VI Seminário Paranaense de Meliponicultura

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VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
 Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
16 e 17 de novembro de 2012
Universidade Estadual de Maringá – Maringá – PR Organização Coordenador Geral: Vagner de Alencar Arnaut de Toledo Comissão Organizadora: Maria Cláudia C. Ruvolo‐Takasusuki Lucimar Pontara Peres de Moura André Luiz Halak Heber Luiz Pereira Comissão Científica Maria Cláudia C. Ruvolo‐Takasusuki Lucimar Pontara Peres de Moura André Luiz Halak Heber Luiz Pereira Dados Internacionais de Catalogação‐na‐Publicação (CIP) (Biblioteca Central ‐ UEM, Maringá – PR., Brasil) Seminário Paranaense de Meliponicultura
(6. : 2012 : Maringá, PR)
S471s
Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
: 16 e 17 de novembro de 2012 / coordenador Vagner de
Alencar Arnaut de Toledo. -- Maringá : UEM/DZO, 2012.
1 CD-ROM : il. col., 4
3/4
pol.
ISSN
1. Departamento de Zootecnia - Congresso. 2.
Meliponicultura - Paranaense - Congresso. 3. Abelhas
sem ferrão - Produção - Conservação - Sustentabilidade.
I. Toledo, Vagner de Alencar Arnaut de, coord. II.
Universidade Estadual de Maringá. Departamento de
Zootecnia. III. Título. IV. VI Seminário Paranaense de
Meliponicultura.
CDD 22.ed. 630
Sumário Resumos: Alteração em nível molecular de abelhas Tetragonisca angustula L. visitantes de flores de café (Coffea arabica L.) após pulverização com o inseticida nim Mayra Cristina de Araújo, Ana Paula Nunes Zago Oliveira, Simone Aparecida dos Santos, Katlin Fernanda de Araujo, Rodrigo Amaral kulza, Maria Claudia CollaRuvolo‐Takasusuki..................................................................................... 1
Atividade de voo da abelha iraí (Nannotrigona testaceicornes) no decorrer do dia Darclet T. Malerbo‐Souza; Daniela Fagotti Soares; Adilson Massei Junior; André L. Halak................................................................................................... 7
Avaliação da ocorrência de ninhos de abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apoidea) em campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa – Pr Kátia Regina Ostrovski, Rejane Stubs Parpinelli, Arilson Tomporoski, Eli Aparecida Rosa de Oliveira, Nicole Mülenhoff.................................................. 8
Comportamento de saque por Oxytrigona tataira em colônias de Apis mellifera Tânia Patrícia Schafaschek, Rodrigo Horvath Meneguzzi.................................. 13
Desaparecimento de abelhas sem ferrão Plebeia droryana (Friese, 1900) e Leurotrigona muelleri (Friese, 1900) Ana Paula Nunes Zago Oliveira, Rodrigo Amaral Kulza, Heber Luiz Pereira, Simone Aparecida dos Santos, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo, Maria Claudia Colla Ruvolo‐Takasusuki....................................................................... 17
Identificação de leveduras cultiváveis presentes em pólen alveolar de Apis mellifera e pólen de pote de quatro gêneros de abelhas nativas de Colômbia Carla Portillo Carrascal, Judith Figueroa Ramirez.............................................. 21
Levantamento faunístico da população de abelhas sem ferrão no campus sede da Universidade Estadual de Maringá Heber Luiz Pereira, Thaysa Mazzo Mura, Caio Leonardo Stem Menocci, Ana Paula Nunes Zago Oliveira, Maria Claudia Colla Ruvolo‐Takasusuki, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo............................................................................. 32
Metodologia aplicada ao resgate de arapuá manso (Trigona fulviventris) na Usina Hidrelétrica de Mauá Tatiana de Mello Damasco, Diego Nunes, Lucas Ribeiro Jarduli....................... 37
Metodologia aplicada ao resgate de mombucão (Cephalotrigona capitata) na Usina Hidrelétrica de Mauá Tatiana de Mello Damasco, Diego Nunes, Lucas Ribeiro Jarduli....................... 41
Observação dos visitantes florais em Dombeya wallichi na Fazenda de Iguatemi da Universidade Estadual de Maringá –Pr Rejane Stubs Parpinelli, Katia Regina Ostrovski, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo, Arielen Patrícia Balista Casagrande‐Pozza............................................ 45
Perfil eletroforético de esterases de Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836) Douglas Galhardo, Ana Paula Nunes Zago Oliveira, Rodrigo Amaral Kulza, Simone Aparecida dos Santos, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo, Maria Claudia Colla Ruvolo‐Takasusuki....................................................................... 50
Perfil eletroforético de proteínas totais de Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836) Rodrigo Amaral Kulza, Ana Paula Nunes Zago Oliveira, Douglas Galhardo, Simone Aparecida dos Santos, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo, Maria Claudia Colla Ruvolo‐Takasusuki....................................................................... 55
Plantas utilizadas por Tetragonisca angustula Latreille (Hymenoptera: Apidae) no câmpus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão Thaís Luana Grzegozeski, Letícia Braga da Silva, Natalia Martelozzo Santos, Murilo Keith Umada, Maria Josiane Sereia, Elizabete Satsuki Sekine............... 60
Programa de resgate e salvamento científico da melissofauna na região da Usina Hidrelétrica Mauá nos municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira – PR Diego Nunes, Tatiana de Mello Damasco, Lucas Ribeiro Jarduli....................... 65
Uso da termografia infravermelha na avaliação do ambiente interno de colônias de abelhas sem ferrão Heber Luiz Pereira, Tânia Patrícia Schafaschek, Rafael Eduardo Pérez Cárdenas, Priscilla Ayleen Bustos Mac‐Lean, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo................................................................................................................ 69
Resumos de Palestras:
Produção in vitro de rainhas e multiplicação de colônias de abelhas sem ferrão Mauro Prato...................................................................................................... 74
Apoio........................................................................ 75
Agradecimentos........................................................ 76
Realização................................................................. 77
Patrocínio................................................................. 78
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Alteração em nível molecular de abelhas Tetragonisca angustula L. visitantes de flores
de café (Coffea arabica L.) após pulverização com o inseticida nim
Mayra Cristina de Araújo1, Ana Paula Nunes Zago Oliveira2, Simone Aparecida dos Santos2,
Katlin Fernanda de Araujo2, Rodrigo Amaral kulza3, Maria Claudia Colla RuvoloTakasusuki4
1
Discente da Especialização em Biotecnologia Aplicada à Agroindústria da UEM, Universidade Estadual de Maringá
2
Discente do Curso de Pós-graduação em Genética e Melhoramento. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail:
[email protected]; [email protected]; [email protected]
3
Discente do curso de Ciências Biológicas. Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected]
4
Profª. Adjunta do Departamento de Biotecnologia, Biologia Celular e Genética/Universidade Estadual de Maringá – UEM.
E-mail: [email protected]
Resumo
Este trabalho teve como objetivo avaliar as alterações na atividade relativa das esterases
e expressão de peptídeos solúveis em abelhas Tetragonisca angustula visitantes de florais de
cafffeiros (Coffea arabica) pulverizados com o inseticida Nim. Operárias de T. angustula
foram coletadas na entrada de colmeias próximas de cafeeiros floridos e pulverizados com
Nim, após 24h, 48h e 72h da aplicação do inseticida. As análises dos géis de esterases
mostraram que houve inibição parcial das EST-3 e EST-4 após 48h da pulverização, em
comparação com o controle. Nos extratos de proteínas totais foi observado uma alteração na
intensidade de bandas de peptídeos após 24h da pulverização, provavelmente devido a um
aumento na síntese de proteínas. No campo foi observado que os pés de café pulverizados
repeliram parte das T. angustula que estavam forrageando, e que não houve mortalidade de
abelhas após a aplicação do inseticida. Pode-se concluir que o Nim causa efeitos em insetos
benéficos como as abelhas T. angustula que serão observáveis em longo prazo, devido às
modificações ocorrerem em nível de inibição parcial das esterases e aumento da síntese de
proteínas.
Palavras-chave: Azadiractina, esterases, biomonitoramento
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This study aimed to evaluate changes in relative activity of esterases and expression of
soluble peptides in floral visitors bees Tetragonisca angustula of coffee tree (Coffea arabica)
sprayed with the insecticide Neem. Workers of T. angustula were collected at the entry of
1
Abstract
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hives near flowering trees and sprayed with Neem, after 24h, 48h and 72h of insecticide
application. Analyzes of gels showed an partial esterase inhibition of EST-3 and EST-4 after
48 hours the spraying, compared with the control. In extracts of total protein a change in
intensity of bands peptides was observed 24h after spraying, probably due to an increase in
protein synthesis. In the field was observed that the coffee sprayed repelled part of T.
angustula who were foraging, and there was no mortality of bees after insecticide application.
It can be concluded that Neem cause effects on beneficial insects like bees T. angustula that
will be observable in long term due to changes occur in the level of partial inhibition of
esterases and increased protein synthesis.
Key words: azadirachtin, esterases, biomonitoring
Introdução
A associação entre insetos e flores e a necessidade delas serem polinizadas para produzirem
sementes fazem parte do conhecimento cotidiano. Pois a polinização representa atualmente
um fator de produção fundamental nas culturas agrícolas (Santos, 2008). Além das A.
mellifera as abelhas nativas sem ferrão tem potencial para serem utilizadas como
polinizadoras de plantas cultivadas (Alonso, 2010). O cafeeiro (Coffea arabica) é uma espécie
de planta cultivada que pode ser polinizada por abelhas para aumentar sua produtividade.
Os agrotóxicos podem afetar as abelhas de duas maneiras: por contato ou por
ingestão de alimentos contaminados (Malaspina e Stort, 1980; Wolff, 2000).
Devido à necessidade de controlar insetos pragas nas culturas de café são utilizados
vários tipos de agrotóxicos. Um inseticida natural que está sendo analisado em laboratório e
que tem potencial para ser usado no controle de várias pragas do café como o bicho-mineiro, a
broca-do-café, a cochonilha branca, a mosca-da-fruta e o ácaro-da-leprose, é o Nim
(Martinez, 2003). Esse inseticida é produzido a partir de extratos de (Azadirachta indica L.)
pertencente à família Meliaceae. O principal composto dessa planta é a azadiractina que tem
ação inseticida e repelente aos insetos (Martinez, 2003).
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Diante dessas considerações esse estudo teve como objetivo avaliar as alterações na
atividade relativa das esterases e expressão de peptídeos solúveis em abelhas T. angustula
visitantes de flores de cafeeiros (C. arabica) pulverizadas com o inseticida Nim.
2
Uma forma de avaliar a contaminação por esse agrotóxico seria utilizando técnicas
de marcadores moleculares como as isoenzimas, e as proteínas totais. Essa metodologia
permite avaliar diferentes populações ou espécies, revelando mudanças na qualidade
fisiológica, na regulação gênica, bioquímica e ontogenética, de forma bastante eficiente e
rápida (Carvalho at al., 2006; Rossiter et al., 2001).
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Materiais e Métodos
Para a execução dessa pesquisa foram utilizadas duas colmeias localizadas no cafezal
do Sítio Penitente em Apucarana – Paraná. No início da florada cafeeira uma das caixas foi
instalada a 100m de uma fileira lateral e 24 horas depois foi realizada a aplicação do
inseticida comercial Nim de acordo com as instruções constantes da embalagem; a segunda
colmeia de jataí foi instalada na extremidade oposta a aproximadamente 600m de distância da
caixa anterior e os pés de café (localizados a aproximadamente 100m de distância) foram
pulverizados apenas água (controle), após 24 horas da colocação da caixa de T. angustula.
As coletas de operárias foram realizadas após 24h, 48h e 72h da aplicação do Nim.
As abelhas foram sacrificadas e estocadas a -20°C.
Extratos de cabeça/tórax foram submetidos à eletroforese PAGE (esterases), sendo a
concentração do gel de visualização a 8% e o de empilhamento a 5%, e para SDS-PAGE
(proteínas totais), a concentração de 7% para visualização e 5% para empilhamento.
As regiões de esterase foram evidenciadas com os substratos α e β-naftil acetato
juntos e corante Fast Blue RR Salt. A coloração das proteínas totais foi realizada incubando
os géis em uma solução com 100 mg de azul brilhante de comassie e 100 mL da solução
PAGE (45% de etanol, 10% de ácido acético glacial em 45% de água destilada), por um
período mínimo de 24 horas. Em seguida, os géis foram descorados em lavagens sucessivas
com a solução PAGE, até a completa visualização das bandas. Após a coloração, os géis
foram mantidos em solução conservante até a digitalização e secagem.
Resultados e Discussão
Página
3
A exposição das abelhas T. angustula ao inseticida Nim em campo mostrou que 48
horas após a contaminação houve uma diminuição das EST-3 e EST-4 em comparação com o
controle (Figura 1). Após 72 horas a atividade relativa das esterases voltou a ser parecida com
o controle (Figura 1). Esses resultados podem estar relacionados com a capacidade que essas
abelhas apresentam de desintoxicação por xenobióticos. No estudo realizado por Stuchi
(2009) a EST-3 foi classificada como uma acetilesterase e a EST-4 como uma
carboxilesterase. Dentre essas duas esterases presentes nas abelhas jataí a EST-4 (uma
carboxilesterase) tem maior importância para a desintoxicação do organismo das T. angustula
após a contaminação com inseticida.
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VI Seminári
S
io Parannaense dee Melipon
niculturaa
Criaçãoo Sustentá
ável e Connservação de Abelha
as sem Fer
errão
Figura 11. Perfil elettroforético das esterases de operárias de T. angusstula em gel dde poliacrilaamida 8%
após conntaminação com
c
o inseticcida nim
Na figura 2 pode serr observadoo que não houve
h
alteraação em rellação ao nú
úmero de
peptídeoos presentess nos extrattos de abelhhas controlee e contamin
nadas, mas houve um aumento
a
na intensidade daas bandas após 24 hhoras de co
ontaminaçãão. Posterioormente as bandas
apresenntaram a meesma intensidade do coontrole. Con
ntudo, será necessário desenvolveer novos
estudos com outrass ferramentaas biotecnollógicas paraa identificaçção dessas m
moléculas.
A utilizaçção do Nim
m em cultuuras que podem
p
ter sua produçção aumenttada por
polinizaação pode ser prejudicaada, pois ass abelhas irãão procurarr recursos fllorais como
o pólen e
Anais do VI Seminárioo Paranaensse de Melipon
nicultura, 16 ee 17 de novem
mbro de 201
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No presennte estudo foi
f observaddo ainda, que os pés de
d café pulvverizados com Nim
repeliam
m parte dass abelhas T. Angustulaa que tentav
vam utilizarr essas planntas como fonte de
recursoss alimentarees. Essa resposta de reepelência aos insetos foi
f mostradaa anteriorm
mente por
Martineez (2003).
4
d T. angustu
ula após conntaminação com
c
Nim.
Figura 22. Perfil elettroforético SDS-PAGE dde extratos de
Seta indiica sentido de
d migração. PM = peso m
molecular em
m KDa (Kilodaltons).
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néctar em outros locais, reduzindo a polinização e produção de frutos e sementes. A
meliponicultura que pode ser uma fonte extra de renda para pequenos produtores não terá o
sucesso esperado.
Conclusões
A utilização no campo do inseticida natural Nim provoca a inibição parcial das
esterases de T. Angustula, em especial a EST-4 que é uma carboxilesterase e que tem papel
importante na detoxificação do organismo desta abelha. Eesse inseticida, portanto, leva a
alteração da expressão das esterases e proteínas solúveis, mas não causa mortandade dessas
abelhas.
O Nim foi repelente para T. Angustula, ou seja, as forrageiras não visitavam as flores
pulverizadas. Em longo prazo poderá ocorrer prejuizo para a meliponicultura como fonte
alternativa de renda para pequenos produtores.
Agradecimentos
Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pelas bolsas de estudo concedidas.
Referências
ALONSO, W.J. Abelhas sem ferrão: centenas de espécies para polinização, produção de
mel, lazer e educação. Disponível em: http://www.snagricultura.org.br/artitec_abelhas.htm.
Artigos técnicos. Animais de criação – Abelhas, ano 101, n. 626, 1998. Acesso em: 13 de
abril de 2010.
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MALASPINA. O.; STORT, A.C. 1980. As abelhas e os pesticidas. In: Congresso brasileiro
de apicultura, 5., Congresso Ibero Latino Americano de Apicultura, 3., Viçosa, 1980. Anais,
Viçosa: UFV, p. 61-69.
5
CARVALHO, D.; FERREIRA, R.A.; OLIVEIRA, L.M. et al. Eletroforese de Proteínas e
Izoenzimas em sementes de Copifera langsdorffii Desf. (Leguminosae caesalpiniodeae)
envelhecidas artificialmente. Revista Árvore, v. 30, p. 19-24, 2006.
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MARTINEZ, S.S. O Uso do Nim no Café e em outras Culturas. Revista Agroecologia Hoje,
n. 4., p. 13-14, 2003.
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Leucoptera coffeella causadas pelo óleo emulsionável de nim. Man. Integr. Plagas
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(Lamiaceae), berinjela Solanum melongena L. (Solanaceae) e tomate Lycopersicon
esculentum (Solanaceae) por espécies de abelhas sem ferão (Hymenoptera, Apidae,
Meliponini). Tese (Doutorado de Ciências em Entomologia) – Universidade de Ribeirão
Preto, Ribeirão Preto, 2008.
WOLFF, L.F.B. Efeitos dos agrotóxicos sobre a apicultura e a polinização de soja, citros
e macieira. In: Congresso Brasileiro de Apicultura, XIII, Florianópolis. Anais. Florianópolis:
Página
6
Confed. Brás, 2000.
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Atividade de voo da abelha iraí (Nannotrigona testaceicornis) no decorrer do dia
Darclet T. Malerbo-Souza1*; Daniela Fagotti Soares1; Adilson Massei Junior2; André L.
Halak3
1
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal
Centro Universitário Moura Lacerda
3
Universidade Estadual de Maringá
*
Autor para contato: [email protected]
2
RESUMO: A abelha iraí (Nannotrigona testaceicornis) é encontrada principalmente em
zonas tropicais, mais especialmente, do norte do Paraná, no Brasil, até os Estados Unidos, na
América do Norte. A origem do seu nome vem do Tupi e significa: Ira = abelha, mel: Y = rio,
rio do mel ou rio doce. Essa abelha indígena é pertencente a tribo dos Trigonini. Este
experimento foi realizado em agosto de 2012, em uma colônia dessa espécie de abelha,
mantida a três anos, no setor de Apicultura da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias
de Jaboticabal, SP. A atividade de voo dessas abelhas foi avaliada por meio de contagens a
cada 50 minutos, cinco minutos em cada horário (das 7h00-7h05, das 8h00 às 8h05, e assim
sucessivamente), do amanhecer até o final da tarde. Para registrar a temperatura ambiente e a
umidade relativa do ar foi utilizado um termohigrômetro, instalado ao lado da colônia.
