Design na Histria

Transcrição

Design na Histria
Design na História
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Victor Margolin, 2009
Tradutor(a): Marcello Montore
“Qual a utilidade da história?” alguém poderia se perguntar, ao tentar fazer que a vida
contemporânea faça sentido. Que respostas podemos encontrar no passado para questões sobre
o presente, quando a configuração atual das ações e eventos parece tão volátil e instável? A
simples tentativa de manter nosso equilíbrio demanda tanta energia e atenção, que olhar para
além do agora por explicações parece um passatempo inútil. Entretanto, a história sempre teve o
papel de moldar o pensamento contemporâneo, seja a tentativa de Heródoto para encontrar
padrões nas ações humanas com o objetivo de explicar o poder militar de Atenas; a redescoberta
de antigos textos filosóficos e literários de Petrarca e de outros eruditos da Renascença; ou a visão
teleológica de Marx de uma sociedade sem classes que dissolveria o conflito entre as classes
dominante e trabalhadora[1].
Em anos recentes, a maioria dos historiadores tenderam a fragmentar o passado em pequenos
pedaços e a se focarem em tópicos especializados. Eles o fizeram em vez de levar a cabo as
visões espaciais e temporais abrangentes que animaram algumas das figuras mais proeminentes
da atividade, incluindo Eric Hobsbawm, o historiador britânico que escreveu, entre muitos livros,
uma história em 4 volumes da sociedade e da política ocidental, da Revolução Francesa em 1789
ao colapso do império Soviético em 1991.
Em On History, coleção de ensaios publicada em 1997, Hobsbawm apresentou três textos, que
tratavam do passado, do presente e do futuro. Em The Sense of the Past, ele ratificou o lugar do
passado no presente. “Ser membro de qualquer comunidade humana,” escreveu, “é situar-se em
relação ao seu passado, ainda que seja tão somente para rejeitá-lo. Por conseguinte, o passado é
uma dimensão permanente da consciência humana, uma parte inevitável das instituições, dos
valores e de outros padrões da sociedade humana[2]”. Hobsbawm combinou a crença em la
longue durée, ou no longo prazo, da Escola dos Anais francesa, que ele denominou de “o passado
social formalizado”, com o reconhecimento de que esse componente estável da ordem social é
complementado por setores mais flexíveis às mudanças sociais e à inovação[3]. Reconhecer as
várias divisões da sociedade e suas diferentes velocidades de mudança pode ser de grande ajuda
para um processo equilibrado de transformação que não conduza à desestabilização ou ao
colapso social. Assim, para Hobsbawm, a história no seu melhor sentido se torna “um processo de
mudança de direção, de desenvolvimento ou de evolução[4]”.
Todavia, existem forças que militam contra o aprendizado a partir da história. Hobsbawm identifica
uma dessas forças na “engenharia a-histórica, isto é, na forma de abordar a solução de problemas
por meio de modelos e dispositivos mecânicos[5]”. Outra força é seu contrário, isto é, a distorção
da história para fins ideológicos, algo que se vê bastante hoje em dia. A queixa de Hobsbawm
sobre o primeiro caso é que lhe falta perspectiva e não consegue explicar nada que não se encaixe
em um modelo teórico[6]. O que ele rejeita é o modo tecnocrático de apontar problemas sociais,
que carece da experiência humana cujo repositório é a história. Como videntes do futuro,
Hobsbawm afirma: “por definição, historiadores se interessam por conjuntos complexos e mutáveis,
e mesmo suas questões mais definidas e específicas fazem sentido apenas nesse contexto[7]”. O
que os historiadores podem contribuir para se imaginar o futuro, ele assevera, é uma visão de
como diferentes tipos de atividades sociais se interrelacionam. Segundo Hobsbawm, previsões
históricas fornecem “a estrutura e textura gerais que, pelo menos potencialmente, incluem os
meios de responder a todas as questões relativas às previsões específicas que pessoas com
interesses especiais desejem fazer – caso essas questões sejam passíveis de resposta, é claro[8]”.
A caracterização dos historiadores, feita por Hobsbawm, como alguém que pode fornecer
enquadramentos holísticos para imaginar futuras ações e projetos sociais não teria sido possível
sem o crescente interesse no vasto terreno da história social, que abraça todo o espectro das
atividades humanas. Essa tendência foi inicialmente evidente entre os historiadores da Escola dos
Anais no período entre as duas grandes guerras, mas recebeu um impulso adicional da míriade de
movimentos sociais dos anos 1960, que trouxe a política de volta ao povo e identificou uma ampla
agenda social relativa aos direitos humanos e às preocupações ambientais.
Como observa Hobsbawm: “A história social nunca pode ser mais uma especialização como, por
exemplo, a história econômica ou outras histórias específicas, pois seu assunto não pode ser
isolado[9]”. Ele insiste que os aspectos sociais da vida humana não são separados de outros
aspectos, incluindo o ambiente material. Assim, os modelos disponíveis acerca dos processos
históricos não são suficientes para o desenvolvimento de uma história da sociedade. É necessário
inventar novos. Ele acredita que para conseguir isso, historiadores de diferentes expertises terão
de estabelecer uma maior unidade de práticas e teorias que hoje se encontram separadas.
Eu dou meu apoio ao apelo de Hobsbawm para uma maior colaboração entre historiadores, mas
percebo que em sua narrativa dos mais interessantes trabalhos em história social, ele não faz
menção à cultura material, ao design, à arquitetura ou a qualquer uma das artes. Apesar do ensaio
From Social History to the History of Society, no qual ele esboça tendências promissoras na
pesquisa em história social desde meados da década de 1950, ter sido publicado em 1972, poucos
anos antes da fundação da Design History Society na Grã-Bretanha e antes também de a história
do design dar sua primeira arrancada, é digna de nota sua omissão da vida cultural e material
como componente integral de qualquer modelo social[10].
