Lei - Unijorge
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Acessibilidade dos usuários de cadeira de rodas nas principais estações de transbordo da cidade de Salvador Bruno Leonardo Carvalho de Oliveira1 Deise Ribeiro Matos2 Flávia Antas Curvelo3 Luis Vitor Pereira Barbosa4 Milena Alves Medrado5 Resumo: Trata-se de um estudo sobre acessibilidade nas principais estações de transbordo da cidade de Salvador – Bahia - para deficientes físicos usuários de cadeira de rodas. O estudo teve como objetivo verificar, por meio de mensurações e imagens fotográficas comparativas entre as estações, o cumprimento das leis e das normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT 9050/2004). Todas as estações analisadas apresentaram inconformidades, sendo a Estação de Mussurunga a que apresentou melhor resultado para acessibilidade. Dentre os doze banheiros analisados, apenas o da Estação da Lapa apresentouse adaptado, no entanto, as adaptações encontradas não condiziam com as normas. O estudo demonstrou a necessidade de reformulações e de incentivo aos gestores quanto à importância de cooperar com a melhora na qualidade de vida dos usuários de cadeira de rodas. 1 Fisioterapeuta – Centro Universitário Jorge Amado – UNIJORGE - Especialista em PneumoFuncional. Faculdade Gama Filho E-mail: [email protected] 2 Fisioterapeuta – Centro Universitário Jorge Amado. UNIJORGE - Especialista em Fisioterapia Hospitalar. Faculdade Social da Bahia. E-mail: [email protected] 3 Fisioterapeuta – Centro Universitário Jorge Amado - UNIJORGE – Especialista em Pilates. 4 Fisioterapeuta – Centro Universitário Jorge Amado – UNIJORGE - Especialista em Gestão Hospitalar – da Faculdade Integrada de Jacarepaguá – Especialista em Administração Hospitalar e Sistema em Serviço de Saúde- UFBA . E-mail : [email protected] 5 Fisioterapeuta – Docente do Centro Universitário Jorge Amado – UNIJORGE; Especialista em Ergonomia Aplica à Saúde do Trabalhador- PUC. M.G; Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento – UFSC. E-mail: [email protected] 22 Palavras-chave: Estações de transbordo. Acessibilidade. Transporte. Usuário de cadeira de rodas. Abstract: This is a study of accessibility in the main transshipment stations in the city of Salvador – B ahia for disabled people, specifically for users of wheelchairs. The study aimed to verify by measuring and photographic images, comparative between the stations, compliance with laws and technical standards of the Brazilian Association of Technical Standards (ABNT 9050/2004). None of the stations of the city showed compliance when compared to the standards rules, the one that showed the best results for accessibility was Mussurunga station. Between the twelve bathrooms analyzed only the one in the station of Lapa was adapted, but still not responding to the requirements of Technical Standard. The study showed that there is a need to reformulate and encourage administrators regarding the importance of cooperation in quality of life for users of wheelchairs. Keywords: transfer stations. Accessibility. Transportation. User wheelchair. INTRODUÇÃO Historicamente, a origem do termo acessibilidade para designar a condição de acesso das pessoas com deficiência está no surgimento dos serviços de reabilitação física e profissional, no final da década de 1940 (SASSAKI, 2005). As primeiras discussões sobre o tema foram suscitadas nos Estados Unidos, em meados de 1973, com a criação da Lei de Reabilitação. O auge para as discussões sobre acessibilidade foi em 1980, quando, ainda nos EUA, foi criada a ADA – Americans with Disabilities Act, uma espécie de lei civil que promovia a acessibilidade no trabalho, edifícios e transportes públicos, ou seja, qualquer local que fosse de uso coletivo. No Brasil, a primeira Norma Técnica surgiu em 1994, a NBR 9050, com o título: “Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificações, espaço mobiliário e equipamentos