História da Imprensa e Midiologia História da Imprensa no Brasil

Transcrição

História da Imprensa e Midiologia História da Imprensa no Brasil
História da Imprensa e Midiologia
Prof. Gerson Luiz Martins
História da Imprensa no Brasil
IMPRENSA COLONIAL
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Imprensa surge no Brasil com a vinda da Família Real Portuguesa que trouxe
uma tipografia completa, fundando a Imprensa Régia no Rio de Janeiro, em
1808.
Isso, 308 anos após a Descoberta do Brasil. Até então, Portugal não permitia a
instalação da Imprensa no país.
O objetivo da Coroa era manter a colônia atada a seu domínio, nas trevas e na
ignorância.
Manter as colônias fechadas a cultura era característica própria da dominação
A ideologia dominante deve manter o povo ignorante.
10 de Setembro de 1808 saía o numero inicial do primeiro jornal brasileiro A
GAZETA DO RIO DE JANEIRO, dirigida por Frei Tibúrcio José da Rocha, órgão
oficial da administração portuguesa.
O jornal tinha quatro paginas e só publicava atos oficiais, noticias sobre o estado
de saúde dos príncipes europeus e informações sobre a Família Real.
Não falava em democracia, nem fazia criticas.
Nada podia ser impresso contra religião, governo ou bons costumes.
Seu texto era extraído da Gazeta de Lisboa e de Jornais Ingleses.
Todo o conteúdo era lido antes pelos Condes de Linhares e Galveias, que
pretendiam agradar a coroa. Pertencia a Junta Censora da Coroa.
As noticias sempre deixavam claro que no Brasil se vivia um verdadeiro paraíso,
onde ninguém expressava queixas.
A Imprensa Régia publicava também a primeira revista carioca O PATRIOTA,
criada em 1811.
Também em 1811, na Bahia, surgia a IDADE DE OURO DO BRASIL, nos
mesmos moldes da GAZETA DO RIO DE JANEIRO que defendia o absolutismo.
Este jornal nascia para neutralizar o material contrario a Portugal que chegava
ao Brasil com a abertura dos portos.
A censura que começara com a Imprensa Régia acabou em 1821, procurandose caracterizar, porem, os chamados crimes de imprensa com punições.
1822, com a Independência era o fim da Gazeta do Rio de Janeiro.
Em 1º de Junho de 1808, três meses antes da Gazeta do Rio de Janeiro, saia
em Londres, o CORREIO BRAZILIENSE, dirigido e redigido por Hipólito José da
Costa.
CORREIO BRAZILIENSE
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1º de Junho de 1808 nasce em Londres o CORREIO BRAZILIENSE ou
Armazém Literário, de Hipólito José da Costa, maçom e liberal, exilado naquela
cidade.
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Hipólito chegou à Inglaterra em 1805, fugido dos cárceres da Inquisição
Portuguesa.
Jornal mensal com 72 a 140 paginas, doutrinário, não do tipo noticioso como era
a Gazeta do Rio de Janeiro.
Tinha seções de Política, Comercio, Arte, Literatura, Ciências e Miscelânea.
Objetivos: discutir questões que afetavam Brasil, Portugal e Inglaterra.
Queria preparar para o Brasil, instituições liberais e melhores condições
políticas.
Atacava os defeitos da administração no país.
Criticava os monopólios portugueses e ingleses que mandavam mercadorias
para o Brasil, enquanto produtos de outros países eram proibidos. Era uma
forma de manter a dominação econômica.
Defendia o livre comercio com todas as nações.
Atacava a corrupção e a imoralidade.
Recebia informações do Brasil por meio de correspondência trocada com
patriotas brasileiros.
Em 1809, estava proibido de circular no país pelo Conde de Linhares, da Junta
Censora da Coroa.
Independente, porque era impresso fora dos domínios da coroa portuguesa.
Defendia o abolicionismo desagradando os escravistas portugueses.
1811 surgiu em Londres o Investigador Português financiado pela corte
portuguesa para neutralizar o Correio Braziliense. Esse jornal era orientado pelo
irmão do Conde de Linhares.
1820 o Correio teve permissão para circular no Brasil, mas com o surgimento de
outros jornais, praticamente perdeu a finalidade e desapareceu em 1822.
Publicou 175 números de Junho de 1808 a Dezembro de 1822.
A questão e que Hipólito defendia reformas no país pelo governo e não pelo
povo, ao contrario dos ideais da Independência.
Era a posição da classe dominante no Brasil.
Hipólito apenas aceitava a Independência e, com a ampliação desse movimento
no país, acabou sendo ultrapassado pelos acontecimento e pelo seu publico.
A IMPRENSA NA INDEPENDENCIA
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Fim da censura previa e volta a liberdade de imprensa em 1821, provocaram o
surgimento de vários jornais.
Jornais procuravam mobilizar a opinião da colônia contra a dominação
portuguesa.
A imprensa se caracterizava por ser excessivamente doutrinaria, relegando a
informação a segundo plano.
Outra característica fundamental da imprensa na época: a linguagem violenta.
1821 nascia o Diário do Rio de Janeiro, o precursor dos atuais jornais
informativos, o primeiro a publicar noticias do cotidiano, deixando de lado a
tendência doutrinaria dos outros órgãos.
Seu conteúdo era voltado para furtos, assassinatos, diversões, espetáculos,
observações, meteorológicas, correio, anúncios de venda de escravos, leilões,
compras, vendas, achados e alugueis.
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Passou a ser chamado de Diário do Vintém, pelo baixo preço e Diário da
Manteiga, porque publicava os preços da manteiga. Circulou ate 1878.
Totalmente omisso nas questões políticas, o Diário não noticiou a proclamação
da Independência. A noticia da proclamação foi dada somente 13 dias depois
pelo jornal O Espelho, do Rio de Janeiro.
1821 nascia na Bahia o Diário Constitucional, primeiro periódico a defender os
interesses brasileiros.
Defendia a maioria brasileira na Junta Provisional que substituía o governador
baiano, formada na maioria por portugueses com apoio dos órgãos áulicos
Semanário Cívico e Idade de Ouro do Brasil.
O Diário venceu essa primeira campanha eleitoral da Imprensa brasileira.
Mais tarde deixou de ser diário passando a chamar-se apenas Constitucional.
Alem do Semanário Cívico e Idade de Ouro do Brasil foram criados os jornais A
Sentinela Baiana, O Analisador Constitucional, O Espreitador Constitucional, O
Despertador dos Verdadeiros Constitucionais e A Abelha, entre outros, pela
corte, para combater o Diário Constitucional.
