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0 UNIVERSIDADE DO CONTESTADO - UnC CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL EMERSON MIGUEL SCHOEFFEL SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS PARA FINS DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA NO MUNICÍPIO DE RIO NEGRINHO CANOINHAS 2009 1 EMERSON MIGUEL SCHOEFFEL SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS PARA FINS DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA NO MUNICÍPIO DE RIO NEGRINHO Projeto apresentado como exigência para a obtenção de nota na disciplina de Estágio Supervisionado II, do Curso de Engenharia Florestal, ministrado pela Universidade do Contestado - UnC, Campus Universitário de Canoinhas/Marcílio Dias, sob orientação do professor Msc. Marcos Benedito Schimalski. CANOINHAS 2009 2 SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS PARA FINS DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA NO MUNICÍPIO DE RIO NEGRINHO EMERSON MIGUEL SCHOEFFEL Este Trabalho de Conclusão de Curso foi submetido ao processo de avaliação pela Banca Examinadora como requisito parcial para a obtenção do Título de: ENGENHEIRO FLORESTAL E aprovado na sua versão final em 01/12/2009, atendendo às normas da legislação vigente da Universidade do Contestado – UnC e Coordenação do Curso de Engenharia Florestal. _____________________________________________ MARCOS DOS SANTOS WEISS Coordenador do Curso de Engenharia Florestal BANCA EXAMINADORA: _________________________________ VILMAR MÜLLER JUNIOR (Ps) _________________________________ MARCOS DOS SANTOS WEISS (Msc) _________________________________ MARCOS BENEDITO SCHIMALSKI (Msc) 3 A você, Eloah, pela ajuda, compreensão, paciência, carinho e incentivo nessa jornada. A você, com todo amor³ do mundo. 4 AGRADECIMENTOS A Deus por iluminar meu caminho e proteger a minha vida. A memória de meus pais, sempre presentes em minha lembrança. A Prefeitura Municipal de Rio Negrinho, pela oportunidade. Aos meus amigos, Elaine, Jaque, Marcia, Katia, Kelly, Chaiane, Leoni, Mônica, Patricia, Renilda, Cleide... e todos os colegas da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente. Ao Msc. Marcos Benedito Schimalski pela orientação. Aos amigos da “portelinha” pelo companheirismo e aprendizado. E a todos os meus familiares, que de uma forma ou de outra, contribuíram para minha educação. 5 Se eu soubesse que o mundo terminaria amanhã, hoje ainda plantaria uma árvore. (Martin Luther King) 6 RESUMO A história da qualidade e quantidade de água no Planeta Terra está diretamente relacionada ao crescimento da população, ao grau de urbanização e aos seus usos múltiplos. A utilização dos recursos hídricos indiscriminadamente tem acarretado grandes preocupações à população mundial, colocando a água, considerada um bem finito, como uma das maiores preocupações e um grande problema para a sociedade moderna. Neste contexto, no município de Rio Negrinho são desenvolvidos atualmente dois programas para conservação, proteção e monitoramento dos recursos hídricos, sendo o Programa Intermunicipal da Água (PIA), em parceria com o Consórcio Ambiental Quiriri e o Programa Água Limpa, coordenado pelo Ministério Público Estadual. Partindo desta problemática e visando superá-la através da introdução de novas técnicas e métodos de análise físicoterritorial, inicia-se um processo de difusão da tecnologia dos Sistemas de Informações Geográficas (GIS). Os GIS são ferramentas capazes de armazenar, manipular e analisar conjuntamente um grande volume de dados espaciais e nãoespaciais e que, em função de suas facilidades, vêm destacando-se no processo de planejamento e tornando-se um recurso indispensável. O presente trabalho baseiase na experiência da confecção de um sistema que reúna informações das análises da qualidade da água, obtidas através do PIA em Rio Negrinho (SC). Partindo do sistema elaborado, será possível buscar outras possibilidades do GIS além das já citadas, explorando e enfatizando seus recursos de visualização, de representação e direcionando-os para uma abordagem com potencial didático-pedagógico que visa facilitar o entendimento e apreensão da paisagem. Palavras-chave: Sistemas de Informações Geográficas, Recursos Hídricos, Programa Intermunicipal da Água (PIA). 7 ABSTRACT The history of quality and quantity of water on Earth is directly related to population growth, the degree of urbanization and its multiple uses. The use of water resources indiscriminately has caused great concerns to the world's population, placing water, considered a element finite, as a major concern and a big problem for modern society. In this context, in the city of Rio Negrinho are currently developed two programs for conservation, protection and monitoring of water resources, are the Intermunicipal Water Program (PIA), in partnership with the Consórcio Ambiental Quiriri and the Clean Water Program, coordinated by the State Prosecutor Ministry. Starting of this problematic and order to overcome through by introducing new techniques and methods of physico-territorial, begins a process of diffusion of technology the Geographic Information Systems (GIS). The GIS are tools able, to store, manipulate and analyze together a large volume of space’s date and nonspaces and in function of their facilities, have been standing out in the planning process and becoming an indispensable resource. This work is based on the experience of making a system that gathers information from the analysis of water quality, obtained by the PIA in Rio Negrinho (SC). From the elaborate system, are possible check for others possibilities of GIS beyond those already mentioned, exploring and emphasizing its visualization’s features, of representation and directing them to an approach with didactic-pedagogic potential to aim facilitate to understanding and apprehension of the landscape. Keywords: Geographic Information Systems, Water Resources, Intermunicipal Water Program (PIA). 8 LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Estudos de projeções cartográficas ....................................................... 17 Figura 02 – Modelo de mapa do Projeto SYMAP. ..................................................... 19 Figura 03 – Imagem obtida por Sensoriamento Remoto ........................................... 26 Figura 04 – Esquema de posicionamento por GPS. ................................................. 27 Figura 05 – Fotogrametria ......................................................................................... 27 Figura 06 – Fluxograma Banco de Dados ................................................................. 33 Figura 07 – Mapa de Localização do Município de Rio Negrinho e Área de Estudo . 37 Figura 08 – Exemplo de Ortofoto Escala 1/2.000 ...................................................... 39 Figura 09 – Exemplo de Ortofoto Escala 1/10.000 .................................................... 39 Figura 10 – Importação das camadas no aplicativo ArcCatalog 9.2.......................... 40 Figura 11 – Obtenção das coordenadas do ponto 16. .............................................. 40 Figura 12 – Exemplo de resultado das análises como eram armazenadas .............. 41 Figura 13 – Tabela de Dados do PIA em ordem cronológica em único arquivo ........ 42 Figura 14 – Mapa da Área de Estudo........................................................................ 43 Figura 15 – Integração Banco de Dados do PIA com a base cartográfica ................ 44 Figura 16 – Seleção de dados por atributos .............................................................. 44 Figura 17 – MDT da área de estudo.......................................................................... 45 Figura 18 – Seleção de ponto de coleta. ................................................................... 