AbrJun 2010 - Jesuítas em Portugal

Transcrição

AbrJun 2010 - Jesuítas em Portugal
JESUÍTAS
Boletim trimestral . nº338 Abril/Junho 2010
PAPA BENTO XVI EM
PORTUGAL
HISTÓRIA DA MISSÃO
DE ANGOLA
Informação aos amigos
JESUÍTAS
Informação aos amigos
LISBOA
Boletim trimestral | nº 339
Abril/Junho 2010
EDITORIAL ................................................................ 2
BREVES DA PROVÍNCIA ........................................ 3
DA COMPANHIA DE JESUS EM RESUMO ........... 9
O PAPA BENTO XVI EM PORTUGAL ....................10
HISTÓRIA DA MISSÃO DA COMPANHIA DE
JESUS EM ANGOLA ...............................................12
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
MEIOS QUE UNEM O
INSTRUMENTO COM DEUS...................................15
2
editorial
Durante a Congregação Geral 35ª, o Papa Bento
XVI, por ocasião de uma memorável audiência no
Palácio Apostólico, pediu à Companhia de Jesus que servisse a Igreja “com renovado impulso e fervor”. Por seu
lado, no decreto 1, a Congregação Geral fez suas estas
palavras e reafirmou solenemente o compromisso da
Companhia de Jesus de serviço fiel à Igreja e ao Sumo
Pontífice. A presença do Santo Padre no nosso País ofereceu aos jesuítas portugueses uma ocasião ímpar para
viver e concretizar este compromisso, em múltiplas iniciativas que marcaram a preparação e o decorrer da visita. Ao lado de muitas outras instituições eclesiais, a
Companhia de Jesus esteve presente no acolhimento, na
oração, na festa, na celebração e na emoção! Nos bastidores ou na linha da frente, concretizámos o nosso desejo de participar, de escutar e de servir. Na expressão tão
do gosto de Sto. Inácio, moveu-nos, a nós e àqueles com
quem estivemos, o desejo de “sentir com a Igreja”,
expresso, nesta ocasião, pelo acolhimento atento e afectuoso do Sucessor de Pedro e da sua mensagem.
Este número de “Jesuítas – Informação aos
Amigos”, reflecte, como é habitual, a vida da Província
Portuguesa da Companhia de Jesus e, numa altura em
que se aproxima a passagem da Missão de Angola para a
Província da África Central, quisemos dar a conhecer os
traços mais importantes da sua história. Não podíamos,
no entanto, deixar de assinalar as iniciativas em que os
jesuítas estiveram presentes durante a visita do Santo
Padre e a grande mobilização que daí decorreu. Um
pequeno número destas iniciativas está documentado,
nestas páginas, como símbolo de um conjunto muitíssimo mais amplo.
Agora, é tempo para reler, interiorizar e pôr em
prática a mensagem que o Santo Padre nos deixou: uma
mensagem de renovação exigente, profundamente espiritual e voltada para o futuro. É tempo para continuarmos
a caminhar na esperança e para o fazermos “com renovado impulso e fervor”.
Nuno da Silva Gonçalves, SJ
Ficha Técnica
Jesuítas – Informação aos Amigos – Boletim trimestral; Nº338; Abril/Junho 2010
Director: Nuno da Silva Gonçalves, SJ • Coordenação: Ana Guimarães • Redacção: Ana Guimarães; António Amaral, SJ; Avelino
Ribeiro, SJ • Propriedade: Província Portuguesa da Companhia de Jesus • Sede, Redacção e Administração: Estrada da Torre, 26, 1750296 LISBOA (Portugal) • Telef.: 217 543 060; Fax: 217 543 071 • Impressão: Grafilinha – Trabalhos Gráficos e Publicitários; Rua
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E-mail: [email protected] • Foto: Missa no Terreiro do Paço, em Lisboa, 11 de Maio de 2010 - Osservatore Romano
Breves da PROVÍNCIA
- O P. Miguel Gonçalves Ferreira fará a sua
Terceira Provação, em Salamanca, de Setembro de 2010
até Abril de 2011.
- Os escolásticos António Santana e Cristóvão
Andrade, ambos a estudarem Teologia em Roma, farão
parte, a partir do próximo ano lectivo, da Comunidade do
Colégio de S. Roberto Belarmino.
- O P. Miguel Almeida passa a fazer parte da
Comunidade do Centro Inaciano do Lumiar, em Lisboa, e
foi nomeado, pelo Padre Provincial, Director do CUPAVCentro Universitário Padre António Vieira. Foi também
nomeado, pelo Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa,
Assistente Espiritual dos Leigos para o Desenvolvimento.
- O P. António Valério fará parte da
Comunidade Pedro Arrupe e trabalhará no Apostolado da
Oração, como Adjunto do Secretário Nacional e membro
do Conselho Editorial e do Conselho Administrativo.
Será, também, Director do Centro Académico de Braga,
sucedendo ao P. Luís Ferreira do Amaral.
- O P. Luís Ferreira do Amaral partirá, em
Janeiro de 2011, para uma missão do JRS-Internacional,
em princípio num país africano.
- O P. Roberto Albuquerque (BRC) foi nomeado,
pelo Padre Provincial, Sócio da Região de Moçambique.
Sucede ao P. Francisco Correia, que regressou a Portugal.
- No âmbito do protocolo de colaboração com o
Grupo Alves Ribeiro, a Companhia de Jesus indicou o P.
Carlos Azevedo Mendes para o cargo de Capelão do
Colégio Pedro Arrupe.
- Iniciam o magistério, em Setembro, os Esc.
Pedro Luz no Colégio da Imaculada Conceição, em
Cernache; António Ary no Noviciado e CUMN, em
Coimbra; Vasco Themudo, no Colégio das Caldinhas, em
Santo Tirso; André Lind, no Colégio de S. João de Brito,
em Lisboa.
Orações
Pedem-se orações: - pelo Ir. José António Nunes
(Comunidade do Colégio das Caldinhas); - por uma Irmã
do Ir. José Sampaio (Comunidade de Soutelo); - pelo Pai
do Esc. José Maria Brito (estuda Teologia em Boston); pela Mãe do P. Álvaro Balsas (Comunidade FacFil/AO;
Braga); - pelo Pai do P. Gonçalo Castro Fonseca
(Comunidade do Noviciado, Cernache-Coimbra), recentemente falecidos.
Nomeações do Padre Geral
O P. João Vila-Chã foi nomeado pelo P. Geral,
a 12 de Abril de 2010, Professor Associado da Faculdade
de Filosofia da Pontifícia Universidade Gregoriana.
Recentemente, foi também escolhido para o cargo de
Presidente da COMIUCAP (Conférence Mondiale des
Institutions Universitaires Catholiques de Philosophie).
- O mandato do P. Manuel Vaz Pato como
Superior do Centro Inaciano do Lumiar, cargo que exerce
desde 31 de Julho de 2004, foi prorrogado por mais um
ano pelo P. Geral.
Lições Inacianas de Liderança
O desafio vinha a ser lançado repetidamente, de
muitos lados. Desde Novembro de 2006, quando a CVX
realizou em Roma um Curso de Liderança em que participou a Carla Rebelo, a CVX-P sentia essa responsabilidade. Há dois anos, a Equipa de Formação da CVX-P
mandatou um pequeno grupo para começar a preparar um
Curso: Isabel Diz Nunes, Miguel Villa de Freitas e
Hermínio Rico. No início do Verão de 2009, este grupo
propôs à Casa de Exercícios de S. Inácio que incluísse no
seu programa de 2009/2010 um fim-de-semana com esta
temática. O compromisso era suficientemente longínquo
para não assustar e demasiado público para, depois, não
permitir recuar. Nos últimos meses, em vários dias inteiros de preparação fomos alinhando o programa e ultrapassando as inseguranças (mais ou menos).
