Analise de Luvas de Proteção Usadas no Corte Manual da Cana

Transcrição

Analise de Luvas de Proteção Usadas no Corte Manual da Cana
Fundacentro
Centro Técnico Nacional
Serviço de Ergonomia
Análise de luvas de proteção usadas no corte manual da
cana-de-açúcar
São Paulo/SP
Maio de 2011
Fundacentro
Centro Técnico Nacional
Serviço de Ergonomia
Análise de luvas de proteção usadas no corte manual da
cana-de-açúcar
Cristiane Queiroz Barbeiro Lima
Maria Cristina Gonzaga
São Paulo/SP
Maio de 2011
Agradecimentos
Agradecemos aos trabalhadores e trabalhadoras que gentilmente se dispuseram
a serem entrevistados.
Agradecemos à Federação dos Trabalhadores Rurais da Agricultura do Estado
de São Paulo (FETAESP), ao Sindicato de Trabalhadores Rurais de Regente Feijó, de
Itapetininga, de Araras, à Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de
Goiás (FETAEG) e ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Helena por terem
viabilizado a execução do presente estudo.
Agradecemos às empresas por ter permitido que chegássemos até os
trabalhadores.
Agradecemos à auditora fiscal da Superintendência Regional do Trabalho e
Emprego de Goiás, Jacqueline Ramos Silva Carrijo, por ter gentilmente apoiado a
execução do estudo em Goiás.
Agradecemos à colaboração do estatístico Marco Antonio Bussacos, do
Serviço de Estatística e Epidemiologia do Centro Técnico Nacional da Fundacentro, e
do engenheiro Luis Carlos Faleiros Freitas, do Laboratório de Calçados e Produtos de
Proteção/Centro Tecnológico da Indústria da Moda do Instituto de Pesquisa
Tecnológica (IPT) de Franca – SP.
Agradecemos à colaboração de Bianca Rocha Alcantara, Mariana Camino
Castro e Lucas Frizo, estagiários da Coordenação de Saúde do Trabalho.
Agradecemos à colaboração do Serviço de Publicações da FUNDACENTRO,
pela revisão gramatical executada.
Agradecemos à colaboração do Serviço de Documentação e Biblioteca da
FUNDACENTRO pela normalização documentária.
Sumário
Apresentação .................................................................................................................... 1
Resumo ............................................................................................................................. 2
1. Introdução..................................................................................................................... 3
2. O trabalho no corte manual da cana ............................................................................. 6
3. Antecedentes históricos ................................................................................................ 8
4. Equipamentos de proteção individual – da fabricação à utilização............................ 10
4.1 Fabricação de EPI.................................................................................................... 12
4.2 Normas de ensaio para aprovação de EPI – luvas de proteção ................................ 14
4.2.1 Norma para luvas de proteção – requisitos gerais – Norma EN 420:2003 –
General requirements for gloves .................................................................................... 15
4.2.2 Norma para luvas de proteção contra riscos mecânicos – Norma EN 388:2003 –
Protective gloves against mechanical ............................................................................ 15
4.2.3 Norma de proteção para luvas em malha de aço - ISO 13999:1999 - Protective
Clothing – Gloves and arm guards protecting against cuts and stabs by hand knives –
Part 1 e 2 (2003)............................................................................................................. 16
4.3 Utilização dos EPI .................................................................................................... 17
5. Acidentes do trabalho envolvendo mãos no corte manual da cana ............................ 19
6. Situação atual das luvas utilizadas na atividade de corte manual da cana ................. 23
6.1 Método de pesquisa ................................................................................................. 23
6.2 Perfil da população estudada ................................................................................... 24
6.3 Descrições das luvas fornecidas .............................................................................. 25
6.4 Gerenciamento das luvas ......................................................................................... 32
6.5 Durabilidade das luvas............................................................................................. 34
6.5.1 Problemas relacionados ao uso de luvas em processo de desgaste ...................... 36
6.6 Certificados de Aprovação, níveis de proteção e os acidentes de trabalho ............. 37
6.7 Avaliação qualitativa das luvas de proteção utilizadas no corte manual da cana-deaçúcar.............................................................................................................................. 42
6.7.1. Luva de proteção de CA 15109 e de CA 10441 utilizadas na Usina A................ 40
6.7.2. Luva de proteção de CA 20368 utilizada nas Usinas B e C ................................. 41
6.7.3. Luva de proteção de CA 14205 utilizada na Usina D .......................................... 44
6.7.4. Luva de proteção de CA 17452 utilizada na Usina E........................................... 45
6.7.5. Luvas de proteção utilizadas na Usina F: CA 16906; CA 20854; CA 6536 ........ 47
7. Variabilidade entre o tamanho das mãos.................................................................... 55
8. O uso do facão ............................................................................................................ 60
9. Considerações finais ................................................................................................... 63
9.1 Recomendações dos trabalhadores .......................................................................... 63
9.2 Recomendações gerais............................................................................................. 64
10. Conclusão ................................................................................................................. 65
Referências ..................................................................................................................... 67
Anexo A – NR 6 – Equipamento dep roteção individual - EPI...................................... 67
Anexo B – Portaria nº 121, de 30 de setembro de 2009 ................................................. 84
Apêndice A – Questionário trabalhadores(as)................................................................ 97
Apêndice B – Questionário empresa ............................................................................ 102
Índice de Quadros
Quadro 1 Estados da Federação com o maior nº de acidentes de trabalho registrados em
2008 por Comunicação de Acidente de Trabalho e Nexo Técnico Epidemiológico...... 20
Quadro 2 Perfil da população estudada quanto à idade, sexo, lado dominante e tempo
de atividade..................................................................................................................... 24
Quadro 3 Gerenciamento das luvas ............................................................................... 33
Quadro 4 Durabilidade das luvas analisadas ................................................................. 34
Quadro 5 Luvas de proteção e seus respectivos níveis de proteção .............................. 38
Quadro 6 Determinação do tamanho das mãos ............................................................. 56
Quadro 7 Variáveis antropométricas e suas respectivas descrições .............................. 57
Quadro 8 Medições do comprimento da mão e perímetro da mão no polegar (cm) ..... 59
Quadro 9 Medições do Comprimento e perímetro da mão no Metacarpo (cm)............ 59
Índice de Figuras
Figura 1 Luva Crilicana Antiderrapante – CA 15109 e Luva Crilicana com cabo para
mão da cana – CA 10441................................................................................................ 26
Figura 2 Luva Dublatex – CA 20368 ............................................................................ 27
Figura 3 Luva Dublatex 01 – CA 14205 ....................................................................... 28
Figura 4 Luvas de Segurança com CA 17452 – mão da cana e mão do facão.............. 29
Figura 5 Luva de proteção para a mão do facão – CA 16906 e CA 20854................... 30
Figura 6 Luva de proteção para a mão da cana – CA 6536, CA 20 854, CA 10572..... 31
Figura 7 Luva de proteção para a mão do facão – CA 6536, CA 16906, CA 10572 .... 31
Figura 8 A utilização de luva em desgaste .................................................................... 36
Figura 9 Demonstração da forma de apresentação dos níveis de proteção referentes aos
riscos mecânicos conforme previstos na BS EN 388:2003 – Protective gloves against
mechanical - Luvas de proteção contra riscos mecânicos.............................................. 37
Figura 10 Fio de aço solto na luva com CA 14205 ....................................................... 48
Figura 11 Tamanho inadequado – luva com CA 17452................................................ 55
Figura 12 Porcentagem de trabalhadores que modificam o cabo do facão ................... 60
Figura 13 Porcentagem de trabalhadores que modificam a lâmina do facão ................ 61
Figura 14 Cabos do facão modificados ......................................................................... 62
Apresentação
Este relatório é resultado do projeto “Análise das Luvas de Proteção Canavieiras”
iniciado em 2009. Surge a partir de duas preocupações: a primeira é a de acompanhar a
evolução tecnológica dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) utilizados no
corte manual da cana-de-açúcar, em especial, das luvas. A segunda diz respeito à forma
com que se admite o uso do EPI, ou seja, como instrumento eliminador total dos danos
à saúde oriundos das diversas situações de trabalho, na maioria das vezes admitindo a
eliminação da condição de insalubridade na atividade de trabalho. E essa certeza de
eliminação da insalubridade se dá por um certificado de aprovação, o CA. Não há a
compreensão de que, quando um trabalhador usa o EPI, necessita colocar algo diferente
em seu corpo, dentro ou em contato com seus ouvidos, sobre o seu nariz e sua boca,
bem como em suas mãos, pés e cabeça e está sujeito a uma carga maior de trabalho.
Exige, ainda, mais atenção e maior esforço para comunicação, para respiração e para
sua movimentação. O EPI que necessita ser usado de forma rotineira e durante horas
dentro da jornada de trabalho sempre será um fardo, mesmo que esteja minimizando as
possibilidades de danos à saúde do trabalhador. Ressalta-se que o uso do EPI é
obrigatório ao trabalhador mesmo que, na prática, no cotidiano real, dificilmente este
tenha o controle sobre sua seleção, sua especificação e sua reposição.
1
Resumo
O presente estudo partiu de pesquisas anteriores a respeito do uso de luvas de proteção
no corte manual da cana–de-açúcar. Analisa o processo de certificação de aprovação
deste EPI, discutindo a problemática do distanciamento de normas de ensaios para
fabricação de equipamentos de proteção, que desconsideram os usuários e a atividade a
ser exercida. Foi desenvolvido em seis empresas, envolvendo 165 trabalhadores.
Destaca a importância do reconhecimento da variabilidade entre os tamanhos das mãos
no momento da seleção e aquisição de luvas de proteção, bem como enfatiza o número
de acidentes e doenças ocupacionais registrados na atividade envolvendo mãos,
justificando a relevância de seu uso. Na oportunidade, observou-se como a principal
ferramenta de trabalho – o facão – é estrategicamente readaptada pelos trabalhadores
para efetivamente ser utilizada com eficiência no processo produtivo. Apresenta
sugestões elaboradas pelos trabalhadores para aperfeiçoamento das luvas e do facão. À
guisa de conclusão, apresenta desafios em reconhecer e discutir as dificuldades e
limitações do uso de EPI e do sistema de certificação.
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1. Introdução
O arsenal de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) utilizado para proteger
os trabalhadores no corte manual da cana-de-açúcar não tem atendido às expectativas de
segurança como se espera, em especial ao que diz respeito às luvas de proteção.
Os trabalhadores são lesionados com o uso das luvas, o que provoca dor e
sofrimento, principalmente pelo fato de que a manutenção do emprego está
condicionada ao uso destes equipamentos.
O estudo de Neto et al. (1989) sobre facão e luvas de proteção utilizadas no corte
manual da cana-de-açúcar identificou que a luva de proteção causa ferimentos, pois,
durante o processo, a cana é queimada, depositando cinzas; essas cinzas, em contato
com a sacarose e a água, formam uma mistura que, em contato com as luvas de raspa,
penetram na pele das mãos. Este processo produz descamações, fissuras e dermatites
nas mãos. O facão também contribui para o aparecimento de lesões nas mãos, pois
geralmente o cabo de madeira não tem uma boa aderência na mão com a luva de raspa.
Armstrong (1985) e Buchoholz, Frederick e Armstrong (1988) descreveram que
o peso e a forma de pega da ferramenta, o tamanho, a superfície de atrito e a espessura
do material com o qual são confeccionadas as luvas têm influência na força de preensão.
Em análise coletiva do trabalho realizada no corte manual da cana-de-açúcar
(FERREIRA et al., 1998, p. 32), destacam-se as estratégias utilizadas pelos
trabalhadores para se protegerem das luvas: “[...] quando emborrachei o cabo do facão,
amenizou um pouco o problema para o uso da luva. Cortei uma faixa de pneu de
bicicleta e enrolei no cabo. Foi quando parece que segurou mais, aí [minha mão] parou
de rachar [...]”.
A comparação de algumas habilidades entre mão nua e mão com luvas
demonstrou que a força de preensão com a mão nua é excelente, já com a mão enluvada
é ruim, o mesmo ocorrendo com a destreza e a habilidade de manipulação
(MURALIDHAR et al. ,1999).
Em pesquisa realizada pela Fundacentro em 2004 junto ao Sindicato dos
Empregados Rurais de Araraquara e a uma agroindústria do setor canavieiro do Estado
de São Paulo, observou-se que todos os EPI utilizados no corte manual da cana-deaçúcar apresentavam problemas, tais como: luvas sem aderência ao cabo do facão,
óculos que inviabilizam a visão, perneiras que feriam os joelhos e sapatos de segurança
que machucavam os pés (GONZAGA, 2004).
3
Os problemas relacionados às ineficiências dos equipamentos de proteção são
também apontados por Veiga et al. (2007), que avaliaram o uso de EPI na aplicação de
agrotóxicos na cultura do tomate e constataram o desconforto térmico, principalmente
nos dias quentes, e o embaçamento das máscaras faciais pela respiração. Discutem a
possibilidade dos EPI apresentarem lacunas funcionais no projeto, na concepção, no
uso, na manutenção, no armazenamento e no descarte. Destacam a falta de análises
antropométricas dos usuários na fase de concepção e a inevitável inadequação dos
equipamentos, as luvas de proteção com folgas excessivas e as mangas de camisas que
deixavam o punho descoberto.
Garrigou et al. (2008), discutindo a norma que avalia a permeabilidade de
vestuários de proteção contra agentes químicos líquidos, baseada na norma europeia EN
14605, colocam que: “o problema com essas roupas é que elas são projetadas para
proteger contra substâncias específicas, quando em situações de trabalho real, os
produtos fitossanitários utilizados são muitas vezes misturados, isto é, as preparações
contem várias substâncias”. Os ensaios de permeabilidade propostos pela norma são
realizados com produtos puros.
Em depoimento à Pastoral do Migrante os trabalhadores relatam as dificuldades
diárias entre o trabalho prescrito e o real:
No treinamento antes da safra, eles disseram que quando a luva, da mão que
abraça a cana estiver sem o arame, você tem que trocar, pois se ocorrer um
acidente você perde seus direitos pelo fato de não ter trocado a luva, mas,
quando você vai pedir a troca, mandam esperar mais um tempo. Quem ganha
com isso? (FACCIOLI et al, 2009, p.20).
No Brasil, a condição para que um EPI seja comercializado legalmente é a
obtenção do Certificado de Aprovação (CA), emitido pelo Ministério do Trabalho e
Emprego. Mas perante a realidade encontrada, o que significa este certificado e até que
medida assegura a proteção do trabalhador em situação real de trabalho?
O presente estudo analisa o processo de certificação de aprovação de luvas de
proteção, desenvolvendo a problemática do distanciamento entre normas de ensaios
para fabricação de equipamentos de proteção e as reais necessidades dos usuários
perante a atividade exercida. Destaca a importância do reconhecimento da variabilidade
entre os tamanhos das mãos no momento da seleção e aquisição de luvas de proteção,
bem como enfatiza o número de acidentes e doenças ocupacionais registrado na
atividade envolvendo mãos, justificando a relevância do uso das mesmas.
4
Na oportunidade, observa-se como a principal ferramenta de trabalho – o facão –
, que é adquirida pela empresa, é readaptada pelos trabalhadores para efetivamente ser
utilizada com eficiência.
A
análise
apresenta
sugestões
elaboradas
pelos
trabalhadores
para
aperfeiçoamento das luvas e do facão.
À guisa de conclusão, apresentam-se desafios em reconhecer, discutir e rever as
dificuldades e limitações do uso de EPI. Pretende também contribuir com o
aperfeiçoamento
dos
equipamentos
de
proteção
individual
utilizados
pelos
trabalhadores, assim como com o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as
Condições de Trabalho na Cana-de-açúcar. Este acordo tripartite foi coordenado pela
Secretaria Geral da Presidência da República e assinado em 2009. Os trabalhadores
foram representados pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
(CONTAG) e a Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo
(FERAESP); os empresários, pelo Fórum Nacional Sucroenergético e pela União da
Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (UNICA); e o Governo Federal, pela
Secretaria-Geral e Casa Civil da Presidência da República e ainda pelos Ministérios do
Trabalho e Emprego (MTE), Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA),
Desenvolvimento Agrário (MDA), Educação (MEC) e Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS).
No presente texto, as palavras dos cortadores, quando reproduzidas literalmente ,
aparecem entre aspas.
5
2. O trabalho no corte manual da cana
O espaço de trabalho dos cortadores de cana é o canavial. Ferreira et al., (1998,
p. 13) descrevem as seguintes características:
Um canavial é dividido em talhões e cada talhão é composto por linhas de
cana plantadas em paralelo, o espaçamento entre as linhas formam as ruas,
que variam de acordo com a topografia do terreno, o tipo de solo, a variedade
de canas, o tipo de corte – manual ou mecanizado. As linhas de cana
agrupadas formam o eito, no Estado de São Paulo o eito é formado por 5 ruas
de cana, esse é o espaço de trabalho de cada trabalhador, ou seja, o
trabalhador tem 1 eito a ser cortado num dia de trabalho. O corte manual da
cana é uma atividade executada ao ar livre, portanto está sujeita ao calor
intenso, a chuva, aos raios, aos animais peçonhentos, etc.
Esse trabalho é composto basicamente de quatro tarefas. Munido de um facão
afiado, o cortador deve: (1) cortar a cana; (2) despontar a cana; (3) limpar o eito da cana
já cortada; (4) organizar a cana cortada na terceira rua do eito.
De acordo com Gonzaga (2001), estas tarefas são previamente definidas pela
empresa, que faz exigências para atender ao Sistema de Gestão de Qualidade Total –
ISO 9002, por exemplo:
1. O corte deve ser rente ao solo;
2. O desponte deve ser feito no último gomo da cana;
3. A leira (cana cortada organizada em linha reta) deve ser feita na terceira
rua do eito e ficar limpa em todo o seu comprimento, com no mínimo 50
cm de cada lado livre de palhas.
Essas exigências estão relacionadas ao fato de que o trabalho dos cortadores(as)
de cana tem como finalidade suprir as necessidades da agroindústria do álcool e do
açúcar. Isto transfere as exigências industriais aos sistemas de produção agrícola, por
exemplo: o corte rente ao solo se deve ao fato de que a sacarose fica concentrada no pé
da cana; o desponte deve ser no último gomo para eliminar impurezas vegetais; a leira
deve ficar na terceira rua do eito e limpa no mínimo 50 cm de cada lado para facilitar o
carregamento feito por máquinas agrícolas. A organização da cana em leiras também é
imposta para viabilizar o movimento de máquinas que irão carregar a cana até a
indústria.
A cana a ser cortada pode estar crua ou queimada, pode estar em pé, tombada,
caída, enraizada; sabe-se que na cana crua ou com folhas as dificuldades são imensas,
pois ela tem que ser limpa de toda massa de folhas cortantes que é coberta por joça1 –
1
Joçá são pequenos pelos da folha da cana.
6
pelo extremamente irritante, além da presença de animais peçonhentos, como cobras,
aranhas, escorpiões, já que é a queimada da cana que os elimina.
Já na cana queimada, o corte é mais fácil, entretanto, Bosso (2004) constatou,
em estudo realizado nas safras 2002 e 2003 junto a 39 cortadores de cana queimada, não
fumantes, na região de Catanduva, que o nível de Hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos (HPAs) na urina dos cortadores de cana foi noves vezes maior que na
entressafra, destacou ainda que a exposição a esses agentes químicos representa um
risco maior para o desenvolvimento de doenças degenerativas, como enfermidades
cardiorrespiratórias e câncer.
Os fatores descritos interferem na produtividade dos trabalhadores(as), o que
consequentemente tem reflexos no seu salário, que é pago por produção com base na
tonelada de cana cortada.
Os cortadores devem executar seu trabalho usando os seguintes equipamentos de
proteção individual (EPI): luva de proteção nas duas mãos, óculos de proteção, sapato
de segurança, perneira e mangote.
7
3. Antecedentes históricos
No ano de 2001, atendendo à solicitação do Sindicato dos Empregados Rurais de
Araraquara e de uma agroindústria do setor canavieiro do Estado de São Paulo, o Setor
de Ergonomia da Fundacentro iniciou estudos sobre o uso de EPI no corte manual da
cana. A relevância do tema se dava devido à obrigatoriedade do uso de EPI conforme
previa a Norma Regulamentadora Rural nº 4 do Ministério do Trabalho – NRR 42, no
item 4.6, “compete ao trabalhador usar obrigatoriamente os EPI indicados para a
finalidade a que se destinarem”.
O grupo de trabalhadores que participou da pesquisa era composto por 35
pessoas, sendo 54,55% do sexo feminino e 45,45% do sexo masculino. Esse grupo foi
acompanhado por meio de 12 visitas a campo durante o período de 05/2001 a 11/2002.
Neste estudo, observou-se que todos os EPI apresentavam problemas, tais como:
luvas sem aderência ao cabo do facão, óculos que inviabilizavam a visão, perneiras que
feriam os joelhos e sapatos de segurança que machucavam os pés.
