stents - Jornal SBC - Sociedade Brasileira de Cardiologia

Transcrição

stents - Jornal SBC - Sociedade Brasileira de Cardiologia
notas
Cardiologista recebe o prêmio
da revista Saúde é Vital
O cardiologista Juliano de
Lara Fernandes recebeu, no dia
24 de outubro, no Teatro Abril,
o “Prêmio Saúde é Vital” da revista da Editora Abril. O trabalho, realizado com Carlos Vicente Serrano Jr., Maria Heloísa
Blotta, José Carlos Nicolau,
Carlos Eduardo Rochitte, Luiz
Francisco Ávila e José Parga Filho, foi o vencedor na categoria
“Saúde do Coração” com o artigo: “Regressão do remodelamento positivo das artérias
coronárias em pacientes com
síndromes coronarianas”, do
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo
(InCor) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e
também deverá ser publicado na
revista American Heart Journal.
As descobertas inéditas demonstradas pelo grupo foram
que a ressonância magnética
aponta com precisão o remodelamento positivo da coronária,
ou seja, o espessamento da parede das artérias do coração provocado por placas de gordura; e
que as placas instáveis, aquelas
que estão a ponto de se romper
e causar infarto, se estabilizam
em apenas seis meses de tratamento adequado com medicação específica. Uma surpresa,
porque acreditava-se que o prazo para os agentes surtirem efeito seria bem maior nesses casos.
O prêmio, que teve 371 tra-
balhos inscritos, contou
com 38 jurados e a participação de mais de 600
mil leitores, que também puderam votar em
sete categorias: “Saúde do
Coração”, “Mental”, “da
Mulher”, “do Homem”, “da
Criança”, “Saúde e Prevenção”
e “Saúde e Diabete”.
A Sociedade Brasileira de
Cardiologia esteve representada
entre os jurados pelo seu Presidente, José Péricles Esteves, e
pelo editor do Jornal SBC, Ibraim
Pinto, que julgaram os melhores trabalhos na categoria “Saúde do Coração”. Ibraim Pinto
também participou da entrega
do prêmio e citou a alta qualida-
de da cardiologia brasileira:
“Desde minha infância eu ouço
que é investindo em pesquisa e
educação que um país se desenvolve, se liberta do jugo estrangeiro. Portanto, toda iniciativa
que premia a pesquisa deve ser
reconhecida e aplaudida, em especial para a cardiologia brasileira, que produz pesquisa da mais
alta qualidade reconhecida em
todo o mundo”.
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notas
Tratado de Cardiologia do
Esporte e do Exercício
Editado por Nabil Ghorayeb
e Giuseppe S. Dioguardi, ambos
do Insituto Dante Pazzanese de
Cardiologia, o Tratado de Cardiologia do Esporte e do Exercício é
resultado da união das experiências de renomados especialistas
de instituições médicas de excelência de São Paulo. Conta também com a colaboração de importantes especialistas dos Estados de Santa Catarina, Rio de
Janeiro e Rio Grande do Sul, que
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In Memoriam
Dr. Helio Schwartz
ajudaram a transformá-lo numa
referência literária para médicos
e ainda outros profissionais e
estudiosos do esporte e da atividade física.
Em seus 57 capítulos, a publicação mostra, de fato, abrangência inigualável. Trata desde
aspectos genéticos até a prevenção da morte súbita, incluindo
todos os exames cardiológicos
aplicados aos atletas.
O Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia está de luto
pelo falecimento do Dr. Helio
Schwartz. O Dr. Helio fazia parte da chamada “velha guarda” do
IDPC, pois teve toda sua carreira ligada e ele, desde os tempos
de residência até recentemente,
quando chefiava a Seção de
Eletro e Vetocardiografia da Instituição. Em todos esses anos
dedicados ao ensino e à assistência médica, soube cativar a todos que com ele conviveram,
desde os mais humildes funcionários ao mais graduado dos
professores. Não pôde saborear os poucos dias que teve
de aposentadoria, pois foi consumido pela doença que acabou
vencendo. Entretanto, seus ensinamentos pacientes, lúcidos e
despreendidos, aos médicos residentes que passaram por esta
casa, permanecerão vivos na
memória de todos. Questionamos o que vem depois da morte, mas no caso do Dr. Helio,
pelo exemplo que sempre foi de
competência, correção e dignidade, temos certeza de que Deus
lhe reservou o que pode haver
de melhor.
Descanse em paz amigo e tenha a certeza de que seu exemplo ficará para sempre nesta casa.
Marcelo C. Bertolami
Diretor Clínico do IDPC
notas
Museus de guerra pelo mundo
Nesta época de novas
guerras, no Iraque, no
Afeganistão, no
Oriente Médio, uma
boa sugestão em
viagem é conhecer os
museus sobre o tema.
