Revista Portugal Inovador Nº 80 Abril 2016
Transcrição
Encarte comercial da responsabilidade de «Página Exclusiva». Não pode ser vendido separadamente. Portugal Inovador 2 I Abril Portugal Inovador Abril I 3 Portugal Inovador “Queremos ajudar os clientes” João Figueiredo, CEO da Intellysys®, apresentou-nos a atualidade deste seu projeto, abordando a sua evolução nos últimos anos e a filosofia que tem orientado todo este trabalho. A empresa, sediada em Águeda, iniciou o seu percurso em 2008, consolidando a sua atividade dentro de um conceito que pode ser resumido como “uma Loja do Cidadão do empresário”. Explicando, João Figueiredo diz-nos o seguinte: “Sempre pensámos que fazer igual aos outros 4 I Abril não iria ter nenhuma mais-valia. Acreditamos, pelo contrário, que os nossos produtos têm que ter valor acrescentado e diferenciação, e isso faz-se pela atitude. Quando dizemos que a nossa empresa tem que ser a Loja do Cidadão do empresário, estamos a pensar na forma como o empresário de hoje em dia tem um ritmo de vida estonteante, tendo que focar os seus esforços e os seus recursos naquilo que ele sabe fazer no seu dia a dia e no seu core business. Quando surgimos no mercado, foi precisamente com esse objetivo de conseguirmos, junto do cliente, perceber os seus desafios e tentar resolver tudo o que está relacionado com aquilo que ele não domina. Concretamente, quando ele tem algum problema industrial ao nível do tratamento de superfícies e pintura (que é o nosso core business), nós não entregamos apenas um serviço focado nas nossas máquinas. Entregamos, sim, um serviço focado em resolver o problema de A a Z (ou seja, licenciamentos, estudos de impacto, tratamento de layout, integração de outros parceiros), de forma a que consigamos oferecer ao cliente uma solução chave na mão. Há, portanto, aqui um conceito de Loja do Cidadão, no sentindo em que aqui trata-se de tudo. Não só da questão da máquina em si, mas de toda a envolvente que é necessária”. Mais do que um conceito, o trabalho que resulta neste serviço chave na mão é inspirado, no dia a dia desta equipa, por um forte sentido de disponibilidade perante todas as necessidades que o cliente possa manifestar. Continuando a sua explicação, João Figueiredo afirma que, enquanto empresário, encara as solicitações dos seus parceiros da seguinte forma: “O cliente tem um problema, para nós é um desafio e certo é que vamos resolvê-lo. O que transacionamos são, no fundo, ações de confiança. É esse o capital que nós temos e quando alguém está focado em servir os clientes e entra em casa deles interessado em resolver a situação que eles têm em mãos, as pessoas confiam em nós e essa confiança, a partir daí, cresce. É assim que estamos ao lado dos nossos clientes, com ‘qualidade, rapidez e envolvimento’ com eles, daí que continuemos a ter encomendas sobre encomendas de grandes Grupos Aeronáuticos. Só assim é que nos diferenciamos, porque qualquer outro concorrente consegue colocar no mercado equipamentos de qualidade idêntica, simplesmente não com esta vontade em ajudar, que nos dá imenso trabalho e dificuldades, mas que é o nosso ADN”. Portugal Inovador Olhos na internacionalização Este ADN tem permitido que a Intellysys® seja um verdadeiro caso de sucesso no que respeita ao seu crescimento comercial. Sete anos após a sua fundação, já se trata de uma empresa com clientes espalhados um pouco por todo o Mundo. Relativamente a esta presença no exterior, o responsável sublinha dois grandes vetores da sua afirmação. “Um deles é o México, país onde, em fevereiro, conseguimos oficializar a nossa presença efetiva, com duas unidades. Isto já está definido, agora é só começar a trabalhar, estando previsto que comecemos a fabricar ali alguns dos nossos produtos, a partir de 1 de janeiro de 2017, com uma estratégia de tecnologia europeia, feita no México, com vista à penetração no mercado dos E.U.A.. Pretendemos servir mercados do Pacífico Central, como o México, Colômbia, Perú ou Chile e, em 2020, vamos querer entrar com força no mercado norte americano, que é gigantesco”, avança. O outro eixo passa pela Europa: “Paralelamente, vamos oficializar a demonstração da nossa oferta ao mercado alemão. Vamos estar presentes na Paintexpo, entre 19 e 22 de abril, onde já estivemos há dois anos, a fim de entendermos a realidade daquele mercado. Daí para cá, estivemos a fazer uma prospeção desse mesmo mercado e hoje estamos em condições de servir as suas necessidades. Portanto, há aqui dois vetores que queremos reforçar: Alemanha, enquanto motor da Europa, e México, enquanto motor de entrada nos E.U.A.”. Para além destes exemplos, a Intellysys® conta também com um leque de clientes espalhados por outros destinos como a Tunísia, Argélia, Dubai, República Checa, Bielorrússia, Brasil, Chile e Peru. Inovação O CEO fala-nos de “um trajeto de evolução” feito também no desenvolvimento de novas soluções, focado, nomeadamente, no setor aeronáutico. A este respeito, dá-nos, como exemplo, a finalização, para breve, de “um projeto para uma nova célula, que será protótipo a nível mundial, com 13 cores diferentes em serviço automático e capacidade para receber peças que vão até os 20 metros de comprimento, seis de altura e um de espessura. Recebendo a peça, faz toda a ativação por Plasma da superfície para pintura e, mediante a receita que lhe chegue, pinta e faz os esquemas de tratamento para as asas e restantes peças de aeronáutica”. Outro projeto prende-se com “a execução, neste momento, a 50%, de outra célula robotizada para emprego de laser, que vai fazer a limpeza dos moldes, sendo também esta uma inovação em termos mundiais”. Reforço da capacidade Sendo esta uma instituição empresarial que tem crescido muito rapidamente, é também uma firma que “está a passar pelas naturais dores de crescimento”. Quando há dores de crescimento, “é necessário parar para pensar e fazer reajustes, senão não se cresce mais”. Assim, para dar resposta à evolução galopante que a Intellysys® conheceu nestes últimos anos, está projetada a passagem para novas instalações, que João Figueiredo nos descreve: “São 40 mil m 2 de terreno e esperamos que daqui por um ano já tenhamos prontos os nossos 15 mil m 2 de fábrica. Até aqui, temos estado nestas instalações, com três mil, e agora vamos ter uma fábrica que vai corresponder à dimensão da empresa, dotada de condições para o reaproveitamento energético, de uma tecnologia de informação muito dinâmica e de uma área social que, realmente, motive a nossa equipa da melhor forma possível”. Acerca desta equipa, João Figueiredo aproveita para deixar uma referência às 65 pessoas que compõem a Intellysys®: “Não basta o capital financeiro ou o tecnológico; nada disto se move se o capital humano não funcionar”, afirma. O CEO espera reforçar esse capital, “colocando na empresa mais pessoas que percebam que, em 2020, a Intellysys® terá que ser uma das dez melhores empresas do Mundo na nossa área”. Para lá chegar, João Figueiredo defende que “o foco deve passar não por tornar a empresa grande, mas sim por conseguir que seja todos os dias uma excelente empresa e que, se possível, melhore continuamente”. Abril I 5 Índice Portugal Inovador 4 12 15 Intellysys “Queremos ajudar os clientes” G Air Training Quadro otimista para carreiras na aviação comercial LAS Formação Especialistas em manutenção aeronáutica 7Cluster Aeronáutico 32 Valongo 40 Saúde Sénior Propriedade: Página Exclusiva – Publicações Periódicas, Lda * Telefones: 22 502 39 07 / 22 502 39 09 * Fax: 22 502 39 08 Site: www.paginaexclusiva.pt * Email: [email protected] Periodicidade: Mensal * Distribuição: Gratuita com o Jornal “Público” * Preço Unitário: 4€ / Assinatura Anual: 44€ ( 11 números) Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, e para quaisquer fins sem autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da Revista e o editor não se responsabiliza pelas inserções com erros ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. 6 I Abril Portugal Inovador Abril I 7 Portugal Inovador Uma década em que se mudou o paradigma Sérgio da Cunha Oliveira, diretor geral da Associação Portuguesa de Indústria Aerospacial (PEMAS), faz-nos um balanço extremamente positivo dos dez anos que passaram desde a sua formalização, em fevereiro de 2006. Conforme nos diz, a “evolução do setor durante este período foi considerável e marcante”, o que aparece refletido no próprio percurso da PEMAS. Esta entidade, na altura fundada por nove empresas, agrega hoje mais de 70 associados, se tomarmos em conta a sua fusão com a Danotec (defesa) e a Proespaço (indústria espacial). A ideia que havia presidido à sua fundação, que era trabalhar em conjunto para a criação de massa crítica no país, tem aqui um bom indicador quando à sua concretização. “De facto, há muitas mais empresas com awareness de que este é um setor determinante e perfeitamente estratégico, em que o investimento ou falta dele pode mudar a economia de um país”, sublinha. Quanto às especificidades que o cluster aeroespacial português apresenta, Sérgio da Cunha Oliveira identifica como pontos fortes “a flexibilidade e a possibilidade de entrar em áreas de nicho do setor. Já provámos isso, com vários projetos de elevado sucesso, nomeadamente nos interiores de luxo, ou também nas aeronaves não-tripuladas. Para 8 I Abril além disto, também há o caso dos setores tradicionais como a fabricação de componentes ou de ferramentas, em que há muitos pontos de contacto com outros setores (por exemplo, a indústria automóvel), e já havia muito know-how em Portugal que podia suportar estas atividades”. Como ponto fraco, nomeia “o facto de não existir uma estratégia nacional definida e que seja de longo prazo. O longo prazo neste setor é fundamental, se atendermos a que o time-to-market neste setor é no mínimo de seis a oito anos. O cluster de IT sabe que tem um time-to-market de menos de um ano ou então, no máximo de dois, havendo uma rotação muito elevada. No nosso caso, não é isto que acontece. Por conseguinte, os investimentos e as decisões estratégicas têm que ultrapassar as legislaturas. Isso seria fundamental para o setor, é um dos handicaps que ainda temos e há exemplos na Europa em que isto acontece”. Questionado acerca da nossa cobertura de I&D, diz-nos que Portugal é “um país francamente bom nessa matéria, sendo esta uma das portas de entrada preferenciais para as empresas portuguesas no que respeita a consórcios internacionais. Já na transferência dessa investigação para produto, ainda há que trabalhar bastante”. Quanto aos momentos que mais têm ajudado a alavancar o setor, “diz-nos que é incontornável o facto de um major player como a Embraer ter tomado a decisão de investir no país. É uma daquelas situações que alteram o paradigma completamente, colocando-nos no mapa de uma forma em que não estaríamos sem isso. O que se está a começar a passar em Évora é uma receita muito positiva para que, daqui por alguns anos, tenhamos ali um centro perfeitamente consolidado. Há também outro exemplo que pode ser dado, como a Caetano Aeronautic e a sua parceria com a Airbus”. Portugal Inovador Na vanguarda da inovação com olhar atento ao futuro Com base no Heliporto Miguel Barros, em Loulé (Algarve), a HTA Helicópteros Lda. opera não só em território português como espanhol. Fruto de um sonho que se tornou realidade em 1996, a HTA funciona como o único operador aéreo de helicópteros no Algarve. Atualmente, conta com uma frota de oito aeronaves e tem desenvolvido a sua atividade ao nível de combates de incêndios, transporte de passageiros, ambulância aérea, fotografia e filmagem aérea, levantamento em 3D, carga suspensa, instrução entre muitos outros. Uma vez que o setor aeronáutico, na vertente dos helicópteros, se encontra “algo fragilizado”, é necessária muita experiência e qualidade para se adaptar a esta realidade. A HTA preenche todos estes requisitos afirmando-se, cada vez mais, como uma referência nacional e internacional. Iñigo Renom, diretor de operações (DOV) na HTA Helicópteros Lda., explicou que a empresa é multidisciplinar, incluindo os serviços de manutenção, formação, entre outros. “O facto de possuirmos recursos humanos e materiais especializados e qualificados, permite-nos desenvolver um trabalho de manutenção certificado e de quali- dade”, afirma. “Todos os programas de manutenção são cumpridos, devidamente atualizados e verificados por um departamento de qualidade”, continua. Relativamente à formação, a companhia engloba vários cursos, qualificações e formações. “De momento, entre cursos ab-initius e qualificações, temos 15 formações aprovadas, para além de revalidações e renovações que estamos habilitados a ministrar. Esta panóplia de formação profissional permite cobrir a grande maioria das necessidades do mercado português e internacional no que respeita à carreira de Piloto de Helicóptero e do seu desenvolvimento. Na área de formação de Técnicos de Manutenção, a HTA oferece formação prática, através de uma parceria com uma escola certificada”, esclareceu o DOV. Um outro tema bastante debatido na área aeronáutica é o ‘cluster’. Contudo, não se tratando de um conceito linear, pode ser benéfico para o setor. “Se pensarmos na vertente mais pura do ‘cluster’, seria sem dúvida uma mais-valia e um trabalho de cooperativismo e desenvolvimento em parceria fulcral no contexto de globalização que vivemos”, admitiu o DOV, Iñigo Renom. Em relação ao futuro da empresa as expetativas são claras: “Regressar rapidamente ao mercado português”, principalmente no que diz respeito ao combate de incêndios florestais, uma vez que existem todos os recursos e materiais para satisfazer as necessidades do país. Sendo uma empresa na vanguarda do conhecimento técnico e académico, a HTA Helicópteros Lda. encontra-se apta e disposta a alargar parcerias com instituições académicas. O objetivo passa por facilitar o progresso dos indivíduos no meio aeronáutico. Abril I 9 Portugal Inovador Em defesa de um setor estratégico A Associação Portuguesa de Transporte e Trabalho Aéreo (APTTA), na figura do seu presidente, José Miguel da Costa, deixa-nos a sua mensagem quanto à atualidade da sua missão e também quanto às perspetivas para o setor no contexto nacional. Fundada em 1993, a APTTA, então APORTAR, é uma Associação de direito privado que representa institucionalmente o transporte aéreo nacional. Pioneira na promoção do setor tem-se notabilizado no incentivo à adoção de modelos baseados na cooperação, formação e elevação da aviação nacional a um lugar de referência a nível europeu. O presidente, José Miguel da Costa, considera que “Portugal tem vivido um paradoxo no que ao setor aeronáutico diz respeito”. Detalhando, refere que “a TAP Portugal, enquanto companhia de bandeira, dependente do setor público, tem consumido a totalidade da atenção que governantes e responsáveis do setor têm disponibilizado nesta matéria. A sua recente privatização permite-nos encarar 10 I Abril o futuro com algum otimismo e, obtida que seja a estabilidade na transportadora aérea nacional, alimentamos fundadas esperanças de que seja possível captar a atenção dos governantes para o restante setor aeronáutico e para o potencial de desenvolvimento que este evidencia”. Ainda a propósito dos processos de privatização no setor, alerta, contudo, para “um dos condicionalismos que afetam o transporte aéreo atualmente, que se prende com o valor