Com intuito de priorizar os estudos frente aos problemas encontrados, optou-se
pelo estudo das luvas na dissertação de Mestrado “O uso de luvas de proteção no corte
manual da cana-de-açúcar” (GONZAGA, 2004), já que havia solicitação explícita dos
trabalhadores com relação à melhoria das luvas de proteção em raspa de couro, pois
estas, na presença de fuligem, sacarose e cinzas, provocam dermatoses. Existiam
queixas devido à falta de aderência das luvas ao cabo do facão, exigindo muita força
para segurá-lo, o que poderia estar relacionado com os relatos de dores nos braços.
Quatro modelos de luvas de proteção foram estudados durante os anos
2002/2003 junto a 47 trabalhadores(as): 40,4% do sexo masculino e 59,6% do sexo
feminino. Foram feitas 13 visitas ao campo no período de 05/2003 a 11 /2003.
As luvas para análise qualitativa foram distribuídas em tamanhos P, M e G,
considerando as medições das mãos da população estudada.
Os resultados da análise qualitativa demonstraram que:
1. A luva de algodão e borracha era macia e aderente ao cabo do facão,
ajustava-se bem à mão e não prejudicava os movimentos, porém durava
pouco;
2
Em 2005, o conjunto das normas rurais foi substituído pela Norma Regulamentadora 31.
8
2. A luva de “kevlar” enrolava na palma da mão por ter muita aderência ao
cabo do facão, prejudicando os movimentos das mãos;
3. A luva de raspa de couro e metal escorregava no cabo do facão e não se
ajustava à mão, o que dificultava o movimento;
4.
A luva de raspa de couro e nylon ajustava-se bem à mão e não
prejudicava os movimentos, porém escorregava no cabo do facão.
A maioria dos trabalhadores (as) (90,32%) escolheu como de melhor uso a luva
em raspa de couro/nylon, embora ela escorregasse no cabo do facão por lhe ter baixa
aderência. Esta foi percebida como muito confortável, de couro macio e com costuras
internas que não machucavam as mãos.
A baixa aderência entre os elementos do cabo e da luva interfere de forma
significativa na carga da pega nas mãos, caracterizando um baixo coeficiente de atrito
estático (µe)3.
Os ensaios experimentais para verificar o coeficiente de atrito estático (µe) foram
feitos entre luvas novas e usadas junto à madeira com que é confeccionado o cabo do
facão, limpa e emborrachada. Essa experimentação foi feita para testar a principal
estratégia utilizada pelos cortadores: emborrachar o cabo do facão. O emborrachamento
do cabo aumenta o atrito melhorando a pega no facão.
O fator decisivo para a escolha das luvas pelos trabalhadores, mão do facão, não
era a aderência advinda do atrito, pois a falta de atrito pode ser minimizada pela
estratégia de “emborrachamento” do cabo, por outro lado, fatores que não são passíveis
de improvisação devem ser também considerados, como, por exemplo: o
dimensionamento das costuras internas das luvas e a maciez do material com que são
fabricadas.
Este estudo apontou que o uso das luvas interfere na produtividade. A diferença
entre a média de produção com o uso da luva em raspa de couro e metal e com luva em
raspa de couro e nylon foi de 1,86 toneladas com desvio padrão de 1,61 (GONZAGA;
ABRAHÃO; BRAUUNBECK, 2004, p. 4).
3
Coeficiente de Atrito Estático (µe ) = força de atrito/força normal
9
4. Equipamentos de proteção individual – da fabricação à utilização
Considera-se EPI todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo
trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde
no trabalho (BRASIL, 2010).
De acordo com a redação dada pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), art. 166, a empresa é obrigada a fornecer aos
empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação
e funcionamento sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa
proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.
No Brasil, o EPI, de fabricação nacional ou importado, só pode ser posto à venda
ou utilizado legalmente após a obtenção do Certificado de Aprovação (CA), expedido
pelo Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST), pertencente a Secretaria
de Inspeção do Trabalho, órgão competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O DSST cadastra o fabricante ou
importador de EPI e examina a documentação exigida para emitir ou renovar o CA de
cada EPI. Estabelece os regulamentos técnicos para ensaios de EPI, bem como é
responsável por fiscalizar a qualidade do EPI e ou suspender o cadastramento da
empresa fabricante ou importadora e ainda cancelar o CA.
A Portaria nº 25 do MTE, de 15 de outubro de 2001, da Secretaria de Inspeção
do Trabalho, do MTE, introduziu a participação do Sistema Brasileiro de Normalização,
Metrologia e Qualidade Industrial (Sinmetro) no processo de avaliação da conformidade
dos EPI, conforme previsto no item 6.8.1, alínea j, da Norma Regulamentadora nº 6 –
Equipamento de Proteção Individual. Contudo, o acordo de Cooperação Técnica entre o
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e o
MTE visando à integração institucional mútua de conhecimento na área de Avaliação de
Conformidade foi publicado 6 anos depois , em 21 de setembro de 2007.
A Portaria nº 32 do MTE, de 8 de janeiro de 2009, que disciplina a Avaliação de
Conformidade dos EPI , expressa que fica delegado ao Inmetro:
- coordenar a elaboração dos Regulamentos Técnicos da Qualidade e de
Avaliação da Conformidade dos Equipamentos de Proteção Individual, mediante
assessoria do MTE;
- acreditar, consoante requisitos mínimos exigidos, os organismos de avaliação
de conformidade ou laboratórios a serem homologados pelo MTE; e fiscalizar, em todo
10
território nacional, diretamente ou através dos órgãos delegados, com base na Lei nº
9.933/99, o cumprimento das disposições contidas na regulamentação relativa à
avaliação da conformidade dos EPI que possuam Regulamento de Avaliação da
Conformidade (RAC) em vigor no âmbito do Sinmetro.
Cabe ainda ao Inmetro o planejamento, o desenvolvimento e a implementação
dos programas de avaliação da conformidade dos EPI no âmbito do Sinmetro.
Este convênio atribuiu parte da orientação para o processo de certificação de EPI
ao Sinmetro. Entretanto, este repasse de orientação ainda não foi estabelecido para todos
os EPI. Atualmente, passam por avaliação no âmbito do Sinmetro o capacete de
proteção contra impactos de objetos sobre o crânio e proteção contra choques elétricos;
os respiradores purificadores de ar contra agentes químicos, com peça semifacial
filtrante (PFF1 – PFF2 – PFF3); luvas de proteção contra choques elétricos; e luvas
cirúrgicas e não cirúrgicas contra agentes biológicos (BRASIL, 2009).
Os CA dos EPI que passam por ensaios de normas técnicas nacionais ou
internacionais, oficialmente reconhecidas, ou por laboratório capacitado para realização
dos ensaios, têm validade de 5 anos, conforme item 6.9.1 da NR-6.
Para os EPI com avaliação no âmbito do Sinmetro, o prazo de validade depende
da manutenção da avaliação da conformidade conforme orientação específica
estabelecida pelo Regulamento de Avaliação de Conformidade (RAC) .
O prazo de validade para aqueles que não passaram por ensaios de normas
técnicas ou por laboratórios capacitados, aprovados pelo DSST, mediante apresentação
e análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da especificação técnica de
fabricação, é de 2 anos.
O DSST pode também estabelecer prazos diversos quando necessário e mediante
justificativa.
A emissão de CA com base em Certificados de Conformidade emitidos dentro
do âmbito do sistema gerido pelo Inmetro é desenvolvida mediante a elaboração de um
Regulamento de Avaliação de Conformidade (RAC) aprovado para cada EPI, que passa
por um processo de consulta pública e posteriormente é publicado no Diário Oficial da
União (DOU). O MTE informa, por meio de portarias, que o EPI com RAC aprovado
passará a ter seu CA condicionado à Certificação de Conformidade, ou seja, o MTE
emitirá o CA mediante a apresentação de uma Certificação de Conformidade emitida
dentro do sistema gerido pelo Inmetro.
11
A inclusão de produtos que não estão relacionados no Anexo I, da NR-6, para
que sejam considerados como EPI, bem como propostas para reexame daqueles
elencados são necessariamente avaliadas por uma comissão tripartite constituída pelo
DSST e pela Comissão Nacional Tripartite (BRASIL, 2010).
A Comissão Nacional Tripartite da NR 6 é formada por 5 representantes do
governo pertencentes ao quadro da DSST e da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro); 5 representantes dos empregadores
nomeados pelas confederações dos ramos do comércio, da indústria, de instituições
financeiras e da agricultura e pecuária; e 5 representantes dos trabalhadores indicados
pelas centrais sindicais.
4.1 Fabricação de EPI
Um fabricante nacional ou um importador que deseja comercializar determinado
EPI deve cadastrar-se junto ao DSST, solicitar a emissão do CA, sua renovação ou
requerer novo CA sempre que houver alteração das especificações do equipamento já
aprovado.
De acordo com a NR nº 6, os fabricantes devem fazer com que todos os EPI
apresentem, em caracteres legíveis e bem visíveis, no mínimo o nome comercial da
empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do CA ou, no caso de EPI
importado, o nome do importador, o lote de fabricação e o número do CA.
De acordo com a Portaria nº 121 do MTE, de 30 de setembro de 2009, sempre
que possível devem ser colocadas, na marcação de cada exemplar ou componente do
EPI, a data de fabricação dos EPI, inclusive outras informações específicas referentes a
determinados tipos de EPI. Na impossibilidade técnica do cumprimento dessas
exigências, o fabricante ou importador deve disponibilizar essas informações no manual
de instruções e na embalagem.
Para o caso dos EPI destinados à proteção das mãos, esses devem possuir na sua
embalagem as seguintes informações:
a) tamanhos disponíveis;
b) medidas da circunferência e comprimento das mãos correspondentes às
instruções de utilização;
c) instruções de uso, conservação e limpeza;
d) efeitos secundários de danos à saúde, provocados ou causados pelo uso das
luvas, como alergias, dermatoses, entre outros;
12
e) efeitos secundários de ampliação do risco de acidentes decorrentes do uso
de luvas, especialmente na operação de máquinas, equipamentos ou
atividades com contato com partes móveis;
f) efeitos secundários de perda ou redução da sensibilidade táctil e da
capacidade de preensão;
g) indicação, caso a proteção esteja limitada a apenas uma parte da mão;
h) especificação, caso o uso seja recomendado para apenas uma das mãos ou
ainda se haja indicação para o uso de luvas diferentes em cada mão;
i) referência a acessórios e partes suplentes, se houver.
A Portaria nº 126, de 02 de dezembro de 2009, estabelece procedimentos para o
cadastro de empresas e para a emissão ou renovação do CA de EPI. Exige que o
fabricante ou importador cadastrado apresente os seguintes documentos:
I. o requerimento de emissão ou renovação de CA, conforme formulários
constantes dos Anexos IV e V, respectivamente, desta Portaria;
II. o memorial descritivo do EPI, do qual deve constar, obrigatoriamente:
a) enquadramento do EPI na relação do Anexo I da NR-6;
b) descrição das características e especificações técnicas do EPI;
c) descrição dos materiais empregados e especificações técnicas de
fabricação do EPI;
d) descrição do uso a que se destina o EPI e suas correspondentes restrições;
e) descrição do local onde será feita a gravação das informações previstas no
item 6.9.3 da NR-6;
f) descrição de outras marcações obrigatórias do EPI;
g) descrição das possíveis variações do EPI, tais como: referência, tamanho,
numeração, dentre outras;
h) outras informações relevantes acerca do EPI.
III. fotografias do EPI e do local de marcação do CA no EPI, capazes de
demonstrar, nos ângulos necessários, os detalhes do equipamento;
IV. cópia do manual de instruções do EPI;
V. cópias autenticadas:
a) do relatório de ensaio, emitido por laboratório credenciado pelo DSST, ou
de documento que comprove que o produto teve sua conformidade
avaliada no âmbito do Sinmetro;
b) da tradução juramentada das especificações técnicas e certificações
realizadas no exterior, quando não houver laboratório credenciado
capaz de elaborar o ensaio no Brasil;
c) do certificado de origem e declaração do fabricante estrangeiro, com
tradução juramentada para língua portuguesa, autorizando o
importador a comercializar o produto no Brasil, quando se tratar de
EPI importado;
VI. cópia da folha de rosto requerendo a emissão ou renovação de CA
emitida pelo sistema CAEPI (Certificado de Aprovação de
Equipamento de Proteção Individual).
Cabe ressaltar os princípios obrigatórios a serem seguidos na concepção e na
fabricação de EPI, propostos pela Portaria nº 121 do MTE, de 30 de setembro de 2009:
a) os EPI devem ser concebidos e fabricados de forma a propiciar dentro das
condições normais das atividades o nível mais alto possível de proteção;
b) a concepção dos EPI deve levar em consideração o conforto e a facilidade
de uso por diferentes grupos de trabalhadores, em diferentes tipos de
atividades e de condições ambientais;
c) os EPI devem ser concebidos de maneira a propiciar o menor nível de
desconforto possível;
13
d) o EPI deve ser concebido de forma a não acarretar riscos adicionais ao
usuário e não reduzir ou eliminar sentidos importantes para reconhecer e
avaliar os riscos das atividades;
e) todas as partes do EPI em contato com o usuário devem ser desprovidas de
asperezas, saliências ou outras características capazes de provocar irritação
ou ferimentos;
f) os EPI devem adaptar-se à variabilidade de morfologias do usuário quanto
a dimensões e regulagens, ser de fácil colocação e permitir uma completa
liberdade de movimentos, sem comprometimento de gestos, posturas ou
destreza;
g) os EPI devem ser tão leves quanto possível, sem prejuízo de sua eficiência,
e resistentes às condições ambientais previsíveis;
h) EPI que se destinam a proteger simultaneamente contra vários riscos
devem ser concebidos e fabricados de modo a satisfazerem as exigências
específicas de cada um desses riscos e de possíveis sinergias entre eles;
i) os materiais utilizados na fabricação não devem apresentar efeitos nocivos
à saúde.
Observa-se que as orientações para fabricação dos EPI estão voltadas para a
concepção do produto considerando a proteção por riscos específicos.
4.2 Normas de ensaio para aprovação de EPI – luvas de proteção
Os laboratórios cadastrados pelo DSST para realizarem ensaios com EPI devem
utilizar as normas selecionadas e estabelecidas pela Comissão Nacional Tripartite e
expressas pelas portarias publicadas pela Secretaria de Inspeção do Trabalho e pela
DSST.
De acordo com a Portaria nº 121, de setembro de 2009, para proteção dos
membros superiores existem ensaios para luvas de proteção contra: agentes abrasivos e
escoriantes; agentes cortantes e perfurantes; choques elétricos; agentes térmicos;
agentes biológicos; agentes químicos; vibrações; e radiações ionizantes (raios x).
Na atividade do corte manual da cana estão presentes os riscos mecânicos e,
portanto, os ensaios são aqueles voltados aos agentes abrasivos e escoriantes, cortantes
e perfurantes previstos nas normas europeias EN 420:2003 – General requirements for
gloves – Norma para luvas de proteção – requisitos gerais; Norma EN 388:2003 –
Protective gloves against mechanical – Norma para luvas de proteção contra riscos
mecânicos; e na ISO 13999:1999 – Protective Clothing – Gloves and arm guards
protecting against cuts and stabs by hand knives – Part 1 and 2 (2003) – Norma para
luvas de proteção em malhas de aço e outros materiais alternativos.
14
4.2.1 Norma para luvas de proteção – requisitos gerais – Norma EN
420:2003 – General requirements for gloves
A Norma EN 420:2003 é uma norma elaborada pelo Comitê Europeu de
Normalização (CEN), adotada pela Comissão Nacional Tripartite da NR 6 e trata de
requisitos gerais para luvas de proteção prevendo os seguintes ensaios: determinação de
ph e conteúdo de cromo VI no material de confecção; especificação de tamanhos,
considerando 6 tamanhos diferentes; destreza (habilidade manipulativa para executar
uma tarefa) com indicação de nível de desempenho; transmissão e absorção do vapor de
água, quando aplicável.
A EN 420, versão 1996, além de outras proposições, já exigia que a marcação da
luva contivesse: o nome do fabricante ou de seu representante; a designação comercial
das luvas; a designação do tamanho; e, se necessário, a data de validade relacionada aos
níveis de desempenho de proteção que podem ser afetados pelo envelhecimento, assim
como, exigia que essa marcação permanecesse visível, legível e indelével durante toda a
vida útil prevista para a luva.
O ensaio de tamanho de luvas proposto pela EN 420 não checa se a luva
corresponde ao tamanho da mão sugerido em todas as suas medidas, leva em
consideração apenas um comprimento mínimo exigido para cada tamanho específico. A
largura da mão e dos dedos, assim como o comprimento de cada um dos dedos, não é
verificada nos ensaios de laboratório.
4.2.2 Norma para luvas de proteção contra riscos mecânicos – Norma EN
388:2003 – Protective gloves against mechanical
A Comissão Nacional Tripartite da NR 6 adota a Norma EN 388:2003 –
Protective gloves against mechanical para os ensaios de proteção contra riscos
mecânicos. Esta é uma norma elaborada pelo Comitê Europeu de Normalização (CEN)
trazendo os seguintes ensaios: resistência à abrasão, resistência ao corte por lâmina;
resistência ao rasgo; resistência à perfuração por punção.
O desempenho de luvas contra abrasão, corte por lâmina, rasgo e perfuração
com punção deve ser classificado de acordo com os requisitos mínimos para cada nível
determinado. As resistências à abrasão, ao rasgo e a perfuração por punção possuem
15
quatro (4) níveis de proteção; a resistência ao corte por lâmina, cinco (5) níveis de
proteção. Quanto maior o nível, maior é a proteção.
A orientação é de que todos os corpos de prova devem ser tirados da palma da
mão de diferentes luvas para classificação e, se necessário, áreas adicionais da luva de
proteção devem ser ensaiadas para proteções específicas.
4.2.3 Norma de proteção para luvas em malha de aço - ISO 13999:1999 Protective Clothing – Gloves and arm guards protecting against cuts and stabs by
hand knives – Part 1 e 2 (2003)
A norma ISO 13999 é uma elaboração do Comitê Técnico ISO de equipamentos
e roupas de proteção e consiste de duas partes.
A parte 1, norma ISO 13999, publicada em 1999, é uma orientação para luvas
confeccionadas em malha de aço, especifica requisitos para confecção, resistência à
penetração, características ergonômicas, peso, material, identificação e rotulagem,
instruções para o uso, bem como especifica os métodos de ensaios apropriados.
Destaca-se que os tamanhos são identificados por meio de cores distintas e, nas
dimensões das mãos, são contempladas as medidas de comprimento e largura dos dedos
e do punho.
A parte 2, norma ISO 13999, publicada em 2003, aplica-se às luvas que não são
fabricadas em malha de aço e que exigem proteção limitada das mãos ao corte. Essa
norma propõe requisitos de confecção e métodos de ensaios incluindo testes
ergonômicos utilizando-se de pessoas com tamanhos de mãos e braços apropriados as
luvas, que testam as luvas com relação a conforto e tamanho.
Verifica-se que há formas diferentes de realizar ensaios, principalmente com
relação à checagem de tamanhos e de destreza (capacidade de movimentação dos dedos
e das mãos). Em entrevistas junto a três laboratórios credenciados pelo DSST para
executar os ensaios de luvas de proteção, apenas um realizava ensaios referentes à
destreza e a informação passada é a de que o fabricante é quem determina os tamanhos
de luva que deseja comercializar e que, em geral oferece um só tamanho (não é
obrigatória a fabricação em tamanhos diferentes). Verificou-se que não há ensaios
referentes ao corte de lâmina por impacto, tampouco de aderência à superfície de
contato/coeficiente de atrito estático, assim como não há ensaios para testar material
antiderrapante na palma das mãos.
16
Observa-se que a descrição do uso a que se destina o EPI fica a cargo do
fabricante e, em geral, não é questionada pelo laboratório de ensaio.
4.3 Utilização dos EPI
De acordo com a legislação vigente (item 6.6.1 da NR 6), é o empregador o
responsável por adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade, fornecendo aos
trabalhadores somente os aprovados pelo DSST, por substituí-los imediatamente
quando danificados ou extraviados, bem como se responsabilizar pela higienização e
manutenção periódica, pela orientação e pelo treinamento sobre o uso adequado, pela
guarda e conservação destes.
Ressalva-se que a mesma legislação propõe ao empregador que exija o uso de
EPI.
O item 31.20.1.2 da NR 31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura,
pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura reforça expressamente que o
empregador deve exigir que os trabalhadores utilizem os EPI.
A lista de EPI constante do Anexo I da NR 6 traz a relação de produtos
considerados de proteção que são identificados e concebidos em função de
determinados fatores de risco. Exemplos: capacete contra choque elétrico, óculos para
proteção dos olhos contra luminosidade intensa, respirador purificador de ar para
proteção das vias respiratórias contra poeiras, névoas e fumos; luva de segurança para
proteção das mãos contra agentes abrasivos e escoriantes; luva de segurança para
proteção das mãos contra agentes cortantes e perfurantes; e outros.
De modo geral, as atividades de trabalho têm um conjunto de fatores de risco
atuando ao mesmo tempo e um EPI pode sugerir a proteção de determinado ou
determinados fatores de risco, conforme sua classificação, e não contemplar outros
fatores de riscos também presentes.