Observou-se que as abelhas iniciaram a atividade de voo ás 9h00 e finalizaram ás 18h00. O
número de abelhas entrando na colônia aumentou até às 13h00, diminuindo em seguida. Essa
abelha mediu de 3,5 a 4,2 mm e a entrada do seu ninho era um tubo com 2,0 cm de diâmetro e
11,0 cm de comprimento. Essa abelha apresentou comportamento de fechar a entrada (tubo)
com cerume ao entardecer e reabri-lo na manhã seguinte, antes do início da atividade de voo.
A atividade de voo mostrou correlação positiva com a temperatura ambiente.
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7
Palavras-chave: abelhas indígenas, atividade de voo, iraí, Nannotrigona testaceicornis
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Avaliação da ocorrência de ninhos de abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apoidea) em
campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa– Pr
Kátia Regina Ostrovski1, Rejane Stubs Parpinelli1, Arilson Tomporoski2, Eli Aparecida Rosa
de Oliveira3, Nicole Mülenhoff3
1.
Prof.Colaborador do Departamento de Zootecnia / Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG . E-mail:
[email protected] (42) 99285077
2.
Discente do Curso de Agronomia. Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. E-mail:
3.
Discente do Curso de Zootecnia. Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. E-mail:
Resumo
Esta análise foi conduzida com o objetivo de verificar a ocorrência de ninhos de abelhas
sem ferrão em áreas localizadas nos campus de Castro e Uvaranas e Fazenda Escola Capão da
Onça - FESCON da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG. Foram observadas 1085
árvores nas duas cidades. Os ninhos foram observados e o númerode espécies de abelhas e
árvores foram anotados. Foram encontrados um ninho no campus de Castro, cinco ninhos no
campus de Uvaranas e nenhum na FESCON. Embora um grande número de árvores tenha
sido investigado (384 e 701, em Castro e Ponta Grossa), foi observado uma incidência de
ninhos de 0,26% no campus de Castro, 0,78% no campus de Uvaranas e 0% na FESCON
devido à escassez de árvores com ocos e uso de agrotóxicos. A ocorrência de ninhos foi mais
frequente na cidade de Ponta Grossa (0,78%). As espécies de abelhas encontradas
foram:Trigona spinipes e Tetragonisca angustula. Quanto às árvores com ninhos, as espécies
são: Araucaria angustifólia, Ligustrum sinense, Eucalyptus globulus e Tipoana tipo. Sugerese que em futuros planos de arborização sejam inseridas árvores que forneçam ocos para as
abelhas nidificarem.
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Abstract
This analysis was conducted in order to verify the occurrence of nests of stingless bees
in areas located in the campus of Castro and Uvaranas and Farm School Capon of Ounce FESCON State University of Ponta Grossa - UEPG. 1085 trees were observed in the two
cities. The nests were observed and the number of bee species and trees were recorded.We
found a nest on the campus of Castro,five nests on the campus of Uvaranas and none in
FESCON. Although a large number of trees have been investigated (384 and 701, in Castro
and Ponta Grossa), was observed an incidence of 0.26% of nests on the campus of Castro,
0.78% on the campus of Uvaranas and 0% in FESCON due to scarcity of trees with hollows
and use of pesticides. The occurrence of nests was more frequent in the city of Ponta Grossa
(0.78%). The bee species found were: Trigona spinipes and Tetragonisca angustula. As for
trees with nests, the species are: Araucaria angustifolia, Ligustrumsinense, Eucalyptus
8
Palavras-chave:abelha nativa, espécies vegetais, ninho.
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globulus and Tipoanatipo. It is suggested that in future plans trees are inserted hollow trees
that provide for nesting bee.
Key-words:native bee, species vegetables, nest.
Introdução
Para Kerret al.(1996), as abelhas sem ferrão nativas do Brasil pertencem à
superfamília Apoidea que é subdividida em 8 famílias: Colletidae, Andrenidae, Oxaeidae,
Halictidae, Melittidae, Megachilidae, Anthophoridae e Apidae. Os Apidae se subdividem em
quatro subfamílias: Apinae, Meliponinae, Bombinae e Euglossinae. Os Meliponinae, por sua
vez, se dividem em duas tribos: Meliponini e Trigonini.
Encontradas em todos os ecossistemas brasileiros, estas abelhas são eficientes na
polinização de plantas nativas, colaborando de forma efetiva na produção de frutos e sementes
(Mateus, 1998), desempenhando um papel importante na polinização da flora brasileira. Estas
abelhas fazem seus ninhos em cavidades pré-existentes como ocos de árvores, ou espaços no
solo, tais como, tocas abandonadas, ou até mesmo dentro de cavidades de ninhos de algumas
espécies de cupins e formigas. Outras espécies constroem seus ninhos em fendas de rochas,
construções, dentre outros locais (Velthuis, 1997).
Dentre as abelhas sociais, a maior parte das espécies de Meliponini depende de
árvores vivas para construção dos ninhos (Nogueira-Neto, 1970; Roubik,2006), ocupando
ocos, tanto nos troncos como nos ramos das árvores. O tamanho das abelhas sem ferrão bem
como a população de seus ninhos varia muito (Roubik, 2006), assim como suas necessidades
de nidificação, apresentando, portanto, exigências diferentes com relação à qualidade do
habitat (Batista et al. 2003).
Os desmatamentos e a fragmentação de habitats têm sido apontados como
importantes causas da diminuição das populações de abelhas nativas,pois a sobrevivência
dessas abelhas depende também de recursos florais para a alimentação e de locais adequados
para a nidificação (Roubik, 2006). Outro fator que interfere diretamente na sobrevivência
dessas espécies é o uso indiscriminado e irracional de agrotóxicos nas lavouras, causando
desequilíbrios em todo o agroecossistema. Como resultado, Laroca& Orth (2002) indicam que
algumas espécies de abelhas são levadas à extinção, podendo este fato afetar diretamente
muitas populações de plantas. Entretanto, em certas circunstâncias, algumas espécies de
abelhas podem tornar-se relativamente abundantes em ambientes urbanos (Taura&Laroca,
2001), o que torna importante o levantamento dessas espécies existentes.
Este estudo teve por objetivo registrar a ocorrência de ninhos de abelhas sem ferrão
nos campos da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG na cidade de Ponta Grossa e
Castro - Pr.
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O estudo foi desenvolvido em duas cidades distintas localizadas no primeiro e no
segundo planalto dos Campos Gerais, Castroe Ponta Grossa respectivamente, no período de
setembro a outubro de 2012, no qual foram observadas árvores localizadas na UEPG, campus
do curso de Zootecnia em Castro, latitude 24o 46’53” S, longitude 49o 58’28” W e altitude
9
Material e Métodos
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
994.9m, no campus de Uvaranas na cidade de Ponta Grossa, localizada na latitude 25o 5’23”
S, longitude 50o 6’23” W e altitude 958m,. Também foram realizadas observações na sede da
Fazenda Escola Capão da Onça (FESCON) pertencente a esta universidade localizada na
latitude 25o 05’29” S, longitude 50o 03’26” W e altitude de 1027m (Liga – Fundação ABC,
2012). Quando detectados, os ninhos eram contabilizados e identificadas as espécies vegetais
e a espécie de abelha encontrada.
Resultados e Discussão
No campus de Castro foram observadas 284 árvores de 14 diferentes espécies
vegetais, em aproximadamente dois ha de área avaliada (Tabela1). Apenas uma árvore
apresentouninho de abelha nativa (Tabela 2).
Tabela 1. Número de espécies vegetais e ninhos de abelhas nativas observadas no campus de
Castro, Uvaranas e na Fazenda Escola Capão da Onça da Universidade Estadual de Ponta
Grossa.
Número de
%
Número de
Número de
espécies
Número de
de ninhos
espécies
árvores com
Local
vegetais com
árvores
encontrados
ninho
vegetais
ninho
Castro
384
14
01
01
0,26
Uvaranas
642
24
05
04
0,78
FESCON
59
04
0
0
0
Total
1085
42
6
5
1,04
Fonte: Os autores
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Na área do campus de Uvaranasforam investigadas 642 árvores de 24 diferentes
espécies vegetais, em aproximadamente cinco ha de área analisada(Tabela1).Apenascinco
árvores de quatro espécies distintasapresentaram ninhos de abelhas nativas (Tabela 2).
10
Tabela 2. Número de espécies vegetais e de espécies de abelha nativa observadas no campus
de Castro, Uvaranas e na Fazenda Escola Capão da Onça da Universidade Estadual de Ponta
Grossa.
Número
Local
Espécie Vegetal
Espécies de abelha
de
ninhos
Castro
Eucalipto (Eucalyptusglobulus)
Arapuá (Trigonaspinipes)
01
Araucária (Araucaria angustifolia)
Arapuá (Trigonaspinipes)
01
Ligustro (Ligustrum sinense)
Jataí (Tetragoniscaangustula)
01
Uvaranas
Eucalipto (Eucalyptusglobulus)
Arapuá (Trigonaspinipes)
02
Tipoana(Tipoana tipo)
Jataí (Tetragoniscaangustula)
01
Fonte: Os autores
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Na sede da FESCON, no qual analisaram-se aproximadamente 1,5 ha não foram
detectadas abelhas nativas em 59 árvores de quarto espécies diferentes(Tabela1).
Assim, nos campus de Castro eUvaranas, e FESCON foram encontrados
0,26%,0,78%e 0% respectivamente das árvores que apresentaram ninhos de abelhas
nativas,apresentandouma baixa incidência dos mesmos nas áreas avaliadas. As razões podem
estar relacionadas à ausência de ocos nas árvores, ou de espécies de árvores apropriadas para
a nidificação. A maioria das árvores observadas nãoapresentavam ocos e possuía troncos
maciços, o que impossibilita a presença desses ninhos. A utilização de agrotóxicos em
pesquisas na FESCON pode estar relacionada com a ausência dessas abelhas nesta região,
causando desequilíbrios ambientais.
Do total de espécies de árvores observadas, apenas 1,04%representa a preferência
destas abelhas para a construção de seus ninhos.
Conclusões
De acordo com os resultados, embora haja um número significante de árvores nas
três áreas avaliadas, a ocorrência de ninhos de abelhas é pequena. Isto porque a maioria das
espécies vegetais é desprovida de ocos. A oferta de locais para nidificação dasabelhas se torna
escassa, observado pelo número reduzido de espécies vegetais com ninhos, as quais devem
ser indicadas para a utilização em programas de arborização enriquecendo a biodiversidade de
áreas urbanas e rurais.
Referências
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11
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Comportamento de saque por Oxytrigona tataira em colônias de Apis mellifera
Tânia Patrícia Schafaschek¹, Rodrigo Horvath Meneguzzi²
¹ Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina | Programa de Pós Graduação em Zootecnia,
Universidade Estadual de Maringá – Maringá | PR. E-mail: [email protected]
²Apicultor
Resumo
Abelhas do gênero Oxytrigona apresentam um mecanismo de defesa baseado na
secreção de químicos cáusticos a partir de glândulas cefálicas. Há vários relatos do
comportamento de saque destas abelhas a outras espécies nativas e também a colônias de Apis
mellifera. A presença da Oxytrigona pode ser muitas vezes um entrave ao estabelecimento da
apicultura, sendo necessário o conhecimento do comportamento destas abelhas a fim de se
estabelecer manejos preventivos ao característico comportamento de saque. Este trabalho
relata um caso de ataque de Oxytrigona tataira às colônias de Apis mellifera, no município de
Irineópolis, no estado de Santa Catarina. A O. tataira invade as colônias de A. mellifera,
provocando a enxameação destas independente das condições climáticas propícias ou não ao
fenômeno. Os ataques ocorrem em períodos de escassez de alimento do ambiente,
possivelmente por competição entre as espécies nativa e exótica. É importante estabelecer
medidas de manejo preventivas ao comportamento de saque das Oxytrigonas a fim de garantir
a preservação da espécie, principalmente em áreas com predominância da apicultura.
Palavras chave: Oxytrigona tataira, saque, Apis mellifera.
Keywords: Oxytrigona tataira, looting, Apis mellifera.
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The bees of the genus Oxytrigona presents a defense mechanism based on the
secretion of caustic chemicals from cephalic glands.There are several reports of looting
behavior of these bees to other native species and also colonies of Apis mellifera.The presence
of Oxytrigona can often be an obstacle to the establishment of beekeeping, being necessary to
the understanding of the behavior of these bees in order to establish preventive managements
duethe characteristic behavior of looting.We report a case of attack Oxytrigona tataira the
colonies of Apis mellifera, in the Irineópolis city in the state of Santa Catarina. The O. tataira
invade the colonies of A. mellifera, causing swarming, these regardless of weather conditions
conducive to the phenomenon or not.The attacks occur in periods of food scarcity
environment, possibly by competition between native and exotic species.It is important to
establish preventive management measures to behavior of looting of Oxytrigonas to ensure
the preservation of the species, especially in areas with a predominance of beekeeping.
13
Abstract
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Introdução
A tribo Trigonini abrange o maior número de gêneros e espécies de abelhas sem
ferrão (Meliponinae) conhecidas, sendo consideradas na sua maioria como pequenas,
altamente defensivas e pouco produtivas. Muitas espécies ainda não foram estudadas e as
características biológicas e ecológicas ainda são desconhecidas, embora suas colônias venham
sendo destruídas com as alterações promovidas pelo homem nos ecossistemas naturais,
agrícolas e urbanos (Nogueira-Neto et al. 1986, Carvalho & Marchini 1999).
De acordo com Silveira et al. (2002),à espécie Oxytrigonatataira (Smith, 1863),
possui ampla distribuição, sendo encontrada nos Estados da Bahia, Espírito Santo, Minas
Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo, onde são comuns os relatos de ocorrência e
abundância de seus ninhos por diversos autores em estudos de levantamentos de abelhas, em
diferentes regiões do País.
Esta espécie possui cerca de 5,5 mm de comprimento; cabeça e abdome ferrugíneos e
o restante do corpo preto; fronte ampla (distância mínima entre os olhos distintamente maior
que o comprimento dos olhos), sua superfície muito lisa e brilhante; cabeça larga, cerca de
1,5x mais larga que largura do mesoscuto entre as tégulas (Silveira et al., 2002).
Aos meliponíneos falta um ferrão funcional, o que implica em diferenças no
comportamento defensivo quando comparado às espécies de Apismellifera. Entretanto, um
mecanismo de defesa sem equivalentes entre os meliponíneos é apresentado pelas espécies do
gênero Oxytrigona, baseado na secreção de químicos cáusticos a partir de glândulas cefálicas.
Os ferimentos causados por essa substância assemelham-se a queimaduras, podendo levar
dias para cicatrizar (Wille, 1983;Breedet al., 2004).
A presença da Oxytrigona pode ser muitas vezes um entrave ao estabelecimento da
apicultura, sendo necessário o conhecimento do comportamento destas abelhas a fim de se
estabelecer manejos preventivos ao característico comportamento de saque. Este trabalho
relata um caso de ataque de Oxytrigonatataira às colônias de Apismellifera.
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O trabalho traz um relato de caso de saque por Oxytrigonatataira, conhecidas
popularmente como abelhas caga-fogo, a colônias de Apismelliferaobservado em uma visita
rotineira ao apiário, para alimentar as abelhas no período do inverno.
O caso foi observado no município de Irineópolis, localizado no Planalto Norte do
Estado de Santa Catarina, latitude 26°14’01” e longitude 50° 47’59” a uma altitude de 762
metros. O clima predominante é o Mesotérmico Úmido, com verões amenos (Cfb de
Köppen). A formação vegetal predominante é a Floresta Ombrófila Mista, com vegetações
secundárias e áreas de atividades agrícolas (Klein, 1978).
A primeira observação do ataque ocorreu no início do mês de julho de 2012. A partir
desta data, passou-se a vistoriar o apiário com maior frequência sendo que foram então
14
Material e métodos
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observados novos ataques em períodos de escassez de alimento (poucas espécies em
floração), no período do inverno, sendo o último ataque verificado, entretanto,no mês de
outubro, em uma colônia forte.
Resultado e discussão
Página
15
Após a observação da presença das Oxytrigonatatairana parte externa da colmeia,
verificou-se no dia seguinte, que as colmeias encontravam-se desabitadas pelas Apismellifera
e tomadas por O. tataira em procedimento de saque. As colônias apresentavam reservas
satisfatórias de alimento e presença de cria (larvas e pupas).
A alguns metros de distância, observou-se um enxame de A. mellifera, entrando em
um núcleo vazio localizado em um depósito de equipamentos do apiário. A enxameação seria
normal em condições em que as temperaturas não estivessem tão baixas como as daquele dia
frio de inverno, fato este que levou a conclusão que se tratava de um dos enxames expulsos
pelas O. tatairas.
Duas semanas depois, em visita ao mesmo apiário, a observação foi que estava tudo
normal, sem a presença das invasoras em novas caixas. Porém, no dia seguinte, observou-se
novamente a presença da O. tatairaemmais uma das colmeias do apiário, apresentando as
mesmas características da primeira invasão: sem a presença das A. mellifera, porém com
quadros em perfeitas condições.
Tratava-se novamente de um procedimento de roubo por parte das mesmas abelhas
nativas e da fuga das abelhas africanizadas. Fuga constatada quando no terceiro dia de visita
consecutiva ao apiário, observou-se que mais dois núcleos estavam sendo invadidos e notouse a presença de dois enxames de A. mellifera pousado em arbustos nos arredores, novamente
em condições de temperatura atípicos para esse fenômeno.
A enxameação é uma característica das abelhas africanizadas, sendo uma tendência
defensiva de, quando em situação de risco, abandonarem a colônia em busca de um local
seguro.
Segundo Souza (2007), algumas destas constatações também foram feitas no campo
por pesquisadores e apicultores/meliponicultores em diferentes regiões, como na região de
Bom Jesus da Lapa, Estado da Bahia, onde esta espécie tem atacado colônias de Apis
mellifera que se encontram próximaa remanescente de mata de transição entre caatinga e
cerrado, relatando que a O. tataíratem sido um dos maiores empecilhos para a implementação
da apicultura nesta região. No Estado do Tocantins, durante os anos de 1999 e 2000 também
foi presenciado o saque a colônias enfraquecidas e mal manejadas na região do Bico-doPapagaio. Ainda segundo esse autor, os apicultores dessa região consideram O. tataira uma
espécie nociva para A. mellifera, principalmente no período de escassez de alimento.
Nogueira-Neto (1997) relata que, inclusive, ninhos de outras espécies de meliponíneos podem
ser tomados por O. tataira.
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Considerações finais
A introdução de uma espécie não nativa em uma região cuja população de O. tataira
encontra-se presente, contribuí para a competição por alimento, o que causam ataques por
parte das abelhas nativas, com o intuito de saquear e enfraquecer a colônia invasora. É
importante estabelecer medidas de manejo preventivas ao comportamento de saque das
Oxytrigonas a fim de garantir a preservação da espécie, principalmente em áreas com
predominância da apicultura.
Referências
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organization, Genetics, and comparisons with other bees. AnnualReviewofEntomology, v.
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Página
16
WILLE, A.Biology of the stingless bees. Annual Review of Entomology, v.28, p. 41-64, 1983.
