PDF - Igreja Adventista do Sétimo Dia

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PDF - Igreja Adventista do Sétimo Dia
PLANBOOK 2015
R EAVIVAMENTO & R EFORMA
C ONSTRUIR M EMÓRIAS DE F AMÍLIA
- E LAINE
E
W ILLIE O LIVER –
ALINA BALTAZAR, JEFFREY BROWN, ROSEMAY CANGY, MAY-ELLEN COLON, KATHERINE CONOPIO,
CLAUDIO E PAMELA CONSUEGRA,SARINA GOULDING, DONNA HABENICHT, GARY HOPKINS, JOSEPH
KIDDER, SALLY LAM-PHOON, DUANE MCBRIDE, JOHN MCVAY,ELAINE E WILLIE OLIVER, JONGIMPI PAPU,
CLAIR SANCHES-SCHUTTE
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Uma Publicação do Departamento dos Ministérios da Família da Conferência Geral
Editores: Elaine e Willie Oliver
Assistente Editorial: Rosemay Cangy
Design e layout: Daniel Taipe
Tradução para português por: Raquel Silva
Contribuidores:
Alina Baltazar • Jeffrey Brown • Rosemay Cangy • May-Ellen Colon • Katherine Conopio • Claudio e
Pamela Consuegra • Sarina Goulding • Donna HabenichtGary Hopkins • Joseph Kidder • Sally Lam-Phoon
• Duane McBride • John McVay Elaine e WIllie Oliver • Jongimpi Papu • Clair Sanches-Schutte
Outros Planbooks dos Ministérios da Família nesta série:
Reavivamento e Reforma: Families Reaching Across
Reavivamento e Reforma: Families Reaching Out
Reavivamento e Reforma: Families Reaching Up
Disponível em:
AdventSource
5120 Prescott Avenue
Lincoln, NE 68506
www.adventsource.org
402.486.8800
A menos que designado de outra forma, as citações das Escrituras baseiam-se na Nova Versão King James
®. Copyright © 1982 por Thomas Nelson, Inc. Usado com permissão. Todos os Direitos Reservados.
© 2014
Departamento dos Ministérios da Família
Da Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia
12501 Old Columbia Pike
Silver Spring, MD 20904, USA
[email protected]
family.adventist.org
Todos os direitos reservados. Os impressos neste livro podem ser usados e reproduzidos nas igrejas locais
sem permissão do editor. Não podem, contudo, ser usados ou reproduzidos noutros livros ou publicações
sem permissão prévia do detentor dos direitos de autor. Reimprimir o conteúdo como um todo, quer para
dar ou vender é expressamente proibido.
ISBN# 978-1-57756-124-8
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T A BE L A
DE
C O N TE ÚD O S
IV Prefácio
V Como usar este livro
Sermões
7 Construir Memórias Duradouras
14 A Dádiva das Memórias
24 As Lições da Família de Abraão
30 Como Desfrutar da Sua Família Imperfeita
37 O que Tem o Amor a ver com isso?
Histórias das Crianças
44 Esponjas, Cérebros e Caráter
46 Memórias
48 O Aniversário-Para-Nunca-Mais-Esquecer
Seminários
51 Deixar um Legado de Amor
58 Construir Memórias
66 Jantares Familiares Frequentes Protegem os Nossos Filhos
Recursos para Líderes
71 Memoriais do Coração e da Mente
74 Criar Cultos Familiares Empolgantes
82 O Teste Marshmallow
84 Crescer em Amor
Artigos para Imprimir
90 A Coisa Mais Importante que Precisam de Saber sobre Educação
96 Princípios Orientadores para a Observância do Sábado
101 Como dizer Isto?
103 Estraguei tudo! Posso Ter a Minha Família de Volta?
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PREFÁCIO
Há uns meses celebrámos 30 anos de casamento um com o outro. Trinta anos são muito tempo.
Contudo, parece que foi ontem que trocámos votos matrimoniais numa tarde soalheira em
Agosto na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Village em Lancaster do Sul, Massachusetts, nos
Estados Unidos da América.
Dois filhos, oito moradas, onze tarefas ministeriais e vários países em cada continente do
mundo depois, temos muitas memórias para preencher vários livros e inúmeros dias de
conversa com alguém interessado nesse tipo de divagação.
Memórias – boas memórias – são muito importantes para os seres humanos viverem com uma
medida de satisfação e antecipação. As crianças precisam de boas memórias com as suas
famílias de origem (pai, mãe, irmãos, etc) para se sentirem ligados e viverem com um mínimo de
confiança e equilíbrio.
O mais importante na criação de boas memórias para a posteridade é a necessidade de dar aos
nossos filhos as bases espirituais e a segurança num Deus que é amoroso, bondoso e fez
provisões para a sua salvação através do Seu filho Jesus Cristo.
Moisés escreveu, sob inspiração, “Amarás o SENHOR, teu Deus, com todo o coração, com toda a
tua alma e com todas as tuas forças. Que todas estas palavras que hoje te ordeno estejam em
teu coração! Tu as ensinarás com todo o zelo e perseverança a teus filhos. Conversarás sobre as
Escrituras quando estiveres sentado em tua casa, quando estiveres andando pelo caminho, ao
te deitares e ao te levantares.” (Deuteronómio 6:5-7).
Ellen White aconselha no livro O Lar Adventista, p. 190: “O S
P A I S D E V E M E S T U D A R A M A N E I RA
MELHOR E MAIS BEM-SUCEDIDA DE GANHAR O AMOR E A CONFIANÇA DOS FILHOS, A FIM DE
PODEREM GUIÁ-LOS NO CAMINHO DIREITO.”
Uma investigação recente em neurobiologia chamada Programados para Ligar também
identifica ligações próximas a outras pessoas e ligações profundas a um significado moral e
espiritual como o tipo mais importante de ligação que as crianças precisam para prosperar.
É nosso sincero desejo que os recursos neste volume, ajudem os pastores e líderes locais do
ministério no seu trabalho com as famílias dentro e fora da igreja; servindo como um catalisador
para Construir Memórias de Família de alegria que ajudarão as famílias a estarem prontas para
a volta de Jesus Cristo.
Por famílias mais fortes e sãs,
Elaine e Willie Oliver, Diretores
Departamento dos Ministérios da Família da Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Sede Silver Spring, Maryland
family.adventist.org
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COMO USAR ESTE PLANBOOK
O Planbook dos Ministérios da Família é um recurso anual organizado pelo Departamento dos
Ministérios da Família da Conferência Geral com a contribuição do campo mundial para fornecer
as igrejas locais ao redor do mundo com recursos para as semanas e Sábados de ênfase especial
na família.
Semana do Lar e Casamento Cristãos: 7-14 Fevereiro
A Semana do Lar Cristão e Casamento ocorre em Fevereiro englobando dois Sábados: O Dia do
Casamento Cristão que enfatiza o casamento Cristão e o Dia do Lar Cristão que enfatiza a
Educação dos Filhos. A Semana do Lar e Casamento Cristãos começa no segundo Sábado e
termina no terceiro Sábado de Fevereiro.
Dia do Casamento Cristão: Sábado, 7 Fevereiro (enfatiza o Casamento)
Use o Sermão do Casamento para o serviço de Culto e o Seminário do Casamento num
programa de sexta à noite ou Sábado à tarde/noite.
Dia do Lar Cristão: Sábado, 14 Fevereiro (enfatiza a Educação dos Filhos)
Use o Sermão sobre Educação para o serviço de culto e o Seminário sobre Educação num
programa de sexta à noite ou Sábado à tarde/noite.
Semana de União Familiar: 6-12 Setembro
A Semana de união Familiar está marcada para a segunda semana de Setembro, começando no
segundo Domingo e terminando no Sábado seguinte com o Dia da União Familiar. O Dia e a
Semana da União Familiar realçam a celebração da igreja como uma família.
Dia da União Familiar; Sábado, 12 Setembro (enfatiza a Família da Igreja)
Use o Sermão sobre Família para o serviço de culto e o Seminário da Família para um programa
de sexta à noite, Sábado à tarde e/ou noite.
Neste planbook encontrará sermões, seminários, histórias para as crianças assim como recursos
para líderes, artigos para imprimir e sugestões de livros para ajudar a facilitar este dias especiais
e outros programas que possam querer implementar durante este ano. No Apêndice A irá
encontrar informação útil que o/a ajudará a implementar os ministérios da família na sua igreja
local.
Este recurso também inclui um cd com Apresentações PowerPoint dos Seminários. Os
dinamizadores dos Seminários são encorajados a personalizar os PPT com histórias pessoas e
imagens que reflitam a diversidade das suas várias comunidades.
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SERMÕES
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C ONSTRUIR M EMÓRIAS
D URADOURAS
E LAI N E
E
W I L LI E O LI V ER
Os Textos
Cantares de Salomão 2:7; 4:7; 8:7; 1:2
Ó filhas de Jerusalém, pelas corças e gazelas do campo eu vos conjuro: não desperteis, não
acordeis o amor, até que ele o queira! v. 2:7
És, portanto, toda bela, minha amada, e não tens um só defeito! v. 4:7
Nem mesmo as muitas águas conseguem apagar o amor; os rios não conseguem arrastá-lo
correnteza abaixo. Quisesse alguém dar tudo o que possui para comprar o amor, qualquer valor
seria absolutamente desprezado. v. 8:7
Beija-me o meu amado com os beijos da tua boca, pois seus afagos são melhores do que o vinho
mais nobre. v. 1:2
INTRODUÇÃO
Para celebrar o nosso 30º aniversário de casamento, há alguns meses, passamos cinco dias na
praia. Gostamos muito de férias na praia. Especialmente onde existe areia linda e fina e águas
cristalinas.
O tempo que passámos juntos foi simplesmente incrível. Relaxámos, compensámos alguma
leitura, comemos comida que não cozinhámos, nadámos e fizemos snorkeling, body-board e
andámos de caiaque. Embora houvesse muito para desfrutar, a nossa memória duradoura
favorita foi ter aprendido a velejar.
Assim que a nossa aula de vela começou, percebemos que este desporto era muito mais
complexo do que aparentava. Foi tanto stressante como relaxante, desafiador e
recompensador. Depressa compreendemos que iríamos precisar de trabalhar juntos como
equipa e estar no mesmo lado do catamaran (barco de vela) se queríamos experimentar deslizar
suavemente por aquelas lindas águas.
Deus criou o casamento para que os seres humanos tenham a oportunidade de construir
memórias duradouras, deixando um legado até à terceira e quarta geração. Embora o processo
tenha momentos de desafio, as recompensas são do outro mundo.
O nosso sermão de hoje intitula-se, Construir Memórias Duradouras, vamos orar:
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A REALIDADE DO CASAMENTO E OS SEUS PROBLEMAS
Ainda nos lembramos da nossa lua-de-mel como se fosse ontem. Embora só tenhamos
conseguido passar poucos dias na praia devido ao nosso orçamento, passámos momentos
fantásticos. Não que tudo tenha sido perfeito. Ainda assim, estávamos finalmente casados
depois de namorar á distância durante um ano. A vida parecia instalada, serena e tranquila.
Agora estávamos prontos para enfrentar o resto das nossas vidas juntos.
Embora só estivéssemos casados há vinte e quatro horas, sabíamos que ia correr tudo bem
enquanto estivéssemos juntos. Amávamo-nos e nada nem ninguém podia incomodar a nossa
harmonia. Tínhamos chegado a momento de contentamento e satisfação nas nossas vidas.
Mas será que é possível, dentro do domínio da capacidade humana, manter sempre o amor
protegido da mágoa ou da dor? E mesmo se pudéssemos, é amor – estamos a falar dos
sentimentos românticos e do ecstasy do início do casamento – capaz de suster um casamento?
A resposta é, na nossa opinião, não.
O SIGNIFICADO DO AMOR
O que é o amor, afinal de contas? Parece ser o fator geral nos relacionamentos. Apaixonamonos e deixamos de estar apaixonados. Mas será que é isso, o amor?
Hoje em dia, a palavra amor parece ser utilizada em referência a todo o tipo de situações.
Ouvimos as pessoas dizer: “Amo tarte de maçã!” ou “Amo treinar todos os dias”, ou “Amo
dormir uma sesta depois de almoço”, ou “Amo cozinhar e fazer bolos”, ou “Amo comer pão com
manteiga de amendoim e doce”. É extraordinário como o amor é utilizado na linguagem para
expressar a afinidade das pessoas por alguma coisa ou atividade.
Supomos que esta é, provavelmente, uma das razões porque temos tanta dificuldade no
casamento. Porque se amamos o nosso marido ou a nossa esposa, como amamos pão com
manteiga de amendoim e doce, ou como amamos treinar ou cozinhar ou fazer bolos, é um
pouco problemático e as probabilidades são de que não farão do vosso casamento um sucesso.
Consequentemente, devemos enfrentar qual é o verdadeiro significado do amor; pelo menos,
confrontar-nos com qual era o plano que Deus pretendia que o amor desempenhasse nos
nossos relacionamentos matrimoniais.
O AMOR EM CANTARES DE SALOMÃO
Cantares de Salomão oferece-nos uma sequência de instantâneos sobre o relacionamento entre
um homem e uma mulher. O ecstasy e a complexidade que transmitem o que o amor – amor
verdadeiro – é realmente.
Tal como Gén. 2:23-25, Cantares celebra o dom divino do amor físico entre homem e mulher.
Aqui são mostradas a sabedoria e graça do Criador. Deste modo, Cantares toma-se melhor como
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exemplo da sabedoria poética de Israel (Prov. 5:15-20; 6:24-29; 7:6-27; 30:18-20). À semelhança
de muitos Salmos que louvam a Deus mas também ensinam, o principal objetivo de Cantares é
celebrar e não instruir. (Van Leeuwen, 2003).
Cantares de Salomão 2:7, afirma: “Eu vos peço, mulheres de Jerusalém, pelas gazelas e corças
que vivem nos montes! Não despertem o meu amado nem o perturbem, sem que ele queira.”
(Bíblia para Todos)
O significado do refrão é o de que o amor não pode ser forçado mas deve ser esperado com
paciência. Por outras palavras, a amada relembrava a todos os que desejavam uma relação
como a que ela e Salomão tinham que esperassem pacientemente que Deus a trouxesse para as
suas vidas. As Gazelas (2:17; 3:5; 4:5; 7:3; 8:14) e as Corças são animais graciosos e ágeis. Era
natural que uma amada, pensando nos campos e florestas (2:1, 3), faça um juramento com base
em animais da montanha. (Deere, 1985).
A mensagem é clara. O amor – aquele que Deus quer que vivamos nos relacionamentos – é tão
deleitoso, magnífico, tão soberbo, que Ele quer que estejamos verdadeiramente preparados
para ele – espiritualmente, fisicamente, financeiramente, emocionalmente – ou vamos estragar
as coisas. Cuidado com o amor cego; levará a uma vida de cegueira.
O livro de Cantares de Salomão, originalmente escrito em Hebraico, tem pelo menos três
palavras para a nossa palavra amor. A primeira palavra que partilhamos é rayah, que traduzida á
letra significa amigo/a ou companheiro/a – alguém com gostamos de estar. Cantares de
Salomão 4:7 diz: “Toda tu és bela, minha amada! Não há em ti nenhum defeito!” (Bíblia para Ti)
Salomão resume o seu elogio descrevendo a beleza perfeita à sua noiva. Ela não tinha
imperfeições ou defeitos físicos. Ela tinha uma aparência perfeita. Salomão elogiou oito partes
do corpo da sua noiva…quando comparadas ao elogio generoso à beleza da amada, algumas
esposas de hoje podem sentir-se desconfortáveis sobre a sua aparência. Contudo, devemos
lembrar-nos que, inicialmente, as filhas de Jerusalém não pareciam ver a amada como uma
mulher bonita. Ao contrário das outras madames da realeza ela não tinha a pele clara, um sinal
proeminente de beleza no Mundo Antigo (ver comentários sobre o cap. 1:5-6). Contudo, aos
olhos do seu amado ela era linda, ainda que não fosse ao encontro dos padrões de beleza da sua
sociedade…embora poucas pessoas, na sua era, vão de encontro aos padrões de beleza da sua
cultura em particular. Uma mulher é bonita aos olhos do seu amante, simplesmente porque ele
a ama. Qualquer marido que genuinamente ame a sua mulher pode dizer, “És, portanto, toda
bela, minha amada, e não tens um só defeito!” (Deere, 1985).
Gostamos imenso de passar tempo, juntos. Casados há 30 anos já e tendo o privilégio de
trabalharmos juntos – não é para os fracos – temos todo o tipo de coisas favoritas, atividades e
lugares. Temos os nossos restaurantes favoritos, parques, museus, praias favoritas, cidades,
shoppings, zoos (o do Serengeti), flores preferidas, refeições e muitas mais do que já
partilhámos. Estamos simplesmente gratos a Deus por nos ter juntado, e tentamos celebrar essa
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realidade todos os dias. Eu (Willie) acho que a Elaine é simplesmente linda. Agora, para os
outros ela pode não ser tudo isso. Eles podem não ver o que eu vejo. Mas para mim, não há
ninguém melhor. Falo do interior e do exterior. Ela é minha e é linda!
Trabalhar com casais e famílias é gratificante para nós. É um trabalho duro, mas é
recompensador. Contudo, depois de passar um fim-de-semana de pé a falar num retiro para
casais, ou depois de passar vários dias a formar pastores ou líderes de igreja, uma das coisas que
mais gostamos de fazer é encontrar um bom restaurante de comida Indiana e comer juntos.
Embora tentemos ser temperantes e cuidadosos, simplesmente gostamos de comida e achamos
que esta é motivo para celebrar Deus e a vida enquanto comemos um prato ótimo de chana
masala, baigan bharta, dal makhani – arroz, claro – e tandoori roti. A verdade é que, tem a ver
apenas com o estarmos juntos e desfrutar da companhia um do outro. Tem tudo a ver com o
amor rayah.
Outra palavra Hebraica para amor é ahabah, que é muito mais profundo e refletivo que os
sentimentos amorosos temporários. Estamos a falar de algo para além de um desejo de curta
duração ou luxuria por outra pessoa – talvez alguém que vê de longe na rua ou na mercearia e
que por acaso acha atraente. Ahabah é fazer uma escolha consciente de juntar a vida à de outra
pessoa. É uma emoção que o/a guia ao compromisso – uma relação que é inestimável. Cantares
de Salomão 8:7, declara: “Nem mesmo as muitas águas conseguem apagar o amor; os rios não
conseguem arrastá-lo correnteza abaixo. Quisesse alguém dar tudo o que possui para comprar o
amor, qualquer valor seria absolutamente desprezado.”
A derradeira afirmação sobre o amor descrita em Cantares é a de que este é incalculável. Toda a
riqueza de alguém seria totalmente inadequada para comprar tal amor, na verdade, tal dinheiro
seria desprezado, porque o amor não se compra. Qualquer tentativa de para “comprar” o amor
despersonaliza-o. Se o amor não tem preço como pode, então, ser obtido? A resposta é que
este deve ser dado. E por fim, o amor é uma dádiva de Deus. (Deere, 1985).
A noção de ahabah – o amor, enquanto compromisso – é muito importante, muitas vezes
esquecida no casamento, para nosso sofrimento. É um conceito a que devemos dar muito mais
atenção se queremos ser capazes de estar envolvidos em construir memórias duradouras nos
nossos respetivos casamentos.
Scott Stanley, um pesquisador de topo na área do casamento e da família nos Estados Unidos,
sugere que existem duas faces do compromisso que devemos considerar: a dedicação e a
contenção. A dedicação pessoal refere-se ao desejo de um indivíduo de manter ou melhorar a
qualidade da sua relação para benefício conjunto do casamento. Demonstra-se por um desejo
de não só permanecer no casamento, mas também de o melhorar, de se sacrificar por ele, de
investir nele, de ligar a este objetivos pessoais e de buscar a felicidade do cônjuge, não
simplesmente a sua. Por outro lado, o compromisso contido refere-se a forças que impelem os
indivíduos a preservar o seu casamento independentemente da sua dedicação pessoal a este. A
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contenção pode vir quer de pressões externas, quer internas e favorece a estabilidade da
relação, uma vez que vê o fim do casamento como algo que os fará pagar um preço muito alto,
economicamente, socialmente, pessoalmente ou psicologicamente. Se a dedicação for baixa, a
contenção pode manter as pessoas em relacionamentos que, de outra forma, abandonariam.
(Stanley 2005, pp 23, 24).
Como somos humanos, cometemos erros, mesmo no nosso casamento e a menos que
tenhamos um amor comprometido nos nossos relacionamentos – o fator ahabah – seria
impossível suster um casamento e construir memórias duradouras para o futuro. Para que o
casamento prospere, precisamos de ter dedicação e contenção.
A terceira palavra Hebraica para amor encontrada em Cantares de Salomão é a palavra dod, que
se traduz para Português como festança, agitar-se ou acariciar-se. Dod é o ingrediente físico,
sexual de uma relação, como exemplificado em Cantares de Salomão 1:2, que afirma: “Beija-me
o meu amado com os beijos da tua boca, pois seus afagos são melhores do que o vinho mais
nobre.”
Cantares começa com um monólogo da amada em que ela, primeiro, expressa o seu forte
desejo pelo afeto físico do seu amado…A rápida troca entre a terceira pessoa (ele, v. 2, e dele, v.
2, 4) e a segunda pessoa (teu e tu, v. 2, 4) é confusa para os leitores modernos, mas era uma
caraterística habitual da poesia de amor no Antigo Médio Oriente. Esta figura de estilo conferiu
uma qualidade emocional forte à poesia. Quando ela falou do seu amor (v 2) ela estava a referirse às expressões físicas do seu amor (a palavra heb. Para amor é Dodim, também usada no
4:10). A declaração “Teus amores são mais agradáveis que o melhor e mais puro dos vinhos”
significa que os seus afetos físicos eram emocionantes, refrescantes e uma grande fonte de
alegria (Deere, 1985).
Em I Coríntios 7:2-5 a Bíblia afirma: Porém, por causa da imoralidade, cada homem tenha sua
esposa, e cada mulher, seu marido. O marido deve cumprir seus deveres conjugais para com sua
esposa, e, da mesma forma, a esposa para com seu, marido. A esposa não tem autoridade sobre
o seu próprio corpo, mas, sim, o marido. Da mesma maneira, o marido não tem autoridade
sobre o seu próprio corpo, mas, sim, a esposa. Portanto, não vos negueis um ao outro, exceto
por mútuo consentimento, e apenas durante algum tempo, a fim de vos consagrardes à oração.
Logo em seguida, uni-vos novamente, para que Satanás não vos tente por causa da vossa falta
de controlo.
Deus quer que os nossos casamentos vivam as chamas de rayah, ahabah e dod, não para que os
nossos casamentos se consumam, mas para que os nossos casamentos sejam capazes de
construir memórias duradouras para o futuro, para que tenhamos impacto até à terceira e
quarta geração da nossa descendência. Uma chama a queimar tudo sozinha, nunca chegará à
ligação, compromisso e paixão que Deus deseja que cada um de nós desfrute no casamento,
para que sintamos alegria, paz, satisfação e segurança.
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Quantos casamentos na nossa igreja já testemunharam, em que todas as chamas de amor estão
a queimar como uma só? Quando separamos as chamas, esse amor nunca pode
verdadeiramente criar uma experiência matrimonial recompensadora e satisfatória. É como
viver fora da moldura que Deus concebeu e delimitou e pela qual devíamos viver.
CONCLUSÃO
Porque é que a vida muda depois da lua-de-mel? O que é que acontece ao nosso amor que era
tão forte e verdadeiro? Se pararmos para pensar acerca do assunto, vemos que ninguém
consegue suster a fantasia da lua-de-mel. Pensem nisso! Estamos, muitas vezes num lugar longe
de casa onde alguém faz as camas, cozinha as refeições e lava as toalhas. Temos roupa lavada
que chegue para a viagem, por isso não precisamos de nos preocupar com a lavandaria.
Podemos dormir até tarde, levantar tarde e fazer quase tudo o que quisermos.
Quando a vida real se instala as coisas mudam. E o verdadeiro desafio de sermos responsáveis –
a lavar as roupas, a cozinhar as refeições, a pagar as contas, a trabalhar longas horas, a
deitarmo-nos a horas razoáveis para acordarmos a tempo de ir para o trabalho – se torna
realidade. Viver com a realidade, em que ocasionalmente você ou o seu cônjuge podem ser
menos maduros ou responsáveis, é o tipo de situação que tira o ar ao vosso casamento, porque
as chamas de rayah, ahabah e dod podem já não estar a brilhar tão intensamente como antes.
Tornamo-nos descuidados e torna-se difícil construir memórias duradouras para o futuro.
ILUSTRAÇÃO
Há vários anos quando estávamos num safari no Serengeti encontrámos um grupo de leões no
meio da savana. O nosso condutor parou e nosso guia falou e disse: Há ali leões. Nós não vimos
os leões e perguntámos: Onde estão os leões? O guia apontou e disse: Os leões estão mesmo
ali. Continuávamos a não conseguir ver os leões até que um se colocou de pé em cima das
quatro patas. Então pudemos ver os leões. Rapidamente reparámos na razão pela qual não
víamos o leão. A juba do leão e a erva da savana eram da mesma cor. Para pudermos ver os
leões precisávamos de observar cuidadosamente para intencionalmente distinguir a erva dos
leões.
A Bíblia afirma em I Pedro 5:8: “Sede sensatos e vigilantes. O Diabo, vosso inimigo, anda ao
redor como leão, rugindo e procurando a quem devorar.” Gostamos da clareza da versão da
Bíblia, A Mensagem: “Tenham uma mente tranquila, mas estejam sempre atentos. O Diabo está
querendo atacar e não quer outra coisa senão apanhar-vos desprevenidos. Não baixem a
guarda.”.
A realidade é que, cada casamento humano irá falhar em ir de encontro ao padrão necessário
de modo a preservar uma atitude que construa memórias duradouras no lar. É neste sentido
que Ellen White declara: “Unicamente a presença de Cristo pode tornar homens e mulheres
felizes. Todas as águas comuns da vida, Cristo pode transformar em vinho do Céu. O lar se torna
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então como um Éden de bem-aventurança; a família, um belo símbolo da família no Céu.”(O Lar
Adventista, pág. 28)
Portanto, para construirmos memórias duradouras para o futuro nos nossos respetivos
casamentos, precisamos da presença de Cristo, para que Ele nos torne abertos, afetuosos,
apreciadores, atentos, calmos, carinhosos, compassivos, atenciosos, comprometidos, dedicados,
devotos, com sentido de dever, entusiásticos, fiéis, amigos, gentis, intencionais, bondosos, leais,
apaixonados, pacientes, percetivos, solidários, controlados, prontos para apoiar, meigos,
atenciosos e compreensivos. Estes atributos e ações só podem ser levados a cabo ao
dependermos do poder de Deus diariamente.
Que diariamente convidem Deus para as vossas vidas e casamentos, de modo a receberem o
poder e a graça para construírem memórias duradouras.
Referências
Deere, J. S. (1985). Song of Songs. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Eds.), The Bible Knowledge Commentary:
An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1015). Wheaton, IL: Victor Books.
Stanley, S. M. 2005. The Power of Commitment: A Guide to Active, Lifelong Love. Jossey-Bass: San
Francisco, CA.
Van Leeuwen, R. C. (2003). Song of Songs, Song of Solomon. In (C. Brand, C. Draper, A. England, S. Bond, E.
R. Clendenen, & T. C. Butler, Eds.) Holman Illustrated Bible Dictionary. Nashville, TN: Holman Bible
Publishers.
White, E. G. (1952). O Lar Adventista. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association.
13
A DÁDIVA DAS MEMÓRIAS
C L A UDI O
E
P A ME L A C O N SU E G RA
O texto
“A memória do justo é abençoada (…)”
Prov. 10:7
Introdução
Provavelmente já ouviram estas palavras em muitos funerais. São aqueles momentos
em que fazemos uma pausa para expressar e ouvir todas aquelas memórias sobre a
pessoa que é lembrada. As crianças falam sobre os acampamentos, ou a primeira
bicicleta ou talvez as caras engraçadas que o seu pai costumava fazer. Ou talvez se
lembrem daquelas tartes deliciosas, os dos abraços calorosos, ou dos passeios para
comprar roupa com a mãe. As esposas falam de como conheceram o seu marido e das
suas noites românticas juntos.
Em cada um destes tristes eventos, as memórias felizes trazem gargalhadas e, mais
importante ainda, uma espécie de conforto à família enlutada.
Sim, “A memória do justo é abençoada”.
Claro que, não temos de falar sobre as nossas memórias boas apenas nos funerais.
Alguns dos nossos momentos preferidos acontecem quando nos juntamos com a família
ou amigos e falamos sobre coisas que aconteceram quando éramos mais novos ou
quando andávamos na escola, ou sobre o tempo passado quando éramos vizinhos.
Chamamos a isso “reminiscência”.
O tio Steve lembra-se dos bons velhos tempos em que um Ford coupé custava 390€, a
gasolina custava 0.15€ o litro, um selo era 0.2€ e os rebuçados eram uma delícia.
A avó June conta histórias sobre crescer numa quinta e de andar 3 quilómetros até à
escola todos os dias – monte acima e abaixo.
A Theresa lembra-se carinhosamente dos dias antes de embarcar no comboio para
visitar os seus avós do outro lado do país.
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Todos temos reminiscências frequentes e revemos eventos da nossa vida. É uma parte
natural das nossas vidas e é essencial à nossa existência. Mas também é extremamente
importante para os nossos filhos porque essas memórias ligam gerações e dão aos
miúdos raízes que ajudarão a alicerça-los para o futuro.
APENAS UMA CERIMÓNIA?
No segundo livro da Bíblia, o Êxodo, há outra história que demonstra quão importante é para
nós, enquanto pais, construirmos memórias para os nossos filhos.
Deus desejava libertar os Seus filhos da escravidão no Egipto, mas o Faraó teimosamente
recusou.
Sistematicamente, as pragas de Deus começaram a desgastar o Faraó e os Egípcios até que
finalmente deixou os Israelitas ir; na verdade, quase os expulsaram.
Na noite do seu êxodo para fora do Egipto, Deus instituiu uma cerimónia; que é conhecida como
a Páscoa.
QUANDO TIVERDES ENTRADO NA TERRA QUE O SENHOR VOS DARÁ, COMO ELE
PROMETEU, CELEBRAREIS ESTE RITO. QUANDO VOSSOS FILHOS VOS INDAGAREM:
‘QUE RITO É ESTE?’ – ENSINAREIS: ‘É O SACRIFÍCIO DE PESSAH, PÁSCOA AO
SENHOR, QUE PASSOU SOBRE AS CASAS DOS FILHOS DE ISRAEL NO EGITO E
POUPOU
NOSSAS
EGÍPCIOS!”
FAMÍLIAS
QUANDO
MATOU
TODOS
OS
PRIMOGÊNITOS
DOS
ENTÃO, O POVO PROSTROU-SE EM ADORAÇÃO A DEUS, O SENHOR.
ÊXODO 12:25-27
A Páscoa comemorada na última noite em cativeiro e a forma como o sangue aspergido nas
ombreiras das portas de cada casa serviu de sinal de proteção em relação à morte de cada
primogénito naquela terra.
A Páscoa não era simplesmente um feriado nacional ou uma celebração. Na realidade, a
celebração anual da Páscoa é um lembrete, uma lição vívida, direcionada às crianças em cada lar
em que esta é celebrada. Não é um serviço que deva ser realizado na sinagoga, mas um tempo
especial em família, no lar.
A ordem de serviço para a Páscoa, chamado o Seder de Pessach, inclui várias características:
canções e leituras de salmos específicos. As crianças são envolvidas várias vezes quando fazem
perguntas acerca do significado de cada um dos símbolos sobre a mesa.
Uma das partes favoritas do serviço para as crianças é o esconder do “afikoman”, que é um
pedaço do pão ázimo, um lembrete do pão sem fermento que os Israelitas supostamente
comeram, de pé, aguardando a ordem de sair. Em algumas famílias, o chefe da casa esconde o
afikoman para que as crianças o encontrem e recompensa-as com um doce ou dinheiro. Noutras
15
famílias, as crianças “roubam” o afikoman e pedem uma recompensa em troca da devolução.
Seja como for, o afikoman tornou-se num estímulo para que as crianças permaneçam acordadas
e alerta durante as cerimónias do Seder, até ao momento em que este é necessário como
sobremesa.
Durante uns 4000 anos, as crianças em lares Judeus praticantes têm sido lembradas que
os seus antecessores eram escravos, mas Deus miraculosamente os libertou. E isto
deveria ser também um lembrete para a vinda do Messias, o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo.
Quando Jesus, o Messias, veio e morreu, o serviço da Páscoa deixou de ser necessário para
remembrar o povo Judeu da futura vinda do Messias. Em seu lugar, Jesus instituiu outra
cerimónia, a que viemos a chamar de “A Ceia do Senhor” ou Santa Ceia.