Assim nasceram as Lições Inacianas de
Liderança. Não “lições de liderança inaciana”, porque não
se trata de mais um curso de liderança, cheio de receitas e
exemplos para se aplicarem imediatamente. Quisemos,
antes, aprofundar temáticas dos Exercícios e descobrir na
sabedoria que transmitem lições valiosas para situações
de liderança. Como os Exercícios, também estas Lições
são para ser trabalhadas (exercitadas) pelo próprio líder,
para o transformarem, antes de mais, e lhe permitirem,
depois, na sua visão, nas suas decisões, atitudes e relacionamentos, ser um melhor líder. O objectivo era, principalmente, proporcionar a profissionais com responsabilidade
de liderança em organizações, uma maior integração das
várias dimensões da sua vida, levando-os, através das
temáticas e, sobretudo, da metodologia inaciana, a descobrir a continuidade entre os princípios da vida espiritual e
as práticas de liderança, o discernimento e as escolhas de
gestão organizacional, as regras de acompanhamento
espiritual e as relações pessoais de liderança.
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
Novos Destinos e Nomeações
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Breves da PROVÍNCIA continuação
Durante o fim-de-semana de 12 a 14 de Março,
no Rodízio, desenvolvemos três temas: o Princípio e
Fundamento como ensinamento sobre a importância da
clarificação de fins e meios e da liberdade interior como
condição necessária para a adaptação e a criatividade; as
Duas Bandeiras, como ajuda a reflectir em critérios de
decisão e alerta para as dinâmicas construtivas e destrutivas típicas de situações de vulnerabilidade; e as
Anotações, enquanto orientações para facilitar o desenvolvimento das pessoas, passando da relação de poder ao
poder da relação.
Participaram 40 pessoas, dos mais variados campos de actividade. A riqueza da troca de experiências possibilitada pela diversidade, o ambiente de participação
empenhada de todos e, sobretudo, a comprovação permanente da profunda sabedoria de Inácio, e da sua ainda
extraordinária pertinência para situações 5 séculos à frente do seu tempo – geraram satisfação geral e até um sentimento partilhado de consolação espiritual. Obrigado aos
participantes e graças a Deus (e a Inácio). Nem tudo foi
perfeito, mas o desafio foi ganho. Se calhar, vai ter que se
repetir e desenvolver.
Hermínio Rico, SJ
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
Fé visível e vivível
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No passado dia 22 de Março o Padre José Frazão
fez a apresentação pública e defesa da sua tese de doutoramento na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
O José Frazão já tinha feito o primeiro ciclo de
teologia na Gregoriana. O segundo ciclo fê-lo em Paris no
Centro Sèvres. Para o doutoramento voltou à Gregoriana.
Citando o seu orientador, poderia dizer que “não há amor
como o primeiro”. Mas, neste caso, o seu orientador referia-se ao autor principal tratado na sua tese, o teólogo italiano Pierangelo Sequeri, sobre o qual o José Frazão já
tinha trabalhado no Centro Sèvres.
Mas, desta vez, o teólogo de Milão estava acompanhado de outro teólogo italiano, Armido Rizzi, e de um
teólogo jesuíta, da Província Francesa, Christoph
Theobald. Este é o título da tese em Teologia
Fundamental: Risonanza affettiva, appello etico, stile
relazionale. Tratti di una fede vivibile e visibile (P.
Sequeri, A. Rizzi, C. Theobald).
A sala estava cheia, e não faltavam os portugueses, alguns vindos de propósito de Portugal. Entre estes
encontrava-se o pai do José Frazão que estava visivelmente satisfeito. E tinha razões para isso. A apresentação da
tese e a defesa foram brilhantes. O José Frazão estava descontraído, falava com conhecimento de causa e era claro
que dominava a matéria. O júri também estava à altura.
Na presidência estava o Padre Michael Paul Gallagher,
jesuíta da Província Irlandesa que é neste momento o
Reitor do Colégio Bellarmino (a comunidade do José
Frazão), e que foi até há pouco tempo o Decano da
Faculdade de Teologia da Gregoriana. O orientador da
tese era o Padre Elmar Salmann, beneditino alemão e
conhecido teólogo. O censor era o Professor Carmelo
Dotolo, leigo e teólogo italiano.
Para termos uma ideia da qualidade da dissertação de doutoramento do José Frazão, basta dizer que o
censor, para além de confessar que o José Frazão lhe tinha
facilitado a tarefa, tal era a qualidade do trabalho apresentado, convidou vivamente toda a gente a ler a tese. Por
esta razão todos esperamos ansiosamente que a tese seja
publicada na íntegra e o mais depressa possível. E porquê? Todas as boas teses têm normalmente interesse para
quem trabalha na mesma área. Esta tese, para além do
óbvio interesse para os cultores da Teologia Fundamental,
apresenta características que tornam a sua leitura proveitosa para toda a gente. Para além disso, como um bom trabalho de Teologia Fundamental deve ser, trata-se de uma
tese que se presta ao diálogo para quem lhe está sinceramente aberto.
Na esperança de que todos possamos ler esta
tese, termino com as sugestivas palavras do José Frazão
durante a apresentação: «Com os três autores, quis compreender de que modo a ressonância afectiva, o apelo
ético e o estilo relacional são traços verdadeiramente
significativos e operativos de uma fé que, predispondo ao
mistério de Deus e à Sua graça, não dispõe menos à confiança elementar na existência e à tarefa exigente que esta
é para cada um».
Obrigado Zé!
Fernando António, SJ
Edição facsimilada dos Proscritos
A editorial Imperitura-Alcalá publicou uma edição facsimilada dos Proscritos, obra do P. Luís Gonzaga
de Azevedo que contém as “notícias circunstanciadas do
que passaram os religiosos da Companhia de Jesus na
revolução de Portugal de 1910”. Esta obra, com extenso
prefácio do P. Luís Gonzaga Cabral, Provincial à data da
implantação da República e da expulsão dos jesuítas que
se lhe seguiu, foi originalmente publicada em dois volumes: o primeiro, em Valladolid, em 1911, e o segundo, em
Bruxelas, em 1914. A editorial Imperitura-Alcalá tem os
seguintes contactos: Apartado 123 – 7371-909 CAMPO
MAIOR; [email protected].
Boletim “Jesuítas”
O boletim “Jesuítas” é enviado gratuitamente a
familiares, amigos e colaboradores.
Se desejar contribuir para as despesas de publicação e envio, pode fazê-lo por transferência bancária
para o NIB 0033 0000 000000 700 41 84, Millennium
BCP, ou mediante envio de cheque em nome de Província
Portuguesa da Companhia de Jesus, para Estrada da Torre,
nº 26 - 1750-296 LISBOA. Em ambos os casos, solicita-se
referência ao Boletim Jesuítas.
Breves da PROVÍNCIA continuação
No dia 6 de Abril, Terça-feira da oitava da
Páscoa, na Igreja do Gesù reuniu-se uma grande multidão
orante. Depois de uma Semana Santa vivida em clima de
oração e de um Domingo da Ressurreição cheio da alegria
de celebrar a vitória sobre a morte por fiéis de todo o
mundo reunidos aqui em Roma, vimo-nos envolvidos
numa outra celebração que só ganha sentido com a morte
e ressurreição de Jesus Cristo: um grupo de doze jovens
jesuítas foi admitido à ordenação diaconal!
Esta foi uma belíssima e muito emotiva celebração presidida por D. Luís Francisco Ladaria, jesuíta,
Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé e
Arcebispo Titular de Thibica, que foi professor de grande
parte dos ordinandos na Pontifícia Universidade
Gregoriana. Num primeiro olhar, saltava imediatamente à
vista a universalidade deste grupo de companheiros: um
italiano, um polaco, dois da Alemanha, um espanhol, um
mexicano, dois de Madagáscar, um francês, e, é claro, um
português: o António Magalhães Sant'Ana.
Esta foi uma imponente celebração com uma
muito cuidada liturgia como as circunstancias impunham:
todos queriam que esta fosse, de facto, uma cerimónia
centrada na oferta que estes companheiros, ali reunidos
diante do altar, faziam a Cristo Jesus de O servir na Igreja.
O António Sant'Ana, visivelmente emocionado e feliz,
recebeu a dalmática, que é a veste própria do diácono, das
mãos do P. Fernando António e iniciou imediatamente as
suas funções de diácono subindo ao altar para aí servir já
nesta celebração.