urbanos”. Em sua revisão, realizada em 2004, o 23 título foi alterado para: “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”, seguindo uma evolução conceitual mundial da acessibilidade como recurso para qualquer pessoa e não somente para a pessoa com deficiência. A acessibilidade passou a abranger novas dimensões, envolvendo aspectos importantes na rotina das pessoas, nos processos sociais, além dos programas e políticas governamentais e institucionais. Vale salientar que a concepção de uma sociedade para todos implica na garantia de acessibilidade em todas as suas dimensões. Dessa forma, uma sociedade acessível é prérequisito para uma sociedade inclusa, ou seja, uma sociedade que reconhece, respeita e responde às necessidades de todos os seus cidadãos. Segundo o censo demográfico de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 15,3% da população baiana é portadora de deficiência física, e isto é só uma parcela da população, visto que o Brasil tem 24 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. O aumento do número de portadores de deficiência na sociedade baiana acarretou modificações no planejamento urbano do município de Salvador. Mudanças estas que culminaram com a aprovação de decretos e leis, tanto na esfera federal quanto na estadual, para garantir e firmar nos espaços urbanos os novos projetos de construções das edificações públicas e privadas. É nesse contexto que entra em ação a atenção fisioterapêutica, visando minimizar as disfunções decorrentes de doenças e prevenir condições biomecanicamente desfavoráveis. Vale salientar que a atenção primária em saúde tem por objetivo motivar o indivíduo a desenvolver autocuidados, bem como educar, levar informações e orientações. Promover saúde trabalhando a fim de evitar que as pessoas adoeçam é a melhor forma de contribuir para uma vida saudável no meio social. Diante disto, mostra-se necessária a atuação do profissional de Fisioterapia como orientador na profilaxia dos desequilíbrios e na análise estrutural do ambiente, de forma a propor adaptações acessíveis baseadas na Norma Brasileira da ABNT NBR 9050 de 2004. 24 É importante que se busque evitar ou diminuir complicações de acessibilidade para os portadores de necessidades especiais e resguardar os seus direitos na política pública. Diante do exposto, o objetivo deste estudo é analisar as condições de acessibilidade para os deficientes físicos nas estações de transbordo da cidade de Salvador – Bahia. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de campo de caráter observacional, porque o pesquisador não exerce controle sobre variáveis, limitando-se à observação e registro de eventos; e transversal, pois se faz o levantamento simultâneo da exposição e do efeito nas Estações de Transbordo de Salvador: Iguatemi, Lapa, Pirajá, Mussurunga e Rodoviária, utilizando como instrumento para este estudo uma ficha de avaliação. A amostra da acessibilidade fora colhida através de quatro visitas em cada uma das estações, com quatro horas de permanência em cada local. Foram verificados nos locais de pesquisa: rampas, circulação em relação à estrutura, banheiros, sinalização, área de circulação, símbolo internacional de acesso, grelhas e juntas de dilatação, acessos e circulação, corrimãos e corredores, e se os mesmos estavam de acordo com relação à norma da ABNT 9050/2004 para portadores de cadeira de rodas de ambos os sexos. Foi excluída da pesquisa a acessibilidade para os demais portadores de deficiência física e as outras estações de transbordo existentes na Cidade do Salvador. Na aplicação da ficha de avaliação para coleta de dados, observaram-se suas virtudes e limitações e, ao final, foram feitas algumas considerações de caráter geral sobre a viabilidade da pesquisa. Esta ficha consta de 12 (doze) questões e, através delas, foram colhidos os dados do local, utilizando trena emborrachada com 50 metros, calculadora, caneta esferográfica e folha de papel. Na análise dos dados, foram utilizadas as mensurações, fórmulas e fotos de máquina fotográfica Olympus-D-435 que serviram como elementos comparativos para análise e correlação das variáveis encontradas. 