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YUNY A R E V I S T A D A Y U N Y I N C O R P O R A D O R A BAIRRO Vila Olímpia, novo polo de negócios de São Paulo cresce e aparece CULTURA Entrevista com Heitor Martins, presidente da fundação Bienal, e Fernanda Feitosa, organizadora da SP-Arte ANO 1 | REVISTA NÚMERO 02 1 REVISTA OUTUBRO 2010 PARA UMA PESSOA, É CEDO. PARA A YUNY, 14 ANOS significam TEMPO SUFICIENTE PARA MOSTRAR A SUA VOCAÇÃO DE FAZER MUITO E FAZER CADA VEZ MELHOR. Vocação. É isto que faz com que algumas pessoas e empresas consigam destaque em seu foco de trabalho antes das outras. Quando nasceu, em 1996, a Yuny sabia exatamente o que queria fazer, como fazer e qual a sua verdadeira vocação. Passados 14 anos, a vocação da Yuny de fazer pensando em cada detalhe pode ser medida pelos metros quadrados construídos, pelas parcerias firmadas, pelos empreendimentos lançados e, fundamentalmente, pela satisfação de cada cliente. E como fazer mais e melhor é a vocação da Yuny. Que venham os próximos 14 anos. Estamos prontos. Editorial Ao longo de 14 anos de muito trabalho e suor, a Yuny vem conquistando seu espaço de uma maneira bem própria. Para nós, esse é um espaço especial, pois se alicerça sobre os pilares dos nossos valores mais básicos e profundos. A engenharia que ergue estes pilares é feita de ética e competência. O material é um composto de pessoas da nossa equipe, dos nossos parceiros, muitos fornecedores e vocês, clientes. Para uma empresa que tem como conceito de prosperidade algo bem mais amplo, não nos importa qual o tipo de resultados estamos buscando, mas também a forma como queremos atingi-los. Para isto, tornamse indispensáveis ingredientes como arte, saúde, culinária, sustentabilidade, entre tantos outros que permeiam o nosso dia a dia. Prosperar, para nós, significa também compartilhar com vocês estes valores, as matérias que vêm a seguir e permitir que compartilhem suas experiências nas mais diversas interfaces que possamos ter hoje e sempre. Portanto, um caráter interativo neste veículo é muito bem-vindo. Escreva quando quiser para nós no e-mail [email protected] e incremente, sugira, critique. Um abraço, Marcos Yunes Presidente 4 REVISTA OUTUBRO 2010 ÍNDICE ANO 1 NÚMERO 02 16 28 2 0 1 0 34 40 82 EXPEDIENTE Marcelo Yunes Diretor-Executivo Fábio Romano Diretor de Incorporação Carolina Khappaz Gerente de Marketing PROJETO EDITORIAL PUBLISHING Rua Artur de Azevedo, 560 Pinheiros – SP – 05404-001 Tel.: 2182-9500 www.j3p.com.br Fabio Pereira Diretor de Criação Sergio Zobaran Editor chefe pág. 10 INSTITUCIONAL Tom Shapiro: entrevista com o presidente do GTIS Partners pág. 16 CULTURA O casal de colecionadores Heitor Martins e Fernanda Feitosa agitam a Bienal e a SP-Arte pág. 22 GIFT Festa no céu: o passeio de helicóptero vale cada centavo pág. 28 BEM-ESTAR Atletas nada amadores treinam por amor aos esportes 08 REVISTA OUTUBRO 2010 pág. 34 ARTE Grafite: o movimento pop ganha status pág. 40 GASTRONOMIA Comendo e bebendo em São Paulo com Ed Motta pág. 54 ESTILO YUNY Limited Funchal traduz o jeito de morar contemporâneo pág. 58 SOCIAL Meio Ambiente e educação: as ações da Yuny pág. 80 VERNISSAGE Um passeio fotográfico no Ibirapuera para lançar o Marquise pág. 90 ESTILO YUNY II Boutique Offices no “novo” bairro de Pinheiros, escritórios cult ganham espaço Cesar Rodrigues Projeto Gráfico Direção de Arte Chico Volponi Coordenador de Custom Publishing Giuliano Pereira Diretor de Atendimento Raphael Siqueira Diretor Executivo Ana Paula Bueno Gerente de Núcleo Sandro Biasoli Diretor de Produção Gráfica Helder Lange Tiso Revisão pág. 44 BAIRRO Na Vila Olímpia, o futuro já começou pág. 50 PERFIL Dr. Marcelo Terra: Morar, comprar ou vender um imóvel pág. 62 LIFESTYLE Beto Pandiani, o executivovelejador pág. 68 TURISMO De volta aos países de origem pág. 92 NOTAS YUNY Atua, o braço econômico da Yuny Incorporadora, faz lançamentos estratégicos Ana Luiza Vaccarin Arte Final Paulo Brenta Fotógrafo Colaboradores Lea Maria Aarão Ana Maria Santeiro Contato [email protected] 09 REVISTA OUTUBRO 2010 INSTITUCIONAL Tom Shapiro Em entrevista exclusiva, o presidente GTIS Partners fala da economia brasileira, do crescimento imobiliário no eixo Rio-São Paulo e da parceria de sucesso com a Yuny. O caminho brasileiro que o fez atingir o status de quinta economia mundial, atualmente, reforçou esta decisão? Com certeza. O caminho de desenvolvimento do Brasil e os principais fatores de crescimento que surgiram na última década contribuíram muito para nossa decisão de investir no Brasil. Há três fatores principais. O primeiro é a estabilização da economia brasileira. Depois de anos caracterizada pela volatilidade e crescimento lento, acreditamos que o Brasil está progredindo em 10 REVISTA Por que decidiu investir no Brasil? E como encontrou a finalmente chegado. O mercado imobiliário estava prestes direção à estabilidade macroeconômica por meio de uma Yuny Incorporadora? a decolar. Em 2005 abri um novo fundo de investimento política fiscal e monetária mais disciplinada. A hiperinflação Ainda me recordo da minha primeira viagem ao Brasil chamado GoldenTree InSite Partners (hoje GTIS Partners) e foi derrotada e as taxas de juros foram reduzidas de em 1996, quando o País estava apenas começando a comecei a arrecadar recursos de private equity, que seriam mais de 25% em 2003 para menos de 10% em 2010. colher os primeiros frutos do Plano Real e das reformas parcialmente destinados para investimentos no Brasil. O crédito soberano brasileiro recebe agora a classificação que foram implantadas no primeiro mandato de Fernando Os primeiros investimentos tiveram um desempenho de investment grade e as reservas internacionais do País Henrique Cardoso. As pessoas diziam, brincando, que extraordinário até agora e, por isso, ampliamos nosso foco cresceram de forma constante, atingindo mais de $250 o Brasil era o “País do Futuro” – e assim seria para no Brasil ao mesmo tempo em que o mercado americano bilhões. O Brasil tornou-se um credor externo líquido, o sempre. No entanto, havia algo real e concreto sobre as começou a ficar incerto. que é bastante notável levando-se em consideração sua Tom Shapiro: Ja investimos 770 milhões de reais no eixo Rio-SP. reformas que estavam sendo introduzidas após a dolorosa Um ponto-chave de nossa estratégia foi a nossa parceria experiência no passado com crises relacionadas com dívidas experiência de hiperinflação, e os investidores começavam com incorporadoras locais de grande talento, tais como a e repetidas moratórias. Mas, como dizem, da crise surgem a se dar conta disso. Sem confiança no funcionamento do Yuny e a Atua (braço econômico da Yuny). Nós podemos as oportunidades. A crise de crédito mundial certamente sistema financeiro – como nós ironicamente presenciamos contribuir com know-how, bem como com nossa fonte de impôs um ambiente de desafio para todos os países e, ao Estima-se que a população de São Paulo vai aumentar em 2 milhões atualmente nos Estados Unidos – nenhum país pode capital estável e segura em troca da experiência de nossos mesmo tempo em que o Brasil não ficou imune, passou de habitantes nos próximos 15 anos. Embora sem apresentar o mesmo permanecer no caminho de crescimento por muito parceiros em incorporação no mercado local. Realmente muito bem no teste e está agora entre as economias mais crescimento rápido da Índia, a projeção da taxa de crescimento para o Brasil é tempo. O Plano Real e as decorrentes reformas no acreditamos que fazer parcerias com empresas que são robustas no cenário mundial. As estimativas recentes para significativamente maior do que a da China, por exemplo. Cerca de metade da processo regulatório e legal, tais como a independência reconhecidas por seu conhecimento, mas que estão um crescimento do PIB de quase 9% no primeiro semestre população brasileira tem idade inferior a 26 anos e todos esses jovens ainda do Banco Central, as novas leis de falência e a Lei de querendo crescer, é a melhor forma de ampliar nossa mostram que o Brasil é uma das maiores economias do entrarão em sua idade mais produtiva daqui alguns anos. Tal crescimento da Responsabilidade Fiscal tiveram grande importância para própria plataforma. Embora outros fundos de investimento mundo a sair da recessão mundial com sucesso. população produtiva se traduzirá diretamente em uma maior força de trabalho abrir caminho à recente vitalidade da economia brasileira. tenham entrado recentemente no mercado brasileiro, A segunda razão são os números demográficos e maior base de consumidores. Demograficamente, o Brasil assemelha-se aos A crise na Argentina e a desvalorização cambial no Brasil acreditamos que somos um dos poucos que possui um positivos do Brasil. Numa época em que muitos Estados Unidos do final da década de 70, quando o ápice da geração do baby entre 2001 e 2002 foram entraves temporários, mas em histórico de sucesso comprovado em fornecer capital para países desenvolvidos estão passando por uma fase boom estava entrando em idade produtiva e começando a contribuir para 2005 já dava para ver o futuro finalmente chegando. incorporadores locais. Estamos muito impressionados difícil; caracterizada por crescimento lento e pelo a formação de famílias e criação de riquezas. O ingresso daquele grupo na Ao interagir com as inúmeras empresas que atuavam pelo profissionalismo, perspicácia nos investimentos e o envelhecimento da população, espera-se que a idade da economia levou a um período de 25 anos de forte crescimento nos Estados no mercado brasileiro, passei a respeitar o espírito conhecimento do mercado imobiliário da Yuny e da Atua população economicamente ativa do Brasil crescerá por Unidos sem precedentes, e acreditamos que é provável que o efeito seja empreendedor que lhes permitiu investir, construir e e, na verdade, criamos parcerias exclusivas para injetar volta de 14% entre 2010 e 2030. A taxa de crescimento parecido no Brasil. crescer, apesar de uma grande escassez de capital no centenas de milhões de reais de capital em seus programas da população brasileira de aproximadamente 1,5% é Por fim, nossa decisão em investir no Brasil foi motivada pelo fato de o País ser mercado. Com minha experiência, me convenci de que o de investimento. Estamos no Brasil visando planos de significativamente mais alta do que a taxa média de um mercado deficitário – tanto de capital como de imóveis de qualidade. A falta Brasil era o membro esquecido do BRIC, cuja hora tinha longo prazo porque vemos grandes oportunidades aqui. 0,3% na Europa e de 1% nos Estados Unidos. de capital foi a herança de muitos anos de hiperinflação e dos riscos decorrentes. OUTUBRO 2010 11 REVISTA OUTUBRO 2010 INSTITUCIONAL Notavelmente, mesmo enquanto o resto do mundo a Atua, foi completamente vendido um mês após seu lançamento, estava passando por um processo de alavancagem e as unidades da Fase 1 do Club Life se esgotaram em apenas um financeira e tanto os consumidores como as empresas dia. No Rio, somos parceiros no recém-construído Ventura Towers, estavam se endividando de forma ostensiva, o Brasil que é uma das contribuições mais notáveis à paisagem do centro permaneceu relativamente sem dívida. Com a crise do do Rio nos últimos anos. “Há dois investimentos dignos de destaque em nosso portfólio: o 106 Seridó e o Infinity.” crédito, o Brasil estava mais protegido de seus efeitos do Todas as nossas decisões sobre investimentos são baseadas que a maioria dos outros países. Ao invés de um espiral de em uma análise rigorosa do mercado e da rentabilidade do deleveraging negativo que atinge no momento o mundo investimento proposto. Buscamos identificar oportunidades desenvolvido, o Brasil está, na verdade, apresentando únicas de investimento e as validamos por meio de processos uma expansão do crédito, parcialmente graças às de due diligence e intensa pesquisa de mercado. Devido à nossa A terceira razão concerne às nossas próprias operações iniciativas do governo. A maioria dos projetos imobiliários experiência prévia como incorporadores, focamos na valorização e nossa equipe. O Brasil é um mercado bastante grande, ainda depende de capital privado proveniente de fundos do imóvel por meio de melhor eficiência e projeto diferenciado, conforme foi colocado, e é simplesmente mais efetivo para de investimento, e é neste sentido que podemos contribuir em conjunto com nossa experiência em estruturação financeira. nossa equipe focar oportunidades que estejam mais próximas. com nossa experiência. Até o momento, já investimos no Preferimos ter conhecimento local, conhecer o mercado Brasil por meio de três veículos diferentes de investimento, E por que seus investimentos se concentram em São Paulo, realmente bem antes de investir. Nós expandimos nossos e estamos no processo de abrir um novo fundo que é enquanto o Brasil vê crescerem outros de grande porte ao investimentos para o Rio porque tínhamos uma experiência longo de sua costa tropical de 8 mil km? anterior nesse mercado, e porque há diversos atrativos de dedicado exclusivamente aos investimentos por aqui. Ao mesmo tempo em que o Brasil apresenta falta de capital, também há uma baixa oferta de imóveis de os aluguéis aumentaram significativamente. Nós estamos sempre em busca desse tipo de atrativos ao procurar oportunidades de investimento, e o Brasil vem sendo um investimento muito bom para nós. qualidade. Há um déficit habitacional bem conhecido, Na verdade, atuamos tanto em São Paulo como no Rio. A razão curto prazo, tais como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. para focar nestas duas regiões é novamente devido a três fatores. Às vezes, leva-se o mesmo tempo para cruzar de um lado a Primeiramente, porque acreditamos veementemente em investir outro em São Paulo, e ir de avião para o Rio. Estamos abertos a principalmente de imóveis populares. O governo está Quais são seus principais investimentos por aqui e em que valores? Como em mercados primários que possuam liquidez e uma base sólida expandir nossos investimentos para novas regiões. Mas até o tentando resolver este problema com o programa Minha baseou estas decisões? de compradores ou locatários, dependendo da natureza do projeto, momento não foi necessário. Se nós encontrarmos mercados Casa Minha Vida, bem como disponibilizando financiamento Desde o início de nossos investimentos no Brasil, já investimos capital em seja para locação ou venda. Grandes mercados como São Paulo e Rio suficientemente atraentes e parceiros altamente qualificados para os compradores. No setor de edifícios comerciais, a 24 projetos residenciais e comerciais, sendo 16 com a Yuny, em São Paulo nos permitem comparar nossos projetos em relação à concorrência que entendam nossas demandas e que queiram trabalhar maioria dos prédios existentes foi construída nos anos e no Rio, totalizando mais de R$ 770 milhões de capital privado. Possuímos para ver, por exemplo, qual o nível de preços de empreendimentos conosco, estaremos atentos a novas oportunidades. 