A CIVILIZAÇÃO GREGA (HELÊNICA)

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A CIVILIZAÇÃO GREGA (HELÊNICA)
A CIVILIZAÇÃO GREGA
(HELÊNICA)
Goiânia, 01 de Agosto de 2011
Disciplina: História • Professor: Norberto •
A CIVILIZAÇÃO GREGA (HELÊNICA)
O POVOAMENTO DA GRÉCIA
Ao final do período Neolítico, a região já era habitada por povos sedentários de língua não grega, chamados Pelasgos ou Pelágios. A
partir de 2000 a.C., aproximadamente, povos de origem indo-européia começaram a chegar à região. Os primeiros helenos a alcançar a Grécia
foram os aqueus (1950 a.C., originários das estepes russas, que, em busca de melhores pastagens para seus rebanhos, espalharam-se por quase
toda a Grécia, parte da Ásia Menor e pelo sul da Itália. O contato dos aqueus com os cretenses deu origem à civilização micênica. A seguir,
chegaram os jônios e os eólios (1500 a.C.), que se estabeleceram na Ática e na Ásia Menor (Península da Anatólia). A última leva foi a dos
dórios (1200 a.C., que se estabeleceram no Peloponeso, destruindo parte da civilização micênica.
GRÉCIA ANTIGA
LOCALIZAÇÃO:
A Grécia Continental fazia limites:
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ao norte com a Ilíria (atuais: Sérvia, Montenegro, norte da Albânia, Bósnia e Herzegovina e Croácia);
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a leste com o mar Egeu;
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a oeste com o mar Jônico;
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ao sul com o mar Mediterrâneo;
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a nordeste estão, em sequência, o estreito de Dardanelos, o mar de Mármara, o estreito de Bósforo e, finalmente, o mar Negro;
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a noroeste está o mar Adriático.
A Grécia Peninsular: ao sul da Grécia Continental, ligada pelo Istmo de Corintho, está a Grécia Peninsular constituída pela península do
Peloponeso.
A Grécia Insular: O mar Egeu é um mar interior da bacia do mar Mediterrâneo situado entre a Europa e a Ásia. Estende-se da Grécia, a
oeste, até a península da Anatólia, a leste. Ao norte, possui uma ligação com o mar de Mármara e o mar Negro através dos estreitos de
Dardanelos e do Bósforo. Diversas ilhas estão localizadas no mar Egeu, inclusive Creta, Rodes e Delos. Essas ilhas compõe a Grécia insular.
A Grécia Asiática (Ásia Menor ou Península da Anatólia): Correspondia a costa ocidental da península da Anatólia ou Ásia menor (atual
litoral da Turquia) e algumas ilhas do mar Egeu.
A ampliação do Território Grego: O território da Grécia européia foi ampliado (a partir do século VII a.C. com a Segunda Diáspora Grega)
com a fundação de diversas colônias na orla mediterrânica ocidental, destacando-se o sul da península Itálica que foi denominada Magna
Grécia.
RELEVO E CLIMA:
De um modo geral, o relevo das penínsulas e ilhas é montanhoso, entremeado de pequenas e férteis planícies isoladas umas das
outras; somente a Magna Grécia (sul da península Itálica), a ilha de Creta e a Tessália, na parte norte da península balcânica, têm planícies de
extensão considerável. As montanhas eram recobertas de florestas e o litoral, muito recortado, favoreceu a navegação e as comunicações
através do mar. Por outro lado, as características do relevo continental estimularam certo isolamento, o que teria favorecido o caráter
autônomo das cidades gregas. Predominavam os verões quentes e secos e os invernos amenos (clima "mediterrâneo"); os rios, caudalosos no
inverno, praticamente secavam no verão.
O TERMO GRÉCIA: Grécia é o nome pelo qual os romanos designavam a Hélade (do grego Hellas), nomenclatura que os habitantes
locais davam ao território que habitavam. Com a expansão e o domínio romano sobre o mediterrâneo, a partir do século II a.C. a Hélade passou
definitivamente a ser denominada Grécia, do latim Graecia.
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PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA GREGA NA ANTIGUIDADE:
Período Pré-Helênico ou Pré-Homérico (± 2.500 até 1.200 a.C.): Este período corresponde àquelas civilizações que antecederam e
serviram de base para a formação da Civilização Grega. É didaticamente conveniente que seja subdividido em dois momentos: a)
Civilização Cretense ou Egéia ou Minóica (± 2.500 até 1.400 a.C.) e b) Civilização Micênica ou Creto-Micênica (± 1.400 até 1.200 a.C),
marcada pelo domínio dos Aqueus ou Micenos sobre a região.
Período Homérico (do século XII ao VIII a.C.): Período de formação dos gregos marcado pela organização dos genos (comunidades
patriarcais organizadas em clãs). O nome do período deve-se aos relatos atribuídos ao poeta Homero nas obras Ilíada e Odisséia,
escritas provavelmente no período seguinte, o Período Arcaico.
Período Arcaico (do século VIII ao VI a.C.): Período marcado pela consolidação da formação das polis gregas, por intensas agitações
sociais e políticas e pelo processo de colonização grega, denominado Segunda Diáspora.
Período Clássico (do século VI ao IV a.C.): Período caracterizado pelo auge do desenvolvimento das polis gregas. Destaque para as
polis rivais de Atenas e Esparta. Ocorrência de grandes guerras como as Guerras Médicas (491-449 a.C.) e a Guerra do Peloponeso
(431-404 a.C.). Desenvolvimento da arquitetura, da escultura, do teatro, da filosofia. No campo político destacou-se o
desenvolvimento da democracia ateniense. O final do período foi marcado por conflitos internos que enfraqueceram as polis e
favoreceram o domínio macedônico.
Período Helenístico (do século IV ao II a.C): Período marcado pelo domínio macedônico sobre a Grécia. Os macedônios absorveram
profundamente a cultura grega (helênica) e ao expandirem-se para o oriente realizaram o sincretismo dessas culturas dando origem a
Cultura Helenística. Esse período chegou ao final com o domínio romano a partir do século II a.C.
PERÍODO PRÉ-HELÊNICO OU PRÉ-HOMÉRICO (± 2.500 até 1.200 a.C.):
1-Civilização Cretense / 2- Civilização Creto-Micênica
1- Civilização Cretense ou Egéia ou Minóica (± 2.500 até 1.400 a.C.)
Creta é a maior ilha da Grécia. Está no sul do mar Egeu. Segundo o mito, era nessa ilha que vivia o minotauro.
Creta esteve habitada desde o final do Neolítico. No começo da Idade do Bronze, os cretenses criaram, no 3° milénio a.C., uma grande
civilização insular. Atribui-se a essa civilização a construção de palácios em Cnossos, em Faistos e em Maliá que foram cidades-estados
cretenses.
A partir da primeira metade do 2º milénio a.C. Creta chegou a ser o centro cultural e comercial graças ao domínio que lhe dava a sua
frota e às riquezas acumuladas pelo comércio de produtos como o vinho, o azeite, as cerâmicas, os tecidos e a joalharia. Impôs-se no Mar
Mediterrâneo quer nos territórios vizinhos quer em locais mais afastados, como a Sicília (organizaram uma TALASSOCRACIA). Esse período de
apogeu foi marcado pelo domínio da cidade de Cnossos e de de seus reis denominados Minos. O símbolo da ilha era o Taurus (touro), animal
admirado por sua força e beleza.
A lenda do MINOTAURO estabelece fortes relações com o domínio que a talassocracia cretense impôs sobre a Grécia e seus
primitivos habitantes, os pelasgos ou pelágios. Esses primitivos habitantes da Grécia, não tendo forças para se livrarem do domínio cretense,
tinham que pagar tributos e fornecer-lhes tudo o que exigiam. Tal situação, que parecia sem saída, lembra um Labirinto. A denominação do
lendário Minotauro, certamente deriva do termo Minos, adotado pelos reis de Cnossos, e de Taurus, o touro que simbolizava a força da ilha.
Segundo o mito, o Minotauro foi morto pelo herói grego Teseu, com a ajuda da princesa cretense Ariadne (aranha, em grego, ou seja,
aquela que tece a teia, a trama), entrou no labirinto e matou o monstro. Para sair do labirinto Teseu valeu de um novelo de linha cuja outra
extremidade Ariadne ficou segurando do lado de fora, aguardando a volta de seu amado Teseu.
Podemos afirmar que a lenda do Minotauro está repleta de elementos simbólicos que marcam os momentos que antecederam a
história dos gregos. Quais sejam:
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O Minotauro: É representação do domínio cretense sobre os primitivos gregos (os pelágios ou pelasgos). Diante da situação de
exploração imposta por creta, os pelasgos criaram um mito que representava está condição.
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O labirinto: É a representação de uma situação para qual não se vê saída, no caso, a dominação dos cretenses sobre os pelasgos que
eram incapazes de reagirem com eficiência. Pode também ser a representação do palácio do rei de Cnossos (diferante do conceito
tradicional que temos de um palácio real, o de Cnossos, além do salão do trono e dos aposentos da realeza, era uma reunião
intrincada de mais de 1000 salões que se interligavam, alguns dos quais serviam como ateliês para artesãos, e centros de
processamento de alimentos, como, por exemplo, prensas para a fabricação de vinho. Servia tanto como armazém central quanto
como centro religioso e administrativo.).
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Teseu: É a representação dos Aqueus. Os aqueus eram povos indo-europeus que penetraram na Grécia por volta de 1.900 a.C.,
conquistaram os pelasgos ou pelágios e fundaram importantes núcleos populacionais em território helênico, como Micenas, Tirinto e
Argos. Por volta de 1.500 a.C., dominaram os cretenses, mas, assimilaram profundamente sua cultura, dando origem a um período de
apogeu e a formação da CIVILIZAÇÃO MICÊNICA. Assim sendo, a morte do Minotauro, por Teseu, representa o domínio dos Aqueus
sobre a Civilização Cretense.
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Ariadne: Representa o que havia de bom na ilha de Creta e que foi amplamente assimilado pelos Aqueus, ou seja, a CULTURA
CRETENSE ou MINÓICA. O romance entre Teseu e Ariadne representa a fusão dos Aqueus com a cultura cretense, base fundamental
para os valores da futura civilização grega.
CARACTERÍSTICAS DA CULTURA, SOCIEDADE E POLÍTICA CRETENSE
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Elementos orientais: As características desta civilização lembram, em suas estruturas, alguns dos elementos estéticos da Antiguidade
oriental. Tal fato deve-se, provavelmente, ao contato comercial com o Egito e as cidades-estados fenícias.
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As formas de escrita: Os cretenses desenvolveram dois tipos básicos de escrita, a Linear “A” e a Linear “B”, assim convencionadas
pelos pesquisadores britânicos, da primeira metade do século XX, Arthur Evans, Michael Ventris e John Chadwick. Descobriu-se
também uma terceira foma que ficou conhecida como pictográfica ou hieroglífica cretense.
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As cidades: As cidades cretenses, segundo investigações arqueológicas, apresentavam uma bela arquitetura, com grandes palácios e
outras edificações com complexo sistema de saneamento e canalizalção de água.
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A singular condição da mulher cretense: A presença da mulher em exibições perigosas e de grande habilidade e também nas festas
aparece em diversas pinturas em cerâmicas e nos afrescos. Essa valorização da mulher se deve principalmente ao fato de que a
divindade maior de Creta é uma mulher, a Deusa-Mãe, ou Grande-Mãe. Dessa forma, podemos concluir que a mulher na sociedade
Cretense gozou de uma grande consideração.
A religião: Os afrescos descobertos pela arqueologia revelam a importância conferida à mulher, as quais eram retratadas exercendo
funções religiosas, administrativas e por vezes até políticas. Os cretenses acreditavam que os deuses governavam tudo e a mulher era
vista como fundamental para garantir a pacificação social. Ainda em seu princípio, esculturas de uma Deusa-Mãe tornaram-se
frequentes. Também se destacou em importância a imagem do touro, reproduzida em pinturas e em obras arquitetônicas, chifres de
pedra assinalavam os locais sagrados, que pode ter sido associado à fertilidade, ou aos frequentes terremotos, como se a terra
estivesse presa em seus chifres. Cerimônias religiosas são descritas em pinturas. Santuários foram identificados em cavernas e
montanhas, bem como no interior dos próprios palácios, o que pode atribuir aos reis alguma função sacerdotal. O símbolo mais
sagrado dos minóicos era o labrys, um machado de dois gumes. Inicialmente os mortos eram sepultados em cavernas, mas com o
gradativo desenvolvimento da vida urbana, grandes túmulos e mausoléus tomaram lugar nos ritos fúnebres.
A arte: A cerâmica se destacou por apresentar diversidade de formas e funções, progredindo em termos de variedade, refinamento e
acabamento. Eram decorados com pinturas de formas geométricas simples, como triângulos, zigue-zagues e padrões simétricos
abstratos. Algumas obras possuíam pequenas imagens do cotidiano, como plantas e animais domésticos. As pinturas em parede
ganham destaque. Suas cores vivas puderam ser vistas nas ruínas dos palácios mesmo milhares de anos após sua destruição. Também
retratam com bom grau de precisão e detalhamento os animais selvagens e domésticos, sobretudo o touro, figuras humanas em
cenas como festas, casamentos, colheitas e cerimônias. A maior parte do conhecimento acerca da sociedade minóica ou cretense se
deve a essas pinturas. Posteriormente, os trabalhos em metal, sobretudo ouro, e pedras preciosas tornaram-se notáveis em
detalhamento e se transformaram em artigos de exportação preciosos, conhecido do o Egito à Pérsia. Foram achados nas escavaçoes
de Creta muitas imagens de mulheres, de diferentes posições sociais: sacerdotisas, dançarinas, esportistas e damas da nobreza. Isso
significa que na sociedade minoica as mulheres tinham grande função na cidade.
2- Civilização Creto-Micênica (± 1.400 até 1200 a.C.)
Em meados do século XV a.C., os Aqueus, povo indo-europeu, dominaram os cretenses, mas, assimilaram profundamente sua cultura,
dando origem a um período de apogeu e a constituição da Civilização Micênica ou Creto-Micênica.
O Período micênico ou creto-micênico é uma subdivisão do Período Pré-helênico também conhecido por Período Heládico ou
Tempos Pré-homéricos. Refere-se à sofisticada cultura que se desenvolveu no continente grego entre 1600 a.C. e 1050 a.C., aproximadamente.
O nome deriva de Micenas, principal cidade fundada pelos aqueus. Os micênios ou aqueus, povo indo-europeu, inicaram a incursão ao
território grego conquistando aos pelágios ou pelasgos.
Ativos comerciantes, os micênios conquistaram a avançada ilha de Creta por volta de 1450 a.C. e, entre 1400 e 1200 a.C., dominaram
economicamente e culturalmente quase todos os povos do Mediterrâneo Oriental. Caracterizada por uma aristocracia de guerreiros, falavam
uma forma bastante arcaica da língua grega, o dialeto jônico. Escreveram os mais antigos documentos em grego, escritos em um silabário
conhecido por escrita linear B e construíram imponentes cidadelas fortificadas em Micenas e Tirinto.
Diversas características da cultura micênica sobreviveram nas tradições religiosas e na literatura grega dos períodos Arcaico e Clássico,
notadamente na Ilíada e na Odisséia. Micenas teve seu auge e foi a cidade mais próspera da Grécia por muitos anos, revolucionando as artes, a
engenharia e a arquitetura. A invasão dórica é considerada a causa do fim da civilização micênica.
O povoamento da Grécia: No Período Pré-homérico ocorreram as invasões dos povos arianos (indo-europeus) que, através da
península Balcânica, chegaram à Grécia em sucessivas vagas (ondas) de ocupação. Trata-se dos aqueus, eólios, jônios e dórios. Os aqueus,
quando chegaram à Grécia, encontraram um povo de cultura rudimentar denominado Pelasgos, ou Pelágios, que foram assimilados. Em
seguida, fundaram algumas cidades, destacando-se Tirinto e Micenas. Logo após, por volta de 1.450 a.C., dominaram da ilha de Creta, cuja
cultura assimilaram. Surgiu assim a civilização creto-micênica.
Porém, antes mesmo desse domínio sobre Creta ocorreu, por volta de 1700 a.C., a chegada dos eólios e jônios fato que favoreceu o
aumento da população micênica, que iniciou então uma expansão marítima, durante a qual entrou em choque com a supremacia cretense no
mar. Cnossos, a principal cidade de Creta, foi destruída. A lenda do Minotauro conta esse fato simbolicamente. A expansão micênica continuou
pelo mar Egeu em direção ao mar Negro, onde Tróia foi destruída, como conta Homero na Ilíada. Homero atribui a Guerra de Tróia ao rapto de
Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta, por um príncipe troiano (Páris). Na verdade, a destruição de Tróia foi mais um capítulo da expansão
micênica que se iniciara com a tomada de Cnossos.
Nesse momento máximo da expansão micênica, por volta de 1.200 a.C., já estavam ocorrendo disputas internas entre os micênicos. O
quadro se agravou com a chegada à Grécia do grupo dório, também ariano, de nível cultural inferior, mas possuidor de armas de ferro. Os
dórios arrasaram Micenas e provocaram a Primeira Diáspora (dispersão) grega, em direção à Ásia Menor.
Dentro da Grécia, então, a população passou a viver isoladamente em grupos clânicos chamados genos. Esse fato assinala o fim do
Período Pré-homérico e o início do Período Homérico, assim chamado porque grande parte do que estudamos sobre esse período deve-se as
obras Ilíada e Odisséia, poemas cuja autoria é atribuída a Homero.
O fim do período pré-homérico foi marcado pelos seguintes fatores:
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Decadência das cidades micênicas em virtude de rivalidades internas, agravada pela violenta invasão dos dórios.
•
Retrocesso da organização política e socioeconômica.
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Intensa ruralização e estruturação social em comunidades gentílicas patriarcais.
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Dispersão dos gregos para as ilhas do mar egeu e para a Ásia Menor, no processo denominado Primeira Diáspora Grega.
PERÍODO HOMÉRICO (do século XII ao VIII a.C.)
Após o esplendor da civilização creto-micênica e tendo em vista a arrasadora invasão dos dórios, iniciou-se o Período Homérico, período
este em que as cidades entraram em decadência, pois foram invadidas e saqueadas. Tal fato favoreceu um quadro de exôdo urbano, um
processo regressão da Grécia a uma organização econômica e social primitiva e rudimentar, em que a escrita desapareceu e a organização
política e econômica enfraqueceu profundamente, em relação ao período anterior. Desse período que caracterizou a gênese a civilização grega,
não se tem registro escrito na época. O conhecimento dessa fase da história grega deve-se aos achados arqueológicos e a tradição oral dos
AEDOS (artista que cantava as epopeias acompanhando-se de um instrumento musical) e RAPSODOS (artista popular ou cantor que recita as
epopéias e não é acompanhado de qualquer instrumento) que narrando as EPOPÉIAS (uma poesia épica, ou epopeia é uma poesia, uma
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narrativa curta lendária ou mitológica. A epopeia eterniza lendas e tradições ancestrais, preservando-as ao longo dos tempos pela tradição oral
ou escrita) contribuíram para que no período seguinte, o ARCAICO, essa tradição oral fosse registrada nos escritos das obras Ilíada e Odisséia,
atribuídas ao poeta Homero (Apesar de "Homero" ser um nome grego, atestado em regiões de fala eólica, nada de concreto se sabe sobre ele.
Entretanto, ricas tradições foram aumentadas, ou foram conservadas, pretendendo dar detalhes de sua terra natal e de sua experiência. Muitas
delas são puramente fantasiosas).
