BHG_entrevista_PIETERJACOBUS_21082012
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BHG_entrevista_PIETERJACOBUS_21082012
PIETER JACOBUS - Hotelaria: um negócio muito bom Publicado em 06/08/2012 às 14:29hrs Para o holandês que já ganhou jeito de brasileiro - afinal são 24 anos de convivência por aqui, profissão e família – o Brasil é mesmo um País de boas oportunidades. “É preciso saber o momento e agir”, diz de forma bem prática, como foi na posição de CEO da Brazil Fast Food Corporation (BFFC), de alimentos, e em diversas de marketing e vendas da Shell International Petroleum Co. Pieter trabalhou também como consultor para a Latin America Investment Partners Limited, Movi & Art, Odebrecht e Golden Tulip Hotels. Com mestrado em Negócios Internacionais pela Florida University e graduação em Gestão Hoteleira pela FIU e HHS The Hague. Conscientiza o que é a BHG, primeira companhia brasileira no segmento imobiliário especializada em hotelaria com foco em turismo de negócios. Única empresa do setor no mercado da BM&F Bovespa. Por enquanto, são 46 hotéis em operação, 16 próprios, 25 administrados, três com participação e 24 em desenvolvimento. Até 2015 mais 4.856 quartos em seu portfólio. Terceira como rede, segunda como empresa financeira do setor, mantém uma estratégia agressiva de crescimento. Pieter, que mora no Rio de Janeiro, torce aqui no Brasil pelo Fluminense e na Holanda pelo Feynoord, gosta desta alegria de viver do brasileiro, olha muito o amálgama de saber e sentir, tanto que julga indispensável o café da manhã com funcionários de cada empreendimento, ao menos uma vez por ano em cada hotel. Está sempre querendo saber mais. BRASILTURIS JORNAL - Qual o quadro geral que coloca para a hotelaria brasileira hoje? Nos últimos anos se recuperou bem do boom dos apart-hotéis do final dos anos 90, anos 2000 e 2001, tanto que a diária média e taxa de ocupação reagiram bem. Acrescento que, a diária média no Brasil, hotéis de três e quatro estrelas, ainda não está com nível alto, ao contrário do que todo mundo anda dizendo. A maioria olha apenas para os 5 estrelas e diz que está elevado, mas na maioria dos hotéis que temos o valor ainda pode ser contestado. Em cidades como Nova York e outras onde se têm feiras, paga-se US$ 500 a diária e aqui nem de longe chegamos a este patamar ainda. A indústria em si tem que aprender com exemplos do passado com lições como o investimento geral em shoppings temáticos. Se você olhar quantos restaram, acho que nenhum. A mesma questão pode-se ver com a hotelaria, todo mundo querendo investir, eis um grande risco. Decisões pouco fundamentadas, pessoas seduzidas pelas incorporadoras vão criar supercapacidade de oferta em muitas cidades. A história é exemplar, vai ter que se esperar depois, anos para absorver. Obviamente, algumas cidades vão se dar muito bem nos próximos anos. O ano de 2013 será muito melhor em alguns nichos do que em 2014, ano no qual em 80% das cidades teremos um mês de férias, poucos eventos, tudo será Copa do Mundo. Se quando a Copa é lá fora o Brasil já para, imagine-se aqui. Além disso, sedes que terão apenas quatro jogos, que também não terão maiores atributos. O pessoal tem que medir muito bem atos e consequências, estas podem ser muito ruins. Um hotel não sobrevive por uma semana, um mês. Depois tem que pagar mais 20 anos. Hoje a hotelaria brasileira está saudável. 2012 não está tão forte como 2011, já tem mais a ver com a economia e o câmbio, a valorização do real, o Brasil virou um destino caro, isto desequilibra, afasta o estrangeiro. O próximo verão deverá ter uma boa resposta nas zonas de verão, ainda mais pelo público brasileiro. A resposta deve ser muito boa para a hotelaria pelos próprios brasileiros. BJ - Dentro deste aspecto geral, e por sua experiência de comando e administração, tem receio de uma “bolha” na hotelaria? De crescimento tenho sim. É preciso haver um alinhamento perfeito entre investidor e operador. Observando que muitas operadoras hoteleiras não se preocupam com investimentos e quase que exclusivamente com a operação. Entendo que elas têm que ser críticas quando algum incorporador ou investidor sugere a construção de um novo hotel, não é apenas dizendo que tudo bem, que boa ideia. É muito projeto em curso, tem que ser mais criterioso, um ponto de alinhamento com as necessidades reais. Por tendência, se tem capacidade de construção, se tem incorporadora e construtoras que têm necessidade de giro do estoque de terrenos e se não dá escritórios, ou para apartamentos, vão fazer alguma coisa, vão querer fazer hotel. Depende muito de critério. De fazer no lugar certo, no momento certo, na hora certa e com o planejamento