1960 e 70, e apenas por volta de 5% é considerado classe 16 empreendimentos residenciais, 7 dos quais são de alto padrão, 4 para vizinhos e de que forma nosso projeto pode ser melhor. Dessa A pelos padrões internacionais. Para uma economia do classe média e 5 populares. No total, estamos financiando a incorporação de forma, podemos garantir o sucesso financeiro de nosso próprio Estamos em ano eleitoral e isso, com certeza, pode alterar tamanho da brasileira, isto é simplesmente insuficiente. mais de 5.300 apartamentos. De todos esses projetos que lançamos, 85% das investimento com um risco menor. Também precisamos no final a conduta da política econômica da nação. O que pensa Enquanto Nova York é comparável com o tamanho de São unidades já foram vendidas. Além disso, nosso portfólio ainda conta com 6 liquidar nossos investimentos, e para tal é necessário que haja uma do Governo Lula e das próximas eleições em que pese Paulo, o estoque de espaços comerciais (sem incluir toda empreendimentos comerciais classe A para locação, um edifício comercial e base suficientemente grande de compradores para colocar em possíveis mudanças? a área metropolitana) é mais de três vezes maior. Mesmo um edifício-garagem. Os projetos comerciais compreendem mais de 178.000 prática nossa estratégia de saída. Neste momento, São Paulo e Rio o estoque de espaços comerciais considerados classe A de metros quadrados de área disponível para locação. são os mercados com maior liquidez no Brasil. Quando Lula assumiu o poder em 2002, os investidores ficaram preocupados, achando que um governo de esquerda Boston é maior do que o de São Paulo, e Boston é uma Como se pode ver, atuamos em vários setores e com diferentes tipos de A segunda razão é que esses dois mercados, até agora, nos implantaria mudanças que prejudicassem o livre mercado e cidade relativamente pequena em escala mundial. Não é imóveis. Há dois investimentos dignos de destaque em nosso portfólio, são eles: ofereceram inúmeras oportunidades, e conseguimos diversificar o investimento estrangeiro. Com o passar do tempo, tornou- de se estranhar que São Paulo e Rio constituam-se um dos o 106 Seridó, o qual é provavelmente o condomínio residencial mais luxuoso nossos investimentos em tipos diferentes de imóvel, ao invés se claro que a forte retórica de Lula não se traduziria em uma mercados de prédios comerciais com melhor desempenho de São Paulo no momento; e o Infinity, o qual acreditamos que será o melhor de migrar para outras regiões. Por exemplo, com a Yuny nós ameaça real para os mercados. De fato, seu governo continua no no mundo atual. A maior parte dos prédios comerciais prédio comercial classe A na região da Faria Lima. Possuímos outros dois projetos atuamos no setor residencial e comercial. Quando o mercado caminho das reformas. O Brasil deu grandes passos em direção sofreu uma grande perda de ocupação devido à crise residenciais menores, mas com o mesmo prestígio, na região do Parque do de empreendimentos populares tornou-se uma oportunidade à estabilidade macroeconômica sob a presidência de Lula, graças mundial nos últimos dois anos, mas a taxa de vacância Ibirapuera: o Le Paysage e o Marquise. O Club Life no Morumbi e o Hipódromo interessante, conseguimos trabalhar com a Yuny para estruturar em grande parte à posição independente do Banco Central. Quando permaneceu estável em São Paulo e, no Rio, houve, na na Mooca são exemplos de nossos projetos populares de grande sucesso. O uma nova parceria em conjunto com a Atua, que é especializada chegou a crise, o Brasil estava relativamente bem posicionado para verdade, uma melhora para menos de 4%, enquanto que Hipódromo, um empreendimento com 422 unidades realizado em parceria com no mercado de imóveis populares. lidar com o choque mundial. 12 REVISTA OUTUBRO 2010 13 REVISTA OUTUBRO 2010 INSTITUCIONAL “A parceria com a Yuny contribuirá para mudar a paisagem de São Paulo.” Nossa contribuição é em grande parte em forma de capital, e em oferecer conhecimento na avaliação de oportunidades atrativas de investimento. A contribuição primária da Yuny é em identificar negócios atrativos e depois trabalhar intensamente para executá-los. Uma das grandes iniciativas, pela qual o governo Lula pode Com o passar dos anos, a Yuny construiu operações levar o crédito, é o programa de habitação popular Minha sólidas de incorporação e conhecimento profundo Casa Minha Vida. O governo reconheceu que a habitação tinha sobre vários aspectos do mercado imobiliário, e nós potencial de continuar a ser um mecanismo de crescimento para estamos muito impressionados com o profissionalismo toda a economia, mas que precisava do apoio do governo, uma com que eles conduzem seus negócios. A Yuny cresceu vez que os investidores privados rapidamente se retiravam após ao ponto de se tornar um grande participante deste a quebra do Lehman Brothers no final de 2008. Nós acreditamos mercado, e estamos felizes em poder contribuir para que o programa, apesar de suas deficiências administrativas e isso. Temos uma parceria exclusiva para os projetos objetivos otimistas demais, vem trazendo muitos benefícios para que a Yuny identifica e realizamos inúmeros projetos o setor. Ele melhorou o acesso a financiamentos e possibilitou em conjunto nos últimos três anos. Por exemplo, a a compra da casa própria, pela primeira vez para um grande Yuny está atualmente desenvolvendo um dos projetos número de pessoas das classes média e baixa. comerciais mais sofisticados na Faria Lima chamado A expansão dos limites de empréstimos SFH, os aumentos Infinity, e grande número de empreendimentos dos prazos de financiamento para até 25 anos e uma queda nas residenciais em São Paulo, muitos dos quais foram taxas de juros reduziram drasticamente as prestações mensais totalmente vendidos em tempo recorde. necessárias para se comprar uma casa. O valor da prestação caiu de 15 a 50% dependendo da classe social e para algumas famílias passou a ser menor do que o valor E o que espera, no futuro, como resultado deste trabalho conjunto? do aluguel. Este tipo de mudança da acessibilidade econômica, Nossa parceria tem sido vantajosa para ambas as partes, estimulada pelo programa de subsídio do governo, aumentou e esperamos que assim seja por muito tempo, uma vez que consideravelmente a demanda por imóveis. Acreditamos nossos planos no Brasil são de longo prazo. Os executivos que o programa acrescentou 12 milhões de famílias na base seniores da Yuny sempre nos deram todo apoio e têm sido de compradores em potencial. É claro que esta acessibilidade um recurso de grande valor para nossos investidores, que financeira hipotética não significa que todas essas pessoas irão gostam de viajar para o Brasil para ver o mercado de perto agora correr para comprar uma casa. Mas significa que um dos e falar com nossos parceiros operacionais. Agora que um maiores entraves ao crescimento foi minimizado, uma vez que o grande número de nossos projetos com a Yuny já saiu do financiamento imobiliário está agora à disposição e em expansão papel, posso dizer que a parceria contribuirá certamente – diferentemente da situação da maioria dos outros países. para mudar a paisagem de São Paulo. Antes de qualquer coisa, estamos focados em investimentos lucrativos, mas Como vê esta parceria com a Yuny Incorporadora? 14 REVISTA é bom saber que nossos negócios estão contribuindo para Nossa parceria com a Yuny foi e continua sendo baseada mudar de forma positiva o espaço urbano e o crescimento no reconhecimento de que ambos os parceiros contribuam sustentável de São Paulo, e mudando a cara da cidade de forma significativa para o negócio. para melhor. OUTUBRO 2010 C U LT U R A UM CASAL BRILHA NA CENA DAS ARTES Os colecionadores Heitor Martins e Fernanda Feitosa agitam a Bienal e a SP-Arte. Paulo-Arte/Foto, realizada todos anos no salão do roof do Shopping Iguatemi. Enquanto Heitor garante uma 29ª edição da Bienal vigorosa e de “fôlego”, porque “a arte é para todos e a sua demanda, hoje, é enorme”, Fernanda completa a ideia do marido: “Eu não diria que arte é coisa para as elites”. Aqui, mostramos em um pingue-pongue artístico, de quem conhece profundamente seu ofício, a complementaridade e a harmonia existente entre os dois de gostos, tendências e afeto. HEITOR MARTINS: “O MINC É UM PARCEIRO ESTRATÉGICO” Yuny: Há um ano o senhor previu que a 29ª Bienal, em outubro, estava orçada em R$ 20/25 milhões. Mantém esse orçamento? Heitor: O orçamento está um pouco maior, em R$ 30 milhões, porque acrescentamos a parte educativa, um programa que prevê a visita monitorada de 300 a 400 mil alunos por 40 mil professores contratados — daí a diferença do original. Y: E disse também que essa seria uma “Bienal de fôlego”. Confirma a sua previsão? Será uma Bienal vigorosa, marcante? H: Sem dúvida! Será 160 artistas, dos quais 110 estrangeiros, formando uma Bienal bem contemporânea: um retrato fidedigno da produção atual. Trata-se de uma POR LÉA MARIA AARÃO REIS das maiores proporções entre brasileiros (que chegam a N 30%) e estrangeiros. É um limite alto, considerando que a sala da casa de Heitor Martins e Fernanda anteriormente eles não chegavam a 20%. Feitosa, no Morumbi, se destacam trabalhos de Tunga e de Farnese, dois artistas muito Y: Não haverá mais um artista único homenageado na queridos do casal. Suas obras fazem parte de 29ª Bienal. Por quê? uma bela coleção que vem sendo montada H: Não existem mais artistas homenageados ou núcleos pelos dois, com todo cuidado e carinho, ao longo dos históricos ou salas de referência. São sete curadores sendo últimos treze anos. A amostra é diversificada e seus donos dois brasileiros – Moacyr dos Anjos e Agnaldo Farias – e cinco brilham no cenário das artes plásticas brasileiras. Heitor internacionais, quase todos ligados a grandes instituições: da é sociodiretor da McKinsey Consultoria, e há um ano foi Espanha, do Japão, da Inglaterra e de Angola, além de uma eleito, praticamente por unanimidade, para a presidência independente, de Miami, nos Estados Unidos. A ideia é cobrir da Fundação Bienal de São Paulo – “uma máquina que a produção contemporânea, com uma visão abrangente. tem de ser administrada profissionalmente”, ele observa. 16 REVISTA OUTUBRO 2010 Já Fernanda, sua mulher, idealizou e é a coordenadora da Y: Artistas brasileiros que vivem e trabalham na Europa, festejada mostra SP-Arte, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, em especial em Berlim, dizem que a discussão que vem da Bienal, com 80 estandes e faturamento, em 2009, se travando no Brasil, há algum tempo, de que “a arte de US$ 15 milhões, assim como o seu filhote, como ela estaria morrendo” ou “esvaziou conteúdos”, não existe por mesma diz, o desdobramento da SP-Arte, a simpática São lá. Qual a sua opinião? 17 REVISTA OUTUBRO 2010 H: O Ministério da Cultura é um parceiro estratégico, tem efetivamente um projeto e entende a importância da Bienal. Vem apoiando nos diversos planos inclusive com aporte de recursos – é muito bacana. Y: Sua eleição para a Fundação da Bienal foi quase unânime. Apenas um voto contra. Isto deve ser motivo de grande orgulho. Y: Qual ou quais os trabalhos da coleção do casal são os H: Era um momento muito específico e não votaram em mim, mas prediletos, os mais queridos? na Bienal. F: Temos muito carinho pelas obras do artista já falecido Farnese de Andrade que conseguimos juntar ao longo Y: Deve ser gratificante e agradável ser marido de uma mulher desses anos todos. Foi uma das primeiras obras de que que também aprecia arte e possui excelente cultura nessa área. nós gostamos, mas não foi possível comprar quando Costumam frequentar junto galerias e mostras especiais em éramos jovens. Por causa de uma dessas voltas que a vida museus quando viajam? dá, terminamos comprando inúmeras obras dele depois. H: A melhor parte do casal é ela. Há uma complementação muito Temos também uma pequena coleção de trabalhos de grande nas artes, na coleção e na relação como um todo. Volpi, que fomos juntando, e muitas outras obras. É difícil dizer: gostamos de tudo que está em casa! Y: Vocês têm gostos e tendências semelhantes? Quais as diferenças? H: Ela é mais contemporânea. Eu sou mais moderno, mais tradicional. FERNANDA FEITOSA: Y: Repetidas vezes você ressalta que comprar e colecionar arte não deve significar status ou ascensão social, mas sim prazer estético. Essa percepção já existe por parte “Temos muito carinho pelo trabalho de Farnese” da maioria dos colecionadores brasileiros? Eles não Yuny: Sua coleção começou a ser montada no Brasil ou quando consideram ainda que comprar arte é um investimento morou fora? É um costume que vem de família? Qual o primeiro meramente financeiro? trabalho que adquiriu? F: Acho que tudo feito por prazer ou hobby deve estar H: Esta discussão está superada no Brasil. O papel da Bienal é ser rica Fernanda: Compramos a primeira obra durante a nossa lua de mel, no ligado ao que se gosta ou ao que se acredita. Assim do ponto de vista plástico. É fazer uma mostra provocativa, bonita e Nordeste, em 1993, e temos até hoje! Depois, quando do nascimento começou nossa coleção. No entanto, tenho que admitir quinze anos. Nessa época decidi fazer o mesmo aqui no Brasil. Viagens a outras política também. Em nível plástico e não teórico. do nosso primeiro filho, compramos outra e assim foi indo. Aos que, às vezes, em um determinado momento, esse hobby feiras internacionais fizeram parte, no início, de estudo e aprendizado de como poucos, o gosto de ver e conhecer novos artistas ia aumentando pode tomar uma dimensão maior e acabar representando são montadas as maiores e melhores feiras de arte do mundo. Atualmente, Y: Como faz para conciliar suas atividades de empresário e consultor e as possibilidades de adquirir alguns trabalhos foram aparecendo. uma parcela importante do patrimônio. Nesses casos, essas viagens fazem parte do processo contínuo de relacionamento e divulgação na McKinsey com as de presidente da Fundação Bienal? Meus dois tios por parte de pai, Roberto Feitosa e Mario Pacheco, obviamente, o aspecto do investimento não pode ser da nossa feira no exterior. H: Trabalhamos em equipe, em uma diretoria com nove pessoas, são artistas plásticos. Desta forma, convivi bastante, na infância, com ignorado, e tem que ser levado em consideração também diferente do passado centralizador. E temos trinta colaboradores. Ou telas e tintas. Mas nunca no meio colecionador em si. no momento da decisão de compra. Acho que muitos Y: Nesta próxima SP-Arte/Foto, serão quantos visitantes entre galeristas, Heitor Martins: no seu escritório há trabalhos de Ernesto de Fiori e José