Após as invasões dos dórios e tendo se efetivado o processo de ruralização das sociedades gregas, os genos passaram a constituir a forma
predominante de organização social. Assim podemos afirmar que o período homérico foi a fase da história grega em que predominou a
organização social das COMUNIDADES GENTÍLICAS PATRIARCAIS.
O genos constituía a primitiva unidade econômica, social política e religiosa dos gregos. Todo o grupo vivia sob a autoridade do PATER
(patriarca) que, ao morrer, era sucedido pelo primogênito, e assim sucessivamente. Era um grupo consangüíneo e a solidariedade entre seus
membros era muito grande. Os casamentos eram feitos dentro do clã. Os bens de produção (terras, sementes, instrumentos) e o trabalho eram
coletivos. Sendo assim, a produção era distribuída igualmente entre todos os membros da comunidade. Pela teoria marxista caracteriza o
MODO DE PRODUÇÃO PRIMITIVO OU COMUNISTA.
Socialmente, predominava a igualdade, pois não havia diferenças econômicas. Só existiam as diferenças tradicionais, pois os parentes
se hierarquizavam em função de sua proximidade para com o pater. O poder político do pater advinha de ser ele o responsável pelo culto dos
antepassados que ele realizava todos os dias, antes das refeições comuns. Distribuía justiça costumeira (DIREITO CONSUETUDINÁRIO) e
comandava o exército do genos.
No final do Período Homérico, essas comunidades começaram a se transformar. A população cresceu, mas a produção agrícola não
acompanhava o mesmo ritmo. Faltavam terras férteis e as técnicas de produção eram rudimentares. Em vista disso, houve a desintegração das
comunidades gentílicas, seus membros, liderados pelo pater, resolveram partilhar as terras coletivas. Os paters favoreceram seus parentes mais
próximos, que passaram a ser chamados eupátridas (bem- nascidos), permitindo-lhes ficar com as melhores terras (Pédium, os vales férteis). Os
parentes mais afastados herdaram as terras menos férteis da periferia e em áreas de relevo acidentado e pedregoso (Diácria), sendo chamados
georgóis (agricultores). Muitos outros, parentes mais distantes, ficaram sem terras, o que lhes valeu o nome de thetas (marginais).
Os eupátridas herdaram a tradição dos paters, monopolizando o poder político e constituindo uma aristocracia de base fundiária.
Esses aristocratas se agrupavam em frátrias. Um grupo de frátrias, por sua vez, formava uma tribo, que estava submetida a autoridade do
Filobasileus (supremo comandante do exército). A reunião de várias tribos deu origem aos demos (povoados). As constantes rivalidades e a
necessidade de segurança favoreceram a junção dos demos e a formação de pequenos Estados locais, as poleis (cidades-Estado). Por volta
dessa época, a partir do século X a.C., surgiram na Grécia cerca de 160 cidades independentes umas das outras. Cada uma delas se
caracterizava por um templo construído em sua parte mais alta: a Acrópole.
Primitivamente, as poleis eram governadas por um Basileus (rei), cujo poder era limitado pelos eupátridas. Em geral, quando os reis
tentaram assumir um controle maior sobre o poder, foram depostos e substituídos por arcontes (magistrados indicados pelo Conselho dos
Aristocratas que era renovado anualmente).
O fim do período homérico foi marcado pelos seguintes aspectos:
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Crise da sociedade gentílica com a alteração interna dos genos e o desenvolvimento da propriedade privada da terra;
•
A formação de uma aristocracia genericamente denominada eupátridas;
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A organização, a partir do século X a.C., das primeiras cidades-estados gregas.
PERÍODO ARCAICO (do século VIII ao VI a.C.)
Período marcado pela consolidação da formação das polis gregas, por intensas agitações sociais e políticas e pelo processo de
colonização grego denominado Segundo Diáspora.
A privatização das terras, a dissolução da comunidade gentílica levaram a profundas transformações no interior das sociedades gregas
do período arcaico, tais como:
•
Concentração das melhores terras nas mãos de uma elite privilegiada.
•
O crescimento demográfico, tendo em vista a diminuição das invasões e das guerras.
•
A escassez de terras férteis, destacadamente, para as camadas sociais menos favorecidas.
•
Escravidão por dívidas.
•
Constantes revoltas sociais.
•
Produção excedente nas propriedades da aristocracia, o que exigia novos mercados para serem comercializadas.
Todos esses fatores contribuíram para um processo de exôdo rural e dispersão dos gregos para várias partes do mar mediterrâneo,
gerando o chamado Processo de Colonização Grego ou Segunda Diápora Grega, entre os séculos VIII e VI a.C. Os gregos instalaram entrepostos
comerciais e colônias, principalmente no sul da península itálica, onde surgiram cidades como Tarento e Siracusa (Magna Grécia) e em torno do
mar negro e da Ásia Menor, região conhecida como Ponto Euxino.
O comércio entre essas áreas baseava-se nas exportações de azeite, vinho e peças de artesanato gregas e na importação de artigos como
trigo, metais preciosos, cobre, ferro e madeira das regiões mediterrânicas. Porém, essas medidas não conseguiram resolver efetivamente os
problemas sociais, na maioria das polis gregas.
Assim sendo, um dos fenômenos mais importantes do Período Arcaico foi o da colonização, que espalhou os gregos por toda a área
costeira da bacia do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro.
A colonização grega obedecia a um certo planejamento, que implicava, para além da escolha do local que seria colonizado, a
nomeação dos comandantes das expedições (oikistes) que seriam responsáveis pela conquista do território e que governaria a colônia (apoika,
"residência distante") como rei ou governador. Antes de partir com a sua expedição, o oikistes consultava o Oráculo de Apolo em Delfos, que
aprovava o local sugerido ou propunha outro. O deus Apolo encontrou-se assim associado à colonização. Os colonizadores levavam da cidade
mãe - a metrópole - o fogo sagrado e os elementos culturais e políticos desta, como o dialeto, o alfabeto, os cultos e o calendário. Por vezes as
colônias poderiam fundar por sua vez outras colônias.
Na Magna Grécia, sul da Itália, uma das primeiras colonizações data de 775 a.C., tendo sido uma iniciativa de gregos da cidades de
Cálcis e Corinto que partem para a ilha de Ischia na baía de Nápoles. Em 730 a.C., estão documentadas as fundações de colônias na Sicília:
Naxos e Messina (por Cálcis) e Siracusa (por Corinto).
As costas do Mar Negro foram colonizadas essencialmente pela pólis de Mileto. As colônias mais importantes desta região foram
Sinope (700 a.C.) e Cízico (675 a.C.). De Megara partem colonos que fundam em 667 a.C. a cidade de Bizâncio.
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No norte da África Cirene foi fundada por colonos da ilha de Tera por volta de 630 a.C.. Na região ocidental do Mediterrâneo,
salientem-se colônias como Massalía (a moderna Marselha), Nice (de niké, vitória) e Ampúrias (esta última na Península Ibérica).
A colonização grega deve ser entendida de uma forma diferente da colonização realizada pelos Europeus na Idade Moderna e
Contemporânea, na medida em que a colônia não tinha qualquer tipo de dependência política e econômica em relação à metrópole. Entre a
metrópole e a colônia existiam laços cordiais (era por exemplo chocante que ocorresse uma guerra entre as duas), mas os gregos que se
fixavam permanentemente em uma colônia perdiam a cidadania que detinham na cidade de onde eram oriundos.
O desenvolvimento do comércio
Uma das consequências da colonização foi o desenvolvimento do comércio, não apenas entre a colônia e a metrópole, mas entre as
colônias e outros locais do Mediterrâneo. Até então o comércio não era uma atividade econômica própria, mas uma atividade subsidiária da
agricultura. Algumas colônias funcionavam essencialmente como locais para a prática do comércio e sem um estatuto político, eram os
chamados empórios.
O incremento da atividade comercial gera por sua vez o fomento da indústria. Deste setor destaca-se a produção da cerâmica, sendo
famosos os vasos de Corinto e de Atenas, que se tornaram os principais objetos de exportação. No último quartel do século VII a.C. ocorreu o
aparecimento na Lídia da moeda, que se espalhou lentamente por toda a Grécia.
Consequências do desenvolvimento do comércio e da indústria artesanal
Com o afluxo, a partir das colônias, de quantidades elevadas de cereais e com a importância que a exportação do vinho e do azeite
adquiriu, desenvolveu-se entre as classes mais abastadas a tendência para substituir o cultivo do trigo pelo da vinha e da oliveira. Os
camponeses com poucos recursos econômicos ficaram impossibilitados de proceder a esta substituição, uma vez a vinha e a oliveira necessitam
de algum tempo até oferecerem resultados. Como resultado desta realidade econômica nasce no Período Arcaico uma nova classe, a dos
plutocratas (demiurgos), cujos membros, oriundos frequentemente das classes inferiores, enriquecem graças às possibilidades oferecidas pelo
desenvolvimento do comércio e da indústria artesanal, atividades desdenhadas pela aristocracia. Esta classe possuia ambições políticas, que na
época se encontravam relacionadas com a posse de terra. Como tal, os plutocratas procuram comprar terras. Os nobres, não pretendendo ser
relegados para segundo plano, entraram também na corrida de compra das terras. As consequências desta competição econômica repercute
entre os camponeses de fracos recursos, cujas condições de vida se agravam. Esse quadro leva a constantes conflitos sociais e políticos.
Espaço físico das polis gregas
A pólis grega era formada pela ÁSTEY, basicamente, por uma ACRÓPOLE, uma ÁGORA e pela KHORA . A acrópole corresponde à
parte mais elevada da pólis, onde existiam templos dedicados aos deuses. Ficava ao lado da ágora, que era a parte mais pública da comunidade.
Lá existia o mercado e as assembleias do povo. A Ágora era a praça principal na constituição da pólis, a cidade grega da Antiguidade clássica.
Normalmente era um espaço livre de edificações, configurada pela presença de mercados e feiras livres nos seus limites, assim como por
edifícios de carácter público. A khora corresponde à parte agrícola, onde moravam os camponeses e onde eram cultivados alimentos que
supriam a ástey, que era a "cidade" da pólis, a parte urbana (termos anacrônicos, mas que representam mais proximamente o que era a ástey).
No processo de consolidação da formação das polis gregas trataremos dos dois exemplos mais marcantes e importantes: Esparta e
Atenas.
ESPARTA
Esparta, ou Lacedemônia, localizava-se na península do Peloponeso, na planície da Lacônia, às margens do rio Eurotas. Foi fundada no
século IX a.C., pelos dórios. Cercada por montanhas que lhe davam proteção natural e a isolava das regiões vizinhas. No século VII a.C.,
conquistou a região da Messênia, que a circundava e consolidou seu caráter essencialmente guerreiro, desenvolvendo-se de maneira peculiar
em relação às demais polis.
O Estado dividia as terras em lotes iguais, chamados de Kleros, que eram divididos entre os cidadãos. O cultivo deste lote de terra
cabia aos servos (hilotas) do Estado disponibilizados para trabalharem nas terras dos cidadãos espartanos (esparciatas). Os espartanos
dedicavam-se a formação militar e não exerciam nenhuma atividade econômica, consideravam o comércio uma atividade indigna que era
relegada aos estrangeiros e marginalizados denominados periecos.
Segundo os espartanos, a constituição que regia a cidade-estado, suas regras e os valores foram rigidamente estabelecidos por um
legislador mítico, Licurgo. Essa constituição, segundo os espartanos, não podia ser modificada, e com isso perpetuava o regime oligárquicoaristocrático, isto é, manteve ao longo da história espartana o poder dos esparciatas.
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De maneira geral a sociedade espartana foi: patriarcal, agrária ou rural, aristocrática, estratificada, eugênica e militarista.
Organização social espartana
•
Os esparciatas formavam a aristocracia de Esparta, e monopolizavam as instituições políticas, militares e religiosas. Eram os
tradicionais descendentes dos dórios e os detentores de terras. Eram os únicos que tinham direito à cidadania.
•
Os periecos eram homens livres, não possuíam cidadania, e dedicavam-se principalmente ao comércio e ao artesanato, tarefas
desprezadas pelos esparciatas. Eram os habitantes dos arredores da cidade.
•
Os hilotas eram frequentemente definidos como escravos. Na verdade, um conjunto de fatores permite que eles sejam
caracterizados mais como servos do que como escravos propriamente ditos. Habitavam as terras conquistadas pelos dórios. Estavam
presos à terra, não podiam se transferir, eram propriedade do Estado e executavam as tarefas braçais nas terras distribuídas aos
esparciatas. Como compunham a maioria da população de Esparta, eram mantidos sob rígida obediência pelo terror,
destacadamente a kriptia (ritual da maioridade, utilizado pelos espartanos em meados do sec. IV a.C, feito quando o jovem
completava 16 anos, em seu treinamento militar, consistia na matança de hilotas).
Educação espartana
A Agogê: Em seu próprio significado, a palavra que os espartanos aplicavam para a educação já dizia tudo: Agogê (agoge), isto é,
“adestramento”, “treinamento”. Viam-na como um recurso para o adestramento dos seus jovens. O objetivo maior dela era formar soldados
educados no rigor para defender a polis. Assim sendo, temos que entendê-la como um serviço militar estendido à infância e à adolescência.
Em termos genéricos, podemos ver que a educação desenvolvida em Esparta estava intimamente ligada ao caráter militarista. Desde
tenra idade a formação do indivíduo era reconhecida como uma função a ser obrigatoriamente assumida pelo próprio Estado. Os espartanos
viam cada novo ser como um soldado em potencial.
O caráter era eugênico (controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou
mentalmente). Ao nascer, a criança era minuciosamente observada por um grupo de anciãos. Caso ela não apresentasse uma boa saúde ou
tivesse algum problema físico, era invariavelmente lançada do cume do monte Taigeto. Se fosse considerada saudável, ela poderia ficar com a
sua mãe até os sete anos de idade. Depois disso, passava a ficar sob a tutela do governo espartano para assim receber todo o conhecimento
necessário à sua vindoura trajetória militar.
Entre os sete e os doze anos a criança recebia os conhecimentos fundamentais para que conhecesse a organização e as tradições de
seu povo. Depois disso, era dado início a um rigoroso treinamento militar onde seria colocado em uma série de provações e testes que
deveriam aprimorar as habilidades do jovem. Nessa fase, o aprendiz era solto em um campo onde deveria obter o seu próprio sustento por
meio da coleta, da caça de animais ou, em alguns casos, por meio do furto.
Nessa mesma época, os aprendizes eram colocados para realizarem longas marchas e lutarem uns com os outros. Dessa maneira,
aprendiam a combater eficazmente. Além disso, havia uma grande preocupação em expor esse soldado a situações provadoras que atestassem
a sua resistência a condições adversas e obediência aos seus superiores. Cada vez que não cumprisse uma determinada missão, esse soldado
em treinamento era submetido a terríveis punições físicas.
Quando estavam entre dezesseis e dezessete anos de idade, o jovem recruta espartano era submetido a um importante “teste final”:
a kriptia. Funcionando como uma espécie de jogo de esconde-esconde, os jovens espartanos se escondiam de dia em um campo para, ao
anoitecer, saírem à caça do maior número de hilotas possível. Quem sobrevivesse a esse processo de seleção já estaria formado para integrar as
fileiras do exército e teria direito a um lote de terras.
Com relação às mulheres, devemos salientar que essa mesma tutela exercida pelo Estado também era dirigida a elas. De acordo com a
cultura espartana, somente uma mulher fisicamente preparada teria condições de gerar filhos que pudessem lutar bravamente pela defesa de
sua cidade-Estado. Além disso, durante sua vida civil ela poderia adquirir o direto de propriedade e não estava necessariamente sujeita à
autoridade de seu marido.
Quando alcançava os trinta anos de idade, o soldado espartano poderia galgar a condição de cidadão. A partir desse momento, ele
participava das decisões e leis a serem discutidas na Ápela, assembleia que poderia vetar a criação de leis e indicava os indivíduos que
comporiam a classe política dirigente de Esparta. Quando atingia a idade de sessenta anos, o indivíduo poderia sair do exército e integrar a
Gerúsia, o conselho de anciãos responsável pela criação das leis espartanas.
Estrutura política espartana
Esparta manteve ao longo de sua história basicamente a mesma estrutura política. Os orgãos dessa organização foram:
•
Diarquia: Os reis da cidade-Estado de Esparta governavam através de um sistema conhecido como diarquia, no qual dois reis de
família diferentes governavam com iguais poderes. A origem desta singularidade monárquica não está perfeitamente esclarecida
pelos historiadores que aventaram a hipótese de que a instituição foi um compromisso entre duas família poderosas no período de
criação do Estado espartano na transição do período homérico para o arcaico. Os diarcas vinham das famílias dos Ágidas e
Euripôntidas, sendo o direito de ser rei hereditário para o primeiro filho nascido após a ascensão do pai a realeza. Caso o herdeiro
fosse menor assumia a regência um parente próximo até a maioridade do herdeiro. Os dois reis tinham poderes iguais nas atribuições
religiosas, políticas, administrativas e judiciárias. Na época clássica seus poderes foram limitados a religião, a julgar determinadas
causas privadas em que intervém o direito religioso da família. No período de guerra eram os comandantes supremos do exército e
do sacerdócio e enquanto um rei protegia Esparta, o outro ia para o combate. Esse poder de comando era essencialmente militar,
estando sujeito ao comando e fiscalização de sua conduta pelos éforos. Os diarcas presidiam a Gerúsia, embora seu poder fosse o
mesmo dos outros gerontes. A monarquia foi seriamente limitada em seus poderes pelo surgimento do Eforato, formado por cinco
éforos eleitos pelos cidadãos, que exigiam o juramento de obediência dos reis e podiam prendê-los e multá-los por comportamento
inadequado, além de intervir nas prerogativas reais quando havia discordâncias entre os reis sobre uma decisão. Os diarcas eram
muito respeitados e todos se mantinham de pé diante de sua presença, com exceção dos éforos. Tinham as maiores e melhores
terras, territórios na área dos periecos e recebiam butim (despojos da guerra) maior que dos outros espartanos. No período
helenístico com a decadência de Esparta, houve no século III a.C. revoltas lideradas pelos reis que desestruturaram a organização
social e acabaram com a dupla realeza.
•
Gerúsia: (Conselho de Anciãos) composta por 28 membros com idade a partir de sessenta anos, denominados gerontes mais os reis
da diarquia. Sua criação é atribuída a Licurgo, nas reformas que introduziu no final do século VIII a.C. O título era vitalício. Suas
funções eram legislativas e se encarregava de preparar os projetos que deviam ser submetidos à aprovação da Apela (assembléia
assembleia dos cidadãos). A gerúsia também tinha função judiciária e caso os reis que fossem acusados pelos éforos seriam julgados
na Gerúsia.
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•
•
Ápela: A Apela ou Apelá era uma assembléia formada por cidadãos espartanos a partir dos trinta anos. Elegia os membros da Gerúsia
e aprovava ou rejeitava as leis encaminhadas por eles. Todo espartano homem a partir de 30 anos podia participar das reuniões, que,
de acordo com Licurgo, aconteciam a cada lua cheia, nas imediações de Esparta. Originalmente aconteciam na Ágora, com a condução
dos reis. Mais tarde, passam a ser conduzidas pelos éforos. A votação acontecia aos gritos. A Apela apenas rejeitava ou aceitava as
propostas a ela submetidas. Geralmente, a Apela deliberava sobre a guerra e a paz. A Apela também era responsável por eleger os
membros da Gerúsia. Os candidatos eram selecionados a partir da aristocracia. Também elegiam os cinco éforos anualmente. A
Gerúsia sempre tinha poder de veto sobre a Apela.
