Curso de Criação Comercial de Avestruzes

Transcrição

Curso de Criação Comercial de Avestruzes
Curso de Criação Comercial
de Avestruzes
Com o apoio da:
Engº Agrônomo Paulo Cesar Melo Matos
CREA/SP: 5060198211
INTRODUÇÃO
O avestruz vem sendo utilizada para a produção de penas há mais de mil anos. Aparece
citado no Antigo Testamento, e o comércio foi intenso na Era Egípcia, Assíria e
Babilônica. Também nos tempos das cruzadas, suas plumas foram trazidas para a
Europa e tornaram-se famosos adornos da realeza como das rainhas Maria Antonieta, da
França e Elizabeth, da Inglaterra (séc. XVI e XVII).
O habitat do Avestruz se estendia das regiões secas e áridas da África, incluindo a África
do Sul, África Leste e o Saara, até os desertos do Oriente Médio. No entanto a caça
excessiva colocou em risco esta espécie. Em 1875, devido a grande matança para a
coleta de plumas, muitos avestruzes do Norte da África haviam sido exterminados
(JENSEN et al. 1992). No final do século XIX, existiam poucos avestruzes no Norte da
África e foram considerados extintos na Ásia Ocidental. Depois, desapareceram da Síria
e, por volta de 1930 o avestruz quase que é exterminado na Ásia.
Foi a domesticação que salvou a espécie. Na África do Sul, em 1863, foram estabelecidas
as primeiras fazendas de avestruzes, destacando-se os trabalhos de Arthur Douglas, que
publicou em 1881 o primeiro livro sobre o assunto: “Ostrich Farming in South Africa”. Em
1913, as penas do avestruz ocupavam o 4º lugar nas exportações daquele país, ficando
atrás da Lã, da Prata e do Ouro. Com a chegada das I e II Guerras Mundiais, houve um
colapso desse mercado, e em razão disto, os fazendeiros sul-africanos começaram a
explorar outros produtos do avestruz: a carne e o couro. Em poucas décadas esta
atividade se expandiu e as aves foram levadas para outros países na América do Norte,
destacando-se os EUA, que hoje possui o segundo maior plantel de animais; América do
Sul, tendo no Brasil chegado comercialmente em 1994; Índia; Europa, destacando-se a
Alemanha; Israel e Austrália.
SITUAÇÃO ATUAL
Tabela: Número de Avestruzes Criados no Mundo (estimativa).
País
Ano de Referência
Número de Animais
África do Sul
2004
Estados Unidos
2004
União Européia
2004
China
2004
Brasil
2004
Israel
2004
Zimbábue
2004
Austrália
2004
Canadá
2004
1 milhão
300 mil
200 mil
150 mil
120 mil
80 mil
60 mil
80 mil
40 mil
Fonte: ACAB – Associação dos Criadores de Avestruzes do Brasil.
Com a produção média de 40 ovos por fêmea, pode-se concluir que há potencial para um
aumento significativo destas aves.
Na África do Sul, há dois tipos diferentes de exploração de avestruz: para a produção de
penas e para a produção de carne e couro. Nas fazendas voltadas para a exploração de
penas, tanto os machos quanto as fêmeas são depenados por ocasião da muda natural, o
que ocorre cerca de três vezes a cada dois anos. Nestas fazendas, os ovos são
incubados artificialmente, para evitar que as penas sejam danificadas quando a ave fica
no ninho. Na incubação natural, os machos e as fêmeas se revezam para chocar os ovos,
deitando-se sobre eles. Em geral, os ovos são levados para serem incubados fora da
propriedade, em incubatórios de terceiros. Após o nascimento, os filhotes retornam para o
dono. Este sistema poderá vir ser adotado no Brasil como forma de baratear a produção,
podendo ser efetuado através de cooperativas. Na África do Sul, a carne e o couro
representam 95% do faturamento da indústria de avestruzes. As aves, na sua maioria
criadas confinadas, são abatidas entre os 12 a 14 meses de idade. São, poucas a as
fazendas que realizam todas as etapas de produção, do ovo ao abate. Geralmente as
tarefas são divididas em etapas: um produtor cria os pintinhos até a idade de três meses e
meio, vende para um outro produtor que faz a recria até os sete ou oito meses, vendendoas então para serem terminadas até a idade do abate, ou seja, em torno dos quatorze
meses. Cerca de 50 mil a 120 mil avestruzes são abatidos anualmente para a obtenção
de carne, couro, produtos secundários e penas. Estes dados, relativamente baixos,
indicam que um número significativo de aves é mantido para a produção de penas.
A África do Sul mantém uma venda regular de penas de avestruz. As melhores são
exportadas para a Europa e América, enquanto as penas menores são usadas na
fabricação de espanadores. As melhores penas são produzidas por avestruzes
geneticamente selecionadas e com idade entre 3 e 12 anos. Nos EUA, estão sendo
usadas também pela indústria automobilística, para a limpeza do carro antes da pintura, e
pelos fabricantes de computadores, em virtude das suas propriedades antiestáticas.
CLASSIFICAÇÃO
A classe das aves divide-se em duas superordens, a superordem Paleognathae (aves
sem quilha, ou crista lamelar mediana, no osso esterno) e superordem Neognathae (aves
com quilha no osso esterno). Pelo estudo dos fósseis, é possível reconhecer que as aves
Paleognatas eram muito mais numerosas que na atualidade.
Avestruz (superordem Paleognathae)
Pombo (superordem Neognathae)
O avestruz pertence ao grupo das aves ratitas, da superordem das Paleognatas, e
apresenta características anatômicas e fisiológicas que a diferenciam das aves carinadas,
entre as quais: a ausência de quilha no osso esterno, a perda da capacidade de vôo, a
falta da glândula uropigiana e a separação de fezes e urina na cloaca (SICK, 1985). As
ratitas são, em geral, consideradas as aves atuais mais primitivas do ponto de vista
filogenético ou, mais exatamente, constituem um grupo muito antigo, atualmente
especializado (CRACRAFT, 1974; SICK, 1985).
Conhecem-se quarenta e sete espécies de aves ratitas extintas, entre as quais
mencionam-se as moas (Dinornithidae), as aves elefantes (Aepyornithidae), o Sylvornis
de Nova Caledônia e outras espécies, relacionadas com os grupos viventes (SIBLEY &
ALQUIST, 1981). Existem dez espécies de aves ratitas atuais: o avestruz (Struthio
camelus) da África e Arábia, duas espécies de emas (Rhea americana e Pterocnemia
pennata) da América do Sul, o emu (Dromaius novaehollandiae) das planícies da
Austrália, três espécies de casuares (Casuarius bennetti, C. casuarius, C.
unappendiculatus) da Austrália, Nova Guiné e ilhas vizinhas, e três espécies de kiwis
(Apterix haastii, A. owenii, A. australis) da Nova Zelândia (NATURA, 1987).
Distribuição geográfica da Rhea americana
Distribuição geográfica do Struthio camelus
As semelhanças morfológicas, bioquímicas, moleculares, genéticas, parasitológicas e
comportamentais entre as aves ratitas fazem supor uma origem comum ou monofilética,
destas aves. No caso dos avestruzes e das emas, consideradas, entre as aves ratitas, as
mais especializadas (CRACRAFT, 1974), supõe-se que sua separação tenha ocorrido há
80 milhões de anos (SIBLEY & ALHQUIST, 1981; SIBLEY & ALHQUIST, 1986), quando
se completou a separação das duas placas tectônicas que deram origem à América do
Sul e África.
Ema
Emu
Casuar
Kiwi
As evidências geológicas indicam que estes dois continentes começaram a se separar
pelo sul. É provável que o contato existente entre o Brasil e o oeste da África, durante o
período Cretáceo médio, há cerca de 100 milhões de anos, já teria sido desfeito no
Cretáceo tardio, há aproximadamente 80 milhões de anos, por uma separação de cerca
de 800 Km. Por outro lado, a separação entre África e as Ilhas Canárias parece não ter
sido completada antes de 12 milhões de anos atrás, a julgar pelas evidências obtidas nas
análises das cascas dos ovos de avestruz encontradas na Ilha de Lanzarote, a leste das
Canárias (SAUER & ROTHE, 1972).
Moa (Dinornis maximus) – extinta
Epiórnis (Aepyornis maximus) – extinta
Diatryma (Diatryma sp) - extinta
A classificação Zoológica do avestruz é a seguinte:
Aves
Classe
Subclasse
Neornithes
Superordem
Paleognathae
Ordem
Struthioniformes
Família
Struthionidae
Gênero
Struthio
Espécie
Struthio camelus, Linn.
Existe uma única espécie de avestruz e seis subespécies, vulgarmente agrupadas em
três tipos: AFRICAN BLACK (a doméstica), REDNECK e BLUENECK:
• Struthio camelus massaicus (Redneck) - pele avermelhada - encontrado no Quênia e
Tanzânia;
• Struthio camelus molybdophanes (Blueneck) - pele azulada - encontrado na
Somália, Quênia e Etiópia; é a variedade mais distinta; apresenta o topo da cabeça sem
penas; a pelagem do pescoço e das coxas é azulada; a plumagem do corpo dos machos
é preta e branca e nas fêmeas a coloração é cinza mais suave;
• Struthio camelus syriacus (Blueneck) - considerado extinto na década de 1940;
habitavam os desertos da antiga Palestina e Pérsia;
• Struthio camelus camelus (Redneck) - pele vermelha - encontrado no Norte da
África, tinham sua área nativa da Mauritânia até a Etiópia; tem a parte superior da cabeça
desprovida de penas e rodeada de pequenas penas duras de coloração parda, que
descem pela parte posterior do pescoço; as penas do corpo são pretas, enquanto que as
das asas e da cauda são brancas; a pele do pescoço é rósea; as penas do corpo da
fêmea são marrom-escuro, sendo as das asas e da cauda mais descoradas;
• Struthio camelus australis (Blueneck) - animal oriundo do Sul da África, Zimbábue e
Namíbia, atualmente limitado aos parques e pequenas regiões da Namíbia;
Struthio camelus var. domesticus (African Black) - oriundo do cruzamento entre
syriacus, camelus e australis, geralmente identificado como S. c. australis; apresenta
penas na cabeça, seu pescoço é cinza, avermelhando-se na estação de reprodução, e a
cauda é marrom.
Da esquerda para a direita, um macho e uma fêmea “Blue
Neck”, e um macho “Red Neck”.
CARACTERÍSTICAS
O avestruz é a maior ave existente, com altura média, do chão até a cabeça, variando de
2,1 a 2,5 m, sendo aproximadamente 0,9 m de pescoço e 1,0 m de pernas. O
comprimento do corpo é cerca de 2,0 m. As aves adultas pesam, em média, 130 a 150
Kg.
A longevidade é outro aspecto positivo desta espécie. Na natureza, o avestruz se
reproduz até os 30 a 40 anos. Em cativeiro, as domésticas são capazes de procriar até os
50 anos, podendo viver até 60 a 70 anos. Uma fêmea adulta põe em média 30 a 50 ovos
por ano no período. Algumas poedeiras chegam a pôr mais de 100 ovos.
Os ovos pesam em média 1200 a 1800g (equivalente a mais de 20 ovos de galinha); se
férteis, quando incubados, levam de 42 a 43 dias para eclodirem. Os pintinhos nascem
com 25 cm de altura e cerca de 1Kg de peso vivo.
Com relação à vocalização, pode-se dizer que esta ave é muda. Os filhotes do avestruz
piam desde a fase final da incubação, ainda dentro dos ovos, até os primeiros meses de
vida. Depois, com o tempo, deixam de emitir sons. Na época do acasalamento, no
entanto, o macho infla o pescoço e emite sons parecidos com rugidos, primeiro curtos,
depois longos.
Existe um mito de que o avestruz enterra a cabeça no chão quando amedrontada, que
não é verdade. O comportamento defensivo destes animais é bem característico. Quando
pegos de surpresa, os filhotes, os animais mais jovens e eventualmente algum adulto,
agacham-se, esticando o pescoço rente ao chão procurando camuflar-se na vegetação.
Somente quando no ninho, a fêmeas escondem a cabeça na areia, para não serem vistas
a distância. Talvez venha daí o popular mito sobre o seu comportamento.
A variedade doméstica atinge a maturidade sexual entre dois a três anos, sendo as
fêmeas mais precoces do que os machos. O macho, quando adulto, é maior que a fêmea
e tem plumagem diferenciada, plumas pretas pelo corpo e brancas nas pontas das asas e
cauda. A fêmea possui plumagem acinzentada ou amarronzada. O dimorfismo sexual é
evidente aos 6 a 10 meses de idade.
