15 - SINCTA
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REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Aterrar em 2010! TAXAS: Um breve tratado NAV: Entrevista com Dr. Henrique Silveira AIRPROX: Safety Nets HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO: Cessna 172 DESTINOS: Turquia Flight Level Revista da APCTA (Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo) fl[email protected] Presidente do SINCTA: Carlos Reis Presidente da APCTA: Paulo Encarnação Coordenação Editorial: Nuno Simões Colaboradores: Nuno Chambel, Ana Cristina Lima, Rui Marçal, Pedro Matos, Luís Tojais, Carlos Valdrez Revisão: Luís Canário Correspondentes: Delegações da APCTA Propriedade: APCTA (Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo) Distribuição: Gratuita aos Sócios Design gráfico: Filipe Preto Impressão: Arlindo Silva - Artes Gráficas, Lda Periodicidade: Trimestral Tiragem: 600 exemplares Lisboa, Fevereiro de 2010 EDITORIAL 1. Em 2009 o sector do transporte aéreo europeu terá sofrido um dos maiores decréscimos de tráfego da sua história, com uma redução em torno de 6,6% em comparação com o volume registado em 2008. As razões que mais terão contribuído para um decréscimo tão acentuado na procura são basicamente três: a recessão económica, o aumento do preço do petróleo e o custo das medidas de segurança que não pararam de crescer desde Setembro de 2001. Mas isto não explica tudo! O aparecimento dos operadores de baixo custo, alguns com ascensão e queda meteóricos, trouxeram a um mercado já a atravessar sérias dificuldades, uma instabilidade que conduziu inúmeras companhias à falência, algumas com enorme tradição, arrastando para o desemprego milhares de trabalhadores. É esta complexa teia de factores que permitirá compreender uma aparentemente inexplicável contradição: no mesmo ano em que o preço das passagens aéreas terá descido, em média, cerca de 10%, a procura, quer no transporte de passageiros, quer na carga aérea, diminui igualmente, sinal de que esta não será uma crise simples de ultrapassar. Carlos Reis Presidente do SINCTA 2. Os CTA`s Portugueses não podiam ficar alheios às dificuldades daqueles a quem prestam serviço e durante o ano de 2009 foram várias as medidas que tomaram no sentido de uma redução de custos que permitiu, por seu turno, que o prestador nacional (NAV Portugal) não sobrecarregasse os operadores com um aumento da sua taxa de rota nos próximos anos, numa demonstração de responsabilidade perante a situação internacional. É com este mesmo sentido de responsabilidade que nos preparamos para apresentar uma proposta de revisão do AE, tendo em mente não só os interesses imediatos, do amanhã, mas também em defesa de uma sustentabilidade que queremos ver perdurar no médio prazo. O SINCTA é reconhecido por ser um sindicato pró-activo e os Controladores de Tráfego Aéreo Portugueses sabem que caminho trilhar para continuar a manter o posicionamento entre os mais produtivos na Europa, enfrentando com confiança os desenvolvimentos (e alguns “apetites” alheios) no quadro do Céu Único Europeu. SUMÁRIO 02 06 08 14 18 22 26 28 31 32 Internacional: Batem leve, levemente... Cockpit: Acima dos 500” – Tabela de Altitudes NAV: Entrevista com Dr. Henrique Silveira Taxas: Um breve tratado Históricos da Aviação: Cessna 172 Destino: Turquia – Anatólia e Mediterrâneo Oriental Ecos da Imprensa: Uma selecção de interesse ATC Airprox: Safety Nets – O papel fundamental das checklists Especial Sócios: 20º Torneio de Ténis APCTA Breves: 57º Aniversário FAP / Bem vindos! p.1 INTERNACIONAL por Nuno Simões Batem leve, levemente... p.2 REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Desde a aprovação do segundo pacote do Céu Único, que se vêm preparando uma série de novos regulamentos que num futuro muito próximo terão um impacto significativo no sector ATM. Não falamos somente dos Prestadores de Navegação Aérea mas também dos seus colaboradores directos. Em sede da Comissão Europeia, da EASA e de outros organismos Internacionais, é hoje “cozinhado” uma parte do futuro das nossas carreiras enquanto Controladores de Tráfego Aéreo. Tudo isto parece a princípio estar longe no horizonte, mas a verdade é que leve, levemente, vamos começando a sentir os efeitos, ainda mais cedo do que supúnhamos. Se olharmos para trás, fica um ano negro para o sector aeronáutico. Várias foram as falências de companhias aéreas e nem mesmo as low-cost escaparam, vítimas todas elas duma das mais profundas crises económicas de que há memória. Por outro lado, a acentuada diminuição de tráfego aéreo teve um forte impacto em alguns prestadores, todos eles a terem de recorrer a medidas de mitigação para fazer face à crise. O ano que agora começa será de uma lenta retoma, apontando para 2011 valores mais seguros de crescimento económico e por consequência, também de tráfego. Mas 2009 trouxe também consigo a aprovação do segundo pacote do Céu Único, que apesar de ter passado ao lado de muitos, arrasta consigo profundas reformas no sector, que, certamente, terão um forte impacto a vários níveis; ao nível dos Prestadores e também nas nossas carreiras de controladores de tráfego aéreo. Neste artigo, e não pretendendo ser demasiado exaustivo, chamo a atenção para alguns desses projectos que avançam já a passos largos: • EASA – ATCO License Scheme • Performance Scheme • New Charging Regulation Tentarei duma forma breve explicar o impacto destes projectos. Darei, neste artigo, particular enfoque ao Performance Scheme deixando os outros dois para serem desenvolvidos em próximos números da FL. Sei à partida que muito mais haveria a dizer sobre os diversos assuntos, mas nesse caso, correria talvez o risco da mensagem se perder em tão grande vastidão de texto. EASA – ATCO License Scheme Com a aprovação do segundo pacote legislativo do Céu Único, foi atribuída à EASA novas competências no ramo ATM, Aeródromos e Serviços de Navegação Aérea. A 21 de Outubro de 2009 é aprovado o regulamento EC.1108/2009 que emenda o anterior EC.216/2008 e que revoga a directiva 2006/23/ EC – a do licenciamento de controladores de tráfego aéreo. A partir daqui abre-se um novo capítulo; a EASA pretende para o futuro licenciamento um documento mais abrangente e mais homogéneo. Vários são os problemas que se levantam, entre eles o facto de existirem diferentes realidades na Europa que variam de país para país em matérias muito sensíveis. Estamos a falar de assuntos como o limite de idade operacional, horas de trabalho, tempos de descanso, formação de controladores, requisitos médicos, etc. Alguns destes assuntos são muitas vezes negociados com as várias organizações profissionais e as entidades patronais; querer impor limites por força de um regulamento, poderá ter profundas consequências para ambos os lados, não sendo claro qual dos deles terá mais a ganhar. No capítulo da formação, por exemplo, discute-se hoje quais serão os requisitos para os futuros controladores, definem-se os vários intervenientes na área da instrução; do Instrutor não operacional ao Examinador, muitas vão ser as alterações ao actual cenário. Contamos num próximo número, desenvolver um pouco mais estes assuntos. Para já, e por pressão da Comissão, a EASA (contrariada!) terá de seguir uma linha de orientação do tipo “fast-track” e ter um primeiro draft do futuro regulamento até ao fim do primeiro trimestre de 2010. Assim, pouco ou nada será alterado em relação à actual directiva, mas espera-se para um futuro próximo alterações significativas na actual legislação para controladores, prestadores e aeroportos. Certamente teremos mais novidades até ao final do ano. Performance Scheme Quando o primeiro pacote legislativo do Céu Único foi criado, pretendia-se o mesmo princípio de competição de mercado entre os prestadores, tal e qual como o das companhias aéreas, algo que nunca foi alcançado pela própria especificidade deste sector, mas também por pressão dos estados membros e das várias organizações profissionais. A comissão Europeia viu-se então na obrigação de fazer vários ajustes para atingir os mesmos fins, diminuir custos para as companhias, aumentar capacidades e diminuir atra- p.3 Figura 1 / Community-wide targets sos, tudo isto sem pôr em causa a segurança e tendo agora novas preocupações em termos de impacto ambiental. Nasce então um sistema de performance, um dos pilares do Céu Único. Mas como funcionará este sistema? A partir dos dados que todos os anos são recolhidos e elaborados, até agora pelo PRC (Performance Review Comission) e futuramente pelo PRB (Performance Review Body), e que compilam vários itens desde atrasos, custos com pessoal, produtividade por controlador, volume de tráfego controlado, etc. Serão elaborados os chamados KPI- Key Performance Indicators. A partir daqui serão propostos os objectivos a atingir – os KPT – Key Performance Targets. Estes, depois de validados pela Comissão Europeia e pelo Single Sky Comitee (SSC) passarão a ser adoptados como os Community Wide Targets (CWT), num esquema muito semelhante ao da figura 1. Façamos um pequeno exercício prático para perceber como irá funcionar este esquema. O PRB “ beberá” toda a informação disponível a partir dos vários NSA , Aeroportos, Companhias Aéreas e Prestadores; após análise destes dados, definirá como CWT para o espaço ECAC, por ex: diminuição dos atrasos em Rota em 10%, diminuição da taxa de rota em 5%, diminuição da extensão das rotas em 5%, p.4 Figura 2 / Local targets Figura 3 / Assessement of targets Fonte: Eurocontrol REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo A comissão Europeia viu-se então na obrigação de fazer vários ajustes para atingir os mesmos fins, diminuir custos para as companhias, aumentar capacidades e diminuir atrasos, tudo isto sem por em causa a segurança e tendo agora novas preocupações em termos de impacto ambiental. Nasce então um sistema de performance, um dos pilares do Céu Único. aumento da segurança em 10%, diminuição de emissões de CO2 em 5%, etc.... Após validação pela Comissão Europeia, estes serão declarados como os objectivos a atingir num período de referência de 5 anos. Claro que a Comissão terá números bem mais “interessantes” para colocar como objectivos do que estes aqui apresentados... Passo seguinte, estes Community Wide Targets (CWT) serão depois vazados através dos NSA, para objectivos nacionais ou regionais (FABs), os chamados Local Targets (LT). Através dum processo de consulta que envolve novamente os prestadores e os utilizadores, serão estabelecidos objectivos nacionais que após validação pelo estado membro, serão transmitidos para a Comissão Europeia, que avaliará se estão de acordo com os CWT. Ou seja, Portugal não poderá ter objectivos nacionais ou regionais que comprometam os CWT. O esquema da figura 2 explica como serão criados os Local Targets Então o que acontece se Portugal estabelecer para si objectivos que fiquem aquém daqueles definidos pela Comissão Europeia ? Caso isso aconteça, então existe um processo de avaliação dos objectivos, que funciona basicamente da seguinte forma: se os LT não forem de encontro aos CWT, a Comissão áreas: Safety, Ambiente, Capacidade e CustoEficiência, sendo talvez este último aquele que é mais sensível para os prestadores e para os vários parceiros sociais envolvidos. A titulo de exemplo, vale a pena perguntar: O que acontecerá àqueles prestadores que nos últimos anos vieram fazendo um esforço de diminuição da sua taxa de rota, dos seus custos, em contraponto com outros prestadores que nada fizeram nesse sentido. Foi este esforço inglório, uma vez que agora vamos começar do zero? Sendo que o zero para alguns, representa margens de manobra completamente distintas na gestão dos seus custos em relação a outros prestadores onde quase tudo já foi “espremido”. Esperemos que alguns dos maus exemplos da moeda única não sirvam agora de modelo para este futuro sistema, referindo-me concretamente ao poder de intervenção que alguns Estados com maior peso político têm para influenciar as decisões a seu favor em detrimento dos outros. Europeia proporá ao NSA (INAC) que reveja os seus objectivos e os corrija. Caso persista, então a Comissão Europeia tem poderes para requerer que o Estado tome as medidas correctivas. Pode também acontecer, caso surjam evidências nesse sentido, que se justifique uma revisão dos CWT; nesse caso, a CE fará uma re- New Charging Regulation visão dos CWT e o processo poderá ser validado. Por fim, e para terminar este capítulo, faO processo