eSales STIHL

Transcrição

eSales STIHL
REVISTA 21 É FINALISTA DO 6O PRÊMIO SEBRAE DE JORNALISMO
REVISTA DA ACIJ
Economia l Negócios l Tendências
Joinville, maio/junho 2014. No13
R$ 10
EFEITO
COPA
Analistas refletem sobre o
impacto de uma possível
vitória da seleção brasileira
na cena político-econômica
4
Visão Acij
Nem otimismo, nem surpresa
Carlos Rodolfo Schneider, vice-presidente da Acij
O desencanto dos investidores internacionais com o Brasil após
a euforia dos primeiros anos que se seguiram à crise de 2008 demonstra a superficialidade com a qual são analisados os fundamentos econômicos dos países. Tanto o otimismo inicial quanto
a surpresa atual são injustificáveis. As políticas anticíclicas adotadas pelo governo após a crise já permitiam enxergar a realidade presente. As decisões foram acertadas, no que estimularam o
consumo das famílias, especialmente pelo aumento do crédito
até então escasso. Mas era previsível que, em algum momento,
seria atingido o limite prudencial de endividamento dessas famílias, quando o Brasil deveria ter disponíveis outros apoios para
continuar sustentando o crescimento econômico.
Por outro lado, as políticas foram equivocadas no que criaram
despesas públicas permanentes, quando o próprio nome diz que
esses estímulos deveriam ser transitórios, para aquecer temporariamente a economia. Aumentos de quadros e de salários de servidores, por exemplo, que são incomprimíveis, se ajudaram a evitar
a recessão, contribuíram com a criação de um problema que hoje
trava o crescimento: excesso de gastos públicos correntes e baixa
taxa de investimento. O investimento que deveria ter sido a prioridade para reforçar a competitividade da economia foi sempre sacrificado para fechar as contas nacionais, quando não travado por
burocracias intermináveis e corrupção institucionalizada.
Ao mesmo tempo em que apostava todas as cartas no consumo da nova classe média, o Brasil beneficiou-se enormemente
com a demanda chinesa por commodities. Esse fator nos permitiu
acumular um volume inédito de reservas internacionais, cegando
as autoridades para um crescente processo de perda de competitividade da economia, que vinha afetando fortemente a indústria
de transformação no país. Questões que não se pode perder de
vista na campanha eleitoral que vem aí.
Nesta edição, a partir da página 32, analistas convidados pela
Revista 21 refletem sobre o cenário político-econômico após a
Copa do Mundo.
revista
TAMBÉM NESTA EDIÇÃO
4 Abre aspas
Nova queda do país em ranking de competitividade
18 Objetos do desejo
Bola no pé – e a cervejinha
na temperatura ideal
20 Briefing
Certificações atestam
segurança hospitalar
30 Em números
Por trás das estatísticas na geração de empregos
40 Performance
Ferramentarias querem ver
o Inovar-Auto deslanchar
44 Espaço Acij
Aguiar apresenta
balanço da gestão
58 Ponto e contraponto
Qual deve ser o o foco da
governança corporativa?
62 Cabeceira
Literatura é tema de
programa na TV Sesc
68 Vitae
Luiz Carlos Boebel tem
veia de empreendedor
Publicação bimestral da Associação Empresarial de Joinville (Acij)
Conselho editorial: Ana Carolina Bruske, Carolina Winter, Débora Palermo Melo, Diogo Haron, Simone Gehrke. Jornalista
responsável: Júlio Franco (reg.prof. 7352/RS). Produção: Mercado de Comunicação. Editor: Guilherme Diefenthaeler (reg.
prof. 6207/RS). Reportagem: Letícia Caroline, Ana Ribas Diefenthaeler, Marcela Guther, Karoline Lopes, Mayara Pabst. Diagramação, ilustrações e infográficos: Fábio Abreu. Imagem da capa desta edição: ilustração de Fábio Abreu. Fotografia: Peninha Machado, assessorias de imprensa. Impressão: Impressora Mayer. Tiragem: 3,5 mil exemplares. Contato: revista21@
mercadodecomunicacao.com.br. Publicidade: César Bueno, (47) 9967-2587 e 3801-4897. Correspondência: Av. Aluisio Pires
Condeixa, 2550 - Joinville/SC. Site: www.acij.com.br. Twitter: twitter.com/acij. Facebook: www.facebook.com/acijjoinville
revista
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Abre aspas
O evento que é
um curso de gestão
Guilherme Diefenthaeler
Quase um MBA intensivo, em apenas três dias, e com
cerca de 20 horas de verdadeiras aulas ministradas
por mestres da cena corporativa. Nascida no âmbito
da Acij, a Expogestão chegou ao ano 12 consagrada
como um dos principais eventos nacionais voltados a
refletir sobre os desafios da gestão, reunindo lideranças empresariais dos mais diversos matizes que vêm
compartilhar segredos de sua trajetória de sucesso.
Em casa nova, no complexo Expoville, o encontro reuniu público de 3.200 pessoas, com muita gente de
fora de Joinville – a organização registrou participantes de 115 cidades de 11 Estados – e 6.800 visitantes na
feira de negócios paralela ao congresso.
O palco se abriu e fechou com chave de ouro. Na
primeira conferência, o fundador do Pão de Açúcar,
Abílio Diniz, que em 2013 promoveu uma guinada
em sua carreira de meio século de varejo ao assumir
o comando do conselho de administração da BRF,
uma das maiores empresas mundiais de alimentos.
Na última, o presidente da BMW, Arturo Piñeiro. Ao
todo, 16 renomados palestrantes abordaram temas
como empreendedorismo, inovação e competitividade, comportamento, nova geração, design, qualidade
de vida e mundo digital. “A Expogestão se destacou
pela grade qualificada, o que traz um ‘problema’
para 2015: como superar a programação deste ano”,
orgulha-se o presidente da comissão organizadora,
Albano Schmidt.
Nas próximas páginas, entrevistas com dois convidados que marcaram presença neste ano: o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral (FDC), e o
antropólogo Roberto DaMatta.
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ANDRÉ KOPSCH/DIVULGAÇÃO
Carlos Arruda
“Chegamos a um ponto de urgência”
Titular do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da
Fundação Dom Cabral (FDC), uma das mais reputadas
escolas de negócios do Brasil, o engenheiro mecânico
Carlos Arruda, doutor em Administração Internacional
pela Universidade de Bradford (Inglaterra), foi portador
de más notícias em sua conferência na Expogestão. No
mesmo dia, coincidentemente, a FDC e o International
Institute for Management Development (IMD) anunciavam os resultados da versão 2014 do Índice de Competitividade Mundial. A conclusão é desalentadora: pelo quarto ano seguido, o Brasil desce alguns degraus no ranking
revista
internacional, ocupando o 54º lugar, dentre os 60 países
classificados nesse indicador que mescla fatores econômicos e regulatórios com percepções do empresariado
para definir patamares de competitividade. “O Brasil
está piorando em relação ao próprio Brasil”, lamentou o
professor. Nesta entrevista à Revista 21, ele alerta para a
emergência de algumas reformas, mas rejeita o “mito”
de que o setor público brasileiro é ineficiente por natureza e, mesmo ante o quadro geral traçado pela pesquisa,
defende uma atitude empreendedora para substituir o
negativismo por uma “agenda construtiva”.
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Os resultados da pesquisa
surpreendem? Em que aspectos?
Sim, mas não tanto. É o que eu chamo de “fenômeno Argentina”. O
que se observou, na Argentina, na
Turquia, na Grécia, é que, se os fatores sistêmicos – desempenho da
economia e eficiên­cia de governo –
não avançam, eles tendem a gerar
um retrocesso também nos demais.
O que se tem são dois indicadores
em declínio. Mesmo que os outros
pontos relacionados à competitividade (infraestrutura e eficiência
empresarial) estejam sustentando,
há tendência de impacto negativo,
porque envolvem o próprio modelo,
à medida que a atividade empresarial é naturalmente dependente
do contexto em que opera. Se não
se faz reformas na legislação, não
aumenta a eficiên­
cia do processo
administrativo público e os fatores
econômicos (taxa de juros etc.) não
melhoram, isso se reflete na atividade empresarial. Motivação para
investir? Com a taxa de juros do jeito que está, com o spread bancário
do jeito que está, minha motivação
é baixa. Se o custo do trabalho aqui
representa 110% do salário, enquanto na China essa proporção é de 30%
e no México, 50%, não consigo fazer
concorrência com os produtores chineses e mexicanos, por exemplo. Se
você olhar, hoje, a linha branca no
Brasil começa a ser toda importada, da China ou do México. Temos
uma pesquisa em que fornos, coisas pequenas, em Casas Bahia ou
Magazine Luiza, ou são chineses ou
são mexicanos. Praticamente não se
encontra mais nada brasileiro. O que
é “brasileiro”, de uma empresa brasileira chamada Suggar, ela produz
na China. Não dá para competir. Voltando à pesquisa, o que não esperávamos era o tamanho da queda. Até
então, o Brasil vinha caindo gradualmente, uma ou duas posições, mas
sustentando a distância em relação
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aos países mais competitivos. Neste
ano, a queda foi mais abrupta.
E o que foi que pegou?
Por um lado, a queda significativa do comércio internacional na
formação do PIB brasileiro. Mas há
mais. O relatório da pesquisa se
baseia em dados estatísticos e percepções de futuro. E a motivação
decaiu muito. Não no geral, mas
na perspectiva de crescimento dos
negócios. Esse pessimismo de 2015
está tomando conta da agenda
das pessoas, e isso é ruim. Já vimos
algo assim na Colômbia: lá, houve
um momento em que tudo vinha
dando certo, o governo agindo
corretamente, mas a comunidade
empresarial estava pessimista e a
economia não conseguia crescer.
O Brasil vive isso agora. Então, o indicador de eficiência empresarial
teve quedas expressivas nos indicadores de percepção, mais até do que
nos estatísticos.
E o que provocou essa queda?
A falta de melhorias na infraestrutura, que continua ruim. O aumento da preocupação com a questão
da energia, que é uma agenda nova
– o Brasil sempre esteve entre os
piores do mundo no custo da energia para a indústria e, neste ano,
somou à questão do custo a perspectiva de disponibilidade de energia no futuro. Também as questões
regulatórias (não houve melhorias
no sistema trabalhista, tributário
etc.), e, para completar, a burocracia continua operando com o mesmo grau de ineficiência, o que gera
perda de motivação. O fato de não
melhorar em infraestrutura traz
perdas de produtividade – porque
transfere o problema, como herança. Tome-se o exemplo do setor
agrícola: tem altos ganhos de produtividade, processos, produção
mais eficiente, equipamentos mais
eficientes, sementes mais produtivas etc., mas, na hora de transportar essa soja para o porto, absorve
toda a ineficiência do sistema de
logística, quando chega ao porto
absorve a ineficiência do sistema
portuário etc. Daí que a somatória é baixa produtividade. E foi isso
que ocorreu neste ano.
O Brasil é pouco competitivo, e
a cada ano parece que o cenário
vem se agravando. Como é que
se explica que o país continue
atrativo para investidores
internacionais?
É fato: são 16 posições que perdemos em quatro anos. Um absurdo.
A nossa foi a maior queda, logo
atrás veio a Índia. O que explica são
202 milhões de habitantes. Esse
é o ponto positivo do Brasil, que,
sim, permanece atrativo. O Brasil
não tem só coisa ruim, felizmente.
Nível de desemprego muito baixo,
uma sociedade orientada ao consumo... Há uma “fórmula mágica” na economia doméstica que é
perfeita para sustentar as oportunidades de atração de investimentos e crescimento da economia. O
problema é que ela é limitada, já
chegou ao limite e não consegue
mais garantir sozinha o crescimento econômico se não se somar à
outra dimensão, que é a economia
internacional, internacionalização
de empresas brasileiras, ganhando
não só na venda de produtos mas
no lucro, ganhando capital sobre o
que é gerado lá fora. E, nisso, o Brasil está muito fraco, muito pobre.
A atuação do governo federal
não vem favorecendo possíveis
mudanças nesse cenário...
A agenda do governo é doméstica.
Tem uma agenda muito boa de
inclusão social, associada com a
geração de oportunidades de emprego. Mas um governo precisa de
OS FATORES QUE AFETAM A COMPETITIVIDADE
O Índice de Competitividade Mundial analisa dados de 60 países, anualmente, desde 2010. Os dados, baseados em desempenho econômico, eficiência do
governo, eficiência empresarial e infraestrutura, são coletados em pesquisas e estatísticas de organismos internacionais (FMI, Banco Mundial, OCDE, OIT),
ins­tituições privadas (CB Richard Ellis, Mercer HR Consulting, PriceWaterhouseCoopers etc.) e fontes nacionais. A partir dessa análise, é criado um ranking,
representado no gráfico abaixo. Cada linha representa um dos 58 países do ranking – Latívia e Emirados Arábes Unidos não faziam parte do estudo em 2010. O
Brasil ocupava a 38a posição em 2010. Caiu 16 posições desde então. O pior desempenho do período foi em eficiência empresarial, enquanto infraestrutura se
manteve estável, num nível baixo. Em eficiência governamental, o Brasil era próximo à Islândia. Em 2014, os islandeses abriram larga margem.
BRASIL
PAÍSES SELECIONADOS
RESTANTES DOS PAÍSES
RANKING DO BRASIL
Governo
Infraestrutura
Economia
Eficiência empresarial
Geral
20102014
20102014
20102014
20102014
20102014
52o
49o
37o
24o
38o
58o
52o
43o
46o
54o
Alemanha
Japão
Lituânia
Islândia
México
México
Lituânia
múltiplas agendas. Um ponto fraco é a política externa, relações internacionais, exportação etc. Onde
está essa agenda? Não se vê que
as relações exteriores estejam na
pauta de prioridades. Tem a Apex,
que é um órgão do Sebrae mantido
por custos de impostos, parte dos
impostos pagos na folha de pagamento vai para o sistema Sebrae e
dali para a Apex. Não sai nada do
governo. Passa pelo governo, mas
somos nós que estamos pagando.
A Apex é a única agência brasileira de fato orientada para apoiar
pequenos e micro exportadores.
revista
No Brasil, comércio internacional
é ficção, a pauta de exportações
é concentrada em uns poucos
grandes players, não vemos um
Executivo preocupado com isso.
Não existe no Brasil uma política
de comércio internacional agressiva, compatível com a política de
redução de IPI para aumento do
consumo de automóveis. As políticas brasileiras são desequilibradas,
totalmente orientadas para a economia doméstica. Isso gera outras
distorções. A cadeia do automóvel
é toda para o mercado doméstico,
o Brasil praticamente não exporta
automóveis. Por quê? Não existe
uma Hyundai brasileira, uma Kia
brasileira. Um produto intermediário de primeira linha. Equivalente ao que há na Índia, com a Tata,
uma empresa nacional orientada
ao mercado. A agenda do setor
automotivo é de multinacionais, e
esta é de maximizar o retorno sobre o capital investido no mercado
brasileiro.
Não dá para ser muito otimista
com relação ao aumento de
exportações pelo Brasil, diante
do câmbio desfavorável e desse
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Espero que, na campanha presidencial, a
agenda seja assertiva. O Brasil precisa de
mudanças, de melhoria na infraestrutura,
no sistema regulatório etc., independente
de quem estiver na liderança
cenário todo...
Afora que as condições globais estão muito difíceis. Com a redução
da importação provocada pelas crises na Europa e nos Estados Unidos,
principalmente Europa, aqueles
fornecedores ficaram se perguntando “para onde eu vou?”. A resposta foi o mercado latino-americano. Nós estamos sendo deslocados.
Se olharmos a pauta de importação
de Colômbia, Peru, Chile, Argentina,
vamos ver que em muita coisa o
Brasil está sendo deslocado, substituído por chineses, coreanos, até
vietnamitas, que estão com uma
pauta mais compatível aos interesses desse mercado.
O sr. falou sobre estes novos
números de competitividade em
sua palestra na Expogestão. Qual
a reação da plateia quando ouve
esse tipo de análise? Não dá uma
frustração generalizada?
Dá um desespero. Mas o empreendedor mesmo não fica desanimado.
Ele pensa como pode superar essas
deficiências. Como pode transformar essa realidade. Temos que sair
da agenda negativa para uma agenda construtiva. É o apelo que eu faço.
Mas, claro, a primeira reação das
pessoas é de frustração mesmo.
No contexto de campanha
presidencial, esse tipo de tema
vai ocupar maior destaque nas
plataformas dos candidatos? O
sr. espera que eles estejam mais
atentos a essas questões que
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configuram os atrasos do Brasil?
Espero que sim. E espero que eles
não vejam esse como um tema
político. É um tema administrativo,
como venho chamando atenção.
A melhoria da competitividade do
Brasil não passa pela agenda política, e sim pela administrativa – é
ação, não é discussão. Temos compromissos a realizar com investimentos em infraestrutura que
estão sendo adiados ou avançando
de maneira lenta. Veja o PAC: não
implementamos 60% do previsto.
Espero que a agenda de discussão
seja de pró-atividade, de assertividade. O Brasil precisa dessas mudanças, de melhoria na qualidade
da educação, de infraestrutura, do
sistema regulatório, independentemente de quem estiver na liderança do país. E isso chegou a um
ponto de urgência.
Como os movimentos sociais que
tomaram as ruas do país desde o
ano passado afetam esse cenário?
Contribuem ou dificultam?
Difícil responder, mas vejo que são
de curtíssimo prazo. São mais de
reação do que de proposição. Não
estão propondo nada em termos
de transformar o país. Expressam
apenas uma insatisfação. Acho
que dificultam, à medida que estão
um tanto desordenados, sem uma
pauta. Se você voltar em outros
tempos, dos caras-pintadas, havia
uma pauta, de acabar com a corrupção etc. Quando conseguiram
o que queriam, pararam. Hoje, sem
uma pauta, corre-se o risco de se
promover manifestação pela manifestação, o que é um fenômeno
social interessante. Tem um autor
já falecido que fez um estudo sobre
isso, esses movimentos de “manada” das populações. Ele mostrava
que chega um determinado ponto
em que o próprio movimento alimenta o movimento, não tem mais
causa. Poderia dizer que isso aconteceu no primeiro movimento no
ano passado, quando o fruto dos
protestos na Turquia detonou as
manifestações no Brasil. Até poderia haver muitos motivos para protesto, mas o que inspirou mesmo
foram os movimentos na Turquia.
O lado negativo é esse, da retroalimentação. Aí se perde o controle.
Retomando a questão da
competitividade, existe um
discurso recorrente no Brasil que
tudo o que vem do setor público é
ineficiente e que o setor privado
é campeão de excelência por
definição. Qual a origem disso?
É uma falácia, e isso foi provocado
por estudiosos sérios, o próprio Keynes falava que o setor privado tem
a força de um leão e que o setor
público é um paquiderme. Estudos
mais modernos mostram que não
é assim. A questão está na eficiência em si. Empresas ineficientes são
piores que um setor público ineficiente, porque elas morrem, ao contrário do setor público. O desafio é
preservar, buscar a eficiência. Lógico,
se você tem uma atividade produtiva que gera resultado, gera lucro,
um serviço, talvez ele seja melhor
localizado no setor privado porque
ali você tem cobrança, premiação,
metas e consequência. No setor público, não, há um nível menor de reconhecimento e responsabilidade.
Isso preserva um pouco o ambiente
menos adequado às transformações. Porque, se uma empresa não
está funcionando de maneira adequada, ela quebra e é substituída
por outra. Então esse processo natural do sistema empresarial gera
uma ambiente mais favorável. Mas
tem atividades como uma agenda
de desenvolvimento do país que são
de ordem pública. Tenho dúvidas se
a segurança e outras afins deveriam
ser privadas. Agora serviço, estradas,
telefonia, comunicação, não há dúvidas de que são atividades caracteristicamente privadas.
Quanto a referências positivas
do setor público, o sr. já destacou
o caso da Receita Federal. Mais
algum exemplo?
Há pouco tempo, eu diria o BNDES,
mas caiu na minha lista. Em alguns
momentos, vi o BNDES buscando
ser tão eficiente quanto um banco privado. Mas agências públicas
com a força de um BNDES não estão isentas de interesses políticos.
Aí, a agenda política interfere nas
questões administrativas. A vantagem da Receita Federal é que ela
não depende de agenda política.
Todo mundo concorda que tem que
ser eficiente. O nível de tributação e
outros aspectos não são problemas
dela, e sim do Executivo. Talvez outras agências – cito a Embrapa, que
é semipública – que têm autonomia no seu processo de decisão e
que não dependem de jogo político
possam ser tão eficientes quanto a
Receita Federal.
O sr. mencionou o nome do
empresário gaúcho Jorge Gerdau,
que há anos levanta a bandeira
de reproduzir, no setor público,
algumas práticas e experiências de
empresas privadas. Por que é tão
difícil que esse tipo de proposição
sensibilize e vá adiante?
Por causa da questão política. Ele
é um homem que pensa racionalmente, e a cabeça política não é ra-
revista
A melhoria da competitividade do país não passa
pela agenda política, e sim pela administrativa.
