Caçandoca: belezas naturais e história num só lugar História de

Transcrição

Caçandoca: belezas naturais e história num só lugar História de
Maranduba, 01 de Julho de 2010
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Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br
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Ano I - Edição 10
Destaque:
A festa de São Pedro não é mais dos pescadores
Notícias:
Moradores da Caçandoquinha participam de Romaria na Bahia
Agricultor é atendido com extensão de rede elétrica
Crianças se divertem no Sitio Santa Cruz
Moradores do Araribá recebem vacina em bairro vizinho
Região apresenta maior variação climática
Turismo:
Caçandoca: belezas naturais e história num só lugar
História de sofrimento, lutas e conquistas no litoral paulista
Gente da Nossa História:
Ivo Cursino dos Santos: o homem do pão
Cultura:
Aniversários comemorados a moda antiga atraem gerações
Música regional: pioneiros que influenciaram uma época
História:
A Paz de Iperoig: diplomacia e traição na Terra Tamoia
Um breve período de paz antecede a traição
Filhos da Ilha rememoram o maior levante do mundo
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Jornal MARANDUBA News
Editorial
Cartas à Redação
Enquanto a Região Sul continua desprezada e relegada a
segundo plano, a semente da
emancipação começa a germinar nos corações dos moradores e empresários locais.
Duas reuniões com secretários municipais foram marcadas e canceladas na última
hora, mostrando que realmente os anseios e necessidades
da região não têm muita importância para a adminstração
municipal.
Enquanto isso continuamos
a não ver navios, pois os mesmos insistem em passar longe
da baía do Mar Virado, se exibindo somente aos expectadores da enseada de Ubatuba,
como Itaguá, Cruzeiro e Perequê Açu.
Porém o pessoal do centro
(que pode ver navios), este
ano ficou sem ver a tradicional
procissão marítima do padroeiro dos pescadores. Houve
apenas uma pequena movimentação de barcos que sairam, manobraram e voltaram
para a barra dos pescadores,
tudo sob o olhar atento de São
Pedro, que do alto do morro
da prainha, observava calado,
com os olhos fixos talvez na
barraca da tainha, ali na praça
de eventos.
Mas é Copa do Mundo e
nós somos brasileiros, e como
bons brasileiros, não desistimos nunca. Viva Brasil!
Emilio Campi
Editor
Comunicado
A Comunidade do bairro da
Lagoinha através deste precioso meio de comunicação da
nossa região, avisa que do dia
08 de Julho até 13 de agosto
não haverá atendimento na associação de bairro do SALAN
(Salão da Mia) e na Igreja Católica, devido férias de alguns
funcionários do PSF Lagoinha.
Entretanto, estaremos à disposição da comunidade no Posto
Maranduba.
Enfermeira Marcia
e equipe Lagoinha
O canto e a dança do Tangará
Dependentes do humor e das
inspirações platônicas dos burocratas e pseudo-ecos, certamente vindas das observações
(pela janela lacrada) do transito caótico das marginais e pelo
forte fedor exalado dos rios (Pinheiros e Tietê) ficamos aguardando, passivamente, quais
as (novas) condições que nos
darão, para que possamos viver nas áreas que determinam
como de restrições ambientais
e de “preservação”.
Quais são as alternativas
econômicas sustentáveis, que
as restrições ambientais impostas nos propõem? Estas alternativas são “rentáveis”? São
rentáveis e suficientes para
proporcionar uma vida digna a
nossa crescente e carente população?
Claro que não! É muito fácil
(longe da nossa realidade) ditar leis e normas para cumprirmos.
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Responsabilidade Editorial:
Emilio Campi
Colaboradores:
Adelina Campi, Ezequiel dos Santos, Uesles Rodrigues,
Camilo de Lellis Santos, Denis Ronaldo e Fernando Pedreira
Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores
e não refletem a opinião da direção deste informativo
Aqui, as restrições ambientais que normatizam a ocupação dos espaços e as atividades
humanas, são muito pertinentes, porém, não prevêem o
mais importante: A adequação
realística, para atender a demanda do crescimento populacional migratório (recorde brasileiro), o vegetativo e, o mais
pernicioso vilão, responsável
pelo fomento dos recordes migratórios, o destramelado, sazonal e, imprevisível, veraneio.
Para se obedecer a restrições legais de ocupação de um
determinado espaço é preciso
que haja limites quantitativos
de suas populações; sem contar, com as determinantes da
capacidade ambiental deste espaço de suportar tais, quantas
e, quais “populações”.
Creio que estas poucas considerações são mais do que
suficientes para esclarecer e,
convencer, que necessitamos
voltar e fixar o rumo para a
nossa verdadeira vocação. Preservar, manter e defender o
nosso meio ambiente é questão de sobrevivência.
O nosso meio ambiente é o
nosso sustento. É também, o
nosso único capital econômico.
Quem quiser ter o nosso, como
seu (também), que assuma,
como nós, todos os ônus intrínsecos a esta postura.
Chega de poesia e, de cortesias com os nossos chapéus.
Chega de nos usarem para justificarem seus empregos. Oras
bolas. Vão catar carrapatos na
Ilha Anchieta!
Ronaldo Dias
Ubatuba, SP
Erramos:
Na edição n° 08 página 08, na
matéria da Praia da Tabatinga,
lê-se “vestígios do que seria
um armazém ainda do século
XIV”, corrigindo a data é dos
séculos XVII e XVIII.
Na edição 09 pagina 08, na
matéria da Confederação dos
Tamoios, lê-se no segundo
parágrafo a data “25 de janeiro de 1954”, corrigindo a data
é 25 de janeiro de 1554.
JORNAL
MARANDUBA NEWS
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01 Julho 2010
01 Julho 2010
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Tradicional Festa de São Pedro Pescador valoriza a cultura caiçara
EZEQUIEL DOS SANTOS
No último dia 25, na praça
de eventos da Avenida Iperoig,
centro da cidade, aconteceu a
87º Festa de São Pedro Pescador, que atraiu um maior número de visitantes, até mesmo
por conta do feriado e dos jogos da copa do mundo.
O evento que foi até o dia 29,
terça-feira, dia do santo, apresentou muitas atrações culturais. Dentre elas a apresentação das bandas Demônios da
Garoa, Rastapé, grupo Samba
e Ousadia, grupo Naco e Daniel & Banda, grupo Baque do
Vale, grupo Anti Danos, grupo
Razambu Jazz , grupo Nó na
Cabeça, Juventude do Samba
e Sertanejo Local.
As atrações tradicionais também foram destaque, quem
foi ao evento pode ver corridas de canoas, Rainha dos
Pescadores, grupo de Dança
da Fita do bairro do Itaguá, as
belas músicas de Luiz Pereque
e Sexteto Caiçara.
Não faltou foi a famosa
tainha na brasa, acompanhada
com arroz, maionese e farofa.
Infelizmente este ano não
aconteceu a tão esperada procissão terrestre e marítima do
santo padroeiro dos pescadores. Até o fechamento desta
edição não tínhamos a informação oficial do motivo pelo qual a
procissão não ter ocorrido, mas
boatos apontam que se deve ao
descontentamento dos pescadores por não terem tido oportunidade de explorar a barraca das
tainhas, cedida este ano a Santa
Casa (vide matéria abaixo).
Para quem perdeu o espetáculo desta festa tradicional,
basta aguardar para o próximo ano, enquanto isto pode
ir namorando as fotos e informações sobre um evento
que tem ligação direta com a
formação do povo do litoral e
quem tem muito valor histórico, já que foi aqui que se deu
os primeiros passos para formação de nosso país.
A procissão marítima, um dos pontos altos da festa, não aconteceu este ano
A festa de São Pedro não é mais dos pescadores
CARMEN GRAMMONT
Numa atitude arbitrária, a Prefeitura quebrou uma tradição de
oitenta e seis anos
Os pescadores de Ubatuba
(SP) estão revoltados com a
decisão da Prefeitura que, num
gesto ditatorial, tirou deles a
Festa de São Pedro Pescador,
para destinar os míseros recursos para a Santa Casa. Eles não
acreditam que a arrecadação da
festa faça qualquer diferença
nas finanças do hospital, cuja dívida ultrapassa os vinte e cinco
milhões de reais. De acordo com
o presidente da Colônia Z-10,
Maurici Romeu da Silva, o problema da Santa Casa foi a má
administração que levou a instituição ao caos.
Em assembléia, na última segunda-feira, os pescadores se
posicionaram contra a participação da categoria na procissão
e, em passeata, seguiram até a
Prefeitura, onde foram recebidos
pelo vice-prefeito, Rui Teixeira
Leite. A deputada estadual, Ana
do Carmo esteve presente no ato
e participou de todas as atividades dos pescadores, no decorrer
do dia, incluindo uma conversa
com o presidente da Fundart,
Pedro Paulo Pinto. A justiça deu
parecer desfavorável aos pescadores, que tentaram uma liminar
para reverter a situação. A decisão saiu dois dias antes do início
da festa, o que impossibilitou o
recurso em segunda instância.