Eis como Paulo relata os eventos daquele fim de tarde:
“POIS EU RECEBI DO SENHOR O QUE TAMBÉM VOS ENTREGUEI: QUE O SENHOR
JESUS, NA NOITE EM QUE FOI TRAÍDO, TOMOU O PÃO E, LOGO APÓS HAVER DADO
GRAÇAS, O PARTIU E DISSE: “ISTO É O MEU CORPO QUE É DADO POR VÓS. FAZEI
ISTO EM MEMÓRIA DE MIM. DO MESMO MODO, DEPOIS DE COMER, ELE TOMOU O
CÁLICE E DECLAROU: “ESTE CÁLICE É A NOVA ALIANÇA NO MEU SANGUE. FAZEI ISTO
TODAS AS VEZES QUE O BEBERDES, EM MEMÓRIA DE MIM”. PORTANTO, TODAS AS
VEZES QUE COMERDES DESTE PÃO E BEBERDES DESTE CÁLICE PROCLAMAIS A MORTE
DO
SENHOR, ATÉ QUE ELE VENHA.”
I CORÍNTIOS 11:23-26
É interessante notar que Jesus não disse simplesmente, “Lembrem-se da minha morte”, ou
“reúnam-se de vez em quando para pensarem no significado do meu sacrifício”. Em vez disso,
Ele providenciou alguns lembretes visuais – o lava-pés, o pão e o vinho. Tal como a Páscoa, o
Seder de Pessach tem muitos elementos a servirem de lembrete para os acontecimentos
daquela noite em que os Israelitas foram libertos da escravidão. A santa ceia tem um número de
elementos que nos lembram daquela sexta à tarde em que o Cordeiro de Deus morreu para nos
libertar dos nossos pecados.
Mas gostaríamos que considerassem algo. Se o serviço de Páscoa foi concebido por Deus para
ser uma ferramenta de ensino, especialmente para as crianças, será possível que Jesus também
tivesse em mente que a Santa ceia servisse como ferramenta de ensino para as nossas crianças?
E se esse é o caso, será que, então, não deveríamos certificar-nos que as crianças participassem
tanto quanto possível para que cada um dos elementos deste serviço especial as ensinasse
acerca do sacrifício de Jesus? Talvez fosse isso que Jesus tinha em mente quando Ele disse,
“Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam
16
semelhantes a elas”. (Mateus 19:14). Sabem, o serviço da santa ceia não é só uma cerimónia. É
a ajuda visual de Deus para atrair os Seus filhos mais novos a Ele.
2. A P E N A S
UMA
PILHA DE PEDRAS?
Existe uma outra história que ilustra quão importante é para as crianças que os seus pais
construam memórias, especialmente boas memórias, para e com eles.
Os Israelitas que tinham sido salvos da escravidão egípcia vaguearam no deserto durante
quarenta anos. Toda a geração que tinha saído do Egipto, à exceção de alguns, tinha morrido no
deserto apenas com um vislumbre distante da Terra Prometida.
Com Moisés morto, Josué, o novo líder, prepara o povo para a travessia do Jordão e para
começar a conquista daquela terra que Deus lhes tinha prometido dar.
Entre as instruções que Josué deu àquela grande multidão, lemos:
ESCOLHEI DOZE HOMENS DENTRE O POVO, UM
LHES: ‘TOMAI DAQUI DO MEIO DO JORDÃO,
DETIVERAM E POUSARAM OS SEUS PÉS, DOZE
DEPOSITAI-AS NO LUGAR ONDE ACAMPAREIS
HOMEM DE CADA TRIBO, E ORDENAIDO LUGAR ONDE OS SACERDOTES SE
PEDRAS E CARREGAI-AS CONVOSCO E
ESTA NOITE!’”
JOSUÉ CONVOCOU OS
DOZE HOMENS QUE ESCOLHERA DENTRE OS FILHOS DE ISRAEL, UM REPRESENTANTE
DE CADA TRIBO, E LHES ORDENOU: “PASSAI ADIANTE DA ARCA DO SENHOR, VOSSO
DEUS, ATÉ O MEIO DO JORDÃO; E CADA UM LEVANTE SOBRE O OMBRO UMA PEDRA,
DE ACORDO COM O NÚMERO DE TRIBOS DOS ISRAELITAS, PARA QUE SEJA UM SINAL
NO MEIO DE VÓS. QUANDO AMANHÃ VOSSOS FILHOS VOS PERGUNTAREM: ‘QUE
SIGNIFICAM PARA VÓS ESTAS PEDRAS?’, ENTÃO LHES TESTEMUNHAREIS: ‘É QUE AS
ÁGUAS DO JORDÃO DIVIDIRAM-SE DIANTE DA ARCA DA ALIANÇA DO SENHOR; À SUA
PASSAGEM CINDIRAM-SE AS ÁGUAS DO JORDÃO. ESTAS PEDRAS SERÃO, PARA
SEMPRE, UM MEMORIAL PARA OS FILHOS DE ISRAEL’”.
Que ordem interessante!
Peguem em doze pedras do meio do rio! Porque não das margens do Jordão? A resposta é
revelada nos versos 6 e 7:
“QUANDO AMANHÃ VOSSOS FILHOS VOS PERGUNTAREM: ‘QUE SIGNIFICAM PARA
VÓS ESTAS PEDRAS?’, ENTÃO LHES TESTEMUNHAREIS: ‘É QUE AS ÁGUAS DO JORDÃO
DIVIDIRAM-SE DIANTE DA ARCA DA ALIANÇA DO SENHOR; À SUA PASSAGEM
CINDIRAM-SE AS ÁGUAS DO JORDÃO. ESTAS PEDRAS SERÃO, PARA SEMPRE, UM
MEMORIAL PARA OS FILHOS DE ISRAEL’”.
John Kunz disse, “De cada vez que um indivíduo conta parte da sua história, aqueles que ouvem
são como um espelho, refletindo e afirmando as suas vidas.”
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A reminiscência é uma dádiva que oferecemos aos outros. A reminiscência é um processo de
fluidez livre do nosso pensamento ou conversa sobre as nossas próprias experiências de modo a
refletir ou recapturar eventos significativos da nossa vida. Obviamente, todos vivemos no
presente. Ao mesmo tempo, também carregamos o nosso eu “passado” connosco ao longo da
nossa vida. Fazemos parte de uma história rica e maravilhosa que precisa de ser partilhada e
preservada.
Mas as histórias que contamos acerca das nossas vidas são também importantes fontes da
nossa identidade. Elas permitem-nos explorar e relacionar o nosso passado ao presente.
Essa é uma das tragédias da demência, amnésia ou Alzheimer à medida que a pessoa perde as
suas memórias perde a sua ligação com a sua história, com a sua vida e eventualmente consigo
mesma.
Mas enquanto temos o uso das nossas faculdades podemos continuar a criar memórias para nós
mesmos e para aqueles que nos seguem.
3. A P E N A S
UM
DIA?
Aqueles que passaram por uma perda de memória parcial ou total podem atestar o facto de que
lembrarmo-nos da nossa vida é um dos maiores dons e alegrias.
O Kim ligou para fazer uma encomenda e a Krickitt atendeu. Desde aquela primeira conversa a
sua relação floresceu e, eventualmente, casaram em 1993.
Seis meses depois do casamento estavam a dirigir-se para a casa dos pais dela para o Dia de
Ação de Graças. A Kirkckitt estava conduzir quando se desviou para evitar bater num camião
que seguia muito lentamente. Uma pickup que seguia atrás deles, bateu-lhes. O seu Ford Escort
capotou e fez derrapagens chocantes.
O seu marido, Kim, estava no banco traseiro: Consigo lembrar-me de cada segundo daquele
destroço. Gritei e gritei e gritei pela Krickitt e não obtive resposta. O Kim perfurou um pulmão,
fez um traumatismo no coração, uma contusão e uma mão partida. Mas pior estava a Krickitt,
que tinha sofrido um terrível traumatismo craniano quando o tejadilho do carro abateu á volta
sua cabeça. Inconsciente e presa pelo cinto de segurança, ela ficou 30 minutos pendurada de
cabeça para baixo até os bombeiros chegarem, depois mais 40 até a conseguirem libertar. O
paramédico D.J Combs lembra-se que as suas pupilas estavam fixas num olhar a direito:”Ela
tinha aquilo a que chamamos olhos de boneca.”
Três semanas depois do acidente, quando uma enfermeira lhe perguntou em que ano estava,
Krickitt respondeu: “1969”. Disse o nome dos pais. Mas quando a enfermeira perguntou, “Quem
é o seu marido?” ela respondeu, “Não sou casada.” Exames mostraram que ela mantinha a
maior parte das suas memórias antigas. Quanto ao seu marido, ele era um completo estranho;
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ela não sentia nada por ele. “Não tenho memória visual na minha cabeça, e não tenho memória
no meu coração”, disse ela.
Quando recebeu alta do hospital ela foi viver com a sua mãe, mas cinco meses mais tarde
mudou-se novamente para junto do marido. Mas as pressões de tentar perceber como ser sua
esposa e de partilharem as suas vidas estavam na verdade a deformar a sua relação. Por isso, o
seu terapeuta sugeriu que eles precisavam de começar a construir novas memórias, e foi o que
fizeram. Começaram a namorar novamente, conversavam, iam comer uma pizza, às compras,
fazer jet ski num lago próximo. “Pude voltar a conhecer o meu marido outra vez”, diz a Krickitt.
“Houve uma altura em que comecei realmente a apreciar a sua companhia. Tinha saudades dele
se ele não estivesse por perto.”
E ela apaixonou-se por ele novamente. Mas havia uma coisa que faltava. Embora tivesse fotos
do seu casamento, entristecia-a que não tivesse memórias. Então o Kim pediu-a novamente em
casamento, e em Maio de 1996 trocaram votos pela segunda vez. Agora ela tem fotos e
memórias daquele dia especial.
Sim, a dádiva das memórias! É um verdadeiro presente, sermos capazes de nos lembrar! Essa é
uma das razões porque Deus nos deu uma prenda semanal, o Sábado, para nos ajudar a lembrar
o que aconteceu quando o mundo foi criado, para nos lembrar que Ele nos criou. Entre outras
coisas, a teoria da evolução roubou daqueles que Deus criou a oportunidade de se lembrarem
Dele.
Depois dos Israelitas terem sido libertados depois de mais de 400 anos de cativeiro, uma das
primeiras coisas que Deus queria que aquela nação emergente fizesse, mesmo antes de
entrarem na Terra Prometida, era que se lembrassem. Deus disse, “ L E M B R A - T E D O D I A D O
SHABBAT, SÁBADO, PARA SANTIFICÁ-LO.” (ÊXODO 20:8)
Tal como outras memórias, o Sábado ancora-nos e liga-nos ao nosso passado e ao nosso
Criador. Mas o Sábado não se refere apenas ao passado. O Sábado refere-se à construção de
memórias, hoje, para o futuro. O Sábado é uma oportunidade semanal para nos reunirmos aqui
no santuário de Deus onde nos encontramos e adoramos enquanto família de Deus para
construirmos mais memórias. Pensem naqueles que têm estado connosco e que agora já não
estão. Talvez se tenham mudado para outra cidade ou tristemente, talvez tenham morrido. Ao
pensarmos neles, ao termos saudades deles, o nosso coração também se aquece com as
memórias que guardamos destas pessoas.
O Sábado também é uma oportunidade semanal maravilhosa para construirmos memórias com
a nossa família mais imediata. Pensem em coisas que têm feito ao longo dos anos com a vossa
família.
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Nota: Nesta altura podem mencionar algumas daquelas pequenas tradições de Sábado e
memórias com a sua família – fazer jogos Bíblicos, comidas especiais, cantar no culto de pôr-dosol, caminhadas de Sábado à tarde, etc.
Não vamos fazer do Sábado um dia em que criamos fardos e memórias amargas. Vamos ser
intencionais ao usar as preciosas horas do Dia Santo de Deus para construir as memórias mais
doces e especiais, especialmente para os nossos filhos para que eles cresçam a pensar no
Sábado como o dia melhor, mais fantástico da semana.
Não é apenas um dia! O Sábado é uma oportunidade semanal que Deus nos dá para
construirmos memórias familiares!
4. A P E N A S
UM
LIVRO?
Ler é uma experiência maravilhosa. Nelly Ali revela como é que os livros oferecem
oportunidades infindáveis de explorar o mundo em que vivemos e como podem dar-nos
também outras capacidades para vingarmos na vida.
A. I MAGINAÇÃO .
Ler estimula a nossa imaginação e criatividade porque somos transportados na nossa mente
para lugares onde conhecemos pessoas e temos experiências e vivemos através dos olhos e
palavras do autor.
B. C OMUNICAÇÃO
Ao lermos a forma como um autor constrói as frases isso pode ajudar o nosso próprio estilo de
comunicação e ler vai dar-nos conhecimento acerca de muitos tópicos diferentes, para
conseguirmos falar e interagir com mais pessoas. Ler também aumenta o nosso vocabulário, ao
compreendermos novas palavras no contexto que depois podemos aplicar às nossas
conversações ou escrita.
C. C OMPREENSÃO
Os livros dão-nos uma compreensão e um contexto, que é muito útil quando temos um
interesse genuíno em aprender alguma coisa. Ler também nos permite desenvolver as nossas
capacidades e dá-nos uma visão mais ampla sobre uma lista infindável de tópicos. Ao discutir os
pontos mais pormenorizados de algo em livros detalhados aumenta a nossa compreensão
dessas coisas.
D. C ONHECIMENTO
Devido à grande variedade de livros e dos tópicos que estes contêm, os livros abrem as nossas
mentes e ajudam-nos a ter uma compreensão mais ampla do mundo. Géneros diferentes,
culturas e línguas todas juntas servem para nos proporcionar experiências inteiramente novas. É
20
possível aprendermos sobre um tema que talvez nunca tenhamos ouvido antes; de facto, até
pode ajudar-nos a ganhar uma certa perícia no assunto.
E. C ONCENTRAÇÃO E M EMÓRIA
Ler ajuda a nossa concentração uma vez que requer que nos foquemos, frequentemente por
longos períodos de tempo. Ler também requer concentração de forma a auferir o significado
fundamental das palavras, uma capacidade que podemos aplicar amplamente em todas as áreas
da nossa vida.
F. F ORMULÁRIOS
Ler ajuda-nos se ou sempre que precisamos de preencher os formulários de emprego ou
empréstimo. Pessoas que não estão habituadas a ler podem por vezes não ser capazes de
compreender ou mesmo não entender algumas das perguntas que são feitas.
G. I NTERESSES P ESSOAIS
E por fim, Nelly Ali diz que ler varia muito de pessoa para pessoa, quer o façamos por prazer
pessoal, ou para adquirir a capacidade de aprender mais ou mesmo apenas para mostrar um
conjunto de interesses, ou porque queremos ser transportados para a História do Império
Britânico ou para a vida de Nelson Mandela, ou talvez para aprendermos alguns princípios sobre
relacionamentos ou educação. O bom dos livros é que os há para todos os gostos, o que por si
só é uma maravilha.
Há estudos que também têm demonstrado que a capacidade de ler bem é o melhor prognóstico
para a performance académica entre os estudantes. Ler é uma das capacidades mais valiosas
desenvolvidas durante a infância.
Existe um livro que nos ajuda a aprender sobre história, saúde, geografia, psicologia,
relacionamentos e muito mais. Quando lemos a Bíblia para e com os nossos filhos estamos a
ajudar tanto no desenvolvimento da sua literacia como no crescimento espiritual.
Ler a Bíblia ou histórias da Bíblia aos filhos não é só bom para eles, mas também uma forma de
formar memórias entre vós.
Paulo escreveu: “ P O R Q U A N T O
PARA
ÂNIMO
NOS
ENSINAR,
DE
PROVENIENTES
ESPERANÇA.”
TUDO O QUE FOI ESCRITO NO PASSADO, FOI ESCRITO
FORMA
DAS
QUE,
POR
ESCRITURAS,
MEIO
DA
PERSEVERANÇA
MANTENHAMOS
FIRME
E
DO
A
BOM
NOSSA
ROMANOS 15:4
5. A P E N A S M E M Ó R I A S ?
As histórias que encontramos na Bíblia foram escritas intencionalmente por uma razão.
A Páscoa não foi apenas uma cerimónia.
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As pedras do Jordão não eram apenas uma pilha de pedras.
O Sábado não é apenas um dia.
A Bíblia não é apenas um livro.
Deus estabeleceu e concebeu cada um destes eventos, cada uma destas coisas como um
lembrete, um mecanismo de memória. Ele queria que o Seu povo se lembrasse Dele e que
ensinassem os seus filhos acerca Dele.
“TÃO-SOMENTE GUARDA-TE A TI MESMO E CUIDA BEM DA TUA PRÓPRIA ALMA, A
FIM
DE
QUE
JAMAIS
TE
ESQUEÇAS
DOS
MUITOS
SINAIS
QUE
CONTEMPLARAM, E PARA QUE TAIS VIVAS RECORDAÇÕES NUNCA
TEU CORAÇÃO, EM NENHUM DIA DA TUA VIDA.
OS
TEUS
OLHOS
SE APARTEM DO
ENSINA-AS COM DEDICAÇÃO AOS
TEUS FILHOS E AOS TEUS NETOS.”
DEUTERONÓMIO 4:9
Podemos usar as coisas que Deus nos deu para ensinar os nossos filhos acerca Dele e a criar
memórias acerca da nossa família e da nossa fé. Uma construção criativa das nossas memórias
dá-lhes vida e pode ser alcançada de muitas maneiras diferentes.
Permitam que sugira algumas:
1. Façam o máximo de refeições diárias em conjunto. E façam-no sentados à volta da mesa.
2. Trabalhem juntos em colagens/álbuns de fotos.
3. Usem diferentes formas de arte como o desenho, pintura ou modelagem de barro para ilustrar
palavras e sentimentos. Uma família fez uma série de impressões de mãos e pés desde o
nascimento e ao longo dos anos.
4. Tornem-se o9 “arqueólogo” da família – por outras palavras, recolham alguns itens históricos e
objetos significativos como brinquedos, antiguidades ou roupas que tenham algum significado
especial (roupa de dedicação do bebé, capa da faculdade, etc).
5. Aprendam músicas ou canções juntos e cantem-nas juntos de vez em quando.
6. Gravem histórias da vossa vida e infância e da infância dos vossos filhos. De alguma forma é
como se fossem as vossas autobiografias áudio.
7. Mantenham uma “caixa de memórias” para cada um dos vossos filhos, para lhes oferecerem
quando fizerem dezoito anos ou quando se casarem.
Todas estas coisas podem ser ótimos inícios de conversa, mas também valiosas recordações e
elementos para a família sobre o seu passado e para as gerações que se seguirem.
Conclusão
Ligar as gerações dá aos nossos filhos uma história própria. É o dom das memórias que os
alicerça na sua fé e à sua família.
22
“LEMBRA-TE DO TEU CRIADOR NOS DIAS DA TUA MOCIDADE, ANTES QUE CHEGUEM
OS DIAS DIFÍCEIS E SE APROXIMEM OS DIAS DA VELHICE EM QUE DIRÁS: “NÃO
TENHO MAIS SATISFAÇÃO EM MEUS DIAS!” ECLESIASTES 12:1
Referências
Ali, N. (n.d.). 7 wonders of reading. Retirado de: http://www.brightknowledge.org/ knowledgebank/bright-voices/bright-voices-2012/nelly-ali/7-wonders-of-reading
Dwyer, K. (n.d.). Linking the Past to the Present – The Benefits of Reminiscing. Retirado de
:http://www.caregiver.com/articles/ general/linking_past_to_present5.htm
Fields-Meyer, T. (1996). Married to
people/archive/article/0,,20141613,00.html
a
Stranger.
Retirado
de:
http://www.people.com/
23
AS LIÇÕES DA FAMÍLIA DE ABRAÃO
J O N GI MP I P AP U
Introdução
É verdade que as histórias Bíblicas tendem a focar-se nos feitos alcançados por indivíduos em
vez de grupos de pessoas ou famílias. Hebreus 11 reflete-se numa lista de indivíduos que, pela
fé agradaram a Deus. Pouco é dito sobre as suas famílias.
Contudo, se olharmos estes indivíduos mais de perto vemos revelado um subtexto de apoio por
parte das suas famílias. O ministério de Moisés foi iniciado não tanto pela fé de Moisés mas pela
fé dos seus pais que, não temendo a ordem do Rei, o esconderam.
Podemos exaltar as virtudes de Abraão e bem, dado que ele é conhecido como o pai da fé, mas
isto não devia levar-nos a pensar em Abraão como o Cavaleiro Solitário. O que podemos
esquecer é que Abraão foi um pai compreensivo e amoroso para Isaque, um marido fiel e
amoroso para Sara e um bom senhor para os seus servos. Foi através deste círculo pequeno e
íntimo que todas as famílias da terra foram abençoadas em Abraão.
A missão dada a Abraão não foi para abençoar todas as nações mas para ser uma bênção na sua
família. O texto que se segue dá um mandato específico a Abraão e é através da fiel realização
deste mandato que Abraão se tornou uma bênção para todas as famílias da terra:
O TEXTO
“PORQUANTO EU O ESCOLHI, PARA QUE INSTRUA SEUS FILHOS E TODOS OS SEUS
DESCENDENTES
ACERCA
DE
CONSERVAREM-SE
NO
CAMINHO DO SENHOR,
PRATICANDO O QUE É JUSTO E DIREITO, A FIM DE QUE O SENHOR FAÇA VIR SOBRE
ABRAÃO TUDO QUANTO LHE TEM PROMETIDO!” GÉNESIS 18:19
Porque é que Abraão foi Escolhido
O texto é muito claro no propósito para a escolha de Abraão. A frase “porquanto eu o escolhi…”
é traduzida por “porque eu o conheço” noutras versões Bíblicas. De facto, Amós 3:2 usa a
mesma frase em que Deus se refere a Israel como a única nação que Ele conheceu. Seria
incorreto sugerir que Deus só tinha conhecido Israel num sentido cognitivo, mas no que diz
respeito ao propósito, o texto faz sentido. Por outras palavras, Israel é a única nação que Deus
escolheu. O mesmo se aplica a Abraão, ele foi escolhido por Deus para um propósito específico.
O propósito específico era o de que Abraão “instruísse os seus filhos e descendentes a
conservarem-se no caminho do Senhor, praticando o que é justo e direito.” A missão de Abraão
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era para com a sua família e descendência e era missão de Deus assegurar-se de que todas as
nações eram abençoadas nele. Ao assumir fielmente a sua responsabilidade no seio da sua
família ele asseguraria que os planos de Deus, que incluíam todas as nações, seriam cumpridos.
Abraão cumpriu a sua missão?
Esta pergunta é relevante, porque podemos aprender lições com Abraão, não só em saber que
ele tinha uma missão mas em quão bem-sucedido ele foi nessa missão. As lições seriam
aprendidas quer Abraão tivesse falhado ou tivesse tido êxito porque é frequentemente através
dos resultados que podemos retirar lições.
A área da missão ou responsabilidade de Abraão estava confinada aos seus filhos e aos seus
descendentes. Por isso a questão é, será que Abraão orientou os seus filhos e os seus
descendentes depois dele? Olhando para a vida de Isaque a resposta é afirmativa. Abraão foi
capaz de colocar Isaque no altar do sacrifício sem protestos do seu filho. Ellen White diz o
seguinte sobre a reação de Isaque:
“FOI COM TERROR E ESPANTO QUE ISAQUE SOUBE DE SUA SORTE; MAS NÃO OPÔS
RESISTÊNCIA. PODERIA ESCAPAR DESTE DESTINO, SE O HOUVESSE PREFERIDO
FAZER; O ANCIÃO, FERIDO DE PESARES, EXAUSTO COM AS LUTAS DAQUELES TRÊS
DIAS
TERRÍVEIS,
NÃO PODERIA TER-SE OPOSTO À VONTADE
DO VIGOROSO
JOVEM. ISAQUE, PORÉM, TINHA SIDO EDUCADO DESDE A MENINICE A UMA
OBEDIÊNCIA PRONTA E CONFIANTE (…)” PATRIARCAS E PROFETAS, PÁG. 152
A pergunta pode ser feita, como é que Abraão conseguiu que um adolescente estivesse disposto
a ir para o altar do sacrifício? Alguns de nós debatem-se para que os filhos vão à igreja quanto
mais morrer num altar. Como é que Abraão conseguiu?
A missão dada a Abraão incluía também os seus descendentes, não apenas os seus filhos. Era
ele capaz de conservar os seus descendentes depois dele no caminho do Senhor? Temos que
admitir, instruir os seus servos a conservar os caminhos do Senhor podia ser um desafio maior
do que instruir os seus próprios filhos. Seria interessante descobrir quantos servos tinha
Abraão?
Em Génesis 14:14 é-nos dito que Abraão armou cerca de 318 servos que nasceram na sua
propriedade. É óbvio que nem todos os servos foram armados mas apenas aqueles que tinham
nascido na sua casa. Também se poderia argumentar que os 318 não eram o número total de
servos nascidos na sua casa mas ele armou aqueles de entre os que nasceram na sua casa. Não
nos é dito nada sobre as crianças e esposas dos servos. Era a estes servos que Abraão tinha de
mostrar o caminho do Senhor. Quais foram os resultados? Teve sucesso ou falhou?
Quando chegou a altura de Isaque ter uma esposa, Abraão confiou num dos seus servos – o
mais antigo – para levar a cabo essa importante tarefa. É interessante reparar como o servo via
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a religião do seu amo, Abraão. Em Génesis 24:35, o servo, com base no seu testemunho pessoal
declarou que o Senhor tinha abençoado imensamente Abraão. O seu foco não era tanto na
riqueza de Abraão tinha adquirido mas quem estava por detrás das riquezas e isto não foi algo
que lhe tenham dito para dizer mas algo que ele conhecia pessoalmente. Em segundo lugar, no
verso 52 do mesmo capítulo, vemos o servo “prostrar-se em terra” e adorar o Senhor. Isto
também não fazia parte da instrução. O servo adorou o Senhor segundo o seu próprio coração e
pela bondade de Deus que ele tinha vivido e testemunhado por si mesmo.
Portanto, podemos dizer com convicção que Abraão realmente teve sucesso na instrução dos
seus filhos e da sua descendência a conservarem-se nos caminhos do Senhor. A pergunta que
precisamos de colocar é, como é que ele o fez? É aqui que aprendemos a lição que podemos
aplicar na nossa própria vida. Fazemos esta pergunta porque percebemos a dificuldade e os
desafios inerentes à missão dada a Abraão. Também ficamos deslumbrados pela forma
fantástica como a cumpriu. Aqui estão as quatro lições que podemos retirar da história de
Abraão.
RELACIONAMENTO ENTRE OS PAIS E DEUS
O relacionamento entre Abraão e Deus e entre Sara e Deus é a primeira lição que podemos
aprender com esta família. Abraão obedeceu explicitamente a Deus sem qualquer hesitação.
Quando lhe foi pedido que deixasse a sua terra natal, ele não protelou nem mesmo arranjou
desculpas. Quando o Senhor o instruiu a sacrificar o seu filho, mesmo não fazendo sentido para
ele, ele obedeceu. Ele sabia de quem era a voz que lhe tinha falado embora pudesse não
compreender claramente porque tinha de sacrificar o seu filho em lugar do cordeiro. Isto
tornou-se num modelo vivo para Isaque e os seus servos. Eles aprenderam a levar a voz de Deus
a sério.
A missão pode ter sido dada a Abraão mas sem a colaboração de Sara teria sido muito difícil a
Abraão levá-la a cabo. A vida de Sara não contradisse a vida e o compromisso de Abraão. É-nos
dito em Hebreus 11:17 que “ P E L A F É , A B R A Ã O , ( … ) E S T A V A M E S M O A P O N T O D E
S A C R I F I C A R S E U U N I G Ê N I T O ( … ) ” mas no mesmo sentido aprendemos que “ P O R M E I O
DA FÉ, DA MESMA FORMA, A PRÓPRIA
SARA RECEBEU PODER PARA GERAR FILHOS,
No livro de I Pedro 3:6, Sara é dada como um
exemplo de mulheres consagradas que confiaram em Deus. A santidade deriva de um
relacionamento pessoal com um Deus santo e não um relacionamento com um esposo
consagrado. Sara tinha um relacionamento pessoal com Deus.
AINDA QUE ESTÉRIL E AVANÇADA EM IDADE”
Isaque não observou uma discórdia entre a vida vivida por Abraão e a vida vivida por Sara.
Estavam em uníssono e era isto que dava credibilidade às suas vidas. Abraão só podia instruir os
seus filhos e servos em conformidade consigo e a sua esposa. Não era apenas a lógica da
instrução mas o compromisso dos instrutores que tinha influência nas vidas de quem compunha
a casa de Abraão.
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Imagino que não era difícil para Isaque confiar na escolha que o seu pai fez para ele no que toca
a uma companheira para a vida. A esposa de Isaque não era apenas a escolha de Abraão; era a
escolha de Deus. Uma criança que está disposta a morrer à voz de um pai não pode achar difícil
confiar nas suas escolhas. A seriedade com que os pais encaram a voz de Deus irá determinar
quão a sério os seus filhos levarão a sua voz.
Se queremos ter êxito na missão que Deus nos deu nas nossas famílias, precisamos, enquanto
pais ou pai/mãe sozinho/a, de ter um relacionamento observável, consistente e em crescimento
com Cristo. É fácil pregar na igreja mas pregar em casa é um desafio pois é ali que é a hora da
verdade. É em casa que a nossa pregação pode ser realmente desafiada a um ponto de
contradição pelos nossos próprios atos. Uma vida consistente não precisa de um sermão longo
ou instrução; preenche as lacunas da instrução e confere-lhe um sentido.
O RELACIONAMENTO ENTRE O PAI E A MÃE
A forma como os pais se relacionam um com o outro pode tanto ser uma bênção ou uma
maldição para os outros membros da família. Sara, segundo nos é dito, honrava-se a si mesma
sendo submissa a Abraão. Isto não significa que Sara era apenas uma sombra de Abraão sem
opinião ou contributo na forma como as coisas eram conduzidas na família. Sabemos que em
mais do que uma ocasião Sara sugeriu a Abraão soluções para crises que enfrentaram enquanto
família. É ela que tem a ideia de Hagar ser a solução para a sua infertilidade. Sara relacionava-se
com Abraão de igual para igual mesmo sendo dito dela que lhe era submissa. Abraão respeitava
e valorizava a opinião de Sara. Não era apenas vista, também era ouvida.
Abraão amou muito Sara. Vemos isto em Génesis 12:11 – em que ele faz alusão ao facto de Sara
ser uma mulher bonita. E isto foi depois de 35 anos de casamento. Não era tanto o que os
outros diziam sobre a beleza de Sara. Mas sim a apreciação que Abraão fazia da beleza da sua
esposa: “Tu és uma mulher muito bonita(…)” É óbvio que mesmo após várias décadas de
casamento com Sara, Abraão tê-la-ia escolhido uma e outra vez. Sara ainda era a mulher mais
bonita aos olhos de Abraão. Abraão amou Sara e esse princípio, por si só, purifica o significado
de submissão e eleva-o de uma expetativa cultural a uma virtude Cristã.
A forma como nos relacionamos enquanto marido e mulher tem um efeito revelador na forma
como os nossos filhos e os que nos são próximos se relacionam com Deus. Ellen White coloca
isto de forma mais sucinta quando diz:
“A MELHOR MANEIRA DE ENSINAR OS FILHOS A RESPEITAR OS PAIS É DAR-LHES A
OPORTUNIDADE
DE
VER
O
PAI
DAR
RESPEITO E REVERÊNCIA PELO PAI.
BONDOSA
ATENÇÃO
À
MÃE
E
ESTA
MOSTRAR
É PELO CONTEMPLAR O AMOR NOS PAIS QUE OS
(…)”
FILHOS SÃO LEVADOS A OBEDECER O QUINTO MANDAMENTO
O LAR ADVENTISTA, PÁG. 198/199
27
As sementes da desobediência e rebelião são semeadas nos corações dos filhos quando os seus
pais se tratam mutuamente de forma desrespeitosa e rude. Os pais que estão sempre em
tensão não só se destroem a si mesmos mas também aos filhos. Teria sido muito difícil para
Isaque ouvir um homem (pai) que tivesse abusado da sua própria mãe. Isaque conseguiu
obedecer à voz de Abraão porque ele demonstrou que tinha aprendido a obedecer à voz de
Deus pela forma como se relacionava com a sua esposa.
O RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS
O relacionamento entre os pais e os seus filhos deve ser intencional e deliberado. Desenvolver
um bom caráter nos nossos filhos não pode ser um trabalho fortuito. Aprendemos que Isaque
foi treinado desde a infância; o caráter que ele desenvolveu não foi apenas uma coincidência ou
sorte. A melhor forma de treinar alguém é mostrar-lhe como se faz e explicar-lhe porque se faz
daquela maneira. Ambos os aspetos do ensino são importantes. Não é o suficiente para os
nossos filhos assimilarem a cultura do seu lar, eles têm de ter razões para acharem que tal
cultura é aceitável.
Isaque não era apenas um imitador da fé de Abraão; é-nos dito que ele partilhava da sua fé
(White, 1890, pág. 152). O conceito de partilha subentende a ideia de investimento, de
propriedade, de ter ações numa companhia. Aquele que tem ações é mais do que um
empregado seguindo as regras e regulamentos da companhia. Ele ou ela têm o melhor interesse
da companhia no coração e podem até estar dispostos a sacrificar tempo e recursos quando
chamados a isso. Isaque não estava a morrer pela fé de Abraão mas pela sua própria fé em
Deus. Foi também a sua fé pessoal em Deus que foi testada.