Detalhes morfológicos entre avestruzes machos e fêmeas
Avestruz macho
Avestruz fêmea
Detalhe dos Dedos
O avestruz possui apenas dois dedos, diferindo da ema, que tem três. É dotado de um par
de asas rudimentares, as quais não possui amplitude para vôo, mas auxiliam no equilíbrio
do animal nas corridas. Esta ave pode alcançar velocidades de até 80 Km/h, conseguindo
manter um ritmo de 30 Km/h durante 4 horas. Possui temperatura corporal entre 38,5 a
39ºC (é uma temperatura baixa para uma ave; a galinha, por exemplo, tem uma
temperatura corporal em torno de 41ºC). É dotado de um aparelho digestivo, que se inicia
no bico, seguindo pela faringe, esôfago, não apresentando papo (comum nas aves
Neognatas), com dois estômagos, um glandular e outro musculoso, um duodeno com
intensa atividade microbiológica (o que promove um elevado aproveitamento da fibra
vegetal), intestino delgado longo, intestino grosso (dotado de dois cecos bem
desenvolvidos), encerrando na cloaca. As fezes são excretadas separadas da urina, a
qual apresenta parte líquida e parte sólida. É um animal que não sente o paladar dos
alimentos.
Raio X.
São aves sociáveis, vivem em bandos. Na natureza, vivem em conjunto com outros
animais. Seu comportamento se modifica por ocasião do período reprodutivo, quando
alguns machos e fêmeas dominantes tomam atitudes agressivas. Seu comportamento
agressivo é manifestado através de chutes que são bastante perigosos.
Podem ser agrupados para acasalamento em colônias, em pares ou trios (duas fêmeas e
um macho), onde uma das fêmeas é dominante (o macho a escolhe). Há uma difícil
coabitação entre machos adultos, ou seja, numa criação comercial, os grupos devem ficar
em piquetes separados. Na natureza, os machos chocam os ovos à noite, as fêmeas
durante o dia.
A idade que exige maior atenção é do nascimento aos três meses, freqüentemente com
maior taxa de mortalidade até as 4 semanas (DEEMING et al. 1993). Até os 3 meses de
idade, devem ser alojados em galpão coberto, arejado, onde permanecerão durante a
noite e por ocasião das chuvas. Anexo aos galpões, há a necessidade de piquetes para
exercício das avezinhas, fundamental para o seu bom desenvolvimento.
A avestruz é um animal que vive e se reproduz em áreas semi-áridas, podendo vir a ser
criado nos campos, cerrados e caatingas, sem necessitar desmatamento.
Os seus predadores na natureza são lagartos, gaviões, cachorro do mato, raposa e outros
que poderiam pisar nos ninhos.
CRIAÇÃO INTENSIVA - INSTALAÇÕES
A criação de avestruzes é dividida em 3 fases: inicial, de crescimento e de reprodução. A
fase inicial compreende do nascimento até os três meses de idade. Em seguida, a fase de
crescimento que vai até os 24 a 30 meses. Finalizando, a fase de reprodução, quando as
aves iniciam sua vida reprodutiva.
Os filhotes até três meses de idade necessitam de calor artificial e abrigo durante a noite
e nos dias de chuva. Depois dos 3 meses, já podem permanecer em piquete sem abrigo,
pois já adquiriram resistência aos intempéries. Para que os filhotes possam exercitar-se e
tomar sol, o ideal é que o abrigo seja anexo a um piquete cercado.
Estudos mais recentes apontam para a criação de filhotes até 90 – 100 dias de idade em
criadouros migratórios. Os criadouros migratórios são instalações simples, construídos em
estrutura metálica, semelhantes a estufas agrícolas, e revestidos com lonas plásticas
translúcida ou leitosa, colocada diretamente sobre área de pasto, revestindo o piso do
abrigo e área de piquete com tela de sombrite, evitando o consumo do capim, porém
proporcionando um piso confortável e boa drenagem da urina. Por se tratar de uma
instalação de baixo peso, permite ao tratador a mudança do criadouro de lugar,
promovendo a desinfecção da área anteriormente coberta através da luz solar e aeração.
O período de permanência do criadouro no mesmo local é de 2 a 3 dias, devendo a área
permanecer em descanso por um período mínimo de 7 dias. O criadouro nas dimensões
4m por 4m, permite manter até 60 filhotes nos primeiros 45 dias e após este período,
monte outro abrigo e divida a lotação. O piquete externo possui a mesma área do abrigo,
delimitado com tela de 80 cm de altura e parte do mesmo deve estar sombreada. Neste
tipo de instalação, comedouros e bebedouros mais usados são os manuais.
Detalhes de um criadouro migratório: abrigo e piquete externo
Após os 3 meses de idade os avestruzes podem ser criadas em piquetes sem abrigo com
área disponível de no mínimo 50m² por ave. Pode-se montar piquetes exclusivos para
esta fase ou montar definitivamente os piquetes de reprodução, diminuindo a lotação dos
mesmos com o crescimento das aves.
Aves com 6 meses de idade.
As instalações dos adultos exigem cercas bem mais simples, feitas de arame liso com
quatro fios, de 1,5 a 1,8 m de altura, mourões espaçados a cada 4 metros, com um
balancim entre os mourões. Os piquetes de casais reprodutores podem ser construídos
um ao lado do outro, mas, mantendo um corredor separando os mesmos, com largura
mínima de dois metros. O corredor tem o objetivo de evitar brigas de contato entre os
machos e também facilitar o manejo entre os piquetes, já que a experiência vem
mostrando uma criação mais eficiente em piquetes mais retangulares, e que o avestruz
tem o hábito de caminhar principalmente no perímetro do piquete. Piquetes mais
retangulares e mais estreitos apresentam maior metragem linear, o que aumenta o
espaço de percurso da ave. Um Piquete de 50m x 20m tem 140 metros lineares e um
piquete de 10m x 100m tem 220 metros lineares (e ambos são de 1000 metros
quadrados). Cochos de água e ração devem ser instalados em posições opostas, o que
evita o avestruz sujar a água com resíduos de alimento. Os cochos de água podem ser
manuais ou automáticos, devendo lembrar sempre que as aves necessitam de água a
vontade e de boa qualidade.
Piquetes para reprodutores.
À esquerda, modelo de cocho de água automático, construído com tambor de plástico,
adaptado uma protegida por uma tábua; à direita, cocho de ração e volumoso construído com
tambor de plástico.
Não se deve usar arame farpado ou tela de alambrado na construção dos piquetes, pois o
arame farpado pode causar lesões no animal, e na tela de alambrado o avestruz pode
enroscar a cabeça no vão da tela podendo morrer por enforcamento. A prática demonstra
também que piquetes feitos com arame liso com mais de 4 fios também podem causar
acidentes por enforcamento.
Avestruzes criadas em piquete com
tela de alambrado. Atualmente, esta
prática é pouco recomendada.
MANEJO NAS INSTALAÇÕES:
Os avestruzes comportam-se de forma imprevisível em diferentes situações de manejo.
Os machos, em particular, durante a estação de reprodução podem ter comportamento
muito agressivo, o mesmo podendo ocorrer com algumas fêmeas adultas, tornando-se tão
agressivas quanto os machos. Lembrando sempre da imprevisibilidade do comportamento
do animal, deve-se tomar os devidos cuidados: as pessoas não devem entrar nos
piquetes sem um gancho de manejo para conter, caso se faça necessário, as aves
agressivas. Os filhotes e a maioria das aves adultas são facilmente controlados por uma
ou duas pessoas.
Para o manejo dos adultos é importante a utilização do gancho de manejo e de um capuz
colocado sobre a cabeça do avestruz porque, de olhos vedados, tornam-se mais dóceis.
No entanto, o capuz deve permitir a entrada suficiente de ar para que a ave possa respirar
livremente. O uso do capuz todas as vezes que for segurar as aves, desde filhotes, faz
com que elas se habituem, reduzindo o stress.
À esquerda, modelo de gancho de manejo para captura e defesa; à direita, gancho de manejo para captura; ambos
modelos disponíveis no mercado.
Por outro lado, é preciso evitar o stress, que é um dos fatores mais importantes a ser
considerado na criação de avestruz. Para reduzir o stress, é necessário observar
cuidadosamente a ventilação, a nutrição, a medicação em excesso, a densidade
populacional, o transporte e o manejo. É comum os animais se habituarem com o tratador
e com o ambiente onde estão alojados; portanto, deve-se evitar mudanças que possam
levar a situações de stress e acidentes. Habituar o tratador a usar uniformes de mesma
cor auxilia bastante contra o stress, principalmente nos períodos inicial e de postura.
As aves podem ser presas, usando um brete ou capturadas com o gancho de manejo. Na
hora de capturar, leve um grupo de aves para dentro do pátio de manejo, mesmo que
apenas algumas delas devam ser capturadas. Elas devem ser tocadas e cercadas num
canto do pátio. Então, a pessoa que vai fazer a captura deve se aproximar calmamente,
com o gancho de manejo e com a ajuda de dois ou três auxiliares. A aproximação deve
ser feita pela lateral ou por trás, para evitar os chutes defensivos do avestruz. Então, o
pescoço é preso pelo gancho de manejo, na junção da cabeça, puxando, sem torcer, pois
o pescoço quebra facilmente.
Modelo de brete de contenção.
Os auxiliares ajudam a segurar o animal, um na cauda e um em cada asa, enquanto é
colocado o capuz na cabeça. Deve-se ter cuidado para que a ave não caia com o gancho
em volta do pescoço. Faz-se então o manejo desejado ou o animal é conduzido ao
transporte.
Para um transporte mais seguro, algumas condições devem ser levadas em
consideração:
• Par de aves jovens - recomenda-se uma área de 1,2 m por 0,9 m, e altura suficiente
para permitir que as aves fiquem de pé sem desconforto. Este recinto de transporte deve
ser delimitado por grades, ou tabiques de madeira no formato de uma gaiola, sem
saliências ou fendas que possam ferir as aves e com piso que não seja escorregadio,
podendo ser forrado com uma boa camada de feno.
• Cobrir a “gaiola” com lona durante todo o transporte para que seu interior fique o mais
escuro possível e, ao mesmo tempo, permita uma ampla ventilação. Se for por poucas
horas, não fornecer ração durante o transporte, apenas água para refrescar as aves que
ficarem quentes e estressadas.
• De preferência, o transporte das aves deve ser efetuado no período da noite, quando é
mais fresco e as aves ficam mais calmas e descansam. Áreas intensamente iluminadas
devem ser evitadas, pois a luz estimula as aves a pular subitamente, o que pode causar
ferimentos.
• Ao chegar ao destino, retira-se a lona para que os animais se acostumem com a luz,
estimulando-os também a ficarem em pé durante 15 a 20 minutos antes do desembarque.
Evitar introduzir as aves em piquetes estranhos durante a noite, pois, após serem soltas,
elas podem correr em qualquer direção e ir ao encontro de objetos ou cercas.
• Após o transporte, alimento e água devem estar disponíveis.
• O transporte de ovos também requer alguns cuidados. Eles devem ser limpos e
embrulhados individualmente em panos ou em papel macio, colocados numa caixa ou
outro recipiente, com o lado da câmara de ar voltada para cima e transportado sob
temperatura de aproximadamente 15 a 18ºC. O transporte descuidado dos ovos pode
quebrá-los, ou causar deslocamento do embrião, levando a perdas por baixa
eclodibilidade.
Ao planejar a estrutura da propriedade, levar em consideração os cursos d’água, a
direção dos ventos e outras influências naturais. Esses fatores são importantes na
implantação de quebra-ventos, corredores entre piquetes, localização de abrigos, cochos
e bebedouros e melhor utilização de outras facilidades, como disponibilidade de água.
- Galpão e piquete de quarentena e manejo sanitário: o IBAMA e o Ministério da
Agricultura exigem uma área para quarentena dos animais introduzidos na propriedade.
Mesmo que a quarentena seja feita em outro local, é muito importante ter na propriedade
instalações para alojar animais vindos de outros criatórios, animais doentes da
propriedade e que estejam sob tratamento ou observação. Um ambulatório veterinário
onde possam ser realizadas pequenas cirurgias e algumas análises clínicas ou preparado
os materiais para encaminhamento para exames (fezes, sangue, animais mortos para
necropsia, por exemplo). Destina-se, portanto, a múltiplos usos. Deve possibilitar o
manejo, inspeção, tratamentos e outros atendimentos às aves com grande presteza e
rapidez.
- Incubatório: o incubatório deve ficar localizado distante dos animais jovens (recria) e
dos reprodutores, conforme as normas do Ministério da Agricultura. É formado por área
de recepção e estocagem dos ovos, incubação, nascimento e lavagem das bandejas.
