revista canguru | abril de 2016 | edição nº07

Transcrição

revista canguru | abril de 2016 | edição nº07
Criando filhos em BH
www.cangurubh.com.br | abr 2016 | nº 7
E XE M P LAR G RAT U I TO PARA E SCO LAS PARCE I RAS
É POSSÍVEL TORCER
para clubes rivais
sem hostilidade
COMO APRENDER
matemática e
lógica na prática OS amigos
imaginários
E OS DILEMAS
da infância
O DESAFIO DOS
vegetais
Dicas e truques para a garotada
ter, enfim, uma alimentação saudável
Arena Rio 2016 no Boulevard Shopping.
Um evento com muitas atrações especiais sobre os
Jogos Olímpicos e Paralímpicos para você e sua família.
De 11/4 a 30/4, no Boulevard Shopping
Segunda a sábado, das 10h às 22h
Domingos e feriados, das 12h às 20h
EVENTO GRATUITO
nesta edição3
26
seções
Marcus Cruz, Ian e Joanna van de Schetop: mudança
de alimentação após diagnóstico de colesterol alto
22
Torcedores em paz: fã do América, Isabel Pereira convive com
dois atleticanos, o filho, Mateus, e o marido, João Márcio Prado
36
4
6
8
10
12
13
14
16
18
42
43
44
45
Primeiras palavras
46
Padecendo no Paraíso, por Bebel Soares
e Tetê Carneiro
48
50
Artigo, por Patrícia Quaresma Ragone
Nossos leitores
www.cangurubh.com.br
Missão Instagram
Eles dizem cada coisa
Canguru viu e curtiu
Mundo Kids
Moda
Comprinhas
Viagens, modo de usar, por Luís Giffoni
História de mãe, por Adriana Goulart
Para ler com seu filho, por Leo Cunha
Na Pracinha, por Flávia Pellegrini e
Miriam Barreto
Crônica, por Cris Guerra
Reportagens
Enrico Scanni, na sala de aula da Inspirar, no Anchieta:
peças de Lego ajudam no ensino de robótica
Nossa capa
Davi, de 3 anos, é filho de Thaís
Duffles e Luiz Eduardo da Silva Vieira.
FOTO: Gustavo Andrade
20
Psicologia | Como os amigos imaginários
auxiliam o desenvolvimento das crianças
22
Futebol | As brincadeiras saudáveis de pais
e filhos que torcem para clubes rivais
26
Nutrição | Trinta dicas para a garotada largar
mão das guloseimas e ter uma alimentação saudável
34
Entrevista | O terapeuta familiar Luiz Alberto
Hanns dá dicas para um casamento harmônico
36
Tecnologia | Noções de lógica e matemática são
trabalhadas em cursos de computação e robótica
38
Luto | Com sinceridade, conforme seus valores e
crenças, é possível falar sobre morte com os pequenos
Pautas em
causa própria
NOSSO EDITOR, ALESSANDRO Duarte, já me deu bronca. Disse que não
devo usar exemplos dos meus próprios filhos nos editoriais da revista. Naturalmente, o objetivo da equipe de redação da Canguru é atender às expectativas
dos nossos leitores, mães e pais que criam filhos em BH. As matérias de cada
edição não são definidas com base nos dramas e desafios que enfrento na minha
própria casa. Mas, confesso: vira e mexe defendo uma “pauta em causa própria”.
Não sou a única a cultivar o hábito, que fique registrado. Cada vez que me
reúno com editores e repórteres para discutir o conteúdo da próxima edição,
o encontro se estende por horas porque todo mundo tem um caso do filho
(do enteado, do sobrinho, do afilhado ou do pimpolho de um amigo) para
dar como exemplo e justificar a relevância da reportagem sugerida. Inclusive o
Alessandro, que é pai do Pedro, um fofo de 9 anos. Difícil resistir a compartilhar as histórias dos pequenos, não?
“30 dicas para seu filho comer melhor” é uma dessas pautas em causa própria. Fazer o meu Pedro e o Gabriel comer verduras e legumes é provavelmente
um dos desafios mais duros da minha maternidade. Outro dia, eu estava de
saída para o supermercado e perguntei ao caçula se tinha encomendas. Como
resposta, ouvi a lista das suas cinco marcas preferidas de biscoito. Com voz
indignada, questionei se não havia nada saudável que ele quisesse pedir. E ele
me veio com essa: “Ah, pode trazer batata sorriso também”. Preciso ou não
preciso das dicas das nutricionistas entrevistadas pela repórter Isabella Grossi
na nossa matéria de capa?
E a reportagem sobre como estimular uma alimentação saudável não é
a única da categoria “causa própria” nesta edição. “Sem perder a esportiva”,
sobre pais que torcem para times rivais no futebol, é outra. Nasci em berço
atleticano e cresci com coração alvinegro, mas acabei me casando com um cruzeirense fanático. Como virar folha seria um ato de altíssima traição em relação
a meus pais e irmãos, instala-se a hostilidade na sala de TV cada vez que Galo e
Raposa entram no mesmo gramado. No meio desse fogo cruzado, nossos dois
filhos nem dão muita bola para os jogos. Mas se alguém pergunta para que
time torcem, respondem logo: “Cruzeiro, claro”. É que a pauta é sob medida
para minha família, o título nem tanto. Só de pensar que seus meninos podem
não querer vestir a camisa celeste, o pai perde a esportiva. Como é na sua casa?
Ivana Moreira, DIRETORA DE REDAÇÃO
[email protected]
4
Canguru
. ABRIL 2016
FOTO: GUSTAVO ANDRADE
4primeiras palavras
Ivana e os filhos
Gabriel e Pedro
DIRETOR EXECUTIVO: Eduardo Ferrari
DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Ivana Moreira
Primeira escola de
www.cangurubh.com.br
DIRETORA DE REDAÇÃO: Ivana Moreira
EDITOR EXECUTIVO: Alessandro Duarte
EDITORA DE ARTE: Christina Castilho
PROJETO GRÁFICO: Christina Castilho (Mondana:IB)
REPÓRTER: Rafaela Matias
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Cris Guerra, Cristiane
empreendedorismo
infantil do Brasil.
Miranda, Isabella Grossi, Larissa Coelho, Leo Cunha,
Luís Giffoni, Sabrina Abreu
FOTÓGRAFOS: Gustavo Andrade, Pedro Gontijo e Victor
Schwaner
REVISORA: Shirley Souza Sodré
COORDENADORA DE MARKETING E PLANEJAMENTO
DIGITAL: Camila Capone
ANALISTA DE MARKETING E PLANEJAMENTO DIGITAL:
Juliane Ferreira
GERENTE COMERCIAL E ADMINISTRATIVA: Suellen Moura
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA: Laura Ramos
A Canguru é uma publicação mensal da
Scrittore Comunicação e Editora Ltda.
CNPJ 12243254/0001-10, Rua Alberto Bressane,
223, Belo Horizonte/MG, CEP 30240-470
TIRAGEM: 25 000 exemplares
IMPRESSÃO: Artes Gráficas Formato Ltda.
DISTRIBUIÇÃO: Gratuita na rede de escolas parceiras*
e vendida em bancas de BH.
* Instituições particulares de educação infantil que se
encarregam de enviar a revista aos pais de seus alunos na
mochila dos estudantes. A relação das escolas parceiras pode
ser consultada por anunciantes.
PARA ANUNCIAR
Suellen Moura: (31) 3656-7818 . (31) 98651-2047
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Fabiana Paiva: (31) 3656-7818 . (31) 99105-6994
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Leré Silva:
(31) 3656-7818 . (31) 99715-9375
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PARA FALAR COM A REDAÇÃO: mande e-mail para
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ENDEREÇO: Rua Rio Grande do Norte, 867 — sala 901,
Savassi, Belo Horizonte — MG — CEP 30130-135.
(31) 3656-7818
Artigos assinados são de inteira responsabilidade dos
autores e não representam, necessariamente, a opinião
da revista e de seus responsáveis.
A EnterprisingUP - Academia de Ideias chega
com uma proposta inovadora de enriquecimento
curricular. Oferecemos um programa dirigido à
crianças e jovens, entre 04 e 18 anos, que são
estimuladas a empreender através de dinâmicas,
jogos lúdicos e outras ferramentas motivadoras
e prazerosas, desenvolvendo características
essenciais para a fase adulta, como o pensamento
de liderança, trabalho em equipe, planejamento
financeiro, dentre outras importantes habilidades.
Não deixe seu filho de fora dessa!
Faça parte desse mundo de ideias!
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Gostaria de deixar registrada
a minha satisfação com a revista Canguru, que recebo do
Colégio Conviver, no bairro
Sagrada Família, onde minha
filha estuda. Acho ótima essa
parceria e adoro a publicação.
— Adriana Raposo
Canguru
É uma satisfação receber a
Canguru. A revista é muito
boa. Aborda assuntos importantes na criação de nossos pequenos e dá excelentes dicas
de programação, locais, cursos, redes sociais e contatos de
instituições. Já tinha boa referência da Escola de Educação
Musical Villa Lobos e, com a
matéria publicada na edição de
outubro (“Violões, xilofones
e animação”), fui conhecê-la.
Agora, meu filho está estudando lá. Na edição de fevereiro,
gostei muito da matéria “Precisamos falar sobre a crise”, da
repórter Sabrina Abreu. Achei
interessante a abordagem. Na
verdade, nossas relações com
os nossos filhos não podem ser
pautadas no “ter”. O convívio
familiar merece mais que isso.
O Natal com frango ao invés
de peru e os presentes feitos à
mão são bons exemplos disso.
— Janaína Cotta
6
Canguru
. ABRIL 2016
Acabei de ler a edição de março da revista, que reuniu matérias sobre a Páscoa, e gostaria
de dizer que continuo achando a publicação excelente,
sempre trazendo informações
importantes.
— Iara Leventhal, diretora da
escola Theodor Herzl
tamos sempre acompanhando
as publicações de vocês.
— Rafael Lopes Portugal
Pai tem que
fazer de tudo
Desejo muito sucesso para o
novo blogueiro Bruno Santiago. Show de bola o seu trabalho
em prol desse assunto necessário aos homens e mulheres que
planejam ter filhos ou já são
realizados com eles. E parabéns
à Canguru: Criando Filhos em
BH por ter essa pessoa no time!
— André Kodama
Eles dizem cada coisa
Estamos juntos nessa, Bruno
Santiago! Eu escolhi dizer não
ao aborto (abandono) e dizer
sim à vida, ao amor, aos melhores sentimentos que um homem pode ter. Se todo homem
entendesse o quanto é bom ser
pai, quanto é prazeroso e gratificante, teríamos um mundo
melhor!
— Wallace Deivison Martins
Quero parabenizar o espaço na
revista Canguru para as pérolas das crianças. Acho sensacional as associações e falas dos
pequenos.
— Paula Freitas
Que história mais linda (“Tereza, eu te amo”). E o melhor de
tudo é que, além de marido e
mulher, são amigos. Felicidades para essa família linda.
— Donias Bittencourt Juninho
Mundo kids
Nesse mundo de competição,
de consumismo, de busca desenfreada pelo prazer e de valores corrompidos, é sempre
bom escutar uma história de
amor genuíno. O amor, a convivência amorosa entre casais,
família, amigos e o mundo que
nos rodeia é o que realmente
Gostaria de parabenizá-los pelo
maravilhoso trabalho que vocês estão realizando. É tudo o
que uma mãe precisa. Inovador, atraente, divertido e direcionado. Fantástico! Parabéns!
— Gabriela Marques
Gostaria de agradecer pela publicação da nota sobre o site EuNeném (“Chá de bebê vir­tual”,
jan. 2016), na coluna Mundo
kids. Nós, criadores do portal,
somos de Belo Horizonte e es-
importa! Parabéns, Bruno. É
muito bom ver uma pessoa
que não tem vergonha de se
declarar e falar de amor! Obrigada pela lembrança do Dia da
Mulher!
— Rosa Maria Santiago
Mães de consultório
Que o manto azul de Nossa
Senhora continue envolvendo
as madrugadas de vocês, Flávia Rios (“Aquela mãozinha”).
E que os anjos sem sono tornem a fazer parte dessa cumplicidade.