Resende seja, somos cerca de quarenta pessoas, todos nós voluntários. Fernanda Feitosa: na coleção do casal, obras de Thiago Pitta e do argentino Matias Duville colecionadores pensam desta forma na maior parte das artistas e colecionadores? E quantos expositores? Y: Quando decide adquirir algum trabalho, quem bate o martelo – você compras. Obviamente, quando a paixão por uma obra bate F: A SP-Arte/Foto, 4ª edição, é uma feira dedicada exclusivamente à fotografia Y: Qual o seu balanço depois de praticamente um ano nesse cargo? ou seu marido? Ou os dois juntos? Você tem o gosto semelhante ao dele? forte, o aspecto financeiro perde para o emocional. e vídeo. É realizada anualmente no nono andar do Shopping Iguatemi, em São H: Um balanço positivo. Porque especialmente descobrimos que F: Combinamos desde que começamos que seriam decisões a sociedade tem vontade que a Bienal dê certo. Temos muitos conjuntas – compraríamos o que ambos admirássemos. Temos gostos Y: Foi depois de viagens à feira de Basel, à Fiac, à Frieze, parceiros, dos meios de comunicação ao apoio das empresas: Itaú, semelhantes, gostamos das mesmas coisas, mas às vezes temos entre outras, que idealizou a sua SP-Arte? Como é que a Fiat, Rede Globo, Oi, e das pessoas, artistas, galerias, sociedade civil pontos de vista diferentes e discutimos se um determinado trabalho se ideia surgiu? Y: A economia no Brasil, hoje, favorece em que medida o movimento de como um todo, passando pelos governos em todas as instâncias. encaixa ou não na coleção, se precisamos ou não dele ou se teremos F: Não. Foi quando morei na Argentina e visitei a feira de compra e venda de arte? outra oportunidade de adquiri-lo, se podemos esperar mais, etc. O lá; me chamou atenção que um país como aquele, com F: A economia aquecida do País favorece, e muito, o mercado de arte. Na Y: E como está a colaboração do MinC em relação à Bienal? Apoia de interessante é que nunca o processo de compra é igual ao outro. Cada mercado de arte e produção artística bem menor que a medida em que as pessoas sentem a economia forte, ficam mais esperançosas que modo? obra tem sua particularidade, sua história, sua procedência. brasileira, tivesse uma feira de arte contemporânea há e as decisões de investimento em arte são mais fáceis. 18 REVISTA OUTUBRO 2010 Paulo. São 18 galerias participantes e o público aguardado é de 7 mil pessoas. O patrocínio é da Oi e do Shopping Iguatemi. 19 REVISTA OUTUBRO 2010 C U LT U R A Fernanda Feitosa (2ª à esq. ) e a equipe das duas SP-Arte Y: Essa movimentação continua sendo de elite? sobre a SP-Arte e faz confusão. A última SP-Arte/2010 foi um grande F: Nem tanto. Eu não diria que arte é um movimento de elite. O ato sucesso de público, de vendas e de qualidade de obras. Estamos de colecionar arte, no sentido de comprar um conjunto expressivo orgulhosos do padrão alto de qualidade que conseguimos alcançar. de obras que representam um movimento ou um período não é A feira já é comentada espontaneamente no exterior, por outras para todos, como nunca foi. A feira vem crescendo bastante. Este galerias internacionais e por curadores que passaram por aqui. ano quase metade dos visitantes nunca tinha ido à feira antes. São pessoas curiosas e interessadas em ver arte, e isso é um sinal de que Y: E a SP-Arte/Foto do Iguatemi? esse interesse está aumentando. O número de compradores na feira F: A SP-Arte/Foto é um evento filhote da SP-Arte, e vem sendo representa menos de 10% dos visitantes. Ou seja, o resto do público realizada desde 2007 no Iguatemi. É um evento muito importante está “consumindo cultura” e participando da economia cultural do para a fotografia nacional porque procura colocar a fotografia e seus País. Isso é importantíssimo em uma nação se pretende ser desenvolvida! protagonistas em destaque especial. Y: Fora do eixo Rio-SP, há outros centros de excelência artística no Y: Seus filhos também gostam de artes plásticas? Como vocês Brasil, hoje? inculcaram neles esse interesse? F: Sim, mas não o suficiente. Fora de São Paulo-Rio, já temos Minas F: Nossos filhos gostam muito de arte e curtem visitar a feira. Isso Gerais, Recife, Bahia. é um processo de educação que começa na infância, com visitas a museus, tanto no Brasil como no exterior, sempre que possível. No Y: Pode fazer um balanço da mais recente SP-Arte na Bienal? início reclamam, é claro, pois acham tudo muito parado essa coisa F: Gostaria que o público tivesse muito cuidado. A SP-Arte nada contemplativa. Mas depois passou a fazer parte dos seus repertórios, tem a ver com a Bienal. Ela é um evento que ocorre no Pavilhão tanto quanto ir ao parque. Uma coisa interessante é tentar fazer com Ciccillo Matarazzo. O evento não se confunde com a Bienal, mostra que esse processo seja atraente. Isto é: por trás de cada obra, por de arte realizada pela Fundação Bienal de dois em dois anos. Tenho exemplo, há uma história a ser contada sobre o artista e isto desperta um cuidado especial em distinguir as duas mostras. Muita gente lê a atenção deles e ajuda a criar o interesse. 20 REVISTA OUTUBRO 2010 GIFT FESTA NO CÉU: O PASSEIO VALE CADA CENTAVO POR ANA MARIA SANTEIRO • FOTOS HELIBRAS/DIVULGAÇÃO A lgum tempo atrás uma escritora americana entrou em meu escritório esfuziante. Havia acabado de fazer um voo turístico em helicóptero pelo Rio de Janeiro e, de maneira bem enfática, exclamava: it worths every cent I paid! Desde então, quando algo muito bom me acontece, sempre lembro desta expressão. Outros tantos anos já se passaram depois da experiência da escritora, quando um amigo, médico do Corpo de Bombeiros, me perguntou se eu já havia voado de helicóptero. Naquele momento, a experiência não era de maravilha, mas de espanto, por constatar que, visto do alto, o Rio de Janeiro era uma grande favela com uma Zona Sul, tal a ocupação dos morros pelas camadas mais pobres da cidade. Entre um tempo e outro, voar de helicóptero deixou de ser exclusivo dos passeios turísticos, das ações de salvamento ou de operações militares. Com a crescente urbanização das cidades e o tráfego a partir da década de 1970, sobretudo nas metrópoles, transitar pelos ares tornou-se uma real possibilidade para muitos executivos e homens de negócio que tentavam exercer o dom da onipresença. 22 REVISTA OUTUBRO 2010 23 REVISTA OUTUBRO 2010 GIFT Os céus brasileiros têm uma frota de cerca de 1.000 aparelhos, dos quais 452 estão concentrados em São Paulo, a maior frota do mundo, deixando Nova Iorque em segundo lugar, com uma frota de 445 – que possui 272 helipontos, apesar de apenas 86 terem licença para operar. No Brasil, o início da exploração do petróleo em alto mar pela Petrobras também contribuiu para um aumento 24 REVISTA própria frota. Atualmente são 51 aeronaves dedicadas, embrionário, este voo elevou-se cerca de 30 cm acima do solo, e por apenas voos turísticos. Os céus brasileiros têm uma frota de cerca sobretudo, às opererações off-shore. 20 segundos! Um ano antes, em Paris, Santos-Dumont realizara os voos com os de 1.000 aparelhos, dos quais 452 estão concentrados em na demanda por helicópteros para operações off-shore. Apesar de ter sido pensado por Leonardo da Vinci em Oiseau de Proie (1, 2, 3), elevando-se, com o terceiro, a 6 metros do chão, e São Paulo – a maior frota do mundo, deixando Nova Iorque Em 1973, por exemplo, a Líder, a mais antiga empresa 1510, a invenção do helicóptero só aconteceu no início percorrendo 220 metros. Um pouco antes teria também iniciado a construção de em segundo lugar, com uma frota de 445 – que possui 272 brasileira de serviço de táxi aéreo, ganhou a primeira do século XX, período em que as ideias e as invenções um helicóptero, projeto que, entretanto, logo abandonou. Entre os anos 1920 e helipontos, apesar de apenas 86 terem licença para operar. concorrência para prestação de serviços à Petrobras, fervilhavam, no rastilho da chamada Revolução Industrial, 1926, novos avanços são introduzidos pelo argentino Raul Panteras Pescaras — A indústria brasileira tem se destacado na aviação interligando as plataformas de prospecção de petróleo iniciada na segunda metade do século XIX, com a substituição ajuste angular das pás — e, finalmente, em 1937, a piloto de teste alemã Hanna executiva tanto na produção quanto na comercialização na costa brasileira. Para essa atividade foram adquiridos da energia humana pela energia motriz, e do modo de Reitsch realiza o primeiro voo de um helicóptero completamente controlável. de voos, com a presença de importantes empresas, na ocasião oito helicópteros Sikorsky S-58T. Entretanto, produção doméstico pelo sistema fabril, gerando uma A presença do helicóptero é, portanto, bastante recente na aviação, pois como a Helibras, fundada em 1979, pertencente ao levaria ainda onze anos para definitivamente incluir notável evolução tecnológica. Grandes desenvolvedores apenas na década de 1940 é que se inicia a sua produção em série. Destinados grupo francês Eurocopter, que também possui fábricas o helicóptero como uma unidade importante de suas da época, como Louis Breguet, Igor Sikorsky e Paul Cornu originalmente apenas ao uso militar, os helicópteros, da metade do anos na França, Alemanha e Espanha. A fábrica brasileira está operações, passando a representar — até 2003 — a Bell abriram caminho para esse tipo de aeronave (com rotor), 1960 em diante, foram encontrando outras funcionalidades de natureza civil: situada em Itajubá, Minas Gerais, onde recentemente Helicopter Textron, no país. E só na década seguinte cujo primeiro voo bem sucedido e registrado ocorreu em transporte de passageiros, salvamento, resgates, transporte de cargas, vigilância inaugurou uma nova planta. “Não se trata apenas de uma incluiria um helicóptero — o Sikorsky S-76 — na sua 1907, realizado por Cornu, em Lisieux, na França. Ainda civil e contra incêndios, filmagens, coberturas jornalísticas, transporte de doentes, simples expansão da fábrica, mas também do aumento da OUTUBRO 2010 25 REVISTA OUTUBRO 2010 GIFT capacidade de engenharia da Helibras, para que, a partir da próxima mercado são os centros de serviços voltados exclusivamente para década, a empresa passe a fabricar completamente os helicópteros o segmento. É o caso do Helipark, helicentro privado, inaugurado no Brasil”, impulsionando o mercado de fornecedor de peças, em 2002, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, seguindo a como lembra Eduardo Marson, presidente da Helibras. Desde 1979 tendência mundial de se afastar o tráfego intenso de helicópteros a Helibras já entregou mais de 500 helicópteros no Brasil, sendo dos aeroportos e grandes concentrações urbanas por razões de 70% do modelo Esquilo, dentre os 11 modelos que fabrica. Cotada segurança. Projetado pelo arquiteto João Armentano, é o maior da como a indústria líder no Brasil, tem 49% do mercado civil, 81% América Latina, com estrutura necessária para que se realizem — do mercado governamental, 66% do mercado militar e 46% do com segurança — operações de atendimento de pista, manutenção, mercado corporate. Mas se o tráfego aumenta, outras oportunidades abastecimento e hangaragem de helicópteros. Ali, empresários, surgem para novos negócios e outras empresas vêm compartilhar executivos, personalidades circulam em modernos aparelhos Bell este céu promissor. A paulista Helimarte Taxi Aéreo, por exemplo, Textron, Robson Helimagic e Esquilo (da Helibras). em apenas onze anos no mercado, dispõe de uma frota de 10 Se na canção da Angélica ela ia de táxi, numa versão atual da helicópteros com capacidade de 3 a 6 passageiros, transportando fábula Festa no Céu o sapo não precisaria ir de clandestino na viola de executivos em viagens de negócios a monitores de trânsito, do urubu. Certamente pediria carona a um besouro muito estranho, entre outros. Um outro indicador que revela o potencial deste de nome mais esquisito ainda: helicóptero. 26 REVISTA OUTUBRO 2010 B E M - E S TA R QUASE PROFISSIONAIS Atletas nada amadores treinam por amor ao esporte POR ANA MARIA SANTEIRO H á algumas décadas, a OMS – Organização Mundial desenhado para esta prática. A difusão do cooper pode ser da Saúde – vem propondo o incentivo à prática considerada como o início de uma rotinização da atividade de atividades físicas como política preventiva física entre os habitantes das zonas mais urbanizadas das para uma série de doenças relacionadas ao cidades em todo o mundo, fazendo, inclusive, surgir um sedentarismo presente em nossas sociedades tão novo mercado – o dos atletas quase profissionais. Sim, urbanizadas. No decorrer das últimas, pelo menos quatro porque entre os atletas existem algumas categorias: décadas, o conceito de vida saudável foi se associando ao os profissionais, que têm no esporte a sua profissão e desenvolvimento do esporte de lazer de tal maneira que fonte de renda; os amadores, que têm outras profissões, um cardápio variado de opções de esportes e de exercícios mas também se dedicam a atividades esportivas com físicos se abriu para milhões de pessoas no mundo. regularidade; e os amadores de fim de semana, que só se Quem não se lembra do cooper (ou jogging), aquela 28 REVISTA exercitam nos dias livres de trabalho. corrida (ou trote) num ritmo sem exagero, criada pelo Tradicionalmente a prática dos esportes estava restrita médico americano Kenneth Cooper, muito difundida nas aos clubes e associações particulares, que ofereciam aos décadas de 1970 e 1980, cuja meta é aumentar a condição seus associados a possibilidade de nadar, remar, jogar física com menos desgaste ao corpo? Muitas pistas para tênis, golfe, vôlei, basquete, judô, jiujitsu, ginástica rítmica, sua prática foram criadas nas áreas litorâneas das cidades, bocha. Apenas o futebol e o vôlei eram, e continuam em parques, nos condomínios, em volta de lagos e sendo, os esportes que também se praticava fora dos lagoas, ao longo de rios canalizados. Até um vestuário foi clubes: nas várzeas, nos campinhos, na areia das praias. OUTUBRO 2010 B E M - E S TA R Na pág. à esquerda dedicação é a palavra para quem busca completar provas de triathlon ou maratona. De cima para baixo: o helicóptero que registra o evento; a largada ao nascer do sol em Floripa; a chegada de uma atleta profissional - nove horas ou mais de muito esforço. Os novos atletas, igualmente aos atletas profissionais, são disciplinados e dedicam um bom par de horas aos exercícios. Alguns deles vão mais longe, incorporando a atividade como um hobbie. Participam, inclusive, de eventos esportivos e de competições não-profissionais que, entretanto, requerem praticamente o mesmo aparato de uma competição profissional. Como diz o médico paulista Dr. Ruggero Bernardo Guidugli, especialista em medicina esportiva, e ele mesmo um ultramaratonista, “quem corria para fugir da obesidade ou por recomendação médica se tornou um atleta com equipe