Mas, eles não desistem e já estudam a possibilidade de se fazer
outra festa para a categoria, ou
na primeira quinzena de julho,
ou no mês de setembro. “Depois
de 86 anos passando por várias
administrações, nunca os pescadores sofreram tal afronta. Mas
vamos ter a nossa festa e, desta
vez, tomaremos as devidas providências. Vamos patenteá-la e
a Santa Casa já está convidada
a participar”, desabafou Maurici.
O presidente da Colônia disse
ainda, que a Prefeitura se equivoca ao desvalorizar os serviços
da entidade. “Afinal, a importância da Colônia está na intermediação, zelando pelo bom
funcionamento da política pública entre governo e sociedade,
viabilizando benefícios, direitos,
deveres e obrigações de todos
os pescadores com a Prefeitura,
Ministério da Pesca, INSS, Marinha do Brasil, Banco do Brasil,
Receita Federal, Ministério do
Trabalho, IBAMA, Secretaria
Barraca da tainha assada, explorada pela Santa Casa
de Agricultura e Abastecimento
Para o representante dos pese do Meio Ambiente do Estado cadores, tirar dinheiro da Colônia
de São Paulo. A causa é muito e investir na Santa Casa é “desnobre para ser entendida como vestir um santo para vestir outro e
alvo de perseguições e picui- depois, em que ajudariam alguns
nhas. Infelizmente, o Executivo reais para quem tem um saco sem
desta cidade não pensa assim, fundo e uma dívida tão alta?”.
porque não sabe conviver com Maurici ainda levanta uma dúvida:
a adversidade, nem respeitar a “Será que a totalidade arrecadada
instituição democrática e de di- na festa chegará à Santa Casa, ou
reito”, concluiu Maurici.
a barraca será terceirizada”?
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Jornal MARANDUBA News
01 Julho 2010
Moradores da Caçandoquinha participam de Romaria na Bahia
Dep. Federal Luiz Alberto-PT da Bahia, vice-prefeito Hildebrando de Bom
Jesus da Lapa, Mário Gabriel do Quilombo Caçandoquinha, Luiz Eduardo
Chagas Barreto do INCRA da Bahia. No evento o deputado Luiz Alberto
fez duras criticas a aprovação do estatuto da igualdade racial e disse
que lutarão para que o presidente Lula vete a aprovação do estatuto.
O vice-prefeito de Bom Jesus da Lapa Sr. Hildebrando, Maria Bernadete Lopes ex-diretora de Patrimônio da
Fundação Cultural Palmares Mário Gabriel presidente, o Antunes Tesoureiro, Neide vice-presidente, Nailton
diretor financeiro, Maria Gabriel conselheira, Zenaide advogada.
Nos dias 18 e 19 últimos,
a comunidade de Quilombo
Caçandoquinha estive na
II Romaria Quilombola em
Bom Jesus da Lapa na Bahia.
Caçandoquinha
participou
com sete representantes, que
ficaram deslumbrados com
a beleza do local. Parte do
evento foi na comunidade de
Araça-Cariacá, com danças
típicas e troca de experiências com outras comunidades.
Recebidos pelas autoridades
locais, moradores ficaram impressionados com o tratamento recebido. “O vice-prefeito
ficou nos aguardando na entrada da cidade, e nos guiou
pela cidade”, disse Neide
Antunes de Sá vice-presidente
do Quilombo Caçandoquinha.
O Presidente da Associação,
Mário Gabriel do Prado, participou das palestras e exposições com as autoridades
como o Vice-Prefeito Hilde-
brando de Bom Jesus da Lapa,
o Dep. Federal Luiz Alberto, do
INCRA da Bahia Luiz Eduardo
Chagas Barreto e a ex-diretora
de Patrimônio de Fundação
Cultural Palmares Maria Bernadete Lopes.
A
primeira
I
Romaria
Quilombola, em Bom Jesus da
Lapa, versão não oficial, se deu
13 de Junho de 1888, um mês
após a assinatura da Lei Áurea.
Nessa ocasião, os negros se
juntaram em grupos e vieram
em Romaria para gruta do Senhor Bom Jesus da Lapa, e chamavam-no de lemebe-furame,
ofertava moedas como forma
de celebração a esta liberdade.
Algumas moedas não tinham
mais valor, já haviam saído de
circulação, no entanto contritos reverentes depositaram aos
pés do altar do grande senhor a
pouca valia de seu dinheiro, porém de muito reconhecimento e
humildade.
Por esse motivo, de acordo
com professor Antonio Barbosa em seu “Livro Bom Jesus da
Lapa”, escrito baseado em resenha histórica de Monsenhor
Turíbio Vila Nova, construiu
um sino, que simboliza o sen-
timento de liberdade para os
negros, segundo o Professor
Antonio acreditava que, queria Monsenhor Tiribio por certo eternizar o gesto de grandeza de milhares de negros,
os quais durante a escravidão
suaram e verteram seu próprio sangue na labuta diária,
na lavoura, na cozinha, no engenho, no pastoreio de gado
na tabua de roupa, perdendo
noites de sono para velar os
filhos de seus senhores, nas
estradas com chuva, na escu-
ridão da noite ou sobre o rigor
do sol, quando não submetidos a cruéis castigos físicos,
no tronco, no chicote, na peia,
alguns queimados com ferro.
Por isso, quando toca-se o
sino, ecoa a voz do povo liberto. Sino este que ira fazer parte da II Romaria Quilombola,
ecoando novamente o grito de
liberdade. O evento teve como
enfoque a cidadania, historicidade, fortalecimento, políticas
públicos e direitos das comunidades tradicionais.
Agricultor é atendido com extensão de rede elétrica
EZEQUIEL DOS SANTOS
No último dia 17, o agricultor Adenildo Domingos da
Maranduba foi atendido com a
implantação de rede de energia elétrica em sua propriedade. A obra vai atender três
propriedades e é do Programa
Luz Para Todos solicitado em
Abril. O agricultor atendido
participa de um programa do
CNPq realizado pela Agencia Paulista de Tecnologia do
Agronegócio-APTA em parceria com a Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral-CATI. Considerada a segun-
da maior na região, a obra
só perde para a realizada no
bairro da Caçandoca. A solicitação foi realizada através do
gabinete do vereador Rogério
Frediani ao programa federal,
que só na região atendeu 200
famílias. “Falta muito ainda
para atender e estamos trabalhando para alcançar a demanda”, comenta Frediani.
Segundo o agricultor, sua felicidade é poder dar continuidade as suas atividades. “Dá
para melhorar muito a produção, veio em boa hora”, termina Adenildo.
01 Julho 2010
Jornal MARANDUBA News
Crianças se divertem no Sitio Santa Cruz
No último sábado, 19, 130
crianças das comunidades da
Praia Dura, Araribá, Tabatinga,
Sertão da Quina, Fortaleza e
Lagoinha participaram de dia
de recreação e espiritualidade.
O evento é parte da programação anual da Paróquia Nossa
Senhora das Graças que tem
trabalhado de forma diferente
a catequese paroquial.
Participaram ainda os catequistas: Edite Vieira, Natalina
Marcolino, Marlene Amorim,
Cleuza Cardoso, Aparecida
Adolfo, Maria de Fátima e Claudia Amaro. Interessante e divertido foram as encenações
apresentadas pelos grupos de
crianças sobre os temas das parábolas. O lanche foi de forma
comunitária e agradou a todos.
O evento foi supervisionado
pelo padre Inocêncio Xavier e
pelo seminarista Carlos Eduardo - Kadú.
A comunidade e os membros
da catequese agradecem ao
Sr. Roberto Cupaiolo pelo espaço cedido para o evento e
aos funcionários do Sítio Santa Cruz que atenderam bem a
todos.
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Moradores do Araribá recebem
vacina em bairro vizinho
No último dia 16, grupos
de moradores do bairro do
Araribá se deslocaram em pequenos grupos para o posto
de saúde do Sertão da Quina
para receberem a vacina da
gripe H1N1.
O deslocamento se deu pela
falta de informação sobre a
existência ou não da vacina
no Araribá. Neste dia cerca,
os primeiros dez moradores
reclamaram que foram avisados as 10:30 hs. de que a
vacina seria aplicada no bairro
vizinho e acabaria as 11 horas
da manha. Após serem atendidos no OS Sertão da Quina,
populares voltaram a tarde do
mesmo dia no Araribá para
saber se haveria vacinação no
dia seguinte e não obtiveram
resposta.
“Por que a vacina do Araribá
não foi aplicada no posto do
Araribá? Por que fomos encaminhados ao posto do Sertão
da Quina? Por que o nosso
posto não tem telefone? Por
que faltam critérios para as
coisas, para os procedimentos?”, reclama o morador José
Amorim, 49, que completa
sua indignação ressaltando o
abandono em que o bairro se
encontra. Para Amorim, parece ser uma questão pequena,
porém sempre há o descaso
com os moradores da localidade e isto causa um sentimento
de revolta. O bairro do Araribá
foi um dos mais importantes
exportadores de gengibre do
Brasil, teve ainda um importante produto a base de cana,
que é o Néctar Araribá e foi
importante produtor de banana e café, além de manter os
laços familiares e da cultura
da formação do país.