Avestruzes em piquete de engorda
ALIMENTAÇÃO
Segundo GROEBBELS, 1932, as ratitas são consideradas animais onívoros. Os
avestruzes selvagens são consumidores oportunistas de alimentos, comendo uma grande
variedade de plantas, sementes, frutas, flores, brotos novos e insetos. Sendo nômades,
percorrem grandes distâncias a procura de alimento, freqüentemente agrupando-se
próximos a uma fonte de água ou comida. Praticam o coprofagismo (ingestão de fezes)
em todas as idades, devendo este hábito ser atentamente observado, pois, sabe-se que,
em caráter depravado, pode estar relacionado com stress de manejo e deve-se identificar
a causa do distúrbio, além do que as fezes podem ser uma fonte de contaminação.
Com a exploração comercial do avestruz, teve início em meados do século passado, uma
série de estudos e propostas de regimes alimentares para esta ave, conforme literatura
sul-africana. Entretanto, enquanto para outras espécies de aves para carne, tais como os
frangos e perus, as exigências nutricionais estão bem definidas, as informações sobre a
alimentação de avestruzes em cativeiro ainda estão em fase de intenso estudo. Na tabela
que segue, são apresentados os níveis de nutrientes das rações comerciais para
avestruzes disponíveis no mercado:
Tabela: níveis de nutrientes típicos de rações para avestruzes (segundo
MUIRHEAD, 1995):
INICIAL
CRECIM. / MANUT.
REPRODUÇÃO
Proteínas (%)
18 – 24
16 - 20
14 - 20
Fibras (%)
8 - 10
10 - 12
9 - 12
Gordura (%)
3–8
3-6
3-5
EM Kcal/Kg
2300 – 2600
2000 - 2400
2000 - 2300
Cálcio (%)
1,2 - 2,0
1,2 - 1,8
2,0 - 3,5
Fósforo (%)
0,9 - 1,2
0,85 - 1,2
1,0 - 1,2
FILHOTES
A alimentação vai depender do tipo de manejo e qualidade do pasto nos piquetes. Como
recomendação geral, pode ser utilizado o esquema apresentado a seguir:
• 0 a 45 dias: ração balanceada com 19% de proteína, oferecida a vontade, estando o
filhote com calor e iluminação artificiais. Iniciar a alimentação logo após o nascimento. A
prática de fornecimento de uma fonte de probiótico logo após o nascimento até duas
semanas de idade vem demonstrando uma excelente resposta quanto a redução da
mortalidade dos filhotes. A suplementação com verde picado em partes bem pequenas (2
a 3 mm), fornecido em quantidade a ser ingerida pelos filhotes em 15 minutos de
exposição, 3 vezes ao dia, de preferência da mesma espécie de forrageira encontrada no
piquete em que o avestruz será confinado após 45 dias de idade;
• 45 a 90 dias: ração balanceada oferecida a vontade e suplementada com o pasto do
piquete;
• Após 3 meses: fornecimento de ração de forma controlada, suplementada com feno
triturado de leguminosas, capim picado e pasto.
O acesso ao verde picado oferecido por 15 minutos, 3 vezes ao dia, até os 45 dias de
idade, ajuda a treinar os filhotes a pastar e ainda promover uma função intestinal sadia. O
limite sugerido de alimentos ricos em fibras longas é para que não venha a desequilibrar
seriamente a absorção de cálcio e fósforo. A alfafa, por exemplo, tem relação
cálcio/fósforo = 6:1. A redução nos níveis de proteína é necessária para evitar excessivo
ganho de peso nesta fase, o que pode contribuir para o aparecimento da síndrome do
entortamento das pernas (teoria), apesar de que atualmente, acredita-se que o
entortamento de pernas e o entortamento de dedos estejam relacionados mais com
questões de piso das instalações do que alimentação isoladamente.
Deverá ser oferecida, em todas as faixas etárias, granito ou pedrinhas (variando a
granulação de acordo com o tamanho da ave) para auxiliar na digestão. Não deve ser
utilizado farinha de ostras para não desequilibrar a relação Ca:P. Uma maneira prática de
se determinar a granulometria das pedrinhas para cada faixa de idade, basta calcular pela
metade do tamanho da unha do dedo da ave.
A recusa dos filhotes ao alimento ou à água pode ser superada através de uma das
seguintes técnicas:
• Introduzir filhotes mais velhos (duas a três semanas de idade) junto aos recémnascidos;
• Acrescentar alimento verde picado, como, por exemplo, o próprio pasto, grama,
espinafre, beldroega, couve ou alfafa ao alimento;
• Espalhar um punhado de ração no piso e ao redor do comedouro. Os filhotes preferem
a cor verde e não sabem comer nos comedouros. Aos poucos, reduzir a área com
alimento no chão para mais próximo do comedouro.
AVES COM MAIS DE TRÊS MESES:
É uma fase de crescimento muito rápida. O consumo de alimento é de 0,5Kg/dia as seis
semanas de idade, aumentando gradativamente até os 2Kg/dia, com ganhos em peso
variando de 100 a 400g/dia. Aproximadamente dos 14 aos 18 meses de idade, o avestruz
deve atingir o pleno desenvolvimento de seu corpo, sendo que, a partir daí, será
necessário alimento apenas para manutenção. Na tabela que segue, são apresentados os
valores médios de ingestão de alimentos e ganho em peso de avestruzes de 6 a 50
semanas de idade.
Tabela: valores médios de ganho de peso e ingestão de alimentos:
6
8
10
14
18
22
26
30
34
38
IDADE (SEMANAS)
5,9
11,3 16,1 28,6 40,4 51,5 61,2 71,2 79,4 86,2
PESO (Kg)
0,5
0,7
0,8
1,1
1,5
1,8
2,0
1,9
2,0
1,9
INGESTÃO (Kg/DIA)
0,27 0,34 0,45 0,41 0,38 0,34 0,34 0,30 0,25 0,18
G. PESO (Kg/DIA)
42
46
50
91,9
96,6
99,8
1,9
2,0
2,0
0,16
0,11
0,10
Na tabela seguinte, é verificado a média de altura do avestruz por idade.
Tabela: média de altura do avestruz por idade:
IDADE (MESES)
1
2
3
ALTURA (m)
0,5 a 0,7
0,65 a 1,2
0,9 a 1,65
4
1,0 a 1,8
5
1,4 a 2,0
6
1,75
Após atingir a maturidade sexual em aproximadamente dois anos, as aves reprodutoras
devem receber uma ração especial. As taxas alimentares exigidas dependerão das
condições de pastagem, mas, como uma orientação, os machos e as fêmeas que não
estão acasalando podem consumir aproximadamente 1 a 1,5 Kg de ração peletizada ao
dia, e as poedeiras até 2 a 3 Kg e livre acesso a um volumoso de qualidade. A ração deve
conter no máximo 16% de proteína. Recomendam-se pesagens periódicas para controle
do peso dos reprodutores, pois aves com excesso de gordura podem diminuir o
desempenho reprodutivo e também vir a morrer.
No final do período de postura, deve-se fazer a restrição alimentar. Trata-se da redução
do consumo de ração para níveis de até 0,5 Kg / ave / dia, mantendo o volumoso e água
sempre a vontade, desta forma, forçando uma redução no peso e conseqüente
desaceleração do metabolismo, encerrando definitivamente o período da postura. Esta
prática vem demonstrando bons resultados na questão da economia no consumo de
ração e a interrupção da postura no final da estação, pois, geralmente estes ovos
apresentam baixa eclodibilidade. Desta forma, poupamos o organismo da ave para o
próximo período de postura.
CONSELHOS ÚTEIS:
O controle da taxa de crescimento é essencial; o ganho excessivo de peso corporal é um
dos fatores para surgimento de problemas de entortamento das pernas nos avestruzes
jovens. Algumas restrições alimentares podem ser adotadas a partir de três semanas de
idade para reduzir o ganho de peso. Portanto, é necessário a pesagem periódica dos
filhotes com registro destas e de outras informações em fichas zootécnicas para auxiliar
no controle da alimentação e de todo o sistema de criação. O criador deve sempre:
• Fornecer água em quantidade e qualidade (um avestruz adulta chega a beber até 10
litros de água por dia);
• Manter o alimento fresco e os cochos limpos;
• Diminuir os desperdícios;
• Manter a suplementação da ração com fibras e pedriscos, a fim de assegurar função
digestiva sadia e apetite.
REPRODUÇÃO
Avestruzes selvagens podem não atingir a maturidade antes dos quatro anos.
Geralmente, as fêmeas em cativeiro, recebendo alimento de qualidade e em quantidades
adequadas, atingem a maturidade sexual em dois anos, enquanto os machos, na maioria
das vezes, levam mais tempo para atingir esta maturidade (2,5 a 3 anos de idade).
Em algumas regiões, a estação chuvosa dá início a estação de reprodução. No Sudeste
do Brasil, a postura inicia em Julho-Agosto. Embora o avestruz seja uma ave sazonal, não
é raro a fêmea pôr ovos durante todo o ano. A postura atinge o máximo na primavera
(Setembro a Dezembro, no Hemisfério Sul), e depois cai até Fevereiro, quando ocorre
pequeno pico de produção.
As últimas observações práticas e informações colhidas em propriedades de criadores no
Estado de São Paulo mostram que, apesar de as aves dependerem do fotoperíodo longo
e das altas temperaturas como estímulos externos para a ovoposição, elas vêm
procurando períodos de maior concentração de estiagens (dias secos).
Conseqüentemente, a concentração de ovos na região centro-sul do Brasil vem ocorrendo
principalmente de Junho a Novembro. Já, na região nordeste, algumas informações
apontam para uma maior postura de Dezembro a Maio, com mais locais incidentes de
aves com postura anual.
O macho e a fêmea podem acasalar duas ou três vezes diariamente. A fêmea põe um ovo
em dias alternados até completar 15 a 20 ovos. Após pequena pausa, de 7 a 10 dias, o
ciclo recomeçará. O peso médio do ovo é de 1100 a 1600g.
Uma fêmea saudável deve pôr durante cerca de 35 a 40 anos ou mais, e com produção
de 15 a 70 ovos por ano (nos primeiros anos a postura é menor, tendendo a aumentar
com a idade). Portanto, um avestruz é capaz de produzir cerca de 1600 ovos com
sobrevivência de 640 descendentes de um ano, enquanto que uma vaca de corte, no
máximo 8 a 12 bezerros durante a sua vida produtiva.
A esquerda, fêmea em posição para receber o macho; a direita, macho em estimulação.
Algumas aves podem botar até 120 ovos numa estação prolongada de postura.
Entretanto, alguns fazendeiros da África do Sul preferem interromper a postura destas
aves porque, segundo eles, os ovos mais tardios são menos férteis e na estação
seguinte, a produção total diminuirá. A média ideal seria de 60 a 70 ovos por ano com
uma interrupção de 60 a 90 dias entre os ciclos de postura. Este intervalo permitiria um
descanso para a ave e um número satisfatório de ovos na estação seguinte, com alta
percentagem de fertilidade.
Postura em ambiente selvagem.
Os machos e fêmeas devem ser separados 8 a 12 semanas antes do início da estação de
reprodução e submetidos a uma dieta nas duas últimas semanas previstas para o início
da reprodução, para redução do peso corporal. Os avestruzes gordas não têm bom
desempenho reprodutivo.
Como regra geral, o avestruz é acasalada aos pares, embora freqüentemente um macho
forte e vigoroso seja colocado com duas fêmeas (trio). Em áreas extensas, pode ser
adotado o sistema de colônias. "Como no Brasil, ainda não temos reprodutores com idade
superior a 10 anos, acredito que o pico de fertilidade de machos e fêmeas aconteça após
este período, quando muito mais machos atenderão mais que duas fêmeas, já que a vida
útil dos mesmos supera os 40 anos em cativeiro"(Matos, 1999).
PRODUÇÃO DE OVOS
MANEJO DOS OVOS:
A coleta dos ovos deve ser feita cuidadosamente e com freqüência para evitar
contaminação e danos físicos. Deve ser realizada logo após a fêmea deixar o ninho e a
película de mucina que envolve o ovo estar seca.
No momento da coleta deve-se utilizar luvas cirúrgicas ou saco plástico para evitar o
manuseio direto, o que pode contaminar o ovo. Devido ao formato arredondado do ovo do
avestruz, a posição da câmara de ar não pode ser determinada na ocasião da coleta,
portanto poderão ser transportados na posição horizontal.