Isaque não foi apenas ensinado a conhecer os princípios da fé dos seus pais; ele foi conduzido a
viver a sua fé. Foi através da vivência da sua fé que esta se tornou o seu testemunho. O mesmo
se aplicou aos seus servos. Não só eles tinham um conhecimento de Deus como tinham
começado a sua própria caminhada com Ele. A formação não se pode julgar eficaz até que
transformou o aprendiz num discípulo, num seguidor e não apenas num “conhecedor”.
Precisamos dar aos nossos filhos uma oportunidade de nos verem como pais confiantes em
Deus. Os tempos de dificuldade podem dar à criança um ambiente de aprendizagem; quando
veem em primeira mão a forma como os seus pais manifestam confiança em Deus. Quando as
crianças testemunham um milagre a desenrolar-se perante os seus olhos e na sua própria
família; o seu conhecimento de Deus torna-se experimental e não apenas teórico. Os nossos
filhos só podem defender uma fé que é sua. Ninguém consegue morrer por uma fé emprestada.
O martírio é uma escolha não uma exigência. A questão é se os nossos filhos possuem a sua fé
ou são apenas Adventistas culturais.
28
O RELACIONAMENTO COM OS SERVOS
Como nos relacionamos com aqueles que dependem de nós para o seu sustento? Para além de
vermos como Abraão se relacionava com o seu Deus, como ele e Sara se relacionavam um com
o outro, e como ele tratava o seu próprio filho, também os seus servos tinham histórias sobre
como ele se relacionava com eles. Eles tinham testemunhado a bondade e abnegação de Abraão
quando ele permitiu que Ló escolhesse a melhor porção de terra. Eles tinham visto como Deus
abençoou Abraão e tenho a certeza de que tinham histórias que se abeiravam de milagres sobre
como Deus cuidou de Abraão e de tudo o que ele tinha.
É interessante reparar que no livro de Efésios, Paulo toca em todas as áreas do nosso
relacionamento e desafia-nos em cada uma delas. Na nossa caminhada com Deus, na forma
como nos relacionamos uns com os outros enquanto esposo/esposa, na forma como nos
relacionamos com os nossos filhos e como tratamos os nossos servos. Isto é o Cristianismo na
sua plenitude.
CONCLUSÃO
As lições estão lá para que tomemos posse delas mas por onde começamos, podem perguntar
vocês. A minha resposta está na compreensão da missão fundamental que Deus nos deu
enquanto pais, guardiões e prestadores de cuidados. A nossa missão não é sermos uma bênção
no mundo mas orientarmos os nossos filhos e descendentes a conservarem-se nos caminhos do
Senhor. Esta missão é confinada, mensurável e íntima. É quando isto está feito que o mundo
pode ser abençoado pela nossa presença. Lembrem-se: “Todas as Suas ordens são promessas
habilitadoras.” (Parábolas de Jesus, pág. 333). Deus nunca pode pedir aquilo que o Seu poder é
incapaz de realizar por nosso intermédio. Podemos todas as coisas por meio de Cristo. Oiçam a
batida desta afirmação:
“UMA
FAMÍLIA
BEM
DO CRISTIANISMO DO
ORDENADA,
QUE
TODOS
BEM
OS
DISCIPLINADA,
SERMÕES
QUE
SE
FALA
MAIS
POSSAM
EM
FAVOR
PREGAR.
UMA
FAMÍLIA ASSIM DÁ PROVA DE QUE OS PAIS FORAM BEM-SUCEDIDOS NO SEGUIR AS
DEUS, E DE QUE SEUS FILHOS O SERVIRÃO NA IGREJA.” (O LAR
ADVENTISTA, PÁG. 32)
INSTRUÇÕES DE
Realmente, as famílias desta terra serão abençoadas em tal família. Que esta seja a nossa
oração, hoje.
Referências
White, E. G. (1952). Lar Adventista. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association.
White, E . G (1900). Parábolas de Jesus. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association
White, E. G. (1952b). A Minha Vida Hoje. Review and Herald Publishing Association
White, E. G. (1890). Patriarcas e Profetas. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association.
29
COMO DESFRUTAR DA SUA FAMÍLIA IMPERFEITA
J O HN M C V A Y
John McVay, PhD. É o Presidente da Universidade de Walla Walla no Colégio Place, Washington,
EUA.
Deus ama a sua família imperfeita. Ele anseia que cada família possa conhecê-Lo como o Pai de
todos e fazer uso dos recursos que Ele tem para os ajudar a viver a vida como uma família de fé.
Introdução
Ao planearem o vosso casamento, decidem que vão seguir todas as 107 dicas de casamento que
encontram na Noiva Moderna. Na verdade, descobrem que estas dicas oferecem uma linha de
tempo inestimável – 107 tarefas a realizar antes daquele dia feliz, perfeito, alegre, que
escolheram. Com antecedência “12 a 24 meses antes do Casamento” encontram a dica #1:
“Visitem, juntos, o vosso pastor/padre e marquem a data para a cerimónia”. Ah, esse é um bom
conselho, naquilo a que diz respeito. Continuam na lista, mais abaixo. Dão especial atenção à
dica de casamento #34. Agora, por favor lembrem-se, isto encontra-se numa revista chamada
Noiva Moderna. Estas palavras destinam-se a futuras noivas. “Decidam qual o destino para a
vossa lua-de-mel. Consultem um agente de viagens.” “Tradicionalmente”, continua a revista, “o
noivo trata disso, mas se forem melhores nesta tarefa não hesitem em oferecer-se.”
Cavalheiros, o mundo está a mudar. Debaixo do título “Dia do Casamento” vêm as três últimas
dicas. Número 105: “Descanse e relaxe totalmente com um bom banho quente.” Oh claro!
Número 106: “Solicite vestir-se pelo menos 2 horas antes do casamento.” E #107: “Tenha um
dia maravilhoso e desfrute de cada momento.” E assim acontece.
Dos 500 vestidos na Noiva Moderna escolhem o que está na pág. 328, o que está descrito com
“Perfeição Pura”, o que tem o bordado à mão elaborado, aquele que o vosso pai tem de ir
comprar a uma pequena boutique em Nova Iorque. Mas vale a pena. É assim que querem que o
vosso casamento seja; é o que querem que a vossa família seja – “Perfeição Pura”. E ao
apanharem o avião para a Lua-de-Mel nas ilhas Gregas, vocês e o vosso marido novinho em
folha imaginam que o vosso casamento, a vossa família, serão a perfeição pura, um alegre porto
a seguir ao outro num cruzeiro feliz ao longo da vida.
Aliás, homens, a Noiva Moderna não vos falha. Também dão alguma ajuda aos noivos. Uma
secção intitulada “Planear a vossa vida em Conjunto”, tem dois pequenos artigos.
É interessante que totalizam menos de 4 das 518 páginas que tem a revista!
Em busca da Perfeição Pura, mas…
Apesar da noção da “vida juntos” na Noiva Moderna, os casais de hoje em dia embarcam
diretamente numa tempestade estatística. Conhecem as estatísticas casamento/divórcio.
Anualmente, nos EUA realizam-se 2.11 milhões de casamentos e 1.2 milhões de divórcios. Por
30
isso, cerca de 4 milhões de Americanos assumirão compromissos para a vida este ano. A maioria
daqueles que balbuciam o “Sim” espera manter esse compromisso. Quase todas as noivas e
noivos almejam a perfeição pura. Contudo, cerca de metade dos casamentos sofrerão uma
rutura antes de se terem passado 15 anos. A percentagem de primeiros casamentos que
acabam em divórcio é de 40/50%, enquanto a percentagem de segundos casamentos – ou
terceiros ou quartos – que terminam em divórcio é de cerca de 67%.
Se a vossa ideia de um lar perfeito inclui uma mãe, um pai e 2 filhos, as vossas probabilidades de
perfeição estão a diminuir rapidamente. Em 1970, 40% dos lares tinham, a viverem juntos, uma
mãe, um pai e pelo menos um filho. Em 1990 apenas 26% dos lares nos EUA encaixavam neste
modelo. Em 2012, os números tinham caído até aos 19.6%
Em I I T I M Ó T E O 3 : 1 - 5 a palavra de Deus predisse águas turbulentas para a nossa época:
“Sabe, entretanto, disto” escreve o apóstolo. “Isto tem de fazer parte do teu currículo.”
“SABE,
ENTRETANTO,
DISTO:
NOS
ÚLTIMOS
DIAS
SOBREVIRÃO
TEMPOS
TERRÍVEIS.
OS HOMENS AMARÃO A SI MESMOS, SERÃO AINDA MAIS GANANCIOSOS,
ARROGANTES, PRESUNÇOSOS, BLASFEMOS, DESRESPEITOSOS AOS PAIS, INGRATOS,
ÍMPIOS, SEM AMOR, INCAPAZES DE PERDOAR, CALUNIADORES, SEM DOMÍNIO
PRÓPRIO, CRUÉIS, INIMIGOS DO BEM, (…)”
Que cenário, para se tentar manter um compromisso! Que cenário para criarmos filhos que
amem a Deus e encontrem alegria em servir os outros! Que confusão! E, aliás, que desafio para
todos os que buscam ministrar às famílias. Se querem um desafio a sério na vida, tornem-se um
profissional dos Ministérios da Família.
Todas as famílias são imperfeitas. Mais tarde ou mais cedo em meio da tempestade moral e das
estatísticas destes últimos dias, vocês e eu vamos descobrir esta simples verdade: Todas as
famílias são imperfeitas. A família a que pertencem, a família a que eu pertenço, é imperfeita.
Pior, é provável que descubram que pelo menos parte do problema na vossa família são vocês.
Assim que descobrirem esses tristes factos, o que pode ser feito? Será que não se pode fazer
nada? Acabou tudo? Se a vossa família não vai ser a perfeição pura que imaginavam que seria,
será que tudo isto vale a pena?
PORTADORES DO NOME DIVINO
E F É S I O S 3 , é uma das passagens mais importantes nas escrituras para o ministério das
famílias. Começando no verso 14 o apóstolo escreve, “ P O R
JOELHOS
PERANTE
O
CAUSA DISTO, ME PONHO DE
PAI DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, DO QUAL TODA A
Gostam disto? Há uma pequena
brincadeira de palavras no original Grego que não é óbvio na tradução. A palavra para “pai” em
Grego é “pater”. Ouvimo-la em palavras como patriarca, não é? Pater. O termo para “família” é
“patria”. Então, Paulo está a dizer, “Por causa disto, me ponho de joelhos perante o Pater, do
FAMÍLIA
NOS
CÉUS
E
NA
TERRA
TOMA
O
NOME,”
31
qual se deriva toda a pátria nos céus e na terra.” Ele emprega a fonética da língua. Todas as
famílias (pátria) no céu e na terra recebem o nome do Pai (Pater).
A vossa família pertence a Deus. A vossa família, com todas as suas imperfeições pertence a
Deus. É isso que o apóstolo está a dizer-nos. A propósito, ele também está a dizer-nos, penso
eu, que todos os seres humanos são filhos do Pai. A nossa tarefa enquanto Cristãos não é tanto
torcer braços para pressionar as pessoas a fazerem parte da família do Pai, mas anunciar-lhes a
mensagem de que já fazem parte. A vossa família com todas as suas imperfeições pertence a
Deus; a vossa família com todas as suas imperfeições não está presa ao destino cruel, mas nas
carinhosas mãos de Deus. Esta é a mensagem do apóstolo: Deus ama famílias imperfeitas. Estas
são portadoras do divino nome; são portadoras da marca de propriedade de Deus.
Deus ama a vossa família imperfeita e qualquer família imperfeita. Ele anseia que todas as
famílias possam reconhecê-lo como o Pai de todos e que se tornem famílias de fé. Quando os
pratos se amontoam no lava-loiças, quando os miúdos estão a gritar uns com os outros e não há
quem ajude a separá-los, quando a caixa do correio está cheia de contas para pagar, quando a
relação está desprovida de entusiasmo, quando o comportamento dos adolescentes vos causa
arrepios – quando tudo isto está a acontecer – é fácil ver os problemas e as impossibilidades.
Mas a vossa família, a vossa família imperfeita e todas as famílias a que vocês ministram são a
família de Deus. E Deus não ouve apenas os gritos; Deus ouve as gargalhadas. Deus não ouve
apenas as discussões; Ele escuta as palavras de afirmação. Deus não vê apenas as lágrimas que
caem; Ele vê aquelas que nos são secadas.
ACEDER AOS RECURSOS DIVINOS
No meio dos problemas e das impossibilidades Deus convida-vos a considerarem todas as
possibilidades e oportunidades. Deus anseia conceder uma força interior que vos dê recursos
que igualem a agitação exterior. Deus anseia dar-vos um amor divino que vos ajude a crescer.
Escutem enquanto continuamos a seguir o pensamento iniciado em E F É S I O S 3 : 1 4 :
“POR CAUSA DISTO, ME PONHO DE JOELHOS PERANTE O PAI DO NOSSO SENHOR
JESUS CRISTO, DO QUAL TODA A FAMÍLIA NOS CÉUS E NA TERRA TOMA O
NOME, PARA QUE, SEGUNDO AS RIQUEZAS DA SUA GLÓRIA, VOS CONCEDA QUE
SEJAIS CORROBORADOS, COM PODER, PELO SEU ESPÍRITO, NO HOMEM INTERIOR;
PARA QUE CRISTO HABITE PELA FÉ NOS VOSSOS CORAÇÕES; A FIM DE QUE,
ESTANDO ARRAIGADOS E FUNDADOS EM AMOR,”
Compreender o crescimento e o compromisso. No seu livro Caring and Commitment (1998),
Lewis Smedes conta a história do seu amigo Ralph. Dois meses após o divórcio do Ralph, ele
estava submerso em remorso por ter falhado em manter o seu compromisso. Ele buscou alívio
no aconselhamento.
32
“Devia estar grato”, disse-lhe um certo terapeuta, “concluiu uma fase na sua jornada de
autoconhecimento. A sua esposa viajou consigo até aqui. Ajudou-o enquanto pôde. É verdade,
ela não lhe trouxe a perfeição que procurava, por isso deve seguir em frente. Mas esteja grato
pela sua dádiva e leve-a consigo quando sair.” (pág. 73)
Veem, para o terapeuta que o Ralph escolheu, o compromisso de uma pessoa com o casamento
é um investimento no seu crescimento. De acordo com esta visão, quando o investimento de
uma pessoa não produz qualquer crescimento por um tempo, está na altura de sair da relação e
buscar outra com maior potencial para benefício pessoal. Smedes comenta acerca deste tipo de
compromisso de “investimento pessoal” e de seguida oferece uma perceção para um tipo de
compromisso que verdadeiramente conduz ao crescimento:
O verdadeiro crescimento é mais saudável quando pomos o compromisso com outra pessoa à
frente do nosso próprio crescimento…
Não nos tornamos pessoas maduras perseguindo fantasias. E um dos factos acerca do casamento
em geral é que cada casamento em particular é imperfeito. Ninguém casa exatamente com a
pessoa certa; todos casamos com alguém que é mais ou menos certo para nós. Somos todos
parceiros defeituosos. E se aceitarmos este facto, lamentável mas revigorante, da vida talvez
estejamos preparados para um crescimento real.
Não damos a nós mesmos uma boa oportunidade de crescimento pessoal se continuamos a
ansiar pela nossa fantasia da mulher ideal. Crescemos quando renovamos continuamente o
nosso compromisso com a única esposa que temos. Crescemos quando paramos de sonhar com
um casamento perfeito e nos ajustamos carinhosamente ao casamento que temos. O nosso
melhor crescimento surge quando nos esquecemos do nosso próprio crescimento e, em vez
disso, nos focamos em cuidar. (pág. 73)
“Aqui está uma boa reviravolta”, conclui Smedes, “em vez de nos dar uma boa razão para
desistirmos de um compromisso para a vida, a nossa necessidade de crescer é a principal razão
para o manter” (pág. 74). As palavras de Smedes são verdadeiras não apenas na relação maridoesposa, mas também no que se refere ao compromisso que cada membro da família assume
com outro.
Voltando a Efésios 3, “ O R O
PARA QUE, JUNTAMENTE COM SUAS GLORIOSAS RIQUEZAS,
ELE VOS FORTALEÇA NO ÂMAGO DO VOSSO SER, COM TODO O PODER, POR MEIO DO
ESPÍRITO SANTO. E QUE CRISTO HABITE POR MEIO DA FÉ EM VOSSO CORAÇÃO, A
FIM DE QUE ARRAIGADOS E FUNDAMENTADOS EM AMOR, VOS SEJA POSSÍVEL, EM
UNIÃO COM TODOS OS SANTOS, COMPREENDER A LARGURA, O COMPRIMENTO, A
ALTURA E A PROFUNDIDADE DESSA FRATERNIDADE, E, ASSIM, ENTENDER O AMOR
DE CRISTO QUE EXCEDE TODO CONHECIMENTO, PARA QUE SEJAIS PREENCHIDOS DE
TODA A PLENITUDE DE DEUS.” (VS. 16-19)
Crescer em amor. A época em que vivemos não é uma que seja amável para com as famílias. O
amor tende a ser drenado das famílias. Mas, diz o apóstolo, “oro para que possam saber alguma
33
coisa sobre a grandiosa dimensão do amor de Deus; oro para que tenham uma transfusão de
amor, do amor divino que seja mais do que uma correspondência para a agitação e tentações
deste tempo. Deus ama famílias imperfeitas como a vossa, como a minha, como aquelas a que
ministramos. Então o apóstolo diz, “Oro para que sejam capazes de estabelecer uma família de
amor, uma família de fé. Estou a orar para que sejam capazes de nutrir famílias de fé.”
“ÀQUELE QUE É PODEROSO DE REALIZAR INFINITAMENTE MAIS DO QUE TUDO O QUE
PEDIMOS OU IMAGINAMOS, DE ACORDO COM O SEU PODER QUE AGE EM NÓS, A ELE
SEJA A GLÓRIA NA IGREJA E EM CRISTO JESUS, POR TODAS AS GERAÇÕES, POR
TODA A ETERNIDADE. AMÉM! “
EFÉSIOS 3:20, 21
O JAY E A SUA FAMÍLIA IMPERFEITA
Considerem o caso de um homem a quem chamarei Jay. Não quando é que o Jay sentiu pela
primeira vez que a sua família era menos que perfeita, mas deve ter sido bastante cedo. As
cassetes de vídeo da família tinham captado fielmente os eventos passados e, embora talvez
ninguém tenha tencionado fazê-lo deliberadamente, essas cassetes eram reproduzidas vezes e
vezes sem conta.
Pouco a pouco, o Jay, uma criança a crescer percebe pequenos sons – um suspiro de
repugnância rapidamente abafado ou um sorriso de desdém no rosto de um irmão mais velho
que é rapidamente apagado quando os pais entram no quarto. Lentamente, mas com certeza, o
Jay começa a juntar as peças da história da sua família e do seu papel nela.
Claramente os seus irmãos mais velhos olham para ele como sendo inferior. Numa idade
bastante tenra ele descobre a razão: a sua mãe não é a mãe deles. Embora ele demore mais
algum tempo a apanhar esta parte da história, a data da sua conceção aparentemente antecede
a data do casamento dos seus pais. (Isto aconteceu há anos atrás quando o senso de
imoralidade sobre relacionamentos inapropriados era mais forte. Contudo, apesar deste senso
de moralidade, as pessoas não compreendiam que, embora pudesse existir um relacionamento
ilegítimo por parte dos pais de uma criança, uma criança ilegítima é coisa que não existe) Os
seus irmãos mais velhos olhavam depreciativamente para a sua mãe por ter seduzido o seu pai.
Também olhavam depreciativamente o seu filho.
S U P O R T A R A D O R F A M I L I A R . As coisas não correram bem na família. Os relacionamentos
não eram o que deveriam ter sido. Agora todos os membros da família percebem quão
imperfeita a família é e começam a ser um exemplo do que normalmente se apelida de “bode
expiatório”, fazendo com que uma pessoa carregue o fardo da disfunção familiar. A nossa
família está a ter problemas, concluíram. Deve haver razões para os problemas. Eles focam-se
no Jay. O Jay é a razão. Se ao menos o Jay melhorasse, ou se ao menos o Jay desaparecesse de
cena, tudo ficaria bem. Em famílias como esta, não se dá atenção à família como um sistema,
34
não se trata a família como uma unidade, não se dá atenção a um complexo prejudicial nos
relacionamentos, só o acumular de culpa repetidamente sobre aquele que foi designado como
bode expiatório.
Um incidente no início da sua adolescência moldou, ou talvez distorceu, o conceito do Jay sobre
si mesmo. Ele e a sua família estão de férias num dos seus locais favoritos. Quando chega a
altura de partir, a família arruma tudo e vai embora, mas algo fica para trás. E não é apenas o
seu local favorito de férias. É algo mais importante que o gato ou a antiga geleira portátil. Eles
deixam o Jay! A experiência serve de metáfora para a disfunção desta família e o lugar que o Jay
ocupa nela: As coisas provavelmente seriam mais felizes se ele não estivesse por perto. Se ele ao
menos desaparecesse, talvez esta família fosse, ou pudesse ser, uma família perfeita.
A P R O P R I A R - S E D E U M S E N T I M E N T O D E P E C U L I A R I D A D E S O B R E S I M E S M O . As coisas só
pioram com a morte do pai. Mas o Jay é uma pessoa incrível. Sabem que o espírito humano
pode ser indomável. No meio de tudo aquilo – as cassetes de um passado sórdido, o servir de
bode expiatório, os gestos condescendentes, o Jay consegue de alguma forma agarrar-se à ideia
de que, independentemente daquilo em que os outros acreditam, ele é especial. Ele tem um
lugar na vida, um destino, uma missão e, eventualmente, ele funda a sua própria empresa que
encontra um sucesso incrível.
Contudo, os seus irmãos não deixam morrer as velhas histórias; eles zombam dos seus feitos.
Tentem levá-lo a alargar excessivamente os seus recursos para que ele lhes prove o seu valor,
mas ele recusa. Em meio às suas realizações, eles são capazes de virar a sua mãe contra ele.
Conseguem que ela apoie a sua conspiração para associar o seu génio a algo absurdo. Isto deve
tê-lo magoado profundamente.
Eventualmente, as cassetes de família são postas no play novamente. Desta vez, o som é
ensurdecedor – ao nível de um concerto em grande escala. O Jay torna-se no bode expiatório,
não só da sua família mas de toda a sua nação. Ele sofre uma morte terrível – numa cruz
Romana.
COMO MUDOU A FAMÍLIA DO JAY
Algo acontece, contudo, aos pés daquela velha e dura cruz. Algo acontece á família de Jesus.
Repararam nisso? No livro de Atos, na introdução à esta gloriosa história acerca de um período
da vida da igreja que se seguiu à ascensão de Jesus, as Escrituras dizem, “ T O D O S E S T E S ,
PERSEVERAVAM
UNÂNIMES
EM
ORAÇÃO,
JUNTAMENTE
COM
AS
MULHERES,
COM
M A R I A , M Ã E D E J E S U S , E C O M O S I R M Ã O S D E L E . ” ( A T O S 1 : 1 4 ) . Todas estas pessoas
estavam a fazer o quê? Consagrando-se à oração. E a passagem continua, “ ( … )
COM AS MULHERES, COM
JUNTAMENTE
MARIA, MÃE DE JESUS, E COM OS IRMÃOS DELE.”
Ao avançar através do Novo Testamento chegamos a um par de pequenos livros que se pensa
frequentemente terem sido escritos por dois dos irmãos de Jesus, Tiago e Judas. Reparem na
35
introdução de Tiago na sua carta: Tiago, servo de Deus! E em T I A G O 2 : 1 , “ C A R O S I R M Ã O S ,
C O M O C R E N T E S E M N O S S O G L O R I O S O S E N H O R J E S U S C R I S T O , ( … ) ” Uau! Depois
chegamos àquela pequena carta de Judas. Versos 1 e 2, lemos, “ J U D A S , S E R V O D E J E S U S
C R I S T O E I R M Ã O D E T I A G O ( … ) ” . Não gostam disto? “ ( … ) A O S Q U E F O R A M
CONVOCADOS,
DEUS, O PAI, E PRESERVADOS NA FÉ EM JESUS
CRISTO: MISERICÓRDIA, PAZ E AMOR VOS SEJAM MULTIPLICADOS.” NO VERSO 4
REFERE-SE A JESUS COMO “JESUS CRISTO, NOSSO ÚNICO SOBERANO E SENHOR”.
AMADOS
POR
Algo acontece aos pés da velha e rude cruz que transforma algumas imagens bem gastas nas
cassetes de família. Algo acontece que converte o bode expiatório em adoração. A família de
Jesus, imperfeita como é, torna-se numa família de fé.
CONCLUSÃO
A mensagem da história – a história do evangelho – é esta: a mudança na família de Jesus não é
um caso isolado. A mesma transformação pode ocorrer na vossa família e na minha e em cada
família a quem ministramos.
“POR ESSE MOTIVO, DOBRO O MEU JOELHO DIANTE DO PAI, DO QUAL SE DERIVA
TODA A PATERNIDADE NOS CÉUS E NA TERRA. ORO PARA QUE, JUNTAMENTE COM
SUAS GLORIOSAS RIQUEZAS, ELE VOS FORTALEÇA NO ÂMAGO DO VOSSO SER, COM
TODO O PODER, POR MEIO DO ESPÍRITO SANTO. E QUE CRISTO HABITE POR MEIO
DA FÉ EM VOSSO CORAÇÃO, A FIM DE QUE ARRAIGADOS E FUNDAMENTADOS EM
AMOR, VOS SEJA POSSÍVEL, EM UNIÃO COM TODOS OS SANTOS, COMPREENDER A
LARGURA,
O
COMPRIMENTO,
A
ALTURA
E
A
PROFUNDIDADE
DESSA
FRATERNIDADE, E, ASSIM, ENTENDER O AMOR DE CRISTO QUE EXCEDE TODO
CONHECIMENTO, PARA QUE SEJAIS PREENCHIDOS DE TODA A PLENITUDE DE DEUS.
ÀQUELE QUE É PODEROSO DE REALIZAR INFINITAMENTE MAIS DO QUE TUDO O QUE
PEDIMOS OU IMAGINAMOS, DE ACORDO COM O SEU PODER QUE AGE EM NÓS, A ELE
SEJA A GLÓRIA NA IGREJA E EM CRISTO JESUS, POR TODAS AS GERAÇÕES, POR
TODA A ETERNIDADE. AMÉM!”
EFÉSIOS 3:14-21
Referências
Smedes, L. B. (1988). Caring and commitment. São Francisco: Harper & Row Publishers, São Francisco.
Universidade da Virgínia. The National Marriage Project. (2012). The State of our Unions, Marriage in
America 2012. Retirado de http://nationalmarriageproject.org/wpcontent/uploads/2012/12/SOOU2012.pdf
Vespa, J. et al (2013). pp. 20-570. America’s Families and Living Arrangements: 2012. Population
characteristics. US Census Bureau. Retirado de: http://www.census.gov/ prod/2013pubs/p20-570.pdf
Este artigo foi primeiramente publicado em Family Evangelism. Bringing Jesus to the family circle, (2003). Departamento dos
Ministérios da Família da Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Silverspring, MD. EUA.
36
O QUE TEM O AMOR A VER COM ISSO?
J E F FR EY O. B RO W N
Introdução
“Alguém me perguntou um dia destes,” escreveu Erma Bombeck (2003), uma humorista muito
querida da América, se eu mudaria alguma coisa se pudesse viver a minha vida de novo. A
minha resposta foi não, mas depois pensei sobre isso e mudei de ideias. Se pudesse viver a
minha vida novamente falaria menos e ouviria mais. Em vez de desejar que os nove meses de
gravidez passassem rapidamente e de me queixar da sombra nos meus pés, teria entesourado
cada minuto e compreendido que o deslumbramento a crescer dentro de mim era a minha
única oportunidade na vida de ajudar Deus num milagre…teria convidado amigos para jantar
mesmo que a carpete estivesse manchada e o sofá estivesse russo… Sentar-me-ia com pernas “à
chinês” na relva com os meus filhos sem me preocupar com as nódoas. Teria chorado e rido
menos enquanto via televisão…e mais a observar a vida real. Quando o meu filho me beijasse
impetuosamente, jamais teria dito, “Depois. Agora, vai lá lavar as mãos para jantar.” Teriam
existido mais “amo-te”…mais “desculpa”…mais “estou a ouvir”…mas sobretudo, tendo outra
oportunidade de viver, aproveitaria cada minuto dela…olhar para ela e vê-la
realmente…experimentá-la…vivê-la…extenuá-la…e nunca devolver esse minuto.”
Uma oportunidade de viver. O que estão a fazer com a vossa oportunidade única de viver? Paulo
compreendeu que temos uma única oportunidade de acertar. Ele reconheceu que a vida não
tem a ver com o casamento, a vida tem a ver com o ministério. Ele compreendeu que a vida não
tem a ver com o sexo, a vida tem a ver com o serviço. E por isso escreveu I Coríntios 7. Isto está
escrito a partir da perspetiva do tempo a esgotar-se, com uma inequívoca urgência do eschaton
subjetivo, e sob a certeza iminente da parousia, a segunda vinda de Jesus Cristo. Em I Coríntios
7, os relacionamentos não são apenas considerados através da perspetiva do amor e do
companheirismo, mas pela forma como abreviam o reino de Deus. Parece existir uma força a
empurrar-nos a todos para um navio chamado casamento. E mesmo quando vemos o nome
Titanic escrito de lado desse navio, ainda assim mal esperamos para saltar a bordo. Mas existem
algumas questões significativas abordadas por esta passagem das Escrituras. Primeiramente,
fala-nos sobre sentimentos subestimados.
1. SENTIMENTOS SUBESTIMADOS
“AGORA, EM RELAÇÃO AOS ASSUNTOS SOBRE OS QUAIS ESCREVESTES, É BOM QUE O
HOMEM SE ABSTENHA DE RELAÇÕES SEXUAIS COM QUALQUER MULHER. PORÉM, POR
CAUSA DA IMORALIDADE, CADA HOMEM TENHA SUA ESPOSA, E CADA MULHER, SEU
MARIDO.”
I CORÍNTIOS
7:1 E2
37
“DIGO,
SOLTEIROS
E
ÀS
VIÚVAS:
MELHOR SERIA SE
PORÉM, SE NÃO VOS É POSSÍVEL CONTROLAR-SE, QUE
SE CASEM. PORQUE É MELHOR CASAR DO QUE VIVER QUEIMANDO DE PAIXÃO.”
NO
ENTANTO,
AOS
PERMANECESTES COMO EU.
I CORÍNTIOS 7:8 E 9
Paulo diz que a decisão quanto a ter sexo antes do casamento e quando ter sexo no casamento
não se baseia no que sentem; parem de tomar decisões com base nas vossas emoções e nunca
subestimem o poder dos sentimentos. Existem sentimentos que são deslocados e existem
sentimentos que são mal interpretados. Sentimentos deslocados, são aqueles que nos levam a
conferir uma atribuição errada às paixões ordenadas por Deus. A dependência sexual, a
pornografia e as práticas homossexuais são sentimentos deslocados. Os solteiros heterossexuais
debatem-se contra o sexo pré-marital e os casados debatem-se contra o sexo extraconjugal. Os
heterossexuais e homossexuais devem juntar-se na mesma luta de se reservarem ao sexo até ao
casamento com alguém do sexo oposto e depois permanecerem num relacionamento
comprometido com aquela pessoa até que a morte os separe.
Então, sentimentos deslocados, são aqueles que nos levam a conferir uma atribuição errada às
paixões ordenadas por Deus. Sentimentos mal interpretados são aqueles que nos levam a
regular o nosso corpo sem confirmar primeiro com a razão e brotam de uma falsa definição de
amor. Alguém disse que o amor é um sentimento que se sente quando sentimos que vamos
sentir algo que nunca sentimos antes. Isto é basear o amor nos sentimentos. Mas o amor não
tem a ver com sentimentos, tem a ver com fé. Não tem a ver com o coração, tem a ver com a
cabeça. Não tem a ver com paixão, tem a ver com princípios. Não tem a ver com emoção, tem a
ver com devoção. Não tem a ver com satisfação, tem a ver com compromisso. Não tem a ver
com felicidade, tem a ver com santidade. E não tem a ver com Hollywood, tem a ver com a
Palavra Sagrada (Hollyword).
Uma jovem disse ao seu pastor que estava apaixonada. “E como é que sabes?” perguntou o
pastor. “Bem, o meu coração está a bater rápido, a minha testa está transpirada e as palmas das
minhas estão suadas.” “Isso não é amor”, exclamou o pastor. “Estás com gripe.” Nunca
subestimem o poder dos sentimentos. Ellen White (1901) diz no livro Testemunhos Seletos
Vol.3, pág. 500: “Há sacrifícios a serem feitos pelos interesses da causa de Deus. O sacrifício do
sentimento é o mais incisivo que é requerido de nós; mas afinal é um sacrifício pequeno.” Não só
a passagem fala sobre os sentimentos subestimados, mas também fala acerca de uma fé plena.