será em muito semelhante ao da lamos do novo regime de fixação de custos. figura 3. Até hoje, os Prestadores utilizavam o chamado princípio de “Full Cost Recovery”, ou seja, caQuais as principais consequências bia aos Prestadores calcularem os seus vários deste novo sistema? custos, fossem eles com pessoal, com equipaA principal alteração de fundo será certa- mentos ou manutenções, além dos custos remente a perda de alguma autonomia que até lativos a juros sobre investimentos, etc. Depois agora os prestadores tinham para definição era calculada a sua taxa unitária de forma a da sua estratégia. A partir de 2012, caberá à ser ressarcida na totalidade do montante apuComissão Europeia definir os objectivos a nível rado, tendo em conta a expectativa do volume Europeu e depois adoptá-los ao nível nacional. de tráfego a voar na sua Região de Informação Mesmo sendo as relações entre Reguladores e de Voo. Prestadores saudáveis na maioria dos estados O novo regulamento substitui este princímembros, não deixa de ser curioso que seja o pio pelo “Determined Cost”, cabendo agora aos primeiro a definir quais os objectivos que os prestadores fixarem um valor para a sua taxa prestadores têm de atingir e estes terem um unitária, durante a totalidade dum período de papel meramente consultivo, ao mesmo nível, referência (até 5 anos), sem poder fazer alterações ou correcções com a mesma facilidade por exemplo, do das companhias aéreas. Por outro lado, se os Prestadores não com que acontece hoje, em que os prestadoatingirem os objectivos, então existem meca- res limitavam-se a corrigir a sua taxa unitária nismos de alerta e também mecanismos san- conforme a previsão do aumento da despesa cionatórios ( estes ainda por definir correcta- ou, como aconteceu recentemente, com uma mente ). Ou seja, estamos perante um sistema expectativa negativa do aumento de tráfego. que se assemelha , com as devidas ressalvas, Se juntarmos a este novo princípio o ancom o que é hoje praticado na moeda única, terior sistema de performance, então certacabendo aos Estados Membros um maior rigor mente teremos no futuro um regime muito mais no controle do défice, da inflação, da dívida “apertado”, o que criará novos desafios aos pública, etc, de modo a atingirem os chamados Prestadores por toda a Europa com claras concritérios de convergência. Aqui passar-se-á sequências para todos, não só os utilizadores algo semelhante em relação a quatro grandes mas os diversos trabalhadores no sector ATM. . p.5 COCKPIT por Cmdt. Mesquita Rocha Acima dos 500’ Tabelas de Altitudes Um dia alguém descobriu que a probabilidade de se conseguir avistar, em tempo útil, uma aeronave que se aproxime, convergente de frente, era aquilo que hoje todos reconhecemos… Baixa! Desenganem-se os Aviadores que vêem este mundo e o outro, porque uma aeronave convergente de frente, em rota de colisão, mantêm um ângulo constante no nosso campo visual, ou seja, é um ponto estático no “vidro” do cockpit, com a mesma dimensão daquela dúzia de mosquitos que lá estão cravejados… até que de repente vira pardal, cegonha, urubu, pterodáctil… e lá saem pela boca fora as “famous last words”! p.6 A verdade é que voamos direcções diferentes, sejam elas cruzadas ou convergentes, porque além de termos opções de voo diferentes também regressamos frequentemente ao local do crime… a origem! Outra situação, com potencial de risco, são as concentrações e inaugurações com slot de entrada e/ou programa social a horas certas, imperdível, onde o pessoal se aproxima, convergente… sem lhe passar pela ideia que pode haver alguém de regresso dessa zona, mais cedo, seja por que razão for! O facto é que, qualquer que tenha sido a razão, “alguém” colocou no Anexo II da ICAO – Regras do Ar - uma Tabela a que chamou Tabela de Altitudes e Níveis de Cruzeiro, para evitar as convergências frontais à mesma altitude, e vaticinou que os Operadores e Pilotos deveriam planear as suas altitudes de voo em função das opções da Tabela. Afiançava-se, o sucesso da iniciativa, na premissa de que o estrito cumprimento por todos os Aviadores evitaria as situações referidas. Aproveito a “deixa” para relembrar que o Voo em Ultraleve se desenvolve hoje, em Portugal, em Espaço Aéreo de classe C e G, do solo até FL100 (limite fisiológico), sendo que, o limite superior do espaço Aéreo G é FL095 … estava eu a dizer, voamos dentro e fora de espaço aéreo controlado em plena co-habitação com o tráfego VFR REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo e IFR que conhece e tem o cuidado de aplicar a referida Tabela… Sumariamente, esta intuitiva Tabela explica-se por si só… Como regra geral (Portugal é excepção), considerando uma Altitude de Transição de 4000’, aeronaves: • IFR voam Altitudes/Níveis de Voo inteiros (3000’, 4000’, F050, F060…) • VFR voam Altitudes/Níveis de Voo inteiros + 500’ (3500’, FL045, FL055…) • voando Rotas entre 000º e 179º seleccionam Altitudes/Níveis de Voo Ímpares (3000’, 3500’, FL050, FL055…) • voando Rotas entre 180º e 359º seleccionam Altitudes/Níveis de Voo pares (4000’, FL045, FL060, FL065…) Depois tem um apêndice que diz que a Tabela não se aplica na “terra de ninguém”, ou seja, abaixo de 3000’AGL… onde, azar, se desenvolve a maioria do nosso tráfego VFR que, em locais remotos, tem cobertura deficiente do Serviço de Informação de Voo… Duvidam? Experimentem “falar” com LIS INFO na Região do Alqueva, Serpa, Vila Real de Santo António, Covilhã, Monfortinho, Almeida, Mogadouro, Bragança, Chaves… abaixo de 3000’AGL e depois tirem conclusões. Já agora, excepcionando os casos em que existem rotas VFR publicadas com essas Altitudes (túneis VFR de LPCS, por exemplo), Mas em Portugal, não! É só uma questão de direcção. A explicação é que no AIP de Portugal, considerado país estreito (logo potenciador de tráfego orientado Norte/Sul), determinase que os sectores terão os seus limites em 090º/270º… Assim, tráfego Norte (entre 270º e 089º) deverá seleccionar Altitudes/Níveis pares, enquanto que, tráfego Sul (entre 090º a 269º) deverá seleccionar Altitudes/Níveis ímpares. O incremento de 500’ continuará, para VFR, função de estar dentro ou fora de Espaço Aéreo Controlado. sendo discricionário do ATC, não é frequente ouvir-se tráfego VFR ser “autorizado”, em cruzeiro, dentro de espaço aéreo controlado, para uma altitude inteira+500’… E fora de espaço aéreo controlado também não porque aí não há “ordens” de suba e desça… há informação de tráfego do FIS para as aeronaves e informação das aeronaves para o FIS sobre as suas intenções e mudanças de altitude. Na verdade, em rigor, nunca o ATC atribuiria uma altitude inteira+500’, pois está dissimulado algures, num recôndito parágrafo do documento ICAO 4444 que as aeronaves VFR, voando dentro de espaço aéreo controlado, devem seleccionar Altitudes/Níveis de Cruzeiro IFR, de acordo com a Tabela do Anexo II, ou seja, inteiros! Como fazer, eticamente, acima de 3000’AGL? • Descolando de Espaço G, optar, em função da Direcção, por uma Altitude/Nível +500’… Antes de entrar em Espaço C, se for o caso, solicitar ao FIS informação de tráfego 500’ abaixo e, se não for significativo, descer para Altitude inteira, cumprindo as restrições subsequentemente impostas pelo ATC. Se voltar a sair para Espaço G, solicite informação de tráfego 500’ acima… e informe o FIS, se adequado, da sua intenção e subida. • Se a origem for em espaço C , “atire-se” a uma autorização para uma Altitude/Nível NORTE SUL Rota 270º a 089º Rota 090º a 269º IFR VFR IFR VFR *** 1000’ *** 500’ *** 2000’ *** 1500’ *** 3000’ *** 2500’ 3000’ AGL 4000’ FL045 FL050 3500’ FL060 FL065 FL070 FL055 FL080 FL085 FL090 FL075 FL100 *** *** FL095 inteiro, par ou ímpar, consoante a direcção que seguir, e sujeite-se (podendo) à Autorização que receber… Se transitar para espaço G, peça informação de tráfego, informe o FIS e ajuste a sua Altitude/Nível de acordo com a tabela, ou seja, com a “terminação” +500’ Vamos lá a um exemplo prático engraçado: Descolo de Ponte de Sôr, VFR, em Espaço G, e dirijo-me para Monfortinho, obviamente direcção NE… esquecendo o “AGL” por momentos, que vos parece 3500’, FL055…? Seria… Falámos da aplicação da Tabela acima de 3000’AGL, mas… e que tal se a estendêssemos a “coisa” um pouco mais para baixo? Não é onde quase tudo acontece? E por favor não me acusem de confundir uma Altitude com uma Altura AGL… Mas nós que voamos tantas vezes a 1000’, 2000’ e até a 500’QNH em locais onde o relevo não é factor, porque é que não chamamos a nós a iniciativa de nos organizarmos abaixo de 3000’AGL onde passamos a maior parte do tempo? Já que, geralmente, não há tráfego IFR abaixo de 3000’ AGL, mantendo o conceito de pares para Norte e Ímpares para Sul, chamaríamos pares aos “redondos” 1000’, 2000’ e 3000’ e ímpares aos “menos redondos” 500’, 1500’, 2500’? Não me chocaria a ideia de o pessoal voar para Sul a 500’, 1500’ e 2500’ e para Norte a 1000’, 2000’ e 3000’, sempre salvaguardando as Altitudes Mínimas, claro… Acho até que hoje era um bom dia para começarmos a voar assim! Sabem onde aplicaria uma “justificada” excepção? Na Linha de Costa! A linha de Costa é “tramada” de apelativa e raramente se resiste a uns bons 500’ QNH… Façam o favor de deixar a Linha de Costa à vossa esquerda como se de um separador central de Auto-Estrada se tratasse… Voem a 500’ AGL à vontade (com atenção aos aglomerados populacionais), mas circulem, na Linha de Costa, pela direita! Bons Voos. . p.7 NAV por Nuno Simões Numa altura em que o nosso sector atravessa profundas mudanças, a Flight Level quis ouvir a pessoa, que na NAV “pensa” a estratégia para o futuro. Fomos então ao encontro do Dr. Henrique Silveira responsável pelo GABDES. Natural de Lisboa, com formação em História e em relações Internacionais é no entanto ao Controle de Tráfego Aéreo que dedica a sua vida profissional, não só internamente mas também como membro de diversas organizações além fronteiras. p.8 REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Na NAV com Dr. Henrique Silveira FL – O que é, e qual a missão do GABDES? O Gabinete de Desenvolvimento Estratégico é um órgão de assessoria na dependência directa do Presidente do Conselho de Administração e tem como missão fundamental propor a estratégia a seguir pela Empresa no âmbito do seu enquadramento no sector da aviação civil e prosseguindo o objectivo fundamental de se posicionar entre os melhores prestadores de serviços de navegação aérea a nível internacional. Para tal, compete ao GABDES a coordenação global da elaboração do Documento de Estratégia e do Plano de Negócios da Empresa, dois dos documentos fundamentais para que a Empresa cumpra os objectivos a que se propõe. Além dessa missão genérica, digamos, cabe ao GABDES a responsabilidade pela coordenação das relações externas da Empresa (a nível nacional e internacional), o que, obviamente, faz todo o sentido como complemento da missão fundamental. Adicionalmente, mas igualmente importante, ao GABDES requer-se a atenção permanente em relação aos desenvolvimentos tecnológicos que possam contribuir para a definição das estratégias, em termos globais e coerentes. FL – Estando o sector da aviação a atravessar profundas mudanças e com cenários imprevisíveis até há pouco tempo, como se constrói uma estratégia eficaz? É certo que tudo se revela mais difícil em época de incertezas – agora agravadas pela recessão económica mundial – por maioria de razão num sector particularmente sujeito às flutuações do preço do petróleo e a uma certa dependência dos destinos turísticos (como é patente no nosso caso). Mas o método e os mecanismos para formulação da estratégia não deixam de ser idênticos. O que varia são, necessariamente, os pressupostos e os dados em presença. Partimos da análise de mercado, designadamente na sua vertente externa, das tendências relevantes do sector, das oportunidades e ameaças em presença, dos nossos pontos fortes e pontos fracos, para nos situarmos na definição de grandes objectivos e linhas de orientação estratégica. Claro que no caso da NAV Portugal, como entidade pública empresarial, existem à partida linhas de orientação traçadas para o sector e, como actualmente acontece, objectivos de gestão contratualizados entre a Tutela e o Conselho de Administração. Por outro lado, last but not the least, não há, a meu ver, estratégia que possa ser implementada, sem que tenha sido formulada de forma participada, de preferência por todos os órgãos de uma Empresa. Essa é a condição sine qua non para que possa ser