No caso das luvas de proteção utilizadas na atividade de corte manual de cana,
por exemplo, seguindo o disposto no anexo I da NR 6, teria que existir, em princípio,
um produto que atendesse à proteção das mãos contra agentes abrasivos, escoriantes,
cortantes, cortes sob impacto, perfurantes, entre outras peculiaridades, tais como
flexibilidade de movimentos dos dedos e das mãos, facilidade de transpiração da mãos e
alta aderência na mão do facão.
17
Nem todos estes aspectos de proteção estão presentes nos ensaios atualmente
previstos, embora haja orientações expressas aos fabricantes e aos empregadores de que
os EPI sejam adequados aos fatores de risco presentes, atendendo às peculiaridades de
cada atividade profissional, conforme item 6.4. da NR 6 e o item 31.20.1.1 da NR 31.
18
5. Acidentes do trabalho envolvendo mãos no corte manual da cana
A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de
Benefícios da Previdência Social e dá outras providências, é o regulamento que define,
no artigo 19:
o acidente de trabalho como aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
Considera também acidente do trabalho, nos termos dessa regulamentação, as
seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da
respectiva relação elaborada pelo Ministério da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em
função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente, constante da relação elaborada pelo Ministério da
Previdência Social.
O acidente do trabalho é caracterizado tecnicamente pela perícia médica do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)mediante a identificação do nexo entre o
trabalho e o agravo. A metodologia de concessão de benefícios previdenciários,
implementada por meio do Decreto nº 6957, de 9 de setembro de 2009, estabeleceu no
artigo 337, § 3º, o Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP).
O NTEP é reconhecido quando se verifica um vínculo entre a atividade da
empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação
Internacional de Doenças (CID).
Esta nova metodologia propiciou o registro de doenças e acidentes relacionados
ao trabalho sem a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).
Os acidentes registrados em 2008 pelo Ministério da Previdência Social através
da CAT e por meio do Nexo Técnico Epidemiológico são apresentados no quadro
abaixo; selecionamos os estados que apresentaram maior número de acidentes do
19
trabalho vinculados à Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) da
classe referente ao cultivo de cana (0113)4.
Quadro 1 Estados da Federação com o maior nº de acidentes de trabalho registrados em
2008 por Comunicação de Acidente de Trabalho e Nexo Técnico Epidemiológico
CNAE
0113- Estados
Brasil
São Paulo
Paraná
Minas Gerais
Pernambuco
Goiás
Mato Grosso do
Sul
Total de
Acidentes
8081
4370
1113
422
585
417
7125
3852
977
27
523
388
Nexo Técnico Epidemiológico
(sem CAT)
956
518
136
41
62
51
259
47
Com CAT
306
Fonte: Ministério da Previdência Social (2008)
Ressalta-se que, por meio da metodologia do Nexo Técnico Epidemiológico,
ocorreu um acréscimo de registros para a classe (0113 - do cultivo de cana) da CNAE.
Em 2008, do total de registros de acidentes de trabalho 11,83% foram devido à
aplicação do NTEP.
Nos estados brasileiros, também foram constatados aumentos nos acidentes de
trabalho registrados através do Nexo Técnico Epidemiológico: 11,85% em São Paulo,
12,22% no Paraná, 9,71% em Minas Gerais, 10,60% em Pernambuco, 10,70% em Goiás
e 15,36% no Mato Grosso do Sul.
As informações do Instituto Nacional da Previdência Social baseadas na classe
0113 da CNAE, que se refere ao cultivo da cana, não contemplam inúmeras atividades
de trabalho. Adissi (1997) afirma que fazem parte do cultivo da cana o preparo do
terreno (desmatamento ou retirada de soqueira, nivelamento, aração e gradagem,
adubação, calagem e sulcação), o plantio (corte da semente, transporte da semente,
semeio, picação, adubação, aplicação de defensivo, cobertura), os tratos culturais
4
Classificação oficial adotada pelo Sistema Estatístico Nacional na produção de estatísticas por tipo de
atividade econômica e pela Administração Pública na identificação da atividade econômica em cadastros
e registros de pessoa jurídica (IBGE, 2007).
20
(retirada de ervas, controle de pragas, irrigação, adubação) e a colheita (queima da cana,
corte da cana, carregamento, transporte).
O maior número de acidentes no cultivo da cana-de-açúcar ocorre na atividade
que executa o corte manual da cana:
1.
Gonzaga et al. (1996) analisaram 1.890 CAT no ano de 1996 na região
de Catanduva/São Paulo e verificaram que 67% dos acidentes registrados eram no corte
manual da cana-de-açúcar, 20,7% na indústria e 11,5% no plantio e na capina. O
principal agente causador dos acidentes foi o facão (56%), seguido da ponteira da canade-açúcar (10%), cana-de-açúcar (7%) e feixe de cana-de-açúcar (6%). As principais
partes do corpo atingidas foram: perna (91,8%), dedos da mão (84,8%), mão (75%), pé
(62,8%) e dedos do pé (97,1%). As lesões cortantes nas mãos representaram 40,5% dos
ferimentos encontrados.
2
Bomfim et al. (2001) analisaram 117 CAT no ano de 1997 na região de
Santo Amaro da Purificação e Amélia Rodrigues/Bahia e verificaram que 73% dos
acidentes registrados eram no corte manual da cana e 27% em outras atividades. O
principal agente causador dos acidentes foi o facão (59%) seguido pela palha da canade-açúcar (15%). As mãos foram as partes do corpo atingidas em 29% dos casos,
seguidas pelas pernas (19%).
3
Luna (2002) analisou 285 registros de acidentes na safra 1997/1998 em
uma agroindústria do município de São Luiz da Quitunde/Alagoas e verificou que 49%
dos acidentes registrados ocorreram no corte manual da cana, 12% no deslocamento,
9% no transporte de insumos, 7% nos tratos culturais, 23% em outras atividades. O
facão foi o objeto causador de 42% dos acidentes e as mãos/dedos representaram 42%
da parte do corpo atingida.
4
Teixeira e Freitas (2003) analisaram 58.204 registros de acidentes
notificados através de CAT em 115 agências do INSS do interior paulista no período de
1997 e 1999 e verificaram que 40,29% desses registros foram no cultivo da cana, as
ferramentas de trabalho (facão, podão) foram objetos causadores de 49,9% dos
acidentes e as partes do corpo mais atingidas foram pernas (49,97%), pés (49,66%),
dedos das mãos (46,26%) e mãos (38,32).
Estes estudos demonstram a importância da proteção das mãos através do uso
das luvas de proteção durante a atividade do corte manual da cana-de-açúcar, entretanto,
essa proteção deve ser adequada à atividade para evitar outros problemas.
21
Estudos
apontam
forte
correlação
entre
Distúrbios
Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (DORT) e luvas inadequadas. Segundo Tsaousidis e
Freivalds (1997) e Leão e Peres (2004), o uso de luvas de proteção é um dos fatores de
risco mecânico que acarretam DORT por reduzir a sensibilidade táctil, que exige um
aumento da força de preensão.
As luvas não são os únicos nem os principais fatores de riscos que podem
ocasionar DORT relacionados ao corte manual da cana: a força, a repetitividade de
movimentos, o tipo de preensão, a postura do punho, o método de trabalho e a
organização do trabalho (ritmo, pausas) são também fatores que predispõe ao
aparecimento dos DORT.
Os efeitos da atividade de corte manual da cana sobre a saúde dos trabalhadores
é descrito por Alleoni (2003, p. 1):
[...] todas as manhãs, logo ao nascer do sol, músculos e tendões começam a
dar movimentos a um conjunto de ossos que se movimentam misturando
repetitividade com força. A postura corporal do cortador de cana é de
constante flexão de tronco, e intensa utilização da musculatura dos braços e
punho. A contração abrupta e desordenada das grandes massas musculares
pode originar forças de grandes intensidades que causam lesões nas estruturas
do corpo, levando ao aparecimento de dores e conseqüentemente inflamações
que levam o funcionário a adoecer.
22
6. Situação atual das luvas utilizadas na atividade de corte manual da cana
O retrato aqui apresentado foi obtido a partir de um estudo realizado durante o
ano de 2009 sobre a utilização de luvas de proteção na atividade do corte manual da
cana em 5 usinas de açúcar no Estado de São Paulo e uma usina no Estado de Goiás.
6.1 Método de pesquisa
O trabalho foi realizado por meio de um levantamento bibliográfico a respeito
das normas de fabricação e certificação de EPI, de estudos realizados com cortadores de
cana que abordam os problemas do uso de EPI nos canaviais e pela aplicação de
questionários e entrevistas semi-estruturadas, estando o foco na compreensão e não
mensuração da problemática.
O trabalho iniciou-se em 2009 com a disposição da Federação dos Trabalhadores
Rurais da Agricultura do Estado de São Paulo (FETAESP) por meio do Sindicato de
Trabalhadores Rurais de Regente Feijó, de Itapetininga, de Araras e da Federação dos
Trabalhadores da Agricultura do Estado de Goiás (FETAEG) por meio do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Santa Helena em viabilizar o contato com os trabalhadores. A
entrada na usina de Goiás foi acompanhada pela Superintendência Regional do
Ministério do Trabalho e Emprego local.
No total foram visitadas seis empresas envolvendo 165 trabalhadores, sendo
entrevistados em média vinte trabalhadores por empresa, durante um dia de trabalho. As
empresas foram codificadas com as letras A, B, C, D, E, F, cinco destas empresas ficam
em São Paulo e uma em Goiás.
Realizou-se um estudo piloto no primeiro trimestre do ano para validação do
instrumento de pesquisa5 (Apêndice A) e, em seguida, após as correções necessárias
iniciou-se o levantamento de campo.
5
Utilizou-se como instrumento de pesquisa dois questionários com questões abertas e fechadas. Os
questionários foram preenchidos pelas pesquisadoras que desenvolveram o instrumento, a partir de
entrevistas diretas com os trabalhadores em atividade de trabalho (Apêndices A e B).
23
6.2 Perfil da população estudada
A faixa etária dos trabalhadores entrevistados variou de 18 a 62 anos, sendo que
a média de idade ficou entre 27 a 38 anos.
O sexo feminino estava presente em três das usinas visitadas, com destaque para
a Usina A, onde 66,67% do grupo era formado por mulheres, já nas Usinas C, D e E, o
sexo predominante foi o masculino. A maioria da população apresentou-se destra.
O tempo mínimo de trabalho no corte manual da cana-de-açúcar entre os
entrevistados foi de aproximadamente 2 anos, encontrado na Usina F. Os trabalhadores
entrevistados das Usinas A, F e D foram os que apresentaram maior tempo de trabalho
na atividade de corte manual de cana, aproximadamente 33 anos.
O lado dominante da população envolvida no estudo é o destro, sendo a maior
ocorrência do grupo canhoto (11,11%) na Usina C.
Quadro 2 Perfil da população estudada quanto à idade, sexo, lado dominante e tempo
de atividade
Idade (anos)
Sexo (%)
Lado dominante
Usinas
Mínima Média Máxima Masculino Feminino
Destro (%)
Tempo de atividade (dias)
Canhoto
Mínima Média Máxima
(%)
Usina
A
19
33
52
33,33
66,67
87,50
3,00
60
2558
11680
Usina
B
18
30
49
100
--
95,45
4,55
30
1668
9125
Usina
C
18
27
38
100
--
88,88
11,11
82
4021
8030
Usina
D
20
38
55
62,96
37,04
96,30
3,70
60
3142
12045
Usina
E
21
33
62
100
--
95,83
4,17
60
2209
8395
Usina
F
23
34
46
86,36
13,64
95,45
4,55
730
3523
11680
24
Conforme informações do Quadro 2, observando o tempo de trabalho na
atividade e a idade atual dos entrevistados, constata-se que:
1.
Na Usina A, o trabalhador que relatou ter o maior tempo de serviço
(11.680 dias – 32 anos) durante o estudo declarou ter 44 anos, logo, pode-se constar que
ele começou a trabalhar com 12 anos;
2.
Na Usina F, o trabalhador que relatou ter o maior tempo de serviço
(11.680 dias – 32 anos) durante o estudo declarou ter 46 anos, logo, pode-se constar que
ele começou a trabalhar com 14 anos;
3.
Na Usina D, o trabalhador que relatou ter o maior tempo de serviço
(12.045 dias – 33 anos) durante o estudo declarou ter 47 anos, logo, pode-se constar que
ele começou a trabalhar com 14 anos.
6.3 Descrições das luvas fornecidas
Empresa A – Uso de luvas diferentes para cada mão
A empresa A, desde 2007, utiliza luva de proteção de CA 15109, Luva
Crilicana Antiderrapante, para a mão do facão, com a seguinte descrição: “luva de
segurança confeccionada em grafatex atoalhado de poliéster, palma e face palmar dos
dedos com filetes de PVC antiderrapante, punho em malha6”; e de CA 10441, Luva
Crilicana com cabo para mão da cana, cuja descrição é: “luva de segurança
confeccionada em grafatex atoalhado de poliéster; reforço externo em grafatex no
polegar e indicador com alma-de-aço; tira em lona entre o polegar e indicador; dorso e
punho com elástico para ajuste; palma, face palmar dos dedos e punho com forro em
tecido-não-tecido”7.
6, 6
De acordo com descrição no Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo MTE. Disponível em:
http://www.mte.gov.br/sistemas/caepi/PesquisarCAInternetXSL.asp. Acessado em: 10 fev. 2010.
25
CA 15109
CA 10441
Foto: Alex de Oliveira Pires
Figura 1 Luva Crilicana Antiderrapante – CA 15109 e Luva Crilicana com cabo para mão da
cana – CA 10441
Empresa B e C – Uso de luvas diferentes para cada mão
A empresa B, desde 2009, e a empresa C, desde 2008, utilizam luvas de proteção
de CA 20368 de acordo com a seguinte descrição: Luva Grafatex “mão direita
confeccionada em grafatex de poliéster na palma, face palmar dos dedos e dedo polegar;
pigmentos antiderrapantes em PVC na palma e face palmar dos dedos; dorso e face
dorsal dos dedos em náilon; reforço externo em material sintético entre os dedos polegar
e indicador; elástico no dorso para ajustes; punho em malha de poliéster. Mão esquerda
confeccionada em grafatex de poliéster na palma, face palmar dos dedos, ponta dos
dedos, dedo polegar e indicador; dorso e face dorsal dos dedos em náilon; reforço de
cabo de aço revestido em grafatex de poliéster nos dedos polegar e indicador; elástico
no dorso para ajustes; punho em malha de poliéster”.
26
CA 20368
Mão cana
CA 20368
Mão facão
Foto: Alex de Oliveira Pires
Figura 2 Luva Dublatex – CA 20368
Empresa D – Uso de luvas diferentes para cada mão
A empresa D, desde 2005, utiliza luvas de proteção de CA 14205: Luva
Dublatex 01, cuja descrição é: “luva de segurança confeccionada em grafatex, forrada
com tecido de algodão, dorso de náilon, mão esquerda com punho longo, com reforço
externo de cabo de aço revestido em material sintético no indicador e polegar, mão
direita com punho curto e reforço externo em material sintético entre o polegar e o
indicador”8.
8
De acordo com descrição no Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo MTE. Disponível em:
http://www.mte.gov.br/sistemas/caepi/PesquisarCAInternetXSL.asp . Acesso em: 10 fev. 2010.
27
CA 14205
Mão esquerda
CA 14205
Mão direita
Foto: Alex de Oliveira Pires
Figura 3 Luva Dublatex 01 – CA 14205
Empresa E – Uso de luvas diferentes para cada mão
A empresa E, desde 2009, fornece a luva de proteção de CA 17452 com a
seguinte descrição: “luva de segurança, mão direita (mão do facão) confeccionada em
tecido sintético na palma, face palmar dos dedos, ponta dos dedos, dedos polegar e
indicador; dorso e face dorsal dos dedos em náilon; pigmentos na palma, face palmar
dos dedos e ponta dos dedos; elástico no dorso; tira de reforço externa em raspa entre os
dedos polegar e indicador; punho em malha de poliéster; mão esquerda (mão da cana)
confeccionada em grafatex de poliéster na palma, face palmar dos dedos, ponta dos
dedos, dedos polegar e indicador; dorso e face dorsal dos dedos em náilon; fio de aço
recoberto com não tecido nos dedos polegar e indicador; tira de reforço externa em
tecido sintético entre os dedos polegar e indicador; punho 15 cm em malha de
poliéster”9.
9
De acordo com descrição no Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo MTE. Disponível em:
http://www.mte.gov.br/sistemas/caepi/PesquisarCAInternetXSL.asp. Acesso em: 10 fev. 2010.
28
CA 17452
Mão facão
CA 17452
Mão cana
Foto: Alex de Oliveira Pires
Figura 4 Luvas de Segurança com CA 17452 – mão da cana e mão do facão
Empresa F – Uso de luvas diferentes para cada mão com opção de modelos
A empresa F fornece opção de dois (2) modelos de luvas de proteção para a mão
do facão. Uma luva de CA 16906, desde 2000, e outra de CA 20854, desde 2008. Para a
mão da cana, são utilizados até três modelos em conjunto, ou seja, ao mesmo tempo.
Uma luva de CA 10572, tricotada em fio de helanca, embaixo de uma luva de CA 6536,
tricotada em dois fios de aço, desde 2005, que é usada sob outra luva de CA 16906,
desde 2000, ou de CA 20.854, desde 2008.
A luva helanca não foi declarada pela empresa no questionário aplicado,
entretanto, foi encontrada em uso no campo durante as entrevistas.
O par de luvas de CA 16906 tem a seguinte descrição: “luva de segurança,
confeccionada em raspa na palma e face palmar dos dedos, dorso e face dorsal dos
dedos em sarja, reforço interno em raspa na palma, reforço externo em raspa entre os
dedos indicador e polegar, punho em malha de algodão, elástico no dorso para ajuste”.10
As luvas de CA 20854 têm as seguintes descrições: “mão direita (mão do facão)
– luva de segurança confeccionada em grafatex de poliéster na face palmar e dedo
polegar; pigmentos antiderrapantes em PVC na palma e face palmar dos dedos; reforço
10, 8, 9, 10, 11
De acordo com descrição no Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo MTE. Disponível
em: http://www.mte.gov.br/sistemas/caepi/PesquisarCAInternetXSL.asp. Acesso em: 10 fev. 2010.
29
externo em tecido sintético entre os dedos polegar e indicador; dorso e face dorsal dos
dedos em náilon; elástico no dorso para ajuste, mão esquerda (mão da cana) – luva de
segurança confeccionada em grafatex de poliéster na palma, face palmar dos dedos,
pontas dos dedos e dedo polegar; fios de aço recobertos por tecido sintético nos dedos
polegar, indicador e médio; reforço externo em tecido sintético entre os dedos polegar e
indicador; punho em malha de poliéster”.11
A luva de segurança de CA 6536 tem a seguinte descrição: “tricotada em dois
fios de aço, com ou sem pigmentação em PVC na palma e face palmar dos dedos;
acabamento em overloque; punhos com lástex e elástico nos tamanhos de 5 cm, 10 cm,
15 cm, 20 cm e 40 cm, ou nos tamanhos 5 cm, 10 cm e 20 cm. ref.: 4120.00, 4120.10,
4120.15, 4120.20 e 4120.40 (sem pigmentação); 4122.00, 4122.10, 4122.20 (com
pigmentação)”12. A luva analisada foi sem pigmentação na mão, pois é a luva usada na
mão da cana.
A luva de segurança de CA 10572 é usada debaixo da luva de fios de aço da
mão da cana e tem a seguinte descrição: “luva de segurança tricotada em fio de helanca,
acabamento em overloque, modelo reversível, punho com elástico” 11.
CA 16906
Mão facão
CA 20854
Mão do facão
Foto: Alex de Oliveira Pires
Figura 5 Luva de proteção para a mão do facão – CA 16906 e CA 20854
8, 9, 10, 11
De acordo com descrição no Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo MTE. Disponível em:
http://www.mte.gov.br/sistemas/caepi/PesquisarCAInternetXSL.asp. Acesso em: 10 fev. 2010.
30
CA
6536
CA
20854
CA
10572
Foto: Alex de Oliveira Pires
Figura 6 Luva de proteção para a mão da cana – CA 6536, CA 20 854, CA 10572
CA
6536
CA
16906
CA
10572
Foto: Alex de Oliveira Pires
Figura 7 Luva de proteção para a mão do facão – CA 6536, CA 16906, CA 10572
31
6.4 Gerenciamento das luvas
As luvas para o corte de cana têm sido selecionadas e acompanhadas pelos
profissionais de segurança do trabalho, na maioria técnicos de segurança do trabalho. Os
líderes e os fiscais de campo que monitoram a produção também acompanham seu uso.
Em algumas empresas (empresas B e C) são realizados testes em campo solicitando a
participação dos trabalhadores no processo de escolha de luvas pré- selecionadas.
Os critérios de escolha das luvas apontados como relevantes pelos profissionais
de segurança do trabalho das usinas foram a melhor aderência ao cabo do facão e a
maior proteção ao corte para a mão da cana.
As reposições periódicas dos pares de luvas variaram de 7 a 75 dias.
Em todos os casos, a responsabilidade pela higienização, guarda e relatos de
desgastes ficam a cargo dos trabalhadores.