Região apresenta maior variação climática
Uma pesquisa da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz, Esalq, da
Universidade de São Paulo,
USP, avaliou o impacto das
variações climáticas sobre
a agricultura. O engenheiro
agrícola Gabriel Constantino
Blain, relacionou as chuvas
e as temperaturas máximas
e mínimas do Estado de São
Paulo, nos últimos sessenta
anos.
“O melhor conhecimento
da probabilidade de ocorrência de valores de temperatura do ar e precipitação
pluvial bem como de possíveis tendências e variações
climáticas presentes nessas
séries meteorológicas ajuda
a reduzir os efeitos adversos do clima na produção
agrícola”, explicou o pesquisador.
O grau de urbanização
apresentou grande influência, segundo as conclusões
do engenheiro. “De forma
geral, as análises estatísticas utilizadas no trabalho
indicam marcante influência
de fatores de escala local,
tais como o elevado grau
de urbanização ocorrido no
Estado”. Essas alterações
foram mais severas em
Campinas,
Cordeirópolis,
Ribeirão Preto e, especialmente, Ubatuba.
No entanto, em todas as
localidades as temperaturas
observadas ao longo do mês
de abril apresentam data
inicial de elevação no início
da década de 1980″, disse.
As costas Leste e Oeste
da região Sul do continente sul americano, na região
de Ubatuba, apontaram os
maiores indícios de elevação na temperatura do ar.
Foram mapeadas também as temperaturas em
Piracicaba, Jundiaí, Mococa, Pindorama e Monte Alegre do Sul.
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01 Julho 2010
A Paz de Iperoig: diplomacia e traição na Terra Tamoia
EZEQUIEL DOS SANTOS
As negociações aconteceram ainda no Brasil nascente.
Os portugueses estavam sendo ameaçados. A Confederação dos Tamoios estavam
fortalecendo alianças. Após o
susto em Piratininga, Nóbrega
e Anchieta resolveram agir. Os
jesuítas partem de Bertioga
rumo à aldeia do cacique tamoio Coaquira, em Iperoig.
Em 5 de Maio de 1563 Anchieta e Nóbrega chegaram à
Aldeia de Iperoig. Lá chegando, foram rodeados de canoas
e deram de cara com Coaquira
e Pindabuçu. Os jesuítas ouviram um rosário de queixas
dos tamoios e eles propõem
um acordo de paz. Coaquira
hospedou os embaixadores
na Aldeia, que foi o sitio das
negociações. Tudo parecia ir
bem quando Aimberé, considerado por Anchieta o mais
cruel, se posicionou contra a
paz com os colonizadores. A
primeira assembléia da Confederação foi tumultuada,
havia muitas queixas contra
os portugueses: atrocidades,
traições, incêndios, intrigas,
capturas dos índios tratados a
fogo e a ferro. Aimberé, bravo e de voz alta pediu: “A liberdade de todos os Tamoio
(“Tamuya” quer dizer “o avô,
o mais velho, o mais antigo”,
por isso essa Confederação de
chefes chamou-se Confederação dos Tamuya, que os portugueses transformaram em
Confederação dos Tamoios)
escravizados e a entrega dos
caciques que se uniram ao inimigo “peró”).
Anchieta se pos contra e
Aimberé o ameaçou com seu
“tacape”. Tumultuada a sessão, nenhum acordo havia
sido fechado. Aimberé tinha
razões de sobra para não confiar nos portugueses, pois eles
Ganhar a confiança dos índios era primordial para o acordo
o tinham aprisionado junto a
seu pai, também a sua mulher
que foi feita escrava. Tudo
isto se agravava, uma vez
que Anchieta traiu um segredo de confissão ao revelar o
plano de ataque dos índios a
Piratininga (São Paulo), plano este confesso por Tibiriçá,
contado por seu sobrinho Jogoanhara, filho de Araraí.
Jogoanhara havia visitado o
tio Tibiriçá e havia lhe entregue a noticia dos Confederados, através de Aimberé, que
queriam a volta de Tibiriçá a
seu antigo povo, com isto contou ao tio que no prazo de três
luas haveria um conflito, um
ataque aos portugueses. Sem
paz consigo mesmo, Tibiriçá
procurou o jesuíta para se
confessar, lá contou da visita
do sobrinho e do conflito futuro. Temendo assim perder o
apostolado e a vida, Anchieta
viola o segredo de confessionário. Nóbrega, com os nervos a flor da pele, propõe uma
nova assembléia.
Os índios estavam divididos,
uns eram a favor da paz, outros queriam a guerra começando pela morte dos padres.
Enquanto o desfecho para a
segunda assembléia não saía,
o Padre (abaré) José de Anchieta, num ambiente tenso e
com uma guerra iminente escreve, pedindo proteção, nas
areias da praia de Iperoig, o
poema a Virgem Maria, que
compunha sentimentos e superstições, costumes e perfis
indígenas descritos na composição de 5.902 versos ( de Beata Virgine Dei Mater Maria).
Iniciaram-se os entendimentos, mas os índios, cautelosos e desconfiados, exigiam
provas concretas de sinceridade por parte dos padres.
Vale lembrar que como fator
agravante da situação já por
si só delicada, alguns franceses foram inseridos na vida
tribal e na decisão do possível acordo. Os Confederados,
povo de muitas armas e astúcias por excelência, eram dez
mil arcos com que passou o
francês a contar sobre os próprios recursos, que já seriam
suficientes para enfrentar
os portugueses em qualquer
emergência. Até então, nunca
haviam sido razoáveis sequer
as relações entre portugueses
e tamoios. Por isso o acordo
era tão importante.
O Padre Manoel da Nóbrega
era dotado de extraordinária
visão política. Sabia ele e com
fundadas razões que o índio
insistiria no ataque. Refeito do
sofrimento, reaparelhado nos
seus petrechos de guerra - o
índio voltaria, para a desforra.
E o faria sucessivamente, cada
vez com mais raiva até que
levasse o desânimo ao bloco
civilizado. Era da natureza do
índio defender suas terras e
suas tribos, já que não temia
a morte. Sobre isso não mantinha ilusões o Padre Manoel
da Nóbrega. Que fazer, no
entanto? Noites intermináveis
No cativeiro, Anchieta escreve
seu poema nas areias de Iperoig
História do Brasil, ed. Folha de
São Paulo, 1997, S.Paulo/SP
(reprodução de Vida Ilustrada
do Padre Anchieta, padre Frota
Gentil, Rio de Janeiro/RJ)
de ansiedade e insônia povoavam de trágicas visões a
mente do genial jesuíta, responsável, perante Deus e perante o Rei. De repente, teve
uma fantástica idéia, porque
não tentar a paz. Pesou-lhe os
prós e os contras. Amadurecida a idéia, despertou José de
Anchieta, seu. Aprovado pelo
discípulo o plano do mestre,
puseram-se os dois a caminho de São Vicente, como já
relatado no inicio deste texto.
Empenhados sempre estiveram na luta em prol da preservação da unidade da pátria
em formação, assim como os
dizeres em latim do brasão de
Ubatuba: Manteve a Unidade
da Fé e da Pátria.
A segunda assembléia não
foi fácil, Nóbrega e Anchieta
ouviram muitas reclamações.
Anchieta, em tom alto e calmo, falou da necessidade da
paz e toda a Confederação o
ouviu atentamente. Anchieta
dizia que realmente os Tamoios eram os donos da terra e que os portugueses, aos
faltarem com a lei de Deus, as
condições do Tratado seriam
punidos. Falou ainda de que
todos teriam que trabalhar
como irmãos, os “perós” fariam escolas e ajudá-los com
os doentes e os índios poderiam plantar e caçar. Aimberé,
ainda desconfiado continuava
a exigir a libertação dos cativos e a entrega dos traidores
como Tibiriçá e Caiuby. A fala
deste Chefe recebeu apoio de
todos, que deixaram os padres sem saber o que fazer.
Para ganhar tempo, Anchieta
concorda e diz que teriam de
consultar o Governador e para
que isso se confirmasse, Nóbrega regressaria a São Vicente, levando Cunhambebe, enquanto Anchieta permaneceu
em Iperoig como refém.
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Um breve período de paz antecede a traição
As condições foram impostas por Aimberé, desconfiado
das intenções portuguesas.
Cunhambebe resolve partir
para São Vicente acompanhado de Nóbrega para certificar-se do cumprimento das
reivindicações feitas.
Anchieta como refém cativa
a todos passando a celebrar
missas diárias ensinando hinos em tupi às crianças. Os
índios se impressionavam,
pois os pássaros, pousavam
no ombro do sacerdote. Uma
conversa foi reproduzida por
Antonio Torres, quando cativos e temendo sobre suas
vidas entre os Tamoio. Nóbrega havia aceitado as condições impostas pelos índios
como um modo de atrasar
a ação de ambas as partes.