Para verificar defeitos nos ovos, usa-se o ovoscópio, aparelho projetado para observação
da casca e do interior do ovo. Há vários modelos de ovoscópios, caseiros ou industriais,
inclusive um sofisticado sistema acoplado a uma câmera de vídeo:
• Trincas ou pequenas rachaduras que geralmente só são visíveis quando passados pelo
ovoscópio. Ovos de preços elevados com pequenos defeitos podem ser reparados com
esmalte de unhas ou cera de vela. Não é vantajoso reparar ovos com vazamento de
material, pois eles dificilmente eclodirão;
• Ovos velhos, com câmara de ar maior do que o normal e a gema densa;
• Ovos com manchas de sangue e coloração rosa-pálido na clara;
• Gemas múltiplas ou duplas, que embora possam ser férteis, raramente chocam;
• Massa escura, que é característica de ovo contaminado e que deve ser
cuidadosamente manipulado, pois corre o risco de estourar e contaminar o ambiente.
Ovoscópio
Qualquer ovo que apresente defeito antes ou durante a incubação deve ser removido
imediatamente. Deve-se ter especial cuidado com a origem dos ovos, pois manejo
inadequado dos ninhos e falhas no controle sanitário do plantel pode originar ovos com
altas taxas de contaminação por fungos e bactérias, que, além de reduzir a eclodibilidade,
resultam em morte dos filhotes nas primeiras semanas de vida. Os ovos contaminados
podem rapidamente espalhar as infecções para os sadios.
LIMPEZA DOS OVOS:
Qualquer método de limpeza removerá pelo menos um pouco do filme de mucina que
protege o ovo, tornando-o mais suscetível a contaminação ou infecção durante a
incubação.
Sujeira leve pode ser removida através de limpeza seca com uma lixa fina, tendo cuidado
para não esfregar excessivamente os ovos.
O ideal seria manter limpo o ninho e coletar os ovos freqüentemente para não ter ovos
sujos. A lavagem só deve ser efetuada quando absolutamente necessária e, neste caso,
utiliza-se água limpa e um desinfetante, observando-se as seguintes recomendações:
• Manter a temperatura da solução de lavagem 10ºC mais quente do que os ovos;
• Imersão total dos ovos na solução, procedendo-se a lavagem o mais rápido possível;
• Enxaguar numa segunda solução ainda não utilizada;
• Secar ao ar.
A solução apresentada a seguir é de custo reduzido e muito eficaz como desinfetante e
detergente tanto para lavagem dos ovos quanto para os equipamentos. Contém amônia
quaternária 250ppm e EDTA 10ppm, e pH 8,0, com adição de carbonato de sódio.
Solução estoque:
1. Amônia Quaternária 10%
2. EDTA 0,4% (sal dissódico ou cloreto de sódio)
3. Carbonato de Sódio 4,2%
75g/litro d’água
3g/litro d’água
32g/litro d’água
As soluções a serem utilizadas na limpeza dos ovos e equipamentos são preparadas com
a Solução Estoque e água, conforme diluições apresentadas a seguir:
• Lavagem dos ovos: use 20ml da solução estoque em 1 litro d’água;
• Lavagem dos equipamentos: use 40ml da solução estoque em 1 litro d’água.
Atualmente, em países como os Estados Unidos e Austrália, há disponibilidade de
soluções patenteadas para lavagem dos ovos. Um exemplo é o PARVOCID R, usado em
soluções de 10ml/litro d’água. Outro produto bastante eficiente para desinfecções, e de
caráter natural, é uma solução a base de Citrex a 3000ppm (princípio extraído de
sementes de laranja), a qual pode ser borrifada em toda a superfície dos ovos, sem risco
de comprometimento do embrião, atuando como agente bactericida e fungicida.
A fumigação pode ser feita com o gás formaldeído; porém, como ele potencialmente pode
causar câncer, torna-se obrigatório uma ventilação adequada no ambiente onde é
utilizado. A imersão dos ovos em antibiótico é uma prática que está se tornando
amplamente empregada e pode ser útil no controle de doenças, embora não seja um
substituto para a lavagem dos ovos. Uma solução recém preparada de mistura de
antibióticos vai penetrar no ovo, através dos poros da casca, podendo ser usada tanto em
tanque comum como a vácuo.
ARMAZENAGEM:
Os ovos podem ser armazenados com êxito por 5 a 10 dias, o que possibilita incubar de
uma só vez a postura de uma semana. A concentração do nascimento uma vez por
semana reduz as pressões de manejo.
Na sala de estocagem ou armazenagem ou câmara fria, a temperatura deverá ser de 15 a
18ºC e a umidade relativa mantida a 70 a 75%. Nas temperaturas superiores a 20ºC, o
embrião pode começar a desenvolver-se, sendo elevada a mortalidade quando cai a
temperatura.
Estocagem de ovos na câmara fria.
A sala de estocagem dos ovos deve ser arejada e provida com sistema de circulação de
ar para evitar o crescimento de fungos, que podem ser letais aos embriões em
desenvolvimento.
É recomendável viragem dos ovos pelo menos uma vez ao dia, durante a armazenagem
para evitar a aderência de seu conteúdo à casca.
As pessoas que manipulam os ovos devem lavar bem as mãos antes de cada contato
com eles, pois a higiene é fundamental durante todas as fases da operação. O ideal é que
usem luvas descartáveis. As mesmas, jamais devem ter contato com as aves e em
seguida manipular os ovos, pois correm o risco de contaminação.
Ovos estocados a temperaturas baixas não devem ser colocados diretamente dentro de
uma incubadora aquecida para evitar choque térmico. Recomenda-se o pré-aquecimento
que pode ser facilmente efetuado, transferindo-se os ovos da câmara fria para a sala de
incubação e expostos a temperatura ambiente por 8 a 12 horas, antes de serem
colocados na incubadora.
INCUBAÇÃO:
Recomenda-se incubar os ovos após pelo menos 24 horas de postura.
É muito importante realizar a desinfecção da incubadora antes de cada incubação.
Há divergências entre especialistas quanto a colocar os ovos na posição vertical com a
câmara de ar para cima ou horizontalmente. Pesquisas recentes indicam que os melhores
resultados com ovos de avestruz são obtidos quando na posição vertical e com inclinação
de 45 graus.
AZEREDO, 1992, relata a possibilidade de eclosão de até 100% quando ovos de ratitas
são incubados artificialmente.
Modelos de incubadora para ratitas; à esquerda, uma incubadora-nascedora alemã e à direita, uma
incubadora nacional.
A temperatura na incubadora deve ser de 35,5 a 36,7ºC (36,4°C). Umidade Relativa (UR)
de 20 a 45%, em função do peso, formato e número de poros na casca dos ovos, e
deverá ser regulada de acordo com a perda de peso dos ovos durante o período de
incubação. Quando há grande número de ovos com pesos e formatos diversos,
recomenda-se ter de três a quatro incubadoras com regulagens diferentes de umidade.
Semanalmente, os ovos serão pesados, e calculada a perda de peso que deverá ser de
12 a 17% (ideal 15%). Ovos com perda maior ou menor que estes valores devem ser
remanejados para incubadoras com maior ou menor umidade, conforme o caso. Em geral,
requerem umidade maior os ovos de formato alongado, leves e de maior porosidade (30 a
40% de UR), e menor umidade os ovos redondos, pesados e com menor número de
poros (20 a 22% de UR). Uma das formas de calcular a perda de peso é aplicando a
fórmula:
%PP = {[(PI-PD)/nD]/PI} . 36 . 100
Sendo:
• PP = perda de peso;
• PI = peso inicial, no dia do início da incubação;
• PD = peso no dia da pesagem;
• nD = número de dias do início da incubação até o dia da pesagem.
Umidade muito alta, geralmente resulta em alta porcentagem de não eclosão e pintos
maiores com aderências e sangue. Umidade baixa resulta em pintos muito pequenos,
fracos, elevada mortalidade na casca e câmara de ar muito grande.
O período de incubação dos ovos de avestruz é de aproximadamente 42 dias. Os ovos
devem ser virados pelo menos três vezes ao dia. A viragem deve ser interrompida
aproximadamente no 39º dia, quando o espaço da câmara de ar se encontrar bastante
aumentado e o avestruzinho tiver perfurado a membrana da câmara de ar, o que deve ser
determinado observando-se o ovo no ovoscópio. Nesta ocasião, os ovos são transferidos
para o nascedouro. Aproximadamente no 41º dia, o pintinho passa a ocupar quase o ovo
todo, perfurando a casca dentro de aproximadamente 24 horas. A ovoscopia, ou seja, a
observação do embrião dentro do ovo deve ser feita semanalmente até o 39º e
diariamente após, até a eclosão.
A observação sistemática dos ovos na incubadora é muito importante. Ovos inviáveis
podem adquirir tonalidade e temperatura diferentes, devendo ser descartados
prontamente, de modo a não prejudicarem os demais. Toda manipulação de ovos, viáveis
ou não, deve ser feita com cuidados de assepsia. Um ovo inviável é fonte de
contaminação para todos os outros e para a incubadora. Os ovos viáveis devem ser
poupados de substâncias contaminantes.
Ovoscopia: detalhe na parte superior da
câmara de ar e no lado direito a sombra
do embrião.
Fases de desenvolvimento do embrião.
Os filhotes de avestruz abrem caminho através da casca, que é relativamente resistente,
usando as pernas e os grandes dedos. É a diminuição do nível de oxigênio dentro do ovo
que faz com que o pintinho tenha convulsões e quebre a casca.
No 42º dia, o criador deve marcar aqueles ovos nos quais os filhotes já romperam a
membrana da casca; porém, não deve tentar ajudar os outros que ainda não o fizeram.
Ocorrem mais perdas de filhotes intervindo-se no processo de eclosão do que deixando
os ovos eclodirem naturalmente.
Ao final do 43º dia, uma pessoa qualificada deve examinar os ovos não eclodidos para
então decidir quando ajudar neste processo. O auxílio consiste em dar pancadinhas de
leve na parte superior até ouvir um som oco. Neste ponto, o operador cuidadosamente
quebra a casca, removendo-a para ver se o pintinho está em posição normal, com o bico
exatamente acima do dedo. Se estiver em posição normal, deve-se deixá-lo sair sozinho.
Se não, deve-se auxiliar na liberação do pintinho. BURNING & DOLENSEK, 1986, citam
que muitas pessoas ficam impacientes neste ponto e tentam descolar a casca e as
membranas do filhote. Ao fazer isto, deve-se tomar muito cuidado, pois vasos sangüíneos
podem se romper ou, perdendo a possibilidade de se esforçar, o filhote poderá não
absorver totalmente o saco vitelino e morrer depois.
Como parâmetro de melhoramento genético, deve-se anotar na ficha zootécnica da ave
quando a mesma for auxiliada no momento da eclosão e descartá-la da reprodução.
Etapas da eclosão.
Durante a eclosão, a umidade relativa deve deverá ser mantida, no mínimo, em torno de
80%. Se as membranas estiverem secando e aderindo ao filhote, os ovos devem ser
borrifados com um fino spray d’água. Ao contrário da maioria das aves que, girando seu
corpo vagarosamente dentro do ovo, desenham um círculo na ponta maior da casca até
abrir uma calota, empurrando-a depois para nascerem, as aves ratitas não fazem a
incisão circular. Após perfurarem a casca, os filhotes descansam um pouco, depois
esticam suas pernas poderosas e “explodem” para fora do ovo, deixando-o em pedaços.
Uma vez que eles tenham nascido, deve-se permitir que se enxuguem por algumas horas
numa estufa ou incubadora a 32,2ºC. Depois serão colocados num recinto onde não
possam distanciar-se muito de uma fonte de calor, geralmente uma resistência elétrica ou
uma campânula a gás, jamais lâmpadas. As lâmpadas alteram o ritmo circadiano das
avezinhas e podem provocar o surgimento de canibalismo. Criadeiras, cercados ou
caixotes de 1m por 1,5m podem ser empregados no cativeiro para este fim, devendo-se
tomar todo o cuidado em utilizar material apropriado para o piso dos locais onde se
encontram os filhotes, principalmente nos primeiros dias de vida. Nunca se devem utilizar
pisos lisos, para evitar escorregões e problemas com as pernas dos filhotes. Pisos
cobertos com areia e serragem são proibidos, pois, ao serem ingeridos pelos
avestruzinhos, provocam impactação e morte.
Logo após o nascimento e durante três dias seguintes, recomenda-se tratar o umbigo com
solução de álcool iodado para evitar infecções localizadas ou sistêmicas.
Saco da gema infeccionado; dentre as
possíveis causas, o não tratamento do
umbigo.
"Imediatamente após o nascimento, a administração por via oral de uma fonte probiótica
(iogurte natural, na quantidade de uma colher das de chá por ave, repetindo após por até
20 dias), vem demonstrando uma sensível redução no número de aves que morrem nos
primeiros dias de vida. Avestruzes precisam rapidamente povoar seu trato digestivo com
bactérias benéficas, o que lhes garantirá uma resistência maior contra as doenças que
podem ocorrer na fase inicial” (Matos, 2000). “Recentes práticas utilizando cupins
macerados, oferecidos logo após o nascimento, vem apresentando um excelente
resultado como agente probiótico” (Matos, 2004).