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Desaparecimento de abelhas sem ferrão Plebeia droryana (Friese, 1900) e Leurotrigona
muelleri (Friese, 1900)
Ana Paula Nunes Zago Oliveira1, Rodrigo Amaral Kulza2, Heber Luiz Pereira3, Simone
Aparecida dos Santos1, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo4, Maria Claudia Colla RuvoloTakasusuki5
1
Discente do Curso de Pós-graduação em Genética e Melhoramento. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail:
[email protected]
2
Discente do Curso de Ciências Biológicas. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected]
3
Discente do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail:
[email protected]
4
Prof. Associado do Departamento de Zootecnia/Universidade Estadual de Maringá – UEM. [email protected]
5
Profª. Associado do Departamento de Biotecnologia, Biologia Celular e Genética/Universidade Estadual de Maringá –
UEM. E-mail: [email protected]
Resumo
No Brasil a criação racional de abelhas sem ferrão é denominada meliponicultura. As
abelhas sem ferrão possuem diferentes comportamentos de nidificação, com ninhos internos
(cavidades naturais ou não) e externos. O presente trabalho teve como objetivo relatar o
desaparecimento de abelhas sem ferrão Plebeia droryana (Friese, 1900), e Leurotrigona
muelleri (Friese, 1900) de um meliponário localizado na cidade de Cambé, Estado do Paraná.
O meliponicultor relata que as colônias estavam estabilizadas no meliponário que tem mais de
100 caixas de abelhas, porém algumas colmeias foram abandonadas. Ele supõe que possa ter
ocorrido devido à falta de alimento na região. Outro fenômeno que pode explicar o sumiço
das abelhas seria a desordem de Colapso de Colônia (CCD) que é caracterizado por uma
perda rápida e inexplicada da população de uma colônia de abelhas adultas. Segundo o
meliponicultor, fato semelhante vem ocorrendo em outros meliponários da região.
Palavras–chave: Meliponicultura; CCD; relato de caso
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In Brazil the rational creation of stingless bees is called beekeeping. The stingless bees
have different nesting behaviors, with internal nests (natural cavities or not) and external. This
study aimed to report disappearance of stingless bees Plebeia droryana (Friese, 1900), and
Leurotrigona muelleri (Friese, 1900) of a meliponary located in the city of Cambé, Paraná
State. Meliponycultor reports that the colonies were stabilized in meliponary which has more
than 100 boxes of bees, but some hives have been abandoned. He supposes that may have
occurred due to lack of food in the region. Another phenomenon that may explain the
disappearance of bees would be the Collapse Colony Disorder (CCD), which is characterized
17
Abstract
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
by a rapid and unexplained loss of the population of adult bees. According to meliponicultor,
similar fact has been happening in other beehives in the region.
Keywords: meliponiculture, CCD, case report
Introdução
A "Desordem de Colapso de Colônia" (CCD) é um fenômeno que pode ocorrer
diminuindo o número de indivíduos dos ninhos, fazendo com que culmine com o abandono
dos mesmos. Nos Estado Unidos da América tem sido relatadas perdas em torno de 90% da
produção de mel (Underwood e vanEngelsdorp, 2007). Uma recente pesquisa realizada pelos
Inspetores de Apiários da América estimou a perda de 2,4 milhões de colônias durante o
inverno de 2006 – 2007. Embora a maioria destas perdas fosse atribuída às ameaças já
conhecidas para as abelhas, mais de 25% dos apicultores constataram o fenômeno CCD
(Underwood e vanEngelsdorp, 2007).
A CCD tem sido relatada com maior frequência em abelhas do gênero Apis, porém
tem sido verificado fenômeno semelhante em abelhas nativas sem ferrão brasileiras. Essas
abelhas são responsáveis, conforme o ecossistema, por 40 a 90% da polinização das plantas
nativas (Kerr et al.,1996).
As abelhas P. droryana, conhecidas também como abelhas mirins, são sociais, com
comportamento manso, cujos ninhos são encontrados em árvores e até barrancos. A entrada
do ninho destas abelhas é feita com própolis e é geralmente curta no sem eu exterior, não
sendo fechada à noite. Os favos de cria são horizontais ou helicoidais e ocorrem células reais.
O invólucro está presente nos favos de cria, sendo construído com cerume (Nogueira-Neto,
1970). As colônias podem ser constituídas por 2.000 a 3.000 abelhas e os favos de cria são
suspensos no inverno (Lindauer e Kerr, 1960). Nesta espécie, ocorrem machos normais e
gigantes ambos são tratados da mesma maneira pelas operárias (Cortopassi-Laurino, 1978).
As L. muelleri, são consideradas as menores abelhas do mundo, com o comprimento
do corpo de operárias raramente superiores a dois milímetros. São conhecidas popularmente
como "lambe-Olhos" por possuírem o hábito de ter contato com a pele humana, especialmente
os olhos, este contato acaba ocasionando a lágrima, causando um grande incômodo. Estas
abelhas são distribuídas no Sul do Brasil (Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina) e
Paraguai (Sakagami e Zucchi, 1974).
O objetivo do trabalho foi relatar o desaparecimento de abelhas sem ferrão P.
droryana e L. muelleri de um meliponário de Cambé, Estado do Paraná, Brasil.
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Para relatar o caso, foi elaborado o seguinte questionário: 1- Nome do
meliponicultor; 2- O local onde ocorreu o desaparecimento das abelhas; 3- Como o
meliponário era organizado; 4- Como se encontrava o local ao redor do meliponário; 5- Qual
a quantidade de colônias no local; 6- O possível motivo do desaparecimento das abelhas; 7- A
frequência com que o manejo foi realizado.
18
Materiais e métodos
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Com as respostas do questionário, foi possível elaborar uma análise sobre os
possíveis motivos do desaparecimento das abelhas.
Resultados e Discussão
O desaparecimento de colônias ocorreu no meliponário do Senhor Robison Luis
Cossolin de Souza, que fica próximo à sua residência, em perímetro urbano, sendo a área bem
arborizada, ventilada e com a entrada da luz solar. O meliponário está localizado no
município de Cambé – PR. O meliponicultor possui mais de 100 colônias, com várias
espécies de abelhas sem ferrão. Foi relatado que ocorreram mudanças no comportamento das
abelhas, bem como o desaparecimento repentino em algumas colmeias.
Ao observar colônias de P. droryana e L. muelleri o meliponicultor constatou que
houve uma estagnação em sua produção. Ao retirar o invólucro presente nos favos, não foram
encontrados vestígios de cria e nem reserva de pólen. A rainha não estava no local e havia
pequena quantidade de mel.
Segundo o Sr. Robison, as abelhas “lambe olhos” (L. muelleri) são difíceis de serem
manejadas, porém nunca houve problemas com sua criação até o incidente relatado.
O meliponicultor não realizou qualquer tipo de manejo fora do que já era de costume,
e nem retirou o mel das colônias.
Figura 1. Leurotrigona muelleri Figura 2. Leurotrigona muelleri em
sementeira de castanha-do-pará
Figura 3. Plebleia droryana
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O fato mais intrigante é o de que em determinado momento, sem nenhum motivo
aparente, não foi mais observado alimento armazenado, e logo em seguida abandonaram o
local. De acordo com o Sr. Robison esse tipo de ocorrência está sendo frequente e relatado
por outros meliponicultores da região.
19
O Sr. Robison supõem que por não ter sido encontrada reserva de pólen suficiente
dentro das colônias as abelhas abandonaram o ninho, provavelmente se instalando em outra
localidade com uma fonte maior de alimento. Além disso, devido às colônias estarem
localizadas próximas umas das outras poderia ocorrer competição por alimento, fazendo com
que algumas abelhas deixassem o local para forragear em outros.
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Conclusões
Uma possível explicação para o abandono dos ninhos relatados seria a ocorrência da
desordem de colapso de colônia em abelhas nativas sem ferrão.
Agradecimentos
Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pelas bolsas de estudo concedidas.
Referências
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Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Identificação de leveduras cultiváveis presentes em pólen alveolar de Apis mellifera e
pólen de pote de quatro gêneros de abelhas nativas de Colômbia
Carla Portillo Carrascal 1, Judith Figueroa Ramirez 2
1
Zootecnista , candidata MSc , Universidade Nacional da Colômbia. [email protected]
2
Micro bióloga MSc. Docente Universidade Nacional da Colômbia Faculdade de Medicina Veterinária e de Zootecnia Grupo de Investigação em Ciência e Tecnologia Apícola AINY. [email protected].
RESUMO
No processo de maduração do pólen recolhido das flores pelas abelhas, até se converter no
produto que finalmente é consumido por estes insetos, interveem uma variedade de
microrganismos que interatuam em cinéticas complexas. Com o objetivo de realizar aportes
para o entendimento deste processo, foi realizado um estudo no qual foram isolados em
culturas, cepas de leveduras presentes em quatro estágios de enchimento de pólen no alvéolo
(2 mm,10 mm, 15 mm e 20 mm ou mais) de colmeias de Apis mellifera (198) localizadas no
estado de Cundinamarca (Colômbia) e de pólen de potes fechados provenientes de abelhas
nativas do estado de Santander (Colômbia) das espécies Tetragonisca angustula (21),
Paratigrona sp (15), Plebeia sp (6), Scaptotrigona sp (4) e uma abelha não identificada. As
cepas de leveduras foram identificadas pelo seu perfil bioquímico contra 46 compostos pelo
sistema Vitek ®. As leveduras mais frequentes nos isolamentos para Apis mellifera foram
Kodamaea ohmeri, Candida pulcherrima e Candida famata, para os isolamentos de abelhas
nativas as cepas de leveduras achadas foram Candida famata, Kodamaea ohmeri e Candida
parapsilosis. Dos meios de cultura utilizados para o isolamento, o ágar WL foi o mais
efetivo, além de ser um meio de grande utilidade para a diferenciação fenotípica da maioria
das espécies de leveduras isoladas.
Palavras Chave: Pão de abelhas, pólen de pote, leveduras, perfil bioquímico.
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During the “brewing” process of the pollen collected by the bees on the flowers, up to the
time it is converted on the product consumed by these insects, a great variety of
microorganisms intervene and interact in complex dynamics. With the objective of
generating knowledge for the understanding of this process, an study was conducted on
which strains of yeasts were isolated in cultures that were present in four different pollen cell
filling stages (2 mm,10 mm, 15 mm e 20 mm ou mais) in Apis mellifera hives (198) located
in Cundinamarca state (Colombia) and in closed wax pots containing pollen from stingless
21
ABSTRACT
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
bees from Santander state (Colombia), for this, Tetragonisca angustula (21), Paratigrona sp
(15), Plebeia sp (6), Scaptotrigona sp (4) species and an unidentified bee were studied. The
yeasts strains were identified by their biochemical profile against 46 compounds using the
Vitek system. The most frequent yeasts on the isolations for Apis mellifera were Kodamaea
ohmeri, Candida pulcherrima and Candida famata, for the stingless bees isolations, the
yeasts strains found were Candida famata, Kodamaea ohmeri and Candida parapsilosis. Of
the culture media used for the isolations, the WL agar was the most effective, besides that, it
is a culture media of great utility for the phonotypical differentiation of the vast majority of
the yeasts isolated.
Keywords: Beebread, wax pot pollen, yeasts, biochemical profile.
INTRODUÇÃO
O pólen alveolar ou pão de abelhas e o pólen de pote, são elaborados a partir de pólen
floral, pertencem aos produtos de recolecção e transformação das abelhas (Vit, 2004),
correspondem à principal fonte de proteína, minerais e gorduras para estes insetos.
No caso da espécie Apis mellifera existem coletores capazes de apanhar os grãos de pólen
antes de que a abelha entre-os ao interior da colmeia, estes grãos são colhidos e
comercializados como suplemento nutricional sob o nome de pólen apícola (Del Risco Rios,
2002).
Devido que no processo de maduração do pólen interveem uma ampla variedade de
microrganismos com diversas funções, já seja como responsáveis diretos da fermentação ou
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O alto valor biológico observado no pão de abelhas, tem gerado um interesse na sua valoração
como alimento funcional, no entanto, o produto não tem sido comercializado frequentemente
devido a que a extração é difícil e se realiza de forma manual. Esta limitante tem gerado um
desenvolvimento de estudos orientados a simular o processo de maduração do pólen em
condições controladas (Fuenmayor Bobadilla, Quicazan, & Figueroa Ramíres, 2011), (Risco
Ríos, y otros, 2010).
22
A composição do pão de abelhas é similar à do pólen apícola, sendo rico em proteínas de alto
valor biológico, carboidratos assim como uma fonte de potássio e vitaminas do grupo B
(Fuenmayor Bobadilla, Quicazan, & Figueroa Ramíres, 2011), porém, devido às mudanças
bioquímicas, causadas pelo efeito de enzimas adicionadas pela abelha e pela ação de
microrganismos no processo de maduração do produto ao interior da colmeia, o pão de
abelhas apresenta uma maior biodisponibilidade e por tanto melhor valor biológico que o
pólen apícola (Gilliam, 1979)a, ( Human & Nicolson, 2006), (Del Risco Rios, 2002).
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
como provedores do meio necessário para a mesma (Gilliam, 1979)a; é preciso desenvolver
pesquisas encaminhadas à compreensão da microflora responsável deste processo.
A maioria dos estudos reportados na literatura, neste assunto, correspondem ao pão de
abelhas ou pólen alveolar da espécie Apis mellifera, nos quais tem se observado uma
diminuição na variabilidade de microrganismos na medida que o pólen amadurece no interior
da colmeia, coincidindo com um processo de acidificação do substrato (Gilliam, 1979)a
(Babendreier , Joller, Romeis , Bigler , & Widmer, 2006).
A caracterização da microflora presente no pão de abelhas, tem se centrado na identificação
das espécies bacterianas, achando cepas pertencentes aos géneros Lactobacillus,
Streptococcus, Pseudomonas, Escherichia e Bacillus, (Moreno Galarza & Figueroa Ramírez,
2011), (Gilliam, 1979)a, (Garcia Garcia, Rojas Mogollón, & Sánchez Nieves, 2006 ). Destes
géneros, os que se consideram de maior importância são os Lactobacillus e os Streptococcus,
responsáveis da fermentação láctica. Às Pseudomonas lhes é atribuída a contribuição ao
requerimento anaeróbico para o processo.
A origem da microflora presente no pólen alveolar é diversa, achando-se cepas de origem
floral e do meio ambiente , porém, com o processo de maduração tendem a prevalecer as
cepas aportadas pela abelha, isto foi demonstrado em um estudo realizado por Guilliam 1979
a
, no qual se observo no pão de abelhas maduro a presença das cepas B. subtilis, B.
megaterium,B. licheniformis, B. pumilus e B. Circulans as quais, também tinham sido isoladas
do intestino de abelhas operarias de Apis mellifera; das cepas de origem floral somente
perdurou a bactéria B.subtilis.
Em um estudo recente, realizado na Colômbia, foi identificado no pão de abelhas, a bactéria
Lactobacillus kunkei, como uma das cepas de maior persistência durante o processo de
maduração do produto, presentando características que a fazem candidata para ser empregada
como pro-biótico (Moreno Galarza & Figueroa Ramírez, 2011).
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O pólen de pote também chamado saburá, corresponde ao sistema de maduração do pólen
recolhido pela maioria das abelhas da Tribo Meliponini ou abelhas sem ferrão, no qual, o
produto é obtido pelos insetos de um jeito similar ao pólen apícola, mediante a coleta do
pólen floral, e ao qual a abelha adiciona sustâncias próprias e o traslada à colmeia, mas para
este caso o pólen é depositado em vasilhas ou potes que estão dispostos de forma horizontal
23
As leveduras se encontram presentes em todo o processo de maduração do pólen apícola e
sabe-se que proporcionam fatores de seu próprio metabolismo, os quais contribuem às
características organolépticas do produto. Coincidindo com o ocorrido com as bactérias, as
leveduras de origem floral diminuem na medida que o pólen amadurece ao interior da
colmeia; deste jeito têm se identificado no pão de abelhas 7 géneros de leveduras em mais de
8 trabalhos desde 1967 (Gilliam, 1979)b.
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na colônia, os quais são finalmente selados para gerar o processo de maduração (NogueiraNeto, 1997).
O pólen de pote tem sido um produto pouco estudado, no entanto, em quanto à sua
composição se reportam alguns casos com porcentagens de proteína e cinzas maiores com
relação ao pão de abelhas de Apis mellifera. Em quanto a seus usos, para o caso Colombiano,
é popularmente empregado para o tratamento de doenças respiratórias, cefaleias e como
afrodisíaco (Cepeda Granados, 2009).
A composição microbiana do pólen de pote não tem sido determinada, porém, o produto final
difere do pão de abelhas em suas características organolépticas, o qual sugere uma via de
fermentação diferente.
Com este estudo procurou-se estabelecer as cepas de leveduras cultiváveis presentes em Apis
mellifera e abelhas da tribo Meliponini.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo realizou-se a partir de amostras de pão de abelhas e de pólen de pote. Para o
primer caso, as amostras provinham de um apiário localizado no estado de Cundinamarca –
Colômbia, pertencente ao Laboratório de Abelhas da Universidade Nacional LABUN. Nas
colmeias foram identificados favos que tivessem pelo menos o 50% dos alvéolos com pão de
abelhas, os quais foram depositados em sacolas plásticas estéreis e trasladados ao laboratório
de microbiologia, para a extração do produto sob condições de biossegurança. O traslado dos
favos da colmeia ao laboratório realizou-se de forma imediata, com um intervalo de tempo
máximo de uma hora entre a apertura da colônia e a extração do pão de abelhas.
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No caso do pólen de pote, o estudo realizou-se em meliponarios localizados no estado de
Santander, pertencentes a produtores da Associação Apícola Comunera ASOAPICOM. A
identificação taxonômica das abelhas empregadas no estudo foi realizada pelo LABUN; deste
jeito obtiveram-se 21 amostras provenientes de colônias da espécie T. angustula (Moure,
1946), 15 amostras de colônias da espécie Paratrigona sp., (Schwarz, 1938), 6 amostras
24
Na obtenção das amostras, realizou-se um seguimento do processo que realizam as abelhas
para amadurecer o pólen alveolar e estandardizou-se a amostragem, levando em conta o nível
de enchimento do mesmo como um indicador do estado de amadurecimento do produto, deste
jeito empregaram-se 4 níveis assim: nível 1 de 2 mm de profundidade com 31 amostras, nível
2 de 10 mm com 40 amostras, nível 3 de 15 mm com 55 amostras e nível 4 de 20 mm ou mais
que correspondem a alvéolos com aspecto de enchimento completo, com 72 amostras, para
um total de 198 amostras processadas.
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provenientes de colônias da espécie Plebeia sp. (Schwarz, 1938), Scaptotrigona sp., (Moure,
1942) 4 e uma amostra de uma espécie de abelha não identificada.
Para a coleta de amostras das abelhas sem ferrão correspondentes à tribo Meliponini se
cortaram secções completas de potes com pólen completamente selados, os quais foram
depositados em frascos estéreis e trasladados refrigerados até o laboratório onde se realizou a
apertura do pote e a extração do pólen sob cabina de fluxo laminar.