46 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAD – COMPUTER AIDED DESIGN CAQ – CONSÓRCIO AMBIENTAL QUIRIRI DBMS – SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DE BANCO DE DADOS GIS – SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS GPS – SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL MDT – MODELO DIGITAL DO TERRENO PAL – PROGRAMA ÁGUA LIMPA PIA – PROGRAMA INTERMUNICIPAL DA ÁGUA PNUMA – PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE USDA – UNITED STATE DEPARTAMENT OF AGRICULTURE WWW – WORLD WIDE WEB 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ............................................................................. 11 1.2 PROBLEMA ........................................................................................................ 12 1.3 HIPÓTESES ........................................................................................................ 13 1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 13 1.5 OBJETIVOS ........................................................................................................ 15 1.5.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 15 1.5.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 15 2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 16 2.1 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 16 2.1.1 Cartografia........................................................................................................ 16 2.1.2 Sistemas de Informações Geográficas (GIS) ................................................... 19 2.1.2.1 Evolução histórica ......................................................................................... 22 2.1.2.2 GIS na atualidade .......................................................................................... 22 2.1.2.3 Disciplinas envolvidas ................................................................................... 26 2.1.2.4 Áreas de aplicação ........................................................................................ 28 2.1.2.5 Processos de um GIS.................................................................................... 29 2.1.3 Banco de Dados ............................................................................................... 31 2.1.4 Programa Intermunicipal da Água .................................................................... 33 2.1.5 O Programa Água Limpa .................................................................................. 35 2.2 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 37 2.2.1 Localização da Área de Estudo ........................................................................ 37 2.2.2 Metodologia ...................................................................................................... 38 2.2.2.1 Composição da base cartográfica ................................................................. 38 2.3 RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................. 46 2.3.1 Simulação de Visualização de um Ponto de Coleta ......................................... 46 3 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 47 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA Para avaliar as condições dos mananciais de água, assim como, propiciar informações para a tomada de decisões referentes aos recursos hídricos, vem sendo desenvolvido no Município de Rio Negrinho, uma agenda de ações locais e regionais, através de dois Programas: o Programa Intermunicipal da Água (PIA) e o Programa Água Limpa (PAL). Busca-se a conjugação de esforços para desencadear as ações previstas no Programa Água Limpa com os objetivos do Programa Intermunicipal da Água, podese, num primeiro momento, afirmar que um subsidia a tomada de decisões do outro, como por exemplo, na identificação de valores críticos para algum parâmetro de qualidade de água utilizado no monitoramento. O conceito de monitoramento é bastante diverso entre os autores. De um modo genérico, SOARES (2001), traz uma análise conceitual citando VALLE (1995) que define Monitoramento Ambiental como sendo um sistema contínuo de observações, medições e avaliações com objetivos de: documentar os impactos resultantes de uma ação proposta; alertar para impactos adversos não previstos, ou mudanças nas tendências previamente observadas; oferecer informações imediatas, quando um indicador de impacto se aproximar de valores críticos; oferecer informações que permitam avaliar medidas corretivas para modificar ou ajustar as técnicas utilizadas. Citando Ward (1999) para o qual um sistema de monitoramento, ou um sistema de informações de qualidade da água consiste de amostragem (localização dos pontos de coleta, escolha das variáveis, determinação da freqüência e tipo de amostragem estatística), análise laboratorial, manuseio de dados, análise de dados, preparação de relatórios e utilização dos dados obtidos para efeito de tomada de decisão. USDA (1996) classifica como: análise de tendências, determinação do transporte e destino de poluentes, definição de áreas críticas, fiscalização e avaliação do cumprimento aos padrões estabelecidos pela legislação ambiental, 12 avaliação da eficácia de práticas conservacionistas em áreas isoladas ou bacias hidrográficas, fazer alocação de cargas de efluentes, municipais ou industriais, avaliação e calibração de modelos de qualidade da água, pesquisa e definição de problemas relacionados à qualidade da água. Para Soares (2001) um projeto de monitoramento pode ter dois tipos de objetivos: objetivos de gerenciamento (relacionados com o funcionamento do sistema ambiental que está sendo avaliado, pois a rede deve subsidiar as decisões que serão tomadas com relação à gestão dos recursos hídricos da bacia considerada) e objetivos de monitoramento (se referem mais diretamente ao conhecimento do sistema. É o esforço em obter informações quantitativas das características físicas, químicas e biológicas da água através de amostragem estatística). O tipo de informação depende dos objetivos da rede de monitoramento e esses objetivos variam desde a detecção de violações dos padrões de qualidade do corpo d'água até a determinação das tendências temporais da qualidade da água. Já a rede de monitoramento é definida como a localização espacial (freqüência espacial) dos pontos de amostragem e, portanto o projeto da rede significa a definição dos pontos de amostragem, da freqüência temporal e duração da amostragem e da seleção das variáveis a serem medidas. Não será objeto deste estudo a avaliação crítica dos Programas de monitoramento implantados e operados na região de Rio Negrinho; porém, a caracterização de uma rede de monitoramento, bem como, a avaliação e proposta da integração de informações, hoje dispersas, em programas distintos, sobre a mesma temática. Caracterizada e espacializada, uma rede de informações integradas subsidiará de forma mais eficaz, rápida e segura, a tomada de decisões acerca dos recursos hídricos locais e regionais. 1.2 PROBLEMA A ausência de um sistema de informações geográficas (GIS) que possibilite a análise das informações produzidas acerca da qualidade de água do Município de 13 Rio Negrinho através do Programa Intermunicipal da Água (PIA) e do Programa Água Limpa (PAL), 1.3 HIPÓTESES Existem áreas prioritárias no que diz respeito ao controle da poluição dos recursos hídricos na região hidrográfica de Rio Negrinho; É possível a tomada de ações preventivas e de controle baseadas na análise espacial periódica e sistemática dos dados gerados pelos Programas Municipais; É viável a implementação de um GIS para o monitoramento da qualidade da água? 1.4 JUSTIFICATIVA A história da qualidade e quantidade de água no Planeta Terra está diretamente relacionada ao crescimento da população, ao grau de urbanização e aos seus usos múltiplos. Os usos múltiplos da água incluem, além da irrigação e da utilização doméstica, a recreação e o turismo. As duas últimas atividades são extremamente importantes em regiões do interior dos continentes, em que o acesso à recreação em água doce é mais fácil e barato, conseqüentemente, com pressão considerável sobre os rios, lagos e represas. Outro intensivo da água é na mineração, principalmente na lavagem e purificação de minérios, além da diversificada e múltipla séries de processos na indústria, com resfriamentos e plantas de lavagem, limpeza e descarga de materiais. Outro importante uso intensivo de água é na produção de hidroeletricidade [...] (TUNDISI, 