Celebração de Finados – 2013

Transcrição

Celebração de Finados – 2013
COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS – DIA DE FINADOS 2013
02 de novembro de 2013
“Creio na ressurreição da carne, na
vida eterna!”
(Credo Apostólico)
Leituras: Isaías, 25, 6a.7-9; Salmo 26; Carta de São Paulo aos Romanos 6, 3-4.8-9; João 14, 1-6.
COR LITÚRGICA: ROXA
Animador: Toda celebração litúrgica é uma profissão de fé na Ressurreição e na vida eterna. Algumas,
como esta de hoje, fazem tal profissão de modo evidente, levando cada um de nós a configurar-se na fé e
na esperança de que a vida continua após a morte, no convívio feliz com o Senhor.
1. Situando-nos brevemente
As leituras bíblicas e as orações para a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos (Finados) não são
definidas em seu conjunto. Há sugestões de leituras no Lecionário Dominical e de orações no Missal
Romano. Podem variar os textos, mas o sentido da celebração de Finados permanece inalterado: é
celebração do Mistério Pascal de Cristo, na certeza de que todos os que se tornam, pelo Batismo, membros
do Cristo crucificado e ressuscitado, passam, através da morte, à vida eterna com ele.
Esta celebração é uma missa por todos os fiéis defuntos. Reunimo-nos em uma recordação comunitária e
eclesial de todos os que nos precederam na partida desta vida.
Finado não nos confronta, em geral, com uma morte singular e recente, com todo o sofrimento e a
consternação que isso supõe para a família e os amigos da pessoa falecida. Esta ocasião é de serenidade e
de paz. É recordação dos falecidos na perspectiva da fé cristã.
Por ser um dia em que há grande ocorrência de pessoas às celebrações, a homilia – sem se alongar em
demasia – pode ter caráter esclarecedor e catequético sobre a fé cristã a respeito da morte. Sabemos que
há diversas correntes religiosas e espirituais que não creem na ressurreição.
Não queremos atacar ninguém nem fazer apologia, mas apenas afirmar, com clareza e convicção aquilo em
que os católicos crêem, revelado por Nosso Senhor, razão de alegria e esperança para todos nós.
Sobretudo o símbolo da fé (creio) pode servir de base para ajudar a esclarecer o que cremos a respeito da
morte e do que vem depois dela.
A Igreja sempre rezou pelos mortos. A comemoração dos fiéis defuntos a 2 de novembro, contudo, teve
origem no mosteiro beneditino de Cluny, no final do primeiro milênio. Roma admitiu essa celebração no
século 16.
Em pleno Ano da Fé, quando a Igreja se debruça sobre o conteúdo de sua fé, percebemos o lugar
importante que ocupa a ressurreição de Cristo – certeza da nossa ressurreição – na doutrina cristã. Essa fé
nos permite celebrar, com esperança, a memória de todos os que nos precederam na partida deste mundo
para a eternidade.
2. Recordando a Palavra
Ao falar das realidades divinas, enfrentamos o problema de ter que usar imagens de nosso cotidiano para
tentar expressar o mistério de Deus. Isaías fala de um banquete que o Senhor dos exércitos dará para
todos os povos. Prestemos atenção ao universalismo deste profeta judeu. É uma abertura para que todos
os povos possam participar da salvação operada por Deus. Essa salvação significa a eliminação da morte e,
por conseqüência, o fim das lágrimas e da desonra de seu povo.
Isaías aponta para o futuro, quando o povo dirá: “Este é nosso Deus, dele esperávamos que nos salvasse,
este é o Senhor, nele confiamos, vamos exultar de alegria porque ele nos salvou” (v.9). É preciso esperar,
confiar, acreditar em Deus. A vida eterna é uma promessa, mas uma promessa de Deus, que nunca
decepciona.
O Salmo 26 canta a Deus como luz e salvação, segurança em todos os medos e perigos. O ser humano
procura a face de Deus, quer habitar no santuário do Senhor, ver sua bondade. É exortado a esperar no
Senhor e ter coragem. Vivemos pela esperança, caminhando para a realidade que buscamos: habitar em
Deus.
Paulo apresenta a vida eterna não apenas como uma possibilidade, mas como uma certeza, como algo que
já possuímos. O Batismo faz de nós novas criaturas. Fomos inseridos em Cristo, fazemos parte de seu
corpo. Assim como ele não morre mais, também para nós a morte mudou de sentido: existe, mas não tem
poder sobre nós, não nos destrói. A ressurreição é essa vitória – com Cristo – da vida sobre a morte.
O Evangelho de João nos mostra Jesus preparando os discípulos para sua glorificação, que engloba a
morte, a ressurreição e a ascensão aos céus. Jesus fala de sua partida como a condição para que também
nós possamos habitar em Deus. Jesus também usa imagens para falar: Deus é o Pai, a eternidade é a casa
do Pai, onde há muitas moradas.
Quem é esse Deus? É o Pai, para cuja morada nos encaminhamos. Quem fez a experiência de sair da casa
paterna sabe muito bem o quanto é bom poder voltar para ela. Pois é assim que Jesus apresenta a
eternidade: o ingresso na casa do Pai, onde ele mesmo prepara uma morada para nós.