Eforato ou Conselho dos éforos: os éforos eram os oficiais da antiga Esparta. Cinco éforos eram eleitos anualmente, sem direito a
reeleição. Eles atuavam no papel de fiscais da vida pública, inclusive sobre a atuação dos reis. Segundo Heródoto a instituição foi
criada por Licurgo. Eram eleitos pela assembléia dos cidadãos (Ápela). Eles forneciam um equilíbrio para a Diarquia de Esparta, pois os
dois reis raramente cooperavam entre eles. Com o tempo éforos substituiram a função da diarquia em presidir as reuniões da
Gerúsia, o conselho oligárquico dos anciãos. Dois éforos acompanhavam o exército na batalha e eles podiam prender o rei se esse se
portasse em desacordo com o cargo.
ATENAS
Situada na península balcânica, na região da Ática, a 5 Km do mar Egeu. Apresenta uma paisagem montanhosa entremeada por planícies férteis.
Cada região recebe uma denominação específica: as regiões de planícies férteis chamavam-se Pédium, regiões montanhosas, irregulares e
áridas chamavam-se Diácria, as regiões litorâneas chamavam-se Parália.
A ocupação inicial da região da Ática foi feita pelos Aqueus, posteriormente chegaram os eólios e os jônios, que foram os responsáveis
pela fundação de Atenas. Com localização próxima ao mar Egeu e protegida pelas montanhas, Atenas não foi vítima da invasão dos dórios.
No final do período homérico, por volta do século X a.C., com a desagregação da comunidade gentílica, o desenvolvimento da propriedade
privada e a formação do grupo privilegiado dos eupátridas, ocorreu a unificação das quatro tribos ou demos em torno de um centro político,
militar e religioso, erigido na parte mais alta (Acrópole), consolidando a fundação de Atenas.
Na origem lendária, a região da Ática era disputada entre Poseidon e Atena. Dominaria a região aquela divindade que desse aos
habitantes o presente mais útil. Poseidon deu então o cavalo. Atena o suplantou criando a oliveira. A cidade ganhou então seu nome em função
dessa deusa. Essa disputa entre os deuses parece estar ligada a uma mudança na população dominante da região em algum momento da sua
história antiga.
Atenas no final do período homérico (séc. X ao VIII a.C.)
1) Economia e sociedade: Até o século VIII a.C., a economia ateniense era essencialmente rural, complementada por atividades ainda
incipientes de artesãos e pequenos comerciantes. Durante esse período podemos destacar os seguintes grupos sociais:
•
Eupátridas: eram aqueles considerados bem nascidos, ou seja, filhos da elite, das famílias tradicionais que ficaram com as melhores
terras (pédium). Constituíam a camada social dominante e formavam a aristocracia governante da pólis, ou seja, somente eles tinham
a condição de cidadãos. Eram os proprietários de terras e escravos.
•
Georgóis ou Geomores: formavam uma segunda camada social, composta a princípio por pequenos proprietários rurais que ficaram
com as terras menos férteis nas montanhas (diácria). Trabalhavam com seus familiares e produziam para a subsistência. Apesar de
serem atenienses, como não pertenciam as familias tradicionais, não eram considerados cidadãos, ou seja, não podiam participar da
vida política.
•
Thetas: apesar de também serem atenienses, formavam a camada inferior, eram trabalhadores braçais que não possuiam terras.
Eram camponeses marginalizados econômica e politicamente, ou seja, também não eram considerados cidadãos.
•
Escravos: durante esse período a escravidão não era a base fundamental da produção. A mão-de-obra predominante era familiar ou a
dos thetas. Havia poucos escravos, normalmente oriundos de guerras e dívidas.
2) Organização política (final do período homérico - séc. X ao VIII a.C.)
O Estado ateniense organizou-se inicialmente como uma monarquia. A Sociedade era então organizada em famílias, frátrias e quatro
tribos. Cada tribo estava submetida à autoridade do filobasileu, que comandava o exército. A reunião das várias tribos ou demos originou a
polis, submetida à autoridade do rei, denominado em atenas como basileu. O basileu tinha amplos poderes, mas, deveria consultar um
conselho de nove eupátridas denominado arcontado. Com o tempo, o poder autoritário dos basileus, que não estavam respeitando o conselho
dos arcontes, levou a aristocracia dos eupátridas a derrubar a monarquia e a estabelecer a oligarquia governada pelos arcontes. Era o início do
período arcaico.
Atenas no período arcaico (séc. VIII ao VI a.C.)
1) Economia e sociedade
Esse período foi marcado pela escassez de terras férteis (em virtude da concentração das melhores terras nas mãos dos eupátridas) e pelo
aumento populacional que impulsionaram a segunda diáspora grega e o estabelecimento de colônias com fins comerciais e de povoamento em
vários pontos do mediterrâneo. O comércio com essas áreas baseava-se nas exportações de azeite, vinho e peças de artesanato. Importavam
artigos como trigo, metais preciosos, cobre, ferro e madeira das regiões mediterrânicas. Porém, essas medidas não conseguiram resolver
efetivamente os problemas sociais, na maioria das polis gregas. Todos esses fatores contribuíram, também, para um processo de exôdo rural.
Em Atenas, a aristocracia e as classes ligadas ao comércio, ao mesmo tempo que adquiriam maior poder econômico, procuravam ampliar
seu domínio social e político, fato desencadeador de confronto e lutas que ajudaram a moldar a sua nova estrutura.
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Durante esses processos de deslocamento, alguns georgóis e thetas emigraram em expedições colonizadoras e também deslocaram-se da
região agrária (khora) para a área urbana da cidade de Atenas (ástey). Além dos eupátridas, georgóis e thetas, a partir do século VIII a.C., a
sociedade ateniense apresentou novas categorias sociais, tais como:
•
Demiurgos: segmento social oriundo de georgóis e thetas que se deslocaram para a parte urbana de Atenas a partir da segunda
diáspora grega e que se constituíram em pequenos comerciantes e artesãos. Com o passar do tempo se enriqueceram e passaram a
exigir direitos políticos e sociais. Essas reivindicações provocaram agitações sociais que envolveram os georgóis, thetas e até metecos.
Tais agitações sociais obrigaram o governo aristocrático dos arcontes a realizar reformas sociais com Drácon e Sólon.
•
Georgóis e Thetas
•
Metecos: segmento social de estrangeiros e marginalizados que se desenvolveu no final do período arcaico e início do período
clássico fruto do processo de migração de elementos de outras localidades para a rica e dinâmica economia de Atenas. Não formavam
um grupo étnico homogêneo, eram constituídos de gregos de outras polis e até de elementos não-gregos como egípcios, trácios,
lídios etc. Eram livres, podiam se dedicar a várias atividades econômicas como artesãos e comerciantes. Porém, não tinham e nunca
tiveram direitos políticos em Atenas. Eram obrigados a prestar o serviço militar quando convocados e tinham que pagar tributos ao
Estado ateniense, como por exemplo a metoikia, imposto pago anualmente e que equivalia a um dia de trabalho.
•
Escravos: Apesar de existir a escravidão em Atenas desde o final do período Homérico, foi no período arcaico que ela foi se
intensificando até atingir seu auge no período Clássico. Escravos por dívidas, ou prisioneiros de guerra ou ainda oriundos de um
intenso comércio, eram, no final do período homérico e início do arcaico, em número inexpressivo, mas, com as transformações
provocadas a partir segunda diáspora grega passaram a se constituir a base da produção.
2) Evolução (transformação) política de Atenas
Com o tempo, o poder autoritário dos basileus, que não estavam respeitando o conselho dos arcontes, levou a aristocracia dos
eupátridas a derrubar a monarquia e a estabelecer a oligarquia governada pelos arcontes. Era o início do período arcaico.
As referidas transformações sociais somadas ao governo da aristocracia, que só protegia e privilegiava os interesses dos eupátridas,
provocaram o confronto de interesses, conflitos e impasses sociais que marcaram o período arcaico em Atenas. Tais conflitos obrigaram o
governo dos arcontes a realizar reformas sociais. O quadro a seguir demonstra quais os principais grupos que se agitavam exigindo mudanças:
DENOMINAÇÃO
PARTIDÁRIA
Pediano
Habitantes do Pédium
(planície fértil)
Paraliano
Habitantes da Parália (litoral)
Diacriano:
Habitantes da Diácria
(Montanhas)
CAMADA
SOCIAL
Eupátridas
Demiurgos
Georgóis
e thetas
POSICIONAMENTO
Conservadores:
Buscavam
manter o monopólio da
cidadania ateniense.
Moderados:
Buscavam
a
equiparação política com os
eupátridas.
Radicais: exigiam reformas
amplas de ordem política e
econômica.
O incremento do comércio favoreceria os demiurgos, que se transformaram em um importante grupo na vida econômica de Atenas.
Gradualmente, o enriquecimento dos comerciantes funcionaria como um estímulo para que passassem a reivindicar uma participação política
igual a dos eupátridas. O aumento do número de escravos foi outra importante conseqüência da colonização. A expansão foi muitas vezes
imposta e desta maneira, acabou fornecendo inúmeros prisioneiros de guerra. O aumento do fluxo de escravos dificultava o aproveitamento da
mão-de-obra livre, forçando os thetas a contrair dívidas junto aos cidadãos, de modo que não conseguindo quitar seus empréstimos acabavam
escravizados. Os georgóis também foram vitimados por esta situação.
Os Reformadores Atenienses
O ambiente das lutas sociais em Atenas acabou por forçar os eupátridas a permitir algumas reformas que promoveriam mudanças
internas a partir de propostas elaboradas pelos legisladores, dentre os quais destacamos as duas mais importantes:
• A Reforma de Drácon (621 a.C.) - Nos últimos anos do século VII a.C., o legislador Drácon estabeleceu a primeira tentativa
de instituir um direito comum a todos, até aquele momento as leis em Atenas ainda assumiam um caráter consuetudinário (baseadas
nas tradições orais). Estabeleceu um rigoroso código de leis escritas o que possibilitaria o acesso de toda a população ao
conhecimento do código. As leis de Drácon serviram para melhorar a organização judiciária do Estado ateniense, mas, não foi capaz
de dar solução ou amenizar os problemas sociais, uma vez que os privilégios dos eupátridas permaneceram inalterados. Um destaque
desse código de leis foi o estabelecimento do fim das vendetas (vinganças privadas).
• As Reformas de Sólon (594 a.C.) - Mesmo com o severo código de Drácon, as desigualdades continuaram ativando o
descontentamento, exigindo a atuação de outro reformador. Sólon foi eleito arconte em 594 a.C., era um aristocrata que desde muito
cedo se envolvera com as atividades de comércio e com as viagens ao exterior, ficando assim afastado dos eupátridas e bem mais
próximo aos demiurgos. Preocupado com as agitações sociais promovidas por georgóis e tetas, insatisfeitos com o conservadorismo
do código de Drácon. Sólon proclamou a abolição da escravidão por dívidas (Lei Seisactéia). As leis de Sólon foram além da reforma
sobre o endividamento nos campos, o legislador também alterou o conceito de cidadania baseado na origem, característica da Atenas
aristocrática, passando a adotar uma nova divisão social baseada nos rendimentos anuais, ou seja, divisão social censitária na qual os
demiurgos seriam os grandes beneficiados ao se igualarem politicamente aos eupátridas. Propôs a criação da Bulé (Assembleia
composta pela eleição de 100 membros eleitos de cada um dos quatro demos, formando o conselho dos 400, cuja função seria
elaborar e propor as leis a assembleia dos cidadãos.), a plena atuação da Eclésia (assembléia dos cidadãos, atenienses a partir dos 21
anos e com renda, que votavam as medidas elaboradas e propostas pela Bulé) e a organização da Heléia ou Helieu (tribunal de justiça
aberto a todos os cidadãos).
Contudo as reformas de Sólon ainda possuíam limitações, pois, desagradaram os aristocratas, que perderam parte de seus privilégios
oligárquicos. Os setores populares também não estavam satisfeitos, pois, esperavam medidas mais profundas. O fato de a divisão social ser
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feita, a partir de então, em função da renda e não do nascimento, como anteriormente, revela não apenas uma profunda alteração das
mentalidades, mas também a vontade de Sólon de substituir, por novos critérios, os antigos costumes aristocráticos. É certo que, ainda assim,
isto não resultou de imediato, senão no fortalecimento do autoritarismo da aristocracia, uma vez que tinha o exercício exclusivo da
magistratura, ou seja, somente ela (aristocracia) tinha competência para administrar a justiça. Além do mais, a aristocracia valeu-se de seus
poderes para dificultar a organização e atuação das assembleias (Bulé e Eclésia).
Diante de tal quadro alguns oradores passaram a fazer fortes criticas em seus discursos na Ágora, ganhando o apoio e aclamação
(apoio oral da massa popular). Dessa forma o governo aristocrático do arcontado foi obrigado a nomear tais oradores como governantes de
Atenas, dando origem à Tirania.
Tirania foi uma forma de governo usada em situações excepcionais na Grécia antiga. Nela o chefe governava com poder ilimitado,
embora sem perder de vista que só permaneceriam no poder enquanto representassem a vontade popular. Atualmente, entre sociedades
democráticas ocidentais, o termo tirania tem conotação negativa. Algumas raízes históricas disto, entretanto, podem estar no fato de um dos
filhos do grande tirano grego Psístrato, Hípias ter usufruído do espaço público como se fosse privado, sendo assim, banido e morto.
Segundo o historiador Perry Anderson, na obra Passagens da Antiguidade ao Feudalismo, os tiranos ascenderam ao poder na Grécia
no último século da era arcaica, no século VI a. C.. Estes autocratas romperam a dominação das aristocracias ancestrais sobre as cidades: eles
representavam proprietários de terra mais novos e riqueza mais recente, acumulada durante o crescimento econômico. Essas tiranias
constituíram a transição crucial para a polis clássica. Os tiranos eram a classe de novos ricos, que acumularam grandes riquezas a partir do
florescimento do comércio marítimo na zona do Mediterrâneo. Esses comerciantes não pertenciam à nobreza, até então detentora do poder, e
ansiavam por mudanças para também participarem das decisões políticas. Segundo as palavras de Perry Anderson: “Os próprios tiranos em
geral eram novos ricos competitivos de considerável fortuna, cujo poder pessoal simbolizava o acesso do grupo social onde eram recrutados às
honras e posição na cidade. Sua vitória, no entanto, só era possível geralmente por causa da utilização que faziam dos ressentimentos radiciais
dos pobres, e seu mais duradouro empreendimento foram as reformas econômicas, no interesse das classes populares, que tinham de admitir ou
tolerar para garantirem o poder. Os tiranos, em conflito com a nobreza tradicional, na realidade bloquearam o monopólio da propriedade
agrária, que era a principal tendência de seu poder irrestrito e que estava ameaçando causar um crescente perigo social na Grécia arcaica”.
OS TIRANOS DO PERÍODO ARCAICO
Psístrato foi um tirano da antiga Atenas, governou entre 546 e 527 a.C.. A sua família pertencia à aristocracia. Conquistou a fama por
ter tomado um porto controlado por Mégara, pólis com a qual Atenas travara uma guerra. Segundo Heródoto, Psístrato simulou um ataque,
entrando na ágora de Atenas com ferimentos que fez em si próprio, mas que ele afirmou terem sido feitas pelos seus inimigos, que o teriam
tentado matar. Graças a esta encenação, Psístrato conseguiu convencer os Atenienses a conceder-lhe uma guarda pessoal, algo que na época
não era permitido, pois alguém que possuisse tal guarda poderia apoderar-se da cidade. Ainda de acordo com Heródoto, Sólon, então de idade
avançada, teria aconselhado os Atenienses a não lhe concederem a guarda.
Foi com esta guarda pessoal que Psístrato conquistou em 560 a.C. a Acrópole, instalando a sua tirania. Contudo, o seu governo seria
efêmero, dado que em 559 a.C. Psístrato foi derrubado pela aristocracia, tendo abandonado a cidade. Quando Megacles, homem forte da
aristocracia se desentendeu com a sua facção política, buscou o apoio de Psístrato, desde que este casasse com a sua filha. De acordo com
Heródoto, o regresso de Psístrato a Atenas foi conseguido através de um golpe teatral. Psistrato teria se apresentado às portas de Atenas
acompanhado por um carro sobre o qual se encontrava uma bela mulher vestida como a deusa Atena. Os arautos (mensageiro ou porta-voz
oficial que fazia as proclamações solenes), que antecediam o carro, anunciaram entre a população que a deusa Atena vinha restaurar Psístrato
no poder. O povo acreditou e Psístrato conquistou novamente o governo. Seja este fato um relato verídico ou de um boato recolhido pelo
historiador, a verdade é que Psitrato governaria por um ano (entre 556 e 555 a.C.), mas quando Megacles e se reconciliou com o partido
pediano, expulsaram-no da cidade.
Psístrato partiu para o norte da Grécia, onde se envolveu no negócio de exploração da prata. Com a riqueza que adquiriu nesta
atividade conseguiu formar um exército de mercenários. Em 546 a.C. este exército partiu para Maratona, onde a família de Psistrato tinha
simpatizantes. No caminho para Atenas Psistrato e o seu exército derrotaram o exército ateniense. A cidade caiu então sob o seu poder.
Psístrato governaria Atenas nos dezanove anos seguintes, até à sua morte por causa natural em 527 a.C.
Principais medidas de Psístrato: tomou uma série de medidas na agricultura, comércio e indústria que em muito contribuíram para a
prosperidade de Atenas, até então uma cidade de pouca importância quando comparada com Mileto e Éfeso. As leis e as formas moderadas da
constituição de Sólon seriam preservadas. Assim, os órgãos de Atenas (Assembleia, Bulé e Tribunais da Helieia) mantiveram-se em
funcionamento, embora deva ser observado que os cargos foram ocupados por simpatizantes de Psístrato.
Como era habitual nos tiranos, Psístrato procura proteger as classes desfavorecidas que o conduziram ao poder, isentando os mais
pobres do pagamento de impostos. A estes concede igualmente empréstimos e terras. Psístrato incentivou o cultivo da oliveira, que fornecia o
azeite, um dos principais produtos de exportações de Atenas.
No campo artístico e cultural, Psistrato ordenou a construção do propileus (é a porta monumental que serve como a entrada para a
acrópole) na Acrópole de Atenas, tendo sido reconstruído o templo de Atena. Data também da sua época o início dos trabalhos do templo de
Zeus Olímpico, que, contudo só seriam concluídos sete séculos depois, no tempo do imperador romano Adriano. Durante o seu tempo a
cerâmica de figuras negras de Atenas atingiu o seu esplendor. Atribui-se também a este tirano a compilação da Ilíada e da Odisséia, até então
conhecidas através de episódios fragmentados, e a construção de uma biblioteca pública. A recitação de poesia seria incluída no festival das
Panateneias (eram festas realizadas em homenagem à deusa grega Atena).
No domínio da religião, colocou o santuário de Deméter em Elêusis sob tutela do Estado ateniense e ordenou a construção do
Telesterion (grande salão para a iniciação religiosa a deusa Deméter, deusa grega da agricultura). Instituiu novos festivais como as Grandes e as
Pequenas Dionísias (Havia na Grécia Antiga três grandes festivais em homenagem a Dioniso: as “Dionisíacas Rurais”, que se celebrava o meio do
Inverno e que se destinava a solicitar os favores do deus no que toca à fertilidade das terras; o “Festival de Lenaea”, que ocorria em Janeiro,
devotado aos casamentos; e o principal festival para o qual as peças gregas que chegaram aos nossos dias foram escritas: a “Grande Dionísia”
celebrada em Atenas e que por volta de 534 a.C., passaram a incluir um concurso de tragédias).