que alcançaram as taxas aeroportuárias praticadas pela ANA Aeroportos. Os incrementos nas taxas, verificados nos últimos anos, têm um impacto significativo na conta de exploração dos operadores, pelo que urge encontrar, em sede de diálogo, soluções que possam ir ao encontro dos interes- ses de ambas as partes. Acerca dos acontecimentos na esfera pública, diz-nos ainda que a APTTA “encara com fundado otimismo a recente alteração do estatuto do regulador aeronáutico, com a criação da ANAC. Se a ANAC tiver, como parece ter, a possibilidade objetiva de incrementar o seu quadro de pessoal técnico, se otimizar os processos administrativos e burocráticos e se mantiver um diálogo permanente com os stakeholders do setor, com especial ênfase, com a APTTA, não temos qualquer dúvida de que estarão reunidas as condições essenciais para que o setor aeronáutico nacional evidencie, num futuro próximo, um forte impulso, com particular impacto na economia das empresas e, concomitantemente, na economia nacional”. Ultrapassado todo o momento de definição destas matérias, admite então que “seja possível lograr obter o envolvimento do poder político na definição de uma estratégia nacional para o setor e o desenvolvimento de um verdadeiro cluster aeronáutico em Portugal”. Afinal de contas, somos um país privilegiado, “com condições climatéricas das mais favoráveis da Europa, com um background em matéria de conhecimentos e qualidade aeronáutica que é reconhecido internacionalmente, com um conjunto de infraestruturas aeroportuárias de pequena, média e grande dimensão, com um enorme potencial em matéria de formação profissional no âmbito aeronáutico Portugal Inovador “As iniciativas estratégicas fixadas pela APTTA já estão a produzir resultados positivos” e com um desenvolvimento no domínio da construção e manutenção aeronáuticas”. São, portanto, “condições de excelência para a criação de um cluster aeronáutico de elevado potencial de desenvolvimento interno e externo”. O próprio contexto internacional propicia esse mesmo desenvolvimento, dadas “as necessidades a nível mundial que se anteveem em matéria de tripulações e técnicos de manutenção para os próximos anos, que provocam uma intensa necessidade de formação profissional nestes domínios”. Aqui, um caso de “particular interesse para o cluster nacional reside nas necessidades de apoio técnico e formação evidenciadas pelos países da CPLP, que poderão encontrar em Portugal um apoio essencial no desenvolvimento do setor aeronáutico desses países”. Será essencial, em todo o caso, “o envolvimento do Governo, com a adoção de políticas favoráveis a este desígnio, o envolvimento da Autoridade Nacional de Aviação Civil, com uma melhoria de resposta às solicitações do setor e o envolvimento dos industriais do setor aeronáutico, dos quais se espera uma dinâmica empreendedora e uma envolvência direta no desenvolvimento deste cluster”. Ainda no âmbito da cooperação institucional que é apanágio da APTTA, esta já se disponibilizou para participar de uma forma ativa e integrante na criação da nova estrutura associativa de gestão das faixas horárias dos aeroportos nacionais (slots), permitindo assim alcançar a conformidade com o disposto no Regulamento (CEE) 95/93 de 18.01, que aprova as normas comuns aplicáveis à atribuição de faixas horárias nos aeroportos do espaço europeu. Falando mais concretamente da forma como a APTTA tem encontrado novas soluções para responder às necessidades nacionais, merecerão aqui especial ênfase os esforços direcionados para a formação. Com o apoio institucional do então INAC, a APTTA deu início, no dia 4 de abril de 2011, ao plano de Formação que, tendo como objetivo primário a resposta aos requisitos de formação enunciados no Regulamento INAC nº 831/2010, de 8 de novembro, abarca igualmente uma valência de formação contínua que responde aos objetivos operacionais e normativos do setor. A Formação de Postholders foi institucionalmente reconhecida à data pelo INAC, por via de estabelecimento de Protocolo e “garante aos nossos associados uma mais-valia formativa que pretendemos que seja crescen- te, mais abarcante e qualitativamente concorrencial”. A par com a Formação Postholders e com vista ao alargamento do seu leque de formação, a APTTA iniciou o processo com vista ao estabelecimento de parcerias com a JAA-TO e IATA Training, as quais “elevarão a qualificação dos recursos humanos, assegurando o primado da Segurança como paradigma do setor aeronáutico nacional, bem como a competitividade das nossas empresas e respetivos colaboradores”. Outra nota merece também a obtenção da Certificação DGERT da sua Formação, em julho de 2015, processo que já tinha sido iniciado no último trimestre do ano anterior. Por fim, sendo esta uma associação apostada em manter um diálogo construtivo com os decisores públicos e demais entidades que possam influenciar o setor, José Miguel da Costa explicita que “as iniciativas estratégicas fixadas pela APTTA já estão a produzir resultados positivos. A cada vez maior visibilidade da Associação, alicerçada numa participação ativa em todas as valências do setor, tem contribuído para uma mudança na abordagem das instituições tutelares e consequente participação da APTTA na intervenção ao nível da fixação de políticas nacionais para o setor”. Para um futuro próximo, o objetivo passará por “fortalecer o seu papel de parceiro capaz de influenciar essas mesmas políticas nacionais, com o fim último de tornar o transporte aéreo nacional como um dos pilares da economia portuguesa, alicerçado em padrões de qualidade de inegável excelência”. Abril I 11 Portugal Inovador Quadro otimista para carreiras na aviação comercial A G Air Training Centre é a maior escola de aviação do país, estando presente na sede de Ponte de Sor, em Tires, e ainda em várias bases distribuídas internacionalmente. O vicepresidente, Nelson Ferreira, fala-nos dos seus projetos mais recentes e da atualidade da formação aeronáutica em Portugal. Vantagens competitivas O nosso interlocutor começa por fazer um preâmbulo relativo ao bom momento que o setor atravessa: “Desde o ano passado que se tem notado, de uma forma muito intensa, um boom de procura por profissionais. Temos pedidos de várias companhias aéreas para pilotos, tripulantes de bordo e técnicos de manutenção aeronáutica, com uma intensidade e uma quantidade crescente. Há um forte dinamismo no recrutamento de profissionais para a aviação comercial e é um setor que paga bem”. “Há também um reconhecimento, por parte das companhias aéreas, da qualidade dos profissionais portugueses nas várias profissões aeronáuticas”, acrescenta. Conforme nos explica, quando falamos em qualidade, falamos do “perfil psicológico do aluno, futuro profissional: nas suas competências de interrelacionamento, comunicação, 12 I Abril assertividade e de liderança. A componente técnica é cada vez mais assumida como certa por parte de quem recruta”, sendo que a componente psicológica e comportamental adquire uma relevância crescente na diferenciação dos candidatos. “Foi para corresponder às necessidades das linhas aéreas que criámos, no início de 2015, um Departamento de Psicologia da Aviação que apoia os nossos alunos no seu desenvolvimento pessoal e para garantir a sua empregabilidade”. Nelson Ferreira refere que, “no geral, os nossos alunos portugueses são positivamente valorizados ao nível das soft skills e de competências core como a resiliência, a resistência à pressão e a tolerância à frustração. Prova disso tem sido o forte aumento de ingressos de ex-alunos em companhias como a Ryanair, EasyJet, Vueling, TAP, entre outras”. Portugal destaca-se internacionalmente também enquanto local para a formação aeronáutica. Acerca das suas mais-valias endógenas, Nelson Ferreira faz-nos o seguinte enquadramento: “O treino aeronáutico de pilotos de linha aérea tem um grande polo no Arizona, onde se existe cerca de 3.400 horas de sol por ano. No Alentejo, temos entre 3.100 a 3.200, havendo, portanto, resultados similares em termos da intensidade de treino de voo. Estamos a concorrer com esse polo e a ganhar clientes porque oferecemos vantagens adicionais: a maior proximidade, menores custos de deslocação, melhor qualidade do treino”. Indicando outros fatores, fala-nos também de como o país “sabe receber como poucos o sabem. A nossa cultura tem essa característica e, ao nível turístico, temos infraestruturas que outros países não têm. Isto é também importante para os alunos que estarão connosco vários meses”. Para além disso, “é um país com elevados níveis de segurança e com custos operacionais muito competitivos”. Todas estas condições são reforçadas pela própria “valorização dos portugueses enquanto profissionais da aeronáutica”, significando isto que “o treino que fazemos é reconhecido”. No caso específico da G Air Training Centre (antiga Aerocondor), “a escola tem já 37 anos de atividade e uma experiência que já foi auditada e validada por Portugal Inovador muitas companhias aéreas”. Em suma, Portugal apresenta níveis de “qualificação e know-how que permitem um treino aeronáutico de qualidade”. Atualidade da escola Como referido, esta é a maior escola de aviação do país e com crescimento nítido. Nelson Ferreira partilha que, no último ano, foi adquirida “mais de uma dezena de equipamentos e que está prevista a compra de novos bimotores e simuladores de voo”. Ao mesmo tempo que a frota cresce, também a estrutura física da escola atinge novas dimensões. “O alojamento é um aspeto muito importante quando falamos de alunos internacionais e agora temos novas condições. O novo campus tecnológico e universitário de Ponte de Sor, a abrir este mês, oferece uma capacidade para mais de 300 alunos”, avança. Um reforço importante para um centro de treino que fica, assim, com “uma capacidade de meios, de logística e de alojamento que é única a nível europeu”. Também no referente à base existente no Aeródromo de Tires, cita investimentos: “Vamos crescer em Tires, investindo em novas salas de aula e mais equipamentos de treino”. Porém, este processo de expansão não se cinge ao país. Tanto o ano de 2015 como agora 2016 correspondem a um período de reforço da sua presença internacional, ampliada através da abertura de uma nova base na Holanda, à qual se seguirá Madrid. Juntam-se, portanto, às já existentes em Bergamo, na Sardenha e no Dubai. de voo e de técnicos de manutenção aeronáutica. Questionado quanto às características concretas da formação de pilotos de linha aérea ministrada pela G Air, explica-nos que “é um curso com uma duração prevista de 14 a 16 meses, composto por uma componente teórica e outra prática. A teórica é preenchida por 14 disciplinas que, através dos protocolos que temos com várias Universidades representam também créditos para a Licenciatura em Ciências Aeronáuticas. Na componente prática, damos especial enfoque a uma abordagem de linha aérea, com treino por comandantes no ativo e em simulador Airbus A320. Aprendemos em contínuo com os melhores e ganhamos know-how com parceiros como a Boeing ou Emirates, de quem somos um centro de treino aprovado, ou com a Alpha Aviation, para quem treinamos pilotos para ingressar na Air Arabia”. Nelson Ferreira acrescenta que se assiste a um interesse crescente por parte de entidades bancárias no apoio à formação aeronáutica, referindo que “há um retorno rápido e elevado do investimento realizado e os Bancos parceiros com quem temos acordos reconhecem e valorizam essa característica do setor. Com o nosso processo de seleção, o risco é mínimo. De tal forma estamos certos do sucesso profissional dos nossos alunos que também nós os ajudamos nesse investimento e no seu futuro profissional”. Oferta formativa O leque de cursos disponível apresenta uma ampla cobertura das várias funções inerentes ao voo comercial. Passa não apenas pelo treino de pilotos (para avião e helicóptero), como também de assistentes de bordo, de operadores Abril I 13 Portugal Inovador Diversificação dentro da aviação O Grupo Seven Air, em menos de duas décadas de percurso (a fundação data de 1998), rapidamente atingiu um grau de abrangência que é claramente distintivo dentro do setor. Uma dessas áreas de negócio é a formação e foi aqui que encontrámos uma importante novidade. Esta referida amplitude atravessa funções como a manutenção aeronáutica (através da Aerotécnica), o fornecimento de aviónicos (Sofinare), a propriedade de uma companhia aérea que, presentemente, faz um trajeto de Bragança a Portimão (Aerovip), a formação (Leávia – Escola de Aviação Civil) e ainda negócios de nicho como o timebuilding e hourbuilding, sightseeing tours e o skydiving. Dentro do nosso propósito de cobertura de ofertas formativas relativas ao setor, a administração partilhou connosco uma explicitação destas mesmas ofertas e do trabalho formativo em que a Leávia se tem especializado. A Leávia surge em agosto de 1998 e Pedro Leal, membro da administração, mostra uma grande satisfação com os 14 I Abril seus resultados quanto à formação de pilotos: “Não tenho dúvida nenhuma de que os nossos pilotos são bons”. Quando questionado acerca da orientação com que têm procurado assegurar a qualidade destas formações, Pedro Leal diz-nos que é “uma escola exigente, na qual os instrutores estão, no fundo, a ensinar aquilo que fazem, sendo muitos deles provenientes da Força Aérea”. O leque de cursos contemplado nesta área “é completo, sendo que, assim que sai um curso novo, certificamo-nos para o fazer”. A propósito da vertente formativa, tivemos a felicidade de encontrar a Leávia “num processo de enorme ambição”: “Estamos, neste momento, a finalizar a aquisição de uma escola inglesa. Cerca de 60% das licenças que são emitidas na Europa são pela CAA (Civil Aviation Authority) e a grande percentagem de licenças que são tiradas no Mundo são na Europa, portanto, a Inglaterra tem um peso importantíssimo nesta atividade pela tradição, competência e capacidades no domínio da aviação. No entanto, falta-lhe algo para o treino da aviação que é o bom tempo, com muito poucos dias voáveis, o que têm compensado, normalmente, com parcerias com escolas nos E.U.A., nomeadamente na Flórida, para que as pessoas façam lá horas de voo. Sendo Portugal a Flórida da Europa, nós entendemos que era melhor virem para aqui do que atravessarem o Atlântico para fazerem essas horas. Há uma série de itens que são mais vantajosos em Portugal do que na Flórida, como a proximidade”, explica Eduardo Branco, também elemento da administração. Para reforçar as nossas vantagens competitivas, contudo, reivindicam que, por parte das entidades competentes, seja “encontrada uma solução mais económica ao nível dos consumos de combustível”, apelando que uma atividade como esta, ao atrair tantos alunos de fora, “faz com que o Estado obtenha uma importante fonte de receita”. Portugal Inovador Abril I 15 Portugal Inovador Especialistas em manutenção aeronáutica Perante a evolução constante que o setor manifesta, torna-se imperativo o investimento numa igualmente constante qualificação dos seus profissionais. A manutenção aeronáutica acompanha este padrão de exigência e a LASFORMAÇÃO está na dianteira da preparação de recursos humanos para esta área específica. A LASFORMAÇÃO surge no interior da Louro Aeronaves e Serviços, empresa com duas décadas de experiência na manutenção de aeronaves. Luísa Caldeira, administradora, relata-nos