certo, pensando no futuro. BJ - E por falar em futuro, vocês tiveram um crescimento de expansão pelo Brasil como raríssimas vezes aconteceu. Pelo País inteiro é uma rede realmente de presença nacional. Crescimento acima da média nestes últimos anos. E os passos futuros? Crescemos forte. A gente tem assumido os prédios existentes, suas unidades físicas e focado muito na melhoria da qualidade, para o cliente e para o conteúdo do grupo. Este é um ponto. Outro é que olhamos muito para os investidores. Depois de um ano de existência já estávamos na Bolsa de Valores, temos a palavra retorno na agenda dos negócios, este é um aspecto consciente e decisivo. Esperamos continuar em um ritmo semelhante de crescimento, mas paralelamente, somos muito criteriosos nesta questão de investidor e mercado. Temos um grupo financeiro que nos dá respaldo para focar a empresa, em resultados, e a meta é continuar a crescer e evitar erros ao máximo. BJ - Franquias. Esta é uma posição que o BHG tem um posicionamento bem definido? Entendemos que franquia é uma maneira de crescer, especialmente em localidades com operações menores. Nos super econômicos associamos que se pode crescer mais facilmente com as franquias, mas tem que ser com muito cuidado e critério. Temos um bom exemplo quando da aquisição do grupo Solare. Tem que ser tudo bem formatado, muito profissional para que sejam evitados problemas futuros. Quando franqueador e franqueado querem fazer negócio, tudo é paz e amor. Estamos evoluindo neste setor, estamos fazendo isso com a bandeira Soft Inn e temos certeza, vamos fazer sucesso. BJ - E a reforma no Royal Tulip Rio (antigo InterContinental), até o final do ano em que estágio vamos estar? A fachada principal estará recuperada, a recepção perfeita, vamos ter o novo lobby bar, o número de quartos muito grande, não conseguiremos fazer todos neste ano, mas um bom número. Na área de eventos teve muitos problemas de infiltração, já recuperamos tudo isso. O aspecto do hotel hoje já está melhor, no final do ano a sensação será de um hotel diferente. A gente está muito feliz com este hotel, como também com o Royal Tulip que administramos em Brasília. BJ - E os Txai, no litoral da Bahia? A gente melhorou em termos operacionais, continua sendo um dos melhores senão o melhor produto hoteleiro deste tipo no Brasil, não conheço ninguém que tenha estado lá e considere uma experiência negativa. Todo mundo que vai quer voltar, ver estrelas, a lua, o mar, namorar...(risos) todos muito felizes. Não está literalmente dentro do nosso foco de negócios prioritários, mas tratamos profissionalmente, queremos que esteja bem, vamos construir mais alguns Txais para que se evolua também nesta área. Cito o grande projeto para o Txai Terravista Trancoso, com o charme do golfe. Estamos vendo mais um em Santa Catarina, o Txai Ganchos, será a nossa estreia no Estado. Isso se a gente até lá não fizer algum negócio, não sei...(risos). BJ - E o Ambassador Club? É um programa exclusivo que o Golden Tulip criou, de fidelidade, para as pessoas que fazem reservas. As secretárias, o exemplo mais evidente, que cuidam das viagens e reservas dos executivos. Seja qual for o modo, via agências, internet ou diretamente, aí elas ganham pontos pelo Ambassador Club como um comissionamento. E funciona muito bem. BJ - O outro é para os hóspedes? O sistema tradicional de se acumular pontos em nossos hotéis, estamos crescendo, agora já são milhares de membros do Flawours, vai se tornando conhecido. Acumular pontos só faz sentido se realmente você consegue usufruir. Temos visto nestes dois anos um crescimento muito forte de ambos os programas. BJ - E os próximos negócios BHG? Já estão na linha? Nem posso dizer...(risos). Posso garantir que estão em curso. Somos capital aberto, não posso falar. Apenas que eles vêm por aí, sempre vem. Pode ser amanhã ou daqui um mês. Temos 22 projetos em construção, com vários parceiros. A gente precisa de distribuição geográfica, e é isto que estamos fazendo. Vamos chegar proximamente em Sobral (CE), como estamos indo para muitos outros lugares Brasil afora. Há quatro anos, quando começamos, a gente tinha que ir buscar e o pessoal até nos recebia meio cético. Hoje estamos aí, comprovadamente com um programa focado, de forma consistente e organizado. Estamos aqui para valer. Com a estratégia da qualidade, resultados e investimentos em melhorias dos hotéis. Não diria que a gente esteja entre as maiores corporações hoteleiras do mundo, longe disso, ainda temos muito a fazer e estamos fazendo da hotelaria um negócio muito bom. Fonte: http://www.brasilturis.com.br/edicaomateria.php?tipo=entrevista&materia=pieterjacobus-hotelaria-um-negocio-muito-bom