As amostras de pão de abelhas e pólen de pote foram processadas no laboratório mediante a
técnica de inoculação direta nos ágares PDA (Oxoid ®) e WL (Condalab ®) empregando
0,5gr de cada amostra no ágar. As culturas foram incubadas a 35°C por 48 horas.
Passadas as 48 horas de incubação, as placas com crescimento inocularam-se novamente em
ágar Sabouraud cloranfenicol (Oxoid ®) pelo método de esgotamento em estrias, e se
incubaram a 35°C por 48 horas; este procedimento repetiu-se em varias ocasiões até obter
colônias isoladas em cultura pura, as quais foram inoculadas de novo no médio WL e
observadas em lâminas tingidas com Gram ao microscópio, com o objeto de definir se
correspondiam a formas levedurais e se eram diferentes umas das outras. As características
morfológicas macroscópicas que se tiveram em conta foram: textura (Lisa, Rugosa) = R., cor
(Rosa = R. Branco = B. Laranja = A. Azul = A Verde = V), intensidade da cor (Claro = 1.
Obscuro = 2) e presencia do halo micelial (Sim existe = S. Não existe = N).
Cada colônia morfologicamente distinta (Macro e microscopicamente) foi
mediante congelação ( - 70oC) em caldo Sabouraud (Oxoid).
preservada
As cepas levedurais isoladas do pão de abelhas e pólen de pote foram caracterizadas em
quanto a seu perfil bioquímico frente a 46 compostos, empregando o sistema Vitek ® 2
Systems: 04.01
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Das 31 amostras de pão de abelhas de Apis mellifera analisadas, com 2 mm de enchimento do
alvéolo, se diferenciaram 4 leveduras por morfologia, porém, ao realizar as provas
bioquímicas o equipo somente conseguiu identificar uma com alto nível de confiabilidade
(Tabela 1). Para as 40 amostras com nível de enchimento dos alvéolos a 10 mm, se
presentaram 7 leveduras com diferencias morfológicas, no entanto, na classificação pelo perfil
bioquímico 6 leveduras foram classificadas como uma só cepa e uma das amostras não foi
identificada pelo sistema Vitek ® 2. Para as amostras correspondentes ao enchimento de
alvéolo de 15 mm, obtiveram-se 8 leveduras diferenciadas morfologicamente, das quais 2
25
Para Apis mellifera os % de isolamentos das cepas, corresponderam a 39%, 55%, 40% e
54% para enchimentos de 2 mm,10 mm, 15 mm e 20 mm ou mais respectivamente.
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cepas foram classificadas de acordo ao perfil bioquímico e 6 não puderam ser identificadas
pelo sistema. Das amostras com nível de enchimento de 20 mm ou mais, obtiveram-se 10
leveduras que evidenciaram diferencias morfológicas, destas o perfil bioquímico permitiu
identificar 3 leveduras como uma só cepa e três como diferentes cepas de leveduras; 4 das
leveduras diferenciadas morfologicamente não foram identificadas. A Tabela 1 resume os
resultados obtidos para o pão de abelhas de Apis mellifera.
Tabela 1. Cepas de leveduras de pão de abelhas de Apis mellifera identificadas pelo
perfil Bioquímico
NÍVEL DE
ENCHIMENTO DO
CEPA IDENTIFICADA
ALVÉOLO
2 mm
Rhotodorula glutinis
10 mm
Rhotodorula glutinis
Candida pulcherrima
15 mm
Candida Famata
Kodamaea ohmeri
Candida pulcherrima
20 mm o mas
Rhodotorula glutinis
Candida famata
PROBABILIDADE DE
IDENTIFICAÇÃO POR
VITEK ®
89%
89%
96%
91%
91%
96%
89%
91%
Fonte: Elaboração própria, 2012.
Página
26
Do pólen de pote, correspondente às 4 espécies de abelhas nativas, obtiveram-se um total de
40 leveduras diferenciadas por morfologia assim: Paratrigona sp., 16 leveduras das quais 12
se agruparam como três cepas diferentes de acordo ao perfil bioquímico e 4 não foram
identificadas (Tabela 2). Para a espécie Plebeia sp., obtiveram-se 7 leveduras cujo perfil
bioquímico agrupo 6 em dois cepas e uma não foi identificada pelo perfil bioquímico. Para a
espécie Scaptotrigona sp., obtiveram-se 4 leveduras agrupadas em dois cepas e para
Tetragonisca angustula, obtiveram-se 12 cepas com diferencias morfológicas das quais 9
foram agrupadas em 3 cepas pelo perfil bioquímico e 3 não foram identificadas. A tabela 2
resume as leveduras identificadas, de acordo à espécie de abelha.
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Tabla 2. Cepas de leveduras de pão de pote de 4 espécies de abelhas sem ferrão
identificadas pelo perfil Bioquímico
ESPÉCIE
CEPA IDENTIFICADA
Paratrigona sp.
Plebeia sp.
Scaptotrigona sp.
Tetragonisca
Angostula
Candida parapsilosis
Candida famata
Kodamaea ohmeri
Candida parapsilosis
Candida famata
Candida famata
Kodamaea ohmeri
Candida parapsilosis
Candida famata
Kodamaea ohmeri
PROBABILIDADE DE
IDENTIFICAÇÃO
POR VITEK ®
95%
93%
94%
95%
93%
93%
94%
95%
93%
94%
Fonte: Elaboração própria, 2012.
Do total de leveduras obtidas no primer isolamento (198 de Apis mellifera e 48 de espécies
nativas), somente puderam ser mantidas por culturas posteriores 14,6% das cepas de Apis
mellifera e 83,3% das cepas das espécies nativas. As cepas cultiváveis em segunda passaje
correspondem às reportadas pelo perfil bioquímico.
O encontrado amostra a diversidade de formas levedurais que empregam as abelhas para
acondicionar o pólen floral ao pólen empregado na sua dieta.
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Rhotodorula glutinis é reportada em isolamentos de pólen de milho por Ariza et al em 1967
(Citado por Guillian 1979 b), esta mesma espécie foi isolada por Guillian, em pólen das
corbiculas de Apis mellifera (Gilliam, 1979) b, sua presença na primeira etapa de enchimento
poderia estar associada à localização natural em pólen fresco, porém, outros reportes de
isolamento do género Rhotodorula se associam ao intestino de T. angustula de abelhas adultas
e de Mellipona cuadrifaciata, assim como também tem se encontrado sua presença em méis
de T. angustula (Rosa et ao, 2003) e Rhodotorula muscilaginosa (bioquimicamente
relacionada a R. glutinis) tem se isolado em méis de Apis mellifera (Carvalho, Merinho,
Estevinho, & Choupina, 2010). Em este estudo conseguiu-se isolar de 2 mm, 10mm e 20mm
de enchimento do alvéolo. Kodamaea ohmeri foi isolada de adultos de Apis cerana
27
Apis mellifera apresenta variabilidade na flora microbiana na medida que se registram
mudanças na altura do enchimento das células, onde o pólen es processado até a obtenção de
um produto estável. Se encontrou para as leveduras cultiváveis maior variabilidade em
espécies na medida que aumento o enchimento, assim como variação nas espécies mesmas,
possivelmente associado ao processo de transformação do pólen corbicular ao pólen alveolar.
VI Seminári
S
io Parannaense dee Melipon
niculturaa
Criaçãoo Sustentá
ável e Connservação de Abelha
as sem Fer
errão
(Basikriiadi, Sjamsuuridzal, & Beristama
B
P
Putra, 2012)), de adultoss de M. cuaadrifaciata por
p Rosa
2003, eem Bombuss impatiens (Cresson 22011) e Bo
ombus pensyylvanicus ((DeGeer 20
011). No
geral, nna literaturaa se reportaam isolameentos de Ca
andida sp. nas abelhaas (Gilliam, 1979)b,
(Rosa ett ao, 2003).
Em abeelhas nativass Candida famata,
f
esteeve presentee no pólen de pote dass quatro esp
pécies de
vedura tem
m sido isolada frequeentemente de amostraas meio
abelhas estudadass. Esta lev
ambienttais , tem se reportado como pprodutora de
d riboflavina e se aassocia à produção
p
industrial de esta vitamina (Staahmann, Reevuelta , & Seulberger, 2000).
Candidaa parapsiloosis esteve presente em
m Paratrigo
ona sp., Pleebeia sp. e T. angustu
ula. Esta
leveduraa tem sido reportada
r
como associiada a Apis mellifera, em
e pão de aabelhas por Egorora
b
em 19677, em pólenn floral por Guillian
G
em
m 1979 , no intestino dee adultas poor (Gilliam, Morton,
Prest, M
Martin, & Wickerham,
W
1977), em m
méis por Caarvalo em 20
010.
Candidaa famata fooi a única levedura quue esteve prresente tanto
o em pólenn alveolar como
c
em
pólen dde pote dass abelhas nativas, seguuida de Ko
odamaea oh
hmeri preseente em qu
uatro das
espéciess, Candida parasilopssis encontroou-se em três
t
das esp
pécies de aabelhas nattivas em
quanto qque Rhodottorula glutin
nis e Candiida pulcherrrima isolou
u-se somentee em Apis mellifera
m
Fig 1.
Leveduras issoladas de pólen
p
madurrado, segun
ndo a espécie de abelhaa.
Fig 1. L
A
A.mellifera
T. Angustula
Candid a parapsilosiss
Candid a famata
Scaptottrigona sp.
Kodam
maea ohmeri
Rhotoddorula glutiniss
P
Plebeia sp.
Candid a pulcherrima
a
1
2
3
4
5
Fonte: E
Elaboração própria 201
12
Anais do VI Seminárioo Paranaensse de Melipon
nicultura, 16 ee 17 de novem
mbro de 201
12 ‐ Maringá – PR www.dzo.ueem.br/melippo6 ISSN
N: 2316‐76888 Página
0
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Parattrigona sp.
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A variabilidade de leveduras cultiváveis presentes nos polens acondicionados pelas abelhas,
amostra a importância que devem ter estes microrganismos sobre o processo de maduração,
dos quais se conhece que aportam fatores antimicrobianos, vitaminas e outros componentes
de importância nutricional, também amostra uma complexa cinética microbiana ao interior
dos alvéolos e os potes nas distintas espécies de abelhas estudadas.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Universidade Nacional da Colômbia e ao Departamento
Administrativo de Ciência, Tecnologia e Inovação COLCIENCIAS pelo financiamento do
projeto. À professora Guiomar Nates do Laboratório de Abelhas da Universidade Nacional
LABUN por facilitar o apiário e ao meliponicultor Jacobo Porras por nos permitir a
amostragem dos meliponarios.
CONCLUSÕES
A partir do pólen alveolar de Apis mellifera e do pólen de pote das espécies T. angustula,
Paratrigona sp., Scaptotrigona sp e Plebeia sp, se isolaram e identificaram por perfis
bioquímicos cinco leveduras diferentes.
O gênero Candida esteve presente em as amostras de todas as espécies de abelhas do estudo,
particularmente C. famata. A levedura C. parapsilosis correspondeu a abelhas nativas e C.
pulcherrima a Apis mellifera.
Rhodotorula glutinis esteve presente somente em Apis mellifera.
Kodamaea ohmeri esteve presente em amostras de Apis mellifera e em abelhas nativas com
exceção de Plebeia sp.
Não todas as leveduras isoladas puderam ser classificadas bioquimicamente pelo sistema
Vitek ®, pelo que se prevê em próximos estudos realizar classificações moleculares.
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Levantamento faunístico da população de abelhas sem ferrão no campus sede da
Universidade Estadual de Maringá
Heber Luiz Pereira1, Thaysa Mazzo Mura2, Caio Leonardo Stem Menocci3, Ana Paula Nunes
Zago Oliveira4, Maria Claudia Colla Ruvolo-Takasusuki5, Vagner de Alencar Arnaut de
Toledo5
1
Discente do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected]
2
Discente do curso de Zootecnia. Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected]
3
Discente do Ensino Médio, bolsista IC-Júnior/CNPq.
4
Discente da Pós-graduação em Genética e Melhoramento. Universidade Estadual de Maringá – UEM.
5
Profª. do Departamento de Biotecnologia, Biologia Celular e Genética/Universidade Estadual de Maringá – UEM.
6
Profª. do Departamento de Zootecnia/Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected]
Resumo
Este trabalho teve como objetivo estimar a quantidade e diversidade de espécies de
abelhas sem ferrão no campus sede da Universidade Estadual de Maringá. Foram contadas,
fotografadas e identificadas todas as colônias de abelhas nativas presentes próximas as áreas
mais movimentadas do campus. Foram encontradas três colônias de Plebeia droryana,sete de
Plebeia remota, cinco de Tetragonisca angustula, e duas de Trigona spinipes, totalizando 17
colônias de abelhas nativas, e observando as flores do campus identificamos mais duas
espécies, Tetragona clavipes, e Scaptotrigona postica, indicando a existência de colônias
dessas espécies aos redores do campus. O campus sede da Universidade Estadual de Maringá
serve de abrigo para várias espécies de abelhas sem ferrão, e merece ser alvo de mais estudos,
iniciativas de preservação e conservação das espécies existentes.
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Abstract
This study aimed to estimate the amount and diversity of species of stingless bees in the
headquarters campus of the State University of Maringá. Were counted, photographed and
identified all the colonies of native bees present near the busiest areas of the campus. We
found three colonies of Plebeia droryana, seven Plebeia remota, five Tetragonisca angustula,
and two Trigona spinipes, totaling 17 colonies of native bees, in the flowers around the
campus were identified two more species, Tetragona clavipes, and Scaptotrigona postica,
indicating the existence of colonies of these species to the outskirts of campus. The
32
Palavras-chave: Abelhas nativas, meliponini, maringá
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
headquarters campus of the State University of Maringá serves as a shelter for several species
of stingless bees, and deserves to be the subject of further research, conservation initiatives
and conservation of existing species.
Key words: native bees, meliponini, maringá
Introdução
As abelhas sem ferrão nativas do Brasil pertencem à superfamília Apoidea que é
subdividida em 8 famílias: Colletidae, Andrenidae, Oxaeidae, Halictidae, Melittidae,
Megachilidae, Anthophoridae e Apidae. Os Apidae se subdividem em quatro subfamílias:
Apinae, Meliponinae, Bombinae e Euglossinae. Os Meliponinae, por sua vez, se dividem em
duas tribos: Meliponini e Trigonini, Kerr et al. (1996). A sua criação constitui a
MELIPONICULTURA, palavra usada pela primeira vez no livro do Dr. Paulo Nogueira-Neto
de 1953. A maior parte das espécies de Meliponini depende de árvores vivas para construção
dos ninhos (Nogueira-Neto, 1970; Roubik,2006), os desmatamentos e a fragmentação de
habitats têm sido apontados como importantes causas da diminuição das populações de
abelhas nativas,pois a sobrevivência dessas abelhas depende também de recursos florais para
a alimentação e de locais adequados para a nidificação (Roubik, 2006).
Maringá é conhecida como uma das cidades mais arborizadas do Brasil, o campus
sede da Universidade Estadual de Maringá se situa próximo ao centro da cidade, e possui uma
boa diversidade vegetal servindo as populações de abelhas sem ferrão com flores e locais de
nidificação. Dessa forma o presente trabalho tem como objetivo fazer um levantamento
faunístico da população de abelhas nativas dentro do campus universitário.
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Este trabalho foi realizado no campus universitário de Maringá da Universidade
Estadual de Maringá, no período de setembro a outubro de 2012. Foram observadas colônias
de abelhas sem ferrão que eram percebidas por nós do grupo e colônias relatadas por
vigilantes da universidade, eram catalogadas nos finais de semana quando havia menor
movimentação de pessoas, fotografadas suas entradas, coletada três campeiras com auxilio de
rede entomológica para identificação em laboratório quando necessário, e sua localização
registrada, conforme a Figura 1. Era observado o comportamento de forrageamento nas flores
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Materiais e Métodos
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
de algumas plantas citas por Toledo et al. (2003), para identificar se haviam outras espécies
forrageando no campus.
Figura 1. Imagem de satélite do Campus sede da Universidade Estadual de Maringá e os pontos onde se encontra ninhos de abelhas sem ferrão, Plebeia droryana (verde), Plebeia remota (vermelho), Tetragonisca angustula (amarelo), e Trigona spinipes (azul). Foram encontradas três colônias de Plebeia droryana, destas uma se encontrava em
uma fenda na guia do estacionamento de motos ao lado da biblioteca central e duas nas
madeiras de eucalipto ocas dos quiosques no centro do campus. Sete ninhos de Plebeia
remota, três estavam nas vigas de eucalipto dos quiosques (Figura 2), as outras quatro em
estruturas de concreto, como no desembarcador do restaurante universitário e nas paredes de
blocos como no bloco G56 e H67 (Figura 3)
Página
.
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Resultados e Discussão
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Figura 2. Vigas de eucalipto da estrutura de quiosques com dois ninhos de abelhas nativas. Figura 3. Ninho de Plebeia remota em fenda da estrutura do bloco G56 na UEM. Página
Figura 3. Ninho de Tetragonisca angustula em fenda da estrutura do bloco D67 na UEM. 35
Cinco de Tetragonisca angustula, todas saindo de fendas de estruturas de concreto
(Figura 4) e duas de Trigona spinipes, totalizando 17 colônias de abelhas nativas, e
observando as flores do campus identificamos mais duas espécies, Tetragona clavipes, e
Scaptotrigona postica, indicando a existência de colônias dessas espécies aos redores do
campus.
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Conclusões
O campus sede da Universidade Estadual de Maringá serve de abrigo para várias
espécies de abelhas sem ferrão, e merece ser alvo de mais estudos, iniciativas de preservação
e conservação das espécies existentes.
Agradecimentos
Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pelas bolsas de estudo concedidas.
Referências
KERR, W.E.; CARVALHO, G.A.; NASCIMENTO, V.A. Abelha Uruçu: Biologia, Manejo
e Conservação. 2.ed. Coleção Manejo da vida silvestre – Belo Horizonte-MG : Acangaú,
1996. 144 p.
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ROUBIK, D.Stingless bee nesting biology.Apidologie, v.37, p.124-143,2006.
TOLEDO, V. A. A.; FRITZEN, A. E. T.; NEVES, C. A. et al. Plants and pollinating bees in
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Metodologia aplicada ao resgate de arapuá manso (Trigona fulviventris) na Usina
Hidrelétrica de Mauá.
