Coração de Tinta

Transcrição

Coração de Tinta
“Coração de Tinta – O Livro Mágico”
Análise de filme – Método ORA
Disciplina: Estudos Teóricos e Práticos Sobre o Brincar
Aluno: Sara Silva Fonteles
Matrícula: 0308772
“Coração de tinta – O livro mágico”
Ficha técnica:
Título original: Inkheart
Direção: Iain Softley
Produção: Iain Softley, Diana Pokorny e Cornelia funke
Ano de Produção: 2008
Duração: 105 minutos
Roteiro: David Lindsay
Fotografia: Roger Pratt
Música: Javier Navarrete
Distribuição vídeo: PlayArte
Gênero: Aventura
País de origem: Alemanha / Reino Unido / EUA
Intérpretes e Personagens:
Brendan Fraser - Mortimer Folchart
Sienna Guillory - Teresa "Resa" Folchart
Eliza Bennett - Meggie Folchart
Paul Bettany – Dedo empoeirado
Jennifer Connelly – Roxane
Andy Serkis – Capricornio
Helen Mirren - Elinor Loredan
Rafi Gavron – Farid
Jamie Foreman - Basta
Marnix Van Den Broeke – Sombra
I – Observar e Compreender
Tema: A importância da leitura
Mensagem: Faz uma reflexão sobre a importância da leitura como forma de
compreensão do seu mundo e do mundo que está inserido.
Contexto: Meggie, uma adolescente criada sem a presença da mãe e
espelhada no fascínio de seu pai pela leitura, encontra nesse hábito elementos
para dar vazão aos seus conflitos e resolver de forma mágica seus
questionamentos.
Estratégia: O filme aborda algumas características peculiares dos livros. Uma
delas é proporcionar a identificação personagem-leitor, de forma que o leitor
vivencie seus medos reais na fantasia e resolva seus conflitos de forma
simbólica e sadia. O filme mostra também, a capacidade de transportar o leitor
para qualquer época e local, fazendo uma ligação com alguns clássicos da
literatura infanto juvenil como: a ali babá e os 40 ladrões; Rapunzel; o crocodilo
de Peter Pan; Mágico de Oz com o totó e os macacos voadores; Minotauro.
II – Relacionar
O filme é baseado no livro escrito por Cornelia Funke.
Mortimer Folchart é um encadernador de livros apaixonado pela leitura. É casado
com Teresa e tem uma filha chamada Meggie. Teresa se separa de Mortimer e
deixa a filha Meggie com ele.
Mortimer mergulha na leitura. Nesse mundo de fantasias que ele encontra refugio
para suas angustias. Nas suas fantasias ele é um “língua de prata” tem o poder de
quando lê em voz alta, traz um personagem para o mundo real e em troca um ser
real entra no mundo da fantasia, e foi assim que Teresa (sua esposa) entrou no
livro “coração de tinta”.
A entrada de Meggie na adolescência a obriga a romper com a estabilidade do
mundo infantil, e se deparar com as angustias do mundo adulto. Meggie começa a
se questionar sobre a sua instabilidade, a ausência da mãe e a busca incansável
do pai por um livro durante 9 anos.
Quando Mo finalmente encontra o livro „coração de tinta‟ e tenta resgatar sua
mulher que supostamente esta presa no livro, outros personagens do livro
aparecem como: o Dedo Empoeirado, Capricórnio e Basta. Então Mo e Meggie se
refulgiam na casa de Elinor, a tia avó de Meggie, que é uma colecionadora e
amante dos livros. Essa cena mostra o fascínio da leitura desde as culturas
antigas. Meggie releva seu interesse pela escrita.
A aventura segue no mundo medieval, entre castelos e criaturas da ficção.
Nesse momento transitam elementos internos do mundo de Meggie e elementos
retirados dos livros. Nesse contexto, é possível a personagem principal elaborar
os conflitos pessoais e ampliar o seu conhecimento.
No mundo real a personagem sofre com a ausência da mãe e encontra na leitura
uma nova forma de ressignificar essa falta. Na fantasia a mãe é prisioneira de
Capricórnio e permanece muda até o final da trama, mostrando que Meggie não
tem conhecimento da versão da mãe sobre seu desaparecimento.
Meggie dá um novo final ao livro “coração de tinta” onde ela é escritora e
consegue dominar todos os monstros e trazer de volta sua mãe.
III – Aplicar no tratamento didático
Sentido e Destinatário:
O filme é indicado para um trabalho com crianças, jovens e adultos. Na formação
de professores e contadores de história.
Objetivos:
A apresentação do filme tem como objetivo chamar a atenção para a importância
da palavra e da leitura, assim como a escolha adequada de temas relevantes para
cada grupo.
Conteúdo:
Conteúdos de educação e psicologia. Abordando o cuidado com a seleção de
temas, a importância da leitura, questões sociofamiliares e do desenvolvimento.