25 RESULTADOS Os dados coletados nas visitas às estações de transbordo apresentaram inconformidades quando comparados à norma da ABNT 9050/2004. A estação que apresentou melhor resultado para acessibilidade, segundo a Norma da ABNT, embora não atendesse a todos os critérios, foi a Estação Mussurunga, por ser a mais nova, visto que foi inaugurada em 2001. Nesta avaliação, analisaram-se doze banheiros e, dentre eles, apenas um, na estação da Lapa, encontrava-se adaptado e adequado quanto à acessibilidade. Este banheiro foi construído conforme as determinações da lei, porém isso não quer dizer que esta estação encontra-se dentro das exigências da Norma Técnica. Dentre as estações de transbordo pesquisadas, as que se enquadraram dentro da irregularidade para acesso e circulação foram as estações Pirajá, Rodoviária, Lapa e a Iguatemi. Nas cinco estações, em relação à circulação e à superfície, apenas a Estação Rodoviária apresentou desníveis, revestimentos inadequados nas calçadas que dificultam a locomoção de uma pessoa em cadeira de rodas. Na Estação Iguatemi, que foi inaugurada no dia 12 de setembro de 1997, e conta com uma área física coberta de 3.050 m2, segundo fonte da Superintendência de Trânsito e Transportes do Salvador, circulam aproximadamente 65 mil pessoas por dia no local. Na análise dessa estação, os resultados de adequação para acessibilidade dos portadores de cadeira de rodas foi na área de circulação. Os obstáculos arquitetônicos que não estão de acordo com as normas da ABNT 9050/2004 são acesso e circulação em relação à entrada e saída da estação, conforme ilustrados na figura abaixo: 26 Fotografia 1 - Acesso à passarela da Estação Iguatemi. Os banheiros estão adaptados erroneamente. Os que foram analisados têm medidas de porta de 1,30m; altura da descarga de 1,20m; barra de apoio lateral e barra de apoio no fundo não existem. Em relação ao banheiro feminino, a porta e altura da descarga diferenciavam em 0,10 cm do banheiro masculino. Já os dados referentes aos corrimãos, os símbolos internacionais de acesso, grelha de dilatação e corredores não foram encontrados. 27 Foto: Estação Iguatemi A Estação Mussurunga foi inaugurada em 21 de Novembro de 2001 e conta com uma área física coberta de 7.500 m2. Segundo fonte da Superintendência de Trânsito e Transportes do Salvador, circulam aproximadamente 30 mil pessoas por dia no local. Na análise desta 28 estação os resultados de adequação para acessibilidade foram: área de circulação, acesso e circulação e circulação em relação à estrutura. Os banheiros não estão de acordo com a norma da ABNT 9050/2004, visto que as medidas encontradas no banheiro masculino tem metragem do box de 1,30m x 1,46 m; largura da porta de 1,00m; barra de apoio lateral de 0,80 m; barra de apoio fundo de 0,75m; altura da barra de 1,00 m; distância entre o eixo da bacia e a face da barra lateral de 0,60 cm; altura da descarga de 1,10 m; altura da bacia sanitária de 0,50 m. Os que estavam fora das normas foram a metragem do box , a barra de apoio do fundo e a distância entre o eixo da bacia e a face da barra lateral. Entretanto, no banheiro feminino o que diferenciava em 0,10 cm do banheiro masculino foi a altura da bacia sanitária, altura da descarga e a barra de apoio do fundo. Enquanto o corrimão e símbolo internacional de acesso não foram encontrados. 