2. FÉ PLENA
“PORQUANTO GOSTARIA QUE TODOS OS HOMENS ESTIVESSEM NA MESMA CONDIÇÃO
EM QUE EU VIVO, CONTUDO, CADA SER HUMANO TEM SEU PRÓPRIO DOM DA PARTE
DE DEUS; UM DE DETERMINADO MODO, OUTRO DE FORMA DIFERENTE. MELHOR
ESTAR SOLTEIRO, PIOR É A SEPARAÇÃO.” I CORÍNTIOS 7:7
38
A fé plena diz que apesar do que dizem os outros e apesar do que possam dizer a vós mesmos,
não foram deixados por Deus na prateleira, não foram postos de parte, não foram
marginalizados, não foram esquecidos, não foram ignorados. Foi-vos dado um dom. Na verdade,
as autoras Holly Virden e Michelle Hammond (1972) escreveram um livro chamado, Se ser
Solteiro é um Dom, quais são as Regras de Devolução? Com os olhos da fé, compreendam que
cada crente tem um dom feito à medida do seu estado civil. Paulo diz que o casamento é um
dom; e ser solteiro é um dom. Aceitem o vosso dom pela fé porque Deus não concede dons de
segunda categoria.
“TUDO O QUE É BOM E TODO DOM QUE É PERFEITO VEM LÁ DO CÉU, DO PAI QUE
CRIOU AS LUZES CELESTIAIS. NELE NÃO HÁ VARIAÇÃO NEM QUALQUER MUDANÇA
QUE PRODUZA SOMBRA.” TIAGO 1:17
Quando é que a pessoa recebe o dom do casamento? Quando e enquanto estiver casada. No
Grego, os dons são chamados charismata, e charis significa graça. Quantos dos que estão
casados sabem que precisam da graça de Deus para os ajudar ao longo do casamento? Quando
é que a pessoa recebe o dom de ser solteiro? Quando e enquanto for solteiro. Quantos solteiros
sabem que precisam da graça de Deus para os ajudar enquanto estão solteiros? Os dons do
casamento e de ser-se solteiro são concedidos para vos ajudarem a sobreviver e florescer no
vosso estado civil. Compreendam que estes dons são sensíveis ao tempo. Isso significa duas
coisas. Primeiro, reconheçam que ter o dom do casamento não significa que vão ser sempre
casados; logo, ter o dom de se estar solteiro não significa que se irá ser solteiro para sempre. O
que significa é que enquanto estiverem casados ou solteiros, Deus vos deu um dom. Em
segundo, reconheçam que, tal como outros dons como o de ensinar, liderar e administrar, estes
dons são desenvolvidos ao longo do tempo. Se são casados, Paulo diz: desenvolvam esse dom.
Comprometam-se com a fidelidade matrimonial, a submissão mútua e o respeito mútuo. Se são
solteiros, desenvolvam esse dom. Comprometam-se com a pureza sexual, com relacionamentos
íntegros, com o serviço Cristão e o desenvolvimento intelectual.
Gini Andrews (1972) escreveu no seu livro A Metade da vossa Maçã, “Algumas das pessoas mais
interessantes que conheço são solteiras. Muitas vezes desenvolveram as suas mentes e
capacidades de uma forma que as pessoas casadas não tiveram tempo para fazer.” (pág. 155).
Se tens 30 anos agora e Deus vê que aos 35 te vais casar, Ele pede que lhe dês o melhor dos
cinco anos que faltam. Não enterres o teu dom. Existem tantas pessoas solteiras que mal podem
esperar para casar e tantas pessoas casadas baralhadas que mal podem esperar para ficarem
solteiras novamente. Deus deu-vos o melhor que tinha. Alguém disse, Jesus é a melhor coisa
que me aconteceu. João disse, “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
Unigénito para que todo aquele que n’Ele crê não pereça mas tenha a vida eterna.” Ellen White
(1908) disse no livro Caminho a Cristo, pág. 20: “Ao dar Seu Filho, Ele derramou sobre nós todo o
Céu em apenas uma dádiva.” A palavra, do coração de Deus ao vosso coração, esta manhã é:
com toda a fé que conseguirem juntar, usem os dons que possuem.
39
Não só a nossa passagem nos fala sobre sentimentos subestimados e não só fala sobre fé plena,
mas finalmente fala sobre um foco imperturbável.
3. FOCO IMPERTURBÁVEL
“IRMÃOS, O QUE EU QUERO DIZER É ISTO: O TEMPO JÁ É POUCO. POR ISSO OS QUE
TÊM MULHER VIVAM COMO SE A NÃO TIVESSEM;”
I CORÍNTIOS 7:29
Um pequeno rapaz foi encontrado a chorar porque tinha perdido o bilhete que a sua mãe lhe
tinha dado para entregar à sua professora explicando porque é que ele não tinha uma certidão
de nascimento. Lamentando-se em voz alta, o pequeno rapaz chorava, “Perdi a minha desculpa
para ter nascido.” Qual o propósito para o seu nascimento? Todo o capítulo 7 de I Coríntios é
escrito antevendo o fim iminente do mundo que o apóstolo Paulo acreditava estar para vir em
breve. Ele diz, “O tempo já é pouco.” A palavra Grega traduzida por “pouco” ou “curto” significa
literalmente juntar ou contrair. A palavra era usada para enrolar as velas, arrumar malas ou
reduzir despesas. Significa que só temos tempo para levar o que absolutamente necessário. Não
podemos dar-nos ao luxo de carregar bagagem em excesso. “Conheci um homem, ele dá-me
uns empurrões de vez em quando, bem, muitas vezes, na verdade, e já tive um olho negro uma
ou duas vezes, mas ele diz que me ama mesmo e eu acho que o amo, Pastor, o que acha?” Duas
palavras: excesso de bagagem. “Bem, conheci um homem com quem gostaria de casar, ele não
é Cristão, mas qualquer modo é melhor que os homens da igreja, o que acha, Pastor?” Duas
palavras: excesso de bagagem. “Bem, conheci um homem. Ele tem bastantes qualificações, mas
não tem planos para arranjar trabalho. Ele diz que eu ganho o suficiente para nós dois. Devo
casar com ele, Pastor?” Duas palavras: excesso de bagagem.
Sabem, na análise final, o foco de I Coríntios 7 não é se devem ser casados ou solteiros, mas que
devem ter um único objetivo. Vejam o verso 35: “Digo-vos isto para vosso bem e não para vos
impor limitações. Apenas vos mostro o que é mais útil e o que vos daria a possibilidade de se
dedicarem inteiramente ao Senhor.” Jesus diz em Lucas 9:62, “Todo aquele que pega na charrua
e olha para trás não serve para o reino de Deus”. Ellen White (1901) diz em Testemunhos, Vil 3,
pág. 500, “Nenhum laço terreno, nenhuma consideração terrena, devia pesar um só momento na
balança contra o dever à causa e obra de Deus. Jesus cortou Sua ligação com todas as coisas
para salvar um mundo perdido, e Ele requer de nós consagração plena e total.”
O nosso foco não deve estar na nossa autossatisfação mas em construir o Reino de Deus, na
época certa ou fora dela. Algumas pessoas gostam de escolher a sua época. Já reparei que Jesus
é decorado em Dezembro, e depois empurrado em Janeiro, esquecido em Fevereiro, deslocado
em Março, ausente em Abril, de fora em Maio, sacudido em Junho, rejeitado em Julho,
abandonado em Agosto, posto na prateleira em Setembro, omitido em Outubro, negligenciado
em Novembro e depois descongelado…sacode-se o pó…e aperalta-se para Dezembro. Mas Deus
não procura Cristãos sazonais, Ele procura Cristãos sensatos. Romanos 12:1, “ROGO-VOS, pois,
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irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” A vossa desculpa para terem nascido, a vossa
tarefa, o vosso trabalho, a vossa missão – se decidirem aceitá-la – é encontrar o desesperado, o
desolado e o destituído e guiá-los a Jesus.
APELO
Quando fui pastor em Toronto, um dos membros da minha igreja de Apple Creek tinha uma boa
tradição. Casada com um Cristão de outra denominação, ela convidava o seu pastor e família
para almoçar com o pastor do seu marido e sua família. Foi assim que conheci o John Moore. Ao
longo da nossa conversação, perguntei-lhe sobre os seus hobbies e se tinha escrito alguma
coisa. Eu sabia que tinha escrito três livros, por isso estava preparado para ele. “Ah, eu tenho
escrito umas coisas”, disse ele mansamente. “Que livro escreveu?” “Ah, eu não escrevo livros”,
respondeu ele. “Então o que escreve?” “Escrevo hinos”. “Hinos!” Disse eu. “Qual é o título de
um dos seus hinos?” “Ah, eu acho que não deve ter ouvido falar.” “Experimente.” Ele disse, “Os
dias são cheios de dor e preocupações, os corações estão sós e sombrios, Os fardos
desaparecem no Calvário, Jesus está muito próximo.” Tinha consciência que a minha boca
estava bem aberta. Conhecia o hino muito bem (Burdens are lifted at Calvary). Senti-me
emocionado. Com alegria trocaria todos os meus livros por aquele hino escrito pelo meu novo
amigo, John Moore.
Quando os solteiros e os que ficam solteiros novamente vêm até vós e dizem que são
marginalizados, traumatizados, estigmatizados, digam-lhes, “Os dias são cheios de dor e
preocupações, os corações estão sós e sombrios, Os fardos desaparecem no Calvário, Jesus está
muito próximo.” Quando os casados vêm até vós e dizem que o romance, o respeito e o amor
desapareceram, digam-lhes “Depositem as vossas preocupações em Jesus hoje, Abandonem os
vossos temores e medos, Os fardos desaparecem no Calvário, Jesus está muito próximo.”
Quando os pais vêm até vós e vos dizem que o filho, carne da sua carne, virou as costas à igreja
da sua juventude, digam-lhes, “Alma perturbada, o Salvador vê, Cada dor de coração, cada
lágrima, Os fardos desaparecem no Calvário, Jesus está muito próximo. Os fardos desaparecem
no Calvário, Calvário, Calvário; Os fardos desaparecem no Calvário, Jesus está muito próximo.”
Referências
Andrews, Gini (1972). Your half of the apple: God and the single girl. Grand Rapids, MI: Zondervan
Publishing House.
Bombeck, Erma (2003). Eat less cottage cheese and more ice cream: Thoughts on life de Erma Bombeck.
Kansas City, MO: Andrews McMeel Publishing.
Hinário Adventista do Sétimo Dia (1985). Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association.
Virden, Holly & Hammond, Michelle (2003). If Singleness Is A Gift, What’s The Return Policy? Nashville, TN:
Thomas Nelson.
41
White, Ellen (1908). Caminho para Cristo. Battle Creek, MI: Review and Herald Publishing Association.
White, Ellen (1901). Testemunhos para a Igreja, Volume 3. Battle Creek, MI: Review and Herald Publishing
Association.
42
HISTÓRIAS
PARA AS
CRIANÇAS
43
E SPONJAS , C ÉREBROS E C ARÁTER
E LA I NE O LI V E R
PRINCÍPIO BÍBLICO
“E NÃO VOS CONFORMEIS C OM ESTE MUNDO, MAS TRANSFORMAI-VOS PELA RENOVAÇÃO DO
VOSSO ENTENDIMENTO, PARA QUE EXPERIMENTE IS QUAL SEJA A BOA, AGRADÁVEL E
P E R F E I T A V O N T A D E D E D E U S . “ R O M A N O S 12 : 2
RECURSOS
Esponja XL
Água limpa – 119ml
Recipiente limpo
Águarelas (vermelho, azul ou verde)
Imagem de um cérebro dentro da cabeça de uma criança
(CANÇÃO
SOBRE A ORAÇÃO E O ESTUDO DA
BÍBLIA)
Ilustrem: Mostrem a esponja
Perguntem: O que é isto? Para que serve?
Digam: Absorve a água.
Ilustrem: Ensopem-na em água.
Digam: Consegue absorver a água. O que sairá quando a espremo?
Permitam que as crianças respondam.
Ilustrem: Espremam a esponja.
Ilustrem: Coloquem gotas de tinta na água. Segurem o recipiente.
Digam: O que vai acontecer se a esponja absorver a água verde (ou outra cor que
tenham escolhido)?
Permitam que as crianças respondam.
Digam: O que sairá quando eu espremer a esponja?
Ilustrem: Espremam a esponja.
Digam: Irá deitar aquilo absorveu. Verde (ou a cor escolhida).
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Ilustrem: Mostrem a imagem do cérebro.
Digam: O nosso cérebro, a nossa mente, é como uma esponja. Tudo o que absorvemos
– o que vemos (na tv, vídeos, livros, etc) e o que ouvimos (música, etc) é absorvido pelo
nosso cérebro.
Se virmos e ouvirmos coisas boas, iremos falar e agir de uma forma positiva. Da mesma
forma que se virmos e ouvirmos coisas que não são boas, isso se verá quando agimos e
falamos.
Por isso tenham cuidado com o que veem, com o que ouvem, onde vão, no que tocam.
Passem tempo a ler a Bíblia, a estudar a lição da Escola Sabatina, a memorizar o verso
áureo e a orar. Quanto mais estudamos sobre Jesus, mais nos tornaremos semelhantes
a Ele, andando como Ele, falando como Ele e amando como Ele.
Terminem com uma oração. (peçam um/ou mais voluntários).
Cantem um hino com as crianças.
45
MEMÓRIAS
PAMELA CONSUEGRA
PhD, é Diretora Associada do Departamento dos Ministérios da Família da Divisão Norte Americana
da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Silver Spring, Maryland, EUA.
PRINCÍPIO BÍBLICO
“A M E M Ó R I A D O J U S T O É A B E N Ç O A D A , M A S O N O M E D O S Í M P I O S A P O D R E C E R Á . ”
P R O V É R B I O S 10 : 7
MATERIAIS NECESSÁRIOS
1 ou 2 dos vossos livros infantis preferidos
Um pequeno álbum de fotos com algumas das vossas fotos de família preferidas
NARRATIVA
(ler o verso Bíblico e enfatizar a palavra “memória”.)
Este versículo na Bíblia lembra-me que todos gostamos de recordar coisas boas. Eu
tenho uma sacola com algumas das minhas coisas preferidas, e que gosto de lembrar.
Quantos de vocês têm um livro favorito ou um livro de ilustrações de que se lembrem?
Eu lembro-me que gostava muito de ler quando era criança. Na verdade, ainda gosto.
Adoro livros.
Qual é o vosso livro preferido?
(permitam que as crianças respondam)
Trouxe comigo alguns dos meus livros de histórias preferidos. Em casa, tenho uma
prateleira cheia de livros de histórias, mas trouxe alguns dos meus preferidos para
partilhar convosco.
(Tirar os livros do saco, um de cada vez e mostrar. Pode mencionar um breve
comentário acerca do livro e dizer-lhes porque é o vosso preferido.)
Mas este é provavelmente o meu livro de histórias preferido de todos!
(Tirem o álbum de fotos cheio de fotografias. Vire as páginas e mostre-lhes vários
membros da vossa família).
É verdade que este livro não tem texto, mas as fotos contam-me uma história…Eu
lembro-me de cada história por detrás das fotos quando as vejo. Tenho memórias
fabulosas de todas estas fotos. Deixem-me contar-vos uma história deste livro…
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(abram o álbum e apontem uma das fotos e contem-lhes a história sobre ela. Contem
onde estavam, quem está convosco e o que tinha o evento retratado na foto de
especial.)
Porque acham que este livro é o meu preferido?
Este álbum de fotos conta histórias sobre mim e sobre os meus amigos e família! Eu
lembro-me do dia em que as coisas aconteceram.
Este livro, repleto de fotos da minha família é um tipo de livro de histórias diferente do
….(lista de títulos dos outros livros que trouxe consigo).
As fotos neste livro lembram-me das histórias sobre as minhas próprias experiências de
vida!
Alguns de vocês têm fotos em casa? Vossas e da vossa família e amigos?
E alguns de vocês ouvem histórias à roda da mesa do jantar contadas pelos vossos pais,
ou tias e tios, ou primos, ou avós – histórias sobre eles mesmos ou sobre vocês quando
eram mais novos?
Espero que nas semanas seguintes, eu possa aprender mais sobre as vossas histórias
especiais de família e também irei partilhar algumas das minhas histórias especiais
convosco!
Falem uns com os outros. Contem a outros as vossas memórias de família preferidas. É
bom partilhá-las com os vossos amigos.
Partilhar algumas das nossas próprias histórias de família – daquelas que vêm das
nossas memórias – podem ajudar-nos a conhecer ainda mais uns aos outros para que
vocês e eu possamos aprender o que significa para nós sermos família – uma família de
igreja.
Podem orar comigo?
ORAÇÃO:
OBRIGADO, DEUS, PELOS LIVROS DE IMAGENS E HISTÓRIAS BÍBLICAS.
OBRIGADO PELAS FOTOGRAFIAS E PELAS HISTÓRIAS DE FAMÍLIA.
AJUDA-NOS A SERMOS BONS AMIGOS À MEDIDA QUE PARTILHAMOS AS
NOSSAS MEMÓRIAS E CONSTRUÍMOS NOVAS MEMÓRIAS JUNTOS. EM
NOME DE JESUS, ÁMEN
47
O ANIVERSÁRIO PARA-NUNCA-MAIS-ESQUECER
ADAPTADO
P OR
R OSE M A Y C A N G Y
P R I N CÍ P I O B Í B LI CO
“T E N HO - V O S
M O S T R A D O E M T U D O QU E , T R A B A L HA N D O A S S I M , É N E CE S S Á R I O A U XI LI A R
O S E N FE R M O S , E R E CO R D A R A S P A LA V R A S D O
S E N HO R J E S U S ,
QUE DISSE:
MAIS
BEM-
A V E N T U R A D A C O I S A É D A R D O QU E R E CE B E R .”
A T O S 20:35
MATERIAIS NECESSÁRIOS
3x moeda de 1€
Um saco de presente ou um tubo para posters
NARRATIVA
Era o aniversário do Eric e ele tinha recebido uma carta do seu tio Don com três moedas de 1€,
incluídas no envelope. Para além disso, o tio Don também lançou ao Eric um desafio para o seu
aniversário. Ele pediu ao Eric para usar o dinheiro, comprando um presente especial que ele
igualaria em valor. Se o Eric escolhesse comprar uma coisa boa, o tio Don igualaria com uma
coisa boa, se ele decidisse comprar algo idiota, o tio Don também compraria algo idiota para
igualar.
O Eric planeou ir às compras depois das aulas, na Sexta-feira, com a sua irmã Becky que era dois
anos mais nova, para ela o ajudar a escolher um presente nas lojas das redondezas. Ele explicou
que precisava de decidir o que ia comprar com o dinheiro do tio Don uma vez que percebeu que
seria extremamente difícil decidir o que não seria um presente idiota.
Ele passou um dia inteiro a pensar sobre o assunto até que fez uma lista de coisas possíveis que
poderia comprar por 3€: um novo avião telecomandado, uma lâmpada para a sua bicicleta,
outro carro Hot Wheels para acrescentar à sua coleção ou uma bola de baseball.
Na manhã de Quinta-feira no caminho para a escola, a Becky perguntou ao Eric se ele já se tinha
decidido sobre o presente e acrescentou que estava contente por não irem às compras nesse
dia porque estava com dores de garganta. Infelizmente, a garganta da Becky piorou à tarde e no
dia seguinte, Sexta, a mãe disse que ela estava demasiado doente para ir à escola e que não iria
poder acompanhar o Eric às compras como planeado.
Por isso o Eric dirigiu-se às lojas sozinho: ele tinha decidido que queria outro carro Hot Wheels
para a sua coleção. Mas ao procurar pelo carro certo numa loja nova e enorme, ele encontrou
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outra coisa que tinha mesmo de ter. Era um poster de tamanho gigante de um gorila com um
sinal que dizia “Ninguém se vai meter comigo”. Já imaginava o local exato para colocar o poster
no seu quarto e pensou que seria uma boa máxima que iria impressionar os seus colegas
quando o fossem visitar. Ao voltar a casa, ele soube que o estado da Becky tinha piorado e que o
médico tinha sido chamado para a ver.
Quando o Eric foi ao quarto ele descobriu que ela estava muito perturbada e chorosa porque
tinha de passar mais tempo na cama até que a febre cedesse, e não poderia ir com a sua amiga
Maureen ao zoo, no Domingo, como tinha planeado.
Despedindo-se rapidamente, o Eric deu meia-volta e correu até à loja com o seu poster recém
comprado na mão. Ele explicou ao gerente da loja que queria devolver o poster e trocá-lo por
algo que pudesse animar a sua irmã doente. Escolheu um pequeno aquário com dois peixes
dourados que levou cuidadosamente para casa.
A Becky ficou encantada por receber os peixes dourados embora se sentisse mal por o Eric ter
gastado o seu dinheiro com ela. Contudo, ele assegurou-lhe que a sua felicidade e os seus
sorrisos eram o mais importante.
Uns dias mais tarde, chegou o tio Don e ele ficou surpreendido ao ouvir a história dos dois
peixes dourados. Ficou muito satisfeito por ver que o Eric tinha estado à altura do desafio e
tinha escolhido, tão atenciosamente, o presente perfeito para a Becky. Ele pediu ao Eric para o
levar à mesma loja onde tinha comprado os peixes dourados e lá comprou ao Eric mais alguns
carros da Hot Wheels para a sua coleção.
Com o Eric radiante de alegria por este presente de aniversário inesperado, o gerente da loja
deu-lhe um tuco contendo um outro poster. Este tinha um enorme e feliz elefante a comer um
amendoim gigante com as palavras: “As boas ações trazem sempre felicidade gigante a outros.”
Referências
Peckham, K. (1982). The Never-to-Be- Forgotten Birthday. Retirado de:
http://guidemagazine.org/stories/3897- the-never-to-be-forgotten-birthday
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SEMINÁRIOS
50
DEIXAR UM LEGADO DE AMOR
E LA I NE
E
W I L LI E O LI V E R
Elaine Oliver, MA, CFLE e Willie Oliver, PhD, CFLE são Diretores do Departamento dos Ministérios da Família
na sede da Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia em Silver Spring, Maryland, EUA.
O texto
“Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos
uma carne.” Génesis 2:24
Tema
O casamento é um dos relacionamentos mais desafiadores e recompensadores. Se os casais
querem viver a alegria plena da unidade que Deus pretendia, devem lutar diariamente pelo seu
casamento. Ao fazerem isso, deixarão um legado de amor para si mesmos, para os seus filhos,
para a sua igreja e a sua comunidade.
Introdução
O casamento é um dos relacionamentos mais desafiadores e recompensadores em que os seres
humanos alguma vez investirão. Hoje em dia muitas pessoas acreditam que se “estão
apaixonados” e têm um casamento perfeito, é só isso que importa. A verdade é que: Os bons
casamentos dão trabalho!
Os casais quando se casam esperam sempre que o seu casamento venha a ser feliz e dure a vida
inteira. Contudo, com a atual taxa de divórcios nos 50%, muitas pessoas questionam-se sobre se
esta é uma expetativa realista. Na verdade, todos os casamentos irão encontrar conflito. O
conflito não é o verdadeiro problema; a forma como lidamos com o conflito é que vai
determinar quão saudável ou desastroso irá ser o vosso relacionamento. Para além disso,
quando os casais vivem conflitos ou aflições no seu relacionamento, muitos subentendem que o
seu relacionamento não é suficientemente bom para sobreviver. Isto simplesmente não é
verdade: muitos casamentos que terminam em divórcio são “suficientemente bons” para serem
salvos.
Deus, o Criador do casamento, deu-nos instruções muito claras para que o casamento funcione.
O problema é que muitos casais não estão a consultar o manual de Deus e estão dispostos a
desistir ao primeiro sinal de problemas. É como comprar um carro novo e nunca ler o manual,
depois quando o carro tem algum problema mecânico inevitável, deixamo-lo à beira da estrada.
Que pensamento mais ridículo! Infelizmente, demasiados casamentos chegam ao fim desta
maneira.
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A boa notícia é que o casamento pode sobreviver e florescer, mas os casais terão de lutar pelo
seu casamento. Pela graça de Deus os casais podem aprender capacidades específicas que lhes
darão as ferramentas para manter e melhorar a sua unidade, intimidade, comunicação e
amizade e a eliminar barreiras que os impedem de viver as alegrias do casamento.
O Dilema do Casamento Moderno
Deus fez o homem, macho e fêmea (Génesis 1:27). No casamento, Deus junta marido e mulher
num laço inseparável. Este laço é um chamado mais elevado do que o relacionamento pai-filho,
pois o homem deve deixar pai e mãe e juntar-se à sua mulher numa só carne (Génesis 2:24).
Logo, o que Deus uniu não separe o homem (Mateus 19:6).
Na tabela abaixo, Balswick e Balswick (2006) partilha o seguinte resumo dos lados opostos do
casamento tradicional, do casamento moderno e do casamento bíblico.
Ao examinarmos a visão tradicional e moderna (pós-moderna) do casamento, torna-se claro que
nenhuma delas é necessariamente representativa do plano de Deus. Já para não dizer que
existem alguns aspetos positivos em ambas. Contudo, muitas pessoas forçam os valores
tradicionais como sendo bíblicos, e estes não são a mesma coisa.
O dilema no casamento moderno é: como é que um casal se torna um só sem comprometer a
sua individualidade distinta? Os casais de hoje debatem-se para equilibrar a realização pessoal
com a realização da relação – esta é uma tarefa que deve ser aprimorada se for para manter o
casamento como uma instituição viável na sociedade.
Frequentemente, as pessoas gabam o casamento tradicional como sendo a resposta a este
dilema, vangloriando-se de que na altura dos nossos bisavós apenas 10% dos casamentos
acabavam em divórcio. Mas um olhar mais atento a este estilo de casamento também irá
revelar que os casamentos de antigamente tinham a sua quota-parte de desafios.
Talvez esteja na altura de mudarmos as nossas lentes e darmos um passo atrás na visão
tradicional rígida que está centralizada na instituição do casamento e No foco individualista e
pessoal da visão moderna (pós-moderna), avançando para uma compreensão bíblica de uma
aliança comprometida e responsabilidade mútua.
Deus pretendia que o casamento fosse um lugar em que ambos experimentassem a confiança,
segurança e unidade. Se duas pessoas estão prestes a tornar-se uma só, tem te existir uma
mutualidade que busca o bom da relação e não apenas as necessidades individuais. Quando
baseamos o nosso casamento num fundamento bíblico e vivemos de acordo com os princípios
estabelecidos por Deus, encontraremos preenchimento e satisfação na relação matrimonial.
“O CERNE DO CASAMENTO ESTÁ NA VONTADE DOS CÔNJUGES EM POREM DE LADO A
SUA AGENDA PESSOAL DE MODO A PODEREM REALMENTE ESCUTAR
PARCEIRO ESTÁ A DIZER.”
O QUE O SEU
(JACK O. BALSWICK E BALSWICK, 2014, PÁG. 93
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Tradicional
Compromisso (com a
instituição)
Coercivo
Sexo = Dever
Bíblico
Aliança (entre marido e
mulher)
Coeso
Sexo = Afeto (prazer mútuo)
Rígido
Centrado no Homem
Estilo Comunicado
(pronunciação)
Adaptável/Flexível
Centrado na relação
Discussão (negociação)
Moderno
Contrato (autorrealização)
Desengrenado
Sexo Egocêntrico (prazer
pessoal)
Caótico (sem regras)
Egocêntrico
Exigência (impasse)
O PLANO DE DEUS PARA O CASAMENTO
A Bíblia apresenta a verdadeira imagem do que deveriam ser os relacionamentos humanos.
Os seres humanos são criados um Deus relacional Triúno – A Trindade. Deus, sendo um,
contudo composto por três pessoas distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Jack O. Balswick e
Balswick, 2014). Primeiro, o nosso Deus relacional criou-nos para nos relacionarmos com Ele;
depois criou-nos para estarmos em relacionamentos significativos e que nos preencham, com os
outros. Por isso, os nossos relacionamentos devem refletir a relação dentro da Santa Trindade.
Essencialmente, Deus pretende que todos os nossos relacionamentos sejam um reflexo d’Ele
mesmo!
Claro que, Deus é perfeito e enquanto seres humanos não somos perfeitos. Por isso, devemos
reconhecer a nossa fraqueza e buscar humildemente a orientação de Deus para que conceda
graça e força para refletir a Sua glória para o nosso cônjuge.
No Velho e Novo Testamento encontramos quatro elementos básicos que são essenciais aos
relacionamentos sãos e que nos irão ajudar a deixar um legado de amor. Estes elementos são, a
aliança, a graça, a capacitação e a intimidade.
Aliança: Na Bíblia, a palavra aliança é usada para descrever o casamento, o acordo mais sério e
premente conhecido nas Escrituras (Malaquias 2:14; Provérbios 2:16, 17). É intenção de Deus
que o relacionamento entre marido e mulher tenha como modelo a Sua eterna aliança com o
Seu povo.
Contrariamente à sabedoria popular, o casamento não é uma proposição 50/50. A aliança
relacional no casamento é uma proposição 100/100. Baseia-se num compromisso incondicional
com uma pessoa com base na nossa decisão de o amar, e não na resposta dessa pessoa ao
nosso amor. Paulo, o apóstolo, em I Coríntios 13:5 declara categoricamente, “O amor não
guarda mágoas.”
53
No casamento, Deus dá-nos oportunidades de compreender o Seu amor por nós e o plano da
salvação. E é uma parte especial do plano de Deus que o relacionamento matrimonial se
desenvolva num compromisso incondicional de dois sentidos.
Graça: Deus quer que compreendamos que a graça tem a ver com perdoar e ser perdoado –
(Mateus 6:15). O casamento, como Deus o concebeu é para ser vivido numa atmosfera de graça,
e não de lei. O casamento com base num contrato, conduz a uma atmosfera de lei, enquanto os
casamentos com base numa aliança levam a uma atmosfera de graça e perdão. Numa atmosfera
de graça, os membros da família agem responsavelmente por amor e consideração uns pelos
outros. Numa família baseada na lei, será exigida perfeição uns dos outros. Esta abordagem às
relações acrescenta culpa às falhas que são inevitáveis devido à nossa condição humana caída e
danificada (Romanos 3:23-24). Enfrentemos a realidade da vida; todos vamos cometer erros nos
nossos relacionamentos. Não há nenhuma forma, humanamente possível de contornar este
facto, embora muitos estejam em negação acerca da sua existência.
Infelizmente, devido ao legalismo que frequentemente acompanha uma abordagem
fundamentalista à fé e à religião, apesar da vida plena de graça de Jesus Cristo e da mensagem
encontrada nas parábolas que Ele partilhou, nós falhamos muitas vezes em oferecer graça uns
aos outros nos relacionamentos.
Os Cristãos experimentam demasiadas vezes problemas emocionais devido à nossa falta de
entendimento em relação ao amor e graça incondicional de Deus. Se não compreendemos isto,
então é-nos difícil ou impossível partilhar com os outros o Seu amor, graça e perdão
incondicionais.
Ellen White diz, “ O
AMOR
ELEGÂNCIA DE PORTE.
COMUNICA
A
QUEM
O POSSUI GRAÇA, PROPRIEDADE E
ILUMINA-LHE A FISIONOMIA E EDUCA-LHE A VOZ; REFINA E
Nós
oferecemos graça e perdão àqueles que decidimos amar e com quem determinámos relacionarnos, porque amanhã seremos nós a precisar de receber essa graça.
ELEVA
TODO
O
SER.”
(WHITE,
A CIÊNCIA
DO
BOM
VIVER, PÁG. 218).
Capacitação: Deus quer que saibamos, definitivamente, que a vida tem a ver com serviço. Isto é,
servirmo-nos mutuamente. Capacitar é um conceito bíblico para o uso de poder, que sem
exceção, é o oposto da utilização comum de poder nas nossas famílias e nesta nossa sociedade
capitalista. É um processo ativo e intencional de permitir a outra pessoa a aquisição de poder. A
pessoa que é capacitada ganhou poder devido ao comportamento encorajador da outra (I
Coríntios 13:4-6).
A capacitação é o processo de ajudar outra pessoa a reconhecer os seus potenciais e pontos
fortes inatos, assim como encorajar e orientar o desenvolvimento dessas qualidades. Quando
capacitamos as pessoas, somos, por nossa vez capacitados e o nosso relacionamento é
melhorado.
54
A capacitação é o amor em ação. É esta característica de Jesus Cristo que os membros da nossa
família mais devem imitar. Se conseguirmos por em prática a capacitação nas nossas famílias,
isso revolucionará a visão da autoridade nos lares Cristãos. A coerção e a manipulação são o
oposto da capacitação – é uma distorção daquilo que é o verdadeiro poder. A capacitação tem a
ver com mutualidade e unidade.
Intimidade: A intimidade é conhecer alguém e ser conhecido por essa pessoa numa aliança
relacional. Os seres humanos têm a capacidade, dada por Deus, de se conhecerem uns aos
outros intimamente. A intimidade que Adão e Eva sentiam era uma capacidade de serem eles
mesmos sem quaisquer pretensas. Não sentiam necessidade de fazer jogadas enganosas um
com o outro, porque tinham respeito um pelo outro e não eram abusivos um com o outro
(Génesis 2:25).
A vergonha, certamente, nasce do medo de sermos conhecidos intimamente. Quando a
vergonha está presente, os membros da família colocam as suas máscaras e começam a
desempenhar papéis enganadores uns com os outros. Em contraste, ao examinarmos a forma
como Génesis descreve a natureza da família humana antes da queda, descobrimos uma ênfase
na intimidade – no conhecimento do outro.
Muitas pessoas temem entrar em relacionamentos pelo medo de serem rejeitadas pelo outro.