Nestas negociações Pindabuçu chegou com fome de
matar os padres, que fugiram
para uma igreja de palha.
O líder indígena e Anchieta
por alguns minutos se olharam. O beato tocou nos ombros do chefe e lembrou-o
das glórias da tribo e que estavam ali para negociar a paz
e não promover mais sangue
e que ambos deveriam ter
gestos nobres ante o que
acontecia. Pindabuçu cede ao
apelo de Anchieta. Aimberé
retorna para Uruçumirim, lá
sua filha Potira havia dado a
luz a seu neto. Ele aproveitou
para consultar alguns franceses sobre a proposta dos
padres. Na volta a Iperoig,
Aimberé está à frente de 40
canoas com alguns franceses
a bordo.
Araraí, da tribo dos Guaianases, próximo do colégio
dos jesuítas em Piratininga,
queria a continuidade da
guerra. Ouros chefes também queriam a guerra, mas
também queriam viver, mas
Os dois lados comemoraram o tratado, porém a paz durou pouco: os índios foram traídos.
com a garantia de serem respeitados em suas terras.
Aimberé se mostrou compreensivo e entendeu a necessidade da viagem e decide partir junto. Ele enfrentou
com bravura as negociações em São Vicente e em
Piratininga. Suas conclusões
fizeram os brancos a ceder
aos pedidos e em troca, isto
é, para selar o acordo de paz,
queriam a volta do jesuíta
que tinha ficado em Iperoig.
Aimberé desconfia dos “pêros”, discussões acalorados
transformam as negociações em caos. O jesuíta Luiz
de Grã intervém e sugere
que um dos padres fosse a
Piratininga e outro continuasse em Iperoig até que todas
as partes se entendam.
Desta forma Manuel da
Nóbrega foi escolhido para a
última etapa de negociações.
Para Piratininga, Aimberé levou seu jovem cunhado Parabuçu e um chefe Aimoré
muito respeitado, Araken.
A falta de noticias deixaram
os confederados agitados
em Iperoig, aumentando as
hostilidades entre os Tamoio
e o jesuíta, que não foram
mortos por intervenção de
Cunhambebe e Coaquira. Nóbrega foi então levado para o
centro das negociações. De
São Vicente desembarcou em
Bertioga (Buriquioca), de lá
foi a Piratininga.
Nóbrega que estava doente
se recuperou e selou o acordo de paz entre Aimberé e
as autoridades portuguesas.
Diante do acordo as autoridades portuguesas mandaram
expedições de soldados às
fazendas para libertar os cativos, todos acompanhados por
Aimberé. Na realidade Aimberé estava à procura do amor
de sua vida, a jovem Iguaçu,
que não foi encontrada na fazenda de Eliodoro Eoban.
Triste e desconsolado Aimberé retorna a Iperoig, lá viu
obras realizadas por Anchieta como agricultura, pecuária, alimentação. Com isto
ganhou respeito da tribo de
Coaquira.
De volta a sua aldeia, Aimberé é recebido com festa,
mas festa mesmo foi quando
descobriu que Potira o aguardava, ela havia sido resgatada
por seus amigos, capturando
seus raptores, antes que ele
tivesse chegado à fazenda
de Eliodoro. Anchieta volta
a São Vicente com a escolta
de nada mais nada menos
que Cunhambebe, chefe da
Confederação mais famosa
das Américas. Cunhambebe
mandou soltar todos os cativos nas aldeias e retornando
a sua aldeia fez um balanço
positivo do Tratado da Paz de
Iperoig, em 14 de setembro
de 1563.
Um breve período de paz
aconteceu após a “assinatura” do tratado. Tudo que é
bom dura pouco e um ano
depois das negociações os
portugueses romperam o
acordo, voltando a sujeitar os
índios capturados a trabalhos
escravos, com isto a guerra
começou onde tinha acabado
um ano antes, em Iperoig.
Lá houve a invasão das duas
aldeias de Coaquira, que foi
morto. Depois destruíram as
de Araraí.
Os portugueses não só
escravizavam para os engenhos, mas também para as
expedições de ouro.
Anchieta por determinação
da Coroa muda seus interesses, e inflama o governador
geral do Brasil, Men de Sá na
sua empreitada de retomar
seus interesses patrimoniais.
O governador cria o Comando
das Operações de Extermínio
dos Confederados, de forma a
liquidar o poder que os índios
haviam conquistados de forma diplomática.
No dia 8 de janeiro de 1567,
com o reforço de três galeões
vindos de Portugal e dois navios de guerra bem armados,
Men de Sá dá inicio a chacina.
A matança foi encerrada no
dia 20 de janeiro do mesmo
ano, dando por fim a cruzada contra os índios. Ao que
se sabe, os Tamoio nunca
cederam à quebra do tratado,
mantiveram-se fiéis ao que
tinha sido acordado com os
“pêros” e aos “mairs” - franceses que mantinham um
melhor relacionamento com
os índios do litoral.
Men de Sá, que solicitou a
intervenção de um tratado,
agora massacrou os índios
que a muito tempo foram considerados os “Filhos da Terra”, que eram homens destemidos, indomáveis na guerra,
mas de palavra, sensíveis às
negociações, compreensivos
no trato dos acordos.
O massacre é pouco divulgado, mas quem procura
saber da história descobre a
traição dos “pêros”. O Tratado de Paz passou a figurar na
História do Brasil como a “Paz
de Iperoig”, o primeiro tratado de Paz das Américas e o
primeiro trabalho de acordo
concluídos em terras americanas, que assim pode ser
entendida na iniciativa de seu
destino histórico: marco inicial da generosa política brasileira de resolver pendências
através de tratados, na mesa,
no caso especifico - na Óca
das conferências.
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01 Julho 2010
Jornal MARANDUBA News
Caçandoca: belezas naturais e história num só lugar
EZEQUIEL DOS SANTOS
Partindo da Rodovia Manoel Hipólito (SP- 55), na
Maranduba, num trecho de
três quilômetros em direção a
barra do rio Maranduba, o visitante deve saber que a estrada em seu início era parte do
trecho da rodovia que ligava
Caraguatatuba a Ubatuba, havia uma ponte de madeira e
antes dela o Hotel Picaré, o primeiro da região.
À frente temos belas imagens
do rio que encontra o mar, lá
vemos pescadores realizando
a manutenção de seus barcos, lanchas e por vezes algum
peixe pulando sobre as águas.
Vemos ainda muitos pescadores de final de semana, num
relaxante encontro com a natureza. Antes da subida, existem
casas dos descentes de Francisco Lopes de Araújo, mais
conhecido como Chico Romão,
patrimônio da localidade.
Seguindo o trecho temos
o cemitério da Caçandoca, lá
estão sepultados os descobridores de toda a região. O cemitério é considerado um dos
mais antigos do litoral norte
paulista, mas o Sr. Fidencio
Zacarias, 103, nos revela que
aquele ainda é novo, segundo
ele um pouco mais acima já
existia outro cemitério, que depois foi mudado para o atual.
Um pouco mais acima temos a visão de toda a baía da
Maranduba, lá podemos ver as
ilhas, as praias e toda a enseada. O local poderia ser feito um
belvedere, ponto de parada obrigatório para fotos e descanso. A
imagem que se tem do lugar é
tão bela que parece ser possível tocar com o dedo em toda
sua extensão. Não, não estamos
falando de nenhum roteiro de
produção cinematográfica ou
documentária, trata-se apenas
da beleza nua e crua da região.
A frente, antes da entrada
da Praia do Pulso, temos uma
construção que parece um
castelo medieval europeu, é
patrimônio da Sunrise Holmes
e não é aberto a visitação, entre a guarita do pulso e o castelo existe uma trilha, que foi
mudada por conta das obras.
Da trilha é possível avistar a
ilha Anchieta, a do Mar Virado
a do Tamerão, o mar de fora,
como dizem os pescadores e
abaixo a praia do Pulso, muito
bem guardada por vigilantes
particulares. Possível ver ainda
a fazenda de mexilhão do Sr.
Antonio Antunes.
Voltando a estrada descobrimos um pequena bica para
abastecer os cantis. A frente
é possível ver o que foi uma
pedreira, usada para abrir a
estrada. A vegetação ainda
vislumbra os observadores de
pássaros e da flora, bromélias e
caraguatás se fazem presentes
em todo o trecho.
Onde a especulação imobiliária não deformou a mata, pode-se diferenciar o tipo de floresta e toda a biodiversidade nela
existente. Por entre as laterais
da estrada podemos ver trilhas,
que outrora foram de caça e
estradas da praia aos sertões
que seguem mato adentro, utilizadas hoje pelos funcionários
da Sucen. Supersticiosos dizem
que ouvem os gritos dos escravos que lá trabalhavam. Na
descida já é possível ver algumas casas e uma outra estrada
à direita, passando pela sede
da ARCQC (Associação dos Remanescentes da Comunidade
do Quilombo da Caçandoca).
