Festival do Rio

Transcrição

Festival do Rio
Cinema
Festival do Rio
Curta!
Curta-Metragem
Curta-Metragem
Moda
Fotocinemoda
Fotocinemoda
as tendências
tendências
as
Verão 2008
2008
Verão
Beleza
Pêlos
Pelos
nunca mais!
Literatura
A mesóclise e o gerúndio
e Fake souvenir
Entrevista
Paula Gaítan
Editorial
É
tempo de cinema. Melhor ainda, é tempo de ser protagonista. É mês
do Festival Internacional de Cinema do Rio, de 20 de setembro a 4
outubro.
O Festival do Rio, um dos mais importantes do Brasil, é um momento incrível na cidade, onde espectadores, cinéfilos e cineastas se trasnformam
numa coisa só, multidão sedenta que invade as salas de cinema. A maioria dos diretores brasileiros aguarda o Festival do Rio para lançarem seus filmes. É público
garantido, além de sinônimo de qualidade, já que a seleção dos filmes da première
brasil quase nunca costuma errar, lançando tendências e sinalizando o futuro do cinema nacional. E nós da Miroir estamos aí. No segundo ano de revista e segundo
ano de parceria com o Festival do Rio.
Ainda estamos na fase de experimentar. Nessa edição apostamos em algumas mudanças. Nosso formato mudou para o que chamo de formato tendência. Na Europa,
quase todas as revistas adotaram esse formato. É mais fácil de carregar, só botar na
bolsa. E não foi só o corpinho que mudou. No conteúdo da revista ganhamos seção
nova, de crítica de curta-metragem. Essa seção é feita em parceria com o site Portacurtas.com.br . Uma forma que encontramos de ajudar o curta metragem nacional
a conquistar maior espaço nesse mundão. Ver um curta é como ler um conto e o
problema da falta de espaço no mercado não está relacionado ao seu valor artístico
e sim à questão de hábito de assistir curtas. É uma questão de lugar nas telas. Ainda
nessa edição, um conto inédito, da cineasta Poliana Paiva e entrevista com a
cineasta Paula Gaitán. E um Dossiê Cinema com alguns dos filmes imperdíveis que
estarão no Festival. E para viajar e relaxar o olhar três ensaios de moda inspirados
nas arte visuais, cinema e plásticas.
Para quem ficou sem um exemplar é só visitar o site www. portacurtas.com.br e clicar
no logo da Miroir e ler o Pdf da revista.
Boa Leitura e até.
Priscila Miranda
Editora- Priscila Miranda
[email protected]
Natasha Prado - Fotógrafa
[email protected]
Joanna Chigres- Designer
[email protected]
Ilustrador - Juliano Guilherme
Capa: Ale Machado
www.44toons.com
Expediente
Colaboradores - Bruno Dorigatti, Raquel
Nunes, Camila Lopes, Maria Galeno, Luana
Vignon, Poliana Paiva, Miguel do Rosário,
Maria Galeno
Agradecimentos:
Taberna do Juca, Teatro Odisséia,
Casa da Matriz, Espaço Claraboia e os artista
do Espaço Claraboia: Cecília Rondon, Edson
Silveira e Alexandre Alves
Love in Paris - Perfumes Importados - Cosméticos - Presentes
Av. Nossa Senhora de Copacabana, 664 Loja 9
Cozinhar é glamouroso
A
Paixão Secreta de Maria Callas:
Histórias, Receitas e Sabores é um livro
delicioso feito com três ingredientes únicos. As receitas fazem parte do
caderninho pessoal da cantora, que tinha o hobby de
cozinhar. Como é sabido,
Maria Callas foi uma jovem
obesa, chegou a pesar 108
quilos até que resolveu
emagrecer. Perdeu quarenta
quilos e, no início, foi críticada no universo dos cantores e maestros de ópera,
que pensaram que o emagrecimento da cantora interferiria no seu desempenho vocal. Foi o contrário. Ela triunfou
como Soprana e como Musa. Além das óperas,
estrelou filmes do grande Pasolini, como atriz e
destruiu corações. Allora, os três ingredientes
são: o glamour retrô, a diva na intimidade e o mais importante, receitas de uma pessoa que
conseguiu emagrecer e ser manter assim. O livro foi organizado
pelo italiano Bruno Tosi, diretor da
Associação Cultural Maria Callas
de Veneza. Além das receitinhas
da diva, Tosi reuniu dicas culinárias
de revistas da época, com fotos e
histórias da vida de Callas. O livro
é simplesmente lindo. Ao lado das
receitas, tem as fotinhos cheia de
estilo da década de sessenta. É
puro glamour. Se você não gostava de cozinhar,
compre esse livro, vista um vestidinho rodado
com um avental e mãos na massa.
Na coxia
T
udo Sobre o Oscar, de Fernando Albagli, é um livro excelente
para cinéfilos. Nele foram listados todos os filmes do cinema
sonoro ganhadores do Oscar, de 1927 até 2006. O livro não é somente um dicionário, o autor apresenta a estrutura dos bastidores
da tradiconal cerimônia e conta a história de cada um dos filmes,
de suas equipes, diretor, atores e produtores. E como cinema é imagem, o livro não é só parole. É recheado com fotos dos principais
filmes da história da premiação
óclise
s
e
o
i
m
A
o gerúnd
Literatura
e
Poliana Paiva
M
ariângela e Jacinto moram juntos
háumano.Elaépesquisadorade
conteúdos midiáticos. Ele, operadordetelemarketing.Elaadoraumamesóclise.
Ele não vive sem um gerúndio.
- Amor, eu posso estar preparando um chá de
camomila pra você estar melhorando desse
enjôo.
Jacinto é um homem bom e atencioso e o sexo
entre eles é fantástico. O enjôo é devido à
gravidez de oito semanas e Mariângela tem
muitasdúvidasseseuseruditosgenscombinam
comosdeJacinto.Ofatoéquenãopassavaum
dia sem que ela sentisse vergonha dele.
Na fila da clínica, Mariângela escuta seu nome,
se concentra na música do Roberto Carlos que
toca ao fundo e deixa apenas uma lágrima escapar quando sente que tudo acabou.
Tomaumsundaedechocolate,compraumrímel,
um gloss, uma máscara para os cabelos e liga
para Jacinto:
- Querido, suas coisas estão na portaria. Desculpe,masnãotemmaisjeito.Estouapaixonada
por outro.
Quando chega em casa, as coisas
dele já não estão mais por lá.
Se ela pudesse, fá-lo-ia feliz.