Se vários jornais defendiam a Independência, outro procuravam combatê-la. Foi
o caso do Correio do Rio de Janeiro, do português João Soares Lisboa, que foi
suspenso por José Bonifácio e seu redator recebeu ordem de deixar o Brasil
com urgência. Soares Lisboa foi o primeiro jornalista punido por abuso de
liberdade da imprensa, em 1822.
Um dos jornais que ficou mais conhecido pela linguagem violenta foi o
Malagueta que teve seu redator Luis Augusto May espancado por Ter criticado o
Ministério Imperial liderado pelos irmãos Andradas. Luis Augusto ficou com as
mãos aleijadas.
A partir de 1837 a imprensa utiliza a caricatura e três anos depois começa a
circular no Rio de Janeiro, A Lanterna Mágica que marca o inicio das
publicações ilustradas com caricaturas.
A partir da metade do século XIX, o Império se consolida e a imprensa política,
representada principalmente pelos Pasquins, esmorece.
Com a organização urbana que se começa a formar, a imprensa reflete as
transformações da época: em 1852 sai o Jornal das Senhoras, com sonetos,
cartas de amor e moda.
É a época da conciliação com o arrefecimento ou fim das lutas partidárias.
Começava a predominar o jornalismo mais conservador, exemplificado
principalmente pelo Jornal do Comercio.
O publico era atraído nos jornais principalmente pelos folhetins que contavam
com a participação de escritores da época, com José de Alencar.
Começava a crescer a imprensa abolicionista e afloravam os primeiros jornais
com idéias republicanas.
SENTINELA DA LIBERDADE
EXEMPLO DE RESISTENCIA
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Nascido em 1762, EM Salvador, Bahia, Cipriano Barata estudava na
Universidade de Coimbra, em 1789, quando acontecia a Revolução Francesa. A
primeira vez que manteve contato com a imprensa foi com a distribuição de
panfletos durante a Revolução agitando a burguesia contra a monarquia.
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Ativista da Conjuração Baiana; da Republica, em 1817, em Pernambuco;
deputado Constituinte, em 1823, Barata estreava em 9 de Abril de 1823 com o
Jornal Sentinela da Liberdade, na Guarita de Pernambuco. Barata defendia a
Independência com mudanças radicais e era contra a escravatura.
A Sentinela da Liberdade saía às quartas-feiras com linguagem vigorosa e critica
mostrando as podridões do poder.
Preso em varias oportunidades por desafiar e denunciar as mazelas do poder,
na medida em que mudava de prisão, Barata soltava um novo jornal.
No Sentinela da Liberdade da Guarita de Pernambuco, n.º 9, de 3 de maio de
1823, escrevia: “A palavras terror publico, de que tratamos aqui significa um
medo horrível que se apodera de qualquer povo por meio de procedimentos
cruéis e perseguições do governo, seja por meio de continuas vexações
arbitrarias, de pancadas, cadeias, etc., ou seja por meio de devassas, pesquisas
por meio de espias, denuncias, deportações ou segredos, cartas em branco,
assassinatos clandestinos, etc. esta idéia e admissão de terrorismo procede
sempre da maldade do governo ou ministério, seu despotismo e tirania: quando
qualquer governo ou gabinete receando que o povo lhe resista e não se sujeita a
este estado violento que ataca os direitos. Eis aqui o estado violento e lastimoso
em que se chama Corte do Rio de Janeiro”.
Barata criava o jornalismo do cárcere.
Com o Sentinela da Liberdade foram criados dezenas de outros jornais com
esse nome por todo o país.
Barata foi um dos pioneiros da liberdade de u imprensa e em 1823 escreveu:
“Toda e qualquer sociedade onde houver imprensa livre, está em liberdade; que
esse povo vive feliz e deve Ter alegria, segurança e fortuna; se, pelo contrario
aquela sociedade ou povo, que tiver imprensa cortada pela censura prévia,
presa e sem liberdade, seja debaixo de que pretexto for, é povo escravo, que
pouco a pouco há de ser desgraçado ate se reduzir ao mais brutal cativeiro”.
Em 1825 depois de ser preso na Fortaleza do Brum, em Recife, por participar da
Confederação do equador (rebelião que reuniu vários estados do Nordeste
contra D. Pedro I), Barata publica um jornal com o titulo: “Sentinela da Liberdade
da Guarita de Pernambuco Atacada e Presa na Fortaleza do Brum por Ordem da
Força Armada Reunida Alerta!”.
Em 1835 Barata escrevia o ultimo Sentinela da Liberdade, aos 75 anos.
O Jornal durou 13 anos, mas outros apareceram em todo o país, mesmo depois
de sua morte em 1º de Julho de 1838.
1821, surge o Reverbero Constitucional Fluminense para fortalecer a luta pela
Independência. Parou em Outubro, depois da Independência porque não tinha
mais objetivo.
Com o fim da Gazeta do Rio de Janeiro, em 1822, foram criados diversos jornais
da Imprensa Áulica, entre eles o Espelho que transcrevia jornais de Lisboa e
publicou vários artigos de D. Pedro I.
D.Pedro I foi um jornalista panfletário, irreverente, polemico, que publicava
artigos inflamados contra seus adversários.
Utilizava para isso vários pseudônimos: Simplício Maria das Necessidades,
Sacristão da Freguesia de São João de Itaboraí, O Inimigo dos Marotos, Piolho
Viajante, O Anglo-Maníaco, O Espreita, O Ultra-Brasileiro, O Filantropo e o
Derrete Chumbo a Cacete.
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Da mesma forma que surgiam periódicos que defendiam a Independência,
nasciam jornais áulicos (oficiais) que combatiam esse movimento.
A corte tentava manter a colônia sob seu domínio utilizando a Imprensa.
A IMPRENSA NO IMPÉRIO – OS PASQUINS
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Outubro de 1822, a liberdade de imprensa volta a ser cerceada.
Clima agitado da época provocou o aparecimento dos Pasquins de característica
panfletária, linguagem violenta que chegava à calunia e ao insulto pessoal.
Seu conteúdo refletia o ardor apaixonado das facções em divergência.
Liberais e conservadores travavam verdadeira guerra de palavras utilizando os
Pasquins que geralmente tinham vida efêmera.
Os próprios títulos demonstram o que eram os jornais: O Palhaço da Oposição,
O Grito dos Oprimidos, O Burro Magro, O Brasil Aflito, O Caolho, O Torto da
Artilharia, O Soldado Aflito, O Crioulinho e muito outros.
Pelos títulos dá para perceber que freqüentemente os Pasquins recorriam ao
preconceito de cor, à aliciação das forças armadas e aos apelidos.
Agosto de 1827, a censura volta ser abolida.
Isso provocou o aparecimento de novos jornais pelas províncias.
Geralmente eram jornais do tipo dos Pasquins que refletiam o interesse das
autoridades, de intelectuais ou de alguns grupos.