Tatiana de Mello Damasco1, Diego Nunes2, Lucas Ribeiro Jarduli3
1
Técnica em Meio Ambiente E-mail: [email protected]
2
Engenheiro Florestal. E-mail: [email protected]
3
Mestre em Ciências Biológicas E-mail: [email protected]
Resumo
O resgate e salvamento científico das abelhas nativas sem ferrão foi realizado no
período de janeiro de 2011 a fevereiro de 2012, durante a supressão da vegetação para a
formação do lago da Usina Hidrelétrica de Mauá, construída no rio Tibagi, entre os
municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira no estado do Paraná. Durante o trabalho, a equipe
de resgate deparou-se com problemas metodológicos que exigiam estudo e observação dos
hábitos naturais e da ecologia das espécies. A espécie Trigona fulviventris faz seus ninhos
semi-subterrâneos, entre as raízes das árvores e sempre em associação com cupins. Tal fato
fez com que a equipe procurasse novas formas de poder resgatá-la com eficiência, criando o
método de retirar o ninho do campo com o auxílio de retroescavadeira e de enterrá-lo próximo
do centro de triagem, método que resultou ser eficaz, pois este ninho está vivo, há mais de um
ano neste local, o que indica uma provável inter-relação desta espécie com os cupins e com a
umidade do solo.
Palavras-chave: Resgate, usina hidrelétrica, Trigona fulviventris
Keywords: Rescue, hydroelectric, Trigona fulviventris
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The rescue and retrieval of scientific native stingless bees was conducted during the
removal of vegetation to the lake formation of Maua Hydroelectric Plant, built in Tibagi
River, between the cities of Telemaco Borba and Ortigueira in the state of Paraná, in the
period January 2011 to February 2012. While working rescuers native bees encountered
methodological problems that required study and observation of the natural habits and
ecology of the species. The species Trigona fulviventris make their nests semi-underground,
among tree roots and always in association with termites. This fact made the team look for
new ways to rescue her power with efficiency, creating the method to remove the nest of the
field with the help of backhoe and bury him near the center of sorting method that proved to
be effective because this nest is alive, well over a year at this location, indicating an
interrelationship with termites and soil moisture.
37
Abstract
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Introdução
O resgate e salvamento científico das abelhas nativas sem ferrão foi realizado no
período de janeiro de 2011 a fevereiro de 2012, durante a supressão da vegetação para a
formação do lago da Usina Hidrelétrica de Mauá, construída no rio Tibagi, entre os
municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira no estado do Paraná.
A abelha Trigona fulviventris foi encontrada em ambos os municípios nas margens
do rio Tibagi, no total de 10 ninhos. Popularmente conhecida por arapuá manso, na região de
Ortigueira, e também por abelha cachorro ou mel de cachorro, é uma espécie de trigona com
hábitos muito dóceis, não demonstrando nenhuma agressividade. Além disso, seus hábitos de
nidificação são bem peculiares ocorrendo na base das árvores, entre as raízes das mesmas e
semi-subterrâneos, em íntima associação com cupins, ao que parece, beneficiando-se do calor
produzido por seus ninhos. Por esses fatores e pelas condições ecológicas muito específicas
em que se encontra na natureza, esta espécie não obteve boa adaptação nas caixas de madeira
modelo Fernando Oliveira (Oliveira & Kerr, 2000) e alguns enxames transferidos para estas
caixas racionais vieram a óbito.
Material e Métodos
Página
38
Os primeiros ninhos dessa espécie foram retirados da área de supressão da vegetação,
transferindo-os para caixas racionais, devido à dificuldade de retirá-los a partir do corte dos
trancos por serem semi-subterrâneos. Observou-se então que os mesmos não sobreviviam
nessa condição e se optou em mantê-los nos troncos originais, tal como foram encontrados no
campo, juntamente com os cupins. No entanto, em determinado momento, notou-se que os
cupins deixavam o local e que, em pouco tempo, as abelhas morriam. Sob a hipótese de que
as abelhas são dependentes dos cupins, e que os cupins são dependentes da madeira da árvore,
a estratégia utilizada foi de retirar todo o conjunto formado pelo toco da árvore com as raízes,
pelo ninho das abelhas e o ninho dos cupins, com o auxílio de uma máquina retroescavadeira.
Dessa forma, as abelhas até permaneceram algum tempo no centro de triagem, mas também
vieram a óbito. Na tentativa de recriar as condições ecológicas naturais encontradas no
campo, a equipe de resgate aprimorou a nova estratégia, enterrando um novo conjunto
contendo um ninho resgatado(Figuras 1 e 2), nas proximidades do centro de triagem, através
de abertura manual no solo(Figura 3). O ninho foi enterrado com o cuidado de manter a
mesma altura em que foi encontrado no solo e a mesma orientação encontrada no campo
(Figuras 4 e 5). Foi realizado plantio de mudas para sombreamento do ninho de arapuá
manso que, na maioria das vezes, eram encontrados em locais sombreados (Figura 6).
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Figura 1. Retirada com máquina retroescavadeira
Figura 2. Auxílio da retroescavadeira na colocação
Figura 3. Abertura manual do local
Figura 4. Colocação do ninho no buraco
Página
39
Figura 5. Detalhe do cuidado com a entrada do ninho Figura 6. Plantio de mudas para sombreamento
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Resultados e Discussão
Durante as atividades de resgate de abelhas nativas sem ferrão na usina hidrelétrica
de Mauá a equipe deparava-se constantemente com a necessidade de resolver problemas
metodológicos como o apresentado aqui, pelo fato de ser um trabalho pioneiro nesta área e
pela inexistência de dados sobre a ecologia e manejo de algumas espécies. Soluções foram
encontradas com o estudo dos hábitos e na observação da ecologia destas espécies resgatadas.
O bom e velho método da “tentativa e erro” também demonstrou ainda ser atual, como
descrito acima. O fato de o enxame ter sobrevivido à operação de ser desenterrado com o toco
da árvore e ser enterrado novamente nas proximidades do centro de triagem indica uma
possível interdependência com o teor de umidade do solo e com os cupins, com os quais
sempre foi encontrada em campo.
Um dos resultados mais interessantes sobre este estudo é que o enxame, após um ano
de sua realocação, continua vivo e forte, com muitas campeiras retornando do campo com
pólen, principalmente no período matutino. Este fato indica que, além de uma provável
relação positiva com os cupins, existe uma relação com o teor de umidade proveniente do
solo, como ocorre com outras espécies com ninhos subterrâneos. O método recém-descoberto
poderá ser utilizado em trabalhos futuros, garantindo maior taxa de sobrevivência a esta
espécie durante programas de resgate.
Conclusões
Pelo que foi visto conclui-se que abelhas sensíveis requerem metodologias
diferenciadas, baseadas na ecologia e hábitos naturais das espécies, bem como soluções
criativas e vontade da equipe em criar novas metodologias e métodos de manejo avançado.
Estes resultados podem contribuir para a conservação desta espécie e servir de subsídio para
futuros projetos de resgate de abelhas nativas sem ferrão, em áreas de supressão da vegetação.
Agradecimentos
Ao Departamento de Biodiversidade da Companhia Paranaense de Energia – Copel e
ao Consórcio Energético Cruzeiro do Sul pela permissão do uso dos dados obtidos durante o
trabalho realizado no local.
Referências
Página
40
OLIVEIRA, F.; KERR, W. E. 2000. Divisão de uma colônia de jupará (Melipona
compressipes) usando-se o método Fernando Oliveira. INPA, Manaus - AM. 7pp.
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Metodologia aplicada ao resgate de mombucão (Cephalotrigona capitata) na Usina
Hidrelétrica de Mauá.
Tatiana de Mello Damasco1, Diego Nunes2, Lucas Ribeiro Jarduli3
1
Técnica em Meio Ambiente E-mail: [email protected]
2
Engenheiro Florestal. E-mail: [email protected]
3
Mestre em Ciências Biológicas E-mail: [email protected]
Resumo
Durante atividades de resgate de abelhas nativas sem ferrão, como as ocorridas em
desmatamentos para formação de reservatórios de usinas hidrelétricas, muitas vezes existem
“gargalos” metodológicos, pois nem todas as espécies adaptam-se as caixas racionais e ao
manejo convencional. Assim devem-se buscar soluções criativas adaptáveis na prática e
baseadas na ecologia natural das espécies. Dentro deste conceito, o presente trabalho vem
descrever a metodologia empregada para o resgate de uma espécie sensível de abelha sem
ferrão, encontrada durante as atividades de supressão da vegetação para formação da bacia de
acumulação da usina hidrelétrica de Mauá, no rio Tibagi, nos municípios de Telêmaco Borba
e Ortigueira, Paraná. A espécie em questão é a mombucão (Cephalotrigona capitata) cujos
métodos empregados para seu efetivo resgate e salvamento científico na UHE Mauá são
descritos como um “estudo de caso”.
Palavras-chave: Resgate, usina hidrelétrica, Cephalotrigona capitata
Keywords: Rescue, hydroelectric, Cephalotrigona capitata
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During rescue activities of native stingless bees, as seen in deforestation for forming
reservoirs of hydroelectric plants, often there are "bottlenecks" methodological because not all
species fit the boxes rational and conventional management. So one must seek creative
solutions adaptable in practice and based on natural ecology of the species. Within this
concept the present work is to describe the methodology used for the rescue of a susceptible
species of stingless bee, found during activities of removal of vegetation for training Basin
hydroelectric plant accumulation of Maua, in Tibagi river in the counties of Telemaco Borba
and Ortigueira, Parana. The species in question is the mombucão (Cephalotrigona capitata)
whose methods employed for its effective rescue and retrieval in scientific HPP - Maua are
described as a "case study".
41
Abstract
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Introdução
O programa de resgate e salvamento científico das abelhas nativas sem ferrão
ocorreu no período de janeiro de 2011 a fevereiro de 2012, durante as atividades de supressão
da vegetação da Usina Hidrelétrica de Mauá, nos municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira
no Estado do Paraná. Durante as atividades de resgate, a equipe se deteve ante a situação de
que as abelhas mombucão simplesmente não se adaptavam às caixas utilizadas. Na busca por
respostas e solução para o problema, recorreu-se ao estudo da ecologia desta espécie e
adaptaram-se metodologias de manejo que demonstraram ser eficientes, o que foi confirmado
pela sobrevivência destes enxames após aplicada o novo método.
Material e Métodos
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Foi transferido um enxame (Figura 1), diante do que foi observado, realizando-se
adaptações no modelo de caixa Fernando Oliveira, dotando-a de uma “lixeira” ou um
compartimento usado exclusivamente para deposição dos resíduos e formação do escutelo.
Assim a colmeia ficou composta de um ninho (servindo como “lixeira”), uma melgueira, onde
foram assentados os discos de crias e o invólucro (Figura 2), com o sobre-ninho acima desta
(formando o compartimento das crias) e acima do sobre-ninho foram colocadas duas
melgueiras com os potes de mel (Figura 3). A adaptação resultou ser eficiente, pois esta
“lixeira” pode ser substituída por outra limpa, quando está infestada com larvas de forídeos,
mantendo os discos de crias salvos e utilizando-se somente as colmeias de que se dispunha no
centro de triagem. Além disto, utilizaram-se as clássicas armadilhas de forídeos com vinagre
de maçã, tomou-se o cuidado de não colocar nenhum pote de pólen e de só devolver os potes
de mel no dia seguinte e após serem lavados e bem secos. Foi implantado na colmeia o tubo
de entrada para melhor reconhecimento das campeiras que estavam em campo (Figura 4).
Esta foi a forma encontrada pela equipe para fazer sobreviver os enxames resgatados e que
42
A espécie em questão é a mombucão (Cephalotrigona capitata), conhecida na região
como mombuca, contida na lista oficial do Instituto Ambiental do Paraná como ameaçada de
extinção. Durante o resgate, observou-se que tal espécie era muito suscetível ao ataque de
forídeos (Phoridae, Diptera) e alguns enxames morreram depois de serem transferidos para
caixas racionais modelo Fernando Oliveira (Oliveira & Kerr, 2000). Ao verificar a literatura
existente, encontrou-se em Nogueira-Neto (1997) que “nos ocos habitados pelo mombucão os
depósitos de detritos são permanentes e estão na parte inferior dos ninhos, onde ocupam
muito espaço.” Estes depósitos permanentes de detritos são chamados de escutelo e que
“trata-se de uma grande, pesada e consistente massa que é constituída de material de refugo
como restos de casulos, abelhas mortas, dejeções, detritos, etc.” Fato que pôde-se confirmar
nas observações de campo, acrescentando-se apenas que o mesmo apresenta um cheiro
amoniacal quando é quebrado e que, junto deste material, encontrou-se larvas grandes,
segmentadas e achatadas no sentido dorsoventral, que pertencem a espécie Hermetia
illuscens. Essas larvas, com mais de 2 cm de comprimento, não causam danos às abelhas
como os forídeos, alimentando-se apenas dos detritos.
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
não tinham condições de serem mantidos nos troncos originais, tal como foram coletados no
campo.
Figura 1. Retirada do enxame do tronco
Figura 2. Detalhe da câmara de cria e lixeira abaixo
Figura 3. Melgueira com potes após uma semana
Figura 4. Transferência do tubo de entrada
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As adaptações adotadas pela equipe de resgate no modelo de caixa racional Fernando
Oliveira, descritas em Oliveira & Kerr, 2000, resultaram muito eficientes na sobrevivência
dos enxames transferidos para as mesmas, visto que levam em consideração a ecologia e os
hábitos naturais da espécie de formar um grande depósito de detritos na parte inferior dos
ninhos, conhecido como escutelo. Esta “lixeira”, ou compartimento exclusivo para depósito
dos resíduos, foi a peça fundamental para o sucesso da transferência e para evitar o ataque de
forídeos, pois um fato observado é que as abelhas carregam para este compartimento, logo no
43
Resultados e Discussão
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
primeiro dia, restos de casulos, larvas mortas, sujeiras e outros detritos. O fato de poder retirar
esta “lixeira” e poder por outra limpa no lugar contribuiu para controlar as larvas de forídeos.
Conclusões
Metodologias como as apresentadas neste trabalho podem contribuir para aumentar o
leque de conhecimentos e estabelecer técnicas de manejo avançado que podem contribuir para
a conservação desta espécie, já que a mesma encontra-se na lista oficial das espécies
ameaçadas de extinção no estado do Paraná, na categoria vulnerável (Mikich & Bérnils,
2004).
Agradecimentos
Ao Departamento de Biodiversidade da Companhia Paranaense de Energia – Copel e
ao Consórcio Energético Cruzeiro do Sul pela permissão do uso dos dados obtidos durante o
trabalho realizado no local.
Referências
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44
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Nogueirapis, 1997.446 p.
Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Observação dos visitantes florais em Dombeya wallichi na Fazenda de Iguatemi da
Universidade Estadual de Maringá - Pr
Rejane Stubs Parpinelli1, Katia Regina Ostrovski1,Vagner de Alencar Arnaut de Toledo2,
Arielen Patrícia Balista Casagrande-Pozza3
1
Prof. Colaborador do Departamento de Zootecnia / Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG . E-mail:
[email protected] (44) 99434843
2
Professor do Departamento de Zootecnia / Universidade Estadual de Maringá – UEM.
3
Bióloga pela Faculdade de Dracena
Resumo
Esta análise foi conduzida com o objetivo de verificar a ocorrência de visitantes florais
e seu comportamento em plantas de astrapéia (Dombeya wallichii) localizadas na Fazenda
Experimental de Iguatemi – FEI, da Universidade Estadual de Maringá - UEM. As
observações foram realizadas durante 60 segundos em diferentes horários num período de três
dias, totalizando 1620 minutos experimentais. Os insetos visitantes foram capturados e
identificados. Entre os visitantes florais registrados nota-se a maior participação de abelhas
polinizadoras representadas principalmente pelas Apis mellifera africanizada e a abelha nativa
Trigona spinipes (Arapuá). A frequência destes visitantes demonstra que a astrapéia faz parte
de sua dieta alimentar, e que pode ser classificada como uma planta mista, devido o
comportamento de coleta de néctar e pólen. Este fato também confirma a importância apícola
desta planta para abelhas nativas como a Trigona e para Apis mellifera, sem que haja
concorrência entre elas, sendo uma espécie vegetal que dá suporte à instalação e manutenção
de apiários e meliponários.
Keywords: Honeybee, native bees, astrapéia.
Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página
Abstract
This analysis was conducted in order to verify the occurrence of floral visitors and their
behavior in plants astrapéia (Dombeya wallichii) located in Iguatemi Experimental Farm FEI, the State University of Maringá - UEM. The observations were performed for 60 seconds
at different times over three days, totaling 1620 minutes experimental. Insect visitors were
captured and identified. Among the visitors recorded floral notes up the largest share of
pollinating bees mainly represented by Africanized A. mellifera and native bee Trigona
spinipes (Arapuá). The frequency of these visitors shows that astrapéia part of their diet, and
can be classified as a mixed plant, because the behavior of collecting nectar and pollen. This
fact also confirms the importance of this plant for beekeeping native bees such as Trigona and
Apis mellifera, with no competition between them, being a plant species that supports the
installation and maintenance of beehives and apiaries.
45
Palavras-chave: Abelhas Apis, abelhas nativas, astrapéia.
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Introdução
O conhecimento de plantas que florescem numa determinada região podem auxiliar
na escolha de espécies destinadas a pasto apícola. A Dombeya wallichii conhecida como
astrapeia, é uma espécie originária de Madagascar, caracterizada por se apresentar como
arbustos ou arvoretas com flores rosas ou brancas reunidas em umbelas globosas com longos
pedúnculos pendentes (Lorenzi & Souza, 2001), sendo largamente cultivada no Brasil,
apresentando destacada importância apícola e ornamental, sendo utilizada em projetos de
urbanização e paisagismo (Toledo et al. 2003). Seus recursos florais oferecem substratos
nutricionais como o néctar e pólen para diversas espécies de polinizadores. Algumas
estratégias como a coleta de néctar e pólen em diferentes horas do dia ou diferentes períodos
de uma estação e, em diferentes espécies de plantas (Ginsberg, 1983) garantem o acesso dos
vários visitantes aos recursos florais disponíveis em toda uma comunidade.
O presente trabalho teve como objetivo realizar o levantamento dos visitantes e o
comportamento de forrageamento em diferentes horários do dia em plantas de astrapéia
(Dombeya wallichii).
Material e Métodos
O experimento realizou-se na Fazenda de Iguatemi (FEI) da Universidade Estadual
de Maringá (UEM) localizada numa altitude de 550 m no terceiro planalto do Estado do
Paraná, na latitude 23o25’S, longitude 51o57’ W e altitude de 550m (FEI, 2012).
Três observadores coletaram as informações num período de três dias no mês de
julho de 2009, durante o qual foram observadas plantas da espécie Dombeya wallichii –
astrapéia, que é de interesse apícola. As observações foram realizadas a cada hora do dia (8:00
às 16:00 horas) e, para avaliar a entomofauna visitante das flores, uma umbela de flores da
astrapéia foi observado durante 01 minuto em cada período, nos três dias, e todos os insetos
observados forrageando nessa planta foram capturados com rede entomológica e
identificados.
Resultados e Discussão
As observações de dias e horas contidas na tabela 1 mostram a associação da
Astrapéia com insetos visitantes e o comportamento destes.
Tabela 1: Visitantes florais em Dombeya wallichii e comportamento de forrageamento.
