governo dos Estados Unidos. ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 6 1.1 Agricultura em Moçambique: Escapar Legado Através de Oportunidade........................................... 6 1.2 AgCLIR: Uma Ferramenta para a Compreensão de Obstáculos para o Arranque e Crescimento do Agronegócio .................................................................................................................................................. 8 1.3 Resumo dos resultados ...................................................................................................................................10 1.4 Temas Transversais ..........................................................................................................................................15 1.5 Como este relatório está estruturado ........................................................................................................20 1.6 Resumo das métricas de diagnóstico ...........................................................................................................23 1.7 Resumo de cadeia de Valor de AgriFUTURO ..........................................................................................24 2. OBTENÇAO DE LICENÇAS ................................................................................................ 27 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 3. CONTRATAÇÃO DE TRABALHADORES ........................................................................ 46 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 4. Introdução…......................................................................................................................................................46 Quadro Legal .....................................................................................................................................................48 Instituições de Implementação ......................................................................................................................53 Instituições de Apoio .......................................................................................................................................54 Dinamicas Sociais ..............................................................................................................................................58 Recommendações .............................................................................................................................................61 OBTENÇÃO DE CRÉDITO .................................................................................................. 67 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 5. Introdução........... ...............................................................................................................................................27 Quadro Legal .....................................................................................................................................................28 Instituições de Implementação ......................................................................................................................37 Instituições de Apoio .......................................................................................................................................39 Dinamicas Sociais ..............................................................................................................................................40 Recommendações .............................................................................................................................................42 Introdução... .......................................................................................................................................................67 Quadro Legal .....................................................................................................................................................68 Instituições de Implementação ......................................................................................................................73 Instituições de Apoio .......................................................................................................................................74 Dinamicas Sociais ..............................................................................................................................................78 Recommendações .............................................................................................................................................80 PAGAMENTO DE IMPOSTOS ............................................................................................ 85 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 Introdução... .......................................................................................................................................................85 Quadro Legal .....................................................................................................................................................86 Instituições de Implementação ......................................................................................................................91 Instituições de Apoio .......................................................................................................................................93 Dinamicas Sociais ..............................................................................................................................................94 Recommendações .............................................................................................................................................96 AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 1 6. ACESSO A INFRA-ESTRUTURA DE MERCADO ............................................................ 97 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 7. Introdução... .......................................................................................................................................................97 Quadro Legal .................................................................................................................................................. 100 Instituições de Implementação ................................................................................................................... 102 Instituições de Apoio .................................................................................................................................... 108 Dinamicas Sociais ....................................................................................................................................... 11515 Recommendações .......................................................................................................................................... 116 COMÉRCIO TRANSFRONTEIRIÇO ............................................................................. 12121 7.1 Introdução ………………………………………………………………………………………...................121 7.2 Enquadramento Legal – Política de Comércio ....................................................................................... 121 7.3 Compromissos Comerciais Internacional................................................................................................ 123 7.4 Instituições de Implementação – Política de Comércio ....................................................................... 129 7.5 Instituições de Apoio – Política de Comércio ........................................................................................ 135 7.6 Dinamicas Sociais – Política de Comércio ............................................................................................... 140 7.7 Recommendações – Política de Comércio.............................................................................................. 146 7.8 Facilitação do Comércio .............................................................................................................................. 147 7.9 Quadro Legal – Facilitação do Comércio ................................................................................................ 148 7.10 Instituições de Implementação – Facilitação do Comércio ............................................................... 149 7.11 Instituições de Apoio – Facilitação do Comércio ................................................................................ 151 7.12 Dinamicas Sociais – Facilitação do Comércio ................................................................................... 15858 7.13 Recommendações – Facilitação do Comércio...................................................................................... 162 8. CUMPRIMENTO DE CONTRATOS ................................................................................. 163 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 8.6 9. Introdução... .................................................................................................................................................... 163 Quadro Legal .............................................................................................................................................. 16564 Instituições de Implementação ................................................................................................................... 170 Instituições de Apoio .................................................................................................................................... 173 Dinamicas Sociais ....................................................................................................................................... 17574 Recommendações ...................................................................................................................................... 17776 ENCERAMENTO DE EMPRESAS .................................................................................. 17979 9.1 9.2 9.3 9.4 9.5 9.6 Introdução... .................................................................................................................................................... 178 Quadro Legal ..................................................................................... Error! Bookmark not defined.79 Instituições de Implementação ................................................................................................................... 181 Instituições de Apoio .................................................................................................................................... 182 Dinamicas Sociais ....................................................................................................................................... 18483 Recommendações ...................................................................................................................................... 18485 10. TABELA DE RECOMENDAÇÕES ..........................................Error! Bookmark not defined.86 2 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Perfil da mão de obra de Moçambique ................................................................................................. 45 TABELA 2: Limites gerais dos trabalhadores estrangeiros em Moçambique .................................................... 47 TABELA 3: Salário Mínimo no scetor de Agricultura (Metical/mês) ................................................................... 49 TABELA 4: Avanços na alfabetização em Moçambique .......................................................................................... 55 TABELA 6: Tipos e Classifcação de Estradas em Moçambique ......................................................................... 100 TABELA 7: Actividades do Agronegócio por ONGs em Moçambique........................................................... 111 TABELA 8: Estatística, Classificações e Pontuações do Comércio Transfronteiriço,.................................. 122 TABELA 9: As Principais Leis e Regulamentos Relacionados com o Comércio de Moçambique ............ 127 TABELA 10: Comércio de Moçambique, com os Principais Parceiros Comerciais, 2009 Números em EUA $(000) ............................................................................................................................................................ 143 TABELA 11: As Dez Exportações e Importações Agrícolas Mais Importantes de Moçambique em 2009 .................................................................................................................................................................................. 144 AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 3 1. INTRODUÇÃO Com vista a identificar oportunidades para o desenvolvimento económico inclusivo e segurança alimentar reforçada, este relatório aborda o ambiente legal e institucional para fazer negócios no sector de agricultura de Moçambique. Através de análise profunda das políticas, leis, instituições e dinâmicas sociais relacionadas com agricultura visa informar as decisões tomadas pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), bem como por outras agências e doadores, nas áreas de crescimento agrícola e segurança alimentar. Este relatório também orienta suas percepções e recomendações para as autoridades do governo do país, representantes do sector privado, e outros. O uso deste documento é destinado a ser multifacetado: pode ser acessado como um alicerce para o desenvolvimento de políticas da agricultura, um quadro de intervenção dos doadores, um recurso substancial para projectos futuros, uma referência para a avaliação da mudança, uma ferramenta para a instrução acadêmica, e, principalmente, um "ponto de partida" para a discussão dos intervenientes e de criação de consenso. 1.1 AGRICULTURA EM MOÇAMBIQUE: ESCAPAR O LEGADO ATRAVÉS DE OPORTUNIDADE A pobreza económica persistente de Moçambique, incluindo as condições que fazem proferir a sua produtividade agrícola entre os mais baixos do mundo, tem sido bem documentada e amplamente discutida1. Em suma, pelo menos 55% dos 23 milhões de pessoas do país vive abaixo da linha de pobreza designado pelo governo - que é medido poupando muito os termos2 - com aproximadamente 80% dos moçambicanos derivando seus meios de subsistência da agricultura, predominantemente no nível de subsistência3. Pelo menos 90% dos agricultores trabalham em pequenos lotes e produzem alimentos para o consumo doméstico, principalmente milho, arroz, mandioca e diversas frutas e vegetais. A baixa produtividade nestas fazendas é endêmica, porque, entre outras razões, a semente certificada de alto rendimento do governo é raramente usada; aquisição e aplicação de fertilizantes está além do alcance da maioria dos agricultores, o uso de energia é extraordinariamente ineficiente; e as chuvas são imprevisíveis e a irrigação sub-aproveitada4. Uma vez que os produtos deixam a machamba, instalações de armazenamento inadequado e opções de transporte rural problemáticos contribuem para taxas perniciosas de perdas pós-colheita. Para agravar ainda mais estes problemas existe a taxa de inflação do país, estimada em 13,5% em 2010, que está entre os piores do mundo. Consultar, inter alia, que acompanham materiais do seminário do Banco Mundial sobre Crescimento, “Transformation, and Job Creation: Part 1: Boosting Agricultural Production to Reduce Rural Poverty” (9-11 de Fevereiro de 2011; Maputo, Moçambique), disponível no http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/COUNTRIES/AFRICAEXT/MOZAMBIQUEEXTN/0,,contentMDK:225219 58~pagePK:141137~piPK:141127~theSitePK:382131,00.html. 2 Consultar Frank Volmer, Measuring Poverty in Mozambique: A Critique 21 Global Affairs.es (Julho-Sepembro 2010) (afirmando que a medição da pobreza em Moçambique não está em conformidade com as melhores práticas internacionais e ainda afirmando que o país deve substituir a sua "medida de pobreza actual unidimensional com uma medida multidimensional, que deve permitir a melhor elaboração das respostas políticas para combater a pobreza”). 3 A menos que de outra forma identificadas, as estatísticas citadas neste relatório são provenientes de várias fontes, incluindo várias publicações das Nações Unidas e do Banco Mundial, World Factbook on-line da CIA (2011) e o Economist Pocket in Figures (2010). A maioria destas estatísticas são derivadas do Instituto Nacional de Estatísticas de Moçambique (INE). Dadas as limitações na recolha de informações a nível nacional na maioria dos países em desenvolvimento, a maioria dos números não são exatos, mas representam as melhores estimativas e podem ser aceitos pela comunidade internacional. 4 . Doulas Gollin, “Removing Technology Constraints for Agricultural Development in Mozambique” (apresentado no seminário do Banco Mundial Sobre o Crescimento, supra nota 1, na Secção 1) (9-11 de Fevereiro de, 2011). 1 4 Segundo o Programa Alimentar Mundial, mais de 44% da população de Moçambique sofre de desnutrição crônica e 34% tem " insegurança alimentar e passam fome perpétua."5 Estas condições são agravadas pela prevalência extrema de HIV/SIDA, que infecta 11,5% da população adulta do país. A alfabetização de adultos está melhorando, mas ainda está muito abaixo da média mundial, com cerca de 60% dos homens e 45% das mulheres avaliados nos últimos anos como alfabetizados funcionalmente (com taxas muito mais baixas de alfabetização identificadas em zonas rurais). Esses destaques tristes derivam significativamente do legado de um sistema colonial que formalmente privaram comunidades nativas de Moçambique de acesso igual à educação e às oportunidades económicas até meados de 1970, seguido por quase uma geração de guerra civil que terminou em 1992. Mas eles também escondem certas oportunidades óbvias e praticamente imediatas para Moçambique transformar o seu sector agrícola em um que aproveita as suas diversas vantagens naturais. Ao contrário de vários de seus vizinhos, o país não é nem sem litoral, nem tem falta de recursos diversos e abundantes. Nem se encontra devastado pela guerra ou politicamente isolado. Entre outras oportunidades, a sua costa é de 2500 km, quatro portos no Oceano Índico que se estendem em corredores regionais de comercialização, e as sinergias naturais de comércio com ambos os seus vizinhos economicamente poderosos, África do Sul, bem como outros vizinhos que necessitam de acesso aos portos, fazem de Moçambique um poço de potencial. Outras perspectivas imediatas são fruto da história compartilhada de Moçambique e conexões com outros países lusófonos, a sua extensa reserva de terras aráveis, não-protegidas, e um ambiente para crédito e investimento que está cada vez mais posicionada para apoiar o sector agrícola. De facto, a prova da promessa da próxima geração é encontrada nas taxas de crescimento económico que estão muito mais acima de media, incluindo cerca de 7% de crescimento na agricultura entre 2003 e 20096, uma taxa que é a 9ª no mundo. Além disso, o país tem testemunhado recentes melhorias significativas em determinadas cadeias de valor, incluindo o caju, bananas, e aves. Mesmo em um cenário actual de baixa produtividade nas machambas e trabalho intensivo de produção, Moçambique está prestes a se tornar cada vez mais competitivo em seus próprios mercados domésticos de alimentos, para fortalecer a sua posição nos mercados regionais, e não apenas para se tornar seguro em termos de segurança alimentar, mas também para ajudar a fortalecer a segurança alimentar na região. Moçambique tem um potencial real para intensificar a produtividade, aumentar uma rede interna de provedores de serviços na área da agrícolas (tais como serviços privados para máquinas e laboratórios), explorar as oportunidades na produção de biocombustíveis (incluindo através da utilização de resíduos agrícolas), e por outro modo dedicar-se a comercialização liderada por agricultores de pequena escala, que podem apoiar o país com maior segurança alimentar e próspero. Extraído de um processo de diagnóstico explicado mais tarde nesta introdução, este relatório examina a relação entre a promessa económica enorme de Moçambique no seu sector agrícola e do ambiente para fazer negócios que vai permitir (ou impedir) a realização dessa promessa. Este relatório avalia, especificamente, a questão fundamental de saber se as pessoas com boas idéias no sector agrícola de Moçambique estão em posição para lançar e manter empresas com perspectivas razoáveis de sucesso. Na verdade, dado a desafios inerentes ao sector do clima, água, solo, energia e outras condições relacionadas com a dinâmica política, legal, institucional e social para apoiar essa actividade se torna ainda mais crítica. Sobre estas, como afirmado durante este diagnóstico por um residente estrangeiro de longa data de Moçambique, os doadores e os defensores da reforma "poderiam ser mais corajosos." Isto é, perceber um enorme potencial de Moçambique requer não apenas uma série de correções burocráticas - muitas das quais são recomendadas neste relatório - mas também um compromisso de 5 Programa Mundial de Alimentação, visão geral de Moçambique, disponível em http://www.wfp.org/countries/mozambique 6 Rafael Uaienae, “The State of Agriculture and Challenges in Mozambique” (apresentado no seminário do Banco Mundial Sobre o Crescimento, supra nota 1, no Slide 3) (9-11de Fevereiro de 2011) (citando INE). AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 5 alto nível para uma maior responsabilidade, uma liderança mais forte, e as maiores expectativas de desempenho em todos os níveis de governo e administração do país. 1.2 AGCLIR: UMA FERRAMENTA PARA A COMPREENÇÃO DOS OBSTÁCULOS PARA O ARRANQUE E CRESCIMENTO DE AGRONEGÓCIO Geralmente seguindo as sete áreas abrangidas pela iniciativa de Doing Business (Facilidade para Fazer Negócios) anual do Banco Mundial8, juntamente com a investigação adicional em infra-estrutura doméstica para comercialização de produtos agrícolas, este diagnóstico da Reforma Comercial Legal e Institucional de Agronegócios (AgCLIR) patrocinado pela USAID reve os quadros legais, numerosas instituições públicas e privadas, e as condições sociais dinâmicas subjacente à reforma no sector da agricultura. Com base nos resultados, uma série de recomendações são feitas. O diagnóstico subjacente estimula esforços para tirar temas-chave Categorias do Doing 2011 2010 Mudança encontrados na Iniciativa de Doing Business do Banco Business do Banco no Mundial, que desde 2002 tem ajudado os países na Mundial – Mozambique ranking segmentação, onde os seus ambientes regulatórios podem favorecer ou interferir com o crescimento Doing Business Geral 126 130 +4 económico, e investiga como essas mesmas (183 paises pesquisados) questões afetam o sector agrícola em um determinado país. Abertura de Empresas 65 96 +31 Para cada um dos 10 temas que os relatórios de Doing Business cobrem9, o Banco Mundial considera indícios chave de como o ambiente regulatório está "trabalhando", medidos por tais meios como o número de procedimentos envolvidos na realização de um objectivo (ou seja, obtenção de crédito, cumprimento de contratos); o número de dias necessários e os custos dos procedimentos em relação à rendimento per capita. O Banco Mundial reúne dados de 183 países e classifica cada um, demonstrando assim como, a este grau limitado, seus respectivos ambientes comparam-se com os outros em todo o mundo. A AgCLIR complementa Doing Businesss, examinando os principais componentes do ambiente regulatório para as empresas agrícolas nesses países em desenvolvimento, incluindo Moçambique, cujas Obtenção de Alvará de Construção7 155 159 +4 Contratação de Trabalhadores NA 156 NA Registo de Propriedades 144 153 +9 Obtenção de Crédito 128 125 -3 Proteção de Investidores 44 41 -3 Pagamento de Impostos 101 98 -3 Comércio Internacional 133 136 +3 Cumprimento de Contratos 132 129 -3 Enceramento de Empresas 129 135 +6 7. Na sua pesquisa de 2008, o Banco Mundial mudou a designação da categoria "Obtenção de Licenças" para "Obtenção de Alvarás de Construção", um título que reflecte com mais precisão o alcance de sua pesquisa. O foco de AgCLIR permanece sobre Obtenção de Licenças, muitos dos quais são necessários para fazer negócios no sector agrícola. . Consultar Banco Mundial. Fazer Negócios 2011 (2010), e matéria adicional no www.DoingBusiness.org. . Abertura de Empresas, Obtenção de Alvarás de Construção, Contratação de Trabalhadores, Registo de Propriedades, Obtenção de Crédito, Protecção de Investidores, Pagamento de Impostos, Comércio Internacional, Cumprimento de Contratos e Enceramento de Empresas. Em seu mais recente relatório, o Banco Mundial retirou Empregando Trabalhadores de suas áreas de investigação, devido às controvérsias em curso sobre as questões que avalia. Além disso, em 2008, o Banco Mundial mudou a designação da categoria "Obtenção de Licenças" para "Obtenção de Alvarás de Construção", um título que reflecte com mais precisão o âmbito da sua pesquisa. 8 9 6 economias e os trabalhadores estão significativamente baseados na agricultura. No relatório de Doing Businesss mais recente, emitido em Setembro de 2010, Moçambique classificou 126 dos 183 países - e uma posição relativamente respeitável de 13 de 46 países da África Subsariana pesquisados. Nesta última revisão, Moçambique apresentou melhoria dramática na área de Abertura de Empresas e ainda registou uma forte presença em Protecção de Investidores (dois temas que não são, portanto, analisados neste diagnóstico). Melhorar as classificações futuras - e, de facto, o fortalecimento do ambiente de negócios do país em geral - é uma prioridade do governo de Moçambique. A iniciativa Feed the Future da USAID, que prioriza um maior investimento na agricultura e desenvolvimento rural como uma alavanca para o combate à insegurança alimentar é um motor de maior crescimento económico, • Acelerar o crescimento do sector agricultura inclusivo por meio da prosperidade e a estabilidade, reforça o foco da USAID produtividade agrícola melhorada, sobre a agricultura e a segurança alimentar10. Os mercados e comércio expandidos e investimentos da iniciativa Feed the Future vão ajudar a criar aumento da resistência da economia em e aperfeiçoar ambientes propícios a política e infracomunidades rurais vulneráveis. estrutura física que facilitem o investimento do sector • Melhorar o estado nutricional, privado por cada um dos produtores agrícolas, pequenas e aumentando o acesso a alimentos médias empresas (PME) e grandes empresas. É dentro desse diversificados e de qualidade e através do reforço a prevenção, identificação e contexto, bem como dentro do processo em curso em tratamento da subnutrição. Moçambique de elaborar um plano compacto e de investimento com o Programa Abrangente de Desenvolvimento Agrícola em África (CAADP),11 que a USAID encomendou este diagnóstico AgCLIR. O objectivo deste relatório é melhorar a compreensão do porquê de aspectos-chave do ambiente de agronegócio funcionam de tal forma em Moçambique , que mudanças de política poderia levar o sector a uma maior produtividade, segurança e crescimento, e quem entre os actores económicos de Moçambique deve conduzir ou implementar a mudança. FEED THE FUTURE: OBJECTIVOS CHAVE Direcionado para tratar de questões-chave na economia agrícola de Moçambique, este diagnóstico analisa sete das 10 áreas de Doing Business – Obtenção de Licenças, Contratação de Trabalhadores, Obtenção de Crédito, Pagamento de Impostos, Comércio Transfronteiriço, Cumprimento de Contratos, e Enceramento de Empresas - e também examina a questão intimamente relacionada de Acesso à Infra-estrutura para os Mercados. A parte do diagnóstico realizado no país ocorreu de 21 de Fevereiro - 8 de Março de 2011. Uma equipe de sete membros de consultores - quatro de Moçambique e três dos Estados Unidos - se reuniram para realizar entrevistas em todo o sector agrícola. (Embora os diagnósticos AgCLIR tenha sido concluído em oito outros países desde 2008,12 este AgCLIR foi o único que foi, pela primeira vez, gerido por um projecto dentro do país financiado pela USAID- programa de Competitividade e Agronegócios de Moçambique (AgriFUTURO)13 - e executado por uma equipe de maioria local). Individualmente e em grupos, a equipe se reuniu com autoridades nacionais e locais, os agricultores e suas associações, proprietários de empresas de agricultura, associações empresariais, organizações não-governamentais (ONGs), a comunidade bancária e de crédito, e muitos outros. Entrevistas e observações ocorreram dentro e nas imediações da Cidade de Maputo e Gaza, Manica, Sofala e Nampula. Mais de 150 stakeholders no total foram consultados. O diagnóstico AgCLIR 10 Para um resumo completo da iniciativa Feed the Future do governo dos EUA, consulta o Guião do Feed the Future: Um Resuno, disponível no http://www.feedthefuture.gov/FTF_Guide_summary.pdf. 11 Mais detalheis sobre o CAADP estão disponíveis no seu site, http://www.nepad-caadp.net. 12 Diagnósticos anteriores do AgCLIR foram realizados em Ghana, Nigeria, Senegal, Kosovo, Tanzania, Uganda, Zambia, e Democratica Republica do Congo. Copias dos relatórios dos diagnósticos estão disponívesis no website do Projecto da USAID para Facilitação de Comercio Agrícola (EAT), www.eatproject.org 13 Mais detalheis sobre o AgriFUTURO estão disponíveis no seu site, http://www.agrifuturoproject.com. AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 7 culminou com uma apresentação de mesa redonda e debate no dia 08 de Março de 2011, com a participação de mais de 75 stakeholders, incluindo vários doadores. Na mesa redonda, os membros da equipe apresentaram as suas observações preliminares, que foram então submetidas ao feedback e explicação dos participantes. Este input ajudou a moldar as conclusões finais da equipe, que são encontrados neste relatório. A EQUIPE DE AgCLIR 1.3 RESUMO DOS RESULTADOS O resumo das áreas temáticas examinadas neste diagnóstico são Louise Williams, Líder de Equipe (Contratação de estabelecidos abaixo. Trabalhadores) Obtenção de Licença. O vasto Patricia Costa, Vice Líder de Equipe leque de autoridade que concede Paulo Cuinica, Consultor Independente (Cumprimento de licenças cria condições para a Contratos) actividade empresarial em M. Elizabeth Diebold, USAID/Washington Moçambique, incluindo o sector da (Conselheiro de segurança alimentar, Obtenção de Crédito) agricultura. A ideologia dominante subjacente a esta autoridade tem Tom Easterling, Consultor Independente (Comércio Internacional) transformado dramaticamente nos últimos anos - de uma economia Tatiana Mata, Consultora Independente socialista centralizada e orientada, o (Acessando Infraestrutura de Mercado) que restringiu significativamente as A. Carvalho Neves, Consultor Independente opções disponíveis para os (Obtenção de Licenças; Enceramento de Empresas; empresários, para uma orientação Obtenção de Crédito) bem maior em direção a princípios Hermes Sueia, Consultor Independente (Pagamento de do livre mercado e controle local. Impostos) Dentro do quadro legal de hoje, Dercio Matale, AgCLIR comunicações e apoio continua a haver alguma duplicação, Celma Noormahomed, Ajudante Administrativa sobreposição e inconsistência interna Miranda Meleki, Ajudante Administrativa que merece uma observação mais aprofundada e reforma. No entanto, o regime de licenciamento formal, restringe a capacidade de as empresas florescerem muito menos do que a capacidade e atitudes dos servidores públicos que são encarregados de implementar licenças e outros serviços orientados para a facilitação de negócios. Ou seja, as autoridades reguladoras não são responsabilizadas pelo seu trabalho. Há um instinto muito prevalente para buscar recursos de doadores, em vez de conduzir internamente reformas de baixo custo. Por exemplo, a maioria das autoridades reguladoras não informam adequadamente o público sobre os custos e prazos estabelecidos formalmente exigidos para a prestação de serviços. No mínimo, colocar taxas e procedimentos em todas as repartições públicas, particularmente nas zonas rurais, poderia ajudar os agentes do sector privado a entender melhor - e exigir - os seus direitos. Carlos Moamba, Chefe de AgCLIR/Moçambique Além disso, dado os altos níveis de analfabetismo, infra-estrutura precária, e trabalhadores não qualificados em Moçambique, é difícil para o sector privado, particularmente pequenas empresas, respeitem plenamente todos os requisitos de licenciamento. Assim, os esforços do sector público devem centrar-se no alcance dos objectivos subjacentes a regras de licenciamento - em geral, a protecção da saúde e segurança pública - ao contrário de o governo tentar aumentar as receitas de maneira imprópria- ou, simplesmente, penalizando as empresas que ainda não entendem as regras. Durante vários anos, a tendência do governo de Moçambique era tornar-se cada vez mais descentralizado e, a autoridade para tomada de decisão e gestão de recursos provenientes de licenciamento se tornou cada vez mais investido nos níveis provincial e distrital. No entanto, o processo de descentralização não tem decorrido na mesma velocidade em todo o país, e o compromisso actual 8 com a descentralização parece ser hesitante. Como uma questão prática, as práticas de licenciamento em determinadas províncias ou distritos, muitas vezes ainda não refletem as mudanças existentes na legislação. Contratação de trabalhadores. Os trabalhadores do sector da agricultura de Moçambique, a maioria dos quais trabalham informalmente em pequenas machambas familiares, estão bastante despreparados para atender às demandas de um moderno sector agrícola produtivo. Mesmo para os padrões regionais, a sua produtividade na machamba é baixa e há uma forma de pensar nos sub-sectores agrícolas – desde a produção de alimentos básicos, a indústria ligeira, às exportações - que "não podemos competir" com os países vizinhos, incluindo a África do Sul e o Malawi. Os trabalhadores agrícolas não chegaram perto de realizar as oportunidades apresentadas através de abordagens como a eficiência com associações de agricultores e cooperativas formais. Além disso, eles se sentem mal atendidos pelos serviços de extensão agrícola, que é suposto ajudar a trazer conhecimento actualizado e consciência das oportunidades de produção para os seus constituíntes. Além disso, os empregadores atribuem maus hábitos de trabalho no sector de baixa qualificação e asaláriado devido a escassez desses postos de trabalho, o que significa que a maioria dos trabalhadores não tem trabalhado em condições formais antes. Na área crítica de serviços baseados no conhecimento, a qualidade da educação especializada em Moçambique é insuficiente: as escolas profissionais e universidades carecem de laboratórios e equipamentos de que precisam para treinar correctamente os gestores agrícolas e profissionais, e eles ainda não exploraram vastas oportunidades para integrar o sector privado para no regime de treinamento. A crescente demanda por ensino superior resultou em um crescimento de instituições privadas - estas variam em qualidade, mas têm o potencial para ajudar a atender a necessidade do país de formação e educação que atenda e amplia as oportunidades disponíveis no mercado de trabalho. Além de falta de habilidade crítica, os empregadores queixam-se da Lei do Trabalho sob as quais eles fazem negócios. Esforços foram feitos durante a revisão da Lei do Trabalho do país em 2007, para permitir uma maior flexibilidade nas condições de trabalho - incluindo os procedimentos de contratação e demissão de funcionários - encorajando assim os empregadores a assumir mais trabalhadores formais. No entanto, a maioria dos empregadores continua a acreditar que a lei de "requisitos de despendimentos incapacitantes" e outras restrições desencorajá-los a empregar mais trabalhadores. A lei faz com que o processo de contratação da mão de obra estrangeira qualificada, seja especialmente complicado e caro e permite que os burocratas do governo substituam o seu julgamento de quem uma empresa deve contratar para a própria visão da empresa. Como resultado, as empresas devem restringir significativamente na medida em que eles se beneficiam das contribuições de trabalhadores estrangeiros, em última análise, perdem oportunidades para melhorar competências locais e explorar novas oportunidades na produção agrícola. Este facto contrasta com as recentes boas práticas semelhantes em ambientes de baixa qualificação, como Ruanda, onde os trabalhadores estrangeiros não são considerados como competição para serem evitados, mas sim como recursos críticos para o conhecimento, habilidades e desenvolvimento, para ser abraçado. Obtenção de crédito. Em Moçambique, menos de 6% do total de empréstimos em 2010 foi dedicado à agricultura, até cerca de 10,5% em 2004. Um grupo restrito dos chamados produtos tradicionais (chá, açúcar, caju, sisal, coco e algodão) são os principais beneficiários da agricultura de crédito (67,7%). Desde 2004, apenas o açúcar e o caju mostram crescimento consistente no financiamento. Em contrapartida, o chá, o coco, o sisal, e, mais recentemente, o algodão tem diminuído. Últimos anos revelam uma mudança na alocação de crédito agrícola: em 2004, os produtos tradicionais receberam 78,8% do total do crédito para a agricultura, um número que diminuiu para 52,5% em 2010. Os produtos não tradicionais recebem uma percentagem crescente de crédito agrícola, especificamente de 21,1% em 2004 para 47,4% em 2010. Dados formais não estão disponíveis para especificar exactamente que outros produtos agrícolas estão a ser financiados, mas banana, manga, citros, macadâmia, jatrofa e cereais supostamente estão entre eles. Assim, os principais destinatários do financiamento agrícola em Moçambique são culturas orientadas para a exportação, a boa notícia a esse respeito é que a lista de culturas de exportação está se AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 9 expandindo. Em termos reais, no entanto, os empréstimos para toda a agricultura é escassa e de difícil acesso. Especialmente carentes são produtos que, com acesso reforçado ao financiamento, poderia responder mais eficazmente à procura interna robusta: estes incluem ovos, frango, carne, leite e até mesmo frutas e legumes que são actualmente importados, mas, produzidos de forma mais eficiente, poderia servir aos próprios mercados de Moçambique e até mesmo ser preparado para a exportação. O acesso ao financiamento para produtos que servem a mercados internos e externos, no entanto, permanece extraordinariamente fracos. Os bancos e outras instituições de crédito continuam a considerar os riscos de crédito para a agricultura como muito altos: razões para isso incluem a incapacidade de uso da terra (ou direitos de uso da terra) como garantia; os direitos legais mal protegidos em empréstimos garantidos, como evidenciado pela falta de um registo único para garantias, a virtual ausência de seguro de culturas agrícolas; procedimentos morosos e ineficientes para investigar histórias de crédito; atitudes sociais pobres em relação a concessão de empréstimos, incluindo maus hábitos reforçado por esquemas de empréstimos do governo e outros. Este relatório recomenda uma série de reformas na área de obtenção de crédito. Entre elas, sugere revisitar o relatório da USAID de 2007 sobre serviços financeiros e identificar onde as reformas recomendadas foram (ou não) realizadas, e porquê; apoiar o decretamento de uma lei de transacções modernas garantidas para proporcionar a criação rápida, barata e simples de um direito de segurança de propriedades; estabelecer e desenvolver as capacidades de bureaus de crédito privados; resolver problema de taxa de juros de Moçambique por meio de esforços concentrados na redução de riscos, aumentar as oportunidades de seguros, e mudanças nos incentivos credor; promover a interoperabilidade das finanças móveis; melhorar a execução dos contratos agrícolas; e decretar uma nova lei de falências e tomar medidas para sua efectiva implementação. Além disso, de forma inequívoca, Moçambique deve reforçar seu compromisso com a reforma da propriedade, conforme detalhado na Secção dos Assuntos Transversais desta Introdução. Pagamento de impostos. Desde 1998, todos os principais instrumentos fiscais de Moçambique foram substancialmente transformados. Como resultado, as receitas fiscais aumentaram de 14% do PIB em 2005 para 16,6% em 2010. Outras realizações incluem a promulgação de uma nova Lei Fiscal Geral esclarecendo regras para cobrança de impostos e direitos do contribuinte; a racionalização dos benefícios fiscais, em particular, a supressão do regime especial para grandes projectos; uma nova Lei das Finanças Municipal; a redução dos encargos para os pequenos negócios, aumentando limiares de impostos e promulgando um Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes (ISPC), e um regime fiscal reforçado para os sectores de mineração e petróleo. Várias outras reformas ainda estão em andamento. Estas incluem integrando sistemas de informação de impostos e alfândigas; arrecadação de impostos através dos bancos; melhorar a receita de auditoria em relação à receita total; modernização da administração tributária; e implementação de tribunais tributários. Além disso, a Estratégia nacional de Moçambique para a Melhoria do Ambiente de Negócios reconhece que a carga fiscal no país ainda é muito elevada em comparação com outros países da região. Ela também observa a percepção de que a legislação fiscal não foi concebida com as PME em mente e que esse trabalho é necessário para acelerar o reembolso do IVA para as empresas. Os principais desafios na área de Pagamento de Impostos são os seguintes: (1) a falta de informações públicas e serviços dos contribuintes, ou seja, o código de benefícios fiscais aprovados ao abrigo da "Revolução Verde" é ainda pouco disseminada; (2) complexidade excessiva do sistema tributário, especialmente considerando que muitos agricultores são analfabetos e a falta de documentos legais básicos (entrevistados foram especialmente críticos da complexidade do imposto sobre os rendimentos e o IVA) e (3) o facto de que os insumos agrícolas, como sementes e agro-químicos e implementos manuais, não são classificados nas classes comércio varejista, o que diminuiria suas implicações fiscais. Acesso a Infra-estrutura de Mercado. Com relação aos aspectos críticos de infra-estrutura para comercialização de produtos agrícolas - incluindo instalações de armazenamento, estradas, portos e tecnologia da informação - Moçambique é um país rico em legislação. A qualidade e o número de suas 10 leis e regulamentos é percebido como geralmente suficiente, no entanto, a capacidade do país para implementá-las é ainda insuficiente. O sector público carece de materiais financeiros, humanos, e capacidade tecnológica para atender às necessidades cada vez maiores de agricultores e produtores e, de outro modo responder às demandas do sector privado. O impacto altamente visível desta implementação pobre é que Moçambique importa muitos dos produtos que poderia produzir e comercializar por si próprio. Uma vez que os produtos agrícolas saem do local de produção, uma variedade de restrições interferem indevidamente com a sua capacidade de atingir mercados que irão dar-lhes um preço justo com uma variedade de compradores. Primeiro, o estado deficiente das estradas classificadas e não classificadas impede o comércio, interprovincial rural-urbana e regional. Segundo, os portos de Moçambique precisam ser mais eficientes e eficazes, em termos de fornecimento de armazens frigoríficos e transportar mercadorias através de vias mais rápidas para atrair mais negócios e se tornar mais competitiva. Terceiro, as Instituições de Implementação, incluindo o Ministério da Agricultura, o Ministério da Indústria e Comércio, o Instituto de Cereais de Moçambique, e outros, não tem capacidade de administração e influência necessária para atender os seus mandatos. Quarto, as organizações de negócio do sector privado não tem capacidade de precionar o governo. Eles precisam de uma voz mais forte para negociar políticas pró-desenvolvimento de mercado. Finalmente, Moçambique precisa de alavancar mais efectivamente seus recursos em tecnologia de agricultura e insumos com a finalidade de fortalecer a produtividade agrícola e a qualidade do produto, de modo que os bens do país sejam mais atraentes no mercado doméstico, regional e internacional. Comércio Externo. Moçambique tem trabalhado para instituir um programa de reformas do comércio desde o início de 1990. Como resultado, tem um dos regimes de comércio mais aberto na África. O país tem cinco faixas de tarifas (0, 2.5, 5, 7.5, e 20%) com a mais alta taxa aplicada aos produtos alimentares básicos, como carne, peixe, frutas, verduras, bebidas e roupas. Além disso, bens e serviços podem ser sujeitos a: (1) um valor acrescentado (IVA) em 17% do custo, Seguro, e valor do Frete (CIF); (2) um imposto especial de consumo (imposto sobre o consumo específico), incidente sobre produtos de tabaco, bebidas alcoólicas e produtos de luxo; e (3) uma sobretaxa, incidente sobre produtos "sensíveis", incluindo o açúcar, cimento e alguns produtos siderúrgicos. Em apoio directo de sua indústria emergente de processamento de caju, Moçambique aplica um imposto de exportação de 18% sobre o caju bruto, e, em 2010, Moçambique cobrou um imposto de 20% sobre a exportação de toras ou estacas, com taxas ligeiramente mais baixas cobradas em madeira processada. Em geral, o sector agrícola continua a ser mais protegido do que o sector não-agrícola. Apesar da melhora recente de muitas leis, instituições, pessoal e recursos de infra-estrutura em Moçambique, os comerciantes de produtos agrícolas continuam a enfrentar atrasos, encargos administrativos e corrupção, elevando os custos de transacções de comércio regional e internacional. Os maiores constrangimentos às exportações de Moçambique para os mercados regionais, em particular para a África do Sul, estão ligados a falta de integração comercial - ou seja, a avaliação contínua dos impostos sobre produtos alimentícios sensíveis, a falta de harmonização das normas de transporte, barreiras não-tarifárias (incluindo diferenças sobre certificados de origem), e questões sanitárias e fitossanitárias (SPS). Mais pode e deve ser feito para aumentar a eficácia das instituições do comércio, integração de procedimentos de travessia de fronteiras, melhorar a gestão de riscos, agilizar processos de liberação alfandegária, melhorar a utilização da tecnologia, combater a corrupção, e atender as necessidades da infra-estrutura para os produtos agrícolas que se deslocam através dos portos de Moçambique, aeroportos e corredores comerciais. Cumprimento de contratos. Embora Moçambique tenha legislação relativamente sólida para a execução dos contratos, várias questões económicas e sócio-cultural limitam drasticamente o uso de contratos formais, escritos no sector agrícola. Normalmente, apenas as grandes empresas e bancos integram plenamente contratos formais em seus relacionamentos de negócios. Em contrapartida, a maioria dos moçambicanos envolvidos no agronegócio dependem de contratos informais verbais. Dentro das relações de "agricultura por contrato", algumas grandes empresas de fornecimento de AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 11 pequenos produtores com insumos, em troca da promessa de vender seus produtos - principalmente para exportação - para a empresa. Mesmo nessas relações, no entanto, os pequenos agricultores tendem a considerar tais acordos como apenas diretrizes para relacionamentos de negócios, ao invés de criar compromissos estritos sobre a qual as empresas podem fazer planos para o futuro. A falta de flexibilidade em tais termos de contratação, podem agravar o problema de vendas fora de contrato "side selling" - isto é, contratos que são vistos como exploradores são menos propensos a sustentar a plena fé e obediência. Nos últimos anos, Moçambique tem criado secções comerciais nos tribunais com o propósito de agilizar os casos envolvendo a racionalização do fluxo de comércio. Actualmente, as secções estão funcionando no Tribunal Judiciário na cidade de Maputo (duas secções) e no Tribunal Judiciário da Provincia de Sofala (uma secção). Esses recursos para resolver disputas comerciais complementam os serviços fornecidos pelo Centro de Arbitragem de Conciliação e Mediação (CACM), bem como a Comissão para Mediação do Trabalho e Arbitragem, dois serviços que aparecem para reforçar o cumprimento geral com contratos comerciais. Entretanto, tribunais de nível primário não dispõem de recursos suficientes, processos agilizados e a confiança do público. Negociação informal entre as partes interessadas é o meio mais comum e preferido para resolução de disputas. Há uma escassez de serviços jurídicos orientados para a agricultura nas comunidades rurais de Moçambique, incluindo a falta de advogados e uma ausência de orientações práticas sobre a elaboração e execução dos contratos agrícolas. Além disso, há pouca coordenação acadêmica entre a agricultura e a lei, apesar do papel importante que a agricultura desempenha na economia de Moçambique. Oportunidades não faltam para uma maior coordenação, através da formação reforçada de advogados em temas agrícolas; aumento do discurso acadêmico sobre a relação entre a agricultura e a lei; e sensibilização do público para os agricultores e suas associações sobre a importância da criação de uma cultura de contratos. Enceramento de empresas. Apesar da necessidade de um quadro jurídico claro que regem a liquidação ou reestruturação de empresas insolventes, Moçambique não tem uma lei específica para a falência neste momento. O quadro jurídico e regulamentar em falência melhorou em USE ESTE RELATÓRIO! 2005 com a revisão e adopção de dois principais instrumentos legais, a Lei N.º Embora desenvolvido pela USAID, este relatório da 1/2005, de 27 de Dezembro e Lei N.º AgCLIR tem muita utilidade dentro da comunidade geral 9/2005, de 23 de Dezembro, que introduziu dos stakeholders no sector agrícola de Moçambique. alterações ao Código do Processo Civil . Estes incluem usos como: Além disso, a Lei N.º 2/2005, de 27 de Dezembro e Lei N.º 10/2005, de 23 de • A base para desenvolvimento de políticas da Dezembro adoptou o Código Comercial e agricultura introduziu alterações adicionais ao quadro • Um quadro para a intervenção e coordenação dos regulamentar em torno de falências. doadores 12 • Um recurso substancial para o futuro desenvolvimento da agricultura/projetos de Reforma • Uma referência para a avaliação da mudança • Uma referência para os potenciais investidores • Uma ferramenta de ensino para formação profissional e cursos acadêmicos • Uma base para escrever artigos e de outra maneira encorajar o diálogo (seja concordando ou discordando com os resultados da AgCLIR) em um jornal, jornal científico ou outro fórum • Um "ponto de partida " para a discussão dos stakeholders para criar consenso. Nos últimos anos, o crescimento do sector privado de Moçambique, juntamente com o aumento do dinamismo sócio-económico, reforçou a necessidade de uma lei de falências independente para responder às necessidades ditadas pela integração nos mercados regionais. Significativamente modelado sobre a lei de insolvência do Brasil do ano 2005, uma proposta de lei foi criada em 2007, com contribuições alistadas do sector privado local. Um documento de Junho de 2011 do projecto da USAID/SPEED, “Revisão do Proposta da Lei de 2009 de Insolvência de Negócios (Moçambique), os detalhes do conteúdo chave da lei e as expectativas para sua promulgação, de acordo com o documento, a Proposta de lei provavelmente vai ser submetida ao Parlamento no Outono de 2011. "Embora a escolha da lei brasileira como um modelo seja adequado", afirma o documento, " a proposta pode precisar de mais revisões para abordar o contexto moçambicano, assim, precisa-se de mais pesquisa e impacto dos stakeholders." Além disso, se e quando a nova lei é promulgada, haverá necessidade considerável de divulgação para o sector privado, o sector financeiro, e o público em geral, bem como considerável capacitação entre os juízes de Moçambique, os administradores de insolvência, e profissionais de apoio, tais como advogados, contadores e gerentes de negócios. 1.4 TEMAS TRANSVERSAIS Este diagnóstico é organizado de modo que vários componentes de um ambiente saudável e próspero para a empresa agrícola são considerados separadamente e, quando apropriado, em relação uns aos outros. Certas questões e dinâmicas são prevalentes em todo este quadro analítico, e vale a pena considerar de forma independente. Dois temas transversais surgiram como particularmente fortes neste diagnóstico: (1) acesso e gestão da terra; e (2) a diferença entre o quadro jurídico - que, embora longe de ser perfeito, é geralmente considerado acessível e claro – e a implementação deste quadro jurídico no sector da agricultura de uma forma que realmente apóia o desenvolvimento da iniciativa privada. Estes temas são discutidos abaixo. Acesso à terra. Em primeiro lugar, inegavelmente, a "questão da terra" está no centro da incapacidade de Moçambique aproveitar o potencial de seu sector agrícola. Embora os mais fieis dos defensores do mercado livre há muito tempo criticaram o mandato constitucional do estado de detenção de toda a terra, os fundamentos filosóficos de condições de terra em Moçambique, tal como aplicado pelo quadro jurídico do país14, só por si não reassegura o uso eficiente de recursos naturais do seu país. De facto, uma das mais bem sucedidas economias em desenvolvimento do mundo, o Vietnã, administra um sistema similar de terrenos pertencentes ao Estado através de um mercado vibrante em Direitos de Uso e Aproveitamento da Terra. Moçambique tem potencial para desenvolver um sistema igualmente dinâmico, ao mesmo tempo fazendo um trabalho muito melhor do que o Vietnã protegendo os recursos naturais e evitando práticas de corrupção15. Para isso, entretanto, requer maior vontade política e uma maior responsabilização por parte da liderança nacional, regional e local do país do que foi exibido até o momento. Especificamente, o sistema de Moçambique de gestão dos Direitos de Uso e Aproveitamento (DUATs), criado através da sua Lei de Terras de 1997, é um exemplo claro de uma lei que poderia ser viável, em princípio, mas é prejudicado na prática, pela falta de ordem, transparência e consistência da prática. Quase todos os stakeholders parecem entender que os direitos à terra podem ser transferidos entre os proprietários, desde que haja alguma melhoria física para a terra, como uma casa, local de armazenagem, ou estrada. Preliminarmente, deve-se notar que esta restrição é gravemente inibida e desperdiçada. Não tem nenhum fundamento na melhor prática internacional. Durante este diagnóstico, essa restrição em O escopo deste diagnóstico não inclui uma avaliação do ambiente para o registo de propriedade, uma das categorias incluídas no relatório do Banco Mundial Doing Business. De fato, a análise considerável USAID e outros doadores já aconteceu. (Ver, por exemplo, Simon Norfolk e Harold Liversage, Reforma Agrária e Alívio da Pobreza em Moçambique (sem data; disponível em http://www.sarpn.org.za/CountryPovertyPapers/Mozambique/LandReform/LandReform.pdf);USAID / Nathan Associates , restrições do Setor Financeiro sobre Doing Business em Moçambique (Junho 2007); Klaus Deininger, Soaring interesse global em Farm land: How Can Moçambique Benefit (10 de Fevereiro de 2011) (apresentação no Seminário do Banco Mundial sobre o crescimento, supra nota 1)); No entanto, o quadro jurídico geral para o uso da terra é apresentado no capítulo deste relatório sobre Lidar com Licenças. 14 Ver Ton Gia Huyen e Tran Thi Minh Ha, Vietnam Terra Administração: o Passado,recentes e para o Futuro (7 conferências regionais FIG, 2009). 15 AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 13 transferências de terra foi citado por vários intervenientes como uma realidade não-negociável, mas não explicou como tendo qualquer finalidade que não pode ser alcançado através de medidas menos radicais e inflexíveis. Além disso, mesmo onde as melhorias foram feitas, o processo de transferência em si é insustentável. Como observado em um relatório e fundamentado por comentários durante todo o processo de diagnóstico da AgCLIR, “um candidato favorecido pode obter autorização em uma semana para transferir uma parcela a força de erguer um muro de vedação enquanto um candidato menos favorecido pode ser negado a autorização após ter erguido uma grande estrutura.” Pior ainda, e, mais comum, “o pedido pode definhar por tempo indeterminado.”16Curiosamente, os candidatos favorecidos hoje incluem aqueles cujas famílias tinham amplo acesso aos direitos à terra antes da independência de Moçambique em 1975, bem como a nova "elite" que detém o poder político significativo. A disfunção no sistema formal tem resultado em um mercado informal complexo de terras, o que vai complicar as iniciativas de reforma no futuro. A diferença muito citada na quantidade de terra arável em Moçambique versus a quantidade que é efectivamente cultivada (cerca de 12%) parece desafiar a resolução, apesar de um consenso tanto no sector empresarial e da sociedade civil que a reforma é fundamental. A maioria das terras não cultivadas do país é de alguma forma falada para - muitas vezes pelo poder local "especuladores" que pagam uma taxa anual insignificante US $0.8/acre. No entanto, a demarcação mínima e sistemas de registo vagos tornam a determinação do direito DESTACANDO O AMBIENTE PROPÍCIO PARA A de uso a terra, ou a autoridade do AGRICULTURA: A AGCLIR COMPLEMENTA OUTRAS governo para recuperar terra não INICIATIVAS E RELATÓRIOS MOÇAMBICANOS melhorada, incrivelmente vaga. Tal • Estratégia da Revolução Verde (Green Revolution) opacidade beneficia uma classe privilegiada de pessoas que não são • Política e Estratégia Industrial (Industrial Policy and amplamente percebidas como Strategy), incluíndo agro-indústriay (Ministério da Indústria comprometidas com a reforma. Um e Comércio) compromisso de 39.000 milhões de • Estratégia para o Melhoramento do Ambiente de Negócios dólares pela Millennium Challenge Corporation em 2007 para a • Estratégia para o Desenvolvimento da Comunidade Sul reforma da terra em quatro Africana (SADC) integração regional províncias do norte (Cabo Delgado, • Plano Estratégico para Desenvolvimento do Sector Nampula, Niassa e Zambézia) pode Agrícola (PEDSA) (Ministério da Agricultura). contribuir para uma mudança • Plano de Acção para Produção de Alimento (PAPPA) gradual no âmbito da política de (Ministério da Agricultura) terras, alguns serviços e sistemas de informações de terra e, e acesso à • Programas de Desenvolvimento da agricultura nacional terra para o investimento17. Até o (PROAGRI) momento, no entanto, alcançar a • Plano Estratégico para Desenvolvimento do Sector confiança pública no compromisso Agrícola de Moçambique do governo com essas reformas A maioria destes programas são detalhados no relatório do Banco provou ser elusiva e o impacto do Mundial, as perspectivas de pólos de crescimento em Moçambique investimento da MCC não é clara. O (Agosto 2010). programa será formalmente avaliado USAID / Nathan Associates, restrições do Sector Financeiro sobre Doing Business em Moçambique, supra nota 14, 7073. 17 No Doing Business, o ranking de Moçambique para o Registo de Propriedade melhorou de 149 do total de 181 países pesquisados em 2008, para 126 dos 183 países pesquisados em 2010 (Doing Business 2011) 16 14 em 201318. Atualmente, os investidores que procuram o acesso à terra para os seus projectos devem, essencialmente, "encontrá-lo eles mesmos." Embora, em teoria, essa abordagem não é uma coisa ruim, é quase impossível na prática, dada a falta de um mercado transparente para DUATs. A menos que um potencial comprador tenha contactos especiais, é muito difícil localizar informações sobre tamanhos de parcela, as características, oportunidades, preços e comprometimento. Investidores em geral, passam por um processo em que as autoridades do governo central - a partir do Centro de Promoção de Investimentos (CPI) ou o Centro de Promoção de Investimentos Agrícolas (CEPAGRI) - contactam directamente com os governadores provinciais ou distritais e líderes municipais em seu nome para obter informações sobre que parcelas estão disponíveis, se houver. Em vez de um banco de dados sobre terrenos cuidadosamente preparado que as pessoas ligadas e as pessoas não ligadas ao assunto tanto podem rever a partir de locais remotos, o processo de aquisição exige muito mais abordagens informais para identificar opções de uso da terra, que em muitos casos podem envolver a deslocação de populações. Até certo ponto, CEPAGRI apoia o desenvolvimento de habilidades individuais províncias para identificar extensões de terras para o investimento. Na verdade, essas províncias que levam mais a sério a necessidade de gerir eficazmente os seus recursos de terra são aqueles que irão revelar-se mais competitiva no futuro. Em todos os níveis, os funcionários públicos parecem se beneficiar da opacidade do regime de terra de Moçambique. Isto inclui muitos burocratas que, em troca de desempenho da função de inspeção, habitualmente exigem uma ajuda de custo não autorizada a indivíduos que procuram registar sua propriedade. Também implica funcionários do governo, cuja participação em não reformar o sistema incluem oportunidades para se tornar enriquecido através de negócios futuros da terra, particularmente os que envolvem as "indústrias extractivas." Entretanto, a agitação civil, em 2010 dispertou a atenção para questões de terra a partir da perspectiva dos camponeses , que, após a conclusão de certos negócios de terras formal ou informal, muitas vezes encontram-se limitados a recursos, como água, que anteriormente podiam acessar. Significativamente, os camponeses compartilham a mesma reclamação articulado ao longo deste diagnóstico por empresários agrícolas: eles não sentem que têm acesso transparente para garantir direitos seguros da terra. O Banco Mundial observou três pontos comuns entre as economias emergentes - principalmente na América Latina - que têm se saído melhor do que os outros com respeito à gestão da terra19. Primeiro, os governos nacionais têm exaustivamente avaliado e comunicado sobre o potencial de terra do seu país e integrado essa informação nas suas estratégias de desenvolvimento, em vez de permitir pedidos ad hoc ou decisões por parte dos investidores para determinar o futuro do país. Para Moçambique, essa avaliação seria necessária uma delimitação franca, transparente, verificável, e regular das participações pessoais por funcionários nacionais e regionais em terras de propriedade do Estado. Segundo, os países relativamente bem sucedidos, como Chile, Peru, Costa Rica, El Salvador se concentraram em garantir e confirmar os direitos de propriedade existentes e permitindo a sua transferência voluntária. Este esforço inclui a definição de mecanismos - incluindo custos, taxas, prazos, e outros aspectos "contáveis" - para a transferência de todo ou parte do terreno local e investir na clara demarcação de terras. Os terceiros países que administraram com sucesso processos transparentes de implementação de suas terras e mecanismos eficazes para a vigilância do cumprimento e prestação de reparação por abusos. Estes processos incluíu leilões acessíveis de terras públicas; publicação de contratos de transferência de terras públicas e criação de incentivos para evitar a aquisição de terrenos meramente especulativo. USAID tem uma experiência considerável em todo o mundo (ambos bem e mal sucedidas) em assumir a reforma agrária que reflectem estas prioridades. Esta experiência deve ser tida em conta quando se planeja para o futuro. 18 Jigar Batt and Jennifer Witriol, Avaliação do Impacto da MCC da Reforma de Terra de Mozambique (World Bank ARD Conference, 2009) 19 Ver Klaus Deininger, Soaring Global Interest in Farmland: How Can Mozambique Benefit? (10 de Fevereiro de 2011) (apresentado no Seminário de Crescimento no Banco Mundial, supra nota 1. ) AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 15 O fato de que em Moçambique a terra não pode ser usada como garantia esta perturbar alguns observadores, uma vez que diminui o acesso ao crédito. Durante este diagnóstico, um representante do banco afirmou: "Nós não podemos fazer agricultura neste país, se a terra pertence ao governo." No entanto, apesar de "Mistério do Capital" - inspirou interesse em terrenos para esse fim. experiência ao longo da geração passada mostra que , especialmente para os pobres, a capacidade de obter empréstimos para o título formal de propriedade é atraente na teoria, mas quase insignificante na prática20. Na verdade, Moçambique desenvolveu sistemas relativamente robustos para o uso de garantias móveis na obtenção de empréstimos (edifícios, equipamentos agrícolas, pecuária, estoque, veículos pessoais, etc), um mecanismo que é talvez mais relevante para proprietários de pequenas terras. Dito isto, sem transparência e sem conflitos de gestão de registo de terras, o uso em Moçambique de seus recursos de terra notável continuará a ser paralisada, particularmente porque o país procura construir o seu potencial na agricultura comercial. Clareza nos direitos de uso da terra fornece incentivos para que as pessoas possam investir na sua própria produtividade e futuro. O défice de aplicação. Em segundo lugar, como observado em várias ocasiões deste relatório, o quadro jurídico para o agronegócio é considerado geralmente bom, não obstante uma série de oportunidades para a reforma, reconciliação e refinamento. No entanto, a implementação e aplicação da lei é notoriamente fraca. Além da capacidade de agência e de recursos humanos detalhadas neste relatório, este "défice de execução" é atribuído a factores como o controle de gestão orientados, a falta de coerência e confiança nas relações entre o sector privado e o público, corrupção em vários níveis de governo, e os impactos negativos do estado de "afogamento em ajuda externa."21 Com relação à questão persistente de controle do governo sobre a capacidade do sector privado em florescer, a área do comércio apresenta um exemplo interessante de intervenção governamental indevida e está minada de oportunidades de crescimento empresarial. Ou seja, apesar das melhorias no regime legal, o governo de Moçambique continua a microadministrar o fluxo de mercadorias dentro e fora do país. O fracasso do país em adotar as melhores práticas CORRUPÇÃO NO BAIRRO: A QUANTAS ANDA MOÇAMBIQUE EM RELAÇÃO A SEUS VIZINHOS NO internacionais em gestão de risco - ou ÍNDICE DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO seja, um processo racional conduzido através de dados para a selecção de 178 países pesquisados cargas para exame intensivo, em PAÍS CLASSIFICAÇÃO MUNDIAL PONTUAÇÃO oposição à fiscalização ineficiente de todos os bens - tem um grande Botswana 33 5.8 Malawi 85 3.4 impacto sobre a eficiência, tempo e Moçambique 116 2.7 custo de fazer negócios para os Africa do Sul 54 4.5 comerciantes de produtos agrícolas e Tanzania 116 2.7 fornecimento de insumos. Por exemplo, em Moçambique, como em muitos países, tanto os exportadores e importadores devem ser licenciados. Ao invés de usar os dados que sustentam essas licenças Zambia Zimbabwe 101 134 3.0 2.4 Fonte: Transparência Internacional, o Índice de Percepção da Corrupção (2010). Pontuados em uma escala de 1 a 10, com 10 sendo o melhor (percebidos como menos corruptos. Para uma discussão de como e em que medida os pobres podem ter acesso a crédito por hipotecar suas terras formalmente registadas, consulte USAID/ARD, Terra e Formalização de Negócios para o Empoderamento Legal dos Pobres - Papel da Visão Estratégica (02 de Janeiro de 2007) em anexo 3 (Mercados, Ativos e usando a terra para Garantia) (citando e referenciando críticas aos Mistérios de Capital de Hernando de Soto: porquê o capitalismo triunfa no Ocidente e Falha em outros sítios (2000), que liga criação de direitos sobre a terra privada para oportunidades para a criação do capital em comunidades pobres) 21 Sarah Lucas, " Mozambique Field Report " (Center for Global Development, Dezembro de 2005). 20 16 como uma fundação para a gestão de risco, no entanto, o governo continua a exigir a inspeção de todas as importações e exportações que se movem através de canais de comércio formal. Além disso, todas as importações de produtos agrícolas para Moçambique deverá ser emitida uma licença de importação cada vez que forem autorizados a entrar e o governo insiste que os exportadores devem obter um documento similar. Quase-monopólios são sancionadas no negócio de importação e distribuição de agro-químicos porque o governo pretende exercer controle sobre o uso desses produtos através das empresas que importam e distribuem esses produtos. Mesmo que as taxas de direitos de importação sejam relativamente baixas em comparação com muitos países, a imposição do IVA e outros impostos, combinado com taxas portuárias, atrasos e altos custos de transporte, aumentam substancialmente o custo de entrega dos bens importados. Além disso, muitas leis na área de comércio, particularmente aquelas relacionadas ao licenciamento, tributação e as relações de trabalho, são implementados de uma forma que prioriza o controle governamental sobre o ambiente favorável para os negócios. Por exemplo, o governo criou uma série de incentivos e programas de estímulo que são projectados para contornar alguns dos efeitos do clima de negócios negativo. Estes incentivos incluem benefícios como a redução substancial da taxa de imposto sobre o rendimento das sociedades, por um período de tempo; os direitos a importação de bens de capital livre de impostos, isenção de impostos e direito nominal para os insumos agrícolas importados, e à importação temporária de material de embalagem e outros insumos que são posteriormente exportados. No entanto, em muitos casos, o processo de pedido e de facto a obtenção destes benefícios é tão burocrático, oneroso e demorado, que muitos de seus benefícios previstos estão perdidos. Outro fator que influencia o ambiente de negócios em Moçambique é uma falta de consistência no que diz respeito à forma como o governo trata o sector privado, decorrente de uma falta de confiança. O sector privado parece ter uma visão do governo como obstrucionistas, que não responde, e inútil, enquanto o governo muitas vezes vê o sector privado como exploradora e abusiva do trabalho. A desconfiança cria incerteza, o que limita o investimento. Embora um certo grau de desconfiança pode ser comum em quase todos os países e podem ser categorizados como " ceticismo saudável ", o diálogo aberto, claro e eficaz - onde os intervenientes realmente ouvem e respondem uns aos outros - é a melhor maneira de superar este problema. A este respeito, o CTA, como o representante do sector privado, e o Ministério da Indústria e Comércio, como representante do governo, rotineiramente se reúnem para discutir questões de política e o ponto de vista do sector privado. Além disso, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) participa em diálogos anuais do sector privado e público com os ministros sectoriais, autoridades políticas regionais, o PrimeiroMinistro, e até mesmo o Presidente. Infelizmente, o actual programa de conferências anuais, alimentado por intermédio de grupos de trabalho liderado pelo CTA, não provou ser eficaz em priorizar a reforma e garantir a participação do sector privado na sua implementação. A corrupção é também um problema substancial. Moçambique é atormentado por extorsão mesquinhas por funcionários de baixo nível do governo que exigem um pagamento de facilitação para fazer o seu trabalho de forma eficaz, ou para olhar para o outro lado depois de uma imaginada, ou real, infracção ter sido cometida. Além disso, em Moçambique, este problema parece ter sido elevado a um nível superior. Por exemplo, muitos intervenientes entrevistados para este diagnóstico acreditam que uma razão pela qual as normas alfandegárias são tão draconianas e inflexível é que os comerciantes privados invariavelmente caem na armadilha, onde um erro administrativo no processo de importaçãoexportação só pode ser remediado em tempo hábil através da facilitação de um pagamento para o funcionário que descobre o erro. Em geral, há uma percepção de que muitos funcionários do governo têm interesses comerciais dentro de sub-sectores económicos que se inserem no seu âmbito de controle - como algumas autoridades municipais que têm um interesse financeiro na empresa de transportes que serve a cidade. Os conflitos de interesse por parte dos funcionários do governo parece ser uma ocorrência comum em Moçambique, incluindo, como observado anteriormente, na área de acesso à terra. A má reputação do país a este respeito contrasta fortemente com os vizinhos de AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 17 Botswana e África do Sul, onde a eliminação de funcionários corruptos foi mais uma prioridade, e, por sua vez, as oportunidades de crescimento do sector privado são muito maiores. Finalmente, a abundância de iniciativas de doadores em Moçambique merece um olhar especial. Este diagnóstico constatou que um número de instituições públicas, que vão desde serviços de extensão para agências de desenvolvimento económico local, tem-se inclinado a renunciar à sua responsabilidade de proporcionar apoio e serviços ao sector agrícola, contando com o apoio dos doadores para preencher um vazio aparente. Durante este diagnóstico, uma abstenção comum de agências do sector público (nacional e local) foi que a melhoria das suas funções é impossível sem o apoio adicional significativo dos doadores. Por exemplo, durante este diagnóstico, poucos doadores poderiam fornecer exemplos concretos de como seu trabalho diretamente com ou em nome de agricultores intercepta com o trabalho dos funcionários de extensão do Ministério da Agricultura.Alguns sugeriram que os extensionistas são desencorajados pela sua relativa falta de recursos, em comparação com aqueles disponíveis através de programas financiados por doadores. Outros disseram que os extensionistas públicos são mal geridos e não aproveitam as oportunidades que possam ter para fortalecer suas próprias ofertas. Na pior das hipóteses, os doadores e os outros estão ignorando os extensionistas "mais problemas comparado com o que eles valem" ao invés de integra-los em suas iniciativas. Dito isto, em um esforço para melhorar o regime de extensão pública e privada de Moçambique, o Fundo Internacional para Desenvolvimento Agrícola (FIDA) das Nações Unidas fornece apoio financeiro através de dois programas principais: (1) PRONEA - Programa Nacional de Extensão, que implementa um plano mestre de extensão em Moçambique e trabalha com os agricultores para aumentar a produção e produtividade através do acesso à tecnologia, e (2) PROMER - Programa de Promoção de Mercados Rurais, que apoia acesso aos mercados nas províncias da Zambézia, Cabo Delgado e Niassa. Embora a maioria dos intervenientes agradecem o apoio dos doadores, eles podem, a longo prazo, passar por efeitos negativos por excesso de intervenção. Por exemplo, quando o dinheiro dos doadores é abundante, há uma tendência a "projectos agrícolas" em vez de terra, já que cada novo projecto pode ter um sentido agrícola diferente. Se novos fundos confiáveis puderem vir ao longo de cada três a cinco anos, há uma tendência compreensível por parte dos agricultores e suas associações em dividir a sua atenção entre a maximização dos lucros de suas terras e maximização da renda de doações e apoio ao programa. Essa estratégia com duas vertentes leva ao conflito, que por sua vez leva a ênfase da dimensão de produção a favor da dimensão do doador.A dependência de apoio dos doadores pode resultar no desenvolvimento de capacidade que não pode ser sustentada quando o suporte for retirado. Doadores, instituições públicas e o sector privado devem colaborar para considerar tanto os impactos positivos e negativos das suas intervenções e identificar estratégias mais sustentáveis de desenvolvimento da capacidade. A plenitude de doadores em Moçambique também levanta a questão de como os recursos do conhecimento são, em última análise utilizados por intervenientes locais, e assim como criticamente, pelos próprios doadores. Por exemplo, um número incontável de relatórios dos doadores foram emitidos desde que Moçambique sofreu sua transformação económica. Os relatórios têm o potencial de um grande valor - se e quando são criticamente avaliados por ambos os eleitorados locais e doadores e, se necessário, colocar em acção. Isso não acontece com frequência suficiente. 1.5 COMO O PRESENTE RELATÓRIO ESTÁ ESTRUTURADO Cada capítulo deste relatório é estruturado da mesma maneira. Depois de uma introdução, cada um tem quatro secções substantivas (Quadro Legal, Instituições de Implementação, Instituições de Apoio e Dinâmicas Sociais), que são seguidos de recomendações. Quadro legal. Primeiros os capítulos examinam as leis e regulamentos de Moçambique que servem de base estrutural para a capacidade do país para alcançar e sustentar desenvolvimento com base no mercado no sector agrícola. Discutem as seguintes questões: Quão acessível é a lei, não só para a elite, 18 grupos bem informados, mas também para actores menos sofisticados, círculos rurais, ou os investidores estrangeiros? Quão claras são as leis, e quão perto refletem padrões emergentes globais? Quão bem a lei responde as realidades comerciais enfrentadas pelos stakeholders no sector agrícola? Que incoerências ou lacunas estão presentes no ordenamento jurídico? Esta seção examina as leis e regulamentos-chave que se aplicam em toda a economia e as leis e regulamentos adicionais em que assenta o sector da agricultura, especificamente. Instituições de Implementação. Em seguida, os capítulos examinam essas instituições que detêm a responsabilidade principal pela implementação e aplicação do quadro legal. Essas instituições incluem ministérios governamentais, autoridades, e registos, ou, em certos casos, as instituições privadas, como bancos e bureaus de crédito. Além disso, os tribunais são examinados com relação à sua eficácia em enfrentar as disputas que surgem no sector da agricultura. Mais uma vez, os indicadores procuram descobrir como essas instituições executoras funcionam não apenas em relação aos interesses empresariais comuns na capital, mas também em áreas rurais e comunidades baseadas na agricultura. Instituições de apoio. Os capítulos, que se seguem, olham de perto para aquelas organizações, indivíduos ou actividades sem a qual o sector da agricultura em Moçambique não pode ser plenamente desenvolvido. Os exemplos incluem associações de agricultores, bancos rurais, associações profissionais, faculdades da agricultura e de direito, a mídia, e os doadores. A consciência relativa de lei e prática por parte de cada instituição é examinado, juntamente com as formas específicas em que as instituições aumentam a consciência pública e profissional, trabalho para melhorar o desempenho económico, e de outra maneira servir os círculos dos stakeholders. Dinâmicas Sociais. Como o ponto final da análise, os capítulos discutem questões-chave que tem impacto no meio ambiente para o crescimento no sector da agricultura. Obstáculos para a reforma, em particular, são considerados, inclusive as entidades que podem estar a impedir mudança. Esta discussão também identifica oportunidades significativas para reforçar o ambiente de negócio para as empresas agrícolas - tais como líderes de reforma ou iniciativas regionais - bem como questões de acesso a oportunidades e as instituições formais. A dinâmica social também é um assunto de preocupação importante em relação ao gênero, a capacidade humana e saúde pública, cada um dos quais pode ter um impacto significativo na forma como o ambiente de negócios verdadeiramente funciona. De fato, muitas vezes um completo entendimento de questões legais e institucionais não podem ser alcançados sem uma consideração nuance da dinâmica social de um país. Recomendações. Após esta análise em quatro partes, cada capítulo apresenta um conjunto de recommendations. Estas são retiradas das principais conclusões em cada capítulo e refletem as capacidades de reforma em curso, oportunidades, e a prova de vontade de fazer reforma. Algumas das recomendações dentro dos capítulos podem sobrepor-se, isto é, alguns podem ser consolidados em uma iniciativa única de reforma que abranje dois ou mais tópicos - e tudo por sua vez, sobre as prioridades e preferências conforme enunciado pelo governo moçambicano em si. As recomendações deste relatório são destinadas a servir, entre outras funções, como uma lista limite para a coordenação dos doadores de iniciativas imediatas e preparação de escopos de trabalho. Pontuações da AgCLIR. Com relação a cada área de investigação, este diagnóstico utiliza um processo de revisão e pontuação de questões-chave para desenvolver uma análise aprofundada. Uma vez que o máximo de informações relevantes possível é recolhida - a partir de fontes escritas, reuniões e entrevistas, e consulta entre os colegas - cada uma das questões-chave é marcada, com base na melhor estimativa do avaliador do tema em questão. Para ajudar um assessor a determinar uma pontuação, entre 3 e 15 questões de suporte acompanha cada questões-chave. Essas questões em si não são marcadas, mas destinadas a orientar o avaliador em direção a um julgamento consistente, baseado em factos a partir do qual a pontuação indicador-chave é então derivada. As questões específicas consideradas no processo de pontuação podem ser encontradas em http://bizclir.com/galleries/publications/AgCLIR%20Indicators%202010.pdf. AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 19 As pontuações não se destinam a servir como autónomas, no pronunciamento de número com base no estado do sector agrícola em Moçambique. Pelo contrário, devem simplesmente ser considerados em conjunto com a narrativa deste relatório como um meio de entender o status de determinados indicadores-chave de um ambiente saudável, legal e institucional para a empresa agrícola e identificar prioridades para a reforma. 