que desde cedo “foi sendo evidente a carência de pessoas qualificadas no mercado”. Esta entidade formadora nasce então, à semelhança de outros casos, como forma de dar resposta às próprias necessidades de staff técnico da empresa-mãe. Naturalmente, o seu âmbito vai hoje muito para além da formação interna e as suas ofertas são dirigidas a candidatos individuais dos mais variados perfis e a empresas clientes (nacionais e internacionais) que selecionem a LASFORMAÇÃO para programas de formação à medida. Conforme nos dizem, “em Portugal, só a TAP proporciona o mesmo leque formativo em manutenção aero16 I Abril náutica, com a diferença que no caso deles falamos apenas de formação interna”. Acerca deste leque, poder-se-á simplificar a distribuição dos cursos em duas grandes vertentes: Formação Básica e Formação de Qualificação Tipo. Mónica Teixeira, gestora da formação, ajuda-nos a perceber como é que esta oferta está segmentada: “Dentro dos cursos de Formação Básica, temos uma divisão entre as categorias A (Mecânico de Certificação), B1 (Técnico de Certificação Eletromecânico) e B2 (Técnico de Certificação de Aviónicos). Entre estas, ainda há uma subdivisão entre aviões de turbina, aviões de pistão, helicópteros de turbina e helicópteros de pistão. Estamos certificados para dar formação nas três primeiras, por não haver grande procura no mercado por esta última”. A componente teórica destes cursos é lecionada ou nas instalações da LASFORMAÇÃO ou na de parceiros da escola na zona da Grande Lisboa e a componente prática dá-se na OGMA, em Alverca. Paralelamente, está também contemplada uma oferta dirigida a candidatos com experiência, que queiram obter as suas licenças e que, para isso, precisem de se submeter a exame. “Estes casos não precisam da frequência completa das formações e podem realizar os exames diretamente. Podem fazer o seu estudo para os exames autonomamente, mas também têm a possibilidade de nos solicitar um curso próprio, de preparação para exame, e nós fazemo-lo à medida do cliente”, explica. Quanto à definição dos currículos destes cursos de Formação Básica, Mónica Teixeira diz-nos que a sua composição está parametrizada de acordo com a regulamentação da EASA. Ainda assim, um grande fator de diferenciação pedagógica com que a LASFORMAÇÃO se impõe está na prioridade dada à língua inglesa. Como nos informa, “a escola foi criada por um Técnico de Manutenção Aeronáutica, que muito cedo entendeu que uma das grandes lacunas do mercado era a dificuldade com o inglês que muitos destes técnicos tinham. Acontece que, se estamos a emitir um certificado que é reconhecido a nível europeu, qualquer um dos nossos formandos tem que estar preparado para desem- Portugal Inovador penhar as suas funções nesse espaço e tem que saber inglês. Todos os nossos materiais e os nossos exames são, portanto, na língua inglesa”. Prosseguindo com esta explicitação do leque formativo, Mónica Teixeira fala-nos dos cursos de Qualificação Tipo: “Para que um técnico possa intervir num determinado tipo de aeronave, tem que concluir com sucesso um curso específico. Estas formações já são direcionadas para técnicos com experiência e com licença Parte 66 e consistem em formações cerca de um mês, igualmente na língua inglesa”. Há ainda espaço para um conjunto de cursos de Formação Contínua, tais como Segurança da Aviação Civil, Fatores Humanos, EWIS (Electrical Wiring Interconnection System), FTS (Fuel Tank Safety) ou Legislação Aeronáutica. Independentemente do curso de que estejamos a falar, aquilo que é transversal a toda a atividade formativa da LASFORMAÇÃO é a “aposta numa formação de qualidade”. Sobre essa aposta, Mónica Teixeira diz que “os formadores da LASFORMAÇÃO são profissionais com vasta experiência que estão no mercado, que conhecem a realidade e que a transmitem todos os dias aos nossos formandos”. Todos os formadores “incutem nos alunos o valor da segurança e da responsabilidade. Isto é im- portante porque, muitas vezes, as pessoas olham para estes profissionais e pensam que são apenas mecânicos. Não fazem a mínima ideia de que um Técnico de Manutenção Aeronáutica não só está a trabalhar com aeronaves e componentes de elevado valor monetário, como tem na sua responsabilidade as vidas de milhares de pessoas”. Se estamos a falar de uma área profissional que implica elevadas responsabilidades, estamos também a falar de uma área que o mercado tem premiado devidamente. Como nos é dito por Luísa Caldeira, “a empregabilidade no setor é máxima. Todas as empresas de aviação precisam destes técnicos e, mesmo que os tenham nos quadros, o aliciamento por mercados externos é constante. Aliás, as empresas que cá estão a operar estão sempre numa situação de carência de técnicos”. Pedro Dias, gestor da Qualidade, acrescenta que, “devido aos requisitos impostos pela EASA, a qualidade dos técnicos formados no espaço europeu é elevada. Com o crescimento dos mercados do Médio Oriente e Extremo Oriente, passaram a vir buscar técnicos à Europa, oferecendo remunerações substancialmente maiores. Portanto, todos os técnicos europeus têm trabalho”. Nem tudo são facilidades, no entanto os responsáveis aproveitam para se manifestar a propósito de “um grande condicionalismo” com que a atividade se depara: “É um setor altamente regulamentado e o processo de acreditação é moroso. Quando uma empresa nos contacta para uma formação à medida, essa empresa tem necessidade de que a resposta seja para o imediato. O que acontece, infelizmente, é que, para colocarmos um curso ao abrigo da certificação, há uma demora de dois ou três meses por parte da entidade reguladora. Obviamente, isto impede que as empresas sejam mais flexíveis e competitivas e o resultado é que os clientes, muitas vezes, procuram outras soluções, junto de escolas de outros países. Sendo nós players com provas dadas no setor há vários anos, o que pretendíamos era, de facto, uma maior autonomia na forma como respondemos aos nossos clientes, cumprindo obviamente com a regulamentação em vigor”, terminam. Abril I 17 Portugal Inovador Exigência e rigor na formação aeronáutica A AWA – Aeronautical Web Academy “descolou” em 2008, pela iniciativa dos seus fundadores, Renato Pinheiro e Miguel Cardoso. Dois profissionais com vasta experiência no controlo aéreo e na pilotagem, respetivamente, que dialogaram connosco acerca da sua visão pedagógica para este projeto. A AWA é uma das sete ATOs (Approved Training Organisations) que existem em Portugal. É uma escola que, para além de ser certificada pelas entidades necessárias (começando pela ANAC), desenvolveu também esforços para a obtenção do reconhecimento pela DGERT. Torna possível, deste modo, evidenciar a qualidade da formação ministrada e o eventual recurso a bolsas de formação para os respetivos alunos. Como referido, foi em 2008 que arrancaram com a oferta do curso de Oficial de Operações de Voo. A área da pilotagem veio no final de 2009, precipitada pelo fluxo de solicitações que, na altura, foram dirigidas à escola. Oferece, assim, neste momento, um leque de formações das quais se 18 I Abril destacam os cursos de ATPL (A) – Piloto Profissional de Aviões –, PPL (A) – Piloto Particular de Aviões –, FI (A) – Instrutor de Voo – e OOV – Oficial de Operações de Voo. Questionados acerca dos elementos que melhor definem a formação aqui prestada, os responsáveis enfatizam, acima de tudo, a palavra “exigência”. Exemplificando esta resposta com a formação de pilotos, Renato Pinheiro explica-nos que “voar não é fácil. É um curso exigente e só o termina quem for perseverante. Como não levamos as pessoas ao colo, a qualidade vai sendo aferida automaticamente, porque o sistema vai filtrando os menos capazes. É assim, literalmente”, diz. Para além disso, enquanto exemplo de especificidade pedagógica da escola, menciona ainda que “a formação prática (voo) é feita, integralmente, em aeronaves e não em simuladores. As escolas não podem fugir muito à matriz dos currículos que está padronizada, mas há espaço para se fazer a diferença na forma como ministramos a formação e esse é um exemplo disso”. Ao mesmo tempo, se a AWA se pauta pela exigência, também é certo que esse espírito é complementado por uma inteira disponibilidade para acompanhar o aluno: “Este nosso objetivo de fazermos a diferença também está presente na forma como ainda conseguimos tratar todos os alunos e ex-alunos pelo nome, apesar de já termos centenas de formandos colocados no mercado. Somos uma escola que trabalha para que o formando apenas precise de uma coisa no momento em que aqui chega: saber que quer ser piloto ou OOV e ter as condições necessárias para isso”. Se a exigência é um dado adquirido, é verdade também que estes formandos têm à sua espera a possibilidade de fazerem parte de uma estatística de quase plena empregabilidade. Ao que tudo indica, o futuro mostra-se auspicioso e, a este respeito, Miguel Cardoso diz-nos que é “um mercado que se encontra em franco crescimento, com o claro exemplo da Ásia, mas também do mercado africano, que poderá também absorver muitos pilotos. Nos próximos anos, vai ser necessário formar uma grande quantidade de pilotos de tal forma que, a nível mundial, dificilmente haverá resposta em tempo para a procura esperada”. Também no caso dos OOV a situação é similar. A AWA dá um claro estímulo, logo que se entra nesta ATO, para permitir realizar o desejo de ingresso numa destas profissões. Portugal Inovador Abril I 19 Portugal Inovador Inovação, internacionalização e sucesso Fundada em 1997, a Steconfer é hoje a “empresa ferroviária mais internacional de Portugal”. Com sede em Póvoa de Santarém, mas com atividade propagada por sete países (Portugal, Espanha, Irlanda, Chile, Moçambique, Taiwan e Qatar), a Steconfer – Sociedade Técnica de Construções Férreas, S.A. presta um conjunto altamente especializado de serviços de infraestrutura ferroviária. No seu portfólio de funções encontram-se, por exemplo, a construção, reabilitação e manutenção de linhas férreas, bem como a sua eletrificação ou sinalização. Paralelamente ao caminho-de-ferro clássico, esta é uma empresa habilitada para a realização de obras para os sistemas de metro subterrâneo ou de superfície. Não admira, neste âmbito, que enquanto agente com elevado grau de especialização, a Steconfer tenha marcado presença em algumas 20 I Abril das obras mais relevantes do setor em Portugal, nomeadamente nos metros do Porto e Lisboa, enquanto empresa subcontratada. Mais, no entanto, do que uma excelente prestadora de serviços, há 19 anos que a Steconfer se tem vindo a afirmar enquanto inegável símbolo de inovação e sucesso. A comprová-lo está a lista de certificações que a empresa tem vindo a reunir: às componentes de Qualidade (ISO 9001), Ambiente (ISO 14001) e Segurança (OHSAS 18001) acrescenta-se uma creditação espanhola em Inovação e Desenvolvimento. Tudo isto num panorama que, de acordo com o diretor geral, Luís Bairrão, “exige às empresas que apresentem mais projetos inovadores e que atestem, permanentemente, essa inovação”. “Atualmente, mais de 95% do nosso trabalho é realizado fora de Portugal”, acrescenta o porta-voz, numa alusão ao excelente caminho trilhado pela Steconfer. Já entre as obras mais emblemáticas a ser desenvolvidas atualmente, Luís Bairrão cita o envolvimento da empresa num consórcio para a elaboração de obras no metro de superfície de Dublin, Irlanda. Também digno de destaque é o desenvolvimento de uma linha de metro de superfície em Kaohsiung, a segunda cidade mais populosa de Taiwan. Se se atender à excelência dos serviços prestados ou ao grau de especialização que os profissionais da Steconfer reúnem, não admira que o objetivo de atingir novos mercados se assuma como uma ambição natural para o futuro. Mas um dos grandes segredos para o sucesso da empresa está na dedicação atribuída aos cerca de 250 colaboradores, de múltiplas nacionalidades. “É uma obrigação social nossa criarmos emprego nos países onde atuamos”, garante Luís Bairrão, antes de salientar que “esta é uma empresa que, em termos de organização estratégica, coloca as pessoas em primeiro lugar”, já que estas “têm que se sentir ligadas e suportadas”, finaliza. Portugal Inovador Dinâmica renovada em Salvaterra de Magos Para além de ser um concelho que é, naturalmente, mais uma peça importante da identidade ribatejana, reúne ainda um conjunto de atrativos que lhe são singulares. Nos últimos anos, tem vindo a ser desenhada uma nova estratégia quanto ao seu aproveitamento que promete colocar Salvaterra na moda. O presidente do município, Hélder Esménio, não dispensa dizer-nos que Salvaterra de Magos é Ribatejo, mas também muito mais do que isso: “Temos a Festa Brava, temos Charneca, temos a Lezíria, temos a proximidade ao rio Tejo mas, de facto, não nos queremos afirmar só enquanto Ribatejo”, sublinha. Poder-se-ão apresentar outros traços identificativos deste concelho, encontrados tanto na natureza que percorre o seu território como também nos usos e costumes da população. Hélder Esménio levanta, essencialmente, três exemplos disto. Salvaterra de Magos é um concelho ribeirinho, onde, ultimamente, têm sido feitos fortes investimentos quanto às condições de lazer das margens do Tejo. Nomeadamente, na preservação e limpeza destes lugares e no seu reforço com parques de merendas, vigilância e estruturas sanitárias. Quanto à sua etnografia, há também um novo impulso dado à cultura avieira enquanto produto turístico. A aldeia do Escaroupim, onde isto está concentrado, mereceu, recentemente, novos trabalhos como a reconstrução de uma típica casa Avieira e, neste momento, está a ser adaptada uma antiga escola, para que acolha o novo Museu do Escaroupim. Em simultâneo, é imprescindível a referência ao estatuto de Capital Nacional da Falcoaria, consagrado em 2014. A Falcoaria Real é um dos emblemas locais, na altura parte do Paço Real (entretanto destruído), e existe aqui uma “promoção da falcoaria não apenas como algo histórico, mas também enquanto realidade atual”. Há, portanto, “um local de exposição permanente, com aves ao vivo, demonstração de voo, entre outras exposições que vão percorrendo a galeria”. Hélder Esménio diz-nos que, em Portugal, “não existe produto semelhante; haverá outros sítios com falcões e demonstração de voo, mas não num local feito especificamente para isso, com todas estas possibilidades”. O objetivo é simples: caminhar para que Salvaterra seja para os falcoeiros o centro de Portugal. Salvaterra de Magos lidera ainda o processo nacional que pretende ver Portugal integrar a lista de países reconhecidos pela UNESCO, onde a falcoaria é património imaterial da humanidade. Paralelamente a estas questões, mais permanentes, Salvaterra de Magos apresenta um calendário anual de eventos que está a injetar uma nova vida no concelho: março é o Mês da Enguia, continuando a ser este o momento de maior fluxo de visitantes e de forte dinamização hoteleira; em abril comemora-se o 25 de Abril, algo que foi muito incrementado no concelho a partir de 2014 e que conta com um forte cartaz temático; em maio, a Feira de Magos; de junho a agosto as tradicionais festas de verão do concelho; em setembro as Jornadas da Cultura e, em dezembro, a campanha “Natal e o Comércio Local”. Segundo o autarca, o município está fortemente empenhado em “maximizar a visitação, para que com isso haja um novo estímulo à economia e em partícula ao comércio