— Tereza Matos
Ciranda
Agradeço a Deus por ter criado
meus filhos na era pré Google
(“Isto ou aquilo?”). Está cada
dia mais complicado, Fernanda
Agostinho. Mas seguir a intuição ainda é uma boa opção.
— Mari Lúcia Cardoso De
Lucena Capelari
Evento Canguru
O debate promovido pela revista sobre TDAH foi perfeito!
A equipe do Colégio Cristão
Atos compareceu e já estamos
aguardando mais palestras. Excelente iniciativa.
— Junia Maia
CORREÇÃO: o texto “Até sempre, Micho” (Padecendo no
Paraíso, março de 2016) é de
autoria de Marcela Bracarense.
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Num piscar de olhos, crianças e adolescentes
podem sofrer algum tipo de violência.
www.cangurubh.com.br
roteiro
Música feita com
brinquedo para
divertir toda a família
Pato Fu estará em evento gratuito no dia 17
DIVERSÃO PARA CRIANÇAS e adultos. Assim é o SHOW
MÚSICA DE BRINQUEDO, da banda Pato Fu, que se apresentará
em 17 de abril (domingo), às 11h30, na Praça da Assembleia.
O grupo liderado pela cantora Fernanda Takai interpretará versões de grandes sucessos da música pop usando apenas instrumentos musicais de brinquedo. O espetáculo
com repertório do CD lançado em 2010 — que se tornou um dos maiores sucessos da banda mineira e que
conta com a participação de bonecos do grupo Giramundo — faz parte da programação da CARAVANA DO
CORAÇÃO. O evento, gratuito, marca as comemorações do aniversário de 75 anos do Laboratório São Marcos
e contará com várias outras atrações, como oficina de circo. Confira no cangurubh.com.br a programação
completa da Caravana do Coração e de outros eventos para pais e filhos que serão realizados na cidade ao
longo do mês de abril.
Parabéns no museu
Promoção
Já pensou em comemorar o aniversário do seu filho em um museu
cheio de brinquedos que fizeram parte da sua própria infância? A Canguru, o Museu dos Brinquedos e o bufê Brincar Lá Fora querem lhe
proporcionar essa experiência. Antes de cantar o “Parabéns para você”,
os pequenos vão se divertir com brincadeiras como pula-corda, bambolê, telefone de lata, jogo da velha, peteca, vai e volta e elástico. E
vão se deliciar com comidinhas saudáveis, a especialidade do Brincar
Lá Fora. Depois que o aniversariante apagar as velinhas, os convidados
irão para casa com lembrancinhas que resistem ao tempo: ioiô, cinco
marias, corda... Na promoção Canguru deste mês, os leitores poderão
concorrer ao SORTEIO DE UMA FESTA DE ANIVERSÁRIO PARA 35
CONVIDADOS no Museu dos Brinquedos. Acesse cangurubh.com.br,
confira as regras e participe desta promoção. O prazo para inscrições é
até as 12 horas do dia 29 de abril.
8
Canguru
. ABRIL 2016
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Concorra a uma festa de aniversário
no Museu dos Brinquedos
palestra
Todos os meses,
a Canguru promove
seminários gratuitos
sobre temas relacionados
à educação dos filhos.
Fique atento à
programação dos
próximos eventos.
Ajude seu filho a
comer bem
NUTRICIONISTA MATERNOINFANTIL, ALICE Carvalhais lida
diariamente com a angústia das
mães ao fazerem seus filhos se alimentar de forma saudável. Mudar
os hábitos dos filhos é um desafio
para as mulheres que procuram o
consultório de Alice, responsável pelo
setor de nutrição de crianças e adolescentes do Instituto Mineiro de Endocrinologia e criadora do
blog Alice no País das Comidinhas. No Encontro Canguru
do mês de abril, ela vai esclarecer dúvidas e dar dicas de
alimentação saudável para toda a família. O evento será
no Anfiteatro do Pátio Savassi, no dia 19 de abril (sábado), às 10h30. As inscrições são gratuitas, mas limitadas.
Inscreva-se no cangurubh.com.br.
EDIÇÃO Alessandro
Duarte
Para gostar de ler
Adultos e crianças po­derão visitar, entre 15 e 24 de
abril, a 5ª BIENAL DO LIVRO DE MINAS. Considerada
o maior evento literário do Estado, a mostra deve reunir
cerca de 160 expositores no Expominas, onde os organizadores esperam um público de 260 000 pessoas. E é
claro que o time da Canguru vai marcar presença por lá.
O colunista Leo Cunha participará de uma sessão de autógrafos para o lançamento do livro-CD O que Você Vai
Ser Quando crescer?, produzido por Thelmo Lins, com
poemas do escritor musicados. Já Cris Guerra vai participar de um bate-papo sobre o livro Que Ninguém Nos
Ouça, escrito em parceria com a jornalista Leila Ferreira.
A programação e a cobertura do evento você confere
em cangurubh.com.br.
Violência doméstica, trabalho infantil,
abandono, violência sexual, rapto,
tortura, desaparecimento, entre outros.
Abra os olhos para enxergar, os ouvidos para
escutar e a boca para denunciar. E sempre dê a
mão para proteger nossas crianças e adolescentes.
NA CBN Às terças e quintas, às
10h40, acompanhe ao vivo o boletim
Canguru: criando filhos em BH. Todos
os áudios estão disponíveis no portal
cangurubh.com.br.
“Amigo é coisa pra se guardar / do lado
esquerdo do peito...”, já cantava Milton
Nascimento. Como concordamos inteiramente
com isso, pedimos aos pais que fotografassem
seus pequenos ao lado dos companheiros
do coração e compartilhassem as imagens
usando a marcação #cangurubh.
Confira alguns dos cliques.
O pequeno João Manuel
(@joao_passeia) curtiu com o primo
Isaac o Parque das Águas.
“Amigo que é amigo pula junto na
piscina!” escreveu a mãe @carlapivoto
sobre Pietro e o seu companheiro de
mergulhos, João.
Próxima missão: Eu e minha leitura predileta
Compartilhe a imagem de seu filho com o livro que ele mais gosta usando a marcação #cangurubh. Os melhores registros serão
publicados na edição de maio da revista.
10
Canguru
. ABRIL 2016
FOTOS: REPRODUÇÃO INSTAGRAM
Maria Eduarda se divertiu de montão na Praça da
Liberdade com a amiga Iasmim, e a mãe @natyvidadivertida
registrou a alegria das duas.
apresenta
FOTO: SHUTTERSTOCK
Os três pilares da saúde
Consultas agendadas, exames
em dia, check-ups realizados. Isso
significa que você é uma pessoa
saudável? Nem sempre. Segundo
a Organização Mundial da Saúde,
os cuidados com o bem-estar físico são essenciais, mas não podem
ser considerados os únicos instrumentos para uma vida sadia. A
saúde, na verdade, compreende o
equilíbrio entre as três dimensões
que integram o ser humano: física, mental e social. “Se uma delas
não vai bem, é possível que as outras também sejam prejudicadas”,
explica a psicóloga Berenice Janete Coelho, especialista em saúde
mental e trabalho. “Por isso, todas
devem ser cuidadas com a mesma
atenção.” Para a terapeuta, só é
possível lidar com as adversidades
que aparecerão ao longo da vida
se esse conjunto estiver funcionando em equilíbrio.
Isso significa que manter uma
rotina médica, alimentação balanceada e exercícios físicos não
é suficiente para atingir o bem-estar em sua plenitude. É preciso
garantir que a rotina também seja
favorável à saúde psíquica e aos
bons relacionamentos. “Nos últimos cinquenta anos, nós saímos
O bem-estar do ser humano depende do equilíbrio entre suas dimensões física, mental e social
de um conceito de bem-estar individual para pensar em um bem estar coletivo, que só pode ser possibilitado por meio das relações”,
complementa a especialista.
Isso porque os estudos indicam que atividades agradáveis
realizadas em grupo são capazes
de produzir ainda mais sensações
de prazer do que aquelas feitas individualmente, especialmente no
caso das crianças.
Como o núcleo familiar é a
primeira fonte de relações dos
pequenos, é importante o adulto
buscar o seu próprio equilíbrio e
por conseguinte proporcionar um
ambiente socialmente agradável
para os filhos. Quando as crianças têm isso, tendem a adoecer
menos, se desenvolver melhor na
escola e ter mais disposição para
brincar. Aliás, o tempo para brincadeiras livres é outro fator essencial para consolidar os pilares da
saúde na infância. “Além de manter os pequenos fisicamente ativos, o ato de brincar faz com que
o intelectual seja estimulado e a
capacidade de se relacionar seja
requisitada, ativando de uma só
vez boa parte do que é necessário
para ter a saúde em dia”, completa Berenice.
UMA DIA PARA CUIDAR DA SAÚDE E SE DIVERTIR.
Show do Pato Fu e Giramundo – Música de Brinquedo,
atrações e oficina de circo para crianças, vacinação, cuidados
com a saúde e atividades esportivas.
17 de abril – das 8h às 14h | Praça da Assembleia
Mais informações: www.caravanadocoracao.com.br
#quemvemrecomenda
Copatrocinador:
Apresentação:
POR Rafaela
Matias
Vou faze
r
no meu ta carinho
ble
ele sarar t para
logo.
VITOR, 3 anos, filho
de Rodolfo Fabricio
e Carolina Soares.
A música que eu mais
gosto é aquela em
que o cara vai do Rio
a Salvador a pé, só
para conquistar uma
mulher. É muito longe!
Quer casar?
Senta, espera e
não esquece de
carregar o celular.
DAVI, 8 anos, filho
de Marco Bruno Dias
e Leré Silva.
ESTELA, 8 anos, filha
de Afonso Patrício Elias
e Elaine Ferreira dos
Santos Elias.
Você t
em
muito de comer
mamã
porqu
o,
e
fazer é bom para
cocô m
acio.
DAVI, 4 anos, filho de Zozimar
Drumond de Melo e Janaína Cotta,
aconselhando o primo João Marcelo.
12
Canguru
. ABRIL 2016
Se seu filho também diz pérolas, envie a frase
para o e-mail [email protected].
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
BEATRIZ, 6 anos, filha
de Giulliano Álvares
Robert e Luciana
Souza Espírito Santo,
referindo-se à canção
Por Você, do Barão
Vermelho.
A Fada
do Dente
também está
em crise. Ela só
deixou 1 real pra
mim...
EDIÇÃO Camila
Capone
O QUE ESTÁ ROLANDO DE ÚTIL, DIVERTIDO OU CURIOSO NA WEB E NAS REDES SOCIAIS
Para ajudar
com o TDAH
O Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade (TDAH) afeta de
3% a 5% das crianças
no mundo. Além de
acompanhamento médico adequado, agora os
pais podem contar com um
aplicativo chamado LIFE COACH,
desenvolvido por psiquiatras suecos especializados em TDAH. O app permite
registrar as obrigações a serem cumpridas
no dia a dia. Saber se as tarefas foram realizadas ou não auxilia o médico em fazer
a análise nas consultas da criança, a fim
de estabelecer novos objetivos e perceber
sua evolução.
Baixe aqui gratuitamente o aplicativo, nas
versões para Android ou iOS.
IMAGENS: REPRODUÇÃO
Android
iOS
bit.ly/LifeCoachAndroid bit.ly/LifeCoachApple
Um diário
diferente
Filipe Aviz e sua mulher, Suzani,
têm uma maneira peculiar de eternizar as dores e delícias de serem
pais de primeira viagem. Eles criaram um projeto chamado PIPIPUM, um blog
que mistura ilustrações, humor e histórias
que envolvem o dia a dia do casal com sua
pequena Bia. Use nosso QRCode para conhecer o blog e se divertir com os relatos.
Ou acesse bit.ly/pipipum
Desenhos que
ganham vida
Guardar os desenhos de seu filho
na geladeira ficou no passado.
Que tal eternizar os traços do seu
pequeno, transformando-os em
bonecos de pano superfofos? Essa
é a proposta da BOLOLOFOS. Basta enviar o desenho para lá, junto
com seu CEP e o nome do seu filho, para receber um orçamento personalizado. Os bonecos são confeccionados a mão
e têm cerca de 45 centímetros. Gostou da
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seu rebento e entre no site da empresa, para
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levantamento do portal Zoom, comparador de preços e produtos na internet.