(continua)
Visitantes
Comportamento
08:00
Seis abelhas Apis1
Coleta de néctar
09:00
Três abelhas Apis1
Coleta de néctar e pólen
10:00
Três abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2
Coleta de néctar e pólen
11:00
Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2
Coleta de néctar e pólen
1
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Hora
Página
Dia
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
12:00
Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2
Apis: coleta de néctar
Trigona: coleta de pólen
13:00
Três abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2
Coleta de néctar e pólen
14:00
Três abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2
Apis: coleta de néctar
Trigona: coleta de pólen
15:00
Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2
Apis: coleta de néctar e
pólen Trigona: coleta de
néctar
16:00
Duas abelhas Apis1
Coleta de néctar e pólen
(conclusão)
Comportamento
08:00
Duas abelhas Apis1, três coleópteros3 e
uma mosca Dermatobia hominis4
Apis: coleta de néctar
09:00
Três abelhas Apis1
Coleta de néctar e pólen
10:00
Duas abelhas Apis1 e duas abelhas
Trigona2
Coleta de néctar e pólen
11:00
Duas abelhas Apis1 e duas abelhas
Trigona2
Coleta de néctar e pólen
12:00
Quatro abelhas Apis1 e uma abelha
Trigona2
Coleta de néctar e pólen
13:00
Cinco abelhas Apis1 e uma mosca
Dermatobia hominis4
Coleta de néctar e pólen
14:00
Seis abelhas Apis1 e uma mosca
Dermatobia hominis4
Coleta de néctar
15:00
Cinco abelhas Apis1 e uma mosca
Dermatobia hominis4
Coleta de néctar e pólen
16:00
Quatro abelhas Apis1, uma abelha
Trigona2, e moscas Drosophila
melanogaster5
Coleta de néctar e pólen
08:00
Nenhuma visitação
Nenhuma coleta
2
3
Visitantes
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Hora
Página
Dia
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
09:00
Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2
Coleta de néctar e pólen
10:00
Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2
Coleta de néctar e pólen
11:00
Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2
Coleta de néctar e pólen
12:00
Três abelhas Apis1 e duas abelhas Trigona2
Apis: coleta de néctar e
pólen Trigona: coleta de
néctar
13:00
Três abelhas Apis1, uma abelha Trigona2 e
um coleóptero3
Coleta de néctar e pólen
14:00
Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2
Apis: coleta de néctar e
pólen Trigona: coleta de
néctar
15:00
Três abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2
Coleta de néctar e pólen
16:00
Cinco abelhas Apis1 e três abelhas
Trigona2
Coleta de néctar e pólen
2- Abelha nativa Trigona spinipes (Arapuá)
5- Mosca da banana
Mesmo que pareça se comportar como uma planta apenas nectarífera nas primeiras
observações da manhã, a astrapéia pode ser classificada como uma planta mista conforme o
comportamento apresentado pelos visitantes que realizaram atividades de coleta de néctar e
pólen. Segundo Rocha et al. (2010), a diversidade de insetos visitando flores de astrapéia
possivelmente está relacionada com a presença, no néctar, de diferentes classes de substâncias
químicas de grande valor nutricional.
Entre os visitantes florais registrados nota-se a maior participação de abelhas
polinizadoras representadas principalmente pelas Apis mellifera africanizada e a abelha nativa
Trigona spinipes (Arapuá), sendo menor a participação de outros insetos como moscas e
coleópteros. A freqüência destes visitantes demonstra que a astrapéia faz parte de sua dieta
alimentar. Para Kiill et al. (2000), o êxito das abelhas como polinizadores deve-se ao fato de
serem insetos sociais numerosos, que visitam as flores não só para satisfazer suas
necessidades alimentícias individuais, mas também para armazenar o alimento excedente que
será utilizado na alimentação de outros indivíduos da colmeia.
As médias de temperatura (máxima e mínima), umidade (manhã e tarde), e
precipitação para os três dias de observação foram respectivamente de 23, 33ºC e 16ºC,
81,47% e 58,7%, e 0,13 mm. Abelhas sociais não são tão influenciadas pela variação na
temperatura (Kevan & Baker, 1983), mas para Antonini et al. (2005) as diferenças nas
tolerâncias fisiológicas às variáveis climáticas podem gerar a partilha temporal ou espacial
dos recursos disponíveis. Segundo Buchmann (1996), a partição de recursos florais é uma
forma de evitar competição entre espécies de polinizadores. Assim, parece não haver
Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 48
1- Abelha Apis mellifera africanizada
4- Mosca-berneira ou varejeira
Página
Fonte: O autor
3-Joaninha
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
competição de forrageamento entre as diferentes espécies de polinizadores observadas neste
estudo.
Conclusões
A Dombeya wallichii pode ser considerada uma planta de interesse apícola, fonte de
néctar e pólen para abelhas tanto de espécie nativa como a Trigona como para Apis, sem que
haja concorrência entre elas, podendo ser utilizada para estabelecimento ou manutenção de
apiários e meliponários.
Referências
ANTONINI, Y.; SOUZA, H.G.; JACOBI, C.M. et al. Diversidade e Comportamento dos
Insetos Visitantes Florais de Stachytarpheta glabra Cham. (Verbenaceae), em uma Área de
Campo Ferruginoso, Ouro Preto, MG. Neotropical Entomology, v. 34, p. 555- 564, 2005.
KEVAN, P.G.; BAKER, H.G. Insects as flowers visitors and pollinators. Revista Brasileira
de Entomologia, v. 28, p. 407-453, 1983.
BUCHMANN, S.L. Competition betwenn honeybees and native bees in the Sonoran Desert
and global bee conservation issues. In: MATHESON, A.; BUCHMANN S.L.; O’TOOLE,
C.P.; WESTRICH & I.H. WILLIANS. (Ed.) The conservation of bees, London, Academic
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http://www.fei.uem.br/.> Accessed on: Out. 12, 2012.
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KEVAN, P.G.; BAKER, H.G. Insects as flowers visitors and pollinators. Revista Brasileira
de Entomologia, v. 28, p. 407-453, 1983.
KIILL, L.H.P.; HAJI, F.N.P.; LIMA, P.C.F. Visitantes florais de plantas invasoras de áreas
com fruteiras irrigadas. Scientia Agricola, v.57, p.575-580, 2000.
LORENZI, H.; SOUZA, V.C. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e
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nectários florais de Dombeya wallichii (Lindl.) K. Schum. e Dombeya natalensis Sond.
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VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Perfil eletroforético de esterases de Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836)
Douglas Galhardo1, Ana Paula Nunes Zago Oliveira2, Rodrigo Amaral Kulza3, Simone
Aparecida dos Santos2, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo4, Maria Claudia Colla RuvoloTakasusuki5
1
Discente do Curso de Zootecnia. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected]
2
Discente do Curso de Pós-graduação em Genética e Melhoramento. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail:
[email protected]
3
Discente do Curso de Ciências Biológicas. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected]
4
Prof. Associado do Departamento de Zootecnia/Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail:
[email protected]
5
Profª. Adjunta do Departamento de Biotecnologia, Biologia Celular e Genética/Universidade Estadual de Maringá – UEM.
E-mail: [email protected]
Resumo
As abelhas sem ferrão Scaptotrigona bipunctata tem uma ampla distribuição no
território brasileiro, e apresentam um comportamento generalista de coleta de alimento floral
em uma grande variedade de espécies vegetais. O objetivo deste trabalho foi identificar os
padrões de esterase dessas abelhas nativas sem ferrão. Operárias de S. bipunctata foram
coletadas na entrada do ninho, levadas ao laboratório, sacrificadas e submetidas à eletroforese
PAGE a 10%, e coloração para esterases. Com relação à caracterização bioquímica das
esterases foi possível observar seis regiões: EST-1 (αβ-esterase), EST-2 (αβ-esterase), EST-3
(αβ-esterase), EST-4 (αβ-esterase), EST-5 (β-esterase) e EST-6 (β-esterase). Pode-se concluir
que com a identificação destas regiões esterásicas poderão ser desenvolvidos estudos sobre os
efeitos de resíduos de pesticidas nessas abelhas em áreas de criação e em matas nativas.
Palavras-chave: tubuna, isoenzimas, biomonitoramento
Keywords: tubuna, isoenzymes, biomonitoring
Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página
Stingless bees Scaptotrigona bipunctata has a wide distribution in Brazil, and presents a
generalist behavior floral food collection in a wide variety of plant species. The objective of
this study was identify patterns of esterase of native stingless bees. Workers of S. bipunctata
were collected from the entry of the hive, taken to the laboratory, sacrificed and subjected to
electrophoresis on 10% PAGE and stained for esterase. Concerning to biochemical
characterization of esterases were observed six regions: EST-1 (αβ-esterase), EST-2 (αβesterase), EST-3 (αβ-esterase), EST-4 (αβ-esterase), EST -5 (β-esterase) and EST-6 (βesterase). It can be concluded that with the identification of these esterasicas regions studies
may be developed on the effects of pesticide residues in these bees in breeding areas and
native forests.
50
Abstract
VI Seminári
S
io Parannaense dee Melipon
niculturaa
Criaçãoo Sustentá
ável e Connservação de Abelha
as sem Fer
errão
Introdução
o
Dentre ass que form
mam colônnias, de 30
00 a 400 espécies ssão do gru
upo dos
Meliponníneos, senddo que 200 espécies ddeste grupo vivem no Brasil
B
especcialmente na
n região
amazônnica, conheccida como o berço m
mundial das abelhas seem ferrão ((Kerr et al.., 2001).
Muitas plantas loccais como araçá
a
e cam
mu-camu sãão polinizadas pelas aabelhas sem
m ferrão,
sendo qque algumaas espécies dependem exclusivam
mente dessaas abelhas para se reproduzir
(Kerr ett al., 2001).
O estudo dos
d efeitos dos agrotóxxicos sobre as abelhas é fundamenntal, uma vez que o
agriculttor deve sabber selecion
nar e aplicarr produtos fitossanitári
f
ios, de form
ma tal a con
ntrolar as
pragas e doenças seem colocar em risco a sobrevivência dos inseetos benéficcos (Wolff, 2000).
2
A
suscetibbilidade daas abelhas a vários agrotóxicos, comumeente usadoos na proteeção de
plantaçõões, possibiilitou que ellas fossem uusadas como
o um bioind
dicador paraa a determin
nação da
presença de seus resíduos, bem
b
como para detecctar a toxicidade delees para as abelhas
(Mansour, 1987). Aliado
A
ao esstudo de dosses subletaiis de pesticidas, as alterrações na ex
xpressão
de izoennzimas com
mo as esterrases, que eestariam atu
uando como xenobiótiicos das ab
belhas, é
mais um
ma maneira de se utilizaar esses inseetos como bioindicado
b
res (Stuchi,, 2009).
E
Em insetoss, as esteraases agem extensivam
mente sobrre vários ttipos de su
ubstratos
(Turuneen e Chippeendale, 197
76) e mostrram alto po
olimorfismo (Mathienseen et al, 19
993). As
esterasees tem sido caracterizaadas e purifficadas em uma varied
dade de orgganismos in
ncluindo
leveduraas. Para Rossiter
R
et al.
a (2001) a eletroforrese é umaa ferramentta eficaz paara uma
detecçãoo simples e rápida da resistência
r
ppela atividaade esterásicca, sendo m
mais eficiente do que
a determ
minação quuantitativa dessas
d
enzim
mas pelo faato de sua capacidade
c
para detecttar tanto
diferençças quantitaativas quanto
o qualitativ as.
Abelhas da
d espécie S. bipuncctata conh
hecida popu
ularmente ccomo Tubu
una são
classificcadas na suubfamília Meliponinae,
M
tribo Trigo
onini (Figurra 1). Poucoos estudos têm
t
sido
desenvoolvidos sobrre sua biolo
ogia. Esta abbelha é de distribuição
d
o ampla quee se estendee desde o
Rio Graande do Sul até o Méxiico. Ela aprresenta asas e abdome com
c
coloraçção negra brilhante.
b
Seu abddome possuui ainda dois pontos ppratas em su
ua porção final, podenndo variar até uma
listra prrata (Pereiraa e Tannús-N
Neto, 2009)).
Anais do VI Seminárioo Paranaensse de Melipon
nicultura, 16 ee 17 de novem
mbro de 201
12 ‐ Maringá – PR www.dzo.ueem.br/melippo6 ISSN
N: 2316‐76888 Página
Esta espéécie de abeelha é bastaante defenssiva quando
o o enxam
me é numerroso, até
mesmo em relaçãoo às abelhaas de outraas colônias (Nogueira-Neto, 19977). Seu ninho pode
atingir m
mais de 20.000 indivíd
duos. Os ninnhos geralm
mente são en
ncontrados eem ocos de árvores.
A entradda é ampla de cerumee e com a foorma de fun
nil. Os favo
os de cria têêm sempre a forma
espiral. O invólucrro de cerum
me que envoolve o favo de cria é pouco desennvolvido em
m relação
51
Figura 1: Ninho e rain
nha de S. bip
punctata
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
às outras espécies de abelhas sem ferrão. Esta espécie necessita ter uma realeira para sua
multiplicação (Costa e Impretatriz-Fonseca, 2000). As Tubunas são consideradas grandes
produtoras de mel (Costa e Impretatriz-Fonseca, 2000). Em caixa racional pode ser
considerada uma produção de oito litros de mel, sendo 6,8 L colhidos e o restante deixado
para a alimentação das abelhas (Costa e Impretatriz-Fonseca, 2000).
Pela importância das abelhas como polinizadoras, o frequente convívio da apicultura
com a agricultura, e a presença de áreas com matas naturais nas proximidades agriculturáveis,
torna-se necessário o estudo dos efeitos subletais que os pesticidas causam nas abelhas. Desta
forma, uma maneira de tentar suprir tais efeitos, é por meio das esterases, verificando se há
ausência de alguma região esterásica, por meio do uso de alguma região como marcador de
determinado pesticida. E devido às poucas informações referentes à Tubuna, o objetivo do
trabalho foi identificar o perfil de esterases desta espécie.
Materiais e Métodos
Foram utilizadas operárias de S. bipunctata provenientes de uma caixa racional
localizada no apiário central da Fazenda Experimental de Iguatemi da Universidade Estadual
de Maringá – PR (Figura 2). As Tubunas foram sacrificadas e estocadas no freezer a -20ºC.
As amostras consistiam de extratos de cabeça/tórax e abdome de operárias adultas
homogeneizadas individualmente em solução β-mercaptoetanol 0,1%, com volume padronizado
em 40 µL, e 10 µL de tetracloreto de carbono para precipitar gordura. Em seguida, o macerado
foi centrifugado a 12.000 rpm por 15min a -4°C. Em seguida, 20μl do sobrenadante de cada
amostra foram aplicados no gel. Os géis PAGE de visualização foram preparados na
concentração de 10% e os géis de empilhamento a 5%. As corridas eletroforéticas foram
realizadas com tampão Tris-Glicina 1,5M pH 8.8, a 4°C, 200V por 5 horas. As regiões de
esterase foram evidenciadas com os substratos α e β-naftil acetato juntos e corante Fast Blue
RR Salt. Após a coloração, os géis foram mantidos em solução conservante até a digitalização
e secagem.
Página
Nas análises eletroforéticas das esterases foram detectadas várias diferenças em
relação ao número de esterases observadas, padrão de migração e afinidade ao substrato.
O número de regiões com atividade esterásica variou de acordo com a região do
corpo, totalizando seis esterases, que foram denominadas como EST-1, EST-2, EST-3, EST4, EST-5 e EST-6 de acordo com sua molibilidade eletroforética (Figura 2).
De acordo com a especificidade aos substratos α e β-naftil acetato, em S. bipunctata
as EST-5 e EST-6 foram classificadas como β-esterase, pois apresentaram coloração vermelha
frente a estes substratos. As demais esterases foram classificadas com αβ-esterase pelo fato de
terem apresentado coloração marrom frente a esses substratos (Figura 2).
A EST-2 apresentou maior expressividade nos extratos de cabeça/tórax em relação
aos de abdome. A EST-4 foi específica de extratos de abdome.
Novos estudos serão necessários para verificar os tipos dessas isoenzimas e relacionar
sua expressão frente a presença de resíduos de inseticidas.
52
Resultados e Discussão
Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminári
S
io Parannaense dee Melipon
niculturaa
Criaçãoo Sustentá
ável e Connservação de Abelha
as sem Fer
errão
Figuraa 2: Perfil eletroforético das esterasess de operáriaas de S. bibunnctata em geel de
poliacriilamida a 10%
%. A= extrattos de cabeçaa/tórax e B= extratos de aabdome.
Conclusõess
O que see espera é que as abbelhas S. bipunctata possam
p
serr futuramen
nte mais
estudaddas com o inntuito de serrem utilizaddas no moniitoramento da presençaa de agrotóx
xicos em
áreas naaturais e connservadas.
Aggradecimen
ntos
A
Agradecem
mos a Coorrdenação dee Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES
S) e ao Proggrama Instittucional de Bolsas de Iniciação
I
Ciientífica/Coonselho Naccional de
Desenvoolvimento Científico
C
e Tecnológicco (PIBIC/C
CNPq) pelass bolsas de estudo conccedidas.
R
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Anais do VI Seminárioo Paranaensse de Melipon
nicultura, 16 ee 17 de novem
mbro de 201
12 ‐ Maringá – PR www.dzo.ueem.br/melippo6 ISSN
N: 2316‐76888 Página
MATTH
HIENSEN A.
A E., TELL
LECHEA E
E., LEVY, J.
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n for the
genetic interpretatiion of esterrase isozym
mes in Micro
opoginias furnieri
f
(Pissces, Sciaen
nidae) in
the Soutth of Brazill. Comp. Biiochem. Ph
hysiol. 104, 349-352, 19
993.
53
MANSO
OUR, S. A.. Is it possib
ble to use thhe honeybeee adult as a bioindicattor for the detection
d
of pesticcide residuees in plants??. Acta. Biool. Hung. 38
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Perfil Eletroforético de proteínas totais de Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836)
Rodrigo Amaral Kulza1, Ana Paula Nunes Zago Oliveira2, Douglas Galhardo3, Simone
Aparecida dos Santos2, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo4, Maria Claudia Colla RuvoloTakasusuki5
1
Discente do Curso de Ciências Biológicas. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected]
2
Discente do Curso de Pós-graduação em Genética e Melhoramento. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail:
[email protected]
3
Discente do Curso de Zootecnia. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected]
4
Prof. Associado do Departamento de Zootecnia/Universidade Estadual de Maringá – UEM
5
Profª. Adjunta do Departamento de Biotecnologia, Biologia Celular e Genética/Universidade Estadual de Maringá – UEM.