Psístrato foi sucedido pelos seus filhos, Híparco e Hípias, que não governaram com a moderação e sabedoria do pai. Assim, em 510
a.C. a tirania seria derrubada em Atenas.
Hiparco - Como já visto, Psistrato foi o responsável pela introdução da tirania em Atenas, tendo governado entre 546 e 527 a.C.. O
termo "tirania" não possuía nesta época a conotação negativa que tem hoje, referindo-se apenas ao governo de alguém que tinha tomado o
poder pela força do apoio popular. Quando Psístrato faleceu, o poder passou para Hiparco. Este interessava-se mais pelas artes do que pelo
governo da pólis ateniense, levando uma vida boêmia. De acordo com o relato do historiador, da Antiguidade grega, Tucídides em sua obra
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História da Guerra do Peloponeso, Hiparco teria por duas vezes feito propostas de carácter sexual a Harmôdio, jovem amante do rico
comerciante ateniense Aristógiton. Harmôdio rejeitou tais propostas e manteve-se fiel a Aristógiton. A relação de Harmôdio e Aristógiton
enquadrava-se no modelo pederástico existente na Grécia Antiga (pederastia designa o relacionamento erótico entre um homem e um jovem,
seu protegido. Por extensão de sentido, o termo é modernamente utilizado para designar, além da prática sexual entre um homem e um rapaz
mais jovem, também qualquer relação homossexual masculina).
Para se vingar da recusa de Harmôdio, Hiparco humilhou publicamente a irmã deste. O ato gerou a fúria dos dois amantes que
arquitetaram um plano, junto com outros atenienses descontentes com o governo dos tiranos, para matar Hiparco e Hípias no festival das
Panateneias em 514 a.C.. Chegado o momento de executar o plano, Harmôdio e Aristógiton agiram de forma precipitada e acabaram por matar
apenas Hiparco. No tumulto que se gerou, Harmôdio foi morto pelos guardas. Aristógiton seria feito prisioneiro, tendo sido torturado até à
morte.
Após a morte do irmão, Hípias tomou medidas autoritárias, que geraram descontentamento entre a população. Em certa medida, o
ato de Harmôdio e Aristógiton levaria ao fim da tirania em Atenas, já que em 510 a.C. o rei espartano Cleómenes I invade a cidade e provoca a
fuga de Hípias, que acabará por refugiar junto do rei persa Dario I.
Harmôdio e Aristógiton tornaram-se símbolos da liberdade e da democracia. Os seus parentes teriam recebido vários privilégios,
como o direito a refeições gratuitas pagas pela pólis. Foram também os primeiros atenienses a terem um grupo escultórico construído em sua
honra, um monumento de autoria de Antenor que se encontrava na ágora, e que foi levado pelos Persas em 480-479 a.C., quando estes
invadiram a Ática, durante as Guerras Médicas. Este grupo escultórico foi susbtituído por nova obra da autoria de Crítios e Nesiotes, que
também se perdeu, sobrevivendo apenas em cópias romanas. Os amantes surgem lado a lado; Harmôdio tem o braço levantado acima da
cabeça e na mão segura uma espada, enquanto que Aristógiton surge de pernas afastadas, com uma espada na sua mão direita e manto a cair
do seu braço esquerdo.
Harmôdio (à direita) e Aristógiton (à esquerda). Cópia romana do século V a partir da estátua grega. Museu Arqueológico de Napóles.
Hípias foi um tirano da antiga Atenas que governou entre 527 e 510 a.C.. Era o filho mais velho de Pisístrato, responsável pela
introdução da tirania em Atenas, a quem sucedeu depois da sua morte.
Hípias teria cerca de 40 anos quando assumiu o poder. Continua a política de engradecimento da pólis ateniense, iniciada pelo pai.
Teria sido durante o seu governou que se cunhou a famosa moeda ateniense com uma coruja. O seu irmão mais novo, Hiparco, com o qual teria
governado, trouxe para a cidade Simonides e Anacreonte, grandes poetas daquele tempo. Hiparco foi assassinado em 514 a.C. por Harmódio e
Aristogíton, os "Tiranicidas". Hípias, que até então tinha governado de forma moderada, integrando aristocratas de todas as facções no
arcontado, passou a adotar uma série de medidas impopulares. Entre estas encontrava-se o aumento dos impostos, necessário para financiar o
pagamento dos mercenários contratados para o defender de revoltas.
A família dos Alcmeônidas, exilada desde 514 a.C., procura derrubar Hípias, fundando na Ática uma fortaleza, a partir da qual lançam
um ataque que se revelou um fracasso. O fim da carreira de Hípias como tirano chegou quatro anos depois, em 510 a.C., quando o rei
espartano Cleômenes ataca Hípias em Atenas. Graças a ajuda de atenienses hostis à tirania, Cleômenes cerca Hípias e os seus partidários na
Acrópole. Hípias decide então abdicar, abandonando a cidade. Os Alcmeónidas regressam do exílio e o povo de Atenas integra no governo um
dos seus membros, Clístenes.
Hípias refugiou-se primeiro junto do governador persa de Sardes e mais tarde na corte de Dario I. Em 490 a.C., durante as Guerras
Médicas, acompanhou a expedição persa que atacou os gregos em Maratona. Os Persas foram derrotados na batalha que ali teve lugar. Hípias
teria falecido no regresso à corte persa.
A queda da tirania abriu caminho para que os dois partidos tradicionais da cidade, o dos ricos, chefiado por Iságoras, e o dos
populares, liderado por Clístenes, passassem a disputar o controle de Atenas. Iságoras, apoiado pelo rei espartano Cleômenes, conseguiu
desterrar Clístenes.
Mas o povo se sublevou e conseguiu trazer o líder de volta, dando-lhe plenos poderes para elaborar uma nova constituição. A tirania
havia perseguido os partidários da aristocracia, enfraquecendo a nobreza urbana, criando-se assim as condições para a implantação de um
regime novo. A monarquia, por sua vez, já fora abolida há muitos séculos e o título de rei (basileus) era mantido apenas por tradição. O regime
oligárquico, por seu lado, também sucumbira à tirania de Psístrato. Abriam-se as portas, depois da expulsão do descendente do tirano, para
uma experiência inédita: o regime governado diretamente pelos cidadãos, a democracia.
Clístenes foi um nobre ateniense que, além de liderar uma revolta popular, reformou a constituição da antiga Atenas em 508 a.C.,
sendo considerado, geralmente, o pai da democracia, por tê-la implantado, porém convém lembrar que a instituição do novo modelo político
deveu-se ao resgate e ampliação das medidas iniciadas pelo reformador Sólon.
Uma das primeiras medidas de Clístenes Foi a redivisão de Atenas em dez demos, em lugar das quatro anteriores. A divisão era
censitária e dessa forma, foi neutralizado o domínio exclusivo do poder pelos eupátridas.
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Reorganizou e ampliou a função dos órgãos públicos criados por Sólon. A Bulé passou a contar com quinhentos membros (50
escolhidos em cada demo), os arcontes passaram de nove para dez (1 escolhido por cada demo), a Eclésia, assembleia dos cidadãos, teve seus
poderes ampliados, pois, além de votarem as medidas elaboradas e proposta pela Bulé, passavam a fiscalizar a atuação das demais instituições
políticas de Atenas. A Eclésia tinha também o poder de votar o ostracismo (perda temporária de propriedades e direitos políticos por dez anos)
contra todos aqueles que de alguma maneira colocassem em perigo as instituições democráticas. Após dez anos o exilado pelo ostracismo
poderia ter restituidos o direito político e os bens perdidos.
É importante lembrar que a democracia instituida pelas reformas de Clístenes era um sistema político do qual só participavam os
atenienses adultos (a partir de 21 anos), filhos de pai e mãe atenienses. Estavam excluídos os escravos, metecos (estrangeiros) e as mulheres,
ou seja, a maior parte da população. Daí a afirmação “Democracia escravista”, pois, o cidadão tinha o ócio, tempo disponível, graças a mão-deobra escrava.
PERÍODO CLÁSSICO (do século VI ao IV a.C.)
No conjunto das cidades-Estado gregas, Atenas ocupou um lugar destacado. Para além do seu poderio econômico e militar, a polis
ateniense tornou-se um importante centro cultural e político.
Um dos aspectos que mais contribuíram para o prestígio da cidade foi a sua original forma de governo, a democracia. Este sistema
democrático não se implantou facilmente. Os direitos dos cidadãos eram: insomomia, isocracia e isogoria.
•
a igualdade perante a lei ou INSONOMIA. A nenhum cidadão são concebidos privilégios baseados na riqueza ou no prestígio da sua
família.
•
a igualdade de acesso aos cargos políticos ou ISOCRACIA. Todo o cidadão ateniense tinha o direito e o dever de participar no governo
da polis. Todos tinham igual direito de voto.
•
o igual direito de todos ao uso da palavra ou ISOGORIA. Nas assembleias, nos tribunais ou no exército das magistraturas, todos
podiam defender livremente as suas opiniões.
A DEMOCRACIA DIRETA
Na Grécia não havia partidos políticos nem havia um corpo profissional de juízes ou de altos funcionários do Estado. Cada cidadão
atuava os cargos necessários ao bom andamento dos assuntos da cidade. A democracia grega era, por isso, uma democracia direta e todo
aquele que se desinteressava dos assuntos públicos era malvisto pela polis. Os cidadãos votavam diretamente, em praça pública (ágora) as leis
propostas pela Bulé.
A IMPORTÂNCIA DA ORATÓRIA E OS FILÓSOFOS SOFISTAS
A oratória era o dom da palavra que permitia convencer na política. Todo o cidadão devia estar preparado para apresentar propostas
e discuti-las na Eclésia. Os oradores brilhantes desfrutavam de um elevado prestigio, eram os demagogos.
Para os filósofos Sofistas o discurso era fundamental, ou seja, o poder da fala e a capacidade para convencer, não importando a
veracidade
do
que
era
dito.
A verdade dos discursos não era, necessariamente, o mais importante, pois o bom discurso, o discurso verdadeiro era aquele que conseguia
convencer o maior número, ou seja, a capacidade de convencimento das palavras. O mais importante seria convencer ao público que o
adversário não tinha razão. Ou convencer o próprio adversário. Assim sendo, esses filósofos eram defensores da forma de governo
democrática.
OS LIMITES DA DEMOCRACIA ANTIGA
A região da Ática teria, na segunda metade do século V a.C., uma população de cerca de 400.000 habitantes. Destes, apenas 40.000
eram cidadãos atenienses. Juntamente com as mulheres e filhos, os atenienses deveriam formar um conjunto de 120 000 pessoas. Mas as
mulheres não participavam politicamente, ou seja, não eram cidadãs.
Os metecos atingiam de 70.000 a 90.000 habitantes. Os metecos por vezes opinavam na política, mas não eram cidadãos e,
consequentemente
não
podiam
votar.
Por fim, em maior quantidade, 200.000 escravos, despojados de todos os direitos e até da sua condição de ser humano.
As mulheres dedicavam-se aos trabalhos domésticos e a educação das crianças. Não lhes era reconhecido o direito de autonomia ou
de administrar os seus bens. Quando viúvas, ficavam sob a autoridade do filho mais velho, ou, se não tivessem filhos, do parente mais próximo.
Nas casas abastadas, as mulheres habitavam numa zona específica, o gineceu (divisão, existente nas casas da antiga Grécia, reservada às
mulheres. Já o androceu era, na Grécia antiga, onde os guerreiros da cidade ficavam instalados ou a parte da casa destinada aos homens), onde
acompanhadas pelas escravas passavam a maior parte da vida. Com exceção das grandes festas religiosas, em que participavam só muito
raramente, saíam a rua. Não iam sequer ao mercado. As compras eram tarefa e privilégio masculino. A sua maior virtude era passarem
despercebidas.
A EDUCAÇÃO PARA O EXERCÍCIO PÚBLICO DO PODER
Em Atenas, acreditavam na necessidade de converter os jovens em homens cultos, corajosos, sensíveis ao belo e empenhados na vida
política da cidade. Até os 7 anos, as crianças eram educadas pela mãe no gineceu. A partir daí eram orientadas para os papéis que, mais tarde,
deveriam assumir na sociedade: as moças ficavam em casa, onde aprendiam todas as tarefas que competiam à mulher. Os rapazes iam à escola
e preparavam-se para serem cidadãos. O Estado recomendava que aprendessem a nadar, a ler, a escrever e que praticassem exercícios físicos.
O
currículo
baseava-se
na
aprendizagem
da
leitura,
da
escrita
e
da
aritmética.
A educação intelectual era completada com a preparação física. Exercitar o corpo era considerado tão necessário quanto exercitar a mente. O
cidadão tinha um serviço militar a cumprir, e, por isso deveria estar pronto para defender a sua polis sempre que necessário.
A preparação física continuava, a partir dos 15 anos, em escolas próprias, os ginásios. Nos ginásios ensinavam-se também matemática
e
filosofia.
No decurso do século V. a.C. correspondendo às necessidades oratórias abertas pela democracia, surgiram os sofistas, professores itinerantes
que andavam de cidade em cidade, fazendo conferências e dando aulas remuneradas.
PRINCIPAIS GOVERNANTES DA DEMOCRACIA ATENIENSE
TEMISTOCLES: General grego nascido em Atenas, cuja habilidade política e militar transformou Atenas na maior potência naval
helênica e tornou possível a vitória sobre os invasores persas. Filho de um aristocrata ateniense e de uma concubina estrangeira obteve a
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cidadania graças a uma lei (508 a. C.) que tornou atenienses todos os homens livres residentes na cidade. O primeiro registro documentado a
seu respeito refere-se a sua eleição como arconte, a mais importante autoridade jurídica e administrativa de Atenas (493 a. C.).
Responsável direto pela estratégia e derrota dos persas de Xerxes I, na batalha naval de Salamina (480 a.C.), foi aclamado como herói
nacional. Empenhado na reconstrução de Atenas e na fortificação da cidade, a qualquer custo, para enfrentar o poderio de Esparta, foi
combatido pela aristocracia e finalmente foi banido pelo conselho de nobres, o Areópago (471 a. C.). Acusado de peculato (crime de autoridade
ou funcionário do Estado contra a administração e os bens públicos). Em virtude de ter sofrido o ostracismo, passou por vários países até obter
refúgio na Pérsia, onde, embora tivesse antes sido inimigo, gozava de enorme respeito, tanto que lhe foi confiado o governo da Magnésia, na
Anatólia e lá permaneceu até morrer.
PÉRICLES: Péricles (495-429 a.C.) foi um estratego e político ateniense, governou Atenas entre 461 e 429 a.C.. Foi a maior
personalidade política do século V a.C., caracterizando a Era de Ouro de Atenas, e sua presença foi tão marcante que o período compreendido
entre o final das Guerras Médicas (448 a.C.) e sua morte (429 a.C.) é chamado o Século de Péricles.
Péricles nasceu de uma família da nobreza ateniense, os Alcmeônidas, descendente do líder reformista Clístenes, responsável pela
introdução da maioria das instituições democráticas, durante a revolução de 510 a.C.. Eleito e reeleito várias vezes como estratego-chefe
(strategos-arconte), acumulou a chefia civil e a liderança militar da cidade, fazendo com que Atenas alcançasse a maior projeção política,
econômica e cultural de toda a sua história.
Embora fosse aristocrata de nascença, deu maior amplitude à democracia ateniense, permitindo o ingresso e a participação política
de parcelas da população antes excluídas. Atenienses de baixa renda, envolvidos no trabalho constante para garantir a sobrevivência, não
podiam dedicar-se à política. Entre as reformas polítcas estão a intituição do Misthoy, soldo ou remuneração para os integrantes do exército e
também para as funções e cargos públicos exercidos por cidadãos de baixa renda.
Foi o responsável por muitos dos projetos de construção que incluem as estruturas sobreviventes da acrópole, tendo encarregado o
escultor ateniense Fídias como o supervisor do programa de embelezamento da cidade. Assim, entre as grandes construções realizadas
destacaram-se o PARTENON (templo a deusa Atena), O ERECTÉION (templo consagrado a Atena, Poseidon e Erecteu, mítico rei ateniense.) e a
reconstrução das MURALHAS DE ATENAS.
O próprio Péricles persuadiu a cidade a construir muralhas de mais de 4 milhas até ao porto de Atenas, o Pireu. Reconstruiu Atenas,
que havia sido destruída nas Guerras Médicas confiscando os recursos da liga de Delos. Sua realização menos notável talvez tenha sido a
exploração de outras cidades como forma de subsidiar o florescimento da democracia ateniense, tal prática caracterizou o “imperialismo” ou
hegemonia ateniense.
Címon era um político rival de Péricles. Címon ganhou fama e apoiadores entre o povo, ao usar o seu próprio dinheiro para ajudar os
atenienses que precisavam de assistência. Para superar Címon, Péricles gastou dinheiro público para construir novos projetos.
Péricles procurou fortalecer Atenas e melhorar sua infra-estrutura. Entretanto, durante a sua liderança, de aproximadamente trinta
anos, foi cauteloso e não fazia avanços sobre os oponentes sem primeiramente pesar as suas opções e medir as suas perdas possíveis. Casou-se
Aspasia e a tratava como igual, algo que não era comum na sociedade ateniense da época, em que as mulheres se submetiam ao controle dos
homens.
Péricles começou a perder respaldo em Atenas apesar de ainda manter o poder. Os espartanos atacaram e forçaram Atenas a se
preparar para uma batalha. Durante a batalha, um praga espalhou-se atingindo Atenas e seus aliados, mas não aos seus inimigos, matando
muitos, inclusive Péricles e a maior parte de sua família. Entretanto, depois que Péricles perdeu seu último filho ateniense, os atenienses
promoveram uma mudança na lei que fez de seu filho não ateniense um cidadão e um herdeiro legítimo. As informações sobre Péricles são
distorcidas por séculos de lendas e mitos. A biografia predominante foi escrita por Plutarco, que viveu aproximadamente 500 anos após
Péricles.
AS GUERRAS DO PERÍODO CLÁSSICO
AS GUERRAS MÉDICAS OU GRECO-PERSICAS (491-449 a.C.)
No decorrer de quase todo século V a.C. duas grandes civilizações se enfrentaram na região do Mediterrâneo Oriental: a Pérsia e a
Grécia. Chamamos esse conflito de Guerras Médicas, Guerras Pérsicas ou Guerras Greco-Persas. A principal causa dessas guerras foi a luta pela
independência das cidades jônicas, colônias gregas na Anatólia (região da atual Turquia), que os persas em sua expansão territorial passaram a
dominar e que se intensificou a partir do governo do imperador persa Dario I, comprometendo o comércio grego na região. A vitória da Grécia
garantiu-lhe o controle comercial da região, imortalizou seus heróis e impôs ao mundo o modelo ocidental de se fazer a guerra.
A maior parte dos historiadores divide os conflitos em duas fases: a 1 ª Guerra Médica, em 490 a.C. e a 2 ª Guerra Médica, entre 480 e
479 a.C.. Mas, como as rivalidades entre gregos e persas só terminaram em 449 a.C., com a Paz de Cálias ou Paz de Címon, alguns estudiosos
falam em uma 3 ª etapa das Guerras Médicas.