CRIAÇÃO DOS FILHOTES
Os filhotes podem sobreviver sem alimento e sem água por aproximadamente 6 a 10 dias,
dependendo das reservas do saco da gema; mas esta característica não deve ser
explorada na criação comercial, devendo fornecer água e alimento já no 1º dia de vida.
Durante este período, as aves são ensinadas a encontrar alimento e água que devem
estar acessíveis.
Filhotes com 7 dias de idade, transferidos para
o abrigo maternidade. Detalhe do cocho de
ração e da fonte de calor (campânula a gás).
O controle da temperatura ambiente é essencial para os filhotes jovens. Os mesmos tipos
de fontes de calor empregados na criação de aves domésticas podem ser utilizados. Se a
temperatura não está elevada o suficiente, o filhote ficará estressado e poderá sucumbir à
infecção respiratória. Para evitar superaquecimento, é necessário que os filhotes sejam
capazes de afastar da fonte de calor.
A água, fornecida a vontade e de boa qualidade são fatores de extrema importância na
criação. A falta da mesma causa desidratação, principalmente na fase inicial, quando a
temperatura interna das instalações é mais elevada por causa do aquecimento artificial
(cerca de 29ºC). Uma maneira de identificar a baixa hidratação em filhotes é “espichando”
a pele do pescoço, que no caso de uma ave hidratada deve retornar imediatamente, e,
em caso contrário, a mesma permanece esticada por alguns segundos.
Após a eclosão, os filhotes comem qualquer alimento macio e podem ser alimentados
com alfafa picadinha ou outro capim picado. O fornecimento de uma quantidade limitada
de alimentos verdes em pequenos intervalos, usualmente permitirá aos filhotes comê-los
antes que murchem.
A aparência das fezes e da urina dos filhotes usualmente indica seu estado de saúde. As
fezes devem ser macias, não muito secas ou granuladas como as de carneiro. A urina
deve ser aquosa (rala) e não pegajosa.
A cor da barriga é outra indicação de saúde. Ela deve ser amarelo cremoso.
Os filhotes devem ser pesados regularmente. A perda de peso inicial deve se estabilizar
em torno do 5º dia de vida, para depois iniciar um ganho de peso bem vagaroso.
O exercício é muito importante para o bem estar dos filhotes e, se o tempo permitir, devese deixar as aves no pátio externo à luz solar.
Em nível de manejo, é importante também agrupá-las de acordo com o tamanho e idade.
ALIMENTAÇÃO:
Em alguns casos, os filhotes não começam a comer. Para estimulá-los, é recomendável
colocar filhotes mais velhos juntamente com os filhotinhos e esparramar uns punhados de
ração em volta do comedouro. Em alguns criatórios, também usam-se coelhos ou cabritos
para estimularem os filhotes ao consumo de ração e também compensar a ausência dos
pais, que para os avestruzes é bastante influente.
A impactação proveniente de areia, pedregulho, cascalho ou vegetais, pode ser um
problema para os filhotinhos. Ela está relacionada a tendência do avestruz em ingerir
matéria estranha de seu ambiente. Há uma alta incidência de impactação em filhotes com
menos de duas semanas de idade, provocada pelo capim. Os filhotes com menos de 5
meses de idade, inclusive, não devem ficar em piquetes com árvores, pois eles apanham
galhos. Para evitar a impactação, o material usado no piso dos piquetes de criação deve
ser relativamente leve e fino. Práticas mais recentes apontam o uso de tela de sombrite
ou similar cobrindo toda a área do piquete, para impedir o consumo de materiais diversos
pelas aves jovens (até 90 – 100 dias de idade). Lembre-se que neste caso, deve-se
manter o fornecimento de uma fonte de volumoso para os filhotes.
No avestruz adulto, a impactação com areia e pedregulho (cascalho) é relativamente
comum. Para impactações com areia, sujeira ou alimento, o tratamento é feito, utilizandose eletrólitos orais e suplementação de energia. Para prevenir impactação por corpos
estranhos nas aves adultas, deve-se remover materiais estranhos dos piquetes, como
pedaços de arames.
Excluindo a ingestão de materiais brilhantes, prego, etc., está provado que o maior fator
para a impactação por capins, areia e outros produtos normais nas instalações, ou seja, o
consumo excessivo destes produtos seria um distúrbio na alimentação provocado por
situações de stress.
Para estimulação do desenvolvimento normal dos filhotes, é fundamental que eles tenham
um espaço adequado no qual possam se exercitar. Nas savanas, os filhotes com menos
de três meses de idade viajam 8 a 30 quilômetros por dia seguindo seus pais.
Empregar pais adotivos para motivar o exercício dos filhotes causa menos stress do que
quando estes são forçados pelos proprietários das aves a se exercitarem. Na África do
Sul, pais adotivos são usados para ajudar a criar os filhotes e assegurar exercício
apropriado. Geralmente, as aves escolhidas como pais adotivos são mais velhas, dóceis,
de fácil manejo e não ficam estressadas facilmente. Os filhotes mais velhos também
tendem a ajudar os filhotes mais jovens introduzidos no rebanho.
Os filhotes se acostumam com o tratador, reconhecendo o mesmo com um semelhante
da sua espécie (memória por impressão), principalmente quando os filhotes nascem em
cativeiro e não tiveram contato com animais adultos. Neste caso, observou-se que os
filhotes ficam piando, principalmente a noite, sentindo a falta do tratador. Alguns estudos
mostram que, mantendo um macacão do tratador, pendurado dentro do abrigo
maternidade, transferem segurança às avezinhas, reduzindo o stress durante a noite.
Um macacão do tratador pendurado na
forma de um “espantalho” parece
reduzir o stress dos filhotes pela
ausência do pai adotivo. Foto tirada em
criatório na África do Sul.
SEXAGEM:
Usualmente, o sexo dos filhotes é determinado aos três ou quatro meses de idade. Para
facilitar a localização dos órgãos da ave dentro da cloaca, sem que seja necessária sua
inversão, pode-se considerar o posicionamento conforme os ponteiros de um relógio.
Com a ajuda de um assistente segurando a ave, que está normalmente em pé, o
operador introduz o dedo indicador dentro da cloaca e passa o dedo na posição de 5 ao 9
do relógio. Se a ave for fêmea, uma protuberância uniforme carnuda e macia, do tamanho
de uma semente de ervilha, será percebido na posição de 6 horas. A protuberância é o
clitóris. Se a ave for macho, um órgão firme e cartilaginoso será percebido na posição de
7 horas. O órgão é o falo (pênis) que mede em torno de 2cm de comprimento, aos quatro
meses de idade.
Na técnica da sexgem pela reversão da cloaca, o pênis do macho geralmente projeta-se
para fora, e curva-se para cima. Este método é mais fácil de ser executado em aves mais
novas, nas primeiras semanas de vida, com acurácia de 90%, quando realizado por
pessoas com certa prática, repetindo-se o exame aos 3 meses de idade para confirmação
da sexagem.
Sexagem de um filhote com cerca de 5 dias de
idade; observe pela reversão da cloaca a exposição
do falo (pênis), confirmando o sexo (macho).
Freqüentemente, o sexo das aves com nove ou mais meses de idade, pode ser
determinado pela observação dos atos de urinar e defecar, pois o pênis aparece ao
desempenhar tais funções.
Existe também disponível no mercado Norte Americano um método de sexagem pelo
DNA através de amostra de sangue.
Ao contrário de outras aves, no avestruz, as fezes e a urina são separadas.
MARCAÇÃO:
Os avestruzes podem ser marcadas por métodos provisórios e definitivos. Um método de
marcação revolucionário é através da microchipagem, que consiste na implantação de um
microchip no músculo da cabeça da ave, padronizando do lado esquerdo (feito no dia do
nascimento), ou na cauda (feito em qualquer idade), o qual é reconhecido por um leitor,
que informa a numeração do chip daquele animal. Este número, que nunca se repete, é a
identidade da ave, onde através de planilhas de controle zootécnico (informatizadas ou
não), fazemos o acompanhamento do manejo do animal sempre que necessário. Algumas
vantagens do método podem ser citadas: facilidade de uso do sistema; marcação
permanente, com baixíssimo risco de perder o chip (a vida-útil da bateria do chip é de
cerca de 20 anos); fácil identificação em caso de roubo de um animal. O custo do uso
deste método de marcação talvez viabilize apenas para animais reprodutores, mas,
apesar de inicialmente ser caro (cerca de US$ 400.00 um leitor e cerca de US$ 10.00 um
microchip), se encarado como custo fixo, a amortização anual é bastante baixa.
À esquerda, foto detalhando o músculo da cabeça, hipertrofiado, logo nas primeiras horas de
vida, momento mais adequado para a implantação do microchip; à direita, tratadora fazendo a
leitura do microchip já implantado no filhote.
O Ministério da Agricultura determina que todos os animais exóticos introduzidos no Brasil
venham microchipados da sua origem. O avestruz importada enquadra-se nesta
determinação.
Outro método de marcação, e, certamente mais barato que o anteriormente citado, é a
marcação com brinco de bovinos inserido na pele do pescoço, perto da base, o qual tem
registrado um número que identifica o animal. Pode ser usado de duas cores diferentes,
para distinção de machos e fêmeas. Dê preferência ao uso de brincos com tonalidade
mais opaca, e não use o vermelho e nem o amarelo vivo. Uma grande vantagem deste
método é o custo, e uma desvantagem é a chance de ficar mal colocado e cair
posteriormente. Já se encontra no mercado brincos especiais para avestruzes (cuidado
com a cor dos brincos, pois os fabricantes desconhecem este detalhe) e cintas para
serem usadas acima da articulação da “canela”.
O uso de fitas adesivas coloridas nas pernas dos animais seria um método de marcação
provisório, com a intenção de identificar um animal em terapia, por exemplo, ou
convalescente, etc.
FICHAS ZOOTÉCNICAS OU DE CONTROLE:
O uso de fichas de controle visam acompanhar o desenvolvimento dos avestruzes, além
de registrar seu desenvolvimento ponderal e histórico veterinário. Existem vários modelos
de fichas, as quais também podem ser criadas pelo fazendeiro, além de poder utilizar os
recursos da informática e de possíveis programas de controle de planteis de avestruzes
que podem ser desenvolvidos ou já existentes no mercado.
CUIDADOS MÉDICOS
“Consulte sempre um médico veterinário especializado para um correto diagnóstico”
CONTENÇÃO:
A contenção manual de ratitas é potencialmente perigosa, tanto para o tratador como para
o animal. As aves ratitas reagem rapidamente quando se sentem ameaçadas e
freqüentemente pulam e esperneiam, dando coices violentos para frente. As unhas e os
dedos tornam-se então armas formidáveis, portanto o pessoal deve ser orientado a reagir
apropriadamente.
Os avestruzes jovens podem ser apanhadas segurando as pernas firmemente e elevando
a ave acima do chão. No caso de animais adultos, a cabeça é apanhada e imediatamente
encapuzada, para que a visão do animal seja bloqueada. O capuz pode ser feito com um
pano escuro ou uma meia grossa, com elástico na extremidade mais larga e um orifício na
extremidade oposta para o bico. Um gancho de manejo pode auxiliar a colocação do
capuz e a condução da ave. Uma vez tendo a sua visão bloqueada, a ave sentir-se-á
completamente dominada, podendo ser conduzida, agarrando-se suas asas e fazendo-se
alguma pressão para baixo, para impedir que ela pule, especialmente quando passar de
um tipo de piso para outro tipo com textura diferente.
Uma pressão maior e contínua fará com que a ave se assente gradualmente. Deve-se
lembrar que o avestruz não consegue chutar para os lados ou para trás. A dificuldade só
existe quando se permite que a ave pule ou caia sobre um dos lados. Em todas as
situações de contenção manual, deve-se instruir todos os auxiliares para que ajam de
maneira coordenada, rápida e tranqüila. Deve-se ter todo empenho em não estressar os
animais.
Nunca se deve amarrar um avestruz para o transporte. O esforço violento da ave para se
libertar acaba provocando lesões graves. A solução ideal consiste utilizar caixotes
individuais de madeira ou madeirite, no tamanho da ave, com furos para a ventilação. O
fundo destes caixotes pode ser revestido com capim seco. Os caixotes podem ser
acondicionados em engradados, na carroceria de um caminhão ou caminhonete, jamais
em caminhões-baú, em que a temperatura sobe demasiadamente e a ventilação é
insatisfatória. O transporte deve ser feito na parte mais fresca do dia ou à noite.