20 1.6 RESUMO DAS MÉTRICAS DE DIAGNÓSTICO Os aspectos quantitativos e qualitativos combinados deste diagnóstico constatou que a Contratação de Trabalhadores é, em geral, a mais forte das áreas estudadas, enquanto que a Obtenção de Licenças é a mais fraca.22 Além disso, o diagnóstico identificou os quadros legais subjacentes às áreas estudadas como sendo melhores do que os outros aspectos considerados, com as instituições de apoio a serem encontrados em condições mais pobres. É interessante notar que a metodologia AgCLIR passou por revisão significativa desde a implementação deste diagnóstico, com as alterações feitas a todas as perguntas realizadas durante o diagnóstico, como um reflexo de resultados dos relatórios anteriores. Empregando a secção dos Trabalhadores, por exemplo, será muito mais orientado em futuros relatórios de competências dos colaboradores e oportunidades de trabalho tanto no sector formal e informal. Assim, enquanto AgCLIR nunca tem enfatizado "scores"como um componente-chave de sua análise, os resultados aqui devem ser considerados como muito menos importantes do que o conteúdo da própria análise. 22 AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 21 Como se reflecte no gráfico dos indicadores acima, a pontuação da AgCLIR sugere um espaço significativo para melhorias em todos os níveis. O quadro legal é actualmente a área mais forte para o pagamento de impostos. As dinâmicas sociais também são relativamente fortes em todas as áreas, exceto para o enceramento de empresas. No entanto, instituições de apoio provaram ser a área mais fraca, indicando a necessidade de reforçar os recursos disponíveis para ajudar com o ambiente favorável de agronegócio e aumentar a consciência desses recursos. 1.7 O RESUMO DA CADEIA DE VALOR DE AGRIFUTURO O Programa de Competitividade e Agronegócio de Moçambique (AgriFUTURO) patrocinado pela USAID, criado no final de 2009, trabalha para aumentar a competitividade do sector privado de Moçambique através do reforço de cadeias de valor agrícola selecionadas. AgriFUTURO esta concentrado no desenvolvimento da cadeia de valor como meio de criação de incentivos para melhorar 22 o ambiente propício e expandir e fortalecer os serviços de desenvolvimento de negócios. Estabelece ligações entre agroindústrias e provedores de serviços financeiros e aumenta e reforça as parcerias do público/privado. Aquando do estabelecimento, a AgriFUTURO identificou nove cadeias de valor (milho, banana, gergelim, soja, manga, silvicultura, caju, ananás e amendoim) que têm o maior potencial para aumentar a competitividade a longo prazo de empresas agrícolas de Moçambique. Cada uma das culturas seleccionadas enfrenta crescente demanda em mercados que são acessíveis aos produtores moçambicanos. Para a maioria dessas cadeias de valor, as economias em crescimento do Oriente Médio e Ásia apresentam mercados lucrativos com a demanda em rápido crescimento. Estas condições proporcionam novas oportunidades para Moçambique expandir a sua produção e exportação destes produtos. Com relação à falta de uma ampla visão de longo prazo em Moçambique para a competitividade e uma necessidade de acelerar permitindo reformas ambientais em todos os níveis, a AgriFUTURO: (1) identificou os intervenientes, completando o trabalho político de análise nas diferentes cadeias de valor; (2 ) auxiliou o sector privado na concepção e implementação do nova regulamento da lei cooperativa; (3) passos iniciais para o estabelecimento de associações de cadeia de valor integrado (VCAs) no caju, no sector das frutas e da sivicultura; (4) reuniu os principais intervenientes na indústria para discutir as questões desafiadoras para a cadeia de valor, tais como medidas sanitárias e fitossanitárias (SPS), o controle da mosca da fruta, segurança alimentar (aflatoxina), e certificação. Grande parte da Infra-estruturas rural e serviços de desenvolvimento de negócios (BDS) actualmente disponíveis para o sector privado de Moçambique são fornecidos por instituições do sector público ou programas financiados por doadores. A provisão privada de infra-estruturas rurais e BDS, especialmente para o agronegócio e, principalmente, nos corredores alvo, é relativamente limitada. A AgriFUTURO trabalha com o sector privado para suprir a falta de infra-estruturas do agronegócio. O projeto tem: (1) identificado as zonas com potencial para gerar uma massa crítica de produto que iria apoiar infraestruturas, BDS e mercados de produtos, (2) identificado e recrutado provedores de serviços nessas áreas; (3) conduzido a avaliação preliminar das capacidades e de necessidades com os provedores de serviços; e (4) oportunidades exploradas para fortalecer e ampliar suas actividades. Com relação ao fluxo de serviços de financiamento para o sector do agronegócio, a AgriFUTURO trabalha para construir um conjunto de instrumentos e mecanismos financeiros para reduzir os riscos, reduzir custos de transação, e aumentar a confiança ao longo de cadeias de valor e dentro do sector privado. Para o efeito, AgriFUTURO tem: (1) identificou novas fontes de recursos para o agronegócio, e aproximou o Standard Bank, BCI e BIM, e MOZABANCO para discutir os detalhes do uso de seus fundos, (2) trabalhou com o programa de garantia da Autoridade de Desenvolvimento de Crédito da USAID ( DCA) envolvendo dois bancos comerciais (Banco Oportunidades e Banco Terra), (3) desenvolvou um programa com o Banco Terra e o Apoio a Iniciativas Privadas do Sector Agrário (ADIPSA) para apoiar financeiramente os agricultores comerciais emergentes, e (4) promoveu ligações entre o Banco Terra e os beneficiários do projeto. A AgriFUTURO também facilita a criação de parcerias públicas e privadas (PPPs), desenvolvendo e implementando as Alianças de Desenvolvimento Global e outras parcerias. Especificamente, a AgriFUTURO assinou acordos PPPs com projectos de agronegócio que operam em dois corredores principais do agronegócio. AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 23 2. OBTENÇÃO DE LICENÇAS 2.1 INTRODUÇÃO Desde 1990, a liberalização da economia de Moçambique tem incluído uma transformação do seu quadro legal, incluindo o seu regime de licenças de negócios e outros pré-requisitos para a actividade empresarial. Alterações foram feitas na a constituição do país, as suas eleições, a centralização das funções de governo, práticas anti-corrupção, e gestão dos recursos naturais, entre muitos outros. Apesar destas mudanças, a economia de Moçambique continua a ser significativamente enraizada no sector informal, com a emissão de licenças citado como uma razão pela qual as empresas informais resistem em se juntar ao sector formal. Uma aliança silenciosa entre as economias formal e informal fez esta situação tornar-se difícel de se mudar. Há uma ampla gama de licenciamento e outras autoridades reguladoras envolvidas com a actividade empresarial em Moçambique. A ideologia dominante no país e a dos legisladores mudou drasticamente ao longo dos anos desde a independência do país; a partir de uma economia socialista centralizada e orientada para um mercado livre. Na prática, porém, permanecem certas práticas que não se enquadram, com o compromisso do país de actividade de mercado livre. Como um exemplo, as empresas em Tete são obrigadas a ter uma presença física na província, a fim de obter uma licença de negócio. Em outras províncias, os procedimentos para obtençãode licenciamento para empreendimentos relativamente imcomplexos levam mais tempo do que o necessário23. A percepção pública e do governo sobre o papel da lei e regulamento também mudou durante o mesmo período. Ainda há inconsistências em algumas leis existentes. Muitas vezes, um tempo significativo passa desde a promulgação de uma nova lei e sua implementação, criando discrepâncias. Para além disso algumas leis existentes permitem interpretações diferentes em diferentes regiões, levando a processos de execução divergentes. Por exemplo, alguns benefícios previstos pela lei não igualmente beneficia entidades privadas que operam em uma cidade, distrito, ou a nível da comunidade. Alguns legisladores ignoram a realidade em torno do ambiente favorável em áreas mais rurais, onde a legalização ou registo de empresas não podem acontecer pela simples razão de que as instituições públicas necessárias não estão fisicamente presentes. Além de dificuldades na implementação de leis de todo o país, algumas leis se sobrepõem, tornando-as mais complexas de interpretar e implementar. A Lei do Ambiente, Lei de Terras, Lei da Fauna Bravia e Lei de Benefícios Fiscais fornecem todas sobreposições e muitas vezes informações contraditórias. Não só entidades empresariais enfrentam dificuldades pela forma como as leis nacionais são interpretadas localmente, mas também acham que essas leis, muitas vezes não correspondem à realidade no terreno. Por exemplo, muitos moçambicanos não têm um documento de identificação que é necessário para abrir uma conta bancária ou para obter serviços de entidades públicas. Condições físicas de trabalho onde os serviços públicos são prestados muitas vezes não são adequados, já que frequentemente falta infra-estrutura básica de tecnologia de informação. Portanto, os serviços não podem ser fornecidos em tempo hábil. 23 Consulte Banco Mundial, Perspectivas de Polos de Crescimento em Moçambique (Agosto 2010) em 18, 60, 87, e 103 AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 25 Do ponto de vista da economia de mercado, as leis devem ser avaliadas por sua praticidade e facilidade de uso. Em última análise, o melhor funcionamento do mercado, deveria ser o critério final para avaliar essas leis. A partir de uma perspectiva de negócio privado, legisladores em Moçambique parecem estar mais preocupados com a protecção de autoridade do sector público e cobrança de taxas do que em a aliviar a carga sobre o sector privado. Este capítulo abrange uma variedade de áreas pertencentes ao regime de licenciamento de Moçambique, incluindo leis e regulamentos que podem fazer a diferença inicial em saber se um empreendedor pode avançar com o seu negócio. Estes vão desde o licenciamento e classificação das empresas para certificação e licenciamento de insumos (especificamente, sementes, fertilizantes e pesticidas) e regulamentos de interesse particular aos transformadores, transportadores, revendedores, ou provedores de serviços. Dentro do sistema de pontuação da AgCLIR, a Obtenção de PRINCIPAIS LEIS Licenças mostra algumas das notas mais baixas • Decreto Lei nº 2/2005, de 25 de Dezembro do diagnóstico, com as instituições de (Aprova o Código Comercial) implementação para o licenciamento mostrando necessidade dramática de melhoria • Decreto-Lei n.º 2/2009, de 24 de Abril em particular. (Retifica o Código Comercial) 2.2 QUADRO LEGAL Registo da empresa. O Código Comercial de Moçambique, aprovado em 2005 e retificado em 2009, é o instrumento legal principal do país que orienta as actividades comerciais. Três tipos de sociedades comerciais estão previstas pelo código comercial: Sociedade por quotas (Lda.), Sociedade Anonima (SA), e Sociedade Unipessoal.Os procedimentos básicos de registo e licença dessas empresas, que variam em termos de governação, mas prevê a limitada responsabilidade dos proprietários da empresa, são quase os mesmos em todos os três tipos de empresas comerciais. • Decreto Lei nº 2/2008, de 12 de Março (simplifica Licenças) • Decreto Lei nº 49/2004, de 17 de Novembro (Licenciamento de Actividade Comercial) • Decreto Lei nº 39/2003, de 26 de Novembro (Licenciamento de Actividade Industrial) • Decreto Lei nº 58/99, de 8 de Septembro (Classifica Actividades Económicas) • Lei nº 23/2009, de 28 de Septembro (Lei da Cooperativa) • Lei nº 22/2009, de 28 de Septembro (Lei de Defesa do Consumidor) h O primeiro passo para registrar uma empresa é um pedido oficial para o nome da empresa. O nome da empresa proposta não deve existir ou criar confusões possíveis com empresas já existentes. O próximo passo é registar os estatutos da sociedade com um notário se existirem. As cópias deste registo vão permitir que os investidores mais tarde solicitem uma publicação dos estatutos no Diário Oficial e o seu registo na Conservatória dos Registos Comerciais. Todos estes passos exigem o pagamento e, durante este processo, informações adicionais também podem ser necessárias, tais como identificação de acionistas, o número do pagamento de impostos da empresa (Número Único de Identificação Tributária - NUIT), e o nome do contabilista. Este processo pode durar vários dias ou meses, e atrasos podem ocorrer por motivos diferentes. Uma vez que o registo for concluído o processo de licenciamento seguirá ou será iniciado. Esta nova fase também envolve diferentes instituições governamentais e pagamentos de taxas, principalmente no Ministério da Indústria e Comércio. Sob a Lei Cambial de 2009 (Lei nº. 11/2009 de 11 de Março), o artigo 9 º exige "entidades residentes" de declarar rendimentos ou fundos que são mantidos no exterior e remeter para Moçambique receitas a partir de exportações de bens, serviços ou investimento estrangeiro . Em Dezembro de 2010, o Conselho de Ministros aprovou um conjunto de regulamentos, incluindo uma provisão relativa ao artigo 26 9º da Lei, exigindo as empresas a repatriação de fundos para Moçambique e convertê-los em meticais (MT). Este tipo de regulamento é muitas vezes referido como uma exigência de "entrega obrigatória dos ganhos de exportação" e torna-se eficaz em Julho de 2011. Além disso, através da lei, a lista de "transacções correntes invisíveis" é suposto ter sido aumentada, o que significa que menos transacções para beneficiários off-shore devem ser sujeitas à aprovação do banco central. (A lista ainda não foi publicada). A lei também exigirá que os bancos comerciais concedam aprovações para documentação especializada de importação/de exportação. Os bancos comerciais terão, portanto, de implementar controles substanciais para serem capazes de conceder a aprovação, e acredita-se que esses controles implicará custos adicionais para o sector privado. Devido à instabilidade do metical e o medo dentro do sector privado de experimentar perdas significativas como resultado da presente lei, o sector privado expressou preocupações sobre os custos e os riscos que as empresas e os investidores podem enfrentar, como consequência da entrega obrigatória de exportação de ganhos. Esta lei também tem um efeito sobre a taxa de câmbio, ecfetivamente para o fortalecimento do metical. Uma moeda mais forte ajuda a controlar a inflação doméstica e fazendo compra de bens produzidos internamente mais acessível, mas também tem um custo elevado. Uma moeda mais forte pode ter um impacto negativo sobre as exportações, reduz o investimento de fora do país, e torna as importações mais baratas para os consumidores. O fortalecimento artificial do metical, ao contrário de permitir que o mercado determine seu verdadeiro valor, pode resultar em problemas de longo prazo no que diz respeito à forma como, investidores locais e estrangeiros veem Moçambique. Alvará de funcionamento. Após os processos de registo, as empresas podem então procurar realizar o seu licenciamento e as obrigações regulamentares, que são regidos por um PORQUÊ OS ALVARÁS grande número de leis. Em 2008, o governo (E ACTIVIDADES REGULAMENTO INICIAIS introduziu melhorias para atender às SIMILARES) SÃO IMPORTANTES? necessidades das pequenas empresas. O Licençãs, autorizações, certificações desempenham um Decreto nº 2/2008 estabeleceu um processo importante papel na regulação da actividade empresarial. de licenciamento mais simplificado, Eles definem quais os comportamentos são aceitáveis e permitindo que pequenas empresas se quais não são. As Licenças são muitas vezes obtidas estabeleçam mais facilmente e rapidamente. apenas após de a pessoa ter demonstrado a sua Para as pequenas empresas, o Decreto prevê compreensão da conduta que devem ser observados, a fim de realizar a actividade. As Licenças permitem que os que um único lugar - Balcão Único ou Janela reguladores monitorem dados críticos, tais como a Única é para ser visitado, a fim de obter as quantidade de um determinado produto é usado, ou licenças necessárias para operar. quanto de outro produto está a ser exportado. Licenças prevêem sanções em caso de não-conformidade - isto é, podem ser suspensas ou retirados em caso de os seus termos forem violados. Licenciamento, junto com as ferramentas relacionadas de regulação, permite que os governos mantenham os maus condutores para da estrada, comida não saudável para fora da mesa, e aplicadores de agrotóxicos imprudente fora do campo. Desde que não restrinjam indevidamente o acesso para um sector e não sufocam a inovação e investimento por excesso de regulamentação, as licenças têm um lugar legítimo no sistema regulatório do país. Depois de registrar uma empresa, grandes empresas e investidores estrangeiros estão previstos para começar seus negócios através de CPI (Centro de Promoção de Investimentos). A Lei de Investimentos de 1993 e suas normas complementares estabelecem o quadro jurídico nesta matéria. Há um debate em curso sobre a aquisição por estrangeiros de uma propriedade urbana. Após a independência, o governo nacionalizou muitas propriedades privadas, incluindo os bens de propriedade de AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 27 estrangeiros.24 Hoje, os estrangeiros (incluíndo todas as empresas com menos de 51% de participação nacional) não pode obter propriedade que pertencia ao estado ou que foi nacionalizado. Quatro principais leis regem o processo de licenciamento para iniciar um negócio em Moçambique: (1) Decrecto Lei nº 39/2003, de 26 de Novembro regula Licenciamento de uma Actividade Industrial (2) Decrecto Lei º 49/2004, de 17 de Novembro regula Licenciamento de uma Actividade Comercial. (3) Decrecto Lei nº 2/2008, de 12 de Março simplifica os procedimentos de licenciamento para pequenas empresas (4) Decrecto Lei nº 58/99, de 8 de Septembro classifica todas as actividades económicas. Além disso, o Decreto Lei n º 15/2006, de 22 de Julho, estabelece normas de higiene e sanitárias para as empresas. Há também restrições impostas sobre a venda e consumo do tabaco estabelecida pelo Decreto-Lei n º 11/2007, de 30 de Maio, enquanto Decreto-Lei nº 176/2001, de 28 de Novembro regula a produção de tabaco e concessões. As exportações de tabaco são gratuitos, enquanto as importações se restringem apenas às empresas de tabaco. Exportações requerem um certificado fitossanitário e um certificado de origem. Adquirir as licenças necessárias é um processo demorado. As empresas devem apresentar os seus pedidos formais ao Ministério da Indústria e Comércio ou ao governador provincial, dependendo do nível de autoridade necessária para emitir tal licença. Para as pequenas actividades comerciais, as licenças podem ser obtidas nos níveis distrital e municipal. Em Moçambique, as licenças são conhecidos como Alvará. Para obter o Alvará requerido, são necessários várias etapas e procedimentos, envolvendo diversas instituições governamentais como o Departamento de Saúde, o Ministério da Indústria e Comércio, o Corpo de Bombeiros, o Ministério do Trabalho, e as autoridades ambientais. Mesmo representantes de municípios podem se envolver. Todas as agências são esperadas para inspecionar as instalações onde a nova empresa irá operar. Os inspectores irão verificar no lugar se todas as outras leis estão sendo obedecidas. É suposto produzirem um relatório de apuramento de factos que, finalmente, recomenda ou não a emissão da licença (Alvará) pela Direcção Provincial de Indústria e Comércio ou pelo Ministério da Indústria e Comércio ao nível central. As regras para o licenciamento industrial estabelecem quatro categorias principais de licenças; dessas, duas delas são simplificadas. Três critérios estabelecidos por decreto em 2003 também são usados para classificar uma empresa industrial de acordo com o seu tamanho (grande, médio, pequeno e micro), o investimento inicial total, o consumo de electricidade esperado, e número de empregados. A empresa deve obedecer simultaneamente com dois desses critérios para ser classificado como tal. Por exemplo, as empresas investindo US $ 2,5 milhões, contratando126 trabalhadores e com a expectativa de consumir 100KVA de electricidade será classificada como uma empresa de médio porte. Ao declarar a necessidade de apenas 124 trabalhadores, a mesma empresa classifica-se como uma empresa de pequeno porte. Normas complementares e procedimentos relativos à actividade de negócios precisam ser cumpridas. Entre elas, todas as licenças de importação e exportação são emitidas pelo Ministério da Indústria e Comércio. Para operar, uma agro-indústria de média dimensão requer vários passos adicionais e documentos depois de receber o seu Alvará. Acesso à terra (DUAT), detalhes de construção do projecto, e uma licença de construção adicional será necessário. Além disso, uma Avaliação de Impacto Ver Decreto-Lei n º 5 / 76, 05 de Fevereiro; Decreto-Lei n º 5 / 91 09 de Janeiro; Diploma Ministerial n 50/94 º, de 13 Abril 13; Decreto-Lei n º 2 / 91, 16 de Janeiro; Diploma Ministerial n º 97/92 08 de Julho; e Diploma Ministerial n º 152/92 30 de Setembro. 24 28 Ambiental será solicitado a todos os grandes projectos nacionais ou internacionais, conforme estabelecido pela Lei do Meio Ambiente e seu decreto de execução. Para micro-indústrias (investimento de menos de 25.000 dólares, menos de 10 Kva de consumo e máximo de 25 trabalhadores), o processo de licenciamento foi simplificado. Investidores são convidados a provar que o local onde eles esperam para o trabalho está em conformidade com o tipo de actividade industrial para o qual eles buscam uma licença. Além disso, a empresa deverá apresentar os documentos apropriados e, se autorizado, o Alvará será emitido imediatamente, enquanto se aguarda a inspecção final por autoridades competentes. Espera-se que as empresas também cumpram com outras leis relacionadas principalmente com o código comercial, código tributário, Lei do trabalho, construção, acesso aos recursos naturais e a protecção do ambiente. Moçambique também tem um grande número de leis relativas às Zonas de Desenvolvimento Acelerado e Zonas de Comércio Livre. Os investidores têm benefícios fiscais e isenção de impostos específicos e a necessidade de preencher requisitos específicos, normalmente aceite em todo o mundo. Actualmente, as opções são uma Área de Comércio Livre (Província de Maputo) e uma Zona de Desenvolvimento Acelerado (Província de Nampula). Ambos estão perto de instalações portuárias. Área de Comércio Livre e zonas de Desenvolvimento Acelerado são geridos por uma entidade pública (GAZEDA) que analisa e autoriza pedidos de investimento. Dado que, por lei, esses dois conceitos jurídicos são desenvolvidas e estabelecidos, deve haver um esforço concertado para torná-los mais eficazes. Para importar ou exportar, as empresas devem aplicar e pagar por licenças específicas de acordo com categorias designadas. Além disso, o Decreto-Lei n º 56/98, de11 Novembro visa simplificar os procedimentos legais e todos os documentos necessários (Documento Único) para importações realizadas por pequenos comerciantes. Todos os importadores devem pagar direitos, mas diversas isenções foram autorizadas pelo governo a fim de diminuir os custos de matérias-primas e equipamentos. Os direitos de importação normais são calculados sobre o valor CIF e elas LEIS CHAVES RELATIVAS A TERRA variam de 2,5% (matérias-primas) para 20% (itens de consumo). Os direitos aduaneiros de • Lei nº 19/97, de 1 de Outubro (Lei de Terra) produtos de consumo foram reduzidas em 5% pelo Decreto-Lei nº 3/2007, de 7 de Fevereiro. • Decreto nº 66/98 de 8 de Dezembro No entanto, as importações têm de pagar um (Rege a Lei de Terras) adicional de 17% para efeitos de IVA, e alguns • Decreto Lei nº 1/2003, 18 de Fevereiro itens chamados de luxo pagam impostos (Retifica a Lei de Regulamentação de adicionais em média de 20%. As importações de terras) tabaco são cobrados 65% adicionais. O banco central, Banco de Moçambique, também está tentando simplificar os procedimentos e emissão de novo regulamento específico (Lei n.º 11/2009, de 11 de Março) (Aprova uma nova Lei Cambial e revoga uma anterior Lei n.º 3/96, de 4 de Janeiro) que simplifica transacções financeiras internacionais. • Decreto Lei nº 60/2006, de 26 de Dezembro (Regras do Solo Urbano) • Lei nº 10/99, de 22 de Dezembro (Lei da Sivicultura e Fauna Bravia) • Decreto Lei nº 12/2002, de 6 de Junho (Lei de regulamentação de Sivicultura e Fauna Bravia) Enquanto a maioria das regras e procedimentos em vigor são necessários e fazem sentido, o problema permanece em torno das atitudes de funcionários públicos envolvidos na prestação desses serviços de forma atempada e eficiente. A forma como • Decreto Lei nº 11/2003, de 25 de Março (Retifica a Regulamentação de Sivicultura e Fauna Bravia) • Decreto Lei nº 96/2003 28 de Julho – Regulamento de Espécies Protegidas AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 29 diferentes departamentos públicos transferem a informação entre si e cooperam também é um grande problema. A protecção ambiental é uma preocupação internacional e nacional e há uma crescente conscientização sobre sua importância e consequências se desrespeitados. A Legislação de Moçambique é extensa nesta matéria. Acesso à terra e silvicultura. Apesar de ser dotado de recursos naturais, Moçambique não é automaticamente percebido como um destino de investimento estrangeiro. Mão de obra barata e os terrenos não são vantagens comparativas. A capacidade do capital humano e a produtividade são baixos, mesmo em termos regionais, e a falta de infra-estrutura básica faz investimentos na agricultura cara e de risco. Em Moçambique, a terra e os recursos naturais são propriedade do estado. Uma série de leis e políticas estabeleceram o contexto jurídico o background para o sistema de terra em Moçambique. A Política Nacional de Terras (criada pela Resolução nº 10/95 de 17 de Outubro) fornece todos os princípios orientadores em torno da responsabilidade do sector público e privado. A resolução afirma claramente que seu objectivo é "garantir os direitos do povo moçambicano para a terra e outros recursos naturais, ao mesmo tempo promover o investimento e o uso responsável e equitativo destes recursos." Aquisição de direitos sobre a terra é regida pela Lei de Terras (Lei n º 19/97, de 01 de Outubro); e seu regulamento de execução (Decreto n º 66/98 de 8 de Dezembro). Outra legislação (Decreto Lei nº 1/ 2003, de18 de Fevereiro e Decreto Lei nº 60/2006, de 26 de Dezembro) regula o acesso de terra e registo para vários usos, incluindo a residência urbana e construção. O direito de uso da terra é fornecido pelo Estado através da Lei de Terras e é conhecido como o "Direito de Uso e Aproveitamento de Terra" ou "DUAT". Essas concessões de terras estão autorizadas em diferentes níveis de governo de acordo com o tamanho da área do terreno solicitado. O acesso à terra urbana é regida pelo Decreto Lei n º 60/2006, de 26 de Dezembro, e os municípios estão envolvidos neste processo. As concessões de terra (DUAT) para uso da agricultura de uma área com menos de 1.000 hectares estão autorizados a nível provincial. Acima de 1.000 hectares e menos de 10 mil hectares, DUATs estão autorizadas no Ministério da Agricultura. Áreas com mais de 10.000 hectares são supervisionadas pelo Conselho de Ministros. As concessões de terras para as empresas exigem o registo formal da empresa. Em Moçambique, as relações entre os líderes governamentais e comunitários também são reguladas por lei (Decreto nº 15/2000), e isso também tem a ver com o papel do governo na gestão das questões de terra e conflitos. Apenas moçambicanos podem adquirir DUATs por cultura de ocupação ou "boa fé". O Diploma Ministerial n º 29-A/2000, de 17 de Março representa uma tentativa de "separar" as áreas ocupadas por comunidades e herdadas por suas próprias tradições e as ocupados "de boa fé" por cidadãos nacionais a mais de 10 anos, acrescentando que "a delimitação e/ou demarcação de áreas ocupadas por comunidades locais não impede a realização de outras actividades económicas ou investimentos, na medida em que recebem o consentimento das comunidades". Decreto-Lei n º 15/2000, de 20 de Junho reconhece o direito à terra das comunidades se herdada por regras tradicionais. Poucos casos têm ocorrido em que o consentimento da comunidade para alocação de terras para o investimento privado resultou em um resultado satisfatório para ambos os lados. Por resolução do Conselho de Ministros (Resolução n º 70/2008, de 30 de Dezembro), novos critérios e mais exigentes foram estabelecidos a fim de satisfazer os requisitos para concessão de terras acima de 10.000 hectares. Resolução do Governo n º 8/97, de 1de Abril aprovou a Política e Estratégia de Desenvolvimento da Florestas e Fauna Bravia, fornecendo a estrutura para o envolvimento do governo, do sector privado e comunidades no desenvolvimento social e económico por meio da protecção, conservação e uso 30 sustentável dos recursos florestais e da fauna bravia. Leis complementares (Lei n º 10/99 de 22 de Dezembro; Decreto Lei n º 12/2002 de 25 de Março; Decreto Lei n º 11/2003 de 25 de Março; Decreto Lei n º 96/2003 de 28 de Julho) estabelecem regras de acesso para florestas e fauna bravia, protegem espécies selvagens e estabelecem princípios orientadores para a protecção, conservação e uso sustentável dos recursos florestais e fauna bravia, a fim de alcançar o desenvolvimento económico e social com base em um sistema integrado de gestão do sector. A Lei da Terra em si aplica-se tanto à terra urbana e rural, mas a maioria da regulamentação em vigor aplica-se principalmente à terra rural. O quadro jurídico relativo à floresta e à fauna bravia também prevê a criação de áreas protegidas, como parques nacionais e reservas, e áreas de valor histórico ou cultural. As áreas protegidas incluem áreas reservadas para a preservação da natureza e áreas de importância para a defesa nacional. Embora os procedimentos para tais concessões não são detalhados na legislação, não é possível adquirir um DUAT em qualquer tipo de área protegida. Percepções divergentes sobre o valor económico da terra entre as comunidades e os empresários fazem do desenvolvimento da agricultura uma tarefa difícil e aumentam drasticamente as práticas de corrupção. Ao longo deste diagnóstico, os intervenientes repetidamente afirmaram que a elite do sector público de Moçambique aumenta a sua riqueza através de práticas corruptas e práticas muitas vezes questionáveis em torno da alocação de recursos naturais, principalmente para os investidores estrangeiros. Investidores privados nacionais e estrangeiros, nem sempre obtem os investimentos acordados com o governo depois de acessar a terra por eles solicitada. Reaquisição da terra pelo Estado nem sempre é um procedimento direto e eficiente. Toda concessão da terra em áreas rurais exigem uma consulta prévia com as comunidades locais. Os acordos alcançados nesse nível devem ser respeitados pelos investidores, pois a falta de cumprimento pode resultar no cancelamento da concessão. Investidores são incentivados a trabalhar e cooperar com as comunidades e participar de actividades sociais que possam melhorar as condições de vida a nesse nível. As actividades económicas que justificam um DUAT deve ser realizado de acordo com o plano operacional apresentado como parte do processo de candidatura para obtenção de terra e de acordo com a legislação pertinente sectorial, ambiental e de saúde e segurança. O DUAT pode ser cancelado por não cumprimento com os termos em que foi emitido ou pode ser revogado por razões de interesse público. Se revogado, o governo deve proporcionar uma compensação. Há taxas de autorização e taxas anuais associads com o DUAT e taxas diferenciadas aplica-se para os investidores nacionais e estrangeiros, bem como em diferentes áreas do país e aos diferentes tipos de uso da terra. Acesso à informações relacionadas com terra é um desafio em Moçambique. Nem todos os funcionários públicos (principalmente a nível provincial e distrital) que tratam diretamente com o público tem todos os principais procedimentos legais escritos visíveis ou acessíveis. Quando a visita de um funcionário público para uma parcela ou uma machamba é solicitada por um candidato de DUAT, normalmente há um pedido de perdiem (ajuda de custo), embora esta visita seja parte do serviço do governo. Acesso à água. Em Moçambique, apesar dos recursos de água ser relativamente abundante em comparação com muitos outros países Africanos, o acesso à água é o consumo per capita muito difícil e e está entre os mais baixos registados em todo o mundo. Um projecto de multi-doadores (de Abastecimento de Água e Saneamento) tem como objectivo ajudar a melhorar o acesso do país à água potável e saneamento, e várias outras iniciativas, incluindo o Fundo de Investimento e Patrimônio de Abastecimento de Água de Moçambique e os esforços apoiados pelo governo Britânico (WATERAID) e a Millennium Challenge Corporation, se esforçam para tornar a água mais segura e mais acessível. Na verdade, desde 1995, quase 80% de todos os investimentos relacionados com a água têm sido financiados por doadores. Licenciamento do acesso à água é apenas uma parte da estratégia de água do país em geral, que está além do escopo deste relatório. Em Agosto de 2007, o governo de Moçambique aprovou uma Estratégia AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 31 de Recursos Hídricos. Este documento afirma que Moçambique possui 13 bacias hidrográficas importantes, de sul a norte, incluindo as bacias de Maputo, Umbeluzi, Incomati, Limpopo, Save, Buzi, Pungue, Zambezi, Licungo, Ligonha, Lúrio e Messalo Rovuma. A política de água de Moçambique é aprovada por uma resolução (Resolução n º 46/2007, de 30 de Outubro) e a Política de Preços da água é estabelecida pela Resolução n º 60/98, de 23 de Dezembro, e há um Conselho para Regrar o Abastecimento de Água. A Política de Água de Moçambique é aprovada por uma Resolução (Resolução n º 46/2007, de 30 de Outubro) e a Política de Preços da Agua é estabelecida pela Resolução n º 60/98, de 23 de Dezembro. Dada a necessidade de coordenação intersectorial das questões referentes à água, um quadro institucional foi estabelecido através do Conselho Nacional de Águas (CNA), que serve como um comité consultivo destinado a aconselhar o Governo sobre questões relacionadas com a gestão da água e da implementação da política da água. O acesso a água do mar (Lei do mar n º 4/96 de 04 de Janeiro) ou água para o consumo (Lei de Águas nº 16/91 de 03 de Agosto) também é regulado por lei. Moçambique tem um extenso litoral com boas condições para a aquicultura e que compartilha a maioria de seus rios e bacias hidrográficas com seus vizinhos. A água é um recurso sensível que às vezes cria conflitos entre comunidades e países. Apenas três bacias hidrográficas existentes em Moçambique são integralmente propriedade do Estado. Algumas das bacias hidrográficas existentes já estão sendo geridas de acordo com os acordos do governo com os países vizinhos. A gestão local da água em Moçambique exige uma abordagem de gestão mais abrangente e integrada, a fim de preservar os recursos e proteger as comunidades e empresas. A Direcção Nacional de Águas no Ministério das Obras Públicas e Habitação é responsável pela política de abastecimento de água. Nas áreas urbanas, uma parceria público-privada foi estabelecida, segundo a qual os patrimónios são de propriedade do governo e as operações são geridas pelo sector privado sob um contrato de arrendamento, concessão ou de gestão. O Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG) - é uma empresa de gestão de patrimónios no sector da água urbana através da qual a operação dos serviços de água foi delegada a arrendatários privados. Nas áreas rurais, a gestão da água é muito menos organizada e consistente em termos administração. O sector de água de Moçambique é regulada pelo Conselho de Regulação do Abastecimento de Água (CRA), que define as tarifas e metas de qualidade do serviço, monitora o cumprimento das metas, avalia os programas de investimento, e ouve reclamações de usuários e municípios. A principal missão do CRA é "garantir o equilíbrio entre a qualidade do serviço, os interesses dos consumidores, e a sustentabilidade financeira dos sistemas de abastecimento de água." No entanto, informações específicas sobre o licenciamento e tarifas não está prontamente disponível, portanto, obscurecendo o ambiente para fazer negócio. Como muitas áreas de licenciamento e regulação, o que está faltando no sector agrícola de Moçambique são consistentes, transparentes, guias de fácil utilização sobre o acesso público à água, seja para consumo privado ou para seus negócios. Os agricultores não podem planear com responsabilidade o uso da água, e os municípios não podem esperar o pagamento consistente e adequada de tarifas de água. Não muito diferente da questão da terra, questões regulares relativas à água não são suficientemente claras, acessíveis e amigáveis para os empreendedores que buscam informações razoáveis. Acesso a água do mar (Lei do mar n º 4/96 de 4 de Janeiro) ou água para o consumo (Lei de Águas n º 16/91 de 03 de Agosto) é também regulado por lei. Moçambique tem um extenso litoral com boas condições para a aquicultura, e o país partilha a maioria de seus rios e bacias hidrográficas com os países vizinhos. A gestão local da água em Moçambique exige uma abordagem de gestão mais abrangente e integrada, a fim de preservar os recursos e proteger as comunidades e empresas. Bio-segurança. Em Março de 2001, um grupo inter-ministerial de peritos (GIIBS - Grupo InterInstitucional de Bio-Segurança) foi criado para analisar e propor um novo quadro institucional e de biosegurança legal. O governo de Moçambique reconhece que as novas biotecnologias podem melhorar 32 significativamente as taxas de produção de alimentos e a segurança alimentar. No entanto, as leis existentes proibem o uso de Organismo Geneticamente Modificado (GMOs). Moçambique precisa e espera aumentar sua capacidade técnica, habilidades, recursos humanos e infra-estrutura para avaliar, numa base caso a caso os benefícios ou riscos dos GMOs. Questões de políticas relacionadas com biotecnologia e bio-segurança estão dispersas em diversos documentos políticos (isto é, Política de Tecnológia e Ciência; Estratégia para Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Moçambique; Programa de Investimento Público para o Desenvolvimento do Sector Agrário). Para cumprir as suas obrigações internacionais, o governo de Moçambique aprovou a sua Estratégia e Plano de Acção para a Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica em Moçambique, em Julho de 2003. O actual quadro regulamentar regulamenta a fiscalização das normas fitossanitárias e de quarentena vegetal (Diploma Ministerial nº 134/92 - Regulamento Sobre Inspecção Fitossanitária e Quarentena Vegetal) e de saúde animal (Decreto Lei nº 8/2004 - Regulamento de Saúde Animal). Produção de sementes e do comércio, controle de qualidade e certificação são governados pelo Diploma nº 184/2001. Esta regulamentação específica proíbe a importação de GMOs. Todos estes regulamentos são implementados pelo Ministério da Agricultura. Regulamentação ambiental. Em um esforço para definir e esclarecer o seu regime de licenciamento ambiental e regulamentação, o governo de Moçambique aprovou a Resolução n º 5/95, de 03 de Agosto, publicou a sua Política Nacional de Meio Ambiente, e aprovou uma ampla gama de legislação geral e específica do sector e acordos e convenções internacionais. A legislação ambiental abrange uma gama de sectores e actividades que afectam os negócios em geral. Qualquer actividade que deve causar um impacto ambiental requer uma licença ambiental. Essas licenças estão sujeitas a revisões periódicas, e os detentores de licenças podem ser obrigados a apresentar um relatório anual de gestão ambiental, que considera os impactos da actividade em curso e a eficácia das medidas de mitigação a serem utilizadas. O licenciamento ambiental está sujeito ao pagamento das taxas de inspecção. O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental é a entidade pública competente para governar e supervisiona as leis ambientais. A lei geral do ambiente (Lei nº 20/97 de 01 de Outubro e Decreto Lei nº 45/2004, de 29 de Setembro) estabelece procedimentos para a avaliação de impacto. Investimentos e actividades requerem estudos de avaliação de impacto. As Leis especiais para proteger o meio ambiente incluem: Decreto Lei n º18/2004 de 02 de Junho, que rege as emissões ; Decreto Lei nº 19/2007 de 09 de Agosto, que rege o acesso e repartição de genética e conhecimento tradicional associado; Decreto Lei n º 24/2008 de 1 de Julho, que regula o material que pode ter um impacto sobre a camada de ozônio; e Decreto Lei nº 76/98 de 29 de Dezembro, que regula as regras de avaliação de impacto ambiental. O governo de Moçambique assinou e ratificou vários acordos Africanos, regionais e internacionais relativos ao meio ambiente. Embora este diagnóstico não encontrou queixas generalizadas entre as empresas agrícolas sobre a conformidade com requisitos de licenciamento ambiental, é claro que a falta de coerência e clareza do regime regulamentar, especialmente a sua implementação a nível local, existe às custas de ambos ambiente de negócios e ambiente natural de Moçambique. Embora a protecção do ambiente tem atraído a atenção considerável do governo dentro das indústrias extractivas, há simplesmente muito menos orientação e direção a ser encontrada no sector da agricultura. Esta é uma área onde a coordenação inter-agências deve ser reforçado: o Ministério da Agricultura deve trabalhar com outras agências para fornecer maior orientação aos stakeholders sobre as exigências ambientais com relação ao uso de água e saneamento, resíduos agrícolas, gerenciamento da pecuária, o uso de pesticidas, etc . Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado e Zonas Industriais de Comércio Livre. Atrair e promover o investimento privado é a principal prioridade do governo de Moçambique. O Decreto n. º 62/1999, de 21 de Setembro, que foi revisto e aprovado pelo Decreto n. º 35/2000, de 17 de Outubro, aprovou o quadro legal para o estabelecimento de Áreas de Comércio Livre. Esta lei AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 33 delineou todos os procedimentos a serem seguidos para o desenvolvimento e gestão dessas áreas. Zonas Económicas Especiais e Zonas Industriais de Comércio Livre foram postas de lado no país pelo Decreto Lei n º 76/2007, de18 de Dezembro, resultando em uma nova Zona de Desenvolvimento Económica Especial de Nacala Porto, no norte de Moçambique. O Diploma nº 44/2002, de 7 de Outubro, estabeleceu condições fiscais e direitos alfandegários especiais para beneficiar Zonas Industriais de Comércio Livre. Uma Zona Industrial de Comércio Livre (Parque Industrial de Beluluane Zona Franca) também foi criado pelo governo através de Resolução Interna nº 15/99, de12 de Outubro. O Decreto Lei nº 44/2009, de 21 de Agosto criou um órgão especial do governo para lidar com a promoção do investimento privado, análises e autorização composto por vários ministros, o governador do banco central, e os diretores da CPI e GAZEDA. Um gabinete especial instituído pelo governo por meio de Decreto Lei nº 75/2007, de 27 de Dezembro, está a cargo de Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado. A Lei nº 4/2009, de12 de Janeiro, aprova o Código dos Benefícios Fiscais, enquanto o Decreto Lei n º 56/2009, de 07 de Outubro, estabelece normas complementares adicionais. Os benefícios fiscais (importação livre de impostos, isenções e reduções no imposto de renda) cobrem uma ampla gama de actividades económicas da agricultura na Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado de indústrias e nas Zonas Industriais de Comércio Livre. Reforma do sector público e descentralização. Uma comissão inter-ministerial foi criada para acelerar a reforma do sector público. Além do Primeiro-Ministro, vários outros ministros são membros desta comissão. Financeiramente apoiada por ambos os doadores e financiamento público, vários ministérios terceirizaram estudos para determinar quais alterações devem ser feitas e o tipo de pessoal e treinamento que seria necessário. Entre outras reformas, há um refrão comum que os mandatos e funções dos diversos órgãos do sector público dedicado ao crescimento do sector privado deve ser harmonizado. Especificamente, como foi recentemente recomendado pelo Banco Mundial, as seguintes cinco instituições devem coordenar e dinamizar as suas funções, incluindo os seus respectivos papéis no licenciamento de empreendimentos: o Centro de Promoção de Investimentos (CPI); o Instituto de Promoção de Exportações (IPEX), o Instituto para a Promoção das PMEs (IPEME); as lojas one-stop, a unidade de apoio do Sector Privado no âmbito do Ministério da Indústria e Comércio, e os departamentos provinciais do mesmo ministério25. Para os fins do sector agrícola, outra agência deve ser acrescentada a esta lista - ou seja, o Ministério da Agricultura, em particular o Centro de Promoção de Investimentos Agrícolas (CEPAGRI). Moçambique está se tornando cada vez mais descentralizado e a autoridade para tomada de decisão e gestão de fundos está sendo investida nos níveis provincial e distrital. No entanto, o processo de descentralização não está sendo implementado na mesma velocidade em todo o país, e práticas em determinadas províncias ou distritos, muitas vezes ainda não refletem as mudanças existentes na legislação. O actual governo não parece tão empenhado em decentralização como a administração pré-2010 - o processo diminuiu ou quase parou. Enquanto algumas novas declarações públicas estão incitando o processo de descentralização, o novo governo alocou aos distritos uma quantidade significativa de Financiamento Público para Iniciativas de Investimento Local (Fundo Investimento de Iniciativa Local) a um nível que não é comparável a nenhum dos governos anteriores. Este financiamento era esperado para aumentar o desenvolvimento do sector privado, facilitando o acesso ao crédito. Crescentes críticas sugerem que este processo é politicamente motivado e carece de critérios de selecção claros. Avaliações independentes não reconhecem o impacto esperado deste financiamento e duvidam que a maioria desses recursos será reembolsado de acordo com o esquema de empréstimo. A descentralização e o processo de partilha de poder entre o governo central, municípios e suas comunidades locais está se movendo a um ritmo lento. Embora o quadro legal de apoio a 25 34 Consultar Banco Mundial, Perspectivas de Polos de Crescimento em Moçambique (Agosto de 2010) na pag. 34 descentralização está no lugar, o processo passou por atrasos significativos. A Lei nº 2/97, de 28 de Maio, estabeleceu a estrutura básica que rege os municípios, enquanto o Diploma Ministerial n º 80/2004, de 14 de Maio regras sobre a necessidade de consultar com as comunidades e o Decreto Lei nº 51/2004, de 01 de Dezembro, aprova a organização e o financiamento de serviços locais técnicos e administrativos. Iniciativas anti-corrupção. A corrupção é tida como um problema grave que afecta sector público e a sociedade em Moçambique. A lei específica anti-corrupção (Lei nº6/2004) foi aprovada pelo Parlamento e regras adicionais seguidas. A Lei nº 16/99, de 10 de Julho solicita o Tribunal Administrativo a comentar e informar sobre as contas públicas. A Lei nº 9/2002, de 12 de Fevereiro, estabeleceu a SISTAF (Sistema de Administração Financeira do Estado), enquanto o Decreto Lei n º 23/2007, de 09 de Agosto rege a Gestão da Propriedade Pública (Gestão do Património do Estado), e o Decreto Lei nº 54/2005, de 03 de Dezembro estabelece as regras e procedimentos para concursos públicos e aquisição de bens e serviços pelo sector público (Procurement do Estado). Através de Decreto Lei nº 46/2001, o governo estabeleceu IGEP, um organismo autorizado para deter e gerir acções públicas em empresas privadas e públicas. Não obstante todas essas iniciativas, Moçambique compara-se desfavoravelmente com vários países vizinhos, que foram além de declarações de direito e política em implementação de normas e práticas que impedem o enriquecimento de servidores públicos em detrimento da sociedade moçambicana. 2.3 INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO As responsabilidades de implementação das leis existentes e as regras permanecem generalizadas ao longo de quase todos os ministérios. Com relação à agricultura e o agronegócio, o Ministério da Agricultura e do Ministério da Indústria e Comércio ambos têm uma grande responsabilidade nesta matéria. INSTITUIÇÕES CHAVE DE IMPLEMENTAÇÃO • Ministério da Agricultura • Ministério da Indústria e Comércio • Ministério de Planificação e Desenvolvimento Infelizmente, o desenvolvimento da agricultura e a produção de alimentos tendem a ser • Ministério das Finanças percebidas como de responsabilidade exclusiva do Ministério da Agricultura, enquanto o • Ministério do Meio Ambiente emprego dos trabalhadores é tida como sendo • Ministério da Justiça de responsabilidade exclusiva do Ministério do Trabalho. Essas percepções errôneas ampliam a • Zona Económica Especial necessidade de uma coordenação mais forte entre todas as outras instituições governamentais, que podem desempenhar um papel no estabelecimento de um ambiente verdadeiramente propício. Duas gerações depois da independência do país, Moçambique ainda não é capaz de produzir as sementes básicas para principais culturas alimentares como o milho. Enquanto os conflitos de interesse podem explicar esse fracasso, a ausência de um forte compromisso público também desempenha um papel fundamental. Assegurar o acesso a recursos, especialmente da terra, e um ambiente propício que pode resolver os problemas básicos e duradouros com sementes, fertilizantes e outros insumos agrícolas relevantes, é essencialmente da responsabilidade do Ministério da Agricultura. É também da responsabilidade do Ministério da Agricultura estabelecer um eficiente, transparente e forte sistema de gestão de recursos naturais. Ambos os investidores nacionais e estrangeiros veem a AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 35 falta de gestão dos recursos naturais como um importante factor na limitação do crescimento do agronegócio. O Ministério da Indústria e Comércio (MIC) é geralmente considerado entre os intervenientes como comprometido com o desenvolvimento do sector privado, incluindo o sector da agricultura, mas insuficientemente apoiado por outras forças do governo. Embora o MIC tenha adopado o fortalecimento do ambiente de negócios do país, incluindo a simplificação do licenciamento e permitindo requisitos, como uma prioridade central, não existe ainda um compromisso total entre outros ramos críticos do governo para realização de reformas essenciais. O MIC é também visto como sendo incapaz, ou talvez de cumprir com o compromisso de, várias das suas responsabilidades. Por exemplo, ainda não assumiu a simples missão de baixo custo da postagem de taxas e prazos administrativos em todos os escritórios onde o sector privado interage com o governo. Nem tem investido de forma significativa em simples orientação para acesso facil regulamentar para as PME. O MIC tem a oportunidade de liderar quando se trata de reforçar a transparência das instituições do governo, mas esta oportunidade ainda não foi cumprida. Apesar destes desafios não cumpridos, algumas medidas foram tomadas para aliviar algumas das dificuldades de registo. A fim de simplificar o processo de registo para as pequenas empresas, Moçambique estabeleceu o "Balcão Único", - isto é, um "one-stop shop" para novas empresas. Esta nova abordagem para o registo de empresas resolve as queixas do sector privado sobre o tempo que levou para abrir um negócio com sucesso. A meta do governo na criação dessa entidade foi para ajudar a reduzir o número de visitas a entidades diferentes exigido por aqueles que necessitam de autorização para abrir um negócio. O Balcão Único foi bem recebido pela comunidade empresarial, e Moçambique melhorou significativamente sua posição na categoria "Começar um Negócio" no relatório mais recente do Doing Bussiness. Na prática, porém, estes one-stop shops são considerados como puramente mudanças "cosméticas" - nenhuma melhoria significativa foi notada, e muitas pessoas se queixam de que agora os problemas parecem apenas estar concentradas em um único lugar. O Balcão Únicois ainda não está disponível e operacional em todos os distritos. Pessoal mais qualificado e recursos financeiros são necessários para melhorar o processo de abertura de uma empresa. O Balcão Único também deve servir como um canal para transmitir e informar sobre as leis existentes de decisão de negócios. Enquanto se cria melhores processos para melhorar a capacidade das pessoas que trabalham no Balcão Único certamente para ajudar as empresas a tentar obter registos, estes Balcões Únicos não são a única solução para as preocupações do sector privado. Investimentos locais e internacionais precisam seguir outras rotas através de órgãos específicos, tais como CPI (Centro de Promoção de Investimento) e GAZEDA. O CPI foi criado inicialmente como uma espécie de "Balcão Único/one-stop shop" para facilitar os investidores estrangeiros não familiarizados com o quadro institucional local e legal. Esta instituição também foi importante em um ambiente institucional onde o sector público e funcionários públicos não estavam certos sobre a forma como eles devem lidar com os investidores estrangeiros e seus pedidos. A Zona Económica Especial de Nacala (ZEEN) é o fim do corredor de transporte formado pela estrada que liga a capital da província (Nampula) para os países vizinhos sem acesso ao mar, em particular o Malawi e a Zâmbia. Até à data, as empresas da Tanzânia, África do Sul, Índia, Reino Unido, Itália, Portugal e Moçambique têm investido mais de $ 280 milhões de dólares em projectos localizados em ZEEN, de acordo com seu director26. Desse montante, 144 milhões de dólares teria sido investido em 2010 - $84 milhões dólares por investidores moçambicanos e os $60 milhões de dólares por investidores estrangeiros. Nos dois primeiros anos desde que a Zona Económica Especial foi criada, 18 empresas Ver ClubofMozambique.com, Nacala Zona Económica Especial, Moçambique recebe US $ 280 milhões em investimentos (03 de Março de 2011). 26 36 tinham sido licenciadas e certificadas pelo Gabinete de Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado (GAZEDA). Algumas dessas empresas já estavam operando. Onze das empresas licenciadas e certificadas foram do sector industrial, dois do sector de turismo, três do sector de serviços e dois do sector agro-industrial. Dentro da zona, um novo projeto agrícola encabeçado por um investimento Italiano-Moçambicano conjunto foi aprovado para produzir o agente de biocombustível jatrofa e vai empregar até 500 trabalhadores.27 2.4 INSTITUIÇÕES DE APOIO Instituições Públicas. As principais instituições necessárias para melhorar, simplificar e implementar o actual sistema legal que abrange as actividades de negócio em Moçambique já estão em vigor. O Centro de Promoção de Investimentos Agrícola (CEPAGRI) é uma divisão quase independente do Ministério da Agricultura, que é encarregado de promover investimentos no sector agrícola. Sua gestão tem uma forte compreensão das oportunidades em Moçambique, mas o seu trabalho é geralmente centralizado com algumas das suas actividades de promoção atingindo as regiões rurais e os seus recursos em falta. A Unidade Técnica da Reforma Legal (UTREL) é um comitê executivo inter-ministerial criado pelo Decreto n º. 22/2002, de 27 de Agosto, para analisar e propor melhorias necessárias legal e reformas. Além disso, o Centro de Formação Jurídica e Judiciária (CFJJ) é uma instituição pública de formação criada pelo Decreto Lei n º 34/1997, de 31 de Outubro, com capacidade para treinar todos os funcionários necessários para implementar as leis existentes. Melhorias no sistema legal e judiciário são caros e os doadores forneceram uma quantidade significativa de recursos para melhorar a situação existente. Confederação das Associações de Negócios de Moçambique (CTA) foi criado em 1996 como uma plataforma de diálogo entre o governo e o sector privado para proporcionar um ambiente favorável aos negócios em Moçambique. É a organização mãe para todas as associações empresariais em Moçambique e, actualmente, é composta por 68 associações, câmaras de comércio e federações. O Principal objetivo da CTA é trabalhar em nome do sector privado para influenciar a política económica e aumentar a competitividade do negócio. Seu escritório está sedeado em Maputo, com escritórios regionais em Nampula, Beira e Maputo. A CTA também tem representação a nível provincial. Os escritórios regionais descentralizados interagim com representantes do sector privado em seus respectivos locais. CTA tem três áreas principais de actividade: Consultoria. Especialistas da CTA investigam e analisam questões políticas e regulamentares que afectam negativamente o ambiente de negócios. Este trabalho consiste em identificar e investigar os problemas, fazendo anotações do debate, prepando INSTITUIÇÕES-CHAVE DE APOIO documentos estratégicos e negociando com o governo para desenvolver soluções • Centro de Promoção de Investimmentos através de uma reforma política, Agrícolas implementação de políticas e nova • Unidade Tecnica da Reforma Legal legislação. Relações Institucionais. A CTA fornece serviços de apoio aos seus membros, fornecendo informações oportunas sobre os temas abordados em nome do sector privado; aconselhamento e orientação aos seus membros sobre a política e as questões que afectam os negócios, e uma 27 • Centro de Fomação Juridica e Judiciaria • Confederação das Associações Económicas de Moçambique • Associação para Comércio e Indústria em Sofala • Centro de Promoção de Investimentos AllAfrica.com, Principais Projectos de Biocombustíveis em Andamento na Nacala-a-Vehla (29 de março de 2011). AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 37 comunicação aberta, transparente com seus membros e outros intervenientes. Análise. A CTA realiza estudos independentes, análises e investigações com base nas prioridades e interesses de seus membros, o que lhes permite definir e defender suas posições com relação às políticas de governo que impactam o ambiente de negócios. Desde o seu início, o papel da CTA se expandiu para atender às novas exigências do sector privado, do governo e da comunidade internacional. Como o elo principal entre o sector privado e o governo, as demandas sobre a CTA têm crescido substancialmente nos últimos anos. A estrutura de organização institucional interna da CTA e plano de pessoal não mantiveram o ritmo com a sua carga de trabalho expandido e sua equipa de gestão é insuficiente. Desde 2005, o CTA tem apoiado mudança de políticas para ajudar a melhorar a posição de Moçambique no ranking de Doing Business. A este respeito, ajudou a alcançar melhoria considerável no tempo necessário para iniciar um negócio e no nível de protecção dos investidores, ajudou a estabelecer o regime de licenciamento simplificado, que eliminou mais de 100 requisitos de licenciamento oneroso; e ajudou a trazer mudanças para lei de trabalho onerosa de Moçambique. Apesar destas melhorias, a melhoria global do Doing Business tem sido lenta. Moçambique foi classificado em 110 (de 145) em 2005 e 135 (de 183) em 2010. Durante vários anos, a USAID forneceu a maior parte do financiamento para o orçamento operacional da CTA, enquanto o governo da Suíça tem fornecido uma quantidade substancial de financiamento para as áreas técnicas adicionais. Enquanto este financiamento tem alcançado resultados positivos, também levou a percepção de que a CTA é uma organização top-down dirigida pelos doadores que não respondem directamente aos interesses dos seus membros. Além disso, há uma falta de implementação das políticas aprovadas a nível nacional, e uma percepção de que Moçambique está mais interessado em soluções rápidas para conseguir uma classificação mais alta do Doing Business do que uma verdadeira reforma. Enquanto o sector privado local percebe a necessidade de simplificação da lei e um ambiente favorável legal, não investe os recursos necessários para promover essa mudança nem mostra o forte compromisso por meio de suas associações empresariais. A CTA é a principal organização do sector privado em Moçambique com 68 organizações membros. No entanto, a CTA é relativamente fraca no seu impacto e serviços em comparação com ACIS, uma organização empresarial privada sedeada na cidade da Beira. Várias publicações, tanto em Português e Inglês estão disponíveis no site da ACIS. Essas publicações explicam extensivamente como a maioria das leis se aplicam a empresas locais, e dá detalhes até certo nível sobre os procedimentos e precauções a serem adotadas por esses investidores não totalmente familiarizados com o ambiente local legal. O Centro de Promoção de Investimentos (CPI) ainda é a entrada principal para todos os investimentos locais e estrangeiros. Facilita as negociações internas e ligações com entidades públicas envolvidas e proporciona aos investidores com todos os benefícios fiscais disponíveis. Informações geradas por projectos de investimento também estão concentradas aqui e disponibilizadas ao público. Mas o CPI não desempenha nenhum papel na facilitação do acesso aos recursos naturais (terra, florestas, água) exigidos pelos investidores. Todos os investimentos privados recebidos pelo CPI são submetidos a um órgão do governo nacional composto pelo Primeiro-Pinistro e vários outros ministros que analisam e autorizamnos. Investidores nacionais e estrangeiros são tratados de forma igual e ambos têm os mesmos benefícios fiscais. 2.5 DINÂMICAS SOCIAIS Indo além do quadro legal para a implementação de reformas significativas. A opinião pública e a pressão e apoio dos doadores estão empurrando o governo de Moçambique para melhorar o ambiente de negócios do país. O governo aprovou uma resolução (Resolução 3/2008, de 29 de MaioEstratégia para o Melhoramento do Ambiente de Negócios) esclarecendo a sua estratégia para melhorar 38 o Ambiente de Negócios. Parece que o governo está comprometido com esta iniciativa. Confrontado com o aumento do preço do petróleo e dos alimentos, as dificuldades económico de Moçambique e a inquietação social estão aumentando. As Leis existentes, mesmo que não estajam totalmente disponíveis e não sejam conhecidas, não são a razão pela qual o clima de negócios tem melhorado dramaticamente. Uma melhor compreensão e conhecimento de todas as leis existentes e ambiente legal poderia ajudar o sector privado para um melhor desempenho. Mas o problema permanece com os do sector público com poder para implementar e fazer cumprir essas leis. Em um país com um alto nível de analfabetismo, infra-estrutura deficiente e pessoas sem qualificação, é sempre difícil para o sector privado que respeitem plenamente todas as leis existentes e todos os requisitos que envolvem seus negócios. Nem têm, na maioria das vezes, os fornecedores de serviços qualificados que possam preencher os requisitos para eles. Novas leis e procedimentos adoptados pelo governo de Moçambique também estão ajudando a acelerar a abertura de um negócio e seu registo. O número de locais a visitar e as etapas necessárias foi reduzido significativamente. Os procedimentos fiscais de pagamentos de impostos foram feitos de forma mais fácil. No entanto, a agricultura em Moçambique continua a ser essencialmente uma actividade informal, e melhorias legais não são a principal preocupação dos actores no sector informal. Em vez disso, as queixas do sector privado estão mais relacionadas com as atitudes e comportamento dos funcionários públicos (normalmente, pedidos de pay-offs/subornos) que não estão funcionando de acordo com seus deveres legais. O enquadramento legal necessário para acessar os recursos naturais existe e pode trabalhar de forma eficiente quando houver vontade política no sistema. Um melhor desempenho do sistema legal e judiciário também exige mais recursos humanos e financeiros e motivações menos políticas. Embora o quadro legal para obter licenças não parece complexo, as melhorias ainda são necessárias na forma como os funcionários públicos compartilham informações entre si. O compartilhamento de informações entre os funcionários deve ser aumentado para reduzir o tempo que leva para processo da papelada. Em 1976, todos os impostos e salários dos funcionários públicos já eram processados por computadores. Algumas empresas e bancos já estavam usando a tecnologia mais actualizada do momento. Desde a Conferência Internacional sobre Governo Eletrônico para o Desenvolvimento, Palermo (Itália), em 2000, Moçambique adoptou a sua Política de Informática em 2005 que, aprovou a Estratégia do Governo para o Governo Eletrônico (e-governação). Apesar desta estratégia, o nível de confiança entre os cidadãos e servidores públicos ainda não é propício para uma utilização generalizada de sistemas de informação através de e-Governo. Apesar desta falta de confiança, uma melhor utilização das capacidades existentes para compartilhamento de informações entre diferentes instituições governamentais poderia ajudar a fornecer serviços na hora e menos dispendioso para o sector privado. Gênero e licenciamento. As mulheres representam metade da força de trabalho de Moçambique e desempenham um papel significativo nos sectores formal e informal do país. Enquanto o sector agrícola emprega muitas mulheres, que trabalham principalmente no comércio informal e nos aspectos de subsistência da agricultura. As mulheres podem possuir sua própria terra e propriedade. Moçambique, através da Resolução 4/93, de 2 de Junho, ratificou a convenção internacional contra todas as formas de discriminação contra as mulheres. A Constituição de Moçambique estabelece claramente a igualdade de género em todas as áreas da sociedade e proíbe a discriminação no contexto de desenvolvimento legislativo, político, económico e social. A Lei da Família (Lei nº 10/2004, de 25 de Agosto) foi aprovada e estabeleceu a igualdade de género perante a lei, em questões de casamento, divórcio, custódia dos filhos e a divisão de bens no casamento. A lei também permite as mulheres arrendar e manter a terra em condições que são inteiramente iguais aos homens. Apesar da disponibilidade da Lei de Família para proteger os direitos das mulheres, os direitos das mulheres raramente são respeitados nas zonas rurais. Tal como acontece com AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 39 muitos aspectos do ambiente propício de Moçambique, a aplicação da lei continua a ser um problema, assim como a divulgação dos diferentes aspectos da lei, para as mulheres nas zonas rurais. Em 2009, Moçambique recebeu o Prêmio Africano para a Promoção do Género (Prêmio Africano de Género), em reconhecimento dos esforços do país para capacitar as mulheres moçambicanas. A lista de conquistas inclui a adopção da Lei da Família e da Lei sobre a Violência contra a Mulher. Mais de 30% do Parlamento de Moçambique consiste em mulheres, e mulheres também estão bem representadas no poder executivo, nos governos provinciais e o judiciário. 2.6 RECOMENDAÇÕES INTRODUZIR UMA PLATAFORMA DE E-GOVERNO E EXPLORAR OPORTUNIDADES NO USO DE NOVAS MÍDIAS DE ALCANCE AO PÚBLICO PARA OS STAKEHOLDERS DA AGRICULTURA Embora muitos dos órgãos do governo utilizam Internet, informações e serviços online são desiguais e mal administradas. Moçambique deverá examinar experiências de países que desenvolveram uma plataforma de e-governo, seja para o agronegócio, especificamente, ou para doing business em Moçambique, em geral. Essa plataforma pode fornecer informações de licenciamento geral, incluindo as etapas, taxas e prazos; cópias de formulários necessários, e até mesmo uma oportunidade de diálogo público-privado sobre temas-chave. Um exemplo muito eficaz de tal programa foi implementado pelo Ruanda, através de "E-Regulamentos Ruanda", disponível em http://rwanda.e-regulations.org/showlist.asp?l=en&mid=67. Qualquer assistência dirigida a um tal programa deve integrar as lições aprendidas das iniciativas passadas do e-governo da USAID, tais como a experiência recente na Macedônia. No mínimo, o site para CEPAGRI, a agência encarregada de estimular e orientar investimentos no sector de agricultura de Moçambique, deve ser reforçaoa. Isso não deve ser efectuado através de doadores "fazer", mas sim de doadores, “mostrando” como uma presença de web não precisa ser excessivamente pesado e caro de manter. Além disso, também existem oportunidades para utilizar as novas mídias na promulgação de informações para grupos com maior acesso à Internet. Exemplos ilustrativos de oportunidades para utilizar ferramentas eletrônicas para melhorar diálogo público-privado incluem as seguintes: Incentivo e demonstração de novas oportunidades de mídia (por exemplo, blogs, listas de correio, e as ferramentas wiki) para dar a conhecer aos vários intervenientes questões de interesse mútuo. O desenvolvimento do treinamento conduzido pelo sector privado no uso de novas mídias para os atores privados e públicos, abrangendo questões como o marketing eletrônico, o uso de meios de comunicação social pelas empresas, e as oportunidades de vendas com base na Internet. Auxiliar as escolas de negócios e outras instituições de formação no desenvolvimento de novos currículos de comunicação social, abrangendo questões como novas mídias de marketing, propriedade intelectual, e privacidade. APOIAR O PROCESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO, INCLUSIVE ATRAVÉS DA REFORMA DO FUNDO DE INVESTIMENTO DE INICIATIVA LOCAL Como se observa, há pouco compromisso evidente nos dias de hoje para o fortalecimento dos governos provinciais, distritais e municipais com a finalidade de descentralizar os serviços do governo. O Fundo de Investimento de Iniciativa Local é um exemplo de um programa de descentralização que está indo mal: os governos locais supostamente interpretam seu papel de gestão sobre os fundos menos como uma oportunidade de construir fortes práticas de empréstimo e novas empresas nos seus distritos, e mais como um caminho para recompensar indivíduos já poderosos e até mesmo ganhar subornos. Este programa garante revisão imediata e transparente por parte do governo, seguido por um mecanismo de comunicação liderado por uma ONG ou mídia sobre a forma como o dinheiro é gasto e 40 por quem. No passado, a USAID tem apoiado uma série de campanhas anti-corrupção, como na Bulgária, onde apoiou uma lista de verificação das melhores práticas de transparência em todas as funções municipais, uma campanha de sensibilização, projectos-piloto de novas práticas de transparência, e um programa de premiação anual. CRIAR UM PROCESSO DE LICENCIAMENTO SIMPLIFICADO E UNIFORME DAS PMES Todos os custos envolvidos no processo de licenciamento são estabelecidos sob Diploma Ministerial n º. 150/2001 de 03 de Outubro e Diploma Ministerial n º19/98. Estes regulamentos requerem uma revisão porque podem ter um impacto negativo sobre as pequenas empresas. Acima de tudo, os honorários devem ser calculados com base no tipo de serviços que são prestados e não com base na quantidade de capital dos acionistas. Os serviços devem ser pagos por todos utlizando os critérios de custo único. DESENVOLVER UM GUIÃO ESPECÍFICO CURTO, SIMPLES, PARA NOVOS OPERADORES DO SECTOR AGRÍCOLA Empresas recém-estabelecidas ou aquelas que estão procurando entrar no sector formal precisam de orientação (mas detalhada) sobre as suas obrigações. Se as agências de execução em si são relutantes ou incapazes de fornecer tal guião - incluindo informações específicas, tais como a quantidade de taxas e prazos - associações do sector privado, como o CTA ou membros das suas associações, estão em uma posição forte para fazê-lo. Tal esforço pode de forma mais eficaz ter lugar numa base local, onde representantes do sector podem desenvolver guiões curtos para regulamentação dentro de sua cidade, municípios ou cidades. Tal orientação implica necessariamente uma leitura e delimitação de estatutos e regulamentos locais, que podem variar de acordo com a jurisdição. Consulta com autoridades do governo é desejável, mas se a cooperação não é iminente, o sector privado pode, contudo, fornecer orientações para seus constituintes. Um exemplo de sucesso de tal iniciativa vem da comunidade empresarial na Jamaica. O quadro legal sobrepondo regime de licenciamento da construção Jamaica é vasta - pelo menos 35 leis e centenas de regulamentos pertinentes direta ou indiretamente ao uso da terra na Jamaica. Em 2006, a Câmara de Comércio da Jamaica (JCC), apoiado pela USAID, criou um Manual de Desenvolvimento e Investimento integral. O manual foi criado com a finalidade de esclarecer e melhorar o acesso ao quadro legal e regulamentar implicados no processo de desenvolvimento imobiliário. O processo da recolha de todas as leis e regulamentos pertinentes foi longo e difícel: "[Durante o processo] descobrimos o quanto estava na cabeça das pessoas" ao invés de na lei, de acordo com um funcionário público.28 Seguindo esta processo, vários volumes do manual (com outros planejadas para o futuro) foram emitidos em meados de 2007, abrangendo os seguintes tópicos: Planeamento e desenvolvimento Ambiente Infra-estrutura, serviços públicos e comunicações Indústria de hospitalidade e segurança Infra-estrutura social e eliminação de resíduos Facilitação de negócios Finanças Como a JCC observou na sua introdução do manual, a recolha de todas as leis e regulamentos relevantes foi apenas um primeiro passo para a reforma do processo de licenciamento da Jamaica. A JCC planeou para uma segunda fase crítica: "uma revisão completa dos processos ... para garantir que 28. Consultar USAID/BizCLIR Diagnóstico da Jamaica (Dezembro de 2007), disponível em www.bizclir.com. AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 41 todas as redundâncias e duplicações, bem como os procedimentos desatualizados ou irrelevantes são retirados, e que procedimentos para negócios amigáveis são colocados em seu lugar. "As lições deste processo seria extremamente útil para Moçambique. Embora os stakeholders estão cientes de melhorias no regime legal, incluindo o de licenciamento, há um conhecimento insuficiente ao nível das empresas sobre os requisitos específicos que devem seguir. AUMENTAR A FORMAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS DO GOVERNO NAS PROVÍNCIAS PARA GARANTIR QUE A APLICAÇÃO DA LEI SEJA UNIFORME EM TODO O PAÍS Enquanto a infra-estrutura e pessoal não estiverem disponíveis em todas as áreas, a maneira como a mesma lei é percebida e implementada pode diferir entre as várias províncias. Um sistema unificado de treinamento deve ser posto em prática e funcionários do governo devem ser treinados. Os programas de treinamento apoiados pelos doadores deveriam fazer uso de profissionais de alto nível nacional e estrangeira actualmente situados no país. O treinamento deve implicar acção baseado em estudos de caso focando indústrias locais que oferecem crescimento das empresas e potencial de criação de emprego. Deve haver padronização de documentos e materiais de treinamento, permitindo a discussão de prioridades e oportunidades locais. DESENVOLVER PROGRAMAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE PARA AS AGÊNCIAS GOVERNAMENTAIS Queixas do sector privado sobre a maneira como são tratados nas mãos de autoridades do governo não apenas se refere a preocupação de subornos e outros métodos de corrupção. Ao contrário, estas queixas dizem respeito ao comportamento generalizado de funcionários que não se vêem como funcionários públicos. Queixas de teimosia, lentidão, "runaround", e todos os tipos de outros comportamento inúteis outras por parte dos representantes do governo foram apresentados ao longo deste diagnóstico. Agências que desejam superar sa má reputação do governo em geral, podem começar por adotar práticas do sector privado de atendimento ao cliente. Se elas não o fazem já, as agências devem postar suas declarações de visão ou missões para revisão pública. Este esforço em direção a responsabilidade deve ser estendido para o destacamento de taxas e prazos de processamento - tudo como parte de um amplo esforço para melhorar a forma como o governo vê as suas relações com seus clientes. Treinamento em serviço de atendimento está prontamente disponível a partir provedores do sector privado locais, fontes online, e outros recursos. Atores do governo não só devem aceder a este treinamento, mas buscar feedback de clientes e recompensar trabalhadores por desempenho superior. REALIZAR UMA CAMPANHA PARA ILUMINAR A GESTÃO PÚBLICA DOS RECURSOS NATURAIS O MCC está a meio caminho através da sua iniciativa de reforma agrária no norte, que aspira trazer uma grande quantidade de ordem e mudança na gestão de recursos naturais do país. Até o momento, no entanto, pouca informação está disponível ao público sobre as mudanças que foram instituídas e como o público será afectado por essas mudanças. Ainda menos informações é acessível sobre reforma agrária e transacções em outras partes do país. A revisão independente de todos os aspectos da gestão de terras agrícolas está garantido, inclusive por meio de análise e publicação dos resultados. Isso pode ocorrer através de um esforço combinado de uma ou mais ONGs, instituições acadêmicas (incluindo as escolas de direito e as faculdades de economia da agricultura), e a mídia. 42 REALIZAR A REVISÃO DO DECRETO-LEI N.