Ago 2010 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino

Transcrição

Ago 2010 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
1
ago-set/10
ÓRGÃO INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS / ARCO - ANO 4 - Nº 17 – AGOSTO/SETEMBRO 2010
ago-set/10
2
O ARCO JORNAL é o veículo informativo da
ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE
OVINOS – ARCO
Av. 7 de Setembro, 1159
Caixa Postal 145
CEP 96400-901 – Bagé (RS)
Telefone: 53 3242.8422
Fax: 53 3242.9522
e-mail: [email protected]
home page: www.arcoovinos.com.br
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente: Paulo Afonso Schwab
1º Vice-presidente: Suetônio Villar Campos
2º Vice-presidente: Arnaldo Dos Santos Vieira
Filho
1º Secretário: Wilson Belloc Barbosa
2º Secretário: Antônio Gilberto da Costa
1º Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares
2º Tesoureiro: Teófilo Pereira Garcia de Garcia
CONSELHO FISCAL
Titulares
Carlos Alberto Teixeira
Ruy Armando Gessinger
Leonardo Rohrsetzer de Leon
Suplentes
Emanoel da Silva Biscarde
Joel Rodrigues Bitar da Cunha
Fabrício Wollmann Willke
SUPERINTENDÊNCIA DO R.G.O.
Superintendente
Francisco José Perelló Medeiros
Superintendente Substituto
Edemundo Ferreira Gressler
CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO
Presidente: Fabrício Wollmann Willke
SUPERVISOR ADMINISTRATIVO
Paulo Sérgio Soares
GERENTE ADMINISTRATIVO
Bismar Augusto Azevedo Soares
ARCO JORNAL
Coordenação Geral
Agropress Agência de Comunicação
Edição
Eduardo Fehn Teixeira e Horst Knak Agência Ciranda
Jornalista responsável
Nelson Moreira - Reg. Prof. 5566/03
Diagramação/Redação
Nicolau Balaszow
Colaborador
Luca Risi
Fotografia
Banco de Imagens ARCO e Divulgação
Departamento Comercial
Carolina von Poser Milego/Daniela Levandovski
[email protected]
Fone: 51 3231.6210 / 51 8116.9782
A ARCO não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados. Reprodução autorizada, desde que citada a fonte.
Colaborações, sugestões, informações,
críticas: [email protected]
Foto de Capa: Robespierre Giuliani
E
Momento Desejado
enfim chegamos ao
momento
tão sonhado na
vida de um produtor de cordeiros.
Um mercado ávido
para consumir, um
preço bem acima
das médias históricas e um bom número de compradores batendo nas nossas porteiras à procura do
nosso produto. Ah, que maravilha estar vivenciando este momento que tanto desejamos... ! E por quê
estamos tendo este momento diferenciado? Porque
pela primeira vez vamos ter menor oferta de carne na maior parte dos estados brasileiros, pois o
Uruguai que era um fornecedor bem ativo ao longo
do ano diminuiu drasticamente o volume de carne
enviada para o Brasil. Isto porque eles conseguiram abrir mercados importantes no exterior, conseguindo com isto melhores preços. Já abasteciam
a União Européia e hoje exportam para o Canadá,
os Estados Unidos e um pouco da Arábia. Soma-se
a isto o fato de a Austrália e a Nova Zelândia terem
diminuído sua oferta ao mercado externo, devido às
repetidas secas que aconteceram por lá. E o mais
interessante é que não há perspectivas de um outro
fornecedor externo tomar o lugar do Uruguai. O
máximo que poderia acontecer é o Peru, que tem
um rebanho próximo ao do Brasil, mas que exporta
sua carne para outros mercados também.
Esta situação retrata bem o que nós da ARCO
vínhamos falando há algum tempo. É preciso organizar a produção de rebanhos comerciais, de
produtores de cordeiros, de confinadores e/ou “engordadores” de cordeiros porque muito em breve
HUMOR
Editorial
vai faltar produto no mercado. E esta falta traz
um risco que é o de desestimular todo o sistema
e desmontar toda a caminhada que já fizemos até
agora. Creio sinceramente que não podemos voltar
ao modelo do cachorro atrás do rabo, e devemos
aproveitar esta oportunidade para discutirmos com
toda a franqueza, o que vamos fazer para aproveitar este momento tão favorável para nós criadores.
Sei que não estamos prontos para suprir o mercado local, mas que se verdadeiramente nos unirmos
para listar as ações factíveis e lutarmos com todas
as nossas forças para que isto aconteça, muito em
breve teremos um outro cenário na produção de
carne ovina.
Sei também que há por todo este Brasil, entidades, pessoas, pesquisadores, travando uma luta às
vezes inglória, para mudar a situação do seu estado ou da sua região. Buscando construir uma organização mínima de produção de carne ovina. E
que muitos estados estão criando programas de desenvolvimento do setor, por conta do estado ou em
conjunto com a iniciativa privada. Todos merecem
elogios e parabéns. Mas está na hora de juntarmos
todos em uma grande sala e começarmos a listar
o que já sabemos que é necessário fazer, e por em
prática tudo isto. Por experiência própria sei que a
criação não é uma coisa matemática e que acontece
como escrevemos no papel, mas, como já disse uma
outra vez, é hora de arregaçar as mangas e partir
para fazer. O mercado está hoje do jeito que sempre sonhamos, e realmente não creio que possamos
mais uma vez, perder uma ótima oportunidade de
virarmos a mesa e mudarmos o rumo desta prosa
que vem sendo a mesma há muito tempo.
Paulo Schwab - Presidente da ARCO
3
ago-set/10
Reportagem
Kuvasz - eficiente cão de pastoreio
É conhecida a importância dos cachorros de pastoreio quando é discutido o
tema de proteção dos rebanhos de ovinos e mesmo de outras espécies de animais.
Utilizado em larga escala e há muitos séculos, este tipo de recurso se deu quase que
exclusivamente pelos criadores do continente europeu. A Romênia, por exemplo, tem
uma das maiores populações de ursos e lobos da Europa e é, também, uma grande
produtora de ovinos. As perdas são mínimas e não é considerado um problema, devido
ao uso tradicional dos cães. É comprovada solidamente a eficiência da raça Kuvasz,
de origem bastante controvertida, mas que se sabe estabelecido e desenvolvido na
Hungria, começou a ganhar espaço na América do Norte a partir da década de 70.
O
s americanos Lorna e Ray Coppinger foram os primeiros
pesquisadores de várias raças
de cães protetores de rebanho com o
objetivo de diminuir a predação. Eles
criaram o “Livestock Guard Dog Project” no Hampshire College, Massachusetts. O primeiro passo foi introduzir nas fazendas alguns cachorros para
verificar o seu desempenho. Os testes
provaram redução nas perdas e, com
isso, o programa cresceu. Eles formaram um registro ativo do trabalho dos
cães, sendo que o Kuvasz é uma das 12
raças atualmente utilizadas.
Conforme informações do criador
da raça, Paulo Ricardo Viegas, do Canil Refúgio na Montanha, Morro Reuter, RS, o Kuvasz pertence ao grupo
de guardiões de rebanho, que realiza
seu trabalho há séculos. “Diferente das
raças de cães de guarda recentes, essa
traz uma genética totalmente formada
por essa herança”. Seu nome turco significa “protetor” e o termo foi encon-
Um encantador cão de guarda
trado inscrito em formato cuneiforme
nas placas escavadas em cidades sumérias, tendo aproximados 6 mil anos.
“O Kuvasz é percebido principalmente como cão de defesa e é totalmente confiável e seguro com o rebanho”, informa Viegas. Sua inteligência, independência e bom senso como
um guardião faz dele um protetor ideal. São recomendáveis dois cães para o
trabalho de campo, já que agem como
uma equipe quando confrontados. No
Brasil, conforme relatos, as maiores
perdas de ovinos são para cães vadios.
Em locais onde ainda existem grandes predadores, os fazendeiros apelam
para o abate, mas muitos criadores já
estão dando a devida importância ao
cão protetor de rebanho, dispondo de
uma solução de alta tecnologia - eficaz
e ecologicamente correta.
O Kuvasz sabe interpretar as ameaças reais e tem a característica de
resolver desafios solitariamente, com
pouco ou nenhum contato humano durante suas funções. “Esta é uma característica essencial no comportamento
da raça e deve ser preservada”, orienta
o criador. Poderosamente constituído,
rápido, ágil e com notável coragem no
ataque, chega a medir 76 cm na centelha (macho), 70 cm (fêmea) e pesam
50 kg e 42 kg, respectivamente. Ele
marca seu território deixando claro aos
predadores de sua presença. Bastante
tranquilo, ele será visto andando ao
redor do perímetro do rebanho ou em
repouso em algum ponto estratégico. E
esta experiência passou a ser um fato
Fotos: Divulgação
Eles têm o gosto pelo trabalho em equipe
positivo para os proprietários da Agropecuária Estrela da Serra, localizada no
município de Tremembé, SP. “Em um
ano a média de perdas de ovinos girava
em torno de 70 a 80 animais devido à
presença de onças neste local que fica
encravado na Serra da Mantiqueira”,
relata Luiz Brito, sócio da Agropecuária. Há aproximados dois anos foram
adquiridos um casal da raça Kuvasz e
para o pecuarista o resultado tem sido
plenamente favorável: “Houve uma
drástica mudança nas perdas de ovinos
que hoje gira em torno de 500 cabeças”. Segundo informa Brito, são raríssimos os ataques das onças depois que
os cães passaram a dominar os pastos.
Também conhecido como Pastor
Húngaro, esta raça possui uma pelagem longa e um pelo macio, sua cor
é o branco, mas hoje existe também a
cor marfim. Trata-se de um cão muito
dócil, especialmente com as crianças,
nem tão manso com estranhos. É um
dos cachorros considerados mais limpos e pode ser criado dentro de casa,
pois não se suja na grama ou no barro,
mas se cair em uma poça de lama em
pouco tempo já está quase branco. Viegas complementa dizendo que o Kuvasz tem um pêlo praticamente autolimpante. •
ago-set/10
4
Reportagem
Ganhos com a correta suplementação alimentar
A escassez ou a alimentação inadequada resultante de fatores como clima e pastagens são, por certo, as variáveis de maior limitação no potencial da criação de
ovinos. A falta de leite para o desmame dos cordeiros e a perda de peso dos animais
destinados à produção de carne, de leite ou de lã são as principais consequências
que barram uma produção estimulante e compensadora. Mas, posto o problema, a
solução é buscar alternativas; elas existem na forma de suplementação alimentar
quando realizada em determinados períodos do ciclo reprodutivo, como por exemplo, antes e durante a estação de monta, terço final da gestação e períodos pós-parto.