29 Foto: Estação Mussurunga A Estação Rodoviária foi inaugurada em 13 de janeiro de 1981, com uma área coberta de 1,024 m2, onde circulam 65 mil pessoas por dia no local. Apresenta adequação para área de circulação. Entretanto, não foram encontrados banheiros adaptados, visto que o acesso é feito através de escadas, alcance manual, símbolo internacional de acesso, corrimãos ou corredores. A circulação, em relação à estrutura, e os pisos não estão em níveis de adequação, pois provocam trepidação na cadeira de rodas; 30 As grelhas e juntas de dilatação têm medidas encontradas de 10 mm. 31 A Estação Pirajá foi inaugurada no dia 25 de novembro de 2004 e conta com uma área física coberta de 22,000 m2. Segundo fonte da Superintendência de Trânsito e Transportes de Salvador, circulam, aproximadamente, 130 mil pessoas por dia no local. A estação apresenta área de circulação adequada de acordo com a Norma da ABNT/2004. Referente à largura para transposição de obstáculo isolado, o deslocamento de um ponto para outro na mesma plataforma é dificultado por causa dos organizadores de fila, que deixam os espaços de acesso menores do que o recomendado na norma da ABNT 9050/2004, visto que medindo este espaço (cumprimento 1,20 m por 0,90 cm de largura) vêse que ele dificulta a circulação dentro da plataforma, pois as medidas laterais são de 0,60 cm. 32 A empunhadura, acesso e circulação, os banheiros masculinos e femininos têm medidas de porta 1,00m; altura da descarga 1,10m, barra de apoio lateral de 1,00cm, barra de apoio fundo de 0,75 cm, altura da bacia sanitária de 0,50cm, distância entre o eixo da bacia e a barra lateral de 0,60cm e não se encontravam em níveis de adequação. Não foram encontrados símbolos internacionais de acesso, grelhas ou juntas de dilatação. 33 A estação da Lapa foi inaugurada em 07 de novembro de 1982, possui uma área total de 150.000 m2, onde circulam aproximadamente 460 mil pessoas por dia, e está dividida em 3 (três) patamares: subsolo, térreo e 1° andar. Todavia, só há circulação de ônibus no subsolo e térreo, e o 1° andar está restrito à área de conveniência. Analisando a área em relação à circulação, todos os níveis estão adaptados. No subsolo, a oferta de acessibilidade é restrita somente a este pavimento, pois as condições oferecidas no local impedem o “cadeirante” de ter acesso a outros níveis da estação, porque o único meio de ligação aos outros níveis dá-se através de escadas rolantes. Em relação ao deslocamento entre os níveis da estação, estas mesmas dificuldades foram observadas no Térreo e no 1° andar. 34 Ainda no subsolo existem outras irregularidades que estão em desacordo com as normas das leis em vigor como os corrimãos, visto que os encontrados são utilizados apenas para impedir que os passageiros tenham acesso à pista de ônibus, consequentemente, não tem serventia para os portadores de cadeira de rodas que ali circulam. Os corrimãos medem 1,10 de altura. No subsolo, não tem banheiro adaptado. Partindo para análise do Térreo, verificou-se que este possui um banheiro com dois anos de construído, segundo relato da administração da estação, que está localizada no fundo deste pavimento, que atende a todas as recomendações da ABNT 9050/2004, porém encontrava-se fechado e a chave, na administração. As medidas encontradas foram: porta de 1,20 m; distância da parede do banheiro de 3,00 m; apoio lateral de 1,10 m; apoio do fundo de 1,20 m; altura do vaso de 0,60 m; distância da bacia à barra lateral de 2,10 m; área de circulação total; 18,00 m x 9,90 m. No 1° andar, foram analisados os banheiros, porém no masculino não existe rampa para acesso de cadeira de rodas, e a largura da porta impede a entrada (figura 15 e 16). Enquanto o corrimão, grelhas e juntas de dilatação, acesso/ circulação não estavam em níveis de adequação, neles não se localizou o símbolo internacional de acesso. Foi encontrado um elevador que está sendo construído na área da reforma do metrô (figura 17). 