Esta região da Jônia era colonizada pela Grécia, mas durante a expansão persa em direção ao Ocidente, este poderoso império
conquistou estas diversas colônias gregas da Ásia Menor, entre elas Mileto. As colônias lideradas por Mileto e contando com a ajuda de
Atenas, tentaram sem sucesso libertar-se do domínio persa, promovendo uma revolta. Estas revoltas levaram o imperador persa Dario I a
lançar seu poderoso exército sobre a Grécia continental, dando início às Guerras Médicas. O que estava em jogo era o controle marítimocomercial na região. Após várias derrotas para os persas, os gregos consiguiram uma primeira e importante reação na Batalha de Maratona.
A batalha de Maratona ocorreu durante a Primeira Guerra Médica, em setembro de 490 a.C., numa planície a leste de Atenas.
Milcíades, jovem comandante ateniense, avisado do desembarque persa, incumbiu os atenienses a fazerem frente contra as forças inimigas.
Enviaram um soldado mensageiro chamado Feidípides a Esparta para solicitar ajuda, ele teria corrido cerca de 220 quilômetros em menos de
um dia a pé. Os espartanos prometeram enviar ajuda, mas argumentaram que, por razões de festejos religiosos, não poderiam fazê-lo antes de
seis dias. Milcíades não podia esperar tanto tempo, e se lançou ao ataque contra os persas com os contingentes que dispunha, provavelmente,
entre 10 e 15 mil atenienses.
As forças persas tinham entre vinte e cem mil homens. Segundo o historiador grego Heródoto, os persas tinham seiscentos barcos. Os
gregos cercaram os persas, que responderam com uma chuva de flechas. Apesar das adversidades, os gregos avançaram contra o inimigo e
adotaram uma estratégia que impediu a ação da cavalaria persa. As tropas persas, derrotadas, regressaram à Ásia, mas isto não significava que
o conflito estava solucionado, pois logo ocorreria uma nova guerra. O mensageiro Feidípides, segundo conta a lenda, foi mandado por Milcíades
para mais uma missão, correr os 42 quilômetros que separavam a planície de Maratona da polis de Atenas para anunciar a vitória grega. Após
anunciá-la com a frase "Alegrai-vos, atenienses, nós vencemos!", teria caido morto devido ao esforço.
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Xerxes (486/465 a.C.), filho de Dario, comandou dez anos depois (480 a.C.) uma invasão à Grécia em grande escala. Algumas cidades
gregas, lideradas por Atenas e Esparta, formaram uma coalização para enfrentar o invasor. Outras, como Tebas, submeteram-se aos persas.
Inicialmente, os persas venceram os gregos na batalha das Termópilas e em Artemision; a seguir, invadiram e saquearam Atenas. A frota
ateniense, porém, comandada por Temístocles (524 a.C./459 a.C.), conseguiu destruir a frota persa na batalha de Salamina e mudou o rumo da
guerra. Meses depois, comandada pelo espartano Pausânias (510/467 a.C.), o exército da coalização grega venceu o exército persa na batalha
de Platéia e pôs fim à invasão. Os gregos conseguiram, certamente, impedir a presença dos persas em seu território. Eles continuaram, porém,
influindo no relacionamento entre as cidades gregas durante todo o Período Clássico.
Batalha das Termópilas (480 a.C.): Xerxes mandou construir uma ponte no Helesponto (atual Estreito de Dardanelos), que tinha como
"fundação" trirremes (embarcações da época), para possibilitar a passagem de suas tropas. Quando a notícia de tamanha proeza chegou à
Grécia, as cidades do norte se renderam e passaram a compor o exército persa. Mas, outras cidades gregas decidiram montar um bloqueio
militar ao sul da região da Tessália. Os persas invadiram a Grécia e mantiveram sua rota próxima ao mar, para garantir abastecimento e apoio
em combate. Quando chegaram a Termópilas (um estreito desfiladeiro de 15 metros de largura) encontraram uma das mais preparadas forças
militares gregas: as falanges de Esparta.
Os espartanos, que se lamentavam por não terem participado da grandiosa vitória em Maratona, se comprometeram a defender o
restante das cidades gregas e marcharam ao encontro do exército persa. Um dos dois reis espartanos, Leônidas, com sua guarda pessoal
composta por 300 homens (os 300 das Termópilas) e com o apoio de mais de 6 mil gregos, aguardava os persas numa situação geográfica que
lhes dava certa vantagem: no meio do desfiladeiro de Termópilas o pequeno número de gregos poderia suportar o imenso exército persa.
Xerxes esperou quatro dias pela chegada da cavalaria e da infantaria pesada da Pérsia. Nesse meio tempo enviou um mensageiro para
convencer o general Leônidas a entregar suas armas. A resposta do espartano foi: "Venham buscá-las".
No quinto ou sexto dia, Xerxes ordenou o ataque. Acredita-se que 10 mil soldados da Pérsia morreram no primeiro dia de combate,
sem causar danos substanciais aos gregos. Até que um traidor grego, Efialtes, ensinou aos persas um caminho através das montanhas que
levaria até o outro lado do desfiladeiro. Informado sobre essa manobra, Leônidas ordenou que a maior parte dos gregos voltasse para um lugar
seguro, enquanto ele, seus 300 espartanos e mais um grupo selecionado de aliados, totalizando em torno de 2 mil homens, ficaram para
enfrentar o exército inimigo. Leônidas teria dito antes de iniciar a batalha final: "Almoçamos aqui, jantaremos no Hades" (Hades é denominação
da divindade e da terra dos mortos na cultura grega).
A batalha de Termópilas (agosto de 480 a.C.) foi a única derrota grega durante as Guerras Médicas, que transformou seus bravos
soldados em lenda para toda a história. Os persas exterminaram até o último grego e decapitaram Leônidas. Tal resistência dos espartanos
resultou em inúmeros benefícios para a Grécia: Temístocles, arconte ateniense, mobilizou rapidamente a marinha grega e ordenou a evacuação
de Atenas. Dessa maneira, apesar da derrota, os gregos intensificaram sua reação contra os persas.
Batalha de Salamina (480 a.C.): Poucos dias após a derrota em Termópilas, um vendaval afundou um número considerável de
embarcações persas, o que possibilitou aos gregos a vitória sobre a marinha inimiga na batalha de Artemisium (agosto de 480 a.C.). Xerxes
avançou pela Grécia, tomando e incendiando Atenas. Temístocles estava decidido a tentar uma estratégia para reconquistar sua pólis: atrair a
marinha persa para um estreito canal, de 2 km de largura, entre a ilha de Salamina e o continente e, assim poder vencer a armada inimiga. Os
espartanos resistiram em aceitar tal plano, pois queriam uma fortificação no istmo de Corinto, que defenderia o Peloponeso (sul da Grécia). Por
fim Os espartanos foram convencidos e as forças de Xerxes foram atraídas para Salamina.
Estima-se que 360 embarcações gregas enfrentaram mais de 600 embarcações persas na batalha de Salamina. A armada persa não
tinha espaço para se locomover, enquanto os gregos manobravam rapidamente suas trirremes (trata-se de uma embarcação estreita e longa.
Mede cerca de 40 metros de comprimento por 5 metros de largura. Possui um mastro e uma vela principais, baixados antes do combate e às
vezes substituídos por um mastro e uma vela menores. Levava uma tripulação de 200 homens. Cerca de170 remavam, enquanto os demais
ficavam livres para atacar e revezar com os remadores) e atacavam os persas com seus arietes (forte tronco de madeira resistente, com uma
testa de ferro ou de bronze).
Xerxes acreditava que várias embarcações gregas bateriam em retirada e ordenou que a experiente armada egípcia esperasse ao
longe, o que piorou em muito sua situação. Depois de oito horas de combate, o mar estava coberto por destroços de navios e corpos lacerados.
Calcula-se que 40 mil homens, 1/3 dos marinheiros persas, morreram. Xerxes, que assistiu sua derrota sentado num trono próximo a água,
poucos dias depois voltou a Pérsia, deixando Mardônio responsável pela retirada de suas tropas para a Tessália, para ali se reorganizar e tentar
nova investida contra os gregos no ano seguinte. Mardônio se refugiou na Tessália e em poucos meses marchou novamente em direção ao sul,
acampando em Platéia, na Boécia, com seus 250 mil homens. Do outro lado, sob a liderança de Pausânias, general espartano, e Aristides,
general ateniense, 70 mil gregos montaram acampamento próximo aos persas. E por vários dias esperaram o combate.
Batalha de Platéia (479 a.C.) : Dessa vez o território era aberto e os gregos não poderiam contar com proteções naturais como tinham
feito nas outras batalhas. Mas os persas também estavam em desvantagem, pois, seus melhores homens tinham morrido em Salamina e não
poderiam contar com nenhum tipo auxílio, por mar ou por terra. A batalha de Platéia (julho de 479 a.C.) iniciou-se quando Mardônio ordenou
o ataque, pois acreditou que uma das falanges gregas estava se retirando, quando na realidade estava somente fazendo uma mudança de
posição. Pausânias, militar dos mais brilhantes, comandando o maior contingente militar que a Grécia reuniu até aquele momento, aniquilou os
inimigos. Os espartanos atacaram impiedosamente os persas, 50 mil homens do exército persa foram mortos no local, inclusive o próprio
Mardônio, enquanto o restante bateu em retirada, morrendo outros milhares durante a fuga.
Logo em seguida navios gregos partiram em direção a Ásia Menor. Em agosto de 479 a.C., aconteceu a batalha de Mícale, na qual os
gregos destruíram a armada persa e libertaram as cidades jônicas, pondo fim a ameaça do Império Persa sobre os gregos. Xerxes desistiu de
seus planos imperialistas sobre o Ocidente. O pequeno contingente militar grego venceu o imenso exército formado por vários povos
submetidos aos persas. As Guerras Médicas entraram para a história militar exatamente por que a vitória grega parecia impossível. A
determinação política e militar deu ao exército grego sua unidade e seu motivo para o combate. Mas foi a forma extremamente violenta de os
gregos travarem seus combates que lhes rendeu a vitória final.
Apesar da extrema rivalidade entre as pólis e das muitas discórdias sobre onde e quando se travariam os combates, as falanges
gregas, quando decididas, lutavam sob uma voz de comando que unificava todos os homens numa ação coletiva. No decorrer do conflito
desenvolveram um objetivo muito claro: a manutenção de sua liberdade, já que durante as Guerras Médicas eram os persas os invasores do
solo helênico.
Os soldados gregos contavam com o seu general na frente de batalha, o que os estimulava a continuar lutando, enquanto o imperador
persa ficava de fora, observando e punindo os que não correspondiam a suas expectativas. Era uma vergonha pra um grego fugir do combate,
pois isso significava que ele estaria desistindo do seu bem mais precioso: a posse de suas terras, sua independência e liberdade política. Os
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espartanos, conhecidos por sua cultura militarista, quando saiam em suas campanhas militares, ouviam de suas mães e esposas: "Volte com seu
escudo, ou sobre ele", pois os cadáveres dos gregos tombados em combate eram devolvidos as suas famílias em cima de seus escudos.
A Liga de Delos e o início da hegemonia ateniense (478 a.C.): Uma das principais conseqüências da guerra entre helenos e persas foi
a hegemonia de Atenas sobre as demais cidades gregas. Essa preponderância política, econômica e cultural, aparece, sobretudo, no período em
que Atenas está sob o governo de Péricles. Dois acontecimentos caracterizam a História de Atenas imediatamente após a guerra com os persas:
a reconstrução da cidade e a criação de seu império marítimo.
A fortificação do porto do Pireu era um sinal dos novos tempos. Doravante os gregos iriam continuar na ofensiva contra os persas
iniciada em Mícale. Nessa ofensiva seria indispensável uma poderosa força marítima.
O instrumento da expansão marítima de Atenas foi a Liga ou Confederação de Delos. Esta surgiu quando as cidades insulares de
Quios, Samos e Lesbos ofereceram aos atenienses o comando de suas esquadras. Coube a Aristides a organização da liga, em 476 a.C., na qual
logo ingressaram numerosas outras cidades helênicas (principalmente, situadas nas ilhas do mar Egeu) que se tornaram reféns da proteção de
Atenas.
Esparta e suas aliadas do Peloponeso no primeiro momento entraram na liga, mas depois consideraram que a ameaça persa havia
passado e abandonaram a liga. As grandes cidades forneceram tropas e navios, enquanto as menores pagaram uma contribuição provisória,
para os tempos de guerra (phoros = tributos), ao tesouro de Delos. Depois da vitória contra os persas, Atenas forçou as cidades-estado aliadas a
continuarem na liga, e transformou a contribuição provisória em permanente, além de passar a dominar as principais rotas comerciais do mar
egeu (rotas do trigo, azeite e vinho, que era a base da alimentação dos gregos).
Os aliados propunham-se tomar a ofensiva contra o império persa devastando os domínios ao alcance da esquadra confederada e
preparar assim o terreno para uma futura Iibertação das cidades gregas ainda sob o jugo inimigo. Como sede da Confederação foi escolhida a
pequena ilha de Delos onde existia um importante santuário de Apolo. O tesouro da liga, produto da contribuição dos aliados, seria também
guardado em Delos. Na realidade o Pireu era o verdadeiro centro da Confederação e essa liderança ateniense foi, durante algum tempo, aceita
de boa vontade pelos aliados.
Sob o comando do filho de Milcíades, Címon, que adquirira um grande prestígio em Atenas principalmente após o ostracismo a que
fora votado Temístocles e a morte do influente Aristides, a liga de Delos obteve uma retumbante vitória sobre a frota persa na desembocadura
do rio Eurimedonte em 468 a.C..
A partir de então começa um período da História de Atenas conhecido como: "Imperialismo Armado" (462-446). Durante esse período
Atenas se lança em guerras de conquista transformando a Confederação de Delos em um instrumento belicoso de suas aspirações de domínio
político e econômico.
Paz de Címon ou Paz de Cálias: As pretensões de Atenas levaram à intensificação das rivalidades com Esparta e suas aliadas. Atenas
tentou ampliar seu domínio fora da Grécia, atacando o domínio persa no Egito. A derrota ateniense no Delta do Nilo (456-454) provocou uma
grave crise na liga de Delos. Atenas endurece ainda mais seu domínio e transfere o tesouro da liga para a Acrópole de Atenas. Tais fatos levam
Címon a sofrer ameaça de ostracismo (461-460) por seus adversários. Para reverter esse quadro, assume o comando da luta contra os persas,
porém morre vítima de enfermidade. Seu sucessor Cálias foi então encarregado de firmar um tratado de paz com o imperador persa Ataxerxes
em 449 a.C. e confirmado por seu sucessor Dario II. Era a Paz de Címon ou Paz de Cálias.
O Tratado de Cálias favoreceu o comércio entre Atenas e o Oriente. Até navios fenícios traziam mercadorias ao Pireu onde passam a
falar os idiomas: persa e aramaico.
Na época clássica, em circunstâncias particulares, a Acrópole foi o ponto central de discussões de ordem financeira. O tesouro da Liga
de Delos serviu para Péricles financiar os trabalhos de reconstrução e de embelezamento da Acrópole entre 450 e 430 a.C., aproximadamente.
As cidades sob o domínio ateniense tinham que pagar tributos cada vez mais elevados, gerando descontentamentos internos na Liga de Delos e
a oposição das demais polis gregas lideradas por Esparta.
A GUERRA DO PELOPONESO (431-404 a.C.)
A guerra do Peloponeso foi um conflito armado entre Atenas (centro político e civilizacional por excelência do mundo do século V
a.C.) e Esparta (cidade de tradição militarista e costumes austeros), de 431 a 404 a.C.. A história dessas guerras foi detalhadamente registrada
pelos historiadores gregos, da Antiguidade, Tucídides e Xenofonte. De acordo com eles, a razão fundamental da guerra foi o crescimento do
poder ateniense e o temor que o mesmo despertava entre os espartanos e seus aliados. A cidade de Corinto foi especialmente atuante,
pressionando Esparta a fim de que esta declarasse guerra contra Atenas e a sua Liga de Delos.
Diante da postura hegemônica ateniense, Esparta e outras cidades gregas decidiram formar outra confederação militar, conhecida
como a Liga do Peloponeso ou Liga Lacedemônica. Essa divisão criou um contexto de tensões que logo viria a desembocar na realização de um
conflito maior. A gota d’água se deu quando a colônia da Córcira, integrante da Liga de Delos, resolveu se voltar contra a cidade de Corinto,
membro da Liga do Peloponeso.
As cidades de Esparta, Corinto, Tebas e Mégara aliaram-se contra Atenas e sua Liga. Tebas, aliada de Esparta na Grécia Central, atacou
Platéia, antiga aliada de Atenas, dando início à Guerra do Peloponeso, que durou 27 anos e envolveu quase todas as cidades-estados gregas,
provocando o enfraquecimento da Grécia.
Em sua primeira etapa, a guerra estendeu-se durante dez anos e foi marcada por visível equilíbrio entre as forças lideradas por
Atenas e Esparta. No ano de 421 a.C., a assinatura da Paz de Nícias estipulava uma trégua de cinquenta anos entre os dois lados do conflito.
Contudo, o acordo só foi cumprido em seus oito primeiros anos, quando o líder ateniense, Alcebíades, encorajou a realização de novas
investidas militares que tomariam Siracusa, região controlada pela Liga do Peloponeso.
Nesse retorno, os atenienses foram humilhados com uma terrível derrota, a qual resultou na prisão e escravização de 20 mil soldados
atenienses. Nos anos seguintes, os espartanos venceram a grande parte dos conflitos que deram continuidade à Guerra do Peloponeso. Em 404
a.C., na região de Egos-Pótamos, o general espartano, Lisandro, impôs a derrota definitiva aos atenienses. A partir de então, a hegemonia dos
espartanos viria a imperar sobre grande parte das cidades-Estado gregas.
Após a derrota na batalha de Egos-Pótamos, Atenas foi obrigada a entregar seus navios, demolir suas fortificações e renunciar ao seu
domínio territorial. Inicia-se o período de tentativa de hegemonia espartana entre 404 e 393 a.C.. A hegemonia espartana não se consolida em
virtude da oposição liderada por Tebas.
O GOVERNO DOS TRINTA TIRANOS OU TIRANIA DOS TRINTA: Com a derrota para Esparta, o sistema democrático até então vigente
em Atenas foi substituído por trinta atenienses ligados à aristocracia, denominados os trinta tiranos. A lista dos nomes dos trinta tiranos está no
livro “Helênicas” de Xenofonte.
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A cidade de Tebas, localizada no estreito de Corinto organizou uma oposição armada contra Esparta sob a liderança dos generais
Epaminondas e Pelópidas e foram vitoriosos na batalha de Leutras, em 371 a.C.. A partir de então é Tebas quem busca estabelecer uma
hegemonia sobre toda a Grécia, gerando novos conflitos.
As disputas entre as principais cidades-Estado impuseram a consolidação de um grande desgaste em todo o mundo grego.
Naturalmente, o envolvimento em tantas batalhas acabou promovendo a ruína econômica de várias cidades outrora consideradas poderosas.
Aproveitando dessa situação, o rei macedônico, Filipe II, promoveu a organização de um grande exército que conquistou os territórios gregos
ao longo do século IV a.C..
PERÍODO HELENÍSTICO (do século IV ao II a.C.)
Foi o período marcado pelo domínio macedônico e pelo contato entre a cultura helênica (grega) e as culturas orientais.
O Período helenístico normalmente é entendido como um momento de transição entre o esplendor da cultura grega e o
desenvolvimento da cultura romana. Tal concepção está associada a uma visão eurocêntrica de cultura e portanto torna secundários os
elementos de origem oriental, persa e egípcia, apesar de ter esses elementos como formadores da cultura helenística.