Iluminuras
Tá acontecendo
FakeSouvenir
Souvenir
Fake
É
Em Busca do Tempo Perdido
deLuana Vignon
de
Luana Vignon
como um pedaço de gente despencando pra fora
Q
da cama no inverno
algo como uma visita ao próprio inferno
uma carta desejada que nunca veio
(eu sempre atenta às mãos do carteiro
fazendo barulhos na caixa de correio)
um velho amigo manda falsas lembranças de Londres
chacoalha idiotamente os braços
hó
rec
do Lavr
ad
io
B
e uma fração de lágrima
vencida nos olhos me faz rasgar os pôsteres do quarto.
anti
guidades
MODAEPRODUÇÃO
roupas, acessórios e bijouterias
Confecçãodefigurinos
Móveis,lustres,espelhos
objetosdearteedecoração
Aluguelp/teatro ,cinemaet v
Rua do Lavradio, 185 - Tel. 2507-5111
Lapa - Rio de Janeiro
[email protected]
arte:eduardopassostel.38529124
L
ançamento desse mês da editora
Azougue, o livro Rogério Sganzerla é
uma forma de conhecer e entender as idéias
do cineasta, através das entrevistas que ele
deu no decorrer de sua vida. O livro, organizado pela jornalista Roberta Canuto, traz a
primeira entrevista de 1966, quando Sga
zerla ainda que não tivesse feito cinema filmado, já era crítico de alguns jornais e possuia um pensamento sólido sobre o
significado de fazer cinema. Esse livro é o
primeiro
da
Coleção Encontros que ainda
lançará outros
três livros com
diversos entrevistados. A proposta da coleção
é valorizar a entrevista enquanto
meio de informação e estudo.
Aguardamos os
próximos!
Lichtenstein
uem não gostaria de ter uma
máquina do tempo e poder viajar no
passado ou no futuro? Essa
máquina ainda não foi inventada. Por
enquanto a literatura, o cinema se encarregam de condúzi-lo à essa viagem. A
Biblioteca Jenny Klabin Segall do Museu
Lasar Segall inaugurou no ano passado,
o site www.bjksdigital.museusegall.org.br
onde se pode acessar as duas primeiras
revistas de cinema editadas no país.
A Scena Muda e a Cinearte. O
projeto patrocinado pela Petrobrás e fina-lizado em 2006, possibilitou a digitalização de cerca de
100.000 imagens e conservação das
revistas. As duas revistas foram publicadas semanalmente, durante
aproximadamente 25 anos, das décadas de 20 a 50. O conteúdo era
variado, além de cinema, tinha sempre uma crônica ou conto e entrevistas com as estrelas. Todos os grandes
passaram por elas, Clark Gable, Rita
Hayworth. Os curiosos e amantes de
cinema também poderão conhecer
uma porção de filmes comerciais da
época que hoje não têm muito
destaque. E pra quem ama o estilo
fashion retrô, a revista é uma das
melhores fontes de moda dessas décadas e agora não precisa nem correr
atrás de um exemplar antigo. É só
acessar o site e linkar aos favoritos.
Tempo de Roy Lichtenstein – Pé pop
F
igura fundamental da Pop Art americana
na década de sessenta, Lichtenstein foi a
inspiraçãomaiorpara o novo tênisda HP Lovecraft.
Em 2006, os cariocas tiveram a oportunidade de
veralgunstrabalhosde LichtensteinnoMAM.Esse
ano o artista ganhou big exposição na Pinacoteca
de Paris, com 97 obras produzidas de 1966 a
1997, ano de sua morte. Entender a pop art de
Lichtenstein é compreender o que foi os anos 60
nos USA, quando cidadãos comuns viviam a
primeira fase de um deslumbre quase hipnótico
com os avanços tecnológicos e as novas oportunidadesdeconsumo. Lichtensteinseutilizoudessa
verdadeira invasão de eletrodomésticos no cotidiano da família americana para criticar uma sociedade que, ao mesmo tempo que exportava o
american style, fazia guerras. O fator político, todavia, não esgota nem justifica a grandeza da arte
de Lichtenstein. O artista supera a sua própria
inspiração sócio-política para retratar a glamourosa
e febril década de 60 com originalidade e ironia. O
fato de inspirar estampas de tênis não deixa de ser
ironicamente Lichtensteineriano. Se você está afim
de conhecer – e adquirir - esse novo Pop Keds,
acesse o site da loja: www.hplovecraftnyc.com
Beleza pura
Pêlos
Natasha Prado
N
nunca
mais
os meses que antecedem o
verão, a procura por tratamentos a base do laser aumentam
significativamente. Em uma época do ano
em que o corpo das pessoas fica mais exposto, torna-se importante mostrar uma pele
viçosa e bem cuidada. Um dos tratamentos
que mais atraem as mulheres é a epilação
(remoção de pêlos), muito conhecido como
"depilação definitiva".
A sociedade brasileira de laser atesta a
eficácia do tratamento: “O uso dos lasers
para a remoção de pêlos é alternativa bastante eficaz, promovendo uma depilação de
longo prazo, embora nem sempre definitiva.
A cada sessão os pêlos tornam-se mais finos
e crescem mais lentamente. As aplicações
de laser são menos dolorosas que as de
eletrólise e há também menor risco de cicatrizes inestéticas.” O laser funciona penetrando no tecido fino da pele, e é atraído pelo
pigmento do pêlo que leva o calor até a raiz
do folículo, destruindo-o. Desse modo, é
feita a redução progressiva dos pêlos.
Os pêlos possuem três fases de crescimento: a anágena, quando o pêlo está robusto e com grande concentração de
melanina; a catágena, quando afina e se
afasta do bulbo capilar; e telógena, que é o
pêlo já envelhecido. A fase que proporciona
um melhor efeito é a anágena, pois quanto
mais escuro o pêlo, mais eficaz é a atração
do laser. Ao cair, o pêlo novo é gerado no
mesmo folículo. Por isso, nas depilações
convencionais, os pêlos crescem na mesma
quantidade e espessura. Já o laser, destrói
gradativamente o folículo, impedindo que
novos pêlos nasçam.
Além da remoção dos pêlos, o tratamento
possui, ainda, um papel secundário: elimina
a foliculite (processos inflamatórios) e ativa o
colágeno, proporcionando um rejuvenescimento da pele. Os melhores resultados são
obtidos em peles claras com pêlos escuros,
!
AGÊNCIA O DIA/ NATASHA PRADO
mas, atualmente, novas tecnologias, como a
“Gentle Yag”, já concedem um bom resultado
em peles negras e bronzeadas, além dos
pêlos louros. O tratamento não funciona, todavia, em pêlos brancos.
Essa tecnologia possui, ainda, um sistema chamado “Dynamic Cooling Device”,
que melhora significativamente a tolerância
e o conforto durante o tratamento. Nesse sistema, um líquido criogénico é vaporizado
sobre a pele, provocando o esfriamento da
pele e amenizando de forma notável a dor. E
atenção, que se submete a esse tratamento
não pode se expor ao sol. Mesmo para sair à
rua deve passar protetor solar com fator 30
de proteção, para evitar manchas na pele.
Com sessões que variam entre R$100 e
R$400 (dependendo da área do corpo) não
só mulheres, como homens, têm a oportunidade de ficarem livres de pêlos. Se não definitivamente, pelo menos por um
considerável tempo.