local. Temos produtos diferenciadores e, portanto, temos condições para que vir a Salvaterra esteja na moda. Queremos que uma família que venha passar um dia no nosso concelho possa ter um dia agradável”, conclui. Abril I 21 Portugal Inovador Por um Oeste mais azul A eficiência energética é uma das prioridades que contribuem para fazer do território abrangido pela OesteCIM uma referência nacional. peixe, a carne (com destaque para o coelho e a codorniz) e a doçaria”. Não admira, posto isto, que o Oeste corresponda “a uma região que tem vindo a afirmar a sua grande importância para o país”, considera Pedro Folgado. Contexto 2020 Constituída oficialmente em 2008, a Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) é composta por 12 municípios: Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras. Da soma de todos estes territórios sobressai “uma heterogeneidade muito grande”, sendo nesta “diversidade complementar” que o organismo tem procurado instituir a “Marca Oeste”, introduz o atual presidente, Pedro Folgado. Acima de tudo, este define-se 22 I Abril como “um território interessante porque, embora esteja muito próximo do Litoral, tem algumas particularidades do Interior”, acrescenta o porta-voz. Assim, às zonas de praia, propícias à prática de modalidades como o surf, acrescentam-se terrenos de montanha que, por seu turno, permitem a prática de uma série de desportos de natureza. Essa mesma variedade reflete-se, ainda, nos produtos endógenos que – tal como enumera o também presidente da Câmara Municipal de Alenquer – incluem “os bens hortícolas, frutícolas, o vinho, o Em setembro do ano passado, a OesteCIM contratualizou – junto da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro – o acesso a uma verba comunitária de 58,9 milhões de euros, no âmbito do Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial dedicado ao atual quadro comunitário. Pedro Folgado aponta que o montante em questão “é ligeiramente inferior ao que foi contratualizado no anterior quadro, que tinha uma referência completamente diferente”. Ainda assim, o porta-voz está convicto de que a verba arrecadada se traduz “numa vitória” para a região, tendo em conta o orçamento mais reduzido que outras CIM’s de dimensão similar obtiveram. Assim, pese embora as condicionantes impostas, o nosso interlocutor acredita que o atual contexto comunitário “permite boas perspetivas”. Entre as grandes linhas-mestras assentes na Estratégia de Desenvolvimento Territorial da OesteCIM, está “a continuação da aposta nas infraestruturas educativas e formativas”, tendo em vista não apenas a melhoria dos equipamentos educativos, mas também o reforço da batalha contra o abandono e o insucesso escolar. Eficiência energética Paralelamente ao setor da educação – e à margem de alguns investimentos dedicados às áreas Portugal Inovador da saúde e da cultura – outra das grandes apostas da Comunidade Intermunicipal passa pela consolidação da eficiência energética. “No anterior quadro comunitário fizemos uma tentativa de substituir toda a iluminação pública por lâmpadas LED”, recorda Pedro Folgado, em alusão a uma iniciativa que, embora ainda não se tenha materializado da forma desejada, continua na agenda da Comunidade Intermunicipal. Até porque, paralelamente a esta iniciativa, existe uma vincada aposta na maior utilização das fontes de energia renováveis e da utilização de “técnicas amigas do ambiente” no âmbito da regeneração urbana, pois “queremos um Oeste mais azul”. Efetivamente, “queremos ser uma referência para o resto do país” no que à eficiência energética diz respeito. E é também com esta questão em mente que o presidente aponta a requalificação da linha do Oeste como uma das perspetivas mais importantes para o futuro. ADN territorial Em jeito de conclusão, o representante da Comunidade Intermunicipal deixa um apelo: “É importante que, de uma vez por todas, se defina o que queremos do Oeste”. Isto por um motivo simples: “Para que nos sintamos realmente numa região Oeste, era importante alterar o atual paradigma dos distritos” que, na ótica de Pedro Folgado, já não reúne fundamento. Em causa está o facto de, englobados nesta mesma Comunidade Intermunicipal, existirem seis municípios integrados na divisão administrativa de Lisboa e outros tantos no distrito de Leiria, num enquadramento que dificulta uma maior homogeneidade de processos. Neste âmbito, o porta-voz da OesteCIM afirma-se a favor de um processo de descentralização. “Obviamente que temos de conversar e discutir sobre isso, mas nunca com este mapa administrativo que já fez sentido, mas agora não faz”, conclui. Abril I 23 Portugal Inovador Um Alentejo diferente José Pio apresenta-nos o município do Gavião, falando das suas potencialidades e deixando o repto para um Alto Alentejo mais integrado. Inserido no distrito de Portalegre e abrangendo uma área de aproximadamente 294 km2, Gavião é um município que beneficia da proximidade para com as regiões da Beira Interior e do Ribatejo, sendo diretamente atravessado pelo rio Tejo – aspeto que permite “a aposta naquilo que são os produtos do rio” – e pela A23. São precisamente características como a sua localização ou o conjunto de influências que circundam o concelho que fazem do Gavião – tal como introduz o presidente da Câmara Municipal, José Pio – “um Alentejo diferente”. Se este pode ser descrito como “um concelho eminentemente agrícola”, entre as principais ambições do Executivo está a intenção de “aproveitar-se o atual quadro comunitário para instalar aqui alguma indústria”, afirma o autarca. Até porque o Gavião tem sofrido algumas das consequências comuns aos territórios do Interior: “o abandono, a desertificação e a incapacidade de dar resposta suficiente àquilo que são as necessidades dos nossos 24 I Abril jovens”, sendo, todavia, missão da equipa liderada por José Pio “a inversão dessa tendência”. Município solidário Importa salientar, nesse âmbito, as iniciativas que têm sido avançadas pela autarquia, contribuindo para fazer do Gavião um município particularmente solidário, quer à fixação de pessoas, quer de investimento. No que concerne, por exemplo, ao loteamento urbano, “os terrenos para fixação são praticamente gratuitos”, garante José Pio. A esse esforço, todavia, acrescentem-se medidas que oscilam entre subsídios mensais de natalidade, a devolução ao munícipe da taxa de 5% de IRS devido à Câmara Municipal, ou a aplicação daquelas que são – tanto quanto possível – as taxas mais baixas de IMI. Também a pensar na importância do investimento, a autarquia proporciona “um regulamento de apoio à criação de postos de trabalho”, sendo uma das perspetivas para o futuro um maior estímulo da iniciativa privada. Destino turístico Tratando-se o Gavião de um município de características únicas, não admira que outro dos grandes focos da Câmara Municipal tenha sido o turismo. “Desde os percursos pedestres, aos observatórios, temos tudo aquilo que um turista ambiciona”, assegura o presidente. Um exemplo será a praia fluvial do Alamal, descrita como “um lugar de excelência para se passarem cinco dias”, que conta com “um espaço de alojamento de grande qualidade”. Saliente-se, todavia, que a oferta turística do município é particularmente rica e dinâmica. A comprová-lo, existem marcos como o Museu do Sabão, “o único existente em Portugal e um dos quatro presentes no Mundo”. Na infraestrutura, que já mereceu reconhecimento por parte da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, é contada a história do sabão, prestando-se homenagem a um setor da indústria que já teve “muita preponderância” no município. Portugal Inovador Já com inauguração prevista para breve está outro espaço museológico. Aproveitando as instalações de uma antiga fábrica de tapeçarias, o Museu de Mantas e Teares afirmar-se-á como uma mais-valia que permitirá “preservar na memória da região uma tradição muito importante” da freguesia de Belver. Entre outros pontos turísticos obrigatórios incluem-se, por seu turno, a beleza natural de uma série de percursos pedestres, bem como o Castelo de Belver, que permite “o transporte das pessoas ao Passado”. Crescer de forma integrada Relativamente ao futuro, José Pio reserva a expetativa de ver o município “crescer, mas com sustentabilidade” e combater a fuga de população para os concelhos do Litoral. “Vou tentar, com todas as forças, dar a marca pessoal de uma equipa que está a trabalhar com muito querer para que o Gavião seja um ponto de referência no Alentejo”. Mas desengane-se quem pensar que a intenção deste município é crescer sozinho. “Gostamos muito de estar integrados na Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo”, sublinha o porta-voz, antes de acrescentar que é nesse sentido que tem focado esforços. “Tenho uma ideia não só para o Gavião, mas para toda a nossa região”, a qual passa por “desenvolver projetos intermunicipais, de forma a ganharmos escala e fazermos algo inovador, mas com sustentabilidade”, considera. Porque, acima de tudo, há uma região para descobrir e um Alentejo que se quer diferente. Abril I 25 Portugal Inovador Azambuja: combinar a tradição com a inovação A Portugal Inovador esteve à conversa com Luís de Sousa, presidente da Câmara Municipal da Azambuja, que nos revelou as potencialidades da região. Situado no distrito de Lisboa com uma área de 261 km2, o município da Azambuja orgulha-se do seu ambiente tipicamente ribatejano. Na vasta e fértil lezíria junto ao rio Tejo, o tomate sobressai, sendo um dos produtos com maior peso na economia. Na metade Norte do concelho, são os seus excelentes vinhos a dar projeção nacional e internacional a Azambuja. Sendo um concelho que acolhe quem aqui se quer instalar, o presidente da Câmara destaca algumas medidas: “Temos a boa prática de ajudar todos aqueles que aqui queiram trabalhar, através de um gabinete que apoia as empresas e os empreendedores, criado em parceria com a Associação de Comércio, Indústria e Serviços local (ACISMA). Lançamos ainda o programa: “Construir o futuro em torno da inovação”, com uma forte ligação às empresas e às escolas, com o objetivo de estreitar a relação entre os mundos académico e do emprego”, explicou o autarca. 26 I Abril Todavia, existem diversos projetos planeando outras apostas. “Estamos a trabalhar na reativação da Rota dos Mouchões e no aproveitamento da designada Vala Real, que liga ao Tejo. Temos uma outra vala – do Esteiro – que chega junto à vila de Azambuja. Vamos recuperá-la como espaço de lazer para a população e permitir que as embarcações possam vir até aqui”, afirmou Luís de Sousa, enquanto apesentava outros planos. “Na área da Educação, por exemplo, além de melhorarmos as escolas existentes, iremos alargar a oferta de pré-escolar”. Em relação a projetos intermunicipais, “estamos a trabalhar com os municípios da nossa comunidade em programas como a eficiência energética, a mobilidade, a modernização administrativa, o combate ao abandono escolar e a inclusão ativa”, esclareceu. Em termos turísticos, existem pontos de referência importantes. O rio Tejo é o palco dos passeios “Rota dos Mouchões”, que a autarquia quer relançar levando novos turistas a bordo do varino “Vala Real” num percurso magnífico que permite apreciar um dos expoentes do património natural de Azambuja. Na gastronomia, destacamos o Torricado – prato típico recuperado dos hábitos dos antigos campinos e trabalhadores do campo. “Um bom pão caseiro retalhado em losangos, torrado em brasas, esfregado com alho, salpicado com umas pedras de sal e untando de azeite. Uma delícia!”. O presidente da Câmara aponta ainda duas grandes festas que espelham a tradição e o ambiente de Azambuja. Recentemente, em Aveiras de Cima, a Ávinho – Festa do vinho e das Adegas (já com 12 anos) celebrou a excelente colheita de 2015, premiou o bom trabalho dos produtores e consolidou a tradição vitivinícola do concelho. Já a centenária Feira de Maio (sempre no último fim de semana, este ano de 26 a 30), atrai largos milhares de pessoas. Os azambujenses revivem o seu gosto pela “festa brava” e recebem os forasteiros com hospitalidade. Ponto alto é a noite de sexta-feira, com a oferta de sardinha, pão e vinho a todos os visitantes. Cinco dias de emoção, com uma largada diária de cinco toiros pelas ruas tipicamente decoradas. Fica o convite de Luís de Sousa para a Feira de Maio, considerada com orgulho, “a mais castiça do Ribatejo!”. Portugal Inovador Alavanca para o desenvolvimento do Interior A ADIRN - Associação Para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte, norteia a sua ação em especial para o desenvolvimento do meio rural dos concelhos que dela fazem parte: Alcanena, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Ourém, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha. Com o conhecimento do território, anseios dos sete municípios e das restantes entidades oficiais e privadas que interagem no território, a ADIRN começou a alargar a sua ação à animação cultural, à formação (sobretudo no setor agrário), à promoção e venda de produtos do Ribatejo Norte, à promoção e venda de produtos turísticos da região, ao estabelecimento de pontes transnacionais envolvendo os municípios a si associados e até à defesa do meio ambiente, sempre inserida num contexto de promoção do território. Desde o início do Programa Comunitário LEADER que a ADIRN acompanhou e implementou no terreno a estratégia comunitária para o desenvolvimento do meio rural. Assistiu e participou ativamente na construção de infraestruturas essenciais para a empregabilidade e geração de riqueza na interioridade de cada concelho, tirando partido das potencialidades naturais, do património histórico, cultural, turístico, agrícola e industrial de cada um deles, mas sempre sem descurar a componente social em todos os seus aspetos. É com natural orgulho que tem contribuído ativa e notoriamente para a promoção do meio rural, através dos diversos Programas LEADER e, ultimamente, PRODER, formando e aconselhando tecnicamente jovens empreendedores, “desenterrando” tesouros que corriam o risco de desaparecer no setor gastronómico, artesanal, etnográfico e hoje já são parte da sustentabilidade económica e financeira de muitas famílias. Finalmente, “muito devido também ao esforço e paixão pela causa dos seus colaboradores”, passou a ser vista como uma entidade essencial a consultar em qualquer projeto de âmbito regional. A título de exemplo, em termos de eficácia e competência, bastará dizer que encerrou em 2015 o Programa SP3 do PRODER com 100% de execução em projetos que atingiram mais de 16 milhões de euros e que ajudaram a criar mais 192 postos de trabalho no Ribatejo Norte. Em janeiro deste ano foi assinado um contrato GAL entre a ADIRN e as Autoridades de Gestão do Centro 2020 e do PDR 2020, no âmbito da implementação do DLBC, no valor de 4,2 milhões de euros, algo que o presidente, Pedro Ferreira, encarou com “certa desilusão”. “Os valores disponibilizados são manifestamente insuficientes para dar continuidade a mais projetos de sucesso. Aguardamos com alguma expetativa que o Governo atual encontre uma solução alternativa que ajude a fortalecer o aprovado em candidaturas”, reforça. Atualmente, a Associação tem em curso “uma nova experiência muito voltada para a ação social no terreno”, o “CRESCER E DESENVOLVER ALCANENA”. “Não de menor importância, porém com resultados, eventualmente, mais morosos no