ANS reforça ações em prol dos beneficiários
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ANS reforça ações em prol dos beneficiários
Publicação Oficial Publicação Oficial da Confederação Nacional de Saúde Ano VII • nº 15 • Julho / Agosto / Setembro 2012 ANS reforça ações em prol dos beneficiários Em entrevista, o diretor André Longo ratifica a postura da agência, avaliando desafios e o cenário do setor Entidades realizam audiências com Ministros da Previdência e da Saúde Seminário esclarece dúvidas de Federações sobre mudanças no TISS e TUSS Editorial CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, HOSPITAIS, ESTABELECIMENTOS E SERVIÇOS. DIRETORIA 2010/2012 PRESIDENTE Dr. José Carlos de Souza Abrahão VICE-PRESIDENTES Farm. Tércio Egon Paulo Kasten Dr. Salomão Rodrigues Filho Dr. Eunivaldo Diniz Gonçalves Dr. Cláudio José Allgayer Dr. Dante Ancona Montagnana Dr. Renato Merolli Dr. Humberto Gomes de Melo DIRETORIA Dr. Yussif Ali Mere Júnior Dr. Elson de Souza Miranda Dr. Armando Carvalho Amaral Dr. Paulo Rassi Dr. Antônio Dib Tajra Dr. Pedro Bandarra Westphalen Dr. Mardônio de Andrade Quintas Dr. Breno Monteiro Dr. Antônio Eduardo Cunha Dr. Marcelo Moncorvo Brito DIRETORES SUPLENTES Dr. Radif Domingos Dr. José Carlos Barbério Drª. Miriam Unbehaun Silva Dr. Castinaldo Bastos Santos Dr. Raimundo Carlos de Souza Correia Dr. Benno Kreisel CONSELHO FISCAL Irmã Sandra Judite Roaris Dr. Luis Rodrigo Schruber Milano Dr. Antônio Magno de Souza Borba CONSELHO FISCAL SUPLENTE Dr. Guilherme Xavier Jaccoud Dr. Álvaro Felipe Amandi Nogueira Dr. Armando Piletti ASSESSORIA TÉCNICA Dr. Olympio Távora ASSESSORIA JURÍDICA Dr. Alexandre Zanetti Jul/Ago/Set/2012 PRODUÇÃO E EDIÇÃO Euro Comunicação [email protected] (21) 3204-3204 2 REPORTAGEM E EDIÇÃO Viviane Chaves [email protected] Daniel Rinaldi [email protected] Fabíola Tavernard [email protected] PROJETO GRÁFICO Duo Design Comunicação DIAGRAMAÇÃO Robson Barbosa [email protected] CAPA Fotomontagem de Robson Barbosa Decisões da ANS e reunião com Ministro comprovam o esforço do setor para enfrentar os desafios O ano de 2012 vem sendo de muita movimentação no Setor Saúde. Agências, operadoras, prestadores de serviços e entidades têm se dedicado para aprimorar ainda mais o nosso sistema de Saúde, com ações que têm resultado no fortalecimento e no desenvolvimento do segmento. Também temos observado o Governo mais receptivo às nossas propostas, o que aumenta as expectativas para o próximo ano. Apesar do nosso constante trabalho e empenho em prol do setor, sabemos que há sempre algo que pode ser feito para beneficiar a nossa população e por isso esse diálogo tem sido tão importante. Focados em contribuir com a atualização do segmento, a +Saúde fez uma entrevista especial com o novo diretor da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), André Longo. Nela, o executivo aponta as principais medidas da Agência e os seus projetos. Longo explica que a ANS vem incentivando às operadoras e aos prestadores de serviço, por meio de uma política indutora, a repensar o modelo de gestão em Saúde diante da mudança epidemiológica e demográfica da população, como o envelhecimento populacional e a maior ocorrência de doenças crônicas. Para atender a essa demanda e oferecer um atendimento ainda mais qualificado ao beneficiário, segundo o órgão regulador, algumas mudanças, decisões e exigências se fizeram necessárias. A + Saúde traz também reportagens que mostram como o nosso segmento vem organizando uma agenda rica com eventos que procuraram colocar em debate o atual cenário da Saúde no Brasil, além José Carlos Abrahão PRESIDENTE DA CNS de buscar sempre experiências de sucesso e soluções contra as dificuldades. Como exemplo, temos as audiências com os Ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Previdência, Garibaldi Alves, onde a Confederação Nacional da Saúde (CNS), em parceria com a Deloitte e outras entidades, colocou