Atividades sugeridas:
Os participantes, após assistirem o filme, poderiam desenvolver atividades grupais
onde discutiriam sobre quais personagens chamaram mais atenção, qual a
importância da leitura, das possibilidades de ampliação dos conhecimentos
através desta e da influência da fala dos professores em seus alunos. Poderia
também incluir dinâmicas como criação de jogos, peça teatral e pintura.
Metodologia:
Formação de grupos homogêneos (faixa etária e campo de atuação). Um encontro
com duração de 4 horas que começaria com a apresentação dos participantes, em
seguida, a exibição do filme e finalizando com as atividades sugeridas.
Documentação:
Os livros assim como os filmes, devem ser cuidadosamente escolhidos como
recurso para auxiliar o desenvolvimento do pensamento e ampliação do universo
sociocultural. A leitura em um primeiro momento propicia a compreensão do
mundo interno, e a partir daí, a compreensão do contexto em que está inserido.
Para Freire, é importante tratar da leitura desde as séries iniciais pois: "Primeiro, a
"leitura" do mundo do pequeno mundo em que se movia; depois, a leitura da
palavra que nem sempre, ao longo da sua escolarização, foi a leitura da "palavra
mundo". (Freire, Paulo.A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se
completam.22 ed.São Paulo: Cortez, 1988. p. 80).
O brasileiro não tem o hábito de ler regularmente, provavelmente porque não foi
estimulado a ler, interpretar e mergulhar na história que está sendo contada. E
dessa forma não consegue usufruir da riqueza que a leitura pode proporcionar.
Pedro Bandeira diz: "... em primeiro lugar, temos que lutar por uma população
capaz de ler muito bem, o pensamento da humanidade que está registrado nos
livros. Em seguida, é preciso que todos os brasileiros sejam capazes de colocar
no papel o seu próprio pensamento" (p.34). Para Souza (1992): "Leitura é,
basicamente, o ato de perceber e atribuir significados através de uma conjunção
de fatores pessoais com o momento e o lugar, com as circunstâncias. Ler é
interpretar uma percepção sob as influências de um determinado contexto. Esse
processo leva o indivíduo a uma compreensão particular da realidade" (p. 22). "É
na escola que identificamos e formamos leitores..." Bamberger (1988).
Dessa forma, a escola deve ser um agente facilitador que proporcione a criança a
capacidade de ler e interpretar criticamente o que está registrado nos livros, e
assim ter uma compreensão ampla do que acontece no mundo e se tornar um
cidadão crítico e atuante.
De acordo com Bruno Bettlheim, os contos de fadas relatam e explicam situações
do cotidiano infantil, dando respostas a comportamentos de determinados
assuntos. É através das histórias infantis que a criança vivencia e elabora
resoluções para seus conflitos de maneira simbólica e saudável. Assim, os contos
de fadas têm papel fundamental no desenvolvimento psíquico da criança. Em uma
fábula que está repleta de imaginação, ou uma história que não é real, onde se
sobressai o fantasioso, pode estar camuflado os sentimentos que permeiam o
universo infantil, como o sentimento de raiva, de agressividade, de medo, de
abandono, esperteza, onipotência, etc. Transmitindo mensagens importantes para
sua constituição saudável como: segurança, força, coragem, fé, etc.Os
personagens dos contos infantis possuem características universais das crianças
o que facilita a identificação das mesmas com os personagens.
Conclusão crítica
O filme “Coração de Tinta – O livro mágico” é uma aventura, cheia de fantasias e
sonhos onde a leitura é o veiculo que transporta os personagens para uma nova
compreensão da realidade. Com um enredo cheio de monstros, castelos e
clássicos da literatura, os personagens Mo e Meggie envolvem-se na trama na
busca de lidar com o abandono, o medo e a angustia. Dessa forma pai e filha
elaboram um modo peculiar de satisfaz seus desejos reais, que é o interesse pelo
mundo da leitura.
A linguagem do filme contempla os conflitos vividos pelo publico infanto-juvenil,
embora também faça parte do universo adulto.
A paixão dos personagens pelos livros e a forma como eles se permitem embarcar
no mundo da imaginação, desperta no publico o desejo de também embarcar nos
fascínios do mundo das letras.
Referências:
BANDEIRA, Pedro; Crônicas ao Educador; São Paulo: Ed. Paulus, 2001.
BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito de leitura. 4 ed. São Paulo:
Ática, 1988.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Ed Paz e Terra S/A.
São Paulo. 2007.
FREIRE, Paulo; A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22ª
ed. São Paulo: Cortez, 1988.
SOUZA, Renata Junqueira de. Narrativas Infantis: a literatura e a televisão de
que as crianças gostam. Bauru: USC, 1992.