2005, p.29) A utilização dos recursos hídricos indiscriminadamente tem acarretado grandes preocupações à população mundial, colocando a água, considerada um 14 bem finito, como uma das maiores preocupações e um grande problema para a sociedade moderna. Além da problemática da escassez e poluição das águas a água pode se tornar um agente veiculador de doenças ao homem, através da grande variedade de patógenos decorrentes de descargas poluentes direcionadas aos cursos d’água. TUNDISI (2005) cita os problemas mundiais de água e a degradação dos recursos hídricos do Planeta: • A última avaliação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) identifica 80 países com sérias dificuldades para manter a disponibilidade de água. Esses 80 países representam 40% da população mundial. • Cerca de 1/3 da população mundial vive em países onde a falta de água vai de moderada a altamente impactante e o consumo representa mais de 10% dos recursos renováveis de água. • Falta de acesso à água de boa qualidade e ao saneamento resulta em centenas de milhões de casos de doenças de veiculação hídrica e mais de 5 milhões de mortes a cada ano. Estima-se que entre 10.000 e 20.000 crianças morrem todo dia vítima de doenças de veiculação hídrica. • Em algumas regiões da China e Índia, o lençol freático afunda de 2 a 3 metros anualmente e 80% dos rios são muito tóxicos para suportar peixes. • Mais de 20% de todas as espécies de água doce estão ameaçadas ou em perigo em razão da construção de barragens, diminuição do volume de água e danos causados por poluição e contaminação. • Cerca de 37% da população mundial vive próximo à costa, onde o esgoto doméstico é a maior fonte de contaminação. • Eutrofização marinha e costeira causada pelo impacto de nitrogênio é uma das principais fontes de poluição, contaminação e degradação dos recursos costeiros e marinhos. • Há preocupação adicional com as conseqüências das mudanças globais no ciclo da água no planeta e conservação dos recifes de coral nas regiões tropicais. • 30 a 60 milhões de pessoas foram deslocadas diretamente pela construção de represas em todo o planeta. • 120 mil km³ de água estão contaminados e para 2050 espera-se uma contaminação de 180 mil km³ caso persista a poluição. A necessidade de recuperação dos mananciais está se tornando cada vez mais emergencial. No município de Rio Negrinho são desenvolvidos atualmente dois programas para conservação, proteção e monitoramento dos recursos hídricos, sendo o Programa Intermunicipal da Água (PIA), em parceria com o Consórcio Ambiental Quiriri e o Programa Água Limpa, coordenado pelo Ministério Público Estadual. 15 1.5 OBJETIVOS 1.5.1 Objetivo Geral IMPLANTAR um GIS visando o monitoramento da qualidade da água no município de Rio Negrinho. 1.5.2 Objetivos Específicos - MAPEAR/IDENTIFICAR a localização espacial dos 18 pontos de coleta do Programa Intermunicipal da Água; - PROPOR uma forma de armazenamento das informações em um banco de dados relacional e organizá-las em um GIS; - CRIAR mapas temáticos relativos à proposição deste trabalho; 16 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1.1 Cartografia A arte da Cartografia é conhecida desde os primórdios da história da humanidade. A história da Cartografia praticamente acompanhou o desenvolver da humanidade. Os principais eventos que colaboraram com o progresso das ciências cartográficas estão representados pelo famoso ensaio geográfico de Claudius Ptolomeu, escrito no século II A. C., descrevendo a forma esférica da Terra e como esta poderia ser representada por mapas planos (Figura 01). “Os estudos de projeções cartográficas elaboradas por Gerhardus Mercator em meados do século XVI e posteriormente, o desenvolvimento das técnicas de offset, litografia e fotografia obtidos no final do século XIX” (MONMONIER apud SOARES, 2000, p. 2). Não se deve desconsiderar que sem o melhoramento das técnicas de levantamento, tais como a Fotogrametria, o Sensoriamento Remoto e a Geodésia, não existiriam mapas tão precisos e que representassem grandes extensões da Terra. 17 Figura 01 – Estudos de projeções cartográficas Fonte: http://imasters.uol.com.br. Portanto, a coleta de dados sobre a distribuição espacial de propriedades da superfície e subsuperficie terrestres sempre foi uma preocupação de sociedades organizadas. Esses dados de natureza espacial ou geográfica são coletados para diferentes fins e a sua representação é realizada por meio de documentos cartográficos. Originalmente, os mapas foram usados para descrever lugares remotos e para o auxílio à navegação e práticas militares. Com o avanço dos 18 estudos científicos sobre a Terra, cada vez mais novas áreas de conhecimento utilizaram-se de técnicas cartográficas. Hoje, estudos ambientais, tais como Geologia, Ecologia, Geomorfologia, Geografia, Agronomia e Climatologia, fornecem uma incrível diversidade de temas a serem cartografados, como no exemplo de rios, habitats naturais, rede de infraestrutura, formações geológicas, jazidas minerais, solos, vegetações, populações e unidades de relevo. Dentro de uma visão histórica da Cartografia, podem-se vislumbrar várias fases. “Os primeiros levantamentos cartográficos consistiram basicamente na observação, classificação e mapeamento temático qualitativo” (BURROUGH apud SOARES, 2000, p. 2). Descrições quantitativas foram restritas devido à falta desse tipo de observação, ausência de ferramentas matemáticas que tratassem espacialmente os dados, e decorrente da falta de um recurso apropriado que permitisse a representação de grandes volumes de dados quantitativos. Dados geoquantitativos são usualmente representados por mapas de isovalores obtidos pelo traçado de isolinhas ou linhas de contorno, por conseguinte, para cada tipo de dado é necessária a confecção de uma folha cartográfica, o que leva, em muitos casos, a geração de uma grande coleção de cartas, dificultando desse modo uma visão integrada das diferentes variáveis explicativas do modelo de ocorrência de um fenômeno ou ente espacial. Ainda, outra restrição imposta por este tipo de representação referia-se à dificuldade de atualização de dados de natureza dinâmica, como no exemplo de cartas climáticas, que necessitam ser alteradas diariamente, o que se torna impraticável de se fazer manualmente. Durante as décadas de 60 e 70, novas tendências surgiram na maneira de se lidar com os dados cartográficos. Projetos de inventários ambientais e de levantamentos de recursos naturais, que começavam a ser realizados em todo o Globo, tinham como objetivo entender a interação dos diversos aspectos da Terra. Este fato resultou em abordagens integradas e multidisciplinares, posto que esses estudos levam em conta que os diversos fenômenos na Terra não funcionam independentemente, devendo ser por conseguinte analisados de um modo integrado. Esses estudos sinergísticos resultaram em gigantescas massas de dados coletadas pelas diversas técnicas disponíveis, como nos exemplos de levantamentos de campo, métodos geofísicos e imagens multiespectrais produzidas pelo Sensoriamento Remoto Orbital. 