machu picchu 2009 - IFMR-SA

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machu picchu 2009 - IFMR-SA
MACHU PICCHU 2009
Relatos da Viagem
1º dia – 12-11-2009 – 749 km
Saímos de São José do Rio Preto-SP, eu e o Kiko, com destino à Marechal Candido Rondon.
Fizemos uma parada para almoço em Maringá, onde fomos recebidos pelos Companheiros do
IFMR-SA Emerson, Fabio e Edgar.
Ao chegar a Rondon, fomos recebidos ainda na estrada pelos Companheiros do IFMR-SA de lá,
que nos levaram a um passeio pelos pontos principais da cidade. À noite nos foi oferecido um
churrasco, majestosamente feito pelo pai do Companheiro Neri, que também nos recebeu em
sua casa para o pernoite.
2º dia – 13-11-2009 – 548 km
Saímos bem cedo do Plaza Neri Inn para tomar um delicioso café em um Posto da cidade, onde
eles se reúnem diariamente. Dali, seguimos rumo a Foz do Iguaçu, com destino final em
Ituzaingó, já na província de Missiones, Argentina.
No churrasco, na noite passada, amigos haviam nos alertado sobre a polícia da província de
Missiones. Eles têm um posto policial na divisa da província, logo após a cidade de Posadas e
tem o habito de extorquir dinheiro dos motociclistas estrangeiros que passam por lá. Esse
posto se encontra nessas coordenadas: S27 27.303 W56 03.041. Foi dito e feito! Quando
passávamos por lá, nos seguiram com suas viaturas bem velhas até o famigerado posto onde
finalmente nos pararam. Tiveram uma reação bem típica de quem está fazendo o errado e,
como havíamos sido alertados, são policias provinciais e não rodoviários, o que os impediriam
de nos parar naquele lugar. Seguindo as dicas que nos deram, assim que pararam a viatura e
desceram dela, ligamos as motos novamente e partimos de lá sem ao menos olhar pra trás.
Não nos seguiram, mas andei vários quilômetros apavorado com o acontecido. 1ª adrenalina
da viagem!
Chegamos a Ituzaingó, no Hotel Che Recove (S27 34.967 W56 41.179), local marcado para
encontrar os demais Companheiros de viagem. Após alguns minutos chegaram o Cezar, Bica,
Vilson, Diogo e Renato, nossos parceiros do Rio Grande do Sul.
3º dia – 14-11-2009 – 668 km
Quando amanheceu o dia, tomamos um café em um posto YPF da cidade de Ituzaingó e
partimos para a estrada, rumo a San Ramón de la Nueva Oran. Seguimos por Corrientes, El
Colorado, Pirané, ainda em baixa altitude, porém, neste dia tivemos a oportunidade de
presenciar uma incrível mudança de temperatura. Em um determinado trecho, parece mesmo
que havia uma linha divisória, a temperatura subiu de forma radical, nos levando a andar a
quase 47º C. Bastante desgastante!
Há 200 km de Pirané, na cidade de Las Lomitas, resolvemos fazer nosso pernoite, embalados
pelos amigos Diogo, Renato e Kiko. O posto em que paramos na rodovia, em Las Lomitas, é de
uma família extremamente receptiva, que nos indicou Hotel e nos preparou um ótimo jantar,
uma Parrillada, regado à cerveja Quilmes. O Hotel fica dentro da cidade, chama-se Las Lomitas
mesmo (S24 42.641 W60 35.495), mas existe um melhor (bem melhor) que este, há uns 6 km
antes de chegar à cidade. Passamos por ele!
Do hotel até o posto eram poucos metros e fizemos o percurso para o jantar a pé, o que nos
deu uma noção muito interessante da pequena e amistosa cidade. Muito legal! Após o jantar,
voltamos aos apartamentos, que ficaram com o ar condicionado ligado, mas parecia que
estávamos em um forno, mesmo assim!
4º dia – 15-11-2009 – 617 km
Partimos bem cedo de Las Lomitas neste dia, rumo a Salvador Mazza, divisa da Argentina com
a cidade de Yacuiba, já na Bolívia. Nosso objetivo neste dia era chegar à cidade de Villa
Montes. Tomamos o café da manhã, ou desayuno, no mesmo posto YPF que nos acolheu no
dia passado.
O calor era infernal mesmo de manhã!