O Quadro 3 apresenta como os profissionais de segurança das usinas
administram a utilização das luvas de proteção em cada uma das seis usinas. Coloca as
principais dificuldades e facilidades identificadas pelos profissionais das usinas,
apontando muitos dos problemas observados em campo, tais como o tamanho de luvas e
os fios de aço que se soltam. Observa-se que, com exceção da empresa F, que fornece
tamanhos diferentes de luvas para a mão da cana e utiliza três luvas conjuntamente,
todas as demais fornecem um só tamanho de luva para todos os trabalhadores, inclusive
a empresa F para a mão do facão. Às vezes, o tamanho é especificado como médio
(empresas A e B), outras vezes como tamanho único (empresas C, D, E e F).
A empresa C relatou que os acidentes envolvendo as luvas têm sido em torno de
oito ao mês. Na empresa D tem ocorrido aproximadamente quatro acidentes ao mês e na
empresa E, dois acidentes ao mês.
32
Quadro 3 Gerenciamento das luvas
Empresa
CA’s
A
Facão:
15109
Cana:
10441
desde
2007
B
Facão
e
Cana
20368
Desde
2009
C
Facão:
e
Cana:
20368
desde
2008
D
Facão:
e
Cana:
14205
desde
2005
E
Facão
e
Cana:
17452
desde
2009
F
Facão:
16906
desde
2000 e
20854
desde
2008
Cana:
6536
desde
2005
16906
desde
2000 e
20854
desde
2008
Tamanhos
fornecidos
Critérios de
escolhas
Médio
> aderência para
facão e
segurança para
mão da cana.
Médio
Único
Único
Único
Único
grande/médio
e pequeno
Por
recomendação de
alguém
> aderência e
flexibilidade
Pesquisa entre
usinas e
fabricantes
Reposição
Cada 45 dias
2 pares
e/ou quando
necessário
Cada 30 dias
Orientações
Higienização
por parte do
trabalhador a
cada 2 dias
ou quando
necessário
Higienização
por parte do
trabalhador
todos os dias
Dificuldades
/limitações atuais
e facilidades
Escolha e
acompanhamento
das luvas
Sugestões
melhorias
Acidentes
Profissionais da
segurança do
trabalho
Medição
das mãos
por parte
da
empresa.
-------
A escolha tem
participação dos
trabalhadores.
Acompanhamento
por técnicos de
segurança e fiscais
------------
-----------
---------
2 cortes
por semana
Dificuldade:
Tamanho grande
Facilidade:
Boa segurança
segundo avaliação
da empresa
Dificuldade:
Escorrega na mão
do facão
Facilidade:
É flexível
Conforme a
necessidade
Higienização
por parte do
trabalhador
todos os dias
Dificuldade:
Tamanhos das
mãos
A escolha tem
participação dos
trabalhadores.
Acompanhamento
por técnicos de
segurança
Conforme a
necessidade
Higienização
por parte do
trabalhador
todos os dias
Após o
fornecimento
de 2 pares
Dificuldade:
Endurecimento e
arames que se
soltam
RH e profissionais
da segurança do
trabalho.
Acompanhamento
pelo técnico de
segurança
Melhoria de
desempenho
Semanal
Higienização
por parte do
trabalhador
todos os dias
> proteção
Conforme a
necessidade,
sendo em média
a cada 2 meses
e meio.
Depende
também do tipo
de luva
Higienização
por parte do
trabalhador
todos os dias
Técnico de
segurança
Dificuldade:
Tamanhos das
mãos
Dificuldades:
Uso de 2 ou mais
luvas
conjuntamente.
Fios de aço que se
soltam
Acompanhamento
pelo técnico de
segurança
e
auxiliares
Profissionais da
segurança do
trabalho.
Profissionais da
segurança do
trabalho e líderes
De jan/09 a
jul/09
----------23
acidentes
> proteção
para
lateral
externa
dos dedos
e reforço
nas
costuras
02
acidentes
ao mês
Teste de
outras
luvas pela
empresa
em
andamento
------
Na entrega das luvas aos trabalhadores, estes são orientados quanto à
obrigatoriedade do uso para prevenção de acidentes.
33
6. 5 Durabilidade das luvas
A durabilidade das luvas foi avaliada a partir da seguinte pergunta feita aos
trabalhadores durante as entrevistas: “em quanto tempo a luva começa estragar (dias)”,
por isso, para as luvas acerca das quais os trabalhadores não fizeram nenhum relato não
foi possível trabalhar com a duração, em função do que essas luvas não estão
contempladas no Quadro 4.
A duração média das luvas usadas pelas mulheres é de aproximadamente 21
dias e para os homens é de 14 dias.
As luvas utilizadas na mão da cana que apresentaram menor durabilidade foram
as de CA 16906 e CA 17451, uma média de 10 dias de duração. As luvas que
apresentaram em média a maior duração foi a de CA 10441, por volta de 20 dias.
Para a mão que segura o facão, o maior tempo médio observado foi de 22 dias
para luva de CA 15109. E o menor tempo médio de duração foi de 12 dias, para luva de
CA 16906.
O menor e o maior tempo referente à durabilidade foram atribuídos às luvas que
manuseiam a cana: com um mínimo de 2 dias para o CA 16906 e um máximo de 90
dias para o CA 20368.
A faixa de variação do tempo de duração das luvas para a mão da cana ficou
entre 10 a 20 dias. Para a mão do facão, o intervalo de variação do tempo de duração
ficou entre 12 a 22 dias.
Quadro 4 Durabilidade das luvas analisadas
CA/mão com luva
15109/ mão facão
10441/ mão cana
20368/ mão facão
20368/ mão cana
14205/ mão facão
14205/ mão cana
17451/mão facão
17451/mão cana
16906/ mão facão
16906/ mão cana
Nºº trab.
21
21
29
29
24
23
23
21
21
19
Média (dias)
21,6
19, 8
12,6
15, 6
20,0
20,2
11,8
10,2
11,7
10,2
Mínimo (dias)
5,0
7,0
7,0
7,0
7,0
7,0
4,0
4,0
4,0
2,0
Máximo (dias)
60,0
45,0
30,0
90,0
60,0
60,0
30,0
30,0
21,0
25,0
34
Observa-se que o material com que é confeccionada a luva não é determinante
na durabilidade, visto que as luvas em grafatex têm tempos médios de duração
diferentes, inclusive estando em mãos que executam funções diferentes – segurar o
facão ou manusear a cana cortada.
Segundo relatos dos trabalhadores, a duração das luvas depende de vários
fatores, entre eles o tipo de cana, a produção individual, resíduos presentes junto ao tipo
de cana manuseada, posição da cana e outros:
“As luvas duram 15 dias na cana queimada e 7 dias na cana
crua; a durabilidade das luvas depende da produção.”
“A luva que segura a cana dura 12 dias, mas quando tem capim
dura 3 dias; na cana caída as luvas duram 10 dias, na cana em pé
duram 15 dias.”
Para as luvas em malha de aço de CA 6536, usada na mão da cana, com luva
sobreposta (CA16906 ou CA 20854), não houve relatos a respeito do seu tempo de
duração. Apareceu somente um depoimento apontando para uma durabilidade em torno
de 3 meses: “a luva em malha de aço (CA 6536 ) dura 3 meses, depois o aço começa a
se soltar e machuca as mãos”.
De acordo com a declaração da empresa, as luvas de malha de aço são
substituídas em média a cada 10 dias, dependendo do tipo de cana cortada. A reposição
depende do usuário e do estado da luva que é utilizada por cima (grafatex ou couro).
Caso essa luva esteja danificada, ela tem que ser substituída imediatamente, do
contrário, a vida útil da luva em malha de aço fica diminuída.
A durabilidade das luvas está relacionada também às estratégias de utilização
em situações de adaptação, ou seja, um trabalhador canhoto vincula a duração da sua
luva ao fato de ter que virar pelo avesso a luva de destro para conseguir trabalhar: “por
ser canhoto, quando vem luva para destro, viro do avesso, desta forma a luva dura
apenas 2 dias”.
35
6. 5. 1 Problemas relacionados ao uso de luvas em processo de desgaste
Quando uma luva não é mais adequada para o uso? Quando é preciso trocar um
par de luvas usado por um par de luvas novas? Responder a essas perguntas não é tarefa
fácil.
A luva de CA 6536 e a de CA 16906 ficam duras e ásperas com o passar do
tempo. Os fios de aço da luva de CA 6536, com pouco tempo de uso, soltam-se,
dificultando assim a execução do trabalho. A luva de CA 16906 provoca bolhas e
descasca a mão: “a luva dificulta fechar os dedos das mãos, o que atrapalha segurar a
cana já cortada, além disto, a mão fica com bolhas e descama”.
A luva usada na mão facão de CA 17451 prejudica muito o trabalho quando
envelhece: “pois machuca a mão no local da empunhadura do facão e quando ela é nova
não machuca”.
O uso de luvas em processo de desgaste dificulta o trabalho e provoca
ferimentos na mão que segura o facão e na mão que manuseia a cana cortada. Embora
haja previsão para trocas de luvas, em campo, encontramos trabalhadores usando luvas
em condições bastante precárias, conforme figura 8: “as luvas apodrecem quando
envelhecem, a troca deveria ser feita antes que os fios de aço começassem a sair”.
Figura 8 A utilização de luva em desgaste
36
6.6 Certificados de Aprovação, níveis de proteção e os acidentes de trabalho
A norma BS EN 388:2003 prevê uma classificação de proteção para as luvas
contra riscos mecânicos por meio de níveis de desempenho que variam de:
-
0 (zero) a 4 (quatro) para abrasão;
-
0 (zero) a 4 (quatro) para rasgamento;
-
0 (zero) a 4 (quatro) para perfuração; e
-
0 (zero) a 5 (cinco) para corte por lâmina sem impacto.
Quanto maior a classificação, maior o nível de desempenho, maior a proteção.
Os níveis de desempenho são expressos para cada um dos riscos mecânicos,
sendo sempre o primeiro referente à abrasão, o segundo ao rasgamento, o terceiro à
perfuração e o quarto ao corte por lâmina sem impacto.
1 234
perfuração
rasgamento
corte por lâmina sem impacto
abrasão
Figura 9 Demonstração da forma de apresentação dos níveis de proteção referentes aos riscos
mecânicos conforme previstos na BS EN 388:2003 – Protective gloves against mechanical Luvas de proteção contra riscos mecânicos
O Quadro 5 apresenta a classificação de proteção correspondente a cada risco
mecânico, para cada luva, e seu respectivo CA. Ressalta-se que para um mesmo CA
pode haver níveis de proteção diferentes para luvas de mãos diferentes, como é o caso
das luvas de CA 20368, que tem níveis de desempenho 4142 para a mão do facão e
4243 para a mão da cana, assim como o CA 20854, que tem níveis de desempenho 4342
para a mão do facão e 4441 para a mão da cana.
37
Quadro 5 Luvas de proteção e seus respectivos níveis de proteção
Proteção
Certificado de
Aprovação (CA)
Mão da luva
15109
Mão do facão
3242
10441
Mão da cana
4442
20368
Mão do facão
4142
20368
Mão da cana
4243
14205
17452
níveis de desempenho13
Mão do facão
e da cana
Mão do facão
e da cana
3442
4242
20854
Mão do facão
4342
20854
Mão da cana
4441
16906
Mão do facão
Sem classificação quanto ao
nível de desempenho
6536
Mão da cana
3X41 e 3X42
10572
Mão da cana
0041
Empresa A
Os níveis de proteção do CA 15109 da luva usada na mão do facão são 4242.
Essa luva tem desempenho de proteção considerado alto (4) para abrasão e rasgamento
e baixo (2) para corte por lâmina sem impacto e perfuração.
13
Níveis de desempenho de proteção correspondentes aos CA, registros do Ministério do Trabalho e
Emprego. Secretária de Inspeção no Trabalho. Certificado de Aprovação de Equipamento de Proteção
Individual. Disponível em: http://www.mte.gov.br/sistemas/caepi/PesquisarCAInternetXSL.asp. Acesso
em: 11 jan. 2010.
38
Uma trabalhadora contou ter sofrido um acidente com essa luva: “quando
amolava o facão a cobra furou a luva desta mão”.
Os níveis de proteção do CA 10441, luva usada na mão da cana, são 4442. Essa
luva tem alto desempenho (4) para abrasão, corte por lâmina sem impacto e rasgamento
e baixo (2) para perfuração.
Os relatos de acidentes ocorridos com essa luva foram:
“O facão pegou o dedão, tive que levar pontos.”
“No corte da cana para mudas, sofri um acidente, onde cortei o
dedo indicador e o polegar.”
“Os cabos de aço estavam soltos, cortei os cabos de aço da luva
e sofri um acidente, no dedo indicador.”
“Na mão da cana, cortei o dedão ao raspar a mão no chão, para
organizar a cana cortada.”
“Cortei o dedo indicador e fiquei uma semana afastado.”
“Já tive um acidente na mão que segura a cana, pois estava
usando a luva do facão na mão da cana, as luvas não tinham fios
de aço.”
Empresas B e C
Os níveis de proteção do CA 20368 para a mão da cana são 4243. Indica que a
luva tem alto desempenho (4) para abrasão e rasgamento, médio desempenho (3) para
perfuração e baixo (2) para corte por lâmina sem impacto.
Os trabalhadores relataram os seguintes acidentes:
“Cortei o dedo indicador, pois a luva grafatex não protege do
golpe do facão.”
“Hoje cortei a ponta do dedo indicador, mas sofri outro acidente
onde cortei a ponta do dedão.”
“Temos que trabalhar com as luvas descosturadas, isto é, que
machucam as mãos.”
“A minha mão fica toda machucada com os fios de aço que se
soltam.”
“Sofri um acidente, pois a luva não era resistente ao corte.”
39
“Nas luvas velhas, os fios saem e machucam as mãos, pois a
luva apodrece, a troca tem que ser feita antes que a luva comece
apodrecer, assim evita a saída dos fios internos das luvas.”
Empresa D
Os níveis de proteção do CA 14205 para as luvas usadas na mão da cana e do
facão são 3442. Indica que a luva tem alto desempenho (4) para corte sem impacto e
rasgamento, médio desempenho (3) para abrasão e baixo (2) para perfuração.
Todos os relatos obtidos se referiram a acidentes ocorridos na mão da cana:
“O facão pegou as costas da mão.”
“O facão cortou as pontas dos dedos.”
“Com 10 dias, os fios de aço se soltam da luva e a minha mão
fica inflamada.”
“Os fios de aço se soltam com facilidade, mesmo na luva nova,
por isto sofri um acidente onde cortei as pontas de quatro
dedos.”
Empresa E
Os níveis de proteção do CA 17452 para as luvas usadas na mão da cana e do
facão são 4242. Indica ter alto desempenho (4) para abrasão e rasgamento e baixo
desempenho (2) para perfuração e corte por lâmina sem impacto.
Para essa luva, há relatos de acidentes nas duas mãos:
“O facão amolado pegou no colonião, escorregou e me feriu.”
“A minha mão, mão do facão, fica cheia de ferimentos e
bolhas.”
“Retiro os fios de aço da luva, da mão da cana, pois eles me
machucam.”
“Cortei o dedo indicador com o facão.”
“Cortei a parte superior da mão.”
40
Empresa F
A luva com o CA 16906, por ser confeccionada em raspa de couro, passou por
ensaios segundo a NBR 13712 - Luvas de proteção, não mais utilizada. Esta norma não
propõe informações sobre nível de proteção e não faz diferenciação entre uma mão e
outra.
Os níveis de proteção das luvas de CA 20854 são 4342 e 4441, luvas da mão do
facão e da mão da cana, respectivamente.
O nível de proteção da luva da mão do facão indica ter alto desempenho (4) para
abrasão e rasgamento, médio desempenho (3) para corte por lâmina sem impacto e
baixo (2) para perfuração. Para essa luva, houve uma descrição de acidente: “o facão
escorregou e me feriu nas costas das mãos”.
A classificação de desempenho da luva da mão da cana indica ter alto
desempenho (4) para abrasão, rasgamento e corte sem impacto e baixíssimo
desempenho (1) para perfuração.
Os depoimentos sobre acidentes ocorridos com essa luva foram:
“O facão atingiu o início do dedão e meio da mão, cortou a luva
de couro, mas a luva de aço segurou e não feriu a mão.”
“O facão cortou as costas da mão com as duas luvas (couro +
aço ), levei pontos.”
A classificação de proteção da luva de CA 6536, luva em malha de aço, é 3X41
e 3X42. De acordo com a Norma BS EN 420:2003, o símbolo “X” indica que a luva não
foi submetida ao teste de corte por lâmina sem impacto. O Laboratório de Calçados e
Produtos de Proteção/Centro Tecnológico da Indústria da Moda do Instituto de Pesquisa
Tecnológica (IPT) de Franca, laboratório credenciado para executar os ensaios para
riscos mecânicos em luvas de proteção, informou que os fios de aço impedem que o
teste para a resistência ao corte seja realizado, já que o equipamento desliga
automaticamente por contato elétrico com o metal.
41
Então a luva de CA 6536 tem médio desempenho (3) para abrasão, não fornece
informações (X) para a resistência ao corte por lamina sem impacto, tem alto
desempenho (4) para rasgamento e apresenta baixo e baixíssimo desempenho (2 e 1)
para perfuração.
A classificação de desempenho do CA 10572 para a luva da mão da cana é
0041. Indica desempenho nulo (0) para abrasão e corte por lâmina sem impacto, alto
desempenho (4) para rasgamento e baixíssimo desempenho (1) para perfuração. Não
ocorreram depoimentos sobre acidentes ocorridos com essa luva, pois ela é usada sob a
luva de metal.
Os níveis de desempenho apresentados, em especial os da mão da cana, não têm
correspondido à proteção necessária aos fatores de riscos presentes no corte manual da
cana.
O principal fator de risco, o corte por impacto pelo facão, não é contemplado
nas classificações apresentadas.
6.7 Avaliação qualitativa das luvas de proteção utilizadas no corte manual
da cana-de-açúcar
A manifestação da qualidade percebida, bem como as limitações no uso das
luvas de proteção, foi descrita a partir das justificativas às respostas dadas pelos
trabalhadores usuários das luvas frente às dificuldades encontradas.
6.7.1 Luva de proteção de CA 15109 e de CA 10441 utilizadas na Usina A
A amostra desta Usina era formada por 30 trabalhadores(as) (12 homens e 18
mulheres), entretanto, apenas 24 (8 homens e 16 mulheres) usavam na mão do facão a
luva com o CA 15109, 1 homem e 1 mulher não usavam a luva e 3 homens e 1 mulher
usavam outras luvas.
As justificativas pelo não uso das luvas foram:
“Essa luva causa formigamento nos dedos e câimbras, pois não
é aderente ao cabo do facão, o que não permite segurar o facão
com firmeza, por isto não uso luva na mão do facão.”
“A luva do facão faz calo no dedão e na palma das mãos.”
42
O tamanho e o comprimento dos dedos das luvas, quando são largos e
compridos, provocam dor, inchaço e adormecimento nos dedos, dificultando a pega no
cabo do facão com firmeza, fazendo com que os trabalhadores tirem as luvas várias
vezes durante o dia.
A luva descostura na empunhadura do cabo do facão, o que também tem
dificultado segurá-lo com segurança.
Os problemas se agravam, forçando adaptações, quando não são fornecidas
luvas corretas para os trabalhadores canhotos.
O tamanho da luva, a aderência ao cabo do facão e a localização das costuras na
empunhadura do facão foram os principais problemas da luva de CA 15109.
A luva de CA 10441 é fornecida para ser utilizada na mão que segura a cana
cortada. A amostra era formada por 30 trabalhadores(as) (12 homens e 18 mulheres),
contudo, apenas 22 (13 mulheres e 9 homens) usavam a luva com esse CA.
Conforme descrição dos trabalhadores, o material com que é confeccionada essa
luva é percebido como muito grosso:
“A luva da mão da cana impede fechar os dedos, isto prejudica o
trabalho e me dá muita dor nos nervos da mão.”
“Os dedos adormecem, por isto os movimentos da mão que
segura a cana ficam prejudicados.”
O antebraço da luva de CA 10441 apresentou dificuldades no seu uso:
“Tenho alergia e sofro de uma coceira insuportável no braço.”
“Atrapalha o movimento, por ser muito comprido para o meu
braço.”
O suor da mão molha a luva, por isto “ela fica escorregadia e amontoa no punho,
pois é muito larga, o que incomoda muito”.
Demais problemas relatados no uso dessa luva foram:
“Tiro a luva da mão da cana, pois parece que me dá choque e
adormece os dedos, ao tirar a luva passa a sensação ruim de
adormecimento.”
43
“Causam muita dor nas mãos e provocam câimbras.”
O trabalhador que não usava luvas justificou-se da seguinte maneira: “eu não
uso luva na mão do facão, pois sinto muita câimbra nos dedos e também não uso na
mão da cana, pois a luva não permite fechar os dedos para segurar a cana”.
Os principais problemas no uso desta luva estão relacionados à grossura do
material com que essa luva é confeccionada, impedindo de fechar os dedos, e o
tamanho, que, muitas vezes, apresentou-se grande para as mãos dos usuários.