19 2.1.2 Sistemas de Informações Geográficas (GIS) O GIS foi desenvolvido nos anos 60 como meio de sobrepor e combinar diversos tipos de dados em um mesmo mapa. Na década de 70, durante estudos do Laboratório Gráfico Computacional da Escola de planejamento Urbano da Universidade de Harvard, surge o projeto pioneiro de GIS – denominado SYMAP – produzia mapas de declividades com o auxílio de uma impressora matricial (Figura 02), que imprimia áreas mais ou menos escuras, de acordo com o número de vezes que preenchia cada região. O primeiro programa possui funcionalidades de GIS, chama-se Odissey, desenvolvido pelo mesmo laboratório no início dos anos 70. Figura 02 – Modelo de mapa do Projeto SYMAP. Fonte: http://www.geog.ucsb.edu. 20 O uso de GIS evoluiu significativamente nos anos de 1980 e hoje estão sendo difundidas em órgãos estatais, prefeituras, universidades e, especialmente, nas concessionárias de serviços públicos. O Geoprocessamento, tecnologia aplicada no GIS, pode ser definido como o conjunto de técnicas e metodologias que implicam na aquisição, arquivamento, processamento e representação de dados georreferenciados. Um dado georreferenciado é aquele que possui coordenadas geográficas (latitude e longitude). O armazenamento, análise e apresentação de um grande volume de dados sobre o determinado espaço geográfico, propiciaram o desenvolvimento de ambientes informatizados que aliassem mapas digitais as informações sobre os elementos do mapa. Esta operação envolve tecnologia de informática, banco de dados e Cartografia Digital, no entanto transcende a ambas. As aplicações e usos do GIS dependem da existência de um sistema eficiente e lógico que possa transformar e associar elementos cartográficos a banco de dados (MARBLE & PEUQUET apud ANTUNES, 2004, p. 1). BURROUGH (1998) define Geographical Information Systems como um conjunto de ferramentas para coleta, armazenamento, recuperação, transformação e exibição de dados espaciais do mundo real para um conjunto particular de propósitos. Da mesma forma MARBLE (1984) complementa o conceito anterior definindo o GIS como sistema voltado à aquisição, análise, armazenamento, manipulação e apresentação de informações referenciadas espacialmente. As principais características dos GIS são: “Integrar, numa única base de dados, informações espaciais provenientes de dados cartográficos, dados de censo e de cadastro urbano e rural, imagens de satélite, redes, dados e modelos numéricos de terrenos; combinar as várias informações, através de algoritmos de manipulação, para gerar mapeamentos derivados; consultar, recuperar, visualizar e plotar o conteúdo da base de dados geocodificados” (CÂMARA apud ANTUNES, 2004, p. 2). Ainda no que se refere a conceituação o GIS: “é a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica”(CAMARA apud ANTUNES, 2004, p 2). A informação geográfica é tudo aquilo que se refere a um determinado objeto que pode ser vinculado a superfície física da Terra ou ao seu modelo simplificado: o mapa (ANTUNES, 1993). 21 Esta evolução foi certamente favorecida pela evolução paralela de tecnologias de coleta da informação espacial ou as denominadas Geotecnologias, tais como: - Sensoriamento Remoto, com as imagens de alta resolução e a confecção de ortoimagens; - GPS – Sistemas Global de Posicionamento (Global Positioning Systems – GPS) que permitem determinar o correto posicionamento de objetos da superfície terrestre; - Aerofotogrametria que permite a transformação de fotografias aéreas verticais em mapas digitais. Isto conduz à visão de que GIS tem cinco componentes básicos: - Hardware - o computador no qual o GIS é processado e seus periféricos. O desenvolvimento rápido do hardware de computador levou GIS do domínio do perito em computadores que usava um mainframe, para os desktops, onde o usuário final pode sozinho utilizar a tecnologia; - Software - em contraste com o de hardware, o desenvolvimento de software tem sido lento e caro. Interfaces de usuário ainda são relativamente primitivas, há dificuldades de conexão com outros tipos de software, etc. - Dados - a representação computadorizada do mundo real. Os dados, em especial sua coleta, são o fator mais caro e que mais tempo consome para a implementação de um GIS. Normalmente estão disponíveis em áreas governamentais, não havendo políticas consistentes de disponibilização dos mesmos. - Método - que é a forma, o conjunto de práticas, pela qual uma determinada organização opera seu GIS; evidentemente, o mesmo deve estar conectado aos demais processos da organização para utilização plena de seus recursos. Pode-se dizer que cada uma tem um método prático e único. - Pessoal - um software GIS é basicamente um jogo de ferramentas, apenas a qualificação das pessoas que usam o sistema realmente pode fazer com que ele trabalhe adequadamente para uma organização. É difícil obter, treinar e manter pessoal qualificado, o que faz com que muitos considerem esse o ponto mais delicado para a implantação de um GIS com sucesso. 22 2.1.2.1 Evolução histórica O conceito de retratar camadas diferentes de dados em uma série de mapas e depois tentar relacioná-los por sobreposição é muito mais antigo que os computadores (BRETERNITZ, 2007). Mapas da batalha de Yorktown, da Revolução Americana, desenhados pelo cartógrafo francês Louis-Alexandre Berthier, mostravam movimentos de tropas através desse recurso. Em meados do século XIX, o "Atlas to Accompany the Second Report of the Irish Railway Commissioners" mostrava dados acerca de população, fluxo de tráfico, geologia e topografia sobrepostos no mesmo mapa básico, era já uma utilização empresarial e não militar do instrumento. O Dr. John Snow usou um mapa que mostrava as localizações dos casos de morte por cólera no centro de Londres em setembro de 1854, conseguindo localizar um poço contaminado que iniciou um surto da doença; este foi um dos primeiros casos de utilização de análise geográfica. 2.1.2.2 GIS na atualidade A cronologia do desenvolvimento dos atuais GIS é balizada por vários fatores que geraram uma mudança na forma de pensar e atuar dos geógrafos (BRETERNITZ, 2007). Dentre esses fatores, podemos destacar: - avanços na tecnologia de computador; - aumento da consciência social, com a sociedade exigindo seus direitos de maneira mais incisiva; - exigências de integração das informações sobre transportes, rotas, destinos, origens, tempos; - ativação dos estudos integrados na Universidade de Washington acerca de métodos estatísticos avançados, programação de computadores e cartografia por computador (1958-61). 23 Estudos de alguns pesquisadores também foram importantes, principalmente por terem desenvolvido ferramentas de base para criação de GIS; dentre esses podemos destacar: - Nystuen: conceitos fundamentais de espaço - distância, orientação, conectividade; - Tobler: algoritmos para projeções de mapas e Cartografia por Computador; - Bunge: geografia teórica, bases geométricas para Geografia - pontos, linhas e áreas. Nesse período, apesar da precariedade dos recursos disponíveis, começaram a ser desenvolvidas algumas aplicações reais, essas teriam sido os primeiros GIS efetivamente postos em operação, talvez antes mesmo que o termo fosse cunhado. Dentre essas podemos destacar: - Planos integrados de transportes desenvolvidos nos anos 50 e 60 em Detroit e Chicago; - O Sistema de Informações Geográficas do Canadá, iniciado em 1962, que processou os dados coletados pelo Canada Land Inventory, cruzando mapas com diferentes "temas" - o grupo que desenvolveu esse projeto disputa com outro, que desenvolveu estudos na Northwestern University, a criação do termo "GIS"; - O projeto STORET (1964), do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos, que voltado ao suprimento de água potável e controle de poluição, unificou os dados coletados por diferentes organizações, relativos à qualidade de água, processos de tratamento etc.; - O projeto MIDAS (1964), do Serviço Florestal americano, que é considerado como o primeiro GIS completo para administração de recursos naturais; - O DIME, do U.S. Bureau of the Census, também dos anos 60, desenvolvido para construir representações digitais de ruas e zonas censitárias; Do ponto de vista mais acadêmico, talvez a maior contribuição para os atuais GIS tenha sido a dada por Harvard, onde Howard Fischer iniciou estudos para desenvolvimento de um software de mapeamento para uso geral. Criou-se o "Harvard Laboratory for Computer Graphics and Spatial Analysis" que influenciou fortemente o desenvolvimento dos GIS até o início dos anos 80. Nesse período, software ali produzido foi amplamente utilizado para desenvolvimento dos GIS 24 pioneiros, sua importância ainda persiste, ainda que em menor escala, e muitos dos atuais especialistas na área vieram desse ambiente. Pode-se dizer que há duas grandes famílias de sistemas GIS: "vetor" e "raster". Além dos dispositivos compugráficos de entrada e saída utilizados nos GIS serem classificados dessa forma (raster são aqueles em que as imagens são digitalizadas ou exibidas como uma matriz de pixel e vetor aqueles em que as imagens são descritas através de elementos geométricos posicionados em um sistema de coordenadas cartesianas (TORI apud BRETERNITZ, 