Corpo e Alma
Saudável
dese qu
ilíbri
A
o
Lâncome Gloss
Perfume Liberté,
Cacharel
Protetor solar Creme
Fondante FPS 60, com
água termal da La
Roche-Posay
Perfect Slim Pro,
L`Oreal Paris
Solar Expertise Loção
Vaporizadora FPS 30.
L`Oreal Paris
Qualidade garantida
No mundo dos lançamentos de cinco das 18 marcas da gigante L`Oreal
Lipo-metric, Retrator
anti-celulite e volumes
rebeldes, Vichy
Máscara negra
Fatale, Lâncome
- Reconstrutor Absolue Premium ßx
Creme, Lâncome, R$ 518,90
Acne-stop duplo corretor,
da linha Pure Zone,
LÒreal Paris
“imagem sem conteúdo presença sem qualidade” Baudrillard
Priscila Miranda
Até o início do século XX, o corpo
feminino era mais achatado e
o
arredondado. A própria roupa fazia u livre e
nsai
com que esses corpos ganhassem
o so
bre o
uma aparência redonda, com anáguas e saias
corp
o fem
volumosas. Na década de 20, quando a mulher
inino
entra no mercado de trabalho, seu corpo sofre
modificações . A silhueta da mulher fica mais alon- cuidardaaparência.Nessaépoca,aalimentaçãomuda
gadaeesbelta,saemassaiasrodadas eentramas radicalmente,osrestaurantessetornammaisacessíveis
saias canudos e os terninhos. A mulher ganha vida e os enlatados lotam as prateleiras dos mercados.
nasruasdasgrandescidades.Éoaugedaindústria Em meados dos anos 60, surge a pílula anticoncepde cosméticos, dos programas de ginástica para cional. A milagrosa novidade científica, é também um
mulheresedacriaçãodemileumtratamentosmi- mal. As altas doses de hormônio causam outros problagrosos de beleza. A mulher matrona fica real- lemas. O corpo da mulher mais uma vez se modificará.
Em contrapartida, as musas apetitosas do cinema,
mente pra trás.
Nas décadas seguintes, sobretudo na década de surge na moda as modelos ultra magras. Na moda e
40, em plena guerra mundial, o corpo da nas artes pop de Walholl, a mulher muito magra ganha
mulher e sua imagem também sofreram destaque e se torna símbolo de Glamour. A partir daí
mais mudanças. As mulheres tornam-se nós mulheres piramos. A culpa da piração? O coquetel,
mais sóbrias, as roupas mais retas e a sil- pílula, coca, enlatado e Marilyn verso o glamour pop das
hueta mais fina. As mulheres são influenci- anorexicas de mini-saia. O mundo real das mulheres foi
adas pelas divas dos filmes Noir. É chic e povoado por essas influências, muitas deixaram rolar,
glamouroso parecer misteriosa e distante muitas se adaptaram ao modelo que lhe eram mais
como uma espiã. A guerra termina com os convenientes.
americanos vencedores. Eles estão mais Asnovasgerações,noentanto,dasdécadasdesetenta
fortes do que nunca, ganham mercado e e oitenta, já nasceram com essas influências contraditórias em seus gens. Hoje a medicina e a cosmética
começam a exportar o seu estilo de vida .
Chega a coca cola, o hamburguer, o milk shake, o estãosuperavançadas,existemmilhõesdetratamentos
rock in roll e Marilyn Monroe cheia de curvas e mais estéticos realmente milagrosos. Desde peelings superumavezocorpodamulhersofrerátransformações. ficiais e cirurgias pláticas à redução do estômago. Mas
Quem resiste ao duo coca e hamburguer? Os o terror do corpo perfeito inacessível ainda assombra as
quadris ganham destaque e o decote ganha vol- mulheres.Teminícioaeradosdistúrbiosalimentares,da
ume. Na europa o modelo de vida americano anorexia à obesidade mórbida.
tambem é importado. Na França, o cinema ganha A obesidade sempre foi uma preocu pação tanto
estéticaquantomédicaesempreestevenamídia.Mais
Brigitte Bardot e a Italia, Sofia Lorem.
desconhecida do público em
Não faltam modelos para as mulgeral, a
heres se espelharem e nem
tecnologia pra facilitar o trabalho de casa e com isso
ganhar mais tempo pra
mentopassaaterumaimportânciasentimental.Vocêirá
comê-lo nos momentos mais impróprios, mesmo após
uma big refeição. Quando eu era pequena minha vó me
dizia: cuidado senão o estômago dilata, não come
bebendo... Cresci achando graça disso e pensando que
era uma besteira essa história de estômago dilatar. Até
que comecei a ganhar peso e tinha uma sensação de
fome constante. Nada me bastava e nessa hora entrava
em cena o alimento sentimental: no meu caso era o
chocolate. Eu poderia comer um chocolate a qualquer
hora, sobretudo nos espaços de tempo entre uma
refeição ou outra. Do chocolate eu passei para outros
doces. Até que entendi isso e comecei cortar esses tais
alimentosafetivos.Nemsempreconseguiaevitá-los.Mas
umacoisaimportante:ésabercomercomaconsciência
de que aquilo te fará mal. Você come porque necessita
afetivamente daquilo. Na primeira semana, você
começaráasentiradiferençaedaívocêganharáestímulos para, na semana seguinte, cortar algumas coisas e
modificaraalimentação. Tambéméimportantenãopensar na palavra dieta, que traz em si a idéia de privação e
ninguém deseja experimentar privações. Sobretudo
tratando-se de comida. O ideal é cortar aquilo que sabemos ser desnecessário e realmente calórico. A partir
desses cortes é importante ficar atento a tudo que se
come ao longo do dia, café da manhã, almoço, lanche,
jantar.Eprocurarequilibrarafomecomalimentosmenos
calóricos e que se complementem aos que você comeu
nasrefeiçõesanteriores. Paraquehajaequilíbrio,éimportante não reprimir a vontade de comer: seja doce, picolé,
pãodequeijo.Sevocêsedescontrolarlembre-sesempre
dequeamanhãseráumnovodia.Efaçadessasuavontadedetomarsorveteumbomprograma,nãodepoisde
comer um espaguete, e sim após um grelhado com salada. Essa é a chave do mistério. Quanto ao corpo perfeito? Corpos perfeitos são corpos atraentes e variam de
acordocomoespectador.Busqueoequilíbrioeformasde
acordocomvocê.Àsvezesbochechasfofinhassãomais
atraentes que bumbum de academia. Às vezes minisaia chama mais atenção do que a modelo magra de
calçaskinny.Maslutesemprecontraabarriga.Essasim,
só é bonita se a mulher está grávida. Seja real, seja
várias. Se você tiver acima do peso, faça um esforcinho
para perder uns quilinhos e, quando isso acontecer, não
exagere querendo se transformar numa Kate Moss. Ela
é bonita na revista. Você desfila na rua.