P
esquisas sobre a utilização de subprodutos da agroindústria têm-se
destacado no campo da nutrição animal, constituindo-se numa opção eficiente,
especialmente quando aplicadas em dietas
balanceadas. No Nordeste, por exemplo, a
instalação de inúmeras indústrias de beneficiamento de frutas por conta de a região ter
se tornado um importante pólo de fruticultura, trouxe como resultado a disponibilidade
de subprodutos oriundos do processo de sucos tropicais. Entre as muitas possibilidades
que surgiram foi visto que os resíduos das
indústrias de caju acabaram ocupando um
lugar especial. O produto resultante da extração de suco - bagaço - pode ser utilizado
na alimentação de ovinos, como substituto a
outros componentes de rações. A vantagem é
que a safra de produção dessa fruta acontece
na época de seca, justamente no período caracterizado pela baixa produção de concentrados comerciais. É possível reduzir em até
43%, dependendo das variações de preço da
ração tradicional, afirmam os pesquisadores
do Centro de Informações Tecnológicas e
Comerciais da Fruticultura Tropical.
O bagaço de caju pode ser utilizado diretamente na alimentação animal ou ser desidratado para uso posterior. No entanto, é
preciso cuidado na formulação para evitar
prejuízos ao animal. Conforme o estudo,
a formulação da ração de ruminantes pode
conter até 45% de bagaço de caju. Os testes realizados com galinha caipira, mostram
que o uso de até 30% de bagaço na ração não
compromete a produção de carne. O uso de
aditivos e outros ingredientes na formulação
da ração é necessário para balancear o produto e melhorar a palatabilidade. Para aumentar a eficiência, o bagaço do caju deve ser
enriquecido por meio de um processo de bioconversão proteica (transformação do açúcar
em proteína por meio de leveduras nativas),
e da adição de fósforo, cálcio e nitrogênio. O
produto obtido apresenta no mínimo 18% de
proteína bruta, 0,50% de fósforo, 1,90% de
cálcio e NDT (Nutrientes Digestivos Totais)
acima de 70%. Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará concluíram, após estudos práticos que a silagem contendo bagaço
Luiz Eduardo dos Santos
Fotos: Divulgação
Cada região brasileira apresenta as suas peculiaridades
de caju permitiram maior ganho de peso e
conversão alimentar quando utilizadas em
dietas suplementadas com concentrado na
proporção de 1,5% do peso vivo, concluindo que tais silagens podem ser usadas para
minimizar os custos de produção, principalmente no nordeste.
Outra experiência realizada pelo laboratório de agropecuária da Empresa Baiana de
Desenvolvimento Agrícola (EBDA), é o uso
da Palma enriquecida com uréia que tem proporcionado o aumento dos níveis de proteína
na nutrição dos rebanhos. “A importância do
enriquecimento protéico desse suplemento
alimentar está no aumento da oferta de fontes
nitrogenadas à dieta dos ovinos, com vistas
à maior produção de carne e leite em períodos de escassez de pasto, particularmente na
região semi-árida”, informa Cezar Detoni,
pesquisador da empresa. A palma forrageira, por ser uma planta adaptada ao clima, é
considerada uma das melhores opções para
o produtor aumentar a quantidade de matéria
seca na dieta dos animais, além de ser um
excelente recurso energético.
Também um outro trabalho vem sendo
efetivado pela Embrapa Caprinos e Ovinos
e que trata do farelo de Cambre. Esta planta
pode substituir o farelo de soja na alimentação de ovinos em até 90% da ração. O zootecnista da Embrapa, Fernando Reis, explica
que o uso do cambre traz vantagens econômicas, já que a soja é muito valorizada no
mercado. As pesquisas estão em fase final e
um dos desafios é saber se não há substâncias anti-nutricionais que possam comprometer a saúde dos animais. “É importante
esclarecer que estamos realizando pesquisas
sobre a cultura e os primeiros resultados se
mostram bastante favoráveis”, diz o pesquisador ao informar que não existe cultivares
de cambre específicas para a alimentação
animal. O que é usado é o resíduo da cultura
que serve para fazer cobertura verde do solo
na entre safra de inverno. “O farelo é um
subproduto que poderá ser potencializado
para uso da alimentação animal e utilizamos
os ovinos para o experimento e os resultados
obtidos até o momento foram considerados
normais”, conclui. Ele acrescenta que para
se chegar ao produto oferecido para os animais, o farelo de crambe teve uma extração
natural por prensa. O pesquisador explica
que, assim como a soja, o óleo de crambe
também pode ser utilizado para a produção
de biodiesel, apesar de ainda pouco valorizado e estudado para esta finalidade. Reis explica que é preciso que as áreas de plantio de
crambe sejam incentivadas e que as plantações cresçam pelo País. Dessa forma, haveria mais produtos disponíveis no mercado e
o preço também seria beneficiado. Segundo
o pesquisador, em comparação à soja, que,
além de competir com a alimentação humana tem sido bem explorada para a produção
de biodiesel, o crambe é uma alternativa
vantajosa em termos econômicos, desde que
sua utilização como cultura de inverno seja
aumentada.
Alimentos volumosos
Para os pesquisadores do Instituto de
Zootecnia de Nova Odessa, SP, Eduardo da
Cunha, Mauro Sartori Bueno e Luiz Eduardo
dos Santos, a produção de leguminosas, para
corte ou pastejo direto, na propriedade pode
resultar em custos menores que a produção
de gramíneas, pois as leguminosas dispensam a adubação nitrogenada. “A produção
desse tipo de forragem, na propriedade, resulta na diminuição da necessidade de aquisição de farelos protéicos, que tem preço elevado”, orienta Cunha, e ele garante ser este
um item de grande expressão no preço final
na produção do cordeiro para abate precoce.
Assim são denominadas as forragens verdes (pasto, capim elefante, leguminosas) ou
conservadas, como silagens e fenos, também
recomendadas para suplementação alimentar
e que tem sua descrição a seguir.
>>>
5
ago-set/10
Reportagem
Pastagem - As espécies recomendadas,
conforme explica Cunha, são aquelas de bom
valor nutritivo e alta produção por área como
os capins dos gêneros Cynodon e Panicum.
Pode-se aproveitar ainda o pangola, rhodes,
pensacola, entre outros.
Capim-elefante - De excelente valor
nutritivo quando colhido até 45 dias, possui
entre 8 e 12% de proteína bruta e 55 a 60%
de nutrientes digestíveis e bom teor de cálcio
e fósforo.
Feijão guandu - Rico em proteína e cálcio e de boa aceitação pelos animais. Diminui a necessidade de suplementação protéica
com concentrados. No período seco perde as
folhas e não pode ser utilizado. Susceptível
à geada e deve ser replantado a cada 2 anos,
pois seu rebrote fica prejudicado após vários
cortes e não necessita de adubação nitrogenada.
Amoreira - Alimento de elevado nível de
proteína (22%). Ressalte-se que devido às
suas características, no período do inverno
o seu crescimento é lento. No verão, podem
ser efetuado corte entre 45 e 60 dias, podendo ser armazenada na forma de feno.
Restos e subprodutos agrícolas
Alguns resíduos produzidos durante ou
após a colheita de cereais, oleaginosas, tubérculos ou raízes e mesmo do processamento de frutíferas, podem ser utilizados
para alimentação de ovinos. As palhadas são,
geralmente, pobres em proteína, com baixo
valor energético. Podem ser usados para
manutenção de ovelhas secas, devidamente
suplementadas com alimentos protéicos. A
utilização de palhas e cascas de arroz não é
recomendada devido a sua baixa digestibilidade. Palhadas de milho, sorgo, aveia e trigo
podem ser eficazes para manutenção de ovelhas secas e farelos de oleaginosas ou ração
concentrada com elevado teor protéico (18 a
20%). Palhadas de soja e feijão apresentam
teor mais elevado de proteína bruta que as
palhadas de cereais, mas também apresentam baixo teor energético. As vagens, por
sua vez, apresentam valor nutritivo mais elevado e as cascas dos grãos tem bom valor
nutritivo.
“Não se recomenda à utilização do bagaço de cana cru na alimentação de ovinos,
devido a seu baixo valor nutritivo, porém,
quando hidrolizado, apresenta maior digestibilidade e, por isso, um valor energético
maior, servindo para animais pouco exigentes”, informa Santos.
As ramas de mandioca, após a colheita
das raízes e aproveitamento das manivas
para novo plantio, podem ser aproveitadas e
deve-se usar o terço superior que apresenta
maior quantidade de folhas e menor de talos. Esta possui entre 9 e 15% de proteína
bruta e expressivo valor energético. Elas
devem ser picadas e secas ou conservadas
como silagem, sem necessidade de aditivos
ou emurchecimento. As variedades de mesa
(mansas) apresentam baixo teor de ácido cia-
Rendimento do rebanho depende da pastagem e dos suplementos alimentares
pequenos ou em raspas e secar em terreiro;
ou na forma de ensilagem, não necessitando
de aditivos.
Eduardo da Cunha
nídrico, mas as variedades para farinha, denominadas bravas, apresentam teor elevado
desta toxina; picagem, secagem e ensilagem
diminuem o teor desta substância e assim
não causam problemas aos animais. Substitui, parcialmente, o milho ou polpa cítrica
e pode combinar-se com uréia ou farelos.
Cascas de mandioca podem ser utilizadas,
desde que seu conteúdo de solo aderido seja
pequeno.
Concentrados
São denominados os ingredientes de elevado teor energético ou protéico utilizados
como complemento das dietas volumosas.
São concentrados energéticos o milho e outros cereais (aveia, trigo, arroz), os altamente
protéicos os farelos de soja, de algodão e de
girassol, e os de valor protéico inferior os farelos de trigo e arroz.
Rolão de milho - Apresenta valor energético e protéico inferior ao milho-grão devido
à presença do sabugo e palha.