Logo, alguém que tenha medo da rejeição não se permite ser conhecido intimamente por outra
pessoa. Ao nunca partilharem os seus verdadeiros sentimentos, não existe base para um
relacionamento a sério, e andam às apalpadelas num relacionamento atrapalhado pela
escuridão, deficiente e prejudicado devido à sua falta de autorrevelação.
Os casais que baseiam o seu casamento numa aliança de amor, graça e capacitação mútua,
conhecem-se profunda e intimamente.
O amor incondicional exemplificado por Jesus oferece-nos uma imagem do tipo de intimidade
comunicativa desejável no casamento e outros relacionamentos significativos. Perdoar e ser
perdoado será uma parte importante da renovação. Existirá a necessidade de confessar assim
como de receber confissão. Onde existe intimidade verdadeira, não há necessidade de ter
vergonha de admitir as falhas ou pedir perdão. Na verdade, é apenas quando damos os passos
para compreender o que Jesus fez por nós e continua a fazer por nós todos os dias que
chegamos ao ponto de sermos capazes de alcançar intimidade com outra pessoa, e encontrar
satisfação na relação.
BARREIRAS À UNIDADE
No livro, A Lasting Promise, (Stanley, Trathen, McCain & Bryan, 2013) Scott Stanley e outros
partilham algumas barreiras que impedem os casamentos e outros relacionamentos de
alcançarem todo o seu potencial e de viverem as bênçãos que Deus pretende para nós.
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Autodefesa e o medo da rejeição – Depois de Adão e Eva terem pecado imediatamente se
cobriram. Depois esconderam-se um do outro e de Deus. Tomaram consciência das suas
diferenças e temeram ser rejeitados um pelo outro e por Deus. A unidade não vai acontecer
num ambiente de medo e falta de aceitação.
Pecado e egoísmo – “O facto é que, um casamento junta duas pessoas motivadas
imperfeitamente que desejam fortemente - e de alguma forma, egoisticamente – a intimidade e
todas as outras coisas boas da vida, mas que temem ser magoadas.” (pág. 21) Tanto a visão
tradicional como a pós-moderna discutidas anteriormente levarão ao pecado e ao egoísmo. A
unidade no casamento só floresce quando cada pessoa está focada em servir o outro – é
centrada no outro e não em si mesmo.
Falta de Conhecimento – A capacidade de citar as escrituras não significa automaticamente que
se sabe o que fazer para ter êxito no casamento. Por exemplo: sabem como escutar o vosso
cônjuge, quando discordam ou estão num debate aceso? Sabem como por fim a uma discussão
antes de serem ditas coisas que causam estragos? Sabem o quanto o aprofundar do
compromisso, a resolução de problemas como equipa, ajudam no processo de se perdoarem
um ao outro? Qualquer pessoa pode aprender como fazer estas coisas.
CONSTRUIR UM CASAMENTO FORTE
Um bom começo num casamento não garante um casamento bem-sucedido. Os casais devem
estar comprometidos a aplicar a palavra de Deus ao casamento todos os dias. Assumam os
seguintes compromissos, sugeridos por Stanley e a sua equipa no Programa3 CPREP:

Comprometam-se a deitar abaixo as barreiras no vosso casamento e a mantê-las assim.
“(…) servi-vos uns aos outros pelo amor.” Gálatas 5:13

Comprometam-se em se focarem no que podem fazer para serem melhores cônjuges.
“todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.” Tiago 1:19

Comprometam-se a amar o vosso cônjuge como Deus ama.
“O amor é paciente e prestável. (…) O amor suporta tudo, acredita sempre, espera sempre e
sofre com paciência.” I Coríntios 13:4, 7
Exercício
Orientem o grupo ou cada casal num debate de 15 minutos com as seguintes questões:
Como é que as visões, tradicional e pós-moderna, do casamento se comparam à visão bíblica?
O que significa estar num casamento “suficientemente bom”? Como é que um casal vai de
“suficientemente bom” a “excelente”?
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De que outras escrituras relacionais se lembra que podem melhorar o seu casamento ou outros
relacionamentos? Escolha duas ou três, escreva-as num papel e comprometa-se a usá-las no seu
relacionamento diariamente.
Referências
Balswick, J. O., & Balswick, J. K. (2006). A model for marriage: Covenant, grace, empowerment and
intimacy: InterVarsity Press.
Balswick, J. O., & Balswick, J. K. (2014). The Family: A Christian Perpsective on the Contemporary Home
(Quarta Edição ed.) Grand Rapids, Michigan: Baker Academic.
Stanley, S. M., Trathen, D., McCain, S., & Bryan, B. M. (2013). A Lasting Promise: The Christian Guide to
Fighting for Your Marriage: John Wiley & Sons.
White, E. G. (1948). Obreiros Evangélicos. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association.
Notas
Vespa, J. et al (2013). pp. 20-570. America’s Families and Living Arrangements: 2012. Características da População.
US Census Bureau. Retirado de: http://www.census.gov/ prod/2013pubs/p20-570.pdf
1
A taxa atual de divórcio nos EUA é de cerca do dobro relativamente à de 1960, mas sofreu um decréscimo desde que
atingiu o seu pico mais alto da história no início dos anos 1980. Para o casal que casa pela primeira vez em média nos
anos recentes, a probabilidade de divórcio ou separação cai agora para uma percentagem entre os 40 e os 50
porcento.
Adventist Families in North American.Center for Creative Ministry and North American Division Family Ministries
(2010). Retirado de www.creativeministry.org
Mais de um em cada quatro membros Adventistas na América do Norte, passaram pelo divórcio. Aqueles com mais
de 45 anos de idade têm mais probabilidades de já ter passado por isso, assim como aqueles que vêm de lares com
rendimentos abaixo dos $25,000 anuais, que são naturais do país e os que reportam a sua etnia como AfroAmericanos.
A maior parte dos Casamentos e Divórcios são pouco Conflituosos. Retirado de http://www.divorcesource.com/ds/
considering/most-marriages-and-divorces-are-low-conflict-483.shtml
2
3
CPREP: Christian Preparation and Relationship Enhancement Program. https://www.prepinc.com
57
CONSTRUIR MEMÓRIAS
C L Á UDI O & P A M EL A C O N S UE G RA
O Texto
“Portanto, irmãos, permaneçam firmes e guardem fielmente os ensinamentos da tradição que
vos transmitimos, quer por palavra, quer por meio das nossas cartas.”
II Tessalonicenses 2:15
Uma família tinha tentado sem sucesso, durante anos, poupar dinheiro suficiente para substituir
os seus antigos acessórios/loiças de casa de banho por outros novos e elegantes. Mas todos os
anos sempre que chagava a altura do ski, o dinheiro para a casa de banho ia para uma viagem
de família para fazerem ski.
Os filhos hoje estão crescidos. Recentemente, o filho escreveu aos seus pais. Falou sobre as
viagens anuais para fazerem ski e as memórias maravilhosas que guardava delas. O pai deu uma
gargalhada enquanto lia a carta. Disse à sua esposa, “Querida, ainda bem que gastámos o
dinheiro da casa de banho naquelas viagens para esquiar. Não imagino o nosso filho a escrever
para nós e a dizer, “Lembro com saudade as nossas maravilhosas loiças de casa de banho.” Os
nossos filhos estão connosco por tão pouco tempo. O que têm feito com eles, ultimamente,
para construir lindas memórias?
O dicionário define as tradições como sendo “memórias, costumes, hábitos e informações
passadas de geração em geração ao longo dos anos, que se tornam práticas consagradas pelo
tempo.”
CONSTRUIR MEMÓRIAS E CRIAR TRADIÇÕES!
Nota sobre o Seminário
Ao longo deste seminário podem ilustrar cada um dos pontos apresentados com histórias da
vossa própria experiência, da vossa família ou de outras que conheçam.
T RÊS RESULTADOS DE T RADIÇÕES NAS F AMÍLIAS B EM S UCEDIDAS :
1. AS TRADIÇÕES JUNTAM A FAMÍLIA, FAZENDO COM QUE OS MEMBROS SE CONHEÇAM
MELHOR UNS AOS OUTROS.
Muitas vezes, as tradições são inesperadas. Estabelecer tradições é da responsabilidade dos pais
e é neles que começa. As tradições normalmente começam por ser momentos mágicos,
58
milagrosos. Muitos eventos que se tornam tradições duradouras foram inesperados.
Chamamos-lhe “Momentos mágicos, milagrosos.”
Um ano, era a nossa filha mais velha ainda pequena, criámos uma caça ao tesouro no seu
aniversário. Comprámos algumas pequenas coisas (pastilhas sem açúcar, um pequeno
brinquedo, uma maçã, etc.), e escondemo-los pela casa. Debaixo de cada item colocámos uma
pista para que ela pudesse encontrar o item seguinte. O último item era o seu presente de
aniversário. Todos nos divertimos a ir de sítio para sítio, encontrando diferentes objetos.
Fizemos isto durante vários anos, era algo que ela sempre ansiava. Mas na sua adolescência
pensámos que provavelmente estava a ficar muito crescida e já não queria fazê-lo, por isso não
o fizemos. Simplesmente lhe demos a sua prenda. Pudemos ver o desânimo e o
desapontamento no seu rosto, por isso perguntámos o que se passava. Quase com as lágrimas
nos olhos ela disse-nos que estava à espera da caça ao tesouro.
Aquela simples atividade tornou-se uma espécie de tradição, uma que todos ainda lembramos
como parte do seu crescimento.
Nota sobre o seminário
Têm uma história, sobre uma tradição na vossa família que começou inesperadamente? Podem
partilhar isso com o grupo. Ou podem pedir-lhes que partilhem uma sua.
A S T R A D I Ç Õ E S , M U I T A S V E Z E S , N Ã O S Ã O P L A N E A D A S . Surgem por si. Estes momentos
surgem à medida que as famílias conversam, brincam e decidem amar-se uns aos outros numa
aceitação total. As tradições irão estabelecer-se se simplesmente lhes permitirem que façam
parte da vossa família. Quando menos esperarem, uma tradição emergirá com uma grande
memória consigo.
Não sei bem quando ou como, mas iniciámos uma tradição alimentar em que fazíamos e
comíamos tostadas Mexicanas às Sextas-feiras à noite. Fizemos isso, provavelmente, ao longo
dos anos de crescimento de todas as nossas filhas. A primeira noite de Sexta-feira que a nossa
mais velha passou num colégio interno (Academia Adventista), ela ligou-nos a chorar porque
não havia tostadas Mexicanas para o jantar. A comida e a tradição familiar que a acompanhava,
estavam entrincheiradas na sua vida. Mas não foi uma tradição que planeássemos começar;
simplesmente se desenvolveu naturalmente.
Ligação
Têm uma história de uma tradição familiar que não foi planeada? Podem partilhá-la com o
grupo. Ou peçam que seja o grupo a partilhar.
59
2. AS
TRADIÇÕES
CRIAM
MEMÓRIAS
ENCORAJAMENTO E ESTABILIDADE
POSITIVAS
QUE
PODEM
OFERECER
As tradições são memórias das memórias. As memórias que acompanham as tradições podem
ter um impacto poderoso. Como registado em Salmos 137:1, embora o povo de Israel estivesse
em cativeiro qual era a sua resposta em relação às suas memórias?
“JUNTO AOS RIOS DE BABILÓNIA NOS ASSENTÁMOS E CHORÁMOS, LEMBRANDONOS DE SIÃO.”
SALMOS 137:1
As tradições são normalmente modestas em valor monetário – mas de valor incalculável!
Partilhar
Talvez tenha deixado a sua casa ou o seu país e agora viva num outro lugar. Partilhe algumas das
memórias da sua terra natal que tenha partilhado com a sua família e filhos. Como foi a sua
experiência de vir viver para onde está agora? Pergunte a outros do grupo como foi a sua
experiência.
3. AS TRADIÇÕES SÃO ESTIMADAS E PASSADAS ÀS GERAÇÕES FUTURAS
Na peça, “Violino no telhado”, no casamento da sua filha, Tevye, (o pai) canta uma canção que
ecoa tradições e memórias que vão andando de uma geração para a outra:
“É ESTA A MENINA QUE EU PEGUEI AO COLO? É ESTE O RAPAZINHO A BRINCAR?
NÃO ME LEMBRO DE TER CRESCIDO, QUANDO CRESCERAM ELES? NASCE O SOL, PÕESE O SOL, NASCE O SOL, PÕE-SE O SOL, OS ANOS VOAM RAPIDAMENTE. UMA
ESTAÇÃO SEGUE-SE À OUTRA, LADEADA COM FELICIDADE E LÁGRIMAS.”
SUNRISE, SUNSET
As suas palavras têm tudo a ver com a tradição e as doces memórias que esta traz. Uma outra
canção memorável do musical intitula-se “Tradição!” Uma porção da letra inclui as seguintes
palavras.
“Tradição? O papá, tradição…A mamã, tradição…e filho e a filha, tradição…a família? Tradição,
tradição, tradição!”
S ETE I DEIAS P RÁTICAS PARA C ONSTRUIR M EMÓRIAS E T RADIÇÕES P OSITIVAS
Gostaríamos de partilhar sete ideias que poderiam implementar para começar a construir
tradições duradouras no vosso lar, para a vossa família.
1. N O I T E
DA
FAMÍLIA:
Escolham uma noite por semana em que a família determine estar junta. Pode incluir jantar em
casa ou no restaurante preferido. Permitam que os vossos filhos ajudem a tomar a decisão
sobre o que vão fazer. Desliguem a televisão. Falem, riam e brinquem juntos. Lutem no chão e
60
façam coisas que requeiram conversa uns com os outros. A noite de família deve ser um
compromisso a ser honrado. Não permitam que nada a interrompa ou substitua. Lembrem-se,
na noite de família a televisão, o iPad, os computadores, os telemóveis e os vídeo jogos não são
permitidos na sala!
Recomendamos que façam jogos que não sejam demasiado competitivos por natureza para que
uma excelente noite de diversão não leve a que alguém sinta que perdeu e outros a exultarem
porque ganharam. Existe um jogo muito bom para encorajar a partilha de pensamentos,
sentimentos e ideias e se chama “The Ungame.” Também podem fazer puzzles (certifiquem-se
que são apropriados à idade), jogar futebol, basket, softball ou qualquer outro jogo que envolva
tanto a atividade física como o maior número de membros da família quanto possível.
Planeiem uma refeição especial, embora não tenha de ser sempre uma grande produção
gourmet. Por vezes, uma simples refeição com pipocas, sandes ou mandar vir uma pizza pode
ser tudo o que precisam. Embora possam ocasionalmente ver um filme em família, não façam
disso hábito a não ser que depois passem algum tempo a conversar sobre o que viram. Ver
simplesmente filmes não oferece a interação que cria e constrói memórias.
Partilha
Peçam ao grupo para partilhar quaisquer outras ideias de atividades que a família pode fazer na
noite de família.
2. N OITE DO E NCONTRO
Isto é tanto para os filhos como para os pais. Estão a exemplificar comportamentos. Uma das
tradições mais importantes em qualquer família é uma noite definida para um Encontro entre o
Pai e a Mãe. Cria uma imagem positiva às crianças ao verem os seus pais escolherem uma noite
por semana para estarem juntos, a sós, para se focarem no seu amor um pelo outro. Cedo no
nosso casamento só podíamos dar-nos ao luxo de fazer as nossas próprias sandes e come-las no
parque ou então ir dar uma volta de carro, nas calmas, mas o objetivo era a intimidade, não a
extravagância.
Também é importante que os pais saiam com os filhos. Os pais deveriam sair com as suas filhas
e as mães deveriam sair com os seus filhos. Se tem mais do que um filho, leve um de cada vez.
Uma saída, adequada à idade é tudo o que é preciso. O importante é passar tempo individual a
comunicar com o seu filho ou filha. Pais, vocês estão a modelar a forma como um rapazinho
deve tratar a vossa filha. Puxem a cadeira para ela se sentar e porta do carro para ela entrar.
Mães, vocês estão a mostrar ao vosso filho como deve tratar a sua futura esposa. Sejam
intencionais no uso das palavras e das cortesias comuns. Esta simples saída terá lições que os
vossos pequenos levarão com eles na sua vida futura como maridos/pais e esposas/mães.
Uma saída também não tem de ser dispendiosa. O essencial é que seja intencional no separar
tempo para estar com o seu cônjuge ou com o seu filho/filha, um para um, uma vez que oferece
61
a oportunidade de trocar ideias, expressar sentimentos, partilhar preocupações, orarem juntos
e construírem memórias.
Partilha
Peçam ao grupo para partilhar ideias de atividades que poderiam fazer nas noites de saídas.
3. A NIVERSÁRIOS :
Toda a gente na família deveria sentir-se especial no seu aniversário. Lembrem-se sempre que
ninguém gosta que o seu aniversário seja esquecido! Celebrar esse dia com grande importância
e fanfarra não custa muito dinheiro. O aniversariante pode ter direito ao pequeno-almoço na
cama, para começar o dia. Sejam criativos. É um dia especial carregado de oportunidades para
se construírem memórias de família.
Tirem partido da tecnologia moderna – enviem uma sms cedo pela manhã, afixem os vossos
sentimentos no Facebook, enviem-lhes um e-card. Os presentes também são uma forma de
expressarmos o nosso amor. Não é o valor do presente que importa mas o significado que lhe
damos e o tempo que perdemos a escolher algo apropriado à sua idade e interesses.
Desde que a nossa filha mais nova começou a demonstrar interesse na área da medicina
encontrámos vários presentes de aniversário ao longo dos anos que a encorajaram a continuar a
seguir a direção dos seus sonhos. Um ano comprámos-lhe um kit médico de faz-de-conta
completo, com estetoscópio, seringa e um pauzinho de madeira. Hoje ela é médica e cirurgiã em
formação.
Cada uma das nossas filhas pedia uma refeição de aniversário ao seu gosto. A nossa filha mais
velha preferia morangos, enquanto a mais nova escolhia chocolate. O que isso significava era
que a mãe normalmente fazia um bolo ou comprava gelado desses sabores para o seu
aniversário. Como mencionado antes, também tínhamos a caça ao tesouro para a nossa filha
mais velha. Independentemente de onde estavam a viver na altura, contactávamos sempre com
elas e, se possível, organizávamo-nos para estar com elas durante o seu aniversário.
Ideias
Peça ao grupo para partilhar quaisquer outras ideias sobre como tornar os aniversários
momentos especiais, memoráveis para os membros da família, especialmente para as crianças.
4. H ORA DA R EFEIÇÃO :
Qual é o sítio mais poderoso na vossa casa? A mesa! Desliguem a televisão e comam juntos. Não
permitam que passe um dia sequer em que não se sentem, como família, a comer à volta da
mesa. A conversa pode ser elétrica, hilariante e revigorante. Algumas das maiores memórias de
família podem ser aquelas conversas à volta da mesa.
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Não roubem à vossa família esta importante oportunidade de construir memórias comendo
num prato enquanto veem televisão. Sentam-se enquanto família e desfrutem de uma refeição,
juntos, sem distrações exteriores.
As refeições não só são importantes construtores de memórias, mas também são ferramentas
poderosas para ajudar e mesmo salvar os vossos filhos. Muitas pesquisas têm demonstrado que
há menos de 35% de probabilidades do vosso filho enveredar por um distúrbio alimentar, 24%
de maior probabilidade de comer alimentos mais saudáveis, menos 12% de probabilidades de
ser obeso. As crianças que comiam o jantar com as suas famílias, pelo menos cinco vezes por
semana, tinham menos probabilidade de consumir drogas, de se sentirem deprimidos ou
meterem-se em problemas.
A chave da pesquisa é a de que a família precisa de partilhar as refeições pelo menos cinco vezes
por semana. Ao mesmo tempo, forçar toda a gente a apreciar cada refeição juntos sete dias por
semana pode não ser realista e pode na realidade ser prejudicial uma vez que pode ser
demasiado controlador.
Façam de cada refeição um tempo positivo, memorável que passam juntos.
Partilhem com o Grupo
Peça ao grupo para partilhar as suas memórias e experiências durante as refeições familiares.
5. A VOSSA F É :
As tradições espirituais desempenham um papel importante na família. Orar antes das refeições
é uma forma da família se ligar diariamente. Ler diariamente as Escrituras e orar irá criar
memórias maravilhosas. Adorarem juntos pode aumentar a comunicação entre os membros da
família.
Para além de irem juntos à igreja, façam ponto assente que a vossa família deve participar dos
eventos especiais, como cultos à luz das velas, atuações especiais ou reuniões especiais de Natal
ou Páscoa, anualmente.
Os vossos filhos irão levar estas memórias e tradições com eles para as suas futuras famílias.
Não estejam tão apressados que negligenciem a oração antes de comer ou o culto familiar.
Como sempre, certifiquem-se que fazem um culto familiar apropriado às idades. As crianças
mais novas precisam de muito mais atividades, menos tempo e menos leitura. Ao crescerem,
podem incluir mais histórias, por vezes vídeos ou outras atividades. Tentem sempre que este
tempo não seja algo para vós mas para os vossos filhos.
Partilha
Peçam ao grupo que partilhe quaisquer outras ideias sobre como fazer do culto familiar um
momento especial para os membros da família, especialmente das crianças.
63
6. F ÉRIAS EM FAMÍLIA : JOGOS NO CARRO , MAPAS , PLANEAMENTO
Assinalem a data no calendário, preparem a máquina fotográfica e não deixem que nada
atrapalhe! São criadas carradas de memórias no tempo que a família passa em férias.
O objetivo de umas boas férias não é quanto dinheiro se gasta nem quantos quilómetros fazem
mas o quanto se divertem no processo!
Há uns anos fizemos umas muito antecipadas férias de família. Tínhamos andado a poupar
milhas aéreas num dos nossos cartões de crédito durante anos até que finalmente tínhamos
o suficiente para a nossa viagem a Espanha. Também tínhamos guardado dias de férias
suficientes para podermos passar três semanas a viajar por Espanha, Portugal e Gibraltar.
Mesmo hoje, vários anos mais tarde, ainda falamos sobre aquela viagem e por vezes até nos
sentamos para ver todas as fotos que tirámos.
Mas nem todas as férias têm de ser num lugar distante. Algumas das coisas mais agradáveis
que fizemos foram passeios de carro a lugares não muito longe de casa. Essas excursões não
planeadas de um dia eram mais divertidas do que um dia passado num parque de diversões.
Passem férias juntos e construam memórias e tradições positivas.
Sejam muito cuidadosos e reservem estas datas no vosso calendário. Existem demasiadas
famílias que nunca tiram férias. Não deixem que isto seja algo de que se arrependam no futuro,
quando for tarde demais.
Interagir
Convidem o grupo a partilhar uma experiência memorável durante umas férias de família.
7. F ERIADOS :
Os feriados são perfeitos para se estabelecerem tradições e construírem memórias. Eles são o
“filão” das oportunidades. Todos precisamos de pertencer a algo/alguém/algum lugar. Mesmo
os membros de gangs durões alegam que se juntaram ao gang porque precisam de pertencer a
algo. Talvez o maior benefício das tradições para a vossa família é dar aos membros uma forma
de se ligarem e identificarem com a sua família, de fazerem parte de algo maior do que eles
próprios. As tradições e as memórias positivas que as acompanham oferecem-lhes esperança
para as memórias futuras.
Os feriados são diferentes em diferentes lugares e cada família os celebra de forma diferente.
Para mim (Cláudio), que cresci na Colômbia, na América do Sul, a peça central do Natal era a
manjedoura de Natal e os presentes eram distribuídos na noite de 24 de Dezembro. Para mim
(Pamela), que cresci na Virgínia, nos Estados Unidos, a peça central do Natal era a árvore de
Natal e os presentes era distribuídos na manhã do dia 25 de Dezembro.
64
Os feriados nacionais também são grandes oportunidades para as famílias construírem
memórias juntos. Talvez possam ir a uma das paradas, ou a um concerto patriótico ou talvez ao
museu nacional que poderá estar aberto durante o feriado.
MOMENTO DE CRIAR LAÇOS
Convidem o grupo a partilhar uma experiência memorável durante um feriado.
Encerramento
Todas as famílias celebram e constroem memórias à sua maneira. Quais são as vossas tradições?
Quais são algumas das vossas melhores memórias? O objetivo é estabelecer aquelas memórias
e tradições de família positivas. Podem viver em muitas casas diferentes. Podem mudar-se de
lugar para lugar. Os vossos filhos crescem. E, sim, até podemos perder alguns dos membros da
nossa família por morte até que Jesus venha para nos levar para o céu. Mas, por enquanto,
temos as nossas memórias dos momentos passados juntos. Nada é tão sagrado como ajudar os
nossos filhos a construírem essas memórias e experiências positivas que os conduzirão ao céu!
Referências
Fiese, B. & Hammons, A. (2011). Is frequency of shared family meals related to the nutritional health of
children and adolescents? Journal of the American Academy of Pediatrics, 127, 1565-1574
Perdue University, Family Meals Spell SUCCESS. Retirado de http://www.
cfs.purdue.edu/cff/documents/promoting_ meals/spellsuccessfactsheet.pdf
TaliCor. The Ungame. Retirado de http://amzn.com/B000QX9Y9O
65
JANTARES FAMILIARES FREQUENTES
PROTEGEM OS NOSSOS FILHOS
ALINA M. BALTAZAR, KATHERINE CONOPIO, GARY
HOPKINS E DUANE MCBRIDE
TEMA
OS
JANTARES
CRIANÇAS
E
FAMILIARES
ADOLESCENTES
FREQUENTES
QUE
AJUDAM
TÊM
NUM
MÚLTIPLOS
BENEFÍCIOS
DESENVOLVIMENTO
PARA
AS
POSITIVO
DA
JUVENTUDE.
Introdução
As reuniões familiares à volta da mesa têm sido vistas como um passatempo nacional ao longo
da história da humanidade. Nesta geração acelerada, contudo, as famílias estão lentamente a
afastar-se por muitas razões: empregos exigentes que requerem menos tempo em casa,
atividades extracurriculares nas escolas e dispositivos de comunicação que não precisam que a
família esteja presente para que se envolvam em conversação: a capacidade e o acesso à
condução ou a sistemas de transportes mais fáceis, assim como outras atividades – como a
visualização de Tv, desportos, etc. – têm boicotado as refeições familiares. Ainda assim,
pesquisas têm descoberto consistentemente que os jantares familiares frequentes podem
proteger a juventude de uma série de elementos perigosos.
DEBATE DE GRUPO
Peçam ao grupo para relatar o que pensam que interfere com as refeições familiares no mundo
moderno.
A informação que se segue provém de uma extensa revisão da literatura e das pesquisas
originais conduzidas pelo Instituto para a Prevenção das Dependências da Universidade de
Andrews sobre o tópico dos jantares familiares. As pesquisas descobriram que existem múltiplas
formas de os jantares familiares levarem a um resultado positivo para a juventude. As refeições
familiares criam um ambiente em que existe uma oportunidade para a família comunicar uns
com os outros, levando a laços duradouros entre pais e filhos. São um lugar para discutir
problemas e soluções e podem criar uma forma de tradição/ritual que promove a unidade,
estabilidade e rotina. Para além disso, os pais podem usar as refeições de família para
monitorizar como estão os filhos, saber e ouvir acerca dos amigos e pessoas com quem
interagem fora de casa e ajudá-los com conselhos e orientações para decisões futuras.
As refeições de família também estão associadas com uma melhor estabilidade social e mental.
As crianças e adolescentes que se envolvem em jantares de família e passam tempo com os seus
66
pais mostram ter uma maior autoestima, menos depressão e taxas mais baixas de ideias
suicidas. As refeições de família contribuem para melhores hábitos alimentares e ingestão
nutricional e comerem juntos oferece uma oportunidade de promover escolhas alimentares
positivas entre os adolescentes.
Muitos pensam que os jovens de hoje em dia não apreciam este tipo de atividades mas estudos
descobriram que a vasta maioria ainda as aprecia. Um estudo revela que 79% dos adolescentes
apreciam jantar com as suas famílias. Um outro estudo relata que as crianças gostam dos
aspetos sociais de comerem juntos como uma família e que as refeições de família são
consideradas ocasiões prazerosas; tornam-se uma parte do dia pela qual anseiam para 65% dos
adolescentes e 75% dos pais dizem que estariam dispostos a desistir de uma atividade de fimde-semana se isso lhes permitisse jantar em família.
Atividade de Grupo
Peçam ao grupo que recorde as suas memórias positivas à volta dos jantares de família da sua
infância. O que apreciavam nas refeições em família, enquanto crianças?
OS JANTARES DE FAMÍLIA COMO PROTEÇÃO
Os anos da adolescência são uma altura de exploração, em que decidem que tipo de pessoas
serão quando crescerem. Contudo, esta busca pode levar a decisões que resultarão no
envolvimento em rumos prejudiciais e arriscados. A principal ameaça à saúde dos adolescentes
nos Estados Unidos são os comportamentos que colocam a sua saúde em risco devido a
escolhas negativas que fazem. Os comportamentos de risco em que os adolescentes
tipicamente participam incluem o álcool, o tabaco, o abuso de substâncias, práticas sexuais de
risco, distúrbios alimentares e atividades delinquentes como roubo e incursão em gangs. Estes
fatores de risco prejudicam o adolescente, física e psicologicamente, e também o seu bem-estar
mental. Nesta fase os seus pensamentos sobre o seu próprio valor, corpo e/ou autoimagem,
depressão, intenção suicida e capacidade para tomar decisões podem apresentar-se como os
principais desafios nas suas vidas.
Os estudos sobre as refeições em família focam-se nas vantagens da frequência dos jantares de
família. Devido às vantagens que os jantares de família oferecem, quanto maior o número de
vezes que as famílias jantam em conjunto menores são as taxas de comportamentos de risco e
há um aumento de comportamentos positivos. Fazer refeições frequentes, pelo menos 5 vezes
por semana oferece as oportunidades de reduzir as probabilidades dos adolescentes virem a
participar do consumo de álcool, do abuso de substâncias, atividades sexuais (ou iniciação
precoce) e de desenvolverem distúrbios alimentares. As refeições de família não só oferecem
proteção durante os anos da adolescência, mas esta estende-se aos primeiros dois anos em que
os filhos estão longe, na faculdade. Os estudantes universitários Adventistas com 18 e 19 anos
de idade e que têm 5 jantares de família por semana quando estão em casa, tiveram
significativamente menos probabilidades de consumir álcool no ano anterior.
67
Os jantares de família não só reduzem os comportamentos de risco, mas também aumentam a
segurança dos nossos jovens. Pesquisas recentes descobriram que a probabilidade de um jovem
se tornar vítima de inúmeras situações baixa conforme a frequência de vezes que participa nos
jantares de família. Estavam menos suscetíveis a sofrer bullying na escola, a serem agredidos
por um namorado/namorada e a uma violação durante um encontro. Para além disso, estão
ainda mais aptos a tomarem precauções de segurança como usar um cinto de segurança e um
capacete de bicicleta. Este é um resultado fascinante porque os jantares de família produzem
um fator protetor tão forte que iria aumentar a proteção de uma pessoa se tornar vítima de
alguém ou de alguma coisa. Os jantares de família estão imbuídos de influência tão fortes que se
o ambiente da refeição for positivo e for praticado com frequência suficiente, muitos dos
comportamentos e práticas indesejadas podem ser evitadas.
Existem algumas coisas importantes a ter em mente quando se tem uma refeição de família;
deveria ser uma experiência agradável. Se existe um conflito familiar constante presente, as
pesquisas descobriram que os adolescentes pensam que os jantares de família são uma
experiência mais negativa que positiva. A mesa das refeições não serve para criticar ou para se
atacarem uns aos outros. ~Claro que, os estudos também descobriram que não gostar da
comida que é servida durante as refeições em família também pode trazer uma atitude negativa
para a mesa.
Com tantas famílias a serem pressionadas em tantas direções, as refeições de família às 18h,
cinco vezes por semana podem não ser realistas. As refeições de família não têm de ser
tradicionalmente ao jantar, podem ser mais cedo ou mais tarde nalguns dias. Se conseguem
levantar-se mais cedo, a refeição também pode ser à hora do pequeno-almoço. Os fins-desemana podem ser um momento de refeições especiais em que é dada uma maior prioridade à
união familiar. O objetivo é ter tempo, cara-a-cara, à volta de uma atividade agradável em que
possa haver uma boa e sólida conversa.
Para que essa conversa aconteça não deve haver distrações. Então isso significa que a televisão
deve estar desligada para pais e filhos, telemóveis e tablets não devem estar em cima da mesa e
deixem o telefone ir para o voice-mail. Desliguem-se da ficha e desfrutem!
Debate de Grupo
Quais são algumas das formas de tornar as refeições de família mais agradáveis para toda a
família? Quando é que é uma boa altura para a vossa família ter mais refeições em conjunto,
regularmente?
Referências
Alina M. Baltazar, LMSW, PhD(c) é Professora Assistente do Programa MSW e Diretora do Serviço Social da
Universidade de Andrews, Berrien Springs, Michigan, EUA.
68
Katherine Conopio, MA(c), é Estudante de Desenvolvimento Comunitário e Internacional na Universidade de Andrews
em Berrien Springs, Michigan, USA.
Gary Hopkins, DrPH, MD, é Professor Adjunto de Ciências Comportamentais na Universidade de Andrews em Berrien
Springs, Michigan, USA.
Duane McBride, PhD, é o Diretor do Instituto de Prevenção de Dependências da Universidade de Andrews em Berrien
Springs, Michigan, USA.