º 42,65499 PARA IDENTIFICAR ONDE OS PROCEDIMENTOS PODEM SER REFORÇADOS A lei de segurança alimentar de Moçambique (Lei nº 8/82, de 23 de Junho e Decreto Lei nº 15/2006, de 22 de Junho) sobre as condições necessárias para ser cumprido em relação à produção, transporte, comércio, inspecção de produtos alimentícios para consumo humano. A Lei de Defesa do Consumidor (Lei n º 22/2009, de 28 de Setembro) introduziu regras específicas para proteger os consumidores e é aplicável a indivíduos, empresas privadas e públicas, administração pública, os municípios na medida em que recebem qualquer pagamento de terceiros para produzir, importar, construir , distribuir ou comercializar todos os tipos de bens e serviços. O desenvolvimento de um forte agronegócios baseados em novas tecnologias pode exigir legislação adicional. Há nova proposta legislativa elaborada pelo Ministério da Agricultura sobre Bio-Tecnologia, que deve ser discutida, melhorada e aprovada. MONITORAR A EXPERIÊNCIA DE TODAS AS EMPRESAS QUE ESTÃO A TRABALHAR NA ZONA ECONÓMICA ESPECIAL DE NACALA, IDENTIFICANDO OPORTUNIDADES PARA FORTALECER ESTA OPÇÃO PARA EMPRESAS AGRÍCOLAS Em teoria, as Zonas Económicas Especiais devem oferecer fluidez de procedimentos regulamentares, acesso fácil ao comércio transfronteiriço, e provisão fácil de recursos como água e eletricidade. O experimento com a tal zona em Moçambique é novo e limitado, mas vale a pena monitorar para avaliar as forças, fraquezas, e oportunidades para promover o investimento no país. AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 43 3. CONTRATAÇÃO DE TRABALHADORES 3.1 INTRODUÇÃO O termo "contratação de trabalhadores ", Contratação de sugere o emprego formal de trabalhadores ou seja, a contratação de pessoas para Trabalhadores trabalhar, no mínimo, de acordo com os termos e condições estabelecidas pelo 5 0 re corpo de leis de trabalho e de emprego de o cS um país. Essas leis geralmente dizem e ag respeito a questões de salários, horas de re v Framework Area A trabalho, segurança e saúde no trabalho, igualdade de oportunidades, a segurança social, o direito de organizar e de negociação colectiva. Em Moçambique, apenas cerca de 8% da força de trabalho do país de quase 10 milhões de pessoas é formalmente empregada29. No sector agrícola, que envolve tanto quanto 80% da população activa, a taxa de emprego formal é muito menor. A maioria dos trabalhadores trabalham informalmente como "camponeses" em pequenas parcelas detidos por suas famílias ou aldeias ou como comerciantes casuais, que se esforçam para transportar e vender seus produtos entre as comunidades que têm poucos meios para sustentá-los. Duas questões dominam a consideração do ambiente de negócios e trabalhadores da agricultura em Moçambique. Primeiro, os trabalhadores agrícolas de Moçambique - incluindo os pequenos agricultores, lavradores casualmente empregados, e até mesmo a maioria de trabalhadores formalmente empregadas em plantações de açúcar, algodão e de tabaco - são esmagadoramente despreparados para atender às demandas de um moderno sector agrícola, produtivo. Mesmo para os padrões regionais, a sua produtividade na machamba e nas fábricas de processamento é baixa, e há um sentido em subsectores agrícolas - de alimentos básicos para as exportações - que "não podemos competir" com os vizinhos, incluindo a África do Sul e Malawi. Agricultores independentes sentem-se mal servidos pelos serviços de extensão agrícola pública do país - uma força que é nova desde a independência (essas culturas com suporte a extensão privada, incluindo o algodão e o tabaco, são consideravelmente mais bem servidas). O despreparo do trabalhador deriva da fraqueza no sector de educação do país, particularmente nas zonas rurais (embora os avanços na alfabetização de jovens do sexo feminino, de menos de 40% em 2004 para cerca de 63% em 2009, são extremamente promissores). Empregadores atribuem maus hábitos de trabalho em empregos assalariados com a escassez de tais empregos, o que significa que a maioria dos trabalhadores não tenham trabalhado em condições formais antes. Em todos os níveis, recursos para o desenvolvimento de trabalho são insuficientes e os avanços no conhecimento raramente são acessados ou ensinados. As muitas instituições que poderiam trabalhar juntas para construir a capacidade dos cidadãos de Moçambique - ministérios, universidades, escolas secundárias, ONGs, empresas privadas, e outros - estão perdendo oportunidades incalculáveis no 29 44 Unidade de Inteligência Económica, " Mozambique Risk: Labour Market Risk " (07 de Outubro de 2010). compartilhamento de informações e construção de habilidades. A baixa qualificação dos trabalhadores alimenta de forma esmagadora a informalidade do sector; trabalhadores rurais têm pouco poder para exigir melhores condições das pessoas que servem. Estas questões não são novidade30, mas encontrar maneiras significativas para resolvê-los foi difícel, para ambas as instituições locais e doadores. Em segundo lugar, embora os esforços foram feitos durante a revisão da Lei do Trabalho do país em 2007 para diminuir a severidade das restrições relativas às condições de trabalho - estimulando os empregadores a assumir trabalhos mais formais - a maioria dos empregadores continuam a acreditar que " requisitos de redundância incapacitantes da lei "32 e outras restrições desencorajá-los a empregar mais trabalhadores. A lei faz com que o emprego de mão de obra estrangeira qualificada, seja especialmente complicada e cara e permite que os burocratas do governo substituam o ponto de vista de que uma empresa sobre quem deve contratar para a própria visão da empresa. Como resultado, as empresas devem restringir significativamente na medida em que eles se beneficiam das contribuições de trabalhadores estrangeiros, em última análise, perdendo oportunidades para melhorar competências locais e explorar novas oportunidades na produção TABELA 1: PERFIL DA MÃO-DE-OBRA agrícola. Este facto contrasta com as recentes boas DE MOÇAMBIQUE práticas semelhantes em ambientes de baixa qualificação, como Ruanda, onde os trabalhadores estrangeiros não População 23 milhões são considerados como competição, mas como recursos 9.8 para o conhecimento, habilidades e desenvolvimento. Força Laboral milhões Uma variedade de reformas ajudaria Moçambique a Percentagem da mão-de-obra perceber as limitações de suas actuais políticas e empregue no sector da 28.8 transformar seu ambiente propício para agricultura em agricultura um onde a lei de forma mais eficaz apoia a emergência do trabalho assalariado no sector da agricultura e onde os Percentagem da mão-deobra empregue no sector da 26 trabalhadores tenham mais e melhores oportunidades indústria para o melhoramento de habilidades , formação no local de trabalho (on-the-job training) e as ligações com as Percentagem da da mão-de45.2 obra empregue em serviços exigências dos empregadores. Estes incluem o seguinte: Taxa de desemprego 21% (1997) Alfabetização (Homem) 63.5% (2003) 32.7% (2003) Alfabetização (Mulheres) Alfabetização (mulheres jovens de15-24 anos) 63% (2009) Percentagem de crianças 7-14 anos engajados na actividade económica31 32% Adultos vivendo com HIV/SIDA 11.5% Promover parcerias entre os intervenientes-chave da comunidade, incluindo escolas primárias e secundárias, instituições e centros de formação profissional, serviços de extensão pública e privada, universidades, empregadores regionais, e organizações de desenvolvimento económico. Abordagens para estas parcerias incluem estágios, relações de ensino conjunto entre empresas e universidades. Os laboratórios ou equipamentos em salas de aulas patrocinados pelo sector privado, e outros experimentos em alavancar recursos para desenvolver a capacidade. Consultar por ex. TABLE 1: Mozambique’s USAID/DAI Mozambique/Human Capacity Building Assessment – Agriculture Sector (December 2003 31 UNICEF considera que uma criança para estar envolvido em actividades de trabalho infantil sob a seguinte classificação: (a) crianças de 5 a 11 anos de idade que durante a semana anterior à pesquisa fez pelo menos uma hora de actividade económica ou, pelo menos, 28 horas de trabalho doméstico, e (b) crianças de 12 a 14 anos de idade que durante a semana anterior à pesquisa fez pelo menos 14 horas de actividade económica ou, pelo menos, 42 horas de actividade económica e trabalho doméstico combinados. 32 Id 30 AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 45 Antes de fazer investimentos adicionais em serviços do extenção do governo e desenvolvimento de organizações de agricultores, investir em uma maior compreensão de quais métodos provaram ser um sucesso nestas áreas (enquanto outros se mostraram com menos sucesso) e por quê. Então, faça e adere a um plano para a integração de uma mistura de serviços de extensão apoiado pelo sector públicos, privados e ONG em todos os projectos de doadores e de ONGs, incluindo o desenvolvimento de organização dos agricultores, de modo que a capacidade de extensão possa crescer e benefícios para os agricultores possam aumentar. Revisitar aspectos da lei que fazem aumentar desnecessariamente os custos e encargos do emprego formal, incentivando assim os empregadores a assumir novos funcionários. Em particular, Moçambique deve reduzir o custo de demissão de trabalhadores por razões económicas, que agora está perto de mais altas do mundo, a 134 semanas de salário para os trabalhadores formais.33 Rever e reformular as políticas e regulamentos do não favoráveis a atulização de trabalhadores estrangeiros como fonte de conhecimento e desenvolvimento de habilidades, incluindo a implementação de mecanismos simples que pode obter mão de obra qualificada necessária para o país, com mínima interferência do governo. Reforçar os recursos dedicados à saúde e à educação das mulheres, que são surpreendentemente e desproporcionalmente carentes nestas áreas. Um ponto repetido durante este diagnóstico foi que, em Moçambique, os trabalhadores qualificados em todos os principais sectores - indústria, serviços, agricultura - tendem a ter sua escolha de oportunidades de emprego após a formação. Por sua vez, esses trabalhadores estão numa posição muito maior para exercer os seus direitos a um salário justo e condições de trabalho seguras. Assim, a prioridade para o país deveria ser a de construção de habilidades e, por extensão, a produtividade do trabalhador. Proteções formais dos direitos fundamentais do trabalho para grupos maiores de pessoas se seguirão. O sistema de pontuação da AgCLIR dá uma pontuação relativamente saudável para o Quadro Legal – relacionado com o tratamento de imigrantes e os exorbitantes custos de redundância a explicar a maioria dos problemas relatados nessa área - e Instituições de Apoio a explicar os mais fracos da pontuação acumulada. 3.2 PRINCIPAIS LEIS • Constituição de (1990) (ratificada em 1996, 1998, e 2004) • Lei do Trabalho (2007) • Diploma Ministerial 123/2006 sobre Salário Mínimo • Decreto nr. 50/2009 (criou a Medição do Trabalho e Comissão Arbitracional) • Convenções Internacionais • Padrão do sector privado International – i.e., GlobalGape e Fair Trade Conforme resumido na Lei do Trabalho de Moçambique, as fontes de autoridade sobre o trabalho no país são a Constituição ", instrumentos normativos adoptados pela Assembleia da República e o Governo" [leis e regulamentos], acordos e convenções internacionais e acordos colectivos de trabalho ( Lei do Trabalho, art. 13 (1)). Além disso, em uma disposição ampla e difícil de aplicar, a Lei do Trabalho declara as "práticas de cada profissão, sector de actividade ou empresas que não são contrárias à lei ou o princípio da boa-fé" como fonte da lei do trabalho , a menos que um acordo colectivo mostre o contrário (art. 13 (2)). Constituição. Com relação a tarefa e trabalho, a constituição de Moçambique de 1990 é geralmente um documento aspiracional. Afirma seu ideal filosófico ou teórico e não foi imposto como a lei da terra - como 33. Banco Mundial, Doing Business 2010 (2009) no 26. 46 QUADRO LEGAL evidenciado pelas seguintes provisões: Um compromisso com a família como uma unidade central, e como um objectivo de encorajar "os camponeses, bem como trabalhadores individuais, a organizarem-se em formas mais avançadas de produção" (Art. 41). Uma visão do trabalho como a "força motriz do desenvolvimento", juntamente com o compromisso de "a distribuição justa dos rendimentos de trabalho" (Art. 51). Uma declaração de que o trabalho é um "direito e dever de todos os cidadãos, independentemente do sexo" e de que todos os cidadãos devem ser autorizados a escolher sua profissão (Art. 88 (1) e (2)). O direito contra o trabalho forçado (art. 88 (3)). O direito a "justa remuneração, ao descanso e aos feriados", às condições de trabalho seguro, e até a demissão apenas "de acordo com a lei" (Art. 89). O direito de formar sindicatos e, a não ser limitado por lei, à greve (Art. 90 e 91). Apoio geral para os direitos das mulheres (Art. 57). Em termos gerais, a constituição de Moçambique proíbe o trabalho infantil (Art.121). Disposições mais detalhadas referentes às crianças na força de trabalho encontram-se no artigo 23 da Lei do Trabalho e as convenções internacionais ratificadas pelo país. Lei de Trabalho. Moçambique aprovou uma nova Lei de Trabalho em 1 de Agosto de 2007. A lei entrou em vigor em Janeiro de 2008, substituindo o código, anterior de 1990, que foi fortemente influenciado pelo país no pós-independência, as prioridades socialistas e as relações internacionais e amplamente consideradas como um impedimento ao crescimento do sector privado. A nova lei é considerada por seus redatores como um compromisso entre os instintos altamente pró-trabalho e uma abordagem mais favorável às empresas para empregar trabalhadores. Na época, foi citado pelo Doing Business como uma iniciativa importante em direcção a uma maior flexibilidade no mercado de trabalho, especificamente para aumentar a flexibilidade dos contratos a prazo, reduzindo o período de aviso prévio para demissões e diminuindo a carga de indenização.34 A lei tentou remover a rigidez da contratação e demissão de trabalhadores e criar certas condições de trabalho menos rigorosas. Empresas entrevistadas para este diagnóstico, no entanto, se queixaram especificamente sobre os seguintes aspectos, que alegam desencorajar o emprego formal dos trabalhadores: TABELA 2: LIMITES GERAIS DE TRABALHADORES ESTRANGEIROS EM MOÇAMBIQUE Número de trabalhadores trabalhando para a empresa Percentagem da força de trabalho que pode ser estrangeira Até 10 trabalhadores 10% 10-100 trabalhadores 8% Mais de 100 trabalhadores 5% Um sistema extremamente liberal e difícil de acompanhar para "faltas justificadas." (Art. 103). A lei prevê cinco dias de ausência permitida para o casamento ou a morte de nove tipos de parentes próximos, dois dias de ausência permitida para a morte de 11 tipos de outros parentes; folga por doença e acidente que torna impossível apresentar-se no posto de trabalho; acompanhamento de crianças para o hospital; e algumas outras áreas. Como um empregador disse: "Se os trabalhadores conhecessem a lei, eles iriam ficar em casa [legalmente] três meses do ano.” Um período excepcionalmente longo das férias anuais remuneradas - "trinta dias por cada ano de serviço 34 Banco Mundial, Doing Business 2009 (10 de Setembro de 2010, 2008) at 21 AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 47 efectivo, a partir do terceiro ano."35 (Art. 99). Um número consideravelmente limitado de trabalhadores estrangeiros para todos os tipos de trabalho, qualificados ou não. (Art. 31) Uma empresa com 100 trabalhadores, por exemplo, não tem direito a empregar mais de cinco trabalhadores estrangeiros sem permissão especial do governo. "Os projectos de investimento" - os estabelecidos por meio do Centro de Promoção de Investimentos - podem permitir mais trabalhadores estrangeiros, mas o seu pedido de mais trabalhadores estrangeiros deve ser estabelecido desde o início do projecto, ou por um processo de alteração complicada, que as empresas em crescimento não percebem como um negócio-amigável. Multas por falta de atenção a essas limitações são supostamente altas. Como resumida pela Unidade de Inteligência Económica: A obtenção de autorizações de trabalho para os expatriados é um processo lento e trabalhoso que actualmente requer a aprovação do Ministério da Indústria, numa base caso a caso, e que leva de três a seis meses para ser concluído. Isso tem incentivado algumas empresas e agências de ajuda a obter restrições para empregar trabalhadores com vistos de turista de 30 dias (que pode ser renovados em viagems de 1 dia para África do Sul), mas esta prática é ilegal.36 Um processo complexo e de elevado custo da demição de trabalhadores, ou até mesmo demiti-los por justa causa, o que inclui não só a notificação do sindicato aplicável, se for o caso, mas também do Ministério do Trabalho. (Art. 131). Como uma questão prática, encerrar o vínculo de emprego, mesmo quando o empregado tenha cometido violações flagrantes das regras da empresa, é "muito difícil e muito caro", nas palavras de um empregador. A natureza do emprego assalariado no sector da agricultura é frequentemente sazonal. Embora a Lei do Trabalho não trata de trabalho sazonal em detalhes, contempla a realidade das necessidades do negócio agrícola, listando-a entre as condições para que os empregadores possam emitir contratos definidos (Art. 40 (2) (b)). De acordo com o Ministério do Trabalho, um regulamento directamente relacionado com as questões específicas dos trabalhadores agrícolas está actualmente em desenvolvimento com o apoio da OIT (Organização Internacional de Trabalho). Um novo regulamento provavelmente contêm dispositivos que tratam o trabalho sazonal, bem como edições especiais relativas aos trabalhadores rurais e da segurança social. Actualmente, os empregadores do sector privado estão geralmente satisfeitos com sua capacidade de envolver trabalho sazonal em contratos de curto prazo, sem arcar com encargos estranhos ou caros durante os meses "parados". Esses intervenientes devem contribuir para a discussão de novas regras que criam obrigações mais para trabalhadores sazonais por parte dos empregadores. Até ao final de 2010, a maioria dos conflitos de trabalho passaram por tribunais ou por um organismo de resolução de litígios dentro do Ministério do Trabalho. Recentemente, conforme contemplado pela nova Lei de Trabalho (art. 184), um novo corpo de mediação foi criado para gerir conflitos entre empregador-empregado. Como uma questão prática, essas mudanças não fazem muita diferença para os trabalhadores agrícolas, que supostamente são a vasta minoria entre aqueles que atribuem a sí próprios o processo de mediação formal. A Lei do Trabalho aborda segurança e saúde nas disposições relativas à Higiene e Segurança no Trabalho, Saúde dos Empregados e Acidentes de Trabalho e Doenças Ocupacionais (Arts. 216-236), incluindo através de políticas relativas às remunerações de acidentes de trabalho. Em relação a outros países na região, parece haver mais de uma cultura de segurança do trabalho em Moçambique. Por 35 Não sei qual é a vossa percepção. Uma interpretação literal desta disposição concederia um empregado que trabalhou por 10 anos um total de 300 dias de férias anuais remuneradas. 36. Unidade de Inteligência Económica, “Mozambique Risk: Labour Market Risk” (7 de Outubro de 2010). 48 exemplo, trabalhadores da construção mais comumente usam equipamentos de proteção, e as preocupações de segurança sobre a proteção da pele na indústria de castanha de caju são abordados significativamente. No entanto, a fraqueza de serviços de inspeção do Ministério do Trabalho significa que os trabalhadores da agricultura não têm confiança de que sua saúde e segurança será tratada como prioridade pelos seus empregadores e pelo governo. Um representante do sindicato afirmou durante este diagnóstico que os trabalhadores agrícolas são particularmente vulneráveis a práticas inadequadas de saúde e segurança. Por outro lado, os representantes das empresas notaram durante este diagnóstico que há pouca clareza sobre os requisitos exatos da saúda e da segurança no sector da agricultura formal, com multas que são emitidas em áreas para as quais não existem regulamentações, tais como vestes necessárias para os trabalhadores. Salário mínimo. Cada ano, nos termos do Diploma Ministerial 123/2006 sobre níveis de Salários Mínimos, a Comissão Consultiva do Trabalho de Moçambique, que é composta por representantes do governo, sindicatos e associações patronais, estabelece conjuntos de salários mínimos para vários sectores. A comissão designa salários diferentes para diferentes sectores. Se a comissão não chegar a um acordo sobre os níveis salariais, o Ministério do Trabalho pode, então, definir o salário para o ano. TABELA 3: SALÁRIO MÍNIMO NO SECTOR AGRÍCOLA (METICAL/MÊS) Ano Trabalhadores agrícolas em geral Trabalhadores na fabrica de açucar Salário mínimo, 2010 1681.41 1712.00 Salário mínimo , 2009 1486.00 1612.00 Salário mínimo , 2008 1315.00 1315.00 Sectores adicionais ilustrativos (2010): Trabalhadores do sector financeiro: 3500 M/mês Trabalhadores do sector de gás e electricidade: 2662 M/ mês Fonte: Tabela de salário fornecida pelo representante do sindicato Em geral o trabalhador do sector agrícola recebe o salário mínimo mais baixo entre todas as categorias de emprego. Os salários na indústria de açúcar, um ambiente de trabalho mais mecanizado do que a maioria dos outros subsectores agrícolas, são apenas ligeiramente mais altos. Um empregador formal relativamente grande afirmou durante este diagnóstico que o salário mínimo para trabalhadores agrícolas é, de facto, "muito baixo". Outro afirmou que, embora ele paga mais do que o salário mínimo agrícola, os agricultores também reclamam que é "muito baixo. "Tanto os empregadores afirmaram que furtos e maus hábitos de trabalho surgem a partir de salários que são percebidos como insuficientes para fornecer até um mínimo de suporte para as necessidades de um indivíduo. Convenções internacionais e normas internacionais do trabalho. Desde a independência, Moçambique tem sido signatário de muitas das principais convenções internacionais sobre o trabalho, como promulgada pela Organização Internacional do Trabalho.37 Estas convenções dizem respeito a uma série de questões, incluindo os direitos de negociação colectiva, a abolição do trabalho forçado, idade mínima para o trabalho, e outros. Mais recentemente, Moçambique ratificou a Convenção de Trabalho Forçado, a Convenção sobre a Idade Mínima, e a Convenção das Piores Formas de Trabalho Infantil em 2003.38 37. A lista das convenções ratificadas por Moçambique é estabelecido dentro do site da IOL, em http://www.ilo.org/ilolex/cgi-lex/ratifce.pl?Mozambique 38. A Convenção das Nações Unidas de 1999 define as Piores Formas de Trabalho Infantil como as seguintes: • todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, tais como: AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 49 O trabalho infantil continua sendo um problema generalizado em Moçambique, particularmente nas áreas rurais.39 Uma pesquisa realizada pelo Instituto National de Estatística de Moçambique em 2004-2005 registou 32% das crianças entre 7 e 17 anos como engajados em alguma forma de actividade económica, com as áreas rurais mostrando participação de 40% contra 16% em áreas urbanas. Segundo a UNICEF (e como é evidente através da observação informal no campo): O trabalho que as crianças executam na agricultura é muitas vezes invisível e não reconhecido porque ajudam os pais ou parentes na machamba da família. As crianças muitas vezes são classificadas como "ajudantes" mesmo que elas executem trabalho semelhante e, às vezes , mais árduo do que os adultos. Dada a sua pobreza extrema e a falta de escolas e centros de formação profissional, particularmente nas áreas rurais, muitos pais e encarregados de educação moçambicanos colocam seus filhos para trabalhar desde cedo, a fim de complementar a renda familiar ou de subsistência. Aos sete anos, cerca de 6% das crianças no país já estão engajados na actividade produtiva. No geral, meninos e meninas estão envolvidas em medidas iguais, com exceção do trabalho doméstico, onde as meninas compõem uma proporção maior de crianças afectadas. Crianças trabalhadoras na agricultura enfrentam uma série de riscos e perigos, incluindo longas horas e perigosas condições de trabalho, que em Moçambique são mais proeminentes em algodão e indústria do tabaco. Elas também enfrentam temperaturas extremas, o risco de ferimentos causados por maquinaria pesada, agrotóxicos, animais domésticos e animais selvagens.40. Atrair compradores internacionais dos produtos agrícolas leva a algum maior cumprimento de normas internacionais do trabalho, incluindo normas opostas ao trabalho infantil. Por exemplo, empresas que exportam produtos frescos de Moçambique para os países da UE são obrigados a ter certificação GlobalGAP, que impõe alguns códigos de conduta "socialmente responsável" para proteger os direitos, bem como saúde e segurança dos seus trabalhadores. Além disso, um crescente número de exportadores de produtos agrícolas também procuram buscar a certificação de Fair Trade, segundo a qual os agricultores não estão protegidos apenas em termos dos seus direitos e bem-estar, mas assegura um preço mínimo de garantia para seus produtos. Embora o Fair Trade compatível com bens oferece preços que são 10-15% mais elevados do que aqueles que não foram certificados, para as organizações de agricultores tal certificação é difícil de gerir, devido as altas expectativas de manutenção de registos. Questões de alfabetização e requisitos para a manutenção de recibos apresentam desafios de capacidade para muitos agricultores que buscam a certificação do Fair Trade. o o da venda de uma criança; o o tráfico de crianças, o que significa o recrutamento de crianças para fazer um trabalho longe de casa e do cuidado de suas famílias, em circunstâncias em que são explorados; o a servidão por dívida ou qualquer outra forma de trabalho forçado ou servidão; o o trabalho forçado ou obrigatório, incluindo o recrutamento forçado ou obrigatório de crianças para serem utilizadas em conflitos armados; • A exploração sexual comercial de crianças, incluindo a utilização, de recrutamento ou oferta de crianças para a prostituição ou a produção de pornografia • Uso, recrutamento ou oferta de uma criança por outras pessoas para actividades ilegais, incluindo o tráfico ou produção de drogas. 39 Por volta de 2007, Moçambique promulgou um ato de Direitos da Criança, que também aborda a questão do trabalho infantil. 40. UNICEF: Moçambique: Criando um ambiente Protector contra o trabalho Infantil, disponível em http://www.unicef.org/mozambique/protection_3613.html. 50 3.3 INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO Ministério do Trabalho. Como vários dos países Africanos que foram revisados por um diagnóstico AgCLIR no passado recente41, a autoridade de trabalho primário de Moçambique • Ministério do Trabalho carece de influência significativa sobre o cotidiano • Comissão de Mediação e Arbitragem do da maioria dos trabalhadores. De acordo com os Trabalho vários intervenientes entrevistados para este diagnóstico, há muitas razões para este estado de coisas, inclusive uma falta geral de recursos dentro da agência central; um enorme sector informal que recebe muito menos atenção administrativa do que os postos de trabalho formais de Moçambique, uma escassez de recursos especialmente com respeito à função de inspecção nas áreas rurais; ocasionalmente a aplicação de práticas oportunistas (ou seja, pequena corrupção entre os inspectores; multas impostas em muitos empregadores que se perce que tem capacidade de pagamento); uma suspeita contra os trabalhadores estrangeiros que retarda o processo de aprovação e limites na medida em que os empregadores privados podem envolver os trabalhadores de que necessitam, e uma mentalidade socialista remanescentes das gerações mais velhas. No entanto, o Ministério do Trabalho reconhece a necessidade de crescimento do sector privado no país, inclusive através de trabalho assalariado. Para além da questão dos trabalhadores estrangeiros, a maioria dos empregadores em geral, sentem que o ministério permite-lhes espaço para crescer. Sobre a questão dos trabalhadores estrangeiros, no entanto, o ministério é claramente não receptivo. Seus representantes professam dúvidas de que os estrangeiros possam oferecer agricultura importante relacionada com as habilidades que são encontradas em casa e acreditam firmemente na necessidade de complementar o ponto de vista do empregadores do sector privado com os seus próprios pontos de vista relativo a qualificações dos trabalhadores. Esta visão contrasta com a perspectiva dos empregadores no sector agrícola, que sentem que não têm acesso a gerentes experientes e especialistas de nível médio da agricultura em áreas chave, tais como aves e horticultura.. PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO O Ministério do Trabalho sustenta muitas das funções normais encontradas em uma agência deste tipo, incluindo criação de regras, a inspecção dos locais de trabalho, pesquisa e manutenção de algumas estatísticas. Ao longo dos anos, o ministério tem recebido o apoio de várias agências de doadores. Tal como acontece com a maioria das instituições governamentais entrevistadas durante este diagnóstico, no entanto, tal assistência é consideravelmente desconexa, e o ministério está mais inclinado para apontar outras maneiras em que precisa de apoio, ao invés de resultados directos de programas implementados até à data. A Comissão de Mediação e Arbitragem do Trabalho. A nova Lei do Trabalho exige que as disputas de trabalho sejam encaminhadas para a mediação antes de serem sujeitas a arbitragem ou ouvidas perante um tribunal do trabalho. Em resposta a esta nova regra, o governo criou a Comissão de Mediação e Arbitragem e do Trabalho, que começou a funcionar em meados de 2010. Quase imediatamente, a Comissão deparou-se com uma pesada carga de trabalho. Até o momento, no entanto, não esteve envolvida com um número significativo de casos envolvendo empregadores no sector agrícola. Independentemente disso, a Comissão deve ser encorajada a acompanhar seus casos de forma eficaz, incluindo dados de manutenção relativos ào tipo de casos que trata, o sector do qual deriva o caso, o tempo que demora para resolver o caso, e os passos que se seguiram, se o caso não foi resolvido por mediação. Esta informação ajudará a informar os decisores políticos e os empregadores sobre questões-chave no trabalho, relações de emprego, incluindo no sector da agricultura, no futuro. 41 Estes incluem Gana (2008), Senegal (2009), Uganda (2010), Tanzânia (2010) e Congo(2010). Ver www.bizclir.com. AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 51 3.4 INSTITUIÇÕES DE APOIO Sindicatos. Moçambique tem dois sindicatos trabalhistas importantes, CONSILMO e ATM, INSTITUIÇÕES DE APOIO-CHAVE que representam os vários sub-sectores dentro dos sectores mais importantes do país, incluindo • Serviços de extensão a indústria, serviços e agricultura. Consistente • Organização de camponeses com a relativamente baixa habilidade-base dos trabalhadores em Moçambique e a alta demanda • Pesquisas de agregado familiar na Agricultura para qualquer tipo de meios de subsistência, estes sindicatos e seus membros de união não • Instituições de Educação e treinamento são particularmente fortes. Tradicionalmente, no • Funcionários do Sector Público entanto, eles foram próximas ao governo, e os termos de expansão relativos aos direitos dos trabalhadores na Constituição de Moçambique de 1990 ilustra esse fato. Dito isto, entrevistas durante este diagnóstico indicaram que os sindicatos estão ansiosos para trabalhar mais estreitamente com as empresas para incentivar o emprego mais formal dos trabalhadores. "Nós vemos o sector privado como um parceiro", afirmou um representante do sindicato durante este diagnóstico. Por outro lado, os sindicatos enfrentam actualmente um potencial conflito entre os seus constituintes. Enquanto os preços altos dos alimentos pode beneficiar alguns agricultores nas áreas rurais, são um fardo para os trabalhadores urbanos que não cultivam alimentos. O aumento da produtividade nas machambas de Moçambique iriam ajudar a resolver as prioridades de ambos os lados, representantes sindicais reconhecem. Serviços de extensão. O objectivo dos serviços de extensão agrícola - seja fornecido pelo sector público, sector privado, ou ONGs - é fornecer aos agricultores o conhecimento necessário imparcial e informações de pesquisas para melhorar a sua produtividade, capacidade de processamento, capacidade de gerir pragas, qualidade dos produtos, e outros aspectos-chave da agricultura. Para compartilhar esse conhecimento, agentes de extensão devem possuir formação prática em suas respectivas áreas de especialização, que podem incluir a criação de animais, horticultura comercial, saúde e segurança nas machambas, culturas de campo, segurança e processamento alimentar, manejo de pragas, ou culturas especiais. Os extencionistas também precisam ter acesso a pesquisas relacionadas com certos temas e informações oportunas e sobre as experiências recentes e tendências nas machambas. O serviço de extensão pública de Moçambique (Direcção Nacional de Extensão Agrária) foi criado em 1987 no âmbito do Ministério da Agricultura e actualmente emprega cerca de 800 agentes, até cerca de 15% a partir de 2008. Embora opera em todos, menos em um dos distritos do país e, anualmente, "fornece suporte" para mais de 350.000 agricultores, DNEA é pouco capaz de servir as suas funções primárias.42 De acordo com muitos profissionais agrícolas, os agentes são por si mal treinados, tendo sido tipicamente educados em escolas técnicas agrícolas que oferecem pouca experiência prática, e geralmente lecionam não mais do que o equivalente a 8ª classe.43 Os agentes também não possuem tais recursos críticos como transporte, acesso para os laboratórios em funcionamento, e ferramentas e insumos que os ajudariam a apoiar os agricultores que servem. Além disso, extensionistas têm poucas oportunidades de compartilhar informações úteis e experiências entre si.44 42. Consultar IFPRI, Agricultural Extension and Advisory Services Worldwide (Moçambique), disponível em http://www.worldwide-extension.org/africa/mozambique. 43. USAID/DAI, Mozambique/Human Capacity Building Assessment – Sector de Agricultura, supra nota __, at 6. 44. Id. 52 Durante este diagnóstico, muitos doadores falaram das suas intervenções e actividades em vários sectores agrícolas, incluindo sementes, aves, horticultura, e outros. Poucos, no entanto, poderiam fornecer exemplos concretos de como seu trabalho directamente com ou em nome de agricultores se cruzou com o trabalho de DNEA. Alguns sugeriram que os extensionistas públicos se sentem desanimados e apático sobre sua relativa falta de recursos, em comparação com aqueles disponíveis através de programas financiados por doadores. Outros disseram que os extensionistas são mal geridos e não se esforçam para aproveitar as oportunidades que possam ter para fortalecer suas próprias ofertas. Na pior das hipóteses, os doadores e outras entidades evitam trabalhar através de extencionistas pois causam "mais problemas do que eles valem", em vez de integrá-los nas suas iniciativas. A DNEA é deixado de fora de muitas das iniciativas de reforma porque os extensionistas parecem ter pouco, ou nada, para contribuir, no entanto, a necessidade de perícia entre os extensionistas é a razão pela qual eles devem ser incluídos com mais frequência. A análise dos serviços de extensão de Moçambique indica resultados variáveis dependendo da cultura que estão sendo atendidas e da região do país. Inquéritos aos agregados familiares rurais realizados em em 2002 e 2005 indicam que os serviços de extensão para o algodão e o tabaco (dois cultivos com acesso relativamente forte para insumos como fertilizantes, bem como o acesso aos serviços de extensão privada) geralmente resultam em rendimento de culturas melhoradas. No entanto, os serviços de extensão para outras culturas não mostram nenhum impacto no rendimento agrícola no norte, enquanto houve algum impacto ao longo do tempo no sul.45 Seria extremamente útil analisar os mesmos dados monitorados pela pesquisa de 2007. Além disso, a necessidade de um novo inquérito em 2011 é evidente no que diz respeito a esta questão, entre muitos outros. Os serviços de extensão do sector privado - assistência directa de empresas, geralmente aquelas que fornecem sementes, fertilizantes e controle de pragas - estão presentes m Moçambique, em um grau limitado, principalmente nas culturas de tabaco, soja e gergelim. Um profundo e conhecimento da presença de extensão privada deve ser parte de uma análise global e planejamento, bem como uma estratégia para integrar mais eficazmente os programas de extensão do sector público e privado. De facto, com um serviço de extensão pequeno- público e ONGs cada vez mais robustos e serviços privados, Moçambique tem uma boa oportunidade para procurar uma mistura de abordagens saudáveis. Organizações de agricultores. Com variados graus de sucesso, os doadores (incluindo a USAID, mais recentemente através do projecto AgriFUTURO) têm dedicado um grande esforço para o desenvolvimento de organizações de agricultores ao longo dos anos. Segundo uma estimativa, cerca de 7,3% dos agricultores em Moçambique pertenciam a uma organização de agricultores em 2005, acima dos 4% em 2002.46 Este número tem provavelmente aumentado nos últimos anos - na verdade, há enorme necessidade de acompanhamento contínuo e análise destes dados. As organizações de agricultores mais bem sucedidas são orientadas em torno de culturas múltiplas, incluindo culturas de rendimento e culturas alimentares como algodão, girassol, gergelim, soja, amendoim, ou aves. Seus sucessos, quase invariavelmente, dependem do apoio dos doadores, no entanto, há poucos exemplos de organizações que surgiram e prosperaram sem o envolvimento de doadores significativos. Um subsector com um histórico relativamente forte para as organizações dos agricultores é a indústria avícola, que tem crescido significativamente nos últimos anos. Uma abordagem fundamental, de acordo com os profissionais familiarizados com essas organizações, é o foco na 45. David Mather, Cynthia Donovan, e Duncan Boughton, Newsflash: Measuring the Impact of Public and Private Assets on Household Crop Income in Rural Mozambique (2002-05) (05 de Novembro de 2009), no 3; consultar também Maren Elise Bachke, Serão as organizações de agricultores uma boa ferramenta para melhoraro bem estar dos agricultores de pequena escala? (22-23 de April de 2009; Il Conferencia do IESE). 46 Maren Elise Bachke, Serão as organizações de agricultores uma boa ferramenta para melhorar o bem estar dos agricultores de pequena escala?, supra nota 30, no 9 AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 53 competitividade da associação da indústria, ao invés de apoiar a inclinação de agricultores "para vê-lo como um mecanismo para o proteccionismo. A recente promulgação da Lei de Cooperativas também levou a apoio dos doadores para a transformação de algumas das maiores organizações de agricultores em cooperativas formais.47 Este é um processo lento, porém, com poucas organizações prontas para assumir as exigências formais da lei. A visão que prevalece nas áreas rurais é que a lei deriva de uma iniciativa de "supply-driven" - ou seja, as boas intenções dos doadores. Existe grande quantidade de trabalho a ser feito sobre a questão limiar de promover a compreensão e o consenso dos potenciais benefícios de cooperativas. Continuar a desmantelar as associações negativas com a abordagem anterior das cooperativas lideradas pelo Estado é essencial para organizações de agricultores em crescimento levarem a sério esta nova oportunidade nesta empresa com fins lucrativos. Com relação ao surgimento de organizações de agricultores coesas, bem organizadas, a experiência em Moçambique tem sido claramente mista, com esperanças e expectativas consideravelmente superiores aos resultados. Por exemplo, o projecto Purchase for Progress (P4P) do Programa Mundial de Alimentação (WFP) procura comprar grãos de boa qualidade a partir de organizações de agricultores de Moçambique, mas descobriu que o fornecimento e a consistência do produto é muito menos do que precisa. Como resultado, o WFP continua a importar mais de 90% dos alimentos que fornece. Alguns doadores descobriram que ajudando a identificar os compradores (criando demanda) é um componente chave da construção de organizações de sucesso. Fornecer contrato de prestação de garantias é uma maneira de ajudar os agricultores a obter crédito para compra de insumos. No norte, IKURU é um exemplo de sucesso de uma organização que fornece adubo e sementes para os seus membros; exportações de bens em nome dos seus membros; fornece o WFP produtos de alta qualidade e oferece orientação nos processos de certificação orgânica e de Fair Trade. Há espaço para uma melhor compreensão das melhores práticas entre as organizações de agricultores de Moçambique e uma partilha mais eficaz dessa informação. Reclamações sobre a eficácia dos grupos tendem a se relacionar com questões de capacidade geral - incluindo questões de gestão geral, vontade e capacidade para aproveitar as oportunidades para a economia de escala, e má utilização de insumos, mesmo quando estiverem disponíveis. Há ainda ou parece ser poucos ou nenhuns vínculos significativos entre as organizações de agricultores e instituições de ensino e formação, como escolas agrícolas e faculdades de agricultura. Pesquisas Agrícolas domiciliares. Desde 2002, o Ministério da Agricultura, com o apoio da USAID e Universidade Michigan State University, tem realizado uma série de pesquisas domiciliares rurais em Moçambique (conhecido como TIA). Até o momento, três inquéritos completos foram realizadas (2002, 2005, 2007) e com, possivelmente, um quarto programada agendado para 2011. Esta pesquisa é uma fonte de informações críticas sobre o perfil e as necessidades da força de trabalho agrícola do país, e também fornece dados sobre o emprego significativo, incluindo informações sobre os rendimentos obtidos do trabalho sazonal. A necessidade de uma melhor compreensão do impacto dos serviços de extensão do país e organizações de agricultores, entre outros pontos de informação-chave, garante um forte impulso para a continuação desta pesquisa. Instituições de ensino e treinamento. O facto de que a educação para os Africanos nativos em Moçambique ter sido amplamente formalizado apenas nos anos depois da independência, explica muito 47. Para uma discussão sobre o processo de desenvolvimento da nova Lei de Cooperativas, consultar USAID/OCDC, Criando: Avaliação, Análise e Extensão para a Reforma Legal Cooperativa (2009) em 47-50. Como muitos países na África Subsaariana, a percepção pública de cooperativas em Moçambique foi prejudicada durante o período socialista, quando cooperativas eram organizadas "principalmente a oferta de alimentos para as cidades, sem ter em conta os aspectos comerciais ou de marketing das empresas ou por controle democrático dos membros. "Id. em 47. 54 sobre as altas taxas do analfabetismo no país do e a fraca capacidade em geral. De facto, o progresso nos últimos anos é um bom augúrio para o futuro. Desenvolver as habilidades de uma nação que era essencialmente privada de oportunidades educacionais para as gerações, no entanto, leva tempo. Educação primária e secondária. Após a independência em 1975 o TABELA 4: sistema de educação em Moçambique era quase inexistente e VANTAGENS DA ALFABETIZAÇÃO EM analfabetismo era comum, principalmente entre as populações rurais. O MOÇAMBIQUE novo governo aspirava proporcionar uma educação universal, mas a prolongada guerra civil diminui gravemente as oportunidades até mesmo (compilada a partir de várias para a escolaridade básica. Desde 1997, o número de crianças nas escolas fontes) primárias cresceu de 1,7 milhões para cerca de 3,8 milhões, o número de Ano População escolas primárias e secundárias aumentaram de 10.000 para 12.000 entre Adulta, 2004 e 2008. O crescimento da frequência à escola significa que a maioria Percentagem das escolas públicas operam através de um sistema de dois ou até três de turnos. Segundo a UNICEF, a taxa escolar para a educação básica, um alfabetizados obstáculo para a maioria das crianças de famílias pobres e vulneráveis, foi 1992 34 abolida em 2005. Muitas outras fontes reportaram, no entanto, que as taxas escolares continuam a ser impostas a muitas famílias, tais como 2007 44.4 custos de uniformes, livros, manutenção da escola, ou outros encargos 2009 54.0 que podem impedir alunos das zonas rurais de se inscreverem para frequentar a escola. Nas zonas rurais, os stakeholders devem continuar a monitorar a presença de crianças envolvidas em trabalho doméstico ou agrícola, especialmente quando deveriam estar frequentando a escola. Em 2000, o Ministério da Educação lançou um processo de descentralização do desenvolvimento curricular e monitoramento. Este sistema permite que 20% do currículo nacional para a educação básica seja o "curriculum local" - isto é, essa parte do currículo está a ser desenvolvido localmente. Embora o impacto deste exercício vai para além do âmbito deste inquérito, seria útil compreender em que extensão o currículo local integra questões-chave no sector agrícola. Escolas profissionais e agrícolas. Mozambique opera um sistema de escolas profissionais e técnicas profissional que servem cerca de 30.000 alunos por ano, aproximadamente 30% dos quais são mulheres. Algumas dessas escolas estão dedicadas à agricultura ou à gestão de alimentos. Não obstante o dedicado esforço de assistência, principalmente pelo Banco Mundial e do governo Alemão, a necessidade de abordagens actualizadas para formação profissional agrícola e melhores instalações permanece grande. A maioria dos programas de formação profissional estão presos em capacitações de currículos que poderiam ter sido úteis para a mão-de-obra na década de 1970 ou 80, mas poucos têm o conhecimento e o equipamento correcto para treinar os alunos nas competências necessárias para a agricultura moderna. Existe uma grande necessidade de técnicos especialistas em Moçambique: isto é, na área de técnicos de nível médio e gestores, oferecendo perícia em áreas como a gestão de aves, desenvolvimento de sementes, manejo do solo, e supervisão de culturas, para as quais as empresas muitas vezes buscam mão de obra estrangeira, devido à baixa disponibilidade de oferta local. Neste momento, o público não confia nas escolas agrícolas profissionais para atingir essa necessidade. O ensino universitário. Há mais do que 25 de instituições públicas e privadas de ensino superior em Moçambique. O crescimento de instituições privadas nos últimos anos tem sido saudado com a ambivalência entre os tradicionalistas do país: durante este diagnóstico, vários observadores expressaram preocupação legítima sobre o controle da qualidade de instituições privadas " e capacidade de resposta às necessidades dos alunos. Alguns também exibiram, no entanto, cautela equivocada sobre a capacidade inerente de instituições privadas se engajarem no ensino superior. Em última análise, a demanda em Moçambique para o ensino superior e outras oportunidades de formação pós-secundária excede a oferta pública, e é conveniente que o sector privado está se esforçando para preencher a AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 55 lacuna. "Mesmo as prostitutas estão tendo aulas", relatou um estudante de direito. Assistência futuro dos doadores ao ensino superior deveria oferecer igualdade de oportunidades para a participação de ambas as instituições públicas e privadas. As disciplinas de agricultura e economia agrária têm sido ofertas principais dentro da estrutura da universidade nacional de Moçambique, mas há uma escassez à nível de especialização em doutoramento. Há uma necessidade "clara de mais ensino superior formal a nível de mestrado e doutoramento "em economia agrícola, segundo um observador bem informado. Como para disciplinas como manejo do solo, medicina veterinária e serviços, e outros, mesmo a universidade nacional relativamente forte é incapaz de atender às necessidades de seus alunos. Recentemente, um novo campus para a agricultura foi abruptamente aberta, mas ocorreu com o planeamento insuficiente e pouco apoio da faculdade e poucos recursos para os alunos. Laboratórios, campos e estufas são escassos na maioria dos campus. Há poucas ligações com o sector privado, apesar da demanda de mão-de-obra qualificada proveniente de empregadores agrícolas chave. Além disso, os alunos que obtiverem vagas nas universidades através de programas de acção afirmativa bem-intencionados tendem a ser negligenciadas, uma vez que começam seus programas de estudo. Mais esforço deve ser dedicado a promover estudantes com alto potencial das zonas rurais e assegurando que as suas taxas de graduação correspondem com a dos alunos de áreas urbanas. No norte, os empregadores locais supostamente têm dificuldade de contratação delicenciados locais, que muitas vezes vão para Maputo a procura de melhores oportunidades de emprego. USAID, a Fundação Ford, e outros contribuíram com êxito para apoiar os estudos de nível superior de melhores estudantes nos Estados Unidos. Funcionários do sector público. Embora este diagnóstico tenha achado a comunidade empresarial relativamente satisfeita com as atitudes do governo para o sector privado, opiniões dominantes eram de que os funcionários públicos não partilham da opinião de que a actividade do sector privado deve ser apoiada e facilitada. Uma desconfiança enorme para o governo deriva da interacção quotidiana dos cidadãos moçambicanos com os funcionários do sector público que estão enredados em sistemas que desencorajam a confiança nos sistemas de governo, devido à sua corrupção sem rodeios. O sector público "precisa desesperadamente de reforma", segundo muitos entrevistados. Entre outras razões, os compromissos e as condições de fazer o trabalho no sector público desestimula muito os trabalhadores qualificados de permanecer no sistema. "Tudo é político" e "habilidades técnicas são assustadoras para os políticos", segundo um entrevistado. Outro observador local afirmou: "Os funcionários públicos querem passos burocráticos" na administração das suas funções, pois tais atitudes lhes permitam buscar favores como um meio de se mover ao longo do processo. Ao mesmo tempo, o emprego público tende a ser um destino popular para trabalhadores qualificados. Além do descontentamento geral com os serviços de extensão, parece haver uma especial falta de confiança entre os agricultores e outros intervenientes no Ministério da Agricultura. Exemplos citados durante este diagnóstico incluiu a percepção de que suas estimativas de produção não são fundamentadas na colecta de dados significativos, mas são "muito vulnerável à influência política." 3.5 DINÂMICA SOCIAL A dinâmica social chave de Moçambique que dize respeito a contratação de trabalhadores são discutidos acima, incluindo a falta de capacidade na mão-de-obra e na organização dos agricultores, o que limita a eficácia de alguns esforços, e a ambivalência em relação a trabalhadores estrangeiros, o que interfere com a transferência de conhecimentos e competências no sector da agricultura. Dinâmicas adicionais referentes à força de trabalho agrícola são estabelecidos abaixo. O impacto do trabalho assalariado nas comunidades agrícolas. Embora o ritmo da mudança é dolorosamente lento, como a pobreza em Moçambique continua a ser dolorosa e profunda, os recentes números do crescimento económico mostram evidências de melhorias críticas no sector da agricultura, inclusive entre os grandes produtores, processadores e exportadores . Por exemplo, nos últimos anos, 56 Moçambique tem vindo a reforçar a sua produção de bananas, e agora exporta fruta em números crescentes para a África do Sul.48 As maiores empresas de banana do país agora empregam milhares de trabalhadores, muitos dos quais estão mantendo os trabalhos pela primeira vez. Claro, muitos destes empregados também são pequenos agricultores, e os conflitos surgem quando o trabalhador precisa estar em dois lugares ao mesmo tempo. A indústria de aves também está crescendo rapidamente,49 oferecendo cada vez mais oportunidades de emprego formal para os trabalhadores em vários níveis de habilidade. Esses empregadores também têm o desafio de tirar o máximo proveito de uma força de trabalho de baixa capacidade. A indústria do tabaco e, em menor escala, a indústria do algodão são fontes mais tradicionais de "trabalho permanente". Esses funcionários, muitas vezes trabalham de maneira informal, porém, com pagamento em dinheiro, ou alimentos que geralmente não é declarado50. Há também uma presença significativa de trabalhadores de Malawi na indústria de tabaco de Moçambique. Na indústria de castanha de caju, em pequena escala, as fábricas de trabalho intensivo têm crescido as exportações de caju processado do país de quase zero em 2000 para 60.000 toneladas em 2007. Desde 2002, os empregos nas fábricas têm causado injecções de dinheiro nas comunidades rurais, bem como todos os altos e baixos do trabalho manual. Com este crescimento vêm desafios. Empregadores devem gerir centenas de pessoas pouco qualificadas confinado em um espaço único por oito horas por dia com a finalidade de realizar o trabalho, chato e repetitivo. Funcionários, que, embora geralmente gratos por ter um emprego, tem sentimentos totalmente compreensível sobre o que, para alguns, é trabalho pesado. Uma excelente análise desses desafios é encontrado no estudo de 2009 por TechnoServe, "Transformação Rural e Organização do Trabalho no Triângulo de Caju de Moçambique ”51, que estuda o impacto sobre as comunidades da dinâmica do trabalho assalariado. Como oportunidades formais de trabalho assalariado tende a crescer, há benefícios inegáveis para os filhos desses trabalhadores, particularmente onde os trabalhadores são mulheres. As mulheres estão agora empenhadas em dedicar mais dos seus rendimentos do que os homens para o bem-estar de seus filhos, proporcionando uma melhor nutrição e melhor acesso à educação.52 48. Times Live (South Africa), “Farming in Africa ‘no nirvana’” (3 de Abril 2011) (experiências de um agricultor Sul Africano, que começou a exportar bananas de Moçambique); FreshFruitPortal.com, “Mozambique banana exporter edges closer to U.S. and Europe” (25 Fevereiro de 2011). 49. Technoserve Blog, “Growing Poultry Industry Transforms Lives in Mozambique,” (18 de Fevereiro 2011) (afirmando que a indústria de aves cresceu de US $ 160 milhões em Moçambique, em 2009, comparado a US $ 25 milhões em 2005. A indústria ajudou a criar mais de 90.000 postos de trabalho, incluindo dezenas de milhares de pequenos agricultores que produzem soja e milho para alimentação de aves). Benefica, et al., The Economics of Smallholder Households in Tobacco and Cotton Growing Areas of the Zambezi Valley of Mozambique (Relatório de Pesquisa do Ministério de Agricultura No. 59E, Agosto de 2005) 51. Disponível em at http://www.technoserve.org/assets/documents/factoriesinthefield.pdf. 52. Consultar Nicholas Kristof and Sheryl WuDunn, “The Women’s Crusade,” N.Y. Times Magazine (23 de Agosto de 2009) (“Em geral, a ajuda parece funcionar melhor quando é direccionada a saúde, educação e microcrédito ... E em cada caso, crucialmente, a ajuda tem sido muitas vezes mais eficaz quando destinadas a mulheres e meninas; quando especialistas em política fazem a matemática, que muitas vezes achamos que esses investimentos têm um retorno económico líquido. Apenas uma pequena proporção de ajuda direccionada especificamente às mulheres ou meninas, mas cada vez mais doadores estão reconhecendo que é aí que começam frequentemente a maioria de estrondo para o fanfarrão”). 50 AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 57 Mulheres trabalhadoras no sector agrícola. Moçambique tem prendido por muito tempo as atitudes mais progressistas para os direitos legais e os papéis económico e político das mulheres do que alguns de seus vizinhos, como evidenciado pela linguagem de sua constituição, bem como o seu surpriendente ranking mais recente no relatório do Global Gender Gap Report do Fórum Económico Mundial.53 A aplicação prática destes princípios e políticas de mente aberta tem sido bloqueados, no entanto, pela falta de acesso das mulheres à educação, pelo menos até recentemente. Pelo menos 60% das mulheres com mais de 30 anos em Moçambique, e provavelmente com maior frequência nas áreas zonas, permanecem funcionalmente analfabetas; a boa notícia, porém, é que a alfabetização de mulheres mais jovens tem melhorado dramaticamente em apenas 10 anos - a partir de 2009, foi acima de 63%. Por outro lado, a gravidez em idade precoce continua a ser uma prática socialmente aceita em muitas comunidades, o efeito prático é que as raparigas grávidas e meninas com filhos não continuam os estudos. As mulheres rurais em Moçambique enfrentam dificuldades particulares que incluem não apenas a discriminação na educação e oportunidades de emprego, mas também o acesso excepcionalmente pobre aos serviços de saúde, resultando em altas taxas de mortalidade durante o parto. As mulheres são, no entanto, economicamente activas em muitas regiões do país: as mulheres como os comerciantes, por exemplo, são importantes no sul.54 No norte, no entanto, os homens dominam o comércio de produtos agrícolas. "Quanto mais comercializado a colheita", segundo um observador, "o número de mulheres envolvidas é menor." Isso se reflecte também em postos de trabalho assalariado. Na indústria do tabaco, por exemplo, a grande maioria dos empregados formais são homens.55 O comércio varejista de todas as regiões - venda nos mercados locais - tende a ser dominado por mulheres. Igualdade de oportunidades? Legado de Moçambique do passado. A constituição de Moçambique proíbe a discriminação por raça. Esta regra estende-se à recolha de dados do censo, que não estão desagregados por raça. Enquanto a maioria dos moçambicanos são de ascendência Africana, o país é também o lar de muitas pessoas de linhagem indígenas, europeus, árabe. Durante este diagnóstico, a questão da raça não surgiu durante a maior parte de entrevistas com os intervenientes. No entanto, era notável que a maioria das pessoas que gerem actualmente grandes agroindústrias vêm da índia, Europa e a minorias são árabes. Grande parte desta discrepância racial pode ser explicada por dois fenômenos: 1) uma taxa relativamente baixa de competências de gestão entre os moçambicanos Africanos decorrentes de um sistema de educação pobre, e 2) pontos de vista em geral de toda a sociedade sobre a falta de rentabilidade da agricultura. Dado que grande parte da formação universitária na últimas duas décadas tem se concentrado em preparar os alunos para se tornarem funcionários do governo, as competências de gestão do sector privado não tem sido enfatizadas. Portanto, as empresas parecem ter uma preferência por pessoas que podem ter sido educadas no estrangeiro, e muitas vezes, tem sido o caso para os moçambicanos brancos. Culturalmente, é também crença entre os moçambicanos mais pobres que o caminho para sair da pobreza é estudar medicina ou engenharia. Essa mentalidade resultou em uma geração que carece de 53. Fórum Económico Mundial, Global Gender Gap Report (2010). Embora Moçambique ocupa 22 lugar no mundo (de 134 paises) para uma relativa igualdade entre os sexos, a sua classificação elevada de participação econômica (5 do mundo) e participação política (11) não deve obscurecer a pobreza do país, mostrado na área de saúde e sobrevivência (110 do mundo) e educação (122). 54. Consultar, e.g., Fion de Vletter e Emilia Polana, Female Itinerant Maize Traders in Mozambique: A Study of a HigherEnd Informal Sector Activity and its Potential for Poverty Reduction (ILO/SAMAT Discussion paper No. 17) (2001). 55 The Economics of Smallholder Households in Tobacco and Cotton Growing Areas of the Zambezi Valley of Mozambique, supra note 49, at 20-23. 58 técnicas de negócios e agrícolas que são necessárias para gerir com sucesso um agronegócio de grande porte. 3.6 RECOMENDAÇÕES GARANTIR O CONTRIBUTO DO SECTOR PRIVADO PARA O DESENVOLVIMENTO E PROMULGAÇÃO DO REGULAMENTO DA AGRICULTURA De acordo com o Ministério do Trabalho, a elaboração de um regulamento especial relativo especificamente ao trabalho relacionado com as preocupações do sector agrícola está em andamento, em consulta com a OIT. Este regulamento deve ser tratado como uma questão política prioritária e o seu progresso seguido pelos stakeholders sobre a flexibilidade, o acesso ao trabalho qualificado, e outras principais preocupações dos empregadores no sector. Regulamentos modelo de países que têm crescido com sucesso seus sectores de agricultura nos últimos anos, incluindo o Brasil e a Costa Rica, deve ser integrado no desenvolvimento do presente regulamento. REVISITAR OS ASPECTOS DA LEI DO TRABALHO QUE FAZEM AUMENTAR DESNECESSARIAMENTE OS CUSTOS E ENCARGOS DO EMPREGO FORMAL, ESTIMULANDO OS EMPREGADORES A BUSCAREM NOVOS EMPREGADOS Como se observa, alguns aspectos da Lei do Trabalho não são propícios para a forte gestão de funcionários e as práticas das empresas produtivas. Através da CTA e seus membros, o sector privado deve recolher e divulgar questões específicas ligadas com os requisitos de emprego - referentes, por exemplo, a subsídios e procedimentos de queima e redundância - e se reunir com o Ministério do Trabalho e outros políticos, em um esforço para tornar a lei mais ágil. Os procedimentos draconianos para demitir funcionários é uma área que deve ser defendida para a modificação e mudança, de tal forma que o sistema de contratação e demissão no sector privado seja totalmente "à vontade". DESENVOLVER UMA " INICIATIVA DE CAPACITAÇÃO DE TRABALHO DE ALTO CRESCIMENTO " ATRAVÉS DE UM PROGRAMA GRANT QUE RESPONDE AS IDÉIAS LOCAIS PARA LIGAÇÕES ENTRE FORMAÇÃO E EMPREGO. Entre as principais conclusões da investigação deste diagnóstico na Contratação de Trabalhadores está a falta de conexões críticas entre instituições envolvidas com o desenvolvimento da capacidade da força de trabalho de Moçambique - de organizações de agricultores para os empregadores privados para os serviços de extensão de universidades e escolas técnicas. O Departamento do Trabalho dos EUA desenvolveu um modelo para uma iniciativa de formação de alto crescimento que pode fornecer algumas lições úteis para Moçambique.56 O princípio subjacente é conectar as necessidades dos potenciais empregadores com as habilidades dos trabalhadores, e, onde essas habilidades forem insuficientes, para alavancar recursos diferentes para construí-los em conformidade. A iniciativa de capacitação de alto crescimento em Moçambique poderia definir quatro a seis áreas dentro da força de trabalho agrícola que tem um ou mais dos seguintes aspectos: crescimento do emprego antecipado (por exemplo, a indústria avícola; serviços de exportação, organização de agricultores ou administração de cooperativas); 56. Consultar Johns Hopkins Institute for Policy Studies, Evaluation of the High-Growth Job Training Initiative, disponível em http://ips.jhu.edu/pub/Evaluation-of-the-High-Growth-Job-Training-Initiative. AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 59 impacto sobre o sector do agronegócio em geral (tais como testes de solo, citado por muitos entrevistados como um défice crítico); impacto sobre o crescimento de outros sub-sectores (tais como transporte, embalagem, ou frigoríficos); recente transformação em habilidades exigidas (incluindo novas tecnologias e inovações), ou impacto no desenvolvimento de novas colheitas de alto valor. Tal iniciativa pode ser instituída através de um programa de concessão, através do qual as instituições são convidados a trabalhar juntas para desenvolver oportunidades para desenvolver propostas de empregos de alto crescimento. Por exemplo, os subsídios poderiam exigir que um mínimo de dois ou três instituições participe em programas que desenvolvam as ligações entre as competências e as exigências do empregador. Abordagens para estas parcerias poderão incluir programas de estágio, as relações de ensino adjunto entre empresas e universidades, laboratórios ou equipamentos em salas de aula patrocinados pelo sector, e outros experimentos em alavancar recursos para desenvolver a capacidade necessária. SEGUIR E ANALISAR CONTINUAMENTE A EXPERIÊNCIA DE MOÇAMBIQUE EM ORGANIZAÇÕES DE AGRICULTORES EM DESENVOLVIMENTO O modelo para incentivar os agricultores a trabalhar juntos para alcançar a eficiência na produção e comercialização e para melhorar a qualidade do produto é aquele em que há um consenso sobre os benefícios. Em particular, os agricultores de pequena escala, que resistem a oportunidade de coordenar esforços, diminuem o seu próprio potencial e subsistência. Dito isto, apesar de anos de intervenções e esforço, a experiência de doadores no desenvolvimento de organizações de agricultores tem sido mistas. Embora haja uma riqueza de lições aprendidas neste tópico, essas lições não podem ser compartilhadas de forma tão eficaz quanto poderiam. Os doadores devem trabalhar em conjunto para analisar todos os doadores e apoio do governo dirigido ao longo dos últimos cinco anos, para as organizações de agricultores, com um olhar para as lições aprendidas e perigos a serem evitados. Os doadores devem também identificar as intervenções que foram iniciadas e depois abandonadas (como sites ou iniciativas de assistência técnica) e determinar se devem ser revistos ou re-lançados. Neste processo, há uma oportunidade de criar vínculos entre as associações de agricultores melhor organizadas e escolas profissionais e universidades de Moçambique orientadas para a agricultura, desenvolvimento de parcerias e marketing e serviços de desenvolvimento empresarial. REVISITAR A POTENCIALIDADE PARA REFORÇAR OPORTUNIDADES NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO SECTOR DA AGRICULTURA Parece haver ambivalência em Moçambique entre os formuladores de políticas e os doadores sobre o valor da educação profissional e técnica em geral. Evidências anedóticas de empregadores privados indica, no entanto, que o mesmo tipo de habilidades com nível médio que podem ser desenvolvidos através de programas de formação profissional agrícola pode ser extremamente útil. Certamente, as instituições agrícolas existentes não devem ser conscientemente deixadas de fora das iniciativas do doador voltadas para o fortalecimento da capacidade do trabalhador. O potencial para o fortalecimento de ofertas profissionais deve ser considerado através da análise e abordagem seguintes: Identificação de demandas mais importantes do sector privado para as competências; Avaliação e actualização de competências dos instrutores; Incentivar e supervisionar estágios e práticas, no local de treinamento para estudantes profissionais como um aspecto central de qualquer programa de formação profissional; Incentivando uma maior diversidade de gênero entre os programas de formação profissional para que os 60 alunos tenham oportunidades de encontrar cursos que melhor correspondam às suas competências e interesses (isto é, abster de dirigir as raparigas principalmente para os programas relacionadas com beleza e administração); Actualizando o tipo de habilidades que estão sendo ensinados a coincidir com as abordagens mais eficientes e sofisticadas para a produtividade agrícola do que têm sido utilizados no passado; Juntar escolas técnica e profissional com menos recursos com os recursos mais expansivos disponíveis através programas agrícolas de universidades e doadores; Assegurar que os equipamentos adequados estejam disponíveis nas escolas profissionais. Esta é uma questão difícil e cara, mas que pode voltar a enfatizar o patrocínio do sector privado e participação nos próprios programas de formação; e Incluindo o empreendedorismo (incluindo o acesso ao investimento e de crédito) como um aspecto central de qualquer formação profissional para que os alunos sejam treinados não apenas para esperar emprego após a formatura, mas sim se sintam bem informados sobre o que é preciso para começar seus próprios negócios. ATRAVÉS DE CURSOS CURTOS OU PROGRAMAS DE VERÃO, REFORÇAR O APOIO AOS ESTUDANTES RURAIS QUE FREQUENTAM A UNIVERSIDADE DE AGRICULTURA - TÓPICOS RELACIONADOS As Universidades públicas de Moçambique procuram servir os estudantes que vêm não só das escolas de distritos mais prósperos - geralmente em zonas urbanas, especialmente Maputo -, mas também alunos de áreas rurais, que muitas vezes chegam a universidade com menos recursos e uma formação educacional mais fraca do que seus pares. Esses alunos podem apresentar inicialmente pontuações mais baixas no teste do que seus colegas, mas de outra forma representam um importante recurso para conhecimento adicional em suas respectivas regiões. De acordo com os entrevistados acadêmicos para este diagnóstico, no entanto, os estudantes rurais nas faculdades de agronomia e outras disciplinas agrícolas tipicamente faltam as aulas ou abandonam a escola em número mais elevados do que seus companheiros urbanos. Esta afirmação merece escrutínio – em relação as taxas de abandono deve ser definitivamente controlado - seguido por remédios específicos. Aulas pré-inscrição de verão, com orientação e tutoria deveria ser oferecido a esses alunos com o objectivo de mantê-los na escola e garantir a sua graduação. PESQUISAS RELACIONADAS COM FUGA DE CÉREBROS NA AGRICULTURA E DESENVOLVER MEDIDAS PARA LIDAR COM O PROBLEMA Estatísticas sobre "fuga de cérebros" em Moçambique - a emigração de trabalhadores qualificados do país para outros países - são insuficientes e pouco confiáveis. É claro, contudo, que Moçambique não pode dar-se ao luxo de perder seus profissionais mais qualificados, particularmente no sector agrícola. Sob a orientação a seguir, a pesquisa e a resposta da questão da fuga de cérebros é garantida: É mais realista atrair de volta jovens cientistas Africanos, em vez de esperar que os acadêmicos e pesquisadores seniores deixem a diáspora e retornem definitivamente para a África. É ainda mais desejável concentrar- se em impedir a próxima geração de cientistas de migrar em busca de uma carreira mais profissionalmente e pessoalmente gratificante. Mas ambos os líderes políticos e científicos são necessários para apoiar o desenvolvimento de um pacote atraente de incentivos monetários e não monetários para incentivar os jovens cientistas a permanecer em casa. Financiar bolsas de pesquisa e progressão rápida na carreira são os principais AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 61 componentes de uma estratégia para evitar fuga de cérebros futuro.57 Empregadores entrevistados para este diagnóstico indicaram que eles estão ansiosos para inscrever trabalhadores altamente qualificados, dentro do sector da agricultura em crescimento. Além disso, os empregadores estão bem cientes do quão difícil é contratar estrangeiros - assim, os Moçambicanos formados no exterior podem retornar a um mercado de trabalho bastante robusto. Dito isso, os salários em Moçambique são relativamente baixos. PROMOVER A PERÍCIA AGRÍCOLA EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL Em Moçambique, um tema recorrente no que diz respeito a muitas profissões - direito, comércio bancário, gestão, contabilidade, etc - é que os profissionais carecem de experiência na área da agricultura, especificamente. Riscos percebidos são frequentemente citados como razão para não avançar com empréstimos, investimentos ou planos de crescimento das empresas. No entanto, um economista entrevistado para um diagnóstico anterior da AgCLIR disse: "Os riscos da agricultura podem ser exagerados" e, particularmente entre pessoas que entendem do sector, “eles podem ser gerenciados e minimizados.” Banqueiros raramente são especialmente treinados em produtos ou risco -minimizar as ferramentas relativas à agricultura. Embora alguns cursos relacionados são oferecidos, a faculdade de direito de Moçambique actualmente não reflecte extensão à qual sua economia depende da agricultura. Um programa dedicado ao fortalecimento da consciência da agricultura entre os profissionais do país deve abordar estas questões, juntamente com circunstâncias semelhantes que estão presentes nos negócios e na educação bancária. Elementos de tal programa poderia incluir o seguinte: Inscrições cruzadas entre as faculdades; Ensinamento em equipe da leis relacionadas com a agrícola e cursos de negócios; Criação de um jornal “lei da agricultura e negócios”, desenvolvido como uma iniciativa multi-faculdades; Conferências acadêmicas abordando temas chave na lei e na agricultura. REVISÃO E REFORMA DE POLÍTICA E QUADRO LEGAL HÓSTIL PARA O USO DE TRABALHADORES ESTRANGEIROS COMO FONTE DE CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES, INCLUINDO A IMPLEMENTAÇÃO DE MECANISMOS SIMPLES QUE PODE TER MÃO DE OBRA QUALIFICADA NECESSÁRIA NO PAÍS COM MÍNIMA INTERFERÊNCIA DO GOVERNO Apesar da consciência clara da baixa capacidade de trabalhadores agrícolas em Moçambique, a hostilidade exibida pelos fazedores de políticas e representantes do governo para o alistamento de trabalhadores estrangeiros qualificados no país é surpreendente. Moçambique estaria bem servido para rever uma lição de Ruanda, que, reconhecendo as limitações semelhantes de capacidade, em 2007, reveu suas próprias políticas para os trabalhadores estrangeiros e, finalmente, desmantelado a maioria de seus constrangimentos burocráticos contra eles. Ruanda foi além do reconhecimento relutante da necessidade de peritos externos e instituiu sistemas simplificados, incluindo um simples processo de permissão de trabalho online, para permitir às empresas o acesso à mão-de-obra que necessitam em tempo mais curto possível. O objectivo não é de levar os trabalhos que de outra forma iriam para os trabalhadores locais, mas sim permitir que as empresas cumpram as suas necessidades imediatas de mão 57. Interacademy Council, “Halting the Brain Drain,” disponível em http://www.interacademycouncil.net/CMS/Reports/AfricanAgriculture/6974/7346.aspx. 62 de obra qualificada com o mínimo de confusão, ao mesmo tempo, promover oportunidades para os trabalhadores locais obterem treinamento local com aqueles que têm o benefício de ter um conhecimento mais actualizado. Actuais procedimentos de contratação de trabalhadores estrangeiros em Moçambique, particularmente para além dos estritos limites estabelecidos pela Lei do Trabalho, são excessivamente pesados e profundamente contrária por parte dos empregadores que procuram ampliar seus negócios em curto prazo. RECRUTAR CONHECIMENTOS MAIS ACTUALIZADOS DE MELHORES PRÁTICAS EM SERVIÇOS DE EXTENSÃO, AO MESMO TEMPO, TRABALHAR PARA ENTENDER MELHOR AS LIMITAÇÕES E OPORTUNIDADES NO ACTUAL AMBIENTE DE EXTENSÃO DE MOÇAMBIQUE Reconhecendo que uma mistura de extensão patrocinada pelo sector público-privado e ONG pode desempenhar um papel crítico no desenvolvimento da exploração de capacidade agrícola, Moçambique tem uma oportunidade para tirar proveito de compromisso global da USAID para melhorar a compreensão dos serviços de extensão. O novo projecto de Extensão de Modernização e Serviços de Assessoria (MEAS) , que será implementado pela Universidade de Illinois (incluindo muitos parceiros, como a Universidade Michigan State University), visa "definir e disseminar estratégias de boas práticas e abordagens para o estabelecimento eficiente, eficaz e financeiramente sustentável de extensão rural e sistemas de serviços de consultoria.”58 Especificamente, o projeto irá desenvolver o conhecimento nas seguintes áreas: Vantagem comparativa de extensão pública, empresas do sector privado e ONGs na prestação de específicos tipos de extensão/serviços de consultoria para diferentes tipos de agricultores; Modelos alternativos para tornar os sistemas públicos de extensão financeiramente sustentável; Desenvolver uma estrutura organizacional para tornar os sistemas públicos de extensão agrícola mais centrados nos agricultores incluindo a participação de homens e mulheres, jovens agricultores/juventude rural, famílias sem-terra, e os grupos desfavorecidos com recursos limitados; Usar micro-crédito para mobilizar grupos de ajuda mútua de mulheres sem-terra e permitindo que as mulheres rurais criem novos negócios usando recursos de propriedade da comunidade; Transformar os campos de demonstração no Centro de Treinamento de Produtores em ambos centros de demonstração de agricultores eficazes e unidades de geração de rendimento; e Criação de parcerias público-privadas através da formação de fornecedores privados de insumos para tornarem-se provedores de serviços de consultoria competentes e confiáveis. Stakeholders em Moçambique - incluindo o Ministério da Agricultura, instituições educacionais, e os actores do sector privado - devem ser encorajados a seguir e responder a este conhecimento que emerge. Ao mesmo tempo, os stakeholders devem continuar a desenvolver sua própria compreensão do porquê de determinada intervenções de extensão em Moçambique aumentaram a renda do agricultor, enquanto outros não. Finalmente, os doadores que desenvolvem capacidades nas machambas devem evitar a tendência de contornar a incorporação de extensionistas públicos no seu trabalho. Embora eles provavelmente precisem de formação relevante para si, os extensionistas públicos representam uma oportunidade de fornecer práticas sustentáveis para desenvolvimento de capacidades, especialmente quando não existem alternativas privadas. 58. Consultar site de MEAS, disponível em http://www.meas-extension.org/home. AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 63 EMPENHAR INEQUIVOCAMENTE PARA A COMPREENSÃO E MELHORAMENTO DAS CONDIÇÕES PARA AS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO E CONDIÇÕES FUTURAS DE TRABALHO Dadas as condições precárias para as mulheres na mão-de-obra moçambicana, há uma necessidade de um diálogo público sobre as principais diferenças enfrentadas pelas mulheres e homens, particularmente com respeito ao acesso aos serviços de educação e saúde. Uma área que está madura para a atenção especial é o de serviços de desenvolvimento de negócios voltado para as mulheres empresárias no sector agrícola. Tem sido demonstrado em outros países que os serviços focalizados nas mulheres; serviços para apoio aos negócios relacionais (em oposição a transaccionais): nascem mulheres empresárias com confiança e aconselhamento; novas mulheres empresárias com habilidades importantes de gestão; mulheres empresárias com orientação para o crescimento com contactos, compatriotas, e novas oportunidades de mercado. Apoio futuro pode ser direccionado para o seguinte: Promoção facilitada por mesas redondas, onde os membros iriam partilhar os desafios de negócios e sucessos; Oferecer crescimento específico focado na programação educativa sobre questões como Lei do Trabalho, a construção de uma equipa de gestão executiva, oferecer promoção de actividades de exportação; explorar novos mercados internacionais, servindo em conselhos e comissões, e acesso ao crescimento de capital; Criar relacionamentos mentor-protégé, talvez entre essas mulheres e seus homólogos em outros países onde elas seriam as protégées, e programas de aconselhamento interno, onde eles seriam os mentor; e Organização de uma ou mais viagens averiguações internacionais e criação de relacionamentos para os líderes de associações de empresárias no sector da agricultura para atender e discutir áreas de interesse comum com os líderes da associação em outros países. Além disso, há muito a aprender sobre o impacto da degradação ambiental dos últimos anos (incluindo terra, ar e poluição da água, desmatamento e outros problemas) sobre os meios de vida das mulheres. Oportunidades para engajar as mulheres na protecção do ambiente deve ser explorado e desenvolvido. Particularmente nas áreas rurais - e como as guardiães da saúde de suas famílias e bem-estar pessoal - as mulheres estão bem-posicionadas para aprenderem sobre o uso responsável de pesticidas, a gestão da poluição nas suas casas e redução de resíduos domésticos. Forte orientação para as preocupações ambientais no futuro devem aproveitar o entusiasmo dos eleitores do sexo feminino para servir como guardiões de sua terra, ar e água. 64 4. OBTENÇÃO DE CRÉDITO 4.1 INTRODUÇÃO Em Moçambique, menos de 6% dos empréstimos formais totais em 2010 foi dedicado à agricultura e baixou cerca de 10,5% de 2004. Um grupo restrito dos chamados produtos tradicionais (chá, açúcar, caju, sisal, coco e algodão) são os receptores predominantes de crédito agrícola (67,7%). Desde 2004, apenas açúcar e caju têm mostrado um crescimento consistente no financiamento. Em contraste, os empréstimos para o chá, coco, sisal, e, mais recentemente, algodão diminuiu. Os últimos anos revelam uma mudança na alocação de crédito agrícola: em 2004, os produtos tradicionais receberam 78,8% do total do crédito para a agricultura, um número que diminuiu para 52,5% em 2010. Produtos não tradicionais recebem uma porcentagem crescente de crédito agrícola, especificamente de 21,1% em 2004 para 47,4% em 2010. Dados formais não estão disponíveis para especificar exatamente que outros produtos agrícolas estão a ser financiados, mas a banana, a manga, os citros, macadâmia, a jetrofa e cereais supostamente estão entre eles. Assim, os principais destinatários do financiamento agrícola formal em Moçambique são culturas orientadas para a exportação, e a boa notícia a esse respeito é que a lista de culturas de exportação está se expandindo. Em termos reais, no entanto, os empréstimos para toda a agricultura, especialmente pequenas empresas, é escassa e de difícil acesso. Mesmo as empresas bem estabelecidas, com recursos amplos enfrentam taxas de juros excessivamente alta, quando o empréstimo é feito na moeda local, se forem aprovadas para o empréstimo. Especialmente carentes são produtores que, com acesso reforçado ao financiamento, poderiam responder muito mais eficazmente à procura interna robusta. Estes incluem os produtores de ovos, frango, leite, carne e até mesmo frutas e vegetais que são actualmente importados, mas, produzido de forma mais eficiente, poderia servir aos próprios mercados de Moçambique e até mesmo ser preparado para a exportação. A maioria das empresas que são capazes de crescer no ambiente actual de negócios em Moçambique deve contar com financiamento interno, os regimes de crédito informal, ou lucros acumulados. Com relação ao mecanismo de pontuação da AgCLIR, todas as quatro áreas analisadas a pontuação era muito fraca - nenhuma tinha uma pontuação média superior a 3. Em última análise, este diagnóstico nada encontrou de novo com relação à questão de como Moçambique pode reforçar o seu ambiente propício para acesso ao crédito formal, inclusive no sector agrícola. De fato, em todo o mundo, a geração passada tem mostrado coalescência em torno de principais características de um ambiente de crédito forte, nenhum aspecto de que um país pode negligenciar e ainda esperar que o acesso ao financiamento possa melhorar. Do lado da "demanda", empresas agrícolas (incluindo PMEs e as organizações de agricultores) devem adoptar bons hábitos que irão convencer potenciais emprestadores de dinheiro da sua capacidade de crédito: Eles precisam manter contas transparentes e confiáveis, incluindo provas de todos os relacionamentos de negócios onde eles demonstraram o seu empenho para o cumprimento das obrigações contratuais. Precisam AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 65 construir relacionamentos com instituições financeiras, começando com contas de poupança, que também irá construir a sua reputação de ter riscos de crédito digno. Eles precisam diminuir o risco credor, aumentando a sua produtividade através de uma utilização eficaz dos insumos, mesmo se os insumos não são suficientes para fazer um empréstimo parecer menos arriscado para potenciais financiadores. Mais amplamente, eles precisam abraçar uma cultura de transparência, de redução dos riscos, responsabilidade e respeito a todos os contratos e compromissos formais. A partir do lado da "oferta", as melhores práticas internacionais para um ambiente de crédito são igualmente bem conhecidas. É preciso haver um sistema de bureaus de crédito privados com contas não só para as experiências passadas de empréstimo bancário, mas também para as experiências de crédito. É preciso saber gerir bem, fazer registo de garantias amplamente utilizadas que estabelece as prioridades para todos os tipos de garantias móveis. Os tribunais devem estar prontos e dispostos a cumprir essas prioridades com eficiência máxima e mínima interferência. Deve haver um registo viável para os direitos de uso da terra (no entanto um país escolhe adoptá-los) que permite a transferência eficiente de tais direitos em caso de incumprimento de um empréstimo garantido por eles. É preciso haver um sistema viável de seguro agrícola, que incorpora as melhores práticas - incluindo garantias do governo, sempre que necessário - ambientes agrícolas de sucesso. Com relação ao microcrédito, deve haver supervisão adequada a credor; práticas de usurários ou não transparentes deve ser banido de instituições legítimas, incluindo esquemas de empréstimos financiados publicamente. Finalmente, o governo deve evitar depender de empréstimos de instituições financeiras locais de uma forma que expulsa ou enfraquece empréstimos comerciais e de que necessita para evitar esquemas de empréstimos públicos que reduzem a responsabilização dos mutuários. 