Há museus de guerra
de todas as épocas.
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Em Paris, é bastante conhecido o monumento a Napoleão,
Les Invalides, onde descansam os
seus restos mortais. Atrás dos
Les Invalides há o Museu de
L´Armèe, onde a época das guerras medievais e suas armaduras
têm grande representação. Há
exposição de armaduras de varias partes da Europa, da Ásia,
armaduras para adultos, crianças
e para cavalos. Ao lado das armaduras estão expostas as armas
utilizadas na época. Imperdível!
Alem das armaduras, o museu apresenta também as guerras napoleônicas e a vida do imperador. Tem seus conhecidos chapéus, suas roupas, suas
barracas de campanha, com os
utensílios utilizados durante as
batalhas e até seu cachorro e seu
cavalo (branco) empalhados.
Completa o museu um
acer vo da Segunda Guerra
Mundial, com descrição em
miniatura de várias batalhas, as
armas utilizadas, rádios, armas
e uniformes dos vários exércitos envolvidos nessa guerra.
Uma volta no tempo.
Do outro lado do Canal da
Mancha, em Londres, outro
museu também imperdível é o
Museu Imperial da Guerra. O
museu difere do francês por
mostrar tecnologia mais moder-
na. Tem em exposição tanques
e aviões utilizados pelo Império.
Dentre os tanques, dois merecem destaque, um com formato
de um hexágono que pode ser
considerado o protótipo dos
tanques atuais e o tanque utilizado por Montgomery, chefe do
batalhão de tanques ingleses que
enfrentou os panzers alemães no
deserto africano e depois na
Europa. Há também as famosas
bombas V1 e V2 que tanto estrago fizeram em Londres, mas
não foram capazes de minar o
espírito de luta dos ingleses. Nas
seções paralelas dentro desse
museu, destaco uma trincheira,
com gravação dos ruídos de uma
batalha em andamento.
Do outro lado do Atlântico,
temos museus mais atuais. Os
Estados Unidos são repletos deles. Destaco dois que ficam no
Golfo do México, em Pensacola
(Flórida) e Mobile (Alabama),
relativamente próximos um do
outro (cerca de 100 km).
O museu naval de Pensacola
na verdade é um museu de ae-
ronáutica embarcada. Nessa exposição cerca de cem aviões
contam a história da aviação
embarcada, desde os primeiros,
movidos a hélice, até os jatos
modernos em uso atualmente.
Muitos dos aviões expostos nesse museu são mais modernos
dos que os que são utilizados
pela Força Área Brasileira.
No meio do caminho entre
Pensacola e Mobile, às margens
da US 10, há um museu cuja
grande atração é o destróier US
Alabama, que participou de várias batalhas da Segunda Guerra
Mundial e da Guerra da Coréia.
O navio está aberto para visitação, com seus dez andares perfeitamente preservados. A visita
é muito interessante para se conhecer como é a vida embarcada, visitando quartos, cozinha,
sala de rádio, refeitórios e um
hospital com enfermarias e ainda um centro cirúrgico.
Esse navio foi utilizado na filmagem de Força de alerta 2, com
Steven Segall. Ao lado do navio
há um grande espaço com vários
tipos de tanques de guerra americanos de várias épocas. Há, ainda, um submarino U-Bolt alemão e um grande galpão com
exposição de armamentos empregados nas guerras da Coréia, Vietnã e na Segunda
Guerra Mundial. Referentes a
cada época estão expostos os
veículos empregados na guerra respectiva, os aviões e os
armamentos. No estande da
Guerra do Vietnã, o helicóptero é a grande atração. Há também uma réplica das prisões que
os vietnamitas fizeram para
prender os marines americanos.
Temos também, em Nova
Orleans, o museu do dia D. Muitos podem perguntar por que
um museu do dia D em Nova
Orleans? A região teve grande
envolvimento com a Segunda
Guerra, e especialmente com o
dia D, pois os barcos de desembarque foram desenhados e
construídos com base nos barcos dos pântanos. São barcos de
fundo chato, nos quais se adaptou uma tampa que abre para a
frente, facilitando o desembarque (Barco Higgins). O museu
apresenta os barcos e conta a
história da sua fabricação em
Nova Orleans. Tem um lustre
feito com as chapas de identificação de soldados que impressiona muito. Nesse próximo
American College em Nova
Orleans, dê uma escapada e visite o museu. Ele fica perto do
Centro de Convenções e dá para
ir a pé.
São cinco museus que mostram diferentes épocas e aspectos da guerra. Sua visita associa,
assim, cultura e entretenimento.