Segurança
com estilo
Anda logo, Biel
VOCÊ ACREDITA EM amor à
primeira vista? A arquiteta Juliana
Siqueira garante que foi esse o sentimento quando conheceu o pequeno
Gabriel e resolveu adotá-lo. Abandonado pela mãe biológica, que sofria com dependência de álcool e drogas, Biel morava num
abrigo para crianças carentes, onde Juliana trabalhava como
voluntária. “Foi um processo difícil porque eu era solteira e
tinha apenas 28 anos”, lembra. Com persistência, ela conseguiu. Seria, por si só, um final feliz para a dupla, mas, aos
3 anos, ele ainda não consegue andar devido a sequelas deixadas pelos maus hábitos da genitora. Uma esperança é um
tratamento intensivo chamado Therasuit, que custa cerca de
10 000 reais por mês. Para arrecadar parte do valor, haverá
uma FESTA BENEFICENTE no dia 10 de abril, às 16 horas, na
casa de shows Autêntica (Rua Alagoas, 1172, Savassi), com
participação do músico Tom Nascimento e das bandas Mordomo e 80 Trio. As entradas custarão 35 reais e a verba será
integralmente destinada ao tratamento. A torcida é para que,
em breve, Biel possa dar os primeiros passos.
[2]
Sabe aquelas REDES DE PROTEÇÃO que
são indispensáveis quando se tem uma
criança em casa, mas que não contribuem
muito para a decoração? Elas podem, sim,
ajudar a deixar o ambiente ainda mais bonito. Basta pensar em alguns detalhes na
hora de escolher a peça. De acordo com a
designer de interiores Melina Mundim, é
preciso harmonizar as cores das redes de
proteção com a decoração do ambiente,
para que a composição fique suave. “Algumas pessoas optam pelas redes não apenas em janelas, mas também em escadas e
até mesmo nos beliches das camas. Indico
utilizar a cor mais próxima dos tons existentes em torno delas. Quanto mais a cor
da tela for semelhante ao ambiente que
está inserida, melhor”, explica. Cortinas e
persianas instaladas nas janelas também
ajudam a disfarçar a tela. Beleza e segurança podem conviver em paz.
“NO BRASIL, A única coisa que dá cadeia é o não pagamento de PENSÃO ALIMENTÍCIA.” Você já ouviu isso, né? Pois agora a situação ficou ainda pior para
os que tentam escapar da responsabilidade. Com as regras do Novo Código de
Processo Civil (CPC), que passaram a valer no último dia 18, a lei que normatiza
o pagamento da pensão sofreu alterações e se tornou mais rígida no que diz respeito
à cobrança de parcelas atrasadas. No novo CPC está previsto, por exemplo, que os não
pagadores poderão ser presos em regime fechado e ter o nome automaticamente negativado, com registros na Serasa e no SPC. Além disso, a dívida poderá ser debitada diretamente do
salário do devedor. Veja uma cartilha completa com tudo o que mudou em cangurubh.com.br.
14
Canguru
. ABRIL 2016
FOTOS: [1] RODRIGO TOZZI; [2] ARQUIVO PESSOAL.
Sem escapatória
POR Rafaela
eu já fui
Matias
criança
Ana Paula Renault
Fernando Pimentel
O atual governador de Minas Gerais
cresceu no bairro Carlos Prates. Nas
décadas de 50 e 60, um dos programas prediletos do futuro político era
passear a pé pelas ruas e desfrutar alguns momentos de liberdade na então
pacata Belo Horizonte. Durante a sua
campanha eleitoral, Pimentel disse
que herdou da mãe, que era professora de música, o seu lado afetuoso,
e do pai, comerciante, o senso de responsabilidade.
Lô Borges
Nascido e criado no bairro Santa Tereza, um dos mais boêmios de Belo Horizonte, Lô Borges teve uma infância
regada a muita música. Aos 15 anos,
já fazia sucesso na região com a banda
The Beavers e ainda muito novo compôs a música Clube da Esquina, junto
com seu irmão, Márcio, e o amigo
Milton Nascimento. Posteriormente, a
canção deu nome a toda uma geração
de músicos mineiros reconhecidos
mundialmente, inclusive Lô.
Olha elaaa... quando criança! Quem
diria que toda essa fofura se transformaria no furacão que roubou os holofotes no BBB 16? Declaradamente
mimada, a jornalista Ana Paula só começou a andar com 1 ano e 9 meses,
porque insistia em ficar todo o tempo no colo da mamãe. Ao contrário
da maioria das crianças, ela não era
muito fã de carnes e refrigerantes, e os
evita até hoje.=
4moda
Para fazer a cabeça
Há quem diga que eles devem ser usados apenas no verão, mas a função dos chapéus vai muito
além de proteger a cuca do sol. Em qualquer estação, eles são capazes de dar um charme extra
aos looks e deixar os pequenos ainda mais irresistíveis, como provam Théo Papini e Ysadora
Soares, de 2 anos, com chapéus da marca Monnalisa. Tem coisa mais fofa? Veja outras opções
POR Rafaela
Matias
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4psicologia
Os amigos que
só as crianças veem
“Imaginários” ou “invisíveis”, eles
ajudam os pequenos a lidar com
perdas, frustrações, limites e regras
POR Larissa
Coelho
CRIADA PELO ESCRITOR Bill Watterson em 1985,
a tirinha Calvin e Haroldo (no original, Calvin and
Hobbes) mostra a relação entre um esperto garotinho
de 6 anos e um tigre bastante sincero e com tiradas
desconcertantes. Um detalhe torna a relação especial:
o tigre é, na verdade, de pelúcia. Mas esse não é o
20
Canguru
. ABRIL 2016
único caso de amigo imaginário da cultura pop. Para
ficar em poucos exemplos, há os desenhos animados
Meu Amigãozão, que passa no canal por assinatura
Discovery Kids, e Mansão Foster para Amigos Imaginários, do Cartoon Network, além do livro Memórias de
um Amigo Imaginário, de Matthew Dicks, cujo narrador, Budo, existe na cabeça do pequeno autista Max.
Ter um amigo “imaginário” ou “invisível” é bastante
comum por volta dos 4 ou 5 anos de idade. Eles
podem assumir as mais variadas formas: crianças,
monstros e até animais. E mesmo que deixem alguns
pais e mães apreensivos, não são motivos para se
preocupar.
ILUSTRAÇÃO: JULIANE FERREIRA
“Os anos iniciais da vida de uma criança são
marcados pela inventividade”, afirma a psicóloga especializada em desenvolvimento infantil
Luciana Barros. “Especialmente após a aquisição da linguagem verbal podemos observar
quão criativa ela pode ser.” Luciana explica que
os amigos imaginários permitem à criança reproduzir diversos papéis e resolver conflitos internos. Para escrever a dissertação de mestrado
“A Criação de Amigos Imaginários: um Estudo
com Crianças Brasileiras”, a psicóloga Natália
Benincasa Velludo, aluna da Universidade Federal de São Carlos, selecionou quarenta crianças
entre 6 e 7 anos e as dividiu em dois grupos.
Um com aquelas que relatavam ter (ou ter tido)
amigos imaginários. Outro com as que nunca
usaram esse artifício. Após a aplicação de uma
série de testes, Natália chegou à conclusão de
que a criação dos amigos imaginários pelas
crianças, além de não ser correlacionada a déficits de desenvolvimento, ainda pode mostrar-se
positiva para habilidades como a criatividade e
o vocabulário.
A professora de inglês Adriana Barbosa lembrou de sua infância quando seu filho, Pedro, de
4 anos, contou que conversava com corujinhas.
“Eu também tive amigos imaginários, mas o Pedro é diferente porque ele tem consciência”, conta. “Ele diz que tem ‘amigos imaginados’.” Além
de não se preocupar, Adriana entra na brincadeira. Um dia, quando não podia dar muita atenção
ao seu filho, pediu para que ele chamasse seus
“amigos imaginados”. No que ele respondeu
prontamente: “São corujas, mamãe, dormem de
dia”. Os amigos de Adriana um dia simplesmente desapareceram de sua vida. De um ela nem
lembra o nome — os outros dois eram Patman e
Tubigue. E assim deve acontecer com Pedro.
“Com o tempo, a criança cresce e desenvolve a
percepção de que aquilo não é real”, afirma a psicóloga infantil Fernanda Leal. “O amigo imaginário é um recurso para o desenvolvimento da
criança, facilitando a elaboração de questões inerentes à vida, como perdas, frustrações, limites,
regras e convivência social.” =
4futebol
Sem perder
a esportiva
Pais e filhos torcedores de clubes rivais driblam a hostilidade
e buscam uma convivência harmoniosa mesmo em dias de jogos
Grossi
VALE TUDO NA hora de convencer os filhos a torcer
pelo mesmo clube de futebol dos pais? Cada família
tem suas regras e influencia os pequenos à sua maneira. Algumas, mais fanáticas, sofrem com a disputa
dentro de casa. Já outras querem mesmo é incentivar
a torcida sem tirar a liberdade dos filhos. Afinal de
contas, rivalidade saudável é dentro do
campo, durante os noventa minutos
de jogo. Vez ou outra, até o fim dos
pênaltis. Apesar disso, não era
esse o pensamento da psicóloga Isabel Pereira, de 39
anos, quando seu filho, Mateus, de 9, decidiu “virar
folha” e deixar o amado clube de sua mãe, o América,
para bradar, alto e bom som: Galo! O garoto mal tinha
completado 4 anos quando começou a questionar:
“Mãe, por que o América só perde e o Atlético ganha?”. Desde então, não houve nada que ela pudesse
fazer para que o menino permanecesse torcendo
para o “Mequinha”. Ainda mais quando vieram as influências dos colegas da escolinha
de futebol e do padrasto, o analista de sistemas João Márcio Prado, de 44 anos,
que passou a levar o enteado
nos jogos do alvinegro.
Em sua partida de estreia no Independência,
em 2012, o Atlético go-
Andréa, Tayná, Leônidas e
Thales: entre os Costa, dois
para cada lado
22
Canguru
. ABRIL 2016
FOTOS: GUSTAVO ANDRADE
POR Isabella
A psicóloga Isabel, torcedora do América; Mateus, que virou atleticano; e seu padrasto, João Márcio,
responsável pela mudança: o menino garante que dá sorte ao Galo
leou o Náutico, de Pernambuco, por 5 a 1. “Mateus é
superpé-quente. Sempre que eu o levo ao estádio, o
Galo ganha com três ou mais gols de diferença”, diz
Prado. A disputa rendeu um combinado. Desde que
não atrapalhe a rotina de estudos, ele pode ir ao campo ver o Galo. “E nós sempre ganhamos”, garante o
padrasto. Hoje, Isabel leva numa boa. No começo,
todavia, criticava o time do filho quando ele perdia.
“Costumava falar mal, mas resolvi estimular o Mateus a respeitar as diferenças”, conta. “Futebol tem
de ser uma coisa tranquila, porque não dá para entrar nessa rivalidade toda, quanto mais em família.”
Na casa do contador Leônidas Teixeira Costa, de
45 anos, a história é um pouco diferente. Seu filho,
Thales, de 9, tomou gosto pelo Galo vendo, desde pequenininho, o pai torcendo empolgado. Durante os
clássicos entre Cruzeiro e Atlético, quando seu time
fazia um gol, Leônidas corria para a janela para atazanar seus vizinhos cruzeirenses. O mesmo ocorria
quando o rival alterava o placar. Thales viveu nessa
atmosfera. E agora, embora o pai alegue que pega muito mais leve para não passar a “doença” para o filho, os
dois torcem juntos com muito entusiasmo, para o desconsolo da vendedora Andréa Carla Noronha Mata
Costa, de 39 anos. Um pouco menos entusiastas do
esporte, a mãe e a irmã, Tayná, de 11 anos, 4
Especialista em
Saúde Materno Infantil,
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Foto: Marilena Santiago
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são cruzeirenses convictas. “Em dia de clássico assistimos à partida todos juntos, em casa. Independentemente do resultado, sempre rola uma zoação”,
diz Andréa. “Quando o Galo ganha, meu filho vira a
casa de cabeça para baixo, mas, quando perde, fica
mal-humorado. Se a gente pega pesado, ele chega
até a chorar.”