Polpa cítrica - possui valor energético
similar ao do milho e pode substituí-lo integralmente em rações para ovinos. Deve
ser utilizada quando apresentar preço de até
85% do milho. Possui elevado teor de cálcio e baixo de fósforo e proteína. Deve ser
armazenado adequadamente, pois absorve
umidade com facilidade, o que leva a proliferação de fungos e bolores prejudiciais aos
animais.
Mandioca raiz - Bom valor energético,
mas pobre em proteína e minerais. Pode ser
utilizada para compor a dieta em até 30%,
para ovelhas de 60kg. Deve ser fornecida
picada, devendo os animais ser previamente
adaptados ao seu consumo, iniciando com
um terço da quantidade que se desejar fornecer e aumentar progressivamente até atingir
o máximo em sete a dez dias. Pode ser armazenada na forma seca: picar em pedaços
Concentrados Protéicos
Farelo de soja - é uma das melhores
fontes protéicas utilizadas na alimentação
de animais domésticos. Possui 45 a 47% de
proteína bruta. Deve compor preferivelmente rações para cordeiros, devido seu preço
elevado.
Farelo de algodão - Fonte protéica de
boa qualidade, utilizado para todas categorias, inclusive machos reprodutores, pois
apresenta-se detoxificada. No comércio pode
ser encontrada com 28 ou 38% de proteína
bruta.
Farelo de trigo - Possui teor protéico
médio (16%) e maior teor de fibra que as
demais fontes protéicas. É excelente fonte
de micro-elementos minerais, como selênio,
zinco e outros. Possui elevadíssimo teor de
fósforo e desta maneira não deve ser utilizado em grande quantidade, máximo de 20
a 25% da ração concentrada, pois a ingestão
elevada de fósforo pode causar cálculos na
uretra, principalmente em machos.
Uréia - É uma fonte de nitrogênio não
protéico que pode ser convertido, pelos microrganismos ruminais, em proteína microbiana e ser, assim, aproveitada pelos animais. Deve ser direcionada, preferivelmente
para animais adultos, com grande capacidade de fermentação ruminal, como ovelhas e
animais em fase final de crescimento.
Soja em grão - Apresenta elevado teor
protéico e energético, contudo devido ao seu
elevado teor de óleo e presença de princípios não nutritivos tem seu consumo restrito.
Animais adultos podem receber até 20% da
dieta total ou até 400-500g dia/ovelha.
Caroço de algodão - Como a soja grão,
tem bom valor energético e protéico, rico em
óleo e com presença de substancias tóxicas.
Jamais fornecer para machos reprodutores,
pois possui elevado teor de gossipol, que
pode causar infertilidade. Pode ser utilizado
em quantidades moderadas para ovelhas e
borregas, na quantidade de 200-500g/dia, por
períodos não muito longos para se evitar problemas hepáticos. •
ago-set/10
Notícias da ARCO
6
A brasilidade estava toda
representada com a presença
de gente de todas as partes do
País, todas as regiões, de capitais a sertões, do amazonas
ao pampa gaúcho, das serras
paranaenses ao cerrado do
centro-oeste. Todos os sotaques
regionais, todas as “línguas”,
costumes e formas de agir e de
se expressar. Mas tudo em torno
de um assunto, a ovinocultura.
Fotos: Divulgação
Um Encontro Pai D´égua de Buenacho Uai!!!
O
IIº Encontro Nacional
de Inspetores Técnicos
da Associação Brasileira
dos Criadores de Ovinos, ARCO,
reuniu em Bagé, no Rio Grande
do Sul, cerca de 130 profissionais
que atuam junto ao Serviço de Registro Genealógico Ovino, com a
função de aprimorar a seleção genética dos rebanhos, através da assistência técnica aos criadores em
todo o País. O evento aconteceu
entre os dias 21 e 25 de junho e
objetivou atualizar os técnicos no
conhecimento de raças e de procedimentos, conforme determina o
Ministério da Agricultura.
Segundo o superintendente do
Serviço de Registro Genealógico
Ovino, SRGO, Francisco José Perelló de Medeiros, a ARCO já havia realizado um primeiro encontro
em 2008, na cidade de Avaré, São
Paulo. No ano passado a opção foi
por eventos regionais, reunindo os
técnicos por regiões brasileiras.
“Agora voltamos a este modelo
Alexandre Bombardelli de Melo
Cerca de 130 técnicos foram reunidos pela ARCO em Bagé
porque os próprios técnicos se beneficiam com o contato entre todos,
pois podem trocar experiências e
vivências de campo, é uma forma
muito dinâmica de aprendizado”,
esclarece Perelló. Para o presidente da Associação Brasileira dos
Criadores de Ovinos, ARCO, Paulo Schwab, o profissional que atua
na área de Registro Genealógico
precisa entender dos mais diversos
assuntos relacionados ao tema e as
26 raças criadas no País. “E hoje
elas podem ser encontradas em
qualquer estado, por isto eles precisam se atualizar e o encontro de
todos em um local favorece a integração da equipe e na transmissão
destes conhecimentos”, assinala
Schwab. Ele acrescenta que nos
últimos 10 anos houve um crescimento no material genético disponível ao mercado em torno de 10
vezes, apesar disto, o rebanho não
aumentou na mesma proporção.
“Este encontro serve também para
organizarmos as informações que
os técnicos de campo precisam ter,
discutirmos procedimentos, enfim,
atualizar a todos, inclusive nossa
equipe interna”, ressalta o presidente da ARCO.
O evento foi bastante dinâmico
com visitas em propriedades rurais, à sede da Embrapa Pecuária
Sul, que tem forte atuação de pesquisas em ovinocultura. Também
foi visitada a sede da fronteira Sul
da Paramount, indústria de processamento de lã e fabricação de tops.
Quando o grupo esteve na Embrapa, assistiu a palestra de Alexandre
Melo, da Tortuga sobre o sistema
RRT. Conforme explica Melo esta
técnica foi criada há mais de 15
anos para bovinos, e utilizada em
diversas propriedades rurais de
todo o Brasil, a tecnologia funciona como um sistema de divisão de
pastagem, que permite um revezamento de áreas protegidas por
cercas, garantindo a qualidade de
alimentação dos animais e facilitando o manejo de forma absolutamente planejada. “O RRT proporciona um melhor aproveitamento
da área, aumenta a pressão de lotação, respeita a altura e o descanso do pasto”, observa o técnico,
acrescentando que é perfeitamente
adaptável ao manejo de ovinos,
com excelentes resultados.
O grupo de técnicos também
pode conhecer mais sobre a tecno-
logia do gen Booroola, introduzida
e pesquisada no Brasil pela Embrapa de Bagé e atualmente sob a
responsabilidade do pesquisador
Carlos José Hoff de Souza. De
acordo com ele, a tecnologia do
Gene Booroola consiste em introduzir uma variação em um gene,
que foi chamado de B e de N, o
gene inalterado. O gene B atua
independente da raça e por ser de
herança simples pode ser transferido para qualquer raça de ovinos.
Todo gene possui uma versão her-
dada do pai e outra da mãe. Para
o pesquisador, até o momento a
diferença identificada nos animais
adultos Booroola é um maior número de ovulações nas fêmeas, o
que determina maior número de
cordeiros nascidos. “O efeito do
gene B é aditivo, assim se apresentarem duas cópias do gene B, na
maioria das situações os animais
vão apresentar prolificidade excessiva, com alta frequência de partos
triplos e quádruplos, podendo chegar a quíntuplos”, diz Souza. “O
uso das ovelhas Booroola em rebanhos comerciais pode aumentar
a média de produção atual, que é
de 70 cordeiros desmamados produzidos por 100 ovelhas paridas,
para 100 cordeiros desmamados
de 70 ovelhas (BN) paridas, usando a mesma área pastoril”, explica.
Ele explicou ainda que a introdução destes animais só deve acontecer em cabanhas que apresentem
taxa de desmame acima dos 80%
em seu rebanho. O trabalho na
Embrapa ainda contou com a palestra de Edson Siqueira, Gerente
Técnico de Ovinos da empresa
Alta Genetics. Em sua apresentação, Edson falou sobre programas
de melhoramento genéticos que
Mulheres já compõem boa parte do corpo técnico
>>>
7
ago-set/10
Notícias da ARCO
Carlos Hoff de Souza
existem hoje e suas contribuições
para os rebanhos, quando adotados
nas fazendas. “É uma ferramenta
que ajuda muito ao criador a fazer
uma seleção genética mais qualificada, saindo do antigo sistema do
olhômetro”, salienta.
Depois de assistirem a palestras sobre controle de verminose
os técnicos foram a campo conhecer de perto a raça ovina Crioula,
considerada a raça que deu origem
a varias outras. A Crioula tem características bem específicas como
alta prolificidade, docilidade e excelente habilidade materna. Possui
65% de pelo (fibra longa) e 35%
de lã. Os machos podem apresentar múltiplos cornos e as fêmeas
eventualmente podem ser aspadas. Segundo a pesquisadora da
Embrapa e hoje aposentada, Clara
Vaz, que dedicou vários anos de
sua vida profissional à manutenção
desta raça, principalmente pela sua
importância genética, ela é muito
dócil e excelente mãe. “Ao que se
sabe deve ter vindo com os Jesuítas para o Brasil e aqui se instalou
por vários lugares. Se adaptou e
fez o rebanho crescer. Por conta
de cruzamentos absorventes, com
outras raças, principalmente as laneiras, quase foi extinta, mas conseguimos recuperar a sua genética,
através de um projeto desenvolvido aqui na Embrapa Pecuária Sul”,
lembra Clara.
Outros rebanhos importantes
O frio estava inclemente com
temperaturas próximas a zero, mas
a sensação térmica era mais baixa
principalmente com o vento que
soprava no campo. Mas o dia estava lindo e proporcionou a todos
os técnicos um encontro com uma
das principais Cabanhas criadoras
de Romney Marsh do Rio Grande
do Sul. A Estância São Francisco
está na quarta geração, administrando a propriedade. O foco de
trabalho segundo o proprietário
Lito Sarmento é com os ovinos
Romney, bovinos Hereford e Polled Hereford, e cavalos Crioulos.