2007)). Assim, nos GIS vetor as informações acerca de pontos, linhas e polígonos, são codificadas e armazenadas como uma série de coordenadas x e y. A localização de um ponto, pode ser dada como uma coordenada x,y; objetos com características lineares (para fins de GIS), tais como estradas e rios, podem ser armazenadas como uma seqüência de coordenadas x,y. Polígonos, como territórios, áreas plantadas, etc., podem ser armazenados como um loop de coordenadas. Armazenagem sob a forma de vetores, pode ser muito útil para descrever modelos de características discretas, mas são menos indicados quando se trata de modelos com características relativamente estáveis, como por exemplo os tipos de solo numa dada área. Já os modelos com características que mudam continuamente, são mais adequadamente tratados via raster, que como se disse é um conjunto, uma grade de células, análogo a um mapa ou foto digitalizada. Foi nos anos sessenta que os atuais GIS começaram a se assemelhar ao que temos hoje. Os da família raster se desenvolveram mais rapidamente, principalmente por terem suas estruturas de dados semelhantes às usadas para Sensoriamento Remoto, que àquela época já estava razoavelmente desenvolvido. Adicionalmente, os algoritmos que deveriam processar os vetores estavam apenas tendo seu desenvolvimento iniciado, além de serem muito "pesados" para processamento pelos processadores computacionais então disponíveis. O mais conhecido GIS raster surgido desses trabalhos iniciais, foi o MAP Map Analysis Package, desenvolvido por Dana Tomlin; nessa mesma época, Jack Dangermond, que trabalhou no laboratório de Harvard, iniciou o desenvolvimento de um GIS vetor, que se tornou o ArcInfo, talvez o GIS mais utilizado em todo mundo. No entanto, os GIS raster eram muito populares até meados dos anos 80, quando foram lançados o ArcInfo e vários outros sistemas. 25 A década seguinte viu o desenvolvimento rápido de GIS vetor, em função do rápido desenvolvimento dos computadores. O crescimento desses sistemas gerou um declínio no desenvolvimento e uso dos GIS raster, que passaram a ser vistos como soluções de segunda classe, principalmente por causa de sua pobre resolução espacial e necessidade de grandes áreas para armazenamento de dados. Nos anos 90, passou a se observar o renascimento dos GIS raster, por terem, os usuários percebido que cada família de GIS pode ser mais adequada numa dada situação, podendo até serem complementares, o que está levando ao desenvolvimento de sistemas integrados ou mistos. Do ponto de vista tecnológico, pode-se classificar os modernos GIS em três grandes grupos, a saber: - Os CAD/cartográficos, sistemas herdeiros da tradição de Cartografia, com limitado suporte de bancos de dados e com o paradigma típico de trabalho sendo o mapa (chamado de "cobertura" ou de "plano de informação"). Foram desenvolvidos a partir do início da década de 80 para ambientes da família VAX e, a partir de 1985, para sistemas PC/DOS, e utilizados principalmente em projetos isolados, sem a preocupação de gerar arquivos digitais de dados. Esses GIS podem ser caracterizados como sistemas orientados a projeto (project-oriented GIS). - Os dos bancos de dados geográficos. Concebidos para uso em ambiente cliente-servidor, acoplados à gerenciadores de bancos de dados relacionais e com pacotes adicionais para processamento de imagens, chegaram ao mercado no início da década de 90. Com interfaces baseadas em janelas, este grupo também pode ser visto como voltado ao suporte às organizações (enterprise-oriented GIS). - Bibliotecas geográficas digitais ou centros de dados geográficos, produto da evolução do segundo grupo. Estão começando a chegar ao mercado e caracterizam-se pelo gerenciamento de grandes bases de dados geográficos, com acesso através de redes locais e remotas, com interface via WWW (World Wide Web). Requerem tecnologias como bancos de dados distribuídos e federativos permitindo interoperabilidade, ou seja, o acesso às informações por diferentes GIS. São sistemas orientados para troca de informações entre organizações e cidadãos, acessando bases de dados públicas (societyoriented GIS). 26 2.1.2.3 Disciplinas envolvidas GIS são verdadeiramente uma aventura multidisciplinar, recebendo contribuições de inúmeras áreas para fixação de seus conceitos, e para o projeto, desenvolvimento, implementação e uso de seus produtos. GIS representa uma convergência de campos tecnológicos e disciplinas tradicionais. Dentre estas, as principais são: - Sensoriamento Remoto e GPS: sensoriamento remoto é a tecnologia que permite medir porções de terra utilizando sensores e câmeras transportados por aviões e satélites (Figura 03); GPS (Global Positioning System) são sistemas que dão, por triangulação com satélites, as exatas coordenadas de um ponto (Figura 04). As imagens aéreas e do espaço são uma das fontes principais dos dados geográficos; dados capturados e tratados por esses sistemas podem ser fundidos com outras camadas de dados em um GIS (doravante a expressão "camada" será utilizada no sentido de sobreposição de informações provenientes de diversos "mapas" eletrônicos), na literatura, essa fusão de camadas é chamada usualmente overlay. Figura 03 – Imagem obtida por Sensoriamento Remoto Fonte: http://images.google.com.br. 27 Figura 04 – Esquema de posicionamento por GPS. Fonte: http://images.google.com.br. - Fotogrametria: técnica bastante antiga (basicamente fotografias aéreas), e que tende a ser substituída pelo sensoriamento remoto, mas que ainda é a fonte de um grande volume de dados sobre o terreno e uma das principais entradas num GIS (Figura 05); Figura 05 – Fotogrametria Fonte: http://www.geometral.pt. 28 - Cartografia convencional, outra grande, talvez a principal, fonte de dados de entrada num GIS, esses dados obviamente são mostrados em mapas, o principal campo de estudo dessa disciplina; - Estatística: muitos modelos construídos usando GIS são de natureza estatística, o que implica no uso de técnicas estatísticas para sua análise; - Pesquisa operacional: muitas aplicações de GIS requerem o uso de técnicas de otimização para tomada de decisões; - e finalmente, a Ciência da Computação, que através de muitas de suas áreas deu contribuição vital aos GIS, principalmente no que se refere a: - CAD, que provê recursos para entrada de dados e sua posterior visualização, especialmente em 3D; os CAD, (Computer Aided Design), são sistemas bastante utilizados para gerar saídas em forma de mapas ou plantas, embora de limitada utilidade para trabalhos mais sofisticados na área dos GIS; - Computação gráfica avançada, que fornece recursos de hardware e software para manejo e apresentação gráficos; - Sistemas de gerenciamento de banco de dados (DBMS), que contribuem para a representação de dados em forma digital, procedimentos para projeto de sistemas e manejo de grandes volumes de dados, particularmente para recuperação e atualização dos mesmos; - Inteligência artificial, que permite utilizar o computador como um especialista para tomada de decisões, fazendo escolhas baseado nos dados disponíveis. 2.1.2.4 Áreas de aplicação Os GIS têm aplicações numa enorme variedade de campos: Logística, Geologia, Agricultura, Planejamento, Segurança Pública, Preservação de Recursos Naturais e muitos outros. Em quase todos esses campos, há necessidade de ênfase na coleta, integração e análise de dados espaciais, que naturalmente podem ser tratados por um GIS, razão pela qual a tecnologia dos GIS pode ser considerada uma enabling technology, no sentido que tem potencial de atender às necessidades supramencionadas. 