Vale dizer que no trecho Argentino da viagem, em todos os postos e até mesmo em cidades e
estradas (tirando os policiais de Missiones) sempre fomos muito bem recebidos. Em todos os
lugares a população fez questão de vir até nós, perguntar sobre a viagem, nos informar sobre
os próximos postos de combustíveis, cidades, hotéis etc. Na estrada, os carros sinalizam com
farol alto quando chega perto de você, o que demoramos a entender que era um sinal de boas
vindas, de congratulações pela nossa passagem ali. Isso é muito reconfortante!
Mas as coisas iriam mudar, ainda neste dia! A aduana Argentina-Bolívia, na cidade de Salvador
Mazza, já nos mostrava o que vinha pela frente. Ao contrário da Aduana em Puerto Iguazú,
tivemos que estacionar as motos fora da aduana, pegar várias permissões, carimbos e afins, o
que nos tomou mais de 1 hora de viagem. No final, com paciência e bom humor, tudo deu
certo e seguimos por Yacuiba para trocar dólares em Pesos Bolivianos. A grande surpresa foi
passar pela via principal de Yacuiba e descobrir que o Cambio era feito no meio da rua, por
uma senhora sentada em uma cadeira, com uma mesinha à frente, no meio de uma “feira”
onde se vendia de tudo para as pessoas da cidade e caminhoneiros que esperavam ali as
liberações e trâmites fronteiriços. Em seguida entramos em um Posto de Polícia para carimbar
nossa permissão, um documento que recebemos na aduana e que deve ser carimbado em
todas as barreiras policiais. Custou-nos $5 pesos, para cada, e a policial nos garantiu que seria
o único custo com policias que teríamos em todo trajeto Boliviano, quem dera!!!
Por fim, após 95 km chegamos à cidade de Villa Montes.
Para entrar na cidade existe uma
ponte (já estão construindo uma
normal) de madeira, com trilhos
no meio, por que o trem também
passa por ela, onde passam um
carro de cada vez.
Ponte com emoção!
Tivemos informação de um
hotel, mas no caminho para ele
tivemos a sorte de encontrar
outro, onde ficam hospedadas
as pessoas que estão
trabalhando nessa outra ponte.
Hotel El Rancho (S21 16.112
W63 27.224).
À noite jantamos com bastante chuva e fomos descansar.
5º dia – 16-11-2009 – 567 km
No quinto dia, saímos de Villa Montes com destino final em Cochabamba. Minha maior
preocupação era passar por Santa Cruz de La Sierra, já que havia ouvido vários relatos sobre a
cidade ser perigosa, inclusive da própria policial que nos atendeu em Yacuiba, que disse haver
lá bastante delinqüência. Já no caminho tivemos noção do país que estávamos. A Bolívia é
bastante peculiar e se mostra descaradamente através de seus costumes e habitantes. As
mulheres ao longo da estrada, cuidando de seus rebanhos ou nas pequenas cidades, sempre
trabalhando, sempre com suas vestimentas parecidas, coloridas. Chamou-nos também a
atenção o fato de ter uma grande quantidade de animais na pista. Deve-se ter bastante
cuidado e atenção redobrada para transitar nas rodovias Bolivianas.
As estradas são muito bem asfaltadas, porém sente-se a diferença com relação ao combustível
Boliviano, principalmente as motos! O rendimento cai bastante!
Na verdade, Yacuiba não era nosso plano de entrada na Bolívia. Nossa meta inicial era entrar
por Bermejo, porém, dado às condições das estradas as quais tivemos informações e, também
pelo fato de no grupo ter motos voltadas mais para o asfalto, pelo bem do companheirismo
resolvemos optar por Yacuiba, acertadamente.
Após 450 km estávamos em Santa Cruz de La Sierra. Paramos em um Posto de Combustíveis na
entrada da cidade, onde recebemos generosamente informações que deveríamos pegar uma
estrada diferente da que havíamos planejado para chegar a Cochabamba, a Carretera 7.
Deveríamos então ir até Montero e seguir por Portachuelo, Yapalani e Villa Tunari para
chegarmos a Cochabamba com segurança. Avisaram-nos que a Ruta 7 não era mais usada
pelos motoristas locais dado a quantidade de deslizamentos e acidentes.