O advogado Conrado Di Mambro Oliveira e sua
esposa, a psicóloga Janice Fernandes Luna de Oliveira, ambos de 38 anos, encontraram uma forma
inusitada para driblar a pressão que Miguel, de 5,
sofria do pai, atleticano doente, e do clã da mãe. Filha de uma tradicional família de Ipatinga, no Vale
do Rio Doce, ela, assim como a parentada, tem sangue azul correndo nas veias. “Ser cruzeirense é de
raiz, tem uma história”, afirma Janice. “Mas meu ma-
Miguel, Conrado Oliveira, Janice
e Mateus: Atlético na capital e
Cruzeiro em Ipatinga, para não
desagradar ao clã da mãe
24
Canguru
. ABRIL 2016
rido é fanático pelo Galo, então Miguel se sentia
pressionado por todos os lados.” Foi quando a avó
materna sugeriu uma trégua. O garoto seria cruzeirense em Ipatinga e atleticano em Belo Horizonte.
Deu tão certo que, hoje, o pequeno se sente totalmente à vontade com a situação. “Lá na casa da minha
avó, os meus amigos são Cruzeiro. Em Belo Horizonte, Atlético”, explica, com naturalidade. Segundo Janice, Miguel faz mais o tipo intelectual. Torce, mas
não é fanático. Bem diferente do caçula, Mateus, de
2 anos, que curte ficar ao lado do pai enquanto ele
vê os jogos e já grita gol, cheio de euforia. “Mateus é
mais empolgado com futebol, mesmo sendo mais
novo”, esclarece o pai, sem esconder a expectativa
de levar ao menos o caçulinha para o seu lado, seja
em que cidade for. =
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FOTO: PEDRO GONTIJO
Na medidinha certa
Houve um tempo em que a maior preocupação
quanto à saúde infantil eram os altos índices de desnutrição. Hoje, contudo, o problema mudou e é a
obesidade que se propaga de maneira alarmante. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) apontam que uma em cada três crianças entre
5 e 9 anos está acima do peso ideal estabelecido pela
Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo dra.
Flávia Pieroni, endocrinologista do Instituto Mineiro
de Endocrinologia e coordenadora do FitKids, esses
dados merecem atenção, pois é na infância que as
células adiposas se multiplicam com mais facilidade,
definindo a capacidade do corpo de armazenar mais
gordura no futuro. “Isso significa que uma criança
com sobrepeso tem muito mais chance de se tornar
um adulto obeso”, alerta.
Além da orientação da nutricionista Alice Carvalhais, especialista em nutrição infantil, o Programa
FitKids conta com o acompanhamento intensivo de
uma equipe de psicólogos que abordam as questões
emocionais, comportamentais e familiares. A opção
pelo atendimento multidisciplinar pretende oferecer,
num único programa, as técnicas e intervenções necessárias em todas as etapas do tratamento. “Fazemos
uma abordagem completa, com uma análise detalhada do comportamento familiar e de todos os hábitos da criança. Também são solicitados exames para
avaliarmos se o ganho de peso pode estar associado
a fatores genéticos ou a doenças que predispõem ao
ganho de peso”, explica dra. Flávia. Em vez de proibir
alimentos, priorizam-se as escolhas, as quantidades, a
percepção da fome e da saciedade e o estímulo à prática de atividade física. “Ensinamos a criança a fazer
escolhas melhores. Quanto antes a saúde entrar na
vida dela, mais ela estará presente ao longo da sua
trajetória”, ressalta Alice Carvalhais.
A endocrinologista Flávia Pieroni e a nutricionista
Alice Carvalhais: contra a obesidade infantil
Para a psicóloga Aline Rodrigues, a participação
da família em todo o processo é fundamental, já que
o tratamento do excesso de peso infantil não envolve
apenas a criança, pois ela está inserida nos hábitos e
costumes do sistema familiar. Ela explica que, quando a família está sensibilizada para a necessidade de
mudanças, o trabalho flui de forma mais natural, sem
representar uma carga difícil demais para a criança,
e com resultados muito mais rápidos e duradouros.
“Quando os pais apoiam e participam de todo o processo, a criança se sente mais segura e fortalecida;
há menos resistência à aquisição de novos hábitos
e maior compreensão da necessidade de mudar”,
argumenta.
4nutrição
30 dicas para o seu filh
comer melhor
O Brasil, hoje, apresenta um quadro de obesidade infantil estarrecedor.
Cerca de 15% das crianças são obesas e, consequentemente,
mais propensas a doenças antes relacionadas à vida adulta, como
hipertensão e diabetes tipo 2. “É comum ir para a escola em jejum e,
no intervalo, comer pizza, hambúrguer e tomar refrigerante, o que é
um crime para o organismo”, alerta a nutricionista Gabriela Kapim,
que comanda o programa Socorro! Meu Filho Come Mal, transmitido
pelo canal pago GNT. Uma alimentação saudável deve incluir frutas,
legumes e verduras todos os dias, além de cereais, leguminosas
e proteínas. Mas qual o segredo para driblar a birra das crianças e
assegurar que elas estejam, de fato, comendo bem? A seguir, confira
dicas valiosas da apresentadora e das nutricionistas Laila Penna, Alice
Carvalhais, Caroline Petraconi e Mônica Vitorino.
POR Isabella
Grossi
#1
Os bons hábitos vêm de casa. “Com certeza é
mais fácil conseguir convencer uma criança a comer
bem se os pais também comem. E se eles realmente
acreditam na importância de uma boa alimentação”,
afirma Gabriela. Dê o exemplo.
#2 O ideal é que desde cedo o bebê tente comer
sozinho, pegando os alimentos com as próprias mãos.
“O auxílio dos pais é muito bem-vindo, mas é importante estimular a autonomia da criança”, diz Gabriela.
Lembre-se: se sujar faz parte do processo. Deixe o babador a postos e fique tranquilo se a comida for parar
na cabeça ou nos pés.
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Canguru
. ABRIL 2016
#3
A alimentação da criança deve ser totalmente
sem sal no primeiro ano de vida. Em relação aos outros temperos, não existe contraindicação. Pelo contrário. Quanto mais sabores o pequeno experimentar, principalmente na primeira infância, menos ele
vai estranhar os alimentos no futuro. Use e abuse dos
verdinhos, como o manjericão.
#4
Cerca de 6% das crianças menores de 3 anos
apresentam algum tipo de sensibilidade alimentar. Mônica é radical: “O único leite recomendado é o materno e, após o desmame, o de vegetais”. A introdução do
glúten antes dos 4 meses em indivíduos predispostos à
doença celíaca também é um considerável fator de risco.
ho
Xô, colesterol alto
#5
O hábito de oferecer papas liquidificadas ou
peneiradas para aumentar o conforto da criança após
os desmame, apesar de bem-intencionado, não é recomendável com muita frequência. O pequeno deve
aprender que pepino é pepino e tomate é tomate. E,
principalmente, saber a textura, a cor, o cheiro e o
sabor de cada alimento.
#6
Um prato equilibrado, que tenha condições de
fornecer os nutrientes necessários para o crescimento
da criança, deve conter uma fonte de carboidrato (arroz, macarrão, batata), uma fonte de proteína (carnes ou
ovos), uma fonte de leguminosa (feijão, ervilha, lentilha)
e fontes de vitaminas e minerais (folhas e legumes). 4
Quando IAN completou 5 anos, a mãe, a bióloga e
adestradora de cães Joanna van de Schetop, de 35
anos, notou que alguma coisa andava errada. “Ele não
tinha pique para correr, era muito calado e desanimado”, conta. O que para ela parecia um problema
de tireoide, foi diagnosticado como colesterol alto. A
família, então, procurou um nutricionista para mudar
os hábitos alimentares. “Fizemos um controle rigoroso durante três meses. O arroz tinha que ser integral,
o macarrão era de arroz, tudo sem gordura.” Hoje, aos
7 anos, Ian regulou o colesterol e, por causa da dieta,
passou a comer de maneira mais saudável. Diminuiu
a carne vermelha, acrescentou oleaginosas, aumentou as verduras, as frutas e o peixe. “A disposição dele
hoje é outra e até a quantidade de comida no prato
mudou. Antes ele só beliscava.”
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Canguru
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#7 A monotonia alimentar é um dos fatores que #10 Não é preciso forçar a criança a raspar o
mais tira o apetite das crianças. Muitas vezes os pais
têm o hábito de comprar as mesmas coisas. A mesma
fruta e a mesma carne. E ninguém quer abrir mão do
feijão, por exemplo. “Se a criança não gosta muito,
ofereça um grão de bico, em forma de salada. Dá na
mesma”, sugere Alice.
prato. Pelo contrário. O fundamental é respeitar a saciedade. Ela não comeu tudo? Espere de duas a três
horas e ofereça a próxima refeição. Vale ficar de olho,
porém, se a falta de apetite não é uma manobra para
não comer a comida e logo depois pedir um alimento
que lhe apeteça mais.
prato com grãos, cereais e sementes, que são riquíssimos em proteínas. “A chave para conseguir os aminoácidos essenciais é variar ao máximo esses elementos,
optando a cada dia por duas ou mais fontes e alternando-as a cada dois ou três dias”, revela Mônica.
é benéfico enquanto gesto carinhoso, para divertir esporadicamente. Se for um hábito para o pequeno comer sem perceber, a cada dia será preciso criar novos
mecanismos.
#11 Transformar a comida em brincadeira nem
#8 Se o pequeno não come carne, incremente o sempre
é uma boa saída. O aviãozinho, por exemplo,
#9 Esqueça a ideia de oferecer primeiro o que a
criança menos gosta. A maneira ideal de controlar a
quantidade de alimentos é determinar a porção a ser
servida. Se o pequeno possui resistência em relação
a alguma comida, é melhor comer um pouco do que
não comer nada.
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. ABRIL 2016
#12
Se uma criança tem algum tipo de resistência alimentar, é pouco provável que ela vá experimentar novos sabores só porque eles vêm em forma
de bichinho ou de um desenho lindo. “A estratégia
funciona muito bem para distrair e variar o dia a dia
de quem não come bem um ou outro alimento”, afirma Gabriela.
#13 A natureza da falta de apetite não é sempre #16 Em casa, as refeições devem ser feitas à
a mesma. Pode ser orgânica — quando geralmente
é necessária uma intervenção medicamentosa — ou
comportamental. Algumas crianças percebem que os
pais dão mais atenção e carinho quando elas recusam
a alimentação. E assim o fazem com frequência. Fique
atento à sua postura em relação aos pequenos.
mesa, num ambiente tranquilo e sem distração. É
um ritual milenar que aproxima a família e ensina
a criança a compartilhar. Além disso, é o momento
de os pequenos observarem com atenção as atitudes
dos pais.
#14 Toda criança precisa ter horários prede- #17 Não deixe a criança comer assistindo à TV.
terminados para a ingestão de qualquer alimento. “É
importante abrir um intervalo de duas a três horas na
fase pré-escolar e de três a quatro na escolar”, avalia
Laila. É o suficiente para que o pequeno sinta fome na
próxima refeição. Não ofereça petiscos fora de hora.
#15
Uma lancheira saudável e saborosa é sempre bem colorida. “Coloque uma fruta e um segundo alimento”, orienta Gabriela. De preferência, castanhas, sanduíche, bolo, muffins, biscoitos integrais
caseiros ou vegetais, como milho cozido, tomatinho-cereja ou palitinhos de cenoura ou pepino.
Sem derivados
A advogada Carolina de Caro, de 36 anos, ficou aflita ao descobrir que BERNARDO, hoje com 3 anos,
tinha alergia a ovo e à proteína do leite. “Eu complementava a amamentação com Nan e ele sempre
teve muita cólica. Aos 8 meses, dei mamadeira com o
leite artificial e ele empolou na hora”, narra. O pequeno também tinha uma dermatite no rosto que não
sarava por nada. A pediatra sugeriu a consulta com
um alergologista, que, depois, indicou um nutricionista. “Ele me deu um plano alimentar e dicas de onde
comprar os produtos que, por serem mais naturais,
também eram mais saudáveis.” Bernardo se adaptou
perfeitamente e hoje em dia não aceita nada que
não saiba identificar. Come biscoito integral, pão de
milho e bolo feito com farinha de linhaça. O lanche,
então, o garoto adora. Faz questão do suco de melancia, da gelatina e, principalmente, da alfarroba,
uma alternativa ao chocolate.
