ARQUITETURA
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ARQUITETURA
ARQUITETURA a revista da caixa CAIXA GERAL DE DE P ÓSI TOS PRESENTE E FUTURO DE UMA DISCIPLINA QUE ENGRANDECE O NOME DE PORTUGAL ALÉM-FRONTEIRAS ÁLVARO SIZA VIEIRA NA PRIMEIRA PESSOA N . o 0 9 | O u tu b ro d e 2 0 1 2 | A n o I I I A GELO E FOGO VIAGEM ANTICRISE A UMA ILHA CHAMADA ISLÂNDIA DESCUBRA TUDO O QUE A CAIXA TEM PARA LHE OFERECER CONHEÇA A APP PERIODICIDADE TRIMESTRAL editorial e Do verbo construir a revista da caixa Diretor Francisco Viana Editores Luís Inácio e Pedro Guilherme Lopes Arte e projeto Rui Garcia e Rui Guerra Colaboradores Ana Rita Lúcio, Helena Estevens, João Paulo Batalha, Leonor Sousa Bastos, Paula de Lacerda Tavares (texto); Anabela Trindade, Estúdio João Cupertino, Filipe Pombo e Gualter Fatia, com agências Corbis, Getty Images e iStockphoto (fotos); Marta Monteiro (ilustração), Dulce Paiva (revisão) Secretariado Teresa Pinto Gestor de Produto Luís Miguel Correia Produtor Gráfico João Paulo Batlle y Font REDAÇÃO TELEFONE: 21 469 81 96 FAX: 21 469 85 00 R. Calvet de Magalhães, 242 2770-022 Paço de Arcos PUBLICIDADE TELEFONE: 21 469 87 91 FAX: 21 469 85 19 R. Calvet de Magalhães, 242 2770-022 Paço de Arcos Diretor Comercial Pedro Fernandes ([email protected]) Diretor Comercial Adjunto Miguel Simões ([email protected]) Diretora Coordenadora Luísa Diniz ([email protected]) Assistente Florbela Figueiras (ffi[email protected]) Coordenador de Materiais José António Lopes ([email protected]) Editora Medipress - Sociedade Jornalística e Editorial, Lda. NPC 501 919 023 Capital Social: €74 748,90; CRC Lisboa Composição do capital da entidade proprietária Impresa Publishing, S. A. - 100% R. Calvet de Magalhães, 242 2770-022 Paço de Arcos 5FMq'BY Foto de capa: FG+SG - Fotografia de Arquitectura Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, S. A. Propriedade Caixa Geral de Depósitos Av. João XXI, 63, 1000-300 Lisboa Periodicidade Trimestral (Edição n.º 9, julho/setembro 2012) Depósito Legal 314166/10 Registo ERC 125938 Tiragem 72 000 exemplares POR MAIORES QUE SEJAM AS DIFICULDADES, os portugueses continuam a dar provas do seu talento, da sua qualidade e do seu profissionalismo, um pouco por todo o mundo! Esta é uma verdade inquestionável e a arquitetura não foge à regra. Tendo como embaixadores Álvaro Siza Vieira – um dos destaques desta edição com uma entrevista imperdível – e Eduardo Souto de Moura, as construções e intervenções com assinatura Made in Portugal vão conquistando prémios, distinções e primeiras páginas nas revistas internacionais da especialidade. Em destaque, uma nova geração de arquitetos, empenhada em traçar novos rumos e assumindo um pensamento em comum: o respeito pelo meio ambiente e a procura por soluções que se enquadrem na tão procurada sustentabilidade. Como tem sido habitual, as cidades, a arquitetura e a sustentabilidade são, efetivamente, dois dos eixos da sua Cx. E, como não poderia deixar de ser, eles estão presentes neste número, com o exemplo de um resort chamado Bom Sucesso e um jovem arquiteto que desenha cidades futuristas. Ou mesmo um autocarro amigo do ambiente; um movimento verde apostado em criar uma corrente de iniciativas mais saudáveis para a mobilidade urbana; ou uma jovem designer que aposta em roupas ecológicas. Mas há muito mais, claro, como uma marca de sapatos feitos de cortiça, uma viagem de sonho à quase desconhecida Islândia e outra, mais perto, pelo que de mais importante se vai fazendo, em termos culturais, em Lisboa e em Braga. Tudo isto, e muito mais, numa edição que assinala o reunir, numa única publicação, de todo o universo Caixa, incluindo uma seleção de produtos e serviços especialmente pensada para si. E que melhor forma de assinalar essa mudança de estratégia editorial do que uma edição dedicada à arquitetura? Afinal, ajudar a construir o futuro dos portugueses tem sido uma das traves mestras da atuação da Caixa Geral de Depósitos. Já lá vão mais de 136 anos e, em vésperas de um 2013 que exigirá esforços a todos, a Caixa Geral de Depósitos volta a assumir-se como porto seguro e sinónimo de solidez e confiança. FRANCISCO VIANA «AJUDAR A CONSTRUIR O FUTURO DOS PORTUGUESES TEM SIDO UMA DAS TRAVES MESTRAS DA ATUAÇÃO DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS» Correio do leitor [email protected] A Cx é uma publicação da Divisão Customer Publishing da Impresa Publishing, sob licença da Caixa Geral de Depósitos Esta revista está escrita nos termos do novo acordo ortográfico Cx a re v i s ta d a c a i xa 3 i interior 06 Pormenor Notícias que saem da Caixa DESTAQUES PESSOAS 10 Histórias de sucesso Joaquim Menezes 12 Talento Os desenhos de André Rocha e as receitas de Miguel Castro Silva ESTILO 18 Design & arquitetura Os sapatos da Rutz e a Trienal de Arquitetura de Lisboa 21 Automóveis O novo Mercedes Classe A 22 Culto + Soluções Peças com muito estilo e ideias para o dia a dia 24 Gourmet + Prazeres Emo e Bem-Me-Quer, e umas bolachas que aquecem a alma 39 Observatório João Santa-Rita DESTINOS 46 Roteiro Aldeias Históricas 48 Fugas 32 Com os pés na terra Com nomes consagrados ou jovens talentos, a arquitetura portuguesa continua a dar cartas pelo mundo. E a nova geração de arquitetos está a distinguir-se por projetos mais sustentáveis, atentos ao equilíbrio energético e a uma relação simbiótica com a Natureza. Aquapura Douro Valley Quase mulherzinha 54 Educação Como reagir ao mobbing? 55 Finanças Cartões pré-pagos 58 Sustentabilidade Um autocarro amigo do ambiente, roupa ecológica e as boas práticas da CGD CULTURA 61 Ler & Ouvir 62 Lisbon Week Lisboa saiu à rua 64 Festival Rota das Artes Com o apoio da Caixa 68 Agenda 69 Vintage O primeiro livro de receitas 74 Fecho Notícias CGD 4 Cx a rev i s ta d a ca i xa 16 Design & arquitetura Com a Natureza como um livro aberto, um lote dos mais destacados arquitetos portugueses foi convidado a traçar a sua própria narrativa no guião do Bom Sucesso Architecture Resort. 26 Entrevista Move-o a paixão pela arquitetura, a alegria de viver e o convívio com os amigos. Chama-se Álvaro Siza Vieira e é um dos mais premiados arquitetos portugueses. 40Grande viagem Islândia, uma ilha de origem vulcânica, perto do Círculo Polar Ártico, tão selvagem quanto romântica. 56 Sustentabilidade Conheça o Verde Movimento, um projeto que cria uma corrente de várias iniciativas que dão visibilidade a atitudes mais saudáveis de vida para o ambiente e para as pessoas. 66 Cultura Uma juventude mais participativa, com mais ferramentas para os desafios do futuro. É este o legado do GNRation, o novo espaço criativo da cidade de Braga, instalado no antigo quartel da GNR local. 70 Institucional Conheça os produtos e serviços da CGD, criados a pensar em si. Foto: FG+SG - Fotografia de Arquitectura VIVER 52 Saúde p pormenor IDEIA LUMINOSA Chama-se Sixties e é um candeeiro que promete dar resposta aos anseios dos mais exigentes utilizadores, mesmo dos que procuram os mais complicados ângulos de iluminação. O seu autor é Maxim Maximov, um designer industrial russo que se inspirou nos designers dos anos 60 para criar CO(R)PINHO DE LEITE O conceito eco-fashion não pára de surpreender e uma das mais recentes novidades chega-nos da Alemanha. A protagonista é Anke Domaske, uma designer de moda e microbiologista, que encontrou uma forma de unir as suas duas paixões: desenvolveu a QMilch, uma fibra especial obtida a partir do leite que permite confecionar roupa. A QMilch contém uma proteína derivada do leite azedo que, depois de tratada, permite obter as linhas com que são feitas as peças, com um surpreendente toque ao nível da seda (com a vantagem de, ao contrário da seda, poder ser produzida sem o uso de pesticidas). esta peça, feita em plástico, que faz lembrar uma palhinha gigante: um tubo em plástico, passível de ser dobrado em diferentes ângulos e posições, claramente assente na ideia de funcionalidade sem detalhes desnecessários (ou, se preferirem, um bom exemplo de como menos pode ser mais). YOU NG VOLU N T E AM Apelo à ação Caixa associa-se à Sair da Casca e à ENTRAJUDA para promover o voluntariado junto dos mais novos o Programa Young VolunTeam é um projeto de promoção do voluntariado em escolas do ensino secundário, contribuindo para o desenvolvimento de competências fundamentais no crescimento dos jovens. Fruto de uma parceria entre a Caixa, a Sair da Casca e a ENTRAJUDA, o programa dará especial atenção a temas como a inclusão social, a educação, o empreendedorismo, o emprego e a cidadania. Na prática, o Young VolunTeam desafia as escolas a desenvolverem o seu próprio projeto de voluntariado, sendo que cada uma deve inscrever-se com um grupo de alunos e um professor, que irão receber formação para o efeito. Estes elementos serão os principais dinamizadores do Programa, não só na sua escola, mas também na comunidade envolvente, incluindo nas escolas de ensino básico, através de sessões de formação. Ao associar-se a esta iniciativa, a Caixa Geral de Depósitos reforça a aposta nos jovens portugueses, despertando a sua consciência cívica e social. Pretende-se contribuir para a valorização dos seus currículos, acrescentando-lhes vantagem competitiva e reconhecimento aquando da respetiva apresentação a universidades estrangeiras ou a propostas de emprego. CAMPANHA CAIXAZUL A campanha de publicidade iniciada a 28 de setembro pretende apresentar o serviço Caixazul, um serviço de proximidade, inovação e exclusividade. A confiança e o conhecimento das reais necessidades dos Clientes são a principal mensagem transmitida pela campanha. Com ela, procura-se demonstrar que a Caixa de hoje é um Banco de Clientes. Saiba mais sobre este serviço na página 71. Há um Banco que o conhece como ninguém. A Caixa. Com certeza. 6 Cx a re v i s ta d a c a i xa Invenção que salva vidas DESIGN Caderneta de cromos virtual em portugal, não vão faltando exemplos de pessoas que fazem da criatividade a sua maior arma. José Cardoso é um desses casos. Resolveu enfrentar o desemprego com a criação do A Thousand Faces Staring Back at You, um site que queria ser uma caderneta de cromos. E o que, supostamente, seria um hobbie, virou um trabalho. A mecânica é simples: por um euro, e enviando uma foto acompanhada de algumas informações pessoais, qualquer pessoa pode encomendar o seu próprio cromo. Depois, compram-se carteirinhas esperando que nos saia o nosso próprio cromo (ou o da nossa cara-metade, do cão, do gato ou do periquito). Caso não saia, podemos tentar encontrar quem tenha o nosso cromo para a troca ou, até, procurar completar uma espécie de caderneta privada onde podem caber amigos e familiares. Fotos: D.R. TRADUZIR À LETRA já imaginou se os ingleses utilizassem, traduzidas à letra, expressões tão portuguesas como «de pequenino é que se torce o pepino», «estás armado em carapau de corrida» ou «e tu nem sabes da missa metade»? Luís Santos imaginou e resolveu criar a página Portuguese Sayings (www.facebook. com/PortugueseSayings), onde frases famosas, provérbios e expressões idiomáticas ganham todo um novo significado. chama-se sara pimenta, é aluna de Engenharia Biomédica, da Universidade do Minho, e está nas bocas do mundo depois de ter desenvolvido um dispositivo portátil que, baseado numa análise espectrofotométrica, identifica o tipo de sangue de uma pessoa em apenas cinco minutos. Uma ideia que pode salvar vidas e que arrecadou o primeiro prémio, na categoria de Mestrado, num concurso de ideias promovido por um centro de investigação que faz parte da Fraunhofer Gesselchaft, uma organização europeia de investigação na área das engenharias. O MELHOR GERENTE DA EUROPA A Asics Tiger promoveu um concurso para eleger o melhor gerente de loja na Europa e o prémio viajou para Portugal, mais precisamente, para a loja da Asics no Outlet de Vila do Conde. É lá que trabalha Rafael Ribeiro, de 28 anos, natural de Santa Maria da Feira e formado em Gestão de Empresas, na Universidade Lusíada do Porto, o jovem português que venceu mais de 40 colegas de países como Inglaterra, Alemanha, França, Dinamarca ou Holanda, entre outros. CAIXA PROMOVE A POUPANÇA Fazem já parte do património simbólico da Caixa, no que ao incentivo à poupança junto dos mais novos diz respeito. Falamos da Semana da Poupança na KidZania e da Exposição Eucação+Financeira. A primeira vai já no terceiro ano e surge na sequência do apoio que coloca a CGD como parceiro bancário oficial do parque onde se brinca às profissões. O incentivo à poupança e ao trabalho é, por isso, mais do que pertinente, sendo que, este ano, a ação contou com outro objetivo: a perceção do conceito de juro. No parque esteve o Cifrão, o embaixador da poupança da CGD, que deixou conselhos sobre a gestão do dinheiro e animou os presentes com música e dança. Já a Exposição Eucação+Financeira resulta de uma parceria com a Universidade de Aveiro e visa a formação de consumidores mais conscientes da realidade financeira. Desenhada para os mais jovens, a exposição passou já por 40 cidades do País, envolvendo mais de 40 mil pessoas. O lançamento da terceira edição ocorreu em Setúbal, a 2 de outubro, na Escola Básica 2,3 de Bocage, seguindo-se sete meses de itinerância, até 24 de abril, em Aveiro (ver pág. 68). Cx a re v i s ta d a c a i xa 7 p pormenor 1 DE OLHOS EM BICO Aos 32 anos de idade, as famosas Pintarolas (pastilhas de chocolate num tubo colorido) chegaram à China e até já têm direito a um colorido spot televisivo. Em mandarim, claro! 2 DIA DA FORMAÇÃO FINANCEIRA Promover a literacia financeira, de norte a sul do País, foi o objetivo da mais recente iniciativa do Plano Nacional de Formação Financeira. Teve lugar no Dia Mundial da Poupança (31 de outubro). 3 MAIS VIAGENS LOW COST Está agendada para abril de 2013 a abertura de uma base aérea da EasyJet, em Lisboa, numa medida que permitirá criar cinco novas rotas: Amesterdão, Astúrias, Bordéus, Copenhaga e Veneza. 3 F E S T I VA L L E R Celebrar as bodas de ouro A revista Ler assinala 25 anos com um festival que promete agitar o início de dezembro não podiam começar da melhor maneira estes seis dias (de 4 a 9 de dezembro) de cinema e literatura, no Cinema São Jorge: o Festival Ler 25 Anos/25 Filmes arranca com a antestreia exclusiva de On the Road, realizado por Walter Salles, a adaptação do livro de Jack Kerouak, que conta no elenco com nomes como Viggo Mortensen e Kirsten Dunst. A este filme juntam-se 24 obras cinematográficas selecionadas por Pedro Mexia (de Matar ou Não Matar, de Nicholas Ray, a Tess, de Roman Polanski, passando por Vidas em Fúria, de Stephen Frears, ou A Corte do Norte, de João Botelho) e outros motivos de interesse: a entrevista de Carlos Vaz Marques a António Lobo Antunes, ao vivo; a conferência de Gonçalo M. Tavares; os concertos das bandas dos escritores Afonso Cruz (The Soaked Lamb) e Jacinto Lucas Pires (Os Quais); o espetáculo de David Santos (Noiserv), autor de alguns dos temas musicais de José & Pilar; três concertos em parceria com o Festival Vodafone Mexefest; a emissão em direto do programa de rádio Prova Oral; e 1. Este Herdade das Servas Vinhas Velhas tinto 2009 é a segunda colheita (a primeira em 2005) deste topo de gama feito a partir de vinhas com mais de 50 anos. Se o oferecer como prenda, saiba que pode envelhecer até mais 15 anos. 2. mais debates, tertúlias, exposições, contadores de histórias e uma feira do livro. Pode acompanhar todas as novidades no blogue ler.blogs.sapo.pt e no Facebook da LER. A Culturgest recebeu, a 12 de setembro último, a cerimónia de entrega da quinta edição dos Green Project Awards. Na cerimónia, que contou com a presença de Assunção Cristas, ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, foram distinguidos, uma vez mais, os projetos com as melhores práticas na promoção do desenvolvimento sustentável em Portugal. Descubra os projetos vencedores em www.greenprojectawards.pt e conheça, também, as melhores práticas de sustentabilidade na CGD em www.cgd.pt/Institucional/Sustentabilidade/Pages/Sustentabilidade.aspx. Cx a re v i s ta d a c a i xa Para brindar com bom vinho português, produzido de norte a sul, na sua noite de Natal. GREEN PROJECT AWARDS 8 IDEIAS A Lavradores de Feitoria – projeto no Douro que reúne 15 produtores, proprietários de 18 quintas – lançou duas novidades da marca Meruge: o branco de 2011 (100% português, feito a partir da casta Viosinho, ideal para acompanhar polvo ou bacalhau) e o tinto de 2009 (recentemente eleito como um dos melhores do ano no seu guia Vinhos de Portugal 2013). 3. A dupla de produtores Quinta do Pôpa e Luís Pato lança a colheita de 2008 do vinho criado a partir da combinação de duas castas autóctones da região do Douro e da Bairrada, respetivamente: Tinta Roriz e Baga, proveniente da vinha Pan. Este PaPo pode ser apreciado desde jovem ou ser guardado por muitos anos. Quer descobrir a obra de Siza Vieira? S H O R T O LO G Y A história como nunca a viu quando pensamos numa enciclopédia histórica, imaginamos um livro com imensas páginas, dividido em vários volumes. E se lhe dissermos que pode ficar a conhecer mais de 100 acontecimentos e figuras da História mundial em poucos segundos? A ideia é de Mateo Civaschi e Milesi Gianmarco, diretores criativos da agência H-57, que apostaram na pictografia para criar o Shortology, um livro em que cada página conta episódios como a vida dos dinossauros, a evolução dos jogos de vídeo, toda a série Lost, bem como a biografia de nomes como Michael Jackson, Maradona ou os Beatles. Fotos: D.R. JÁ CONHECE A APP CAIXADIRECTA? A Caixa associou-se ao lançamento do Windows 8 e lançou a aplicação Caixadirecta para tablet e PC, que lhe permite aceder, de forma simples e prática, ao serviço Caixadirecta on-line – o serviço de internet banking da CGD. Este é mais um testemunho da inovação dos produtos e serviços da Caixa, visando maior eficiência, acessibilidade e conforto dos seus Clientes. A App Caixadirecta permite aos Clientes da CGD efetuarem a maioria das operações bancárias, onde quer que estejam, em absoluta mobilidade. Além da componente transacional, a aplicação disponibiliza, também, outros serviços informativos, como as campanhas em destaque e a georreferenciação de Agências. Esta aplicação explora o leque de potencialidades do Windows 8, com a incorporação de opções de partilha e de busca, apresentando um desenho agradável e uma navegação muito intuitiva. Para fazer download desta aplicação, basta ter o novo sistema operativo Windows 8, aceder à Loja Windows e pesquisar por «CGD» ou «Caixa». Caixadirecta. O seu Banco sempre presente. CASA DE CHÁ DA BOA NOVA Leça da Palmeira Classificada como Monumento Nacional, há quem a aponte como a mais emblemática obra de Siza Vieira. Embora, infelizmente, fechada ao público, continua a ser um exemplo perfeito da integração da arquitetura no sítio, sendo quase cinematográfica a sua localização entre as rochas, debruçada sobre o mar. PISCINA DAS MARÉS Leça da Palmeira Localizadas na Marginal de Leça da Palmeira, este conjunto de piscinas de água salgada é mais um exemplo da integração da obra no espaço que a acolhe. Inaugurada em 1966 e mantendo-se atual, é uma obra que assenta nas formas criadas pela própria Natureza. PAVILHÃO DE PORTUGAL Lisboa É emblemática a enorme pala de betão que cobre a praça sob ela existente. Mais um grande exemplo de arquitetura, em grande destaque aquando da Expo’98. ADEGA MAYOR Campo Maior O minimalismo, perfeitamente enquadrado na planície alentejana, naquela que serve de base a um dos mais interessantes projetos de enoturismo nacionais. CASA DA ARQUITETURA Matosinhos Vai ser construída junto ao Porto de Leixões. Um edifício com uma área total de nove mil metros quadrados, que representará a mais recente intervenção nacional de Álvaro Siza Vieira, um dos mais premiados e aclamados arquitetos portugueses. O CAPACETE INVISÍVEL Anna Haupt e Terese Alstin são duas designers industriais suecas que procuram conquistar o mundo com uma proposta inovadora: um capacete invisível para ciclistas. Demoraram sete anos a desenvolver aquele que batizaram de «Hövding», um capacete que, na verdade, é um colarinho que contém um airbag, ativado por sensores e transformado (aí, sim) em capacete em caso de acidente. Dotado de uma bateria que demora seis horas a carregar, via USB, com autonomia até 18 horas, o Hövding tem, ainda, uma caixa negra que grava dados nos dez segundos antes ou durante o acidente. O colarinho é lavável e está disponível em várias cores, e há (mais) um pormenor curioso: a montagem final tem lugar nas instalações portuguesas da empresa sueca Alva. Aponte a câmara do telemóvel ou tablet para este código, recorrendo a uma aplicação de leitura de código 2D Cx a re v i s ta d a c a i xa 9 h histórias de sucesso JOAQUIM MENEZES RESILIENTE Um salto para o sonho Primeiro português a receber o prestigiado Prémio Pierre Nicolau, da CIRP, e inúmeras vezes galardoado pelo seu empreendedorismo, reconhece no trabalho e no exemplo a forte alavanca para o sucesso do Grupo Iberomoldes, um dos maiores grupos mundiais da indústria de moldes, sediado na Marinha Grande Por Helena Estevens Fotografia João Cupertino SERRALHEIRO AINDA adolescente, foi trabalhador-estudante e tornou-se empresário. O presidente do Grupo Iberomldes crê que é a esta sua formação gradual – que lhe permitiu uma aprendizagem feita principalmente de experiências – que deve a maturidade necessária para gerir, de uma forma harmónica, as pessoas que trabalham consigo, numa base de respeito mútuo pelas suas expectativas. Cx: Quando começou a trabalhar na Aníbal H. Abrantes, aos 15 anos, alguma vez pensou vir a ser distinguido com um prémio como o Pierre Nicolau 2011, da CIRP? Joaquim Menezes: Nós nunca esperamos essas coisas, acho eu. Mas o meu percurso – até pela natureza das minhas funções hoje em dia, que estão ligadas muito à área da engenharia, desenvolvimento e inovação da indústria – e, principalmente, o meu envolvimento em muitas das estâncias de desenvolvimento tecnológico a nível nacional e internacional permitem uma grande exposição. Senti-me muito honrado. Particularmente, porque os agraciados anteriores são pessoas que eu respeito muito, por serem empresários, a maioria de empresas que estão no mercado há muitos anos, de forma muito afirmada a nível dos produtos ou equipamentos que as suas empresas produzem e ajudaram a desenvolver. Cx: Mas a Iberomoldes também está no mercado já há uns anos… J. M.: Mas nós estamos em Portugal. Apesar de tudo, achamos que não somos notados da mesma forma do que as grandes empresas japonesas, alemãs ou inglesas agraciadas antes. Cx: O que representa um prémio como este? J. M.: Não sei, sinceramente, mas acho que dá alento aos outros engenheiros e às pessoas que objetivamente se interessam e se dedicam a este tema. Tenho ideia de que a minha carreira demonstra que, com empenhamento, 10 Cx a re v i s ta d a c a i xa SONHADOR acabamos por ser notados, mesmo em Portugal, onde tendemos a desvalorizar o que fazemos, que é muito bom. Cx: Qual o segredo do sucesso da Iberomoldes? J. M.: Esse mesmo trabalho e todas as pessoas no grupo sentirem que todos nos esforçamos e tentamos, também, dar o exemplo por cima. Sentirem que, com trabalho, conseguimos fazer as coisas. Há que ser otimista, acreditar em si próprio, ser resiliente e consistente. Cx: Como é que num universo tão competitivo se fidelizam clientes? J. M.: Eu diria que é pela qualidade daquilo que produzimos, pela seriedade com que os negócios são feitos e um acompanhamento sempre em cima do acontecimento. Independentemente de os clientes estarem a encomendar muito ou pouco, há que manter uma relação profissional, muitas vezes também de confiança e interajuda. Acredito muito no networking. Costuma dizer-se – e eu sigo muito os provérbios – que quem não «COM TRABALHO CONSEGUIMOS FAZER AS COISAS. HÁ QUE SER OTIMISTA, ACREDITAR EM SI, SER RESILIENTE E CONSISTENTE» EMPENHADO aparece esquece. Independentemente dos negócios que se façam, nós devemos aparecer. Cx: O que falta ao nosso empreendedorismo? J. M.: Creio que não se pode pôr o problema em termos de Portugal. Tem mais a ver com a nossa maneira de ser e, principalmente, acreditarmos em nós próprios. Temos a tendência horrível e perversa de dizermos mal de nós próprios. Devemos viajar, e viajar não é para ir só ver monumentos, é viver as culturas, viver com as pessoas. Felizmente, tenho esse privilégio há muitos anos; mas não é só um privilégio, é a minha maneira de estar. E cada vez mais me orgulho dos meus compatriotas. Criticamos muitas vezes o desenrascanço, mas, desde a Alemanha e o Brasil aos EUA e Canadá, onde me cruzo com trabalhadores portugueses, os seus empregadores são os LÍDER Print MUNDO SEM FRONTEIRAS Viver as culturas dos outros países é um privilégio a que devemos ambicionar. EMPREENDEDOR VISIONÁRIO primeiros a elogiar a forma como, em situações ditas não convencionais, se desenrascam. Têm iniciativa, voluntarismo em determinado tipo de situações, que fazem com que sejam notados. Cx: O que desencadeou a Open Business Angels? J. M.: Ao nível dos business angels, a minha participação tem sido reduzida. É mais no sentido em que acredito que nós (empresários que já fizeram o caminho das pedras), naquilo em que pudermos, devemos ajudar os outros. O meu conceito de business angel não passa apenas por lhes dar o dinheiro para eles irem para a frente com as ideias. Muitas vezes, é até aconselhá-los a não fazerem nada. O balanço é positivo. Começou a falar-se de incubação de uma forma mais estruturada, menos voluntarista. Facilitou a vida a quem queira criar empresas: estão à disposição mecanismos, até de financiamento, etc., que permitem, de forma mais estruturada, que os empresários lancem mão das suas próprias iniciativas e ideias. Cx: Portugal é um País para jovens? J. M.: É. E, pessoalmente, quero acreditar que sim, porque sou português. Não encaro a minha vida noutro país que não seja Portugal. Cx: Que sonho tem ainda por concretizar? J. M.: Sentir que não deixo problemas atrás. Todos os dias, o que me faz pensar são as 1400 famílias que dependem de mim. Tento, todos os dias, criar um sistema que permita, minimamente, que as pessoas que trabalham comigo sintam confiança. Crê firmemente na mobilidade, atitude que falta em Portugal, e, também, numa atitude de internacionalização, que todos temos, tendencialmente, no sangue, devendo mantê-la. Talvez por defender que viajar e trabalhar fora, conhecer outras culturas e viver essas mesmas culturas é cada vez mais fundamental no mundo global em que vivemos: «Tenho muita gente comigo que esteve a trabalhar lá fora e eu, todos os dias, reconheço que essas pessoas vêm com uma vivência e uma visão sobre o mundo muito mais adaptada