Fomos então para Montero. A estrada indicada estava, em meu GPS, bastante “picotada”, mas
como tínhamos tido várias informações idênticas sobre o fato, resolvemos seguir mesmo
assim, novamente, acertadamente!
Após passarmos 35 km de Portachuelo, o cansaço pegou nosso amigo Kiko e resolvemos por
bem pernoitar em uma pequena vila, Buena Vista. Uma cidadela muito simpática onde
encontramos um bom hotel, Hotel Buena Vista (S17 27.832 W63 39.976) no qual nos
instalamos.
O hotel tem uma boa estrutura,
e nos fez perceber que a cidade
era uma cidade turística, tendo
em suas instalações além de
um bom restaurante, telefones,
ar condicionado, piscina e afins.
Jantamos um bom espaguete e fomos descansar.
6º dia – 17-11-2009 – 574 km
Acordamos e percebemos que o Kiko não estava na sua melhor forma. Sentiu-se mal e,
acompanhado pelo nosso líder, o Cezar, foi até o Hospital da Vila para ver o que havia
acontecido com ele. Foi atendido por um “médico”, Dr. Escobar, que disse existir uma
inflamação na garganta. Impossível dado o estado visual do cidadão, que era bastante
desanimador.
Imbuído do espírito de grupo, e seguro como é, o Kiko preferiu se instalar no Hotel por mais
alguns dias para se recuperar e iniciar sua epopéia para retornar a São José do Rio Preto. Foi a
única baixa que tivemos na viagem, mas penso que foi sua decisão mais sensata, já que a partir
daquele ponto, o passeio mais radical realmente começaria.
Partimos então, já umas 10 horas da manhã, com destino planejado em Oruro. O trajeto que
começou com relativo calor, com 378 m de altitude, se mostraria um dos mais bonitos, porém
severos da viagem. Chegamos nesse dia a 4474 m de altitude, no trecho entre Cochabamba e
Oruro. Paisagens maravilhosas, estrada perfeita! Nela, avistamos uma plantação e benefício da
folha de coca, onde paramos para fotos e para tomar água em um restaurante a beira da
estrada.
Oruro está a 3732 m de altitude. Chegamos ao anoitecer e nos instalamos em um hotel no
centro da cidade, Hotel Monarca (S17 58.087 W67 06.436). Fomos muito bem recebidos pelo
proprietário do Hotel, que trabalhava com toda sua família no local. Seu filho inclusive, nos
ofereceu a comida mais estranha do trajeto, uma cabeça de bode ou carneiro, sabe lá. Só sei
que recusamos imediatamente!
Os apartamentos ficavam no 2º
andar e foi ai que percebemos
realmente os efeitos da altitude.
Era necessário subir bem devagar
para o apartamento para não
passar mal.
7º dia – 18-11-2009 – 499 km
Saímos de Oruro bem cedo, um pouco irritados com a cobrança irregular do estacionamento, o
que não havia sido falado pelo hotel no dia anterior. Mas como já havíamos pagado propina
por todo o caminho Boliviano até ali, simplesmente pagamos e seguimos em frente.
Nosso destino do dia, inicialmente era a capital, La Paz, onde conheceríamos a estrada “mais
perigosa do mundo” que vai de La Paz à Coroico. Após 260 km chegamos à capital. A visão da
cidade é assustadora. Paramos logo após um pedágio na rodovia, local onde existe um mirante
para se ver toda a cidade. Estava começando a chover e a altitude já havia castigado bastante
os amigos e motocicletas. Busquei através das informações previamente instaladas no GPS, um
Hotel no centro da cidade, onde planejávamos deixar nossas bagagens para seguir até Coroico.
A cidade de La Paz é muito grande, com muitas subidas e descidas e transito bem caótico.
Bastante parecida com São Paulo, porém com muita buzina. Aliás, buzina é um acessório muito
usado na Bolívia e Peru, muito!
Assustados com a pouca receptividade da cidade, e com a dificuldade de informações, de
encontrar hotéis e restaurantes, resolvemos por bem seguir viagem até Puno, já no Peru,
entrando pela fronteira de Desaguadero, acertadamente!
Em Puno, às margens do lago Titicaca, ficamos no Hotel Ayllu (S15 50.850 W70 01.229), que o
Cezar já havia ficado em outra ocasião. Fomos muito bem recebidos por um também Cesar,
que nos conduziu ao estacionamento e em seguida aos quartos.