Hobsbawm escolhe classes e grupos sociais, processos de modernização e industrialização,
movimentos sociais e outras formas de protesto social, demografia e mentalidades – termo francês
para “modos de pensamento” – como áreas chave nas quais os historiadores sociais têm
trabalhado[11]. Sua lista consiste de processos, práticas e idéias e omite objetos materiais e
imagens. Ainda assim, não há atividade humana que não esteja embebida na cultura material.
Para apoiar essa afirmação, eu introduzi o termo product milieu (ambiente do produto) em 1990,
para representar “os objetos materiais e imateriais criados pelo homem, suas atividades e serviços
e os sistemas complexos ou ambientes que constituem o domínio do artificial[12]”. Meu argumento
era que a ação humana ocorre dentro desse ambiente, abrindo assim a questão do quanto ele é
importante na contribuição para a ação e conseqüentemente para os processos sociais, atividades
e eventos. Até agora, essa questão permaneceu interna à comunidade de pesquisa em design e,
mesmo nesse meio, pesquisadores se interessam mais pela análise dos métodos de design do
que tentam entender a participação do design nos desdobramentos da vida social. Então, onde é
que devemos procurar por respostas?
Em sua pesquisa seminal em duas partes The State of Design History, publicada inicialmente em
1984, nos Design Issues, Clive Dilnot discutiu o lugar do design no mundo social reafirmando, na
primeira parte, sua crença de que o design não pode ser completamente compreendido sem que
se considere sua dimensão social. “As condições que envolvem a emergência de um objeto de
design ou um tipo particular de forma de projeto envolve relações sociais complexas”, ele afirma.
“O fato de que essas relações são descritas somente em termos de design obscurece seus
aspectos sociais ou socio-econômicos[13]”. Na segunda parte ele prossegue dizendo que “o
campo essencial do significado e da importância do design, conseqüentemente, não é o mundo
interno da profissão, mas o vasto mundo social que produz as circunstâncias determinantes dentro
das quais os designers trabalham, assim como as condições que conduzem à sua
emergência[14]”. Eu concordo com o chamamento de Dilnot para entender o design dentro da
estrutura mais abrangente possível, mas eu ainda o expandiria encorajando os historiadores do
design a relacionarem mais intimamente o que eles aprenderam sobre a atividade com a pesquisa
que historiadores estão fazendo em outros campos.
Enquanto comunidade de historiadores do design, nós já produzimos muita coisa desde que as
duas partes do artigo de Dilnot foram publicadas em 1984. Existe agora um quadro de
pesquisadores, representando várias gerações, que têm levado o estudo da história do design a
um respeitável nível acadêmico. Nós temos periódicos nos quais aparecem suas pesquisas, além
de uma coleção crescente de publicações acadêmicas. Hoje, os historiadores do design trabalham
em diversas línguas ao redor do globo, trazendo para o campo a complexidade de vozes e pontosde-vista. Ainda assim, apesar dessas conquistas, a comunidade continua a operar dentro de uma
estrutura intelectual que freqüentemente isola o design de grande parte do que outros historiadores
estudam. Com exceção de números especiais de periódicos ou seções em conferências, a história
do design não se envolve ativamente com campos relacionados, tais como a história dos negócios,
a história do trabalho, a história da tecnologia, da invenção e engenharia ou as histórias da
economia e mesmo da cultura material[15].
Parcialmente isso acontece como resultado do estágio de desenvolvimento da história do design. Com um
grande número de professores que vêem da prática e que orientam o ensino da história do design a futuros
designers, existe uma forte ênfase em narrativas que limitam o campo ao invés de ampliá-lo. Esse foco tem
conseqüências positivas e negativas: por um lado torna a história dessa prática em particular mais atrativa
para futuros designers, mas simultaneamente obscurece sua relação com outros campos do design e com uma
história mais abrangente da sociedade, como teria imaginado Eric Hobsbawm.Tal abordagem também não
consegue engajar historiadores de outras áreas porque fala pouco ou nada às suas preocupações que se
encontram fora do campo do design.
A relevância das histórias da tecnologia
Historiadores da tecnologia se saíram consideralvemente melhor que historiadores do design no
que diz respeito à relação dos temas de suas investigações com um campo social mais amplo. Em
American Genesis: A Century of Invention and Technologic Enthusiasm, 1870-1970, Thomas
Hughes foi muito além do estudo de objetos individuais, para conectar tecnologia e invenção com o
objetivo de explicar a índole norte-americana. Ele situou os desenvolvimentos tecnológicos mais
importantes no nível de sistemas em vez de centrá-los em objetos individuais. “Em narrativas
populares sobre tecnologia”, ele escreveu, “invenções do final do século XIX tais como a luz
incandescente, o rádio, o avião e o automóvel ocupam o centro das atenções, mas essas
invenções estavam embutidas em sistemas tecnológicos. Tais sistemas envolvem muito mais do
que o chamado hardware, dispositivos, máquinas e processos, e o transporte, comunicação e
redes de informação que os interconecte. Tais sistemas consistem também de pessoas e
organização”. Como exemplo ele cita o sistema de eletricidade e iluminação que pode incorporar
“geradores, motores, linhas de transmissão, empresas de serviços públicos, manufaturas e bancos.
Até mesmo um corpo regulatório pode ser co-optado pelo sistema[16]”.
Um dos temas centrais do livro de Hughes se refere a como a cultura da invenção migrou das
oficinas dos inventores, como Thomas Edison, para os laboratórios das corporações, que eram
muito mais conservadores mesmo quando eles próprios industrializavam o processo de invenção.