tempo, a candidatura ao SIAC voltada para a promoção do espírito empresarial em parceria ou mesmo tirar partido do Programa INTERREG SUDOE voltado para o património natural e cultural designado TERRA D’AVENTURA. Atendendo que todos os municípios estão geminados com Cabo Verde, saliente-se a candidatura recente destinada a criar um centro de competências em Santo Antão, através do Programa “10 YEAR FRAMEWORK PROGRAMME”, conclui o presidente da ADIRN, Pedro Ferreira. Abril I 27 Portugal Inovador Experiência e sucesso em todas as áreas de formação Constituído por um núcleo de 1700 alunos e 150 docentes, o Agrupamento de Escolas Fernão do Pó congrega todos os níveis de ensino, desde o pré-escolar até ao 12º ano, abrangendo ainda a Educação e Formação de Adultos. O Agrupamento foi fundado em 2004 e assumiu a configuração atual no ano de 2008. Esta unidade orgânica engloba a Escola Básica e Secundária, o Centro Escolar do Bombarral, a Escola do 1º ciclo do Pó e três Jardins de Infância. Apesar de estar situado num concelho de pequenas dimensões, o Agrupamento de Escolas Fernão do Pó consegue atrair estudantes para além do Bombarral graças à sua ampla oferta educativa. No que diz respeito aos cursos Científico-Humanísticos, as matrículas abrangem as áreas de Ciências e Tecnologias, Línguas e Humanidades e Ciências Socioeconómicas. Relativamente às restantes ofertas, o Agrupamento orgulha-se de apresentar uma panóplia de cursos que atendem às necessidades da região. O diretor da Instituição, Emanuel 28 I Abril Vilaça, apresenta-nos as opções que respondem às necessidades locais: “Os nossos cursos andam em torno das áreas da Hotelaria, da Restauração e do Turismo. Nos Cursos Vocacionais, temos tido uma área vocacional no domínio do Património Natural e Espaços Verdes; Património Gastronómico; e Património Histórico-Cultural. No Secundário, temos em funcionamento um curso de Turismo Ambiental e Rural, adequado à realidade local e regional. E formamos na área da Restauração, de Serviço de Mesa e Bar, Cozinha e Pastelaria. Portanto, tentamos complementar estas áreas mantendo, no Secundário, a oferta ao nível do Turismo”. Devido a toda esta oferta educativa, o Agrupamento tem conseguido colocar alunos em empresas da área, não raras vezes acabando estes por serem contratados pelas mesmas, findo o estágio. “Como dispomos de uma rede alargada de parceiros, podemos escolher e selecionar os locais de estágio. Assim sendo, optamos por empresas que consideramos que melhor cumprem os objetivos da nossa formação”, explicou Emanuel Vilaça. O dinamismo protagonizado por este Agrupamento tem tido repercussões, não só ao nível educativo como no seio da comunidade local. Segundo o diretor, os inúmeros eventos protagonizados têm “criado uma dinâmica muito interessante com os agentes da comunidade, como o município, as associações e as Juntas de Freguesia”. Estes eventos têm um número de adesão impressionante. Mesmo as atividades noturnas contam com a participação da comunidade do Bombarral sendo consideradas um sucesso. O êxito deste Agrupamento é evidente. Paralelamente ao sucesso nos cursos adaptados à realidade local, os alunos que pretenderam concorrer ao Ensino Superior também estão de parabéns. Segundo os dados disponibilizados pelo diretor Emanuel Vilaça, mais de 95% dos estudantes candidatos conseguiram uma vaga no Ensino Superior. Uma vez que o Agrupamento de Escolas Fernão do Pó tem sido um espelho de sucesso, a aposta mantém-se. Continuar a melhorar é o objetivo primordial da direção. Portugal Inovador Formar jovens para a empregabilidade Sediada em Alter do Chão, a EPDRAC alia um ensino de forte componente prática a uma série de atividades voltadas para a comunidade. Inserida numa coudelaria nacional candidata a Património Mundial da Humanidade, a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Alter do Chão (EPDRAC) é uma instituição de ensino vocacionada para o setor agropecuário, com particular destaque para as áreas da agricultura e equitação. No corrente ano letivo a aposta está nos cursos vocacionais e profissionais voltados, por exemplo, para a Gestão Equina ou a Produção Agrária, mas pretende-se, no futuro próximo, acrescentar uma componente ambiental ao ensino aqui ministrado, vertente que cada vez mais assume uma importância no setor. Mais, todavia, do que contentar-se apenas em formar futuros profissionais, a EPDRAC assume um conjunto de valores que contribuem para a sua diferenciação. “Procuramos que a nossa missão passe por ensinar os nossos alunos a saber estar, a saber ser e a saber fazer no contexto real”, explica a diretora, Maria Conceição Matos. Ou seja, formar “adultos responsáveis”. Mas, associado a um ensino de forte componente prática, faz também parte do projeto educativo da EPDRAC o desenvolvimento “de uma série de atividades vocacionadas para o exterior”. Uma dessas iniciativas é a participação no projeto Erasmus+ “Re-discovery of Horses”, que recentemente reuniu, nas instalações da EPDRAC, 64 pessoas de oito países, naquela que foi “uma semana com atividades muito interessantes para professores e alunos”, recorda a diretora. Já em dezembro passado, foi aqui organizado mais um campeonato internacional de CCE, o qual “foi um sucesso, em que houve 89 conjuntos a concorrer”. Por detrás do êxito destes mesmos eventos está o empenho de professores e alunos que, unidos, fazem da EPDRAC um palco de vivências e aprendizagens únicas que dinamizam toda a região. Escola vencedora O sucesso que este projeto educativo tem vindo a reunir evidencia-se ainda nos importantes resultados que os alunos têm atingido em provas nacionais de equitação e ainda no concurso nacional InterEscolas, realizado na Golegã. Basta recordar que, no presente ano letivo, a EPDRAC arrecadou por duas vezes o primeiro lugar neste mesmo evento, graças “a uma equipa bastante lutadora, responsável e com bastante garra”, considera Maria Conceição Matos. Mas o segredo de uma escola cujos cursos se traduzem em elevadas taxas de empregabilidade parece ser simples: nunca estar parado. Por isso mesmo, a EPDRAC vai realizar a II Feira Agropecuária da EPDRAC (que terá lugar entre 22 e 25 de abril) em parceria com a Câmara Municipal de Alter. “Nesta data participar-se-á, também, no leilão anual de cavalos da Coudelaria de Alter e estamos a preparar uma atuação a cavalo para honrar um importante evento que vai decorrer a 24 de abril, antes do leilão, que será a reunião anual das coudelarias nacionais da Europa”. Esta reunião vai acontecer este ano na Coudelaria de Alter, que é um lugar incontornável no mapa equestre regional, nacional, e cada vez mais mundial. Abril I 29 Portugal Inovador Na histórica vila de Trevões foi descoberto um exemplar de uma cupa talhada em granito. No tempo dos Romanos o termo cupa era utilizado para descrever vasilhas de armazenamento de vinhos, com o passar do tempo o termo cupa deu origem à palavra cuba. Esta peça arqueológica está em exposição no museu da vila de Trevões. Os vinhos da marca CUPAE estão assim associados à história milenar da cultura da vinha e do vinho desta região localizada no coração do Douro vinhateiro, património da humanidade. Ao abrir uma garrafa de vinho Cupae o consumidor vai descobrir a sabedoria que nos foi transmitida pelos nossos antepassados conjugada com as mais modernas técnicas de vinificação, tudo temperado com uma pitada de sol e minerais típicos do terroir do Douro. Os vinhos Cupae têm sobre si a responsabilidade de preservar a história e ao mesmo tempo projetar o futuro do Douro. Ficha Técnica Nome do Produto - Cupae Gold Origem - Região demarcada do Douro Produzido por - Adega Coop. de Trevões Classificação - Reserva Tipo - Branco Castas - Gouveio 25% Malvasia Fina 50% Rabigato - 25% Vinificação - Com temperatura controlada a 17ºC Parâmetros Analíticos - Teor Alcóolico, 13% Acidez Total 6,0 g/dm3 pH - 3,21 Açúcares totais - 4,2 g/dm3 Notas de Prova - Aspeto Visual: Límpido e brilhante Cor: Citrina Aroma: Floral Paladar: Mineral com notas de frutos tropicais Consumo - Ideal para acompanhar marisco, peixe, aves de caça, foie gras, caviar. - Servir a 10º/ 12ºC Enólogo - Fernando Santos Acondicionamento - Garrafa Signature 75 cl ADEGA COOPERATIVA DE TREVÕES, CRL Av. Do Progresso, 18| Trevões • 5130-421 Trevões Tel.: 254477143 • E-mail: [email protected] 30 I Abril CUPAE Douro Wine Portugal Inovador Abril I 31 Portugal Inovador A colorir Alfena desde 1994 Caetanos Lda. é um revendedor autorizado e exclusivo tintas CIN, com sede em Alfena, concelho de Valongo, mas já com filiais em Águas Santas, Maia e, brevemente, em Ermesinde. A empresa familiar gerida, atualmente, pelos irmãos Carla e Luís Caetano, diferencia-se das demais pelo seu dinamismo e qualidade no atendimento: “Acredito que nos diferenciamos por uma abordagem pessoal e focada nas necessidades de cada cliente, construímos relações, do particular ao profissional, da pequena à grande empresa. A nossa tradição familiar assenta na seriedade. Fazemos o melhor aconselhamento possível, o que em muitas ocasiões faz com que os nossos clientes nos incluam nos cadernos de encargos das suas obras, aconselhando o nosso serviço no que a tintas diz respeito”, explicou Carla Caetano. A CIN reconhece o profissionalismo e a qualidade no serviço dos jovens empresários, é por isso que tem a loja de Alfena como referência. “São regulares as visitas por parte da marca, quer pela proximidade quer pela partilha dos mesmos valores com que a relação entre as empresas tem 32 I Abril vindo a ser construída ao longo destes 22 anos”, referiu a proprietária. Estar associado à marca CIN traz vantagens aos jovens empresários, pois a marca tem um vasto conjunto de ferramentas associadas, como os cartões de cor (TAKE IT), o Test It, o simulador de cor e todos os anos criam catálogos com novas tendências de cor. Os clientes vêm cada vez mais informados “o que para nós é um desafio constante, pois temos que estar sempre o mais informados possível sobre todos os produtos, para quando o cliente nos abordar termos a resposta exacta e o mais correta possível”, como nos elucidou Luís Caetano. “A CIN proporciona-nos formações regulares, onde aprofundamos o conhecimento sobre os produtos e processos de aplicação. O que é muito bom, porque se nós conhecermos e confiarmos no produto, vendemo-lo melhor e com outra segurança”. Carla Caetano acrescentou um outro ponto positivo: “A CIN acolheu dentro do seu Grupo uma nova marca, a NITIN, uma tinta mais económica que permite responder às novas necessidades do mercado”. Tendo em conta que as cores das tintas também seguem tendências, os dois irmãos foram questionados sobre as mais utilizadas na atualidade, bem como as técnicas para o aconselhamento ao cliente: “Usa-se tudo desde o branco, os tons neutros como os mais fortes”. Quanto ao aconselhamento este é sempre feito dependendo do que o cliente pretende, se tem pouca ou muita luminosidade, se quer dar profundidade à divisão, etc. “Tentamos sempre perceber o que o cliente procura se é mais a qualidade ou o mais económico, e a partir daí expomos os produtos mais adequados “, aludiu Luís Caetano. A empresa vende todo o tipo de matérias ligadas à pintura: tintas, vernizes, acessórios e diluentes. Está já presente em quatro locais, sendo o mais recente – inaugurado este mês de abril – na cidade de Ermesinde. O objetivo para o futuro é continuar a expansão, levando a mais pessoas e locais a tradição e entusiasmo característicos da família Caetano. Portugal Inovador Mais de 150 anos de história Campo, terra da ardósia, acolhe desde longa data pequenas explorações privadas, porém o início da história que lhe damos a conhecer remonta a 1865. À época, uma equipa de engenheiros vindos do País de Gales deu origem à The Vallongo Slate & Marble Quarries Company, Limited, comprando explorações no lugar da Milharia, Valongo. Os contactos internacionais e a capacidade de distribuição permitiu-lhes alargar o seu ramo de ação, marcando presença assídua em exposições internacionais no séc. XIX. Atuando na Europa e nos EUA –, destaque-se que, em 1884, a Companhia chegou a abrir “uma sucursal em Nova Iorque, com sede em Wall Street, nº 2”, elucida-nos o CEO, Rui Nunes de Matos –, em 1924 é adquirida a unidade de exploração em Campo, mantendo-se ambas operacionais. “Conduzidas em comboios, as lousas seguiam depois de barco, passando pela sede que estava localizada na ribeira do Porto”, material que se destinava, maioritariamente, para co- bertura de telhados ou para quadros escolares. Em 1929, com a Grande Depressão, os ingleses manifestaram a intenção de vender a Vallongo Slate que foi adquirida por investidores, entre os quais o avô do nosso interlocutor, Jorge Nunes de Matos, que funda em 1930 a Empresa das Lousas de Valongo. Se antes da II Guerra, a firma empregava 1200 pessoas, no seu decurso viu-se obrigada a desempregar 900, mantendo mesmo assim, em pleno, a sua ação e continuando a apostar no investimento. Foi no ano de 1959 que ocorreu a última exploração em Valongo, passando a estar centralizada toda atividade em Campo. Enfrentando e adaptando-se a todas as crises que, ao longo das décadas foram espoletando, em 1960, a abertura ao mercado alemão possibilitou o fornecimento de outros materiais para construção (peitoris e telhas) ao qual se seguiram a Dinamarca, a Bélgica e a Holanda. “Desde que foram eliminadas as fronteiras na Europa, outros mercados como Espanha e França surgiram”, passando as entregas a ser efetuadas mais eficazmente, com o uso de camiões, alterando por sua vez a dinâmica das encomendas “dado que muitos clientes deixaram de fazer stocks”. Nessa mesma década, a Lousas de Valongo abriu portas à mecanização, introduzindo máquinas com jato de água, respondendo de forma eficaz a uma crise de silicose que se abatia na região. Já depois das convulsões sociais que se fizeram sentir no pós 25 de Abril, entre nove irmãos que herdaram a quota de Jorge Nunes de Matos, a mãe do nosso entrevistado, Maria Eugénia, manteve sempre a parte (3,12%) que o marido herdara. Mais tarde, em 1982, juntamente com um genro, adquire a totalidade da empresa. Um golpe visionário que permitiu recuperar a firma e “mantê-la viva” e sustentável até aos dias de hoje. Em 1988, a Lousas de Valongo inicia a exploração a céu aberto, utilizando mapas antigos elaborados pela equipa inglesa. É, hoje em dia, a exploração mais antiga de Portugal ainda em laboração. Atualmente, 95% do volume de negócio da firma é para exportação, tendo lugar de destaque a comercialização de pavimentos e revestimentos, peitoris e degraus: “Para a Alemanha são enviadas chapas de grande dimensão que, no destino, são cortadas segundo a intenção do cliente; na Dinamarca os tamanhos são standard e o material é serrado para peitoris que, posicionados de forma inclinada, permitem que a neve escorregue”, explica-nos. Em Portugal, “as pedras para salamandras são muito requisitadas”, mas Rui Nunes de Matos destaca o potencial deste material em bancadas de laboratório, “dado ser um material que resiste muito bem aos ácidos”; bancadas de cozinha; pedras de mesa de bilhar; pavimentos; e escadarias, são pedidos constantes. Rui Nunes de Matos é hoje o CEO desta empresa que representa muito no passado histórico do concelho de Valongo, no presente e no seu futuro: “Estamos atentos a todos os fatores internos e externos e prevemos dar continuidade