multidisciplinar: personal Bikes leves e confortaveis para suportar os 180 km trainer, nutricionista, fisioterapeuta, ortopedista. Para os triatletas, por exemplo, a rotina de exercícios é diária: corrida, nado, pedalada, musculação. O paulista Carlos 30 REVISTA A universalização do conceito de prática esportiva com Caminhar e correr são boas opções de atividade física Galvão, consultor de marketing, diretor geral do Ironmman vida saudável e prevenção de doenças estendeu-se a por serem fáceis de praticar e sem maiores custos. A Brasil, e triatleta desde 1998, corre, nada, pedala e faz todos os segmentos da sociedade e novas modalidades adesão maciça a ela foi uma das primeiras manifestações musculação todos os dias, alternando as modalidades, em de esporte de lazer foram sendo criadas e desenvolvidas, da mudança de hábitos neste sentido. À tradicional alta carga, de domingo a domingo. A modalidade criada como, por exemplo, os esportes de aventura e os radicais. corrida de São Silvestre, na capital paulista, no último há 20 anos no Havaí inclui 3.880 metros de natação no Outros ambientes também foram surgindo para a prática dia do ano, veio somar uma infinidade de corridas, mar, 180 quilômetros de bicicleta e, para finalizar, uma de esportes ou de atividades físicas orientadas para o maratonas, meia-maratonas, de orientação, de aventura, maratona de 42 quilômetros de corrida. Ou seja, para a condicionamento e bem-estar físico: as academias ou de montanha, Ironman, triathlon (associada ao nado e maioria dos participantes, mais de 10 horas de exercício centros de fitness, os ginásios pluriesportivos e quadras à bicicleta). Se os participantes não são profissionais, físico ininterruptos. Desafio que tem atraído cada vez mais de futebol, de vôlei, de tênis, públicas. Muitos clubes a organização, entretanto, passou a ser, contando com participantes no mundo todo. Na última prova da edição ampliaram a categoria socioatleta, abrindo suas instalações equipe, inscrição, largada no horário, percurso aferido, brasileira da competição, que acontece em Florianópolis para aqueles que buscam um local para exercitar o hidratação, classificação, cobertura de imprensa e ranking. desde 2001, participaram 1.650 atletas, de 33 países. A esqueleto e fugir do sedentarismo. Novos condomínios de Uma excelente ferramenta de marketing promocional para organização do evento distribuiu 50 vagas para o Havaí, casas e edifícios também têm sido pensados com quadras muitas empresas, sempre associando alguma campanha entre profissionais e amadores, além de prêmios em de esporte ou salas de ginástica. de responsabilidade social. dinheiro para os melhores profissionais. OUTUBRO 2010 31 REVISTA OUTUBRO 2010 B E M - E S TA R Para Marcos Paulo Reis, carioca radicado em São Paulo, um dos maiores treinadores de corrida, triathlon e pedestrianismo, a prática esportiva é uma filosofia de vida. Assim, além de seu trabalho, seja à frente de sua assessoria esportiva, ou das equipes olímpicas que treina, ou ainda de suas colaborações como comentarista esportivo em várias mídias, encontra tempo para desenvolver um programa de iniciação esportiva junto a comunidades carentes, como o que desenvolve em parceira com o Projeto Arrastão, proporcionando a centenas de crianças, jovens e adultos moradores da região de Campo Limpo, Zona Sul da capital paulista, a oportunidade de usar o esporte como ferramenta para a melhora da qualidade de vida e da inclusão social. A ideia de superação é inerente à prática esportiva ou física, tanto para atletas amadores e profissionais como para os atletas com deficiências físicas. Incontáveis são, portanto, as histórias e testemunhos de pessoas que se revelaram, se descobriram, superaram traumas ou encontraram novos sentidos para suas vidas através do esporte. No curioso livro Operação Portuga - 5 homens e um recorde a ser batido (Arquipélago Editorial), o jornalista Sergio Xavier Filho, diretor de redação das revistas Placar e Runner’s, relata como um grupo de amigos corredores não-profissionais busca alucinadamente bater um recorde pessoal do empresário Amílcar Lopes Jr. (o “Portuga”): 2 horas 43 minutos e 50 segundos, na Maratona de Chicago, em 2006. Uma marca extraordinária para um amador, que fez dele uma espécie de lenda no circuito dos corredores de rua de São Paulo. Para alcançar o objetivo, os amigos, que são executivos ocupados, driblam suas agendas apertadas, desviam de compromissos sociais e deixam de lado muitas horas de descanso ou de convívio familiar. E o circuito das maiores maratonas do mundo – Berlim, Boston, Chicago, Nova York e Paris – é o cenário ideal para as tentativas de derrubar o recorde do Portuga. O treinamento dos atletas não profissionais é quase um rito de passagem que requer muitos itens a cuidar e a cumprir. De amador fica apenas o sentido etmológico da palavra: esporte de quem ama fazer esporte. 32 REVISTA OUTUBRO 2010 Acima, Marcos Paulo Reis, idealizador do Projeto Arrastão. Abaixo, Amilcar Lopes, conquista tempo invejável para um atleta amador na maratona de Chicago rendeu assunto até para o livro de Sérgio Xavier (capa à direita) ARTE GRAFITE DISCIPLINADO O MOVIMENTO POP GANHA STATUS: VAI AO MUSEU, É RESTAURADO NA RUA E SE APRENDE NA ESCOLA. POR SERGIO ZOBARAN À s vezes confundido por gente mais desavisada Sobre pastilhas ou madeira, os grafites de César Profeta com a pixação (ou pixo) — aqueles rabiscos que têm até alfabetos próprios que representam Da inspiração hip-hop e marginal, o grafite conquista a cidade a rebeldia de alguns grupos de jovens definitivamente, e outros nomes também se fizeram importantes considerados criminosos, e por isso passíveis de prisão na cena paulistana: Ciro Schunenam, Boleta, Mazu, Rafa Cachos, –, o grafite (ex-”graffiti”, em inglês e no plural) cresce e Akeni. E mais: Titi Freak, Prozac, Espeto... São dezenas de famosos aparece em São Paulo há mais de trinta anos. Só que hoje ou quase, talvez centenas de ainda anônimos querendo a fama de é reconhecido, aceito e até incentivado por muita gente “Osgêmeos”, por exemplo. “Todo grafiteiro tem a sua identidade, – de galeristas a colecionadores, de jovens até museus, a sua assinatura que é reconhecida pelos outros – e atualmente literalmente. O MASP, por exemplo, a instituição cultural também pelo público”, diz a jovem marchande Jaqueline Martins. mais visitada na capital, dedicou meses de seu maior salão O grafite começou a aparecer nas ruas de São Paulo no final a uma exposição específica de alguns dos maiores nomes da década de 1970. O pioneiro oficial foi Alex Vallauri (1949- da área (como Zezão, Carlos Dias e Stephan Doitschinoff, 1987), italiano nascido na Etiópia, criado em Santos e depois este grande artista, que aliás não se diz grafiteiro) entre em São Paulo. “Erudito” para um meio que se espera marginal, 2009 e 2010. A Prefeitura também se mexe e o defende: foi artista gráfico formado em Comunicação Visual pela FAAP, o grande mural grafitado no túnel da Av. Paulista, uma onde deu aulas de desenho. Foi também pintor, cenógrafo e vez pixado, foi imediatamente restaurado por seus gravador – por ela começou sua arte. E, por fim, foi grafiteiro, funcionários. E mesmo uma instituição de ensino, instalada depois de especializações em Artes Gráficas na Suécia e na Rua Augusta, e que se dedica a cursos independentes, desenho na Inglaterra, além de ter estudado nos Estados a Escola São Paulo, faz do grafite uma disciplina com o Unidos, onde já grafitava. Aqui deu continuidade ao trabalho professor-grafiteiro Loro Verz. Disciplina no grafite? É a nos muros da cidade: anonimamente imprimiu o grafite de uma nova realidade de uma arte hoje abrigada pelas galerias. bota preta, de salto agulha e cano longo por aí, em um de seus As expressões são muitas: vão de Ozéas com seu Jesus trabalhos mais reconhecidos à época. Em breve, Vallauri volta à Cristo de orelhas de Mickey Mouse a tatus de Gejo feitos cena, pelas mãos de Jaqueline Martins, que reabre sua galeria. em estêncil nos bueiros abertos da cidade, como um alerta. 34 REVISTA OUTUBRO 2010 35 REVISTA OUTUBRO 2010 02 ARTE 01 A arte de rua seria assimilada no nosso mercado mais cedo ou mais tarde. A galeria Triângulo representa o Nunca (é, os grafiteiros normalmente têm apelidos irreverentes). A Thomas Cohn trabalha com Alex Hornest. E a futura galeria Zipper, de Fábio Cimino (que se instala em breve na Rua Estados Unidos, nesta febre de arte que ganha de novo a cidade), representa o Higraff. Mônica Filgueiras, tradicional galerista que sempre se renova, ou melhor, nunca deixou de ser atualizada e inovadora, trabalha com Oséas e Gejo, por exemplo. E existe também um grupo, o Família Baglione, que atua no mercado nacional e internacional com quatro grafiteiros, com destaque para Herbert Baglione (vale entrar no blog deles, ou no Facebook, e dar uma olhada). Obviamente, por vocação, a Choque Jaqueline Martins: “Ainda tem espaço para muitos artistas.” Ao lado, outra obra de César Profeta Cultural de Baixo Ribeiro e Mariana Martins tem a maior concentração de grafiteiros inseridos no mercado. “Mas ainda tem espaço e muitos artistas desconhecidos a serem E como e quando o grafite saiu das ruas e foi parar abrigados”, Jaqueline complementa, lembrando daqueles nas galerias? “A partir da década de 1980, a galerista em que também aposta: Pato, César Profeta, Vitché (com Suzanna Sassoun expõe Alex Vallauri. Aliás, ela foi a importantes exposições no exterior, como na Fundação primeira galeria a trabalhar com grafite em São Paulo”, Cartier em Paris, e em museus e galerias na Bélgica, diz Jaque. Hoje a mais emblemática entre as galerias de Alemanha, Los Angeles, Londres, etc.): “ótimos artistas grafiteiros é a Choque Cultural, inicialmente instalada em nas ruas, nas galerias, ou dentro de qualquer coleção.” uma casinha da Rua João Moura, em Pinheiros, e que E para falar de comercialização do grafite, consultamos ganhou recentemente outra unidade, na Vila Madalena, Jaque mais uma vez: “Acho que o critério deve ser a também especializada neles. Mas o movimento migratório qualidade. Se a obra é boa, o artista é sensível e criativo, não para por aí. “Galerias dos mais variados estilos têm OK!”. Ela encerra: “A arte de rua seria assimilada no nosso em seu time artistas que saíram da rua para elas”. Senão, mercado mais cedo ou mais tarde. Na verdade, por aqui vejamos: a Leme representa Nina Pandolfo — que, além demorou muito a chegar. Imagine que, em 1977, Alex do talento, ainda é casada com um dos irmãos-estrelas- Vallauri já estava participando da Bienal de São Paulo. E do-grafite, vulgo “Osgêmeos”, de notoriedade irrefutável pouco tempo depois já tinha uma galeria, e mesmo assim – representam para o grafite o que os Irmãos Campana a gente continua tratando o grafite como uma novidade, também o são para o design nacional. um movimento de agora...”. 36 REVISTA OUTUBRO 2010 37 REVISTA OUTUBRO 2010 ARTE Flávio no ateliê do Beco do Batman e em frente ao seu grafite na rua. NA CONTRAMÃO Flávio Rossi foi cartunista, artista plástico e hoje é grafiteiro até sob encomenda. Era uma vez um menino de Campinas que, como muitos, gostava Hoje, aos 31 anos, este Flávio ex-ilustrador e ex-caricaturista, de desenhar. Aos seis anos, o filho de projetista (e músico nas é artista e tem seu atelier no Beco do Batman, na Vila Madalena, horas vagas) sentava-se ao lado da prancheta do pai e rabiscava, epicentro da cena grafiteira de São Paulo. Com técnica e precisão, rabiscava... As consequências juvenis foram a banda de garagem e virou do avesso e, por convivência e vontade de ir para a rua o curso de Artes Plásticas na PUC. Depois vieram as ilustrações para democratizar sua arte, é grafiteiro também. Entre seus orgulhos os manuais da Tigre e a descoberta do humor, da caricatura. Prêmios estão: o de ter seu grafite intacto no muro do bairro, e flashes de na área? Em (quase) todos os salões de humor brasileiros, do Piauí visão antes de começar cada novo trabalho, além de uma história a Piracicaba, o mais importante de todos. A passagem pelo Correio meio à la Jean-Michel Basquiat, que já grafitava enquanto ele apenas Popular de sua cidade serviu de trampolim para as colaborações nascia. No mesmo tempo em que Alex Vallauri espalhava pelos na Editora Abril, produzindo para revistas como Superinteressante, muros da cidade de São Paulo a sua bota, entre outros ícones. Então, Playboy, Veja, Saúde, Vip e Placar. Conheceu Ziraldo e trabalhou para enquanto discutimos, cerca de trinta anos depois de seu surgimento o (re)lançamento do Pasquim, onde “fez” de José Serra a Lula. Com no Brasil, a “validade” do grafite como obra de arte – e há mais de sucesso, mas sem reconhecimento artístico, o que mais queria, Flávio vinte anos comemoramos seu Dia Nacional, 27/3 –, o movimento se Rossi abandonou tudo e partiu para as telas em 2003, incensado por institucionaliza de forma avassaladora em São Paulo, como no mundo Pedro Martins, filho de Aldemir, seu primeiro marchande. Livre da (vide o fenômeno inglês Banksy). Como na história de Flávio Rossi, pauta jornalística, mas não do aluguel, foi criticado e despejado. Mas, com sua obra que hoje é feita até sob encomenda para restaurantes estimulado por Reinaldo Marques, fez uma exposição no Shopping como o Farofa Paulista (nos Jardins) e o Ringue (em Pinheiros). Flávio Iguatemi, vendeu e foi em frente. expõe na nova galeria de Luis Tripoli. 38 REVISTA OUTUBRO 2010 GASTRONOMIA Depois de lançar Piquenique, o músico e gourmet revela suas preferências enogastronômicas. o l u a P o ã S em a t t o M d E m o c N IO ZOBARA POR SERG ÇÃO N eto de cozinheiro, o cantor e compositor carioca Ed Motta trouxe ao público, no primeiro semestre de 2010, o décimo disco de sua carreira, Piquenique – que marca a estreia da parceria com sua mulher Edna Lopes, também companheira de degustações “clássicas e conservadoras”. Em seguida, este expert em boa comida e bebida, especialmente vinhos, conversou com a revista Yuny sobre seus gostos à mesa. Respondeu às nossas perguntas de uma forma objetiva e franca, atendendo à nossa curiosidade – e ainda deu dicas preciosas sobre restaurantes. Especialmente em São Paulo, que, para ele, faz uma das melhores gastronomias do planeta: “tem excelência”. IVULGA • FOTOS D Yuny: Qual é o seu maior prazer: comer ou beber? Ed Motta: Adoro comer, mas os vinhos me dão vontade de chorar, me emocionam mais. Y: Quais são as suas preferências gastronômicas? O que seria um menu ideal? EM: Adoro desde um menu de trufas brancas até uma simples e boa massa pommodori basilico. Minha carne favorita é o pato – e as aves em geral. De sobremesa, prefiro queijos como um Époisses de Bourgogne com um bom Sauternes. Y: O que mais preza em um restaurante – boa comida, é claro, e o que mais? EM: Taças corretas para vinho, isso é fundamental. Música baixa ou de preferência sem música. Ela não merece ser pano de fundo para a gastronomia – me irrito muito com isso. Quanto mais alta a música, mais sem noção é o lugar... geralmente esses restaurantes que têm um mesmo menu (que mistura) pratos de influência tailandesa com outros clássicos europeus. 