O que está em jogo na interpretação da tecnologia, em Hughes, é como os Estados Unidos se
organizaram como nação para produzir dispositivos tecnológicos tanto para a paz quanto para a
guerra. Sua atenção aos sistemas mostra como atores sociais de origens muito diferentes se unem
para alcançar objetivos comuns; ele também examina a complexa relação entre esses objetivos e
os sistemas tecnológicos que descreve. Apesar de lidar com grandes temas da política
governamental e de estratégias corporativas, não há nada na narrativa de Hughes que se encontre
fora da história do design. Comparando Thomas Edison e Henry Ford, enquanto designers, ele
escreve:
“Projetar uma máquina ou um sistema de iluminação elétrica que funcionassem de maneira
ordenada, controlável e previsível deleitava o inventor Edison; projetar um sistema tecnológico feito
de máquinas, processos metalúrgicos e químicos, minas, manufaturas, estradas de ferro e
organização de vendas para funcionar racional e eficientemente animava Ford, o construtor de
sistemas. As realizações dos construtores de sistemas nos ajudaram a entender porque seus
contemporâneos acreditavam, não somente que eles podiam criar um mundo novo, mas que eles
também sabiam como ordená-lo e controlá-lo[17]”.
Hughes refere-se aqui ao projeto de Henry Ford para a extraordinária planta industrial de River
Rouge, onde se dava o processo completo de criação de um automóvel, da produção do aço até a
manufatura das partes para o corpo do veículo, incluindo sua montagem final. Ao caracterizar a
concepção de Ford e a planta industrial de River Rouge como design, Hughes amplia a esfera de
atividades que podem e devem ser contempladas pela história do design, enquanto ele também
conecta o design a um espectro de práticas ambiciosas de negócios, cujo estudo normalmente não
aparece para o campo.
Assim como Hughes, outro historiador da tecnologia, David Noble, estende a idéia do design em
seu livro America by Design: Science, Technology, and the Rise of Corporate Capitalism à
invenção de sistemas complexos onde os executivos expropriam o conhecimento técnico dos
trabalhadores e os reduz a parte do processo produtivo sobre o qual não têm qualquer controle.
Alguém poderia perguntar o que isso tem a ver com design? Porque isso não seria da esfera da
história do trabalho? A resposta é que o foco da investigação de Noble não é o trabalho per se,
mas seu lugar dentro das organizações que gerenciam as inovações tecnológicas. E estas são
projetadas[18]. “Pelo fato de a tecnologia não ser simplesmente uma força condutora na história
humana”, escreve Noble, “ela é algo humano em si mesma; não é meramente criada pelo homem
mas feita por homens[19]”.
Enquanto historiadores da tecnologia, Hughes e Noble têm um grande débito para com Lewis
Mumford, cujos amplos interesses abraçavam tecnologia, arquitetura, planejamento urbano,
literatura e muitas outras coisas. Apesar de Mumford ter mantido compromissos acadêmicos em
várias universidades durante sua carreira, ele foi primeiramente um ativista, para quem a pesquisa
histórica era uma estratégia para examinar questões éticas e morais mais amplas, que se
relacionavam com o design de todas as coisas. Seu livro Technics and Civilization, de 1934,
repleto tanto de polêmica quanto de fatos, dificilmente é considerado um modelo para o historiador
sistemático. No entanto, é a melhor narrativa do quão profundamente a tecnologia está entranhada
na condução da vida social. O que dirige o texto de Mumford é o modo como ela moldou o caráter
humano. Embora ele insira de tal modo a si mesmo e a seus valores na história da tecnologia,
podendo causar consternação entre historiadores profissionais, ele alega de forma corajosa, como
conseqüência, que a tecnologia contribui para a mecanização da vida e solapa o estilo de vida
orgânico que ele tanto valoriza[20]. Assim como Hobsbawm instigava os historiadores a fazerem,
Mumford também contempla o futuro da mesma forma, apesar de fazê-lo de modo prescritivo, em
vez de preditivo[21]. “Por isso, não temos de renunciar completamente à máquina”, ele afirma, “e
voltar à artesania para abolir um bom tanto de equipamentos inúteis e rotinas tediosas: nós temos
meramente que usar imaginação, inteligência e também disciplina social em nosso trato com a
máquina em si[22]”.
Então, por que Technics and Civilization dificilmente é lido ou citado pelos historiadores do design,
enquanto permanece como um dos textos fundamentais para os historiadores da tecnologia? É um
complemento natural para o livro de Siegfried Giedion Mechanization Takes Command, ao qual
muitos historiadores do design fazem referência devotando, porém, menos atenção ao mobiliário e
a outros objetos domésticos que continuam a ter um lugar central na pesquisa da história do
design. Historiadoras feministas do design, como Cheryl Buckley, também ignoraram Mumford e a
história da tecnologia em geral quando procuraram identificar o papel que as mulheres
desempenharam na história do design. Em seu ensaio seminal Made in Patriarchy: Towards a
Feminist Analysis of Women in Design, publicado em 1986, Buckley argumentava em favor de um
maior reconhecimento das artes manuais, que haviam sido negligenciadas pelos historiadores do
design, em vez deles apenas considerarem o campo das invenções mecânicas e técnicas, no qual
muitos exemplos de conquistas das mulheres eram evidentes[23]. Mesmo a pesquisa de Isabelle
Anscombe A Woman’s Touch: women in Design from 1860 to the Present Day, e o abrangente
volume de Pat Kirkham Women Designers in the USA, 1900-2000, nos quais se discute a questão
das mulheres como designers de produto, não fazem menção à invenção e ao design tecnológico
como atividades que as envolvessem[24].
