ARQUITETURA

Transcrição

ARQUITETURA
ARQUITETURA
a revista da caixa
CAIXA GERAL
DE DE P ÓSI TOS
PRESENTE E FUTURO
DE UMA DISCIPLINA
QUE ENGRANDECE
O NOME DE PORTUGAL
ALÉM-FRONTEIRAS
ÁLVARO
SIZA VIEIRA
NA PRIMEIRA PESSOA
N . o 0 9 | O u tu b ro d e 2 0 1 2 | A n o I I I
A GELO E FOGO
VIAGEM ANTICRISE
A UMA ILHA CHAMADA ISLÂNDIA
DESCUBRA TUDO O QUE A CAIXA
TEM PARA LHE OFERECER
CONHEÇA A APP
PERIODICIDADE
TRIMESTRAL
editorial
e
Do verbo construir
a revista da caixa
Diretor Francisco Viana
Editores Luís Inácio e Pedro Guilherme Lopes
Arte e projeto Rui Garcia e Rui Guerra
Colaboradores Ana Rita Lúcio, Helena
Estevens, João Paulo Batalha, Leonor Sousa
Bastos, Paula de Lacerda Tavares (texto);
Anabela Trindade, Estúdio João Cupertino,
Filipe Pombo e Gualter Fatia, com agências
Corbis, Getty Images e iStockphoto (fotos);
Marta Monteiro (ilustração),
Dulce Paiva (revisão)
Secretariado Teresa Pinto
Gestor de Produto Luís Miguel Correia
Produtor Gráfico João Paulo Batlle y Font
REDAÇÃO
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Diretora Coordenadora
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Editora Medipress - Sociedade Jornalística
e Editorial, Lda.
NPC 501 919 023 Capital Social: €74 748,90;
CRC Lisboa
Composição do capital da entidade proprietária
Impresa Publishing, S. A. - 100%
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5FMq'BY
Foto de capa: FG+SG - Fotografia de Arquitectura
Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes
Gráficas, S. A.
Propriedade
Caixa Geral de Depósitos
Av. João XXI, 63, 1000-300 Lisboa
Periodicidade Trimestral
(Edição n.º 9, julho/setembro 2012)
Depósito Legal 314166/10
Registo ERC 125938
Tiragem 72 000 exemplares
POR MAIORES QUE SEJAM AS DIFICULDADES, os portugueses
continuam a dar provas do seu talento, da sua qualidade
e do seu profissionalismo, um pouco por todo o mundo!
Esta é uma verdade inquestionável e a arquitetura não
foge à regra.
Tendo como embaixadores Álvaro Siza Vieira – um dos
destaques desta edição com uma entrevista imperdível – e
Eduardo Souto de Moura, as construções e intervenções
com assinatura Made in Portugal vão conquistando
prémios, distinções e primeiras páginas nas revistas
internacionais da especialidade. Em destaque, uma nova
geração de arquitetos, empenhada em traçar novos rumos
e assumindo um pensamento em comum: o respeito
pelo meio ambiente e a procura por soluções que se
enquadrem na tão procurada sustentabilidade.
Como tem sido habitual, as cidades, a arquitetura e
a sustentabilidade são, efetivamente, dois dos eixos da
sua Cx. E, como não poderia deixar de ser, eles estão
presentes neste número, com o exemplo de um resort
chamado Bom Sucesso e um jovem arquiteto que desenha
cidades futuristas. Ou mesmo um autocarro amigo do
ambiente; um movimento verde apostado em criar uma
corrente de iniciativas mais saudáveis para a mobilidade
urbana; ou uma jovem designer que aposta em roupas
ecológicas.
Mas há muito mais, claro, como uma marca de
sapatos feitos de cortiça, uma viagem de sonho à quase
desconhecida Islândia e outra, mais perto, pelo que de
mais importante se vai fazendo, em termos culturais, em
Lisboa e em Braga.
Tudo isto, e muito mais, numa edição que assinala
o reunir, numa única publicação, de todo o universo
Caixa, incluindo uma seleção de produtos e serviços
especialmente pensada para si. E que melhor forma de
assinalar essa mudança de estratégia editorial do que uma
edição dedicada à arquitetura? Afinal, ajudar a construir o
futuro dos portugueses tem sido uma das traves mestras
da atuação da Caixa Geral de Depósitos. Já lá vão mais de
136 anos e, em vésperas de um 2013 que exigirá esforços
a todos, a Caixa Geral de Depósitos volta a assumir-se
como porto seguro e sinónimo de solidez e confiança.
FRANCISCO VIANA
«AJUDAR A
CONSTRUIR
O FUTURO DOS
PORTUGUESES
TEM SIDO UMA DAS
TRAVES MESTRAS
DA ATUAÇÃO
DA CAIXA GERAL
DE DEPÓSITOS»
Correio do leitor [email protected]
A Cx é uma publicação da Divisão Customer
Publishing da Impresa Publishing,
sob licença da Caixa Geral de Depósitos
Esta revista está escrita nos termos do novo acordo ortográfico
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
3
i
interior
06 Pormenor
Notícias que saem da Caixa
DESTAQUES
PESSOAS
10 Histórias de sucesso
Joaquim Menezes
12 Talento
Os desenhos de André Rocha e
as receitas de Miguel Castro Silva
ESTILO
18 Design & arquitetura
Os sapatos da Rutz e a Trienal
de Arquitetura de Lisboa
21 Automóveis
O novo Mercedes Classe A
22 Culto + Soluções
Peças com muito estilo e
ideias para o dia a dia
24 Gourmet + Prazeres
Emo e Bem-Me-Quer, e umas
bolachas que aquecem a alma
39 Observatório
João Santa-Rita
DESTINOS
46 Roteiro
Aldeias Históricas
48 Fugas
32 Com os pés na terra
Com nomes consagrados ou jovens talentos, a arquitetura portuguesa continua
a dar cartas pelo mundo. E a nova geração de arquitetos está a distinguir-se
por projetos mais sustentáveis, atentos ao equilíbrio energético e a uma relação
simbiótica com a Natureza.
Aquapura Douro Valley
Quase mulherzinha
54 Educação
Como reagir ao mobbing?
55 Finanças
Cartões pré-pagos
58 Sustentabilidade
Um autocarro amigo do
ambiente, roupa ecológica e as
boas práticas da CGD
CULTURA
61 Ler & Ouvir
62 Lisbon Week
Lisboa saiu à rua
64 Festival Rota das Artes
Com o apoio da Caixa
68 Agenda
69 Vintage
O primeiro livro de receitas
74 Fecho
Notícias CGD
4
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
16 Design & arquitetura
Com a Natureza como um livro
aberto, um lote dos mais destacados
arquitetos portugueses foi convidado
a traçar a sua própria narrativa no
guião do Bom Sucesso Architecture
Resort.
26 Entrevista
Move-o a paixão pela arquitetura, a
alegria de viver e o convívio com os
amigos. Chama-se Álvaro Siza Vieira
e é um dos mais premiados arquitetos
portugueses.
40Grande viagem
Islândia, uma ilha de origem vulcânica,
perto do Círculo Polar Ártico, tão
selvagem quanto romântica.
56 Sustentabilidade
Conheça o Verde Movimento, um
projeto que cria uma corrente
de várias iniciativas que dão
visibilidade a atitudes mais
saudáveis de vida para o ambiente
e para as pessoas.
66 Cultura
Uma juventude mais participativa,
com mais ferramentas para os
desafios do futuro. É este o legado
do GNRation, o novo espaço criativo
da cidade de Braga, instalado no
antigo quartel da GNR local.
70 Institucional
Conheça os produtos e serviços
da CGD, criados a pensar em si.
Foto: FG+SG - Fotografia de Arquitectura
VIVER
52 Saúde
p
pormenor
IDEIA LUMINOSA
Chama-se Sixties e é um candeeiro que promete
dar resposta aos anseios dos mais exigentes
utilizadores, mesmo dos que procuram os mais
complicados ângulos de iluminação. O seu autor é
Maxim Maximov, um designer industrial russo que
se inspirou nos designers dos anos 60 para criar
CO(R)PINHO
DE LEITE
O conceito eco-fashion não pára de
surpreender e uma das mais recentes
novidades chega-nos da Alemanha.
A protagonista é Anke Domaske, uma
designer de moda e microbiologista,
que encontrou uma forma de unir
as suas duas paixões: desenvolveu
a QMilch, uma fibra especial
obtida a partir do leite que permite
confecionar roupa. A QMilch contém
uma proteína derivada do leite azedo
que, depois de tratada, permite
obter as linhas com que são feitas as
peças, com um surpreendente toque
ao nível da seda (com a vantagem
de, ao contrário da seda, poder ser
produzida sem o uso de pesticidas).
esta peça, feita em plástico, que faz lembrar uma
palhinha gigante: um tubo em plástico, passível
de ser dobrado em diferentes ângulos e posições,
claramente assente na ideia de funcionalidade sem
detalhes desnecessários (ou, se preferirem, um bom
exemplo de como menos pode ser mais).
YOU NG VOLU N T E AM
Apelo à ação
Caixa associa-se à Sair da Casca e à ENTRAJUDA para
promover o voluntariado junto dos mais novos
o Programa Young VolunTeam é um
projeto de promoção do voluntariado em
escolas do ensino secundário, contribuindo
para o desenvolvimento de competências
fundamentais no crescimento dos jovens.
Fruto de uma parceria entre a Caixa, a Sair
da Casca e a ENTRAJUDA, o programa dará
especial atenção a temas como a inclusão
social, a educação, o empreendedorismo, o
emprego e a cidadania.
Na prática, o Young VolunTeam desafia as
escolas a desenvolverem o seu próprio projeto
de voluntariado, sendo que cada uma deve
inscrever-se com um grupo de alunos e um
professor, que irão receber formação para o
efeito. Estes elementos serão os principais
dinamizadores do Programa, não só na
sua escola, mas também na comunidade
envolvente, incluindo nas escolas de ensino
básico, através de sessões de formação.
Ao associar-se a esta iniciativa, a Caixa Geral
de Depósitos reforça a aposta nos jovens
portugueses, despertando a sua consciência
cívica e social. Pretende-se contribuir
para a valorização dos seus currículos,
acrescentando-lhes vantagem competitiva
e reconhecimento aquando da respetiva
apresentação a universidades estrangeiras
ou a propostas de emprego.
CAMPANHA CAIXAZUL
A campanha de publicidade iniciada a 28 de setembro
pretende apresentar o serviço Caixazul, um serviço de
proximidade, inovação e exclusividade. A confiança e
o conhecimento das reais necessidades dos Clientes
são a principal mensagem transmitida pela campanha.
Com ela, procura-se demonstrar que a Caixa de hoje é
um Banco de Clientes. Saiba mais sobre este serviço
na página 71. Há um Banco que o conhece como
ninguém. A Caixa. Com certeza.
6
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
Invenção que
salva vidas
DESIGN
Caderneta de cromos virtual
em portugal, não vão
faltando exemplos de pessoas
que fazem da criatividade a
sua maior arma. José Cardoso
é um desses casos. Resolveu
enfrentar o desemprego com
a criação do A Thousand
Faces Staring Back at You,
um site que queria ser uma
caderneta de cromos. E o
que, supostamente, seria um
hobbie, virou um trabalho. A
mecânica é simples: por um
euro, e enviando uma foto
acompanhada de algumas
informações pessoais,
qualquer pessoa pode
encomendar o seu próprio
cromo. Depois, compram-se
carteirinhas esperando que nos
saia o nosso próprio cromo (ou
o da nossa cara-metade, do
cão, do gato ou do periquito).
Caso não saia, podemos
tentar encontrar quem tenha
o nosso cromo para a troca ou,
até, procurar completar uma
espécie de caderneta privada
onde podem caber amigos e
familiares.
Fotos: D.R.
TRADUZIR À LETRA
já imaginou se os ingleses utilizassem, traduzidas à letra,
expressões tão portuguesas como «de pequenino é que se
torce o pepino», «estás armado em carapau de corrida» ou
«e tu nem sabes da missa metade»? Luís Santos imaginou e
resolveu criar a página Portuguese Sayings (www.facebook.
com/PortugueseSayings), onde frases famosas, provérbios e
expressões idiomáticas ganham todo um novo significado.
chama-se sara pimenta,
é aluna de Engenharia
Biomédica, da Universidade
do Minho, e está nas bocas
do mundo depois de ter
desenvolvido um dispositivo
portátil que, baseado numa
análise espectrofotométrica,
identifica o tipo de sangue
de uma pessoa em apenas
cinco minutos. Uma ideia
que pode salvar vidas e
que arrecadou o primeiro
prémio, na categoria de
Mestrado, num concurso
de ideias promovido por
um centro de investigação
que faz parte da Fraunhofer
Gesselchaft, uma
organização europeia de
investigação na área das
engenharias.
O MELHOR
GERENTE
DA EUROPA
A Asics Tiger promoveu
um concurso para eleger
o melhor gerente de loja
na Europa e o prémio
viajou para Portugal, mais
precisamente, para a loja
da Asics no Outlet de
Vila do Conde. É lá que
trabalha Rafael Ribeiro, de
28 anos, natural de Santa
Maria da Feira e formado
em Gestão de Empresas,
na Universidade Lusíada
do Porto, o jovem
português que venceu
mais de 40 colegas de
países como Inglaterra,
Alemanha, França,
Dinamarca ou Holanda,
entre outros.
CAIXA PROMOVE A POUPANÇA
Fazem já parte do património simbólico da Caixa, no que
ao incentivo à poupança junto dos mais novos diz respeito.
Falamos da Semana da Poupança na KidZania e da Exposição
Eucação+Financeira.
A primeira vai já no terceiro ano e surge na sequência do
apoio que coloca a CGD como parceiro bancário oficial do
parque onde se brinca às profissões. O incentivo à poupança
e ao trabalho é, por isso, mais do que pertinente, sendo que,
este ano, a ação contou com outro objetivo: a perceção do
conceito de juro. No parque esteve o Cifrão, o embaixador da
poupança da CGD, que deixou conselhos sobre a gestão do
dinheiro e animou os presentes com música e dança.
Já a Exposição Eucação+Financeira resulta de uma parceria
com a Universidade de Aveiro e visa a formação de
consumidores mais conscientes da realidade financeira.
Desenhada para os mais jovens, a exposição passou já por
40 cidades do País, envolvendo mais de 40 mil pessoas. O
lançamento da terceira edição ocorreu em Setúbal, a 2 de
outubro, na Escola Básica 2,3 de Bocage, seguindo-se sete
meses de itinerância, até 24 de abril, em Aveiro (ver pág. 68).
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
7
p
pormenor
1
DE OLHOS EM BICO Aos
32 anos de idade, as famosas
Pintarolas (pastilhas de chocolate
num tubo colorido) chegaram
à China e até já têm direito
a um colorido spot televisivo.
Em mandarim, claro!
2
DIA DA FORMAÇÃO FINANCEIRA
Promover a literacia financeira, de
norte a sul do País, foi o objetivo
da mais recente iniciativa do Plano
Nacional de Formação Financeira.
Teve lugar no Dia Mundial da
Poupança (31 de outubro).
3
MAIS VIAGENS LOW COST
Está agendada para abril de 2013
a abertura de uma base aérea da
EasyJet, em Lisboa, numa medida
que permitirá criar cinco novas
rotas: Amesterdão, Astúrias,
Bordéus, Copenhaga e Veneza.
3
F E S T I VA L L E R
Celebrar as bodas de ouro
A revista Ler assinala 25 anos com um festival
que promete agitar o início de dezembro
não podiam começar da melhor maneira
estes seis dias (de 4 a 9 de dezembro) de
cinema e literatura, no Cinema São Jorge: o
Festival Ler 25 Anos/25 Filmes arranca com a
antestreia exclusiva de On the Road, realizado
por Walter Salles, a adaptação
do livro de Jack Kerouak, que conta
no elenco com nomes como Viggo Mortensen
e Kirsten Dunst.
A este filme juntam-se 24 obras
cinematográficas selecionadas por Pedro
Mexia (de Matar ou Não Matar, de Nicholas
Ray, a Tess, de Roman Polanski, passando
por Vidas em Fúria, de Stephen Frears, ou
A Corte do Norte, de João Botelho) e outros
motivos de interesse: a entrevista de Carlos
Vaz Marques a António Lobo Antunes, ao
vivo; a conferência de Gonçalo M. Tavares; os
concertos das bandas dos escritores Afonso
Cruz (The Soaked Lamb) e Jacinto Lucas Pires
(Os Quais); o espetáculo de David Santos
(Noiserv), autor de alguns dos temas musicais
de José & Pilar; três concertos em parceria
com o Festival Vodafone Mexefest; a emissão
em direto do programa de rádio Prova Oral; e
1.
Este Herdade das Servas
Vinhas Velhas tinto
2009 é a segunda colheita
(a primeira em 2005) deste
topo de gama feito a partir
de vinhas com mais de 50
anos. Se o oferecer como
prenda, saiba que pode
envelhecer até mais 15 anos.
2.
mais debates, tertúlias, exposições, contadores
de histórias e uma feira do livro. Pode
acompanhar todas as novidades no blogue
ler.blogs.sapo.pt e no Facebook da LER.
A Culturgest recebeu, a 12 de setembro último, a cerimónia de entrega da quinta edição dos
Green Project Awards. Na cerimónia, que contou com a presença de Assunção Cristas, ministra
da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, foram distinguidos, uma
vez mais, os projetos com as melhores práticas na promoção do desenvolvimento sustentável
em Portugal. Descubra os projetos vencedores em www.greenprojectawards.pt e conheça,
também, as melhores práticas de sustentabilidade na CGD
em www.cgd.pt/Institucional/Sustentabilidade/Pages/Sustentabilidade.aspx.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
Para brindar
com bom vinho português,
produzido de norte a sul,
na sua noite de Natal.
GREEN PROJECT AWARDS
8
IDEIAS
A Lavradores de Feitoria
– projeto no Douro
que reúne 15 produtores,
proprietários de 18 quintas
– lançou duas novidades da
marca Meruge: o branco de
2011 (100% português, feito
a partir da casta Viosinho,
ideal para acompanhar polvo
ou bacalhau) e o tinto de
2009 (recentemente eleito
como um dos melhores do
ano no seu guia Vinhos de
Portugal 2013).
3.
A dupla de produtores
Quinta do Pôpa e Luís
Pato lança a colheita de
2008 do vinho criado a partir
da combinação de duas
castas autóctones da região
do Douro e da Bairrada,
respetivamente: Tinta Roriz
e Baga, proveniente da vinha
Pan. Este PaPo pode ser
apreciado desde jovem ou
ser guardado por muitos
anos.
Quer descobrir a obra de Siza Vieira?
S H O R T O LO G Y
A história como nunca a viu
quando pensamos numa
enciclopédia histórica,
imaginamos um livro com
imensas páginas, dividido em
vários volumes. E se lhe dissermos
que pode ficar a conhecer
mais de 100 acontecimentos
e figuras da História mundial
em poucos segundos? A ideia
é de Mateo Civaschi e Milesi
Gianmarco, diretores criativos da
agência H-57, que apostaram na
pictografia para criar o Shortology,
um livro em que cada página
conta episódios como a vida dos
dinossauros, a evolução dos jogos
de vídeo, toda a série Lost, bem
como a biografia de nomes como
Michael Jackson, Maradona ou os
Beatles.
Fotos: D.R.
JÁ CONHECE A APP
CAIXADIRECTA?
A Caixa associou-se ao lançamento do Windows 8 e lançou a
aplicação Caixadirecta para tablet e PC, que lhe permite aceder,
de forma simples e prática, ao serviço Caixadirecta on-line – o
serviço de internet banking da CGD. Este é mais um testemunho
da inovação dos produtos e serviços da Caixa, visando maior
eficiência, acessibilidade e conforto dos seus Clientes. A App
Caixadirecta permite aos Clientes da CGD efetuarem a maioria
das operações bancárias, onde quer que estejam, em absoluta
mobilidade. Além da componente transacional, a aplicação
disponibiliza, também, outros serviços informativos, como as
campanhas em destaque e a georreferenciação de Agências. Esta
aplicação explora o leque de potencialidades do Windows 8, com
a incorporação de opções de partilha e de busca, apresentando
um desenho agradável e uma navegação muito intuitiva. Para
fazer download desta aplicação, basta ter o novo sistema
operativo Windows 8, aceder à Loja Windows e pesquisar por
«CGD» ou «Caixa». Caixadirecta. O seu Banco sempre presente.
CASA DE CHÁ
DA BOA NOVA
Leça da Palmeira
Classificada como
Monumento Nacional,
há quem a aponte como
a mais emblemática obra
de Siza Vieira. Embora,
infelizmente, fechada ao
público, continua a ser
um exemplo perfeito da
integração da arquitetura
no sítio, sendo quase
cinematográfica a sua
localização entre as rochas,
debruçada sobre o mar.
PISCINA DAS MARÉS
Leça da Palmeira
Localizadas na Marginal
de Leça da Palmeira,
este conjunto de piscinas
de água salgada é mais
um exemplo da integração
da obra no espaço que
a acolhe. Inaugurada em
1966 e mantendo-se atual,
é uma obra que assenta
nas formas criadas pela
própria Natureza.
PAVILHÃO DE PORTUGAL
Lisboa
É emblemática a enorme
pala de betão que cobre
a praça sob ela existente.
Mais um grande exemplo
de arquitetura, em grande
destaque aquando da
Expo’98.
ADEGA MAYOR
Campo Maior
O minimalismo,
perfeitamente enquadrado
na planície alentejana,
naquela que serve de base a
um dos mais interessantes
projetos de enoturismo
nacionais.
CASA DA ARQUITETURA
Matosinhos
Vai ser construída junto ao
Porto de Leixões. Um edifício
com uma área total de nove
mil metros quadrados, que
representará a mais recente
intervenção nacional de
Álvaro Siza Vieira, um dos
mais premiados e aclamados
arquitetos portugueses.
O CAPACETE INVISÍVEL
Anna Haupt e Terese Alstin são duas designers industriais
suecas que procuram conquistar o mundo com uma proposta
inovadora: um capacete invisível para ciclistas. Demoraram
sete anos a desenvolver aquele que batizaram de «Hövding»,
um capacete que, na verdade, é um colarinho que contém
um airbag, ativado por sensores e transformado (aí, sim) em
capacete em caso de acidente. Dotado de uma bateria que
demora seis horas a carregar, via USB, com autonomia até 18
horas, o Hövding tem, ainda, uma caixa negra que grava dados
nos dez segundos antes ou durante o acidente. O colarinho
é lavável e está disponível em várias cores, e há (mais) um
pormenor curioso: a montagem final tem lugar nas instalações
portuguesas da empresa sueca Alva.
Aponte a câmara do
telemóvel ou tablet para
este código, recorrendo
a uma aplicação de leitura
de código 2D
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
9
h
histórias de sucesso
JOAQUIM MENEZES
RESILIENTE
Um salto para o sonho
Primeiro português a receber o prestigiado Prémio Pierre Nicolau,
da CIRP, e inúmeras vezes galardoado pelo seu empreendedorismo,
reconhece no trabalho e no exemplo a forte alavanca para o sucesso do Grupo
Iberomoldes, um dos maiores grupos mundiais da indústria de moldes,
sediado na Marinha Grande
Por Helena Estevens Fotografia João Cupertino
SERRALHEIRO AINDA adolescente, foi trabalhador-estudante e tornou-se empresário.
O presidente do Grupo Iberomldes crê que é a esta sua formação gradual – que lhe permitiu
uma aprendizagem feita principalmente de experiências – que deve a maturidade necessária
para gerir, de uma forma harmónica, as pessoas que trabalham consigo, numa base de respeito
mútuo pelas suas expectativas.
Cx: Quando começou a trabalhar na Aníbal
H. Abrantes, aos 15 anos, alguma vez pensou
vir a ser distinguido com um prémio como o
Pierre Nicolau 2011, da CIRP?
Joaquim Menezes: Nós nunca esperamos
essas coisas, acho eu. Mas o meu percurso
– até pela natureza das minhas funções hoje
em dia, que estão ligadas muito à área da
engenharia, desenvolvimento e inovação
da indústria – e, principalmente, o meu
envolvimento em muitas das estâncias
de desenvolvimento tecnológico a nível
nacional e internacional permitem uma
grande exposição. Senti-me muito honrado.
Particularmente, porque os agraciados
anteriores são pessoas que eu respeito muito,
por serem empresários, a maioria de empresas
que estão no mercado há muitos anos, de
forma muito afirmada a nível dos produtos
ou equipamentos que as suas empresas
produzem e ajudaram a desenvolver.
Cx: Mas a Iberomoldes também está no
mercado já há uns anos…
J. M.: Mas nós estamos em Portugal. Apesar
de tudo, achamos que não somos notados da
mesma forma do que as grandes empresas
japonesas, alemãs ou inglesas agraciadas antes.
Cx: O que representa um prémio como este?
J. M.: Não sei, sinceramente, mas acho que
dá alento aos outros engenheiros e às pessoas
que objetivamente se interessam e se dedicam
a este tema. Tenho ideia de que a minha
carreira demonstra que, com empenhamento,
10
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
SONHADOR
acabamos por ser notados, mesmo em
Portugal, onde tendemos a desvalorizar o que
fazemos, que é muito bom.
Cx: Qual o segredo do sucesso da Iberomoldes?
J. M.: Esse mesmo trabalho e todas as pessoas
no grupo sentirem que todos nos esforçamos
e tentamos, também, dar o exemplo por cima.
Sentirem que, com trabalho, conseguimos
fazer as coisas. Há que ser otimista, acreditar
em si próprio, ser resiliente e consistente.
Cx: Como é que num universo tão competitivo
se fidelizam clientes?
J. M.: Eu diria que é pela qualidade daquilo
que produzimos, pela seriedade com que os
negócios são feitos e um acompanhamento
sempre em cima do acontecimento.
Independentemente de os clientes estarem
a encomendar muito ou pouco, há que
manter uma relação profissional, muitas vezes
também de confiança e interajuda. Acredito
muito no networking. Costuma dizer-se – e
eu sigo muito os provérbios – que quem não
«COM TRABALHO
CONSEGUIMOS FAZER
AS COISAS. HÁ QUE SER
OTIMISTA, ACREDITAR
EM SI, SER RESILIENTE
E CONSISTENTE»
EMPENHADO
aparece esquece. Independentemente dos
negócios que se façam, nós devemos aparecer.
Cx: O que falta ao nosso empreendedorismo?
J. M.: Creio que não se pode pôr o problema
em termos de Portugal. Tem mais a ver com
a nossa maneira de ser e, principalmente,
acreditarmos em nós próprios. Temos a
tendência horrível e perversa de dizermos mal
de nós próprios. Devemos viajar, e viajar não é
para ir só ver monumentos, é viver as culturas,
viver com as pessoas. Felizmente, tenho esse
privilégio há muitos anos; mas não é só um
privilégio, é a minha maneira de estar. E cada
vez mais me orgulho dos meus compatriotas.
Criticamos muitas vezes o desenrascanço,
mas, desde a Alemanha e o Brasil aos EUA e
Canadá, onde me cruzo com trabalhadores
portugueses, os seus empregadores são os
LÍDER
Print
MUNDO
SEM FRONTEIRAS
Viver as culturas dos outros
países é um privilégio a que
devemos ambicionar.
EMPREENDEDOR
VISIONÁRIO
primeiros a elogiar a forma como, em situações
ditas não convencionais, se desenrascam.
Têm iniciativa, voluntarismo em determinado
tipo de situações, que fazem com que sejam
notados.
Cx: O que desencadeou a Open Business
Angels?
J. M.: Ao nível dos business angels, a minha
participação tem sido reduzida. É mais no
sentido em que acredito que nós (empresários
que já fizeram o caminho das pedras),
naquilo em que pudermos, devemos ajudar
os outros. O meu conceito de business angel
não passa apenas por lhes dar o dinheiro para
eles irem para a frente com as ideias. Muitas
vezes, é até aconselhá-los a não fazerem nada.
O balanço é positivo. Começou a falar-se de
incubação de uma forma mais estruturada,
menos voluntarista. Facilitou a vida a quem
queira criar empresas: estão à disposição
mecanismos, até de financiamento, etc., que
permitem, de forma mais estruturada, que os
empresários lancem mão das suas próprias
iniciativas e ideias.
Cx: Portugal é um País para jovens?
J. M.: É. E, pessoalmente, quero acreditar que
sim, porque sou português. Não encaro a
minha vida noutro país que não seja Portugal.
Cx: Que sonho tem ainda por concretizar?