Depois, contagiando todos os convidados com
uma alegria que não tem outra origem que não seja a união
com o mesmo Jesus que alguns anos antes os tinha “convidado” a serem jesuítas, para assim O servirem, e que lhes
deu força para todos os “sim” que foram dando ao longo
da vida, reuniram-se, desta feita, no “cortile” (pátio interior) da comunidade do “Collegio Internazionale del
Gesù” com as famílias e amigos para todos juntos comemorarem. Foi um fim de tarde bem passado entre brincadeiras e conversas descontraídas, lembrando episódios
mais ou menos anedóticos ou as “patifarias” que fizeram
nos tempos do noviciado ou da filosofia.
Este foi, sem dúvida, um grande dia de entrega
de vida para doze companheiros de Jesus que buscam em
tudo amar e servir! Deo gratias!
Marco Cunha, SJ
Ordenação diaconal em Madrid
Aproximou-se, então, aquele fim-de-semana tão
aguardado e que fora motivo de esperança e de profunda
alegria para o Pedro Mcdade, juntamente com outros sete
companheiros jesuítas. Um fim-de-semana que começou
com um primeiro momento, a vigília de oração na Sexta-feira, dia dezanove de Março, e que através deste tempo
de oração e de canto, nos proporcionou a todos, familiares e amigos mais próximos, uma ocasião para acompanharmos internamente os futuros diáconos.
No dia seguinte, no final de tarde de Sábado dia
20 de Março, na Paróquia de S. Francisco Xavier e de S.
Luís Gonzaga, decorreu a celebração da ordenação diaconal presidida por Monsenhor Fidel Herráez Vegas, Bispo
Auxiliar da Diocese de Madrid. Naquela celebração, que
encheu toda a igreja, pudemos acompanhar e rezar por
este passo concreto do Pedro, no seu caminho em direcção ao sacerdócio.
Para a família e amigos de Portugal, jesuítas e o
grupo de universitários que o Pedro acompanha aqui em
Madrid, foi um tempo vivido intensamente e de maneira
comovente por, de alguma maneira, participarmos e fazermos parte desta sua entrega generosa ao Senhor.
O Pedro, que actualmente frequenta o 3º ano de
Teologia na Universidade de Comillas em Madrid (primeiro ciclo de Teologia), prepara-se para, no próximo
mês de Agosto, avançar para uma nova etapa de estudos,
de dois anos, na área da Moral Económica Fundamental,
no Boston College.
Rezemos e agradeçamos ao Senhor a generosidade da sua vocação.
Nuno Branco, SJ
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
Ordenação diaconal em Roma
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Breves da PROVÍNCIA continuação
Imagem de S. João de Brito no
Santuário de Oryur
XVII Fé e Justiça
Na sequência da recente visita a Portugal do P.
Cyril Antony Samy, responsável pelo Santuário de S. João
de Brito, em Oryur, a Comunidade de Soutelo decidiu oferecer a este Santuário, que assinala o local do martírio do
único jesuíta português canonizado, uma imagem de S.
João de Brito que se encontrava num dos espaços da Casa
de Retiros. Depois de devidamente embalada na carpintaria
de Soutelo pelo Ir. José Sampaio, a imagem em madeira,
com cerca de dois metros de altura e esculpida em Braga,
já chegou à Índia, graças à colaboração da empresa OreyComércio e Navegação. Deste modo particularmente simbólico, a Província Portuguesa da Companhia de Jesus correspondeu aos pedidos de apoio feitos pelo P. Cyril, durante a sua visita, oferecendo-lhe uma imagem de S. João de
Brito que o deixara particularmente sensibilizado e que será
agora exposta à veneração dos fiéis em Oryur.
Realizou-se no passado dia 13 de Março, no
Colégio de São João de Brito, o XVII encontro Fé e
Justiça, com organização conjunta do CUPAV, da História
do Futuro e do Círculo Vieira. O tema “Portugal abaixo
dos 40 – sonhando uma História do Futuro”, juntou quarenta crentes e não crentes, filósofos e cientistas, actores, músicos, quadros executivos, jornalistas, atletas, chefs, entre
outros, muito ou pouco conhecidos, para nos relembrarem
o que de bom se faz, o que de fantástico se pode fazer e
como cada um vai fazendo Portugal Melhor. E juntou para
os ouvir quase setecentas pessoas, que encheram as cadeiras, escadas, coxias e chão do palco do auditório do
Colégio de S. João de Brito, todas entre os 18 e os 45 anos.
O painel de abertura comum a todos os participantes lançava o mote para o dia, com o tema “Portugal
abaixo dos 40 – uma nova palavra um novo olhar”.
Posteriormente, os participantes dividiram-se por quatro
anfiteatros onde se debatiam os “Dilemas do Presente”:
Família/Trabalho, Estado/Sociedade Civil, Portugal/
Estrangeiro e Laico/Religioso. Seguiu-se o almoço. E da
parte da tarde, debatiam-se os “Eixos para um Futuro”:
Educação, Trabalho, Espírito e Ecologia e Justiça Social.
Para o painel final, todos se reuniram, novamente, para
“Um futuro que faça História”.
Provas públicas de Doutoramento
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
As provas públicas de doutoramento do P. Álvaro Balsas estão marcadas para o dia 23 de Julho, às 15.00,
em Braga, na Faculdade de Filosofia da Universidade
Católica Portuguesa. A dissertação de doutoramento intitula-se "Realismo e Localidade em Mecânica Quântica".
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Portugal Abaixo dos 40
DÊ A MÃO AOS JOVENS
DO ALTO DA MANGA,
EM MOÇAMBIQUE!
Durante os próximos dois anos, um dos projectos da Fundação
Gonçalo da Silveira é a renovação e expansão do Centro Cultural
e Académico João de Deus Kamtedza, no Alto da Manga, Moçambique.
Com este projecto, a FGS conseguirá restaurar edifícios e estruturas
já existentes bem como construir novos, comprar equipamentos,
formar voluntários e funcionários, preparar e divulgar um programa
de actividades sociais e culturais, estabelecer parcerias nacionais
e internacionais com centros similares. Tudo para que muitos
estudantes do ensino secundário e universitário, professores dos
diversos graus de ensino, pessoas que vivem com HIV e afectadas com
SIDA e a população desta zona da Beira em geral, possam melhorar
os seus níveis de educação, espiritualidade e vida em família e em
comunidade.
Mas para conseguir tudo isto, contamos que outras pessoas dêem
a mão a este projecto. Ficará a ganhar se tomar a iniciativa também!
CUSTO TOTAL DO INVESTIMENTO USD 1.296.314,29
PARA DAR A MÃO A ESTE PROJECTO
(ligado ao Plano Estratégico do Apostolado Social- RMCJ):
NIB – 0033 0000 4527 0952 7420 5 (Millennium BCP);
Por cheque – A Fundação Gonçalo da Silveira.
Ao abrigo da alínea e) do nº3 do artigo 62º do estatuto dos benefícios fiscais,
o valor do seu donativo à FGS pode trazer-lhe benefícios.
Para isso, basta pedir recibo, informando-se para tal junto da FGS.
ONGD DA COMPANHIA DE JESUS
Estrada da Torre, nº 26 1750-296 Lisboa T +351 217 541 627 F +351 217 541 629 [email protected] www.fgs.org.pt
Durante os coffee-breaks, decorreu uma feira de
instituições - AESE, Fundação Gonçalo da Silveira, JCI,
Leigos para o Desenvolvimento e MSV, onde estas
demonstravam a sua forma de participação activa, na
nossa sociedade, e como é possível fazer a diferença - e a
2ª Feira do Livro Beato, enriquecida, desta vez, com os
títulos publicados pelos oradores presentes.
Foi, também, entregue a 2ª Edição do Prémio
Vieira, que destaca uma personalidade no campo dos
Direitos Humanos, diálogo inter-cultural e inter-religioso,
à Irmã Rita Cortez, da Congregação das Escravas do
Sagrado Coração de Jesus, pelo Projecto “TASSE”, que
tem como principal objectivo prevenir o abandono escolar, no Bairro da Quinta da Fonte da Prata, na Moita do
Ribatejo.