Historiadores escrevendo a história do design
Entre historiadores, a Escola dos Anais foi a que tratou a cultura material mais seriamente, como
conseqüência do interesse de seus membros em geografia, sociologia, economia e disciplinas
afins. Henri Berr, fundador da Revue de synthèse historique, no final do século XIX, proporcionou
um impulso para os futuros historiadores daquela Escola. Porém, foi o periódico Annales d’histoire
économique et sociale, de Marc Bloch e Lucien Febvre, fundado em 1929, que se tornou o
principal ponto de convergência para o grupo[25]. Dentre os historiadores dos Anais, Fernand
Braudel foi quem mais prestou atenção aos objetos da vida cotidiana e os incluiu como um
componente vital da sua história em três volumes Civilization and Capitalism 15th – 18th Century,
cuja edição francesa foi publicada em 1979[26]. O objetivo de Braudel era expandir o estudo da
economia de mercado européia ao expor uma estrutura mais complexa do que, acreditava ele,
outros historiadores haviam percebido. Além dos mecanismos de produção e troca, ele identificou
“outra zona obscura, freqüentemente difícil de enxergar por falta de documentação histórica
adequada e que está por trás da economia de mercado é aquela atividade básica que se passa em
todos os lugares e cujo volume é realmente fantástico[27]”. Braudel chamou essa zona de vida
material ou civilização material[28]. Apesar de ter reconhecido a ambigüidade de ambos os termos,
ele acreditava que a esfera de atividade aos quais se referem era essencial para sua narrativa de
como o capitalismo se desenvolveu.
Braudel enfatizou casas, mobiliário e moda como indicadores das diferenças entre ricos e pobres.
“Os pobres nas cidades e nos campos do Ocidente viviam em estado de privação quase completa”,
ele escreveu. “Seu mobiliário consistia de quase nada, pelo menos antes do século XVIII, quando
um luxo rudimentar começou a se espalhar…[29]” Ele discutiu brevemente os produtores de
mobiliário, porém devotou consideravelmente menos atenção às suas habilidades do que a uma
narrativa mais antropológica de onde o mobiliário era colocado nas residências e por quê. Para
Braudel, o design de interiores era, também, um indicativo da estabilidade da sociedade. Ele
percebeu que interiores imutáveis eram característicos de civilizações tradicionais. “Um interior
chinês do século XV”, afirmou, “poderia igualmente datar do XVIII, se determinadas variações
fossem ignoradas – porcelanas, pinturas e bronzes[30]”. Por contraste, Braudel argumentou que “A
característica do Ocidente em matéria de mobiliário e decoração de interiores era, sem dúvida, seu
gosto por mudanças, uma relativa rapidez no desenvolvimento que a China nunca conheceu. No
Ocidente, tudo estava constantemente mudando… nada escapou a uma complexa evolução[31]”.
Ele tratou a moda de maneira similar, ligando-a a um vasto conjunto de hábitos que incluem
gestos, saudações e cuidados corporais.
Para Braudel, casas, interiores e vestimentas eram componentes da vida material, que ele
relacionava a comida, tecnologia, dinheiro e urbanismo. Em seu primeiro volume, ao concluir o
capítulo no qual são discutidas essas questões, ele afirmou a importância de considerar os bens
materiais em um contexto tanto econômico quanto social. Para Braudel, bens materiais são
constituintes de “uma ordem complexa, para a qual contribuem suposições, tendências e pressões
inconscientes das economias, sociedades e civilizações[32]”.
A principal e muito justificada crítica da Escola dos Anais é sua ênfase nas estruturas e processos
e não nos eventos. Apesar de tudo, os estudos de Braudel sobre o capitalismo, que adotam
métodos da antropologia e da sociologia, podem ser úteis para os historiadores do design como
demonstração de ambição acadêmica e modelo de como os componentes da vida cotidiana se
relacionam às forças sociais e econômicas mais abrangentes. Braudel não escreveu sobre design
per se, mas o fato de incluir edifícios, mobiliário, interiores e vestimentas no seu estudo do
capitalismo foi algo excepcional entre os historiadores daquele período, e continua a servir de
exemplo sobre como a cultura material pode ser incorporada dentro de uma narrativa histórica
mais ampla.
Por volta da mesma época em que Braudel publicou seu estudo na França, historiadores em
outros lugares também começaram a considerar a relação do design com temas e questões sociais
e econômicas, ainda que aquelas mais recentes. Um dos textos, hoje clássico, adotado por
historiadores do design apesar de escrito por um historiador de fora dessa área é Twentieth
Century Limited: Industrial Design in America, 1925-1939, de Jeffrey Meikle. Foi publicado pela
série American Civilization da Temple University Press, na qual se junta a outros volumes sobre:
religiões revivalistas, Darwinismo social e feminismo radical. Apesar de Meikle, um acadêmico da
área dos Estudos Americanos, fornecer excelentes análises formais de diversos produtos
industriais, ele os discute dentro de uma narrativa que descreve de que forma os Estados Unidos
se tornaram uma sociedade de consumo. Repleto de documentação obtida a partir de muitas
fontes, o livro, publicado em 1979, revela com sucesso as relações sociais complexas que Dilnot,
mais tarde, alegou serem centrais para a compreensão do design.
Dado que Meikle escreveu a partir da perspectiva dos Estudos Americanos, e não da história do
design, ele teve de tornar o design relevante para a pesquisa de outros acadêmicos da sua área;
por isso, sua estrutura é a transformação econômica e social no período entre as duas guerras
mundiais, para a qual contribuiu uma transformação na prática do design. Apesar de Twentieth
Century Limited ter um papel mais central, hoje, no cânone da literatura da história do design do
que em relação aos Estudos Americanos, sua importância para este último se encontra no modo
como Meikle demonstrou que o design é crucial para obter uma imagem completa da economia
norte-americana do final dos anos 1920 e 1930[33]. Alguns anos mais tarde, outra historiadora
proveniente da área dos Estudos Americanos, Regina Lee Baszcyk publicou um livro que
relacionava o design ao campo mais amplo do consumo. Em Imagining Consumers: design and
innovation from Wedgwood to Croning, Blaszczyk explorou os modos como muitas das
manufaturas norte-americanas de porcelana, vidro e cerâmica correlacionaram design e
estratégias de produção com uma avaliação dos mercados que eles procuravam atingir[34]. Outro
livro relacionado, cuja matéria é a sociedade britânica num período anterior, e que teve algum peso
sobre o trabalho de Blaszczyk é The Birth of a Consumer Society: The Commercialization of
Eighteenth-Century England de Neil McKendrick, John Brewer e J. H. Plub, no qual os três
historiadores mostram como objetos projetados contribuiram para uma revolução do consumidor
que se equipara à produção em massa, tornada matéria-prima do mercado capitalista.