E-mail: [email protected]
Resumo
A abelha Scaptotrigona bipunctata é conhecida como tubuna ou abelha canudo devido à
entrada de sua colônia ser em formato de funil, ela pertence ao grupo dos meliponíneos, sendo
uma espécie amplamente distribuída. O objetivo deste trabalho foi identificar as proteínas
totais dessas abelhas nativas sem ferrão. Operárias de S. bipunctata foram coletadas na
entrada do ninho, levadas ao laboratório, sacrificadas e submetidas à eletroforese SDS-PAGE
a 10%, e coloração com nitrato de prata. Os peptídeos detectados variaram de 10 KDa a 120
KDa. Os extratos de cabeça/tórax apresentaram maior intensidade de coloração do que os de
abdome. Além disso, foram observados nove polipeptídeos específicos para cabeça/tórax. Tal
fato pode ser decorrente da presença de glândulas secretoras na cabeça, como as glândulas
mandibulares, hipofaringeanas e salivares, cujos produtos são proteínas que podem ter papel
no cuidado e alimentação da prole. Esses resultados contribuem para o entendimento da
atuação dessas proteínas no desenvolvimento das larvas de operárias e rainhas e na resposta
ao estresse causado por xenobióticos como os inseticidas.
Palavras–chave: tubuna, peptídeos, eletroforese SDS-PAGE
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The Scaptotrigona bipunctata is known as tubuna or straw bee due to the entry of your
colony be shaped funnel, it belongs to the group of stingless bees, being widely distributed.
The objective of this study was identify total proteins of this native stingless bee. Workers of
S. bipunctata were collected from the entry of the hive, taken to the laboratory, sacrificed and
subjected to SDS-PAGE electrophoresis on 10% and staining with silver nitrate. Peptides
detected ranged from 10 KDa to 120 KDa. Extracts of head/thorax showed higher staining
intensity than the abdomen. In addition, nine specific polypeptides were observed for
head/thorax. This fact may be due to the presence of secretory glands in the head as
mandibular, hypopharyngeal and salivary, whose products are proteins that may have role in
55
Abstract
VI Seminári
S
io Parannaense dee Melipon
niculturaa
Criaçãoo Sustentá
ável e Connservação de Abelha
as sem Fer
errão
care andd feeding of
o the youn
ng. These rresults contrribute to un
nderstandinng the role of these
proteinss in the devvelopment of
o larvae of workers an
nd queens an
nd in responnse to stress caused
by xenoobiotics suchh as insecticcides.
K
Keywords: tubuna,
t
pepttide, SDS-P
PAGE electrrophoresis
Introdução
o
O domínio ecológico das abelhass sem ferrãão entre os insetos quee visitam flores nas
planíciees neotropiccais tem sido
o atribuído à sua alta eusocialidad
e
de, atividadde perene daa colônia
e aos háábitos alimeentares gen
neralizadas ((MICHENE
ER; GRIMA
ALDI, 19799; ROUBIK
K, 1992).
A Scaptotrigona bipunctata conhhecida pop
pularmente como Tubuuna é uma espécie
pertenceente à subfamília Meeliponinae e a tribo Trigonini (Figura
(
1). Esta abelh
ha é de
distribuuição ampla que se esteende desde o Rio Gran
nde do Sul até o Méxiico. Ela aprresenta a
coloraçãão negra briilhante, com
m as asas beem negras e abdome neegro com doois pontos pratas em
sua porçção final (poode variar de
d uma listraa prata) (PE
EREIRA; TA
ANNÚS-NE
ETO, 2009)).
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nicultura, 16 ee 17 de novem
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A entrada do ninho destas
d
abelhhas é construída de ceerume escurro, possui forma
f
de
funil e nnão é fechaada à noite. Os favos dde cria são construídos
c
helicoidalm
mente, mas também
podem ser construuídos horizzontalmentee (NOGUE
EIRA-NETO
O, 1997). A
As colônias destas
abelhas podem teer aproxim
madamente 20.000 in
ndivíduos (LINDAUER
ER; KERR,, 1960).
Apresenntam um coomportamen
nto altamennte defensiv
vo, sendo muito
m
agresssivas (NOGUEIRANETO, 1997). O estudo
e
por meio
m
de prooteínas totaais tem com
mo intuito aavaliar as allterações
em suaa expressiviidade pela contaminaçção por in
nseticidas. Essa
E
avaliaação pode ser
s feita
observaando o núm
mero de poliipeptídeos ppresentes em
m extratos de tecidos ou partes do
d corpo
das abelhas. Tal caaracterísticaa é decorrennte da respo
osta imediatta desses innsetos após estresse,
como poor exemplo, contaminaação por insseticidas.
C
Células de todos
t
os org
ganismos reespondem a uma varied
dade de conndições estrressantes
por meeio de umaa rápida traanscrição e subsequen
nte tradução de uma série de proteínas
p
altamennte conservadas, denom
minadas geenericamentte de proteeínas de esstresse (Hea
at shock
proteinss - HSPs) (LOCKE; NOBLE;
N
A
ATKINSON
N, 1990). Nesse
N
sentiddo, Ryan; Gisolfi
G
e
Moseleyy (1991) propuseram
p
m que a quuantidade dessas
d
protteínas sinteetizadas parrece ser
dependeente da sevveridade do
o estresse ssubmetido ao organism
mo e do nnível celulaar destas
56
Figura 1: A=
A Ninho com
m cria de S. bbipunctata; B=
B Ninho dee S. bipunctatta
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
proteínas existente anteriormente à esta condição.
O objetivo deste trabalho foi de verificar a expressividade gênica de protéinas em
diferentes partes do corpo de S. bipunctata por meio da análise eletroforética em gel de
poliacrilamida.
Materiais e Métodos
Foram utilizadas operárias adultas de S. bipunctata provenientes de uma caixa
racional localizada no apiário central da Fazenda Experimental de Iguatemi da Universidade
Estadual de Maringá - PR. As Tubunas foram sacrificadas e estocadas em freezer a -20ºC. As
amostras consistiam em extratos de cabeça/tórax em tubos de propileno 1,5ml contendo 60 µl
de tampão de extração β-mercaptoetanol + glicerol 10% e de abdome contendo 40 µl de tampão
de extração com 10 µl de tetracloreto de carbono para precipitar a gordura. Em seguida, as
amostras foram maceradas e centrifugadas a 12.000 rpm por 5min. Para a verificação do
conteúdo proteico solúvel, 15μl do sobrenadante foram utilizados, juntamente com 10µl de
tampão de amostra contendo glicerol, Tris-HCl (0,24M pH 6,8), β-mercaptoetanol, azul de
bromofenol e SDS a 10%, aquecidos a 96°C por 3min. Eletroforeses no sentido vertical foram
realizadas utilizando géis SDS-PAGE a 10% de concentração e gel de empilhamento com
concentração igual a 5%. As corridas eletroforéticas foram realizadas com tampão TrisGlicina 1,5M pH 8.8 e SDS 10% em temperatura ambiente, a 100V e posterior coloração por
nitrato de prata. Por fim, os géis foram mantidos em solução conservante até a digitalização e
secagem.
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Em extratos de cabeça/tórax pode ser observada uma coloração mais intensa em
relação à coloração apresentada no abdome, provavelmente devido uma maior quantidade de
proteínas solúveis presente (Figura 2).
Polipetídeos específicos de cabeça/tórax foram detectados entre 30 e 40 KDa, 50 e 60
KDa e entre 90 e 100 KDa (Figura 2). Ainda é possível observar que a região de 60 KDa
poderia ser considerada como uma Heat shock protein – HSP. A grande expressividade e a intensidade de bandas existentes na região da
cabeça/tórax poderia ser explicada pela composição de determinadas glândulas nestes insetos,
como as salivares, as mandibulares, e as hipofaringeanas. As glândulas salivares sofrem
influência ambiental em seu desenvolvimento e estão presentes no tórax de todas as espécies
de abelhas, bem como na cabeça de algumas espécies, sobretudo na subfamília Apinae
(Euglossini, Bombini, Meliponini e Apini) (LANDIM, 2009).
Em operárias sem ferrão, o ciclo secretor desta glândula é bem definido, à medida que
as operárias aumentam de idade, a secreção aumenta (LANDIM, 2009). Quanto maior o ciclo
de vida das operárias de abelhas sem ferrão, menor é a capacidade funcional das glândulas
mandibulares. Em alguns Trigonina, os produtos das glândulas estão ligados a procedimentos
de obtenção de alimento, sendo usados para trilhas (LANDIM, 2009). Neste mesmo grupo, as
glândulas hipofaringeanas estão presentes tanto nos machos como nas fêmeas, porém são
maiores nas rainhas do que nas operárias e maiores nestas do que nos machos (LANDIM,
2009).
57
Resultados e Discussão
VI Seminári
S
io Parannaense dee Melipon
niculturaa
Criaçãoo Sustentá
ável e Connservação de Abelha
as sem Fer
errão
E
Em espéciees eussociass, estas glânndulas tamb
bém estão associadas com a variiação de
idade ddas abelhass (LANDIM
M, 2009). Contudo, a capacidad
de de cadaa glândula realizar
determinada funçãão está direttamente rellacionada ao
o estado fissiológico doo indivíduo
o, o qual
apresennta variaçõees individuaais para um
ma mesma idade, quee pode ser determinad
do pelas
necessiddades da colônia (LAN
NDIM, 20099).
Figura 22: Perfil de proteínas to
otais de extrratos de cab
beça/tórax e abdome dee S. bipuncta
ata
Conclusõess
Espera-se que com o conhecimeento adquirrido sobre o padrão dee expressiviidade de
peptídeoos em abellhas S. bip
punctata, ass mesmas possam serr futuramennte estudad
das mais
profunddamente tannto em áreaas naturais como em áreas conservadas, poor meio do
o uso de
inseticiddas para, poor exemplo, combater aalgumas doeenças nestess insetos.
Aggradecimen
ntos
A
Agradecem
mos a Coorrdenação dee Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES
S) e ao Proggrama Instittucional de Bolsas de Iniciação
I
Ciientífica/Coonselho Naccional de
Desenvoolvimento Científico
C
e Tecnológicco (PIBIC/C
CNPq) pelass bolsas de estudo conccedidas.
R
Referência
as
LANDIIM, C. C. Abelhas:
A
mo
orfologia e função de sistemas.
s
São Paulo: U
UNESP, 200
09.
Página
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Plantas utilizadas por Tetragonisca angustula Latreille (Hymenoptera: Apidae) no
câmpus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão
Thaís Luana Grzegozeski¹, Letícia Braga da Silva¹, Natalia Martelozzo Santos¹, Murilo Keith
Umada¹, Maria Josiane Sereia², Elizabete Satsuki Sekine²
¹Alunos de Engenharia Ambiental, Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR. Email: [email protected]
²
Professoras da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR- Campo Mourão. Email: [email protected]
Resumo
Dentre as espécies de abelhas nativas, Tretagonisca angustula (jataí), é a mais
conhecida e criada com finalidades comerciais na região em estudo. Este trabalho teve como
objetivo conhecer as espécies vegetais utilizadas por T. angustula no câmpus da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão. Schinus sp e Ricinus communis foram
encontradas como espécie dominante. Apenas três tipos polínicos estiveram presentes com
freqüências maiores que 15%. Em comparação com a literatura, os recursos utilizados por esta
espécie são variados e divergentes, o que pode estar relacionado ao seu pequeno raio de vôo,
utilizando floradas mais próximas.
Palavras-chave: Análise polínica; meliponicultura; abelhas sem ferrão.
Abstract
Among the species of native bees, Tretagonisca angustula (jataí), is the best known and
created for commercial purposes in the study area. This study aimed to identify the plant
species most used by T. angustula on Universidade Tecnológica Federal do Paraná in Campo
Mourão. Schinus sp and Ricinus communis was the dominant species. Only three pollen types
were present with frequencies higher than 10%. Comparing with the literature, the resources
used by this species are varied and divergent, which may be related to its small flight radius
using blossoms near the hive.
Página
60
Keywords: Pollinic analysis; meliponiculture; stingless bees.
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Introdução
O pólen, coletado pelas abelhas ao visitarem as flores, é colocado em compartimentos
separados do néctar na colmeia, e ocasionalmente, ficam misturados ao mel. A análise dos
tipos polínicos no mel permite a determinação de sua origem floral.
Na região em estudo, Tetragonisca angustula (jataí) é a espécie de abelha nativa mais
conhecida. Este trabalho teve como objetivo conhecer as espécies vegetais utilizadas por T.
angustula na Universidade Tecnológica Federal do Paraná-UTFPR, Campo Mourão.
Material e Métodos
Amostras de mel foram obtidas em quatro caixas de T. angustula localizadas na
UTFPR, Campo Mourão-PR e preparadas pelo método da acetólise (Erdtman, 1952). Foram
produzidas três lâminas/amostra para análises microscópicas. A determinação de tipos
polínicos teve por base o laminário depositado no Laboratório de Ecologia/ UTFPR-Campo
Mourão. Para as análises quantitativas foram contados 500 grãos de pólen por amostra
(lâminas em triplicata) e agrupamento por famílias botânicas e/ou tipos polínicos.
Resultados e Discussão
Foram visualizados nove famílias e 13 tipos polínicos, e dois tipos permanecem sem
identificação. Schinus sp. e Ricinus communis tiveram valores acima de 60% nas amostras
(Tabela 1). Apenas três tipos estiveram presentes com porcentagens acima de 10%. Fontes de
pólen com representatividade até 10% apresentam pouca atratividade, mas podem
1986). As espécies com flores alvas e floradas abundantes foram as mais frequentes (Figura
Página
1).
61
complementar as necessidades nutricionais da colmeia (Ramalho & E Kleinert-Giovannini,
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io Parannaense dee Melipon
niculturaa
Criaçãoo Sustentá
ável e Connservação de Abelha
as sem Fer
errão
Tabela 11. Freqüênciia de tipos polínicos em mel de Tetrragonisca an
ngustula - C
Campo Mourrão-PR.
Amostras
Famíliaa
T
Tipo
polínicco
1
2
3
4
Anacarddiaceae
70,8
8 (D)
69,,7 (D)
69
9,1 (D)
S
Schinus
tereb
binthifolius
Arecaceeae
T
Tipo
Arecaceeae
8,4 (I)
2,5 (O)
3,77 (O)
4,1
4 (O)
Brassicaaceae
9,3
3 (I)
7,,5 (I)
9,1
9 (I)
R
Raphanus
sa
ativus
Caesalppinaceae
0,9 (O)
(
2,7
2 (O)
C
Caesalpinia
peltophoroid
p
des
Euphorbbiaceae
65,5 (D)
0,22 (O)
R
Ricinus
comm
munis
A
Alchornea
sp
p.
0,4 (O)
Mimosaaceae
0,1 (O)
0,77 (O)
S
Senegalia
sp.
(
1,1 (O)
1,3 (O)
0,5 (O)
(
1,8 (O)
2 (O)
P
Parapiptaden
nia rigida
Myrtaceeae
3,3
E
Eucalyptus
sp.
5,2 (I)
3 (I)
5,,5 (I)
6,1
6 (I)
Oleaceaae
L
Ligustrum
sp
p.
17,7 (A)
1,1 (O)
1,22 (O)
Sapindaaceae
S
Serjania
sp
1,2 (O)
(
1,88 (O)
N identificcada sp1
Não
8,3
3 (I)
5,,1 (I)
7,1
7 (I)
N identificcada sp2
Não
0,5 (O)
(
1,4 (O)
2,66 (O)
0,5
0 (O)
D = póleen dominante (+ de 45%); A = pólen accessório (16-4
45%); I = póleen isolado im
mportante (3- 15%)
1
O=
pólen isolado ocasionaal (- de 3%) (B
BARTH, 19899; LOUVEAU
UX et al. , 1978
8).
Página
62
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Figura 1. Plantas utilizadas por Tetragonisca angustula, no câmpus da UTFPR- Universidade
Tecnológica Federal do Paraná-Campo Mourão, com seus respectivos tipos polínicos.
As amostras não foram homogêneas com relação aos tipos polínicos dominantes e
acessórios, sugerindo que diferentes colônias podem apresentar preferência de coleta em
recursos alimentares diferentes. No entanto, outros estudos são necessários para verificar a
variação na preferência floral de colmeias instaladas no mesmo local. De acordo com
Nogueira-Neto (1997), T. angustula possui raio de vôo de cerca de 500m. Provavelmente o
raio de vôo explica a divergência dos tipos polínicos em diferentes estudos, uma vez que a
ocorrência dos tipos polínicos é influenciada pelas espécies nas proximidades das colmeias.
Conclusões
Dentre as floradas coletadas por T. angustula, apenas Ricinus communis, Schinus sp e
Ligustrum sp. apresentaram freqüências maiores que 10%. Comparando-se os dados com a
literatura, percebe-se que os recursos utilizados por esta espécie são bastante variados e
divergentes, o que pode estar relacionado ao seu pequeno raio de vôo, que leva esta abelha a
buscar recursos nas floradas mais próximas disponíveis.
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Programa de resgate e salvamento científico da melissofauna na região da Usina
Hidrelétrica Mauá nos municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira - PR
Diego Nunes1, Tatiana de Mello Damasco2, Lucas Ribeiro Jarduli3
1
Engenheiro Florestal. E-mail: [email protected]
Técnica em Meio Ambiente E-mail: [email protected]
3
Mestre em Ciências Biológicas E-mail: [email protected]
2
Resumo
As abelhas nativas sem ferrão (Meliponina) são um grupo de abelhas sociais nativas
do Brasil, por possuírem hábitos sociais, ou seja, viverem em ninhos permanentes que podem
viver muitas décadas, são consideradas importantes e eficientes polinizadores da flora nativa.
Estas abelhas geralmente habitam os ocos das árvores, apesar de também serem encontradas
em outras cavidades pré-existentes e até mesmo ninhos externos construídos por elas mesmas.
Durante as atividades de supressão da vegetação para a limpeza da bacia de
acumulação do reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) Mauá, espécimes deste grupo de
animais, com importante papel ecológico nos ecossistemas, foram relocados da área, de
maneira científica e sistemática, através do Programa de Resgate e Salvamento Científico da
Melissofauna.
Palavras-chave: Abelhas sem ferrão, resgate, usina hidrelétrica.
Abstract
The native stingless bees (Meliponina) are a group of social bees native to Brazil, by
having social habits, or live in permanent nests that can live many decades, are considered
important and efficient pollinators of native flora. These bees often inhabit hollow trees,
although they are also found in other pre-existing cavities and even external nests built by
themselves.
During the activities of the vegetation removal for cleaning the basin of the reservoir
accumulation of HPP Mauá, specimens of this group of animals with important ecological
role in ecosystems was relocated of that area, with scientific and systematic way, through the
Scientific Rescue of Stingless Native Bees Program.
Keywords: stingless bees, rescue, hydroelectric
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Atividades de supressão da vegetação, como as ocorridas atualmente em usinas
hidrelétricas, acabam por eliminar abelhas nativas juntamente com as árvores que abrigam
seus ninhos, desencadeando um desequilíbrio ecológico. A diminuição do número de colônias
65
Introdução
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
de uma área pode torná-las vulneráveis à endogamia, ou cruzamento de indivíduos
aparentados. Nas abelhas sem ferrão, isto pode ocasionar a morte das colônias pela produção
de machos diploides, conhecido por “efeito Yokoiama e Ney”. A fragmentação da floresta
impede o fluxo gênico entre colônias diferentes na mesma área de reprodução acarretando que
rainhas acasalem-se com machos aparentados. O resultado é a produção de 50% de indivíduos
machos diploides. Assim, as colônias morrem gradualmente pela eliminação da rainha e por
falta de abelhas operárias.