Ela fica vidrada nas telinhas e mal percebe o que
está fazendo, enquanto a mãe coloca comida boca
adentro. O pequeno acaba consumindo um volume
muito maior do que precisa, o que, aos poucos, atrapalha a saciedade. Ele deixa de entender que estar
satisfeito é não estar com fome e passa a achar que é
estar empanturrado.
#18 Os alimentos jamais devem ser utilizados
como moeda de troca. Nunca diga “se comer tudo,
ganha um doce” ou “se não comer, não vai jogar videogame”. “Esse tipo de atitude só solidifica a falta de
interesse da criança pela comida”, explica Laila.
#19
Alguns alimentos não devem nunca ser
oferecidos às crianças. É o caso de refrigerantes, sucos
industrializados, frituras, biscoitos recheados, salgadinhos, balas e doces. Proibir o consumo, no entanto,
não é recomendável. Em festas infantis, permita com
moderação. Ofereça algo nutritivo antes, para que o
pequeno vá mais saciado.
#20 A extrema rigidez em relação ao esquema
alimentar não é aconselhável. Uma criança que nunca
tem permissão dos pais para comer um chocolate fora
do horário, por exemplo, pode ser tornar angustiada
e ansiosa. Como consequência, ela supervalorizará o
alimento proibido. 4
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Canguru
29
Menos guloseimas
Depois de contrair uma forte gripe, quando tinha pouco mais de 2 anos, ESTER começou a rejeitar qualquer
tipo de alimento saudável. “Como a gente dava besteiras
para agradar, ela acostumou e passou a querer somente
aquilo”, lembra a mãe, a aposentada Diva de Souza Silva
Rodrigues, de 57 anos. Foi quando ela, junto ao pai da
criança, o presidente da Fundação João Pinheiro, Roberto
do Nascimento Rodrigues, de 60 anos, levou a menina na
nutricionista Laila Penna. “Descobrimos que ela estava 1
quilo acima do peso”, revela Diva. Hoje, aos 6 anos, Ester
mantém o equilíbrio: são 30 quilos distribuídos em 1,30
metro. Em casa, as frutas, verduras e legumes ganharam
mais espaço — embora, algumas vezes, tenham de ser camufladas na omelete, no arroz ou no feijão. Macarrão só
de quinze em quinze dias, integral e sem glúten. Chocolate? No fim de semana e olhe lá.
#21
“A primeira opção para a sobremesa é
a fruta, sempre”, diz Alice. Principalmente se for
cítrica, já que aumenta a absorção do ferro, enquanto as fibras, paralelamente, fazem com que
o açúcar natural seja absorvido pelo organismo
de forma mais lenta. Evite doces lácteos após
as refeições, uma vez que o cálcio atrapalha a
assimilação do ferro.
#22 Para variar o cardápio e fazer uma
gracinha, aposte em doces caseiros, sorvetes
com frutas congeladas, pipoca e alfarroba. Fuja
de balas, chicletes e chocolates. “É importante
tomar cuidado com as calorias e a química embutida nas guloseimas industrializadas”, aconselha Mônica.
#23
Os líquidos são essenciais para crianças no decorrer do dia. Durante as refeições,
porém, são contraindicados. Um dos motivos
é que o pequeno pode confundir barriga cheia
com saciedade. “Observe se a combinação a ser
servida não está muito seca. Se for o caso, acerte com um molhinho ou caldo, equilibrando o
preparo”, diz Mônica.
#24
Tome cuidado com os sucos, mesmo
os naturais. Dessa maneira, a quantidade de
açúcar consumido pode ser alta, o que eleva, de
uma só vez, a glicose no sangue. “Prefira comer
a fruta”, diz Alice. Para fazer um copo de suco
de laranja, por exemplo, é preciso espremer
três delas. É muita coisa. “Qual criança comeria
tudo isso de um vez só?”, questiona.
#25
Gorduras devem ser evitadas em
qualquer refeição. Principalmente as trans. Mas
não caia na tentação de oferecer produtos light
para crianças, já que é preciso um mínimo de
gordura para dar energia e auxiliar o desenvolvimento e crescimento. Opte pelas fontes naturais, como sementes e oleaginosas.
#26 Existem maneiras mais saudáveis de prepa-
rar os alimentos consumidos em casa. Sempre que puder, exclua a gordura e abra mão do sal para investir em
temperos naturais. Se for suco, não adicione açúcar; em
vez de fritar, asse; prefira carnes grelhadas; e, se o assunto é carboidrato, intercale o branco com o integral.
#27
As crianças têm preferências alimentares,
e elas devem ser respeitadas. Se seu filho recusar um
mesmo alimento um sem-número de vezes, significa
que aquilo ali, especificamente, lhe desagrada. Ofereça
de maneira diferente. Se for cenoura, por exemplo, em
vez de ralar, coloque no bolo, na torta ou como recheio
de sanduíche.
#28
Nenhum alimento é insubstituível. Considerando a pirâmide alimentar, a única coisa que não se
pode fazer é excluir uma categoria inteira das refeições,
eliminando as fontes de vitamina e, consequentemente, dando brecha para apontar um déficit nutricional.
Se a criança não gosta de couve, por exemplo, troque
por espinafre. 4
Exemplo em casa
DAVI, de 3 anos, nunca sentiu o gosto de um
refrigerante. Nem provou chicletes ou balas.
“Eu não proíbo nada, mas nunca ofereci”, esclarece a mãe, a psicóloga Thaís Duffles, de 35
anos. Os hábitos alimentares da família naturalmente influenciaram o pequeno, que, desde bebê, nunca recusou verduras, legumes ou
qualquer outra comida saudável. Pelo contrário.
“Eu tenho que servir a salada depois do almoço
quente, porque se ele a vir na mesa, só quer
comer salada, mais nada.” Nas festas infantis,
Davi dá pouca bola para frituras ou doces de
qualquer natureza. Para a mãe, é tudo questão
do exemplo que se dá. “Em vez de levá-lo a lanchonetes, procuramos restaurantes naturais,
para seu paladar ficar apropriado”. O prato predileto de Davi é batata-doce com óleo de coco e
escondidinho de moranga, que, divertidamente,
ele insiste em chamar de estrogonofe.
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Faça o que eu digo...
Mãe em tempo integral, Bianca Portela, de 38 anos,
usou a própria experiência para ensinar ao filho
VICTOR, de 2 anos, bons hábitos alimentares. “Eu
sempre tive problema com comida. Não queria que
ele fosse igual a mim”, explica. O esforço foi recompensado. Antes mesmo de completar oito meses, o
pequeno já era bom de garfo. O pai, o chef de cozinha
Leonardo Deoti, de 37 anos, não poupava ingredientes. Fazia de tudo e colocava temperos, ervas e outras
especiarias. A preocupação com o valor nutricional da
comida, todavia, fez com que o casal levasse Victor
ao nutricionista. A consulta foi produtiva e as principais refeições passaram a conter as quatro categorias:
leguminosas, vegetais, cereais e proteínas. “Ele come
com os sentidos, pega com a mão, cheira e passa no
corpo inteiro”, diz Bianca. E ainda participa dos preparativos. No colo do pai, aprende os nomes dos alimentos e a forma certa de elaborar cada prato.
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#29
Levar as crianças para fazer compras é uma forma de estimular o entrosamento
com a comida. “Algumas não sabem a diferença entre um tomate e uma maçã”, garante Alice. Prefira o sacolão. Lá o pequeno não vai fazer birra querendo guloseimas nem se distrair
com tantas gôndolas chamando a atenção.
#30
Incentive seu filho a participar do
preparo dos alimentos na cozinha. “Assim,
a decisão dele passa a ser importante, o que
inibe uma resposta negativa”, explica Laila. A
relação da criança com os alimentos depende
das atitudes dos pais, que podem ser positivas
ou negativas, e, também, das orientações de
comportamento durante as refeições. =
PRIMEIROS 6 MESES
Apenas o leite materno, que é rico em nutrientes e anticorpos. Não há necessidade de oferecer água ou chás, já
que o leite também hidrata.
traconi
Por Caroline Pe
DE 6 MESES A 1 ANO
Papinhas. Primeiro as de frutas e depois as salgadas. Escolha legumes ricos em carboidratos e mais dois vegetais. Evite misturar muitos alimentos, assim a criança vai
conhecendo o sabor de cada um.
DE 1 A 2 ANOS
Já é possível oferecer a mesma refeição do resto da família. A criança com essa idade está experimentando novos
sabores, por isso não há nada melhor do que introduzir
alimentos saudáveis. Não dê doces ou outros alimentos
com açúcar, nem refrigerantes ou sucos artificiais.
IDADE PRÉ-ESCOLAR: DOS 2 AOS 6 ANOS
Nessa fase, as crianças começam a ficar mais seletivas.
Explique a importância de se alimentar bem e varie no
cardápio. Não a force a raspar o prato e nem recorra
a chantagens. A melhor estratégia é fazer combinados:
experimentar, por exemplo, uma colherada primeiro num
dia, e no outro, duas colheradas.
A PARTIR DOS 6 ANOS
A criança tem mais autonomia e já conhece uma extensa
variedade de alimentos. Escolha apenas um dia da semana para liberar as guloseimas, como doces e hambúrgueres. E dê uma atenção especial para a merendeira:
castanhas, barras de frutas e biscoitos integrais são boas
alternativas. =
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4entrevista
É possível acertar a
equação do casamento
A arte de conviver a dois. Esse foi o tema da palestra ministrada pelo psicólogo,
terapeuta familiar e escritor LUIZ ALBERTO HANNS, a convite da Canguru, em março,
em BH. O especialista falou a respeito das dificuldades do casamento, especialmente
após a chegada dos filhos. "Um dos problemas do ser humano contemporâneo é ficar
preso à ideia que a mídia vende de que se pode ter tudo: filhos, se divertir muito, sexo
ótimo e trabalhar bastante", diz. Em entrevista exclusiva à revista, ele dá dicas sobre
como lidar com os conflitos da vida familiar e conquistar uma relação harmônica.
POR Rafaela
Matias
Além de impor um novo ritmo de vida, uma
criança exige adaptações financeiras, geográficas e emocionais. Em quais desses aspectos a chegada de um filho mais interfere
na vida do casal?
Isso vai depender um pouco das características de cada
um, mas, de modo geral, a dimensão “casal” é a mais afetada, porque ela sofre interferências de todas as outras
fontes de stress. Antes de ter filhos, o casal costuma ter
tempo para o convívio a dois, para ter programas gostosos, encontrar amigos e ter uma dimensão erótica. Depois
que vêm as crianças, o número de coisas a serem administradas aumenta muito e isso consome os esforços.
ferência vai se diluindo. Em países como Alemanha, Suíça
e Japão, aos 8 anos as crianças já têm independência suficiente para dar muito pouco trabalho aos pais. Na nossa
cultura, principalmente por causa da criminalidade, isso
pode ser percebido entre os 10 e os 13 anos, dependendo
da cidade e da família.
Como contornar as dificuldades e passar por
essa fase de transformação de uma maneira
mais tranquila?
Um dos grandes problemas do ser humano contemporâneo é ficar preso à ideia que a mídia vende de que se pode
ter tudo. Então, eu posso ter filhos, me divertir muito, ter
um sexo ótimo e trabalhar bastante. Algumas pessoas até
conseguem conciliar essas coisas, mas o que a maioria
precisa é privilegiar certas dimensões e deixar outras de
lado em determinadas fases da vida.
Como os parceiros podem transformar o filho
em um elo que vai aumentar ainda mais o amor
do casal e não vê-lo como algo que veio para
ficar entre eles?
As famílias que criam um espaço emocional para usufruir
da vida em conjunto e que conseguem ter a iniciativa de
bolar programas prazerosos podem construir momentos
gostosos que incluam os filhos. Uma boa dica é fazer viagens em que todos sejam favorecidos, ou, ao menos, que
um trecho agrade mais às crianças e um trecho agrade
mais aos pais. Mas não tenhamos ilusão. Muitos programas, ainda que em família, ficam muito em função da
criança, porque ela não tem maturidade para acompanhar
tudo o que os pais gostariam. Essa consciência é até mais
importante do que insistir em ter tudo muito leve. É claro
que alguns programas podem trazer leveza à vida, mas, de
um modo geral, ela é dura mesmo.