J. M.: Sentir que não deixo problemas atrás.
Todos os dias, o que me faz pensar são as
1400 famílias que dependem de mim. Tento,
todos os dias, criar um sistema que permita,
minimamente, que as pessoas que trabalham
comigo sintam confiança.
Crê firmemente na mobilidade,
atitude que falta em Portugal,
e, também, numa atitude de
internacionalização, que todos
temos, tendencialmente, no
sangue, devendo mantê-la.
Talvez por defender que viajar
e trabalhar fora, conhecer
outras culturas e viver essas
mesmas culturas é cada vez
mais fundamental no mundo
global em que vivemos:
«Tenho muita gente comigo
que esteve a trabalhar lá fora
e eu, todos os dias, reconheço
que essas pessoas vêm com
uma vivência e uma visão
sobre o mundo muito mais
adaptada à realidade em que
vivemos hoje em dia do que
aqueles que nunca saíram
daqui.» Pessoas expostas
a outras culturas, a outras
maneiras de pensar e a outras
formas de trabalhar aprendem
ainda a estar no mundo,
defende. Entre nós, há, ainda,
muita dificuldade em nos
deslocarmos 50 quilómetros
para conhecer outras
realidades.
Não lamenta os tempos
livres que não tem, mas,
se tivesse mais, seria «para
estar com os amigos, às
vezes, até para estar sozinho.
Eu viajo muito e, portanto,
estou muito tempo sozinho,
aparentemente sozinho,
mas quando viajamos da
forma como eu viajo acaba-se por não se estar sozinho,
porque, em viagem, vou a
pensar no que vou fazer. É um
turbilhão de que não consigo
arredar-me».
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
11
t
talento
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ANDRÉ ROCHA
A criatividade como
ingrediente essencial
MADE IN PONTE
DE LIMA
Entre a suposta rigidez das regras arquitetónicas e a total liberdade
de cidades ilustradas, um jovem arquiteto faz da persistência do traço um modo
de vida e até já pensa num projeto que permita unir artistas e causas humanitárias
Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia Anabela Trindade
DE CERTA FORMA, André Rocha sabia que o seu futuro haveria de estar ligado à arte da criação.
O desenho foi algo que acompanhou a sua infância e a formação de personalidade, ao ponto de
ter memória de desenhar antes dos quatro anos. Rabiscos e folhas avulsas, uma delas dedicada ao
tema «primavera» e enviada para o programa de José Jorge Duarte, quando ainda só havia a RTP
para ver programas à tarde.
Tinha oito anos e o prémio daí resultante
apenas contribuiu para continuar a desenhar,
enquanto lhe iam dizendo que, quando fosse
grande, seria arquiteto. A ideia sedimentou,
mas só no decorrer do curso de Arquitetura,
na Universidade de Coimbra, viria a perceber o
quanto o desenho é essencial como ferramenta
de trabalho. «Antes disso, fascinava-me a
possibilidade de ver o lado formal, aliado à
funcionalidade, materializar-se. Porém, o curso
de Arquitetura superou as minhas expectativas,
por ser uma disciplina que congrega vários
saberes, desde a história da arte, a psicologia,
a engenharia, o desenho, entre outros».
Em 2003/2004 decide criar um blog de
desenho, intitulado A Persistência do Traço,
onde foi explorando algum lado surrealista
associado ao esboço urbano e à formação
em arquitetura. «Nunca tive medo de
experimentar exaustivamente, mesmo que
possa estar a desviar-me de um bom percurso»,
afirma. E o que não faltam são experiências
urbanas, se é que assim podemos intitular
estas ilustrações que mostram cidades verticais
e suspensas, onde se conjuga o universo
de banda desenhada com pormenores de
portugalidade. «Gosto de explorar a diferença
de escalas e de trabalhar espaços compactos,
para, depois, deixá-los respirar com grandes
vazios circundantes e inóspitos. Tal como
gosto de jogar com a gravidade, provocando
um certo desconcerto a quem visualiza a
ilustração. A verticalidade tem, sobretudo,
12
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a rev i s ta d a ca i xa
a ver com Portugal e a notável destreza com
que os portugueses construíram cidades em
paisagens tão acidentadas que, aparentemente,
nos soariam a uma impossibilidade. A maioria
das grandes cidades mundiais são planas.
Em Portugal, em especial cidades como o
Porto, Coimbra e Lisboa, são cidades quase
verticais, onde a criação de sistemas de
transporte como o funicular ou os elevadores
fazem todo o sentido», revela.
E será esta a forma como André Rocha vê as
cidades portuguesas? «As cidades portuguesas
cresceram desenfreadamente ao longo de três
décadas, sem conseguirmos criar uma doutrina
disciplinar no que diz respeito ao urbanismo»,
responde. Uma das grandes diferenças será,
ao contrário da geração dos seus pais, o facto
de André assistir à vontade dos jovens em
voltar aos centros das cidades. «Voltar ao
centro histórico é o desejo de encontrar uma
identidade. Quanto às periferias, prevejo muito
trabalho para os arquitetos intervencionarem
sobre as inúmeras pontas soltas que o recente
urbanismo não soube prever de raiz.»
Teoricamente, seriam motivos suficientes
para não faltar encomenda de arquitetura, mas
a realidade é outra, ao ponto de arquitetos
conceituados ameaçarem fechar portas.
Enquanto isso, jovens arquitetos e pequenos
ateliers são distinguidos com vários prémios
internacionais. «É um percurso vulgar,
para qualquer arquiteto recém-formado, a
adesão a concursos de arquitetura, como
esperança de encontrar aí o primeiro passo
André Rocha poderá ser o
nome que se segue numa lista
onde cabem o Atelier Viana
Cabral, com as suas Dulcineias,
e Madalena Martins, com as
Marias de Portugal e o Bicho de
Sete Cabeças. Em comum, dois
pontos: a origem dos projetos,
Ponte de Lima, e a vontade
de recuperar a iconografia
popular. André não segue
a área do artesanato, mas,
claramente, também dota o
seu trabalho de portugalidade,
contemporaneidade e
criatividade. «É uma geração
que procura resgatar e
reinventar o que mais nos
identifica como marca
Portugal», afirma. «Num
momento em que tanto se
fala de perda de soberania e
identidade, mais do que nunca,
temos assistido à proliferação
de ideias que exaltam a nossa
memória. Acredito que o
empreendedorismo será uma
das palavras chave para vencer
a crise, até porque, julgo, quem
optar por ficar no seu próprio
País terá de ser inovador e
proativo. Algo para o qual as
nossas universidades pouco ou
nada nos prepararam.»
para o estabelecimento do seu atelier. Eu
próprio, com o meu colega António Ildefonso,
chegámos a ser premiados, em Itália, no
primeiro projeto que elaborámos»(o atelier
pode ser visto em Ildefonsorocha.com)»,
analisa. «Devido à elevada quantidade de
arquitetos que Portugal formou nos últimos
anos, é preciso que nos consciencializemos
que nem todos vão conseguir fazer arquitetura.
Porém, o processo de fazer arquitetura, através
da experimentação, é aplicável a outras áreas.
Neste sentido, os arquitetos terão de ser
bastante criativos nas saídas alternativas que a
formação lhes poderá atribuir.»
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
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t
talento
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M I G U E L C A S T R O E S I LV A
Maestro de sabores
IDEIAS E TÉCNICA
Divide-se entre a música e a cozinha, onde dá asas à criatividade.
Longe vai o tempo em que, se certezas tinha, era de que o futuro não passaria
Não passa sem boa música
ou um bom momento à mesa,
acompanhado de bom vinho.
por um restaurante. O destino encarregar-se-ia de lhe trocar as voltas
Por Helena Estevens Fotografia Filipe Pombo
A PAIXÃO PELA COMIDA vem-lhe da infância, no Porto. Em casa, recorda o chefe do
restaurante Largo, em Lisboa, «comia-se bem». A mãe – alemã e boa cozinheira – habituou-o
à comida tradicional portuguesa com alguma influência do norte e centro da Europa. Foi,
também, em casa que adquiriu o gosto da mesa, a partilha com amigos, algo que viria a revelar-se útil quando foi estudar para fora, dividindo a casa: «Era eu que ficava encarregado da
cozinha. Fazia o que gostava, e as pessoas ficavam contentes por lavarem a loiça», diz, sorrindo.
Para fazer face aos gastos, coordenou os
estudos de Biologia Marinha com uma
passagem por um restaurante de Munique,
onde todos os dias chegava peixe fresco.
Mas, se hoje reconhece que aprendeu muito
nessa fase, na altura, tinha bastante claro
que, profissionalmente, a cozinha jamais
seria uma opção. E, de facto, durante uns
tempos não foi. Nem o curso, que trocou
pela área têxtil, que lhe deu «oportunidade
de viajar muito» e conhecer «muitos sítios».
O bichinho, no entanto, ficou. «Gosto
muito de cozinha. Antes de ser cozinheiro, ao
fim do dia, ia para casa, punha uma música,
bebia um copo de vinho; o meu relaxamento
era ir para a cozinha neste ambiente.
Antigamente, em minha casa, nunca se sabia
quantas pessoas é que vinham para jantar.»
«A cozinha é um pouco aquilo que não fiz
na música, que é a parte criativa. Há várias
cozinhas possíveis: uma cozinha inocente,
mais terra a terra, digamos, de partilha
e de convivência (como os Decastro), e
uma cozinha sofisticada, um trabalho mais
elaborado, com menus de degustação (como
o Bull & Bear). Identifico-me com as duas.»
Outra coisa de que gosta muito é explorar
a sua cultura e recuperar sabores. Quando
«arrancou» na cozinha, há cerca de 20 anos,
a forma de cozinhar em Portugal era «um
tradicional muito no mesmo registo» e, com
alguns colegas, começou a explorar outras
facetas da nossa cozinha, que considera ter
«coisas fantásticas». Prova disso é o seu livro
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The Food and Cooking of Portugal, que apresenta
«uma amplitude enorme de referências
marcadas pelos diferentes ambientes: Trás-os-Montes, o Minho, as Beiras, o Alentejo, com
realidades socioculturais e naturezas muito
diferentes, um mais seco, mais parco, outro
abundante, verde, o que influencia muito
a gastronomia. Apesar de sermos um País
pequeno, temos uma riqueza brutal e uma
identidade gastronómica muito grande. Acho
que há muito por fazer e já dei bastante no
sentido de ajudar a recuperar alguns pratos».
A COZINHA LIDA
COM SABORES E
AROMAS E COM A
SUA CONJUGAÇÃO. OS
VÁRIOS INGREDIENTES
SÃO OS INSTRUMENTOS
QUE DEVERÃO
ESTAR EM SINTONIA
Recuperar e divulgar. «Se falar em polenta,
muitas pessoas já ouviram falar; se se falar
em milhos, não. E é uma coisa que está tão
enraizado na nossa cultura como na italiana.
Temos um défice de divulgação lá fora.»
As ideias surgem-lhe amiúde. «Já me
aconteceu acordar a meio da noite com
Começou a tocar piano, «um
instrumento hipercompleto»,
aos seis anos, achando
também interessante a
guitarra e o trompete. E o
violoncelo, pelo qual tem uma
paixão especial, por «ser
o instrumento que mais se
assemelha à voz humana.
Nunca toquei, mas acho um
instrumento absolutamente
fantástico». Infelizmente, não
tem tido tempo para a música,
tão importante na sua vida
como a cozinha. O paralelismo
é claro. «A cozinha é uma arte e
uma ciência. Comparando com
a música, um bom músico só
se consegue expressar se tiver
boa técnica; se não a tiver, pode
ter ideias bonitas, mas não
consegue concretizá-las.»
uma coisa na cabeça e ter de me levantar
e escrever aquilo. Surgem por leitura, um
clique que se faz quando estou a ler alguma
coisa, ou por engraçar com um ingrediente,
com um sabor, e depois trabalhá-lo.» Outras
vezes, nascem de desafios. Os caminhos são
diversos; os resultados, deleitosos, mesmo
que nem sempre fáceis. «Um dos pratos que
me persegue é o bacalhau cozido a 80ºC com
as migas; o outro é o robalo marinado, um
prato de uma simplicidade extrema, mas que
demorou anos – tive de evoluir dez anos para
conseguir um prato daquela simplicidade»,
refere, frisando manter «uma certa paixão pela
vertente científica», explorando técnicas de
cozedura e afins, que lhe permitem resultados
interessantes. Há, também, a componente arte,
a sabedoria de fazer um quadro de sabores. E é
de arte que se fala perante os seus pratos, que
descreve como uma cozinha «aromaticamente
rica, mas muito elegante e não pesada». Duas
coisas não dispensa: peixe e tomilho.
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d
design & arquitetura
BOM SUCESSO
Viver na arte
Com a Natureza como um livro aberto, alguns dos mais
destacados arquitetos portugueses, e não só, foram convidados a traçar
a sua própria narrativa no guião do Bom Sucesso Architecture Resort
Por Ana Rita Lúcio
A HISTÓRIA conta-se de uma penada. Era
uma vez um promotor que meteu na cabeça a
ideia de fazer erguer um resort onde a hotelaria
e a cultura fizessem casa, tendo por vizinhança
uma das mais históricas vilas portuguesas e
por morada 156 hectares de Natureza no seu
estado mais puro. Para empurrar o plano para
fora do papel e dar-lhe um traço distinto de
tudo o que já foi feito em Portugal e por esse
mundo fora, resolveu colocá-lo nas mãos de
uma eminente seleção nacional e internacional
de 23 arquitetos. Cada um por si, e todos
pelo projeto, unidos em prol de um propósito
comum: fazer do Bom Sucesso um sucesso
de arquitetura, com um novo conceito de
turismo.
Chamadas a imprimir o seu cunho nas
moradias que compõem o Bom Sucesso
Architecture Resort, em Óbidos, duas gerações
de arquitetos portugueses, com dois Prémios
16
Pritzker à cabeça (Eduardo Souto Moura e
Álvaro Siza Vieira), seguidos por nomes como
Manuel Aires Mateus, Carrilho da Graça,
Gonçalo Byrne, Madalena Cardoso de Menezes,
Francisco Teixeira ou Nuno Graça Moura.
À nata da arquitetura lusa juntaram-se, mais
tarde, o inglês David Chipperfield e o espanhol
Josep Llinás. A todos, foi lançado o repto de
seguir à risca o guião que lhes fora proposto,
sem prescindir da liberdade criativa individual.
Um guião esboçado com a «consultoria» de
Eduardo Souto Moura, a quem, de resto, foi
delegada a missão de projetar o hotel de cinco
estrelas Hilton Bom Sucesso, cuja inauguração
está prevista para 2013.
O desafio era quase literalmente
construir edifícios em que se cruzassem as
veias funcional e poética. «Imagine que se
pedia a uma série de escritores que, com
um determinado número de palavras,
construíssem uma narrativa», exemplifica
Francisco Teixeira Bastos, que, com Madalena
Cardoso de Menezes, completa a dupla
criativa a quem coube projetar cerca de 70
moradias. Nesse vocabulário predefinido,
para garantir a coerência global do projeto,
estavam as coberturas vegetais, os vãos
de grandes dimensões, as paredes lisas, a
ausência de muros, os acabamentos em reboco
de cal ou os pigmentos naturais responsáveis
pela criação de núcleos cromáticos de casas
brancas, verde-água e óxido de ferro. «A partir
desse vocabulário, cada equipa construía a sua
narrativa, a sua poesia para cada arquitetura»,
remata Teixeira Bastos.
A Natureza em casa
E se é de poesia que se trata, poderíamos
suspeitar que, pela depuração das linhas
contemporâneas, o génio dos «artistas»
convidados se traduziu numa composição em
jeito de haikus arquitetónicos. Pela concisão,
sem prescindir do refinamento, às 601 Design
Villas (unidades em banda ou isoladas) serve-lhes a metáfora com a tradicional forma
poética japonesa, também por recusarem os
excessos.
Resolvida a necessidade de assegurar a
identidade diferenciadora do projeto com a
aposta forte na arquitetura contemporânea,
era preciso, segundo Maria do Carmo Moreira,
diretora de comunicação da Acordo – a
sociedade promotora do empreendimento
projeto Com arranque da
atividade turística em 2009,
o Bom Sucesso tem várias
tipologias para férias ou fins
de semana, existindo, ainda,
outros lotes em fase de
desenvolvimento
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a re v i s ta d a c a i xa
buracos, imiscuído na malha das casas, e não à
parte delas, como é habitual. «Nós queríamos
que funcionasse como um prolongamento e
que não houvesse um corte. A nossa ambição
é que, um dia, no Google Earth, se veja o Bom
Sucesso como uma mancha verde», adianta a
porta-voz da Acordo.
A SOBRIEDADE
CONTEMPORÂNEA DO
DESIGN É COMPENSADA
PELA PAISAGEM
–, dar voz à intromissão da Natureza. Para
contrabalançar a sobriedade do design,
havia que conciliá-la com o mais opulento
enquadramento paisagístico, aproveitando os
declives do terreno, a vista para a Lagoa de
Óbidos e a riqueza da vegetação, denunciada
pelas mais de 15 mil árvores (de entre as quais
duas mil oliveiras, algumas delas milenares).
Além de se privilegiarem os jardins exteriores,
o sublinhar do Bom Sucesso com o tom
do ambiente foi também conseguido com
a singularidade do campo de golfe de 18
A cultura ali tão perto
Num espaço onde as edificações transpiram
arte por todos os poros, faltava, apenas, abrir
uma porta para o elemento cultural entrar.
Beneficiando da proximidade com Lisboa
e toda a zona centro, a Região Oeste, como
salienta Maria do Carmo Moreira, «tem,
também, uma oferta cultural e um património
histórico e artístico» à medida dos habitantes
ou visitantes do Bom Sucesso. Não poderia ser
de outro modo nesta unidade turística, onde
se prevê a construção de um museu e de um
centro de design numa das suas extensões,
bem como de um anfiteatro ao ar livre para a
realização de eventos e espetáculos. O remate
perfeito para um enredo que começou, em
2004, com a apresentação do projeto feita
numa exposição de arquitetura no Centro
Cultural de Belém. Desde 2009 a receber
turistas e proprietários, aguardam-se, agora,
as cenas dos próximos capítulos.
O Bom Sucesso Architecture Resort oferece aos titulares
de cartões CGD 10% de desconto em alojamento.
Saiba quais os cartões em www.vantagenscaixa.pt.
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PASSOS PARA
O (BOM) SUCESSO
Ao completar oito anos
de vida, o projeto do
Bom Sucesso entra,
agora, na última fase de
desenvolvimento.
Nascido da ambição de
um promotor, em 2004,
inicialmente, o projeto esbarrou
na desconfiança de quem
julgava impossível reunir,
num mesmo espaço, o que
a arquitetura portuguesa
tem de melhor. Mas o Bom
Sucesso não demorou até
passar à realidade. Depois
das primeiras edificações e
da inauguração do campo
de golfe, em 2008, o ano
seguinte marcou o arranque
da atividade turística no
empreendimento situado
nas imediações de Óbidos.
O núcleo de arquitetos, que
começou com 13 nomes,
depressa passou para 23
e, em breve, acolherá cerca
de 40. Descubra este resort
em www.bomsucesso.net.
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a re v i s ta d a c a i xa
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d
design & arquitetura
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RUTZ
Raiz calçada
Com Portugal no coração, a marca de calçado feminino
que dá, ainda, os primeiros passos cruza passado e futuro no mesmo
caminho e mostra que a cortiça tem (novos) pés para andar
Por Ana Rita Lúcio Fotografia Gualter Fatia
EM TEMPOS de austeridade, não falta quem
ande de pé atrás. Marcar passo e pôr freio
ao sonho não estava, porém, nos planos de
Raquel Castro e Hugo Baptista. Pé ante pé,
puseram em marcha um projeto que junta
tradição e inovação na mesma base. E daí até
ao negócio começar a correr, foi um salto.
Primeiro, foi preciso fazer o conceito
arrancar, porque a vontade de partir para
uma empresa com cunho próprio já vinha
de longe. No ponto de partida estava a pátria
que lhes serviu de força motriz. «Queríamos
ter um produto exclusiva e intrinsecamente
português, que nos permitisse dar a
conhecer a história tão rica deste País, tanto
dentro como fora de portas», sublinham.
Desfraldada a bandeira da «portugalidade»,
bastou ao casal de empreendedores ir no
encalço do que é nacional… e bom. À
prateleira das ideias foram, então, buscar a
paixão pelos sapatos, trilhando um caminho
de reconhecimento já desbravado, ou
não fosse o calçado português «um setor
em crescimento e com grande reputação
internacional». Finalmente, para levar
um pouco mais adiante a alma lusa,
coroaram a marca com um dos mais nobres
materiais produzidos para cá da fronteira e
empurraram-no para o século XXI. Afinal,
quem diria que a cortiça também foi feita
para andar?
O campo saiu à rua
Mesmo sem saberem ainda com que linhas
coser o projeto, os protagonistas desta
história arriscaram seguir em frente. Algures
em agosto de 2011, os dois jovens lançavam,
assim, a semente do negócio. Depressa ele
ganhou raízes – as mesmas que arraigaram
na criação da Rutz. Na encruzilhada onde
18
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
confluem o passado e o futuro, o nome colhe
o significado do termo inglês «roots» para
dar conta do «orgulho nas raízes tradicionais
portuguesas». Ao mesmo tempo, deixa em
aberto a possibilidade de enveredar por novas
rotas (routes, em inglês) de modernização
do produto. «Não deixamos de ter as nossas
raízes, mas temos um futuro e queremos
continuar a reinventá-lo», remata Hugo.
Com os pés bem assentes na terra – que
dá a história e a cortiça –, a Rutz faz também
questão de não chutar a preocupação com a
natureza para canto: os materiais utilizados
são respeitadores do ambiente e sustentáveis.
Desengane-se, porém, quem julgar que
estes sapatos – feitos integralmente à base
de cortiça colorida e bordada – foram
desenhados a pensar na vida do campo.
LEVA ESTA
CARTA AO MEU
«NAMURADO»
A primeira coleção de sapatos
Rutz é inspirada na tradição
dos Lenços dos Namorados.
Mesmo escrevendo
«curação» ou «namurado»
com «u» e «buar» em vez de
«voar», os erros ortográficos
«não são motivo de vergonha»
para os criativos desta marca.
Muito menos os corações ou as
flores bordadas. Se os sapatos
Rutz fizerem corar, só se for
pelo amor que neles se conta.
Depois de terem viajado até
ao Minho para «assentar»
os motivos da Love Letters
Collection (a primeira coleção
para ambas as estações) sobre
a antiga arte dos lenços dos
namorados, Hugo e Raquel
querem que as próximas
coleções continuem como
livros abertos para a tradição
nacional. «Os nossos sapatos
têm histórias para contar e é
isso que apaixona as pessoas».
Embora a inspiração possa ser rural, este
é, essencialmente, um calçado feminino
«urbano, sexy, ligado às tendências,
disruptivo e sofisticado», apontam os seus
criadores. Sem fechar a porta ao calçado
masculino, mesmo que não para já, «para
não dar passos maiores do que as pernas».
No rumo da insígnia que, apesar da tenra
idade, já está à venda em mais de 30 lojas –
só em território nacional – e quer
afirmar-se nos corredores da moda, onde não
falta «muita competição», há, ainda, espaço
para uma terceira via: a da inovação. Porque
não querem perder a cortiça de vista, os
responsáveis pela marca procuram «manter
contacto permanente com a comunidade
académica» e com outros players do setor da
transformação da cortiça, sempre em busca
«de novos desenvolvimentos no potencial
de aplicação», garante Raquel.
criativos Raquel Castro e
Hugo Baptista seguem a par
e passo o crescimento da Rutz
Do pé para… o mundo
Antes da Rutz entrar em velocidade de
cruzeiro – depois do início efetivo da
empresa, em janeiro deste ano, e da
apresentação da primeira coleção, em março
–, teve, no entanto, de palmilhar por várias
unidades industriais até encontrar aquela
que lhe deu chão para crescer. O design
«e as ideias malucas», dizem, nascem nas
cabeças de Raquel e de Hugo, mas cabe a
uma fábrica de São João da Madeira dar vida
aos sapatos. E chamar os criativos à terra,
quando é caso disso. «Desenhamos o sapato,
tal como queremos que ele seja, e esperamos
que o modelador da fábrica nos diga se é
A RUTZ ESTÁ À VENDA
EM MAIS DE 30 LOJAS
EM PORTUGAL E JÁ
CHEGOU A HANNOVER
possível. Nem sempre é…», admitem os
sócios, num sorriso cúmplice.
A primeira «fornada» de 500 pares –
inicialmente sem encomendas no horizonte
e contra todas as expectativas – revelou-se
pequena para encher as medidas aos pedidos
que começaram a chegar de todos os cantos
do mundo, via loja on-line e facebook.
«Tínhamos previsto a internacionalização
a dois ou três anos. Aconteceu em meses»,
explicam. Estados Unidos, China e Rússia
poderão ser as próximas paragens, numa
lista de contactos potenciais que inclui
Canadá, Luxemburgo, norte da Europa e
culmina numa pequena loja de produtos de
cortiça, em Hannover, a primeira a vender
a marca Rutz lá fora. Propriedade de uma
portuguesa radicada na Alemanha, como
não poderia deixar de ser. Afinal, Portugal
está nas raízes. E nos frutos que a marca dá,
também.
Conheça o Cartão Design da Caixa, nas versões pré-pago e de crédito (1), exclusivo para estudantes e profissionais do design. Ao utilizar este cartão
de crédito, contribui para a sua poupança, através da devolução de até 1% do valor efetuado em compras, a partir de um montante de 100 euros, com o limite
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design & arquitetura
TRIENAL DE ARQUITECTURA
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Mais perto de todos
MAIS TRIENAL
Até dezembro de 2013, sob o mote «Close, Closer»,
a Trienal de Arquitectura irá dar a conhecer ao público a disciplina
e o seu potencial, numa perspetiva de maior proximidade
Por Pedro Guilherme Lopes
O MOTE HAVIA sido dado por José Mateus,
presidente da Trienal de Arquitectura de
Lisboa, ao sublinhar a necessidade de,
com meios muito mais escassos do que
os inicialmente previstos, fazer um evento
conceptualmente notável, capaz de fugir
aos habituais clichés e de colocar questões
filosóficas essenciais, tanto na forma como é
concebido o programa como na experiência
que o mesmo propõe.
Neste cenário de crise, ao qual a
arquitetura não escapa e onde se tornam
fundamentais apoios como o da Caixa Geral
de Depósitos, coube a Beatrice Galilee a tarefa
de, como curadora, delinear o programa
da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2013.
Numa apresentação agendada para a sede do
evento, um edifício que se revela um ótimo
exemplo do que a arquitetura pode fazer
pelas cidades, Beatrice explicou que «o que
Close, Closer vem propor é um entendimento
da arquitetura enquanto prática espacial
de reação, mais concretamente ao clima
económico e político, às inquietações sociais
e ao défice cívico que vivemos».
Mais do que tijolo e cimento
O objetivo passa por apresentar a arquitetura
como sendo capaz de articular múltiplas
perspetivas na construção dos espaços
públicos urbanos, onde se definem
identidade, memória coletiva e orientações
de futuro. Um contexto de proximidade
e acessibilidade, que apresentará quatro
projetos de curadoria: Futuro Perfeito,
A Realidade e Outras Ficções, Fórum Novos
Públicos e Efeito Instituto.
Futuro Perfeito, mais do que uma
exposição, será um laboratório onde equipas
com competências que permitem misturar
as disciplinas de projeto e alta tecnologia
imaginam a cidade do amanhã, partindo de
20
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o que aí vem A apresentação contou com a presença (na mesa,
da esquerda para a direita) de Graça Fonseca (vereadora da CM
de Lisboa), José Mateus (presidente da Trienal) e dos curadores
Beatrice Galilee, Liam Young, Mariana Pestana e José Esparza
um olhar crítico sobre aquelas que habitamos.
No Palácio dos Carvalhos, terá lugar
A Realidade e Outras Ficções, uma exposição
constituída por instalações à escala 1:1,
totalmente funcionais. Um lugar situado
entre a realidade e a ficção, onde todas as
intervenções são funcionais e convidam
o visitante a jantar, pernoitar, requerer um
visto, no fundo, a fundir-se com a exposição.
Será uma exposição de arquitetura hiper-real.
O Fórum Novos Públicos apresentará,
ao longo de três meses, um programa de
workshops, de debates, de intervenções
e de performances, realizado em espaços
públicos da cidade e aberto à participação.