a esta história”, conclui. Abril I 33 Portugal Inovador Muito mais que uma imobiliária José Francisco e Portela Lda. é o nome de uma empresa de mediação imobiliária que atua, há mais de dez anos, em Alfena – Valongo. Graça Machado, esposa de José Francisco, um dos fundadores da JFP – José Francisco e Portela, é a atual proprietária e gerente desta mediadora imobiliária. Assumindo a gerência da empresa bem como a mediação dos imóveis e o atendimento ao cliente, a profissional assume-se como polivalente e afirma distinguir-se das demais imobiliárias pela proximidade que cria com os seus clientes e pela preocupação que por eles demonstra: “Se estou no mercado tenho de me adaptar às pessoas e o cliente daqui é diferente do cliente do Porto, por exemplo. As pessoas do concelho procuram casa aqui e tem de existir empatia entre as partes, já no Porto essa ligação é mais difícil de criar”. Abordada sobre o estado do setor imobiliário em Portugal, a 34 I Abril empresária afirmou que o cenário geral parece positivo, no entanto, essa perceção depende das diferentes zonas do país uma vez que em muitos locais o poder de compra foi muito afetado nos últimos anos. A par disto, apontou ainda outras dificuldades à realização do negócio: “As principais dificuldades que temos prendem-se com a aprovação dos créditos à habitação, sendo que apesar dos Bancos, atualmente, terem uma maior abertura, ainda há muita dificuldade em emprestar devido às avaliações. Este processo é complicado, pois a Banca empresta entre 70% a 90% do valor do imóvel, mas as pessoas continuam sem grande disponibilidade financeira. Daí nós termos uma responsabilidade acrescida, porque temos de fazer esta ponte entre as pessoas e os Bancos”. Ainda em entrevista, Graça Machado salientou que, atualmente, os clientes adotam uma postura diferente: “Estão bastante informados, exigentes e conscientes. A procura é menor, mas mais responsável, porque as pessoas têm mais noção de quanto podem gastar”. Auxiliada, na parte administrativa da empresa, pela amiga Amélia Santos – que também esteve presente durante a entrevista –, Graça Machado deseja que o futuro traga “muitas vendas, muitos negócios e que o país crie condições para oferecer mais estabilidade aos portugueses. Gostaria também que se valorizasse mais o trabalho dos mediadores imobiliários, dado que os clientes exigem muito e, por vezes, não compreendem a realidade do mercado”. Por outro lado, Amélia Santos acrescentou: “Apesar das melhorias a que temos assistido, o setor imobiliário ainda vai demorar uns anos até chegar ao patamar onde estava antes desta crise”. Numa perspetiva de adaptação ao novo mercado e mantendo-se dinâmicas, as duas amigas, prestam também outros serviços que complementam a mediação imobiliária, nomeadamente em assuntos ligados ao IRS, à Certificação Energética e ao Programa Porta 65, com o objetivo de proporcionarem o melhor e mais completo serviço a todos os seus clientes. Hotel Six Senses Douro Valley Portugal Inovador “O LED já não é o futuro, mas sim o presente” A inovação tecnológica do diodo emissor de luz, vulgarmente designados por LED, e que valeu aos seus inventores o Prémio Nobel da Física, é atualmente a solução de iluminação mais procurada. Como nos conta Joaquim Pereira, sócio fundador da Luziled: “Hoje em dia, 90% dos nossos projetos são em LED. Apenas 10%, ou talvez menos, são com as fontes de luz tradicionais. O LED já não é o futuro, mas sim o presente”. Joaquim Pereira é engenheiro eletrotécnico e fundou a Luziled em 2012, depois de muito know-how adquirido na multinacional OSRAM onde era responsável pelo departamento técnico, e onde fez também o lançamento do sistema LED em Portugal. Esta empresa, sediada no concelho de Valongo, detém dois fatores que contribuem como trunfo da sua diferenciação. Um deles é o apoio técnico: “Não vendemos apenas material, damos sempre apoio técnico ao cliente final, algo que grande parte das empresas presentes no mercado não faz”. Para além disto, a Luziled compromete-se a dar resposta às necessidades dos seus parceiros, nomeadamente arquitetos com quem trabalha diretamente na fase de projeto. “Trabalhamos à medida das pretensões do profissional”, assegura o empresário. O mesmo acontece com o projetista: após feito o estudo luminotécnico a empresa presta apoio no modo como a instalação deve ser feita. Para além disso, a Luziled aposta na formação sistemática dos seus profissionais, visto laborar num segmento de atividade em constante evolução. Joaquim Pereira, que acaba de regressar da Light Building, uma Feira em Frankfurt, realça que se desloca constantemente a formações além-fronteiras trazendo consigo todas as inovações técnicas e de vanguarda do setor, difundindo-as junto dos seus parceiros e colaboradores. “Sempre que trago de fora uma inovação, junto os arquitetos e/ou projetistas com quem habitual- mente colaboro e transmito-lhes os conhecimentos”. Para além do fornecimento de produtos de iluminação, a empresa já conta com uma linha de produção própria de perfis de iluminação, para quando as necessidades do cliente são mais específicas. Questionado sobre a evolução da empresa, desenha-nos o gráfico da sua evolução empresarial como uma linha exponencial crescente. A nível nacional a Luziled tem fornecido soluções para empreendimentos turísticos, casas particulares, escritórios e instalações de indústrias. Apesar do custo do LED ser relativamente maior que a iluminação tradicional, “compensa na fatura no fim do mês”, termina Joaquim Pereira. Hotel VINCCI foto de António Chaves Abril I 35 Portugal Inovador Qualidade, inovação e progresso em Sobrado Situada em Valongo, a Monteiro e Neto está especializada no setor dos estofos. Apesar de ter sido fundada nos anos 70 por familiares, esta firma já sofreu algumas alterações. João Carlos Neto e Maria do Céu Monteiro assumiram a gestão da empresa, imprimindo as suas ideias. Uma vez que se trata de uma das mais históricas entidades empresariais do concelho, a Monteiro e Neto é um marco na região. Conta com uma equipa muito experiente que está ligada ao ramo desde sempre. Os funcionários são a cara da empresa, uma vez que os gerentes, explicam: “Também trabalhamos junto dos nossos colaboradores. Por exemplo, a minha esposa é responsável pelo trabalho de escritório. Mas se for preciso apoio para o armazém, ou para a máquina da costura, vai e sabe fazer. Comigo passa-se o mesmo. Trabalho aqui, na rua, atendo 36 I Abril clientes, faço um pouco de trabalho de escritório… Temos de fazer de tudo”, explicou João Neto, enquanto afirmava que existe pouca formação nesta área, uma vez que os jovens não se interessam por ela. Devido a esta falta de formação, a Monteiro e Neto vê-se obrigada, por vezes, a recusar alguns projetos. Já que a ideologia da casa passa por cumprir todos os prazos a que se compromete, preferem negar alguns trabalhos a deixar os clientes insatisfeitos. Mantendo parcerias com designers, esta empresa também trabalha produtos com cunho próprio. “Não temos produtos standard. São sempre peças diferentes”, explica o jovem gerente. Contudo, o casal admite que no futuro gostariam de contar com uma coleção própria. “Se o nosso produto serve para os nossos clientes venderem aos clientes deles, porque não servirá para nós?”, questionam-se. Sendo uma empresa de exce- lência e com grande relevância no mercado faz trabalhos um pouco para todo o país, mas não só. “Em termos internacionais, trabalhamos para França, Espanha, Luxemburgo e Suíça. Depois trabalhamos para outros, indiretamente, como, por exemplo, Dubai e Angola”, orgulham-se João Neto e Maria do Céu. Com um trabalho muito próximo do cliente e com um crescimento sustentado e constante, desde 2007, a Monteiro e Neto já tem planos para o futuro. Segundo a ideologia de João Neto, é necessário haver sempre objetivos, “só assim é que a empresa pode crescer”. Para dar asas a esse crescimento, estão agora com novos projetos, um deles a conclusão de um novo espaço para produção e no atual espaço um showroom”, finalizou João Neto. Tudo indica que o futuro será risonho para uma empresa tão dinâmica e inovadora como a Monteiro e Neto. Portugal Inovador Restauro automóvel com reconhecimento internacional Especializada em reparação, restauração e manutenção de automóveis, a Cinauto está, desde 1994, presente em Alfena, Valongo. Contando com diversos serviços que vão desde a chaparia à pintura, passando pela mecânica, serviços de ar condicionado e de diagnóstico de eletrónica, a Cinauto é já uma referência ao nível da reparação automóvel no concelho de Valongo. O segredo do sucesso está na postura adotada pela gerência, a cargo do casal Alcino e Fernanda Monteiro, que aposta no esclarecimento dos clientes para assim poder evitar futuros constrangimentos: “Tenho sempre a atenção de informar os clientes sobre o que se passa com o seu automóvel e o porquê da avaria ter acontecido, para que eles não se sintam enganados e também para que compreendam melhor o nosso serviço e o valorizem”, elucidou o gerente. No que diz respeito ao estado do setor automóvel em Portugal, Alcino Monteiro lamentou a situação atual do mesmo, explicando que os interesses económicos dos grandes grupos se têm sobreposto aos pequenos e médios empresários: “O setor está péssimo. O principal problema é que nós – empresas pequenas – não somos unidas. Temos o exemplo das oficinas recomendadas que, muitas vezes, são um engano, porque se formos analisar os serviços prestados vemos que estes não são de qualidade. O que acontece é que estas oficinas para serem consideradas oficinas recomendadas responsabilizam-se por fazer descontos na mão de obra e nas peças para as Companhias de Seguros e responsabilizam-se, ainda, por disponibilizar uma viatura de cortesia ao cliente. No final, o prejudicado é o cliente porque, em alguns casos, para compensar estes custos a oficina descura o serviço. Então se nós fossemos unidos e se a qualidade fosse uma prioridade, as companhias não tinham outra solução senão alterar as suas políticas de intervenção”, explicou o gerente. A Cinauto distingue-se das demais empresas da área pela qualidade dos seus serviços e pelo perfecionismo demonstrado nos mesmos. Esta qualidade é garantida, não só pela formação que Alcino Monteiro tem nas mais diversas áreas que constituem a oficina, mas também, pelas formações que disponibiliza aos seus funcionários. Apontando como objetivos para o futuro “continuar a crescer e a manter a qualidade dos serviços prestados”, o nosso entrevistado desabafou que por vezes trabalhar nesta área “torna-se complicado e dá vontade de desistir”, mas depois “a paixão por esta arte fala mais alto”. De referir também que a competência existente na Cinauto é reconhecida não só a nível nacional, como também internacionalmente, pois há já seis anos que esta oficina exerce uma parceria – sendo responsável pela reparação de diversos automóveis – com uma empresa situada na Bélgica. Abril I 37 Portugal Inovador Contabilidade de proximidade O seu contabilista é um parceiro fundamental na gestão da sua vida fiscal. O Gabinete da LeoFisco, em Ermesinde, preocupa-se consigo e com os seus números. Terminada a sua formação, Andreia Oliveira estagiou num gabinete de contabilidade em Gondomar. Quando, o assim conhecido, “Dr. Maia”, gerente do gabinete LeoFisco, com sede em Ermesinde, anunciou vontade de se reformar, surge a plataforma de lançamento na carreira da nossa entrevistada. Mesmo com os habituais receios da juventude, Andreia Oliveira ganhou coragem e assumiu a gerência da LeoFisco. “Se nesta idade não nos aventuramos, quando é que o faremos?”, questiona. Receando que fosse uma passagem muito brusca para os clientes, habituados ao “Dr. Maia” desde longa data, este 38 I Abril acompanhou Andreia Oliveira durante meses, passando-lhe aos poucos a carteira de clientes. “Não perdi nenhum cliente com esta transição”, conta-nos com uma ponta de orgulho na voz. “A transição correu muito bem, a reação dos empresários foi mais do que positiva”, continua; realçando que “alguns destes parceiros não são só clientes, alguns são mesmo meus amigos, nós somos confidentes”. Os contactos surgem de todo o lado. A maior parte são empresas, mas também há os privados. Póvoa de Varzim, Vila Real, Penafiel, Valongo, Maia… A logística ultrapassa o concelho: os clientes podem enviar a documentação por email (ou por correio), o que permite à contabilista ter clientes em qualquer parte do país. “Estes passam a palavra, sabem de alguém que precisa de ajuda e pedem-me orçamento”, expõe. Com as constantes alterações à legislação vigente, qualquer contabilista tem de se manter sempre a par das novas revisões legislativas, algo que não escapa à profissional: “Se eu me ausentasse um ano da Contabilidade nunca mais acompanhava a área. Por exemplo, verificamos que as pessoas que conseguiam sozinhas fazer o IRS agora recorrem cada vez mais à nossa ajuda”. A Leofisco é um exemplo no “Considero que somos transparentes, honestas, somos corretas e atenciosas” setor. Prova disso é a parte humanitária que existe em todos os negócios que passam pelas mãos de Andreia Oliveira e da sua equipa. Para além disso, o que distingue este gabinete são as «três mulheres de armas» que lá trabalham: “Considero que somos transparentes, honestas, somos corretas e atenciosas”, sublinha. A ambição de Andreia Oliveira passa por nunca fechar as portas da LeoFisco, antes pelo contrário, devolver à empresa a grandeza que tinha no tempo do “Dr. Maia”, “com mais funcionários e colaboradores”, o traria vantagem para a empresa e para o país, uma vez que estaria a criar postos de trabalho. Outro anseio passa por poder “dedicar mais tempo a cada cliente individualmente”. Portugal Inovador Fotografia “fine art” e “360-degree Virtual Reality” Quantas vezes percecio namos o trabalho fotográfico como um espelho sobre o real aproximando-se assim de uma expressão artística. Nessa perspetiva Andreia Ferreira e Sérgio Ferreira percebem que muito mais do que a componente técnica importa aqui sublinhar toda a envolvente humana que o os nossos entrevistados sublinham seguem destacar a presença de um olhar reporta. que ter paixão pela arte é ainda mais serviço ou produto, demonstrando a Durante muito tempo a fotografia parecia ter preenchido um lugar que a pintura outrora ocupou. Mais próxima do real, veio capturar o que a memória não conseguia imortalizar num momento. Ele, da área da Engenharia, ela, da área da Educação, conjugaram esforços e propuseram-se ao desafio que toda esta forma de expressão deixava antever. Porque se por um lado são precisos bons equipamentos para oferecer o produto que as pessoas exigem, por outro lado é necessário compreender todo o mundo mágico que só o olhar consegue explorar. A vontade de manusear o equipamento é importante, mas mais do que isso imprescindível. Nascendo de duas vontades, a Artesfera expõe-nos o aqui e agora, sempre com a possibilidade de crescer com base na singularidade e diferença. Paulatinamente, esboçaram estratégias, afirmando-se em dois segmentos: o empresarial, onde definem os objetivos prioritários na divulgação da imagem corporativa, e a fotografia especialmente direcionada para a família. Com a certeza de que viveriam da fotografia, facilmente, perceberam aí qual seria o seu foco: sessões pré-mamã, newborn e retratos de família. Cada bebé e mãe têm a sua personalidade