à realidade em que vivemos hoje em dia do que aqueles que nunca saíram daqui.» Pessoas expostas a outras culturas, a outras maneiras de pensar e a outras formas de trabalhar aprendem ainda a estar no mundo, defende. Entre nós, há, ainda, muita dificuldade em nos deslocarmos 50 quilómetros para conhecer outras realidades. Não lamenta os tempos livres que não tem, mas, se tivesse mais, seria «para estar com os amigos, às vezes, até para estar sozinho. Eu viajo muito e, portanto, estou muito tempo sozinho, aparentemente sozinho, mas quando viajamos da forma como eu viajo acaba-se por não se estar sozinho, porque, em viagem, vou a pensar no que vou fazer. É um turbilhão de que não consigo arredar-me». Cx a re v i s ta d a c a i xa 11 t talento Print ANDRÉ ROCHA A criatividade como ingrediente essencial MADE IN PONTE DE LIMA Entre a suposta rigidez das regras arquitetónicas e a total liberdade de cidades ilustradas, um jovem arquiteto faz da persistência do traço um modo de vida e até já pensa num projeto que permita unir artistas e causas humanitárias Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia Anabela Trindade DE CERTA FORMA, André Rocha sabia que o seu futuro haveria de estar ligado à arte da criação. O desenho foi algo que acompanhou a sua infância e a formação de personalidade, ao ponto de ter memória de desenhar antes dos quatro anos. Rabiscos e folhas avulsas, uma delas dedicada ao tema «primavera» e enviada para o programa de José Jorge Duarte, quando ainda só havia a RTP para ver programas à tarde. Tinha oito anos e o prémio daí resultante apenas contribuiu para continuar a desenhar, enquanto lhe iam dizendo que, quando fosse grande, seria arquiteto. A ideia sedimentou, mas só no decorrer do curso de Arquitetura, na Universidade de Coimbra, viria a perceber o quanto o desenho é essencial como ferramenta de trabalho. «Antes disso, fascinava-me a possibilidade de ver o lado formal, aliado à funcionalidade, materializar-se. Porém, o curso de Arquitetura superou as minhas expectativas, por ser uma disciplina que congrega vários saberes, desde a história da arte, a psicologia, a engenharia, o desenho, entre outros». Em 2003/2004 decide criar um blog de desenho, intitulado A Persistência do Traço, onde foi explorando algum lado surrealista associado ao esboço urbano e à formação em arquitetura. «Nunca tive medo de experimentar exaustivamente, mesmo que possa estar a desviar-me de um bom percurso», afirma. E o que não faltam são experiências urbanas, se é que assim podemos intitular estas ilustrações que mostram cidades verticais e suspensas, onde se conjuga o universo de banda desenhada com pormenores de portugalidade. «Gosto de explorar a diferença de escalas e de trabalhar espaços compactos, para, depois, deixá-los respirar com grandes vazios circundantes e inóspitos. Tal como gosto de jogar com a gravidade, provocando um certo desconcerto a quem visualiza a ilustração. A verticalidade tem, sobretudo, 12 Cx a rev i s ta d a ca i xa a ver com Portugal e a notável destreza com que os portugueses construíram cidades em paisagens tão acidentadas que, aparentemente, nos soariam a uma impossibilidade. A maioria das grandes cidades mundiais são planas. Em Portugal, em especial cidades como o Porto, Coimbra e Lisboa, são cidades quase verticais, onde a criação de sistemas de transporte como o funicular ou os elevadores fazem todo o sentido», revela. E será esta a forma como André Rocha vê as cidades portuguesas? «As cidades portuguesas cresceram desenfreadamente ao longo de três décadas, sem conseguirmos criar uma doutrina disciplinar no que diz respeito ao urbanismo», responde. Uma das grandes diferenças será, ao contrário da geração dos seus pais, o facto de André assistir à vontade dos jovens em voltar aos centros das cidades. «Voltar ao centro histórico é o desejo de encontrar uma identidade. Quanto às periferias, prevejo muito trabalho para os arquitetos intervencionarem sobre as inúmeras pontas soltas que o recente urbanismo não soube prever de raiz.» Teoricamente, seriam motivos suficientes para não faltar encomenda de arquitetura, mas a realidade é outra, ao ponto de arquitetos conceituados ameaçarem fechar portas. Enquanto isso, jovens arquitetos e pequenos ateliers são distinguidos com vários prémios internacionais. «É um percurso vulgar, para qualquer arquiteto recém-formado, a adesão a concursos de arquitetura, como esperança de encontrar aí o primeiro passo André Rocha poderá ser o nome que se segue numa lista onde cabem o Atelier Viana Cabral, com as suas Dulcineias, e Madalena Martins, com as Marias de Portugal e o Bicho de Sete Cabeças. Em comum, dois pontos: a origem dos projetos, Ponte de Lima, e a vontade de recuperar a iconografia popular. André não segue a área do artesanato, mas, claramente, também dota o seu trabalho de portugalidade, contemporaneidade e criatividade. «É uma geração que procura resgatar e reinventar o que mais nos identifica como marca Portugal», afirma. «Num momento em que tanto se fala de perda de soberania e identidade, mais do que nunca, temos assistido à proliferação de ideias que exaltam a nossa memória. Acredito que o empreendedorismo será uma das palavras chave para vencer a crise, até porque, julgo, quem optar por ficar no seu próprio País terá de ser inovador e proativo. Algo para o qual as nossas universidades pouco ou nada nos prepararam.» para o estabelecimento do seu atelier. Eu próprio, com o meu colega António Ildefonso, chegámos a ser premiados, em Itália, no primeiro projeto que elaborámos»(o atelier pode ser visto em Ildefonsorocha.com)», analisa. «Devido à elevada quantidade de arquitetos que Portugal formou nos últimos anos, é preciso que nos consciencializemos que nem todos vão conseguir fazer arquitetura. Porém, o processo de fazer arquitetura, através da experimentação, é aplicável a outras áreas. Neste sentido, os arquitetos terão de ser bastante criativos nas saídas alternativas que a formação lhes poderá atribuir.» Cx a rev i s ta d a ca i xa 13 t talento Print M I G U E L C A S T R O E S I LV A Maestro de sabores IDEIAS E TÉCNICA Divide-se entre a música e a cozinha, onde dá asas à criatividade. Longe vai o tempo em que, se certezas tinha, era de que o futuro não passaria Não passa sem boa música ou um bom momento à mesa, acompanhado de bom vinho. por um restaurante. O destino encarregar-se-ia de lhe trocar as voltas Por Helena Estevens Fotografia Filipe Pombo A PAIXÃO PELA COMIDA vem-lhe da infância, no Porto. Em casa, recorda o chefe do restaurante Largo, em Lisboa, «comia-se bem». A mãe – alemã e boa cozinheira – habituou-o à comida tradicional portuguesa com alguma influência do norte e centro da Europa. Foi, também, em casa que adquiriu o gosto da mesa, a partilha com amigos, algo que viria a revelar-se útil quando foi estudar para fora, dividindo a casa: «Era eu que ficava encarregado da cozinha. Fazia o que gostava, e as pessoas ficavam contentes por lavarem a loiça», diz, sorrindo. Para fazer face aos gastos, coordenou os estudos de Biologia Marinha com uma passagem por um restaurante de Munique, onde todos os dias chegava peixe fresco. Mas, se hoje reconhece que aprendeu muito nessa fase, na altura, tinha bastante claro que, profissionalmente, a cozinha jamais seria uma opção. E, de facto, durante uns tempos não foi. Nem o curso, que trocou pela área têxtil, que lhe deu «oportunidade de viajar muito» e conhecer «muitos sítios». O bichinho, no entanto, ficou. «Gosto muito de cozinha. Antes de ser cozinheiro, ao fim do dia, ia para casa, punha uma música, bebia um copo de vinho; o meu relaxamento era ir para a cozinha neste ambiente. Antigamente, em minha casa, nunca se sabia quantas pessoas é que vinham para jantar.» «A cozinha é um pouco aquilo que não fiz na música, que é a parte criativa. Há várias cozinhas possíveis: uma cozinha inocente, mais terra a terra, digamos, de partilha e de convivência (como os Decastro), e uma cozinha sofisticada, um trabalho mais elaborado, com menus de degustação (como o Bull & Bear). Identifico-me com as duas.» Outra coisa de que gosta muito é explorar a sua cultura e recuperar sabores. Quando «arrancou» na cozinha, há cerca de 20 anos, a forma de cozinhar em Portugal era «um tradicional muito no mesmo registo» e, com alguns colegas, começou a explorar outras facetas da nossa cozinha, que considera ter «coisas fantásticas». Prova disso é o seu livro 14 Cx a re v i s ta d a c a i xa The Food and Cooking of Portugal, que apresenta «uma amplitude enorme de referências marcadas pelos diferentes ambientes: Trás-os-Montes, o Minho, as Beiras, o Alentejo, com realidades socioculturais e naturezas muito diferentes, um mais seco, mais parco, outro abundante, verde, o que influencia muito a gastronomia. Apesar de sermos um País pequeno, temos uma riqueza brutal e uma identidade gastronómica muito grande. Acho que há muito por fazer e já dei bastante no sentido de ajudar a recuperar alguns pratos». A COZINHA LIDA COM SABORES E AROMAS E COM A SUA CONJUGAÇÃO. OS VÁRIOS INGREDIENTES SÃO OS INSTRUMENTOS QUE DEVERÃO ESTAR EM SINTONIA Recuperar e divulgar. «Se falar em polenta, muitas pessoas já ouviram falar; se se falar em milhos, não. E é uma coisa que está tão enraizado na nossa cultura como na italiana. Temos um défice de divulgação lá fora.» As ideias surgem-lhe amiúde. «Já me aconteceu acordar a meio da noite com Começou a tocar piano, «um instrumento hipercompleto», aos seis anos, achando também interessante a guitarra e o trompete. E o violoncelo, pelo qual tem uma paixão especial, por «ser o instrumento que mais se assemelha à voz humana. Nunca toquei, mas acho um instrumento absolutamente fantástico». Infelizmente, não tem tido tempo para a música, tão importante na sua vida como a cozinha. O paralelismo é claro. «A cozinha é uma arte e uma ciência. Comparando com a música, um bom músico só se consegue expressar se tiver boa técnica; se não a tiver, pode ter ideias bonitas, mas não consegue concretizá-las.» uma coisa na cabeça e ter de me levantar e escrever aquilo. Surgem por leitura, um clique que se faz quando estou a ler alguma coisa, ou por engraçar com um ingrediente, com um sabor, e depois trabalhá-lo.» Outras vezes, nascem de desafios. Os caminhos são diversos; os resultados, deleitosos, mesmo que nem sempre fáceis. «Um dos pratos que me persegue é o bacalhau cozido a 80ºC com as migas; o outro é o robalo marinado, um prato de uma simplicidade extrema, mas que demorou anos – tive de evoluir dez anos para conseguir um prato daquela simplicidade», refere, frisando manter «uma certa paixão pela vertente científica», explorando técnicas de cozedura e afins, que lhe permitem resultados interessantes. Há, também, a componente arte, a sabedoria de fazer um quadro de sabores. E é de arte que se fala perante os seus pratos, que descreve como uma cozinha «aromaticamente rica, mas muito elegante e não pesada». Duas coisas não dispensa: peixe e tomilho. Cx a re v i s ta d a c a i xa 15 d design & arquitetura BOM SUCESSO Viver na arte Com a Natureza como um livro aberto, alguns dos mais destacados arquitetos portugueses, e não só, foram convidados a traçar a sua própria narrativa no guião do Bom Sucesso Architecture Resort Por Ana Rita Lúcio A HISTÓRIA conta-se de uma penada. Era uma vez um promotor que meteu na cabeça a ideia de fazer erguer um resort onde a hotelaria e a cultura fizessem casa, tendo por vizinhança uma das mais históricas vilas portuguesas e por morada 156 hectares de Natureza no seu estado mais puro. Para empurrar o plano para fora do papel e dar-lhe um traço distinto de tudo o que já foi feito em Portugal e por esse mundo fora, resolveu colocá-lo nas mãos de uma eminente seleção nacional e internacional de 23 arquitetos. Cada um por si, e todos pelo projeto, unidos em prol de um propósito comum: fazer do Bom Sucesso um sucesso de arquitetura, com um novo conceito de turismo. Chamadas a imprimir o seu cunho nas moradias que compõem o Bom Sucesso Architecture Resort, em Óbidos, duas gerações de arquitetos portugueses, com dois Prémios 16 Pritzker à cabeça (Eduardo Souto Moura e Álvaro Siza Vieira), seguidos por nomes como Manuel Aires Mateus, Carrilho da Graça, Gonçalo Byrne, Madalena Cardoso de Menezes, Francisco Teixeira ou Nuno Graça Moura. À nata da arquitetura lusa juntaram-se, mais tarde, o inglês David Chipperfield e o espanhol Josep Llinás. A todos, foi lançado o repto de seguir à risca o guião que lhes fora proposto, sem prescindir da liberdade criativa individual. Um guião esboçado com a «consultoria» de Eduardo Souto Moura, a quem, de resto, foi delegada a missão de projetar o hotel de cinco estrelas Hilton Bom Sucesso, cuja inauguração está prevista para 2013. O desafio era quase literalmente construir edifícios em que se cruzassem as veias funcional e poética. «Imagine que se pedia a uma série de escritores que, com um determinado número de palavras, construíssem uma narrativa», exemplifica Francisco Teixeira Bastos, que, com Madalena Cardoso de Menezes, completa a dupla criativa a quem coube projetar cerca de 70 moradias. Nesse vocabulário predefinido, para garantir a coerência global do projeto, estavam as coberturas vegetais, os vãos de grandes dimensões, as paredes lisas, a ausência de muros, os acabamentos em reboco de cal ou os pigmentos naturais responsáveis pela criação de núcleos cromáticos de casas brancas, verde-água e óxido de ferro. «A partir desse vocabulário, cada equipa construía a sua narrativa, a sua poesia para cada arquitetura», remata Teixeira Bastos. A Natureza em casa E se é de poesia que se trata, poderíamos suspeitar que, pela depuração das linhas contemporâneas, o génio dos «artistas» convidados se traduziu numa composição em jeito de haikus arquitetónicos. Pela concisão, sem prescindir do refinamento, às 601 Design Villas (unidades em banda ou isoladas) serve-lhes a metáfora com a tradicional forma poética japonesa, também por recusarem os excessos. Resolvida a necessidade de assegurar a identidade diferenciadora do projeto com a aposta forte na arquitetura contemporânea, era preciso, segundo Maria do Carmo Moreira, diretora de comunicação da Acordo – a sociedade promotora do empreendimento projeto Com arranque da atividade turística em 2009, o Bom Sucesso tem várias tipologias para férias ou fins de semana, existindo, ainda, outros lotes em fase de desenvolvimento Cx a re v i s ta d a c a i xa buracos, imiscuído na malha das casas, e não à parte delas, como é habitual. «Nós queríamos que funcionasse como um prolongamento e que não houvesse um corte. A nossa ambição é que, um dia, no Google Earth, se veja o Bom Sucesso como uma mancha verde», adianta a porta-voz da Acordo. A SOBRIEDADE CONTEMPORÂNEA DO DESIGN É COMPENSADA PELA PAISAGEM –, dar voz à intromissão da Natureza. Para contrabalançar a sobriedade do design, havia que conciliá-la com o mais opulento enquadramento paisagístico, aproveitando os declives do terreno, a vista para a Lagoa de Óbidos e a riqueza da vegetação, denunciada pelas mais de 15 mil árvores (de entre as quais duas mil oliveiras, algumas delas milenares). Além de se privilegiarem os jardins exteriores, o sublinhar do Bom Sucesso com o tom do ambiente foi também conseguido com a singularidade do campo de golfe de 18 A cultura ali tão perto Num espaço onde as edificações transpiram arte por todos os poros, faltava, apenas, abrir uma porta para o elemento cultural entrar. Beneficiando da proximidade com Lisboa e toda a zona centro, a Região Oeste, como salienta Maria do Carmo Moreira, «tem, também, uma oferta cultural e um património histórico e artístico» à medida dos habitantes ou visitantes do Bom Sucesso. Não poderia ser de outro modo nesta unidade turística, onde se prevê a construção de um museu e de um centro de design numa das suas extensões, bem como de um anfiteatro ao ar livre para a realização de eventos e espetáculos. O remate perfeito para um enredo que começou, em 2004, com a apresentação do projeto feita numa exposição de arquitetura no Centro Cultural de Belém. Desde 2009 a receber turistas e proprietários, aguardam-se, agora, as cenas dos próximos capítulos. O Bom Sucesso Architecture Resort oferece aos titulares de cartões CGD 10% de desconto em alojamento. Saiba quais os cartões em www.vantagenscaixa.pt. Print PASSOS PARA O (BOM) SUCESSO Ao completar oito anos de vida, o projeto do Bom Sucesso entra, agora, na última fase de desenvolvimento. Nascido da ambição de um promotor, em 2004, inicialmente, o projeto esbarrou na desconfiança de quem julgava impossível reunir, num mesmo espaço, o que a arquitetura portuguesa tem de melhor. Mas o Bom Sucesso não demorou até passar à realidade. Depois das primeiras edificações e da inauguração do campo de golfe, em 2008, o ano seguinte marcou o arranque da atividade turística no empreendimento situado nas imediações de Óbidos. O núcleo de arquitetos, que começou com 13 nomes, depressa passou para 23 e, em breve, acolherá cerca de 40. Descubra este resort em www.bomsucesso.net. Cx a re v i s ta d a c a i xa 17 d design & arquitetura Print RUTZ Raiz calçada Com Portugal no coração, a marca de calçado feminino que dá, ainda, os primeiros passos cruza passado e futuro no mesmo caminho e mostra que a cortiça tem (novos) pés para andar Por Ana Rita Lúcio Fotografia Gualter Fatia EM TEMPOS de austeridade, não falta quem ande de pé atrás. Marcar passo e pôr freio ao sonho não estava, porém, nos planos de Raquel Castro e Hugo Baptista. Pé ante pé, puseram em marcha um projeto que junta tradição e inovação na mesma base. E daí até ao negócio começar a correr, foi um salto. Primeiro, foi preciso fazer o conceito arrancar, porque a vontade de partir para uma empresa com cunho próprio já vinha de longe. No ponto de partida estava a pátria que lhes serviu de força motriz. «Queríamos ter um produto exclusiva e intrinsecamente português, que nos permitisse dar a conhecer a história tão rica deste País, tanto dentro como fora de portas», sublinham. Desfraldada a bandeira da «portugalidade», bastou ao casal de empreendedores ir no encalço do que é nacional… e bom. À prateleira das ideias foram, então, buscar a paixão pelos sapatos, trilhando um caminho de reconhecimento já desbravado, ou não fosse o calçado português «um setor em crescimento e com grande reputação internacional». Finalmente, para levar um pouco mais adiante a alma lusa, coroaram a marca com um dos mais nobres materiais produzidos para cá da fronteira e empurraram-no para o século XXI. Afinal, quem diria que a cortiça também foi feita para andar? O campo saiu à rua Mesmo sem saberem ainda com que linhas coser o projeto, os protagonistas desta história arriscaram seguir em frente. Algures em agosto de 2011, os dois jovens lançavam, assim, a semente do negócio. Depressa ele ganhou raízes – as mesmas que arraigaram na criação da Rutz. Na encruzilhada onde 18 Cx a re v i s ta d a c a i xa confluem o passado e o futuro, o nome colhe o significado do termo inglês «roots» para dar conta do «orgulho nas raízes tradicionais portuguesas». Ao mesmo tempo, deixa em aberto a possibilidade de enveredar por novas rotas (routes, em inglês) de modernização do produto. «Não deixamos de ter as nossas raízes, mas temos um futuro e queremos continuar a reinventá-lo», remata Hugo. Com os pés bem assentes na terra – que dá a história e a cortiça –, a Rutz faz também questão de não chutar a preocupação com a natureza para canto: os materiais utilizados são respeitadores do ambiente e sustentáveis. Desengane-se, porém, quem julgar que estes sapatos – feitos integralmente à base de cortiça colorida e bordada – foram desenhados a pensar na vida do campo. LEVA ESTA CARTA AO MEU «NAMURADO» A primeira coleção de sapatos Rutz é inspirada na tradição dos Lenços dos Namorados. Mesmo escrevendo «curação» ou «namurado» com «u» e «buar» em vez de «voar», os erros ortográficos «não são motivo de vergonha» para os criativos desta marca. Muito menos os corações ou as flores bordadas. Se os sapatos Rutz fizerem corar, só se for pelo amor que neles se conta. Depois de terem viajado até ao Minho para «assentar» os motivos da Love Letters Collection (a primeira coleção para ambas as estações) sobre a antiga arte dos lenços dos namorados, Hugo e Raquel querem que as próximas coleções continuem como livros abertos para a tradição nacional. «Os nossos sapatos têm histórias para contar e é isso que apaixona as pessoas». Embora a inspiração possa ser rural, este é, essencialmente, um calçado feminino «urbano, sexy, ligado às tendências, disruptivo e sofisticado», apontam os seus criadores. Sem fechar a porta ao calçado masculino, mesmo que não para já, «para não dar passos maiores do que as pernas». No rumo da insígnia que, apesar da tenra idade, já está à venda em mais de 30 lojas – só em território nacional – e quer afirmar-se nos corredores da moda, onde não falta «muita competição», há, ainda, espaço para uma terceira via: a da inovação. Porque não querem perder a cortiça de vista, os responsáveis pela marca procuram «manter contacto permanente com a comunidade académica» e com outros players do setor da transformação da cortiça, sempre em busca «de novos desenvolvimentos no potencial de aplicação», garante Raquel. criativos Raquel Castro e Hugo Baptista seguem a par e passo o crescimento da Rutz Do pé para… o mundo Antes da Rutz entrar em velocidade de cruzeiro – depois do início efetivo da empresa, em janeiro deste ano, e da apresentação da primeira coleção, em março –, teve, no entanto, de palmilhar por várias unidades industriais até encontrar aquela que lhe deu chão para crescer. O design «e as ideias malucas», dizem, nascem nas cabeças de Raquel e de Hugo, mas cabe a uma fábrica de São João da Madeira dar vida aos sapatos. E chamar os criativos à terra, quando é caso disso. «Desenhamos o sapato, tal como queremos que ele seja, e esperamos que o modelador da fábrica nos diga se é A RUTZ ESTÁ À VENDA EM MAIS DE 30 LOJAS EM PORTUGAL E JÁ CHEGOU A HANNOVER possível. Nem sempre é…», admitem os sócios, num sorriso cúmplice. A primeira «fornada» de 500 pares – inicialmente sem encomendas no horizonte e contra todas as expectativas – revelou-se pequena para encher as medidas aos pedidos que começaram a chegar de todos os cantos do mundo, via loja on-line e facebook. «Tínhamos previsto a internacionalização a dois ou três anos. Aconteceu em meses», explicam. Estados Unidos, China e Rússia poderão ser as próximas paragens, numa lista de contactos potenciais que inclui Canadá, Luxemburgo, norte da Europa e culmina numa pequena loja de produtos de cortiça, em Hannover, a primeira a vender a marca Rutz lá fora. Propriedade de uma portuguesa radicada na Alemanha, como não poderia deixar de ser. Afinal, Portugal está nas raízes. E nos frutos que a marca dá, também. Conheça o Cartão Design da Caixa, nas versões pré-pago e de crédito (1), exclusivo para estudantes e profissionais do design. Ao utilizar este cartão de crédito, contribui para a sua poupança, através da devolução de até 1% do valor efetuado em compras, a partir de um montante de 100 euros, com o limite máximo de 50 euros mensais. Saiba todas as condições em www.cgd.pt. (1) TAEG de 25,5%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 22,50%. Cx a re v i s ta d a c a i xa 19 design & arquitetura TRIENAL DE ARQUITECTURA Print Mais perto de todos MAIS TRIENAL Até dezembro de 2013, sob o mote «Close, Closer», a Trienal de Arquitectura irá dar a conhecer ao público a disciplina e o seu potencial, numa perspetiva de maior proximidade Por Pedro Guilherme Lopes O MOTE HAVIA sido dado por José Mateus, presidente da Trienal de Arquitectura de Lisboa, ao sublinhar a necessidade de, com meios muito mais escassos do que os inicialmente previstos, fazer um evento conceptualmente notável, capaz de fugir aos habituais clichés e de colocar questões filosóficas essenciais, tanto na forma como é concebido o programa como na experiência que o mesmo propõe. Neste cenário de crise, ao qual a arquitetura não escapa e onde se tornam fundamentais apoios como o da Caixa Geral de Depósitos, coube a Beatrice Galilee a tarefa de, como curadora, delinear o programa da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2013. Numa apresentação agendada para a sede do evento, um edifício que se revela um ótimo exemplo do que a arquitetura pode fazer pelas cidades, Beatrice explicou que «o que Close, Closer vem propor é um entendimento da arquitetura enquanto prática espacial de reação, mais concretamente ao clima económico e político, às inquietações sociais e ao défice cívico que vivemos». Mais do que tijolo e cimento O objetivo passa por apresentar a arquitetura como sendo capaz de articular múltiplas perspetivas na construção dos espaços públicos urbanos, onde se definem identidade, memória coletiva e orientações de futuro. Um contexto de proximidade e acessibilidade, que apresentará quatro projetos de curadoria: Futuro Perfeito, A Realidade e Outras Ficções, Fórum Novos Públicos e Efeito Instituto. Futuro Perfeito, mais do que uma exposição, será um laboratório onde equipas com competências que permitem misturar as disciplinas de projeto e alta tecnologia imaginam a cidade do amanhã, partindo de 20 Cx a re v i s ta d a c a i xa o que aí vem A apresentação contou com a presença (na mesa, da esquerda para a direita) de Graça Fonseca (vereadora da CM de Lisboa), José Mateus (presidente da Trienal) e dos curadores Beatrice Galilee, Liam Young, Mariana Pestana e José Esparza um olhar crítico sobre aquelas que habitamos. No Palácio dos Carvalhos, terá lugar A Realidade e Outras Ficções, uma exposição constituída por instalações à escala 1:1, totalmente funcionais. Um lugar situado entre a realidade e a ficção, onde todas as intervenções são funcionais e convidam o visitante a jantar, pernoitar, requerer um visto, no fundo, a fundir-se com a exposição. Será uma exposição de arquitetura hiper-real. O Fórum Novos Públicos apresentará, ao longo de três meses, um programa de workshops, de debates, de intervenções e de performances, realizado em espaços públicos da cidade e aberto à participação. Finalmente, e como reconhecimento do papel determinante de revistas, galerias, bibliotecas e museus no delinear da paisagem arquitetónica contemporânea, Efeito Instituto convidará várias instituições a desenharem uma curadoria rotativa no MUDE – Museu do Design e da Moda. Motivos mais do que suficientes para podermos afirmar que, até dezembro de 2013, Lisboa rimará com arquitetura. Outras iniciativas a ter em conta. Em resposta direta ao impacto social derivado da recessão e ao défice cívico e cultural criado pela crise na Europa, a 3.a edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa lançou o Programa de Bolsas Crisis Buster. Com valores que medeiam entre os 500 e os 2500 euros, estas bolsas serão atribuídas a ideias anti-crise de índole cívica para Lisboa e que reflitam um espírito social e empreendedor. Igualmente em marcha está já o concurso Prémio Universidades Trienal, destinado a intervenções na nova morada da Trienal de Arquitectura, o Palácio Sinel de Cordes. Foi, também, lançado um convite à apresentação de propostas e projetos com financiamento independente, passando os projetos selecionados a integrar a programação oficial da Trienal. E, pela primeira vez, a Trienal atribuirá um prémio (Prémio Début Trienal de Lisboa) a um jovem arquiteto ou a um estúdio. Qualquer atelier cuja média de idades seja inferior a 35 anos pode candidatar-se. Fotos: João Cupertino (conferência de imprensa); D.R. (equipa) d a automóveis CLASSE A Classe de 2012 A Mercedes-Benz atualizou o Classe A. Na verdade, tudo mudou, permitindo, agora, à marca um ombro a ombro na categoria com os seus principais rivais germânicos Por Luís Inácio NUNCA TERÁ SIDO muito consensual a forma do Classe A. Pensado como um monovolume, a estética pouco tinha de desportivo, desviando-se até das linhas que eram familiares à Mercedes-Benz. Por isto (e por muitas outras razões), eram grandes as expectativas em torno do novo modelo, que, pode dizer-se, é uma verdadeira revolução. O design do novo Classe A projeta-o, de imediato, para um terreno emocional completamente diferente do modelo a que sucede, muito mais próximo dos seus concorrentes germânicos. Com uma linha muito atraente, dinâmica, cheia de músculo, o novo Mercedes-Benz conquista-nos pelo visual muito antes de acedermos ao interior. Apesar de se tratar do modelo que dá acesso ao mundo Mercedes-Benz (e conduzimos mesmo a versão mais acessível, A 180 CDI BlueEFFICIENCY, equipada com o bloco 1.5 turbodiesel com 109 cv), a montagem e a qualidade dos materiais não desiludem. O volante encontra-se no sítio certo, o espaço surpreende e a existência de diversos LED que iluminam o interior ajudam a transmitir aos ocupantes uma sensação muito confortável. Muito se tem falado do propulsor desta versão de entrada na gama. Trata-se, na verdade, de um dCi de origem Renault (o mesmo que equipa o Mégane, por exemplo) e é esse o motivo de tanto falatório. É, por isso, indispensável dedicar algumas linhas a esse capítulo. O que dizer, portanto, sobre o comportamento, neste Mercedes-Benz, de um motor com provas dadas? Simples. Trata-se de um bloco que, ao nível das emissões de CO2, atira este Mercedes para valores «verdes», entre as 105 e as 98 g/km; que, ao nível da economia, consegue registar uma média de 4,8 litros aos 100 km (foi esse o valor verificado no final do nosso ensaio, percorridos mais de mil quilómetros); e que não desaponta no que diz respeito ao dinamismo, com um binário de 260 Nm entre as 1750 rpm e as 2500 rpm. Ponto final na «polémica». Em suma, este é um novo Classe A sem qualquer comparação possível com o modelo anterior. O novo Mercedes-Benz vai, finalmente, conseguir reclamar um lugar de topo entre os compactos na sua classe. Com um preço de acesso «canhão» de 27 900 euros, vai, certamente, dar muito que falar. E trazer um rol de preocupações aos líderes BMW Série 1 e Audi A3. CARTÃO CAIXADRIVE O cartão Caixadrive(1) oferece-lhe descontos nas estações de serviço da Repsol em Portugal. Beneficie de descontos de 3%, no máximo de 20 euros mensais, em todas as compras e abastecimentos efetuados com o seu cartão Caixadrive nestas estações de serviço em Portugal. Sempre que realizar compras com o cartão Caixadrive fora das mesmas, num valor total superior a 250 euros, beneficie de mais 3% de reembolso suplementar, num máximo de 3 euros mensais, para que as suas compras e abastecimentos tenham ainda mais desconto. Todas as compras efetuadas nas estações de serviço da Repsol em Portugal beneficiam, ainda, da isenção da comissão de abastecimento de combustível. Reforçando o conceito de mobilidade associado a este cartão, os titulares do Caixadrive beneficiam, também, de um pacote de seguros, especialmente dirigido para quem viaja com frequência, e de vantagens e benefícios dos parceiros da Caixa associados a este cartão de crédito. (1) TAEG de 24,7%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 22,50%. Cx a re v i s ta d a c a i xa 21 c culto PENTAX K-01 Imagens de culto Desenhada por Marc Newson para a Pentax, a compacta K-01 tem um encantador estilo retro. Está equipada com um sensor CMOS APS-C de 16,28 MP e uma baioneta K, que permite montar praticamente todas as lentes SLR da marca; em paralelo, o designer criou também uma nova gama de objetivas XS. Venceu um dos prémios atribuídos pelo Red Dot Design Award, na categoria de Product Design. MODEL M NORM 69 Em cima da coluna Visionário Da Geneva, um sistema de som compacto com dock para iPod e iPhone, que é, também, um rádio com seis memórias. O Model M tem dois altifalantes utilizando tecnologia patenteada para proporcionar um som estéreo real. Abandonado num sótão, o desenho, de 1969, assinado por Simon Karkov para este candeeiro foi recuperado pela Normann Copenhagen, em 2001. Inspirado pela Natureza, mantém-se como uma das peças mais icónicas da marca dinamarquesa. Os titulares de cartões CGD têm 15% de desconto, até 31 de janeiro, em www.loja.inexistencia. com, apresentando o código «945613910». Não acumulável com outras promoções. POD Pod sentar-se aqui O estúdio de Benjamim Hurton criou para a holandesa De Vorm uma original cadeira, destinada a escritórios e a espaços privados. O formato permite ao utilizador sentar-se com todo o conforto e, simultaneamente, desfrutar de um espaço íntimo, num convite a evadir-se do mundo que o rodeia. BOSS NUIT POUR FEMME Com um vestido preto Depois de ter lançado, em 1998, uma fragrância masculina inspirada pela noite (Boss Bottled Night), a Boss propõe agora, para ela, um complemento ao clássico vestido preto. O novo Nuit pour Femme convida a saídas noturnas de braço dado, com notas de pêssego branco, com um acorde aldeídico, jasmim, flores brancas, violeta, musgo, madeiras quentes e sândalo. VINTAGE WW1 CHRONOGRAPHE MONOPOUSSOIR Cronometrar à antiga O primeiro cronógrafo de pulso foi o ponto de partida para a conceção de um Bell & Ross que presta homenagem à aviação militar, reinterpretando o estilo dos anos 20 num modelo com um pulsador único. Disponível na Anselmo 1910, com 10% de desconto para titulares de cartões CGD. Saiba quais em www.vantagenscaixa.pt. Usufrua das vantagens que o cartão de crédito Caixa Gold (1) proporciona. Além de poder aderir à função de arredondamento e poupar sempre que o utiliza em compras, este cartão tem associado um programa de pontos para obtenção de descontos nas agências de viagens da Tagus, benefícios em vários parceiros e um completo pacote de seguros. Saiba mais em www.cgd.pt. (1) TAEG de 27,50%, para um montante de 2500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,00%. 22 Cx a rev i s ta d a ca i xa soluções as realidades históricas, culturais e sociais da região. Fuja à rotina através de um cruzeiro no Douro, na ria de Aveiro ou no Alqueva ou de uma simples escapadela para descansar. Os Clientes da Caixa têm descontos de quatro a dez por cento em cruzeiros e em pacotes turísticos. Saiba quais os cartões que dão acesso a estes benefícios em www.vantagenscaixa.pt. O DOURO COMO NUNCA O VIU A Cenários d’Ouro foi a primeira empresa criada com o objetivo específico de dinamizar a Região do Douro e Trás-os-Montes. Tendo como base alguns dos mais belos cenários de Portugal e do mundo, selecionaram-se hotéis, restaurantes e animações, de forma a criar produtos que dão a possibilidade de conhecer e ter um contacto direto com OLÁ 2013! Para dar as boas-vindas ao novo ano, a Caixa Geral de Depósitos e a Tagus selecionaram algumas propostas para si. Com base em unidades hoteleiras de topo, estas sugestões – onde nem falta uma escapadela de quatro noites à Madeira ou três noites num barco-hotel de luxo – prometem fazê-lo entrar em grande estilo em 2013. Pode optar entre duas noites no Yellow Montegordo 4* (€ 247), no Holiday Inn Algarve 4* (€ 227), no D. Pedro Golf 4* (€ 200), no Eurosol Seia Camelo 3* (€ 169), no Melia Braga 5* (€ 371), no D. Pedro Palace 5* (€ 352), no M’ar de Ar Muralhas 4* (€ 266) ou no Hotel dos Carqueijais 4* (€ 337). Se duas noites souberem a pouco, pode, ainda, escolher três noites no Barco Douro Spirit 5* (€ 494) ou no H2Otel 5* (€ 579) ou mesmo quatro noites no CS Madeira 4*, por 926 euros, incluindo avião e gala de fim de ano. Os preços são válidos para Clientes CGD, por pessoa, em quarto duplo, e sujeitos a confirmação e disponibilidade. As ofertas são válidas para reservas com o mínimo de 15 dias de antecedência (até 12 dezembro 2012). Saiba quais os cartões que dão acesso a estes benefícios em www.vantagenscaixa.pt. s CAD Projetos personalizados e sustentáveis A Companhia de Arquitectura e Design não esquece o respeito pelo ambiente A arquitetura e o design são duas disciplinas de inegável interesse, ganhando redobrado impacto quando se juntam. Esse é, precisamente, o objetivo da Companhia de Arquitectura e Design (CAD): elaborar projetos para obras novas ou remodelações, sendo o processo desenvolvido desde a fase de licenciamento até ao acompanhamento da obra, para que as preocupações do cliente sejam reduzidas ao máximo. Além disto, a CAD assume o respeito e as preocupações com o ambiente, procurando soluções inovadoras e sustentáveis que permitam formas equilibradas de habitar cada local. Se está a precisar de remodelar a sua casa ou construir uma de raiz, saiba que a parceria entre a CAD e o LardoceLar permite aos Clientes CGD usufruírem de vantagens na aquisição de serviços. Saiba tudo em www.lardocelar.com/servicos/cad. CUIDE DOS SEUS OLHOS Como qualquer outra parte do corpo, os nossos olhos precisam de ser devidamente examinados e acompanhados por médicos ou especialistas. A Ergovisão pretende, precisamente, aliar as consultas e os exames especiais à moda, qualidade e simpatia no atendimento. Um conceito multifuncional de serviços, que disponibiliza aos seus clientes um serviço clínico especializado, com consultas de Oftalmologia, Optometria, Contactologia e Terapia Visual, realizando, igualmente, exames complementares de diagnóstico, como tomografia (OCT), topografia corneana computorizada, queratometria computorizada, campos visuais ou retinografia. A isto junta-se a comercialização de produtos óticos, como armações, óculos de sol, lentes oftálmicas, lentes de contacto, entre outros, sempre com condições exclusivas para Clientes da Caixa. Saiba quais os cartões que dão acesso a estes benefícios em www.vantagenscaixa.pt. Cx a rev i s ta d a ca i xa 23 g gourmet FINA FLOR À MESA A tradição que quer bem e sabe ainda melhor. Vantagem emocional Quando estamos ali e vivemos aquele momento, indo ao encontro do que um dos mais recatados e sofisticados refúgios hoteleiros do sul do País, o melhor talvez seja pôr a razão de lado e deixar a emoção fluir. Lá, onde os espaços parecem vestir-se de gala para não destoar perante a planície algarvia e a imponência clássica da arquitetura, o difícil é não nos deixarmos mover pela rajada de sensações com que somos brindados. Não se estranha, por isso, que, no último piso do Tivoli Victoria, mergulhando sobre a ondulação dos campos de golfe a correr para o mar, em pano de fundo, se tenha chamado Emo ao apurado restaurante que ali se esconde. Porventura, em jeito de aviso face à torrente de emoções que se despertam. Primeiro, é o olhar que se rende, seduzido pela decoração ousada, onde o tom negro predominante não se deixa ensombrar pelo fulgor dos pormenores em prata ou marfim, dos painéis de azulejos de chacota manual metalizados em folha de ouro a revestir os pilares, ou pela reinterpretação da tradicional filigrana que sobe paredes e tetos. Finalmente, é o paladar que se comove com a verdadeira aventura gastronómica, na qual entramos pela mão do chef Bruno Rocha. Se a razão garante que o que nos vai deliciar são pratos que vogam ao sabor da riqueza dos produtos que a terra dá e das estações – há uma carta de verão e outra de inverno –, está lá, também, o exotismo das influências chegadas de todos os cantos do mundo para nos surpreender e emocionar. A. R. L. EMO Morada Tivoli Victoria, Avenida dos Descobrimentos, 0, Vilamoura Telefone 289 317 000 Horário Das 19 às 22 horas. Encerra à segunda-feira. Preço médio € 55 Não se sabe se Amália Rodrigues, alguma vez, terá dado de beber e comer às cordas vocais naquela que é uma das mais carismáticas casas de pasto da cidade dos arcebispos. Mas atrevemo-nos a afirmar que, se chamou mentiroso ao malmequer, é porque a diva do fado nunca terá provado a verdade do Mal-me-quer bracarense. Afinal, ali, o sabor não engana. A semente do restaurante que se tem vindo a plantar na memória gustativa de sucessivas gerações de comensais foi lançada, nos idos de 1953, por Joaquina Gomes, mas a linhagem familiar mostra que a raiz minhota continua a ser o ingrediente principal de uma receita de sucesso, cozinhada pelo chef José Gomes. Folheada a lista de iguarias, é impossível resistir ao bacalhau à moda da casa, que já colheu os frutos das boas críticas, às papas de sarrabulho, aos rojões à minhota ou ao polvo grelhado. Palavra. Bem-me-quer Morada Campo das Hortas, 5-6, Braga Telefone 253 262 095 Horário Das 12 às 15 horas. Das 19 às 22 horas. Encerra às quintas-feiras Preço médio € 15 24 Cx a rev i s ta d a ca i xa Fotos: D.R. EMO p prazeres PAPA FIGOS 2010 Boa companhia para a mesa de inverno. Aroma no ar a delícia de... O cheiro a bolachas acabadas de fazer tem açúcar caramelizado, manteiga morna, nozes tostadas, chocolate e especiarias. Quente, como um sol dourado de outono, através do vidro da cozinha Leonor de Sousa Bastos BO L AC H AS D E CA N E L A , AV E L Ã E C H O C O L AT E Doce novembro PARA CERCA DE 90 UNIDADES > 100 g de manteiga amolecida > 120 g de açúcar amarelo > 170 g de farinha de trigo T55 > 1/4 colher de chá de sal fino > 1 colher de chá de canela moída > 100 g de avelãs tostadas > 100 g de chocolate de culinária 52% > 1 ovo Picar grosseiramente as avelãs e o chocolate. Bater a manteiga com o açúcar até que esteja cremosa. Adicionar a farinha peneirada com o sal e a canela e bater até obter uma mistura homogénea. Adicionar o ovo e bater apenas até ligar todos os ingredientes. Juntar a avelã e o chocolate e misturar bem. Formar rolos com a massa, com cerca de três centímetros de diâmetro, e embrulhar em película aderente. Refrigerar a massa durante cerca de uma hora ou até que esteja firme. Pré-aquecer o forno a 200ºC. Preparar um tabuleiro de forno com uma folha de papel vegetal. Retirar os rolos de massa do frigorífico e cortar em fatias com cerca de um centímetro de espessura. Colocar as bolachas no tabuleiro espaçadas entre si cerca de um centímetro. Cozer durante cerca de quatro a cinco minutos ou até que estejam ligeiramente douradas. Retirar do forno e deixar arrefecer sobre uma grade de pastelaria. Nota: Gosto particularmente da combinação do chocolate com a avelã, ligeiramente tostada, porque o seu sabor se torna mais intenso e a sua crocância mais evidente. Apesar de tudo, e se o chocolate se presta a múltiplas combinações, é certo que estas bolachas ficam bem com qualquer fruto seco. No nariz, é rico de fruta madura, com notas de esteva, cacau e alguma madeira. De cor vermelha concentrada, este tinto duriense da Casa Ferreira apresenta-se, na boca, redondo e volumoso, com taninos bem integrados e final longo, com notas de frutos vermelhos maduros. É uma boa companhia para qualquer refeição de carnes vermelhas, assados no forno ou fondue. Segundo Luís Sottomayor, enólogo da Ferreirinha, a tecnologia utilizada na produção foi orientada para proporcionar um consumo jovem, embora possa beneficiar de um estágio em garrafa de dois a três anos, mantendo intactas as suas melhores qualidades até aos seis anos. Este tinto de 2010 foi produzido com uvas das castas do Douro Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca, na Quinta da Leda, e lavradores selecionados pela Casa Ferreirinha na sub-região do Douro Superior. José Miguel Dentinho Este tinto duriense apresenta-se redondo e volumoso, com taninos bem integrados e final longo Cx a re v i s ta d a c a i xa 25 e 26 entrevista Cx a re v i s ta d a c a i xa Á LV A R O S I Z A V I E I R A Todos os projetos são um desafio Move-o a paixão pela arquitetura, a alegria de viver e o convívio com os amigos. E espera que o período mais conturbado que agora atravessamos se traduza numa evolução do papel do arquiteto, até porque já os há muito bons, no nosso País, afirma Siza Vieira. A começar por ele, acrescentamos nós Por Helena Estevens Fotografia Bruno Barbosa Cx: Há alguma política de arquitetura em Portugal? Álvaro Siza Vieira: Não há uma política em relação à economia, como pensar nisso em relação à arquitetura? O panorama na arquitetura é que há muito pouca obra e, havendo muito pouca obra, há muito poucos projetos; é tão simples como isso. Cx: O tempo da construção acabou? Á. S. V.: Acabar, não acredito. Espero que não seja esse o caso. Nunca acabou na história a construção. Há evolução, portanto, há necessidade de transformações. Interpreto o que se passa mais como um período de crise, embora se preveja demorado e possa ter efeitos em relação a eventuais excessos na forma de encarar a arquitetura, nas obras de fachada, deficiente estabelecimento de prioridades, uma certa contenção nos custos, portanto, também da própria expressão arquitetónica. Cx: José Mateus, presidente da Trienal de Arquitetura de Lisboa, afirmou que é preciso salvar o arquiteto português da extinção. Quer comentar? Á. S. V.: É um bocado o que se passa, não é? A extinção não creio. O mundo é grande e é quase uma constante na história portuguesa a emigração. Que, de resto, foi surpreendentemente aconselhada! Mas é um facto. Com a falta de trabalho e com a produção e formação de arquitetos, sem dúvida exagerada – e independentemente da crise –, há muita gente que tem de sair e isso está a acontecer. Isso não significa meios de extinção, nem significa que eles desapareçam ou que deixem de ser portugueses. Já há gente, também, a fazer projetos para fora, mantendo o seu centro de atividade, o seu escritório, em Portugal. Em extinção não acredito; agora que haja, primeiro em número, uma diminuição... Só espero que não vá tocar naquilo em que eles são absolutamente indispensáveis, que é o planeamento do território e a ordem no território. Espero que essa contenção não signifique esquecer a necessidade de qualidade e o que significa a formação. Cx a re v i s ta d a c a i xa 27 e entrevista Cx: Quer isso dizer que estamos a formar arquitetos para exportação? Á. S. V.: Não só, espero eu! Mas, como dizia, pela quantidade que se está a formar ou se estava a formar, não sei, e pelo exageradíssimo abaixamento do ritmo na construção, parcialmente, tem de haver uma deslocação. O mundo, ainda hoje, é aberto, felizmente. Sabe que, em Portugal, e julgo que isso não mudou ainda, havia tantas escolas de arquitetura como em Espanha – e, em Espanha, queixavam-se de que os arquitetos eram de mais, de que não havia capacidade para absorver tanta formação a não ser exatamente com uma saída. Agora imagine em Portugal... Cx: Esse aumento de escolas de arquitetura corresponde ao aumento de qualidade dos cursos ou assistimos a um fenómeno inverso? Á. S. V.: Não, não serão todos da mesma qualidade, julgo eu, mas, enfim, não os conheço. Mas deduzo que, pelas mesmas razões, será impossível que todos tenham a mesma qualidade. Também significa muitíssimos professores. É certo que, atualmente, uma coisa que se verifica na escola é que a formação se prolonga para lá do curso. Que as pessoas fazem mestrados, doutoramentos... Muitos destinam-se a professores, durante muito tempo do ensino secundário. Mas, agora, há muita gente cuja motivação para os mestrados e doutoramentos é a dedicação ao ensino. Também aí, terá de haver uma competição e uma seleção. Cx: O que farão os arquitetos quando já não puderem construir? Á. S. V.: Ou tentam noutras bandas ou encontram outras atividades. No ensino, mas também não é fácil aí. Há arquitetos que têm outros tipos de atividade simultaneamente ou que até abandonam a arquitetura por outras atividades; veja-se o Nadir Afonso... Não há tantas fronteiras entre atividades como se procura fazer crer. Muitas vezes, esta ideia da especialização – que, para mim, é uma ideia absolutamente errada – fecha caminhos, não é? Pelo contrário, há uma abertura e não há assim tantas fronteiras entre atividades que têm muito em comum. É o caso, por exemplo, do Nadir Afonso, que, hoje, é pintor em full time, e há outros que acumulam diferentes atividades no campo da arte ou mantêm até outras atividades. Cx: Já pensou enveredar pela pintura ou por outras artes? Á. S. V.: Pintura não, mas desenho e, um pouco, a escultura são atividades que eu fui mantendo. Pelo menos nos últimos dez anos, vinte. Esporadicamente, não sistematicamente. Para já, primeiro tenho trabalhos [de arquitetura] que estão em curso, trabalhos feitos, a maior parte deles projetos de há dez anos, que, nesta carga Cx: As saídas no ensino começam, igualmente, a esgotar-se… Á. S. V.: Em Portugal, havia muito poucos arquitetos antes do 25 de Abril. Praticamente, havia arquitetos em Lisboa e no Porto, sobretudo em Lisboa, trabalhando em todo o território. Depois do 25 de Abril, houve uma certa descentralização, apesar de tudo. As cidades do interior quiseram estar preparadas para uma coisa que veio a acontecer, que eram os financiamentos, com a entrada no mercado europeu, e começaram a exigir ter técnicos, o que criou uma apetência pelo curso de Arquitetura. Começou a haver saída para arquitetos e isso trouxe um aumento de frequência em cada escola [Porto e Lisboa], um movimento no sentido de criar mais escolas de arquitetura, porque a procura era muita. Foi uma coisa temporária. Depois, havia fundos comunitários – umas vezes, eram utilizados bem, outras mal. Houve, assim, uma multiplicação de escolas e uma multiplicação do número de arquitetos. Cx: Conseguir-se-á inverter esta situação? Á. S. V.: Acho que a inversão necessária começa não isoladamente pela arquitetura, mas pela economia em geral, pela viabilidade deste País. E as últimas notícias, as últimas decisões, não são de dar esperança nesse sentido, mas, como sabe, há uma movimentação muito forte e um reconhecimento muito generalizado de que não é este o caminho. Aliás, dentro da composição dos partidos no governo, há muitas vozes – vozes com peso – clamando que este não é o caminho e que é uma espécie de suicídio. Naturalmente, períodos como este, guerras, crises económicas, etc., são também períodos de reflexão. Haverá, por isso, espera-se, uma reflexão sobre caminhos, agora especificamente da arquitetura, o seu papel dentro de transformações que intervêm no terreno, na própria construção e, portanto, uma reestruturação do papel do arquiteto, não é? 28 Cx a re v i s ta d a c a i xa álvaro siza vieira, o primeiro Pritzker português, não esconde a sua preocupação face à atual conjuntura, mas acredita que a reflexão mostrará quais os melhores caminhos a seguir. Para o País. E para a arquitetura. de burocracia e de pouco planeamento, ficaram a arrastar-se e que, finalmente, estão em construção. Estou a terminar um que também durou não sei quantos anos, por razões que se inventam, por obstáculos, por burocracias, que é o da Fundação Júlio Pomar, em Lisboa, mas tenho dois outros edifícios a meio da construção. Espero que se terminem. Até porque são financiados pela Comunidade Europeia, não totalmente, mas julgo que até 80 por cento, que estão em construção e lá vão indo. Bem, embora sempre com o sobressalto de que o construtor não aguente até ao fim, porque uma das coisas a que se assiste é ao atraso dos pagamentos, o construtor tem subempreiteiros a que, por vezes, não pode pagar e é toda esta cadeia a que estamos a assistir. Mas, enfim, esses estão em construção. Tenho um em Espanha e, portanto, o escritório mantém-se, embora tenha de haver contenção, houve uma redução do número de pessoas a trabalhar, e espero que seja possível mantê-lo, até por essas pessoas que estão a trabalhar aqui, algumas há muitos anos. Aqui há pouco tempo, numa entrevista, falaram-me sobre este assunto e se eu achava que seria possível manter o escritório, porque estariam outros a fechar. Eu disse que admitia que tivesse de fechar o escritório; «NÃO ACREDITO NA EXTINÇÃO DO ARQUITETO PORTUGUÊS. O MUNDO É MUITO GRANDE» não disse que ia fechar o escritório. No dia seguinte, havia muitas notícias de que eu ia fechar o escritório. Admitia – evidentemente, temos todos de admitir. Se a atividade baixa ou falta, não há mesmo outra solução, e eu, como alguns outros arquitetos, estou a tentar o trabalho fora. Eu diria fora da Europa. Na Europa, o único sítio que eu conheço onde se pode trabalhar com convicção é a Suíça. Cx: Porquê a Suíça? Á. S. V.: A começar, talvez, por não pertencer à Comunidade Europeia, quem sabe. E porque, na Suíça, está a construir-se muitíssimo. A Suíça recebe bem estes jovens arquitetos portugueses, porque tem consciência e conhecimento da sua qualidade. Eu fiz um trabalho na Suíça, recentemente, e foi voltar aos velhos prazeres da arquitetura, porque realmente não há este sufoco que sucede cá nos últimos anos, que é a pressa, o improviso, a insegurança na capacidade de os construtores se manterem, as possíveis interrupções de obra, etc. Um panorama tenebroso, uma dificuldade de controlo da obra. Sabe que um arquiteto tem de assinar um documento a dizer que se responsabiliza por tudo; sem isso, o projeto não é aceite. Responsabiliza-se por tudo: pelo seu próprio trabalho, pelo trabalho de toda a restante equipa, engenheiros de diferentes especialidades, a construção, a qualidade de construção. E na obra pública, sobretudo embora, por vezes, também aconteça em obras particulares, paga-se a uma equipa de gestão da obra, que é nomeada pelo dono da mesma, e que acaba por ter mais poder no controlo da obra do que o arquiteto que assinou aquele papel. Isto é uma situação que eu só conheço em Portugal – deve haver noutros países, mas, na Europa, não creio que haja. Em Espanha, quem autoriza e assina os pagamentos ao construtor é o arquiteto; aqui não, são as equipas de gestão de obra. Nós [arquitetos], por vezes, nem sabemos qual é o custo da obra. Quando eu digo período de reflexão e de reorganização também refiro coisas deste tipo. O estatuto e a relação entre os diversos intervenientes