Moda
Geometria,
Forma e Moda
Priscila Miranda
D
ois nomes chamaram a
minha atenção na edição
verão 2008 do Prêmio Rio
Moda Hype. Foram as estreantes no
evento Stefania Rosa vinda de Brasília e o
coletivo formado por quatro meninas, No
Hay Banda de São Paulo. A Stefania de
Brasília levou para as passarelas criações
inspiradas na geometria dos anos
sessenta. A estilista que no PRMH é estreante, em Brasíla já é badalada. Há um
ano ela é a dona da loja Rainha de
Copas, voltada para um público mais
jovem. E criou a Stefania pensando nas
mulherese mais maduras, independentes
e modernas. O ponto em comum entre
esses dois novos talentos que passaram
pelo PRMH é a expressão da moda pela
arte. Que moda é uma expressão de arte,
todos nós sabemos. Mesmo que um
certo grupo radicais da deselegância contestem que não. As duas marcas desenvolveram uma concepção artistica que é
transmitida pela roupa. Desde as cores,
até o corte e as estampas. Isso faz com
que a criatividade e originalidade dessas
peças gritem, por mais que tenham utilizado na base as influências retrô das décadas de 60 e 80. É interessante de
perceber tambem, as influências urbanas das
cidades de origem das
duas marcas, trazidas
quase inconcietemente
para o desfile. A Stefanea
partiu da geometria, ou
seja, dos traços de
Brasília. E as meninas do
No Hay Banda, partiram da
estética cosmopolita e estrategicamente despojada
de São Paulo. O coletivo, No
Hay Banda, apresentou uma
coleção, onde o tema era a
busca pela identidade nacional
e afirmação dos valores culturais brasileiros. Influenciadas
pelo livro Macunaíma do Mário
de Andrade. Com essa inspiração as meninas conseguiram
mesclar nas roupas formas
originais com influências culturais do país. Os dois desfiles
também
evidenciam, um
verão multicores, dá pra ter
de tudo, desde o amarelão
até as tonalidades mais sóbrias
e escuras.
Pra encontrar as peças das estilistas não precisa ir até Brasília ou Sampa. O
Rio Moda Hype em breve inaugurará em Ipanema uma loja multimarcas que
venderá peças de estilistas que participaram do evento e de outros novos estilistas brasileiros. Imperdível!
BIRA SOARES/DIVULGAÇÃO
anorexia, doença que leva à magreza extrema, vem
se tornando popular. No ano passado, a morte da
modelobrasileiraAnaCarolinaRestonMaccachamou
a atenção para esta doença. O caso repercutiu internacionalmente e fez com que personalidades do
mundodamodaemédicossemobilizassemcontraa
anorexia. Com isso, uma série de reportagens brotaramnamídiaeumaapologiaaoexcessodepesofloresceu. O que é muito estranho. Onde fica o equilíbrio
dopesoideal,aquelequecalculamosapartirdaaltura,
idade, esforço fisíco? Uma revista Italiana chegou a
publicarnacapaumaatrizpornôobesacomosímbolo
do novo padrão de beleza. Nem oito nem oitenta. Se
amagrezaextremadevesercombatida,tampoucose
deveapoiarejustificaraobesidade-quetambemdeve
ser tratada como problema de saúde pública, com
consequências graves para a auto-estima de milhões
de mulheres. Saber o que é o corpo ideal é fácil se
conhecemos as nossas exigências e se entendemos
onossocorpopordentro.Bastaobservaratentamente
tudo que se come. A partir daí, é possível acrescentar
alimentosquetefazembemeretiraralimentosquete
fazem mal. Eu, por exemplo, descobri que qualquer
coisa gasosa me faz muito mal. Aprendi que a maçã
é um remédio milagroso (para mim) para mal do estômagooudordecabeça.Recentementeviviaexperiência de mudar de peso.
Descontrolei nos horários,
comia constantemente
fora e ganhei peso. No
iníciovocênãopercebe.
As calças começam a
ficarapertadasmasvocênão
liga. Dependendo do seu peso
de antes, as pessoas ao seu redor
tambémnãosedãoconta.Atéque
todas as suas calças ficam apertadas.Essaéahoradevocêacordar e fazer uma análise do que
está acontecendo. A primeira coisa
é prestar atenção nos horários das
refeiçõeseordená-los.Asegundaéreduzir o que você estava comendo em
excesso. Eu notei que é muito normal
se viciar num determinado
alimento e desejar
comê-lo diáriamente. Esse ali-
FotocineModa
Uma noite
apenas
Com: Fabiano Touzdjian , Ana Troyman
Trilha Sonora
de noite na cama, versão do Erasmo Carlos
my baby just cares for me, Nina simone
sinnerman, Nina Simone
love me or leave me Nina Simone
Ele veste: Camisa da
Colcci, bermuda da Osklen, tênis da Osklen,
chapéu da Accessorize
Ela veste: Maiô da KiKorpo, saia aceervo da
revista, sandália da
Nativa, pulseiras e
faixa no cabelo da
H&M Paris e
Casaquinho da Zara
Paris
Fotografia : Natasha Prado
Roteiro e Produção: Priscila Miranda
Maquiagem e Cabelo: Ariana Lima
Colaboradoras: Camila Lopes e Maria
Galeno
Pinturas: Juliano Guilherme
Cabides: Nilton Pinho
Agradecimentos: Espaço Claraboia
Curta!Curtas-Metragens
Beijo de Sal
Miguel do Rosário
N
ão existe pureza no homem.
Deus foi apenas cínico ao trancafiar Adão e Eva no Jardim do
Éden e proibir o acesso à árvore
do conhecimento. Ironia suprema da religião
judaico-cristã, associar o conhecimento ao
pecado original... Os dois deveriam continuar
felizes como duas bestas? Tenho pra mim, todavia, que a mulher provaria o fruto proibido
com a mesma desenvoltura se árvore em
questão fosse relacionada a um tema menos
nobre, se fosse a árvore da meia-idade, por
exemplo.
Deus usou o casal primevo como cobaias do
primeiro experimento moral de que se tem
notícia, e o resultado não chegou a ser uma
surpresa. O homem não é puro, a mulher é
a culpada, oh! Assim arrastamos a carcaça
pecadora por este vale de lágrimas, onde
pessoas são queimadas vivas em ônibus,
morrem em desmoronamentos de obras mal
fiscalizadas e votam em candidatos condenados pela Justiça.
Mas veja! Há uma luz! Não no céu, onde
mora o Deus que nos sacanea desde a
origem do mundo. A luz está nos olhos de
quem ama o próximo. Não o amor abstrato
e frio pela humanidade. Não o amor débil,
piegas, condescendente, pelos fracos, pelos
pobres, ou por quem sentimos pena.