É ação, não é discussão. Temos compromissos a
realizar que estão sendo adiados ou avançando
de maneira lenta para as necessidades
cional, tem jogo de interesses, jogo
de poder. Pelo que sei, o modelo de
eficiência administrativa que ele
implantou, não só na indústria Gerdau, mas na Santa Casa de Porto
Alegre e em alguns outros órgãos,
exige isso, independência do processo de decisão, para gerar o resultado
proposto para aquela atividade. No
sistema público, tem a questão política, tem jogo de influências muito forte. Se a agenda não está integrada, há dificuldades naturais. Em
uma empresa, os acionistas buscam
maximizar o retorno, valorizar os
ativos, e todo mundo está alinhado
em torno disso – na atividade pública, isso não é verdade, uns buscam
favorecer uma camada ou uma região em detrimento de outra. O que
atrapalha um processo racional de
desenvolvimento da capacidade de
gestão, que é o que vejo o Gerdau
pregando, é o fato de estarmos em
um contexto muito mais politizado
do que o empresarial, que não opera
no mesmo diapasão.
Se esse tipo de iniciativa fosse
adiante, todas as partes sairiam
ganhando, não?
As chances são de que sim. Mas nos
lembremos de que em jogo político
nem “todo mundo” sai ganhando.
Sai ganhando quem pensa assim.
Que papel vêm tendo escolas de
negócios como a Fundação Dom
Cabral no sentido de disseminar
esse tipo de preocupação no meio
empresarial?
Primeiro, de melhorar a atividade
empresarial no Brasil. Dos anos
1970 para cá, o Brasil deu saltos fenomenais, com sistemas de qualidade e uma gestão mais profissional. Escolas de negócios e serviços
de apoio a empresas, de maneira
geral, além de associações empresariais, vêm desempenhando esse
papel de ganhar eficiência e produtividade na gestão. O professor
Michael Porter, que é um dos mentores desse tipo de análise, em um
determinado momento chegou a
propor que se invertesse a lógica, e,
já que o ambiente é improdutivo e
as empresas são produtivas, transformássemos o ambiente. Só que
isso não funciona. A proposta de
se usar a qualidade do setor privado para aprimorar o setor público,
no Brasil, na Argentina, em outros
lugares, não funcionou. Em alguns
países, sim, houve um processo
interessante. A Colômbia adotou
esse modelo, o Chile... O atual presidente da Colômbia é um executivo, o ex-presidente do Chile foi um
empresário. É mais difícil fazer isso
em grandes economias, com um
ambiente de grandes contradições e jogo político, como o Brasil.
Precisaria, talvez, de uma reforma
política. O que nós não estamos
fazendo, em escolas como a FDC,
e faço o mea culpa disso, é formar
líderes públicos. Formamos líderes
empresariais. É difícil chegarmos
lá. Formar líderes para a sociedade
é, talvez, o grande desafio das escolas de negócios hoje.
9
ANDRÉ KOPSCH
Roberto DaMatta
“O planeta não aguenta
este nível de consumo”
Um dos mais reconhecidos antropólogos do Brasil, professor titular do departamento de ciências sociais da PUC do Rio de Janeiro
e professor emérito da Universidade de Notre Dame, nos Estados
Unidos, quebrou paradigmas ao falar sobre comportamento em
meio a uma programação de conferências com sotaque mais corporativo, na Expogestão deste ano.
À plateia, afirmou que o modelo de meritocracia adotado por
muitas organizações causa inveja à medida que exige padrões de
medição da produtividade nos negócios. Ressaltou, também, que as
“raízes hierárquicas” vigentes no país estão “fortemente fincadas
na colonização portuguesa”, e discorreu sobre as origens do famoso
“jeitinho brasileiro”, como uma forma de autoafirmação. Antes da
palestra, concedeu entrevista na qual reconheceu que, em geral, o
público empresarial ouve com surpresa esse tipo de raciocínio e advertiu para os riscos que o planeta sofre com o consumo excessivo.
Autor de duas dezenas de obras, como “O Que Faz o Brasil”, Da
Matta lançou em 2010 o livro “Fé em Deus e Pé na Tábua”, com
reflexões sobre o trânsito caótico das grandes cidades. Também é
colunista dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “O Globo”, além da
Revista Época.
10
O sr. veio a Joinville, em um evento
corporativo, para falar sobre
comportamento. Tem percebido
o público empresarial mais
preocupado com essa temática?
O empresariado brasileiro precisa
conhecer melhor determinados aspectos da sociedade em que atua.
Tive uma experiência interessante
quando visitei a Marcopolo e conheci o fundador da companhia,
Paulo Bellini, um homem de 87
anos, uma pessoa maravilhosa. Fiz
uma palestra para a associação
empresarial de Caxias do Sul e ele
me recebeu. Falei de marcos da
história do Brasil, como o passado escravocrata, que não pode ser
esquecido porque explica o nosso
populismo político, o messianismo,
por que as pessoas se deixam fascinar quando você promete mundos
e fundos para quem ganha pouco
e por que há um sistema tão absurdo no Brasil. Um sistema com
diferenças salariais incrivelmente
altas – há uma distância enorme
revista
12
O Brasil é um país com possibilidades
muito grandes. Essa nossa capacidade de
relacionamento, de conjugação das contradições,
de adequação de propostas políticas, ideológicas
e religiosas, é um aspecto que se sobressai
entre o que ganha um professor
universitário e o que ele paga para
sua empregada doméstica, é absolutamente discrepante. Não valorizamos o trabalho, não valorizamos
aquilo que faz a pessoa trabalhar
melhor. Já ousei fazer palestra para
profissionais de RH. Uma coisa
em que eles não prestam atenção,
nessa área, é a questão dos rituais.
O simbolismo que existe quando
você é incorporado em um grupo...
Qual a maior inquietação
que o sr. percebe por parte do
empresariado, nessas palestras?
Não diria inquietação, o que às vezes
percebo é uma surpresa absoluta
com tudo isso, parece que não pensaram nessas questões.
Como o sr. analisa a gestão das
empresas brasileiras do ponto
de vista dos relacionamentos
humanos? Percebe uma abertura
maior da gestão?
Há inúmeras empresas familiares
no país e muitas têm problemas, em
algum momento se dissolvem. Tanto que uma área bastante desenvolvida no Brasil é a que acompanha
processos de sucessão. A resistência
de se tratar da questão da herança
é enorme. Já os norte-americanos
têm uma responsabilidade com o
coletivo, com a construção do espaço
público, maior que nós. E têm mecanismos do Estado que instigam, que
aumentam essa percepção, como
o imposto sobre herança, que não
existe no Brasil. Assim, o sujeito milionário deixa tudo para a família e
12
pronto. A gente não deixa para universidades, por exemplo, porque elas
são federais e não aceitam. Lembro
um caso que aconteceu na década
de 1970, em que a IBM queria dar não
sei quantos computadores para a
Universidade Estadual de Campinas.
Pois houve um movimento na universidade para não aceitar, porque a
IBM era americana. Hoje, a mentalidade mudou bastante. A variedade é
muito grande na gestão das empresas. Grandes empresas brasileiras
são subsidiárias norte-americanas,
que trazem modelos dos Estados
Unidos e da Europa. Não é à toa que
a BMW está aqui em Santa Catarina,
tem um componente cultural que é
real. Você vai a Nova Friburgo, no Estado do Rio, e é realmente diferente,
há uma obsessão por horários que
é incrível. Minha experiência com
a Marcopolo me deixou impressionado. O carisma do sr. Bellini é a
simplicidade, calça jeans, sapato comum, dirige seu próprio automóvel.
Ele me levou à fábrica original, onde
começou a Marcopolo. Todos os operários falaram com ele, que conhecia
alguns pelo nome. Não era a falsa
familiaridade dos políticos com os
eleitores durante a campanha. Era
autêntico. Em Caxias do Sul, existem
empresários que chegaram lá com
uma mão na frente e outra atrás e
construíram suas vidas. O mais importante seria fazer a difusão disso
pelo Brasil. É possível se construir
um industrial em uma sociedade
como o Brasil, desde que você trabalhe. O Brasil é um país com inúmeras
possibilidades, essa nossa capacida-
de de relacionamento, de conjugação das contradições, de adequação
de propostas políticas, ideológicas e
religiosas que em outros países geraram guerra... No Brasil, não houve
guerras religiosas. As lutas são por
melhores condições de trabalho e,
hoje, a questão do transporte público, o grande nó que estamos vivendo e é difícil consertar – porque
depende de recursos públicos, de
todos nós. Temos uma capacidade
de relacionamento muito grande,
de aceitação muito grande de tipos
intermediários. E isso é um capital
empresarial, econômico, social, político, fundamental para este século.
Qual a leitura o sr. faz do atual
momento econômico no Brasil?
Escrevam o que estou falando, este
vai ser o século da desmontagem
do capitalismo desenfreado de
consumo. Não por religião nem por
ideo­
logia, mas por circunstâncias
ecológicas. O planeta não aguenta
este modo de produção capitalista
basea­do na ausência total do suficiente. O que é suficiente para um
país ser considerado um Estado de
bem-estar social? Ele tem que produzir automóveis para abarrotar o
mundo? Quantos pares de sapato
uma mulher precisa para se sentir
feliz? Essas questões não dizem respeito a posições políticas, mas porque o planeta começa a dar sinais
de cansaço. A gente fala que o Brasil
é um milagre porque os portugueses não davam autonomia para nenhuma capital brasileira, para nenhum tipo de produto ou comércio,
para nenhuma independência. E,
como vocês, aqui, são especialistas
em inovação de engenharia, empresarial, nossa cultura é o contrário da
inovação. Somos tradicionalistas.
Até que ponto os cientistas sociais
estão conseguindo decifrar os
movimentos sociais organizados
revista
15
através destas novas redes? Que
revolução é esta?
Ninguém sabe. É como se fosse perguntar para o Lutero, no século 15,
quando ele pregou na porta da igreja o famoso manifesto, se aquele era
um movimento que iria gerar uma
revolução dentro do cristianismo.
Os cientistas sociais são “pobres diabos”, faço parte desta confraria diabólica há mais de cinquenta anos,
é a única coisa que fiz na minha
vida. A vida universitária brasileira
é tremendamente pobre em termos
de instalações, salários etc. O sistema universitário brasileiro recusa
o mercado, o cara da universidade
aqui ganha a mesma coisa que em
outras grandes cidades. Esse é um
entrave imenso para a inovação.
Ninguém vai sair de onde tem o pai,
a mãe, a família, para ir para outro
lugar ganhar o mesmo salário. O sistema de ensino brasileiro do século
21 é do século 19: a escola primária
e a secundária, que formam o cidadão que vai fazer pressão para a
mudança, são públicas – e o ensino
universitário, o “creme”, é federal.
Uma das origens desses
movimentos foi o protesto por
melhores condições para o
14
transporte público...
Uma decisão governamental acabou com o transporte público brasileiro e com a malha ferroviária,
no governo JK. Agora, estão querendo reconstruir. É uma vergonha
empresarial e política. O modelo
que se escolheu para o transporte
brasileiro, para o trânsito, é individualista. Vejo na Ponte Rio-Niterói,
onde passo todos os dias, dezenas
de automóveis só com um passageiro. Dei aulas na Califórnia, em
1981, e já à época via naquela bela
ponte de São Francisco a informação de que, levando quatro pessoas
no carro, poderia pagar menos pedágio. A gente não pensou em algo
assim no Brasil. Se o pedágio é caro,
você pode transformar, pensando
nesse cara que dirige o carro sozinho, se ele chamar três vizinhos...
Mas o fato é que não gostamos de
vizinhos, temos ódio de vizinhos,
não temos ideia da comunidade.
Vivemos um relacionamento vertical, uma hierarquia. Como estou
vendo os movimentos? Existem várias possibilidades. O que se verifica
é uma relação de dissonância entre
um governo que se mantém há 12
anos, que prometeu correção moral, que prometeu eficiência, que
prometeu ajudar os pobres, e não
cumpriu. Uma dissonância que explodiu no elo mais fraco da corrente. Em todas as cidades brasileiras, o
trânsito é um nó. Pagamos um preço imenso pelos automóveis, parte
dos impostos era para construir
melhores rodovias, mas tem mais
carros do que ruas. O que se vê é
um infarto, as ruas estão infartadas
de automóveis. E há uma política
de encorajamento para que todas
as pessoas tenham carro. Automóvel é o símbolo do sucesso social.
Não conseguimos transformar essa
mentalidade, é impossível, mas podemos ao menos criar alternativas;
posso viajar de automóvel, pegar
uma barca etc.
A vitória do Brasil na Copa do
Mundo vai dar a eleição para a
Dilma?
Vou torcer pelo Brasil. Se o Brasil
ganhar, a gente já viveu outras
copas, cria-se um sentimento
de bem-estar geral. É uma onda.
Quem surfar melhor pode transformar em impacto eleitoral, ou
para vender mais automóveis, ou
livros etc. Podem ocorrer muitas
coisas. Ou nada, como se viu em
outros países.
revista
17
Painel
ACIJ NA MÍDIA
Parabenizo a Acij e seu Núcleo de
Jovens Empreendedores pela realização da 12ª Expogestão, na qual
os participantes tiveram a oportunidade de compartilhar informações e estratégias de gestão com os
maiores empreendedores do país.
A iniciativa merece elogios pela
perfeita organização e densa carga
de conteúdos.
Ingo Rusch Alandt, presidente da Ass.
Empresarial de Campo Alegre (Aciaca)
Agradeço pela oportunidade de participar do treinamento “Como ser
persuasivo e eficiente nas negociações”, que abordou de que forma podemos utilizar a linguagem corporal
para direcionar as negociações.
Maiara Rafaéla de Carvalho, assessora
de negócios da Acij
Gostaria de agradecer pela hospitalidade com que nós, da Log-In, fomos recebidos na Acij.
Felipe Rossi, analista de marketing e
comunicação da Log-In Logística
O 3º Painel de Cases de Gestão foi
uma excelente oportunidade para
nos aproximarmos ainda mais do
empresariado e mostrarmos um
pouco mais do nosso projeto.
Ricardo Santin, coordenador de projeto
da BMW
O 3º Painel de Cases de Gestão, do
qual participei como mediadora,
trouxe riquíssimo conteúdo econômico. Parabenizo a entidade pela
iniciativa.
Estela Benetti, jornalista
Errata: Ao contrário do que registrou a edição de março/abril, à página 29, a fábrica da Krona no Nordeste está completando dois anos
de atividades.
16
Notícias do Dia, 18/4/2014
“Quando a campanha da Acij foi
lançada, Joinville tinha cerca de 374
mil eleitores. Ontem, 38 dias depois, eram aproximadamente 383
mil. Isto é, considerando os dados
da organizadora da campanha, foram obtidos 237 votos por dia, em
média, nesse período.”
Acij. Em busca do fortalecimento
do mercado imobiliário, t e m
relatos da trajetória dos profissionais que se reuniram em busca
de crescimento e um movimento
contínuo de evolução, além de entrevistas sobre os desafios de cada
gestão e com autoridades que participaram dos anos de história.”
Blog do Loetz, 9/4/2014
“A Acij vai pedir audiência ao governador Raimundo Colombo para
tentar melhorar o desempenho da
Fatma na região de Joinville. A decisão foi tomada na segunda-feira,
depois que o gerente regional do
órgão, José Cabral Vicente, admitiu,
durante reunião de diretoria da
entidade empresarial, ser inviável
dar mais velocidade ao trabalho de
licenciamento ambiental, dadas as
precárias condições.”
A Notícia, 22/4/2014
“Pensando em sustentabilidade,
meio ambiente e mobilidade, especialistas da área e empresários
se reuniram ontem no 6o Simpósio de Sustentabilidade do Núcleo
de Gestão Ambiental da Acij, que
trouxe exemplos do Projeto Cidades para Pessoas.”
Noticenter, 8/4/2014
“O Núcleo de Imobiliárias da Acij
entregou no dia 1º de abril o livro
‘Uma Década de Evolução no Mercado Imobiliário’ para o prefeito
Udo Döhler. O livro marca os 10
anos do Núcleo de Imobiliárias da
Notícias do Dia, 17/4/2014
“Para o presidente da Acij, Mario
Cezar de Aguiar, os números (de
criação de empregos) apurados
pelo Caged são o reflexo da pujança de Joinville. ‘A cidade está
muito bem situada – perto de
portos e da BR-101 –, possui mão
de obra qualificada e ainda uma
economia diversificada’, salientou Aguiar.”
TENHO DITO
“Já vivi momentos
imensamente mais graves
do que vemos hoje. Não há
razão para o ceticismo dos
empresários brasileiros.”
Abílio Diniz
PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
DA BRF, NA ABERTURA DA EXPOGESTÃO 2014
CURSOS & EVENTOS
18 de jun a 9 de jul
Curso Estratégias para
a Gestão de Recursos
Humanos
3461-3344 ou
[email protected]
24 e 25 de junho
Curso Gestão de Conflitos
no Trabalho
3461-3344 ou
[email protected]
1o e 2 de julho
Comunicação Integrada de
Marketing: Como Planejar
e Desenvolver Projetos
3461-3344 ou
[email protected]
PORTFÓLIO
O ilustrador convidado para esta edição é Paulo Kielwagen. Formado em design gráfico e pós-graduado em estratégia corporativa, ele já conquistou prêmios como HQMIX e Angelo Agostini, pela história em quadrinhos do Menino
Caranguejo. A ilustração selecionada por Paulo retrata o personagem Blue,
do seu mais recente livro “Blue e os Gatos”, que registra situações do seu cotidiano com muito humor e referências à cultura pop. A segunda coletânea
de histórias do felino está a caminho. Para viabilizá-la, o ilustrador inscreveu o livro no site de financiamento coletivo Catarse. Quem quiser contribuir
com o projeto pode acessar catarse.me/pt/blue.
22 e 23 de julho
Curso Liderança e
Delegação – Mobilizando
Forças na Organização
3461-3344 ou
[email protected]
29 e 30 de julho
Curso Marketing Pessoal e
Etiqueta Profissional
3461-3344 ou
[email protected]
4 a 6 de agosto
“Trabalhando juntos, conseguimos otimizar os resultados e
beneficiar mais pessoas envolvidas no processo. Essa parceria
vai proporcionar o turismo pedagógico a mais crianças e ajudar
a disseminar a responsabilidade socioambiental.”
Raulino Esbiteskoski
PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO TURÍSTICA DE JOINVILLE, SOBRE O TRANSPORTE GRATUITO PARA O TURISMO PEDAGÓGICO
“Muitas vezes, a pessoa acha que não é capaz, fica com medo,
acha impossível. Mas tem que superar e acreditar. Ela só vai
saber se consegue se um dia tentar.”
Rinaldo Puff
Contabilidade Básica para
Iniciantes
3461-3344 ou
[email protected]
18 a 22 de agosto
Interplast Feira e
Congresso de Integração
da Tecnologia do Plástico
Expoville, Joinville
www.messebrasil.com.
br/pt/index.php#sthash.
oCwsrcTT.dpuf
CADEIRANTE, ENGENHEIRO SÊNIOR DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA EMBRACO, DURANTE A 8ª PARAOLIEMBRACO
revista
17
Objetos do desejo
A CONSUL MAIS tem
controle eletrônico de
temperatura que varia
de 5 a -4ºC
NA TORCIDA, COM ESTILO (1)
O torcedor brasileiro vai ter apoio consistente, nesta Copa do Mundo
em casa. E é de Joinville que saem duas novidades diretamente
relacionadas ao sublime ato de torcer pela seleção verde-amarela.
A cerveja gelada e os sanduíches crocantes estão garantidos – e no
ponto! A Consul, uma das marcas fabricadas pela gigante Whirlpool,
disponibilizou, no finalzinho de maio, a cervejeira que leva o bar
para a casa das pessoas. Isso porque a Consul Mais tem capacidade
para armazenar até 75 latinhas. A cervejeira é muito versátil – pode
abrigar até um barril de 5 litros, por suas prateleiras removíveis.
Além de garantir a cerveja estupidamente gelada, bem ao gosto dos
brasileiros, a Consul Mais não congela o produto. Uma novidade que,
segundo a fabricante, foi idealizada para merecer lugar de destaque
nas varandas gourmets e espaços festivos, em geral.
consul.com.br
R$ 2.199
O DESIGN é inspirado nas geladeiras
de bar. Disponível nas cores
vermelha, amarela e titanium
VISTA AMARELO
Camisa da Seleção Brasileira
que será usada durante a Copa.
Modelos masculino e feminino.
Pode ser personalizada
www.nike.com.br
R$229,90
NA TORCIDA, COM ESTILO (2)
O NOVO PRODUTO,
também lançado
no final de maio, é
o único no mercado
que vem com uma
sanduicheira exclusiva, que não é vendida separadamente
e é 100% lavável.
18
Junto com a cervejeira, o micro-ondas
Consul Mais promete revolucionar as
relações entre as pessoas e o tradicional
eletrodoméstico. Sua função “Tostex”
permite o preparo de sanduíches
crocantes e saborosos em poucos
minutos.
consul.com.br
R$ 429
ESTA SÓ COM A AJUDA DO NEYMAR...
Objeto de desejo das 32 seleções que disputam
a Copa do Mundo no Brasil, a Fifa World CUP foi
criada em 1971 pelo italiano Silvio Gazzaniga
para substituir a mítica Jules Rimet, que havia
sido conquistada definitivamente pelo Brasil na
Copa de 1970. Pesa 6,2 kg e, segundo a Fifa, é de
ouro maciço, 18 quilates. O químico inglês Martyn
Poliakoff, em entrevista à BBC, duvida: “Com as
dimensões que tem, pesaria em torno de 70 kg”.
Para a Fifa e os torcedores de futebol espalhados
pelo mundo, o valor do troféu não pode ser
medido em dinheiro, mas a confecção da taça
custou US$ 20 mil.