na construção estão nas ruas da amargura. Cx: Neste contexto, como explica a nova vaga de jovens arquitetos premiados no estrangeiro, como os 14 projetos finalistas e os três prémios atribuídos pelo Arch Daily ou do Ateliermob, distinguido, na Bienal de Veneza, com o prémio Future Cities? Á. S. V.: Antes de mais, explica-se por haver bons arquitetos jovens. Depois, há uma maior atividade nesse campo. Há muito mais prémios do que havia há anos. Na geração antes da minha, era coisa que, praticamente, não havia. Prémios internacionais eram poucos e os portugueses não tinham acesso, por razões sabidas, estavam cá num cantinho. Há toda uma geração antes da minha que Cx a re v i s ta d a c a i xa 29 e entrevista tem grandes arquitetos, alguns nunca terão recebido um prémio, e isso, agora, é completamente diferente. Passou a haver prémios da Comunidade Europeia, das associações internacionais de arquitetos e mesmo prémios nacionais. Há muitos prémios e há gente com qualidade. Um prémio internacional, em Portugal, faz grande sucesso porque, realmente, antes não havia prémios internacionais. De resto, a arquitetura portuguesa contemporânea antes do 25 de Abril é pouquíssimo conhecida – ninguém sabia por esse mundo fora o que era a arquitetura portuguesa. Conheciam-se dois ou três nomes, que, individualmente, tinham contactos internacionais, mas mais nada. Depois do 25 de Abril, houve, também, uma integração nesse aumento, em todo o mundo, de atenção à arquitetura e respetiva valorização. Cx: O que mudou com o Pritzker, em 1992? Á. S. V.: Eu não mudei. Em relação ao trabalho, sem dúvida, há mudanças. Esse prémio é muito publicitado. Como é muito publicado em todo o mundo e tem impacto internacionalmente, abre a possibilidade a convites fora de Portugal e, nesse aspeto, sim, permite a maior divulgação do trabalho de quem é premiado. Mas também tem alguns inconvenientes. Cx: Quais? Á. S. V.: Um prémio é como uma marca, um carimbo, que é bem aceite por uns e mal aceite por outros. Também pode criar algumas dificuldades internamente. Mas o balanço geral é, realmente, de abertura de possibilidades de trabalho. Cx: O que o inspira? Á. S. V.: O que as pessoas que me procuram nesse campo querem, onde e com que possibilidades, com que condições, boas de responder a esses desejos e a essas oportunidades num determinado contexto. Cx: Tem materiais preferidos? Á. S. V.: Não tenho materiais preferidos. Materiais preferidos em cada casa, em cada caso, envolvendo as opções muito aspetos, como seja o económico ou o paisagístico, onde se insere a nova construção, a maior ou menor adaptabilidade ao sítio onde se está a construir. Há aspetos que conduzem à opção de escolha de materiais, que tem a ver com estética, tem a ver com muitos outros aspetos, o económico e o prático. E há grandes mudanças, também aí. Por exemplo, é normal fazer-se uma construção, em Portugal, em que se usa mármore, e usar-se não o mármore local, como foi durante anos, porque era o mais prático e económico. Acontece comprar-se, porque é mais barato, o mármore no Egito ou, neste momento, em Itália, grande produtora de mármore. Praticamente em todas as obras recentes em que se usa a pedra, ela vem da Índia ou da China; é muito mais barato. Cx: O que é que ainda não projetou e gostaria de projetar? E onde? Á. S. V.: Não tenho muito essa ansiedade. Mais ou menos, tenho projetado as oportunidades que me aparecem e não me posso queixar muito. Só houve um período em que tive de trabalhar para diversificação dos projetos que tinha, porque há uma tendência 30 Cx a re v i s ta d a c a i xa na arquitetura, como em todo o lado, a tal tendência para a especialização, o que vale é a especialização. E como eu trabalhei muito em habitação económica, praticamente a partir do 25 de Abril (programas SAL)... Na altura, houve muito interesse pelo que se passava em Portugal e esse interesse estendeu-se, também, à arquitetura e, por isso, fui convidado – foi dos primeiros convites que tive para fora de Portugal – para habitação económica, até com programas de participação. Na Holanda, na Alemanha, aconteceu isso. E, depois, foi-me posto um carimbo: eu era o da habitação económica! Tal como outros têm o carimbo «este é bom para museus» ou «este é bom para hospitais». É claro que o arquiteto precisa de praticar nas diferentes escalas, nos diferentes programas, nos diferentes papéis dos edifícios nas cidades, que vão desde a célula, que é a habitação, até aos edifícios públicos, as escolas, os edifícios dos museus, e que, normalmente, são edifícios de outra escala. E numa cidade encontram-se várias escalas, sendo que para trabalhar numa tem de se conhecer outra, porque elas estão em a sua especificidade, os problemas não são iguais. Muitas vezes, o ambiente onde se constrói é muito diferente; outras vezes, no mesmo ambiente, as circunstâncias são diferentes. Todas são difíceis e todas são um desafio, se se quiser pensar em fazer o melhor que se pode e que se sabe. Em certos aspetos, há programas que exigem uma maior coordenação, em que as equipas são mais vastas, o que é um estímulo, mas pode incluir dificuldades. Depois, há casos em que a urgência é tal que há uma aceleração no trabalho que é difícil controlar. Mas todos os trabalhos são um desafio e exigem uma grande concentração e empenho. Cx: O que se aprende a ensinar? Á. S. V.: Aprende-se muito. É fundamental. Nem toda a gente chega ou pode ou quer chegar ao ensino. É uma atividade complementar do trabalho profissional, mais direto. Por várias razões. Uma delas é que é mais presente a ideia do estudo; é preciso estudar para transmitir alguma coisa. Se houver uma certa preguiça profissional em manter-se atualizado, ali é mais premente manter-se atualizado. Depois, porque todos os anos se encontra gente diferente e gente nova. Na escola, há uma renovação permanente e isso cria, todos os anos, um período novo de entusiasmo, de sonho, etc. Cx: Que herança gostaria de deixar? Á. S. V.: Não gostaria de deixar, gostaria de ficar… mas é impossível. Não tenho nenhum desejo especial. A alegria de viver, os arquivos com desenhos, umas obras... Da maneira como estão as coisas, não ficarão muitas, porque há muitas. E, agora, agravado pela situação presente, abandonadas, degradadas... Em Portugal, perdeu-se a cultura da manutenção. Deixa-se que os edifícios entrem em ruínas e, depois, quando se pensa que há que fazer alguma coisa porque estão mesmo a cair ou a meter água, já é muito tarde e ou é muito caro ou é mesmo já inviável. De maneira que não sei se ficam muitos. Não me preocupo muito com isso. Há muitos abandonados, o Pavilhão de Portugal, duas obras antigas aqui em Matosinhos, que estão num estado desgraçado… Há muita coisa muito mal conservada. relação. Tive de fazer concursos para sair do carimbo de habitação económica, não porque não gostasse, mas por sentir a necessidade de experimentar outra escala, outra expressão de trabalho. De resto, nunca andei ansiosamente à procura de fazer este ou aquele projeto. Cx: O que o faz sorrir? Á. S. V.: O convívio com as pessoas, basicamente, e também, eventualmente, os momentos de solidão que roçam por coisas divertidas, mas, sobretudo, o convívio com os amigos e com a família. Cx: Tem um ambiente preferido para trabalhar? Á. S. V.: Aqui, no Porto, onde estou [edifício com vistas para o estuário do rio Douro e para o mar]. Mas este não é o meu primeiro escritório, já estive no centro da cidade. Aqui cria-se, quer dizer, um estúdio tem um determinado ambiente, que envolve uma equipa, que está aberta, também, aos demais elementos que estão fora: engenheiros, especialistas, etc., toda a variedade de técnicos que participam no projeto. Cx: Na Bienal de Arquitetura de Veneza, mencionaram, a propósito do seu trabalho, que «aparenta seguir numa direção oposta à do resto da profissão, mas parece estar sempre na frente, intocado e destemido com os desafios intelectuais e de trabalho que coloca a si mesmo». Revê-se nesta afirmação? Á. S. V.: É uma referência muito simpática e generosa, mas não me sinto numa posição oposta. Há muita gente que trabalha não no mesmo sentido, do ponto de vista do que faz esteticamente, mas trabalha no sentido de tentar uma enorme atenção ao problema que em cada caso encara. Há muita gente assim. Não me sinto nada um isolado. Em Portugal, há muita gente em relação à qual eu vejo uma grande identificação. Cx: Qual considera ter sido o maior desafio profissional da sua carreira? Á. S. V.: Cada obra é um desafio. Não há obras fáceis. Todas têm Cx a re v i s ta d a c a i xa 31 h história de capa ARQUITETURA Com os pés na terra Com nomes consagrados ou jovens talentos, a arquitetura portuguesa continua a dar cartas pelo mundo. E a nova geração de arquitetos está a distinguir-se por projetos mais sustentáveis, atentos ao equilíbrio energético e a uma relação simbiótica com a Natureza Por João Paulo Batalha 32 Cx a rev i s ta d a ca i xa Cx a rev i s ta d a ca i xa 33 Foto: FG+SG - Fotografia de Arquitectura h história de capa Print UMA ESCOLA PARA O MUNDO uem diria que Portugal seria, ainda hoje, um terreno fértil em novos talentos na arquitetura? A verdade é que os últimos anos não têm sido fáceis para tudo o que está ligado à indústria da construção. Depois de anos de crescimento constante, esta foi uma das áreas mais afetadas pela recessão económica, com um fluxo constante de más notícias: empresas de construção falidas, diminuição abruta de novas obras, quedas significativas no preço das casas e aperto na concessão de crédito imobiliário. E, no entanto, continua a haver talento nacional. Que, cada vez mais, se faz notar também fora de portas. No ano passado, Eduardo Souto de Moura foi uma das figuras portuguesas com maior projeção internacional, ao receber das mãos do Presidente dos EUA o Prémio Pritzker, considerado o Nobel da Arquitetura. O galardão consagrou um percurso feito dentro de portas, com obras tão emblemáticas como o Estádio de Braga ou, mais recentemente, a icónica Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais. Antes de Souto de Moura, já, em 1992, tinha sido Álvaro Siza Vieira a conquistar o Pritzker – e só o facto de um país com a dimensão de Portugal albergar dois arquitetos deste gabarito é já um sinal eloquente da qualidade invulgar da nossa arquitetura. Consagrados em Portugal e pelo mundo fora (com o Pritzker a abrir-lhes as portas para mais obras internacionais), Siza Vieira e Souto de Moura são os dois grandes embaixadores da arquitetura portuguesa. Mas, atrás deles, vem toda uma nova geração de talentos, arquitetos portugueses formados no nosso País e que emprestam a sua visão a uma nova forma de olhar a arquitetura. Num mundo mais globalizado, que enfrenta novos desafios a nível económico, social e ambiental, a arquitetura não fica parada e integra hoje, cada vez mais, preocupações de sustentabilidade – com soluções inovadoras em áreas como a eficiência energética ou a Q 34 Cx a rev i s ta d a ca i xa ATRÁS DE SIZA E SOUTO DE MOURA, VEM TODA UMA GERAÇÃO DE TALENTOSOS ARQUITETOS PORTUGUESES casa museu Paula Rego, de Eduardo Souto de Moura (foto de abertura) são bento está entre as mais belas estações de comboios do mundo piscina das marés Obra emblemática de Siza Vieira mima house Vencedor do prémio Edifício do Ano 2011, atribuído pelo Archdaily, o mais importante website de arquitetura do mundo Para procurar as grandes referências da arquitetura portuguesa, há que rumar a norte. No que toca a palmarés de excelência, são poucas as cidades que se podem gabar de acolher um arquiteto vencedor do Pritzker. No caso do Porto, são dois – e, curiosamente, trabalham no mesmo edifício! Souto Moura (autor do Estádio de Braga) e Siza Vieira (autor do Pavilhão de Portugal, na Expo’98, ou da Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira - dois edifícios, infelizmente, hoje fechados ao público) são as duas referências mais consagradas da arquitetura portuguesa e dois grandes exemplos da famosa Escola do Porto, que produz arquitetos de exceção desde há quase um século. A tradição no ensino da arquitetura na Invicta deu-lhe já fama mundial, e bem merecida. Aliando uma visão muito própria sobre o território a uma atitude vanguardista, a Escola do Porto tem produzido trabalhos icónicos na cidade – e dela para o mundo. Além de Siza e de Souto de Moura, nomes incontornáveis como Fernando Távora ou, nos primórdios, Marques da Silva (responsável pela Estação de S. Bento, considerada uma das mais belas estações de comboios do mundo) fazem justiça a uma tradição de belas-artes e arquitetura inscritas na identidade do Porto. E asseguram-nos um fluxo constante de novos talentos, que nos obriga a fixar as atenções ao norte. Fotos: Allan Vaxter (estação de São Bento); FG+SG - Fotografia de Arquitectura (Piscina das Marés); José Campos/arqf.net (Mima House) A importância do Porto. relação com a paisagem. Nem se pode dizer que seja propriamente uma novidade: as técnicas e os materiais podem ser outros, mas, no fim de contas, a arquitetura, a boa arquitetura, sempre foi isto: uma relação harmoniosa com o ambiente; uma forma de tornarmos nosso o espaço em que vivemos. e onde vem esta explosão de criatividade? É o próprio Siza Vieira que o diz (ver entrevista nesta edição): períodos de crise económica como o atual são combustível para a reflexão. Por um lado, a escassez de obras em Portugal está a empurrar os nossos arquitetos para trabalhos no estrangeiro, onde revelam o seu talento e capacidades. Por outro lado, a necessidade aguça o engenho. É, hoje, imperativo fazer uma construção mais eficiente e económica, salvaguardando preocupações de funcionalidade e conforto, mas, ao mesmo tempo, diminuindo impactos ambientais e custos de manutenção. E é aqui que muita da nova arquitetura se está a destacar. D Cx a rev i s ta d a ca i xa 35 h história de capa Não deixa de ser um paradoxo que novas visões sobre a cidade se estejam a tornar realidade em Portugal – um País onde, acusam arquitetos, paisagistas e ecologistas, falta uma cultura sólida de ordenamento do território. Isso mesmo é visível nas grandes áreas metropolitanas, onde a expansão de subúrbios, ao longo dos últimos anos, contrasta com centros históricos abandonados e em risco de degradação. Os custos deste desordenamento pagam-se a vários níveis: nas redes de infraestruturas necessárias para ligar a cidade aos subúrbios; no tempo e na energia perdidos em deslocações pendulares do centro das cidades para a periferia; nas perdas de produtividade relacionadas com este distanciamento, e, por fim, na degradação do conforto e qualidade de vida das populações. Talvez por isso, mais do que procurar um novo traço para os edifícios, os jovens arquitetos procuram novas formas de olhar a cidade. Veja-se o caso do Ateliermob. O coletivo, que se apresenta como «uma plataforma multidisciplinar de desenvolvimento de ideias, investigação e projetos nas áreas da arquitetura, design e urbanismo», tem uma visão global do papel da arquitetura, que vai muito além de desenhar edifícios. E a crise, aqui, é mais uma oportunidade. «Com o mercado imobiliário e o território […] em ebulição, é errado declarar que não há trabalho de arquitetura em Portugal», explica o Ateliermob, na apresentação do seu projeto Working with the 99%, vencedor do prémio Future Cities, na edição deste ano da Bienal de Veneza. Ao contrário de se alhear da crise, 36 Cx a rev i s ta d a ca i xa Outras perspetivas Não é só enquanto disciplina que a Arquitetura vale prémios aos projetos portugueses. Em outubro, no âmbito do evento internacional World Architecture Festival, o fotógrafo português Fernando Guerra (metade da dupla FG+SG, que assinam a foto de capa) ganhou o prémio Arcaid Images para Fotografia de Arquitetura, na categoria Exteriores. A imagem vencedora é uma fotografia de um projeto de Francisco e Manuel Aires Mateus: o Lar de Idosos, em Alcácer do Sal. Também em outubro, Sizígia, um filme de Luís Urbano, rodado na Piscina das Marés (desenhada por Álvaro Siza Vieira), arrecadou o prémio de Melhor Curta-Metragem Internacional de Ficção, no Arquitectura Film Festival 2012, o único festival de cinema e arquitetura da América Latina. a arquitetura tem de lhe dar resposta. «Os arquitetos têm de desempenhar um papel mais relevante na vida das pessoas. Têm de ser vistos como uma ferramenta para melhorar as condições de vida das populações», aponta a equipa do projeto. Pensado, simultaneamente, como um trabalho de arquitetura construtiva e social, o projeto Working with the 99% distinguiu-se com o caso de estudo do Bairro PRODAC, em Lisboa, no qual os Fotos: FG+SG - Fotografia de Arquitectura (lar de idosos em Alcácer do Sal); d.r. (Casa em Movimento e edifício da Fundação Iberê Camargo) membros do Ateliermob trabalharam de perto com os moradores de um bairro de génese ilegal para legalizar as casas de perto de 600 famílias e qualificar o espaço público. Não se trata de arquitetura feita «apesar» da crise, mas de arquitetura feita como resposta à crise – um modelo de envolvimento social que, garantem os seus autores, pode e deve fazer caminho em países mais vulneráveis, como Portugal, Espanha, Itália ou Grécia. e resto, se não der respostas às questões do seu tempo, de pouco serve a arquitetura. Mais do que a criatividade do traço, a qualidade e a inovação das soluções fazem a diferença entre um edifício atraente e a verdadeira arquitetura. E aqui, como em tudo, é do querer que vem o poder. Que o digam Mário Sousa e Marta Brandão, criadores de um conceito inovador: a casa MIMA. O ponto de partida é simples: sendo um bem de primeira necessidade, a casa não devia precisar de ser feita por medida. Porque não conceber um edifício modular, mas personalizável, que seja possível instalar a uma fração do custo de uma construção de raiz? A ideia dos dois arquitetos começou a gizar-se ainda durante os seus tempos de estudantes, mas hoje é seguida com atenção em todo o mundo – a casa MIMA (em destaque na edição número 7 da Cx), aliás, ganhou o prémio Edifício do Ano 2011, atribuído pelo Archdaily, o mais importante website de arquitetura do mundo. Economia e flexibilidade são os principais méritos do conceito. Num terreno de apenas 57 metros quadrados, é instalada uma unidade MIMA com uma área habitável de 36 metros quadrados. E não se pense que se trata de um feio barracão pré-fabricado. O design é moderno e arejado, aberto ao exterior – a sala tem um pé-direito de 2,40 metros. Além do mais, a casa é alterável em qualquer momento, graças a um sistema de calhas que permite adicionar ou subtrair paredes à medida das necessidades. É, no fundo, o conceito pronto-a-vestir aplicado à arquitetura: uma casa costumizável, bem desenhada e de baixo custo. A democratização da boa arquitetura. D A riqueza do traço Mais do que traço, a arquitetura é, cada vez mais, responsável pelo dinamismo das cidades. Hoje, o turismo arquitetónico mobiliza cada vez mais pessoas em todo o mundo. A cidade do Porto, por exemplo, foi considerada o Melhor Destino Europeu de 2012 graças, em grande parte, à sua qualidade arquitetónica ímpar, traduzida em edifícios icónicos como a Casa da Música, de Rem Koolhas, ou o Museu de Serralves, de Siza Vieira. Aliás, a Câmara Municipal do Porto associou-se, recentemente, à delegação regional da Ordem dos Arquitetos e à Casa da Arquitetura para criar roteiros turísticos dedicados especialmente a alguns dos mais famosos arquitetos com obras na cidade, como Siza Vieira, Souto de Moura ou Cassiano Barbosa. E os turistas para este género de nicho não têm parado de crescer, vindos de toda a Europa e dos países asiáticos. vencedora A foto de Fernando Guerra que conquistou um prémio Arcaid Images para Fotografia de Arquitetura (à esquerda) ecológica Esta casa acompanha o movimento do sol ao longo do dia, procurando ser energeticamente autónoma. Chama-se Casa em Movimento. lá fora O edifício da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, no Brasil, tem a assinatura de Siza Vieira Cx a rev i s ta d a ca i xa 37 h história de capa Os tempos, aliás, estão maduros para as ideias económicas. Na mesma senda da sustentabilidade, outro criador nacional, Miguel Vieira Lopes, foi, ainda, mais longe. Também adaptável e de baixo custo, o conceito Casas em Movimento é para ser lido no sentido literal. Esta é uma casa que se mexe a sério, acompanhando o movimento do Sol ao longo do dia! A ideia é tão simples como revolucionária: criar uma nova geração de casas moldáveis, às quais podemos acrescentar ou retirar elementos à medida que a família cresce ou diminui; e concebida para ser independente em termos energéticos. Para isso, a casa roda sobre si própria, para que, do lado de fora, os painéis fotovoltaicos possam aproveitar ao máximo a energia solar, ao mesmo tempo que, do lado de dentro, os espaços se renovam para tirar o maior partido possível da casa. É uma espécie de moradia viva, que acompanha o ciclo de vida dos seus moradores e cresce ou diminui de acordo com as suas necessidades. Por outro lado, o uso de materiais naturais, como a madeira ou a cortiça, assegura uma maior qualidade de isolamento térmico e acústico – e um uso mais inteligente da energia. É a casa vista, literalmente, como um habitat natural. este tipo de criatividade que continua a marcar a arquitetura portuguesa. Com o ciclo de expansão suburbana interrompido pela crise, novos talentos procuram, agora, novas formas de revitalizar o espaço público e encontrar novos usos para velhos equipamentos. Outro projeto premiado internacionalmente fez precisamente isto. Desenvolvido na Trafaria, na margem sul do Tejo, o projeto OCO – Ocean & Coastline Observatory propôs-se recuperar um complexo de baterias de defesa de costa, construídas durante a II Guerra Mundial, adaptando-o a um centro cívico dedicado à preservação dos habitats costeiros. Desenvolvido por uma equipa liderada por João Segurado, o projeto ganhou o Open Architecture Challenge, organizado pela Habitat for É 38 Cx a rev i s ta d a ca i xa O PROJETO OCO (NA FOTO) PRETENDE TRANSFORMAR UMA ANTIGA ESTRUTURA MILITAR NUM CENTRO DEDICADO À PRESERVAÇÃO DOS HABITATS COSTEIROS CAIXA DE ARQUITETURA A Caixa tem vindo a apoiar atividades relacionadas com a arquitetura e o design, no âmbito da sua responsabilidade e preocupação pelas múltiplas dificuldades com que as cidades e os seus habitantes se deparam. Falamos de questões como a sustentabilidade, o ambiente, a recuperação e reanimação das cidades, com o consequente rejuvenescimento urbano e populacional, entre outras. É neste contexto que se insere o apoio à Trienal de Arquitetura ou à Experimenta Design, assim como outras ações organizadas pela Ordem dos Arquitetos. Uma relação, aliás, reforçada a 18 de maio, com a assinatura de um protocolo de parceria, onde ficou definido um conjunto de vantagens para os membros da Ordem. Em causa estão benefícios em produtos e serviços financeiros, descontos de bilheteira na Culturgest e a emissão de um cartão de crédito co-branded, entre outros. A cerimónia teve lugar no Edifício-Sede da CGD, tendo o protocolo sido assinado por José de Matos e João Belo Rodeia, respetivamente, presidentes da Comissão Executiva da CGD e da Ordem dos Arquitetos. Com este protocolo, a Caixa posiciona-se como parceiro privilegiado desta classe profissional, assegurando a presença em certames nacionais realizados pela Ordem dos Arquitetos, assim como em outras iniciativas ou projetos de interesse comum e canais de comunicação com os 20 mil membros da Ordem. Humanity, destacando-se entre mais de 500 projetos, precisamente pelo caráter inovador e pela sustentabilidade da ideia. Por vezes, são as ideias simples que resultam mais felizes. Uma visão clara, um traço distintivo e a vontade de reinventar a nossa relação com a cidade, ou a Natureza, transformam um espaço numa casa ou num edifício público onde a população se encontra e confronta ideias e opções para o futuro. Com um presente tão abalado pela conjuntura económica e com tantas incertezas no horizonte, uma sociedade dinâmica precisa de mais lugares de encontro e de debate. Em Portugal, velhos e novos talentos continuam a trabalhar para criar esses espaços e desafiar o nosso entendimento de cidade, de comunidade. Por vezes, com o olhar nos céus. Mas sempre com os pés e o coração bem assentes na terra. o observatório JOÃO Santa-Rita Arquitectura portuguesa, Fotos: D.R. um referencial de cultura e de qualidade. DESDE MEADOS dos anos 70, com o número histórico da revista Architecture d’Aujourdhui (logo seguido de um outro número), num País a iniciar um novo rumo, a arquitectura portuguesa conquistou a atenção e o interesse do exterior e ganhou uma nova dimensão cultural e influência, que se foi consolidando até à actualidade. As realizações de obras sucederam-se, a sua complexidade e dimensão foi crescente e as sucessivas gerações foram sendo convocadas para novos desafios e possibilidades que o País e as instituições públicas e privadas lhes foram colocando. As instituições de ensino cresceram em dimensão e em número, abriram múltiplas actividades ao exterior, promovendo encontros de âmbito internacional, possibilitando aos seus alunos o contacto com os mais diversos autores, bem como com programas resultantes de uma integração na Europa, os quais viriam a possibilitar a ampla circulação pelo mundo dos novos aspirantes a arquitectos. Por outro lado, algumas das obras realizadas e a notoriedade além-fronteiras de alguns arquitectos cativaram definitivamente o interesse pela arquitectura portuguesa, colocando-a, nas suas mais diversas expressões e modos de prática, num patamar de qualidade e de competência que viria a considerar como privilegiada a aquisição dos seus serviços. Jovens estagiários ou arquitectos foram sendo aceites em ateliers de prestígio internacional, chegando alguns a assumir posições de destaque, conhecendo, de um modo geral, uma crescente experiência e qualidade enquanto profissionais. A par do reconhecimento internacional de Siza Vieira, através dos sucessivos prémios e condecorações, e de Eduardo Souto de Moura, com o Pritzker, e, ainda, de Paulo David, com o Alvar Aalto, os arquitectos portugueses têm vindo a marcar a sua presença além-fronteiras em eventos, em instituições de ensino, em concursos ou na realização de projectos e obras. É de salientar a recente selecção para lugares de prestígio, como é o caso de Pedro Gadanho, curador do MOMA na área da Arquitectura, ou de Diogo Burnay, director da Escola da Faculdade de Arquitectura e Planeamento da Dalhousie University, em Halifax, no Canadá. VICE-PRESIDENTE DO CONSELHO DIRECTIVO NACIONAL DA ORDEM DOS ARQUITECTOS Recentemente, tem também sido notícia a sucessão de prémios