entendida e concretizada com base na co-responsabilização de todos. FL – Concorda que as linhas mestras de qualquer estratégia é serem pró-activas olhando para as principais tendências do sector ou podem eventualmente ser reactivas? Por exemplo, como é que uma acentuada descida da procura de tráfego pode influenciar (ou não), a estratégia dum prestador que se comprometeu: em amortizar parte do seu endividamento ou em baixar a sua taxa de rota para ser mais competitivo junto dos seus pares? Existem medidas correctivas? Parece hoje evidente que a conjuntura leva a posições muito mais reactivas do que seria desejável. A nossa actividade core – o controle de tráfego aéreo – é, porém, um monopólio natural (assim considerado no Pacote do Céu Único). E assim sendo, não podemos falar de concorrência nos termos exactos em que o fazemos p.9 noutros sectores da actividade económica. Ainda que relativamente à FIR Oceânica tenhamos de ter alguns cuidados. O que não significa que não se tenham de tomar medidas de adaptação à conjuntura económica, até porque é cada vez maior a pressão e o grau de exigência dos Utilizadores, no sentido da transparência das contas e da melhoria da relação custo-eficácia. Hoje, as palavras de ordem são “performances” e “redução de custos”, ou, o mesmo é dizer, contenção de taxas, o que impõe, de facto, medidas correctivas, desde logo em rubricas fundamentais como os “custos com pessoal”. E isso porque, no nosso caso, por exemplo, eles representam cerca de 70% do total de custos de exploração. FL – Na sua opinião, quais os principais desafios que se colocam ao nosso prestador num futuro próximo? Sem dúvida o conjunto de desafios relativos à implementação do Pacote do Céu Único Europeu, sobretudo no que respeita à iniciativa de constituição do Bloco Funcional Portugal-Espanha. Por outro lado, há que dar a devida atenção à prestação dos serviços na área oceânica p.10 que, apesar de incluída no Bloco Funcional, tem a sua especificidade própria e exigência de maior produtividade por controlador. FL – Num sector altamente competitivo como o da aviação, quais considera ser as mais valias da NAV? E os aspectos a corrigir? Apesar da nossa situação periférica, a NAV Portugal tem granjeado algum prestígio internacional, com base, sobretudo, numa prestação de serviços considerada segura e de grande qualidade e com taxa de rota relativamente baixa na FIR de Lisboa (relativamente à média europeia). A questão da FIR de Santa Maria tem de ser vista numa óptica muito própria, porque para prestarmos um serviço de qualidade, sem ca- REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo minhos organizados, acabamos por ser penalizados por índices de produtividade baixos. Situação absolutamente oposta à da FIR de Lisboa, na qual somos dos ANSPs mais produtivos (por vôo controlado). FL – Nos últimos anos a RIV de Santa Maria sofreu uma profunda transformação não só do ponto de vista operacional mas sobretudo tecnológico. Desse ponto de vista, estamos na linha da frente mesmo em relação a Ingleses e Canadianos. Sendo um espaço aéreo delegado, como se defende este da cobiça de potências como Americanos ou Ingleses. Que impacto teria para a NAV a perca deste espaço? É evidente para mim que a nossa mais valia na prestação dos serviços no Atlântico Norte “Com efeito, a NAV Portugal tem granjeado um prestígio internacional que lhe permite, apesar de ANSP de média dimensão, fazer uso de uma série de argumentos que, se não envergonham a Aena, pelo menos mostram à evidência que nos podemos bater por uma relação de igual para igual em termos de pura prestação de serviços.” assenta na qualidade do serviço e no perfil óptimo dos voos, o que, para as Companhias, é muito importante. Mas, como sabemos, a maioria esmagadora do tráfego (que já de si não é muito) passa numa pequena parte da FIR. Julgo que a procura de sinergias com as nossas congéneres poderá tornar o serviço “menos caro”, ou mais produtivo. Não sei se se pode falar em cobiça. Pessoalmente não acredito que eventuais apetências dos nossos vizinhos se venham a concretizar num futuro mais ou menos próximo. Isso não significa que cruzemos os braços, porque me parece absolutamente necessário a redução de custos nas duas FIRs, para mais estando elas no mesmo Bloco Funcional. É evidente que, nem à NAV, nem ao País, interessa que possa sequer ser posta em causa a nossa prestação de serviços na FIR de Santa Maria, tanto por razões políticas como de ordem prática. FL – Para quem acompanhou de perto o segundo pacote do SES que balanço faz do resultado final? Como vê aplicação dum Performance Scheme aos prestadores e a criação de Key Performance Indicators com objectivos para serem atingidos e com penalizações para os infractores? Relativamente ao primeiro pacote, o SES II traz como inovações fundamentais a inclusão dos FABs no Regulamento de Prestação de Serviços (saído do Regulamento Quadro), o que tem um significado evidente, embora um FAB seja, neste segundo Pacote, algo bem diferente. Agora não se fala já em consolidação, nem em fusões de ANSPs. Alguns insistem, embora os Regulamentos não os refiram. No SES II, os FABs são “cooperação estreita e reforçada entre os ANSPs, procura de sinergias, custo-eficácia” e pouco mais. Tudo baseado nas “Performances” (indicadores, “targets”, incentivos e penalizações, ainda não definidos), “Planos de Performance” se possível e de preferência ao nível dos FABs, a acordar em 2010 (para implementação dos FABs em 2012). Irão ser definidos “targets”, KPIs, a nível europeu – PRC e a C.E. estão já a trabalhar nisso – sendo intenção da Comissão Europeia salvaguardar as especificidades regionais. No fundo, creio que na prática se irá as- sistir à contratualização de objectivos e “targets” entre os ANSPs e os representantes dos utilizadores comerciais. Incentivos e penalizações são aspectos ainda não discutidos. FL – Uma das consequências deste pacote é a criação dos Blocos Funcionais até 2012. Olhando para AENA como o nosso “mais que provável” vizinho de FAB, acredita que esta é uma medida que serve os interesses da NAV? Quais os aspectos mais fortes de cada uma das empresas e quais aqueles onde se podem tirar benefícios para ambas? Como têm evoluído a sua opinião em relação a este entendimento? É o mesmo desde a primeira hora ou têm sofrido algumas mudanças? Em abstracto, é evidente que a implementação de um FAB entre vizinhos em que a relação global é de 1 para 5, ou, na melhor das hipóteses, de 1 para 4, não augura, à partida, nada de bom para o ANSP de menor dimensão. Mas esta actividade – o controle de tráfego aéreo – é uma actividade sui generis, como aliás se pode verificar na prática. Com efeito, a NAV Portugal tem granjeado um prestígio internacional que lhe permite, apesar de ANSP de média dimensão, fazer uso de uma série de argumentos que, se não envergonham a Aena, pelo menos mostram à evidência que nos podemos bater por uma relação de igual para igual em termos de pura prestação de serviços. Estou a falar de argumentos como os atrasos dos voos e o seu perfil (rotas directas no nosso espaço aéreo, agora por maioria de p.11 razão com a implementação do FRAL na FIR de Lisboa). Mas falo também do valor das taxas de rota, do nosso avanço no âmbito da cooperação civil-militar, e do maior índice de produtividade dos nossos CTAs, por exemplo. O que é fundamental, em minha opinião, é que, na nossa relação com a Aena – e concretamente no quadro da implementação de um FAB, a que não poderemos fugir – tenhamos sobre a mesa os nossos argumentos de peso, a contrapor aos da Aena, essencialmente de âmbito político-institucional. De facto, a Aena (mais bem dito, a Espanha) tem hoje um peso político na Europa com o qual não podemos competir. Temos, portanto, de usar as armas que temos ao nosso alcance de forma criteriosa, sem complexos, para sublimarmos os nossos pontos fracos e sem menosprezar o adversário nos campos em que nos afirmamos como melhores. Numa negociação, quem pensa que pode ganhar tudo, arrisca-se sempre a tudo perder! Aliás, desde há muitos anos que o meu entendimento é esse mesmo. No plano dos princípios, é evidente. Porque as conjecturas evoluem e com elas as análises e soluções possíveis. No meu caso, sempre contrariei a ideia do FAB ibérico continental e sempre pugnei pela inclusão da FIR de Santa Maria como forma p.12 de aumentar o nosso peso negocial com os espanhóis, por razões de vária ordem. E esse foi, afinal, o entendimento adoptado pela Empresa. Hoje em dia, estamos perante um quadro de existência de um Memorando de Entendimento subscrito pelos dois ANSPs e pelas respectivas Autoridades de Supervisão Nacional (NSAs), com uma estrutura de funcionamento própria, em linha com os requisitos impostos pelos Regulamentos do SES II. E é nesse quadro que nos temos de situar, tentando sublimar os nossos pontos fracos e fazer evidenciar os pontos fortes – já referi talvez os principais – aceites, aliás, como tal pela Aena. Nesse aspecto, a minha posição de princípio coincide com a da Aena, desde sempre manifestada: Em conjunto somos mais fortes do que cada um por si. Claro que isto não poderá pôr em causa a autonomia e a personalidade jurídica de cada um dos ANSPs. REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Temos então de procurar as sinergias possíveis, por forma a prestar um serviço cada vez mais eficiente e ao menor custo possível. Esse é o grande desafio. O de conseguirmos algo de positivo, de mais valia para os utilizadores, procurando economias de escala e mantendo a nossa independência institucional, chamando-lhe FAB ou o que quer que seja!... FL – Quais as principais dificuldades que antevê em relação à criação dos FAB’s por essa Europa fora, num momento em que a maior parte deles estão longe daquilo a que inicialmente se propunham? De facto, talvez com excepção do FABEC, que levará algum avanço, as outras iniciativas de FAB são ainda incipientes. Ou seja, estarão na fase de “intenções”. Não me refiro, propositadamente ao chamado FAB UK-IRL, porque ainda hoje não percebi bem “onde está o FAB” … “...“Temos, na verdade, o que adeComissão pretende este portanto, usar as armas que com temos aoSegundo nosso Pacote do SES, é que ANSPs, ou os Estados, se comprometam alcance deosforma criteriosa, sem complexos, para com “targets”, “indicadores de performance”, primeiro depois a sublimarmos os nossos pontos fracos individualmente, e sem menosprezar nível dos FABs instituídos, para, mais tarde, talvez com o terceiro o adversário nos campos em que nos afirmamos como ou omelhores. quarto pacote Regulamentos, a fazer de outro Numade negociação, quemvir pensa queexigências pode tipo, que terão certo a ver com consolidação de ACCs e afins.” ganhar tudo,por arrisca-se sempre a tudo perder!” Mas na verdade, o que a Comissão pretende com este Segundo Pacote do SES, é que os ANSPs, ou os Estados, se comprometam com “targets”, “indicadores de performance”, primeiro individualmente, depois a nível dos FABs instituídos, para, mais tarde, talvez com o terceiro ou o quarto pacote de Regulamentos, vir a fazer exigências de outro tipo, que terão por certo a ver com consolidação de ACCs e afins. FL – A hipótese de criação dum FAB com as duas RIV’s sobre jurisdição da NAV, asseguraria uma maior garantia da manutenção desse espaço aéreo e ao mesmo tempo cumpriria os requisitos do SESII, melhorando sinergias num bloco de espaço aéreo (o maior de toda a Europa) gerido por um único prestador. Concorda com esta hipótese? Hoje em dia, um FAB transnacional é, a meu ver, uma “bandeira” para a Comissão Europeia. À semelhança de outras “bandeiras” que têm sido adoptadas ou estão na forja. Donde, não me parece que, nessa conformidade, a CE alguma vez vá aceitar FABs que, nem que seja de fachada, não tenham algo de estruturalmente transnacional. Veja-se o exemplo UK-IRL, em que não são esperados “interfaces” técnicos, no âmbito da interoperabilidade dos sistemas, nem sequer delegações de serviços ou de espaço aéreo. Mas há, do ponto de vista institucional, uma estrutura criada e encimada por um Comité de Gestão Comum. E essa é, a meu ver, a “fachada” do FAB. O resto são intenções de médio e longo prazos. Aguardemos os próximos capítulos. De preferência mantendo-nos atentos. FL – Um dos pontos que realçou no documento de estratégia como oportunidade de melhoria, diz respeito à cultura de empresa, responsabilidade e clã. Trocando por miúdos, o que significa tudo isto para quem trabalha na NAV? Essa