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O resgate e salvamento científico da melissofauna foi realizado durante as atividades
de supressão da vegetação para a limpeza da bacia de acumulação do reservatório da UHE Mauá que se situa na porção média do rio Tibagi, sob as coordenadas 24º02’24” de latitude
Sul e 50º41’33” de longitude Oeste, na divisa dos municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira
Paraná.
A equipe era composta de dois especialistas em abelhas nativas, sendo um deles o
coordenador, três auxiliares de campo e um auxiliar do centro de triagem. Posteriormente
houve ampliação da equipe devido ao aumento das frentes de supressão.
Nas atividades de campo eram utilizadas caminhonetes 4x4, que eram equipadas com
materiais específicos para resgate de abelhas nativas sem ferrão, como por exemplo: cunhas
de metal para rachar madeira, marreta, martelo, pregos grandes e médios, sugador de abelhas
(aspirador entomológico), fita zebrada para marcação de ninhos, máquina fotográfica,
aparelho GPS para marcação das coordenadas geográficas, ficha de campo, macacão
completo de apicultor (no mínimo dois), máscara de apicultura (no mínimo duas), luvas de
couro, cera alveolada, fita adesiva, caixa de plástico com tampa, e caixas de criação racional
modelo Fernando Oliveira. Estas caixas eram utilizadas no caso de haver a necessidade de
realizar uma transferência do ninho a ser resgatado, geralmente quando o tronco que o
continha estava muito danificado e sem condições de oferecer proteção adequada ao enxame.
Somente era realizada a transferência para caixas de criação racional em casos de extrema
necessidade, como rachaduras irreparáveis que expunham demasiadamente os enxames neles
contidos.
No centro de triagem, ou meliponário, realizavam-se revisões diárias dos enxames
alojados em caixas racionais, anotando-se os dados em uma ficha. Era realizado o controle de
inimigos naturais, como forídeos (Diptera), por exemplo, com a armadilha de vinagre, na qual
utilizava-se vinagre de maçã, por ser o mais atrativo. Também eram removidas as aranhas, as
formigas e as vespas ou quaisquer outros predadores que eram encontrados dentro ou nas
proximidades das caixas racionais. Periodicamente estes enxames eram alimentados com
xarope de água e açúcar cristal a 60% de diluição e, esporadicamente, com pólen apícola
quando o ninho encontrava-se deficiente. Quando havia a disponibilidade de mel da própria
espécie de abelha, o mesmo era fornecido. Os enxames alojados em troncos eram revisados
apenas externamente para acompanhar seu desenvolvimento e recuperação e para verificar se
havia presença de algum inimigo natural ou predador. Se constatado, o controle de predadores
naturais era efetuado.
66
Material e Métodos
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Página
De uma área desmatada de cerca 2900 hectares, foram resgatados 1.345 enxames de
abelhas sem ferrão pertencentes a 15 espécies e 11 gêneros. As quantidades resgatadas por
espécie são: 17 de arapuá branco (Trigona fuscipennis), 10 de arapuá manso (Trigona
fulviventris), 5 de boca-de-sapo (Partamona helleri), 148 de borá (Tetragona clavipes), 11 de
iraí (Nannotrigona testaceicornis), 18 de irapuã (Trigona spinipes), 8 de iratim (Lestrimelitta
rufipes), 232 de jataí (Tetragonisca angustula), 1 de mandaguari (Scaptotrigona postica), 185
de manduri (Melipona marginata), 420 de mirim droriana (Plebeia droryana), 141 de mirim
guaçu (Plebeia remota), 42 de mirim preguiça (Friesella schrottkyi), 33 de mombucão
(Cephalotrigona capitata) e 74 de tubuna (Scaptotrigona bipunctata).
A espécie conhecida popularmente na região por mombuca e, na literatura, como
mombucão (Cephalotrigona capitata) consta na lista oficial do Instituto Ambiental do Paraná
(IAP) como ameaçada de extinção no Estado, na categoria vulnerável. Desta espécie foram
resgatados 33 enxames, demonstrando haver na área condições ambientais favoráveis para a
manutenção de populações viáveis desta espécie.
Para a destinação dos ninhos após o término do resgate, foram identificadas
propriedades próximas das áreas de preservação permanente do futuro reservatório, com
condições de abrigar enxames alojados em troncos, para reintrodução dos mesmos na
natureza, com o único objetivo de conservação. Espera-se que, com o tempo, estes enxames
proporcionem uma recolonização das áreas, pelo processo natural de enxameamento
(reprodução onde parte do enxame matriz sai do ninho para fundar uma nova colônia).
Os interessados em receber os ninhos participaram de mini-curso de meliponicultura,
ministrado pelos especialistas da equipe de resgate, onde receberam treinamento teórico e
prático, e foram previamente cadastrados no Ibama, através do cadastro técnico federal –
CTF, como criadores de fauna silvestre. Receberam os enxames: apicultores da Cooperativa
de Apicultores e Meliponicultores Caminhos do Tibagi – Coocat (Telêmaco Borba – PR),
apicultores da Associação Ortigueirense de Apicultores – Apomel (Ortigueira – PR), com o
objetivo de desenvolver a meliponicultura (criação de abelhas nativas sem ferrão) em suas
propriedades. Também receberam enxames, mas com o único objetivo de conservação e
reintrodução na natureza, áreas cedidas pela empresa Klabin Produtos Florestais no Setor de
Fitoterápicos (meliponário Lagoa) e na Klabin Parque Ecológico (criadouro
conservacionista), ambas em Telêmaco Borba – PR, e a Reserva Particular do Patrimônio
Natural – RPPN Monte Sinai, em Mauá da Serra – PR. Parte dos ninhos permaneceu na área
do meliponário do horto das Caviúnas localizado próximo à barragem da UHE - Mauá, com o
objetivo de conservação e polinização para aumento da produção de sementes de árvores
nativas.
Está sendo realizado desde de junho de 2012, o monitoramento trimestral que
fornecerá dados de adaptação dos ninhos às novas áreas, bem como sua taxa de sobrevivência.
Até a presente data, foram realizadas duas campanhas para avaliação e assistência técnica aos
receptores. Constatou-se que 75% dos enxames estão vivos e se desenvolvendo muito bem
nos locais e condições em que foram dispostos.
67
Resultados e Discussão
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Conclusões
O desaparecimento das abelhas sem ferrão numa área causada por desmatamento pode
implicar na extinção de algumas espécies de árvores que dependem da polinização cruzada de
suas flores, causando um desequilíbrio nas populações destas espécies que são interrelacionadas.
Assim, atividades de resgate e salvamento científico das abelhas nativas sem ferrão
podem minimizar os impactos ambientais decorrentes de atividades de supressão da
vegetação, para implantação de reservatórios de usinas hidrelétricas, contribuindo para que os
polinizadores permaneçam na área do entorno do reservatório e mantendo um número mínimo
de colônias na população intercruzante e a variabilidade genética na área de reprodução.
Agradecimentos
Ao Departamento de Biodiversidade da Companhia Paranaense de Energia – Copel e
ao Consórcio Energético Cruzeiro do Sul pela permissão do uso dos dados obtidos durante o
trabalho realizado no local.
Referências
KERR, W. E.; CARVALHO, G. A. & NASCIMENTO, V. A. Abelha uruçu: Biologia,
Manejo e Conservação. Livre Patrocínio: Fundação Banco do Brasil e Universidade Federal
de Uberlândia. Publicação 2 da Fundação Ancagau, Belo Horizonte (MG). 143p. 1996.
MIKICH, S.B. & R.S. BÉRNILS. 2004. Livro da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná.
Curitiba: Instituto Ambiental do Paraná. 763 p.
Página
68
NOGUEIRA-NETO, Paulo. Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão. São Paulo:
Chácara e Quintais, 1953.
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Uso da termografia infravermelha na avaliação do ambiente interno de colônias de
abelhas sem ferrão
Heber Luiz Pereira1,Tânia Patrícia Schafaschek1, Rafael Eduardo Pérez Cárdenas2, Priscilla
Ayleen Bustos Mac-Lean3, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo3
1
Discente doPrograma de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá.Email: [email protected]
2
Discente de Zootecnia. Universidad Nacional de Colombia.
3
Profª. do Departamento de Zootecnia/Universidade Estadual de Maringá – UEM.
Resumo
Este trabalho teve como objetivo mostrar a utilização da termografia infravermelha
como uma ferramenta para futuros estudos sobre a capacidade de termorregulação e controle
da temperatura interna de colônias de abelhas sem ferrão. O trabalho foi realizado na Fazenda
Experimental de Iguatemi, pertencente à Universidade Estadual de Maringá, na manhã de 26
de outubro de 2012. Para os registros fotográficos utilizou-se a câmera termográfica da marca
Fluke® Ti110 e as imagens foram avaliadas no programa Smartview 3.2 da mesma marca.
Foram fotografadas áreas com ninhos em caixas abertas de diferentes espécies: Tetragonisca
angustula, Plebeia remota, Scaptotrigona bipunctata, e uma colmeia de observação de Apis
mellifera.Com as observações realizadas pode-se concluir que a câmera termográfica é uma
ferramenta eficiente para a avaliação da temperatura de diferentes regiões das colônias de
abelhas, propiciando novas alternativas de estudos da capacidade termorregulatória dessas
espécies.
Palavras-chave: abelhas nativas, termografia, termorregulação
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This study aimed to show the use of infrared thermography as a tool for future studies
on thermoregulation and the ability to control the internal temperature of the colony. The
study was conducted at the Iguatemi Experimental Farm, owned by the State University of
Maringá, in the morning of October 26, 2012. The electronic equipmentused was a
thermographic camera brand Fluke ® Ti110 and images were evaluated in the program
Smartview 3.2 of the same company. Nests were photographed on open boxes with different
species: Tetragonisca angustula, Plebeia remota, Scaptotrigona bipunctata, and an
observation hive of Apis mellifera. With the observations we can conclude that the
thermographic camera is a powerful tool for assessing the temperature of different regions on
69
Abstract
VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
bee colonies, providing new alternatives for studies of thermoregulatory capacity of these
species.
Key words: thermography, thermoregulatory capacity, native bees
Introdução
Página
A termografia segundo o dicionário médico Dorlands vem das palavras latinas
“calor” y “escrever”, e é definida como: “uma técnica não invasiva que mede as emissões
infravermelhas (temperatura) da superfície de um objeto, produzindo uma representação
gráfica da temperatura”. Avaliar parâmetros fisiológicos de animais, em ambientes tropicais, é
de fundamental importância e é uma forma direta para se maximizar a eficiência fisiológica e
econômica da exploração. O uso da câmera termográfica como alternativa de avaliação aos
parâmetros fisiológicos dos animais de produção é um método menos invasivo, algumas
formas de avaliação e manejo acabam levando o animal a um estresse acentuado pela
intervenção humana (Bustos Mac-Lean, 2012). Desta forma este trabalho teve como objetivo
mostrar a utilização da termografia infravermelha como uma ferramenta para futuros estudos
sobre a capacidade de termorregulação e controle da temperatura interna de colônias de
abelhas sem ferrão.
70
As abelhas sem ferrão nativas do Brasil pertencem à superfamília Apoidea que é
subdividida em 8 famílias: Colletidae, Andrenidae, Oxaeidae, Halictidae, Melittidae,
Megachilidae, Anthophoridae e Apidae. Os Apidae se subdividem em quatro subfamílias:
Apinae, Meliponinae, Bombinae e Euglossinae. Os Meliponinae, por sua vez, se dividem em
duas tribos: Meliponini e Trigonini, Kerr et al. (1996).A maior parte das espécies de
Meliponini depende de árvores vivas para construção dos ninhos (Nogueira-Neto, 1970;
Roubik, 2006), os desmatamentos e a fragmentação de habitats têm sido apontados como
importantes causas da diminuição das populações de abelhas nativas,pois a sobrevivência
dessas abelhas depende também de recursos florais para a alimentação e de locais adequados
para a nidificação (Roubik, 2006).A sua criação constitui a MELIPONICULTURA, palavra
usada pela primeira vez no livro do Dr. Paulo Nogueira-Neto de 1953, esta atividade consiste
no uso de caixas racionais que devem simular as condições que teriam em um local natural de
nidificação.Os insetos sociais são capazes de manter a temperatura dos ninhos dentro deu ma
faixa “adequada” (zona de equilíbrio térmico) para seu desenvolvimento. Esse mecanismo de
regulação da temperatura é realizado pelas abelhas sem ferrão passivamente, por meio de
adaptações estruturais em determinadas espécies, como um invólucro que envolve a área de
cria e o escutelo que envolve o ninho, formando assim camadas de isolação térmica.
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Materiais e Métodos
O trabalho foi realizado na Fazenda Experimental de Iguatemi, pertencente a
Universidade Estadual de Maringá, na manha de 26 de outubro de 2012. Para os registros
fotográficos utilizou-se a câmera termográfica da marca Fluke® Ti 110 e as imagens foram
avaliadas no programa Smartview 3.2 da mesma empresa.
Para a avaliação das imagens, foram fotografadas área de ninhos de caixas abertas de
diferentes espécies: Tetragonisca angustula, Plebeia remota, Scaptotrigona bipunctata, e uma
colmeia de observação de Apis mellifera, como mostradas nas Figuras 1, 2, 3 e 4.
Figura 4. Apis mellifera Página
Figura 3. Tubuna (Scaptotrigona bipunctata) Figura 2. Mirim (Plebeia remota) 71
Figura 1. Jataí (Tetragonisca angustula) Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Resultados e Discussão
O uso da câmera termográfica permitiu o registro das temperaturas máxima, mínima e média no
interior dos diferentes tipos de colmeia. Os valores de temperatura são apresentados na tabela 1.
Tabela 1: Temperaturas máxima, mínima e média em ºC registradas com a
utilização de câmera termográfica em colmeia horizontal de Jataí
(Tetragoniscaangustula), colmeia vertical de Mirim (Plebeia remota) e Tubuna
(Scaptotrigonabipunctata) e colmeia de observação de Apismellifera, em outubro
de 2012, Maringá, PR.
Colmeia
Temp.
máxima (ºC)
Temp.
mímina (ºC)
Temp.
média (ºC)
27,9
25,1
26,7
29,5
25,8
27,4
31,1
26,9
29,3
32,5
28,5
31,5
Jataí (Tetragoniscaangustula)
- colmeia horizontal
Mirim (Plebeia remota)
- colmeia vertical
Tubuna (Scaptotrigonabipunctata) colmeia vertical
Apismellifera
- colmeia de observação
Utilizando data loggers, Roldão et al. (2009) encontrou temperaturas entre 30,2 e 31,4°C na
área de cria de Meliponascutellaris.
A utilização da termofotografia é um método não invasivo para a mensuração da temperatura
Página
72
interna das colônias, reproduzindo com fidelidade as condições do ninho.
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Conclusões
Com as observações realizadas pode-se concluir que a câmera termográfica é uma
ferramenta eficiente para a avaliação da temperatura de diferentes regiões das colônias de
abelhas, propiciando novas alternativas de estudos da capacidade termorregulatória dessas
espécies.
Agradecimentos
Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pelas bolsas de estudo concedidas.
Referências
KERR, W.E.; CARVALHO, G.A.; NASCIMENTO, V.A. Abelha Uruçu: Biologia, Manejo
e Conservação. 2.ed. Coleção Manejo da vida silvestre – Belo Horizonte-MG : Acangaú,
1996. 144 p.
BUSTOS MAC-LEAN, P.A.B. Programa de suplementação de luz e relações entre variáveis
fisiológicas e termográficas de bezerros em aleitamento em clima quente. 2012. 103f. Tese
(Doutorado em Zootecnia) - Universidade de São Paulo, Pirassununga.
NOGUEIRA-NETO, P. A criação de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae). 2ª.
ed.Tecnapis, 1970. 365p.
ROLDÃO, Y. S., HRNCIR, M., ZUCCHI, R.(2009) Investigações sobre a termorregulação
em abelhas sem ferrão,Melipona scutellaris (Apidae, Meliponini). In Resumos do XXVII
Encontro Anual de Etologia, Bonito - MS, Brazil,CD-ROM.
ROUBIK, D.Stingless bee nesting biology.Apidologie, v.37, p.124-143,2006.
Página
73
SILVA, R. G. Biofísica ambiental – os animais e seu ambiente. Jaboticabal: Funep, 2008.
326 p.
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Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão
Produção in vitro de rainhas e multiplicação de colônias de abelhas sem ferrão
Mauro Prato
Laboratório de Biologia e Genética de Abelhas, Depto. de Genética da FMRP-USP. Av. Bandeirantes 3900.
Monte Alegre. Ribeirão Preto- S.P. CEP: 14049-900, [email protected]
A meliponicultura avançou bastante nos últimos anos, com isso, além da produção de mel,
novas demandas têm surgido, como o uso na polinização de culturas agrícolas. A principal
limitação para a utilização comercial desses polinizadores é a dificuldade de produção de
colônias em larga escala, o que é prejudicado pelo pouco conhecimento sobre a biologia
reprodutiva dessas abelhas. Nas abelhas indígenas sem ferrão (exceto gênero Melipona) a
quantidade de alimento ingerido pelas larvas fêmeas é o fator responsável pela diferenciação
das castas, pois as larvas que se tornarão rainhas ingerem mais alimento que as larvas de
operárias, não havendo diferença qualitativa entre o alimento fornecido a ambas as castas.
Assim, oferecendo maior quantidade de alimento às larvas de operárias, podemos induzir seu
desenvolvimento em rainhas, técnica conhecida como produção in vitro de rainhas que junto
com a formação de mini-colônias podem ser utilizadas como ferramentas para tornar a
multiplicação de colônias de abelhas sem ferrão mais eficiente e produtiva.
Palavras chave: abelhas sem ferrão, produção in vitro de rainhas, determinação de castas,
Página
74
multiplicação de colônias.
Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Apoio: Amanda Camila de Oliveira Poppi André Luiz Seccatto Garcia Caio Leonardo Stem Menocci Djanety Batista Araújo Douglas Galhardo Eduardo Carvalho de Aquino Erica TravainiGrecco Ferenc Istvan Bankuti Fernando Hiroshi Kurozawa Junior Gustavo Henrique de Araújo Isabela Ferreira Leal Jaqueline de Souza Horugel Karla Mariana Mateus Bioni Marcos Leandro Batista Melina Franco Coradini Paola Casagrande Página
Pamela Roberta de Souza 75
Murilo Monteiro Priscila Martins Ribeiro Rafael Eduardo Pérez Cárdenas Renata Pavan de Souza Ricardo Gomes Petrucci Taisa Kesi Campos Tânia Patrícia Schafaschek Vinicius D. Vieira da Costa Agradecimentos: Anna Christina Esper Amaro de Faria Djanety Batista Araújo Ferenc Istvan Bankuti Rodrigo Horvath Meneguzzi Silvio Magalhães Barros Tânia Patrícia Schafaschek Página
76
Thaysa Mazzo Mura Realizaçã
ão: Página
77
Patrocinadores: Página
78

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