Técnicos
conhecem
detalhes
da
raça
Crioula
O Romney está na São Francisco
desde o tempo de seu pai e a seleção genética foi direcionada para
ter uma qualidade na lã e boa produção de cordeiros para abate. A
apresentação das características da
raça coube ao filho, Manoel Sarmento Filho e foi acompanhada
atentamente por todos os técnicos
presentes.
Conforme explicou Manoel a
raça é de origem inglesa, também
conhecida pelo nome de Kent,
condado onde foi criada desde a
antiguidade sem infusão de sangue estranho. Os antecessores
desta raça já eram criados na época das Cruzadas, vivendo sempre
isolados das demais raças inglesas,
tendo havido apenas uma tentativa
de melhorá-lo com a introdução de
sangue Leicester, cujo resultado
não agradou, sendo o procedimento logo abandonado. Há dois séculos passados os ovinos desta raça
eram animais grandes, de inferior
qualidade, tinham a cabeça grande,
pescoço fino e comprido, membros
longos e finos, velo escasso e lã
muito grosseira. O melhoramento
da raça foi um processo demorado,
em que foi empregado sistematica-
>>>
ago-set/10
mente o método de seleção visando à obtenção de um ovino para
carne, descuidando da produção
de lã. Levado para a Nova Zelândia o Romney foi orientado para
o duplo propósito, melhorando a
sua aptidão laneira, resultando na
formação de uma raça produtora
de carne 60% e lã grossa e longa
40%, Na formação do Romney
Marsh, além do método de seleção
foi também usada consanguinidade. Em 1897 foi criado o primeiro
registro genealógico da raça “Kent
or Romney Marsh Sheep Breeder
Association”, entretanto documentos antiguíssimos mantidos na Biblioteca da Catedral de Canterbury
fazem referência a rebanhos existentes no ano de 1275 no “Priorato
de Christchurch”.
“O Romney Marsh deve ter o
aspecto geral de um animal compacto, vigoroso e bem implantado,
denotando vivacidade e nobreza
racial”, explica Alexandre Cassal, inspetor técnico da região de
Jaguarão, e que também foi o responsável pela apresentação da raça
neste dia. Segundo ele sendo uma
raça desenvolvida e aperfeiçoada
mais para a produção de carne,
deve ser grande, com a boa carcaça, possuindo membros fortes e vigorosos. É uma raça de duplo propósito, apresentando um equilíbrio
zootécnico orientado 60% para a
produção de carne e 40% para a
produção de lã grossa. “A conformação carniceira e a constituição
robusta são portanto os principais
atríbutos que o ovino Romney
Marsh deve ostentar. Deve ainda
apresentar desenvoltura no caminhar”, finalizou o técnico.
O dia foi complementado com
Fotos: Divulgação
Notícias da ARCO
8
As três gerações da São Francisco: Lito, Manoel Filho e Manoel Neto
uma visita a Cabanha Fortaleza
do Seival, em Candiota, município a 30 km de Bagé. Criadora de
ovinos Texel há 20 anos, é de propriedade de Darci Miolo, um dos
sócios da vinícola Miolo. Segundo
explicou seu administrador, Altino
Raota, o rebanho é composto por
sangues franceses e alemães e trabalhado em torno de famílias, para
buscar sempre o melhoramento
genético de maior qualidade. Nesta propriedade a apresentação das
características raciais ficou a cargo do técnico Roberto Azambuja,
complementadas por detalhes sobre o sistema de manejo pelo administrador da fazenda.
Produzindo leite
São 250 cabeças com padrão
zootécnico bem elevado e com o
objetivo de produção de leite, lã e
cordeiros para o consumo. O foco
da Cabanha da Maya, localizada
em Bagé é a criação da raça Crioula com o intuito de mostrar as habilidades que ela tem está produzindo leite e fabricando queijos,
iogurtes e doces de leite, produtos
que foram colocados para degustação de todos que foram conhecer a propriedade. Conforme
a veterinária responsável pelo
rebanho, Francine Eickhoff, as
ovelhas estão produzindo cerca
Altino apresenta o rebanho da Fortaleza do Seival
de 800 ml de leite por dia, o que
é um resultado muito bom para
a raça.
Os técnicos ainda tiveram um
trabalho de conhecimento das características raciais das raças Ideal,
Corriedale, Suffolk, Merino Australiano, Ilê de France e Hampshire
Down. E também foram conhecer
a sede da ARCO onde entraram em
contato com todos os funcionários
da Associação. •
Vozes e opiniões de todo o Brasil
Sem dúvida que foi um encontro com a multiplicidade de conhecimentos e vivências no campo.
Também proporcionou o encontro de técnicos de várias épocas da entidade, como Pedro Simião,
um dos mais antigos técnicos do nordeste, ou mesmo Dirceu Vieira, o mais antigo em atuação na
ARCO. Para ele foi um encontro muito dinâmico com palestras e dias de campo. Já para Marcos
Oliveira Franco, de Sergipe, o evento permitiu aumentar o vínculo com a ARCO e seus funcionários além de poder trocar experiências com os outros técnicos da entidade. Joselito Barborsa, da
Bahia, afirmou que o encontro em Bagé permitiu aos técnicos de outros estados, conhecer uma realidade diferente da que conhecem. “O Rio Grande do Sul é bastante característico na sua criação
de ovinos”, assinala. O estreante nas funções de Inspetor Técnico, Michael Medeiros, do Ceará,
disse que foi uma grande experiência ver de perto a ovinocultura gaúcha: “principalmente com
outros colegas de todo o Brasil”, assinala, e acrescenta que estando junto com outros inspetores
pode sanar muitas dúvidas que ele tinha. A inspetora técnica do Rio Grande do Norte, Karoline
Lopes, ressaltou que estar reunida com todos os inspetores e com os dirigentes da ARCO foi importante para conhecer melhor certos processos e também as raças que são criadas no Rio Grande
do Sul. Um outro estreante na função veio do Pará, apesar de ser gaúcho. Juliano Mendes disse
que estava muito satisfeito e grato por poder participar deste encontro e iniciar-se nas funções de
Inspetor Técnico da ARCO. "Conheço ovinos do tempo que morava em São Borja, no RS, e acho
que isto vai ajudar muito nas funções que vou exercer lá no Pará, junto aos criadores", conclui. •
9
ago-set/10
Notícias do brete
Rio Grande do Sul terá
Unidade Móvel de Ovinos
A Germer Consultoria em
Agronegócios lançará na Expointer – Esteio/RS -, entre os dias 28
de agosto e 5 de setembro, a primeira Unidade Móvel de Ovinos
do Estado, batizada como Borregão. O principal objetivo desse
projeto é colocar as novas tecnologias ao alcance de empresários
rurais, visando à qualificação da
carne ovina e da eficiência produtiva dos rebanhos gaúchos.
O Borregão vai realizar consultoria nas propriedades dos
criadores assistidos pelo Sebrae/
RS e pela Associação Brasileira
de Criadores de Ovinos, participantes do Programa Cordeiro de
Qualidade ARCO e outros interessados. O veículo estará equipado para efetivar exames de
avaliação de aptidão reprodutiva
em carneiros (andrológico), exa-
me de diagnóstico de gestação
por ultrasom e acompanhamento
do controle da verminose através
de exames de OPG. Graças a estas ferramentas, o resultado dos
exames será obtido na hora e os
produtores receberão a orientação de um veterinário para manejar o rebanho e, assim, ser um
facilitador no apuro dos índices
de produtividade.
O projeto da Unidade Móvel de
Ovinos conta com o apoio da ITC
do Brasil, Belgo Bekaert Arames,
Intervet Shering Plough, Sebrae,
ARCO e Capril Virtual. Para os
interessados, mais informações
podem ser conseguidas junto à
médica veterinária, Marlise Geremer – Equipe Capril Virtual http://www.caprilvirtual.com.br e
pelo fone: (51) 9756-6733 - [email protected] •
Acre organiza
associação de criadores
Em reunião realizada ontem criadores de ovinos e caprinos deram
início as formalidades para a criação da Associação dos Criadores de
Caprinos e Ovinos do Acre, ACCOA, cuja fundação deve ser oficializada ainda no mês de agosto. Segundo o veterinário que está orientando os criadores na seleção de rebanhos, Alex Cicinato, a presidência
deve ficar com Adalberto José Moreto, criador e empresário que está
inclusive investindo na construção de um abatedouro para estes animais. Alex afirma que o Acre possui hoje cerca de 80 mil cabeças sendo que a maior parte é com uma raça local, chamada de crioula que foi
o resultado de cruzamentos diversos. “Mais recentemente é que está
entrando a Santa Inês e a Dorper”, assinala.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos,
ARCO, Paulo Schwab, a partir da formalização desta associação, o
Brasil está praticamente coberto por representações deste tipo, faltando
apenas no Amapá. “Isto traz um fortalecimento para a atividade porque
organiza a produção de forma sistemática”, ressalta Schwab. Ele destaca o fato de no Acre já haver interesse pela formação do sistema produtivo, com apoio do Governo Estadual, do Sebrae e outras entidades. A
instalação de um abatedouro também foi apontada como fato relevante
pelo presidente da ARCO pois dá um norte aos criadores que vão ter
mercado certo para vender seus produtos. “Eles estão com planos de
produzir cortes de carne e também embutidos”, relata Schwab. •
ABCDorper realiza
Nacional em outubro
Dorper e White Dorper farão
sua 4ª Nacional junto ao Congresso Mundial da Raça Brahman
em Uberaba/MG
As principais raças ovinas selecionadas no Brasil, a Dorper e a
White Dorper, realizam sua 4ª Exposição Nacional durante o maior
evento pecuário de Brahman do
mundo: XV Congresso Mundial
da Raça Brahman, que este ano
acontece pela primeira vez no
Brasil, entre os dias 17 e 24 de
outubro, em Uberaba/MG. A parceria foi acertada pelos presidentes da Associação dos Criadores
de Brahman do Brasil (ACBB),
José Amauri Dimarzio e da Associação Brasileira dos Criadores de
Dorper (ABCDorper), Valdomiro
Poliselli Júnior, com o apoio da
Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), entidade
apoiadora do Congresso Mundial
da Raça Brahman.