O dia terminou com um mini concerto dos
“Quais”, de Francisco Lucas Pires e Tomás Cunha
Ferreira, acompanhados nas teclas por Rita Sassetti, para
embalar todos os que estiveram presentes a pensar a nova
História do Futuro.
Marta Trindade Paço
Encontro Nacional dos Campinácios
Os Campinácios cumpriram 20 anos de existência! Vinte anos organizando campos de férias e muitas
outras actividades, para os alunos dos três colégios da
Companhia de Jesus em Portugal. Foram muitos os alunos
que participaram e os antigos alunos que animaram muitas centenas de campos de férias durante o Verão. Todos
eles foram marcados para sempre pela espiritualidade inaciana e por uma experiência intensa de relação com os
outros, com Deus, consigo próprios e com a natureza. Este
ano, o Movimento quis assinalar este aniversário organizando o maior e mais longo Encontro Nacional (EN) de
todos os tempos, de 9 a 11 de Abril, em Cernache.
Foi em Janeiro de 1990 que um grupo de antigos
alunos, professores e jesuítas dos três colégios se reuniram na Casa da Mimosas, na Serra da Estrela, para lançar
os fundamentos dum novo Movimento de Campos para
alunos dos colégios. Nesse fim-de-semana surgiram os
primeiros estatutos, os escalões das idades e algumas indicações de como funcionariam estes acampamentos. Ao
longo destes 20 anos de história de crescimento, muitos
animadores entregaram o seu tempo, as suas energias e os
seus talentos pessoais ao serviço deste projecto. Num trabalho sempre voluntário, a generosidade e o espírito de
serviço ajudaram a vencer as dificuldades, promovendo
este modo diferente de crescer e de se divertir como cristão. Um campo de férias pode resumir-se à recriação
duma vida comunitária em que a partilha, o serviço aos
outros e a simplicidade se vivem na prática do dia-a-dia.
Constroem-se relações de amizade que ficam para toda a
vida e descobre-se a possibilidade de ser feliz ao modo de
Jesus e do Evangelho.
O EN deste ano bateu todos os recordes. Contou
com a participação de cerca de 630 participantes (alunos
dos três colégios) e 120 animadores. Foi uma operação
complexa que começou a ser preparada por um grupo de
animadores e jesuítas quatro meses antes. Tinha-se a sensação de estar a gerir um campo de férias gigante! Ao longo
de três dias realizaram-se várias actividades: uma experiência dos sentidos, um logótipo humano, muitos jogos diferentes, uma oração na Sé Nova de Coimbra (antiga igreja
da Companhia de Jesus), um serão no auditório da
Universidade de Coimbra, uma viagem de avião (simulada), um grandioso concerto de rock com músicas e aplausos dos campos e uma oração da noite no pátio interior. O
Encontro terminou no Domingo de manhã com a Missa de
acção de graças pelos 20 anos de vida do Movimento.
Mas as actividades talvez não tenham sido o
mais importante deste EN20. Reencontraram-se amigos
dos campos de Verão, fortalecendo os laços que os unem.
Reviveram-se memórias marcantes de campos do passado
através da ajuda dum Museu montado para o EN. Os animadores, esses grandes heróis deste EN, não pararam um
minuto, numa vontade de que tudo corresse pelo melhor,
servindo na organização e na animação dos participantes,
desde a cozinha, aos jogos, às orações da tarde.
Este EN dos 20 anos foi uma experiência de gratidão, de serviço e de dedicação ao Movimento.
Esperamos poder continuar a organizar campos de férias
no Verão e muitas outras actividades em cada colégio, que
vão mantendo a chama dos Campinácios e o Espírito de
Jesus no coração de cada participante e cada animador.
Sentimo-nos muito agradecidos a tantas pessoas
que nos ajudaram de tantos modos para que este EN20
deixasse a sua marca positiva em todos os alunos que nele
participaram: aos pais, por nos confiarem os seus filhos;
às direcções locais, que são a alma do Movimento ao
longo do ano; à Direcção do CAIC, que nos disponibilizou o Colégio e todos os meios que necessitámos utilizar.
Por fim, um grande OBRIGADO a todos os animadores
que se disponibilizaram para ajudar a organizar e dinamizar todas as actividades e aspectos logísticos destes dias,
em particular ao grupo dos coordenadores do EN20.
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
Breves da PROVÍNCIA continuação
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Breves da PROVÍNCIA continuação
Parabéns Campinácios! Que o Senhor continue a
abençoar todas as nossas actividades, sobretudo os campos de Verão, e recompense largamente a generosidade de
todos os animadores.
Lourenço Eiró, SJ
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
Senhor António Gomes
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O falecimento do Senhor Gomes, a 20 de Abril
passado, trouxe-me um verdadeiro sentido de gratidão por
todo o trabalho e amizade que, desde 4 de Dezembro de
1967, dedicou aos serviços que a Companhia de Jesus lhe
foi pedindo.
Lembro-me que, no primeiro trimestre do ano
lectivo de 1967/68, necessitando o Colégio de S. João de
Brito de alguns funcionários e, de comum acordo com o
então P. José Primeiro Borges que dirigia um Gabinete de
Psicologia, após se ter colocado um anúncio num jornal,
se fez a selecção das pessoas que pareceram ter as qualidades requeridas para o desempenho das funções necessárias. O Colégio contratou dois dos seleccionados e o
Gabinete de Psicologia ficou com o Senhor Gomes para
telefonista e recepcionista no nº 26 da Estrada da Torre.
Este mesmo edifício, onde estava sedeado o Gabinete de
Psicologia, passou, ao longo dos anos, por várias fases de
utilização e de “inquilinos”: desde residência dos jovens
jesuítas a estudar teologia, até residência de estudantes.
Creio que a única pessoa que ali se manteve, não só como
recepcionista, mas como garante do funcionamento da
casa foi o Senhor Gomes. Embora fisicamente próximos,
vivíamos em mundos diferentes e, por isso, não tenho elementos para seguir o percurso deste homem que pela sua
competência e fidelidade foi ganhando a confiança dos
responsáveis por aquela casa.
Quando, nos anos oitenta, o P. Manuel Vaz Pato,
então Provincial, mudou a Cúria, do 111 da Rua da Lapa,
para o 26 da Estrada da Torre, aí continuava o Senhor
Gomes. Como e quando foi feita a transição dos seus trabalhos para a Administração da Cúria Provincial também
não é do meu conhecimento. Certo é que em 1993, quando cheguei a esta Residência encontrei-o a trabalhar na
Administração. Homem discreto e de grande delicadeza,
que sem grandes manifestações mostrava a sua amizade e
dedicação. Competente e cuidadoso ao pormenor nos trabalhos que realizava foi sempre uma referência pela fidelidade e cumprimento das suas tarefas.
Só soube agora que éramos praticamente da
mesma idade e, desde 1967, conservámos sempre uma
mútua amizade que cresceu a partir dos anos em que trabalhámos paredes-meias. Esta amizade não me era exclusiva, pois tinha uma grande estima por todos e de todos
recebia respeito e muita gratidão. A Companhia de Jesus
perdeu um grande amigo e colaborador, pelo que lhe está
muito agradecida.
José Carlos Belchior, SJ
Obrigado e até breve Sr. Gomes
Foi com um
sorriso lindo e a desejar-nos bom fim de semana
que o Sr. Gomes se despediu de nós para ir buscar o Duarte! E após
uma curta passagem
pelo hospital partiu para
Deus. Era o dia 20 de
Abril de 2010.
Nós que com ele partilhávamos o dia a dia de
trabalho no economato sentimos a verdade das palavras
da Sagrada Escritura: “a morte vem como um ladrão”.
Mesmo sabendo nós que tal não será possível, gostaríamos que o Sr. Gomes aqui continuasse a colaborar connosco e a alegrar-nos com a sua presença.
Olhamos para trás para tentar compreender e,
não tendo respostas, sentimo-nos convidados a olhar em
frente e agradecer a vida, a presença amiga e alegre de tão
bom companheiro de trabalho. Após a dor da ausência,
brota agora em nós um profundo sentimento de gratidão.
O Senhor foi muito nosso amigo ao ter-nos dado a conhecer tão boa pessoa.