Atrás da sede, no rio que deságua no mar, um poço de meia
profundidade atrai a todos para
um relaxante mergulho. As trilhas lá existentes nos levam as
casas por entre a mata, muitas destas têm origem ainda
Vista de parte da baia da Maranduba a partir do mirante existente na estrada da Caçandoca
no auge da fazenda e esconde
muitas histórias e mistérios. A
floresta para as comunidades
negras, indígenas e tradicionais é considerada extensão de
seu corpo, as pessoas se sentem mais humanas, mas próximas de suas divindades e mais
preparadas para a vida, além
de manterem seu elo com o
passado e aprendizado para o
futuro, mantendo reciclado seu
etnoconhecimento, é um caso
de paixão natural. O local já foi
visitado por várias autoridades
federais, estadual e municipal.
A continuidade do trecho parece ser de fazenda do interior, a
frente se dá o encontro da praia
que tem o nome da fazenda. Em
seu canto esquerdo, canto bravo, o turista pode ver uma loja
de artesanatos locais: palha, fibra de bananeiras, conchas, madeira, indispensável é a bica de
água doce próximo a lojinha.
No final do trecho, a praia,
no seu canto esquerdo o final da trilha por quem desceu
entre a guarita do Pulso e do
castelo, lá também tem uma
bica de água puríssima da
serra. Os quiosques oferecem
os mais variados pratos de
praia, também é possível realizar passeios de banana boat,
barcos de pesca, caiaques. As
árvores a beira mar oferecem
sombra. O balé das ondas é
espetacular, a água por vezes
quente, por vezes mais fria não
deixa de oferecer um relaxante
descanso para o corpo e para
alma.
A frente, do lado direito da
praia uma capela construída
pelos descendentes dos quilombolas. Atrás da capela, voltando
existe uma unidade escolar, em
seguida a esquerda um acesso
que vai em direção a mata, lá
está a sede da Associação dos
Remanescentes do Quilombo da
Caçandoquinha, Raposa, Saco
das Bananas e Frade. Mais a
frente, na praia, avistamos a
barra do rio, que oferece descanso e divertimento principalmente as crianças. No entorno,
entre as árvores, lugar propicio
para um cochilo e descanso, estas arvores parecem que foram
plantadas de propósito, assemelham-se a enormes guarda-sóis que nos abrigam do sol
forte e do vento. A pedra do
outro lado da barra do rio nos
leva a praia da Caçandoquinha
e continuando a trilha chegamos a Tabatinga, divisa com o
município de Caraguatatuba.
No meio, entre a praia e a estrada é possível avistar ninhos
de coruja e outras aves. Mas
de onde veio nome Caçandoca
(com dois “s” ou com “ç”), segundo estudiosos, apesar de ter
relacionamento a palavra casa,
devido ao sufixo “oca” (casa em
tupi-guarani), significa “gabão
do mato” numa referencia ao
país do centro-oeste africano, o
Gabão. No caso da Caçandoca,
a comunidade limpa e preserva para que o visitante tenha
um lugar mais agradável, o lugar não possui coleta de lixo,
os moradores é quem fazem
o serviço. Agora você conhece mais um ponto de visitação
deste paraíso, cuide bem deste patrimônio e não deixe lixo
no lugar. Paraíso não combina
com desrespeito e sujeira.
Artesanato em palha disponível na lojinha na praia
da Caçandoca. Ao fundo,
quiosque oferece deliciosos petiscos a beira mar.
Fotos: Emilio Campi
01 Julho 2010
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História de sofrimento, lutas e conquistas no litoral paulista
EZEQUIEL DOS SANTOS
A escravidão dos negros no
Brasil, durou mais de 300 anos.
Durante este período houve resistência, os que fugiam formavam os mocambos ou quilombos
como são mais conhecidos. A
escravidão só teve fim no ano
de 1888, mas muito tempo antes os negros já lutavam por
sua liberdade. Depois da fuga
foi preciso aprender a viver em
comunidade na mata desconhecida, enfrentar diversas expedições de recaptura e morte de
negros. A luta foi árdua, mas foi
vencida, é esta a parte da história e da herança passada de
pai para filho, netos e bisnetos,
a história dos remanescentes de
quilombos, como é no caso da
antiga Fazenda Caçandoca.
Ao que se sabe Carlos Grace,
um londrino branquelo chegou
a estas paragens em 1818. O
imigrante teve como ocupação
inicial ser lavrador proprietário desta fazenda e consta
em arquivos que teve terras
adquiridas na 2ª. Companhia
das Ordenanças que englobava os bairros das Toninhas,
Ilha dos Porcos, Flamengo,
Fortaleza, Lagoinha Cassandoca (isto mesmo com dois
“s”, assim que se escrevia na
época), Ribeira, Rio das Ostras
e Brejahimirinduba. O crescimento da mão de obra escrava
aumentou a partir de 1830 e
em 1836, dos quatro maiores
senhores de escravos da vila de
Ubatuba, três eram imigrantes.
Embora a tentativa de extinguir a escravidão fosse através
da Lei Euzébio de Queiroz em
1850, percebe-se que antes
disso (1833-34) as autoridades
do Governo de São Paulo já
determinavam severas ordens
contra o trafico negreiro. Mesmo assim o comércio clandestino continuou estendendo-se
por muito tempo depois. Os
O belo cenário da Caçandoca encobre muito sofrimento e trabalho árduo dos escravos
negros desembarcavam nas
praias afastadas do centro da
vila, uma delas foi a Cassandoca (com dois “s”). Lugares propícios para subir com os negros
por entre a mata até o planalto, na região sul existem ainda
dois caminhos originais ainda
deste período.
O que sabemos é que tudo
começou com os tataravós dos
remanescentes do quilombo
que lá existe, por volta de 1855
onde estes primeiros construíram a fazenda com suor, sangue e lágrimas sobre os olhares
do Senhor José Antunes de Sá.
A fazenda tinha uma casa sede
e um engenho, sendo dividida
em três núcleos administrativos, cada um administrado
por um filho de José Antunes:
Isídio, Marcolino e Simphonio
Antunes de Sá. Isidio era o mais
temido e carrasco dos filhos.
Certa vez, na Praia da Lagoinha
Isidio viu os negros da fazenda
Bom Descanso passarem a rede
como era de costume, capturaram uma quantia considerável de peixes, então Isidio or-
denou que um dos escravos o
desse alguns pescados, que foi
negado pelo escravo, os peixes
seriam para o nosso senhor, se
referiam ao Capitão Romualdo,
dono da fazenda na Lagoinha.
Irritado, pois nunca havia sido
contrariado, foi até o capitão
para lhe oferecer rios de dinheiro pelos escravos pescadores, o
que também foi negado. Furioso voltou à praia e disse aos negros que a sorte era o Capitão
Romualdo, pois desejava levá-los a Cassandoca para matar a
todos. Os filhos de José Antunes
tiveram vários filhos bastardos,
além dos legítimos filhos, de casamentos com mulheres brancas. Com o falecimento do pai
em 1881, o filho Izidio Antunes
de Sá casou-se com uma escrava de nome Tomázia e alforriou
seus escravos doando a terra,
não só na palavra, mas com
documentos comprobatórios. A
fazenda produzia café e aguardente de cana, ela foi desmembrada no ano da morte do seu
feitor, data do primeiro inventário do local. Os ex-escravos
deram origem as famílias
que hoje formam o quilombo
Caçandoca. O quilombo da
Caçandoca foi reconhecido, em
laudo antropológico em 2000,
mas as atividades são ainda do
período militar, onde, por conta
da especulação imobiliária e a
construção da rodovia federal
inflamou a cobiça de poderosos. Muitos invadiram o local
de forma violenta e traiçoeira,
destruíram a casa de farinha,
incendiaram casas, destruíram
roças e ruínas, queimaram documentos tentando apagar da
memória a história de luta e
conquistas. Muitos outros detalhes de covardia merecem ser
retratados em filme ou em um
livro, já que tamanha covardia
não caberia nas páginas deste
periódico.
Hoje os 890 hectares foram
reconhecidos com área dos remanescentes, filhos, netos e
bisnetos de quem escreveu esta
história com sangue. O quilombo
da Caçandoca é mais antigo do
litoral norte e encontra-se num
dos lugares mais belos do Bra-
sil. Em visita ao quilombo, o
ex-governador Geraldo Alckmin
se espantou com tanta beleza.
“Nunca tinha visto um lugar tão
bonito quanto este”, comentou
o ex-governador.