A utilização de drogas tranqüilizantes como os benzodiazepínicos (Diazepam, Valium,
etc., na dose de 5 a 10mg/Kg de peso corporal) pode ser de grande valia para diminuir o
stress dos animais durante o transporte.
A administração intramuscular de hidrocloreto de ketamina, 25 a 50mg/Kg de peso
corpóreo, e uma combinação de hidrocloreto de tiletamina e hidrocloreto de zolazepam, 2
a 5 mg/Kg de peso corporal, têm sido utilizados em ratitas, principalmente para captura,
algumas vezes utilizando-se dardos e pistolas. As aves geralmente se acalmam com
doses menores e desmontam com doses maiores. O uso de ketamina isoladamente pode
provocar efeito paradoxal com doses baixas, ou seja, a ave pode ficar excitada. MENDES,
1990, comenta que em geral, a contenção química pode facilitar a movimentação de
ratitas para dentro de gaiolas ou caixas de transporte, mas produz muitos problemas
quando usada em dosagens maiores para imobilização total.
ANESTESIA:
O halotano é um agente satisfatório para produzir anestesia geral em ratitas. A dificuldade
primária ocorre durante a indução ou recuperação, quando as aves precisam ser contidas
para prevenir danos. O processo de indução por respiração na máscara precisa ser
cuidadosamente observado porque o padrão de respiração rápida da ave estressada
poderá resultar em rápida depressão.
Uma vez que a ave tiver atravessado o período de indução, um tubo endotraqueal poderá
ser facilmente passado e a anestesia mantida indefinidamente. Todas as espécies de
aves irão experimentar quedas bruscas de temperatura corpórea, especialmente durante
procedimentos prolongados. É recomendável que se isole o animal ou se providencie
alguma fonte externa de calor para ajudar a manter a temperatura. Em algumas poucas
situações, leituras cloacais de 34,5 a 35ºC, foram observadas durante procedimentos de
uma a duas horas, sem que as aves desenvolvessem complicações pós-operatórias.
Em aves previamente imobilizadas com hidrocloreto de ketamina a 25mg/Kg, via
intramuscular, a ketamina dada via venosa pode produzir anestesia adequada em doses
de 5 a 10mg/Kg. Doses adicionais de 5mg/Kg são requeridas a intervalos de 10 a 15
minutos para manter uma profundidade adequada de anestesia.
DOENÇAS:
Quando se consideram as doenças de qualquer espécie de ave, é importante lembrar que
algumas aves especiais podem desenvolver doenças infecciosas semelhantes àquelas
encontradas em aves domésticas. A única diferença parece residir na incidência de uma
determinada doença em uma dada espécie.
• Rinites: acredita-se que a causa seja o Haemophilus gallinarum, embora possam
ocorrer infecções mistas. Sinais clínicos incluem um balançar da cabeça e uma descarga
nasal clara ou purulenta.
As aves infectadas estarão alertas, porém freqüentemente alimentam-se menos e perdem
peso. Esta condição é mais predominante nas aves com menos de um ano de idade e
sujeitas a stress proveniente do clima frio ou de superpopulação. Sinusite, conjuntivite e
saculite aérea são vistas freqüentemente como extensões das infecções riníticas. A
infecção é usualmente complicada com infecções secundárias por micoplasma ou fungos
resistentes à terapia. Um edema abaixo e anteriormente aos olhos, incluindo as
pálpebras, e uma descarga copiosa de um ou ambos os olhos e das narinas são os sinais
primários da sinusite. Um som chocalhante na expiração, quando as aves são forçadas a
se mover também pode ser observado.
• Aspergilose: enquanto a maioria dos animais expiram ar saturado de vapor d’água, o
avestruz reduz a umidade relativa do seu ar expirado a 85%. Essa adaptação única para
sobrevivência num meio árido pode ser uma desvantagem para os criadores de avestruz
em áreas de umidade relativa alta. O fungo Aspergillus sp se beneficia o ambiente
quente e úmido para o seu ótimo desenvolvimento. O mecanismo trapping para apanhar
água, no avestruz localiza-se nos seios nasais e pode fornecer ambiente ideal para a
incubação
dos
esporos
do
Aspergillus.
O Aspergillus sp tem sido reportado como causa comum das doenças respiratórias de
muitas aves. Em aves jovens, ele causa alta mortalidade e em aves adultas, a infecção
usualmente é esporádica. O diagnóstico ante-mortem é difícil. Para o tratamento,
recomenda-se o uso de antifúngicos utilizados normalmente em outras espécies aviárias.
• Candidíase (sapinho, monilíase): O agente causal desta condição é o fungo
Candida albicans. O organismo é facilmente identificado numa preparação de exsudato
oral montado em meio líquido. O sinal clínico mais característico é uma pseudomembrana
amarelada que se forma na mucosa oral. Em casos mais avançados, deformidades no
bico são observadas devido a necrose extensa da parte superior. As aves afetadas
apresentam crescimento inadequado e depauperação e podem estar apáticas. Se algum
material alimentar estiver ocluindo as lesões, poderá ser facilmente removido para revelar
a membrana amarelada. Antibioticoterapia prévia pode promover o desenvolvimento
desta doença, mas casos de aparecimento espontâneo são muito comuns. As lesões
orais devem ser limpas, retirando-se os debris necróticos e tratadas três vezes ao dia com
nistatina líquida pediátrica (100.000 unidades). Loções de tiabendazol e anfotericina
também tem sido usado com sucesso comparável.
Recentemente, o ketoconazol tem sido usado com sucesso em doses de 6mg/Kg de peso
corporal, duas vezes ao dia, em infecções que envolvem a orofaringe.
• Doenças bacterianas: são causadas por Escherichia coli, Salmonella sp, Klebsiella
sp, Clostridium sp, e outros agentes que levam principalmente a quadros de enterite. É
listado abaixo, alguns antibióticos testados em ratitas, com suas respectivas dosagens,
vias de aplicação e intervalo entre doses.
ANTIBIÓTICO
Ampicilina, triidratado (1)
Cefalotina (2)
Cefalexina (3)
Tilosin (4)
Legenda:
VIA
IM
IM
PO
IM
DOSE
15 a 20mg/Kg de PV
100mg/Kg de PV
35mg/Kg de PV
25mg/Kg de PV
IM = intramuscular
PO = oral
(1);(2);(3) - Bush et al., 1979;
(4) - Locke et al., 1982.
INTERVALO ENTRE DOSES (HORAS)
12
6
6
8
Experiências práticas mais recentes mostram um bom resultado terapêutico com o uso de
Enrofloxacina ou Norfloxacina para controle de E. coli, principalmente, na dose de 1g do
produto comercial por 5 litros de água por 3 dias.
Quando o uso do antibiótico é inevitável, associar ao tratamento, pelo mesmo tempo,
iogurte natural misturado com levedura de cerveja para o restabelecimento da flora
intestinal (colocar 1 colher de sopa de iogurte e 3 comprimidos macerados de levedura
por litro de água no último trato do dia).
• Doenças virais: a única doença viral relatada é a Bouba Aviária, embora as ratitas
sejam provavelmente suscetíveis a outros vírus de aves, como o Myxovirus e Aerovirus,
atingindo avestruzes de todas as idades. Alguns autores têm relatado infecções de
avestruzes com o vírus da doença de Newcastle (Kloppel, 1963; Corrado, 1966; Samberg
et al.,1989).
• Doenças Parasitárias: causadas por protozoários, nematóides, trematóides, cestóides
e ectoparasitas, responsáveis por muitas perdas no plantel. Na África do Sul,
principalmente as aves jovens costumam ser infestadas por tênia (Houttuynia
struthionis) que provoca a morte dos animais de forma extremamente dolorosa.
O malation (organofosforado) de 1 a 4% em pó tem sido usado para controlar piolhos
(BURNING & DOLENSEK,1986), tratando-se todas as aves em um determinado grupo,
pois estes parasitas passam todo seu ciclo vital no hospedeiro. A desvantagem do
tratamento com o malation é a elevada toxidez desta substância, que pode levar algumas
aves ao óbito. Com Bolfo (metil-carbamato) em pó, aplicado sob as asas, os piolhos
podem ser facilmente controlados. Aves vizinhas de outras espécies precisam ser
examinadas ou tratadas se o problema persistir. Outros inseticidas como carbaril
(carbamato) tem sido usados em aves domésticas com resultados igualmente
satisfatórios.
Ovos dos endoparasitos das superfamílias Ascaridoidea e Strongiloidea são mais
usualmente observados em testes simples de flutuação de fezes de ratitas. Os filhotes
das aves parecem ser mais sensíveis às infestações, em comparação aos adultos.
Corretas medidas de higiene, manejo adequado e vermifugação regular são fundamentais
na prevenção deste problema. Tratamento com piperazina de 50 a 100mg/Kg para
ascarídeos e tiabendazol ou mebendazol, a 50mg/Kg e 15mg/Kg, respectivamente, são
efetivos contra strongilídeos.
Esta terapia deve ser repetida após 15 dias, com controle posterior do tratamento, pelo
exame de fezes. A fim de proporcionar uma distribuição mais homogênea do vermífugo,
quando administrado a um grupo de aves, é recomendável pulverizar a dose total, diluída
em água, sobre o alimento a ser fornecido. Neste momento é interessante que as aves
estejam em jejum, para que a quantidade de alimento fornecida como veículo para o
vermífugo seja totalmente consumida.
O uso do Ivermectin no controle de endo e ectoparasitas em avestruzes já começou no
Brasil, mas demanda ainda de muito estudo. Sabe-se da sua eficácia contra a maioria dos
ectoparasitas artrópodes e com relação aos endoparasitas sua ação é eficaz contra os
nematóides. Sabe-se também que cestóides e trematóides não são afetados por esta
droga. O ivermectin é um útil produto no tratamento de parasitas de aves, mas deve ser
diluído precisamente antes da sua administração. Recomenda-se a dosagem de
200mcg/Kg de peso vivo, aplicado via subcutânea.
É importante ressaltar uma vez mais o papel desempenhado pelas medidas de higiene
dos tratadores (uso de botas, macacões limpos, pedilúvios, restrição ao acesso de
veículos e pessoas estranhas), pelo rodízio dos piquetes e recintos e sua desinfecção
regular com desinfetantes (tipo hipoclorito de sódio a 1%, formaldeído ou formalina) ou
com fogo (queimadas controladas nos pastos e lança-chamas nos recintos), na prevenção
das verminoses e de outras doenças.
A coccidiose, em todas as espécies aviárias, é encontrada primariamente em aves jovens
ou em aves mais velhas, vivendo sob condições sanitárias inadequadas e
superpopulação. O tratamento consiste no uso de sulfas ou amprolium e melhorias
sanitárias.
Vacinação: Até o ano de 2004, o Ministério da Agricultura ainda não publicara um
programa de vacinação para avestruzes. Devido a este fato, e também à prática, que até
agora não registrou nenhum caso de doença nesses animais, passível de vacinação.
Então, a recomendação até este momento é NÃO VACINAR.
DOENÇAS NÃO INFECCIOSAS:
• As aves ratitas são afligidas pela diástese úrica (gota) de maneira semelhante à vista
em outras espécies de aves.
• Corpos estranhos: é quase impossível executar uma necrópsia em uma ratita adulta e
não encontrar corpos estranhos (vidro, pregos moedas, pedras ou outros materiais) no
seu compartimento estomacal musculoso. Estes materiais agem como um abrasivo para
possibilitar ao animal a quebra de materiais alimentares mais grosseiros. Em ratitas
adultas, entretanto, ocasionalmente um corpo estranho poderá se alojar no trato intestinal
e criar uma impactação. Objetos pontiagudos podem perfurar qualquer porção do trato
gastrointestinal e isto freqüentemente leva a morte por peritonite. O diagnóstico de
impactação ou perfuração em ratitas adultas raramente é feita em espécimes vivos,
embora o diagnóstico radiográfico seja possível. Cirurgia para remoção do material
ofensivo tem sido tentada em algumas aves, porém a maioria morre no pós-operatório,
por peritonite ou choque. Corpos metálicos estranhos são uma fonte potencial de
envenenamento por metais pesados em avestruzes. Em algumas áreas dos EUA, altos
níveis de metais pesados e microelementos foram encontrados em avestruzes. Os
sintomas reportados incluem anorexia, depressão e falta de coordenação. Algumas aves
morreram. Os filhotes bicam e engolem toda a sorte de materiais durante suas primeiras
semanas de vida É melhor mantê-los sobre um substrato simples (não derrapante!) até
que tenham estabelecido seus hábitos alimentares e reconheçam a comida.