A luz repousa, tranquila, neste amor viril,
franco, estável a que denominamos
amizade. Sim, porque o amor romântico
vem carregado de tanta angústia, ciúmes,
medos, cobranças, que projeta mais sombras que luz em nosso destino. A amizade é
o único verdadeiro elo que nos une a nossos
semelhantes. O único e o último.
No entanto, o que acontece quando a própria
amizade apresenta erupções suspeitas em sua
superficie que críamos limpa?
O que acontece quando a amizade se revela
nossa derradeira falsa ilusão?
Acontece, então, que ficamos sozinhos.
Como um homem mijando sozinho numa praia
deserta. Como Rogério, na cena final do curtametragem de Fellipe Barbosa, Beijo de Sal
(foto na página ao lado).
O filme de 18 minutos versa sobre a amizade
e, principalmente, sobre a corrosão e o fim da
amizade. Rogério é um bom vivant mineiro que
vive numa bela chácara em Itacuruçá, Angra
dos Reis, em companhia de amigos despreocupados e festivos. O filme inicia com Rogério
e os amigos na piscina, fumando um baseado
e rindo. O eixo dominante da cena, como aliás
de toda película (35 mm), é a expressão algo
sarcástica, fauno entediado, de Rogério.
Chega Paulo, antigo membro do grupo, em
companhia de uma nova namorada, para passar o Ano-Novo. O estranhamento do casal
com o clima meio hippie da casa é imediato, e
constituirá, a partir daí, o conflito central da
narrativa. Um conflito construído com muita
sensibilidade pelo diretor. A movimentação de
câmera é clássica, mas eficiente. A trilha
sonora de Mônica Besser encaixa-se bem no
delicado jogo de agressões sorridentes que
marca a relação entre Rogério e o amigo, um
jogo que sugere, sem revelar, um histórico de
duelos entre egos fortes e competitivos. Uma
certa rigidez e seriedade de Paulo constrata
com a intimidade forçada de Rogério.
A tensão entre Paulo e Rogério costura-se ao
longo da narrativa, atingindo, perto do final, um
clímax de violência. O filme termina, conforme
dito, com Rogério fazendo xixi no mar, expressão desafiadora, diabólica. Um solidão arrasadora e cruel encerra o filme. Não há
tristeza. Um cinismo amargo, talvez. E a sensação de que, se foi para termos o cinema - e
o poder de fantasia e liberdade que ele nos
possibilita - bem que valeu termos mordidos
aquela maldita maçã.
Breve Estória de
Cândido Sampaio
Q
uando Glauber Rocha
disse que bastava a
câmera na mão e a idéia
na cabeça, ele esqueceu
de explicar que não é fácil ter uma boa
idéia. E mais difícil ainda ter uma
cabeça. O curta de Pedro Carvana, na
lista dos mais cotados do site Porta-Curtas, com Paula Burlamaqui no papel de
uma emergente ignorante, é um exemplo gritante de que somente uma boa
idéia não basta. Os personagens do
filme são caricaturais e previsíveis. A
narrativa opera no campo do clichê. O
uso da limousine foi um exagero que tira
verossimilhança e provoca enfado. A rica
Suzana decide apostar na filantropia e
propõe à mendiga que ela lhe dê seu
filho. Ao final há uma surpresa que retrata a absoluta falta de noção de
Suzana. O argumento é interessante,
embora a temática “social” seja outro
clichê e a vibração cômica emanada por
Burlamaqui tenha me parecido um
tremendo mau gosto, além de enfraquecer a tensão tragicômica que permeia o
filme. Mas cada um tem sua opinião. O
filme está em primeiro lugar no ranking
dos mais cotados do Porta Curtas.
Curta!Curtas-Metragens
Destaque, Homenageada da seção:
Carmen Santos
Miguel do Rosário
F
alar de Carmem Santos é mais
do que falar de uma mulhercineasta, é sobretudo falar do nascimento do cinema brasileiro. É falar de
Humberto Mauro, de quem Carmem
foi parceira em diversos filmes que
marcaram a história de nosso audivisual, como Sangue Mineiro (1930). É
falar de um sonho de construir um cinema forte industrialmente, numa
época em que Holliwood ainda não
era imperialista e a relativa simplicidade técnica do tempo nivelava
grandes estúdios e produtoras pequenas, como a criada por Carmem.
Nascida em Portugal, em 1904, Carmen imigrou para o Brasil com oito
anos. Estreou no cinema como atriz,
em 1919, mas irá ganhar notoriedade
ao se tornar a principal produtora dos
filmes de Humberto Mauro, por
muitos considerado o pai do cinema
brasileiro. Faleceu aos 48 anos, no dia
24 de setembro de 1952.
O documentário Carmem Santos(1969) de Jurandy Noronha é
uma das melhores referências sobre
a cineasta. Noronha conseguiu reunir
imagens raras de Carmem, de sua
vida pessoal,
no trabalho e
na companhia dos artistas mais
importantes
do momento,
como Jorge
Amado, José
de Alencar, Di
Cavalcanti,
além de
Humberto
Mauro.
Dossiê cinema
Fizemos uma lista com cinco filmes imperdíveis que estarão no Festival do Rio. A
lista poderia ser muito maior, afinal são 300 filmes em apenas duas semanas. Como
sabemos que é difícil assistir tudo, selecionamos os que mais tem a ver com a Miroir.
Bom filme!
Miguel do Rosário e Priscila Miranda
L
a Vieille Maitresse é o mais
novo filme de Catherine Breillat, escritora e cineasta francesa. Há alguns anos, na mostra Midnight
Movies,foi apresentado o polêmico
Anatomia do Inferno, da mesma diretora. Esse ano, La Vieille Maitresse está
na mostra Panorama Internacional. O
filme é uma adaptação do romance de
Choderlos
de
Laclos,
Ligações
Perigosas. É um filme de época, o
primeiro da cineasta, na Paris de 1835,
em que os aristocratas vivem num
mundo de intrigas e luxúria. De um lado
a famíla e os casamentos arranjados, do
outro as meretrizes de luxo. Poderia
descambar para o clichê não fosse a diretora Breillat e a atriz Asía Argento,
que focaram no inusitado. O filme causa
estranhamento. Uns gostam e outros
odeiam. Mas a qualidade técnica do
filme é indiscutível. Vale a pena ver.
Dossiê cinema
L
YNCH, O LIBERTADOR
David Lynch é o representante máximo do cinema autoral americano. Excelente
contador de histórias (Homem Elefante,
Cidade dos Sonhos, Duna, Veludo Azul, Twin
Peaks), Lynch também é um mestre do cinema abstrato (Erasehead, The Grandmother
e o recém-lançado Inland Empire), onde a
narrativa fragmentada dá espaço a delírios
plásticos de magnífica densidade.
Em todos, porém, ele deixa sua marca inconfundível de suspense e erotismo. Inland Empire, lançado em 2006, que chega ao Brasil
este ano, dá a sensação de que botaram LSD
no seu chop. Para acompanhar a intrincada
trama do filme, o espectador entra e sai da
realidade tantas vezes que seu sistema
imunológico contra a loucura entra em pane.