Três notas sobressaem nesta memória agradecida: a afabilidade, a fidelidade e lealdade. Era fácil tratar
com o Sr. Gomes. Nunca se ouviu levantar a voz por qualquer motivo, nem quando tratava as difíceis questões dos
jesuítas relativas à Segurança Social; sempre o seu tom
era suave e tocado por um sorriso.
Dizia o Sr. Gomes que depois que começou a
trabalhar com a Companhia de Jesus se sentiu sempre em
casa e que nunca mais pensou em encontrar outro trabalho. E nós sabíamos que em momentos de maior perturbação da nossa recente história política ele se manifestou
firme na sua lealdade para com a Companhia de Jesus.
Impressionava pela sua fidelidade ao centavo.
Fiel nas coisas pequenas manifestava assim a todos como
também o era nas coisas grandes: Fidelidade ao seu trabalho, à sua Família e ao seu Deus.
Estas três notas testemunham o homem de fé e
com profunda alegria de viver que era o Sr. Gomes.
Percebia-se como Deus era para ele expressão de amor e
sabíamos que a esse amor ele procurava corresponder.
Com naturalidade nos falava da sua fé e da preocupação
de ajudar os seus a crescer na fé. A relação com o seu neto
Duarte era disto um bom exemplo.
A par da fé bailava-lhe no sorriso uma indisfarçável alegria de viver. Nunca nas dores e contrariedades
da sua vida percebemos o menor sinal de ressentimento.
Nada também de euforias ou algazarras mas sempre o
gosto simples e natural de quem sente que a vida nos é oferecida por Deus para ser vivida plena e abundantemente.
Obrigado Sr. Gomes e até Deus.
Alcina Seixas, Cláudia Rego e Sérgio Diz Nunes, SJ
Da Companhia EM RESUMO
NOMEAÇÕES do Papa Bento XVI
Causa de Beatificação do P. Matteo Ricci
O Papa Bento XVI nomeou Reitor da Pontifícia
Universidade Gregoriana de Roma o Padre FrançoisXavier Dumortier e Reitor do Pontifício Instituto
Oriental o P. James McCann .
No Domingo 24 de Janeiro, no final da Missa na
Catedral da Diocese de San Giuliano em Macerata, lugar
do nascimento do Padre Matteo Ricci, foi reaberto o processo para a causa de beatificação do jesuíta italiano missionário, que tinha começado em Abril de 1984. A tarefa
do tribunal diocesano é a recolha de informação sobre a
fama de santidade do “Servo de Deus”. Foi também criada
uma comissão para recolher todos os escritos e documentos atribuídos ao P. Ricci, ou que tenham a ver com ele.
O Padre Geral nomeou:
- Provincial do Sri Lanka o P. Jeyaraj Rasiah;
- Provincial de Aragão o P. Vicente Durá Garrigues;
- Provincial da Boémia o P. Juan Adamek;
- Provincial de Hazaribagh (Índia) o P. Kurien
Francis Vadakekara;
- Provincial da Irlanda o P. Thomas Layden;
- Superior da Comunidade Pontifícia da Universidade
Gregoriana, em Roma, o P. Mark Rotsaert.
O Padre Geral nomeou ainda os seguintes
Conselheiros:
- para o diálogo ecuménico com outras comunidades
cristãs:
a) Oriental - P. Milan Zust (SVN);
b) Protestante - P. Thomas Rausch (CFN)
- para o diálogo inter-religioso
a) Judaísmo: P. Jean-Pierre Sonnet (BML)
b) Islão: P. Christian Troll (GER);
c) Budismo: P. Aloysius Pieris (SRI);
d) Hinduísmo: P. Noel Sheth (BOM);
e) Religiões indígenas nas Américas: P. Xavier
Albó (BOL);
f) Religiões indígenas em África: P. Kemboly
Mpay (ACE).
Estes conselheiros constituem o Secretariado para o
Diálogo Ecuménico e Inter-religioso da Companhia de
Jesus. Reunir-se-ão em Roma anualmente com o Padre
Geral para discutir o desenvolvimento do diálogo ecuménico e inter-religioso e a participação da Companhia de
Jesus.
A Companhia de Jesus em números
No dia 1 de Fevereiro de 2010, havia 18.266
jesuítas no mundo, repartidos por 90 províncias, sendo a
mais numerosa a de Itália (587 membros), seguida de
Castela (575), e a menos numerosa a da Roménia (15
membros, mais seis “aplicados”, isto é, provindos de
outras províncias). Do total de jesuítas, 12.887 são sacerdotes (no ano anterior eram 13.088), 1.589 são irmãos (há
um ano eram 1.674), 2.818 são jovens em formação (eram
2.925) e 972 noviços (eram 816). Na totalidade, verificase uma diminuição de 237 membros, menos do que no ano
anterior - 304. A média das idades de todos os jesuítas
(57,29 anos) não revela uma mudança significativa em
relação ao ano anterior (57,44).
Cardeal Tomás Spidlik, S.J. - 19192010
No dia 16 de Abril, faleceu
o Cardeal Tomáš Špidlik, depois de
prolongada doença. Nascido em
Boskovice, na Morávia, a 17 de
Dezembro de 1919, foi admitido na
Companhia de Jesus, em 1940.
Estudou Filosofia e Teologia em
diversas universidades europeias.
Em 1948, foi ordenado sacerdote e,
em 1958, emitiu os seus votos solenes na Companhia de Jesus. A partir de 1954, ensinou
teologia espiritual patrística e oriental no Pontifício
Instituto Oriental, na Universidade Gregoriana, em Roma,
e noutras universidades. Durante mais de 30 anos, foi
Padre Espiritual no Colégio Pontifício Nepomuceno, em
Roma. Entre 1975 e 1989, foi Vice-Provincial da Província da Boémia na diáspora. Em 1984, foi nomeado consultor da Congregação para as Causas dos Santos e, em 1994,
consultor da Congregação para as Igrejas Orientais.
Desde 1992, residiu no Centro Aletti, um centro da Companhia de Jesus dedicado ao estudo da tradição do Oriente
Cristão em relação com o mundo contemporâneo. Em
Outubro de 2003, em reconhecimento pelos seus serviços
à Igreja, especialmente ao diálogo ecuménico, João Paulo
II nomeou-o Cardeal. Os seus escritos foram amplamente
difundidos e traduzidos para muitas línguas. Os seus estudos centraram-se especialmente na espiritualidade das
Igrejas Orientais.
Reunião do JRS
De 21 a 29 de Maio realizou-se na Cúria Geral a
reunião anual dos Directores Regionais do JRS, com o
propósito de examinar o passado em função do futuro, de
reler criticamente o plano estratégico 2006-2010 e de
decidir com o Padre Geral os projectos mais importantes,
com vista aos 30 anos desta Obra, que se celebram no dia
14 de Novembro próximo. A presença do Padre Geral é
um sinal inequívoco do laço que o liga ao JRS, trabalho
apostólico da Companhia a nível internacional.
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
NOMEAÇÕES do Padre Geral
9
Sentir e SABOREAR
© Pedro Madeira - Diocese de Santarém
O Papa Bento XVI em Portugal
10
Como se o Colégio não bastasse, e o Passo-arezar.net fosse apenas um hobby, entre os dias 2 e 14 de
Maio, tive o privilégio – porque receber missões é isso
mesmo – de integrar a Comissão de Comunicação da
Visita Apostólica do Papa Bento XVI a Portugal. A pedido e convite do P. Manuel Morujão, lá me desloquei para
Lisboa a fim de ajudar na intensa semana que antecede o
momento em que o Papa coloca o pé direito em território
nacional. Trabalhei de perto com o P. Edgar Clara, portavoz do Patriarcado de Lisboa e fui chamado aos “secretíssimos” briefings da Comissão de Comunicação, presidida
pelo Sr. D. Carlos Azevedo.