Também tinham vida efêmera.
As forças políticas da época eram divididas em três grupos: direita conservadora,
direita liberal e esquerda liberal.
A direita conservadora publicava os órgãos da imprensa áulica, como Diário
Fluminense, Jornal do Comércio e O Analista.
A direita liberal utilizava seus jornais, como: Aurora Fluminense e A Astréia, para
combater os excessos do governo e a pregação violenta da imprensa liberal da
esquerda.
A esquerda liberal era responsável pelos Pasquins que não poupavam os
inimigos.
Enquanto os Pasquins tinham vida curta, os órgãos da imprensa conservadora
tiveram sempre vida longa, como O Diário de Pernambuco, O Jornal do
Comércio e O Correio Paulistano, entre outros.
Entre 1832 e 1833, saíram do preto 35 periódicos: 14 sustentavam o governo e
21 faziam guerra aberta.
A imprensa refletia as contradições sociais e políticas e influía no andamento dos
acontecimentos.
20 de Novembro de 1830 – João Batista de Libero Badaró, fundador do “O
Observador Constitucional”, segundo jornal de São Paulo, é assassinado. Antes
de morrer disse: “Morre um liberal, mas não morre a liberdade”.
A IMPRENSA NA REPÚBLICA
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Jovens de famílias mais abastadas iam estudar na Europa e voltavam ao Brasil
com idéias novas e liberais: idéias republicanas.
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As dificuldades dos transportes e do Correio prejudicavam a chegada dos jornais
da Corte nas províncias. Isso provocava o aparecimento de mais jornais no
interior.
Em 1858, surge a Revista Atualidade que anunciava os novos tempos.
Em 1865, surge em São Paulo, o Diário de São Paulo, que inaugura a primeira
máquina de impressão em grande formato.
Em 1867, aparecia a Tribuna Liberal para defender as novas idéias que
inquietavam a mocidade.
Dois anos depois, aparece na Corte A Reforma, que tinha como temática a
defesa do programa liberal, reforma eleitoral, reforma judiciária, abolição da
escravatura, extinção do recrutamento militar e da Guarda Nacional.
Tinha uma linha agressiva: reforma ou revolução.
Entre 1870 a 1872 surgem no País vários jornais de tendência republicana, entre
eles A Republica, órgão do Partido Republicano e do Clube Republicano.
Começa a sair três vezes por semana e depois passa a ser diário.
Defendia a idéia de se construir um monumento a Tiradentes. Também defendia
a federação.
Em 1873, foi atacado e teve sua redação destruída.
Em 1874, surge a Gazeta de Noticias, reformando a imprensa de seu tempo.
Dava espaço à literatura, mas também às grandes preocupações nacionais.
Tinha jornalistas e não homens de letras, dando características definitivas a
imprensa.
Também em 1874, instala-se no Rio de Janeiro a primeira sucursal da Agência
Telegráfica Reuter Havas, que depois da 2ª Guerra Mundial passou a chamar-se
France Press. Três anos depois, o Jornal do Comercio publicava os primeiro
telegramas por ela distribuídos.
Em 1876, surgia a Revista Ilustrada, do caricaturista Angelo Agostini com
tiragem de 4 mil exemplares, índice até então nunca alcançado por qualquer
periódico da América do Sul. Circulou ate 1898. Com charges contundentes
defendia a abolição da escravatura e a proclamação da Republica.
Os ideais republicanos conquistaram a imprensa.
Reaparece o Pasquim, diferente daquele que existia durante a regência. Agora
com paixão doutrinaria, de principio abolicionista e republicano.
As oficinas do Corsário são atacadas e morto seu proprietário por oficiais do
Primeiro Regimento de Cavalaria que havia sido criticado por esse jornal.
Jornais defendem a Republica e a libertação dos escravos. O Movimento
abolicionista era cada vez mais forte.
Fazendeiros escravistas fundam o Jornal O Novidades para defender a
escravatura.
Quintino Bocaiúva, jornalista republicano, fez do jornal “O Paíz”, do Rio de
Janeiro, uma tribuna para destruição do regime monárquico.
1875 nascia em São Paulo e Província de São Paulo, que mais tarde passou a
chamar-se O Estado de São Paulo.
A imprensa republicana já contava com 74 jornais: 20 no Norte e 54 no Sul do
país.
Em 1891, nascia no Rio de Janeiro o Jornal do Brasil, montado como empresa,
que trazia inovações como a distribuição em carroças e amplitude de
correspondentes estrangeiros.
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A imprensa destacava-se e recebia elogios: “Houve uma coisa que fez tremer a
aristocracias mais do que os movimentos populares, o jornalismo” (Machado de
Assis).
Em 1895 surgia em Porto Alegre outro jornal importante na época, Correio do
Povo.
Em fins do século XIX a imprensa artesanal começa a ser substituída pela
industrial.
Em 1900, a Republica estava consolidada e a imprensa também.
A imprensa torna-se empresa.
O Jornalismo individual estava superado.
Ao virar empresa, a imprensa fica sob o domínio do Estado e do capital.
Com a chegada dos colonos europeus que substituiriam os escravos, começa a
nascer a imprensa operaria, ou anarquista, no inicio do século XX.
REVISTA CARETA
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6 de Junho de 1908, Jorge Schimidt lança a revista Careta no Rio de Janeiro.
O primeiro numero da revista trazia na capa, que era em cores, uma caricatura
do Presidente Afonso Pena, sublinhado o que seria sua marca e principal
característica: não ter medo de caretas.
Careta é considerada a publicação mais representativa das revistas ilustradas,
que surgiram no inicio do século para fazer critica política.
Seu ponto alto era a utilização do humor, principalmente com charges e
caricaturas.
Era feita por literatos, artistas plásticos e desenhistas, que se utilizavam da
charge, caricatura, crônica e da poesia como veículo para dar informação.
Embora não fizesse um jornalismo propriamente informativo, não desprezava a
informação, procurando manter vínculos com a atualidade, a maioria das vezes
em forma de sátiras, escritas ou desenhadas.
O jornalismo de Careta esta ligado à introdução no Brasil, nos veículos de
comunicação de massa, da caricatura, como linguagem de fácil assimilação.
Um dos principais nomes da caricatura foi J. Carlos que durante 30 anos
trabalhou na revista.
Em 1950 morreu debruçado sobre a prancheta de desenho da redação da
revista.
Além da crítica política e de costumes, revista Careta fazia uma verdadeira
analise e tipificação da sociedade brasileira.
O conteúdo de Careta era recheado, além de charges, caricaturas, crônicas e
poesias, de contos, versos líricos, satíricos e mesmo de pura literatura, como
sonetos de Olavo Bilac.