Somos alguém para Deus, temos nome, somos aguardados. Isso nos enche de esperança e de alegria.
Cristo vai à frente, podemos segui-lo. Ele trilhou este caminho antes de nós. Ele próprio é o Caminho, a
Verdade e a Vida. Se não formos por Ele, na chegaremos ao Pai. Ele é o salvador. Ele é a Ressurreição.
3. Atualizando a Palavra
Vivemos uma mudança de época. Isso faz com que muitos referenciais que até então eram validos e
inquestionáveis tornem-se duvidosos para muitos. Assim, estamos numa crise de esperança.
Falta esperança neste mundo, nas pessoas, na capacidade de fazer com que a realidade se torne melhor.
Falta esperança para fundamentar essas esperanças: a esperança da vida eterna. Há muitos que preferem
fugir dos questionamentos que a vida apresenta. Aliás, o maior questionamento que a vida faz ao ser
humano é a morte: o que ela significa para o ser humano?
A morte é sempre trágica e violenta porque contradiz o desejo de viver. É uma das piores dores humanas:
estamos impotentes diante da morte de alguém, não há o que fazer para reverter a situação. A morte
suscita, no ser humano, muitas interrogações, não podemos ser reduzidos a mero fenômeno biológico,
natural.
Em nossos dias, a morte é simultaneamente dissimulada e noticiada. Os mortos próximos de nós são
retirados de circulação: rapidamente se fazem os ritos funerários para que todos possam retornar ao ritmo
cotidiano e o morto desapareça do terreno dos vivos.
Já os mortos distantes – sobretudo os famosos e os assassinados violentamente – são exibidos com todo o
luxo dos detalhes. Basta assistir aos noticiários e às produções cinematográficas que se fazem em torno da
morte. O espectador já está acostumado a jantar assistindo a cadáveres, sem que isso altere sua digestão –
eles são distantes, não me afetam.
Uma cultura que não sabe, verdadeiramente, o que fazer com a morte é uma cultura incapaz de dar
sentido à vida. A morte, definitivamente, é a pedra de toque de todos os humanismos, disse Henri de
Lubac. Também sabemos que a morte é sempre experimentada como uma realidade que se refere aos
outros, nunca a nós.
A morte questiona o sentido de nossa vida. Quando chegar a nossa hora, será que nossa fé fará com que
não sintamos um pavor por termos de passar por uma experiência completamente nova e diferente de
tudo o que conhecemos? É esse mistério humano que iluminamos com a fé, a partir da morte de Cristo,
bem como de sua ressurreição.
Na morte, nos encontramos com Deus, e passamos pelo juízo particular. Cada um de nós, diante de Deus,
percebe-se como realmente é e como viveu sua existência terrena, julga-se ou é julgado com os critérios
de Deus: o amor e a justiça.
Alguém poderia perguntar: mas então para que serve rezar pelos mortos, se somos julgados por nossa
vida, de acordo com o amor e a justiça de Deus? O que a Igreja deixa claro a respeito da oração pelos
mortos é, sobretudo, isto: no mundo da fé, os limites ou fronteiras entre a morte e a vida são transitáveis
ou permeáveis num dar e receber que abarca o céu e a terra.
Esta ligação ou comunhão se dá em Cristo: os que morreram (e estão no céu – santos – ou purificam-se no
purgatório) estão em Cristo; nós pelo sacramento da Eucaristia, especialmente, também estamos em
Cristo. Assim, a missa, esta grande comunhão entre o céu e a terra, media nossa oração pelos que já
partiram.
Celebramos, assim, este dia, desde a morte e ressurreição do Senhor. Esta fé, guardada e transmitida pela
Igreja, ilumina nossa vida, nossa experiência de morte e ressurreição, de pecado e de graça, de morte e de
vida. Cremos no Deus da vida, o único que pode purificar nossas vidas e levar-nos à assembléia dos santos.
Por isso, repetimos, tem sentido a oração pelos defuntos: pomos a nossa confiança em Deus, para que ele
dê aos falecidos o que lhes falta para alcançar a bem-aventurança. Confiança que, como povo, nos conduz
para a eternidade. É isso que professamos pela fé. O Ano da Fé nos faz dizer: Creio, Senhor, mas aumentai
a nossa fé. Já temos a fé, mas é preciso renová-la, fortalecê-la, consolidá-la.
O prefácio I dos fiéis defuntos assim diz: “aos que a certeza da morte entristece, a promessa da
imortalidade consola. Senhor, para os que crêem em vós, a vida não é tirada, mas transformada” (Prefácio
dos fiéis Defuntos I. Missal Romano. P. 462) Estas afirmações são basilares: a morte é uma certeza – vamos
morrer. A imortalidade é uma promessa: podemos crer. Sabemos que Deus é o Deus da vida, basta
crermos nele – o que comporta viver, nesta terra, de acordo com sua vontade – que ele, por fidelidade à
sua promessa, como foi fiel em Cristo, nos ressuscitará no último dia.