Além de exposição e julgamentos de ovinos, acontece entre
os dias 17 e 24 de outubro três leilões de Dorper e White Dorper e
palestras sobre o mercado da
carne. A expectativa é que aproximadamente 1500 animais participem da exposição, que já foi
realizada por duas vezes em São
Paulo/SP e uma vez em Salvador/
BA. São esperados 100 exposito-
res, de vários Estados do Brasil,
com destaque para criatórios da
Bahia, Pernambuco, Ceará, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro. A diretoria da
ABCDorper espera também que
criadores vindos de outros países,
como Argentina, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Guatemala, Austrália, Nova Zelândia e África do
Sul, estejam presentes como nas
edições anteriores. •
ago-set/10
Especial
10
Fotos: Divulgação
No RS, agora a carne é o centro das atenções
Luciana Radicione
Não há como negar as origens da ovinocultura no Rio Grande do Sul, que
por anos a fio, foi voltada exclusivamente à produção de lã, de alto valor
comercial. Também não há como negar
o impacto que a crise da lã causou no
mercado gaúcho, quando em meados
da década de 1980 houve um desestímulo geral inflado pelos altos estoques
australianos e pelo ingresso de fios sintéticos na confecção do vestuário. Esse
foi o estopim de uma mudança cujas
conseqüências são vistas até os dias de
hoje nas mais de 100 mil propriedades
que mantêm a ovinocultura no Estado:
a exploração diversificada e a busca de
espaço no mercado com valor agregado.
A
crise que levou a uma drástica redução do rebanho gaúcho, de 12
milhões de cabeças para cerca de 4
milhões nos dias de hoje, por um lado forçou os produtores a buscar novos nichos de
mercado para a ovinocultura. Embora o fator
cultural ainda seja um complicador – muitos
têm dificuldades em se adaptar à realidade
ditada pelo mercado – uma grande parcela
dos criadores está de olho nas demandas que
se abrem. E o filão da vez é, sem dúvida, a
carne de cordeiro - cortes nobres ainda restritos a poucos pontos de venda como supermercados e casas especializados.
O presidente da Associação Brasileira dos
Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Schwab,
lembra que o Rio Grande do Sul sempre
consumiu carne ovina na própria fazenda e
em poucas casas de carne. Somente nos últimos 10 anos é que ocorreu um interesse sistemático pelo produto. “A promoção da carne e a formação de grupos interessados na
oferta regular e com escala é que vem transformando este cenário de forma positiva”,
afirma. Embora a passos lentos, o dirigente
considera que o cordeiro está ampliando a
sua presença no mercado e no dia-a-dia das
famílias. “Ainda há muito que aprender nos
RS
ainda
éo
maior
rebanho
de ovinos
do Brasil
quesitos apresentação e regularidade”, diz.
A escala certamente é um dos fatores que
complica a atividade já que a crise do setor
levou ao abate indiscriminado de fêmeas e à
queda na produção de animais.
Para o presidente da Federação Brasileiros dos Criadores de Ovinos Carne (Febrocarne), Vilson Ferretto, o cenário é muito
atrativo para quem está investindo no segmento, ao menos, por enquanto. Os produtores estão recebendo, em média, R$ 3,60 pelo
quilo, preço considerado por ele “compensador”, impulsionado especialmente pela
redução do ingresso de cordeiros do Uruguai, “Esperamos que mesmo com o final da
entressafra as cotações se mantenham”, diz.
A grande procura e a ausência de oferta têm
garantido nos últimos anos um equilíbrio
nos preços, que tradicionalmente devem ficar entre 20% e 30% acima da cotação da
carne bovina. O desafio, explica o dirigente,
é ampliar a oferta com a manutenção dos
preços. “Neste quesito perdemos para outras
praças, por isso mantemos a expectativa de
preços mais remuneradores e custos mais
baixos para que haja um aumento do interesse pela carne”, salienta Ferretto, que vê nas
propriedades um movimento de criadores de
raças laneiras que estão investindo em cruzamentos a fim de tirar proveito do mercado
da carne de cordeiro. Mas um dos fatores
limitantes da atividade voltada à carne, segundo Ferretto, é o alto índice de mortalidade dos animais – na casa dos 30% - algo que
se colocado na balança não produz o efeito
esperado mesmo com o aumento gradativo
do rebanho. “Esse é um problema sério”,
afirma.
Parceria produtor x indústria é o que
impulsiona a comercialização
Iniciativas que visam fomentar a ovinocultura de carne estão sendo deflagradas em
todo o Estado, entre elas o Programa Cordeiro de Qualidade da Arco, promovido em
parceria com o Sebrae/RS dentro do Juntos
para Competir. A ação visa ampliar a eficiência dos sistemas de produção a partir de
uma estratégia de comercialização baseada
na integração e diferenciação do produto.
O coordenador de Agronegócios do Sebrae/
RS, Angelo Aguinaga, informa que mais de
80% dos esforços da entidade são feitos da
porteira para dentro, já que não se pode ir em
busca de espaço sem que haja uma organização do setor produtivo. “O programa é uma
tentativa de estimular o criador a trabalhar
em parceria com as indústrias, fazendo com
que ele atue de acordo com o que o mercado
quer, ou seja, cortes nobres, diferenciados e
com preços competitivos”, salienta.
Os números confirmam o sucesso: hoje
são 50 criatórios participantes responsáveis
por um rebanho que deve fechar o ano com
>>>
11
ago-set/10
Especial
cerca de 20 mil animais, contra 12 mil de
2009 e apenas 5 mil no ano de lançamento
do programa, em 2008. Uma boa notícia, resultado da implantação do programa, foi a
criação do Selo Nacional de Qualidade, cuja
certificação é dada aos produtos oriundos de
animais dente de leite, com peso vivo entre
25 e 42 quilos e acabamento de 2,5 a 3,5
quilos. Aguinaga explica que a cada ano são
realizadas rodadas de negócios nos municípios, oportunidade em que são montadas
escalas de abate com a indústria. “A ideia é
sempre concentrar a entrega em uma única
indústria que ficará responsável pela pulverização da carne no mercado.” Na Expointer
deste ano, o programa Cordeiro Arco passará a disponibilizar ainda uma consultoria aos
produtores participantes, com o lançamento
de uma unidade móvel que permitirá a realização de exames laboratoriais nos animais,
com foco em análise sanitária e reprodutiva
dos rebanhos.
Se por um lado os produtores trabalham
para resgatar a atividade por meio da carne
com resultados positivos para quem aposta, investe e aguarda pelo retorno, por outro, um fator limitante dessa expansão é a
carência de apoio no âmbito da assistência
técnica. E Schwab reforça o coro dessa importância: “é preciso que o governo estadual
reestruture a assistência técnica da Emater
para que possamos ter novamente a extensão rural trabalhando para levar ao criador,
todas as tecnologias já desenvolvidas pelas
áreas de pesquisas. Isto sim trará resultados
fortes e imediatos”, diz.
A posição do governo, no entanto, diverge do ponto de vista do coordenador da
Câmara Setorial da Ovinocultura da Secretaria da Agricultura (Seappa), José Antônio
Simões Pires, que diz que a falta de assistência é resultado de anos de desarticulação
da cadeia produtiva. “As entidades do setor
têm que ter um objetivo em prol da atividade. Iniciativas isoladas são válidas, mas
não formam a força necessária para dar o
Rio Grande do Sul possui excelentes rebanhos produtores de lã que estão em constante aprimoramento
crescimento esperado à ovinocultura. Cada
um defende seus interesses e não comungam para um objetivo comum”, afirma Pires. Segundo ele, a Câmara Setorial atende
as demandas da cadeia quando elas existem,
e cita como exemplo o fato de as reuniões
não serem realizadas desde novembro do
ano passado. “Se não há reunião é porque
não há demanda.”
Apesar dos entraves comuns a qualquer
atividade em rota de crescimento, a ovinocultura gaúcha nos últimos quatro anos
agregou cerca de 400 mil animais ao rebanho, número que comprova a expansão –
ainda que lenta – do setor. E, na avaliação
de Pires, da Câmara Setorial, fruto das oportunidades que se abrem especialmente para
o segmento carne. “O mercado consumidor,
por demandar mais carne de cordeiro, motivou o criador a produzir mais e melhor e a
buscar uma acomodação para o seu produto
o mercado, não só visando o churrasco, mas
os pratos do dia a dia das donas de casa”,
salienta. No caso da lã, mesmo com aumento na produção nos últimos anos – passou
de 9,8 milhões de quilos em 2008 para 10,6
milhões de quilos em 2009, o ritmo e a empolgação não são os mesmos no Estado que
concentra 95% da produção nacional. “Acho
muito difícil que a lã retome a expressão do
Schwab: ovinocultura gaúcha tem tudo para voltar a ser forte
passado, pois o mundo hoje exige tecnologias mais baratas”, analisa o dirigente da
Câmara Setorial.
Um novo “sopro” para a atividade, segundo o presidente da Arco, é o crescimento do mercado para lãs ultrafinas ou finas,
com a finalidade de atender ao mercado de
alto poder aquisitivo. “Quando os produtores começarem a olhar para este mercado e
perceberem que ele pode ser uma boa saída,
vão retomar seus investimentos na melhoria
genética do rebanho”, afirma Schwab, que
compara o nível zootécnico do rebanho brasileiro ao de grandes países produtores de
lã. “Este investimento também vai puxar a
melhoria dos preços pagos ao produto que
neste momento tem se mantido estável, sem
grandes picos de valorização”, afirma o dirigente.
O Uruguai, que virou corredor de exportação para a lã brasileira, vem comprando
em torno de 7 milhões de quilos do País –
movimento que, na opinião do presidente da
Federação das Cooperativas de Lã do Brasil (Fecolã), Álvaro Lima da Silva, revela a
qualidade do que está sendo produzido nos
campos gaúchos. “Nosso produto tem total
condição de competir com a lã do Uruguai
e qualquer outro grande produtor, basta ver
os números de exportação, onde o Uruguai
revende parte do que compra para a China,
a maior consumidora do mundo”, afirma.
>>>
ago-set/10
No entanto, admite que a lã hoje ficou em
segundo plano em detrimento da carne e,
como toda commodity, tem sua atividade
atrelada às condições do câmbio. “Quando
o dólar está muito baixo, há um desestímulo
muito grande”, afirma.