40 REVISTA OUTUBRO 2010 41 REVISTA OUTUBRO 2010 GASTRONOMIA Ed Motta: “Bebo de joelhos vinhos brancos e tintos da Borgonha”. “Adoro vinhos do Velho Mundo, principalmente franceses, que pairam em um patamar acima de tudo.” Y: E o vinho é indispensável como acompanhamento a uma boa EM: D.O.M., Kinoshita, Vecchio Torino, Rufinos, La Brasserie / Erick refeição? Quais os vinhos de sua preferência? Jacquin e a cantina Speranza. Mas a lista é grande: vai de Due Cuochi EM: Adoro vinhos do Velho Mundo, principalmente franceses, que até a Casa Garabed (de esfihas especiais). O motivo é simples: São pairam em um patamar acima de tudo. Gosto sempre de um branco Paulo faz uma das melhores gastronomias do planeta, com grande antes do tinto, isso é religião. excelência em tudo. Y: O couvert é indispensável? Y: O que come rezando? E o que não come em qualquer hipótese? EM: Se for do Alex Atala, sim! Mas torradinha com focaccia velha EM: Trufas brancas e pretas. Não como fast-food jamais. Nunca muitas vezes é dispensável. gostei, prefiro arroz com ovo. Y: E a sobremesa? Qual, quais? Y: O que bebe de joelhos? E o que não bebe “nem que a vaca EM: As melhores para mim são as do Antiquarius: a torta de nozes e tussa”? a siricaia, e doces conventuais, meus favoritos. EM: Brancos e tintos da Borgonha. Malbecs em geral descem quadrado para mim. Y: A valorização do chef no Brasil está sendo correspondida na qualidade da comida? Y: Quem o acompanha nestas refeições? E de onde vem o amor EM: De certo ponto sim, mas tem muito curioso fazendo experimentos pela comida e pela bebida? e querendo desconstruir sem saber o que é uma construção. EM: Minha mulher Edna. Isso começou de casa, com minha mãe, por influência do meu avô que era cozinheiro. Y: Onde é melhor para se comer, Rio ou São Paulo? EM: No Rio é bem fraco: eu conto nos dedos de uma mão os lugares Y: E quais são as descobertas recentes e as combinações legais, e mesmo assim acho bem inferior a São Paulo. Comida na gastronômicas (inusitadas) que costuma fazer? América Latina é em SP, sem sombra de dúvida. Sushi, por exemplo, EM: Uma descoberta simples e deliciosa foi um risoto de quinua na só como aqui. No Rio e incomível. Casa de Francisca, uma casa de shows minúscula e muito charmosa no Jardim Paulista. Não sou adepto das misturas inusitadas: sou Y: Quais os restaurantes que mais frequenta em SP? E por quê? conservador e clássico à mesa. 43 REVISTA OUTUBRO 2010 BAIRRO NA VILA OLÍMPIA O FUTURO JÁ COMEÇOU Novo polo de negócios de São Paulo cresce e aparece. M ais recente, e quinto downtown corporativo a nascer na capital paulista – depois da tradição secular do Centro velho, da grandiosa Paulista e das consagradas regiões das avenidas Brigadeiro Faria Lima e Engº. Luis Carlos Berrini –, a Vila Olímpia é um dos bairros mais famosos com esta denominação tão bucolicamente provinciana de vila, como outras centrais de vocações tão diversas na cidade: a residencial Vila Mariana e a hypada Vila Madalena. É na Vila Olímpia, hoje lugar nobre da megalópole, que o futuro paulistano se desenha, e no seu cenário já o presente se afirma. Nas ruas e avenidas dessa Vila, algumas alargadas há muito pouco, existe uma atmosfera otimista e evolutiva de Blade Runner light, com seus edifícios altos. De futurismo, da fulminante eficiência no modo de produzir e de trabalhar no século XXI. 44 REVISTA OUTUBRO 2010 45 REVISTA OUTUBRO 2010 BAIRRO Fachadas espelhadas para edifícios inteligentes: a nova fase de um bairro que já foi um charco. Poucos podem imaginar, portanto, que a região, na sua parte alta (até a muitas dessas torres são verdadeiros cartões de visitas década dos anos 30 do século passado), se espreguiçava ainda sonolenta. Era de grandes empresas, como diz o arquiteto e urbanista uma vasta área verde pontilhada de bonitas propriedades rurais, de imigrantes Roberto Aflalo Filho, do Aflalo & Gasperini, escritório italianos e portugueses, que então começaram a ser loteadas. Na parte baixa autor de inúmeras obras no bairro “O endereço é uma desta Vila, a várzea do Rio Pinheiros – depois aterrada por causa das enchentes forma de uma empresa se apresentar, de se expor”, diz –, indústrias de médio porte, galpões, casas de vila e sobradinhos mostravam Aflalo. No décor que nos remete a fibras ópticas, às super a outra face do bairro. Ali estavam todos instalados num charco, tornando a tecnologias de ponta e às soluções arquitetônicas radicais, sub-região menos valorizada. as fachadas das torres, de modo geral – e isto vale para as O boom imobiliário da Vila Olímpia – com seu passado de chácaras, e hoje da Vila Olímpia, ainda segundo Aflalo – são uma espécie de com quase 200 prédios e 25 helipontos – é recente. Ocorreu a partir da abertura “membranas que separam o ambiente externo do interno, da imponente Avenida Faria Lima, que se chamaria Radial Oeste, na gestão do sem excluir a importância de pensar na estética”. Por detrás prefeito Vicente Faria Lima, nos anos 1960, e que ligava os bairros de Pinheiros de fachadas fascinantes, algumas quase hiper-realistas, há a ao Itaim Bibi. E, depois, da construção do seu prolongamento, nos anos 1990. A preocupação de manter a qualidade ambiental, a qualidade partir daí começaram a brotar as torres impressionantes e os edifícios inteligentes térmica (para bloquear a penetração do calor) e a qualidade típicos do fim do século passado no mundo todo, e uma das características básicas do ar. “E controlar a entrada excessiva da luz, interferindo na do século atual. Era o novo polo de negócios de São Paulo que se formava. Hoje, iluminação dos escritórios.”, observa o arquiteto. 46 REVISTA OUTUBRO 2010 47 REVISTA OUTUBRO 2010 BAIRRO APOSTA NO BAIRRO Restaurantes, chocolateria, ateliê de cerâmica e o Shopping: bucolismo e progresso. Mas há um outro rosto da Vila Olímpia que contrasta com o cenário francamente progressista. Ele foi criado por algumas pessoas visionárias e criativas que ali instalaram nas décadas passadas, nas casas sobreviventes do bairro, ateliês, cafés, restaurantes e pequenos escritórios de microempresas em que o tema é sempre este: charme. Stella Ferraz, a emblemática ceramista, é uma delas. Está há anos na Rua Chilon. A sapateira Paula Ferber é outra. Abriu seu primeiro espaço na mesma Vila. O restaurante Trio ali nasceu, há quatorze anos, e se criou com o poderoso banqueteiro Charlô entre seus sócios. Até hoje, sob o comando de Dudu Linhares, que abriu também um espaço de eventos com o mesmo nome, o Trio faz grande sucesso no horário do almoço comercial, no jantar e aos domingos, com o seu afamado brunch. Paula de Lima Azevedo ali instalou a sua conhecida chocolateria Sweet Brazil há mais de vinte anos, em uma casa de vila na Rua Cassiano da Silva Passos. “Quando cheguei aqui, em 1987, o bairro era uma grande favela, com ruas estreitas e engarrafadas, esburacadas ou sem saída, inundadas quando chovia, e praticamente sem calçadas – além dos pontos de crack. Eu trabalhava de portas fechadas e a minha primeira fábrica era protegida por grades porque, de vez em quando, recebíamos ameaças,” ela lembra, com o ar de quem diz parece que foi ontem. E foi mesmo! Hoje em novo endereço, com arquitetura de Alfredo Pimenta, muitos doces, bombons, barras de chocolate e salgados, a Sweet Brazil conta com trinta funcionários e uma loja defronte da pequena fábrica que é outro grande sucesso: serve mais de trezentos cafés, no horário do almoço, para executivos e, especialmente, segundo sua proprietária, publicitários que descem de seus edifícios de escritórios na Rua Funchal e na Rua das Olimpíadas e circulam pela ainda pacata Alameda Raja Gabaglia, onde está a Sweet Brazil de Paula. Outro que apostou na Vila Olímpia foi o chef Roberto Ravióli. Lá, ele inaugurou o seu primeiro espaço gastronômico, o Empório Ravioli, na Rua Fidêncio Ramos. E o bairro é também incubadora de outras cozinhas muito apetitosas: foi ali que se estabeleceu a cozinha do Arábia, famosa cadeia de restaurantes de comida árabe da cidade, entre outras. 48 REVISTA OUTUBRO 2010 PERFIL MORAR E COMPRAR (OU VENDER) BEM UM IMÓVEL Dr. Marcelo Terra: “O Direito Imobiliário é uma proteção a toda a sociedade”. POR LÉA MARIA AARÃO REIS U m dos mais respeitados especialistas em atenção à trilogia que acompanha a boa compra de Direito Imobiliário do Brasil, o advogado imóvel: a escolha do local, a análise atenta da planta e Marcelo Terra, sócio do escritório Duarte o preço convidativo. A seguir, uma entrevista construtiva Garcia, Caselli Guimarães e Terra, tem duas do Dr. Marcelo. certezas. A primeira é de que a construção, cada vez mais frequente, de condomínios horizontais Yuny: Quase diariamente lemos, na mídia, o noticiário e verticais na capital do estado e em outros grandes sobre o boom da indústria da construção civil e uma centros, atende necessidade dos habitantes das cidades, retomada das atividades imobiliárias, nos grandes hoje básica e crescente, de segurança não apenas centros do País. Ela existe mesmo? patrimonial, mas também pessoal. São empreendimentos Marcelo Terra: Sim, sem dúvida. Todos os indicadores que, além do mais, em geral, oferecem serviços in loco divulgados apontam para este incremento na atividade aos seus moradores – o que proporciona mais flexibilidade da indústria imobiliária. Aqueles que de alguma forma de locomoção através de ruas e avenidas congestionadas. trabalham com a indústria imobiliária sentem este A segunda afirmativa de Terra diz respeito à prática da acréscimo de atividade. E todos os indicadores apontam sua especialidade no Direito. “É o Direito que trata dos para uma efervescência sustentada. negócios cuja base é o imobiliário”, diz ele. Trata-se de uma atividade que visa a proteção de todos os protagonistas Y: Em uma grande cidade como é São Paulo, em quais envolvidos nas operações de negócios – investidores de regiões essa movimentação se verifica? imóveis e compradores de unidades habitacionais. MT: Em todas as regiões. São Paulo é, na realidade, um Membro do Conselho Jurídico do Sindicato de Compra e conjunto de diversas cidades. Cada bairro do centro Venda de Imóveis (Secovi-SP) e autor de diversos livros urbano e cada cidade da região metropolitana têm as sobre o tema, Marcelo Terra também observa que esses suas características e o seu público. Com o programa de condomínios atendem a todas as classes. E para quem governo Minha Casa Minha Vida, efetivamente todas as deseja seguir o seu exemplo pessoal, deve prestar regiões encontram demanda para os produtos imobiliários. 50 REVISTA OUTUBRO 2010 Dr. Marcelo Terra em seu escritório de São Paulo 51 REVISTA OUTUBRO 2010 PERFIL Y: No Brasil, o Direito Imobiliário já é uma área jurídica bastante conhecida. Como ele pode ser definida e quais são os seus objetivos? MT: O Direito Imobiliário é uma expressão bastante ampla. Na realidade, o advogado que trabalha com Direito Imobiliário pratica uma série de ramos do Direito (Civil, Comercial, Ambiental, Urbanístico, Tributário) interagindo com Direito Societário, Família e Sucessões. Gosto de dizer que o Direito Imobiliário praticado pelo nosso escritório é o direito dos negócios com base no Imobiliário. Y: E a quem ele protege? Aos incorporadores e construtores, e também aos clientes? “A atividade da indústria imobiliária permeia o meio ambiente, o consumidor, o urbanístico. A complexidade da legislação é cada vez maior”. MT: Como todo ramo do Direito, o Imobiliário existe e está à disposição da sociedade. Seu objetivo é regrar e disciplinar a vida em sociedade, protegendo, portanto, não essa ou aquela parte isoladamente, mas a relação contratual firmada. Portanto, em última análise, protege a própria sociedade como um todo. Y: Um empreendimento que seja espetacular, por exemplo, em São Y: Qual é a função do advogado nas incorporações, na Paulo, em uma área até então semidegradada, tem capacidade aprovação da compra do terreno, no contrato entre os de atrair negócios nas proximidades dele e, em médio prazo, sócios do negócio, na montagem jurídica do processo e no transformar a qualidade de vida dos moradores da região? relacionamento da empresa com poder público? MT: Sem dúvida. Há vários e inúmeros exemplos. Basta olharmos MT: Hoje em dia, o advogado dos negócios com base imobiliária o mapa da cidade. Alguns exemplos podem ser vistos no Shopping exerce estas múltiplas facetas, incluindo o relacionamento com o Iguatemi, em Alphaville, no Centro Empresarial. adquirente final do produto imobiliário: lote, unidade autônoma, ou título de valor mobiliário com base imobiliária como certificados Y: E qual é a sua opinião sobre a legislação – nacional, estadual, de recebíveis imobiliários, debêntures imobiliárias, fundos de municipal – que regulamenta o zoneamento urbano? Ela investimento imobiliário, etc. realmente protege o patrimônio público? E as alterações mais recentes nesse conjunto de leis? São justas? Elas procedem? Y: Em que medida os novos lançamentos de condomínios Y: Problemas na aquisição dos terrenos, por exemplo: pessoas MT: O grande segredo de uma boa legislação urbanística ambiental horizontais ou verticais, onde os moradores podem usufruir de idosas que não pretendem deixar as suas casas; o número cada consiste na sábia e ponderada coordenação entre atividade econômica dezenas de serviços, estão determinando novos comportamentos Y: Qual é o perfil do cliente mais cortejado pela atividade vez menor de terrenos disponíveis para compra; o tombamento e proteção urbanística e ambiental. E precisa ser de fácil compreensão e estilos de vida inéditos para os moradores das cidades? imobiliária? Jovem? Idoso? Desejoso de adquirir seu primeiro de imóveis pelos serviços de patrimônio... Em que medida tudo por todos os cidadãos. Mais ainda: precisa haver um grau de segurança MT: Em um grande centro urbano recheado de preocupações imóvel? Vem do interior do estado? É investidor? Compra para isto dificulta o trabalho de incorporação e compra de áreas jurídica para os investimentos que não podem ser surpreendidos a relacionadas ao trânsito e à segurança pessoal e patrimonial, os fazer negócio? interessantes? meio do caminho, seja por causa da alteração legislativa ou pela grandes condomínios vieram preencher uma lacuna para determinada MT: Penso que todo cliente é cortejado. O segredo está em se MT: A sociedade é cada vez mais complexa nos seus múltiplos modificação de entendimento de legislação anterior. camada da população. São extremamente positivos. descobrir o projeto adequado para o público desejado. ambiente, o consumidor, o urbanístico. A complexidade da legislação Y: Quais os cuidados que o empresário da atividade imobiliária, Y: E a insegurança crescente, em um grande centro como São Y: O senhor mora em condomínio? Em apartamento? Em casa? é cada vez maior. Alie-se este incremento de complexidade à natural devidamente assessorado pelos seus advogados, deve ter para Paulo? Determina mudanças nos lançamentos imobiliários? Costuma se beneficiar dos serviços do seu condomínio? diminuição de áreas destinadas a empreendimentos imobiliários nos realizar um bom negócio e, ao mesmo tempo, evitar a agressão MT: Sem dúvida. Voltamos ao exemplo dos grandes empreendimentos. MT: Moro em apartamento situado em prédio, e me beneficio da grandes centros urbanos. Resultado: maior dificuldade na aquisição, ao meio ambiente? E devemos lembrar também dos empreendimentos do tipo sala de fitness. com rapidez e com a necessária segurança, de áreas destinadas a MT: Trabalhar com os melhores profissionais de todas as áreas, saber loteamento fechado e de alterações arquitetônicas mais singelas, empreendimentos imobiliários. compreender a importância de sua atividade e de sua atuação no como as guaritas, que eram inexistentes nos projetos e no cenário Y: Como escolheu a sua moradia? seio da coletividade. paulistano até a década de 1980. MT: Pelo local, pela planta e pelo preço. regramentos. A atividade da indústria imobiliária permeia o meio 52 REVISTA OUTUBRO 2010 53 REVISTA OUTUBRO 2010 ESTILO YUNY NA VILA OLÍMPIA, O NOVO MODO DE VIDA Limited Funchal traduz o jeito de morar contemporâneo. 