alcançados por jovens arquitectos portugueses em concursos internacionais. Através da qualidade do seu trabalho, têm tido acesso a realizações de uma natureza e dimensão muito diferentes daquela a que, porventura, teriam na sua prática corrente em Portugal. Importa olhar para esta realidade num momento particularmente difícil para os serviços nas áreas da arquitectura, das engenharias e da construção, quiçá, sem paralelo na história do País. Mesmo em momentos similares dos anos 70 e meados dos anos 80, quando escasseavam os recursos financeiros, a nossa actividade conhecia ainda os períodos marcados pela necessidade da construção de equipamentos, de habitação e de serviços, que iam permitindo a continuidade da actividade e a sobrevivência dos ateliers, bem como o enquadramento das novas gerações. Os arquitectos têm vindo a repensar a sua actividade, entre outros modos, procurando a desmultliplicação dos seus serviços, esforço que não poderá deixar de contar com o apoio do Estado e das suas instituições. A Ordem dos Arquitectos tem vindo a alertar o Governo para a necessidade da criação de políticas de divulgação e de investimento que ajudem a inverter o processo de destruição dos ateliers e de emigração a que se assiste. Nomeadamente, a título de exemplo, através de acções no estrangeiro que alertem para a qualidade dos nossos serviços e, ainda, da inventariação do património do Estado, devoluto ou não, e da valorização do mesmo com a realização de estudos e projectos que perspectivem o seu futuro. As distinções e os prémios de carácter internacional que se têm sucedido são a melhor prova de que os arquitectos portugueses de várias gerações se tornaram, através das suas obras, dos seus projectos e do seu trabalho, um referencial tanto de cultura como de qualidade, o que constitui, certamente, um motivo de orgulho para todos. Importa não desperdiçar todo o esforço e empenho de décadas que culminou com a inegável valorização da profissão de arquitecto. Por opção do autor, este texto não segue as regras do novo acordo ortográfico. Cx a re v i s ta d a c a i xa 39 v grande viagem ISLÂNDIA Uma ilha de 40 Cx a re v i s ta d a c a i xa gelo e fogo Se fosse uma sobremesa, a Islândia seria uma deliciosa bola de gelado de nata, coberta por um aveludado creme de chocolate quente. Reykjavik, a capital, seria como que o prato de luxo, onde nos é servido um país de origem vulcânica no limite do Círculo Polar Ártico, repleto de paisagens intocadas, tão selvagens quanto românticas Por Pedro Guilherme Lopes Cx a re v i s ta d a c a i xa 41 v grande viagem ão deixa de ser curioso que, se fizermos uma sondagem, serão muitas as pessoas que afirmarão desconhecer que a Islândia é uma ilha. A maioria apontará a sua localização para uma zona próxima da Finlândia e não será de estranhar se uma larga percentagem apenas tiver ouvido falar deste país recentemente, mais precisamente pela forma como os islandeses escolheram lidar com a crise instalada. Aliás, a Islândia terá sido dos primeiros países a sentir a crise financeira que, há cerca de quatro anos, assola a Zona Euro (entretanto alastrada à Grécia, Itália, Espanha e, como bem sabemos, a Portugal), situação que conduziu a medidas inéditas tais como o redigir de uma nova Constituição, através de um processo de assembleias de cidadãos, ou o julgamento do antigo primeiro-ministro, Geeir Haarde, pela sua responsabilidade na crise. Pese o mediatismo que tais iniciativas lhe conferiram, com direito a manchetes em jornais e aberturas de blocos informativos na televisão, a Islândia manteve-se como uma ilha turisticamente tranquila. Guardando, apenas, para alguns um cocktail de emoções que, sem esforço, podem combinar-se na viagem de uma vida. N 42 Cx a re v i s ta d a c a i xa O nosso ponto de partida será Reykjavik, a capital e uma das cidades mais sustentáveis do mundo. Cem por cento abastecida por energia limpa e de baixo custo, é percorrida por vários veículos movidos a hidrogénio e é comum verem-se inúmeros habitantes a utilizar a bicicleta no seu dia a dia. Capital Europeia da Cultura em 2000, a cidade oferece elevada oferta nesse âmbito, sejam museus, sejam galerias de arte, passando pela ópera, orquestra sinfónica e uma companhia de bailado. Há mesmo quem garanta que Reykjavík é uma cidade que nunca pára, seja pelos concertos ao ar livre, pelas lojas modernas e surpreendentes, pelas pequenas galerias que se espalham pela cidade, pelos restaurantes onde apetece voltar ou pelas noites que se prolongam nos vários bares. E, claro, não faltam hotéis com excelentes condições para poder descansar de tanta agitação. Importa, aliás, referir que, no inverno, apenas encontrará alojamento nos hotéis da capital e das vilas mais importantes do país (não esqueça os charmosos hotéis de campo). Já os parques de campismo e as pousadas, muito procurados durante o verão, tanto por uma questão de preço como de proximidade com a Natureza, estão fechados durante os meses mais frios. Com mais ou menos frio, não faltam visitantes com vontade de descobrir um país ainda em estado bruto, DICA esquecendo, por vezes, que em grande parte do território são as forças da Natureza que ditam as leis. Não admira, por isso, que sejam vários os conselhos deixados, tais como utilizar sempre tendas bastante resistentes, ter atenção na travessia dos rios, procurar conhecer antecipadamente o estado das estradas (que pode variar muito rapidamente), não partir para uma caminhada sem o auxílio mínimo de um mapa (bússola ou GPS são recomendados) e utilizar, sempre, a roupa e o calçado mais adequados ao terreno e à época do ano. Deixamos, então, Reykjavik, apanhando a Ring Road, a estrada que circunda toda a ilha ao longo do litoral. Depressa nos vemos envolvidos em paisagens magníficas, onde nem faltam cavalos totalmente em liberdade. As quedas de água e o verde luxuriante são outra constante, bem como as enseadas de areia preta, que nos recordam a origem vulcânica da ilha. Aliás, a Islândia é apontada como sendo a maior parcela de terra inteiramente de origem vulcânica, formada por planaltos de lava expelida através de fraturas ou por grandes vulcões de forma cónica. esta nossa viagem para a zona norte da ilha, rumamos à capital da região, Akureyri, por muitos apontada como sendo a mais bela cidade do país, principalmente quando a luz do crepúsculo incide sobre as montanhas cobertas de neve branca. A pouco mais de uma hora de viagem fica o Parque Natural Jokulsargljúfur e a imponente cascata Dettifoss, bem como o grande lago Myvatn, ponto incontornável para quem quer observar aves ou ver surpreendentes esculturas de lava emergindo da água. Completando os N Antes de partir, saiba que visitar a Islândia é apostar no turismo de Natureza, ou seja, não esteja à espera de umas férias dolce far niente. Entre glaciares e montanhas, fiordes e campos de lava, vulcões e piscinas naturais de água quente, motivos não faltarão para se sentir completamente livre e para experimentar atividades como snowboard, rafting, BTT, esqui, caminhada ou observação de baleias. E até encontra a banda sonora ideal sem sair do país; basta pensar em nomes como Björk, Sigur Ros, Múm, Mugisons ou Of Monsters And Men. 2 3 1 4 1 reykjavik Panorâmica colorida da capital islandesa 3 litoral Uma das várias vilas de pescadores 4 vulcânica Na zona do 2 dettifoss Vista para a mais forte queda de água da Europa lago Myvatn são várias as marcas das origens da ilha Cx a re v i s ta d a c a i xa 43 v grande viagem locais de visita obrigatória na região norte está Húsavik, o centro europeu da observação de baleias. Iniciando o percurso para sul, preparamo-nos para entrar na zona dos incontornáveis fiordes, rodeados por altas montanhas de rocha vulcânica. As pinceladas finais são-nos dadas pelas vilas piscatórias, com as suas tradicionais casas e marinas. Por esta altura, e se assim o desejar, pode abandonar a zona costeira para descobrir Landmannalaugar, um vale desértico, rodeado de montanhas vulcânicas, repleto de géisers, fumarolas e pequenas piscinas de água quente. E, a partir daqui, poderá partir rumo a um destino ainda mais famoso e interior: o vale de Porsmork (Thórsmörk), envolto por uma enorme cordilheira e perto do vulcão Eyjafjallajökull, o tal que, há dois anos, condicionou grande parte da Europa com a cinza que espalhou pelo ar. Chegados a sul, somos «esmagados» pela imponência do Vatnajokull, a maior superfície gelada da Europa, permitindo atividades tão diferentes como escalada e caminhadas, passeios de barco ou banhos de água quente em piscinas naturais escondidas… em cavernas de gelo! Se preferir, guarde estes mergulhos especiais para a Blue Lagoon, uma imensa piscina artificial geotérmica de quentes águas azul-turquesa, cuja cor contrasta com o cenário vulcânico envolvente. Aqui, pode optar entre os cuidados do SPA ou, simplesmente, deixar-se levar pela sensação de estar num lugar (e num país) realmente único. ASSISTIR A FENÓMENOS ÚNICOS Um dos momentos que atrai centenas de visitantes à Islândia é o solstício de verão, onde, durante um dia, em junho, o sol praticamente não se põe. Em Reykjavík, o sol nasce por volta das três da manhã, para se esconder já depois da meia-noite (daí a expressão «sol da meia-noite»), mas no norte do país a luz nem chega a desaparecer totalmente. Para assinalar o momento, existem sempre vários concertos e eventos, entre eles o já famoso Artic Open, onde pessoas de todo o mundo se juntam para jogar golfe durante o solstício. A partir desta data, os dias tornam-se cada vez mais curtos, atingindo o seu ponto máximo de escuridão em dezembro, no solstício de inverno. Desta feita, o complicado vai ser ver a luz do dia, mas os dias curtos podem ser amplamente compensados se conseguir observar a aurora boreal, onde o céu ganha tonalidades esverdeadas. Um fenómeno imperdível! blue lagoon A maior atração da ilha promete banhos quentes ao ar livre 44 Cx a re v i s ta d a c a i xa Guia de Viagem Ir A melhor forma de chegar a Reykjavik é optar por um dos voos da TAP, desde Lisboa ou do Porto, que fazem escala em Londres ou Copenhaga. A chegada à capital islandesa faz-se através de um voo da IcelandAir e as tarifas (ida e volta) rondam os 650 euros por pessoa. Para entrar no país, apenas terá de ter o passaporte com validade de, pelo menos, três meses. Saber Clima Não é fácil lidar com o clima islandês, ou não estivéssemos perante um país onde a Natureza ainda dita leis. A sua localização, junto ao Círculo Polar Ártico, faz com que a temperatura possa facilmente cair dos 18ºC para os 10ºC numa questão de minutos, provocando, igualmente, belíssimos fenómenos, como o facto de, entre junho e agosto, os dias serem enormes e as noites muito claras. Já no inverno, bastante rigoroso, será muito fácil ver neve e pode contar com dias muito curtos. É, igualmente, entre setembro e janeiro que será mais fácil assistir a uma aurora boreal. Língua A língua nacional é o islandês, mas quase toda a população sabe falar inglês. por levar uma tenda bastante resistente. Dê especial atenção às previsões meteorológicas, até para saber qual o tipo de roupa e de calçado mais adequado (incluindo se viajar com intenção de fazer canoagem ou BTT) e, já na Islândia, consulte o estado das estradas (www.road.is) antes de iniciar o percurso escolhido. Um mapa e um GPS serão aliados de peso nesta aventura, onde será importante não ceder a tentações como atravessar rios desconhecidos ou sair dos trilhos nas áreas geotermais. Visitar Será a maior atração do país: falamos da Blue Lagoon, uma enorme piscina artificial geotérmica com água quente e em tom azul-turquesa e à qual não falta um moderno SPA. No sul da ilha, o Skaftafell National Park é obrigatório para quem quer ver enormes glaciares, mas oferece muitas outras maravilhas, como mantos de lava, vegetação luxuriante ou cascatas. A propósito de cascatas (foss, em islandês), é impressionante a quantidade destas quedas de água que irá encontrar na ilha. Dettifoss Moeda A moeda local é a krona, sendo que um euro equivale a, sensilvelmente, 160 kronas. O que levar Será quase impossível visitar a Islândia sem contactar de perto com a Natureza. Assim sendo, a primeira decisão será sobre acampar ou não acampar. Se a resposta for «sim», opte será a mais famosa, até por ser considerada a cascata com mais força da Europa, mas os arco-íris que se formam em Skogarfoss ou a água jorrando do interior de uma montanha, em Barnafoss, também merecem destaque. Não deixe, igualmente, de descobrir Landmannalaugar, um vale desértico, onde não faltam piscinas naturais de água quente, géisers e fumarolas. E, claro, reserve tempo para a capital, Reykjavic, onde não faltarão ofertas culturais e monumentos a visitar. Ficar Em Reykjavic, será fácil encontrar um hotel onde ficar, havendo ofertas para todos os bolsos e carteiras. Leve na agenda nomes como o Radisson Blu 1919, o Borg Hotel, o Hilton Reykjavic ou o Hotel Holt. Aliás, se está a pensar visitar a Islândia durante o inverno, fique a saber que durante esta estação do ano apenas existe alojamento disponível na capital e nas principais vilas, pois os parques de campismo e as pousadas estão fechados. Estas últimas são dos alojamentos mais procurados, mas, como existem menos de 30 em toda a ilha, o ideal será antecipar-se na reserva através do site www.hostel.is. Outro site a que deverá dar atenção é www. farmholidays.is, que lhe permitirá optar por um hotel de campo ou por uma quinta para a sua estada. Comer Este apontamento intitula-se «comer», mas vamos começar por falar de um licor (consideravelmente forte, diga-se) elevado a bebida nacional: o brennivin, destilado a partir de batata e temperado com sementes de cominho. E se o clima frio do país ajuda à fama do dito licor, também dita leis no que toca à alimentação. O peixe, nomeadamente o salmão e o bacalhau, e a carne, principalmente de cordeiro, são a base de uma alimentação onde os cereais substituem os vegetais (que não se dão bem com o clima). Salmão e truta fumados, bem como arenque marinado, são alguns dos pratos típicos, muitas vezes acompanhados por skyr, feito a partir de queijo creme e de iogurte. islândia É um dos mais bem guardados segredos da Europa. Uma ilha com uma paisagem quase intocada e onde tão depressa podemos ver glaciares como um vulcão em atividade. Informação na Net turista prevenido, vale por dois Sites que não deve deixar de consultar: www.icelandnaturally.com; www.icetourist.is; www.icelandtouristboard.com; www.iww.is; www.visitreykjavik.is. CARTÃO MILES & MORE A CAIXA, EM PARCERIA COM O PROGRAMA MILES & MORE DA LUFTHANSA, CRIOU O CARTÃO DE CRÉDITO (1) QUE O DEIXA MAIS PERTO DA SUA PRÓXIMA VIAGEM, AO PERMITIR-LHE GANHAR E ACUMULAR MILHAS DA MILES & MORE, TANTO NO CÉU COMO NA TERRA. SAIBA TODAS AS CARACTERÍSTICAS DO CARTÃO MILES & MORE DA CAIXA EM WWW.CGD.PT. (1) MILES & MORE GOLD (COMPRAS): TAEG DE 29,7%, PARA UM MONTANTE DE € 2500, COM REEMBOLSO A 12 MESES, À TAN DE 22,50%. MILES & MORE CLASSIC (COMPRAS): TAEG DE 28,0%, PARA UM MONTANTE DE € 1500, COM REEMBOLSO A 12 MESES, À TAN DE 22,50%. Cx a re v i s ta d a c a i xa 45 r roteiro ALDEIAS HISTÓRICAS Viagem ao passado Escondidas na Beira Interior, belíssimas aldeias recuperadas preservam um pedaço do que é ser português, sem esquecerem de lançar um olhar ao futuro Por Pedro Guilherme Lopes Ilustração Marta Monteiro/www.re-searcher.com piódão É uma das mais belas aldeias portuguesas, onde o xisto é rei e senhor. Vista ao longe, com as luzes das ruas e das casas ligadas, parece saída de um presépio. Visite o Núcleo Museológico do Piódão. 1 linhares Além da riqueza do legado histórico, aqui encontra um simulador de parapente e um restaurante que não pode deixar de visitar: o Cova da Loba. 7 castelo mendo Espreite as casas manuelinas, na Rua do Forno, e o Museu do Tempo e dos Sentidos, entre outros pontos de interesse. 8 idanha-a-velha Pitoresca, conserva um assinalável conjunto de ruínas, o que lhe confere um lugar de realce no contexto das estações arqueológicas do País. As muralhas e a ponte romanas são um bom exemplo desse legado. 2 monsanto Erguida num local muito antigo, onde se regista a presença humana desde o Paleolítico, é considerada uma das mais características povoações portuguesas. 3 almeida Exemplarmente recuperada, como o demonstram o Picadeiro d’El Rey, a Igreja Matriz ou a Casamatas. Aproveite para dar um salto à pequena aldeia vizinha, Malpartida, onde encontrará um restaurante obrigatório: Casa de Irene. 9 10 trancoso Do Castelo às Portas de El 4 castelo Novo É obrigatório visitar o Núcleo Museológico e o Miradouro Virtual, num sistema informático incorporado numa estrutura de suporte rotativa a 360º, que permite a visualização detalhada de particularidades do terreno envolvente. Rey, do Palácio Ducal ao curioso Cemitério dos Mouros, o que não faltam são atrações. Pode ficar no moderno Hotel Turismo de Trancoso e provar os sabores da região no Restaurante Água Benta ou no Quinta da Cerca. sortelha O seu castelo está classificado como Monumento Nacional desde 1910. Oferece várias opções aos adeptos de lojas de velharias. 11 castelo rodrigo Aldeia romântica, 5 belmonte É a aldeia onde encontrará mais motivos históricos e culturais. O Ecomuseu, o Museu do Azeite e o Museu Judaico são referências, e, como há muito para ver, aproveite para ficar alojado na belíssima Pousada do Convento de Belmonte. 6 46 Cx a re v i s ta d a c a i xa com uma muito recomendada Casa da Cisterna, que o convida a ficar, e uma acolhedora casa de chá/loja chamada Sabores do Castelo. A menos de dois quilómetros encontra a vila de Figueira de Castelo Rodrigo, que centraliza todos os serviços de utilidade pública. 12 marialva Não deixe de visitar a Igreja Matriz, o Castelo e a Porta do Anjo e o antigo tribunal. É obrigatório experimentar ficar nas belíssimas Casas de Côro, bem como dar um salto a Vila Nova de Foz Côa. Cx a re v i s ta d a c a i xa 47 f fugas A Q U A P U R A D O U R O VA L L E Y O vale, o vinho e tanto charme A comemorar cinco anos de vida, o Aquapura é, hoje, uma referência na belíssima região do Douro. Sofisticado, sem ser demasiado formal, este é um hotel de excelência, pensado ao pormenor para oferecer estadias que não se esquecem Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia D.R. 48 Cx a rev i s ta d a ca i xa magine-se a escassos dez minutos de carro do centro da Régua, prestes a chegar a uma propriedade de oito hectares, outrora conhecida por Quinta do Vale Abraão, localizada numa das sinuosas curvas características do Vale do Douro. O seu destino é o Aquapura Douro Valley, sendo que, desde logo, existe uma curiosidade: toda a informação relativa ao hotel foi enviada previamente, tornando o check in numa verdadeira receção de boas-vindas, onde toda a atenção fica centrada em quem chega. «Temos tido a preocupação de antecipar soluções que, de alguma forma, quebrem o formalismo, sem descurar a postura e a conduta, e procurem facilitar o acesso a todos os serviços do hotel, concentrando a nossa atenção naquilo que os nossos hóspedes procuram». Quem o diz é Miguel Simões de Almeida, administrador do Aquapura, um hotel de excelência que, desde que abriu portas, em 2007, coleciona prémios e distinções nalgumas das importantes revistas mundiais. Quem aqui se desloca procura experiências gastronómicas e vitivinícolas, bem como relaxamento e recuperação emocional, numa região de rara beleza. No fundo, o lado emocional tem bastante peso quando se escolhe visitar o Aquapura, não deixando de ser relevante que, em termos de percentagem anual, cerca de 40 por I cento dos turistas sejam portugueses. E são também eles que ajudam a fazer um balanço positivo destes primeiros cinco anos de vida. «Este foi um período de extrema exigência e empenhamento por parte dos acionistas, colaboradores e parceiros deste projeto de referência no Douro e em Portugal. Pelo momento que se iniciou e que ainda atravessamos, desde 2008, e pelas enormes mutações da conjuntura e das condições de mercado em que esta unidade tem vindo a operar, considero muito positivo o balanço deste período e os resultados possíveis perante este enquadramento», afirma Miguel Simões de Almeida. «Julgo que a notoriedade da região foi reforçada, o prestígio da unidade e da sua gestão valorizada, mas, acima de tudo, o que esperamos é continuar a contribuir para o desenvolvimento desta unidade e desta região.» que salta, desde logo, à vista é o contraste que resulta da vontade de manter o traçado original do exterior (um edifício do século XIX), injetando-lhe modernidade em todos os pormenores do interior. Pela mão da conceituada designer de interiores, Nini Andrade Silva, os tons escuros, que sublinham a ligação à vinha e ao vinho, O Cx a rev i s ta d a ca i xa 49 servem de cenário a um minimalismo contemporâneo, que contrasta com as cores vivas do cenário exterior (são um verdadeiro bálsamo para a alma as panorâmicas proporcionadas pelas varandas e amplas janelas viradas para as vinhas e para o rio Douro). Nos 50 quartos e suítes, assim como nas 21 villas, além do conforto e da manutenção desse minimalismo, sobressai a aposta na alta tecnologia, presente no sistema de iluminação, nos telefones, televisões LCD com tecnologia IP e na Internet wifi. Cada quarto, cada área, reflete um ambiente acolhedor, onde se misturam 1 2 3 4 5 panorâmica Perfeitamente integrada na paisagem, salta à vista a enorme piscina pensada para fazer lembrar a cor do vinho ficar Pode optar entre os quartos, as suítes (na foto) e as villas contemporânea O bar é exemplo da decoração sóbria e minimalista spa Aqui, não faltam propostas adaptadas aos desejos de cada hóspede no douro Os passeios de barco são uma das propostas do Aquapura 50 Cx a rev i s ta d a ca i xa materiais cuidadosamente escolhidos com obras de arte de inspiração internacional. Os quartos Vale, por exemplo, além da vista para os terraços e vinhas, apresentam uma disposição original entre a casa de banho e a zona de descanso. Já os quartos Spa, situados de frente para a mata, com janelas panorâmicas, incluem uma cama queen size, uma banheira de grande dimensão com deck em madeira e um colchão spa, enquanto os quartos Rio, como o próprio nome indica, oferecem belíssimas panorâmicas sobre o rio Douro. As suítes também se distinguem entre si, ficando para as Aquapura a possibilidade de oferecerem diferentes cenários: vista para o Rio Douro, varanda privada, jardim de inverno ou duplex e uma banheira panorâmica. As suítes Panorâmica distinguem-se pela vista magnífica sobre o rio, através de amplas janelas, e, para quem quiser impressionar (ou ficar ainda mais impressionado), existe uma suíte Presidencial que apenas é alugada sob pedido e que oferece 165 m2 de luxo e de privacidade. rivacidade, e muita, é o que encontrará nas villas. Totalmente mobiladas e equipadas, incluindo cozinha, apresentam espaços que variam entre os 140 e os 234 m2, com um, dois ou três quartos, oferecendo, ainda, piscinas para utilização exclusiva. E já que falamos em piscinas, seria impossível não dar o devido destaque à piscina exterior do Aquapura. P Com 80 m2, situada entre as vinhas e o rio, recebe-nos em águas aquecidas e oferecenos inesquecíveis panorâmicas. Destaca-se, ainda, pela cor da pastilha utilizada no seu revestimento, que lhe confere um tom que, uma vez mais, faz lembrar o vinho. Quando as condições atmosféricas assim obrigam, o convite passa para a piscina interior, integrada num dos melhores spa do País. A tal viagem emocional e sensorial que procura quem visita o Aquapura ganha, nestes 2200 m2, novos contornos, seja na piscina, nos duches aromáticos, na sauna panorâmica, no laconium, no banho de ervas ou na surpreendente cama de água aquecida. Tudo isto, e muito mais, num spa onde não faltam propostas adaptadas ao desejo de cada hóspede. Guia de Viagem Como ir Partindo do Porto, siga em direção à Ponte da Arrábida, apanhando a A4 para Vila Real/Valongo/Ermesinde. Seguir pela saída 18, com sentido a Mesão Frio/Régua, virando à esquerda em direção a N15. Apanhe a N101, depois a N108, passando por Juncal de Baixo e por Adega do Chão antes de chegar ao Aquapura. Se sair de Lisboa, apanhe a A1 e siga até Viseu. Aí, apanhe primeiro o IP3, depois a A24, até à saída número 10, para Armamar. Siga as indicações para Régua/Tabuaço/Resende/ Cinfães, convergindo com a N313 e, depois, com a N222. No Aquapura Douro Valley, encontrará quartos a partir de 180 euros por noite. www.aquapurahotels.com O que fazer Também preparados para os mais diversos desejos estão os espaços gastronómicos do Aquapura Douro Valley. Dois restaurantes de inspiração mediterrânica fazem as delícias de quem por aqui fica: Vale Abraão, situado no piso térreo, de ambiente informal aberto para o exterior, e Almapura, um espaço intimista onde o conceito de food & feeling dá origem a uma proposta que mistura as tradições portuguesas e as receitas internacionais. À disposição estão, igualmente, um bar, um pool bar e um wine room, local privilegiado para eventos privados até 16 pessoas. Em redor, os cinco hectares de mata e de jardins convidam, por um lado, a recuperar dos prazeres da gula e, por outro, a comungar com a natureza (possui mais de 40 espécies de aves migratórias) a presença constante e magnética do Douro, onde poderá, com todo o apoio do Aquapura, realizar um romântico passeio de barco. E, sob o correr tranquilo das águas, perder o pensamento nas encostas de um vale famoso pelo seu vinho e onde se esconde um hotel com muito, muito charme. O Aquapura Douro Valley oferece aos titulares de cartões CGD um cocktail de boas-vindas & upgrade (mediante disponibilidade) ou, em alternativa, um jantar de três pratos em reservas com estadia mínima de três noites (bebidas não incluídas). Saiba quais os cartões abrangidos por esta oferta em www.vantagenscaixa.pt. A partir do Aquapura São muitas as propostas de atividades, pensadas para agradar aos clientes. Para lá da incontornável piscina exterior e do fantástico spa, tem a possibilidade de experimentar uma prova de vinhos, um passeio de barco pelo Douro, uma viagem de comboio a vapor, uma aula de cozinha com o chef, jantares à luz das velas em casas históricas, jantares com enólogos ou piqueniques, entre outras sugestões. Descobrindo a região Ao escolher ficar no Aquapura, está a optar por uma das mais belas regiões do mundo: o Vale do Douro. E além da fantástica envolvente natural, poderá conhecer a história da região, visitando as suas cidades e recantos históricos: Lamego e a arquitetura barroca, a Régua com a sua marginal e o Museu do Douro, Vila Real e o magnífico Palácio de Mateus, terminando nas histórias centenárias de São João da Pesqueira, Pinhão ou Vila Nova de Foz Côa. Cx a rev i s ta d a ca i xa 51 s saúde DE MULHER PARA MULHER Daniela Sobral é ginecologista e mentora da criação da Consulta de Ginecologia Infantil e para Adolescentes no Hospital dos Lusíadas, a qual é assegurada também pela ginecologista Alexandra Cordeiro. «Julgo que é mais confortável para as meninas que esta primeira abordagem seja feita por uma médica. Julgo que é importante para se sentirem mais à vontade», afirma Daniela Sobral. ADOLESCÊNCIA Quase mulherzinha Saiba como ajudar a sua filha na preparação da primeira consulta de ginecologia A ADOLESCÊNCIA é sempre um período de grandes mudanças físicas e de comportamento e nem sempre é fácil os pais entenderem ou fazerem-se entender, sobretudo quando se enfrenta a idade «dos segredos», dos primeiros afetos pelo sexo oposto e de uma nova relação com o próprio corpo. O diálogo entre mãe e filha é fundamental e deve dar o mote para uma vigilância médica adequada. «A primeira consulta de ginecologia deve ser feita por volta dos 13 anos, mas pode ser necessária antes, se a menstruação aparecer cedo de mais, antes dos nove anos, ou se for muito abundante ou muito dolorosa», esclarece Daniela Sobral, ginecologista no Hospital dos Lusíadas. A ida ao ginecologista pode ser um pouco assustadora, principalmente se as mães tentarem explicar, cheias de boa vontade, 52 Cx a rev i s ta d a ca i xa como é o exame ginecológico. «Por norma, não observo as meninas na primeira consulta, exceto quando existe alguma queixa ou preocupação. Numa segunda consulta, é realizado um exame físico geral e um exame dos genitais externos. Muitas vezes, o exame ginecológico só é realizado muito mais tarde», esclarece a ginecologista. Na opinião de Daniela Sobral, a presença da mãe (e, por que não, do pai) é sempre bem-vinda, uma vez que só esta conhece alguns detalhes da história A PRIMEIRA CONSULTA DE GINECOLOGIA DEVE SER FEITA POR VOLTA DOS 13 ANOS Só conversar Na primeira consulta de ginecologia, os exames efetuados podem ser só «medir, pesar e avaliar a tensão arterial. Isto porque o mais importante, nesta primeira abordagem, é avaliar as preocupações da adolescente com a sua imagem, o acne, o excesso de pelos, o peso, o formato das suas mamas ou dos seus genitais externos (que podem não ser simétricos), as irregularidades e as dores menstruais, que podem ser dramáticas e que, por vezes, são de fácil solução», refere a ginecologista, que chama a atenção das mães, recomendando que, perante as queixas de dores menstruais das filhas, optem por dar-lhes um antiinflamatório, como o ibuprofeno. «Não faz sentido nenhum que tenham de aguentar a dor», diz. Por outro lado, esta consulta é, também, uma oportunidade para alertar para a «vacinação contra o vírus do papiloma humano, a qual protege do cancro do colo do útero, para a prática de exercício e de uma dieta equilibrada, para os riscos do tabaco, das drogas e do álcool, e, claro, começar a falar sobre sexualidade responsável, no sentido de evitar uma infeção sexualmente transmissível e uma gravidez não desejada, e que o uso de tampões não tem qualquer desvantagem nas meninas, sendo até mais higiénico, desde que usados de forma adequada.» Foto: Peter Dazeley clínica. «No final da consulta, peço sempre aos pais para saírem, para que a adolescente faça todas as perguntas que quiser e conte detalhes que não quis contar em frente dos pais. É essencial a relação de confiança mútua que aqui se desenvolve», afirma. educação Print MOBBING Carga no trabalho Para lá dos limites físicos, a pressão psicológica exercida sobre trabalhadores não tem de ser suportada como uma inevitabilidade. Quando a carga não dá tréguas, há que não se deixar abater Por Ana Rita Lúcio SÓ A ENTRADA, espiada pelos ponteiros do relógio a anunciar as 9 horas, dá conta da presença de João. Para lá do limiar da porta do 2.