29 2.1.2.5 Processos de um GIS Operando em qualquer uma dessas áreas, pode-se dizer que um GIS de uso geral executa cinco processos básicos, conforme se segue: - Entrada de dados: antes que os dados possam ser utilizados por um GIS, os mesmos devem ser convertidos para um formato digital adequado, esse é o trabalho que usualmente consome mais tempo dentre os que se está analisando. Em computação gráfica, esse processo é chamado genericamente de digitalização. Atualmente, esse processo pode ser feito através de escaneamento, de forma bastante automática, se bem que o uso de mesas digitalizadoras manuais ainda possa ser interessante em determinadas situações. Durante o processo de entrada de dados, estes precisam ter suas características identificadas (por exemplo, num mapa de rede elétrica, tem-se que dizer ao sistema quais os postes, as torres, os transformadores, etc.), além disso, por mais desenvolvidos que sejam os scanners, às vezes problemas prosaicos, como sujeira num mapa por exemplo, podem gerar conexões entre duas linhas que em realidade não deveriam estar conectadas. Essas informações precisam ser editadas ou removidas dos arquivos digitais que estão sendo criados, conforme se pode ver no item abaixo. Atualmente, muitos bancos de dados geográficos já estão organizados de forma compatível com os GIS, podendo ser obtidos junto a vendedores e carregados diretamente num GIS. - Manipulação: muitas vezes, os dados exigidos por um determinado GIS necessitam ser manipulados de alguma forma para que se tornem compatíveis com o sistema em uso ou aplicação em desenvolvimento. O exemplo mais típico dessa situação é o de informações disponíveis em diferentes escalas, que precisam ser trazidas para uma base única. Outro exemplo poderia ser tornar compatíveis entre si informações obtidas através de fotos de satélite com outras provenientes de mapas. No caso das fotos de satélite, elas devem ser processadas e interpretadas por computador, que normalmente as transformará num "mapa", que será transferido para um GIS. A tecnologia disponível oferece várias ferramentas para esse trabalho, bem como para "corte" de informações desnecessárias, geralmente obtidas a partir 30 de mapas e cuja manutenção e processamento apenas encareceria o processo. - Gerenciamento de dados: no caso de pequenos projetos, pode ser suficiente o armazenamento de dados simplesmente como um conjunto de arquivos. No entanto, quando o volume de dados, o número de usuários e a complexidade da aplicação aumentam, torna-se indispensável o uso de um Sistema Gerenciador de Bancos de Dados (DBMS). Até o momento, os DBMS relacionais tem sido os mais utilizados para essa finalidade, principalmente por sua flexibilidade - e por que não dizer, por serem atualmente os mais utilizados em quase todas as áreas. - Query e análise: tão logo tenha-se um GIS funcionando, pode-se obter do mesmo respostas a questões simples, como: quem é o dono de determinado terreno? Qual a distância entre dois dados pontos? Onde se localiza o Distrito Industrial? - cada uma dessas questões diretas, é chamada query. Podem também serem feitas questões analíticas, que exigem cruzamento e análise de dados para serem respondidas, tais como: "Exibir todas as áreas adequadas à construção de conjuntos residenciais"; "Qual o tipo de solo dominante nos parques públicos da cidade?"; "Se for aberta uma avenida entre dois dados pontos, como ficará o tráfego na área?". Os modernos GIS não só são extremamente ágeis para analisar dados geográficos e identificar padrões e tendências, como também para processar questões do tipo "o que..., se..." (what if). De suas ferramentas sofisticadas de análise, dois tipos se destacam: as de "Análise de Proximidade", que buscam responder a questões do tipo, “Quais lotes estão até a 50 metros dessa adutora?”; "Qual o número de consumidores num raio de 11 quilômetros dessa loja?", entre outros. - Para responder a questões como estas, os GIS se utilizam de um processo chamado buffering, que determina as relações de proximidade entre as entidades consideradas. O segundo tipo é o de "Análise por Overlay". Em jargão de bancos de dados, um overlay poderia ser chamado de spatial join, partindo de mapas separados que gerariam um único em que seriam consolidadas as informações desejadas. - Visualização: para grande número de aplicações geográficas, o resultado de um processamento pode ser melhor visto e entendido se apresentado através 31 de um mapa ou gráfico, que tem sido por muito tempo quase que as únicas ferramentas dos atuais usuários de GIS. No entanto, esses agora podem prover um grande número de diferentes "saídas", quer fundido mapas e gráficos em relatórios, quer os integrando a visões tridimensionais, imagens fotográficas, multimídia, etc. De qualquer forma, a compugrafia abriu um grande leque de novas ferramentas e oportunidades para esses usuários. 2.1.3 Banco de Dados Os diferentes fenômenos geográficos, ao se distribuírem sobre a superfície da Terra, estabelecem padrões de ocupação (CAMARA apud ANTUNES, 2004, p. 20). Ao representar tais fenômenos, o Geoprocessamento procura determinar e esquematizar os mecanismos implícitos e explícitos de sua interrelação. Estes padrões de relação assumem diferentes formas: - Correlação espacial: um fenômeno espacial (ex. Topografia) está relacionado com o entorno de forma tão mais intensa quanto maior for a proximidade de localização. Dizemos informalmente que “coisas próximas são parecidas”; - Correlação temática: as características de uma região geográfica são moldadas por um conjunto de fatores. Assim, as formas geológicas, o solo, o clima, a vegetação e os rios formam uma totalidade interrelacionada. Deste modo, pode-se traçar pontos de correspondência entre o solo e a vegetação de uma região, que são dois temas distintos; - Correlação temporal: a fisionomia da Terra está em constante transformação, em ciclos variáveis para cada fenômeno. Cada paisagem ostenta as marcas de um passado mais ou menos remoto, apagado ou modificado de maneira desigual, mas sempre presente (DOLFUS apud ANTUNES, 2004, p. 21); - Correlação topológica: de particular importância na representação computacional, as relações topológicas como adjacência, pertinência e interseção, permitem estabelecer os relacionamentos entre os objetos geográficos que são invariantes: rotação, translação e escala. 32 A base de dados no GIS é composta por dois tipos de dados – geométrico ou espacial e não geométrico ou descritivo, armazenados numa série de arquivos (Figura 06). O GIS tem a capacidade de ligar esses dois tipos de dados e estabelecer uma relação entre eles, através das ferramentas de geoprocessamento. Os dados espaciais, que geralmente descrevem as feições da superfície terrestre, são representados por pontos, linhas e polígonos. Um sistema (X,Y) de coordenadas (cartesianas) é usado para referenciar as feições. No entanto, existe a necessidade de uma informação adicional sobre os mapas na relação espacial entre as feições que é a topologia. A topologia, como já citado, é um procedimento matemático para definir explicitamente as relações espaciais entre elementos. Nos mapas digitais, por exemplo, a topologia, define conexões entre as feições, identifica polígonos adjacentes e pode definir uma feição ou um conjunto de feições. O banco de dados descritivo armazena os atributos das feições. Estes atributos podem ser nominais (tipo de solo, floresta, etc.) ou escalares (altitudes, profundidades, índices, etc.). O projeto da base de dados geográficos de um GIS, pode ser dividido em três fases principais: - Identificação de feições geográficas e atributos; - Organização das camadas (layers) de informação geográfica; - Definição do armazenamento. O banco de dados alfanumérico de refletir os objetivos do usuário na utilização do sistema. À medida que o volume e os tipos de dados armazenados aumentam, é necessário utilizar softwares específicos para gerenciamento de dados. Os Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados – SGBD’s, objetivam disponibilizar a diferentes usuários acesso ao banco de dados além de manter a integridade dos mesmos. 