O TROFÉU
representa
atletas
erguendo o
globo terrestre
www.fifa.com
Valor inestimável
A TAÇA tem 36,5 cm
de altura e é pouco
maior do que uma
garrafa de cerveja
A BASE possui dois anéis de Malaquita. Segundo
Gazzaniga, foram usados para quebrar a monotonia
da cor e porque os campos de futebol são verdes. Os
campeões têm seus nomes gravados na sola do troféu
BOLA INSPIRADORA
Na onda da Copa, a Adidas, patrocinadora oficial da Fifa, fabricante da Brazuca e
responsável pelo fornecimento de todas as bolas a ser utilizadas na competição, além
dos uniformes dos voluntários, colocou no mercado uma de suas maiores cartas na
manga: uma bola de futebol inteligente para quem pretende aprimorar suas técnicas
de chute. A miCoach Smart Ball ainda não tem data para chegar ao Brasil, mas já está
disponível na Europa e Estados Unidos, tanto nas lojas da Apple quanto via internet.
Projetada apenas para treinamentos de cobranças de falta, pênaltis, escanteios e
grandes lançamentos, a bola inteligente é dotada de um chip e se conecta a um
smartphone via bluetooth, passando informações sobre a performance do jogador.
Por enquanto, é compatível apenas com iPhone e iPod Touch.
micoach.adidas.com/us/smartball
US$ 299 (na Europa e nos EUA)
DICAS PARA A NOVA SEÇÃO DA REVISTA 21? ESCREVA PARA [email protected]
revista
19
Briefing
PENINHA MACHADO
ACREDITAÇÃO
Excelência
hospitalar
reconhecida
Aprimorar a excelência dos serviços
de saúde, para a segurança e o bem-estar do paciente, é o propósito de
instituições que vêm buscando o
reconhecimento assegurado por
processos de certificação e acreditação, sob o aval de organismos
internacionais. Acreditação é como
se denomina todo um sistema de
avaliação da qualidade de caráter
educativo e voltado à melhoria contínua. No Brasil, é uma ação coordenada por organizações ou agências
não-governamentais. E a trajetória
para alcançar esse reconhecimento
não é nada fácil, transformando-se
em uma conquista bastante comemorada pelos estabelecimentos
que chegam lá. Os procedimentos,
nacional e internacional, de acreditação obedecem a critérios específicos. No decorrer da avaliação, são
considerados, em ambos, serviços
prestados desde a área administrativa até a sala de cirurgia. O processo é criterioso, já que os detalhes
fazem toda a diferença quando o
assunto é qualidade hospitalar.
Em Joinville, cinco instituições
são acreditadas e apenas uma detém o selo internacional da Joint
Commission International (JCI),
líder mundial em certificação de
organizações de saúde. O Hospital
Dona Helena divulgou esse feito
no mês de abril, depois de uma caminhada de seis anos. Uma série
de mudanças e novos procedimentos foram implantados na unidade, para que tanto a estrutura
administrativa quanto o corpo de
trabalho se adequassem às diretrizes da avaliação. Grupos como
20
Cultura da qualidade: Maria Manuela, da CBA, entregou o
reconhecimento ao presidente do Dona Helena, Hilário Wolfgramm
o Comitê de Gestão da Qualidade
(CGQ), o Comitê de Cuidados Paliativos e o Comitê de Gerenciamento de Riscos foram criados com os
objetivos de subsidiar a equipe na
organização das atividades que
resultariam no selo, aprimorar o
atendimento a pacientes que se
encontram no fim da vida e identificar pontos que podem gerar problemas institucionais, sugerindo
meios para saná-los.
A avaliação da JCI se baseia em
quatro critérios e mais de 1.100
elementos aplicáveis à unidade de
saúde são considerados. No processo, o hospital contou com a parceria
do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), entidade que representa
com exclusividade a JCI no Brasil e
auxilia empresas com consultorias
e treinamentos. Na solenidade de
entrega do certificado, a superintendente do CBA, Maria Manuela
Alves dos Santos, sublinhou as evidências que elevam a instituição ao
padrão internacional e enalteceu
a participação dos funcionários
do estabelecimento, ao longo de
todo o processo. “Se não houvesse
uma equipe envolvida, não haveria a possibilidade de acreditação.
Analisamos se o que está exigido
no papel está sendo cumprido na
prática, e esse foi o cenário observado no hospital. O envolvimento e a
articulação da equipe são perceptíveis, e os pacientes também notam
as melhorias”, relata.
O Dona Helena é a primeira instituição de Santa Catarina a receber o selo e integra a lista de 26 hospitais brasileiros acreditados pela
JCI. “A acreditação é fruto de um
trabalho de educação continua­
da que tem como consequência a
absorção da cultura da qualidade
e segurança. O Dona Helena vem
assimilando uma transformação
na sua cultura organizacional, influenciada principalmente por
uma mudança de comportamento
interno”, ressalta Carlos José Serapião, coordenador do Centro de Estudos, Pesquisa, Extensão e Desenvolvimento (Ceped).
“Um processo
contínuo”
Outras instituições de saúde de
Joinville também vêm trabalhando
para qualificar seus procedimentos
com certificações externas. A Fundação Pró-Rim foi a terceira unidade
com processos de hemodiá­lise do
país a alcançar o reconhecimento
da Organização Nacional de Acreditação (ONA). A certificação é repartida em três categorias. A fundação
alcançou a mais alta delas em 2011,
depois de seis anos de avanços e
preparação. “O objetivo era aprimorar a segurança de procedimentos
e o nível de organização de nossos
processos internos. No início, foi
difícil, precisamos tirar as pessoas
de sua zona de conforto, mas conseguimos mobilizar toda a equipe
e uma mudança cultural interna
muito perceptível foi implantada”,
relata Hercílio Luz Filho, presidente
da Fundação Pró-Rim. “A qualidade
é um processo contínuo e estamos
sempre em aprimoramento.”
A ONA atua na implantação de
um processo permanente de avaliação e de certificação da qualidade
dos serviços de saúde no Brasil. A or-
Unimed foi a primeira instituição de Santa Catarina certificada
pela ONA: aprimorar processos que envolvem o paciente
ganização não-governamental surgiu no país na década de 90, quando
iniciativas regionais relacio­
nadas
à acreditação começaram a surgir
em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná
e Rio Grande do Sul. Em 2010, o Centro Hospitalar Unimed Joinville foi
a primeira instituição catarinense
classificada com excelência pela
ONA. Segundo a coordenadora da
Equipe da Fundação Pró-Rim comemora o diploma da ONA, obtido
em 2011: “Precisávamos tirar as pessoas de sua zona de conforto”
revista
gestão da qualidade, Mariana Castelani, mais que um atendimento
exemplar, a certificação é uma maneira de aprimorar os processos que
envolvem o paciente. Agora, a unidade parte para uma nova etapa.
“Buscamos uma nova acreditação,
internacional, para garantir ainda
mais a segurança do paciente. A
Accreditation Canada comprova a
segurança do início ao fim do atendimento”, sublinha Mariana.
Certificar a qualidade de processos internos e do atendimento
a pacientes não é, ou não deve ser,
exclusividade de instituições privadas. Em maio deste ano, servidores do Hospital São José se formaram como auditores internos do
Programa de Excelência em Gestão
ministrado pelo Centro Brasileiro
de Consultoria. O programa padronizou rotinas da unidade, além de
melhorar processos de trabalho e
definir indicadores de atendimento. A capacitação foi patrocinada
pela campanha “Eu Abraço o São
José”, organizada pela Acij.
21
DIVULGAÇÃO
CIDADES SUSTENTÁVEIS
Joinville planejada a muitas mãos
Como será Joinville daqui a 20 anos?
Esse é o principal questionamento
que norteia a atuação dos integrantes do projeto Cidades Sustentáveis,
idealizado pela Câmara Brasileira da
Indústria e Construção (CBIC). A iniciativa, lançada no município durante o 6º Simpósio de Sustentabilidade do Núcleo de Gestão Ambiental
da Acij, prevê a estruturação de um
plano de trabalho para orientar gestores públicos e a própria sociedade
na implantação de programas permanentes de planejamento e desenvolvimento sustentável.
O grupo, composto por representantes da sociedade civil, empresários, presidentes de associações de
moradores e outros interessados,
está sendo estruturado para pensar a cidade em um horizonte de
duas décadas. Os participantes se
comprometem a formular ações,
desencadeadas em um planejamento estratégico que contribuirá
para o desenvolvimento organizado
e rentável. “A partir do momento
em que estiver consolidado, o grupo
buscará sua própria viabilidade, com
22
patrocínios e o apoio do Sindicato
da Indústria da Construção Civil de
Joinville (Sinduscon). Os representantes se reunirão mensalmente,
concentrando-se na elaboração do
planejamento estratégico, para depois apresentá-lo ao poder público”,
relata Raquel Sad Seiberlich Ribeiro,
assessora da Comissão de Meio Ambiente da CBIC.
O Cidades Sustentáveis nasceu
em Maringá (PR). Em 1996, representantes da comunidade começaram a se reunir com o propósito
de planejar a cidade para os anos
seguintes, colocando em prática
uma série de ações. Segundo o ex-prefeito de Maringá, Silvio Barros,
o engajamen­to da sociedade e do
poder público tem funcionado
muito bem e, por isso, o município
avança. “Primeiro, precisamos planejar a cidade, porque se a gente
não sabe para onde está indo é difícil chegar onde se quer. A partir de
um interesse inicial, a sociedade foi
mobilizada de forma articulada e,
a cada ano eleitoral, o novo representante do poder público adota as
Barros, ex-prefeito de Maringá,
é um dos mentores da ideia
propostas apresentadas pelo grupo. Assim, os projetos têm continuidade e o desenvolvimento ocorre
de forma efetiva”, relata Barros.
Joinville foi escolhida para o projeto em função da boa receptividade
à proposta, à presença atuante do
Sinduscon na cidade e, principalmente, ao potencial de crescimento,
não apenas demográfico, mas também focado no desenvolvimento
sustentável. As outras cidades que
participarão do projeto ainda neste
semestre são Goiânia (GO), Porto Velho (RO), São Gonçalo do Amarante
(RN) e Caxias do Sul (RS).
DIVULGAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Menos papéis e
mais agilidade
Pilhas de documentos nas mesas
de trabalho ou nos arquivos da prefeitura de Joinville vão virar coisa do
passado. O Sistema Eletrônico de Informações (SEI), inaugurado no início do ano, promete substituir procedimentos que tramitam de maneira
física pela via eletrônica, com resultados graduais. O SEI, desenvolvido
pelo Tribunal de Justiça Federal da
4ª Região (TRF4) e adotado a partir
da assinatura de um termo de cooperação, prevê maior agilidade no
andamento de demandas internas,
mais facilidade no acesso, transparência e garantia da integridade de
informações. Ao diminuir a tramitação física de processos, o sistema
permite a adoção de práticas de gestão mais alinhadas aos princípios de
sustenta­bilidade, economizando papel. “O SEI substitui a caixa de entrada física e permite que os trâmites
internos vigorem eletronicamente.
Por meio de assinatura eletrônica, os
documentos são aprovados e auten-
revista
Schüür, da Seplan, garante que todos os trâmites da prefeitura
serão por via eletrônica, começando pela assinatura de documentos
ticados. Os sistemas existentes atuarão de forma integrada, contribuindo para a resolução mais rápida das
demandas”, explica Filipe Schüür, diretor da Secretaria de Planejamento,
Orçamento e Gestão (Seplan).
No mês de maio, registrou-se a
primeira assinatura eletrônica com
ato público, na posse do Conselho
Municipal de Ciência, Tecnologia e
Inovação de Joinville (Comciti). Os
encaminhamentos de decretos e
ações de descontingenciamento orçamentário também já são eletrônicos. Os procedimentos seguintes a
ser incorporados ao SEI são os proje-
tos de lei, sanções e vetos, requisições
e compras protocolos administrativos e permissões e acessos aos sistemas de TI. A previsão é de que até o
final de 2015 grande parte das ações
esteja tramitando eletronicamente.
“Estamos promovendo uma mudança cultural na padronização dos
encaminhamentos”, relata Schüür.
A transparência também aumenta.
Um usuário externo pode ter acesso aos documentos do sistema, perante autorização prévia, a partir de
um link enviado por e-mail, evitando
burocracia dos papéis e até mesmo o
deslocamento à prefeitura.
23
Aposta na
confecção de
aromáticos
O perfume virou uma forma
de identificação de lugares, ambientes e pessoas. Para Lerina
Mastruian, aromas servem como
ponte de comunicação do passado
com o presente, resgatando, por
exemplo, lembranças de amores
passados e da infância. Pensando
nisso, a engenheira química criou
a Anirela Aromas, uma empresa
focada na criação e confecção artesanal de difusores aromáticos.
A ideia surgiu a partir de seu
gosto pessoal por difusores, ao observar os preços na hora de fazer
compras. Decidiu começar a produzir em sua própria casa – uma
forma de aliar conhecimento à paixão por cosméticos e artesanato.
“Distribuí amostras para algumas
amigas e elas gostaram tanto que
a intenção mais forte partiu do
retorno positivo que eu obtinha
quando utilizavam meu produto.
Percebi que seria um bom mer-
24
Lerina, que é engenheira química, mostra um kit de
produtos: plano é criar um ateliê para a criação de aromas
cado a explorar”, relata a gaúcha
de 32 anos. Difusores e lembrancinhas personalizadas para noivas e
recém-nascidos são os itens mais
vendidos. Além deles, Lerina produz
águas perfumadas, sabonetes, escalda-pés e sachês perfumados. Os
aromas mais procurados são bambu, capim cidreira e baunilha. A
demanda varia conforme a estação
do ano. Apesar de a maior parte do
público consumidor ser feminino,
homens também procuram a empresa para perfumar o escritório ou
o interior de carros.
Lerina está satisfeita com a receptividade. “Muitas pessoas elaboram esse tipo de produto, mas
me destaco por entender de quí-
THIAGO E CAMILA FOTOGRAFIA.
EMPREENDIMENTO
mica e porque os meus realmente
perfumam. Por isso, recebo muitos elogios dos clientes. Em 90%
das vendas dos difusores que faço,
o consumidor realiza a segunda
compra, ou seja, é um sinal de que
está gostando”. Até agora, a engenheira química toca a empresa
com o auxílio de seu marido, que
faz a compra de matérias-primas.
Mas os planos são de expandir o
negócio. “Quero ter um local com
um conceito de ateliê para criação
de aromas e que seja um ambiente
bonito e romântico. Desejo que a
marca seja forte e conhecida nacionalmente por justamente proporcionar alta perfumação”, revela a
engenheira.
DIVULGAÇÃO
Turma do curso que capacitou administradores de condomínios:
papel do síndico ganha nova dimensão e cada vez mais relevância
GESTÃO
Síndicos vão para a sala de aula
Se equilibrar a convivência de quatro ou cinco moradores de uma
casa nem sempre é fácil, mais desafiadora ainda é a missão de quem
precisa gerenciar os interesses de
2 mil pessoas, em espaços como
condomínios residenciais. O papel
do síndico ganhou nova dimensão
e responsabilidades. Hoje, é encarado como imprescindível para a
manutenção do convívio saudável.
Precisa tomar decisões, ter noções
de contabilidade, gestão financeira
e desenvolver competências como
disposição para o trabalho em
equipe, habilidades de mediação
de conflitos, resolução de problemas e comunicação efetiva. Para
atender às expectativas dos condôminos, os síndicos começam a buscar a capacitação.
No bairro Vila Nova, o Residencial
Vila Germânica é gerido por uma
profissional que sabe bem o valor do
conhecimento para o bom desempenho de suas funções. Em março,
uma semana antes de ser eleita, a
síndica Nilsa Martins participou do
curso Síndico Gestor Profissional. “O
conhecimento transmitido contri-
buiu com meu trabalho. Mudei minha forma de agir e aprendi a tomar
atitudes”, relata NIlsa, que antes
administrava o Trentino II, um dos
maiores empreendimentos habitacionais de Joinville.
A função do síndico abrange diversas áreas, como engenharia, psicologia, gestão, legislação e contabilidade. Durante a capacitação, na
Acij, os alunos aprenderam noções
regulamentação, empreendedorismo, le­gislação, gestão, questões fiscais e de marketing. O curso é dividido em quatro módulos: mercado de
condomínios, gestão condominial,
legislação e aspectos fiscais. A próxima turma começa em julho.
Segundo o consultor Odimar
Manoel, os empreendimentos residenciais de Joinville seguem o
caminho dos grandes centros urbanos, daí a necessidade de profissionais capacitados. “Os condomínios joinvilenses apresentam as
mesmas demandas das maiores
cidades do país, pois agregam em
suas estruturas as áreas comuns
chamadas de home clubs. Quanto
mais abrangente a atuação desses
residenciais, mais específica deve
ser a capacidade de gerenciamento
dos profissionais”, relata.
PRÊMIO SEBRAE DE JORNALISMO
Revista 21 é classificada
No final de maio, a equipe da Revista
21 recebeu uma boa notícia. Reportagem publicada na edição 10, intitulada “Segredos da escalada”, de
autoria do jornalista Guilherme Diefenthaeler, é finalista do 6º Prêmio
Sebrae de Jornalismo. De âmbito nacional, o concurso contabilizou 1.395
inscrições de todas as regiões, em
seis categorias: jornalismo impresso,
TV, rádio, web, fotografia e reportagem cinematográfica. O trabalho da
revista
Revista 21 é o classificado por Santa
Catarina em jornalismo impresso
e concorre, agora, à premiação nacional, a ser anunciada no dia 12 de
agosto, em cerimônia na sede do
Sebrae, em Brasília. A reportagem
abordava os desafios para o crescimento de pequenos negócios em
Joinville, como os entraves burocráticos e a malha tributária, destacando
casos de sucesso nesta área e alguns
“segredos” que revelaram.
Reportagem sobre desafios das
pequenas empresas é destaque
25
LINHA DE MONTAGEM
Cinco modelos da BMW serão produzidos em Santa Catarina
BMW Série 1
BMW Série 3
BMW X1
BMW X3
BMW Mini Countryman
BMW
Tudo na velocidade certa
Desde que a BMW anunciou a vinda
de sua fábrica brasileira para Araquari, a expectativa é grande em
toda a região. Com o início das operações previsto para outubro, o BMW
Group Brasil garante: o cronograma
das obras segue rigorosamente em
dia. Alguns prédios, como o de montagem e logística, já estão em fase
adiantada de construção e o projeto
avança na velocidade planejada.
Enquanto a unidade localizada
às margens da BR-101 não é concluída, a BMW ocupa um bloco do Perini Business Park, em Joinville, onde
foi criado um centro de treinamento de alta tecnologia. No local,
funciona uma réplica da linha de
montagem da futura fábrica, que
26
possibilita o treinamento dos profissionais já contratados. A área administrativa e o centro de distribui­
ção de automóveis – de onde sairão
todos os carros das marcas BMW
e MINI para o restante do Brasil –
também já foram instalados.
A planta vai ocupar 500 mil
metros quadrados de área em um
terreno de 1,5 milhão de m²etros
quadrados. Sua estrutura produtiva estará dividida em funilaria, logística, pintura e montagem. Serão
montados aqui cinco modelos da
BMW: Série 1, Série 3, X1, X3 e o MINI
Countryman. A planta deve trazer
benefícios socioeconômicos para
a região e para o Estado. Estima-se
que, até o final do ano, 740 novos
postos de trabalho serão ocupados
e, até 2015, cerca de 1.300 pessoas
sejam empregadas diretamente
pela multinacional. O investimento na fábrica ultrapassa a casa dos
200 milhões de euros e resultará
em uma unidade com capacidade
instalada de 32 mil veículos por ano.
A empresa tem participado continuamente de atividades de relacionamento, como na Expogestão deste
ano. O CEO do BMW Group Brasil, Arturo Piñeiro, fez a palestra de encerramento. Ele entrou no auditório do
evento a bordo do BMW i3, modelo
elétrico que será vendido no Brasil,
e falou sobre a preo­cupação da empresa em criar produtos tecnológicos e sustentáveis.
VIDA PESSOAL
Lanchinhos naturebas
Quem disse que lanchinhos no meio do expediente são sinônimos de gordices ou, no outro extremo, singelas barrinhas de cereal? Se você deseja seguir o velho conselho de se alimentar a cada três horas sem abusar das calorias e
sem ter muito trabalho com isso, já há ótimas opções em Joinville que fornecem cardápios saudáveis para aqueles
momentos em que bate a fome no escritório e a correria do dia a dia não permite maiores paradas. Dois exemplos
bacanas nessa área são a Aloha Alimentação Fit e O Melhor Suco do Mundo.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Comida light não
precisa ser sem graça
Sanduíches e sucos
chegam até de bicicleta
Lanches deliciosos, variados e saudáveis, com amplo cardápio (são 50 itens) que vai de bolos e tortas integrais
a frutas, iogurtes, sanduíches, sopas e sanduíches. Tudo
entregue na porta da sua empresa com a frequência
que você preferir – para um dia, semanal ou mensal – e
podendo alternar o cardápio a qualquer hora, via internet. É o que propõe a Aloha Alimentação Fit, aberta há
dois anos pela joinvilense Maria Carolina Köpp e sob a
responsabilidade técnica da nutricionista Giulya Casas.