Finalmente, e como reconhecimento
do papel determinante de revistas,
galerias, bibliotecas e museus no
delinear da paisagem arquitetónica
contemporânea, Efeito Instituto convidará
várias instituições a desenharem uma
curadoria rotativa no MUDE – Museu
do Design e da Moda. Motivos mais do
que suficientes para podermos afirmar que,
até dezembro de 2013, Lisboa rimará
com arquitetura.
Outras iniciativas
a ter em conta.
Em resposta direta ao impacto
social derivado da recessão
e ao défice cívico e cultural
criado pela crise na Europa,
a 3.a edição da Trienal de
Arquitectura de Lisboa lançou
o Programa de Bolsas Crisis
Buster. Com valores que
medeiam entre os 500 e os
2500 euros, estas bolsas serão
atribuídas a ideias anti-crise de
índole cívica para Lisboa e que
reflitam um espírito social
e empreendedor.
Igualmente em marcha
está já o concurso Prémio
Universidades Trienal,
destinado a intervenções
na nova morada da Trienal
de Arquitectura, o Palácio Sinel
de Cordes.
Foi, também, lançado
um convite à apresentação
de propostas e projetos com
financiamento independente,
passando os projetos
selecionados a integrar
a programação oficial
da Trienal.
E, pela primeira vez,
a Trienal atribuirá um prémio
(Prémio Début Trienal de
Lisboa) a um jovem arquiteto
ou a um estúdio. Qualquer
atelier cuja média de idades
seja inferior a 35 anos pode
candidatar-se.
Fotos: João Cupertino (conferência de imprensa); D.R. (equipa)
d
a
automóveis
CLASSE A
Classe de 2012
A Mercedes-Benz atualizou o Classe A. Na verdade, tudo mudou,
permitindo, agora, à marca um ombro a ombro na categoria
com os seus principais rivais germânicos
Por Luís Inácio
NUNCA TERÁ SIDO muito consensual a forma
do Classe A. Pensado como um monovolume, a
estética pouco tinha de desportivo, desviando-se
até das linhas que eram familiares à Mercedes-Benz. Por isto (e por muitas outras razões), eram
grandes as expectativas em torno do novo modelo,
que, pode dizer-se, é uma verdadeira revolução.
O design do novo Classe A projeta-o, de imediato,
para um terreno emocional completamente
diferente do modelo a que sucede, muito mais
próximo dos seus concorrentes germânicos. Com
uma linha muito atraente, dinâmica, cheia de
músculo, o novo Mercedes-Benz conquista-nos
pelo visual muito antes de acedermos ao interior.
Apesar de se tratar do modelo que dá acesso ao
mundo Mercedes-Benz (e conduzimos mesmo a
versão mais acessível, A 180 CDI BlueEFFICIENCY,
equipada com o bloco 1.5 turbodiesel com 109
cv), a montagem e a qualidade dos materiais não
desiludem. O volante encontra-se no sítio certo, o
espaço surpreende e a existência de diversos LED
que iluminam o interior ajudam a transmitir aos
ocupantes uma sensação muito confortável.
Muito se tem falado do propulsor desta versão
de entrada na gama. Trata-se, na verdade, de um
dCi de origem Renault (o mesmo que equipa o
Mégane, por exemplo) e é esse o motivo de tanto
falatório. É, por isso, indispensável dedicar algumas
linhas a esse capítulo. O que dizer, portanto, sobre
o comportamento, neste Mercedes-Benz, de um
motor com provas dadas? Simples. Trata-se de um
bloco que, ao nível das emissões de CO2, atira este
Mercedes para valores «verdes», entre as 105 e
as 98 g/km; que, ao nível da economia, consegue
registar uma média de 4,8 litros aos 100 km (foi
esse o valor verificado no final do nosso ensaio,
percorridos mais de mil quilómetros); e que não
desaponta no que diz respeito ao dinamismo, com
um binário de 260 Nm entre as 1750 rpm e as 2500
rpm. Ponto final na «polémica».
Em suma, este é um novo Classe A sem qualquer
comparação possível com o modelo anterior. O
novo Mercedes-Benz vai, finalmente, conseguir
reclamar um lugar de topo entre os compactos na
sua classe. Com um preço de acesso «canhão» de
27 900 euros, vai, certamente, dar muito que falar.
E trazer um rol de preocupações aos líderes BMW
Série 1 e Audi A3.
CARTÃO CAIXADRIVE
O cartão Caixadrive(1)
oferece-lhe descontos
nas estações de serviço
da Repsol em Portugal.
Beneficie de descontos
de 3%, no máximo de 20
euros mensais, em todas as
compras e abastecimentos
efetuados com o seu
cartão Caixadrive nestas
estações de serviço em
Portugal. Sempre que
realizar compras com o
cartão Caixadrive fora
das mesmas, num valor
total superior a 250 euros,
beneficie de mais 3% de
reembolso suplementar,
num máximo de 3 euros
mensais, para que as suas
compras e abastecimentos
tenham ainda mais
desconto.
Todas as compras
efetuadas nas estações
de serviço da Repsol em
Portugal beneficiam, ainda,
da isenção da comissão
de abastecimento de
combustível. Reforçando
o conceito de mobilidade
associado a este cartão,
os titulares do Caixadrive
beneficiam, também, de
um pacote de seguros,
especialmente dirigido para
quem viaja com frequência,
e de vantagens e benefícios
dos parceiros da Caixa
associados a este cartão de
crédito.
(1)
TAEG de 24,7%, para um
montante de 1500 euros,
com reembolso a 12 meses,
à TAN de 22,50%.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
21
c
culto
PENTAX K-01
Imagens de culto
Desenhada por Marc Newson para
a Pentax, a compacta K-01 tem um
encantador estilo retro. Está equipada
com um sensor CMOS APS-C de 16,28
MP e uma baioneta K, que permite
montar praticamente todas as lentes
SLR da marca; em paralelo, o designer
criou também uma nova gama de
objetivas XS. Venceu um dos prémios
atribuídos pelo Red Dot Design Award,
na categoria de Product Design.
MODEL M
NORM 69
Em cima da coluna
Visionário
Da Geneva, um sistema de som compacto
com dock para iPod e iPhone, que é,
também, um rádio com seis memórias.
O Model M tem dois altifalantes utilizando
tecnologia patenteada para proporcionar
um som estéreo real.
Abandonado num sótão, o desenho,
de 1969, assinado por Simon Karkov
para este candeeiro foi recuperado
pela Normann Copenhagen, em 2001.
Inspirado pela Natureza, mantém-se
como uma das peças mais icónicas da
marca dinamarquesa. Os titulares de
cartões CGD têm 15% de desconto, até
31 de janeiro, em www.loja.inexistencia.
com, apresentando o código
«945613910». Não acumulável com
outras promoções.
POD
Pod sentar-se aqui
O estúdio de Benjamim Hurton
criou para a holandesa De Vorm
uma original cadeira, destinada a
escritórios e a espaços privados.
O formato permite ao utilizador
sentar-se com todo o conforto e,
simultaneamente, desfrutar de
um espaço íntimo, num convite a
evadir-se do mundo que o rodeia.
BOSS NUIT POUR FEMME
Com um vestido preto
Depois de ter lançado, em 1998, uma
fragrância masculina inspirada pela noite
(Boss Bottled Night), a Boss propõe
agora, para ela, um complemento ao
clássico vestido preto. O novo Nuit pour
Femme convida a saídas noturnas de
braço dado, com notas de pêssego
branco, com um acorde aldeídico,
jasmim, flores brancas, violeta, musgo,
madeiras quentes e sândalo.
VINTAGE WW1 CHRONOGRAPHE
MONOPOUSSOIR
Cronometrar à antiga
O primeiro cronógrafo de pulso foi o ponto
de partida para a conceção de um Bell &
Ross que presta homenagem à aviação
militar, reinterpretando o estilo dos anos
20 num modelo com um pulsador único.
Disponível na Anselmo 1910, com 10% de
desconto para titulares de cartões CGD.
Saiba quais em www.vantagenscaixa.pt.
Usufrua das vantagens que o cartão de crédito Caixa Gold (1) proporciona. Além de poder aderir à função de arredondamento e poupar sempre que
o utiliza em compras, este cartão tem associado um programa de pontos para obtenção de descontos nas agências de viagens da Tagus, benefícios em vários
parceiros e um completo pacote de seguros. Saiba mais em www.cgd.pt.
(1)
TAEG de 27,50%, para um montante de 2500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,00%.
22
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
soluções
as realidades históricas, culturais e sociais
da região. Fuja à rotina através de um
cruzeiro no Douro, na ria de Aveiro ou no
Alqueva ou de uma simples escapadela para
descansar. Os Clientes da Caixa têm descontos
de quatro a dez por cento em cruzeiros
e em pacotes turísticos.
Saiba quais os cartões que dão acesso a estes
benefícios em www.vantagenscaixa.pt.
O DOURO COMO NUNCA O VIU
A Cenários d’Ouro foi a primeira empresa
criada com o objetivo específico de dinamizar
a Região do Douro e Trás-os-Montes. Tendo
como base alguns dos mais belos cenários
de Portugal e do mundo, selecionaram-se
hotéis, restaurantes e animações, de forma
a criar produtos que dão a possibilidade
de conhecer e ter um contacto direto com
OLÁ 2013!
Para dar as boas-vindas ao novo ano,
a Caixa Geral de Depósitos e a Tagus
selecionaram algumas propostas para
si. Com base em unidades hoteleiras
de topo, estas sugestões – onde nem
falta uma escapadela de quatro noites
à Madeira ou três noites num barco-hotel de luxo – prometem fazê-lo
entrar em grande estilo em 2013.
Pode optar entre duas noites no Yellow
Montegordo 4* (€ 247), no Holiday Inn
Algarve 4* (€ 227), no D. Pedro Golf
4* (€ 200), no Eurosol Seia Camelo
3* (€ 169), no Melia Braga 5* (€ 371),
no D. Pedro Palace 5* (€ 352), no M’ar
de Ar Muralhas 4* (€ 266) ou no Hotel
dos Carqueijais 4* (€ 337). Se duas
noites souberem a pouco, pode, ainda,
escolher três noites no Barco Douro
Spirit 5* (€ 494) ou no H2Otel 5*
(€ 579) ou mesmo quatro noites no
CS Madeira 4*, por 926 euros, incluindo
avião e gala de fim de ano.
Os preços são válidos para Clientes
CGD, por pessoa, em quarto
duplo, e sujeitos a confirmação e
disponibilidade. As ofertas são válidas
para reservas com o mínimo de 15 dias
de antecedência (até 12 dezembro
2012). Saiba quais os cartões que
dão acesso a estes benefícios em
www.vantagenscaixa.pt.
s
CAD
Projetos personalizados e sustentáveis
A Companhia de Arquitectura e Design não esquece
o respeito pelo ambiente
A arquitetura e o design são duas
disciplinas de inegável interesse, ganhando
redobrado impacto quando se juntam. Esse
é, precisamente, o objetivo da Companhia
de Arquitectura e Design (CAD): elaborar
projetos para obras novas ou remodelações,
sendo o processo desenvolvido desde a fase
de licenciamento até ao acompanhamento
da obra, para que as preocupações do cliente
sejam reduzidas ao máximo. Além disto, a
CAD assume o respeito e as preocupações
com o ambiente, procurando soluções
inovadoras e sustentáveis que permitam
formas equilibradas de habitar cada local.
Se está a precisar de remodelar a sua casa ou
construir uma de raiz, saiba que a parceria
entre a CAD e o LardoceLar permite aos
Clientes CGD usufruírem de vantagens
na aquisição de serviços. Saiba tudo em
www.lardocelar.com/servicos/cad.
CUIDE DOS SEUS OLHOS
Como qualquer outra parte do corpo, os nossos olhos precisam de ser devidamente
examinados e acompanhados por médicos ou especialistas. A Ergovisão pretende,
precisamente, aliar as consultas e os exames especiais à moda, qualidade e simpatia
no atendimento. Um conceito multifuncional de serviços, que disponibiliza aos seus
clientes um serviço clínico especializado, com consultas de Oftalmologia, Optometria,
Contactologia e Terapia Visual, realizando, igualmente, exames complementares de
diagnóstico, como tomografia (OCT), topografia corneana computorizada, queratometria
computorizada, campos visuais ou retinografia.
A isto junta-se a comercialização de produtos óticos, como armações, óculos de sol,
lentes oftálmicas, lentes de contacto, entre outros, sempre com condições exclusivas
para Clientes da Caixa.
Saiba quais os cartões que dão acesso a estes benefícios em www.vantagenscaixa.pt.
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
23
g
gourmet
FINA FLOR
À MESA
A tradição que quer bem
e sabe ainda melhor.
Vantagem emocional
Quando estamos ali e vivemos aquele momento,
indo ao encontro do que um dos mais recatados
e sofisticados refúgios hoteleiros do sul do País, o
melhor talvez seja pôr a razão de lado e deixar a
emoção fluir. Lá, onde os espaços parecem vestir-se
de gala para não destoar perante a planície algarvia
e a imponência clássica da arquitetura, o difícil é
não nos deixarmos mover pela rajada de sensações
com que somos brindados. Não se estranha,
por isso, que, no último piso do Tivoli Victoria,
mergulhando sobre a ondulação dos campos de
golfe a correr para o mar, em pano de fundo, se
tenha chamado Emo ao apurado restaurante que
ali se esconde. Porventura, em jeito de aviso face à
torrente de emoções que se despertam. Primeiro,
é o olhar que se rende, seduzido pela decoração
ousada, onde o tom negro predominante não
se deixa ensombrar pelo fulgor dos pormenores
em prata ou marfim, dos painéis de azulejos de
chacota manual metalizados em folha de ouro
a revestir os pilares, ou pela reinterpretação da
tradicional filigrana que sobe paredes e tetos.
Finalmente, é o paladar que se comove com
a verdadeira aventura gastronómica, na qual
entramos pela mão do chef Bruno Rocha. Se a
razão garante que o que nos vai deliciar são pratos
que vogam ao sabor da riqueza dos produtos que
a terra dá e das estações – há uma carta de verão
e outra de inverno –, está lá, também, o exotismo
das influências chegadas de todos os cantos do
mundo para nos surpreender e emocionar. A. R. L.
EMO
Morada
Tivoli Victoria, Avenida dos Descobrimentos, 0,
Vilamoura
Telefone
289 317 000
Horário
Das 19 às 22 horas. Encerra à segunda-feira.
Preço médio
€ 55
Não se sabe se Amália
Rodrigues, alguma vez,
terá dado de beber e
comer às cordas vocais
naquela que é uma das
mais carismáticas casas
de pasto da cidade
dos arcebispos. Mas
atrevemo-nos a afirmar
que, se chamou mentiroso
ao malmequer, é porque
a diva do fado nunca terá
provado a verdade do
Mal-me-quer bracarense.
Afinal, ali, o sabor não
engana. A semente
do restaurante que se
tem vindo a plantar na
memória gustativa de
sucessivas gerações de
comensais foi lançada, nos
idos de 1953, por Joaquina
Gomes, mas a linhagem
familiar mostra que a raiz
minhota continua a ser o
ingrediente principal de
uma receita de sucesso,
cozinhada pelo chef José
Gomes. Folheada a lista
de iguarias, é impossível
resistir ao bacalhau à moda
da casa, que já colheu os
frutos das boas críticas, às
papas de sarrabulho, aos
rojões à minhota ou
ao polvo grelhado. Palavra.
Bem-me-quer
Morada
Campo das Hortas, 5-6,
Braga
Telefone
253 262 095
Horário
Das 12 às 15 horas. Das 19
às 22 horas. Encerra às
quintas-feiras
Preço médio
€ 15
24
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
Fotos: D.R.
EMO
p
prazeres
PAPA FIGOS 2010
Boa companhia para
a mesa de inverno.
Aroma no ar
a delícia de...
O cheiro a bolachas acabadas de fazer tem
açúcar caramelizado, manteiga morna,
nozes tostadas, chocolate e especiarias.
Quente, como um sol dourado de outono,
através do vidro da cozinha
Leonor de
Sousa Bastos
BO L AC H AS D E CA N E L A ,
AV E L Ã E C H O C O L AT E
Doce novembro
PARA CERCA
DE 90 UNIDADES
> 100 g de manteiga
amolecida
> 120 g de açúcar
amarelo
> 170 g de farinha de trigo
T55
> 1/4 colher de chá de
sal fino
> 1 colher de chá de
canela moída
> 100 g de avelãs
tostadas
> 100 g de chocolate de
culinária 52%
> 1 ovo
Picar grosseiramente as avelãs e o chocolate.
Bater a manteiga com o açúcar até que esteja cremosa.
Adicionar a farinha peneirada com o sal e a canela e bater até obter
uma mistura homogénea.
Adicionar o ovo e bater apenas até ligar todos os ingredientes.
Juntar a avelã e o chocolate e misturar bem.
Formar rolos com a massa, com cerca de três centímetros
de diâmetro, e embrulhar em película aderente.
Refrigerar a massa durante cerca de uma hora ou até que esteja firme.
Pré-aquecer o forno a 200ºC.
Preparar um tabuleiro de forno com uma folha de papel vegetal.
Retirar os rolos de massa do frigorífico e cortar em fatias com cerca
de um centímetro de espessura.
Colocar as bolachas no tabuleiro espaçadas entre si cerca de um
centímetro.
Cozer durante cerca de quatro a cinco minutos ou até que estejam
ligeiramente douradas.
Retirar do forno e deixar arrefecer sobre uma grade de pastelaria.
Nota: Gosto particularmente da combinação do chocolate com a avelã, ligeiramente tostada, porque
o seu sabor se torna mais intenso e a sua crocância mais evidente. Apesar de tudo, e se o chocolate se
presta a múltiplas combinações, é certo que estas bolachas ficam bem com qualquer fruto seco.
No nariz, é rico de fruta
madura, com notas de
esteva, cacau e alguma
madeira. De cor vermelha
concentrada, este tinto
duriense da Casa Ferreira
apresenta-se, na boca,
redondo e volumoso, com
taninos bem integrados
e final longo, com notas
de frutos vermelhos
maduros. É uma boa
companhia para
qualquer refeição de
carnes vermelhas,
assados no forno ou
fondue. Segundo Luís
Sottomayor, enólogo da
Ferreirinha, a tecnologia
utilizada na produção
foi orientada para
proporcionar um consumo
jovem, embora possa
beneficiar de um estágio
em garrafa de dois a
três anos, mantendo
intactas as suas melhores
qualidades até aos seis
anos. Este tinto de 2010 foi
produzido com uvas das
castas do Douro Touriga
Nacional, Touriga Franca,
Tinta Roriz e Tinta Barroca,
na Quinta da Leda, e
lavradores selecionados
pela Casa Ferreirinha
na sub-região do Douro
Superior.
José Miguel Dentinho
Este tinto
duriense
apresenta-se
redondo e
volumoso, com
taninos bem
integrados e
final longo
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
25
e
26
entrevista
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
Á LV A R O S I Z A V I E I R A
Todos os projetos
são um desafio
Move-o a paixão pela arquitetura, a alegria de viver
e o convívio com os amigos. E espera que o período mais conturbado
que agora atravessamos se traduza numa evolução do papel do arquiteto,
até porque já os há muito bons, no nosso País, afirma Siza Vieira.
A começar por ele, acrescentamos nós
Por Helena Estevens Fotografia Bruno Barbosa
Cx: Há alguma política de arquitetura em Portugal?
Álvaro Siza Vieira: Não há uma política em relação à economia, como pensar nisso em relação à
arquitetura? O panorama na arquitetura é que há muito pouca obra e, havendo muito pouca obra, há
muito poucos projetos; é tão simples como isso.
Cx: O tempo da construção acabou?
Á. S. V.: Acabar, não acredito. Espero que não seja esse o caso. Nunca acabou na história a construção.
Há evolução, portanto, há necessidade de transformações. Interpreto o que se passa mais como um
período de crise, embora se preveja demorado e possa ter efeitos em relação a eventuais excessos na
forma de encarar a arquitetura, nas obras de fachada, deficiente estabelecimento de prioridades, uma
certa contenção nos custos, portanto, também da própria expressão arquitetónica.
Cx: José Mateus, presidente da Trienal de Arquitetura de Lisboa, afirmou que é preciso salvar o arquiteto
português da extinção. Quer comentar?
Á. S. V.: É um bocado o que se passa, não é? A extinção não creio. O mundo é grande e é quase uma
constante na história portuguesa a emigração. Que, de resto, foi surpreendentemente aconselhada! Mas é
um facto. Com a falta de trabalho e com a produção e formação de arquitetos, sem dúvida exagerada – e
independentemente da crise –, há muita gente que tem de sair e isso está a acontecer. Isso não significa
meios de extinção, nem significa que eles desapareçam ou que deixem de ser portugueses. Já há gente,
também, a fazer projetos para fora, mantendo o seu centro de atividade, o seu escritório, em Portugal.
Em extinção não acredito; agora que haja, primeiro em número, uma diminuição... Só espero que não vá
tocar naquilo em que eles são absolutamente indispensáveis, que é o planeamento do território e a ordem
no território. Espero que essa contenção não signifique esquecer a necessidade de qualidade e o que
significa a formação.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
27
e
entrevista
Cx: Quer isso dizer que estamos a formar arquitetos para exportação?
Á. S. V.: Não só, espero eu! Mas, como dizia, pela quantidade que se
está a formar ou se estava a formar, não sei, e pelo exageradíssimo
abaixamento do ritmo na construção, parcialmente, tem de haver
uma deslocação. O mundo, ainda hoje, é aberto, felizmente.
Sabe que, em Portugal, e julgo que isso não mudou ainda, havia
tantas escolas de arquitetura como em Espanha – e, em Espanha,
queixavam-se de que os arquitetos eram de mais, de que não havia
capacidade para absorver tanta formação a não ser exatamente com
uma saída. Agora imagine em Portugal...
Cx: Esse aumento de escolas de arquitetura corresponde ao aumento de
qualidade dos cursos ou assistimos a um fenómeno inverso?
Á. S. V.: Não, não serão todos da mesma qualidade, julgo eu, mas,
enfim, não os conheço. Mas deduzo que, pelas mesmas razões, será
impossível que todos tenham a mesma qualidade. Também significa
muitíssimos professores. É certo que, atualmente, uma coisa que se
verifica na escola é que a formação se prolonga para lá do curso. Que
as pessoas fazem mestrados, doutoramentos...
Muitos destinam-se a professores, durante muito tempo do ensino
secundário. Mas, agora, há muita gente cuja motivação para os
mestrados e doutoramentos é a dedicação ao ensino. Também aí, terá
de haver uma competição e uma seleção.
Cx: O que farão os arquitetos quando já não puderem construir?
Á. S. V.: Ou tentam noutras bandas ou encontram outras atividades.
No ensino, mas também não é fácil aí. Há arquitetos que têm
outros tipos de atividade simultaneamente ou que até abandonam a
arquitetura por outras atividades; veja-se o Nadir Afonso... Não há
tantas fronteiras entre atividades como se procura fazer crer. Muitas
vezes, esta ideia da especialização – que, para mim, é uma ideia
absolutamente errada – fecha caminhos, não é? Pelo contrário, há
uma abertura e não há assim tantas fronteiras entre atividades que
têm muito em comum. É o caso, por exemplo, do Nadir Afonso,
que, hoje, é pintor em full time, e há outros que acumulam diferentes
atividades no campo da arte ou mantêm até outras atividades.
Cx: Já pensou enveredar pela pintura ou por outras artes?
Á. S. V.: Pintura não, mas desenho e, um pouco, a escultura são
atividades que eu fui mantendo. Pelo menos nos últimos dez anos,
vinte. Esporadicamente, não sistematicamente. Para já, primeiro
tenho trabalhos [de arquitetura] que estão em curso, trabalhos
feitos, a maior parte deles projetos de há dez anos, que, nesta carga
Cx: As saídas no ensino começam, igualmente, a esgotar-se…
Á. S. V.: Em Portugal, havia muito poucos arquitetos antes do 25
de Abril. Praticamente, havia arquitetos em Lisboa e no Porto,
sobretudo em Lisboa, trabalhando em todo o território. Depois do
25 de Abril, houve uma certa descentralização, apesar de tudo. As
cidades do interior quiseram estar preparadas para uma coisa que
veio a acontecer, que eram os financiamentos, com a entrada no
mercado europeu, e começaram a exigir ter técnicos, o que criou
uma apetência pelo curso de Arquitetura. Começou a haver saída
para arquitetos e isso trouxe um aumento de frequência em cada
escola [Porto e Lisboa], um movimento no sentido de criar mais
escolas de arquitetura, porque a procura era muita. Foi uma coisa
temporária. Depois, havia fundos comunitários – umas vezes, eram
utilizados bem, outras mal. Houve, assim, uma multiplicação de
escolas e uma multiplicação do número de arquitetos.
Cx: Conseguir-se-á inverter esta situação?
Á. S. V.: Acho que a inversão necessária começa não isoladamente
pela arquitetura, mas pela economia em geral, pela viabilidade
deste País. E as últimas notícias, as últimas decisões, não são de dar
esperança nesse sentido, mas, como sabe, há uma movimentação
muito forte e um reconhecimento muito generalizado de que
não é este o caminho. Aliás, dentro da composição dos partidos
no governo, há muitas vozes – vozes com peso – clamando que
este não é o caminho e que é uma espécie de suicídio.
Naturalmente, períodos como este, guerras, crises económicas, etc.,
são também períodos de reflexão. Haverá, por isso, espera-se,
uma reflexão sobre caminhos, agora especificamente da arquitetura,
o seu papel dentro de transformações que intervêm no terreno,
na própria construção e, portanto, uma reestruturação do papel
do arquiteto, não é?
28
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
álvaro siza vieira, o primeiro Pritzker português,
não esconde a sua preocupação face à atual
conjuntura, mas acredita que a reflexão mostrará
quais os melhores caminhos a seguir. Para o País.
E para a arquitetura.
de burocracia e de pouco planeamento, ficaram a arrastar-se e que,
finalmente, estão em construção. Estou a terminar um que também
durou não sei quantos anos, por razões que se inventam, por
obstáculos, por burocracias, que é o da Fundação Júlio Pomar, em
Lisboa, mas tenho dois outros edifícios a meio da construção. Espero
que se terminem. Até porque são financiados pela Comunidade
Europeia, não totalmente, mas julgo que até 80 por cento, que estão
em construção e lá vão indo. Bem, embora sempre com o sobressalto
de que o construtor não aguente até ao fim, porque uma das coisas
a que se assiste é ao atraso dos pagamentos, o construtor tem
subempreiteiros a que, por vezes, não pode pagar e é toda esta cadeia
a que estamos a assistir. Mas, enfim, esses estão em construção.
Tenho um em Espanha e, portanto, o escritório mantém-se, embora
tenha de haver contenção, houve uma redução do número de
pessoas a trabalhar, e espero que seja possível mantê-lo, até por essas
pessoas que estão a trabalhar aqui, algumas há muitos anos. Aqui há
pouco tempo, numa entrevista, falaram-me sobre este assunto e se eu
achava que seria possível manter o escritório, porque estariam outros
a fechar. Eu disse que admitia que tivesse de fechar o escritório;
«NÃO ACREDITO NA EXTINÇÃO
DO ARQUITETO PORTUGUÊS.
O MUNDO É MUITO GRANDE»
não disse que ia fechar o escritório. No dia seguinte, havia muitas
notícias de que eu ia fechar o escritório. Admitia – evidentemente,
temos todos de admitir. Se a atividade baixa ou falta, não há mesmo
outra solução, e eu, como alguns outros arquitetos, estou a tentar o
trabalho fora. Eu diria fora da Europa. Na Europa, o único sítio que
eu conheço onde se pode trabalhar com convicção é a Suíça.
Cx: Porquê a Suíça?