em pauta a necessidade da desoneração tributária. Outro evento positivo para o setor foi o seminário promovido pelo nosso Departamento de Saúde Suplementar, em parceria com a ANS, para esclarecer as mudanças nos novos padrões de TISS e TUSS. Produzimos também uma matéria sobre a 101ª Conferência Internacional do Trabalho (OIT), trazendo um resumo das principais questões discutidas em Genebra, na Suíça. A taxa de desemprego entre os jovens, que atinge principalmente os países europeus, foi um dos assuntos que predominou durante a agenda da OIT. Além disso, nesta edição, apresentamos a participação da CNS em alguns dos principais eventos internacionais do setor. A Confederação esteve presente em congressos e seminários em países como Estados Unidos, África do Sul e Colômbia. Em todos eles, procuramos sempre representar a Saúde brasileira, compartilhando com os outros países os cases de sucesso de nosso segmento. E posso dizer que em todas as oportunidades, além de bem recebidos, ouvimos elogios acerca do nosso Sistema de Saúde, especialmente por suas características de universalidade, integralidade e equidade. Desejamos a todos uma boa leitura. Saúde Suplementar Seminário esclarece dúvidas sobre mudanças propostas pela ANS Federações se aprofundaram nas modificações que serão implementadas no TISS e TUSS. Confederação pretende realizar mais um encontro Saúde brasileira está atenta às modificações e resoluções da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que devem afetar o setor. No entanto, ainda há gestores que apresentam dúvidas sobre questões como o Padrão para Troca de Informações em Saúde Suplementar (TISS) e a Terminologia Unificada em Saúde Suplementar (TUSS). Por isso, a Confederação Nacional de Saúde (CNS) promoveu nos dias 9 e 10 de julho em sua sede, em Brasília, um seminário para debater essas mudanças. Foi a oportunidade das Federações filiadas à CNS esclarecerem as dúvidas e se tornarem fontes de informações nos estados. Na companhia dos técnicos da ANS, Celina Maria Ferro de Oliveira e Teófilo José Machado Rodrigues, o coordenador do Departamento de Saúde Suplementar da Confederação Nacional de Saúde (CNS), João de Lucena, aproveitou a oportunidade para apresentar um resumo dessas questões. Lucena também apontou a necessidade de que o setor se aprofunde nas mudanças que estão sendo propostas. - Foi bom verificar que existe uma expectativa grande por parte das Federações sobre o impacto que estas mudanças poderão trazer, facilitando a comunicação entre prestadores e operadoras, trazendo mais transparência e a possibilidade de soluções mais rápidas aos problemas – observa Lucena. Sobre a Terminologia Unificada da Saúde Suplementar (TUSS), foi explicado aos representantes das Federações que a lista fechada pela ANS deve ficar com mais de três itens e que todos os esta- belecimentos de Saúde terão que adequar o seu sistema aos códigos determinados na TUSS. Os gestores compreenderam que o novo sistema de terminologia vai exigir investimento na qualificação dos funcionários, para que não ocorram erros de faturamento dos procedimentos. Os gestores demonstraram dúvidas principalmente em relação à transmissão e recepção das mensagens sobre o faturamento (demonstrativos de pagamento, revisão de glosas etc.) e o conhecimento sobre as novas guias de solicitação de quimioterapia, OPME, radioterapia, prorrogação de internação e recurso de glosas. - O Seminário cumpriu integralmente o objetivo proposto, que era de trazer as informações iniciais sobre a nova versão TISS/TUSS, permitindo que os representantes e técnicos das Federações possam disseminá-las entre os Sindicatos e afiliados - avalia o coordenador do DSS da CNS. A Confederação pretende promover mais um encontro entre as Federações e a ANS. O objetivo é realizar outro seminário assim que acontecer a entrada no mercado das novas versões do TISS/TUSS, para debater as dúvidas