33 Figura 06 – Fluxograma Banco de Dados Fonte: http://www.mundogeo.com.br. 2.1.4 Programa Intermunicipal da Água A Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída em 1997, modernizou alguns princípios do tratado das águas no País por utilizar critérios inovadores como considerar a bacia hidrográfica como unidade de planejamento, incentivar a gestão participativa e descentralizada, utilizar o princípio do uso múltiplo quebrando a hegemonia de um setor sobre os demais, assim como, reconhecer a água como bem finito, vulnerável e de valor econômico. O processo de planejamento ambiental participativo conduzido pelo Consórcio Ambiental Quiriri apontou para a necessidade de ações relacionadas à proteção dos recursos hídricos, em especial, na criação de um banco de dados para o gerenciamento ambiental, devido a isso então surge o PIA. Sensibilizar as pessoas para os problemas sócio/ambientais é o primeiro passo para desencadear atitudes construtivas e necessárias dos vários segmentos da comunidade. O acompanhamento das condições e do uso dos recursos hídricos da região é, neste primeiro momento, um banco de dados para subsidiar e priorizar ações específicas a serem adotados junto às comunidades. Visando deflagrar ações conjuntas e integradas nos municípios do Consórcio Ambiental Quiriri, para a melhoria das águas, bem como sua posterior manutenção, estão sendo articuladas as primeiras ações para monitoramento das águas superficiais da região. O programa resulta das parcerias entre o Consórcio Ambiental Quiriri, Conselho 34 Municipal de Defesa do Meio Ambiente (COMDEMA), as Prefeituras e SAMAE de Rio Negrinho e São Bento do Sul, e utiliza-se de articulações de cunho participativo/educativo. O monitoramento das águas da bacia hidrográfica visando parâmetros físico-químicos, divulgações dos resultados e suas origens/causas e soluções para as comunidades do entorno, direta e indiretamente relacionadas, são passos fundamentais previstos no programa. É o envolvimento dos que participam do problema na solução deste problema. (FURST-PACHECO, et al, 2002) Os objetivos exclusivos do PIA são relatados por FUERST-PACHECO, et al. 2002, p.3. 1. Despertar a co-responsabilidade do cidadão perante a conservação dos recursos hídricos. 2. Deflagrar ações conjuntas e integradas nos municípios do Consórcio Ambiental Quiriri, desconsiderando os limites político/administrativos utilizando como base de planejamento os limites da bacia hidrográfica. 3. Avaliar as conseqüências do uso do solo da bacia, variações demográficas, mudanças com relação aos usos, intervenções de gerenciamento e variações climáticas. 4. Subsidiar e priorizar ações específicas a serem adotadas junto à comunidade local. 5. Propor ações preventivas. 6. Criar e organizar banco de dados local. O monitoramento da qualidade das águas vem sendo executado em 18 pontos de amostragem, quatro vezes ao ano. Os pontos de coleta encontram-se distribuídos nos rios Banhados, Serrinha, do Salto, dos Bugres, Negrinho, Preto, Negro, Bituva e Corredeiras. Para manutenção e custeio o PIA conta com o repasse mensal no valor de R$ 0,01 por m³ de água tratada e distribuída à população do município. O dinheiro é destinado a uma conta específica do Consórcio Ambiental Quiriri. A cada estação do ano, são verificados em campo a temperatura e oxigênio dissolvido da amostra, assim como, a temperatura ambiente. Os parâmetros turbidez, pH, cor, alcalinidade, dureza total, dureza Mg, dureza de Ca, gás carbônico livre, alumínio residual, cloretos e ferro total são analisados no laboratório do SAMAE de Rio negrinho. A empresa Orgânica Laboratório de Análises Químicas faz as análises de DBO, DQO, nitratos, sólidos totais, óleos e graxas, metais e coliformes fecais e totais. Os resultados vêm sendo organizados com a elaboração de tabelas e gráficos, formando um banco de dados, iniciado em 2001, através de boletins informativos do Programa Intermunicipal da Água, em forma de documento interno. 35 Além dos aspectos químicos dos cursos d'água da região estão sendo viabilizados para 2008/2009 a implantação de estações telemétricas para leitura das flutuações e comportamento do Rio Negrinho fundamentais para subsidiar e priorizar ações específicas a serem adotadas junto à comunidade local, com apoio financeiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT, junto ao FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) do Ministério da Ciência e Tecnologia. O projeto “Monitoramento e Modelagem Hidrossedimentológica da Bacia Hidrográfica do Alto Rio Negro – Região Sul Brasileira” é uma parceria estabelecida entre a Universidade Federal de Santa Catarina (entidade executora) o Consórcio Ambiental Quiriri (entidade interveniente) Universidade Federal do Paraná e Universidade Estadual do Centro Oeste como co-executores. Também aprovado, foi o projeto “Estudo técnico-participativo de viabilidade para o abastecimento de água no município de Rio Negrinho/SC” junto ao CNPQ. Trata-se de solicitação para estudo da bacia hidrográfica do rio Negrinho prevendo a instalação de estações automáticas de monitoramento hidro/meteorológicos e estudo técnico-participativo de viabilidade para abastecimento de água do rio dos Bugres. 2.1.5 O Programa Água Limpa O Programa Água Limpa surgiu por iniciativa do Ministério Público Catarinense. Em 21 de outubro de 1999, na Procuradoria Geral da Justiça foi implantado o Programa Água Limpa, que visa a recuperação e proteção dos recursos hídricos de Santa Catarina, através de uma ação conjunta e solidária do Ministério Público, órgãos públicos e a sociedade em geral. De acordo com SCHOEFFEL; PACHECO; ZUFFO (2007, p.13): O Programa Água Limpa encontra-se centrado na proposta de solução consensual para o dano ambiental decorrente da degradação da mata ciliar, mediante a adesão dos municípios e a população ribeirinha a um Termo de Ajustamento de Condutas (TAC). Nestes TAC os municípios se comprometem a elaborar e a apresentar projeto de reflorestamento da mata ciliar ao órgão ambiental estadual competente pelo licenciamento deste tipo de projeto, bem como após a aprovação do projeto de reflorestamento pelos órgãos ambientais competentes a distribuir, gratuitamente, mudas nativas para os proprietários arrendatários, ou possuidores de terrenos ribeirinhos. 36 Em Rio Negrinho, o Programa Água Limpa foi proposto no ano de 2002; porém, apenas no ano de 2006 é que ele efetivamente começou a ser posto em prática. Várias reuniões realizadas com o objetivo de definir uma estratégia mais adequada para realização de vistorias na área urbana aglutinou uma equipe de trabalho composta por Policiais Ambientais, servidores públicos municipais das Secretarias de Planejamento e Meio Ambiente e de Agricultura, da Vigilância Sanitária Municipal, da Epagri, do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (COMDEMA) e do Consórcio Ambiental Quiriri. Ao Programa Água Limpa foi incorporado o Programa de Ligação dos Esgotos Sanitários na Rede Coletora Implantada, objetivando superar os problemas originários da destinação inadequada dos esgotos sanitários, prevenindo eventuais danos ao meio ambiente, conforme cita SCHOEFFEL; PACHECO; ZUFFO (2007, p. 14): “No decorrer das vistorias evidenciou-se que, além da degradação da mata ciliar, o lançamento clandestino de esgotos representava o maior problema do rio Serrinha, situação que se imaginava também estar presente nos demais cursos d’água do município”. Através do Programa, foram realizadas 269 vistorias, sendo 112 vistorias no rio Serrinha e 157 feitas no rio Negrinho. [...] O Programa Água Limpa no município de Rio Negrinho busca desencadear um processo de enfrentamento dos problemas ambientais considerando o processo de urbanização e seus reflexos nas áreas protegidas por lei. Objetivando a proteção e recuperação dos cursos d’água urbanos, o programa pretende através de atuação preventiva e não puramente repressiva ajustar as irregularidades constadas. (SCHOEFFEL; PACHECO; ZUFFO, 2007, p.15) Após tabulação dos dados existentes que identificam a situação atual e conflitos de uso na APP, foi verificada a necessidade de prosseguimento de pesquisas básicas para subsidiar a tomada de decisões. Um projeto de recuperação da área foi iniciado tomando como unidade geográfica a região hidrográfica do rio Serrinha. Adequações do sistema de saneamento, recuperação de vegetação degradada e regularização fundiária são algumas das demandas identificadas que devem ser trabalhadas. Frente aos Programas relacionados ao levantamento de informações sobre os recursos hídricos da região de Rio Negrinho/SC, faz-se necessário o estabelecimento de uma ferramenta de apoio como metodologia informacional e de aglutinação das informações dispersas. 