É preciso mais
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É preciso mais
É preciso mais Nas suas próprias palavras 200511512-001, Ryan McVay/Stone Ryan McVay conta-nos como tirou a fotografia Concertos de rock, festivais e discotecas - todos geram um ambiente especial. Uma atmosfera de entusiasmo. Trata-se de um tema universal. Gritar de braços no ar quando a banda sobe ao palco; fazer parte de um todo maior do que qualquer um de nós. Graças aos smartphones e às redes sociais, podemos partilhar estes momentos quando acontecem. As imagens publicadas são reconhecidas imediatamente, são autênticas e poderosas. O problema é que não podem ser usadas para outros fins, como campanhas publicitárias. Por isso, existe muita procura. Contudo, recriar essas fotografias é extraordinariamente difícil. Reproduzir a paixão da multidão, reproduzir a própria multidão – tal como nos explica Ryan McVay. “ O meu despertador tocou às quatro da manhã. No longo dia que então começava, acabámos por tirar milhares de fotogramas e gravar mais de cinco horas de vídeo. Tudo para recriar um só conceito intemporal. Pessoas a divertir-se juntas, a celebrar e a desfrutar do momento. O tipo de situação que surge numa saída à noite com os amigos, num festival ou num concerto. Tínhamos identificado uma discoteca no Sul de Londres para usarmos um ambiente tão realista quanto possível. Quando lá chegámos na véspera, o local era um buraco negro. Tivemos de trazer todo o nosso equipamento de iluminação e instalação, 14 camiões no total, para recriar a atmosfera de um concerto. Até tínhamos canhões de confetti. Mas a preparação não ficou por aqui. Durante dois dias, organizámos um “mega casting” e escolhemos mais de duas centenas de figurantes; também colaborámos com uma agência para recrutar 38 modelos que estariam mais próximos da câmara. No dia da sessão, todas as pessoas envolvidas assinaram um formulário de autorização de modelo, permitindo o uso comercial das imagens. Em termos da equipa presente, tivemos três fotógrafos, um cinematógrafo, dois operadores de câmara, cinco directores artísticos, um fotógrafo criativo sénior, um produtor, nove assistentes de fotografia, dois chefes electricistas, dois primeiros assistentes de realização, dois técnicos de efeitos sonoros, 238 modelos, 19 assistentes, oito especialistas em cabelo e maquiagem, dois estilistas, uma equipa de catering (incluindo um camião de comida) e seis seguranças. Os detalhes são importantes para que eu não me esqueça das dimensões do projecto, mas também para tornar claro o esforço exigido pelas imagens tiradas nesse dia. Com tantas pessoas no local, tivemos de ser muito disciplinados. Mais uma vez, o factor essencial foi a planificação. Tínhamos uma lista de fotografias do comprimento de um braço. Todas as imagens foram registadas previamente num storyboard, para permitir a sua pré-visualização e aumentar a probabilidades da imagens criadas serem as desejadas. Na imagem que vemos aqui, queríamos a perspectiva da multidão, para que parecesse uma fotografia tirada por alguém num concerto. Não se vêem rostos individuais e essa foi uma decisão deliberada. Pretendíamos manter a imagem genérica, mas específica em termos da sua mensagem. Por essa razão, é menos provável que a imagem envelheça ou se torne datada. Transmite a ideia de momento. Quem a vê, mergulha no que está a acontecer. É credível e esse é um efeito muito difícil de conseguir. Além disso, a imagem possui personalidade por causa da luz e dos confetti. O mais interessante é que o resultado final foi, literalmente, a última imagem do dia. Já quase não tínhamos confetti e se não tivéssemos feito as coisas como deve ser, não haveria uma segunda oportunidade.” www.gettyimages.co.uk/ItTakesMore