01. Perspectiva ilustrada da Fachada. C 54 REVISTA om uma localização excepcional – um dos objetivos. As unidades são totalmente integradas, como iluminado, como em edifícios de escritórios nova-iorquinos – um loft moderno. “Buscamos trabalhar últimos terrenos localizados no coração da Vila manda o jeito de morar contemporâneo: sala, quarto, com muito vidro, e por isso todos os terraços têm este tipo de fechamento e massa texturizada branca. Olímpia, na esquina das ruas Funchal e Gomes lavabo e cozinha formando um único volume – todos Portanto, é um edifício bem clean, com o forro dos terraços em madeira para aquecer um pouco“, diz de Carvalho –, em duas torres residenciais, com com janelas de piso a teto e terraço em toda a sua a arquiteta Grazzieli S. Gomes, coordenadora de projetos no Aflalo&Gasperini, escritório emblemático apenas algumas lojas abaixo do corpo de um frente, permitindo assim uma grande luminosidade no na cidade e no país, e autor do Limited Funchal, cujo paisagismo leva a assinatura de Marcelo Novaes. destes dois edifícios, o Limited Funchal lança, apartamento e flexibilidade total de layout. Ainda há os O Limited tem um salão de festas no térreo e no sexto pavimento está a área de lazer, que inclui em São Paulo, o conceito nova-iorquino de arquitetura duplex, apartamentos diferenciados, com 1 dormitório fitness, sauna, área de descanso e uma raia descoberta em cima do edifício mais baixo, conectado ao contemporânea: espaços inteligentes e multiuso. São no pavimento superior, e as áreas sociais no inferior. corpo mais alto por uma elegante passarela – e as garagens ficam nos quatro subsolos. “Em todas as pouco mais de 80 apartamentos de áreas variadas, com O fechamento dos terraços do Limited Funchal é feito opções de apartamentos buscamos criar um espaço qualitativo e flexível”, diz Grazielli. E continua: “Na um ou dois dormitórios, em cinco tipos de plantas – em “pele de vidro”, e em ambos os andares do duplex verdade, trata-se de um grande ambiente que pode ser dividido como se queira. Afinal, somente nos entre 62 e 130 m2 – os tamanhos ideais para os seus a sensação (e a realidade) é de um espaço amplo e apartamentos de dois dormitórios é que eles aparecem definidos e mais separados”. Mas ela relembra OUTUBRO 2010 55 REVISTA OUTUBRO 2010 ESTILO YUNY 02 02. Imagem ilustrativa. 03. Perspectiva ilustrada do apartamento de 67 m2. que a solução estrutural “limpa” da torre possibilita que, no contexto urbano de uma megalópole, a a junção de apartamentos, dando maior flexibilidade localização da moradia é fundamental – e traz aos futuros moradores e/ou investidores. contemporaneidade, além de status ao seu morador. 03 FICHA TÉCNICA* Como no Limited Funchal, cujo nome já diz tudo, NADA MAIS A DIZER é para quem preza conforto com praticidade! “Ser Tem gente que é antenada com o mundo, que tem Limited já traz uma dimensão da exclusividade e alto um lifestyle globalizado. E que busca as melhores padrão”, diz a campanha de lançamento. Porque o marcas porque sabe que seus produtos têm mais nome do empreendimento, que tem este conceito, qualidade. A Yuny entendeu isso e buscou enfrentar já diz tudo. Daí o slogan criado: “Nada mais a dizer”, um de seus maiores desafios: trazer para São que mostra a força do produto, valorizando tudo Paulo um novo padrão “grifado” de apartamentos. o que é Limited. E que começa na Vila Olímpia, A partir de pesquisas, a incorporadora constatou desenvolvido para quem tem muito a dizer. TORRE A TORRE B 03 apartamentos duplex com 65,40 m² 16 apartamentos com 67,30 m²; 18 apartamentos duplex com 64,53 m² 14 apartamentos com 66,37 m² 16 apartamentos com 62,51 m² 01 apartamento com 129,43 m² 01 apartamento com 130,79 m² 06 apartamentos com 106,06 m² 07 apartamentos com 76,25 m² VAGAS VAGAS 1 ou 2 vagas para unidades duplex 1 vaga por unidade * Material preliminar sujeito a alteração. 56 REVISTA OUTUBRO 2010 57 REVISTA OUTUBRO 2010 SOCIAL MEIO AMBIENTE, EDUCAÇÃO E ENSINO PROFISSIONALIZANTE O investimento social da Yuny Como toda corporação que se preze no mundo de hoje, a Yuny tem uma estratégia de investimento socioambiental, o que contribui para minimizar o impacto causado pela sua atividade econômica e para promover o desenvolvimento social. Os projetos desta área, desenvolvidos com a assessoria especializada da Lynx Consultoria, são quatro até o momento. Toca, Zezinho! Iniciado em fevereiro de 2009, visa o ensino de canto coral, musicalização infantil e o uso dos instrumentos musicais, atingindo 440 crianças e adolescentes atendidos pela ONG Casa do Zezinho. Utilizando um repertório de música erudita internacional, e com especial enfoque na música brasileira clássica e folclórica – além da participação de músicos das principais orquestras de nossa cidade –, o Toca, Zezinho! busca a educação e o crescimento dessas crianças através da música. Em 2010, a Yuny duplicou seus investimentos nesse projeto. 58 REVISTA OUTUBRO 2010 59 REVISTA OUTUBRO 2010 SOCIAL Semana do Planeta Utilizando a Semana Internacional do Meio Ambiente, de 7 a 11 de junho, a Semana do Planeta Yuny promoveu a conscientização dos funcionários da incorporadora através de uma série de iniciativas que tinham como objetivo o engajamento e a sensibilização do público interno para questões ambientais. Escola Verde Houve testes de consumo, revoada de balões biodegradáveis, plantio de mudas Trata-se de um projeto de educação ambiental em escolas públicas, localizadas no e sorteios de itens orgânicos, buscando assim sensibilizar os colaboradores diante entorno dos empreendimentos da Yuny. E que visa mobilizar e capacitar gestores, do desafio de se preservar nossa natureza. professores e, ainda, mobilizar alunos através de um conteúdo pedagógico 60 REVISTA OUTUBRO 2010 adequado às necessidades e realidades de cada público-alvo. A primeira Escola Construindo o futuro Verde Yuny está sendo implantada próximo aos empreendimentos Le Paisage Este projeto quer contribuir para a qualificação profissional e inclusão dos jovens e Marquise, no bairro do Ibirapuera, dentro da Escola Municipal de Educação com menos oportunidades no mercado de trabalho, dentro do setor da construção Infantil (EMEI) Heitor Villa Lobos, localizada na Rua Curitiba, e que atende 165 civil, promovendo seu desenvolvimento socioeconômico. Após a conclusão do crianças de 3 a 6 anos de idade. Neste projeto pioneiro, o foco é em jardinagem, curso, a intenção é que os jovens, de 18 a 24 anos, sejam contratados pelas reciclagem, e na horta. construtoras parceiras para trabalhar nos empreendimentos da Yuny. 61 REVISTA OUTUBRO 2010 LIFESTYLE EXECUTIVO IMPREVISÍVEL Depois de fazer a noite paulista, Beto Pandiani veleja profissionalmente em busca do inóspito. POR SERGIO ZOBARAN • FOTOS ARQUIVO PESSOAL 62 REVISTA OUTUBRO 2010 63 REVISTA OUTUBRO 2010 LIFESTYLE E m São Paulo, o ex-homem da noite Beto Pandiani inusitado. Ele explica como tudo começou: “Velejo leva hoje uma vida regrada de executivo, ainda desde os 23 anos, e só não comecei aos 15 por motivos que sem terno e gravata. Em casa o velejador e financeiros e falta de oportunidade, mas já sonhava em palestrante lê (livros prediletos: O Poder do Mito, dar uma volta ao mundo. Nasci em Santos, de frente para Expedição Kontiki e Abaixo da Convergência), o mar, que amo desde pequeno. Meu pai foi velejador assiste TV (filmes preferidos: todos os de Fellini, além também, e acho que a inspiração também veio dele. Como de Dersu Uzala e Fitzcarraldo), pesquisa na internet. profissão, não imaginei que isso fosse possível, tanto que Nos fins de semana, quase sempre vai para a Ilhabela. estudei achando que ia para o lado administrativo de Bem, aí tem a vela, paixão que move sua vida para alguma empresa. Depois fui trabalhar em restaurante e no lugares imprevisíveis. final fui parar na noite paulistana, sendo sócio de diversas Beto escreve bem – já lançou seis livros, como o mais casas noturnas nas décadas de 1980 e 90 – AeroAnta, recente Travessia do Pacífico (Terra Virgem Editora, com Singapore Sling, Clube BASE, Lounge, Mr. Fish e Olivia. Igor Bely) –, rodou três filmes – e fará mais um em sua Passados alguns anos, veio a oportunidade de fazer uma Yuny: O que motiva um homem a singrar os mares ao próxima viagem pelo mar polar do Ártico, este para longa viagem Miami-Ilhabela, em 1994. Larguei tudo e fui. invés de sentar-se em frente ao computador e trabalhar o cinema –, e organizou inúmeras exposições de suas Mesmo durante a época do trabalho na noite eu velejava, como executivo? fotografias. E, como atividade principal, dá palestras competia na Classe Hobiecat 16”. E aí perguntamos ao Beto Pandiani: Foram seis viagens no total (até agora), motivacionais para empresas sobre este seu trabalho Betão, como é chamado pelos amigos! mas engana-se quem pensa que deixei de trabalhar como executivo. Só não ando de terno e gravata, mas o meu trabalho continua sendo o de empreender, organizar, liderar, cuidar do orçamento, motivar o time, tomar decisões, administrar riscos, etc. A motivação é o novo, o desconhecido, é a tentativa de realizar o impossível, a superação física e organizacional. Y: Quantos dias por ano dedica ao mar e quantos passa em terra? BP: Depende; se for ano de viagem, posso me afastar de São Paulo por alguns meses; se não, só velejo nos fins de semana. As minhas atividades giram em torno das viagens. Já fiz seis livros, três filmes, inúmeras exposições de fotografia e, como atividade principal, faço palestras motivacionais para empresas. Y: Como funcionou a tripulação desta viagem mais recente, quantas pessoas, com que funções? BP: Como o barco é pequeno, e não tem cabine, só velejo com mais um companheiro. Temos sempre um fotógrafo e um cinegrafista nos seguindo e, dependendo da viagem, eles vão de avião, barco, carro ou mesmo, em determinados trechos, no nosso barco. Sempre tem alguém em São Paulo coordenando a viagem, além da assessoria de imprensa e das empresas que patrocinam também. 64 REVISTA OUTUBRO 2010 65 REVISTA OUTUBRO 2010 LIFESTYLE Imagens e capa do livro em parceria com Igor Bely. Y: O que comiam e bebiam; enjoavam, passavam mal? Y: Qual foi a maior viagem, o maior desafio? BP: Maiores dificuldades, medos... Comemos um pouco de tudo. BP: A mais longa viagem em distância foi a última, a Travessia do Pratos principais quentes são as comidas liofilizadas; café da manhã Pacífico: 9 mil milhas náuticas, quase 17 mil quilômetros. Mas a que são cereais, leite, frutas secas, frutas, barras. Comemos também mais tempo durou foi a Entre Trópicos, 289 dias de Miami à Ilhabela. castanhas, nozes, queijos, salames, biscoitos, doces e barras Sempre o maior desafio é ficar exposto por meses em situações de energéticas. Enjoar faz parte, pode acontecer, mas é difícil. Adoecer risco. Basta uma decisão errada, um descuido, e tudo pode estar nunca aconteceu, felizmente. As maiores dificuldades são inerentes perdido. Ficar muito tempo velejando nestas condições requer uma ao fato do barco ser aberto e ficarmos expostos ao frio, calor e à água cabeça em ordem, calma, confiança e determinação. do mar. Tem os dias lindos no mar, como também os dias feios de mau tempo, quando não conseguimos descansar à noite, e somos Y: E as próximas, para onde e quando? obrigados a resistir até passar a tempestade. BP: A próxima viagem deve ser a mais difícil e complicada. A ideia Dois fatos mais curiosos: a primeira viagem, que foi de Miami a Ilhabela é partir da Groenlândia, onde chegamos em 2005, e continuar na sua primeira parte, velejamos pelo Caribe e, quando chegamos à velejando para o norte, acima do Círculo Polar Ártico passando por América do Sul, não contornamos as Guianas como seria normal para cima do Canadá e chegando ao Alaska. Uma viagem pelo mar polar atingir a costa brasileira. Ao invés disso, entramos no Rio Orinoco, na do Ártico que descongela em parte no verão. Serão noventa dias pela Venezuela, e subimos este gigante por 1.800 quilômetros até o encontro região mais imprevisível do planeta. A viagem deve acontecer em do Canal do Casiquiare. De lá, passamos a navegar em direção ao Rio 2012, e desta vez vamos produzir um filme para o cinema. Negro. Mais um mês e chegamos ao Rio Amazonas e, por fim, Belém. Sonhos futuros de outras viagens? Quais, para onde? Continuar a Cortamos a Amazônia toda por rios durante 75 dias, navegamos mais velejar por lugares inóspitos, pouco explorados, quase sem ninguém de 5 mil quilômetros por uma rota praticamente desconhecida. morando por perto. 