INSTRUÇÕES PARA REDAÇÃO DE ARTIGOS PARA IIiSIMPGEU

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INSTRUÇÕES PARA REDAÇÃO DE ARTIGOS PARA IIiSIMPGEU
PREVISÃO DO CONFORTO AMBIENTAL DO NOVO CENTRO DE
MARINGÁ
Robison Yonegura 1
Rodrigo Mazia Enami 2
Gustavo Bruski de Vasconcelos 3
Rodrigo Junqueira 4
RESUMO
Este artigo procura verificar as condições futuras de recinto urbano do Novo Centro de Maringá, no
quesito conforto ambiental. Devido a seu alto potencial construtivo determinado pela Lei
complementar N. 416/2001, nesta área já ocorre um processo de verticalização considerável. Aliado
aos problemas potenciais provocados pela verticalização de edifícios em áreas urbanas quanto ao
conforto ambiental, o local estudado conta ainda com a impossibilidade de implementação de
arborização viária, que sabe-se, ser importante regulador do micro-clima urbano. Neste aspecto,
partindo-se da aplicação de uma metodologia específica de modelagem de sombreamento,
proporcionados pelo software SKETCH UP, recurso HELIODON, pode-se avaliar o clima urbano
deste recinto em um futuro muito próximo. Assim, este artigo aponta algumas conseqüências
negativas deste processo de verticalização no ambiente urbano e chama a atenção de estudantes de
arquitetura, urbanismo, engenharias, bem como, representantes dos setores público e privado aos
problemas urbanos potenciais gerados por este traçado urbano e políticas públicas equivocadas em
processo de consolidação.
Palavras-chave: recinto urbano, trajetória solar, micro-clima urbano.
1
Prof. Esp. Colaborador, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Arquitetura e
Urbanismo-DAU. Mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana-PEU,
[email protected]
2
Prof. Colaborador, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Engenharia Civil-DEC.
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana-PEU, [email protected]
3
Prof. Esp. Colaborador, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Engenharia Civil-DEC.
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana-PEU, [email protected]
4
Engenheiro Civil – SANEPAR. Universidade Estadual de Maringá-UEM. Mestrando do Programa de Pósgraduação em Engenharia Urbana-PEU, [email protected]
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho pretende avaliar o futuro recinto urbano do Novo Centro da cidade de
Maringá. Para verificar, em uma projeção futura, seu conforto ambiental, tem-se como pressuposto
a análise da verticalização, a impossibilidade de arborização e a exposição á radiação numa área em
intenso processo de ocupação e adensamento. Os resultados desta pesquisa será melhor visualizado
através do estudo das trajetórias solares e sombras projetadas de edifícios utilizando-se o Software
SKETCH UP.
O local estudado, era o antigo pátio de manobras da antiga linha férrea que era utilizada para
transporte de pessoas e escoamento de produção agrícola no Norte Paranaense. No entanto, com o
crescimento vertiginoso da cidade de Maringá ao Norte desta via, esta passa a constituir uma
barreira aos fluxos urbanos (movimentação de veículos e pedestres). Como resposta a este
problema, um projeto de parceria entre os órgãos públicos e o setor privado surge, tendo como
resultado a via rebaixada e o aumento de potencial construtivo para aquela região de modo a
financiar o empreendimento. Uma vez solucionado o problema de barreira aos fluxos urbanos, este
trabalho atenta-se a dois pontos de investigação que farão parte do cenário futuro deste recinto
urbano em formação: verticalização e a inviabilidade de arborização da principal via pública pela
utilização do subsolo para fins de transporte ferroviário.
Foram utilizados os programas: Google Earth, para localizar as coordenadas geográficas
do Novo Centro e o programa Sketch up para a modelagem da situação futura da região estudada e
para simulação dos espaços sombreados. O software em questão possui precisão dimensional para
utilização em projetos e modelos tridimensionais em escala, assim como possui simulador
HELIODON e permite inserção de coordenadas geográficas de latitude incluídas em seu sistema de
simulação, que permite a leitura do sombreamento e latitudes e horários programáveis.
Primeiro, importa-se desenho previamente desenhado em AUTOCAD, do loteamento em
questão, para o SKETCH UP.
Em seguida, insere-se as coordenadas geográficas de Latitude no Programa e
georeferencia-se o plano do desenho do Loteamento.
Aplica-se a medelagem das edificações a partir do que estabelece as diretrizes de uso e
ocupação do solo para aquele zoneamento específico, utilizando-se para isso os dados referentes ás
Taxas de Ocupação Máxima , Coeficientes de Aproveitamento e Recuos obrigatórios, simulando o
ambiente futuro.