Depois de circular durante 53 anos, com 2.732 números, careta desaparecia em
5 de novembro de 1960.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA – ABI
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7 de Abril de 1908, o jornalista Gustavo de Lacerda promovia uma assembléia
na sede do jornal “O País”, no Rio de Janeiro, e fundava a Associação Brasileira
de Imprensa –ABI, com a participação de apenas 8 jornalistas.
Nasci assim a mais representativa entidade de jornalistas profissionais, com a
declarada finalidade de defender a liberdade de expressão e os interesses da
classe.
Socialista convicto, Gustavo de Lacerda foi militante dos primeiros movimentos
operários no Rio de Janeiro, por volta de 1892, e defensor da Reforma Agrária.
Gustavo de Lacerda, no seu ideal socialista, não concebia o jornal como
empresa industrial ou mercantil, ou mesmo sociedade anônima, dando lucro aos
seus acionistas, o jornal, devido a sua alta e sagrada missão social, deveria ser
uma cooperativa, de cujos interesses participassem seus membros, desde os
diretores ate os seus mais modestos colaboradores.
O numero de participantes na assembléia de fundação foi tão pequeno que não
conseguiu preencher as comissões de economia e finanças, auxílios e
assistência, festas, propaganda e publicação de anuário.
Os donos de jornais, contrários à nova entidade, diziam que ela reunia um grupo
de malandros chefiados por um anarquista perigoso.
A nova entidade criou, inicialmente, uma caixa de pensões e auxílios para os
sócios e famílias, uma espécie de INSS; residência para velhos e enfermos e
salões de conferencias. Também instituiu a carteira de jornalista, documento de
habilitação profissional, substituído mais tarde pelo diploma de jornalista.
A historia da ABI é marcada por arbitrariedades policiais, atentados contra a
liberdade de imprensa e violência contra jornalistas.
Nos registros da ABI consta que o momento de maior liberdade de imprensa que
o país viveu, foi durante o governo de Juscelino Kubitscheck, que não prendeu
nenhum jornalista. E o pior foi durante a vigência do AI-5, no Golpe do Estado de
64.
Nesse período, alem das perseguições, torturas, assassinatos e bombas, como
a que provocou danos em três andares na sede da ABI, em 14 de Agosto de
1976, não havia canais de comunicação da ABI com o governo.
Maio de 1952, nascia o Boletim da ABI, em tamanho oficio, que em 1988 mudou
para Jornal da ABI, forma o tablóide.
Um jornal que publica artigos em defesa da Liberdade de Imprensa e do Diploma
de Jornalismo Brasileiro, divulga livros de jornalistas.
A IMPRENSA ANARQUISTA
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Anarquismo – Movimento de idéias e de ação que rejeitando toda a dominação
exterior ao homem se propõe a reconstruir a vida em comum sobre a base da
vontade individual autônoma.
Cada comunidade, cada indivíduo deve determinar sua vida.
O homem precisa ser livre para viver feliz e em paz.
Anarquismo nega o Estado porque da continuidade à existência de uma classe
dirigente.
As minorias que dominam os estados dirigem o destino das maiorias.
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Proposta do Anarquismo: Dissolução do poder do Estado, do Parlamento, das
representações e das burocracias.
Instituições que vivem parasitariamente às custas do trabalho do proletariado.
Anarquistas rejeitam sempre a participação nas eleições.
Elimine-se o Estado, a propriedade privada e o homem será livre de carência,
livre de dominação, livre para desenvolver suas potencialidades.
Começo do século chegavam ao Brasil imigrantes deportados por razoes
políticas.
Começam a criar a Imprensa Anarquista.
No anarquismo, os jornais eram fatores fundamentais de mobilização operaria.
Instrumentos de conscientização da classe obreira e do alargamento de suas
discussões.
A missão do jornalismo não se limitava a difundir idéias, a educar politicamente,
a atrair aliados políticos. Jornal não é somente um agente coletivo de
propaganda, mas também um organizador social.
De 1890 a 1920 surgiram no Brasil 343 jornais.
Desses, 149 eram de São Paulo e 35% destes em idioma estrangeiro.
Outros 100 jornais eram do Rio e os 94 restantes estavam espalhados por todo o
Brasil.
Dos 343 títulos, 60 eram editados em idioma estrangeiro: um em alemão, 04 em
espanhol e 55 em italiano.
Uma característica importante: a não existência do repórter. As salas de redação
recebiam farto material sobre o movimento operário, inclusive cartas, relatórios
de sindicatos, denuncias, etc.
Geralmente de formato tablóide e quatro paginas, esses veículos não tinham
publicidade, viviam as custas dos salários dos trabalhadores e da renda dos
sindicatos e associações. Quando existia um anuncio de um produto, surgia com
recomendação da própria redação, dando um cárter de escolha política.
Seu conteúdo não era meramente noticioso. Normalmente reproduzia na integra
textos e conferencias, alem de charges reforçando o editorial.
Não havia preocupação de recursos estéticos, os textos intensos ocupavam toda
a pagina.
O caráter panfletário era demonstrado em frases alinhadas sob o nome do jornal:
“Um por todos, todos por um”- “Um panfleto de critica social”- “A união faz a
força”.
O jornal “O Proletário”, publicado em Santos, trazia seu principio fundamental:
“Com a desaparição do Estado, começara o crime a desaparecer” e “A anarquia
é inevitavelmente o mais próximo e mais elevado grau da evolução humana”.
Nos momentos de crise, ou nos períodos anteriores às greves, os jornais
transmitiam a palavra de ordem aos trabalhadores, a orientação a ser seguida
pelas bases operarias.
Jornais faziam convites a conferencias e a programas culturais desenvolvidos
pelas associações.
Geralmente esses programas apresentavam peças teatrais de fundo social,
interpretadas pelos próprios trabalhadores.
Também divulgavam cursos ministrados pelas associações em dois níveis: o
mais popular, em que se tentava informar os trabalhadores em geral sobre as
origens dos males que os afligia e quais as formas defensiva e ofensiva contra
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esses males. No outro nível mais elevado, entre os operários mais cultos,
procurava-se desenvolver a formação de lideranças.
Jornais publicavam ainda tradução em capítulos de obras estrangeiras sobre o
anarquismo e divulgavam as obras das bibliotecas das associações e sindicatos.
Denunciavam as arbitrariedades no trabalho dos menores e das mulheres.
Em 1907, a imprensa operaria de São Paulo publicava o manifesto das
costureiras exortando-as a lutar por seus direitos.
O I Congresso Operário Brasileiro de 1906 criou o jornal “A Voz do Trabalhador”
que deveria publicar:
Informações sobre o movimento operário e associativo;
Resumo das resoluções das sociedades aderentes;
Artigos redigidos de modo compreensivo e isentos de questões pessoais.