8º dia – 19-11-2009 – 385 km
Acordamos bem cedo neste dia para visitarmos as Ilhas Flutuantes de Uros, no lago Titicaca.
São ilhas feitas de um tipo de palha, flutuantes realmente, onde vivem várias famílias em um
sistema organizacional bastante eficiente. Eles têm em cada ilha um presidente e um
presidente em comum para as mais de 50 ilhas existentes. O passeio consiste em uma breve
viagem de barco até as ilhas, visão extraordinária, e, na ilha, uma explicação do funcionamento
de cada uma, da confecção das tramas para a flutuação das mesmas, além de uma volta em
um barco artesanal, também feito da mesma palha, na parte interna do conjunto de ilhas.
Sensacional! Vale muito à pena visitar!
As ilhas estão nesse ponto S15 48.945 W69 58.554.
Após voltarmos do passeio, fizemos algumas compras em uma feira que existe no porto, com
vários produtos típicos, principalmente alusivos às ilhas e seguimos ao Hotel para começar
novamente nossa viagem de moto. Seguimos de Puno com destino a Cusco. O trajeto é
bastante interessante, principalmente pela passagem pela cidade de Juliaca. Transito
extremamente complicado, buzinas para todo lado, mas graças ao GPS, entramos e saímos
sem maiores problemas.
Em Cusco, chegamos ao Hotel Alonso II (S13
31.576 W71 57.026) que é bem na entrada da
cidade e o melhor, tem um ótimo restaurante
bem ao lado.
Instalamos-nos, guardamos as motos e fomos até ele para jantar uma deliciosa pizza, tamanho
“Gladiador” (não tão grande quanto o nome sugere!).
O Hotel, como vários outros que usamos, dispõe de internet para os hospedes, além de chá de
coca para combater os efeitos da altitude. Extremamente necessário e não tem nada a ver
com a droga. Aliás, em todos os lugares que fomos de Oruro pra frente, havia sempre alguém
com a boca cheia de coca, mascando incessantemente. É realmente necessário!
9º dia – 20-11-2009 – 0 km de moto
Neste dia acordamos bem cedo para fazer a visita, objetivo de nossa viagem, às ruínas de
Machu Picchu. Seguimos bem cedo, de taxi, para o centro de Cusco, onde antigamente saia o
trem para as ruínas. Ficamos sabendo lá que deveríamos seguir até Poroy, uma vila há 12 km
de Cusco, de onde saem os trens para as ruínas, mas pudemos comprar nossas passagens ali
mesmo. Pegamos então uma van, com um motorista muito prestativo e atencioso, que
combinou de nos buscar após o passeio.
Pegamos o trem na estação de Poroy, rumo a Machu Picchu. Uma boa dica é tentar ocupar o
vagão “E” que é o último vagão da composição. Nele você tem uma visão privilegiada de todo
o trem no caminho para as ruínas. O trem leva umas 3 horas para fazer todo o percurso, que
por sinal é maravilhoso, repleto de montanhas, pequenos vilarejos e acompanha um rio o
tempo quase todo, incrível!
Ele te leva até outra vila que fica aos pés da montanha em que está Machu Picchu, Águas
Calientes e, lá, você compra o tiket para entrar nas ruídas e a passagem do micro ônibus que te
leva até o portal de entrada.
Outra dica é contratar um guia em Machu Picchu. As ruínas são enormes e fica bastante difícil
achar lugares ou mesmo entender a história somente se baseando nos folhetos entregues na
cidade.
Finalmente Machu Picchu! É tudo incrível, exuberante e emana uma energia absolutamente
sensível! Fizemos um super passeio pelas ruínas, entendendo realmente a importância da
civilização Inca no que diz respeito às ciências, principalmente à astronomia. Vale um relato
apenas para falar de lá!
É bom se informar exatamente dos horários dos trens, se possível informar também o guia,
para que não perca o trem para a volta.
Não o perdemos! Voltamos e chegamos a Cusco, no hotel, logo que anoiteceu. Pizza
novamente! E descanso merecido, já que se anda um absurdo pelas ruínas, nunca em plano!
P
assagens do trem que leva até Machu Picchu
Ticket de entrada em Machu Picchu
Ticket da Van que te leva de Aguas Calientes à Machu Picchu
10º dia – 21-11-2009 – 10 km
Tiramos esse dia para manutenção das motos e para um passeio à cidade de Cusco.