Á. S. V.: A começar, talvez, por não pertencer à Comunidade
Europeia, quem sabe. E porque, na Suíça, está a construir-se
muitíssimo. A Suíça recebe bem estes jovens arquitetos portugueses,
porque tem consciência e conhecimento da sua qualidade. Eu fiz um
trabalho na Suíça, recentemente, e foi voltar aos velhos prazeres da
arquitetura, porque realmente não há este sufoco que sucede cá
nos últimos anos, que é a pressa, o improviso, a insegurança na
capacidade de os construtores se manterem, as possíveis interrupções
de obra, etc. Um panorama tenebroso, uma dificuldade de controlo
da obra. Sabe que um arquiteto tem de assinar um documento
a dizer que se responsabiliza por tudo; sem isso, o projeto não
é aceite. Responsabiliza-se por tudo: pelo seu próprio trabalho,
pelo trabalho de toda a restante equipa, engenheiros de diferentes
especialidades, a construção, a qualidade de construção. E na obra
pública, sobretudo embora, por vezes, também aconteça em obras
particulares, paga-se a uma equipa de gestão da obra, que é nomeada
pelo dono da mesma, e que acaba por ter mais poder no controlo
da obra do que o arquiteto que assinou aquele papel. Isto é uma
situação que eu só conheço em Portugal – deve haver noutros países,
mas, na Europa, não creio que haja. Em Espanha, quem autoriza e
assina os pagamentos ao construtor é o arquiteto; aqui não, são as
equipas de gestão de obra. Nós [arquitetos], por vezes, nem sabemos
qual é o custo da obra. Quando eu digo período de reflexão e de
reorganização também refiro coisas deste tipo. O estatuto e a relação
entre os diversos intervenientes na construção estão nas ruas da
amargura.
Cx: Neste contexto, como explica a nova vaga de jovens arquitetos
premiados no estrangeiro, como os 14 projetos finalistas e os três
prémios atribuídos pelo Arch Daily ou do Ateliermob, distinguido, na
Bienal de Veneza, com o prémio Future Cities?
Á. S. V.: Antes de mais, explica-se por haver bons arquitetos jovens.
Depois, há uma maior atividade nesse campo. Há muito mais
prémios do que havia há anos. Na geração antes da minha, era
coisa que, praticamente, não havia. Prémios internacionais eram
poucos e os portugueses não tinham acesso, por razões sabidas,
estavam cá num cantinho. Há toda uma geração antes da minha que
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
29
e
entrevista
tem grandes arquitetos, alguns nunca terão recebido um prémio, e
isso, agora, é completamente diferente. Passou a haver prémios da
Comunidade Europeia, das associações internacionais de arquitetos
e mesmo prémios nacionais. Há muitos prémios e há gente com
qualidade. Um prémio internacional, em Portugal, faz grande
sucesso porque, realmente, antes não havia prémios internacionais.
De resto, a arquitetura portuguesa contemporânea antes do 25 de
Abril é pouquíssimo conhecida – ninguém sabia por esse mundo
fora o que era a arquitetura portuguesa. Conheciam-se dois ou três
nomes, que, individualmente, tinham contactos internacionais, mas
mais nada. Depois do 25 de Abril, houve, também, uma integração
nesse aumento, em todo o mundo, de atenção à arquitetura e
respetiva valorização.
Cx: O que mudou com o Pritzker, em 1992?
Á. S. V.: Eu não mudei. Em relação ao trabalho, sem dúvida,
há mudanças. Esse prémio é muito publicitado. Como é muito
publicado em todo o mundo e tem impacto internacionalmente,
abre a possibilidade a convites fora de Portugal e, nesse aspeto, sim,
permite a maior divulgação do trabalho de quem é premiado. Mas
também tem alguns inconvenientes.
Cx: Quais?
Á. S. V.: Um prémio é como uma marca, um carimbo, que é bem
aceite por uns e mal aceite por outros. Também pode criar algumas
dificuldades internamente. Mas o balanço geral é, realmente, de
abertura de possibilidades de trabalho.
Cx: O que o inspira?
Á. S. V.: O que as pessoas que me procuram nesse campo querem,
onde e com que possibilidades, com que condições, boas de responder
a esses desejos e a essas oportunidades num determinado contexto.
Cx: Tem materiais preferidos?
Á. S. V.: Não tenho materiais preferidos. Materiais preferidos em
cada casa, em cada caso, envolvendo as opções muito aspetos, como
seja o económico ou o paisagístico, onde se insere a nova construção,
a maior ou menor adaptabilidade ao sítio onde se está a construir.
Há aspetos que conduzem à opção de escolha de materiais, que tem
a ver com estética, tem a ver com muitos outros aspetos, o
económico e o prático. E há grandes mudanças, também aí.
Por exemplo, é normal fazer-se uma construção, em Portugal,
em que se usa mármore, e usar-se não o mármore local, como foi
durante anos, porque era o mais prático e económico. Acontece
comprar-se, porque é mais barato, o mármore no Egito ou, neste
momento, em Itália, grande produtora de mármore. Praticamente em
todas as obras recentes em que se usa a pedra, ela vem da Índia ou
da China; é muito mais barato.
Cx: O que é que ainda não projetou e gostaria de projetar? E onde?
Á. S. V.: Não tenho muito essa ansiedade. Mais ou menos, tenho
projetado as oportunidades que me aparecem e não me posso
queixar muito. Só houve um período em que tive de trabalhar para
diversificação dos projetos que tinha, porque há uma tendência
30
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
na arquitetura, como em todo o lado, a tal tendência para a
especialização, o que vale é a especialização. E como eu trabalhei
muito em habitação económica, praticamente a partir do 25 de
Abril (programas SAL)... Na altura, houve muito interesse pelo que
se passava em Portugal e esse interesse estendeu-se, também, à
arquitetura e, por isso, fui convidado – foi dos primeiros convites
que tive para fora de Portugal – para habitação económica, até com
programas de participação. Na Holanda, na Alemanha, aconteceu
isso. E, depois, foi-me posto um carimbo: eu era o da habitação
económica! Tal como outros têm o carimbo «este é bom para
museus» ou «este é bom para hospitais». É claro que o arquiteto
precisa de praticar nas diferentes escalas, nos diferentes programas,
nos diferentes papéis dos edifícios nas cidades, que vão desde a
célula, que é a habitação, até aos edifícios públicos, as escolas, os
edifícios dos museus, e que, normalmente, são edifícios de outra
escala. E numa cidade encontram-se várias escalas, sendo que para
trabalhar numa tem de se conhecer outra, porque elas estão em
a sua especificidade, os problemas não são iguais. Muitas vezes,
o ambiente onde se constrói é muito diferente; outras vezes, no
mesmo ambiente, as circunstâncias são diferentes. Todas são difíceis
e todas são um desafio, se se quiser pensar em fazer o melhor que
se pode e que se sabe. Em certos aspetos, há programas que exigem
uma maior coordenação, em que as equipas são mais vastas, o que
é um estímulo, mas pode incluir dificuldades. Depois, há casos em
que a urgência é tal que há uma aceleração no trabalho que é difícil
controlar. Mas todos os trabalhos são um desafio e exigem uma
grande concentração e empenho.
Cx: O que se aprende a ensinar?
Á. S. V.: Aprende-se muito. É fundamental. Nem toda a gente chega
ou pode ou quer chegar ao ensino. É uma atividade complementar
do trabalho profissional, mais direto. Por várias razões. Uma delas
é que é mais presente a ideia do estudo; é preciso estudar para
transmitir alguma coisa. Se houver uma certa preguiça profissional
em manter-se atualizado, ali é mais premente manter-se atualizado.
Depois, porque todos os anos se encontra gente diferente e gente
nova. Na escola, há uma renovação permanente e isso cria, todos os
anos, um período novo de entusiasmo, de sonho, etc.
Cx: Que herança gostaria de deixar?
Á. S. V.: Não gostaria de deixar, gostaria de ficar… mas é impossível.
Não tenho nenhum desejo especial. A alegria de viver, os arquivos
com desenhos, umas obras... Da maneira como estão as coisas, não
ficarão muitas, porque há muitas. E, agora, agravado pela situação
presente, abandonadas, degradadas... Em Portugal, perdeu-se a
cultura da manutenção. Deixa-se que os edifícios entrem em ruínas
e, depois, quando se pensa que há que fazer alguma coisa porque
estão mesmo a cair ou a meter água, já é muito tarde e ou é muito
caro ou é mesmo já inviável. De maneira que não sei se ficam
muitos. Não me preocupo muito com isso. Há muitos abandonados,
o Pavilhão de Portugal, duas obras antigas aqui em Matosinhos,
que estão num estado desgraçado… Há muita coisa muito mal
conservada.
relação. Tive de fazer concursos para sair do carimbo de habitação
económica, não porque não gostasse, mas por sentir a necessidade
de experimentar outra escala, outra expressão de trabalho. De resto,
nunca andei ansiosamente à procura de fazer este ou aquele projeto.
Cx: O que o faz sorrir?
Á. S. V.: O convívio com as pessoas, basicamente, e também,
eventualmente, os momentos de solidão que roçam por coisas
divertidas, mas, sobretudo, o convívio com os amigos e com a família.
Cx: Tem um ambiente preferido para trabalhar?
Á. S. V.: Aqui, no Porto, onde estou [edifício com vistas para o
estuário do rio Douro e para o mar]. Mas este não é o meu primeiro
escritório, já estive no centro da cidade. Aqui cria-se, quer dizer, um
estúdio tem um determinado ambiente, que envolve uma equipa,
que está aberta, também, aos demais elementos que estão fora:
engenheiros, especialistas, etc., toda a variedade de técnicos que
participam no projeto.
Cx: Na Bienal de Arquitetura de Veneza, mencionaram, a propósito
do seu trabalho, que «aparenta seguir numa direção oposta à do resto
da profissão, mas parece estar sempre na frente, intocado e destemido
com os desafios intelectuais e de trabalho que coloca a si mesmo».
Revê-se nesta afirmação?
Á. S. V.: É uma referência muito simpática e generosa, mas não me
sinto numa posição oposta. Há muita gente que trabalha não no
mesmo sentido, do ponto de vista do que faz esteticamente, mas
trabalha no sentido de tentar uma enorme atenção ao problema que
em cada caso encara. Há muita gente assim. Não me sinto nada um
isolado. Em Portugal, há muita gente em relação à qual eu vejo uma
grande identificação.
Cx: Qual considera ter sido o maior desafio profissional da sua
carreira?
Á. S. V.: Cada obra é um desafio. Não há obras fáceis. Todas têm
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
31
h
história de capa
ARQUITETURA
Com os pés
na terra
Com nomes consagrados ou jovens talentos,
a arquitetura portuguesa continua a dar cartas pelo mundo.
E a nova geração de arquitetos está a distinguir-se por projetos mais sustentáveis,
atentos ao equilíbrio energético e a uma relação simbiótica com a Natureza
Por João Paulo Batalha
32
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
33
Foto: FG+SG - Fotografia de Arquitectura
h
história de capa
Print
UMA ESCOLA
PARA O MUNDO
uem diria que Portugal seria, ainda hoje, um terreno
fértil em novos talentos na arquitetura? A verdade é
que os últimos anos não têm sido fáceis para tudo
o que está ligado à indústria da construção. Depois
de anos de crescimento constante, esta foi uma das
áreas mais afetadas pela recessão económica, com um
fluxo constante de más notícias: empresas de construção falidas,
diminuição abruta de novas obras, quedas significativas no preço das
casas e aperto na concessão de crédito imobiliário. E, no entanto,
continua a haver talento nacional. Que, cada vez mais, se faz notar
também fora de portas.
No ano passado, Eduardo Souto de Moura foi uma das figuras
portuguesas com maior projeção internacional, ao receber das mãos
do Presidente dos EUA o Prémio Pritzker, considerado o Nobel da
Arquitetura. O galardão consagrou um percurso feito dentro de
portas, com obras tão emblemáticas como o Estádio de Braga ou,
mais recentemente, a icónica Casa das Histórias Paula Rego, em
Cascais. Antes de Souto de Moura, já, em 1992, tinha sido Álvaro
Siza Vieira a conquistar o Pritzker – e só o facto de um país com a
dimensão de Portugal albergar dois arquitetos deste gabarito é já um
sinal eloquente da qualidade invulgar da nossa arquitetura.
Consagrados em Portugal e pelo mundo fora (com o Pritzker a
abrir-lhes as portas para mais obras internacionais), Siza Vieira e
Souto de Moura são os dois grandes embaixadores da arquitetura
portuguesa. Mas, atrás deles, vem toda uma nova geração de
talentos, arquitetos portugueses formados no nosso País e que
emprestam a sua visão a uma nova forma de olhar a arquitetura.
Num mundo mais globalizado, que enfrenta novos desafios a nível
económico, social e ambiental, a arquitetura não fica parada e
integra hoje, cada vez mais, preocupações de sustentabilidade – com
soluções inovadoras em áreas como a eficiência energética ou a
Q
34
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
ATRÁS DE SIZA
E SOUTO DE
MOURA, VEM
TODA UMA
GERAÇÃO DE
TALENTOSOS
ARQUITETOS
PORTUGUESES
casa museu Paula Rego,
de Eduardo Souto de Moura
(foto de abertura)
são bento está entre as mais
belas estações de comboios
do mundo
piscina das marés Obra
emblemática de Siza Vieira
mima house Vencedor do
prémio Edifício do Ano 2011,
atribuído pelo Archdaily, o
mais importante website de
arquitetura do mundo
Para procurar as grandes
referências da arquitetura
portuguesa, há que rumar a
norte. No que toca a palmarés
de excelência, são poucas
as cidades que se podem
gabar de acolher um arquiteto
vencedor do Pritzker. No
caso do Porto, são dois – e,
curiosamente, trabalham
no mesmo edifício! Souto
Moura (autor do Estádio de
Braga) e Siza Vieira (autor
do Pavilhão de Portugal,
na Expo’98, ou da Casa de
Chá da Boa Nova, em Leça
da Palmeira - dois edifícios,
infelizmente, hoje fechados
ao público) são as duas
referências mais consagradas
da arquitetura portuguesa e
dois grandes exemplos da
famosa Escola do Porto, que
produz arquitetos de exceção
desde há quase um século.
A tradição no ensino da
arquitetura na Invicta deu-lhe já fama mundial, e bem
merecida. Aliando uma visão
muito própria sobre o território
a uma atitude vanguardista, a
Escola do Porto tem produzido
trabalhos icónicos na cidade
– e dela para o mundo. Além
de Siza e de Souto de Moura,
nomes incontornáveis como
Fernando Távora ou, nos
primórdios, Marques da Silva
(responsável pela Estação de
S. Bento, considerada uma
das mais belas estações de
comboios do mundo) fazem
justiça a uma tradição de
belas-artes e arquitetura
inscritas na identidade do
Porto. E asseguram-nos um
fluxo constante de novos
talentos, que nos obriga a fixar
as atenções ao norte.
Fotos: Allan Vaxter (estação de São Bento); FG+SG - Fotografia de Arquitectura (Piscina das Marés); José Campos/arqf.net (Mima House)
A importância do Porto.
relação com a paisagem. Nem se pode dizer que seja propriamente
uma novidade: as técnicas e os materiais podem ser outros, mas, no
fim de contas, a arquitetura, a boa arquitetura, sempre foi isto: uma
relação harmoniosa com o ambiente; uma forma de tornarmos nosso
o espaço em que vivemos.
e onde vem esta explosão de criatividade? É o próprio
Siza Vieira que o diz (ver entrevista nesta edição):
períodos de crise económica como o atual são
combustível para a reflexão. Por um lado, a escassez
de obras em Portugal está a empurrar os nossos
arquitetos para trabalhos no estrangeiro, onde revelam
o seu talento e capacidades. Por outro lado, a necessidade aguça o
engenho. É, hoje, imperativo fazer uma construção mais eficiente
e económica, salvaguardando preocupações de funcionalidade e
conforto, mas, ao mesmo tempo, diminuindo impactos ambientais
e custos de manutenção. E é aqui que muita da nova arquitetura se
está a destacar.
D
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
35
h
história de capa
Não deixa de ser um paradoxo que novas visões sobre a cidade
se estejam a tornar realidade em Portugal – um País onde, acusam
arquitetos, paisagistas e ecologistas, falta uma cultura sólida de
ordenamento do território. Isso mesmo é visível nas grandes áreas
metropolitanas, onde a expansão de subúrbios, ao longo dos últimos
anos, contrasta com centros históricos abandonados e em risco de
degradação. Os custos deste desordenamento pagam-se a vários
níveis: nas redes de infraestruturas necessárias para ligar a cidade
aos subúrbios; no tempo e na energia perdidos em deslocações
pendulares do centro das cidades para a periferia; nas perdas de
produtividade relacionadas com este distanciamento, e, por fim, na
degradação do conforto e qualidade de vida das populações.
Talvez por isso, mais do que procurar um novo traço para os
edifícios, os jovens arquitetos procuram novas formas de olhar a
cidade. Veja-se o caso do Ateliermob. O coletivo, que se apresenta
como «uma plataforma multidisciplinar de desenvolvimento de
ideias, investigação e projetos nas áreas da arquitetura, design e
urbanismo», tem uma visão global do papel da arquitetura, que
vai muito além de desenhar edifícios. E a crise, aqui, é mais uma
oportunidade. «Com o mercado imobiliário e o território […] em
ebulição, é errado declarar que não há trabalho de arquitetura em
Portugal», explica o Ateliermob, na apresentação do seu projeto
Working with the 99%, vencedor do prémio Future Cities, na edição
deste ano da Bienal de Veneza. Ao contrário de se alhear da crise,
36
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
Outras perspetivas
Não é só enquanto disciplina que a Arquitetura vale
prémios aos projetos portugueses. Em outubro, no âmbito
do evento internacional World Architecture Festival, o
fotógrafo português Fernando Guerra (metade da dupla
FG+SG, que assinam a foto de capa) ganhou o prémio
Arcaid Images para Fotografia de Arquitetura, na categoria
Exteriores. A imagem vencedora é uma fotografia de
um projeto de Francisco e Manuel Aires Mateus: o Lar de
Idosos, em Alcácer do Sal. Também em outubro, Sizígia,
um filme de Luís Urbano, rodado na Piscina das Marés
(desenhada por Álvaro Siza Vieira), arrecadou o prémio
de Melhor Curta-Metragem Internacional de Ficção, no
Arquitectura Film Festival 2012, o único festival de cinema
e arquitetura da América Latina.
a arquitetura tem de lhe dar resposta. «Os arquitetos têm de
desempenhar um papel mais relevante na vida das pessoas. Têm de
ser vistos como uma ferramenta para melhorar as condições de vida
das populações», aponta a equipa do projeto.
Pensado, simultaneamente, como um trabalho de arquitetura
construtiva e social, o projeto Working with the 99% distinguiu-se
com o caso de estudo do Bairro PRODAC, em Lisboa, no qual os
Fotos: FG+SG - Fotografia de Arquitectura (lar de idosos em Alcácer do Sal); d.r. (Casa em Movimento e edifício da Fundação Iberê Camargo)
membros do Ateliermob trabalharam de perto com os moradores
de um bairro de génese ilegal para legalizar as casas de perto de 600
famílias e qualificar o espaço público. Não se trata de arquitetura
feita «apesar» da crise, mas de arquitetura feita como resposta à crise
– um modelo de envolvimento social que, garantem os seus autores,
pode e deve fazer caminho em países mais vulneráveis, como
Portugal, Espanha, Itália ou Grécia.
e resto, se não der respostas às questões do seu
tempo, de pouco serve a arquitetura. Mais do que a
criatividade do traço, a qualidade e a inovação das
soluções fazem a diferença entre um edifício atraente e
a verdadeira arquitetura. E aqui, como em tudo, é do
querer que vem o poder. Que o digam Mário Sousa e
Marta Brandão, criadores de um conceito inovador: a casa MIMA.
O ponto de partida é simples: sendo um bem de primeira
necessidade, a casa não devia precisar de ser feita por medida.
Porque não conceber um edifício modular, mas personalizável, que
seja possível instalar a uma fração do custo de uma construção de
raiz? A ideia dos dois arquitetos começou a gizar-se ainda durante
os seus tempos de estudantes, mas hoje é seguida com atenção em
todo o mundo – a casa MIMA (em destaque na edição número 7 da
Cx), aliás, ganhou o prémio Edifício do Ano 2011, atribuído pelo
Archdaily, o mais importante website de arquitetura do mundo.
Economia e flexibilidade são os principais méritos do conceito.
Num terreno de apenas 57 metros quadrados, é instalada uma
unidade MIMA com uma área habitável de 36 metros quadrados.
E não se pense que se trata de um feio barracão pré-fabricado. O
design é moderno e arejado, aberto ao exterior – a sala tem um pé-direito de 2,40 metros. Além do mais, a casa é alterável em qualquer
momento, graças a um sistema de calhas que permite adicionar ou
subtrair paredes à medida das necessidades. É, no fundo, o conceito
pronto-a-vestir aplicado à arquitetura: uma casa costumizável, bem
desenhada e de baixo custo. A democratização da boa arquitetura.
D
A riqueza do traço
Mais do que traço, a arquitetura é, cada vez mais,
responsável pelo dinamismo das cidades. Hoje, o turismo
arquitetónico mobiliza cada vez mais pessoas em todo o
mundo. A cidade do Porto, por exemplo, foi considerada
o Melhor Destino Europeu de 2012 graças, em grande
parte, à sua qualidade arquitetónica ímpar, traduzida em
edifícios icónicos como a Casa da Música, de Rem Koolhas,
ou o Museu de Serralves, de Siza Vieira. Aliás, a Câmara
Municipal do Porto associou-se, recentemente, à delegação
regional da Ordem dos Arquitetos e à Casa da Arquitetura
para criar roteiros turísticos dedicados especialmente a
alguns dos mais famosos arquitetos com obras na cidade,
como Siza Vieira, Souto de Moura ou Cassiano Barbosa.
E os turistas para este género de nicho não têm parado
de crescer, vindos de toda a Europa e dos países asiáticos.
vencedora A foto de
Fernando Guerra que
conquistou um prémio Arcaid
Images para Fotografia de
Arquitetura (à esquerda)
ecológica Esta casa
acompanha o movimento do
sol ao longo do dia, procurando
ser energeticamente
autónoma. Chama-se Casa
em Movimento.
lá fora O edifício da Fundação
Iberê Camargo, em Porto
Alegre, no Brasil, tem a
assinatura de Siza Vieira
Cx
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37
h
história de capa
Os tempos, aliás, estão maduros para as ideias económicas. Na
mesma senda da sustentabilidade, outro criador nacional, Miguel
Vieira Lopes, foi, ainda, mais longe. Também adaptável e de baixo
custo, o conceito Casas em Movimento é para ser lido no sentido
literal. Esta é uma casa que se mexe a sério, acompanhando o
movimento do Sol ao longo do dia! A ideia é tão simples como
revolucionária: criar uma nova geração de casas moldáveis, às quais
podemos acrescentar ou retirar elementos à medida que a família
cresce ou diminui; e concebida para ser independente em termos
energéticos. Para isso, a casa roda sobre si própria, para que, do lado
de fora, os painéis fotovoltaicos possam aproveitar ao máximo a
energia solar, ao mesmo tempo que, do lado de dentro, os espaços se
renovam para tirar o maior partido possível da casa. É uma espécie
de moradia viva, que acompanha o ciclo de vida dos seus moradores
e cresce ou diminui de acordo com as suas necessidades. Por outro
lado, o uso de materiais naturais, como a madeira ou a cortiça,
assegura uma maior qualidade de isolamento térmico e acústico – e
um uso mais inteligente da energia. É a casa vista, literalmente, como
um habitat natural.
este tipo de criatividade que continua a marcar a
arquitetura portuguesa. Com o ciclo de expansão
suburbana interrompido pela crise, novos talentos
procuram, agora, novas formas de revitalizar
o espaço público e encontrar novos usos para
velhos equipamentos. Outro projeto premiado
internacionalmente fez precisamente isto. Desenvolvido na Trafaria,
na margem sul do Tejo, o projeto OCO – Ocean & Coastline
Observatory propôs-se recuperar um complexo de baterias de defesa
de costa, construídas durante a II Guerra Mundial, adaptando-o
a um centro cívico dedicado à preservação dos habitats costeiros.
Desenvolvido por uma equipa liderada por João Segurado, o projeto
ganhou o Open Architecture Challenge, organizado pela Habitat for
É
38
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
O PROJETO
OCO (NA FOTO)
PRETENDE
TRANSFORMAR
UMA ANTIGA
ESTRUTURA
MILITAR NUM
CENTRO
DEDICADO À
PRESERVAÇÃO
DOS HABITATS
COSTEIROS
CAIXA DE ARQUITETURA
A Caixa tem vindo a apoiar atividades
relacionadas com a arquitetura
e o design, no âmbito da sua
responsabilidade e preocupação
pelas múltiplas dificuldades com
que as cidades e os seus habitantes
se deparam. Falamos de questões
como a sustentabilidade, o ambiente,
a recuperação e reanimação das
cidades, com o consequente
rejuvenescimento urbano e
populacional, entre outras.
É neste contexto que se insere o
apoio à Trienal de Arquitetura ou à
Experimenta Design, assim como
outras ações organizadas pela
Ordem dos Arquitetos. Uma relação,
aliás, reforçada a 18 de maio, com
a assinatura de um protocolo de
parceria, onde ficou definido um
conjunto de vantagens para os
membros da Ordem. Em causa estão
benefícios em produtos e serviços
financeiros, descontos de bilheteira
na Culturgest e a emissão de um
cartão de crédito co-branded, entre
outros.
A cerimónia teve lugar no Edifício-Sede da CGD, tendo o protocolo
sido assinado por José de Matos e
João Belo Rodeia, respetivamente,
presidentes da Comissão
Executiva da CGD e da Ordem dos
Arquitetos. Com este protocolo, a
Caixa posiciona-se como parceiro
privilegiado desta classe profissional,
assegurando a presença em
certames nacionais realizados pela
Ordem dos Arquitetos, assim como
em outras iniciativas ou projetos
de interesse comum e canais
de comunicação com os 20 mil
membros da Ordem.
Humanity, destacando-se entre mais de 500 projetos, precisamente
pelo caráter inovador e pela sustentabilidade da ideia.
Por vezes, são as ideias simples que resultam mais felizes. Uma
visão clara, um traço distintivo e a vontade de reinventar a nossa
relação com a cidade, ou a Natureza, transformam um espaço
numa casa ou num edifício público onde a população se encontra
e confronta ideias e opções para o futuro. Com um presente
tão abalado pela conjuntura económica e com tantas incertezas
no horizonte, uma sociedade dinâmica precisa de mais lugares
de encontro e de debate. Em Portugal, velhos e novos talentos
continuam a trabalhar para criar esses espaços e desafiar o nosso
entendimento de cidade, de comunidade. Por vezes, com o olhar nos
céus. Mas sempre com os pés e o coração bem assentes na terra.
o
observatório
JOÃO
Santa-Rita
Arquitectura portuguesa,
Fotos: D.R.
um referencial de cultura e de qualidade.
DESDE MEADOS dos anos 70, com o número histórico da revista
Architecture d’Aujourdhui (logo seguido de um outro número), num
País a iniciar um novo rumo, a arquitectura portuguesa conquistou
a atenção e o interesse do exterior e ganhou uma nova dimensão
cultural e influência, que se foi consolidando até à actualidade.
As realizações de obras sucederam-se, a sua complexidade
e dimensão foi crescente e as sucessivas gerações foram sendo
convocadas para novos desafios e possibilidades que o País e as
instituições públicas e privadas lhes foram colocando.
As instituições de ensino cresceram em dimensão e em número,
abriram múltiplas actividades ao exterior, promovendo encontros
de âmbito internacional, possibilitando aos seus alunos o contacto
com os mais diversos autores, bem
como com programas resultantes de
uma integração na Europa, os quais
viriam a possibilitar a ampla circulação
pelo mundo dos novos aspirantes a
arquitectos.
Por outro lado, algumas das obras
realizadas e a notoriedade além-fronteiras de alguns arquitectos
cativaram definitivamente o interesse
pela arquitectura portuguesa,
colocando-a, nas suas mais diversas
expressões e modos de prática, num
patamar de qualidade e de competência
que viria a considerar como privilegiada
a aquisição dos seus serviços.
Jovens estagiários ou arquitectos
foram sendo aceites em ateliers de prestígio internacional, chegando
alguns a assumir posições de destaque, conhecendo, de um modo
geral, uma crescente experiência e qualidade enquanto profissionais.
A par do reconhecimento internacional de Siza Vieira, através dos
sucessivos prémios e condecorações, e de Eduardo Souto de Moura,
com o Pritzker, e, ainda, de Paulo David, com o Alvar Aalto, os
arquitectos portugueses têm vindo a marcar a sua presença além-fronteiras em eventos, em instituições de ensino, em concursos ou na
realização de projectos e obras.
É de salientar a recente selecção para lugares de prestígio, como é o
caso de Pedro Gadanho, curador do MOMA na área da Arquitectura,
ou de Diogo Burnay, director da Escola da Faculdade de Arquitectura e
Planeamento da Dalhousie University, em Halifax, no Canadá.