A
Esse é justamente o objetivo de Lynch, que
depois de fragilizar a psique do espectador,
procura destruí-la com intenso bombardeio de
arquétipos sinistros. Você sai do filme com
sua imaginação devastada, abanando a
cabeçapraláe pracáà procuradesualucidez
perdida, tentando se lembrar como se pronuncia a palavra café.
Sejamos francos: é um filme que alguns irão
achar enfadonho, por causa de seu abstratismo radical, sua fragmentação, a extensão exagerada de algumas cenas, o uso
constante da repetição. Mas é inegável que
Inland Empire constitui um marco importante
do cinema contemporâneo, inaugurando uma
nova era do cinema-arte e libertando forças
plásticas que costuma ficar aprisionadas,
atrofiadas, no cinemão comercial.
Casa de Alice é o primeiro longa do
cineasta Chico Teixeira. Participou de
alguns festivais internacionaiseagora estréia
nacionalmente na mostra competitiva Première Brasil. É um concorrente de força ao
troféu Redentor. Narra um momento da vida
de maincure, dona de casa sufocada por
problemas financeiros e afetivos. A narrativa
E
lenta e estática do filme ganha força com o
excelente roteiro e interpretação impecável
dos atores. O que seria um drama novelesco
se torna um bonito retrato da classe média
baixa, digno do grande cinema. A Casa de
Alice me supreendeu e acho que dará novos
rumos ao cinema brasileiro.
u não perderia o longa americano Shortbus exibido na mostra Midnight, do diretor
e roteirista John Cameron Mitchell. Exibido
no ano passado na Mostra de São Paulo,
chega com aproximademente um ano de
atraso nas telas cariocas, mas há alguns
meses já faz parte da cena cult do cinema
americano. Os personagens vivem experiências sexuais à três, à quatro, homo e
heterosexuais. O sexo, porém, é apenas a
superfície das angústias e anseios que
vivem os personagens. Poderia ser consid-
erado um filme pornô pela quantidade de
cenas de sexo explícito se não fosse a
maestria do diretor, que em nenhum momento permite a vulgaridade. Um filme
bonito e uma excelente reflexão sobre as
angústias dos jovens nos dias de hoje.
O
toque de Midas de Tarantino
Com Deathproof, o cinema de Quentin
Tarantino ganha uma nova dimensão. Trata-se
de seu filme mais elaborado, mais artístico.
Paradoxalmente, é também o mais simples. E
incita um novo olhar sobre toda sua obra. No
cinema de Tarantino, as perseguições não são
apenas perseguições. Representam arquétipos
modernos, os quais o cineasta manipula para
provocar o efeito estético que deseja.
A última edição de Cahier du Cinema traz uma
longa entrevista com Tarantino, em que ele se
auto-declara um escritor especializado em diálogos e admite que, com as cenas de violência e
perseguição,visaatingiro inconscientedoespectador, formado em grande parte com um
patrimônio visual. Por exemplo, as cenas de
perseguição constituem, desde os anos 60, um
clichê do cinema americano. Tarantino, porém,
longe de considerá-las apenas um recurso comercial para conferir movimento à narrativa, usa-a
como símbolo enraizado no inconsciente das
novas gerações, cuja formação cultural hoje é indissociada do audivisual, sobretudo a vertente
moderna, populesca, o cinema de ação.
Ou seja, mal ou bem, todos nós, ocidentais, passamos nossa infância e adolescência assistindo
O cine encontro nos anos anteriores aconteceia na tenda da cinelândia, este ano acontecerá no Centro Cultural da Justiça Federal,
também pertinho dalí. Não perca.
CINE ENCONTRO
um bate-papo informal com cineastas.
De 21 de setembro a 3 de outubro
Local: Centro Cultural da Justiça Federal
Av.RioBranco,241-PraçaCinelândia,Centro.
- na sessão da tarde, no supercine, na tela
quente, ou em vídeos vhs - a perseguições,
brigas, tiroteios, artes marciais, guerras, psicopatas trucidando jovens sexys…
Usando elementos culturais próximos de todos
nós, Tarantino consegue reciclar todo aquele
“lixo” cultural, o qual inclusive deixa de ser visto
como lixo. Não eram lixo, então? Aquelas tardes
perdidas vendo porcaria na tv, comendo pipoca e
bebendo coca-cola, enfim, elas valeram alguma
coisa? Após Tarantino, pode-se dizer que sim. O
cinema, mesmo o cinema ruim, os chamados
filmes B, fornecem imagens, símbolos, arquétipos, que enriquecem nossa imaginação e que,
mais tarde, podem ser convertidos em arte ao
serem revalorizados e reassimilados pela perspectiva original de um cineasta de gênio.
Midas pós-moderno, Tarantino transforma em
ouro as nossas próprias experências com
filmes ruins.
Tarantino não perde de vista as fórmulas que
fizeram o sucesso da indústria cinematográfica americana: movimento, sangue, violência,
sexo e uma trilha sonora envolvente. Sem
medo dos clichês, o cineasta os usa com originalidade, extraindo deles uma grande energia
estética e simbólica.
Exibição de filmes às 12h, 14h, 18h30 e
20h30
Debates, oficinas e encontros às 10h, 14h,
16h15 e 18h30
Cinemania não é exclusividade de cineastas.
Cada vez mais, o Festival do Rio aproxima
você da sétima arte.
Sempre depois das sessões do meio -dia da
mostra Première Brasil, um debate com os
relizadore do filme
Patty
Com a atriz
e produtora
Diana Iliescu
"
Diphusa
e
usa
iph
yD
att
oP
ham
ec
“M
de Pedro Almódovar
Produção
Vestido Brechó
do Lavradio
Priscila Miranda
Fotógrafa
Natasha Prado
se tipo de mulher que
p
des
"
rot
ive.
sou
a
g
o
n
iza a época em que v
Calça DT A,
sutiã Dulorem
e cinto Mango
"Quando faço
faço
"Quando
algo, faço
faço para
para
algo,
ser única.
única. Não
Não
ser
quero que
que
quero
ninguém me
me enenninguém
tenda ee muito
muito
tenda
menos me
me imite."
imite."
menos
´
"Por outra parte, todos os homens com quem transei, ficaram apaixonados por mim, coisa bastante lógica, mas que não deixa
de ser um estorvo."
Calça dourada e top
Brechó do Lavradio,
Colete Zara Itália,
colar Accessorize,
Botinhas Andrea.
Calça dourada e top
Brechó do Lavradio,
Colete Zara Itália,
colar Accessorize,
Botinhas Andrea.
Calça legging
Cantão e Blazer
Brechó do Lavradio
“Esta
“Esta noite,
noite, não
não tenho
tenho certeza
de
nada.deE nada.
temo que
não que
sou
certeza
E temo
anão
única.”
sou a única.”