Logo cedo, saímos do Hotel à procura de um posto para trocar o óleo das motos. Fomos
informados que havia uma concessionária Honda bem perto do Hotel, mas não a
encontramos. Fomos num posto onde havia óleo de boa qualidade, porém com serviço de
péssima qualidade. Fizemos a troca em conjunto com o pessoal de lá. O funil que usavam para
colocar o óleo era de automóvel, imaginem, a cada 500 ml de óleo, 200 ficava pelo motor da
moto, sujeira total! Foi uma epopéia, mas, como tudo é aventura, acabamos nos divertindo
também.
Cusco é uma cidade à ser visitada. Vale à pena ficar um dia passeando por suas vielas, igrejas e
monumentos. Existe uma infinidade de lojas, restaurantes, bares, enfim, é um bom lugar para
se divertir também. Valeu muito termos ficado lá uma tarde.
À noite voltamos para o Hotel para fechar nossa conta, arrumar as bagagens e descansar para
a próxima etapa da nossa viagem: à volta!
11º dia – 22-11-2009 – 835 km
Acordamos cedo e saímos de Cusco, com objetivo de chegar a Tacna, ou o mais próximo
possível. Esse seria um dos dias com maior desnível da viagem, iríamos sair da altitude para o
nível do mar.
Há 200 km de Cusco, no sentido Juliaca, passamos por um ponto, a cidade de Kunurana, onde
havia a indicação que estávamos há 5420 metros de altitude. As fotos tiradas naquele ponto
ficaram excelentes, pois de um lado havia o vilarejo e esta placa e do outro, uma paisagem
incrível com os picos nevados daquela região, sensacional!
Fizemos uma passagem pela cidade de Juliaca, ou melhor dizendo, pelo caos de Juliaca. A
cidade é movida a buzina. Transito caótico, desrespeito total pela motocicleta ou por todos
que transitam nas vias estreitas e exóticas do lugar. O GPS indicava a entrada da cidade e a
saída para a rodovia 112, que pretendíamos pegar, mas como esta parte da cidade estava em
obras, fizemos um desvio pelo centro da cidade. Radical, no mínimo! Passamos por mercados a
céu aberto, onde se vendiam de tudo. Chamou-nos atenção os “açougues” no caminho, com
as carnes todas expostas praticamente na rua, além das próprias ruas, nada regulares,
bastante fácil de se perder. Obrigado GPS, entramos na 112, sentido Arequipa.
Saímos de Cusco com 3400 metros de altitude, passamos pelo ponto de 5420 metros e
começávamos a descer, muito rápido. Chamou-me atenção ao índice de descida do GPS, que
marca em metros verticais por segundo. Houve um momento em que passou de 2 m/s.
Finalmente estávamos chegando ao nível do mar. Desnível de mais de 4000 metros naquele
dia, incrível em todos os sentidos: temperatura, pressão, umidade!
Chegamos a Moquegua, e decidimos ser ali nosso pernoite. Ficamos no Hotel Colonial (S17
11.108 W70 55.783), bem na frente do Estádio Municipal. Indicados pela atendente do Hotel
saímos à noite para comer um “Pollo”, num restaurante relativamente perto dali. Pedimos ¼
de Pollo para cada, tomamos cerveja Cusqueña e cantamos Parabéns para um dos integrantes
(não era aniversário, mas em todos os restaurantes fazíamos isso). Dessa vez foi o Renato, e na
saída de um dos clientes, ele veio e deu os Parabéns para ele, hilário!
12º dia – 23-11-2009 – 489 km
Saímos de Moquegua com destino em Iquique. Nossa primeira parada seria a cidade de Tacna,
que dá nome a indústria no Cezar Fuchs.
Foi emocionante a chegada à cidade, principalmente para ele que estava apreensivo com a
possibilidade de ter batizado sua empresa com o nome de uma cidade ruim. Foi o contrário!
Tacna é uma cidade super desenvolvida, organizada, com semáforos eletrônicos, comércio
atuante e organizado, postos de combustíveis limpos, e com banheiro (quase um milagre
durante a viagem), enfim, foi um alívio para ele e também uma surpresa para nós. Paramos no
centro da cidade para comprar água, alguma comida e conhecer o lugar. Valeu à pena!