foi uma questão posta por uma das Direcções da Empresa e que colheu junto de outras, tendo democraticamente vindo a ser incluída no Documento de Estratégia. A ideia com que fiquei é que muita gente acha que uma verdadeira cultura de Empresa não deveria ser compatível com “quintas” ou “quintais” dentro da NAV. Não me parece uma questão relevante, porque as coisas são o que são. Considero, por exemplo, bem mais importante, a comunicação horizontal e vertical dentro da Empresa, ou a responsabilização efectiva das chefias e dos responsáveis de projectos, sejam eles de âmbito técnico ou operacional. FL – Por fim e porque já vai longo o interrogatório, o que gostaria de dizer para os nossos leitores? Julgo que o importante neste momento é manter um optimismo moderado e uma actuação crítica – relativamente a todos os aspectos em presença – mas ao mesmo tempo construtiva, para que os tempos difíceis que o sector vive possam ser ultrapassados, dando passos pequenos, mas seguros. Só assim me parece que será realista encarar o futuro com confiança. Por outro lado, e referindo-me aos CTAs em particular – o meu posicionamento à cabeça da lista de antiguidade permitir-me-á o conselho - julgo que terão também de ser realistas e dar o seu contributo efectivo para o todo, sobretudo em tempo de “vacas magras”. Essa será, aliás, a meu ver, a forma de garantir o futuro sem grandes sobressaltos. . p.13 TAXAS por Dr. Pinto da Silva DAFIN/PORPRE TAXAS DE ROTA Um breve tratado No breve texto que se apresenta pretende-se divulgar um conjunto de apontamentos sobre as taxas dos serviços de navegação aérea de rota. O objectivo é conseguir destacar alguns dos aspectos mais salientes do regime de tarifação, tentando contornar a aridez das questões mais técnicas, como, por exemplo, a teorização e cálculos dos custos com o capital, os detalhes do mecanismo corrector ou a adopção do Mecanismo Alternativo. p.14 REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo EUROCONTROL Adjusted unit rates applicable to February 2010 flights Please find hereunder the unit rates of route charges applicable to February 2010 flights, as well as the exchange rates used for their calculation, i.e. the average exchange rates for the month of January 2010 (monthly average of the “Closing Cross Rate” calculated by Reuters based on daily BID rate). Adjusted unit rates applicable to February 2010 flights État / State Taux unitaire Taux de change Unit rate Exchange rate EUR 1 EUR = Portugal Santa Maria * 12,36 ./. Belg.-Luxembourg * 76,59 ./. Allemagne / Germany * 68,99 ./. Finlande / Finland * 40,36 ./. Royaume-Uni / United Kingdom 69,73 0,883167 Pays-Bas / Netherlands * 65,80 ./. Irlande / Ireland * 30,81 ./. GBP Danemark / Denmark 64,38 7,44004 DKK Norvège / Norway 66,90 8,18641 NOK Pologne / Poland 40,91 4,06754 PLN Suède / Sweden 58,06 10,1940 SEK Lituanie / Lithuania 49,77 3,45006 LTL Espagne / Spain - Canarias * 68,27 ./. Albanie / Albania 42,93 137,753 ALL Bulgarie / Bulgaria 42,93 1,95528 BGN Chypre / Cyprus * 30,23 ./. Croatie / Croatia 42,04 7,29117 Espagne / Spain - Continent. * 84,11 ./. France * 65,10 ./. Grèce / Greece * 39,06 ./. Hongrie / Hungary 36,95 269,190 Italie / Italy * 68,64 ./. HRK HUF 76,36 ./. République Tchèque / Czech Republic 46,11 26,1004 Malte / Malta * 25,86 ./. Autriche / Austria * 69,04 Portugal Lisboa * 49,18 ./. Bosnie Herz. / Bosnia Herzegovina 39,51 1,93055 BAM Roumanie / Romania*** 29,94 4,13629 RON Slovénie / Slovenia * CZK ./. Suisse / Switzerland 77,00 Turquie / Turkey ** 29,76 ./. Moldavie / Moldova 37,12 17,6333 ARYM / FYROM 56,88 61,1381 MKD Serb. - Montenegro 37,70 97,2280 RSD République Slovaque / Slovak Republic * 53,91 ./. Armenie / Armenia 28,67 536,351 1,47528 CHF MDL AMD * Etat participant à l'UME / State participating in the EMU. ** Taux unitaire non ajusté approuvé par la Commission / Non adjusted unit rate approved by the Commission. *** Taux unitaire de base applicable en janvier et février 2010 / Basic unit rate applicable in January and February 2010: 29,22 euro Fonte: Eurocontrol Regulamentação Bases de Custos Em 7 de Dezembro de 2006 foi publicado no Jornal Oficial da União Europeia o Regulamento (CE) nº 1794/2006 da Comissão, que estabelece o regime comum de tarifação dos serviços de navegação aérea (de rota e terminal), no âmbito do céu único europeu. Este regulamento é de aplicação directa e estabelece as medidas necessárias para o desenvolvimento de um regime de tarifação dos serviços de navegação aérea, coerente com o sistema de taxas de rota da EUROCONTROL. Ao estabelecer-se a base de custos para a fixação das taxas unitárias, devem aplicar-se os seguintes princípios: Princípios gerais do regime de tarifação 1. O regime de tarifação deve basear-se nos custos dos serviços de navegação aérea incorridos pelos prestadores de serviços em benefício dos utilizadores do espaço aéreo. Deve ser feita uma repartição daqueles custos por categorias de utilizadores. 2. O regime de tarifação deve ser transparente e garantir a consulta sobre as bases de custos e a imputação dos custos a diferentes serviços. 3. Actualmente estão subjacentes ao regime de tarifação o princípio da recuperação integral do custo dos serviços de navegação aérea e a possibilidade de adopção de factores diferenciadores para o cálculo das taxas. 1. O custo a partilhar pelos utilizadores do espaço aéreo deve corresponder ao custo integral da prestação de serviços de navegação aérea, incluindo os montantes adequados relativos aos juros sobre o investimento de capital e à depreciação de activos, bem como aos custos de manutenção, exploração, gestão e administração; 2. Os custos referidos devem ser divididos em custos de pessoal, outros custos operacionais, custos de depreciação, custo de capital e itens extraordinários, incluindo impostos não recuperáveis e direitos aduaneiros pagos, bem como todos os outros custos relacionados. 3. Os custos de pessoal devem incluir a remuneração bruta, o pagamento de horas extraordinárias, as contribuições dos empregadores para regimes de segurança social, bem como os pagamentos para o regime de pensões e outros benefícios. 4. Os serviços de navegação aérea podem produzir receitas suficientes para exceder todos os custos de exploração directos e indirectos e garantir uma rentabilidade razoável que contribua para os aumentos de capital necessários; 5. As taxas unitárias a praticar devem reflectir o custo dos serviços de navegação aérea e das estruturas disponibilizadas aos utilizadores do espaço aéreo, tendo em conta as capacidades de geração de receitas relativas dos diferentes tipos de aeronaves considerados; 6. As taxas unitárias a praticar devem incentivar a prestação segura, eficiente e eficaz de serviços de navegação aérea, tendo como objectivo um elevado nível de segurança e uma boa relação custo-eficácia, assim como promover a prestação integrada de serviços Funcionamento do Sistema de Taxas de Rota 1. A taxa de rota aplicável a um voo específico numa zona de tarifação de rota específica é igual ao produto da taxa unitária estabelecida para essa zona de tarifação de rota e das unidades de serviço de rota relativas a esse voo. 2. Os custos previstos devem incluir o saldo resultante de sobre-recuperação ou sub-recuperação relativo a anos anteriores. p.15 Cálculo das Taxas de Rota 1. A taxa de rota é calculada em função da distância percorrida pela aeronave e da massa máxima certificada na descolagem da aeronave, conforme consta do certificado de aeronavegabilidade ou de qualquer documento oficial equivalente apresentado pelo operador da aeronave. 2. O factor relativo à massa, apesar de muito contestado pelas organizações representativas de utilizadores, permite ter em conta as capacidades de geração de receitas relativas dos diferentes tipos de aeronaves considerados. 3. A taxa de rota ( TX ) aplicável a um voo específico numa zona de tarifação de rota específica, é igual ao produto da taxa unitária ( TU ) estabelecida para essa zona de tarifação de rota e das unidades de serviço ( US )de rota relativas a esse voo. cada aterragem no território de um EstadoMembro. 5. O factor de massa ( FM ), expresso como um valor até duas casas decimais, é a raiz quadrada do quociente obtido pela divisão por cinquenta do número de toneladas métricas da massa máxima certificada na descolagem da aeronave, conforme consta do certificado de aeronavegabilidade ou de qualquer documento oficial equivalente apresentado pelo operador da aeronave. 6. Simplificando – uma unidade de serviço de rota corresponde a um voo de 100 quilómetros (factor de distância igual a 1) efectuado por uma aeronave com 50 toneladas (factor massa igual a 1). Taxas de Navegação Aérea de Rota no Atlântico Norte 1. TX = TU × US Cálculo das Unidades de Serviços de Rota 1. A unidade de serviço de rota é calculada multiplicando o factor de distância pelo factor de massa para a aeronave em causa. US = Fd × FM 2. O factor de distância ( Fd ) é obtido dividindo por cem o número de quilómetros percorridos na distância ortodrómica entre os pontos de entrada e de saída das zonas de tarifação, de acordo com o último plano de voo conhecido registado pela aeronave em causa para fins de fluxo do tráfego aéreo. Fd = distância ( km ) / 100 3. Se os pontos de saída e entrada de um voo forem idênticos numa zona de tarifação, o factor de distância é igual à distância ortodrómica entre esses pontos e o ponto mais distante do plano de voo. 4. A distância a ter em conta é reduzida de 20 quilómetros por cada descolagem e por p.16 Cálculo das Taxas Unitárias de Rota 1. A taxa unitária deve ser calculada dividindo a base de custos previsional para o ano considerado pelo número total de unidades de serviço previstas para o mesmo ano. 2. Os Estados devem estabelecer as suas bases de custos previsionais a fim de disporem de uma previsão dos custos do sistema de navegação aérea de rota sob a sua jurisdição. Para efeitos de cálculo da taxa unitária do ano “n+1”, devem ser estabelecidas contas previsionais de exploração de forma a que os custos referentes ao ano “n+1” sejam determinados em função dos custos reais apurados para o último exercício financeiro completo (ano “n-1”), actualizados em função dos dados disponíveis e, nomeadamente, das previsões orçamentais relativas aos anos “n” e “n+1”. (consolidação dos orçamento de exploração e de investimentos do prestador de serviços de navegação aérea com os das restantes entidades envolvidas – Instituto Nacional da Aviação Civil, Instituto de Meteorologia, Força Aérea Portuguesa, Marinha e EUROCONTROL). REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo 1.1. 1.2. 1.3. 1.4. 1.5. 1.6. 1.7. A Região do Atlântico Norte (NAT) inclui as seguintes regiões de informação de voo (FIR): FIR de Søndrestrøm – Dinamarca; FIR de Reykjavik – Islândia; FIR Oceânica de Bodø – Noruega; FIR Oceânica de Gander – Canadá; FIR Oceânica de Shanwick – Reino Unido e Irlanda; FIR Oceânica de New York – Estados Unidos da América FIR Oceânica de Santa Maria – Portugal. 2. A maioria do espaço aéreo é espaço aéreo controlado. São aplicadas as Regras de Voo por Instrumentos (IFR) a todos os voos em ou acima do nível de voo 60 (FL60), ou 2000 pés acima do nível do solo (AGL), consoante o que é mais elevado. A responsabilidade pela prestação de serviços de navegação aérea no espaço aéreo internacional está delegada nos Estados anteriormente identificados. 3. Dos países que actualmente compõem a União Europeia, apenas Portugal (FIR Oceânica de Santa Maria) e a Noruega (FIR Oceânica de Bodø) aplicam na região NAT da ICAO/OACI o regime de tarifação estabelecido pelo Regulamento (CE) nº 1794/2006 da Comissão. O Reino Unido e a Irlanda utilizam no espaço aéreo delegado sob sua jurisdição um regime de tarifação baseado em taxas únicas por voo, detalhado mais adiante. Nas regiões onde esta em vigor o Regulamento (CE) nº 1794/2006 da Comissão, as taxas unitárias são as seguintes 1: 3.1. FIR Oceânica de Bodø – € 66,90 3.2. FIR Oceânica de Santa Maria – € 12,36 3.3. Conforme anteriormente referido, o valor devido por cada voo depende da distância percorrida e da massa máxima à descolagem da aeronave em questão. 3.4. Estas taxas de navegação aérea de rota incluem, entre outros, os serviços de comunicações. 