Observando a propaganda e as relações públicas no lugar do design de produto, Roland Marchand
usou anúncios e capas de revista em vez de produtos para examinar as práticas de negócios
norte-americanas, na primeira metade do século XX, e seu efeito no público. Entretanto, seu livro
Advertising the American Dream: Making Way for Modernism, 1920-1940 contribuiu tanto para a
compreensão do consumidor quanto para explicar o funcionamento das corporações e suas
agências de publicidade. Em um volume subseqüente: Creating the Corporate Soul: The Rise of
Public Relations and Corporate Imagery in American Big Business, Marchand fez uma importante
contribuição à história dos negócios ao examinar o papel das agências de propaganda, dos
designers e consultores de relações públicas na criação das imagens corporativas. Entre os
designers de produto que participaram desse processo estavam Walter Dorwin Teague e Norman
Bel Geddes, sobre os quais Marchand escreveu longamente[35]. Histórias da propaganda tais
como Fables of Abundance: A Cultural History of Advertising in America, de Jackson Lear e Artists,
Advertising, and the Borders of Art, de Michele Bogart, também foram importantes contribuições
para nossa compreensão de como os designers, diretores de arte e ilustradores trabalharam
dentro das grandes empresas de propaganda, enquanto Neil Harris incluiu um ensaio sobre o
design e a corporação moderna no seu livro Cultural Excursions: Marketing Appetites and Cultural
Tastes in Modern America.
Outros historiadores da cultura, além de Neil Harris, escreveram sobre design, entre eles Deborah
Silverman, uma aluna de Carlo Schorske. Em seu livro Fin-de-Siècle Vienna: Politics and Culture,
Schorske incluiu um capítulo sobre a construção da Ringstrasse, relacionando-a às discussões
intelectuais e culturais de figuras como Gustav Klimt e Sigmund Freud. Silverman adotou o método
de Schorske, que integra cultura material e história intelectual, em seu estudo Art Nouveau in Fin-
de-Siècle France, no qual ela olhou para o Art Nouveau a partir de muitas perspectivas novas: seu
lugar no debate sobre a expansão da política governamental dentro da Central Union of the
Decorative Arts, a inclusão da arquitetura do século XVIII e das artes decorativas como um ato de
autoglorificação na Terceira República e a relação do movimento à psychologie nouvelle[36].
De todas as figuras canônicas na história do design, William Morris foi quem atraiu maior interesse
por parte dos historiadores de fora da área. Esse interesse não ignorou suas conquistas no campo
do design, mas destacou mais enfaticamente sua visão política e sua crítica da cultura industrial.
Um dos primeiros livros sobre Morris, e ainda hoje o mais substancial com respeito à sua visão
política, é William Morris: Romantic to Revolutionary, de E.P. Thompson. Em Redesigning the
World: William Morris, the 1880 and the Arts and Crafts Movement, Peter Stansky fica atento aos
artefatos que Morris e outros produziram, porém devota considerável atenção às relações sociais
nas quais se baseiam as corporações de ofício e sociedades expositivas[37] do movimento,
tratando a questão de sua eficácia. Art and Labor: Ruskin, Morris, and the Craftsman Ideal in
America, de Eileen Boris, apareceu na mesma série, American Civilization, que publicou Twentieth
Century Limited de Jeffrey Meikle. Boris, uma acadêmica da área dos Estudos Americanos, assim
como Meikle, examinou como os valores do artesanato em Ruskin e Morris embasaram a
resistência aos processos de mecanização da produção dominantes nos Estados Unidos. “Ao
analisar as idéias do movimento de artesania em seu contexto social, econômico e cultural”,
escreve Boris, “este livro tenta examinar a resposta dada no final do século XIX e início do XX ao
desenvolvimento de uma ordem corporativa[38]”.
Ao citar um conjunto de historiadores que encontraram no estudo do design os meios para lidar com questões
relacionadas a economia, trabalho, política e movimentos sociais, não desejo sugerir que acadêmicos cuja
ênfase principal seja a história do design não se ocuparam, de forma similar, com preocupações sociais. É
possível citar vários estudos que exemplificam de que maneira o design e sua política contribuiram para o
desenvolvimento das identidades nacionais. O livro National Style and Nation-state. Design in Poland from
the Vernacular Revival to the International Style, de David Crowley, é um exemplo excelente, assim como
são muitos dos ensaios publicados em Designing Modernity, catálogo editado por Wendy Kaplan que
acompanhou a primeira exposição no Wolfsonian em Miami. Jonathan Woodham se dirigiu a essa questão em
um contexto mais contemporâneo, por meio de um conjunto de artigos no British Council of Industrial
Design[39], também Adrian Forty em Objects of Desire: Design & Society from Wedgwood to IBM apresenta
vários capítulos que seriam extremamente úteis para historiadores interessados em aspectos da história social,
tais como trabalho, higiene, tecnologia e negócios[40].
O que deve ser feito?
Nesta parte final do meu ensaio, desejo retornar ao paradoxo da presença patente do design no
mundo social e sua marginalidade no interior da comunidade de historiadores. Onde, então, nós
devemos começar a procurar por explicações para essa situação curiosa? Como demonstrei, o
design produziu resultados valiosos para aqueles historiadores de fora da história do design que o
incorporaram em seus projetos de pesquisa. O erro, então, não está nas limitações do design
enquanto disciplina.