Saímos de Tacna rumo à fronteira do Peru com o Chile. Seria nossa 4ª fronteira e prometia ser
a menos onerosa, em termos de pagamento de propina. O Chile tem fama de ser “os Estados
Unidos” da America do Sul. A paisagem já estava mudando, os carros que víamos nas ruas
também, parecia mesmo ser um lugar mais rico.
Chegando á aduana Peruana, apenas tivemos que mostrar os documentos, com a permissão
de transito no Peru e seguimos direto à Aduana Chilena. Chegando lá fui informado que
deveria ter adquirido um papel para preencher com meu nome e demais dados, em Tacna,
para os tramites aduaneiros. Logo apareceu um cidadão que os vendia ali mesmo, 2 dólares
cada. Lógico que compramos e seguimos com o vai e volta das aduanas para entrar de forma
regular no Chile.
Vale dizer que todas as aduanas são burocráticas. Mesmo a do Brasil com a Argentina, onde no
meu caso em Foz, nem se desce da motocicleta, dá trabalho e deve-se estar com todos os
documentos em dia e à mão. Fizemos toda a “via sacra” e seguimos rumo à Iquique.
Em Arica, logo após a aduana, vimos pela primeira vez na viagem o Oceano Pacífico. Fomos
recebidos na cidade com um “enxame” de paragliders, que sobrevoavam a orla marítima, lindo
demais! Paramos em uma praia na cidade de Arica mesmo para ver o mar!
Já na estrada, a paisagem era outra. Pedras e areia, alias, plantações de pedras, mesmo
estando perto do mar. A paisagem no Chile é desértica, muito seca e arenosa, mas linda!
Perto do vilarejo de Solón Chaves, existe uma decida, onde o desnível é de 1200 metros, que
possui pelo menos 24 quilômetros de extensão e leva até o Controle Aduaneiro de Cuya, muito
legal!
Seguimos então para o próximo ponto de nossa viagem, que seria a Oficina Salitera de
Humbestone, já bem perto de Iquique, na cidade de Pozo Almonte. Faltando algo como 100
quilômetros para chegar, já eram 17 horas, percebemos que estávamos apenas em 4 no grupo
de motos. Paramos e resolvemos voltar para ver se havia acontecido algo. Um pneu furado, na
moto do Vilson. Diga-se de passagem, um pneu agregador! Por que após esse acontecido,
percebemos realmente o valor de um grupo. Acertaram-se as diferenças para andarmos
juntos, usou-se uma coisa de cada integrante, câmara de um, ferramentas de outro e, por fim,
trocamos a câmara e seguimos bem mais unidos rumo então a Pozo Almonte. Como já estava
escurecendo, decidimos por pernoitar na cidade para visitarmos a Oficina na manhã seguinte e
ai então seguirmos rumo ao Litoral do Pacífico. Acertadamente!
Ficamos em um Hotel na via
principal da cidade, Hotel Estancia
Inn (S20 15.650 W69 47.144) na
Rua do Comercio.
Jantamos no Hotel mesmo e tomamos todos os vinhos que havia no estoque. Fomos muito
bem atendidos lá!
13º dia – 24-11-2009 – 624 km
Saímos bem cedo do Hotel após um bom café da manhã (bom significa café e pão), e fomos
visitar a Oficina Saliteira de Humbestone. Trata-se de uma usina de benefício de sal que foi
abandonada pelos americanos. Lá estão todo o maquinário, cidade com hotéis, igrejas e
comércio, automóveis e maquinas ferroviárias, todos disposto de forma que o visitante possa
ver como funcionava, com explicativos pelo caminho, porém deixados como se tivesse sido
abandonado mesmo e a ferrugem tivesse os consumido. Sensacional! Vale demais a visita!
Humbestone está bem na entrada da Rodovia 16 que leva a Iquique, no ponto S20 12.401 W69
47.587. A visita custa o equivalente a 2 dólares, tem estacionamento à porta e pode-se ainda
comprar algumas lembranças do passeio no comercio que existe lá dentro mesmo, onde antes
havia uma galeria comercial.
Após a visita pegamos novamente a estrada rumo finalmente a Iquique, com objetivo em
Antofagasta. A idéia era chegar ainda de dia, à Mão do Deserto, 52 km de Antofagasta.