operacionais que os prestadores possam ter com a implantação do modelo. Com o seminário, as Federações puderam se preparar para responder as dúvidas dos hospitais de seus estados Jul/Ago/Set/2012 A 3 Eventos Confederação representa Saúde brasileira em eventos internacionais Programações proporcionaram debates sobre os rumos do setor no país e no mundo D Jul/Ago/Set/2012 edicada às questões do setor, a Confederação Nacional de Saúde (CNS) participou, no primeiro semestre de 2012, de eventos internacionais que proporcionaram debates sobre os rumos da Saúde no mundo. Representada pelo seu presidente, José Carlos Abrahão, e, em alguns momentos, por sua diretoria, a entidade esteve em vários países como África do Sul, Estados Unidos e Colômbia. Abrindo o calendário, a CNS esteve, em abril, no 2º Seminário Internacional sobre Saúde e Sustentabilidade na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, promovido pelo Grupo Gesaworld. Estiveram presentes nomes como a CEO do Massachusetts Life Science Center de Boston, Susan Windham-Bannister; o diretor do Hospital Clínic de Barcelona, Josep M. Piqué; a 4 diretora geral da Biocat, Montserrat Vendrell; e a subdiretora do Hospital Clinic, Laura Sampietro-Colom. Na ocasião, Abrahão falou sobre o valor da inovação na Saúde e as parcerias público-privadas, que têm dado certo no Brasil. O sucesso desse modelo no país também foi tema da apresentação do secretário municipal de Saúde de São Paulo, Januário Montone. No mesmo mês, a Confederação participou do Fórum sobre Saúde em Genebra, na Suíça, onde foi debatido o impacto do tratamento de doenças crônicas em hospitais em todo o mundo. - Harvard é uma referência mundial e a realização de um evento de Saúde nessa universidade só mostra como o setor está em evidência. As lideranças de diferentes nações estão focadas em buscar melhorias para a área e o Brasil é sempre convidado para compartilhar suas experiências. Esse reconhecimento é extremamente válido para o nosso segmento. Nossa participação em Genebra também foi muito positiva – avaliou Abrahão. Em maio, a CNS marcou presença no II Encontro Iberoamericano de Líderes Hospitalares, em Bogotá, na Colômbia. Na ocasião, representantes do Brasil, Venezuela, Peru, Equador, Argentina, Uruguai, Chile, Costa Rica, México, Espanha, República Dominicana e Porto Rico debateram sobre a evolução e os desafios das redes integradas dos serviços de Saúde na América Latina. Em junho, a Confederação participou de um encontro com lideranças de vários países na África do Sul, promovido pela Federação Internacional dos Lideranças do setor estiveram em Harvard para refletir sobre o papel da Saúde na Sustentabilidade O presidente da CNS participou do Encontro Iberoamericano de Líderes Hospitalares A Federação Internacional dos Hospitais reuniu mais de 200 autoridades em evento realizado na África do Sul Jul/Ago/Set/2012 Hospitais (IHF). Dentre as autoridades presentes, o Ministro da Saúde da Província do Noroeste da África do Sul, Magome Masike. O Brasil foi representado pelo presidente da CNS, José Carlos Abrahão, e pelo presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP), Francisco Balestrin. - Na Colômbia, discutimos sobre meios para melhorar a qualidade dos serviços de Saúde oferecidos atualmente no mundo. Na África do Sul, debatemos sobre vários assuntos, como o financiamento e os modelos de remuneração dos prestadores de serviço; o sucesso das parcerias público-privadas; o turismo médico; a governança corporativa e a capacitação dos gestores de saúde. Ambos os eventos foram bastante significativos para o setor, pois tivemos a oportunidade de conhecer o modelo adotado por outros países e apresentar o nosso. Essas experiências internacionais são enriquecedoras – concluiu Abrahão. 