66 REVISTA OUTUBRO 2010 TURISMO DE VOLTA ÀS RAÍZES Descendentes de imigrantes refazem o caminho de origem. POR ANA MARIA SANTEIRO • CONTEÚDO CONCIERGE TURISMO A 68 REVISTA Scaliger - Castelo do Sec. XII localizado em Sirmione uma comunidade na Brescia prendemos na escola que os brasileiros são frutos de três povos: índios, africanos e europeus, ingredientes básicos para a formação da brasilidade durante quatro séculos. No final do século ITÁLIA: TUTTI BUONA GENTE XIX e início do XX, entretanto, outros temperos foram salpicados a esse melting pot, dando- Da Itália veio um total de 1.243.633 imigrantes, de todas as regiões. O Vêneto, no norte italiano, foi lhe novos sabores. Portugueses e espanhóis da Europa deram lugar aos italianos. E, de outros a que mais exportou: 365.710 pessoas! A origem do nome vem do povo que habitava a laguna de continentes, vieram árabes e japoneses. Entre 1870 e 1929, grandes levas de imigrantes Veneza, às margens do Mediterrâneo, na época romana. Na Idade Média, a República de Veneza aportaram aqui através de processos migratórios organizados pelo Governo brasileiro e incentivados estendeu sua influência às demais cidades-estado vizinhas, como Verona, Vicenza e Pádova. Da capital pelos países de origem. De um lado, a procura de mão de obra para a lavoura ante a iminência é fácil e rápido visitar estas lindas cidades históricas, que conservaram fabuloso patrimônio cultural e do fim da escravatura. De outro, a busca por melhores condições de vida, fugindo da fome ou de arquitetônico. Lugares repletos de monumentos romanos, medievais e renascentistas, villas, palácios, perseguições religiosas. Cento e quarenta anos depois, rendidos à total miscigenação, que sempre castelos, pontes e museus. O Vêneto também oferece excelentes vinhos e gastronomia, com pratos fala mais alto, esses grupos são parte indelével da cultura brasileira. Afinal, quem não conhece (ou à base de frutos do mar – incluindo risotos e massas. Veneza é uma cidade singular, tanto pela sua gosta de) uma esfiha, uma pizza ou um sushi? Uma vez estabelecidas e ascendidas, muitas famílias construção sobre o mar – as quadras são ilhas e as ruas, na maior parte, canais – e pela sua arquitetura de imigrantes, e agora seus descendentes, fazem o caminho de volta, para rever ou conhecer suas cheia de palácios e belos edifícios, tão diversos entre si e, ao mesmo tempo, tão homogêneos, como origens, pois nele há muita história a se contar e coisas a se ver. pela forte influência oriental, que dá à cidade uma aura de conto de fadas. OUTUBRO 2010 69 REVISTA OUTUBRO 2010 TURISMO Noite em Verona Praça São Marcos, em Veneza Na Piazza San Marco fica a Basílica em estilo venezianobizantino e o Palazzo Ducale (ou Palácio do Doge), em estilo gótico-veneziano, construído a partir do século XII. À esquerda de quem olha para a basílica, a linda Torre dell Orologio. Pela Ponte dos Suspiros, do século XVI, chegase ao Palácio do Doge. E durante o inverno acontece o Carnaval de Veneza: a população sai às ruas com as tradicionais máscaras inspiradas nos personagens da Commedia dell’arte: Arlequim, Colombina, Polichinelo e Balanzone. Bem perto dali está a eterna cidade de Romeu e Julieta, Verona. Seu patrimônio histórico inclui a Arena construída no século I d.C., um castelo medieval com altas muralhas, o Castelvecchio, residência da família Scaligeri, as igrejas de Santa Maria Antica e a Basílica di San Zeno Maggiore (1120). E, para não sair do conto de fadas que a cidade também inspira, a “Casa de Julieta”, do século XIII. Uma das mais antigas cidades de Vêneto, Pádova foi importante centro comercial e agrícola, e do século XI ao XII tornou-se comuna livre, até sua anexação à República de Veneza, no século XV. São desta época a Universidade de Pádova e a Basílica de Santo Antonio, que era português e ali viveu e morreu. Giotto, autor dos afrescos da Cappella degli Scrovegni, também viveu em Pádova entre 1305 e 1310. De lá, pelo Canale di Brenta – ladeado por dezenas de magníficos palácios – chega-se à Laguna de Veneza. Vicenza, fundada antes da era Cristã, viveu grandes disputas com Verona e Pádova, até ser anexada a Veneza em 1404. As villas e os palácios projetados pelo arquiteto renascentista Andrea Palladio e seus discípulos constituem importante patrimônio arquitetônico. O Palácio Chiericati – atual Museo Cívico – construído em 1549, é todo ornamentado por estátuas, com arcos e colunas jônicas. Obras de Tintoretto, Mantegna, Carpaccio e Veronese fazem parte do acervo. O Teatro Olímpico, na Piazze Matteotti é o mais antigo teatro coberto da Europa. Em Cortina d’Ampezzo, uma das principais estações de esqui italiana, desfruta-se de belas paisagens no inverno, e no verão os morros floridos convidam ao trekking, ao mountain bike, às escaladas. 70 REVISTA OUTUBRO 2010 TURISMO Uma das belas vistas de Beirute LÍBANO: JOIA DO ORIENTE MÉDIO Do Oriente Médio, também banhando pelo Mediterrâneo, vieram os árabes da Síria e do Líbano. Do ponto de vista étnico, sírios e libaneses têm a mesma origem, embora política e culturalmente haja diferenças marcantes entre eles. Seus passaportes eram da Turquia, pois o Líbano e a Síria não existiam como países independentes. Faziam parte do Império Otomano (1299-1922), regido pela Turquia. Esse detalhe fez com que, aqui no Brasil, todo árabe fosse referido como turco. Como Nassib, o personagem de Jorge Amado, em Gabriela, Cravo e Canela. O Líbano é um pequeno país montanhoso, de rica cultura. Protetorado da França até 1926, tem o francês como segunda língua, além do árabe. Faz fronteira ao sul com Israel, a norte e leste com a Síria. Na estreita costa banhada pelo Mediterrâneo estão Beirute, Trípoli, Byblos, Sidon e Tyro, cidades com muita história. Outras grandes e pequenas cidades ou aldeias formam o resto da costa do norte ao sul na sombra do Monte Líbano, que parece levantar-se do Mediterrâneo de maneira súbita. 72 REVISTA OUTUBRO 2010 Sua capital Beirute é conhecida pelas belezas naturais e se apreciar a Mesquita Al Omari, sobretudo iluminada, à modernidade. Durante muitos anos foi conhecida como a noite. Durante o dia, Ras Beirut, onde fica o campus da Paris do Oriente. Normalmente, o turista que vai ao Líbano Universidade Americana do Líbano, fundada em 1866, se hospeda em Beirute, onde há uma infinidade de hotéis e Hamra são bairros onde se pode conferir o dia a dia de todas as categorias, e de lá visita às outras partes do alegre e contagiante dos beirutianos. E à noite, Beirute não país e retorno no mesmo dia, pois fica tudo muito próximo para. Na rua Manot, no bairro Achrafiyé, estão as baladas (em geral, menos de duas horas de viagem). Por toda do momento. Junto a Beirute, estão Jounieh, balneário cidade, construções modernas convivem com construções elegante; Harissa, na montanha, acima de Jounieh, sítio em estilo arabesco-otomano e francês, que lhe conferem da Basílica e Santuário de Nossa Senhora do Líbano e da um charme próprio. Às margens do Mediterrâneo, seu Basílica de São Paulo, umas das mais fantásticas atrações clima é perfeito para viagens o ano inteiro. Deve-se fazer do Líbano, onde se chega de carro ou por teleférico, e de compras nas boutiques mais fashion nos diversos souqs, onde se tem uma vista espetacular: o o mar até a ilha de explorar os tesouros do país no Museu Nacional, visitar Chipre; a Gruta de Jeita, localizada no vale do rio Nahr Al- galerias de arte, dançar nos clubs super trendy, jogar no Kalb, uma das maravilhas do mundo, descoberta em 1836, cassino, ver o pôr do sol, relaxar nos spa na La Corniche: formada for cavernas em dois níveis – na de cima se vai com certeza Beirute tem muitas coisa a oferecer para de barco (é uma rota de escape do rio Nahr Al-Kalb) e na todos. A Torre do relógio, na Place d’Etoile, é o ponto de baixo vai-se a pé –; e Faqra, estação de esqui, cheia central da cidade, de onde saem vários calçadões cheios de ruínas de templos, túmulos, colunas e altares, onde se de lojas chiques, cafés e restaurantes. Mais à frente, pode- pode continuar a honrar deuses e antepassados. TURISMO 01 Na pág. anterior, rochas em Beirute, à beira do Mediterâneo Ao lado, 01. Noite agitada no verão libanês. 02. Universidade Americana do Líbano. 03. Centro de Beirute. 02 Nas cidades históricas, chega-se ao berço da Humanidade e se maravilha com o maior conjunto Kasato Maru, navio que trouxe mais de 800 japoneses ao Brasil. arquitetônico romano existente no mundo, os templos dedicados a Júpiter, Vênus e Baco, datados dos séculos I 03 74 REVISTA OUTUBRO 2010 e III, em Baalbek, no vale de Beka; as ruínas de palácios, NO JAPÃO, A PORTA DE SAÍDA É A MESMA DE ENTRADA souqs, thermas, ruas com colunas e muros, recintos com Com o fim do reinado dos Xoguns, o Japão iniciou um processo de centro econômico e um dos maiores portos do Japão e do mundo, de impressos dos primeiros muçulmanos, em Anjar; o Palácio transformação – a Restauração Meiji (1868) – inserindo o país no mundo onde saiu o primeiro navio – o Kasato Maru – com 802 imigrantes, com Beit Ed-Dine, pérola da arquitetura oriental, em Beit Ed- moderno. As mudanças econômicas e políticas ocasionaram tensões destino ao Brasil, em 1908. Localizada na região de Kinki, é parte da Dine; os vestígios de um castelo dos Cruzados, num dos sociais internas por conta da escassez de terras e do endividamento dos área metropolitana de Keihanshin, também muito conhecida por seu sítios arqueológicos mais ricos do Oriente Médio e uma trabalhadores rurais. Assim, o projeto de emigração de trabalhadores próspero entorno, cuja paisagem é realçada pelo Monte Rokko, e está das cidades mais antigas do mundo, Biblos ou Jbeil. Ao sul, japoneses para outros países teve como objetivo aliviar tais tensões e aproximadamente a três horas de Tóquio, pelo “trem-bala”. Kobe foi Sidon e Tiro mantêm não só os vestígios dos povos que foi altamente promovido pelo governo. uma das primeiras cidades a abrir o comércio com o Ocidente, no final por ali passaram como mantêm a tradição de importantes A opção pelo Brasil começou quando os Estados Unidos e a Europa do século XIX, e desde então é conhecida como uma cidade portuária portos e entrepostos comerciais que são desde os tempos limitaram a entrada dos japoneses. O fluxo migratório se concentra associada ao cosmopolitismo e à moda, com atmosfera exótica para os imemoriais do Rei Salomão, como nos conta Z. Rodrix em entre 1904-1940, quando cerca de 150.000 japoneses iniciam sua padrões japoneses, sintetizada na frase “se você não pode ir a Paris, vá seu livro Joabel, a Reconstrução do Templo (Ed. Record). aventura brasileira. Na década de 1950, o Brasil recebe ainda outros a Kobe”. Ali, a cada dois anos acontece o Kobe Fashion Week – a Kobe Ao norte, Trípoli, a segunda maior cidade libanesa, encarou 35.000 japoneses. O estado de São Paulo foi o destino de quase 80% Collection – importante evento de moda não só para os japoneses como sua parte no drama através das eras desde o século XIV deste contingente de trabalhadores, que contribuíram muito para a sua para os países da Ásia oriental. O estilo de Kobe é caracterizado pelas a.C.; foi dominada por persas, romanos, o muslim de riqueza e prosperidade. roupas do dia a dia muito refinadas, nas cores neutras: azul marinho, Manluke, turcos, otomanos, resultando numa cidade cheia Kobe, a porta de saída para os nikkies, pode ser a porta de entrada preto, branco e cinza, em contraste, por exemplo, com estilo popular de história, mesquitas, banhos turcos, castelos medievais para os nisseis – seus descendentes – iniciarem o caminho de origem das meninas de Osaka. Outro evento importante da cidade é o Kobe e mercados (souqs) tradicionais. em terras japonesas. Capital da província de Hyogo, é importante Jazz Festival. A história da cidade está intimamente ligada ao Templo de 75 REVISTA OUTUBRO 2010 TURISMO Pôr do sol na baía de Kobe. Ikuta, e seu nome deriva de “kanbe”, o nome arcaico das famílias que épocas conhecida como Ancoradouro Owada ou Porto Hyogo, Hyogo-ku mantinham o santuário que, curiosamente, está plantado no meio da é coração histórico da cidade; o centro comercial e de entretenimento de área comercial do distrito de Sannomiya. Talvez por essa proximidade, Kobe fica em Chuo-ku, que significa literalmente centro. Suas principais os jovens japoneses o elegeram como um templo para os pedidos e zonas de entretenimento são: Sannomiya – eixo de transporte –, promessas amorosas. Os noves bairros ou regiões administrativas que Motomachi, antigo downtown, adjacente à Nankinmachi ou Chinatown, compõem a cidade oferecem o que se ver e visitar. Em Nishi-ku está a e a Kyu-kyoryuchi, com restaurantes e cafés em construções do século Universidade Kobe Gakuin e de lá se vê a cidade de Akashi; na área mais XIX; e Harborland, uma área de shopping construída na antiga praça extensa, Kita-ku, os escarpados montes Rokko e Maya são conhecidos de frente à estação de Minatogawa Kamotsu, com grandes lojas, pelas trilhas de caminhadas e pelas águas termais quentes do resort excelentes restaurantes, muitos hotéis, de fácil acesso por trem, metrô, de Arima; no subúrbio, Tarumi-ku é uma elegante e tranquila área ou barco, o paraíso dos pedestres. Na zona portuária está o Meriken residencial, onde começa a maior ponte suspensa do mundo, Akashi Park com sua Torre do Porto, que oferece uma vista espetacular da Kaikyo, que liga esta zona à ilha de Awaji, ao sul; no verão tem a praia baía e dos arredores, o Museu Marítimo e o memorial aos mortos do de Suma, em Suma-ku; o Templo de Nagata, em Nagata-ku. Em várias grande terremoto de Hanshin (1995); o monumento dedicado aos 76 REVISTA OUTUBRO 2010 Noite em Kobe emigrantes – Kibou No Funade –, e o Museu Municipal de pelo seu porto. Para completar o roteiro de memórias, a Hyogo, um moderníssimo museu, aberto em 2004, com 10 minutos de táxi do parque Meriken, em uma colina, fica coleções de esculturas e gravuras de artistas estrangeiros a antiga Hospedaria Nacional dos Emigrantes Ultramarinos e japoneses, que pretende ser um amuseum, onde não só de Kobe, fundada em 1928, que alojava os emigrantes, se aprecia as artes plásticas, mas também se encoraja as dias antes de embarcarem para o Brasil, e onde recebiam trocas com as outras expressões artísticas como a música, seus passaportes, aulas sobre a cultura brasileira, além de o teatro, o cinemas, e realiza uma variedade enorme de aprenderem um pouco de português. Tendo resistido ao eventos culturais. Conhecida pelo seu sakê, Nada-ku abriga grande terremoto de 1995 que arruinou Kobe, a antiga o Oji Zoo e a Universidade de Kobe. Rokko, a segunda maior Hospedaria foi alvo de um movimento dos nikkeis e nisseis ilha artificial de Higashinada-ku, hospeda hotéis, espaços do Brasil para a preservação da construção. Rebatizado de para esporte e convenções, mercados, parques aquáticos, Museu da Emigração e Centro de Intercâmbio Cultural Kobe, edifícios de apartamentos com vista para o mar e o Museu a antiga hospedaria é um museu com exposições de fotos da Moda. Kobo ainda tem o atrativo de ser uma cidade que, e objetos relacionados ao Brasil – e abriga ainda a sede da por pressão de seus cidadãos, conseguiu, em 1975, impedir Comunidade Brasileira Kansai (CBK), que ensina português que barcos carregados com armas nucleares circulassem aos filhos dos sanseis. 