e beleza e a Artesfera dispõe aqui de um pequeno espaço de modo a capturar a sua espontaneidade. Os nossos interlocutores não escondem que existem outras perspetivas de crescimento que, alinhadas ao desenvolvimento tecnológico, vêm somar todas as mais-valias alcançadas até aqui. Sob essa visão, a Artesfera opta por centralizar o seu core business na fotografia empresarial. Através de bons recursos de produção con- expressividade de todas as atuações de negócio. O poder que esta informação adquire perante os diferentes públicos dá-lhes possibilidade de experimentar outras formas de ver e fazer arte. Desde o setor dos vinhos, joalharia, relojoaria, até à fotografia de alimentos e imobiliária são diversos os setores que abrangem nesta vertente. Cada vez uma maior referência no setor da fotografia, a Artesfera sabe que aqui a criatividade nunca se estagna, reinventa-se, e, por isso disponibiliza ainda um serviço de criação de imagens interativas 360 graus de espaços (interiores e exteriores) e de produtos. Aqui a palavra que impera é a interação, e sob essa preparação do olhar as pessoas terão a possibilidade de visitar e experimentar sensações reais que se cruzam com o ambiente virtual. Sabendo que existe ainda um longo caminho por desbravar o casal espera crescer, quebrar fronteiras tendo em consideração a criação de um novo polo e o acréscimo de soluções adicionais. Abril I 39 Portugal Inovador O sonho de uma casa ao serviço do idoso “Cuidar com dignidade, servir com alegria” é o lema desta residência sénior, situada em Refoios do Lima. Ana Maria Araújo foi emigrante em França onde trabalhou como assistente num lar de 3ª idade e aí descobriu uma missão: cuidar de idosos. “Descobri um talento que me preenche e que me faz feliz”, confessa. De volta a Portugal surgiu a ideia de construir o seu próprio espaço, onde os idosos fossem tratados com o cuidado, atenção, como se da própria família se trata-se. Assim, com a ajuda do marido, e a partir de um terreno cedido pelo seu pai, decidiram dar início à construção deste que viria a ser a concretização de um sonho. “Foi bastante difícil não só pelo investimento, mas porque demorei cinco anos até ter todas as autorizações e licenciamentos que permitiram a abertura do Lar dentro de todas as conformidades legais”, conta. Ana Maria não descura no entanto a referência à ADRIL (Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Lima) por todo o apoio prestado. Enquanto todo o procedimento estava em curso, a nossa entrevistada decidiu fazer uma formação em Geriatria, pois para além da experiência que trouxe de França, “queria estar mais a par dos cuidados de saúde” e ter condições para ensinar futuramente os seus profissionais: “Conto com uma excelente equipa de colaboradores, 40 I Abril a começar pela Patrícia Teixeira, diretora técnica do serviço e a quem Ana Maria não poupa elogios. “Ela brilha naquilo que faz”. É formada em Gerontologia e, também em diálogo connosco, assegurou-nos que “o mais importante é sem dúvida o fator humano e a sensibilidade de cada profissional”. A Residência Sénior conta com uma equipa multidisciplinar, são uma equipa muito unida, e preparada para fazer de tudo, desde a limpeza ao tratamento do idoso, alimentação e cuidados específicos de saúde. Esta valência permite-lhes receber qualquer pessoa, independentemente da sua condição. “Alguns dos utentes entram acamados e aqui começam a andar e a falar. O que eles mais precisam é de atenção, amor, carinho, sentirem-se amados e protegidos”, assevera a diretora. Para além das atividades programadas no plano de atividades socioculturais anual, cooordenado por Patrícia Teixeira, a Residência proporciona atividades religiosas na capela das instalações, encontros com outras instituições de forma a promover o convívio e inclusão social. Aulas de ginástica, três vezes por semana, e sessões de Fisioterapia. O médico e a enfermeira são presenças assíduas para que todos os cuidados de saúde sejam assegurados e cumpridos com rigor. O Lar não dispõe de um horário fixo de visitas para familiares. “Podem vir à hora que mais lhes convier e até partilhar refeições com os utentes”, o que desfaz o estigma social de que estes espaços são apenas para quem não tem família. O que acontece na maior parte das vezes, conta-nos a direção da residência, é que há condições de saúde que exigem um cuidado e atenção, algo que em casa seria insustentável manter. Residência Sénior Lar Santa Maria dos Anjos telefone: 258 757 281 telemóvel: 925 171 613 email: [email protected] https://www.facebook.com/larsantamariaanjos Portugal Inovador Por um serviço integrado Compreender as diferentes necessidades de apoio, de modo a promover o bem-estar e qualidade de vida no domicílio, foi uma preocupação que a Causa Positiva manifestou desde o início. Atenta aos recursos que a cidade de Coimbra oferecia, Clara Duarte avançou com este sonho. Através das mais variadas respostas sociais que são transversais à sociedade portuguesa, facilmente percebemos que existe uma grande linha que separa o setor público do privado. Numa altura em que se perspetivou mudança a nível profissional, Clara Duarte optou por arriscar e preencher as lacunas que mais se evidenciavam neste núcleo: os débeis recursos por parte das IPSS’s e a falta de uma solução mais vasta. Observando os grandes desafios que este exercício podia trazer, a mentora confidenciou-nos que “os primeiros anos não foram fáceis não por haver concorrência, antes pelo contrário, pela falta dela. As pessoas não sabiam que existia este tipo de apoio e desconheciam o seu funcionamento”. Numa primeira fase, a própria Segurança Social ignorava muitos pontos fulcrais desta matéria, não estando os seus procedimentos adequados a uma oferta de serviços mais ampla cujas instituições privadas estavam a começar a implementar e, por isso, Clara Duarte sentindo a necessidade de um apoio organizacional, apostou na adesão a um Grupo franchisado. A rede, neste momento já extinta, permitiu-lhe implementar um apoio mais personalizado. Agora consolidada no mercado, a Causa Positiva aproxima valências que despertam novos horizontes, não só para a pessoa/família que as procuram, como também para as instituições que, a partir da mesma filosofia, criam sinergias, tornando-se num serviço de referência na cidade. Perante um número crescente de pessoas idosas, com percursos e modelos de vida claramente contrastantes, a formação e a importância da adaptação ao meio, por parte do cuidador formal, são focos que a Causa Positiva nunca perderá. Optando por este serviço de qualidade, muito focado no cliente, reconhecendo que a gestão de uma vida pode afirmar diferentes cuidados e singulares acompanhamentos, por isso “o nosso cliente é visto como um todo. Temos de olhar para a pessoa que estamos a cuidar e todo o seu enquadramento”. Ainda assim, é preciso não esquecer que a equipa multidisciplinar responde não só às necessidades dos adultos séniores, mas também de outras pessoas com necessidades especiais temporárias ou permanentes. Na medida em que diferentes pessoas, com diferentes graus de dependência, possam vir a ser amparadas, a Causa Positiva reconhece que para desenvolver ações contextualizadas torna-se importante considerar as várias articulações. Atualmente, a cimentação passa não só por um apoio central na cidade de Coimbra, mas também por essa possibilidade de crescer junto de outros parceiros. Daqui para a frente, a responsável entrevê uma moderada expansão na perspetiva de permanecer com o mesmo serviço integrado que a equipa tem desenvolvido até aqui. “Procuramos ajudar em tudo, não só no apoio direto ao idoso, mas em tudo o que envolve esse apoio”, assevera. Abril I 41 Portugal Inovador “Levar conforto e autoconfiança ao idoso” Melhorar a vida ativa, promovendo um envelhecimento mais saudável, é o objetivo primário da A Par da Idade. Soledade Guimarães iniciou esta caminhada e criou, há três anos, um projeto que alia a sensibilidade da vertente social à área da saúde. Hoje conta com o apoio de uma equipa coesa e multidisciplinar, da qual também faz parte, Sandra Guimarães. Os problemas de saúde e de solidão continuam a ser as principais causas da institucionalização do idoso, mas para que haja o seu devido acompanhamento em contexto institucional seria necessário a afirmação de mais e melhores recursos. As nossas interlocutoras detetaram lacunas que deveriam ser trabalhadas e perceberam que o trilho a percorrer ainda é longo, mas necessário: “A falta de meios nas IPSS’s é um problema generalizado, desse modo, viemos colmatar não só as valências que estas não possuem, mas também dar um pouco mais de nós, oferecendo a nossa noção de apoio domiciliário”. Considerando, por um lado o isolamento da população sénior, e por outro, a vida agitada da população ativa, a A Par da Idade procura todos os dias minimizar as carências sociais existentes: “Trabalhamos em prol de toda a família. Não queremos sobrepor a responsabilidade do Estado, queremos complementá-la”. A atenção não deve apenas ser focada no utente. Na maior parte das vezes, por muita boa vontade que exista por parte dos cuidadores informais, o cansaço provoca situações de desgaste, por vezes irreversíveis. Entendem assim, que a formação do cuidador informal 42 I Abril não é um assunto de somenos importância e, por isso, preparam workshops formativos onde são lecionadas várias temáticas. Os seus serviços estão disponíveis 24 horas por dia e podem ser requisitados por curtos períodos de tempo ou por turnos mais alargados. “Temos por exemplo serviços de apoio domiciliário de apenas um fim de semana ou curtos períodos de férias, que permitam ao cuidador ter um tempo de descanso para recuperar energias, ou outros casos em que o serviço é prestado de forma contínua, durante todo o ano.” Rompendo barreiras e ideias preconcebidas, primeiro com as IPSS’s e instituições locais e, posteriormente, junto das pessoas, sabem que “é uma área muito sensível, estamos sempre a entrar dentro do espaço dos utentes, mas pensamos que é indispensável levar conforto e autoconfiança ao idoso e à sua família, algo que só se pode fazer individualmente, porque noutro sítio qualquer ele vai sentir-se deslocado”. Porém, quando percecionamos o bem-estar no sentido lato do termo, facilmente, percebemos como o serviço de apoio domiciliário é muito mais amplo. Em suma, “trata-se de um conceito da família como um todo”. A curto prazo as prioridades passarão pelo alargamento dos serviços a faixas etárias mais jovens (com necessidades especiais) e pela envolvência em novos projetos de âmbito social de forma a criar alicerces, tendo sempre como pano de fundo a complementaridade das respostas sociais já existentes. Portugal Inovador Gestos que inspiram vida O Lar Quinta Verde, situada no coração do Baixo Mondego, aproximando vidas e despertando consciências, celebra o seu 10º aniversário. Aqui onde as palavras se cruzam com os gestos, e a proximidade aconchega o que há de mais terno entre os humanos, temos agora a oportunidade de observar o bom trabalho de equipa desenvolvido durante uma década. de preservar o que há de único e singular em cada uma das pes-soas, nunca esquecendo a sustentabilidade do meio ambiente. Foi em 2000 que António Pires, Maria de Jesus, e Maria Araci decidiram embarcar neste projeto e rentabilizar um terreno agrícola que se encontrava desaproveitado. Hoje, em retrospetiva, facilmente percebem que todo o investimento foi alcançado com a verdade de um trabalho honesto, e a envolvência de todas as pessoas que estiveram presentes para que este projeto nascesse e renascesse: “O espaço onde nós nos encontramos foi outrora uma Quinta dos meus pais. Eu e a minha irmã, quisemos aproveitá-lo de forma a podermos criar este Lar. O nosso pai chegou a estar aqui durante três anos e sentia orgulho, não só pelo projeto que ambos aqui edificamos, como também pelo facto de nós lhe termos proporcionado usufruir desta casa”. António Pires, já reformado, não poderia deixar de olhar para o cuidado e a dedicação que todo este contacto merece, e privilegia deste modo a qualidade téc-nica e humana que o diferencia. “O nosso lema é dar vida. As pessoas estão aqui para viver”, sublinha. Embora reconheça que as principais respostas para o idoso são de saúde e sociais, e quase todas geridas por IPSS’s, a verdade é que António Pires não desanima e aposta sempre na qualidade de todas as suas valências. Atualmente com a ajuda de 28 colaboradores o espaço encontra-se capacitado para 39 utentes, e integra um conjunto de mais-valias que fomentam e estimulam tudo o que o idoso tinha vindo a desenvolver até chegar aqui: “Fazemos passeios, vamos ao teatro e ao cinema, levamo-los ao cabeleireiro a que eles outrora iam, combina-mos piqueniques, e ainda nos deslocamos à Figueira da Foz ou a Coimbra”. Muitas vezes ouvimos falar sobre velhice, e reportamos esse termo para palavras que indicam fragilidades e patologias. Hoje, mais do que nunca, é necessário per-ceber que o envelhecimento nem sempre é sinónimo de doença. Todo o seu pro-cesso atravessa diferentes etapas e, como tal, sabemos que as pessoas não envelhecem todas da mesma maneira, nem sequer possuem todas as mesmas experiências. É através desse acompanhamento que podemos neste mesmo espaço constatar que valores como o investimento pessoal, e a promoção pelo envelhecimento ativo, são defendidos na íntegra. O Lar Quinta Verde, com o seu condão de reinventar-se a cada novo passo, tem assim a vontade Abril I 43 Portugal Inovador Quatro gerações dedicadas à indústria do papel A Fábrica de Papel Ponte Redonda é uma PME Líder que produz todo o tipo de sacos para as mais diversas indústrias, desde a alimentar até à construção civil. Fundada em 1848, a Fábrica de Papel Ponte Redonda já atravessou várias gerações, sendo que, atualmente, é administrada pela quarta geração da família Loureiro. Especializada na produção e transformação do papel, esta empresa dedica-se exclusivamente à criação de sacos que podem servir para inúmeros e diversificados produtos, nomeadamente: ração, farinha, carvão, produtos químicos, café, batatas, cimentos, sementes, entre outros. No entanto, as rações e as farinhas constituem o seu principal mercado. Na Fábrica de Papel Ponte Redonda laboram 135 pessoas e, em entrevista à revista Portugal Inovador, Raul Loureiro – um dos sócios gerentes da empresa – confessou que a relação existente entre a administração e os seus colaboradores é muito próxima: “Temos funcionários há 35 e 40 anos. Há casais que se conheceram aqui, casaram e tiveram filhos”. E, também por este motivo, a política desta fábrica passa muito pela consciência moral e pelo respeito pelos seus funcionários, uma vez 44 I Abril que estes são colocados à frente até do próprio lucro, como nos explicou o administrador: “Não deixamos de acompanhar o avanço tecnológico para não ficarmos para trás em relação à concorrência, mas também não substituímos a nossa mão de obra por máquinas. Temos um dever moral para com todas as pessoas que aqui trabalham”. Por outro lado, o irmão, Pedro Loureiro – também sócio gerente – acrescentou: “Temos uma gestão familiar e não aquela que se encontra nos livros e que se aprende na Faculdade. Nós conhecemos toda a gente e temos cá famílias inteiras”. Segundo Raul Loureiro, para além da relação de mútuo respeito existente entre a administração e os