3.5. As taxas são facturadas e cobradas através do Serviço Central de Taxas de Rota da EUROCONTROL, 4. Nas restantes regiões coexistem regimes bastante diferenciados: 4.1. FIR de Søndrestrøm e FIR de Reykjavik – Acordos DEN/ICE – Os Acordos para o Financiamento Conjunto de Serviços de Navegação Aérea na Gronelândia e Islândia foram assinados com a Dinamarca e com a Islândia e ratificados pelo Protocolo de Montreal de 1982 (Documentos ICAO 9585-JS/681 e 9586JS/682). No essencial referem que as aeronaves civis que cruzem o Atlântico Norte, acima do paralelo 45º Norte e en- tre os meridianos 15º Oeste e 50º Oeste, pagam uma taxa (facturada e cobrada pelo Reino Unido – NATS UK) que se destina ao ressarcimento do custo dos serviços prestados pela Dinamarca e pela Islândia, com excepção de 5% dos custos alocáveis, tendo em consideração os benefícios especiais decorrentes daquela prestação. Os serviços acima referidos compreendem o controlo de tráfego aéreo, as comunicações e a meteorologia nas Regiões de Informação de Voo de Søndrestrøm, de Reykjavik. É cobrada uma taxa única (tarifa plana) – independente da dimensão da aeronave e da distância voada – sendo o valor correspondente a uma travessia completa de GBP 53,49, do qual GBP 10,88 pelos serviços prestados pela Dinamarca e GBP 42,61 pelos serviços prestados pela Islândia. Por um voo da Europa até à Gronelândia é cobrado um valor correspondente a 2/3 da taxa e por um voo da Europa à Islândia é cobrado apenas 1/3 da taxa. 4.2. FIR Oceânica de Gander – É cobrada uma tarifa plana por voo (actualmente de CAD 93,24 por travessia) a que acresce uma taxa de comunicações internacionais. A taxa de comunicações internacionais é única por travessia e independente do número de mensagens, mas é diferenciada consoante seja utilizado o sistema de comunicações por voz (HF) ou o sistema data-link. No primeiro caso o valor a pagar é, actualmente, de CAD 58,56 por voo, e, com o data-link de CAD 22,04 por voo. 4.3. FIR Oceânica de Shanwick – É igualmente cobrada uma tarifa plana por voo, composta por duas parcelas: 4.3.1.Serviços de comunicações HF, prestados por Shannon – Ballygirren Radio Station (Irlanda), actualmente no valor de € 43,00 por voo, facturado e cobrado pela EUROCONTROL; 4.3.2.Serviços ATM, prestados por Prestwick OACC (Reino Unido), actualmente no valor de GBP 56,18 por voo, facturado e cobrado pela NATS UK 4.4. FIR Oceânica de New York – Taxa calculada em função da distância voada, sendo independente da massa máxima à descolagem da aeronave – actualmente no valor de USD 15,94 por cada 100 milhas 5. náuticas voadas – sendo aplicada apenas a sobrevoos. Quer isto dizer que todos os voos que aterrem ou descolem de território dos Estados Unidos da América estão isentos do pagamento da taxa de rota oceânica. Importa ter presente que Portugal não tem qualquer vantagem competitiva na Região Atlântico Norte, porque, embora as taxas unitárias aparentem ser das mais baixas em vigor, o custo por voo é dos mais elevados, atendendo às distancias voadas com médias superiores a 1.400 quilómetros por voo. Céu Único Europeu – II Pacote Legislativo 1. A nova redacção dada à alínea a) do artigo 15º da Proposta de Regulamento (do Parlamento Europeu e do Conselho) – Céu Único Europeu II pacote legislativo – para alterar o Regulamento (CE) n.º 550/2004, refere que “O custo a partilhar pelos utilizadores do espaço aéreo deve corresponder ao custo fixado para a prestação de serviços de navegação aérea, incluindo os montantes adequados relativos a juros sobre o investimento de capital e à depreciação de activos, bem como aos custos de manutenção, exploração, gestão e administração” enquanto no Regulamento em vigor é referido o custo integral. 2. A proposta de substituição do princípio de recuperação do custo integral, pelo conceito da recuperação de um custo fixado para a prestação de serviços de navegação aérea, pode obrigar a uma mudança de atitude face aos utilizadores do espaço aéreo. Conclusão 1. Os prestadores nacionais de serviços de navegação aérea estão confrontados com um desafio de eficiência económica, num quadro de segurança aérea, no âmbito do Céu Único Europeu. 2. Com uma regulação económica do sector da aviação civil cada vez mais presente, a preocupação generalizada na contenção dos custos, de forma a permitir a manutenção ou melhoria dos índices de competitividade, deve passar a constituir o novo paradigma dos prestadores de serviços de navegação aérea. . 1 n.r. – Taxas unitárias Fevereiro de 2010 p.17 HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO rubrica por Pedro Matos Cessna 172 Nesta edição da Flight Level, resolvemos dedicar esta rubrica ao Cessna 172 “Skyhawk”. E porquê?, perguntarão alguns leitores. Bem, para além de ser provavelmente o avião onde mais pilotos aprenderam a voar (pelo menos, segundo o seu fabricante), tem ainda a distinção de ser o mais produzido da história da aviação: desde 1955 (!) até hoje, foram construídas mais de 43.000 unidades (!) deste modelo. Sem dúvida, duas boas razões para o conhecermos um pouco melhor. No início da década de 50 do século passado, a Cessna Aircraft Company começou a equacionar a substituição do seu modelo 170, um bem sucedido projecto de avião particular / instrução, por outro de características semelhantes – monomotor, asa alta, 4 lugares – mas equipado com trem de aterragem tipo “triciclo” (roda direccional à frente) em vez de convencional (também conhecido por “taildragger”). Esta escolha seguiu a tendência geral da avia- p.18 REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo ção após a 2ª Guerra Mundial, em que praticamente todos os fabricantes deixaram de construir aeronaves com trem convencional. No caso da Cessna, uma razão adicional para a mudança do tipo de trem residiu no facto de o 172, como já referimos, ser um avião que pretendia encontrar mercado junto das escolas de aviação, e reconhecidamente ser mais fácil ensinar um piloto a manobrar um aparelho com trem “triciclo”. O primeiro voo do protótipo do Cessna 172 ocorreu em 12 de Junho de 1955, e nesta altura era bastante parecido com o seu antecessor: além do trem, a única diferença significativa residia no estabilizador vertical, com um formato agora rectangular. Também o motor foi herdado do 170 - Continental O-300 de seis cilindros horizontais opostos, arrefecido a ar, desenvolvendo 110 kW (145 CV) de potência. Revelando grande facilidade de pilotagem e manutenção, tornou-se um sucesso de vendas imediato: com os primeiros 172 a serem vendidos em Novembro de 1955, em 1956, o primeiro ano completo de produção, foram construídas mais de 1400 unidades. O peso máximo desta primeira versão era 998 kg (2.200 lb), com o preço base a cifrar-se em US$ 8.995. Claro que desde 1955 até hoje, o Cessna 172 teve inúmeros aperfeiçoamentos, de que obviamente só vamos referir os mais importantes (caso contrário, teríamos de fazer um número especial da FL). De facto, em quase todos os anos em que foi produzido, a fábrica apresentou uma nova variante do modelo, normalmente distinguido do antecessor pela letra seguinte do alfabeto. O modelo inicial foi produzido até 1959, surgindo a primeira alteração de vulto no ano seguinte, com a versão 172A, que apresentou um novo estabilizador vertical. Por sua vez, o modelo B de 1961 merece ser referido também, pois apesar de não incluir alterações de vulto (a mais importante foi um novo trem de aterragem, mais curto), foi aqui que o nome “Skyhawk” apareceu pela primeira vez, designando uma versão mais bem equipada (notese que, para manter um preço baixo, o equipamento das primeiras versões era bastante reduzido). Em 1963, o modelo 172D já traz praticamente o aspecto dos actuais: o pára-brisas passa a ser constituído apenas por uma peça, e a zona posterior da fuselagem é alterada, de forma a permitir adicionar uma janela traseira (algo que a Cessna denominou “Omni-vision”). Nos dois anos seguintes, as principais alterações são o aumento do peso máximo para 2.300 lb (1.045 kg) no 172E e o accionamento eléctrico dos flaps no 172F. A próxima grande alteração no 172 ocorreu em 1968, ano em que o modelo 172I é lançado, verificando-se a substituição do motor Continental por um Lycoming O-320E2D, de quatro cilindros horizontais opostos. Ligeiramente mais potente (150 cv) do que o seu antecessor, permitiu uma ligeira melhoria na “performance” do avião, mas com a principal vantagem a residir na economia de utilização – manutenção mais barata e menor consumo de combustível. No ano seguinte, mais uma alteração estética – novo desenho do estabilizador vertical e maiores janelas traseiras. Quebrando a regra da designação sequencial (uma das poucas vezes que tal aconteceu), o modelo lançado em 1969 é designado por 172K, e, por curiosidade, o seu preço era de 12.500US$ para a versão base e de 13.995US$ para o Skyhawk. Um novo trem de aterragem, mais leve e com protecções aerodinâmicas, surge com o modelo 172L (iniciou a produção em 1971), enquanto em 1973 o 172M introduz alterações no bordo de ataque das asas, que melhoraram o comportamento do avião a baixa velocidade; no ano seguinte, surge a versão “Skyhawk II”, designando um nível de equipamento superior. Refira-se que em 1976, a Cessna tentou “deixar cair” a designação numérica, passando a comercializar o avião apenas como “Skyhawk”. No entanto, este nome não pegou, e mesmo hoje (mais de 30 anos depois) continua a ser mais conhecido por 172. Após nove anos de bom e leal serviço, o motor Lycoming O-320-E2D é substituído em 1977 por outro do mesmo fabricante, modelo O-320-H2AD, dando origem à versão 172N (ou, para sermos mais exactos, Skyhawk N, como a Cessna designava). Mais potente (160 CV), revelou-se pouco fiável, vindo a ser substituído apenas quatro anos mais tarde. p.19 Máxima velocidade de cruzeiro Tecto certificado 13,500 ft (4,115 m) 14,000 ft (4,267 m) 1,685 ft (514 m) 1,633 ft (498 m) Distância de aterragem 1,295 ft (395 m) 1,335 ft (407 m) 721 fpm 730 fpm Alcance 696 nm (1,289 km) 610 nm (1,130 km) Peso máximo aterragem/descolagem 2,450 lb (1,111 kg) 2,550 lb (1,157 kg) Capacidade de combustível Peso em vazio 318 lb (144 kg) 318 lb (144 kg) 1,691 lb (767 kg) 1,717 lb (779 kg) Carga máxima 759 lb (344 kg) 833 lb (378 kg) Carga com depósitos cheios 448 lb (203 kg) 523 lb (237 kg) Cessna 172 - Bagageira p.20 Skyhawk SP 126 ktas (233 km/h) Distância de descolagem Razão de subida (nível do mar) Também em 1977 a Cessna iniciou a produção do modelo R172K XP, uma variante do “Reims Rocket” (ver caixa). Equipado com um motor Continental IO-360K com 195cv, não obteve o sucesso esperado, devido ao preço e custos de operação mais elevados do que o modelo base, mas revelou-se uma boa opção para quem pretendesse um modelo anfíbio: a superior potência tornava fácil a operação (nomeadamente a descolagem) a partir da água. Foi construído até 1981. A versão de trem recolhível do 172 surgiu em 1980, sendo denominado 172RG (de Retractable Gear) “Cutlass”. Equipado com um motor de 180 cv, accionando um hélice de velocidade constante / passo variável, a maior potência e melhor aerodinâmica proporcionavam uma velocidade de cruzeiro superior em cerca de 35 km/h relativamente ao modelo de trem fixo; mas, sendo mais caro do que este, não encontrou o sucesso esperado, e a sua produção terminou em 1985 Sucedendo ao modelo N, surge em 1981 o Skyhawk P (voltou a quebrar-se a designação sequencial). Equipado com um motor Lycoming O-320-D2J, manteve a potência do seu antecessor, mas não os problemas de fiabilidade. O peso máximo desta versão aumentou para 2.400 lb (1.090 kg), com a opção de montagem de uma “wet wing” a incrementar a capacidade de combustível para 235 litros (62 galões US). Skyhawk 122 ktas (226 km/h) Existindo simultaneamente com a versão P, surge em 1983 o Cessna 172Q “Cutlass”. Apesar desta designação, tratava-se essencialmente de um 172P equipado com um motor Lycoming O-360-A4N de 180cv, com a maior potência a permitir o aumento do peso máximo para 1.155 kg (2.550 lb). Ainda não foi referido, mas a produção do Cessna 172 não foi contínua. De facto, legislação aprovada nos EUA em 1986, referente a responsabilidades dos fabricantes de aeronaves, levou a um aumento dos prémios dos seguros, o que tornou o preço do Skyhawk exageradamente alto e acabou por levar à paragem da produção em 1986, altura em que, recorde-se, a fábrica oferecia as variantes P e Q “Cutlass”... ...mas em 1994, uma nova legislação (General Aviation Revitalization Act) tornou novamente possível a venda de aeronaves ligeiras a preços razoáveis, e a Cessna não perdeu tempo a modernizar o 172. Assim, em 1996 apresentou o Skyhawk R, equipado com um motor Lycoming IO-360L2A (160 cv) alimentado por injecção. Com um peso máximo de 1.110 kg (2.450 lb), incorporou também diversas melhorias a nível de conforto / segurança (melhor isolamento acústico, assentos mais confortáveis e resistentes e novo sistema de ventilação). Apenas dois anos depois, surgiu o modelo 172S, apresentando o mesmo motor do 172R, REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo mas com mais 20 cv, obtidos à custa de um regime superior - 2.700 rpm em vez de 2.400 -, accionando um hélice de velocidade constante, tendo o peso máximo desta versão aumentado para 1.155 kg (2.550 lb). Sendo o seu alvo o cliente privado, apresenta-se mais bem equipado do que a versão R, incluindo de série estofos em pele e, a partir de 2005, “glass cockpit” (Garmin G1000). Hoje em dia, ambos os modelos R e S continuam em produção, sob as designações Skyhawk e Skyhawk SP, e não parece que a Cessna planeie terminá-la. Se algum dos nossos leitores estiver interessado, os preços são 265.000 US$ (Skyhawk) e 297.000 US$ (Skyhawk SP), o que na nossa moeda dá qualquer coisa como 195.000€ e 218.400€, respectivamente. Versão futura (?) – Skyhawk TD Em Outubro de 2007, a Cessna anunciou a intenção de equipar o 172 com um motor turbodiesel Thielert Centurion 2.0 de quatro cilindros em linha. Debitando 155 cv, o combustível é Jet-A (e não gasóleo), sendo intenção da fábrica incluir controlo electrónico do motor; em termos de custos de operação, estava prevista uma redução de 5%. Mesmo com um custo de aquisição previsto superior ao do Skyhawk SP (em cerca de 15.000US$), foi grande o interesse despertado no mercado, surgindo rapidamente um número razoável de encomendas (superior a uma centena), principalmente de clientes particulares de fora dos EUA e de escolas de aviação. Apesar de menos potente, o TD estava projectado para manter o peso máximo do Skyhawk S (1.155 kg). No entanto, note-se que, 2ª Aeronave mais Produzida A segunda aeronave mais produzida da história foi o soviético Polikarpov U-2 (nome de código Nato: “Mule”). Este biplano, equipado com um motor radial de 5 cilindros, foi projectado para servir como avião de treino e de pulverização de plantações, mas acabou por ser utilizado em muitos outros fins, devido à sua fiabilidade, simplicidade e boas características de voo. A sua produção decorreu entre 1929 e 1953 na União Soviética, mas foi construído na Polónia até 1959. Números? Bem, estima-se que a produção total tenha superado as 40.000 unidades. VOOS CÉLEBRES Dimensões exteriores Altura Comprimento Envergadura Dimensões da cabine Altura Largura Comprimento Capacidade de bagagem O voo mais longo da história 8 ft 11 in (2.72 m) 27 ft 2 in (8.28 m) 36 ft 1 in (11 m) 48 in (1.22 m) 39.5 in (1 m) 11 ft 10 in (3.61 m) 30 ft3 (0.8 m3) Glass Cockpit (em cima) e Cockpit tradicional O F172 “Reims Rocket” / T-41 “Mescalero” Uma versão do 172F foi produzido na fábrica da Cessna em Reims (França) entre 1965 e 1971, residindo a principal diferença relativamente ao “primo” americano na utilização de um motor Continental IO-360D construído pela RollsRoyce; equipado com injecção de combustível, accionando um hélice de velocidade constante, a sua potência atingia os 210 CV (160 kW), daí a designação “Reims Rocket”. Também derivado do 172 é o Cessna T-41 “Mescalero”, encomendado pela Força Aérea e pelo Exército dos EUA no início da década de 60 para ser utilizado como avião de treino básico. Equipado, consoante a versão, com motores Continental O-300 (T-41A) ou Continental IO360 (T-41B/C/D), foram produzidas 867 unidades deste modelo. Diversos T-41 vieram a ser utilizados por outros países, fornecidos pelos EUA ao abrigo de programas de assistência militar, e julga-se que muitos ainda estejam operacionais. ao utilizar sobrealimentação, a redução de potência com a altitude é praticamente nula (o que não acontece nos motores atmosféricos), o que leva a que o TD tenha mais potência que o S acima dos 8.500 pés. A Cessna planeava ter o avião certificado no Verão de 2008, entregando as primeiras unidades ainda antes do fim do ano; infelizmente, em Abril de 2008 o fabricante do motor faliu, provocando de imediato o cancelamento de todas as entregas previstas e colocando mesmo em dúvida a existência futura do Skyhawk TD. Apesar de a Cessna, na altura, ter anunciado que mantinha a intenção de construir o avião, até à data o projecto parece ter sido congelado. . Em 4 de Dezembro de 1958, os pilotos Robert Timm e John Cook descolaram do aeroporto Las Vegas / McCarran a bordo do Cessna 172 com a matrícula N9172B, tendo aterrado no mesmo local em 4 de Fevereiro seguinte, após terem permanecido no ar durante 64 dias, 22 horas, 19 minutos e 5 segundos. Durante o voo, foram abastecidos de comida e combustível a partir de veículos rodando à mesma velocidade do avião, nas longas rectas do deserto à volta de Las Vegas. A razão que levou este voo épico a terminar? Após mais de 1.500 horas de funcionamento contínuo, e tendo já excedido o tempo normal entre revisões, o motor do avião mal conseguia mantê-lo no ar após os reabastecimentos... hoje em dia, podemos admirar esta aeronave heróica no terminal do aeroporto McCarran. Quem precisa de um F-117 quando se tem um Cessna 172? No dia 28 de Maio de 1987, um piloto alemão de 18 anos, Mathias Rust, descolou do aeroporto de Helsínquia a bordo de um Cessna F172P, matrícula D-ECJB, e conseguiu chegar até Moscovo, aterrando junto da Catedral de S. Basílio. Apesar de ter sido detectado diversas vezes pela defesa aérea soviética, não chegou a ser interceptado. Esta aterragem causou um enorme embaraço ao governo da então União Soviética, levando a demissões em massa dentro da sua estrutura militar, e muitos historiadores concordam em que o Presidente Mikhail Gorbachev aproveitou a ocasião para afastar militares de alta patente que se opunham à sua política de reformas. p.21 DESTINO texto e fotografias de Lena Avilez Turquia Pela Anatólia e Mediterrâneo Oriental p.22 REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo ma qui é espectacular co o da o st vi l so do er sc “O na quecer a região, fazendo es da.” soberba vista sobre bi su da e o esforço da despertar da alvora Mausoléu de Ataturk Ankara, (Anatólia Ocidental), capital da Turquia, é uma cidade moderna com boas ligações ao resto do país, quer seja por via aérea como terrestre. Aqui se situam vários museus, dos quais se destaca o das Civilizações da Anatólia que ocupa 2 edifícios otomanos recuperados e que contêm a maior colecção de antiguidades Hititas do mundo, civilização esta que se desenvolveu durante o II milénio a.C. e cujo império rivalizou com o EGIPTO. Dos utensílios paleolíticos até às belíssimas esculturas romanas e helénicas, sem dúvida a estatueta da Deusa-Mãe de Çatalhoyuk é a peça que mais se destaca. O Mausoléu de Ataturk impõe-se na paisagem urbana, fazendo a fusão entre os conceitos antigo e moderno. Ataturk, que foi o propulsor da República, governou entre 1922 e 1938, ano da sua morte, desenvolvendo e modernizando a TURQUIA em todos os aspectos, sendo por eles chamado de “Pai dos Turcos”. Na Capadócia, (Anatólia Central) região fantástica com paisagens lunares criadas pela erosão, formando cones, “chaminés de fada”, ao longo de muitos séculos, o destaque vai para o museu Goreme Open Air, considerado pela UNESCO Património Mundial da Humanidade, com uma concentração ímpar de Capelas e Mosteiros escavados na rocha, tendo sido Vale de Göreme construídas, escavando o macio tufo vulcânico, mais de 30 Igrejas datadas a partir do séc.IX e que mostram soberbos frescos bizantinos com cenas do Antigo Testamento e da vida de Cristo. (Igrejas de Tokli, Karanlix, Yilanli, Barbara, Elmali, etc.). A cidade subterrânea visitada, Kaymakli, é uma das 36 que se pensa existirem nesta região. Cobrindo 25Km2, com 8 níveis, e 60 metros de profundidade, tem um bom sistema de ventilação. Inclui estábulos, lagares, cozinha e aposentos, e até uma igreja. Encostadas às paredes vêem-se mós que, empurradas, serviam de portas para selarem determinadas zonas estratégicas da povoação. Em Kahta (Anatólia Oriental), pode ver-se a grande barragem de Ataturk, (a 4ª maior do mundo), construída na bacia do rio Eufrates, mas a principal atracão é a sua proximidade ao Monte Nemrut que, supostamente, contém o túmulo de Antíoco I e que reinou no “Reino de Comagena” entre 64 e 38 a.C. Construiu as grandes cabeças de pedra aqui existentes dele próprio e dos maiores Deuses. O nascer do sol visto daqui é espectacular com a soberba vista sobre a região, fazendo esquecer o despertar da alvorada e o esforço da subida. A cidade de Sunliurfa, (pleno Curdistão), onde nasceu Abraão, foi povoada pelos povos Hurri há 5.500 anos, tendo sido ocupada depois p.23 Capadócia por vários povos - Hititas, Assírios, Gregos, E Romanos; pode dizer-se que foi o berço desta civilização. A Igreja de S. JOÂO encontra-se na zona velha da cidade. A 30Km visitámos a aldeia de Harran, cujas casas construídas em adobe têm um aspecto singular devido aos seus tectos em forma de abóbada, ficando perto as ruínas da mais antiga Madrassa do mundo /Universidade onde era ensinado o Corão) - Madrassa de Karatay. Em Antakia, (Antioquia) a meia dúzia de Km da SÍRIA, depois de vermos a Gruta de S. Pedro – Igreja/cave berço do Cristianismo, onde se crê que o Apóstolo Pedro tenha celebrado a 1ª Missa, rumámos ao Museu dos Mosaicos onde se encontram uma das mais ricas colecções de Mosaicos Romanos e Bizantinos do mundo. Iniciámos o regresso pela Costa Mediterrânica e de caminho para Antalya, em Anamur, percorremos o complexo de banhos de “Anamuryum” situado num promontório costeiro na ponta mais a sul da Turquia. Esta estância, fundada no séc. I, floresceu com os Bizantinos, mas devastada por um sismo no ano 580, foi abandonada mais tarde, mantendo ainda mosaicos e frescos em boas condições. Antalya é a principal cidade desta zona conhecida como a Riviera Turca, tendo uma Capadócia p.24 REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Cataratas de Duden em Antalya vista soberba sobre as águas turquesas do Mediterrâneo. Tem para ver um minarete de ladrilho mandado construir no início do séc. XIII e a Porta de Adriano do ano de 130 d.C. A 18 Km situa-se Perge com um Coliseu greco-romano com capacidade para 25000 pessoas, e um Teatro para 15000 espectadores. A 34 Km as ruínas de Termessos com um Teatro Grego com capacidade para 4200 pessoas, um Ginásio e um Odéon, cujas paredes de 10 metros de altura ainda se conservam. A 49 Km Aspendos com um rio navegável onde se ergue uma Ponte de 1.180 a.C. construída pelos selyucidas. O Teatro do séc.II a.C. com capacidade para 15.000 espectadores, é o mais bem conservado Teatro Romano da de Duden antes as Cataratas on si es pr im o sã .. “. mar.” que se despenham no Ásia Menor. É ainda usado no verão, continuando com uma acústica perfeita. Nos arredores são impressionantes as Cataratas de Duden que se despenham no mar. De novo na Anatólia Ocidental, em Kónia, de forte inclinação islâmica e arquitectura selyucida, podemos ver o impressionante Museu Mevlâna de cúpula em azulejos verdes, sede da seita dos Dervishes Dançantes ou Rodopiantes, fundada no séc.XIII e que são considerados uma atracção do país. De referir ainda a Mesquita de Aladdin com os melhores azulejos selyucidas, e o Museu de Konya com uma maravilhosa colecção de cerâmica e azulejos. . Como ir: Lisboa/Istambul pela TAP/TURKISH AIRWAYS com ligações aos principais aeroportos do País. Quando ir: No Verão para a Costa Mediterrânica Na Primavera ou início do Outono para a Anatólia, já que o Verão é muito quente. p.25 ECOS DA IMPRENSA por Carlos Valdrez TRÊS ANOS DEPOIS!!! (fonte: CNN, FAA, NATCA, The Wall Street Journal) Uma selecção de interesse ATC Tal como a decisão do presidente Ronald Reagan (em 1981) de despedir os CTA’s em greve agitou as relações laborais nos sectores público e privado, também os últimos anos da presidência de George W. Bush tiveram um impacto negativo na carreira CTA (nos EUA), com a imposição de cortes salariais e rígidas normas laborais, aquando do impasse das negociações em 2006. A crescente tensão entre NATCA e FAA levou à reforma de muitos CTA’s, aumentando a proporção de CTA’s com menos experiência nas torres de controlo. Desta vez a administração Obama chegou a um entendimento com os controladores! As condições de trabalho e a remuneração foram os principais temas em cima da mesa. FAA e NATCA garantiram maior flexibilidade de horário e apoio aos