º andar, tudo o resto grita a ausência. A secretária e a cadeira há muito que foram expulsas do espaço que chamava seu, um entre tantos no labirinto de cubículos. Do computador e do telefone, só resta a memória que ficou gravada na fotografia que a parede ainda não largou, em tributo a tempos mais felizes. O serviço que durante anos a fio lhe coube, dizem, deixou de lhe servir, para ir cair em novos braços. Só ficou o vazio, talhado à medida de um desespero sem tamanho. Apesar de fictícia na identidade do protagonista, a história que aqui se conta cabe na realidade de um sem-número de trabalhadores, seja qual for o setor de atividade. Funcionários que, por mais empenhados que sejam e capacidades demonstrem, esbarram numa espiral de violência que sobre eles se exerce. Embora essa violência não costume assumir contornos de maus-tratos físicos, conhecem-se as mossas que as agressões psicológicas sistemáticas podem deixar. Se o fenómeno em causa é, geralmente, descrito pelo estrangeirismo mobbing (em inglês, «to mob» pode significar agredir com violência), em bom português ele é sinónimo de um ambiente de coação moral ou psicológica que se abate sobre os trabalhadores. Muito além das situações em que o stresse organizacional se intensifica pontualmente, trata-se de uma gestão das relações profissionais instilando o terror psicológico, através de comportamentos continuados que, inclusivamente, se tendem a tornar cada vez mais agressivos com o passar do tempo. Ainda que, habitualmente, um cenário de mobbing seja protagonizado por superiores hierárquicos em relação aos seus subordinados, também podem surgir casos entre colegas, conduzindo, em todo o caso, à degradação óbvia das condições de trabalho e pondo, ainda, em perigo a saúde física e psicológica do trabalhador. Precariedade gera (mais) violência As vítimas desta violência laboral gratuita são, não raras vezes, alvo de um ataque que esconde razões mais profundas: forçar os funcionários a abandonar o seu posto de trabalho e a organização. Uma pressão que é tanto mais forte numa conjuntura económica que tende a enfraquecer as condições de trabalho, facilitando o abuso de poder por parte de alguns empregadores, que, por exemplo, podem pretender reduzir MOBBING É SINÓNIMO DE UM AMBIENTE DE COAÇÃO NO TRABALHO 54 Cx a rev i s ta d a ca i xa DORES LABORAIS Se só recentemente ouviu a expressão mobbing, saiba que atrás dela se esconde uma realidade antiga, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde e pela maioria das autoridades nacionais para as condições do trabalho. As consequências desta forma de terrorismo laboral são graves e podem traduzir-se em: > > > > > > > > Baixa autoestima; Ansiedade; Apatia; Problemas de concentração; Depressão; Isolamento social; Alterações de humor; Comportamentos disfuncionais, como distúrbios alimentares ou aumento de consumo de álcool e drogas; > Suicídio (em casos extremos). o número de assalariados sem terem de recorrer ao despedimento. O modus operandi neste tipo de situações é variável. No entanto, mobbing pode traduzir-se, como no exemplo fictício do João que aqui se retratou, no isolamento da vítima, no esvaziamento do seu conteúdo de trabalho ou na atribuição de funções para as quais é sobrequalificada. Ou mesmo na humilhação perante os colegas, no ataque à sua esfera profissional ou privada e, ainda, na agressão verbal ou física, em casos extremos. Ferido na dignidade e no profissionalismo, é importante, porém, que quem trabalha saiba que não está sozinho e que resistir é possível: o Código do Trabalho proíbe o assédio moral que crie um «ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador» e confere à vítima «o direito a uma indemnização por danos patrimoniais e não patrimoniais». Perante uma pressão que não cede, há que não baixar os braços. Foto: iStockphoto e f finanças C A RTÕ E S P R É - PAG OS Dinheiro bem gerido Total conveniência nas compras e controlo dos gastos são apenas duas das vantagens dos cartões pré-pagos Foto: iStockphoto CARREGAM-SE COM o que se quer – até um máximo estipulado contratualmente – e sempre que se quiser, permitindo um maior controlo sobre os gastos, com a vantagem adicional de poderem ser carregados por terceiros. Uma entidade e referência, frequentemente sem qualquer associação a uma conta bancária, são tudo o que necessita para aumentar o saldo dos cartões pré-pagos disponibilizados atualmente. Os cartões pré-pagos limitam os gastos ao saldo disponível, correspondente aos fundos carregados previamente, não possibilitando gastar mais do que aquilo que, de facto, se tem. São, também, bastante convenientes nas diversas necessidades de transferência e utilização de fundos, facilitando a gestão das suas finanças no dia a dia. E para uma proteção acrescida, estes cartões obrigam à utilização de um número de identificação pessoal ou de um código. Usados como um cartão MasterCard ou Visa em qualquer estabelecimento comercial que aceite este tipo de pagamento, podem ser utilizados em mais de 48 mil estabelecimentos, em território nacional e 18 milhões em todo o mundo. Os pré-pagos revelam-se uma excelente alternativa, nomeadamente para o pagamento das mesadas e semanadas dos mais novos e, simultaneamente, uma forma de controlar os seus gastos e incentivá-los a gerir o seu próprio dinheiro com bom senso. Trata-se, pois, de um estímulo à responsabilidade e valorização das finanças pessoais dos seus filhos ou netos, de modo seguro e eficaz. Este tipo de cartão revela-se, também, uma solução muito prática para facilitar pagamentos pontuais ou para quem gosta de fazer compras através da Internet de forma segura. Outra das mais-valias é o facto de alguns cartões pré-pagos não obrigarem à associação de uma conta à ordem, sendo que, por norma, estes cartões vêm personalizados com o nome do cliente e dados para o carregamento (entidade e referência) no verso. Para maior comodidade, possibilitam o agendamento mensal do seu carregamento, com um montante predefinido, a partir de uma conta à ordem a que sejam associados. Terminada a sua validade, variável por períodos fixos de tempo, são renováveis automaticamente. Falamos, portanto, de uma solução prática e segura, ideal para a minimização de riscos e controlo de gastos. Saiba mais sobre estes e outros assuntos relacionados com a literacia financeira e a gestão do orçamento familiar em www.saldopositivo.pt. CARTÕES PRÉ-PAGOS DA CAIXA > Fáceis de utilizar e limitados ao saldo pré-carregado, estes cartões permitem um maior controlo dos gastos, conferindo maior segurança. > Em função da idade e das necessidades de cada Cliente, a Caixa disponibiliza um leque de cartões pré-pagos. > Para compras e gestão da mesada, os jovens podem contar com os cartões Lol Júnior e Lol, dirigidos às idades entre os 10 e os 15 anos e entre os 15 e os 18 anos, respetivamente. Estes cartões permitem associar uma funcionalidade de poupança, transferindo, automaticamente, no final de cada mês, o saldo que sobra no cartão (superior a dez euros) para a conta Caixa Projecto do seu utilizador. > Para maiores de 18 anos, os Clientes da Caixa têm à sua disposição um conjunto de cartões com finalidades diferentes: > O cartão Pro, para maior controlo das compras e pagamentos; > O cartão Webuy, um pré-pago virtual para compras on-line; > Os cartões Caixa Flow, que permitem partilhar o saldo com cartões adicionais a serem utilizados no estrangeiro; > O cartão My Baby, para a gestão das despesas relacionadas com o nascimento de um filho. Cx a re v i s ta d a c a i xa 55 s sustentabilidade VERDE MOVIMENTO Inspirar à ação Sustentabilidade é um tema em construção e há muito a aprender sobre ele. Nesse sentido, o Verde Movimento cria uma corrente de várias iniciativas que dão visibilidade a atitudes mais saudáveis para o ambiente e para as pessoas Por Paula de Lacerda Tavares A IMPORTÂNCIA da responsabilidade individual para a reabilitação de um mundo melhor dá o impulso a eventos de rua, em Lisboa, que se traduzem em diversas formas de expressão. Segundo a mentora e organizadora deste projeto, Ana Rita Ramos, a ideia surgiu em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, a que depois se juntou a agência criativa Normajean (e, posteriormente, outros parceiros), com o objetivo de animar os jardins da capital com acontecimentos festivos, divertidos, visualmente apelativos e, sobretudo, que provem que é possível ter uma vida mais ecológica. Neste sentido, foram realizados em Lisboa quatro grandes eventos, dois em 2011 e dois este ano. O Verde Movimento tem vindo a crescer a nível de impacto dos eventos, da adesão do público e, também, da capacidade de chamar 56 Cx a re v i s ta d a c a i xa parceiros para esta causa, tal como a Caixa Geral de Depósitos (ver caixa). A «obra» feita já é significativa: U Quatro eventos em Lisboa, com milhares de participantes; U Um Dia Verde (23 de setembro passado), nos jardins do Museu da Eletricidade, em Lisboa, em que mais de sete mil pessoas partilharam uma nova forma de estar na vida; U Realização de 62 workshops, todos eles com lotação esgotada, em áreas tão distintas como Pais e Filhos, Viver Melhor, Experiências Zen, Nutrição, e muitos mais; U No total dos programas que realizou, o Verde Movimento conseguiu juntar mais de 20 mil pessoas, proporcionando-lhes novas experiências, todas gratuitas e de entrada livre, numa lógica educativa e pedagógica; U Esforço em mostrar formas alternativas de arte, usando a reciclagem e a reutilização, como na Escultura do Desperdício; U Apoio a projetos ainda marginais, porque o Verde Movimento acredita que é nas margens que surgem as ideias para mudar o mundo. É o exemplo do Mercado de Trocas, projeto que incentiva à troca de produtos em segunda mão sem a utilização de dinheiro, projeto apadrinhado pelo Verde Movimento desde o seu início; U Partilha de novos conceitos, inéditos para muitas pessoas, como a energia cinética, em que os participantes têm de pedalar para produzir energia; o mural da cgd, a Escultura do desperdício e muita brincadeira ao ar livre, foram algumas das atividades do Dia Verde U Um site na Internet (www.verdemovimento. com) e uma página no facebook (www. facebook.com/verdemovimento), esta última com mais de 38 mil fãs, em que o Verde Movimento partilha, diariamente, inúmeras ideias para mudar o mundo, de forma gratuita, apenas porque acredita que é preciso sensibilizar cada vez mais pessoas. Fotos: D.R. e João Cupertino Ana Rita Ramos salienta que, «com os eventos do Verde Movimento, procuramos refletir sobre a importância da responsabilidade individual para um mundo melhor. Queremos inspirar as pessoas, as empresas e os parceiros privilegiados na área da sustentabilidade à ação. A sustentabilidade é um tema em construção e há muito a aprender. Tem a ver com o nosso estilo de vida e com os consumos quotidianos, com a forma como lidamos com o lixo que produzimos ou a maneira como comemos, como utilizamos os nossos recursos e energias disponíveis. Tem tudo a ver com a nossa atitude individual em cada momento das nossas vidas, com a consciência de tornarmos o mundo melhor. Cabe a cada um fazer a sua parte, porque um pequeno gesto multiplicado por muitas pessoas dá origem a uma grande transformação». Um Dia Verde «em grande» O Verde Movimento faz parte da corrente de cidadania que pretende amenizar o impacto humano sobre o ambiente e tornar a convivência social mais civilizada nesse âmbito. O dia 23 de setembro foi disso exemplo, nos jardins do Museu da Eletricidade, onde se deu um enorme contributo a favor da sustentabilidade. Com efeito, mais de sete mil pessoas estiveram ativamente presentes, os 16 worshops esgotaram nas zonas zen, nas áreas de pais e filhos e nos recintos subordinados ao tema Viver Melhor, em que até o tema Mãos na Terra ensinou 221 crianças a trabalhar conceitos relacionados com as plantas, as sementes, a horta, o clima e a alimentação. Durante todo o dia, foram disponibilizadas massagens, feito um rastreio nutricional, pedalou-se para criar energia cinética para o concurso Eco DJ Contest e assistiu-se a momentos mágicos no Espaço Malabares, do Chapitô. Outro acontecimento marcante foi o da CRAS, que devolveu à natureza uma ave antes doente, sem esquecer as atuações de street dance com o espetáculo Da Rua para o Palco, que integrou jovens dançarinos de classes sociais muito desfavorecidas. Os carrinhos de rolamentos foram, também, um tremendo êxito para os pais, filhos e até avós, tanto que José Sá Fernandes, vereador da CM de Lisboa, convidou o Verde Movimento a realizar uma corrida, no Parque Eduardo VII, no próximo ano. No Mercado de Troca, constatou-se três vezes mais bens trocados do que em maio passado. Fazendo jus ao seu espírito solidário, o Verde Movimento entregou seis sacos gigantes de artigos ao Banco de Bens Doados/Entrajuda. Já no Mercado Bio e 2.ª Mão, houve a oferta de artigos e produtos de grande qualidade. Factos, vivências humanas e ambientais em harmonia, conjugados num Dia Verde que prova o grande espetáculo em que podemos tornar a vida e o planeta. Por isso, a responsável pelo Verde Movimento deixa o desafio: «Criemos, juntos, uma conspiração de generosidade. Acreditamos que a verdadeira magia da existência é sermos úteis, nem que seja apenas a uma pessoa. Cremos que generosidade é dar o que os outros não chegam a pedir… e dar gratuitamente.» Até ao final deste ano e em 2013, o Verde Movimento vai continuar a acontecer. Para o próximo ano preparam-se eventos ainda maiores, que chuguem a mais pessoas, tanto em Lisboa como no Porto, e o Dia Verde 2013 terá lugar nas ruas da capital, em maio, com nova réplica em setembro. O Verde Movimento está a aumentar de tal forma que, revela a mentora do projeto, «estamos a ser muito solicitados por parceiros no Brasil, em Espanha e na Argentina, sobretudo através da nossa página no Facebook, que é realmente um sucesso. Em breve contaremos dar esse passo». Print PARCERIA FÉRTIL NO DIA VERDE A importância de ter a CGD como patrocinadora. Ana Rita Costa elogiou a forma como a CGD patrocinou o Dia Verde. «Participou ativamente, mostrando a incrível partilha de ADN com o Verde Movimento. Além do apoio do seu banco de voluntários, foi a promotora da nossa Escultura de Desperdício, que levou centenas de crianças a criarem um globo terrestre com materiais condenados ao aterro. E estimulou centenas e centenas de visitantes a escreverem num mural – o painel da CGD intitulado O Mundo que Queremos Ter – uma mensagem para mudar o mundo. A adesão foi tal, que o painel foi preenchido dos dois lados!». A responsável do Verde Movimento conclui que se constatou que ambas as entidades partilham «ambições, convicções, objetivos e sonhos. Assim, temos um terreno fértil para realizarmos projetos em conjunto no futuro». E foi, precisamente, com o mote «O Mundo que Queremos Ter» que «a Caixa se associou a este evento, por ter uma forte componente mobilizadora e pedagógica em torno dos valores da cidadania, convidando ao acolhimento, em família, de comportamentos sustentáveis que valorizem os recursos que temos ao nosso dispor e minimizem o desperdício no dia a dia», sublinhou Paula Viegas, responsável pelo Programa Corporativo de Sustentabilidade da CGD. Cx a re v i s ta d a c a i xa 57 sustentabilidade AUTOCARRO ELÉTRICO Uma inovação sustentável CARACTERÍSTICAS ÚNICAS A CaetanoBus é finalista nos European Business Awards Zero emissões diretas, entre outros pormenores. com o C5 2500 EL. Um projeto totalmente inovador, com produção em série prevista para 2013, para serviço de aeroporto Por Paula de Lacerda Tavares A CAETANOBUS REPRESENTA Portugal como finalista, na categoria Inovação, nos prémios European Business Awards 2012/2013, a que a empresa concorreu com o autocarro elétrico C5 2500 EL e com o autocarro de duas frentes. O destaque dado ao C5 2500 EL, até pelas suas características únicas, acaba por ser natural, surgindo no seguimento da Menção Honrosa obtida, no final de 2011, nos Green Project Awards, uma iniciativa da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), da Quercus-ANCN e GCI. Sendo um projeto capaz de cumprir três princípios fundamentais – a inovação, a excelência empresarial e a sustentabilidade –, este autocarro é um puro elétrico, destinado a transporte de passageiros, ideal para pequenos percursos urbanos. A sua não emissão de poluentes para a atmosfera, Emissões Zero, como está definido, constitui uma das características que o distinguiu no evento. Como salienta Jorge Pinto, CEO da CaetanoBus, «Portugal já tem uma componente de produção de energia de fontes renováveis bastante significativa, o que torna, por si só, o autocarro elétrico um veículo de baixo nível de emissões. Sendo, normalmente, a carga do veículo realizada durante a noite, quando há excesso de produção de eletricidade, o veículo contribui igualmente para o balanço energético». Com efeito, a área de sustentabilidade é uma preocupação real da CaetanoBus, no sentido de criar alternativas amigas do ambiente. Segundo Jorge Pinto, a ideia de inovar com este autocarro elétrico surgiu «na sequência de uma reunião sobre estratégia de produto, 58 Print Cx a re v i s ta d a c a i xa O C5 2500 EL tem uma autonomia de, aproximadamente, 150 km, baixo nível de emissão de ruído, zero por cento de emissões diretas e custo por quilómetro competitivo (1,0 Kwh por km). As novas tecnologias implementadas são as baterias de LiFePO4, sistemas de baixo consumo elétrico, sistema de carregamento incorporado e estrutura em alumínio. Em termos de estética e de conforto, trata-se de um veículo de piso baixo (low floor), com um conceito interior que permite uma grande acessibilidade dos passageiros. realizada em junho de 2009. Na altura, procurávamos soluções para fazer face à quebra de mercado de autocarros na Europa». O projeto foi, então, cofinanciado ao abrigo do Sistemas de Incentivo à Inovação e Desenvolvimento, em copromoção com empresas do setor industrial e entidades do SCTN. O C5 2500 EL tem as suas duas primeiras unidades protótipo produzidas. A primeira encontra-se num cliente da CaetanoBus, num programa de testes em concurso na Finlândia, cofinanciado pelo Governo Finlandês. A segunda unidade tem sido utilizada como demonstradora em diversas cidades (já foram feitas demonstrações em Lisboa e em Vila Nova de Gaia) e em aeroportos europeus. Jorge Pinto anuncia que «está prevista a sua entrada em serviço no aeroporto de Estugarda em março de 2013. Dada a situação económica de Portugal e a contenção do investimento, estamos a promover este veículo, principalmente, nos mercados de exportação. Os nossos mercados-alvo são os municípios e os aeroportos na Europa. Temos também em vista um possível projeto no Brasil. A nível internacional,, o veículo elétrico foi acolhido com bastante interesse, até por ser o único deste tipo que já fez serviço regular em algumas cidades e aeroportos europeus». Nesse sentido, a CaetanoBus tem promovido diversas iniciativas de divulgação de redes de transportes citadinos de zero emissões, ajudando à consciencialização para uma questão fundamental nos nossos dias. Foto: D.R. s B O A S P R ÁT I C A S Por um futuro melhor No seu dia a dia, a Caixa toma medidas para reduzir o seu impacto ambiental. Conheça os resultados alcançados Foto: Tom Merton A CAIXA PROCURA ser um exemplo ao nível das boas práticas tendentes à redução da sua pegada carbónica. Para tal, têm sido várias as medidas implementadas para redução do consumo global de eletricidade, incluindo a utilização de energias renováveis, a adoção de tecnologias de baixo carbono nos edifícios e na mobilidade, assim como uma adequada gestão de resíduos. O resultado deste desempenho é visível nos indicadores alcançados em 2011. O consumo global de eletricidade nas instalações da Caixa registou a maior redução anual desde o início da implementação de medidas de eficiência, tendo-se verificado um decréscimo de dez por cento em relação a 2010. No domínio da mobilidade, reforçaram-se as medidas de gestão eficiente da frota própria e das deslocações em serviço, o que levou a uma redução de 15 por cento de emissões de CO2 face a 2010. Já a reciclagem de resíduos registou um aumento de 19 por cento. Estes resultados inserem-se no âmbito do Programa Caixa Carbono Zero, o programa estratégico da Caixa para o combate às alterações climáticas, lançado em 2007. Trata-se de um projeto único no setor financeiro português, que posicionou a Caixa na liderança da transição para uma economia mais sustentável e de menor intensidade carbónica. Desde então, a Caixa reduziu 13 por cento do consumo de eletricidade, o equivalente ao consumo de 3250 habitações durante o período 2007/2011, poupando dois milhões de euros e evitando a emissão de 6500 t de CO2e por ano. Além disso, compensou mais de 8000 t CO2e resultantes da sua atividade, através do apoio a projetos sustentáveis de geração de créditos de carbono, e concedeu 42 milhões de euros de financiamento em crédito para energias renováveis, que reduzem cerca de 12 000 t CO2 por ano. São apenas alguns dos indicadores alcançados e que proporcionaram importantes distinções. Em 2011, a Caixa foi a melhor empresa portuguesa e a melhor instituição financeira ibérica na resposta às exigências de uma economia de baixo carbono, segundo o Carbon Disclosure Project, Report Ibérico 125 2011, que avaliou as maiores empresas de Portugal e Espanha. A CGD assegurou, ainda, uma posição cimeira no Índice ACGE 2011 – Responsabilidade Climática em Portugal, tendo conquistado a liderança do setor financeiro e a segunda posição no total das 82 empresas avaliadas. Print RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE DE 2011 A Caixa obteve o nível máximo no cumprimento das diretrizes exigidas. O 4.