Em seguida deveríamos olhar para a comunidade de historiadores do design e questionar se eles fizeram tudo
o que estava a seu alcance para tornar essa área relevante para um público mais amplo? Eu quero admitir que
a compreensão do design e de sua história é o que historiadores do design trazem para qualquer discussão de
tópicos mais amplos, mas eu argumentaria que muitos historiadores do design concebem o design de maneira
muito estreita. Apesar de termos ultrapassado, e muito, a narrativa de Pevsner em Pioneers of Modern Design,
nós ainda não mudamos suficientemente seu paradigma sobre o que seja design. Hoje, escrevemos sobre
fogões e automóveis, identidades corporativas e fontes digitais mas temos pouco a dizer sobre o design fora
do universo do consumo. Quantos historiadores do design escreveram sobre a história dos equipamentos
militares; luminárias de rua, caixas de correio e outros artefatos urbanos, tecnologia de vigilância ou design de
inteface[41]. À medida que as tecnologias se tornam mais presentes, os historiadores do design deviam
incorporá-las às suas narrativas e, por meio de pesquisa histórica, contribuir para debates públicos sobre seus
valores. Quantos historiadores de design estão familiarizados com a história da internet e o papel da DARPA
(Advanced Research Projects Agency do Departamento de Defesa dos Estados Unidos) em sua criação?
Algum historiador do design poderia fornecer uma análise de como os gastos dos países em infraestrutura,
equipamentos militares e bens de consumo mudou através dos anos? Ou são eles capazes de traçar a história
das propostas para automóveis mais econômicos e como as montadores resistiram a elas? Alguém pode traçar
a história dos resíduos industriais e mostrar graficamente os passos iniciais das práticas do design
sustentável?[42]
Mas mesmo se os historiadores do design pudessem fazer todas essas coisas, nós teríamos,
contudo, de reconhecer que muitos deles, nessa vasta comunidade, ainda poderiam não se
convencer do importante papel do design dentro do campo da história. Como exemplo, a título de
comparação, Thomas Kuhn, eminente historiador da ciência, descreve as dificuldades de obter de
seus colegas o reconhecimento do valor do seu próprio campo. Ele escreve:
“Todavia, os homens que consideram o desenvolvimento socio-econômico ou que discutem
mudanças nos valores, atitudes e idéias, regularmente chamaram a atenção sobre as ciências e,
presumivelmente, precisam continuar a fazê-lo. Mesmo eles, no entanto, observam
sistematicamente a ciência de longe, empacando nas fronteiras que dariam acesso ao terreno e
aos elementos nativos que eles discutem. Essa resistência é danosa, tanto para seu próprio
trabalho quanto para o desenvolvimento da história da ciência[43]”.
Uma conseqüência desse separatismo, reclama Kuhn, é que os historiadores abdicaram da
responsabilidade de avaliar e retratar o papel da ciência na cultura ocidental [o que dizer na cultura
mundial] desde o fim da Idade Média. Ele prossegue, observando que o historiador da ciência,
devido ao seu compromisso primário com sua especialidade, não é mais capaz de cumprir essa
tarefa. “O que é preciso”, ele conclui, “é uma interpretação crítica das preocupações e conquistas
dos historiadores da ciência com aqueles homens [e mulheres] que cultivam outros campos
históricos, e tais interpretações, se alguma vez existiu, não fica evidente no trabalho da maioria dos
historiadores atuais[44]”.
As palavras de Kuhn pronunciadas no início dos anos 1970 poderiam representar ainda hoje as
mínimas conexões entre a história e os historiadores do design com o campo mais amplo da
história. Por contraste, entretanto, Eric Hobsbawm fornece algum motivo para sermos mais otimista
sobre as possibilidades de colaboração. Para ele, a motivação para trabalhos cooperativos se
centra em determinada escolha de temas que apresente interesses mútuos para acadêmicos de
diferentes disciplinas. Ele cita, como exemplo, “o estudo dos fenômenos relacionados ao milênio”
que atraiu “pessoas oriundas da antropologia, sociologia, ciências políticas, história, para não
mencionar estudantes de literatura e religiões…[45]”. Os historiadores do design podem considerar
a Guerra Fria, por exemplo, como um tema comparável, ao qual seus estudos poderiam trazer uma
valiosa contribuição. Um lugar para começar a discussão seria a exposição Cold War Modern:
Design 1945-1970 que abriu em setembro de 2008 no Victoria & Albert Museum[46].
Se os historiadores do design querem se apresentar como colaboradores importantes para tais
pesquisas históricas coletivas, eles têm de elaborar um argumento convincente da relevância de
seu conhecimento para um público externo à sua área. Esse é o desafio que coloco para a
comunidade da história do design. Podem, os historiadores do design, contribuir mais
significativamente para a compreensão do passado, presente e futuro, como Eric Hobsbawm
julgava que deveriam fazer? Eu acredito que sim, mas para que isso se torne mais provável será
necessário uma mudança cultural dentro da comunidade da história do design que inclua todos os
aspectos de como a disciplina é ensinada e pesquisada. Os historiadores do design têm de ampliar
a compreensão do design que eles comunicam a seus estudantes, e devem também prestar
grande atenção a como pesquisadores do design, que não são historiadores, estão pensando a
disciplina[47]. Será que a comunidade da história do design está a par dessa tarefa? Eu espero
que sim.
© Victor Margolin 2008
Este artigo foi originalmente publicado em inglês na Design issues 25, nº 2 (primavera de 2009).
Foi traduzido e publicado nesta revista mediante autorização do autor.
[1] Para uma excelente narrativa da historiografia do Ocidente veja: KRAMER, Lloyd e MAZDA,
Sara (ed.). A Companion to Western Historical Thought. Oxford: Blackwell, 2002.
[2] HOBSBAWM, Eric. The Sense of the Past. In On History. London: Weidenfeld & Nicholson,
1997. p. 10.
[3] Sobre “la longue durée” veja: BRAUDEL, Fernand. History and the social sciences: the long term. In
Social Science Information 9 (fevereiro de 1970). pp. 145-175. A versão francesa original do ensaio La
Longue Durée, de Braudel, foi publicado no periódico Annales, em 1958, e republicado inúmeras vezes. Ele
aparece na coleção dos textos de Braudel Les Ambitions de l’Histoire (Paris: Editions de Fallois, 1997. pp.