O próximo passo foi ligar o artifício do Heliodon do Software, solicitando a simulação em
vários horários do dia (horário comercial), e nas quatro estações do ano, determinando visualmente
o efeito de sombreamento e analisando os dados a partir deste levantamento.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Recintos urbanos são espaços criados definidos basicamente por dois planos: o piso e a
parede, como por exemplo, ruas, avenidas e praças. Suas paredes são o resultado do projeto
arquitetônico do edifício do qual fazem parte. E seu desempenho ambiental depende do
comportamento da arquitetura que o forma, do bom funcionamento de suas aberturas e proteções, e
da da presença (ou não) de vegetação no recinto. As ruas são consideradas recintos urbanos, onde o
piso é representado pela pavimentação das vias e das calçadas e, as paredes, pelas fachadas das
edificações. Têm ainda, mobiliário, iluminação natural e artificial, canteiros e árvores, e
principalmente, pessoas. Sabe-se que nos recintos urbanos, a forma urbana e a locação das
construções determinam a obtenção do equilíbrio entre a necessidade do aproveitamento e a
2
proteção da radiação solar, influenciando diretamente no conforto térmico do ambiente
(MASCARÓ, 1998)
Sabe-se que os edifícios verticalizados podem constituir uma série de problemas para a cidade
no quesito conforto ambiental (Corbella, 2003) nos recintos urbanos. Estes locais, devido a uma série
de variáveis, podem sofrer problemas de conforto ambiental ao nível de microclima urbano.
Dependendo da maneira como os edifícios estão dispostos, sua geometria, os materiais constituintes e
sua relação com os demais elementos da cidade (ruas, árvores, parques, represas, posição em relação a
ventos etc.) um recinto pode ter comportamento positivo ou negativo a seus usuários.
Um dos grandes fatores de desconforto em recintos urbanos é a escassez de arborização. Isso
afeta o clima aquecendo o ar e formando ilhas de calor, aumentam o consumo de energia, e
conseqüentemente a sustentabilidade das cidades.
Segundo Corbella (2003), em zonas tropicais não se deve expor as pessoas à radiação solar
por muito tempo devido ao desconforto térmico além do visual (ofuscamento). Segundo o autor,
uma boa opção de projeto deve prever proteção à radiação pedestres pela utilização de arborização
urbana. O autor atenta também para os problemas dos chamados “cânions urbanos”, que são
provocados ao não se regular apropriadamente a proporção entre gabarito da cidade ou bairro e a
largura das ruas. Se essa proporção for muito elevada, surgem os cânions urbanos, que são locais de
difícil dissipação de calor antropogênico e contribuintes à formação de ilhas de calor. A temperatura
mais elevada provocará desconforto térmico nas pessoas que partirão para o uso de condicionadores
de ar, consumindo mais energia elétrica. Cita como estudo de caso, recintos urbanos do Posto 3 do
Rio de Janeiro, em que se podia verificar o aumento das tempreaturas do ar devido á falta de
arborização e à elevada temperatura do asfalto das ruas gerada pela grande absorção de energia
solar. Outra consideração atentava para o problema que a falta de arborização densa proporcionava
ao pedestre que além da radiação direta recebia tambéma a refletida pelas superfícies da rua e das
edificações, provocando desconforto nas ruas.
As escolhas das políticas urbanas relacionadas com a ocupação do solo, através das
densidades dos distintos setores edificados da cidade, são as forcas principais que moldam a forma
urbana. Neste aspecto, em Maringá, analisando a atual lei complementar N. 416/2001, de uso e
ocupação do solo na área do Novo Centro e o valor elevado dos terrenos, observa-se que a
verticalização é quase inevitável.
Embora a lei complementar N. 416/2001 imponha ao construtor a obrigatoriedade de
instalação de galeria coberta contígua ao passeio público, sabe-se que este só servirá como proteção
à chuva e à insolação direta, pouco contribuindo para atenuação do desconforto térmico
proporcionado pela exposição das superfícies dos edifícios e das ruas quanto à radiação solar.
Conforme lei complementar N. 416/2001, de uso e ocupação do solo na área do Novo
Centro, os lotes são classificados segundo a Figura 01.
Figura 1 – Classificação do lotes
Fonte: Autores, 2008.
3
Com relação à mesma lei, a tabela seguinte informa os parâmetros de ocupação do solo.
G
l
e
b
a
s
A
e
B
G
l
e
b
a
C
Tabela 01 – Tabela de parâmetros de ocupação do solo
Alt.
Coef.
Taxa de
Afastamento Mínimo (m)
Máx. Máx.
Ocupação
Frontal Lateral
de Fundo
Edif Aprove máxima do
Resid / Até 02 Pav./embas. | Até 02 pav. Dema
it.
terreno
Com
Acima
is
(%)
Edificações Cota
6,0
Subsolo 90
Disp.
s/
4,00
s/
4,00
com
610
aberturas=d
aberturas=di
Térreo 90
3,00
embasament
isp.
sp.