77 REVISTA OUTUBRO 2010 TURISMO Rio Douro em Portugal DE VOLTA À TERRINHA Eugénia Melo e Castro dá uma receita de Lisboa Recém-condecorada pela Academie de Arts Sciences et Lettres da Gourmet, ao restaurante Tavares Rico (com o chef português mais França, a cantora portuguesa Eugénia Melo e Castro comemora, em premiado, José Avillez), à Galeria Luis Serpa, à Happy Days, loja de 2010, três décadas vividas (e trabalhadas) entre Brasil e Portugal, sapatos irreverentes, com decoração rétro, no Bairro Alto. E não deixar em constante viagem musical e pessoal recheada de parcerias com de ir ao lugar mais cool e trendy da cidade, o Silk Club: a melhor vista muitos brasileiros. Atualmente morando em Lisboa, em dezembro e noite de Lisboa na zona histórica Alfacinha, é sofisticado, moderno virá ao Brasil homenagear Dorival Caymmi em uma série de shows. e exclusivo. Aberto há dois anos, no último andar de um antigo centro Para ela, antes de mais nada, é uma boa ideia navegar no www. comercial do Chiado, tem paredes de vidro, uma zona chill out e pista avidaebela.com (um site para encontrar todos os tipos de aventuras de dança. No repertório, jazz&blues ao vivo às quartas. Entre quinta em Portugal, desde passeios de balão, escaladas, presentes-surpresa, a sábado, house vocal com incursões pelos anos 1980 e sucessos turismo original, spas, cruzeiros no Rio Douro ou no Alqueva). Outras recentes. Fora de Lisboa, “visite a loja e o museu Bordallo Pinheiro, sugestões práticas de Eugênia: para se hospedar, o Hotel Hermitage nas Caldas da Rainha, é imperdível! E também a Aldeia da Luz e o Liberdade e o Hotel do Bairro Alto; ir à La Vie en Rose Flores / Loja Museu da Luz no Alqueva (Alentejo)”. 78 REVISTA OUTUBRO 2010 VERNISSAGE UM POR LÉA MARIA AARÃO REIS O I E S S A P NO PARQU E : Ensaios fotográficos e Cássio Vasconcellos er ey em Ni du Ka ic, jm Renato Elkis, Daniel Kla U uise Ibirapuera. grifados lançam Marq ma super mostra de fotografias e o lançamento de um livro, com os trabalhos de quatro profissionais brasileiros da área, está festejando o lançamento do Marquise, no bairro do Ibirapuera, empreendimento da Yuny e R. Yazbek. O edifício resgata as linhas arquitetônicas e os espaços internos criados para as habitações na glamorosa década dos anos 60, em São Paulo, e agora adaptados às necessidades e à estética da vida moderna. As redondezas do Marquise – o Parque do Ibirapuera, a Rua Curitiba, os Jardins e até a Av. Paulista –, foram captadas pelas lentes sensíveis de Cássio Vasconcellos, Daniel Klajmic, Kadu Niemeyer e Renato Elkis. Através dos ensaios fotográficos, onde se misturam a arquitetura paulistana da época e os cortes de imagens valorizando as linhas rétro, o público revisita os recantos e as perspectivas das imediações do Marquise, batizado assim em homenagem à famosa marquise do próprio parque, uma das joias esculturais do arquiteto no Ibirapuera. E ainda: será publicado um livro com textos poéticos e os ensaios desses fotógrafos, relatando e relembrando a História e as histórias curiosas da cidade. 80 REVISTA OUTUBRO 2010 VERNISSAGE OS FOTÓGRAFOS E SUAS LENTES Cássio Vasconcellos, nascido e criado no bairro do Brooklin, em São Paulo, um dos integrantes do famoso grupo Blink, já expôs em 20 países, ganhando o prêmio de melhor exposição, em 2002 com a série de trabalhos Noturnos SP. Neste ensaio ele foi percorrendo, a pé, o parque, as ruas, praças e avenidas ao entorno do Marquise, clicando as grandes e copadas árvores que quebram a “dureza da paisagem”, como observa. Cássio gosta de fotografar paisagens urbanas e procura sempre transformar a realidade através da foto. “O meu caminho é onírico”, diz ele, “e por isso o resultado é o do fantástico”. Andar pela cidade de São Paulo e tentar conhecê-la melhor para compreendê-la é o objetivo habitual de Cássio, como método de trabalho. 82 REVISTA OUTUBRO 2010 83 REVISTA OUTUBRO 2010 VERNISSAGE Já o fotógrafo Daniel Klajmic, no seu ensaio, utilizou uma modelo para recriar a atmosfera sessentista. “Usei lentes, figurinos da roupa e ângulos das imagens, tudo bem característico daquele período,” diz Daniel que, nesse trabalho para o Marquise, seguiu o grafismo da arquitetura com o movimento também gráfico, “porém mais orgânico” da modelo. Carioca, Klajmic foi assistente do célebre fotógrafo Luis Garrido, no Rio de Janeiro. Viveu e trabalhou em Nova York e Paris e, bem jovem ainda, participou da Coleção Pirelli do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Daniel foi o único brasileiro a expor suas fotos na mostra New Photographers 2006, da Getty Images, no Festival de Cannes. Hoje publica fotos nas principais revistas europeias e americanas – I.D., Sunday Times, Visionaire, Vogue, Elle e Tattler, entre outras, e fotografa para inúmeras campanhas de publicidade. 84 REVISTA OUTUBRO 2010 85 REVISTA OUTUBRO 2010 VERNISSAGE 86 REVISTA OUTUBRO 2010 Assim como Klajmic, o fotógrafo Kadu Niemeyer, neto do arquiteto Oscar Niemeyer, com quem se destaca”, diz ele. “Mas fotografar o Ibirapuera tem gosto especial. Representa aprendeu a fotografar ainda menino, também é nascido no Rio. Viveu em Brasília em 1970 e 71, na um retorno aos anos 60. E lá encontramos paz na natureza. As pessoas passeando companhia da mãe e do avô, com quem mantém uma relação afetiva forte. Apaixonado pela Capital mudam a imagem a cada momento e é onde relembramos a arquitetura que tanto Federal, ele costuma dizer, com orgulho, que é “quase um candango”. Em São Paulo, Kadu gosta de projetou o parque no mundo”. Para Kadu, “é uma emoção renovada fotografar fotografar o Ibirapuera e o Memorial da América Latina – não se cansa de registrar os trabalhos de projetos do meu avô nos quais surge sempre uma novidade: um ângulo ou uma luz Oscar. “Atualmente, estou realizando um trabalho batizado de Fachadas, no qual o edifício Copan diferente; e é como se os visse pela primeira vez”. 87 REVISTA OUTUBRO 2010 VERNISSAGE Renato Elkis completa, com brilho, o quarteto de fotógrafos do Marquise Ibirapuera. Renato é graduado pela Brooks Institute of Photographers, da Califórnia, e há 20 anos trabalha com agências de publicidade e com os melhores arquitetos e decoradores brasileiros. “Gosto de captar fragmentos de luzes e sombras, de formas e movimentos, contrastes e saturação das fotos”, diz Elkis que usa, em fine arts, o requinte dos pigmentos minerais e do papel de algodão. Registrar o Ibirapuera, para Renato, é apreender uma “linguagem simples e pura”, como costuma dizer Oscar Niemeyer. “Adoro captar os reflexos do parque nos vidros das janelas do prédio da Bienal”, comenta, “e as suas formas geométricas e orgânicas bem definida”. Mas Renato ressalta que gostou, especialmente, de registrar um contraste, no edifício do Marquise: “Sua forma também orgânica em contraste com as colunas. É muito interessante!”. 88 REVISTA OUTUBRO 2010 ESTILO YUNY II Fotomontagem da perspectiva artística da Fachada CONCEITO: BOUTIQUE OFFICES No “novo” bairro de Pinheiros, escritórios cult ganham espaço. B 90 REVISTA OUTUBRO 2010 airro que mais rapidamente se atualiza em São Paulo, aqueles que já existiam na região, ao lado de pizzarias, grills e outras sem perder suas características básicas de zona regionalidades que só existem mesmo em Pinheiros, que assim se residencial e comercial – por isso tão dinâmica em sua globaliza. Vida noturna também tem – do pequeno e sofisticado Bar (re)construção –, Pinheiros acaba de ganhar a estação Secreto ao eclético Estúdio Emme, um complexo que abriga teatro, de metrô Faria Lima, primeira entre as outras duas loja, casa de shows e balada. Some a tudo isso a proximidade de dois anunciadas para a região, a Fradique Coutinho e a Pinheiros, previstas shopping centers, o Iguatemi e o Eldorado, também revitalizado em para inauguração nos próximos anos. Quem circula por lá, hoje, vê seu mix de lojas e inúmeros serviços, e eis o novo perfil de uma grande os novos prédios crescerem ao mesmo tempo em que surgem área bem localizada, tanto para a moradia quanto para o trabalho, em incessantemente, a cada semana, ainda mais atrações culturais e função de tudo o que oferece, e das facilidades de circulação e acesso gastronômicas, entre outras, que vão dos shows e baladas roqueiras aos demais bairros da cidade. aos simpáticos botecos das esquinas, das antiguidades aos móveis Neste clima, com sofisticação em cada detalhe, a Yuny oferece ao contemporâneos, da moda básica ao luxo, do artesanal das feirinhas mercado um empreendimento diferente, o Boutique Offices, “uma aos carros importados. união de referências de moda, design e cultura em um projeto Se por um lado o início da última década viu ali nascer o imponente e arquitetônico único”, como se anuncia em sua campanha de lançamento moderno prédio que abriga o Instituto Tomie Ohtake, e a implantação – “uma identidade contemporânea criada a partir do melhor espírito da grande livraria de origem francesa FNAC, a contemporaneidade cosmopolita, o de reunir o melhor para você e sua empresa em um aportou agora em Pinheiros definitivamente (acompanhe, com só lugar”. Bem no coração de Pinheiros, na esquina das ruas Artur de atenção, a revitalização total do anteriormente degradado Largo da Azevedo e Pedroso de Moraes, o Boutique Offices está próximo ao Batata): é expressivo o número de galerias de arte recém-instaladas, Largo da Batata, que em breve ganha um shopping center. Pensado e de bistrôs e padarias que chegam com saboroso jeito francês, por detalhe por detalhe para ser único, ele se destaca por sua sofisticação, exemplo. Estes vêm se unir à grande oferta de bares e restaurantes com com arquitetura contemporânea, design inovador, espaços do tamanho especialidades dos mais diversos estados – vide o carioquíssimo Pirajá ideal e elevadores panorâmicos. Por ter tudo o que é preciso à sua e os lugares de comida típica baiana, nordestina e capixaba – e países, volta, é um empreendimento sem igual na região, o que resulta em como os bons japoneses, chineses, mexicanos e até sul americanos, um alto potencial de valorização, e leva ao seu escritório um conceito como um chileno e um peruano, além dos tradicionais portugueses, e um prestígio nunca antes explorados neste segmento. 91 REVISTA OUTUBRO 2010 N O TA S Y U N Y LANÇAMENTOS ESTRATÉGICOS Boa localização dos imóveis e transporte fácil são itens fundamentais. “U 92 REVISTA Perspectivas artísticas das fachadas m dos principais diferenciais da Atua Construtora é Para Louro, que é pós-graduado em Negócios a localização dos seus empreendimentos”, diz Hugo Imobiliários pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é difícil Louro, arquiteto, urbanista e gerente responsável pelo destacar, especificamente, uma região de São Paulo na Departamento de Incorporações da jovem empresa qual a efervescência imobiliária, verificada atualmente, com mais de três mil unidades comercializadas seja mais significativa. “Toda a cidade se encontra na região metropolitana em São Paulo, além de outros no ápice de sua produtividade se considerarmos a empreendimentos localizados nas proximidades de história e a vocação de cada bairro”, diz ele,” mas no estações de metrô e de vias arteriais importantes da nosso segmento, em função de áreas disponíveis e cidade – o que facilita a locomoção dos clientes. Outro da demanda reprimida de clientes, podemos assinalar objetivo da Atua o braço econômico da Yuny Incorporadora, a Zona Leste da cidade como aquela que se encontra observa Hugo Louro, é proporcionar facilidade de acesso em grande movimentação”. Para ele, o que a mídia aos aparelhos urbanos, como shoppings centers e edifícios chamou de “crise”, ano passado, não passou de uma institucionais. Deste modo, segundo ele, estão garantidas acomodação de mercado. Segundo ele, isso é natural a qualidade de vida para os compradores dos imóveis e nos setores em franca expansão. “E não julgamos que a valorização para os investidores. “Isto demonstra”, ele todo esse sucesso, na nossa atividade, seja apenas lembra, “a preocupação da Atua em relação a todos os uma ‘bolha’, mas uma valorização importante do bem detalhes dos produtos comercializados. Sem dúvida, a imóvel e do lastro garantidor que ele representa. Assim, localização de um imóvel, atualmente, é item fundamental acreditamos que a atual movimentação seja sustentável, no processo de concepção do negócio”. sólida, real e crescente”. OUTUBRO 2010 Desde o primeiro lançamento da Atua, em 2007, considerada sucesso. E, como se costuma dizer: em time que está ganhando não um exemplo positivo no seu mercado, um novo empreendimento é se mexe”. A previsão de Louro para vencer o déficit de habitação, anunciado a cada sessenta dias. Mas a meta da empresa, a partir do no Brasil, é impossível mensurar. “Mas garantimos que a Atua está próximo semestre, é a de colocar na rua um lançamento de trinta fazendo a sua parte”. Já a sua ação no Minha Casa Minha Vida significa em trinta dias. Para o seu gerente de Incorporações, a Atua e a Yuny, 800 unidades comercializadas nos últimos meses, e enquadradas juntas, são empresas que acreditam e, principalmente, constroem uma nesse programa 450 delas estão localizadas no centro expandido de nova São Paulo. “E um dos pilares do nosso processo – a inteligência São Paulo. “E mais: estamos prospectando outras 5.000 unidades construtiva – é utilizar uma técnica construtiva para atingir seu melhor também enquadradas nesse programa para os próximos doze meses. aproveitamento estrutural, usufruir de suas vantagens arquitetônicas, E mais de 600 unidades com previsão para serem lançadas ainda criar economia na obra para repassá-la aos clientes e desenvolver a neste semestre”. Como exemplo de lançamentos de grande sucesso, sua gestão de modo a gerar menor quantidade de resíduos, o que Hugo Louro destaca o Atua Mooca II. “São 232 unidades incluídas no motiva uma economia ainda maior e contribui para diminuir o impacto programa Minha Casa Minha Vida, localizadas a 120 metros da rua da da ação do homem no planeta”. Mooca. Vendemos todas as unidades em pouco menos de 8 horas! O Em sua opinião, e dentro desse quadro, a forte e importante nosso histórico de sucessos recorrentes existe graças à competência parceria da Atua Construtora com a Caixa Econômica Federal de uma excelente equipe – do pessoal do departamento de Novos perdurará. “Trata-se de um trabalho conjunto que vem rendendo Negócios, passando pelas áreas de Produtos, Aprovações, Jurídico, bons frutos. Somos agentes complementares de uma história de Financeiro, Engenharia e, enfim, Incorporações”. 93 REVISTA OUTUBRO 2010 ESTILO DE VIDA QUANDO ESSAS MARCAS SE ENCONTRAM, É CERTEZA DE 100% DE SUCESSO. Lopes e Yuny. Parceria 100% de sucesso. Sinergia é a palavra que resume o relacionamento entre as duas empresas. Você, que ainda não comprou o imóvel dos sonhos, não perca a oportunidade de fazer um excelente negócio. Confira: www.lopes.com.br/yuny www.lopes.com.br 96 REVISTA OUTUBRO 2010 Lopes. O shopping de imóveis do Brasil.
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