149-178).
[4] HOBSBAWM, Eric. The Sense of the Past. p. 18.
[5] HOBSBAWM, Eric. What can History tell us about Contemporary Society. In On History. p. 35.
[6] Hobsbawm cita como exemplo dessa prática, a técnica Delphi, inventada pela Rand Corporation. Ele a
descreve como um processo de se “questionar grupos selecionados de experts para consultar seus botões e
então, o fato de tirar conclusões desse consenso pode ou não surgir”. HOBSBAWM, Eric. Looking forward:
history and the future. In On History. p. 39.
[7] Hobsbawn, Looking forward: history and the future. p. 42.
[8] Ibid.
[9] HOBSBAWM, Eric. From Social History to the History of Society. In On History. p. 75.
[10] Desde que Hobsbawm escreveu essas palavras, um número de historiadores prestaram
considerável atenção aos artefatos, sejam eles efêmeros como o design ligado a moda ou
duradouros como a arquitetura civil. Eu discuto essa questão mais a frente.
[11] HOBSBAWM, Eric. From Social History to the History of Society. In On History. p. 83.
[12] MARGOLIN, Victor. The Product Milieu and Social Action. In BUCHANAN, Richard;
MARGOLIN, Victor (ed.). Discovering Design: Explorations in Design Studies. Chicago e Londres:
The University of Chicago Press, 1995. p. 122. A definição citada neste texto é uma versão
condensada daquela que Richard Buchanan e eu utilizamos, em 1990, no programa da
conferência ‘Discovering Design’ que organizamos na Universidade de Illinois (Chicago), onde o
paper ‘Product Milieu’ foi apresentado.
[13] DILNOT, Clive. The State of Design History. Part I: Mapping the Field. In MARGOLIN, Victor
(ed.). Design Discourse. Chicago e Londres: The University of Chicago Press, 1989. p. 227.
[14] DILNOT, Clive. The State of Design History. Part II: Problems and Possibilities. In MARGOLIN, Victor
(ed.). Design Discourse. Chicago e Londres: The University of Chicago Press, 1989. p. 244.
[15] Uma exceção digna de nota é a edição especial do Journal of Design History sobre design,
expansão comercial e história dos negócios, com introdução de Jeffrey Meikle. Veja Journal of
Design History 12, no. 1 (1999).
[16] HUGHES, Thomas. American Genesis: a Century of Invention and Technological Enthusiasm,
1870-1970. Nova York: Viking, 1989. p. 3.
[17] HUGHES, Thomas. American Genesis: a Century of Invention and Technological Enthusiasm, 18701970. Nova York: Viking, 1989. p. 8. Veja também HUGHES, Thomas. Human-Built World: how to Think
about Technology and Culture. Chicago e Londres: The University of Chicago Press, 2004.
[18] Veja o número especial de Design Issues dedicado ao design organizacional entitulado Design
+ Organization Change. Design Issues 24, no. 1. (inverno de 2008)
[19] NOBLE, David. America by Design: Science, Technology and the Rise of Corporate Capitalism.
Nova York: Alfred. A. Knopf, 1977. p. xxi-xxii.
[20] Mumford continuou a escrever sobre tecnologia e suas conseqüências sociais em seu trabalho em dois
volumes The Myth of the Machine, publicado entre 1967 e 1970.
[21] Eu introduzi a distinção entre cenários futuros prescritivos e preditivos em meu ensaio Design:
the Future and the Human Spirit. In Design Issues 24, no. 3. p. 5. (verão de 2007).
[22] MUMFORD, Lewis. Technics and Civilization. San Diego, Nova York e Londres: Harcourt
Brace & Co, 1963, c. 1934. pp. 426-427.
[23] Veja BUCKLEY, Cheryl. Made in Patriarchy: toward a Feminist Analysis of Women and Design. In
MARGOLIN, Victor (ed.). Design Discourse. Chicago e Londres: The University of Chicago Press, 1989. pp.
251-264; e ATTFIELD, Judy, KIRKHAM, Pat. A View from the Interior: Feminism, Woman and Design.
Londres: The Women’s Press, 1989.
[24] Ruth Schwartz Cowan, uma eminente historiadora da tecnologia, em seu livro A Social History
of American Technology (Nova York e Oxford: Oxford University Press, 1997), se focou nas
mulheres como consumidoras de tecnologia em vez de produtoras. Para uma história das mulheres
inventoras veja: STANLEY, Autumn. Mothers and Daughters of Invention: Notes for a Revised
History of Technology. Metuchen NJ: Scarecrow Press, 1993.
[25] Minha narrativa da Escolas dos Anais é proveniente de BENTLEY, Michael. Modern
Historiography: an Introduction. Londres e Nova York: Routledge, 1999. pp. 103-115.
[26] O estudo em três volumes de Braudel foi precedido por um curto volume: Civilization Matérielle et
Capitalisme, publicado pela Librairie Armand Colin, em 1967. Uma tradução em inglês: Capitalism and
Material Life 1400-1800, apareceu em 1973.
[27] Braudel, Civilization and Capitalim 15th-18th Century, v. 1: The Structures of Everyday Life. p.
23.
[28] Ibid.
[29] Ibid. p. 283.
[30] Ibid. p. 285.
[31] Ibid. p. 293.
[32] Ibid. p. 333.
[33] Meikle teve um papel preeminente na comunidade da história do design anglo-americano,
contribuindo com artigos para várias publicações e catálogos de exposição, e escreveu um
importante livro sobre plásticos. Uma de seus alunas de doutorado, Christina Cogdell, publicou um
livro sobre streamlining que o relacionava com a crença norte-americana na eugenia. Veja:
COGDELL, Christina. Eugenic Design: Streamlining America in the 1930s. Philadelphia: University
of Pennsylvania Press, 2004.