A cultura caiçara do litoral
norte preserva varias tradições
africanas, neste universo, a cultura da região só enriqueceu e
é proveniente da cultura banto,
negros vindos da região centro
ocidental do continente africano
como Angola, Congo, Gabão,
Zaire e Moçambique. O negro
banto era prisioneiro preferido
dos traficantes de escravos, já
que eles detinham várias técnicas de agricultura, com experiências no cultivo do café e da
cana-de-açúcar, caracterizada
pelo espírito agrário e religioso
que protege e defende a vida humana em todos os sentidos. Na
cultura banto, um negro sem a
comunidade, transforma-se num
ser sem vitalidade, o individuo
sempre se afirma a partir da comunidade: “Pertenço, logo sou”.
Daí o grande principio da cultura
banto: “Eu sou porque vós sois,
e porque vós sois, eu sou.” Trata-se da auto-pertencença.
Embora existam desentendimentos entre as duas associações que os representam,
a história de luta e resistência
destas pessoas não limita fronteiras e graças a este espírito de luta que surgiram mais
quilombos como a do Cambury,
da Fazenda da Caixa e da Casanga, que realmente faziam
parte de nossa história. Basta
agora o entendimento entre as
associações para a aplicação
das melhorias a todos e a preservação real e necessária da
cultura quilombola na região.
Precisamos da vitalidade desta
história para continuar existindo como um povo que fez, que
faz e fará história neste rico pedaço de chão brasileiro.
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Jornal MARANDUBA News
01 Julho 2010
Aniversários comemorados a moda antiga atraem gerações
EZEQUIEL DOS SANTOS
Nos dias 05 e 18 de junho,
dois aniversários foram destaques na região, não pela data
e sim pela forma como foram
organizados e desfrutados.
A semana que antecedia as
festas foi tomada por um
imenso movimento, para as
preparações não faltou bambu. Ferramentas foram bem
utilizadas, enquanto isto na
parte mais importante da
casa, a cozinha, as pessoas se
deliciam no preparo dos quitutes que darão cor e sabor a
farta mesa.
Os aniversariantes ansiosos
se preparam, experimentam a
roupa, mas no final escolhem
sempre aquela mais confortável, do tipo: Nessa idade me
encher de frescura! Quero ir
com do jeito que eu gosto!. Foi
mais ou menos o movimento
que antecedeu os aniversários
de casamento de Antonio Pereira dos Santos e Benedita Prado
de Oliveira Santos e de vida de
Maria Gaspar dos Santos.
As
festividades
foram
rodeadas de cuidados e preparação. No Ingá os noivos
trocaram alianças na capela
do bairro, após a cerimônia
religiosa, já em casa, a mesa
posta de delicias com sabor de
infância.
No Sertão da Quina, os filhos
e os netos até se vestiram a
caráter, dançaram quadrilhas
e tomaram quentão. As festividades têm em comum o
fortalecimento da família e a
continuidade das tradições
caipiras, aquelas que reforçam
os laços fraternos.
Não faltou foi conversas sobre
a família, sobre a comida e sobre os aniversariantes, coisas
que eles já fizeram ou coisas
engraçadas. Todas as gerações comparecerem em peso,
pra ver a festa aos avós, lá se
deliciaram com os doces, os
bolos e com as conversas.
No sertão a dança da quadrilha foi o ponto alto do aniversário. No Ingá os parabéns
aos noivos não faltou risos e
descontração.
As festas reforçam a amizade
e a confraternização tão sumida atualmente e o mais importante presente dos aniversariantes não foi nada embalado
com fita luminosa e sim a presença dos familiares, amigos e
convidados.
O homem do campo sabe o
Várias gerações participaram do aniversário de 81 anos de Maria Gaspar dos Santos
valor das coisas, por isto as
festividades foi um sucesso. A família, os amigos e
convidados se sentiram no
passado, um não tão distan-
te, aonde todas as gerações
participaram do evento, de
modo a conviver e aprender
as tradições e costumes que
compartilham a felicidade e a
descontração, mostrando um
outro valor à vida, não aquele
mercantilista e egoísta.
Quitutes a parte, parabéns a
todos e muitos anos de vida.
Fotos: Evair dos Santos
Antonio Pereira e Benedita Prado (esquerda e acima) comemoram 50 anos de casamento, marca que Tião Pedro e Maria Gaspar completaram a décadas. Parabéns!
01 Julho 2010
Jornal MARANDUBA News
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Música regional: pioneiros que influenciaram uma época
AMILTON SOUZA
É com enorme prazer que participo desse jornal, que resgata
a origem de toda a nossa região
sul e tudo o que realmente há
nela, nas linhas abaixo tentarei
contar a história musical de uma
maneira divertida e informal.
Falarei, de forma descontraída, dos “Pioneiros da música”
da nossa região, aqueles que
iniciaram a vocação musical,
que foi e é intensa e rica. Se
hoje temos bons (e ruins) músicos, devemos muito aos Pioneiros, que introduziram o primeiro
violão, o primeiro baixo, a primeira guitarra, a primeira gaita
de fole e etc. Por isso, segundo
o “Y-górpe”, temos hoje cerca
de 4.000 músicos só no Sertão
da Quina (isso quer dizer que
tem mais músico aqui do que
gente).
Quero falar de uma banda,
criada no fim dos anos 80 e início dos anos 90, formada com
integrantes
exclusivamente
dessa região - os “Aborígines”.
Sua formação original contava
o empresário Manoel Miguel de
Oliveira, conhecido no meio artístico como Mané Preá (por ser
um empresário muito astuto) e
com Jair do Prado (assessor de
imprensa). A banda assim era
formada: João Topete na percussão e bateria, depois, devido
à sua carreira “solo”, substituído pelo jovem Isaac Leal, na
Guitarra Solo estava Haroldo
Oliveira, tendo como influência
Mané Custódio e Zéca Pedro
(estes últimos ícones caiçaras
em solos e arranjos respectivamente), Isaltino Leal nos vocais
e Violão e Adílson no Baixo,
mais conhecido como “Dilsinho”
(demasiadamente conhecido no
meio artístico como CABELO DE
FOGO), o Maestro da banda,
com todo o seu conhecimento
musical.
Mais tarde, vendo que o gru-
Musicos se reuniam na casa de seus integrantes para ensaiar Folia de
Reis, festas, casamentos, missa e rodas de conversa e música.
Em 1956, a segunda geração de musicos com Zeca Pedro (viola), Mané
João (banjo) e no pandeiro ainda estamos pesquisando quem é o artista.
po não conseguia acompanhar
o seu nível, “Dilsinho” resolveu
seguir carreira “solo”, com isto
convidou um menino que acompanhava a banda desde o início,
Everaldo Prado (filho do lendário “Cara de Onça”). Everaldo
era um adolescente na época
e compôs a formação definitiva
da banda que tocou em diversos bares e festas da região,
como o”Bar da Júlia”. A banda
participou ainda de vários festivais, tais como o de “Gramado”,
o de “Campos”, sendo ambos
de futebol. Também tocaram
em Laje (rua da). O grupo contava com um belo fã-clube com
mais de 5.000 integrantes só no
Sertão da Quina, era sem dúvida um “sucesso de crítica”.
Infelizmente, hoje em dia, pra
nossa história local, esta banda,
pioneira em nossa região, serve
de influência para todas as outras bandas que surgiram e que
surgirão. A banda não existe
mais e seus integrantes, apesar
de ainda tocarem esporadica-
mente, seguiram carreira em outros ramos e o único que seguiu
a vida de músico foi o garoto
Everaldo, que hoje, sem sombra
de dúvida, assim como este que
vos escreve, está entre os “3600
melhores músicos do Sertão da
Quina”, graças à oportunidade
dada pelo grande Maestro “Dilsinho”, que foi o Pioneiro no baixo
em nossa região.
Valeu pessoal, gozações à
parte, até a próxima, em que
pretendo continuar contando a
história dos pioneiros musicais
da região, além de dicas sobre
instrumentos e afins, se Deus
quiser. Fui...
Amilton Souza - Caiçara da
5ª geração da Família Souza
(Paterno) e da Família Santos
(Materno),Músico e Professor
de contrabaixo e violão licenciado pela IB&T e IV&T em
Caraguatatuba e Região, discípulo do Maestro “Dilsinho” e já
tocou no Boteco do Povo.
[email protected]
Cel. (12) 9768-4174
A quarta geração de musicos seguindo os passos de seus antecessores
Integrantes da quinta geração de musicos chegaram a participar de eventos oficiais. A esquerda, o folclorista Nei Martins prestigia os músicos.
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Jornal MARANDUBA News
01 Julho 2010
Ivo Cursino dos Santos: o homem do pão
EZEQUIEL DOS SANTOS
Natural de Caçapava, interior
de São Paulo, nascido aos vinte
e seis dias do mês de setembro
de 1950, filho de um pipoqueiro, vendedor de algodão doce
e bexigas, com oito irmãos dividiam os sofrimentos e alegrias
de uma infância pobre. Filho de
Geraldo Cursino dos Santos e
Maria Joaquina dos Santos até
certa idade teve uma infância
comum.
Quando entrou para o colégio de padres formou-se em
teologia, filosofia e sociologia.
Rodou o Brasil em colaboração das comunidades pobres,
principalmente no nordeste.