Todos os redatores do jornal eram operários imigrantes. Sua tiragem chegou a
atingir 4.000 exemplares.
Cada liga, associação ou sindicato que surgia tinha entre as primeiras
providencias, a fundação de um jornal.
Alguns jornais circulavam em cadeia. El Grito Del Pueblo, fundado por imigrantes
espanhóis circulava em São Paulo e Curitiba. O Amigo do Povo, A Voz do Povo
e O Socialista, circulavam simultaneamente em São Paulo, Rio de Janeiro e
Salvador.
Poucos foram os jornais que conseguiram certa regularidade de sobrevivência
por período longo. A irregularidade na periodicidade devia-se às dificuldades
financeiras e à perseguição do sistema estabelecido.
A polícia apreendia o material nas gráficas, quebrava as máquinas e prendia os
responsáveis.
Alguns jornais circulavam com grandes intervalos, outros desapareciam e alguns
desapareciam e reapareciam com outros títulos.
O jornal A Questão Social, órgão de propaganda do Centro Socialista de Santos,
fundado em 1889, por Silvério Fontes, Sóter de Araújo e Carlos Escobar, tinha
como objetivo divulgar o socialismo e criar cooperativas.
Silvério fontes, militante abolicionista e republicano, fundou vários jornais, como
A Procellaria – O Alvor – O Patriota – Idéia Nova – Piratiny – A Evolução.
Com o advento de Getulio Vargas, o movimento operário atrelou-se ao sistema.
Vargas não perdeu tempo, outorgando aos trabalhadores a Carta do Trabalho
em 1934 que sintetizava as reivindicações trabalhistas. Em 1937 surgia o Estado
Novo.
A IMPRENSA NO ESTADO NOVO
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Em 1935, com a Intentona Comunista, era decretado o Estado de sítio e a
censura à imprensa.
Em Novembro de 1937, com um golpe de Estado, Getulio Vargas assume plenos
poderes. Impõe uma nova Constituição, fecha o Poder Legislativo.
Surge o Estado Novo.
Constituição de 37 regulamenta a censura à imprensa que seria exercida pelo
Estado, por meio do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda,
estruturado em moldes nazistas.
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Através de suas sucursais, os DEIPS – Departamento Estaduais de Imprensa e
Propaganda, controlava a imprensa, as rádios e emitia listas de assuntos
proibidos.
Normalmente havia um censor em cada jornal. A censura era total.
Nas rádios eram construídas salas especiais para o censor que ouvia a
programação diária e relatava qualquer irregularidade.
As rádios eram utilizadas com freqüência para difundir noticias oficiais.
Foi criada oficialmente a Hora do Brasil.
Os cinemas eram obrigados a exibir documentários do governo, exaltando as
qualidades de Getulio Vargas.
O DIP e DEIPS distribuíam material de propaganda do governo, destacando
sempre as qualidades do ditador.
Também obrigavam a comemoração do aniversario de Vargas, principalmente
nas escolas, onde distribuíam panfletos e livros.
Outra atribuição do DIP e DEIPS era subornar jornalistas e os próprios donos de
jornais.
Durante a ditadura, muitos enriqueceram ilicitamente e os que recusavam a
colaborar tiveram meios de comunicação sumariamente fechados ou colocados
sob tutela do DIP.
Nesse período foi formado o grupo denominado Empresas Incorporadas ao
Patrimônio da União, que englobava todas as empresas tomadas pelo Estado,
incluindo até a poderosa Radio Nacional.
Um dos setores mais atingidos pela censura foi o das caricaturas políticas que
permaneceu praticamente estagnado nos anos do autoritarismo.
Destacou-se apenas o paulista Belmonte, com seu personagem Juca Pato, a
própria imagem do sofrido cidadão classe media de São Paulo.
Proibido de abordar problemas internos, voltou-se à política internacional e
notabilizou-se por seus ferrenhos ataques ao nazismo e fascismo, especialmente
durante a 2ª Guerra Mundial.
Chegou a irritar até Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler.
Os jornais tinham duas opções: resistir, correndo o risco de serem confiscados
ou transformarem-se em órgãos de propaganda da ditadura.
Entre Dezembro de 1937 e Novembro de 1938, foi editado o jornal Brasil,
redigido por Júlio Mesquita, Júlio Mesquita Filho e Paulo Duarte e impresso na
Gráfica do Estadão, atacando Getulio. Depois de 21 números, a policia
conseguiu confiscá-lo e exilou seus redatores.
Em 23 de Março de 1940, O Estado de São Paulo foi tomado pela Policia Militar,
acusado de esconder armas e depois entregue ao DIP.
Depois de ter sido ocupado pela policia, o Estadão só voltou a seus donos em
Dezembro de 1945, quando Mesquita Filho e Paulo Duarte retornaram do exílio.
Foram ignorados todos os números publicados durante o período que vai de 7
de Abril de 1940 a 6 de Dezembro de 1945. O Estado voltou a sair nas mãos de
seus legítimos donos em 7 de Dezembro de 1945.
Voltou a circular com o numero 21.650,ultima edição antes de ser ocupado pela
policia. O Editorial desta edição começava assim: “o Estado de São Paulo volta
hoje às mãos dos seus legítimos donos. Derrubada a ditadura que se apossara
desta folha, mediante injusta coação, o novo governo do Brasil entendeu de
praticar um ato de justiça, que era a reposição das coisas ao seu estado
anterior”.
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O Estadão resistia, não publicava material enviado pelo DIP, não publicava fotos
do presidente e nem de seus auxiliares e nem citava os nomes de pessoas
ligadas a cargos de liderança no regime.
Mas não podia externar publicamente seus pontos de vista, devido à censura.
O preço da resistência do Estadão foi a necessidade de fazer um empréstimo `a
Caixa Econômica. A cada mês no vencimento das prestações, Vargas telefonava
pessoalmente para o jornal para saber se o pagamento estava em dia. Era uma
forma de pressão.
Enquanto o Estadão resistia, a maioria dos jornais do País era financiado pelo
DIP.
As empresas independentes eram proibidas de abrir novos jornais.
O governo decidia que jornais podiam ser abertos.
A cultura vivia sufocada pela repressão.
O escritor Graciliano Ramos foi preso sem julgamento nem processo.
Fogueiras de livros enchiam as praças e as bibliotecas eram vasculhadas em
busca de material considerado subversivo.
Para compensar essa inatividade cultural, o governo lançava revistas, como
Carioca (música, cinema e rádio), Vamos Ler (literatura) e Dom Casmurro
(contos de novos autores).