º Relatório de Sustentabilidade da CGD foi elaborado de acordo com as diretrizes da Global Reporting Initiative, tendo obtido a nota A+, após verificação independente. Esta notação reconhece o mérito e a evolução da CGD ao nível dos três pilares da Sustentabilidade: económico, ambiental e social. Isso mesmo é assinalado ao longo do Relatório, tendo em conta os princípios da Carta para o Negócio Responsável do World Savings Banks Institute/European Savings Banks Group, subscrita pela CGD: relações justas e transparentes com os clientes; promoção da acessibilidade e inclusão financeira; negócio “amigo” do ambiente; desenvolvimento de relações responsáveis com os colaboradores; contribuição responsável para a sociedade; comunicação: atividades e políticas. Consulte o Relatório em www.cgd.pt e assista aos testemunhos, em vídeo, sobre o desempenho do Programa de Sustentabilidade da CGD. Cx a re v i s ta d a c a i xa 59 s sustentabilidade TECIDOS E CO LÓ G I CO S Porque há sonhos que comandam a vida Confiança e uma visão positiva da vida e do futuro estão na base de uma empresa online de tecidos amigos do ambiente. Um projeto sustentável que prova que os sonhos se tornam realidade Por Helena Estevens Fotografia Bruno Barbosa É SUSTENTÁVEL o compromisso assumido pela Tecidos Ecológicos, uma empresa online cuja filosofia se baseia no respeito pela vida em geral – pessoas, animais e planeta. Assente num princípio de respeito pela produção ética, recursos e processos naturais, tem como último objetivo o desenvolvimento de tecidos e de peças de roupa que sejam amigos do ambiente. Por outras palavras, criar moda de uma forma responsável, sem esgotar recursos renováveis ou poluir ao longo da sua manufatura, e que, simultaneamente, possam ser reabsorvidos pelo ambiente (biodegradabilidade), preservando todo o valor e significado para todas as pessoas que os vestem. Foi, sobretudo, isto que levou Marlene Oliveira a criar a Tecidos Ecológicos, em maio de 2011. Designer de moda, com preocupações éticas e ambientais, depressa se apercebeu, fruto da sua experiência, que, «em Portugal, havia um nicho de mercado a explorar» nesta área, o que a levou a «contactar fornecedores estrangeiros». Uma das condições essenciais para fechar negócio é assegurar de antemão que a parceria estabelecida é de comércio justo. «Comércio justo tem a ver com a ética e comigo. Sou vegetariana, por isso tenho preocupações com esse tipo de questões», afirma, explicando que apenas escolhe «fornecedores com certificação de comércio justo». Pouco mais de um ano depois, é com um sorriso nos lábios que Marlene Oliveira afirma que este seu projeto «está a correr bem e tem vindo a crescer». Não poderia ser, aliás, de outra maneira. À sua frente está, afinal, uma mulher que não acredita «na crise. Acho que está na cabeça das pessoas. Quando fazemos o que gostamos, as oportunidades acabam por surgir». E oportunidades não faltam. «A crise não a sinto», frisa, prometendo surpresas para breve. Entre elas, «projetos para mudar consciências, para uma visão mais positiva». Entre os seus clientes, a maioria são particulares, artesãos, designers, mais do que empresas de larga produção, embora a Tecidos Ecológicos forneça «marcas que começam a criar pequenas linhas ecológicas, sustentáveis». Alguns cliques são tudo o que é necessário para aceder a uma vasta gama de artigos ecológicos, «veganos» e com certificação de comércio justo. Para facilitar a escolha, os artigos encontram-se divididos por cores (azul, rosa, verde, amarelo, laranja, vermelho, castanho, branco e preto), por tipo (cetim, sarja, flanela, bombazina, 60 Cx a re v i s ta d a c a i xa estampados, lisos, denims e malhas) e produtos, que incluem desde tecidos a retrosaria, passando por peças de vestuário já confecionadas, numa seleção que em breve será alargada. Existe igualmente a possibilidade de adquirir vales-presentes eletrónicos através do site (www.tecidosecologicos.com) e oferecer a familiares ou amigos, se assim o pretender. Uma surpresa que poderá ter reações bastante agradáveis numa altura em que o trabalho artesanal – ou personalizado, se se preferir – está a conquistar cada vez mais afetos. c cultura 3. PERSÉPOLIS as escolhas de... Diana Krall 2. O LIVRO DA SELVA EMPRESARIAL Marjane Satrapi Sandra Universal Liliana Silva Cerqueira Contraponto Felgueiras Neste álbum, Krall reinventa clássicos dos anos 20 e 30, recuperando os discos de 78 rotações que a acompanharam ao longo da vida. O disco está disponível em dois formatos, um standard e um em jewel box e deluxe, com quatro temas extra Gestão Plus Com esta memória inteligente, divertida e comovente de uma rapariga que cresce no Irão, durante a Revolução Islâmica, Marjane Satrapi consegue transmitir uma mensagem universal de liberdade. Jornalista Um guia útil, com reflexões e exemplos práticos, esta é uma sátira divertida, mas também muito inspiradora, que lhe permitirá construir uma carreira de sucesso. (€ 11,61, na Wook on-line) (€ 17,91, na Wook on-line) 1. GLAD RAG DOLL A apresentadora de Hoje e de Sexta às 9 revela os títulos que, recentemente, mais a marcaram. JÁ ME CHEGOU às mãos o primeiro romance de Jaime Nogueira Pinto, Novembro, capaz de nos fazer repensar não só o passado como a construção do País que somos hoje. Atualmente, o disco que mais ouço é o MTV Unplugged, de Florence and the Machine, e, como filme, considero um dos melhores desta década o Amigos Improváveis. Uma história tocante que nos demonstra como pode ser fácil tratar a diferença. (€ 21,90, na FNAC on-line) 4. AS COISAS QUE TE CAEM DOS OLHOS Gabriele Picco Contraponto Ennio, jovem tímido, fascinado por lágrimas, encontra o diário de uma rapariga e, deslumbrado, parte numa busca incessante para devolver o livro à dona. Uma deliciosa fábula urbana sobre amor e imaginação (€ 13,95, na Wook on-line) 8. THE HAUNTED MAN Bat for Lashes EMI Music Natasha Khan está de volta com um disco intimista, dotado de uma estranha melancolia luminosa. A pop independente ao melhor estilo, numa espécie de conto de fadas! (€ 15,90, na FNAC on-line) 7. FUN HOME, UMA TRAGICOMÉDIA FAMILIAR 6. BRANCA DE NEVE 5. BY MY SIDE Stella Gurney Ben Harper Arte Plural Edições EMI Music Alison Bechdel Best-seller internacional, trata-se de uma história agridoce da relação entre pai e filha, contada através de um romance gráfico. Prepare-se para uma das mais fascinantes adaptações de sempre deste conto tradicional. Em formato pop up, com ilustrações fantásticas e para todas as idades. Um dos músicos mais acarinhados pelos portugueses escolheu as suas baladas favoritas para uma retrospetiva de carreira, oferecendo 12 das suas mais emblemáticas canções. (€ 14,94, na Wook on-line) (€ 14,94, na Wook on-line) (€ 17,99, na FNAC on-line) Contraponto Cx a re v i s ta d a c a i xa 61 d cultura LISBON WEEK Lisboa partilhada Injetando-lhe energia nas artérias urbanas, o Lisbon Week fez renascer a capital portuguesa pela via da cultura. Com sete rotas, que atravessaram sete colinas, durante sete dias, a receita foi partilhar Lisboa para, com ela, partilhar Portugal Por Ana Rita Lúcio Fotografia Gualter Fatia PARA LEVANTAR o ânimo de quem ande abatido, o melhor remédio pode ser um «cocktail de vitaminas», segundo a prescrição de António Costa. Uma injeção de energia pronta a colocar toda a gente em movimento, com aplicações localizadas em diversos centros nevrálgicos. No tratamento multifacetado, com duração de uma semana, estavam proibidas as interrupções, para que a cura revitalizante pudesse surtir efeito. Acontece que a receita passada pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), no dia 19 de setembro, no «consultório» improvisado do Miradouro de São Pedro de Alcântara, não estava destinada a curar os males de nenhuma pessoa doente. Antes, vinha reconhecer o bem que um evento como o Lisbon Week pode fazer a Lisboa, mobilizando as gentes para dar uma nova vida à capital. O vaticínio efetuado pelo autarca na apresentação do evento viria a confirmar-se no desfecho deste projeto turístico e cultural, que teve lugar entre 22 e 28 de outubro. Pelo menos, a julgar pelas proporções que esta semana assumiu, a razão parece assistir a António Costa. Ao longo de sete dias, dezenas de milhares pessoas – entre locais, visitantes e turistas – redescobriram recantos lisboetas, encontrando e partilhando ideias, tendências, projetos, espaços, produtos e histórias. Tudo inserido em sete rotas, espalhadas pelas sete colinas: Arte, História, Panorâmica, Gastronomia, Música, Moda e Tradição. E não é por acaso que se fala de partilha, nesta primeira edição do Lisbon Week, um projeto da agência de comunicação XN Brand Dynamics, em coprodução com a CML e com o apoio de vários parceiros, entre os quais se destaca a Caixa Geral de Depósitos. O tema escolhido foi, precisamente, «Share Portugal», num desafio 62 Cx a re v i s ta d a c a i xa proposto pela organização para que todos os envolvidos partilhassem a cidade, para, com ela, partilharem a história, a tradição, mas também a capacidade inovadora e criativa de todo um País. Num evento pensado e feito «por todos e para todos», como adianta Xana Nunes, responsável pela XN Brand Dynamics e principal mentora do projeto, «os habitantes, os lojistas, os donos de galerias e os responsáveis pelos diferentes espaços e instituições foram chamados a criar as suas próprias dinâmicas, dentro da dinâmica geral». Já o mote «para todos» ajustou-se a uma programação pensada para captar públicos de todas as idades e com gostos diferenciados. Caminhos de cultura No final de outubro, quando o tempo ainda se revelava cúmplice de passeios por Lisboa, a proposta foi para que a cultura saísse, literalmente, à rua. Pedia-se, depois, aos participantes que a perseguissem, em cada uma das paragens obrigatórias: umas já velhas conhecidas, revisitadas sob uma luz diferente, outras ainda por desvendar. Assumindo-se como uma «plataforma de mostra de projetos, produtos e artistas portugueses», o Lisbon Week definiu como pontos de partida lugares emblemáticos, como o Miradouro de São Pedro de Alcântara, a Praça de Camões, o Largo de São Paulo, o Martim Moniz ou o Mercado da Ribeira. Para traçar cada uma das rotas, «oferecendo leituras diferentes da cidade», como aponta Xana Nunes, foram convidados sete embaixadores: Isabel Sarmento, na Arte; José Sarmento de Matos, na História; João Botelho, na Panorâmica; José Avillez, na Gastronomia; Zé Pedro, dos Xutos e Pontapés, na Música; José Cabral (mais PARA TRAÇAR CADA UMA DAS ROTAS FORAM CONVIDADOS SETE EMBAIXADORES A iniciativa que fez de Lisboa uma galeria a céu aberto Com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos, a Rota CGD Arte promoveu um (re)encontro entre os lisboetas e a arte que percorreu as ruas da capital. Durante sete dias, 38 galerias e museus abriram as suas portas e até algumas Agências da Caixa acolheram exposições, que incluíram trabalhos de Júlio Pomar e de Vieira da Silva. De entre uma extensa lista de atividades, destacaram-se, ainda, as ações Meet the Artist, vocacionadas para aproximar o público dos artistas, ou a exposição Blind Date, na Biblioteca dos Paulistas, da Igreja de Santa Catarina, onde foi possível adquirir obras de artistas portugueses cuja identidade só foi revelada após a compra. conhecido pelo blogue O Alfaiate Lisboeta), na Moda; e Carlos Coelho, na Tradição. Arte pela rua Quantas obras-primas tem uma cidade com sete colinas? Para responder à pergunta, a Rota CGD Arte elegeu a Praça de Camões como bastião, para daí partir para encontros com contadores de histórias, concertos e workshops, exposições, cinema ao ar livre e atividades lúdicas para crianças, como, por exemplo, o ateliê instrumental em que os mais pequenos aprenderam a tocar com a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Convocando o público a olhar a arte de Lisboa sob o seu prisma, a embaixadora Isabel Sarmento e a curadora Filipa Oliveira desenharam um roteiro cujo ponto alto foi a exposição Vérride, no Palácio de Santa Catarina. Nela, reinventou-se a história do Palácio através da obra de 16 artistas contemporâneos, numa mostra vista por mais de 2400 pessoas. Mostrando, assim, que a cultura lisboeta está bem de saúde. E recomenda-se. Lisboa As ruas da cidade encheram-se de visitantes, que não quiseram deixar de seguir as sete rotas propostas pelo Lisbon Week. Na Rota CGD Arte, as crianças tiveram um lugar privilegiado, como, por exemplo, demonstram algumas atividades lúdicas e o ateliê com a Orquestra Metropolitana de Lisboa (foto de abertura). Mas os adultos também não ficaram de fora e a exposição Vérride (foto da página 62, em baixo), no Palácio de Santa Catarina, revelou-se mesmo um sucesso, à semelhança das apresentações da Metropolitana. Cx a re v i s ta d a c a i xa 63 c cultura F E S T I VA L R O TA DA S A R T E S 2 0 1 2 A cultura em movimento A Cultura, a História e a Indústria andam novamente «de mãos dadas», por ocasião do Festival Rota das Artes 2012, um evento ambicioso que conta com o apoio da Caixa Geral de Depósitos Por Paula Lacerda Tavares Fotografia João Cupertino COMEÇOU EM SETEMBRO e só terminará dentro de semanas, em data ainda definir. Falamos da segunda edição do Festival Rota das Artes, que tem vindo a convidar o público a visitar circuitos únicos dos vários espaços onde decorrem grandes espetáculos. O Festival promove roteiros especiais, em diversos locais nacionais emblemáticos, que incluem exibições de peças de arte de áreas tão distintas como a azulejaria, com a exposição A Revelação de uma Imagem Fragmentada, a tapeçaria com a mostra Uma Magia Construída do Avesso, peças antigas valiosas na exposição Prata, Ouro e Pedras Preciosas e, ainda, a exposição documental Lisboa, Antes e Depois do Terramoto. Com inspiração cultural, foi, também, delineado um guia de circuitos de restauração e comércio de particular interesse e qualidade para todos os visitantes. Este projeto contou com a colaboração do Museu Nacional de Arte Antiga, o Palácio Nacional da Ajuda, o Museu do Azulejo, o Planetário Calouste Gulbenkian e o Instituto Superior de Agronomia, entre outras parcerias de grande relevo nacional. A magia dos monumentos portugueses foi considerada, aliás, ideal para o ambiente pretendido nestes espetáculos, especialmente criados no âmbito do Festival, que conta com a participação de artistas excecionais, num conjunto de sete concertos e de duas apresentações dirigidas aos mais jovens. O concerto de abertura do Festival Rota das Artes 2012 teve lugar no Pavilhão de Exposições, nos Jardins da antiga Tapada Real da Ajuda, no passado a atuação de Maria João assinalou o arranque de um evento de sucesso 64 Cx a rev i s ta d a ca i xa CULTURA NA CAIXA. COM CERTEZA Valorizar o que se faz de bom em Portugal é uma estratégia onde a CGD é peça essencial APOIO DE VALOR dia 21 de setembro, e proporcionou a oportunidade de homenagear Cole Porter ao som do ritmo contagiante dos Lisbon Swingers e da atuação marcante da cantora Maria João. De 28 a 30 de setembro, o Planetário Gulbenkian de Lisboa foi palco da ópera em três atos, O Mundo da Lua, de Joseph Haydn, dirigida pelo maestro Jean Bernard Pommier. Um espetáculo com características fantásticas, em que se convidou o público a «entrar» numa máquina do tempo e recuar 200 anos. Com um dos mais sugestivos libretos de sempre da ópera, esta obra desafiou os visitantes a imaginarem o mundo lunar, graças à avançada tecnologia do Planetário Gulbenkian, gerando sensações únicas aos passageiros desta estranha digressão espacial. Já a 3 de outubro, nos claustros do Mosteiro da Madre de Deus, Sara Mingardo, Jeremy Menuhin e Pavel Gomsiakov, três intérpretes de exceção, criaram um momento extraordinário em torno da obra de J. S. Bach, Shumann e Brahms, ilustrado com trabalhos de grandes pintores da época lisboeta do séc. XX, como Maria Helena Vieira da Silva ou Arpad Szènes. Para breve, estão previstos outros momentos de grande impacto. Numa dessas datas, a música clássica percorrerá as coleções do Museu Nacional de Arte Antiga, culminando com a apresentação cénica de O Retábulo do Mestre Pedro, de autoria de Manoel de Falla. Enquanto isso, o Palácio Nacional da Ajuda receberá a apresentação da ópera A Cinderela, de Rossini, numa produção concebida exclusivamente para a Sala D. Luís. Será uma fusão de teatro, fantoches e sombras chinesas, em harmonia com um conjunto de múltiplas projeções, oferecendo à audiência uma memória invulgar, tanto do local como da interpretação da obra. Em suma, este é um festival capaz de provocar vivências excecionais que conciliam várias formas de arte cénicas, musicais e de exposição, em monumentos carismáticos de Portugal, o que também lhe garante uma projeção internacional marcante. Nas palavras de Isabel Braz, da Direção de Comunicação e Marca da CGD, o Banco mantém uma presença importante no apoio à cultura. «No caso do Festival Rota das Artes, as características dos espetáculos atraíram a nossa atenção». Foram considerados muitos aspetos, como as várias correntes artísticas, os locais selecionados e a componente pedagógica do evento, que realizou previamente apesentações em algumas escolas. «Também a organização de roteiros para visitas a museus e exposições é uma vertente interessante, pois permite ao público novas formas de olhar todo o riquíssimo património aí presente. Toda esta diversificação permite-nos abranger muitos públicos e proporcionar aos nossos Clientes uma experiência da Marca e momentos de lazer de qualidade», explica. A Caixa confirma, assim, a sua atuação positiva na vertente da responsabilidade social e no seu envolvimento com as diferentes comunidades, num apoio que permitiu a oferta de bilhetes a Clientes e colaboradores, neste caso, através de passatempos internos. «O sucesso dos primeiros espetáculos, quer em qualidade, quer em adesão do público, leva-nos a estar seguros de que a segunda fase, agendada para breve, terá um êxito igualmente assinalável», conclui. FAZER ACONTECER MAIS EM PORTUGAL O organizador do Festival Rota das Artes, Tito Celestino da Costa, salientou a eficácia da parceria com a CGD, que referiu ter decorrido de duas formas essenciais para a viabilidade do projeto: o patrocínio direto, através de um investimento financeiro, e na divulgação do Festival, incluindo-o no âmbito da responsabilidade social que a Instituição bancária sempre assumiu no panorama nacional. «A CGD tem uma das melhores equipas na área da Comunicação e que sabe a forma mais eficaz de transmitir o que se está a fazer no Festival», referiu. Tal aponta para o plano de crescimento que está a ser delineado pelos seus organizadores para criar um produto atrativo, não só a nível nacional. «No final deste ano, queremos já ter definido o projeto para o Festival Rota das Artes 2013. Para tal, temos de ser ainda mais eficazes na estratégia e criar um produto com diferentes vertentes, em espaços multifacetados, para abrir o leque de público a todas as idades e nacionalidades. Num momento em que tudo em Portugal tem um ponto de interrogação, temos de valorizar o que há de bom, ideia que partilho em absoluto com a Caixa Geral de Depósitos.» Cx a rev i s ta d a ca i xa 65 c cultura G N R AT I O N Um legado de futuro Uma juventude mais participativa, com mais ferramentas para os desafios de futuro. É este o legado do GNRation, o novo espaço criativo da cidade de Braga, instalado no antigo quartel da GNR local Por Helena Estevens APÓS UM ANO como Capital Europeia da Juventude, Braga prepara-se para acolher mais um projeto inovador, o GNRation, um espaço dedicado à criação, produção e consumo de atividades artísticas e criativas. Segundo Hugo Pires, presidente do Conselho de Administração da Braga 2012: Capital Europeia da Juventude e vereador da Câmara Municipal da cidade, «o projeto GNRation é um dos legados que queremos deixar à cidade e pretende centralizar todas as linhas de ação e objetivos programáticos da Capital Europeia da Juventude. Queremos que o legado seja uma juventude mais participativa, com mais 66 Cx a rev i s ta d a ca i xa ferramentas para os desafios de futuro e uma estrutura sustentada no desenvolvimento de políticas de juventude e educação, formal e não formal, que sejam uma boa prática para todos os municípios portugueses». Quanto a Braga 2012, trata-se da marca que se pretende que perdure no tempo. «É o início de uma ‘nova viagem’ e deve ser o começo de uma renovada dinamização associativa, social, cultural, mas também económica, em particular, das indústrias criativas», explica o responsável. Como Capital Europeia da Juventude, a cidade visou não só dar ferramentas aos jovens para enfrentarem o mercado de trabalho, como promover a participação cívica e ativa, projetando a marca Braga como uma cidade com história, mas, também, com futuro. O GNRation vai «ao encontro destes objetivos, por ser um polo agregador de indústrias criativas e de empreendedores, fomentando o coworking e a troca de experiências e de ideias», adianta Hugo Pires. «A região norte de Portugal só será competitiva na nova economia criativa se for gerada uma massa crítica de empreendedores, estudantes, intelectuais, ativistas sociais, artistas, administradores e investidores que possam operar num contexto cosmopolita e Fotos: D.R. open minded, onde as interações entre estes agentes geram mais ideias e criações, produtos, serviços e instituições, contribuindo, desta forma, para o seu desenvolvimento económico e social.» É exatamente aqui que entra o projeto GNRation, instalado no antigo quartel da GNR local. Envolver o público em geral e a comunidade em todo o projeto é um dos objetivos definidos, especialmente através das diversas parcerias estabelecidas, desenvolvidas para atrair não só público diverso como um vasto leque de oferta cultural, criativa, associativa e empreendedora. Nesse sentido, foram já encetados contactos e realizadas reuniões com diversas entidades públicas e privadas, lançando o mote para fazer cumprir os objetivos a que se propõe o GNRation. «Herdamos, desde logo, os parceiros envolvidos da Braga 2012: Capital Europeia da Juventude, podendo realçar-se nível local e nacional, a Universidade do Minho [UM] e a Universidade Católica e instituições relacionadas, a Associação Académica da Universidade do Minho (através também do Liftoff – Gabinete do Empreendedor da Associação Académica da UM), galerias artísticas como a Galeria Mário Sequeira e a Galeria Show Me, bem como editoras, consultoras e artistas que se têm mostrado particularmente interessados», explica Hugo Pires. Também a nível regional e internacional, continua, «estão a ser desenvolvidas plataformas de colaboração essenciais ao projeto, como a Waag Society’s Fablab Amsterdam (Holanda). Estão, ainda, a estabelecer-se diversas parcerias com o Brasil, e com a vizinha Espanha, no caso, com o Centro Galego de Arte Contemporânea de Santiago de Compostela. São acordos preparados para promover o diálogo intercultural, a troca de valor ao nível da produção, da experimentação e do apoio a jovens artistas, nos domínios das artes visuais», concretiza. Talento jovem na cidade O GNRation visa cativar e fixar jovens de talento na cidade. Este projeto está, assim, também inscrito no Programa Estratégico de Reabilitação Urbana do centro histórico de Braga, em execução pelo Município, que pressupõe como um dos seus objetivos a atração de jovens ao centro histórico. «Ainda recentemente, promovemos a venda de uma Eternamente jovem Fotógrafa e programadora cultural, Alexandra Ferreira é a primeira diretora convidada do GNRation. «O convite – de acordo com Hugo Pires – surgiu naturalmente com a composição da equipa de acompanhamento do projeto. Ao reunir as diferentes especialidades necessárias para o estudo do modelo de gestão do espaço, foi colocada a necessidade imperiosa de existir um elemento com conhecimento local e de experiência comprovada quer como programadora cultural, quer na gestão de espaços culturais. A juventude é sempre um marco para qualquer cidade, especialmente em Braga, ser jovem não é uma desvantagem é um orgulho poder ter uma visão diferente. O desafio é o GNRation ser sempre jovem». Ao longo deste ano caber-lhe-á a criação da rede de parceiros de um projeto que promete deixar marcas profundas na cidade. habitação – Casa a 1 Euro –, que foi um sucesso, e dinamizámos o projeto Encaixa-te, de modo a instalar novos negócios no centro histórico. Se houver jovens a trabalhar no GNRation, eles provavelmente quererão morar no centro histórico e a dinamização criada, aliada aos parceiros e programação própria, produzirá, certamente, uma mistura explosiva, atraindo jovens – que estão ou saem da universidade ou com projetos criativos – que, de outra forma, voltariam para as suas localidades», frisa Hugo Pires. O objectivo passa por dividir o GNRation em três grandes áreas. A primeira, dedicada à produção, com gabinetes de trabalho e uma área de trabalho colaborativo, para acolher negócios nos setores do audiovisual, multimédia, música ou webdesign; outra destinada à experimentação, constituída por ateliers para residências temporárias de criativos; e, por último, os espaços de exibição, com um auditório para 200 pessoas, café-concerto e zonas de lazer. Os interessados serão alvo de um processo de seleção, com critérios definidos por um júri de acompanhamento, constituído por diversos parceiros. Cabe, simultaneamente, ao júri definir a tipologia de espaço (residências, ateliers coletivos e/ou individuais), condições e tempo para cada projeto apresentado, ajustando as variáveis às necessidades de maturação e disponibilidade. Além da ocupação dos espaços do edifício, o GNRation contará com programação própria, em particular nas praças interiores e espaços comuns (auditório e espaços de acesso publico), a qual, além de potenciar os projetos existentes, procurará trazer eventos, instalações e artistas residentes. O GNRation será, assim, um espaço agregador do legado da Braga 2012: CEJ, dando continuidade à programação da CEJ neste novo espaço, com iniciativas várias relacionadas com as artes performativas, instalações artísticas, sessões de empreendedorismo, teatro ou música, entre muitas outras. Cx a rev i s ta d a ca i xa 67 agenda EXPOSIÇÕES CINEMA Flagrante Deleite Cinanima até 06.01.2013 Fundação CGD – Culturgest, Lisboa 08.12 Fundação CGD – Culturgest, Lisboa -30% até 25 e maiores de 65 anos; -40% para titulares dos cartões Caixa IU, ISIC, ITIC e Caixa Fã (até 2 bilhetes). Entrada gratuita A exposição oferece uma perspetiva sobre o trabalho multifacetado de Rosemarie Trockel (Schwerte, Alemanha, 1952), artista de referência na cena artística internacional dos últimos 30 anos. Tomando como leitmotif uma extensa série de colagens realizadas desde 2004, a exposição inclui, também, esculturas muito diversas, objetos de cerâmica e obras de parede feitas com lã. Cem Obras Para Dez Anos até 27.01.2013 Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, Lisboa Os Clientes da CGD têm um desconto de 75% em qualquer exposição da Fundação, mediante a apresentação de um cartão da Caixa. 100 Obras, 10 Anos: Uma Selecção da Colecção da Fundação PLMJ baseia-se na cena artística contemporânea nacional e dos países de expressão portuguesa. Destacam-se os trabalhos de Joana Vasconcelos, José Pedro Croft, Julião Sarmento e Pedro Cabrita Reis, bem como de Celestino Mudaulane, Rosana Ricalde e Yomnamine. CONDIÇÕES EXCLUSIVAS PARA CARTÕES CGD 40% DE DESCONTO NA AQUISIÇÃO DE ATÉ 2 BILHETES POR ESPETÁCULO AOS TITULARES DOS CARTÕES CAIXA FÃ, ITIC, ISIC, CAIXA IU E CAIXA ACTIVA. 30% DE DESCONTO NA AQUISIÇÃO DE ATÉ 2 BILHETES POR ESPETÁCULO AOS TITULARES DOS CARTÕES CAIXA GOLD, CAIXA WOMAN, VISABEIRA EXCLUSIVE, LEISURE E CAIXADRIVE. 