5 Entrevista ‘Temos atingido níveis de resolução de beneficiários em situações como nega N Jul/Ago/Set/2012 esta edição, a +Saúde traz uma entrevista com o diretor de Gestão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o cardiologista André Longo Araújo de Melo. Empossado no cargo no início do ano, Longo faz um balanço sobre as ações da ANS, destacando o trabalho que a Agência vem fazendo para garantir os direitos de 48,7 milhões de pessoas que buscam nos planos de saúde um atendimento de qualidade. +Saúde – O que o fez assumir a direção de gestão da ANS? Dr. André Longo Araújo de Melo – Fiquei honrado com o convite e indicação do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, à Presidenta da República, Dilma Rous- 6 sef, que enviou meu nome para sabatina e aprovação no Senado Federal para compor a diretoria colegiada da ANS. A diretoria de gestão era, entre as cinco diretorias da Agência, a única que estava sem titular desde a saída do Dr. Hésio Cordeiro, e foi natural a minha investidura. O principal objetivo do regulador é agir com equilíbrio, destacando o interesse público na assistência suplementar à Saúde, buscando sempre garantir acesso com qualidade assistencial e a sustentabilidade do setor. +Saúde – Quais ações o senhor destaca desde a sua posse em janeiro? AL – A diretoria de gestão foi remodelada e hoje é responsável pelos meios necessários para que a Agência possa cumprir sua missão institucional desde a área administrativa-financeira e de pessoal, ao planejamento e qualificação institucional. Responde ainda pelo programa de qualificação de operadoras e pelo IDSS (Índice de Desempenho da Saúde Suplementar), que tem mostrado anualmente como está a situação das operadoras em pontos essenciais para acompanhamento dos beneficiários. Estamos ainda estruturando, até o final do ano, o espaço da qualidade que vai permitir, através do site da ANS, uma melhor análise das operadoras de planos quanto a uma série de indicadores que temos medido no programa de qualificação das mesmas. +Saúde – Os desafios são maiores do que o senhor pensava? AL – Os desafios que estão postos para o setor são complexos e como tal precisam ser enfrentados de forma organizada, envolvendo todos os segmentos, sob a coordenação da ANS. A Agência optou por elencar estes principais desafios de forma transparente, como um compromisso com a sociedade, sob a forma de uma agenda regulatória para o setor. Esta primeira versão da agenda regulatória ainda está em curso, e foi programada para os anos de 2011 e 2012 contendo nove eixos principais, que vão desde a preocupação com novas formas de financiamento para o setor até a integração da Saúde Suplementar com o SUS, passando por outras questões fundamentais como garantia de acesso e qualidade assistencial, assistência ao idoso, assistência farmacêutica, modelo de pagamento a prestadores, entre outros. Das 28 ações programadas, nos nove eixos propostos, já concluímos 17, e mais 8 serão concluídas até o final do ano, o que aponta para uma realização de 90% destas ações, o que é muito relevante. +Saúde – A ANS tem a preocupação de avaliar como está a sua credibilidade em relação à população? AL – Não temos dados diretos de avaliação da credibilidade da ANS por pesquisas, mas temos monitorado a procura da Agência que tem sido crescente ao longo dos anos, a partir do próprio crescimento do setor e do nível crescente de conhecimento por parte do cidadão do órgão regulador. De forma indireta temos também monitorado nossa presença na mídia, com ampla predominância de notícias positivas nos diversos espaços monitorados. Temos ainda um instrumento da ANS de mediação de conflitos entre beneficiários e operadoras chamado de NIP (Notificação de Investigação Preliminar), onde temos atingido níveis de resolução dos casos de até 70 % das demandas dos beneficiários em situações como negativas de cobertura por parte das operadoras. +Saúde – A Resolução Normativa nº 259 da ANS estabelece prazos para que as operadoras garantam o agendamento de consultas médicas. Qual a opinião do senhor a