Por quanto tempo, em média, a criação dos filhos impacta com tanta força a vida dos pais
enquanto casal?
À medida em que os filhos ganham autonomia, essa inter-
Então, a maneira de encontrar a felicidade
nessa construção familiar seria abandonar a
utopia e adaptar-se a cada fase?
Eu costumo falar para os meus pacientes que ter uma vida
34
Canguru
. ABRIL 2016
feliz não deve ser a sua meta, porque a felicidade não é uma
constante. Ela está restrita a alguns momentos e depende
um pouco de coisas que você não controla, como sorte. Ela
também depende um pouquinho da sua genética, que te
faz mais otimista ou mais depressivo. Por isso, a questão
fundamental é você ter uma vida que valha a pena. E uma
vida que vale a pena não é necessariamente uma vida feliz,
no sentido de estar sempre curtindo e cercado de leveza.
Ela deve fazer parte de uma jornada que faz sentido para
você, que te permite aguentar as frustrações.
FOTO: GUSTAVO ANDRADE
Você escreveu o livro A Equação do Casamento. Realmente existe uma fórmula para fazer
dar certo a vida a dois? Qual seria ela?
A maioria das pessoas tem um casamento em que alguns
setores vão bem, outros não vão tão bem e alguns vão
muito mal. Essa é a vida normal. E é o conjunto desses
setores que forma a equação do casamento que dá título
ao livro. Podemos dividi-los em seis dimensões. A primeira é a compatibilidade psicológica, que faz com que o casamento possa ser mais ou menos prazeroso. A segunda é
o grau de consenso, ou seja, o quanto nós concordamos
sobre as coisas. O terceiro fator é a atração sexual, que
depende de aspectos como bioquímica, genética, estilo na
cama e compatibilidade. A quarta dimensão é o grau de
fontes de stress e de gratificação que o casal possui. A
quinta é quanto os dois valorizam o projeto “casal”, e essa
dimensão é muito importante, porque em nome do projeto de vida a dois é possível aceitar que não sejamos tão
compatíveis, que o sexo não seja tão bom, que tenhamos
algum stress, porque o objetivo é maior que tudo isso. E o
sexto fator é a competência de convívio a dois, que torna
o indivíduo capaz de tratar o outro com mais flexibilidade, cordialidade e diplomacia, evitando transformar pequenas divergências em brigas. Para ajustar tudo isso e
acertar a fórmula, o primeiro passo é saber o que pode ou
não ser mudado no seu casamento. E, em seguida, tentar
melhorar o que é possível.
Que atitudes os parceiros devem ter para não
limitar a vida a dois a momentos de stress e
aborrecimentos?
Alguns casais estabelecem regras, como não falar de zeladorias durante as refeições ou quando saírem à noite. Até
porque é muito chato os companheiros estarem no meio
de um jantar discutindo quem deveria ter pago a conta do
conserto da geladeira. E é difícil conseguir não falar sobre
isso, porque o assunto está ali e é urgente, mas é preciso
ter disciplina para não deixar que isso invada os momentos que o casal escolheu para curtir o lazer e o romantismo. Outro ponto importante é garantir que esses momentos aconteçam periodicamente e entender que, ao longo
"A questão fundamental é você ter uma vida
que valha a pena. E uma vida que vale a
pena não é necessariamente uma vida feliz,
sempre curtindo e cercado de leveza"
do tempo — embora as revistas e os filmes te digam o
contrário —, o frisson da paixão vai diminuir. Então, acima de qualquer coisa e principalmente acima do sexo, é
importante que os dois sejam grandes amigos. Que tenham prazer em estar juntos. O casamento deve ser uma
relação cooperativa.
Como a desarmonia do casal pode afetar a
educação das crianças?
Se um casal está em desarmonia todos os projetos dele
serão afetados. Alguns pais disputam a preferência dos filhos. E a criança se aproveita disso para se beneficiar. Se o
casal não consegue chegar a um consenso sobre a criação
do filho, a criança encontra uma brecha para fazer as coisas que ela quer e isso pode gerar falta de limite.
Quando os parceiros devem procurar um terapeuta familiar para ajudá-los a lidar com os
conflitos?
Em geral, os casais chegam à terapia seis anos depois do
início do conflito. Esse tempo é excessivo. Após seis anos
de desgaste, alguns já não se respeitam mais, já estão alérgicos ao outro e acumularam mágoas muito profundas. O
ideal é que o casal procure a terapia logo que perceber a
crise ou, no máximo, dois anos depois. Se o parceiro não
quiser fazer, vá fazer a terapia individual. Mas não fique
postergando o tratamento, porque o desgaste da relação
corrói tudo aquilo que foi construído.=
ABRIL 2016 .
Canguru
35
4educação
Programação de jogos e
robótica ajudam crianças e
adolescentes a desenvolver
noções de lógica e matemática
POR Cristiane
Miranda
OS ESPECIALISTAS CONCORDAM: se não forem
utilizados de forma moderada, tablets, computadores, videogames e celulares podem ser prejudiciais à
garotada. Mas se é difícil tirar os pequenos da frente
das telas, que tal fazer delas um instrumento educacional? É isso o que propõem os cursos livres de programação. Voltados a meninos e meninas a partir dos
6 anos de idade, eles transformam os bichos-papões
de pais e educadores em aliados no desenvolvimento
cognitivo, na concentração e na resolução de problemas, além de proporcionarem contato com questões
de lógica e de matemática. “Muitos pais nos contam
que os filhos, depois de passarem por nossas salas,
estão mais concentrados nos estudos, mais criativos e
mais responsáveis”, afirma Marcely Ishigaki, pedagoga da Buddys Escola de Tecnologia, com duas unidades em Beagá, nos bairros Ouro Preto e Sion. “É a
tecnologia sendo usada de maneira inteligente, ajudando a meninada em questões nas quais muitas vezes ela teria dificuldades.”
Aberta recentemente no bairro Santa Lúcia, a Just
Coding, criada por duas amigas, Ana de Oliveira Rodrigues e Daniela Lacerda, investe em uma técnica
desenvolvida pela Code.Org, uma ONG cujo objetivo
é propagar o ensino da programação mundo afora. O
curso se dá por meio de pair programming, no qual a
garotada, entre 6 e 18 anos, trabalha em duplas resolvendo problemas, aprendendo uns com os outros,
[1]
Theo Amaral e Alice Viana, na Just Coding:
trabalhos sempre em dupla
36
Canguru
. ABRIL 2016
[2]
Sala da Buddys: a garotada fica mais
concentrada, criativa e responsável
FOTOS: [1][3] VICTOR SCHWANER; [2] GUSTAVO ANDRADE.
Quando a
tecnologia é aliada
socializando e, o mais importante, trocando experiências. “O pair programming é uma técnica utilizada
por grandes empresas como Facebook e Twitter”, explica Ana, com formação em engenharia elétrica e
doutorado em programação. “As aulas despertam nas
crianças a necessidade de não ser apenas consumidoras da tecnologia, mas produtoras.” Suas filhas Alice,
de 9 anos, e Rosa, de 3, já foram iniciadas nesse universo. “A tecnologia é o nosso futuro”, diz Alice. “Tecnologia é para a gente aprender a fazer todas as coisas”, acredita a pequena Rosa. “Na minha casa, deixo
uma hora por dia para elas escolherem entre o computador, o celular ou a TV. Mas quando o assunto é
programação, aí o tempo é maior”, revela Ana.
Algumas escolas mantêm parcerias com colégios
belo-horizontinos. É o caso da Inspirar, localizada no
Anchieta, que desde 2009 atua como parceira curricular de diversas instituições e treina professores para
trabalhar robótica com os alunos. A ideia é envolver
os temas que são ministrados em sala com as ferramentas disponibilizadas pela programação. “Se a matéria é física, temos condição de torná-la mais compreensível”, afirma Marcos Bueno do Nascimento,
sócio-diretor da Inspirar. A Inspirar é representante
exclusiva da Lego Educacional na região metropolitana de BH. O programa Zoom utiliza as peças do brinquedo como ferramenta de aprendizado e é ofertado
para alunos do ensino infantil até o ensino médio. Já
os cursos Líder e Genius são extracurriculares. O primeiro é indicado para jovens entre 10 e 15 anos, e o
segundo dá noções básicas de robótica para a meninada entre 6 e 9 anos. “Eu consegui montar um carrinho
que sobe montanha”, conta, entusiasmado, Enrico
Guimarães Scanni, de 7 anos. “Com minha turma, fizemos a programação no computador, depois montamos a base e os eixos do carro. No final, colocamos o
motor.” Além de verem seus filhos aprendendo o bêá­-bá de softwares, algoritmos e afins, os pais garantem
que o melhor dos cursos é poder observar esse entusiasmo nos pequenos. =
4BUDDYS ESCOLA DE TECNOLOGIA.
Rua Cristina,157, Sion, e Rua Alarico Barroso,
365, Ouro Preto. Tel.: 3090-1122 e 3090-1123.
www.buddys.com.br
4INSPIRAR EDUCACIONAL. Rua Vitório
Marçola, 90, Anchieta. Tel.: 2514-1867.
www.inspirareducacional.com.br
4JUST CODING. Rua Kleper, 488, loja 1, Santa
Lúcia. Tel.: 2511-2018. www.justcoding.com.br
[3]
Enrico Scanni com seu pai, Cláudio, na Inspirar:
peças de Lego como ferramenta de aprendizado
ABRIL 2016 .
Canguru
37
4luto
A difícil tarefa de
falar sobre a morte
Vale dizer que o outro virou
uma estrela, uma sementinha ou
que foi morar com Deus. Só não
pode fingir que ela não existe
Abreu
O PRIMEIRO DIA de aula costuma ser animado,
cheio de reencontros e de novidades. No início deste
ano letivo, entretanto, a tarde começou com um clima
tenso e saudoso no Instituto Educacional Despertar,
no Sion. Pedro, de 9 anos, não estava mais entre os
alunos. Enquanto passava as férias de janeiro com a
mãe, a jornalista Sônia Pessoa, em Paracatu, no interior de Minas, o garoto sofreu um mal súbito, entrou
em coma e morreu. Além de tristes com a notícia, os
pais dos estudantes estavam preocupados com a maneira de contar às crianças. “Antes do reinício das
aulas, alguns pediram para que os professores comunicassem o que havia acontecido, porque não tiveram coragem de falar a respeito”, conta a professora Carolina Neuenschwander. Mas como introduzir
os pequenos a um assunto com o qual muitos adultos têm dificuldade de lidar?
“A melhor forma de se comunicar com a criança é
sempre falando a verdade, com o cuidado de usar uma
linguagem que ela consiga entender”, afirma a psicóloga infantil Flavia de Arruda Gomes. “É especialmente
importante responder se ela fizer uma pergunta, porque isso significa que está precisando da informação.”
Foi exatamente o que fez Clausi Diniz, professora escolhida para falar com a turma. A pergunta “Onde está
o Pedro?” foi o ponto de partida para a conversa. Sentadas em roda, as crianças ouviram o resumo do que
aconteceu e souberam que o amigo não voltaria nunca
mais, “porque, tão bacana que era, tinha sido chama-
38
Canguru
. ABRIL 2016
ILUSTRAÇÃO: JULIANE FERREIRA
POR Sabrina
do para ficar perto de Deus”. A professora optou por
não usar o verbo morrer. Mas quando os alunos concluíram e disseram “o Pedro morreu”, ela confirmou.
No dia a dia, a saudade tem sido vivida de forma leve.
“Antes do Carnaval, por exemplo, enquanto confeccionávamos máscaras para a turma, surgiu a ideia de
fazer uma para o Pedro. E fizeram, como uma homenagem”, lembra Clausi.
Não existe uma metáfora ou mesmo uma explicação certa para tratar do fim da vida. O importante é
encontrar o modo mais verdadeiro de se expressar, de
acordo com seus valores e crenças. “Alguns falam que
quem morreu virou estrelinha, outros usam o recurso
da religião. Se uma família não for religiosa, pode falar
que a vida acabou e que a pessoa vai retornar à terra e
se transformar numa sementinha que vai crescer”, esclarece a psicóloga. Mais do que o impacto das palavras, segundo a especialista, as crianças percebem e
absorvem o comportamento ao seu redor.