35 36 Em todas as estações de transbordo da Cidade do Salvador, as rampas estavam fora da Norma por apresentarem inclinação acima de 8,33%. Nas estações de Mussurunga, Lapa, Pirajá e Iguatemi existem rampas que são de fácil acesso para o cadeirante, porém fora da inclinação estabelecida pela Norma. Na Estação Rodoviária, existem duas rampas que dão acesso à região do transbordo com uma inclinação muito íngreme, pois foram detectados 20,6% e 29,4%, notando-se que ela está muito 37 acima do recomendado pelas leis vigentes, obrigando o portador de necessidades especiais a buscar auxílio de alguém durante seu deslocamento. Foto: Estação da Lapa DISCUSSÃO Diante dos dados verificados nas estações de transbordo da cidade de Salvador - Bahia (Iguatemi, Lapa, Pirajá, Mussurunga e Rodoviária) para os deficientes físicos usuários de cadeira de rodas, o que dificulta ou impossibilita o acesso dos deficientes em determinados locais existentes nas estações de transbordo 38 analisadas são suas estruturas físicas. Visando à acessibilidade, nota-se que esta é a condição mais importante para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com restrição de mobilidade e com deficiência (Constituição Federal do Brasil, 2004). Nas estações de transbordo de Salvador, alguns itens avaliados são considerados necessários para um acesso adequado como: banheiro, acesso e circulação, circulação em relação à estrutura e símbolo internacional de acesso, corrimão e rampas. Segundo a norma da ABNT, em um sanitário acessível, devem constar áreas de transferências lateral, perpendicular e diagonal, bem como área de manobras para rotação de 180º, nessa resolução, a área mínima para um banheiro de deficientes deve ser 4,8 m², com dimensão mínima igual a 1,7 m²; e um sanitário deve ter, no mínimo, 3,2 m² com dimensão mínima igual a 1,7 m². A bacia sanitária com altura do assento de 46 cm acima do piso; válvula de descarga de alavanca (altura máxima 1,00 m do piso); barra de apoio na lateral e no fundo. No caso de transferência, somente frontal, utilizar barras de apoio nas duas laterais da bacia sanitária, com distância de 0,80 cm entre as faces externas das barras, deve ser instalado um lavatório dentro do box, em local que não interfira na área de transferência sem coluna ou gabinete com altura 80 cm do piso (com altura livre de 70 cm); as portas devem ter 1,00 m de largura e devem abrir para o lado externo do box; na unidade interna onde se localizam os boxes, 30% dos banheiros devem ser para deficientes físicos, isso demonstra que grande parte dos problemas dos cadeirantes ocorrem no uso do banheiro que dificilmente possuem uma largura de porta de 90 cm estabelecido pela norma e cuja disposição da pia e bacia sanitária inexistem na maioria dos banheiros. Pelo Decreto Federal nº 5.296, todas as instituições públicas e de uso coletivo devem ser acessíveis desde 2004, essa adequação para acessibilidade não significa simplesmente fazer as adaptações emergenciais em um ou mais locais, ela exige que os planejadores e projetistas atentem 39 para todas as necessidades da população em consonância com as exigências da legislação pertinentes, com as normas regulamentais e com os critérios de desenho universal, sem deixar de lado o bom senso profissional. (RABELO, 2008) O planejamento das estações deve garantir a autonomia de todos os usuários do sistema e, em especial, aqueles que possuem algum tipo de deficiência, sem que para isso necessite de assistência diferenciada que provoque insegurança e/ou constrangimento. Dentro das estações de Salvador, o que existe são equipamentos que não garantem uma acessibilidade plena, tendo como exemplo o acesso ao local através de rota acessível, pois a norma estabelece que deva ser previsto, no mínimo, um acesso e, quando existirem catracas ou cancelas, pelo menos uma em cada conjunto seja acessível (SANTOS, 2004). A passagem por estes locais acessíveis deve atender à área para manobra da cadeira de rodas sem e com deslocamento, devendo existir sinalização informativa, indicativa e direcional da localização das entradas acessíveis (RABELO, 2004). A norma propõe que uma circulação em relação à estrutura deve ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante sob qualquer condição que não provoque trepidação