respeito? AL – Cabe à ANS induzir, cobrar e fiscalizar boas práticas para as operadoras, que garantam acesso e qualidade assistencial aos beneficiários. A resolução 259, que trata dos tempos máximos de atendimento para uma série de consultas e procedimentos, foi construída de forma transparente, após ampla consulta pública com contribuições do setor regulado e da sociedade. A partir da sua vigência, a ANS faz um monitoramento trimestral das reclamações vindas dos consumidores quanto ao descumprimento destes tempos máximos. Foi preciso aplicar sanções como multas e suspensão de comercialização de novos planos até que a operadora corrija sua conduta em benefício dos consumidores que não estão sendo atendidos adequadamente. +Saúde – Outra recente normativa da Agência (RN nº 267) institui a divulgação da qualificação dos prestadores de serviço na Saúde Suplementar. Como o senhor avalia esta medida? AL – Esta é outra medida importante que aponta para a crescente preocupação da ANS com a qualidade assistencial. O projeto Qualiss vai trazer informações relevantes sobre a rede de prestadores disponível nas diversas operadoras do setor, e contribui para empoderar o cidadão, que tem planos de saúde, com os conhecimentos fundamentais para que possa fazer, cada vez mais, escolhas conscientes em relação à sua saúde. +Saúde – Ao longo do ano os médicos vêm explicitando suas insatisfações com as operadoras, resultando em protestos e até em greve. Como a ANS observa as reivindicações da classe médica? AL – Temos que considerar que a desvalorização do trabalho do médico que atende planos de saúde ocorre nas últimas décadas e é um processo inclusive anterior à lei 9656, que regulamentou o setor em 1998, e à própria existência da ANS, que foi criada em 2000. Este processo decorre de forte incorporação tecnológica no Setor Saúde, que foi importante, mas nem sempre consequente, e que mobilizou fortemente os recursos para pagamento de materiais e medicamentos, bem como a falta de um normativo mais preciso que propiciasse um ambiente negocial civilizado entre prestadores e ope- Jan/Fev/Mar/2012 Jul/Ago/Set/2012 o de até 70 % das demandas dos egativas de cobertura’ 7 Jul/Ago/Set/2012 Entrevista 8 radoras. A ANS já reconhece tal situação de desvalorização e reverter este quadro é, sem dúvida, um dos grandes desafios colocados hoje para a agenda regulatória, sendo inclusive um dos eixos temáticos propostos que precisa avançar em 2012. +Saúde – Uma das reclamações da classe é de que os honorários médicos não foram reajustados na mesma proporção do crescimento do setor de Saúde Suplementar. O que a ANS pode fazer em relação a essa questão? AL – A ANS não tem competência legal para arbitrar valores e reajustes de honorários, mas entendo que a agência pode contribuir para um melhor ambiente de negociações entre as partes, aperfeiçoando as regras de contratualização entre operadoras e prestadores que está vigente desde 2004, quando foi editada a Resolução Normativa 71. Além disso, temos procurado interagir para promover entendimentos entre o CADE e as entidades médicas que possam permitir avançarmos em mais dois processos que vemos como fundamentais: a hierarquização e a possibilidade de negociação coletiva entre operadoras e médicos. +Saúde – Existe alguma agenda para que haja um diálogo entre médicos e planos de saúde? AL – Foi criada uma gerência na ANS para cuidar especificamente do relacionamento com os prestadores na diretoria de desenvolvimento setorial, que tem procurado abordar estes temas mais relevantes que necessitam de um diálogo entre médicos e planos de saúde. Temos alguns grupos de trabalho em andamento como o de hierarquização e a perspectiva de iniciar o de revisão dos normativos de contratualização. +Saúde – Outra questão levantada pelos médicos é a interferência dos planos de saúde na autonomia profissional no que se refere à solicitação de exames e outros procedimentos. O