Conforme descrito anteriormente, capins secos com folhas longas prestam-se bem como
forro para o chão ou cama. Uma introdução gradual de novos materiais para cama,
juntamente com observação rigorosa, poderá ser feito para diminuir a ingestão de material
estranho. Pequenas impactações em filhotes causadas por areia, pedregulhos ou
materiais de cama podem ser aliviadas pela administração de óleo mineral com um
cateter gástrico, provavelmente devido ao aumento do peristaltismo provocado pelo óleo.
Gravetos ou grandes acúmulos de pedregulhos só podem ser removidos cirurgicamente.
A ingestão de objetos metálicos pode ser um perigo real, particularmente em ambientes
confinados. Foi verificado que o estômago glandular de aves doentes ou mortas
continham até 1Kg de fragmentos metálicos, além de areia, vidro e alumínio. Objetos
comuns recuperados incluem: unhas, parafusos, porcas de parafusos, pinos arames,
grampos, pregos, pedaços de solda, fragmentos de baterias, moedas e peças de chumbo.
Os criadores devem posicionar suas instalações cuidadosamente e procurar minimizar o
acesso das aves a objetos metálicos, além de fazer uma minuciosa vistoria nas
instalações e piquetes após suas construções e repetir periodicamente.
• Fraqueza nas pernas ou Síndrome do entortamento das pernas: a fraqueza nas
pernas é um problema nos avestruzes jovens em crescimento, particularmente aqueles
com idade abaixo de quatro meses. Esta fraqueza pode ser causada ou se desenvolver a
partir de uma série de fatores, atuando sozinhos ou combinados. Para aves brandamente
afetadas, deve-se restringir a alimentação. As aves severamente afetadas raramente se
recuperam e o melhor neste caso é a eliminação. As causas prováveis para os
problemas nas pernas são:
1. Qualidade genética ruim ou endogamia (consangüinidade);
2. Excesso de alimentação, especialmente dietas ricas em proteínas e pobres em
fibras;
3. Crescimento rápido de filhotes criados em fazendas (freqüentemente duas vezes
o das aves selvagens);
4. Desequilíbrio na relação cálcio: fósforo;
5. Falta de exercícios;
6. Stress;
7. Dietas muito energéticas;
8. Doenças infecciosas.
O crescimento rápido pode ser prevenido pela restrição alimentar.
• FRATURAS: fraturas dos segmentos superior ou inferior do bico requerem uma fixação
rígida por quatro a seis semanas. Pode-se empregar uma combinação de suturas
metálicas e materiais plásticos como metacrilato de metil, com bons resultados. As asas
das ratitas não são necessariamente para locomoção, portanto a fixação ou amarração da
asa junto ao corpo numa posição natural quase sempre resulta numa união satisfatória
em três ou quatro semanas. Fraturas de ossos longos envolvendo as pernas são quase
sempre associadas a danos extensos aos tecidos moles. A natureza emocional das
ratitas, aliada à alavancagem e poder de suas pernas fragmenta o osso e o dirige através
da pele. Estes mesmos fatores fazem o reparo difícil em aves adultas e a eutanásia é
quase sempre recomendável para prevenir sofrimentos adicionais. Ocasionalmente, a
consolidação óssea pode ser tentada, mas o stress físico sobre o osso e sua textura
pobre ou os materiais de fixação utilizados tornam a recuperação improvável, mas não
impossível.
• PATOLOGIA CLÍNICA: amostras de sangue podem ser obtidas pela punção das
artérias ou veias braquiais - radiais ou ulnares, ou da veia jugular (muitas ratitas têm
somente uma jugular), com agulhas nº 20 ou 22. O tamanho relativamente grande da ave
adulta permite a coleta de amostras grandes, portanto uma variedade de testes pode ser
executada. Em filhotes, as amostras limitam-se a 2ml. Os valores de hemoglobina em
ratitas saudáveis geralmente variam de 10 a 14mg/dl e o hematócrito entre 35 a 45%.
Contagens de leucócitos elevadas devido a presença de doenças infecciosas estão
usualmente entre 7.000 a 14.000/mm3; cerca da metade das células são heterófilos e a
maioria das restantes são linfócitos. Valores bioquímicos séricos normais para ratitas
encontram-se na tabela abaixo:
COMPONENTE
Bilirrubina
Cálcio
Creatinina
Colesterol
Glicose
Fosfatase alcalina
Proteínas séricas
Ácido úrico
Sódio
Potássio
SGOT
SGPT
VALORES NORMAIS (mg/dl)
0,1 - 0,3
10,0 - 14,0
0,4 - 0,8
100 - 200
150 - 200
3 - 3000
3,6 - 4,6g/dl (25% de albumina)
4 - 15
130 - 145
3,5 - 4,5
90 - 150 (unidades SF)
6 - 15 (unidades SF)
Fonte: BURNING & DOLENSEK, 1986.
• FARMÁCIA: esta relação é uma sugestão de produtos para compor uma pequena
farmácia para atender ocorrências emergências. Obviamente a mesma pode ser
equipada com maior número de produtos. Mas lembre-se: uma criação saudável se faz
com um bom manejo, com boa alimentação e boa genética, e não com uma boa
farmácia.
ALGUNS MEDICAMENTOS IMPORTANTES:
• Ampicilina veterinária;
• Flotril:
• Azium;
• Vitamina A-D-E;
• Terramicina;
• Nujol;
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Ungüento Pearson;
Ringer Lactato;
Eletrolítico ou Enerstid;
Glicopan ou Amisol.
MATERIAIS
• Algodão;
Violeta Genciana;
Álcool;
Álcool iodado ou Iodo;
Água Oxigenada;
Sal;
Açúcar;
Fita crepe de fralda (várias
cores);
Atadura elástica;
Seringas de 5ml e 10ml;
Seringas de insulina;
Agulhas;
Esparadrapo;
Seringa de 20ml, acoplada a
um garrote para fornecer soro.
• Gaze;
PRODUTOS DO AVESTRUZ
• PRODUÇÃO DE CARNE: o avestruz é abatida entre os 10 e 12 meses de idade em
abatedouros especializados; porém, também podem ser usados abatedouros para
bovinos, adaptados.
Antes do abate, as penas são cortadas e, em seguida, é feita a sangria após
atordoamento elétrico. A fim de maximizar o aproveitamento das penas, do couro do
corpo e das pernas, foram desenvolvidas tecnologias para o abate e esfola da avestruz. O
processo exige retirada cuidadosa da pele, com técnica apurada.
Um avestruz bem desenvolvida, com idade de 10 a 12 meses fornece entre 34 a 41Kg de
carne. A carne das pernas e filé das coxas são processados separados e o resto da
carcaça, em sua maioria, é usado para carnes processadas (hambúrgueres e embutidos)
ou para carne seca. Os órgãos internos são usados para patês e farinha de carne.
Carcaça Limpa
Tabela: Aproveitamento da carne do animal abatido (14 meses de idade):
TIPO DE CORTE
PESO (Kg)
% DA CARCAÇA
Filé mignon
3,5
11,7
Bife
6,3
21,0
Biltong (presunto)
9,7
32,3
Carne de segunda
10,5
35,0
Na África do Sul, o charque constitui o mercado principal para a maior parte da carcaça
do avestruz. As carnes de primeira são exportadas para a Europa, especialmente para a
Suíça e, em menor volume, para França e Alemanha. A Suíça tem potencial para
consumir de 10 a 20 toneladas da carne por mês.
A produção brasileira de avestruz para ser exportada para a Europa terá que atender as
exigências da CEE. Atualmente, devido ao problema da “doença da vaca louca
(Encefalopatia Bovina Espongiforme)”, estar teoricamente atribuída a animais que
ingeriram rações cuja composição continha proteína de origem animal, e a rastreabilidade
das carnes, o estrutiocultor deve preocupar-se quanto a origem das rações fornecidas, a
fim de viabilizar a produção de carne e derivados para a exportação. Provavelmente,
maior volume de exportação seria de carnes processadas, por ex., salsichas,
hambúrgueres e almôndegas. Na Europa, os preços reportados para a carne de avestruz
variam de US$ 13.00 a US$ 27.00 por quilo. Na África do Sul, onde os produtos de carne
de avestruz são mais baratos, os preços de venda do charque são de US$ 10.00 a US$
12.00 o quilo (US$ 3.00 a US$ 4.00 por quilo em “in natura”) e nos EUA, variam de US$
17.00 a US$ 29.00 o quilo, dependendo do tipo de corte.
Tabela: Comparação entre o valor de diferentes carnes (dados europeus)
ESPÉCIE
PREÇO DA CARNE (US$/Kg)
Bovino
8.00
Suíno
4.67
Peru
3.33
Avestruz
13.33
A carne do avestruz é muito saborosa. Apresenta coloração avermelhada, assemelhandose muito com a carne bovina, fator positivo quanto a aceitação da mesma, principalmente
pelo mercado interno. Considerando a tendência mundial em buscar fontes de proteína
mais saudáveis em razão do sedentarismo do homem e o aumento da sua expectativa de
vida, a carne de avestruz apresenta na sua composição baixos níveis de colesterol,
gorduras, calorias e sódio, quando comparada com outras carnes. Observe a tabela
abaixo:
Tabela: Composição química média e valor calórico de diversas carnes (por 85g):
ANIMAL
CALORIAS(KCal) PROTEÍNAS(g) LIPÍDIOS(g) COLESTEROL(mg)
Bovino
240
23,0
15,0
77
Suíno
275
24,0
19,0
84
Frango
140
27,0
3,0
73
Peru
135
25,0
3,0
59
AVESTRUZ
97
22,0
2,0
58
Fonte: Nutritiva vale of. foz USA - 1995
À esquerda, carne crua; à direita, carne preparada.
PRODUÇÃO DE COURO:
O Couro de todo o corpo do avestruz, exceto cabeça, dedos dos pés e ponta das asas é
aproveitado. Um avestruz com 12 meses produz de 0,9 a 1,1 m² de couro.
No mercado internacional, o preço do couro de avestruz é de US$ 110.00 a US$ 320.00
por m² (cerca de US$ 200.00 por pele) para o produtor. O valor da pele curtida é de US$
400.00 a US$ 800.00, enquanto o valor do couro processado é de US$ 500.00 a US$
6,000. 00.
O couro é resistente, macio, fácil de extrair e de tingir, e possui marcas características do
implante das penas (folículos), o que é muito valorizado. A pele das pernas parece
escamosa e assemelha-se ao couro de répteis. Com as peles são fabricados sapatos,
cintos, carteiras, bolsas, pastas e pequenas peças de vestuário como coletes e almofadas
para os ombros. Marcas famosas como Gucci, Christian Dior e outras usam couro de
avestruz.
O couro do African Black é mais valorizado quando comparado com o couro de um animal
Blue ou Red Neck, devido ao maior numero de folículos inseridos na peça principalmente
nas costas
É difícil estimar a demanda por couros de avestruz; porém, segundo informações, o
potencial seria de 300 mil a 750 mil peles por ano.
Os principais mercados são os EUA, Japão, Itália, França, Alemanha, Inglaterra, África do
Sul e alguns países da Ásia. O International Leather Guide (Guia Internacional Para o
Couro - 1991) lista 40 curtumes de couro de avestruz entre os USA, África do Sul, Itália,
França, Japão, Reino Unido e outros países. No Brasil, o IPT de Franca, SP, dispõe de
tecnologia de curtição de peles de avestruz. Atualmente, já dispomos de curtumes
especializados no tratamento do couro de avestruz.
Couro de avestruz curtido
• PENAS:
O avestruz é famoso por causa de suas penas. O adulto pode produzir penas de
excelente qualidade por 40 anos ou mais, desde que receba cuidados apropriados. No
entanto, as melhores penas são produzidas por avestruzes de 3 a 12 anos de idade. As
mais valiosas são aquelas penas longas, largas e completamente simétricas. As penas
estão maduras para coleta aos 8 meses.
Quando se faz a retirada, deve-se deixar uma camada de penas na parte superior do
animal para evitar queimaduras de sol. Separam-se bem as plumas a arrancar, puxando
com movimento de zíper. Arrancam-se em média 4 camadas de plumas. Arrancam-se
também as penas da parte de trás das coxas. Na região da cauda, as penas são retiradas
individualmente. Só arranca-se as penas que apresentam o cálamo bem maduro, pois se
arrancado quando “verde”, causa dor e sangramento no animal. Arranca-se as plumas
abaixo das brancas para deixá-las bem expostas. As penas brancas são cortadas,
verificando se estão bem maduras. Geralmente consegue-se 3 produções a cada 2 anos.
Há 200 tipos de classificação de penas, sendo as principais:
• Brancas (da asa do macho);
• Pretas (da asa do macho);
• Ornamentais (da extremidade da asa);
• Feminas (da asa da fêmea);
• Pardas (da asa da fêmea);
• Penugem (de baixo das asas);
• Caudas (das caudas do macho e da fêmea).