Farinha e açúcar refinado, queijo ou óleo gordo são
ingredientes banidos dos lanches disponíveis. O que não
tira o sabor – pelo contrário. “A falta de conhecimento faz
com que comida light tenha cara de comida sem graça, o
que faz com que a tolerância com lanchinhos diários seja
curta”, observa o site da Aloha. O conceito vem agradando a clientela, garante Maria Carolina. Tanto que já são
150 empresas atendidas com esse modelo e uma cartela
de produtos cada vez maior, incluindo refeições completas, coffee-breaks, suco verde e alimentos congelados. De
janeiro para cá, o faturamento triplicou e a meta, agora, é
consolidar o serviço de catering corporativo, com um carrinho tipo serviço de bordo de avião que vai circular por
prédios comerciais vendendo lanchinhos frescos.
www.alohafit.com.br
Há oito anos, a jornalista Giovanna Locatelli e o empresário Eduardo Wetzel descobriram as maravilhas do
suco feito com juicer, centrífuga que extrai o líquido das
frutas e hortaliças, dispensando a água. “Foi uma transformação: sentimos mais disposição e reflexos em todo
o corpo, da pele ao cabelo”, relata Giovanna. A experiência virou negócio: os dois montaram O Melhor Suco do
Mundo na Via Gastronômica de Joinville. São 14 receitas
de sucos regulares coloridíssimos, 15 “funcionais” (para
ressaca, que faz bem para a pele etc.), sucos verdes e até
suco de batata-doce, para atletas de alta performance.
Além de uma gama de sanduíches e outras variedades.
Com um carrinho de lanches, em uma bike, a equipe
de Giovanna vai a locais públicos e eventos frequentados
por adeptos de alimentos naturais. Outro serviço é o de
encomendas por telefone ou de clientes que passam pelo
estabelecimento para buscar seu suco e comer fora. “Desenvolvemos embalagens especiais e práticas para que
possam fazer suas refeições em qualquer lugar de forma
confortável e organizada.” Entre as estratégias, Giovanna
estuda transformar a marca em franquia, abrir uma loja
no Uruguai e, em 2015, montar um foodtruck, caminhão
com unidade móvel do estabelecimento.
www.facebook.com/OMelhorSucoDoMundo
revista
27
MARCELO KUPICKI
SUSTENTABILIDADE
Logística reversa
gera novo negócio
para a Embraco
Que destino dar para uma geladeira
velha? O volume total de eletrodomésticos de linha branca e refrigeração comercial descartados por
ano chega perto de meio milhão de
toneladas no Brasil. E a indústria não
oferece soluções para reciclar esses
produtos. Ou não oferecia. No início de junho, a Embraco anunciou o
lançamento de uma nova operação,
batizada de Nat.Genius, que vai se
concentrar no reaproveitamento
de materiais hoje inutilizados. “A
partir da coleta de produtos para
reciclagem, a inovação que aplicaremos nesses processos possibilitará maior valorização dos materiais,
contribuindo para o avanço da economia circular”, explica Reinaldo
Maykot, vice-presidente de Negócios
e Marketing da Embraco, citando
um modelo que repensa as práticas
econômicas como um sistema regenerativo, à medida que reaproveita
os materiais em outros processos e
gera novos produtos. Os benefícios
são visíveis: eliminar o desperdício
e reduzir o consumo de matérias-primas, além de diminuir o envio de
resíduos a aterros. O primeiro passo
do Nat.Genius é a operação no Brasil,
com 80 funcionários e atendendo a
clientes como Whirlpool e Metalfrio,
mas já há planos de expansão para
EUA, China, México e Europa. “Essa é
uma necessidade que crescerá ainda
mais com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) –, que prevê responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida dos produtos e o acordo
setorial para a logística reversa”, destaca Marcos Fábio Lima, diretor de
desenvolvimento de novos negócios.
28
Laboratório da Embraco: novos produtos
para agregar valor ao que hoje é sucata
Em 2012, cerca de 40% dos resíduos sólidos urbanos produzidos no
Brasil não foram coletados e tiveram
destino impróprio, comprometendo
o meio ambiente e a saúde pública.
Para ajudar as cidades a implantar,
organizar e gerenciar um sistema
que assegure destino sustentável
aos resíduos é que existe a PNRS, lei
desde 2010. Uma das empresas pioneiras nesse campo é a Termotécnica, líder no mercado de embalagens
para produtos industriais. Antecipando-se à PNRS, a empresa desenvolveu alternativas inéditas para a
reciclagem do EPS (isopor), que era
rejeitado nas coletas seletivas. O Programa de Reciclagem de EPS compreende desde a matéria-prima até
o produto final, passando pela coleta
do material, sua reciclagem e reintrodução no mercado.
“Com a logística reversa das embalagens, lideramos todos os envolvidos na cadeia de consumo do EPS,
de clientes e varejistas a catadores
e consumidores. Uma rede de mais
de 1.100 pontos de coletas e 270 co-
operativas”, revela Albano Schmidt,
presidente da Termotécnica. “Desde
2007, reciclamos mais de 25 mil toneladas de EPS, superando desafios logísticos, como a extensão territorial
do país, e econômicos, como o alto
volume e baixo peso do produto”,
aponta. O processo evita o descarte
anual em aterros de quase seis mil
toneladas de embalagens.
Integrante da Global Packaging
Alliance, que reúne os principais fabricantes do mundo para a troca de
tecnologias e soluções em reciclagem, a Termotécnica tem como meta
estruturar nas principais regiões do
país, em longo prazo, uma logística
reversa adequada, com a população
sabendo onde e como descartar suas
embalagens de EPS. Já foram investidos mais de R$ 10 milhões na instalação de unidades de reciclagem
em Manaus, Goiânia, Indaiatuba, Rio
Claro, São José dos Pinhais, Joinville e
Sapucaia do Sul. A reciclagem gera
diversos subprodutos, como rodapés
e perfis, vasos, solados e decks de piscina.
Do banner às ações sociais
Outra empresa da região que recentemente incrementou a prática da logística reversa é a Tigre.
Com projeto lançado em janeiro
de 2013, a multinacional brasileira
recuperou mais de uma tonelada
em materiais de merchandising
expostos em lojas de materiais
de construção. “Superamos nossa meta de volume recuperado
e esperamos engajar ainda mais
nossas revendas daqui em diante.
Essa iniciativa inédita faz parte de
um conjunto de ações de cunho
ambiental que a Tigre vem adotando dentro de sua política de
sustentabilidade”, explica Maurício Cagnato, gerente de serviços de
Mar­keting da Tigre.
revista
O trabalho recolhe cartazes,
faixas de gôndolas, banners, testeiras, displays de balcão, entre
outros tantos itens de plástico e
papel que constituem suas campanhas, e a equipe Tigre Móvel é
responsável por enviar os materiais para reciclagem nas cidades
onde a empresa tem unidades fabris, em Camaçari (BA), Joinville e
Rio Claro (SP). O valor arrecadado
com o processo de logística eeversa é destinado aos projetos sociais
do Instituto Carlos Roberto Hansen (ICRH), mantido pela Tigre, que
investe em iniciativas voltadas
para crianças e adolescentes, nas
áreas de educação, cultura, esporte e saúde.
DIVULGAÇÃO
Material publicitário é reciclado
29
Em números
1
Um excelente
mais do mesmo
Os 5.917 postos de trabalho criados em
Joinville nos três primeiros meses de
2014 estabeleceram um novo recorde:
desde 2007 – primeiro ano com dados
disponíveis no Caged –, a cidade não via
um primeiro trimestre tão positivo. Mas
uma análise mais aprofundada dos
últimos sete anos recomenda cautela.
Em geral, os trimestres subsequentes
não acompanham o desempenho do
início do ano.
EMPREGOS CRIADOS NO PRIMEIRO TRIMESTRE
Pelo terceiro ano consecutivo, Joinville melhora o número de
novas vagas no primeiro trimestre. E 2014 superou 2010, quando
mais de 5.500 postos de trabalho foram criados na cidade
5.917
5.536
5.241
5.049
4.378
4.029
3.837
228
2007
3
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
DESAFIO É MANTER O RITMO
Apenas 2009, ano da crise econômica global, teve um primeiro trimestre mais fraco que os trimestres subsequentes na
criação de vagas. Em todos os outros anos, o primeiro trimestre foi o de maior saldo nas contratações em Joinville
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
0
1T
2T
3T
4T
1T
2T
3T
4T
1T
2T
3T
4T
1T
2T
3T
4T
1T
2T
3T
4T
1T
2T
3T
4T
1T
2T
3T
4T
DESEMPENHO NOS PRIMEIROS TRIMESTRES DOS SETORES QUE MAIS GERAM EMPREGOS
Nos últimos três anos, o setor de serviços vem consolidando o posto de quem mais contrata na cidade, superando a
indústria. Mas é quem mais demite também. Na indústria, as demissões seguem estáveis, com leve tendência de alta
ADMISSÕES
DEMISSÕES
Serviços
Indústria
Comércio
Construção civil
16.000
12.000
8.000
4.000
0
30
07
08
09 10 11
12
13 14
07
08
09 10 11
12
13 14
07
08
09 10 11
12
13 14
07
08
09 10 11
12
13 14
2
GRAÇAS A FEVEREIRO
No desempenho do primeiro trimestre de 2014, chama atenção o mês mais curto do ano. Em
fevereiro passado, foi aberta a maior quantidade de vagas desde 2007. No gráfico abaixo, cada
ponto se refere a um mês do ano. O recorde anterior era de março/2010, com 2.629 novas vagas
FEV
3.310
0
2007
4
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
ABRIL REFORÇA A ESPERANÇA
O resultado de abril colocou Joinville entre as cinco cidades que mais geraram emprego no Brasil e reafirma as chances de um
bom ano. A cidade já criou, nos primeiros quatro meses de 2014, quase 7 mil empregos. O recorde anual é de 2007
Total de novas vagas, por ano. Em 2014, até abril
O desempenho nos meses de abril
MÉDIA HISTÓRICA, DE 1.063 VAGAS CRIADAS NO MÊS
10.641
10.455
2.144
7.512
7.365
1.500
6.990
1.298
1.181
1.031
5.895
1.073
4.906
596
2.428
0
-320
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
QUEM MAIS GEROU EMPREGO
Saldo no primeiro trimestre de 2014. Serviços lideram por pouca margem
Serviços2.650
Indústria2.637
Construção civil
534
Comércio64
Saldo nos primeiros trimestres dos anos pesquisados. Indústria na frente
Serviços14.352
Indústria16.149
Construção civil
1.334
Comércio895
revista
31
ILUSTRAÇÕES: FÁBIO ABREU
Conjuntura
32
Da bola para as urnas
Qual vai ser o efeito real da Copa do
Mundo no panorama político e na
economia? Especialistas convidados
pela Revista 21 analisam o tema
A bola já está rolando, a Copa no Brasil é uma realidade,
apesar de toda a polêmica que se avolumou nos últimos
meses sobre a conveniência e a capacidade de o país sediar um evento desta envergadura. E depois? Qual será
o efeito do Mundial no quadro político, às vésperas das
eleições presidenciais? E no campo econômico? Dos estádios, a população segue para as urnas, em outubro, com
o compromisso de eleger presidente, governadores, senadores e deputados. Tendo em vista que a Copa se dará
em um período de definições de candidaturas e alianças,
como uma possível vitória do escrete canarinho pode
influenciar nas campanhas e, especialmente, na decisão
do voto? Um possível hexa pode incitar o ufanismo em
relação ao atual governo? A derrota pode ressaltar os
problemas represados e favorecer a oposição?
Em 2007, a Fifa declarou oficialmente que o Brasil
seria a sede do maior evento de futebol do planeta neste ano. O livro “1950: o Preço de uma Copa” evidencia as
principais semelhanças entre a organização da Copa de
1950, primeira vez que o Mundial aterrissou por aqui, e a
de agora. A obra mostra que alguns erros estão se repetindo, como os problemas para a conclusão de estádios e
a influência política nas obras públicas. O país só começou a decidir as cidades-sedes em 1949 – e praticamente
em todas houve atrasos na preparação. Um exemplo foram os embates entre governantes para decidir o lugar
em que o Maracanã seria levantado. A sete dias da abertura do Mundial, o estádio ainda não estava pronto.
Uma pesquisa do Ministério do Turismo apontou
que a Copa das Confederações, em 2013, rendeu R$ 9,7
bilhões ao PIB. Projeta-se que a Copa do Mundo poderá
movimentar três vezes mais, alcançando R$ 30 bilhões.
Em contrapartida, de acordo com estudo da agência
Moody’s, a competição causará pouco impacto na economia brasileira, gerando somente 0,4% do crescimento
revista
do PIB em um ciclo de dez anos. Os gastos com a infraestrutura, segundo o estudo, representam apenas 0,7%
do total de investimentos previstos para o período entre
2010 e 2014. A conta também se abala com a redução
da atividade econômica nas empresas: “Teoricamente,
a Copa traria benefícios, mas eles serão mitigados pelos
feriados nacionais”, apontou o economista Guilherme
Mercês, da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro
(Firjan), em declaração à imprensa. “A Copa vai ajudar a
derrubar ainda mais o PIB. Só o da cerveja é que não cai,
porque o governo voltou atrás e adiou o aumento do imposto”, destacou, em entrevista, Paulo Rabelo de Castro,
do Movimento Brasil Eficiente (MBE).
Mas os principais problemas, dizem os economistas,
podem estar no aumento dos preços, na pressão inflacionária e no pagamento de contas: com os gastos do
Mundial, o Brasil pode chegar a ter R$ 2,3 trilhões de dívida interna. O governo federal ressalta o lado positivo da
Copa, enfatizando a geração de 3,6 milhões de postos de
trabalho, um maior consumo do comércio e benefícios
para segmentos da economia como hotelaria e logística.
Mesmo assim, o empresariado anda cético. Os índices de
confiança mais recentes apurados em pesquisas sinalizam, sem exceção, aumento ou permanência do pessimismo. “Normalmente no primeiro trimestre se instaura um sentimento positivo na expectativa para o ano.
Em 2014, com Copa do Mundo e ano eleitoral no Brasil, o
sentimento negativo se estabeleceu desde o princípio do
ano”, registrou o levantamento trimestral realizado pelo
Sustentare para a Região Norte de Santa Catarina.
Ainda que os protestos que se multiplicaram pelo
país desde o ano passado tenham ecoado esse sentimento, o Ibope divulgou que, para 43% da população, a
Copa trará mais benefícios que prejuízos. Isso pode gerar
implicações político-eleitorais? Estudo do banco suíço
UBS, feito para avaliar a macroeconomia e estratégia de
investimento, apontou que não existem relações diretas
entre o resultado da Copa do Mundo e a avaliação dos
governantes no país. Conclusão: o Mundial só poderia
influir se ocorresse até duas semanas antes das eleições.
Nas próximas páginas, analistas trazem reflexões sobre o tema, em artigos exclusivos para a Revista 21.
33
FABIANO DANTAS
Impactos do gramado na economia
Com o anúncio da Fifa, em 2007, de que o Brasil havia
sido escolhido como a sede da Copa do Mundo, a esperança era de que o evento e as responsabilidades
assumidas para recebê-lo servissem como incentivo
para a realização de obras que, à época, já eram fundamentais para o país. Passaram-se os anos, o quadro
mudou sensivelmente e a percepção geral se alterou no que diz respeito aos benefícios da Copa. Essa
situa­ção se agravou a partir do ano passado, por conta principalmente de dois fatores: a insatisfação da
população com os problemas do país (saúde, educação, renda, inflação, entre outros) e os atrasos e gastos em obras.
Estudos mais otimistas apontam para uma movimentação próxima dos R$ 150 bilhões e geração de
mais de três milhões de empregos. O cálculo estaria
relacionado aos investimentos feitos e aos ganhos
34
indiretos dos envolvidos no evento. Ja os pessimistas
apresentam números mais modestos, com a geração
de empregos na casa dos milhares e não milhões – e,
mesmo assim, temporários. O que é indiscutível em
qualquer estudo a respeito desse tipo de evento é que
se trata de uma grande festa, que tende a aumentar
a sensação de felicidade da população, com destaque,
obviamente, para aqueles que gostam de futebol e se
sentem privilegiados por acompanhar de perto um
torneio de tal porte.
A Copa do Mundo pode até trazer alguns impactos imediatos ao país, principalmente nas cidades-sede, mas são as eleições, em outubro, que vão determinar o caminho que o país tomará. Isso ganha
ainda mais importância devido ao momento delicado do Brasil, em que se verifica uma pressão social
que não era vista há pelo menos 20 anos, e a proble-
RODRIGO KANAYAMA
Passado político e esportivo
mas que parecem demandar medidas consideradas
impopulares e normalmente evitadas por muitos
governantes.
Não é possível desconsiderar completamente o
efeito do resultado da seleção brasileira na Copa do
Mundo sobre a decisão de voto da população, mas é
plausível imaginar que existem diversos fatores envolvidos na escolha de um candidato – e que, apesar
de ainda não apresentar a maturidade considerada
por muitos como ideal, a conscientização do eleitorado brasileiro tem evoluído neste sentido, de tal forma que provavelmente não se deixaria influenciar a
ponto de mudar radicalmente de opinião por conta
de uma vitória ou derrota da seleção.
FABIANO DANTAS é economista
e professor da Sociesc
revista
Desde a promulgação da Emenda Constitucional de Revisão 5/1994, com a redução do mandato presidencial de
cinco para quatro anos, toda eleição presidencial brasileira acontece meses após a Copa do Mundo. Sob a nova
regra, as eleições ocorreram em 1994, 1998, 2002, 2006 e
2010. Em 1994 e 1998, foi eleito Fernando Henrique Cardoso. Em 2002 e 2006, Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2010,
Dilma Rousseff. A seleção brasileira venceu as copas de
1994 e 2002. Em 1994, dia 17 de julho, o Brasil jogou a final contra a Itália. Por volta dessa data, Fernando Henrique, que já vinha crescendo nas pesquisas, ultrapassou o
adversário, Lula. Não é possível afirmar que a vitória em
campo do Brasil promoveu o crescimento. Essa era a tendência, conforme as pesquisas de intenção de voto.
Em 2002, a final da Copa do Mundo ocorreu em 30
de junho. Lula estava em primeiro lugar nas pesquisas de
intenção de voto desde abril. E permaneceu em primeiro
até as eleições, quando foi eleito, no segundo turno. Novamente, não há como afirmar que a vitória brasileira no
futebol causou efeitos eleitorais.
De acordo com o professor Fabrício Tomio, da disciplina de Ciência Política da Faculdade de Direito da UFPR,
“as pessoas não mudarão o voto em razão do resultado
da Copa”. Segundo ele, “o que poderá interferir nas eleições será o que ocorrer durante o evento”, referindo-se a
protestos ou outros fatos. Na mesma linha, os economistas Guilherme Loureiro e Thiago Carlos, em relatório do
Banco UBS, afirmaram: “No front político, acreditamos
que uma vitória (ou derrota) da equipe brasileira na
competição não deverá ter impacto direto significativo
no desfecho da eleição presidencial”.
Concordo com as duas opiniões. Não creio que o resultado da Copa causará efeitos significativos na escolha
presidencial. A derrota da seleção não ajudará a oposição, a vitória não auxiliará a situação. Contudo, outros
fatos relacionados direta ou indiretamente à Copa poderão ter efeitos no pleito. No ano passado, logo após os
protestos, a popularidade da presidente caiu 27 pontos.
Neste ano, os protestos se enfraqueceram. E não sabemos se voltarão ou não, e se terão força. Enfim, podemos
esperar qualquer resultado no pleito presidencial deste
ano. Porém, não serão os jogadores da seleção brasileira
os responsáveis pelo resultado da eleição.
RODRIGO KANAYAMA é advogado e professor
adjunto do Departamento de Direito Público da
Faculdade de Direito da UFPR
35
JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
A marca-país e
o chute de canela
A marca-país é um importante ativo econômico e não permite indiferenças. Uma marca forte é essencial para o sucesso de qualquer país
numa economia global cada vez mais aberta, fluída e competitiva. Ou
seja, é um fator que expõe diferenciais de mercado em relação a outros países, de forma a atrair turistas e investimentos. Mas o que é essa
marca-país, afinal? É um conceito estruturado por fatores como a solidez econômica, as condições para investir, o turismo, o esporte, o lazer,
o poder público, a democracia, a segurança, a cultura ou mesmo as celebridades (embaixadores da marca). Há outros pontos, mas interessa
aqui focar eventos esportivos como a Copa do Mundo. Que benefícios
a competição pode produzir e qual a relação com a marca-país?
Os investimentos em infraestruturas (estádios, acessibilidades,
transportes etc.) estimulam a economia, enquanto o dinheiro dos
turistas ou do gigantesco negócio da publicidade, por exemplo, representam importantes aportes de divisas. No entanto, é no plano dos
intangíveis que se consolidam ativos duradouros. Mas com uma condição: por trás da marca-país tem que estar uma imagem positiva. No
ano passado, a Brand Finance, empresa especializada na avaliação de
marcas e intangíveis, lançou um relatório com o ranking das marcas-país mais valiosas do planeta. O Brasil ficou na oitava posição (foi sétimo do ano anterior), atrás de países como os EUA, Alemanha, Japão,
França, Canadá ou Reino Unido. É um ótimo resultado, apesar de ser
evidente o peso do fator econômico na avaliação da empresa.
Quando optou pela candidatura à Copa do Mundo, o governo
brasileiro estava a investir nessa marca-país. Os avanços sociais, a
estabilidade econômica ou a entrada de novos consumidores para
o mercado contribuíram para criar uma percepção positiva em
todo o mundo. Mas hoje o calcanhar de Aquiles da marca Brasil
está justamente nos intangíveis.