6.7.2 Luva de proteção de CA 20368 utilizadas nas Usinas B e C
As amostras das empresas B e C totalizavam 43 homens, dos quais 31 usavam a
luva de CA 20368 na mão do facão, 5 não usavam luva nesta mão, 7 usavam outras
luvas.
Um dos trabalhadores que não utilizava a luva na mão do facão justificou: “não
uso luva na mão que segura o facão, prefiro encapar o cabo do facão com pano”.
Alguns motivos expressados para justificar o fato desta luva prejudicar o
trabalho foram:
“O uso da luva na mão do facão contribui para que a mão fique
mais cansada e os dedos adormecidos, dificultando a
movimentação dos dedos e a pega do facão com firmeza.”
“Luva descama as mãos, quando o facão está molhado: pois
nesta condição temos que apertar com força a luva para segurar
o facão.”
O tamanho das luvas fornecidas foi o principal motivo de queixas dos
trabalhadores. Todos os relatos se referiam às luvas serem muito grandes, dificultando o
trabalho, por exemplo:
“Se o punho da luva fosse mais justo, ela não sairia da mão, por
isto eu costuro o punho.”
“A luva aperta os dedos nas pontas e no meio dos dedos são
largos.”
44
“O punho poderia ser mais comprido para proteger o braço do
sol.”
Essas luvas descosturam principalmente no reforço sintético entre o polegar e o
indicador. Com a demora na troca, a mão fica ferida pelo movimento constante para
segurar o facão.
A luva da mão do facão machuca dentro dos dedos e nas costuras que ficam na
empunhadura do facão.
A aderência ao cabo do facão, o tamanho inadequado e a localização da costura
na empunhadura do facão foram os principais problemas desta luva.
Para a mão da cana com CA 20368, 33 utilizavam a luva, 8 usavam outras luvas
nesta mão e 2 não usavam luva.
Neste caso, apenas a Empresa B fornecia luva para canhoto.
Há percepção de que o material com que é confeccionada a luva é muito grosso
e que, na parte de cima da mão, não é resistente ao corte do facão.
Outro problema relacionado ao material é o endurecimento, acentuado pela
presença de sacarose, da fuligem e do sol quente. Essa condição dificulta o fechar dos
dedos e a estratégia desenvolvida pelos trabalhadores para tornar a luva mais flexível é
molhá-la constantemente durante o trabalho.
As costuras dessa luva também são grossas e foram motivos de queixas dos
trabalhadores por ferimentos nas mãos.
A luva de CA 20368 é fabricada com fios de aço para evitar o corte, entretanto,
os fios de aço se soltam, o que provoca ferimentos nas mãos e dá insegurança aos
cortadores, que alegaram não perceber a proteção pretendida:
“Os fios de aço começam a se soltar com mais ou menos 10
dias, aí começam a machucar as mãos, pois a troca da luva é
mensal.”
“Cortei o dedo indicador, porque essa luva não protege do golpe
do facão.”
“Os fios internos de aço enroscam e ferem os dedos, por isto eu
retiro os fios de aço.”
45
O tamanho de luva fornecida é inadequado para muitos dos trabalhadores
entrevistados. Para alguns, a luva é grande (punho largo, dedos compridos e largos):
“A luva escorrega e saí da mão, pois é muito larga na minha
mão.”
“Podia ser mais justa no punho para não escapar da mão.”
“Esta luva é ruim, pois é muito grande e dificulta o trabalho.”
“Luva da cana é larga e tem os dedos compridos, por isto os
dedos doem, incham e adormecem, fica muito difícil trabalhar,
já que é impossível segurar a cana com firmeza.”
O tamanho da luva é fator que, além de prejudicar a saúde do trabalhador,
dificulta o trabalho e a produtividade: “essa luva dificulta muito o trabalho de pegar a
cana caída e enraizada, já que os dedos largos e compridos dificultam apoiar a mão, o
que provoca muita dor na mão e no braço”.
O antebraço desta luva é curto e não protege do corte do facão e tampouco da
cana que deve ser abraçada para ser organizada: “sinto muita coceira no braço que
abraça a cana para colocar na 3ª rua do eito”. Além disso, o elástico da mão da cana
prende o pulso e machuca.
A troca de luvas da mão da cana pela luva da mão do facão é feita por 6
trabalhadores, dos quais 3 teceram esta justificativa: “a luva da mão do facão não tem os
fios de aço que machucam as mãos”. Isso agrava o risco de corte, já que a mão fica
exposta ao impacto da lâmina do facão.
O desgaste desta luva é maior nas pontas dos dedos, pois é o local que raspa no
chão quando a cana é carregada para ser organizada.
A grossura do material com que é confeccionada essa luva, o tamanho das
costuras, o acabamento dos fios de aço que se soltam lesionando as mãos dos
trabalhadores e o tamanho inadequado foram os principais problemas apresentados por
esta luva de proteção.
46
6.7.3 Luva de proteção de CA 14205 utilizadas na Usina D
A amostra desta empresa era formada por 29 trabalhadores(as) (18 homens e 11
mulheres), todavia a análise da luva de CA 14205 usada na mão que segura o facão foi
de 27 trabalhadores (11 mulheres e 16 homens), 2 mulheres não utilizavam luva nesta
mão.
Os relatos apontaram para dificuldade de movimento dos dedos e das mãos, bem
como para a falta de aderência ao cabo do facão. O não uso foi assim justificado: “nas
luvas novas, as costuras machucam as mãos nos vãos dos dedos, por isto muitas vezes
uso outra luva de pano”.
As borrachas aderidas na palma da luva da mão do facão se soltam rapidamente,
o que faz com que o facão escorregue com o uso da luva.
No local onde os trabalhadores empunham o facão existem costuras que ferem
as mãos, pois são altas e grossas, além disso, este local possui um cabo de aço que se
solta e lesiona o dedão e o dedo indicador.
No período da manhã, a mão e as luvas ficam bem molhadas.
Um trabalhador canhoto não recebia a luva adequada para a sua situação e usava
a luva invertida ou do avesso: “uso a luva no avesso para evitar que calos apareçam
onde seguro o cabo do facão e sinto câimbras nos braços quando uso essa luva”.
O tamanho das costuras, a falta de aderência ao cabo do facão e o acabamento
do cabo de aço que fica na empunhadura do facão foram os principais problemas
apresentados no uso desta luva.
Para a mão da cana dos 29 trabalhadores (18 homens e 11 mulheres), 27 usavam
a luva. Uma trabalhadora e um trabalhador não usam luva nesta mão.
É comum os fios de aço se soltarem: “por isto a mão fica inflamada, o que
prejudica os movimentos”, “machucam a mão, pois saem os cabos de aço, sinto
câimbras com essa luva”, “a mão fica ferida pelos ferrinhos que se soltam”. A Figura 10
ilustra esse depoimento, demonstrando que a luva estava ainda nova quando os fios de
aço começam a se soltar.
47
Figura 10 Fio de aço solto na luva com CA 14205
O desgaste da luva está associado ao endurecimento do tecido, o que leva a um
maior esforço e consequentemente provoca dores nas mãos. Houve relatos de que,
quando o calor é intenso, as mãos ficam encharcadas de suor.
Os trabalhadores salientam que os elásticos do punho da mão da cana e do facão
apertam e ferem os punhos.
Nas luvas novas, os arames ferem o dorso da mão, pois ficam soltos dentro da
luva e roçam as mãos durante o movimento necessário para manusear a cana cortada,
provocando ferimentos na pele.
O acabamento dos fios de aço que se soltam e lesionam as mãos, facilitando a
ocorrência de corte pelo facão e o endurecimento desta luva, foram os principais
problemas encontrados nesta luva de proteção.
6.7.4 Luva de proteção de CA 17452 utilizadas na Usina E
O grupo desta empresa era formado por 30 homens, dos quais 24 usavam a luva
fornecida de CA 17452 na mão que manuseia o facão, 4 optaram por utilizar outras
luvas e 2 trabalhadores não usavam a luva.
O tamanho de luva fornecido é inadequado ao tamanho das mãos dos
trabalhadores, para alguns ela é grande, conforme os depoimentos abaixo:
48
“se os dedos fossem mais curtos e mais justos seria melhor”;
“machuca minha mão, já que escorrega, por ser grande demais
para mim”.
“Quando bato na cana a luva ‘embucha’ ao invés de pegar cana,
pego apenas luva.”
“É larga e comprida nos dedos.”
“A luva da mão da cana prejudica o movimento da mão por ser
muito grande na mão e larga no pulso e no antebraço.”
“A luva, por ser muito grande, solta da mão quando fica
molhada e lisa, aí machuca a mão.”
“Os dedos são compridos e, quando vou segurar a cana, eles
enrolam, machucando as unhas e as pontas dos dedos se enchem
de calos.”
Para outros trabalhadores a luva é justa, com os dedos curtos e estreitos, por isto,
“as unhas e a parte superior da mão ficam todas lesionadas, pois a luva aperta”.
O agravamento da situação de uso se dá pelo fato da mão suar e ficar molhada,
principalmente nos dias mais quentes: “com a mão lisa, a luva escorrega no cabo do
podão, isto exige muito mais força para segurar o mesmo, o que provoca muita dor nos
braço e bolhas no local que segura o facão”; “a mão molhada incomoda muito, pois o
facão desliza na mão lisa”.
O tamanho das costuras das luvas foi motivo de queixas, em especial àquelas
que ficam na lateral dos dedos: “a luva machuca no dorso da mão, pois as costuras são
muito grossas”.
O problema do tamanho associado às costuras também foi observado: “como a
luva é muito larga, as costuras dobram, machucam a mão e destroem as unhas”.
Com o endurecimento, principalmente nos dias mais quentes, os trabalhadores
molham a luva durante o trabalho e as lavam diariamente.
49
A luva rasga na lateral dos dedos que seguram o facão ou na empunhadura,
principalmente nas costuras.
Os trabalhadores percebem que “a produtividade caí muito com o uso desta
luva”.
Há fornecimento de luvas adequadas para canhotos.
O tamanho das luvas e as costuras localizadas na empunhadura do facão foram
os principais problemas observados nesta luva de proteção.
Para a mão da cana dos 30 homens entrevistados, 28 usavam a luva e 2
trabalhadores usavam outras luvas.
A luva contém fios de aço para proteger contra cortes, mas estes se soltam com
frequência e lesionam a mão. Muitos trabalhadores arrancam os fios de aço como
estratégia para continuar trabalhando sem se ferirem. Entretanto, a mão fica
completamente exposta aos cortes e esse risco é percebido pelos trabalhadores: “sofri
um acidente e cortei a parte superior da mão”.
O comprimento do antebraço da luva é curto para a função que ele deveria
cumprir: proteger o braço da cana e do facão.
Os trabalhadores também destacaram que o braço fica machucado, pois a
proteção do antebraço fica raspando a pele.
O material com que essa luva é fabricada é grosso, não permitindo que os dedos
se fechem para segurar a cana, principalmente quando o sol esquenta e a luva endurece.
Ainda com relação ao material, 4 integrantes do grupo salientaram que a mão
fica encardida, pois a luva permite a passagem de sujeira.
A grossura do material com que é confeccionada a luva e o acabamento dos fios
de aço que se soltam e lesionam as mãos expondo-a ao corte do facão foram os
principais problemas desta luva de proteção.
6.7.5 Luvas de proteção utilizadas na Usina F: CA 16906; CA 20854; CA
6536
A amostra na Usina F para analisar a luva da mão do facão foi de 22
trabalhadores (19 homens e 3 mulheres), dos quais 20 usavam a luva de CA 16906 (2
mulheres e 18 homens) e 2 trabalhadores usavam a luva em grafatex de CA 20854.
50
A preferência pela luva em couro é por ser mais fina e ter maior durabilidade. Já
a luva em grafatex tem pouca durabilidade, conforme informações dos cortadores.
Um dos trabalhadores que escolheu a luva de grafatex, de CA 20854, diz ter
feito essa opção pelas borrachinhas existentes na palma da mão, proporcionando a ele
uma melhor pega no facão.
A luva de CA 16906 confeccionada em couro, embora seja a escolhida pela
quase totalidade da amostra, é percebida como fator que dificulta o trabalho,
principalmente nas horas mais quentes do dia: “a luva provoca calos nas mãos, câimbra
além de muita dor. Prejudica o movimento da mão, nas horas mais quentes do dia, pois
o couro endurece demais, provocando calos na palma da mão, além da pele da mão se
soltar”.
A luva de couro escorrega no cabo do facão: “se o cabo do facão fosse
emborrachado, a luva não prejudicava o trabalho, pois a mão fica molhada e escorrega
no cabo”.
Essa luva de proteção machuca o local onde está a empunhadura do facão, pois
as costuras grossas se rompem e lesionam as mãos: “as costuras machucam na parte
superior do dedo indicador”.
O tamanho de luva fornecido não é o adequado para todos os trabalhadores: “a
luva poderia ser menor, por ser muito grande dificulta segurar o cabo do facão”.
O fornecimento de luvas para canhotos ocorre, mas não sempre: “por ser
canhoto, quando vem luva para destro, viro do avesso e dura apenas 2 dias, às vezes
vem luva para canhoto”.
A falta de aderência ao cabo do facão proporcionada pela luva em raspa de
couro, o tamanho inadequado e a grossura da costura localizada na empunhadura do
facão foram os principais problemas da luva em raspa de couro.
A durabilidade da luva em grafatex foi o principal problema apontado pelo
usuário.
Para a mão que segura a cana cortada são fornecidas 3 luvas de proteção: malha
de aço de CA 6536, couro de CA 16906 ou grafatex de CA 20854 e helanca de CA
10572.
51
O uso conjunto é feito da seguinte forma: sobre a luva de malha de aço deve ser
usada a luva em couro ou de grafatex, a luva em helanca fica em contato direto com a
pele da mão e a malha de aço.
O objetivo da luva de helanca é proteger a pele da mão da luva em malha de aço,
segundo os trabalhadores.
Para o grupo que analisou as luvas da mão da cana, as respostas se referiam às
luvas que estavam sobre a luva de aço de CA 6536, que poderiam ser em couro CA
16906 ou grafatex CA 20854, e também sobre o conjunto das luvas.
A amostra neste caso era composta por 22 trabalhadores(as) (3 mulheres, 19
homens): 18 usavam a luva com o CA 16906 (2 mulheres e 16 homens) e 4
trabalhadores (1 mulher e 3 homens) usavam a luva em grafatex com o CA 20854.
Três trabalhadores se adaptaram ao uso conjunto das 3 luvas: “o conjunto das
luvas é ótimo, pois dá segurança, no início a luva da malha de aço é grande, depois do
uso ela se ajusta a mão”; “o conjunto das luvas (helanca, aço e grafatex), atrapalha, mas
protege”; “conjunto das 3 luvas é bom, não machuca e dá segurança”; “usa o conjunto
malha de aço mais couro e não tem problemas”.
As dificuldades encontradas no uso das luvas foram:
Primeiro: uso do conjunto completo das luvas (malha aço, couro e helanca)
“Quando uso o conjunto das luvas fico com a mão molhada,
pois esquenta muito, adormece a mão dos dedos até o pulso, e
formiga durante a noite”;
“O conjunto das 3 luvas prejudica muito o movimento."
Segundo: uso do conjunto da malha de aço e couro ou grafatex
“Uso só 2 luvas, a de aço e a de couro, depois que usei a luva de
aço comecei a sentir dormência do cotovelo até a ponta dos
dedos durante a noite.”
“O conjunto malha de aço e couro: machuca as pontas dos dedos
e a mão adormece. À noite a mão lateja de dor, o braço fica
52
inchado e dói demais, pois com o conjunto tem que fazer mais
força para pegar a cana.”
“Não uso o conjunto (malha de aço mais grafatex), pois
esquenta e encharca mão de suor, é dura demais e não permite
fechar a mão, por isto atrapalha pegar a cana.”
“Uso a luva de tricô (helanca) por baixo da luva de aço, pois a
luva de aço machuca as mãos.”
“Uso apenas a de aço e a de couro, as três juntas são demais.”
Terceiro: O uso da malha de aço isolada
“A luva de metal é dura e não permite fechar as mãos, machuca
na ponta dos dedos, à noite a minha mão e o meu braço ficam
adormecidos e formigando, além disto, também sinto fortes
dores, a pele solta da mão mesmo com a luvinha branca.”
“A luva em malha de aço dura 3 meses. Depois disto, os fios de
aço se soltam e machucam as mãos.”
O endurecimento da luva em raspa de couro foi apontado como um fator que
dificulta o trabalho: “no início o couro é mole, conforme a lavagem a luva endurece”;
“quanto mais carvão14, mais dura fica a luva”.
O local no qual as luvas de couro rasgam é na ponta dos dedos que seguram a
cana: “os dedos que seguram a cana rasgam ao raspar no chão”; “as pontas dos dedos
rasgam e racham quando raspam no chão”.
Um dos problemas da luva em malha de aço está relacionado ao seu desgaste
quando os fios de aço se soltam lesionando as mãos, e o outro é o contato da luva com a
pele.
14
É o carvão oriundo da cana queimada antes de ser cortada.
53
As dificuldades do uso conjunto das 3 luvas são limitação no fechamento dos
dedos das mãos e aplicação de esforço maior, sendo fatores contribuintes para as
queixas de dormência, lesões e dores nas mãos, nos braços e ombros.
54
7. Variabilidade entre o tamanho das mãos
Os produtos que são concebidos sem considerar as medidas físicas da população
usuária podem ocasionar acidentes de trabalho e doenças ocupacionais muitas vezes
irreversíveis.
Durante o estudo das luvas de proteção usadas no corte manual da cana,
observou-se que elas estão sendo fornecidas em tamanho único desconsiderando a
variação entre os tamanhos das mãos dos usuários(as), ocasionando, em várias
situações, o trabalho com desconforto e insegurança.
Na análise sobre os tamanhos das luvas da mão do facão, a maioria dos
trabalhadores considerou a largura dos dedos e das mãos das luvas de CA 15109,
20368, 14205, 17452, 16906 grande. Por outro lado, as luvas de CA 15109, 14205 e
17452 foram consideradas compridas nos dedos.
Para a mão que manuseia a cana, a análise apontou dedos compridos e largos
para as luvas de CA (10441, 20368, 14.205 e 17452).
A Figura 11 apresenta a desproporção entre o tamanho da mão e a luva
fornecida. Observa-se também a embalagem contendo pacotes de soro fisiológico que
são oferecidos aos trabalhadores.
Figura 11 Tamanho inadequado – luva com CA 17452
55
A determinação do tamanho das luvas não deve ser aleatória. A Norma EN 420
(2003) estabelece 6 tamanhos diferentes desenvolvidos com base na circunferência e no
comprimento das mãos. A circunferência, segundo a norma, deve ser medida com uma
fita métrica a partir do ponto entre o dedo polegar e o indicador. O comprimento da mão
é medido pela distância entre o pulso e o dedo médio.
Quadro 6 Determinação do tamanho das mãos
Tamanho das mãos
Circunferência da mão
Comprimento
6
152 mm
160 mm
7
177 mm
171 mm
8
203 mm
182 mm
9
228 mm
192 mm
10
254 mm
204 mm
11
280 mm
215 mm
Fonte: EN 420 (2003)
O banco de dados antropométricos da população do Brasil, desenvolvido pelo
Instituto Nacional de Tecnologia (INT, 1998), considera para as mãos 10 variáveis
antropométricas, conforme descrito no Quadro 7.
56
Quadro 7 Variáveis antropométricas e suas respectivas descrições
Variável
antropométrica
Descrição
Espessura da mão
Distância entre os pontos mais proeminentes do
metacarpo III, na superfície dorsal e palmar da mão
Largura da mão no
polegar
Distância entre os pontos mais laterais da mão, ao
nível da primeira falange do dedo polegar
Largura do dedo
anular
Distância entre os pontos mais laterais da segunda
falange do dedo anular
Largura do dedo
indicador
Distância entre os pontos mais laterais da segunda
falange do dedo indicador
Largura do dedo
médio
Distância entre os pontos mais laterais da segunda
falange do dedo médio
Largura do dedo
mínimo
Distância entre os pontos mais laterais da segunda
falange do dedo mínimo
Largura do dedo
polegar
Distância entre os pontos mais laterais da segunda
falange do dedo polegar
Perímetro da mão
no metacarpo
Medido sobre os metacarpos dos dedos indicador e
mínimo
Perímetro da mão
no polegar
Medido ao nível da primeira falange do dedo polegar
Comprimento
máximo da mão
Distância da extremidade pulpar do dedo médio à
linha de junção da palma da mão com o pulso.
Demonstração
Fonte: INT (1998)
57
Durante a coleta de dados em campo, foram tomadas medições nas mãos dos
trabalhadores com a finalidade de obter informações sobre a variabilidade entre o
tamanho das mãos daqueles que utilizam as luvas de proteção, visto que as dimensões
do corpo humano variam conforme idade, sexo, raça e fatores socioeconômicos.
No estudo piloto e nas Usinas A e B não foram tomadas as medições, pois a
decisão de medir as mãos foi posterior a essas visitas, em função da observação sobre o
fornecimento de tamanho único para todos os trabalhadores.
A medição das mãos foi feita utilizando-se uma fita métrica sobre a mão nua do
trabalhador.
Foram feitas 3 medidas:
1.