Mercado cativo para leite e pele
O volume não é expressivo e não há sequer marketing em torno deles. Estamos
falando de outros dois segmentos da ovinocultura que muitos ainda não conhecem,
mas cuja qualidade já lhes garantiu mercado cativo: o leite e a pele. Um dos mais
importantes empreendimentos do Estado
que valoriza e comercializa os subprodutos
do leite, a Casa de Ovelha, com sede em
Bento Gonçalves, não se depara com o consumo “desenfreado”, mas observa constância no ritmo e na procura dos clientes. “O
mercado está excelente, na
casa dos 100 mil litros por
ano. Há procura e melhores preços de uns anos para
cá”, constata o proprietário
Tárcio Michelon, que desde
2003 mantém laticínio e uma
loja que comercializa variados tipos de queijo, iogurtes,
doces e molhos à base de leite de ovelha. Além dos 2 mil
turistas que normalmente
passam pelo estabelecimento todos os meses, a estratégia de Michelon inclui a venda por meio
de site, onde constam todos os produtos da
linha Casa da Ovelha. O resultado são vendas diretas para consumidores e empresas
(restaurantes e supermercados) também de
fora do Rio Grande do Sul, especialmente
Rio de Janeiro e São Paulo.
De acordo com Michelon, o consumo
dos derivados de leite de ovelha ainda é
muito restrito a uma faixa específica, como
alérgicos à lactose e casas que vendem especiarias. No entanto, sabe que se for ofe-
Fotos: Divulgação
Especial
12
Criadores também investem na produção de leite e pele
recido um produto em embalagem pequena
e atraente em estabelecimentos como supermercados, por exemplo, é quase certo
que o consumidor seja tentado a levar o
produto para casa. “Quem não gosta de
experimentar algo que só de olhar já reconhece sua excelência?”. Para fisgar o consumidor, a Casa da Ovelha vem apostando
neste tipo de ação, oferecendo produto em
embalagens menores e preços mais atrativos. “Promoção neste segmento não existe,
e como o litro do leite de ovelha é cotado a
R$ 7,70, a saída é fazer uso dessa estratégia
para levar nossos produtos para dentro das
casas”, explica o empresário que mantém
rebanho próprio de 300 animais da raça Lacaune, além de parceria com três produtores
que fornecem 60% do que é industrializado
na fábrica de Bento Gonçalves – formando
uma bacia com 1.000 animais.
Outro segmento que se bem explorado
pode fazer a diferença para quem trabalha na ovinocultura é o de peles. Um bom
exemplo é o trabalho tocado pela Polipeles, curtume com sede em Flores da Cunha,
que além de abastecer todo o Brasil com
diversos produtos (forro para calçados e
tapetes, camurça para fabricação de botas,
rolos para pintura e discos para polimento
de veículos) ainda exporta (por meio de outra empresa, a Softpeles) 20 mil metros por
ano para os países do Leste Europeu – que
compram peles com 1 cm de altura para uso
em calçados. De acordo com o proprietário
Aquilino Rosset, o maior desafio da atividade é manter a fábrica com estoques, já
que a disponibilidade de peles é de apenas
120 dias por ano. “Não há abate nas demais
épocas”, afirma.
Para pode atender à clientela – e não
deixar ocioso o curtume com capacidade
para processar 350 peles/dia - normalmente ele compra de dois ou três frigoríficos
gaúchos e de comerciantes que se dedicam
exclusivamente a juntar as peles para curtumes. “O que vem dos frigoríficos não
obedece a um padrão, por isso se mantém
um preço médio. Já o que é entregue pelos
comerciantes é produto com qualidade garantida, e o preço vai para US$ 5,50 a US$
6,00”, conta o empresário, referindo-se a
pele tipo lanar, de 5 cm de altura e muito usada na confecção de tapetes e artigos
de decoração. A falta da matéria-prima e a
manutenção da escala um dos entraves, argumenta Rosset. E nos últimos anos uma
grande parte da produção sul-americana
vem sendo requisitada, o que contribui para
a alta valorização do produto no mercado.
Ele conta que os preços estão 50% acima
da média, fato que prejudica quem está do
outro lado da cadeia. Apesar das dificuldades, Rosset não se arrepende de ter apostado neste nicho de mercado. E motivos para
mais otimismo não faltam. “Nada substitui
a pele ovina para o aquecimento, é um produto extremamente aceito pelo consumidor
- não gera suor e nem provoca transpiração-, é sustentável, pois se decompõe no
meio ambiente e, o mais importante, tem
mercado garantido em regiões mais frias”,
argumenta.
Para o presidente da ARCO, independentemente do tipo de exploração que se
faz, o importante é incentivar à produção,
proporcionando renda com valor agregado.
“Se tudo for trabalhado corretamente, isso
vai resultar em riqueza para o agronegócio
ovino e ajudar a ampliar o rebanho, algo que
estamos precisando”, destaca Schwab. •
13
ago-set/10
Reportagem
Cruzamentos Industriais:
Alquimia para elevar a produtividade
Nicolau Balaszow
N
a descrição do professor Edson Ramos de Siqueira, doutor em zootecnia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Paulista
(Unesp), Campus de Botucatu, SP, quando
são realizados cruzamentos é preciso levar
em consideração os objetivos a serem alcançados, a genética do rebanho e as condições
de manejo. No sistema industrial, por exemplo, a utilização dos cruzamentos será mais
efetiva quando forem tecnicamente planejados, no sentido de se escolherem raças que
atendam às especificidades do meio ambiente. “Considerando a produção a pasto, nas
quais as condições ambientais variam muito,
teremos de trabalhar com genótipos adaptados a cada região e situação”, explica. Essas
condições ambientais fazem que, na maioria
das vezes, não seja adequado usar raças puras muito exigentes, sendo mais vantajoso
fazer cruzamentos.
Seguindo-se pela manutenção da linha
materna de raças adaptadas, utilizam-se,
para cobrir estas ovelhas, raças mais exigentes, especializadas em carne. Os animais
mestiços tendem a manifestar as vantagens
das duas raças, tirando melhor proveito do
ambiente e do manejo. “São estratégias
que predominam em todo o mundo onde se
criam ovinos para corte de forma eficiente”,
informa Siqueira, que dá um exemplo para
o caso. Considerando-se uma suposta propriedade na região Sudeste, onde se ofereça
manejo e pastagem de média qualidade, e se
pretenda fazer a terminação dos cordeiros
em confinamento. “Qualquer especializada
em carne poderia ser utilizada com sucesso
no confinamento, onde o manejo é intensivo,
e as condições ambientais são controladas.
Entretanto, na pastagem, podem surgir problemas para as ovelhas, que devem ser criadas a campo para viabilizar economicamente
a atividade”, orienta.
As altas temperaturas podem causar estresse térmico, enquanto a alimentação baseada no pasto de gramínea tropical, especialmente nos períodos secos, poderá não
atender às exigências nutricionais desses
genótipos. Em consequência, poderá ocorrer
diminuição da taxa de natalidade e a demanda de animais muito leves, além de uma possível elevação na taxa de mortalidade. Uma
possível solução para esse problema seria a
escolha de uma raça de origem tropical. Para
Siqueira, esses animais, em função de seu
grau de adaptação nesse ambiente, podem
manter as taxas reprodutivas e outros índices, em nível satisfatório. “O problema é que
os cordeiros podem não apresentar o mesmo
A totalidade dos trabalhos de cruzamentos ou de absorção entre raças busca desenvolver aptidões que adaptem o novo animal às necessidades de produção e da produtividade, mas para isso, é preciso levar em conta as condições de clima, pastagem
e manejo da propriedade e procurar o apoio técnico que orientará o trabalho no campo. As pesquisas estão aí para apoiar e
apontar caminhos e é preciso ter sempre em mente que a escolha da raça ou grupo genético é um aspecto decisivo para o sucesso do agronegócio. Interessante lembrar que atualmente inúmeras raças ovinas que ocupam lugar de destaque na produção
de leite, carne e lã, resultaram de cruzamentos. A raça Santa Inês - um exemplo brasileiro - com sua origem na década de 50
e chamado na época de Pelo-de-boi, é consequência do cruzamento entre as raças Bergamácia, Morada Nova e Somalis, produzindo um animal criado para suportar as limitações do clima semi-árido do Nordeste. A própria Dorper que hoje está sendo
criada em todo o Brasil, foi resultado de vários cruzamentos para que se adaptasse às condições produtivas da África do Sul.
Fotos: Divulgação
da raça Texel, que crio há 37 anos para a produção de leite, com a Lacaune e nada poderia ter sido melhor”, começa Martins. Essa
afirmativa está baseada no fato de que na
hora de realizar a ordenha de suas ovelhas, o
criador somava, em média, 800 ml/dia com
os animais Texel e o obtido com a cruza fez
dobrar a produção. “Iniciei comprando um
bom macho Laucaune para cruzar com as
ovelhas Texel e após a terceira geração obtive animais com a maioria das características
do carneiro”, informa. Melhor ainda é que
o cabanheiro tornou-se mais conhecido por
esta originalidade e passou a vender estes
animais para outros criatórios em todo o Brasil. “O interesse do pessoal que compra meus
animais se justifica pelo aumento na produção de leite e, especialmente, pelas qualidades maternas das fêmeas que proporcionam
alta taxa de desmame”, reconhece Martins.
Chaves vem realizando absorções com a raça Ile de France
desempenho no confinamento, que os de raça
especializada teriam, sendo o cruzamento
industrial a solução para o problema”, afirma. Na pastagem serão mantidas borregas e
ovelhas da raça adaptada, que serão cobertas
pela raça especializada, resultando em cordeiros meio sangue. Com isso, ficará garantida maior produtividade nas fases de cria e
terminação, graças à manifestação do vigor
híbrido, que vai garantir aos descendentes,
velocidade de ganho de peso e carcaças de
boa qualidade.
Na modalidade de cruzamento triplo as
fêmeas meio sangue são aproveitadas como
matrizes, sendo cobertas por machos puros
de uma terceira raça. As fêmeas meio sangue poderiam provir do cruzamento entre
raças mais adaptadas ao meio ambiente, com
uma raça de alta aptidão leiteira, buscandose fêmeas 1/2 sangue, com boa habilidade
materna, o que vai diminuir sensivelmente a
taxa de mortalidade de cordeiros. “Além disso, explica Siqueira, teriam adaptabilidade
às pastagens tropicais, sob um manejo mais
simples”. Essas matrizes serão cobertas por
machos de raças especializadas em produção de carne. Este é um tipo de cruzamento
terminal, onde a geração F2, tanto machos
como fêmeas, se destina ao abate.