37 Este projeto visa desenvolver um sistema de informação geográfica para fins de análise dos dados relacionados à qualidade de água no município de Rio Negrinho, contribuindo com a análise integrada das informações subsidiando a tomada de decisão eficaz e uma contribuição significativa aos processos de planejamento e gestão dos recursos hídricos locais. 2.2 MATERIAL E MÉTODOS 2.2.1 Localização da Área de Estudo Rio Negrinho possui uma localização privilegiada e é ponto estratégico no Norte de Santa Catarina. A cidade possui 908 Km² de território e é cortado pela rodovia BR-280 (Figura 07). Figura 07 – Mapa de Localização do Município de Rio Negrinho e Área de Estudo Fonte: O Autor. 38 O presente projeto desenvolveu-se na Prefeitura do Município de Rio Negrinho, Estado de Santa Catarina, na Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente e foram mapeados os oito principais rios e seus afluentes, em uma área de aproximadamente 1.017 Km² e perímetro de 257,14 Km, nos municípios de Rio Negrinho (SC) e São Bento do Sul (SC). 2.2.2 Metodologia Para viabilizar o projeto de pesquisa, foi necessário buscar fundamentação teórica que dê apoio para a implementação do banco de dados georreferenciado, o que nos serviu para formatar e dar início à estruturação do GIS. 2.2.2.1 Composição da base cartográfica A primeira etapa na implementação do GIS, foi a avaliação da base cartográfica existente e através de pesquisa obteve-se junto a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, uma base cartográfica completa, nas escalas 1/2.000 (área urbana) e 1/10.000 (área rural). Uma coleção de 74 Ortofotos com a sua restituição estéreo fotogramétrica, no formato dwg do programa AutoCAD (AutoDesk, 2004), representando as seguintes camadas de informação: hidrografia, sistema viário, curvas de nível e vegetação da área e que podem ser visualizados nas Figuras 08 e 09. Fez-se a análise das Ortofotos do município, complementou-se a base cartográfica com cartas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e em seguida compilou-se a base cartográfica com a importação das camadas e das Ortofotos pelo aplicativo ArcCatalog 9.2 (ESRI), usado para geração de feições de mapas para a visualização e manipulação no programa ArcMap 9.2 (ESRI). Esta atividade pode ser analisada através da Figura 10. 39 Figura 08 – Exemplo de Ortofoto Escala 1/2.000 Fonte: Prefeitura Municipal de Rio Negrinho. Figura 09 – Exemplo de Ortofoto Escala 1/10.000 Fonte: Prefeitura Municipal de Rio Negrinho. 40 Figura 10 – Importação das camadas no aplicativo ArcCatalog 9.2 Fonte: O Autor. Outra fonte de informações necessária refere-se às análises de água de 18 pontos distribuídos na área de estudo. Como os pontos de coleta não estavam referidos a um sistema geodésico de coordenadas foi realizado nos dias 26 e 27/08, o acompanhamento da equipe de coleta de amostras de água e com o auxílio de um receptor GPS obteve-se as coordenadas dos 18 pontos de coleta. No primeiro dia foram visitados os pontos de 1 a 10 e no segundo dia, os pontos de 11 a 18. Este intervalo foi necessário devido à grande distância entre os pontos de coleta. Na Figura 11 é apresentada a obtenção das coordenadas do ponto 16. Figura 11 – Obtenção das coordenadas do ponto 16. Fonte: O Autor. 41 Feito isso, foram armazenadas as coordenadas obtidas através do aparelho de GPS dos pontos de coletas no aplicativo ArcCatalog 9.2 (ESRI) e compilado os dados dos resultados das análises das coletas do PIA (Figura 12) em uma planilha eletrônica do software Microsoft Excel (Microsoft, Co) que pode ser observada na Figura 13, ordenando-as de forma cronológica em um único arquivo e posteriormente convertendo-se em banco de dados Dbase (ESRI). Figura 12 – Exemplo de resultado das análises como eram armazenadas Fonte: O Autor. 42 Figura 13 – Tabela de Dados do PIA em ordem cronológica em único arquivo Fonte: O Autor. Na segunda etapa gerou-se no software ArcMap 9.2 (ESRI) os mapas para visualização espacial das bacias hidrográficas dos pontos de coleta e ligação com a base de dados das análises, que pode ser verificado na Figura 13. 43 Figura 14 – Mapa da Área de Estudo Fonte: O Autor. 44 Posteriormente foi feita a ligação e relacionamento dos pontos de coleta com a base de dados, obtendo-se assim a possibilidade de se obter seleções por atributos. Figura 15 – Integração Banco de Dados do PIA com a base cartográfica Fonte: O Autor. Figura 16 – Seleção de dados por atributos Fonte: O Autor. Confeccionou-se o Modelo Digital do Terreno – MDT da área de estudo para análise visual. 45 Figura 17 – MDT da área de estudo. Fonte: O Autor. 46 2.3 RESULTADO E DISCUSSÃO Os dados após serem compilados permitem o GIS efetuar uma série de consultas estruturadas ao Banco de Dados Geográfico (Banco de Dados e Base Cartográfica). Para estruturar o projeto cartográfico do GIS no PIA, as informações foram georreferenciadas e atualizadas em um só ambiente, possibilitando deste modo, servir de pesquisa aos funcionários da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, avaliar a qualidade da água nos rio do município de Rio Negrinho. A prefeitura, Consórcio Quiriri e o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto – SAMAE poderão utilizar o banco de dados atualizado para o planejamento e controle de projetos de infra-estrutura de captação e tratamento de água, bem como, a produção de legislação a cerca da proteção dos mananciais. 2.3.1 Simulação de Visualização de um Ponto de Coleta Na Figura 18 pode-se observar a seleção do ponto e a visualização de seus atributos. Figura 18 – Seleção de ponto de coleta. Fonte: O Autor. 47 3 CONCLUSÃO Este estudo pretende ser um Piloto para os demais projetos de monitoramento de bacias hidrográficas. Acredita-se que ele contribuirá para o GERENCIAMENTO do PIA, principalmente fazendo com que informações que estavam armazenadas dentro dos departamentos de Planejamento e Meio Ambiente possam ser reaproveitadas e utilizadas pela Prefeitura, Consórcio Quiriri e SAMAE. Foram mapeados e identificados espacialmente os 18 pontos de coleta do PIA. O banco de dados em formato DBase supriu as necessidades do GIS. Mapas temáticos sobre o trabalho foram gerados com êxito. Recomenda-se para futuros estudos utilizar dados do cadastro imobiliário urbano e rural, assim como correlacionar os dados das coletas com dados meteorológicos para justificar alguns resultados de análises da água. Com a popularização do GIS para WEB, sugere-se ainda que o sistema obtido seja disponibilizado para a consulta na rede mundial de computadores. A tecnologia Autodesk Mapguide é Open Source e poderá ser bem utilizada para este fim. 48 REFERÊNCIAS ANTUNES, Alzir. Sistemas de informações geográficas: uma visão para administradores e profissionais de tecnologia da informação. São Paulo, 2004. p.1-2 & p.20-21. BRETERNITZ, Vivaldo José. Tendências a serem monitoradas na área de tecnologia da informação e comunicações. Jundiaí, 2007. BURROUGH, Peter. Principles of geography information systems for land resources assessment. Oxford: Clarendon Press.1998. FUERST-PACHECO, Leoni; et al. Boletim técnico – programa intermunicipal da água. Rio Negrinho. 2002-2003. p.3. MARBLE, David Martin. Geographical information system: an overview. In: Sioux Falls, S. D. Proceedings. V.1, 1984. SCHOEFFEL. Elaine Cristina; PACHECO, Leoni Fuerst; ZUFFO, Max. Urbanização x meio ambiente: desafios ao programa água limpa no município de Rio Negrinho. Rio Negrinho, 2007. p.13-15. SOARES, Britaldo Silveira. Curso de especialização em geoprocessamento. Belo Horizonte, 2000. p.2. SOARES, Paulo Fernando. Avaliação de desempenho de redes de monitoramento de qualidade de água utilizando o conceito de entropia. São Paulo, 2001. TUNDISI, José Galizia. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos: Rima 2a.ed, 2005. p. 29. USDA - United States Department of Agriculture. Reports and analyses of environment tendencies. Washington, 1996. VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade ambiental: o desafio de ser competitivo protegendo o ambiente. São Paulo: Pioneira, 1995.
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