Quem está no mercado – em especial no exterior – percebe uma
retração nos investimentos, principalmente na publicidade, uma vez
que muitas empresas preferiram não comprometer as suas marcas
num evento de risco. É de recordar que as manifestações de rua na
Copa das Confederações provocaram enorme ruído. Os estrangeiros
viram e repensaram os seus investimentos. O que resulta disso?
Ora, comprometem-se os esforços para a construção da marca-país. Perde o Brasil. Perdem os brasileiros. Para se ter uma ideia, no
ano passado, a norte-americana Advertising Age, revista de referência
na comunicação empresarial em todo o mundo, publicou uma capa
com uma foto do caos da Copa das Confederações e o seguinte título:
“Imagine a sua marca no meio disto”. Muitas marcas imaginaram e
desistiram. A Copa do Mundo passa. O Brasil fica. Mas há quem ainda
esteja a chutar de canela.
JOSÉ ANTÓNIO BAÇO, jornalista e publicitário, mora em Lisboa
36
AFONSO IMHOF
Futebol é adesão
despolitizada
Existe uma ilusão prazerosa comum ou geral às pessoas para estereotiparem os outros
como iludidos, alienados, autoenganados
ou ainda sem consciência política necessária para mudanças socioculturais. Durante
quase todo o período ditatorial, falava-se
em “pão e circo” como fator de alienação das
classes médias e da massa de eleitores geral.
Na prática eleitoral, isso era desmentido. A
oposição já era grande e saiu vitoriosa nas
eleições livre e diretas em 1965.
Por muitas vezes, os que detinham o poder
político tentaram, e não tiveram sucesso, a dominação através de ofertas futebolísticas. As
tentativas aconteceram principalmente por
meio da manipulação das competições classificatórias por certames americanos ou até
mesmo em amistosos. Entretanto, a imprensa
conseguia levantar o brio nacional, instigar
um nacionalismo, fomentando ilusões efêmeras vorazes de emoções embandeiradas e
livres de uma racionalidade que valorizasse os
princípios humanos de respeito, fraternidade
e solidariedade.
E agora, na questão político-eleitoral
após a Copa? Os candidatos à presidência
e aos governos estaduais e legislativos irão
se valer da provável vitória? Ou, com uma
derrota vexatória ou gloriosa, teremos os
aproveitadores eleitorais de plantão? Todas
as hipóteses poderão ocorrer, mas o eleitorado em geral se deixará influenciar minimamente. Futebol é futebol. É emoção. É
paixão. É adesão despolitizada. São milhões
de egos investidos em jogos cheios de amor
pelo verde e amarelo e de bullying patriótico aos outros países. A influência do futebol
na disputa dos jogos políticos eleitorais não
será sentida ou será muito pouco percebida. Infelizmente, eleições são encaradas
como adversidades ineficazes para mudanças audazes.
AFONSO IMHOF é antropólogo e
professor do curso de história da Univille
revista
37
EDUARDO GUERINI
Copa do caos
O período que antecede um grande evento esportivo
internacional como a Copa do Mundo, no país-sede, deveria ser, em tese, momento de júbilo, pela escolha, e de
apreensão diante das expectativas criadas em torno da
preparação. Porém, a tática governamental não resultou
em bons resultados na tabela de aprovação popular. Os
brasileiros vivem uma crise de identidade sem precedentes. O pessimismo tomou conta diante do ufanismo
“verde-amarelo” de outrora. Nem a seleção empolga,
tampouco o governo cumpriu a agenda de compromissos elencados como prioritários para uma Copa do Mundo. A pátria de chuteiras – alusão simbólica de nossa força desportiva – sumiu nas contradições de um governo
em curva descendente diante da desaprovação popular
frente aos excessivos gastos para construção das chamadas “arenas” de competição. A torcida está dividida.
A falta de legitimidade e transparência das ações
governamentais diante dos compromissos assumidos
com a Fifa colocou novamente o governo Dilma em posição de subserviência. Tal como um time na retranca, o
Brasil é um gigante prostrado para a alegada “Copa das
Copas”, expressão midiática dos engajados em manter
a ordem diante do caos que se transformou o megaevento. Eventos futebolísticos são narrativas simbólicas
e legitimadoras de uma alienação que se transformou
no “ópio do povo” brasileiro, e no “opróbrio governista”
diante de denúncias reiteradas de estádios com obras
superfaturadas, desvios de recursos, morte de operários
na construção, falta de obras de mobilidade urbana, e,
principalmente, a ausência de um “padrão Fifa” para
os serviços públicos essenciais. Ante uma população no
ataque desde os movimentos de junho de 2013 e a falta de planejamento do governo federal, a propaganda
oficial tenta midiatizar o aspecto positivo via consumo
emocional, louvando o legado.
Nunca um símbolo da Copa foi tão sugestivo. Se a
Copa se transformar no caos esperado pelos críticos,
faremos tal como o tatu-bola em extinção; nos envolvemos em nossa carapaça, envergonhados pela incompetência gerencial. Caso contrário, as unhas serão usadas
pelo governo federal para aniquilar seus inimigos. De
toda forma, os fulecos brasileiros serão os fiéis depositários da fatura que pagarão ao final da festa.
EDUARDO GUERINI é economista e professor
da Univali, no mestrado em gestão de políticas
públicas
38
JOÃO KAMRADT
O gol não faz o voto
Se um título de Copa do Mundo decidisse quem será o
presidente do Brasil, teríamos um futuro diferente. Porque, quando Ronaldo venceu Oliver Kahnm, goleiro da
seleção alemã em 2002, o então presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB) poderia ficar aliviado, já que a
vitória de José Serra (PSDB) estaria garantida. Mas o pentacampeonato não serviu para que o candidato tucano
conseguisse desbancar Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Logo, seria ingenuidade ou preconceito de classe
esperar que uma bola chutada por Neymar, Hulk ou Oscar sejam as credenciais necessárias para decidir quem
será o novo presidente do Brasil nas eleições deste ano.
Ao contrário, em vez de se tentar reduzir o entendimento de um fenômeno eleitoral, é preciso olhar para os 108
milhões de batalhadores, como classificou o sociólogo
Jessé Souza, que nos últimos 12 anos emergiram de uma
condição de pobreza para a conhecida classe média, que
abarca todos aqueles que atingem uma renda familiar
que varia de R$ 1,4 mil a R$ 4,8 mil.
Assim, antes de simplificar o gigantesco evento que
é uma Copa do Mundo e reduzi-lo a uma questão do impacto ou não de uma vitória brasileira na competição, o
importante é que tanto os candidatos quanto a mídia
tentem compreender por quais motivos esse torneio, tão
costumeiramente celebrado pelos brasileiros, passou a
ser o alvo de manifestações e ira da população. Se não há
respostas prontas, há apontamentos que tornam possível fazer pensar no problema, como mostram os estudos
sobre a banalidade da corrupção, feitos por Céli Regina
Jardim Pinto, a dificuldade no entendimento da necessidade da redistribuição da riqueza, como mostra o preconceito latente sobre o Bolsa-Família ou a dificuldade
de se conhecer quem forma o 1% da camada populacional que detém a riqueza e permanece escondido, como
busca rastrear o estudo sobre “Riqueza e Desigualdade
Social na América Latina”, de Marcelo Medeiros.
Para expor o ponto de vista com mais clareza, a vitória
ou derrota da seleção é um discurso em aberto, um ponto nodal ainda não definido, para ficar numa terminologia de Ernesto Laclau. Ou seja, um novo título mundial
revista
serviria apenas como uma onda no mar de discursos que
preencherão os meses que antecedem o pleito eleitoral.
Assim, o sentimento de mudança ou de continuidade de um governo entre pré-candidatos tão semelhantes
ideologicamente irá depender de como eles conseguirão
responder às questões dos 108 milhões de batalhadores,
e não como tentarão tirar vantagem de um resultado da
seleção. Antes de comemorar, é preciso apresentar soluções para aqueles que exigem que as novas possibilidades que tiveram na última década – com o aumento do
crédito, crescimento do salário mínimo e expansão de
políticas sociais – passem a ser acompanhadas por uma
melhora substancial no que encontram do lado de fora
da sua residência, com a urgente melhora nas condições
de infraestrutura, sensação de segurança, facilidade de
medicalização e diminuição da corrupção, nos processos
públicos e nos empreendimentos privados.
JOÃO KAMRADT é jornalista e
mestrando em sociologia política na UFSC
39
Performance
Luzes no fim do túnel
Ferramentarias apostam no Inovar-Auto e na
união de forças para vencer concorrentes chineses
e se recuperar da quebradeira de 2011
O ano de 2011 não traz boas lembranças para as ferramentarias.
Abatidas por problemas de gestão
e endividamento, em paralelo à
crescente entrada de concorrentes
chinesas, cerca de 12% das empresas do setor situadas em Joinville
ou fecharam as portas ou foram
compradas por outras mais estruturadas. “Foi um ano muito
complicado”, relembra Christian
Dihlmann, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais (Abinfer). Em 2012 e 2013,
segundo Dihlmann, a quebradeira
continuou alta, mas surgiu o que
ele classifica como uma luz no fim
do túnel, com o movimento que
desembocou no Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e
40
Adensamento da Cadeia Produtiva
de Veículos Automotores (Inovar-Auto). O programa, que entrou em
vigor no ano passado, concede benefícios fiscais às montadoras que
investirem, no país, em itens como
desenvolvimento, inovação tecnológica, capacitação de fornecedores
e, eis a boa notícia para o segmento,
que contratarem ferramentarias
brasileiras.
Até o momento, constata o
presidente da Abinfer, não houve
efeitos práticos do Inovar-Auto. “O
programa ainda não decolou, precisa de ajustes finos”, avalia. Um
desses ajustes seria estender sua
vigência – de cinco para dez anos.
“Cinco anos é período insuficiente
para formar uma geração de novos
empreendedores e permitir a implantação de melhorias no parque
fabril nacional.” Mesmo assim, as
perspectivas são favoráveis, em médio prazo. E o pacote governamental
tem se acompanhado de uma série
de ações e projetos conduzidos pelas entidades empresariais ligadas
ao setor, mirando na recomposição
das ferramentarias verde-amarelas.
A fundação da Abinfer, em setembro daquele mesmo ano de
2011, é uma dessas ações, à medida
que mobiliza o empresariado em
torno de bandeiras comuns. “Não
há futuro se não houver trabalho
conjunto, de todas as regiões do
país, na articulação de procedimentos e leis que regulem o comércio
nacional e internacional de ferramentais”, decreta o presidente da
associação. Em palestra sobre as
perspectivas atuais do setor, depois de uma panorâmica dos desafios macroeconômicos do Brasil
e dos principais mercados internacionais, Dihlmann apresentou as
grandes metas do planejamento
estratégico concebido pela Abinfer,
a partir de análise que considerou,
entre outros pontos, o acirramento
da concorrência vinda da China.
Reduzir pela metade o déficit
na balança comercial brasileira
até 2015, gerar nesse mesmo prazo
2 mil empregos qualificados e tornar o país um dos três melhores do
mundo no fornecimento de moldes
e ferramentas, nos próximos dez
anos, são as metas centrais. Com
um maior equilíbrio nos negócios
globais, estima-se a possibilidade
de alcançar um superávit na balança comercial da ordem de US$ 200
milhões até 2026, de modo que, em
vez de importar massivamente, o
Brasil ganhe o status de exportador
de ferramentais. “O trabalho é árduo e intenso. Estamos apenas no
começo”, sublinha o dirigente. Na
mesma direção, desde 2012, a Abinfer participa da Associação Mundial de Ferramentarias (ISTMA),
buscando “a articulação de regras
justas para o comércio de moldes
e matrizes em nível internacional”,
como afirma Dihlmann.
Presidente do Núcleo de Usinagem e Ferramentaria da Acij, Daniel
Scholze, diretor da BSS Industrial,
enxerga que o avanço chinês é, de
fato, o problema mais complicado,
ao lado da carência de mão de obra
preparada e de incentivos fiscais. “A
China cresceu consideravelmente
em fabricação de moldes para o Brasil a partir de 2009”, situa Scholze.
“Hoje, não produzimos mais de 30%
dos moldes feitos no país.” Segundo
ele, já estaria havendo uma virada,
com indústrias que apostaram em
parcerias orientais e se arrependeram. “Muitas sofreram um revés
em relação à qualidade do material
utilizado, chegando ao ponto de ter
duplicidade de moldes, sendo copiados pelos próprios chineses”, revela.
“Diante de tais situações, o que estamos sempre fortalecendo é a neces-
revista
FOTOS: DIVULGAÇÃO
No alto, Menezes, da Magna
Moldes: entusiasmo com os
mercados automotivo e de linha
branca; acima, Fix, da Abimaq: “A
desindustrialização é notória”
sidade de nos unir cada vez mais e
eliminar a ideia de que o concorrente é o seu vizinho.”
No comando da Câmara Setorial de Ferramentaria e Modelações
da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos
(Abimaq), o empresário Alexandre
Fix concorda que a disputa com os
rivais asiáticos é desparelha para
os brasileiros e aponta um obstá-
culo importante na conjuntura
atual. “O governo federal não colabora com a empresa nacional, não
tem uma política industrial sadia.
A desindustrialização é notória”,
reclama Fix, chamando atenção
para a dificuldade dos fabricantes
em modernizar seus parques produtivos, com a falta de estímulos
concretos. Outro ponto, de acordo
com o empresário, é a inadimplência por parte de inúmeros clientes
de ferramentarias. “O resultado é
que o setor está sofrendo”, diagnostica. O cenário mais otimista
que chegou a ser desenhado no
lançamento do Inovar-Auto, diz
ele, ainda não se confirmou. “Era
para ser uma ação espetacular, a
salvação da lavoura. A associação
das montadoras tinha receio até de
que não conseguiríamos suprir a
demanda, com tantos moldes e peças que seriam feitos no Brasil”, recorda-se o empresário. “Torço que
vá adiante, mas parece que só foi
anunciado para dizer que o governo estava fazendo alguma coisa.”
Se o quadro geral parece desanimador, há exemplos de empresas que vão muito bem, obrigado.
É o caso da joinvilense Magna Moldes, que ingressa no quinto ano de
existência exibindo crescimento
médio de 30% a cada exercício.
Entusiasmada com a resposta dos
dois principais mercados em que
atua, automotivo e de linha branca, a Magna Moldes investiu R$ 2
milhões em 2013, na compra de
máquinas, ampliação da fábrica
e treinamento. Neste ano, calcula
um desembolso de R$ 1,5 milhão,
para dar conta da demanda prevista. “Nossos clientes, em geral, são
multinacionais de grande porte e
lideres em seus segmentos, o que
já demonstra a capacidade, qualidade e seriedade da Magna Moldes
no trato dos negócios”, orgulha-se
o proprietário Júlio de Menezes.
41
“O Custo Brasil
tem aumentado
muito”
Áreas de desenvolvimento e produção da Ferramentaria JN: mesmo
sem aumentar receita, empresa mantém plano de investimentos
42
Há 27 anos no mercado, com 109
funcionários, a Ferramentaria JN,
que trabalha para clientes como
Honda, Fiat, Stihl e Bosch, vem encontrando dificuldades para elevar o faturamento, que em 2014
deve se manter na faixa dos dois
anos anteriores.
A explicação, diz o diretor Jair
Bonatti, é o forte aumento da competitividade interna e, principalmente, externa, o que exige preços
mais ajustados e margens menores. “O Custo Brasil tem aumentado muito. Perdemos negócios para
a Itália em função disso”, relata Bonatti, que ainda não sentiu reflexos do Inovar-Auto nos negócios:
“Estamos na expectativa”. A JN
produz moldes para injeção de alumínio de até 30 toneladas. Os investimentos em curso são focados
na compra de equipamentos para
aumentar a eficiência, como scanner para digitalização 3D de peças
e componentes, buscando substituir maquinário mais antigo.
Joinville é polo de negócios no setor
Santa Catarina é um dos três
maiores centros brasileiros de ferramentarias, ao lado do Rio Grande do Sul e de São Paulo. Segundo
dados do ano passado, em torno de
450 empresas do gênero têm base
no Estado, com destaque às que
fabricam ferramentais de injeção
para termoplásticos, extrusão e
sopro, estamparia, injeção de metais não-ferrosos, fundição de ferro
fundido e coquilhas. Em outra conta, que soma o segmento de usinagem, são quase 300 empresas em
Joinville, um terço delas vinculada
ao núcleo setorial da Acij. “Joinville
é um polo importantíssimo. Prestadores de serviços, fornecedores,
todo mundo tem escritório ou
revista
funcionários na cidade”, indica Alexandre Fix, da Abimaq.
No Brasil, operam cerca de 2 mil
ferramentarias, ante as 18 mil que
atuam na China e as 7 mil nos Estados Unidos. Na visão da Abinfer, o
negócio se caracteriza pela diversificação de segmentos e falta de foco,
mantendo uma boa qualidade, apesar dos prazos de entrega longos e da
carência de know-how em algumas
tecnologias. Em abril, empresas do
setor se encontraram na 7ª Feira de
Ferramentaria + Modelação + Usinagem, na Expoville. “Tendo em vista
a realidade econômica atual, a feira
superou as expectativas, em função da relevância das expositoras e
marcas apresentadas, inovação dos
produtos e visitação qualificada”,
avalia Walter Khairalla, organizador
do evento. O crescimento das ferramentarias em Joinville motivou a
abertura de centros de qualificação
profissional, como a TK Treinamento Industrial, do ex-professor e engenheiro mecânico Tarcisio Knorst.
Fundada em 2001, a TK já diplomou
mais de 2.500 pessoas, destacando-se em treinamentos CNC-CAD-CAM. Nos primeiros meses deste
ano, registrou salto de 50% na procura por cursos. “Desenvolvemos cursos para suprir a demanda das empresas, que exigem cada vez maior
qualificação”, afirma Tarcisio, que é
sócio da esposa Luciani na direção
da empresa.
43
Espaço Acij
BALANÇO DA GESTÃO
“Somos uma entidade reconhecida”, diz Aguiar
Desde que assumiu pela primeira vez a presidência da Acij, em 2012, Mario Cezar de Aguiar trabalhou, durante
dois mandatos, respeitando a tradição da entidade e atendendo às demandas dos associados e da comunidade.
“Somos uma entidade em que a sociedade deposita uma confiança muito grande. Sempre que há uma solicitação de interesse da população, a Acij está presente, com sua força institucional. Isso criou a respeitabilidade que
temos, não só em Joinville, mas em toda Santa Catarina e até em alguns Estados vizinhos”, avalia. Prestes a entregar o comando da casa para o advogado João Martinelli, que toma posse no dia 30 de junho, ele faz um balanço da
sua gestão e destaca os principais desafios enfrentados ao longo deste período.
CONQUISTAS
As conquistas de nosso mandato
foram resultado do trabalho firme
de todos os integrantes da diretoria, que foi muito atuante. A Acij se
caracteriza por adotar um modelo
de gestão participativa, oportunizando a que as decisões e encaminhamentos sejam sempre produto dessa visão. Dentro do que nos
propusemos no início do mandato,
conseguimos resultados bastante
positivos.
MELHOR RESULTADO
Sem sombra de dúvidas, uma rea­
lização de grande impacto, e que
ainda está apresentando resultados, foi a campanha “Eu Abraço o
São José”. Como demonstram as
pesquisas feitas com a população,
a maior demanda do município é a
questão da saúde. Identificamos o
hospital como um equipamento extremamente importante, mas que
vinha, ao longo do tempo, sendo depreciado, e cada vez com maiores dificuldades. A primeira ideia da campanha era resgatar a atenção da
comunidade joinvilense para o São
José. Com o apoio de um associado,
conseguimos a participação de um
consultor especialista em gestão
hospitalar, que fez todo um diagnóstico e um relatório de gestão, estabelecendo novos procedimentos
dentro do hospital, que estão sendo
44
implantados. A campanha ainda
não terminou. Mais e mais benefícios estão vindo em função dessa
iniciativa. Em termos de comunidade, foi o grande trabalho que fizemos durante a gestão.
O QUE PODE MELHORAR
A diretoria decidiu que um representante da diretoria do São José
virá prestar contas do trabalho que
está sendo desenvolvido. O que
ficou mais evidente é que o principal problema do hospital não se
trata de gestão interna, mas diz
respeito à folha de pagamento. O
modelo jurídico do hospital é que
deve sofrer alguns ajustes.
SERVIÇOS
Nossa gestão pensou na entidade
em longo prazo, o que proporcionou um planejamento estratégico
e possibilitou a gestão participativa. Houve uma mudança de perfil
e organizamos a Acij internamente.
O foco na questão dos serviços foi
natural. Por exemplo, no meu discurso de posse do segundo mandato, prometemos que iríamos
fortalecer a relação comercial entre
empresas da cidade e incentivar
que os associados fizessem negócios entre si. Outro destaque foi a
parceria com a Boa Vista Serviços.
Fomos atrás do que havia de melhor nesse campo e conseguimos. É
um grande serviço que oferecemos
para os associados e para a comunidade joinvilense.
EDUCAÇÃO E SEGURANÇA
A associação vê como base do desenvolvimento a área da educação,
por isso apoiou o movimento A Indústria pela Educação, da Fiesc. O
tema de segurança pública também foi abordado. Fizemos painéis
de discussão e chamamos dirigentes das partes envolvidas para discutir o tema, além de encaminhar
pleitos ao governador e, em âmbito
local, apoiar a criação da guarda
municipal, por exemplo.