Entre os pequenos, alguns sinais de dificuldade em
superar a perda são voltar a falar como bebê ou fazer
xixi na cama. Alguns se tornam mais introspectivos e
passam a esconder os sentimentos. “Os mais novos
também podem se beneficiar do tratamento com especialistas, e não há razão para ter preconceitos”, avalia
Flavia. Segundo ela, uma boa forma de introduzir o
conceito de morte e a experiência da perda na infância
é o convívio com animais de estimação. Como o bichinho, normalmente, tem a vida mais curta, há tanto a
criação do laço afetivo, quanto a observação de todo o
ciclo da existência, desde quando é filhote até a velhice.
Para tentar ajudar a quebrar o tabu com que a sociedade trata a morte, entrou no ar, em janeiro deste
ano, o site Vamos Falar Sobre o Luto, realização de sete
amigas, que, desde 2014, entrevistaram mais de 170
pessoas sobre a experiência do luto e lançaram um do-
cumentário a respeito. Na primeira semana on-line, o
endereço recebeu mais de 300 000 acessos. “Nossos
entrevistados falam sempre de como se sentiam constrangidos durante o luto”, revela a jornalista Sandra
Soares, que faz parte da equipe de idealizadoras. Outra
das responsáveis pelo site, a também jornalista Cynthia
de Almeida perdeu o filho Gabriel, de 20 anos, em um
acidente de carro. No primeiro ano de ausência do rapaz, um amigo dele deu à família a ideia de fazer uma
festa em sua homenagem, com tudo de que ele mais
gostava, como músicas tocadas no violão e uma prancha de surfe. “Houve essa ruptura com uma grande
festa, que é um tributo feito até hoje”, lembra Cynthia.
Caçula entre os três filhos de Cynthia, a atriz Luisa
Taborda tinha 11 anos nessa época. “De madrugada,
eu percebi que havia acontecido uma coisa ruim”, recorda-se. “Ouvia pessoas chegando na minha casa,
choro, mas fiquei no quarto, sem coragem de perguntar.” Na manhã seguinte, Luisa recebeu a notícia de sua
mãe. Apesar de todo o sofrimento daqueles dias, a
atriz credita à família o fato de não ter ficado traumatizada. “Acho que só não levei isso como um período
muito negro da minha vida por causa do jeito como os
meus pais lidaram, a postura deles em seguir em frente”, avalia.
Criadora do blog Tudo Bem Ser Diferente, em que
compartilhava experiências e progressos de Pedro,
que tinha hidrocefalia, Sônia Pessoa também gosta
de relembrar os momentos bons ao lado do filho
único. Nas redes sociais, em que o blog tem mais de
11 000 seguidores, escreve pensamentos a respeito
dele e recebe o apoio de amigos e de gente que não
a conhece pessoalmente. “Falar sobre o luto é importante e útil”, conclui a psicóloga Flavia. E ela
completa: “Por que ignorar um fato que fará parte da
trajetória de cada um de nós?”. =
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AS PALESTRANTES
LÍGIA
GABRIELA LAURA
KAPIM
GUTMAN GUERRA
Nutricionista,
apresentadora do
programa “Socorro, Meu
Filho Come Mal”, do
canal pago GNT
Psicopedagoga argentina, autora
dos best sellers “A Maternidade
e o Encontro com a Própria
Sombra” e “O Poder do
Discurso Materno”
ASHLEY
FILOMENA
MERRYMAN
Escritora americana, autora do
livro “Os 10 Erros Mais Comuns
na Educação de Crianças”, colunista
das revistas Time e New York
PATROCINADORES:
CAMILA DO VALE
(DRA. FILÓ)
Pediatra especialista em
cardiologia, médica do CTI
Infantil da Santa Casa de
Belo Horizonte
Psicóloga, autora do livro
“Mulheres às Avessas” e
apresentadora do programa de
mesmo nome, na RPCTV, afiliada
da Rede Globo, no Paraná
A MEDIADORA
CRIS
GUERRA
Publicitária, escritora,
palestrante e colunista da
rádio BandNews FM e
das revistas Canguru
e Pais&Filhos
4viagens, modo de usar
Costa do
Descobrimento
42
Canguru
. ABRIL 2016
Álvares Cabral. Em seu entorno foi
criado o Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal, no município
de Itamaraju, à margem da BR-101.
Ali ainda residem membros da etnia
pataxó e resistem porções da Mata
Atlântica original. Além de conhecimento, a garotada pode adquirir
cocares, arcos, flechas, colares, pulseiras e brincos com o colorido da
floresta e o bom gosto dos índios.
Aliás, em toda a região, a presença
dos pataxós é marcante. Perto de Caraíva, uma vila com ruas de areia e a
foz de um rio encantador, fica sua aldeia-mãe, na qual se pode participar
de rituais seculares. No Parque Nacional Pau-Brasil, em Porto Seguro,
a garotada entra em contato com a
árvore que deu nome ao nosso país,
vê uma das suas maiores reservas e
caminha dentro de um patrimônio
da humanidade.
O pequeno distrito de Vale Verde, com sua praça gramada e sua
igrejinha jesuítica, cuja fundação remonta ao século XVI, ainda conserva
o clima tranquilo que Trancoso, com
origem, traçado e evolução parecidos, vai aos poucos cedendo para bares e restaurantes. Nesses dois locais,
meninas e meninos fazem, num piscar de olhos, uma volta aos tempos
coloniais. O Centro Histórico de
Porto Seguro também lhes oferece
igrejas, casarões, casinhas coloridas
e marcos históricos que dão aulas ao
vivo sobre nossa tradição cultural.
Em Arraial d’Ajuda, além de explorar os peixes nos recifes quando a maré
abaixa, vale a pena levar as crianças ao
Eco Parque. Diversão garantida. Tirolesa gigante, piscina com ondas, toboáguas e a beleza do lugar transformam o
passeio em memórias de alegria.
Por tudo isso, a Costa do Descobrimento é uma grande descoberta
para as crianças. Para adultos também.
Descoberta que perdurará. Afinal, ali
nasceu o Brasil com o qual convivemos. E ali sobrevive o legado da terra
ainda sem sotaque europeu.=
Luís Giffoni
é cronista, romancista e palestrante. Autor de
26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões.
Nelas aprende a diversidade do mundo e das
pessoas, experiência que acaba traduzindo em
suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como
aproveitar o mundo com os pequenos.
[email protected]
FOTO: GUSTAVO ANDRADE. ILUSTRAÇÃO: BAHIATURSA.
EM ABRIL comemoramos o descobrimento do Brasil pelos portugueses. A comemoração parece estranha
a muita gente. Descobrir como, se
havia índios aqui muito antes dos
europeus? A façanha indígena não
conta? Discussões à parte, explorar a
Costa do Descobrimento é um programa que marca para toda a vida.
Afinal, estamos mergulhando na origem de nossa herança cultural.
A Costa do Descobrimento fica
no Sul da Bahia, nos arredores de
Porto Seguro. Oferece desde parques naturais a cruzeiros marítimos,
de canoagem a voos em ultraleve,
de cavalgadas nas praias a trekkings
nas matas, de mergulhos em recifes
a stand up paddle nas águas mansas
das enseadas, de vilas históricas a aldeias indígenas.
A vida gira em torno do mar, o
ímã da área. A começar pelas belas
praias. Arraial d’Ajuda, Trancoso,
Caraíva e Espelho há muito transcenderam as fronteiras brasileiras e
viraram point internacional. A rede
hoteleira está equipada e há opções
para todos os orçamentos. Os restaurantes também. Com a demanda
crescente, os preços subiram, mas
ainda é possível comer e dormir
bem a um custo acessível. Sobretudo em abril, quando a alta temporada acabou.
Na Costa do Descobrimento evidentemente há muita história. A começar pelo Monte Pascoal, a primeira porção de terra avistada por Pedro
luís giffoni
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
4História de mãe
Um grande, mega,
super desafio
POR Adriana
Goulart
AFINAL, O QUE seria uma mãe profissional? Aquela que sabe tudo sobre
psicologia infantil, que estuda livros
para ser uma “Supernanny”, como o
Crianças Francesas Não Fazem Manha
ou A Encantadora de Bebês? Aquela que
faz as receitas mais gostosas e divertidas
com legumes e frutas, que não permite
a entrada de suquinhos de caixinha nas
merendeiras dos pequenos? Aquela que
leva as crianças ao parquinho no melhor
horário do sol, e faz questão de preparar aquele piquenique no final da brincadeira?! Quem não gostaria de ser uma
“Mary Poppins”? #sóquenão!!!
Mãe profissional é aquela que ama
seus filhos, adora estar com eles, se preo­
cupa, quer o melhor para sua alimentação, lazer, educação e diversão. Mas essa
mãe é profissional! Financeiramente
independente, com projetos empolgantes, cobranças e responsabilidades mil.
Essa mãe profissional sai cedo e chega
tarde em casa. Fala ao celular e responde mensagens, enquanto dá a papinha,
brinca de desenhar ou enquanto seu
filho anda de patinete. Essa mãe passa
inúmeras vezes pelo conflito: ser mãe e
profissional ao mesmo tempo dá certo?
Será que eu não deveria estar com meu
filho(a) agora, com essa febre, com esse
choro? Com esse corpo todo empolado...
com esse catarro que não cessa? Será que
não deveria ceder a um pedido tão genuíno, como “mamãe, fica comigo”? Ou
responder com um “não” grande e sem
culpa depois da pergunta: “Mamãe, você
vai trabalhar hoje”? É de partir o coração deixar seu pequeno por uma reunião
inadiável.
Mãe profissional tem um grande,
mega, superdesafio, o maior para mim
desde que me tornei mãe: entregar um
trabalho de primeira e ser presente na
vida do filho!
Quem nunca passou por esse dilema
ou não tem filhos, ou não trabalha fora.
Escutei algumas vezes: “Coitado daquele que, ao chegar ao trabalho, deixa
seu coração em outro lugar”. Tem uma
parte que é verdade. Mas coitada mesmo é da mãe que não consegue entender
que só tem um dono para o seu coração,
e que ser mãe profissional é aprender a
ser leve e realizada, deixando todos os
dias o seu coração com seu único dono:
seu filho. Meu coração fica todos os dias
com a minha Maricotinha, de 2 anos e
9 meses!
Viva a mãe profissional.=
Adriana Goulart
Publicitária e pós-graduada em marketing pela
Fundação Dom Cabral, é mãe da Maria, de 2 anos e 9
meses. Se orgulha de estar sempre presente na vida de
sua filha sem deixar o trabalho em segundo plano.
ABRIL 2016 .
Canguru
43
Letras e palavras
para brincar
FOTO: LUÍZA VILLARROEL
4para ler com seu filho
leo cunha e os filhos
André e Sofia
PARA A CRIANÇA, as palavras são um mistério. Crescer é conhecer o mundo e
as palavras que compõem e nomeiam esse mundo. E descobrir as letras que, por
sua vez, compõem essas palavras. Na coluna deste mês, quero falar de dois livros
que entendem perfeitamente esse fascinante mistério da língua.
Para começar, o Abecedário do Millôr para Crianças. Um dos mais
consagrados e múltiplos artistas brasileiros, Millôr Fernandes reúne, neste livro
belíssimo, definições poéticas e cômicas para cada uma das letras do alfabeto.
Por exemplo: “o A é uma letra com sótão”, “o B é o 1 que se apaixonou por um
3”. Pouco importa se o texto não foi escrito originalmente para o público infantil: o que vale é que esta edição — com suas imagens debochadas e sutis, que
dialogam com o olhar cômico e absurdo de Millôr — é uma leitura arrebatadora
para pais e filhos.
SOBRE OS AUTORES: Millôr Fernandes, carioca, foi humorista, jornalista, cartunista,
pintor, dramaturgo, tradutor, e fez tudo isso com genialidade. Ana Terra, gaúcha, é escritora e ilustradora, com vários prêmios e exposições no Brasil e no exterior.
BRINCABULÁRIO. Texto de Marta
Lagarta. Imagens de Sandro
Castelli. Editora Ática, 2011.
ABECEDÁRIO DO MILLÔR PARA
CRIANÇAS. Texto de Millôr Fernandes.
Imagens de Ana Terra. Editora Nova
Fronteira, 2014.