Perímetros da mão no metacarpo: medido sobre os metacarpos dos dedos
indicador e mínimo;
2.
Perímetro da mão no polegar: medido ao nível da primeira falange do
dedo polegar;
3.
Comprimento máximo da mão: distância da extremidade pulpar do dedo
médio à linha de junção da palma da mão com o pulso.
Os perímetros das mãos no polegar foram medidos nas Usinas C, D e F em 16
mulheres e 51 homens. Os perímetros do metacarpo foram medidos na Usina E em 30
homens. O comprimento da mão foi mensurado em todos esses trabalhadores(as).
A média do perímetro da mão no polegar das mulheres foi de 23,58 cm com
desvio padrão 1, 8. A média para os homens foi de 23,64 cm, com desvio padrão 2,3. Os
dados do INT (1998) para a média do perímetro da mão de 538 homens foi de 25,5 cm,
com desvio padrão 1,2.
O comprimento médio das mãos dos homens do grupo de trabalhadores das
Usinas C, D e F foi de 19,71 cm, com desvio padrão de 1,25 cm. Para as mulheres, o
comprimento médio das mãos foi de 18,46 cm, com desvio padrão de 1,33.
A média obtida na medição dos metacarpos dos dedos indicador e mínimo, entre
os 30 homens, foi de 22,20 cm, com desvio padrão de 1,4 cm. O INT (1998) obteve
para o mesmo perímetro, em amostra de 538 homens, a média de 20,7 cm, com desvio
padrão de 1,1.
O comprimento médio das mãos dos homens da Usina E foi de 19,54 cm, com
desvio padrão de 1,57cm. O comprimento médio das mãos de homens encontrado pelo
INT (1998) foi de 19 cm, com desvio padrão de 1.
58
Quadro 8 Medições do comprimento da mão e perímetro da mão no polegar (cm)
Masculino (51)
Mínimo
Médio
Máximo
Comprimento
16,50
19,71
22,00
Perímetro
19,50
23,64
31,00
Feminino (16)
Mínimo
Médio
Máximo
Comprimento
16,50
18,46
22,00
Perímetro
20,60
23,58
26,50
O comprimento médio das mãos das mulheres foi de 18,46 cm, com desvio
padrão de 1,3. Para 202 mulheres do Serpro (Serviço de Processamento de Dados), o
comprimento médio das mãos foi de 17,2 cm com desvio padrão de 0,8 INT (1998).
Quadro 9 Medições do Comprimento e perímetro da mão no Metacarpo (cm)
Masculino (30)
Mínimo
Médio
Máximo
Comprimento
16,00
19,54
23,00
Perímetro
19,50
22,20
25,00
Iida (2005, pg. 320) comenta: “[...] a usabilidade (facilidade e comodidade no
uso de produtos) está relacionada ao conforto que ele oferece ao ser usado, e que ela
depende da interação entre o produto, o usuário, a tarefa e o ambiente [...]”.
Conclui-se, então, que a usabilidade das luvas de proteção para o corte manual
da cana esta comprometida, visto que as medidas antropométricas das mãos dos
usuários não estão sendo consideradas no fornecimento das luvas.
As medidas das mãos dos trabalhadores(as) poderiam ser tomadas durante os
exames ocupacionais, semelhante ao que é feito para o uso de sapatos, de forma que
fossem fornecidas luvas de tamanho adequado a cada um dos trabalhadores, respeitando
os princípios de segurança e conforto necessários às atividades de trabalho.
59
8. O uso do facão
O principal instrumento de trabalho do corte manual da cana-de-açúcar é o
facão. É através dele que o corte manual da cana é executado.
Essa ferramenta de trabalho passa por inúmeras transformações, realizadas pelos
trabalhadores em geral com o objetivo de facilitar o trabalho e proteger o corpo,
especialmente a coluna e os braços.
Os gráficos a seguir mostram que a maioria dos trabalhadores (as) faz
improvisações para trabalhar com o facão.
120,00%
100,00%
80,00%
emborrachamento
60,00%
largura
comprimento
40,00%
20,00%
0,00%
Usina A (24)
Usina B (22)
Usina C (9)
Usina D (27)
Usina E (24)
Usina F (22)
número de trabalhadores por usina
Figura 12 Porcentagem de trabalhadores que modificam o cabo do facão
A constatação da aplicação do emborrachamento no cabo do facão para
viabilizar o uso junto à luva de proteção confirma estudo anterior feito por Gonzaga
(2002), no qual se verificou que essa estratégia era utilizada por 82,7% de um grupo de
29 trabalhadores.
Neste estudo somente uma empresa, a empresa E, fornecia o facão com o cabo
emborrachado. Os trabalhadores desta empresa comentaram o seguinte: “o facão
emborrachado é bom, principalmente quando o sol está presente”; “a empresa fornece
cabo emborrachado, por isto o facão é melhor”.
O comprimento do cabo é alterado em função da altura do trabalhador (a),
observando-se um aumento de 10 cm, 35 cm e 40 cm. Todos justificaram essas
60
alterações da mesma forma: “faço isto para curvar menos a coluna e, consequentemente
ter menos dor nas costas”.
A largura do cabo é também modificada. Normalmente o cabo é afinado e os nós
são retirados, com o objetivo de ajustá-lo ao tamanho das mãos e dar mais firmeza à
pega do facão , o que facilita o corte.
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
arredonda
entorta
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Usina A
(24)
Usina B
(22)
Usina C (9)
Usina D
(27)
Usina E
(24)
Usina F 22)
número de trabalhadores
Figura 13 Porcentagem de trabalhadores que modificam a lâmina do facão
A lâmina do facão é entortada para facilitar o corte rente ao chão e a retirada dos
tocos. Isto ajuda na organização da cana cortada e também a curvar menos a coluna.
Os trabalhadores arredondam a lâmina para evitar que ela penetre no solo.
Normalmente eles utilizam fogo, lima, martelo para arredondar e entortar a
lâmina: “esquenta e molda a lâmina no chão, com a lima afio o facão e quebro a ponta”;
“esquento o podão, coloco um pau e piso em cima”.
61
Figura 14 Cabos do facão modificados
A figura acima ilustra as improvisações no cabo: emborrachamento e
modificação no tamanho e na largura.
62
9. Considerações finais
9.1 Recomendações dos trabalhadores
As recomendações acerca das luvas de proteção que foram feitas pelos
trabalhadores(as) estão a seguir.
O tamanho, o material, o acabamento e o período de troca foram os alvos das
recomendações.
A adequação ao tamanho das mãos foi sugerida para todas as luvas de proteção
analisadas.
Para o CA 15109, foi sugerido que o punho deve ser mais justo e os dedos mais
compridos.
Para o CA 20368 (mão da cana), foi proposto que o antebraço seja mais longo
para proteger do joça da cana, principalmente quando a cana é crua.
Para os CA 10441, 17452 e 14205, foi sugerido que o antebraço seja mais
comprido para proteger o braço do golpe do facão.
Para as luvas utilizadas na mão do facão, para todos os CA, as sugestões foram
no sentido de melhorar o material de confecção de forma a aumentar a aderência ao
cabo do facão.
Para os CA 15109, 20368, 16906 e 14205, foi sugerido que o material fosse mais
macio e fino para ter melhor flexibilidade nas mãos, de forma a permitir uma melhora
na pega no cabo do facão.
Para todos os CA da mão da cana, exceto a do CA 6536, a principal
recomendação foi que o material seja resistente ao corte do facão.
Para o CA 10441 da mão da cana, foi recomendado que o material fosse mais
fino para permitir que os dedos se fechem.
Para as luvas de CA 10441 e 17452, usadas na mão da cana, as recomendações
foram relativas à melhoria do acabamento das costuras de forma que se tornem menores
e mais finas.
Para os CA 14205, 20368 e 17452, foi sugerido que os acabamentos sejam mais
resistentes de forma a impedirem que os fios de aço se soltem com facilidade.
Com relação ao CA 6536, a sugestão foi de que o aço da luva fique localizado
apenas na parte de cima da mão, visto ser esta parte da mão que está exposta ao golpe
do facão.
63
Finalizando, os trabalhadores recomendam que sejam respeitados os períodos de
trocas de acordo com o tempo útil das luvas.
9.2 Recomendações gerais
Na escolha dos EPI, é importante considerar não apenas um equipamento que
ofereça maior proteção, mas que ofereça também conforto e mobilidade para os
trabalhadores, pois o uso satisfatório de qualquer produto está relacionado à eficácia e
à eficiência em interface com seus usuários.
Neste sentido, recomenda-se:
•
Considerar o tamanho das mãos dos trabalhadores na aquisição das luvas
de proteção, adotando-se os critérios estabelecidos na EN 420;
•
Desenvolver ensaios para testar os tamanhos das luvas com os tamanhos
das mãos correspondentes, incluindo comprimento e largura de dedos;
•
Desenvolver ensaios para verificar a capacidade dos materiais
antiaderentes citados nos CA;
•
Avaliar a capacidade de proteção dos fios de aço utilizados nas luvas
estudadas, pois não são realizados ensaios de laboratório que assegurem essa proteção;
•
Fornecer facão adaptado às características físicas do trabalhador e do
trabalho, gratuitamente, conforme o item 31.11.1 da NR 31;
•
Aumentar o tamanho da proteção do antebraço, especificamente para o
corte em cana crua;
•
Desenvolver ensaios de corte com lâmina por impacto de forma a
garantir a proteção adequada para as luvas utilizadas no corte manual da cana;
•
Respeitar rigorosamente as trocas das luvas levando-se em conta os reais
tempos de durabilidade das luvas, que variam em torno de 15 a 22 dias em média;
•
Maior atenção na fabricação das luvas de proteção que se destinam ao
corte manual da cana-de-açúcar para que elas possam atender às peculiaridades
inerentes à atividade e que os ensaios de destreza, aderência ao cabo e corte por impacto
sejam obrigatórios para garantir um trabalho mais seguro e eficaz.
Recomenda-se que as normas técnicas aplicáveis aos EPI definidas pela
Comissão Nacional Tripartite estejam disponíveis ao público na língua portuguesa
utilizada no Brasil.
64
10. Conclusão
O sistema de proteção por meio do uso de Equipamento de Proteção Individual
no Brasil apresenta-se da seguinte maneira: o trabalhador é obrigado a usar o que lhe é
oferecido, pois, por razões óbvias de posição hierárquica, na realidade, dificilmente
contestará. Por outro lado, a empresa é obrigada a fornecer o EPI adequado aos riscos
presentes nas atividades de trabalho, procura-o no mercado e, de modo geral, compra o
que está disponível.
É o fabricante ou o importador quem desenvolve e especifica a que ou a quais
riscos o produto se destina. Os laboratórios credenciados, seja diretamente pelo MTE ou
pelo Sinmetro, determinam, por meio de ensaios, os níveis de desempenho ou proteção
para determinados riscos, de acordo com a solicitação feita pelos fabricantes, sem entrar
no mérito da adequação do EPI à atividade, e conforme ensaios de desempenho contra
determinados riscos propostos por normas nacionais ou internacionais.
Na aplicação dos ensaios, não há reprovação, mas sim classificação de níveis de
desempenho, pelo menos para o caso dos ensaios para luvas de proteção contra riscos
mecânicos.
Contudo, o MTE–DSST, quando concede o CA, assume toda a responsabilidade
pela qualidade do mesmo. O produto então vai para o mercado com suas limitações de
proteção e dificuldades de uso oriundos do processo de concepção sem mecanismos
para garantir a conformidade pretendida já no momento da emissão do CA.
Embora os estudos semelhantes a este, realizados em 2003/2004, demonstrem
que houve uma melhora nas condições de uso das luvas de proteção no corte manual da
cana, a situação encontrada hoje ainda é precária. Foram encontrados problemas de
grande relevância que prejudicam a saúde dos trabalhadores, tais como:
1. O fornecimento de luvas de proteção de tamanhos incompatíveis com as mãos
dos usuários, prejudicando o trabalho e causando danos a saúde;
2. A utilização de luvas na mão da cana não resistentes ao corte por impacto do
facão, portanto não protegendo contra os acidentes por corte;
3. Uso conjunto de duas a três luvas para proteção de riscos dificultando a
destreza e proporcionando peso extra nas mãos;
4. Luvas que com pouco tempo de uso soltam espontaneamente os fios de aço,
que não se sabe o quanto pode proteger, pois não passaram por nenhum ensaio que
65
comprovasse proteção; cutucam as mãos e os dedos dos usuários, chegando, em alguns
casos, a machucar quando não são removidos a tempo;
5. Luvas da mão do facão com pouco tempo de uso que soltam as borrachas que
deveriam garantir a aderência ao cabo do facão;
6. A não reposição imediata de luvas assim que começam a desgastar;
7. A não previsão de normas de ensaios que contemplem todos os riscos
presentes na atividade de corte manual da cana e tampouco são exigidos para concessão
de CA;
9. Não exigência explícita da obrigatoriedade da adoção de todos os ensaios
previstos nas normas para a obtenção do CA;
10. O processo de certificação de EPI do MTE não requisita testes em campo
que contemplariam as situações reais de trabalho, considerando todos os fatores de
riscos presentes, ignorando os potenciais efeitos sinérgicos.
A legislação recente, Portaria 121/2009 do MTE, traz exigências importantes
que devem contribuir para uma melhoria da aplicação dos EPI. Entretanto, ressalta-se a
importância de se desenvolver EPI específicos para determinadas atividades de trabalho
e de se repensar a obrigatoriedade do uso EPI pelo trabalhador, na medida em que,
compreendendo os limites dos CA e a realidade das condições de trabalho, dos vários
fatores de riscos presentes e dos que podem originar-se a partir do uso de EPI,
identifica-se grandes possibilidades de impedir que alguém possa exercer seu trabalho
de forma segura e saudável.
66
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70
Anexo A
NR 6 – Equipamento de proteção individual - EPI
6.1 Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora – NR, considera-se
Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso
individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
6.1.1 Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção Individual, todo aquele
composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha associado contra um ou mais
riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de ameaçar a
segurança e a saúde no trabalho.
6.2 O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só
poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação –
CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.
6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao
risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra
os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,
c) para atender a situações de emergência.
6.4 Atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional, e observado o disposto
no item 6.3, o empregador deve fornecer aos trabalhadores os EPI adequados, de acordo
com o disposto no Anexo I desta NR.
6.4.1 As solicitações para que os produtos que não estejam relacionados no Anexo I,
desta NR, sejam considerados como EPI, bem como as propostas para reexame
daqueles ora elencados, deverão ser avaliadas por comissão tripartite a ser constituída
pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, após
ouvida a CTPP, sendo as conclusões submetidas àquele órgão do Ministério do
Trabalho e Emprego para aprovação.
71
6.5 Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho – SESMT, ouvida a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA e
trabalhadores usuários, recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco existente
em determinada atividade.
6.5.1 Nas empresas desobrigadas a constituir SESMT, cabe ao empregador selecionar o
EPI adequado ao risco, mediante orientação de profissional tecnicamente habilitado,
ouvida a CIPA ou, na falta desta, o designado e trabalhadores usuários.
6.6 Responsabilidades do empregador.
6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI:
a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;
b) exigir seu uso;
c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em
matéria de segurança e saúde no trabalho;
d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;
e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e,
g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas
ou sistema eletrônico.
6.7 Responsabilidades do trabalhador.
6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI:
a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;
b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;
c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e,
d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.
6.8 Responsabilidades de fabricantes e/ou importadores.
6.8.1 O fabricante nacional ou o importador deverá:
a) cadastrar-se junto ao órgão nacional competente em matéria de segurança e
saúde no trabalho;
b) solicitar a emissão do CA;
72
c) solicitar a renovação do CA quando vencido o prazo de validade estipulado pelo
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde do trabalho;
d) requerer novo CA quando houver alteração das especificações do equipamento
aprovado;
e) responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que deu origem ao
Certificado de Aprovação - CA;
f) comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador de CA;
g) comunicar ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho quaisquer alterações dos dados cadastrais fornecidos;
h) comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional, orientando sua
utilização, manutenção, restrição e demais referências ao seu uso;
i) fazer constar do EPI o número do lote de fabricação; e,
j) providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito do SINMETRO,
quando for o caso;
k) fornecer as informações referentes aos processos de limpeza e higienização de
seus EPI, indicando quando for o caso, o número de higienizações acima do qual é
necessário proceder à revisão ou à substituição do equipamento, a fim de garantir
que os mesmos mantenham as características de proteção original.
6.8.1.1 Os procedimentos de cadastramento de fabricante e/ou importador de EPI e de
emissão e/ou renovação de CA devem atender os requisitos estabelecidos em Portaria
específica.
6.9 Certificado de Aprovação - CA
6.9.1 Para fins de comercialização o CA concedido aos EPI terá validade:
a) de 5 (cinco) anos, para aqueles equipamentos com laudos de ensaio que não
tenham sua conformidade avaliada no âmbito do SINMETRO;
b) do prazo vinculado à avaliação da conformidade no âmbito do SINMETRO,
quando for o caso.
6.9.2 O órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho,
quando necessário e mediante justificativa, poderá estabelecer prazos diversos daqueles
dispostos no subitem 6.9.1.
73
6.9.3 Todo EPI deverá apresentar em caracteres indeléveis e bem visíveis, o nome
comercial da empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do CA, ou, no caso de
EPI importado, o nome do importador, o lote de fabricação e o número do CA.
6.9.3.1 Na impossibilidade de cumprir o determinado no item 6.9.3, o órgão nacional
competente em matéria de segurança e saúde no trabalho poderá autorizar forma
alternativa de gravação, a ser proposta pelo fabricante ou importador, devendo esta
constar do CA.
6.11 Da competência do Ministério do Trabalho e Emprego / MTE
6.11.1 Cabe ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho:
a) cadastrar o fabricante ou importador de EPI;
b) receber e examinar a documentação para emitir ou renovar o CA de EPI;
c) estabelecer, quando necessário, os regulamentos técnicos para ensaios de EPI;
d) emitir ou renovar o CA e o cadastro de fabricante ou importador;
e) fiscalizar a qualidade do EPI;
f) suspender o cadastramento da empresa fabricante ou importadora; e,
g) cancelar o CA.
6.11.1.1 Sempre que julgar necessário o órgão nacional competente em matéria de
segurança e saúde no trabalho, poderá requisitar amostras de EPI, identificadas com o
nome do fabricante e o número de referência, além de outros requisitos.
6.11.2 Cabe ao órgão regional do MTE:
a) fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e a qualidade do EPI;
b) recolher amostras de EPI; e,
c) aplicar, na sua esfera de competência, as penalidades cabíveis pelo
descumprimento desta NR.
74
Anexo I
(Texto dado pela Portaria SIT nºº 25, de 15 de outubro de 2001)
Lista de equipamentos de proteção individual
A - EPI para proteção da cabeça
A.1 - Capacete
a) capacete de segurança para proteção contra impactos de objetos sobre o crânio;
b) capacete de segurança para proteção contra choques elétricos;
c) capacete de segurança para proteção do crânio e face contra riscos provenientes
de fontes geradoras de calor nos trabalhos de combate a incêndio.
A.2 - Capuz
a) capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço contra riscos de origem
térmica;
b) capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço contra respingos de
produtos químicos.
B - EPI para proteção dos olhos e face
B.1 - Óculos
a) óculos de segurança para proteção dos olhos contra impactos de partículas
volantes;
b) óculos de segurança para proteção dos olhos contra luminosidade intensa;
c) óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação ultra-violeta;
d) óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação infra-vermelha;
e) óculos de segurança para proteção dos olhos contra respingos de produtos
químicos.
B.2 - Protetor facial
a) protetor facial de segurança para proteção da face contra impactos de partículas
volantes;
b) protetor facial de segurança para proteção da face contra respingos de produtos
químicos;
c) protetor facial de segurança para proteção da face contra radiação infravermelha;
75
d) protetor facial de segurança para proteção dos olhos contra luminosidade intensa.
B.3 - Máscara de Solda
a) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e face contra impactos de
partículas volantes;
b) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e face contra radiação
ultra-violeta;
c) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e face contra radiação
infra-vermelha;
d) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e face contra
luminosidade intensa.
C - EPI para proteção auditiva
C.1 - Protetor auditivo
a) protetor auditivo circum-auricular para proteção do sistema auditivo contra
níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido na NR - 15, Anexos I e II;
b) protetor auditivo de inserção para proteção do sistema auditivo contra níveis de
pressão sonora superiores ao estabelecido na NR - 15, Anexos I e II;
c) protetor auditivo semi-auricular para proteção do sistema auditivo contra níveis
de pressão sonora superiores ao estabelecido na NR - 15, Anexos I e II.
D - EPI para proteção respiratória
D.1 - Respirador purificador de ar
a) respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias contra poeiras e
névoas;
b) respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias contra poeiras,
névoas e fumos;
c) respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias contra poeiras,
névoas, fumos e radionuclídeos;
d) respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias contra vapores
orgânicos ou gases ácidos em ambientes com concentração inferior a 50 ppm (parte
por milhão);
e) respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias contra gases
emanados de produtos químicos;
76
f) respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias contra partículas
e gases emanados de produtos químicos;
g) respirador purificador de ar motorizado para proteção das vias respiratórias
contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos.