Tabela: classificação e valor das plumas:
TIPO
MEDIDAS(cm)
Macho branca
50 - 76
Fêmea
50 - 76
Cinza “Drabs”
13 - 56
Pretas
23 - 50
Peitorais
23 - 50
Cauda
25 - 40
COR
Branca
Branca
Cinza
Preta
Preta e branca
Bege
VALOR (US$/Kg)
167.00
87.00
35.00
43.00
43.00
27.00
Em média obtém-se 1 a 2Kg de plumas/animal/ano. A áfrica do Sul é o maior produtor de
plumas do mundo exportando anualmente cerca de 400 toneladas, sendo o Brasil o maior
importador absorvendo cerca de 20% da produção mundial.
As penas brancas são as mais procuradas porque tingem bem, embora as cinzas e as
pretas possam ser alvejadas. O preço das penas brancas de melhor qualidade é de US$
80.00 a US$ 90.00 por quilo para o produtor, e as de qualidade secundária US$ 40.00 por
quilo. As penas de excelente qualidade são exportadas para a Europa e América e as
penas pequenas são usadas para fabricar espanadores, leques e enfeites. As indústrias
automobilísticas utilizam equipamentos produzidos com plumas de avestruz para limpar
as chapas dos carros antes de serem pintadas. As indústrias de computadores (hardware)
utilizam “espanadores” para limpar as placas antes de serem montadas.
Dados de 1993 mostram que o Brasil importou 8 toneladas de plumas só da África do Sul.
No ano de 2000, a Associação das Escolas de Samba do Rio de Janeiro importou 25
toneladas de plumas para serem usadas nas fantasias de carnaval.
À esquerda, detalhe da inserção das plumas na asa do avestruz; a direita, espanadores confeccionados com plumas de avestruz.
• OUTROS PRODUTOS DO AVESTRUZ: ovos inteiros e quebrados, unhas e bicos para
artesanato; gordura abdominal, para a produção de cosméticos; cílios, para a
fabricação de cílios postiços; estudos para o emprego das córneas do avestruz em
transplantes humanos.
MERCADO
Para início da discussão das questões mercadológicas da estrutiocultura, podemos citar
algumas vantagens e desvantagens da criação:
VANTAGENS:
•
•
•
•
•
•
Sensibilidade do consumidor a carnes alternativas mais saudáveis;
Grandes extensões de terra;
Mão de obra disponível;
Tradição no tratamento e utilização de couros;
Tradição Agropecuária;
Condições ambientais favoráveis.
DESVANTAGENS:
•
•
•
•
Investimentos altos;
Inicialmente demanda a importação de muitos animais;
Falta de experiência técnica;
Carência no suporte da criação (rações, equipamentos, etc.).
O mercado da criação de avestruz não foge muito à regra do início de uma atividade
zootécnica em um país, como a própria história revela: os EUA começaram a criar
avestruzes por volta de 1975 e somente 20 anos depois iniciou-se o abate naquele país.
Na Itália cria-se avestruzes desde 1979 e só recentemente montou-se um abatedouro
naquele país.
Acompanhando a evolução mercadológica, dividimos em duas fases:
• 1º Fase (Breeding phase), caracterizada pela comercialização de reprodutores, onde o
valor agregado do animal é elevado, inviabilizando o seu abate. Dependendo da
intensidade da criação, esta fase dura cerca de 10 anos ou mais.
Tabela: média de preços nas diversas regiões dos Estados Unidos:
REPRODUTOR
AVESTRUZ MACHO
0 a 3 meses
US$ 300.00
4 a 9 meses
US$ 200.00
Acima de 12 meses (par)
US$ 1,000. 00
2 anos (par)
US$ 4,000. 00
Reprodutores (par)
US$ 5,000. 00
Ovos Férteis: de US$ 70.00 a US$ 125.00
AVESTRUZ FÊMEA
US$ 450.00
US$ 500.00
US$ 3,000. 00
US$ 5,000. 00
US$ 12,000. 00
Fonte: Ratite Markplace, fev. 1996.
• 2º Fase (commercial phase), caracterizada pela comercialização de animais para o
consumo. O numero de animais disponíveis, agora é elevado, reduzindo o seu valor de
mercado como reprodutor, viabilizando a sua exploração no abate.
Tabela: preços da carne de avestruz, vendida no atacado: * **
BAIXO
MÉDIO
US$ 10.45
US$ 13.40
ALTO
US$ 16.00
* aves classificadas no Grau 1 (EUA): saudáveis, sem medicação, sem defeitos visíveis, com peso entre 191 e 300lb.
** preço não inclui o transporte, taxas e outros gastos.
Fonte: The Ostrich News, fev. 1996.
PRODUTIVIDADE:
Por se tratar de atividade nova no Brasil, os parâmetros apresentados a seguir se
baseiam em literatura norte americana, ou seja, valores médios obtidos para a
produtividade de avestruzes criados nos EUA.
Tabela: Produtividade média verificada nas fazendas de avestruzes nos EUA:
Período de vida produtivo
35 a 40 anos
Esperança de vida
70 anos
Porcentagem de reposição por ano
3%
Número de ovos férteis/ave/ano
40
Porcentagem de pintos nascidos por ovos férteis
50%
Número de pintos com 30 dias por fêmea
18
Porcentagem de perdas de 1 a 6 meses
16%
Número médio de avestruzes de ano/fêmea/ano
14
Fonte: JOBES, 1995
A tabela a seguir, mostra a comparação da produtividade entre o Bovino e o Avestruz:
ESPÉCIE
GESTAÇÃO /
INCUBAÇÃO
TEMPO DE
ENGORDA
ANIMAIS ABATIDOS
/ FÊMEA / ANO
CARNE
COURO
PLUMAS
BOVINA
AVESTRUZ
9 meses
42 dias
2 a 3 anos
1 ano
1 bezerro
20 a 30 aves
240Kg
750Kg
3m²
30m²
30Kg
INVESTIMENTOS:
Será mostrado um exemplo de investimento para a criação de 15 casais para a produção
e comercialização de filhotes de 3 meses, 6 meses, 1 ano e animais para abate. É
importante lembrar que em função da região e origem dos equipamentos, poderá haver
algumas distorções nos valores, o qual deve ser visto apenas como exemplo para
pesquisa. Antes de iniciar a atividade, o criador deve refazer os cálculos, adaptando-os
para a sua realidade regional, ou consultar um técnico especializado para auxiliá-lo
(planilha de custo em anexo).
POTENCIALIDADE DO MERCADO:
Avaliando o consumo de carne bovina no Brasil, que hoje é estimada pelo Sindicato da
Indústria da carne e derivados em 4,9 milhões de toneladas por ano, façamos uma
previsão de participação de 1% da carne de avestruz no mercado interno, o que significa
49 mil toneladas por ano. Se cada avestruz abatido fornecer em média 30Kg de carne,
seria então necessário um abate anual de 1,64 milhões de aves. Para este potencial de
produtividade, necessitaríamos formar um rebanho de 117.143 fêmeas, totalizando
234.286 reprodutores (cálculo com base em uma produção de 14 avestruzes de ano por
fêmea por ano). Considerando que, até Junho de 2001, o efetivo nacional chegava
próximo a 30.000 aves, o mercado da venda de aves jovens para reprodução é bastante
favorável.
Tabela: Potencialidade do mercado para avestruz (consumo interno):
ESPÉCIE
CONSUMO DE CARNE
(Ton./ano).
CARNE / ANIMAL
(Kg)
Nº DE FÊMEAS
REBANHO
BOVINO
AVESTRUZ
4,9 milhões
49 mil
240
30
55 mil
110 mil
LEGISLAÇÃO
Toda Legislação Nacional, pertinente a atividade (regulamentação da
criação), é encontrada na Internet, nas páginas do IBAMA e Ministério da
Agricultura:
• MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA
LEGAL. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS RENOVÁVEIS. PORTARIA Nº 36, DE 15 DE MARÇO 2002:
http://www.ibama.gov.br/fauna/legislacao/port_36_02.pdf
MINISTÉRIO DA ADGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO
GABINETE DO MINISTRO
• MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. INSTRUÇÃO
NORMATIVA No. 004, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1998:
http://oc4j.agricultura.gov.br/agrolegis/do/consultaLei?op=viewTextual&codigo=1763
ABINETE DO MINISTRO
• INSTRUÇÃO NORMATIVA CONJUNTA Nº 2, DE 21 DE FEVEREIRO DE 2003:
http://oc4j.agricultura.gov.br/agrolegis/do/consultaLei?op=viewTextual&codigo=3273
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O potencial de criação e as tendências mundiais fazem da exploração do avestruz uma
alternativa rentável para os criadores brasileiros. É importante dar continuidade a um
trabalho sério de difusão de tecnologia a fim de suprir a demanda por tecnologia e
equipamentos adequados para os animais. A pesquisa é necessária, pois apesar das
condições nacionais serem favoráveis, a situação de criação é bastante diferente quando
comparado com os outros países. É necessário uma atenção maior para a alimentação,
programa sanitário, incubação, melhoramento genético, fertilidade, etc., ou seja, manter
alta qualidade para alcançar também o mercado internacional.
“O anseio de todo o setor se vê realizado, com o decreto de 15/03 do IBAMA, que
classifica o avestruz como animal doméstico. A criação de avestruzes, com isto passa a
ser controlada pelo ministério da agricultura, com status de animal de produção
zootécnica. A estrutiocultura, sem duvida ganhara grande impulsão comercial”(revista
struthio & cultura 08/2002).
A criação de cooperativas de criadores de avestruzes facilitaria bastante as condições de
compra de animais, insumos, e obtenção de tecnologia, principalmente para os pequenos
criadores. Infelizmente, muitos brasileiros ainda não estão maduros suficiente para
adotarem esta política de trabalho.
ANEXO
ASSOCIAÇÕES:
American Ostrich Association (AOA)
3950 Fossil Creek Boulevard - Suite 200
Fort Worth, TX 76137 USA
Phone: 001 817 232-1200
Internet: http://www.ostrich.net/aoa/meatfax.html
International Ostrich Association
P. O. Box 50015
Austin, TX 78763 USA
Phone: 001 512 473-2909
Ontario Raite Association (ORA)
26 Camden Place, Kitchener ON N2B1P8
Canada
Phone: 001 519 579-0188
ACAB – Associação dos Criadores de Avestruzes do Brasil
www.acab.org.br
IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
www.ibama.gov.br
Ministério da Agricultura
www.agricultura.gov.br
REVISTAS:
The Ostrich News
P. O. Box 860
Cache, OK 73527 USA
Phone: 001 405 429-3765
Ratite Marketplace
P. O. Box 1613, Boxie, TX 76230 USA
Phone: 001 817 872-6189
Fax:
001 817 872-3559
[email protected]
http://www.luk.net/ratite/index.html
Struthio & Cultura – A revista nacional do avestruz
www.struthio.com.br
LITERATURA NACIONAL:
GIANNONI, Miriam Luz: EMAS E AVESTRUZES - Uma Alternativa para o produtor rural.
Jaboticabal: FUNEP, 1996.
HUCHZERMEYER, F. W.: DOENÇAS DE AVESTRUZES E OUTRAS RATITAS.
Jaboticabal: FUNEP, 2000; Trad. Miriam Luz Giannoni.
LITERATURA ESTRANGEIRA:
OSTRICH FARM MANAGEMENT - Andreas Kreibich, Mathias Sommer;
LANDWIRTSLHAFTSZERLAG GMBH MÜNSTER - HILTRUP
Onde adquirir:
Ostriches on line
2218 N 75th. Ave., Elmwood Park
Illinois, USA, 60707
Phone : 001 708 452 7596
Fax
: 001 708 452 7510
Email : [email protected]
Internet : http://www.ostrichesonline.com
MATERIAL APOSTILADO ELABORADO POR:
PAULO CESAR MELO MATOS
Engenheiro Agrônomo - CREA/SP: 5060198211
CONTATOS:
(12) 9719-0618
[email protected] [email protected]
PAULO CESAR MELO MATOS,
Engenheiro Agrônomo formado
pela Universidade de Taubaté há 10 anos. Professor, Empresário e Consultor
Técnico na área de Produção Animal, atuante na estrutiocultura desde 1997,
desenvolvendo projetos para implantação da atividade em propriedades de
pequeno e grande porte. Sempre inovador na criação de avestruzes, difunde
tecnologias desenvolvidas em propriedades nacionais e busca também aprimorar
seus conhecimentos através de grandes técnicos estrangeiros, como em cursos
ministrados pelo alemão PhD em medicina veterinária, Dr. Fritz Huchzermeyer, um
dos maiores conhecedores sobre doenças e comportamento de avestruzes da
África do Sul.
PLANILHA DE CUSTO (SIMULAÇÃO).