(obrig.)
o
c/aberturas
c/aberturas=
=1,50
1,50
Sobreloja 90
0,00
(obrig.)
Edificações
sem
embasament
o
em meio de
quadra
Edificações Térreo
sem
+1
embasament
o
Setor
Térreo
não+3
comercial
Setor
Comercial
Cota
610
1,0
1,0
5,0
Torre 50
Subsolo 90
Térreo 90
Sobreloja 90
Torre 50
3,00
Disp.
3,00
3,00
3,00
Subsolo 90
Térreo 50
Sobreloja 50
Subsolo 90
Disp.
6,00
6,00
Disp.
Térreo 50
6,00
Demais50
Subsolo 90
Térreo 90
6,00
Disp.
3,00
(obrig.)
Sobreloja
1°e2°pav 90
0,00
(obrig.)
Torre 50
s/
aberturas=d
isp.
c/aberturas
=1,50
4,00
4,00
s/
4,00
aberturas=di
sp.
c/aberturas=
1,50
4,00
-
6,00
6,00
6,00
6,00
s/
aberturas=d
isp.
c/aberturas
=1,50
6,00
6,00
6,00
6,00
Fonte: Autores, 2008.
Com a incidência de raios solares nos equipamentos urbanos (prédios, asfalto, calçadas,
etc.), a temperatura da região afetada tende a subir. Nos meses mais quentes, ou seja, na primavera,
e principalmente no verão, o interessante é ter o mínimo de radiação solar incidindo sobre estes
locais, em contrapartida nos meses mais frios, uma maior incidência dos raios solares, tende a gerar
uma temperatura mais elevada, tendendo a satisfazer as necessidades de conforto.
4
3. ANÁLISE E APONTAMENTOS
Segundo o programa Sketch up, e a observação das áreas e horários de sombreamentos no
Novo Centro se darão do seguinte modo:
Outono
8:00
10:00
12:00
15:00
18:00
Figura 2 – Áreas de sombreamento no Outono
Fonte: Autores, 2008.
5
Inverno
No inverno, boa parte da superfície e o recinto-rua ficará sombreada.
8:00
10:00
12:00
15:00
18:00
Figura 3 – Áreas de sombreamento no Inverno
Fonte: Autores, 2008.
6
Primavera
8:00
10:00
12:00
15:00
18:00
Figura 4 – Áreas de sombreamento na Primavera
Fonte: Autores, 2008.
7
Verão
Segundo as figuras ilustradas abaixo, pode-se notar que no verão, a superfície da avenida
está totalmente exposta à radiação direta do sol, acumulando calor a partir das 8:00 H, até ás
15:00H. E entre este horário até as 17:00H, já no final do dia, cerca de 1/3 da superfície será
sombreada.
8:00
10:00
12:00
15:00
18:00
Figura 5 – Áreas de sombreamento no Verão
Fonte: Autores, 2008.
8
5. CONCLUSÃO
Nos meses mais quentes a avenida recebe maior irradiação solar, e nos meses mais frios,
menor irradiação solar por causa do sombreamento dos edifícios sobre a rua, o que implicará no
aumento da sensação de desconforto por parte das pessoas que transitam pelo local.
Algumas medidas foram promovidas através da obrigatoriedade de instalação de galerias
externas contíguas ao passeio público na Lei complementar N. 416/2001 para atenuação destes
problemas. No entanto, verifica-se que ela serve apenas para atenuar a insolação direta sobre o
pedestre nas calçadas, não promovendo proteção referente á sombreamento das ruas e amenização
da temperatura por evapotranspiração e sombreamento, além da redução do ofuscamento por
excesso de luminosidade proporcionados por um planejamento de uma arborização ambientalmente
correta.
Pelo seu caráter didático, pretende colaborar como um estudo dos efeitos das sombras
projetadas em recintos urbanos verticalizados no processo de projeto ou como método de análise de
novos projetos, que poderiam ser utilizados por estudantes de arquitetura, engenharias e outros
profissionais ligados à projetos urbanos.
6. REFERÊNCIAS
Base cartográfica. Disponível em: http://www.googleearth.com. Acesso em: 30 abril de 2008.
CORBELLA, Oscar; YANNAS, Simon. Em busca de uma arquitetura sustentável para os
trópicos – conforto ambiental. Editora Revan. Rio de Janeiro, 2003.
MASCARÓ, Lucia. Ambiência Urbana. Editora Sagra Luzzatto. Porto Alegre, 1998.
MASCARÓ, Lucia; MASCARÓ, Juan Luis. Vegetação urbana. FINEP-UFRGS. Porto Alegre,
2002.
SKETCHUP. Disponível em: http://sketchup.google.com/intl/pt-BR/. Acesso em: 30 abril de
2008.
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