Também saía o semanário Diretrizes, em 1938, dirigido por Samuel Wainer que,
com malícia e ousadia, conseguia passar assuntos proibidos pela censura.
A entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial acarretou mudanças significativas.
A ferrenha propaganda anticomunista teve que ser suspensa, em respeito à
União Soviética e os jornais tiveram a liberdade de se posicionar a favor dos
aliados, da democracia, contra as ditaduras fascistas.
Criticando outros países, os meios de comunicação também atacavam o regime
brasileiro, muito similar àqueles países.
A ruptura da censura foi lenta, gradual e cautelosa.
Os jornais arriscavam aqui e ali, verificando o que podia ser divulgado.
Começaram a surgir revistas independentes como o Observador Econômico e
Financeiro e Revista Industrial. Aparece o Folha Carioca.
Em Fevereiro de 1945, o Correio da Manhã abre a polemica sobre as eleições. O
Globo anuncia com exclusividade que o candidato da oposição seria o Brigadeiro
Eduardo Gomes.
Gradualmente a censura vai desaparecendo.
A Revista Hoje, fundada em 1938, transforma-se em jornal diário em 1945,
servindo aos interesses do Partido Comunista.
Em Outubro de 1945, Getulio Vargas era deposto, ficando a presidência
provisoriamente com o General Dutra, que é oficialmente eleito em 46 por voto
direto.
Em 1946, a Assembléia Nacional Constituinte elabora a nova Constituição.
SAMUEL WAINER E A “ÚLTIMA HORA”
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1938- Samuel Wainer funda a Revista Diretrizes para derrubar a ditadura no
Brasil durante o Estado Novo e impedir a Marcha do Nazismo no mundo.
12 de Junho de 1951 começa a circulara Última Hora, do Rio de Janeiro, criada
por Samuel Wainer com patrocínio do Presidente Getulio Vargas.
Última Hora revolucionou profundamente o jornalismo no país.
A primeira edição saiu com 80 mil exemplares, num momento em que os
grandes jornais brasileiros oscilavam entre 60 mil e 70 mil exemplares.
Na primeira edição, no lugar do editorial havia uma grande carta de Getulio
Vargas para Samuel Wainer.
A carta fazia considerações sobre o conceito e a importância de uma imprensa
popular.
Ainda em 1951 nasce a Última Hora de São Paulo com financiamento do Conde
Francisco Matarazzo, dono de um verdadeiro império.
A revista Time, de 17 de Agosto de 1953, falava assim da Última Hora: “O Brasil
jamais tinha visto algo parecido com o Última Hora. Com o brilho e tintas
coloridas na primeira página, muitas fotografias, um time de seis repórteres,
anúncios a preços reduzidos, loterias e prêmios, Wainer promoveu a Última Hora
ao topo da circulação: 85 mil exemplares no Rio de Janeiro e 90 mil em São
Paulo”.
A primeira pagina era marcada por uma grande foto, que se tornaria uma das
marcas registradas do jornal.
Outra marca importante: a seção “O Dia do Presidente”, que Wainer copiou dos
Estados Unidos. A seção possibilitava que o leitor soubesse o que acontecia no
cotidiano de Getulio Vargas, com informações precisas, historias humanas,
acontecimentos engraçados e até furos.
Luis costa, o jornalista que fazia essa seção, entrava no Palácio do Catete às 8
horas e só voltava à redação no limite do horário para o fechamento da edição.
Outras inovações do Ultima Hora: foi o primeiro jornal a publicar a foto colorida
de um time de futebol na primeira página. A foto do Fluminense, campeão
carioca.
Outra novidade: tiragem de varias edições no mesmo dia. Wainer mudava
algumas páginas das primeiras edições, colocando noticias frescas.
Assim a Ultima Hora conseguiu atingir a tiragem de 150 mil exemplares.
O jornal foi um dos pioneiros na diagramação no Brasil, contratando um artista
gráfico e trazendo diagramadores da Argentina.
Valorizou a caricatura e a charge que, na época, andavam meio esquecidas na
imprensa.
Publicou as primeiras historias em quadrinhos escritas por autores nacionais.
Alem de dois cadernos, uma inovação para a época, Ultima Hora tinha o tablóide
UH com matérias especiais de lazer.
Valorizou o repórter e o fotografo, criando as coberturas em equipes.
Aos poucos a Ultima Hora foi se transformando em jornal popular, como
pretendia Getulio Vargas. A primeira pagina do segundo caderno tratava
exclusivamente de reivindicações populares.
Wainer criou nessa pagina o “Muro das Lamentações”, que funcionava assim: a
cada fim de semana, uma viatura do Última Hora, levando um fotografo e um
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repórter com sua máquina de escrever, instalava-se numa das praças do Rio de
Janeiro e recolhia as queixas da população.
Depois de 10 anos de fundado, o jornal se transformou numa cadeia nacional,
com 11 edições diárias em sete estados e uma tiragem de 500 mil exemplares.
No inicio dos anos 60, Wainer já havia implantado o Jornal no Rio de Janeiro,
São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Niterói, Belo Horizonte e Recife.
Em 24 de Agosto de 1954, quando Getulio se suicidou, a Última Hora vendeu
quase 800 mil exemplares.
A decadência do jornal começou com o Golpe do estado de 64.
Logo depois do Golpe do Estado, o jornal foi invadido e Wainer partiu para um
exílio na França, voltando em 68 para reassumir novamente a direção da Última
Hora.
Além das inovações, o jornal foi marcado por grandes nomes: Nelson Rodrigues,
que escrevia “A Vida Como Ela É”, uma crônica diária. Além dele escreviam no
jornal: Paulo Francis, Joel Silveira, Sérgio Porto e Antonio Maria, entre outros
nomes conhecidos da época.
Wainer não gostava de ver repórter na redação. É tida como dele esta frase:
“Lugar de repórter é na rua”.
Em Abril de 1972, depois de muitas pressões e falta de dinheiro, Wainer vendia
a Última Hora para um grupo de empreiteiros de obras.
Além de “Diretrizes”, Wainer lançou o seminário “Flan”, em 53.
Depois de vender a Última Hora, Samuel Wainer fundou a revista “Domingo
Ilustrado”, editada pela Bloch. Em 1973, foi editor-chefe da Última Hora, de São
Paulo, sob controle do Grupo Folhas.
Entre 75 e 77 trabalhou no “Aqui São Paulo” e de 78 a 80 foi editor assistente da
carta editorial e da Editora Três.
Samuel Wainer morreu em São Paulo em 2 de Setembro de 1980, de parada
cardíaca.
REVISTA O CRUZEIRO
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Novembro de 1928 - Nasce no Rio de Janeiro a Revista “O Cruzeiro”, com um
jornalismo ágil, investigativo, polêmico.