filhos dos funcionários entre outros ganhos. Atingiu-se também o objectivo da FAA em flexibilizar a gestão dos controladores pelos órgãos de aeroportos mais congestionados através de um incentivo financeiro. O acordo celebrado teve efeito a partir do passado mês de Outubro e faz uma distribuição da retribuição de uma forma mais homogénea, a harmonizar durante os próximos 3 anos. A FAA estima que a média anual das remunerações passará de cerca de $142 000 para os $157 000. O acordo prevê também maior participação nas alterações técnicas e processuais bem como na implementação do NextGeneration (equivalente norte americana do SESAR). A FAA poderá ainda beneficiar do envolvimento dos CTA’s no redesenho do, já congestionado, espaço aéreo de Nova Iorque e na transição para o novo sistema de controlo de tráfego aéreo. Fica assim sinalizado o crescente papel que os sindicatos dos funcionários públicos poderão desempenhar noutras agências federais. TORRE DE CONTIGÊNCIA??? (fonte: NATS) A NATS Services Ltd (NSL) desenvolveu e colocou ao serviço uma sala de controlo de contingência, para o aeroporto de Heathrow, prevendo a possibilidade do impedimento da utilização da torre. Esta é a primeira sala remota de contingência certificada. A “Virtual Contingency Facility” (VCF) resultou das preocupações da BAA e das companhias em aumentar a resiliência do aeroporto em caso de emergência. Heathrow pode agora continuar em funcionamento mesmo depois da ocorrência de um evento que afecte a torre de controlo, com os atrasos e custos associados a esse evento significativamente reduzidos. Num edifício sem janelas e fora do aeroporto, o VCF pode operar 70% da capacidade do aeroporto, multiplicando por sete a resposta que até agora poderia ser dada. A VCF é baseada nos procedimentos estabelecidos e aprovados pelo regulador, que permitem a operação em baixa visibilidade. p.26 REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo A utilização de tecnologia de vigilância associada às comunicações rádio permite a monitorização dos voos por parte dos controladores. Esta é uma solução com uma melhor relação qualidade/preço, relativamente à construção de uma torre secundária, e por ser uma réplica exacta da sala de controlo do topo da torre e utilizar os procedimentos já implementados tornam-na muito familiar aos elementos da equipa. ANA AINDA NA ÁSIA... (fonte: Público) A ANA, com 49% da empresa gestora do aeroporto de Macau (ADA – Administração de Aeroportos, Lda) a par da CNAC (China National Civil Aviation) com 51%, garantiram a gestão do mesmo até 2011 depois de durante as negociações alcançarem o acordo com a proprietária. As dificuldades criadas pela CAM (Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau S.A.R.L.), detida em 55% pelo Governo de Macau, foram ultrapassadas ficando a CAM com maior controlo financeiro, com a colecta das receitas (antes a cargo da ADA) e com o controlo das subconcessionárias. Segundo a ANA, a revisão do contrato inicialmente proposto, previa ainda a nomeação do director do aeroporto e o controlo dos fornecedores de serviços pela CAM. A CAM notificou a ADA, em Janeiro do ano transacto, afirmando a sua pretensão de não renovar o contrato por mais cinco anos por não se adaptar à realidade actual e a sua intenção de adquirir 20% do capital da ADA. Neste cenário, o governo de Macau reuniu-se com as partes pondo de lado esta hipótese e defendendo a prorrogação do contrato por dois anos, a transferência das responsabilidades de cobrança de receitas, a gestão dos contratos das entidades subconcessionadas pela CAM e acrescentou que seria o governo, ao fim de um ano, a escolher a entidade exploradora dos serviços de controlo de tráfego aéreo. Segundo a mesma fonte a presença da ANA em Macau não se deve apenas às raízes que Portugal deixou na região mas essencialmente ao objectivo estratégico de exportação de know-how para o mercado daquele continente. ATENÇÃO AOS DESENVOLVIMENTOS... (fonte: CNN) A European Cockpit Association (ECA) e a European Transport Worker’s Federation (ETF) organizaram protestos exigindo que as regras da União Europeia para a gestão dos tempos de voo sejam comparadas com estudos científicos recentes. O Moebus Report (requerido pela EU em Setembro de 2008) recomenda que a tripulação não pode operar mais de 13 horas durante o dia e 10 durante a noite enquanto a regulamentação existente estipula um máximo de 14 durante o dia e quase 12 à noite. O presidente da ECA afirmou que apesar do estudo ter sido conduzido pelos melhores cientistas da Europa e a pedido da EASA, o que só lhe dá mais credibilidade na elaboração da nova regulamentação, as suas recomendações terão sido ignoradas aquando da produção de novas propostas para o licenciamento de tripulações, em Janeiro de 2009. A EASA criticou os protestos e o seu timing por não contribuírem para o debate que ainda não aconteceu, indicando ainda que os sindicatos e as companhias serão convidados a participar neste processo. Actualmente a lei europeia possui 2 níveis diferentes para esta regulamentação, ou seja, estabeleceu um mínimo a ser cumprido e deixou a cargo de cada país a possibilidade de a tornar mais exigente. FALHAS DE SISTEMAS! ONDE? (fonte: NATCA, FAA, NATS, CNN, The Guardian) No final do Verão, o erro de uma empresa subcontratada pela FAA levou à falha da Infraestrutura de Telecomunicações, durante 20 minutos, num dos maiores centros de controlo de tráfego aéreo dos Estados Unidos da América (Oakland Center), deixando mais de metade dos CTA’s de serviço sem comunicações com as aeronaves nem com outros órgãos. Foram os próprios telemóveis que serviram de meio de coordenação e instrução às aeronaves por retransmissão nas frequências de emergência, por outros centros. Tudo começou quando foi detectado um problema numa manutenção das linhas de telefone e comunicações e activado o sistema de backup. No entanto, não foi dada qualquer informação aos controladores nem existia qualquer indicação de que isso deveria ser feito. Quando as redundâncias foram abaixo metade das posições do centro de controlo ficaram mudas... Nos primeiros dias de Outubro a FAA teve mais um revés em mais um importante teste ao novo sistema para os grandes centros de controlo. O sistema esteve operacional durante a noite, com pouco tráfego, mas falhou com o pico de tráfego da manhã, deixando os controladores com uma enorme carga de trabalho principalmente devido à falta de treino dos CTA’s no novo sistema e no sistema de backup. O arranque do sistema de backup em vez de resolver o problema trouxe consigo novos erros como o desaparecimento da informação de sob a alçada da informação do centro de Salt Lake City chegando a ser necessário parar as descolagens e impor restrições aos sobrevoos oriundos dos 5 centros adjacentes. O programa En Route Automation Modernization (ERAM) pretende trazer mais flexibilidade, um melhor sistema e um novo “cérebro” para a gestão do espaço aéreo mas a existência de diversos erros e problemas associados tem levado à desconfiança por parte dos controladores. A NATCA afirma que a FAA apresentou prazos pouco realistas e que a não incluiu no processo, conduzindo à inexistência de planos de treino e de contingência que poderiam ter amenizado os impactos negativos. Também no início de Outubro uma falha no Shanwick Automated Airtraffic System, utilizado no centro de controlo oceânico em Prestwick, levou a atrasos em dezenas de aeronaves depois da passagem para o sistema de backup. p.27 AIRPROX por Carlos Valdrez Safety Nets O papel fundamental das checklists p.28 REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo rolar para a pista 36L. Às 1423 a aeronave estava na cabeceira da pista 36L, sendo autorizada para descolar. Foram percorridos 1950m na corrida de descolagem e atingida a altura de 40 ft antes do acidente. A aeronave foi destruída como resultado do impacto e consequente incêndio. Das 172 pessoas a bordo, 154 faleceram incluindo os 6 membros da tripulação. Dezoito passageiros, incluindo 3 menores, sofreram ferimentos graves. No dia 20 de Agosto de 2008, o McDonnell Douglas DC-9-82 (MD-82) com o registo ECHFP, operado pela Spanair, descolou de Barajas com destino a Las Palmas mas despenhou-se imediatamente resultando na perda de 154 vidas das 172 a bordo. DESCRIÇÃO O MD-82 da Spanair iniciou o dia descolando de Barcelona, com destino a Madrid e a mesma tripulação iria prosseguir depois para Las Palmas (JKK5022) com a partida prevista para as 1300 (sempre em horas locais). Depois de autorizado pela Torre de Controlo, o JKK5022 seguiu para a pista 36L desde o Stand T21, na placa do terminal T2 de Barajas. Chegado à cabeceira da pista, a tripulação reportou um problema e informou o controlo de que necessitava de sair da pista para regressar à placa. A indicação de temperatura elevada no sensor RAT (Ram Air Temperature) obrigou a voltar ao parqueamento e foi requerida a assistência dos técnicos de manutenção. Após a verificação da lista de equipamento mínimo (MEL), o técnico concordou com o comandante, relativamente ao facto de não precisar do aquecimento da sonda em funcionamento por não haver previsão de gelo para a rota e considerou a aeronave operacional. Às 1408 o MD-82 foi novamente autorizado a iniciar motores e discutiu-se a possibilidade de realizar uma descolagem manual. A tripulação executou então os checklists de prestart e before start. Depois de iniciar os motores foi executado o start checklist. O item flaps/slats foi omisso devido ao pedido do comandante para o co-piloto requerer a autorização para INVESTIGAÇÃO (relatório interino) Alguns sistemas da aeronave dependem do valor da temperatura exterior para assegurar o seu correcto funcionamento. Isto é feito por uma sonda RAT localizada na fuselagem, sob o cockpit. De modo a impedir a formação de gelo, que bloquearia a sonda, é incluído um sistema de aquecimento que funciona apenas enquanto a aeronave se encontra no ar. Normalmente, um interruptor (R2-5) fornece energia ao sistema TOWS (Take Off Warning System) quando a aeronave se encontra no solo e interrompe-a assim que descola, passando nesse momento a alimentar o aquecimento da sonda RAT. O DFDR (Digital Flight Data Recorder) indica que a sonda RAT teve medições inconsistentes durante a rolagem. Desde o stand até à cabeceira da pista a temperatura medida pela sonda aumentou desde os 56 °C até aos 185 °C. Os testes realizados (inspecção visual, boroscópica e radiográfica) ao interruptor R2-5, encontrado no local do acidente ainda não lhe encontraram qualquer falha. Por explicar fica no entanto o comportamento anormal e o sobreaquecimento aquando da sua activação com 115 V. Estes dados ainda estão a ser analisados sendo provavelmente necessário proceder à desmontagem do dispositivo para uma análise suficientemente conclusiva. O CVR (Cockpit Voice Recorder) revela a forma como o co-piloto faz o Takeoff Imminent verificando os valores da posição do centro de gravidade (eight) e flaps (eleven) chegando mesmo a repetir o valor dos flaps que deveria ler na janela indicadora de flaps/slats e na roda graduada da alavanca dos flaps/slats. No entanto as provas físicas contradizem essa leitura. A forma como funciona o sistema de flaps/slats torna improvável que ambos os LCD’s, que recebem informação directamente de sensores localizados nos flaps tenham mostrado 11º se estes se encontravam recolhidos. Para isto acontecer, os sensores de ambas as asas, que são independentes, teriam de transmitir informação errónea e igual entre si. A conclusão mais provável indica que a verificação dos itens flaps/slats não resultou da visualização da indicação no cockpit e portanto as superfícies não estariam estendidas durante a descolagem. A investigação também indicou que o sistema TOWS não foi activado. Este sistema avisa a tripulação de uma configuração inadequada para a descolagem, nomeadamente posições incorrectas de flaps, slats, trim, parking brake, auto brake e/ou spoilers. O CVR não gravou nem a voz sintética nem a buzina, o que deveria acontecer assim que se desse potência aos motores. Apesar de os avisos de stall e o EGPWS (Enhanced Ground Proximity Warning System) terem sido gravados imediatamente após a rotação, o sistema de configuração de descolagem inadequada (TOWS) nunca o foi durante toda a corrida de descolagem e até ao fim da gravação após o primeiro impacto no solo, registado às 142424 com uma aceleração vertical de 3,17g. Os dados da investigação indicam uma configuração