em dispositivos com rodas. Devido à importância apresentada pela locomoção, é fundamental que ela atenda às necessidades e especialmente, em se tratando de um usuário que depende de uma cadeira de rodas, garantindo seu uso e deslocamento (SANTOS, 2004). De acordo com a normatização NBR 9050, alguns parâmetros devem ser considerados ao se desenvolver projetos de ambientes e mobiliários voltados a pessoas portadoras de deficiências. Levando-se em conta as necessidades ergonométricas encontradas por este tipo de pessoa. Em relação aos símbolos internacionais de acesso, deve ser representado em pictograma branco sobre fundo azul, utilizando como referência as fontes Munsell 10B5/10 ou Pantone 2925 C, com o desenho do símbolo atendendo às recomendações técnicas da Rehabilitation International e seguir as proporções recomendadas. O Brasil adotou o símbolo internacional de acesso desde 1985, quando tornou obrigatória a sua colocação em todos 40 os locais e serviços utilizados por portadores de deficiência. Isso não vem ocorrendo na cidade de Salvador, principalmente nas suas estações de transbordo, pois nenhuma delas apresentou essa recomendação da Lei nº 7405/85. Na verificação das rampas, a norma da ABNT diz que o dimensionamento deve ser calculado de acordo com a fórmula: i = h x 100/C, onde: “i” é a inclinação em porcentagem, “h” é a altura do desnível e “C” é o comprimento da projeção horizontal, e as rampas devem ter inclinação entre 6,25% e 8,33%, deve ser prevista área de descanso nos patamares, a cada 50m de percurso. O que foi observado nas estações é um tipo de rampa projetada pelos arquitetos e engenheiros civis a fim de diminuir comprimento das rampas, não dificultando a utilização do cadeirante. Com isso, o usuário de cadeira de rodas necessita de auxílio tanto na subida quanto na descida da rampa, o que acarreta um desgaste físico muito elevado tanto para o portador quanto para o seu auxiliar. Notou-se também que a cidade está despreparada, e são escassas as iniciativas em acessibilidade e este quadro reflete uma prática de exclusão das pessoas portadoras de deficiência aos espaços coletivos (ARAÚJO, 2006).. Embora não tendo força de lei, a Norma Técnica Brasileira/9050 é um instrumento importante de orientação para arquitetos, engenheiros civis, fisioterapeutas, urbanistas e outros profissionais afins, mas para fazer valer os preceitos da NBR/9050, é preciso descobrir os caminhos legais para sua efetiva implementação. Um deles é a utilização da legislação urbanística dando como exemplo os planos diretores, códigos de obras e de edificações, lei do uso e ocupação do solo, vinculando o cumprimento do estabelecido na norma. Essa inserção na legislação urbanística municipal é uma iniciativa que compete ao poder público local bem como a transformação de leis e normas em realidade depende também da ação da sociedade. CONCLUSÃO Nesse estudo, a análise da acessibilidade para os usuários de cadeira de rodas nas principais estações de transbordo da 41 Cidade do Salvador demonstra a necessidade de construções e/ou adequações na maioria dos itens analisados em relação à ABNT NBR 9050/2004, tais como: eliminar escadas, substituindoas por rampas, ou conjugar as duas opções; largura suficiente de portas e corredores; mudanças de níveis com rampas que tenham inclinação adequada; banheiros bem localizados e com dimensões adequadas, e que tenham barras de apoio, pisos diferenciados e comunicação visual. Existe a necessidade de realização de mais estudos que tenham como finalidade ratificar a importância de reformulações, além de incentivar e alertar aos gestores quanto à cooperação na qualidade de vida dos usuários de cadeira de rodas. Com este estudo, pode-se notar a necessidade da inclusão do profissional de fisioterapia nas elaborações de projetos civis, principalmente aos que envolvam deslocamentos de pessoas. 42
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