4.2 QUADRO LEGAL Em 2007, a USAID patrocinou uma investigação ampla sobre o estado geral do sector financeiro de Moçambique, que confirmou que, apesar de alguns aspectos positivos em comparação com outros países de baixa renda, o sector permanece extremamente fraca em termos reais.59 Pouco mudou a esse respeito: entre outras questões, ainda não há bureau de crédito privado, poucas opções para o registo de garantias, e acesso mínimo à seguro de mitigação de risco. Entretanto, começando em 2006, um esquema de empréstimos nos distritos apoiado pelo governo criou um sistema em que os 128 governos distritais "emprestam" dinheiro (cerca de 7 milhões de meticais, ou cerca de 230.000 dólares Americanos) para favorecer projectos locais, que pretendem impulsionar a produção agrícola ou criar postos de trabalho. Embora o regime é defendido como bem intencionado, resultou em uma taxa de inadiplência national de mais de 90%,60 juntamente com inúmeras histórias de subornos e má gestão. Em geral, os hábitos e boas práticas de empréstimo necessário para o funcionamento do sistema de crédito entre os pequenos mutuários não estão sendo observados em Moçambique, e os fundos distritais prejudicam gravemente os esforços para trazer bons hábitos para a arena de crédito. Contra o cenário existente legal no país - que o relatório de 2007 apelidou "em boa forma" – o sector financeiro de Moçambique "pode fazer um trabalho muito melhor de desenvolver novos serviços financeiros e atender a clientes não tradicionais", concluiu o relatório de 2007 da USAID. Este continua a ser o caso. Apesar de certos aspectos do sector financeiro de Moçambique continuarem a melhorar em 2011 - a cada ano, há mais bancos e serviços financeiros disponíveis nas áreas rurais - o sector agrícola permanece carente. 59. USAID/Nathan Associates, Restrições do Sector Financeiro em Doing Business em Moçambique (Junho 2007). 60. AllAfrica.com, Financiamento do Distrito Continua Apesar de Falhas Enormes (11 de Maio, 2011). 66 Compartilha de informações de crédito. Actualmente, não existe um sistema significativo para o compartilhamento de informaçõe de crédito em Moçambique. Ou seja, continua a ser muito difícil para os bancos e outras instituições de crédito aprender, de forma sistemática e eficiente, sobre os hábitos de empréstimos passados de um potencial credor e, assim, o risco relativo apresentado por um empréstimo. Apesar de um registo público existir dentro do Banco de Moçambique, o sistema rastreia relativamente poucas operações e tem muita relevância somente para os maiores devedores comerciais. Por exemplo, a maioria das instituições de microfinanças não compartilham suas experiências com pequenos mutuários e outros históricos de crédito, tais como as empresas que podem ter com fornecedores de insumos ou serviços públicos, não são igualmente incluídos. O registo do crédito público, em última análise não fornece orientação completa significativa sobre os riscos dos empréstimos para os mutuários de maior potencial. O relatório do Banco Mundial mais recente do Doing Bussiness observa a percentagem de indivíduos e empresas abrangidas pelo bureau de crédito público de Moçambique de apenas 2,2%. A ausência de um sistema de bureau de crédito privado significa que a cobertura por esse mecanismo é de 0,0%. Em comparação, na África do Sul não há nenhum bureau de crédito público, mas bureau privadas cobrem 54% dos adultos e empresas. Nos Estados Unidos, bureaus privados cobrem 100% dos adultos e empresas. A conveniência de um sistema de bureaus de crédito privados tem sido sublinhados pelo Banco Mundial como uma instituição fundamental em qualquer ambiente de empréstimo moderno. Ainda não há nenhum movimento evidente para empurrar essa idéia para frente em Moçambique. Outros países, em contraste, têm integrado a abordagem em seus regimes de crédito. Ruanda, por exemplo, fornece um modelo forte de como comprometimento interno e uma liderança forte pode gerar resultados tangíveis. Em 2010, o Banco Nacional de Ruanda (NBR) trabalhou em parceria com instituições do sector público e privado, nomeadamente a associação nacional dos bancos, a associação nacional de instituições de microfinanças, companhias de seguros e Conselho de Desenvolvimento do Ruanda, com apoio técnico da USAID , para estabelecer um bureau de crédito privado. A base do sistema é uma nova Lei do Sistema de Informação de Crédito (lei CIS), que atribui a NBR o papel do licenciamento e fiscalização de bureaus de referência de crédito privados. A lei protege a privacidade dos consumidores que podem decidir não ter seu histórico de crédito compartilhado com os bureaus de crédito licenciados, e ainda exige que os mutuários e credores relatem informações precisas e completas, tanto positivas quanto negativas, sobre o nível de endividamento e os hábitos de pagamento de clientes. A lei também exige que os candidatos de crédito novo forneçam permissão por escrito aos potenciais credores para eles obterem um relatório de referência de crédito e fornecer informações de crédito para o Bureau de Referência de crédito. O consumidor também tem o direito de acesso e disputa a qualquer informação errada registrado no relatório de crédito. Além do sistema privado, o registo de crédito próprio do BNR actualiza relatórios de risco de crédito que oferece aos bancos e outros credores; oferece informações de crédito positivas e negativas; registos presentes e históricos passados de há sete anos atrás; inclui dados sobre empréstimos de todos os tamanhos e histórico e pagamento para todo o sistema financeiro. O recém-licenciado bureau de crédito de referência privado, CRB África, agora também oferece relatórios de crédito pós pedido. Todos os bancos, seguradoras, os nove maiores Instituições de Micro Finanças (MFIs), telecomunicações e outros credores se juntaram como provedores de dados e assinantes. CRB África, em Ruanda é bem conhecido por seus serviços de referência de crédito em uma secção de países da África. Seria um excelente modelo para Moçambique, analisar e integrar no seu próprio sistema. Zâmbia é um outro exemplo importante de como a introdução de um sistema de bureaus de crédito privado pode fortalecer o ambiente global para fazer negócios. Segundo o Banco Mundial, em 2008, quando a Zâmbia estabeleceu um bureau de crédito privado, sua base de dados inicialmente abrangia AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 67 cerca de 25 mil mutuários. Depois de uma campanha de comunicação forte e directiva do banco central, a cobertura cresceu 10 vezes em dois anos, superior a 200 mil no início de 2010.61 Empréstimos com garantias. Em todos os mercados, desde sempre enfatizado nos relatórios Doing Business do Banco Mundial, o acesso ao financiamento melhora quando as instituições financeiras têm a capacidade de garantir os seus empréstimos com garantias para que o seu risco seja limitado no caso de inadimplência do mutuário. Um ambiente moderno para empréstimos garantidos normalmente depende de duas leis fundamentais e dois registos importantes. Primeiro, a lei de terras deve oferecer a garantia eficaz dos direitos de uso da terra: deve estabelecer o processo de registo de terras; o processo para os bancos registarem os seus interesses de seguro em terra (ou, no caso de Moçambique, o direitos de uso da terra), quando dados como garantia; e processos de execução em caso de inadimplência. Também deve estabelecer a legalidade do registo de terras e registos neles contidos. Segundo, deve haver uma lei de finanças garantida e Registo de bens móveis que permite empréstimos sobre bens LEIS CHAVE • Lei Organica do Banco de Moçaambique (1992) • Lei que regula as actividade das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (1999, alterada em 2004 e 2006). • Lei que regula a criação e o exercício da actividade das Instituições de Crédito e empresas financeiras (2004) • Decreto que aprova o Regulamento da Lei das Instituições de Crédito e Empresas Financeiras (2004) Decreto de regulamentação de Microfinanças (2004). • Decreto que faz alterações aos artigos n º 54 e 55 do Regulamento da Lei das Instituições de Crédito e empresas Financeiras, aprovado pelo Decreto nº 56/2004, de 10 de Dezembro (2004) • Decreto que estabelece normas adicionais para o Fundos de Investimento de Capital de Risco (1999) • Decreto de empresas de Capital de Risco (1999) • Aviso que regula as necessidades de capital das Instituições de Crédito e empresas Financeiras, bem como para operadores de microfinanças (2005) • Aviso que requer instituições de crédito que oferecem crédito em moeda estrangeiro para mutuarios que não fazem exportações de bens ou serviços no momento de pagamento devem criar uma especifica provisão de 50% do valor concedido (2005) • Decreto que regulamenta a Empresas de Investimento (2006) • Aviso que estabelece benefícios para as instituições financeiras para a expansão dos serviços financeiros às zonas rurais (2006) • Aviso que estabelece requisitos de capital das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (2007) • Lei Cambial (2009) (acompanhando regulamentos ainda não aprovados) móveis. (Em um mundo ideal, a terra e registos de bens móveis também podem ser combinadas, mas isso raramente é visto na prática.) Em Moçambique, a exigência da constituição de que toda a terra pertence ao Estado tem sido interpretada, por meio da Lei de Terras e outros veículos, como em última análise, a terra nunca pode ser usado como garantia para um empréstimo. Mesmo onde os direitos de uso da terra estão firmemente realizados através de registo próprio e incontestável com as autoridades de uso da terra, 61 68 Banco Mundial, Doing Business 2011 (Rwanda) (2010) at 28 eles nunca são considerados como potencial segurança para os empréstimos do banco. Em vez disso, apenas as melhorias sobre a terra podem ser usadas como tal. Este facto pode realmente reflectir o consenso público interno sobre a natureza e o propósito da terra em Moçambique. Mudança nesta norma é amplamente considerada como um "non-starter." No entanto, os decisores políticos devem reconhecer que a não transferência da terra não explorada, em conjunção com a utilização de procedimentos complexos em torno de transferência de terra melhorada, não reflecte as melhores práticas internacionais, e que , sem dúvida, restringe significativamente o crescimento do sector privado no país. Com respeito às garantias móveis, sob a prática corrente, os bancos e outros credores em Moçambique de forma agressiva tentam obter empréstimos com qualquer tipo de bens móveis que dá uma oportunidade razoável de redimir pelo seu valor total ou parcial em caso de inadimplência. Isto é, em teoria, quase qualquer tipo de propriedade pode ser usada para garantir um empréstimo: o que inclui inventário (ou seja, um depósito cheio de caju ensacado), equipamentos agrícolas, gado, móveis, veículos e pessoal, incluindo carros e bicicletas. A lei permite esse uso de bens móveis para garantia: onde a lei falha, no entanto, é com relação à garantia dos direitos reais legal dos credores. Ao contrário das melhores práticas em todo o mundo - inclusive ao lado na África do Sul - os bancos de Moçambique e de outras instituições financeiras não têm um sistema unificado, registo de garantias correctamente indexadas em que declaram e garantem os seus interesses em uma parte da propriedade. Tentar usar o que está disponível, incluindo registos de veículos e os serviços dos notários, que podem verificar se não há interesses conflitantes na propriedade e preparar um documento que ateste o interesse de segurança. Eles também dependem fortemente das reputações pessoais dos mutuários e sobre a disponibilidade de sistemas de garantia de crédito. Finalmente, entretanto, sua segurança é extremamente fraca, o que explica a taxa extremamente baixa de empréstimos, em especial no sector da agricultura, em Moçambique. Dada a ubiquidade dos empréstimos garantidos como prioridade de desenvolvimento em países ao redor do mundo por quase uma geração, é surpreendente que Moçambique não identificou um regime de registo de garantia reforçado como uma prioridade. As experiências de outros países são instrutivas e mostram quão dramática, a mudança a longo prazo é possível através de uma série de passos deliberados e bem executados. Mais uma vez, Ruanda fornece um exemplo instrutivo de como o comprometimento com esta mudança resultou não apenas no estabelecimento de um registo de garantias, mas também numa clara melhoria no ambiente de crédito para a agricultura.62 Fundos de desenvolvimento distrital. Nas condições actuais, o crédito formal de instituições financeiras privadas para pequenos projectos rurais é essencialmente desprezível. Em 2006, em um esforço para aumentar as opções para as empresas locais buscando uma injeção de capital, Moçambique estabeleceu um regime conhecido como o "Fundo de Desenvolvimento Distrital" (FDD). Sob o FDD, o governo central anualmente transmite o que é conhecido como os "sete milhões" de moeda local para cada um dos 128 distritos rurais. Os distritos devem, então, identificar projectos dignos para que eles possam ter dinheiro por emprestado, em um esforço para construir o empreendedorismo local, criar empregos e aumentar a produtividade. Embora os tribunais locais deveriam analisar os projectos potenciais e fazer a atribuição dos empréstimos com base na sua viabilidade, os distritos não exigem garantias e não investigam formalmente o histórico de crédito dos mutuários potenciais. E, com muita frequência, eles não recebem reembolso. De acordo com relatórios de serviço de notícias, entre 2006 e 2010, 4.2 bilhões de meticais foram desembolsados pelo FDD, enquanto que apenas 227 milhões de meticais foram reembolsados - uma taxa de apenas 5.4%. Apesar dessa disparidade chocante entre a intenção do fundo e dos seus resultados, o Conselho de Ministros de Moçambique votou em 62. Id. AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 69 Maio de 2011 para continuar com o programa. Há claramente uma maior sensibilização dos muitos problemas associados com o programa - as reclamações vão desde a afirmação de que somente os indivíduos locais poderosos recebem "empréstimos", para a compreensão dos funcionários do distrito encarregados de identificar os fundos rotineiramente procuram subornos de destinatários. No entanto, as intenções benignas do FDD para ajudar os pobres de Moçambique aparecem para substituir tais preocupações. Inequivocamente, os doadores e todos os outros parceiros de desenvolvimento em causa, incluindo a rede do país de instituições financeiras privadas, devem se manifestar contra o regime actual do FDD. Se nada mais, para restaurar uma aparência de credibilidade para o modelo de FDD, o programa não deveria mais ser chamado de um esquema de empréstimo - em vez disso, ele poderia simplesmente ser re-estabelecido como um programa de concessão. Dada a taxa de inadimplência do FDD de quase 95%, o prejudica a confiança pública e credibilidade do governo distrital, juntamente com as expectativas distorcidas entre os pequenos produtores e outras empresas do que significa contrair um empréstimo, é demasiado grande para os de fora prestarem seu apoio. Durante este diagnóstico, os credores locais articularam sérias e legítimas preocupações contra o FDD. Embora em princípio, aceitem o mérito do apoio do governo para os empresários por meio do acesso ao crédito a preços acessíveis, estão seriamente preocupados com os maus hábitos e expectativas do público geradas pelo programa. Onde as empresas locais são levadas a crer que seus compromissos serão expurgados sem consequências - isto é, onde o roubo de fundos público é legitimado pelos governos distritais em si - as mesmas empresas arruínam as suas perspectivas de transformação em entidades que podem acessar o sistema de crédito privado formal para um crescimento sustentado. Políticas macroeconómicas. Nos anos recentes, várias reformas foram realizadas no sector financeiro de Moçambique, incluindo sistemas de modernização de pagamentos e controles; gerenciamento de moeda estrangeira; maior independência do banco central; adopção de instrumentos jurídicos para regular a concessão de crédito; mercados de capitais e de seguros; e mecanismos de prevenção de lavagem de dinheiro. Uma nova lei em relação às questões de microcrédito foi aprovada. Significativamente, as finanças públicas dependem em grande parte do sistema bancário local como importante fonte de financiamento e de baixo risco para o sector público. Um dos maiores obstáculos citados por empresas moçambicanas é o custo elevado de todos os serviços bancários, incluindo crédito, e as dificuldades de acesso ao financiamento. Concorrência entre os sectores público e privado é citado como um factor determinante para aumento das taxas de juros. Endividamento do governo resultou em diminuição de liquidez no sistema financeiro, aumento de taxas de juros, sub-valorização da moeda local, e as importações que são mais competitivas do que a produção local. O aumento significativo do preço de combustível e uma forte necessidade de reajustes salariais (na ausência de um aumento de produtividade significativo) tendem a prejudicar, pelo menos no curto prazo, a competitividade da economia de Moçambique. O sector financeiro de Moçambique continua a ser "um campo de batalha" onde "todos os problemas estruturais" da economia de Moçambique são tentados a ser resolvidos através de uma gestão macroeconómica para controle da inflação e valorização a moeda de local. Em Julho de 2006, o Banco Mundial anunciou que estava abolindo $ 1,3 bilhão, toda a dívida de Moçambique com o Banco Mundial contraída antes de 1 de Janeiro de 2005, como parte da Iniciativa Multilateral de Alívio da Dívida (MDRI). Em 2007, ao abrigo da MDRI, o FMI aboliu $ 153 milhões em dívida de Moçambique e o Banco Africano de Desenvolvimento aboliu $ 370 milhões. Como resultado deste alívio da dívida, a dívida do governo em circulação caiu de 25% do PIB em 2005 para menos de 12% do PIB hoje, ou bem abaixo dos limites de sobreendividamento de acordo com o FMI. O Governo de Moçambique tem entrado em vários acordos com o FMI e outros doadores que dizem respeito ao acesso ao crédito. Estes incluem um Instrumento de Apoio a Políticas (PSI) e seu 70 Memorando de Políticas Económicas e Financeiras (MEFP); um plano de médio prazo do Cenário Fiscal (CFMP), um Programa de Estratégia de Redução da Pobreza (PARP); e um projecto de Assistência Técnica do Sector Financeiro ( FSTAP). À luz desses compromissos, o governo é encarregado de cumprir várias condições, a fim de continuar recebendo apoio financeiro. Compromissos adicionais incluem o Memorando de Entendimento (MdE) sobre Convergência Macroeconómica, aprovada pelos Ministros das Finanças e Investimento da SADC, o estabelecimento de vários pré-requisitos para o sistema financeiro para a integração regional em curso. Política monetária. A organização do banco central e o seu papel foram estabelecidos pela Lei Orgânica do Banco de Moçambique Lei n º1/92, de 3 de Janeiro. Segundo essa lei, o objectivo principal do Banco de Moçambique é de preservar o valor da moeda nacional e promover a realização da política monetária adequada para orientar a política de crédito; para promover o crescimento e o desenvolvimento económico e social; para gerenciar ativos no exterior, a fim de manter um volume adequado de oferta de moeda necessária ao comércio internacional; e exercer um papel bancário disciplinar. O banco central é encaregue de manter uma política macroeconómica sustentável em conjunto com políticas fiscais apropriadas. Na percepção de muitos, os esforços para conter a inflação teve um impacto negativo sobre as empresas, exigindo a contenção do crédito e da circulação monetária, e o consequente aumento da taxas de juros. Outro desafio é fiscalizar o sistema financeiro e garantir que seja sustentável e que o risco sistêmico global é aceitável e, também, para promover o crescimento económico e de negócios bancários nas zonas rurais. Em março de 2011, as taxas de juros bancários ao sector privado foram 22,9% para o crédito, 13% para depósitos e 16,5% para empréstimos do governo. A taxa de inflação (14,98%) diminuiu em comparação com 2010, mas continua entre as mais altas do mundo. Empresas que podem pedir dinheiro por emprestado em dólares - apenas os exportadores - tem termos muito melhores - a taxa de empréstimo é de cerca de 9%. "O dia em que não posso fazer um empréstimo de dólar, eu fecho", disse um representante de uma grande empresa comercial agrícola durante este diagnóstico. Em Maio de 2011, o governo apresentou uma nova proposta de orçamento revisto, pedindo fundos adicionais para cobrir um pacote de subsídios significativos. A proposta orçamental do governo empurra o imposto de renda para perto de 20% do PIB, enquanto um défice significativo é esperado. Isto levará a um maior endividamento do governo no mercado interno, em concorrência com o sector privado. O endividamento do governo diminuiu de forma constante desde 2007, quando foi de 67% do crédito total, para 27% em 2010. O sector público em Moçambique baseia-se em grande parte no apoio dos doadores (US $ 335 milhões em 2010) e endividamento externo (US $ 185 milhões, Setembro de 2010). 4.3 INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO CHAVE • Banco de Moçambique Banco de Moçambique. A partir de 1977, quando o governo nacionalizou quase todos • Instituições de cobrança de dívida, incluindo os bancos do país, até 1995, quando os t ib i t bancos privados eram novamente autorizados, o Banco de Moçambique funcionou não apenas como o banco central do país, mas também como o único credor comercial para o país. O dano causado por este movimento - a saber, uma cultura de expectativas irrealistas por parte dos cidadãos da nação sobre as responsabilidades do devedor inerentes ao empréstimo de dinheiro e outros aspectos-chave da das economias do mercado livre. Actualmente, o Banco de Moçambique rege a política monetária do país. O banco central regula o volume de moeda e garante a oferta da mesma, incluindo as notas e moedas. Também supervisiona várias instituições financeiras comerciais do país, incluindo bancos e outras instituições financeiras. O banco é encaregue de gerir as transferências de pagamentos entre as instituições financeiras. AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 71 Há instituições sobre as quais o Banco de Moçambique exerce a supervisão prudencial e outros onde ele só tem um papel de controlo. Supervisão prudencial implica vigilância e monitoramento do cumprimento das normas prudenciais, incluindo o rácio de solvabilidade, reservas e limites de risco, entre outros. Todas as instituições com Supervisão Prudencial do Banco de Moçambique podem receber depósitos do público. A monitoria é entendida como um simples descuido dos serviços financeiros prestados pelos operadores de microfinanças, que não sejam instituições de crédito ou sociedades financeiras, com foco em receber informações de carácter geral e normalmente sobre os serviços financeiros que eles fornecem, particularmente para fins estatísticos, tendo em vista o acompanhamento da actividade financeira que executam. Cobrança de dívida. Cobrança sobre as garantias de qualquer espécie é tida como quase impossível através de canais formais. Há impressões um tanto misto da capacidade dos tribunais para agir de forma justa e oportuna em casos de inadimplência. Alguns credores relatam que o sistema jurídico tende a favorecer o inadimplente, enquanto outros relatam que os tribunais são justos, mas todos os credores afirmam que o processo tende a ser muito lento. Os credores afirmam universalmente que tomam todas as medidas possíveis antes de recorrer ao sistema judicial para cobrar uma dívida. Uma história muitas vezes repetida é que primeiro os credores tentam negociar um novo ciclo para o pagamento da dívida para o mutuário voltar a efectuá-lo. Uma série de negociações acontecem se os problemas de reembolso continuam. Uma vez esclarecido que o mutuário não pode, ou não está disposto a pagar, os credores começam a cobrar sobre a garantia informalmente - ou seja, sem a autorização judicial para fazê-lo. O tribunal é o fórum de último recurso. O uso de contratos entre os produtores agrícolas é raro. Quando usado, não é incomum para uma das partes à falta uma compreensão dos termos acordados ou, simplesmente, falta a intenção de atender a essas condições. Durante este diagnóstico, um caso foi relatado onde uma empresa entrou em contratos de fornecimento com pequenos produtores onde muitos dos produtores foram incapazes de ler. Os contratos foram redigidos em Português, enquanto a maioria dos pequenos agricultores só falava uma língua local. Foi relatado que não houve nenhuma tentativa real para traduzir o conteúdo dos documentos, mas os produtores assinaram, no entanto. No momento da assinatura, os agricultores tiveram acesso a insumos, que seria pago para a empresa, descontando o pagamento para o fornecimento comprados de pequenos agricultores no final da temporada. 4.4 INSTITUIÇÕES DE APOIO INSTITUIÇÕES DE APOIO CHAVE • Bancos e outras instituições de crédito Bancos e outras instituições financeiras. A lei moçambicana estabelece • Mecanismos financeiros (garantia de empréstimos) apoiado por doadores dois tipos de instituições financeiras: Instituições de Crédito e Empresas • Instituições de microfinanças Financeiras. As Instituições de Crédito • GAPI incluem bancos, empresas de leasing, cooperativas de crédito, empresas de • Seguro de colheitas factoring e empresas de investimento. As empresas financeiras incluem empresas financeiras de corretagem, corretoras, empresas de gestão de 72 fundos de investimento, empresas gestoras de activos, capital de risco corporativo/risco, grupo de gestão corporativa de compra e casas de câmbio. Apenas instituições de crédito estão autorizadas a receber depósitos e ou outros fundos reembolsáveis. As empresas financeiras só podem realizar operações que são permitidas por normas específicas que regem a respectiva actividade. A partir de Maio de 2011, as infra-estrutura bancárias de Moçambique compostas por 15 bancos, oito micro-bancos, sete cooperativas de crédito, uma empresa de leasing, uma empresa de investimento, uma empresa de capital de risco, quatro organizações comunitárias de crédito e poupanças, 132 operadores de microcrédito, e 22 casas de câmbio . O sistema financeiro é dominado por três grandes bancos locais, BIM (em grande parte assegurado por investidores Português), BCI e Standard Bank da África do Sul, que representam mais de 85% do total de ativos. O sistema financeiro moçambicano é geralmente jovem, de propriedade estrangeira, e altamente concentrado .A partir de Março de 2011, o montante total do crédito bancário à economia foi cerca de US $ 3,0 bilhões (92.398 milhões de MT). Em Março de 2010, a população do país tinha1.852.821 cartões de débito e 76.001 cartões de crédito. Bancos em Moçambique são a principal fonte de empréstimos ao governo e ao sector privado. Em novembro de 2010, o crédito total à economia (além de empréstimos do governo) foi registado como o seguinte: TABELA 5: CREDITO À ECONOMIA POR SECTOR Indústria 11.1% Construção 7.5% Comércio 21.6% Transporte and Comunicação 13.2% Empréstimo individual 17.9% Habitação 3.4% Agricultura 5.8% Outros sectores 17.3% Nos últimos anos, a tecnologia bancária e os sistemas de pagamento têm sido significativamente modernizados. Novos bancos foram autorizados a operar pelo Banco Central de Moçambique e do número de bancos e agências também aumentou, mesmo em áreas rurais. De 2002 para 2011, o número de distritos rurais com instalações de banco aumentou de 28 para 58, para uma média de 2.271 Km2 e 57.000 pessoas. No mesmo período, as agências bancárias aumentaram de 228 para 415. As instalações de bancos estão muito concentradas nas três maiores cidades do país, que abrigam mais de 50% do total de agências. Mais de 1/3 do total de agências EXEMPLOS DE GARANTIAS DE EMPRÉSTIMOS PATROCINADOS POR DOADORES INCLUEM O SEGUINTE: 1. USAID DCA para agricultura – até 50% de garantia 2. Garantia de empréstimo para processadores de cajú, também até 50% 3. Garantia de empréstimo para ADIPSA Banco Terra – 100% de garantia para pequenos produtores 4. AGRA/Standard Bank/Gov de Moçambique, AGRA garante 10% da carteira global (não por empresa individual). Se o banco tem uma carteira de US $ 1.000.000, a AGRA vai garantir 10% da carteira 5. Cooperação Francesa, garante até 50%. É flexível para todas as áreas, não só a agricultura (pesca, agricultura, turismo, indústria, etc) AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 73 estão concentrados na cidade de Maputo, assim como a maioria de todos os 743 ATMs disponíveis (Automatic Teller Machines) e 4.886 POSs (points of sale). A partir de 2006-2010, houve um crescimento significativo no número de ATMs disponíveis (68,3%) e POSs (54%). Os bancos moçambicanos aumentaram os conhecimentos agrícolas em suas agências. Por exemplo, um grande banco contratou um produtor comercial bem sucedido para lançar uma divisão da agricultura comercial dentro do banco. Em seis anos, esta intervenção ajudou a aumentar a carteira de agricultura de quase insignificante para cerca de 25% de sua carteira bancária, medida pelo número de clientes. Por outro lado, a falta de experiência agrícola nos bancos é muitas vezes citado em toda a gama de intervenientes como uma restrição significativa contra o financiamento agrícola. Há também a desconfiança sobre a eficácia do pessoal estrangeiro: durante este diagnóstico, um funcionário público observou que os mesmos bancos de propriedade estrangeira que operam em Moçambique são conhecidos por seus sucessos com o financiamento agrícola em seu país natal, mas muitas vezes acham que essa experiência não transfere para as suas operações em Moçambique. Talvez inadvertidamente, esta observação resume o dilema de todos os bancos em Moçambique: os profissionais que insistem na transparência, amplamente documentada, as transacções de baixo risco podem ser percebidas como menos eficazes do que aquelas que optam pelas regras antigas de subornos, opacidade, e altas taxas de inadimplência. Mecanismos financeiros apoiados pelos doadores. Para incentivar as instituições financeiras para emprestar aos mutuários solventes, mas carentes, USAID usa sua Autoridade de Crédito para o Desenvolvimento (DCA).63 Existem quatro tipos de arranjos DCA: garantias para credores participantes de empréstimos a mutuários aprovados; garantias sobre emissões de obrigações, garantias sobre carteiras de crédito designada; e compromissos de garantia moveis fornecidos às empresas individuais para negociação de empréstimos com os bancos de sua escolha.64 Em Moçambique, a USAID tem parceria com vários bancos para fornecer DCAs, nomeadamente Banco terra em Nampula e Banco Oportunidade na Beira. O DCA para a agricultura fornece até 50% de garantia. Entre 2006 e 2010, o BCI fez parceria com a USAID para fornecer DCAs. Apesar desta parceria, apenas aproximadamente 50% da garantia de US $ 4 milhões foi utilizado, de acordo com relatórios informais. O escopo deste diagnóstico não inclui revisão significativa de programas de garantia de empréstimo patrocinados por doadores, incluindo o DCA. Mas o monitoramento e revisão de iniciativas do DCA e garantias de outros doadores é fundamental, e a transparência das suas despesas e outros resultados também é justificável. Significativamente, parece que não existe um recém-publicado relatório da USAID ou do governo dos EUA sobre as actividades do DCA. Relatórios internos podem existir, mas não estão disponíveis para revisão externa e análise. Instituições de microfinanças (FMIs). Regulamentos específicos estabelecidos pelo Decreto-Lei n.º 57/2004, de10 de Dezembro governam FMIs em Moçambique. Esta legislação estabelece todos os procedimentos para a criação, registo, fiscalização e operações permitidas, as exigências de capital mínimo e outros aspectos das instituições de microfinanças. A lei define microcrédito como uma actividade que fornece pequenas operações de serviços financeiros. Operadores de microfinanças são definidos como instituições que se dedicam a actividades de microfinanças. 63 A discussão do programa DCA e o seu funcionamento pode ser encontrado no Capítulo 429 da USAID, ADS, Autoridade de Crédito para Desenvolvimento (Março de 2007). Não parece ser um relatório publicamente disponível de actividades em Moçambique DCA. 64. 74 USAID/Associações Nathan, Restrições do Sector Financeiro em Doing Business em Moçambique (Junho 2007), at 32. A legislação também estabelece operações (de crédito e depósitos) permitidos ou negados por várias instituições de microfinanças. Todas as instituições de microfinanças, que estão autorizadas a aceitar depósitos estão sujeitas a supervisão prudencial do Banco de Moçambique. Há uma iniciativa do governo em curso para estimular uma rede de microfinanças, especialmente nas zonas rurais, através da redução de requisitos mínimos de capital e outros custos, para o desenvolvimento rural de micro-bancos, a um nível que é extremamente baixo para os padrões internacionais. Existe a preocupação de que esta política poderia favorecer o surgimento de instituições inviáveis. Mas, como o sector comercial bancário, o sector de microfinanças é altamente concentrado, com quatro FMIs controlando mais de 60% da carteira de crédito. As FMIs precisam desenvolver uma estratégia de capacitação para promover o seu desenvolvimento saudável. Em Abril de 2001, o governo adoptou uma nova Estratégia de Finanças Rurais, que visa aumentar a disponibilidade de serviços financeiros nas áreas rurais. Embora o risco sistêmico criado por todas essas instituições é desprezível, algumas FMIs e cooperativas têm altos níveis de crédito vencido e aqueles não envolvidos na captação de depósitos nem sempre informam o Banco de Moçambique, conforme necessário. O sector de microfinanças recebe o apoio de doadores no âmbito de um Programa de Apoio às Finanças Rurais (RFSP), liderado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) no âmbito do Ministério da Planificação e Desenvolvimento. Este programa, que opera através do Fundo de Apoio à Reabilitação Económica (FARE) com metas de redução da pobreza, melhorando os meios de subsistência rural, e melhorando a viabilidade das empresas rurais através do acesso sustentável aos serviços financeiros em áreas rurais. O objetivo do programa é estimular o crescimento económico e contribuir para a redução da pobreza através da melhoria da subsistência das famílias rurais e aumentar a viabilidade das empresas em áreas rurais de Moçambique. Especificamente, o programa melhora o acesso sustentável aos serviços financeiros adequados para os indivíduos, grupos e empresas nas áreas rurais, enquanto, ao mesmo tempo cria um ambiente institucional e político favorável para apoiar a sustentabilidade a longo prazo e difusão de serviços financeiros rurais. Fundos e assistência técnica estão disponíveis para ajudar as instituições financeiras a penetrar nas áreas rurais e estender os serviços financeiros para essas regiões remotas. Ao mesmo tempo, o programa ajuda a organizar os pequenos agricultores, pescadores artesanais e outras pessoas pobres nas comunidades rurais em associações financeiras auto-gestionadas para facilitar uma melhor gestão dos seus próprios recursos económicos. As FMI estão gradualmente aumentando a sua quota em termos de crédito à economia. As mulheres têm uma parte significativa da carteira de crédito dessas instituições - muitas vezes tão alto quanto 35%. Programas de microfinanças em Moçambique tem como alvo grupos urbanos das mulheres, a maioria deles desenvolvem actividades de serviço (venda e outros tipos de serviços) nas principais áreas urbanas. GAPI. Gapi foi criada em 1990 por três empresários. Actualmente composta por uma equipe de 142 pessoas, sua missão é desenhar e implementar programas e projectos que ampliam, diversificam e consolidam o espírito empreendedor e fortalecem o sistema financeiro Moçambicano. As duass principais linhas de intervenção do GAPI incluem assistência técnica para promover o desenvolvimento das PME (normalmente através do apoio BDS) e diversificação de serviços financeiros por meio de produtos financeiros e serviços. Muitos empresários actualmente bem sucedidos creditaram GAPI por seu apoio inicial e sentiram que, sem esta instituição, a sua ideia de negócio não teria vindo a ser concretizada. O objetivo de GAPI é criar 30-35 pequenos, micro bancos rurais. Considerando que os bancos comerciais não estão presentes em zonas rurais, GAPI espera expandir por toda a área geográfica de Moçambique para prestar serviços às populações rurais. Seguro de colheitas. Em mais vibrantes economias agrícolas, a política de compra de uma de seguro agrícola é uma ferramenta de gestão de risco disponível para a maioria dos produtores agrícolas. Os produtores em geral, avaliam como uma política irá trabalhar em conjunto com suas outras estratégias de gestão de risco para alcançar o melhor resultado possível de cada colheita por ano. Agentes de AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 75 seguro das colheitas e outros especialistas do agronegócio ajudam os produtores no desenvolvimento de um plano de boa gestão. Em mercados altamente desenvolvidos, existem seguros de produtos para tratar quase todo risco ou situação, incluindo o seguro de produção baseados em historiais, historiais de receita, expectativas das chuvas e outros factores meteorológicos, os valores voláteis das culturas, e outros. Muitas vezes, estes produtos originados através de programas patrocinados pelo governo que subsedia a compra de seguros dos produtos dos agricultores. Quando uma empresa agrícola procura um empréstimo, a disponibilidade de seguros para culturas ou animais pode fazer uma diferença enorme para a visão de risco de um potencial credor. Em Moçambique, no entanto, as oportunidades de adquirir o seguro são desprezíveis. Na verdade, empresas que procuram o seguro agrícola só podem obtê-lo na África do Sul. A falta de seguro é uma espécie de falha, dado a muitos outros esforços que os doadores e os governos fazem para aumentar o acesso ao crédito. O seguro espalha o risco e deve ser visto como um produto financeiro crítico no futuro, se for esperado um crescimento no sector agrícola. 4.5 DINÂMICA SOCIAL Risco. O factor principal da baixa taxa de empréstimos no sector agrícola, especialmente a pequenas ou novas empresas, é a questão do risco. Agricultura em Moçambique é extremamente arriscado, e, muito racionalmente, os bancos estão relutantes em assumir esse risco, emprestando seu dinheiro para aqueles que se envolvem nessa actividade. Fundamentalmente, a produção agrícola depende da natureza. Se as tendências climáticas são muito quente ou muito frio, muito húmido ou muito seco, ou se há uma infestação de pragas, a produtividade da cultura não pode satisfazer as esperanças e expectativas. A irrigação podem ajudar a mitigar o impacto da mudança do tempo, assim como sementes e fertilizantes melhorados. Pesticidas e fungicidas podem ajudar a diminuir o impacto da infestação. O seguro agrícola baseado no tempo pode ainda cobrir os riscos, especialmente quando há dados de boa qualidade disponível. Entretanto, a maioria da agricultura em Moçambique depende de chuvas e não da irrigação. Sementes melhoradas, fertilizantes e pesticidas é apenas moderadamente usado, devido ao alto custo, capacidade limitada, e fraca acessibilidade. Embora os agricultores possam querer fazer empréstimos para sementes resistentes à seca ou outras melhorias que poderiam ajudar a aumentar os seus rendimentos, alguns consideram fazêlo, porque não podem ter certeza de que eles poderão pagar os empréstimos e ter dinheiro de sobra para alimentar suas famílias. Para eles, o seguro agrícola não é essencialmente disponível, devido à baixa produtividade desde o início, os dados fracos sobre o potencial de produção, e a incapacidade de seguro de preço a um nível acessível, mesmo com algum apoio do governo. Os bancos são igualmente cautelosos sobre as perspectivas de não-pagamento. Até certo ponto, os bancos podem cobrir o risco de inadimplência por meio de actividades de devida diligência - isto é, um exame cuidadoso de potenciais mutuários antes de emprestar, escolhendo apenas aqueles com fortes, históricos de crédito verificáveis (dos quais, conforme discutido anteriormente neste capítulo, há muito poucos) - e e garantindo os empréstimos com garantia. No entanto, em Moçambique, há apenas poucas empresas agrícolas bem estabelecidas, “dignas de crédito” para emprestar, e, devido à manutenção insignificante de histórico de crédito, pouca informação que leva a escolhas informadas sobre quais as para pequenas empresas pode valer a pena o risco. O facto de que a terra não é uma opção disponível para servir como garantia para um crédito reduz significativamente os riscos que os bancos estão dispostos a assumir. Moçambique na verdade tem um sistema relativamente robusto de utilização de alternativas à terra (incluindo garantias tais como edifícios, equipamentos agrícolas, inventário, e gado) para garantir empréstimos bancários, mas o valor desses empréstimos são necessariamente mantidos relativamente baixos. Em ambientes favoráveis para empréstimo, instituições de crédito privadas podem contar com um 76 regime de política consistente para efectivamente prever sua capacidade de fazer um retorno sobre seus investimentos, se esses investimentos são direccionados para um pequeno agricultor ou um agroprocessador de grande escala. De facto, nos últimos anos, o governo de Moçambique tem diminuído a sua propensão para intervir nos mercados, seja através de proibições comerciais, arranjos na formalização de fixação de preços, ou intervenções directas no sector financeiro. Este compromisso reforçou a previsibilidade que o mercado tem, de facto, contribuiu para um ambiente mais forte de empréstimo. No entanto, em Moçambique, com coberturas limitadas a riscos naturais e infra-estrutura financeira limitada para minimizar o risco de reembolso, há preços que os bancos cobram para empréstimos para se protegerem - excluindo clientes mais pobres - ou simplesmente se concentram em outros sectores. Abordagens alternativas para o financiamento. Financiamento rural, especificamente para a agricultura, exige produtos de empréstimo que diferem a partir do menu típico em ambientes urbanos. Por exemplo, é útil estruturar empréstimos de acordo com os produtos em causa. Banana, caju, milho e aves, bem como muitos outros produtos agrícolas produzidos em Moçambique, têm ciclos de produção diferentes. Assim, as instituições financeiras devem ser incentivadas a desenvolver produtos, incluindo os termos de reembolso, que são mercadorias específicas para as culturas. Eles devem também oferecer produtos de empréstimo diferentes para diferentes estágios da cadeia de valor, incluindo a produção, lançamento ou expansão. Além disso, os credores devem antecipar integralmente o facto de que os produtores de qualquer mercadoria dada irão em geral fazer a colheita, ao mesmo tempo. Com um excesso de oferta no mercado, eles terão de enfrentar uma batalha difícil para negociar um preço justo. Em circunstâncias ideais, esquemas de recibos de depósito permite aos agricultores armazenar as suas mercadorias e obter crédito até que eles possam negociar um preço melhor. No entanto, Moçambique ainda não tem tomado uma iniciativa de significante de implementação de recibos de depósito , apesar de a idéia ser posta a longo tempo para análise.65 Se e quando Moçambique tiver por objectivo embarcar nesta iniciativa popular, seria bom para aprender com as experiências imperfeitas de outros países, incluindo a vizinha Tanzânia66. Em Moçambique, algumas facilidades de empréstimos agrícolas subsidiadas foram criadas para atingir os pequenos agricultores através de cooperativas e associações que repassará em forma de insumos, em vez de dinheiro. Os bancos comerciais relatam más experiências e grande inadimplências com este tipo de empréstimos, bem como aqueles dirigidos aos agricultores emergentes (10 ha ou mais), e eles estão obtendo grandes pagamentos de fiadores dessas facilidades. Mesmo onde houve esforços para subsidiarem fortemente o crédito agrícola, os bancos comerciais, as instituições financeiras de desenvolvimento e projectos de doadores da mesma forma têm encontrado dificuldades para encontrar o investimento digno de aplicações apresentando contabilidade correcta e práticas comerciais/planos. Gênero e crédito. A experiência de crédito das mulheres no sector agrícola de Moçambique merece um estudo extensivo em seu próprio rito. Não há dúvida de que a concessão e a contratação de empréstimos ocorre entre mulheres produtoras, comerciantes e até mesmo processadores domiciliários em todo o país. O valor dessas transacções é geralmente baixa - até mesmo insignificante, do ponto de vista das instituições de crédito formal - e de operações baseadas no crédito são significativamente com base nas relações de troca de família, ou em espécie, relacionamentos, ou casual, círculos tight-knit empréstimos que são difíceis de detectar e medir. Na área de micro-crédito, as mulheres têm provado ser, como elas estão por todo o mundo, os mutuários de confiança, e o modelo Consulta USAID/AMAP, Estudo de Financiamento Rural de Moçambique (2004) at 9-10. Baregu, Mwombeki e Johnannes Hoogeveen, “State and Markets in Cashew Marketing: What Works Better for Tanzanian Farmers,” Grupo do Banco Mundial (28 Outubro de 2009). 65. 66 AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 77 de grupo de empréstimo - onde os grupos, ao invés de indivíduos, são responsáveis pelo reembolso – é o modelo que tem sido praticado com êxito, embora numa pequena escala. O que falta em Moçambique é a capacidade de acompanhar as experiências de base de crédito das mulheres para fornecer dados essenciais que alimentam a viabilidade de concessão de empréstimos ao nível seguinte - o mesmo tipo de informação (valor do empréstimo; histórico de pagamentos, etc) que um registo de crédito deve captar. O único bureau de crédito centralmente executado de Moçambique oferecendo relações de empréstimos de alto valor, apenas serve muito poucas pessoas no país e em última análise, negligencia 80% das mulheres do país que trabalham no sector agrícola. Assim, a recomendação chave aqui é que Moçambique permite o desenvolvimento de registos de crédito privado que, a longo prazo, pode realmente servir as mulheres do país, que agora estão quase totalmente ignoradas pelo regime nacional para concessão e contratação de empréstimos. 4.6 RECOMENDAÇÕES REVISITAR RELATÓRIO DA USAID DE 2007 SOBRE OS SERVIÇOS FINANCEIROS E IDENTIFICAR ONDE REFORMAS RECOMENDADAS FORAM (OU NÃO) REALIZADAS, E PORQUE Este capítulo é bem menos abrangente do que o relatório intitulado "Constrangimentos do Sector Financeiro para o Desenvolvimento do Sector Privado em Moçambique", patrocinado pelo USAID e publicado em Junho de 2007, que ofereceu mais de 60 recomendações para a consideração pelos membros da CTA, o governo, o Banco de Moçambique e os parceiros internacionais envolvidos na reforma do sector financeiro ou desenvolvimento do sector privado. Esse relatório vale a pena reconhecer como uma referência política crítica. Em geral, parece que pouco mudou durante o período que foi emitido - se alguma coisa, a experiência dos Fundos de Desenvolvimento do Distrito tem apenas destruído atitudes e expectativas do público sobre o crédito, especialmente nas zonas rurais. Por outro lado, dentro de muitos detalhes do relatório, há áreas que mudaram para melhor – entre eles, o grande afastamento de oportunidades de empréstimos comerciais, devido ao endividamento do governo que era a norma em 2007 diminuiu. De facto, vale a pena entender melhor as experiências em reforma financeira durante este período de quatro anos. A matriz de recomendações de 2007 e o status de sugestão de hoje, embora fora do escopo deste diagnóstico, seria uma ferramenta útil para entender a motivação e oportunidade e orientar futuras reformas do sector financeiro. Embora o relatório não significativamente endereça a presença de DCAs e programas de garantia de outros doadores, estes também devem ser revistos para a transparência e eficácia em todo ambiente global para obtenção de crédito no sector agrícola. APOIAR A PROMULGAÇÃO DE UMA LEI DE TRANSACÇÕES MODERNA SEGURA PARA FORNECER A CRIAÇÃO DE UM DIREITO SEGURO DE PROPRIEDADE DE UMA FORMA RÁPIDA, BARATA E SIMPLES Surpreendentemente, apesar de várias sugestões excelentes, o relatório de Junho de 2007 da USAID não enfatiza a importância de empréstimos com garantia e relatórios de crédito, duas questões que têm estado por muito tempo no topo da agenda de reforma do Doing Business. Consultas com os bancos e outros credores durante este diagnóstico confirmam que estas questões são extremamente importantes e que Moçambique dificilmente pode esperar para se juntar a vibração relativa de seus vizinhos do Oeste sem adoptar essas medidas. Hoje, as leis bancárias de Moçambique pouco têm a dizer sobre os dois "transacções seguras" e, mais genericamente, "a garantia." Apesar de agricultores e organizações de 78 agricultores com garantias "móveis" significativas- tais como equipamentos agrícolas, animais e as esperadas colheitas - poderem usar esses recursos para garantir um empréstimo, são oferecidos valores muito baixos como garantia - tão pouco quanto metade ou um terço do que eles valem. Um novo regime de transacções seguras é urgentemente necessário. Com base nas melhores práticas na África e além, uma nova lei deve habilitar especificamente um registo de compromisso baseado num site. Este registo deverá permitir aos bancos procurar penhoras existentes em questão de segundos. Os credores poderiam registar seus interesses de seguro online, e não através de complicados processos manuais. Um registo de compromisso baseado num site pode economizar tempo e reduzir custos de transação para cada empréstimo garantido. Em todo o mundo, a USAID tem uma experiência considerável na construção de consenso entre ambos os actores públicos e privados para aprovar uma lei de transacções segura e na implementação de tais leis. O processo incluirá, necessariamente, uma proposta de lei, que tenha em conta outras principais legislações de empréstimos de Moçambique e informar e educar grupos afectados sobre as oportunidades e responsabilidades que tal sistema representa. Lições aprendidas do passado esforço apoiado pela USAID podem ser aplicadas em Moçambique, resultando em muito mais oportunidades para os bancos aceitarem com confiança garantias móveis para garantir crédito que eles dão para os mutuários. ESTABELECER E DESENVOLVER CAPACIDADE DOS BUREAUS DE CRÉDITO PRIVADOS Para atingir as metas de crédito significativo e relatórios de ampla base de informações, todos os intervenientes em Moçambique devem primeiro trabalhar para uma aceitação eficiente do modelo de dados do bureau de referência de crédito e implementação de um mecanismo de recolha de dados entre os bancos e outras instituições financeiras. As mudanças legais e regulamentares necessárias para permitir a partilha livre de informações de crédito positivas e negativas entre as instituições financeiras e não financeiras devem ser postas em prática. Como se observa, as novas leis certamente devem prever o acompanhamento de experiências de crédito em todos os níveis, incluindo aqueles entre as mulheres do país que podem ser considerados quase insignificante em termos de valor, mas na verdade fornece informações cruciais sobre a capacidade dos potenciais mutuários em honrar com as obrigações contratuais e pagar seus empréstimos. Além disso, as preocupações de defesa do consumidor devem ser contabilizadas de tais alterações legais. Então, um programa de advocacia com foco na importância da informação de crédito para a sociedade deve ser desenhado e implementado. Tal programa deve ser preparado e executado através de um esforço cooperativo entre as principais organizações do sector privado do governo, incluindo as instituições relacionadas com a agricultura. Além disso, um programa de capacitação para os bancos e outros credores sobre a implementação e uso de informações de crédito deve ser desenhado e implementado. O programa deve abranger: Mecanismos para a incorporação de informações de crédito e pontuação de crédito para o processo de subscrição Implicações para a gestão de risco da carteira com mais informações sobre risco do cliente Desenvolvimento de produto e estratégia de aquisição de determinado cliente dado o risco reduzido Recursos tecnológicos para sistemas integrados O valor dos dados como uma força instrutiva para futuros empréstimos com base na confiança maior do credor e risco reduzido não pode ser subestimado. A tendência em toda a região e no mundo a favor dos relatórios de crédito - juntamente com a correlação entre relatórios de crédito, risco e taxas de juros - deve ser integrado no sector financeiro de Moçambique, de modo que o crédito possa finalmente ser aproveitado como um instrumento de longo prazo no crescimento económico. AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 79 RESOLVER O PROBLEMA DE TAXA DE JURO-ATRAVÉS DE ESFORÇOS CONCENTRADOS NA REDUÇÃO DE RISCO, OPORTUNIDADES DE SEGUROS AUMENTADAS, E MUDANÇAS NOS INCENTIVOS DOS CREDORES Em Moçambique, a actual taxa de juros para os agricultores que pedem dinheiro por emprestado a bancos geralmente excede 22%, com a maioria dos termos de concessão de empréstimos com duração não superior a um ano. Este facto é significativamente atribuível ao risco: as taxas representam uma resposta racional por parte dos credores institucionais que não têm confiança de que os mutuários estão sempre empenhados em reembolsar. A ausência de produtos de seguros para os credores agrícolas também eleva esta taxa. Além disso, é sabido que as taxas de juros associados a títulos do governo (T-bills), particularmente dado ao facto de que são livres de impostos, significa que os bancos têm pouco incentivo para emprestar. Em vez disso, através da compra de títulos do governo, eles podem alcançar tal retorno satisfatório sem o risco de inadimplência do mutuário ou altos custos de transacção envolvidos na concessão de empréstimos a agricultura. Por meio de divulgação e formação de consenso, os stakeholders podem ajudar os sectores afectados - os bancos, os atores governamentais, pequenas empresas e médias empresas, câmaras de comércio, e assim por diante - a entender melhor as limitações sobre a economia provocada pelo status e trabalhar para a mudança que resultaria em um sistema mais racional para as taxas de juros e empréstimos. PROMOVER A INTEROPERABILIDADE FINANCEIRA MÓVEL Em toda a África, a entrada de empresas de telecomunicações móveis em serviços financeiros tradicionais, tais como transferências de dinheiro, está transformando o comércio. No Quénia, por exemplo, o sistema M-PESA tem experimentado a captação de milhões de clientes em apenas alguns anos. Bancos, casas de poupança e as instituições de microfinanças tem integrado os serviços móveis em seus modelos de negócios. Alguns estão simplesmente tentando permitir que os detentores da cona MPESA possam pagar empréstimos ou fazer depósitos de poupança. Empresas de varejo estão buscando oportunidades para permitir o pagamento dos bens utilizando estes serviços. Essas empresas não mais têm de se preocupar com cheques devolvidos ou problemas de segurança associados com transporte grandes quantidades de fundos. O sector privado, que opera especialmente em zonas rurais, está claramente melhor com essas inovações e concorrentes. Para construir e fortalecer os sistemas similares em Moçambique, capacitação em telecomunicações, instituições financeiras e empresas de varejo poderia ser realizado através de inquéritos a consumidores e seminários regionais. A capacitação poderia divulgar as melhores práticas em produtos, modelos de negócios, e gestão de risco internos. O objectivo seria ampliar o acesso aos serviços financeiros no sector da agricultura em Moçambique utilizando a tecnologia disponível em risco limitado. Para alcançar esses objetivos, os doadores podem facilitar um esforço conjunto entre as agências governamentais e o sector privado. MELHORAR A APLICAÇÃO DE CONTRATOS AGRÍCOLAS O cumprimento de contratos agrícolas continua a ser um grande problema em Moçambique. Principalmente, há pouca fé que os pequenos agricultores, em particular, irão honrar os seus contactos, tanto como os vendedores de bens a preços previamente negociados e como devedores de dinheiro de bancos e outros fornecedores de crédito. Compradores de produtos agrícolas estão rotineiramente frustrados com a prática de criar contratos para entrega de bens que são completamente ignoradas no momento da venda (quando o produtor encontra um preço melhor). Da mesma forma, os credores descobriram que pequenos agricultores não estão acostumados a ter que pagar de volta o dinheiro que estão a levar por emprestado; que tratam muitos empréstimos como subsídios, particularmente aqueles 80 que vêm do estado; e que muitas vezes eles não usam o dinheiro do empréstimo para a finalidade para o qual foi atribuído o fundo, tornando-se assim impossível pagar o dinheiro de volta quando é devido. Os bancos em particular acreditam que os tribunais são demasiado lentos para fazer cumprir as obrigações de incumprimento de devedores ou, quando pressionados a executar o contrato, se solidarizem com os mutuários. As implicações deste problema de contratos agrícolas no acesso ao crédito agrícola são graves. As instituições financeiras irão evitar riscos se sentirem que terão que depender dos tribunais para a resolução. Além disso, os fundos adquirids em disputas legais não podem ser reaproveitados dentro do sistema financeiro para usos mais eficientes. Reforço da aplicação dos contratos em Moçambique é urgentemente necessário. Exemplos de como melhorar a eficiência da execução dos contratos incluem o seguinte: Em qualquer programa que apoia as organizações de agricultores, incluir um componente que ressalta a utilidade de contratos e obrigações associadas com a celebração de contratos. A maioria dos agricultores em Moçambique são muito pobres e em muitos casos, com pouca educação. Quanto mais este for o caso, maior a possibilidade de que eles irão se comportar de forma oportunista, mesmo que tenham assinado um contrato. (Como alternativa, eles podem cair em contratos predatórios por parte de empresas comerciais). Ou seja, um agricultor ou organização dos agricultores que plantam milho, arroz, óleo de palma, tomate, ou outros produtos locais podem concordar com um comprador corporativo no início da temporada para vender bens a um determinado preço. Estes agricultores e organizações de agricultores podem até aceitar sementes, pesticidas, outros insumos, e conhecimentos sobre as melhores práticas de agricultura como parte do acordo para vender a um determinado comprador. Mas mesmo o contrato mais cuidadosamente negociado pode ser desconsiderado se outro comprador aparecer com um preço mais elevado do que o preço do contrato no momento da colheita. Em suma, os agricultores precisam de mais informações sobre os benefícios e implicações sobre a celebração de contratos. Informatizar os registos do tribunal. De todos os programas, cuja implementação seria rapidamente aumentar a eficiência judicial e desempenho, esta é a mais óbvia e urgente. A USAID tem um longo histórico em ajudar judiciários, incluindo os tribunais cíveis, comerciais e criminais, no reforço da sua utilização da tecnologia. Ao considerar as possíveis intervenções no Quênia, as lições do Egito, Indonésia, Bósnia, Rússia e outros países devem ser considerados. Introduzir programas de pequena escala de arbitragem em áreas rurais, de modo que as disputas sobre contratos agrícolas possam ser rapidamente resolvidos e executados. Treinar os empresários locais em arbitragem. Denunciar corrupção nos tribunais. Relatos sobre "dinheiro rápido" e outros atos de corrupção envolvendo os litigiantes e os funcionários do tribunal, incluindo juízes, são abundantes e desencorajadores. Para lidar com a percepção e a realidade de corrupção nos tribunais do país, a liderança do sistema tribunal de Moçambique deve tomar uma atitude. Um exemplo a seguir é que o sistema de tribunais de Gana, onde determinada liderança do "topo" tem resultado em mudanças significativas e relatórios significativamente diminuídos de corrupção, conforme detalhado no capítulo de Cumprimento de Contratos, de 2008 no relatório da USAID/AgCLIR Gana. AgCLIR AGENDA DE ACÇÃO PARA MOZAMBIQUE 81 DECRETAR A NOVA LEI DE FALÊNCIAS E DAR PASSOS RUMO A SUA EFECTIVA IMPLEMENTAÇÃO Em Novembro de 2007, uma nova lei de falências foi apresentada ao governo por um grupo de consultores contratados para elaborar uma legislação adicional sobre enceramento de empresas. Conforme detalhado no capítulo deste relatório sobre enceramento de empresas, esta proposta de lei é modelado com base na lei Brasileira de 2005. Apesar de quatro anos sobre a agenda legislativa, ainda não foi abordado. A promulgação da nova lei representará um passo importante para a redução do risco no ambiente de crédito. Com certeza de que têm direitos importantes sobre a dissolução de um negócio, os bancos estão mais propensos a emprestar. O relatório de Junho de 2011da USAID/SPEED sobre a lei de insolvência do projecto inclui uma variedade de recomendações para revisão e aprovação do projecto, seguido de um plano proposto para a implementação robusta. Estas recomendações devem ser integradas em futuros planos do governo e dos doadores para o novo regime de falência. 82 83 5. PAGAMENTO DE IMPOSTOS 5.1 INTRODUÇÃO Desde 1998, os instrumentos primários fiscais de Moçambique foram substancialmente transformados. Como resultado, as receitas fiscais aumentaram de 14% do PIB em 2005 para 16,6% em 2010. Outras realizações incluem a promulgação de uma nova Lei Fiscal Geral para esclarecer regras para cobrança de impostos e direitos do contribuinte; racionalização dos benefícios fiscais, em particular, a supressão do regime especial para grandes projectos; uma nova Lei das Finanças Municipal; a redução dos encargos para os pequenos negócios, aumentando limiares de impostos e promulgação de uma Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes (ISPC); e um regime fiscal reforçado para os sectores de mineração e petróleo. Várias reformas adicionais, no entanto, ainda estão em andamento. Estes incluem a integração dos sistemas de informação de impostos e aduaneira; cobrança de impostos através dos bancos; melhorar a receita de auditoria em relação à receita total; modernização da administração tributária; e implementação de tribunais tributários. Em sua pesquisa mais recente de Doing Bussiness, o Banco Mundial classifica Moçambique em101º em geral no Pagamento de Impostos, contra 98 no ano anterior. A pontuação consiste em três componentes, que têm igual peso: o número de pagamentos de impostos; as horas gastas na preparação e pagamento de impostos, e um cálculo da taxa de imposto total como uma porcentagem dos lucros para o negócio representativo. Em Doing Business 2011, o Banco Mundial estima que um negócio de estudo de caso padronizado precisaria de 230 horas de trabalho para preparar e entregar os impostos em Moçambique envolvendo 37 pagamentos, e enfrentam um total de impostos equivalente a 34,3% da margem de lucro presumido. Nos últimos três anos, estas notas fiscais não melhoraram para Moçambique. A acção mais importante para resultar em um aumento significativo no ranking seria a introdução de declarações electrónicas para pagamentos de IVA, imposto de renda corporativos e contribuições para a segurança social dos trabalhadores.67 A estratégia de Moçambique para a Melhoria do Ambiente de Negócios 68 reconhece que a carga fiscal no país é alta, em comparação com outros países da região. Esta também observa a percepção de que a legislação fiscal não foi concebida com as PME em mente, e esse trabalho é necessário para acelerar o 67. Como se afirma na "Revisão do PARPA II - Sistema Tributário em Moçambique (Nathan - USAID - 2009)," dada a metodologia utilizada pelo Banco Mundial, automatizar esses pagamentos de impostos reduziria o número de pagamentos para estes três impostos 31-3. 68. Carrilho João, Políticas Sectoriais Existentes, Estratégias e Estudos sobre Agricultura e Agronegócio em Moçambique, Documento de ESBOÇO de Estratégia para a USAID AgriFUTURO . 85 reembolso do IVA para as empresas. Em 2009, uma legislação foi aprovada para implementar a Estratégia para a Melhoria do Ambiente de Negócios. O tamanho relativamente grande e subdesenvolvimento do sector agrícola em Moçambique permite uma tributação de produtos não agrícolas o único meio viável de elevar a taxa tributária. Estruturas de tarifas, em particular, tendem a ser desviadas para a tributação sobre as importações não-agrícolas.69 Moçambique é caracterizado por uma combinação de (i) uma taxa de imposto corporativa relativamente alto e (ii) não integração dos sistemas de imposto de renda de empresas e pessoal. O imposto de renda associada dupla equidade cria um incentivo para os empréstimos em vez de investimento de capital e aumenta a taxa de retorno exigida sobre o último. Dada a altos níveis de taxas de juros reais em empréstimos domésticos, isso se traduz em um elevado custo de capital e, consequentemente, o baixo investimento por empresários nacionais. Remover o viés fiscal exige que os pagamentos de dividendos sejam feitos a partir de lucros antes de impostos, o que confere aos dividendos o mesmo tratamento com juros ou dividendos que são isentos de rendimentos tributáveis.70 Sob o mecanismo de pontuação da AgCLIR, o quadro Legal de Moçambique pontuou na faixa "características mais positivas do que negativas" , enquanto as Instituições de Implementação, Instituições de Apoio, e as Dinâmicas Sociais todas têm uma pontuação em uma escala que indica necessidade de melhoria significativa. 5.2 QUADRO LEGAL O sistema tributário actual em Moçambique, está conforme com as normas internacionais de boas práticas nos países em desenvolvimento, com as principais fontes de receitas provenientes do IVA e do imposto de renda moderna corporativa e individual (IRPC e IRPS, respectivamente), e impostos sobre o comércio em declínia importância.71 Pagamento de Impostos em Moçambique: Historial recente Doing business 2009 Doing business 2010 Doing business 2011 Classificação Percentual do imposto (%lucro) Pagamento (número por ano) - 98 101 34.3 34.3 34.3 37 37 37 Tempo (horas por ano) 230 230 230 Uma série de reformas no código tributário e medidas para melhorar a administração fiscal foram realizadas durante o período de 2006 a 2009. Em geral, as reformas têm alinhado bem com os objectivos e metas do Programa a Estratégia de Redução da Pobreza (PARPA II) para a política fiscal. As principais mudanças na Lei Tributária, 2006-2009, estão resumidas na tabela na página seguinte. 69. FIAS e Banco Mundial, Mozambique: Study of the impact of Tax and Licenses on Five Priority Sectors (2008). 70. Fiscal Policy and Tax Incidence, Taxation and the Cost of Capital in Mozambique, Discussion Paper nr. 39 E, Chapter 15, (April 2007). 71. O FMI afirma que "o quadro jurídico para o sistema fiscal é moderno, abrangente, e, geralmente, amplamente divulgados". Carrilho João, "políticas sectoriais existentes, Estratégias e Estudos sobre, Agricultura e Agronegócio em Moçambique" supra nota 65, at 78. 86 Instrumento Legal Título e descrição Lei 1 / 2006 de 22 de Março e Decreto 29/2006 de 30 de Abril Autoridade Tributária de Moçambique - Estatuto Orgânico para o estabelecimento do AT. Lei 2 / 2006 de 22 de Março Lei Geral de Tributação - Princípios gerais e disposições que regulam as responsabilidades e obrigações das autoridades fiscais em todos os níveis e os direitos e responsabilidades do contribuinte. Lei 3 / 2007 de 7 de Fevereiro Direito Aduaneiro - Reduz a taxa de imposto sobre bens de consumo de 25% para 20% Leis 11/2007, 12/2007, 13/2007 de 27 de Junho e Decretos 4 / 2008 e 5 / 2008 de 09 de Abril Leis de Mineração e de Petróleo - Reforma do regime fiscal e de superfície de concessões para actividades de mineração e produção de petróleo, e o regime de incentivos a projectos de investimento abrangidos pela Lei de Mineração e a Lei do Petróleo. Lei 28/2007 de 4 de Dezembro Herança e Código Tributário para Presentes Lei 32/2007 de 31 de Dezembro e Decreto 7 / 2008 de 16 de Abril Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) - Consolida emendas e outras alterações legais relativas ao Código do IVA; eleva o limite para o registo e expande o âmbito do regime tributário simplificado; revisa a lista de produtos isentos e transacções. Lei 33/2007 de 31 de Dezembro e Decreto 8 / 2008 de 16 de Abril Código do Imposto sobre Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS) - Consolidar alterações e outras alterações legais relativas ao Código do IVA, e ajusta limites de impostos suporte e abonos de família, também introduz imposto sobre o rendimento de títulos negociados e depósitos a prazo. Lei 34/2007 de 31 de Dezembro e Decreto 9 / 2008 de 16 de Abril Código do Imposto sobre Rendimento das Pessoas Colectivas (IRPC) - Consolida emendas e outras alterações legais relativas ao Código do IVA, e eleva o limite para o pagamento de impostos. Lei 1 / 2008 de 16 de Janeiro e Decreto 63/2008 de 30 de Dezembro Lei das Finanças municipais - Define os regimes financeiros orçamental e patrimonial para os governos locais e as reformas do sistema tributário municipal. Lei 4 / 2009 de 12 de Janeiro Código dos Benefícios Fiscais (CBF) - as reformas do pacote disponível de benefícios fiscais para os investimentos aprovados ao abrigo da Lei de Investimento, incluindo os benefícios genéricos e benefícios específicos para os tipos designados de projetos. Lei 5 / 2009 de 12 de Janeiro e Decreto 14/2009 de 14 de Abril Imposto simplificado para pequenos contribuintes (ISPC) Introduz um novo sistema tributário simplificado para as pequenas empresas, substituindo regimes de tributação simplificada para ambos imposto de renda e IVA. Contribuintes cujo volume de negócios é equivalente a 36 salários mínimos estão isentas. Redução do imposto de 50% para o primeiro ano. 87 EITI Aprovação de candidatura para Conselho de Moçambique, 18 de maio de 2009 Esta medida dá início ao processo formal de qualificação para a participação em Moçambique e a adesão à Iniciativa de Transparência das Indústrias Extractivas. Lei 17/2009 de 10 de Setembro e Decreto 69/2009 de 11 de Dezembro Código Imposto sobre Produtos Industrializados (ICE) Reestrutura as taxas de imposto especial de consumo sobre determinados bens, incluindo vinhos, produtos de tabaco, jóias e veículos, elimina imposto de consumo sobre alguns brinquedos e artigos esportivos. Impostos em Moçambique, tanto a nível do governo central como a nível de município são regidos por duas leis gerais (Lei 2/2006, de 22 de Março e Lei 15/2002, de 26 de Junho). Municípios estão autorizados a cobrar seus próprios impostos e também têm direito a receber financiamento público do orçamento do Estado (cerca de 1% do orçamento nacional total). Abaixo está uma visão geral dos diferentes tipos de impostos incidentes em Moçambique. Tributação das empresas. Em Moçambique, como em muitos outros países, a residência de uma empresa determina a sua taxa de tributação. A empresa é considerada uma empresa residente se a sua sede ou direcção efectiva ou controle é em Moçambique, ou se o negócio é registado em Moçambique. A empresa residente é tributada sobre os seus rendimentos a nível mundial, enquanto que uma empresa não-residente está sujeito ao imposto apenas sobre a sua fonte de rendimento em Moçambique. LEIS CHAVE • Código do Imposto sobre Rendimento das Pessoas Colectivas Código do Imposto sobre Rendimento das Pessoas Singulares • Código de Imposto sobre o Valor Acrescentado • Código dos Benefícios Fiscais Dividendos de empresas estão sujeitas a um imposto retido na fonte de 20% a menos que se qualifiquem para a isenção de participação. Fonte estrangeira de dividendos são tributados à taxa completos. Ganhos ou perdas de capital estão incluídos na renda ordinária tributados à taxa de empresa. Um subsídio a inflação está disponível (o que tem de ser determinado numa base caso a caso, uma vez que os coeficientes de inflação não foram definidas pelas autoridades fiscais). Existe em Moçambique um imposto mínimo alternativo e se aplica a entidades muito pequenas (volume de negócios inferior a USD 85 mil). Empresas não pagam nenhum imposto de entradas de capital ou imposto sobre os salários. O imposto sobre a propriedade real é calculado em até 0,4% (para uma residência) e 0,7% (para escritórios) do valor do imóvel em Maputo e Matola. As empresas são cobradas um imposto de selo de 0,4%, o que se aplica a transferências de acções, e 0,2% para as transferências de edifícios. Transferências de terras (que são sempre arrendamentos) são isentos de imposto de selo. A taxa de transferência de 2%, normalmente pagos pelo cessionário, é cobrado sobre a transferência de título para um edifício. A taxa é de 10% quando o comprador é residente em uma jurisdição com um regime fiscal mais benéfico. Incentivos, incluindo isenção de IVA, os créditos tributários, e a redução ou isenção do imposto sobre as sociedades, estão disponíveis no Novo Código dos Benefícios Fiscais (Lei 4/2009 de 12 de Janeiro). O código revisto também inclui benefícios para promover a introdução de novas tecnologias e formação profissional. O direito a esses benefícios são concedidos aos investimentos sob a Lei de Investimento ou aqueles em actividades comerciais e industriais realizadas nas zonas rurais. Empresas que investem em 88 Zonas de Desenvolvimento Rápido e Zonas Industrial Livre (Vale do Zambeze72, província do Niassa, Districto de Nacala, Ilha de Moçambique e Ibo), na agricultura, mineração, petróleo, turismo e industria e projetos de serviços também podem beneficiar de incentivos que variam conforme o local , o número de trabalhadores, e se os produtos são exportados. Administração e cumprimento. O ano fiscal de Moçambique vai de Janeiro a Dezembro, embora uma empresa pode adoptar qualquer data para contabilidade, se assim for autorizado. Enquanto declarações fiscais consolidadas não são necessárias; cada empresa em um grupo deve apresentar uma declaração em separado. As empresas devem fazer três pagamentos de impostos corporativos provisórios em Maio, Julho e Setembro. O montante total deve ser de 80% do valor do imposto lançado no ano anterior. Declarações de imposto anual e o saldo do imposto devido devem ser apresentados até 31 de Maio, com documentos comprovativos apresentados um mês depois. Existem penalidades para a apresentação tardia, não pagamento de impostos e falta de divulgação de registos. As penalidades variam de cerca de 100 dólares à 33.000 dólares. Os juros de mora são cobrados em pagamentos tardios. Penas de prisão por fraude fiscal pode ser de até oito anos, ou até dois anos por negligência. Decisões gerais sobre a interpretação da legislação tributária, ou decisões antecipadas sobre a tributação de operações específicas podem ser obtidas junto das autoridades fiscais. Tais decisões são vinculativas para as autoridades com relação aos factos divulgados da transação. Valor Adicional Fiscal. Em Moçambique, o IVA é exigível no fornecimento de bens e serviços e sobre as importações. A taxa normal é de 17%. Serviços bancários e certos de saúde, educação e filantrópicas estão isentos, e as exportações de bens e serviços estão isentos. Formulário 1 é usado para obter um Número de Imposto Único e Formulário 6 como uma declaração de início de actividades. O IVA mensal deve ser apresentado até o último dia do mês seguinte. Tratados fiscais. Moçambique tem o dobro de tratados fiscais para evitar dupla tributação com os seguintes países: Itália, Ilhas Maurícias, Portugal, África do Sul, Emirados Árabes Unidos e Macau. Tributação na agricultura. Em termos gerais, a questão da tributação não é vista como um impedimento para o crescimento do sector agrícola moçambicano73. Alguns dos benefícios fiscais na agricultura incluem: IRPC é efectivamente 2% (80% dos 10% até 2010) para aqueles que se beneficiam do Código dos Benefícios Fiscais; A maioria dos inputs e outputs estão isentos de IVA ou taxa zero (embora o IVA continua a estar em alguns inputs, especialmente de combustível e eletricidade). Além disso, investimentos de larga escala têm sido capazes de negociar acordos fiscais, por exemplo, no Vale do Rio Zambeze; Uma das maiores cargas fiscais que a agricultura comercial rotineiramente encontra é sobre os combustíveis (imposto de importação de 5%, o IVA a 17% e a taxa sobre os combustíveis), embora este seja um imposto de input e não um imposto sobre o capital; Certas culturas também têm regimes fiscais específicos da indústria, tais como o imposto de exportação de 18% na castanha de caju não transformados e da imposição de importação variável sobre o açúcar; Direitos de importação são baixas para os insumos agrícolas, variando de 0% (semente reciclada) para 2,5% (fertilizantes, herbicidas e insecticidas); O Vale do Zambeze é definido como a área geográfica que inclui todos os distritos da província de Tete, os distritos de Morrumbala, Mopeia, Chinde, Milange, Mocuba, Maganja da Costa, Nicoadala, Inhassunge, Namacurra e Quelimane, na província da Zambézia; os distritos de Gorongosa, Maringue, Chemba, Caia, Marromeu,Cheringoma e Muanza, na província de Sofala, distritos de Báruè, Guro, Tambara e Macossa nas províncias de Manica. 73 FIAS e Banco Mundial, Mozambique: Study of the impact of Tax and Licenses on Five Priority Sectors” (Julho de 2006). 72. 