Antônio Carlos Pereira-Barretto
email: [email protected]
notas
A polêmica sobre stents farmacológicos
Uma metanálise apresentada durante o Congresso Mundial de
Cardiologia, em Barcelona, na Espanha, tem gerado apreensão e discussão em relação à segurança tardia quando da aplicação de stents
farmacológicos. O trabalho conclui que esses dispositivos percutâneos
não seriam tão seguros quanto se pensava e poderiam até duplicar o
risco de trombose após dois anos de uso.
Vale lembrar que os stents farmacológicos foram incorporados para
aplicação na prática clínica desde 2002. No momento, no Brasil, seis
modelos distintos estão disponíveis para utilização rotineira, regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, (Anvisa). No mundo, mais de dois milhões de pacientes já foram submetidos à intervenção coronariana percutânea com implante desses stents.
A importância do tema levou a Sociedade Brasileira de
Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista a liberar um comunicado oficial para oferecer mais subsídios a médicos, especialmente
aos especialistas. Na entrevista a seguir, Luiz Alberto Mattos, presidente da SBHCI, fala sobre essa polêmica.
O que há de fato nessa discussão sobre os stents
farmacológicos?
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O seguimento tardio, de 18 meses até três anos após o implante
do stent farmacológico, de estudo controlado planejado para analisar
o custo-efetividade do implante de stents eluídos com rapamicina e
paclitaxel (BASKET-LATE), associado aos resultados de revisão sistemática Suíça (Camenzind e cols.), evidenciou, nessas séries, um
discreto aumento da mortalidade nos pacientes submetidos ao implante dessa modalidade de stent coronário.
sobre essa ocorrência. Uma suposta associação da elevação das taxas
de mortalidade de motivação não-cardíaca carece ainda mais de fundamentos consistentes. Além disso, uma abrangente análise do espectro desse problema na prática clínica diária faz-se necessária, e a
discussão deve ser baseada exclusivamente em evidências científicas.
A maior carência desses estudos é da comprovação angiográfica.
Como sabemos, a ocorrência de infarto do miocárdio e mesmo de
um desfecho fatal, mais de um ano após a realização de uma
angioplastia coronária com implante de stents, pode ser motivada por
inúmeros fatores, visto que estamos analisando uma população de
risco, por ser portadora de doença arterial coronariana significativa,
que inclusive motivou a realização de um procedimento de
revascularização do miocárdio.
Esses estudos promovem a discussão e a controvérsia acerca do
assunto. São importantes e exploratórios nos achados, até porque
não foram idealizados com esse objetivo.
A comprovação ou não, somente com estudo sistemático e controlado daqueles que sofreram infarto do miocárdio em uma evolução muito tardia após o procedimento inicial, principalmente com
documentação angiográfica.
Como a SBHCI se posicionou diante
do problema?
A SBHCI segue vigilante no acompanhamento desses resultados
e seus relatos clínicos, sempre com o objetivo de oferecer respaldo
científico para especialistas, profissionais da saúde, público em geral
e pacientes submetidos às mais diversas intervenções percutâneas
cardiovasculares no Brasil.
São conclusões definitivas?
Não. A análise tardia dos resultados de outros registros internacionais e nacionais aplicados em pacientes na prática clínica diária
com esses dispositivos e novos estudos fisiopatológicos é fundamental
e muito necessária para a obtenção de conclusões mais robustas sobre esses resultados.
Qual a justificativa para o aumento da
mortalidade observado nos pacientes submetidos
ao implante dessa modalidade de stents
coronariano?
Uma justificativa potencial para a discreta elevação da mortalidade cardíaca no decorrer da evolução clínica tardia desses pacientes
seria a ocorrência de maiores taxas de trombose tardia dos stents
farmacológicos (passados os 30 primeiros dias do implante). No
entanto, ainda não existem fundamentos e evidências definitivas que
forneçam subsídios para a formalização de um parecer conclusivo
Neste momento, é melhor evitar o implante dos
stents farmacológicos?
Certamente, não. Julgamos que a discussão é relevante, mas não
existem evidências suficientes que promovam a contra-indicação para a
utilização desse método e que também gerem grave apreensão, seja nos
médicos seja em seus pacientes, visto que as taxas de eventos demonstradas nas análises iniciais são muito baixas (0,6% ao ano). Outras agências internacionais, como a Food and Drug Administration- FDA (http:/
/www.fda.gov/cdrh/news/091406.html), também estão observando
com atenção os resultados obtidos com esses stents. O posicionamento
ante esses fatos, a exemplo do nosso, é de monitoria constante dos
resultados tardios.
A comprovação e a evidência de novos resultados serão motivo
de imediata publicidade, com a devida e a mais completa transparência e isenção que o assunto denota (www.sbhci.org.br).
Luiz Alberto Mattos
Presidente SBHCI

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