Leite em dobro
De Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai, mais
precisamente da Cabanha Novo São João, de
propriedade de David Martins, vem um trabalho que acontece já há quase duas décadas.
“Um dia resolvi experimentar o cruzamento
Investimento empresarial
Já no extremo norte do Brasil a Lanila
Agropecuária, localizada no município de
Ceará Mirim, a 46 km de Natal, Rio Grande
do Norte, está investindo forte na raça Dorper. Atualmente, a empresa possui sete mil
matrizes, separadas em minifazendas a cada
>>>
ago-set/10
14
Reportagem
lote de 500 cabeças. “Nosso rebanho já possui um grau elevado de sangue Dorper, sendo
a maioria entre ½ e ¾”, informa o seu proprietário, Gustavo Andrade Rocha. Ele conta
que a implantação de sua empresa começou
há 10 anos e, paralelo a esta iniciativa, também foram adquiridos alguns machos PO
da raça Dorper, junto à Empresa de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa). Estes
animais também são frutos de cruzamentos,
acontecidos há 50 anos na África do Sul e
a meta da empresa é constituir um rebanho
puro. “O nosso objetivo, visto ser o Brasil
um importador da carne ovina, é oferecer um
produto de qualidade, com cortes especiais
e ocupar um espaço existente no mercado”,
justifica.
A propriedade possui 1.200 ha, localizada
na zona da mata, sendo a maior parte implantada com capim braquiária e 20% de reservas
nativas. “Percebemos que a Dorper se adapta melhor com a braquiária, diferentemente
de outras raças e, ao mesmo tempo, queríamos dar qualidade ao nosso rebanho inicial
de fêmeas deslanadas no qual predomina a
Santa Inês”, explica Rocha ao entender que
a raça Dorper oferece excelente fertilidade,
resistência ao clima da região e uma carne
de boa qualidade. “Ainda não atingimos os
nossos objetivos, mas estamos chegando lá”,
conclui Rocha.
Carne e a cadeia produtiva
Com a finalidade de atender demandas de
produtores e indústria de processamento de
carne ovina, em 2004 a Embrapa Pecuária
Sul de Bagé, RS, através do pesquisador Nelson R. Manzoni de Oliveira conduziu projeto
que pretendia oferecer alternativas de maior
produtividade de cordeiros para abate, de alimentação animal e qualificação das carcaças
para a indústria. Conforme o pesquisador
Sérgio Gonzaga, o trabalho foi dividido em
três subprojetos sequenciais e as investiga-
Fotos: Divulgação
O momento é totalmente favorável para atender às indústrias de processamento
ções se desenrolaram nos campos experimentais da Embrapa, no mesmo município,
e contou com as parcerias das Universidades
Federais de Santa Maria e de Pelotas.
A primeira etapa referiu-se à obtenção
de fêmeas F1 para serem utilizadas em cruzamentos terminais. “Ovelhas Corriedale e
ovelhas Ideal foram inseminadas com carneiros Texel e estas formaram um rebanho
para produzir cordeiros tricross, quando
inseminadas com carneiros Suffolk”, descreve Gonzaga. Estes cruzamentos foram
usados como ferramenta para o aumento do
potencial de produção de carne, através da
genética. “Eles trouxeram benefícios para os
componentes da cadeia produtiva ao possibilitar o incremento dos índices de eficiência
dos rebanhos, atuando nas taxas de crescimento dos animais destinados ao abate e na
qualidade da matéria-prima para a indústria”, esclarece. Ele enfatiza a ideia de que os
cruzamentos devem ser bem planejados. “A
nossa proposta foi o de utilizar a técnica para
incrementar a produção de carne, mantendo
intactas as aptidões produtivas do rebanho,
tradicionalmente qualificado produtor de
lã”, afirma o pesquisador. A conclusão do
trabalho apresentou uma maior produção de
cordeiros, redução da idade do abate de 80 a
Vieira:
sempre
na
busca
da
melhor
lã
120 dias e carcaças melhoradas, com índice
3 de acabamento e não houve interferência
na capacidade dos animais em oferecer lã de
qualidade superior.
Lã de qualidade
O engenheiro agrônomo, especializado
em zootecnia, Ricardo Wagner Saraiva Vieira, personagem da história da ovinocultura
no Brasil e que deu o nome da hoje conhecida raça Santa Inês, também contribui com
experiência nesta área. Ele e mais um grupo
de criadores da fronteira gaúcha decidiram
pesquisar a absorção da raça Dohne Merino
em parte de seus rebanhos. “Inicialmente,
enviamos um técnico para a África do Sul
com a finalidade de conhecer melhor a raça,
os seus predicados e o modo como os animais
se comportavam naquele ambiente onde se
originaram”, diz Vieira. Terminada esta etapa, os criadores, já de posse das informações,
decidiram que era o momento de importar
embriões e começar com o projeto de inseminação artificial com seus animais.
A Dohne Merino é reconhecida no mundo como uma das produtoras de lã da mais
alta qualidade. “É preciso deixar bem claro
de que estamos falando de uma lã fina, mas
também da sua maciez, tamanho e a propriedade de seu fio, que compõe uma textura especial”, reforça o criador que, em conjunto
com os seus colegas, tencionavam realizar a
inseminação com as suas ovelhas das raças
Ideal e Corriedale. A principal finalidade do
grupo é obter lã com as mesmas características da raça sul-africana. “Estamos há dois
anos trabalhando neste empreendimento e já
chegamos à segunda geração de cordeiros.
Além disso, pudemos verificar que este novo
animal também ganhou as características de
resistência ao foot-root, manifestou uma excelente precocidade, a taxa de desmame subiu, a carne é saborosa, a fertilidade é alta e
acontecem muitos partos gemelares”, atesta.
Paralelo a este projeto, o criador conta em
primeira mão que este grupo já trabalha em
um outro programa. “Estamos comprando fêmeas da raça Dohne Merino na Austrália para
a produção de embriões que vamos utilizar
em nossos rebanhos aqui no Brasil”, divulga
Vieira ao destacar que esta estratégia vai diminuir em 50% os custos desse procedimento
e possibilitar o incremento nos negócios.
A proteção e o marmoreio
A Escola Técnica de Agricultura (ETA),
localizada no município de Viamão - RS está
no processo de experimentação em que os animais das raças Texel, Suffolk e Crioulo estão
envolvidos. Na palavra do professor na área
de ovinos da instituição, Alexandre Nessy, a
pesquisa traz a raça Crioula como uma referência por suas aptidões de rusticidade, qualidades maternas e suculência de sua carne.
“Este trabalho tem a intenção de atender, em
especial, àquelas cabanhas que realizam a sua
criação no sistema intensivo e que apresentam
grandes extensões de campo”, informa.
A experiência foi conduzida de modo que
os carneiros Crioulo fossem cruzados com
fêmeas Texel e Suffolk e também houve
>>>
15
ago-set/10
Reportagem
a cruza com machos Texel com as fêmeas
Crioulo. Estas combinações permitiram que
as principais características de cada raça
se mantivessem em patamares de 25% de
Crioulo e 75% das demais. “Levamos em
consideração todos os aspectos que conservassem o melhor de cada animal, agregando
especialmente o marmoreio característico do
Crioulo, que oferece a suculência e a maciez
da carne tão apreciada pelos consumidores
brasileiros”, enfatiza o professor. Os produtos oferecidos atualmente, explica Nessy,
caracterizam-se pela carne com pouca gordura, apreciada pelo mercado americano e europeu, diferentemente dos consumidores do
nosso país. “Eu falo da gordura boa, aquela
localizada na musculatura do animal e não
em outras partes da carcaça, estas sim, têm a
preferência de um consumidor carente desse
tipo de produto”, finaliza.
Pretinho básico
Osvaldo Chaves Lima, com o seu registro de número 25 na Associação Brasileira
de Criadores de Ovinos – ARCO – é proprietário da Cabanha Lagoas do Horizonte,
uma das mais antigas do Brasil, no município
Água Doce, Santa Catarina. “Desde 79 venho fazendo absorções com a Ile de France,
considerada uma das melhores raças para a
produção de carne”, comenta. Ele informa
que, há dois anos, iniciou uma pesquisa para
constituir um rebanho puro da raça Ile de
France, com animais exclusivamente pretos.
“Para isso, fomos atrás de machos puros da
cor preta; compramos, depois de muito pro-
Greidanus tem o apoio do zootecnista Edson Maciel (ao lado) para
as pesquisas e experimentos
curar, quatro desses exemplares, um em Santa Catarina, dois no Rio Grande do Sul e um
em São Paulo e mais 15 fêmeas”, descreve ao
comentar que em muitos criatórios, quando
os cordeiros nasciam com esta cor, eles eram
descartados.
Atualmente, a cabanha contabiliza 2 mil
cabeças de ovinos, sendo 700 de fêmeas puras e o foco do cabanheiro está orientado para
o mercado do Norte brasileiro. “Oferecemos
esta raça de animais para um mercado onde
predominam pastagens de braquiárias, pois
sabemos que este animal se adapta muito bem
a situação”, explica Lima. Ele informa que a
experiência mostra uma primeira geração
com bom desempenho, na qual predominam
uma ótima estrutura física,
com bom volume de carne e
rendimento de carcaça, com
partos gemelares na ordem
de 160 a 180%. “No sabor
da carne não houve mudanças significativas e, dos 100
animais nascidos neste ano,
observamos que a precocidade manteve-se nos mesmos patamares”,
diz o cabanheiro ao informar que ainda estuda a resistência desses animais de casco preto
ao foot-root, e também pretende iniciar pesquisa que inclua a raça Texel preta. Prudente,
Lima vem adiando mostrar os seus animais,
mas garante que em 2011 vai apresentá-los
em algumas feiras.
Dorper e Texel
Localizada na colônia holandesa de Castrolanda, na cidade de Castro, Paraná, a Fazenda Portão Vermelho desenvolveu trabalho
de pesquisa para verificar a possibilidade de
melhorar o seu rebanho. Conforme o zootec-
nista da Fazenda, Edson Souza Maciel, o trabalho consistiu em cobrir com machos Dorper
o rebanho Texel. “Buscamos verificar o grau
de heterose desta combinação de raças que
chamamos de Dorpex. Para tanto colocamos
em confinamento os machos Texel e Dorpex
e observamos que este novo animal teve um
ganho de peso médio de cinco quilos superior
ao Texel”, relata Maciel.