VICE-PRESIDENTE DO CONSELHO
DIRECTIVO NACIONAL
DA ORDEM DOS ARQUITECTOS
Recentemente, tem também sido notícia a sucessão de prémios
alcançados por jovens arquitectos portugueses em concursos
internacionais. Através da qualidade do seu trabalho, têm tido acesso
a realizações de uma natureza e dimensão muito diferentes daquela a
que, porventura, teriam na sua prática corrente em Portugal.
Importa olhar para esta realidade num momento particularmente
difícil para os serviços nas áreas da arquitectura, das engenharias e
da construção, quiçá, sem paralelo na história do País. Mesmo em
momentos similares dos anos 70 e meados dos anos 80, quando
escasseavam os recursos financeiros, a nossa actividade conhecia
ainda os períodos marcados pela necessidade da construção de
equipamentos, de habitação e de serviços, que iam permitindo a
continuidade da actividade e a sobrevivência dos ateliers, bem como o
enquadramento das novas gerações.
Os arquitectos têm vindo a repensar a sua actividade, entre outros
modos, procurando a desmultliplicação dos seus serviços, esforço
que não poderá deixar de contar
com o apoio do Estado e das suas
instituições.
A Ordem dos Arquitectos tem
vindo a alertar o Governo para a
necessidade da criação de políticas
de divulgação e de investimento
que ajudem a inverter o processo de
destruição dos ateliers e de emigração
a que se assiste. Nomeadamente, a
título de exemplo, através de acções
no estrangeiro que alertem para a
qualidade dos nossos serviços e,
ainda, da inventariação do património
do Estado, devoluto ou não, e
da valorização do mesmo com a
realização de estudos e projectos que
perspectivem o seu futuro.
As distinções e os prémios de carácter internacional que se têm
sucedido são a melhor prova de que os arquitectos portugueses de
várias gerações se tornaram, através das suas obras, dos seus projectos
e do seu trabalho, um referencial tanto de cultura como de qualidade,
o que constitui, certamente, um motivo de orgulho para todos.
Importa não desperdiçar todo o esforço e empenho de décadas que
culminou com a inegável valorização da profissão de arquitecto.
Por opção do autor, este texto não segue as regras
do novo acordo ortográfico.
Cx
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v
grande viagem
ISLÂNDIA
Uma ilha de
40
Cx
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gelo
e
fogo
Se fosse uma sobremesa, a Islândia seria uma deliciosa
bola de gelado de nata, coberta por um aveludado creme de chocolate quente.
Reykjavik, a capital, seria como que o prato de luxo,
onde nos é servido um país de origem vulcânica no limite do Círculo Polar Ártico,
repleto de paisagens intocadas, tão selvagens quanto românticas
Por Pedro Guilherme Lopes
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
41
v
grande viagem
ão deixa de ser curioso que, se fizermos
uma sondagem, serão muitas as pessoas
que afirmarão desconhecer que a Islândia
é uma ilha. A maioria apontará a sua
localização para uma zona próxima da
Finlândia e não será de estranhar se uma
larga percentagem apenas tiver ouvido falar deste país
recentemente, mais precisamente pela forma como os
islandeses escolheram lidar com a crise instalada.
Aliás, a Islândia terá sido dos primeiros países a
sentir a crise financeira que, há cerca de quatro anos,
assola a Zona Euro (entretanto alastrada à Grécia,
Itália, Espanha e, como bem sabemos, a Portugal),
situação que conduziu a medidas inéditas tais como
o redigir de uma nova Constituição, através de um
processo de assembleias de cidadãos, ou o julgamento
do antigo primeiro-ministro, Geeir Haarde, pela sua
responsabilidade na crise.
Pese o mediatismo que tais iniciativas lhe conferiram,
com direito a manchetes em jornais e aberturas
de blocos informativos na televisão, a Islândia manteve-se como uma ilha turisticamente tranquila. Guardando,
apenas, para alguns um cocktail de emoções que,
sem esforço, podem combinar-se na viagem de uma
vida.
N
42
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
O nosso ponto de partida será Reykjavik, a capital e
uma das cidades mais sustentáveis do mundo. Cem por
cento abastecida por energia limpa e de baixo custo, é
percorrida por vários veículos movidos a hidrogénio
e é comum verem-se inúmeros habitantes a utilizar a
bicicleta no seu dia a dia. Capital Europeia da Cultura
em 2000, a cidade oferece elevada oferta nesse âmbito,
sejam museus, sejam galerias de arte, passando pela
ópera, orquestra sinfónica e uma companhia de bailado.
Há mesmo quem garanta que Reykjavík é uma cidade
que nunca pára, seja pelos concertos ao ar livre, pelas
lojas modernas e surpreendentes, pelas pequenas galerias
que se espalham pela cidade, pelos restaurantes onde
apetece voltar ou pelas noites que se prolongam nos
vários bares. E, claro, não faltam hotéis com excelentes
condições para poder descansar de tanta agitação.
Importa, aliás, referir que, no inverno, apenas encontrará
alojamento nos hotéis da capital e das vilas mais
importantes do país (não esqueça os charmosos hotéis
de campo). Já os parques de campismo e as pousadas,
muito procurados durante o verão, tanto por uma
questão de preço como de proximidade com a Natureza,
estão fechados durante os meses mais frios.
Com mais ou menos frio, não faltam visitantes com
vontade de descobrir um país ainda em estado bruto,
DICA
esquecendo, por vezes, que em grande parte do território
são as forças da Natureza que ditam as leis. Não admira,
por isso, que sejam vários os conselhos deixados,
tais como utilizar sempre tendas bastante resistentes,
ter atenção na travessia dos rios, procurar conhecer
antecipadamente o estado das estradas (que pode variar
muito rapidamente), não partir para uma caminhada
sem o auxílio mínimo de um mapa (bússola ou GPS são
recomendados) e utilizar, sempre, a roupa e o calçado
mais adequados ao terreno e à época do ano.
Deixamos, então, Reykjavik, apanhando a Ring
Road, a estrada que circunda toda a ilha ao longo do
litoral. Depressa nos vemos envolvidos em paisagens
magníficas, onde nem faltam cavalos totalmente em
liberdade.
As quedas de água e o verde luxuriante são outra
constante, bem como as enseadas de areia preta, que
nos recordam a origem vulcânica da ilha. Aliás, a
Islândia é apontada como sendo a maior parcela de terra
inteiramente de origem vulcânica, formada por planaltos
de lava expelida através de fraturas ou por grandes
vulcões de forma cónica.
esta nossa viagem para a zona norte
da ilha, rumamos à capital da região,
Akureyri, por muitos apontada como sendo
a mais bela cidade do país, principalmente
quando a luz do crepúsculo incide sobre
as montanhas cobertas de neve branca.
A pouco mais de uma hora de viagem fica o Parque
Natural Jokulsargljúfur e a imponente cascata Dettifoss,
bem como o grande lago Myvatn, ponto incontornável
para quem quer observar aves ou ver surpreendentes
esculturas de lava emergindo da água. Completando os
N
Antes de partir, saiba
que visitar a Islândia
é apostar no turismo
de Natureza, ou seja,
não esteja à espera
de umas férias
dolce far niente.
Entre glaciares e
montanhas, fiordes
e campos de lava,
vulcões e piscinas
naturais de água
quente, motivos não
faltarão para se sentir
completamente livre
e para experimentar
atividades como
snowboard,
rafting, BTT, esqui,
caminhada ou
observação de
baleias. E até
encontra a banda
sonora ideal sem
sair do país; basta
pensar em nomes
como Björk, Sigur
Ros, Múm, Mugisons
ou Of Monsters And
Men.
2
3
1
4
1 reykjavik Panorâmica
colorida da capital
islandesa
3 litoral Uma das várias
vilas de pescadores
4 vulcânica Na zona do
2 dettifoss Vista para a
mais forte queda de água
da Europa
lago Myvatn são várias
as marcas das origens
da ilha
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
43
v
grande viagem
locais de visita obrigatória na região norte está Húsavik,
o centro europeu da observação de baleias.
Iniciando o percurso para sul, preparamo-nos para
entrar na zona dos incontornáveis fiordes, rodeados
por altas montanhas de rocha vulcânica. As pinceladas
finais são-nos dadas pelas vilas piscatórias, com as suas
tradicionais casas e marinas. Por esta altura, e se assim
o desejar, pode abandonar a zona costeira para descobrir
Landmannalaugar, um vale desértico, rodeado de
montanhas vulcânicas, repleto de géisers, fumarolas e
pequenas piscinas de água quente. E, a partir daqui,
poderá partir rumo a um destino ainda mais famoso
e interior: o vale de Porsmork (Thórsmörk), envolto
por uma enorme cordilheira e perto do vulcão
Eyjafjallajökull, o tal que, há dois anos, condicionou
grande parte da Europa com a cinza que espalhou
pelo ar.
Chegados a sul, somos «esmagados» pela imponência
do Vatnajokull, a maior superfície gelada da Europa,
permitindo atividades tão diferentes como escalada
e caminhadas, passeios de barco ou banhos de água
quente em piscinas naturais escondidas… em cavernas
de gelo!
Se preferir, guarde estes mergulhos especiais para
a Blue Lagoon, uma imensa piscina artificial geotérmica
de quentes águas azul-turquesa, cuja cor contrasta com
o cenário vulcânico envolvente. Aqui, pode optar entre
os cuidados do SPA ou, simplesmente, deixar-se levar
pela sensação de estar num lugar (e num país)
realmente único.
ASSISTIR A FENÓMENOS ÚNICOS
Um dos momentos que atrai centenas
de visitantes à Islândia é o solstício de
verão, onde, durante um dia, em junho,
o sol praticamente não se põe.
Em Reykjavík, o sol nasce por volta
das três da manhã, para se esconder
já depois da meia-noite (daí a
expressão «sol da meia-noite»),
mas no norte do país a luz nem chega
a desaparecer totalmente. Para
assinalar o momento, existem sempre
vários concertos e eventos, entre eles
o já famoso Artic Open, onde pessoas
de todo o mundo se juntam para jogar
golfe durante o solstício.
A partir desta data, os dias tornam-se cada vez mais curtos, atingindo o
seu ponto máximo de escuridão em
dezembro, no solstício de inverno.
Desta feita, o complicado vai ser ver a
luz do dia, mas os dias curtos podem
ser amplamente compensados se
conseguir observar a aurora boreal,
onde o céu ganha tonalidades
esverdeadas. Um fenómeno
imperdível!
blue lagoon
A maior atração
da ilha promete
banhos quentes
ao ar livre
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Guia de Viagem
Ir
A melhor forma de chegar
a Reykjavik é optar por um dos voos
da TAP, desde Lisboa ou do Porto,
que fazem escala em Londres
ou Copenhaga. A chegada à capital
islandesa faz-se através de um voo
da IcelandAir e as tarifas (ida e volta)
rondam os 650 euros por pessoa.
Para entrar no país, apenas terá de
ter o passaporte com validade de,
pelo menos, três meses.
Saber
Clima
Não é fácil lidar com o clima
islandês, ou não estivéssemos
perante um país onde a Natureza
ainda dita leis. A sua localização,
junto ao Círculo Polar Ártico,
faz com que a temperatura possa
facilmente cair dos 18ºC para os
10ºC numa questão de minutos,
provocando, igualmente, belíssimos
fenómenos, como o facto de, entre
junho e agosto, os dias serem
enormes e as noites muito claras.
Já no inverno, bastante rigoroso,
será muito fácil ver neve e pode
contar com dias muito curtos.
É, igualmente, entre setembro
e janeiro que será mais fácil assistir
a uma aurora boreal.
Língua
A língua nacional é o islandês,
mas quase toda a população sabe
falar inglês.
por levar uma tenda bastante
resistente. Dê especial atenção
às previsões meteorológicas,
até para saber qual o tipo de roupa
e de calçado mais adequado
(incluindo se viajar com intenção
de fazer canoagem ou BTT) e, já
na Islândia, consulte o estado das
estradas (www.road.is) antes de
iniciar o percurso escolhido.
Um mapa e um GPS serão aliados
de peso nesta aventura, onde
será importante não ceder
a tentações como atravessar
rios desconhecidos ou sair
dos trilhos nas áreas geotermais.
Visitar
Será a maior atração do país:
falamos da Blue Lagoon,
uma enorme piscina artificial
geotérmica com água quente e em
tom azul-turquesa e à qual não
falta um moderno SPA.
No sul da ilha, o Skaftafell National
Park é obrigatório para quem
quer ver enormes glaciares,
mas oferece muitas outras
maravilhas, como mantos de lava,
vegetação luxuriante ou cascatas.
A propósito de cascatas
(foss, em islandês),
é impressionante a quantidade
destas quedas de água que
irá encontrar na ilha. Dettifoss
Moeda
A moeda local é a krona, sendo que
um euro equivale a, sensilvelmente,
160 kronas.
O que levar
Será quase impossível visitar
a Islândia sem contactar
de perto com a Natureza. Assim
sendo, a primeira decisão será
sobre acampar ou não acampar.
Se a resposta for «sim», opte
será a mais famosa, até por ser
considerada a cascata com mais
força da Europa, mas os arco-íris
que se formam em Skogarfoss
ou a água jorrando do interior
de uma montanha, em Barnafoss,
também merecem destaque.
Não deixe, igualmente, de descobrir
Landmannalaugar, um vale
desértico, onde não faltam piscinas
naturais de água quente, géisers
e fumarolas. E, claro, reserve tempo
para a capital, Reykjavic, onde não
faltarão ofertas culturais
e monumentos a visitar.
Ficar
Em Reykjavic, será fácil encontrar
um hotel onde ficar, havendo
ofertas para todos os bolsos
e carteiras. Leve na agenda nomes
como o Radisson Blu 1919,
o Borg Hotel, o Hilton Reykjavic
ou o Hotel Holt.
Aliás, se está a pensar visitar
a Islândia durante o inverno, fique
a saber que durante esta estação
do ano apenas existe alojamento
disponível na capital
e nas principais vilas, pois
os parques de campismo
e as pousadas estão fechados.
Estas últimas são dos alojamentos
mais procurados, mas, como
existem menos de 30 em toda
a ilha, o ideal será antecipar-se
na reserva através do site
www.hostel.is. Outro site
a que deverá dar atenção é www.
farmholidays.is, que lhe permitirá
optar por um hotel de campo ou
por uma quinta para a sua estada.
Comer
Este apontamento intitula-se «comer», mas vamos
começar por falar de um licor
(consideravelmente forte, diga-se) elevado a bebida nacional:
o brennivin, destilado a partir
de batata e temperado com
sementes de cominho.
E se o clima frio do país ajuda à
fama do dito licor, também dita leis
no que toca à alimentação.
O peixe, nomeadamente
o salmão e o bacalhau, e a carne,
principalmente de cordeiro, são
a base de uma alimentação onde
os cereais substituem os vegetais
(que não se dão bem com o clima).
Salmão e truta fumados, bem
como arenque marinado, são
alguns dos pratos típicos, muitas
vezes acompanhados por skyr,
feito a partir de queijo creme e de
iogurte.
islândia
É um dos mais bem
guardados segredos
da Europa. Uma ilha
com uma paisagem
quase intocada e onde
tão depressa podemos
ver glaciares como um
vulcão em atividade.
Informação na Net turista prevenido, vale por dois
Sites que não deve deixar de consultar: www.icelandnaturally.com; www.icetourist.is; www.icelandtouristboard.com;
www.iww.is; www.visitreykjavik.is.
CARTÃO MILES & MORE
A CAIXA, EM PARCERIA COM O PROGRAMA
MILES & MORE DA LUFTHANSA, CRIOU
O CARTÃO DE CRÉDITO (1) QUE O DEIXA
MAIS PERTO DA SUA PRÓXIMA VIAGEM,
AO PERMITIR-LHE GANHAR E ACUMULAR
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& MORE CLASSIC (COMPRAS): TAEG DE 28,0%,
PARA UM MONTANTE DE € 1500, COM REEMBOLSO
A 12 MESES, À TAN DE 22,50%.
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45
r
roteiro
ALDEIAS HISTÓRICAS
Viagem ao passado
Escondidas na Beira Interior, belíssimas aldeias
recuperadas preservam um pedaço do que é ser
português, sem esquecerem de lançar um olhar ao futuro
Por Pedro Guilherme Lopes
Ilustração Marta Monteiro/www.re-searcher.com
piódão É uma das mais belas aldeias
portuguesas, onde o xisto é rei e senhor.
Vista ao longe, com as luzes das ruas e das
casas ligadas, parece saída de um presépio.
Visite o Núcleo Museológico do Piódão.
1
linhares Além da riqueza do legado
histórico, aqui encontra um simulador de
parapente e um restaurante que não pode
deixar de visitar: o Cova da Loba.
7
castelo mendo Espreite as casas
manuelinas, na Rua do Forno, e o Museu do
Tempo e dos Sentidos, entre outros pontos
de interesse.
8
idanha-a-velha Pitoresca, conserva
um assinalável conjunto de ruínas, o que
lhe confere um lugar de realce no contexto
das estações arqueológicas do País. As
muralhas e a ponte romanas são um bom
exemplo desse legado.
2
monsanto Erguida num local muito
antigo, onde se regista a presença humana
desde o Paleolítico, é considerada uma das
mais características povoações portuguesas.
3
almeida Exemplarmente recuperada,
como o demonstram o Picadeiro d’El Rey,
a Igreja Matriz ou a Casamatas. Aproveite
para dar um salto à pequena aldeia vizinha,
Malpartida, onde encontrará um restaurante
obrigatório: Casa de Irene.
9
10 trancoso Do Castelo às Portas de El
4
castelo Novo É obrigatório visitar o
Núcleo Museológico e o Miradouro Virtual,
num sistema informático incorporado
numa estrutura de suporte rotativa a 360º,
que permite a visualização detalhada de
particularidades do terreno envolvente.
Rey, do Palácio Ducal ao curioso Cemitério
dos Mouros, o que não faltam são atrações.
Pode ficar no moderno Hotel Turismo de
Trancoso e provar os sabores da região no
Restaurante Água Benta ou no Quinta da
Cerca.
sortelha O seu castelo está
classificado como Monumento Nacional
desde 1910. Oferece várias opções aos
adeptos de lojas de velharias.
11 castelo rodrigo Aldeia romântica,
5
belmonte É a aldeia onde encontrará
mais motivos históricos e culturais. O
Ecomuseu, o Museu do Azeite e o Museu
Judaico são referências, e, como há muito
para ver, aproveite para ficar alojado
na belíssima Pousada do Convento de
Belmonte.
6
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Cx
a re v i s ta d a c a i xa
com uma muito recomendada Casa da
Cisterna, que o convida a ficar, e uma
acolhedora casa de chá/loja chamada
Sabores do Castelo. A menos de dois
quilómetros encontra a vila de Figueira de
Castelo Rodrigo, que centraliza todos os
serviços de utilidade pública.
12 marialva Não deixe de visitar a Igreja
Matriz, o Castelo e a Porta do Anjo e o antigo
tribunal. É obrigatório experimentar ficar
nas belíssimas Casas de Côro, bem como
dar um salto a Vila Nova de Foz Côa.
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47
f
fugas
A Q U A P U R A D O U R O VA L L E Y
O vale,
o vinho
e tanto charme
A comemorar cinco anos de vida, o Aquapura é,
hoje, uma referência na belíssima região do Douro.
Sofisticado, sem ser demasiado formal, este é um hotel de excelência,
pensado ao pormenor para oferecer estadias que não se esquecem
Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia D.R.
48
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
magine-se a escassos dez minutos de carro
do centro da Régua, prestes a chegar a
uma propriedade de oito hectares, outrora
conhecida por Quinta do Vale Abraão,
localizada numa das sinuosas curvas
características do Vale do Douro. O seu
destino é o Aquapura Douro Valley, sendo
que, desde logo, existe uma curiosidade: toda
a informação relativa ao hotel foi enviada
previamente, tornando o check in numa
verdadeira receção de boas-vindas, onde toda a atenção fica centrada
em quem chega. «Temos tido a preocupação
de antecipar soluções que, de alguma forma,
quebrem o formalismo, sem descurar a
postura e a conduta, e procurem facilitar
o acesso a todos os serviços do hotel,
concentrando a nossa atenção naquilo que os
nossos hóspedes procuram». Quem o diz é
Miguel Simões de Almeida, administrador do
Aquapura, um hotel de excelência que, desde
que abriu portas, em 2007, coleciona prémios
e distinções nalgumas das importantes
revistas mundiais.
Quem aqui se desloca procura
experiências gastronómicas e vitivinícolas,
bem como relaxamento e recuperação
emocional, numa região de rara beleza. No
fundo, o lado emocional tem bastante peso
quando se escolhe visitar o Aquapura, não
deixando de ser relevante que, em termos
de percentagem anual, cerca de 40 por
I
cento dos turistas sejam portugueses. E são
também eles que ajudam a fazer um balanço
positivo destes primeiros cinco anos de vida.
«Este foi um período de extrema exigência
e empenhamento por parte dos acionistas,
colaboradores e parceiros deste projeto
de referência no Douro e em Portugal.
Pelo momento que se iniciou e que ainda
atravessamos, desde 2008, e pelas enormes
mutações da conjuntura e das condições
de mercado em que esta unidade tem
vindo a operar, considero muito positivo
o balanço deste período e os resultados
possíveis perante este enquadramento»,
afirma Miguel Simões de Almeida. «Julgo
que a notoriedade da região foi reforçada,
o prestígio da unidade e da sua gestão
valorizada, mas, acima de tudo, o que
esperamos é continuar a contribuir para
o desenvolvimento desta unidade e desta
região.»
que salta, desde logo, à vista
é o contraste que resulta
da vontade de manter o
traçado original do exterior
(um edifício do século XIX),
injetando-lhe modernidade
em todos os pormenores do interior. Pela
mão da conceituada designer de interiores,
Nini Andrade Silva, os tons escuros, que
sublinham a ligação à vinha e ao vinho,
O
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
49
servem de cenário a um minimalismo
contemporâneo, que contrasta com as cores
vivas do cenário exterior (são um verdadeiro
bálsamo para a alma as panorâmicas
proporcionadas pelas varandas e amplas
janelas viradas para as vinhas e para o rio
Douro). Nos 50 quartos e suítes, assim
como nas 21 villas, além do conforto e da
manutenção desse minimalismo, sobressai
a aposta na alta tecnologia, presente no
sistema de iluminação, nos telefones,
televisões LCD com tecnologia IP e na
Internet wifi.
Cada quarto, cada área, reflete um
ambiente acolhedor, onde se misturam
1
2
3
4
5
panorâmica Perfeitamente
integrada na paisagem, salta à vista
a enorme piscina pensada para fazer
lembrar a cor do vinho
ficar Pode optar entre os quartos,
as suítes (na foto) e as villas
contemporânea O bar é exemplo
da decoração sóbria e minimalista
spa Aqui, não faltam propostas
adaptadas aos desejos de cada
hóspede
no douro Os passeios de barco
são uma das propostas do Aquapura
50
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
materiais cuidadosamente escolhidos com
obras de arte de inspiração internacional.
Os quartos Vale, por exemplo, além da vista
para os terraços e vinhas, apresentam uma
disposição original entre a casa de banho
e a zona de descanso. Já os quartos Spa,
situados de frente para a mata, com janelas
panorâmicas, incluem uma cama queen size,
uma banheira de grande dimensão com deck
em madeira e um colchão spa, enquanto os
quartos Rio, como o próprio nome indica,
oferecem belíssimas panorâmicas sobre o rio
Douro.
As suítes também se distinguem entre si,
ficando para as Aquapura a possibilidade
de oferecerem diferentes cenários: vista
para o Rio Douro, varanda privada, jardim
de inverno ou duplex e uma banheira
panorâmica. As suítes Panorâmica
distinguem-se pela vista magnífica sobre
o rio, através de amplas janelas, e, para
quem quiser impressionar (ou ficar ainda
mais impressionado), existe uma suíte
Presidencial que apenas é alugada sob
pedido e que oferece 165 m2 de luxo e de
privacidade.
rivacidade, e muita, é o que
encontrará nas villas. Totalmente
mobiladas e equipadas,
incluindo cozinha, apresentam
espaços que variam entre os 140
e os 234 m2, com um, dois ou
três quartos, oferecendo, ainda, piscinas para
utilização exclusiva.
E já que falamos em piscinas, seria
impossível não dar o devido destaque
à piscina exterior do Aquapura.
P
Com 80 m2, situada entre as vinhas e o rio,
recebe-nos em águas aquecidas e oferecenos inesquecíveis panorâmicas. Destaca-se,
ainda, pela cor da pastilha utilizada no
seu revestimento, que lhe confere um tom
que, uma vez mais, faz lembrar o vinho.
Quando as condições atmosféricas assim
obrigam, o convite passa para a piscina
interior, integrada num dos melhores spa
do País. A tal viagem emocional e sensorial
que procura quem visita o Aquapura ganha,
nestes 2200 m2, novos contornos, seja na
piscina, nos duches aromáticos, na sauna
panorâmica, no laconium, no banho de ervas
ou na surpreendente cama de água aquecida.
Tudo isto, e muito mais, num spa onde não
faltam propostas adaptadas ao desejo de
cada hóspede.
Guia de Viagem
Como ir
Partindo do Porto, siga em direção à
Ponte da Arrábida, apanhando a A4
para Vila Real/Valongo/Ermesinde.
Seguir pela saída 18, com sentido
a Mesão Frio/Régua, virando à
esquerda em direção a N15. Apanhe
a N101, depois a N108, passando
por Juncal de Baixo e por Adega do
Chão antes de chegar ao Aquapura.
Se sair de Lisboa, apanhe a A1 e siga
até Viseu. Aí, apanhe primeiro o IP3,
depois a A24, até à saída número 10,
para Armamar. Siga as indicações
para Régua/Tabuaço/Resende/
Cinfães, convergindo com a N313 e,
depois, com a N222.
No Aquapura Douro Valley,
encontrará quartos a partir de 180
euros por noite.
www.aquapurahotels.com
O que fazer
Também preparados para os mais
diversos desejos estão os espaços
gastronómicos do Aquapura Douro
Valley. Dois restaurantes de inspiração
mediterrânica fazem as delícias de quem
por aqui fica: Vale Abraão, situado no piso
térreo, de ambiente informal aberto para o
exterior, e Almapura, um espaço intimista
onde o conceito de food & feeling dá origem
a uma proposta que mistura as tradições
portuguesas e as receitas internacionais.
À disposição estão, igualmente, um bar, um
pool bar e um wine room, local privilegiado
para eventos privados até 16 pessoas.
Em redor, os cinco hectares de mata
e de jardins convidam, por um lado, a
recuperar dos prazeres da gula e, por outro,
a comungar com a natureza (possui mais de
40 espécies de aves migratórias) a presença
constante e magnética do Douro, onde
poderá, com todo o apoio do Aquapura,
realizar um romântico passeio de barco. E,
sob o correr tranquilo das águas, perder o
pensamento nas encostas de um vale famoso
pelo seu vinho e onde se esconde um hotel
com muito, muito charme.
O Aquapura Douro Valley oferece aos titulares
de cartões CGD um cocktail de boas-vindas
& upgrade (mediante disponibilidade) ou,
em alternativa, um jantar de três pratos em
reservas com estadia mínima de três noites
(bebidas não incluídas).
Saiba quais os cartões abrangidos por esta
oferta em www.vantagenscaixa.pt.
A partir do Aquapura
São muitas as propostas
de atividades, pensadas para
agradar aos clientes.
Para lá da incontornável piscina
exterior e do fantástico spa, tem
a possibilidade de experimentar
uma prova de vinhos, um passeio
de barco pelo Douro, uma
viagem de comboio a vapor,
uma aula de cozinha com o chef,
jantares à luz das velas em casas
históricas, jantares com enólogos
ou piqueniques, entre outras
sugestões.
Descobrindo a região
Ao escolher ficar no Aquapura,
está a optar por uma das mais
belas regiões do mundo: o Vale
do Douro. E além da fantástica
envolvente natural, poderá
conhecer a história da região,
visitando as suas cidades e
recantos históricos: Lamego e a
arquitetura barroca, a Régua com a
sua marginal e o Museu do Douro,
Vila Real e o magnífico Palácio de
Mateus, terminando nas histórias
centenárias de São João da
Pesqueira, Pinhão ou Vila Nova de
Foz Côa.
Cx
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51
s
saúde
DE MULHER PARA MULHER
Daniela Sobral é ginecologista
e mentora da criação da Consulta
de Ginecologia Infantil e para
Adolescentes no Hospital dos
Lusíadas, a qual é assegurada
também pela ginecologista Alexandra
Cordeiro. «Julgo que é mais
confortável para as meninas que esta
primeira abordagem seja feita por
uma médica. Julgo que é importante
para se sentirem mais à vontade»,
afirma Daniela Sobral.