D.2 - Respirador de adução de ar
a) respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido para proteção das vias
respiratórias em atmosferas com concentração Imediatamente Perigosa à Vida e à
Saúde e em ambientes confinados;
b) máscara autônoma de circuito aberto ou fechado para proteção das vias
respiratórias em atmosferas com concentração Imediatamente Perigosa à Vida e à
Saúde e em ambientes confinados;
D.3 - Respirador de fuga
a) respirador de fuga para proteção das vias respiratórias contra agentes químicos
em condições de escape de atmosferas Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde ou
com concentração de oxigênio menor que 18% em volume.
E - EPI para proteção do tronco
E.1 - Vestimentas de segurança que ofereçam proteção ao tronco contra riscos de
origem térmica, mecânica, química, radioativa e meteorológica e umidade proveniente
de operações com uso de água.
E.2 - Colete à prova de balas de uso permitido para vigilantes que trabalhem portando
arma de fogo, para proteção do tronco contra riscos de origem mecânica.
F - EPI para proteção dos membros superiores
F.1 - Luva
a) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes abrasivos e escoriantes;
b) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes cortantes e perfurantes;
c) luva de segurança para proteção das mãos contra choques elétricos;
d) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes térmicos;
e) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes biológicos;
f) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes químicos;
g) luva de segurança para proteção das mãos contra vibrações;
h) luva de segurança para proteção das mãos contra radiações ionizantes.
77
F.2 - Creme protetor
a) creme protetor de segurança para proteção dos membros superiores contra
agentes químicos, de acordo com a Portaria SSST nº 26, de 29/12/1994.
F.3 - Manga
a) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço contra choques
elétricos;
b) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço contra agentes
abrasivos e escoriantes;
c) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço contra agentes
cortantes e perfurantes;
d) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço contra umidade
proveniente de operações com uso de água;
e) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço contra agentes
térmicos.
F.4 - Braçadeira
a) braçadeira de segurança para proteção do antebraço contra agentes cortantes.
F.5 - Dedeira
a) dedeira de segurança para proteção dos dedos contra agentes abrasivos e escoriantes.
G - EPI para proteção dos membros inferiores
G.1 - Calçado
a) calçado de segurança para proteção contra impactos de quedas de objetos sobre
os artelhos;
b) calçado de segurança para proteção dos pés contra choques elétricos;
c) calçado de segurança para proteção dos pés contra agentes térmicos;
d) calçado de segurança para proteção dos pés contra agentes cortantes e
escoriantes;
e) calçado de segurança para proteção dos pés e pernas contra umidade proveniente
de operações com uso de água;
f) calçado de segurança para proteção dos pés e pernas contra respingos de produtos
químicos.
78
G.2 - Meia
a) meia de segurança para proteção dos pés contra baixas temperaturas.
G.3 - Perneira
a) perneira de segurança para proteção da perna contra agentes abrasivos e
escoriantes;
b) perneira de segurança para proteção da perna contra agentes térmicos;
c) perneira de segurança para proteção da perna contra respingos de produtos
químicos;
d) perneira de segurança para proteção da perna contra agentes cortantes e
perfurantes;
e) perneira de segurança para proteção da perna contra umidade proveniente de
operações com uso de água.
G.4 - Calça
a) calça de segurança para proteção das pernas contra agentes abrasivos e
escoriantes;
b) calça de segurança para proteção das pernas contra respingos de produtos
químicos;
c) calça de segurança para proteção das pernas contra agentes térmicos;
d) calça de segurança para proteção das pernas contra umidade proveniente de
operações com uso de água.
H - EPI para proteção do corpo inteiro
H.1 - Macacão
a) macacão de segurança para proteção do tronco e membros superiores e inferiores
contra chamas;
b) macacão de segurança para proteção do tronco e membros superiores e inferiores
contra agentes térmicos;
c) macacão de segurança para proteção do tronco e membros superiores e inferiores
contra respingos de produtos químicos;
d) macacão de segurança para proteção do tronco e membros superiores e inferiores
contra umidade proveniente de operações com uso de água.
79
H.2 - Conjunto
a) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaqueta ou paletó, para
proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra agentes térmicos;
b) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaqueta ou paletó, para
proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra respingos de produtos
químicos;
c) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaqueta ou paletó, para
proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra umidade proveniente
de operações com uso de água;
d) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaqueta ou paletó, para
proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra chamas.
H.3 - Vestimenta de corpo inteiro
a) vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo contra respingos de
produtos químicos;
b) vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo contra umidade
proveniente de operações com água;
c) vestimenta condutiva de segurança para proteção de todo o corpo contra choques
elétricos.
I - EPI para proteção contra quedas com diferença de nível
I.1 - Dispositivo trava-queda
a) dispositivo trava-queda de segurança para proteção do usuário contra quedas em
operações com movimentação vertical ou horizontal, quando utilizado com cinturão
de segurança para proteção contra quedas.
I.2 - Cinturão
a) cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos de queda em
trabalhos em altura;
b) cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos de queda no
posicionamento em trabalhos em altura.
Nota: O presente Anexo poderá ser alterado por portaria específica a ser expedida pelo
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, após
observado o disposto no subitem 6.4.1.
80
Anexo II
(Texto dado pela Portaria SIT nºº 25, de 15 de outubro de 2001)
1.1 - O cadastramento das empresas fabricantes ou importadoras, será feito mediante a
apresentação de formulário único, conforme o modelo disposto no ANEXO III, desta
NR, devidamente preenchido e acompanhado de requerimento dirigido ao órgão
nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho.
1.2 - Para obter o CA, o fabricante nacional ou o importador, deverá requerer junto ao
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho a aprovação do
EPI.
1.3 - O requerimento para aprovação do EPI de fabricação nacional ou importado
deverá ser formulado, solicitando a emissão ou renovação do CA e instruído com os
seguintes documentos:
a) memorial descritivo do EPI, incluindo o correspondente enquadramento no
ANEXO I desta NR, suas características técnicas, materiais empregados na sua
fabricação, uso a que se destina e suas restrições;
b) cópia autenticada do relatório de ensaio, emitido por laboratório credenciado
pelo órgão competente em matéria de segurança e saúde no trabalho ou do
documento que comprove que o produto teve sua conformidade avaliada no âmbito
do SINMETRO, ou, ainda, no caso de não haver laboratório credenciado capaz de
elaborar o relatório de
ensaio, do Termo de Responsabilidade Técnica, assinado pelo fabricante ou
importador, e por um técnico registrado em Conselho Regional da Categoria;
c) cópia
autenticada
e atualizada do
comprovante de localização
do
estabelecimento, e,
d) cópia autenticada do certificado de origem e declaração do fabricante estrangeiro
autorizando o importador ou o fabricante nacional a comercializar o produto no
Brasil, quando se tratar de EPI importado.
81
Anexo III
(Texto dado pela Portaria SIT nºº 25, de 15 de outubro de 2001)
Ministério do Trabalho e Emprego
Secretaria de Inspeção do Trabalho Departamento de Segurança e Saúde no
Trabalho
Formulário único para cadastramento de empresa fabricante ou importadora de
equipamento de proteção individual
1 – Identificação do fabricante ou importador de EPI:
- Fabricante - Importador - Fabricante e Importador
Razão Social:
Nome Fantasia: CNPJ/MF:
Inscrição Estadual – IE: Inscrição Municipal – IM:
Endereço: Bairro: CEP:
Cidade: Estado:
Telefone: Fax:
E-Mail: Ramo de Atividade:
CNAE (Fabricante): CCI da SRF/MF (Importador):
2 – Responsável perante o DSST / SIT:
a) Diretores:
Nome nº da Identidade Cargo na Empresa
b) Departamento Técnico:
Nome nº do Registro Prof. Conselho Prof./Estado
3 – Lista de EPI fabricados:
4 – Observações:
a) Este formulário único deverá ser preenchido e atualizado, sempre que houver
alteração, acompanhado de requerimento ao DSST / SIT / MTE;
82
b) Cópia autenticada do Contrato Social onde conste dentre os objetivos sociais da
empresa, a fabricação e/ou importação de EPI.
Nota: As declarações anteriormente prestadas são de inteira responsabilidade do
fabricante ou importador, passíveis de verificação e eventuais penalidades, facultadas
em Lei.
_____________________________,______ de ______________________ de _______.
______________________________________
Diretor ou Representante Legal
83
Anexo B
Ministério do Trabalho e Emprego Secretaria de Inspeção do Trabalho
Portaria nºº 121, de 30 de setembro de 2009
(D.O.U. de 02/10/09 – Seção 1 – Págs. 80 a 82) Estabelece as normas técnicas de ensaios e os
requisitos obrigatórios aplicáveis aos Equipamentos de Proteção Individual – EPI enquadrados no
Anexo I da NR-6.
A SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO e a DIRETORA DO
DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO, no uso das
atribuições que lhes confere o Decreto nº 3.129, de 9 de agosto de 1999 e de acordo
com o disposto na alínea “c” do item 6.11.1 da Norma Regulamentadora nº 6, aprovada
pela Portaria nº 3.214 de 8 de junho de 1978, resolvem:
Art. 1º Aprovar as Normas Técnicas de Ensaios e os Requisitos Obrigatórios constantes
dos Anexos I e II desta Portaria aplicáveis aos Equipamentos de Proteção Individual –
EPI.
Art. 2º Os Certificados de Aprovação - CA dos EPI emitidos em conformidade com as
alíneas “c” e “d” do item 6.9.1 da NR-6, com vencimento em 7 de dezembro de 2009,
têm os prazos de validade prorrogados para 7 de junho de 2010, sendo que a
renovação/alteração destes CA será efetuada conforme disposto nos Anexos desta
Portaria.
Art. 3º Fica prorrogada para 31 de dezembro de 2009 a validade dos CA que tiverem
seu vencimento no período compreendido entre a data de publicação desta Portaria e 31
de dezembro de 2009.
Art. 4º Revogam-se os dispositivos em contrário em especial a Portaria nº 48, de 25 de
março de 2003, publicada no D.O.U. de 28/03/03, Seção 1, pág. 346.
Art. 5º Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.
RUTH BEATRIZ VASCONCELOS VILELA
Secretária de Inspeção do Trabalho
JÚNIA MARIA DE ALMEIDA BARRETO
Diretora do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho
84
Anexo I
Requisitos obrigatórios aplicáveis aos equipamentos de proteção individual - EPI
1. Requisitos gerais
1.1. O fabricante deve garantir e comprovar que o EPI foi concebido e fabricado em
conformidade com as exigências deste Anexo.
1.2. O importador deve garantir e comprovar que o EPI foi concebido e fabricado
conforme as exigências deste Anexo, apresentando, sempre que determinado pelo
Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho – DSST, a tradução juramentada dos
documentos pertinentes ao equipamento.
1.3. Os fabricantes e importadores dos EPI: capacete para combate a incêndio,
respirador purificador de ar motorizado, respirador de adução de ar tipo linha de ar
comprimido de demanda com pressão positiva tipo peça facial inteira combinado com
cilindro auxiliar, respirador de adução de ar tipo máscara autônoma de circuito fechado,
respirador de fuga e máscara de solda de escurecimento automático devem comprovar
ao DSST sua conformidade por meio de laudos, especificações técnicas e certificações
realizadas no exterior, caso não existam no Brasil laboratórios capacitados para realizar
os ensaios.
1.3.1. Os certificados emitidos por organismos internacionais serão reconhecidos pelo
MTE desde que o organismo acreditador do país emissor do certificado possua acordo
de reconhecimento mútuo com organismo acreditador no Brasil, devendo atender as
mesmas regras internacionais adotadas pela Coordenação-Geral de Acreditação do
INMETRO.
1.3.2. Resultados de laboratórios estrangeiros de ensaio serão aceitos somente quando o
laboratório for acreditado por um organismo signatário de acordo multilateral de
reconhecimento mútuo, estabelecido por uma das seguintes cooperações:
• Interamerican Accreditation Cooperation – IAAC;
• European co-operation for Accreditation – EA;
• International Laboratory Accreditation Cooperation – ILAC.
85
1.3.3. Os relatórios de ensaios realizados no exterior devem ser encaminhados ao DSST
com tradução juramentada em Português (Brasil), na versão original, com identificação
e contato do emissor.
1.4. Princípios obrigatórios na concepção e fabricação de EPI:
a) os EPI devem ser concebidos e fabricados de forma a propiciar dentro das
condições normais das atividades o nível mais alto possível de proteção;
b) a concepção dos EPI deve levar em consideração o conforto e a facilidade de uso
por diferentes grupos de trabalhadores, em diferentes tipos de atividades e de
condições ambientais;
c) os EPI devem ser concebidos de maneira a propiciar o menor nível de
desconforto possível;
d) o EPI deve ser concebido de forma a não acarretar riscos adicionais ao usuário e
não reduzir ou eliminar sentidos importantes para reconhecer e avaliar os riscos das
atividades;
e) todas as partes do EPI em contato com o usuário devem ser desprovidas de
asperezas, saliências ou outras características capazes de provocar irritação ou
ferimentos;
f) os EPI devem adaptar-se à variabilidade de morfologias do usuário quanto a
dimensões e regulagens, ser de fácil colocação e permitir uma completa liberdade
de movimentos, sem comprometimento de gestos, posturas ou destreza;
g) os EPI devem ser tão leves quanto possível, sem prejuízo de sua eficiência, e
resistentes às condições ambientais previsíveis;
h) EPI que se destinam a proteger simultaneamente contra vários riscos devem ser
concebidos e fabricados de modo a satisfazerem as exigências específicas de cada
um desses riscos e de possíveis sinergias entre eles;
i) os materiais utilizados na fabricação não devem apresentar efeitos nocivos à
saúde.
2. Requisitos específicos
2.1. EPI com dispositivos de regulagem devem oferecer mecanismos de fixação que
impeçam sua alteração involuntária após ajustados pelo trabalhador, observadas às
condições previsíveis de utilização.
86
2.2. EPI destinados à proteção da face, olhos e vias respiratórias devem restringir o
mínimo possível o campo visual e a visão do usuário e serem dotados de dispositivos
para evitar o embaçamento.
2.3. EPI destinados à utilização em áreas classificadas devem ser concebidos e
fabricados de tal modo que não possam originar arcos ou faíscas de origem elétrica,
eletrostática ou resultantes do atrito, passíveis de inflamar uma mistura explosiva.
2.4. Todos os dispositivos de ligação, extensão ou complemento conexos a um EPI
devem ser concebidos e fabricados de forma a garantir o nível de proteção do
equipamento.
2.5. EPI destinados a proteger contra os efeitos do calor e chamas devem possuir
capacidade de isolamento térmico e resistência mecânica compatíveis com as condições
previsíveis de utilização.
2.5.1. Os materiais constitutivos e outros componentes destinados à proteção contra o
calor proveniente de radiação e convecção devem apresentar resistência apropriada e
grau de incombustibilidade suficientemente elevado para evitar qualquer risco de autoinflamação nas condições previsíveis de utilização.
2.5.2. Os materiais e outros componentes de EPI passíveis de receber grandes projeções
de produtos quentes devem, além disso, amortecer suficientemente os choques
mecânicos.
2.6. EPI que incluírem aparelho de proteção respiratória devem assegurar cabalmente,
em todas as condições previsíveis, mesmo as mais desfavoráveis, a função de proteção
que lhes é atribuída.
2.7. EPI destinados a proteger contra os efeitos do frio devem possuir isolamento
térmico e resistência mecânica apropriados às condições previsíveis de utilização para
as quais foram fabricados.
2.7.1. Os materiais e outros componentes flexíveis dos EPI destinados a intervenções
dentro de ambientes frios devem conservar grau de flexibilidade apropriado, permitindo
completa liberdade de movimentos, sem comprometimento de gestos, posturas ou
destreza.
87
2.7.2. EPI de proteção contra o frio devem resistir à penetração de líquidos como, por
exemplo, a água, e não devem provocar lesões resultantes de contatos entre a sua
cobertura de proteção fria e o usuário.
2.7.3. Os fabricantes de vestimentas de proteção contra o frio devem comprovar ao
DSST, por meio de laudos técnicos e ensaios efetuados por laboratório capacitado no
Brasil, os requisitos de designação de tamanhos, de resistência à penetração de água e
de resistência ao rasgamento.
2.8. As luvas de proteção contra vibração devem possuir na região dos dedos as mesmas
características de atenuação que a da região da palma das mãos.
2.8.1. EPI destinados a proteger as mãos contra vibrações devem ter capacidade de
atenuar freqüências compreendidas entre 16 Hz e 1600 Hz, conforme definições da
Norma ISO 10819:1996.
2.9. EPI destinados a proteger contra efeitos da corrente elétrica devem possuir um grau
de isolamento adequado aos valores de tensão aos quais o usuário é passível de ficar
exposto nas condições previsíveis mais desfavoráveis.
2.10 Os fabricantes e importadores de EPI destinados à proteção da face e dos olhos
contra respingos de produtos químicos devem comprovar ao DSST, por meio de laudos
técnicos e ensaios efetuados por laboratório capacitado, os requisitos de resistência
mecânica apropriados às condições previsíveis de utilização para as quais foram
fabricados.
3. Marcação
3.1. A data de fabricação dos EPI deve ser marcada de forma indelével, legível, sempre
que possível, em cada exemplar ou componente do EPI;
88
3.1.1. Se tecnicamente não for possível a marcação em cada EPI, o fabricante ou
importador deve disponibilizar essa informação no manual de instruções e na
embalagem.
3.2. Caso o EPI contenha uma ou mais marcas de referência ou de sinalização a serem
respeitadas,
essas
devem
ser
perfeitamente
legíveis,
completas,
precisas
e
compreensíveis e assim permanecerem ao longo do tempo de vida previsível do
equipamento.
3.3. Quando o processo de higienização preconizado pelo fabricante ou importador
resultar em alteração das características do EPI, deve ser colocado, sempre que possível,
em cada exemplar do produto, a indicação do número de higienizações acima do qual é
necessário proceder à revisão ou à substituição do equipamento.
3.3.1. Se tecnicamente não for possível colocar a marcação em cada EPI, o fabricante ou
importador deve disponibilizar essa informação no manual de instruções e na
embalagem.
3.4. EPI destinados a proteção contra produtos químicos ou respingos de produtos
químicos devem dispor de marcação contendo dados referentes à composição do
material, aos produtos químicos aos quais pode ser exposto, como também ao nível de
proteção oferecido, sempre que possível em cada exemplar.
3.4.1. Se tecnicamente não for possível colocar a marcação em cada EPI, o fabricante ou
importador deve disponibilizar essa informação no manual de instruções e na
embalagem.
3.5. O fabricante ou importador dos EPI para proteção auricular deve disponibilizar no
manual de instruções ou na embalagem as seguintes informações:
a) limitações do EPI quanto a alterações da atenuação teórica devido a fatores como
as características da atividade e do usuário, a forma de uso e colocação, o tempo de
uso, o uso concomitante com outros EPI, as condições ambientais e a deterioração
por envelhecimento do material, entre outros;
b) efeitos secundários de danos à saúde provocados ou causados pelo uso do
equipamento como alergias, inflamações e outros;
89
c) especificação das condições das atividades ou de locais de trabalho nos quais a
redução da audição pode aumentar o risco de acidentes de trabalho;
d) tamanhos disponíveis;
e) instruções de uso, conservação e limpeza;
f) outras condições e limitações específicas.
3.6. EPI destinados a trabalhos ou manobras em instalações elétricas sob tensão ou
suscetíveis de ficarem sob tensão devem possuir marcação, sempre que possível gravada
no produto, que indique a classe de proteção e/ou a tensão de utilização respectiva, o
número de série e a data de fabricação.
3.6.1. Se tecnicamente não for possível colocar a marcação em cada EPI, o fabricante ou
importador deve disponibilizar essa informação no manual de instruções e na
embalagem.
3.7. EPI destinados a proteger contra os efeitos de radiações ionizantes devem possuir
marcação que indique a natureza e a espessura dos materiais constitutivos apropriados
às condições previsíveis de utilização.
3.8. EPI destinados à proteção das mãos devem possuir na embalagem as seguintes
informações:
a) tamanhos disponíveis;
b) medidas da circunferência e comprimento da mão correspondentes às instruções
de utilização;
c) instruções de uso, conservação e limpeza;
d) efeitos secundários de danos à saúde, provocados ou causados pelo uso das
luvas, como alergias, dermatoses, entre outros;
e) efeitos secundários de ampliação do risco de acidentes decorrentes do uso de
luvas, especialmente na operação de máquinas, equipamentos ou atividades com
contato com partes móveis;
f) efeitos secundários de perda ou redução da sensibilidade táctil e da capacidade de
preensão;
g) indicação, caso a proteção esteja limitada a apenas uma parte da mão;
h) especificação, caso o uso seja recomendado para apenas uma das mãos ou ainda
se haja indicação para o uso de luvas diferentes em cada mão;
90
i) referência a acessórios e partes suplentes, se houver.
3.9. As marcações especificadas acima não substituem as determinadas pelas Normas
Técnicas.