69
RECURSOS
PARA
LÍDERES
70
MEMORIAIS DO CORAÇÃO E DA MENTE
S AL L Y L A M -P HO O N
Quando Deus criou o tempo dentro da moldura da eternidade, interrogo-me frequentemente se o
passado desempenharia um papel significativo como o faz hoje. Quando o pecado entrou no mundo
e o tempo se tornou linear, passámos a ter uma clara separação entre o passado, o presente e o
futuro. O passado, com as suas experiências, as suas alegrias e tristezas tornou-se uma plataforma de
aprendizagem para o presente e o futuro ao lutarmos com as decisões a tomar.
Em Josué 4, temos a história de como Josué conduziu os filhos de Israel através do Jordão para o
primeiro local na terra de Canaã, Gilgal. Deus, mais uma vez, operou o milagre de dividir as águas,
desta vez do Rio Jordão, para que pudessem atravessar por terra seca. Este acontecimento foi tão
significativo que Josué ordenou-lhes que retirassem 12 pedras (Josué 4:4-7) do fundo do Rio Jordão e
construir um memorial (verso 7) que lembrasse os filhos e as gerações futuras sobre a liderança de
Deus.
Com a introdução do pecado no mundo, estamos tantas vezes distraídos. Esquecemo-nos como Deus
nos conduziu e como Ele tem estado constantemente a velar por nós. Ellen White escreve: “ N A D A
TEMOS A RECEAR NO FUTURO, A NÃO SER QUE NOS ESQUEÇAMOS DO CAMINHO PELO
QUAL
D E U S N O S C O N D U Z I U . ” ( A I G R E J A R E M A N E S C E N T E , P Á G . 2 7 ) . A nossa história
passada é verdadeiramente crucial; as lições aprendidas podem ensinar-nos como podemos viver
mais eficazmente no presente.
Infelizmente, existem alturas em que escolhemos ignorar o passado; consideramos os nossos
antepassados como obsoletos e irrelevantes. Argumentamos que as suas circunstâncias e ambiente
eram muito diferentes dos nossos hoje. Referimo-nos à tecnologia que redefiniu o nosso mundo,
afetou a forma como funcionamos, a forma como pensamos e a forma como tomamos decisões. É
uma era nova em folha; um mundo novinho em folha que encerra tanto potencial.
Há 3 anos, no dia 11 de Março, 2011, pescadores que estavam a 33 Km da costa Este do Japão mal
repararam numa pequena onda de cerca de 38 cm que passou por baixo dos seus barcos. Quando
regressaram ao porto de Sanriku, não estavam minimamente preparados para a completa
devastação que tinha ocorrido enquanto estavam ocupados a pescar.
Cidades inteiras tinham desaparecido numa extensão de 274 Km de costa; 29.000 pessoas estavam
dadas como mortas ou desaparecidas. O terramoto de magnitude 9.0 que despoletou um poderoso
tsunami em 2011 não foi o primeiro. O Japão tinha sofrido inúmeros tsunamis e terramotos ao longo
dos séculos. Após cada desastre, os Japoneses tinha erigido pedras memoriais, centenas delas,
71
(algumas com 3m) ao longo da costa noroeste do Japão para avisar gerações futuras que não
deveriam construir atrás destes pontos.
Mas à medida que o tempo foi passando, as pessoas esqueceram. Por conveniência, muitos
pescadores e outros construíram as suas casas e negócios cada vez mais perto do mar, ignorando os
avisos gravados nas pedras. Afinal de contas, o governo não tinha construído barreiras fortes que
podiam resistir a qualquer tsunami? Eles tinham fé na tecnologia Japonesa e nas barreiras modernas
de betão que pareciam suficientes para os proteger daquelas ondas.
Aqueles que prestaram atenção às mensagens nas pedras memoriais foram poupados naquele
fatídico dia 11 de Março. A magnitude deste último tsunami foi tal que mesmo algumas das pedras
memoriais foram destruídas.
Memoriais de madeira e pedra são encontrados por todo o mundo – o Parque da Paz de Hiroxima
construído no epicentro da primeira bomba atómica que foi largada no Japão; o Taj Mahal, um
memorial de amor na Índia de um rei para a sua esposa; os Memoriais ao 11 de Setembro nos
Estados Unidos, que servem para nos lembrarem dos horrores do terrorismo. Centenas de milhares
visitam estes monumentos que se tornaram atrações turísticas obrigatórias. Ao dispararem as suas
máquinas fotográficas (ou os seus smartphones, hoje em dia) a maioria dos turistas pode nem
compreender o seu significado.
Muito para além da influência deste tipo de memoriais, estão os memoriais do coração e da mente.
Estes surgem de momentos significativos no tempo. Podem ser lembretes de experiências
desafiantes ou mesmo de risco de vida ou talvez lugares associados a marcos na vossa vida. Os
memoriais do coração e da mente evocam uma abundância de emoções para um indivíduo,
particularmente quando estão ligados ao calor familiar. Alguns estimam as suas memórias com um
diário, através de uma prática/tradição familiar ou partilhando histórias e testemunhos de como
Deus os conduziu e proveu para eles no passado.
Conta-se a história de um veterano na Flórida, chamado Eddie Rickenbacker, que alimenta as
gaivotas na praia todas as Sextas à tarde. Este é o memorial de uma experiência durante a Segunda
Guerra Mundial, em que ele estava à deriva no Pacífico com sete outros em águas infestadas de
tubarões. Ao 8º dia, a comida que tão cuidadosamente tinham racionado acabou-se. Mas o Eddie,
um Cristão devoto, orou, “Deus, por favor envia-nos comida.”
Uma gaivota aterrou na sua cabeça; os homens apanharam-na e aquela foi a sua refeição naquele
dia. Colocaram os intestinos de lado para servirem de isco para apanharem peixe. Sobreviveram 24
dias em mar aberto antes de terem sido eventualmente socorridos.
Ele nunca esqueceu o ato de sacrifício daquela gaivota e com gratidão, ele as tem alimentado desde
então (Max Lucado, In the Eye of the Storm, pág. 221, 225-226).
72
O Sábado é um memorial da criação e redenção; lembra-nos do descanso de Deus depois de criar o
mundo, assim como a libertação dos Israelitas da escravidão no Egito como um símbolo da nossa
própria salvação em Jesus. Os guardadores do Sábado criam muitas tradições para honrar este dia
especial. Muitas famílias cozinham refeições especiais para o Sábado. Uma das minhas amigas fazia
rolos de canela deliciosos só à Sexta à tarde e o doce aroma da canela criava memórias especiais de
Sábado e sobre o que este significa.
Para outra família, o Sábado significava um dia especial em que o Pai estava com eles; o Pai
trabalhava longe de casa de Segunda a Sexta. O Pai tornava o Sábado extra especial passando tempo
com os filhos, conversando com eles, ouvindo sobre os pontos altos da sua semana e partilhando
também os seus.
Para outro tipo de memorial, um pai, que estava focado em ensinar os seus filhos sobre as suas
obrigações para com a comunidade, fez tradição de uma saída mensal para um serviço de amor. Eles
escolheram visitar umas instalações que precisavam de ajuda. As crianças aprenderam a ministrar
aos idosos, a visitar pacientes com cancro, a partilhar roupas e brinquedos com os órfãos. Os pais
despertaram nos filhos um espírito de gratidão pela abundância que desfrutavam em casa. Ao verem
quão afortunados eram, foram encorajados a pôr de lado algum do seu dinheiro num mealheiro
especial ao longo do ano para comprarem presentes e trazer alegria a estas pessoas desfavorecidas
todos os Natais.
Para a nossa família, o jantar do Ano Novo Chinês (Lunar) é uma refeição que junta todos os
membros da família. Os nossos filhos foram ensinados desde cedo que podiam faltar a qualquer
outra refeição mas não a esta refeição com grande significado. Juntamo-nos ao redor da mesa,
ladeados pelos nossos pratos especiais e preferidos e cada um, à vez partilha a sua gratidão a Deus
por mais um ano de vida, um ano mais perto da vinda de Jesus.
As tradições familiares podem ser tão simples quanto acender uma vela ou estarem juntos em
ocasiões planeadas. Estarão ligadas para sempre nas mentes daqueles que tiveram o privilégio de as
partilhar. É preciso muito pouco tempo e intencionalidade para decidirmos que queremos criar estes
memoriais do coração e da mente. Não importa quão ocupados estamos, se nos comprometermos a
criar um forte fundamento para um senso de identidade e pertença duradouros entre os membros
da nossa família e outros com quem entramos em contacto.
Referências
Nytimes.com. (2011) Tsunami Warnings, Written in Stone. Retirado de http://www.nytimes.com/2011/04/21/
world/asia/21stones.html
Sally Lam-Phoon, PhD, é a Diretora do Departamento dos Ministérios da Família na Divisão do Pacífico Norte da
Igreja Adventista do Sétimo Dia em Goyany City, Gyeonggi-do, Republica da Coreia do Sul.
73
CRIAR CULTOS FAMILIARES EMPOLGANTES
S. J O S EP H K I D DE R
“OUVE, ISRAEL, O SENHOR, NOSSO DEUS, É O ÚNICO SENHOR. AMARÁS, POIS,
SENHOR, TEU DEUS, DE TODO O TEU CORAÇÃO, E DE TODA A TUA ALMA, E DE TODO
TEU PODER. E ESTAS PALAVRAS, QUE HOJE TE ORDENO, ESTARÃO NO TEU CORAÇÃO;
AS INTIMARÁS AOS TEUS FILHOS, E DELAS FALARÁS ASSENTADO EM TUA CASA,
ANDANDO PELO CAMINHO, E DEITANDO-TE E LEVANTANDO-TE.”
O
O
E
E
DEUTERONÓMIO 6:4-7
“SE JÁ HOUVE TEMPO EM QUE TODA CASA DEVERIA SER UMA CASA DE ORAÇÃO,
AGORA É ESSE TEMPO.” ELLEN WHITE
O Culto Familiar é a reunião regular, intencional como unidade familiar para adorar a Deus lendo as
escrituras, orando, cantando hinos e procurando formas de se envolverem juntos no ministério e
evangelismo. Existe quatro componentes principais em todos os cultos familiares: “Ler – Orar –
Cantar – Missão”. Todas as família Cristãs deveriam um tempo assim, diariamente.
Embora a pesquisa Barna mostre que 85% dos pais acredita que são os primeiros responsáveis pelo
desenvolvimento moral e espiritual dos seus filhos, entre famílias da igreja, menos de 10% lê a Bíblia,
ora (sem ser às refeições), ou participam num ato de serviço, enquanto família, numa semana típica.
Um em vinte vive a experiência do culto familiar fora da igreja num mês normal. Entre os membros
da IASD, 40% das famílias nunca fazem culto familiar em casa, 27% fazem o culto familiar
diariamente; 33% fazem o culto familiar uma vez por semana.
Reúnam toda a família pelo menos uma vez esta semana e façam o culto familiar. “Ler – Orar –
Cantar – Missão.” Se isto é algo novo para a família, mantenham tudo muito simples. Sentem-se num
círculo. Leiam alguns versos bíblicos (Lucas 19:1-10), um dos pais pode fazer uma breve oração e
podem cantar um hino simples (como “Sim, Cristo me Ama”).
A adoração ao Senhor é, primeiro, vertical – ligando-nos a Deus através da oração, adoração e estudo
da Bíblia – e depois horizontal – ligando-nos às pessoas através do ministério e evangelismo que
começa em casa, envolvendo toda a família (Mateus 22:37-39).
74
No restante artigo falarei do propósito do culto familiar e de algumas sugestões e métodos práticos
para o porem em prática. Estas ideias e exemplos são compilações de entrevistas conduzidas junto
de 21 famílias relativamente à melhor forma de fazer o culto familiar.
1. Qual é o propósito do Culto Familiar?
Existem muitos propósitos para o culto familiar. Abaixo estão os principais:
Primeiro, para adorarem a Deus juntos e aprenderem mais sobre os Seus caminhos. As crianças
deveriam aprender a adorar a Deus nos primeiros anos de vida para que possam desenvolver amor e
respeito por Ele nos anos que se seguem. Precisam de aprender como se relacionar com Ele e a
compreender que Ele é o Criador amoroso, o Senhor, o Salvador, santo, e merece ser honrado em
tudo o que dizem e fazem.
Segundo, para honrar a Palavra de Deus, desenvolver respeito por ela e viver por ela. Tiago diz, “ E
S E D E C U M P R I D O R E S D A P A L A V R A ( … ) ” ( T I A G O 1 : 2 2 ) . Para além disso, Jesus disse, “Está
escrito: N E M S Ó D E P Ã O V I V E R Á O H O M E M , M A S D E T O D A A P A L A V R A Q U E S A I D A B O C A
D E D E U S . ” ( M A T E U S 4 : 4 ) . O lar é um ótimo lugar para praticar esta exortação, “ A P A L A V R A
DE
CRISTO HABITE EM VÓS ABUNDANTEMENTE, EM TODA A SABEDORIA, ENSINANDO-VOS
E ADMOESTANDO-VOS UNS AOS OUTROS, COM SALMOS, HINOS E CÂNTICOS ESPIRITUAIS,
CANTANDO
AO
SENHOR
COM
GRAÇA
EM
VOSSO
CORAÇÃO.”
(COLOSSENSES
3:16).
Precisamos de honrar a Bíblia nos nossos lares e ensinar os nossos filhos sobre ela.
Terceiro, para ajudar no desenvolvimento da fé das crianças. Barna apresenta as probabilidades de
alguém aceitar a Cristo como seu Salvador da seguinte forma: 32% entre os 5-13 anos de idade; 4%
entre os 14- 18 anos de idade; 6% com 19 anos ou mais. Isto torna imperativo que as famílias façam
tudo o que podem para serem intencionalmente ativos na educação religiosa dos seus filhos. Barna
também realça que apenas 1/3 dos adolescentes inquiridos esperava permanecer na igreja depois de
se tornarem independentes. Pesquisas mostram que as crianças cujas famílias são ativas no
desenvolvimento da sua fé têm maiores probabilidades de permanecer na igreja. É desejo dos pais
terem filhos Cristãos que venham a crescer com um compromisso com Cristo, que acolham bons
padrões morais e se tornem testemunhas por Cristo na comunidade; crianças que não só levam a
igreja a sério, mas apreciam fazer parte dela. Paulo reconhece o valor de conhecer as escrituras e de
viver segundo elas desde tenra idade quando se dirige a Timóteo:
“TU, PORÉM, PERMANECE NAQUILO QUE APRENDESTE, E DE QUE FOSTE INTEIRADO,
SABENDO DE QUEM O TENS APRENDIDO. E QUE, DESDE A TUA MENINICE, SABES AS
SAGRADAS LETRAS, QUE PODEM FAZER-TE SÁBIO PARA A SALVAÇÃO, PELA FÉ QUE HÁ EM
CRISTO JESUS.”
II TIMÓTEO 3:14-15
75
Quarto, para estabelecer a família na fé, nas convicções pessoais e na doutrina. As crianças, os
jovens e os adultos precisam de convicções para defenderem a sua fé. Devem compreender a sua fé
e saber que esta é baseada na Bíblia. É importante saber aquilo em que acreditam e porquê. O lar é
uma boa Escola Bíblica onde as crianças podem ser alicerçadas ao enfrentarem a filosofia humanista
e evolucionista da sociedade moderna.
Quinto, orar pelos problemas da família, necessidades, fardos que as crianças possam ter para que
possuam confiança no Deus que responde às orações. Todos os membros da família têm
necessidades pessoais. Seria bom se pudessem aprender a partilhá-las abertamente e a levá-las
perante o Senhor em conjunto. Existem necessidades escolares, problemas relacionais, questões de
caráter como a timidez e medos de todos os tipos; questões sobre entretenimento, pornografia, etc..
Os adolescentes têm necessidades profundas e detestam expressá-las por medo de serem
incompreendidos ou de se sentirem envergonhados. Para eles os seus problemas são grandes e
devem ser considerados. Os pais devem dar o exemplo levando as suas necessidades a Deus em
oração. Todos os membros da família precisam de saber que Deus irá ouvir e responder-lhes, e assim
construirão uma confiança n’Ele. As crianças que aprendem a orar abertamente em casa não terão
problemas em orar publicamente na igreja ou na reunião de oração semanal, à medida que vão
crescendo.
Sexto, orar e interceder pelos outros em relação às suas necessidades e provações. Orar pelas
necessidades espirituais e físicas dos outros ajuda a retirar o foco no eu. Também dá uma
oportunidade àqueles que oram para que o Senhor abra os seus corações e mentes para serem mais
compassivos. Isto resultará num desejo cada vez mais forte pelo ministério, pela missão e pelo
evangelismo.
Finalmente, para encontrarmos formas relevantes e significativas de ministrar na igreja, em casa e no
mundo. Aqui estão alguns exemplos de formas das famílias ministrarem: adotando uma família mais
desfavorecida por quem orar e ajudar na altura dos feriados; serem anfitriões de um pequeno grupo,
cantarem e fazerem companhia em lares de idosos; ajudem a servir refeições aos desfavorecidos ou a
partilhar alimentos com os sem-abrigo; deem estudos Bíblicos e visitem outros como uma família.
II. S UGESTÕES P RÁTICAS PARA C RIAR UM A MBIENTE DE A DORAÇÃO F AMILIAR E FICAZ
Criar um ambiente eficaz para a família fazer o culto estabelece a base para experiências de adoração
que prosperem continuamente. Um dos fatores mais importantes é a nossa própria espiritualidade.
Se o culto é importante para vós, também será importante para os vossos filhos. Os filhos apanham
aquilo que é realmente importante para os pais. Um culto familiar eficaz começa ao fazermos de
Jesus uma prioridade na nossa vida. Paulo disse, “ S E D E M E U S I M I T A D O R E S , C O M O T A M B É M E U
S O U D E C R I S T O . “ ( I C O R Í N T I O S 1 1 : 1 ) . A vossa família vê aquilo que é importante para vocês.
Se têm um forte relacionamento com Cristo e vivem o Seu amor, outros quererão imitar-vos.
76
Aqui estão algumas sugestões práticas:
1.
PROCURE MÉTODOS QUE SEJAM APELATIVOS A TODAS AS IDADES NA FAMÍLIA. Idades diferentes
têm interesses diferentes e o que pode ser apelativo para um pode não ser apelativo para outro.
Variem os métodos de forma a evitarem que o culto familiar seja aborrecido e rotineiro. Deve
manter-se o interesse de todos para que a monotonia não estrague tudo. “Pais e mães, tornem a
hora do culto intensamente interessante. Não há razão para que essa hora não deva ser a mais
agradável e jubilosa do dia. Com um pouco de preparo, será possível torná-la cheia de interesse e
proveito. De tempos a tempos, deve ser introduzida alguma mudança.”12
2.
FAÇA
DO CULTO FAMILIAR UM MOMENTO INTERESSANTE, FELIZ E ENCANTADOR PARA QUE
TODA A FAMÍLIA ANSEIE POR ELE COM EXPECTATIVA. Não faça dele um momento de leitura
forçada da Bíblia ou de participação amarga enquanto lê de forma monótona capítulos inteiros da
Bíblia que vão para além da compreensão familiar para depois arrastar a família através de uma
rotina longa e seca de oração. Se participam com azedume, irão detestar o culto familiar.13
3.
NÃO FAÇAM UM CULTO DEMASIADO LONGO, AO PONTO DAS CRIANÇAS MENOSPREZAREM O
TEMPO QUE DEMORA . É melhor que seja curto e doce, vital e satisfatório, para que os seus apetites
almejem por mais. Terminem sempre antes que eles o queiram fazer.
4.
DEIXEM TODOS PARTICIPAR E ESTAR ENVOLVIDOS. Aqueles que conseguem ler devem ler à vez
assim como em relação à oração. Mesmo os pequeninos podem proferir algumas palavras na oração,
se não sabem ler. Ensinem canções em que todos tomem parte. Separem algum tempo para debate,
responder a perguntas, resolver problemas e para expressão pessoal. As crianças, especialmente, são
inquiridoras e querem saber.
5.
NÃO GASTEM TEMPO A CRITICAR OU A FOFOCAR . Não há nada que azede mais o ambiente do
que destruir algo ou alguém. Este não é o momento para mencionar problemas da igreja exceto para
questões de oração. Lembrem-se que é hora do culto.
6.
PERMITAM QUE AS CRIANÇAS QUE JÁ TÊM IDADE SUFICIENTE CONDUZAM O CULTO FAMILIAR ,
ÀS VEZES, QUER NA TOTALIDADE OU EM PARTE . Deixem que o façam à sua maneira e que se
exprimam. Irá criar interesse nelas. Esta também é uma boa forma de desenvolverem a sua
autoconfiança e a sua espiritualidade. Devem ser encorajados naquilo que fizerem ou disserem e não
diminuídos.
7.
FAÇAM
O CULTO FAMILIAR NA ALTURA MAIS CONVENIENTE A TODOS . A hora do jantar
normalmente é a melhor, antes de começarem as várias atividades da noite.14
III. E XEMPLOS P RÁTICOS E M ÉTODOS PARA I NSPIRAR O C ULTO F AMILIAR
77
1. Leitura de Pequenas Partes da Bíblia. Em vez de ler um capítulo inteiro da Bíblia de uma vez, que
pode tornar-se muito longo e difícil de reter, leia só um parágrafo ou uma história por dia. Deixe que
todos os membros da família sugiram um título para o parágrafo de acordo com o conteúdo. Deixem
que cada um enumere algumas coisas que observam no parágrafo, como lugares, pessoas, coisas,
palavras especiais, significados, aplicações, perceções, etc. Isto pode ser muito divertido para as
crianças e uma verdadeiro desafio para todos. É como observar coisas numa divisão ou numa viagem
de carro. Depois de terem abordado o parágrafo desta forma, investiguem lições espirituais que
possam ser aprendidas. Deixem que cada um personalize essas lições e que digam o que aprenderam
por si mesmos.
2. Os milagres de Cristo. Podem fazer uma noite e aprender algo sobre Cristo a partir de cada milagre e,
especialmente, deixem que cada membro aprenda alguma coisa. Estudem o milagre, onde
aconteceu, a ocasião, o que aconteceu, quem estava envolvido e depois lições e aplicações.
3. Personagens Bíblicos. Este pode ser um tipo diferente de estudo para o bem da variedade. Leiam
sobre o personagem na Bíblia e estudem a sua fraqueza e pontos fortes. Discutam como podem
aprender algo com ele. Revejam-se nos personagens Bíblicos e aprendam muitas lições práticas.
4. Doutrina Bíblica. Todos deviam conhecer as doutrinas básicas da Bíblia. Todos os membros da família
deveriam estar baseados na verdade. Pode encontrar as doutrinas com a ajuda de uma boa
concordância ou talvez a partir de um livro sobre doutrinas básicas da Bíblia.
5. Estudo de um livro da Bíblia. Selecionem um livro da Bíblia apropriado às idades dos seus filhos e
peça a cada membro da família que leia 2-3 versos à medida que percorre a divisão. Podem ler desde
1-2 capítulos a um livro inteiro, como Rute ou Filipenses, cada noite. Deixem as crianças ajudar a
escolher que livro da Bíblia que querem ler. As crianças mais velhas podem descobrir o tema do livro,
principais divisões, lições, capítulos chave e ideias, etc.
6. Grandes capítulos da Bíblia.15 Podem ler a Bíblia capítulo a capítulo. Podem ler um capítulo por dia
se as crianças não forem muito pequenas, para poderem compreender. Aprendam o verso chave do
capítulo, escolham a palavra-chave e dividam o capítulo em parágrafos para encontrar a estrutura do
capítulo. Também podem estudar promessas especiais, ver como Cristo é visto, analisar uma
doutrina importante no capítulo, estudar que pecados devem ser evitados, que coisas uma pessoa
deve fazer e que lições podem ser aprendidas.
7. Principais versos. Este é um bom método para variar. Peguem num verso por noite e escrutinem-no
em relação ao que ele significa para cada um individualmente. Por exemplo, podem pegar numa série
78
de versículos sobre grandes promessas na Bíblia, sobre oração, salvação, vida vitoriosa ou sobre a
segunda vinda de Cristo. Tentem memorizar o versículo.
8. Programa de memorização das Escrituras. Até uma criança de 3-4 anos pode aprender dez versos se
selecionar os versos certos e quando tiver cinco anos, pode aprender o Salmo 23. Tente, torne-o
divertido e ficará espantado com aquilo que a sua família conseguirá alcançar!
9. Livros de Meditações apropriados à idade. Estes livros estão disponíveis na maior parte das livrarias
incluindo as Livrarias ABC. São escritos para várias faixas etárias. As crianças gostam destas
meditações e acham-nas muito interessantes. O discernimento deve ser usado para selecionar os
livros. Pense na sua relevância para cada grupo etário.
10. Jogos Bíblicos. Estes podem ser muito interessantes e acrescentam um desafio ao culto familiar.
Podem ser apelativos para os jovens e impedem que o culto se torne algo aborrecido. Usem jogos
Bíblicos que ensinem uma lição e a partir do qual possam aprender algo útil para a vivência Cristã.
11. Estudo dos Mapas. A compreensão da salvação pode ser melhorada por uma consciência da
geografia Bíblica. As crianças podem apreciar aprender onde ficam certos países, rios e montanhas; o
que aconteceu lá, como a entrega da lei no Monte Sinai, a travessia do Mar Vermelho e a caminhada
de Deus sobre a água. Mostrem-lhes onde estas coisas aconteceram e tracem algumas lições a partir
delas.
12. Imagens ou Vídeos. Esta é uma forma maravilhosa de interessar as crianças. Muitos livros de
histórias Bíblicas têm imensas imagens que contam uma história à criança. Isto faz com que a Bíblia
ganhe vida. Use vídeos que falem de eventos Bíblicos, como o Êxodo ou a vida de Jesus; use vídeos da
natureza para mostrar a grandeza de Deus; ou use vídeos sobre grandes heróis da fé como Martinho
Lutero, John Huss e outros, para serem inspirados pelo seu compromisso e amor por Jesus.
13. Lições objetivas. Podem ser utilizadas ajudas visuais de todos os tipos. Seja criativo e use qualquer
objeto que tenha ao seu alcance para ensinar uma verdade Bíblica. Cristo prontamente usou lições
objetivas, como as ovelhas e as cabras, as pedras, a água no poço de Samaria, etc. Não há limites
para as lições objetivas.
14. Leiam ou oiçam curtas biografias de servos consagrados de Jesus, missionários, evangelistas e
pastores são alguns exemplos.
15. Cantar. Deviam cantar sempre se possível. Tenham um hinário para cada membro da família ou
projetem os hinos na parede. Também podem usar sites como o Youtube e o GodVine para encontrar
79
playbacks para vos acompanhar nos hinos. Aprendam grandes hinos de fé. Também podem ensinar
coisas a partir das canções uma vez que existem histórias por detrás dos hinos se investigarem.
Existem muitos livros que vos dirão a história e o significado das canções. Algumas grandes canções
encontram-se na Bíblia como os Salmos e Efésios 5:19.
16. Sermões. Oiçam sermões de pregadores/evangelistas/professores famosos em CD ou na internet.
Também podem encontrar sermões online para as crianças. O Senhor pode usar a Sua Palavra
pregada nas vidas de cada membro da família.
17. Pequenos grupos. Os grupos devem discutir a história Bíblica sob consideração, e depois chegar a
ideias práticas de como esta se aplica à vida, hoje em dia. A ideia principal é aprender sobre Deus, o
Evangelho e a vivência reverente.
CONCLUSÃO
Qualquer coisa que façam é melhor do que nada. Sejam intencionais em relação ao culto familiar
numa base consistente. Tornem-no interessante, prático, centrado em Cristo, relevante e participado
por todos.
Vão haver alguns desafios comuns ao culto familiar como as idades diferentes das crianças, crianças
que são muito pequenas, um pai que está “menos comprometido”, pais que não se sentem
competentes para ensinar sobre a Bíblia e crianças resistentes ou em oposição ao culto familiar. Mas
quanto mais mostrarem o vosso amor e compromisso para com Jesus e quanto mais viverem os
ideais da vida Cristã, maior será o interesse das crianças. Não há nenhum substituto para si e para a
sua vida no que toca a dar a maior impressão nos seus filhos.
Finalmente ore pelos seus filhos e família. Coloquem-nos nas mãos de Deus e Ele cuidará deles. “Pela
sincera e fervorosa oração devem os pais construir um muro em torno dos filhos. Devem suplicar, com
plena fé, que Deus entre eles habite, e santos anjos os guardem, a eles e aos filhos, do poder cruel de
Satanás.”16 Uma vez um homem disse-me que orava e jejuava pelos seus filhos e netos todos os dias
e os reclamava para Jesus. Hoje todos eles andam nos caminhos do Senhor.
“(…) A ORAÇÃO FEITA POR UM JUSTO PODE MUITO NOS SEUS EFEITOS.”
TIAGO 5:16
80
Notas
1
Ellen G. White. Testemunhos para a Igreja Vol. 7 (1902, Pacific Press), 42.
2
Ver Atos 2:42-47. “Em todas as pesquisas do projeto Valuegenesis, projetos familiares de ajuda ou atividades
altruístas têm sido vistas como um fator estatístico significativo na construção tanto de uma fé rica e em
desenvolvimento como na construção de lealdade à Igreja Adventista do Sétimo Dia.” Valuegenesis3
Atualização, Issues no 4: 2012, 5. hwicedu. adventistfaith.org/assests/40045. Acedido a 31 de Março, 2014.
3
George Barna. Transformar Crianças em Campeões Espirituais: Porque as crianças deveriam ser a prioridade #1
da Igreja (Regal Books, 2003), 77.
4
Ibid., 78.
5
S. Joseph Kidder. Os 4 Grandes: Segredos para uma Família de Igreja Próspera (Review & Herald, 2011), 128.
6
2009 Estudos Congregacionais para a Divisão Norte Americana www.cye.org/icm/projects/ reports. Acedido a 30
de Março, 2014.
7
Kidder, 128.
8
Sete famílias pastorais, sete famílias de professores, e sete famílias de membros leigos.
9
George Barna. Desenvolver a Igreja de fora para dentro: Compreender os de fora e como podemos alcança-los
(Regal Books, Rev Ed, 2002), 45.
10
George Barna. Adolescentes Reais: Um Instantâneo Contemporâneo da Cultura Jovem (Regal Books, 2001),
113.
11
Jerry W. Lee, Gail T. Rice, e V Bailey Gillespie. “O Padrão de Culto Familiar e a sua Correlação com o
Comportamento e Crenças Adolescentes”, Journal for the Scientific Study of Religion, 1997, 36(3), 373- 381.
12
White, 43.
13
Na página 43 do Volume 7 do livro Testemunhos para a Igreja, White diz, “O pai e, em sua ausência, a mãe,
deve dirigir o culto, buscando um trecho das Escrituras que seja interessante e de fácil compreensão. Convém
que o culto seja breve. Se for lido um capítulo extenso e feita uma oração longa, o culto torna-se cansativo e,
ao terminar, tem-se sensação de alívio. Deus é desonrado quando a hora da adoração se torna insípida e
enfadonha, quando é tão tediosa, tão destituída de interesse que as crianças lhe têm horror.”
14
White também afirma, “Em cada família deve haver um tempo determinado para os cultos matutino e
vespertino. Quão apropriado é reunirem os pais em redor de si aos filhos, antes de quebrar o jejum, agradecer
ao Pai celestial Sua proteção durante a noite e pedir-Lhe auxílio, guia e proteção para o dia! Quão adequado,
também, em chegando a noite, é reunirem-se uma vez mais em Sua presença, pais e filhos, para agradecer as
bênçãos do dia findo!” 7T, 43.
15
Alguns exemplos de “Grandes Capítulos” incluem, Génesis 1, Êxodo 20, Deuteronómio 6, Salmos 23, Isaías
53, Mateus 24, João 3, Romanos 8, 1 Coríntios 13, Hebreus 11, e Apocalipse 22.
16
White, 43.
81
O TESTE MARSHMALLOW
P A M EL A C O N S U EG R A
Uma experiência psicológica conhecida como “O Teste Marshmallow” (universidade da Pennsylvania, 2013) captou a
imaginação do público como um marco do autocontrolo e mesmo como um prognóstico do sucesso futuro nas
crianças. Este é um teste que mede o autocontrolo nas crianças assim como a sua capacidade de pôr em prática a
espera pela recompensa.
No clássico teste marshmallow, os investigadores deram às crianças a escolher entre um ou dois marshmallows.
Depois das crianças escolherem entusiasticamente os dois, o investigador diz que terá de sair da sala, por “um
bocadinho”. Também é dito às crianças que, se conseguirem resistir a comer o marshmallow que está à sua frente
até o investigador voltar, podem comer os dois marshmallows que preferirem. Com as crianças sozinhas na sala,
câmaras escondidas registam quanto tempo foram capazes, ou se, foram capazes de resistir à tentação. A maior
parte das crianças testadas tentaram esperar mas acabaram por ceder ao fim de alguns minutos.
Acompanhando as crianças com o passar do tempo, os pesquisadores concluíram que a capacidade de aguardar
neste exercício, aparentemente trivial, tinha consequências reais e profundas. Ao amadurecerem e se tornarem
adultos, as crianças que tinham demonstrado capacidade de esperar tiveram melhores notas, eram mais saudáveis,
desfrutavam de maiores sucessos profissionais e saíram-se melhor a permanecer nas relações – mesmo décadas
depois de terem feito o teste. Eram, resumidamente, melhores na vida. Em suma, o teste do marshmallow mudou a
forma como os educadores e os psicologistas pensavam acerca do sucesso: A lição aprendida foi de que não é só a
inteligência que importa, mas o autocontrolo, a paciência e a capacidade de dominar os impulsos através da espera
pela recompensa.