que pode ser feito sobre isso? AL – Estas situações exigem ação enérgica do órgão, mas requerem a denúncia para tal. Temos conhecimento de que pesquisas feitas pelas entidades médicas têm demonstrado esta preocupação dos médicos e dos pacientes em relação a algumas práticas das operadoras que são consideradas abusivas. Os órgãos de defesa do consumidor também estão atentos e têm reagido a estas situações. Por outro lado, também sabemos que algumas operadoras e os conselhos regionais de medicina têm dados e relatos de indicações abusivas de exames complementares e outros procedimentos, por vezes, com suspeita de favorecimento financeiro, por parte de alguns médicos. Os abusos das partes devem ser denunciados aos órgãos competentes, seja à ANS, no caso de abuso de operadoras, seja as comissões de ética e Conselhos Regionais de Medicina, em casos de abusos de profissionais, para que as providências administrativas e/ou éticas possam ser tomadas no sentido de coibir tais práticas prejudiciais para os beneficiários e para o setor de saúde suplementar. +Saúde – De que forma a experiência do senhor no movimento médico pode contribuir para melhorar o relacionamento entre médicos e planos de saúde? AL – Venho de longa jornada nas entidades médicas, sei que há expectativas deste setor, em especial dos médicos para a valorização justa do seu trabalho, já que nas últimas décadas os honorários não acompanharam na mesma medida o crescimento do setor. Acredito que minha experiência anterior como dirigente do movimento médico possa ser fator positivo para a facilitação do diálogo entre as operadoras e os prestadores, ajudando a dirimir conflitos no setor. +Saúde – Apesar das críticas aos planos de saúde, vem aumentando o número de segurados. O senhor acredita que essa tendência vai permanecer nos próximos anos? AL – A tendência atual, apesar de certa desaceleração no ritmo, é de crescimento, que está associado diretamente ao momento econômico do país e essencialmente com o saldo da geração de empregos formais, que persiste positivo. Alguns outros dados reforçam esta tendência, como pesquisas que mostram, a despeito do número de reclamações, que cerca de 80% dos beneficiários que têm planos de saúde estão satisfeitos ou muito satisfeitos. E uma pesquisa Datafolha de 2011 mostrou que o segundo objeto de desejo do brasileiro é ter um plano de saúde, perdendo apenas para o sonho da casa própria. +Saúde – Qual a avaliação do senhor a respeito do Sistema de Saúde Suplementar no Brasil? AL – A avaliação é positiva. O setor melhorou muito nestes doze anos a partir da legislação estabelecida pela lei 9.656 e, em especial, após o surgimento da ANS, em 2000. Muito foi feito pelo seu aperfeiçoamento e certamente muito ainda há por fazer. Temos hoje no Brasil o segundo maior mercado de planos de saúde do mundo, em um cenário de crescimento, que esperamos que se mantenha e temos que nos voltar cada vez mais para que este sistema seja sustentável e possa crescer garantindo acesso e qualidade. +Saúde – O que a população pode esperar da ANS? AL – A ANS continuará induzindo e cobrando boas práticas das operadoras setoriais que resultem em uma melhor atenção à saúde dos beneficiários. Estamos neste momento construindo a agenda regulatória para o setor nos próximos dois anos e certamente a questão da garantia de acesso e qualidade assistencial e a sustentabilidade do setor são temas que devem ser destacados nos próximos anos. A construção desta agenda será pública e esperamos que esta participação da sociedade possa contribuir para definir os caminhos que trilharemos em seu benefício e da Saúde Suplementar. Internacional OIT debate desafios à empregabilidade na Suíça Ministério do Trabalho e CNS representaram o Brasil no congressso relatório “Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho: do compromisso à ação” foi o tema central da 101a Conferência Internacional do Trabalho