[34] BLASZCYK, Regina L. Imagining Consumers: Design and Innovation from Wedgwood to
Corning. Baltimore e Londres: The Johns Hopkins University Press, 2000. Para um livro que trata
do consumo em outra indústria veja: CLARKE, Sally. Trust and Power: Consumers, the Modern
Corporation and the Making of the United States Automobile Market. Cambridge, New York et al.:
Cambridge University Press, 2007. Antes desse livro, Clarke publicou um artigo baseado em sua
pesquisa no Journal of Design History. Veja: CLARKE, Sally. Managing Design: the Art and Colour
Section at General Motors, 1927-1941. In Journal of Design History 13, no. 1 (1999 – número
especial: Design, Commercial Expansion and Business History). Uma abordagem mais polêmica
sobre o consumo de automóveis pode ser lida em GARTMAN, David. Auto Opium: a Social History
of American Automobile Design. Nova York: Routledge, 1994. Sobre o consumo de refrigeradores
veja: NICKLES, Shelley. Preserving Women: Refrigerator Design as Social Process in the 1930s. In
Technology and Culture 43, no. 4 (outubro 2002).
[35] Marchand publicou artigos sobre Teague e Bel Geddes nos Design Issues antes de lançar seu
livro.
[36] Veja também: AUSLANDER, Leora. Taste and Power: Furnishing Modern France. Berkeley: University
of California Press, 1996; e BETTS, Paul. The Authority of Everyday Objects: a Cultural History of West
German Industrial Design. Berkeley, Los Angeles e Londres: University of California Press, 2004.
[37] No original: exhibiting societies. Tratava-se de sociedades que promoviam exposições como
por exemplo a Arts and Crafts Society (N.T.).
[38] BORIS, Eileen. Art and Labor: Ruskin, Morris and the Craftsman Ideal in America. Philadelphia:
Temple University Press, 1986. p. xv.
[39] Veja WOODHAM, Jonathan. An Episode in Post-Utility Design Management: the Council of Industrial
Design and the Cooperative Wholesale Society; e Design and the State: Post-war Horizons and Pre-Millenial
Aspirations. In ATTFIELD, Judy. Utility Re-Assessed – the Role of Ethics in the Practice of Design.
Manchester: Manchester University Press, 1999; em conjunto com WOODHAM, Jonathan. Managing British
Design Reform I: fresh Perspectives on the Early Years of the Council of Industrial Design. In Journal of
Design History 9, no. 1 (1996); e Managing British Design Reform II: the Film – an Ill-fated Episode in the
Politics of ‘Good Taste’. In Journal of Design History 9, no. 2 (1996).
[40] Forty é um historiador da arquitetura que também escreveu sobre design.
[41] Paul Atkinson é um dos únicos historiadores do design a escrever sobre tecnologias recentes.
Veja seus artigos: Computer Memories: the History of Computer Form. In History and Technology
15, nos. 1 e 2 (1988). pp. 89-120; The (In)Difference Engine: Explaining the Disappearance of
Diversity in the Design of the Personal Computer. In Journal of Design History 13, no. 1 (2000). pp.
57-72; Man in a Briefcase: the Social Construction of the Laptop Computer and the Emergence of a
Type Form. In Journal of Design History 18, no. 2 (2005). pp. 191-205; e The Best Laid Plans of
Mice and Men: the Role of the Computer Mouse in the History of Computing. In Design Issues 23,
no. 3 (verão de 2007). pp. 46-61. Veja também STAPLES, Loretta. Typography and the Screen: a
Technical Chronology of Digital Typography – 1984-1997. In Design Issues 16, no. 3 (outono de
2000). pp. 19-34.
[42] Um trabalho pioneiro nessa vasta área é: STRASSER, Susan. Waste and Want: a Social History Trash.
Nova York: Henry Holt & Co, 1999.
[43] KUHN, Thomas S. The Relations between History and History of Science. In GILBERT, Felix e
GRAUBARD, Stephen R. Historical Studies Today. Nova York: W. W. Norton & Co, 1972. p. 160.
[44] Ibid.
[45] HOBSBAWM, Eric. From Social History to the History of Society. p. 76.
[46] Veja o catálogo da exposição: CROWLEY, David e PAVITT, Jane. Cold War Modern: Design
1945-1970. Londres: Victoria and Albert Museum, 2008. Uma das primeiras contribuições para os
estudos culturais sobre a Guerra Fria foi: GUILBAUT, Serge. How New York Stole the Idea of
Modern Art: Abstract Expressionism, Freendom and the Cold War. Chicago: The University of
Chicago Press, 1983. Traduzido do francês por Arthur Goldhammer. Veja também HADDOW,
Robert H. Pavilions of Plenty: Exhibiting American Culture Abroad in the 1950s. Washington e
Londres: Smithsonian Institution Press, 1997; e COLOMINA, Beatriz; BRENNAN, Annmarie e KIM
Jeannie (ed.). Cold War Hothouses: Inventing Postwar Culture, from Cockpit to Playboy. Nova
York: Princeton Architectural Press, 2004.
[47] Em 1991, eu levantei a questão da relação da história do design com um campo mais amplo da pesquisa
em design no paper Design History or Design Studies: Subject Matter and Methods, que foi apresentado na
conferência sobre história do design em Milão. Em seguida o paper foi publicado em Design Studies e depois
em Design Issues, no qual ele teve papel central no debate acerca dessa questão. Subsequentemente foi
incluido em meu livro The Politcs of the Artificial: Essays on Design and Design Studies. Chicago e Londres:
The University of Chicago Press, 2002.
Sobre o Autor(a):
Victor Margolin é Professor Emérito de História do Design na Universidade de Illinois, Chicago. Ele
é autor e editor de vários livros sobre história do design e estudos em design. Escreve, atualmente,
uma história mundial do design.