89 Impostos locais como o IVA não são aplicados para semente reciclada, fertilizante, inseticida ou herbicida. A combinação de um direito de importação baixo ou nenhum, sem resultados adicionais de impostos em uma parte relativamente pequena do valor de embarque final (SV) para esses insumos. Por outro lado, direitos de importação para equipamentos de escritório, incluindo o transporte e equipamentos importados para uso no sector agrícola são superiores a direitos de importação sobre insumos agrícolas, alcançando 25% em alguns casos. Nos termos da lei de moçambique, a terra pertence ao estado e não pode ser vendida, hipotecada, e penhorada. O comprimento máximo de uma concessão de terras é de 50 anos, renováveis por mais 50 anos. O custo dos direitos de uso da terra são as seguintes: animais - 0,16 USD /ha/ano; agricultura - 1,17 USD/ha/ano; outra finalidade - 2,35 USD/ ha/ano; taxas de concessão: aprovação provisória – 47USD; aprovação definitiva – 23USD. Organismos de investimento na agricultura, que são autorizados, em conformidade com a Lei de Investimento e Regulamentos devem beneficiar: (i) de uma isenção do pagamento de impostos sobre as importações de equipamentos incluídos na Classe "K" da Pauta Aduaneira; (ii) até o ano 2012, de uma redução de 80% na taxa de imposto aplicável aos lucros dos empreendimentos agrícolas 90 5.3 INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO INSTITUIÇÕES CHAVE DE IMPLEMENTAÇÃO Ministério das Finanças (MF). O Ministério das Finanças serve actualmente um milhão de • Ministério das Finanças contribuintes inscritos e 50.000 negócios. O MF • Autoridade Tributária de Moçambique lançou um projecto para modernizar o processo de cobrança de impostos do governo como parte de sua • Ministério de Planificação e Desenvolvimento iniciativa de e-governança, que também incluem a implementação do planeamento de recursos do • Ministério da Indústria e Comércio governo e sistema gestão de relacionamento com clientes (CRM).74 A responsabilidade de gestão fiscal é claramente definida e coordenada pelo Ministério das Finanças. A Autoridade Tributária de Moçambique (AT), foi criada pela Lei 1/2006, de 22 de Março. Leis complementares, (Decreto 29/006, de 30 de Agosto) e (Decreto 30/2006), ambas aprovam a organização e pessoal deste órgão governamental. A AT é o pilar do governo na luta da redução do défice orçamental, bem como assegura o desenvolvimento social e económico sustentável do país. É composto pelos seguintes órgãos de governança: Ao nível central: Conselho Fiscal Presidente Conselho de Administração Direcção-Geral das Alfândegas Direcção-Geral dos Impostos Internos Direcção-Geral dos Serviços Comuns Gabinete de Planeamento, Estudos e Cooperação Internacional Gabinete de Controle Interno A nível local: Direcções Regionais (Sul, Centro e Norte) Direcções Provinciais As Direcções da Área Fiscal representam as conexões principais dos contribuintes para a administração fiscal, onde o cumprimento das respectivas obrigações acontece (declarativa e outros). A AT tem uma equipe total de cerca de 3.214 trabalhadores. A AT tem 25 direcções de áreas fiscais, três unidades de grandes contribuintes, dois juízes privados para a execução fiscal, 55 pontos fiscais e de cobrança, e 35 postos fronteiriços em operação. Para facilitar as operações, a AT tem planejado adicionar 46 novos postos fronteiriços e 27 pontos de cobrança. A AT coordenadas as actividades fiscais com as seguintes instituições: Ministério das Finanças. O Ministério das Finanças coopere com a AT em questões relacionadas com a política fiscal e orçamental e orçamento do governo, definindo o orçamento do Estado, transportando fundos para o tesouro, e preparando a Conta Geral do Estado. Ministério da Indústria e Comércio. O MIC está envolvido na Política de Comércio Internacional 74. Cerca de 23 milhões de pessoas vivem em Moçambique, muitos dos quais consideram seu dever de pagar impostos, mesmo que alguns têm que andar até 100 quilómetros para o escritório mais próximo. A Empresa de Gestão de Impostos Oracle foi escolhida para substituir um processo de registo do contribuinte inflexível paper-based . 91 do Governo, especificamente o processo de integração regional e acordos de parceria internacional, incluindo a OMC (Organização Mundial de Comércio). Ministério de Planificação e Desenvolvimento. O MPD configura cenário fiscal de médio prazo (CFMP), desenvolve o orçamento e apresenta indicadores macroeconómicos. Banco Central. O BM define a política monetária do país, a taxa de FOREX, e controla a inflação. O estabelecimento de AT fornece a base para alcançar maiores ganhos em eficiência através da integração das operações comuns. Até ao momento, no entanto, a integração de serviços aduaneiros e de imposto nacional tem sido limitado, em grande parte envolvendo funções de back office. Maior eficiência podem ser gerada através da integração das operações de receitas, tais como auditoria, gestão da dívida, gestão de risco e processamento de reembolso, bem como funções de apoio, tais como gestão de recursos humanos, agrupamento de banco de dados do contribuinte, desenvolvimento de sistemas IT e serviços ao cliente.75 75. USAID/Nathan Associates, Revisão de PARPA II – Sistema de Impostos em Moçambique (2009). 92 5.4 INSTITUIÇÕES DE APOIO Confederação das Associações Moçambicanas (CTA). Detalhado no relatório deste capítulo sobre a Obtenção de Alvarás, a CTA é uma organização de 68 associações empresariais, câmaras de comércio e federações comerciais, abrangendo todos os sectores no país. A CTA é vista por alguns dos entrevistados como uma organização com fortes ligações com o governo. INSTITUIÇÕES DE APOIO CHAVE • CTA • CEPAGRI • IMPME • Empresas de Contabilidade e Auditoria • Mídia Centro de Promoção de Investimentos Agrícolas (CEPAGRI). É uma divisão quase independente do Ministério da Agricultura é engaregado de promover o investimento no sector agrícola. Sua gestão tem uma forte compreensão das oportunidades em Moçambique, mas o seu trabalho é geralmente centralizado (com algumas das suas actividades de promoção abrangendo as zonas rurais) e carente de recursos. O CEPAGRI é experiente no desenvolvimento da cadeia de valor e está actualmente envolvida no desenvolvimento de um Programa de Crédito Agrícola que visa envolver instituições financeiras a participar, tais como Banco Terra. O CEPAGRI também está substancialmente envolvido em ajudar os investidores a identificar extensões de terra adequadas para seus projectos. O Instituto para a Promoção da Micro, Pequenas e Médias Empresas (IMPME) visa aumentar a produção, processamento industrial, o investimento e o emprego através da assistência técnica e gestão; informações de negócios; apoio para garantia de empréstimos e ambiente de negócios. Empresas de Contabilidade e Auditoria. A maioria dos contribuintes não são grandes empresas com contabilistas altamente qualificados. Em grande parte do país, é literalmente impossível para uma empresa de médio porte apresentar contas devidamente certificadas para efeitos fiscais, devido à ausência de serviços de contabilidade e custos elevados associados a tais serviços. Grandes operações com sede em Maputo podem contar com os serviços profissionais de apoio fiscal de empresas de consultoria disponíveis (Ernest & Young, KPMG, Deloitte and Touche, Pricewaterhouse Coopers, etc.) para obter serviços de profissionais. Mídia. A AT tem trabalhado para suprir a falta de uma "cultura de contribuintes" em Moçambique através de uma campanha de informação pública destacando o papel da tributação no financiamento dos serviços públicos, bem como a obrigação dos cidadãos em contribuir para o desenvolvimento nacional. Esta mensagem está sendo difundida através dos seguintes mecanismos: Televisão. Televisão de Moçambique (TVM)- estatal que oferece cobertura nas capitais provinciais e Maputo. STV também possui uma ampla cobertura. Além disso, a Rádio Televisão Portugal África (RTP) estrangeira e Miramar aceitam publicidade local. Rádio. Rádio é o canal de informação mais eficaz no país. A única estação de rádio com cobertura nacional é a Rádio Moçambique que pertence ao Estado. A segunda estação de rádio mais popular de Maputo é a Radio Terra Verde. Existem muitas estações de rádio locais no país. A rádio Portuguesa (RTP) também opera em todo o país. Jornal. Jornais de grande circulação incluem: Noticias (diário), O Pais (diário), Diario de Mocambique (diário), Domingo (semanal), Savana (semanal) e Zambeze (semanal). A AT também desenvolveu um site para fornecer acesso imediato a qualquer empresa ou cidadão com acesso à Internet 93 5.5 DINÂMICAS SOCIAIS Os líderes empresariais em Moçambique afirmam que o programa recente de reforma tributária está impedindo o desenvolvimento do sector privado.76 Para os entrevistados durante este exercício da AgCLIR, as principais preocupações incluem: A novas leis fiscais são complexas demais para as condições locais. No entanto o IVA em Moçambique é muito semelhante ao IVA em 10 Estados da SADC. Os contribuintes em geral enfrentam dificuldades no preenchimento de formulários com precisão e manter a documentação necessária. O processo de reembolso do IVA é visto como não tendo transparência. Existe uma divergência acentuada entre as reivindicações do sector privado de longos atrasos no reembolso de IVA e declarações dos funcionários do governo que afirmam que o tempo de processamento está dentro do prazo de mandato de 45 dias. Muita crítica é direcionada ao grau de discricionariedade exercida por funcionários da administração fiscal em determinação de avaliações e penalidades. O sistema tributário indevido prejudica o fluxo de caixa do negócio e aumenta os custos de financiamento - o exemplo mais proeminente é o custo de financiamento e atrasos no reembolso do IVA. Estes problemas de fluxo de caixa poderiam ser atenuados se o governo honrasse com o seu compromisso legal de pagar juros sobre reembolsos em atraso. O novo ISPC deve percorrer um longo caminho para a mitigação de impedimentos fiscais para o desenvolvimento de vínculos de negócios. É improvável a capacidade de se superar os problemas em conjunto, dadas as dificuldades práticas de registrar cada agricultor familiar, comerciante local, e produtor de artesanato - muitos dos quais são analfabetos, e muitas vezes falta até mesmo um bilhete de identidade adequado. Informação pública sobre o sistema tributário é inadequado e diálogo público-privado é insuficiente - a disponibilidade de informações fiscais e diálogo público-privado é pobre. Funcionários do governo deveriam ter consultas como um mecanismo importante para o aprendizado sobre os problemas enfrentados pelos contribuintes. As receitas cobradas a partir de importações do sector informal representa cerca de 2% da receita total arrecadado pela alfândega. Três principais associações do sector informal77 dedicada à compra de mantimentos e vários tipos de louças para revenda no mercado local para pequenos comerciantes, foram envolvidos no processo de elaboração de instrumentos jurídicos necessários para o desempenho das suas actividades, bem como costumes e controles fiscais . O sector informal, que abrange a maior parte da economia, tornou-se um concorrente sério em termos de preços para os comerciantes do sector formal que pagam impostos, em parte porque os comerciantes informais são capazes de vender produtos contrabandeados, sem repercussões. Representantes de empresas de pequeno porte nas áreas rurais acreditavam que estavam sendo tributados da mesma forma que empresas em Maputo sem ver os benefícios em termos de serviços de apoio, infra-estruturas, e assim por diante. "Mudar a cultura do contribuinte é particularmente difícil se os funcionários fiscais são muitas vezes percebidos como predadores ao invés de apoiar, e se público não vê benefícios correspondentes aos gastos do governo".78 Em março de 2009, a AT assinou dois Memorandos de Entendimento com as três principais associações do sector informal que visa prevenir e combater a acção fraudulenta e de inspecção e relacionadas com 76. Bruce Bolnick, Nathan Associations; CTA, Reforma Tributária e Ambiente de Negócios em Moçambique (2006). As associações são: AVISIMO (MUKHERO) – Associação de Trabalhadores e Operários do Sector Informal; AMIMO – Associação Moçambicana de Importadores de Pequena Escala; ASSOTSI – Associação de Operários do Sector Informal. 78 Revisão do PARPA II, supra note 72. 77 94 a implementação do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes (ISPC). Representantes de associações de comércio informal são convidados a assistir às sessões do Conselho Fiscal e eventos relacionados dentro do AT, fazendo-os sentir como parte do sistema fiscal dinâmica social. A grande fraqueza na "cultura fiscal" como o principal obstáculo para melhorar a conformidade e reduzir a fraude e a evasão foi enfatizado por muitos dos entrevistados. Sublinharam a necessidade dos membros seniores do governo e membros das assembléias nacionais e provinciais de apresentarem declarações de rendimentos e da riqueza a uma autoridade de auditoria independente e para a AT como um exemplo de justiça. O desafio de isenções fiscais generalizada deve também ser abordada. A maioria dos entrevistados expressaram suas preocupações de que as isenções fiscais concedidas à elite política e económica mancham a credibilidade do sistema fiscal e também pode "legitimar" a evasão fiscal. Os empregadores da autoridade fiscal não são apenas cobradores de receita, mas também construtores do Estado. A AT poderia a este respeito se tornar em uma instituição modelo para o resto do serviço civil. É importante criar um diálogo que possa contribuir para um debate mais amplo sobre impostos e desenvolvimento. Enquanto as discussões sobre tributação têm sido tradicionalmente um domínio estreito e tecnocrático, há uma necessidade de ampliar o debate e fazer com que as pessoas percebam a importância de tributação para a construção do Estado e desenvolvimento. Para este efeito, as autoridades fiscais organizaram seminários em todo o país para introduzir os códigos de novo imposto. Autoridades fiscais TAXES AND INPUTS De pequenos agricultores, 82% se queixam de que o fornecimento pobre ou oneroso de sementes é o seu principal problema na agricultura. Os preços de fertilizantes e pesticidas são altos por causa do custo desnecessariamente altos e seguro e frete (C.I.F) custos de produtos químicos importados, altos custos de transporte local, e as margens anormalmente elevados cobrados por alguns fornecedores, especialmente quando têm um monopólio regional, como, por exemplo , nos sistemas de agricultura por contrato. Os altos preços e os custos de insumos reduzem a viabilidade das exportações para muitas culturas. Entre os pequenos agricultores, apenas 2,7% usam fertilizantes e 4,5%, pesticidas, e aqueles que são na sua maioria agricultores por contrato então quase exclusivamente usam para as culturas de rendimento como o algodão e o tabaco. A situação é ligeiramente melhor para médios agricultores (11%, fertilizantes, 10,3%, pesticidas), e mesmo entre os grandes agricultores apenas um terço usa insumos modernos. A menos que tais insumos possam ser emprestados e pagos no momento da colheita, muistos agricultores de pequenas e médias empresas são esmagados pela pobreza e não têm capital para investir em insumos modernos, especialmente considerando os riscos inerentes, se a colheita é fraca devido a uma seca, inundação, ou a peste. Os produtores entrevistados sublinharam a necessidade de reforçar os sistemas do sector privado de insumos agrícolas, bem como outros meios de assegurar o acesso a insumos, tais como associações de agricultores, cooperativas e arranjos com produtores por contrato. De "Intensificação Agrícola em Moçambique - Política de Infra-estruturas e Quadro Institucional - Quando é que Problemas Sinalizam Oportunidades?" – Coughlin Peter, EconPolicy Research Group (Setembro de 2006). também participar em outras discussões intermitentes com o sector privado, incluindo reuniões com o CTA. Apesar destas conversas, ainda há espaço significativo para o crescimento em termos de intercâmbio de informações79. USAID/Nathan Associates, Reforma Tributária e do Ambiente de Negócios em Moçambique - Uma revisão de preocupações do sector privado (Dezembro de 2004). 79 95 5.6 RECOMENDAÇÕES As recomendações dos relatórios de doadores anteriores, como verificado por este diagnóstico, o foco é em 12 questões-chave: Meta de receita a médio prazo: Um rácio das receitas de 18,5% do PIB deve ser viável em 2015, com um forte compromisso com a reforma. No entanto, a maximização das receitas não é o único objectivo da política fiscal. Dependendo do equilíbrio desejado entre aumento da receita e redução de impostos para o sector privado, o estudo sugere opções que vão de 16,5% para 18,5% do PIB. A meta de receita para o programa de cada ano do orçamento deve ser determinada a partir de uma análise das condições prevalecentes. Taxas de imposto. Cortes de impostos moderados daria ao sector privado mais recursos financeiros adicionais para a expansão, inovação e criação de emprego. Além disso, Moçambique não deve ficar muito para trás quanto a tendência global e regional em direção a menores taxas de imposto sobre o rendimento da empresa. O estudo recomenda, portanto, o planejamento para a redução do imposto de renda como perspectivas para melhorar as receitas. Também são recomendados a redução do imposto retido na fonte e eliminação da dupla tributação sobre os dividendos pagos aos acionistas individuais. Capacidade de análise fiscal. Decisões sobre a política fiscal devem ser informadas pora uma análise cuidadosa dos efeitos da receita e impactos económicos. O estudo recomenda a criação de uma Unidade de Política Fiscal no Ministério das Finanças e formação de um grupo de especialistas para realizar uma análise quantitativa e qualitativa das questões de política fiscal. Integração funcional dentro da AT. A Autoridade Tributária pode melhorar significativamente a eficiência e eficácia através de uma maior modernização da administração tributária. Um requisito importante é a integração funcional das operações comuns entre os serviços aduaneiros e de impostos, incluindo a auditoria, gestão de risco, gestão da dívida, e serviços ao cliente, bem como gestão de recursos humanos e arquivos de dados mestre para cada contribuinte. E-tributação. O governo e a AT reconhecem a importância das tecnologias da informação (eTributação) e começaram a planejar e implementar reformas importantes. Prioridades incluem edeclarações, pagamentos eletrônicos através dos bancos, uma janela única automatizada para declaração de bens nas fronteiras e gestão da dívida automatizado. Estas medidas de IT também deve ser um catalisador para a reengenharia de processos de negócios relacionados. Gestão de Risco. Há um enorme espaço de melhoria da eficiência de cobrança através da gestão de risco moderno, que irá, simultaneamente, reduzir a carga de conformidade e facilitar as transacções fiscais para a maioria dos contribuintes. O conceito é usar sistemas automatizados para distinguir os casos com risco de receitas altas versus baixas, permitindo que a AT concentre os recursos nos casos em que os ganhos potenciais das receitas são mais elevados. Simplificação tributária. Apesar dos progressos genuínos durante o período do PARPA II, simplificação tributária continua sendo uma grande prioridade. Complexidades no código de imposto, em formulários de impostos, e em procedimentos administrativos - incluindo aqueles para a obtenção de restituições de impostos - continuam a criar sérios problemas, especialmente para as pequenas e médias empresas. Serviços ao contribuinte. A AT tem feito progressos impressionantes na melhoria dos serviços do contribuinte, mas o processo está longe de terminar. Melhorar a prestação de informações é fundamental para qualquer solução, incluindo a capacidade aumentada dentro do AT para fornecer respostas claras e imediata às perguntas dos contribuintes em todos os níveis de sofisticação. Outro problema de longa data é a tendência dos agentes fiscais de empregar práticas de aplicação imprevisível e punitiva, enquanto apoio educativo seria mais construtivo. 96 Cultura de impostos. Muitos dos entrevistados para o estudo enfatizou a fraca "cultura de impostos" como principal obstáculo a melhorar a conformidade e reduzir a fraude fiscal e evasão fiscal. Mudar a cultura fiscal requer uma combinação de stick and carrot para reforçar os incentivos para o cumprimento e aumentam os custos de fraude, enquanto melhora a compreensão pública das suas obrigações. Para acelerar a transformação cultural, a AT também pode procurar medidas que ressoam com o público, tais como reprimir os contribuintes ricos que foram fugindo às suas obrigações fiscais com a impunidade. Formação fiscal. Há uma grande necessidade de expandir e melhorar a formação de impostos tanto para quadros da AT e profissionais do imposto ao serviço do sector privado. De uma perspectiva de receita, treinamento em habilidades de auditoria com antecedência para lidar com os grandes contribuintes é especialmente importante. Coordenação dos doadores. Vários doadores são o suporte financeiro através de canalização de um fundo comum controlado pela AT. Parece que outros doadores estarão ajudando a AT através de outros canais. É importante para os doadores prestar assistência de uma forma que minimiza a carga sobre o AT de lidar com uma multiplicidade de procedimentos e requisitos. 97 6 . ACESSO A INFRA-ESTRUTURA DE MERCADO 6.1 INTRODUÇÃO O nível de desenvolvimento económico de qualquer país está intimamente relacionado com a condição de sua infra-estrutura física como são as veias que permitem o fluxo de pessoas, bens e serviços de origem aos mercados. Assim, A AgCLIR incluiu o acesso à infra-estrutura de mercado como um dos componentes que avalia dentro da melhoria do ambiente do agronegócio de um país. Moçambique é o segundo país, após a Zâmbia ter sua infra-estrutura de marketing avaliada em um diagnóstico da AgCLIR. Esta secção tem como objectivo avaliar a disponibilidade e as condições da actual infraestrutura de mercado em Moçambique, incluindo planos para futuros investimentos em infraestrutura e seu impacto sobre o sector do agronegócio. Em uma avaliação "snap shot", este capítulo se concentra na infra-estrutura de mercado da origem de produção agrícola até aos mercados. Os intervenientes entrevistados variou de oficiais do governo para vários representantes do sector privado (por exemplo, processadores, exportadores, agricultores semicomerciais e grandes comerciais, provedores de serviços de negócios), a sociedade civil e acadêmicos em quatro províncias de Moçambique nomeadamente, Maputo, Manica, Sofala e Nampula. Para efeitos do presente diagnóstico, infra-estrutura é definida como “serviços desenhados a partir do conjunto de obras públicas que, tradicionalmente, tem sido apoiado pelo sector público, embora em muitos casos, os serviços de infra-estrutura podem ser fornecidas pelo sector privado”80 No caso de infra-estrutura de mercado que se referem às estradas, armazéns, portos, aeroportos, instalações de mercado, pensionistas, serviços fitossanitários, matadouros, classificação e embalagem de instalações e sistemas de informação de preços para mencionar alguns. Os aspectos legais, institucionais e sociais da infra-estrutura de mercado actual foram avaliados e são feitas recomendações sobre o que poderia ser feito para melhorar o ambiente favorável de agronegócio para estimular novos investimentos em infra-estrutura de mercado, melhorando assim a competitividade do sector. Embora os resultados actuais podem não refletir uma condição positiva da infra-estrutura de marketing do agronegócio em Moçambique, há um grande potencial e muita coisa está sendo feito para mudar a situação. Sob o mecanismo de pontuação AgCLIR, Dinâmicas Sociais provam ser o aspecto mais forte de acesso a infra-estrutura de mercado, enquanto Instituições de Apoio são as mais fracas. 80. 98 Venkatachalam, L., (2003). 6.2 QUADRO LEGAL Moçambique sofreu vários anos de guerra que destruiu a maioria das infra-estruturas que herdadou do tempo colonial. Embora em paz por quase 20 anos, o país não recuperou do estrago causado, e o governo vem realizando a enorme responsabilidade de investir em infra-estrutura como um todo para beneficiar todos os sectores. O quadro legal deve enunciar os objectivos da lei e da entidade pública responsáveis pela sua execução, assim como investimentos em infra-estrutura pública devem ser prosseguidos. Isto é verdade no caso de Moçambique, e as leis e regulamentos específicos existem em torno de infra-estrutura, como estradas, portos e aeroportos. Instalações para pós-colheita. Mozambique é deficiente em sua capacidade para assegurar a gestão adequada da pós-colheita de produtos frescos e cereais. A má qualidade de frutas e vegetais locais é muitas vezes atribuída a má gestão pós-colheita. Há um mínimo de instalações de armazens frigorífrico em todo o país. O Instituto de Cereais Moçambicano tem o mandato para armazenar cereais, mas a organização é muitas vezes considerada ineficiente. Após a independência, AGRICOM, uma empresa estatal, foi criada para promover a comercialização da agricultura. Dentro da estrutura organizacional do Governo, o Instituto de Cereais Moçambicano deveria regulamentar, monitorar e conduzir pesquisas. No entanto, até à data, o instituto tem sido incapaz de atender a essas expectativas. Portanto, não é surpreendente que o Instituto de Cereais Moçambicano seja ineficaz na promoção da produção agrícola e comercialização.81 Normalização dos produtos e qualidade. O Instituto Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ) foi criado em 24 de Março de 1993 pelo Decreto-Lei 02/93 do Conselho de Ministros, no âmbito do Ministério da Indústria e Energia. INNOQ é judicialmente e administrativamente um órgão autônomo que tem vindo a actuar no âmbito do Ministério da Indústria e Comércio desde 2000, e actua como o organismo reconhecido central responsável pela definição e implementação de política de qualidade e pela coordenação de todas as actividades de normalização e de qualidade a nível nacional. As principais funções do INNOQ são a LEIS CHAVE E INSTRUMENTOS promoção da normalização e qualidade na fabricação de produtos e a prestação de • Lei que estabelece o INNOQ (1993) serviços; e cooperação com organizações • Lei que estabelece a Administração de Estradas regionais e internacionais que trabalham nas Nacionais (1999) áreas de padronização e qualidade. O objectivo é melhorar as condições da indústria, proteger • Estratégia do Sector Rodoviário (2006) os consumidores e o meio ambiente, aumentar • Lei que estabelece Companhia de Portos e e facilitar o comércio nacional e internacional a Ferrovias de Moçambican (1994) fim de melhorar o padrão de vida e fortalecer a economia global do país.82 INNOQ não é uma • Lei do Ministério da Ciência e Tecnologia (2005) autoridade credenciada de qualidade e está em processo de acreditação. Este, portanto, limita sua capacidade de certificar laboratórios locais que servem o sector privado para emitir certificados de qualidade sobre qualidade da água ou de testes de aflatoxina em amendoim e cereais. 81. Deloitte & Touche, Restructuring of the Mozambcan National Institute, www.speedprogram.com/library/resources/.../cat3_link_1213198442.doc. 82 www.iso.org . 99 Estradas. As estradas são cruciais para o fornecimento de insumos de produção, serviços e do fluxo de mercadorias da machamba para os mercados. O transporte rodoviário Pavimentado Não Classificação Total (Kms) (Kms) pavimentado(Kms) é o meio de transporte mais utilizado em Moçambique, com 10% Primária 4,728 1,243 5,971 da rede rodoviária a ser utilizado para bens e 90% para transporte de Secondária 838 4,078 4,915 passageiros (Política do Sector de Terceira 667 11,936 12,603 Estradas). A Política de Estradas em prática que define claramente as Vicinal 54 6,513 6,567 duas funções centrais da rede Total Kms 6,286 23,770 30,056 rodoviária como primeiro garantir a segura circulação de pessoas e bens, Fonte: ANE (Administração Nacional de Estradas www.ane.gov.mz ) promovendo a produção de distribuição de relacionamento e segundo melhorar a viabilidade das regiões e dos projectos de desenvolvimento que não têm acesso estável aos seus fornecedores e mercados. TABELA 6: TIPOS E CLASSIFICAÇÃO DE ESTRADAS EM MOÇAMBIQUE A Administração Nacional de Estradas (ANE) é uma instituição pública legalmente reconhecida com uma autonomia administrativa sob orientação do Ministério das Obras Públicas e Habitação. ANE foi criado pelo Grau15/99 de 27 de Abril aprovado pelo Conselho de Ministros. A Estratégia do Sector de Estradas (RSS) adopta uma abordagem a médio e longo prazo para o desenvolvimento da gestão da rede de estradas classificadas de Moçambique. A ESE acrescenta um nível de detalhes a Política do Sector de Estradas do Governo, estabelecendo princípios básicos, abordagens e actividades para serem empreendidas no final do programa de estradas de 10 anos do GOM, Estrada 3, plano estratégico para investimento, manutenção e finanças, incluído na RSS foram preparados para serem realizados dentro de 5 anos, a partir de 2007 até 2011. O plano estratégico estabeleceu o enquadramento para preparar planos de trabalho detalhados que estão incluídos no PIP de 2007 a 2009. Ambos o RSS e o plano estratégico deveriam ser revistos dentro de três anos em preparação para a Fase 3 das Estradas-3.83 Moçambique tem uma estimativa 30.000 km2 de estradas. As estradas diferem em seu estado, localização e uso. Alguns factores têm sido desenvolvidos para diferenciá-las e orientar os investimentos para cada categoria de estradas. Estradas classificados são estradas nas quais uma classe lhes foi atribuída. Abaixo está uma lista dos diferentes tipos de classes de estrada/categorias em uso em Moçambique: Estradas Municipais são estradas não classificadas, sujeita a jurisdição da autoridade municipal. Estradas não classificadas são todas aquelas que não constam no sistema de classificação de estradas, incluíndo estradas Municipais. Estradas primárias são a espinha dorsal da rede das estradas: Capitais provinciais, Capitais provinciais e outras cidades, Capitais provinciais e principais postos de fronteira. Estradas Secondárias são aquelas que complementam as estradas primárias : Capitais provinciais e portos 83. 100 Estratégia do Sector de Estradas (2006), disponível em www.ane.gov.mz. Principais estradas e regiões económicas em desenvolvimentoo, e Estradas primárias de postos fronteiriços e outros. Estradas terceárias são aquelas que estabelecem a ligação entre: Estradas secondárias com outras secondárias ou primárias; Sedes distritais; Sedes de postos distritais e administrativos Sedes distritais e centros de alta importância ecoómica. Estradas locais e estradas que ligam: Estradas terciárias; Postos administrativos, e Postos administrativos e outras aldeias As estradas rurais de Moçambique necessitam de uma especial atenção. Em geral, os orçamentos provinciais são inadequados para enfrentar estradas não classificadas; o trabalho de doadores em estradas não são bem coordenados, e há básculas insuficiente para regular a sobrecarga e danos causados às estradas. Portos e caminhos de ferro. Os portos e caminhos de ferro estão sob a responsabilidade da empresa pública Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM). O Decreto nº 40/94 de 13 de Setembro facilitou a conversão da então estatal Empresa Nacional de Portos e Caminhos de Ferro para uma empresa pública Caminhos de Ferro de Moçambique(CFM). A CFM está sob a jurisdição do Ministério dos Transportes e Comunicações. Moçambique tem seis portos, todos apoiados por infra-estrutura ferroviária. Apenas quatro estão operacionais: Maputo, Beira, Nacala e Quelimane. Todas estes portos servem no interior dos países vizinhos (África do Sul, Suazilândia, Malawi, Zâmbia, Zimbabwe) e estão sob a gestão concessionária. Os portos de Xai-Xai e Inhambane são menores e não estão em operação. A rede ferroviária CFM atravessa o país, mas não está totalmente operacional. A tabela nesta página fornece mais informações sobre a rede ferroviária . Postos fronteiriços e aeroportos. Moçambique faz fronteira com seis outros países, muitos dos quais dependem do acesso aos portos do país. O comércio entre esses países e Moçambique está aumentando como as economias crescem e os acordos comerciais regionais são implementados. O Serviço de Alfândegas é responsável pelo fluxo de mercadorias e para garantir que a Lei Aduaneira é seguida por todos os usuários das fronteiras e aeroportos. O Serviço de Alfândegas está legislado de acordo com os Decretos 3/2000 e 4/2000 de 17 de Março. Em Dezembro de 2002, mais adições foram feitas para as funções e obrigações das Alfândegas (Decreto 3/2002). Em todas as fronteiras e portos, serviços de imigração, fitossanitárias, e a polícia também estão presentes e colaboram com os Serviços de Alfândega. Os aeroportos em Moçambique são geridos pela empresa pública, Aeroportos de Moçambique, criado em Novembro de 1980 pelo decreto 10/1980. A agência tem as seguintes funções: Controlar o tráfico aéreo directo; Garantir a chegada e partida de aeronaves; Criar condições para carga, descarga e transporte de passageiros, carga e correio; planejar, executar e operar infra-estrutura de rede e mantê-los; e melhorar a captação das fontes de receita internas e externos a serem aplicadas na gestão, operação, manutenção, ampliação e embelezamento de infra-estrutura para a navegação aérea. Moçambique supostamente tem 22 aeroportos com pistas pavimentadas e pelo menos 130 outros com pistas não pavimentadas. Vôos internacionais actualmente vão à África do Sul, Quênia e Portugal. 101 Tecnologia de informação, informações de mercado e pesquisa. O Ministério da Ciência e Tecnologia, um dos mais novos ministérios em Moçambique, foi criado em 4 de Fevereiro de 2005 sob Decree13/2005, que ao mesmo tempo eliminou o Ministério do Ensino Superior. Entre os seus mandatos, o novo ministério está encaregado da formulação de políticas científicas e tecnológicas e estratégias. A disseminação de informações relacionadas com o mercado e os preços está sob o Ministério da Indústria e Comércio. No entanto, o Ministério da Agricultura recolhe activamente preços de mercado e alguma coordenação existe entre os ministérios na sua disseminação, embora mais precisa ser feito. O Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) foi criado em 27 de Outubro pelo grau N.º 4/2004, como resultado da fusão de quatro entidades públicas no Ministério da Agricultura. Esta instituição é a principal autoridade na pesquisa e disseminação de tecnologias agrárias. Com o apoio da USAID, o Ministério da Agricultura estabeleceu o Sistema de Informação de Mercados Agrícolas (SIMA). Mais informações sobre SIMA pode ser encontrada na discussão deste capítulo das Instituições de Implementação. 6.3 INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO Moçambique é um país rico em legislação. A qualidade e o número de suas leis e regulamentos é percebido como relativamente alta; no entanto, a capacidade do país para implementá-las é considerado bastante pobre. Há falta de recursos financeiros, humanos, materiais, e capacidade tecnológica no sector público para atender as crescentes necessidades do país e para responder às demandas do sector privado. KEY IMPLEMENTING INSTITUTIONS • Ministério da Agricultura • Ministério da Indústria e Comércio • Instituto de Cereais de Moçambique • Administração Nacional de Estradas Supervisão geral: produção vs processamento. • Caminhos de Ferro de Moçambique (autoridade ferroviaria e portuaria) Quando se trata de agricultura, há uma clara distinção nos papéis do Ministério da Agricultura (MINAG) e do • Postos de fronteira e aeroportos Ministério da Indústria e Comércio (MIC). A produção (autoridade tributaria) agrícola é de responsabilidade exclusiva do Ministério • Sistema de Informação para Mercados da Agricultura, enquanto o Ministério da Indústria e Agricólas Comércio é responsável pela comercialização dos bens produzidos no território nacional. Ao nível provincial, as Direcções de MIC actuam como facilitadores de ligação de mercado, permitindo que os agricultores tenham acesso aos mercados para vender produtos frescos, amendoim e cereais. Esses produtos são geralmente vendidos a retalhistas e comerciantes, como Shoprite e DECA. Informações sobre o preço de mercado é recolhida por ambos MINAG e MIC e afixado no Departamento das Actividades Económicas do distrito. Também é disseminada nas estações de rádio rural. O funcionário do Departamento de Actividades Económicas a nível distrital é um trabalhador encarregado de representar ambos os ministérios (MIC e MINAG). O serviço de extensão nacional é fraco, com apenas 739 funcionários disponíveis para atender o sector rural e muito poucos recursos para apoiá-los nas suas actividades. Gestão de instalações de pós-colheita. O Instituto de Cereais de Moçambique (ICM), cujo mandato é a compra de cereais de produtores na área de produção, possui 498 armazéns com uma capacidade total de armazenamento de grãos de cerca de 200.000 toneladas, concentrada nas áreas com maior agro -potencial ecológico (o centro e norte). Infelizmente, o ICM não tem capacidade financeira para realizar o seu mandato. Hoje, alguns de seus armazéns são alugados para empresas do sector privado que utilizálos para outras actividades além do armazenamento de produtos agrícolas. 102 A falta de instalações de armazenamento nas áreas rurais afecta negativamente a segurança alimentar em Moçambique. Devido a necessidades financeiras imediatas, os agricultores costumam vender toda a sua colheita. Eles mais tarde ficam numa situação de insegurança alimentar e são forçados a comprar de volta o seu milho ou farinha de milho a um preço superior, muitas vezes além de sua capacidade financeira. Para abordar esta questão, o MIC trabalha em estreita colaboração com o ICM para garantir que seus armazéns sejam alugados aos operadores de comercialização da agricultura e que pelo menos 10% dos cereais armazenados sejam comprados por ICM. O objectivo é manter o grão para o final da campanha e permitir que os agricultores comprem de volta a preços razoáveis. Além disso, há planos para aumentar a capacidade de armazenamento, através da construção silos a nível distrital. Por exemplo, na Província de Manica, o MIC pretende construir silos em Bàrrué, Sussundenga, Mussurize e Chimoio entre 2011 e 2013, com pelo menos cinco silos programados para construção em 2011. Barué também terá um armazém. Além disso, as instalações pós-colheita mostram um grande défice com relação a produção comercializada e outros bens. Por exemplo, uma boa parte da produção - até um terço ou mesmo metade - é perdido através do sistema de venda de distribuição de alimentos a grosso em Moçambique. Como muitos países em desenvolvimento, os mercados de Moçambique tem falta de saneamento e instalações de armazenamento suficiente para preservar a qualidade dos bens para venda. Os mercados são muitas vezes superlotados, insalubres, e com falta de instalações suficientes para carregar, descarregar, amadurecer, empacotar e armazenar temporariamente o produto. A fraqueza das cooperativas de comercialização é evidente nesses estabelecimentos, entre muitos comerciantes, há poucas instituições no lugar para ajudar os seus membros a prolongar a vida, o valor de seus produtos através de investimentos colectivos, tais como instalações de resfriamento ou outros conceitos orientados de preservação. Fiscalização de estradas. A Administração Nacional de Estradas (ANE) é a autoridade de Mozambique sobre gestão de estradas. Sua visão é de garantir que a conectividade da estrada e do tráfego rodoviário de pessoas e bens ocorra de maneira mais segura e mais económica possível e contribua para o desenvolvimento sustentável sócio-económico e cultural do país. Para estradas classificadas, a ANE é encarregada com o seguinte: projectar, desenhar e manter estradas classificadas; seleccionar, em conformidade com a lei, empresas para fornecer serviços relacionados com estradas, bens e obras; envolver e gerir contratos e concessões de estradas e obras através de legislações e procedimentos legais, e envolver e gerir contratos de serviços, projectos e monitoramento, seguindo Leis e procedimentos legais em vigor. Para estradas não classificadas, a ANE é encarregada de propor regras a serem observadas por: autoridades locais em desenvolvimento e manutenção de estradas urbanas; e instituições locais de governo na reabilitação e manutenção de suas estradas. Ao nível provincial, a ANE é representado por suas delegações. Um comitê provincial, que consiste em actores políticos, sociedade civil e intervenientes técnicos, se reúnem anualmente, em conjunto, abordam várias questões cruciais, incluindo as estradas da província. No caso das estradas, a representação provincial da ANE (DPE) recebe o orçamento de operações para a manutenção de estradas classificadas. No entanto, muitas estradas não classificadas são cruciais para o movimento de pessoas e bens das áreas mais remotas para as cidades. O comité provincial irá identificar as estradas que devem ser reabilitadas ou actualizados e vai usar o orçamento disponível para as estradas classificadas para também atender às necessidades de estradas não classificadas. Os critérios de priorização de estrada utilizadas ao nível da administração central, nem sempre refletem as necessidades actuais no terreno. Assim, re-priorização ocorre a nível local, com base na magnitude da necessidade de manutenção de ambas as estradas classificadas e não classificadas e seu impacto 103 potencial. Essa acção é importante, pois os governos provinciais e municípios distritais carecem de recursos para a reabilitação/construção de estradas rurais por si mesmos. O uso da estrada é monitorada pela polícia de trânsito. A ANE controla o peso do veículo por meio de balanças móveis e fixas ao longo dos corredores de desenvolvimento principais. A escassez de balanças faz com que os caminhões sejam capazes de evitar pontos de inspeção ou manipular o seu peso antes ou depois da balança. A ANE identificou sobrecarga como a principal fonte de uso e desgaste das estradas. Infelizmente, a ANE não tem recursos para contratar mais pessoas para a execução e controle. Os estatutos legais da ANE é fortalecê-lo para privatizar a gestão rodoviária. Neste momento, o único corredor rodoviário sob concessão em Moçambique é o Corredor de Maputo-Witbank (MoçambiqueÁfrica do Sul). Esta foi o primeiro empreendimento de parceria público-privado em Moçambique e na África do Sul. O concessionário é a Companhia de Concessão Trans-Africano (TRAC) e os clientes são a Agência Sul-Africana de Estradas e a Administração Nacional de Estradas. Este é um projecto de três milhões de rands mais de 30 anos e está actualmente no seu 11º ano de implementação. Em Agosto de 2010, a ANE e o Fundo de Estradas (FR) lançou um concurso para concessão em mais três estradas no Sul, Centro e Norte de Moçambique: (1) Maputo-Maxixe (N1), (2) Beira-Machipanda (N6); e (3) Vanduzi-Changara (N7). Estas iniciativas têm como objectivo melhorar as condições das estradas e segurança, reduzindo o fardo do governo de manutenção. O processo de aquisição ainda está em andamento. Sistemas Ferroviários e portos. O CFM é responsável pela gestão global de todos os portos de Moçambique e sistemas ferroviários. Actualmente, tem contratos de concessão, no sul, centro e norte de Moçambique: Maputo: A Companhia SA de Desenvolvimento de Porto de Maputo (MPDC- Maputo Port Development Company SA) foi atribuída a concessão para o porto inteiro em 1998 mas só entrou em vigor em 2003. O presente contrato de concessão vai até 2043. Os acionistas do MPDC incluem Portos Indico (que é DP World e Grindrod) e Gestores de Moçambique com 51% e CFM e o governo de Moçambique com 49%. Dessa parcela de 49%, 16% pertence apenas ao governo, mas CFM é o supervisor desses interesses. A maioria da concorrência a partir do porto de Maputo vem de Durban e Richards Bay na África do Sul. Nos últimos anos, o porto tem tido uma demanda crescente nos seus serviços. Em 2010, o tráfego no Porto de Maputo foi de USD 8,8 milhões de toneladas e prevê-se que o tráfego em 2011 chegará a USD12.6 milhões de toneladas. Beira: A concessão do porto da Beira foi atribuído a Cornelder de Moçambique (CdM), um empreendimento comum entre Portos de Moçambique e Companhia de Caminhos de Ferro (CFM com 33%) e Cornelder Holding, uma empresa holandesa com 67%. A CdM que opera as terminais de contentores e carga geral no Porto da Beira. O Porto tem um terminal de contêineres multiuso, que inclui um terminal de grãos de cereais para a descarga e carregamento e um silo com capacidade para armazenar 30.000 toneladas em cereais. Os planos futuros incluem a expansão da capacidade dos silos "de 60.000 toneladas e terminais para açúcar, fertilizantes, cromo, carvão, e até mesmo automóveis. O Porto serve quatro países do interior: Malawi, Zimbabwe, Zâmbia e Leste da RDC. Seus concorrentes são os de Durban e Nacala Porto na África do Sul e Moçambique, respectivamente. O porto tem taxas preferenciais para os serviços prestados por clientes nacionais. O Porto da Beira não é um porto natural e precisa ser dragado periodicamente para permitir a navios de magnitude significativa atracarem. A última dragagem ocorreu em 1992; devido a falta de manutenção, o porto actualmente não pode acomodar navios de grande porte. Isto também cria um congestionamento de contentores significativo - que muitas vezes têm que esperar até dois meses antes da libertação. Cornelder tem planejado uma dragagem do porto com uma profundidade de14m, que deve ser concluído em junho de 2011. Depois, o porto deve ter a capacidade para acomodar navios de até 60.000 toneladas. A capacidade interna também foi construída para garantir que a manutenção regular do porto tenha lugar, 104 ainda assim aliviando alguns congestionamento do porto. O porto também investiu em equipamentos (15 tag masters e seis re-stackers e trailers) para garantir que seja capaz de atender às demandas de seus serviços. O porto da Beira, actualmente lida com 75% do tabaco a partir de Zâmbia. O restante é tratado pelos portos de Durban (15%) e Nacala (10%). Importadores-exportadores Moçambicanos beneficiam de menores taxas de serviços do que os países do interior - um facto que entra em conflito com a noção de tratamento nacional no comércio internacional. Recentemente, a gestão do porto da Beira aumentou suas taxas para o armazenamento de forma a desencorajar os clientes de manterem os seus contentores no interior do porto enquanto aguardavam o navio ou caminhão para carregá-lo. A condição ineficiente da linha férrea de Sena é outro factor que leva à congestão, não só no porto da Beira, mas também no corridor da Beira. Muitos caminhões de transporte de contêineres do porto para o Malawi e Zimbabwe que poderiam ser transportados por ferroviário, impoem stress nas estradas já saturadas. O porto necessita desesperadamente de um porto seco para garantir que tenha capacidade para de forma eficaz e eficiente receber e carregar TEUs. O porto seco também pode ser usado para carga e limpeza de contentores, bem como servir como um pátio de transbordo. Isso iria reduzir significativamente as chances de roubo e tempo gasto na localização do TEUs. Investimento do sector privado está sendo procurado para o porto seco e sua localização já foi identificada pela Cornelder. Planos de expansão do porto também estão em andamento com 10 hectares de terras já identificados e serviços de aterro sendo oferecidos. A expansão vai custar USD 4 milhões e sua pavimentação outros USD 6 milhões. Quelimane: Um porto muito menor em comparação com os outros principais portos de Moçambique, Quelimane não deixa de ser um recurso importante, especialmente para a zona centro de Zâmbia e Malawi. O concessionário do porto é Cornelder. Em Agosto de 2007, o porto beneficiou de um financiamento da Alemanha, de 14 milhões dólares de reabilitação. Em 2010, foi dragado para permitir o atracamento de navios de grande porte. Este porto ainda é no entanto pouco utilizado.84 Em 2010, Quelimane supostamente manuseou 650.000 toneladas.85 Durban, Dar-es-Salaam e Nacala são seus principais concorrentes. Nacala: A concessão do corredor de Nacala envolve não só o Porto de Nacala (PDN), mas também a infra-estrutura ferroviária em Moçambique. Além disso, o Governo do Malawi privatizou a gestão de sua rede ferroviária entre Moçambique e Malawi. Assim, o Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN) e CFM são parceiros na implementação desses contratos de concessão, tanto em Moçambique e Malawi (Caminho de Ferro Central do Leste Africano - 800 km). CDN está integrado no Projeto Corredor de Nacala, que compreende a região norte de Moçambique, Malawi e Zâmbia. Liga o Porto de Nacala com os sistemas ferroviários de norte de Moçambique e Malawi sob um único sistema de gestão, criando um sistema de transporte custo-eficiente relativamente uniforme e permitindo a integração de sinergias entre os diferentes sistemas inter-modal de transporte.86 http://valoie.blogspot.com (21 de Setembro, 2010). http://www.verdade.co.mz (December 30, 2010). 86. Apresentação CDN (January 20, 2011). 84. 85 105 CDN opera uma rede ferroviária de 872 quilômetros, com indicador de 1,67 metros, de Nacala até à fronteira com o Malawi, em Entre-Lagos, e um ramal de Cuamba a Lichinga. Dois serviços principais são prestados: Carga geral. CDN tem a capacidade de movimentação de cargas conteinerizadas, ensacado e a granel, incluindo granéis líquidos. Um serviço é fornecido para as importações e exportações para e do Malawi através do Porto de Nacala. Esta é operado em comboios de unidade de 1.000 toneladas de carga, ou 25 vagões de carga a partir de um único cliente ou partilhado com mais de um cliente. Os tempos de trânsito para ou a partir de pontos no Malawi para esses comboios é em média 34 horas. As cargas são igualmente transportadas de e para qualquer uma das estações da rede CDN. Serviços de Passageiros. O serviço ferroviário regular de passageiros, com 1ª, 2ª e 3ª classe de vagões opera entre Nampula e Cuamba. Uma quantidade considerável intra-provincial do comércio de mercadorias agrícolas realiza-se através do serviço de passageiros como os comerciantes viajam das regiões produtivas no Niassa para centros económicos, tais como Cidade de Nampula. PDN tem uma capacidade de movimentação de 75.000 TEUs. Este planeja aumentar suas instalações de movimentação de contêineres de 10 TEUs/hora para 22 TEUs/hora, bem como melhorar a sua capacidade para lidar com grãos através da construção de um terminal de 17 metros de profundidade. Tem 70 pontos de tomada para riffles contendo produtos perecíveis que necessitam de refrigeração. Actualmente banana e camarão são os principais produtos locais frescos regularmente exportados a partir deste porto. Dentro do PDN, os produtos agrícolas têm menores taxas de serviço do que qualquer outro produto. Exportadores locais beneficiam de taxas mais baixas e são cobrados em moeda local. Malawi é o principal país do interior que utiliza este porto. A Zâmbia cada vez mais utiliza a ferrovia para exportar o seu tabaco e madeira. Os recentes investimentos de mineração de carvão na província de Tete (Distrito de Moatize) tem colocado pressão sobre a rede ferroviária (a linha de Sena) como a principal fonte de transporte para o carvão desde a produção até o porto de Nacala. Esta travessia geralmente inclui Malawi (MoatizeMalawi-Nacala). As condições da rede ferroviária entre Moatize e Nacala são extremamente pobres por cerca de um trecho de 70 km entre Nkaya e Nayuchi como resultado dos danos causados pelo rio Chire, no Malawi. A falta de clareza e comunicação tem resultado em várias restrições na reabilitação do troço ferroviário em Malawi. Supunha-se que o INSUMOS E INFRA-ESTRUTURA NO MERCADO Governo do Malawi seria Acesso a insumos de produção é uma grande limitação para a responsável pela principal produção agrícola em Moçambique. A produção actual não tem reabilitação e/ou construção de capacidade crítica e de qualidade que poderia ser alcançado se infra-estrutura ferroviária e o insumos como fertilizantes, pesticidas, e ferramentas estivessem mais concessionário seria responsável disponíveis. O custo dos insumos de produção é proibitivo para os pela manutenção de rotina. No camponeses. Fornecedores de insumos lutam com a qualidade da entanto, o Governo do Malawi se infra-estrutura rural para acessar as zonas de produção. A rede de recusou a realizar a reabilitação. distribuição actual de insumos produtivos vai tão longe quanto as Agora, com os investimentos no zonas peri-urbanas. sector do carvão em Tete, o sector A falta de insumos, como água e electricidade, são uma limitação privado (Vale do Rio Doce e para o sector privado para alcançar as zonas rurais. Por exemplo, a Riversdale) terá que investir na construção de silos, de gerência privada e cantinas poderia ser mais infra-estrutura para garantir que sua viável se os serviços tivessem acesso à eletricidade, estradas e água. mercadoria possa ser exportada. 106 ONGs que têm seus serviços subsidiados por doadores ou outros recursos significativos podem se dar ao luxo de alcançar os pobres nas zonas rurais. O porto de Nacala vai ser responsável por 25% do carvão a ser transportados através da linha de Sena de Moatize, com os outros 75% exportados através do sistema ferroviário CDN ao Porto da Beira. Um novo terminal de carvão está sendo construída pelo Vale em Nacala Velha. Estima-se que cerca de 85 milhões dólares serão gastos para reabilitar a linha de Sena, a fim de transportar 6 milhões de toneladas de carvão por ano, começando em 2011. Mais 200 milhões de dólares serão gastos para aumentar a capacidade da ferrovia a 12 milhões de toneladas por ano a partir de 2014, e finalmente quase 400 milhões de dólares podem ser gastos para aumentar a capacidade de processamento no porto da Beira de 15 a 18 milhões de toneladas até 2013 ou 2014.87 Os principais concorrentes do Porto de Nacala são Dar-es-Salam, Beira, e portos de Durban. O porto de Dar-es-Salaam também serve o norte de Malawi. Enquanto o Porto de Nacala é menos congestionado do que os portos da Beira e Durban, o mau estado das estradas que conduzem até ao porto criam desincentivos para seu uso. Nacala está localizado a 200 km de Lilongwe, capital do Malawi, mas a estrada que liga os dois é apenas acessível na estação seca e com muita dificuldade. A linha férrea de Sena está situado na região central do país e liga o porto da Beira, com as minas de carvão de Moatize, em Tete e Machipanda para Beira. O trecho entre Beira e Moatize cobre uma extensão de 552 km e é composto por duas seções principais: (1) Dondo-Dona Ana e (2) Dona AnaMoatize. O sistema de Sena também é composto por dois ramos: Inhamitanga Marroumeu e Dona Ana Vila Nova. Em 2004, a ferrovia foi atribuída a um consórcio indiano Rites e Ircom por um período de 25 anos. Infelizmente, o consórcio foi incapaz de cumprir os prazos, conforme estipulado no contrato. Sete anos após o acordo, o governo de Moçambique decidiu rescindir o contrato por falta de desempenho. Significativamente, o governo de Moçambique detém 49% das acções dentro do contrato de concessão e CFM tem o papel de inspecção. Postos fronteiriços e aeroportos. A capacidade dos postos fronteiriços de Moçambique e aeroportos para lidar com a produção de agricultura é fraca. Aeroportos em Moçambique não estão equipados para lidar com produtos perecíveis, tais como produtos frescos e frutos do mar. Além disso, Moçambique não tem os volumes necessários para atrair serviços de carga comercial internacional para Moçambique. Actualmente, a produção de agricultura é exportado como carga do mar ou estrada. Em ambos os casos, os exportadores reclamam de atrasos na fronteira ou portos como a alfândega "tende a ser lenta e irregular. Os documentos necessários para exportações supostamente altera sem aviso prévio e conhecimento dos funcionários aduaneiros sobre como o processo de produtos agrícolas é limitado. As fronteiras são equipadas com oficiais agrícolas que estão lá para executar o desembaraço fitossanitários. No geral, o entendimento em torno da natureza agronômica de produtos frescos é fraco, o que resulta em falta de flexibilidade pelos oficiais alfandegários. Recipientes são tipicamente mantidos por quatro dias nas fronteiras de Moçambique, reduzindo assim o tempo de prateleira e valor dos produtos. Caminhões que transitam através de Moçambique para outros países têm de repetir procedimentos de inspecção e burocracias, resultando em atrasos. A introdução de serviços de digitalização criou atrasos e despedimentos em inspeções. Nos portos de Beira e Nacala, os exportadores reclamam que os scanners operados pela Kuduma são caros, adicionados aos seus custos, e foram introduzidas sem aviso prévio. O serviço de digitalização container está disponível nas estâncias aduaneiras em FRIGO e Machava e os portos de Maputo, Beira e Nacala. Tecnologia da informação. Informações de mercado é fundamental para o desenvolvimento dos mercados agrícolas a nível provincial, distrital e nacional. Embora as informações actuais em infraestrutura sejam limitada, as iniciativas têm vindo a desempenhar um papel importante no fornecimento de serviços aos intervenientes. 87. Dow Jones newswires, available at http://www.foxbusiness.com/ (February 21, 2011). 107 Em 1991, MADER estabeleceu um Sistema de Informação de Mercados Agrícolas de Moçambique (SIMA).88 Esta agência é encarregada de colher e divulgar informações sobre mercados agrícolas, incluindo dados sobre preços, oportunidades específicos de mercados e perspectivas de mercado. MADER distribui um boletim semanal, Quente Quente, que suplementa com relatórios especiais e lançamentos ocasionais. SIMA assegura a transmissão de informações via rádio, jornal, televisão, Internet e em papel. Um total de 25 produtos são cobertos ao longo de 27 níveis de mercados: produtor, grossista e retalhista. Ao longo dos anos, SIMA foi dado um novo desafio para atender às demandas de seus usuários. Uma das principais inovações é a descentralização do SIMA nacional através do estabelecimento de SIMAS Provinciais (SIMAPs). Ao nível provincial, o objectivo principal é o desenvolvimento e fortalecimento de competências locais para atender às necessidades locais, em parceria com organizações locais e o sector privado. A nível distrital, as informações de mercado do SIMA são disseminados através dos escritórios de Actividades Económicas locais, que são geridas em conjunto pelo Ministério da Agricultura e o Ministério da Indústria e Comércio 6.4 INSTITUIÇÕES DE APOIO Para além das instituições com o direito legal de agirem em nome dos diferentes sectores, existem entidades de apoio que actuam para melhorar o ambiente favorável de sector de agronegócios de Moçambique Sector Privado: O sector privado em Moçambique ainda é muito jovem. Apesar de o regime socialista do país ter sido alterado nos princípios da década de 90 para uma economia mais capitalista, ainda é necessária a implementação de acções concretas para além de leis escritas, para a promoção do desenvolvimento do sector privado. INSTITUIÇÕES DE APOIO CHAVE • Sector privado, incluindo associações comerciais • Laboratórios • ONGs O passado socialista de Moçambique ainda espalha a desconfiança das pessoas em movimentos cooperativistas. Em Moçambique, as associações costumavam agregar pessoas com as mesmas crenças ideológicas. Muitas vezes, as estruturas das organizações do sector privado representam empresas de média ou larga escala nas regiões urbanas e economicamente desenvolvidas. Muitas vezes as microempresas não têm representação em tais estruturas, conduzindo a falta de acesso a informação e serviços que muitas vezes são disponibilizados por associações do sector comercial. A CTA, Confederação das Associações Económicas, funciona como o mais elevado nível de representação para os actores de larga escala do sector privado. A CTA é apoiada e reconhecida pelo governo. Na CTA existe um fórum de agronegócios que lida com questões levantadas por outras associações agrícolas comercias membro e as apresenta ao governo com o objectivo de encontrar soluções. Outras associações de produtores de hortícolas e de criadores de gado que representam o agronegócio estão 88. 108 SIMA website, available at http://www.sima.minag.org.mz/. espalhadas pelo país mas são, na maioria dos casos, informais, e com uma fraca estrutura organizacional. As associações mais conhecidas e activas do sector privado são: AIMO (Associação Industrial Moçambicana). A AIMO representa os interesses da indústria em Moçambique. É membro da CTA e participa de forma activa na representação do sector privado perante instituições públicas na discussão de políticas. Também serve de elo de ligação entre investidores estrangeiros e locais e providencia formação aos seus membros. FRUTISUL (Produtores de frutas no sul de Moçambique). Inicialmente concentrada no sul de Moçambique, cedo a FRUTISUL apercebeu-se que as questões que perturbavam os produtores no sector do agronegócio no sul eram as mesmas ou piores ao longo de todo o país. Actualmente faz lobbies para todos os produtores de frutas e lida com questões encaradas por alguns dos seus membros. A FRUTISUL inspirou a criação da FRUTINORTE e FRUTICENTRO para representarem os interesses nas regiões centro e norte do país, respectivamente. As três associações têm falta de recursos de forma a melhor representarem os seus membros e fazerem com que as suas vozes sejam ouvidas. ACIS (Associação de Comércio e Indústria). A ACIS é uma associação sem fins lucrativos fundada para promover investimentos e desenvolvimento em Moçambique e para estabelecer ligações entre o governo e o sector privado. Conta, actualmente, com mais de 240 membros, representando um investimento combinado de $50 biliões, com uma força de trabalho combinada de mais de 65,000 funcionários, e trabalha com mais de 450,000 produtores comunitários. A ACIS tem disponível, para todos os membros, uma vasta biblioteca de informação e legislação em versão electrónica e em formato físico. A ACIS apoia os seus membros realizando cursos de formação e dá uma ênfase especial a questão de transparência e negócios éticos. A ACIS produziu um kit de ferramentas anti-corrupção destinado a apoiar as empresas que estejam a fazer negócios em Moçambique. A ACIS também promove a responsabilidade social corporativa entre os seus membros. Os serviços oferecidos pela ACIS são vistos como sendo úteis para os membros entrevistados durante o diagnóstico AgCLIR. Agronegócio produtivos, processador e comercializáveis. Existem casos de sucesso de agricultores comerciais e de empresas de comercialização em Moçambique. Cada uma delas enfrenta uma variedade de constrangimentos para operar, embora elas lutem para continuar a exercer suas actividades, compreendendo que este mercado tem potencial e pode ser rentável. Actualmente, o agronegócio utiliza carrinhas de caixa aberta, camiões e helicópteros para chegar a zonas rurais. Eles criam reservas de produtos e as disponibilizam em forma de sementes para garantir a produção; desenvolvem sistemas de distribuição; investem em fertilizantes misturando processando plantas; e em caso contrário incorrem em elevados custos e riscos para alcançar áreas rurais. Através das entrevistas da AgCLIR, surgiu o interesse do sector privado na capacidade de selecção de soja; dito isto, a produção local cai entre 8,000-10,000MT anualmente enquanto são necessários 150,000MT para tornar o investimento viável. A produção actual alcança os 25,000MT anualmente. Os mercados do leste da Ásia estão a crescer e exigem maiores volumes de gergelim a preços competitivos Laboratórios. Embora um certo número de laboratórios de teste de alimentos esteja a funcionar em Moçambique, nenhum destes laboratórios tem acreditação internacional que os autoriza a certificar a qualidade e segurança das exportações de produtos alimentares. Por outras palavras, embora estes laboratórios tenham a capacidade de realizar testes apropriados, eles não têm a autoridade de certificar os resultados dos testes. A acreditação de laboratórios é um processo rigoroso e longo que exige o cumprimento de padrões internacionais em termos de equipamento, procedimentos e registo, e exige inspecções por uma organização autorizada e reconhecida internacionalmente. Actualmente, os exportadores em Moçambique que têm a necessidade de certificação devem utilizar os laboratórios na África do Sul a um preço consideravelmente mais elevado e maiores atrasos do que o que iria acontecer com a certificação em Moçambique. São alguns exemplos de laboratórios em Moçambique que têm capacidade de realizar testes de alimentos, mas não podem certificar os resultados são: o laboratório de aflotoxinas da Universidade Lúrio; o laboratório de teste de alimentos do Ministério da Saúde em 109 Maputo, que pode realizar testes de resíduos de pesticidas; e os três laboratórios geridos pelo Instituto Nacional de Inspecção Pesqueira em Maputo, Sofala e Bimba. Aquando deste diagnóstico, a Organização para o Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas estava empenhada numa pesquisa abrangente de laboratórios disponíveis para apoiar todos os sectores produtivos em todo o país. De facto o mandato da UNIDO em Moçambique é o de melhorar as capacidades do país em termos de sistema de garantia de segurança e qualidade alimentar para o comércio. O objectivo deste projecto é o de “alcançar um aumento significativo na quantidade de exportações e produtos no sector alimentar certificados como internacionalmente compatíveis, melhorando assim o mercado das exportações de produtos alimentares moçambicanos”.89 Com vista a este fim, a UNIDO procura ajudar a fortalecer o sistema nacional de análises de segurança alimentar, certificação e inspecção com vista a melhorar o cumprimento dos padrões internacionais bem como com os acordos TBT/ SPS WTO. A agência também esforçasse para ajudar a melhorar os laboratórios de microbiologia alimentar e de química analítica localizados no Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) para apoiar as inspecções alimentares e facilitar as exportações em sectores agrícolas seleccionados com um importante potencial de comercialização, tal como a castanha de caju, o mel, pescado, frutas e vegetais. Adicionalmente, os serviços de calibração providenciados pelo INNOQ (Instituto Nacional de Padronização e Metrologia) serão fortalecidos, bem como as actividades de reparação e manutenção para providenciarem serviços aos laboratórios de testes de produtos alimentares bem como para a indústria. Organizações Não Governamentais. As ONG provaram ser um importante actor para o desenvolvimento socioeconómico de Moçambique e estão especialmente activos no sector agrícola. Muitas vezes com apoio significativo de doadores, as ONGs implantaram projectos de alívio à pobreza através do aumento da produtividade e comercialização agrícola. As ONGs promoveram actividades orientadas para o mercado para o desenvolvimento de cadeias de valores que resultaram na introdução de novas culturas de rendimento, aumento da produção de culturas tradicionais, e comercialização de sistemas. A tabela que se segue resume alguns destes esforços. 89. 110 Website da UNIDO Moçambique, disponível em http://www.unido.org/index.php?id=6023. TABELA 7: ACTIVIDADES DE AGRONEGÓCIOS REALIZADAS POR ONGS EM MOÇAMBIQUE ONG Produção agrícola ADIPSA Promove a agricultura semi-comercial de novas culturas de rendimento tais como gergelim e soja. Promove a agricultura entre os jovens para a tornar mais Fortaleciment o organizacional Trabalha com associação de produtores e as fortalece em questões de gestão e boa governacão Transferênci a de tecnologia Co-financia a aquisção de equipamentos de produção tais como sistemas de irrigação e tractores Armazenam ento Comercialização Providencia instalações para armazenament o de produtos à associações de produtores para possibilitarlhes o armazenament o e o aumento do seu poder Realiza estudos em nome dos agricultores para melhor os informar sobre os mercados a alcançar 111 comercial Aga Khan Trabalha em cadeias de valor chave com produtores em Cabo Delgado CLUSA Os membros da associação são encorajados a aumentarem os rendimentos de milho, amendoim e de caju 112 de negociação no mercado Fortalece a capacidade dos empresários para melhor se organizarem em satisfazerem as necessidades do mercado As associações recebem apoio técnico para a produção e apoio organizacional Realiza estudos em nome dos produtres para melhor lhes informar sobre os mercados a alcançar Instalações de armazenagem são criados nas áreas locais de produção e transportados para os principais armazens A comercialização em grupo possibilitou que os agricultores pudessem ter uma comercialização justa o que resultou no aumento dos rendimentos Helvetas Promove a produção de culturas de rendimento em Nampula e Cabo Delgado Aumento da capacidade dearmazename nto nas aldeias de Cabo Delgado com a construção de 700 silos 113 SNV Aumento da produção através da melhoria dos sistemas de produção nas cadeias de valor da apicultura, castanha, e banana TechnoServe Providencia assistência técnica para a promoção da expansão das cadeias de valor de criação de aves, castanha, fruta e soja:facilita o acesso a capitais e está envolvida na elaboração de políticas nos sectores; Formação dos intervenientes para o aumento da participação do sector privado nos mercados: promoção de conceitos de desenvolvimento de mercado tais como Negócio inclusivo para a promoção da integração das comunidades no desenvolvimento económico A comercialização é fortalecida através de intervenções na cadeia de valor Transferência de tecnologias de produção/ processament o que tornamos produtores mais eficientes, aumentando, de forma efectiva, os rendimentos Criou uma demana por castanha de caju e soja, que conduziu a um aumento da produção As ONGs desempenham um papel importante na disseminação de informação sobre mercados visto que elas partilham informação sobre preços com as associações com as quais elas trabalham Doadores: a grande comunidade doadora de Moçambique está bem ciente da fraca estrutura de comercialização nas áreas de produção em Moçambique. Alguns doadores incluem nos seus planos estratégicos investimentos em infra-estruturas rurais, que se tornam componentes dos seus programas nacionais. O que se segue é um resumo dos principais doadores que financiam estruturas rurais: ADIPSA: apoio o governo moçambicano a reabilitar e a fazer a manutenção de estradas rurais em áreas agrícolas específicas nas províncias apoiadas pela DANIDA. A componente está sob a alçada do Ministério das Obras Públicas e Habitação (MOPH) e da ANE (Administração Nacional de Estradas). O objectivo desta componente é o de fortalecer o acesso ao Mercado a agricultores de pequena escala através de infra-estruturas melhoradas. Em geral, as estradas rurais servem à população rural e são uma condição necessária para a garantia do acesso aos mercados. Durante a fase de construção, é oferecida à população vivendo nas proximidades, a possibilidade de emprego a curto prazo. As intervenções da IFAD promovem o acesso aos mercados rurais melhorando o acesso e a participação de agricultores de pequena escala em mercados agrícolas e cadeias de valor. IFAD desenvolve intermediários de mercados mais eficientes e parcerias mais efectivas para estimular o 114 aumento da produção agrícola e o valor adicionado. Através de PROMOER, a IFAD possibilita que agricultores de pequena escala possam aumentar os seus rendimentos da agricultura ajudando-os a vender os seus excedentes de forma mais lucrativa. Os objectivos específicos do programa são: melhorar o acesso e a participação dos agricultores de pequena escala em mercados agrícolas e cadeias de valor desenvolver intermediários de mercados mais eficientes e parcerias mais eficazes para estimular o aumento da produção agrícola e o valor adicionado possibilitar um ambiente mais favorável para as operações de mercados agrícolas O programa vai trabalhar com vista o fortalecimento de agências governamentais, organizações de produtores, empresas de agronegócios, provedores de serviços envolvidos nas ligações de mercados e cadeias de valor. A meta é capacitá-los a serem mais eficientes na coordenação, estimulo e implementação de iniciaitvas que vão melhorar o acesso ao mercado para agricultores de pequena escala A NORAD tem, ao longo dos últimos anos, trabalho para o fortalecimento das infra-estruturas rurais, desde estradas rurais à electrificação rural. Em 2008, os seus esforços garantiram que 100,000 pessoas de áreas rurais tivessem acesso a rede nacional de energia. A NORAD continua a aumentar a capacidade do Ministério da Energia O Millenium Challenge Corporation (MCC) está a meio caminho de um acordo compacto com o Ministério da Planificação e Desenvolvimento para trabalhar em quatro áreas – infra-estruturas, registo/ reforma da terra, agronegócios e água e saneamento. No respeitante ao seu trabalho nas infra-estruturas e água/ saneamento, a implementação estava prevista para começar em Março de 2011. Os arranjos implicam acordos com instituições locais como a ANE no caso de infra-estruturas rodoviárias; FIPAG, DNA e ARAS para água; e DPAs, DNT, IIAM para a pesquisa; e muitos outros para terra e agronegócios. Estima-se que 35% (USD 170 milhões) do orçamento total sejam para estradas onde troços críticos de estradas tais como Chimuara – Nicoadala (167Km) na Província da Zambézia; Rio Ligonha – Nampula (102Km) e Namioalo – Rio Lúrio (148Km) na Província de Nampula bem como Rio Lúrio – Metoro (74Km) na Província de Cabo Delgado, num total de 491Km de estradas serão reabilitados. O programa também vai investir 45% do seu orçamento para melhor o acesso a água e saneamento para muitas populações rurais no norte de Moçambique. 6.5 DINAMICA SOCIAL Prioridades e políticas. As dinâmicas sociais de Moçambique são estáveis mas não estáticas. O ambiente sócio – cultural está em constante desenvolvimento e influencia directamente a economia como um todo. As demonstrações populares contra o aumento do custo de vida constituem um exemplo do descontentamento do povo Moçambicano. As demonstrações que aconteceram em Setembro de 2010 não foram as primeiras; outras aconteceram em 2008. Embora o governo tenha agido para minimizar os efeitos globais da subida dos preços de culturas alimentares e dos custos de combustíveis, tal não foi suficiente. A subida dos custos é sentida por todos os escalões de rendimento, mas os que auferem os rendimentos mais baixos são os mais afectados. A prevenção destes tipos de demonstrações não é somente importante para a estabilidade política mas também para assegurar as infra-estruturas do país. Os custos de investimento em infra-estruturas são importantes para a melhoria da qualidade de vida da nação. Por exemplo, o corredor Maputo - Witbank, que tem a TRAC como concessionário, exige um investimento de manutenção significativo. Por exemplo, as estradas entre Maputo e Matola custam cerca de 100,000 Rand por quilómetro de manutenção ao passo que as estradas fora da Matola custam cerca de 60,000 Rand por quilómetro. Apesar dos custos de manutenção de rotina, distúrbios públicos inesperados podem causar danos grandes que exigem investimentos não planificados para reparação. 115 Após as demonstrações de 2010, a TRAC gastou cerca de 127 milhões de Meticais na reparação dos danos causados. A utilização de influências políticas para influenciar decisões em África é comum, e Moçambique não constitui uma excepção. Existem casos conhecidos de oficiais seniores do governo em Moçambique e no Malawi que se beneficiam do fraco estado das redes de estradas e caminhos-de-ferro com participação em empresas de transporte rodoviário. Existe uma prova clara da influência política em algumas empresas que gerem os corredores de desenvolvimento. Algumas das empresas de transporte rodoviário nos corredores no centro e norte de Moçambique pertencem a funcionários seniores do governo. Tal comportamento constitui um claro conflito de interesses, tende a beneficiar alguns, e cria obstáculos ao desenvolvimento económico da região e suas populações como um todo. Género e acesso a infra-estruturas de comercialização. A participação de homens e mulheres no sector do agronegócios bem como na cadeia de valor desde a produção até a comercialização varia significativamente. No sul de Moçambique, as mulheres tendem a estar envolvidas na produção de culturas de subsistência e na comercialização de frutas e vegetais. No centro e norte, as mulheres continuam concentradas na produção culturas de subsistência, ajudando também os homens na produção de culturas de rendimento. Contudo, devido a normas culturais, no norte as mulheres não são significativamente envolvidas na força de trabalho formal na produção agrícola e empresas de processamento, com algumas excepções encontradas no trabalho leve em fábricas. Normalmente as mulheres preparam as refeições que serão servidas durante o intervalo de almoço mas não são excluídas do trabalho fora, ao lado dos homens. A medida em que as mulheres adquirem mais educação, elas podem participar em tarefas administrativas de uma empresa de produção/ processamento. Em contraste, no sul, as mulheres tendem a constituir uma grande porção da força de trabalho em empresas de produção e processamento agrícola (machambas de banana, citrinos e caju e unidades de processamento). Isto é, provavelmente, devido a migração dos homens para as minas de ouro na África do Sul e às obras, o que deixa as mulheres como chefe de famílias e muitas vezes as impele para a força de trabalho formal. É também importante notar que as mulheres do sul desempenham um papel importante como comerciantes interprovinciais de produtos agrícolas. Elas compram cereais, feijão e amendoim nas províncias produtivas do centro e norte, e alugam serviços de condutores de camiões para vender esses produtos nos mercados em Gaza e Maputo. 