MOBILIDADE E INFRAESTRUTURA
Na posse do primeiro mandato, provocamos o governador e ele anunciou, à época, que faria a duplicação
da Avenida Santos Dumont. A obra
está andando, embora não no ritmo
desejado, e agora houve a promessa
do governador de assinar a liberação
dos recursos para a construção do
primeiro elevado e da desapropriação de alguns pontos. Da mesma
forma, temos a Dona Francisca: é
inadmissível que uma via tão importante esteja naquelas condições
tão precárias. Nossa Gestão Compartilhada Norte cobrou do governador a nossa solicitação. Colombo
se sensibilizou e a prefeitura se comprometeu a fazer o projeto final de
DIVULGAÇÃO
engenharia. Isso não resolve toda a
questão da mobilidade em Joinville,
mas são ações pontuais que melhorarão em muito a situação atual.
AEROPORTO
Sempre foi uma forte bandeira
da Acij, é assunto permanente na
entidade. A competitividade do
município depende muito de um
aeroporto com boas condições. E
tivemos dois benefícios durante a
gestão. O primeiro foi a homologação do RNPAR, que é um procedimento melhor que o ILS, mas que
depende de equipamento e treinamento da tripulação das aeronaves. E agora, com a instalação do
ILS, que está pronto, prestes a ser
homologado. Esse é o ILS categoria
1, e já estamos trabalhando para
que ele seja elevado para categoria
2. Precisamos de um equipamento
ainda melhor.
ECONOMIA
A Acij realiza muitas ações em que
as pessoas não percebem a entida-
revista
Empresário presidiu a entidade
de 2012 a 2014: “Sempre que há
uma demanda da comunidade,
a Acij está presente, com sua
força institucional”
de atuando. Nasceu aqui o Feirão
do Imposto – projeto utilizado em
todo o país – e o Movimento Brasil
Eficiente. Estamos envolvidos em
questões que melhoram o desempenho da economia das empresas
e da comunidade. A Acij não pensa
apenas no município, pensa regionalmente e em todo o Estado.
GESTÃO PÚBLICA
Pelo fato de nosso prefeito ser
membro da classe empresarial, isso
nos aproximou bastante. Sempre
que o procuramos, ele nos atende,
há uma aproximação bastante forte. A Acij reconhece as dificuldades
que o município tem em termos
de recursos. Acompanhamos as
atividades do prefeito e a informação que temos é de que, a partir do
mês de junho, Joinville equilibrará
as contas. Desde o início da gestão,
o município era deficitário. Com
esses ajustes, seguramente haverá investimentos para melhorias
e atendimento das demandas. Em
relação ao governo do Estado, também temos um bom relacionamento. Sempre que há uma demanda,
vamos ao governador. E com o governo federal é da mesma forma.
Exemplo disso foi quando identificamos que Joinville teria problemas com o abastecimento de energia e num tempo recorde – nove
meses – instalamos uma subestação de energia na Zona Norte, que
equacionou a questão da energia
pelos próximos 30 anos.
45
A GESTÃO, EM IMAGENS
Melhorias no aeroporto
são bandeira permanente
da Acij; ao lado, evento
com a presença do
prefeito Udo Döhler
A
OPINIÃO
A visão de Martinelli
Presidente de uma das mais reconhecidas bancas
de advocacia empresarial da Região Sul, a Martinelli
Advocacia Empresarial, João Joaquim Martinelli,
que assume o comando da Acij, reflete neste artigo
sobre a conjuntura econômica brasileira e os desafios que se avizinham.
46
s notícias não são alentadoras para a classe empreendedora. A imprensa nos dá diariamente
exemplos do dinheiro público sendo gasto, não
em obras de infraestrutura tão necessárias ao crescimento do país, mas investimentos de utilidade duvidosa, como, por exemplo, alguns dos estádios da Copa do
Mundo. Enquanto esses bilhões foram investidos nos estádios, aeroportos, portos, estradas, ferrovias etc. ficaram
em segundo plano, e ninguém saberá quando merecerão a atenção do poder público, agora mais preocupado
com a reeleição do que com os interesses da população.
Ultimamente, os setores que representam a indústria ou não cresceram ou cresceram abaixo da caderneta
de poupança. Ou seja, se o empresário, em vez de gerar
emprego e renda, correndo todos os riscos, deixasse o
dinheiro na poupança, teria ganho mais e com isenção
de todos os impostos possíveis, além de riscos mínimos.
Como empresário não é banqueiro, continua firme sua
luta contra uma carga tributária que não para de crescer, a falta dos investimentos necessários que fazem com
que o “Custo Brasil” seja proibitivo, a concorrência nem
sempre leal dos importados, esperando ser olhado com
algum carinho e cortesia, algo que só acontecerá quando
o governo federal entender que o empresariado não está
do outro lado, mas ao seu lado, no esforço de dar dignidade ao cidadão, através da geração dos empregos necessários. Quando se diz que o Brasil tem um dos menores
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Acima, à esq., Aguiar com Dinorá Allage e Adriano
Silva, que atuaram como diretores: gestão
participativa; ao lado, o economista Ricardo
Amorim, que apresentou palestra em março,
falando sobre conjuntura; realização da campanha
“Eu Abraço o São José”, com forte mobilização
comunitária, foi uma das principais atividades
do mandato que está se encerrando
índices de desemprego do mundo e Santa Catarina pode
ser quase comparada a Cingapura, não é porque o poder
público tem gerado esses empregos, mas sim a classe
empresarial, teimosa como sempre.
Considerando que a economia está praticamente
parada, será difícil imaginar que as empresas cresçam.
No início do ano, previa-se um crescimento de 4%, o
que já era considerado insuficiente para a grandiosidade do país. Agora, quando se ouve a autoridade fazendária nos dizer, até com certo ufanismo, que o PIB
avançará algo em torno de 1,8%, saber que isso nos coloca entre os piores da América Latina, dá uma tristeza
danada. Porque nós fizemos, e bem, a nossa parte, e esperávamos que os demais também o fizessem. Não há
como aceitar um crescimento de apenas 1,8% quando
o índice médio mundial será em torno de 3,8%.
Criou-se a lei anticorrupção e esperava-se que fosse
levada a sério. Como levar algo a sério se alguns dos parlamentares estão envolvidos até o pescoço em ambientes
de corrupção e ex-integrantes do Executivo se apressam
em inocentar culpados declarados? Réus condenados,
não apenas pelo Supremo Tribunal Federal, mas por toda
a nação, estão sendo considerados, por pessoas influentes, “vítimas do sistema”, pobres coitados, mas que, ricos,
apenas esperam o cumprimento do prazo legal para sair
e usufruir de todas as benesses conseguidas.
Não adianta ir à caça de culpados pelo mau desem-
revista
penho da economia. A Copa do Mundo ou as Olimpíadas
não tem qualquer efeito nisso, a não ser os abusos na
concessão dos feriados e dos pontos facultativos. Nada
indica que a economia teria um desempenho melhor se
esses eventos não fossem realizados ou que os recursos
investidos seriam direcionados de forma competente.
Os verdadeiros culpados são os gestores da nossa economia, que admitem déficits fiscais recorrentes e que se recusam a fazer as necessárias reformas, sempre pautados
sobre índices artificialmente sustentados por retenções
de preços de produtos essenciais.
Feliz mesmo, apenas a nação corintiana, que ganhou de presente do poder público um belo estádio ao
custo de R$ 1,2 bilhão, que ninguém faz ideia de como
será tal montante ressarcido ao nosso bolso. O governo
federal poderia, em lugar de apenas patrocinar casas
de espetáculos, investir dinheiro nas empresas, concedendo financiamentos, em abundância, a juros subsidiados, para aplicar na produção. Já pensaram numa
linha de crédito em torno de R$ 10 bilhões, sem juros,
apenas atualizados pela inflação, para que as empresas aumentassem sua produtividade? Esse é o valor
que se estima gastar na construção dos estádios e que
não retornará jamais.
Quanto ao empresariado, ele é obstinado e não
abandona a luta. Sempre foi assim e assim o será, para
todo o sempre.
47
VOTE CERTO
Quase 387 mil pessoas
aptas a votar em Joinville
Finalizado o prazo para alistamento eleitoral, transferência de título
ou mudança de local de votação,
a meta da campanha “Vote Certo,
Vote em Joinville”, promovida pela
Acij, ainda não foi atingida. O objetivo da campanha mirava em um
contingente de 400 mil eleitores,
somando-se novas inscrições, especialmente de jovens, e alterações
de domicílio por parte de cidadãos
que votam em outras cidades. O
total de pessoas habilitadas a participar da eleição só será divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) no dia 11 de julho, mas as estimativas são de que Joinville ficará
com cerca de 387 mil.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o número de
atendimentos no Estado, nos últimos 10 dias de plantão, alcançou a
marca de quase 90 mil requisições.
Joinville foi a cidade que mais recebeu eleitores no período: 7.208. Embora os números oficiais ainda não
tenham sido apurados, segundo o
último levantamento da 95ª Zona
Eleitoral de Joinville, realizado no
início de junho, 386.975 pessoas votarão nas próximas eleições.
Lançada pela Acij e apoiada
pela Justiça Eleitoral, Câmara de
Vereadores, prefeitura e entidades
como Sesi, CDL, Acomac, Ajorpeme
e clubes de Rotary, a campanha teve
por meta aumentar a representatividade política de Joinville e incentivar o engajamento e a conscientização para o processo eleitoral.
Segundo o presidente da Acij, Mario Cezar de Aguiar, uma percepção
foi de que jovens entre 16 e 18 anos
participam pouco do processo eleitoral. “Foi realizado um trabalho
forte dentro das escolas, estimulando o jovem a ter consciên­cia de
como pode se manifestar politicamente exercendo o direito ao voto”,
afirma. Mesmo encerrado o prazo
para inscrições eleitorais, a campanha prossegue junto aos partidos.
“Queremos conscientizá-los da
importância de não se ter muitos
PRIMEIRO VOTO
candidatos, para que não haja a diminuição dos votos. O importante é
que Joinville, como o maior colégio
eleitoral, tenha a maior representação política possível. Isso coloca o
município em evidência”, sinaliza.
Nesse contexto, a questão dos
eleitores jovens é central. Para o professor de Filosofia e Ciências Sociais
da Univille, Belini Meurer, a falta de
conscientização da juventude ainda é uma das grandes responsáveis
pela baixa adesão dessas pessoas
ao processo. “Muitos jovens até
querem participar, mas não têm
consciência política. Eles discutem
o que está na moda. Todo mundo
diz que é importante falar e discutir
política, mas não sabe por que nem
como participar”, afirma.
Meurer acredita que as pes­soas
ainda têm medo de falar sobre o
assunto e que o melhor caminho
para criar consciência política é
pela via da educação. “Não adianta o jovem saber apenas formular
frases ou fazer contas. É preciso
introduzir políticas partidárias,
econômicas e empresariais nas escolas. Provocar uma reformulação.
A educação é só uma capa, precisamos preencher com conteúdo”,
alerta o professor.
Evolução dos grupos, por número de eleitores
Eleitores menores de 18 anos representavam 1,07%
do total de eleitores em maio de 2012. Em maio de
2014, 1,15%. Os dados são do TRE/SC
Até 16 anos
3.844
17 anos
Eleição municipal
3.064
2.963
Evolução percentual, por grupo de eleitores
De maio/2012 para maio/2014
45,2
1.751
1.381
1.473
951
13,5
4,7
TOTAL DE
ELEITORES
48
478
3,4
16
ANOS
17
ANOS
MENORES DE
18 ANOS
Maio
2012
Maio
2013
2014
PENINHA MACHADO
Ação em escola para inscrição de eleitores, durante a campanha da Acij
Aprendendo na prática
Um projeto interessante que visa
à aproximação dos eleitores do futuro com a política é o Câmara Mirim,
realizado desde 2003 na Câmara de
Vereadores. Ao total, mais de 200
“vereadores mirins” já foram eleitos.
Neste ano, outros 19 participam das
atividades. Segundo Claudinei Dias,
coordenador da Câmara Mirim de
Joinville, foi criada uma rotina para
motivar os representantes. “Na última segunda-feira de cada mês, ocorrem as reuniões das comissões técnicas e sessão ordinária no plenário
da Câmara. A cada mês, também, há
visitas culturais a órgãos públicos,
entidades da sociedade civil, insti-
revista
tuições privadas, museus e áreas de
preservação ambiental”, revela.
Podem participar alunos entre 10
e 15 anos que estejam matricula­dos
e cursando do 5º ao 9º ano do ensino
fundamental, das redes municipal,
estadual e particular de ensino. O
processo segue protocolo semelhante ao das eleições oficiais. “Para se
tornar um vereador mirim, o aluno
tem que se candidatar em sua escola, juntamente com a professora
responsável, e a candidatura deve
ser inscrita, em data divulgada em
edital, na coordenação do estabelecimento junto ao Legislativo. Após,
basta iniciar a propaganda eleito-
ral, sempre pautada pela ética, pela
discussão madura e profunda dos
temas relativos à escola. No dia da
eleição, promovida e acompanhada
pelo TRE por via informatizada, os
alunos de 5º ao 9ª anos das escolas
inscritas vão à urna exercer cidadania”, explica Dias.
Os jovens participam de atividades culturais, econômicas, sociais e
ambientais. Os eleitos recebem, no
início do mandato, um kit básico de
material escolar, passagem de ônibus para deslocamento até a Câmara e lanche ao término das reuniões.
Antes de empossados, participam
de curso de oratória e de noções
básicas sobre o processo legislativo.
Além disso, conhecem o funcionamento do Legislativo Municipal,
aprendendo mais sobre cidadania e
o papel do vereador.
O coordenador ressalta que o
projeto auxilia na relação entre os
jovens e a política. “Promovemos a
interação entre a Câmara de Verea­
dores e a escola, permitindo ao
estudante a educação para cidadania, a democracia e a formação
política, contribuindo para sua formação e para o entendimento dos
aspectos políticos da sociedade
brasileira”, finaliza.
49
São 82 apartamentos, em dois blocos, na área central de Joinville
FEITO EM JOINVILLE
Hotel Sabrina tem clima familiar
Aromas e sabores característicos do
Mercado Municipal são vizinhos do
Hotel Sabrina. Fundado há 19 anos
por Raulino João Schmitz e Maria
Aparecida Schmitz, o hotel procura
fazer com que os turistas se sintam
em casa. O clima familiar do estabe-
lecimento está até no nome: Sabrina, a filha do casal, gerencia o negócio. A ideia inicial era construir um
prédio comercial. “Meu pai sempre
foi muito empreendedor. Até que
um dia alguém deu a ideia de abrir
um hotel. A família gostou e fomos
pesquisar esse mercado, pois não
sabía­mos nem quanto cobrar por
uma diária”, lembra. Quando inaugurado, o prédio tinha apenas 13
apartamentos. Hoje, são 82 – quatro
deles adaptados para pessoas com
deficiência –, distribuídos em dois
blocos com arquitetura germânica
e que valoriza a sustentabilidade.
Todo o lixo do hotel é reciclado, a
lavanderia adota sistema de reaproveitamento e tratamento da água
da chuva e o segundo bloco utiliza
energia solar. “Nossa família sempre teve essa preocupação. Fazíamos isso em casa e trouxemos para
o hotel”, aponta Sabrina.
www.hotelsabrina.com.br
Rua Ricardo S. Gomes, 234, Centro
3801-9400
[email protected]
[email protected]
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Panificadora
Manchester:
atendimento
Em busca de maior qualidade de
vida, Custódia Goreti Shigeoka e
Tetsuya Shigeoka deixaram São
Paulo para trás e, em 1984, fundaram a Panificadora Manchester,
em Joinville. Destacada pela qualidade como uma das melhores da
cidade, dispõe de delicioso bufê de
café, além das inúmeras opções
de doces e salgados, ao lado de variedades da estação, como o bufê
de sopas para o inverno. Segundo
Custódia, cada um dos mais de 30
funcionários tem uma importante missão a cumprir na empresa.
“Aqui, o trabalho é dividido para
juntos alcançarmos os objetivos
traçados”, ressalta. “Preparamos
produtos de qualidade, aprimoramos nossos conhecimentos e
50
Custódia recebeu diploma em homenagem da Acij
buscamos novidades para a melhor satisfação dos nossos clientes”, afirma. A panificadora conta
também com um amplo espaço
de produção e atendimento, assim
como um ambiente para eventos,
com capacidade para 50 pessoas
e acesso a portadores de necessidades especiais. “Prezamos, acima
de tudo, pelo bom atendimento e,
consequentemente, pelo bom relacionamento entre nossos clientes e
nossa empresa”, finaliza Custódia.
www.panificadoramanchester.com.br
Ten. Antonio João, 2233. Bom Retiro 3425-1082. [email protected]
revista
59
MISSÕES EMPRESARIAIS
Próxima parada: Vale do Silício
Por meio da Fundação Empreender,
a Acij promove, ao longo de 2014,
missões empresariais com visitas a
empreendimentos, feiras e congressos internacionais relevantes para
o mercado. Uma das programações
que se destacam, marcada para o
mês de novembro, tem como destino o famoso Vale do Silício, nos Estados Unidos. Na agenda, visitas às
grandes empresas de informática da
região, como Google, Microsoft, You
Noodle e Sales Force. Serão quatro
dias de contatos e palestras e um dia
livre para turismo e compras.
Segundo Anamaria Miguel,
gerente operacional e responsá-
52
vel pelas missões na Fundação
Empreen­der, a viagem está aberta
a inscrições. “O principal objetivo
de nossas missões é proporcionar
ao participante a oportunidade de
conhecer novas realidades e conceitos empresariais, além de estabelecer novas parcerias e acordos com
empresas internacionais”, conta.
O silício é a principal matéria-prima dos processadores produzidos por empresas de tecnologia
e utilizados em notebooks, tablets
e smartphones. Localizada na Califórnia, a região recebeu esse nome
por abrigar a sede das maiores
companhias do ramo do planeta.
Foi no Vale do Silício que dois estudantes de Stanford, Bill Hewlett e
Dave Packard, fundaram a HP, em
1938. Nos fundos da garagem de
uma pequena propriedade, a dupla fabricou o primeiro produto da
marca: um dispositivo eletrônico
que produzia sons, com um investimento de apenas US$ 538. Cinco
décadas depois, em 1990, o Vale viu
o início do seu processo de industrialização.
Informações e inscrições
[email protected]
(47) 3461-3364/3373
CALENDÁRIO DAS MISSÕES
l Setembro
14 a 22, Missão Itália
Região de Trento/Itália
Objetivo: conhecer empresas para
estabelecer relação de negócios,
conhecer gestão de micro e pequenas
empresas na região. Aprimorar
relacionamento com a confindústria
de Trento
l Novembro
9 a 18, Missão automecânicos
Feira Authomecanika em Frankfurt,
Munique e Sttutgart/Alemanha
Objetivo: conhecer a Escola de Formação de
Automecânicos, visita à Câmara de Ofícios
de Munique, Innung (Associação) e museus
das montadoras
ASSOCIADOS
R$ 2.950
NÃO-ASSOCIADOS (EM APTO. DUPLO)
R$ 4.830
NÃO-ASSOCIADOS (EM APTO. DUPLO) R$ 3.400
INSCRIÇÕES ATÉ 30/6
INSCRIÇÕES
ATÉ 11/7
l Outubro
9 a 21, Missão Canton Fair
Feira Canton Fair, na China
Objetivo: visitar a feira, conhecer
fornecedores e empresas do ramo
INVESTIMENTO (EM APTO. DUPLO)
INSCRIÇÕES
revista
ASSOCIADOS 9a 18, Missão dos cervejeiros
Feira Braubeviale (Nürnberg) e Munique/
Alemanha
Objetivo: conhecer a feira Brau Beviale,
escolas, empresas e fornecedores do ramo
ASSOCIADOS US$ 4.498
ATÉ 1/8
R$ 4.200
NÃO-ASSOCIADOS (EM APTO. DUPLO) INSCRIÇÕES 14 a 23, Missão Vale do Silício
Objetivo: conhecer gigantes da informática
como Google, Apple e Microsoft
ASSOCIADOS US$ 5.580
NÃO-ASSOCIADOS (EM APTO. DUPLO) US$ 6.417
INSCRIÇÕES ATÉ 30/7
22 a 30, Missão Euromold
Feira Euromold, Frankfurt/Alemanha
Objetivo: conhecer a feira e visitar
empresas e entidades do setor
ASSOCIADOS
R$ 3.100
NÃO-ASSOCIADOS (EM APTO. DUPLO) R$ 3.565
INSCRIÇÕES ATÉ 28/5
R$ 3.320
15 a 23, Missão Big 5
Feira Big Five, em Dubai/Emirados Árabes
Objetivo: visitar a feira
R$ 3.810
INVESTIMENTO
ATÉ 29/8
INSCRIÇÕES US$ 4.980
ATÉ 12/9
53
Macaíba e Parnamirim/RN
Moreno/PE
POR QUE ACIJ
O alcance da
associação
OS ASSOCIADOS EM OUTROS ESTADOS
A maioria dos associados da Acij provém da
Região Norte de Santa Catarina. Mas o alcance
da Acij é bem maior. A associação está presente
em 19 municípios catarinenses e em seis outros Estados.