A semana antes de o Papa aterrar é um tempo
privilegiado de azáfama jornalística. Todos querem ter as
melhores notícias e esmiuçar tudo (mesmo tudo!), e,
como bons profissionais, insistem a propósito e fora de
propósito com todos aqueles que lhes possam “dar uma
palavrinha”. O que é que o Papa vai comer ao almoço de
dia 11 de Maio? De que cor são as paredes do quarto
onde o Papa vai dormir? Enquanto estiver dentro do
Mosteiro dos Jerónimos (os mais longos 8 minutos jornalísticos de toda a visita!), o que vai ver e fazer Sua
Santidade? O Papa desloca-se em “papamóvel” ou carro
fechado entre o aeroporto e a Nunciatura? Ou, tão basicamente, onde é que posso fazer a minha acreditação como
jornalista? Recolher e tratar a informação, esclarecer
dúvidas, ouvir as mesmas perguntas dezenas de vezes (às
vezes de profissionais da mesma estação informativa) e
tentar responder com a mesma atenção e paciência da primeira hora foi a história dos longos dias da semana preparatória. No meio dos mails, comunicados e telefonemas, tive a oportunidade de entrar num mundo para mim
até então desconhecido e de falar com aqueles que nos
informam diariamente, conhecer a sua distância ou proximidade à Igreja, os seus ritmos e bloqueios, as suas per-
“Eu Acredito” a descer a Avenida da Liberdade em direcção ao
Terreiro do Paço, em Lisboa - 11 de Maio de 2010
guntas e as suas certezas, e sobretudo a sua frenética
existência num mundo que exige novidade constante e
que se alimenta de pormenores inacreditáveis e das histórias mais rocambolescas.
Quando o Papa aterrou em Lisboa, no feliz dia
11 de Maio, tudo mudou e os gestos e as palavras de
Bento XVI tomaram a atenção toda dos Media. Já as perguntas não se dirigiam a nós (os da preparação da visita),
mas a esse homem, infatigável companheiro de Jesus e
rosto da resposta paciente, o P. Federico Lombardi,
Director da Sala de Imprensa da Santa Sé. Os seus quatro
briefings com os jornalistas, em Lisboa, Fátima e no Porto
(este último durante a missa) foram momentos em que
senti como a transparência disponível da Igreja, a sua vontade de informar e de servir os profissionais da comunicação exige tanto de astúcia como de santidade e pede uma
humildade maior, a dos simples.
No meio disto tudo, e no centro dos flashes e dos
olhares, essa figura singela e sorridente, o nosso Papa
Bento XVI, rosto de humanidade e convincente testemunha da alegria. Como sublinhou o P. Lombardi, a sua visita a Portugal foi boa para nós, porque sinal de esperança
e momento de mobilização, mas mais ainda para ele,
Sucessor de Pedro (certo!), mas homem de Deus que
encontrou em “terras de Santa Maria” o calor dos que
acreditam e a força espiritual que nasce da fé vivida em
Igreja. Deus sabe!
Francisco Martins, SJ
Eu Acredito!
© Agência Lusa
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
“Ao serviço de Sua… Santidade”
Papa Bento XVI, em Fátima - 12 de Maio de 2010
A visita do Papa Bento XVI ao nosso País foi
ocasião para uma extraordinária experiência de Igreja
chamada “Eu Acredito”. Foi este o título dado a uma programação especial para jovens, que de início não estava
contemplada no programa oficial da visita. Contudo, em
boa hora se juntaram várias vontades e disponibilidades
para que a visita do Sucessor de Pedro fosse ocasião para
confirmar na fé – de modo visível e concreto – as gerações mais novas.
Sentir e SABOREAR continuação
A ideia deste programa específico para a juventude surgiu do Movimento Apostólico de Schoenstatt, a
ela aderiu prontamente o CUPAV e, a pouco e pouco,
outros se foram juntando (Equipas de Jovens de Nossa
Senhora, Secretariado de Pastoral Juvenil de Lisboa,
etc…). Ainda em 2009, iniciou-se o caminho de conceber
um programa próprio para a faixa etária dos 14 aos 30. O
Miguel Câmara Machado e a Filipa Caldas, ambos antigos alunos do Colégio de S. João de Brito e frequentadores do CUPAV, dedicaram-se com empenho a fazer parte
do grupo coordenador do projecto “Eu Acredito”. Foi
árdua a tarefa de combinar expectativas e incluir a contribuição e a visão de cada realidade eclesial envolvida. A
visita do Papa obrigou a um exercício concreto de construção da unidade em Igreja, a partir das várias sensibilidades presentes. O Papa foi sinal visível de comunhão!
No dia 11 de Maio juntou-se na praça do
Marquês de Pombal em Lisboa uma multidão de uma alegria contagiante (11.011 inscritos!) que desceu a Avenida
da Liberdade a caminho da Missa no Terreiro do Paço. O
“rio” tinha alargado com a adesão de colégios, paróquias,
movimentos, grupos e de todos os que se quiseram juntar.
Foi uma mancha azul de fé, esperança e alegria que proclamou bem alto no centro da cidade: “Eu Acredito!”. A
camisola azul, envergada por cada um dos participantes,
tinha uma letra da expressão “eu acredito”. Sim, a fé é-nos
transmitida pela comunidade e é para ser vivida com os
outros! O Santo Padre correspondeu a esta “onda” e dirigiu-se aos mais novos com palavras desafiantes. «queridos irmãos e jovens amigos, Cristo está sempre connosco
e caminha sempre com a sua Igreja, acompanha-a e guarda-a, como Ele nos disse: “Eu estou sempre convosco, até
ao fim dos tempos”. Nunca duvideis da sua presença! [...]
Testemunhai a alegria desta sua presença forte e suave a
todos, a começar pelos da vossa idade». Nessa mesma
noite, junto à Nunciatura, fomos desejar uma “boa-noite
ao Papa”. A empatia sentida desde a sua chegada teve aqui
uma expressão terna e descontraída. O programa “Eu
Acredito” continuou com uma caminhada para Fátima no
dia 12, na qual participaram cerca de 1.300 jovens.
PAPA team
A Diocese do Porto pediu ao CREU que montasse uma vigília de oração na Avenida dos Aliados na noite
de 13 para 14 de Maio. A razão era simples: o Papa celebraria a Missa às 10h do dia 14 e era de supor que muitas
pessoas fossem chegando durante a noite à Avenida para
aí guardarem o seu lugar.
A nossa missão começaria à meia-noite e terminaria de manhã. O encargo era duplo: (i) estar nas entradas para receber as pessoas e distribuir material (os guiões
para a missa com o Papa, bandeiras, velas, etc) e (ii) criar
na Avenida um ambiente de espiritualidade, usando os
ecrans gigantes e a amplificação de som que aí estariam
montados para a missa do dia seguinte.
Formámos uma equipa de 100 estudantes universitários a que demos o nome de “PAPA team”.
A “vigília” eram, na realidade, 3 “blocos espirituais” de música, orações, testemunhos, imagens, pequenos filmes, etc. O 1º começou à 1h30 da manhã e o último às 6h30, já com muita gente na Avenida. Ao longo da
noite eram ainda transmitidos – de hora a hora - “spots
papais”. Estes “spots” informavam quanto tempo faltava
para a missa e davam a conhecer episódios engraçados da
vida de Bento XVI. Uma parte do “PAPA team” andava
pela Avenida a contactar directamente com as pessoas e a
rezar com elas quando se estava nos intervalos dos “blocos espirituais”. Propunham momentos de oração pelo
Santo Padre (foram impressas, para o efeito, umas pagelas com uma foto do Papa e uma oração por ele) e ofereciam ainda uns cartões com frases do Evangelho que as
pessoas tiravam ao calhas.
Finalmente chegou o tão esperado momento da
entrada do papamóvel na Avenida dos Aliados. A alegria
para nós foi dupla: a de estarmos com o Santo Padre e a de
podermos descansar sobre a sensação do dever cumprido.
Nuno Tovar de Lemos, SJ
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
Missa no Terreiro do Paço, em Lisboa - 11 de Maio de 2010
Dividos em grupos de 100, caminhámos para o “coração
materno de Portugal”, seguindo uma proposta de oração,
que muito ajudou a aproveitar bem as celebrações de 12 e
13 de Maio.