Tiragem inicial: 35 mil exemplares.
Pertencia aos Diários Associados, de Assis Chateaubriand.
Outubro de 1954, numa época em que o Brasil tinha pouco mais de 50 milhões
de habitantes, “O Cruzeiro”, tirava 720 mil exemplares.
Só com vendas em bancas. Sem assinaturas, que não existiam na época.
Uma marca importante: seu aprimorado refinamento editorial, inédito para o leitor
brasileiro.
O conteúdo da revista era comum: resenha do noticiário nacional e internacional
da semana com farto material fotográfico, reportagem sobre as ainda pouco
conhecidas fauna e flora brasileiras, e uma série de colunas que iam desde a
coluna social até política, cinema, rádio e teatro.
Outra marca fundamental estava nos nomes que escreviam e ilustravam a
revista: Gustavo Barroso, Menotti Del Picchia, Graça Aranha, Manuel Bandeira,
Vinícius de Moraes, Afonso Schimidt, Érico Veríssimo, Dinah Silveira de Queiroz,
José Lins do Rego faziam os textos.
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As ilustrações eram de Aldo Bonadei, Anita Malfatti, Di Cavalcanti e até Cândido
Portinari.
A partir de meados na década de 30 “O Cruzeiro” passou a publicar grandes
reportagens, que se tornariam sua marca registrada.
A revista valoriza os cartunistas, despontando assim grandes nomes como
Péricles, com O Amigo da Onça; Millor Fernandes (que utilizava o pseudônimo
Vão Gogo) com o Pif-Paf, além de Ziraldo, Alvares e Fortuna.
Na década de 50, “O Cruzeiro” contava com David Nasser e Jean Manzon,
considerada a melhor dobradinha Repórter- Fotográfico da Imprensa Brasileira.
Em 1955, “O Cruzeiro” ganhava o 1º Prêmio Esso de Reportagem. Com uma
matéria sobre uma viagem num caminhão pau-de –arara na Rio-Bahia.
1957 nascia O Cruzeiro Internacional, que tinha circulação quinzenal – em
espanhol - e atingia toda a América Latina, chegando até a ser vendido na
Espanha.
No final da década de 50, O “Cruzeiro Internacional” chegava a uma tiragem de
300 mil exemplares, superando revistas famosas como a norte-americana Life
Espanõl. Mas seu custo operacional era alto e era vendida na banca por apenas
50 centavos de dólar, sobrando somente 25 centavos para a empresa.
O alto custo dessa revista, aliado ao boicote das agências de publicidade
internacionais, insufladas pelo grupo Time-Life, começou a trazer prejuízo para
os Diários Associados.
Além disso, Assim Chateaubriand gastava milhões de dólares importando
quadros para o Museu de Arte de São Paulo.
Essas foram as principais causas para o fechamento de boa parte dos veículos
dos Diários Associados.
Em 1975, saía o ultimo numero de “O Cruzeiro”.
A partir daí, o título passou por várias mãos, inclusive de Alexander Von
Baumgarte, assassinado em outubro de 1982.
REVISTA REALIDADE
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Abril de 1966 nascia a revista Realidade sob o signo da ditadura.
Uma das principais revistas de reportagem que o país já teve.
Periodicidade: mensal. Tiragem: em torno de 500 mil. De 66 a 68.
Uma revista que tinha Carlos Lacerda, José Hamilton Ribeiro, Audálio Dantas,
Woyle Guimarães, Narciso Kalili, Luis Fernando Mercadante, entre outro grande
nomes do jornalismo.
No n.º 1, que mostrava Pelé na capa com o busby usado pelos guardas da
rainha da Inglaterra, o editor Victor Civita: “ Será uma revista dos homens e das
mulheres inteligentes que desejam saber mais a respeito de tudo. Pretendemos
informar, divertir, estimular e servir nossos leitores com seriedade, honestidade,
entusiasmo”.
Dois anos depois a decretação do AI-5 começava a mudar tudo na revista.
Todas as abordagens de grandes temas, análises d fatos para leitores
inteligentes e lúcidos (conforma a proposta inicial) estavam sob censura.
Daí em diante “Realidade” apresentou uma série de temas importantes. Mas que
já não tinham conexão direta e imediata com a realidade brasileira.
Além da censura, o processo de realização de “Realidade” era atingido pelas
mudanças na Imprensa Brasileira. Havia necessidade de encontrar novos
modelos de revistas e veículos de reportagem mais adequados às
transformações sociais ocorridas no mundo e no país.
• A revista de interesse geral, a respeito de tudo, não funcionava mais. Começava
a haver um interesse do leitor pelo fragmento, pelo interesse específico.
• A televisão resumia tudo e impunha velocidade nas informações e a aceitação
da imagem, da recepção imediata.
• Era uma revista de reportagem, uma revista de texto.
• A revista teve uma primeira fase, de 66 a 68. Até a decretação do AI-5.
• Era a fase do espanto e da revelação, que mexia com a realidade brasileira.
• Depois de 68, com o AI-5, “Realidade” passou a ser censurada, embora não
houvesse censores dentro da revista.
• Havia na direção, alguém encarregado de levar as matérias para a censura em
Brasília.
• Isso provocava a autocensura dos repórteres.
• Depois do AI-5, em 69 e 70, a revista começou a buscar grandes temas.
• Começa a segunda fase.
• Vieram os números sobre cidades, Nordeste com grandes textos.
• “Realidade” investia, deixava o repórter um mês fazendo um trabalho.
• O repórter ia viver numa fazenda ou trabalhar num banco para retratar a vida de
um bancário.
• Vivia o problema como um personagem.
• Isso marcava cada vez mais o jornalismo de texto.
• A revista se transformava num documento para a História do Brasil.
• Uma fonte para historiadores, sobretudo se eles tivessem espírito de análise
crítica e observassem a construção de textos.
• Se falasse sobre torturas e assassinatos, a matéria não sairia.
• Era preciso ler nas entrelinhas o que foi escrito elaboradamente e o que não foi
escrito.
• Essa fase da “Realidade” foi até 72.
• A partir de 73 começou a decadência.
• Os principais jornalistas saíram.
• A Editora Abril passou a investir pouco dinheiro numa publicação medíocre que
apenas conservava o antigo nome.
• A revista “Realidade” pode ser resumida em três pontos:
1. Sua grande marca foi a oportunidade de se fazer jornalismo de texto. Era uma
abertura para o repórter que podia criar modos de representação verbal
diferentes dos modelos importados e impostos pelas empresas.
2. O repórter vivia o problema como um personagem participante do fato que
queria reportar, o que lhe permitia um envolvimento e uma maior captação de
dados para relatar o fato de dentro e com maior profundidade.