inadequada para a descolagem e as inspecções ao local do acidente comprovaram que os slats se encontravam recolhidos mas ainda não se chegou a uma conclusão final das posições dos flaps. Os valores gravados no DFDR indicam que os flaps se encontravam recolhidos durante a rolagem, a corrida de descolagem e toda a sequência que levou ao acidente. As marcas do impacto na asa demonstram também a posição recolhida de slats e flaps. A interrupção causada pelo regresso da aeronave ao parqueamento, a pressão causada pelo atraso e o incumprimento da totalidade dos procedimentos de cockpit foram considerados factores contributivos. A CIAIAC (Comisión de Investigación de Accidentes e Incidentes de Aviación Civil) considerou que foram quebradas barreiras de segurança através das falhas nos procedimentos de cheklists e no sistema TOWS. NOTA 1 O sistema de checklists, estabelecido pelo operador, define um conjunto de instruções para as tripulações executarem as suas funções. Antes do início do voo existem os seguintes checklists para os MD-80: prestart, after start, taxi e takeoff imminent. O manual p.29 de operações da frota do MD80 referia que as listas deveriam ser lidas e o readback deveria ser num tom de voz elevado e claro. Os termos “set” e ”checked” são uma indicação de que o elemento em causa foi ajustado ou que uma peça relevante do equipamento está a operar normalmente. O termo “as required” não deveria ser utilizado, devendo ser especificada a posição ou indicação do elemento em questão. No final de cada checklist deveria ser referido o nome do mesmo, bem como a expressão “cheklist completed”. Neste mesmo manual não estão especificadas as interrupções que ocorrem durante a preparação do voo, quando ocorre alguma falha que envolva a volta ao stand. Na eventualidade dos checklists não serem concluídos é referido que se deve colocar o mesmo num local que permita relembrar os pilotos de que a sua conclusão é necessária. NOTA 2 EASA: A29 de Outubro de 2008 a EASA emitiu uma directiva de aeronavegabilidade (EASA AD N.º 2008-0197) onde permitia 15 dias para a inclusão da verificação do TOWS antes de iniciar motores, em cada voo. A 5 de Novembro de 2008 a FAA emitiu um alerta de segurança para os operadores (SAFO 08021) referindo que a mitigação do problema da descolagem com configuração inapropriada poderia ser feita através de sistemas de aviso p.30 e de procedimentos operacionais standard. Foi recomendado que as Operações, a Manutenção e os Gestores da formação revissem os seus procedimentos de modo a assegurar que a manutenção e os procedimentos operacionais fossem efectivos na operação apropriada do TOWS. Também foi referida a necessidade urgente do pessoal da manutenção ter formação adequada. No entanto estas instruções não são mandatórias… A Spanair reviu duas vezes o seu manual de operações (Setembro e Março): o checklist de prestart tem de se completar, o TOWS tem de ser verificado em todos os voos, no fim de cada checklist foi introduzido um item questionando a sua conclusão, o taxi checklist inclui agora um item de verificação dos flaps, o take off imminent list foi modificado especificando a leitura pelo co-piloto e o readback pelo comandante. NOTA 3 Acidentes envolvendo configurações de descolagem inadequadas: MD-82 Northwest Airlines, Detroit, 1987, iniciou a corrida de descolagem e depois da rotação a aeronave começou a inclinar-se até bater no chão. A investigação do NTSB determinou que a causa provável foi uma falha da tripulação na utilização do taxi checklist que provocou a inadequada configuração dos flaps REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo e slats para a descolagem. A investigação revelou ainda que a falha de energia do TOWS resultou do mau funcionamento de um interruptor ou da sua abertura intencional. Foi elaborado um telex para todos os operadores daquela aeronave recomendando a alteração dos checklists de modo a incluir a verificação do TOWS antes de cada voo. B727, Delta Airlines, Dallas-Fort Worth, 1988. Despenhou-se após a descolagem sem qualquer aviso sonoro ou visual durante a corrida de descolagem. O NTSB determinou que a causa provável foi a falta de disciplina de cockpit, resultando na tentativa de descolagem sem a configuração correcta de flaps e slats e também, a falha do TOWS em alertar a tripulação do erro de configuração. A investigação concluiu que o interruptor que completava o circuito para a alimentação do TOWS estava aberto e anotou a contaminação dos contactos internos do interruptor que também estava associado com a operação do throttle do motor número 3. B737, Mandala Airlines, Medan (Indonesia), 2005. Despenhou-se durante a descolagem tendo a investigação revelado que a aeronave não estava na configuração de descolagem pois flaps e slats não estavam na posição adequada. Como causas prováveis foram consideradas a falta de sustentação provocada pela falta da extensão, a execução inadequada dos checklists e a falha de activação do TOWS. Entre 2000 e 2008 a Boeing recebeu um total de 103 reportes relativos a erros de leitura da temperatura ambiente. Destes casos, 71 resolveram-se com a substituição do relé R2-5 (interruptor electromecânico), 18 pela substituição da sonda RAT, 1 pela substituição do relé e da sonda RAT, 2 foram adiados de acordo com o MEL (Minimum Mquipment List), 1 substituindo o TRI (Thrust Rating Indicator), 1 fazendo o reset do LH Ground Control Relay, 2 por outros procedimentos de manutenção e 7 não puderam ser reproduzidos. . Fonte: CIAIAC Interim Report A-032/2008, aprovado a 4 de Agosto de 2009 ESPECIAL SÓCIOS 20º Torneio de Ténis APCTA O 20º Torneio de Ténis da APCTA vai realizar-se este ano no Funchal do dia 23 a 26 de Abril, num complexo de ténis com 3 courts de piso rápido. Esperamos temperaturas amenas e se tudo correr bem alguns mergulhos nas águas quentes do Oceano Atlântico aqui na Madeira. Como complemento ao torneio vamos organizar um passeio de barco onde poderá ver golfinhos e baleias. No final deste passeio poderá dar um mergulho nas águas azuis e quentes do Cabo Girão. Por questões de agenda agradecíamos que os interessados se inscrevessem o mais brevemente possível para que possamos organizar toda a logística em torno deste evento que, pela primeira vez, será organizado no Funchal. Mais informo que após o dia 31 de Março os preços serão sujeitos a um acréscimo de 25% e à existência de vaga na matriz da prova. A inscrição só é válida quando acompanhada do pagamento das respectivas actividades. INSCRIÇÕES > http://apctamadeira.blogspot.com/ OPEN PLAYER: Inscrição no Torneio Welcome Party T-Shirt Cartão Torneio Acesso Complexo de Ténis Águas (durante os jogos) Frutas (durante os jogos) Jantar de Encerramento Entrega de Prémios Pack ACOMPANHANTE: Welcome Party T-Shirt Cartão Torneio Acesso Complexo de Ténis Águas (durante os jogos) Frutas (durante os jogos) Jantar de Encerramento Pack Extra - JANTAR TÍPICO: Menu Típico Madeirense Inclui Entradas, Prato Principal, Sobremesa, Bebidas e Café Shuttle Hotel – Restaurante – Hotel Pack Extra - OPEN WATER: Viagem de Barco à Costa da Madeira Observar golfinhos, baleias e tartarugas no seu ambiente natural 50€ Adulto 40€ Adulto / 30€ Criança (6 aos 11 anos) 17€ Adulto / 8€ Criança (6 aos 11 anos) 25€ Adulto / 15€ Criança (6 aos 11 anos) *Caso ocorram condições meteorológicas adversas que comprometam a realização das actividades previstas a organização procederá ao ajustamento das mesmas de modo a não lesar os participantes HOTEL DO EVENTO Hotel Lido Atlântico - 4 * Quarto Duplo: 70 Euros p/noite Quarto Single: 67 Euros p/noite Cama Extra: 16 Euros p/noite Localizado no coração do Funchal no complexo balnear do Lido, rodeado por restaurantes, bares, lojas e cafés, o Lido Atlântico é um moderno hotel de 4 estrelas a 15 minutos a pé do centro da cidade. O hotel possui 72 quartos e 2 suites junior, completamente equipadas com ar condicionado, vidros duplos, frigorifico, varanda, TV cabo, cofre (aluguer) e um quarto de banho privativo com banheira, chuveiro e secador de cabelo. As suites junior possuem ainda salão de estar e kitchenette. Dos serviços disponiveis salientamos o restaurante “Atlântico” que funciona 24 horas, um cocktail bar no lobby, bar e snack-bar junto à piscina aquecida, serviço de lavandaria, ginásio e médico 24 horas. COMPLEXO DE TÉNIS Aqui ficam algumas fotos do Complexo de Ténis do Funchal. Informamos também que chegamos a acordo com o Bar anexo ao Complexo de Ténis para que fique aberto durante todo o torneio. Este bar serve refeições rápidas, sandes, bolos, cafés, bebidas energéticas, etc... O Complexo de Ténis é composto por três campos de piso rápido. As inscrições deverão ser feitas através do email [email protected] com os seguintes dados: Nome do jogador e no telemóvel / Nomes dos acompanhantes / Tamanho das t-shirts / No de noites e tipo de quarto / Pack’s pretendidos A inscrição só é válida após a recepção do comprovativo do pagamento (digitalização do talão de transferência bancária para o seguinte NIB: 0007 0018 0022 3660 0037 8 – Titular: Hugo Lopes). Após 31 de Março – acréscimo de 25% PROGRAMA PROVISÓRIO 23 de Abril Chegada 22h00 Welcome Party 24 de Abril 25 de Abril 26 de Abril 09h30 - 13h30 Torneio 09h30 - 13h30 Torneio 09h30 - 13h30 Torneio 14h30 - 18h30 Torneio Tarde livre ou Actividades Programadas 15h00 - 17h30 Torneio - Finais 20h30 Jantar Típico Madeirense 20h30 Jantar 19h30 Jantar de Encerramento e Entrega de Prémios PATROCINADORES Deixamos desde já um agradecimento aos nossos patrocinadores: p.31 BREVES 1. 57º Aniversário da FAP Festival aéreo na BA1 Sendo 2009 não só o ano do seu 57º aniversário, mas também o do centenário da aviação em Portugal, a FAP organizou na Base Aérea nº1 (Sintra), no início do passado mês de Julho, um conjunto de eventos, abertos ao público em geral, comemorativos destas efemérides. Num dos hangares da base foi instalada a Exposição Temática da Força Aérea Portuguesa, onde, em 35 expositores, estiveram patentes todas as suas áreas de actividade, bem como aeronaves, armamento e viaturas – para nós, foi uma agradável surpresa ver, pela primeira vez, o “nariz” do Boeing 707 ex-República do Zaire desmantelado em Lisboa em Setembro de 2006, agora restaurado e pintado com as cores da TAP (lado esquerdo) / FAP (lado direito). No exterior, numa das placas de estacionamento da base, 20 aeronaves em exposição estática representavam o passado e o presente da FAP Mostrando que a FAP não se resume a aviões, foi possível ainda observar demonstrações pelos tratadores e cães do Centro de Treino Cinotécnico da Força Aérea (CTCFA), bem como efectuar visitas às viaturas de combate a incêndios e passeios em viaturas Condor de transporte de pessoal. O dia 5 de Julho, último dia destas comemorações, foi preenchido com o Festival Aeronáutico Internacional, com demosntrações de inúmeras aeronaves militares, não só da FAP (históricas e actuais: planadores ASK 21 e Blanik, Chipmunk, Do-27, C-212, C-130, F-16, Alouette III, P-3P, EH-101, C-295M, Falcon 50, e, claro, as patrulhas Asas de Portugal e Rotores de Portugal), como também o helicóptero Lynx da Marinha Portuguesa e o espectacular Eurofighter Typhoon do Ejercito del Aire de Espanha. Também participaram aeronaves civis: duas a ilustrar os primeiros tempos da aviação – os quase centenários Blériot XI type 2 e Morane H (que não deixaram de sentir algumas dificuldades com o vento que se fazia sentir), a patrulha Smoke Wings com os seus Yak-52, o Boeing Stearman, o Piper Colt e o Chipmunk da Aero Fénix, Cessna 172 do Aeroclube de Portugal e o sempre espectacular Extra 300. Resumindo, parabéns à FAP, não só pelo seu aniversário, como também pela qualidade do festival que organizou, tendo proporcionado a quem se deslocou à BA1 um dia inesquecível. (As fotos são da autoria de André Garcez, a quem a FL agradece a cedência). 2. Sejam muito bem vindos!! p.32 A FlightLevel deseja as maiores felicidades aos heróis que chegaram ao fim do seu curso ab-initio. Os “futuros colegas” do FI005 iniciaram os estágios nos locais de colocação em Janeiro. São eles (da esquerda para a direita): Gustavo Inverno (Horta), Roberto Fernandes (Funchal), Nuno Correira, Nelson Cabrita, Tiago Reis, Pedro Dias (todos Santa Maria). REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo HUMOR EM BANDA por Leonor Ferreira REVISTA DA APCTA. VOL2#15. FEV10 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo
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