Do “mundo inaciano” participaram no projecto
“Eu Acredito” o Noviciado, bem como grupos provenientes dos colégios, dos centros universitários e dos movimentos de campos de férias. Foi uma grande alegria poder
viver em comunhão de Igreja esta graça oferecida ao
nosso País num tempo de confusão e desânimo. Estou
certo que este projecto será semente de coisas maiores e
sobretudo de um modo novo de estar em Igreja e de dar
testemunho. Foi muito bom – no tempo concreto que nos
é dado viver – poder dizer bem alto e sem vergonha “eu
acredito”! E experimentar, como diz Bento XVI, que
“quem acredita em Deus nunca está só”! E sentir no ar a
alegria da Ressurreição!
Miguel Gonçalves Ferreira, SJ
11
Servidores da MISSÃO DE CRISTO
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
História da Missão da Companhia de
Jesus em Angola
12
Após a saída em 1759, expulsos pelo Marquês
de Pombal, apenas ocasionalmente alguns jesuítas estiveram em Angola de passagem para Moçambique ou convidados a orientar retiros.
De 1961 a 1975, são vários os jesuítas enviados
a Angola como capelães militares. Um deles, P. Pires da
Silva, ao contactar com a realidade das populações, na
zona de Negage, funda o AFRIS, movimento de promoção familiar, religiosa e social, com voluntários leigos.
Entretanto, surgem os pedidos para que a Companhia de
Jesus regresse a Angola. D. Moisés Alves de Pinho,
Arcebispo de Luanda, faz um pedido nesse sentido e D.
Manuel Nunes Gabriel renova o pedido. Com o P. Júlio
Fragata como Provincial, os jesuítas regressam a Angola,
em Outubro de 1973, sendo enviados para Luanda os
Padres Isidro Pereira, António Morais e Luís Rocha e
Melo.
A 3 de Dezembro de 1973, é erecta oficialmente
a Paróquia de S. Francisco Xavier e confiada à
Companhia de Jesus. O P. Isidro Pereira é nomeado
Superior da Comunidade, o P. António Morais, Pároco e o
P. Luís Rocha e Melo, Vigário Paroquial. Mas a Paróquia
não dispunha de quaisquer estruturas materiais. As primeiras missas são celebradas numa oficina de automóveis, junto da actual sede paroquial. Para residência, alugam um apartamento (R/C) situado na R.15, nº 41 do
actual Bairro Mártires de Kifangondo (ex-Salazar).
Passa a haver em Angola: três jesuítas em
Luanda, aos quais se juntarão posteriormente o P. Paulo
Guerra que trabalhará como Director Espiritual no
Seminário Maior de Luanda; e dois na Diocese de Uíje: P.
Albino Sá, no Puri e P. Pires da Silva no Negage, onde já
se encontravam apoiando o Movimento AFRIS.
Voluntária do AFRIS na sanzala do Culo, no Negage - 1965
PP. Estêvão Jardim, Manuel Vaz Pato, David Ferreira da Silva,
Casimiro Gaspar, Augusto Pinto e António Morais - 1985
Mas pouco depois da Independência, em Angola
há apenas dois jesuítas: P. António Morais em Luanda e P.
Albino Sá, na Missão do Puri, que ali permaneceu, mesmo
depois de ter visto a morte muito perto, quando esteve a
ponto de ser queimado vivo, por falsa acusação. Os restantes foram forçados a abandonar Angola ou por motivos de
saúde ou devido à instabilidade político-militar.
Em Março de 1978, chega a Luanda o P.
Casimiro Gaspar. Outros se seguiram: P. Estêvão Jardim,
(1981), para o Puri e depois Uíje, na Casa Episcopal; P.
Augusto Pinto, (1982) inicialmente Luanda e depois Puri;
P. David Ferreira da Silva, (1983) Puri e depois Luanda.
Em Agosto de 1979, faz-se a mudança para a actual
Residência, muito mais ampla que a anterior e com um
quintal em redor, que é actualmente propriedade da
Companhia de Jesus.
Em 1985, o P. Vaz Pato, como Provincial, visita
Luanda e Puri. Em Luanda, preside à celebração dos Últimos Votos do P. Casimiro, a 3 de Fevereiro. No dia
seguinte, parte para o Puri, com os Padres Jardim, David
e Pinto. Mas antes de chegar a Samba Caju, têm de regressar e pernoitar em Ndalatando. Numa emboscada aconte-
Servidores da MISSÃO DE CRISTO continuação
Igreja do Puri, no Uíje.
Em 1979, reabriu-se ao culto a Capela de S.
Pedro Claver; posteriormente ampliada. Na sede paroquial várias construções foram sendo feitas começando a
funcionar: um curso de alfabetização para adultos; um
Centro de Promoção Feminina – costura; um Centro
Juvenil inaugurado em 1991; um Centro Médico a partir
de 1994; no Centro de S. Inácio, não se construiu uma
escola com várias salas porque o terreno foi usurpado
quando já havia o necessário financiamento; nova tentativa feita em 2000, noutro terreno, teve resultado idêntico;
em 1996, o JRS adapta o salão paroquial e abre uma escola destinada a crianças deslocadas e carenciadas, assumida posteriormente pela Paróquia. O dinamismo e força de
vontade do P. António Morais e a colaboração das Irmãs
Dominicanas do Rosário, Reparadoras do Sagrado
Coração de Jesus e Filhas de Jesus, muito contribuíram
para este crescimento.
Posteriormente, já com o P. Mukonkole, abre-se
um Centro de Medicina Alternativa e uma Escola de
Línguas. A PROMAICA (Promoção da Mulher Angolana
na Igreja Católica) começa a promover Cursos de
Culinária e Decoração, muito frequentados. Em 2001,
matriculam-se na catequese, nos três centros, cerca de
8.000 crianças e jovens; aos Domingos, celebram-se sete
missas e é mais a gente que fica fora das capelas do que a
que consegue lugar dentro.
Este crescimento é fruto do trabalho realizado,
mas também da concentração populacional em Luanda,
devido à situação de guerra que se foi generalizando, forçando muita gente a refugiar-se em lugares mais seguros,
e da desilusão da ideologia marxista-leninista.
Em 1996, depois de um encontro da comunidade com o P. Belchior, Provincial de Portugal e o P. Balleis,
Director Regional do JRS, inicia-se no nosso quintal a
construção das instalações para o JRS. Vários padres e
escolásticos de Portugal e de outras Províncias da
Companhia virão a Angola para trabalhar no JRS.
Em 1996, chega o P. Mukonkole, da Província
da África Central, que assume a responsabilidade da
Paróquia. O P. Mukonkole já fizera o magistério em
Luanda.
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
cida pouco antes, quatro camiões tinham sido queimados.
Arriscam e seguem no dia seguinte, passando ao lado dos
camiões ainda fumegantes.
Em 1988, o Padre Geral, dadas as carências de
pessoal da Província Portuguesa e a prioridade de
Moçambique, manda repensar a Missão de Angola, na
linha de uma presença limitada e selectiva, com um número reduzido de pessoas para algumas actividades específicas da Companhia, das quais a Igreja local mostre a real
necessidade; aconselha também que se pense na conveniência de estabelecer uma relação jurídica com
Moçambique. Esta reflexão fez-se sobretudo em 1989, em
Luanda, num encontro entre o P. Galli - Assistente do
Padre Geral para a África, P. Manuel Morujão - Provincial
de Portugal, P. Cirilo Mateus - Superior da Região de
Moçambique e os membros da comunidade de Luanda.
Como resultado desta reflexão, julga-se importante que a nossa acção se estenda para além da Paróquia,
sendo desejável que se assumam mais actividades e compromissos, sobretudo a orientação de Exercícios
Espirituais; que se dê maior atenção à Pastoral Juvenil,
criando no espaço da Paróquia um Centro Juvenil. Sobre
a ligação a Moçambique, embora se veja a importância
pela necessidade de integrar Angola na Assistência de
África, as interrogações e reticências são muitas, sobretudo de Moçambique, devido aos seus parcos recursos
humanos e materiais.
Em 1990, pelos riscos que corria a vida do P.
David, devido à situação de guerra e por se encontrar só,
decide-se que deixe o Puri e venha para Luanda. Desde
1985, que o Puri era atacado e ocupado ora pelo MPLA,
ora pela UNITA. A morte do P. David Ferreira da Silva
chegou a ser dada como certa.