3. As reportagens elaboradas com estas condições de trabalho resultavam numa
fonte de estudos para o historiador crítico, capaz de observar nas entrelinhas e
espreitar as raízes cotidianas da verdadeira história.
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A IMPRENSA NO GOVERNO MILITAR DE 64
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Após a Revolução de 64, a censura política começou a pressionar a A Tribuna
de Imprensa; um dos poucos meios de comunicação que se colocaram contra o
poder. Foi um caso esporádico.
Foi após o AI-5, em Dezembro de 1968, que a censura se estabilizou.
“Tempo negro, Temperatura sufocante. O ar esta irrespirável. O país esta sendo
varrido por fortes ventos. Máxima 38 graus em Brasília. Mínima 3 graus nas
Laranjeiras”.
Assim a primeira página do Jornal do Brasil de Dezembro de 1968 fazia
referencias ao “clima” do país após a promulgação do AI-5.
A censura começou com toda a força através de bilhetinhos e telefonemas para
as redações dos jornais, rádios e televisões, alertando sobre os assuntos que
não podiam ser abordados.
Começava a censura prévia com censores nas redações.
Nos primeiros anos, a censura visava mais à divulgação de atos terroristas,
divisão nas forças armadas e no governo.
Depois passou a esconder corrupção, torturas, violências policiais e até
epidemias.
Seu objetivo era ver publicada com destaque a versão oficial dos fatos.
Os proprietários dos meios de comunicação adotaram suas posturas: curvandose diante das ameaças do governo ou resistindo ao arbítrio.
Esta segunda postura teve poucos adeptos, a maioria pertencente à Imprensa
Alternativa, desvinculada do poder e do capital.
Entre os principais jornais da Imprensa Alternativa estava o Pasquim, criado em
Julho de 1969, no Rio de Janeiro. Seus textos eram leves e irônicos, explorava
muito os cartuns e fazia do riso um antídoto contra o regime.
Mais tarde surgiriam Opinião e Movimento, entre outros.
Entre os jornais que resistiram às pressões estavam O Estado de São Paulo,
Jornal da Tarde e a Revista Veja.
De fins de 1969 a 1976, esses três órgãos de imprensa procuravam mostrar
sempre ao leitor que estavam sob censura prévia.
O Estadão ensinava a cultivar rosas na primeira página, publicava trechos de
Cícero em latim e dos Lusíadas, de Camões, no espaço das matérias que
haviam sido censuradas.
O Jornal da Tarde publicava receitas de doces e salgados, que nunca davam
certo, para alertar o leitor de que alguma coisa estava errada. Muitos leitores
inconformados porque as receitas não davam certo na prática telefonavam para
o jornal reclamando.
A revista Veja publicava paisagens suíças e seu editor, Mino Carta, falava
semanalmente dos demônios que barbarizavam um estranho país.
Esses três órgãos se recusaram a acatar as ordens telefônicas proibindo a
publicação de certos assuntos e tiveram a censura prévia implantada em suas
redações.
A censura começou no dia seguinte à edição do AI-5.
Entre 1972 e 1975, a censura federal enviou mais de 300 comunicados aos
grandes jornais do país, proibindo noticias e comentários, principalmente sobre
sucessão de presidentes, manifestações estudantis, abertura política, choques
entre policiais e subversivos, denuncias da igreja contra atentados aos direitos
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humanos, criticas à política econômico -financeira do governo, entrevistas de exministros e outros temas.
Em Setembro de 1972, a Policia Federal enviava ordem a todos os jornais do
país proibindo a publicação do decreto de D. Pedro I, de 28 de Agosto de 1921,
abolindo a censura no Brasil.
Este era o decreto:
“ Tomando Sua Alteza Real em consideração quanto é injusto que, depois do
que se acha regulada pelas Cortes Gerais Extraordinárias da Nação Portuguesa
sobre a liberdade de imprensa, encontrem os autores e editores inesperados
estorvos a publicação dos escritos que pretenderem imprimir, e o mesmo Senhor
servido mandar que não se embarace por pretexto nenhum, a impressão que se
quiser fazer de qualquer escrito, devendo unicamente servir de regra o que as
mesmas Cortes tem determinado sobre este objeto”.
O Presidente Médici só concedeu uma entrevista em seu governo, mesmo assim
com jornalistas selecionados previamente, perguntas aprovadas com
antecedência. O presidente lia as respostas preparadas.
Havia dificuldade de acesso às fontes de informação.
É nessa época que proliferam as declarações em OFF e as assessorias de
imprensa.
Jornalistas que tentassem questionar as informações oficiais perdiam suas
credenciais.
Um dos primeiro órgãos a retirar seu apoio ao golpe de 64 foi o Correio da
Manhã, jornal carioca que fora solidário com a derrubada de João Goulart, mas
que se insurgiu contra a perda de liberdades.
Os jornais da resistência faziam de tudo para escapar da censura.
Logo depois da decretação do AI-5, o Jornal da Tarde tinha dois investigadores
na porta de saída do prédio para impedir que os jornais fossem para as bancas.
No entanto, o jornal saiu pela Rua Martins Fontes. A policia descobriu e passou
toda a tarde à caça dos exemplares nas bancas.
Em 75, quando o Estadão completou 100 anos, a censura desapareceu do
jornal.
O jornal mais censurado do país foi a A Tribuna de Imprensa. Foi censurado
durante 10 anos, sem interrupção.
Sofreu dezenas de apreensões e seu proprietário, Hélio Fernandes, foi preso,
processado e cassado.
A censura proibia que os jornais saíssem com qualquer espaço em branco.
Em 78, o Presidente Geisel levantou a censura prévia dos três últimos jornais:
Movimento, Tribuna de Imprensa e o São Paulo, da diocese de São Paulo.
O poder procurava vender a imagem de um Brasil em pleno progresso com
slogans otimistas como “Pra frente Brasil” – “Ninguém segura este país”- “Brasil
ame-o ou deixe-o”. Era o período do milagre brasileiro, no governo Médici.
Em 1970, o Brasil ganha o Tricampeonato d futebol no México. Isso arrefece um
pouco a resistência. O povo vibra e esquece as torturas, prisões, censura.
No Governo Geisel a ditadura torna-se mais branda, diminui a tortura a presos
políticos.
Mas foi no Governo Geisel que Vladimir Herzog morre na prisão do DOI-CODO,
em São Paulo.
Figueiredo anistia os presos políticos e conclui a abertura, acabando esse
período negro na historia do Brasil.
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Se a censura política já não existia, continuava a censura econômica, imposta
pelos anunciantes dos meios de comunicação. O maior censor volta a ser o dono
do meio de comunicação.
Assim, a Liberdade de Imprensa continua sendo mais uma tese do que uma
prática.

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