que aconteceu em junho, em Genebra, na Suíça. O evento anual, realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), reuniu representantes de 185 países membros para discutir os dados do documento que abordam questões relacionadas à liberdade sindical e à negociação coletiva, ao trabalho forçado, ao trabalho infantil e a discriminação no mundo real do trabalho. A comitiva brasileira contou com a presença de autoridades como o Ministro do Trabalho, Brizola Neto, e entidades como a Confederação Nacional de Saúde (CNS), que foi representada pelo assessor jurídico, Dr. Alexandre Zanetti, além de diversos outros setores da sociedade. No evento também esteve em pauta o “Relatório Geral” da Comissão de Peritos na Aplicação de Convenções e Recomendações, que analisa as dificuldades e as vitórias nas implementações das oito convenções fundamentais da OIT, que são: 87 e 98 sobre liberdade sindical e negociação coletiva, 29 e 105 sobre trabalho forçado, 100 e 111 sobre discriminação, e 138 e 182 sobre trabalho infantil. O relatório registra que mais da metade da população do mundo habita em países que não ratificaram as oito Convenções fundamentais da OIT e que representam 10% dos membros da OIT. São ressaltadas as circunstâncias dos trabalhadores da economia informal e de outros grupos que encaram dificuldades reais no exercício de seus direitos. Como resultado da discussão do Relatório Geral, será produzido um relatório sobre os princípios e direitos fundamentais no trabalho, dando especial atenção à singular vantagem comparativa da OIT: suas normas internacionais do trabalho. Desemprego entre jovens Outra grande preocupação de- monstrada por chefes de estado foi a questão do desemprego entre jovens. Dr. Zanetti aponta que os discursos do Ministro da Economia e Emprego de Portugal, Álvaro Santos Pereira, o do Ministro da Saúde, Trabalho e Previsão Social do Japão, Hirano Hirofumi, e o do Presidente do Peru, Sr. Ollanta Humala Tasso, afirmaram que uma das prioridades dos governos atualmente é implementar políticas que estimulem a contratação de quem está entrando agora no mercado de trabalho. - Todos trataram de um tema que está longe de ser novo na Europa: a crise e a necessidade de empregos sustentáveis, baseados em crescimento do setor produtivo e da produção empresarial -, explica Zanetti. A conferência também foi marcada por polêmicas, como a eleição do novo Diretor Geral, o francês Guy Ryder, que foi indicado pelos trabalhadores e contou com o apoio dos países europeus, Estados Unidos e Japão, mas sem a aprovação de todas as nações latinas e africanas. 101a Conferência Internacional do Trabalho reuniu representantes de 185 paíes, em Genebra, na Suíça Jul/Ago/Set/2012 O 9 Jurídico Desoneração Tributária na Saúde é tema de reunião com Ministros Além de encontro com Alexandre Padilha, representantes do setor apresentaram proposta para o Ministro da Previdência A utoridades do setor foram a Brasília em agosto para uma audiência com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e uma reunião com o Ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho. Nos dois compromissos, a desoneração tributária da Saúde foi o principal assunto tratado. Representantes de entidades da área aproveitaram a oportunidade e defenderam a redução de impostos como sendo uma importante iniciativa para o crescimento do segmento, reforçando, assim, a qualidade dos serviços oferecidos à população. Na reunião com o Ministro da Saúde, no dia 14, o presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS), José Carlos Abrahão, e outras lideranças do segmento, apresentaram uma proposta, elaborada em conjunto pela CNS e Deloitte, que na ocasião foi representada pelo sócio da Área de Life Sciences & Healthcare, Enrico De Vettori, com sugestões sobre a desoneração tributária dos serviços de saúde. No documento, foram abordados fundamentalmente três pontos: a desoneração da folha