O fim do período clássico e o início do período helenístico
As constantes guerras que envolveram as cidades gregas foram responsáveis por grande mortalidade, gastos e destruição,
enfraquecendo o "mundo grego" e conseqüentemente, facilitando as invasões estrangeiras. A conquista do território grego pelos macedônios
combinou a decadência grega e a ascensão do Reino de Filipe II. Dois anos após a vitória contra os gregos, na Batalha de Queronéia em 338 a.C.,
Filipe II foi assassinado e seu filho, Alexandre III (Alexandre “o grande”), o sucedeu.
Em 336 a.C., Alexandre “o Grande”, tornou-se rei da Macedônia e dois anos depois senhor de toda a Grécia. Durante o seu curto
reinado de treze anos (entre 336 e 323 a.C.), Alexandre realizou a conquista de territórios mais rápida e espectacular da Antiguidade.
Após conquistar a Grécia Alexandre empreendeu campanhas objetivando a conquista do Império Persa aquemênida de Dario III, que
na época governava praticamente todo o Médio Oriente. Em apenas quatro anos e três batalhas (Granico, Issus e Gaugamela) para derrotou o
Império Persa. Os três anos que se seguiram, até 327 a.C., foram dedicados à conquista das satrapias (províncias persas) da Ásia Central. Por
volta de 325 a.C. Alexandre já se achava no Vale do rio Indo, na Índia. Ao tudo indica, o Alexandre pretendia ir até o território do rio Ganges,
mas seus generais recusaram-se a avançar mais, e Alexandre foi forçado a ordenar o regresso.
Alexandre buscou associar as antigas classes do Império Aquemênida à estrutura de governo do seu império. Pretendia assim criar
um grande estado multiétnico, onde a herança grega e macedônia coexistiria com a herança persa e asiática. A morte prematura do rei, aos
trinta e três anos, levou à fragmentação do seu vasto Império e a divisão entre seus principais generais: Cassandro, Ptolemeu, Lisímaco,
Selêuco e Antígono. Os reinos helenísticos acabaram por ser progressivamente dominado pelo Império Romano, a partir do século II a.C.
CULTURA NA GRÉCIA ANTIGA
Os gregos tinham conflitos e diferenças entre si, mas muitos elementos culturais em comum. Falavam a mesma língua (apesar dos
diferentes dialetos e sotaques) e tinham religião comum, que se manifestava na crença nos mesmos deuses. Em função disso, reconheciam-se
como helenos (gregos) e chamavam de bárbaros os estrangeiros que não falavam sua língua e não tinham seus costumes, ou seja, os povos que
não pertenciam ao mundo grego (Hélade).
RELIGIÃO
OS TITÃS: São 12 seres sobrenaturais que, segundo a mitologia, nasceram no início dos tempos. Eles foram os ancestrais dos futuros
deuses olímpicos (como Zeus, Afrodite, Apolo...) e também dos próprios mortais. Os titãs nasceram da união entre Urano, que representava o
Céu, e Gaia, que seria a Terra. "Os titãs eram seres híbridos, nenhum era humano por completo e todos tinham o poder de se transformar em
animais", afirma a historiadora Renata Cardoso Beleboni, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), especialista em mitologia. O poeta
grego Hesíodo, que viveu no século VII a.C., foi um dos principais autores da Antiguidade a narrar o mito do surgimento dos titãs, numa obra
clássica chamada TEOGONIA. Esse e outros textos épicos contam que tais seres mitológicos ajudaram na formação do mundo.
Segundo o mito, no início dos tempos, Urano fazia seguidos filhos em Gaia, mas, como não se afastava dela, seus descendentes, entre
eles os titãs, permaneciam presos no ventre da mãe. Insatisfeita com a situação, Gaia incentivou um de seus filhos, o titã chamado Crono, a
decepar os órgãos genitais de Urano, fazendo com que este se afastasse dela. Essa metáfora mitológica é uma original maneira de explicar a
separação entre o Céu e a Terra, que teria permitido o início da vida. Mas não foram só as iniciativas heróicas que marcaram os titãs. Após
mutilar e derrotar Urano, Crono reinou e tornou-se um pai terrível para seus filhos. O poder dele e de outros titãs sobre o mundo só acabou
após eles terem sido derrotados por Zeus, o futuro chefe dos deuses olímpicos, numa sangrenta guerra chamada TITANOMAQUIA.
O TERRÍVEL CRONO
O mais importante titã, e também o mais jovem, costumava ser representado com uma foice na mão, com a qual teria mutilado seu
pai, Urano. Crono se uniu a uma de suas irmãs, Réia, com quem teve vários filhos. Como tinha medo de que os descendentes desafiassem seu
poder sobre o mundo, ele engolia todos os seus filhos. Mas um deles, Zeus, contou com a ajuda da mãe para escapar desse destino trágico.
Após crescer e se tornar forte, Zeus decidiu resgatar seus irmãos, dando uma poção para o pai que fez este vomitar todos os filhos engolidos.
Com a ajuda dos irmãos, Zeus derrotou Crono e outros titãs numa grande batalha e passou a ser o grande chefe de todos os deuses gregos.
Crono e seus aliados foram presos para sempre no TÁRTARO, o mundo subterrâneo para onde iam os mortos.
Além dos 12 titãs, Urano e Gaia tiveram três filhos chamados CICLOPES. Eles eram gigantes, com só um olho na face, que lutaram ao
lado de Zeus na guerra contra Crono. Os relâmpagos usados por Zeus na batalha foram forjados por eles.
Outro grupo de seres que foi gerado por Urano e Gaia foram os HECATONQUIROS, seres com 100 braços e 50 cabeças. Os textos
épicos divergem. Em alguns, eles são aliados de Crono; em outros, de Zeus.
OS DEUSES GREGOS
Quando Cronos tomou o lugar de Urano, tornou-se tão perverso quanto o pai. Com sua irmã Reia, procriou os primeiros deuses
olímpicos (Héstia, Deméter, Hera, Hades, Poseidon e Zeus), mas logo os devorou enquanto nasciam, pelo medo de que um deles o destronasse.
Mas Zeus, o filho mais novo, com a ajuda da mãe, conseguiu escapar e travou uma guerra contra seu pai, cujo vencedor ganharia o trono dos
deuses. Ao final, com a força dos Cíclopes, Zeus venceu e condenou Cronos e os outros Titãs na prisão do Tártaro, depois de obrigar o pai a
vomitar seus irmãos. Para a mitologia clássica, depois dessa destituição dos Titãs, um novo panteão de deuses e deusas surgiu. Entre os
principais deuses gregos estavam os olímpicos- cuja limitação de seu número para doze parece ter sido uma idéia moderna, e não antiga.
Os deuses residiam no Olimpo abaixo dos olhos de Zeus. Nesta fase, os olímpicos não eram os únicos deuses que os gregos adoravam:
existiam uma variedade de divindades rupestres, como o deus-cabra Pã, as ninfas: Náiades (que moravam nas nascentes), Dríades (espíritos
das árvores) e as Nereidas (que habitavam o mar). Sátiros e outras criaturas fantásticas residiam em florestas, bosques e mares. Além dessas
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criaturas, existiam no imaginário grego seres como as Erínias (ou Fúrias) que habitavam o submundo e cuja função era perseguir os culpados de
homicídio, má conduta familiar, heresia ou perjúrio.
Os deuses gregos, embora poderosos e dignos de homenagem, eram essencialmente humanos, praticavam violência, tinham ciúme,
coléra, ódio e inveja, ou seja, tinham virtudes e vícios humanos, embora fossem donos de corpos físicos ideais. Os deuses da Grécia eram como
pessoas, e não abstrações, idéias ou conceitos, independentemente de suas formas humanas, os deuses gregos tinham muitas habilidades
fantásticas, sendo as mais importantes eram:
•
ter a condição de ser imúne a doenças, feridas e ao tempo;
•
ter a capacidade de se tornar invisível;
•
viajar longas distâncias instantaneamente e falar através de seres humanos sem estes saberem.
•
a imortalidade, que era assegurada pela alimentação constante de ambrosia (era o manjar dos deuses do Olimpo, era tão poderoso
que se um mortal a quem era vetado, a comesse, ganharia a imortalidade) e pela ingestão de néctar.
OS PRINCIPAIS DEUSES GREGOS:
Zeus - deus de todos os deuses, senhor do Céu.
Hera - esposa de Zeus era a deusa dos casamentos e da maternidade.
Afrodite - deusa do amor, sexo e beleza.
Poseidon - deus dos mares.
Hades - deus das almas dos mortos, dos cemitérios e do subterrâneo.
Apolo - deus da luz e das obras de artes.
Artemis - deusa da caça.
Ares - divindade da guerra.
Atena - deusa da sabedoria e da serenidade. Protetora da cidade de Atenas.
Cronos - deus da agricultura que também simbolizava o tempo.
Hermes - divindade que representava o comércio e as comunicações.
Hefestos - divindade do fogo e do trabalho.
OUTROS SERES MITOLÓGICOS DA GRÉCIA ANTIGA ERAM:
Heróis: seres mortais, filhos de deuses com seres humanos. Exemplos: Herácles ou Hércules e Aquiles.
Ninfas: seres femininos que habitavam os campos e bosques, levando alegria e felicidade.
Sátiros: figura com corpo de homem, chifres e patas de bode.
Centauros: corpo formado por uma metade de homem e outra de cavalo.
Sereias: mulheres com metade do corpo de peixe atraíam os marinheiros com seus cantos sedutores e irresistíveis.
Górgonas: mulheres, espécies de monstros, com cabelos de serpentes. Exemplo: Medusa
Quimeras: mistura de leão e cabra, soltavam fogo pelas ventas.
Hidra: tinha corpo de dragão e nove cabeças de serpente cujo hálito era venenoso que podiam se regenerar (algumas versões falam
em sete cabeças e outras em números maiores).
O PARAÍSO E O INFERNO NA MITOLOGIA GREGA
Na mitologia grega, os Campos Elíseos é o paraíso, um lugar do mundo dos mortos governado por Hades, oposto ao Tártaro (lugar de
eterno tormento e sofrimento). Nos Campos Elíseos os homens virtuosos repousavam dignamente após a morte, rodeados por paisagens
verdes e floridas, dançando e se divertindo. Neste lugar só entram as almas dos heróis, sacerdotes, poetas e deuses. As pessoas que residiam
nos Campos Elíseos tinham a oportunidade de regressar ao mundo dos vivos.
Em algumas versões é cercado por um muro gigantesco para separá-lo do Tártaro. Lá também havia um vale por onde corria o rio
Lete, o rio do esquecimento.
O MITO DE PROMETEU
Prometeu (em grego: "antevisão") é um personagem da mitologia grega, um titã, filho do também titã Jápeto e de Ásia, também
chamada de Clímene. Seu mito foi mencionado por dois dos principais autores gregos, Hesíodo e Ésquilo. Pai de Deucalião, foi o titã que criou
os homens, com seu irmão Epimeteu, e que também roubou o fogo dos deuses para presentear às suas criações.
Segundo Hesíodo foi dado a Prometeu e a seu irmão Epimeteu a tarefa de criar os homens e todos os animais. Epimeteu encarregouse da obra e Prometeu encarregou-se de supervisioná-la. Na obra, Epimeteu atribuiu a cada animal os dons variados de coragem, força, rapidez,
sagacidade; asas a um, garras outro, uma carapaça protegendo um terceiro, e assim por diante. Porém, quando chegou a vez do homem,
formou-o do barro. Mas como Epimeteu gastara todos os recursos nos outros animais, recorreu a seu irmão Prometeu. Este então roubou o
fogo dos deuses e o deu aos homens. Isto assegurou a superioridade dos homens sobre os outros animais. Todavia o fogo era exclusivo dos
deuses. Como castigo a Prometeu, Zeus ordenou a Hefesto (Hefesto ou Hefaísto foi um deus da mitologia grega, filho de Hera e Zeus,
conhecido como Vulcano na mitologia romana. Era a divindade do fogo, dos metais e da metalurgia) que o acorrentasse no cume do monte
Cáucaso, onde todos os dias uma águia (ou corvo) dilacerava seu fígado que, todos os dias, regenerava-se. Esse castigo devia durar 30.000 anos.
Prometeu foi libertado do seu sofrimento por Hércules que, havendo concluído os seus doze trabalhos dedicou-se a aventuras. No
lugar de Prometeu, o centauro Quíron deixou-se acorrentar no Cáucaso, pois a substituição de Prometeu era uma exigência para assegurar a
sua libertação. A história foi teatralizada pela primeira vez por Ésquilo no século V a.C. com o título de “Prometeus desmotes” (Prometeu
Agrilhoado/Acorrentado).
O MITO DE PANDORA
Na mitologia grega, Pandora (do grego: "a que tudo dá" ou "a que possui tudo") foi a primeira mulher, criada por Zeus como punição
aos homens pela ousadia do titã Prometeu em roubar dos céus o segredo do fogo.
Foi criada por Hefesto e Atena, auxiliados por todos os deuses e sob as ordens de Zeus. Cada um lhe deu uma qualidade. Recebeu de
um a graça, de outro a beleza, de outros a persuasão, a inteligência, a paciência, a meiguice, a habilidade na dança e nos trabalhos manuais.
Hermes, porém pôs no seu coração a traição e a mentira. Feita à semelhança das deusas imortais, Zeus a destinou para a espécie humana,
como punição por terem os homens recebido de Prometeu o fogo divino. Foi enviada a Epimeteu, a quem Prometeu recomendara que não
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recebesse nenhum presente dos deuses. Vendo-lhe a radiante beleza, Epimeteu esqueceu quanto lhe fora dito pelo irmão e a tomou como
esposa.
Epimeteu tinha em seu poder uma caixa que outrora lhe haviam dado os deuses, que continha todos os males. Avisou a mulher que
não a abrisse. Pandora não resistiu à curiosidade. Abriu-a e os males escaparam. Por mais depressa que providenciasse fechá-la, somente
conservou um único bem, a esperança. E dali em diante, foram os homens afligidos por todos os males.
ARQUITETURA GREGA
Um dos templos gregos mais conhecidos é a Acrópole de Atenas, que foi construído no ponto mais alto da cidade, entre os anos de 447 a
438 a.C. Além das funções religiosas, o templo era utilizado também como ponto de observação militar. As colunas deste templo seguiram o
estilo arquitetônico dórico (veja as colunas a seguir).
A
arquitetura
grega
antiga
pode
ser
dividida
em
três
estilos:
1-Dórico:
estilo
com
poucos
detalhes,
transmitindo
uma
sensação
de
firmeza.
2-Jônico: este estilo transmitia leveza, em função dos desenhos apresentados, principalmente nas colunas das construções. Outra
característica deste estilo era o uso de base circular.
3-Coríntio: pouco utilizado pelos arquitetos gregos, caracterizava-se pelo excesso de detalhes. Os capitéis das colunas eram,
geralmente, decorados com o formato de folhas.
Tipos de Capitéis Gregos: Dórico, Jônico e Coríntio
PINTURA GREGA
A pintura grega também foi muito importante nas artes da Grécia Antiga. Os pintores gregos representavam cenas cotidianas,
batalhas, religião, mitologias e outros aspectos da cultura grega. Os vasos, geralmente de cor preta, eram muito utilizados neste tipo de
representação artística. Estes artistas também pintavam em paredes, principalmente de templos e palácios.
ESCULTURA GREGA
A estatuária grega representa altos padrões. Teve como principais características: o antropomorfismo (esculturas de formas
humanas); o equilíbrio e perfeição das formas; o aspecto de movimento.
No Período Arcaico os gregos começaram a esculpir em mármores, grandes figuras de homens. Primeiramente aparecem esculturas
simétricas, em rigorosa posição frontal, com o peso do corpo igualmente distribuído sobre as duas pernas. Esse tipo de estátua é chamado
Kouros (palavra grega: homem jovem).
No Período Clássico passou a procurar movimento nas estátuas, para isto, se começou a usar o bronze que era mais resistente do que
o mármore, podendo fixar o movimento sem se quebrar. Surge o nu feminino, pois no período arcaico, as figuras de mulher eram esculpidas
sempre vestidas.
No Período Helenístico podemos observar o crescente naturalismo: os seres humanos não eram representados apenas de acordo
com a idade e a personalidade, mas também segundo as emoções e o estado de espírito de um momento. O grande desafio e a grande
conquista da escultura do período helenístico foram a representação não de uma figura apenas, mas de grupos de figuras que mantivessem a
sugestão de mobilidade e fossem bonitos de todos os ângulos que pudessem ser observados.
Os principais mestres da escultura clássica grega são:
•
Praxíteles, celebrado pela graça das suas esculturas, pela lânguida pose em “S” (Hermes com Dionísio menino), foi o primeiro artista
que esculpiu o nu feminino.
•
Policleto, autor de Doríforo - condutor da lança, criou padrões de beleza e equilíbrio através do tamanho das estátuas que deveriam
ter sete vezes e meia o tamanho da cabeça.
•
Fídias, talvez o mais famoso de todos, autor de Zeus Olímpico, sua obra-prima, e Atenéia. Realizou toda a decoração em baixosrelevos do templo Partenon: as esculturas dos frontões, métopas e frisos.
•
Lisipo, representava os homens “tal como se vêem” e “não como são” (verdadeiros retratos). Foi Lisipo que introduziu a proporção
ideal do corpo humano com a medida de oito vezes a cabeças.
•
Miron, autor do Discóbolo - homem arremessando o disco.
Arcaico
Clássico
Helenístico
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TEATRO GREGO
Um dos aspectos mais significativos da cultura grega antiga foi o teatro. Os gregos o desenvolveram de tal forma que até os dias
atuais, artistas, dramaturgos e demais envolvidos nas artes cênicas sofrem as suas influências. Diversas peças teatrais criadas na Grécia Antiga
são até hoje encenadas. Tal fato se deve ao caráter universalista e existencialista dos temas do teatro grego.
Contexto histórico da origem do teatro grego - O teatro grego surgiu a partir da evolução das artes e cerimônias gregas como, por
exemplo, a festa em homenagem ao deus Dionísio (deus do vinho e das festas). Nesta festa, os jovens dançavam e cantavam dentro do templo
deste deus, oferecendo-lhe vinho. Com o tempo, esta festa começou a ganhar certa organização, sendo representada para diversas pessoas.
Aspectos do teatro grego antigo - Durante o período clássico (século V a.C.) foram estabelecidos os estilos mais conhecidos de teatro:
a tragédia e a comédia. Ésquilo e Sófocles são os dramaturgos de maior importância desta época. A ação, diversos personagens e temas
cotidianos foram representados nos teatros gregos desta época.
Nesta época clássica foram construídos diversos teatros ao ar livre. Eram aproveitadas montanhas e colinas de pedra para servirem de
suporte para as arquibancadas. A acústica (propagação do som) era perfeita, de tal forma que a pessoa sentada na última fileira (parte superior)
podia ouvir tão bem a voz dos atores, quanto quem estivesse sentado na primeira fileira.
Os atores representavam usando máscaras e túnicas de acordo com o personagem. Muitas vezes, eram montados cenários bem
decorados para dar maior realismo à encenação. Mulheres não podiam atuar, os homens representavam os papéis femininos.
Os temas mais representados nas peças teatrais gregas eram: tragédias relacionadas a fatos cotidianos, problemas emocionais e
psicológicos, lendas e mitos, homenagem aos deuses gregos, fatos heróicos e críticas humorísticas aos políticos. Os atores, além das máscaras,
utilizam muito os recursos da mímica. Muitas vezes a peça era acompanhada por músicas reproduzidas por um coral.