A reação das crianças parecem não ter lógica para nós, adultos. Afinal, se, à partida, decidiram esperar porque não
esperar até ao fim de forma a receber uma grande recompensa? Esperar pela recompensa! É algo com que todos
lutamos de vez em quando. Mas, sejamos honestos. Mesmo enquanto adultos, quando queremos, queremos no
imediato!
A pergunta que isto levanta é verdadeiramente para nós, enquanto pais, ao ensinarmos aos nossos filhos os
princípios da mordomia Cristã. Alcançamos um melhor ensino se dermos o exemplo no comportamento que
queremos que as nossas crianças imitem. Estamos nós a usar todos os nossos recursos (tempo, talentos e tesouros)
para a glória de Deus? É prática comum nos nossos lares o depor diante de Deus todos os nossos desejos e
vontades? Será que os nossos filhos nos veem, enquanto pais, a satisfazer todos os desejos do nossos coração ou,
veem-nos ajoelhados perante Deus pedindo-Lhe que nos ajude a alinhar as nossas prioridades de acordo com a Sua
vontade para as nossas vidas?
Considerem este importante conselho, “ E N S I N A I
DESDE
O
BERÇO
VOSSOS
FILHOS
A
EXERCER
A
ABNEGAÇÃO, O DOMÍNIO DE SI MESMOS.
ENSINAI-OS A DESFRUTAR AS BELEZAS DA NATUREZA E A
EXERCITAR SISTEMATICAMENTE AS FACULDADES DA MENTE E DO CORPO EM OCUPAÇÕES ÚTEIS. CRIAIOS DE MODO A TEREM CONSTITUIÇÃO SÃ E BOA MORAL, DISPOSIÇÃO ALEGRE E ÍNDOLE BRANDA.
IMPRESSIONAI-LHES A TENRA MENTE COM A VERDADE DE QUE NÃO É O DESÍGNIO DIVINO QUE
VIVAMOS MERAMENTE PARA SATISFAZER NOSSAS INCLINAÇÕES ATUAIS, MAS PARA NOSSO BEM FINAL.
ENSINAI-LHES QUE CEDER À TENTAÇÃO É FRAQUEZA E IMPIEDADE; RESISTIR-LHE, NOBREZA E
VARONILIDADE. ESSAS LIÇÕES SERÃO COMO SEMENTES LANÇADAS EM BOA TERRA, E PRODUZIRÃO
FRUTOS QUE FARÃO A ALEGRIA DE VOSSO CORAÇÃO.”
( W H I T E , 1 9 5 4 , P Á G . 1 1 3 ) . Estas são palavras
poderosas, escritas há muitos anos, que continuam a ser verdade hoje. As lições que ensinamos aos nossos filhos
desde o berço darão frutos ao longo de toda a sua vida e, com certeza, pela eternidade.
Se, como indicado pela pesquisa e pelo conselho divino, o esperar pela recompensa ou domínio próprio influencia
tantos aspetos do futuro dos nossos filhos, como podemos nós, enquanto pais ensinar-lhes esta importante
capacidade?
1. S E J A M U M M O D E L O C R I S T Ã O P O S I T I V O : Esta é a forma mais importante de ensinar o domínio próprio e a
espera pela recompensa. Como gerimos o nosso dinheiro? Temos um orçamento? Uma conta poupança? Os nossos
filhos veem-nos poupar para comprar o que pretendemos adquirir? Ouvem-nos orar por sabedoria relativamente às
nossas decisões financeiras? Afinal de contas, esta é uma questão de praticarmos os princípios de mordomia
Cristãos.
2. E N S I N E M A E S P E R A R : Muitos pais deixam que os filhos poupem uma parte do dinheiro necessário para
comprarem “uma coisa que desejam”. Depois põem o resto do dinheiro necessário para “compensar a diferença”.
Em vez disso, se a mesma criança tivesse tido de poupar todo o dinheiro para comprar o objeto desejado, espantarse-iam com a quantidade de casos em que não decidiriam comprar esse mesmo objeto assim que tivessem o
dinheiro.
3. E N S I N E M O V A L O R D E U M C Ê N T I M O : procurem oportunidades de reforçar a ideia de que ao gastarem dinheiro
em coisas aparentemente pequenas (gelados, refrigerantes, jogos de máquina) para satisfação imediata, depois não
estarão em posição de comprar algo significativo que realmente desejem. A pequena compra pode parecer como
cêntimos na altura, mas esses cêntimos vão acumulando.
4. E N S I N E M O Q U E S Ã O C O N S E Q U Ê N C I A S : Quando eles compram alguma coisa, façam questão de perguntar, uma
semana depois (para crianças mais pequenas) ou um mês mais tarde se consideram que foi uma escolha inteligente.
Valeu o seu dinheiro?
5. E N S I N E M A P O U P A R : Abram uma conta poupança para eles. Sentem-se com eles e analisem a conta para eles
possam ver o progresso que estão a fazer mês após mês e ano após ano. Esta é uma oportunidade de ensinar lições
valiosas sobre juro composto e de verem como a poupança se constrói ao longo do tempo.
Referências:
Universidade da Pennsylvania. (2013, Março 30). “Delaying Gratification, Improving Self Control, And The Marshmallow Test.”
Medical News Today. Retirado de http://www.medicalnewstoday.com/ releases/258323.php.
White, Ellen G. (1954). Orientação da Criança. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1954.
83
CRESCER EM AMOR
E LAI N E
E
W I L LI E O LI V ER
O TEXTO
“O R A , O M E S M O N O S S O D E U S E P A I , E N O S S O S E N H O R J E S U S C R I S T O , E N C A M I N H E A N O S S A V I A G E M P A R A V Ó S , E O
SENHOR VOS AUMENTE , E FAÇA ABUNDAR EM AM OR UNS PARA COM OS OUTROS, E PARA COM TODOS, COMO TAMBÉM
ABUNDAMOS PARA CONVOSCO, PARA CONFORTAR OS VOS SOS CORAÇÕES, PARA QUE SEJAIS IRRE PREENSÍVEIS EM
SANTIDADE, DIANTE DE NOSSO DEUS E PAI, NA VINDA DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO COM TODOS OS S EUS
SANTOS.”
I T E S S A L O N I C E N S E S 3: 1 1 -1 3
Introdução
Numa viagem recente à Cidade do Cabo, na África do Sul, estávamos cheios de alegria e humildade quando fomos
apresentados ao casal Sipho e Thandiwe durante uma palestra numa das igrejas da área. Este duo, marido e esposa,
tinham frequentado um dos nossos seminários numa visita anterior. Com planos em mãos para se divorciarem, o
Sipho e a Thandiwe participaram no nosso seminário pro curiosidade. Também tinham prometido a amigos que
viriam, por isso estiveram presentes.
O nosso seminário naquela ocasião foi sobre desenvolver relacionamentos matrimoniais mais saudáveis. Impactados
por aquilo que ouviram, o Sipho e a Thandiwe determinaram usar a informação que providenciamos para
trabalharem no sentido de terem um casamento mais saudável e mais significativo. Que alegria que foi encontrar
este casal fantástico cujo casamento tinha tido um volte face devido ao que tínhamos partilhado com eles um par de
anos antes.
Hoje, muitos de nós estamos em relacionamentos difíceis e stressados com os nossos pais, mães, filhos, cônjuges,
vizinhos, amigos, membros de igreja, pastores, tias, tios, avós ou netos. Faz parte do plano de Satanás trazer conflito,
stress, tensão e trauma aos nossos relacionamentos. Porém, Deus quer dar-nos paz, alegria e contentamento nos
nossos relacionamentos para que possamos exalar o Seu amor ao mundo e construir memórias que nos manterão
esperançosos no futuro até que Jesus venha outra vez.
Primeira de Tessalonicenses chegou até à igreja de Tessalónica vindo de três autores – Paulo, Silvano e Timóteo (1:1,
ver também II Tessalonicenses 1:1). Paulo foi claramente o primeiro autor da carta (2:18; 3:5; 5:27), mas ficou feliz
em partilhar os créditos com os seus colegas de ministério.
Silvano – chamado Silas no livro de Atos – foi um líder na igreja de Jerusalém (Atos 15:22), um profeta (Atos 15:32), e
um cidadão Romano (Atos 16:37-38). Ele tornou-se companheiro de viagem de Paulo depois de este se ter separado
de Barnabé (Atos 15:36-41). Quando em Filipos, sofreram maus tratos e prisão pouco tempo antes de chegarem a
Tessalónica. Por outro lado, Timóteo era um jovem que Paulo conheceu na sua primeira viagem missionária e
juntou-se imediatamente a Paulo no ministério (Atos 16:1-3), ajudando Paulo e Silas a estabelecer a igreja em
Tessalónica (Atos 17:1-9).
O contexto histórico de I e II de Tessalonicenses é descrito em Atos 17 e 18 e existem outras dicas também nas
cartas. Depois de uma experiência dolorosa em Filipos (Atos 16:12-40; I Tessalonicenses 2:2), Paulo e os seus
companheiros (Silas e Timóteo) mudaram-se para a cidade de Tessalónica, que tinha uma sinagoga Judia (Atos 17:1).
84
Em Tessalónica Paulo pregou a partir das Escrituras que era necessário que o Messias sofresse primeiro e depois
ressuscitasse dos mortos. Ele também tentou mostrar que Jesus era o cumprimento daquilo que era suposto o
Messias ser (Atos 17:2-3). No processo da pregação de Paulo, muitos Judeus e Gregos creram (Atos 17:4), mas
rebentaram os tumultos (Atos 17:5-6) e as autoridades da cidade intervieram (Atos 17:8-9), insistindo que Paulo e
Silas – e presumivelmente Timóteo - deixassem rapidamente a cidade (Atos 17:10).
Depois de problemas adicionais em Bereia, Paulo viajou para Atenas e mandou chamar Silas e Timóteo (Atos 17:1415). Pouco depois disto, Paulo enviou Timóteo de volta a Tessalónica para visitar os crentes ali e verificar o seu
progresso espiritual (I Tess. 3:1-2). Silas também regressou à Macedónia (Atos 18:5), para visitar ostensivamente a
jovem igreja em Filipos e encorajar os crentes. Depois de Paulo deixar Atenas, ele viajou para Corinto (Atos 18:1)
juntando-se a ele, Silas e Timóteo (Atos 18:5). Foi durante esta altura em Corinto que Pauli e os seus companheiros
escreveram I aos Tessalonicenses.
Nos dias de Paulo a Grécia estava dividida em duas províncias Romanas. A província do Norte que incluía Tessalónica
e Filipos chamava-se Macedónia. A província do sul que incluía Atenas e Corinto, era chamada Acaia. Ambas as
províncias também são mencionadas nesta carta, assim como em Atos 19:21, Romanos 15:26 e em II Coríntios 9:2 e
11:9-10. Tessalónica era a maior cidade da Macedónia, com um porto no Mar Egeu e uma estrada principal – a Via
Egnácia – que conduzia ao mar Adriático e depois para Roma.
A primeira carta a Tessalónica foi provavelmente escrita desde Corinto, como mencionado acima, uma vez que Paulo
parecia estar consciente daquilo que as pessoas em Acaia estavam a pensar, a província onde Corinto estava
localizado (I Tessalonicenses 1:7-8). A primeira carta aos Tessalonicenses foi escrita por volta dos anos 50 a 51 A.D.,
pouco tempo depois da visita original de Paulo à cidade (I Tessalonicenses 2:17).
É natural que os novos crentes enfrentem sérios desafios nas semanas que se seguem à sua conversão. Paulo estava
consciente desta realidade e não podendo estar com eles nestes momentos, ele enviou Timóteo para verificar a
estabilidade espiritual dos crentes. Assim que Paulo recebeu um relatório da fidelidade dos novos crentes e também
sobre alguns desafios que estavam a enfrentar; ele respondeu às suas perguntas e experiências com a carta que
conhecemos como I Tessalonicenses.
A igreja de Tessalónica estava a sofrer com questões comportamentais, em parte, devido a ideias confusas sobre a
volta de Jesus e os eventos que iriam rodear a Sua volta. Por isso a principal foco de I Tessalonicenses são os últimos
dias da história desta terra. Na verdade, todos os capítulos da carta concluem com uma referência à Segunda Vinda
de Jesus (1:9-10; 2:19-20; 3:13; 4:13-18; 5:23-24).
É muito possível que os Tessalonicenses tenham entendido mal os ensinos de Paulo, presumindo que iriam estar
todos vivos até à volta de Jesus. Pareciam ter compreendido que os crentes que morressem estariam, de uma certa
forma, em séria desvantagem quando Jesus regressasse (4:13-15). Contudo, Paulo assegura os crentes em
Tessalónica na sua carta de que os justos mortos serão ressuscitados primeiro para participarem totalmente com os
que estiverem vivos (4:15-17). Também deixa claro que a vinda de Jesus não será secreta (4:16) e de que todos os
redimidos se encontrarão com Ele nos ares (4:17).
Em I Tessalonicenses 5:1-11, Paulo volta o seu foco para preparação para a Segunda Vinda. Embora o timing da volta
de Jesus seja uma surpresa (5:2-3), Paulo ensina que os crentes estarão preparados para este evento através de uma
vigilância e auto disciplina (5:4-8), movidos pela esperança e pelo sacrifício de Cristo na cruz (5:8-10). Ao ter um
conhecimento detalhado do que vai acontecer no tempo do fim, os crentes encontram encorajamento para lidar
com os desafios do presente (4:18; 5:11).
Uma vez que a igreja de Tessalónica estava firme na sua decisão por Cristo, Paulo também se focou nas lutas que
estavam a enfrentar na vivência da sua fé. A sociedade Romana contemporânea tinha pouca contenção sexual, à
85
semelhança da realidade atual. Em contrapartida, Paulo ensina cuidadosamente estes crentes que o sexo fora do
casamento prejudica os envolvidos, assim como os outros que são influenciados por eles (4:3-6).
Também parece que alguns dos Tessalonicenses tinham parado de trabalhar (4:11; II Tessalonicenses 3:6-7),
estavam a viver à conta de outros (II Tessalonicenses 3:6-7), e tinha-se tornado desordenados e indisciplinados (I
Tess. 5:14; II Tess. 3:6-7, 11), perdendo o respeito mesmo dos seus vizinhos Gentios. Paulo responde enfatizando
que os Cristãos deviam cuidar da sua vida (I Tess 4:11-12) e sustentar-se a si mesmo ao esperarem a volta de Jesus
Cristo (II Tessalonicenses 3:6-9).
Aplicação
Pegando nas deixas do apóstolo Paulo, reparamos que a Bíblia é um texto para relacionamentos humanos. Um
exemplo desta noção é a forma como as diretivas relacionais são ordens que pretendem criar o enquadramento
para viver em relacionamento com os nossos companheiros seres humanos: por exemplo, Mateus 7:12:
“PORTANTO, TUDO O QUE VÓS QUEREIS QUE OS HOMENS VOS FAÇAM, FAZEI-LHO TAMBÉM (...)” A
regra de ouro. Mateus 22:39 “ ( … ) A M A R Á S O T E U P R Ó X I M O C O M O A T I M E S M O . ” Lucas 6:27: “ ( … ) A M A I
O S V O S S O S I N I M I G O S , ( … ) ” . Romanos 12:18: “ S E F O R P O S S Í V E L , Q U A N T O E S T I V E R E M V Ó S , T E N D E P A Z
C O M T O D O S O S H O M E N S . ” Efésios 5:21: “ S U J E I T A N D O - V O S U N S A O S O U T R O S N O T E M O R D E D E U S . ”
Existem diretivas relacionais específicas para as famílias:
Casamento – Provérbios 5:18: “ ( … )
ALEGRA-TE COM A MULHER DA TUA MOCIDADE.”
Efésios 5:22, 25:
“(…)MULHERES, SUJEITAI-VOS AOS VOSSOS MARIDOS, COMO AO SENHOR”; “(…) MARIDOS, AMAI AS
VOSSAS MULHERES, COMO, TAMBÉM,
Pais - Efésios 6:4: “ E
CRISTO AMOU A IGREJA (…)”
VÓS, PAIS, NÃO PROVOQUEIS A IRA AOS VOSSOS FILHOS, MAS CRIAI-OS NA
DOUTRINA E ADMOESTAÇÃO DO
SENHOR.”
Filhos – Provérbios 4:1: “ O U V I , F I L H O S , A C O R R E Ç Ã O D O
P R U D Ê N C I A . ” Colossenses 3:20: “ V Ó S , F I L H O S , O B E D E C E I
AGRADÁVEL AO
PAI, E ESTAI ATENTOS PARA CONHECERDES A
EM TUDO AOS VOSSOS PAIS, PORQUE ISTO É
SENHOR.”
Pelo menos três dos mandamentos pretendem proteger, preservar e melhorar a vida na família, na sociedade e na
igreja: Êxodo 20:12: “Honra a teu pai e a tua mãe, (…)” Êxodo 20:14: “Não adulterarás.” Êxodo 20:17: “(…) não
cobiçarás a mulher do teu próximo (…)”
Ao nos prepararmos para a vinda do Senhor, deveríamos ser diligentes no crescer em amor, para que possamos
construir memórias que fortaleçam cada um dos nossos relacionamentos e assim ajudarmos a abreviar o dia do
Senhor.
Em Dezembro de 2013 estávamos em Atenas, na Grécia a conduzir uma formação para líderes dos Ministérios da
Família da Divisão Transeuropeia. Estavam presentes líderes de Inglaterra, da Finlândia, da Holanda, da Noruega, da
Polónia, da Sérvia, da Suíça e talvez mais um par de outros países. A meio da semana os Diretores da Divisão tinham
organizado uma saída a Corinto, uma das cidades onde o apóstolo Paulo tinha vivido e exercido ministério.
Corinto era uma cidade estado no Istmo de Corinto, a estreita faixa de terra que junta o Peloponeso à Grécia,
aproximadamente a meio caminho entre Atenas e Esparta e a cerca de 48 quilómetros a sudoeste de Atenas. No
nosso autocarro alugado levámos cerca de uma hora a chegar lá. Mesmo antes de deixarmos Atenas, o Pastor
Apostolos Maglis, Presidente da Missão Grega, deu a cada participante uma cópia de um capítulo do livro “Passa à
Macedónia e ajuda-nos”, escrito por Katerina Erevnidou, uma professora Grega adventista que relatou o ministério
do apóstolo Paulo na Grécia e em especial em Corinto.
86
Quando chegámos a Corinto, já tínhamos lido o capítulo e recebido instrução sobre a razão pela qual o capítulo
sobre o amor, I Coríntios 13 tinha sido escrito aos Coríntios.
Corinto era uma cidade rica devido ao seu comércio, à sua localização no Istmo e aos seus dois portos. Os Fenícios,
sendo o povo naval e comercial mais famoso da antiguidade, tinham uma agência de comércio e navegação em
Corinto; por isso, Corinto tornou-se o centro de importantes ofícios manuais. O transporte de navios e bens de um
porto para o outro traziam muitos marinheiros que passavam bastante tempo em Corinto. E dado que os portos
internacionais eram especialmente conhecidos pela sua corrupção, Corinto – um porto internacional – também era
conhecido pela sua corrupção.
A divindade principal do mundo antigo venerada em Corinto era Afrodite (Vénus), a deusa do amor. Uma grande
parte da sua adoração baseava-se na prostituição. O templo de Afrodite em Corinto era tão rico que tinha como
sacerdotisas mais de mil prostitutas consagradas à adoração da deusa tanto por homens como mulheres.
Naturalmente, a presença destas mulheres atraía um grande número de homens e especialmente viajantes
abastados, mercadores e proprietários de navios, contribuindo para o enriquecimento da cidade e para a ruína
financeira de muitos destes viajantes entregues à luxúria. De facto, da raiz da palavra “Corinto” deriva o verbo
“corintizar” que significa viver na luxúria e deboche. Assim era Corinto nos dias de Paulo. Neste contexto, o apóstolo
Paulo sob inspiração dirige os crentes de Corinto a uma verdadeira compreensão do amor.
O âmago da mensagem de amor está nos versículos 4-8 de I Coríntios 13: (4) O amor é paciente e prestável; não é
invejoso. Não se envaidece nem é orgulhoso. (5) O amor não tem maus modos nem é egoísta. Não se irrita nem
pensa mal; (6) O amor não se alegra com uma injustiça causada a alguém, mas alegra-se com a verdade. (7) O amor
suporta tudo, acredita sempre, espera sempre e sofre com paciência. (8) O amor é eterno…
Devemos crescer em amor, para construirmos o tipo de memórias que nos irão ajudar a permanecermos discípulos
de Jesus Cristo. Deve ser uma vida de intencionalidade a invocar o poder de Deus nas nossas vidas diariamente, para
sermos mais e mais como Jesus, pacientes e amáveis e perdoadores.
Quando nos comparamos aos ideais da Palavra de Deus, também proferimos em desespero e vergonha o que o
apóstolo afirma em Romanos 7:15-24:
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço, não o
aprovo; pois, o que quero, isso não faço, mas o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a
lei, que é boa. De maneira que, agora, já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei
que, em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo
realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas, o mal que não quero, esse faço. Ora, se eu faço o que não
quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho, então, esta lei em mim: que, quando quero fazer o
bem, o mal está comigo. Porque segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; Mas vejo nos meus
membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado, que está
nos meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”
Hoje lembramos-vos que para permanecermos sendo o povo de Deus devemos, por definição, crescer em amor
todos os dias. Sabemos que isto é possível conforme o apóstolo Paulo escreve na sua carta aos Filipenses no capítulo
4:13: Posso todas as coisas, naquele que me fortalece.
Conclusão
Todos os Sábados de manhã eu (Willie) recebo uma sms de grupo do Bill Knott, o editor da Revista/Mundo
Adventista, cujo escritório não fica longe do nosso. A mensagem que o Bill enviou há vários meses reside no cerne da
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questão se vamos crescer em amor. Diz assim: “Querido Irmão em Cristo: Engraçado, não é, como todas as nossas
medidas de sucesso mudam quando a graça habita em nós? Pomos os outros à frente; entesouramos o silêncio;
perdoamos frequentemente; quase nunca criticamos. Depomos o martelo e o bastão. Pegamos - alegremente – na
bacia e na toalha. A graça diz-nos que precisamos de nada mais que Jesus, e assegura-nos que um dia celebraremos
entre a grande e inumerável multidão em que as pessoas não querem saber nem um pouco se cantam melhor que a
pessoa que está ao seu lado.”
Ao vivermos as nossas vidas nesta terra até à vinda de Jesus – e Ele virá em breve – devemos continuar a crescer em
amor. Certamente, não o podemos fazer por nós mesmos. Tropeçaremos como os Tessalonicenses ou os Coríntios
que não ouviam Paulo e não tiraram para si proveito do poder de Deus.
No contexto de crescer em amor, Ellen White partilha na C I Ê N C I A
DO
BOM VIVER, PÁG. 486: “SE VOS
FOREM DIRIGIDAS PALAVRAS IMPACIENTES, NUNCA RESPONDAIS NO MESMO TOM.”
Para crescermos em amor devemos lembrar-nos de crescer em Cristo a cada dia. Para crescer em Cristo cada dia
devemos lembrar-nos sempre, Ele prometeu “estar sempre connosco” (Mateus 28:20), dar-nos a sua paz (João
14:27) e suprir todas as nossas necessidades (Filipenses 4:13).
Quando conhecemos o Sipho e Tandhiwe na África do Sul, eles pareciam felizes. Pareciam ligados. Podiam ter sido
confundidos com um casal na lua-de-mel. A chama estava de volta; o amor era óbvio. Tinham decidido que as suas
vidas juntas precisavam de crescer em amor e construir memórias que iriam manter o seu casamento saudável e
forte.
Confiemos e dependamos de Deus a cada dia para que tenhamos paz em todos os nossos relacionamentos, iremos
construir boas memórias diariamente e estaremos prontos para a vinda do Senhor.
Que Deus nos abençoe neste propósito, esta é a nossa oração.
Referências
Dybdahl, J. L. (Ed.). (2010). Andrews Study Bible Notes (pp. 1566–1567). Berrien Springs, MI: Andrews University Press.
Erevnidou, K. (n.d.). Passa à Macedónia e Ajuda-nos. NP: n.p.
White, E. G. (1952). Ciência do Bom Viver. Nampa, ID: Pacific Press Publishing Association.
88
ARTIGOS REIMPRESSOS
89
A COISA MAIS IMPORTANTE QUE PRECISAM SABER SOBRE EDUCAÇÃO
D O N N A H A B EN I CH T
A refeição do fim do dia era a mais importante no lar da Maria e do Jorge, o único momento em que comiam juntos
como família. Não era permitido que nada interferisse com este acarinhado tempo em família – nem jornais, nem
livros, nem TV, nem iPads, nem computadores, nem telemóveis e o telefone ia para o atendedor automático. Os
seus filhos, da Yomarie, de quatro anos ao Pedro de treze, todos antecipavam avidamente este momento especial
com o seu pai. Eles sabiam que ele era muito ocupado no ministério junto das pessoas da igreja e da comunidade,
mas neste momento especial do dia, o Pai era deles – sem interrupções.
Por vezes o Pai até chegava um pouco mais cedo e eles podiam brincar a um jogo rápido de bola ou ver um novo
website antes de comerem. Ocasionalmente aparecia uma emergência séria e o Pai não conseguia chegar a casa a
tempo do jantar, mas os miúdos compreendiam. O seu pai – o pastor – deve responder a uma verdadeira
emergência. Por vezes, ele estava fora da cidade a tratar de questões importantes.
Depois da hora da refeição, o Jorge e a Maria adoravam a Deus em família antes das atividades da noite. O Jorge
geralmente visitava as famílias da igreja, estudava a Bíblia com famílias interessadas ou participava em reuniões da
comissão enquanto a Maria ajudava as crianças com os trabalhos de casa e os deitava. O Jorge tentava estar em casa
às 21:30, a tempo de ter uma conversa calma com um dos filhos mais velhos e com a Maria, depois das crianças
estarem a dormir.
As coisas eram bem diferentes no lar da Elena e do Eduardo. A Elena servia um jantar delicioso, mas ela e as crianças
geralmente comiam sozinhos. Normalmente o Eduardo pensava que estava demasiado ocupado para ir a casa
comer, por isso na maior parte das noites ele agarrava alguma refeição rápida e continuava a trabalhar no seu
sermão, a ajudar algum membro necessitado da sua congregação ou numa comissão até muito depois das crianças
terem ido dormir. Quando de facto chegava a tempo do jantar, ele atendia o telemóvel repetidamente e muitas
vezes, comia à pressa, saia pela porta a correr para uma “emergência”. Raramente havia tempo para jogar à bola
com as crianças ou ouvir sobre o seu dia e geralmente a Elena fazia o culto com as crianças sem ele. Os filhos de
Eduardo mal o conheciam.
A Elena ansiava por apoio com a educação dos filhos, mas o Eduardo achava que estava demasiado ocupado para se
envolver. Na maior parte do tempo ela tinha de lidar com os trabalhos da escola, maus comportamentos, culto com
as crianças, decisões sobre assuntos do dia-a-dia, amigos, desportos, o trimensário da Escola Sabatina e muito mais.
A lista parecia infindável. Por vezes o Eduardo envolvia-se se houvesse um problema sério de disciplina. Era muito
rígido, não se inclinava para escutar o ponto de vista da criança e favorecia uma punição severa.
Vamos andar rapidamente 15 anos para a frente. O que estão os filhos destas duas famílias pastorais a fazer? Será
que amam o Senhor e estão a servi-Lo? Ou vaguearam para longe de Deus e não querem ter nada a ver com a igreja?
A melhor previsão do resultado da educação destas duas famílias é o seu comportamento enquanto pais,
geralmente chamado de estilo parental. Centenas de estudos, iniciados nos anos 50 e que continuaram pelo séc. 21,
exploraram a relação entre diferentes comportamentos parentais e diferentes resultados nas vidas das crianças.1,2
90
O E S T I L O P A R E N T A L – o panorama completo da educação das crianças – é descrito por dois aspetos principais do
relacionamento pais-filhos: Apoio (reação às necessidades da criança) e controlo (exigências, ensino e disciplina). A
forma como os pais apoiam e controlam os seus filhos afeta a atmosfera do lar e o tom emocional da interação
familiar, que influencia tudo o resto que acontece na família.
APOIO
No diagrama sobre os estilos de educação a linha vertical representa o apoio que pode ir desde um apoio muito
forte, na ponta superior até a uma quase total ausência de apoio no outro extremo (ver Figura 1).
EDUCAÇÃO QUE APOIA
Os pais que apoiam são centrados na criança e reagem às necessidades dos seus filhos. Mostram muito amor,
bondade e ternura aos seus filhos, abraçam e mimam-se, dizem “amo-te” frequentemente e usam a linguagem de
amor dos seus filhos frequentemente. Também reparam quando o seu filho/filha teve um dia difícil e precisa de uma
dose extra de amor parando o que estão a fazer para se “sintonizarem” e ouvirem. Estes pais comem, brincam,
trabalham e oram com os seus filhos todos os dias.
Num lar que apoia os pais e os filhos falam muito uns com os outros. Ambos sabem que os outros se sentem, e os
filhos compreendem as razões dos padrões da sua família. Os pais respeitam e escutam o ponto de vista da criança e
mostram paciência para com os erros e inconsistências infantis. Têm tato, são solidários, compreensivos e
misericordiosos com os seus filhos. Uma atmosfera de respeito para cada membro da família reina no lar. A
independência e a individualidade são encorajadas. Os pais que apoiam são mensageiros do amor de Deus para
todos os seus filhos.
PAIS QUE NÃO APOIAM
Os pais que não apoiam são geralmente centrados nas suas próprias necessidades. Os pais adulto-cêntricos dão
pouca consideração às necessidades dos filhos – a sobrevivência diária ou o poder parental são o que importa.
Raramente é permitido que as crianças exprimam uma opinião porque os pais têm receio de perder o controlo ou
não perdem tempo para ouvir. Os pais não mostram muita simpatia e podem ser desagradáveis, frios e rudes com os
seus filhos. Não estão muito interessados ou envolvidos nas vidas dos seus filhos. Os rebaixamentos são comuns. A
independência e a individualmente são tabus.
CLIMA EMOCIONAL DO LAR
A dimensão do apoio do estilo parental e a forma como os pais se dão um com o outro criam o clima emocional do
lar, seja ela de uma atmosfera geral de calor e carinho ou uma de frieza e hostilidade. O clima emocional dá cor a
tudo o que acontece no lar, dando à vida familiar uma aura de alegria e felicidade ou de repressão e tristeza.
Desempenha um papel significativo no sentido das crianças aceitarem ou rejeitarem a religião e os valores dos seus
pais.
CONTROLO
O controlo descreve quem está encarregue da família – os pais ou filhos. O controlo pode variar desde exigente,
direta, elevado em controlo parental a condescendente, baixo em controlo de paternidade permissiva (ver figura 1).
O controlo também desempenha um papel na aceitação ou rejeição da religião e valores parentais.
ELEVADO CONTROLO PARENTAL
Os pais diretos, exigentes estabelecem limites para os comportamentos dos filhos, explicam os limites claramente e
respondem a quaisquer questões que os filhos tenham. Depois reforçam consistentemente estes limites. Ensinam os
seus filhos a serem razoáveis e a tomarem decisões apropriadas à idade e as crianças ganham muita prática na
91
tomada de decisões. Embora estes pais sejam firmes e ensinem valores claros à sua família, são razoáveis e não
esperam que os seus filhos sejam perfeitos, mesmo que sejam os filhos do pastor!
O domínio próprio serve a uns e a outros – os pais também devem ter autocontrolo. Se não conseguem manter a
calma e lidar tranquilamente com a situação, dizem, “Lidamos com isto mais tarde.” Depois saem para orar por
calma e sabedoria.
Quem é que está ao leme da família? Os pais.
BAIXO CONTROLO PARENTAL
Pais indulgentes e nada exigentes acham que as crianças não precisam de limites e orientação. “As crianças precisam
de se expressar” é uma das suas deixas preferidas. Geralmente qualquer comportamento está OK. Os limites que
tentam, de facto, estabelecer são normalmente reforçados de forma inconsistente. A casa tem poucas regras e
geralmente não funcionam sob uma calendarização. A hora de deitar e das refeições são quando as crianças querem.
Os pais fazem apenas tentativas fracas ou imprevisíveis de ensinar as crianças a terem domínio próprio, a tomarem
decisões ou capacidades planeadas.
Quem está ao leme da família? Os filhos.
ESTILOS DE PAIS
As dimensões cruzadas do apoio e do controlo identificam quatro quadrantes que definem os quatro estilos de pais:
Autoritários-Comunicativos, Autoritários, Permissivos-Indulgentes e Indiferentes-Negligentes. Cada estilo é descrito
pela qualidade e quantidade de apoio e controlo no relacionamento pai/mãe-criança. Vamos começar pelo melhor.