4. Manual de instruções
4.1. As instruções técnicas que acompanham os EPI devem estar em Português (Brasil)
e conter:
a) especificação dos materiais empregados;
b) declaração do fabricante ou importador de que o equipamento não contém
substâncias conhecidas ou suspeitas de provocar danos ao usuário;
c) acessórios existentes e suas características;
d) forma apropriada para guarda e transporte;
e) instruções sobre o uso, armazenamento, higienização e manutenção corretos;
f) informações sobre os resultados obtidos em ensaios de conformidade efetuados
para determinar os níveis ou classes de proteção do EPI, quando for o caso;
g) especificação das classes de proteção adequadas a diferentes níveis de risco e os
limites de utilização correspondentes;
h) os tempos máximos de uso em função da concentração/intensidade do agente de
risco, sempre que tal informação seja necessária para garantir a proteção
especificada para o equipamento;
i) restrições e limitações do equipamento;
j) incompatibilidade com outros EPI passíveis de serem usados simultaneamente;
k) vida útil ou periodicidade de substituição;
l) possibilidade de alteração das características, da eficácia ou do nível de proteção
do EPI quando exposto a determinadas condições ambientais (exposição ao frio,
calor, produtos químicos, etc.) ou em função de higienização.
4.2. Instruções específicas para determinados tipos de EPI.
4.2.1. O manual de instruções dos EPI destinados a prevenir quedas de altura deve
conter especificações quanto ao modo adequado de ajuste dos dispositivos de preensão
do corpo e de fixação segura do equipamento.
91
4.2.2. O manual de instruções dos EPI destinados à proteção em trabalhos ou manobras
em instalações elétricas sob tensão ou suscetíveis de ficarem sob tensão deve conter
informações relativas à natureza e à periodicidade dos ensaios dielétricos a que devem
ser submetidos durante o seu tempo de vida.
4.2.3. EPI destinados a intervenções de curta duração devem conter no manual de
instruções indicação do tempo máximo admissível de exposição.
Anexo II
Normas técnicas aplicáveis aos EPI
Equipamento de Proteção Individual – EPI . Enquadramento NR 06 - Anexo I Norma Técnica
Aplicável Especificidades
A – Proteção da cabeça
CAPACETE Proteção contra impactos de objetos sobre o crânio Proteção contra
choques elétricos NBR 8221:2003 Avaliação no âmbito do SINMETRO CAPACETE
PARA PROTEÇÃO DO CRÂNIO E FACE Proteção contra riscos provenientes de
fontes geradoras de calor nos trabalhos de combate a incêndio - Item 1.3 Proteção do
crânio de pescoço contra: Riscos de origem térmica (calor e chamas) ISO 11611:2007
ISO 11612:2008 - Riscos de origem térmica (frio) EN 342:2004 - Respingos de
produtos químicos ISO 16602:2007 – CAPUZ Produtos químicos (agrotóxicos) ISO
16602:2007 + ISO 22608:2004 + ISO 6529:2001 Respingos e névoas de agrotóxicos
com alta e baixa exposição.
B – Proteção dos olhos e face
ÓCULOS Proteção contra: Impactos de partículas volantes; luminosidade intensa;
radiação ultravioleta; radiação infra-vermelha ANSI.Z.87.1/2003 – PROTETOR
Proteção contra: FACIAL Impactos de partículas volantes; radiação infravermelha;
contra luminosidade intensa; respingos de produtos químicos ANSI.Z.87.1/2003 Proteção contra: Impactos de partículas volantes, radiação ultravioleta, radiação
infravermelha luminosidade intensa ANSI.Z.87.1/2003 A máscara deve atender
simultaneamente todas as alíneas do item B-3 do Anexo I da NR 6 MÁSCARA DE
SOLDA DE SEGURANÇA PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS E FACE Impactos de
partículas volantes, radiação ultravioleta, radiação infravermelha luminosidade intensa de escurecimento automático Item 1.3.
C – Proteção auditiva
92
PROTETOR AUDITIVO Circum-auricular; de inserção e semiauricular para proteção
contra níveis de pressão sonora superiores aos valores limites de exposição diária
ANSI.S.12.6/1997 Método B – Método do Ouvido Real – Colocação pelo Ouvinte.
D – Proteção respiratória
Proteção das vias respiratórias contra: Poeiras e névoas NBR13698:1996 Peça
semifacial filtrante (PFF1) Avaliação no âmbito do SINMETRO Poeiras, névoas, fumos
e radionuclídeos NBR13698:1996 Peça semifacial filtrante (PFF3) Avaliação no âmbito
do SINMETRO Poeiras, névoas e fumos NBR13698:1996 Peça semifacial filtrante
(PFF2) Avaliação no âmbito do SINMETRO RESPIRADOR PURIFICADOR DE AR
Gases e vapores e /ou materiais particulados NBR13694:1996 NBR13695:1996
NBR13696:2005 NBR13697:1996 Peça um quarto facial ou semifacial ou facial inteira
com filtros químicos e/ou combinados Proteção das vias respiratórias contra: Sem
vedação facial tipo touca de proteção respiratória, capuz ou capacete Poeiras, névoas,
fumos, radionuclídeos e/ou contra gases e vapores. - Item 1.3 RESPIRADOR
PURIFICADOR DE AR MOTORIZADO Poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos Com vedação facial tipo peça semifacial ou facial inteira Item 1.3 NBR14749:2001
Respiradores de fluxo contínuo tipo capuz ou capacete Respiradores de fluxo contínuo e
ou de demanda com pressão positiva tipo peça semifacial ou facial RESPIRADOR DE
ADUÇÃO DE AR TIPO LINHA DE AR COMPRIMIDO Proteção das vias
respiratórias em atmosferas não imediatamente perigosa à vida e à saúde e porcentagem
de oxigênio maior que 12,5% ao nível do mar NBR14372:1999 inteira NBR14750:2001
Respiradores de fluxo contínuo tipo capuz ou capacete para operações de jateamento
Para concentração de oxigênio menor ou igual a 12,5% de demanda com pressão
Positiva Proteção das vias respiratórias em atmosferas imediatamente perigosas à vida e
à saúde (IPVS) - tipo peça facial inteira combinado com cilindro auxiliar Item 1.3
Proteção das vias respiratórias: Em atmosferas imediatamente perigosas a vida e a saúde
(IPVS) e porcentagem de oxigênio menor que 12,5% ao nível do mar NBR 13716:1996
Respiradores de circuito aberto de demanda com pressão positiva Respiradores de
circuito fechado de demanda com pressão positiva RESPIRADOR DE ADUÇÃO DE
AR TIPO MÁSCARA AUTÔNOMA Em atmosferas imediatamente perigosas a vida e
a saúde (IPVS) e porcentagem de oxigênio menor que 12,5% ao nível do mar - Item 1.3
RESPIRADOR DE FUGA Proteção das vias respiratórias contra agentes químicos
(gases e vapores e/ou material particulado) em condições de escape de atmosferas não
93
imediatamente perigosa a vida e a saúde e com oxigênio maior que 18% ao nível do mar
- Respirador de fuga tipo bocal Item 1.3.
E – Proteção do tronco
Proteção contra: Riscos de origem térmica (calor) ISO 11611:2007 ISO 11612:2008 Riscos de origem térmica (frio) EN 342:2004 - Riscos de origem ISO 11611:2007 mecânica ISO 13998:2003 Proteção contra cortes e golpes por faca – avental de elos de
aço ou outros materiais Riscos de origem química ISO 16602:2007 - Riscos de origem
química (agrotóxicos) ISO 16602:2007 + ISO 22608:2004 + ISO 6529:2001 Respingos
e névoas de agrotóxicos com alta e baixa exposição Riscos de origem radioativa
(radiação X) NBR IEC 61331-1:2004 + NBR IEC 61331-3:2004 - Agentes
meteorológicos (água) BS 3546:1974 EN 343:2003+A1:2007 - VESTIMENTA DE
SEGURANÇA PARA PROTEÇÃO DO TRONCO Umidade proveniente de operações
om uso de água BS 3546:1974 - COLETE À PROVA DE BALAS Proteção contra
riscos de origem mecânica (à prova NIJ Standard 0101.04 Título de Registro pelo
Exército Brasileiro Nível I, II, II A, III, III A e IV de impacto de projéteis de armas de
fogo) PORTARIA nº 18, de 19/12/2006 do Ministério da Defesa.
F – Proteção dos membros superiores
Proteção contra: Agentes abrasivos e escoriantes EN 420:2003 + EN 388:2003 - EN
420:2003 + Agentes cortantes e EN 388:2003 – perfurantes AFNOR NF.S.75 002/1987
Ou ISO 13999-1:1999 + ISO13999-2:2003 Luvas de malha de aço Para luvas em malha
de aço e outros materiais alternativos Choques elétricos ABNT NBR 10622:1989
Avaliação no âmbito do SINMETRO Agentes térmicos (calor e chamas) EN 420:2003
+ EN 407:2004 - Agentes térmicos (frio) EN 420:2003 + EN 388:2003 Desempenho
mecánico NBR 13391:1995 ou ISO 10282:2002 Cirúrgicas Avaliação no âmbito do
SINMETRO Agentes biológicos NBR ISO 11193-1:2009 ISO 11193-2:2006 De
procedimentos não cirúrgicos Avaliação no âmbito do SINMETRO Agentes químicos
EN 420:2003 + EN 374- 1:2003 ou MT 11/1977 - Vibrações EN 420:2003 + EN
388:2003 Desempenho mecânico LUVA Radiações ionizantes (radiação X) NBR IEC
61331-1:2004 + NBR IEC 61331-3:2004 – CREME PROTETOR Proteção dos
membros superiores contra agentes químicos ANVISA - Guia de Orientação para
avaliação de segurança de produtos cosméticos – 2003 Portaria nº 26, de 29 de
dezembro de 1994 do MTE Proteção contra: Choques elétricos NBR 10.623:1989 -
94
Agentes abrasivos e escoriantes. ISO 11611:2007 - Agentes cortantes e ISO 11611 +
EN 388: 2003 Corte e de perfuração perfurantes ISO 13998:2003 Corte por impacto
Umidade proveniente de operações com uso de água BS 3.546/1974 – MANGA
Agentes térmicos (calor) ISO 11611:2007 ISO 11612:2008 - Proteção contra: Agentes
cortantes ISO 11611 + EN 388:2003 ou ISO 13998:2003 – BRAÇADEIRA Agentes
escoriantes ISO 11611:2007 - DEDEIRA Proteção contra agentes abrasivos e
escoriantes NBR 13599:1996.
G – Proteção dos membros inferiores
CALÇADO Proteção contra: Impactos de quedas de objetos sobre os artelhos; Choques
elétricos; Agentes térmicos; Agentes cortantes e scoriantes; e Operações com uso de
Agua NBR ISO 20345:2008 (de segurança) NBR ISO 20346:2008 (de proteção) NBR
ISO 20347:2008 (ocupacional) - Respingos de produtos químicos EN 13832-2:2006
(part 2) EN 13832-3:2006 (part 3) - Agentes térmicos (calor) EN 15090:2006 Para uso
em combate ao fogo Choques elétricos NBR ISO 20345:2008 ou NBR ISO 20346:2008
ou NBR ISO 20347:2008 + ABNT NBR 12576:1992 Calçado de eletricista feito em
couro, tecido e sintético Proteção contra: Agentes abrasivos e escoriantes e contra
agentes cortantes e perfurantes ISO 11611:2007 - Agentes térmicos (calor) ISO
11611:2007 ISO 11612:2008 - Respingos de produtos químicos ISO 16602:2007 Produtos químicos (agrotóxicos) ISO 16602:2007 + ISO 22608:2004 + ISO 6529:2001
Respingos e névoas de agrotóxicos com alta e baixa exposição PERNEIRAS Contra
umidade proveniente de operações com uso de água BS 3546:1974 - Proteção contra:
Agentes abrasivos e escoriantes ISO 11611:2007 - Respingos de produtos químicos ISO
16602:2007 - Produtos químicos Agrotóxicos ISO 16602:2007 + ISO 22608:2004 +
ISO 6529:2001 Respingos de névoas de agrotóxicos com alta e baixa exposição
Agentes térmicos (calor) ISO 11611:2007 ISO 11612:2008 - Agentes térmicos (frio) EN
342:2004 – CALÇA Umidade proveniente de operações com uso de água. BS
3546:1974.
H – Proteção do corpo inteiro
Proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra: Chamas; e Agentes
térmicos (calor) ISO 11611:2007 ISO 11612:2008 - Respingos de produtos químicos
ISO 16.602:2007 - Produtos químicos (agrotóxicos) ISO 16602:2007 + ISO 22608:2004
+ ISO 6529:2001 Respingos e névoas de agrotóxicos com alta e baixa exposição
95
MACACÃO Umidade proveniente de operações com uso de água BS 3.546:1974 Proteção contra: Agentes térmicos (calor) ISO 11611:2007 ISO 11612:2008 CONJUNTO DE SEGURANÇA Agentes térmicos (frio) EN 342:2004 - Respingos de
produtos químicos ISO 16.602:2007 - Produtos químicos Agrotóxicos ISO 16602:2007
+ ISO 22608:2004 + ISO 6529:2001Respingos e névoas de agrotóxicos com alta e baixa
exposição Umidade proveniente deoperações com água BS 3.546:1974 - Chamas ISO
11612:2008 - Proteção de todo o corpo contra: Respingos de produtos químicos ISO
16.602:2007 - Produtos químicos Agrotóxicos ISO 16602:2007 + ISO 22608:2004 +
ISO 6529:2001 Respingos e névoas de agrotóxicos com alta e baixa exposição Umidade
proveniente de operações com água BS 3.546:1974 - VESTIMENTA DE CORPO
INTEIRO Choques elétricos IEC 895/1987 IT.019.005 REV.3 Vestimenta condutiva de
segurança para proteção de todo o corpo.
I – Proteção contra queda com diferença de nível
DISPOSITIVO TRAVA-QUEDAS DE SEGURANÇAQuando utilizado com cinturão
de segurança para proteção contra quedas NBR 14.626/2000 NBR 14.627/2000 NBR
14.628/2000 NBR 11.370/2001 Em operações com movimentação vertical ou horizontal
CINTURÃO DE SEGURANÇA E TALABARTE DESEGURANÇA Proteção do
usuário contrariscos de queda eposicionamento em trabalhos em altura NBR
11.370/2001.
96
Apêndice A
Questionário trabalhadores(as)
Data:___/___/___
I. Perfil do Trabalhador (a)
Controle trabalhador
Idade: _________________
Sexo: _________________
Destro ( )
Canhoto ( )
Tempo na atividade __________
II. Informações sobre a luva – mão do facão
Usa na mão do facão Sim (_____) Não (_____)
______________________________________________________________________
Tipo de luva ___________________________________________________________
Nº CA da luva: _________________ Lote:___________
Nome do Fabricante _____________________________________
Você utiliza luva diferente do que a empresa forneceu sim ( )
não ( )
Descrever______________________________________________________________
______________________________________________________________________
1. A luva prejudica o movimento da mão? Sim (_____) Não (_____)
Explique _____________________________________________________________
1.1. O cabo do facão é madeira limpa (
) emborrachado (
)
Explique _______________________________________________________________
2. A luva endurece durante o corte? Sim (_____) Não (_____)
2.1. Você faz algo para amolecer as luvas Sim ( ) não ( )
3. A luva machuca a mão? Sim (_____) Não (_____). Onde?
__________________________________________________________
4. As costuras machucam as mãos? Sim ( ) não ( ) Aonde?
___________________________________________________________
97
5. A luva causa coceira na mão? Sim (_____) Não (_____)
6. Com relação ao tamanho da luva
6.1. Aperta os dedos
sim ( ) não ( )
6.2. Aperta a palma da mão
sim ( ) não ( )
6.3. É comprida nos dedos
sim ( ) não ( )
6.4. É curta nos dedos
sim ( ) não ( )
6.5. Larga nos dedos
sim ( ) não ( )
6.6. Larga nas mãos
sim ( ) não ( )
6.7. Larga entre o pulso e o antebraço
sim ( ) não ( )
6.8. Larga na palma da mão
sim ( ) não ( )
6.9. Aperta entre o pulso e o antebraço
sim ( ) não ( )
Observações ___________________________________________________________
______________________________________________________________________
7. A luva racha, rasga ou fura durante o corte? Sim (_____) Não (_____)
Onde?_________________________________________________________________
7.1. Em quanto tempo a luva começa estragar (dias) ___________
8. A luva esquenta muito as mãos? sim ( )
não ( )
______________________________________________________________________
8.1 A mão fica molhada com a luva? Sim (_____) Não (_____)
______________________________________________________________________
9. O que você acha da luva da mão do facão ?
Boa (____)
Ruim (____)
Razoável (____)
10. Já ocorreu acidente envolvendo luva de proteção que você está usando?
Sim ( )
não ( )
Explique _______________________________________________________________
______________________________________________________________________
11. O que poderia melhorar na luva?
______________________________________________________________________
98
III. Informações sobre a luva – mão da cana
Usa na mão da cana Sim (_____) Não (_____)
______________________________________________________________________
Tipo de luva____________________________________________________________
Nº CA da luva: _________________ Lote:___________
Você utiliza luva diferente do que a empresa forneceu sim ( )
não ( )
Descrever______________________________________________________________
______________________________________________________________________
Nome do Fabricante _____________________________________
12. A luva prejudica o movimento da mão? Sim (_____) Não (_____)
Explique _____________________________________________________________
_____________________________________________________________________
13. A luva endurece durante o corte? Sim (_____) Não (_____)
13.1. Você faz algo para amolecer as luvas Sim ( ) não ( )
14. A luva machuca a mão em algum lugar? Sim (_____) Não (_____)
Onde?_________________________________________________________________
15. As costuras machucam as mãos? Sim ( ) não ( )
Aonde? ________________________________________________________________
16. A luva causa coceira na mão? Sim (_____) Não (_____)
17. Com relação ao tamanho da luva
17.1. Aperta os dedos
sim ( ) não ( )
17.2. Aperta a palma da mão
sim ( ) não ( )
17.3. É comprida nos dedos
sim ( ) não ( )
17.4. É curta nos dedos
sim ( ) não ( )
17.5. É larga nos dedos
sim ( ) não ( )
17.6. É larga nas mãos
sim ( ) não ( )
17.7. É larga entre o pulso e o antebraço
sim ( ) não ( )
17.8. É larga na palma da mão
sim ( ) não ( )
99
17.9. Aperta entre o pulso e o antebraço
sim ( ) não ( )
17.10. O comprimento da luva no antebraço protege
sim ( ) não ( )
Observações ____________________________________________________________
______________________________________________________________________
18. A luva racha, rasga ou fura durante o corte? Sim (_____) Não (_____)
Onde?
18.1. Em quanto tempo a luva começa estragar ( dias) _______________
19. A luva esquenta muito sim ( )
não ( )
19.1. A mão fica molhada com a Luva?________________________________
20. O que você acha da luva da mão da cana ?
Boa (____)
Ruim (____)
Razoável (____)
21. Já ocorreu acidente envolvendo luva de proteção que você está usando?
Sim ( )
não ( )
Explique
_________________________________________________________________
22. O que poderia melhorar na luva?
______________________________________________________________________
IV. Sobre o facão
23. Você modifica a largura do cabo do facão Sim (_____) Não (_____)
Justificar
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
24. Você modifica o comprimento do cabo Sim (_____) Não (_____)
25. Você arredonda a ponta da lâmina Sim (_____) Não (_____)
25.1. Com que instrumento___________________________________________
26. Você entorta a lâmina Sim (_____) Não (_____)
100
Comentários
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
101
Apêndice B
Questionário empresa
Data:___/___/___
_________A/ B/C/D______________
1- Modelo atual de luva fornecido para a mão do facão:
CA____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2- Fornece: ( ) tamanho único
( ) tamanho grande
( ) tamanho médio
( ) tamanho pequeno ( )_____________ outros
3- Modelo atual de luva fornecido para a mão da cana:
CA____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4- Fornece: ( ) tamanho único
( ) tamanho médio
( ) tamanho grande ( ) tamanho pequeno ( ) __________ outros
5- A luva do corte é diferente do plantio ( )sim
( ) não
6- Se sim, descrever CA ____________do plantio
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7- Data de adoção das luvas em uso: ( ) 2009 ( ) 2008 ( ) 2007 ( )______________
8- Descrever os motivos que levaram a mudança das luvas anteriores:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
9- Descrever os critérios que levaram a escolha das atuais luvas (indicação do
fabricante, preço, recomendação de alguém, dificuldades de uso etc.):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
102
10- A reposição é: ( ) semanal ( ) quinzenal ( ) mensal ( )_________ outros
11- Descrever os critérios para reposição:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
12- Descrever as orientações fornecidas na entrega para os trabalhadores:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
13- Descrever procedimento de higienização e manutenção:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
14- Descrever dificuldades e/ou facilidades observadas na utilização das atuais luvas:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
15- Nº de acidentes nas mãos quando estava usando as luvas
Descrever
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
16- Responsáveis na:
a) escolha das luvas:________________________________________________
b) compra das luvas:________________________________________________
c) distribuição das luvas: ____________________________________________
d) acompanhamento da utilização das luvas: _____________________________
17- Sugestões de melhoria:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
103

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