Adorava o trabalho missionário
e as ações humanitárias, coisa
que o fazia muito bem. Trabalhou muito tempo com frei
Vitório Fantini. Ivo era adepto
das coisas simples e naturais,
desde a comida que parecia estranha como melancia e caqui
com farinha, a fruta era a desculpa para comer farinha, que
gostava muito. Gengibre não
podia faltar nos pratos doces e
salgados.
Ivo desde cedo honrou sua
formação humana e religiosa,
recebeu várias propostas contrárias a sua formação, todas
elas apenas para ganhos em dinheiro, não para o trabalho real
de evangelização. Gostava de
todas as leituras, em seus últimos dias no hospital, leu com a
família “Quem Ama Educa” e “
O Segredo do Pai Nosso”. Seu
maior dilema era formar e educar. Em 1977 conheceu uma
jovem que veio a ser sua esposa, Rosa Sandeski Karnoski, do
Paraná, pelo nome já se sabe
que tem origem européia. Com
Rosa teve duas filhas: Karina e
Maribela, a belinha.
Pai presente, homem bom,
marido compreensivo, quem
conheceu Ivo via sempre um
homem calmo e sua marca
registrada era o sorriso fácil.
Tudo ele dizia: Sim, Sim, Sim!
balançando também a cabeça
em sinal de positivo. Na ocasião do batizado de Karina, Ivo
estava na Bahia em missão,
mas quando pode enfim encontrar a filha se derreteu em
emoções e deliciosos abraços.
Ivo tinha algo diferente.
Ele cativava as pessoas antes
mesmo de conversar com elas.
Suas palavras suavam doce e
seu jeito calmo também acalmava o ambiente.
Pronto a atender as pessoas
foi ele quem conduziu o padre
Sérgio Lucio quando veio assumir a paróquia, parou o que
estava fazendo e o levou até a
Matriz.
Ivo adora plantas e flores, era membro do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de
Ubatuba participando de vários
cursos e palestras, tanto na
região quanto no centro da cidade. Ivo nunca escondeu que
gostara muito do curso de holericultura orgânica, orquídeas
e estava cursando Técnico em
Turismo Rural na Caçandoca.
Lá alegrava a turma, acabou
ganhando o apelido de “tiozinho”, tanto pelo respeito que
todos tinham por ele, quanto
pela idade e experiência que tinha. No almoço, no curso, não
poderia faltar farinha de mandioca, depois do almoço aquele cochilo. De tudo ela fazia,
pintava, aparafusava, cortava,
media, só não levantava peso.
Gostava de uma boa roda de
conversas. Fez amizade fácil,
era muito respeitado e respeitador com todos. Sua calma alcançava longos objetivos. Uma
coisa todos sabem, era homem
trabalhador, não tinha tempo
ruim para ele.
Nos três anos e meio que ficou na Casa de Emaús começou a vender de casa em casa
pães, panetones, ovos de páscoa e massas de pizza. Andava sempre com uma bicicleta
de carga e duas cestas, uma
na frente e outra atrás. Era o
homem do pão. Quantas vezes
Ivo havia trocado pães com bananas e até com abobrinhas,
principalmente a quem tinha
criança em casa e não tinha
dinheiro para pagar. Simples
como era não esbanjava luxo,
mas tinha muita sabedoria na
hora de lidar com as dificuldades. Ivo tinha uma frase preferida: “A gente só é útil, não é
necessário!”
Infelizmente Ivo sofreu um
acidente quando podava uma
arvore no jardim de uma praça administrada pelo chalé
que trabalhava, foi uma queda e quem chamou o ajuda
foi uma cadela que cuidava há
dez anos. Ela latia na porta do
chalé e desta forma chamou a
atenção da esposa e da filha.
Caído, imóvel há algum tempo,
foi socorrido. Desesperada a
esposa moveu tudo que podia
para salvar Ivo, em Taubaté
travou sua última batalha. No
lado de cá, os amigos em oração pediam sua volta.
No hospital Ivo conversou
com Karina e a ela exprimiu um
desejo, se sobrevivesse: “O pai
tá com a cabeça muito boa, a
mão também, eu penso em escrever um livro, escrever sobre
o pai e sua mãe, depois você
vai traduzir para outras línguas”. Mesmo em meio a tanto
sofrimento, manteve-se sereno
e nunca reclamou das dores
que sentia, apenas se ouvia alguns gemidos e quando a dor
era maior ainda, as lágrimas
denunciavam seu sofrimento
silencioso. Infelizmente no dia
11 de junho de 2010 ele se foi.
Foi com a certeza do dever
cumprido, enquanto choráva-
mos sua partida, o céu se alegrava com a sua chegada. Na missa
de sétimo dia, todos os amigos
que puderam estar lá, estiveram
e lotou a Matriz Cristo Rei, próximo a sua casa. Depoimentos e
homenagens emocionantes tomaram o lugar. Só podemos dizer que as vezes ainda é possível
ouvir a sua voz de tanto que ela
é doce, sincera e amiga.
Não sabemos se fomos amigos o suficiente para você, mas
sabemos que você foi o amigo
que por vezes até não merecíamos. Ivo muito obrigado por
conhecê-lo.
01 Julho 2010
Jornal MARANDUBA News
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Filhos da Ilha rememoram o maior levante do mundo
EZEQUIEL DOS SANTOS
No ultimo dia 26, na Ilha Anchieta, aconteceu o XIII Filhos
da Ilha, encontro anual dos
remanescentes da rebelião do
presídio da Ilha Anchieta, que
aconteceu em 20 de junho de
1952. O evento é organizado
pela prefeitura de Ubatuba e
pela Associação Pró-Resgate
Histórico da ilha Anchieta e
dos Filhos da Ilha.
Atividades como conversas
com os filhos da ilha e sobreviventes além de uma missa
campal, visitas aos pontos do
motim e encenações foram
um dos atrativos dos Filhos
da Ilha. Neste dia não se faz
importante a ilha parada como
área de preservação, importante é saber da sua história,
de seu passado glorioso, dos
dias de movimento e de real
serventia a sociedade.
O evento que antes era motivo de tristeza, agora é parada obrigatória para o conhecimento da história regional e
nacional. O evento na época
tomou proporções internacionais considerada por todos os
jornais como “A maior evasão do mundo”. Marcado por
emoções fortes, o encontro
marca a solidariedade e paz
entre os familiares do ocorrido. Na época viviam cerca de
100 famílias na ilha, que eram
dividas em duas vilas, uma civil e outra militar. O presídio
abrigava 453 detentos obser-
Ruínas do presídio: testemunhas silenciosas de sangrenta rebeliao ocorrida em junho de 1952
vados por 54 policiais militares
e 51 funcionários civis, sob o
comando do Tenente Edvaldo
Silva. Na rebelião 132 presos
entraram em confronto com
os policiais, destes oito morreram junto com dois funcionários civis, morreram ainda
alguns detentos. Da rebelião
foram recapturados 90 detentos e 20 foram considerados
desaparecidos. Nem só de tiros morreram os amotinados e
policiais, alguns foram mortos
a paulada, comenta o Soldado
reformado José Salomão das
Chagas, que tinha 22 anos no
dia do motim e vivia com a
mulher e a filha na ilha, hoje
com 90 anos relembra emocionado do o trágico dia.
Apaixonado pela história do
levante o Tenente da reserva Samuel Messias de Oliveira
vem junto com os filhos da ilha,
recuperando a história, daquilo que foi considerado o maior
evento das Américas depois
da Confederação dos Tamoios
e da Paz de Iperoig. Existem
vários livros que contam a passagem do levante, um filme
produzido pelo Estúdio de Vera
Cruz também foi realizado.
O encontro “Filhos da Ilha”
representa um resgate espiritual, psicológico e social, onde
histórias vêm à tona, as má-
Após a rebelião foram recapturados 90 detentos e 20 foram considerados desaparecidos
goas são dissipadas e o que
predomina é a emoção e a solidariedade. Muitos moradores
têm lembranças do evento, ou
se lembra de alguém que trabalhou no lugar. As emoções
são muito fortes mesmo para
quem não tenha participado
do motim, é que lembramos
de verdadeiros heróis aqueles que deixaram seu nome
na história através de suas
vidas e que merecem respeito
e nossas saudações aos familiares.
A Ilha Anchieta é marcada
por histórias belíssimas, desde
os índios Tupinanmbá, passando pelo colonizador até a
rebelião. Para quem não pode
ir este ano a este evento histórico, basta se programar
para o próximo ano. Vale a
pena saber mais um pouco de
nossa rica história e verdadeiros heróis.
Jornais deram grande repercussão do acontecimento
Página 14
Chapeuzinho Vermelho na Imprensa
Como seria a história da Chapeuzinho Vermelho nas manchetes das principais revistas e jornais do Brasil hoje:
JORNAL NACIONAL
(Willian Bonner):
Boa noite. Uma menina de 7
anos foi devorada por um lobo
na noite de ontem.