O livro Brincabulário já anuncia a que veio em seu subtítulo: é um dicionário de
palavras imaginárias. A autora, Marta Lagarta, dedica-se às palavras que quase existem, ou bem poderiam existir. O primeiro verbete é “Abracadabraço”, que nada mais
é que um abraço mágico que você pode dar em si próprio. Mas o leitor vai conhecer
também bichos inusitados, como o “capinguim” (pinguim caipira que só come capim) e objetos fantásticos como o “pincéu” (usado por pintores que morreram mas
continuam pintando). Como qualquer dicionário, este se presta muito bem a leituras
aleatórias, fora de ordem, gratuitas. Mas sem nenhuma intenção de aprendizado, só
de diversão e fantasia. Embora nos leve à reflexão também. Por exemplo, Marta fala de
um idioma no qual não existe a palavra egoísmo e pergunta: “se não existe a palavra,
existirá o sentimento egoísta?”
SOBRE OS AUTORES: Marta Lagarta, carioca, é escritora, dramaturga, radialista e, pasmem,
mágica! Sandro Castellio, paulista, é ilustrador, quadrinista e tradutor de quadrinhos.
Leo Cunha
é escritor e publicou mais de cinquenta livros, como Vira-lata (Ed. FTD) e ABCenário (Ed.
Autêntica). Já recebeu os principais prêmios da literatura infantil brasileira, como Jabuti,
Nestlé e João-de-Barro. Na Canguru, dá dicas de livros para crianças.
[email protected]
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Canguru
. ABRIL 2016
4na pracinha
Parque do Eldorado
A DICA DE hoje é uma área que
fica pertinho de BH, o Parque Ecológico Thiago Rodrigues Ricardo,
localizado em Contagem. O nome
é comprido, mas ele é conhecido,
na realidade, como Parque do Eldorado, porque fica no bairro de
mesmo nome.
Um lugar encantador, desses
que dá para passar o dia inteiro
com as crianças. Bem cuidado,
possui em torno de 15 000 metros
quadrados. O parquinho de madeira — que parece um forte —
faz sucesso com a criançada. Fica
numa área de sombra, sobre um
banco de areia.
Há ainda muito espaço para
correr, dois lagos e uma mata. Dá
para brincar de esconde-esconde e de exploradores — existem
várias placas de identificação das
espécies presentes no espaço.
Uma linda arena colorida para
apresentações culturais, pista de
caminhada, academia da cidade,
quadras de vôlei e futebol também
fazem parte da estrutura.
E se quiser apenas relaxar, há
muitos banquinhos para contemplação e leitura, perfeitos para curtir o projeto Gaioloteca. Idealizado
por um grupo de alunos do curso
de marketing do Centro Universitário Una, o projeto consiste no
empréstimo local de livros para os
frequentadores do parque. E tem
uma variedade bem legal. Torcemos para que outras iniciativas
como essa apareçam pelos espaços
de nossa cidade <3
São muitas opções, agora só
falta programar o passeio — vamos brincar lá fora? =
FOTOS: DUORAMA FOTOGRAFIA
Rua das Paineiras, 1722, bairro
Eldorado, Contagem-MG.
Criado em 2011 pelas mães Flávia Pellegrini
e Miriam Barreto, o blog tem o objetivo de
incentivar brincadeiras ao ar livre em família.
Na Canguru, as fundadoras do Na Pracinha
dão dicas de passeios divertidos para a
meninada.
www.napracinha.com.br
ABRIL 2016 .
Canguru
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4padecendo no paraíso
A essência feminina
No Dia Internacional da Mulher, fizemos uma enquete
no grupo sobre aquelas pequenas grandes manias que as
mulheres têm. Algumas normais, outras bizarras. Até que
ponto estamos sendo mulheres? E até que ponto rola um
exagero que beira à loucura?
Quantos desses itens se encaixam na sua rotina?
Fechar portas e gavetas de armários que os outros deixaram
abertas.
1
Virar o papel higiênico para que a ponta fique para a frente,
2 que é o certo, em vez de ficar atrás, lá no fundo, perto da
parede.
3
4
Arrumar o tapete do banheiro cada vez que alguém sair
de lá.
Arrumar as cadeiras em volta da mesa quando estão desalinhadas.
5
Colocar os pratos por ordem de tamanho, os maiores no fundo, no escorredor.
Clicar na mensagem do celular avisando que
tem e-mail, WhatsApp ou outra coisa, mes6
mo que não tenha tempo de ler, só para o
aviso não ficar aparecendo na tela.
7
Arrumar as notas na carteira em ordem crescente de valor e todas viradas para o mesmo
lado.
8
Alinhar os objetos e móveis, quadros e qualquer coisa que não esteja alinhada.
9
Sair andando atrás de visitas e hóspedes em
casa apagando as luzes que eles deixaram acesas ao saírem de algum ambiente.
Coordenado pela arquiteta Bebel Soares e pela
designer Tetê Carneiro, o grupo Padecendo no
Paraíso nasceu em março de 2011, no Facebook,
e é formado atualmente por mais de 6 000
mães. Na Canguru, as fundadoras do Padecendo
discutem assuntos como saúde, alimentação,
sexo, viagens, educação, estética e beleza.
www.padecendo.com.br
46
Canguru
. ABRIL 2016
FOTO: ISTOCKIMAGE
10 Organizar roupas por cores nos armários.=
Como lidar com o
fracasso do filho
ATUALMENTE, HÁ UMA tendência crescente dos
pais a, equivocadamente, não enfrentar o fracasso do
filho. Muitos acreditam que o fracasso, qualquer que
seja ele (escolar, de socialização etc.), resultaria em
baixa autoestima. Assim, o objetivo passa a ser ofuscá-lo. Se o fracasso se dá no campo da socialização,
como no caso de o filho não ser convidado para o aniversário de um colega, o modo como os pais contornam a realidade pode incluir desde críticas aos amigos da criança até o extremo de fazer uma festa maior
e não convidar o colega. Se o fracasso ocorre no âmbito escolar, quando, por exemplo, o filho tira notas
baixas, os pais culpam a professora ou a escola. Assim
como esses, vários outros exemplos podem ser citados.
Segundo o psicólogo americano Martin Seligman, as
crianças precisam falhar. Elas precisam se sentir tristes,
ansiosas e iradas, ou seja, ter a experiência legítima das
emoções negativas. Quando os pais impulsivamente
protegem os filhos do fracasso, acabam por privá-los
de um aprendizado de habilidades.
O que interessa realmente é que muitos pais deixam de se perguntar algo fundamental: qual é a responsabilidade do meu filho nessa situação? No caso
da criança que não foi convidada para a festa, os pais
poderiam questionar se o filho não teria sido antipático com o colega e por isso não foi convidado, ou, talvez, se o filho, por timidez, esteja tendo problemas de
relacionamento. O mesmo vale para o caso da criança
com notas baixas. Sentimentos de elevada autoestima
desenvolvem-se como efeito colateral da capacidade
de enfrentar e vencer desafios, não mascarando os fracassos ou se esquivando deles.
Se não pode evitar nem ignorar o fracasso, como os
pais devem proceder? O ideal em situações desse tipo
é, primeiramente, identificar a responsabilidade da
criança ou adolescente e fazê-los entender exatamente sua parte de responsabilidade nesse processo. Um
48
Canguru
. ABRIL 2016
As crianças precisam falhar. Elas
precisam se sentir tristes, ansiosas e
iradas, ou seja, ter a experiência legítima
das emoções negativas. Quando os pais
impulsivamente protegem os filhos do
fracasso, acabam por privá-los de um
aprendizado de habilidades
segundo passo, extremamente importante, é mostrar
ao filho que o episódio de fracasso não tem um caráter de permanência. Frases de incentivo, como “Hoje
você cometeu alguns erros no recital de piano, mas no
próximo poderá tentar de novo e sei que se saíra muito melhor”, são sempre bem-vindas. O fracasso não
pode ser generalizado para todas as áreas. Não conseguir uma vaga no time de futebol pode significar
que ele não treinou o bastante ou, até mesmo, que, na
verdade, ele tem aptidão para outros esportes ou para
artes. Deve-se evitar, ainda, que a criança ou o adolescente associem o fracasso a algo pessoal. É necessário
reforçar o aspecto comportamental, transmitindo, assim, a ideia de que a situação pode ser alterada. Outra
coisa que os pais devem incentivar é a habilidade dos
filhos para saber especificar o problema e pensar em
alternativas de solução. Se o filho fracassou no vestibular, ele próprio pode encontrar a alternativa para
solucionar a situação e ter êxito no concurso seguinte:
montar grupo de estudos com outros colegas ou pedir
ajuda ao professor em cuja matéria sentiu mais dificuldade na hora da prova.=
Patrícia Quaresma Ragone
Psicóloga, pedagoga, pós-graduada em Metodologia do Ensino Superior e
especialista em Psicologia Clínica e em Terapia Cognitiva, é autora dos livros
Laços — Contribuições da Terapia Cognitiva para as Relações Familiares,
publicado em 2009, e Laços — um Longo Caminho a Dois, de 2015.
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
4artigo | Patrícia Quaresma Ragone
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4crônica
Engraçado
cris guerra e o
filho francisco
POR ALGUM ERRO tecnológico do usuário, meu
novo aparelho celular tem apenas uma música em
seus arquivos. O que descubro dentro da aeronave, a
caminho de São Paulo. Ainda bem que a faixa é Hap­
py, de Pharrel Williams, e não um réquiem. Durante
o voo tenho duas opções: Happy ou Happy. Escolho
as duas e coloco em looping: cinquenta minutos de
voo literalmente felizes, durante os quais escrevo esse
texto, entre um agito de ombro e outro.
A trilha veio a calhar para o tema previamente escolhido: humor. Que não é sinônimo de alegria, mas
com certeza sabe o caminho até ela. “Uma mulher rica
se veste de pobre no Carnaval. Isso é ironia. Uma mulher pobre se veste de rica no Carnaval. Isso é humor.”
Nunca vou me esquecer da lição aprendida com meu
professor de redação publicitária, Renato de Pinho.
Humor é saber rir de si mesmo. Graça que faz rir, sem
fazer ninguém chorar em troca. O resto é rir à custa
do outro, o que coloca o riso em outro departamento.
(Enquanto escrevo, o casal ao meu lado troca farpas de quem já perdeu a delicadeza por excesso de
convívio. Só quem está do lado de fora consegue enxergar quão patética pode se tornar a vida a dois sem
o cultivo do cuidado e da delicadeza.)
Nada melhor que conviver com alguém com
quem façamos uma combinação feliz (literalmente),
preenchendo o dia com risadas, por nada ou quase.
Não sei se é algo que pode ser ensinado, mas acredito
que seja o bom e velho caso do exemplo. Quer que
seu filho tenha humor? Tenha. Ria de si mesmo, mostre suas fraquezas diante dele, e assim encoraje-o a
lidar com as suas próprias.
Momentos de humor não só suavizam as horas
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Canguru
. ABRIL 2016
Humor é saber rir de si mesmo.
Graça que faz rir, sem fazer ninguém
chorar em troca. O resto é rir à
custa do outro, o que coloca o
riso em outro departamento
difíceis, mas passam a ser referenciais positivos para
a memória.
Rir acalma. Exercita o abdome. Contagia, convida,
desarma. Ocupa o lugar da birra, da inconformação
e da revolta, com múltiplas vantagens. E principalmente: nos coloca a uma distância de segurança da
autocompaixão. Quando nos falta ar diante do inesperado, gargalhadas trazem um pouco de fôlego.
“Because I’m happy”, Pharrel canta ao meu ouvido. E só o refrão basta. Porque estou feliz, canto no
chuveiro, trabalho sorrindo, faço com calma. Mesmo
cansada. Mesmo com muito trabalho pela frente.
“Engraçado”, dizemos no início de algumas frases,
sem pensar no significado. Engraçada é a vida. Ou
pelo menos deveria ser. Das duas, uma: rir ou rir. É
isso que tento ensinar para meu filho. Para que eu
mesma não me esqueça.=
Cris Guerra
é publicitária, escritora e palestrante. Fala sobre moda e comportamento
em uma coluna na rádio BandNews FM e a respeito de muitos outros
assuntos em seu site www.crisguerra.com.br. Na Canguru, escreve sobre
a arte da maternidade.
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O Pronto Atendimento Pediátrico funciona de 7h às 22h
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