ADOLESCÊNCIA
Quase mulherzinha
Saiba como ajudar a sua filha na preparação
da primeira consulta de ginecologia
A ADOLESCÊNCIA é sempre um
período de grandes mudanças físicas e de
comportamento e nem sempre é fácil os
pais entenderem ou fazerem-se entender,
sobretudo quando se enfrenta a idade
«dos segredos», dos primeiros afetos pelo
sexo oposto e de uma nova relação com o
próprio corpo. O diálogo entre mãe e filha
é fundamental e deve dar o mote para uma
vigilância médica adequada. «A primeira
consulta de ginecologia deve ser feita por
volta dos 13 anos, mas pode ser necessária
antes, se a menstruação aparecer cedo de
mais, antes dos nove anos, ou se for muito
abundante ou muito dolorosa», esclarece
Daniela Sobral, ginecologista no Hospital
dos Lusíadas.
A ida ao ginecologista pode ser um pouco
assustadora, principalmente se as mães
tentarem explicar, cheias de boa vontade,
52
Cx
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como é o exame ginecológico. «Por norma,
não observo as meninas na primeira consulta,
exceto quando existe alguma queixa ou
preocupação. Numa segunda consulta, é
realizado um exame físico geral e um exame
dos genitais externos. Muitas vezes, o exame
ginecológico só é realizado muito mais tarde»,
esclarece a ginecologista. Na opinião de
Daniela Sobral, a presença da mãe (e, por que
não, do pai) é sempre bem-vinda, uma vez
que só esta conhece alguns detalhes da história
A PRIMEIRA CONSULTA
DE GINECOLOGIA DEVE
SER FEITA POR VOLTA
DOS 13 ANOS
Só conversar
Na primeira consulta de ginecologia,
os exames efetuados podem ser só «medir,
pesar e avaliar a tensão arterial. Isto porque
o mais importante, nesta primeira
abordagem, é avaliar as preocupações da
adolescente com a sua imagem, o acne,
o excesso de pelos, o peso, o formato das
suas mamas ou dos seus genitais externos
(que podem não ser simétricos), as
irregularidades e as dores menstruais, que
podem ser dramáticas e que, por vezes, são
de fácil solução», refere a ginecologista, que
chama a atenção das mães, recomendando
que, perante as queixas de dores menstruais
das filhas, optem por dar-lhes um antiinflamatório, como o ibuprofeno. «Não faz
sentido nenhum que tenham de aguentar
a dor», diz. Por outro lado, esta consulta é,
também, uma oportunidade para alertar para
a «vacinação contra o vírus do papiloma
humano, a qual protege do cancro do colo
do útero, para a prática de exercício e de uma
dieta equilibrada, para os riscos do tabaco,
das drogas e do álcool, e, claro, começar
a falar sobre sexualidade responsável, no
sentido de evitar uma infeção sexualmente
transmissível e uma gravidez não desejada,
e que o uso de tampões não tem qualquer
desvantagem nas meninas, sendo até mais
higiénico, desde que usados de forma
adequada.»
Foto: Peter Dazeley
clínica. «No final da consulta, peço sempre aos
pais para saírem, para que a adolescente faça
todas as perguntas que quiser e conte detalhes
que não quis contar em frente dos pais.
É essencial a relação de confiança mútua que
aqui se desenvolve», afirma.
educação
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MOBBING
Carga no trabalho
Para lá dos limites físicos, a pressão psicológica exercida
sobre trabalhadores não tem de ser suportada como uma inevitabilidade.
Quando a carga não dá tréguas, há que não se deixar abater
Por Ana Rita Lúcio
SÓ A ENTRADA, espiada pelos ponteiros do
relógio a anunciar as 9 horas, dá conta da
presença de João. Para lá do limiar da porta
do 2.º andar, tudo o resto grita a ausência.
A secretária e a cadeira há muito que foram
expulsas do espaço que chamava seu, um
entre tantos no labirinto de cubículos. Do
computador e do telefone, só resta a memória
que ficou gravada na fotografia que a parede
ainda não largou, em tributo a tempos mais
felizes. O serviço que durante anos a fio lhe
coube, dizem, deixou de lhe servir, para ir cair
em novos braços. Só ficou o vazio, talhado à
medida de um desespero sem tamanho.
Apesar de fictícia na identidade do
protagonista, a história que aqui se conta
cabe na realidade de um sem-número
de trabalhadores, seja qual for o setor de
atividade. Funcionários que, por mais
empenhados que sejam e capacidades
demonstrem, esbarram numa espiral de
violência que sobre eles se exerce.
Embora essa violência não costume
assumir contornos de maus-tratos físicos,
conhecem-se as mossas que as agressões
psicológicas sistemáticas podem deixar. Se
o fenómeno em causa é, geralmente,
descrito pelo estrangeirismo
mobbing (em inglês, «to
mob» pode significar
agredir com violência), em bom português
ele é sinónimo de um ambiente de coação
moral ou psicológica que se abate sobre os
trabalhadores. Muito além das situações em
que o stresse organizacional se intensifica
pontualmente, trata-se de uma gestão das
relações profissionais instilando o terror
psicológico, através de comportamentos
continuados que, inclusivamente, se tendem
a tornar cada vez mais agressivos com o
passar do tempo. Ainda que, habitualmente,
um cenário de mobbing seja protagonizado
por superiores hierárquicos em relação aos
seus subordinados, também podem surgir
casos entre colegas, conduzindo, em todo o
caso, à degradação óbvia das condições de
trabalho e pondo, ainda, em perigo a saúde
física e psicológica do trabalhador.
Precariedade gera (mais) violência
As vítimas desta violência laboral gratuita
são, não raras vezes, alvo de um ataque
que esconde razões mais profundas: forçar
os funcionários a abandonar o seu posto
de trabalho e a organização. Uma pressão
que é tanto mais forte numa conjuntura
económica que tende a enfraquecer as
condições de trabalho, facilitando o abuso
de poder por parte de alguns empregadores,
que, por exemplo, podem pretender reduzir
MOBBING É
SINÓNIMO DE
UM AMBIENTE
DE COAÇÃO
NO TRABALHO
54
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
DORES LABORAIS
Se só recentemente ouviu a
expressão mobbing, saiba que
atrás dela se esconde uma
realidade antiga, reconhecida
pela Organização Mundial
de Saúde e pela maioria das
autoridades nacionais para
as condições do trabalho. As
consequências desta forma de
terrorismo laboral são graves
e podem traduzir-se em:
>
>
>
>
>
>
>
>
Baixa autoestima;
Ansiedade;
Apatia;
Problemas de concentração;
Depressão;
Isolamento social;
Alterações de humor;
Comportamentos
disfuncionais, como
distúrbios alimentares ou
aumento de consumo de
álcool e drogas;
> Suicídio (em casos
extremos).
o número de assalariados sem terem de
recorrer ao despedimento.
O modus operandi neste tipo de situações é
variável. No entanto, mobbing pode traduzir-se, como no exemplo fictício do João que
aqui se retratou, no isolamento da vítima, no
esvaziamento do seu conteúdo de trabalho
ou na atribuição de funções para as quais é
sobrequalificada. Ou mesmo na humilhação
perante os colegas, no ataque à sua esfera
profissional ou privada e, ainda, na agressão
verbal ou física, em casos extremos. Ferido
na dignidade e no profissionalismo, é
importante, porém, que quem trabalha saiba
que não está sozinho e que resistir é possível:
o Código do Trabalho proíbe o assédio moral
que crie um «ambiente intimidativo, hostil,
degradante, humilhante ou desestabilizador»
e confere à vítima «o direito a uma
indemnização por danos patrimoniais e não
patrimoniais». Perante uma pressão que não
cede, há que não baixar os braços.
Foto: iStockphoto
e
f
finanças
C A RTÕ E S P R É - PAG OS
Dinheiro bem gerido
Total conveniência nas compras e controlo dos gastos
são apenas duas das vantagens dos cartões pré-pagos
Foto: iStockphoto
CARREGAM-SE COM o que se quer – até um
máximo estipulado contratualmente – e sempre
que se quiser, permitindo um maior controlo
sobre os gastos, com a vantagem adicional de
poderem ser carregados por terceiros. Uma
entidade e referência, frequentemente sem
qualquer associação a uma conta bancária, são
tudo o que necessita para aumentar o saldo dos
cartões pré-pagos disponibilizados atualmente.
Os cartões pré-pagos limitam os gastos ao
saldo disponível, correspondente aos fundos
carregados previamente, não possibilitando
gastar mais do que aquilo que, de facto, se tem.
São, também, bastante convenientes nas diversas
necessidades de transferência e utilização de
fundos, facilitando a gestão das suas finanças no
dia a dia. E para uma proteção acrescida, estes
cartões obrigam à utilização de um número de
identificação pessoal ou de um código.
Usados como um cartão MasterCard ou Visa
em qualquer estabelecimento comercial que
aceite este tipo de pagamento, podem ser
utilizados em mais de 48 mil estabelecimentos,
em território nacional e 18 milhões em todo o
mundo.
Os pré-pagos revelam-se uma excelente
alternativa, nomeadamente para o pagamento
das mesadas e semanadas dos mais novos e,
simultaneamente, uma forma de controlar os
seus gastos e incentivá-los a gerir o seu próprio
dinheiro com bom senso. Trata-se, pois, de um
estímulo à responsabilidade e valorização das
finanças pessoais dos seus filhos ou netos, de
modo seguro e eficaz.
Este tipo de cartão revela-se, também, uma
solução muito prática para facilitar pagamentos
pontuais ou para quem gosta de fazer compras
através da Internet de forma segura.
Outra das mais-valias é o facto de alguns
cartões pré-pagos não obrigarem à associação
de uma conta à ordem, sendo que, por norma,
estes cartões vêm personalizados com o
nome do cliente e dados para o carregamento
(entidade e referência) no verso.
Para maior comodidade, possibilitam o
agendamento mensal do seu carregamento, com
um montante predefinido, a partir de uma conta
à ordem a que sejam associados. Terminada
a sua validade, variável por períodos fixos de
tempo, são renováveis automaticamente.
Falamos, portanto, de uma solução prática
e segura, ideal para a minimização de riscos
e controlo de gastos. Saiba mais sobre estes e
outros assuntos relacionados com a literacia
financeira e a gestão do orçamento familiar em
www.saldopositivo.pt.
CARTÕES PRÉ-PAGOS
DA CAIXA
> Fáceis de utilizar e limitados
ao saldo pré-carregado, estes
cartões permitem um maior
controlo dos gastos, conferindo
maior segurança.
> Em função da idade e das
necessidades de cada Cliente,
a Caixa disponibiliza um leque
de cartões pré-pagos.
> Para compras e gestão da
mesada, os jovens podem
contar com os cartões Lol Júnior
e Lol, dirigidos às idades entre
os 10 e os 15 anos e entre os 15
e os 18 anos, respetivamente.
Estes cartões permitem
associar uma funcionalidade
de poupança, transferindo,
automaticamente, no final de
cada mês, o saldo que sobra no
cartão (superior a dez euros)
para a conta Caixa Projecto do
seu utilizador.
> Para maiores de 18 anos,
os Clientes da Caixa têm à
sua disposição um conjunto
de cartões com finalidades
diferentes:
> O cartão Pro, para maior
controlo das compras e
pagamentos;
> O cartão Webuy, um pré-pago
virtual para compras on-line;
> Os cartões Caixa Flow, que
permitem partilhar o saldo com
cartões adicionais a serem
utilizados no estrangeiro;
> O cartão My Baby, para
a gestão das despesas
relacionadas com o nascimento
de um filho.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
55
s
sustentabilidade
VERDE MOVIMENTO
Inspirar à ação
Sustentabilidade é um tema em construção e há muito a aprender sobre ele.
Nesse sentido, o Verde Movimento cria uma corrente de várias iniciativas que dão visibilidade
a atitudes mais saudáveis para o ambiente e para as pessoas
Por Paula de Lacerda Tavares
A IMPORTÂNCIA da responsabilidade
individual para a reabilitação de um mundo
melhor dá o impulso a eventos de rua, em
Lisboa, que se traduzem em diversas formas de
expressão. Segundo a mentora e organizadora
deste projeto, Ana Rita Ramos, a ideia surgiu
em parceria com a Câmara Municipal de
Lisboa, a que depois se juntou a agência
criativa Normajean (e, posteriormente, outros
parceiros), com o objetivo de animar os
jardins da capital com acontecimentos festivos,
divertidos, visualmente apelativos e, sobretudo,
que provem que é possível ter uma vida mais
ecológica. Neste sentido, foram realizados em
Lisboa quatro grandes eventos, dois em 2011 e
dois este ano.
O Verde Movimento tem vindo a crescer
a nível de impacto dos eventos, da adesão do
público e, também, da capacidade de chamar
56
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
parceiros para esta causa, tal como a Caixa
Geral de Depósitos (ver caixa). A «obra» feita
já é significativa:
U Quatro eventos em Lisboa, com milhares de
participantes;
U Um Dia Verde (23 de setembro passado), nos
jardins do Museu da Eletricidade, em Lisboa,
em que mais de sete mil pessoas partilharam
uma nova forma de estar na vida;
U Realização de 62 workshops, todos eles com
lotação esgotada, em áreas tão distintas como
Pais e Filhos, Viver Melhor, Experiências Zen,
Nutrição, e muitos mais;
U No total dos programas que realizou, o
Verde Movimento conseguiu juntar mais de
20 mil pessoas, proporcionando-lhes novas
experiências, todas gratuitas e de entrada livre,
numa lógica educativa e pedagógica;
U Esforço em mostrar formas alternativas de
arte, usando a reciclagem e a reutilização,
como na Escultura do Desperdício;
U Apoio a projetos ainda marginais, porque o
Verde Movimento acredita que é nas margens
que surgem as ideias para mudar o mundo.
É o exemplo do Mercado de Trocas, projeto
que incentiva à troca de produtos em segunda
mão sem a utilização de dinheiro, projeto
apadrinhado pelo Verde Movimento desde o
seu início;
U Partilha de novos conceitos, inéditos para
muitas pessoas, como a energia cinética, em
que os participantes têm de pedalar para
produzir energia;
o mural da cgd, a Escultura
do desperdício e muita brincadeira
ao ar livre, foram algumas das
atividades do Dia Verde
U Um site na Internet (www.verdemovimento.
com) e uma página no facebook (www.
facebook.com/verdemovimento), esta última
com mais de 38 mil fãs, em que o Verde
Movimento partilha, diariamente, inúmeras
ideias para mudar o mundo, de forma
gratuita, apenas porque acredita que é preciso
sensibilizar cada vez mais pessoas.
Fotos: D.R. e João Cupertino
Ana Rita Ramos salienta que, «com os eventos
do Verde Movimento, procuramos refletir
sobre a importância da responsabilidade
individual para um mundo melhor. Queremos
inspirar as pessoas, as empresas e os parceiros
privilegiados na área da sustentabilidade
à ação. A sustentabilidade é um tema em
construção e há muito a aprender. Tem a ver
com o nosso estilo de
vida e com os consumos
quotidianos, com a forma
como lidamos com o lixo
que produzimos ou a
maneira como comemos,
como utilizamos os
nossos recursos e energias
disponíveis. Tem tudo a
ver com a nossa atitude
individual em cada
momento das nossas
vidas, com a consciência
de tornarmos o mundo
melhor. Cabe a cada um
fazer a sua parte, porque um pequeno gesto
multiplicado por muitas pessoas dá origem a
uma grande transformação».
Um Dia Verde «em grande»
O Verde Movimento faz parte da corrente
de cidadania que pretende amenizar o
impacto humano sobre o ambiente e tornar a
convivência social mais civilizada nesse âmbito.
O dia 23 de setembro foi disso exemplo,
nos jardins do Museu da Eletricidade, onde
se deu um enorme contributo a favor da
sustentabilidade. Com efeito, mais de sete mil
pessoas estiveram ativamente presentes, os 16
worshops esgotaram nas zonas zen, nas áreas
de pais e filhos e nos recintos subordinados
ao tema Viver Melhor, em que até o tema Mãos
na Terra ensinou 221 crianças a trabalhar
conceitos relacionados com as plantas, as
sementes, a horta, o clima e a alimentação.
Durante todo o dia, foram disponibilizadas
massagens, feito um rastreio nutricional,
pedalou-se para criar energia cinética para
o concurso Eco DJ Contest e assistiu-se a
momentos mágicos no Espaço Malabares,
do Chapitô. Outro acontecimento marcante
foi o da CRAS, que devolveu à natureza uma
ave antes doente, sem esquecer as atuações
de street dance com o espetáculo Da Rua
para o Palco, que integrou jovens dançarinos
de classes sociais muito desfavorecidas. Os
carrinhos de rolamentos foram, também, um
tremendo êxito para os pais, filhos e até avós,
tanto que José Sá Fernandes, vereador da CM
de Lisboa, convidou o Verde Movimento a
realizar uma corrida, no Parque Eduardo VII,
no próximo ano.
No Mercado de Troca, constatou-se três
vezes mais bens trocados do que em maio
passado. Fazendo jus ao
seu espírito solidário, o
Verde Movimento entregou
seis sacos gigantes de
artigos ao Banco de Bens
Doados/Entrajuda. Já no
Mercado Bio e 2.ª Mão,
houve a oferta de artigos
e produtos de grande
qualidade.
Factos, vivências
humanas e ambientais em
harmonia, conjugados
num Dia Verde que prova o
grande espetáculo em que
podemos tornar a vida e o planeta. Por isso,
a responsável pelo Verde Movimento deixa o
desafio: «Criemos, juntos, uma conspiração de
generosidade. Acreditamos que a verdadeira
magia da existência é sermos úteis, nem
que seja apenas a uma pessoa. Cremos que
generosidade é dar o que os outros não
chegam a pedir… e dar gratuitamente.»
Até ao final deste ano e em 2013, o Verde
Movimento vai continuar a acontecer. Para
o próximo ano preparam-se eventos ainda
maiores, que chuguem a mais pessoas, tanto
em Lisboa como no Porto, e o Dia Verde 2013
terá lugar nas ruas da capital, em maio, com
nova réplica em setembro.
O Verde Movimento está a aumentar de
tal forma que, revela a mentora do projeto,
«estamos a ser muito solicitados por parceiros
no Brasil, em Espanha e na Argentina,
sobretudo através da nossa página no
Facebook, que é realmente um sucesso.
Em breve contaremos dar esse passo».
Print
PARCERIA FÉRTIL
NO DIA VERDE
A importância de ter a CGD
como patrocinadora.
Ana Rita Costa elogiou
a forma como a CGD
patrocinou o Dia Verde.
«Participou ativamente,
mostrando a incrível partilha
de ADN com o Verde
Movimento. Além do apoio
do seu banco de voluntários,
foi a promotora da nossa
Escultura de Desperdício,
que levou centenas
de crianças a criarem
um globo terrestre com
materiais condenados ao
aterro. E estimulou centenas
e centenas de visitantes a
escreverem num mural – o
painel da CGD intitulado O
Mundo que Queremos Ter –
uma mensagem para mudar
o mundo. A adesão foi tal, que
o painel foi preenchido dos
dois lados!». A responsável
do Verde Movimento conclui
que se constatou que ambas
as entidades partilham
«ambições, convicções,
objetivos e sonhos. Assim,
temos um terreno fértil para
realizarmos projetos em
conjunto no futuro».
E foi, precisamente, com
o mote «O Mundo que
Queremos Ter» que «a Caixa
se associou a este evento, por
ter uma forte componente
mobilizadora e pedagógica
em torno dos valores da
cidadania, convidando ao
acolhimento, em família, de
comportamentos sustentáveis
que valorizem os recursos
que temos ao nosso dispor
e minimizem o desperdício
no dia a dia», sublinhou Paula
Viegas, responsável pelo
Programa Corporativo de
Sustentabilidade da CGD.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
57
sustentabilidade
AUTOCARRO ELÉTRICO
Uma inovação sustentável
CARACTERÍSTICAS
ÚNICAS
A CaetanoBus é finalista nos European Business Awards
Zero emissões diretas, entre
outros pormenores.
com o C5 2500 EL. Um projeto totalmente inovador,
com produção em série prevista para 2013, para serviço de aeroporto
Por Paula de Lacerda Tavares
A CAETANOBUS REPRESENTA Portugal como finalista, na
categoria Inovação, nos prémios European Business Awards
2012/2013, a que a empresa concorreu com o autocarro elétrico
C5 2500 EL e com o autocarro de duas frentes. O destaque dado
ao C5 2500 EL, até pelas suas características únicas, acaba por ser
natural, surgindo no seguimento da Menção Honrosa obtida, no
final de 2011, nos Green Project Awards, uma iniciativa da Agência
Portuguesa do Ambiente (APA), da Quercus-ANCN e GCI. Sendo
um projeto capaz de cumprir três princípios fundamentais – a
inovação, a excelência empresarial e a sustentabilidade –, este
autocarro é um puro elétrico, destinado a transporte de passageiros,
ideal para pequenos percursos urbanos.
A sua não emissão de poluentes para a atmosfera, Emissões Zero,
como está definido, constitui uma das características que
o distinguiu no evento. Como salienta Jorge Pinto, CEO
da CaetanoBus, «Portugal já tem uma componente de produção
de energia de fontes renováveis bastante significativa, o que torna,
por si só, o autocarro elétrico um veículo de baixo nível
de emissões. Sendo, normalmente, a carga do veículo realizada
durante a noite, quando há excesso de produção de eletricidade,
o veículo contribui igualmente para o balanço energético».
Com efeito, a área de sustentabilidade é uma preocupação real
da CaetanoBus, no sentido de criar alternativas amigas do ambiente.
Segundo Jorge Pinto, a ideia de inovar com este autocarro elétrico
surgiu «na sequência de uma reunião sobre estratégia de produto,
58
Print
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
O C5 2500 EL tem
uma autonomia de,
aproximadamente, 150 km,
baixo nível de emissão de
ruído, zero por cento de
emissões diretas e custo
por quilómetro competitivo
(1,0 Kwh por km). As novas
tecnologias implementadas
são as baterias de LiFePO4,
sistemas de baixo consumo
elétrico, sistema de
carregamento incorporado
e estrutura em alumínio.
Em termos de estética e de
conforto, trata-se de um
veículo de piso baixo (low
floor), com um conceito interior
que permite uma grande
acessibilidade dos passageiros.
realizada em junho de 2009. Na altura, procurávamos soluções
para fazer face à quebra de mercado de autocarros na Europa».
O projeto foi, então, cofinanciado ao abrigo do Sistemas de Incentivo
à Inovação e Desenvolvimento, em copromoção com empresas do
setor industrial e entidades do SCTN.
O C5 2500 EL tem as suas duas primeiras unidades protótipo
produzidas. A primeira encontra-se num cliente da CaetanoBus, num
programa de testes em concurso na Finlândia, cofinanciado pelo
Governo Finlandês. A segunda unidade tem sido utilizada
como demonstradora em diversas cidades (já foram feitas
demonstrações em Lisboa e em Vila Nova de Gaia) e em aeroportos
europeus. Jorge Pinto anuncia que «está prevista a sua entrada
em serviço no aeroporto de Estugarda em março de 2013. Dada
a situação económica de Portugal e a contenção do investimento,
estamos a promover este veículo, principalmente, nos mercados
de exportação. Os nossos mercados-alvo são os municípios e os
aeroportos na Europa. Temos também em vista um possível projeto
no Brasil. A nível internacional,, o veículo elétrico foi acolhido com
bastante interesse, até por ser o único deste tipo que já fez serviço
regular em algumas cidades e aeroportos europeus».
Nesse sentido, a CaetanoBus tem promovido diversas iniciativas
de divulgação de redes de transportes citadinos de zero emissões,
ajudando à consciencialização para uma questão fundamental
nos nossos dias.
Foto: D.R.
s
B O A S P R ÁT I C A S
Por um futuro melhor
No seu dia a dia, a Caixa toma medidas para reduzir
o seu impacto ambiental. Conheça os resultados alcançados
Foto: Tom Merton
A CAIXA PROCURA ser um exemplo ao nível
das boas práticas tendentes à redução da sua
pegada carbónica. Para tal, têm sido várias
as medidas implementadas para redução do
consumo global de eletricidade, incluindo a
utilização de energias renováveis, a adoção de
tecnologias de baixo carbono nos edifícios e
na mobilidade, assim como uma adequada
gestão de resíduos.
O resultado deste desempenho é visível nos
indicadores alcançados em 2011. O consumo
global de eletricidade nas instalações da Caixa
registou a maior redução anual desde o início
da implementação de medidas de eficiência,
tendo-se verificado um decréscimo de dez por
cento em relação a 2010.
No domínio da mobilidade, reforçaram-se
as medidas de gestão eficiente da frota própria
e das deslocações em serviço, o que levou a
uma redução de 15 por cento de emissões de
CO2 face a 2010. Já a reciclagem de resíduos
registou um aumento de 19 por cento.
Estes resultados inserem-se no âmbito do
Programa Caixa Carbono Zero, o programa
estratégico da Caixa para o combate às
alterações climáticas, lançado em 2007. Trata-se de um projeto único no setor financeiro
português, que posicionou a Caixa na
liderança da transição para uma economia
mais sustentável e de menor intensidade
carbónica.
Desde então, a Caixa reduziu 13 por cento
do consumo de eletricidade, o equivalente
ao consumo de 3250 habitações durante o
período 2007/2011, poupando dois milhões
de euros e evitando a emissão de 6500 t de
CO2e por ano. Além disso, compensou mais
de 8000 t CO2e resultantes da sua atividade,
através do apoio a projetos sustentáveis de
geração de créditos de carbono, e concedeu 42
milhões de euros de financiamento em crédito
para energias renováveis, que reduzem cerca
de 12 000 t CO2 por ano.
São apenas alguns dos indicadores
alcançados e que proporcionaram importantes
distinções. Em 2011, a Caixa foi a melhor
empresa portuguesa e a melhor instituição
financeira ibérica na resposta às exigências de
uma economia de baixo carbono, segundo o
Carbon Disclosure Project, Report Ibérico 125
2011, que avaliou as maiores empresas de
Portugal e Espanha. A CGD assegurou, ainda,
uma posição cimeira no Índice ACGE 2011 –
Responsabilidade Climática em Portugal, tendo
conquistado a liderança do setor financeiro e
a segunda posição no total das 82 empresas
avaliadas.
Print
RELATÓRIO DE
SUSTENTABILIDADE
DE 2011
A Caixa obteve o nível
máximo no cumprimento
das diretrizes exigidas.
O 4.º Relatório de
Sustentabilidade da CGD
foi elaborado de acordo
com as diretrizes da Global
Reporting Initiative, tendo
obtido a nota A+, após
verificação independente.
Esta notação reconhece o
mérito e a evolução da CGD
ao nível dos três pilares da
Sustentabilidade: económico,
ambiental e social.
Isso mesmo é assinalado ao
longo do Relatório, tendo em
conta os princípios da Carta
para o Negócio Responsável
do World Savings Banks
Institute/European Savings
Banks Group, subscrita
pela CGD: relações justas
e transparentes com os
clientes; promoção da
acessibilidade e inclusão
financeira; negócio “amigo” do
ambiente; desenvolvimento
de relações responsáveis com
os colaboradores; contribuição
responsável para a sociedade;
comunicação: atividades e
políticas.
Consulte o Relatório em
www.cgd.pt e assista aos
testemunhos, em vídeo, sobre
o desempenho do Programa
de Sustentabilidade da CGD.
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a re v i s ta d a c a i xa
59
s
sustentabilidade
TECIDOS E CO LÓ G I CO S
Porque há sonhos
que comandam a vida
Confiança e uma visão positiva da vida e do futuro estão
na base de uma empresa online de tecidos amigos do ambiente.
Um projeto sustentável que prova que os sonhos se tornam realidade
Por Helena Estevens Fotografia Bruno Barbosa
É SUSTENTÁVEL o compromisso assumido pela Tecidos Ecológicos,
uma empresa online cuja filosofia se baseia no respeito pela vida em
geral – pessoas, animais e planeta. Assente num princípio de respeito
pela produção ética, recursos e processos naturais, tem como
último objetivo o desenvolvimento de tecidos e de peças de roupa
que sejam amigos do ambiente. Por outras palavras, criar moda de
uma forma responsável, sem esgotar recursos renováveis ou poluir
ao longo da sua manufatura, e que, simultaneamente, possam ser
reabsorvidos pelo ambiente (biodegradabilidade), preservando todo
o valor e significado para todas as pessoas que os vestem.