Quem se associou em abril e maio/2014
ADOBE ENGENHARIA ALBCON ESTRATÉGIA TECNOLOGIA E GESTÃO INKAZA CONSULTORIA E INTERIORES ALIANÇA BRINDES ALICANTE TRAVELMATE JOINVILLE VERSATIL ANDAIMES ABILITY ONLINE QUANTEC LIBES COMUNICAÇÃO LIVRE ABIFA INNOVATE GESTÃO DE MARCAS E COMUNICAÇÃO AUTO TORQUE AZIENDA CONTABILIDADE CASA DE MINAS ACRILICOS BETA BRASIL FIRE TREINAMENTOS CAL COMPONENTES AUTOMOTIVOS SCHOLZ ASSESSORIA CONTÁBIL CENTRUSFER CENTRAL DE USINAGEM E FERRAMENTARIA CM CONSTRUTORA E INCORPORADORA COMÉRCIO DE ARTESANATO ÁUREA CONDOVILLE COBRANCAS GARANTIDAS CONFEITARIA AMOR E CANELA BELAS ARTES TRATTORIA CORAL POLECON SERVICOS CONTABEIS SENAF CURSOS PROFISSIONALIZANTES DOIS IRMÃOS CAÇAMBAS CERVEJARIA DOM HAUS DRIX REPRESENTAÇÃO COMERCIAL EFICONTA ASSESSORIA CONTÁBIL ELFECAR CENTRO AUTOMOTIVO LIA MODAS RESTAURANTE BAVÁRIA BERG PINTURAS FLORA HARDT GERALDO CENTRO AUTOMOTIVO REALIZA IMÓVEIS HF CORTINAS HANG CLIMATIZAÇÃO SALÃO DE BELEZA CARMELITA LIVRARIA NOBEL JOINVILLE HF MULTI FERRAMENTAS HPS DO BRASIL IMOBILIÁRIA NORTE SUL INTERNET ESTACIONAMENTO QUINZE KAUANA MODAS MARIO BORGA DISTRIBUIÇÃO DOHMA COMUNICAÇÃO JNTATEL IMOBILIARIA JLLE OTICA MAY RELÓGIOS 54
Vitória/ES
Campinas/SP
Londrina/PR
São Paulo/SP
Curitiba/PR
Passo Fundo/RS
Caxias/RS
47 3433.0170
41 4042.5154
47 3804.7609
47 3026.6611
47 3436.5475
47 3227.7570
47 3205.6000
47 3026.5465
47 3422.6741
47 3466.3919
47 3461.3333
47 3422.5474
47 3027.1996
47 3433.1099
47 3903.3104
47 3027.7744
19 3874.9193
47 3145.7000
47 3026.5931
47 3465.2179
47 3432.1952
47 3427.2137
47 3026.5669
47 3425.4505
47 3026.1816
47 3026.4224
47 3435.4747
47 3804.1230
47 3432.0027
47 3433.9764
47 8853.1565
47 3801.2822
47 3028.5505
47 3433.2698
47 3467.5045
47 3463.7546
47 3422.2630
47 3433.9599
47 3034.0321
47 3434.0024
47 3227.5979
47 3043.4800
47 3027.7854
47 3439.4134
47 3027.5225
47 3433.0669
47 3027.6901
47 3027.1447
47 3437.8440
47 3029.5171
47 3635.0901
47 3422.9615
47 3422.0017
47 3028.9955
MIRACLE EDITORA JVIPAN ADMINISTRADORA DE BENS HERMES IMÓVEIS PREMIER GESSO MULTISERVICE WVILLE CONSULTORIA EMPRESARIAL LAVOR SÍNDICO PROFISSIONAL LEONARDO FORMENTO LGA CONSULTORIA LOG-IN LUIZ JOAQUIM ENGENHEIRO ELETRICISTA MAO DE OBRA CANELA MARCIA ALVES CONSULTORIA EMPRESARIAL JC DISTRIBUIDORA
NETE ENXOVAIS MAX SCHWOELK FOTOGRAFIA SUPERMERCADO MATTIOLA MERCADO IRMÃOS OLIVEIRA METALGALVANO MOLAVILLE NET MACHADO E MACHADO IMÓVEIS PADRA IMÓVEIS PALETA ENGENHARIA PANIFICADORA E CONFEITARIA VIANA PH COMUNICAÇÃO VISUAL E TOLDOS PRECISÃO GRÁFICA PREMIERE FACÇÃO
PREVINE CONSULTORIA DE RISCOS LTDA QUALIPRO SOLUTIONS RAFFISA TRANSPORTES RODOVIÁRIOS PRIME TURISMO RESTAURANTE THOME TIJUCAS RESTAURANTE AMWAY DO BRASIL SUPERMERCADO RONCHI ROSANGELA SCHWARZ PODOLOGA ROSE DE CASSIA ROGERIO – TREINAMENTOS ROSSIL INDUSTRIAL PARADIZZO APART HOTEL RESTAURANTE SANTO SABOR SCHROEDER E CAMPOS ADVOGADOS ASSOCIADOS SEGTUR VIAGENS E TURISMO SELECTA AUDITORES SGT TELECOM SINERGIA IMPORT CLARO EMPRESAS AGÊNCIA SUPERNOVA CADERODE JOINVILLE TOKYO COMPONENTES ELETRÔNICOS UNNITY CORRETORA DE SEGUROS ELIS DOCES E SALGADOS VIDRAÇARIA DOUGLAS VIPLAN ENGENHARIA XANDOV SOLUÇÕES AUTOMOBILÍSTICAS 47 9636.8787
47 9188.1407
47 3454.4148
47 9703.6440
47 9978.0304
47 3227.8560
47 3425.1153
47 3455.0015
47 3233.6874
47 3435.4299
47 3453.2379
47 9918.8105
47 3207.1377
47 3427.0419
47 9905.9184
47 3437.2429
47 3419.5259
47 3447.1946
47 3473.8544
47 2105.4243
47 3439.4134
47 3433.8170
47 3029.2778
47 3434.2366
47 3017.1722
47 3433.6008
47 3035.6969
47 3207.3623
47 3028.1005
47 3026.6155
47 3027.4002
47 3432.6539
47 9218.2744
47 3463.6784
47 3023.6928
47 3801.4441
47 3425.4333
47 3804.4000
47 3027.2331
47 3422.5747
47 3025.2020
47 3461.3150
43 3028.8989
47 3025.9191
47 3029.5600
47 3023.4204
47 3804.5115
47 3455.0015
47 3461.3102
47 3434.3099
47 3426.1873
47 3205.0050
47 3461.3157
revista
63
PALESTRA
Especialista em
ética vem falar
de confiança
Clóvis de Barros Filho foi considerado pela Revista Exame e pelo evento
HSM Expo como um dos melhores
palestrantes do Brasil, e o melhor
das Américas, sobre o tema ética,
participando de eventos em países
como Argentina, Chile, Uruguai, México, Canadá e Estados Unidos. Dia 21
de agosto é a vez de os joinvilenses
assistirem à palestra “Confiar para
Liderar Novos Desafios”, no Hotel
Bourbon. Doutor pela Universidade
de Paris e pela Escola de Comuni-
56
cações e Artes da USP, Clóvis atua
no mundo corporativo desde 2005,
por meio de seu escritório, e tem
como clientes algumas das maiores
empresas do Brasil. Suas palestras
abordam temas contemporâneos
que reforçam a compreensão do que
acontece no mundo corporativo e na
vida de cada um. As apresentações
prezam pelo didatismo e pelo aprendizado das questões humanas. O
diferencial é a ausência de aparatos
tecnológicos e o poder de sua retórica, que utiliza exemplos do cotidiano
para passar conteúdos filosóficos de
maneira leve.
Clóvis é autor de nove livros. O
mais recente é “A Vida que Vale a
Pena Ser Vivida”, da Vozes. A obra
explora a ideia de que cada um tem
seus sonhos, ilusões, medos e espe-
ranças, e ninguém pode oferecer ao
outro a chave de uma vida “melhor”,
pois essa chave deve ser uma busca
pessoal. No prefácio do livro, escrito
em coautoria com Arthur Meucci, o
leitor recebe o curioso aviso: “Este livro não atende às suas expectativas.
Sua leitura não trará soluções. Nele
você não encontrará nenhuma dica
ou artifício para se dar bem. Deixe
este exemplar para outro leitor. Mais
desconfiado dos programas de excelência existencial. Para ele escrevemos. Oferecendo reflexão crítica
sobre os critérios existenciais mais
consagrados. Para que possa resistir,
cada vez melhor, contra todo tirano
que pretenda empurrar-lhe goela
baixo a vida que vale a pena”.
[email protected]
Acij participa
do Encontro
Estadual de
Executivos
Durante a Expogestão 2014, realizou-se o Encontro Estadual de Executivos, que contou com a participação
de representantes das associações
ligadas à Federação das Associações
Empresariais de SC (Facisc). Diogo
Haron, diretor executivo da Acij, representou a entidade e compartilhou suas experiências de sucesso
no painel que abordou os benefícios
da excelência na gestão das ACIs.
revista
DIVULGAÇÃO
REPRESENTAÇÃO
Evento se realizou em paralelo à Expogestão: intercâmbio positivo
A ideia de conciliar os dois importantes eventos visou aumentar a
participação das associações em um
dos maiores encontros empresariais
do Brasil, além de facilitar o deslocamento dos profissionais. A Facisc
também ofereceu dois workshops
gratuitos durante a Expogestão e
lançou o Balanço Social 2013, que
mostra como a federação está empenhada no cumprimento dos
Objetivos do Milênio, parâmetros
estipulados pela Organização das
Nações Unidas (ONU) para o desen-
volvimento global.
A 12ª Expogestão, realizada de 21 a
23 de maio, é um evento que oferece
uma oportunidade ímpar para líderes empresariais e gestores trocarem
experiências, atualizarem tendências e estreitarem relacionamentos,
unindo o pensamento à prática da
gestão empresarial. Em paralelo aos
painéis e debates, os congressistas
puderam aproveitar as oportunidades da Feira de Produtos, Serviços e
Soluções Empresariais e participar
das sessões de workshops.
57
Ponto e contraponto
A governança corporativa e
os rumos das organizações
Boas práticas que só trazem benefícios
Rolf Brietzig
Presidente do Núcleo Jurídico da Acij,
sócio da Brietzig Advocacia
Tema recorrente no meio empresarial, a governança corporativa gera dúvidas. O conceito básico pode ser resumido como um somatório de práticas que visam obter o
maior desempenho possível de uma companhia ao dar
segurança a todas as partes interessadas: investidores,
funcionários, credores, entre outros, facilitando o acesso
a informações relativas ao funcionamento da sociedade.
A governança corporativa tem como principais objetivos:
a) transparência/credibilidade, b) igualdade de tratamento dos acionistas e c) prestação de contas transparente e clara.
Transparência: significa muito mais do que o comprometimento de disponibilizar para as partes envolvidas as informações que sejam de seu interesse, não se
restringindo àquelas impostas por lei, de maneira a gerar a confiança que os investidores necessitam.
Igualdade de tratamento: trata-se aqui, sempre, de
manter um tratamento justo e igual a todas as partes
envolvidas, sejam acionistas minoritários, clientes, fornecedores ou investidores.
58
Prestação de contas transparente e clara: proporciona a confiança que as partes interessadas precisam ter
para investir na companhia. Ações dos gestores contribuem para a longevidade das organizações.
A pergunta que surge nas empresas de administração familiar, em especial naquelas que vêm tendo
sucesso sem utilizar as ferramentas da governança
corporativa, é: por que mudar? Resposta: se a gestão se
concentra numa pessoa somente, a consequência é que
haverá diminuição da capacidade de independência
funcional da empresa, trazendo possível insegurança
e, por conseguinte, uma barreira para a continuação do
desenvolvimento dos negócios.
Ou seja, não adotar os comportamentos utilizados
na governança corporativa, quais sejam, a transparência,
a igualdade de tratamento dos acionistas e uma prestação de contas transparente e clara, compromete a perenidade da empresa, além de torná-la perigosamente dependente dos seus próprios gestores, impedindo mesmo
o crescimento da corporação.
Nesta ótica, o mercado criou uma visão benéfica das
empresas que resolvem implantar as melhores práticas
de governança corporativa, demonstrando solidez, confiança e, principalmente, amadurecimento na gestão
empresarial. Ficam evidentes então os benefícios da adoção das ferramentas e boas práticas da governança corporativa na gestão de suas empresas.
ILUSTRAÇÃO: FÁBIO ABREU
O fundamento está nas pessoas e suas relações
Raul Cavallari
Sócio da Meta Gestão Empresarial, membro associado do Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa (IBGC)
Das definições para governança corporativa, prefiro a
do IBGC: “Sistema pelo qual organizações são dirigidas,
monitoradas e incentivadas, envolvendo relacionamentos entre proprietários, conselhos, diretoria e órgãos de
controle. Suas boas práticas transformam princípios
em recomendações objetivas, alinhando interesses para
aumentar o valor da organização, facilitando acesso ao
capital e contribuindo para sua longevidade”.
A implantação se faz pela identificação dos interesses envolvidos e pela constituição de conselhos com
responsabilidades próprias para que o sistema funcione
integrado e de forma adequada. Nas empresas familiares, atuam três esferas de interesse: família, sociedade
e empresa. A questão é como as decisões do conselho
migram para os níveis operacionais, através de soluções
equilibradas, harmoniosas e motivadoras.
Entendemos a importância e como funciona este
sistema, enfatizado na palavra-chave da boa governança: relacionamento. Relacionamento remete a pessoas. É
utópico imaginar que todos pensem, sintam e ajam da
revista
mesma forma.
Nosso trabalho consiste em explorar a visão positiva
das diferenças culturais e de valores entre as lideranças
e as equipes, baseado no tripé para a boa gestão da organização, definindo a estrutura da governança corporativa, a estratégia do negócio e os subsistemas de gestão
empresarial, que incluem padrões para informação, comunicação e descrições de o quê, como e quem faz o que
na empresa. O fundamento, portanto, está nas pessoas
e em suas relações. Buscamos aproximar sonhos individuais com a identidade empresarial, passando pelos
processos, e não iniciando por eles, tornando-os eficazes.
Definimos, em consenso, os indicadores de desempenho
que aliam medidas econômicas a índices de prosperidade, para avaliar os resultados da empresa.
Outra consequência é a retenção de talentos alcançada de forma harmônica e convergente, servindo de
base para a motivação das equipes.
Com essa abordagem, empresários e demais agentes
relevantes da organização passam a contar com soluções criativas, nascidas da participação, do comprometimento e da geração de significado pelas equipes. Soluções com resultados de excelência que conduzem ao
trinômio crescimento, desenvolvimento e perpetuidade.
Assinalamos ainda que governança corporativa é
acessível para empresas de qualquer tamanho. Não é
preciso ser grande para implantar. Nós sabemos como.
59
Resistências limitam crescimento e profissionalização
Vladimir Brandão
Jornalista, escritor e mestre
em sociologia política
Uma das teorias mais influentes para explicar por que
algumas sociedades são mais desenvolvidas do que
outras é a do institucionalismo. Países com instituições
fortes são mais amigáveis ao empreendedorismo, pois
contratos são respeitados, leis são aplicadas e a justiça funciona. É o que também se chama de “ambiente
favorável aos negócios”, que resulta em desenvolvimento econômico e social. O conceito de governança
corporativa se aproxima do institucionalismo, só que
aplicado a empresas.
Governança corporativa pode ser entendida como
um conjunto de orientações e regras de conduta que
uma empresa se dispõe a cumprir, e a existência de grupos de controle para garantir o cumprimento. Transparência é fundamental. À semelhança dos poderes em
uma democracia, a governança institui sistemas de
pesos e contrapesos em que conselho de administração, conselho fiscal, controladoria, diretoria executiva e
outras instâncias vigiam-se, avaliam-se e reformam decisões alheias. Serve para proteger os controladores das
60
decisões dos executivos, e os minoritários dos interesses
dos controladores. Numa visão mais ampla, contempla
também os interesses de todos os “stakeholders”.
Para muitos empresários, não é fácil mudar a cultura e dividir o poder. Em Santa Catarina, onde grandes
empresas atravessam décadas sob controle familiar, há
resistência em adotar práticas de governança, o que limita seu crescimento e profissionalização. O expediente é requerido para abertura de capital e oferta de ações
em bolsa de valores – o investidor topa correr riscos, mas
quer garantias de que o projeto será bem administrado
e de que seus interesses serão resguardados. Só que empresários acostumados a mandar sem limites e a não
divulgar seus números relutam. Muitos dos que trilharam o caminho não escondem uma ponta de inveja do
concorrente que se manteve fechado e mais “livre” para
tocar a vida, sem dever satisfações a ninguém.
Já esses últimos podem argumentar – não sem razão
– que o simples ato de instituir sistemas de governança
não garante muita coisa. Artimanhas contábeis, fraudes
e falta de transparência de corporações privadas e públicas, dotadas de sistemas de governança corporativa supostamente sólidos, no Brasil, Estados Unidos ou Europa,
têm deixado muita gente boa no prejuízo e deflagrado
crises de enormes proporções. A lição que deve ficar dessas crises não é de que governança é mera perfumaria,
mas que deve ser levada cada vez mais a sério.
revista
65
Cabeceira
Gente José Roberto Torero
“Leitura ajuda até no futebol”
Raras vezes a televisão brasileira abre espaço para a literatura – quase sempre, quando ocorre, é nos canais por
assinatura. Está em gestação um projeto nesse campo que chama atenção pela originalidade no formato, mais
dinâmico que os tradicionais programas de entrevistas. À frente da iniciativa, o jornalista, roteirista e escritor José
Roberto Torero. Paulista de Santos, vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura pelo livro “O Chalaça”, também autor
de títulos infantis e com larga experiência na imprensa esportiva, foi Torero quem propôs a ideia para a TV Sesc. A
série, com 52 programas semanais de meia hora, já está em produção, mas só vai ao ar em 2015. Na Feira do Livro
de Joinville, Torero falou com a Revista 21 sobre a novidade.
Como será
o programa
Será um pouco diferente dos programas tradicionais de literatura, que
se baseiam em entrevistas com um
escritor. Vai ser um programa muito
“vinhetado”, muito quebrado. Terá,
sim, entrevista com um escritor, mas
com foco em algum tema literário.
Se fosse com a Ana Miranda, por
exemplo, poderia ser romance histórico; com Ziraldo, literatura infantil
etc. Mas terá vários outros quadros.
A gente vai sempre mostrar, por
exemplo, uma biblioteca interessante; o escritor vai falar de como, onde
e por que escreve; haverá alguém
falando e qual foi o livro marcante
da sua vida; um pequeno documentário sobre as profissões em volta do
livro (o revisor, o tradutor, o editor, o
assessor de imprensa, o gráfico etc.);
microbiografias animadas de autores... Enfim, vai ser bem quebradinho, é um programa que terá uma
vida interessante na internet. A ideia
nasceu quando estava conversando com outras pessoas sobre o que
gostaria de ver na televisão se fosse
um programa de literatura. Falei
justamente que não queria ver um
“programa de entrevista”, porque às
vezes não gosto do cara e logo perco
o interesse. Teria que ser um programa mais ágil e moderno. Aí fui
formatando o projeto, gostando da
ideia e apresentei ao Sesc. Eles tam-
62
bém gostaram da proposta, fomos
refazendo algumas coisas, reformatando, até que ficou pronto mesmo. Em síntese, cada programa vai
ter um grande tema. Por exemplo,
vampiros. Aí, vamos entrevistar um
escritor que tem uma obra ligada ao
tema. Biografia relacionada a vampiros, uma biblioteca especializada
em vampiros, o capista convidado a
falar sobre capas naquele dia falaria
sobre uma capa de vampiros que fez,
e tal. São programas temáticos, unidos pelo tema, não pelo escritor.
Cultura e
literatura na TV
A TV por assinatura cumpre seu
papel e faz coisas interessantes na
questão cultural mais ampla, mas
a literatura fica meio em segundo
plano. O único programa de que
me lembro sobre literatura é o do
Edney Silvestre, na Globonews. É
bem raro, a literatura está ficando
para escanteio mesmo. Creio que é
porque o brasileiro lê pouco e, consequentemente, pouco se interessa
pelo tema. A mudança começaria
pela escola, por famílias incentivando a leitura para que faça mais parte do cotidiano. O brasileiro normal
não tem o livro como uma fonte de
prazer usual – é o futebol, o filme na
TV, o programa de auditório, mas o
livro não entra na cesta de praze-
res do brasileiro, o que é uma pena.
Isso vem mudando lentamente. A
literatura infantil até que tem crescido bastante, enquanto a adulta
aumenta, timidamente, em um
fenômeno que resulta da chegada
de grandes sucessos internacionais,
Dan Brown, “50 Tons de Cinza”, essas coisas. É um crescimento não
muito nobre.