funcionários, esta fábrica tem outra qualidade que a distingue das demais: ”Dispomos de uma capacidade que a nossa concorrência não tem… Com maquinaria mais rudimentar e graças à qualidade da nossa mão de obra, conseguimos aproximar muito o nosso produto ao da concorrência que utiliza material mais sofisticado”, afirmou. No que diz respeito à formação dos funcionários, os administradores afirmaram que apostam e são a favor da formação contínua, desde que útil e necessária ao desenvolvimento dos trabalhadores: “Apostamos na formação, mas consideramos que esta deve ser dada por necessidade e não por imposição de leis e regras que desconhecem a realidade empresarial. Os funcionários têm liberdade de solicitar formação quando quiserem e na área em que entendem ser necessária”, revelou Raul Loureiro. Trabalho árduo, perseverança e profissionalismo são os valores que regem toda a equipa da Fábrica de Papel Ponte Redonda, os quais permitiram o sucesso alcançado e a sobrevivência perante a concorrência feroz existente nesta área: “Este é um mercado bastante agressivo, nós lutamos muito para chegar aqui. Portugal tem vários problemas e um deles é estar ao lado de Espanha, onde se encontra o maior Grupo de produção de papel, que já controla quase todo o mercado”, desabafou Pedro Loureiro. A juntar a esta problemática, os irmãos Loureiro mostraram-se preocupados com a crescente escassez das matérias-primas utilizadas nas tintas, nomea- Portugal Inovador damente o Dióxido de Titânio (usado para fazer a cor branca e para dar opacidade às diversas cores) que não está disponível nas quantidades necessárias, aumentando assim o custo de produção. Com metade da sua produção a ser exportada, a Fábrica de Papel Ponte Redonda já tem planos para o futuro: “Queremos fazer sacos com fundo retangular, estamos a trabalhar nisso, mas ainda não temos a máqui- na que necessitamos para começar a produzi-los. Temos de agir com consciência, porque trabalhamos maioritariamente com capitais próprios e não temos qualquer apoio financeiro para novos investimentos”, confidenciou Raul Loureiro. Em final de conversa, ficou a certeza de que o futuro desta empresa passa pela continuação da filosofia da família Loureiro, assente na consciência social e nos valores pautados pela dedicação e profissionalismo, que tornaram a Fábrica de Papel Ponte Redonda a referência de sucesso que constitui atualmente. Ficou ainda a vontade da quarta geração em integrar a Fábrica num roteiro de turismo empresarial, permitindo aos interessados a visita às instalações e ao Museu com espólio particular, assim como a participação ativa na produção do papel até à fase final do saco. Abril I 45 Portugal Inovador Qualidade e dinamismo na base do sucesso Situado em Ronfe, concelho de Guimarães, o Laboratório de Prótese Dentária Cristina Torres & Teresa Castro Lda. afirma-se como um espaço que prima pela competência, simpatia, qualidade e responsabilidade. A história deste laboratório começou a 3 de agosto de 2011 quando um grupo de profissionais, da área da Prótese Dentária, decidiu entrar no mercado por conta própria. Cristina Torres, Teresa Castro, Leandro Dias e Sérgio Castro optaram por utilizar a experiência adquirida ao longo de 23 anos, num projeto pessoal que rapidamente marcou a diferença no mercado de trabalho. Esta empresa dispõe de várias especialidades na área da prótese dentária, tais como: prótese em acrílico, esquelética e fixa. Sendo este um setor muito competitivo, o Laboratório de Prótese Dentária Cristina Torres & Teresa Castro, Lda. consegue demarcar-se pela qualidade, fruto também de uma equipa que se distingue pelo dinamismo. “Regemo-nos pelos princípios da satisfação dos nossos clientes, na certeza de que são os recursos materiais biocompatíveis e de uso cientificamente comprovado, o principal motivo que leva à fidelidade dos clínicos para com 46 I Abril o nosso laboratório”, começou por explicar Teresa Castro. Contudo, para que esta empresa se demarcasse neste ramo, foi necessário a contínua especialização e a disponibilidade dos técnicos de irem ao encontro do consumidor final. “Sempre que solicitados, um dos técnicos desloca-se à clínica para que, em concordância com o médico dentista, encontrarem a melhor solução para o paciente. Cada trabalho é personalizado e visa a satisfação de todos, oferecendo todo o apoio do trabalho realizado”, afirmou Cristina Torres. “Os procedimentos de há uns anos, não são os de hoje! A formação contínua dos técnicos sempre foi uma das grandes preocupações desta empresa. Para garantir aos nossos clientes um serviço de excelência não nos podemos descurar das novas orientações que este mercado continuamente oferece e, para tal, todos os técnicos integram um plano de formação contínuo nas áreas de atividade específicas, para que se mantenham atualizados na constante evolução da prótese dentária”, esclareceu Sérgio Castro. Outro fator de diferenciação é o espírito de equipa que aqui prolifera. Crescendo para seis o número de colaboradores, Fátima Castro e Vera Pimenta, a equipa prima pela pontualidade no atendimento e pela garantia de resultados, sem descurar da filosofia inicial da empresa. “Este laboratório tem o apanágio de ter técnicos especialistas nas diferentes áreas da prótese dentária, e que se complementam, para a realização do trabalho final. Procuramos oferecer soluções tecnológicas que resultam em trabalhos com um valor estético e funcional elevado”, contou Leandro Dias. Com largos anos de experiência, o Laboratório de Prótese Dentária Cristina Torres & Teresa Castro tem as melhores expetativas de progresso para o futuro. Com provas dadas no mercado, a equipa deverá aumentar em breve, para continuar a dar uma resposta com a qualidade e competência que lhe é reconhecida. Portugal Inovador Cuidando da saúde do seu coração Cardio MaisPerto é um projeto que visa tornar mais acessível a prestação de serviços na área da Cardiologia, fazendo-a chegar às periferias dos grandes centros urbanos. Conta já com três anos de existência este que é um projeto pioneiro em Portugal e que presta serviços de saúde ao domicílio, em clínicas parceiras e em lares de idosos. De entre estes serviços salientam-se a realização de Eletrocardiogramas (ECG), Ecocardiogramas, Monitorização Ambulatória da Pressão Arterial (MAPA), Eletrocardiograma de 24 horas (HOLTER) e Espirometria. A responsável por este projeto é Noélia Vilas Boas que sentiu a necessidade, depois de ser mãe, de iniciar um projeto seu que lhe permitisse estar mais perto de casa. Em entrevista à Portugal Inovador a Técnica Cardiopneumologista e Mestre em Fisiopatologia Cardiovascular confidenciou a essência deste conceito: “Nós procuramos atuar em domicílios, lares e regiões periféricas, pois os grandes centros já têm estes serviços ao dispor da comunidade. Nós oferecemos a facilidade de as pessoas não terem de sair de casa, evitando custos e desgaste físico desnecessários”. Ainda em entrevista, a profissional lamentou as dificuldades com que se depara diariamente: “O nosso trabalho só resulta quando as clínicas que trabalham connosco passam a mensagem, quando assim não é, torna-se complicado para a população saber que existimos. Tem sido difícil comunicar. Muitas vezes temos de ir para a rua divulgar o projeto”. A Cardio MaisPerto conta já com quatro Cardiologistas e dois Cardiopneumologistas – incluindo Noélia Vilas Boas – e a crescente solicitação destes serviços já levou à necessidade de compra de novos equipamentos. Desta forma, e perspetivando o futuro, a Cardiopneumologista refere: “Passados três anos sinto que vale a pena. Queremos continuar a fazer crescer o projeto, chegar a mais pessoas, aumentar a capacidade de resposta e alargar os serviços a outras áreas, nomeadamente ao diagnóstico da Apneia do Sono”. Tendo em conta que a principal causa de morte em Portugal são as doenças cardiovasculares – e questionada sobre a preocupação dos portugueses sobre esta matéria –, Noélia Vilas Boas afirmou: “Os portugueses sabem que têm de agir e os exames de diagnóstico têm de ser feitos. Também é preciso alertá-los para os comportamentos a adotar e nós neste projeto apostamos muito nessa vertente de consciencialização dos utentes”. Como nota de conclusão fica o reconhecimento de um serviço polivalente que apresenta soluções aos que, por diversas razões, encontram dificuldades no acesso a este tipo de serviços, possibilitando a atuação no conforto do seu lar. Abril I 47 Portugal Inovador Refúgio acolhedor em Lamego Situada na encosta da margem sul do rio Douro, mais precisamente na vila de Cambres, Lamego, a Casa Relógio de Sol dedica-se ao acolhimento de turistas portugueses e estrangeiros, numa vertente de turismo rural. – possuem uma marca própria denominada de Relógio de Sol – a família promove também o envolvimento dos visitantes nas vindimas e, no ano corrente, irá introduzir os “piqueniques por entre as vinhas”. Novo restaurante em maio Conhecida por ser uma cidade com um forte cariz histórico e monumental, a cidade de Lamego é procurada, ano após ano, por milhares de visitantes que são atraídos pela beleza da cidade, pela gastronomia e pelas características da sua gente. Neste contexto surge a Casa Relógio de Sol, gerida pela acolhedora família Coelho. Contando atualmente com cinco quartos, esta Casa, rodeada por vinhas, tem ainda uma piscina e um espaço de cozinha tradicional, onde são servidos aos visitantes os mais diversos pratos típicos da região, como o bacalhau e o cabrito, por exemplo. Segundo Carla Coelho – que vê na Casa Relógio de Sol a concretização de um sonho – o que mais diferencia este espaço é “a simpatia e a amizade que criamos com os visitantes. Há pessoas que choram quando vão embora”, confidencia-nos. Com visitantes oriundos de inúmeros países dos quais se destacam a Holanda, Bélgica, Alemanha, França e Brasil, Júlia Coelho – filha dos proprietários, Carla e José António Coelho – afirmou que a procura por parte do público português está em crescendo: “Por cá também se começa a valorizar a proximidade criada nesta vertente turística”. As vinhas envolventes, distribuídas por uma área de cerca de dois hectares não são descuradas pela família Coelho, uma vez que, para além da produção de vinho Está prevista para o mês de Maio a inauguração de um novo espaço na Casa Relógio de Sol. Trata-se de um restaurante com capacidade para 30 pessoas onde, para além dos tradicionais menus já oferecidos pelo alojamento rural, serão também servidos petiscos da região, sempre acompanhados pelos vinhos das Quintas envolventes. Júlia Coelho, juntamente com a irmã, Carla Coelho – que se encontra a fazer formação na área de Gestão Turística e Hoteleira – são as responsáveis pela idealização deste novo projeto: “O conceito do novo restaurante pretende manter a estrutura do edifício e o que já se faz na Casa, mas alargando-a a um maior público”, esclareceu Júlia Coelho. Relógio de Sol • 5100-424 Cambres - Lamego • Telemóvel: 914 847 709 48 I Abril Portugal Inovador Abril I 49 Portugal Inovador Inovação e sucesso na Fotografia Tal como é percetível pelo nome da firma, a Foto Mário está especializada na área da fotografia. O proprietário, Mário Silva, nasceu neste ramo, uma vez que o seu pai já trabalhava neste setor. “Eu nasci praticamente no meio da fotografia”, explicou. Relativamente ao setor, Mário Silva foi pronto a explicar que estava a passar um mau bocado. “Existem muitos fotógrafos e muitos aprendizes de fotógrafos. Trabalhar em fotografia é complicado. Só cerca de 10% dos fotógrafos é que realmente sabem trabalhar a tendência de cores. Fazer rápido e bem são coisas que já nascem com a nossa criatividade”, começou por contar o fotógrafo. Atualmente, a fotografia encontra-se numa curva decrescente, sendo que Mário Silva optou por expandir o seu negócio para outras áreas. “O facebook é no novo fotógrafo. Antes revelava-se um rolo aqui. Agora revelam no facebook”, lamentou. Relativamente aos serviços prestados e aos produtos disponibilizados na loja, Mário Silva não teve dúvidas: “Eu aqui faço tudo. Não preciso de ninguém. Sempre gostei de ser eu a fazer tudo. Em termos de fotografia, realiza-se todo o tipo de fotografias, como sessões de casamentos, batizados, tudo o que está relacionado com a fotografia”, afirmou o mesmo, enquanto explicava como se diferenciava dos demais. “Há dois anos comecei a imprimir capas de telemóvel personalizadas. Contudo, só há dois meses é que comecei a ter quase todos os 50 I Abril Situada na Póvoa de Varzim, a empresa Foto Mário conta com largos anos de experiência no setor. Fundada há 36 anos por Mário Silva, este estabelecimento prima pela diversidade, qualidade e inovação nos produtos. É desta forma que fidelizam e satisfazem os clientes. modelos. É um produto inovador”. O modo de funcionamento desta nova aposta é simples. Um cliente deseja adquirir uma capa personalizada à sua medida, utilizando, por exemplo fotografias pessoais ou de objetos de interesse. Tudo isto é possível nesta loja. O fotógrafo explicou que tem quase todos os modelos disponíveis e que consegue trabalhar em todo o tipo de capas. “Há dois anos só se vendiam capas para certos aparelhos, como o iPhone 4S, 5S e 6S. Hoje, tenho vários produtos, tanto para Huawei, LG, iPhone e Samsung, que são muito procurados”, esclareceu. Uma vez que vivemos numa época em que o digital veio complicar o negócio dos fotógrafos, Mário Silva decidiu expandir o leque de produtos disponíveis. Na Foto Mário é possível encontrar uma série de objetos personalizados, como t-shirts, canecas, cantis, cinzeiros e almofadas, que vão de encontro às necessidades de todos os clientes. A velocidade do trabalho também permite a total satisfação dos interessados. Presencialmente, Mário Silva consegue fazer uma capa em 10 minutos. Se não houver disponibilidade de deslocação à Póvoa de Varzim, o fotógrafo consegue produzir o desejo do cliente num prazo de 24 horas. Já que o mercado nacional encontra-se no horizonte deste empresário, as expetativas são as melhores. Com objetivos bem definidos, Mário pretende desenvolver o negócio com empresas, para além do cliente particular. Portugal Inovador Abril I 51 Portugal Inovador 52 I Abril
Documentos relacionados
Não pode ser vendido separadamente.
longo do ano letivo, existe também espaço para a realização de vários eventos que, para além de proporcionarem um momento de descontração para os alunos, constituem uma autêntica oportunidade para ...
Leia maisNão pode ser vendido separadamente.
EDIÇÃO, REDAÇÃO E PUBLICIDADE - Morada: Rua Augusto Lessa, nº 251 esc. 13 –4200 – 100 Porto * Telefones: 22 502 39 07 / 22 502 39 09 * Fax: 22 502 39 08 * Site: www.paginaexclusiva.pt * Email: pagi...
Leia maisNão pode ser vendido separadamente.
função da inovação no ramo da construção, criei a Iberoreboco no ano de 2007, trabalhando sobretudo à base de subempreitada, em 2013 decidi registar uma
Leia maisJoséli: da garagem ao Império
Propriedade: Página Exclusiva – Publicações Periódicas, Lda. I Morada: Rua Augusto Lessa, nº 251 esc. 13 I 4200-100 Porto I Telefones: 22 502 39 07 / 22 502 39 09 I Fax: 22 502 39 08 I Site: www. p...
Leia maisNão pode ser vendido separadamente.
História de necessidade e paixão Propriedade: Página Exclusiva – Publicações Periódicas, Lda. I Morada: Rua Augusto Lessa, nº 251 esc.13 4200-100 Porto I Telefones: 22 502 39 07 / 22 502 39 09 I Fa...
Leia mais