68 Cx a re v i s ta d a c a i xa DANÇA/MÚSICA A Lã e a Neve 14 a 16.12 Fundação CGD – Culturgest, Lisboa Ver descontos na caixa Culturgest. Nas palavras da autora, Madalena Victorino: «Tomo os gémeos e a curiosidade que os envolve como fonte de pesquisa. A perceção do outro, os segredos da proximidade, ser o outro e nós mesmos num contacto; o espaço do outro que entra no nosso tempo, a antecipação, a telepatia, o encontro – eis os eixos que nos levaram a descobrir gémeos de várias idades, que vivem em aldeias da região de Guimarães e numa grande cidade como Lisboa. Fazê-los aproximar-se a propósito de um objeto de dança, música e silêncios que se constrói com eles e com artistas. A Lã e a Neve é um espetáculo que procura, nos corpos dos seus intérpretes, a força para sair e rebentar com os limites da comunicação.» Exposição Educação+ Financeira Até 24.04.2013 Entrada gratuita A Exposição Educação+ Financeira resulta de uma parceria com a Universidade de Aveiro e visa a formação de consumidores mais conscientes da realidade financeira. Desenhada, sobretudo, para os mais jovens, a exposição passou já por 40 cidades, de norte a sul do País, envolvendo mais de 40 mil pessoas. A edição 2012/2013 está já em curso (ver quadro), estando toda a informação disponível em http://pmate. ua.pt/educacaomais. 04 a 06.12.2012 11 a 13.12.2012 08 a 10.01.2013 (pausa) Até 29.12 Fundação CGD – Culturgest, Porto A Culturgest abriu em Lisboa, em fevereiro de 2011, uma livraria especializada em arte contemporânea, alheia a preocupações de ordem comercial, em que todas as publicações são disponibilizadas a preços reduzidos. Agora, um ano e meio depois da sua abertura, quando a oferta ascende a cerca de 500 títulos, é hora de fazer uma pausa nas exposições e partilhar temporariamente a livraria com o público do Porto. Estarreja Oliveira de Azeméis 15 a 17.01.2013 Albergaria Condeixa 28.1 a 01.02.2013 Pombal 05 a0 7.02.2013 Ourém Proença-a-Nova 26 a 28.02.2013 Elvas 05 a 07.03.2013 Borba 12 a 14.03.2013 Mafra 02 a 04.04.2013 Baião 09 a 11.04.2013 V. R. St. António 16 a 18.04.2013 Beja 22 a 24.04.2013 OUTROS Tondela 22 a 24.01.2013 19 a 21.02.2013 À semelhança do que vem acontecendo há vários anos, a Culturgest associa-se ao Cinanima, projetando uma seleção de filmes premiados feita pela organização do Festival. Trata-se do mais importante festival de cinema de animação português, que decorre, em Espinho, desde 1976, tendo este ano a sua 36.ª edição, o que o torna um dos mais antigos festivais deste tipo de cinema em todo o mundo. CNC – UA – Aveiro Fotos: Georges Dussaud (A Lã e a Neve); DMF, Lisboa (pausa) a vintage v FACTOS registados em 1877 Enquanto se abria o primeiro livro de receitas da CGD, outras páginas da história se escreveram. REGISTO Receitas em livro Porque a informação tem um valor inestimável, a CGD conta a história do seu primeiro livro de receitas, onde se guardam os registos de quem a ajudou a tornar-se a maior instituição financeira e de crédito em Portugal DESDE SEMPRE, as sociedades organizadas sentiram necessidade de criar as suas próprias formas de registar os acontecimentos mais marcantes. As pessoas, instituições e empresas, na consecução das suas atividades e negócios, criaram técnicas e suportes específicos com vista a materializar os registos administrativos, contabilísticos e financeiros. Da história do suporte, ficaram-nos as «tabuinhas» de argila dos Sumérios, os papiros do Egito, os pergaminhos medievais e o papel, já na era moderna. Também a Caixa Geral de Depósitos sentiu necessidade de registar, desde o início da sua atividade, o seu movimento de entrada e saída de capitais. Na ausência de sistemas mecânicos de registo, havia que recorrer aos lançamentos manuscritos em livro, convenientemente cosidos e encadernados. Estes continham os registos devidamente numerados, sequencialmente, de forma a evitar falsificações, como a introdução ou supressão de folhas. O primeiro livro de receita da CGD, que data de 1877, espelha, precisamente, o início da atividade da Caixa, no que diz respeito à arrecadação de valores e à constituição do seu fundo financeiro de arranque das operações. Aqui encontramos o registo dos valores provenientes de diversas entidades e particulares. Não esqueçamos que, com a criação da CGD, se extinguiram outras instituições, herdando esta as suas funções, património e valores (a débito e crédito). São valores provenientes de depósitos obrigatórios por ordem dos Juízes da Comarcas, dos tesoureiros da Fazenda Pública da Junta do Depósito Público e ainda de particulares (por aquisição de arrematação de propriedades e outros bens em hasta pública), que iniciam os registos de receita da CGD. O valor do primeiro registo que encontramos neste livro de receita é de 646$434 réis, proveniente da Junta do Depósitos Público. Pelas folhas deste e dos restantes sete livros que constituem esta série, podemos aceder a informação preciosa sobre outros valores, entidades e pessoas que contribuíram para a constituição do fundo financeiro que permitiria à Caixa iniciar a sua atividade. Uma função de apoio, tanto ao Estado, como aos que, possuindo algum pecúlio, não se permitiam a grandes aventuras financeiras, mas também não aceitavam a ideia de ver o seu dinheiro eternizar debaixo do colchão. Foi com estas pessoas e muitos outros milhares, que nos anos seguintes se foram juntando, que a Caixa se tornou na maior Instituição financeira e de crédito em Portugal. No primeiro dia do ano, a rainha Vitória de Inglaterra, é proclama Imperatriz da Índia. 1. Thomas Edison inventa o fonógrafo. 2. 3. O Teatro Bolshoi de Moscovo assiste à estreia do célebre bailado O Lago dos Cisnes, que, à data, se revela um fracasso. Rutherford B. Hayes torna-se o 19.º Presidente dos Estados Unidos, sucedendo a Ulysses S. Grant, depois de um rescaldo eleitoral polémico. 4. O Império Russo declara guerra ao Império Otomano. 5. O escritor russo Lev Tolstoi publica a versão compilada do romance Anna Karenina. 6. Nasce Hermann Hesse, escritor alemão e futuro Prémio Nobel da Literatura. 7. A Roménia declara-se independente do Império Otomano, o que só será reconhecido um ano mais tarde. 8. O jornal diário norte-americano Washington Post sai pela primeira vez em banca. 9. Morre o escritor Alexandre Herculano, um dos expoentes máximos da literatura portuguesa. 10. Cx a rev i s ta d a ca i xa 69 i institucional CAIXA EMPRESAS Para o seu negócio O apoio às exportações e o reforço da capitalização das empresas constituem prioridades para a Caixa A CAIXA DISPÕE de uma linha Caixa Empresas, para que possa lançar ou intensificar o investimento da sua empresa no apoio à exportação. Esta linha permite aliviar a tesouraria da empresa sob três formas: flexibilização de prazos e condições, vantagens e benefícios para empresas com relacionamento bancário global centrado na Caixa (domiciliação de vencimentos em contas da CGD, serviços de cobranças e produtos de tesouraria na ordem interna e externa, incluindo pagamentos e recebimentos, entre outros) e antecipação de recebimentos de exportação. Estes adiantamentos assumem duas modalidades: Remessas de Exportação e Créditos Documentários de Exportação. As primeiras permitem o desconto de remessas simples (em que a Caixa procede apenas à antecipação de uma receita futura proveniente de uma exportação) ou documentárias (a Caixa envia ao seu banco correspondente no estrangeiro os documentos financeiros ou comerciais para cobrança, assegurando o cumprimento das condições definidas). Nos Créditos Documentários de Exportação, em especial relativamente aos mercados emergentes, a Caixa assume a garantia de pagamento, através da confirmação de cartas de crédito, eliminando riscos comerciais, políticos e de transferência. OFERTA CAIXA CAPITALIZAÇÃO A Caixa lançou, também, a oferta Caixa Capitalização, com uma dotação global de 1500 milhões de euros, visando proporcionar às empresas meios financeiros que satisfaçam as necessidades de reforço dos capitais permanentes. Esta oferta abrange três dimensões: Linhas de crédito para capitalização de empresas, uma forma inovadora de financiamento no mercado português, que combina características de capital e dívida, como sejam os prazos alargados de carência no reembolso, as remunerações variáveis a depender da performance das empresas, a possibilidade de capitalizar parte ou a totalidade dos juros, a não exigência de garantias hipotecárias, etc.; Atividade de Fundo de Fundos, destinada a estimular atuais e novos operadores de capital de risco (venture capital e private equity). Com esta iniciativa, espera-se incrementar o número e a diversidade de operadores independentes no mercado e a respetiva capacidade de investimento, aumentando, em consequência, o espectro das empresas beneficiárias dos meios financeiros disponibilizados; Fundos de capital de risco sob gestão da Caixa, para investimento direto em empresas da carteira de Clientes da CGD com bom potencial de crescimento e valorização. São quatro os fundos existentes, sendo de relevar o Caixa Mezzanine e o Caixa Reorganização Empresarial. 1. 2. 3. A oferta Caixa Capitalização privilegiará, em qualquer das três vertentes, o apoio a empresas que atuem em setores de bens e serviços transacionáveis, com vocação para operar em mercados alargados (de exportação), influentes na substituição de importações ou relevantes no setor do comércio. Cartão Caixaworks Empreender (1), para apoiar a criação de novos negócios e empresas de pequena dimensão, designadamente, correspondendo às necessidades de tesouraria. Saiba mais em ww.cgd.pt. (1) TAE de 15,8% (com garantia real) ou 18,3% (com garantia pessoal), calculadas com base na média mensal da Euribor a 6M (base 360) + spread de 5,5% ou 8%, respetivamente, para um montante de 1500 euros com reembolso a 12 meses. Taxas Euribor atualizadas em 01/01 e 01/07 de cada ano. 70 Cx a re v i s ta d a c a i xa i institucional Produtos e Serviços para Clientes Caixazul Produtos / Serviços Exclusivos Gestor Dedicado x Gestor On-line SERVIÇO CAIXAZUL Proximidade, inovação e exclusividade Produtos / Serviços com Condições Especiais x Serviço Caixazul GAT x Cartão Caixazul (1) x Cartão Caixa Gold (2) x Cartão Caixa Platina (3) x Depósito Caixazul Praemium x Depósitos Caixazul Netpr@zo 3M, 6M e 12M x Depósitos Caixazul Netf@cil 1M x Caixazul Habitação (4) x Crédito Pessoal (5) x Oferta Global de Saúde Multicare (Planos e Cartões) (6) x Caixa Proteção Total – Seguro Acidentes Pessoais (6) x Um atendimento personalizado, sofisticado e de Caixa Seguro Viagem (6) x excelência, disponível em 580 Agências ou à distância Caixa Seg. Empregada Doméstica (6) x Seguro Casa – Pack Recheio (6) x O CAIXAZUL é um serviço da Caixa dirigido a Clientes exigentes, que se caracteriza pelo atendimento personalizado, sofisticado e de excelência. Disponível em 580 Agências, este serviço assegura: > Atendimento por um Gestor Dedicado, em Agência, através do telefone ou da Internet; > Disponibilidade 24 horas, sete dias por semana, através do Gestor on-line e do Caixadirecta telefone e on-line; > Acesso a produtos financeiros exclusivos ou com condições especiais; > Apoio financeiro rigoroso e de qualidade. O Gestor Dedicado proporciona um atendimento personalizado, adequado ao respetivo perfil de Cliente e a cada fase da sua vida, identifica as oportunidades que melhor servem as suas necessidades financeiras, apoia as decisões de investimento e seleciona as melhores alternativas entre os produtos e serviços que a Caixa oferece. Proximidade – O serviço Caixazul, através dos Gestores Dedicados, procura um relacionamento de confiança com o Cliente, sustentado na experiência, no rigor e na qualidade de um serviço que responda às suas expectativas. Além do atendimento personalizado nos espaços Caixazul, pode, ainda, contactar o seu Gestor Dedicado por telefone ou pelo Caixadirecta on-line. Ou seja, tem o seu Gestor Dedicado presente no canal mais conveniente consoante as situações. Inovação – Até hoje, foram várias as inovações do Caixazul, que acrescentam valor, flexibilidade e comodidade aos Clientes, como, por exemplo, o Gestor on-line. Trata-se de um serviço inovador e gratuito, disponível no Caixadirecta on-line, que permite trocar mensagens com o Gestor de forma simples, rápida e segura, marcar reuniões no dia e hora mais convenientes para o Cliente e conhecer as oportunidades de negócio em destaque. Exclusividade – Os Clientes Caixazul têm à disposição produtos e serviços exclusivos ou em condições especiais mais atrativas. Vão desde o cartão Caixazul, que os identifica como Clientes do serviço, até aos Depósitos on-line, que podem ser facilmente subscritos no Caixadirecta on-line (ver quadro). Há um Banco que o conhece como ninguém. A Caixa. Com certeza. (1) TAEG de 1,1%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 0,00%. (2) TAEG de 27,5%, para um montante de 2500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,00%. (3) TAEG de 15,9%, para um montante de 5000 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 12,00%. (4) TAE de 5,463%; TAER de 5,499%, calculadas à taxa Euribor 6 M, em novembro de 2012, arredondadas à milésima e acrescidas de 4,50% de spread. Exemplo para um financiamento de 150 000 euros, a 30 anos, valor de avaliação de 200 000 euros, Cliente com 30 anos, com detenção dos seguintes produtos: Cartão de débito; Cartão de crédito; Caixadirecta; Domiciliação de Rendimentos; Carteira de depósitos, ativos e seguros financeiros com capital garantido a todo o tempo, superior a 50 000 euros, e Seguro de Vida e Multirriscos numa seguradora do Grupo Caixa. Comissão por reembolso antecipado, parcial ou total, 0,5% do capital reembolsado. (5) TAEG de 17,1%, calculada com base numa TAN de 14,408% (Euribor 3M + 14,200%), em novembro de 2012, para um crédito de 30 000 euros, com reembolso a 60 meses e garantia de fiança. Exemplo para operação com finalidade de lazer para Cliente Caixazul com cartão de débito ou débito diferido, cartão de crédito, domiciliação de rendimentos e serviço Caixadirecta. Prestação mensal 720,78 euros. Montante total imputado ao consumidor: 43 394,75 euros. (6) Produto da Fidelidade Mundial -Companhia de Seguros, SA, comercializado através da Caixa Geral de Depósitos, SA, na qualidade de mediador de seguros. A Caixa Geral de Depósitos, SA, doravante apenas CGD, pessoa coletiva n.º 500960046, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa, com o capital social de € 5 900 000 000,00, com sede na Avenida João XXI, n.º 63, 1000-300 Lisboa, solicitou, em 19 de setembro de 2007, a sua inscrição no Instituto de Seguros de Portugal, na categoria de Mediador de Seguros Ligado, nos Ramos de Seguros de Vida e Não Vida e respetiva autorização para trabalhar com a Fidelidade – Companhia de Seguros, SA, encontrando-se registada sob o n.º 207186041. Os dados da CGD, enquanto Mediador de Seguros, estão disponíveis e podem ser consultados no sítio do Instituto de Seguros de Portugal (www.isp.pt). A CGD, enquanto mediador, não tem poderes para celebrar contratos de seguro em nome do Segurador, nem assume a cobertura dos riscos. A CGD, enquanto mediador de seguros ligado, não tem poderes de cobrança, embora enquanto instituição bancária possa executar as operações próprias desta atividade, designadamente, as operações de débito em conta ou transferência bancária autorizadas pelo respetivo titular. Cx a re v i s ta d a c a i xa 71 i institucional P O U PA N ÇA Caixa Família Se quando a família se junta é sempre bom, por que não juntar o rentável ao agradável? O CAIXA FAMÍLIA é um serviço que permite agrupar as contas de poupança da família, para que todos possam beneficiar de uma taxa de juro superior à que teriam individualmente. E os benefícios crescem com o aumento do relacionamento com a Caixa. Veja, no quadro ao lado, o caso da Maria. A subscrição do Caixa Família é simples e flexível. Não precisa de abrir novas contas e cada familiar gere a sua conta de forma individual. Os familiares podem entrar e sair do grupo e reforçar as suas contas a partir de 10 euros, sem entregas obrigatórias. Os aderentes ao Caixa Família devem ser familiares do titular da primeira conta a associar-se ao grupo: cônjuge, descendentes até 4.º grau, colaterais ou seus descendentes até 4.º grau e ascendentes até 2.º grau (incluindo por afinidade). Podem aderir duas contas de poupança, no mínimo, devendo a primeira ser de um titular maior de 18 anos. As duas contas não poderão ser tituladas apenas por cônjuges. Com um prazo de 181 dias, renovável automaticamente, e pagamento de juros semestral, o serviço permite mobilização antecipada, com perda total de juros sobre o valor mobilizado. Visite uma Agência da Caixa e saiba tudo sobre o Caixa Família. COM O CAIXA FAMÍLIA 1.º PASSO: Domiciliação do ordenado na Caixa VANTAGENS A Maria tem 20 000 euros numa conta CaixaPoupança e o filho 2000 euros numa CaixaProjecto. Na Agência, soube que iria melhorar a remuneração, aderindo ao Caixa Família, e que o aumento seria ainda maior se domiciliasse o ordenado na CGD, pois poderia aderir ao Caixa Família Mais. A Maria assim fez. Ao aderir ao Caixa Família Mais, a família da Maria aumentou, sem esforços, a remuneração das suas contas. 2.º PASSO: Adesão ao Caixa Família Ao associarem as contas no Caixa Família, mãe e filho passam a ter as poupanças remuneradas à TANB de 2,75%, no primeiro e segundo semestres, e a 0,95% + 20% da Euribor a 6 meses nos restantes. Acréscimos à taxa de juro de cada conta, face à taxa de juro na conta original 3.º PASSO: Juntar mais familiares ao Caixa Família Como a remuneração do Caixa Família é calculada em escalões, a Maria convidou o pai – que tem o cartão e uma conta de poupança Caixa Activa com 30 000 euros – a pertencer ao grupo. Assim, o somatório virtual das três contas subiu de escalão e cada uma passou a uma remuneração superior: TANB de 3%, no primeiro e segundo semestres, e de 1,05% + 20% da Euribor a 6 meses, nos restantes. Veja quanto acresce a taxa de juro em cada conta, com a associação das contas de poupança da família: Maria: 1.º e 2.º semestres: + 2,70 %; Restantes semestres: 20% da Euribor + 0,75 %. Filho da Maria: 1.º e 2.º semestres: + 2,15%; Restantes semestres: 20% da Euribor + 0,2%. Pai da Maria: 1.º e 2.º semestres: + 2,20 %; Restantes semestres: 20% da Euribor + 0,25 %. TODA A FAMÍLIA PASSA A BENEFICIAR DE UMA MELHOR TAXA DE JURO Arredonde com o seu cartão Ao efetuar compras com determinados cartões, pode beneficiar do arredondamento das compras realizadas, revertendo o montante do arredondamento, automaticamente, para uma conta de poupança, PPR ou fundo de pensões, conforme o cartão utilizado. É muito simples, basta pedir em qualquer Agência da Caixa ou do serviço Caixadirecta Telefone para associar um dos três programas de arredondamento à escolha a um cartão da Caixa elegível. Saiba mais em www.cgd.pt. 72 Cx a re v i s ta d a c a i xa C A I X A P O U PA N Ç A S U P E R I O R Uma solução exclusiva para estudantes universitários A NOVA CONTA Caixa Poupança Superior permite poupar facilmente durante o curso e mesmo depois de o acabar ou começar a trabalhar. Para aderir, basta ser detentor do cartão Caixa IU (ex-CUP), ISIC(1) ou Caixa Académica Estudante. Este é mais um instrumento facilitador da poupança na Caixa, especialmente vocacionado para responder às especificidades do segmento Universitário: U Apela à pequena poupança dos estudantes; U Ajusta-se à capacidade de aforro em cada fase do ciclo de vida; U Possibilita o reforço do benefício na taxa de juro na transição para a vida profissional; U Acompanha os Clientes ao longo da vida. Apresenta como característica diferenciadora uma remuneração-base de 0,6% TANB ao ano, majorada em função dos produtos e serviços subscritos, conferindo ao Cliente ainda maior vantagem após começar a trabalhar, caso domicilie o seu vencimento na Caixa (ver quadro). Por outro lado, sendo uma solução para a pequena poupança, além do mínimo de abertura de 10 euros (em Agência), admite reforços pontuais ou programados, a partir de 1 euro, em qualquer Agência ou através dos serviços Caixautomática, Caixadirecta telefone, on-line, mobile ou sms. Tem o prazo de seis meses e renova-se automaticamente por iguais períodos, sendo o pagamento de juros semestral, com capitalização automática. Permite mobilização de capital antes da data de vencimento (mínimo de 10 euros), de forma total ou parcial, apenas com perda total de juros corridos sobre o capital mobilizado. Toda a informação em www.cgd.pt, serviço Caixadirecta IU (808 212 213) ou em qualquer Agência da Caixa. (1) TAEG de 22,9%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 22,50%. UM CARTÃO MADE BY PARA CADA MULHER Porque as Clientes não são todas iguais, a Caixa criou a solução Made By para que cada uma possa fazer o seu próprio cartão. Agora, além de poder personalizar a imagem do cartão de crédito, pode, também, selecionar as funcionalidades que mais valoriza, pagando apenas aquilo que efetivamente lhe interessa. Por exemplo, a Margarida, mãe e mulher ativa, sem tempo a perder, paga tudo com o cartão para não se preocupar com trocos. Escolhe a foto dos filhos como imagem do cartão para andar sempre com a família na mala, opta pelo pagamento a cem por cento da dívida e, claro, o número máximo de dias para crédito gratuito. A Rita, solteira e super radical, não abdica do seu surf, faça chuva ou sol. Claro que o seu cartão tem ondas fantásticas como imagem e um pacote de seguros alargado para estar sempre bem protegida. Já a Teresa, sonhadora e fã de viagens, seleciona o programa de lealdade em milhas e uma foto do país preferido para ilustrar o cartão. Como vê, tem muitas razões para solicitar o cartão Made by. As suas escolhas irão definir a mensalidade a pagar, que pode variar entre um e cinco euros (acresce imposto de selo à taxa de 4%). No entanto, caso efetue um montante de compras e/ou de levantamentos a crédito mensais de valor igual ou superior a 250 euros, a mensalidade ser-lhe-á devolvida. O cartão Made By é feito por si e permite-lhe escolher, entre outros aspetos: > Uma imagem escolhida por si, de uma galeria ou a imagem standard; > A modalidade de pagamento entre 5% e 100% do total em dívida; > O número de dias de crédito gratuito (entre 10 a 40 dias, 15 a 45 ou 20 a 50); > O pacote de seguros (base, médio ou alargado); > O programa de lealdade (pontos fast Galp, cash-back, milhas aéreas ou nenhum); > O tipo de extrato: digital (apenas no Caixadirecta on-line) ou em papel; > A rede: VISA ou Mastercard. Um milhão de cartões num só cartão, único e inovador, vencedor do Trophées 2011 Innovative Cards. TAEG de 22,4% a 28,8%, em função da mensalidade contratada, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,00%. TAXAS DE JURO: TANB Remuneração base 0,6% Com cartão de débito diferido ou crédito + serviço Caixadirecta 1,1% Com cartão de débito diferido ou crédito + serviço Caixadirecta + domiciliação de vencimentos ou LDN 1,6% Cx a re v i s ta d a c a i xa 73 f fecho CAIXA IMOBILIÁRIO Venha à Caixa e concretize um sonho FUNDIMO PASSA A FUNDGER A Fundimo, Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobiliário, SA foi constituída em 8 de janeiro de 1987, tendo como missão gerir e administrar o património de fundos de investimento imobiliário abertos e fechados. Já este ano, a 29 de agosto último, esta sociedade – detida a cem por cento pelo Grupo Caixa Geral de Depósitos – alterou a sua denominação para Fundger, Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobiliário, SA. A alteração de nome da sociedade não implica qualquer mudança contratual com os Clientes e participantes dos seus fundos, permanecendo em vigor todas as relações comerciais e profissionais já existentes. Todos os fundos geridos/ detidos pela sociedade mantiveram as respetivas denominações e condições de gestão e de comercialização específicas. A Fundger, SA detém, atualmente, 27 fundos e cerca de 1,5 mil milhões de euros sob gestão, divididos pelos seguintes segmentos: Ø Fundo Fundimo – fundo de investimento imobiliário aberto nacional, com maior volume sob gestão (940 milhões de euros), segundo a APFIPP; Ø Vinte e quatro fundos de investimento imobiliário fechados, repartidos pelas seguintes categorias: - Promoção Imobiliária; - Reabilitação Urbana; - Associados a Câmaras Municipais; Ø Dois fundos de investimento imobiliário de arrendamento habitacional. 74 Cx a rev i s ta d a ca i xa Compre casa na Caixa Imobiliário. E os custos ficam por nossa conta Na aquisição de uma casa do Grupo CGD, a Caixa Imobiliário oferece-lhe todas as despesas inerentes aos impostos e demais encargos exclusivamente relacionados com o processo de compra. Para tal, basta escolher uma das casas devidamente assinaladas no site da Caixa Imobiliário para esta oferta exclusiva e concretizar a escritura até 31 de março de 2013, ao preço de referência assinalado e publicitado no site. A oferta inclui o Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT), o Imposto de Selo (escritura e financiamento), as comissões de estudo e de avaliação, a preparação da minuta e os Serviços Casa Pronta (certidão on-line do registo predial e despesas com o serviço – hipoteca e financiamento). Quando o financiamento for efetuado através de outra instituição, os montantes relativos às comissões de estudo (IVA incluído) e de avaliação (impostos incluídos, caso aplicável) e à preparação da minuta (IVA incluído) são limitados àqueles que, em cada momento, constarem do preçário da CGD para as rubricas equivalentes. Não perca esta oportunidade única para ter a sua casa de sonho, com menos despesas, e beneficie, ainda, de bons preços e de um vasto leque de imóveis. Saiba quais as casas elegíveis para esta promoção em www.caixaimobiliario. pt e aproveite para conhecer também todas as atrativas funcionalidades do novo site da Caixa Imobiliário. Comprar casa é na Caixa. Com certeza. JÁ CONHECE O VANTAGENS CAIXA E A SUA LOJA VANTAGENS? O Vantagens Caixa (www.vantagenscaixa.pt) é o portal de parcerias da Caixa Geral de Depósitos, no qual pode descobrir todos os parceiros onde usufrui de descontos e benefícios associados ao seu cartão, entre outras vantagens. Nele, encontrará também a Loja Vantagens, que se afigura um modo fácil, seguro e cómodo para fazer as suas compras, quem sabe já para o Natal. Aí, encontrará material para a escola dos miúdos, perfumes e acessórios de moda, material eletrónico e informático, objetos de decoração, propostas culturais e experiências diversificadas, entre muito mais. Veja já em www.pmelink. pt/vantagenscaixa.pt e descubra variadíssimas propostas para amigos e família ou mesmo para si. Tem, também, à sua disposição o número de telefone 707 208 820 e o e-mail [email protected].
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