6.6 RECOMENDAÇÕES APOIAR A ANE PARA APRESSAR O PROCESSO DE CONCESSÃO DAS ESTRADAS MAPUTO – MAXIXE (NI), BEIRA – MACHIPANDA (N6) E VANDUZI – CHANGARA (N7) Deveria existir, ao longo dessas estradas, portagens e básculas. Pelo menos 15% das receitas totais dessas concessões deveria ser alocado como parte do orçamento total da província em que a estrada se encontra para resolver os problemas das estradas rurais não classificadas MELHORAR A COORDENAÇÃO DOS INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURAS RURAIS DE COMERCIALIZAÇÃO Um investimento na produção sem estradas, água e electricidade não tem o mesmo impacto que um investimento onde todas estas componentes estão integradas. Adicionalmente, o sector privado deveria ser motivado a participar no crescimento económico dessa área. Empresas públicas como a Electricidade de Moçambique, Águas de Moçambique (AdM), FIPAG e ARAS (Sul, Centro e Norte) deveriam fazer parte da coordenação dos intervenientes para evitar-se a planificação isolada e o 116 estabelecimento de prioridades sem se olhar as necessidades existentes do sector agrícola e ao potencial para desenvolvimento. É necessário mais diálogo e alinhamento estratégico para investimentos efectivos nas infra-estruturas de produção e comercialização. INTRODUZIR UMA FRONTEIRA DE PARAGEM ÚNICA ENTRE MOÇAMBIQUE E ZIMBABWE Uma fronteira de paragem única poderia acelerar os procedimentos alfandegários e de despacho. Este posto fronteiriço tem muito movimento de camiões e com a concessão da N7 poderia fazer sentido incluir uma fronteira de paragem única. REGISTO DOS AGRÓNOMOS NOS SERVIÇOS ALFANDEGÁRIOS Juntamente com os funcionários das alfândegas do departamento de agricultura, agrónomos especialmente indicados poderiam ser responsáveis pela inspecção e despacho de produtos agrícolas. Esta coordenação poderia garantir o cumprimento do acordo da OMC sobre a prioritarização agrícola. INTEGRAR AS CONSTATAÇÕES DO ESTUDO DE LABORATÓRIO DE 2011 DA UNIDO NOS ESFORÇOS DE DESENVOLVIMENTO DO SECTOR PRIVADO A UNIDO esperava, a partir da primavera de 2011, a divulgação de um estudo abrangente sobre laboratórios de solos e alimentos localizados no país. A necessidade de serviços laboratoriais de alta qualidade foi enfatizada repetidamente ao longo deste estudo, mas também o foram produtores e processadores. O resultado do estudo deveria ajudar na criação de um roteiro para a assistência de empresas na identificação dos serviços que elas precisam; promovendo o desenvolvimento de laboratórios privados para satisfazerem as necessidades do sector privado; e por outro lado fortalecendo a qualidade dos produtos moçambicanos. TRABALHO PARA A REDUÇÃO DO CONGESTIONAMENTO NO PORTO DA BEIRA E APRENDER DE EXPERIÊNCIAS PASSADAS Muito do actual congestionamento foi originado a partir da greve no Porto de Durban em Outubro de 2010. Como resultado disso, estima-se a existência de um atraso de 3000TEUs actualmente a espera de chegar no Porto da Beira. A direcção do Porto da Beira não considerou os efeitos que a greve teria para as suas operações. Portanto, o Governo/ CFM deveria utilizar a experiência da linha de Sena como uma oportunidade para aprender, que pode ser muito útil para ensinar como melhor formular, implementar e monitorar contratos de concessões. CRIAR INCENTIVOS ADICIONAIS PARA O SECTOR PRIVADO INVESTIR EM ESTRUTURAS COMO SILOS, PORTOS SECOS, INSTALAÇÕES DE SELECÇÃO E EMPACOTAMENTO, BEM COMO CASAS DE COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS DE PRODUTOS FRESCOS. Os incentivos actuais não são suficientes para atrair investimentos em infra-estruturas no sector do agronegócio. Condições como a presença de água, electricidade e estradas deveriam ser criadas para motivar os seus investimentos em áreas rurais e urbanas no sector do agronegócios. Ao contrário da vizinha Zâmbia, existem muitos poucos subsídios disponíveis para os agricultores moçambicanos para a compra de insumos. Muitos produtores afirmaram desejar subsídios, mas eles provaram não resolver os problemas da produção por si mesmo. O Malawi constitui um exemplo de um país que subsidiou insumos mas ainda é incapaz de satisfazer as suas demandas por cereais, comprando assim em Moçambique a preços muito baixos. O governo moçambicano deveria considerar possíveis 117 opções de subsídios referentes a fertilizantes e pesticidas para os tornar mais acessíveis aos agricultores rurais. Adicionalmente, a insuficiente extensão da rede não pode satisfazer as necessidades dos seus serviços e garantir que a produção agrícola atinja o seu potencial total. Além disso, a qualidade precisa ser promovida entre os produtores e processadores. Existe a necessidade de apoiar os produtores que investem em sementes e insumos de qualidade e promovem o seu uso a produtores que não investem, estabelecendo um sistema de classificação e preços diferenciados com base na qualidade. Em Moçambique, muitas vezes a agricultura não se preocupa com a comercialização – para muitos, muitos produtores, a agricultura de subsistência é tida como sendo aquilo por que se pode esperar. O desenvolvimento de uma classe de agricultores comerciais emergentes precisa de ser apoiada. Isto só pode ser feito com sucesso se o governo, ONGs e o sector privado estiverem coordenados para alinhar objectivos estratégicos e investirem de forma ordeira. Tal abordagem poderia fazer com que a produção fosse orientada para o mercado e a demanda por massa crítica e qualidade seriam alcançadas a longo prazo. A promoção de produtores emergentes é, de facto, crítica, e o conceito é partilhado por muitos intervenientes. Segue-se uma abordagem de como isto pode ser feito: Estimulo baseado no mercado Um número estimado de 600 agricultores comerciais (média e larga escala) Ferramentas de comercialização: • Comercialização de mercadorias • Contracto Potencial para desenvolver 400-600,000 agricultores Sectores crescem para responderem as demandas do agro-negócio e servem de um Políticas e infraestruturas ambiente favoráveis Estímulo baseado no estado 118 VASTAS EXTENSÕES DE TERRA ABERTA (2000-5000 HECTARES) EM ÁREAS AGRÍCOLAS PROVADAS PARA CULTURAS DE RENDIMENTO COMO MILHO, AMENDOIM, FEIJÃO, GERGELIM E SOJA) As instituições de implementação responsáveis por infra-estruturas tais como estradas, linhas férreas, electricidade e água deveriam ser envolvidas para garantir o acesso a infra-estruturas. O sector privado sob a forma de agricultores com experiência provada organizados em associações comerciais deveriam competir para ter acesso e a cultivar a terra. As ONGs e o governo deveriam colaborar para providenciar serviços de extensão enquanto que o sector privado soba forma de provedor de insumos deveria ser motivado a servir esta classe de produtores. O financiamento agrícola para a produção e comercialização deveria existir para possibilitar às associações de produtores a adquirirem crédito para a aquisição de ferramentas e insumos, enquanto que os comerciantes de produtos agrícolas podem ter acesso a fundos para a compra de stock, construção de silos e para instalações de classificação, empacotamento e processamento. As casas existentes de comercialização nas regiões norte e centro poderiam ser envolvidas para assegurar contactos de aquisição competitivos. PROMOVER PARCERIAS PUBLICO-PRIVADAS PARA INVESTIR EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DE MERCADO QUE PROVIDENCIEM INFORMAÇÃO EXACTA SOBRE A PROCURA, FORNECIMENTO, TENDÊNCIAS E OPORTUNIDADES DE MERCADO A NÍVEL DISTRITAL Adicionalmente, a indústria local deveria ser encorajada para investir em novas tecnologias para servir o sector do agronegócio Uso de recursos naturais tais como o gás em Panda e evatefosfato em Tete para investir no sector de fertilizantes A promoção de unidades de mistura de fertilizantes vai possibilitar a produção de fertilizantes para culturas específicas, bem como a indústria para produzir ferramentas e peças sobressalentes para equipamento agrícola (tal como bombas de água, sistemas de irrigação, tractores) sem os quais o sector do agronegócio não será competitivo se continuar a importar insumos e serviços. A medida em que a camada dos produtores emergente cresce, também crescerá o sector de subsistência visto que se vai apoiar de algumas intervenções no primeiro sector, tais como a criação de postos de trabalho e a transferência de tecnologia. Acima de tudo, terá um exemplo próximo a seguir, o que é importante para o comportamento humano. CONTINUAR COM A COLABORAÇÃO PARA A CAPACITAÇÃO As instituições de implementação têm falta de saber-fazer e de recursos financeiros necessários para a prestação eficiente e eficaz dos seus serviços. Formação especializada poderia ser fornecida aos funcionários técnicos de entidades como a ANE, INNOQ, MIC, MINAG e CFM para o fortalecimento das suas capacidades de gestão de contratos de concessões, elaboração de políticas e decisões técnicas, que vão afectar o país como um todo. 119 MELHORAR A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES DE AGRONEGÓCIOS E DESENVOLVER A CAPACIDADE DOS FUNCIONÁRIOS TÉCNICOS DE ANALISE E DE PROVIDENCIAR FEEDBACK À PROPOSTAS POLÍTICAS DO GOVERNO Como parte do desenvolvimento do sector privado, fundos e assistência técnica deveriam ser alocados para o desenvolvimento de associações comerciais nos níveis central e distritais. Deve-se também dar ênfase a capacitação em micro e pequenas empresas visto que muitas vezes elas não estão representadas em associações comerciais e podem enfrentar, de certa forma, diferentes problemas de crescimento. MELHORAR A FORMAÇÃO EM HABILIDADES DE NEGÓCIO PARA ASSOCIAÇÕES DE PRODUTORES NAS ZONAS RURAIS O fundo recentemente lançado SMME/ Fundo de Desenvolvimento das Associações (MESE) deve alterar os seus requisitos de candidatura visto que muitos requerentes na categoria de SMME não serão capazes de cumprir com os mesmos. FORTALECIMENTO DA INFRA-ESTRUTURA RURAL DE INFORMAÇÃO ATRAVÉS DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO DESENVOLVIDO PARA O MERCADO Deveria ser criada uma base de dados das actuais infra-estruturas rurais e o seu estado para ajudar o processo de planificação a medida em que tais áreas forem sendo desenvolvidas. O MIS deve incluir informação sobre o estado actual das estradas, projectos actuais de construção de estradas bem como actualizações sobre projectos a serem realizados nas estradas rurais. 120 7 . COMÉRCIO ALÉM FRONTEIRAS 7.1 INTRODUÇÃO Existe um amplo consenso que uma maior integração dos países e comunidades em mercados regionais e internacionais contribui para um fornecimento mais estável de produtos alimentares e estimula o desenvolvimento.90 Este capítulo está dividido em duas partes: Políticas Comerciais e Facilitação Comercial. Políticas comerciais relacionadas com o compromisso de Moçambique para estabelecer relações comerciais formais com os seus vizinhos na África Austral, em todo o continente africano e em mercados internacionais, através de mecanismos como redução mútua de tarifas e a simplificação de processos comerciais. A facilitação comercial refere-se a simplificação e harmonização dos procedimentos comerciais internacionais do país, em linha com as actuais melhores práticas e padrões globalmente aceites. A facilitação comercial também análise como os procedimentos e controlos que regem o movimento de mercadorias em fronteiras nacionais podem ser melhorados para reduzir fardos de custos associados e maximizar a eficiência enquanto se salvaguarda os objectivos regulatórios legítimos. O sistema de avaliação AgCLIR atribui uma classificação relativamente saudável ao Quadro Legal, com cada uma das seguintes áreas a mostrar necessidades consideráveis por melhorias sustentadas 7.2 QUADRO LEGAL – POLÍTICA COMERCIAL Apesar de melhorias nas leis, instituições, funcionários e infra-estruturas moçambicanas nos últimos anos, atrasos, fardos administrativos e a corrupção continuam a elevar os custos de transacção do comércio regional e internacional de produtos agrícolas. Mais deve ser feito para se aumentar a eficiência das instituições comerciais, integração dos procedimentos de travessia de fronteiras entre países vizinhos, melhorar a gestão de risco, simplificar os processos de desalfandegamento, melhorar a utilização da tecnologia, refrear a corrupção e lidar com as necessidades de infra-estruturas para produtos agrícolas que atravessam os portos, aeroportos e corredores comerciais de Moçambique. 90. Conselho Internacional para o Comércio Agrícola, IPC Alert, “High Food Prices and Food Price Volatility: What Role for Policy?” (April 5, 2011). 121 TABELA 8: COMÉRCIO TRANSFRONTEIRIÇO, CLASSIFICAÇÕES E PONTOS Comércio Transfronteiriço Comércio Transfronteiriço Classificação Doing Business 2011 133 Média de Pontos para cada área do quadro legal Classificação Doing Business 2010 136 Quadro Legal Documentos para exportação (número) 7 Tempo para exportação (dias) 23 Custo de exportação (US $ por contentor) $1,100 Documentos para importação (número) 10 Tempo para exportação (dias) 30 Custo de importação (US $ por contentor) $1,475 Instituições de Implementação Instituições de Apoio Dinâmica social 4.16 2.56 2.66 2.57 Política Comercial. Moçambique trabalhou para instituir um programa de reformas comerciais desde os princípios da década 90. Como resultado, possui um dos regimes comerciais mais abertos em África. Moçambique possui cinco tarifas aduaneiras (0, 2.5, 5, 7.5 e 20%) sendo a mais elevada aplicada para produtos alimentares básicos tais como carne, peixe, frutas, vegetais, bebidas e vestuário. A base tributável das tarifas é o valor alfandegário CIF. Adicionalmente, os bens e serviços podem estar sujeitos a: I) imposto sobre valor acrescentado (IVA) a 17% do valor CIF; 2) impostos indirectos (imposto sobre consumo específico), impostos sobre produtos de tabaco, bebidas alcoólicas e produtos de luxo; 3) uma sobretaxa cobrada sobre produtos “sensíveis” incluindo açúcar, cimento e produtos de aço tal como aço galvanizado, chapas e tubos de aço. Moçambique aplica uma taxa de importação de 18% sobre a castanha de caju e madeira não processada. A sua tarifa aplicada de Nação Mais Favorecida (MFN),91 excluindo álcool e tabaco é de 20% ao passo que a média da tarifa geral é de 10.3%. O sector agrícola continua o mais protegido (6.8%) do que o sector não agrícola (5.5%). O Banco Mundial calcula que o nível de restrição comercial de Moçambique92 de 2006 – 2009 era de 5.7%, muito abaixo da média da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da África Subsaariana (SSA) de 9.5% e 14.6% respectivamente. Com base neste índice 91. A tarifa MFN é o nível de tarifa que um membro da OMC cobra em importações a outros membros. 92. Este índice, conhecido como Índice Restrictivo da Tarifa de Comércio MFN (TTRI) mede o grau de restrição de um país com base no seu calendário de tarifas das Nações Mais Favorecidas (MFN). Este índice é equivalente a uma taxa única sob todos os produtos que possam manter o volume agregado das importações de um país no seu nívela ctual, sob o actual regime de tarifas heterogéneas. É expresso em percentagem como se fosse uma taxa de tarifa. 122 em particular, Moçambique posicionou-se na 65ª posição num grupo de 125 países a nível mundial93 (em que o primeiro é menos restritivo). Contudo, em relação ao compromisso de Moçambique para a liberalização dos seus serviços comerciais, o Banco Mundial calcula que a classificação de Moçambique no Índice de Compromisso do Acordo Geral para Serviços Comerciais (GATS) seja somente 4.9594 (com base numa classificação de 1 – 100, em que 100 é o mais liberal), classificando-o na 120 posição em 148 países. Quadro legal de comércio. O quadro legal do comércio moçambicano inclui o quadro legal do país para a política comercial e os seus acordos comerciais internacionais. O objectivo de Moçambique para as relações comerciais é o de alcançar “uma política e estratégia comercial internacional para a integração comercial regional na África Austral e nos principais mercados mundiais que seja favorável, em termos agregados, aos procedimentos e consumidores moçambicanos”.95 Além disso, Moçambique procura manter níveis apropriados de abertura económica para que o país se beneficie de fluxos de tecnologia, habilidades, informação, recursos financeiros, investimentos e comércio para possibilitar a integração efectiva com os mercados mundiais. O seu desejo declarado é o de aumentar a integração de Moçambique com as economias regionais e internacionais através do desenvolvimento contínuo de relações comerciais e de investimento; liberalização gradual e progressiva das trocas comerciais internacionais; e encorajando maiores fluxos de comércio e investimento. O Ministério da Indústria e Comércio (MIC) de Moçambique é responsável pela formulação e implementação da política comercial e industrial. O Departamento de Relações Internacionais do Ministério está directamente envolvido em assuntos relacionados com comércio e com a negociação de acordos comerciais e de investimento. Outros ministérios envolvidos em questões comerciais incluem o Ministério das Finanças, que é responsável pelas tarifas, alfândegas, tributação e o procurement do governo, bem como as agências governamentais responsáveis por subsectores económicos relacionados. O diálogo com o sector privado é realizado principalmente através da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que representa os interesses do sector privado na melhoria do ambiente de negócios e de investimentos em Moçambique. 7.3 COMPROMISSOS COMERCIAIS INTERNACIONAIS OMC. Moçambique é membro da Organização Mundial de Comércio (OMC) desde 1995. O seu estatuto na OMC é o de País Menos Desenvolvido (PMD), o que lhe confere certos direitos tal como assistência técnica e períodos de transição mais longos antes de ser exigido que implemente, completamente, os acordos da OMC. Moçambique concede pelo menos tratamento de nação mais favorecida (MFN) aos seus parceiros comerciais, o que providencia oportunidades comerciais similares a todos os estados com os quais Moçambique tem acordos comerciais. Protocolo da SADC. Moçambique é membro fundador da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), que foi criada em 1992. Os objectivos da SADC são o de promover o desenvolvimento económico, a paz, e segurança para os povos da África Austral, através da integração regional e o desenvolvimento de estratégias e programas complementares nacionais e regionais. Em Dezembro de 1999, Moçambique assinou o Protocolo Comercial da SADC. Moçambique é um dos onze países membros da SADC que está actualmente a implementar o protocolo comercial, ao passo que as tarifas foram eliminadas na comercialização de muitos bens com outros países implementadores. 93. Banco Mundial. 2010. “Mozambique Trade Brief.” World Trade Indicators 2009/10: Country Trade Briefs. Washington, DC: World Bank. Available at http://www.worldbank.org/wti. 94. Baseado no Índice de Compromisso do Acordo Geral de Comércio e Serviços (GATS) (0-100, mais liberais) http://data.worldbank.org/data-catalog/world-development-indicators. 95. Tal como descrito no Plano de Acção para a Redução da Probreza Absoluta (PARPA II) mais recente de Moçambique. 123 Tarifas sobre bens adicionais deverão ser eliminadas até 2012, embora os detalhes finais ainda estejam sob discussão, e Moçambique, como um PMD, tem até 2015 para cumprir. Se totalmente implementado, o protocolo dará a produtos moçambicanos acesso livre a um mercado de mais de 250 milhões de pessoas com um PIB de $470 biliões, com tratamento recíproco para as mercadorias de 10 países, incluindo a África do Sul. Comunidade Económica Africana. A África Austral é uma das sete Comunidades Económicas Regionais (CERs) reconhecidas pela União Africana (UA). A UA apoiou a criação da Comunidade Económica Africana (CEA) em Junho de 1991, sob os termos do tratado de Abuja. Este tratado determina a criação de um mercado africano comum em seis etapas ao longo de 34 anos. O processo de integração é baseado na coordenação e harmonização de medidas tarifárias e não tarifárias entre as diferentes Comunidades Económicas Regionais. Como membro da SADC, Moçambique é um membro de facto da CEA. Além disso, Moçambique é um membro fundador da União Africana. União Europeia. Os produtos moçambicanos gozam de entrada livre nos países membros da União Europeia (UE) sob o acordo “Tudo Menos Armas” (Everything But Guns). Esta é uma iniciativa da UE, que remonta a 2001, sob a qual todas as importações para a União Europeia vindas de PMD são isentas de direitos e sem quotas, com a excepção de armamentos. Contudo, as importações da UE destes países de três produtos agrícolas “sensíveis” – bananas, arroz e açúcar – foram lentamente liberalizadas ao longo de vários anos e em Setembro de 2009, estes produtos também alcançaram o estatuto de isenção de direitos e sem limitação de quotas. O estatuto de comércio livre de açúcar, em particular, oferece a Moçambique uma grande oportunidade de exportação para a UE96. Moçambique, enquanto que membro do bloco de países da SADC, finalizou um Acordo de Parceria Económica (APE) com a UE sob os termos gerais do Acordo de Cotonou97. Em 2009, foi concluído um APE interno com Moçambique, Botswana, Lesoto, Suazilândia e Namíbia. Quatro dos cincos países assinaram o acordo, mas o quinto - a Namíbia – ainda não assinou. Angola ainda não apresentou uma oferta de tarifa, mas mantém acesso aos mercados europeus através da iniciativa EBA. A África do Sul e a UE têm um acordo separado para o comércio, desenvolvimento e cooperação (TDCA) que estabelece acordos comerciais preferenciais e a introdução progressiva de Áreas de Comércio Livre entre os dois parceiros. Os aspectos importantes do APE interno são os seguintes: 96. No que diz respeito as exportações de açúcar de Moçambique, existe uma organização intermediária entre os estados membros da SADC e o mercado da UE, que é o Comité Técnico de Açúcar (TCS) da SADC. Esta organização foi criada no âmbito do Protocolo Comercial da SADC e lida com todas as questões relacionadas com açúcar na região. Este comité atribui quotas de exportação para mercados estrangeiros. Contudo, a produção de açúcar em Moçambique é limitada e as suas exportações não são limitadas pela quota 97. O acordo de Cotonou é um tratado entre a União Europeia e os estados da África, Caraíba e o grupo do Pacífico (países da ACP). Foi assinado em Junho de 2000 em Cotonou, Benin, por 78 países da ACP e os 15 estados membro que compõem a União Europeia. O acordo entrou em vigor em 2003. Ao passo que a sua meta principal é a redução da probreza e o desenvolvimento sustentável, é melhor conhecido como um acordo comercial entre a UE e os países da ACP. Clama pela criação de Acordos de Parceria Económicas (ACEs), com base no comércio recíproco entre a UE e blocos comerciais ou países individuais da ACP. Enquanto a UE oferece entrada livre de direitos aos seus mercados para as exportações da ACP, os países da ACP devem também oferecer acesso livre de direitos aos seus próprios mercados para as exportações da UE, embora numa base feseada. O Acordo de Cotonou substitui a Convenção de lomé de 1975 em que a UE garantia preferencias comerciais não recíprocas aos seus parceiros da ACP. Contudo, os PMDs na ACP que escolheram não abrir os seus mercados aos produtos da UE poderão continuar a ter acesso aos mercados da UE sob a Convenção de Lomé, ou através da Iniciativa Tudo Menos Armas (Everything But Arms Initiative). Os países que não pertençam a lista dos PMDs que não estejam em posição de estabelecer APEs podem fazer parte do Sistema Generalizado de Preferências (SGP) da UE, ou aos arranjos da Iniciativa Especial para o Desenvolvimento Sustentável e Boa Governação (GSP+). 124 Eliminação de direitos ou quotas de exportação destes parceiros do APE- países da UE; Compromisso da UE de encorajar o comércio com os países da região ajudando os exportadores a satisfazerem os padrões de importações da UE; Eliminação de direitos ou quotas em 81% das exportações da UE para Moçambique (sectores sensíveis como produtos agrícolas e têxteis estão excluídos; a liberalização vai acontecer gradualmente e será completa até 2023); e Opção de Angola e África do Sul juntarem-se ao APE Estados Unidos. As relações comerciais e de investimento entre os Estados Unidos e Moçambique são geridas por meio do Quadro Legal do Acordo de Comércio e Investimento E.U – Moçambique 2005 (TIFA) (2005 U.S.-Mozambique Trade and Investment Framework Agreement), que criou um Conselho de Comércio e Investimento para discutir questões bilaterais de comércio e investimento. O tratado relacionado Tratado de Investimento Bilateral Moçambique – E.U. (BIT) também entrou em vigor em 2005. Um acordo entre Moçambique e a Overseas Private Investment Corporation (OPIC), uma agência semi-independente do governo norte-americano, existe desde 2000 para ajudar projectos de finanças através de empréstimos e créditos, e garantias de riscos políticos em Moçambique. Sob a “Lei Africana de Crescimento e Oportunidade” (AGOA) (African Growth and Opportunity Act) e os Sistema Generalizado de Preferências (GSP), uma vasta gama de produtos moçambicanos beneficiou de entrada livre de direitos nos Estados Unidos. Uma disposição chave do AGOA é a entrada com isenção de direitos de vestuário manufacturado em Moçambique, incluindo vestuário fabricado com tecido de um país terceiro. Os acordos preferenciais não contêm nenhum tratamento recíproco para os produtos dos Estados Unidos que entram em Moçambique; e nem existe um Acordo de Comércio Abrangente (ACA) entre Moçambique e os Estados Unidos. Acordos comerciais com países membros da SADC. Moçambique tem acordos de comércio preferencial com dois países membros da SADC: Malawi e Zimbabwe. Moçambique – Malawi: Este acordo de comércio preferencial foi assinado em Dezembro de 2005 e entrou em vigor em Julho de 2006. Este acordo constituiu uma actualização de um acordo similar assinado pelas autoridades coloniais portuguesas com o Malawi antes da independência de Moçambique. Permite o comércio livre de bens originários dos dois países, excluindo cerveja, alguns refrigerantes, tabaco, açúcar, óleo vegetal, galinhas e ovos, equipamento de escritório, produtos petrolíferos, armas, munições e explosivos. O acordo Moçambique – Malawi possui regras de origem mais simples do que aquelas descritas no Protocolo de Comércio da SADC. Moçambique – Zimbabwe: o acordo comercial bilateral entre Moçambique e Zimbabwe entrou em vigor em Janeiro de 2004. Este acordo permite o comércio livre de todos os bens produzidos ou manufacturados em cada um dos países, desde que eles satisfaçam os requisitos locais especificados no pacto e que não se encontrem numa “lista negativa” mútua. Quase todos os produtos agrícolas, animais vivos, produtos florestais e peixe e produtos de pesca entram livres de direitos, ao passo que outros produtos incluindo armas e munições e açúcar não refinado, refrigerantes, bebidas gaseificadas, tabaco manufacturado e veículos motorizados são cobrados impostos directos. Moçambique – África do Sul: Mesmo que a África do Sul estenda acesso não recíproco a mercados preferenciais a produtos seleccionados de origem moçambicana, estes dois estados membros da SADC não possuem um acordo formal sobre comércio bilateral. Ao contrário, a África do Sul criou uma redução especial sob a Lei Sul-africana de Alfândegas & Impostos, que entrou em vigor em 1990. Embora um número considerável de produtos agrícolas e pesqueiros importados de Moçambique estejam sujeitos a quotas e licenças de importação, os arranjos preferenciais permitem a entrada livre de alguns produtos pesqueiros, camarão, castanha de caju, mobiliário de madeira, artesanato, pneus de veículos, óleos de coco, têxteis, e vestuário, desde que os requisitos da regra de origem sejam cumpridos. 125 Leis moçambicanas relacionadas com o comércio. As leis, decretos e resoluções primárias moçambicanas relacionadas como comércio internacional são apresentadas na tabela a seguir. Esta legislação incorpora o que parece ser um exercício extraordinário de controlo sobre produtos entrando e saindo de Moçambique, bem como as trocas monetárias associadas às estas transacções. 126 TABELA 9: PRINCIPAIS LEIS E REGULAMENTOS MOÇAMBICANOS RELACIONADOS COM O COMÉRCIO Sector Tarifa Avaliação alfandegária Procedimentos alfandegários Imposto sobre valor acrescentado Instrumento/Lei Decreto No. 39/2002 de 26 de Dezembro de 2002, emendado pela Lei No. 03/2007 de 7 de Fevereiro de 2007 Decreto No. 38/2002 de 11 de Dezembro de 2002 Mineração Petróleo Código de Benefícios Fiscais Código Comercial Lei do Trabalho Protecção da propriedade industrial Lei da Terra Protecção de copyright e direitos relacionados Competição Provitazação de empresas estatais Procurement governamental Flora e fauna Diploma Ministerial No. 262/2004 de 22 de Dezembro de 2004 Lei No. 32/2007 de 31 de Dezembro de 2007 Decreto No. 52/1998 de 29 de Setembro de 1998, emendado pelo Decreto No. 37/2002 de 11 de Dezembro de 2002 Decreto No. 39/2002 de 26 de Dezembro de 2002 Decreto No. 56/1998 de 11 de Novembro de 1998 Resolução No. 51/2003 de 30 de Novembro 2003 Decreto No. 15/2006 de 22 de Junho de 2006 e Diploma Ministerial No. 9/2007 de 31 de Janeiro de 2007 Lei No. 3/93 de 24 de Junho de 1993 e os seus regulamentos contidos no Decreto No. 14/93 de 21 de Julho de 1993 Decreto No. 62/99 de 21 Setembro de 1999, emendado pelo Decreto No. 35/2000 de 17 de Outubro de 2000 Lei No. 14/2002 de 26 Junho de 2002 Lei No. 3/2001 de 21 de Fevereiro de 2001 Decreto No. 16/2002 de 27 de Junho de 2002 Decreto do Código Comercial No. 2/2005 de 27 de Dezembro de 2005 Lei No. 23/2007 de 1 de Agosto de 2007 Decreto No. 4/2006 de 12 de Abril de 2006 Lei No. 19/97 de 1 de Outubro de 1997 Lei No. 4/2001 de 27 de Fevereiro de 2001 Resolução No. 37/2007 de 24 de Julho de 2007 Lei No. 16/75 de 13 de Fevereiro de 1975 Decrto No. 54/2005 de 13 de Dezembro de 2005 Lei No. 10/99 de 7 de Junho de 1999 Pescas Decreto No. 43/2003 de 10 de Dezembro de 2003 Aquacultura Decreto No. 35/2001de 11 de Novembro de 2001 Hidrocarbonetos (actividades a jusante) Decreto No. 63/2006 de 26 de Dezembro de 2006 Electricidade Lei No. 21/97 de 1 de Outubro de 1997 Água Transporte terreste (automóveis) Transporte terreste (público) Transporte marítimo Lei No. 16/91 de 3 de Agosto de 1991 Decreto No. 24/89 de 8 de Agosto de 1989 Decreto No. 39/2005 de 29 de Agosto de 2005 Lei No. 4/96 de 4 de Janeiro de 1996 Aviação civil Resolução No. 40/2002 de 14 de Maio de 2002 Telecomunicações Lei No. 8/2004 de 11 de Julho de 2004 Turismo Lei No. 4/2004 de 17 de Junho de 2004 Regime de troca de moedas estrangeiras Serviços bancários (instituições de crédito e de microfinanças) Seguros Lei No. 3/96 de 4 de Janeiro de 1996 Impostos indirectos Proibições e licenças de importação Inspecção pré-embarque Padrões e regulamentos técnicos Medidas sanitárias e fito-sanitárias Investimento (excepto para mineração e petróleo) Zonas Indústrias Livre Lei No. 9/2004 de 21 de Julho de 2004 Lei No. 3/2003 de 21 de Janeiro de 2003 Fonte: Organização Mundial de Comércio, Trade Policy Review, Relatório elaborado pelo Secretariado - Moçambique, I de Dezembro de 2009 127 Leis e regulamentos de importações e exportações. De acordo com o Doing Business, bens importados para Moçambique necessitam de 10 documentos e são necessários 30 dias para se completar a importação, e o processo custa ao importador $1,475. Em geral, com a excepção de mercadoria em trânsito para um terceiro país, as mercadorias que entram em Moçambique estão sujeitas a direitos alfandegários e ao imposto sobre valor acrescentado (IVA). Mercadorias em trânsito, tais como aquelas que chegam aos portos de Maputo, Beira e Nacala, embarcadas para países vizinhos estão isentas de direitos alfandegários e IVA. Todos os importadores devem estar licenciados pela Direcção Nacional de Comércio do Ministério da Indústria e Comércio, embora o registo seja um processo rápido. Somente despachantes autorizados podem dar entrada a documentos, de importação e exportação, nas alfândegas. Os seguintes documentos são necessários para importações acima de US $500.00: 1. Bill of lading; 2. Ordem de despacho da carga; 3. Certificado de origem (necessário para isenção de impostos; importações dos países da SADC); 4. Factura comercial; e 5. Declaração alfandegária de importação. 6. Ordem de entrega 7. Relatório de inspecção do scanner 8. Lista de empacotamento 9. Inspecção pré-embarque relatório de constatações limpo (somente para certa mercadoria, tal como veículos utilizados) 10. Recibos de manuseamento do terminal. Para importar produtos agrícolas tais como grãos e fruta fresca e vegetais, as mercadorias devem primeiro receber a autorização de entrado pelo Ministério da Agricultura e também devem ser acompanhadas por um certificado de inspecção fitossanitária do país de origem. Para a importação de vestuário em segunda mão, é necessário um certificado de fumigação. Regulamentos da Exportação: o relatório Doing Business afirma que mercadorias exportadas de Moçambique precisam de sete documentos, são necessários em média 23 dias para a conclusão de todos os requisitos, e custam ao exportador $1,100. A seguir são os documentos necessários para a exportação de mercadorias de Moçambique. 1. Bill of lading; 2. Ordem de despacho da mercadoria; 3. Factura comercial; 4. Declaração de exportação alfandegária; 5. Relatório de inspecção do scanner; 6. Lista de empacotamento; e 7. Recibos de manuseamento do terminal. Adicionalmente, é necessário um certificado fitossanitário para exportar animais, plantas ou sementes. Estes certificados atestam a boa saúde e condição dos produtos exportados. Adicionalmente, exportações para alguns países necessitam de um certificado de fumigação para o embarque do contentor para garantir que pestes indesejáveis não entrem nesse país. 128 7.4 INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO – POLÍTICA COMERCIAL Ministério da Indústria e Comércio. O Ministério da Indústria e Comércio (MIC) elabora e implementa políticas comerciais e industriais. As suas responsabilidades incluem o comércio regional e internacional, bem como o comércio doméstico de todos os produtos, incluindo produtos agrícolas. O INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO CHAVE Ministério está a cargo de questões relacionadas com a OMC e da negociação de acordos de • Ministério da Indústria e Comércio comércio e de investimento. Entre outros • DRI • IPEX ministérios envolvidos em questões relacionadas • INNOQ com o comércio inclui-se o Ministério das Finanças, que é responsável pelas tarifas, alfândegas, • Ministério da Agricultura tributação e pelo procurement do governo, bem • Departmento de Protecção de Plantas • Dircção de Serviços Veterinários como aqueles responsáveis por questões sectoriais, tais como agricultura. Os comités interministeriais • Ministério da Saúde são organizados conforme a necessidade para as • Departamento de Saúde Pública actividades do MIC Embora o MIC seja responsável pela emissão de licenças para exportadores e importadores, não está directamente envolvido no processo de importação e exportação. Através do seu Instituto para a Normalização e Qualidade (INNOQ), o MIC regula e monitora os padrões, peso, medidas e a qualidade dos produtos, e apoia a sua harmonização com organizações internacionais tais como a Organização Internacional de Padrões (ISO), a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) e a SADC. Outra agência do MIC, o Instituto de Promoção de Exportações (IPEX) de Moçambique, é responsável pelo desenvolvimento e aumento das exportações de produtos e serviços moçambicanos. O trabalho destas duas agências é descrito numa secção adiante deste capítulo. Adicionalmente, é notável que o MIC é o Ministério responsável pelo comércio de produtos agrícolas produzidos por agricultores locais, em vez do Ministério da Agricultura, que é a norma em muitos países. 129 Ministério da Agricultura. O Ministério da Agricultura (MINAG) controla a produção e o comércio de produtos agrícolas e pecuários em Moçambique. As importações, bem como as exportações de hortícolas e a importação de produtos químicos para a agricultura estão sob controlo do Departamento de protecção de Plantas (DPP). Esta organização é responsável pela quarentena, inspecção e a emissão de certificados fitossanitários. O DPP e as alfândegas são juntamente responsáveis pela operação do grupo de quarentena. De modo igual, as importações e exportações de animais e de produtos de animais é controlada através de licenças emitidas pela Direcção de Serviços Veterinários. Esta organização também realiza inspecções e controla os requisitos de quarentena para animais e produtos de animais. O DPP é composto por três secções que apoiam o comércio de produtos agrícolas: Serviços de Quarentena de Plantas. Esta secção emite licenças de importação de produtos hortícolas frescos, bem como de cereais, incluindo arroz e milho: emite certificados fitossanitários para exportações de produtos agrícolas e conduz inspecções em instalações de armazenamento de produtos agrícolas. As regras de importação e exportação de produtos agrícolas estão nos regulamentos de Quarentena de Plantas. Produtos químicos para a agricultura. Esta secção esta a ser fortalecida de forma a monitorar e controlar o uso de fertilizantes e pesticidas e a importação de produtos químicos para a agricultura. Secção de protecção de Plantas. Este departamento monitora e controla pestes e doenças de plantas. 130 INFESTAÇÃO DA MOSCA DE FRUTA EM MOÇAMBIQUE Uma infestação devastadora da mosca da fruta de origem asiática, conhecida como Bactrocera invadens da família Tephritidae foi primeiro reportada em 2007, no Distrito de Cuamba, província moçambicana de Niassa. A B. Invadens foi registada pela primeira vez em 2003 ao longo da costa queniana. Nos princípios de 2005 já estava espalhada para a Tanzânia, Sudão, Benin Uganda, Camarões, Togo, Senegal, Gana e Nigéria. Os hospedeiros destas moscas pertencem a uma vasta gama de famílias de plantas, e incluem muitas principais culturas comerciais. Os frutos e vegetais encontram-se entre as principais culturas atacadas, incluindo citrinos, manga, maçã, abóbora, tomate e muitas outras. A detecção da B. invadens em Moçambique conduziu a redução da exportações de frutas para a África do Sul e Zimbabwe. Com a assistência da USDA-APHIS na África do Sul, o Departamento de Protecção de Plantas de Moçambique realizou actividades de vigilância da mosca da fruta em Moçambique para determinar a extensão da infestação da espécie Bactrocera. A pesquisa, com base em armadilhas para moscas, encontrou uma elevada população de moscas na Província de Cabo Delgado. Duas espécies de moscas foram encontradas nas machambas economicamente importantes de Vanduzi próximo de Chimoio, mas acredita-se que que estas pestes foram provavelmente introduzidas ao longo da rota de camiões de Tete, e não foram o resultado da expansão natural. Adicionalmente, após um programa de erradicação na farma, não foram encontradas mais pestes. Como resultado da pesquisa, muitos locais de produção no centro e sul de Moçambique foram declarados livres da B. invadens, e a produção de frutas destes locais é permitida que entre na África do Sul. Infelizmente, a entrada da produção de banana da farma de Matanuska próximo de Nampula ainda não entra na África do Sul e Zimbabwe. Outras pequenas farmas sofreram também os imapctos deste banimento. O DPP está a realizar estudos de campo para demonstrar que as bananas verdes não são um hospedeiro da mosca da fruta, e que embarques comerciais da banana verde deveriam ser permitidos para a África do Sul, mesmo a banana de áreas infectadas. Todos os produtos agrícolas (plantas e produtos de plantas e produtos da apicultura) importados para Moçambique precisam de licença de importação emitida pelo DPP e um certificado fitossanitário emitido pelo país exportador. Para plantas, é necessário um requisito adicional comprovando que o produto em questão não é modificado geneticamente, visto que a sua importação é proibida por Moçambique. Os países da SADC também precisam de um Certificado de Origem (CO). A licença de importação deve ser emitida antes de a mercadoria ser embarcada. A importação de animais e produtos de origem animal deve ter uma licença de importação similar, emitida pelas autoridades veterinárias. O DPP precisa de dois documentos para a exportação de produtos agrícolas: 1) uma licença de importação do país para onde os produtos agrícolas estão a ser exportados, e 2) um certificado fitossanitário para o embarque das exportações, emitido pelos Serviços de Quarentena de Plantas. No caso de o país importador não necessitar, ou não tiver instituições que emitam uma licença para produtos agrícolas de Moçambique, este departamento irá inspeccionar o embarque das exportações e vai depois emitir um certificado fitossanitário. Requisitos de saúde animal e de plantas e de segurança de produtos alimentares. Os países exportadores devem satisfazer três condições importantes para se empreenderem no comércio internacional de produtos agrícolas: avaliações de conformidade, medidas sanitárias e fitossanitárias (SFS) e padrões internacionais de produtos. Avaliações de conformidade: Para que a exportação de bens de Moçambique seja aceite por países importadores, Moçambique deve provar que os seus produtos exportados satisfaçam requisitos de importação dos países importadores. Os importadores devem ter total confiança que os testes de dados e as inspecções de Moçambique são seguras e que as certificações de segurança de produtos alimentares feitas em Moçambique possam ser de confiança. Com a excepção da indústria de mariscos (vide o texto abaixo), Moçambique não possui os laboratórios e procedimentos de certificação necessários para demonstrar que os seus produtos satisfazem os padrões internacionais. Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SFS): Medidas sanitárias (saúde humana e animal) e fitossanitária (saúde de plantas) são utilizadas para garantir a segurança de produtos alimentares e prevenir a propagação de pestes e doenças. Os produtos exportados devem, geralmente, ser provenientes de áreas livres de doenças, devem ser inspeccionados e ser submetidos a tratamentos específicos para determinar níveis máximos aceitáveis de resíduos de pesticidas ou aditivos nos alimentos. A exportação de produtos processados necessita de satisfazer condições mínimas de saneamento e higiene nas áreas de produção e no manuseamento de produtos, inspecções e controlo físico, a aplicação de sistemas de Análise de Risco e Ponto de Controlo Crítico (HACCP), bem como controlos laboratoriais realizados pelas autoridades competentes. Moçambique tem dificuldades em cumprir com estas medidas devido a sua falta de conhecimento, laboratórios inadequados e sistemas de inspecção e de cumprimento limitados. Adicionalmente, o sistema de controlo fitossanitário de Moçambique é fraco, resultando em grandes perdas de culturas devido a danos causados por pestes e acesso a mercados estrangeiros, incluindo a África do Sul. Padrões Internacionais de Produtos: Para além da necessidade de obedecer padrões internacionais para produtos internacionais e de saúde de planta impostos por organizações internacionais e países importadores, o processo de entrada em mercados de maiores valores na Europa (supermercados e maiores retalhistas) pode exigir que os produtores e processadores estejam certificados para GlobalGAP e/ ou sigam outros esquemas privados de padrões tais como aqueles estabelecidos pelo British Retail Consortium (BRC) para a qualidade de produtos alimentares, possibilidade de rastreamento de produtos e práticas agrícolas. Por exemplo, a empresa Vanduzi, um exportador de vegetais frescos localizado próximo de Chimoio, foi certificada para a produção agrícola de alto nível pelos Supermercados Tesco, Leaf Mark e Field to Work. Estes sistemas internacionais de certificação exigem a conformidade com padrões específicos de produção e qualidade, e devem ser verificados de forma independente. Consequentemente, eles são caros e estão geralmente longe do alcance de pequenos exportadores. Com o aumento global de preocupações em relação a segurança de produtos alimentares, os países importadores estão a impor cada vez mais requisitos rigorosos sobre produtos agrícolas e alimentares 131 que os exportadores moçambicanos estão mal equipados para satisfazer. Esta incapacidade limita o acesso aos mercados e reduz os valores de venda de produtos exportados. Por exemplo, a castanha de caju é actualmente exportada não processada para a Índia ou é processada em Moçambique e exportada, principalmente para a Europa. Existem oportunidades de expandir o processamento em pequena escala de castanha, o que por sua vez iria exigir que os produtores e processadores cumprissem com os sistemas reconhecidos internacionalmente, tais como Boas Práticas Agrícolas (BPA) e a Análise de Riscos e Ponto de Controlo Crítico (HACCP), e respeitassem os limites sobre a infecção de plantas e resíduos de pesticidas. Requisitos similares também se aplicam no comércio de pequenas culturas tais como feijão, legumes, sementes de óleo e amendoim. O feijão bóer (lentilhas), por exemplo, é supostamente exportado de Moçambique para o Malawi a fim de ser processado e reexportado para a Índia. Com unidades apropriadas de processamento de produtos alimentares e um sistema credível de certificação em Moçambique, este produto poderia ser processado em Moçambique e exportado directamente. Moçambique é membro de vários órgãos internacionais envolvidos em padrões de produtos e segurança de produtos alimentares, incluindo a OMC, a Comissão Codex Alimentarius, a Organização Internacional de Padrões 132 SEGURANÇA DE PRODUTOS ALIMENTARES NO SECTOR DE PESCAS O sector de exportação de pescas é um elemento chave na economia moçambicana. A indústria apoia mais de 70,000 pessoas, e as divisas estrangeiras que produz ajudam o país a pagar suas importações. Moçambique é um grande exportador de camarão para mercados europeus e, consequentemente, desenvolveu medidas sanitárias fortes e inspecções de segurança de produtos alimentares e procedimentos de controlo internacionalmente reconhecidos para garantir o seu continuado acesso a este lucrativo mercado. O Instituto Nacional de Inspecção Pesqueira (INIP) é a autoridade competente para a realização de inspecção pesqueira em Moçambique. Este instituto criado pelo Ministério das Pescas em 2002, administra e monitora a segurança e qualidade de produtos pesqueiros exportados. Assim, o INIP é responsável pela aplicação de todos os dispositivos legais relacionados com questões sanitárias e fitossanitárias de pescado em Moçambique. Com a assistência da UE, o INIP trabalhou por vários anos para se tornar qualificado para identificar, gerir e implementar actividades de SFS/ segurança de produtos alimentares específicas para pescado e produtos de pesca para garantir que Moçambique goze de um acesso continuado dos seus produtos de pesca à União Europeia. Este trabalho foi realizado em quarto principais áreas: • Fortalecimento do quadro legal legislativo que sustenta as questões de SFS no sector de pescas; • Melhoria da qualidade e do alcance dos serviços de inspecção do INIP; • Desenvolvimento da capacidade laboratorial em Moçambique, e • Aumento da consciencialização na industria pesqueira sobre os requisitos e padres da UE e para produtos de pesca. A indústria pesqueira moçambicana é a líder do sector em termos de SFS e padrões de segurança de produtos alimentares e cumprimento e serve de modelo para (ISO), o International Office of Epizootic (IOE) e a Convenção Internacional para a Protecção de Plantas (IPPC).98 Em Moçambique, as agências implementadoras de SFS são o Instituto Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ), sob a tutela do Ministério da Indústria e Comércio, o Departamento de Protecção de Plantas e a Direcção de Serviços Veterinários (Ministério da Agricultura) e o Departamento de Saúde Pública (Ministério da Saúde. O Departamento de Saúde Pública é responsável pelo estabelecimento e aplicação de legislação alimentar, e, em relação a este aspecto, coopera directamente com as instituições responsáveis pelas exportações, tais como o Ministério das Pescas e o Ministério da Agricultura. Tem uma secção responsável pelas inspecções em fronteiras e produtos alimentares, e é responsável pela emissão de certificados a empresas. Na indústria de hortícolas, tem uma autoridade de inspecção de embalagens. O Instituto Nacional Inspecção de Pescas (INIP) é a organização dentro do Ministério das Pescas que é responsável por questões de SFS e de segurança de produtos alimentares no sector de pescas. O seu papel principal é o de garantir que os produtos de pesca de Moçambique continuem a gozar de acesso à União Europeia. De forma a desenvolver por complete o potencial de exportação de produtos agrícolas, Moçambique deve fortalecer os seus serviços de saúde de plantas, desenvolver capacidade de realizar análises de risco de pestes, actualizar a sua lista nacional de pestes, desenvolver programas nacionais de vigilância, estabelecer e/ ou manter áreas livres de pestes de acordo com requisitos internacionais, e criar uma rede de laboratórios certificados internacionalmente. O Instituto Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ). Moçambique tem uma história infeliz em que produtos expirados, adulterados e mal classificados foram vendidos em superprodução a preços muito baixos durante vários anos, nos seus mercados, em detrimento da sua população. O INNOQ está a desenvolver-se para tornar-se numa importante garantia no Governo para proteger os consumidores moçambicanos de produtos abaixo dos padrões e para garantir que os pesos e as medidas sejam correctas para os produtos vendidos comercialmente. O INNOQ é uma instituição nacional pública dentro sob a alçada do Ministério da Indústria e Comércio. Embora esteja sobre o controlo do Ministério, é uma entidade legalmente separada com autonomia administrativa. O INNOQ é responsável pelo estabelecimento e aplicação de padrões de qualidade nacionais e sistemas de qualidade, e por liderar a política nacional de qualidade de Moçambique. A implementação da política e estratégia de qualidade do país foi aprovada pelo Conselho de Ministros de Moçambique em Novembro de 2003. Os principais elementos desta política são a normalização, metrologia, avaliação de conformidade,99 acreditação, regulamentos técnicos e medidas de SFS. A política de qualidade constitui uma parte 98. O quadro legal internacional em relação a segurança de produtos alimentares é principalmente orientado pela Convenção Internacional de Protecção de Plantas (CIPP), o Codex Alimentarius e o Internacional Office for Epizootics (IOE), sob o Acordo da Organização Mundial de Comércio sobre a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fito-sanitárias (o Acordo SFS), a Organização Mundial de Saúde e a Organização para Agricultura e Alimentação (FAO). Os acordos mais importantes relacionados com padrões de produtos alimentares são os da OMC, que incluem o acordo sobre a aplicação de medidas sanitárias e fito-sanitárias (SFS). O cumprimento das condições do acordo SFS constitui um requisito básico para os países que procuram exportar produtos agícolas. A Convenção Internacional de Protecção de Plantas (CIPP)é um tratado multilateral depositado com o Director Geral da FAO. O acordo SFS identifica a CIPP como a organização responsável pela elaboração dos padrões que vão ajudar a garantir que as medidas implementadas por cada país para proteger a saúde de plantas sejam harmonizadas e que elas não constituem barreiras ao comércio. O Codex Alimentarius é o órgão reconhecido internacionalmente para os padrões de produtos alimentares. Os padrões, directrizes e códigos de prática do Codex são reconhecidos pela OMC como referências para a resolução de disputas no comércio internacional. Por esse motivo, os padrões de segurança de produtos alimentares de muitos países baseam-se no Codex. 99. Uma avaliação de conformidade determina que um processo, produto ou serviço satisfaz os padrões e cumpre com os requisites. Inclui a certificação de produtos, sistemas e pessoas bem como a testagem e inspecção de infra-estruturas. 133 integral do desenvolvimento de um sistema nacional de qualidade100 (SNQ). A política de qualidade foi elaborada com a colaboração e participação de intervenientes e o apoio financeiro e técnico da Agência Internacional Sueca para a Cooperação ao Desenvolvimento (SIDA) e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO). É um passo importante para a melhoria da qualidade dos produtos e serviços e produtos de Moçambique O plano quinquenal de desenvolvimento de Moçambique (2010-2014) foi adoptado em Abril de 2010. Na área da indústria, a consolidação do sistema nacional de qualidade é um dos objectivos estratégicos. O seu objectivo é o de promover uma melhor qualidade, eficiência e competitividade dos produtos moçambicanos. O INNOQ trabalha em quatro áreas relacionadas Gestão de qualidade. O INNOQ é a instituição líder que realiza o trabalho para a implementação e fortalecimento do SNQ para garantir a segurança e a eficácia dos produtos, processos e serviços. O INNOQ também coordena com a agenda legislativa nacional, e garante que os intervenientes sejam ouvidos no processo. Esta agência é responsável pela aprovação e certificação dos padrões moçambicanos criados através do SNQ. Normalização. O INNOQ é responsável pela coordenação do processo de desenvolvimento e de aprovação de padrões nacionais e pela sua disseminação nacional, e portanto criando uma fundação para o desenvolvimento de negócios. Até ao momento, o INOOQ já desenvolveu e libertou um total de 235 padrões para produtos nacionais que geralmente se relacionam com produtos agrícolas e alimentares, incluindo milho, trigo e seus derivados, e frutas e vegetais. Os Padrões Técnicos são preparados de acordo com procedimentos e conceitos que emanam do SNQ. Os padrões são desenvolvidos através de um processo de construção de consenso que envolve governo, produtores, comerciantes e consumidores. Os padrões são preparados por comités técnicos especializados com a participação de intervenientes relevantes. A sua elaboração toma em consideração as necessidades do país e satisfaz as directrizes internacionais. A Cooperação para a Normalização da SADC (SADCSTAN) trabalha no sentido de harmonizar os padrões e regulamentos nos países membros da SADC. O INNOQ trabalha em estreita colaboração com o SADCSTAN, e também partilha informação com o Bureau de Padrões da África do Sul. O INNOQ é também membro da Organização Internacional de Padrões (ISO). Metrologia. A metrologia é a ciência de medição e suas aplicações. A metrologia inclui todos os aspectos teóricos e práticos relacionados com a medição em qualquer campo da indústria, comércio, saúde, meio ambiente, ciência ou tecnologia. Uma responsabilidade chave do INNOQ é a calibração e a verificação dos instrumentos de medição utilizados tanto por operadores privados como por operadores públicos. Valida os padrões nacionais para testes metrológicos, e está a promover a criação de uma rede nacional de laboratórios metrológicos. Também faz a verificação de balanças e outros instrumentos de medição utilizados no comércio sejam calibrados para medições próprias, e que os produtos comerciais sejam etiquetados devidamente com o peso e volume correctos. Certificação. O INNOQ é a agência designada para a certificação comercial em Moçambique, ao passo que o Ministério da Saúde é responsável por questões relacionadas com a segurança de produtos alimentares. Se uma empresa for a solicitar a certificação dos seus produtos, o INNOQ vai visitar o local, inspeccionar os seus produtos e processos, e se for apropriado, emitir a certificação. Embora a sua certificação seja reconhecida localmente, o próprio INNOQ, não está acreditado para que as 100. Um sistema de gestão de qualidade é definido como uma estrutura organizacional, procedimentos, processos e recursos necessários para implementar a qualidade da gestão de um produto ou processo. A boa gestão de qualidade garante a segurança e eficácia do produto e a satisfação do cliente. 134 suas certificações sejam reconhecidas internacionalmente101. Isto é uma grande limitação à sua eficácia. Um problema similar é que nenhum dos laboratórios de teste em Moçambique possui acreditação internacional para certificar a segurança e qualidade alimentar. Até que os laboratórios moçambicanos tenham sido certificados, a certificação necessária deverá ser obtida em laboratórios na África do Sul. O governo de Moçambique reconheceu a importância do papel desempenhado pelo INNOQ e autorizou, recentemente, um aumento substancial no seu orçamento e no número de funcionários. Aumentou o número de seus funcionários de 13, em 2000, para 48 funcionários em 2010, e estão planificados futuros aumentos para os finais deste ano quando for transferido para as suas novas instalações próximo de Maputo, onde está em curso a construção de um edifício de escritórios moderno e um laboratório de teste completamente equipado. Estas melhorias deverão ter um efeito altamente positivo no clima de negócios em Moçambique. 7.5 INSTITUIÇÕES DE APOIO – POLÍTICA DE COMÉRCIO Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA). A CTA, abordou no capítulo deste relatório questões relacionadas com Lidando com Licenças (Dealing with Licenses), apoio, em termos gerais, a agenda de comércio livre do governo Projecto TIP USADID/ Moçambique. O Programa Comércio e Investimento (PCI) financiado pela USAID (2005 – 2010) providenciou assistência técnica orientada pela procura ao Ministério da Indústria e Comércio, a CTA e a outras instituições para a promoção do crescimento do comércio em Moçambique. PCI teve o propósito duplo de aumentar o acesso de produtos moçambicanos aos mercados internacionais e de aumentar a capacidade concorrência de Moçambique reduzindo os custos de se fazer negócio. Estes objectivos foram apoiados pelo trabalho do PCI para alcançar uma política comercial mais favorável, um ambiente de apoio mais favorável, e intervenções direccionadas em sectores específicos. As actividades do projecto estiveram centradas em providenciar ao governo e ao sector privado com um quadro legal político e legislativo essencial para promover o crescimento económico conduzindo a redução da pobreza em Moçambique. O website ainda activo do PCI possui uma gama de informação, embora alguma esteja desactualizada, sobre políticas comerciais e constrangimentos ao comércio em Moçambique. Projecto SPEED USAID/ Moçambique. O Programa de Apoio para o Desenvolvimento Económico e de Empresas (SPEED) financiado pela USAID (Setembro 2010 – Setembro 2014) trabalha com o governo e o sector privado para fortalecer a participação do sector privado na elaboração de políticas. Este projecto responde a necessidade de se dar prioridade, aprofundar e acelerar reformas de políticas chave; fortalecer a participação do sector privado no diálogo de políticas; e criar a capacidade e sistemas para garantir que reformas de políticas chave sejam implementadas de forma efectiva. O objectivo do SPEED é o da existência de mais empresas a desenvolverem as suas actividades, resultando no aumento do comércio e investimentos e uma posição competitiva mais forte para as empresas moçambicanas, criando assim oportunidades locais para a criação de empregos e crescimento de rendimentos. O SPEED baseia-se nas realizações do PCI. 101. Esta limitação foi destacada numa discussão entre a equipa da AGCLIR e um representante do governo. Não é permitida a entrada de camarão de Moçambique nos Estados Unidos devido ao facto de o método utilizado para capturar camarão não ter sido certificado como seguro para as tartarugas marítimas. Embora medidas de segurança para as tartarugas marítimas sejam relativamente baratas e de fácil implementação, o principal obstáculo é o actual processo de certificação. Ainda não existe qualquer organização reconhecida internacionalmente para certificar o processo. Com acreditação apropriada, o INNOQ poderia certificar a captura como não sendo prejudicial para as tartarugas, o que poderia abrir o mercado dos Estados Unidos para camarões de Moçambique 135 SPEED providencia assistência técnica a longo termo ao Ministério da Indústria e Comércio, e gere um orçamento substancial para a assistência técnica local e internacional para análises específicas e oportunas de constrangimentos de políticas e recomenda soluções. O SPEED também tem um fundo que vai providenciar apoio baseado na procura às organizações privadas, incluindo associações económicas e comerciais, para análises políticas, diálogo, advocacia e mudança. Em resposta a vontade do MIC de aumentar as classificações de Moçambique no Doing Business, SPEED elaborou várias recomendações para alcançar ganhos a curto prazo em áreas específicas, tais como a eliminação da inspecção pré-embarque para produtos importados e a aprovação de uma lei efectiva de bancarrota. Contudo, a implementação de algumas destas mudanças provar-se difícil, reflectindo a relativa fraca posição do MIC em relação a outros ministérios governamentais. Por exemplo, a eliminação do requisito de pré-despacho para determinados produtos importados foi tentada anteriormente, sem sucesso, sob o projecto PCI, e este requisito é geralmente reconhecido como a “galinha de ovos dourados” para um oficial governamental anónimo. Em qualquer caso, melhor a posição de Moçambique no Doing Business vai provavelmente requerer um esforço a longo prazo, incluindo a implementação de uma estratégia a longo prazo que não seja minada por conflitos de interesse por parte de agentes governamentais. O foco do projecto SPEED está somente em política doméstica. O projecto difere-se do projecto Trade Hub apoiado pela USAID no Botswana para apoiar a harmonização regional e questões de comércio da SADC (tal como discutido abaixo). Banco Mundial. O Banco Mundial apoia Moçambique com particular foco no ambiente favorável de negócios. Como parte do Projecto de Desenvolvimento da Competitividade e do Sector Privado Moçambicano, o Banco Mundial pretende fortalecer as ligações entre os investidores estrangeiros e os produtores e agricultores nacionais no sector de horticultura. Para ajudar neste sector, uma subcomponente do projecto vai apoiar a criação de um centro nacional de formação em qualidade em Nampula especializado em operações de frutas tropicais. O centro de formação será uma parceria público-privada que vai colaborar de forma intensiva com a empresa internacional de comercialização de bananas Chiquita que anunciou recentemente um grande investimento na província e poderá contribuir para o centro através da elaboração de material de formação e com o fornecimento de formadores. 136 GIZ. O Deutsche Gesellschaft fuer International Zusammenarbeit (GIZ), como uma das agências implementadoras da cooperação Moçambique – Alemanha, concentra-se nas três áreas prioritárias da educação primária e formação vocacional, descentralização para o desenvolvimento rural e reforma económica e o desenvolvimento do sistema de mercado. Na área de desenvolvimento agrícola, o GIZ actua como a agência implementadora líder do projecto “African Cashew Initiative”, que concentra-se no apoio a cadeia de valor da castanha em cinco países africanos. Em Moçambique, o projecto concentra-se na formação de agricultores, ligações aos mercados de produtores de castanha e no desenvolvimento da associação dos produtores de castanha AICAJU. RECLAMAÇÕES DE BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS A SADC criou mecanismos de monitoria para lidar com BNT, em que os intervenientes podem reportar e monitorar a resolução de barreiras encontradas a medida em que eles realizam os seus negócios na região. Este mecanismo de informação, monitoria e eliminação de BNT baseado na rede está acessível a operadores económicos, funcionários governamentais, pesquisadores académicos e outras partes interessadas. O que se segue é uma amostra de comentários recentes reportados por Moçambique: • Malawi – BNT-000-191, 27/07/2009: constrangimentos logísticos ao longo das rotas de caminho de ferro de Nacala e Beira resultaram no envio de aproximadamente 60% das exportações de tabaco do Malawi para o distante porto de Durban. As rotas Nacala e Beira são relativamente caras e ineficientes. • Moçambique – BNT-000-230, 10/12/2009; a importação de medicamentos verificou atrasos no despacho devido ao facto de certificados pré-inspecção não terem sido emitidos a tempo. • Moçambique – BNT-000-230, 11/02/2011; desalfandegamento na “FRIGO” em Maputo – carne em salmoura importada da África do Sul classificada sob o código tarifário 0210.20.00 sujeita a 15% de direitos de importação: Nós temos estado a importar sob este código tarifário há 18 meses sem pagar direitos. Foi agora aprovada uma lei no dia 11 de Fevereiro segundo a qual é aplicável o imposto de 15%. As autoridades alfandegárias moçambicanas não concordam com este código tarifário embora este seja o código aceite pela África do Sul como sendo o correcto. • Moçambique – BNT-000-391, 14/02/2011: a retenção de um imposto de 20% é feita a qualquer pagamento feito a uma empresa que não esteja registada em Moçambique. A exportação de produtos frescos para a Europa por via aérea, ou para a África do Sul por transporte rodoviário refrigerado, não pode ser feita por nenhuma empresa registada em Moçambique. Portanto, o pagamento aos provedores de serviços tais como empresas de transporte aéreo e transportadores rodoviários envoltos no transporte de mercadoria perecível para Europa ou África do Sul está sujeita a retenção de 20% de imposto. Empresas internacionais de transporte aéreo e transportadores rodoviários não aceitam a dedução desde imposto afirmando que a empresa exportadora baseada em Moçambique deve assumir isto como um custo, aumentando assim o custo de exportação de produtos, e reduzindo a margem feita sobre a exportação destes produtos. • Zimbabwe – BNT-000-381, 08/06/2010; a polícia moçambicana está a cobrar taxas para transporte embora os seus Livros de Registo tenham sido reconhecidos pela Embaixada Moçambicana. Documentos reconhecidos no notário são aceitáveis ao longo de todo o país, com a excepção de algumas áreas, especialmente na região da Beira. Transportadores do Malawi e Zimbabwe que entram em Moçambique através dos postos fronteiriços de Mulange/Muloza; Forbes/Machipanda; Nyamapanda/Cuchamano; Dedza/Calomue; e Mwanza/Zobue são afectados por estas multas. As autoridades nestes corredores não aceitam cópias certificadas dos documentos. Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral é uma organização inter-estatal com a sua sede em Gaberone, 137 Botswana. O seu objectivo é o de aprofundar a cooperação socioeconómica e a integração bem como a cooperação política e social entre 14102 países da África Austral. A SADC foi criada em 1992 como uma organização regional com 10 estados membros para a cooperação social, económica, política e questões de segurança mútua. A SADC emergiu da anterior Conferência para a Coordenação de Desenvolvimento da África Austral (SADCC) A SADC tem uma estrutura operacional incluindo, Chefes de Estados, um Conselho de Ministros, e o Comité de Funcionários Seniores. A sua organização implementadora é o Secretariado da SADC, que é responsável pela execução das decisões feitas pelos Chefes de Estado e pelo Conselho de Ministros. É chefiada por um Secretário Executivo. O Secretariado possui um número de funcionários e um orçamento relativamente pequeno, e tem funções administrativas relacionadas com a organização. Sob o seu objective de aumentar a integração regional, os estados membros da SADC estabeleceram o objectivos de estabelecer uma Área de Comércio Livre, uma União Aduaneira até 2010, um Mercado Comum até 2015 e a criação da União Monetária até 2016. O Tratado da SADC contém as bases legais e o quadro legal para a missão da SADC: Promover o crescimento económico sustentável e equitativo e o desenvolvimento socioeconómico através de sistemas de produção efectivos, maior cooperação e integração, boa governação e paz e segurança durável, para que a região emerja como um actor competitivo e eficiente nas relações internacionais e no comércio mundial. Os principais objectivos da SADC são o de formar interesses políticos comuns e apoiar maiores fluxos de comércio e investimento entre os estados membro. Todos os 14 Estados Membros da SADC com a excepção de dois (Angola e RDC) estabeleceram uma Zona de Comércio Livre (ZCL) sob o quadro legal fornecido pelo Protocolo da SADC sobre Comércio. O protocolo compromete os estados membros a eliminarem de forma faseada as tarifas existentes, harmonizarem os procedimentos e documentação de comércio nos estados membros da SADC, definir regras de origem da SADC, e a reduzir as barreiras não-tarifárias ao comércio. ZCL constitui um passo para uma maior integração económica regional, um elemento-chave da estratégia e objectivos da SADC. A SADC atingiu o estatuto de uma ZCL em Janeiro de 2008. A ZCL exclui 85% do comércio intraregional de tarifas com o objectivo de liberalização completamente o comércio até 2012. Os restantes 15% são para bens comercializados em produtos sensíveis que poderiam afectar a economia local dos estados membro. Prevê-se que estes sejam incluídos nas disposições da ZCL nos próximos anos. A SADC é uma zona de comércio livre na qual os bens são comercializados isentos de direitos mas sem uma tarifa externa comum. Embora os estados membro da SADC tenham sido capazes de atingir a ZCL em 2008 tal como planeado, eles não foram capazes de chegar a um acordo sobre a União Aduaneira A SADC é uma zona de comércio livre na qual os bens são comercializados isentos de direitos mas sem uma tarifa externa comum. Embora os estados membro da SADC tenham sido capazes de atingir a ZCL em 2008 tal como planeado, eles não foram capazes de chegar a um acordo sobre a União Aduaneira103 de acordo com o prazo imposto para o final de 2012. O motivo oficial foi porque: seriam necessários “mais estudos” para analisar o impacto sobre os estados membro. Contudo, alguns observadores acreditam que os membros da SADC estão a ter outras ideias sobre a integração depois de verem conflitos internos na União Aduaneira da SADC (SACU), cujos membros, África do Sul, Botswana, 102. Os estados membro da SADC são Angola, Botswana, República Demicrática do Congo (RDC), Lesoto, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namibia, Seícheles, África do Sul, Swazilândia, Tanzânia, Zámbia e Zimbabwe. O décimo quinto membro – Madagascar – foi suspenso devido a um golpe militar. 103. Uma união aduaneira é uma em que os membros decidem colectivamente numa tarifa externa comum de bens vindo de áreas externas. Supostamente, todos os bens comercializados internamente estão isentos do pagamento de direitos. 138 Lesoto, Namíbia e Suazilândia – também são membros da SADC104. Independentemente disso, o aprofundamento da integração na SADC através da criação de uma união aduaneira foi atrasada. Os estados membro da SADC concordaram em eliminar todas as barreiras não-tarifárias e a absteremse de impor novas barreiras, excepto quando declarado necessário na base de saúde e segurança, moral pública e segurança nacional. A remoção das restrições de importação e exportação tem sido lenta, e é complicada pelo facto de as BNTresultarem, muitas vezes, de políticas que não visam restringir as importações – ao contrário, algumas restrições podem ser necessárias para garantir a segurança dos produtos alimentares e para limitar a propagação de doenças de animais e plantas. Por outro lado, dada a tenacidade das BNTs e a dificuldade da sua eliminação, muitos observadores acreditam que os países estão a tentar recuperar alguns dos rendimentos perdidos do declínio dos direitos de importação com o aumento do número de produtos que são comercializados sem direitos. Outros observadores acreditam que muitas das pequenas economias da região estão simplesmente a tentar proteger os seus mercados da hegemónica África do Sul. Independentemente do motivo, o comércio entre os membros da SADC é baixo – o comércio inter-regional é responsável por somente 22% do comércio total da região e a culpa pelo baixo nível é muitas vezes atribuída as BNTs105. Os estados membro da SADC concordaram em eliminar todas as barreiras não-tarifárias e a absteremse de impor novas barreiras, excepto quando declarado necessário na base de saúde e segurança, moral pública e segurança nacional. A remoção das restrições de importação e exportação tem sido lenta, e é complicada pelo facto de as BNTresultarem, muitas vezes, de políticas que não visam restringir as importações – ao contrário, algumas restrições podem ser necessárias para garantir a segurança dos produtos alimentares e para limitar a propagação de doenças de animais e plantas. Por outro lado, dada a tenacidade das BNTs e a dificuldade da sua eliminação, muitos observadores acreditam que os países estão a tentar recuperar alguns dos rendimentos perdidos do declínio dos direitos de importação com o aumento do número de produtos que são comercializados sem direitos. Outros observadores acreditam que muitas das pequenas economias da região estão simplesmente a tentar proteger os seus mercados da hegemónica África do Sul. Independentemente do motivo, o comércio entre os membros da SADC é baixo – o comércio inter-regional é responsável por somente 22% do comércio total da região e a culpa pelo baixo nível é muitas vezes atribuída as BNTs Os países da SADC têm gasto uma quantidade de tempo razoável negociando as regras de origem, que foram eventualmente acordadas como sendo específicas para os produtos. As exportações de um país de SADC para outro estão cobertas por regras severas que definem qual é a origem do produto, mas a “origem” neste contexto não significa o país onde os bens foram embarcados, mas o país onde os bens foram produzidos. Isto levanta um problema de definição em casos em que menos de 100% de material prima, processos e valores adicionados não são do país exportador. Todos os bens que satisfaçam os requisitos da SADC em relação a origem estão qualificados para tratamento tarifário preferencial quando são comercializados entre estados membros da SADC. As regras impedem que os produtos que não sejam de SADC se beneficiem do tratamento tarifário preferencial oferecido sob o regime comercial. De forma a se qualificar para o tratamento preferencial, o produto deverá ter sido 104. A SACU é uma união aduaneira que existe há cerca de 100 anos. A formula de partilha das receitas para a tarifa externa comum que tem sido prática entre os membros da SACU penaliza gravemente a África do Sul exigindo uma distribuição desproporcional das receitas para os pequenos estados. Se a União Aduaneira da SADC tornar-se numa realidade, os membros da SACU seriam absorvidos numamaior União Aduaneira da SADC. A África do Sul provavelmente não iria concordar com a mesma fórmula de partilha de receitas que está actualmente em uso na SACU, e os estados membros mais pequenos da provavelmente não iriam concordar com uma partilha de receitas mais equitativa – portanto, o processo de integração estaria num impasse. Adicionalmente, a África do Sul é a economia dominante na SADC, e os membros mais pequenos estão preocupados que uma tarifa externa comum iria simplesmente proteger os produtores de manufacturas da África do Sul da competição externa e portanto possibilitar que as mercadorias sul africanas alcancem uma maior penetração em economias mais pequenas da SADC. 105. Felix Njini, “SADC FTA limping forward” (August 1, 2010). 139 totalmente obtido em um dos estados membro, ou a matéria não originária incorporada no produto deverá ter sido submetida a “trabalho ou processamento suficiente” para se qualificar, ou o valor de todos os materiais externos não deverá exceder 10% dos custos de trabalho do produto. O Certificado de Origem (CO) correspondente deverá ser emitido pela autoridade competente no país exportador membro da SADC. Devido a esta complexidade, o CO tornou-se num contencioso na SADC, e é muitas vezes utilizado como uma barreira não-tarifária Uma Nota recente sobre Política Comercial do Banco Mundial106 estima que a tarifa média equivalente a barreiras não-tarifárias é de 40% e que estas barreiras afectam consideravelmente mais de um quinto do comércio de bens na região. Consequentemente, elas são vistas como um grave obstáculo para a competitividade na região da SADC. Os cinco principais tipos de barreiras que limitam o comércio regional e a competitividade são os seguintes: 1. Ineficiência dos transportes, alfândegas e logísticas, que aumentam os custos de comércio; 2. Pesados arranjos fiscais nos postos fronteiriços; 3. Regras de origem restritivas que limitam a aplicação dos acordos de comércio preferencial; 4. Regulamentos técnicos fracamente elaborados e padrões que limitam a escolha dos consumidores e dificultam o comércio; e 5. Licenças de comércio, taxas de exportação, licenças de importação e banimentos – muitas vezes ligados a questão de protecção da indústria de produtos para crianças – são vistos como um problema particularmente significativo. As viagens transfronteiriças na região da África Austral constituem um constrangimento grave ao movimento das importações e exportações. Muitos dos atrasos nos transportes da região podem ser atribuídos a requisitos como verificar o cumprimento de aspectos como inspecção alfandegária, peso dos camiões, e verificação de documentos por parte dos funcionários alfandegários e em postos de controlo policiais. Vários estudos demonstraram que a melhoria da eficácia das operações nos postos fronteiriços vai levar a redução significativa nos custos gerais de transporte enfrentados pelos importadores e exportadores. Um grande pilar do programa da harmonização entre os estados membro da SADC é a adopção de princípios integrados de gestão de fronteiras nos principais postos fronteiriços e esforços contínuos para o estabelecimento de fronteiras de paragem única. Muitos estados membros da SADC não tem acesso ao mar, e as suas importações e exportações têm que atravessar várias fronteiras, fazendo da facilitação do comércio um factor chave para a sua competitividade económica. Em Moçambique, os procedimentos alfandegários, fronteiriços e de transporte foram identificados como um constrangimento prioritário para as exportações moçambicanas. Apesar de melhorias na lei, instituições, funcionários e infra-estruturas nos últimos anos, atrasos, fardo administrativos e a corrupção continuam a elevar os custos de transacção dos comerciantes. Mais deve ser feito para melhorar a gestão das instituições comerciais, integrar instituições fronteiriças, melhorar a gestão de risco, simplificar os processos de despacho alfandegário, resolver as necessidades de infra-estruturas das alfândegas, melhorar o uso da tecnologia e limitar a corrupção 7.6 DINÂMICAS SOCIAIS – POLÍTICA COMERCIAL O quadro legal para o agronegócio é considerado, em termos gerais, sólido, mas com oportunidades claras para a reforma, reconciliação e refinamento. Por outras palavras, a base legal está bem estabelecida mas a interpretação e a aplicação são geralmente os elementos fracos do quadro legal. Na 106. Banco Mundial, Deepening Regional Integration to Eliminate the Fragmented Goods Market in Southern Africa (Africa Trade Policy Notes, Note 9). 140 área de comércio, parece existir um desejo extraordinário por parte do governo de controlar completamente o fluxo de bens para o país e do país para fora através de licenças e inspecções físicas. Para a equipa da AGCLIR parece haver níveis excessivos de regulação e controlo, o que tem um grande impacto na eficácia, tempo e custos de se fazer negócio para os comerciantes de produtos agrícolas e provedores de insumos. Por exemplo, os importadores, bem como os exportadores devem estar licenciados. Todos os importadores e exportadores que desenvolvem as suas actividades nos canais formais são inspeccionados fisicamente quando eles atravessam as fronteiras do país. Todas as importações de produtos agrícolas para Moçambique devem ter uma licença de importação antes de serem autorizados a entrarem, e o governo insiste que os exportadores devem obter documentos similares do país de exportação. Os quase-monopólios são sancionados na actividade de importação e distribuição de agro-químicos, simplesmente porque o governo quer exercer controlo sobre o uso destes produtos através das empresas que importam e distribuem estes produtos. Mesmo que as taxas de direitos de importação sejam relativamente baixas em comparação com muitos países, a imposição do IVA e outros impostos, combinados com taxas de porto, atrasos e elevados custos de transporte, aumentam substancialmente os custos de entrega de bens importados. Para além da infra-estrutura, há ainda muito trabalho a ser feito para facilitar o comércio através da reduzida intervenção do governo no processo comercial (isto é, menos requisitos), e através da introdução de procedimentos eficazes para o transporte de bens ao longo de fronteiras e ao longo dos portos do país. Muitas leis, especialmente aquelas relacionadas com a emissão de licenças, tributação e relações laborais não são, particularmente, favoráveis ao negócio. Como forma de estimular a actividade económica em face a um ambiente de forma certa forma desfavorável, o governo concebeu uma gama de programas de incentivos e estímulos concebidos para superar alguns dos efeitos do ambiente económico negativo. Estes incentivos incluem benefícios tais como uma redução substancial na taxa de imposto corporativo por um período, a importação de equipamento essencial livre de impostos ou direitos, a importação sem impostos e o direito nominal para insumos agrícolas importados, e a importação temporária de material de embalagem e outros suplementos que são subsequentemente exportados. Contudo, em muitos casos o processo de submissão e obtenção destes benefícios é muito burocrático, oneroso e lento que muitos dos benefícios antecipados são perdidos. Outro factor que influencia o ambiente de negócios em Moçambique é o que parece ser uma falta geral de confiança entre o governo e o sector privado. Parece que o sector privado vê o governo como sendo obstrucionista, pouco sensível e que não ajuda, ao passo que a visão do governo é que a comunidade empresarial é exploradora e abusa da mão-de-obra. A falta de confiança cria incerteza, o que limita o investimento. Embora algum grau de desconfiança possa ser comum em quase todos os países e pode ser categorizado como “cepticismo saudável”, parece ser mais grave em Moçambique do que na maioria dos países. Diálogo aberto, claro e eficaz – onde as pessoas estão realmente a dar ouvidos umas as outras – é a melhor forma para superar este problema. Em relação a isto, a CTA, como o representante do sector privado, e o MIC, como o representante do governo, realizam encontros de rotina para discutir questões de políticas e os pontos de vista do sector privado. Adicionalmente, a CTA participa em diálogos anuais públicos – privados com ministérios, oficiais políticos regionais, o Primeiroministro, e mesmo com o Presidente. Infelizmente, o actual programa de conferências anuais, alimentadas por grupos de trabalho interno liderados pela CTA, não se provou muito eficiente na prioritarização da reforma e na garantia da participação do sector privado na sua implementação. A própria CTA identificou a necessidade de revigorar e suplementar os mecanismos de consulta existentes que podem melhor acelerar a implementação da reforma As alfândegas, enquanto que agência responsável pela colecta do maior valor de receitas governamentais em Moçambique, é a organização que o sector privado gosta de odiar. As alfândegas deram grandes passos desde os meados dos anos 90 e são uma organização altamente profissional e bem gerida. Em alguns casos, os agentes alfandegários são injustamente caluniados porque eles estão simplesmente a 141 aplicar as leis do país e proteger o seu povo da importação não autorizada de produtos prejudiciais. Contudo, ao ouvir-se as queixas dos comerciantes e ao ler-se algumas das experiências de pessoas envolvidas no processo importação-exportação, parece haver uma considerável falta de opinião por parte de muitos oficiais de supervisão na interpretação e aplicação dos regulamentos alfandegários. Esta situação implica a forte necessidade de formação dos agentes alfandegários; não somente em questões técnicas mas também na percepção da importância do comércio para o país e no atendimento público. A corrupção é também um problema substancial. Moçambique, tal como é o caso de muitos países, é afligido por extorsão de baixo nível por parte de agentes governamentais de baixo nível que solicitam pagamentos para fazerem o seu trabalho eficazmente, ou para fazerem vista grossa depois de uma infracção imaginária ou real tiver sido cometida. Contudo, em Moçambique, esta mancha parece ter sido elevada a um nível mais elevado. Muitas das pessoas entrevistadas pela equipa da AGCLIR acreditam que uma boa razão pela qual os regulamentos alfandegários são tão draconianos e inflexíveis é porque os operadores comerciais independentes vão, invariavelmente, cair na ratoeira em que um erro administrativo no processo de exportação – importação só pode ser rapidamente remediado através de pagamento ao agente que for a descobrir o erro. Adicionalmente, existe uma forte percepção entre a comunidade empresarial - obviamente não verificada – de que regulamentos disfuncionais tais como o requisito de inspecções pré-embarque em alguns artigos importados e o pagamento do scanning para todos os contentores embarcados que são importados ou exportados, beneficie alguém com autoridade no governo de Moçambique. Em geral, existe a percepção de que muitos agentes governamentais têm interesses empresariais em subsectores da economia que se encontram dentro da sua área de controlo, tais como autoridades municipais que têm interesses financeiros na empresa de transporte que serve a cidade. Os conflitos de interesse entre agentes governamentais parece ser uma ocorrência comum em Moçambique. 