Foi, sobretudo, isto que levou Marlene Oliveira a criar a Tecidos
Ecológicos, em maio de 2011. Designer de moda, com preocupações
éticas e ambientais, depressa se apercebeu, fruto da sua experiência,
que, «em Portugal, havia um nicho de mercado a explorar» nesta
área, o que a levou a «contactar fornecedores estrangeiros». Uma
das condições essenciais para fechar negócio é assegurar de antemão
que a parceria estabelecida é de comércio justo. «Comércio justo
tem a ver com a ética e comigo. Sou vegetariana, por isso tenho
preocupações com esse tipo de questões», afirma, explicando que
apenas escolhe «fornecedores com certificação de comércio justo».
Pouco mais de um ano depois, é com um sorriso nos lábios
que Marlene Oliveira afirma que este seu projeto «está a correr bem
e tem vindo a crescer». Não poderia ser, aliás, de outra maneira.
À sua frente está, afinal, uma mulher que não acredita «na crise.
Acho que está na cabeça das pessoas. Quando fazemos o que
gostamos, as oportunidades acabam por surgir». E oportunidades
não faltam. «A crise não a sinto», frisa, prometendo surpresas para
breve. Entre elas, «projetos para mudar consciências, para uma visão
mais positiva».
Entre os seus clientes, a maioria são particulares, artesãos,
designers, mais do que empresas de larga produção, embora a Tecidos
Ecológicos forneça «marcas que começam a criar pequenas linhas
ecológicas, sustentáveis».
Alguns cliques são tudo o que é necessário para aceder a uma
vasta gama de artigos ecológicos, «veganos» e com certificação de
comércio justo. Para facilitar a escolha, os artigos encontram-se
divididos por cores (azul, rosa, verde, amarelo, laranja, vermelho,
castanho, branco e preto), por tipo (cetim, sarja, flanela, bombazina,
60
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
estampados, lisos, denims e malhas) e produtos, que incluem
desde tecidos a retrosaria, passando por peças de vestuário já
confecionadas, numa seleção que em breve será alargada.
Existe igualmente a possibilidade de adquirir vales-presentes
eletrónicos através do site (www.tecidosecologicos.com) e oferecer a
familiares ou amigos, se assim o pretender. Uma surpresa que poderá
ter reações bastante agradáveis numa altura em que o trabalho
artesanal – ou personalizado, se se preferir – está a conquistar cada
vez mais afetos.
c
cultura
3. PERSÉPOLIS
as escolhas de...
Diana Krall
2. O LIVRO DA SELVA
EMPRESARIAL
Marjane Satrapi
Sandra
Universal
Liliana Silva Cerqueira
Contraponto
Felgueiras
Neste álbum, Krall reinventa
clássicos dos anos 20
e 30, recuperando os discos
de 78 rotações que
a acompanharam ao
longo da vida. O disco
está disponível em dois
formatos, um standard
e um em jewel box e deluxe,
com quatro temas extra
Gestão Plus
Com esta memória inteligente,
divertida e comovente de uma
rapariga que cresce no Irão,
durante a Revolução Islâmica,
Marjane Satrapi consegue
transmitir uma mensagem
universal de liberdade.
Jornalista
Um guia útil, com reflexões
e exemplos práticos, esta
é uma sátira divertida, mas
também muito inspiradora,
que lhe permitirá construir
uma carreira de sucesso.
(€ 11,61, na Wook on-line)
(€ 17,91, na Wook on-line)
1. GLAD RAG DOLL
A apresentadora de Hoje
e de Sexta às 9 revela os
títulos que, recentemente,
mais a marcaram.
JÁ ME CHEGOU às mãos o
primeiro romance de Jaime
Nogueira Pinto, Novembro,
capaz de nos fazer repensar
não só o passado como a
construção do País que
somos hoje. Atualmente,
o disco que mais ouço é
o MTV Unplugged, de
Florence and the Machine,
e, como filme, considero um
dos melhores desta década o
Amigos Improváveis. Uma
história tocante que nos
demonstra como pode ser
fácil tratar a diferença.
(€ 21,90, na FNAC on-line)
4. AS COISAS
QUE TE CAEM
DOS OLHOS
Gabriele Picco
Contraponto
Ennio, jovem tímido,
fascinado por lágrimas,
encontra o diário de uma
rapariga e, deslumbrado,
parte numa busca
incessante para devolver
o livro à dona. Uma
deliciosa fábula urbana
sobre amor e imaginação
(€ 13,95, na Wook on-line)
8. THE HAUNTED MAN
Bat for Lashes
EMI Music
Natasha Khan está de volta
com um disco intimista,
dotado de uma estranha
melancolia luminosa. A pop
independente ao melhor
estilo, numa espécie de
conto de fadas!
(€ 15,90, na FNAC on-line)
7. FUN HOME,
UMA TRAGICOMÉDIA
FAMILIAR
6. BRANCA DE NEVE
5. BY MY SIDE
Stella Gurney
Ben Harper
Arte Plural Edições
EMI Music
Alison Bechdel
Best-seller internacional,
trata-se de uma história
agridoce da relação entre
pai e filha, contada através
de um romance gráfico.
Prepare-se para uma
das mais fascinantes
adaptações de sempre
deste conto tradicional.
Em formato pop up, com
ilustrações fantásticas
e para todas as idades.
Um dos músicos mais
acarinhados pelos portugueses
escolheu as suas baladas
favoritas para uma retrospetiva
de carreira, oferecendo 12
das suas mais emblemáticas
canções.
(€ 14,94, na Wook on-line)
(€ 14,94, na Wook on-line)
(€ 17,99, na FNAC on-line)
Contraponto
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a re v i s ta d a c a i xa
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d
cultura
LISBON WEEK
Lisboa partilhada
Injetando-lhe energia nas artérias urbanas, o Lisbon Week
fez renascer a capital portuguesa pela via da cultura. Com sete rotas,
que atravessaram sete colinas, durante sete dias, a receita foi partilhar
Lisboa para, com ela, partilhar Portugal
Por Ana Rita Lúcio Fotografia Gualter Fatia
PARA LEVANTAR o ânimo de quem
ande abatido, o melhor remédio pode ser
um «cocktail de vitaminas», segundo a
prescrição de António Costa. Uma injeção
de energia pronta a colocar toda a gente em
movimento, com aplicações localizadas em
diversos centros nevrálgicos. No tratamento
multifacetado, com duração de uma semana,
estavam proibidas as interrupções, para que a
cura revitalizante pudesse surtir efeito.
Acontece que a receita passada pelo
presidente da Câmara Municipal de
Lisboa (CML), no dia 19 de setembro, no
«consultório» improvisado do Miradouro de
São Pedro de Alcântara, não estava destinada
a curar os males de nenhuma pessoa doente.
Antes, vinha reconhecer o bem que um
evento como o Lisbon Week pode fazer a
Lisboa, mobilizando as gentes para dar uma
nova vida à capital.
O vaticínio efetuado pelo autarca na
apresentação do evento viria a confirmar-se
no desfecho deste projeto turístico e cultural,
que teve lugar entre 22 e 28 de outubro. Pelo
menos, a julgar pelas proporções que esta
semana assumiu, a razão parece assistir a
António Costa. Ao longo de sete dias, dezenas
de milhares pessoas – entre locais, visitantes
e turistas – redescobriram recantos lisboetas,
encontrando e partilhando ideias, tendências,
projetos, espaços, produtos e histórias. Tudo
inserido em sete rotas, espalhadas pelas
sete colinas: Arte, História, Panorâmica,
Gastronomia, Música, Moda e Tradição.
E não é por acaso que se fala de partilha,
nesta primeira edição do Lisbon Week,
um projeto da agência de comunicação
XN Brand Dynamics, em coprodução com
a CML e com o apoio de vários parceiros,
entre os quais se destaca a Caixa Geral
de Depósitos. O tema escolhido foi,
precisamente, «Share Portugal», num desafio
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proposto pela organização para que todos os
envolvidos partilhassem a cidade, para, com
ela, partilharem a história, a tradição, mas
também a capacidade inovadora e criativa de
todo um País.
Num evento pensado e feito «por todos
e para todos», como adianta Xana Nunes,
responsável pela XN Brand Dynamics
e principal mentora do projeto, «os
habitantes, os lojistas, os donos de galerias
e os responsáveis pelos diferentes espaços e
instituições foram chamados a criar as suas
próprias dinâmicas, dentro da dinâmica
geral». Já o mote «para todos» ajustou-se
a uma programação pensada para captar
públicos de todas as idades e com gostos
diferenciados.
Caminhos de cultura
No final de outubro, quando o tempo ainda
se revelava cúmplice de passeios por Lisboa,
a proposta foi para que a cultura saísse,
literalmente, à rua. Pedia-se, depois, aos
participantes que a perseguissem, em cada
uma das paragens obrigatórias: umas já
velhas conhecidas, revisitadas sob uma luz
diferente, outras ainda por desvendar.
Assumindo-se como uma «plataforma
de mostra de projetos, produtos e artistas
portugueses», o Lisbon Week definiu como
pontos de partida lugares emblemáticos,
como o Miradouro de São Pedro de
Alcântara, a Praça de Camões, o Largo de
São Paulo, o Martim Moniz ou o Mercado
da Ribeira. Para traçar cada uma das rotas,
«oferecendo leituras diferentes da cidade»,
como aponta Xana Nunes, foram convidados
sete embaixadores: Isabel Sarmento, na
Arte; José Sarmento de Matos, na História;
João Botelho, na Panorâmica; José Avillez,
na Gastronomia; Zé Pedro, dos Xutos e
Pontapés, na Música; José Cabral (mais
PARA TRAÇAR CADA
UMA DAS ROTAS FORAM
CONVIDADOS SETE
EMBAIXADORES
A iniciativa que fez de Lisboa
uma galeria a céu aberto
Com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos, a Rota CGD Arte
promoveu um (re)encontro entre os lisboetas e a arte que percorreu
as ruas da capital. Durante sete dias, 38 galerias e museus abriram as
suas portas e até algumas Agências da Caixa acolheram exposições,
que incluíram trabalhos de Júlio Pomar e de Vieira da Silva. De entre
uma extensa lista de atividades, destacaram-se, ainda, as ações Meet
the Artist, vocacionadas para aproximar o público dos artistas, ou a
exposição Blind Date, na Biblioteca dos Paulistas, da Igreja de Santa
Catarina, onde foi possível adquirir obras de artistas portugueses cuja
identidade só foi revelada após a compra.
conhecido pelo blogue O Alfaiate Lisboeta),
na Moda; e Carlos Coelho, na Tradição.
Arte pela rua
Quantas obras-primas tem uma cidade com
sete colinas? Para responder à pergunta, a Rota
CGD Arte elegeu a Praça de Camões como
bastião, para daí partir para encontros com
contadores de histórias, concertos e workshops,
exposições, cinema ao ar livre e atividades
lúdicas para crianças, como, por exemplo, o
ateliê instrumental em que os mais pequenos
aprenderam a tocar com a Orquestra
Metropolitana de Lisboa. Convocando o
público a olhar a arte de Lisboa sob o seu
prisma, a embaixadora Isabel Sarmento
e a curadora Filipa Oliveira desenharam
um roteiro cujo ponto alto foi a exposição
Vérride, no Palácio de Santa Catarina. Nela,
reinventou-se a história do Palácio através da
obra de 16 artistas contemporâneos, numa
mostra vista por mais de 2400 pessoas.
Mostrando, assim, que a cultura lisboeta está
bem de saúde. E recomenda-se.
Lisboa As ruas da
cidade encheram-se de visitantes,
que não quiseram
deixar de seguir as
sete rotas propostas
pelo Lisbon Week.
Na Rota CGD Arte, as
crianças tiveram um
lugar privilegiado,
como, por exemplo,
demonstram algumas
atividades lúdicas e o
ateliê com a Orquestra
Metropolitana de
Lisboa (foto de
abertura). Mas os
adultos também não
ficaram de fora e a
exposição Vérride
(foto da página 62,
em baixo), no Palácio
de Santa Catarina,
revelou-se mesmo um
sucesso, à semelhança
das apresentações da
Metropolitana.
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c
cultura
F E S T I VA L R O TA DA S A R T E S 2 0 1 2
A cultura em movimento
A Cultura, a História e a Indústria andam novamente
«de mãos dadas», por ocasião do Festival Rota das Artes 2012,
um evento ambicioso que conta com o apoio da Caixa Geral de Depósitos
Por Paula Lacerda Tavares Fotografia João Cupertino
COMEÇOU EM SETEMBRO e só terminará dentro de semanas,
em data ainda definir. Falamos da segunda edição do Festival Rota
das Artes, que tem vindo a convidar o público a visitar circuitos
únicos dos vários espaços onde decorrem grandes espetáculos.
O Festival promove roteiros especiais, em diversos locais nacionais
emblemáticos, que incluem exibições de peças de arte de áreas tão distintas
como a azulejaria, com a exposição A Revelação de uma Imagem Fragmentada, a
tapeçaria com a mostra Uma Magia Construída do Avesso, peças antigas valiosas
na exposição Prata, Ouro e Pedras Preciosas e, ainda, a exposição documental
Lisboa, Antes e Depois do Terramoto. Com inspiração cultural, foi, também,
delineado um guia de circuitos de restauração e comércio de particular interesse
e qualidade para todos os visitantes.
Este projeto contou com a colaboração do Museu Nacional de Arte Antiga,
o Palácio Nacional da Ajuda, o Museu do Azulejo, o Planetário Calouste
Gulbenkian e o Instituto Superior de Agronomia, entre outras parcerias de
grande relevo nacional. A magia dos monumentos portugueses foi considerada,
aliás, ideal para o ambiente pretendido nestes espetáculos, especialmente
criados no âmbito do Festival, que conta com a participação de artistas
excecionais, num conjunto de sete concertos e de duas apresentações dirigidas
aos mais jovens.
O concerto de abertura do Festival Rota das Artes 2012 teve lugar no
Pavilhão de Exposições, nos Jardins da antiga Tapada Real da Ajuda, no passado
a atuação de Maria
João assinalou
o arranque de um
evento de sucesso
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CULTURA NA CAIXA. COM CERTEZA
Valorizar o que se faz de bom em Portugal é uma
estratégia onde a CGD é peça essencial
APOIO DE VALOR
dia 21 de setembro, e proporcionou a oportunidade de homenagear Cole Porter
ao som do ritmo contagiante dos Lisbon Swingers e da atuação marcante da
cantora Maria João.
De 28 a 30 de setembro, o Planetário Gulbenkian de Lisboa foi palco da
ópera em três atos, O Mundo da Lua, de Joseph Haydn, dirigida pelo maestro
Jean Bernard Pommier. Um espetáculo com características fantásticas, em que
se convidou o público a «entrar» numa máquina do tempo e recuar 200 anos.
Com um dos mais sugestivos libretos de sempre da ópera, esta obra desafiou
os visitantes a imaginarem o mundo lunar, graças à avançada tecnologia do
Planetário Gulbenkian, gerando sensações únicas aos passageiros desta estranha
digressão espacial.
Já a 3 de outubro, nos claustros do Mosteiro da Madre de Deus, Sara
Mingardo, Jeremy Menuhin e Pavel Gomsiakov, três intérpretes de exceção,
criaram um momento extraordinário em torno da obra de J. S. Bach, Shumann
e Brahms, ilustrado com trabalhos de grandes pintores da época lisboeta do séc.
XX, como Maria Helena Vieira da Silva ou Arpad Szènes.
Para breve, estão previstos outros momentos de grande impacto. Numa
dessas datas, a música clássica percorrerá as coleções do Museu Nacional de
Arte Antiga, culminando com a apresentação cénica de O Retábulo do Mestre
Pedro, de autoria de Manoel de Falla. Enquanto isso, o Palácio Nacional da
Ajuda receberá a apresentação da ópera A Cinderela, de Rossini, numa produção
concebida exclusivamente para a Sala D. Luís. Será uma fusão de teatro,
fantoches e sombras chinesas, em harmonia com um conjunto de múltiplas
projeções, oferecendo à audiência uma memória invulgar, tanto do local como
da interpretação da obra.
Em suma, este é um festival capaz de provocar vivências excecionais
que conciliam várias formas de arte cénicas, musicais e de exposição, em
monumentos carismáticos de Portugal, o que também lhe garante uma projeção
internacional marcante.
Nas palavras de Isabel
Braz, da Direção de
Comunicação e Marca da
CGD, o Banco mantém
uma presença importante
no apoio à cultura. «No
caso do Festival Rota das
Artes, as características
dos espetáculos atraíram
a nossa atenção». Foram
considerados muitos
aspetos, como as várias
correntes artísticas,
os locais selecionados
e a componente
pedagógica do evento,
que realizou previamente
apesentações em
algumas escolas.
«Também a organização
de roteiros para visitas
a museus e exposições
é uma vertente
interessante, pois permite
ao público novas formas
de olhar todo o riquíssimo
património aí presente.
Toda esta diversificação
permite-nos abranger
muitos públicos e
proporcionar aos nossos
Clientes uma experiência
da Marca e momentos
de lazer de qualidade»,
explica. A Caixa confirma,
assim, a sua atuação
positiva na vertente da
responsabilidade social
e no seu envolvimento
com as diferentes
comunidades, num
apoio que permitiu a
oferta de bilhetes a
Clientes e colaboradores,
neste caso, através de
passatempos internos.
«O sucesso dos primeiros
espetáculos, quer em
qualidade, quer em
adesão do público,
leva-nos a estar seguros
de que a segunda fase,
agendada para breve,
terá um êxito igualmente
assinalável», conclui.
FAZER ACONTECER
MAIS EM PORTUGAL
O organizador do
Festival Rota das Artes,
Tito Celestino da Costa,
salientou a eficácia da
parceria com a CGD, que
referiu ter decorrido de
duas formas essenciais
para a viabilidade do
projeto: o patrocínio
direto, através de um
investimento financeiro, e
na divulgação do Festival,
incluindo-o no âmbito
da responsabilidade
social que a Instituição
bancária sempre assumiu
no panorama nacional.
«A CGD tem uma das
melhores equipas na
área da Comunicação e
que sabe a forma mais
eficaz de transmitir o
que se está a fazer no
Festival», referiu. Tal
aponta para o plano de
crescimento que está a
ser delineado pelos seus
organizadores para criar
um produto atrativo, não
só a nível nacional. «No
final deste ano, queremos
já ter definido o projeto
para o Festival Rota das
Artes 2013. Para tal,
temos de ser ainda mais
eficazes na estratégia
e criar um produto com
diferentes vertentes, em
espaços multifacetados,
para abrir o leque de
público a todas as idades
e nacionalidades. Num
momento em que tudo
em Portugal tem um ponto
de interrogação, temos
de valorizar o que há de
bom, ideia que partilho
em absoluto com a Caixa
Geral de Depósitos.»
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cultura
G N R AT I O N
Um legado de futuro
Uma juventude mais participativa, com mais ferramentas
para os desafios de futuro. É este o legado do GNRation, o novo espaço criativo
da cidade de Braga, instalado no antigo quartel da GNR local
Por Helena Estevens
APÓS UM ANO como Capital Europeia da
Juventude, Braga prepara-se para acolher
mais um projeto inovador, o GNRation,
um espaço dedicado à criação, produção e
consumo de atividades artísticas e criativas.
Segundo Hugo Pires, presidente do Conselho
de Administração da Braga 2012: Capital
Europeia da Juventude e vereador da Câmara
Municipal da cidade, «o projeto GNRation é
um dos legados que queremos deixar à cidade
e pretende centralizar todas as linhas de ação
e objetivos programáticos da Capital Europeia
da Juventude. Queremos que o legado seja
uma juventude mais participativa, com mais
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ferramentas para os desafios de futuro e uma
estrutura sustentada no desenvolvimento de
políticas de juventude e educação, formal e
não formal, que sejam uma boa prática para
todos os municípios portugueses».
Quanto a Braga 2012, trata-se da marca
que se pretende que perdure no tempo.
«É o início de uma ‘nova viagem’ e deve ser
o começo de uma renovada dinamização
associativa, social, cultural, mas também
económica, em particular, das indústrias
criativas», explica o responsável. Como Capital
Europeia da Juventude, a cidade visou não só
dar ferramentas aos jovens para enfrentarem
o mercado de trabalho, como promover
a participação cívica e ativa, projetando a
marca Braga como uma cidade com história,
mas, também, com futuro. O GNRation vai
«ao encontro destes objetivos, por ser um
polo agregador de indústrias criativas e de
empreendedores, fomentando o coworking e
a troca de experiências e de ideias», adianta
Hugo Pires. «A região norte de Portugal só será
competitiva na nova economia criativa se for
gerada uma massa crítica de empreendedores,
estudantes, intelectuais, ativistas sociais,
artistas, administradores e investidores que
possam operar num contexto cosmopolita e
Fotos: D.R.
open minded, onde as interações entre estes
agentes geram mais ideias e criações, produtos,
serviços e instituições, contribuindo, desta
forma, para o seu desenvolvimento económico
e social.» É exatamente aqui que entra o
projeto GNRation, instalado no antigo quartel
da GNR local.
Envolver o público em geral e a
comunidade em todo o projeto é um dos
objetivos definidos, especialmente através das
diversas parcerias estabelecidas, desenvolvidas
para atrair não só público diverso como
um vasto leque de oferta cultural, criativa,
associativa e empreendedora. Nesse sentido,
foram já encetados contactos e realizadas
reuniões com diversas entidades públicas
e privadas, lançando o mote para fazer
cumprir os objetivos a que se propõe o
GNRation. «Herdamos, desde logo, os
parceiros envolvidos da Braga 2012: Capital
Europeia da Juventude, podendo realçar-se nível local e nacional, a Universidade
do Minho [UM] e a Universidade Católica
e instituições relacionadas, a Associação
Académica da Universidade do Minho
(através também do Liftoff – Gabinete do
Empreendedor da Associação Académica
da UM), galerias artísticas como a Galeria
Mário Sequeira e a Galeria Show Me, bem
como editoras, consultoras e artistas que se
têm mostrado particularmente interessados»,
explica Hugo Pires. Também a nível regional
e internacional, continua, «estão a ser
desenvolvidas plataformas de colaboração
essenciais ao projeto, como a Waag Society’s
Fablab Amsterdam (Holanda). Estão, ainda, a
estabelecer-se diversas parcerias com o Brasil, e
com a vizinha Espanha, no caso, com o Centro
Galego de Arte Contemporânea de Santiago
de Compostela. São acordos preparados para
promover o diálogo intercultural, a troca de
valor ao nível da produção, da experimentação
e do apoio a jovens artistas, nos domínios das
artes visuais», concretiza.
Talento jovem na cidade
O GNRation visa cativar e fixar jovens de
talento na cidade. Este projeto está, assim,
também inscrito no Programa Estratégico
de Reabilitação Urbana do centro histórico
de Braga, em execução pelo Município, que
pressupõe como um dos seus objetivos a
atração de jovens ao centro histórico. «Ainda
recentemente, promovemos a venda de uma
Eternamente jovem
Fotógrafa e programadora cultural, Alexandra Ferreira é a primeira diretora convidada do GNRation.
«O convite – de acordo com Hugo Pires – surgiu naturalmente com a composição da equipa de
acompanhamento do projeto. Ao reunir as diferentes especialidades necessárias para o estudo do
modelo de gestão do espaço, foi colocada a necessidade imperiosa de existir um elemento com
conhecimento local e de experiência comprovada quer como programadora cultural, quer na gestão
de espaços culturais. A juventude é sempre um marco para qualquer cidade, especialmente em
Braga, ser jovem não é uma desvantagem é um orgulho poder ter uma visão diferente. O desafio é o
GNRation ser sempre jovem». Ao longo deste ano caber-lhe-á a criação da rede de parceiros de um
projeto que promete deixar marcas profundas na cidade.
habitação – Casa a 1 Euro –, que foi um
sucesso, e dinamizámos o projeto Encaixa-te, de modo a instalar novos negócios no
centro histórico. Se houver jovens a trabalhar
no GNRation, eles provavelmente quererão
morar no centro histórico e a dinamização
criada, aliada aos parceiros e programação
própria, produzirá, certamente, uma mistura
explosiva, atraindo jovens – que estão ou saem
da universidade ou com projetos criativos –
que, de outra forma, voltariam para as suas
localidades», frisa Hugo Pires.
O objectivo passa por dividir o GNRation
em três grandes áreas. A primeira, dedicada
à produção, com gabinetes de trabalho e
uma área de trabalho colaborativo, para
acolher negócios nos setores do audiovisual,
multimédia, música ou webdesign; outra
destinada à experimentação, constituída
por ateliers para residências temporárias de
criativos; e, por último, os espaços de exibição,
com um auditório para 200 pessoas, café-concerto e zonas de lazer. Os interessados
serão alvo de um processo de seleção,
com critérios definidos por um júri de
acompanhamento, constituído por diversos
parceiros. Cabe, simultaneamente, ao júri
definir a tipologia de espaço (residências,
ateliers coletivos e/ou individuais), condições
e tempo para cada projeto apresentado,
ajustando as variáveis às necessidades de
maturação e disponibilidade.
Além da ocupação dos espaços do edifício,
o GNRation contará com programação
própria, em particular nas praças interiores
e espaços comuns (auditório e espaços de
acesso publico), a qual, além de potenciar os
projetos existentes, procurará trazer eventos,
instalações e artistas residentes. O GNRation
será, assim, um espaço agregador do legado
da Braga 2012: CEJ, dando continuidade à
programação da CEJ neste novo espaço, com
iniciativas várias relacionadas com as artes
performativas, instalações artísticas, sessões de
empreendedorismo, teatro ou música, entre
muitas outras.
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agenda
EXPOSIÇÕES
CINEMA
Flagrante Deleite
Cinanima
até 06.01.2013
Fundação CGD – Culturgest, Lisboa
08.12
Fundação CGD – Culturgest, Lisboa
-30% até 25 e maiores de 65 anos;
-40% para titulares dos cartões Caixa
IU, ISIC, ITIC e Caixa Fã (até 2 bilhetes).
Entrada gratuita
A exposição oferece uma
perspetiva sobre o trabalho
multifacetado de Rosemarie
Trockel (Schwerte, Alemanha,
1952), artista de referência na
cena artística internacional dos
últimos 30 anos. Tomando como
leitmotif uma extensa série de
colagens realizadas desde 2004,
a exposição inclui, também,
esculturas muito diversas,
objetos de cerâmica e obras de
parede feitas com lã.
Cem Obras Para Dez Anos
até 27.01.2013
Fundação Arpad Szenes-Vieira da
Silva, Lisboa
Os Clientes da CGD têm um desconto
de 75% em qualquer exposição da
Fundação, mediante a apresentação
de um cartão da Caixa.
100 Obras, 10 Anos: Uma
Selecção da Colecção da
Fundação PLMJ baseia-se na
cena artística contemporânea
nacional e dos países de
expressão portuguesa.
Destacam-se os trabalhos de
Joana Vasconcelos, José Pedro
Croft, Julião Sarmento e Pedro
Cabrita Reis, bem como de
Celestino Mudaulane, Rosana
Ricalde e Yomnamine.
CONDIÇÕES EXCLUSIVAS PARA
CARTÕES CGD
40% DE DESCONTO NA AQUISIÇÃO
DE ATÉ 2 BILHETES POR ESPETÁCULO
AOS TITULARES DOS CARTÕES CAIXA
FÃ, ITIC, ISIC, CAIXA IU E CAIXA ACTIVA.
30% DE DESCONTO NA AQUISIÇÃO
DE ATÉ 2 BILHETES POR ESPETÁCULO
AOS TITULARES DOS CARTÕES CAIXA
GOLD, CAIXA WOMAN, VISABEIRA
EXCLUSIVE, LEISURE E CAIXADRIVE.
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DANÇA/MÚSICA
A Lã e a Neve
14 a 16.12
Fundação CGD – Culturgest, Lisboa
Ver descontos na caixa Culturgest.
Nas palavras da autora,
Madalena Victorino: «Tomo
os gémeos e a curiosidade
que os envolve como fonte de
pesquisa. A perceção do outro,
os segredos da proximidade,
ser o outro e nós mesmos num
contacto; o espaço do outro
que entra no nosso tempo,
a antecipação, a telepatia, o
encontro – eis os eixos que nos
levaram a descobrir gémeos de
várias idades, que vivem em
aldeias da região de Guimarães
e numa grande cidade como
Lisboa. Fazê-los aproximar-se
a propósito de um objeto de
dança, música e silêncios que se
constrói com eles e com artistas.