Iquique está no litoral do Oceano Pacífico e assim fomos, ao lado dele, até Antofagasta.
Fizemos algumas paradas no caminho para visitar praias desertas, assim como as estradas. Não
se vê muita coisa nesse caminho, além de montanhas de um lado e o mar do outro, mas a
visão é sensacional!
Passamos por Tocopilla e seguimos já no finalzinho da tarde para nosso objetivo, a Mão do
Deserto. Chegamos lá já bem no final da tarde e a vista, ainda na estrada, há alguns
quilômetros dela, foi muito emocionante. A Mão do Deserto é um monumento, à beira da
rodovia 5, há 52 quilômetros da cidade de Antofagasta, construído de forma que podemos vêla bem de longe. Foi demais! Tiramos várias fotos e seguimos de volta a Antofagasta, onde nos
hospedamos em um hotel no centro da cidade, Hotel Puerto Mayor (S23 39.009 W70 23.677).
Jantamos no centro da cidade mesmo, em um restaurante onde comemos um delicioso
salmão, junto a várias garrafas de Bud e um bom vinho também!
14º dia – 25-11-2009 – 367 km
Saímos cedo de Antofagasta com destino a San Pedro de Atacama, nossa última parada no
Chile. No caminho fomos até a cidade de Calama, para a visitar a famosa mina de cobre de
Chuquicamata. Esta é a maior mina de cobre a céu aberto do mundo, respondendo hoje por
35% do cobre utilizado na face da terra.
E os números são impressionantes, bem como o tamanho da tal. Chuquicamata tem tudo de
gigantesco. Desde sua imponente entrada, caminhão, quantidade de carros de apoio, até os
famosos Caminhões de pedra, que carregam até 400 toneladas e cada pneu deles mede 4,60
metros. Incríveis de se ver. Tiramos muitas fotos e fizemos também alguns vídeos, mas em
nenhum deles se tem a verdadeira dimensão do lugar. Deve-se agendar a visita
antecipadamente, coisa que não fizemos, mas a atendente, logo na portaria, nos informou ser
possível a visitação, se o ônibus que levaria a tal não estivesse lotado. Esperamos algo em
torno de 2 horas até a chegada do ônibus e tivemos a sorte de terem sobrado lugares
suficientes para nós todos.
Ônibus com ar condicionado, uma benção em um lugar de extremo calor. Inicialmente
visitamos a cidade onde moravam, há até bem pouco, os operários da mina e, em seguida
fomos até o local onde existem as escavações para chegarem até o cobre. Tudo muito grande
e organizado. Os imensos caminhões andam em mão inglesa por que o motorista tem a
necessidade de ver de perto o precipício ao seu lado para não cair com o caminhão dentro.
Imagino que seria um acidente absurdo e de difícil resgate, dado a altura dos paredões
formados pela escavação.
O passeio leva umas 2 horas e vale
cada centavo (não é pago, mas
pedem uma colaboração em
dinheiro que é destinada às obras
assistenciais da cidade de Calama).
Neste dia saímos de Antofagasta, ao nível do mar, para novamente atingir a altitude de 3400
metros, já chegando a Atacama.
A entrada no deserto do Atacama é sensacional! A paisagem, apesar de já vir vendo areia por
muito tempo, muda bastante. E assim, chegamos ao famoso deserto, objetivo de muito
viajantes pelo mundo.
Antes de chegar à cidade de Atacama propriamente dita, fui (desta vez sozinho) visitar o Vale
de La Luna, que nada mais é que formações rochosas há uns 20 quilômetros da cidade, que
lembram e muito a superfície lunar. Vale a pena também a visita.
Custam $ 2000 pesos, o
equivalente há uns R$ 5,00.
Combinamos de nos encontrar no único posto de combustíveis da cidade, aonde cheguei após
o passeio e encontrei meus companheiros, já abastecidos, me esperando. Fomos em direção a
uma indicação de hotel que tivemos e lá nos instalamos. Hotel Don Raul (S22 54.688 W68
12.194), o mais caro de toda a viagem, o equivalente à $ 33 dólares. À noite demos uma volta
na exótica cidadezinha e jantamos em um ótimo restaurante onde fomos muito bem
atendidos e comemos uma pizza chilena (parecida com um calzone) regada a muito “pisco”.
15º dia - 26-11-2009 – 541 km
Saímos bem cedo para passar na aduana chilena que fica dentro de San Pedro de Atacama.