Poucas livrarias,
poucas bibliotecas
Nossa vizinha Argentina dá uma
surra na gente, é triste. Quem visita o país depara com um monte de
bibliotecas, leitores muito bons. É
um país onde se lê muito na escola,
e isso acaba fazendo uma diferença
enorme. Com uma população quase
dez vezes menor que a nossa, eles
fazem um cinema melhor que o nosso, uma literatura tão boa quanto a
nossa, um futebol quase tão bom
quanto o nosso. Pode parecer que
não, mas a questão cultural ajuda
até no futebol. Se tem um jogador
inteligente, que leu, e tal, ele acaba
melhorando algumas coisas, e também o raciocínio. Claro que não é o
mais importante... Mas, veja, se o brasileiro Sócrates não fosse tão inteligente, não tivesse lido tanto, talvez
não jogasse tão bem. O Raí é outro
caso. Ele não tem uma habilidade
espetacular, mas joga com inteligên-
cia, usa tão bem que acabou sendo
um craque quase tão grande quanto
o irmão. Se a gente tivesse jogadores
que lessem mais, até nosso futebol
melhoria um pouco. A história da
Argentina explica essa distinção. Lá
havia uma classe média mais sólida
e um sistema escolar melhor. Aqui o
sistema foi destruído pela ditadura,
negligenciado pelos militares, e jamais se recuperou. Mesmo com os
governos democráticos, a gente não
teve o grande choque que precisava
na educação, só melhorou paulatinamente. É triste que essa melhoria
seja lenta, o bacana é se fosse mais
rápida, como aconteceu em outros
países. A Coreia, por exemplo, deu
um salto grande. Não sou otimista de que esse ritmo vai aumentar,
acho que vai continuar assim mesmo. Não se vê sinais diferentes de
ninguém, os grandes candidatos
não acenam com isso, com uma revolução educacional. É sempre uma
questão de gestão.
Cinco livros de
José Roberto Torero
l Galantes Memórias e Admiráveis
Aventuras do Virtuoso Conselheiro Gomes,
o Chalaça
l Terra Papagalli
COM MARCUS AURELIUS PIMENTA
l Uma História de Futebol
l As Primeiras Histórias de Lelê
l Futebol é Bom pra Cachorro
WILLIAM DA SILVA
revista
COM MARCUS AURELIUS PIMENTA
63
Para entender a beleza e a complexidade da natureza
A Magia da Realidade – Como
Sabemos o que é Verdade
Richard Dawkins
Companhia das Letras O livro é uma dessas leituras obrigatórias para todos os que querem entender a complexidade e a beleza da
natureza, vista pelos olhos da ciência
moderna e descrita por um dos mais
respeitados cientistas britânicos da
atualidade. “Magia” aqui se refere
à beleza intrínseca ou ao sentido
estético, plástico, da realidade, em
contraposição ao sobrenatural ou à
execução de truques com que grandes mágicos nos extasiam em suas
fantasias e apresentações.
Surpreendente a forma convincente
com que o autor apresenta e desmistifica uma série de eventos que
assombraram nossos antepassados
e ainda cultivam a imaginação de
muitos, desde a (in)existência de um
primeiro ser humano, passando por
discussões sobre o que é o sol e do
que ele é feito, ou por que observamos as intrigantes cores e a forma
do arco-íris. Dawkins nos conclama
a contemplar a natureza em sua be-
leza revelada através da ciência, das
minúsculas e fundamentais partículas elementares que compõem a
matéria conhecida ao universo alcançável e além, ainda desconhecido.
Numa época em que a informação
está literalmente na ponta dos dedos, separar o real do sobrenatural é
um exercício contínuo de aprendizado. Fugir às armadilhas das crenças
e ideias sem fundamento que nos
foram imputadas desde crianças é
tarefa que exige profunda reflexão,
bom-senso e capacidade de análise.
.
Luismar Marques Porto, PhD, professor associado do Departamento de En-
genharia Química e Engenharia de Alimentos
da UFSC
Seis dicas Ricardo Amorim
O economista Ricardo Amorim, apresentador do Manhattan Connection, que esteve em Joinville para palestra,
em março, comenta seis livros básicos para quem quer se iniciar nos mistérios da economia.
Por que Países
Fracassam
Daron Acemoglu e
James A. Robinson
mostram a diferença
de estratégia entre
os países que ficam ricos e os que
não ficam e como ela se deve principalmente a líderes corruptos, sem
compreensão da História e que não
investem em educação – formação
de capital intelectual – e criação de
ambientes propícios a negócios.
Punidos pelas
Recompensas
Profunda análise crítica sob a perspectiva da
psicologia dos múltiplos efeitos colaterais
de um dos pilares de qualquer sistema econômico: seu sistema de punições e recompensas.
64
Super-Freakonomics
Aplicando a teoria econômica e esmiuçando
dados que passam
despercebidos
pela
maioria, o livro desvenda mistérios e desmistifica falsas
verdades. Na essência, mostra como
os princípios da economia podem
ser aplicados a situações que a maioria não imagina ter a ver com economia. Sou suspeito quanto a esse livro.
Gostei tanto que até escrevi o prefácio da edição brasileira.
Manias, Pânico e
Crashes
Panorama histórico
da economia mundial
desde o Império Romano, ilustrado pelas
muitas crises ocorridas desde então. Ajuda a entender
que, como na vida pessoal, crises esporádicas são inevitáveis na economia, mas conhecendo seus padrões,
podemos nos preparar para com
alguma antecedência, em vez de sermos pegos de surpresa.
Economia
sem Truques
Princípios básicos de
forma simples e lúdica
e aplicados a questões
da realidade brasileira.
O mais fácil desta lista. Para quem
quer começar a entender o assunto.
Ensaios de Warren
Buffett
Nada como aprender
os princípios que devem reger suas decisões de investimento
com o investidor mais
bem-sucedido da história.
Desafios e vantagens do mundo virtual
Relações Públicas Digitais
Edições VNI
Marcello Chamusca
e Márcia Carvalhal Por quais mudanças as relações
públicas estão passando? Quais
conceitos e ferramentas já se tornaram essenciais? Qual o perfil de
profissional mais desejado? Essas
são algumas das importantes re-
revista
flexões respondidas ao longo da
obra virtual “Relações Públicas Digitais”, organizada por Marcello
Chamusca e Márcia Carvalhal.
Dividido em nove capítulos
e em mais de 300 páginas, muito bem escritas, o e-book aborda,
entre outros pontos, as novas práticas, os desafios e as vantagens
de atuar no mundo virtual. Traz
densas análises e exemplos reais,
contribuindo diretamente para
o aprendizado do leitor e também para importantes questionamentos. Os temas são diversos:
públicos, conteúdo, comunicação
organizacional, cidadão 2.0, mensuração de resultados, manutenção de ambientes digitais, comu-
nicação móvel, blogs, Facebook,
YouTube, Twitter e até Orkut.
Após ler “Relações Públicas
Digitais”, é possível refletir sobre
nossas próprias experiências digitais, aperfeiçoando, cada vez mais,
os nossos processos e métodos de
atuação 2.0. Leitura indicada para
profissionais de comunicação,
mar­keting e interessados nas últimas tendências do mundo virtual.
Link para o trabalho: http://
www.rp-bahia.com.br/biblioteca/
e-books/rpdigitais-chamusca-carvalhal.pdf
Rodrigo Capella, diretor da
Interview Comunicação. Escritor,
professor universitário e jornalista
65
DIVULGAÇÃO
Gente Ricardo Ledoux
Entre os ruídos
“Aisthésis”, palavra de origem grega, significa sensações. O nome do
álbum, primeiro da carreira solo do
joinvilense Ricardo Ledoux, já está
definido. Isso se for um CD. Ainda
não se sabe qual será o formato,
um álbum com 11 músicas ou um
EP com cinco – tudo depende dos
resultados da busca de recursos
para viabilizar o projeto de gravação. Para o artista, músico e produtor cultural independente, o mais
importante, no entanto, não é o
formato, e sim o acesso do público
às suas músicas. “Nem sei se vai ser
um CD físico. Pode ser algo virtual,
com disponibilização para comprar
as faixas com custo baixo para que
as pessoas possam ter o material
com facilidade”, comenta.
As faixas “Caos da Manhã”,
“Mágico da Voz” e “Deu Baque” já
foram gravadas. A última, nas palavras do cantor/compositor, soa
quase como “um trava-línguas
nordestino”, aliado a uma pegada
meio rock, meio maracatu. Uma
das principais diferenças de seu
66
Artista, músico e produtor cultural, Ledoux vai lançar o primeiro
trabalho, só não sabe o formato: “Importante é o acesso do público”
trabalho em relação aos anteriores é justamente a influência de
outros estilos musicais, como a
MPB. “Deu Baque”, aliás, foi o nome
da apresentação que realizou em
fevereiro no Teatro do Sesc, onde
mostrou uma prévia do repertório,
elaborado desde 2007 após a saída de sua última banda, a Gardênia. Uma marca nos trabalhos de
Ledoux é a tentativa de ressaltar a
realidade urbana de Joinville. “Percebo poesia no concreto, na chuva
na umidade, em minhas experiências de infância e experimentações
em artes visuais.” Não é à toa que
suas influên­cias são diversificadas:
Ledoux se expande para além das
rotulações e definições musicais.
Ele ouve de Paulinho Moska a John
Cage. De Radiohead a Stravinsky. Lê
de Jorge Luis Borges a Julio Cortázar.
“Sempre fui influenciado pela música que meu pai ouvia: rock clássico, música eletrônica, rock dos anos
80 e pop. MPB veio depois”, detalha.
Em suas experimentações artísticas, Ledoux, até então, faz combinações entre ruídos sonoros e
visuais, por meio do som e da imagem, a fim de despertar diferentes
“aisthésis” no público. Fotografia e
vídeo são ferramentas utilizadas.
O artista atua como professor de
arte em escolas públicas. “Meus
projetos futuros são mais voltados
para música, mesclando projeções
mapeadas e vídeo artes que ainda
venho elaborando para usar nos
shows”, relata.
Top 5 Filmes sobre futebol
Um Time Show de Bola
ANIMAÇÃO, 2013, DIREÇÃO DE JUAN JOSÉ CAMPANELLA
A animação argentina dirigida pelo cultuado diretor Juan José Campanella conta a história de Amadeo, um garoto apaixonado por totó. Um dia, ele é desafiado
por Colosso, que vive se gabando por ser
um exímio jogador de futebol de verdade. Mas a partida
épica de pebolim entre os dois não é vencida por ele. Anos
mais tarde, Colosso retorna rico e com seu dinheiro quer
transformar a cidade natal em uma espécie de parque
temático. Para salvar a cidade, Amadeo tem que aceitar
o desafio proposto pelo vilão: enfrentá-lo numa partida
de futebol de verdade. É quando algo mágico acontece e
os bonecos da mesa de jogo ganham vida para ajudar o
companheiro de grandes jogadas.
Maldito Futebol Clube
BIOGRAFIA, 2010, DIREÇÃO DE TOM HOOPER
Ambientado nos anos 1960 e 1970, o
filme conta a história do legendário
técnico de futebol e ex-artilheiro Brian
Clough (Michael Sheen). Clough ganhou
respeito comandando um pequeno time, que deixou a
última posição do campeonato e assumiu a liderança.
Apesar de sua antipatia pelo gigante Leeds United, ele
aceitou o cargo e mudou o time. O resultado foi uma
prova sem precedentes da agressividade e do brilhantismo de Brian em um período de 44 dias.
revista
Heleno
BIOGRAFIA, 2012, DIREÇÃO DE JOSÉ HENRIQUE FONSECA
O longa conta a história de Heleno de
Freitas (Rodrigo Santoro), craque de gênio explosivo e apaixonado e galã charmoso nos salões da sociedade carioca.
Seu comportamento arredio, sua indisciplina e a doença
(sífilis) foram minando o que poderia ser uma jornada de
glória, transformando-a numa trágica história.
Hooligans
DRAMA, 2005, DIREÇÃO DE LEXI ALEXANDER
Matt Buckner (Elijah Wood), estudante
de jornalismo em Harvard, é expulso da
universidade quando descobrem drogas
em seu armário. Matt vai então para a
Inglaterra, onde encontra Pete (Charlie Hunnam), líder
da GSE, a torcida do West Ham United, acaba sendo aceito pelo grupo e conhece os hooligans, grupos que, em
vez de torcer, buscam confrontos com torcidas rivais.
Linha de Passe
DRAMA, 2008, DIREÇÃO DE WALTER SALLES E DANIELA
THOMAS
Quatro jovens precisam lidar com as
transformações religiosas pelas quais o
Brasil passa, assim como a inserção no
meio do futebol e a ausência da figura paterna.
67
Vitae
Veia de empreendedor
Luiz Carlos Boebel une a vida empresarial
à familiar e reafirma o valor das pessoas
para o sucesso no mundo corporativo
Karoline Lopes
Em 1975, internet ainda era coisa de
ficção. Bem antes da informatização, os contínuos eram os responsáveis pela movimentação de documentos nas empresas. Foi assim
que Luiz Carlos Boebel conseguiu
seu primeiro emprego, na Buschle
& Lepper, aos 14 anos. Durou pouco
na função. “Logo no início, quando
entregava os documentos entre
os setores, conheci o laboratório
químico e me encantei”, diz. “Fui
até o RH e disse que, quando houvesse vaga no laboratório, queria
trabalhar lá. Logo surgiu a oportunidade”, relembra o proprietário da
Aquaplant, empresa especializada
68
em equipamentos para tratamento de água e resíduos sólidos.
Com a paixão pelo laboratório
enraizada, escolher uma faculdade
foi simples. Boebel foi para Curitiba,
onde estudou engenharia química na UFPR. “Sair de casa traz um
sentimento de solidão. Você larga o
conforto, fica sozinho. Dá um frio na
barriga, mas aconselho todo mundo a fazer isso: você adquire conhecimento técnico e, principalmente,
autoconhecimento”, afirma. Foi
na cidade paranaense, numa casa
de estudantes onde moravam 36
pessoas, que sua “veia empreendedora” começou a aparecer. “Ali, precisávamos organizar as tarefas e
cheguei a ser presidente do grupo.
Desde aquela época, já era o líder.”
Boebel ressalta que o segredo
do sucesso no mundo empresarial
está nas pessoas. Um bom líder, diz
ele, é aquele que sabe compartilhar
e investir nas equipes, para que todos deem o melhor de si mesmos.
“Gosto de gente. Adoro estar onde
houver um grupo de pessoas, boas
conversas e troca de conhecimento. Não busco nada sozinho, busco
com o envolvimento dos outros. Se
faço um projeto no âmbito individual, envolvo meus filhos. Se é na
empresa, chamo os colaboradores.”
E é junto com os 36 funcionários da Acquaplant que ele define
os valores da empresa, trabalhados
internamente e com clientes e fornecedores. “Fé, amor, cooperação e
interesse pelo conhecimento” são
conceitos que regem as ações da
Acquaplant em 2014. “Todo ano,
no mês de outubro, fazemos uma
atividade com os colaboradores. É
nesse dia que definimos os valores
que nortearão o ano seguinte. Existe um crescimento da equipe com
FOTOS: PENINHA MACHADO
Dono da Aquaplant, Boebel faz
questão de envolver a equipe nos
processos e decisões da empresa
essa ação. Num primeiro momento, os
valores eram voltados para dentro da
empresa. Agora, estão olhando para
fora”, sublinha.
Esse modelo de gestão foi adotado em 2005, quando o proprietário
enfrentou uma crise e perdeu o interesse pelo negócio. A mudança começou quando foi apresentado por uma
amiga à filosofia metanoica, desenvolvida pelo educador Roberto Tranjan. A
metanoia é um processo de educação
que tem como objetivo transformar
a maneira que os empresários administram seus empreendimentos. O
programa se destina a líderes que desejam repensar a forma como se relacionam com suas equipes, com o mercado, com os resultados e realizações.
É, em síntese, uma revisão das práticas
de liderança e gestão.
A história da Aquaplant começou
em 1989, na garagem da família, onde
ele mesmo fabricava produtos para tratamento de água e saía para revender.
A ideia de trabalhar no ramo surgiu
quando voltou para a Buschle & Lepper,
encerrada a faculdade. “Utilizávamos a
água como matéria-prima e foi aí que
me interessei”, diz. “Fiz engenharia
química para ajudar o mundo, esse era
meu objetivo principal”, assegura. Os
primeiros investimentos no laboratório
são de 1997, com o objetivo de satisfazer
o controle de qualidade da fabricação
de produtos químicos. “Como o espaço
ficava ocioso na maior parte do tempo,
decidi vender serviços de análise. Comecei a bater na porta das empresas,
mas na época não havia uma legislação sobre poluição. Hoje, a Acquaplant
realiza mil análises por dia, em Santa
Catarina e no Paraná, com as tecnologias mais desenvolvidas do mercado”,
ressalta. “Tenho o maior laboratório do
Estado”, orgulha-se.
revista
Com a esposa Marly, que conheceu no grupo de jovens, e
os filhos Ramon e Renan: os dois seguem os passos do pai
Duas paixões:
família e culinária
Mais velho de quatro filhos, Luiz Carlos Boebel, antes de um empresário bem-sucedido, é um homem de família. Casado há 27 anos com
Marly Butzke Boebel, conheceu a mulher no grupo de jovens que os
dois frequentavam. “Logo depois, mudei-me para Curitiba estudar e
ela foi para Florianópolis. Todo o nosso namoro se deu nesse período,
à distância”, conta. O casal tem dois filhos, Ramon e Renan. Ambos
seguiram os passos do pai. Ramon, o mais velho, cursa engenharia
química, e o caçula Renan estuda engenharia ambiental. “Nós quatro
somos bastante unidos. Sou muito família”, revela Boebel.
Um dos momentos que mais aproveita com a família e com os
amigos é quando está na cozinha. Ele diz que aprendeu na prática,
com a mãe e a avó materna. “Cozinhar é uma maneira de fazer algo
que não é da minha rotina. E coloco amor naquilo que eu estou fazendo. Existe todo um ritual, uma seleção de ingredientes, carinho
com os alimentos. O que adoro também são os temperos. Sempre
digo que um bom químico tem uma maneira de diferenciar sabores e cheiros”, revela.
Entre as especialidades, marreco com repolho roxo, receita tradicional da família, e hackepeter. Trata-se da tradicional iguaria feita
com carne crua, temperada com fortes condimentos e servida com
pão. O modo mais tradicional de servir o hackepeter é com a carne
bem moída – no Paraná, costumam usar carne de onça – cebola picada, alcaparras, molho inglês, azeite de oliva, sal, pimenta, páprica e, por
cima de tudo, uma gema de ovo.
69
DIVULGAÇÃO
3 perguntas
Osamu
Naito
Presidente da Yamaha Musical do Brasil, Osamu Naito reconhece alguma dificuldade em seu setor, neste ano, em função do que chama de uma certa instabilidade econômica. “O Brasil tem tudo para crescer e se solidificar no mercado
mundial, mas ainda não consegue equacionar seus gastos e mantém a taxa de juros muito alta”, interpreta o executivo, que chegou há um ano para administrar uma das mais importantes subsidiárias, entre as cerca de 90 subsedes
da maior fabricante mundial de instrumentos musicais. Com 26 mil funcionários ao redor do planeta, produz cerca
de 20 mil modelos de instrumentos. Em 2013, completou 40 anos no Brasil e marcou o evento com o início das atividades, ainda em fase experimental, da mais famosa escola de música e mais tradicional método de ensino do mundo.
Finalmente, a Yamaha Music School chega ao Brasil. Osamu Naito esteve em Joinville para prestigiar o 3º Encontro
Nacional de Grupos de Flautas Doces Sopro Novo Yamaha, que foi realizado no Conservatório Belas Artes.
1
A Yamaha Musical do Brasil
completou 40 anos no país. Como
o sr. analisa esse período?
Como o próprio país, vivemos momentos muito bons, outros bastante difíceis. E sobrevivemos. Houve
situações bastante críticas em 1985,
quando tivemos que interromper a
importação de instrumentos musicais, e em 2002. Mas, como todas as
empresas que estão aqui, tivemos
que usar criatividade para estabelecer alternativas e permanecer no
mercado. No nosso caso, uma das
grandes dificuldades no Brasil sempre foi a falta de crédito, problema
que, entra política econômica, sai
política econômica, persiste até
hoje. E que nos obriga a operar de
forma ainda mais estratégica, considerando que faltam recursos para
todos. No nosso caso, o crescimento
no setor de áudio profissional, que
registramos nos últimos anos, tem
sido um grande suporte para a empresa se desenvolver.
70
2
Que estratégias de crescimento
a empresa tem estabelecido – e o
que mais pretende fazer?
Um dos pontos fundamentais é
a questão da indústria brasileira,
que está em um momento muito
importante. Crucial, eu diria. Precisa de extrema atenção para que a
situação não se torne irreversível.
Entendo que todos devemos crescer
juntos – e esse é um ponto delicado,
quando se pensa no quadro atual
do setor primário brasileiro. Em vários momentos, a Yamaha tentou
fabricar aqui. Ainda seguimos pensando, mas não temos, ao menos
por enquanto, condição de fazê-lo.
Antes de fabricar, é preciso seguir
vendendo – e ajudaria bastante se
pudéssemos observar um cuidadoso, mas efetivo, aumento do crédito
bancário. Na Yamaha, há planos e
projetos, sim, mas a ideia central é
a de remodelar nosso sistema de
trabalho na direção do crescimento
contínuo do setor.
3
No âmbito educacional, o Brasil
tem discutido bastante a adoção
da obrigatoriedade do ensino de
música nas escolas...
A música é o maior agente da
harmonia. Cria a sociedade da
concórdia. É importante a educação musical para criar mercado
para a própria música. No Japão,
há educação musical desde a infância. E, embora, sob o aspecto
histórico-cultural, tenham origens
diferentes, a música é sempre fonte de beleza e de conhecimento.
Uma criança que estuda os grandes compositores, que conhece ao
menos um pouco de música, vai
certamente se tornar um cidadão
melhor. É, aliás, esta a nossa inspiração – temos forte atua­ção na
educação musical com projetos
como o Sopro Novo, que tem iniciativas voltadas exclusivamente
à qualificação de professores, além
de atender à formação de crianças
e adolescentes.
revista
81
revista

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