Para o dono da propriedade, Taeke Greidanus, este diferencial foi um pouco além das
expectativas devido ao fato de que, com este
cruzamento, os animais não só ganhavam em
peso como também em gordura. “Os animais
Dorper são ótimos para dar ganho de carne
em raças com baixo rendimento, mas como
o nosso nicho de mercado exige um produto
com sabor mais delicado e menos gordura,
resolvemos guardar nosso projeto e esperar
para aplicá-lo num momento mais oportuno”,
informou. Hoje, a Fazenda Portão Vermelho
se consolidou na criação do Texel e conta com
um plantel formado por cerca de 1.300 animais. •
Alexandre Nessy buscou solução para as propriedades de grande extensão
Informe Publicitário
As vantagens do cruzamento com Poll Dorset
pernil, o produto resultante terá pernil diferenciado, a cruzar com Poll Dorset, melhorando a carcaça e qualiexcelente comprimento e conformação de carcaça, pro- dade da carne. Isto sem perder a qualidade de sua lã, já
duzindo um carré também excelente, um produto que que o Poll Dorset é uma raça semilanada, com lã de cor
branca de 23 a 32 micras.
pode atingir até R$ 60,00 o quilo.
No Uruguai, devido aos
Ao cruzar Poll Dorset com Santa
ótimos resultados, este
Inês, será agregada a maravilhosa
cruzamento está se torcapacidade de sobrevivência da raça
nando muito comum.
Santa Inês à ótima conformação de
No rastro do sucesso
carcaça
e
precocidade
da
Poll
DorProdutos resultantes de mães cruza
Corriedale x Texel com pais Poll Dorset
do cruzamento Poll Dorset. Por serem duas raças de grande
set x Suffolk em países
habilidade materna e característicomo Austrália e Nova
cas
reprodutivas,
as
fêmeas
desse
Cruza
Ideal
x
Poll
Dorset
Nos principais criatórios internacionais – AusZelândia, já surgiu uma
cruzamento
serão
excelentes
mães
trália, Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá e até
nova
raça,
White
Suffolk,
com
uma carcaça exuberanque,
acasaladas
com
outras
raças,
formarão
um
ótimo
>>>
na Europa -, a raça Poll Dorset está servindo como
te,
de
alta
valorização
no
mercado
internacional, além
e
rentável
Tricross.
complemento de várias raças, completando-as e torAté os criadores de raças especializadas em lã, que de qualidades como rusticidade e precocidade obtidas
nando os produtos resultantes dos seus cruzamentos
não têm como ponto com a raça Poll Dorset.
mais lucrativos para os vendedores
No cruzamento com Poll Dorset, é importante
forte a qualidade de
e mais atraentes ao consumidor. Esdestacar
que, por imprimir em alto grau suas caractecarcaça
e
a
produção
de
tes cruzamentos ocorrem em graus
rísticas
fenotípicas
e genotípicas na sua progênie, as
carne,
pela
queda
dos
variados de sangue, de acordo com
valores internacionais fêmeas F1 já nascem com a características de estro (cio)
clima, geografia e alimentação
da lã, também passa- o ano todo.
disponível em cada região. Assim
O Poll Dorset é reconhecido mundialmente pelo saram a investir em crutambém no Brasil, muitos produbor
e qualidade de sua carne, característica repassada
zamentos.
Criadores
de
tores de cordeiros comerciais estão
para
os produtos oriundos de seu cruzamento. Outra
Merino,
Ideal,
Corriedadescobrindo as vantagens de cruzar
le – identificando a pos- importante vantagem é que animais trazidos para o
com Poll Dorset.
sibilidade de aumentar Brasil foram adquiridos da cabeceira dos principais
No cruzamento com o Texel, por
Cruza Poll Dorset x Texel
seus ganhos - passaram criadores da raça no mundo:
exemplo, raça que possui ótimo
Cruza Texel x Poll Dorset
- Nova Zelândia: linhagens Adelong, Windermere, Heatherdowns, Glengarry, Goldstream;
- Estados Unidos: linhagens Bradford Farms, Riverwood Farms, Myers, McCarthy;
- Austrália: linhagens Tatykeel, Polambi, Baringa.
O Poll Dorset é uma valiosa ferramenta para a ovinocultura do Brasil e do mundo – leia mais em www.
abcpolldorset.com.br.
Programação Expointer 2010
- Julgamento: 29/08 - domingo
às 9 horas
- Leilão: 30/08 - segunda - 18h
ago-set/10
16
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS
ASSISTÊNCIA AOS REBANHOS DE CRIADORES DE OVINOS
-ARCOASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA – 1ª E 2ª CONVOCAÇÕES
Pelo presente edital, ficam convocados os associados da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos para a Assembleia Geral
Ordinária, a realizar-se no dia 03 de setembro do corrente ano, no auditório da Federacite, no Parque Assis Brasil, em Esteio/RS,
às 10h. em primeira convocação, com a presença mínima da metade mais um do corpo social, e às 11h., com qualquer número,
conforme estabelece o Capítulo IV do Estatuto vigente, para deliberar sobre o seguinte
ORDEM DO DIA :
1- Relatório da Diretoria e Balanço
2- Eleição e posse da Diretoria para o Biênio Social 2010 a 2012.
Bagé, 01 de agosto de 2010.
PAULO AFONSO SCHWAB
Presidente
CHAPA ORIENTAÇÃO:
DIRETORIA EXECUTIVA
PRESIDENTE
1º VICE-PRESIDENTE
2 º VICE-PRESIDENTE
1º SECRETARIO
2º SECRETARIO
1º TESOUREIRO
2º TESOUREIRO
CONSELHO FISCAL - TITULAR
CONSELHO FISCAL - SUPLENTE
Paulo Afonso Schwab
Suetônio Vilar Campos
Arnaldo dos Santos Vieira Filho
Carlos Ely Garcia Júnior
Almir Lins Rocha Júnior
Paulo Sérgio Soares
Teófilo Pereira Garcia de Garcia
Wilfrido Augusto Marques
Joel Rodrigues Bitar da Cunha
Thiago Beda Aquino Inojosa de Andrade
José Teodorico de Araújo Filho
Ricardo Altevio Lemos
Francisco André Nerbass
Informe Publicitário
Cordeiro Guartelá é mais uma atração em Tibagi
A paisagem vista do alto do
Vale do Rio Iapó, principalmente ao amanhecer, é surpreendente. A bruma que cobre os campos
vai se escoando e, aos poucos,
surgem copas de Araucárias ou
“Pinheiros-do-Paraná” centenárias e formações rochosas muito
interessantes. Sinuosas, altíssimas, irregulares, recortadas em
fendas, surgem duas cadeias de
montanhas, separadas pelo leito
do Iapó. Chegando mais perto o
visitante é tomado por um cenário que deixa a respiração em
supenso; o Canyon Guartelá, o
maior do Brasil, com seus 32 km
de extensão.
Localizado entre as cidades
de Tibagy e Castro possui um
ecossistema extremamente rico
e inúmeras atrações naturais.
São várias as quedas dágua, corredeiras, formações areníticas,
vales profundos e inscrições
rupestres, que podem ser conhe-
cidas através de várias trilhas em
meio à flora e fauna muito diversificada e pela prática de esportes
de aventura, como o rafting, por
exemplo.
Depois de passar por todas
estas emoções oferecidas pela
natureza o turista ainda precisa
guardar o fôlego porque a cidade
de Tibagi reserva deliciosas surpresas a serem descobertas. Eleita
a melhor cidadezinha do Brasil e
considerada um centro de referência para a prática de esportes de
aventura, Tibagi acaba de lançar
mais uma novidade para os amantes do bom paladar. O prato “Cordeiro Guartelá”, originalmente
criado pelo restaurante Itagy leva
o nome do município para todos
os cantos do país.
O prato, composto por fatias
de cordeiro flambadas na cachaça e aromatizadas com alecrim, é
acompanhado de ervilhas tortas e
mandioca salsa. “Elaboramos um
prato atrativo, diferente e com a
cara de Tibagi”, explica Ivo Arnt
Filho, proprietário Hotel e Restaurante Itagy. O cordeiro recebeu
o nome do cânion que atrai milhares de turistas anualmente a Tibagi e é considerado o maior ponto
turístico da cidade. “É um nome
muito forte e lembrado no estado inteiro. Os criadores do prato
acertaram em cheio ao nomeálo”, afirma a gerente de Turismo
de Tibagi, Juliana Nogueira. Segundo ela, o novo atrativo atinge
um público diferente. “Quem visita Tibagi hoje procura a cidade
por suas cachoeiras, pelo cânion e
pelos esportes de aventura. Com
o lançamento desse prato iremos
receber outro tipo de visitante. O
turista gastronômico que valoriza o bom paladar”, finaliza.
Paralelamente ao lançamento do novo prato, o restaurante
Itagy passou por uma série de
modificações. “Fizemos algumas alterações para deixar o
ambiente mais aconchegante
para o jantar”, garante a administradora do restaurante Simone Arnt.
Outra novidade é a elaboração do cardápio tipicamente
tibagiano. Desenvolvemos um
cardápio com nome de pratos e
lendas em Tupi-guarani. Foi a
maneira que encontramos para
homenagear os povos indígenas
que ainda fazem parte da cultura do nosso município”, conta
Simone.
O “Cordeiro Guartelá” pode
ser apreciado de Segunda à
Sábado das 18 às 22:30 horas.
Mais informações pelo telefone
(42) 3275-1373.

Documentos relacionados

Fev 2011 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino

Fev 2011 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino Francisco José Perelló Medeiros Superintendente Substituto Edemundo Ferreira Gressler CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO Presidente: Fabrício Wollmann Willke

Leia mais

Out 2010 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino

Out 2010 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino Francisco José Perelló Medeiros Superintendente Substituto Edemundo Ferreira Gressler CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO Presidente: Fabrício Wollmann Willke SUPERVISOR ADMINISTRATIVO Paulo Sérgio Soare...

Leia mais