142 Padrões de Comércio Formal em Moçambique: a tabela a seguir mostra as exportações e importações de Moçambique em 2009, com os seus principais grupos e parceiros comerciais TABELA 10: COMÉRCIO DE MOÇAMBIQUE COM OS PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS, 2009 VALORES EM DÓLARES (USD)(000) Parceiro Comercial Exportações Moçambicanas Importações Moçambicanas Diferença Mundo 2,047,169 3,764,207 (1,717,038) África do Sul 460,309 1,333,780 (873,471) SADC (incluindo a África do Sul) 598,261 1,435,825 (837,564) UE 27 1,096,596 911,858 184,738 BRIC 160,493 420,587 (260,094) EUA 41,431 134,793 (93,362) Resto do Mundo 150,388 861,144 (710,756) Fonte: Dados retirados da Base de Dados International Trade Center TRADEMAP: http://www.trademap.org Várias conclusões podem ser retiradas da informação apresentada nesta tabela: Moçambique tem um grave saldo de défice de pagamentos O principal parceiro comercial de Moçambique na SADC é a África do Sul, contudo, as suas importações a partir da África do Sul são quase três vezes maiores do que as suas exportações para a África do Sul As importações moçambicanas de outros países da região da SADC (excluindo a África do Sul) são somente de USD 100 milhões anuais, e as suas exportações para todos os países da SADC com a excepção da África do Sul são de somente USD 138 milhões anuais. A única área de comércio em que Moçambique goza de um excedente é com o grupo de 27 países da UE. (Isto é o resultado das exportações de alumínio de um dos seus mega projectos, que totalizam cerca de 85% das suas exportações para a UE 27) Para além de alumínio, os principais produtos de exportação de Moçambique para a UE 27 são: açúcar, camarão, tabaco e fruta fresco. As suas exportações para a SADC (e África do Sul) são predominantemente combustíveis minerais, fruta, açúcar, camarão e maquinaria. As suas exportações para o Brasil-Rússia-Índia (BRIC) são compostas por madeira, alumínio, sementes de óleo, tabaco e vegetais. As importações de Moçambique para os Estados Unidos são principalmente cereais, veículos e aeronaves. As suas importações da SADC são basicamente compostas por combustíveis, maquinaria e equipamento, açúcar e veículos. A UE 27 providencia maquinaria, equipamento, cereais, veículos e produtos farmacêuticos. As suas importações dos parceiros comerciais do BRIC incluem combustíveis, maquinaria e equipamento e fertilizantes. A tabela a seguir mostra os valores das exportações e importações agrícolas de Moçambique em 2009. A descrição dos produtos baseia-se nos Códigos HS, descrição de dois dígitos de produtos agrícolas. 143 TABELA 11: OS DEZ PRODUTOS DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO MAIS IMPORTANTES DE MOÇAMBIQUE 2009 Produtos Exportados Valor das Exportações US $ (000) Tabaco e substitutos manufacturados de tabaco 180,613 Peixe, crustâceos, moluscos e invertebrados aquáticos 65,441 Açúcar e artigos de confeitaria Sementes de óleo, frutos oleoginosos, grãos, sementes, fruta, etc, nes Vegetais e determinadas raízes e tubérculos comestíveis 62,437 Frutas, nozes, casca de citrinos e melões comestíveis 39,239 Algodão Resíduos, desperdícios da indústria alimentar, idues, wastes of food industry, forragem de animais 26,590 Produtos de moageiras, malte, amido, insulina e glúten de trigo 17,307 Cereais 8,068 Produtos importados Valor importado em Milhões de USD Cereais 275,596 Óleos e gorduras animais e vegetais, produtos de clivagem, etc 80,083 Fertilizantes 47,552 Peixe, crustâceos, moluscos,invertebrados aquáticos 37,058 Produtos de moageiras, malte, amido, insulina, glúten de trigo 27,695 Icínios, ovos, produtos comestíveis de animais, mel, nes 25,382 Bebidas, espiritosas e vinagre 17,424 Cereais, farinha, amido, derivados e produtos de leitel 15,056 Vegetais, frutos, nozes, preparações de alimentos 14,477 Carne e sobras de carne 12,865 48,655 40,968 21,219 Fonte: extraído da base de dados da International Trade Center TRADEMAP http://www.trademap.org 144 Tal como demonstrado por esta tabela, as principais exportações de Moçambique são: tabaco, camarão e açúcar. Surpreendentemente, o algodão, que em anos recentes era o principal produto agrícola de exportação, encontra-se agora em sétimo. Um breve olhar a tabela de produtos importados vai ajudar a identificar os produtos que poderiam ser produzidos em Moçambique de forma a substituir as importações. Os cereais, a maior categoria de importação é largamente composta por milho, arroz e trigo. Providenciando um apoio moderado aos produtores moçambicanos para aumentarem a sua produtividade e melhorarem as ligações com os mercados disponíveis, e melhorando os sistemas de transporte norte-sul, Moçambique é somente um dos dois países na região (Madagáscar é o outro) que tem a vantagem competitiva na produção de arroz, com os seus solos, água e clima favorável. Comércio transfronteiriço informal. O comércio transfronteiriço informal de Moçambique (CTFI) é o comércio não registado de bens e serviços que atravessa as fronteiras entre Moçambique e os seus países vizinhos da SADC. Moçambique importa uma proporção considerável de produtos alimentares que a sua população consome, especialmente em áreas metropolitanas como Maputo. Com a excepção de grãos tais como trigo e arroz, a maioria das importações de produtos alimentares de Moçambique vêm da África do Sul, maioritariamente importada por comerciantes informais. A condição de vida de muitas pessoas em Moçambique depende do CTFI. Geralmente, os comerciantes de pequena escala tem falta de mão-de-obra assalariada. Da sua própria forma, eles facilitam a liberalização do mercado e a competitividade nos países membros da SADC. Estima-se que a quantidade de comércio informal é responsável por aproximadamente 60% do total do comércio transfronteiriço107. Dados adicionais indicam que mais de 50% dos comerciantes informais dependem do CTFI como a sua única fonte de rendimentos. Apesar de os chefes de estado da SADC terem assinado protocolos de comércio relacionados com comerciantes transfronteiriços informais, nenhum desses protocolos foi implementado pelos estados membros. Um estudo financiado pela USAID publicado em 1999108 estima que o valor total do CTFI entre Moçambique e seus vizinhos imediatos durante o período 1995 – 1996 atingiram aproximadamente USD 135 milhões. Deste valor total, aproximadamente USD 37 milhões correspondem a exportações informais de Moçambique para os seus vizinhos, ao passo que cerca de cerca de USD 98 milhões correspondem a importações informais para Moçambique. A quantidade de produtos agrícolas no volume total de comércio foi de aproximadamente 60%. O valor estimado de direitos antecipados (que teriam sido cobrados durante o período de estudo de doze meses) foi de USD 25 milhões. Contudo, isto não significa que os comerciantes do sector informal obtiveram as suas mercadorias numa “base livre de direitos”, visto que lhes era normalmente cobrado taxas não oficiais. Apesar de constituir um segmento vibrante da economia e a forma mais pura de “comércio livre” – um dos objectives chave da comunidade da SADC - , o CTFI não é autorizado pelas autoridades moçambicanas de comércio, é ignorado e, na melhor das hipóteses, tolerado com relutância. As possíveis razões pelas quais o comércio informal não é encorajado são: 1) os funcionários governamentais são geralmente cépticos em relação aos benefícios do comércio livre, e 2) o comércio livre, por definição, não acontece através de canais comerciais que são controlados pelo governo e constituem uma importante fonte de receitas para o estado. É extremamente difícil para os comerciantes do sector informal cumprirem com os requisitos de comércio formal. Por exemplo, tal como descrito anteriormente, qualquer pessoa que se envolva na Malcolm Damon e Kristel Jeuring, Informal Cross-border Trade as an Instrument in Alleviating Poverty, available at http://www.osisa.org/resources/docs/PDFs/OpenSpace-May2009/2_4_economic_injustice_p114118_malcolm_damon_kristel_jeuring_cross-border_trade.pdf. 107. 108 Estimativas de comércio transfronteiriço não registrados entre Moçambique e os seus vizinhos, José Luis Macamo, World Vision International - Moçambique, Documento Técnico n º 88 Junho de 1999, disponível em http://www.afr-sd.org/publications/88.pdf . 145 importação de produtos para Moçambique deve ser um importador licenciado. Dois requisitos chave para a obtenção tal licença são uma conta bancária e o certificado de nascimento, que estão para além do alcance da maioria dos comerciantes de pequena escala. Adicionalmente, os candidatos devem viajar até a capital provincial para requer pela licença, que é onerosa e morosa. Para além disso, o registo deve ser renovado anualmente, o que requer despesas adicionais e burocracia. Quase todos os produtos agrícolas que são comercializados entre os estados membro da SADC podem ser importados livre de impostos, desde que o Certificado de Origem (CO) seja apresentado às alfândegas quando os bens são importados. Contudo, a obtenção do CO é claramente impossível para um comerciante de pequena escala que compra pequenas quantidades de produtos de um revendedor na África do Sul para vender num mercado retalhista em Moçambique. Dai, eles atravessam a fronteira informalmente, sem nenhuns documentos de comércio. Em conversas com o chefe do posto alfandegário no posto fronteiriço de Ressano Garcia com a África do Sul, a equipa da AGCLIR foi informada que os agentes alfandegários naquele posto permitem que pequenas quantidades de fruta, vegetais e produtos alimentares processados atravessem a fronteira sem impedimentos, desde que eles sejam transportados por pessoas locais e que os artigos sejam para consumo pessoal. Quando pressionado para definir que quantidades desses produtos seriam considerados para uso pessoal, o oficial afirmou que aproximadamente dois sacos de cebola ou batata ou de produtos similares seriam o limite máximo para uso pessoal. Numa vista ao Mercado grossista de Maputo no longínquo subúrbio de Zimpeto, a equipa encontrou uma vendedora no mercado vendendo frutas e vegetais que afirmou que a maioria dos seus produtos eram trazidos da África do Sul, através do posto fronteiriço de Ressano Garcia. A vendedora explicou que após atravessar a fronteira com as suas quantidades individuais, ela e vários outros vendedores alugam uma pequena carrinha para transportar a carga consolidada para o mercado em Maputo. Exige-se que os vendedores atravessem várias vezes o posto fronteiriço para completar as suas porções de carga, ou de outra forma alugar carros para atravessarem a fronteira com seus produtos. Apesar de desempenhar uma função económica importante, os comerciantes informais são frequentemente autorizados pela sua informalidade: após uma carrinha partir da área do posto fronteiriço com uma carga de produtos pertencentes a vários comerciantes, a carrinha e seus passageiros são frequentemente parados pela polícia, ao longo da estrada, que exige a exibição de provas de pagamentos de direitos de importação. Se a papelada não for apresentada, normalmente a alternativa é o pagamento para facilitar a passagem. 7.7 RECOMENDAÇÕES – POLÍTICA DE COMÉRCIO As seguintes recomendações são submetidas como uma forma de melhorar as políticas que afectam o comércio de Moçambique com outros países: ACELERAR O APROFUNADMENTO DA INTEGRAÇÃO DA SADC E A REMOÇÃO DAS BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS ENTRE OS PAÍSES MEMBROS DA SADC Um compromisso mais forte para com a SADC poderia providenciar maiores oportunidades de Mercado para os seus produtos de exportação. Pode fazer isto trabalhando com o Secretariado da SADC para reunir uma série de reuniões regionais, cada uma realizada por um país membro diferente sob um tema como “SADC em Movimento” ou “Crescimento Económico através do Comércio” que iria providenciar um local e uma oportunidade para discussões permanentes para a resolução destas questões. A meta desta iniciativa seria o de garantir que o calendário para a integração regional da SADC seja alcançado, e que a presente estagnação do comércio e integração regional seja superada. Isto poderia ser um esforço a médio-prazo, que provavelmente iria requer um período de 3 – 5 anos. 146 ENVOLVER OS VIZINHOS DE MOÇAMBIQUE EM NEGOCIAÇÕES PARA A LIBERALIZAÇÃO MÚTUA E IMEDIATA DO COMÉRCIO INFORMAL E TRANSFRONTEIRIÇO EM AMBAS AS DIRECÇÕES O simples aumento do valor das mercadorias que podem atravessar informalmente para USD 500 por cada vista transfronteiriça, poderia aumentar dramaticamente o comércio intra-regional, e poderia servir como um meio de aumentar as receitas e reduzir a pobreza de comerciantes de pequena escala. Provavelmente tal passo seria menos oneroso (em termos de perda de receitas governamentais) do que os benefícios fiscais oferecidos a concessões de larga escala ou mega-projectos, e poderia oferecer benefícios directos a um maior número de comerciantes de pequena escala, bem como as economias gerais dos países com os quais Moçambique tem relações comerciais. ADVOGAR ACORDOS BILATERIAS COMERCIAIS ADICIONAIS, ESPECIALMENTE COM A ÁFRICA DO SUL Embora o estabelecimento de acordos comerciais seja, em termos gerais, um processo lento e metódico, poderia servir para superar o passo lento da intervenção da SADC e providenciar acesso directo a mercados vizinhos para quase a totalidade das exportações moçambicanas. Isto poderia requer a abertura de negociações bilaterais com a África do Sul, similares a aquelas realizadas com o Malawi e o Zimbabwe. O governo poderia atrair o apoio Eixo de Comércio USAID/ África Austral para facilitar estas discussões. MARCO DE TAXAS E DIREITOS RELACIONADOS AO COMÉRCIO DE BENS AGRÍCOLAS De forma a melhor as decisões dos políticos na determinação de impostos, direitos e taxas de cobranças, o governo, com o apoio de doadores ou académicos ou instituições de pesquisa, deveria limitar todas as taxas e direitos de comércio formal e informal, incluindo impostos agrícolas, taxas e impostos de licenças para milho, trigo, soja e lacticínio. As comparações deveriam incluir combustível e outros custos relacionados com transporte fronteiriço para não menos de cinco países na região. 7.8 FACILITAÇÃO DE COMÉRCIO A facilitação do comércio relaciona-se com a simplificação e harmonização dos procedimentos de comércio internacional do país, em linha com as melhores práticas actuais e padrões globalmente aceites. A facilitação de comércio também analisa como os procedimentos e controlos que regem o movimento de bens através das fronteiras nacionais pode ser melhorado de forma a reduzir custos associados e a maximizar a eficácia salvaguardando os objectivos legislatórios legitimados. Apesar das melhorias nas leis, instituições, funcionários e infra-estruturas moçambicanas nos últimos anos, atrasos, fardos administrativos e a corrupção continuam a elevar os custos transaccionais do comércio internacional. Mais deve ser feito para aumentar a eficácia das instituições, integrar as instituições fronteiriças, melhorar a gestão de risco, simplificar os processos de despacho alfandegário, resolver as necessidades de infra-estruturas das alfândegas, melhorar o uso da tecnologia e refrear a corrupção. 147 7.9 QUADRO LEGAL / FACILITAÇAO DE COMERCIO Moçambique é membro da Organização Mundial Aduaneira (WCO), a organização inter-governamental cujo foco exclusive está em questões aduaneiras. Moçambique adoptou o Acordo de Avaliação Aduaneira da OMC109 em 2002, e cumpriu com os seus requisitos de notificar a sua legislação aduaneira à OMC em 2005. O sistema aduaneiro moçambicano foi estabelecido por Decreto Presidencial No 4/2000 e pelo Estatuto Orgânico das Alfândegas Moçambicanas, Decreto No3/2000 emendado pelo Decreto No 33/2002. As suas regras gerais de despacho alfandegário foram estabelecidas pelo Decreto No 30/2002, que contém o quadro legal para regulamentos sucessivos que são emitidos por Diploma Ministerial. Por exemplo, o Diploma Ministerial No 19/2003 contém regulamentos para a inspecção pré-embarque de mercadorias importadas para Moçambique O sistema aduaneiro também contém as bases legais para mercadorias exportadas sob os acordos internacionais de comércio, tais como os acordos com os países membros da SADC. O Diploma Ministerial No 141/2001 contém as “regras de autenticação e/ ou de emissão de documentos que origina as mercadorias exportadas de Moçambique a luz de convenções e protocolos internacionais ou Sistemas de Comércio Preferencial em geral”. De modo igual, o Diploma Ministerial No 170/ 2001 contém as regras para emissão de certificados de origem e a validação de facturas e artigos têxteis para exportação para os Estados Unidos a luz do tratado GOA Os importadores, bem como os exportadores em Moçambique devem obter uma “licença para LEIS E ACORDOS CHAVE DE realizar uma actividade produtiva” do Ministério da FACILITAÇÃO DO COMÉRCIO Indústria e Comércio. Eles podem ser grossistas ou • Membro, Organização Mundial de Comércio retalhistas, mas a mesma pessoa não pode realizar as duas funções. Aos operadores económicos • Acordo de Avaliaao Aduaneira da OMC (incluindo os importadores) que desejem tornar-se • Licença de importação e exportação do MIC distribuidores em áreas urbanas é-lhes exigido a especialização em actividades seleccionadas • Legislação aduaneira doméstica (escolhidas entre 21 classes de produtos); contudo, a especialização não é exigida em áreas rurais, onde os estabelecimentos comerciais fornecem tipicamente uma vasta gama de produtos aos consumidores. Os pedidos de licenças devem se fazer acompanhar por documentos apropriados indicando a prova de identidade (para pessoas natural) ou prova de registo nos registos da empresa (para entidades legais); o documento de registo tributário; o contrato; o título ou licença de arrendamento das instalações a serem utilizadas para a actividade comercial; e uma planta das instalações. Aos comerciantes moçambicanos é emitido um cartão de exportador/ importador com número Para todas as importações e exportações é necessário um despachante alfandegário. Os procedimentos de despacho alfandegário necessitam de um único documento, conhecido como Documento Único (DU), que também está disponível em formulários abreviados ou simplificados para a importação de pequenas quantidades que não necessitam de inspecção. O DU deve-se fazer acompanhar pela factura original do produto importado; documentos de transporte; certificado de seguro; certificado fitossanitário para produtos de origem vegetal; certificado sanitário para produtos de origem animal; certificado de origem nos casos de acesso a um regime preferencial, e qualquer outro documento necessário para apoiar o pedido de isenção dos direitos alfandegários. 109. O Acordo Aduaneiro padroniza os meios para se determinar o valo de mercadorias importadas para todos os países membros da OMC. Estipula que a avaliação aduaneira deveria normalmente basear-se no preço real das mercadorias a serem importadas, mais ajustamentos para se chegar ao valor do Custo, Seguro e Freight (CIF). 148 Certas mercadorias importadas tais como carros usados, artigos domésticos e os produtos sujeitos a sobretaxa de importação estão incluídos numa “lista positiva” e portanto estão sujeitos a uma inspecção pré-embarque obrigatória no seu país de origem INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO CHAVE • Alfándegas • Instituto de Promoção de Exportações de Moçambique 7.10 INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO – FACILITAÇÃO DE COMÉRCIO Alfândegas. As alfândegas de Moçambique constituem uma componente da Autoridade Tributária de Moçambique (ATM), que é parte do Ministério das Finanças. O seu funcionamento é vital para o orçamento do estado visto que as receitas alfandegárias constituem 8% do PIB, ou cerca de metade do total das receitas colectadas pelo governo.110 De considerável importância paras as actuais actividades das alfândegas, foi a modernização e reforma que ocorreram nesta organização ao longo de um período de 10 anos começando em 1996. O processo de reforma foi realizado pela empresa britânica Crown Agents, cujo mandato era o de criar serviços alfandegários modernos e eficientes através da melhoria da recolha de recitas e promoção do comércio formal. O seu objectivo era o de reverter o declínio da recolha de receitas e introduzir mecanismos com vista a promover o comércio legítimo, diminuindo assim a corrupção e o contrabando. Relatórios publicados111 afirmam que ao longo do period de reforma de 10 anos, as recitas alfandegárias aumentaram 350% e, houve uma redução na corrupção e fraude entre os funcionários alfandegários; os procedimentos aproximam-se dos padrões internacionais; a maioria dos postos foi computarizada, e a legislação alfandegária foi actualizada Começando com o processo de reforma, as Alfândegas moçambicanas fizeram esforços consideráveis para modernizar os seus procedimentos e sistemas com o principal objective de melhorar os seus serviços ao público. Por exemplo, a legislação e procedimentos alfandegários foram reformulados para estarem em linha com padrões internacionais, incluindo o seguinte: A Convenção de Quioto referente a Harmonização e Simplificação dos Procedimentos Aduaneiros Convenção sobre Sistemas Harmonizados e Classificação de Mercadorias Acordo de Avaliação da OMC Adopção do Sistema de Gestão de Informação de Comércio (SGIM) para processar o despacho aduaneiro O resultado destes esforços teve as seguintes realizações: 1) A introdução de um Documento Único (DU) para o despacho aduaneiro; 2) uma redução gradual do número de produtos sujeitos a inspecção pré-embarque através da introdução de auditorias pós-despacho; 3) serviços de despacho aduaneiro nos postos fronteiriços para mercadorias com baixo valor comercial e peças sobressalentes urgentes para a indústria; 4) a criação de um website de informação sobre tarifas, legislação aduaneira e acordos internacionais; e 5) a Rede Nacional Aduaneira que permite comunicação de voz e transferência de dados entre as alfândegas e as suas contrapartes regionais. 110. USAID/Nathan Associates, PARPA II Review—The Tax System in Mozambique Volume I (September 2009). 111. Centro de Integridade Pública, Good Governance-Transparency-Integrity Corruption and Reform in the Customs in Mozambique (Marcelo Mosse, 2007), available at http://www.tiri.org/docs/rniss/cs/mozambique_customs.pdf. 149 Apesar destas exemplares realizações, ainda falta fazer um trabalho considerável. Vários estudos realizados por organizações internacionais, incluindo a USAID, destacam alguns dos problemas que devem ser superados para alcançar os padrões internacionais de serviços e eficiência. Inspecções pré-embarque. Uma inspecção física no país de onde as mercadorias importadas estão a ser embarcadas é determinada por lei para bens específicos tais como carros usados, produtos químicos, farmacêuticos, detergentes e determinados produtos alimentares. Esta exigência é onerosa e morosa, e poderia ser eliminada completamente aumentando a capacidade de avaliação dos agentes alfandegários que poderiam inspeccionar estas mercadorias após sua chegada em Moçambique. Vários estudos mostraram que esta prática aumenta substancialmente o tempo e custo de importação destes produtos para Moçambique. Automação limitada. Onde a automação é agora utilizada, os despachantes apresentam as cópias físicas dos documentos aos agentes alfandegários que introduzem a informação manualmente. Todo o processo de despacho alfandegário é com base numa cadeia de papel Falta de sistema de gestão de riso. Um sistema de gestão de risco poderia possibilitar as alfândegas identificar embarques potencialmente fraudulentas antes da chegada da mercadoria para que se pudesse tomar uma acção em relação a esse embarque específico, sem ter-se que inspeccionar fisicamente todos os embarques. Necessidade de serviços consolidados. Um processo de despacho numa “Fronteira de Paragem Única” entre Moçambique e os países vizinhos poderia melhorar a facilitação do comércio. Sob este processo, os agentes alfandegários de ambos os países iriam partilhar um escritório no ponto de travessia e providenciar despacho de exportação/ importação simultaneamente, reduzindo o tempo necessário para que um produto possa atravessar a fronteira comum. Ao passo que os equipamentos e instalações existem no posto fronteiriço entre Moçambique e a África do Sul em Ressano Garcia, as mesmas ainda não estão em uso, visto que o acordo legal entre os dois países foi assinado recentemente. Sistema burocrático de incentivos. De forma a estimular certos subsectores das economia, a actual política do governo prevê incentivos, incluindo a não cobrança de impostos e a recuperação do IVA na importação de equipamento e certos suplementos, tais como material de empacotamento, que são mais tarde reexportados. Contudo, os procedimentos onerosos e a excessiva burocracia para a obtenção destes incentivos reduzem consideravelmente os seus benefícios. Existe uma forte necessidade de simplificar e dinamizar os procedimentos associados a obtenção destes benefícios, e de encurtar o tempo necessário para um importador obter o reembolso do IVA. Instituto de Promoção de Exportações: Fundado em 1990,o Instituto de Promoção de Exportações (IPEX) é uma agência dentro do MIC com a responsabilidade de desenvolver a exportação de bens e serviços de Moçambique. É o ponto focal nacional para o desenvolvimento e promoção das exportações de Moçambique. O IPEX cumpre o papel tradicional de uma agência de promoção ajudando as empresas nacionais a participarem em feiras internacionais e em missões comerciais, e disseminando informação sobre mercados comerciais, produtos e oportunidades de negócio. Contudo, este meio tradicional de apoio providenciou benefícios limitados ao sector agrícola visto que os maiores concessionários e exportadores privados desenvolveram por completo os seus mercados de exportação e precisam de pouca assistência externa, ao passo que as empresas agrícolas de pequena escala não estão suficientemente desenvolvidas para capitalizar em informação e contactos para mercados de exportação. Consequentemente, o IPEX, com apoio técnico e financeiro de organizações doadoras, incluindo o Centro Holandês para a Promoção de Importações de Países em Vias de Desenvolvimento (CBI), está a ajudar a desenvolver iniciativas piloto de para a exportação de diferentes produtos agrícolas e de artesanato de Moçambique. É providenciado apoio a cadeias de valor de vários produtos, incluindo nozes, amendoim, piripiri, feijão, manga, ananás e artesanato. Entre os mercados incluídos estão a Inglaterra, Espanha, Alemanha e Portugal. Para além de apoiar o desenvolvimento destas cadeias 150 de valor de exportação, o IPEX também ajuda produtores agrícolas a obter classificação orgânica e a certificação GlobalGAP para as suas exportações INSTITUIÇÒES CHAVE DE APOIO – FACILITAÇÀO DE COMÉRRCIO O IPEX recebeu assist6encia técnica e apoio institucional do projecto USAID/ PCI de 2007 – 2009. • Corredores Comerciais • Instituto de Pesquisa Agrária • Importadores e distribuidores de insumos • USAID/Southern Africa Trade Hub • Centro de Promoção de Investimentos de Moçambique 7.11 INSTITUIÇÕES DE APOIO – FACILITAÇÃO DE COMÉRCIO Corredores Comerciais. Moçambique possui três principais corredores que apoiam o movimento de pessoas e bens entre as cidades portuárias da Beira, Maputo e Nacala e suas regiões do interior com os seus países vizinhos do oeste. O Corredor de Maputo oferece tanto serviços rodoviários como ferroviários a Joanesburgo, na África do Sul; Mbambane, Suazilândia; e Harare, Zimbabwe. O Corredor da Beira oferece tanto serviços rodoviários como ferroviários para Lusaka, Zâmbia; e ligação rodoviária a Lilongwe e Blantyre, Malawi. O Corredor de Nacala é composto pelo Porto de Nacala em Moçambique, a rede de caminhos-de-ferro no norte de Moçambique, e o sistema de caminhos-de-ferro do Malawi que liga o porto de Nacala a Lilongwe e Blantyre, Malawi. O transporte rodoviário é limitado e difícil, somente com uma ligação rodoviária durante a época seca entre Moçambique e Malawi. Estes corredores são de uma importância vital para as importações a granel de grãos, fertilizantes e minério de alumina para processamento, e as crescentes exportações de Moçambique de carvão, alumínio e outros minerais. Eles também transportam cerca de 100% do comércio a granel dos países vizinhos, sem acesso ao mar, com os seus mercados internacionais, incluindo as suas exportações de minerais. Existem vários factores que limitam a eficiência dos corredores de transporte moçambicanos. Elevados custos de operação de estradas para veículos, especialmente em estradas padrão; preços diferencias de combustível, elevadas tarifas de importação de veículos e peças sobressalentes, perdas de produtos devido a roubo, e os custos de subornos e multas ao longo da rota. A tarifa ferroviária da SADC varia de 3-5 cêntimos do dólar/ tonelada-quilómetro e é considerada elevada para os padrões internacionais112. Adicionalmente, o serviço de freight rodoviário é fraco e com atrasos excessivos devido a disponibilidade de locomotivas e vagões, em alguns casos, fraca gestão e a manutenção deficiente das linhas férreas. Por exemplo, os CFM, a Empresa Moçambicana de Caminhos de Ferro, encontra-se agora em processo de cancelamento da concessão privada da linha Beira – Sena devido ao desempenho não satisfatório por parte do concessionário. Existe a percepção geral de que os serviços ferroviários nos Corredores da Beira e Nacala devem ser melhorados substancialmente para manusearem o aumento planificado nas exportações de carvão de deverão começar nos fins deste ano. Os três principais portos moçambicanos são geridos por privados sob uma concessão de longo termo a um consórcio internacional e contam com uma participação minoritária da empresa estatal de caminhos-de-ferro. Todos os três portos são geridos de forma competente sob padrões 112. Por comparação, a Associação Americana dos Caminhos de Ferro afirma que a taxa média de freight ferroviário para todas as mercadorias, em 2009, foi de 1.8 céntimos do dólar/tonelada-quilómetro 151 internacionais, mas são necessários investimentos para melhorar as instalações portuárias que estão muito aquém dos requisitos para operações eficientes, bem como para o aumento do tráfego. Todos os portos têm uma capacidade limitada, e as operações de carga e descarga são lentas, devido ao equipamento insuficiente e a manutenção portuária inadequada, resultando em atrasos e manobras de saída lentas para as embarcações. Por exemplo, o Porto de Nacala tem falta de gruas para o carregamento de contentores e o tamanho pequeno do seu cais de contentores limita o rendimento de carga em contentor. O canal de entrada ao Porto da Beira é estreito, e a grave sedimentação do porto limita o calado de embarcações que podem atracar. Consequentemente, somente pequenas embarcações podem entrar no Porto da Beira em maré alta durante o período de dia, o que minimiza gravemente o número de embarcações que pode servir. O tamanho limite das embarcações no Porto da Beira significa que embarcações recipientes devem transportar, em viagens de ida e volta, a carga para Durban, África do Sul, onde a carga é recarregada em embarcações maiores, com custos e tempo adicional. O Porto de Maputo está seriamente congestionado, e as embarcações podem ter que esperar uma semana na Baía de Maputo antes de ancorar. Adicionalmente, uma vez ancorado, podem ser necessários até dois dias para descarregar a carga. Depois de os contentores terem sido descarregados, os importadores podem esperar até 10 dias até que os contentores sejam entregues pelo operador do porto. Embora estejam em curso investimentos de médio termo para resolver estes problemas, de momento, as limitações do porto constrangem o comércio. Longos atrasos nos postos fronteiriços entre Moçambique e seus países vizinhos continuam a dificultar o comércio. Isto é o resultado da fraca qualidade da concepção dos serviços e postos fronteiriços; horas de trabalho limitadas por parte de funcionários governamentais, procedimentos de despacho complexos, e regulamentos e procedimentos aduaneiros diferentes por parte dos agentes alfandegários nos diferentes lados do posto fronteiriço. Contudo, existem algumas melhorias – a coordenação e a extensão das horas e o estabelecimento de uma terminal de desalfandegamento de bens no posto fronteiriço Ressano Garcia/ Komatipoort resultaram na redução de atrasos na fronteira sul-africana. Adicionalmente, as instalações para um sistema de operação de janela única neste posto fronteiriço, em que os oficiais dos dois países partilham o mesmo escritório, já estão disponíveis. A aprovação está pendente dos dois governos. Finalmente, o ambiente económico e físico também afecta o desempenho dos corredores. Para além da indústria mineira, os baixos níveis de produção, baixa densidade populacional, e as longas distâncias para os portos de importação e exportação resultam em menores volumes de tráfego. A procura limita de serviços resulta na baixa disponibilidade de serviços. Uma série de estudos foi realizada por doadores internacionais113 sobre que investimentos em instalações e infra-estruturas e melhorias seriam necessários para melhorar o desempenho dos corredores de transporte de Moçambique. Alguns destes investimentos estão em curso, tais como a dragagem do Porto da Beira e a expansão do cais de contentores de Nacala, bem como a aquisição de guindastes de cavalete para acelerar carregamento de contentores. Investimentos adicionais a médio e longo termo, especialmente nos Corredores de Beira e Nacala, serão orientados pelo aumento dramático antecipado das exportações de carvão da região de Tete. Estão em curso planos para melhorar e aumentar a ligação ferroviária das áreas mineiras de Tete com os portos da Beira e Nacala, e de construção de uma nova terminal de carvão em Nacala. Com estas melhorias antecipadas nas infraestruturas dos corredores, o governo de Moçambique faria bem em garantir as correspondentes melhorias em infra-estruturas de transporte e portos sejam feitas para servir a exportação de produtos agrícolas e a importação de insumos 113. Por exemplo, vide Agência Japonesa de Cooperação Internacional, PADECO Co. Ltd. e Mitsubishi UFJ Research and Consulting Co., Ltd., Estudo Preparatório para o Programa de Transporte Integrado da Africa Austral, Relatório Final (Março de 2010), dispoonível em http://www.namport.com.na/pdf/feasibility_studies/JICA%20Regional%20Transport%20study%20Final%20Report.pdf. 152 Instituto de Investigação Agrária. Entre as missões chave do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), temos o aumento da produtividade dos produtores nacionais através do desenvolvimento e introdução de variedades melhoradas de culturas. O actual instituto de pesquisa foi criado em 2005, pela fusão de diferentes organizações no Ministério da Agricultura, incluindo o Instituto de Produção Animal, produção de culturas e ciência veterinária; e os centros de exploração e formação florestal. Embora o IIAM tenha sido criado através da fusão destas organizações diferentes, o seu todo não é a soma destas partes – o seu principal foco é a pesquisa de sementes. Embora continue a desenvolver um trabalho limitado na gestão de recursos naturais, aproximadamente 80% dos seus esforços concentram-se no desenvolvimento de sementes. O IIAM centra a sua pesquisa de variedades de sementes na maioria das culturas alimentares moçambicanas: milho, arroz, gergelim, mandioca, batata-doce, batata, amendoim, soja e feijão bóer. O IIAM também trabalha para melhorar a produtividade da agricultura moçambicana avaliando as melhores datas de plantio, cruzamentos interplantas, gestão integrada da fertilidade do solo, etc. O IIAM está altamente descentralizado, com escritórios nas principais zonas de produção agrícola de Moçambique. O IIAM trabalha com uma série de organizações internacionais que apoiam o desenvolvimento de sementes. Por exemplo, colabora com o Instituto Internacional para Agricultura Tropical (IITA) em Ibaden, Nigéria, um membro do Grupo Consultivo para a Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR), para variedades melhoradas de semente de soja. Trabalha com o Programa para o Sistema de Sementes de África (PASS), uma iniciativa da Aliança para a Revolução Verde em África (AGRA) para garantir que agricultores pobres tenham acesso as sementes de qualidade que eles necessitam, e está a trabalhar para renovar os laboratórios de sementes com o apoio financeiro da União Europeia e apoio técnico da FAO. Novas variedades a serem lançadas para uso em Moçambique devem ser aprovadas por um comité técnico no Departamento de Sementes IMPORTAÇÃO DE PESTICIDAS A importação de combustíveis para Moçambique é controlada de forma rigorosa pelo governo. O importador deve estar licenciado como importador geral pelo Ministério da Indústria e Comércio e deve estar inscrito como um importador de pesticidas no Departamento de Protecção de Plantas. A empresa importadora deve submeter um pedido formal para se tornar um importador autorizado de produtos químicos para agricultura, com uma cópia da licença de importação da empresa e o C.V do gestor da empresa Uma equipa de inspecção composta por funcionários do Ministério da Agricultura e do Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental e depois o Ministério da Saúde realiza uma inspecção as instalações de manuseamento e armazenamento de pesticidas do candidato para verificar o seu cumprimento dos regulamentos nacionais, e entrevistou o gestor da empresa para avaliar a sua capacidade de manuseamento seguro de pesticidas. Se os resultados da inspecção são seguros, a empresa será aprovada como uma importadora autorizada de pesticidas. Contudo, somente os pesticidas registados podem ser importados para Moçambique, e a importação de um pesticida em especial só pode ser realizada pela empresa que foi autorizada para importar esse produto. Por outras palavras, se uma Empresa A estiver autorizada para importar Pesticida I para Moçambique, então a empresa B deverá obter, primeiro, autorização escrita da Empresa A para importar o mesmo pesticida. O motivo deste quasi-monopólio é porque o governo quer que uma única empresa seja responsável pela distribuição e uso de um determinado pesticida em todo o país em todo o país, e requer, portanto que a empresa responsável emita licenças a outros importadores desse produto em particular. Uma vez que uma empresa e um pesticida em especial tenham sido registados, a importação real do pesticida exige a aprovação do DPP. A empresa registada deve submeter um pedido escrito, bem como a factura proforma e pagamento da taxa de serviço que varia entre 0.015% - 0.02% do valor FOB, de acordo com a toxilogia do pesticida importado. Os pesticidas importados devem estar devidamente etiquetados, em português, e o período de validade do produto deve ser de pelo menos 1.5 anos a partir da data em que é importado. Os pesticidas são avaliados a com um direito de importação de 2.5 porcento, e não é exigido que paguem o imposto sobre valor adicionado. Actualmente, não existe nenhuma legislação que rege a 153 importação, etiquetação e uso de fertilizantes, embora este requisito esteja agora a ser revisto pela DPP que faz parte da Direcção dos Serviços Agrícolas no Ministério da Agricultura. Uma vez aprovado, uma nova variedade é colocada na lista de variedades de sementes aprovadas do Ministério. Embora a distribuição de novas sementes seja da responsabilidade do Departamento de Sementes, esta organização é institucionalmente fraca e com funcionários e orçamento para despesas operacionais limitados. Contudo, esta limitação oferece uma excelente oportunidade para o envolvimento do sector privado na indústria de sementes em Moçambique para primeiro, envolver-se no negócio de produção da semente básica multiplicando a semente desenvolvida pelo IIAM, e em segundo, de multiplicar a semente básica para produzir semente certificada que pode ser distribuída a nível nacional por provedores privados de sementes. A produção de sementes em Moçambique pode também tornar-se numa oportunidade para exportar para outros países membros da SADC. A harmonização do ambiente político e regulador relacionado com sementes e medidas fitossanitárias está agora a ser finalizado nos países da SADC. Esta medida deverá permitir a integração de pequenos e isolados mercados nacionais de sementes em um mercado maior de sementes da SADC. Importadores e distribuidores de insumos. O sistema de distribuição de insumos agrícolas em Moçambique depende muito da escala do empreendimento agrícola que usa os insumos. Os agronegócios maiores, incluindo a banana, biocombustíveis e outras concessões para produção de tabaco, açúcar e algodão, lidam directamente com os importadores e distribuidores de agro-químicos para as suas exigências de produção. Na maioria dos casos, estes grandes empreendimentos importam directamente os fertilizantes que utilizam. Os produtores individuais, por sua vez, dependem de comerciantes locais para lhes fornecerem quaisquer insumos que eles possam aplicar nas suas machambas. O que se segue é uma breve descrição da Agrifocus, um grande importador e distribuidor de agroquímicos, fertilizantes, sementes, suplementos para saúde pública e equipamento e suplementos veterinários. O perfil desta empresa vai servir para descrever a rede de comercialização dos insumos agrícolas em Moçambique: A principal actividade desta empresa é a importação e distribuição de produtos químicos para agricultura. A empresa começou como um retalhista, com um único armazém de distribuição em Maputo e quatro em outros grandes centros populacionais. Após a empresa ter enfrentado dificuldades na recolha de dívidas das suas vendas consignadas a distribuidores locais, estabeleceu a sua própria rede de distribuição de lojas de retalho. As principais culturas para as quais vende produtos são: açúcar, algodão, tabaco, castanha, chá, culturas vegetais (próximo de Maputo) e novas e emergentes culturas, incluindo biocombustíveis e banana. Em relação ao algodão, serve a produtores de grande escala bem como agricultores de pequena escala contratados. Todos os produtos da empresa são importados, na sua maioria de exportadores na China, Índia e Brasil cujos preços de venda de produtos genéricos são geralmente mais baixos de os produtos de marca que são fornecidos por grandes produtores europeus. A Agrifocus vende os seus produtos químicos a grosso a outros distribuidores, bem como a retalho através da sua rede de distribuição. Em geral, os seus produtos são vendidos a agricultores de pequena escala em pequenas quantidades, tal como pacotes de 100 gramas de semente, e produtos químicos em pequenos contentores inferiores a um litro. Vendas a empresas maiores são feitas a granel, em pacotes maiores. A Agrifocus possui equipas técnicas em todos os seus locais de venda que providenciam formação relacionada com técnicas de pulverização e o manuseamento e armazenamento apropriado de produtos químicos para agricultura a empresas grandes e a grupos de agricultores de pequena escala . A empresa não exige financiamento bancário, mas exige serviços bancários tal como garantias bancárias e facilidades bancárias para levantamentos bancários superiores ao fundo disponível. Em vez de 154 empréstimos bancários, a Agrifocus conta como crédito dos fornecedores, cujos termos variam de 120 – 190 dias. Por exemplo, exportadores indianos providenciam crédito até 150 dias, que é o máximo de tempo permitido dado pelo Banco de Reserva da Índia, ao passo que normalmente os exportadores chineses providenciam uma linha de crédito de 120 ou 190 dias. A Agrifocus providencia crédito de cultura aos seus clientes de grande escala. Por exemplo, pode vender a uma empresa algodoeira de grande escala a quantidade de produtos químicos que a empresa precisa para fornecer aos seus agricultores contratados por toda a época, em termos de reembolso de 120 dias. No fim da época, a empresa reembolsará a Agrifocus pela quantidade adquirida das suas vendas de algodão, ou da sua linha de crédito bancário. A empresa considera o processo de registo de produtos químicos para a agricultura, bem como o registo como importador e distribuidor de produtos químicos, como sendo rigoroso mas completamente razoável dado o perigo o seu uso inapropriado pode constituir para a saúde pública. Em Moçambique, o processo de registo exige aproximadamente um ano, mas em outros países tal como no Brasil, o processo pode levar até cinco anos. Adicionalmente, agora que a Agrifocus estará completamente registada como importador e distribuidor de produtos químicos para agricultura, tem uma forte vantagem competitiva. As empresas competidoras terão que passar por um processo de registo similar para importarem produtos químicos alternativos. A empresa importa fertilizantes ensacados para muitos dos seus clientes, embora em quantidades relativamente pequenas. As suas importações são normalmente da África do Sul, em sacos de 50Kg. O mercado para fertilizantes não é grande, visto que os agricultores de pequena escala utilizam quantidades mínimas de fertilizantes, e as grandes empresas, tal como produtores de açúcar, importam as quantidades necessárias directamente de mercados internacionais. Todos os produtos agrícolas estão isentos do pagamento de IVA, e os produtos químicos para a agricultura não pagam direitos de importação. Os fertilizantes importados de países da SADC com um certificado de origem válido não pagam direitos. Fertilizantes importados de fornecedores internacionais devem pagar um direito de importação de 2.5%. Outros importadores de fertilizantes operam em escalas maiores do que a Agrifocus. Por exemplo, o porto da Beira possui um terminal de fertilizantes a granel que manuseia grandes quantidades de fertilizantes que são, na sua maioria, importados por uma empresa de mistura e empacotamento de fertilizantes em Chimoio, cuja produção é maioritariamente exportada para o Malawi. Visto que o governo do Malawi subsidia o custo de fertilizantes para os agricultores de pequena escala, a procura por fertilizantes no Malawi é de aproximadamente 290,000 toneladas anuais, ou mais ou menos quatro vezes a quantidade utilizada pelos agricultores em Moçambique. De facto, funcionários do sector de agricultura em Chimoio notaram que algum do fertilizante exportado para o Malawi volta para Moçambique, onde é vendido em mercados locais a um preço com descontos. Contudo, com o gradual aumento da procura de fertilizantes em Moçambique por parte da agricultura comercial, a equipa da AGCRIL foi informada que dois investimentos adicionais em unidades de mistura e empacotamento de fertilizantes estão a ser planificadas para os Corredores de Beira e Nacala, respectivamente. Um vendedor, de pequena escala, típico de insumos em Moçambique terá a sua loja onde são exibidos pequenos pacotes de sementes de vegetais importados do Zimbabwe ou da África do Sul, bem como sacos de 1 – 2 kg de sementes certificadas de milho, legumes e outros grãos. É também exibida uma gana de insecticidas, fornecidos por um distribuidor maior, em pequenas garrafas geralmente com menos de um litro. Uma variedade de pulverizadores móveis, misturadores e peças sobressalentes completa o inventário da pequena loja. Os pacotes de sementes não mostram nem a data de validade nem os nomes das variedades. Sendo pequenas, estas lojas, normalmente especializam-se somente na venda de sementes e produtos químicos para a agricultura, deixando o comércio de fertilizantes para outros comerciantes. Eixo de Comércio USAID/ África Austral. O novo projecto Southern African Trade Hub da SUAID (SATH) foi lançado em Setembro de 2010 em Gaberone, Botswana. O SATH está assente na 155 experiência de oito anos de dois projectos anteriores Trade Hubs na região da África Austral financiados pela USAID. O objectivo geral do novo projecto é o de aumentar a competitividade internacional, comércio inter-regional e a segurança alimentar na Região da SADC. O SATH vai continuar a trabalhar com os intervenientes existentes do Trade Hub nos Estados Membro da SADC e o sector privado na agenda da integração regional da SADC, com foco em energia, exportações AGOA, transporte e alfândegas. Adicionalmente, o novo projecto SATH vai expandir o seu âmbito para se focar no desenvolvimento das cadeias de valor da região, incluindo as de culturas alimentares, com vista a aumentar a segurança alimentar da região, 156 As intervenções específicas que serão realizadas sob o novo projecto SATH incluem as seguintes componentes de actividades: Aumento da liberalização comercial; Melhoria da facilitação comercial, trânsito, alfândegas e outras áreas; Alinhamento dos padrões regionais da agricultura e outros com os padrões internacionais; Fortalecimento da capacidade regional para o planeamento e cooperação no sector de energia; Novas ligações comerciais estabelecidas e maior competitividade alcançada nas cadeias de valore de culturas alimentares e outras; Melhorar a capacidade do sector privado dos estados membro de cumprir com os padrões dos mercados regionais e internacionais, incluindo padrões agrícolas; Aumento do uso e da disponibilidade de produtos e serviços financeiros para o comércio e investimento; e Aumento do uso e disponibilidade de produtos de tecnologia de informação e comunicação (TIC) relacionadas com o comércio. Centro de Promoção de Investimentos de Moçambique. O Centro de Promoção de Investimentos (CPI) tem o mandato de promover e facilitar o investimento nacional e estrangeiro em Moçambique. Através de apoio no estabelecimento de agri-negócios de grande escala, o CPI, indirectamente, facilita o comércio de produtos agrícolas. O CPI funciona como um “balcão de atendimento único” e providencia serviços de aconselhamento e assistência a investidores internacionais bem como nacionais. Trabalha em estreita colaboração com os investidores ao longo de todo o processo de submissão do projecto, revisão, e aprovação, e em obter acesso aos necessários incentivos de terra e fiscais. Uma descrição dos passos que podem ser tipicamente exigidos para a conclusão com sucesso do investimento em Moçambique é descrita abaixo. O CPI encontra-se com o investidor e disponibiliza informação sobre o ambiente geral de negócios, regras, e regulamentos de investimento em Moçambique, e os incentivos fiscais que estão disponíveis para novos investidores. O Título II do Código de Benefícios Fiscais sob a Lei de Investimento em Moçambique expõe os benefícios para investimentos nos sectores de agricultura e pescas. Os investimentos aprovados nestes sectores qualificam-se para uma redução de 80% do imposto de rendimento de pessoas colectivas até 2015, seguindo-se uma redução de 50% do imposto de rendimento sobre pessoas colectivas, de 2016 – 2025. O equipamento necessário para o projecto de investimento está isento do pagamento dos direitos de importação e IVA. Adicionalmente, os custos de formação de funcionários pode ser registado como imposto residual. O investidor deve submeter um formulário completo de solicitação contendo uma proposta de investimento detalhada. A proposta do projecto de investimento com a sua descrição completa do que o investidor pretende fazer constitui um documento chave para o processo de aprovação. Para projectos agrícolas, a proposta é revista pelo CPI juntamente com o Centro de Promoção Agrícola (CEPAGRI), uma agência dentro do Ministério da Agricultura. O CEPAGRI avalia a proposta e faz recomendações sobre o projecto proposto, em nome do MINAG. Uma vez que a proposta de investimento tenha sido aprovada, o próximo passo é a identificação da terra que se pode disponibilizar para o projecto de investimento. O CPI apoia o investidor no processo de identificação e obtenção das licenças de uso da terra. A identificação da terra envolve consultas e acordos com o Ministério da Agricultura, que controla toda a terra em Moçambique através do Departamento da Terra, bem como acordos com as comunidades afectadas pelo investimento, e o respectivo Governador Provincial. Com o projecto aprovado e a identificação da terra disponível, o próximo passo é a obtenção do título da terra. Não é permitida a obtenção de direitos de uso da terra a cidadãos estrangeiros sem que façam um investimento. Quando residentes locais têm de ser realocados da terra onde o projecto estará 157 localizado, a compensação necessária deve ser negociada antes da emissão do título. Por outras palavras, as comunidades devem ser consultadas e compensadas antes da atribuição do direito de uso da terra. Para isto também pode ser necessária uma consulta pública para garantir que não existem títulos pendentes para a mesma área. O nível de aprovação governamental para os projectos agrícolas propostos depende da quantidade de terra solicitada. Para projectos que requerem menos de 10,000 hectares, o Ministério da Agricultura tem a autoridade de aprovar o investimento. Contudo, se o agro-processamento estará envolvido, o Ministério da Indústria e Comércio deve aprovar a parte “industrial” do projecto. Se a quantidade de terra solicitada exceder os 10,000 hectares, a aprovação do projecto deve ser feita pelo Conselho de Ministros. Com a aprovação final do governo, o projecto pode iniciar-se. O CPI e o MINAG monitoram o progresso do projecto em função do plano de negócio que é incluído como parte da proposta do projecto. Caso o projecto esteja substancialmente atrasado ou o investidor não cumprir com o plano de negócios, o governo pode cancelar o direito de uso da terra do investidor e os benefícios fiscais. Isto aconteceu recentemente em Gaza, onde o governo cancelou a licença de um projecto de biocombustível/ cana-de-açúcar numa área de 3,000 hectares realizado pela empresa Procana, sob a alegação de que a empresa não tinha realizado os investimentos necessários. Sector Bancário. O capítulo deste relatório sobre a Obtenção de Crédito descreve a disponibilidade limitada de finanças rurais para a expansão de PMEs, especialmente de agricultores de pequena escala. Em geral, as empresas internacionais operando em Moçambique podem superar as limitações financeiras obtendo fundos em fontes internacionais, tais como adiantamentos das suas sedes, ou crédito de bancos internacionais. Similarmente, grandes agri-negócios moçambicanos podem ser capazes de obter financiamento internacional, ou se não puderem, devido ao seu tamanho e escala de operações eles são, geralmente, capazes de obter créditos em bancos comerciais em Moçambique. Ao passo que importadores de grande escala são capazes de obter instrumentos financeiros de bancos locais, como cartas de crédito para a aquisição de produtos importados, e garantias para o pagamento de direitos e impostos de produtos depositados, a disponibilidade de finanças de exportação ou comerciais é consideravelmente limitada em Moçambique. Inventário de finanças, ou a extensão de empréstimos em função de mercadoria armazenada numa instalação de depósito, tem tido sucesso em muitos países para o aumento do fluxo de capitais para a agricultura, especialmente em culturas não perecíveis. Inventário de crédito, também conhecido como sistema de recibos de armazém, ajudam a mitigar o risco de créditos utilizando a mercadoria armazenada como garantia adicional. Esta forma de garantia adicional está mais prontamente disponível aos comerciantes e exportadores e é menos difícil de liquidar do que formas mais aceitáveis de garantias adicionais imobiliárias. Contudo, para que um sistema de recibo de armazém funcione bem, o governo e a indústria devem construir um quadro legal e institucional para garantir o desempenho e minimizar os custos de transacção. Actualmente, não existem sistemas de financiamento de inventários disponíveis em Moçambique. A criação de finanças de recibos de armazéns poderia facilitar substancialmente o crédito para comerciantes, exportadores e produtores agrícolas. 7.12 DINÂMICA SOCIAL – FACILITAÇÃO DE COMÉRCIO Durante a realização deste diagnóstico, a equipa da AGCLIR ouviu inúmeras vezes de funcionários governamentais bem como de agentes económicos privados que “Moçambique tem um grande potencial agrícola”, e que “o desenvolvimento agrícola é a melhor forma de aumentar os padrões de vida” da maioria dos cidadãos. Sem dúvidas, estas declarações são verdadeiras. Moçambique tem recursos naturais – bons solos, água abundante, clima favorável – e acesso ao mar, o que poderia permitir que o país se torne numa força 158 motriz e celeiro para o seu próprio povo, seus vizinhos próximos e países além-mar, no Médio Oriente, Europa e Ásia. Estatísticas bem conhecidas apoiam esta conclusão: somente 12% dos 36 milhões de hectares de terra arável do país são actualmente cultivados, e somente cerca de 6% dos sete milhões de hectares de terra que poderiam potencialmente ser irrigados, são de facto irrigados. Isto implica uma fonte natural que está subutilizada. Adicionalmente, Moçambique tem acesso preferencial aos mercados regionais através do protocolo comercial da SADC, e acesso livre aos mercados da UE e dos Estados Unidos . também tem acordos comerciais bilaterais com dois dos seus vizinhos mais próximos – Malawi e Zimbabwe. Adicionalmente, Moçambique possui o potencial de fornecer para os seus próprios mercados, substituindo a importação de grãos e outras culturas alimentares que pode facilmente produzir dentro das suas fronteiras. Os produtos agrícolas de Moçambique podem facilmente alcançar estes mercados através dos seus principais corredores de comércio que ligam o interior do país, e os países vizinhos com o mar. A pergunta relevante é: “porquê”? Se Moçambique tem recursos naturais, pessoas trabalhadoras e diligentes; e mercados disponíveis, porquê não está a alcançar o seu enorme potencial na agricultura? A resposta, numa palavra única, é constrangimento – sobreposição e reforço de constrangimentos que limitam o seu grande potencial agrícola. O que se segue são exemplos dos principais constrangimentos e problemas vistos em primeira mão pela equipa de diagnóstico que limitam o acesso a estes mercados disponíveis: Mercados locais: Numa entrevista com um proprietário de uma grande moageira na Beira, a equipa soube que a empresa obtêm milho quase que exclusivamente da África do Sul, e trigo e soja de fornecedores internacionais na Europa e Estados Unidos. A empresa tinha feito compras iniciais de milho com produtores locais mas foi forçada a suspender esta prática devido a baixa qualidade dos grãos – no melhor caso o grão local tinha que ser misturado com grãos importados para distribuirse a baixa qualidade do grão local por todo o produto moído. Em muitos casos, os grãos de milho estavam infectados, com um cheiro e sabor desagradável, o que tornava o milho inútil. O problema era que os produtores de pequena escala de milho não tinham meios de secar e armazenar devidamente o milho, de tal forma que era infectado por fungos e insectos que causam deterioração severa dos grãos. Sob as actuais condições, os produtores não podem satisfazer os padrões da empresa em relação a qualidade do milho. Adicionalmente, mesmo que a qualidade do milho dos produtores de pequena escala fosse apropriada, a capacidade limitada de armazenamento e a sazonalidade da produção iriam exigir que a empresa importasse milho durante a época de fraca produção. É necessário apoio direccionado aos produtores de pequena escala para os ajudar a tornarem-se fornecedores confiáveis de culturas de grãos aos agro-processadores moçambicanos. Mercados regionais. Os maiores constrangimentos às exportações moçambicanas para os mercados regionais, em especial para a África do Sul, estão relacionadas com a falta de integração regional de comércio – a contínua avaliação dos direitos de produtos alimentares sensíveis, a falta de harmonização dos regulamentos de transporte, barreiras não tarifárias, incluindo diferenças sobre os certificados de origem e questões relacionadas com SFS. Por exemplo, um exportador de banana próximo de Maputo queixou-se de que ele não pode transportar uma carrinha completamente carregada com bananas para a África do Sul porque os regulamentos de transporte sul-africanos não permite a mesma carga tal como carregada em Moçambique. Tal como debatido anteriormente, a invasão da mosca da fruta no Norte de Moçambique resultou na suspensão temporária do embarque de fruta fresca e vegetais para a África do Sul e Zimbabwe, suspensão essa que só foi parcialmente levantada após algumas regiões terem sido declaradas livres da mosca da fruta. Apesar destas questões de comércio, contudo, o problema subjacente é que sem dúvidas os produtores e processadores agrícolas moçambicanos não são competitivos em relação aos produtores sulafricanos, e são incapazes de competir nos mercados sul-africanos, quer em termos de custos relacionados com a terra, qualidade ou consistência de fornecimento. É necessário apoio para melhorar a competitividade dos agricultores e agro-processadores de pequena escala de Moçambique. 159 Mercados internacionais. Os corredores na Beira, e o menos extenso corredor de Nacala, tiveram um sucesso modesto nos anos recentes, na atracção de investimentos no agronegócios. O motivo pelo qual o crescimento não é dos mais rápido é provavelmente devido a dificuldades logísticas – estradas de acesso limitadas para as zonas de produção; os elevados custos de transporte das regiões de produção para o porto; calendário limitado das embarcações devido a capacidade limitada dos portos; o tempo lento de rendimento para o carregamento e descarregamento de contentores, e os custos gerais de exportação de produtos agrícolas e importação de insumos e empacotamento de suplementos. Anedoticamente, a equipa da AgCLIR soube que há vários meses, um analista internacional de agronegócios realizou um estudo de viabilidade detalhado para um investimento em larga escala numa plantação de bananas no Corredor da Beira. Embora as previsões de produção e agrícolas fossem favoráveis, os custos logísticos – transportar as bananas da plantação para o porto e o seu carregamento na embarcação – eram muito elevados para que o projecto fosse viável. Por outras palavras, as operações ineficientes e onerosas nos corredores de transporte de Moçambique constituem um constrangimento ao investimento estrangeiro no sector agrícola de Moçambique. Outro constrangimento é a capacidade limitada de embarque aéreo de mercadoria perecível de Moçambique. Por exemplo, durante a visita da equipa ao agronegócio de exportação de vegetais em Vanduzi, próximo de Chimoio, fomos informados que todos os produtos de exportação da empresa são embarcados por frete aéreo para os seus mercados no Reino Unido. Visto que nenhum dos aeroportos em Moçambique tem a capacidade de armazenar e manusear carga perecível, a empresa é obrigada a transportar a sua produção de Moçambique, através do Zimbabwe, para a África do Sul, onde eles são embarcados no aeroporto em Joanesburgo. Este exercício requer a travessia por duas fronteiras internacionais, com os correspondentes custos e atrasos. Há a necessidade de melhoria das instalações de pelo menos um dos aeroportos moçambicanos para servir as exportações agrícolas. Contudo, outro problema logístico deve-se a quantidade limitada de produtos para exportação. Este é um dilema auto-consolidado: porque o volume de produtos agrícolas é pequeno, a disponibilidade de serviços de expedição – contentores refrigerados, calendários de embarcações normais, e largadas constantes – são limitados e porque existe uma disponibilidade limitada de serviços de exportação e expedição, a produção agrícola é baixa. Estes são constituem exemplos dos constrangimentos que limitam o acesso dos produtores, agronegócios e exportadores moçambicanos aos mercados locais, regionais e internacionais. Género e comércio. Visto que grande parte da discussão neste capítulo relaciona-se com política de comércio, fluxos de comércio e constrangimentos ao comércio, estas tendem a ser questões neutras em termos de género. Contudo, falando em termos gerais, o comércio em Moçambique é uma actividade dominada por homens. Ao longo desta avaliação, a equipa encontrou três mulheres proeminentes, que estão envolvidas com, e têm impacto na actividade comercial: a Directora das Relações Internacionais para o Comércio, no MIC; a Directora Executiva da Associação para o Comércio e Indústria na Beira, e a Gestora da Filial da empresa DAMCO Freight Forwarding na Beira. As empresas envolvidas na actividade de comercialização agrícola – isto é, a exportação de produtos agrícolas e a importação de insumos agrícolas – são geralmente dirigidas por homens, que detém a maioria das posições executivas de topo ao passo que as mulheres ocupam, na sua maioria posições administrativas média a baixa. Um padrão similar foi verificado em empresas envolvidas na produção e exportação de produtos agrícolas. O trabalho nas machambas é geralmente realizado por homens, enquanto as mulheres trabalham, na sua maioria, na colheita de vegetais e no empacotamento das exportações e na selecção de bananas na unidade de embalagem de bananas. Comerciantes retalhistas são, na sua maioria, mulheres, ao passo que parece que o comércio informal parece estar igualmente dividido entre homens e mulheres. Os operadores de maquinaria pesada nos cais, incluindo operadores de gruas e empilhadoras são, exclusivamente, homens, o mesmo acontecendo 160 para os motoristas de camiões e estivadores. Em quase todas as empresas que apoiam o processo de comércio, incluindo a administração do porto e caminhos-de-ferro, empresas transportadoras e empresas de serviços, um padrão similar de liderança masculina nos níveis executivos e apoio administrativo feminino é a norma em Moçambique. 161 7.13 RECOMENDAÇÕES – FACILITAÇÃO DE COMÉRCIO ACELERAR OS ESFORÇOS PARA MELHORAR A EFICIÊNCIA DO CORREDOR EM TERMOS DE TEMPO E CUSTOS DE TRANSPORTAR MERCADORIA IMPORTADA E EXPORTADA NOS PORTOS DE MOÇAMBIQUE, ATRAVÉS DOS SEUS POSTOS FRONTEIRIÇOS COM PAÍSES VIZINHOS E AO LONGO DAS SUAS ESTRADAS E CAMINHOS DE FERRO Vários estudos identificaram as infra-estruturas que necessitam de melhorias nas estradas, caminhos-deferro, instalações portuárias, e profundidade do porto, especialmente nos corredores de Beira e Nacala. É necessário um compromisso por parte do governo, com o apoio da comunidade doadora para implementar estas recomendações para superar graves deficiências. Adicionalmente, os acordos de concessão nos três principais portos de Moçambique devem ser revistos para garantir a disponibilidade de equipamento adequado e capacidade do cais para garantir o rápido carregamento e descarregamento de carga e rápidas manobras das embarcações. Em termos de instalações nos postos fronteiriços, o governo deveria utilizar o posto fronteiriço de Ressano Garcia com a África do Sul como um modelo a seguir para todos os outros – especialmente em aspectos relacionados com a capacidade de serviços da sua janela única; os horários de trabalho e o calendário para as formalidades fronteiriças; e as instalações para manuseamento de carga bem como pessoas singulares que atravessam oposto fronteiriço. ALAVANCAR AS MELHORIAS PLANIFICADAS PARA GARANTIR QUE OS SERVIÇOS SEJAM PROVIDENCIADOS PARA FACILITAR A IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS E OS INSUMOS NECESSÁRIOS COMO FERTILIZANTES Com a planificada expansão das exportações de carvão e outros minerais de Moçambique bem como dos países vizinhos sem acesso ao mar, também estão em cursos planos para a melhoria dos serviços ferroviários e portuários nos corredores de Beira e Nacala. O governo deveria realizar um estudo de custo – benefício para determinar a viabilidade do estabelecimento de instalações de manuseamento e embarque de carga refrigerada para embarques aéreos internacionais a partir de pelo menos um aeroporto em Moçambique. Por fim, todos os portos deveriam ter capacidade de manusear importações de fertilizantes a granel; instalações de armazenamento a frio para mercadoria perecível, e capacidade suficiente de manuseamento de contentores refrigerados. PROVIDENCIAR FORMAÇÃO ADICIONAL AOS AGENTES ALFANDEGÁRIOS E FUNCIONÁRIOS DE SUPERVISÃO SOBRE A INTEGRAÇÃO DA SADC, REGULAMENTOS ADUANEIROS, E NO ATENDIMENTO PÚBLICO Esta intervenção relativamente directa poderia percorrer um longo caminho para alterar a imagem do governo perante o público geral, e a percepção do sector privado perante oficiais governamentais. Por exemplo, uma possível fonte de financiamento para esta iniciativa poderia ser o Projecto de Desenvolvimento da Competitividade e do Sector Privado do Banco Mundial. ANALIZAR OS BENEFÍCIOS ECONÓMICOS QUE PODERIAM RESULTAR DE UM AFROUXAMENTO DO CONTROLO GOVERNAMENTAL SOBRE TODO O PROCESSO DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE BENS 162 Supondo que as análises iriam confirmar que poucos controlos poderiam ajudar a melhorar o ambiente de negócios e conduzir a um aumento da actividade económica, incluindo investimentos, recomenda-se um programa piloto para liderar as mudanças necessárias. Em relação a este aspecto, foram realizados vários estudos que recomendam mudanças nas operações aduaneiras tais como a eliminação das inspecções pré-embarque e a modificação a cobrança internacional de escaneamento dos contentores. Recomendações adicionais sugerem que as alfândegas trabalhem inteligentemente incorporando procedimentos de gestão de risco que eliminam a necessidade de inspecção física de toda a mercadoria que entre no país. Simplesmente, estas recomendações precisam de ser implementadas. Melhorias adicionais poderiam resultar eliminando-se o requisito de os agentes alfandegários estarem fisicamente presentes para o carregamento de contentores de exportação, e o requisito de licenças de importação para produtos agrícolas importados. ELABORAR UM PLANO DE COOPERAÇÃO/INTEGRAÇÃO INTER-AGÊNCIA PARA TODAS AS AGÊNCIAS ALFANDEGÁRIAS Até ao ponto em que ainda foi feito, Moçambique deveria elaborar um plano de cooperação e integração inter-agência das agências alfandegárias que vai resultar num processo aduaneiro coerente que será por último realizado através da aplicação do conceito de Janela Única. Certos esforços têm sido direccionados para a resolução do problema mas houve pouco progresso no processo de integração. A designação das alfândegas como a agência fronteiriça líder deveria constituir a norma e todos os postos fronteiriços. Também, os balcões de atendimento único, uma melhor prática usada efectivamente no porto de Mombaça na Tanzânia, em que todas as agências alfandegárias se encontram no mesmo espaço e fazem a revisão de um conjunto de documentos, deveria ser instituída nos casos em que as infra-estruturas o permitirem. Embora estas acções possam melhorar a facilitação, elas constituem somente o primeiro passo no processo de integração das agências aduaneiras. Um estudo das acções de cada agência aduaneira deveria ser utilizado para implementar um sistema mais harmonizado com o envolvimento dos intervenientes – uma componente crítica no seu desenvolvimento. Um plano estratégico deve ser elaborado, muito provavelmente com o apoio de doadores, para detalhar como e onde esta integração irá ocorrer com o objectivo final do Processo da Janela Única. Moçambique vai necessitar de muita assistência para alcançar este objectivo, tanto na capacidade técnica e na organização dos actores necessários para a participação efectiva. A experiência do Senegal, que está a avançar progressivamente para um conceito total da Janela Única baseado na modelo de Singapura mas adaptado ao ambiente africano, seria útil para a elaboração do plano. 163 8 . CUMPRIMENTO DE CONTRATOS 8.1 INTRODUÇÃO O artigo 103 da Constituição de Moçambique de 1990 declara a agricultura como sendo a base para o desenvolvimento nacional do país114. O mesmo dispositivo garante e promove o desenvolvimento rural de forma a satisfazer as necessidades das pessoas e o progresso social e económico no país. Tal como em muitos países dependentes da agricultura, os contratos constituem um aspecto muito importante nas transacções comerciais neste sector. Moçambique possui um quadro legal forte no cumprimento de contratos. Contudo, vários aspectos económicos e socioculturais estão por trás da utilização limitada de contratos formais no agronegócio, em que somente grandes empresas utilizam por completo os contratos formais nas suas relações económicas Enforcing Contracts 3.5 3 2.5 re o2 c S e g a r1.5 e v A 1 0.5 0 Legal Framewor k Implementing Supporting Ins titutions Ins titutions Framework Area Soc ial Dynamics A maioria da população envolvida no agronegócio depende de contrantos informais e verbais. Os poucos casos de uso de contratos formais escritos são na exploração agrícola em que agricultores de pequena escala recebem insumos e vendem a sua produção – na sua maioria culturas para exportação – a grandes actores do agronegócio promovendo e vendendo estas culturas. Isto é normalmente conhecido como agricultura por contrato. Apesar da reforma em curso na área judicial, estruturas institucionais e legislação, e da melhoria da classificação de Moçambique no ranking Doing Business (geral) da 130 posição em 2010 para a 126 posição em 2011, houve um revés na categoria específica de Cumprimento de Contratos em que Moçambique desceu da 129 posição em 2010 para a 132 posição em 2011. O cumprimento de contrantos na cidade capital de Maputo pode custar ao queixoso 142.5% do valor da queixa (em que 98.5% vão para os custos com o advogado – é obrigatório ter-se um; 24% para custos judiciais e 20% são os custos de cumprimento). A duração média é de 730 dias e devem ser cumpridos 30 procedimentos. Isto é sob a suposição de que não se faça nenhum apelo ao Tribunal Supremo que dá, principalmente, prioridade a casos criminais. Devido a elevada taxa de atrasos, o Tribunal Supremo é rotulado como sendo o “cemitério de casos”. Como uma indicação importante do seu apoio à empresas privadas, Moçambique criou secções comercias nos seus tribunais. Actualmente, estas secções estão localizadas no Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (duas secções) e no Tribunal Judicial de Sofala (uma secção). Estes recursos para a resolução de disputas comerciais suplementa os serviços prestados pelo Centro de Arbitragem, Conciliação e Mediação (CACM), bem como a Comissão para Mediação e Arbitragem Laboral. 114. No. 1, artigo 103, Constituição da República, aprovado no dia 16 de Novembro de 2004 e publicado no dia 22 de Dezembro no Boletim da República no. 51, Série I. 164 A aplicação do cumprimento de contraltos não escritos é apoiada por mecanismos locais, muitos dos quais baseiam-se nas autoridades morais, tradicionais, religiosas e locais. As instituições mais importantes que apoiam contratos informais são as autoridades religiosas e locais. A Associação Moçambicana de Médicos Tradicionais (AMETRAMO), que congrega várias funções, desde a cura até ao julgamento de disputas e os Tribunais Comunitários. As instituições religiosas também são respeitadas no processo de resolução de disputas. Em termos gerais, as disputas são resolvidas tanto no sistema legal formal bem como com o direito costumeiro que coexistem pacificamente e complementam-se mutuamente, onde for necessário. Contudo, vale a pena mencionar que o sistema legal formal, isto é, os tribunais podem rejeitar uma sentença proferida pelo mecanismo informal. O sistema de classificação da AgCLIR elege o Quadro Legal para o Cumprimento de Contratos como a área revista mais sólida, a que mais, aparentemente, necessita de melhorias encontradas entre as Instituições de implementação. 8.2 QUADRO LEGAL Desde a independência de Portugal em 1975, Moçambique conseguiu implementar um quadro legal razoável - muitas leis foram promulgadas desde que o país abraçou a economia de mercado no final de 1980. Durante esse período, caracterizado por um sistema mono-partidário, havia um limite muito estreito entre a política e a legalidade. As reformas necessárias para Moçambique para introduzir a economia de mercado incluía reformas significativas, começando com a revisão da Constituição de Moçambique, em 1990, que é descrito no preâmbulo da sua versão retificada (2004), como o ponto de viragem, referindo que “A Constituição da 1990 introduziu o Estado de direito democrático, baseado na separação e independência dos poderes e no pluralismo.”115 LEIS CHAVE • Constituição (1990) (retificada em 1996, 1998 e 2004) • Lei Aduaneira • Código Civil, Comercial, e Procedimentos Civis • Lei Comercial Doméstica • Leis e Convenções Comerciais e Internacionais Actualmente existe uma co-existência da lei consuetudinário e formal. Os tribunais podem rejeitar a decisão pelo sistema informal sempre que a decisão é contra legem. Entretanto, a constituição de Moçambique defende o pluralismo jurídico, reconhecendo os vários sistemas de resolução de normas e de conflitos que coexistem na sociedade moçambicana.116 Além do sistema judiciário nacional e do "sistema supra-estatal" (isto é, a lei imposta por tratados internacionais, organizações e instituições financeiras),117 no caso particular de Moçambique, há um campo amplo e diferenciando internamente o pluralismo judiciário convencional, onde dois hemisférios podem ser distinguidos: os tribunais comunitários, e sistemas de justiça da comunidade multicultural e multi-étnica - o caso das autoridades tradicionais. Tal como acima referido, o direito aduaneiro tem seus fundamentos nas construções sociais locais da justiça e quando o negócio está se contraindo, o cumprimento das obrigações também será baseada na 115. Traduzido por MOZLEGAL – Mozambique´s Legal Resource Portal www.mozlegal.com. Artigo 4, Constituição da Republica de Moçambique In SANTOS, B. e TRINDADE, J. (org), CONFLITO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: Uma Paisagem das Justiças em Moçambique, Vol. 1, Porto: Edições Afrontamento, 2003. 116 117. 165 tradição, mitos e crenças religiosas. O vendedor irá fornecer os bens. Se o comprador, alegar alguma razão para não pagar, o vendedor não pode levar o caso adiante acreditando que a justiça acabará por prevalecer. Um facto interessante de se notar é que no início o vendedor também acredita que o comprador vai pagar, já que o comprador tem a obrigação moral de cumprir o contrato. Na verdade, a maioria dos contratos são cumpridos. No agronegócio, onde os contratos informais são mais abundantes entre o povo Moçambicano, os contratos também são aplicados de acordo com o direito consuetudinário, apoiado pela tradição, mitos e crenças religiosas e práticas locais. Os tipos de contratos envolvem trabalho sazonal na agricultura. Muitas vezes, as empresas não usam contratos formais com os trabalhadores, apesar de sua obrigação de fazê-lo na maioria dos casos sob a Lei do Trabalho. Contratos informais também são utilizados para empréstimos de animais machos para a reprodução (uma taxa monetária é cobrada no empréstimo e quando o macho é devolvido, ele é acompanhado por um ou dois bezerros do sexo feminino); empréstimo de sementes e empréstimo de dinheiro. Por exemplo, um esquema informal, usado principalmente por comerciantes do sexo feminino no mercado, se dá através de grupos de comerciantes em uma escala rotativa (pode ser semanal ou mensal). Os membros dão uma quantia acordada para uma pessoa a fim de apoiar o seu negócio ou mesmo a compra de bens valiosos que em situação normal não seria acessível. Este esquema é aplicado no agronegócio e todas as partes participantes concordam com regras informais, que incluem medidas de execução, e observá-los. Nos poucos casos onde as normas são infringidas, o direito consuetudinário é aplicado e a punição, se houver alguma, variam de obrigar (moralmente) o invasor a pagar ou sofrer as consequências de não participar em tais regimes; multas, bem como sua rejeição da sociedade e até mesmo expulsão da comunidade. Estas normas informais são aquelas aplicadas pelos tribunais comunitários, e também estão de acordo com os costumes tradicionais regionais e outras práticas. É interessante notar que, durante este diagnóstico, a maioria dos entrevistados disseram que se sentem mais confortáveis com a contratação informal de mulheres que dizem ser confiável. Possíveis razões de não cumprimento de contratos informais por algumas mulheres podem ser encontradas na seção-c dinâmica social deste capítulo. Os contratos de agronegócio em Moçambique são regulamentados e executados por várias peças de legislação (geral e específico), mas os mais importantes são a constituição de Moçambique,118 o Código Civil,119 o Código Comercial,120 o Código de Processo Civil,121 o Regulamento de Registo de Pessoas Jurídicas,122 a Lei de Regulamentação das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras,123 118.Aprovado em 16 de Novembro de 2004 e publicado em 22 de Dezembro no Oficial Gazette nr. 51, Series I. 119. Aprovado pelo Decreto-Lei. 47.344 no dia 25 Novembro de 1966, publicada no Diário da República nr. 50, I Série, de 18 de Dezembro de 1967. Em Moçambique, o Código Civil entrou em vigor através do Decreto n º. 22.869 de 04 Setembro de 1967 (como uma colônia Portuguêsa havia uma necessidade de uma aprovação adicional) e foi actualizado pelo Decreto-Lei. 3 / 2006, no dia 23 de Agosto. 