(Fátima Bernardes): ;... mas
graças à atuação de um caçador não houve uma tragédia.
FANTÁSTICO
(Glória Maria): ... que gracinha, gente, vocês não vão
acreditar, mas essa menina
linda aqui foi retirada viva da
barriga de um lobo, não é
mesmo...?
BRASIL URGENTE
(José Luis Datena): ... onde é
que a gente vai parar, cadê as
autoridades ? Cadê as autoridades ?! A menina ia para a
casa da avózinha a pé e sozinha! Não tem transporte público ? Não tem segurança! Onde
estava o secretário de segurança e os engenheiros da
CET ? E foi devorada viva.....
Sim VIVA!!! Um lobo, um lobo
safado, calhorda. Põe na tela
ESSE ANIMAL!! Porque eu falo
mesmo, não tenho medo de
lobo mau. Daqui a pouco eu
volto nesse caso.
PROGRAMA DA HEBE
Que gracinha, gente. Vocês
não vão acreditar, mas essa
menina linda aqui foi retirada
viva da barriga de um lobo,
não é mesmo?
PROGRAMA DA UNIVERSAL
(Pastor) Isso é encosto! Agora
meu irmãos vamos todos juntos levantar as mãos e dizer:
SAI CHAPEUZINHO VERMELHO, SAI DESSE CORPO QUE
NÃO TE PERTENCE.
SUPERPOP
Chapeuzinho é convidada para
desfilar no programa só de lingerie vermelha.
(Luciana Gimenez) - Nossa,
que corpo , hein garota? Muita
bonita mesmo até eu no lugar
do Lobo não iria deixar escapar essa menina!!
BIG BROTHER
(Pedro Bial) Fala meu Lobo,
Quem você vai eliminar hoje?
(Lobo) Hoje eu vou eliminar a
Chapeuzinho Vermelho, porque ela tá de complô com o
Lenhador , que eu acho ao
meu ver, que estão ao nível
de me eliminar e isso não está
fazendo bem para o Ambiente
da casa.
01 Julho 2010
Jornal MARANDUBA News
O APRENDIZ
(Roberto Justus); Chapeuzinho , o que você foi fazer na
casa da vóvozinha?;
(Chapeuzinho) ; Fui levar uns
doces para ela;
(Justus) De graça ?, mas você
não tinha um Planejamento
para isso ? Achou que era o
marketing mais correto? Qual
seria o retorno? Que tipo de
postura teve seu líder? Que
providências você tomaria ?
DISCOVERY CHANNEL
Os Caçadores de Mitos determinam se é possível uma
pessoa ser engolida viva e sobreviver.
REVISTA VEJA
Lula sabia das intenções do lobo.
CLÁUDIA
Como chegar na casa da vovozinha sem se deixar enganar
pelos lobos no caminho.
NOVA
Dez maneiras de levar um
lobo à loucura na cama.
MARIE-CLAIRE
Na cama com um lobo e minha avó, relato de quem passou por essa experiência.
JORNAL DO BRASIL
Floresta: Garota é atacada por
lobo - Na matéria, a gente não
fica sabendo onde, nem quando, nem mais detalhes.
O GLOBO
Petrobrás apóia ONG do lenhador ligado ao PT que matou um lobo pra salvar menor
de idade carente.
ZERO HORA
Avó de Chapeuzinho nasceu
no RS.
AQUI
Sangue e tragédia na casa da vovó.
FOLHA DE SÃO PAULO
Legenda da foto: Chapeuzinho, à direita, aperta a mão
de seu salvador;.
Na matéria, teremos um box
com um zoólogo explicando os
hábitos alimentares dos lobos
e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi
devorada e depois salva pelo
lenhador.
O ESTADO DE S.PAULO
Lobo que devorou Chapeuzinho seria afiliado ao PT.
PLAYBOY
(ensaio fotográfico com Chapeuzinho no mesmo mês do
escândalo) Veja o que só o
lobo viu.
SEXY
(ensaio fotográfico com Chapeuzinho um ano depois do
escândalo) Essa garota matou
a fome do lobo !!!
CARAS
(ensaio fotográfico idem) Na
banheira de hidromassagem
na cabana da avozinha, em
Campos do Jordão, Chapeuzinho vermelho (18) reflete
sobre os acontecimentos: ‘
até ser devorada, eu não dava
valor para muitas coisas da
vida, hoje sou outra pessoa’,
admite.
ISTOÉ
Gravações revelam que lobo
foi assessor de José Dirceu.
CAPRICHO
Esse Lobo é um Gato!
G MAGAZINE
(ensaio fotográfico com lenhador) Lenhador mata o lobo e
mostra o pau.
GIL GOMES
Esta meninaaaa.....Esta pooobre meninaaa...Estava caminhando sozinha a casa da
vovozinha... Quando. de repente.....De repenteee... Um
looobooo...um grande loboo
apareceu, e ele a devorou,
sim ele devorou a menininha,
a pobreee da menininhaaa.
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01 Julho 2010
Página 15
Jornal MARANDUBA News
Coluna da
Túnel do Tempo
Por Adelina Campi
Sonhar pelo lado positivo
Eu estava sentada na minha
cama, navegando na internet
enquanto meu marido dormia.
Sentada ali, parei para pensar
que, em nossas vidas, as vezes não temos tempo nem para
nós e nem para nossos filhos.
Fiquei pensando: a vida passa
tão depressa que as vezes esquecemos que somos pessoas,
que temos nossos amores e desamores.
Sugiro que reflitam no que
vocês estão fazendo para que a
vida de cada um venha valer a
pena. Por isso chore, dance, ria
e viva intensamente. Seja você
mesmo, pra que nossa estada
nesse mundo seja tranqüila e
que tenha valido a pena e que,
quando chegar a hora de partir,
o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para
aqueles que ficarem.
Então vamos descruzar os
braços e tentar vencer o medo
e ir em busca dos nossos sonhos. Irradie simplicidade, seja
simpático e não se espante se
você for uma pessoa mais feliz.
Tenho certeza que será maravilhoso. Só assim não teremos
tantas tristezas no mundo. Acho
que vale apena sonhar pelo
lado positivo da vida, vocês não
acham?
Nossos Velhos
Pais heróis e mães rainhas do
lar. Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes
estereótipos.
Até que um dia o pai herói
começa a passar o tempo todo
sentado, resmunga baixinho e
puxa uns assuntos sem pé nem
cabeça. A rainha do lar começa
a ter dificuldade de concluir as
frases e dá prá implicar com a
empregada. O que papai e mamãe fizeram para caducar de
uma hora para outra?
Fizeram 80 anos. Nossos pais
envelhecem. Ninguém havia
nos preparado pra isso.
Um belo dia eles perdem o
garbo, ficam mais vulneráveis e
adquirem umas manias bobas.
Estão cansados de cuidar dos
outros e de servir de exemplo:
agora chegou a vez de eles serem cuidados e mimados por
nós, nem que pra isso recorram a
uma chantagenzinha emocional.
Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não
sabem eles inventam.
Não fazem mais planos a
longo prazo, agora dedicam-se
a pequenas aventuras, como
comer escondido tudo o que
o médico proibiu. Estão com
manchas na pele. Ficam tristes
de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos,
que relutam em aceitar o ciclo
da vida.
É complicado aceitar que
nossos heróis e rainhas já não
estão no controle da situação.
Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas
seguimos exigindo deles a energia de uma usina.
Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo.
Ficamos irritados se eles se
atrapalham com o celular e
ainda temos a cara-de-pau de
corrigí-los quando usam expressões em desuso: calça de brim?
frege? auto de praça?
Em vez de aceitarmos com
serenidade o fato de que as
pessoas adotam um ritmo mais
lento com o passar dos anos,
simplesmente ficamos irritados
por eles terem traído nossa
confiança, a confiança de que
seriam indestrutíveis como os
super-heróis.
Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa
insistência para que tudo siga
como sempre foi.
Essa nossa intolerância só
pode ser medo.
Medo de perdê-los, e medo
de perdermos a nós mesmos,
medo de também deixarmos
de ser lúcidos e joviais. É uma
enrascada essa tal de passagem
do tempo.
Nos ensinam a tirar proveito
de cada etapa da vida, mas é
difícil aceitar as etapas dos outros, ainda mais quando os outros são papai e mamãe, nossos
alicerces, aqueles para quem
sempre podíamos voltar, e que
agora estão dando sinais de que
um dia irão partir sem nós.
1983
Folia de Reis em passagem pela região sul de Ubatuba
1988
Difícil foi juntar essa turma para a foto da juventude
1931
A segunda geração de moradores do Sertão da Quina em frente a duas das seis casas que existiam na época
2004
Zeca Pedro, Rosana, Alix e Cidinha ensaiando para um show
1975
Caminho que levava até a igrejinha do Morro da Quina
1959
Maria Ballio mostra lula de mais de 2 quilos. Que porção!
1937
Casamento na capela da praia de Benedito e Benedita Rosa

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