Ésquilo é reconhecido frequentemente como o pai da tragédia. e é o mais antigo dos três trágicos gregos (os outros são Sófocles e
Eurípedes). Aumentou o número de personagens usados nas peças para permitir conflitos entre eles; anteriormente, os personagens
interagiam apenas com o coro. Apenas sete de um total estimado de setenta a noventa peças feitas pelo autor sobreviveram à modernidade;
uma destas, Prometeu Acorrentado, é tida hoje em dia como sendo de autoria de um autor posterior.
Pelo menos uma das obras de Ésquilo foi influenciada pela invasão persa da Grécia, ocorrida durante sua vida. Sua peça Os Persas
continua sendo uma grande fonte de informação sobre este período da história grega. A guerra teve tamanha importância para os gregos e
para o próprio Ésquilo que, na ocasião de sua morte, por volta de 456 a.C., seu epitáfio celebrava sua participação na vitória grega em Maratona
e não seu sucesso como dramaturgo.
Aristófanes, (447 a.C.-385 a.C.) é considerado o maior representante da Comédia Antiga. Escreveu mais de quarenta peças, das quais
apenas onze são conhecidas. Conservador, revela hostilidade às inovações sociais e políticas e aos deuses e homens responsáveis por elas. Seus
heróis defendem o passado de Atenas, os valores democráticos tradicionais, as virtudes cívicas e a solidariedade social. Violentamente satírico,
critica a pomposidade, a impostura, os desmandos e a corrupção na sociedade em que viveu.
FILOSOFIA GREGA
A palavra filosofia é de origem grega e significa amor à sabedoria. Ela surge desde o momento em que o homem começou a refletir
sobre o funcionamento da vida e do universo, buscando uma solução para as grandes questões da existência humana. Os pensadores, inseridos
num contexto histórico de sua época, buscaram diversos temas para reflexão. A Grécia Antiga é conhecida como o berço dos pensadores, sendo
que os sophos (sábios em grego) buscaram formular, no século VI a.C., explicações racionais para tudo aquilo que era explicado, até então,
através da mitologia.
Apesar de reconhecermos a importância de sábios que viveram no século VI a.C., na China (Confúcio e Lao Tsé), na Índia (o Buda
Sidarta Gautama) e na Pérsia (Zoroastro ou Zaratustra), essas doutrinas têm uma profunda vinculação com o caráter místico-religioso,
distanciando-se da reflexão racional proposta pela filosofia grega.
“O milagre grego”: No período arcaico surgem os primeiros filósofos gregos, entre os séculos VII e VI a.C.. A passagem da mentalidade
mítica para o pensamento crítico, racional e filosófico, é denominada por alguns autores como “milagre grego”. Porém, o desenvolvimento da
filosofia grega não é fruto de um salto do “milagre” realizado por um povo privilegiado, mas, é a culminação do processo gestado através dos
tempos e que, portanto, tem sua dívida com o passado mítico.
Algumas novidades do período arcaico ajudam a transformar a visão que o mito oferecia sobre o mundo e a existência humana. Essas
novidades são a invenção da escrita e da moeda, a lei escrita, a consolidação das polis, todas elas como condição para o surgimento do filósofo.
Os Filósofos Pré-Socráticos
Escola de Mileto ou Milesiana: foi a escola de pensamento iniciada no Século VI a.C. na vila jônia de Mileto, na costa da Anatólia, e
representada, principalmente, pelos filósofos: Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes. Podemos afirmar que foi a primeira corrente de
pensamento, surgida na Grécia Antiga.
Esses pensadores são os fundadores da filosofia no sentido específico, pois lançaram as bases dos problemas filosóficos discutidos até
hoje no Ocidente: a verdade, a totalidade, a ética e a política. Os filósofos desta Escola explicavam o mundo como resultante do
desenvolvimento cíclico de uma natureza comum a tudo o que existe. Acreditavam na existência de um princípio, um elemento que é a origem
de tudo o que existe. Esse elemento é chamado de arché (seria um princípio que deveria estar presente em todos os momentos da existência
de todas as coisas; no início, no desenvolvimento e no fim de tudo. Princípio pelo qual tudo vem a ser).
Tales era considerado "o pai da filosofia" por ser o primeiro importante pensador grego. Tales queria descobrir um elemento fisico
que fosse constante em todas as coisas, algo que fosse o princípio unificador de todos os seres. Tales concluiu que a água é a substância
primordial, a origem única de todas as coisas, para ele somente a água permanece basicamente a mesma, em todas as transformações dos
corpos, apesar de assumir diferentes estados como: sólido, líquido e gasoso. O elemento primordial de todas as coisas segundo Anaximandro
era o "apeiron" ("Apeiron" significa o "indeterminado" ou "ilimitado", sendo sua origem grega, pode ser entendido, também, como o "devir" ou
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vir a ser). Já para Anaxímenes o elemento primordial era a "pneuma" (ar). Xenófanes elege a "terra" enquanto cumpridora deste papel e
Heráclito, considerava o fogo. Advém dessas concepções a idéia de que a matéria é composta pelos quatro elementos (Água, terra, fogo e ar).
Escola Pitagórica: recebe o nome do fundador, Pitágoras. Outros pensadores importantes dessa escola: Filolau, Arquitas, Alcmeón; a
matemática Theano, que foi, possivelmente, casada com Pitágoras. Esses pensadores manifestam ao mesmo tempo tendências místicoreligiosas e tendências científico-racionais.
A escola teve como ponto de partida a cidade de Crotona, sul da Itália, e difundiu-se vastamente. Trata-se da escola filosófica grega
mais influenciada exteriormente pelas religiões orientais, e que por isso mais se aproximou das filosofias dogmáticas regidas pela idéia de
autoridade. O pitagorismo influenciou o futuro platonismo, o cristianismo e ainda foi invocado por sociedades secretas que atravessaram o
tempo até alcançarem os dias de hoje. O símbolo da Escola Pitagórica era o pentagrama, uma estrela de cinco pontas. Pitagoras ficou
conhecido também como o "filósofo feminista", visto que na escola havia muitas mulheres discípulas e mestres, tais como Theano.
Suas instruções aos seguidores eram formuladas em duas grandes divisões: a ciência dos números e a teoria da grandeza. A ciência
dos números incluía dois ramos: a aritmética e a harmonia musical. A teoria da grandeza era subdividida também em dois ramos: da grandeza
em repouso - a geometria; da grandeza em movimento - a astronomia. As mais notáveis peculiaridades das suas doutrinas estavam
relacionadas com as concepções matemáticas, as idéias numéricas e simbolizações sobre as quais se apoiava a sua filosofia.
Supunha que os princípios que governavam os Números eram os princípios de todas as Existências Reais. Dessa forma, como os
Números são os componentes primários das Grandezas Matemáticas e, ao mesmo tempo, apresentaram muitas analogias com várias
realidades, deduzia-se que os elementos dos Números eram os elementos das Realidades.
Heráclito (da Escola Jônia) x Parmênides (Escola Eliática): Heráclito procura explicar o mundo pelo desenvolvimento de uma natureza
comum a todas as coisas e em eterno movimento. Ele afirma a estrutura contraditória e dinâmica do real. Para ele, tudo está em constante
modificação. Daí sua frase "Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio", já que nem o rio nem quem nele se banha são os mesmos em dois
momentos diferentes da existência. Parmênides, ao contrário, diz que o ser é unidade e imobilidade e que a mutação não passa de aparência.
Para Parmênides, o ser é ainda completo, eterno e perfeito.
Os Atomistas e o Atomismo: foi a doutrina filosófica que considerava toda a realidade como matéria constituída por uma combinação
fortuita de partículas indivisíveis, chamadas átomos. O atomismo surge na antiga Grécia com Leucipo e Demócrito.
Esta teoria atômica (átomo vem de "atomon" = indivisível) foi iniciada por Leucipo em meados do sec.V e foi desenvolvida mais tarde
por Demócrito, cerca de 30 anos depois. Estes dois filósofos eram naturais da Ásia Menor. Leucipo foi um dos fundadores da Escola de Eléia. A
idéia do atomismo teria surgido como reação às idéias de Parmênides.
Período Socrático
Os séculos V e IV a.C. (período clássico) na Grécia Antiga foram de grande desenvolvimento cultural e científico. O esplendor de
cidades como Atenas, e seu sistema político democrático, proporcionou o terreno propício para o desenvolvimento do pensamento. É a época
dos sofistas e do grande pensador Sócrates.
Os Sofistas: foram os primeiros filósofos do período socrático. Os sofistas se opunham à filosofia pré-socrática dizendo que estes
ensinavam coisas contraditórias e repletas de erros que não apresentavam utilidade para as polis. Dessa forma, substituíram a natureza que
antes era o principal objeto de reflexão pela arte da persuasão e tendo o ser - humano como eixo principal de análise (caráter antropocêntrico).
Dentre os sofistas, pode-se destacar: Protágoras, Górgias, Hípias, Isócrates, Pródico, Crítias, Antifonte e Trasímaco, sendo que
destes, Protágoras, Górgias e Isócrates foram os mais importantes. Estes, assim como os outros sofistas, prezavam pelo desenvolvimento do
espírito crítico e pela capacidade de expressão. Uma conseqüência importante que se fez pelos sofistas foi a abertura da filosofia para todas as
pessoas das polis que antes era somente uma seita intelectual fechada formada apenas por aristocratas. Protágoras difundiu a frase: “O
homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”. Por meio dela e de
outras, foi acusado de ateísta tendo seus livros queimados em praça pública, o que o fez fugir de Atenas e refugiar-se na Sicília.
Os sofistas, entre eles Górgias e Leontinos, defendiam uma educação, cujo objetivo máximo seria a formação de um cidadão pleno,
preparado para atuar politicamente para o crescimento da cidade. Os sofistas cobravam por seus ensinamentos. Dentro desta proposta
pedagógica, os jovens deveriam ser preparados para falar bem (retórica), pensar e manifestar suas qualidades artísticas. Defendiam a
DEMOCRACIA.
Afirma-se que Sócrates teria se rebelado contra os sofistas dizendo que desrespeitavam a verdade e o amor pela sabedoria e de que
eram contraditórios ao afirmarem que não havia verdade absoluta. Os sofistas criaram no meio filosófico o relativismo e o subjetivismo.
Os Filósofos Socráticos
Nascido em Atenas, Sócrates (469 - 399 a.C.) é tradicionalmente considerado e um marco divisório da história da filosofia grega. Por
isso, os filósofos que o antecederam são chamados de pré-socráticos e os que o sucederam, de pós-socráticos. O próprio Sócrates, porém, não
deixou nada escrito, e o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários. Conta-se que Sócrates
era filho de uma parteira.
O estilo de vida de Sócrates assemelhava-se, exteriormente, ao dos sofistas, embora não "vendesse" seus ensinamentos. Desenvolvia
o saber filosófico em praças públicas, conversando com os jovens, sempre dando demonstrações de que era preciso unir a vida concreta ao
pensamento. Unir o saber ao fazer, a consciência intelectual à consciência prática ou moral. Tanto quanto os sofistas, Sócrates abandonou a
preocupação dos filósofos pré-socráticos em explicar a natureza e se concentrou na problemática do homem. No entanto, contrariamente aos
sofistas, Sócrates opunha-se, por exemplo, ao relativismo em relação à questão da moralidade e ao uso da retórica para atingir interesses
particulares. Embora tenha sido, em sua época, confundido com os sofistas, Sócrates travou uma polêmica profunda com estes, pois procurava
um fundamento último para as interrogações humanas (O que é o bem? O que é a virtude? O que é a justiça?), enquanto os sofistas situavam as
suas reflexões a partir dos dados empíricos, o sensório imediato, sem se preocupar com a investigação de uma essência da virtude, da justiça,
do bem etc., a partir da qual a própria realidade empírica pudesse ser avaliada.
A pergunta essencial que Sócrates tentava responder era: o que é a essência do homem? Ele respondia dizendo que o homem é a sua
alma, entendendo-se "alma", aqui, como a sede da razão, o nosso eu consciente, que inclui a consciência intelectual e a consciência moral, e
que, portanto, distingue o ser humano de todos os outros seres da natureza. Por isso, autoconhecimento era um dos pontos fundamentais da
filosofia socrática. "Conhece-te a ti mesmo", frase inscrita no Oráculo de Delfos, era a recomendação básica feita por Sócrates a seus discípulos.
Sua filosofia era desenvolvida mediante diálogos críticos com seus interlocutores. Esses diálogos podem ser divididos em dois momentos
básicos: a IRONIA e a MAIÊUTICA.
A IRONIA: na linguagem cotidiana, a ironia tem um significado depreciativo, sarcástico ou de zombaria. Mas não é esse o sentido da
ironia socrática. No grego, ironia quer dizer "interrogação". De fato, Sócrates interrogava seus interlocutores sobre aquilo que pensavam saber.
O que é o bem? O que é a justiça? E a coragem? E a piedade? São exemplos de algumas perguntas feitas por ele. No decorrer do diálogo,
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atacava de modo implacável as respostas de seus interlocutores. Com habilidade de raciocínio, procurava evidenciar as contradições afirmadas,
os novos problemas que surgiam a cada resposta. Seu objetivo inicial era demolir, nos discípulos, o orgulho, a arrogância e a presunção do
saber. A primeira virtude do sábio é adquirir consciência da própria ignorância. "Sei que nada sei", dizia Sócrates. A ironia socrática tinha um
caráter purificador porque levava os discípulos a confessarem suas próprias contradições e ignorâncias, onde antes só julgavam possuir certezas
e clarividências. Nesta fase do diálogo, a intenção fundamental de Sócrates não era propriamente destruir o conteúdo das respostas dadas
pelos interlocutores, mas fazê-los tomar consciência profunda de suas próprias respostas, das consequências que poderiam ser tiradas de suas
reflexões, muitas vezes repletas de conceitos vagos e imprecisos.
A MAIÊUTICA: libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam então iniciar o caminho da reconstrução
de suas próprias idéias. Novamente, Sócrates lhes propunha uma série de questões habilmente colocadas. Nesta segunda fase do diálogo, o
objetivo de Sócrates era ajudar seus discípulos a conceberem suas próprias idéias. Assim, transportava para o campo da filosofia o exemplo de
sua mãe, Fenareta, que, sendo parteira, ajudava a trazer crianças ao mundo. Por isso, essa fase do diálogo socrático, destinada à concepção de
idéias, era chamada de maiêutica, termo grego que significa "arte de trazer à luz".
UM CORRUPTOR DA JUVENTUDE? Sócrates não dava importância à posição socioeconômica de seus discípulos. Dialogava com ricos e
pobres, cidadãos e escravos. O que importava eram as condições interiores, psicológicas de cada pessoa, pois essas condições eram
indispensáveis ao processo de autoconhecimento.
Para a democracia ateniense, da qual não participava a maioria da população, composta de escravos, estrangeiros e mulheres,
Sócrates foi considerado subversivo. Representava uma ameaça social, na medida em que desrespeitava a ordem vigente e dirigia suas
atenções para as pessoas sem fazer distinções de classe ou posição social. Interessado tão-somente na prática da virtude e na busca da verdade
contrariava os valores dogmáticos da sociedade ateniense. Por isso, recebeu a acusação de ser injusto com os deuses da cidade e de corromper
a juventude. No final do processo, por se recusar a negar suas idéias, foi condenado a beber cicuta (veneno extraído de uma planta do mesmo
nome).
Sócrates buscou pensar e refletir sobre o homem, buscando entender o funcionamento do Universo dentro de uma concepção crítica.
Para ele, a verdade está ligada ao bem moral do ser humano. Ele não deixou textos ou outros documentos, desta forma, só podemos conhecer
as idéias de Sócrates através dos relatos deixados por seu discípulo Platão.
Platão: cujo verdadeiro nome era Aristócles, nasceu em Atenas, provavelmente em 427 a.C. e morreu em 347 a.C.. Em linhas gerais,
Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a
realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são
imagens das realidades inteligíveis.
Platão foi discípulo de Sócrates e defendia que as idéias formavam o foco do conhecimento intelectual. Os pensadores teriam a
função de entender o mundo da realidade, separando-o das aparências.
Platão não deixou uma obra filosófica sistemática, organizada de forma lógica e abstrata. As obras de Platão foram escritas em forma
de diálogo, em que diferentes personagens discutem acerca de um determinado tema. Aliás, o diálogo não é apenas a forma como o filósofo se
expressa, mas também o cerne de seu método filosófico de descoberta da verdade. Para Platão, o conhecimento é resultado do convívio entre
homens que discutem de forma livre e cordial.
Aristóteles 384 a.C. - 322 a.C.: desenvolveu os estudos de Platão e Sócrates. Foi Aristóteles quem desenvolveu a lógica dedutiva
clássica, como forma de chegar ao conhecimento científico. A sistematização e os métodos devem ser desenvolvidos para se chegar ao
conhecimento pretendido, partindo sempre dos conceitos gerais para os específicos. Foi discipulo de Platão e professor de Alexandre, o Grande,
considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos.
Aristóteles prestou contribuições fundantes em diversas áreas do conhecimento humano, destacando-se: ética, política, física,
metafísica, lógica, psicologia, poesia, retórica, zoologia, biologia, história natural.
Para Aristóteles, a Lógica é um instrumento, uma introdução para as ciências e para o conhecimento e baseia-se no silogismo, o
raciocínio formalmente estruturado que supõe certas premissas colocadas previamente para que haja uma conclusão necessária. O silogismo é
dedutivo, parte do universal para o particular; a indução, ao contrário, parte do particular para o universal. Dessa forma, se forem verdadeiras
as premissas, a conclusão, logicamente, também será.
Período Pós-Socrático
Esta época vai do final do período clássico (320 a.C.) até o começo da Era Cristã, em um contexto histórico que representa o final da
hegemonia política e militar da Grécia marcada pelo domínio macedônico. É o período da filosofia helenística. Podemos destacar:
CETICISMO: de acordo com os pensadores céticos, a dúvida deve estar sempre presente, pois o ser humano não consegue conhecer
nada de forma exata e segura. Seu principal representante foi Pirro.
EPICURISMO: os epicuristas, seguidores do pensador Epicuro, defendiam que o bem era originário da prática da virtude. O corpo e a
alma não deveriam sofrer para, desta forma, chegar-se ao prazer.
Epicuro de Samos, filósofo do século IV a.C., foi seguido por outros filósofos, chamados epicuristas. Epicuro acreditava que o maior
bem era a procura de prazeres moderados de forma a atingir um estado de tranquilidade (ATARAXIA) e de libertação do medo, assim como a
ausência de sofrimento corporal (APONIA) através do conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos. A combinação
desses dois estados constituiria a felicidade na sua forma mais elevada. Embora o epicurismo seja doutrina muitas vezes confundida com o
HEDONISMO (distorção do epicurismo que declara o prazer como o único valor intrínseco), a sua concepção da ausência de dor como o maior
prazer e a sua apologia da vida simples tornam-no diferente do que vulgarmente se chama “hedonismo”.
A finalidade da filosofia de Epicuro não era teórica, mas sim prática. Buscava, sobretudo, encontrar a tranquilidade necessária para
uma vida feliz e aprazível, na qual os temores perante o destino, os deuses ou a morte estavam definitivamente eliminados. Para isso
fundamentava-se em uma teoria do conhecimento empirista, em uma física atomista e na ética.