120. Aprovado pelo Decreto Lei Nº 2/2005, aos 27 de Dezembro (former Commercial Code was dated 1888). 121.Aprovado pelo Decreto-Lei. Nº44.129 de 29 de Dezembro de 1961, publicado no Diário da República nr. 299, Série I. Com as atualizações introduzidas pelo Decreto-Lei. 47.690, sobre o 11 de maio de 1967, publicada no Diário da República nr. 113, II Série, e as dos Decretos-Lei nr. 1 / 2005, de 27 de Dezembro e 1/2009, de 24 de Abril. 122. Aprovado pelo Decreto Lei nr. 1/2006, de 3 de Maio e publicado no Gazette Oficial nr. 18, Série I. 123. Lei n º. 15/99, aprovado em 1 de Novembro, publicado no suplemento 4 para o Gazette Oficial n º. 43, I Série, e actualizada pela Lei n º. 9/2004, aprovada em 21 de Junho, publicado no Gazette Oficial n º. 27, Série I. 166 a Lei de Arbitragem, Conciliação e Mediação,124 e da Legislação do Sector Agrário – um pacote que consiste em uma legislação de 9 sub-sectores 125). A lei do Trabalho 126 e o Decreto N º. 50/2009, de 11 de Setembro 127 (criar a Mediação do Trabalho e da Comissão de Arbitragem) também fazem parte do pacote de legislação envolvidos na execução de contratos no agronegócio. Embora o Código Civil, que é o pilar do direito civil em Moçambique, e o Código Comercial, que é a parte central das relações comerciais, legislar sobre os aspectos mais importantes de contratos comerciais, a Legislação Agrária é a mais importante aumentando os contratos no agronegócio. Estabelece os princípios de contratação no agronegócio. É em algumas das mais importantes peças da legislação onde os modelos de contratos estão contidos e, como tal, as leis mais importantes serão abordadas em pormenor, uma vez que estipula as formas de contratos agrícolas. É, no entanto, importante frisar, mais uma vez, que apenas algumas grandes empresas do agronegócio contam com contratos formais em suas operações comerciais. A maioria das relações estabelecidas no agronegócio são baseados em costumes, em vez de contratos formais. Produtores, operadores, consumidores, e até mesmo as autoridades locais, a maioria irá contar com mecanismos locais de mediação e resolução de conflitos, em vez de leis e instituições formais. A Lei da Terra128 tem um contrato implícito de leasing (DUAT)129, pelo qual os subsídios do Estado ao cidadão (s)/instituição(s) o direito de uso da terra por um determinado período de tempo - ilimitado para os cidadãos nacionais individuais e até um máximo de 50 anos (renováveis), contra o compromisso de utilizar o terreno para a finalidade prevista na aplicação e pagamento de impostos e taxas correspondentes. A execução do presente contrato continua a ser problemático e tem resultado em grandes extensões de terra com o título, mas não utilizados devido a: (i) os baixos impostos e taxas - a reforma em curso venha a determinar mais impostos e taxas para desestimular a acumulação de grandes extensões de terras pelas elites, (ii) falta de capacidade do Estado para verificar se a terra está ou não está sendo adequadamente utilizada, e (iii) a falta de dados viáveis e cadastro de terras. Há um sentimento de que os ativos da terra, embora muito abundante em Moçambique não estão sendo adequadamente utilizados, de acordo com a CRM a terra é propriedade do Estado e de modo algum pode ser vendida ou alienada, nem pode ser hipotecada.130 Pessoas envolvidas no agronegócio sentem que a terra deve estar disponível para ser usada como garantia para a contratação de crédito. Esteve em curso um acalorado debate em torno do valor económico que deve ser atribuído à terra, mas a terra é um assunto muito politicamente sensível e, portanto, o debate tem vindo a ocorrer não de forma tão aberta como deveria ser. Na verdade, existe um mercado informal de terra onde o maior perdedor é o estado, uma vez que essas transacções não são tributadas. Como tal, é importante para o estado encontrar mecanismos pelos quais essas transacções podem ser controladas e beneficiar o país. 124. . Lei n º. 11/99, de 8 de Julho, publicado no Gazette Oficial n º. 27, Série I. 125. Terra, Pecuária, Açúcar, Algodão, Castanha de caju, Tabaco, Implementos Agrícola e Vegetal Sanitário, Florestas e Fauna Bravia, Hidráulica Agrícola. Extratos de mais legislação sobre Mineração, Água e Investimentos. 126. Lei nr. 23/2007, de 20 de Junho, publicado no Gazette Oficial nr. 31, Series I. 127. Publicado no Segundo Suplemento do Gazette Oficial nr. 36, Série I. 128 129 130 Lei n º. 19/97, aprovada em 1 de Outubro, publicada no Gazette Oficial n º. 40, Série I. Definido no artigo 1 da Lei de Terra Nrs 1e 2 do artigo 109 CRM. 167 A Lei de Florestas e Fauna Bravia é mais progressista porque tem disposições sobre a exploração sob regimes de concessões florestai131s e de caça132, que podem ser exploradas por indivíduos, empresas e comunidades. É onde as comunidades têm a oportunidade de estabelecer contratos de parcerias com os investidores através da combinação do DUAT e da licença de exploração. Em troca, as comunidades beneficiam de emprego, serviços sociais, e 20% sobre os impostos cobrados pelo Estado sobre as actividades comerciais do investidor. É um passo em frente, mas os ganhos para as comunidades ainda são insignificantes e nem todos os investidores cumprim esses contratos. A legislação do sub-sector do açúcar lida mais com questões de tributação e isenções, mas algumas plantas têm contratos de exploração com os pequenos agricultores – os então chamados fomentados que recebem insumos, assistência técnica, irrigação e outros serviços, a fim de produzir açúcar para depois vender-lo para a usina de açúcar. Os esquemas de fomento de pequeno porte são muito limitados em termos de esperteza territorial, considerando que eles estão confinados às áreas onde as usinas de açúcar poucos estão localizadas, mas a experiência é muito importante e deve ser replicada em outros sub-sectores. Dada a sua especificidade, o sub-sector do algodão tem duas partes principais da legislação, sendo o Decreto sobre Cultivo, Comercialização e Processamento de Algodão em Moçambique133, e o Regulamento do Sub-Sector do Algodão134. O Decreto sobre Cultivo, Comercialização e Processamento de Algodão fornece o quadro legal geral para a produção, comercialização e processamento. O regulamento do Sub-Sector do Algodão descreve que intervenientes do agronegócio estão no sub-sector do algodão, incluindo os pequenos produtores do sector familiar, bem como o Instituto de Algodão de Moçambique (IAM).135 É no Regulamento Ministerial onde o conteúdo dos contratos mantidos entre os diversos atores são prescritos e os contratos devem ser certificados pelo IAM - nenhumas alterações podem ser feitas sobre esses contratos sem a aprovação do IAM. Os principais actores neste contrato de agricultura são os pequenos produtores (não produtores autônomos) e as concessionárias - actores no sector do algodão que possuem uma ou mais fábricas e assinaram um contrato com o Estado, a fim de promover a produção de algodão. A concessão consiste em uma área geográfica onde a concessionária assina contratos com os pequenos agricultores através do qual a concessionária suporta os pequenos produtores na preparação da terra e cultivo; fornecimento de insumos, e através de assistência técnica. Estes insumos são, então, deduzidos do preço do algodão, que o pequeno produtor é obrigado, pelo contrato, a vender apenas para a concessionária. Fracasso na venda para a concessionária resultaria em uma multa. De acordo com o IAM, as concessionárias no sub-sector do algodão são uma medida de transição como a formulação de uma estratégia de revitalização do sub-sector está em andamento. As concessionárias pretendem, entretanto, preencher a lacuna na oferta de crédito e insumos. A nova estratégia vai liberalizar o sector e os novos intervenientes serão introduzidos, como os Provedores da Comunidade de insumos, que consiste principalmente em operadores de loja rural. Entretanto, no passado estes costumavam desempenhar um papel muito importante no fornecimento de insumos e assistência técnica aos produtores. A liberalização vai afectar a política de preços mínimos e vai expor os produtores a negociações com os compradores, onde o uso de contratos (incluindo "Contratos a prazo") será importante. 131 132 Artigo nº 16 da Lei n º. 11/99, aprovada em 7 de Julho Artigo 20 e seguinte. Decreto n º. 8 / 91, aprovado na 23 de abril, publicado no Suplemento do Diário Oficial n º. 16, I Série Aprovado pelo Diploma Ministerial n º. 91/94, em 29 de julho (Ministério da Agricultura), publicado no Diário Oficial n º. 26, Série I. 135 Entidade estatal que supervisiona o sub-sector do algodão. 133 134 168 Actualmente, o preço mínimo por tipo de algodão é determinado em um fórum tri-partido (governo, produtores e concessionárias) antes do início de cada campanha. Pequenos produtores reclamam que a maioria das vezes o preço não compensa a quantidade de trabalho e insumos que a cultura de algodão exige, e ainda os contratos agrícolas no sub-sector do algodão (e em todos os outros sub- sectores) são contratos de adesão - os termos e condições estabelecidos pelas concessionárias não são negociáveis. Tudo que um pequeno produtor tem que fazer é assinar o contrato, uma vez que é apresentado pela concessionária. De facto, tanto os produtores e as concessionárias concordam que tanto o sistema de concessões e de preço mínimo nem sempre funcionam para o benefício dos produtores em anos (como 2011) de alta demanda de algodão no mercado internacional e baixa oferta. Mas funciona para os pequenos produtores em anos de boa oferta e demanda baixa, quando os produtores têm um monte de algodão e há um preço garantido (mínimo) e mercado (as concessionárias). No caso da campanha de 2010/2011, que parece ser um dilema para o governo, uma vez que detém a responsabilidade de proteger delicados pequenos agricultores contra a exploração. Contratos agrícolas também tem funcionado como uma alternativa para o banco de crédito (e microfinanças) que é insignificante para a agricultura. O ponto é que as instituições financeiras só dão crédito, se o credor tiver garantias reais. Banco Terra (um banco de desenvolvimento rural) está chegando com uma forma inovadora de lidar com a questão de garantias. No Chókwè, província de Gaza, o banco assinou um contrato pelo qual MIA-Mozfoods136 será intermediário de crédito para os produtores locais através do Contrato de Garantia de Compra da sua produção por MIA. Por exemplo, o processador de arroz vai assinar um contrato com os produtores obrigando-se a comprar seus produtos. Este contrato servirá como garantia para o Banco Terra conceder crédito para os produtores com juros mais baixos do que estabelecido pelo Banco Central. Por este contrato, MIA também é obrigado a depositar uma garantia simbólica com o banco. Esta iniciativa exclui os produtores com registos no Bureau Central de Risco. O contrato de garantia de compra a ser introduzido por MIA e aceito pelo Banco Terra é mais parecido com um Contrato a Prazo - muito comum no agronegócio. Como muitos outros contratos (leasing, seguros, etc), no entanto, os produtores Moçambicanos, processadores, e os bancos não estão a explorar as oportunidades oferecidas pela legislação comercial, a fim de melhorar seus negócios. O sub-sector do tabaco tem o seu próprio regulamento - o Regulamento sobre Fomento, Produção e Comercialização do Tabaco137, que é, em tudo, semelhante ao Diploma Ministerial nr. 91/94, no subsector do algodão. O endosso de contratos entre produtores do tabaco é feito pelo Departamento Provincial da Agricultura, e uma inovação neste processo é que o contrato inclui uma cláusula de Arbitragem. As Comissões de Arbitragem são definidas nas áreas de agricultura que parece facilitar a resolução de disputas. No entanto, a composição das comissões podem ser problemáticas e até mesmo imparciais, uma vez que inclui representantes de: a) O governo provincial/distrital (presidente ); b) cada classe de produtor; c) processadores, d) autoridades comunitárias; e) inspector que vem do Ministério da Agricultura. Eles são nomeados pelo Governador/Administrador, após a consulta com o director provincial/distrital do departamento da agricultura. Uma vez que tanto o Governador e Administrador são nomeados políticos torna-se difícil dividir entre a política e a justiça, mas uma análise mais aprofundada sobre o assunto está na secção de apoio às instituições. A comercialização da castanha de caju no sub-sector tem um regulamento aprovado por decreto138, que é mais sobre a classificação das diferentes qualidades de castanha de caju e define algumas regras sobre a Processador de sementes de arroz Aprovado pelo Diploma Ministerial n º. 176/2001, sobre o 28 de novembro (Ministério da Agricultura). 138 Decreto n º. 33/2003, aprovado em 19 de Agosto. 136 137 169 sua exportação. Os operadores não assinam contratos agrícolas uma vez que a produção por sector familiar e de outros pequenos produtores não recebe insumos. Não há concessões neste sub-sector - é completamente liberalizado. A castanha de caju é um produto altamente competitivo e o preço é determinado pelo mercado. Os comerciantes do sub-sector da castanha de caju gostariam de ver a Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional (USAID) retomar com o fundo de garantia que permitiu que a indústria de castanha de caju fosse mais competitivo. Apenas os trabalhadores permanentes formal no agronegócio são empregados nos termos dos contratos formais e, normalmente, apenas em grandes empresas. Os trabalhadores temporários (sazonais) não têm contratos. Embora revistos em 2007, a Lei do Trabalho continua a impor condições desfavoráveis aos empregadores sempre que querem despedir um trabalhador. A maior parte das vezes os tribunais decidim a favor dos trabalhadores, e as compensações são muito elevadas. Por outro lado, é difícil assinar contratos de trabalho porque o trabalho sazonal é muito inconsistente com o absentismo que variam de 50% durante a época de plantio. Grande parte deste absentismo é impulsionado por necessidades dos agricultores para cuidar de seus próprios lotes de terra. A criação da Mediação do Trabalho e Conselhos de Arbitragem (melhor discutido na seção deste capítulo sobre as instituições de execução) pode incentivar os empregadores a utilização de contratos formais com todos os funcionários do agronegócio, até mesmo quando não há contratos formais, os casos são tratados legalmente como se houvesse um contrato formal e o trabalhador é favorecido. Assim, além dos mecanismos informais de cumprimento de contratos, que são os mais utilizados pela maioria da população do país, existe legislação suficiente para cumprimento de contratos. Não é por causa da legislação insuficiente ou inadequada que as pessoas não estão usando contratos formais. Pelo contrário, é devido a normas culturais e as altas taxas de analfabetismo. Como para a comercialização de mercadorias, há uma necessidade de harmonizar a legislação relevante existente e adaptá-la à realidade no campo. Por exemplo, o regulamento sobre a comercialização de algodão precisa ser mais detalhada, pois é como o regulamento sobre a comercialização de tabaco. Embora a Lei Aduaneira respeite as práticas locais, tem que ser melhorada a fim de cumprir com o CRM e leis ordinárias, já que as leis formais estão acima de qualquer outro sistema de leis. É importante ressaltar que Moçambique deu passos significativos para melhorar a sua legislação comercial, aderindo aos instrumentos internacionais, tais como a Convenção de Nova Iorque e a Convenção de Washington, e conformando a sua legislação comercial ADR com a Lei Modelo da UNCITRAL em Arbitragem Comercial Internacional. 170 8.3 INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO Na pirâmide institucional, os tribunais Judiciários aparecem no topo. Os tribunais são estabelecidos pela Lei Orgânica Judiciária 139 e sua decisão é obrigatória para todos os cidadãos e vai prevalecer sobre as decisões de qualquer outra autoridade.140 Isso reforça o princípio pelo qual "Os órgãos de soberania estão estabelecidos nos princípios da separação e interdependência de poderes consagrados na Constituição e devem obediência à Constituição e as Leis.”141 INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO CHAVE • Tribunais (judiciais e comunitários) • IPAJ • ADR (empresas, trabalho, tobaco mercadoria) a) CACM (disputas comerciais) b) COMAL (disputas laborais) c) Comissões de Arbitragem (comercialização de tabaco) Os tribunais judiciais são organizados de acordo com Lei Orgânica Judiciário, como segue: Tribunal Supremo Tribunal Superior de Recurso Tribunais Judiciário Provincial 142 Tribunais Judiciário Distrital Sempre que se justifique os tribunais especializados podem ser estabelecidos Nas capitais provinciais, os tribunais distritais com competência podem ser estabelecidos quando o volume e a complexidade da actividade judicial ou outras circunstâncias o justifiquem. O funcionamento dos tribunais judiciais e criação de secções, são da decisão do Presidente do Tribunal Supremo, sob proposta do Conselho Superior da Magistratura. As secções mais comuns nos tribunais Moçambicanos são civis e criminais. Só nos últimos anos o Tribunal Judiciário da Cidade de Maputo estabeleceu duas seções comerciais, uma das quais até 2010 estava funcionando como secção civil, mas trabalhando normalmente como secção comercial. Os Tribunais Judiciários Provinciais de Sofala e Nampula também tem cada um, um sector comercial. A criação de secções comerciais nos Tribunais Judiciários na cidade de Maputo e Provincias de Sofala e Nampula tem sido motivadas pelo número de disputas comerciais nesses tribunais. Juízes profissionais possuem um diploma universitário (4-5 anos de formação em direito). Desde os anos 1900 eles recebem formação Judiciária e legal mais especializada no Centro de Formação Jurídica e Judiciária. Os juízes profissionais são apoiados por juízes eleitos cuja intervenção se limita a aspectos factuais e não tem qualquer intervenção em questões técnicas. Ao introduzir o número do juiz eleito, o legislador tinha em vista a diversidade na sociedade Moçambicana. Estes juízes são muito úteis para os profissionais que, em muitos casos, não estão familiarizados com as tradições e costumes locais. A nomeação de 139. Lei n º. 24/2007, aprovado em 20 de Agosto, publicado no Suplemento do Diário Oficialn º. 33, Série I. 140. Artigo 15, Lei n º. 24/2007 (T.A.). 141. Artigo 134, CRM (Tradução de Mozlegal). 142. A Cidade de Maputo detém o status de uma província. Assim, a Cidade de MaputoJudiciário Tribunal é igual a um Tribunal Judicial Provincial. 171 juízes seguem um processo transparente, já que eles são nomeados dentro do sistema judiciário, sem interferência de outros cargos públicos, isto é, os juízes profissionais são nomeados e inaugurado por seus pares. A exceção é o Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Supremo, que está sendo proposto pelo seu/seus colegas (do Conselho Superior da Magistratura), é inaugurada pelo Chefe de Estado. As duas posições estão sujeitas a aprovação pelo Parlamento. A Associação Moçambicana de Advogados diz respeito ao sistema judiciário como corruptos. A afirmação foi feita pelo Presidente, por ocasião da abertura do ano judiciário em 1 de Março de 2011. Todavia, os operadores do agronegócio entrevistados não tem certeza sobre este fenômeno em tribunais. Agronegócios estão mais preocupados com os atrasos na resolução de casos comerciais, que eles acreditam que deveria ter um tratamento diferenciado nos tribunais por causa de sua natureza. Outro aspecto de preocupação são as taxas cobradas pelos tribunais e os advogados, que, por vezes, tornam impossível para um empresário utilizar os serviços do tribunal. Os empresários vão mais longe, dizendo que mesmo naqueles casos em que o tribunal decide a seu favor, a execução da decisão é ainda mais difícil e cara, e a recompensa esperada em troca não vale a pena o tempo e quantidade total pago ao tribunal e advogados. Para aqueles no agronegócio, os tribunais formais não estão operacionais na maioria dos distritos onde seus negócios ocorrem, ou se os tribunais (edifícios) estão lá, o pessoal não é adequado. Por exemplo, pode haver um juiz, mas não um representante do Procurador-Geral, nem um paralegal ou mesmo um advogado, em um país onde é legalmente obrigatório ter um defensor no tribunal. A implantação não harmoniosa do sistema legal e judiciário é devido ao facto de que a maioria dos recursos são fornecidos pelos doadores com interesses específicos - alguns estão interessados na construção de tribunais, outros na assistência às IPAJ ou ao Procurador Geral. Assim torna-se uma questão de qual instituição recebe primeiros recursos para se instalar no distrito. Até agora a experiência com as secções operacionais comercial em Maputo, Sofala e Nampula é promissora, porque eles estão ajudando a reduzir os atrasos para julgar casos comerciais, tendo procedimentos simplificados em que os tribunais judiciários normais. Mas os desafios são muito significativos porque as secções comerciais exigem juízes especializados. Actualmente, os juízes para estas secções são nomeados de acordo com sua experiência em servir em tribunais comuns - de preferência os nomeados têm servido em um tribunal distrital, tratando casos comerciais de pequenos valores. Os juízes também beneficiam de uma formação adicional e estágios em tribunais ou seções comerciais estrangeiros. O sistema judiciário no nível mais baixo é apoiada por tribunais comunitários, anteriormente designado Tribunais Popular. Esses tribunais funcionam com membros eleitos por entidades representativas locais. Qualquer cidadão nacional com idade não inferior a 25 anos pode ser um membro de um tribunal comunitário. Os "juízes" não têm formação em direito, mas mais recentemente o Centro de Formação Jurídica e Judiciária iniciou cursos de curta duração para treinar os membros dos tribunais comunitários que foram eleitos há mais de duas décadas atrás. Os tribunais comunitários são muito importantes no tratamento de micro-casos, que não necessitam de aplicação de técnicas jurídicas. Na sua actividade os “juízes” usam “... bom senso e equidade, a informalidade ... discurso oral priorizando e atendendo aos valores sociais e culturais existentes na sociedade Moçambicana, com o respeito à constituição143”. Em muitos casos, as decisões feitas nesses tribunais não conseguem incorporar aspectos da igualdade entre homens e mulheres consagrados na Constituição e leis ordinárias. Como estas decisões não seguem os padrões técnicos, sociais, políticos e status económico também são influentes no processo de tomada a decisão final. 143. Artigo 5 º, Lei n º. 24/2007, aprovado a 29 de Agosto. 172 Pequenas e Médias empresas de agronegócio raramente contam com os tribunais comunitários (isto é, esses tribunais não podem responder às suas necessidades). A jurisdição dos tribunais comunitários é limitada a pequenos conflitos de natureza civil e assuntos surgem das relações de família que resultam de casamentos de acordo com usos e costumes locais. Neste procedimento informal, os tribunais comunitários vão procurar a reconciliação. A decisão dos tribunais comunitários é encaminhada ao tribunal judicial distrital no caso de haver interposto recurso contra a decisão do tribunal comunitário. . O Centro de Apoio Jurídico e Judiciário (IPAJ) é uma entidade oficial que oferece assistência jurídica gratuita a pessoas desfavorecidas, pois como mencionado acima, a representação por um réu no tribunal é obrigatória. IPAJ tem vindo a expandir-se muito rapidamente e às vezes para zonas remotas onde não há juiz, nem Representante Geral dos Advogados. A comunidade de doadores tem sido muito generosa e solidária com IPAJ por causa do potencial papel na extensão de justiça para as pessoas mais pobres. Os paralegais são na sua maioria estudantes de direito, mas uma vez que eles concluem seus estudos, são licenciados como advogados, e tem uma experiência significativa, que muitas vezes deixam IPAJ para empregos assalariados mais atraente. Em alguns casos, os paralegais são acusados de cobrar taxas ilegais e de envolvimento em esquemas de corrupção com os juízes. No entanto, isso não deve lançar uma sombra negativa sobre o papel atual e potencial que o IPAJ pode desempenhar na execução de contratos no agronegócio, especialmente em zonas rurais, onde há uma enorme necessidade de advogados. Resolução Alternativa de Litígios (ADR- Alternative Dispute Resolution). O Mecanismo de ADR surgiu para aliviar tribunais Judiciários em termos de casos comerciais e mais recentemente, no domínio da resolução de litígios laborais. A face mais visível da ADR é o Centro de Arbitragem para Conciliação e Mediação (CACM) iniciada pela Associação de Confederação das Empresas (CTA- Confederation of Business Associations). CACM foi criado em Fevereiro de 2001 e tornou-se oficialmente operacional em Março de 2002 como uma entidade de justiça privada. Fora do Poder Judiciário do Estado, oferece resolução mais rápida e definitiva dos casos comerciais do que os tribunais judiciários. Apenas em algumas situações muito especiais (prescritos na Lei de Arbitragem) pode ser apelada. Outra vantagem é que as partes em litígio têm a liberdade de escolher os árbitros. Os árbitros, em seguida, chegam a um acordo sobre um terceiro árbitro, que é o presidente da sessão. Economia e celeridade, bem como a confidencialidade, são outras características do Centro. Os árbitros recebem treinamento fornecido pelo CACM e são especializados em certas áreas de negócio, permitindo-lhes lidar com casos com o conhecimento aprofundado. Os investidores estrangeiros parecem contar com o CACM, uma vez que permanece pela Organização das Nações Unidas sobre a Lei do Comércio Transfronteiriço (UNCITRAL) e Regulamento de Arbitragem. No entanto, em muitos casos, quando as partes esboçam o acordado, os investidores estrangeiros não têm idéia de como o MCCA opera e vai preferir um fórum estrangeiros como seus ADR. Os sindicatos, o sector privado e o governo, inspirado pela experiência de MCCA e da Comissão Consultiva do Trabalho, decidiram instituir a Mediação do Trabalho e Comissão de Arbitragem (COMAL),144 que está em processo de criação de centros de mediação e arbitragem nas províncias e está se expandindo muito rapidamente.. 144. Aprovado pelo Decreto n º. 50/2009, de 11 de Setembro, publicados no suplemento 2 ao Boletim Oficial nº. 38, Série I. 173 A única experiência do ADR no agronegócio são as Comissões de Arbitragem 145 que são estabelecidos em cada distrito ou província onde o tabaco é produzido para resolver disputas, principalmente entre os agricultores e produtores. Há imensos desafios para a ADR desempenhar um papel significativo no cumprimento de contratos do agronegócio como o MCCA está apenas a funcionar na Cidade de Maputo e também serve à Província de Maputo, com um grande esforço estabelece um escritório na Cidade da Beira. A sede na Cidade de Maputo parece estar enfrentando dificuldades já que é essencialmente dependente do financiamento dos doadores. Portanto, é improvável que vejamos o MCCA nos distritos agrícolas. COMAL lida com conflitos laborais e, provavelmente, constituem uma alternativa real nos conflitos laborais do agronegócio. Além da prestação de assistência jurídica às pessoas carentes, IPAJ parece ser a instituição mais privilegiada para levar a cabo a educação cívica, uma vez que encoraja os indivíduos e instituições atuantes no agronegócio a utilizar contratos formais em suas transacções e relacionamentos. O sistema judiciário é encorajado a continuar com a expansão de secções comerciais mais províncias e distritos e de introduzir reformas nos procedimentos para incluir a conciliação em casos comerciais. No entanto, se um juiz deve tentar se aproximar de ambas as partes antes de um caso ser levado a julgamento, o juiz de conciliação não deve fazer parte do júri. O mais importante é a formação especializada, além de estágios e intercâmbios. Os tribunais judiciários e ADR não podem substituir o papel previsto pelos tribunais comunitários e AMETRAMO dado que o sistema formal não cobre uma grande parte do país. Mesmo na cidade de Maputo e arredores, com acesso a advogados e juízes, as pessoas vão confiar nas decisões da AMETRAMO, em vez das decisões dos tribunais. Torna-se, portanto, importante incentivar medidas como a formação dos membros dos tribunais comunitários e sensibilizar a população - que fará o processo nestes tribunais estar em conformidade com a constituição de moçambique e todas as leis constitucionais para garantir igualdade de tratamento para homens e mulheres em todos os esferas da vida política, económica, social e cultural;146 e para evitar divisões ou situações de privilégio ou discriminação baseada em raça, cor, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, nível de instrução, posição social, capacidade física ou mental, estado civil dos pais, de preferência político ou profissional.147 8.4 INSTITUIÇÕES DE APOIO Várias instituições de apoio intervem no cumprimento dos contratos, mas os mais importantes são as associações empresariais, representados pela Confederação Moçambicanas de Associação Económica (CTA). Na verdade, foi dentro da CTA, onde a idéia de estabelecer CACM nasceu. A CTA é um dos membros do CACM e tem a responsabilidade de incentivar seus membros na utilização de contratos formais e dá preferência a ADR. INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO CHAVE • Tribunais (judiciais e comunitários) • IPAJ • ADR (empresas, trabalho, tobaco mercadoria) d) CACM (disputas comerciais) e) COMAL (disputas laborais) f) Comissões de Arbitragem (comercialização de tabaco) 145. Artigo 19 e seguintes do Regulamento da Produção de Fomento e Comercialização do Tabaco, aprovada pelo Diploma Ministerial n º. 176/2001 de 28 de Novembro. 146 Artigo 36 CRM 147. Artigo 39, idem. 174 Associações profissionais incluem a Ordem de Advogados de Moçambique (OAM), a Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), e os sindicatos, representados pela Organização dos Trabalhadores de Moçambique-Central União (OTM-Central Sindical). Seu papel não deve ser limitado apenas à resolução disputas, mas deve ser estendido para educar os actores no agronegócio já que eles são os que lidam directamente com os actores, particularmente no caso da AMETRAMO, que é mais enraizadas nas comunidades - inclusive no meio urbano. A Associação de Agricultores, e cooperativas também são um actor importante, particularmente na agricultura por contrato e crédito, onde muitas vezes as relações contratuais entre as instituições financeiras/empresas do agronegócio e camponeses são rompidas. Praticar a lei é muito importantes na técnica de aconselhamento de seus clientes a utilizar contratos formais e incluem a cláusula importante da arbitragem, bem como para aconselhá-los sobre o melhor fórum ADR em caso de litígio. Há rumores de esquemas de corrupção envolvendo advogados e juízes, através da qual o infractor paga um suborno que é compartilhada entre o advogado da vítima, o juiz, e advogado do agressor. Então o caso é julgado a favor do infractor, ou os três decidem sobre atrasos, que são autorizados pelo juiz subornado do caso. Notários - que também pode ser considerados como uma instituição de apoio viram seu papel reduzir nos últimos anos no que diz respeito ao cumprimento dos contratos. Não é mais obrigatório reconhecer contratos, embora partes contratantes podem acordar em fazê-lo. Notários são importantes na certificação do contrato de sociedade - constituição de uma empresa (incluindo o agronegócio); eles intervêm em banco de crédito hipotecário, e nos contratos de venda (com transferência de propriedade), onde há registo de propriedade (em geral, edifícios, veículos e equipamentos - incluindo agrícolas). Há casos em que a propriedade é transferida ilegalmente através de esquemas de corrupção. Por exemplo, o contrato para vender a propriedade requer a presença de ambos comprador e vendedor para assinatura, mas em alguns casos, o negócio é concluído mesmo sem o conhecimento do vendedor. A resolução leva tempo no tribunal e está sujeito a atrasos injustos e esquemas de corrupção. As Faculdades de Direito são um factor importante. Algumas já introduziram graus específicos sobre direito empresarial, direito comercial e internacional, e cursos de formação de curta duração sobre contratos. Se continuado, estes esforços conduzirão à existência de advogados especializados em direito comercial e, automaticamente resultará em formação de juízes em direito comercial. Os cursos de formação de curta duração são muito importantes tanto para profissionais e pessoas de negócios. No entanto, existe a necessidade de pressionar o governo e mídia para que o uso de contratos formais e sua importância sejam vistos como uma necessidade para o desenvolvimento económico. Outras importantes instituições de apoio são as autoridades locais, o Ministério do Trabalho e o Ministério da Agricultura na negociação de preço mínimo para os produtos (autoridades locais e Ministério da Agricultura), bem como no cumprimento dos contratos quando as empresas do agronegócio rompem os contratos com os agricultores ou com trabalhadores, neste caso, o Ministério do Trabalho. Para além do papel educacional que as instituições de apoio devem desempenhar no cumprimento de contratos, torna-se relevante que eles também sejam responáveis pelo combate à corrupção. 8.5 DINÂMICAS SOCIAIS A cadeia do agronegócio de Moçambique - desde a produção até os mercados - é dominado por contratos informais (oral) e regimes de apoio mútuo. É mais uma questão cultural e não apenas a cobertura territorial baixa do sistema judiciário ou a elevada taxa de analfabetismo, embora seja 175 desejável e urgente que Moçambique melhore a cobertura territorial pelo sistema judiciário e elimina o analfabetismo até o ano 2015.148 Estes contratos são celebrados, na crença de que as partes respeitem as suas obrigações. É claro que, por muitas razões, as partes nem sempre são capazes de cumprir com as suas obrigações, e depois o litígio aumenta. Uma razão interessante sugerida para o pouco uso de contratos formais escritos é que Moçambique só tem "grande" e "pequenos" intervenientes no agronegócio. O agronegócio de tamanho médio é feito por não-profissionais que não sentem necessidade de recorrer a contratos, porque o agronegócio é apenas um hobby nos fins de semana. De facto, algumas elites da Cidade de Maputo têm fazendas onde passam fins de semana fazendo agricultura, mas eles nunca vendem os seus produtos. Seus produtos são muitas vezes presentes para amigos ou empregados, ou utilizado como ração animal. Então, eles não funcionam como "conectores" com os produtores grandes e pequenos, o que iria contribuir para a criação de mais dinâmica no agronegócio e levar à assinatura de contratos formais no sector. Mas na dinâmica social é mais importante observar que nas zonas rurais de Moçambique (e até mesmo nas zonas urbanas), em caso de litígio, as partes preferem resolver as controvérsias, recorrendo aos tribunais, quer da comunidade ou mecanismos informais – associações de camponeses, AMETRAMO, autoridades locais, autoridades religiosas, etc. É aqui onde a sua cultura está enraizada, é o que a maioria deles acredita. Na verdade, é mais provável que a decisão do curandeiro é mais implementada do que aquela ditada num tribunal judiciário. As pessoas acreditam que não aplicar a decisão do curandeiro irá trazer má sorte nos negócios ou em toda a sua vida. Como apontado acima, essas decisões não são profissionais e não podem ser baseadas em princípios de justiça. No entanto, essas são as práticas aceites pela população rural e por muitos dos envolvidos no agronegócio. Portanto, a expansão do sistema judiciário para as áreas rurais tem de ser cuidadosamente conduzidas, como o julgamento dos litígios é também uma questão de poder, além de ser uma fonte de renda. Reformas modernas nos sistemas tradicionais de contratação e cumprimento devem ser introduzidas. Os principais intervenientes tradicionais, tanto quanto possível, devem estar envolvidos e não apenas serem substituídos por novos juízes educados, como aqueles que não podem ter legitimidade. Um exemplo onde há necessidade de integrar os costumes tradicionais e modernos é o sistema de registo civil. Apesar de registo civil ter sido estendido para as maternidades, os recém-nascidos não podem ser registados até o seu nome for dado por um curandeiro tradicional. Se a integração dos costumes não é cuidadosamente examinado, todos os esforços e os recursos serão em vão. No cumprimento de contratos é importante ter uma combinação de contratação informal e formal, bem como uma combinação de mecanismos de resolução de litígio moderno e tradicional, enquanto o país investe na educação dos seus cidadãos. É um projecto a longo prazo, mas vale a pena perseguir. É um esforço mais abrangente na reforma do Judiciário, os sistemas tradicionais de justiça, e do quadro legal. Isso irá requerer educar as pessoas de negócios e instituições, bancos e instituições de micro finanças, e as pessoas como um todo sobre a importância de contratos formais e escritos. 148. Uma das Metas de Desenvolvimento do Milênio com a qual Moçambique está altamente comprometida. 176 8.6 RECOMENDAÇÕES ATRAVÉS DE UMA REVISÃO LIMITADA DE DADOS JURISDICIONAIS EXISTENTES, MELHORAR A COMPREENSÃO DOS TIPOS DE CONTRATOS USADOS NA AGRICULTURA – TRANSACÇÕES RELACIONADAS E CIRCUNSTÂNCIAS DO CUMPRIMENTO Além da conscientização geral de que o uso de contratos formais no sector agrícola é escassa, há muito poucos dados sobre os casos em que os contratos são realmente utilizados, incluindo, as taxas de inadimplência, as condições em que é pedida a execução, e outros aspectos-chave de contratação. Essas informações seriam úteis para uma melhor compreensão de como a contratação pode ser reforçada como uma fonte de confiança na lei e como um alicerce para o crescimento económico.149 Uma pesquisa simples de um tribunal inferior em uma zona rural, identificando exemplos de disputas contratuais e entrevistando pessoas sobre suas experiências respectivas, iria fornecer orientações consideráveis para melhorar a compreensão do ambiente para os contratos agrícolas em geral. PRODUZIR E DISTRIBUIR UM GUIÃO SIMPLES PARA AS LEIS DE CONTRATAÇÃO, COBRANÇA E CUMPRIMENTO NO SECTOR AGRÍCOLA A capacidade de criar e fazer cumprir os contratos sob uma estrutura clara e consistente legal é um componente crítico do crescimento económico. Onde há expectativa generalizada de que os acordos livremente celebrados entre empresas ou indivíduos estarão sujeitos ao cumprimento, por um tribunal ou outro tribunal, um mercado pode ser transformado. A saber, o que antes era mera esperança para o desempenho com base em uma relação pessoal ou insinuações vagas torna-se uma expectativa legítima de entrega. Quando os parceiros de negócios são, de facto necessários para fazer o que eles disseram que iriam fazer - pagar o dinheiro, entrega de mercadorias, prestação de serviços, e assim por diante - o risco diminui e os destinatários de uma promessa podem planejar melhor para o futuro. Com diminuição do risco, o custo de fazer negócio baixa, elevando as perspectivas do sector privado com fins lucrativos. Assim, reforçar o uso de contratos em Moçambique não se limita a um melhor acesso às leis do contrato em si, mas também para melhorar o conhecimento prático entre os indivíduos com maior probabilidade de se beneficiarem do uso de contratos. Um guia prático para os contratos agrícolas deve primeiro enfatizar porque os contratos são importantes, e, em seguida, explicar os detalhes de cumprimento, particularmente quando a garantia está envolvida. O simples guia deve ser acompanhado de treinamento para os grupos afectados, incluindo aqueles que são activos em associações de agricultores ou outros grupos sectoriais. Isto pode ser feito através das empresas e associações sectoriais. Além de oferecer assistência jurídica a pessoas carentes, IPAJ parece ser a instituição mais privilegiada para a realização de educação cívica para incentivar as pessoas e instituições actuantes no agronegócio a utilizar contratos formais em suas transacções e relacionamentos. Além disso, o papel das associações económicas e profissionais não só deve ser limitado à resolução de litígios, mas estendido para educar os atores no agronegócio como eles são os que lidam directamente com os atores e, no caso da AMETRAMO, está mais enraizado nas comunidades - inclusive no meio urbano, e CTA mais enraizada no sector empresarial. 149. Consultar Banco Mundial, Doing Business 2007, How to Reform (2006) em 49 (discutindo questões económicas que surgem de sistemas melhorados de cumprimento de contratos). 177 ANALISAR AS RESTRIÇÕES NA CONTRACTAÇÃO IMPOSTA PELAS LEIS ESPECÍFICAS PARA CULTURAS E OUTRA LEGISLAÇÃO AGRÍCOLA Há uma necessidade de harmonizar a legislação relevante existente sobre os produtos e adaptá-la à realidade no campo. Por exemplo, o regulamento sobre a comercialização de algodão precisa ser mais detalhado, da mesma maneira que o regulamento sobre a comercialização de tabaco. INCENTIVAR AS FACULDADES DE DIREITO PARA EXPANDIR A SUA INTEGRAÇÃO DE CONTRATOS E QUESTÕES AGRÍCOLAS EM GERAL EM SEUS CURRÍCULOS Advogados tendem a concordar que a qualidade dos contratos no sector da agricultura é pobre, quando existem. Não há informação suficiente ou detalhes sobre os respectivos riscos estabelecidos nos documentos. Assim, as faculdades de direito devem melhorar os seus contratos de ensino, exigindo que os alunos pratiquem elaboração de contratos e até mesmo a realização de audiências simulada sobre quebra de contrato. A capacitação deve abordar os tipos de contrato que possam surgir no sector agrícola, incluindo (a) a compra de insumos, incluindo sementes, fertilizantes e produtos químicos agrícolas por pequenos produtores individuais e/ou suas associações de produtores; (b) crédito fornecido por fornecedores de insumos, (c) a venda prévia de produtos agrícolas, e (d) transacções seguras, envolvendo equipamentos agrícolas móveis. A Ordem dos Advogados deveria ajudar a desenvolver sistemas para contratos formais, bem como treinar os advogados na construção melhorada de contratos escritos, em nome de seus clientes. Como observado no capítulo deste relatório sobre Contratação de Trabalhadores, embora alguns cursos relacionados são oferecidos, o currículo da lei das escolas de Moçambique actualmente não reflectem a medida em que a economia do país depende da agricultura. Um programa dedicado ao fortalecimento da consciência da agricultura entre os profissionais do país deve abordar estas questões, juntamente com circunstâncias semelhantes que estão presentes nos negócios e na educação bancária. Elementos de tais programas poderiam incluir o seguinte: Elementos do tal programa nas faculdades; Ensino em equipe de lei agrícola e aulas de negócio; Criação de um jornal que envolve temas como "lei da agricultura e de negócios", desenvolvido como uma iniciativa de vários professores da faculdade e Conferências académicas abordando temas chave na lei e na agricultura. DESENVOLVER E IMPLEMENTAR UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE LEI COMERCIAL PARA ADVOGADOS E JUÍZES NO MEIO RURAL Parte do fortalecimento do ambiente para o cumprimento dos contratos irão significativamente reforçar o entendimento de juristas sobre a natureza dos contratos e melhorar a administração judicial sobre casos comerciais. Um currículo lei comercial completo deve estar disponível e ser exigido por todos os juízes. O currículo deve ser criado na base de, tanto por questões locais e as estatísticas de resolução de casos e assim como por melhores práticas internacionais. Além disso, os advogados, através de suas associações, devem desenvolver sistemas para os contratos formais, bem como treinar os advogados na construção melhorada de contratos escritos, em nome de seus clientes. 178 9 ENCERRAMENTO DE EMPRESAS 9.1 INTRODUÇÃO Em uma economia eficiente onde os indivíduos e as empresas assumem riscos calculados, algumas empresas falharão. Um regime de insolvência150 efectiva leva em conta esta verdade, e fornece um método eficiente para redistribuir ativos com fraco desempenho em uma utilização mais eficaz. Um quadro de insolvência fornece um mecanismo formal para devedores com dificuldades para receber uma moratória temporária sobre as maiores acções de cobrança de dívidas para coordenar com os credores para um plano de reembolso, ou em última análise, liquidar os ativos e distribuir entre os devedores ao longo de uma agenda de reivindicações priorizadas. Na ausência de um processo de insolvência em funcionamento, as empresas de baixo desempenho tem pouca opção senão continuar a sua luta desesperada, ou simplesmente fechar as portas e ir embora. Os benefícios de um processo de insolvência eficaz têm um impacto significativo para as empresas. Ao estabelecer um processo ordenado para os credores recuperarem uma parte das dívidas pendentes, a lei de insolvência pode ajudar a abrir o fluxo de crédito para o sector privado, mitigando a perda de um credor em caso de insolvência. Quando uma lei de insolvência permite, também pode servir para estimular o investimento em sectores quando certas classes de investidores são prioridade dos créditos para os ativos de uma empresa insolvente. Mais do que um mero processo de liquidação das empresas, voluntária ou involuntariamente, uma boa lei de insolvência pode ajudar a incentivar o investimento em áreas inexploradas de uma economia. A partir de Agosto de 2011, o sistema legal de Moçambique não tem uma lei específica para a insolvência. O quadro legal de Moçambique relativo à insolvência melhorou significativamente em 2005, com a revisão e aprovação de dois principais instrumentos legais, a Lei Nº. 1/2005, de 27 de Dezembro e Lei Nº 9/2005, de 23 de Dezembro, que introduziu rectificações no Código de Processo Civil. Eles também integraram o Código Comercial em processo de falência e introduziram rectificações adicionais ao quadro regulamentar. Nos últimos anos, o crescimento do desenvolvimento do sector privado, juntamente com o dinamismo sócioeconómico, levantou novamente a necessidade de códigos de insolvência para responder às necessidades ditadas pela integração nos mercados regionais. A proposta de lei de insolvência foi elaborada já em 2007 e uma proposta renovada foi distribuída em 2009. O projecto tem recebido contribuições do sector privado local. Talvez influenciado pelo fraco desempenho de Moçambique na análise do Doing Business do Banco Mundial para Encerramento de Empresas (126 entre 183 países pesquisados), tem havido um crescente interesse em obter a lei aprovada. O Projecto SPEED da USAID está ajudando activamente com este esforço e em Junho de 2011 publicou 150 Ao longo deste relatório, os termos "falência" e "insolvência" são usados indistintamente para se referir ao estado em que uma empresa ou um indivíduo é incapaz de pagar suas dívidas, bem como o sistema formal de empregados e as leis desenvolvidas para fornecer uma determinada resolução deste estado. 179 uma importante análise do projecto de lei e os passos críticos que devem seguir a sua promulgação151, que projectos SPEED a ter lugar já no Outono de 2011. Mesmo na ausência de uma nova lei, o sistema de pontuação da AgCLIR coloca o Quadro Legal para Encerramento de empresas como a mais sólida área revista neste diagnóstico (embora ainda necessitando de melhoria significativa), enquanto Dinâmicas Sociais constitui a área mais fraca. 9.2 QUADRO LEGAL Os procedimentos complexos de falência de Moçambique estão enraizados desde a época colonial. Para lidar com o problema da falência, o Governo Português criou através do Decreto Nº 449/73, de 08 de Setembro uma Câmara de falência e insolvência com o objectivo de preparar os juízes e administradores nomeados pelo tribunal para gerir os negócios de empresas falidas e indivíduos insolventes. Até 2005, a lei do processo civil de Moçambique foi regulada pelo Código de Processo Civil, aprovado pelo Decreto - Lei Nº 44129 de 28 de Dezembro de 1961. O Código do Processo Civil também passou por várias mudanças aprovadas pelo: Decreto-Lei Nº 47.690, de 11 Maio de 1967, o Decreto-Lei Nº 323/70, de 11 de Julho; Lei Nº 8/92, de 6 de Maio; Decreto Nº 24/98, de 02 de Junho; Lei Nº 11/99, de 08 de Julho, e pela Lei Nº 10/2002, de 12 Março. Entre outras mudanças modestas feitas no CPC em 2001, foi a extensão da jurisdição em casos de falência e insolvência transfronteiriços de pessoas domiciliadas em Moçambique. O Código de Processo Civil parecia ultrapassado e não adaptado à realidade social e jurídica da economia do país e ambiente político. Suas regras não mostravam ter uma resposta eficiente, rápida e adequada exigida pelo actual quadro económico e de integração de Moçambique no maior espaços económicos multinacional. A guerra civil atraiu centenas de empresas públicas e privadas para um estado de falência, incluindo a morte de seus donos, e a destruição de seus bens. Embora muitas dessas empresas estão tecnicamente falidas, as declarações de falência relativamente poucas foram emitidas pelos tribunais. De acordo com o Departamento de Informação e Estatística do Tribunal Supremo, de 1999 a 2005, apenas 13 casos de falência e insolvência foram arquivados. Durante esse período, 16 casos chegaram a julgamento final. No final de 2005, 91 casos ficaram pendentes. Isso demonstra a complexidade do processo. O sistema estava gerando uma justiça lenta, incapacitado devido aos atrasos, e, assim, decisões inúteis. Havia uma necessidade de modernizar, melhorar e simplificar as regras do processo civil, a fim de contribuir para uma justiça mais célere e eficaz. A principal legislação vigente na falência e insolvência está contida nos Artigos 1135-1312 e 1313-1325 Artigos do Código Civil de Procedimentos rectificados pelo Decreto-Lei 1/2005, de 27 de Dezembro. Mas, uma nova lei específica com nova base filosófica em falências é necessária, não só porque a dinâmica económica exige, mas também porque os tribunais levam uma média de cinco anos para decidir sobre um caso de falência. Muito poucas reivindicações são feitas dado a morosidade do processo. Quando há necessidade de liquidação, é muito possível que, devido aos atrasos, a propriedade de uma empresa ou de bens para vender e pagar suas dívidas não mais estará lá. O Código Comercial, que remonta a 1888, não acompanhou a evolução do comércio dos últimos 100 anos. Esforços após a independência nacional, a fim de adaptar o Código Comercial à nova realidade económica, resultou em vários processos judiciais espalhados que eram difíceis de compreender e aplicar. 151 180 . USAID / SPEED, Revisão de 2009 Proposta de Lei de Insolvência de Negócios (Moçambique) (Junho 2011) O disposto no artigo 229 do LEIS-CHAVE novo Código Comercial estabelece as possíveis causas • Proposta de Lei de Insolvência (2009) para a dissolução de uma • Lei Nº 1/2005, de 27 de Dezembro –Introduz alterações ao empresa, incluindo: (a) uma código do processo civil em vigor desde 23 de Junho 2006. decisão tomada pelos accionistas, (b) a suspensão da • Lei Nº 2/2005, de 27 de Dezembro – Aprova o Código Comercial. sua actividade por um período superior a três anos, (c) devido • Lei Nº 9/2005, de 23 de Dezembro – Autoriza o Governo a a expiração de duração (d) não fazer rectificações no Processo do Código Civil. participar em qualquer • Lei Nº 10/2005, de 23 de Dezembro - Autoriza o Governo a actividade por um período fazer rectificações no Processo do Código Comercial. superior a 12 meses consecutivos, se disse que a • Lei Nº 11/2005, de 23 de Dezembro - Autoriza o Governo a aprovar o quadro legal para Registo Comercial e para actividade não está suspensa, estabelecer o Registo de Entidades Legais. nos termos estabelecidos no Código, (e) a decisão da • Decreto-Lei Nº 53/2005, de 22 de Dezembro – Estabelece a autoridade competente, quando Jurisdição Comercial a nível dos Tribunais Provinciais se depende da autoridade do • Lei Nº 11/99, de 9 de Julho - Arbitração, Conciliação e governo para operar; (f) a Mediação extinção do seu objecto, (g) ilegalidade ou impossibilidade superveniente de seu objecto se, no prazo de 45 dias, não houver mudança na sua missão, (h) se a partir de uma perspectiva de contabilidade o patrimônio líquido da empresa é inferior a metade da quantidade de capital social, (i) falência, (j) a fusão com outras empresas, e (l) decisão judicial determinando a sua dissolução. Qualquer credor ou Procurador tem o direito de solicitar ao tribunal uma declaração de dissolução da sociedade com base em qualquer dos factos acima, apesar de deliberação dos sócios a não reconhecer a dissolução. Um passo importante realizado para reformar o código comercial foi a criação de novos pontos comerciais no Tribunal Judicial Provincial, conforme estabelecido pelo Decreto Lei Nº 53/2005, de 22 de Dezembro. Há expectativas de que a nova proposta de Lei de Insolvências e Recuperação dos Agentes Económicos irá estabelecer disposições que vai simplificar os procedimentos de falência, profissionalizar a administração de falência e agilizar o papel dos juízes. A proposta de lei de Insolvências. Preparação de uma nova lei de Insolvências, que de forma sucinta enumera os procedimentos para reorganização ou de liquidação e de outra forma está de acordo com as melhores práticas internacionais, começou já em 2007, com uma proposta de lei em fase de conclusão em 2009. Uma discussão detalhada sobre a proposta de lei é apresentada em 11 de Junho de 2011publicada pelo projecto SPEED da USAID, intitulado Revisão da Proposta de Lei de Insolvência de Negócios (Moçambique) de 2009. Este é um documento importante que deveria ser a base para análise e acção sobre a proposta de lei, que provavelmente vai voltar ao Parlamento no segundo semestre de 2011. O documento também aponta que, se e quando a nova lei for promulgada, haverá necessidade considerável de divulgação para o sector privado, o sector financeiro, e ao público em geral, bem como considerável capacitação entre os juízes de Moçambique, administradores de insolvência e profissionais de apoio, tais como advogados, contabilistas e gerentes de negócios. Se aprovada, a nova lei se aplicará a todos os agentes económicos agindo na sua capacidade económica. Não se aplicará às empresas públicas e empresas de capitais exclusivamente públicos, instituições de crédito e sociedades financeiras, cooperativas de crédito, fundos de pensão, empresas que operam nos planos de saúde, seguradoras, sociedades de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas. A empresa espera aumentar a eficiência económica com base nos seguintes princípios: (a) preservar e recuperar os bens económicos, (b) retirar do mercado os ativos não recuperáveis (c) proteger os 181 trabalhadores, (d) garantir a segurança jurídica, ( e) assegurar a participação activa dos credores (g) maximizar o valor dos ativos insolventes, e (h) reduzir os custos financeiros. A proposta de lei propõe substituir as palavras "falência" e "falido", com expressões como "insolvência" e "insolvente", que são menos estigmatizadas pelo sistema social e legal. Os artigos 26 à 29 propõe a introdução de um novo corpo de insolvência e de recuperação - o Comitê de Credores - composto por três membros e três suplentes, representando cada classe de credores (credores trabalhistas, credores com garantias, e os credores comuns). O funcionamento deste órgão vai fornecer, juntamente com a participação na reunião de credores em geral, uma maior participação dos credores no processo de falência, uma vez que o comitê tem poder de fiscalização para fazer pedidos ou recomendações. Ao estender os poderes do administrador, o comitê irá, simultaneamente, reduzir o poder dos juízes no processo. No futuro, os juízes, em última análise só tem que aprovar ou rejeitar as decisões destes comités. A proposta de insolvência propõe também a introdução do IRJ - Instituto de Recuperação Judicial para ajudar a superar os problemas económicos ou financeiros dos devedores, desde que (i) esteja em vigor há mais de 12 meses, (b) não sejam insolventes ou se foram, que tenham as suas responsabilidades financeiras declaradas nulo pelo tribunal, (c) não tenham, nos últimos dois anos, obtido a concessão para a falência, e (d) não tenham sido condenados ou não tenham nenhum administrador ou accionista dominante condenado por crimes de falência. A nova Proposta de Lei de Insolvências e Recuperação dos Agentes Económicos propõe que todos aqueles que estejam em uma situação de insolvência ou falência, mas inelegível pelo Tribunal recebam uma recuperação judicial, para terem uma oportunidade de usar procedimentos de arbitragem nos termos da Lei de Arbitragem, Conciliação e Mediação (Lei Nº 11/99, de 08 de Julho). Estes procedimentos extra-judiciais permitirão ao devedor para negociar directamente com os credores um plano de recuperação sob as regras previstas nesta Lei, como um meio alternativo de resolução de conflitos. Espera-se também que este projecto de lei introduza inovações sobre o conjunto de causas para declarar insolvência, tais como: (a) falta de pagamento, sem qualquer razão legal justificável, de qualquer obrigação líquida contida em títulos Executivos e (b) prática por parte dos devedores contra os credores de uma série de actos fraudulentos. Novas formas de cessão de activos também foram considerados. Um conjunto de novos tipos de crimes também é listado nesta nova lei. Acesso a lei. A disponibilidade de legislação nos tribunais, a nível distrital, também é outra grande preocupação. A maioria dos tribunais neste nível não tem cópias suficientes dos principais actos legislativos e, quando estes estão disponíveis, eles tendem a ser cópias pessoais dos juízes. Uma vez que os juízes se aposentam ou são transferidos para um tribunal diferente, tendem a levar essas cópias como sendo pessoais. Uma vez promulgada a nova lei de Insolvência, uma prioridade fundamental deve ser a sua distribuição suficiente para os stakeholders afectados. 9.3 INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO O sistema de falência em Moçambique não tem vindo a trabalhar bem e o problema principal continua sendo do lado de implementação. INSTITUIÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO CHAVE • Ministério da Justiça • Ministério da Indústria e Comércio Como resultado da criação de novas secções • Ministério da Agricultura comerciais nos Tribunais Judiciais Provinciais, conforme estabelecido pelo Decreto Lei Nº 53/2005, de 22 de Dezembro, os juízes designados para estas secções são obrigados a receber formação especializada, e medidas adicionais devem ser consideradas para melhorar a sua eficiência tanto para a falência e assuntos de execução. Uma dessas medidas seria a introdução de "execução judicial de gestão assistida", o que significa que o tribunal 182 envolve provedores de serviços privados para apoio de secretariado em matéria de execução. Há uma necessidade urgente de casos futuros falência resolvidos nestas secções comerciais a serem tratadas por juízes com melhor formação em legislação comercial. Há também uma necessidade urgente de treinar administradores de falência. Esta formação deverá estar amplamente disponível para assegurar uma concorrência para o trabalho. Além disso, são necessários procedimentos para impedir que os administradores de falências recebam nomeações com base no favoritismo. Quanto maior o número de provedores de serviço melhor qualidade terá o serviço que a comunidade empresarial receberá. De acordo com a nova proposta de lei, os credores exigem maior autonomia para decidir sobre a falência ou a reabilitação, removendo a grande interferência dos tribunais. Os tribunais deveriam reduzir o seu papel de implementação, supervisão e controle legal, bem como aprovar o consenso da Assembleia de Credores. Um aumento na autonomia do sector privado vai resultar em menor intervenção dos juízes no processo de falência, limitando assim os atrasos. Acima de tudo, a filosofia predominante em relação a falência citada no Código de Processo Civil é que uma empresa falida deve ser liquidada automaticamente . 9.4 INSTITUIÇÕES DE APOIO INSTITUIÇÕES DE APOIO CHAVE • Unidade Técnica para Reforma Legal (UTREL) • Centro de Treinamento Judicial e Legal Unidade Técnica da Reforma Legal. A UTREL é o órgão executivo de uma • Ordem dos Advogados Moçambicanos Comissão Inter-Ministerial e foi criado pelo • Confederação de Associação de Negócios de Decreto Nº 22/2002, de 27 de Agosto. A Moçambique UTREL desempenhou um papel de liderança na conceituação, revisão e aprovação de • Associação para Indústria e Comércio em Sofala nova legislação e, em 2007, submeteu ao governo uma nova proposta de lei sobre a insolvência e falência para discussão. Se a proposta for aprovada, a nova legislação exigirá a formação de recursos humanos e administração considerável. Centro da Formação Jurídica e Judicial (CFIJ). Esta instituição de formação tem um papel significativo a desempenhar na implementação do novo regime de falência, assim que estiver em vigor. Igualmente importante é o papel que também pode ser desempenhado pela OAM (Ordem de Advogados de Moçambique) e as organizações empresariais do sector privado, ou seja, CTA e ACIS. Ambos CTA e ACIS foram delineadas nos capítulos anteriores. Enquanto a disponibilidade de formação jurídica tem se expandido nos últimos anos, há uma escassez de defensores qualificados para fornecer assistência legal mesmo para aqueles que podem pagar. Além disso, o conteúdo da formação jurídica é muitas vezes demasiado académicos e não fundamentada em princípios do mundo real. O CFJJ fornece cópias da legislação pertinente aos juízes que dão treinamento no centro. No entanto, estes textos são disponibilizados apenas para os juízes recém-formados, não para aqueles que permanecem nos seus cargos por um longo tempo. Com o ritmo crescente de reforma da lei, há um grande risco de que os juízes dos tribunais distritais não terão conhecimento ou não terão acesso à nova legislação. Embora tenha havido algum apoio de doadores para garantir que os juízes estejam actualizados com as informações, há uma necessidade de melhorar a distribuição da legislação e torná-la mais sistemática, a fim de chegar a todos os tribunais de todo o país. Todos os tribunais devem receber cópias actualizadas de leis sobre uma base anual. CTA, ACIS, e Ordem dos Advogados. CTA, ACIS, e Ordem dos Advogados. Associações empresariais e profissionais têm um papel fundamental a desempenhar na implementação de novas leis. 183 Uma vez que a nova lei de falências é decretada, esses grupos e outros devem ser recrutados para ajudar a "implantar" através da educação pública e a formação dos principais stakeholders, como os advogados de negócios, juízes e outros. Um plano para a implementação deve ser cuidadosamente preparado antes mesmo de a lei ser promulgada para que a falência não sofra o "défice de aplicação" mesmo encontrado entre as outras leis chave. 9.5 DINÂMICAS SOCIAIS Em Moçambique, muitas empresas que actualmente não tem suceso foram privatizadas na década de 1990 e colocaram nas mãos de classe empresarial nacional emergente. Devido a isso, há pressão política para proteger os actuais proprietários e gestores. O Governo de Moçambique está preocupado com as dificuldades legais para concluir os processos de falência nos níveis central e provincial. O (Decreto-Lei Nº 53/2005, de 22 de Dezembro) estabeleceu Câmaras de Especialização em Matéria Comercial/secções Comerciais, em tribunais judiciais da província, com o objectivo de adaptá-los à nova realidade e a uma maior eficiência no gerenciamento de operações de natureza comercial. Foram dadas competências para lidar com o seguinte: (a) acções relativas a dívidas comerciais, (b) acções especiais relativas às sociedades falidas, (c) acções relativas ao exercício de direitos sociais, (d) acções de declaração de ausência, anulação e cancelamento de contratos da empresa, (e) acções de dissolução e liquidação de empresas, (f) acções decorrentes de direitos de propriedade industrial, direitos de autor e direitos conexos, (g) acções relativas ao registo comercial, e (h) suspensão de deliberações sociais e outras medidas de protecção para a realização de negócios, entre outros. Nos termos do presente decreto, estas secções são dadas jurisdição sobre os créditos de valor inferior a 150 vezes o salário mínimo. No entanto, os juízes não estão familiarizados com os processos de falência. Com tantos casos que requerem atenção e sem aplicação prática da "first in, first out" princípio da gestão de casos, os juízes poderiam tender a marginalizar o processo de falência complexo, desconhecido, e demorado. Outra explicação para a baixa incidência de pedidos de falência também pode ser resultado de uma alta tolerância para dívidas incobráveis. Ainda assim, as reformas legais básicas podem facilitar a mudança desta cultura. 9.6 RECOMMENDATIONS REVISÃO, DEBATE E ACÇÃO DA LEGISLAÇÃO DE FALÊNCIA EXISTENTE Em Novembro de 2007, uma nova lei de falências foi apresentada ao governo por um grupo de consultores contratados para elaborar uma legislação adicional no encerramento de uma empresa Proposta de Lei de Insolvências e Recuperação dos Agentes Económicos . A proposta foi actualizada em 2009. A proposta de lei actual é inspirada na lei de Brasil de 2005. O projecto USAID/SPEED indica que a lei seria apresentada ao Parlamento no Outono de 2007 Publicado em 2011, a análise USAID/SPEED sobre o projecto de lei 2009 deve ser integrada em todos os próximos passos tomados por representantes públicos, privados e doadores. As suas propostas para mudanças, incluindo a integração possível de contexto mais específico para Moçambique na linguagem da lei, deve ser considerada e posta em prática. Além disso, o plano proposto para a sua implementação deve ser revisto e preparado para "implantação", logo que a lei seja promulgada. 184 DESENVOLVER UM CURRÍCULO PARA A NOVA LEI DE FALÊNCIAS, INCLUINDO PROCEDIMENTOS E MELHORES PRÁTICAS PARA O JUDICIÁRIO E ADVOGADOS A revisão global da lei de insolvência requer uma mudança fundamental no processo legal. Em alguns aspectos, este deve ser facilitado na medida em que com a pouca prática em curso, não há uma profunda ligação com o regime de insolvência existentes. No entanto, a nova lei exigirá um treinamento extensivo para orientar os praticantes e os juízes em direcção a um novo modelo para a insolvência. As universidades de direito local, em colaboração com a Ordem dos Advogados, escritórios de advocacia locais comerciais, e assistência dos doadores, devem desenvolver um programa de treinamento e materiais para a nova lei de insolvência. Os doadores devem fornecer capacidade de assessoria técnica, conforme solicitado para desenvolver cursos de formação de formadores em melhores práticas de insolvência. Os módulos de treinamento devem ser acessíveis a todos, incluindo, se necessário e, se possível, através de ensino à distância para garantir o acesso aos módulos de formação nas zonas rurais ENGAJAR EM UMA PLANO ESTRATÉGICO PARA COMUNICAÇÃO E ALCANCE PARA OS STAKEHOLDERS MELHORAREM A COMPREENÇÃO DE BENEFÍCIOS DE REORGANIZAÇÃO, INSOLVÊNCIA E OS DIREITOS DOS CREDORES Fundamental para um regime de insolvência eficaz é uma classe empresarial disposta a se engajar no processo. Partindo dos esforços da sociedade civil para advogar as revisões da lei da insolvência, uma campanha de educação pública deve ser realizada, orientada para o sector privado, para melhor educar sobre o processo, os benefícios e os riscos de um quadro de insolvência em funcionamento. Associações empresariais, associações do sector privado e escolas de Gestão oferecem a melhor oportunidade para chegar a uma ampla rede de empresas do sector privado. Atores envolvidos devem desenvolver materiais simples sobre as opções, processos e procedimentos disponíveis para os empresários diante de insolvência 185 10 Capítulo TABELA DE RECOMENDAÇÕES Recomendação Responsável Prazo Prioridade Dificuldade Obtenção de Licenças Conduzir uma campanha de conscientização para limitar a prática de corrupção na gestão dos recursos naturais. Governo / Conselho Nacional para Gerir Recursos Naturais médio alto Médio Obtenção de Licenças Melhorar e aprovar a proposta de lei sobre biotecnologia. Governo curto alto Baixo Monitorar a experiência de todas as empresas que fazem negócios na Zona Económica Especial de Nacala, identificando oportunidades para fortalecer essa opção para as empresas agrícolas Sector privado / ONGs curto alto Baixo Garantir a contribuição do sector privado para o desenvolvimento e promulgação da regulamentação sobre a agricultura. Sector privado curto alto Médio Desenvolver programas de atendimento ao cliente para as agências de governo. Governo, e provedadores de serviços privados curto alto Baixo Oferecer treinamento adicional aos funcionários do governo nas províncias para assegurar a aplicação uniforme das leis. Governo / doadores curto médio Baixo Conduzir uma revisão do Decreto-Lei n. 42,65499 para identificar onde os procedimentos podem ser reforçados. Governo e ONGs médio médio Baixo Claramente classificar insumos agrícolas em uma das classes de comércio. Governo médio médio Baixo Contratação de Trabalhadores Desenvolver uma "High-Growth Job Training Initiative" através de um programa de subsídios (grants). USAID / sector privado / ONGs curto alto Baixo Contratação de Trabalhadores Continuamente acompanhar e analisar a experiência de Moçambique a desenvolver as organizações de agricultores. Doadores curto alto Baixo Obtenção de Licenças Obtenção de Licenças Obtenção de Licenças Obtenção de Licenças Obtenção de Licenças Obtenção de Licenças 186 Capítulo Contratação de Trabalhadores Contratação de Trabalhadores Contratação de Trabalhadores Contratação de Trabalhadores Contratação de Trabalhadores Contratação de Trabalhadores Contratação de Trabalhadores Contratação de Trabalhadores Obtenção de Crédito Obtenção de Crédito Obtenção de Crédito Recomendação Responsável Prazo Prioridade Dificuldade Revisitar o potencial reforçar oportunidades de educação profissional. Doadores / Governo curto alto Baixo Através de cursos de curta duração ou programas de verão, reforçar o apoio aos alunos frequentando a universidade rural na agricultura tópicos relacionados. Acadêmicas, ONGs, doadores curto alto Baixo Promover a especialização agrícola em educação profissional. Instituições de ensino / Sector Privado curto alto Baixo Revisão e reforma política para o uso de trabalhadores estrangeiros. Governo / Sector Privado curto alto Baixo Revisitar a lei do trabalho para reduzir o custo e o peso do emprego formal. Governo / Sector Privado curto alto Baixo Aproveitar as melhores práticas em serviços de extensão para melhorar o ambiente em Moçambique. Todos os Stakeholders curto alto Médio Melhorar as condições para as mulheres no mercado de trabalho em Moçambique. Todos os Stakeholders curto alto Médio Pesquisa agrícola relacionada com fuga de cérebro e desenvolver medidas para enfrentá-la. Doadores / ONGs / Governo médio médio Baixo Revisitar relatório da USAID de 2007 sobre os serviços financeiros e identificar onde as reformas recomendadas foram (ou não) realizados, e por que USAID e parceiros de implementação curto alto Baixo Apoiar a promulgação de uma lei moderna de transacções seguras para proporcionar a criação rápida, barata e simples de segurança de um direito de propriedade e o estabelecimento de um registo de garantias unificado Banco de Moçambique, Conselho de Ministros, CTA, Bancos comerciais médio alto Médio Iniciar a defesa contra o regime FDD actual. Contribui para uma cultura de hábitos de empréstimos pobres e até mesmo pode ser dito para exacerbar o problema grave do país de inflação. Doadores e instituições financeiras privadas. curto alto Baixo 187 Capítulo Obtenção de Crédito Obtenção de Crédito Obtenção de Crédito Recomendação Pagamento de Impostos Pagamento de Impostos Pagamento de Impostos Pagamento de Impostos 188 Prioridade Dificuldade Estabelecer e reforçar a capacidade das agências de crédito privado médio alto Alto Resolver o problema de taxa de juros por meio de esforços concentrados na redução de riscos, aumento de oportunidades de seguros, e mudanças nos incentivos credor Banco de Moçambique, Conselho de Ministros, CTA, os Bancos comerciais médio alto Alto MIC, Banco de Moçambique, os Bancos comerciais, provedores de telecom curto / médio alto Alto Melhorar a execução dos contratos agrícolas Tribunais, instituições de ADR, associações de advogados, bancos comerciais médio alto Alto Promulgar e aplicar uma nova lei de falências Parlamento, tribunais, associações de advogados, bancos comerciais curto alto Médio Lançar uma campanha para informar as pessoas sobre os benefícios fiscais aprovados no âmbito da Revolução Verde. Governo e Mídia médio alto médio Simplificar o código tributário, tendo em conta as taxas de analfabetismo e falta de documentação formal por muitos em zonas rurais. Governo médio alto Alto Identificar e remover gargalos no processo de restituição de impostos para reduzir o período de reembolso. Governo curto alto Baixo Oferecer programas de treinamento frequente para funcionários tributários para que a informação ao público seja precisa e oportuna. Governo curto alto Baixo Governo e Mídia médio alto Médio Governo e doadores curto alto Baixo Promover a interoperabilidade das finanças móveis Obtenção de Crédito Pagamento de Impostos Prazo Banco de Moçambique, Conselho de Ministros, CTA, os Bancos comerciais Obtenção de Crédito Pagamento de Impostos Responsável Lançar uma campanha de conscientização para melhorar a cultura de impostos. Melhorar a coordenação entre doadores no que diz respeito à autoridade fiscal para maximizar a eficiência. Capítulo Pagamento de Impostos Recomendação Responsável Prazo Prioridade Dificuldade Considerar a redução da alíquota para corporações. Governo médio médio Médio Criar a capacidade de análise fiscal na agência do imposto. Governo / doadores médio médio Médio Integrar ainda mais as operações entre os costumes e as agências fiscais. Governo / doadores médio médio Médio Apoiar a introdução de e-tributação. Governo / doadores médio médio médio Aumentar o uso de sistemas automatizados para a cobrança de impostos para os casos de baixa prioridade. Governo / doadores médio médio médio Acesso à Infraestrutura de Mercado Acelerar o processo de concessão de estradas N1, N6 e NY. Administração Nacional de Estradas (ANE) curto alto Acesso à Infraestrutura de Mercado Melhorar a coordenação dos doadores para investimentos em zonas rurais. Doadores curto alto Baixo Acesso à Infraestrutura de Mercado Criar (físico) incentivos para encorajar o investimento do sector privado em infra-estrutura agrícola, como a criação de fontes de água, estradas e eletricidade. Governo médio alto Médio Acesso à Infraestrutura de Mercado Apoiar o financiamento agrícola para a produção e comercialização de produtos agrícolas. Governo e sector privado curto alto Médio Acesso à Infraestrutura de Mercado Promover parcerias público-privadas. Governo e sector privado curto alto Baixo Acesso à Infraestrutura de Mercado Investir em sistemas de informação de mercado. Governo e sector privado curto alto Baixo Acesso à Infraestrutura de Mercado Oferecer treinamento especializado aos órgãos governamentais e paraestatais para fortalecer sua capacidade de gerir os contratos de concessão. Governo e os doadores curto alto Baixo Doadores e sector privado médio alto Baixo ONGs médio alto Baixo Pagamento de Impostos Pagamento de Impostos Pagamento de Impostos Pagamento de Impostos Acesso à Infraestrutura de Mercado Acesso à Infraestrutura de Mercado Melhorar a capacidade técnica e estrutura organizacional das associações empresariais para ser capaz de fornecer um feedback fundamental para as políticas governamentais. Melhorar capacitações na gestão de negócios para associações de produtores nas zonas rurais. médio 189 Capítulo Acesso à Infraestrutura de Mercado Recomendação Responsável Prazo Prioridade Dificuldade Introduzir uma paragem única nas fronteiras entre Moçambique e Zimbabwe. Governo e doadores médio médio Médio Acesso à Infraestrutura de Mercado Integrar os resultados do estudo de laboratório da UNIDO de 2011 nos esforços de desenvolvimento do sector privado. Doadores, o Governo, Sector Privado curto médio Baixo Acesso à Infraestrutura de Mercado Alistar agrônomos para os principais postos de fronteira agrícola. Governo médio médio médio Governo médio médio baixo Governo e sector privado médio médio baixo Acesso à Infraestrutura de Mercado Acesso à Infraestrutura de Mercado Considerar a introdução de incentivos à utilização de fertilizantes e pesticidas para os agricultores rurais. Estabelecer sistemas de classificação e preços diferenciados com base na qualidade de recompensar os agricultores que investem na qualidade de sementes e insumos. Acesso à Infraestrutura de Mercado Abrir grandes extensões de terra em áreas produtivas com historial de cultivo de culturas de rendimento. Governo curto médio baixo Acesso à Infraestrutura de Mercado Replicar o sucesso dos produtores em Marracuene, apoiando a comercialização e armazenamento em outras áreas. Governo curto médio médio Acesso à Infraestrutura de Mercado Explorar a introdução de uma lei para incentivar os agricultores para armazenar uma percentagem da sua colheita para consumo próprio. Governo médio médio médio Acesso à Infraestrutura de Mercado Desenvolver uma plataforma de informação, onde detalhes sobre estradas rurais e suas condições possam ser encontrados. Governo e sector privado médio médio médio Acesso à Infraestrutura de Mercado Alavancar as melhorias no porto e ferrovias para facilitar a importação e exportação de produtos agrícolas. Governo e sector privado médio médio médio Comércio Transfronteiriço Acelerar o aprofundamento da integração de SADC e a remoção de barreiras não-tarifárias entre os países membros da SADC. Governo médio alto médio Negociar a liberalização de comércio transfronteiriço informal em ambas as direções. Governo e governos e Regionais curto alto Médio Fazer pressaõ para acordos comerciais bilaterais adicionais (especialmente com a África do Sul). Governo médio alto Alto Comércio Transfronteiriço Comércio Transfronteiriço 190 Capítulo Comércio Transfronteiriço Comércio Transfronteiriço Comércio Transfronteiriço Cumprimento de Contratos Cumprimento de Contratos Cumprimento de Contratos Cumprimento de Contratos Cumprimento de Contratos Ecerrar empresas Ecerrar empresas Ecerrar empresas Recomendação Responsável Prazo Prioridade Dificuldade Acelerar os esforços para melhorar a eficiência do corredor. Governo e os doadores curto alto Médio Fornecer treinamento adicional para os funcionários aduaneiros no relacionamento com clientes, a integração da SADC e regulamentos aduaneiros. Governo médio alto Baixo Desenvolver um plano de cooperação entre agências / integração de todas as agências de fronteira. Governo e os doadores médio alto Baixo Produzir e distribuir um guia simples para as leis de contratação, recolha e cumprimento no sector da agricultura. Governo e os doadores curto alto Baixo Através de uma revisão limitada de dados judiciais existentes, melhorar a compreensão dos tipos de contratos utilizados na agricultura relacionados com transacções e as circunstâncias da cumprimento. Governo curto médio baixo Desenvolver e implementar um programa de formação em direito comercial para os advogados e juízes nas zonas rurais Governo (Judiciário), associações de advogados, doadores, curto Alto médio Analisar as restrições à contratação imposta por culturas específicas leis e outras legislações agrícolas. Governo e os doadores curto Alto baixo Incentivar faculdades de direito para expandir a sua integração de contratos e questões agrícolas em geral, em seus currículos. Universidades curto Alto baixo Governo e sector privado curto Alto Médio Associações profissionais, Sector Privado, Media médio médio baixo UTREL, sector privado, doadores curto alto Baixo Rever, debater, e agir sobre a existente legislation de falência. Incorporar as principais conclusões do relatório sobre a reflexão e os próximos passos da USAID/SPEED (Junho de 2011) Envolver-se em uma comunicação estratégica e plano de divulgação para os stakeholders para melhorar a compreensão dos benefícios da insolvência, reorganização, e os direitos dos credores. Desenvolver um currículo para a nova lei, incluindo os procedimentos e melhores práticas para o Judiciário e advogados. 191 192