PAIS AUTORITÁRIOS
Os pais autoritários-comunicativos procuram seguir o modelo parental de Deus: amor e graça incondicionais,
diretrizes claras para os valores morais e comportamento, ação disciplinar quando necessário.3
Os pais autoritários-comunicativos têm um relacionamento caloroso com os seus filhos e são simpáticos e atentos às
suas necessidades. São pais firmes, pacientes, amáveis e razoáveis. Ensinam os seus filhos a raciocinar e a tomar
decisões.
São respeitados tanto os direitos dos pais como os dos filhos. João, o pastor de um distrito com várias igrejas,
explicou claramente aos seus filhos porque é que todos os membros das suas igrejas desejam ver a sua família na
sua igreja. É importante que, de vez em quando, as crianças o acompanhem a cada igreja. Na maior parte do tempo
podem ficar “na sua” igreja porque as crianças precisam de sentir que pertencem e querem estar com os seus
amigos.
O pai e mãe de uma família pastoral estabelecem padrões claros e esperam um comportamento maduro. Os limites
são reforçados de forma consistente, para que as crianças saibam onde ficam as fronteiras. Quando o castigo é
necessário, é razoável e bem compreendido pela criança. Eles não esperam crianças que sejam como cortadores de
bolachas, feitos à imagem do modelo de “filho perfeito de pastor” de alguém. As crianças têm escolhas e a
independência e a individualidade são encorajadas.
Os pais autoritários-comunicativos são interessados e envolvidos nas vidas dos seus filhos. Eles sabem onde andam
os seus filhos, as suas atividades e amigos quando estão fora de casa e mantêm-se atualizados em relação ao que
acontece na escola. Os pais e os filhos conversam diariamente. As crianças sabem que os pais irão ouvi-las, tê-las em
consideração e valorizar as suas opiniões.
As crianças estão seguramente ligadas aos seus pais. O seu desenvolvimento moral é forte e firme. São confiantes,
amigáveis, felizes e cooperantes, e desfrutam de respeito próprio e autoestima.
92
Normalmente saem-se bem academicamente e são orientados para a concretização e o sucesso. Responsáveis e
independentes, mostram frequentemente capacidades de liderança.
Normalmente escolhem abraçar os valores e a religião da família pastoral em que cresceram. Uma consciência forte
e ajuizada, geralmente, permite-lhes ter força para resistir à pressão dos pares e a fazerem o que sabem ser correto.
O seu Deus é uma mistura perfeita de misericórdia e justiça, um Deus que os ama continuamente e os atrai para
mais perto de Si.3
PAIS AUTORITÁRIOS
Os pais autoritários são centrados nos adultos, assertivos pela força, exigentes e controladores, assim como
propensos a rejeitar, sem reação e não-comunicativos. Tendem a depender demasiado da força e da punição física.
A comunicação entre pais e filhos normalmente só tem uma via – dos pais para os filhos, com ordens inflexíveis
espera-se que as crianças obedeçam sem questionar. Os pais raramente explicam as razões para as suas ordens ou
permitem que as crianças tomem decisões por si mesmas. Não ensinam capacidades para tomada de decisões.
Existe muito pouco apoio amoroso às crianças.
Infelizmente, o estilo autoritário é bastante comum entre as famílias religiosas conservadoras que justificam os seus
próprios atos escondendo-se atrás de um falso conceito da autoridade de Deus. É fácil a família pastoral cair de
forma não intencional neste tipo de educação. Afinal de contas, não é o ministro de culto a “voz de Deus” para os
seus paroquianos? É mais rápido ordenar do que explicar, ensinar e dialogar com as crianças. Numa vida demasiado
ocupada, é fácil tornarmo-nos egocêntricos e descontar as nossas frustrações na família.
Os filhos de pais autoritários normalmente reagem de uma de duas formas: Ou se rebelam contra os valores dos
seus pais e saem de casa assim que conseguirem ou se tornam pessoas sem vontade própria, indivíduos indecisos,
incapazes de lidar com decisões morais difíceis. Não têm uma consciência forte e estão aptos a acolher os valores
negativos à sua volta, ou podem tentar ser “perfeitos”, esperando granjear os favores de Deus através das suas boas
obras. O seu Deus está focado na justiça. A misericórdia e a graça não fazem parte da “fotografia”.
PAIS PERMISSIVOS
Os pais permissivos-indulgentes têm um relacionamento caloroso com os seus filhos e são muito interessados nas
suas atividades, mas reagem excessivamente às suas necessidades. São amigos dos seus filhos, não seus pais, por
isso as crianças desenvolvem os seus próprios valores sem orientação parental. Uma vez que as crianças
normalmente podem fazer o que querem, quando querem, tornam-se impulsivos e egocêntricos. Nunca aprenderam
o que é o domínio próprio, por isso o seu desenvolvimento moral e da sua consciência é fraco. Têm dificuldade em
enfrentar problemas e em resolver situações duras. Preferem fazer as coisas ao seu jeito. O seu Deus é um Deus que
aceita, um Deus de amor que olha para o outro lado quando os seres humanos se portam mal. O pecado não é o
problema principal no universo.
PAIS INDIFERENTES-NEGLIGENTES
Os pais indiferentes-negligentes fazem poucas tentativas para orientar os seus filhos e basicamente ignoram-nos.
Não estão comprometidos com a educação da criança e têm pouco interesse nas necessidades do filho. Podem
abusar fisicamente dos seus filhos e podem não prover às suas necessidades físicas. Outros pais podem prover bem
às necessidades físicas dos seus filhos, mas estão demasiado ocupados ou desinteressados para se envolverem
emocionalmente com os seus filhos ou para os orientar.
Famílias ocupadas com duas carreiras profissionais podem cair facilmente neste estilo. Frequentemente dão aos
filhos liberdade excessiva e momentos sem supervisão demasiado precocemente (autonomia prematura). Pesquisas
recentes demonstram que permanecerem ligados às suas famílias, especialmente a ligação pai-jovem, entre os 1093
14 anos, reduz o abuso de drogas, os comportamentos sexuais de risco, a delinquência e outros problemas
comportamentais durante a adolescência.4
Os filhos de pais indiferentes-negligentes têm mais probabilidades de aceitar os valores negativos da sociedade
porque têm um fraco desenvolvimento moral e espiritual. Tendem a ser delinquentes e têm frequentemente
problemas emocionais profundos relacionados com a negligência que viveram. O seu Deus é um governante distante
do universo que não se preocupa realmente com o que acontece na terra.
PAIS DE SUCESSO
Qual é o segredo para sermos pais bem-sucedidos? Demonstrar o máximo de amor com o equilíbrio certo entre a
independência e o controlo. O estilo autoritário-comunicativo é o modelo que mais se parece ao estilo parental de
Deus e é o mais bem-sucedido de acordo com décadas de pesquisas.
Será que a educação autoritária detém resultados semelhantes em culturas diferentes? Os efeitos positivos da
educação autoritária, diretiva são fortes em todos os grupos culturais estudados. A capacidade de reação ou a
proximidade emocional têm componentes culturais específicos. As crianças compreendem a forma como a sua
cultura exprime a intimidade entre pais e filhos. “Independentemente de quão específica é a definição e a expressão
da sensibilidade de cada grupo cultural, a premissa fundamental do modelo autoritário de que as crianças precisam
de se sentir amadas, respeitadas e firmemente guiadas enquanto amadurecem até serem adultos parece ser
verdade para todas as crianças.” 5
O estilo de educação usado pelos seus pais tende a influenciar as pessoas pela vida fora. Lembrar os seus pais como
autoritários é associado a um ajuste positivo mesmo para as pessoas de meia-idade ou adultos mais velhos.6
Educar é um comportamento que se aprende – temos a tendência para educar da mesma forma que fomos
educados. As boas notícias são que, com a ajuda de Deus, o estilo de pais que somos pode mudar. Muitas famílias
que conheço são a prova viva de que mudar é possível. Os resultados de uma educação autoritária-comunicativa são
tão superiores aos de qualquer outro estilo que vale o esforço. O futuro dos vossos filhos e dos vossos netos está em
jogo.
Notas
1
Eleanor E. Maccoby and John A. Martin (1983). “Socialization in the Context of the Family: Parent-Child Interaction”, Handbook of Child
Psychology, Fourth Edition, Vol. 4 (E. Mavis Heatherington, Volume Editor; Paul H. Mussen, Editor). Wiley.
Ross D. Parke and Raymond Buriel (1998). “Socialization in the Family: Ethnic and Ecological Perspectives”, Handbook of Child Psychology, Fifth
Edition, Vol 3 (Nancy Eisenberg, Volume Editor; William Damon, Editor-in-Chief ). Wiley.
Ross D. Parke and Raymond Buriel (2006). “Socialization in the Family: Ethnic and ecological perspectives”, Handbook of Child Psychology,
Sixth Edition, Vol 3 (Nancy Eisenberg, Volume Editor; William Damon and R. M. Lerner, Series Editors). Wiley.
Robert E. Larzelere, Amanda Sheffield Morris and Amanda W. Harrist, Editors (2013). Authoritative Parenting: Synthesizing Nurturance and
Discipline for Optimal Child Development. American Psychological Association.
2
Desde a antiguidade Deus descreveu-Se a Ele mesmo como um Pai, mas por vezes enquanto Mãe. O estilo educador de Deus,” como descrito
nas Escrituras, poderia ser o modelo para o melhor dos estilos educadores descritos na investigação contemporânea. Muito antes das
pesquisas sobre educação, Ellen White descreveu os estilos de educação, usando nomes diferentes, mas identificando os mesmos
comportamentos educativos e o seu resultado no caráter e na espiritualidade das crianças. Para começar, ver Génesis 18:19; Salmos 103;
Provérbios 3:11-12, 13:1, 13:24, 15:1, 15:5, 19:18,22:6, 22:15, e 29:15,17; Isaías 49:13, 54:13 e 66:12,13; Lucas 15:11-32; Efésios 6:1-4;
Colossences 3:20- 21; Hebreus 12:5-11; O Lar Adventista, capítulo 52 & p. 439:4; Orientação da Criança, capítulos 41-49; Conselhos a Pais,
Professores e Estudantes, p. 155:2; Educação, pp. 283, 287-297; Ciência do Bom Viver, pp. 384:2, 391-392; O Sermão da Montanha, pp. 130134; O Desejado de Todas as Nações, capítulo 56; Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 390-405; vol. 3, pp. 131-135, 531-532; vol. 4, pp. 362363.
3
Holly Catherton Allen, et al (2012). Sungwon Kim conclui, a partir da sua meta-analise de investigação sobre estilos de pais das últimas
décadas, que “o estilo autoritário, um que combinado com uma abordagem que apoia, e reage com uma diretiva, mesmo que exigente, é
94
associado mais frequentemente a um desenvolvimento espiritual saudável do que os outros estilos de pais. Este estilo exibe tanto um apoio
amoroso como limites fortes e disciplina para as crianças.” How Parents Nurture the Spiritual Development of their Children: Insights from
Recent Qualitative Research in Kevin E. Lawson (Ed.), Understanding Children’s Spirituality: Theology, Research, and Practice, p. 204. Cascade
Books.
4
G. M. Fosco, E. A. Stormshack, T. J. Dishion and C. E. Winter (2012). Family relationships and parental monitoring during middle school as
predictors of early adolescent problem behavior. Journal of Clinical Child & Adolescent Psychology, 41, 202-213.
5
Robert E. Larzelere, Amanda Sheffield Morris and Amanda W. Harrist, Editors (2013). Educação Autoritária: Synthesizing Nurturance and
Discipline for Optimal Child Development, 130. American Psychological Association. Chapter 5 reviews the research on parenting styles in
different cultures.
6
Carol A Sigelman and Elizabeth A. Rider (2012). Life-Span Human Development, 7ª edição, p. 491. Wadsworth.
ESTILOS DE PAIS
F I GU R A 1
Apoio Elevado
Autoritário-Comunicativo
Permissivo-Indulgente
Sensível, que apoia
Sensível, que apoia
Diretivo, exigente
Indulgente, não exigente
Apoio Elevado
Pouco Apoio
Autoritário
Indiferente-Negligente
Não apoia
Desligado
Exigente, controlador
Pouca disciplina
Pouco Apoio
95
PRINCÍPIOS ORIENTADORES PARA A OBSERVÂNCIA DO SÁBADO
M AY -E L L EN C O LO N
Os princípios abaixo baseiam-se no caráter de Deus, e providenciam uma base para as nossas regras/práticas de
Sábado. Deus irá ajudar-nos a refletir e a viver o Seu caráter ao traduzirmos estes princípios em ações. Que dia
melhor para refletir na Sua natureza do que o Sábado – o dia dos dias!
PRINCÍPIO 1: PREPARAÇÃO
Guardar o sábado significa preparar este dia especial para que possamos desfrutar dos seus benefícios (ver Hebreus
4:11; Êxodo 16:28-30; Lucas 23:54-56).
Característica da pessoa de Deus na qual se baseia o Princípio 1:
Deus prepara-se. Ele preparou o lindo Jardim do Éden e o plano da salvação antes de ter criado a humanidade e o
Sábado (ver Génesis 1-2; Provérbios 8:27-31; I Pedro 1:20); Ele preparou uma herança para os redimidos, o reino
preparado desde a criação (ver Mateus 25:34); Ele preparou um lugar para nós – um lar feito à nossa medida no céu
(ver João 14:1-3); Ele irá preparar a Cidade Santa como uma noiva adornada para o seu esposo (ver Apocalipse 21:2).
PRINCÍPIO 2: DESCANSO
A guarda do Sábado significa descansar do trabalho, dos fardos da vida e preocupações seculares e distrações – um
dos propósitos para os quais Deus nos deu o dom do Sábado (ver Êxodo 16:28-30; 20:9-10; 23:12; 34:21; Neemias
13:15-22; Jeremias 17:27; Lucas 23:54-56).
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 2:
Deus é a epítome do descanso. “A minha alma espera somente em Deus” (Salmos 62:1). Através de Jesus, Deus
oferece descanso a todos os que vêm até Ele (ver Mateus 11:28). O próprio Jesus descansou no Sábado depois de ter
trabalhado toda a semana a criar a terra (ver Génesis 2:1).
PRINCÍPIO 3: RENOVAÇÃO
Guardar o Sábado significa observar o dia de uma forma que nos renove fisicamente, emocionalmente,
mentalmente, espiritualmente e socialmente uma vez que o nosso amoroso Criador providenciou a pausa do Sábado
para o nosso bem-estar (Marcos 2:27). Isto produz uma sensação de bem-estar que diminui o stress (Mateus 11:2930).
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o princípio 3:
Deus é um restaurador do nosso ser – “Ele restaura a minha alma” (Salmos 23:3) Ele exala renovação, (ver Salmos
103:5; Mateus 11:29-30; Isaías 40:31; II Coríntios 4:16).
96
PRINCÍPIO 4: RESTABELECIMENTO
A guarda do Sábado significa observar o dia de uma tal forma que promova restabelecimento, alívio,
descompressão, liberação e restauração. Qualquer ação que nos magoe ou a outros é uma quebra do Sábado. (Isaías
58; Mateus 12:9-15; Marcos 1:21-28; Lucas 4:38-39; 13:10-17; 14:1-6; João 5:1-18 e João 9).
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 4:
Deus cura (ver Êxodo 15:26; Salmos 103:3; 147:3; Mateus 4:23; Atos 10:38). Ele tem “cura nas Suas asas” (Malaquias
4:2). Deus o Filho anunciou que a Sua missão é restaurar a visão aos cegos e libertar os oprimidos (ver Isaías 61;
Lucas 4:18, 19).
PRINCÍPIO 5: CELEBRAR
Guardar o Sábado significa celebrar a criação, ou aniversário do mundo (ver Génesis 2:1-3), e da nossa redenção (ver
Deuteronómio 5:15). Por isso a sua atmosfera deveria ser de celebração, alegria e prazer (ver Salmos 92; Isaías
58:13).
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 5:
Deus celebra e rejubila. Ele celebrou a criação (ver Génesis 2:1-3; Provérbios 8:27-31). Ele rejubila quando as pessoas
vêm até Ele (ver Deuteronómio 30:9; Isaías 62:5; Sofonias 3:17; Lucas 15). Ele celebrará nas Bodas do Cordeiro
(Apocalipse 19:7-9). Ele é uma fonte de alegria (ver Salmos 43:4). Por falar em Deus, Davi disse, “(…) na tua presença
há abundância de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente.” (Salmos 16:11). “Então te deleitarás no
Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacob; porque a boca
do Senhor o disse.” (Isaías 58:14).
PRINCÍPIO 6: SANTIFICAR
A guarda do Sábado significa mantê-lo como um dia santo – colocando-o à parte para um foco especial em Deus, na
Sua Palavra e na Sua agenda, buscando intimidade com Ele, acolhendo-O por inteiro e para nutrir um
relacionamento de amor com Ele que nos torne santos. (ver Êxodo 20:8; 31:13; Isaías 58:13; Ezequiel 20:12). Isto
nutre o nosso relacionamento “vertical” – a nossa relação com Deus.
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 6:
Deus é santo (ver Levítico 11:44; 19:2), pessoal e amoroso (ver I João 4:8) e Ele procura intimidade e tempo especial
com a Sua família (ver João 15:15; Apocalipse 3:20). Ele santifica ou torna santo, o Sábado e o Seu povo (ver Génesis
2:3; Êxodo 20:11; 31:13).
PRINCÍPIO 7: MEMORIAL
Guardar o Sábado significa lembrar, refletir e alegrarmo-nos com a Criação do mundo (ver Êxodo 20:11), com a
redenção do pecado (ver Deuteronómio 5:15; Lucas 4:16-19), e com a segunda vinda de Cristo e com a criação da
nova terra (ver Isaías 66:22,23).
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 7:
97
Deus lembra-se e reflete em acontecimentos importantes. Por exemplo, Ele fez uma pausa para refletir nos Seus
feitos da criação (ver Génesis 1:4, 9, 12, 18, 21, 25, 31; 2:2, 3; Êxodo 20:11). Ele lembra-se das Suas alianças com a
humanidade (ver Génesis 9:15, 16; Levítico 26:42, 45).
PRINCÍPIO 8: ADORAÇÃO
Guardar o Sábado significa participar numa adoração corporativa, focada de Deus com a nossa família de igreja (ver
Levítico 23:3; Isaías 56:1-8; 66:22, 23; Marcos 1:21; 3:1-4; Lucas 4:16; 13:10; Hebreus 10:25; Apocalipse 14:7). Isto
alimenta ambos os relacionamentos, o “vertical” e os “horizontais” – com Deus e com os nossos irmãos.
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 8:
Deus deseja uma adoração corporativa (ver Isaías 66:22, 23). Jesus frequentava e conduzia os serviços de culto
enquanto esteve na terra (ver Lucas 4:16).
PRINCÍPIO 9: DESFRUTAR
Guardar o Sábado significa desfrutar, estudar, viver e gozar no mundo que Deus fez, em vez de trabalhar para o
manter (ver Salmos 92:4, 5; 111:2-4; compare com Romanos 1:20).
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 9:
Deus é Criador e Ele aprecia a Sua criação – Ele considerava tudo “muito bom” (Génesis 1:31). Na criação, Deus
estava cheio de satisfação, júbilo “no seu mundo e deliciado com a humanidade” (Provérbios 8:31).
PRINCÍPIO 10: RESPONDER
Guardar o Sábado é uma alegre resposta humana à graça de Deus em obediência ao Seu mandamento de amor de
nos lembrarmos Dele e do dom do Seu Sábado (ver João 14:15). Não é suposto ser um meio de ganharmos a nossa
salvação (ver Romanos 3:20; Hebreus 4:9, 10). Reagimos ao presente de descanso de Deus trabalhando para Ele na
Sua força e pela Sua glória (ver Êxodo 20:8, 9; II Coríntios 9:8; Hebreus 13:20, 21).
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 10:
O amor motivava Jesus a guardar os mandamentos do Seu Pai (ver João 15:10).
PRINCÍPIO 11: CONFIANÇA
Guardar o Sábado significa confiar em Deus para cuidar do que deixamos por fazer durante as horas de Sábado (ver
Êxodo 16:14-30; 20:10; Salmos 5:11, 12; Mateus 6:33). Significa aprender a depender de Deus em vez de nós
mesmos.
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 11:
Jesus confiava no Seu Pai não importava o quanto Satanás O tentasse para fazer o contrário (ver Lucas 4:1-13). Ele
demostrou esta atitude de confiança ao sofrer pela nossa Salvação (ver Mateus 26:39; Lucas 23:46).
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PRINCÍPIO 12: FRATERNIDADE
Guardar o Sábado significa alimentar os nossos relacionamentos com a família e amigos (ver Marcos 1:29-31; Lucas
14:1). No dom do Sábado, Deus provê tempo para um companheirismo focado com toda a família – mesmo os
animais de estimação (ver Êxodo 20:8-11). O Sábado e família combinam (ver Génesis 1:1-2:25; Levítico 19:3). Isto
nutre os nossos relacionamentos “horizontais” – com os nossos companheiros seres humanos.
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 12:
Os membros da Trindade são relacionais (ver João 15:15). A relação de Deus connosco é a base do nosso
relacionamento uns com os outros (ver João 13:34, 35; 17:20-23). Jesus conviveu com outros ao Sábado (ver Marcos
1:29-31; Lucas 14:1).
PRINCÍPIO 13: CONFIRMAR
Guardar o Sábado significa representar a atmosfera de Sábado corretamente através de um espírito de aceitação,
amor e confirmação em vez de um espírito de juízo e crítica (ver João 7:24).
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 13:
Deus aceita, ama e confirma (ver Mateus 11:28; João 3:16; Romanos 8:38; Efésios 1:3-10; Apocalipse 22:17).
PRINCÍPIO 14: SERVIR
Guardar o Sábado significa servir as outras pessoas em amor e testemunhando amorosamente por Deus (ver Isaías
58:7-10; Mateus 12:12; Marcos 3:4; Lucas 6:9; 13:12, 16).
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 14:
Jesus é um servo e Proclamador das Boas Novas (ver Lucas 4:18-21; Filipenses 2:5-11). Ele vagueou por aí a fazer o
bem (ver Atos 10:38).
PRINCÍPIO 15: CUIDAR
Guardar o Sábado significa cuidar das necessidades físicas necessárias no Sábado; a nenhuma criatura – animal ou
humana – deveria ser permitido sofrer neste dia (ver Êxodo 23:12; Mateus 12:1-14; Marcos 2:27).
Característica da pessoa de Deus em que se baseia o Princípio 15:
Deus supre todas as nossas necessidades, a toda a hora (ver Êxodo 16:26, 35; Josué 5:12; Mateus 6:25-33; João 5:16,
17; Filipenses 4:19), e Ele é apologista de que devamos cuidar das necessidades de todas as Suas criaturas (Mateus
12:1-14; Marcos 2:23-28; Lucas 6:1-5).
P ERGUNTA D IFÍCIL :
Um princípio é um padrão que pode ser aplicado a mais do que um tipo de situação. Que regras para as práticas de
Sábado pode decorrer a partir dos princípios orientadores mencionados acima?
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“Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; une o meu coração ao temor do teu nome. Louvar-teei, Senhor, Deus meu, com todo o meu coração, e glorificarei o teu nome para sempre. Pois grande é a tua
misericórdia para comigo; e livraste a minha alma do mais profundo da sepultura.”
Salmos 86:11-13
Referências
Josh McDowell & Bob Hostetler, Right from Wrong: What You Need to Know to Help Youth Make Right Choices. (Nashville, TN:
W. Publishing Group, 1994), p. 96.
100
COMO DIZER ISTO?
E LAI N E
E
W I L LI E O LI V ER
PERGUNTA - O MEU MARIDO E EU NÃO TEMOS UM CASAMENTO MUITO BOM. NOS PRIMEIROS MESES
APÓS O NOSSO CASAMENTO DIVERTÍAMO-NOS MUITO E DÁVAMO-NOS BASTANTE BEM. MAS A PARTIR
DAÍ, AS COISAS DESCAMBARAM. PARECEMOS DISCORDAR UM DO OUTRO EM TODAS AS CONVERSAS E
DESDE QUE TIVEMOS FILHOS – TEMOS DOIS RAPAZES – ISSO ACUMULOU-SE COM O STRESS NO NOSSO
CASAMENTO E COM A NOSSA FALTA DE CONVERSAS TRANQUILAS UM COM O OUTRO. SE AS COISAS NÃO
MELHORAREM ENTRE NÓS BREVEMENTE, EU TALVEZ NÃO CONSIGA PERMANECER NESTE CASAMENTO
POR MUITO MAIS TEMPO. POR FAVOR AJUDE-NOS! JÁ NÃO CONSEGUIMOS FALAR UM COM O OUTRO.
MICHELLE – ADDISON, TEXAS
R - U MA COMUNICAÇÃO EFICAZ É ESSENCIAL À SOBREVIVÊNCIA DE QUALQUER CASAMENTO . Se fossemos olhar para o
casamento como um organismo vivo, uma boa comunicação seria como sangue saudável a correr por cada célula no
sistema para que este permanecesse viável. E se o casamento fosse o motor de um carro, a boa comunicação seria
como o óleo com viscosidade suficiente para manter as peças bem lubrificadas de maneira a funcionarem bem.
Um dos maiores desafios na vida de casados – assim que termina a lua-de-mel – é os casais encetarem conversações
frequentes que sejam calmas, civilizadas, construtivas, afirmativas, pacíficas e compreensivas. É uma ilusão acreditar
que darem-se bem antes do casamento significa que irão continuar a dar-se bem depois. É incrível como o stress,
tensão e problemas uns pratos que precisam de ser lavados, contas que precisam de ser pagas, chãos que precisam
de ser aspirados e bebés que precisam de ser alimentados podem trazer a um outrora casamento maravilhoso e
feliz.
Uma boa comunicação não é uma capacidade que tragamos frequentemente para o casamento. Grande parte de
nós veio de famílias onde as vozes se elevavam – às vezes, mais do que só um bocadinho – quando as pessoas
discordavam umas das outras. Este infeliz legado deve ser descartado para sobreviver aos rigores do casamento na
vida real.
Existem dois elementos que são particularmente importantes para se ter uma boa comunicação no casamento, ou
em qualquer outro relacionamento importante: deixar tudo claro e seguro.
Muito frequentemente a ausência de clareza causa uma falta de comunicação no casamento. Muitas discussões mais
acesas ocorrem porque o marido ou a esposa não conseguiram compreender o que um ou outro queria dizer,
tornando as coisas muito pouco claras e deixando os cônjuges muito zangados um com o outro.
Ter um casamento excelente significa que tanto marido como esposa deveriam ser capazes de expressar claramente
os seus sentimentos, crenças, preocupações e preferências sem danificar a relação no processo. Para que isto
aconteça, cada cônjuge deve sentir-se seguro para partilhar o que vai na sua mente, o que pode ser conseguido
apenas num ambiente em que cada cônjuge é cuidadoso em não magoar os sentimentos do outro.
Para atingir estes dois conceitos importantes que são essenciais a uma boa comunicação, devia haver um acordo
para: 1. Ouvirem primeiro e falarem depois. 2. Resistirem ao impulso de saírem em defesa própria. 3. Parafrasearem
o que o vosso cônjuge está a dizer para se certificarem que compreendem o que cada um está a dizer e que estão na
101
mesma onda. 4. Partilharem o processo para que ambos tenham uma oportunidade de escutar e falar um com o
outro. 5. Orem por paciência, por um coração disponível para resolverem as vossas divergências em satisfação, e um
desejo de dar honra e glória a Deus no processo.
A Bíblia afirma em P R O V É R B I O S 2 5 : 1 1 : “ C O M O M A Ç Ã S D E O U R O E M S A L V A S D E P R A T A , A S S I M É A
P A L A V R A D I T A A S E U T E M P O . ” Determinem que de cada vez que falarem com o vosso cônjuge será como darlhe um presente de ouro e prata, para que a vossa conversa um com o outro encontre nova alegria e paz e seja uma
bênção para os vossos filhos e os seus filhos.
Referências
Keither E. Whitfield et al., Fighting for Your African American Marriage (San Francisco: Jossey-Bass, 2001), p. 49.
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ESTRAGUEI TUDO! POSSO TER A MINHA FAMÍLIA DE
VOLTA?
E LAI N E
E
W I L LI E O LI V ER
HÁ UM ANO CONFESSEI À MINHA ESPOSA QUE LHE TINHA SIDO INFIEL DURANTE OS NOSSOS 10 ANOS DE
CASAMENTO. NO ANO QUE PASSOU TENHO SIDO TOTALMENTE FIEL À MINHA ESPOSA, MAS ELA AINDA
NÃO CONFIA EM MIM. JÁ TENTÁMOS ACONSELHAMENTO, MAS A MINHA ESPOSA NÃO TEM SIDO CAPAZ DE
ULTRAPASSAR AS MINHAS INFIDELIDADES, EMBORA DIGA QUE ME PERDOOU. AGORA ESTAMOS
SEPARADOS E ELA QUER O DIVÓRCIO. TENHO ESTADO A FREQUENTAR UM GRUPO DE RECUPERAÇÃO
PARA COMPORTAMENTOS VICIANTES E TENHO VINDO A COMPREENDER QUÃO PROFUNDAMENTE FERI A
MINHA ESPOSA, OS MEUS FILHOS E ATÉ A MIM PRÓPRIO. HÁ ESPERANÇA DE EU CONSEGUIR A MINHA
FAMÍLIA DE VOLTA?
JOHN – CHICAGO, ILLINOIS
Enquanto há vida, há esperança – “com Deus todas as coisas são possíveis” (Marcos 10:27). Tendo dito isto, é
importante que compreenda que um caso, ou casos amorosos, são devastadores para um casamento e
frequentemente deixam-no tão frágil que não consegue aguentar um golpe tão duro. É emocionalmente confuso
para o cônjuge ferido e deixa essa pessoa a sentir-se traída e abandonada. A sua esposa está a viver uma dor
profunda, mágoa, isolamento, culpa e vergonha, e sente que nunca mais conseguirá confiar em si.
Especialistas em casamento afirmam que são precisos aproximadamente dois anos para que o cônjuge ferido faça o
luto da perda de inocência no seu casamento e a sarar as feridas causadas por um caso extraconjugal. O perdão não
faz desaparecer a dor ou as consequências de tal dano. Mesmo quando as feridas saram, permanecem as cicatrizes.
Uma vez quebrada a confiança, e tendo a infidelidade deixado uma ferida incrivelmente profunda, será preciso uma
vida de compromisso intencional para restaurar esse relacionamento.
Acreditamos firmemente que Deus pode restabelecer qualquer casamento, incluindo um que tenha sofrido o dano
de muitos casos extraconjugais. Na nossa sociedade, comunidade Cristã incluída, temos sido levados a acreditar que
se há adultério, o divórcio é natural ou inevitável. Embora a Bíblia permita o divórcio quando existe adultério, se
ambos os cônjuges (especialmente aquele que foi magoado) estão dispostos a trabalhar arduamente, um casamento
pode ser sarado e restaurado. Na verdade, não só um casamento pode sobreviver como pode florescer.
Independentemente das razões porque teve os casos extraconjugais, existem normalmente questões subjacentes
que podem contribuir para a traição conjugal. Muitas destas questões podem brotar de perdas, dor, abuso ou
abandonos não resolvidos. Quando um indivíduo não lida com as mágoas passadas ou certas necessidades que não
foram preenchidas na sua infância, essas questões seguem-no em futuros relacionamentos. Muitos atiram-se para o
casamento esperando que este resolva os seus problemas ou vazios emocionais de infância. Quando essas
necessidades não são supridas no casamento, muitos tentam supri-las noutro lado.
Deve procurar um bom terapeuta Cristão que possa ajudar-vos a perceber e a identificar as questões que o levaram
à infidelidade. Peça ao Senhor para amaciar o coração da sua esposa e faça-lhe saber que está sinceramente
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interessado em fazer o que for preciso para ser um marido e um pai melhor. Em humildade, pergunte-lhe se pode
suspender os papéis do divórcio enquanto tenta procurar ajuda para resolver os seus problemas. Não a deve
intimidar, forçar ou ameaçar para que ela o aceite de volta. Mesmo que tenham havido coisas que acha que ela fez
no vosso casamento para o humilhar ou magoar, deve permanecer calmo e paciente com ela.
A dada altura o seu conselheiro provavelmente vai pedir à sua esposa para assistir às sessões consigo ou sozinha. A
sua esposa também deveria procurar aconselhamento, mas não deve ser você a dizer-lhe isto. Continue a orar sem
cessar, estude as Escrituras e leia alguns livros ou pesquise sobre como um casamento pode sarar depois de uma
traição. Deus promete em II Crónicas 7:14: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e
buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados,
e sararei a sua terra.”
Claro que, mesmo com todas as nossas boas intenções, a sua família pode não ser restaurada conforme era antes.
Ainda assim encorajamo-lo a passar pelo processo de se tornar uma pessoa melhor com a ajuda do seu conselheiro e
de Deus. Também vos exortamos, a si e à sua esposa a resolver os vossos problemas matrimoniais e a dar passos na
direção do verdadeiro perdão um para com o outro uma vez que o divórcio não resolve os problemas – deixa-os
empilhados para que de cada vez que cheguem àquele ponto, tropecem neles. Para continuarem a coeducar os
vossos filhos, para um futuro saudável, você e a sua esposa devem querer resolver as coisas para lhes conceder a
eles uma oportunidade de lutarem nas suas próprias relações futuras. Estamos a orar pelo vosso sucesso!
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