Chegamos lá 6 horas da manhã, mas a mesma só abriria às 8. Ficamos sentados até o horário,
quando já estavam lá também vários caminhoneiros e visitantes do local.
Passamos sem maiores problemas pela aduana Chilena e seguimos à aduana Argentina, já em
Passo de Jama. Estrada sensacional, com direito à vista do Vulcão, ao lado da estrada grande
parte do trajeto. Neste ponto, entre Atacama e Jama, atingimos o ponto mais alto da viagem
(real, medido no barômetro do GPS), de 4808 metros. Em Jama, já na Argentina, também sem
maiores problemas. Seguimos então para nossa parada do dia, General Martin Miguel
Guemes, pertinho da cidade de Salta.
Na saída de Passo de Jama existe uma estrada conhecida dos moto-viajantes, os “Caracoles”,
que fizemos questão de passar e tirar várias fotos, margeados por vários e enormes cactos. É
uma estrada longa, cheia de curvas onde “quase se vê a placa da moto”. Passamos também
por vários salares ou desertos de sal, parando no Salar Grande para pegar um pouco de sal e
dar uma volta muito plana com a moto neles. Pra mim foi uma das melhores sensações da
viagem.
Passamos por San Salvador de Jujuy e chegamos então a General Guemes, onde nos
hospedamos no Hotel Roman (S24 40.534 W65 02.977) na beira da Rodovia 9. Instalamos-nos,
tomamos banho e fomos até um “restaurante” do outro lado da rodovia para saborearmos
uma Parrillada de caminhoneiro. Indicados pelo Cezar que já havia passado pela experiência,
comemos a tal e por um milagre estou aqui contando tudo isso. A parrillada tinha de tudo,
além de carne. Muita coisa suspeita, arenosas e afins, mas, tudo é aventura!
16º dia – 27-11-2009 – 1036 km
Acordamos vivos, bem cedo para seguir até Ituzaingó novamente, onde seria nossa despedida,
minha com os amigos do Rio Grande do Sul. Desta vez foi só andar, nada de visitas ou passeios,
mas também foi muito bom. As estradas argentinas são ótimas, sem falar no povo que
também é bastante receptivo e prestativo com os visitantes.
Chegamos a Ituzaingó bem no final da tarde e fomos ao mesmo Hotel da Ida, o Che Recovi,
onde novamente fomos bem recebidos, mas desta vez jantamos no restaurante bem ao lado
do Hotel. Comemos uma pizza e tomamos várias Brahmas!
17º dia – 28-11-2009 – 1616 km
Saí às 5 horas da manhã de Ituzaingó para chegar a Campinas, SP, fazendo um desafio Iron
Butt, de 1000 milhas em 24 horas, só pra fechar o passeio com chave de ouro. O restante do
pessoal saiu um pouco mais tarde rumo a Santo Tomé para a entrada no RS.
Saí cedo por que além do trajeto longo, ainda tinha o receio daquela polícia, relatada aqui no
início, na província de Posadas. Mas passei por eles sem maiores problemas, no inicio da
manhã, alias, sem maiores problemas como todo o trajeto do último dia. Sensacional
novamente!
Passei pela aduana da Argentina e do Brasil, pelo parque do Iguaçú, por Maringá, onde desta
vez apenas liguei pro amigo Emerson para falar de minha passagem e, a partir de lá, tomei
toda a chuva brasileira até chegar a Campinas, às 3 horas da manhã, após 1616 quilômetros
percorridos.
******************
Foi a viagem dos sonhos!
Tudo deu muito certo!
Além de um pneu furado, não tivemos nenhum problema, nem sequer uma discussão entre o
grupo.
Só tenho a agradecer á Deus pela oportunidade de conhecer pessoas e lugares tão incríveis, de
forma tão simples e pela possibilidade de desfrutar de tantas boas amizades, que ficarão
comigo para o resto da minha vida!
Preciso agradecer também pela saúde que tivemos, todos nós, do começo ao fim e pela
felicidade de conseguir fazer tantos quilômetros em tão pouco tempo de forma tão agradável!
Para mim, foi um total de 10.545 km.
A próxima já está sendo arquitetada!
Todas as fotos do passeio estão em meu fotolog: http://www.flickr.com/photos/andrecneto/

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