Vale esclarecer, sobretudo para quem faz a homilia neste dia, que todos os mortos – à exceção de Maria –
esperam a ressurreição final do último dia. Mesmo que eles já estejam em Deus (céu), conservem sua
identidade (continuam pessoas dotadas de consciência e vontade), ainda falta-lhes a ressurreição corporal
– creio na ressurreição da carne.
Contudo, acima de toda a compreensão humana, a ressurreição é um mistério. Olhamos para a
ressurreição de Cristo: ela é confirmação da fidelidade de Deus à sua promessa. Se mantivermos em vida
nossa fé nele, cremos que com ele ressuscitaremos para a plena comunhão com Deus, resposta a todos os
anseios e aspirações humanas.
Bento XVI, ao proclamar o Ano da Fé, assim nos exorta, na carta apostólica Porta Fidei:
Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. Este caminho tem inicio
no Batismo (cf. Rm 6,4), pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a
passagem através da morte para a vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus, que, com o dom do
Espírito Santo, quis fazer participantes da sua própria glória quantos creem N’Ele (cf. Jo 17,22) (Porta Fidei,
n.1).
A fé é um caminho que nós já iniciamos. Este caminho, afirma Bento XVI, está concluído para os defuntos,
pois eles já passaram através da morte para a vida eterna, que não é produção humana, mas fruto da
ressurreição de Jesus.
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
A Igreja oferece o sacrifício eucarístico da Páscoa de Cristo pelos defuntos, a fim de que, pela comunhão de
todos os membros de Cristo entre si, o que obtém para uns o socorro espiritual traga aos outros a
consolação da esperança.
Na Eucaristia, anunciamos a morte do Senhor e proclamamos a sua ressurreição. Sua morte é para nós
uma vitória, porque ligada à ressurreição. Sua morte é para nós uma vitória, porque ligada à ressurreição
torna-se a máxima solenidade do mundo: a Páscoa do Senhor. Na missa por todos os fiéis falecidos, os
associamos à morte e ressurreição de Cristo, da qual participaram sacramental desde seu Batismo.
Nossa compreensão católica de comunhão dos santos em Cristo contém profunda beleza: todos, mortos
(os que estão no céu ou no purgatório) e vivos, estão em Cristo. Nós também estamos nele e, por isso,
estamos em comunhão. Nossa comunhão supera os vínculos familiares: pai, mãe, filho, irmão. Nosso
vínculo é o amor de Deus, que supera tudo.
Nossa alegria, portanto, baseia-se no amor do Pai, na participação no mistério pascal de Jesus Cristo que,
pelo Espírito Santo, nos faz passar da morte para a vida, da tristeza para a alegria, do absurdo para o
sentido profundo da existência, do desalento para a esperança que não engana. Esta alegria não é
sentimento artificialmente provocado nem estado de ânimo passageiro. O amor do Pai nos foi revelado em
Cristo que nos convidou a entrar em seu Reino (Documento de Aparecida, n.17).
Pela morte, nossa entrada no Reino se dá de maneira plena e definitiva, por graça de Deus. Assim, urge
que vivamos como filhos de Deus, para que sejamos menos indignos da salvação que ele nos oferece.
Preces dos fiéis
Presidente: Peçamos ao Pai a graça da fé e da esperança e descanso eterno aos nossos irmãos e irmãs
falecidos.
1. Senhor, para que a Igreja, possa sempre anunciar a esperança de tua ressurreição, que acontecerá
também em nós. Peçamos:
Todos: Senhor, dai-nos a tua luz!
2. Senhor, aumentai nossa fé e nossa esperança de que tua salvação acontecerá em nossas vidas.
Peçamos:
3. Senhor, consolai e fortalecei na fé todos aqueles e aquelas que sofrem a saudade de seus entes queridos
falecidos. Peçamos:
4. Senhor, aumentai em nós a fé e a esperança, para que possamos progredir com serenidade no caminho
da vida eterna. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Senhor, que a nossa oração possa socorrer nossos falecidos; libertai-os de todos os pecados e
acolhei-os no esplendor de tua face. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Acolhei, ó Deus, as nossas oferendas por nossos irmãos e irmãs que partiram, para que sejam
introduzidos na glória com o Cristo, que une os mortos e os vivos no seu mistério de amor. Por Cristo,
nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Fazei, ó Pai, que os vossos filhos e filhas, pelos quais celebramos este sacramento pascal,
cheguem à luz e à paz da vossa casa. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
BÊNÇÃO E DESPEDIDA
Presidente: O Senhor esteja convosco.
Todos: Ele está no meio de nós.
Presidente: Deus, glória e exultação dos santos, que hoje celebrai solenemente, os abençoe para sempre.
Todos: Amém.
Presidente: Livres por sua intercessão dos males presentes, e inspirados pelo exemplo de suas vidas,
possais colocar-vos constantemente a serviço de Deus e dos irmãos. Todos: Amém.
Presidente: E assim, com todos eles, lhes seja dado gozar a alegria da verdadeira pátria, onde a Igreja
reúne os seus filhos e filhas aos santos para a paz eterna. Todos: Amém.
Presidente: (Dá a benção despede a todos).

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