ESTOICISMO: os sábios estóicos como, por exemplo, Zenon de Citium (334-262 a.C), defendia a razão como elemento fundamental.
Os fenômenos exteriores a vida deviam ser deixados de lado, como a emoção, o prazer e o sofrimento. A verdade só seria alcançada por meio
da virtude, do rigor e da disciplina. No pensamento dos estóicos, o fim supremo, o único bem do homem, não é o prazer, a felicidade, mas a
virtude; que não é concebida como necessária condição para alcançar a felicidade, e sim como sendo ela própria um bem imediato. Com o
desenvolvimento do estoicismo, todavia, a virtude acaba por se tornar meio para a felicidade da tranqüilidade, da serenidade, que nasce da
virtude negativa da apatia, da indiferença universal. A felicidade do homem virtuoso é a libertação de toda perturbação, a tranqüilidade da
alma, a independência interior, a autarquia.
Como o bem absoluto e único é a virtude, assim o mal único e absoluto é o vício. E não tanto pelo dano que pode acarretar ao vicioso,
quanto pela sua irracionalidade e desordem intrínseca, ainda que se acabe por repudiá-lo como perturbador da indiferença, da serenidade, da
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autarquia do sábio. Tudo aquilo que não é virtude nem vício, não é nem bem nem mal, mas apenas indiferença; pode tornar-se bem se for
unido com a virtude, mal se for ligado ao vício; há o vício quando à indiferença se ajunta a paixão, isto é, uma emoção, uma tendência
irracional, como geralmente acontece.
A paixão, na filosofia estóica, é sempre e substancialmente má; pois é movimento irracional, morbo (mal, doença) e vício da alma quer se trate de ódio, quer se trate de piedade. De tal forma, a única atitude do sábio estóico deve ser o aniquilamento da paixão, até a apatia.
O ideal ético estóico não é o domínio racional da paixão, mas a sua destruição total, para dar lugar unicamente à razão: maravilhoso ideal de
homem sem paixão, que anda como um deus entre os homens. Daí a guerra justificada do estoicismo contra o sentimento, a emoção, a paixão,
donde derivam o desejo, o vício, a dor, que devem ser aniquilados.
A virtude estóica é, no fundo, a indiferença e a renúncia a todos os bens do mundo que não dependem de nós, e cujo curso é
fatalmente determinado. Por conseguinte, o pensamento, a sabedoria, a virtude, constituem os únicos bens verdadeiros. Assim sendo, prega a
indiferença e a renúncia: à vida e à morte, à saúde e à doença, ao repouso e à fadiga, à riqueza e à pobreza, às honras e à obscuridade, numa
palavra, ao prazer e ao sofrimento - pois o prazer é julgado insana vaidade da alma.
O estoicismo floresceu na Grécia com Cleantes de Assos e Crisipo de Solis, sendo levada a Roma no ano 155 a.C. por Diógenes de
Babilônia. Ali seus continuadores foram Marco Aurélio, Séneca, Epiteto e Lucano.
EXERCÍCIOS
1.Quais as principais diferenças entre as sociedades oriental e clássica na Antiguidade?
2.De que maneira as características geográficas da Grécia interferem no seu desenvolvimento histórico?
3.Como surgiram as polis?
4.De que forma o grupo dirigente de Esparta mantinha seu domínio sobre a população?
5.Em sua opinião, a tirania que se estabeleceu em Atenas foi prejudicial à cidade? Por quê?
6.O que é uma democracia? Explique seu funcionamento em Atenas.
7.O que motivou as Guerras Médicas e qual foi sua principal conseqüência?
8.Quais os principais efeitos da Guerra do Peloponeso sobre a vida grega?
9. Leia o texto e responda às questões.
“Nada é mais na vida cotidiana da coletividade do que a oratória, que partilha com o teatro a característica de ser a manifestação cultural mais
popular e mais praticada na Atenas clássica. A civilização da Atenas clássica é uma civilização do debate. As reações dos atenienses na
Assembléia eram influenciadas por sua experiência como público do teatro e vice-versa. Trata-se de uma civilização substancialmente oral. O
grego era educado para escutar. O caminho de Sócrates a Aristóteles ilustra perfeitamente o percurso da cultura grega da oralidade à civilização
da escrita, que corresponde, no plano político e social, à passagem da cidade-estado ao ecumenismo helenístico.”
(Adaptado de Agostino Masarachia, “La prosa greca del V e del IV secolo a.C.” In: Giovanni D.Anna (org.). Storia della letteratura greca. Roma: Tascabile Economici Newton, 1995, p. 5254)
a) Estabeleça relações entre o modelo político vigente na Atenas clássica e a importância assumida pelo teatro e pela oratória nesse período.
b) Aponte características do período helenístico que o diferenciam da Atenas clássica.
RESPOSTAS
1. Enquanto as sociedades orientais caracterizavam – se pela servidão coletiva da população a um Estado controlador e supremo, o que fazia do
despotismo governamental e dos privilégios burocráticos a base central de suas civilizações, as sociedades clássicas fundaram-se no escravismo,
na existência da propriedade privada de uma elite que controlava o Estado.
2. Pela pobreza do solo balcânico, com seu relevo acidentado, e pela costa recortada e cheia de ilhas, a Hélade limitou o desenvolvimento
agrícola e dificultou a integração de suas cidades, estimulando o desenvolvimento marítimo comercial.
3. As polis, cidades-estados gregas, nasceram com a desintegração da vida gentílica. Os eupátridas, apropriando-se das melhores e maiores
terras, uniram-se em fratrias, tribos e demos, criando centros político – administrativos, as polis, as quais controlavam.
4. Os espartanos (descendentes dos dórios) mantinham seu domínio sobre os hilotas e periecos graças à força e à repressão, fundadas num
eficiente sistema educacional voltado para o aprendizado militar, que visava fundamentalmente
5. (Resposta pessoal – o objetivo é que você realize uma reflexão histórica)
6. A primeira parte da reposta você devera favorecer a reflexão sobre um regime político onde a maioria da população é cidadã, isto é, com
seus direitos respeitados e interesses representados (democracia moderna). É um gancho para a resposta da parte final, onde a democracia
ateniense era restrita aos cidadãos, uma minoria da população, excluindo as mulheres, os estrangeiros, os escravos e os considerados em idade
inadequada.
7. As Guerras Médicas tiveram início com o choque expansionista persa sobre áreas de domínio grego na Ásia Menor. A sua principal
conseqüência foi a ascensão de Atenas como principal potência político-econômica da Grécia.
8. As diversas batalhas que marcaram a Guerra do Peloponeso esgotaram o mundo grego, além de destruir a democracia ateniense. O resultado
foi a invasão e a conquista macedônica sobre o mundo grego e o início do período helenístico.
9. a) O modelo político vigente em Atenas no período clássico era a democracia, surgida no século VI a.C.. Ao contrário da democracia atual, a
democracia ateniense se pautava na participação direta dos cidadãos, ou seja, apenas os homens adultos filhos de pais e mães atenienses (a
minoria da população) tinham direito a voto nas decisões legislativas e judiciárias da cidade. Reunidos em praça pública (ágora), os cidadãos
ouviam os demagogos que discorriam sobre assuntos que deveriam ser votados. Assim, a oratória era fundamental para o convencimento dos
cidadãos no debate de questões importantes referentes à cidade. Como aponta o texto, a civilização grega se caracterizava por sua oralidade,
que também se manifestava no teatro. Nos palcos, os dilemas humanos, as situações cotidianas, as sátiras aos acontecimentos e os
comportamentos dos homens eram apresentados e permitiam aos atenienses exercitar sua capacidade de reflexão. Capacidade esta
fundamental na tomada de decisões nas Assembléias.
9. b) Entre as características que poderiam ser citadas na diferenciação entre o período helenístico ao período clássico de Atenas, estão:
- A formação política de um vasto império que centralizou todas as cidades-estados, que anteriormente eram autônomas, sob controle de um
soberano.
- No plano cultural, a fusão de elementos orientais na cultura e nas artes gregas, sobretudo na arquitetura, uma vez que o império macedônico
se expandiu por várias regiões da Ásia (Império Persa, Ásia Central, Vale do Indo) tendo contato com culturas muito diferentes da grega.
- Ainda devido à expansão do Império Macedônico, elementos das religiões orientais também foram absorvidos pela religião helenística,
diferenciando-a da religião grega do período clássico.
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- A ampliação do uso da escrita na esfera política a partir da influência de modelos burocráticos do Oriente (por exemplo, Mesopotâmia e
Egito), diferenciando-se da oralidade presente na democracia em Atenas no período clássico.
QUESTÕES OBJETIVAS
1- A civilização grega exerceu uma profunda influência cultural na história do Ocidente. Diante disso é correto afirmar:
(01) O teatro grego, com tragédias e comédias, abordando conflitos da condição humana, influenciou fortemente a arte contemporânea.
(02) A religião monoteísta grega constituiu a base da crença cristã, assim como a valorização de elementos da natureza e do humanismo.
(04) A filosofia desenvolvida peloa gregos buscava a compreensão do mundo e do homem visando a elaboração de um saber racional e
autônomo.
(08) Os Jogos Olímpicos podem ser associados à mitologia porque a homenagem a Zeus era mais importante que as guerras e por isso
decretava-se um período de trégua.
(16) O mito de Édipo revela a importância do oráculo para os gregos. O oráculo era consultado através da pitonisa(sacerdotisa) que transmitiria
o conselho dos deuses, prevendo o futuro.
[ ... ] "Polis" é a palavra grega que traduzimos por "cidade-estado". É uma tradução, porque a polis normal não se assemelhava muito a uma
cidade e era muito mais que do que um Estado. Mas a tradução, como a política, é a arte do possível [ ... ].
(KITTO, 1980, p. 107).
2- Sobre a "polis" grega, assinale o que for correto.
(01) A Democracia, invenção grega, possibilitou, desde a época arcaica, uma tendência à participação equânime da população na propriedade
da terra, superando as barreiras de riqueza e de sangue.
(02) As primeiras poleis, ao que parece, teriam surgido na Grécia asiática, local de chegada de jônios e eólios expulsos pelos invasores dórios e
que, mediante um processo de sinecismo topográfico e político, formaram cidadelas com governos próprios.
(04) As cidades formavam um conjunto de estados autônomos, que podiam se opor entre si, ou estabelecer alianças e coligações, mas nunca
chegaram a submeter-se a um único governo.
(08) Os poemas, como a "Ilíada" e a "Odisséia", que revelam detalhes do período Homérico, deram aos gregos o sentimento de que, a despeito
das suas divergências, faziam parte de um conjunto.
(16) A Guerra do Peloponeso, embora tivesse causado algumas fraturas entre espartanos e atenienses, serviu para garantir a hegemonia grega
no
Mediterrâneo.
3-Sobre as cidades-Estado da Grécia, na Antiguidade Clássica, assinale o que for correto.
(01) Em Atenas, o surgimento da democracia e do direito universal ao voto pôs fim à milenar escravidão, que foi reestabelecida com a ascensão
ao poder de Alexandre, o Grande.
(02) Embora a democracia tenha sido um ideal cultivado em todas as cidades-Estado, seu berço principal foi Esparta.
(04) O teatro grego era constituído, fundamentalmente, pelas tragédias e pelas comédias. Nas tragédias, os gregos discutiam os problemas
humanos, tais como as paixões e a justiça. As comédias satirizavam os costumes, o comportamento humano e a própria sociedade.
(08) A religião grega era politeísta e antropomórfica, sendo composta de vários deuses que se assemelhavam aos homens, pois possuíam
características físicas e psíquicas iguais às humanas.
(16) Buscando respostas para as questões de sua época, os filósofos gregos destruíram crenças e mitos e construíram teorias explicativas sobre
os fenômenos humanos e da natureza.
4- A Civilização Ocidental tem na Grécia Antiga uma de suas fontes mais ricas. Um dos seus legados mais expressivos foi o termo e a noção
de DEMOCRACIA. A respeito da prática da democracia entre os gregos da antiguidade, é CORRETO afirmar:
(01)
Da
democracia
ateniense,
participavam
com
plenos
direitos
políticos
apenas
os
"cidadãos".
(02) Havia um grande número de indivíduos que não eram considerados "cidadãos" e, por conseguinte, não tinham os mesmos direitos que
eles.
(04) Democracia significa poder do povo.
(08) Os escravos, recrutados entre populações livres endividadas ou tomados como presas de guerra, não gozavam de direitos políticos.
(16) Os escravos gregos conseguiram melhores condições de vida após promoverem constantes revoltas, em particular aquela liderada por
Crixus, Oenomaus e Spartacus em 73-71 a.C.
(32) Mulheres e estrangeiros participavam da democracia Grega.
”Xerxes não enviou arautos a Atenas e a Esparta para exigir a submissão dessas cidades. Dario os tinha enviado anteriormente com esse fim,
mas os atenienses os haviam lançado no Báratro, enquanto que os lacedemônios atiraram-nos num poço, dizendo-lhes que dali tirassem terra e
água para levarem ao rei. Espértias e Bulis, ambos espartanos de alta linhagem, ofereceram-se para sofrer o castigo que Xerxes, filho de Dario,
quisesse impor-lhes pela morte dos arautos enviados a Esparta. [...] Partindo para Susa, foram ter à casa de Hidames, persa de nascimento e
governador da costa marítima da Ásia. [...] Depois de convidá-los a participar da sua mesa, assim lhes falou: ‘Lacedemônios, por que recusais de
tal forma a amizade que o nosso soberano vos oferece? Podeis ver, pela situação privilegiada que desfruto, que ele sabe premiar o mérito; e
como tem em alta conta vossa coragem, estou certo que daria também, a cada um de vós, um governo na Grécia, se quisésseis reconhecê-lo
como soberano’. ‘Senhor – responderam os jovens – sabeis ser escravo, mas nunca experimentastes da liberdade, ignorando, por conseguinte,
as suas doçuras. Se já a tivésseis algum dia conhecido, estimular- nos-íeis a lutar por ela, não somente com lanças, mas até com machados’.”
(HERÓDOTO. História. São Paulo: Tecnoprint, s/d)
5- (UFPR-2008) Com base no texto de Heródoto e nos conhecimentos sobre o conflito entre gregos e persas na Antiguidade, considere as
afirmativas a seguir:
1. A narrativa de Heródoto concebe o tempo como cíclico, uma vez que, para ele, o conhecimento da história permite a correção dos erros do
passado.
2. Em seu texto, Heródoto atribui às Guerras Greco-Pérsicas o significado de um conflito entre homens livres e escravos.
3. Heródoto demonstra, por meio da sua narrativa, que a inviolabilidade dos arautos, fundada no direito das gentes, era um costume político
compartilhado por gregos e persas.
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4. As atitudes dos atenienses e espartanos, narradas no texto de Heródoto, revelam por que os persas chamavam os gregos de “os bárbaros da
Antiguidade Clássica”.
Assinale a alternativa correta.
(a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
(b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
(c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
(d) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
(e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
6-(Fuvest-SP) Quando, a partir do final do último século a..C, Roma conquistou o Egito e áreas da Mesopotâmia, encontrou nesses territórios
uma forte presença de elementos gregos. Isto foi devido:
(a) Ao recrutamento de soldados gregos pelos monarcas persas e egípcios.
(b) À colonização grega, semelhante à realizada na Sicília e Magna Grécia.
(c) À expansão comercial egípcia no Mediterrâneo.
(d) À dominação persa na Grécia durante o reinado de Dario.
(e) Ao helenismo, resultante das conquistas de Alexandre, o Grande.
7- Considerando a Grécia Antiga, podemos dizer que os gregos constituíram uma cultura, mas não um Estado. Isto se deve ao fato de:
(a) Possuírem a mesma língua e hábitos idênticos, cultuarem os mesmos deuses e preservarem a monarquia como forma de governo.
(b) Apesar de falarem a mesma língua e adorarem os mesmos deuses, algumas cidades dedicavam-se ao militarismo enquanto outras se
preocupavam com o intelecto, caracterizando a autonomia das cidades-estado.
(c) Seu governo oscilar entre o militarismo ateniense e a democracia espartana.
(d) O governo ter sido direto e não representativo.
(e) Sua cultura ter se desenvolvido na Antiguidade.
8- (UEM-2006) Sobre a história da Grécia antiga e sobre as contribuições da cultura grega para a chamada civilização Ocidental, assinale a
alternativa correta.
(a) Uma das principais contribuições dos gregos antigos para a cultura Ocidental foi a religião monoteísta.
(b) Em muitas línguas modernas, o termo draconiano remete às idéias de severidade e rigor na elaboração e na aplicação de leis. O vocábulo
deriva de Dracon, um político ateniense do século VII a.C. que se celebrizou como legislador, registrando, por escrito, duras leis que, até então,
baseavam-se na tradição oral.
(c) O adjetivo espartano é mais um indício da influência da Grécia antiga na cultura ocidental. Em uma de suas acepções, o vocábulo remete à
idéia de uma vida desregrada, luxuosa, que valoriza o ócio e devota desprezo aos exercícios físicos e às artes marciais, em alusão ao estilo de
vida licencioso dos habitantes de Esparta, um dos centros da cultura grega da antiguidade.
(d) Aristóteles (384-322 a.C.) é considerado um dos precursores da ideologia comunista por ter defendido, em seu livro A República, a
possibilidade de se organizar uma sociedade sem diferenças de classe.
(e) A filosofia estóica, fundada por Zenão, sustentava que a felicidade humana consistia na busca e na obtenção do prazer.
“Os instrumentos são de vários tipos; alguns são vivos, outros inanimados; o capitão de um navio usa um leme sem vida, mas um homem vivo
como observador; pois o trabalhador num ofício é, do ponto de vista do ofício, um de seus instrumentos. Assim, qualquer parte da propriedade
pode ser considerada um instrumento destinado a tornar o homem capaz de viver; e sua propriedade é a reunião desse
tipo de instrumentos, incluindo os escravos; e um escravo, sendo uma criatura viva, como qualquer outro servo, é uma ferramenta equivalente
às outras. Ele é em si uma ferramenta para manejar ferramentas.” (Aristóteles (século IV a.C.). Política)
9- (UFSC) A escravidão era comum na Grécia Antiga. Em Atenas, Corinto e Mileto, quase toda a vida econômica dependia do trabalho
escravo. Era freqüente encontrar o escravo trabalhando na agricultura, nas oficinas de artesanato, em serviços domésticos e nas minas. O
modo como os gregos encaravam a escravidão ficou registrado em textos de filósofos da época, como o de Aristóteles, do qual podemos
depreender que o escravo era visto como um
(a) ser vivo e humano, antes de tudo.
(b) instrumento de trabalho vivo e uma propriedade.
(c) cidadão com direitos, por ser uma criatura viva.
(d) servo para qualquer trabalho, que não podia ser vendido.
(e) trabalhador assalariado, explorado como ferramenta viva de trabalho.
10- (PUCRS-2008) No século V aC., com o final das Guerras Médicas, estabeleceu-se um período de hegemonia de Atenas sobre o mundo
grego, em contraposição a Esparta. Entre os fatores condicionantes dessa hegemonia, NÃO se pode apontar
(a) o incremento do poderio das forças navais atenienses.
(b) a formação da Confederação de Delos.
(c) a permanência das forças terrestres espartanas no Peloponeso.
(d) a instituição, por Péricles, de uma tirania aristocrática imperialista em Atenas.
(e) a concentração do comércio do mar Egeu em Atenas.
GABARITO
1-(01, 04, 08, 16); 2-(04,16); 3-(04, 08, 16); 4-(01, 02, 04, 08); 5- C; 6- E; 7- B; 8- B; 9- B; 10- D
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