A Lã e a Neve é um espetáculo
que procura, nos corpos dos
seus intérpretes, a força para
sair e rebentar com os limites da
comunicação.»
Exposição Educação+ Financeira
Até 24.04.2013
Entrada gratuita
A Exposição Educação+
Financeira resulta de uma
parceria com a Universidade
de Aveiro e visa a formação de
consumidores mais conscientes
da realidade financeira.
Desenhada, sobretudo, para os
mais jovens, a exposição passou
já por 40 cidades, de norte a sul
do País, envolvendo mais de 40
mil pessoas. A edição 2012/2013
está já em curso (ver quadro),
estando toda a informação
disponível em http://pmate.
ua.pt/educacaomais.
04 a 06.12.2012
11 a 13.12.2012
08 a 10.01.2013
(pausa)
Até 29.12
Fundação CGD – Culturgest, Porto
A Culturgest abriu em Lisboa,
em fevereiro de 2011, uma
livraria especializada em
arte contemporânea, alheia
a preocupações de ordem
comercial, em que todas as
publicações são disponibilizadas
a preços reduzidos. Agora,
um ano e meio depois da sua
abertura, quando a oferta
ascende a cerca de 500 títulos,
é hora de fazer uma pausa
nas exposições e partilhar
temporariamente a livraria com
o público do Porto.
Estarreja
Oliveira de Azeméis
15 a 17.01.2013
Albergaria
Condeixa
28.1 a 01.02.2013
Pombal
05 a0 7.02.2013
Ourém
Proença-a-Nova
26 a 28.02.2013
Elvas
05 a 07.03.2013
Borba
12 a 14.03.2013
Mafra
02 a 04.04.2013
Baião
09 a 11.04.2013
V. R. St. António
16 a 18.04.2013
Beja
22 a 24.04.2013
OUTROS
Tondela
22 a 24.01.2013
19 a 21.02.2013
À semelhança do que vem
acontecendo há vários anos,
a Culturgest associa-se ao
Cinanima, projetando uma
seleção de filmes premiados feita
pela organização do Festival.
Trata-se do mais importante
festival de cinema de animação
português, que decorre, em
Espinho, desde 1976, tendo este
ano a sua 36.ª edição, o que
o torna um dos mais antigos
festivais deste tipo de cinema em
todo o mundo.
CNC – UA – Aveiro
Fotos: Georges Dussaud (A Lã e a Neve); DMF, Lisboa (pausa)
a
vintage
v
FACTOS
registados
em 1877
Enquanto se abria o
primeiro livro de receitas
da CGD, outras páginas da
história se escreveram.
REGISTO
Receitas em livro
Porque a informação tem um valor inestimável, a CGD conta a história
do seu primeiro livro de receitas, onde se guardam os registos de quem a ajudou
a tornar-se a maior instituição financeira e de crédito em Portugal
DESDE SEMPRE, as sociedades organizadas
sentiram necessidade de criar as suas próprias formas
de registar os acontecimentos mais marcantes. As
pessoas, instituições e empresas, na consecução
das suas atividades e negócios, criaram técnicas
e suportes específicos com vista a materializar os
registos administrativos, contabilísticos e financeiros.
Da história do suporte, ficaram-nos as «tabuinhas»
de argila dos Sumérios, os papiros do Egito, os
pergaminhos medievais e o papel, já na era moderna.
Também a Caixa Geral de Depósitos sentiu
necessidade de registar, desde o início da sua
atividade, o seu movimento de entrada e saída
de capitais. Na ausência de sistemas mecânicos
de registo, havia que recorrer aos lançamentos
manuscritos em livro, convenientemente cosidos
e encadernados. Estes continham os registos
devidamente numerados, sequencialmente, de
forma a evitar falsificações, como a introdução ou
supressão de folhas. O primeiro livro de receita da
CGD, que data de 1877, espelha, precisamente, o
início da atividade da Caixa, no que diz respeito
à arrecadação de valores e à constituição do seu
fundo financeiro de arranque das operações. Aqui
encontramos o registo dos valores provenientes de
diversas entidades e particulares. Não esqueçamos
que, com a criação da CGD, se extinguiram
outras instituições, herdando esta as suas funções,
património e valores (a débito e crédito). São
valores provenientes de depósitos obrigatórios por
ordem dos Juízes da Comarcas, dos tesoureiros da
Fazenda Pública da Junta do Depósito Público e
ainda de particulares (por aquisição de arrematação
de propriedades e outros bens em hasta pública),
que iniciam os registos de receita da CGD. O valor
do primeiro registo que encontramos neste livro
de receita é de 646$434 réis, proveniente da
Junta do Depósitos Público.
Pelas folhas deste e dos restantes sete livros
que constituem esta série, podemos aceder
a informação preciosa sobre outros valores,
entidades e pessoas que contribuíram para a
constituição do fundo financeiro que permitiria à
Caixa iniciar a sua atividade. Uma função de apoio,
tanto ao Estado, como aos que, possuindo algum
pecúlio, não se permitiam a grandes aventuras
financeiras, mas também não aceitavam a ideia de
ver o seu dinheiro eternizar debaixo do colchão.
Foi com estas pessoas e muitos outros milhares,
que nos anos seguintes se foram juntando, que a
Caixa se tornou na maior Instituição financeira e
de crédito em Portugal.
No primeiro dia do ano, a
rainha Vitória de Inglaterra,
é proclama Imperatriz da Índia.
1.
Thomas Edison inventa
o fonógrafo.
2.
3.
O Teatro Bolshoi de
Moscovo assiste à
estreia do célebre bailado
O Lago dos Cisnes, que, à
data, se revela um fracasso.
Rutherford B. Hayes
torna-se o 19.º
Presidente dos Estados
Unidos, sucedendo a Ulysses
S. Grant, depois de um
rescaldo eleitoral polémico.
4.
O Império Russo
declara guerra ao
Império Otomano.
5.
O escritor russo Lev
Tolstoi publica a versão
compilada do romance Anna
Karenina.
6.
Nasce Hermann Hesse,
escritor alemão e futuro
Prémio Nobel da Literatura.
7.
A Roménia declara-se independente do
Império Otomano, o que só
será reconhecido um ano
mais tarde.
8.
O jornal diário norte-americano
Washington Post sai pela
primeira vez em banca.
9.
Morre o escritor
Alexandre Herculano,
um dos expoentes máximos
da literatura portuguesa.
10.
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
69
i
institucional
CAIXA EMPRESAS
Para o seu negócio
O apoio às exportações e o reforço da capitalização
das empresas constituem prioridades para a Caixa
A CAIXA DISPÕE de uma linha Caixa
Empresas, para que possa lançar ou
intensificar o investimento da sua empresa
no apoio à exportação. Esta linha permite
aliviar a tesouraria da empresa sob três
formas: flexibilização de prazos e condições,
vantagens e benefícios para empresas com
relacionamento bancário global centrado
na Caixa (domiciliação de vencimentos
em contas da CGD, serviços de cobranças
e produtos de tesouraria na ordem
interna e externa, incluindo pagamentos e
recebimentos, entre outros) e antecipação de
recebimentos de exportação.
Estes adiantamentos assumem duas
modalidades: Remessas de Exportação e
Créditos Documentários de Exportação.
As primeiras permitem o desconto
de remessas simples (em que a Caixa
procede apenas à antecipação de uma receita
futura proveniente de uma exportação) ou
documentárias (a Caixa envia ao seu banco
correspondente no estrangeiro os documentos
financeiros ou comerciais para cobrança,
assegurando o cumprimento das condições
definidas).
Nos Créditos Documentários de Exportação,
em especial relativamente aos mercados
emergentes, a Caixa assume a garantia de
pagamento, através da confirmação de cartas
de crédito, eliminando riscos comerciais,
políticos e de transferência.
OFERTA CAIXA
CAPITALIZAÇÃO
A Caixa lançou, também, a oferta
Caixa Capitalização, com uma
dotação global de 1500 milhões
de euros, visando proporcionar às
empresas meios financeiros que
satisfaçam as necessidades de
reforço dos capitais permanentes.
Esta oferta abrange três dimensões:
Linhas de crédito para
capitalização de empresas, uma
forma inovadora de financiamento
no mercado português, que combina
características de capital e dívida,
como sejam os prazos alargados
de carência no reembolso, as
remunerações variáveis a depender
da performance das empresas, a
possibilidade de capitalizar parte ou a
totalidade dos juros, a não exigência
de garantias hipotecárias, etc.;
Atividade de Fundo de Fundos,
destinada a estimular atuais e
novos operadores de capital de risco
(venture capital e private equity).
Com esta iniciativa, espera-se
incrementar o número e a diversidade
de operadores independentes no
mercado e a respetiva capacidade
de investimento, aumentando,
em consequência, o espectro das
empresas beneficiárias dos meios
financeiros disponibilizados;
Fundos de capital de risco
sob gestão da Caixa, para
investimento direto em empresas
da carteira de Clientes da CGD com
bom potencial de crescimento e
valorização. São quatro os fundos
existentes, sendo de relevar o Caixa
Mezzanine e o Caixa Reorganização
Empresarial.
1.
2.
3.
A oferta Caixa Capitalização
privilegiará, em qualquer das três
vertentes, o apoio a empresas
que atuem em setores de bens
e serviços transacionáveis, com
vocação para operar em mercados
alargados (de exportação), influentes
na substituição de importações ou
relevantes no setor do comércio.
Cartão Caixaworks Empreender (1), para apoiar a criação de novos negócios e empresas de pequena dimensão, designadamente, correspondendo às
necessidades de tesouraria. Saiba mais em ww.cgd.pt.
(1) TAE de 15,8% (com garantia real) ou 18,3% (com garantia pessoal), calculadas com base na média mensal da Euribor a 6M (base 360) + spread de 5,5% ou
8%, respetivamente, para um montante de 1500 euros com reembolso a 12 meses. Taxas Euribor atualizadas em 01/01 e 01/07 de cada ano.
70
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
i
institucional
Produtos e Serviços
para Clientes Caixazul
Produtos /
Serviços
Exclusivos
Gestor Dedicado
x
Gestor On-line
SERVIÇO CAIXAZUL
Proximidade, inovação
e exclusividade
Produtos
/ Serviços
com
Condições
Especiais
x
Serviço Caixazul GAT
x
Cartão Caixazul (1)
x
Cartão Caixa Gold (2)
x
Cartão Caixa Platina (3)
x
Depósito Caixazul Praemium
x
Depósitos Caixazul Netpr@zo
3M, 6M e 12M
x
Depósitos Caixazul
Netf@cil 1M
x
Caixazul Habitação (4)
x
Crédito Pessoal
(5)
x
Oferta Global de Saúde
Multicare (Planos e Cartões) (6)
x
Caixa Proteção Total – Seguro
Acidentes Pessoais (6)
x
Um atendimento personalizado, sofisticado e de
Caixa Seguro Viagem (6)
x
excelência, disponível em 580 Agências ou à distância
Caixa Seg. Empregada
Doméstica (6)
x
Seguro Casa – Pack Recheio (6)
x
O CAIXAZUL é um serviço da Caixa dirigido
a Clientes exigentes, que se caracteriza pelo
atendimento personalizado, sofisticado e de
excelência. Disponível em 580 Agências, este
serviço assegura:
> Atendimento por um Gestor Dedicado, em
Agência, através do telefone ou da Internet;
> Disponibilidade 24 horas, sete dias por
semana, através do Gestor on-line e do
Caixadirecta telefone e on-line;
> Acesso a produtos financeiros exclusivos
ou com condições especiais;
> Apoio financeiro rigoroso e de qualidade.
O Gestor Dedicado proporciona um
atendimento personalizado, adequado ao
respetivo perfil de Cliente e a cada fase
da sua vida, identifica as oportunidades
que melhor servem as suas necessidades
financeiras, apoia as decisões de
investimento e seleciona as melhores
alternativas entre os produtos e serviços que
a Caixa oferece.
Proximidade – O serviço Caixazul, através
dos Gestores Dedicados, procura um
relacionamento de confiança com o Cliente,
sustentado na experiência, no rigor e na
qualidade de um serviço que responda às
suas expectativas. Além do atendimento
personalizado nos espaços Caixazul, pode,
ainda, contactar o seu Gestor Dedicado por
telefone ou pelo Caixadirecta on-line. Ou
seja, tem o seu Gestor Dedicado presente
no canal mais conveniente consoante as
situações.
Inovação – Até hoje, foram várias as
inovações do Caixazul, que acrescentam
valor, flexibilidade e comodidade aos
Clientes, como, por exemplo, o Gestor
on-line. Trata-se de um serviço inovador e
gratuito, disponível no Caixadirecta on-line,
que permite trocar mensagens com o Gestor
de forma simples, rápida e segura, marcar
reuniões no dia e hora mais convenientes
para o Cliente e conhecer as oportunidades
de negócio em destaque.
Exclusividade – Os Clientes Caixazul têm à
disposição produtos e serviços exclusivos ou
em condições especiais mais atrativas. Vão
desde o cartão Caixazul, que os identifica
como Clientes do serviço, até aos Depósitos
on-line, que podem ser facilmente subscritos
no Caixadirecta on-line (ver quadro).
Há um Banco que o conhece como
ninguém. A Caixa. Com certeza.
(1) TAEG de 1,1%, para um montante de 1500 euros, com reembolso
a 12 meses, à TAN de 0,00%. (2) TAEG de 27,5%, para um montante
de 2500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,00%.
(3) TAEG de 15,9%, para um montante de 5000 euros, com
reembolso a 12 meses, à TAN de 12,00%. (4) TAE de 5,463%;
TAER de 5,499%, calculadas à taxa Euribor 6 M, em novembro de
2012, arredondadas à milésima e acrescidas de 4,50% de spread.
Exemplo para um financiamento de 150 000 euros, a 30 anos, valor
de avaliação de 200 000 euros, Cliente com 30 anos, com detenção
dos seguintes produtos: Cartão de débito; Cartão de crédito;
Caixadirecta; Domiciliação de Rendimentos; Carteira de depósitos,
ativos e seguros financeiros com capital garantido a todo o tempo,
superior a 50 000 euros, e Seguro de Vida e Multirriscos numa
seguradora do Grupo Caixa. Comissão por reembolso antecipado,
parcial ou total, 0,5% do capital reembolsado. (5) TAEG de 17,1%,
calculada com base numa TAN de 14,408% (Euribor 3M + 14,200%),
em novembro de 2012, para um crédito de 30 000 euros, com
reembolso a 60 meses e garantia de fiança. Exemplo para operação
com finalidade de lazer para Cliente Caixazul com cartão de débito
ou débito diferido, cartão de crédito, domiciliação de rendimentos
e serviço Caixadirecta. Prestação mensal 720,78 euros. Montante
total imputado ao consumidor: 43 394,75 euros. (6) Produto da
Fidelidade Mundial -Companhia de Seguros, SA, comercializado
através da Caixa Geral de Depósitos, SA, na qualidade de mediador
de seguros. A Caixa Geral de Depósitos, SA, doravante apenas CGD,
pessoa coletiva n.º 500960046, matriculada na Conservatória do
Registo Comercial de Lisboa, com o capital social de € 5 900 000
000,00, com sede na Avenida João XXI, n.º 63, 1000-300 Lisboa,
solicitou, em 19 de setembro de 2007, a sua inscrição no Instituto
de Seguros de Portugal, na categoria de Mediador de Seguros
Ligado, nos Ramos de Seguros de Vida e Não Vida e respetiva
autorização para trabalhar com a Fidelidade – Companhia de
Seguros, SA, encontrando-se registada sob o n.º 207186041. Os
dados da CGD, enquanto Mediador de Seguros, estão disponíveis e
podem ser consultados no sítio do Instituto de Seguros de Portugal
(www.isp.pt). A CGD, enquanto mediador, não tem poderes para
celebrar contratos de seguro em nome do Segurador, nem assume
a cobertura dos riscos. A CGD, enquanto mediador de seguros
ligado, não tem poderes de cobrança, embora enquanto instituição
bancária possa executar as operações próprias desta atividade,
designadamente, as operações de débito em conta ou transferência
bancária autorizadas pelo respetivo titular.
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71
i
institucional
P O U PA N ÇA
Caixa Família
Se quando a família se junta é sempre bom, por que não juntar
o rentável ao agradável?
O CAIXA FAMÍLIA é um serviço que permite
agrupar as contas de poupança da família, para
que todos possam beneficiar de uma taxa de
juro superior à que teriam individualmente.
E os benefícios crescem com o aumento do
relacionamento com a Caixa. Veja, no quadro
ao lado, o caso da Maria.
A subscrição do Caixa Família é simples
e flexível. Não precisa de abrir novas contas
e cada familiar gere a sua conta de forma
individual. Os familiares podem entrar e sair
do grupo e reforçar as suas contas a partir de
10 euros, sem entregas obrigatórias.
Os aderentes ao Caixa Família devem
ser familiares do titular da primeira conta a
associar-se ao grupo: cônjuge, descendentes até
4.º grau, colaterais ou seus descendentes até
4.º grau e ascendentes até 2.º grau (incluindo
por afinidade). Podem aderir duas contas de
poupança, no mínimo, devendo a primeira ser
de um titular maior de 18 anos. As duas contas
não poderão ser tituladas apenas por cônjuges.
Com um prazo de 181 dias, renovável
automaticamente, e pagamento de juros
semestral, o serviço permite mobilização
antecipada, com perda total de juros sobre o
valor mobilizado.
Visite uma Agência da Caixa e saiba tudo
sobre o Caixa Família.
COM O CAIXA FAMÍLIA
1.º PASSO:
Domiciliação
do ordenado
na Caixa
VANTAGENS
A Maria tem 20 000 euros numa conta
CaixaPoupança e o filho 2000 euros numa
CaixaProjecto. Na Agência, soube que iria
melhorar a remuneração, aderindo ao Caixa
Família, e que o aumento seria ainda maior se
domiciliasse o ordenado na CGD, pois poderia
aderir ao Caixa Família Mais. A Maria assim fez.
Ao aderir ao Caixa Família Mais, a família da
Maria aumentou, sem esforços, a remuneração
das suas contas.
2.º PASSO:
Adesão ao
Caixa Família
Ao associarem as contas no Caixa Família, mãe
e filho passam a ter as poupanças remuneradas
à TANB de 2,75%, no primeiro e segundo
semestres, e a 0,95% + 20% da Euribor a 6
meses nos restantes.
Acréscimos à taxa de juro de cada conta, face à
taxa de juro na conta original
3.º PASSO:
Juntar mais
familiares ao
Caixa Família
Como a remuneração do Caixa Família é
calculada em escalões, a Maria convidou o pai
– que tem o cartão e uma conta de poupança
Caixa Activa com 30 000 euros – a pertencer
ao grupo.
Assim, o somatório virtual das três contas
subiu de escalão e cada uma passou a uma
remuneração superior: TANB de 3%, no primeiro
e segundo semestres, e de 1,05% + 20% da
Euribor a 6 meses, nos restantes.
Veja quanto acresce a taxa de juro em cada
conta, com a associação das contas de
poupança da família:
Maria:
1.º e 2.º semestres: + 2,70 %;
Restantes semestres: 20% da Euribor + 0,75 %.
Filho da Maria:
1.º e 2.º semestres: + 2,15%;
Restantes semestres: 20% da Euribor + 0,2%.
Pai da Maria:
1.º e 2.º semestres: + 2,20 %;
Restantes semestres: 20% da Euribor + 0,25 %.
TODA A FAMÍLIA PASSA
A BENEFICIAR DE UMA
MELHOR TAXA DE JURO
Arredonde com o seu cartão
Ao efetuar compras com determinados cartões, pode beneficiar do arredondamento das compras realizadas, revertendo o montante
do arredondamento, automaticamente, para uma conta de poupança, PPR ou fundo de pensões, conforme o cartão utilizado. É muito simples,
basta pedir em qualquer Agência da Caixa ou do serviço Caixadirecta Telefone para associar um dos três programas de arredondamento
à escolha a um cartão da Caixa elegível. Saiba mais em www.cgd.pt.
72
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C A I X A P O U PA N Ç A S U P E R I O R
Uma solução exclusiva
para estudantes universitários
A NOVA CONTA Caixa Poupança Superior
permite poupar facilmente durante o curso
e mesmo depois de o acabar ou começar a
trabalhar. Para aderir, basta ser detentor do
cartão Caixa IU (ex-CUP), ISIC(1) ou Caixa
Académica Estudante.
Este é mais um instrumento facilitador da
poupança na Caixa, especialmente vocacionado
para responder às especificidades do segmento
Universitário:
U Apela à pequena poupança dos estudantes;
U Ajusta-se à capacidade de aforro em cada fase
do ciclo de vida;
U Possibilita o reforço do benefício na taxa de
juro na transição para a vida profissional;
U Acompanha os Clientes ao longo da vida.
Apresenta como característica diferenciadora
uma remuneração-base de 0,6% TANB ao
ano, majorada em função dos
produtos e serviços subscritos,
conferindo ao Cliente
ainda maior vantagem
após começar a trabalhar,
caso domicilie o seu
vencimento na Caixa (ver
quadro).
Por outro lado,
sendo uma solução
para a pequena
poupança, além
do mínimo de
abertura de 10
euros (em Agência),
admite reforços
pontuais ou
programados, a partir de 1 euro, em qualquer
Agência ou através dos serviços Caixautomática,
Caixadirecta telefone, on-line, mobile ou sms.
Tem o prazo de seis meses e renova-se
automaticamente por iguais períodos, sendo o
pagamento de juros semestral, com capitalização
automática.
Permite mobilização de capital antes da data
de vencimento (mínimo de 10 euros), de forma
total ou parcial, apenas com perda total de juros
corridos sobre o capital mobilizado.
Toda a informação em www.cgd.pt, serviço
Caixadirecta IU (808 212 213) ou em qualquer
Agência da Caixa.
(1) TAEG de 22,9%, para um montante de
1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de
22,50%.
UM CARTÃO MADE BY PARA CADA MULHER
Porque as Clientes não são todas iguais, a
Caixa criou a solução Made By para que cada
uma possa fazer o seu próprio cartão. Agora,
além de poder personalizar a imagem do
cartão de crédito, pode, também, selecionar
as funcionalidades que mais valoriza, pagando
apenas aquilo que efetivamente lhe interessa.
Por exemplo, a Margarida, mãe e mulher ativa,
sem tempo a perder, paga tudo com o cartão
para não se preocupar com trocos. Escolhe a
foto dos filhos como imagem do cartão para
andar sempre com a família na mala, opta pelo
pagamento a cem por cento da dívida e, claro, o
número máximo de dias para crédito gratuito.
A Rita, solteira e super radical, não abdica do
seu surf, faça chuva ou sol. Claro que o seu
cartão tem ondas fantásticas como imagem
e um pacote de seguros alargado para estar
sempre bem protegida. Já a Teresa, sonhadora
e fã de viagens, seleciona o programa de
lealdade em milhas e uma foto do país
preferido para ilustrar o cartão.
Como vê, tem muitas razões para solicitar o
cartão Made by. As suas escolhas irão definir a
mensalidade a pagar, que pode variar entre um
e cinco euros (acresce imposto de selo à taxa
de 4%). No entanto, caso efetue um montante
de compras e/ou de levantamentos a crédito
mensais de valor igual ou superior a 250 euros,
a mensalidade ser-lhe-á devolvida.
O cartão Made By é feito por si e permite-lhe
escolher, entre outros aspetos:
> Uma imagem escolhida por si, de uma galeria
ou a imagem standard;
> A modalidade de pagamento entre 5% e
100% do total em dívida;
> O número de dias de crédito gratuito (entre 10
a 40 dias, 15 a 45 ou 20 a 50);
> O pacote de seguros (base, médio ou
alargado);
> O programa de lealdade (pontos fast Galp,
cash-back, milhas aéreas ou nenhum);
> O tipo de extrato: digital (apenas no
Caixadirecta on-line) ou em papel;
> A rede: VISA ou Mastercard.
Um milhão de cartões num só cartão, único
e inovador, vencedor do Trophées 2011
Innovative Cards.
TAEG de 22,4% a 28,8%, em função da
mensalidade contratada, para um montante de
1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN
de 21,00%.
TAXAS DE JURO:
TANB
Remuneração base
0,6%
Com cartão de débito diferido ou crédito +
serviço Caixadirecta
1,1%
Com cartão de débito diferido ou crédito
+ serviço Caixadirecta + domiciliação de
vencimentos ou LDN
1,6%
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73
f
fecho
CAIXA IMOBILIÁRIO
Venha à Caixa e concretize um sonho
FUNDIMO
PASSA
A FUNDGER
A Fundimo, Sociedade Gestora de
Fundos de Investimento Imobiliário,
SA foi constituída em 8 de janeiro
de 1987, tendo como missão gerir e
administrar o património de fundos
de investimento imobiliário abertos e
fechados.
Já este ano, a 29 de agosto
último, esta sociedade – detida a
cem por cento pelo Grupo Caixa
Geral de Depósitos – alterou a
sua denominação para Fundger,
Sociedade Gestora de Fundos de
Investimento Imobiliário, SA.
A alteração de nome da sociedade
não implica qualquer mudança
contratual com os Clientes e
participantes dos seus fundos,
permanecendo em vigor todas as
relações comerciais e profissionais já
existentes. Todos os fundos geridos/
detidos pela sociedade mantiveram as
respetivas denominações e condições
de gestão e de comercialização
específicas.
A Fundger, SA detém, atualmente,
27 fundos e cerca de 1,5 mil milhões
de euros sob gestão, divididos pelos
seguintes segmentos:
Ø Fundo Fundimo – fundo de
investimento imobiliário aberto
nacional, com maior volume sob
gestão (940 milhões de euros),
segundo a APFIPP;
Ø Vinte e quatro fundos de
investimento imobiliário fechados,
repartidos pelas seguintes categorias:
- Promoção Imobiliária;
- Reabilitação Urbana;
- Associados a Câmaras Municipais;
Ø Dois fundos de investimento
imobiliário de arrendamento
habitacional.
74
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
Compre casa na Caixa Imobiliário.
E os custos ficam por nossa conta
Na aquisição de uma casa do Grupo
CGD, a Caixa Imobiliário oferece-lhe todas
as despesas inerentes aos impostos e demais
encargos exclusivamente relacionados com o
processo de compra. Para tal, basta escolher
uma das casas devidamente assinaladas no site
da Caixa Imobiliário para esta oferta exclusiva
e concretizar a escritura até 31 de março de
2013, ao preço de referência assinalado e
publicitado no site.
A oferta inclui o Imposto Municipal sobre as
Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT), o
Imposto de Selo (escritura e financiamento),
as comissões de estudo e de avaliação, a
preparação da minuta e os Serviços Casa
Pronta (certidão on-line do registo predial
e despesas com o serviço – hipoteca e
financiamento). Quando o financiamento
for efetuado através de outra instituição, os
montantes relativos às comissões de estudo
(IVA incluído) e de avaliação (impostos
incluídos, caso aplicável) e à preparação da
minuta (IVA incluído) são limitados àqueles
que, em cada momento, constarem do
preçário da CGD para as rubricas equivalentes.
Não perca esta oportunidade única para ter
a sua casa de sonho, com menos despesas, e
beneficie, ainda, de bons preços e de um vasto
leque de imóveis. Saiba quais as casas elegíveis
para esta promoção em www.caixaimobiliario.
pt e aproveite para conhecer também todas as
atrativas funcionalidades do novo site
da Caixa Imobiliário.
Comprar casa é na Caixa. Com certeza.
JÁ CONHECE O VANTAGENS CAIXA E A SUA LOJA VANTAGENS?
O Vantagens Caixa (www.vantagenscaixa.pt) é o portal de parcerias da Caixa Geral de
Depósitos, no qual pode descobrir todos os parceiros onde usufrui de descontos e benefícios
associados ao seu cartão, entre outras vantagens. Nele, encontrará também a Loja Vantagens,
que se afigura um modo fácil, seguro e cómodo
para fazer as suas compras, quem sabe já para o
Natal. Aí, encontrará material para a escola dos
miúdos, perfumes e acessórios de moda, material
eletrónico e informático, objetos de decoração,
propostas culturais e experiências diversificadas,
entre muito mais. Veja já em www.pmelink.
pt/vantagenscaixa.pt e descubra variadíssimas
propostas para amigos e família ou mesmo para
si. Tem, também, à sua disposição o número de
telefone 707 208 820 e o e-mail [email protected].

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