de pagamento, o Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN) e a bitributação do PIS/COFINS. No caso da desoneração, segundo Enrico de Vettori, a sugestão foi substituir a cota patronal, que é de 20% sobre a Folha de Paga- Jul/Ago/Set/2012 Alexandre Padilha e representantes do setor durante a audiência 10 mento, por um percentual do faturamento que gira em torno de 2% a 3%. Adotado por 18 setores diferentes, como hotelaria e informática, a ideia foi incluir esse modelo também na Saúde. Sobre o ISSQN, o representante da Deloitte explicou que, com inspiração no que ocorre no segmento da construção civil, foi sugerido que, na Saúde, o imposto seja cobrado sobre os serviços hospitalares e não mais sobre os insumos (materiais e medicamentos). Já a bitributação, de acordo com Enrico, acontece quando os hospitais pagam PIS e COFINS, depois de já terem contribuído financeiramente com a indústria farmacêutica que recolhe os impostos por ser monolítica, isto é, arrecada por todo setor a fim de que não haja sonegação na cadeia. Por isso, a sugestão é de que não seja cobrada a taxa dos hospitais. - Tínhamos mais de 20 tópicos, mas entendemos que esses três possuíam um menor grau de complexidade para serem praticados, até por existirem exemplos. O Ministro da Saúde foi receptivo e, durante a audiência, decidiu-se criar alguns grupos de estudos, que inclusive fazemos parte. A Deloitte está sendo interlocutora e ao mesmo tempo o braço técnico da CNS – disse, ressaltando a importância da união do setor em torno das propostas para a conquista do segmento. Estudo em produção No dia 22 foi a vez do Ministro da Previdência receber as lideranças do setor para ouvir ideias e propostas sobre a redução de impostos para o segmento. Como resultado da audiência, a Confederação Nacional de Saúde assumiu o compromisso de apresentar um estudo, em fase de produção, que destacará os assuntos: representatividade da CNS, grau de influência e abrangência; grandes números do setor, perfil dos hospitais, porte e distribuição; informações de caráter geral; nota técnica que justifique as postulações com sugestão de alíquota de equilíbrio; efeitos da desoneração quanto à empregabilidade e formalização de emprego; grau de terceirização dos serviços; sensibilidade do setor de saúde quanto aos benefícios e, por fim, modelos de negócios. Da parte da Saúde participaram o presidente da Confederação, José Carlos Abrahão; Enrico de Vettori, da Deloitte; o deputado federal Eduardo Azeredo; assessores e diretores da Confederação, representados por Olympio Távora, Breno Monteiro e Humberto Gomes de Melo. A reunião também contou com a presença do presidente do INSS, Mauro Luciano Hauschild, e do secretário de Política de Previdência Social, Leonardo José Rolim Guimarães. As entidades presentes retoma- ram as solicitações iniciadas com o Ministro da Saúde: a importância do Governo conceder ao setor os mesmos benefícios que empresas de outros segmentos já conquistaram. Eles defenderam que a desoneração tributária será importante para a sustentabilidade das empresas, abrindo espaço para que ocorram mais investimentos em tecnologia e serviços. As lideranças avaliaram como positivo o diálogo iniciado com a pasta da Previdência. - Essa reunião foi um primeiro passo, que, sem dúvida, contribuiu bastante para o nosso setor. O ministro Garibaldi Alves fez contato, de imediato, com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcio Holland, uma vez que a questão da desoneração tributária tem sido tratada no Ministério da Fazenda. Tivemos um retorno rápido do Dr. Márcio, que nos atendeu no dia seguinte. Foi nesse momento que formalizamos as propostas de desoneração pretendidas pela CNS – explicou o assessor técnico da Confederação, Olympio Távora. Jul/Ago/Set/2012 Ministro Garibaldi Filho ouviu propostas de lideranças da Saúde 11 Publicação Oficial
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