Calça skinny Zara Paris,
Cinto e Camiseta H&M
Paris e Sandália Nativa
Chique é ser a quilo
Entrevista
De volta a Portugal
Bruno Dorigatti
e Raquel Nunes
Graça da Vila leva charme e gastronomia de “peso” ao Catete
O restaurante possui um sistema de buffet a
quilo com mais de 70 pratos quentes e
frios, churrasqueira com carnes tradicionais
e nobres, comida japonesa feita na hora por
um sushiman, frutos do mar, além de uma
mesa com queijos variados, que
acompanham perfeitamente os mais de 42
rótulos que compõem a carta de vinhos
desenvolvida a quatros mãos pelos
sommeliers Paulo Nicolai e Dionísio
Chaves.
PAULA GAITÂN
U
m espaço de convivência muito generoso e
poético. Assim a colombiana
Paula Gaitán, artista e cineasta,
companheira de Glauber Rocha,
de quem foi diretora de arte em
A idade da terra, define a relação com o cineasta baiano.
Em entrevista exclusiva à
Miroir, Paula fala sobre seu
novo filme, Diário de Sintra,
uma compilação de fragmentos de imagens de Portugal –
daquele tempo em que moraram na vila
montanhosa a uma hora de Lisboa, e outras feitas recentemente –, construído
como a arquitetura de um sonho, cheio de
texturas, pinceladas. O documentário, na
verdade, ensaio poético, segunda ela,
capta Glauber em seu exílio voluntário,
pouco antes de sua morte, em 1981, e
mexe com o inconsciente, com as
emoções e sensações às voltas com a
memória de 25 anos atrás. No Festival do
Rio, o filme será exibido no dia 25 de
setembro, terça, no Odeon, às 12h e às
19h15, e no dia 26, quarta, no Espaço de
Cinema 3, às 18h.
Você afirmou que Diário de Sintra é um
documentário sobre a memória, que
transita em torno de Glauber, um filme
muito mais sobre você. Por que investigar esta memória agora?
Paula Gaitán. É um filme a partir de associações
livres, memória involuntária, um filme construído
como a arquitetura de um sonho, e preciso partir do esquecimento, do silêncio, para poder rememorar, para poder falar dessas
reminiscências. É um filme impressionista, o
própio suporte em super-8 permite dar ao filme
essa característica visual, cheio de texturas,
pinceladas. Ficção e realidade se misturam, fun-
O cliente pode ainda optar pelo rodízio
de massas (R$ 17,90), que e é servido
diariamente no 2º piso a partir das 18 h.
São oferecidos diversos tipos de massas e
pizzas, mas o grande diferencial da noite
fica por conta dos deliciosos crepes doces
e salgados que podem ser montados ao
gosto do cliente.
dem-se, são várias camadas da memória superpostas. "Caminhos que levam a Sintra ou
talvez a lugar nenhum, memória perdida,
memória redescoberta." Não se trata de um
documentário jornalístico, mas sim de um ensaio poético que parte de um discurso interior,
narrado em primeira pessoa. A possibilidade de
falar desse momento me emociona e portanto
trata-se de um filme sobre o afeto, o amor, a
morte. Sobre o exílio voluntário do Glauber.
O que é mais díficil em um trabalho
como este?
Paula. O mais difícil é entrar num trabalho
como esse sem se tornar anedótico e criar
uma falsa expectativa emocional, um pouco
espectacular e voyeurista... O difícil é percorrer esse caminho, essa experiência com a
profundidade e o silêncio interior que ela
merece. Não fiz um filme para agradar,
mesmo que ele seja belo aparentemente,
mas um filme para descobrir coisas que eu
desconhecia dentro de mim. É uma experiência radical nesse sentido... Evidentemente
que é um filme que mexe com o inconsciente, com as emoções e sensações,
desvela várias camadas... É como um estado
de transição entre o sonho e a realidade.
Diário de Sintra foi realizado em vários suportes, o super-8 que eu tinha filmado em
Mais do que uma boa opção!
E as sobremesas: doces caseiros, como rolo
de laranja, doce de mamão e pudim de leite, a
tortas de conceituadas confeitarias.
Graça da Vila
Endereço: Rua do Catete, 133 - Catete - (em frente a saída do metrô)
Tel: 2225-6007 / 2225-7949 Funcionamento: domingo a quinta de 11h às 24h
Sexta e sábado de 11h às 2h - Aceita todos os cartões de crédito e Todos os tickets -Ar CondicionadoManobrista no local com estacionamento gratuito - Acesso a cadeirantes -O estabelecimento não aceita cheque
Moda
" A Dú
vida
"
a
t
s
i
t
r
A
a
d
Ford
agência
a
d
o
n
ia
ís Rusc
ilherme
Com: L a as: Juliano Gu
do
Pintur
sha Pra a
a
t
a
N
:
a
d
f
Fotógra Priscila Miran
o:
Produçã
vestido
laranja
Cantão
vestido Colcci
Sapatilha Nativa
macaquinho colcci
e Sapatilha Nativa
vestido Colcci
Sandália Nativa
vestido amarelo
Zara Itália
vestido Cantão
Entrevista
1981, quando moramos em Sintra, Glauber,
eu e meus filhos. O material em super-8 desta
nova viagem a Portugal, e também tem o material gravado em HDV, DV, 16 mm etc. A finalização do filme foi bastante complexa pela
variedade de suportes.
Poderia falar um pouco sobre o conceito
de documentário de invenção?
Paula. O documentário de invenção existe
desde os primórdios do cinema, desde sua
própria origem com os irmãos Lumière, e depois com autores tão extraordinários como
Robert Flaherty, com seu belíssimo Nanouk, e
Joris Ivens, com dois filmes fundamentais na
linha documentário de invenção, que são A
chuva e Ponte. Atualmente, temos o mestre Artazvad Pelechian e Chris Marker, e o próprio Godard, que continuam produzindo nessa linha
criativa e reflexiva. E no Brasil, o Glauber é
essencial com o Di [sobre o velório do pintor Di
Cavalcanti, no MAM, Rio de Janeiro] e outros
extraordinários documentários. Trata-se de uma
vertente rica na história do cinema, e tenho
uma afinidade e uma afetividade muito grande
com esse tipo de cinema.
Você questiona a vertente mercadológica,
que domina o cinema atual. Por outro lado,
no Brasil, os documentários vêm alcançando uma qualidade e densidade que
supera de longe o cinema ficcional, mais
atrelado ao mercado e mais chapa branca,
com honrosas exceções, como a produção
nordestina, sobretudo pernambucana
(Karim Ainouz, Paulo Caldas, Lírio Ferreira
Claudio Assis), e outros, como João Jardim.
Como vê este cenário?
Paula. O cinema brasileiro atual propõe uma
variedade imensa de possibilidades estéticas e
olhares diversos. É um momento para o documentário muito rico, com propostas muito radicais e belas como no caso de Cao Guimarães
e Marília Rocha, Luccas Bambozzi, Eryk Rocha.