Em 1993, partem para o Noviciado de
Moçambique três jovens angolanos. São os primeiros,
depois de uma experiência de envio para o Noviciado de
Coimbra, em Portugal.
Em 1994, o P. Estêvão Jardim deixa o Uíje,
encerrando-se assim a presença dos jesuítas naquela
Diocese. Iniciam-se no nosso quintal as obras de construção de um espaço para acolher os candidatos à
Companhia de Jesus e aumenta-se a capacidade da nossa
Residência, com construções no terraço que começara a
deixar passar a água das chuvas.
A presença de mais jesuítas em Luanda permite
começar a pensar novos projectos: construção de uma
Casa de Retiros; aceitar mais compromissos, sobretudo
retiros; procurando não descurar o trabalho paroquial que
cada dia aumenta. Senão vejamos:
Em 1978, na Paróquia apenas estavam abertos
ao culto a Sede Paroquial e o Centro de Santo Inácio. O
Centro de S. Pedro Claver fora quase totalmente destruído na altura da Independência e assim continuava. No
Domingo de Ramos de 1978, apenas houve duas missas
com as igrejas meio vazias. Em 1979, inscreveram-se na
catequese apenas 200 crianças e jovens.
13
Servidores da MISSÃO DE CRISTO continuação
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
P. Casimiro Gaspar, EE. Luís da Providência e João Norton (a fazer
o magistério no JRS), PP. Estêvão Jardim e António Morais - 1997/98
14
Mas novamente a comunidade ficará reduzida
com a ida do P. David Ferreira da Silva para Moçambique
e a partida para Portugal, do P. Albino Sá e do P. António
Morais, por motivos de saúde.
Em 1997, visita Angola o P. Matungulu,
Assistente do Padre Geral para a África. As informações
recolhidas levam-no a partir com impressões muito positivas. O Senhor Cardeal – D. Alexandre do Nascimento,
Arcebispo de Luanda, escreve ao Padre Geral apoiando o
projecto da construção de uma Casa de Retiros.
Em 1998, o P. João Caniço é enviado para
Angola e no dia 3 de Dezembro assume o cargo de
Superior da Missão de Angola.
Em 1999, abre a Universidade Católica e a capelania é confiada à Companhia de Jesus. O P. João Caniço
é o responsável e inicia várias actividades, bem como a
organização de um coro. Posteriormente, o P. Mukonkole,
regressado da 3ª Provação, substitui-lo-á como Capelão.
Vários escolásticos no Magistério colaborarão como professores e na Capelania.
Em 2002, a 10 de Março, a presença da
Companhia de Jesus em Luanda é interrompida temporariamente. As ameaças de morte ao P. João Caniço
levam o P. Amadeu Pinto, Provincial, com a aprovação
do Padre Geral, a tomar esta decisão difícil. Permanece
o JRS.
Em 2003, novamente é reaberta a Comunidade
de Luanda, com o P. Casimiro Gaspar que regressa de
Moçambique, no dia 24 de Janeiro e o P. Estevão Jardim,
que chega de Portugal, a 28 do mesmo mês, acompanhado do Padre Provincial. No aeroporto, à sua espera várias
pessoas da Paróquia. A existência de vários jovens jesuítas angolanos em formação, espalhados por vários países,
aconselhava a que não se prolongasse a interrupção.
Com o regresso a Angola, pretendia-se priorizar:
a pastoral juvenil e vocacional; organizar um pré-noviciado para acompanhamento dos candidatos à Companhia de
Jesus; a construção do Centro de Espiritualidade; o
Apostolado da Oração, sobretudo MEJ.
Em 2005, chega o P. Vata, da Província da África Central, que será nomeado pelo P. Nuno da Silva
Gonçalves, Provincial, Delegado para a Formação; e o Ir.
Paulo Welter, da Província do Brasil Meridional, para trabalhar no JRS.
A 21 de Janeiro de 2007, na Igreja Paroquial de
S. Francisco Xavier, fazem os primeiros votos os jovens
angolanos Bertoni Chalana, Nuno Basílio e Valter
Cassamano. Foi a primeira vez que tal aconteceu! Todos
os anteriores os fizeram no Noviciado da Beira.
A 12 de Julho de 2005, consegue-se finalmente
autorização para a construção do Centro de
Espiritualidade que é inaugurado em 3 de Dezembro de
2008.
O P. Jardim trabalha intensamente na promoção
do AO e do MEJ e publica vários livros para apoio sobretudo ao trabalho com o MEJ e CE, recebendo a visita do
P. Cláudio Barriga em 2009, que regressa a Roma com
óptimas impressões.
O JRS depois de ter desenvolvido vários projectos de apoio aos deslocados e refugiados angolanos em
Negage, Luena, Cazombo, Luau e Viana, dedica-se agora
a desenvolver, sob a direcção do Ir. Paulo Welter, um projecto de apoio jurídico gratuito para os refugiados e requerentes de asilo em Angola.
Em Dezembro de 2008, recebemos a visita do P.
Assistente – Jean Roger Ndombi. Dessa visita surge a
ideia de um encontro dos escolásticos angolanos e a
necessidade de repensar a inserção da missão de Angola
na Assistência de África.
Em Julho de 2009, realiza-se, no Centro de
Espiritualidade, o encontro dos oito escolásticos angolanos em formação, com a presença dos Padres Provinciais
de Portugal e da África Central e os membros da
Comunidade de Luanda. E, em Dezembro, o Padre Geral
toma a decisão de passar a Missão de Angola para a responsabilidade da Província da África Central.
Em 2010, a 13 de Fevereiro, é ordenado
Diácono, em Nairobi, o Pedro Pereira Tomás, o primeiro
jesuíta angolano desta parte da história, a dar este passo.
Casimiro Gaspar, S.J.
P. Estêvão Jardim, E. Avelino Chico, P. Casimiro Gaspar, P. Ntima
(Provincial da África Central), EE. Basílio Calundu, Celestino
Epalanga e Valter Cassamano, P. Vata e E. Américo Tarcísio.
Meios que unem O INSTRUMENTO COM DEUS
Agosto
Setembro
Exercícios Espirituais
Exercícios Espirituais
3 DIAS
3 DIAS
12 a 15 | em Soutelo, com o P. Afonso Seixas
09 a 12 | no Rodízio, com o P. Luís Maria da Providência
16 a 19 | em Soutelo, com a Drª.Teresa Olazabal e o P.
Luís Maria da Providência
7 DIAS
8 DIAS
02 a 10 | em Soutelo, com o P. João Carlos Onofre Pinto
16 a 24 | em Soutelo, com o P. Francisco Rodrigues
16 a 24 | em Soutelo, com o P. João Santos
20 a 28 | em Palmela, com o P. António Valério
8 DIAS
04 a 12 | no Rodízio, com o P. Afonso Seixas
04 a 12 | no Rodízio, com o P. Dário Pedroso
09 a 17 | em Soutelo, com o P. Mário Garcia
20 a 28 | em Soutelo, com o P. Mário Garcia
21 a 29 | em Fátima, com o P. Dário Pedroso
Agosto
Setembro
Actividades
Actividades
3e4|
02 a 09 | em Soutelo, Academia de Verão 2ª edição, org.
CAB, CREU-IL, CUMN e CUPAV
08 a 12 | Casa Jardim de Maria / Soutelo, “Descobre-te a
ti mesmo”, com a Drª Maria dos Anjos de los
Rios
25 a 26 | Vindima Espiritual, Org. Círculo Xavier
no Rodízio, Fim-de-semana para noivos, com o
P. Carlos Azevedo Mendes e grupo de casais
9|
Da Ribeira até à Foz, Org. Círculo Xavier
16 |
Peregrinação nocturna à Sra. do Circulo, Org.
Círculo Loyola
16 a 18 | em Soutelo, Iniciação ao Eneagrama, com a Drª
Margarete Flor
30 a 11 Ago | TBB – Taizé-Bordéus-Barcelona, com o P.
Luís Ferreira do Amaral
Consulte o programa anual em www.ppcj.pt/sjprog.htm
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Abril/Junho 2010
23 a 30 | em Soutelo, com o P. Abel Bandeira
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