Poderia falar sobre o projeto "Cinema
que Pensa"?
Paula. Partiu da necessidade de um encontro
entre a filosofia e o cinema, dá vontade de re-
fletir um pouco em torno da produção de idéias
e conceitos que envolvem o devir cinema, uma
abertura do pensamento. Não é pensar o cinema no que ele é, mas no que ele pode ser.
Cinema que pensa é a própria filosofia. O "Cinema que Pensa" existe desde 2002, quando
começei a realizar os debates no Castelinho do
Flamengo. Tenho a última entrevista com
Rogério Sganzella, que foi realizada num debate caloroso em que estavam presentes Ivana
Bentes, Paulo Caldas e Claudio Assis. Depois
prosseguiu com Juan Posada, filósofo, e se
tornou um evento de filosofia e cinema O Eryk
Rocha se integrou no ano seguinte. Nesse ano,
lotou durante três dias o Odeon, e nos convidaram para realizar o evento no Festival de
Cuba de 2007.
Como é voltar a Glauber 25 anos depois? O que ficou neste tempo todo? O
que se escondeu? O que se esqueceu?
O que se revigorou?
Paula. Glauber é um dos maiores artstas deste
século. Falar a partir dele, refletindo sobre ele,
é uma imensa inspiração para qualquer artista,
para qualquer pessoa que ficou perto dele.
Glauber é um artista contemporâneo, sua obra
permanece como uma fonte de água cristalina,
seu pensamento e fluxo permanente de idéias.
Ele é eterno, belo, profundo... Não esqueci
nada, ao contrário, nunca esteve tão presente
e rico no meu imaginário esse universo glauberiano. "Glauber poeta alado, poeta do ar, dos
murmúrios, da tempestade, revoluções..."
Alguma vez pensou nessa importância?
Ou, pelo contrário, acha que artisticamente a relação de vocês pouco influenciou o Glauber artista?
Paula. Acho que o fato de eu ser artista visual
foi certamente um fato importante para estabelecer esse diálogo criativo entre a gente. Realizei a direção de arte de A idade da terra
[recém-restaurado e também exibido no Festival do Rio ], também vários cartazes e capas
dos seus livros. Fiz em parceria com ele os desenhos que ilustram o roteiro de O nascimento
dos deuses, publicado pela Rai italiana e inédito até hoje no Brasil.
Os Doces Revolucionários
Camila Lopes
D
epois de ter recebido o folheto com o teste, eu resolvi que iria ao C.O, Comedores Obsessivos. O teste do C.O ainda está bem fresco na minha memória porque foi extremamente perturbador: consistia em dez perguntas, para cinco afirmativas eu seria uma
comedora compulsiva nível leve, acima disso dava moderado, e para sete "sins" ou mais eu
pertenceria a um nível que eu nem quero falar o nome. Honestamente. As perguntas eram
assim, mais ou menos.
Antesqueeufosse-euseriaobrigadaafalar?Naverdade eu não ia falar nada, ia pedir pra ficar lá vendo
e como seria a minha primeira vez eu gostaria de
falar por último. E aí caía fora. "Ah..." você pode pensar, "sacanagem dela". Óbvio que é, faz parte da
minha problemática toda ser desonesta. Antes
então, resolvi relembrar o começo. O meu problema
é com os doces. Só isso. Lembro até do dia em que
eu percebi que algo estava errado: no ano de 1991
com dez anos virei compulsiva no dia em que
haviamfeitomoussedemaracujáparaasobremesa.
Eu comi um pouco da mousse, e mais um pouco e
acabei com tudo. Foi aí, parece inverossímil, não?
Inverossímil se dar conta de uma compulsão e inventar subterfúgios para conviver com ela. Todo vício
é bom, todo viciado é em parte, muito feliz. Assim
como eu fui feliz na Penha, aos sete anos, no alto
grau que faz no subúrbio carioca em época de São
Cosme e Damião, quando eu era transferida de
Ipanema para a casa da tia, recolher os doces. A
bem da verdade, a graça estava em juntar um
grande número de doces oferecidos pelas donas de
casa, doces revolucionários - devido à imposição do
aspartame e nunca poder comer coxinha. Eu nunca,
aos seis anos, tinha provado uma coxinha de galinha
–ah...osdocesrevolucionários,vagabundos,deSão
Cosme eDamião... Era"cocô derato","peito devéia",
"pirú mole" e o indefectível doce de abóbora em formato de coração, provei todos em Setembro de
1987 na calçada da Rua do Couto, devidamente
refugiada dos olhos da minha mãe; A junção dos
doces com a sensaçãode liberdade, hoje eu vejo, foi
o cerne da minha compulsão alimentar. Dentre outros episódios, inclusive um em que as amigas tentaram avisar que a minha mãe chegava para me
buscar enquanto eu comia um sonho de creme, fui
pega e fiquei de castigo pelo sonho.
Não sou o ideal de beleza - falarei disso - aliás o Rio
de Janeiro não passa de uma Los Angeles Sul-
Americana, se você veste número 42, você é naturalmentegorda,vocênãopertenceaoRiodeJaneiro,
vocêpodepertenceraumlugarondetenhammuitas
barangas, mas você definitivamente não pode circularporIpanema.Outro dia,eue o meucorpodematrona italiana - lembrem do filme Amacord do Fellini
- nosatrevemosa convidarumaamigaparair a praia
nessa mesma Ipanema, ouvimos um conselho e
uma negativa;
"Claro amiga, emagrece que em Dezembro
a gente estará lá".
Nãopossodizerquefiqueichateada,porqueaamiga
em questão tem mesmo é mingau no lugar do cérebro. Mas nessa história toda, o pior é ter o tal "rosto
bonito" aí é que enche o saco, imaginem que eu, a
comedora dos doces revolucionários, a matrona, a
deusa sexual da bonança, tenho de ouvir essa resenha todo o dia;
"Por que você não faz um regime? Tem um
rostinho lindo".
Nestas horas eu gostaria que os meus caninos
fossem maiores, mas escuto tudo na maior
parcimônia, as pessoas querem tirar a sua dignidade, não pode perder a linha. E o que os outros dizem quando a gorda tem um rosto feio?
Nada, fica aquele eterno constrangimento submerso no selo "a garota mais legal que eu conheço". Quanto a mim, quer dizer, depois de todas
essas minhas retrospectivas, adjuntas do tal teste
que me deu o certificado "compulsiva nível barba,
cabelo e bigode" estou – segundo o folheto – precisando de ajuda, urgente (pode rir). Agora eu
vou lá ver qual é a dos Comedores Obsessivos,
quero ouvir apenas e no final, brindarei a todos
com um "tchau, eu tenho que ir". Compulsão é
um dos princípios do vício – fora a felicidade
transbordante – e a minha eu não vou compartilhar com ninguém. Tem que segurar a dignidade... Até o fim.

Documentos relacionados